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Nesta edição você vai saber sobre o papel do pedagogo nas organizações; também vai conhecer um pouco sobre as idéias de Celso Furtado, um dos mais renomados economistas brasileiros; e como ficam os direitos fundamentais do cidadão diante das crises econômicas. número 01 – ano 01 – novembro-dezembro - 2010 O papel do pedagogo nas organizações por Paulo Roberto Cabral Junior - página 03 Um Novo Modelo para o Brasil: reflexões do pensamento de Celso Furtado por Luis Cesar Fernandes – página 15 Crise econômica e Direitos fundamentais: reflexões a partir de Marx e Luhmann por Gustavo Henrique de Almeida – página 19 O que você procura?

Revista gestão - Novembro/Dezembro de 2010

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Page 1: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

Nesta edição você vai saber sobre o papel do pedagogo nas organizações; também

vai conhecer um pouco sobre as idéias de Celso Furtado, um dos mais renomados

economistas brasileiros; e como ficam os direitos fundamentais do cidadão diante

das crises econômicas.

número 01 – ano 01 – novembro-dezembro - 2010

O papel do pedagogo nas organizações por Paulo

Roberto Cabral Junior - página 03

Um Novo Modelo para o Brasil: reflexões do

pensamento de Celso Furtado por Luis Cesar Fernandes

– página 15

Crise econômica e Direitos fundamentais: reflexões a

partir de Marx e Luhmann por Gustavo Henrique de

Almeida – página 19

O que você procura?

Page 2: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

2

Editorial

Passar quatro anos na academia para

alguns é penoso, cansativo e moroso. Para

outros se resume em preparar trabalhos e

estudar para provas, o que contribui para o

tempo passar rápido. E para um número

menor significa uma oportunidade impar.

Quero falar sobre estes que consideram a

academia como período único em suas

vidas, pois eles estão certos. Talvez,

passado estes anos, nunca mais

encontrarão ambiente propício para troca

de conhecimentos. O ambiente

universitário exala conhecimento, estimula

a inovação e novas ideias.

Ao falar de conhecimento, não estou

referindo somente ao corpo docente, pois

parafraseando Paulo Freire, o

conhecimento é construído, ele não

simplesmente transferido de um individuo

para outro, ele se constrói com a

experiência de todos. E ainda segundo este

grande mestre, se o professor entrar e sair

de uma sala de aula, sem aprender nada de

novo, ele não cumpriu seu papel.

Esta troca de saberes é que faz da

academia um ambiente único e rico. Várias

experiências, vários contextos e um

universo de possibilidades.

Vários autores já escreveram sobre o papel

fundamental que universidades têm diante

da sociedade, o saber produzido ali dentro

deve sair, ultrapassar os muros e chegar a

aplicabilidade, melhorando a qualidade de

vida das pessoas e ou aumentando a

produtividade das empresas.

A revista Gestão Pedagógica chega com

esta proposta, incentivar a produção

cientifica de docentes e discentes, seja em

universidades publicas ou particulares. O

objetivo é abrir espaço para que

professores e alunos compartilhem suas

ideias, suas percepções e, que a academia,

cumpra seu papel de proporcionar dias

melhores para todos.

Page 3: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

3

Gestão do Conhecimento1

O papel do pedagogo para as organizações

RESUMO

Este artigo tem a intenção de mostrar aos

graduandos em Pedagogia e às organizações

as várias possibilidades deste profissional no

mercado de trabalho. Apesar do foco dos

estudos estarem centrados na educação

infantil, existe uma grande demanda dos

serviços deste profissional em empresas dos

mais diferentes seguimentos. Não é objetivo

desfazer daqueles que fazem a opção de

trabalhar com a alfabetização de crianças,

mas sim agregar valor a esta profissão, que

apesar de nobre tem pouco reconhecimento

até mesmo em seu próprio meio.

ABSTRACT

This article intends to show to students in

the various possibilities of this education

1 Paulo Roberto Cabral Junior é Bacharel em Administração de Empresas, pós graduado em Gestão de Projetos e graduando em Pedagogia, Professor no Instituto Belo Horizonte de ensino superior e Assessor de Relações Institucionais na Fundep.

into the labor market. Although the focus of

studies are focusing on early childhood

education, there is a great demand for this

professional services firms in the most

different follow. Goal is not discard those

that are the choice of working with the

literacy of children, but add value to the

profession, though noble that its value has

little recognized even in his own half.

INTRODUÇÃO

Em uma conversa informal em qualquer

sala de aula do curso de Pedagogia, fica

claro o objetivo pelo qual o discente busca

esta formação, trabalhar com a educação

de crianças e jovens, preferencialmente no

ambiente escolar. E esta preferência se

concretiza depois de terminado o curso,

onde a maioria busca vagas em escolas

públicas e privadas, alguns bem

remunerados e outros nem tanto. Mas a

verdade é que enquanto os formandos em

Pedagogia preenchem as vagas de

magistério disponíveis, outros profissionais

tomam o lugar do pedagogo em outras

áreas, onde o profissional da educação

teria muito mais a contribuir. Nas diretrizes

Curriculares Nacionais para o Curso de

Pedagogia, homologado em 15 de maio de

1996, esclarece que:

Entende-se que a

formação do licenciado

em pedagogia

fundamenta-se no

trabalho pedagógico

realizado em espaços

escolares e não-

escolares, que tem a

docência como base.

Nesta perspectiva, a

docência é

compreendida como

ação educativa e

processo pedagógico

metódico e intencional,

construído em relações

Page 4: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

4

sociais, étnico-raciais e

produtivas, as quais

influenciam conceitos,

princípios e objetivos da

pedagogia. 2

Ou seja, o espaço de atuação deste

profissional é muito mais abrangente que

os muros da escola, vão além do espaço

escolar. Movidos pela grande concorrência

que exigem processos mais enxutos e

melhorados continuamente, as empresas

vivem em constante mudança, criando

assim um ambiente de aprendizado. A

realidade no mercado de trabalho, é que

Administradores e Psicólogos tem tomado

os lugares dos pedagogos neste ambiente

educacional. Neste artigo, além do

2 Resolução CNE/CP 1/2006. Diário Oficial da União,

Brasília, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11.

referencial teórico utilizado, foram ouvidas

duas pedagogas que trabalham como

gestoras em empresas, longe do ambiente

da educação infantil. Com o objetivo de

mostrar aos formandos que os

ensinamentos de Paulo Freire3, as aulas de

sociologia, didática, filosofia, e demais

disciplinas aprendidas durante o curso de

pedagogia são aplicadas e bem recebidas

nas organizações, seja pela capacidade que

este profissional tem de humanizar o

ambiente de trabalho, ou pela inteligência

emocional que é capaz de aplicar e extrair

bons resultados a partir dela. O meio

empresarial está carente de pedagogos.

