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J] ' a n n oIjOMUSTG-O, 6 IDE MARÇO DE 1904 N.° i38
S E M A N A R IO N O T I C I O S O , L IT T E R A R IO E A G R IC O L A
Assi^natiirii ;!Anno, iSooo réis; semestre, 5oo réis. Pagamento adeantado I i Para o Brazil, anno. 2S5oo réis (moeda f o r t e ’ A Avulso, no dia da publicação. 20 réis. H
EDITOR— José Augusto Saloio | 19, i.° - RUA D IREITA —ALUEGALLKGA
P u b licaçõ esAnnuncios— t.a publicação. 40 réis a linha, nas seguintes,
20 réis. Annuncios na 4.» pagina,, contracto especial. Os euto- . graphos não se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
E X P E D I E N T E
R ogam os aos n o sso s estim áveis a s s ig n a n te s a fljgcza de nos p a r t ic ip a rem q u a lq u e r fa lta na re incssa «lo jo rn a l . p a ra de p ro m p to p ro v id e n c ia r mos.
Acceitam -se com g ra ti dão q u a e s q u e r n o tic ia s que sejam dc in te re s s e paihiico.
0 PARLA-MpiTOUm destes últimos dias,
numa sessão tumultuosa da camara dos deputados, chegou a haver toques de apito.
Parecia uma reunião de rufiões em casa de má nota.
Um extrangeiro que estivesse de passagem em Lisboa e fosse nesse dia assistir a uma sessão do parlamento havia de sahir d alli profundamente maravilhado pelas scenas edificantes a que assistira.
Dirigem-se doestos, quebram-se carteiras, mas não se faz nada de utilidade para o paiz; pelo contrario, votam-se mais impostos para o povo, que já nada mais pode dar senão o sangue das veias.
E como hão de os venerandos paes da patria oc- cupar-se com a situação do povo, com a existencia dos pobres e dos miseráveis, se elles nunca conheceram da vida senão os gosos e as venturas? Nunca viram o reverso da medalha e por isso não podem avaliar as privações por que passam os desprotegidos da sorte.
O desleixo das classes baixas tem contribuído tambem muito para isso. Se houvesse uma associação poderosa de operários que escolhesse entre si homens competentes (porque ha nessa classe intelligen- cias brilhantes) e por uma vontade de ferro e um arrojo tenacissimo,conseguisse leval-os ás cadeiras do parlamento, poderia ter então quem cuidasse dos seus interesses. Assim não; ha
de ser o povo eternamente espoliado; menosprezado, calcado aos pés.
Ha ainda homens honestos e de boa vontade; o que não ha é quem lance mão d’eiles. Não é com fio res de rhetorica que se muda a situação de qualquer povo ou de qualquer classe; é com actos de abnegação e ás vezes de heroismo.
Trate-se de fazer o par lamento o que elle deve ser; que vá para lá quem saiba tratar dos interesses do paiz, mas a serio, muito a serio, ou então feche-se, por medida de salubridade publica.
JOAQUIM DOS ANJOS.
Ao s r . d i r e c to r gera l dosc o r re io s
Como se sabe, Aldegallega, é grande e de muito commercio; pois,'para toda ella, ha só apenas um distribuidor e doente bem digno de reforma pelos muitos annos de serviço* emprego que hoje exerce com grande difficuldade. D ’isto, porém, resulta que as correspondencias cheguem tarde aos seus destinos, sendo com isso os commerciantes muito prejudicados.
O ra como o correio aufere bons lucros nesta villa, mais uma vez pedimos mui respeitosamente ao sr. director geral dos correios se digne lançar sobre nós os seus olhos misericordiosos, mandando para aqui mais um empregado, o que não é de mais, em consequencia do muito serviço.
Ousamos esperar que a nossa humilde petição seja attendida.
Da benemerita «Sociedade Portugueza da Cruz Vermelha», de que é digno presidente o sr. duque de Palmella, recebemos a seguinte communicação a que do coração nos associámos:
«A grande obra humani- taria de que se occupam actualmente todos os po
vos da Europa e da America, e que tem por fim suavisar, quanto possivel, os males da guerra russo- japoneza, prestando soc- corro aos feridos e doentes de ambas as partes be! ligerantes, poz em actividade a commissão central da Sociedade portugueza da Cruz Vermelha, a que presido, a qual resolveu, na sua sessão de 2.3 do corrente, dirigir um calo roso appello a toda a im prensa Periódica do paiz, sollicitando o seu poderoso auxilio para a iniciação de uma subscripção publica em favor das victimasda guerra.
Conta a commissão central da Cruz Vermelha, para a realisação do seu proposito, com as sympa- thias de todas as pessoas caritativas, e espera que estas se apressarão a colla- borar nesta obra, a qual representa não só a pratica da sublime virtude do amor christão, mas um encargo patriotico; pois seria deplorável que a nacionalidade portugueza figurasse pela abstenção, na lista de todas as outras nacionalidades, que tão des- veladamente estão concorrendo com valiosissimos donativos para soccorro das victimas da guerra.
Por tudo isto, e dando cumprimento ás deliberações da commissão central, tenho a honra de dirigir- me a V. