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198 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002 Panorama mundial Os avanços na proteção do meio ambiente marinho e costeiro nos últimos trinta anos ficaram em geral restri- tos a relativamente poucos países, na sua maioria de- senvolvidos, e a poucas questões ambientais. De ma- neira geral, a degradação de ambientes marinhos e cos- teiros não só continua, mas tem-se intensificado. As maiores ameaças reconhecidas em 1972, a poluição ma- rinha, a exploração excessiva dos recursos marinhos vivos e a perda de habitats costeiros, ainda existem, apesar das iniciativas nacionais e internacionais para lidar com esses problemas. A perspectiva, no entanto, mudou, e surgiram novas questões. Hoje a exploração dos recursos mari- nhos vivos e a perda de habitats são vistas como ame- aças no mínimo tão sérias à saúde dos oceanos quanto a poluição marinha. As perspectivas dos países em de- senvolvimento foram incluídas no Relatório de Founex sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, elaborado em preparação à Conferência de Estocolmo, de 1972. A Zonas costeiras e marinhas resposta desses países em 1972 foi que a degradação do meio ambiente era um problema dos países desen- volvidos; para eles, o problema era a pobreza, e não a poluição (Brenton, 1994; Caldwell, 1996). A degradação marinha e costeira é causada pela pressão cada vez maior sobre os recursos naturais ter- restres e marinhos, e sobre os oceanos, usados para o despejo de lixo. As principais causas para o aumento dessa pressão são o crescimento populacional, a cres- cente urbanização, a industrialização e o turismo em áre- as costeiras. Em 1994, cerca de 37% da população mun- dial, uma porcentagem equivalente à população mundi- al de 1950, vivia a um raio de 60 quilômetros da costa (Cohen e outros, 1997). Os efeitos do aumento demo- gráfico são multiplicados pela pobreza e pelos padrões de consumo humano. Poluição marinha Acontecimentos anteriores a 1972, como o extermínio de algumas populações de aves marinhas resultante do DDT, surtos de mal de Minamata no Japão devido à UNEP, Hideyuki Ihasi, Japan, Still Pictures

Zonas costeiras e marinhas

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198 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Panorama mundial

Os avanços na proteção do meio ambiente marinho ecosteiro nos últimos trinta anos ficaram em geral restri-tos a relativamente poucos países, na sua maioria de-senvolvidos, e a poucas questões ambientais. De ma-neira geral, a degradação de ambientes marinhos e cos-teiros não só continua, mas tem-se intensificado. Asmaiores ameaças reconhecidas em 1972, a poluição ma-rinha, a exploração excessiva dos recursos marinhosvivos e a perda de habitats costeiros, ainda existem,apesar das iniciativas nacionais e internacionais paralidar com esses problemas.

A perspectiva, no entanto, mudou, e surgiramnovas questões. Hoje a exploração dos recursos mari-nhos vivos e a perda de habitats são vistas como ame-aças no mínimo tão sérias à saúde dos oceanos quantoa poluição marinha. As perspectivas dos países em de-senvolvimento foram incluídas no Relatório de Founexsobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, elaboradoem preparação à Conferência de Estocolmo, de 1972. A

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resposta desses países em 1972 foi que a degradaçãodo meio ambiente era um problema dos países desen-volvidos; para eles, o problema era a pobreza, e não apoluição (Brenton, 1994; Caldwell, 1996).

A degradação marinha e costeira é causada pelapressão cada vez maior sobre os recursos naturais ter-restres e marinhos, e sobre os oceanos, usados para odespejo de lixo. As principais causas para o aumentodessa pressão são o crescimento populacional, a cres-cente urbanização, a industrialização e o turismo em áre-as costeiras. Em 1994, cerca de 37% da população mun-dial, uma porcentagem equivalente à população mundi-al de 1950, vivia a um raio de 60 quilômetros da costa(Cohen e outros, 1997). Os efeitos do aumento demo-gráfico são multiplicados pela pobreza e pelos padrõesde consumo humano.

Poluição marinhaAcontecimentos anteriores a 1972, como o extermíniode algumas populações de aves marinhas resultante doDDT, surtos de mal de Minamata no Japão devido à

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contaminação de peixes e crustáceos por mercúrio e oacidente com o petroleiro Torrey Canyon, além de ou-tros derramamentos de petróleo, levaram a Conferên-cia de Estocolmo a se concentrar na poluição marinha.As políticas resultantes incluíram a proibição da pro-dução e do uso de certas substâncias, regulamentosvisando a redução das descargas e a proibição a des-pejos em áreas oceânicas, assim como um grande es-forço científico para melhorar o grau de conhecimentosobre esses poluentes. Essas políticas estão consa-gradas em vários acordos internacionais, como a Con-venção de Londres sobre Prevenção da PoluiçãoMarinha por Alijamento de Resíduos e Outras Matéri-as, de 1972, e o Protocolo de 1996 à essa Convenção,a Convenção da Basiléia para o Controle de Movi-mentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e suaEliminação, de 1989, e o Programa Global de Ação paraa Proteção do Ambiente Marinho de Atividades Base-adas em Terra, de 1995. A poluição marinha também éum dos principais temas abordados pelos Programasde Mares Regionais do PNUMA, estabelecidos emvárias partes do mundo.

No mundo, os esgotos continuam a ser a maiorfonte de contaminação do meio ambiente marinho ecosteiro em termos de volume (GESAMP, 2001a), e asdescargas de esgoto ao longo das costas aumentarammuito nas últimas três décadas. Além disso, a alta de-manda por água em zonas urbanas faz com que o seufornecimento exceda a capacidade dos sistemas de es-gotos, aumentando o volume de águas residuais.

Problemas de saúde pública em conseqüênciada contaminação das águas costeiras por patógenostransportados pelos esgotos já eram bem conhecidosna década de 1970, e, em vários países desenvolvidos,a qualidade da água melhorou de forma consideráveldevido ao incremento dos sistemas de tratamento deesgotos e à redução da descarga de contaminantes in-dustriais e de alguns domésticos nos sistemas munici-pais. Nas regiões em desenvolvimento, no entanto, aprovisão de serviços de saneamento básico, sistemasde esgoto urbano e de tratamento dos esgotos nãoseguiu o mesmo ritmo. Os altos custos de capital, oritmo acelerado da urbanização e, em muitos casos, umacapacidade técnica, administrativa e financeira limitadapara o planejamento e a gestão urbanos, assim como anecessidade de operação contínua dos sistemas de tra-tamento de esgoto, representam obstáculos ao trata-mento eficaz desses (GESAMP, 2001a). A eliminaçãodesses obstáculos e a implementação de métodos al-ternativos são urgentemente necessárias.

Evidências recentes sugerem que tomar banhoem águas em conformidade com as normas microbioló-

gicas atuais ainda oferece um risco significativo de secontrair doenças gastrointestinais, e que a contamina-ção das águas marinhas por esgotos representa umproblema ambiental de grandes proporções (ver box,GESAMP, 2001a; WHO, 1998).

Uma das principais preocupações da Confe-rência de Estocolmo foi a introdução de nutrientes emáguas costeiras e marinhas. As atividades humanashoje são responsáveis por mais da metade da fixaçãomundial de nitrogênio (Vitousek e outros, 1997a), e aquantia de nitrogênio fixado nos oceanos aumentouconsideravelmente. As descargas de esgotos são comfreqüência a principal fonte local desses compostosperto de zonas urbanas, mas os aportes mundiais es-tão dominados pelo escoamento superficial em áreasagrícolas e pela deposição atmosférica. As taxas maisaltas de transporte fluvial de nitrogênio inorgânicodissolvido a estuários procedente de todas as fontesocorrem na Europa e no Sul da Ásia e Ásia Oriental(Seitzinger e Kroeze, 1998). Os níveis de nitrogêniosão exacerbados pela perda generalizada de intercep-tores naturais como zonas úmidas costeiras, recifesde coral e florestas de mangue.

Na época em que a Conferência de Estocolmofoi realizada, o escoamento superficial de nutrientes emáreas agrícolas “ainda não era considerado um grandeproblema mundial”. Os fertilizantes eram mais usadosem países desenvolvidos, mas o aumento rápido no

Ônus das doenças comuns selecionadas erelacionadas à vida marinha

Nota: um DALY (Disability-Adjusted Life Year – indicador de anos de vidaajustados por incapacidade) equivale a um ano de vida produtiva de umapessoa perdido em decorrência de falecimento ou invalidez.

Fonte: GESAMP, 2001a

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uso de fertilizantes em países em desenvolvimento jáhavia sido previsto (SCEP, 1970). O uso de fertilizan-tes se estabilizou em países desenvolvidos, mas temaumentado em países em desenvolvimento (Socolow,1999), e acredita-se que essa tendência continue. Oaumento no uso de fertilizantes sem dúvida se deve auma ampla concessão de subsídios, o que reflete aalta prioridade política dada ao aumento da produçãoalimentar e à redução dos custos dos alimentos.

Os aportes atmosféricos, derivados principal-mente de gases emitidos por indústrias e veículos, e,em algumas áreas, da evaporação de esterco e fertili-zantes de origem animal, dominam os aportes antro-pogênicos de nitrogênio a algumas áreas costeiras.Esses aportes devem aumentar com o crescimento daindustrialização e da utilização de veículos, principal-mente em países em desenvolvimento (GESAMP, inprep.). Os aportes atmosféricos de nitrogênio a águas

oceânicas pobres também aumentarão, com possíveisimpactos significativos sobre a produção primária e ociclo do carbono.

Uma tendência preocupante que não foi previs-ta há três décadas é a eutrofização marinha e costeira apartir de elevados aportes de nitrogênio. São cada vezmaiores os indícios de que a proliferação tóxica ou in-desejável de fitoplâncton tem aumentado em freqüên-cia, intensidade e distribuição geográfica (Richardson,1997). Uma grave eutrofização ocorreu em vários maresfechados ou semifechados, incluindo o Mar Negro(Zaitsev e Mamaev, 1997; Balkas e outros, 1990). Emoutros lugares, o crescimento elevado e a subseqüentediminuição do fitoplâncton resultaram em extensas áre-as privadas de oxigênio em determinadas estações (vermapa). A proliferação de fitoplâncton pode causar gran-des impactos econômicos sobre a indústria pesqueira,a aqüicultura e o turismo (ver tabela abaixo à esquerda).

Na época da Conferência de Estocolmo, a pre-ocupação com a saúde dos oceanos concentrava-sena poluição por poluentes orgânicos persistentes (es-pecialmente DDT e PCBs), metais pesados e petróleo(Goldberg, 1976; Matthews e outros, 1971; UN, 1972a;SCEP, 1970). Algumas medidas mostraram-se eficazes:a introdução de gasolina sem chumbo, por exemplo,ajudou a reduzir os níveis de chumbo nas Bermudas(Wu e Boyle, 1997; Huang, Arimoto e Rahn, 1996);alguns regulamentos nacionais e acordos internacio-nais, como a Convenção Internacional para a Preven-ção da Poluição Causada por Navios (MARPOL), re-sultaram na redução de descargas de petróleo deriva-das de operações realizadas por petroleiros; e popula-ções de aves marinhas afetadas pelo DDT na Américado Norte se recuperaram depois que a utilização des-se produto químico foi proibida na região.

Em outros casos, informações mais detalha-das dissiparam algumas preocupações. Por exemplo,demonstrou-se que as altas concentrações de mercú-rio no atum e no peixe-espada eram provenientes defontes naturais; ficou provado que os efeitos maisgraves de derramamentos de petróleo são localizadose relativamente passageiros; e descobriu-se que a con-taminação por metais pesados, à exceção do chumboe do mercúrio, é extremamente localizada e possui im-pactos relativamente pequenos, salvo em concentra-ções elevadas. Ainda há, no entanto, outras preocu-pações persistentes com relação a esses poluentes.Os resíduos químicos de derramamentos de petróleopodem ter efeitos sutis a longo prazo (Heintz, Short eRice, 1999), e vazamentos crônicos, em pequenas quan-tidades, causam a mortandade de aves aquáticas eoutros efeitos ambientais (GESAMP, in prep.). Os efei-

Zonas sazonais de águas privadas de oxigênio

Os pontosvermelhos nomapa indicam

zonas sazonaisde águas

privadas deoxigênio, como

resultado dasatividadeshumanas.

Fonte: Malakoff,1998 a partir de

Diaz e Rosenberg,1995.

Data local espécies perda(US$ milhões)

1972 Japão seriola Dorsalis (olhete) ~ 471977 Japão seriola Dorsalis (olhete) ~201978 Japão seriola Dorsalis (olhete) ~221978 República da Coréia ostra 4,61979 Maine, Estados Unidos diversas 2,81980 Nova Inglaterra, Estados Unidos diversas 71981 República da Coréia ostra >601985 Long Island, Estados Unidos pentéola 21986 Chile salmão vermelho 211987 Japão seriola Dorsalis (olhete) 151988 Noruega e Suécia salmão 51989 Noruega salmão, truta arco-íris 4,51989-90 Puget Sound, EUA salmão 4-51991 Estado de Washington, EUA ostra 15-201991-92 República da Coréia peixes cultivados 1331996 Texas, Estados Unidos ostra 241998 Hong Kong peixes cultivados 32

Fonte: Worldwatch Institute, 1999

Perdas econômicas decorrentes das marés vermelhasque atingem os estoques pesqueiros e a aqüicultura

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tos da contaminação por metais pesados podem sergraves e são motivo de grande preocupação para aregião do Ártico (AMAP, 1998).

As maiores preocupações em escala mundialdizem respeito aos POPs, vários dos quais são trans-portados globalmente pela atmosfera e encontradosem todos os oceanos. Há cada vez mais evidências deque longas exposições a pequenas quantidades dealguns POPs causam problemas reprodutivos, imu-nológicos e neurológicos, entre outros, em organis-mos marinhos, e possivelmente em seres humanos,mas a evidência de um impacto generalizado sobre omeio ambiente ou a saúde humana nos níveis atuaisde contaminação ainda é questionável.

Outra ameaça aos oceanos, e aos organismosvivos em especial, é o lixo não-biodegradável que inva-de os mares. A cada ano, grandes quantidades de aves,tartarugas e mamíferos marinhos morrem por ingestãode lixo não-biodegradável ou ao ficarem presos nele.

Desde a Conferência de Estocolmo, as mudan-ças no fluxo natural de sedimentos causadas pelo ho-mem têm sido consideradas grandes ameaças aoshabitats costeiros. O desenvolvimento urbano e indus-trial impulsiona a construção de infra-estrutura resi-dencial e industrial que, dependendo da sua natureza,pode alterar o fluxo dos sedimentos. Além disso, asatividades de agricultura, desmatamento e construçãogeralmente mobilizam sedimentos. Deltas, florestas demangue, praias e outros habitats costeiros subsistemdo fornecimento de sedimentos, ao passo que outroshabitats, como recifes de coral e leitos de plantas mari-nhas, podem acabar privados de oxigênio ou luz. A se-dimentação é uma das maiores ameaças globais aosrecifes, especialmente nas regiões do Caribe, do Ocea-no Índico, do Sul da Ásia e do Sudeste Asiático (Bryante outros, 1998; Wilkinson, 2000).