Falta somente a conscientização deste

profissional.

3 Paulo Reglus Neves Freire, destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

Pedagogia Empresarial

Ao observar a matriz curricular do curso de

Pedagogia, pode-se ter a falsa impressão

que o formando terá que trabalhar

especificamente com a educação infantil.

Conclusão errônea vista a profundidade

que este discente encontra nos seus

estudos, para Libaneo:

O curso de Pedagogia

deve formar o

pedagogo stricto senso,

isto é, um profissional

qualificado para atuar

em vários campos

educativos para atender

demandas socio-

educativas de tipo

formal e não-formal e

informal, decorrentes de

novas realidades - novas

tecnologias, novos

atores sociais,

ampliação das formas

de lazer, mudanças nos

Page 5: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

5

ritmos de vida, presença

dos meios de

comunicação e

informação, mudanças

profissionais,

desenvolvimento

sustentado, preservação

ambiental - não apenas

da gestão, supervisão e

coordenação

pedagógicas de escolas,

como também na

pesquisa, na

administração dos

sistemas de ensino, no

planejamento

educacional, na

definição da políticas

educacionais, nos

movimentos sociais, nas

empresas, nas várias

instancias de educação

de adultos, nos serviços

de psicopedagogia e

orientação educacional,

nos programas sociais,

nos serviços para

terceira idade, nos

serviços de lazer e

animação cultural, na

televisão, no rádio, na

produção de vídeos,

filmes, brinquedos, nas

editoras, na

requalificação

profissional etc.4

O Pedagogo adquire durante o curso um

vasto conhecimento sobre aspectos sociais

e psicológicos do ser humano, fato este

que, com exceção do curso de Psicologia

não acontece em outros cursos. Este

aprendizado somado ao adquirido com

disciplinas como didática, práticas

pedagógicas e outras, o torna um

profissional apto a atuar em diversas

funções além das inerentes a educação

infantil.

4 LIBANEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para que? 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

Esse perfil vem de encontro às atuais

necessidades empresariais, onde a figura

do multiplicador de conhecimentos é

condição sinequanon para propagação de

boas práticas dentro das empresas bem

como na construção de uma equipe

motivada e competente. Neste âmbito

vimos uma área pouco explorada pelos

pedagogos, a Pedagogia Empresarial.

A Professora Maria Luiza Marins Holtz, uma

das fundadoras da MH Assessoria

Empresarial, que já atuou na área

educacional como professora, e que há 24

anos tem trabalhado com treinamento e

capacitação de funcionários de várias

empresas, afirma em seu livro Lições de

Pedagogia Empresarial, que hoje mais do

que nunca percebe a necessidade dos

trabalhos pedagógicos dentro das

empresas e a admiração dos empresários

Page 6: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

6

pelos trabalhos com este perfil pedagógico

e seus resultados.

Para a Professora Maria Luiza, esta

capacidade do pedagogo de contribuir para

formação profissional dentro das

empresas, vem desde a Grécia Antiga.

Quando a Grécia foi conquistada pelos

romanos, que traziam consigo uma

característica guerreira, perceberam nos

gregos homens cultos e letrados, com

habilidades e conhecimentos que

causavam muita admiração aos romanos, e

foram eles, os gregos, os primeiros a

receberem o título de pedagogos, não

simplesmente pelo conhecimento que

possuíam, mas pela capacidade de

transmiti-lo aos demais. Juvenal escreveu o

seguinte sobre os atenienses:

Eles têm gênio

galhofeiro, audácia

pronta, linguagem

fluente. Imaginais que

seja um único indivíduo?

Pois oculta, dentro de si,

uma infinidade. É ao

mesmo tempo

gramático, geômetra,

pintor, adivinho,

médico, mágico, sabe

tudo quanto quer saber,

compreende tudo

quanto quer

compreender.5

Na história da humanidade foi comum a

interação entre culturas durante as

conquistas. Tanto do povo dominado

quanto do povo dominador. Na conquista

da Grécia por Roma esta interação se deu

de modo intencional. Os gregos exerceram

um importante papel na cultura romana,

5 HOLTZ, Maria Luiza M. .Lições de pedagogia empresarial. MH Assessoria Empresarial Ltda., Sorocaba SP. Disponível em <http://www.mh.etc.br/documentos/licoes_de_pedagogia_empresarial.pdf>. Acesso em: 18 de maio de 2009.

transmitindo seus conhecimentos não

somente para crianças, mas também para

adultos, onde exerciam esta tarefa como

escravos e logo depois foram contratados e

pagos para tal.

Houve muita evolução na profissão desde a

conquista da Grécia por Roma. Na idade

média por muitos anos a educação ficou a

cargo da igreja, depois tivemos os burgos

em busca da qualificação de sua mão obra

abrindo espaço para criação das primeiras

universidades. Veio o movimento

renascentista. Vários pensadores, filósofos

e sociólogos escrevendo e defendendo

suas idéias sobre a educação. Mais tarde

tivemos a regulamentação da profissão, o

que no Brasil só aconteceu no século

passado.

Page 7: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

7

Mas a tendência de se aproveitar os

conhecimentos dos pedagogos nas

empresas só tomou força a partir da

década de 1980. Talvez pela grande

necessidade das empresas de capacitarem

seus profissionais diante da globalização ou

também pelo grande fluxo de informações

que necessitava de gerenciamento

correlato.

As décadas de 1980 e

1990 foram

caracterizadas por uma

intensa onda de

reorganizações nas

maiores organizações

do mundo todo. (...)

Nessa onda de

reestruturações e

reorganizações, as

pessoas deixaram de ser

um recurso produtivo

ou mero agente passivo

para se tornar o agente

ativo e proativo do

negócio. Os ativos

tangíveis – como capital

financeiro, instalações,

maquinário – perderam

espaço para ativos

intangíveis – como

conhecimentos,

habilidades e

competências.6

O certo é que a partir de 1980 a

globalização e o neoliberalismo forçaram as

empresas a tomarem uma nova postura na

gestão de pessoas. A figura do

multiplicador, aquele que entende bem os

processos da empresa e tem capacidade de

transmitir seus conhecimentos aos outros

se tornou obrigatória para as organizações

que queriam ter sucesso em suas

atividades. Para Chiavenato:

6 CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos

Humanos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

Desenvolver pessoas

não é apenas dar-lhes

informação para que

elas aprendam novos

conhecimentos,

habilidades e destrezas

e se tornem mais

eficientes naquilo que

fazem. É, sobretudo,

dar-lhes a formação

básica para que elas

aprendam novas

atitudes, soluções,

idéias, conceitos e que

modifiquem seus

hábitos e

comportamentos e se

tornem mais eficazes

naquilo que fazem.

