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ILHAS COSTEIRAS E TERRENOS DE MARINHA

ASPECTOS REGISTRÁRIOS

PROPOSIÇÕES NORMATIVAS

• Decreto – Lei n° 9.740/46, que em seu Art. 1°, assim disciplinava:Art. 1 – Incluem-se entre os bens móveis da União: (...) d) as ilhassituadas nos mares territoriais ou não, se por qualquer outro títulolegítimo não pertencerem aos Estados, Municípios ou particulares;(...).

• A Constituição de 1967, além de ratificar a dominialidade sobre asáreas que já lhe pertenciam, no inciso V, do Art. 4° abordouexpressamente a propriedade da União sobre as ilhasoceânicas, dispondo:

• Art. 4 –Incluem-se entre os bens da União:• II -os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos de seu

domínio, ou que banhem mais de um Estado, que sirvam de limitecom outros países ou se estendam a território estrangeiro, as ilhasoceânicas, assim como as ilhas fluviais e lacustres nas zonaslimítrofes com outros países.

PROPOSIÇÕES NORMATIVAS

• Julgado unânime do Supremo Tribunal Federal, proferidono RE 101.037/SP, Relator Ministro Francisco Resek:

• “ (...) A tese ora prevalente na espécie tem apoio naabordagem técnica de um dos mais conhecidos erespeitados geógrafos do Brasil neste século, Aroldo deAzevedo; a quem se reporta, concordante, não menosilustre expoente do direito administrativo, Hely LopesMeirelles, quando afirma: `as ilhas marítimas classificam-seem costeiras e oceânicas. Ilhas costeiras são as queresultam do relevo continental ou da plataformasubmarina; ilhas oceânicas são as que se encontramafastadas da costa e nada têm a ver com o relevocontinental ou com a plataforma submarina. ( DireitoAdministrativo Brasileiro: São Paulo, RT, 1983, p. 451)”

PROPOSIÇÕES NORMATIVAS

• CF/1988 (ANTES DA EC 46/05)- Art. 20. São bens da União:

• IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II;

• Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

• II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;

PROPOSIÇÕES NORMATIVAS

• Emenda Constitucional nº 46/2005

• Art. 20. São bens da União:

• IV -as ilhas fluviais e lacustres nas zonaslimítrofes com outros países; as praiasmarítimas; as ilhas oceânicas e ascosteiras, excluídas, destas, as quecontenham a sede de Municípios, excetoaquelas áreas afetadas ao serviço público e aunidade ambiental federal, e as referidas noart. 26, II

TESES SOBRE A DOMINIALIDADE DAS ILHAS COSTEIRAS

• 1- A primeira corrente entende que o domíniodas ilhas costeiras sempre foi da União até apromulgação da Emenda Constitucional nº46/2005, isto porque a origem patrimonial dasterras brasileiras, ou seja, da suadominialidade pública tem seu início atravésda apropriação original da Ilha de Vera Cruz,descoberta em abril de 1.500 pelo navegadorportuguês Pedro Álvares Cabral.

TESES SOBRE A DOMINIALIDADE DAS ILHAS COSTEIRAS

• Uma vez que, desde o descobrimento do Brasilaté a Constituição Federal de 1.988, não houvenenhum ato normativo soberano que dispusessesobre a dominialidade das ilhas costeiras, aconclusão lógica é que as referidas ilhas, até oadvento da Emenda Constitucional nº 46/2005,sempre foram de propriedade da União,porquanto houve a apropriação originária pelaCoroa Portuguesa com o descobrimento doBrasil, transferindo-se o domínio à União, deforma automática e infalível, em decorrência dadeclaração da independência

TESES SOBRE A DOMINIALIDADE DAS ILHAS COSTEIRAS

• A segunda corrente defende que as ilhas costeirassomente foram incorporadas ao patrimônio daUnião pela Constituição Federal de 1.988, umavez que esta inovou o ordenamento jurídico aodisciplinar sobre as ilhas, enquanto que asconstituições anteriores somente mencionavamilhas marítimas ou oceânicas. “Não é possíveladmitir que o Decreto-Lei nº 9.760/46 pudesseinovar a ordem constitucional vigente e indicarcomo bens da União outros que a própriaConstituição não elencou, tais como as ilhascosteiras”.

TESES SOBRE A DOMINIALIDADE DAS ILHAS COSTEIRAS

• A transferência de propriedade somente ocorre com oregistro do título no Cartório de Registro de Imóveis (art.1.245, do C.C), sendo certo que o Codex Civilista de 1.916possuía dispositivo semelhante (art. 530, I, do CC/16).

• Logo, somente é proprietário aquele que tem seu nomegrafado na matrícula do imóvel, sendo certo que cadaimóvel há de ter uma matrícula, a teor do consignado nosartigos 227 e 228, c/c artigo 176, todos da Lei de RegistrosPúblicos (6.015/73).