Estoques pesqueirosA Conferência de Estocolmo calculou que a capturaanual de peixes poderia dobrar os níveis de 1970 para“mais de 100 milhões de toneladas” (UN, 1972b), embo-ra também se tenha reconhecido o esgotamento de al-guns estoques pesqueiros pela superexploração. Nomesmo ano, o maior estoque pesqueiro do mundo, o daanchova peruana, se exauriu de forma impressionante,como resultado de anos de captura insustentável pre-cipitada por um episódio grave do El Niño. A capturaem estoques pesqueiros marinhos realmente aumen-tou, mas não chegou aos 100 milhões de toneladas pre-vistos, oscilando entre 80 milhões e 90 milhões de tone-ladas a partir de meados da década de 1980 (ver gráfi-co). Ao contrário de indicações de que a captura em

Captura anual de peixes, moluscos e crustáceos(milhões de toneladas) por região

Produção anual de aqüicultura (milhões detoneladas) por região

Captura anual per capita de peixes, moluscos ecrustáceos (kg) por região

A captura mundial de peixes, moluscos e crustáceos parece ter se estabilizado em torno de 90milhões de toneladas, mas os valores per capita têm declinado na Europa e na América do Norte;observe-se as variações na América Latina devido às flutuações na indústria da pesca da anchovano Peru. A produção da aqüicultura vem crescendo bastante por mais de uma década e é dominadapela Ásia e pelo Pacífico.Fonte: dados compilados de Fishstat, 2001 e United Nations Population Division, 2001

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estoques mundiais seria estável, um estudo recente reve-la que ela tem na verdade diminuído há mais de umadécada (Watson e Pauly, 2001). O estudo mostra que asinformações exageradas de alguns países a respeito desuas capturas somadas à grande oscilação relativa à cap-tura da anchova peruana ofereceram uma imagem falsada saúde dos oceanos. A produção de aqüicultura, poroutro lado, aumentou consideravelmente, mas é total-mente dominada pela Ásia e pelo Pacífico (ver gráfico).

A Conferência de Estocolmo recomendou duasabordagens básicas à gestão dos estoques pesquei-ros: o aperfeiçoamento das informações relativas àgestão por meio de pesquisas, avaliações e moni-toramento, por um lado, e a cooperação internacional,por outro. Apesar de grandes progressos na qualida-de e na extensão das informações, não se obteve umamelhoria na gestão dos estoques pesqueiros. Obser-vou-se uma tendência mundial quase inexorável a umaexploração cada vez mais intensa e à conseqüenteexaustão dos estoques pesqueiros (ver figura abai-xo). Três quartos desses estoques foram exploradosao máximo (FAO, 2001), e vários já se esgotaram. Vári-os acordos internacionais voltados à exploração sus-tentável de estoques pesqueiros incluem a adoção,em 1995, de um Acordo sobre a Conservação e Or-denamento de Populações de Peixes Transzonais e dePopulações de Peixes Altamente Migratórios e o Có-digo de Conduta para a Pesca Responsável desenvol-vido pela FAO.

Há trinta anos, as questões relativas à pescaeram consideradas quase que totalmente em seus as-pectos econômicos e políticos. Hoje, as atividadespesqueiras são cada vez mais reconhecidas como umproblema ambiental no sentido mais amplo. A expan-são global em termos de produtividade tem sido pro-porcionada pela pesca de espécies cada vez menoresdos níveis inferiores da teia alimentar marinha (cujasrepercussões ainda não são totalmente conhecidas),já que os estoques dos maiores predadores foram seesgotando (Pauly e outros, 1998). A captura incidental

de vários milhões de toneladas (Alverson e outros,1994) inclui não só animais carismáticos como golfi-nhos e tartarugas, mas várias outras espécies. Os efei-tos sobre os ecossistemas marinhos e costeiros nãosão muito conhecidos, mas são provavelmente subs-tanciais (Jennings e Kaiser, 1998; McManus, Reyes eNañola, 1997). Alguns tipos de aparelhos de pesca(como os arrastões) e práticas destrutivas (como apesca com explosivos), que causam danos físicos aohabitat, também resultam em impactos negativos so-bre os ecossistemas. O reconhecimento das comple-xas correlações entre a pesca e os ecossistemas mari-nhos e a necessidade de levar em consideração oecossistema na gestão da pesca se refletiram na De-claração de Reykjavik sobre Pesca Responsável noEcossistema Marinho da FAO (2001).

Embora peixes e crustáceos representem a prin-cipal fonte de proteína de várias populações humanascosteiras, especialmente das populações carentes, aexaustão global dos estoques pesqueiros não foi oca-sionada simplesmente por necessidades nutricionais.Grande parte da captura se destina a alimentos suntuo-sos, ou é processada e transformada em ração paragado. A “tragédia dos bens comuns”, ou seja, ainexistência de um motivo racional para restringir a cap-tura de espécies disponíveis a todos, é uma das princi-pais causas da sobrepesca, ao passo que no outro ex-tremo há a chamada “sobrepesca maltusiana” (Pauly,1990), em que a população extremamente carente nãotem outra opção senão recorrer ao que resta dos recur-sos. As várias tentativas de gerir os estoques pesquei-ros de forma sustentável se degeneraram até chegar auma “divisão de espólio” (Caldwell 1996). Imperativospolíticos de manutenção de empregos, a competiti-vidade internacional ou os direitos soberanos de aces-so resultaram na destinação de subsídios à pesca esti-mados em até US$ 20 bilhões por ano (Milazzo, 1998),embora essa cifra provavelmente esteja diminuindo hoje.

Alteração físicaA Conferência de Estocolmo e outros relatórios con-temporâneos reconheceram a importância de estuáriose de outros habitats costeiros, mas a principal preocu-pação dizia respeito aos efeitos da poluição sobre eles.A destruição e a alteração física direta de habitats hojesão consideradas provavelmente como a ameaça maisgrave ao meio ambiente costeiro (GESAMP, 2001a). Aprincipal causa da alteração física é o desenvolvimentosocial e econômico acelerado e mal-planejado de áreascosteiras, o que por si só é resultado de pressões cres-centes como a densidade demográfica, a urbanização ea industrialização, o transporte marítimo e o turismo.

Tendências globais dos estoques pesqueiros mundiais (%)

O percentual dosestoques pes-

queiros mundiaissubexplorados ou

mesmo moderada-mente explorados

está declinando;estoques esgota-dos, superexplo-rados e em recu-peração estão se

tornando maisfreqüentes.

Fonte: FAO, 2001

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totalmente explorado

subexplorado ou moderadamente explorado

esgotado, superexplorado ou em recuperação

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timento das calotas polares poderiam desacelerar a“máquina térmica” global atmosfera/oceano, alterandopotencialmente o fluxo das principais correntes mari-nhas (Broecker, 1997). O aquecimento das camadas su-perficiais do oceano e um aumento na entrada de águadoce poderiam reduzir a corrente ascendente de nutri-entes que sustenta grande parte da produtividade oce-ânica. Por outro lado, a corrente ascendente altamenteprodutiva da parte oriental de alguns oceanos pode seintensificar se houver um maior aquecimento na região,como previsto por algumas projeções (Bakun, 1996). OIPCC prevê que haverá um aumento na intensidade ena freqüência de tempestades e de outros fenômenosmeteorológicos extremos (IPCC, 2001), aumentando asperturbações naturais de ecossistemas costeiros e tal-vez reduzindo a sua capacidade de recuperação.

Há uma preocupação especial em relação aospossíveis efeitos do aquecimento global sobre os reci-fes de coral. Durante o episódio intenso do El Niño de1997-98, houve um branqueamento extenso dos recifesde coral no mundo inteiro (Wilkinson, 1998; Wilkinsone outros, 1999). Alguns recifes se recuperaram rápido,mas outros, especialmente no Oceano Índico, no Su-deste Asiático e no extremo oeste do Pacífico, sofreramuma mortandade significativa, chegando a mais de 90%em alguns casos (Wilkinson, 1998; 2000).

Alguns modelos prevêem um aumento a longoprazo da freqüência e da intensidade de eventos do ElNiño, ou condições parecidas. Se isso ocorrer, o bran-

A alteração do habitat resulta de atividades comoa dragagem de portos, aterros, despejo de resíduos sóli-dos em áreas costeiras, construções e abertura de estra-das em regiões costeiras, derrubada de florestas litorâne-as, exploração mineral em praias e recifes, além dos danoscausados pelo excesso de pessoas, por ancoragens emergulhos proporcionados por atividades de turismo erecreação, para citar alguns exemplos mais evidentes. Adesconsideração do valor econômico desses habitats exa-cerba o problema. As florestas de mangue, por exemplo,são geralmente consideradas como terras improdutivasprontas para “recuperação”, apesar de um valor econômi-co estimado em cerca de US$ 10 mil/ha/ano (Costanza eoutros, 1998). No mundo todo, aproximadamente metadedas zonas úmidas e mais da metade das florestas de man-gue foram perdidas no último século (OECD e IUCN, 1996),principalmente em conseqüência de alterações físicas. Cercade 58% dos recifes de coral do mundo estão ameaçados,sendo a destruição física direta uma das causas mais im-portantes (Bryant e outros, 1998).

O rápido aquecimento global causado por mudançasna atmosfera em decorrência de atividades humanasprojetado pelo IPCC teria graves efeitos sobre o ocea-no (IPCC, 2001), ameaçando ecossistemas costeiros va-liosos e os setores econômicos que deles dependem.Outros possíveis impactos são complexos e pouco co-nhecidos. O aquecimento polar e o conseqüente derre-

Parte da capturaincidentalinadvertida daindústriapesqueira: umafoca presa emuma rede depesca.

Fonte: UNEP, L. K.Nakasawa, TophamPicturepoint

Mudanças climáticas e atmosféricas mundiais

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204 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

queamento também pode se tornar mais freqüente eintenso, com danos irreversíveis para os recifes. Háevidências de que uma redução a longo prazo de reci-fes no remoto arquipélago de Chagos, no OceanoÍndico, está relacionada tanto a episódios do El Niñoquanto ao aumento a longo prazo da temperatura dasuperfície (Sheppard, 1999). O branqueamento em mas-sa de recifes em várias partes do mundo também foiobservado no ano 2000, um possível sinal de que obranqueamento está se tonando mais freqüente. Os re-cifes também podem estar ameaçados por uma concen-tração mais alta de CO

2 na água do mar, o que compro-

mete a deposição do seu esqueleto calcário.As medidas de proteção propostas para lidar

com um aumento do nível do mar causado por mudan-ças climáticas passaram da construção de estruturassólidas, como diques, para uma combinação de medi-

das de proteção suaves (como o aumento das praias ea criação de zonas úmidas), planos de adaptação (comonovos códigos de construção) e a revogação de medi-das, incluindo a suspensão de novas construções emáreas costeiras (IPCC, 2001). Algumas propostas paralidar com as mudanças climáticas são elas própriasmotivo de preocupação, especialmente aquelas que vi-sam interromper a transferência natural de CO

2 da at-

mosfera para o oceano, por meio da fertilização de gran-des áreas da superfície oceânica com nitrogênio ou fer-ro, para aumentar o crescimento de fitoplâncton, ou asque visam injetar CO

2 diretamente em águas profundas.

Os efeitos dessas medidas em grande escala não po-dem ser previstos, mas são potencialmente imensos.

Os chamados pequenos estados insulares emdesenvolvimento (conhecidos pela sigla em inglêsSIDS) e áreas costeiras baixas são especialmente vul-neráveis aos efeitos do aumento do nível do mar e decondições climáticas mais extremas. Além disso, sãoáreas essencialmente costeiras em sua totalidade e, por-tanto, mais dependentes dos recursos costeiros e mari-nhos. O reconhecimento dessa vulnerabilidade especi-al na Agenda 21 da Conferência das Nações Unidaspara o Meio Ambiente (CNUMAD) levou à adoção doPrograma de Ação de Barbados para o Desenvolvimen-to Sustentável de Pequenos Estados Insulares, em 1994.

Outro problema sério é a introdução de espécies mari-nhas em habitats distantes onde podem se multiplicarde forma descontrolada, por vezes causando efeitosdevastadores sobre a economia e a biodiversidade ma-rinha. Tais invasões têm ocorrido em todo o mundocom uma freqüência cada vez maior. O meio mais co-mum para a introdução de espécies é a água de lastrode navios, na qual são transportadas cerca de 3 milespécies de animais e plantas a cada dia (GESAMP,2001a). Entre os esforços para controlar a introduçãode espécies no lastro de embarcações, está a elabora-ção de novos regulamentos pela Organização MarítimaInternacional para o manejo de águas de lastro, cujaadoção está prevista para 2003.

ConclusãoA Conferência de Estocolmo marcou uma grande mudan-ça na nossa abordagem às questões ambientais, ao asso-ciar as questões relativas ao meio ambiente às de desen-volvimento. Essa iniciativa em direção a uma abordagemholística foi especialmente importante para o meio ambi-ente costeiro e marinho, inevitavelmente afetados por di-ferentes setores de atividade humana. A necessidade deuma abordagem holística e intersetorial à gestão do meio

O efeito de uma invasão de águas-vivas no MarNegro é um dos melhores exemplos documentadosdas conseqüências econômicas e ecológicas de longoalcance que podem se suceder à introdução de umaespécie exótica em um ambiente que favorece asua expansão quase ilimitada.

A Mnemiopsis leidyi, uma água-viva filtradora,é originária da costa oeste da América do Norte e daAmérica do Sul. Ela é abundante em portos e docase é sugada para a água de lastro de navios de carga.Essa água-viva pode viver de 3 a 4 semanas semcomida, reduzindo o tamanho do seu corpo, demodo a sobreviver facilmente a viagens de 20 diasaté o Mar Negro. Foi encontrada no Mar Negro pelaprimeira vez em 1982, na costa sudeste de Criméia.

Atividades humanas danosas, como asobrepesca, a poluição, a extração da água e orepresamento de rios que fluem para o mar,prepararam o terreno. A sobrepesca e a eutrofizaçãoparecem ter se associado para acabar com grandespredadores como o turbot, a anchova e a foca mongee para dizimar severamente as populações de peixeque se alimentam de plâncton, abrindo um nichopara as águas-vivas. Enquanto isso, o plânctonproliferava.

Sendo hermafroditas e autofertilizantes, onúmero de águas-vivas explodiu a partir de 1988.As populações de plâncton foram dizimadas, já queas invasoras as comeram. Os estoques pesqueirosdiminuíram, em parte porque as águas-vivas osprivaram de seus alimentos e também comeram assuas ovas e larvas. A pesca nos antigos países daUnião Soviética despencou de 250 mil para 30 miltoneladas por ano, e aconteceu praticamente omesmo na Turquia. No mínimo US$ 300 milhõesforam perdidos com a queda da receita com a pescaentre meados da década de 1980 e o início dadécada de 1990, com sérias conseqüências sociaise econômicas. Barcos de pesca foram colocados àvenda, e os pescadores abandonaram o mar.

Fonte: GESAMP, 2001b

Águas-vivas no Mar Negro

A introdução de espécies exóticas

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205ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

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ambiente marinho e costeiro e de suas bacias hidrográficashoje é amplamente reconhecida e foi formalizada como adisciplina conhecida como Gerenciamento Costeiro Inte-grado (GCI).