Formar é muito mais do

que simplesmente

informar, pois

representa um

Page 8: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

8

enriquecimento da

personalidade humana.7

No ambiente empresarial muito se tem

falado das “Learning Organizations”, ou

organizações que aprendem. O grande

trunfo destas empresas é a gestão do

conhecimento, entende-se por

conhecimento a informação interpretada,

ou seja, o que cada informação significa e

que impactos no meio ela pode causar. O

objetivo deste processo é criar um fluxo

tão transparente, que ele deixe de estar

nas pessoas e sim na empresa. Isto pela

grande troca de valores entre os membros

da equipe. Kathia Pimentel8, Coordenadora

Pedagógica dos cursos de Graduação em

Administração da FEAD em Belo Horizonte,

7 CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos

Humanos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

8 Entrevista concedida dia 22 de maio de 2009 por telefone.

salienta a importância do pedagogo tanto

no setor de Recursos Humanos quanto no

setor de Gestão do Conhecimento. Para ela

existe uma grande necessidade para a

documentação e circulação de informações

dentro das empresas, porém não existe um

profissional para perceber como tais

elementos devem chegar aos receptores,

quem são eles, sua capacidade de

compreensão e análise. Sendo assim,

milhões são gastos em tecnologia e

processos sem muitas vezes alcançar o

objetivo desejável. O pedagogo entra como

facilitador desta comunicação, com a

análise do receptor, sua capacidade de

aprendizado e como preparar a

comunicação para maximizar o resultado.

Para Bahia:

A que se denomina

comunicação

empresarial é, assim o

conjunto de modelos ou

instrumentos de ação

que a empresa utiliza

para falar e se fazer

ouvir. Interna ou

externamente, a

informação prestada

por ela correspondente

a uma estratégia.9

É notório que quando se fala em

transmissão de conhecimento estamos

intrinsecamente ligados à educação. Faz-se

necessário o uso de várias metodologias

para se alcançar o objetivo desejado. Para

Muños:

O processo de

desenvolvimento do

conhecimento é

basicamente o de

aprendizagem.

Portanto, a gestão da

9 BAHIA, Juarez. Introdução à Comunicação Empresarial.

Rio de Janeiro: Mauad, 1995.

Page 9: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

9

aprendizagem é uma

variável chave na gestão

eficiente do

conhecimento. O

processo de

aprendizagem é um

mecanismo de melhora

pessoal, mecanismo

individualizado que

depende das

capacidades de cada

pessoa, porém também

das experiências de

aprendizagem que este

encontra pelo

caminho.10

Desse modo várias estratégias elaboradas

por empresas se perdem no caminho, não

por falta de investimento, mas pela falta do

profissional facilitador como membro da

10 MUÑOZ, Beatriz; RIVEROLA, Josep. Transformando

Conhecimento em resultados: a gestão do conhecimento

como diferencial na busca de mais produtividade e

competitividade. São Paulo: Clio Editora, 2004.

equipe de Gestão do Conhecimento, neste

caso, o pedagogo.

Kathia Pimentel lembra que nos

treinamentos empresariais, a presença do

pedagogo facilita a construção de textos e

materiais preparados pedagogicamente de

modo garantir o aprendizado dos

funcionários. As organizações se

preocupam em capacitar seus funcionários

objetivando aperfeiçoar processos e

maximizar resultados. Novamente fica

claro o aspecto educacional. Capacitação

nada mais é que um processo educativo.

As pessoas apresentam uma incrível

capacidade de aprender e desenvolver. A

educação esta no cerne dessa capacidade. Os

processos de desenvolvimento de pessoas

estão intimamente relacionados com a

educação. Educar (do latim, educere) significa

extrair, trazer, arrancar. Em outros termos,

representa a necessidade do ser humano de

trazer de dentro para fora as suas

potencialidades interiores.11

Em empresas que não possuem o

pedagogo, estes materiais são preparados

de forma técnica, com linguagem

complicada sem levar em conta o nível de

conhecimento que os ouvintes possuem. A

extração das potencialidades fica

comprometida, bem como os resultados

esperados. O administrador ou qualquer

outro funcionário pode adquirir tal

habilidade, mas este o faz depois de muitos

erros. Novamente fica clara a falta que o

olhar pedagógico faz às organizações.

Não há docência sem

discência, as duas se

explicam e seus sujeitos

11 CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos

Humanos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

Page 10: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

10

apesar das diferenças

que os conotam, não se

reduzem à condição de

objeto, um do outro.

Quem ensina aprende

ao ensinar e quem

aprende ensina ao

aprender.12

Todas as atividades de capacitação de

funcionários deveriam seguir esta lógica de

Paulo Freire, o conhecimento deve circular

dentro da empresa tornando o

aprendizado um processo continuo.

Quando isto acontece, os resultados fluem

de forma mais natural dentro da empresa.

O funcionário fazendo parte do processo e

não somente sendo um receptor, ele

colabora e se vê motivado a aplicar as

novas práticas dentro da organização. O

conhecimento não apresentado como 12 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes

necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra,

1996.

obrigação, e sim produzido com sua ajuda.

Neste viés, o pedagogo tem papel

importante, pela sua facilidade de

humanizar o ambiente em que trabalha e

utilizar disso para conseguir a participação

da equipe nesta produção epistemológica.

Valéria Fernandes 13 é Pedagoga e atua

como Gerente da Área Pedagógica da

Gerencia de Concursos da Fundep, antes

ocupava o cargo de Gerente de Prestação

de Contas. Sempre liderando equipes ela

enfatiza a facilidade que o pedagogo tem

em humanizar o ambiente de trabalho e

conduzir o gerenciamento de pessoas.

Pode-se pensar que esta expertise

sobreponha o racional e prejudique o

cumprimento de metas, mas segundo sua

experiência ela afirma que com a

13 Entrevista concedida dia 20 de maio de 2009 nas

dependências da FUNDEP.

humanização consegue-se extrair o melhor

dos colaboradores. Hoje na Gerencia de

Concursos além de gerenciar pessoas, o

curso de pedagogia lhe ajuda nas outras

funções inerentes ao setor, tais como:

Desenvolver programas para provas

de acordo com a área de

conhecimento;

Elaboração da parte pedagógica de

editais para concursos;

Análise de critérios de avaliações

das provas;

Revisão lingüística de todos os

documentos;

Traçar o perfil do candidato,

programas e bibliografias.

