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ABRIL DE 2008 - PÁGINA 3 POLÍTICAS PÚBLICAS Adriana Barbosa A administradora do antigo Sacolão do Trabalhador, cujo nome agora é Mercado Municipal Antônio Gomes de Sapopemba, Ana Aparecida Azevedo de Sou- sa, 39 anos, tem novos projetos para o mercadão. Ela exerce a fun- ção há pouco mais de seis meses e em sua programação já conta com eventos que começaram em no- vembro. Devido à chegada de novos su- permercados na região, o Mercado de Sapopemba estava esvaziando, sendo assim algo precisava ser fei- to. Com a chegada de Ana na admi- nistração e também com a liberação de mais verbas pelo subprefeito Felipe Sartori, os projetos começa- ram a se concretizar. Entre os projetos estão a cozi- nha experimental, com cursos que irão ensinar os consumidores a eco- nomizar e aproveitar as frutas de época que são mais baratas, pensan- do nas festas de fim de ano. Tam- bém haverá cursos de multmistura voltados para alimentos que joga- mos fora, como a casca da melancia, o talo da couve-flor, um reaprovei- tamento alimentar. Palestras de exer- cícios de relaxamento e também palestra sobre DST e bailes para a terceira idade também estão inclu- sos, tudo graças a parcerias com alu- nos de nutrição e com a colabora- ção de uma fisioterapeuta. Estão em construção mais três novos espaços para melhor atender o consumidor. “O cliente não é ape- nas mais um, ele é mais um ami- go”, diz Ana. Até mesmo um so- nho antigo de um dos permissio- nários (permissão de uso junto à prefeitura), o senhor Pedro que está no mercado desde a sua inaugura- ção em 1989, dono da peixaria, é a Parada Mercado Municipal de Sapo- pemba uma parada de ônibus que também está no projeto. O Mercado Municipal de Sapo- pemba aposta em seu diferencial para atrair antigos e novos consu- midores. “O nosso diferencial é o preço, qualidade e o bom atendi- mento”, diz a administradora. O mercado precisa de reformas, pois sofre danos por infiltração e goteiras. De acordo com Ana, o subprefeito Felipe Sartori já dispo- nibilizou mais verbas para acabar com o problema. Mercadão passará por transformações Antigo sacolão abriga maior centro de compras e cultiva aproveitamento de cascas ou talos de alimentos Nome homenageia líder comunitário Localizado em frente a uma cen- tenária paineira, adotada para sim- bolizar a árvore Sapopemba (que dá nome ao bairro), o Mercado Mu- nicipal de Sapopemba foi inaugu- rado em 5 de outubro de 1989. A princípio, sua funcionalidade seria apenas como sacolão do trabalha- dor, mas com o tempo foi ganhan- do proporções até ser reconhecido como mercado municipal. Em 1º de julho de 2000 ganhou o nome de Mercado Municipal Antônio Go- mes, em homenagem a um líder comunitário da região. O mercado atende boa parte da Zona Leste da capital paulista, fa- zendo com que moradores de ou- tros bairros tornem-se consumido- res assíduos. O mercado tem 16 bo- xes e uma obra está em andamento para a abertura de mais três. Os boxes pertencem a permissioná- rios, ou seja, comerciantes que con- seguiram permissão junto à Prefei- tura de São Paulo. O comerciante Silas, 53 anos, acompanha o crescimento do local desde a inauguração. No mercado há 18 anos, com o Empório e Casa do Norte Zé Coqueiro, onde traba- lha com a esposa, a filha e três fun- cionários, Silas vende produtos tí- picos do nordeste, produtos natu- rais para diabéticos, conservas e pra- ticamente tudo que se usa no dia-a- dia, com exceção de produtos fres- cos e de limpeza. “O mercado municipal é muito importante para o abastecimento da região. As condições de exposição, as visitas constantes dos médicos sanitários e a própria administração do mercado fiscalizam diariamente as mercadorias comercializadas, como prazo de validade, qualidade e higiene dos funcionários. Isto é importante, mas a fiscalização mais importante continua sendo a do consumidor”, diz o comerciante. Pedro Paulo Pereira Hilário, 44 anos, proprietário da Peixaria Hilá- rio, também há 18 anos no merca- do, trabalha desde o início das ativi- dades. Ele tem a ajuda da esposa e mais três