A Avaliação Mundial das Águas Internacio-nais (GIWA), implementada pelo PNUMA, tem se con-centrado em massas de água transfronteiriças, incluin-do áreas marinhas e costeiras. A avaliação sistemáticadas condições e dos problemas ambientais e de suas

causas sociais em águas internacionais inclui a elabo-ração de cenários sobre a condição futura dos recursoshídricos do mundo e uma análise das opções de políti-cas. O reconhecimento da crescente degradação pelaqual passa o meio ambiente marinho e costeiro tambémse reflete no pedido do Conselho Administrativo doPNUMA em 2001 para a realização de um estudo deviabilidade para o estabelecimento de um processo re-gular de avaliação global do meio ambiente marinho.

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206 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Os 40 mil quilômetros de litoral africano se caracteri-zam por uma grande diversidade de ecossistemas epela abundância de recursos naturais. Os ecossistemasincluem manguezais, estuários, praias rochosas, zo-nas úmidas costeiras e recifes de coral; eles moderamos impactos de tempestades e protegem as caracterís-ticas das áreas costeiras, reciclam nutrientes, absor-vem e decompõem lixo, fornecem habitats para sereshumanos e para a vida silvestre e mantêm a biodiver-sidade, além de oferecerem oportunidades de recrea-ção, turismo, transporte, comércio e empregos.

Entre os recursos marinhos e costeiros estãopeixes e crustáceos, algas, madeira, fibra e petróleo egás. As florestas de mangue, que se estendem daMauritânia a Angola, na costa ocidental, e da Somáliaà África do Sul, na costa oriental, provêem sustento auma grande diversidade de espécies, várias das quaissão muito usadas por comunidades locais. A pescacomercial contribui de forma significativa para o PIB epara a geração de empregos (especialmente em ilhaspequenas). Reservas de petróleo e de gás e outros de-pósitos minerais também são recursos importantespara países costeiros. No entanto, o aumento da po-pulação e a sua crescente demanda sobre esses recur-

sos têm causado a degradação e a poluição generaliza-da de habitats e de recursos marinhos e costeiros. Umoutro motivo de preocupação é a ameaça do aumentodo nível do mar.

Degradação dos recursosOs habitats costeiros e marinhos têm sofrido erosãofísica e degradação biológica pelo ritmo insustentávelda extração de recursos (incluindo a pesca comercialintensiva, a extração de dunas de areia e a derrubadade florestas de mangue). Os métodos de captura tam-bém são prejudiciais, como a extração de corais e o usode dinamite na pesca. Atividades realizadas mais parao interior, como o represamento de rios, o aumento douso de fertilizantes e a derrubada de vegetação natu-ral, também afetam a zona costeira. O crescimentopopulacional e a migração para zonas litorâneas, asso-ciados à rápida expansão do turismo e de atividadesindustriais, aceleram o ritmo do desenvolvimento dainfra-estrutura, modificando o meio ambiente ecológi-co e físico da zona costeira. A falta de uma proteçãoformal e de políticas de desenvolvimento sustentávele recursos inadequados para a implementação da ges-tão costeira e marinha contribuíram para o aumentodas pressões, embora em vários países a situação hojeesteja mudando.

O aluvião (erosão e deposição de dunas, praiase litorais) é um fenômeno natural, mas a ação humanapode alterar os padrões naturais. A derrubada de flo-restas e de vegetação natural no interior leva a um au-mento da erosão do solo e da carga de sedimentos nosrios. Esses sedimentos acabam se depositando no lei-to do mar, sufocando as comunidades bênticas e osrecifes de coral. Em contraste, quando se represa umrio a montante, os sedimentos se depositam antes dechegar à foz do rio, o que priva as zonas costeiras desedimentos. Na África Ocidental, a barragem do AltoNíger, do Benue e do Volta alterou o fluxo que chega aoDelta do Níger, e a subsidência local aumenta à razãode 25 mm ao ano (World Bank, 1996). Em Gana, a cons-trução da barragem de Akosombo em 1965 acelerou aerosão costeira a oeste de Acra para 6 metros por ano,e, no Togo e no Benin, houve um recuo da costa demais de 150 metros nos últimos vinte anos (UNEP, 1999).

No norte da África, entre 40% e 50% da popula-ção de países mediterrâneos vive em áreas costeiras(UNEP, 1996), e a densidade populacional chega a va-riar de 500 a 1.000 habitantes/km2 ao longo do Delta doNilo (Blue Plan, 1996). Na África Ocidental, cerca deum terço da população total está concentrada em umafaixa litorânea de 60 quilômetros de largura entre oSenegal e Camarões, e houve um crescimento urbano

Zonas costeiras e marinhas: África

Os recifes de coralda África, uma

importante fontede renda gerada

pelo turismo,estão ameaçados

pelodesenvolvimento

costeiro e pelopotencial

aquecimentoglobal.

Fonte: UNEP, DavidFleetham, Still

Pictures

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207ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

em grande escala entre Acra e o Delta do Níger, umaregião ecologicamente sensível do litoral africano.

A zona costeira também tem recebido um nú-mero cada vez maior de turistas – na África do Sul, porexemplo, a indústria cresceu 7% ao ano durante o finalda década de 1990. (SADC, 2000). De acordo com aFAO (1998), 38% dos ecossistemas costeiros da Áfri-ca estão seriamente ameaçados por atividades relacio-nadas ao desenvolvimento. A demanda excepcionalpelo desenvolvimento de infra-estrutura geralmenteresulta em construções mal coordenadas, mal planeja-das e mal situadas que, por sua vez, podem causar aperda de habitats, desestabilização ou extração de du-nas para materiais de construção e a drenagem de zo-nas úmidas costeiras. Os custos econômicos aumen-tam mais ainda quando os governos e investidorestêm de gastar grandes quantias em programas demitigação e de reabilitação.

A demanda por recursos pesqueiros tambémtem aumentado. A pesca marinha na África se desen-volveu de forma significativa nos últimos trinta anos,e acredita-se que a maior parte das populações depeixes demersais já tenha sido completamente explo-rada (FAO, 1996; FAO, 1997). O setor pesqueiro con-tribui com mais de 5% do PIB de Gana, de Madagascar,de Mali, da Mauritânia, de Moçambique, da Namíbia,do Senegal e das ilhas Seicheles, ao passo que a pes-ca de camarões no banco de Sofala, em Moçambique,representa 40% da entrada de divisas no país (FAO,1997). Entre 1973 e 1990, a pesca supria cerca de 20%da ingestão de proteína animal da população da Áfri-ca subsaariana. No entanto, a captura de peixes percapita (ver figura) tem permanecido razoavelmenteestável desde 1972, salvo na África Meridional, ondesofreu uma diminuição abrupta (FAO, 1996; FAO,1997). A captura de lagostas da espécie Jasus lalandiie de abalone diminuiu continuamente a partir da dé-cada de 1950, causando uma preocupação em rela-ção à sustentabilidade dessas populações e levandoao estabelecimento de limites anuais para a captura(FAO, 1997).

Na África Meridional, a redução das captu-ras, associada à diminuição no tamanho médio dospeixes capturados, levou a exigências para a prote-ção das populações de peixe. As medidas de gestãodos estoques pesqueiros atualmente incluem limi-tes mínimos de tamanho, limites de captura, o usode aparelhos de pesca adequados, estações fecha-das para a pesca, acordos de controle com frotasestrangeiras e o estabelecimento de reservas mari-nhas. Na África Ocidental, um programa de meiosde vida sustentáveis na atividade pesqueira, conhe-

cido por sua sigla em inglês – SFLP, visa desenvolvercapital humano e social em comunidades que depen-dem da pesca e ao mesmo tempo melhorar os habitatsnaturais dessas comunidades.

Poluição costeira e marinhaAs águas do Oceano Índico Ocidental são importan-tes rotas marítimas para cerca de 470 milhões de tone-ladas de petróleo a cada ano (Salm, 1996). Mais de 100milhões de toneladas de petróleo são transportadaspor ano somente no Mar Vermelho (World Bank, 1996).Esse nível de transporte marítimo incorre em alto riscode desastres envolvendo derramamentos de petróleo.Além disso, os petroleiros geralmente esvaziam seuslastros e lavam os seus motores em alto mar, o que fazcom que resíduos de petróleo degradado acabem emáreas costeiras. As atividades portuárias de manejo depetróleo também representam ameaças ao meio ambi-

A Convenção para a Proteção, Gestão e Desenvolvimento do Meio AmbienteMarinho e Costeiro da Região da África Oriental (a Convenção de Nairóbi), de1985, é uma iniciativa do Programa de Mares Regionais do PNUMA, de acordocom a qual os impactos associados à erosão sobre ecossistemas e espécies sãoabordados de forma pró-ativa. Embora todos os países afetados sejam Partesda Convenção, ela não possui obrigatoriedade legal e não recebeu financiamentosuficiente para a aplicação de várias das atividades.

Esforços nacionais para regulamentar o desenvolvimento costeiroincluem a introdução de políticas de gestão integrada costeira, exigênciaspara que sejam conduzidas avaliações de impacto ambiental e oestabelecimento de parques nacionais marinhos. A Comissão do OceanoÍndico facilitou o desenvolvimento de uma política regional dedesenvolvimento sustentável e um programa de ação e monitoramentode recifes de coral. Na África Central e Meridional, a maioria dos paísespossui ou está preparando planos de gestão integrada de zonascosteiras. A África é a maior beneficiária regional dos fundos para abiodiversidade do GEF, e cerca de um terço desses fundos é direcionadoa projetos em ecossistemas costeiros, marinhos e de água doce.

Iniciativas relativas à degradação costeira e marinha

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África Oriental África Meridional Oceano Índico Ocidental

África Central Norte da África África Ocidental Região

Captura anual per capita de peixes (kg): África

Na África e namaioria de suassub-regiões, acaptura per capitade peixes seencontra estagnadahá cerca trintaanos, mas na ÁfricaMeridional ela foidrasticamentereduzida.

nota: a captura depeixes inclui espéciesmarinhas e de águadoce, mas exclui oscrustáceos e osmoluscos.

Fonte: dadoscompilados deFishstat, 2001 e UnitedNations PopulationDivision, 2001

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208 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

ente marinho e costeiro. Vazamentos acidentais de na-vios, refinarias e de sistemas de transporte são co-muns, principalmente em Mombasa.

A atividade de limpeza e eliminação de resídu-os petrolíferos é difícil e dispendiosa. Vários derrama-mentos de petróleo ao longo da costa da África do Sulafetaram pingüins africanos e outras formas de vidamarinhas. Em resposta, planos de contingência de der-ramamentos de petróleo nacionais e regionais foramestabelecidos em várias regiões africanas.

Efluentes de indústrias de beneficiamento depeixe, matadouros e indústrias químicas e manufatu-reiras são freqüentemente despejados no mar. EmMoçambique, por exemplo, mais de 100 fábricas emMaputo e arredores não possuem sistemas de trata-mento de lixo e despejam lixo tóxico, substâncias vene-nosas, substâncias não-degradáveis e matéria orgâni-ca em águas costeiras (Chenje e Johnson, 1996). A maiorparte das indústrias têxteis da Tanzânia despeja tintas,descolorantes, sodas cáusticas e goma diretamente noRio Msimbazi, em Dar es Salaam (Chenje e Johnson,1996). Na África Ocidental, predominam resíduos defertilizantes e pesticidas jogados nos rios próximos decidades como Lagos, Abidjan, Conakry e Dacar. Crus-táceos contaminados podem reduzir muito o retornoeconômico das capturas e também podem expor aspessoas a infecções gástricas e de outro tipo, comoresultado de banhos em águas contaminadas ou daingestão de alimentos contaminados. O lixo sólido elíquido de origem doméstica também é uma fonte depoluição costeira, já que os municípios não possuem acapacidade de lidar com o grande volume de lixo pro-duzido. Os resíduos sólidos geralmente são despeja-dos em praias, de onde podem ser arrastados pelo ven-to ou pela água para o mar.

As respostas nacionais à poluição marinha ecosteira incluíram leis de saúde pública e a limpeza deáreas costeiras por parte de municípios. Iniciativas in-

ternacionais incluíram a Convenção Internacional paraa Prevenção da Poluição Causada por Navios(MARPOL) e a Convenção para a Cooperação na Prote-ção e no Desenvolvimento do Meio Ambiente Marinhoe Costeiro na Região da África Ocidental e Central (Con-venção de Abidjan). No entanto, houve dificuldades nomonitoramento e na aplicação das leis, principalmentedevido ao tamanho dos territórios que exigem policia-mento e à falta de sistemas de vigilância eficientes.

Outras respostas tiveram mais sucesso. NoNorte da África, planos de emergência regionais paracontenção e limpeza de derramamentos de petróleoforam colocados em prática na região do Mediterrâneoe do Mar Vermelho. O projeto de US$ 6 milhões do GEFpara o controle da poluição de águas industriais noGolfo da Guiné, que visa melhorar a saúde das águascosteiras entre a Guiné Bissau e o Gabão, foi funda-mental na adoção da Declaração de Acra, uma políticaregional para o desenvolvimento sustentável a longoprazo na região.

Mudanças climáticas e aumentodo nível do marPrevisões atuais em relação ao aumento do nível domar nos próximos cem anos indicam que os assenta-mentos humanos no Golfo da Guiné, no Senegal, naGâmbia, no Egito e ao longo da costa oriental da Áfri-ca, incluindo as ilhas do Oceano Índico Ocidental, cor-rem um grande risco de inundação e recuo de terras(IPCC, 2001a). O Delta do Nilo, por exemplo, sofreriaenormes prejuízos econômicos devido a inundações eà contaminação por água salgada. O Delta respondepor 45% da produção agrícola nacional e por 60% daprodução pesqueira nacional. Também se prevê que atemperatura do mar aumente em função das mudançasclimáticas globais, o que poderá danificar os ecossis-temas de recifes de coral e as atividades econômicasque sustentam (IPCC, 2001a).

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Referências: Capítulo 2, zonas costeiras e marinhas, África

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Austrália e Nova Zelândia Ásia Central Sudeste Asiático

Noroeste do Pacífico e Leste da Ásia Ásia Meridional Pacífico Sul

Região

Nos últimos trinta anos, o esgotamento de recursosmarinhos como os estoques pesqueiros, mangues erecifes de coral tem se tornado um problema grave naÁsia e no Pacífico. O crescimento da urbanização, daindustrialização, do turismo e o aumento da popula-ção costeira levaram à degradação de áreas costeiras,à redução da qualidade da água e a maiores pressõessobre os recursos marinhos. Essas pressões são exa-cerbadas pela pobreza. No Vietnã, por exemplo, aspopulações carentes se tornaram cada vez mais de-pendentes dos recursos marinhos para a sua subsis-tência (MoSTE Viet Nam, 1999), e as praias nos arre-dores de Sihanoukville e de Kep, importantes desti-nos turísticos, têm sofrido uma poluição intensa(ADB, 2000). Tendências parecidas foram observa-das em quase todos os países da região.