Além destas ações, Valéria está sempre em

contato com professores das mais diversas

áreas, onde o fato dela ser pedagoga

facilita o contato com os mesmos.

Page 11: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

11

Tanto Valéria Fernandes como a Kathia

Pimentel afirmam que todos os

fundamentos teóricos que se aprende no

curso de pedagogia podem ser reconstruídos

em sua aplicabilidade sempre que envolve o

aprender. O aprendizado que o pedagogo

adquiriu na faculdade, deve ultrapassar os

muros da escola, a atuação deste

profissional é uma necessidade da

sociedade de um modo geral. Para Libaneo

(2002) “verifica-se hoje, uma ação

pedagógica múltipla na sociedade. O

pedagógico perpassa toda a sociedade,

extrapolando o âmbito escolar formal,

abrangendo esferas mais amplas da

educação informal e não-formal”.

Com tanto a oferecer às empresas, por que

então existem tão poucos pedagogos

atuando em empresas? Ou porque este

profissional não é mais valorizado. A

própria cultura do nosso país de se investir

pouco em educação pode explicar este

fato. Essa falta de investimento e

reconhecimento pelo poder público minou

a credibilidade da classe. Paulo Freire

destaca no livro Professora sim, tia não a

necessidade do resgate da dignidade do

professor. Com profissionais sendo

chamados de tias ou tios, muitas vezes mal

remunerados e sem plano de carreira,

criou-se certo descrédito perante a

sociedade.

Para Kathia Pimentel a falta de um

conselho da classe dificulta ações que

visem dignificar o ofício do pedagogo. A

Associação Universitária de Pedagogia do

Brasil em seu site afirma que sem a

regulamentação da profissão que inclui,

entre outras exigências, a aprovação do

Código de Ética e a criação de Conselhos

Regionais de Pedagogia, o campo de atuação

do Pedagogo fica restrito às salas de aula,

sem o valor devido.14 Assim profissionais de

outras classes com conselhos atuantes e

regulamentados ocupam os lugares dos

pedagogos no mercado de trabalho,

ficando os mesmos restritos às salas de

aulas e sem o devido reconhecimento.

Metodologia

Para confecção deste artigo foi utilizada a

pesquisa bibliográfica buscando autores da

área administrativa, pedagógica e aqueles

que atuam nas duas áreas e entrevistas

com pedagogos que não atuam na

educação infantil. Definindo a pesquisa

bibliográfica como “aquela que procura

14 MADEIRA, Wania. Pedagogos lutam pela

regulamentação da profissão. 2009. Disponível em:

<http://www.aunipedagbr.kit.net/eventos.htm>

. Acesso em: 18 de maio de 2009.

Page 12: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

12

aplicar os conhecimentos adquiridos

baseados em referências teóricas” 15 , o

objetivo foi analisar o atual contexto social,

o papel do pedagogo diante dele e a

aplicabilidade dos conhecimentos

adquiridos no meio empresarial. As

entrevistas com as Pedagogas Kathia

Pimentel e Valéria Fernandes vieram

reiterar e validar o referencial teórico.

Considerações finais

A construção do conhecimento é uma

tarefa nobre que exige dedicação. O

pedagogo é o único profissional que é

formado para exercer tal tarefa. Todos os

conhecimentos adquiridos durante sua

15 CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino.

Metodologia Científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall,

2002.

formação visam entender o discente, seu

contexto social e a partir dele exercer sua

influência educativa, respeitando os limites

e ao mesmo tempo o expandindo.

As empresas por sua vez encontram-se

diante do neoliberalismo e da globalização,

onde a concorrência não respeita mais

fronteiras e o diferencial está no capital

humano. E a única maneira de sobressair

sobre seus concorrentes é investir na

capacitação de seus colaboradores e

melhorar o fluxo de informações entre

eles.

Neste contexto a figura do pedagogo se

faz tão necessária dentro da empresa como

dentro das escolas. A empresa que aprende

necessita de metodologias que irão criar o

ambiente de aprendizado. E tais

procedimentos devem partir do

pressuposto que seus funcionários

necessitam de ajuda para superarem as

dificuldades de relacionamento no grupo,

precisam superar fragmentações de

setores e criar condições para que

trabalharem de forma interdisciplinar.

Para facilitar esta união entre a pedagogia

e a gestão, a regulamentação do conselho

da classe teria papel fundamental. Como

autarquias federais garantiriam à sociedade

a qualidade dos serviços prestados por

estes profissionais, tendo como

conseqüência sua valorização.

A valorização do conhecimento dentro das

empresas abre uma exponencial

oportunidade para o profissional da

pedagogia. Cabe agora ao pedagogo fazer

sua parte incluindo em seu currículo

especializações em gestão. Existem vários

Page 13: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

13

cursos de pós-graduação em recursos

humanos, gestão de pessoas e

administração, sem falar nas graduações

para tecnólogos em dois anos que também

o auxiliariam na inserção no meio

empresarial. Os pedagogos que atuam

nesta área geralmente têm esta formação

complementar, como é o caso das duas

pedagogas entrevistadas para este artigo.

No meu ponto de vista o que falta para a

valorização do pedagogo no mercado de

trabalho é a sua auto-valorização.

Conscientizar-se da sua importância para a

sociedade como um todo. A construção do

conhecimento se torna natural com a

inserção do trabalho deste profissional,

seja nas escolas ou no ambiente

organizacional. Atitudes mais ativas se

tornam necessárias por parte dos

pedagogos, a primeira delas é visualizar as

várias oportunidades fora dos muros das

escolas e, ocupar o espaço que, pela

formação, é do pedagogo.

Um dos autores sobre administração mais

lidos no Brasil e no mundo chama-se

Idalberto Chiavenato. Único autor brasileiro

a ostentar mais de doze livros sobre

administração traduzidos para a língua

espanhola. Traz consigo vários prêmios e

distinções recebidos por sua atuação na

área de administração geral e de recursos

humanos incluindo dois títulos Doutor

Honoris Causa em universidades na América

Latina. Especializado em Psicologia

Educacional pela USP, em Direito pela

Universidade Mackenzie e pós-graduado

em Administração de Empresas pela

EAESP-FGV, também é mestre (MBA) e

Doutor (Ph.D.) em Administração pela City

University of Los Angeles, Califórnia,

Estados Unidos. Foi professor da EAESP-

FGV, como também de várias universidades

no exterior, e consultor de empresas.

Idalberto Chiavenato é pedagogo, sua

graduação foi em pedagogia. Estranho?

