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As Dez Pragas da OTALuís Leite Pinto, Maio de 2007
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
AS DEZ PRAGAS
O Faraó disse: “Temos de proceder astuciosamente...” Êxodo (1:10)
“O Senhor disse a Moisés: vai ter com o Faraó e dize-lhe...”
(Então o Senhor enviou dez pragas) Êxodo (7 a 11)
E foi uma tragédia para o povo e um embaraço para o Faraó.
1ª Praga – Relevo
O local tem fraca aptidão para a instalação de plataformas extensas e
niveladas.
A área do aeroporto apresenta cotas muito diferentes entre 76m e 2m nos
vales das ribeiras, o que conduz a escavações e aterros com alturas
máximas, respectivamente, de cerca de 50m e de 20m (Estudo dos ADP) .
As colinas, com 80 m de altitude, situadas a norte no prolongamento
da pista Nascente (junto à A1), deverão ser niveladas (numa área de 50 ha )
para remover as perfurações das superfícies de aproximação e cumprir os
critérios da ICAO ( Plano Director da Parsons ) .
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
O Monte Redondo Aveiras
a A1
Alenquer
A zona de implantação do aeroporto
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
50 ha de colinas a remover
( Quanto mais apertadas são as
curvas de nível mais relevo tem o
terreno: a zona de implantação
ainda é a mais plana. )
Devido ao relevo a Oeste (Serra de Montejunto e Mt. Redondo), a pista Poente
só poderá ter trajectórias rectas em caso de aproximações ou descolagens
abortadas e, para estas situações, a pista Nascente (adjacente à A1) só poderá ter
trajectórias divergentes para Este.
Como resultado não é possivel uma operação simultânea das duas pistas,
as quais terão que ter uma utilização segregada em condições de visibilidade
insuficiente :
Na pista Nascente poderão realizar-se aterragens e descolagens enquanto na pista
Poente só se poderão realizar descolagens.
Este condicionamento, resultante do relevo, tem como consequência uma redução
de 88 para 79 movimentos/hora possiveis (se apenas ocorrerem 350 horas de
baixa visibilidade por ano...) (Estudos da Parsons), o que corresponde a uma diminuição
de 10 % da capacidade do aeroporto.
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Rev. “A”
Aterragens
Descolagens
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Descolagens
De norte :
De sul :
Aterragens
2ª Praga – Movimentos de terras
A terraplenagem de 1.100 ha, para transformar o sítio numa miniplanície,
tem aterros de 48 milhões m3, 10 vezes mais do que num local plano.
Insignificante, comparado com o volume da Terra, enorme comparado com a
barragem de Al Wahda em Marrocos (projecto da engenharia portuguesa)
com 2,6 km de comprimento, 90m de altura e 28 milhões m3 de terra( Não é pertinente uma comparação com aeroportos construídos em pleno mar, como o de Macau, por exemplo) .
Custo desta praga? Mais de 310 milhões de euros ( a preços de 2001).
Prazo de execução? 2,5 anos com uma carga semanal de 90h (Estudo da Parsons) .
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Escavação
(Cut) : 30m
Aterro
(Fill) : 20m
Perfil da pista Poente
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
3,6 km de comprimento, altitudes entre 22 m e 29 m3,6 km de comprimento, altitudes entre 22m e 29m
3,6 km de comprimento, altitudes entre 22m e 29m
3ª Praga – Geotecnia
O sítio situa-se numa zona de forte risco sísmico.
A “Falha do Vale Inferior do Tejo” é um acidente tectónico particularmente
desfavorável e muito insuficientemente caracterizado, em termos de localização,
desenvolvimento em profundidade, actividade e recorrência.
Os aluviões de má resistência ocupam cerca de 40% da área total de implantação
com 1.200 ha e cerca de 25% da área de construção com aproximadamente
1000 ha (incluindo o tratamento dos leitos de cheia e os terrenos a consolidar).
Nos vales, os lodos têm uma espessura entre 7,5m e 21,0m. (Estudos do LNEC e da Parsons)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Área do Estudo Geológico (LNEC) :
+/- 1.400 ha
Área de Implantação (ADP) :
+/- 1.200 ha
Área de construção (Parsons) :
+/- 1.000 ha
O que acarreta a 4ª Praga… Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Os solos lodosos nas zonas baixas
aluvionares têm as implicações mais
relevantes na implantação do aeroporto.
Em particular, a ocupação de uma área
muito desenvolvida sobre a ribeira de
Alvarinho, pelas estruturas de serviços
entre as pistas, obriga o tratamento dos
solos e reduz as secções naturais das
ribeiras existentes. ( Estudo da Parsons)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Alturas dos aterros e espessuras dos lodos
4ª Praga – Tratamento dos terrenos e Acção Sísmica
É indispensável o tratamento de 203 ha de aluviões, dos quais 185 ha são parte
de leitos de cheia e 118 ha de áreas a consolidar (Estudo da Parsons) .
A consideração da acção sísmica é particularmente gravosa para a estabilidade
dos aterros e obriga a que o tratamento com colunas de brita se estenda para
além do pé do talude numa faixa com 26m a 60m de largura (Estudo da Parsons) .
A inevitável recolocação do problema sísmico acarretará soluções mais
onerosas.
Custo de parte da praga? Mais de 87 milhões de euros (a preços de 2001).
Prazo de execução? 1,35 anos com 11 turnos semanais (Estudo da Parsons).