Pesca e aqüiculturaA produção de peixes e a aqüicultura são muito prati-cadas na região. A superexploração dos estoquespesqueiros e práticas deficientes de aqüicultura sãomotivos de preocupação em Bangladesh (DoE,SACEP e UNEP, 2001), na Índia (ESCAP e ADB, 2000),no Paquistão (ESCAP, 1996), no Sri Lanka, em muitospaíses das ilhas do Pacífico e em alguns outros. Asuperexploração do camarão em águas costeiras re-duziu as exportações de peixes capturados e incenti-vou o crescimento da aqüicultura em quase todos ospaíses da região

A derrubada de áreas de mangue para a cultu-ra de camarão se tornou uma questão importante nosúltimos anos. Estima-se que mais de 60% dos man-gues da Ásia já tenham sido convertidos em áreas deaqüicultura (ESCAP e ADB, 2000). Além de invadiráreas de mangue, a aqüicultura levou à liberação denutrientes, de patógenos e de produtos químicospotencialmente perigosos em águas marinhas. Na Ín-dia, empreendimentos de criação de lagostins foramconstruídos em áreas costeiras baixas, despojandopequenos agricultores pobres de terras agrícolas,causando a salinização das águas subterrâneas emvilas costeiras e poluindo cursos d’água com o ex-cesso de nutrientes (Subramaniam, 1994 em ESCAP eADB, 2000).

Vários países, entre os quais a Austrália, a Ín-dia, as Maldivas, a Nova Zelândia, as Filipinas e o SriLanka, elaboraram leis para lidar com problemas as-sociados à poluição e à superexploração de estoques

pesqueiros. Os governos também tomaram iniciati-vas para a gestão dos estoques, entre as quais a re-dução dos subsídios à pesca e a regulamentação dosdireitos de acesso. A indústria pesqueira de atum doPacífico Sul oferece um modelo de cooperação inter-nacional para a pesca em alto mar que pode vir a ser aprimeira pesca oceânica multinacional sustentável domundo. Apesar dessas iniciativas positivas, os esto-ques pesqueiros pelágicos e próximos às praias con-tinuam a ser explorados de forma excessiva por em-presas multinacionais, assim como por pescadoreslocais. É necessário que haja negociações para asse-gurar que os benefícios da exploração sustentávelpermaneçam com as comunidades do Pacífico.

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Noroeste do Pacífico e Leste da Ásia Ásia Meridional Pacífico Sul

Região

Produção anual per capita da aqüicultura (kg): Ásia e Pacífico

Captura anual per capita de peixes (kg): Ásia e Pacífico

Enquanto a captura regional de peixes pouco se modificou em trinta anos, a produção daaqüicultura cresceu de maneira marcante.

nota: a captura de peixes inclui espécies marinhas e de água doce, mas exclui os crustáceos e os moluscos.

Fonte: dados compilados de Fishstat, 2001 e United Nations Population Division, 2001

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210 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Os recifes de coral têm sofrido pressão em várias áre-as, especialmente naquelas próximas a plataformassuperficiais e a grandes densidades demográficas.Mais da metade dos recifes de coral está localizadaem países das ilhas do Pacífico, e grandes áreas jásofreram degradação. As causas incluem desde mu-danças globais em grande escala no meio ambienteoceânico e mudanças climáticas até o turismo, a re-creação, a alta densidade populacional e o desenvol-vimento econômico em áreas costeiras que vem ocor-rendo desde o final da década de 1980.

A maioria dos recifes de coral na Sul da Ásiafoi afetada de forma negativa pelo branqueamentode coral em meados de 1998. Foram relatados exten-sos danos a recifes nas Ilhas Andaman, no Golfo deMannar (Índia), em Lakshadweep, nas Maldivas, noSri Lanka e nos países das ilhas do Pacífico. O au-mento da temperatura da água e do nível de dióxidode carbono dissolvido na água do mar resultou namorte de corais pétreos em extensas áreas dos trópi-cos (Wilkinson, 2000). Um avanço importante naconservação e gestão de recifes de coral foi o esta-belecimento de uma rede de monitoramento globalde recifes de coral (GCRMN – Global Coral ReefMonitoring Network) na Ásia Meridional, em julhode 1997, pela Iniciativa Internacional de Recifes deCoral (ICRI), que visa facilitar o monitoramento, acapacitação, o estabelecimento de redes e a gestãode recifes de coral.

Poluição marinha e costeiraNos últimos trinta anos, a poluição causou uma de-gradação considerável do meio ambiente marinho ecosteiro da região, incluindo estuários. Um volumecada vez maior de lixo originário de atividades emterra, como a urbanização, as indústrias e a agricultu-ra, assim como a exploração de petróleo e de gás aolongo das costas, é despejado sem tratamento algumna região costeira. (MoSTE Viet Nam, 1999).

As fontes de poluição mais significativas in-cluem o petróleo de embarcações, os esgotos e ou-tros tipos de lixo doméstico, além de efluentes indus-triais. A principal rota de transporte marítimo de pe-tróleo proveniente do Golfo é pelo Mar Arábico, e éfreqüente o relato de derramamentos acidentais depetróleo ao longo de rotas de transporte, em pontosde carga e descarga de empresas de transporte. Ostransportes de petróleo, associados a uma ênfase cres-cente na exploração de petróleo ao longo da costa,tornam o norte do Oceano Índico extremamente vul-

nerável à poluição por petróleo. Os derramamentos depetróleo também causam grave poluição de portos emBangladesh, na Indonésia, na Malásia e no Paquistão(DoE Malaysia, 1996; 1998). Além disso, a limpeza detanques de petróleo nos portos e arredores levou auma formação freqüente de bolas de piche nas praiasdo sudoeste do Sri Lanka. Nos países das ilhas doPacífico, a poluição marinha causada por embarcaçõesé uma ameaça que provavelmente crescerá à medidaque o comércio e as economias se desenvolverem.

O uso mais intenso de agrotóxicos em terra e odespejo de produtos químicos em águas marinhasconstituem um problema comum. Estima-se que 1.800toneladas de pesticidas ingressem na Baía de Benga-la a cada ano (Holmgrem, 1994). No Mar do Japão, umlevantamento detectou altas concentrações de mer-

cúrio, cuja fonte pode ter sido o despejo de águasresiduais de fábricas de produtos químicos (MSA,1997), e a Federação Russa admitiu, em 1993, que aantiga União Soviética despejou lixo nuclear na re-gião “por décadas” (Hayes e Zarsky, 1993). Apesardas leis internacionais, a poluição marinha no Mar doJapão e no Mar Amarelo continuou a piorar.

O despejo anual de água de lastro nas águas costeirasda Austrália corresponde a cerca de 150 milhões detoneladas provenientes de embarcações internacionaise 34 milhões de toneladas oriundas de embarcaçõescosteiras. Uma grande invasão de mexilhões da espécieMytilopsis no Porto de Darwin, no início de 1999, induziuao estabelecimento de uma força-tarefa nacional paraa prevenção e gestão de invasões de pragas marinhas.Uma das principais recomendações da força-tarefa foio estabelecimento de um único regime de gestãonacional para embarcações. As suas recomendaçõessão implementadas pelo Grupo Nacional deCoordenação de Pragas Marinhas Introduzidas, quefoi estabelecido pelos conselhos ministeriais para meioambiente, pesca e aqüicultura, e transporte. Ummecanismo para respostas emergenciais, o ComitêConsultivo sobre Emergências Relacionadas a PragasMarinhas Introduzidas, foi criado no ano 2000.

Desde 1990, o Serviço Australiano deQuarentena e Inspeção (AQIS) adotou diretrizese medidas voluntárias para a gestão de água delastro. Em julho de 2001, a Austrália introduziu omanejo obrigatório de água de lastro paraembarcações internacionais que ingressassem emsuas águas. As embarcações são avaliadas peloAQIS: exige-se que as embarcações consideradasde alto risco troquem toda a água do lastro emalto mar, ao passo que as consideradas de baixorisco podem trocá-la em águas costeiras.

Fonte: Environment Australia, 2001

Gestão dos despejos de água de lastro na Austrália

Recifes de coral e recursos costeiros

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211ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

O turismo e outras atividades recreativas tam-bém representam uma ameaça aos ecossistemas cos-teiros de vários países. A construção de infra-estru-tura turística tem impactos diretos e indiretos sobre omeio ambiente costeiro, por meio do preenchimento,da dragagem e da resuspensão de aterros contamina-dos, do despejo de esgoto não-tratado ou parcial-mente tratado, de fugas operacionais e do despejo dehidrocarbonetos e de lixo. As dunas de areia, um com-ponente importante de ecossistemas costeiros na re-gião, também sofreram erosão como resultado de ati-vidades turísticas.

A carga de sedimentos nas zonas costeiras daÁsia Meridional é alta, principalmente como resulta-do de erosão do solo causada por práticas inadequa-das de uso da terra e atividades de construção. Anu-almente, cerca de 1,6 bilhão de toneladas de sedimen-tos chegam ao Oceano Índico, procedentes de riosque correm a partir do subcontinente indiano. A car-ga total de sedimentos só do sistema hidrológico deBangladesh chega a cerca de 2,5 bilhões de tonela-das, dos quais o Brahmaputra leva 1,7 bilhão de tone-ladas e o Ganges 0,8 bilhão de toneladas (UNEP, 1987).A erosão costeira é grave em várias áreas, inclusivena costa de Andaman, no Golfo da Tailândia, no Ja-pão e nos países das ilhas do Pacífico.

Políticas de respostaA mudança gradual em direção ao planejamento e aodesenvolvimento de áreas costeiras e marinhas pormeio de iniciativas nacionais, regionais e globais éuma tendência incentivadora. Vários países adota-

ram os dois acordos mais importantes sobre poluiçãomarinha: a Convenção de Londres de 1972 e a Con-venção Internacional para a Prevenção da PoluiçãoCausada por Navios (MARPOL) de 1973, com o seuProtocolo de 1978.

A Comissão Econômica e Social para Ásia ePacífico (ESCAP) instituiu estudos relacionados aoPlano de Gestão Ambiental Costeira para uma sériede países na Ásia Meridional, incluindo Bangladesh,o Paquistão e o Sri Lanka. O Plano requer estudosmultidisciplinares intensos, compreendendo dinâmi-cas socioeconômicas, indústria, agricultura, pesca,silvicultura, recursos hídricos, energia, ecologia esaúde, assim como uma estreita colaboração entre acomunidade científica e governos, outras instituiçõese especialistas. Mecanismos para a implementaçãoda gestão ambiental costeira continuam a ser desen-volvidos, e o Sri Lanka parece ter avançado mais queos outros países.

Outra grande iniciativa multilateral direci-onada à proteção ambiental marinha e costeira emâmbito regional é o Programa de Mares Regionaisdo PNUMA, iniciado em 1974. No nível sub-regio-nal, foi adotado em 1995 o Plano de Ação para osMares da Ásia Meridional (South Asian Seas ActionPlan), que inclui Bangladesh, a Índia, as Maldivas,o Paquistão e o Sri Lanka. Em 1995, 108 governosem todo o mundo adotaram um programa global deação para a proteção do meio ambiente de ativida-des realizadas em terra. Vários países também in-troduziram leis e projetos nacionais para lidar coma poluição marinha.

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Page 15: Zonas costeiras e marinhas

212 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

A Europa é quase toda cercada de mares fechados esemifechados, como os Mares Adriático, Mediterrâneo,Negro, Azov, Cáspio, Báltico e Branco. As característi-cas da paisagem costeira variam de dunas, rochedos,lagunas e deltas de rios a ilhas muito diversas, com vá-rias áreas marinhas e de pássaros importantes, incluin-do 449 sítios Ramsar na Europa Ocidental. O Danúbiopossui o maior delta da Europa, compreendendo cercade 580 mil hectares (113 mil dos quais estão permanente-mente cobertos por água). A limitada troca de água entreos mares fechados e semifechados e o mar aberto tornaessas áreas muito vulneráveis à poluição, que aumen-tou consideravelmente entre as décadas de 1970 e 1990,embora essa tendência tenha sido interrompida ou mes-mo revertida em alguns lugares nos últimos dez anos. Acosta aberta do Atlântico demonstra os impactos dapoluição proveniente de atividades realizadas em terra,de operações envolvendo petróleo e gás ao longo dacosta, e de derramamentos de petróleo acidentais oucausados por operações em navios.

Desenvolvimento da infra-estruturaCerca de 85% das costas européias sofrem um riscograve ou moderado por conta de pressões relacionadasao desenvolvimento (Bryant e outros, 1995). O rápidodesenvolvimento do turismo, o aumento da quantidadede transportes, atividades agrícolas e industriais inten-sivas e a contínua urbanização exercem pressão sobreáreas costeiras. Como resultado do desenvolvimentoda infra-estrutura e de outras atividades de construção,assim como de causas naturais, a erosão costeira repre-senta um grande problema em algumas áreas, com 25%da costa européia sujeita à erosão (CORINE, 1998). Odesafio das áreas costeiras é lidar com o desenvolvi-mento econômico e com o subseqüente aumento daspressões ambientais.

O turismo é importante para as áreas costeirasda Europa, considerando que elas recebem dois terços

do turismo da região (a Europa atrai 60% de todo o turis-mo internacional). O Mediterrâneo é o principal destinoturístico do mundo, contando com 30% do turismo in-ternacional e um terço da receita gerada por essa indús-tria. Espera-se que o número de turistas na costa medi-terrânea aumente de 135 milhões em 1990 para algo entre235 milhões e 353 milhões em 2025 (EEA, 1999a). O turis-mo tem crescido ao ritmo de 3,7% ao ano (EUCC, 1997),e a sua demanda consome cada vez mais terras. Podem-se observar situações semelhantes em outras áreas tu-rísticas importantes ao longo das costas dos MaresNorte e Báltico e da costa nordeste do Atlântico. O tu-rismo é responsável por 7% da poluição e contribui muitopara a escassez de água, sendo o consumo de água porparte desse setor de três a sete vezes maior do que oconsumo por parte das populações locais (EEA, 2001).

PoluiçãoEmbora os navios sejam considerados um modo detransporte ambientalmente saudável, eles podem acar-retar grandes impactos ambientais negativos se as nor-mas não forem observadas ou aplicadas. Na União Eu-ropéia, houve um aumento de 35% no transporte maríti-mo entre 1975 e 1985, mas desde então se manteve equi-librado (EUCC, 1997). Esse aumento teve um impactonas emissões de SO

2: o transporte marítimo hoje é res-

ponsável por entre 10% e 15% das emissões totais deSO

2 (EEA, 1999b). Estima-se que 30% dos navios mer-

cantes e 20% das embarcações mundiais de petróleo(ver mapa na página ao lado) atravessem o Mediterrâ-neo todo ano (MAP e REMPEC, 1996b).

A poluição procedente de fontes terrestres ain-da é grave em várias áreas. Muitas das 200 usinas nucle-ares em operação na Europa (EEA, 1999b) estão locali-zadas em regiões costeiras ou ao longo dos principaisrios devido à necessidade de um grande volume de águapara resfriamento. Desde a década de 1960, as descar-gas radioativas das frotas nucleares da antiga marinhasoviética afetaram áreas remotas dos oceanos Ártico ePacífico (Yablokov, 1993). Cerca de 150 submarinos nu-

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Incidentes que causaram poluição em decorrência de vazamentos de petróleo

Incidentes que não ocasionaram derramamento de petróleo

Incidentes marítimos envolvendo transporte de petróleo na Europa (em números)

Embora o númerode incidentes

relacionados aotransporte de

petróleo tenhaaumentado nas

duas últimasdécadas, a

proporção que defato resulta em

derramamentosde óleo estádiminuindo.