Não. O pedagogo tem todo o

conhecimento necessário para trabalhar

com pessoas, o capital intelectual da

empresas, o mais valorizado, mais que

produtos ou tecnologias.

Referências Bibliográficas

BAHIA, Juarez. Introdução à Comunicação

Empresarial. Rio de Janeiro: Mauad, 1995.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino.

Metodologia Científica. 5.ed. São Paulo:

Prentice Hall, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração de

Recursos Humanos. 5. ed. São Paulo: Atlas,

2003.

Page 14: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

14

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia:

saberes necessários à pratica educativa. São

Paulo: Paz e Terra, 1996.

HOLTZ, Maria Luiza M. .Lições de pedagogia

empresarial. MH Assessoria Empresarial Ltda.,

Sorocaba SP. Disponível em

<http://www.mh.etc.br/documentos/licoes_de_

pedagogia_empresarial.pdf>. Acesso em: 18 de

maio de 2009.

LIBANEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos,

para que? 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

MUÑOZ, Beatriz; RIVEROLA, Josep.

Transformando Conhecimento em resultados: a

gestão do conhecimento como diferencial na

busca de mais produtividade e

competitividade. São Paulo: Clio Editora, 2004.

NOGUEIRA, Rodrigo dos Santos. A importância

do pedagogo na empresa. Pedagogia em Foco,

Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:

<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/pemp03

.htm>. Acesso em: 18 de maio de 2009.

RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral. Pedagogia

Empresarial: a atuação do pedagogo na

empresa. Rio de Janeiro: Wark, 2003.

Page 15: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

15

Um Novo Modelo para o Brasil: reflexões do pensamento de Celso Furtado1

Embora soubesse que a definição de um

projeto nacional não era tarefa de uma pessoa,

mas de uma nação, Celso Furtado dedicou-se,

em grande parte de sua vida, na busca de um

novo paradigma de desenvolvimento. Em seu

último livro, "Em Busca de Novo Modelo" (Paz

e Terra, 2002), se ele não encontrou esse

modelo, destacou seu pensamento com brio e

nos ofereceu direcionamentos valiosos para

uma densa reflexão dos problemas, das opções

e dos caminhos que possam ser galgados por

nossa nação.

Ao voltar às raízes do desenvolvimento

econômico, ou seja, às revoluções capitalista e

1

Luiz Cesar Fernandes da Silva é Mestre em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro, especialista em Finanças – UFMG e bacharel em Economia. Professor Universitário, trabalha com Consultoria Financeira Empresarial e integra o grupo de Pesquisa – Emprego e Renda da Fundação João Pinheiro, juntamente com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo de Minas Gerais.

científica, ele observa que a interação entre

esses dois processos deveria ser buscada da

seguinte maneira: de um lado, na intuição de

Galileu de que a natureza seria racional e

poderia ser reduzida a esquemas

geometrizáveis e, de outro, no processo de

acumulação capitalista que torna a

racionalidade instrumental dominante.

Todavia, neste contexto, a industrialização

tardia de países como o Brasil é muito diferente

da dos países hoje desenvolvidos, porque,

enquanto nestes a inovação e a difusão

combina-se para responder às próprias

necessidades das sociedades, naqueles a

difusão é marcada pela tentativa de imitação

por parte das elites (as classes altas e médias).

Essas, em grande parte, passam a assumir os

padrões de consumo e do modismo dos países

desenvolvidos (centrais) a ignorar o interesse

nacional.

Para Furtado, essa reprodução dos padrões de

consumo vai continuar/continua a determinar

atualmente as duas tendências centrais das

economias subdesenvolvidas (periféricas): a

propensão ao endividamento externo e a

concentração social da renda. Ambos os

processos têm como ponto central a alta

propensão a consumir das classes altas e

médias brasileiras, em sua ansiedade em

reproduzir o modelo de consumo dos países

centrais.

Ao comparar o Brasil com a Índia, ele nos

oferece dados importantes que fundamentam

o seu argumento. Ainda que a Índia tenha uma

renda por habitante que é um quinto da

brasileira, sua taxa de poupança é

consideravelmente maior do que a do Brasil.

Como pode ser explicado isto? A resposta é que

no Brasil a renda é consideravelmente mais

Page 16: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

16

concentrada nas classes altas e médias do que

na Índia. 2

Pode-se inferir que a busca da reprodução dos

padrões de consumo norte-americano está na

raiz, seja da concentração de renda, seja da

baixa taxa de poupança. Desta, dada a própria

natureza da tentativa; daquela, na medida em

que a demanda para os bens de consumo de

luxo produzidos depende dessa concentração.3

A primeira relação me parece irrefutável.

Todavia, a segunda me parece que perdeu

parte da sua validade. Nos anos 60 e 70,

quando muitos dos bens de consumo de massa

estavam restritos à classe média e à classe alta,

a concentração de renda já existente era

2 A Renda per capta na Índia não alcança 20% da brasileira. Além disso, no Brasil, os 20% que detém a renda mais alta, absorvem cerca de 70% desta. Na índia, esse fator corresponde a 40%.Detalhes: Furtado (2002). 3 Na índia, os 20% menos favorecidos recolhem 9% da renda, enquanto no Brasil essa mesma percentagem da população recolhe apenas 2%. Ou seja, a população indiana faz um esforço para poupar superior ao da brasileira.

reforçada por esses tipos de bens. Entretanto,

hoje, a concentração de renda deve ser

buscada no tipo de desenvolvimento

tecnológico, que aumentou a demanda de

trabalho qualificado4.

Todavia, a maior ênfase na análise de Furtado,

recai no fato de que as classes (altas e médias)

beneficiadas com essa concentração não se

mostram à altura de seu papel de elite. Ao

copiarem os padrões de consumo norte-

americano, não poupam para investir e

endividam o país no exterior. Furtado ressalta

que esse é um grande desafio que parte de um

4 O atual debate social apresenta geralmente o desemprego como o resultado de três fatores emenrgentes: a mundialização dos mercados, que provoca uma reestruturação da produção, a introdução de uma tecnologia que utiliza cada vez menos mão-de-obra e o fim de uma era de crescimento econômico sustentado, que garantia o pleno emprego. Assim, dentro do contexto da globalização, podem-se observar mercados altamente competitivos, movidos por políticas econômicas agressivas, que têm evidenciado um ambiente com grandes e imprevisíveis mudanças. Sob este aspecto, a inovação tecnológica passou a ser um fator vital para a sobrevivência das organizações, pois ela determina o avanço da qualidade de produtos e serviços.

fenômeno de aculturação. Ou seja, o brasileiro

de renda alta absorve padrões de consumo, de

desperdício e o gosto pela ostentação dos

países desenvolvidos. Todavia, como ter esse

padrão de vida com uma renda dez vezes

menor do que a dos norte americano?