funcionários para vender de 8 a 10 toneladas de peixe men- salmente. O proprietário diz não ter gran- des desperdícios de mercadoria, e dá a receita: “O diferencial de uma peixaria que sobrevive ao mercado é que trabalhamos diretamente com pescados. Trabalhamos com o con- trole bem em cima mesmo e exa- minando o produto. Perda vai ter, mas que se tenha a menor possível para que possamos sobreviver no mercado. Quem compra sou eu, quem vende sou eu, e quem olha sou eu”, afirma o comerciante. Para ele, ser proprietário de um box significa uma vitória, pois co- meçou a vida trabalhando em um balcão de peixaria, no mercado mu- nicipal de São Paulo. Um dia, um tio decidiu ajudá-lo, injetando di- nheiro para que pudesse melhorar suas condições, conseguindo per- missão para instalar um box de pes- cados no mercado de Sapopemba. A administradora Ana Apareci- da Azevedo de Sousa, 39 anos, as- sumiu o cargo há três meses e tem como objetivo mostrar um diferen- cial entre o Mercado Municipal e os supermercados instalados na região. “O nosso diferencial é qualidade, preço, atendimento e a questão do olho no olho com o cliente, porque ele não é apenas mais um, mas um amigo que o comerciante vai ter”, afirma Ana. “Temos alguns espaços ociosos que estamos utilizando para fazer o diferencial, ao trazer cursos em parceria com outras empresas, fazer promoções, limpeza de pele, corte de cabelo, cursos de culinária, dan- ça, bailes para a terceira idade. O in- tuito é trazer a comunidade aqui para dentro, e fazer com que ela abra- ce esse mercado”, diz Ana. Sandro Nunes SILAS - Desde a inauguração Relação entre comerciante e cliente vai além dos negócios A relação entre comerciantes e clientes vai além. O tratamento é de grande amizade. Muitos freqüenta- dores do mercado passaram parte da vida no bairro. Por isso, é co- mum comerciantes como Pedro e Silas, pioneiros no local, atenderem pessoas que conhecem desde quan- do eram crianças. Para Silas, os freqüentadores não podem ser apenas mais um cliente, mas sim amigo. “Muitas vezes o cliente entra no meu estabelecimento e não sabe o que fazer de almoço para o final de semana. Então, dou uma dica e ofe- reço uma receita (leia no quadro abai- xo). Todas as receitas que ofereço são previamente testadas”, afirma Silas. O mercado Municipal Antônio FEIRA COBERTA - Bancas de verduras e legumes no Mercadão Fotos Dayane Tedesco Raiz forte O nome Sapo- pemba é de origem in- dígena e significa raíz forte. A árvore Sapo- pemba é originária de uma espécie que é co- mum na Amazônia e que desenvolve raízes de até dois metros de altura ao redor de seu tronco. A árvore verdadei- ra não existe mais, po- rém, a frondosa Pai- neira foi adotada como Sapopemba e hoje ocupa seu lugar de destaque no Merca- do Municipal de Sapo- pemba. O nome do mercado não veio somente da árvore, mas também de um líder da região que lutou muito pela comunidade. Quando morreu, a assembléia decidiu ho- menageá-lo dando o seu nome ao antigo Sacolão do Trabalhador, que foi inaugurado em 5 de outubro de 1989 e reinaugurado em 1º de julho de 2000 como Mercado Mu- nicipal Antônio Gomes – Sapo- pemba. O projeto inicial do mercado previa a derrubada da árvore, mas uma manifestação da população local refez o plano e a árvore per- maneceu. (AB) Paineira foi adotada como Sapopemba Ingredientes: 1 xícara de carne de soja moída (sem hidratar); 200g de farinha de mandioca; 100g de uva passa (hidratada, no suco CE 1 laranja); 100g de semente de gi- rassol; 100g de azeitonas picadas; salsa; sal a gosto; 2 ovos cozidos; 2 colheres de óleo de canola; 1 ce- Gomes – Sapopemba está localiza- do na Avenida Sapopemba, 7.911. O horário de funcionamento é de terça-feira a sábado, das 7 às 19 ho- ras, e aos domingos, das 7 às 13 horas. (SN) Farofa de soja bola pequena; 4 dentes de alho. Modo de preparo: Em uma fri- gideira, refogue a cebola, a salsa e o alho no óleo de canola. Acres- cente a carne de soja (sem hidra- tar). A seguir, a farinha de man- dioca, as azeitonas, a semente de girassol, a uva passa com o suco de laranja e os ovos cozidos bem picadinhos.

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ABRIL DE 2008 - PÁGINA 3POLÍTICAS PÚBLICAS

Adriana Barbosa

A administradora do antigoSacolão do Trabalhador, cujonome agora é Mercado MunicipalAntônio Gomes de Sapopemba,Ana Aparecida Azevedo de Sou-sa, 39 anos, tem novos projetospara o mercadão. Ela exerce a fun-ção há pouco mais de seis meses eem sua programação já conta comeventos que começaram em no-vembro.

Devido à chegada de novos su-permercados na região, o Mercadode Sapopemba estava esvaziando,sendo assim algo precisava ser fei-to. Com a chegada de Ana na admi-nistração e também com a liberaçãode mais verbas pelo subprefeitoFelipe Sartori, os projetos começa-ram a se concretizar.

Entre os projetos estão a cozi-nha experimental, com cursos queirão ensinar os consumidores a eco-nomizar e aproveitar as frutas deépoca que são mais baratas, pensan-do nas festas de fim de ano. Tam-bém haverá cursos de multmisturavoltados para alimentos que joga-mos fora, como a casca da melancia,o talo da couve-flor, um reaprovei-

tamento alimentar. Palestras de exer-cícios de relaxamento e tambémpalestra sobre DST e bailes para aterceira idade também estão inclu-sos, tudo graças a parcerias com alu-nos de nutrição e com a colabora-ção de uma fisioterapeuta.

Estão em construção mais trêsnovos espaços para melhor atendero consumidor. “O cliente não é ape-nas mais um, ele é mais um ami-go”, diz Ana. Até mesmo um so-nho antigo de um dos permissio-nários (permissão de uso junto àprefeitura), o senhor Pedro que estáno mercado desde a sua inaugura-

ção em 1989, dono da peixaria, é aParada Mercado Municipal de Sapo-pemba uma parada de ônibus quetambém está no projeto.

O Mercado Municipal de Sapo-pemba aposta em seu diferencialpara atrair antigos e novos consu-midores. “O nosso diferencial é opreço, qualidade e o bom atendi-mento”, diz a administradora.

O mercado precisa de reformas,pois sofre danos por infiltração egoteiras. De acordo com Ana, osubprefeito Felipe Sartori já dispo-nibilizou mais verbas para acabarcom o problema.

Mercadão passará por transformaçõesAntigo sacolão abriga maior centro de compras e cultiva aproveitamento de cascas ou talos de alimentos

Nome homenageia líder comunitário

Localizado em frente a uma cen-tenária paineira, adotada para sim-bolizar a árvore Sapopemba (quedá nome ao bairro), o Mercado Mu-nicipal de Sapopemba foi inaugu-rado em 5 de outubro de 1989. Aprincípio, sua funcionalidade seriaapenas como sacolão do trabalha-dor, mas com o tempo foi ganhan-do proporções até ser reconhecidocomo mercado municipal. Em 1ºde julho de 2000 ganhou o nomede Mercado Municipal Antônio Go-mes, em homenagem a um lídercomunitário da região.

O mercado atende boa parte daZona Leste da capital paulista, fa-zendo com que moradores de ou-tros bairros tornem-se consumido-res assíduos. O mercado tem 16 bo-xes e uma obra está em andamentopara a abertura de mais três. Osboxes pertencem a permissioná-rios, ou seja, comerciantes que con-seguiram permissão junto à Prefei-tura de São Paulo.

O comerciante Silas, 53 anos,acompanha o crescimento do localdesde a inauguração. No mercadohá 18 anos, com o Empório e Casado Norte Zé Coqueiro, onde traba-lha com a esposa, a filha e três fun-cionários, Silas vende produtos tí-

picos do nordeste, produtos natu-rais para diabéticos, conservas e pra-ticamente tudo que se usa no dia-a-dia, com exceção de produtos fres-cos e de limpeza.

“O mercado municipal é muitoimportante para o abastecimento daregião. As condições de exposição,as visitas constantes dos médicossanitários e a própria administraçãodo mercado fiscalizam diariamenteas mercadorias comercializadas,como prazo de validade, qualidadee higiene dos funcionários. Isto éimportante, mas a fiscalização maisimportante continua sendo a doconsumidor”, diz o comerciante.

Pedro Paulo Pereira Hilário, 44anos, proprietário da Peixaria Hilá-rio, também há 18 anos no merca-do, trabalha desde o início das ativi-dades. Ele tem a ajuda da esposa emais três funcionários para venderde 8 a 10 toneladas de peixe men-salmente.