Fonte: MAP eREMPEC, 1996 a

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213ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

cleares tirados de circulação estão enferrujando em por-tos da Península de Kola, de Kamchatka e do extremooriente da Rússia, representando uma ameaça ambientalem potencial. Embora a Comissão de Helsinque(HELCOM) declare que não há nenhuma ameaçaambiental por armas químicas ou substâncias radioati-vas no meio ambiente marinho do Báltico, grupos decidadãos ainda estão preocupados (HELCOM, 2001).Descargas de usinas de reprocessamento nuclear doReino Unido e da França também são motivo de preocu-pação na área marítima do Mar do Norte e do Atlântico(OSPAR, 2001).

A poluição causada por metais pesados epoluentes orgânicos persistentes e a contaminação pormicróbios e outras substâncias ocorrem em todos osmares da Europa. No entanto, houve algumas melhoriassignificativas:

Os aportes de metais pesados perigosos e de subs-tâncias orgânicas no nordeste do Atlântico diminu-íram de forma significativa entre 1990 e 1998, depoisde aumentar ao longo de várias décadas. Aportesde metais pesados na atmosfera no Mar do Nortetambém diminuíram, demonstrando o efeito daspolíticas de redução da poluição do ar em países daregião (EEA, 2001).Entre 1985 e 1998, as concentrações de nitrato dimi-nuíram em 25% (em comparação com a meta de 50%)nas áreas costeiras cobertas pela Convenção para aProteção do Meio Ambiente Marinho do AtlânticoNorte-Leste (Convenção de OSPAR) e a Conven-

ção sobre a Proteção do Meio Ambiente Marinhono Mar Báltico (EEA, 2000).A redução do conteúdo de fosfato em detergentese outras medidas, como o tratamento de águas resi-duais em áreas de distribuição, resultaram em umadiminuição das concentrações de fosfato em algu-mas regiões, como os estreitos de Skagerrak eKattegat, a Baía de Helgoland e a zona costeira dosPaíses Baixos (EEA, 2000).

O tratamento de esgoto, no entanto, precisa sermelhorado. As altas concentrações populacionais tam-bém resultam em níveis altos de águas residuais, que emgeral não são suficientemente tratadas, como nos Ma-res Mediterrâneo, Adriático e Negro, por exemplo. Até ofinal da década de 1980, grandes cidades na costa doMar Báltico, como São Petesburgo (4 milhões de habi-tantes) e Riga (800 mil habitantes), não possuíam esta-ções de tratamento de esgoto (Mnatsakanian, 1992).

Os resíduos sólidos também representam um pro-blema para alguns mares da Europa. Um estudo recentemostrou que a eliminação direta de lixo por parte dedomicílios, as instalações turísticas e o escoamento su-perficial de áreas de aterro costeiro são as principaisfontes de resíduos sólidos na costa, na superfície daágua e no fundo do mar na região do Mediterrâneo.

Políticas de respostaMedidas globais, regionais e nacionais estão sendotomadas para reduzir a entrada de substânciaspoluidoras em águas marinhas. Acordos internacio-

Portos de carga de petróleo bruto

Portos de descarga de petróleo bruto

Refinarias

Cerca de 30% detodo o carrega-mento de merca-dorias e 20% dotransporte globalde petróleo cruzamo Mediterrâneo acada ano.

Fonte: MAP e REMPEC,1996b

Rotas dos navios petroleiros no Mediterrâneo

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214 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

nais como a OSPAR, a HELCOM e o Plano de Ação doMediterrâneo (MAP) fornecem uma estrutura legalvinculante. Nas áreas da OSPAR e do Mar Báltico, porexemplo, foram estabelecidas metas para reduzir emissões,perdas e descargas de resíduos perigosos com a finalida-de de alcançar concentrações próximas aos valores ante-riores para substâncias naturais e próximas a zero parasubstâncias sintéticas até 2020 (HELCOM, 1998).

Alguns Estados têm dificuldade em implementarsuas obrigações relativas a esses acordos, o que reduza eficácia dos Acordos Ambientais Multilaterais (MEAs)regionais, como o MAP e a Convenção do Mar Negro.

Programas de assistência de países mais ricos podemdesempenhar um papel importante na melhoria daimplementação e do cumprimento de MEAs regionais esub-regionais.

A aplicação dos MEAs melhorou significativa-mente em alguns países da Comunidade Econômica Eu-ropéia, e a introdução de instrumentos econômicos ob-teve resultados. Por exemplo, o Banco Europeu paraReconstrução e Desenvolvimento (BERD) disponibilizoufundos para melhorias de infra-estrutura em países comeconomia em transição, em cooperação com a HELCOM.No entanto, a lenta transformação de grandes estataispoluidoras continua a apresentar obstáculos.

Uma iniciativa recentemente adotada na Europa,a Water Framework Directive, ou WFD (“Diretriz Qua-dro da Água”), oferece um instrumento poderoso parao controle de poluentes e o monitoramento em áreascosteiras e de distribuição e para a melhoria da qualida-de da água em todos os países da União Européia e nospaíses candidatos à adesão.

Um exemplo recente de um acordo em âmbitomundial é o Programa Global de Ação para a Proteçãodo Ambiente Marinho de Atividades Baseadas em Terra(GPA). A sua implementação exigirá novas formas decolaboração entre governos, organizações e instituiçõesinteressadas nas áreas marinhas e costeiras em todosos níveis: nacional, regional e global. Embora o progra-ma ainda esteja em seus estágios iniciais, o interesse e ocompromisso demonstrados por governos da Europasão encorajadores.

O principal desafio em áreas costeiras é a imple-mentação da Gestão Integrada de Zonas Costeiras,que visa compatibilizar os vários, e por vezes confli-tuosos, usos da zona costeira. Em regiões como oMar Báltico, delimitado por muitas nações indepen-dentes, a cooperação transfronteiriça e internacionalé uma condição fundamental.

Os princípios fundamentais para a cooperação internacional emrelação a preparação e respostas a incidentes de poluição marinhasão definidos pelo Protocolo de Emergência da Convenção deBarcelona. Para ajudar os Estados costeiros na sua implementação,foi estabelecido um centro regional de resposta emergencial àpoluição marinha do Mar Mediterrâneo (conhecido pela sigla eminglês REMPEC – Regional Marine Pollution Emergency Response Centrefor the Mediterranean Sea) em Malta, no ano de 1976. Desde 1977o REMPEC coletou de forma sistemática relatórios sobre incidentesque causam ou que têm a possibilidade de causar poluição marítimapor petróleo. Cerca de 311 incidentes foram registrados entre agostode 1977 e dezembro de 2000, dos quais 156 de fato resultaramno derramamento de petróleo. Operações de resposta aosderramamentos no Mediterrâneo entre 1981 e 2000 foramconduzidas de forma regular por autoridades locais ou nacionaisou por pessoas contratadas sob a sua supervisão para a limpezado petróleo derramado. Até hoje, cerca de 2 mil pessoasparticiparam de um programa de treinamento desenvolvido peloREMPEC para ajudar os Estados costeiros a desenvolver suas própriascapacidades de respostas eficazes em caso de poluição acidental.O único caso que necessitou de assistência mútua entre paísesvizinhos (França e Itália) foi o derramamento causado pelo petroleiroHaven perto de Gênova, na Itália, com a perda de 144 mil toneladasde petróleo em 1991.

Fonte: REMPEC, 2000

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Referências: Capítulo 2, zonas costeiras e marinhas, Europa

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215ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

Os principais problemas ambientais enfrentados pelasáreas marinhas e costeiras na região da América Latinae Caribe estão relacionados à conversão e à destruiçãode habitat, à poluição produzida por atividades huma-nas e à exploração excessiva dos recursos pesqueiros.As causas subjacentes a esses problemas estão asso-ciadas ao desenvolvimento de áreas costeiras paraturismo, infra-estrutura e urbanização e à conversãode habitats costeiros para usos como agricultura eaqüicultura. Além de uma diminuição da produtividadenatural das áreas costeiras, a maioria dos estoquespesqueiros costeiros e ao longo da costa sofreu umagrave superexploração. Acredita-se que esses proble-mas sejam muito exacerbados pelas mudanças climáti-cas e pelo aumento do nível do mar (UNEP, 2000), es-pecialmente no Caribe. O estado das áreas costeirasem toda a região está especificado na tabela ao lado.As áreas costeiras densamente habitadas e exploradasrequerem gestão e infra-estrutura intensivas para su-portar os sistemas ecológicos costeiros. No entanto,as múltiplas jurisdições físicas e políticas que dividemos limites e as escalas ecológicas complicam a gestãodas zonas costeiras.

Exploração dos recursos costeiros e marinhosAs zonas costeiras da região são a base da sua econo-mia e sustentabilidade: 60 das 77 maiores cidades sesituam no litoral, e 60% da população vive em um raiode 100 quilômetros da costa (Cohen e outros, 1997). Odesenvolvimento de áreas residenciais e de infra-es-trutura turística mudou muito as características dasáreas costeiras da região. Alterações físicas do litoralcausadas pelo crescimento urbano e pela construçãode portos e de infra-estrutura industrial são algunsdos principais fatores de impacto sobre os ecossiste-mas costeiros e marinhos da região.

O turismo representa cerca de 12% do PIB daregião, grande parte do qual se concentra ao longo dascostas. Cerca de 100 milhões de turistas visitam o Caribea cada ano e contribuem com 43% do PIB e um terço dareceita gerada pelas exportações (WTTC, 1993). Os efei-tos diretos e indiretos do turismo sobre áreas marinhase costeiras podem ser notados pela crescente conver-são de habitats costeiros e pelos impactos subseqüen-tes. Por exemplo, a extração excessiva de águas subter-râneas devido à expansão da infra-estrutura turísticaresulta na intrusão de água salobre ou salgada emaqüíferos costeiros, o que acaba por contaminar o siste-ma de águas subterrâneas e o solo costeiro.

PoluiçãoA poluição é causada principalmente pela descarga deáguas residuais e de resíduos sólidos industriais emunicipais, pelo escoamento superficial de terras agrí-colas e por resíduos de transporte marítimo (principal-mente de substâncias perigosas), assim como pela ex-tração, pelo refinamento e pelo transporte de petróleoe de gás. A capacidade regional para o tratamento deesgoto é baixa; cerca de 98% do esgoto doméstico édespejado sem tratamento no nordeste do Pacífico e90% no grande Caribe (UNEP, 2001).

Os efeitos dos poluentes derivados de ativida-des realizadas em terra são exacerbados nas grandesbacias hidrográficas, o que por sua vez pode afetarestados distantes. São especialmente notáveis os efei-tos transfronteiriços das bacias hidrográficas de cincograndes rios: o Mississipi, o Amazonas, o Plata, oOrinoco e o Santa Marta. Imagens de satélite mostra-ram grandes descargas de sedimentos de rios costei-

Zonas costeiras e marinhas: AméricaLatina e Caribe

Zonas biogeográficas

Algumas áreas da região tropicalnoroeste do Atlântico, incluindoCancún, MéxicoRegião sudeste do Atlântico: Brasil

A maioria das áreas da região tropicalnoroeste do Atlântico, como PuertoRico, partes das Ilhas Virgens dosEstados Unidos, Barbados e a maioriadas ilhas Antilhas menoresRegião nordeste temperada quente doPacífico, incluindo o MéxicoIlhas Galápagos

A maioria das áreas da região leste doPacífico e região sudoeste temperadaquente do Atlântico, incluindoArgentina, Brasil, Uruguai.

Algumas áreas da região leste tropicaldo Pacífico. Áreas da região sudestetemperada quente do Pacífico,incluindo Peru e Chile – especialmenteaquelas relacionadas à pesca emplataformas costeiras

Região temperada fria da América doSul, incluindo o Chile e a Argentina

Região sudoeste tropical do Atlântico:BrasilApenas alguns poucos exemplos degestão intensiva em áreas poucousadas em áreas marinhas protegidas,remotas e de importância

Pouquíssimas áreas nessa categoria –mesmo grandes áreas remotas como odelta do Rio Orinoco são afetadas pelasalterações no uso da terra no delta enas áreas elevadas da bacia, mesmo seo uso dos recursos dos estuários forbaixoTambém as Ilhas Juan Fernandez eDesventuradas

Estado da gestão das principais áreas costeiras e marinhas

Condições de uso

Áreas costeiras degrande densidadepopulacional esubmetidas a usointenso.Intensa pressãopara a pesca porparte tanto depopulaçõescosteiras como dasindústriaspesqueiras queatuam ao longo dacosta.Grande densidadeou concentração determinais depetróleo, portos erotas marítimas.

Recursos costeirosusados de formamoderada

Recursos costeirosusados de formaleve

Gestão e infra-estruturade apoio

Gestão intensiva –grande infra-estrutura deapoio – iniciativas deregulamentação,conservação e educação

Gestão moderada –iniciativas deregulamentação comuma aplicação limitada,iniciativas limitadas deconservação e educação

Gestão escassa ou nulaem toda a região

Gestão intensiva

Gestão moderada

Gestão leve

Gestão intensiva

Gestão moderada a leveou nula

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216 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

ros e de algumas grandes ilhas que se deslocam pormilhares de quilômetros no oceano. Durante um epi-sódio de morte de peixes nas Ilhas Windward em fe-vereiro de 2000, foram detectadas bactérias patológi-cas que só haviam sido registradas antes em siste-mas continentais de água doce (Caribbean Compass,1999). Sugeriu-se que os patógenos haviam sido trans-portados em sedimentos originados em inundaçõesna bacia do Orinoco.

O transporte marítimo é uma fonte importantede poluição costeira e marinha na região, especialmen-te por meio do petróleo liberado pelo despejo de água

acumulada no fundo de embarcações e pela lavagemdos tanques. Outras ameaças trazidas pelo transportemarítimo incluem a descarga de esgoto, lixo e produtosquímicos perigosos e a introdução de espécies exóti-cas ou invasoras em áreas novas por meio da carga edescarga de água de lastro.

Os portos da região são o segundo destino maisimportante de contêineres de produtos procedentes dosEstados Unidos, e o Canal do Panamá é um importantemeio de ligação para o comércio marítimo mundial. Entre1980 e 1990, o transporte marítimo da região passou arepresentar entre 3,2% e 3,9% do comércio mundial, eacredita-se que aumentos significativos continuem aocorrer como resultado da liberalização do comércio eda privatização de portos regionais (UNCTAD, 1995).Se não houver medidas para contrapor os problemasambientais relacionados ao transporte marítimo, é de seesperar que eles piorem no futuro.

