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Simondom - Filosofia da Tecnologia

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Filosofia das máquinas de Gilbert Simondom. Parodiando a análise de Michel Foucault, se o século XX foi deleuziano, o século XXI será simondiano.

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Hebert Marcuse(escola de Frankfurt) em sua obra "O homem unidimensional" seguido de Jean Baudrilhard em "O sistema dos objetos" admitem que a obra simondiana é a pedra de toque para suas reflexões sobre a técnica.

Mas, o grande interprete da obra de Simondom é Gilles Deleuze (Diferença e Repetição e Lógica do Sentido). Isso torna a leitura de Simondom obrigatória à todo leitor que queira aprofundar sua compreensão de alguns conceitos fundamentais na obra de Deleuze como pré-individual, individual, transindividual, individuação, inconsciente-maquínico, entre outros.

Parodiando a análise de Michel Foucault, se o século XX foi deleuziano, o século XXI será simondiano.

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“Modo de existência dos objetos técnicos”

#Simondon e um dos primeiros franceses a adotar a cibernetica em suas asserções conceituais. No entanto, ele recusa o mito do homem maquina.#

"A cultura está em desequilibro quando reconhece certos grupos de objetos e nega outros. Ao objeto estético é dada cidadania e, o mesmo, inserido no mundo das significações. Por outro lado, recusa-se outros tipo de objetos; em particular os objetos técnicos que não possuem significação, existindo somente como estrutura de uso ou função utilitária.” Tecnico uma ciencia que nao existe.

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A partir da reflexão desenvolvida pela filosofia da técnica, o francês Gilbert Simondon propõe uma revisão de nossa relação instrumental como mundo técnico. O autor concebe os objetos técnicos como portadores de um modo específico de individuação, partindo de um estado abstrato portador de uma essência técnica, evoluindo em sua tecnicidade até estados concretos, possuindo, assim, um modo de existência específico, diferente do humano.

Ao propor um modo de existência para os objetos técnicos, Simondon também reconfigura a reflexão filosófica a respeito do processo de individuação. Em sua reflexão sobre o mundo técnico, ele foi pioneiro em estabelecer vínculos entre os processos de individuação com a teoria da informação e a cibernética. Desse modo, o autor cria um elo entre o mundo técnico e o biológico. O indivíduo deixa de ser apenas resultado estático e passa a ser também um meio dinâmico (forma que se organiza pela informação)deslizando entre estados pré-individuais, individuais e transindividuais e coletivos.

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Questões referentes a técnica e a estética.

A origem epistemológica da palavra arte vem do latim ars, que, por suavez, é oriunda da tradução do grego téchnê, que até o século XV se referia aum conjunto de atividades ligado à perícia e aos ofícios essencialmentemanuais. No entanto, os gregos não efetuavam qualquer distinção entre arte etécnica (LACOSTE, 1986). 

-Platão considerava a pintura uma reprodução degenerada do mundo das ideias e por isso deveria ser banida da cidade ideal.

-(A Perda da Aura da Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. W. Benjamim). Com o surgimento da fotografia é decretada a morte da pintura e, a fotografia é vista como paradigma da perda da "aura na obra de arte".

-Alguma coisa do humano se perde na imagem fotográfica, sua irreprodutibilidade e originalidade.

-Com o surgimento do vídeo, da fotografia e do cinema digital a questão é retomada a imagem numérica e vista como uma degradação do cinema e da fotografia. -O filme de película (nitrato de prata) é visto como detentor de uma essência do cinema que passa a ser corrompida pela imagem numérica(Dubois) – o grão irregular da revelação é violado pela grade rígida do pixel.-A estética tem uma função técnica estrutural- a obra de arte desvenda o mecanismo visual através da história da arte.-Arte criação tecnologia invenção e progresso.

    

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Simondon (2008) atribui à estética um papel de convergência onde os

objetos técnicos aspiram re-encontrar sua origem mágico-religiosa. O objeto

técnico retoma sua ligação primordial na qual arte e técnica eram

indiscerníveis.

A tecnologia moderna não pode ser pensada apenas enquanto

cruzamento entre ciência e técnica, num processo radical de cientifização da

técnica e tecnização da ciência. A meu ver, somente os procedimentos

subversivos referentes à arte é que permitem que o objeto técnico avance

como essência técnica desde sua forma abstrata em diversos desdobramentos

de tecnicidade até sua concretização, rompendo, desse modo, com o dualismo

tecnização da ciência e cientifização da técnica.