Para ele, a acusação de prática de populismo

econômico, que essas classes (elites) usam

para atacar os políticos populares, é imprópria,

porque o consumo é delas, e não das classes

pobres. Dito de outro modo, as elites, em

parte, proporcionam o déficit público 5 e,

principalmente, o "populismo cambial" (a

valorização artificial do câmbio, em nome do

combate à inflação, para facilitar o consumo de

bens e serviços com considerável componente

importado). Apesar das classes de baixo poder

aquisitivo também adquirirem bens

importados, esses são, em termos monetários,

5 Pois grandes partes dos impostos recaem sobre as classes pobres. A arrecadação, em termos monetários, torna-se baixa, apesar da alta carga tributária.

Page 17: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

17

extremante inferiores aos das classes ricas.

Furtado concentra assim, sua análise no

consumo das elites.

Ao referir sobre o aspecto político ele é mais

rigoroso. Desataca que é constrangedor o

fracasso das elites. Enquanto as elites cafeeiras

do Oeste paulista e, mais tarde, as elites

industriais e tecnocráticas, que surgiram entre

os anos 30 e 50, foram salientes em promover

o desenvolvimento nacional, as de hoje,

alienadas em um grau impensável, fracassam

na sua missão de dirigir o país. Ao

reproduzirem os padrões de consumo dos

países centrais, reproduzem também, de forma

acrítica, a ideologia externa e o modismo. Ao

invés de definirem qual o interesse nacional e o

defenderem, dedicam-se ao confidence

building: ou seja, o que lhes interessa é saber o

que os estrangeiros pensam do Brasil, não o

que o Brasil pensa sobre seu futuro.

Furtado percebe este fato quando afirma que

"o ponto de partida do processo de

reconstrução que temos de enfrentar deverá

ser uma participação maior do povo no

processo de decisão" (pág. 36), mas em

seguida, contraditoriamente, ele manifesta sua

esperança de que os intelectuais ajam como

uma vanguarda para evitar que a mancha de

irracionalidade se alastre.

Em síntese, posso até confiar que os

intelectuais tenham essa capacidade,

entretanto, não me parece visível que isso

venha ocorrendo no país. Assim como ele,

acredito numa prosperidade para a nação, na

medida em que a democracia se aprofunde,

através da aproximação, cada vez mais, da

sociedade no envolvimento do debate público.

Pode-se assim, estabelecer limites para a

“alienação” das classes médias e altas e a

formação do acountabilty democrático-

político.

Concordo com Furtado quando ele diz que,

grande parte da questão central é saber se

temos ou não possibilidade de preservar nossa

identidade cultural e nacional. A essa indagação

não me permito responder. No contexto atual

de internacionalização das economias, os

Estados nacionais são mais interdependentes,

mas precisam ser cada vez mais “fortes”.

Dois vetores contraditórios expressam os

novos tempos de economias “globais”. Se por

um lado se prega a liberalização dos mercados

(afastamento do Estado) para que os países

subdesenvolvidos possam colher as benesses

da revolução tecnológica e da nova divisão

internacional do trabalho, por outro, necessita-

se cada vez mais de um Estado regulador.

Bastam dois exemplos: o da crise imobiliária

dos EUA e as reuniões dos organismos

internacionais que acontecem sobre as

relações comerciais. Os governos dos países

desenvolvidos defendem a todo custo o capital

(suas empresas e seus setores nacionais por

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18

meio de medidas protecionistas) e o trabalho

nacional (seus interesses sociais). Parece-me

que o Brasil não tem alternativa a não ser,

tentar fazer o mesmo.

Referência Bibliográfica

FURTADO, Celso. Em busca de novo modelo.

Reflexões sobre a crise contemporânea.

Editora Paz e Terra;São Paulo, 2002.

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19

Crise econômica e Direitos fundamentais:

reflexões a partir de Marx e Luhmann1

A história de todas as sociedades que existiram

até nossos dias tem sido a história das lutas de

classes, 2 assim, Karl Marx e Friederich Engels

definiram o curso histórico da sociedade até 1848,

quando veio a público o Manifesto do Partido

Comunista.

A oposição entre a tese e a antítese,3 que sob a

luz da teoria luhmanianna denomina-se código

binário, desdobrou-se, em Marx e Engels, na

1 Gustavo Henrique de Almeida é mestrando em Direito Empresarial pela Fundação Universidade de Itaúna, pós-graduado em Direito Empresarial pela Universidade Gama Filho, pós-graduado em Direito Privado pela Universidade Cândido Mendes, além de ser professor de Direito Empresarial, Direito Civil, Direito da Informática, Direito Processual Civil e Ética. Desempenha também a função de coordenador do curso de bacharelado em Direito da FACEMG, e é Advogado militante.

2 ENGELS, Friedrich; MARX. Karl Heinrich. O Manifesto

Comunista. 1848. Disponível em:

<http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/manifestoc

omunista.html>. Acesso em: 15 de dezembro de 2008.

3 VALLESPIN, Fernando. Introducción. In: LUHMANN, Niklas.

Teoría Política en el Estado de Bienestar. Trad. Fernando

Vallespín. Madrid: Alianza Editorial, 1993. p. 14-15.

análise sobre a histórica luta de classes entre

opressores e oprimidos.4

Marx e Engels desconstruíram os paradigmas

epistemológicos do historicismo vigente à época

propugnando pela análise da história a partir do

materialismo dialético,5 sustentados pela doutrina

de Georg Wilhelm Friedrich Hegel.

O estado de crise da sociedade na qual Marx

viveu, em pleno século XIX, fez com que ele

aprofundasse o estudo da história da

humanidade, o que lhe permitiu encontrar uma

marcante oposição entre classes.

Diante da reformulação do historicismo a partir

do materialismo dialético, o estudioso explicitou a

crise 6 do sistema capitalista, fundado na

economia de mercado e na propriedade privada,

evidenciando a contradição econômica entre o ter

e o não-ter.

4 ENGELS, Friedrich; MARX, Karl Heinrich. op. cit.

5 MARX, Karl Heinrich. Para a Crítica da Economia Política; Salário, preço e lucro; O rendimento e suas fontes: a economia vulgar. São Paulo: Editora Abril, 1982, p. 4.