• Em português claro e desprovido de termos jurídicos ante oemprego do vocábulo laico, podemos dizer que a CartaMaior determinou o seguinte: os imóveis em ilhas costeirasque não pertencerem a Estados, Municípios e Terceiros(particulares) serão da União”

TESES SOBRE A DOMINIALIDADE DAS ILHAS COSTEIRAS

• A terceira corrente procura complementar e suprir as lacunas existentesnas duas primeiras. Isso porque, hodiernamente, a propriedade somentese transfere e se prova com o registro imobiliário. Porém, nem sempre foiassim. De fato, antes da vigência do Código Civil de 1.916 vigia a Lei n.1.237 de 24 de setembro de 1.864, que criou a transcripção, cujo objetivoera o de produzir efeitos perante terceiros, para a transmissão onerosa ougratuita inter vivos. Ressalvava a mencionada lei, entretanto, em seu artigo8º., que a transcripção não induzia prova de domínio, que ficava a salvo aquem fosse.

• O domínio, portanto, antes da entrada em vigor do Código Civil de1.916, era provado apenas pelo título, pois o Brasil não contava com umsistema registrário.

• Assim, o fato de não haver registro imobiliário não poderia implicar naconclusão singela de que o imóvel situado em ilha costeira pertenceria àUnião, uma vez que a cadeia filiatória poderia não ter sido inaugurada emrazão da não apresentação do título de domínio subjacente ao registroimobiliário.

CONCLUSÃO

• Assim, temos que a forma mais segura de se descobrir a verdade jurídica sobre a titularidade dodomínio dos imóveis situados em ilha costeira é através da ação discriminatória que poderia serproposta pela União Federal – no lapso temporal anterior à Emenda Constitucional nº 46/05 - noque concerne aos imóveis que não sejam sede de Município e/ou não estejam afetas a unidadefederal ambiental, uma vez que as ilhas costeiras que não se enquadrem nessas exceçõespermanecem, como regra geral, sob o domínio da União.

• Após a EC 46/05, sobressai a aplicação do inciso IV do Art. 26, também da Constituição de 1988,através do qual considera estaduais as terras devolutas (que não tenham a sua origem nodesmembramento do patrimônio público original).

• Será no bojo da ação discriminatória que se verificará a regularidade e validade dos títulos e seuencadeamento, aniquilando-se eventuais documentos e registros viciados que estão em nome departiculares.

• O domínio que não for julgado particular, por exclusão, será declarado devoluto Estadual ouFederal.

• Assim, caberá ao Estado ou à União em que estiver localizada a ilha costeira decidir como vaienfrentar essa questão, se irá abdicar da sua dominialidade em prol da estabilização das situaçõesjurídicas já consolidadas pelo tempo, ou, ainda, se irá buscar a regulamentação do seu patrimônionos termos da Lei n. 6.015/73 e Lei n. 6.383/76, que dispõem respectivamente sobre o registropúblico e o procedimento para discriminação e demarcação de terras devolutas.

• Caso não proponha a ação discriminatória, eventuais registros existentes nos cartórios imobiliáriospermanecerão hígidos e válidos, uma vez que gozam de presunção de veracidade, ainda querelativa.

QUESTÕES CONTROVERTIDAS

• 1- A quem cumpre fiscalizar se o imóvel estáinserido em área de marinha embora nada constena matrícula do imóvel? Apelação Cível nº69.854, de São Vicente, relatoria do eminenteDesembargador Luís de Macedo, decidiu que:“não havendo elementos confirmatórios naprópria Serventia, de que se cuida de terreno demarinha, não pode ser exigida certidão da SPU”.

• PRINCÍPIO DA ETICIDIDADE DO NOVO CC

• BOA-FÉ OBJETIVA

QUESTÕES CONTROVERTIDAS

• 2- Partindo-se da premissa que as Ilhas Costeiras, apartir da CF/1988, são bens da União, poderia o Estadoou o Município impor restrições ambientais sobreimóveis situados em Ilha Costeiras que são sede deMunicípio antes da EC 46/05?

• Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao DistritoFederal legislar concorrentemente sobre:

• VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação danatureza, defesa do solo e dos recursosnaturais, proteção do meio ambiente e controle dapoluição;

QUESTÕES CONTROVERTIDAS

• 3- Era devida a taxa de ocupação antes da EC46/05 quando a pessoa ocupava imóvel em IlhaCosteira e havia registro imobiliário em nome doparticular?

• Pela utilização do domínio útil de bem público, oforeiro (regularmente cadastrado no cartório eperante a Administração) pagará o foro, já oocupante (não regularizado) pagará a taxa deocupação. Ambos de naturezacontraprestacional, decorrente do uso do bemimóvel, e com vencimento anual.

QUESTÕES CONTROVERTIDAS

• 4. E como fica, após a EC 46/05 a situação dosproprietários em Ilhas Costeiras que possuem noregistro imobiliário os imóveis particulares registradoscom a ressalva da dominialidade da União, sendo oparticular apenas detentor do domínio útil do mesmo?A dominiailidade permanece com a União?

• PRINCÍPIO DA LEGITIMAÇÃO: Art. 252, da lei 6015/73 -O registro, enquanto não cancelado, produz todos osefeitos legais ainda que, por outra maneira, se proveque o título está desfeito, anulado, extinto ourescindido.

QUESTÕES CONTROVERTIDAS

• 5. É válido o procedimento administrativo de discriminação de terras públicas instaurado pelo Estado em ilhas costeiras antes da EC 46/05?

MUITO OBRIGADO!celio@cartoriodeiguape.com.br

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