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O século XX nas artes pode ser abordado pela perspectiva da incorporação da tecnologia as artes.•A ideia das vanguardas de incorporarem a tecnologia como algo inerente a arte.•Substituição do atelier pela fabrica;•O ready-made reflexão sobre o objeto técnico em sua dimensão Estética;•A noção de roteiro/script na arte participativa dos anos 1960 Arte Programata Umberto Ecco;•As Artes tecnológicas(video arte, arte computacional, entre outras);•Desvendar o funcionamento do mecanismos da percepção visual cerebral e suas aplicações nas interfaces gráficas de visualização;

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 Pré- individual; estado onde tudo se encontra como energia pura em vias de individuar-se Individual; definição/opção por um estado animal/vegetal/mineral/técnico;Transindividual; define a espécie homem animal, etc.Individuação; a subjetividade e a relações coletivas. 

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Em suas reflexões sobre a técnica Simondom parte de duas premissas básicas a cibernética e a termodinâmica.Cibernética criada por Norbert Weimer(1894-1964):

A cibernética é o estudo dos autocontroles oriundos de sistemas estáveis, sejam eles mecânicos, elétricos ou biológicos. Foi Weimer quem propôs e teorizou a premissa de que a quantidade de informação era tão importante quanto a energia ou a matéria. O fio de Cobre, por exemplo, pode ser estudado pela energia que ele é capaz de transmitir, ou pela informação que pode comunicar. A palavra cibernética é derivativa de um termo grego que significa "governar" do grego kúbernetè. A noção de retro-alimentação é fundamental para a cibernética pois é ela que da autonomia aos sistemas que se auto regulam. A Teoria da informação ou teoria da informação matemática da comunicação é um ramo da cibernética e da teoria da probabilidade e da matemática estatística que lida com sistemas de comunicação, transmissão de dados, criptografia, codificação, teoria do ruído, correção de erros, compressão de dados, etc.

Claude Shannon (1916-2001) é conhecido como "o pai da teoria da informação". Sua teoria foi a primeira a considerar comunicação como um problema matemático rigorosamente fundamentado na estatística e deu aos engenheiros da comunicação um modo de determinar a capacidade de um canal de comunicação em termos de ocorrência de bits. Ruído e informação (Entropia negativa): quanto maior o ruído menor é quantidade de informação.  

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Termodinâmica:

A palavra termodinâmica tem origem grega: therme, que significa calor e, dynamis, significa potência. Sendo a mesma, o ramo da Física que estuda as causas e os efeitos nas mudanças de temperatura, pressão e volume, bem como em outras grandezas termodinâmicas fundamentais. Em sentido genérico calor significa "energia" em trânsito, e a dinâmica diz respeito ao "movimento". Termodinâmica foi desenvolvida e aplicada inicialmente para aumentar o rendimento nas maquinas a vapor. 

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Transducção: termo cientifico usado para definir ou designar a transformação de um tipo de sinal em outro seja ele no nível tecnológico ou biológico. Para Simondom, a Transducção é a individuação em processo.

Entropia: Equivale perda de energia e a desordem. A teoria da informação afirma que quanto menos informações sobre um sistema, maior será sua entropia. Para Simondon a entropia é a origem do processo de individuação e ao mesmo tempo seu ocaso.

Através da teoria Gestaltica Simondom vai questionar este preceito da Cibernética (teoria da informação) usando a ideia de que a figura surge de um fundo reticular e, portanto, o ruído seria uma espécie de gênese da informação. O ruído de fundo é um precursor das novas figuras.

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O modo de existência dos objetos técnicos: 

O objeto técnico surge de forma concreta e através de um processo conhecido por tecnicidade e evolui até uma forma abstrata. Para Simondon, a individuação ocorre através da tecnicidade; o objeto técnico evolui de uma gênese abstrata até estados complexos de concretização onde são solucionadas questões de funcionamento.

Se o objeto técnico abstrato é artificial, o objeto técnico concreto não o é. Desse modo, não é a origem que determina se um ente é natural ou artificial. O importante é  saber se o modo de existência é abstrato ou concreto. O objeto técnico abstrato é artificial e o objeto técnico concreto não o é, pois se aproxima do modo de existência dos objetos naturais. Para Simondom o artificial é uma etapa no processo de do pré-individual que evolui até o transindividual.