6 ENGELS, Friedrich; MARX, Karl Heinrich. op. cit.

Segundo o filósofo, o capitalismo possui

contradições inexoráveis cada vez mais gravosas

que, ao fim, levariam à superação do aludido

sistema pelo comunismo. Uma primeira

contradição refere-se à acumulação de capital nas

mãos de uma minoria abastada gera a redução do

poder de compra dos pobres. Decorre de tal fato

desigualdades sociais que acabam por minar o

próprio mercado gerando dificuldade crescente

no escoamento da produção.

A segunda contradição marcante refere-se ao

esgotamento dos recursos disponíveis em virtude

do aumento da produção, pois o capitalismo

trabalha a ideia de satisfazer necessidades

infinitos com recursos finitos.

As críticas ao pensamento de Marx não são raras,

especialmente após a queda da União Soviética,

que pretendeu adotar, na prática, a sua teoria

comunista.7

7 MISES, Ludwig Von. Economic Calculation in the Socialist Commonwealth. Disponível em: <http://mises.org/pdf/econcalc.pdf>. Acesso em: 16 de dezembro de 2008, p. 32.

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20

Apesar das oposições às teorias marxistas, outros

pensadores propugnaram a crise do capitalismo,

dentre eles o inglês John Maynard Keynes,8 que

sustentou, também, ideias acerca de contradições

internas daquele sistema, muito parecidas com as

de Marx, de sorte que ambos defendiam que as

crises correspondem ao reflexo da insuficiência

do poder de compra por parte da população.

Estivessem certos ou não, as crises econômicas

experimentadas após a exposição do pensamento

dos citados filósofos fizeram com que as teorias

por eles elaboradas fossem visitadas de forma

recorrente.9

Em que pese à hipercomplexidade10 da sociedade

do século XXI, cujo sistema econômico apresenta-

se igualmente complexo, as crises econômicas

revelam a necessidade de repensarmos as

8 PREBISCH, Raúl. Keynes, uma introdução. Trad. Otacílio Fernando Nunes Jr. São Paulo: Brasiliense, 1991. p. 25. 9 GRESPAN, Jorge. Karl Marx. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 13. 10 FAGUNGEZ, Paulo Roney Ávila. O Direito e a hipercomplexidade. São Paulo: Ltr, 2003, p. 98.

proposições disseminadas por Marx11 no século

XIX, não no que toca ao comunismo ou à ausência

da propriedade privada, mas sim no que se refere

às bases do materialismo histórico e dialético.12

A concentração de riquezas nas mãos de poucos,

que ocorre em algumas economias que adotam o

sistema capitalista, demonstra a incapacidade de

tal sistema manter o equilíbrio necessário para

garantir o mínimo existencial a todos os que estão

inseridos no mercado.

Em tempo de crise, mas especialmente em

circunstâncias normais no cenário econômico do

sistema capitalista, a grande preocupação

consiste em garantir direitos básicos a todos, o

que se revela tarefa árdua.

A economia de mercado, fundamento do aludido

sistema capitalista, não garante à população

acesso ao mínimo para sua subsistência com

dignidade. Mesmo com a evolução da economia,

os Estados não foram capazes de assegurar que

11 COELHO, Luiz Fernando. Teoria Crítica do Direito. 3ª ed. Curitiba: Del Rey. 2003, p. 103. 12 MARX, Karl Heinrich. op. cit. p. 4.

todos, independentemente da condição

econômica individual, vivessem dignamente.

Não se pode atribuir à escassez13 a miséria, a

pobreza, e outras mazelas materiais

experimentadas pela sociedade pós-industrial.

Com efeito, a concentração de riquezas 14 se

apresenta como a ferida mais aguda do

capitalismo, cujas demais cóleras dela decorrem.

Não obstante à escassez dos recursos naturais, o

capitalismo é dotado de meios para produzir o

suficiente para atender à demanda pelos diversos

bens de primeira ordem. Entretanto, a produção

se dá em virtude da demanda do mercado,15 que

considera apenas aqueles que possuem renda

para o consumo. O grande desafio desse sistema

é possibilitar aos indivíduos excluídos, que não

13 GALDINO, Flávio. Introdução à Teoria dos Custos do Direito: direitos não nascem em árvores. Rio de Janeiro: 2005, Lumen Júris. p. 155. 14 RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DA ONU. Lisboa: Trinova Editora. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/hdr/hdr2000/docs/RDH6por.pdf>. Acesso em: 16 de dezembro de 2008, p. 2. 15 SZTAJN, Rachel. Teoria jurídica da empresa: atividade empresária e mercados. São Paulo: Atlas, 2004, p. 105.

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21

possuem condições materiais, acesso aos bens

necessários à sobrevivência digna.

O diálogo entre o sistema econômico, o sistema

político e o sistema jurídico afigura-se como uma

possibilidade de diagnosticar as falhas que levam

ao desequilíbrio e impedem os indivíduos de ter

acesso ao mínimo existencial.

Niklas Luhmann apresentou à ciência sua forma

de compreender a sociedade, denominada de

teoria dos sistemas.16 Para tanto, apoiou-se nos

estudos biológicos de Humberto Maturana e

Francisco Varela, reduzindo a complexidade da

compreensão social.17

Luhmann concebe a sociedade como um conjunto

de sistemas vivos observado por meio da

distinção entre sistemas e meio. 18 Seu

16 LUHMANN, Niklas. Die Gesellschaft der Gesellschaft. Frankfurt: Suhrkamp, 1997, cap.1, p. X; Cap. 4, p. XII. 17 MATHIS, Armin. A sociedade na teoria dos sistemas de Niklas Luhmann. Disponível em: <http://www.infoamerica.org/documentos_pdf/luhmann_05.pdf>. Acesso em: 12 de dezembro de 2008, p. 4. 18 LIMA, Fernando Rister Sousa. Constituição Federal: acoplamento estrutural entre os sistemas político e jurídico. Revista Direitos Fundamentais e Democracia. 2008. v. 4. Disponível em:

pensamento apresenta-se como teoria de

sistemas autopoiéticos e autorreferenciais.19

Sob a ótica do sociólogo, os sistemas sociais são

fechados organizacionalmente, de forma que são

capazes de se automodificarem, além de se auto-

observarem e se autorreferirem.

Por outro lado, os sistemas são abertos 20

cognitivamente, de sorte que a comunicação

entre eles não só é possível, mas necessária.

Nessa perspectiva, o sistema jurídico, o político e

o econômico devem se comunicar, sem que isso

signifique dizer que entre eles haja sobreposição

ou controle.