As áreas marinhas e costeiras da América Lati-na e Caribe estão entre as zonas produtoras de petró-leo mais produtivas do mundo. A maior pressão sobre

o meio ambiente marinho e costeiro em localidades es-pecíficas é o risco de derramamentos de petróleo pelossistemas de exploração, produção e distribuição depetróleo e de gás. O maior derramamento de petróleo járegistrado foi aquele causado pela explosão submari-na do poço Ixtoc na Baía de Campeche, no México, em3 de junho de 1979, com um vazamento de petróleo quese estima superior ao volume derramado pelo desastrecom o petroleiro Exxon Valdez. Em 1999 e em 2001,acidentes significativos envolvendo derramamentoscosteiros e rompimentos de tubulações, no Brasil e naColômbia, geraram tanto uma preocupação ativa porparte do público quanto novas restrições com vistas acontrolar derramamentos futuros. Qualquer operaçãode exploração de petróleo e de gás tem o potencial decausar graves danos ao meio ambiente costeiro e mari-nho, como resultado de derramamentos de grande e depequeno porte e de vazamentos crônicos.

Estoques pesqueirosA exploração excessiva de estoques pesqueiros e osproblemas relacionados à captura incidental e de re-fugos se tornaram comuns nos regimes de pesca re-gional. O volume de peixes capturados nos mares daregião aumentou de forma geral nos últimos trintaanos (ver gráfico). A captura total de peixes (incluin-do a pesca em águas interiores, à exceção de moluscos,crustáceos e de aqüicultura) atingiu um pico regionalde mais de 23 milhões de toneladas em 1994 (quase30% do total mundial). De 1985 a 1995, vários paísessul-americanos duplicaram ou triplicaram o seu volu-me de peixes capturados, e o da Colômbia aumentoucinco vezes. No entanto, em 1998, o volume regionaldiminuiu consideravelmente para 11,3 milhões de to-neladas (15,9% do total mundial), devido a fatoresclimáticos adversos causados pelo El Niño.

Um estudo recente que estabeleceu priorida-des geográficas para a conservação marinha naecorregião do Caribe Central indicou que a explora-ção excessiva representava uma ameaça em 34 dos 51sistemas locais de produção (Sullivan e Bustamante,1999). A região também enfrenta o problema de gran-des quantidades de refugos e de capturas incidentaisque incluem tartarugas, mamíferos marinhos, aves ma-rinhas e outras espécies menores, porém ecologica-mente importantes. Atualmente, a região não contacom um sistema de registro de indicadores da saúdedos recursos e ecossistemas que incentivem açõespara a recuperação de espécies excessivamente ex-ploradas e de seus habitats (UNEP, 2001).

Medidas para interromper a exploração exces-siva dos estoques pesqueiros foram implementadas

10

0

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25

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1990

5

15

20

América do Sul

América Central

Caribe

Captura de peixes (milhões de toneladas):América Latina e Caribe

A capturaregional de

peixes teve seuápice no ano de

1994, mas emseguida entrouem crise como

resultado de ummarcante evento

do El Niño.

Nota: os dadosincluem a pesca em

áreas do interior,mas excluimoluscos,

crustáceos e aaqüicultura.

Fonte: dadoscompilados deFishstat, 2001

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217ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

em alguns países. Em janeiro de 2000, o governo dasBahamas e ONGs locais chegaram a um acordo sobreo estabelecimento de cinco reservas marinhas “semcaptura” próximas às costas das Ilhas Bimini, Berry,South Eleuthera, Exuma e parte norte da Ilha Abaco.O objetivo é estabelecer, com participação total dacomunidade, um sistema completo de reservas dessetipo para ajudar na prevenção da sobrepesca e daperda de biodiversidade marinha. Isso resultaria naproteção de 20% do meio ambiente marinho e costei-ro (NOAA, 2001).

Políticas de respostaAs políticas internacionais de resposta aos problemasdescritos acima foram muitas e variadas. A maioria sebaseia em convenções sobre a pesca, em convençõesinternacionais sobre o transporte marítimo ou em umgrande número de acordos ligados à Convenção dasNações Unidas sobre o Direito do Mar. Ao mesmo tem-po, as deficiências institucionais e organizacionais nospaíses da região e as inumeráveis autoridades respon-sáveis pela gestão costeira e marinha tornam aimplementação de políticas uma tarefa difícil.

Os acordos multilaterais e planos de ação maisimportantes incluem:

a Convenção sobre a Proteção e o Desenvolvi-mento do Meio Ambiente Marinho da Região doGrande Caribe (“A Convenção de Cartagena”)(1983) e seus protocolos (sobre derramamentode petróleo, áreas protegidas e poluição proce-dente de atividades realizadas em terra);o Programa de Mares Regionais do PNUMA e oprojeto internacional para a eliminação de obstá-culos na implementação de medidas de controlee de manejo de água de lastro em países em de-senvolvimento, proposto para o período de 2000a 2002 pela Organização Marítima Internacional(OMI);a Rede Internacional de Ação para Recifes deCoral (International Coral Reefs Action Network

– ICRAN), uma iniciativa importante para se detera degradação dos recifes de coral, que conta como apoio da Fundação das Nações Unidas (UNF); eo projeto de planejamento para a adaptação doCaribe às mudanças climáticas (CaribbeanPlanning for the Adaptation of Global ClimateChange – CPACC), que ajuda os doze países daComunidade e Mercado Comum do Caribe(CARICOM) a se prepararem para os impactos ne-gativos das possíveis mudanças climáticas, espe-cialmente no que diz respeito ao aumento do níveldo mar, pela avaliação de sua vulnerabilidade epelo planejamento da adaptação e do desenvolvi-mento da sua capacidade de lidar com o problema.

No entanto, a maioria das convenções menci-onadas está em vigor há pouco tempo e não contacom uma infra-estrutura estabelecida adequada paraavaliar seus pontos fortes e fracos. Todavia, é óbvioque os processos regionais de monitoramento ambi-ental devem ser direcionados à avaliação das condi-ções ambientais, assim como ao monitoramento dasatividades de implementação destinadas à recupera-ção da sustentabilidade de áreas costeiras e marinhase de seus recursos.

A capacidade detratamento doesgoto é baixa;98% do esgotodoméstico édespejado nonordeste doPacífico e 90% naregião do GrandeCaribe, semnenhum tipo detratamento.

Fonte: UNEP, DavidTapia Munoz, TophamPicturepoint

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Page 21: Zonas costeiras e marinhas

218 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Quase 25% da população do Canadá e cerca de 55% dapopulação dos Estados Unidos residem em áreas cos-teiras (CEQ, 1997; EC, 1999). A população costeira dosEstados Unidos tem crescido quatro vezes mais do quea média nacional, com alguns dos maiores níveis de cres-cimento urbano ocorrendo em pequenas cidades cos-teiras (CEC, 2000a). Isso é motivo de preocupação por-que os ecossistemas costeiros são alguns das reservasmais ricas em biodiversidade marinha, além de fornecerimportantes bens e serviços. A conversão desses siste-mas frágeis para usos urbanos pode levar à degradaçãofísica, à exploração de recursos marinhos e à poluição.

Questões que representam motivos especiais depreocupação para a região são o aporte excessivo denitrogênio proveniente de atividades realizadas em terrae a diminuição abrupta dos estoques pesqueiros (vergráfico): 21 dos 43 estoques de peixes demersais na re-gião do Atlântico Norte próxima ao Canadá estão dimi-nuindo, e quase um terço dos estoques pesqueiros dosEstados Unidos administrados em âmbito federal estásendo superexplorado (CEC, 2000a).

Pesca de salmão no noroeste do PacíficoO noroeste do Pacífico é rico em recursos pesqueiros,entre os quais o salmão tem especial importância. His-toricamente abundantes em águas costeiras e interio-res da região, as migrações de salmão e a diversidadede espécies foram diminuindo a partir do século XIX,em virtude da construção de barragens (especialmen-te nos Estados Unidos), de deslizamentos de rochas,de gestão deficiente e da sobrepesca (DFO, 1999a). Ao

final da década de 1980, os dois países haviam impos-to restrições severas à captura de algumas espéciesde salmão, mas, apesar dessa e de outras medidas, noinício da década de 1990 a captura e o valor do salmãodiminuíram de forma significativa. Em 1999, 24subespécies do salmão da costa do Pacífico haviamsido listadas na Lei de Espécies Ameaçadas dos Es-tados Unidos (US Endangered Species Act), e o Ca-nadá havia proibido ou restringido a captura de algu-mas espécies de salmão em vários dos seus maioresrios (Carlisle, 1999; TU e TUC, 1999).

O problema é agravado pelas duas fronteirasinternacionais que separam as águas da província deBritish Columbia das do Alasca e daquelas da regiãonoroeste dos Estados Unidos (DFO, 1999a; TU e TUC,1999). Durante o seu ciclo de vida, o salmão origináriodos Estados Unidos viaja através das águas canaden-ses e vice-versa, o que resultou em uma história depráticas interceptadoras de pesca que incentivaram cap-turas insustentáveis (DFO, 1999a). A intenção do Tra-tado de 1985 relativo ao salmão do Pacífico era a deresolver essa questão, mas ele deixou de vigorar em1992 devido a divergências. Mais promissora é umaemenda de 1999 ao tratado, fundamentada na susten-tação dos estoques silvestres, na divisão de custos ebenefícios e em uma base comum para a avaliação dosestoques, no monitoramento dos peixes e na qualifica-ção do desempenho (DFO, 1999b; NOAA, 1999).

Os efeitos combinados da pesca, das mudançasclimáticas (ver box abaixo) e das condições de habitat

Zonas costeiras e marinhas:América do Norte

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1998

6

1982

1990

1

3

4

5

Estados Unidos

Canadá

Captura anual de peixes (milhões de toneladas):América do Norte

Os recursospesqueiros da

América do Nortevêm apresentado

um drásticodeclínio desde o

fim da década de1980, com aexploração

excessiva de pelomenos um terço

de todasespécies.

Nota: a captura depeixes inclui

espécies marinhas ede água doce, masexclui crustáceos,

moluscos e aprodução daaqüicultura.

Fonte: dadoscompilados deFishstat, 2001

Tanto o Canadá quanto os Estados Unidos estãopreocupados com os potenciais efeitos dasmudanças climáticas sobre as populações desalmão e outros estoques de peixes silvestresnas águas costeiras e oceânicas da América doNorte. Estudos realizados por cientistas do governocanadense que simularam mudanças previstas deduplicação do nível de CO2 na atmosfera indicamque a mudança climática resultante poderiapraticamente eliminar o habitat dos salmões noOceano Pacífico (NRC, 1998). Um estudo, de 1994,do Environment Canada sobre o impacto dasmudanças climáticas no salmão do Rio Fraserrevelou que a alteração de regimes de fluxo, natemperatura da água, na hidrologia fluvial e nosescoamentos estacionais intensificará a competiçãoentre usuários da bacia fluvial (Glavin, 1996). Umrecente estudo realizado nos Estados Unidos sobreos impactos das mudanças climáticas observouque uma diminuição projetada da variação anualde temperatura da água em vários estuários podecausar a alteração do percurso de algumas espéciese aumentar a vulnerabilidade de alguns estuáriosa espécies introduzidas (US GCRP, 2000).

Impactos das mudanças climáticassobre o salmão do Pacífico e outrosestoques de peixes silvestres

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219ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

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1982

1990

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600

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Estados Unidos

Canadá

motivaram uma série de revisões da situação dos esto-ques pesqueiros, a renovação de acordos de pesca enovas abordagens à gestão. Por exemplo, em 1998, oCanadá iniciou um programa de reconstrução e ajustepara a pesca no Pacífico, para conservar e reconstituiros estoques de salmão do Pacífico e revitalizar a pescadessa espécie na região. O país também implementouuma abordagem precautória à gestão do salmão, o queresultou em reduções significativas da captura para pro-teger estoques em risco (DFO, 1999c). Em dezembro de2000, os Estados Unidos lançaram uma estratégia fede-ral abrangente e de longo prazo para ajudar a recuperaras 14 subespécies de salmão na bacia do Rio Columbialistadas na Lei de Espécies Ameaçadas.

Visto que os grupos cuja renda depende do sal-mão têm lutado para sobreviver (ver gráfico), os doispaíses tomaram medidas adicionais para ajudar a resta-belecer o estoque dessa e de outras espécies silvestresem águas costeiras e marinhas e para aumentar e mantera diversidade biológica mundial. Restrições recentesrealmente melhoraram a sobrevivência oceânica de al-guns estoques importantes, mas ainda não se sabe setodas as espécies de salmão do Pacífico vão se recupe-rar (DFO, 2000a; 2001).

Os aportes de nutrientes aos ecossistemas marinhos ecosteiros aumentaram muito nas últimas três décadasdevido a grandes aumentos na densidade populacional,no uso de combustíveis fósseis, no despejo de esgoto,na produção pecuária e no uso de fertilizantes (EC, 2000).Essas atividades liberam nitrogênio e fósforo, o que podeintensificar o crescimento de plantas em sistemas aquá-ticos e levar ao esgotamento de oxigênio e a efeitosmúltiplos sobre o ecossistema, incluindo a destruiçãode habitats de peixes, a poluição costeira e proliferaçõesnocivas de algas (EC, 1999 e 2000).

Em várias partes da América do Norte, os nutri-entes de fontes difusas provêm principalmente de ferti-lizantes e do escoamento superficial de esterco. Nosúltimos trinta anos, o uso de fertilizantes aumentou emquase 30%, ao passo que a tendência à criação de gadoem currais de engorda intensivos levou à liberação degrandes quantias de esterco em águas costeiras e su-perficiais (Mathews e Hammond, 1999). Os aportes denitrogênio à atmosfera derivados de esterco, assim comode veículos e de usinas de geração de energia, tambémsão significativos (NOAA, 1998a).

Desde o início da década de 1970, as leisantipoluição reduziram em muito as fontes localizadasde nitrogênio e de fósforo, principalmente a partir dadescarga de esgoto municipal e de lixo industrial e pormeio do controle de fosfatos em detergentes para rou-pas (NOAA, 1998a; EC, 2000). No entanto, a maioria dosesgotos despejados nas águas costeiras do Canadá ain-da não passou por nenhum tipo de tratamento ou foiapenas parcialmente tratado (EC, 2000). Os estuárioscanadenses no Atlântico Norte são afetados de formamenos grave pela carga de nutrientes do que os situa-dos mais ao sul, em parte por causa do clima mais frio ede uma entrada considerável de águas costeiras (NOAA,1998b). Ao longo da costa do Atlântico Norte, as fontesdifusas de nitrogênio são cerca de nove vezes maioresdo que de estações de tratamento de esgoto (EC, 2000).

Os valores correspondentes à captura do salmão na América do Norte têmse reduzido bruscamente desde 1988, como resultado do declínio nosestoques e das tentativas de protegê-los.

Fonte: DFO, 2000b; NMFS, 2000

Valores correspondentes à captura dosalmão na região Noroeste do Pacífico(US$ milhões/ano)

O programa para a Baía de Chesapeake, de 1987, foi formuladodentro do Programa de Estuários Nacionais dos Estados Unidos. Éuma parceria entre autoridades federais, estaduais e locais parareduzir em 40% a carga de nitrogênio e de fósforo na Baía. Essaregião possui uma população de mais de 15 milhões de pessoase uma significativa pesca comercial de peixes e de crustáceos,além de servir como parada importante para pássaros migratórios.Ao final da década de 1990, apenas a meta de redução de fósforohavia sido atingida. O avanço na redução de nutrientes tem sidodificultado pelo crescimento da população e pelo desenvolvimento.

