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LenyAlmeidaDisneyoutubrode 2014

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PÁGINAD-6

CLAUDIOVITORVAZ

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Opassado revolucionário deHonduraseNicaráguaestá eternizadoemcadaesquinadas capitais dosdois países. Confirana4aediçãodenosso tourpelaAméricaCentralPÁGINASD-4ED-5

História viva

Domingo 17 D-1maio de 2015 www.atribuna.com.br

CLAUDIOVITORVAZ

REPÓRTER-FOTOGRÁFICO,

ENVIADOESPECIALÀAMÉRICACENTRAL

Depois de Belize, Guatemala eEl Salvador, continuamosnos-sa incursão pela América Cen-tral e desembarcamos destavez em Honduras, para umabrevepassagemporTegucigal-pa, de onde seguimos para aNicarágua, do líder revolucio-nário Augusto César Sandino.Nossa série se encerra em ju-nho, com as histórias de CostaRicaePanamá.Na partida de El Salvador,

Ernesto me levou em seu táxiaté a estação de ônibus dacapital San Salvador e, comotodo bom taxista, puxou con-versa primeiro. Quando sou-be que eu era brasileiro, per-guntou de primeira: “O quese passou com o Brasil noMundial?” Antes que eu res-pondesse qualquer coisa, dis-parou: “Tudo bem, não foidesta vez!”.O taxista parecia mais cha-

teado do que eu para tentarexplicar o que se passou naCopa do Mundo de 2014. Afi-nal, confidenciou-meque,des-de pequeno, sempre apoiou aseleção brasileira. O assuntomudaquandomeperguntaso-bre o meu próximo destino:Tegucigalpa.O taxista conver-sador fica em silêncio, mas lo-go diz: “As coisas por ali estãocomplicadas, tem mesmo queir para lá?”. Eu quis saber porquê. “Existe ali uma disputa

entre duas facções das gan-gues de deportados dos Esta-dos Unidos, conhecidas comoMaras, que são aSalvatrucha ea Calle 18, e nesta guerra apolícia pouco ou nada podefazer”, lamentou Ernesto aochegarmosàestação.Desde que comecei esta via-

gem,muita gentemedisse pa-ra ter cuidado em Honduras,mas quem falava não tinhaposto os pés no país. Despedi-me do taxista e peguei o ôni-bus do meio-dia. Nove horasme separavam de San Salva-

dor e Tegucigalpa, a capitalhondurenha. As distâncias jácomeçavam a pesar no meucorpo. Tudo o que conseguifazer ao chegar foi procurarumalojamentoedormir.

TEGUCIGALPA

Deixei para o dia seguinte omeu passeio por Tegus, comoé conhecida a cidade. Antes,um café damanhã na esquina,umasaborosabebidaàbasedeaveia e bolo de banana. DaColônia Satélite, onde eu esta-va, até o Centro, foram duashoras de caminhada. Nadacansativo,e tambémnadaperi-goso como diziam. Eu estavacompletamenteàvontadeede-cidido a conhecer aquela cida-de todaapé!Tegus tem seu ar de capital,

nãomuito diferente das outras

que havia visitado até aqui:ruas congestionadas no cen-tro histórico, calçadas movi-mentadas no bulevar Mora-zán,criançasabrincarnopar-que de La Leona, obras noestádionacionaldefutebolTi-burcio Carías Andino, fiéis arezar na Catedral de SanMi-guel Arcángel, e o somde bo-tas,sim,muitasbotas.Era um pelotão inteiro de-

las, todas do Exército, a mar-char pelas ruas do Centro. Eassimquevireiumaesquinaemedeparei comopelotão, fuilogo parado para apresentaropassaporte.Pergunteiaosol-dado se aquela concentraçãodemilitares nas ruas era nor-mal.Eledissequesim,“princi-palmente quando há proble-mas”. Para mim aquilo era obastante. Não quis saberquais eram os problemas. Eunãoestavaatrásdealgum.Peguei o meu passaporte e

considerei que, afinal, a ideiade um táxi não seria tão máassim.Partinamanhãseguin-te para a Nicarágua. Uma es-tadamaisdemoradaemHon-duras ficaria para uma outraoportunidade.

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Centro da capital Tegucigalpalembra o das demaiscidades do continente

Honduras

Honduras é um dos países mais pobres e menos desenvolvidos das Américas. Seu relevo é bem acidentado, com montanhas e vales profundos

Apesar demenos violentaque sua fama, a capitaldoquarto país donossotour pelaAméricaCentralnãobaixa a guarda

FOTOSCLAUDIOVITORVAZ

População

D-4 Turismo ATRIBUNA Domingo 17www.atribuna.com.br maio de 2015

EnquantoocorriamasnegociaçõesdepazentreoexércitovencedordeSandinoeogovernonicaraguense,militareslideradospelo chefedaGuardaNacional,AnastásioSomozaGarcia, assassinamSandinonumaemboscada.Poucodepois,GarciaexecutaumgolpedeEstadoeinstalaumgovernoditatorial,colocandoasua famílianopoderpor45anos.Entretanto, nadécadade 1960, sindicalistaseuniversitáriosdeManáguaeLeónunem-see criamaFSLN,a frentedeorientaçãomarxistaqueconsegue tirardopoderAnastásioSomozaDebayle (filhodeGarcia) e libertaraNicaráguadaditaduraem19de julhode

1979.Preocupadocomaproliferaçãodos ideaiscomunistasnaAméricaCentral,osEUApassamafinanciar etreinar tropascontraainsurgênciaemHonduras,paraatuaremconflitosemElSalvadorenaNicaráguadossandinistas. ConflitosestesquecolocamaNicaráguanumaguerracivil pordezanos, atéa realizaçãodaseleiçõesdemocráticasde 1990.

CLAUDIOVITORVAZ

REPÓRTER-FOTOGRÁFICO,

ENVIADOESPECIALÀAMÉRICACENTRAL

A viagem para Nicarágua co-meçou cedo. Foram sete horasde estrada, cortando o sudestede Honduras em direção aoterritório nicaraguense, rumoà cidade de León. Logona che-gada procurei algo para comereparei noMercadoMunicipal,ondefuiapresentadoaumpra-to muito comum nesta partedocontinente:ogallopinto, fei-tocomfeijãomisturadoaarrozfrito,quenaversãonicaraguen-se pode ser acompanhado defrangooucarneassada.Ali na barraca de gallopinto

conversei com um jovem DJque apareceu do meu lado ves-tindoumacamiseta retrôda se-leção canarinho. Onicaraguen-seJamesRamirezmesurpreen-deu contando que não era fã dofutebol,massimdamúsicabra-sileira, e por tanto gostar, deci-diu que vai com a namoradaparaBrasília (DF), a fimde tra-balharemdiscotecasdeamigos.Depois de trocarmos algu-

masdicas sobremúsica, Jamesme indicou a direção em queficavam os hostels e para lá fuieu procurar um abrigo para aprimeiranoitenaNicarágua.

ELALBERGUE

Casas coloridas de argamassa,seladascomportasantigasesus-tentadas por batentes ornadosao estilo espanhol escondemumaminoria de edifícios de ar-quitetura contemporânea nocentrohistóricodeLeón.Apre-sença imponente dos templosreligiosos cristãos são a marcadequasetodasascidadescentro-americanasquevisiteiatéaqui.EmLeón não é diferente. As

igrejas do Calvário, LaRecolección, San Juan deDiose a Basílica Catedral de LaAsunción (que data de 1747)são alguns dos edifícios maisantigos e se fazem notar nosquatrocantosdacidade.Bem próximo do Centro en-

contrei um hostel chamado ElAlbergue, um antigo casarãodecorado com móveis rústicose pinturas alternativas como acaricatura de Rubén Dário, omaiorpoetadopaís.As redes de balanço e as du-

chas frias são cortesia da casa.O norte-americano Oz, enge-nheirode formação, e aprofes-sora argentina, Maria Manue-

la,vivemegeremoestabeleci-mento há um ano. O casaldecidiu descansar as mochi-las emLeón para se conhecermelhor e auxiliar viajantesqueplanejamviajarpelopaís.Viajantes experientes, Oz e

Maria dão dicas como locais ecuidados com a segurança. “Éseguro viajar pela Nicarágua,mas é bomnão ostentar obje-tos de valor, principalmentenas cidades grandes”, alertaOz.Paraasmeninasviajantes,Maria sugere a discrição. “Háque se levar em conta que aNicaráguaéumpaísconserva-dor,eébomconsiderarissonaescolha das roupas, além deevitarandarsozinhaànoite”.No dia seguinte foi a vez de

visitar o local que me levou aLeón:omuseudosex-comba-tentes da Frente Sandinistade Libertação Nacional (FS-LN). Ricardo Lopes, de 57anos,foimeuguiapeloscorre-dores do prédio onde funcio-nava um antigo quartel. Elelutou contra a ditadura deAnastácio Somoza Debayle emostrou, com orgulho, umafotografia em que aparece nocampodebatalha.Comseuscolegasdearmas,

Lopes se reveza para receberos visitantes do museu que,alémdefotografias,expõejor-nais, objetos e armas artesa-nais utilizadas pelaFSLNpa-ra derrubar a ditadura da fa-míliaSomoza,em1979.Nomuseu, ahistória é con-

tada pelos protagonistas darevolução sandinista, omovi-mento popular que carrega onomedolíder latino-america-no que conseguiu expulsar oimperialismonorte-america-nodoseupaís.Nenhum homem sonha

participar de um conflito ar-mado,muitomenosdofraticí-nio que é uma guerra civil.MasavidaquisqueLuizHer-mann Peralta, de 56 anos,Juan Maria Santana, 70, Ja-vier Blandon, 56, e o guia Ri-cardo Lopes, lutassem pelosseus ideaisde liberdade.Hoje em dia, esses senho-

res passam o dia a guiar osvisitantes do museu dos ex-combatentes, contandoahis-tóriada sua luta edo seupaís,além de responder, no casode serem questionados, quesim, valeu a pena lutar peloqueseacredita.

❚❚❚Depoisdeumabrevevisita aNiquinohomo,acidadenataldeSandino, segui viagem para acapitalManágua. O sol não da-vatréguasaomeio-dia,masfeliz-menteomeuguiaLonelyPlanetme deu uma boa notícia: ome-lhor hostel da capital estava apoucos quarteirões dali e tinhapiscina! Não caminhei muito elogofizomeucheck-in.Preparei-me para encontrar

amigos da Secretaria de Turis-mo,que viriammebuscar paraumpasseio pela capital naque-la manhã. Deixei a mochila noquarto e guardei meus docu-mentos e dinheiro no armáriodo hostel, e preparei a minhacâmerafotográfica.

Martins eOrlando conhecembemManáguaeestãoacostuma-dos a receber turistas durantetodo o ano. Depois de assistir aumapartidadebeisebolnoEstá-dio Nacional Denis Martinez,foiavezdeconheceralgunsmo-numentosdacapital.Entre eles estão a estátua

equestre com o general Sandi-no, o Teatro Nacional RubenDário,oParqueLomadeTisca-pa e seu museu, o Palácio Na-cional da Cultura e a Casa dePueblos, o Porto Salvador Al-lende e a Avenida De Bolívar aChávez (uma homenagem aolíder da revolução bolivarianae ao ex-presidente venezuela-no,HugoChávez).Emais:mo-

numentos históricos e cartazesquereforçamaposiçãopolíticada FSLN – agora um partidopolítico, de volta ao poder em2007 com um discurso maismoderado e aberto ao diálogocom os EUA – mas deixandoclaro a sua posição política emcartazes espalhados pela capi-tal onde se lê “Nicarágua: cris-tã, socialistaesolidária”.Noregressoaohostel, sócon-

seguia imaginar ummergulhona piscina, o primeiro desde oinício da viagem, em Belize.Mas um imprevisto adiou omergulho, assim como osmeus planos para os próximosdias na capital daNicarágua: omeuarmáriotinhasidoarrom-

bado e levaram todo o meudinheiro. Eu tinha apenas al-guns córdobas (moeda nicara-guense)nobolso. Por acaso, ao

mesmo tempo me chamarampara atender um telefonemana recepção. Eram meus ami-gos da Secretaria de Turismo

quequeriamsaber seeu tinhagostadodopasseio.Respondi-lhesquesim,masqueprecisa-varesolverumprobleminha.Contei-lhes sobre o furto e,

em menos de dez minutos,umaviatura daPolícia deTu-rismoapareceunohostel, jun-tamentecomMartinseOrlan-do. Identificados por câme-ras de segurança, dois jovensviajantes franceses aparecemsorrindoenquantorealizamoarrombamento e partem demochilasàscostas.As imagens foram cedidas

pelo proprietário do hostel eno 1o Distrito Policial de Ma-nágua foi feito umBoletimdeOcorrência. À tarde, parami-nha surpresa, me hospeda-ramemumhotelquatroestre-las, para relaxar um pouco eseguir viagem no dia seguin-te,rumoàCostaRica!

❚❚❚Há 120 anos, no dia 18 demaiode1895,nascianopovoa-do de Niquinohomo AugustoNicolás Calderón Sandino, ohistórico líder revolucionárionicaraguense. Filho de peque-nosproprietáriosdeterra,San-dino trabalhou desde a infân-cia naNicarágua e,mais tarde,comominerador na Guatema-la, camponês em Honduras efuncionário em empresas pe-troleiras no México, onde tevecontato com ideais anti-impe-rialistas que contribuíram pa-raarevoluçãomexicana.Sandino regressou àNicará-

gua em 1926 e encontrou um

paísdivididopeloconflitopolí-ticoentreliberaiseconservado-res, estes últimos apoiados pe-los interesses norte-america-nos que dominavam o merca-do de frutas da região atravésdaempresaUnitedFruitCo.Insatisfeito com a situação

doseupaís,AugustoCésarSan-dino (nome que adotou maistarde) conseguiu reunir umexército de cerca de três milhomens, que pegaram em ar-mas entre 1927 a 1933 contra aintervenção imperialista, ven-cendo importantes batalhas eforçandoasaídadastropasnor-te-americanasdaNicarágua.

EmManágua, mais história

Estátua equestre do general Sandino homenageia líder em Manágua

Sandino libertou o país dodomínio norte-americano

Aguerra civil

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Na Av. De Bolívar a Chávez, destaque para o ex-presidente venezuelano

-1- Em León, ahistória vivano museu dosex-combatentesda FrenteSandinista deLibertaçãoNacional (FSLN),contada pelosprotagonistas,que guiam o tourpelos corredoresdo prédio doantigo quartel-2- No centrohistórico de León,a Igreja de LaRecoleccion-3- Oz e MariaManuella, oshospitaleirosgerentesdo hostelEl Albergue,em León

FOTOSCLAUDIOVITORVAZ

Ruas, praças emuseusdeManáguae Leónguardamopassado revolucionário dopaís

Nicarágua1

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