O que se torna imprescindível é a comunicação

para se formar um acoplamento estrutural,21 em

que o sistema jurídico venha a influenciar o

sistema econômico e político, culminando na

http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/view/172/119. Acesso em: 13 de dezembro de 2008, p. 3. 19 LIMA, Fernando Rister Sousa. op. cit. p. 4. 20 LIMA, Fernando Rister Sousa. op. cit. p. 5. 21 LIMA, Fernando Rister Sousa. op. cit. p. 1.

garantia dos direitos fundamentais aos indivíduos

que compõem a sociedade.

Todos os esforços devem se dirigir,

primordialmente, para a erradicação das mazelas

sociais que assolam a humanidade. Entretanto, a

lógica sistêmica da economia baseia-se no binário

ter não-ter. 22 Tal codificação, à luz de Marx,

representa a relação dialética dos opressores e

dos oprimidos, em outras palavras, entre aqueles

que têm e aqueles que não têm.

A hipercomplexidade da sociedade pós-industrial

não permite sustentar as proposições de Marx no

que se reporta à classe burguesa em contraponto

à classe proletária.

Com efeito, nos dias atuais, a dialética social

estabelecida pela economia de mercado

configura-se no binário incluídos/excluídos, na

medida em que tenham ou não tenham.

A exclusão social, provocada pela concentração

de riquezas, consiste em objeto recorrente de

apontamentos estatísticos de organismos

22 LIMA, Fernando Rister Sousa. op. cit. p. 6.

Page 22: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

22

internacionais. Relatórios apresentados pela ONU

demonstram que 85% da produção e do consumo

mundial estão localizados nos países

desenvolvidos que, em contrapartida,

concentram apenas 19% da população global.23

Alguns outros Relatórios do Desenvolvimento

Humano demonstraram que a riqueza conjunta

das duzentas pessoas mais ricas do mundo atingiu

1 trilhão de dólares em 1999; a renda conjunta dos

quinhentos e oitenta e dois milhões de pessoas

que vivem nos 43 países menos desenvolvidos é

de 146 bilhões de dólares, e que, em 1998, os 48

países menos desenvolvidos atraíram menos de 3

bilhões de dólares de investimento direto

estrangeiro, apenas 0,4% do total mundial.24

Estima-se que sejam investidos anualmente 435

bilhões de dólares em publicidade no mundo,

enquanto seriam suficientes apenas 15 bilhões de

23 VITOR, C. A questão ambiental deve estar no centro de tudo. Revista Ecologia e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Terceiro Milênio, 2002, p. 100. 24 RELATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DA ONU. op. cit. p. 1.

dólares para erradicar a fome, que mata 10

milhões de crianças por ano.25

Os EUA concentram 5% da população mundial,

que consome 40% dos recursos naturais

disponíveis. Proporcionalmente, se os 6 bilhões

de pessoas que habitam o globo mantivessem o

mesmo padrão de vida dos 270 milhões de

americanos, seriam necessários 6 planetas para

suprir tal nível de consumo.26

Esses dados refletem, além dos traços de uma

sociedade contingente,27 a impotência do sistema

econômico, político e jurídico atualmente

estabelecidos, que ignoram28 o estado crônico de

crise no qual a humanidade se imerge.

25 STARICCO, Beatriz Bissio. As soluções não se situam mais dentro da economia. Revista Ecologia e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Terceiro Milênio, 2000, p. 76. 26 MOON, Peter. O futuro é um inferno. Disponível em: <http://www.istoedigital.com.br>. Acesso em: 4 maio de 2002. 27 LIMA, Fernando Rister Sousa. op. cit. p. 5. 28 CORSI, Giancarlo. Sociologia da Constituição. Trad. Juliana N. Magalhães. Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Nº 39. Belo Horizonte: UFMG, janeiro-junho de 2001, p. 1.

Qualquer acoplamento estrutural resultante da

comunicação entre tais sistemas não pode se

efetivar sem conceber aspectos relativos à

dignidade da pessoa humana, resguardando os

direitos fundamentais.

Entretanto, tal premissa não é a preocupação das

instituições privadas e das governamentais, tendo

em vista as medidas que estas adotam como

solução em momentos de crise, especialmente no

que se refere à esfera econômica.

Todos os olhares voltam-se para o mercado, de

sorte que prevalece a crença vã de que a sua

salvação significa a salvação da humanidade, com

o que não se pode concordar.

Enquanto todas as medidas estatais são

direcionadas ao salvamento da indústria, que

esgota os recursos naturais; bem como das

instituições financeiras, que beneficiam poucos à

custa da exploração de muitos, grande parte da

população mundial resta excluída do acesso ao

mínimo existencial, cujo comprometimento dos

órgãos governamentais para sua oferta aos

cidadãos não demandaria todos os recursos

Page 23: Revista gestão  - Novembro/Dezembro de 2010

23

destinados à solução de crises econômicas como

as ocorridas em 1929, 2002 e 2008.

Com efeito, a crise do sistema econômico

evidencia as contradições internas do próprio

capitalismo, modelo que não apresenta para

todos os casos respostas efetivas para se atingir

equilíbrio29 econômico e desenvolvimento.

Nesse sentido, a real crise, mais vasta, crônica e

de difícil solução, está na inter-relação sistêmica

entre o direito, a economia e a política, pois,

enquanto os direitos e garantias fundamentais

não forem acoplados em cada sistema, e estes

não assimilarem a prioridade da dignidade da

pessoa humana, a política continuará a se

preocupar com os interesses da situação, a

economia manterá a minoria dos indivíduos

detentora da maioria das riquezas e o direito

permanecerá como instrumental de controle30 dos

excluídos pela classe dominante dos incluídos.31

29 GORENDER, Jabob. Introdução à obra Para a Crítica da Economia Política de Karl Marx. São Paulo: Editora Abril, 1982, p. VII. 30 CORSI, Giancarlo. op. cit., p. 5. 31 COELHO, Luiz Fernando. op. cit. p. 573.

Por fim, cabe ressaltar que os excluídos que

figuram à margem dos sistemas, embora deles

façam parte, devem se agitar, especialmente no

âmbito político, de forma a irritar o meio para a

promoção de mudanças, o que só é possível com

a o fim do estado de alienação dos indivíduos,32

produto do capitalismo consumista e da

sociedade de massa.

Bibliografia:

CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos

pragmáticos da interpretação jurídica sob o

paradigma do Estado Democrático de Direito. In:

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CORSI, Giancarlo. Sociologia da Constituição.

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de Direito da Universidade Federal de Minas

Gerais. Nº 39. Belo Horizonte: UFMG, janeiro-

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Créditos

Editor-chefe – Paulo R. Cabral Jr.

Direção de arte – Alex Pereira Costa

Revisão – Alex Pereira Costa

Contribuições nesta edição: Luís Cesar

Fernandes e Gustavo Henrique de

Almeida