Por um lado, encontra-se num processo de individuação pois evolui de um estado abstrato para um estado concreto. E por outro lado, se insere num contexto transindividual pois passa a estabelecer relações entre linhagens técnicas.

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A filosofia das máquinas de  Simondon  vê a necessidade de superação do individual e isso se dá pela tecnologia.

-O otimismo iluminista repousa sobre dois fundamentos equivocados:

- Por um lado, percebe no objeto técnico a figura do estrangeiro, ele ocupa um lugar ilegítimo, ameaçando a ordem social e o trabalho;

- Por outro lado ele é visto como robô, o escravo dócil e servil que surge como solução passiva dos problemas cotidianos.

- No entanto, as técnicas não modificam a ordem natural, elas não são instrumentos de combate, nem meios de resistência, elas são um prolongamento.

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Para Marx o trabalho e uma questão econômica e, é visto como meio de encontrar o bem estar social evoluindo para um capitalismo avançado.

Ao contrario Simondom não vê no Marxismo uma solução mas, numa sociedade técnica avançada.

-A técnica possui o germe de uma humanidade nova.

-O progresso técnico relativiza a concepção tradicional de uma natureza humana imutável.

-A viagem a lua é antes um evento económico, mais do que um progresso técnico.

-Simondon devolve as intenções de fundo que o Progresso técnico frequentemente esconde.

 -Não dirigir máquinas mas existir num mesmo nível que elas.

-Homem deve atuar como tradutor de informação de máquina à máquina.  

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-Em nossos dias a união já está realizada, o que falta é rever a qualidade desse regime matrimonial.

-O vivente se diferencia do cristal porque possui uma pluralidade de sinais de entrada e saída. O vivo digere informação e elabora respostas. 

-Supõe um encadeamento da realidade física a uma realidade biológica. 

-A individuação é uma maneira de encontrar vida. Um teste projetivo onde todo mundo vê o que quer.

-Para Simondon a individuação é uma estratégia para resolver um problema. Percepções e emoções são  frequentemente incompatíveis. Percepção se da pelo ponto de vista do ambiente.

-A individuação pisicocoletiva descreve dois tipos de relações com os outros.-

- Transindividual relação autentica. Simondon propõe uma nova forma de individuação.  

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DUAS LIÇÕES SOBRE O HOMEM E O ANIMAL

-Desde os primórdios da filosofia o homem busca sistematicamente se diferenciar da natureza animal; a psicologia, diferentemente do que se pensa, em seu status de disciplina laica é o ponto de convergência entre o homem e o animal.-Todos os parâmetros propostos como diferenciadores do humano como a memória, o instinto, a consciência, a inteligência, o sonho também se fazem presentes no animal.-A retaguarda do humano acaba em um apelo à religião e a um deus cristão que por vezes sustentam o discurso da diferença – a alma.

Para Simondom a discussão que pretende diferenciar homem/animal remonta os pré- socraticos.

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Sócrates inventa o homem, ao negar sua natureza comum com o animal distinguindo razão e instinto. Afirmando à diferença radical entre o humano e a natureza.

Assim, ele leva os sofistas à proporem “o homem como medida de todas as coisas”. Desse modo, o humanismo tem início culminando no cristianismo.

A lição socrática é que o homem deve fazer uma retrospecção sobre si mesmo.

-O animal é posto ao lado das maquinas e cumpre apenas um papel de “pura função”: é força para o trabalho, matéria para uso no aquecimento contra o frio “carne” para matar a fome.

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-Descartes concebe o animal como uma máquina animada e desprovida de pensamento racional.-Para Simondom, o modo de existência psíquica não distingue o homem do animal.-A única distinção razoável seria a de que “o animal esta mais bem equipado para viver e que o homem está mais bem equipado para pensar”. -Simondom não quer provar que os animais pensam, porém não nega a possibilidade.

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• Pré-socraticos não diferenciam o animal, vegetal e o humano.

• Pitágoras o que diferencia homem e animal é o corpo.• Mentepisicosis: transmigraçnao de almas – A alma não é

uma realidade propriamente individual.• O Cristianismo personaliza a alma• Revivescência para simondom é a propriedade que

alguns animais e vegetais possuem de recordar a vido logo apos um período de anidrobioses(Vida sem água) . Como exemplo disso temos os esporos.