O proprietário diz não ter gran-des desperdícios de mercadoria, edá a receita: “O diferencial de umapeixaria que sobrevive ao mercadoé que trabalhamos diretamente compescados. Trabalhamos com o con-trole bem em cima mesmo e exa-minando o produto. Perda vai ter,mas que se tenha a menor possívelpara que possamos sobreviver no

mercado. Quem compra sou eu,quem vende sou eu, e quem olhasou eu”, afirma o comerciante.

Para ele, ser proprietário de umbox significa uma vitória, pois co-meçou a vida trabalhando em umbalcão de peixaria, no mercado mu-nicipal de São Paulo. Um dia, umtio decidiu ajudá-lo, injetando di-nheiro para que pudesse melhorarsuas condições, conseguindo per-missão para instalar um box de pes-cados no mercado de Sapopemba.

A administradora Ana Apareci-da Azevedo de Sousa, 39 anos, as-sumiu o cargo há três meses e temcomo objetivo mostrar um diferen-cial entre o Mercado Municipal e ossupermercados instalados na região.“O nosso diferencial é qualidade,preço, atendimento e a questão doolho no olho com o cliente, porqueele não é apenas mais um, mas umamigo que o comerciante vai ter”,afirma Ana.

“Temos alguns espaços ociososque estamos utilizando para fazero diferencial, ao trazer cursos emparceria com outras empresas, fazerpromoções, limpeza de pele, cortede cabelo, cursos de culinária, dan-ça, bailes para a terceira idade. O in-tuito é trazer a comunidade aquipara dentro, e fazer com que ela abra-ce esse mercado”, diz Ana.

Sandro Nunes

SILAS - Desde a inauguração

Relação entre comerciante ecliente vai além dos negóciosA relação entre comerciantes e

clientes vai além. O tratamento é degrande amizade. Muitos freqüenta-dores do mercado passaram parteda vida no bairro. Por isso, é co-mum comerciantes como Pedro eSilas, pioneiros no local, atenderempessoas que conhecem desde quan-do eram crianças.

Para Silas, os freqüentadores nãopodem ser apenas mais um cliente,mas sim amigo.

“Muitas vezes o cliente entra nomeu estabelecimento e não sabe oque fazer de almoço para o final desemana. Então, dou uma dica e ofe-reço uma receita (leia no quadro abai-xo). Todas as receitas que ofereçosão previamente testadas”, afirmaSilas.

O mercado Municipal Antônio

FEIRA COBERTA - Bancas de verduras e legumes no Mercadão

Fotos Dayane Tedesco

Raiz forteO nome Sapo-

pemba é de origem in-dígena e significa raízforte. A árvore Sapo-pemba é originária deuma espécie que é co-mum na Amazônia eque desenvolve raízesde até dois metros dealtura ao redor de seutronco.

A árvore verdadei-ra não existe mais, po-rém, a frondosa Pai-neira foi adotadacomo Sapopemba ehoje ocupa seu lugarde destaque no Merca-do Municipal de Sapo-pemba.

O nome do mercado não veiosomente da árvore, mas tambémde um líder da região que lutoumuito pela comunidade. Quandomorreu, a assembléia decidiu ho-menageá-lo dando o seu nome aoantigo Sacolão do Trabalhador, quefoi inaugurado em 5 de outubro

de 1989 e reinaugurado em 1º dejulho de 2000 como Mercado Mu-nicipal Antônio Gomes – Sapo-pemba.

O projeto inicial do mercadoprevia a derrubada da árvore, masuma manifestação da populaçãolocal refez o plano e a árvore per-maneceu. (AB)

Paineira foi adotada como Sapopemba

Ingredientes: 1 xícara de carne desoja moída (sem hidratar); 200gde farinha de mandioca; 100g deuva passa (hidratada, no suco CE1 laranja); 100g de semente de gi-rassol; 100g de azeitonas picadas;salsa; sal a gosto; 2 ovos cozidos;2 colheres de óleo de canola; 1 ce-

Gomes – Sapopemba está localiza-do na Avenida Sapopemba, 7.911.O horário de funcionamento é deterça-feira a sábado, das 7 às 19 ho-ras, e aos domingos, das 7 às 13horas. (SN)

Farofa de soja bola pequena; 4 dentes de alho.Modo de preparo: Em uma fri-gideira, refogue a cebola, a salsa eo alho no óleo de canola. Acres-cente a carne de soja (sem hidra-tar). A seguir, a farinha de man-dioca, as azeitonas, a semente degirassol, a uva passa com o sucode laranja e os ovos cozidos bempicadinhos.