Baía de Chesapeake

Carga de nutrientes

Page 23: Zonas costeiras e marinhas

220 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

Em 1998, mais de 60% dos rios e baías costei-ros dos Estados Unidos estavam de moderada a gra-vemente degradados pela contaminação de nutrien-tes, e descobriu-se que o nitrogênio é a maior ameaçaambiental em alguns locais “problemáticos” da costaatlântica (NOAA, 1998b; Howarth e outros, 2000).Tanto a Lei de Água Limpa dos Estados Unidos (USClean Water Act) quanto a Lei de Manejo de ZonasCosteiras de 1972 orientaram os países a desenvol-verem planos de gestão para fontes difusas de con-taminação e forneceram financiamento e incentivospara sua implementação (NRC, 2000). O ProgramaNacional de Estuários dos Estados Unidos de 1987visa minimizar a contaminação regional por nutrien-tes (ver box na página anterior).

O enriquecimento de nutrientes é provavelmen-te um fator que contribui para o recente aumento con-siderável na intensidade, freqüência e extensão espa-cial da proliferação de algas ou marés vermelhas, o quecausa impactos sobre a saúde e prejuízos econômicoscada vez maiores. O número de localidades estuarinase costeiras nos Estados Unidos com maior recorrênciade incidentes de proliferação nociva de algas duplicouentre 1972 e 1995 (US Senate, 1997).

O impacto da proliferação nociva de algaspode incluir doenças e morte em seres humanos pelaingestão de peixes ou crustáceos contaminados, mor-

tandade em massa de peixes silvestres ou de criação emudanças nas teias alimentares marinhas. Em respos-ta a incidentes de doenças em seres humanos causa-dos por frutos do mar contaminados, tanto o Canadáquanto os Estados Unidos desenvolveram programasde teste e de controle da qualidade da água para iden-tificar toxinas de fitoplâncton e para fornecer informa-ções ao público.

Leis relativas ao oceano em ambos os países(1997, no Canadá, e 2000, nos Estados Unidos) esta-beleceram uma estrutura para melhorar a administra-ção das águas costeiras e oceânicas (EC, 1999). Des-de 1996, a Comissão Norte-Americana para a Coope-ração Ambiental (North American Commission forEnvironmental Cooperation – CEC) tem facilitado aimplementação regional do Programa Global de Açãopara a Proteção do Ambiente Marinho de AtividadesBaseadas em Terra na América do Norte (CEC, 2000b).

Até o momento não há uma estratégia regionalpara lidar com o problema da carga de nutrientes naságuas costeiras da América do Norte, e a coordenaçãoentre os vários órgãos responsáveis pela sua gestão éinadequada (NRC, 2000). Evidências sugerem que asituação pode ser revertida, mas ainda há a necessida-de de uma maior ação política e de mudanças nas ativi-dades realizadas nas bacias hidrográficas e na atmos-fera que alimentam os rios e riachos costeiros.

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Referências: Capítulo 2, zonas costeiras e marinhas, América do Norte

Page 24: Zonas costeiras e marinhas

221ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

As zonas costeiras da Ásia Ocidental passam porvários níveis de pressão, como resultado de grandesmudanças demográficas de zonas rurais para zonasurbanas costeiras, da intensa urbanização das zonascosteiras e do despejo de lixo não tratado. Além dis-so, guerras regionais e conflitos internos introduzi-ram novas dimensões aos problemas ambientais daregião e colocaram pressão sobre os recursos finan-ceiros e naturais.

As ações em âmbito nacional e regional, asúltimas por meio da Organização Regional para a Pro-teção do Meio Ambiente do Mar Vermelho e do Golfode Aden (países da PERSGA) e pela Organização Re-gional para a Proteção do Meio Ambiente (países daROPME – Regional Organization for the Protectionof the Marine Environment, sob a égide do Plano deAção do Kwait do Programa de Mares Regionais doPNUMA) se concentram nas principais questõesambientais que surgiram na região: as alterações físi-cas, a superexploração dos recursos marinhos e apoluição marinha (UNEP e PERSGA, 1997; UNEP, 1999;UNEP MAP, 1996).

Desenvolvimento costeiro ealteração físicaOcorreu uma urbanização rápida na maioria dos paí-ses da região nas últimas três décadas, especialmentenos países menores, como Bahrain, Iraque, Jordânia eLíbano. No início da década de 1990, alguns dos paí-ses do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) havi-am desenvolvido mais de 40% dos seus litorais (Pricee Robinson, 1993), e estimativas recentes indicam queos investimentos na região representam entre US$ 20milhões e 40 milhões/km de costa (UNEP, 1999).

No Líbano, mais de 60% da população de cercade 3,5 milhões de pessoas reside e trabalha ao longode uma faixa muito estreita de costa (Government ofLebanon, 1997; Grenon e Batisse, 1989). Cerca de 64%da população de todos os países participantes do CCG,à exceção da Arábia Saudita, vive ao longo da costaoeste do Golfo e do Mar Arábico (ROPME, 1999). Maisde 90% da população de Bahrain e 37% dos kuwai-tianos vivem ao longo da costa.

Prevê-se que as populações costeiras cres-çam, por exemplo, a população de Aqaba mais queduplicará, passando de 65 mil para 150 mil pessoasem 2020 (UNEP e PERSGA, 1997). O crescimento daurbanização, aliado ao turismo costeiro e/ou a proje-tos industriais mal planejados, resultou na degrada-

ção da qualidade ambiental marinha e costeira. A sub-região do Mashreq e os estados menores da regiãotambém não conseguem comportar o grande volumede lixo doméstico gerado ao longo da costa, devido alimitações de espaço e a sistemas inadequados deeliminação de lixo.

A dragagem de rios e a recuperação de terrastambém têm se intensificado na maioria dos países. Aocorrência de aterros vem aumentando ao longo dacosta oeste de países do Golfo, como Bahrain, ArábiaSaudita e os Emirados Árabes Unidos. Essas ativida-des levaram à destruição de habitats marinhos e deáreas ecologicamente produtivas, à erosão costeira eà perda de faixas costeiras em vários países.

A necessidade de avaliações de impacto ambi-ental e de uma gestão integrada da zona costeira foireconhecida pela maioria dos países desde o início dadécada de 1990, e vários planos de ação marinhos ecosteiros foram desenvolvidos (ver box). Uma novametodologia para a gestão integrada das zonas cos-

teiras foi desenvolvida pelo Plano de Ação do Medi-terrâneo (MAP) do PNUMA, e um projeto de gestãode áreas costeiras, ou CAMP, em inglês (Coastal AreaManagement Project) para o sul do Líbano foi lança-do em 2001 pelo MAP e pelo Ministério do MeioAmbiente do Líbano. Todavia, à exceção de um pro-grama regional do MAP para proteger 100 sítios his-tóricos na região do Mashreq, não houve nenhumesforço conjunto para proteger outros sítios históri-cos, tais como estruturas submarinas, dos estragoscausados pela dragagem e pelos aterros.

Recursos marinhos e pesqueirosOs estoques pesqueiros da Ásia Ocidental são diver-sos e continuam a servir de fonte de proteínas e de

Zonas costeiras e marinhas:Ásia Ocidental

Três grandes planos de ação na região destinam-se àpreservação do meio ambiente marinho e costeiro e à promoçãodo desenvolvimento sustentável das zonas costeiras:

o Plano de Ação do Mediterrâneo: Líbano, Síria e os paísesmediterrâneos da Europa e do norte da África;o Plano de Ação do Kuwait: Bahrain, Kuwait, Irã, Iraque,Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos; eo Plano de Ação do Mar Vermelho e do Golfo de Aden:Jordânia, Arábia Saudita e Iêmen.

O Plano de Ação do Mar Vermelho e do Golfo de Aden foiespecificamente formulado para proteger a região dos impactosde atividades realizadas em terra. O Plano de Ação doMediterrâneo foi atualizado em 1995, junto com a Convençãode Barcelona e seus protocolos.

Planos de ação costeira e marinha na Ásia Ocidental

Page 25: Zonas costeiras e marinhas

222 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

renda. No entanto, a captura per capita de peixes temdiminuído (ver gráfico), embora lentamente, em virtu-de de condições ecológicas e climáticas adversas ede práticas insustentáveis de pesca. Os sinais maisvisíveis de deterioração são a superexploração e aperda de zonas de reprodução de camarão. Além dis-so, fenômenos de morte de peixes têm sido observa-

dos com freqüência ao longo da costa da área doGolfo e do Mar Arábico (ROPME, 2000). As leis sobrea pesca são inexistentes – ou não são aplicadas –,especialmente na região do Mashreq, e a cooperaçãoregional para uma melhor gestão dos estoques pes-queiros é deficiente. Todavia, uma série de medidasnormativas, incluindo a introdução de licenças depesca, restrições de equipamento e área, estaçõesfechadas para a pesca e a proibição de certos esto-ques pesqueiros, foi recentemente implementada nospaíses do CCG.

Estão sendo tomadas iniciativas em váriospaíses para complementar a proteína fornecida pelospeixes por meio da aqüicultura e/ou da importação.Como se espera que a aqüicultura cresça em ambasas sub-regiões, será necessário tomar medidas paraprevenir a introdução acidental de espécies estranhasna natureza, o que pode ter impactos negativos sobreos ecossistemas costeiros e marinhos.

Poluição marinhaOs países do Mashreq e os do CCG enfrentam dife-rentes formas de pressão relacionadas à poluição. Senos países do CCG os desafios provêm de indústriasrelacionadas ao petróleo e de usinas de dessali-nização, no Mashreq o desafio provém especialmen-te de grandes rios que despejam lixo doméstico emunicipal, produtos químicos agrícolas e substânci-as industriais nocivas no mar.

Devido a um trânsito intenso de petróleo noGolfo, e à natureza biológica sensível e localizaçãogeográfica singular do Golfo, esse mar pode vir a setornar o mais poluído do mundo, a menos que medi-das rígidas sejam implementadas e aplicadas. O Gol-fo e o Mar Vermelho são as principais vias para pe-troleiros do mundo: mais de 10 mil embarcações porano passam pelo Estreito de Hormuz, cerca de 60%das quais são petroleiros (ROPME, 1999), e existemcerca de 34 terminais de petróleo e gás ao longo dacosta na região (UNEP, 1999). Cerca de 1,2 milhão debarris de petróleo são derramados na região a cadaano, por meio da descarga rotineira de água de las-tro (UNEP, 1999). A partir de 1996, estabeleceram-seinstalações para o tratamento de água de lastro con-taminada por petróleo na área da ROPME, e umaforça-tarefa, da qual participam o secretariado doCCG, a Organização Marítima Internacional, o PNUD,o PNUMA e a Comunidade Européia, foi estabele-cida por meio de um centro de assistência mútuapara emergências marinhas. Um comitê de gestãoregional foi montado, e está em processo um crono-grama de implementação de instalações de recepçãode petróleo (Al-Janahi, 2001).

Mais de 360 milhões de toneladas de petróleosão transportadas anualmente pelo Mar Mediterrâ-neo (EEA, 1999), que, embora constitua apenas 0,7%da superfície marítima mundial, recebe 17% da polui-ção marinha por petróleo do mundo (ESCWA, 1991).Cerca de 2 mil embarcações, das quais entre 250 e 300são petroleiros, atravessam o Mediterrâneo a cadadia. Estima-se que mais de 22 mil toneladas de petró-leo tenham ingressado no Mediterrâneo durante operíodo de 1987 a 1996, como resultado de incidentescom embarcações (EEA, 1999).

Guerras regionais também contribuíram para adegradação dos recursos marinhos e costeiros. AGuerra Irã-Iraque (1980-88) causou o derramamentode entre 2 milhões e 4 milhões de barris de petróleo(Reynolds, 1993), e entre 6 milhões e 8 milhões debarris foram derramados no Golfo e no Mar Arábicodurante a Segunda Guerra do Golfo (ROPME, 2000).

A região obteve alguns progressos no com-bate a derramamentos acidentais de petróleo, espe-cialmente nos países da PERSGA e da ROPME, masnos países do Mashreq e em alguns países da re-gião da PERSGA, não há mecanismos para lidar comgrandes catástrofes (UNEP e PERSGA, 1997). Porexemplo, não há planos de contingência emergencialpara lidar com acidentes eventuais causados peloscerca de 30 oleodutos do Líbano (Government ofLebanon, 1997).

10

20

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0

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1988

1990

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1994

1996

1998

Região Península Arábica Mashreq

Captura anual per capita de peixes (kg): Ásia Ocidental

Os recursospesqueiros daÁsia Ocidentalnão acompa-

nharam o mesmocompasso do

aumentopopulacional,

demonstrandoum declínio

gradativo emrelação à captura

per capita depeixes nos últi-

mos trinta anos.

nota: a captura depeixes inclui

espécies marinhas eas de água doce,

mas excluicrustáceos,

moluscos e aprodução daaqüicultura.

Fonte: dadoscompilados deFishstat, 2001

Page 26: Zonas costeiras e marinhas

223ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

A maioria do países da região já reconheceu apoluição proveniente de fontes terrestres como umagrande ameaça ao meio ambiente costeiro e marinho.A eliminação de esgotos é uma questão importante. Amaioria das cidades costeiras da sub-região doMashreq possui sistemas de tratamento de esgotoobsoletos, e a descarga de esgotos não-tratados emzonas costeiras, principalmente próximas às maiorescidades, continua a ser uma prática comum na maiorparte do Mashreq e em algumas partes de países doCCG. Em outros lugares, como em Bahrain, no Kuwait,nos Emirados Árabes Unidos e na parte oeste daArábia Saudita, todos os esgotos são tratados antesdo despejo, e alguns são reciclados. O risco de eutrofi-zação em áreas fechadas ou semifechadas é constan-te, já que a maior parte dos mares da região é oligotró-fica (pobre em nutrientes).

Descargas de água salgada, cloro e calor pro-cedentes de usinas de dessalinização continuam arepresentar uma grave ameaça ao meio ambiente.Quase 43% da água dessalinizada é produzida empaíses do CCG (UNEP e PERSGA, 1997), e essa ten-dência tem aumentado.

A erosão do solo e a sedimentação represen-tam ainda outra ameaça às zonas costeiras. Com umaperda anual de solo estimada em 33 toneladas/ha e 60

toneladas/ha no Líbano e na Síria, respectivamente, ovolume de solo erodido despejado no Mediterrâneopor ambos os países pode chegar a 60 milhões detoneladas por ano (EEA, 1999). Na ausência de pro-gramas adequados de gestão das bacias fluviais, aágua de rios e de estuários continuará a se deteriorar,com efeitos nocivos para a saúde pública. Espera-seque em seguida ao término de novas barragens naparte leste da Turquia, haja uma mudança na quanti-dade e na qualidade do Rio Eufrates que flui até aSíria e o Iraque, o que por sua vez terá um grande im-pacto sobre as áreas agrícolas e os estuários das viasfluviais de Shatt Al-Arab.