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Primeiro ponto de vista:

-Para Platão o homem é uma forma perfeita e ideal e os animais existem através da simplificação e degradação do humano – teoria involutiva.

Segundo ponto de vista:

-Aristóteles em sua doutrina naturalista não difere homem, animal e vegetal.-Os modos animais e vegetais são diferentes porém possuem identidade funcional.-A vida como elemento invariante entre os diferentes modos de existência.-O homem nasce sem saber nada diferente dos animais que naturalmente buscam pelo alimento e pela sobrevivência(instinto para Aristóteles).

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• Teorias naturalistas ou fisiológicas se diferem das teorias que põem o homem como um ente separado da natureza.

• Aristóteles da início a uma teoria científica,• Muito no homem e no animal são

comparáveis mas não idênticos; • Cristianismo somente o homem possui

consciência de si São tomas de Aquino; • Descartes começa uma separação

sistemática entre o homem e o animal.

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• Só o homem cristão se distinguue dos animais;• Nos primeiros Concílios a mulher era vista como um ser sem alma e

portanto estaria mais próxima do animal.• Santo Agostinho • Os animais possuem uma alma sensitiva, pois eles recordam sonham

e imaginam.• São Tomas • Estimatio: uma impressão relativamente qualitativa, nem reflexiva nem

racional porém não deixa de ser representação. • Apologistas: o animal reconhece deus de forma direta.• Giordano Bruno: O animal ensina o homem. O autor é o primeiro a

afirmar a existência de outros mundos e extraterrestres• Foi queimado vivo por suas teorias em 1660.• A vida e a consciência não são fenômenos que surgem com o

humano.

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• São Francisco de Assis; Santidade dos animais;

• Montaigne: os animais tem na natureza uma escola;

• Descartes: o animal é uma máquina autônoma, o animal não tem conduta instintiva mas mecânica. Desse modo é comparável a uma máquina.

• A alma animal é res-extensai (sem consciência) alma humana é res- cogitans (consciência). O autor nega a possibilidade de consciência e instinto no animal atraves da noçnao de automatismo.

• Malebranche:

• Os animais comem sem prazer, gritam sem dor a especie humana é a única que pode sofrer pois só ela conhece a Deus.

• Bousset:

• Os homens são animais.

• La Fontaine: O cartesianismo é inadequado para compreensão de alguns fenômenos vitais. Existem formas culturais no animais- algumas espécies de leões caçam de forma diferente em diferentes lugares – experiências individuais nos animais, relações de ascendência tendências coletivas nos animais.

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Fundo Virtual em Deleuze/ Zona de Umbral Simondom

Os juízos de valor(Platão) e os juízos de realidade(Aristóteles).

-A noção de “teoria da evolução inversa” do platonismo é concebida a partir de um princípio de simplificação e degradação. Noutro sentido, o naturalismo aristotélico se detém na noção de equivalência entre as funções animal, vegetal e humanas. Ambas acabam são numa zona de cruzamento com a noção de função. A analogia funcional é o que permite a dedução do instinto, que na antiguidade clássica, nada mais era do que a propriedade de crescimento, evolução e desenvolvimento de um meio para responder ao ambiente(bio-drive). Os meios mudam entre si, de acordo com as espécies, mas a função continua a mesma.

-O Homem possui como diferencial a possibilidade de se desligar do automatismo instintivo.• Modo de existência – Gilbert Simondom•Devir animal(subtração da vontade de poder no homem).•Instinto é compartilhado entre homens e animais - Gilles Deleuze .

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A individuação a luz das noções de forma e informação

Hýle =matéria

Morphos= Forma

Ilemorrfismo:

Aristóteles considerava que toda a atividade técnica consistia em dar forma a uma matéria segundo uma finalidade determinada pelo homem.

- Dar forma equivale a in-formar, que é uma operação que diz respeito tanto ao vivo quanto ao artificial.

A teoria da informação e também a dos sistemas e, consequentemente a cibernética, contemporaneamente iram seguir a lógica aristotelica.

O Indivíduo é um encontro da forma(informação) e da matéria.

Para individuação, não existem individuos mas sim, realidades pre-individuais, transindividuais ou interindividuais.

- A singularidade é uma interrupçnao do devir.