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Acelerações à
superfície
devidas à
acção sísmica.(Estudo LNEC de 1999)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
2
Muito mais
elevadas na Ota.
5ª Praga – Obras hidráulicas
São necessários trabalhos nos sistemas fluviais com efeitos não só nas obras
do aeroporto mas também nas de todo o sistema de acessibilidades existente
( A1, EN3, Linha do Norte e outros locais e caminhos). A obra poderá provocar o
aumento do caudal de ponta de cheia e a sobreelevação dos níveis de água nas
ribeiras. (Estudo do LNEC)
Custo da praga? Cerca de 13,5 milhões de euros. (Estudo da Parsons)
Prazo de execução das obras? Não disponivel, mas só o desvio da ribeira de
Alvarinho interessa mais de 2,5 milhões m3 de terras. (Estudo da Parsons)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
A ribeira da
Ota (limite Nascente)
A ribeira de
Alvarinho (na zona central)
A ribeira de
Alenquer (limite sul)
A povoação de Carmarnal (no limite Poente!)
Instalações da
B.A 2 (no limitePoente)
Implantação do NAL(Parsons)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
6ª Praga – Impacto ambiental
Os impactes negativos são muito dificilmente minimizáveis e sendo 8 no EPIA
apenas se referem 3 :
Enorme movimento de terras.
Níveis de ruído que ultrapassam os limites legais afectando directamente mais de
50.000 habitantes de vilas e povoações desde Alenquer a Aveiras de Cima ( a Ota foi
classificada pelos ADP com cerca de metade da classificação de Rio Frio, não
merecendo comentários a proposta do EPIA de utilização de aeronaves menos
ruidosas).
A destruição de ecosistemas cuja preservação é considerada imperativa.( Estudos da FCT/UNL)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
7ª Praga – Prazo de execução
A construção obriga a obras preliminares de impossivel sobreposição ( tais
como os trabalhos de desvio e de regularização fluvial e o tratamento do
terreno de fundação ) e à execução de um grande volume de terraplenagens. (Estudo da Parsons)
O prazo de execução resulta assim mais longo em mais de 2 anos, comparado
com o prazo de execução noutra localização com aptidão para o fim em vista.
Nos estudos publicados não se encontra qualquer cronograma da obra,
mesmo de natureza preliminar e simplificada, que permita uma análise deste
factor.
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Uma localização
com aptidão
orográfica e
geotécnica tem,
segundo os
“ADP” uma
construção com
um prazo
inferior, no
mínimo, em
2 anos
(cronogramas elaborados com base nos apresentados no Relatório Final dos “ADP” )
8ª Praga – Custo
A Parsons estima em 2005 um custo total de
2.102 milhões de euros. Apresenta “Imprevistos”
de 131 milhões de euros (apenas7%), insuficientes
dado o grau de incerteza da obra.
Os “Trabalhos Preparatórios” (correspondentes
aos custos da plataforma, das obras fluviais e do
desvio de 7km de linhas de alta tensão mas que
não incluem a relocalização do parque de Aveiras
de Cima) são de 480 milhões de euros, 23% do
total. Outro local não teria estes encargos e não
seria um modelo perfeito para uma provável e
enorme derrapagem de custos.
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Estimativa da Parsons
Enquadramento
do local ,
assinalando-se a
Serra de Montejunto e,
a norte das pistas,
as colinas com 8om,
o Mt. Redondo,
e o parque da CLC.
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Os 60 ha da CLC
com o parque de
armazenagem de
250.000 m3 de
combustíveis,
apenas a 8km.
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
9ª Praga – Impossibilidade de faseamento
O faseamento da construção (construção de uma pista de cada vez) não é
possivel - limitação não pequena - não só pelos condicionamentos
relacionados com as obras de terraplenagem (a pista Poente a exigir vultosos
volumes de escavação e a pista Nascente a estabelecer sobre aterros de grande
desenvolvimento), mas, também, porque as obras de regularização hidráulica
obrigam à construção precoce do patamar da pista Poente. (Estudo da Parsons)
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
10ª Praga – Impossibilidade de expansão
A OTA apresenta muitos obstáculos nas servidões aeronáuticas.
É já dificil implantar duas pistas e não será possivel construir uma terceira porque
não há espaço. (Estudo dos ADP)
A capacidade máxima das pistas é de 79 movimentos/hora (Estudo da Parsons), não
constando em nenhum estudo público o número tão propalado de 50 milhões de
passageiros/ano ( tecnicamente irrelevante no que respeita à capacidade do aeroporto).
Custo desta praga ? A verificar-se aquela necessidade, o custo será de um
novo aeroporto noutro local se, e só se, houver no futuro um local adequado
disponível…
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Previstos 50 milhões
de passageiros/ano ?
Onde ?
Em que estudo?
( O que define a capacidade de um aeroporto com
um determinado tipo de pistas não é o total de
passageiros/ano - que depende de parâmetros
muito variáveis como o tipo de aeronaves, a sua
taxa de ocupação, o número de horas anuais de
operação, etc. - é o número de movimentos/hora).
Página 191 do estudo da Parsons de Setembro de 2002
Luís Leite Pinto, Maio de 2007
Cenário base
O NAL na OTA ?
Luis Leite Pinto, 2 de Maio de 2007
( Eng. Civil, IST )
Ojectivamente, NÃO !