Embora haja uma grande variação nos níveisde metal pesado na região, testes de rastreamentomostram valores aceitáveis para a maioria das áreas(UNEP MAP, 1996; ROPME, 1999). Alguns paísescomeçaram a estabelecer padrões de qualidade am-biental por meio de acordos regionais e internacio-nais. Por exemplo, o Líbano começou recentementea elaborar padrões e indicadores ambientais e dedesenvolvimento dentro da estrutura da Conven-ção de Barcelona. A poluição proveniente de ativi-dades realizadas em terra também foi incorporada aprotocolos dos planos de ação do Mediterrâneo edo Kuwait.

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Page 27: Zonas costeiras e marinhas

224 ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RETROSPECTIVAS POLÍTICAS: 1972-2002

O ÁRTICOO meio ambiente marinho do Ártico cobre aproxima-damente 20 milhões de quilômetros quadrados e in-clui o Oceano Ártico e várias outras massas de águaadjacentes. Quase metade do fundo do mar é forma-da por plataforma continental, o que corresponde àmaior porcentagem entre todos os oceanos. Os mo-vimentos das águas do Ártico desempenham um pa-pel significativo no regime oceânico mundial (AMAP,1997) e na regulagem do clima global (ver figura).

O meio ambiente marinho do Ártico é rico embiodiversidade e abundância de peixes. A pesca co-mercial nos sistemas dos Mares de Barents e deBering é uma das mais produtivas do mundo(Kelleher, Bleakly e Wells, 1995), e o Mar de Beringrepresenta entre 2% e 5% das capturas de peixe domundo (CAFF, 2001; Bernes, 1996). Mamíferos mari-nhos residentes e migratórios incluem as baleias,focas e leões marinhos. O urso polar também éfreqüentemente classificado como um mamífero ma-rinho porque freqüenta o gelo marinho em busca depresas. Muitas das comunidades indígenas do Árti-co tradicionalmente dependem desses recursos ma-rinhos para a sua subsistência. Outros recursos na-turais incluem grandes reservas de petróleo e de gásao longo das plataformas continentais, assim comoimportantes depósitos minerais. No entanto, há umacrescente preocupação em relação aos impactosnegativos de atividades de desenvolvimento sobrea ecologia do Ártico, especialmente em áreas pro-pensas a congelamento e habitats críticos.

A exploração excessiva dos estoques pesqueiros éuma das maiores preocupações no Ártico. Desde adécada de 1950, houve uma profunda diminuiçãodas populações de espécies comercialmente impor-tantes, como o bacalhau e o salmão do Atlântico, aolongo das costas do Canadá e da Groenlândia, e oarenque, em águas norueguesas e islandesas. Ape-sar de medidas de conservação, como áreas proibi-das para a captura, a recuperação tem sido lenta eincerta. Outras espécies, como os estoques dehaddock entre o norte da Noruega e o arquipélagode Svalbard, diminuíram de forma mais constante(Bernes, 1993; 1996; CAFF, 2001).

Entre os séculos XVI e XX, houve umasuperexploração massiva de várias espécies de ba-leia. Embora algumas espécies tenham se recupe-rado a níveis sustentáveis, outras não consegui-ram o mesmo e continuam sujeitas a rígidos regula-mentos nacionais e internacionais (por exemplo, abaleia bowhead está sujeita a cotas impostas pelaComissão Baleeira Internacional). A exploração ile-gal, inclusive de espécies ameaçadas, e cotas ex-cessivamente generosas representam uma ameaçaconstante (CAFF, 2001).

PoluiçãoOs contaminantes são outra fonte de pressão sobre omeio ambiente marinho do Ártico. O afluxo anual deágua de degelo na primavera leva contaminantes quese acumulam nos estuários e deltas e também pene-tram nas águas de superfície, de onde são transporta-dos para a costa da América do Norte. Contaminantes

Zonas costeiras e marinhas:as Regiões Polares

Profundas, frias

Rasas, mornas

Quando as águasmornas e salgadasdo Atlântico Norteatingem o gélido

Ártico, elas setornam mais

densas à medidaque esfriam e,dessa forma,

submergem emdireção às

camadas maisprofundas dooceano. Esseprocesso de

formação de águasprofundas é lento,entretanto ocorre

em uma enormeárea. A cada

inverno, algunsmilhões de

quilômetroscúbicos de água

descem àscamadas maisprofundas do

oceano, movendoa água lentamente

na direção sul aolongo do fundo doOceano Atlântico.

Fonte: AMAP, 1997

Circulação oceânica mundial

200

0

1972

1980

1998

1984

100

50

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1978

1982

1986

1990

1992

1996

Alasca (estoque ocidental) Rússia (estoque ocidental)

Sudeste do Alasca Colúmbia Britânica(estoque oriental) (estoque oriental)

Oregon e Califórnia (estoque oriental)

Os estoques de espécies comercialmente importantes como o bacalhau,o salmão do Atlântico e o arenque têm diminuído em diversos sítiospesqueiros do Ártico; a despeito das duras medidas conservacionistas, arecuperação tem se mostrado lenta e incerta.

Fonte: CAFF, 2001

Estoques dos sítios pesqueiros doÁrtico (milhões de adultos)

Degradação dos recursos

Page 28: Zonas costeiras e marinhas

225ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

transportados pelo ar, provenientes de atividades in-dustriais e agrícolas em latitudes menores, tambémsão depositados no oceano, onde podem se acumu-lar no gelo marinho. Esses contaminantes sãobioacumulados em mamíferos marinhos e por sua vezabsorvidos pelas populações do Ártico (AMAP, 1997;Crane e Galasso, 1999).

A contaminação radioativa representa outraameaça, e entre as suas fontes estão antigos testescom armas nucleares, o acidente de Chernobyl e odespejo oceânico de lixo sólido radioativo, comunsaté ter entrado em vigor a Convenção de Londressobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamentode Resíduos e Outras Matérias.

Mudanças climáticasAcredita-se que as maiores mudanças observadas nomeio ambiente marinho do Ártico sejam atribuíveisao aquecimento global. Por exemplo, a banquisa doÁrtico tem ficado mais fina, mostrando uma diminui-ção perceptível de uma espessura média de 3,12metros, na década de 1960, para 1,8 metros, na décadade 1990 (CAFF, 2001). Observou-se uma tendêncianegativa de 2,8% por década na cobertura de gelosazonal no período entre novembro de 1978 a dezem-bro de 1996. Mudanças nos padrões sazonais de gelomarinho afetarão correntes oceânicas e padrões cli-máticos. Prevê-se que o maior aumento de tempera-tura do mundo ocorrerá no Ártico (IPCC, 2001).

Políticas de respostaOs países do Ártico estão tomando iniciativas paraproteger o meio ambiente marinho. Desde o final dadécada de 1980, eles vêm se envolvendo em umacooperação circumpolar sobre o meio ambiente ma-rinho por meio de fóruns como o Comitê CientíficoInternacional do Ártico e o Conselho Ártico inter-governamental. Entre as iniciativas de cooperação,vale citar:

a adoção, em 1998, de um programa regional deação para a proteção do meio ambiente marinhoártico frente a atividades realizadas em terra;o estabelecimento de um regime trilateral entre aRússia, os Estados Unidos e a Noruega sobrepetróleo e gás ao longo de costas, com vistas adesenvolver um regime ambiental e de segurançapara operações de petróleo realizadas ao longoda costa da Rússia;a produção de diretrizes circumpolares para re-gulamentar atividades de petróleo e gás ao longodas costas (PAME, 1997);

o desenvolvimento de uma rede circumpolar deáreas protegidas incluindo um componente mari-nho (CAFF, 2001); eo patrocínio de um workshop marinho circumpolarem cooperação com a UICN, que desenvolveuuma série de recomendações para melhorar a pro-teção e a gestão do meio ambiente marinho doÁrtico (CAFF, IUCN e PAME, 2000).

Devido à tendência de aquecimento atual eaos interesses de exploração no Ártico, espera-seque haja uma maior exploração do meio ambientemarinho do Ártico e uma maior competição por van-tagens estratégicas (Morison, Aagaard e Steele,2000). No entanto, se as regras da CNUDM paradefinir os limites dos recursos marinhos no fundodo mar (International Seabed Authority, 2001) foremaplicadas ao Mar Ártico, as amplas plataformas con-tinentais transferirão quase todo o fundo do mar doÁrtico para o controle nacional dos estados árticos(em 2001, apenas a Federação Russa e a Noruegahaviam ratificado a CNUDM).

A ANTÁRTIDAO Oceano Austral representa aproximadamente 10%dos oceanos do mundo. Grandes áreas do OceanoAustral estão sujeitas ao gelo marinho sazonal, quese expande de cerca de 4 milhões de quilômetros qua-drados no verão austral a 19 milhões de quilômetrosquadrados no inverno (Allison, 1997).

A extensão do gelo marinho da Antártida foiestimada mediante o uso de registros de pesca a ba-leias no Oceano Austral desde 1931 (de la Mare, 1997).Pesquisas sugerem uma diminuição da cobertura degelo marinho de quase 25% no início desse período.Entretanto, observações de satélite indicam que hou-ve pouca alteração na distribuição do gelo marinhoda Antártida durante as décadas de 1970 e 1980(Chapman e Walsh, 1993; Bjørgo, Johannessen eMiles, 1997); ao contrário, parece que a extensão dogelo marinho na região aumentou levemente duranteessas décadas (Cavalieri e outros, 1997). Um modeloclimático sugere uma redução máxima do gelo mari-nho antártico de cerca de 25% e a duplicação do nívelde CO

2, sendo essas alterações distribuídas de forma

relativamente igual por todo o continente (IPCC, 1998).

Degradação dos recursosNão há muitas dúvidas sobre o fato de que as ativida-des pesqueiras atuais representam o maior problemaambiental do Oceano Sul. A pesca antártica teve iní-cio no final da década de 1960, com a exploração do

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Referências: Capítulo 2, zonas costeiras e marinhas, as Regiões Polares

bacalhau antártico Notothenia rossii, uma espéciedizimada nos primeiros dois anos de pesca. O krill e opeixe da espécie Champsocephalus gunnari tambémformaram a base de estoques importantes. A capturade peixes de barbatana diminuiu na década de 1980,mas o desenvolvimento de pesca com espinhel paramedusas (Dissostichus eleginoides e D. mawsoni)fez ressurgir a exploração (Constable e outros, 1999).A pesca no Oceano Austral é regulamentada e geridapela Convenção para a Conservação dos RecursosVivos Marinhos Antárticos (CCAMLR).

PoluiçãoA contaminação por hidrocarbonetos no OceanoAustral é muito baixa e muito difícil de resolver, emcomparação com os níveis naturais que servem deantecedente (Cripps e Priddle, 1991). Poucos inciden-tes de derramamento foram relatados na Antártidadurante a década passada (COMNAP, 2000), sendoque o maior deles ocorreu quando o Bahia Paraisoencalhou na Península Antártica em 1989, causandoo vazamento de 600 mil litros de combustível.

Foi comprovado que pequenos derramamen-tos de diesel tinham impactos menores, localizadose de curto prazo sobre o meio ambiente marinho ecosteiro da Antártida (Green e outros, 1992; Crippse Shears, 1997). No entanto, um grande vazamentode hidrocarbonetos na proximidade de zonas de re-produção, de colônias de animais marinhos ou deimportantes habitats de espécies pode ter impactossignificativos. Essa questão tem uma importânciacada vez maior, já que se prevê um maior nível de

operações com embarcações, inclusive de turistas,nas águas antárticas.

Políticas de respostaAs Partes Consultivas do Tratado Antártico solici-taram aos países que ainda não se tornaram Partesdo Protocolo ao Tratado Antártico sobre ProteçãoAmbiental, especialmente àqueles que contam comatividades turísticas organizadas em seus territóriosantárticos, que adotem as disposições ambientais doProtocolo o mais cedo possível. Em 1999, as Partesdo Tratado Antártico deram prioridade ao desenvol-vimento de diretrizes ambientais e de segurança notransporte marítimo na Antártida, até que seja finali-zado o Código de Prática da Organização MarítimaInternacional para embarcações em operação nasRegiões Polares.

Seguindo a decisão da Austrália e da Françade não assinar a Convenção para a Regulamentaçãodas Atividades sobre Recursos Minerais Antárticos(CRAMRA) em 1989, as Partes do Tratado Antárticonegociaram e então entraram em acordo sobre o Proto-colo ao Tratado Antártico sobre Proteção Ambiental, oProtocolo de Madri, em 1991. O Protocolo inclui disposi-tivos que estabelecem princípios ambientais que regem aconduta de todas as atividades realizadas na Antártida,proíbem a exploração mineral, estabelecem um comitê deproteção ambiental (Committee for EnvironmentalProtection – CEP) e exigem o desenvolvimento de pla-nos de contingência para responder a emergênciasambientais. O Anexo IV do Protocolo inclui medidas es-pecíficas relativas à prevenção da poluição marinha.

Green, G., Skerratt, J.H., Leeming, R. and Nichols, P.D.(1992). Hydrocarbon and coprostanol levels in seawater,sea-ice algae and sediments near Davis Station in EasternAntarctica. Marine Pollution Bulletin, 25, 9-12, 293-302

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Page 30: Zonas costeiras e marinhas

227ZONAS COSTEIRAS E MARINHAS

NOSSO MEIO AMBIENTE EM TRANSFORMAÇÃO: a Geleira de PineIsland, Antártida

Texto e imagens: NASA/GSFC/LaRC/JPL, MISR Team

As imagens acima mostram o despren-dimento de um grande iceberg da Ge-leira de Pine Island, na região oesteda Antártida. Esse evento ocorreu emalgum momento entre o dia 4 e 12 denovembro de 2001 e fornece provas

contundentes das rápidas mudanças pelas quaisessa parte da Antártida passa. O iceberg mede cercade 42 x 17 km.

A geleira de Pine Island é a maior fonte dedesprendimento de gelo na Antártida e a geleira quese desloca mais rápido no continente. Ela está locali-zada em uma área da camada de gelo da região oesteda Antártida que é tida como a mais suscetível a umcolapso, o que faz com que a evolução da geleira sejade grande interesse para a comunidade científica.

Em meados de 2000, uma grande fissura seformou de um lado ao outro da geleira, que entãocomeçou a crescer rapidamente. Alguns dados indi-cavam que a fissura estava crescendo cerca de 15

metros por dia. As imagens mostram que o últimosegmento de 10 km que ainda estava ligado à plata-forma de gelo se desprendeu em uma questão de dias.

A primeira imagem desta série foi tirada no fi-nal de 2000, no início da formação da fissura. A se-gunda e a terceira imagens foram tiradas em novem-bro de 2001, logo antes e logo depois da formação donovo iceberg.

O iceberg recém-formado representa quase seteanos de deflúvio de gelo da geleira de Pine Island Glacierlançado ao oceano em um único evento. O significadoclimático desse desprendimento ainda não é claro. Noentanto, quando associado a medições anteriores domesmo instrumento e a dados provenientes de outrosinstrumentos que catalogam o retrocesso da linha apartir da qual o gelo começa a flutuar, o fluxo cada vezmais acelerado de gelo e a contínua diminuição da co-bertura de gelo marinho em frente à geleira, isso ofere-ce aos cientistas evidências adicionais de mudançasrápidas em curso na região.

16 de setembro de 2000 4 de novembro de 2000 12 de novembro de 2001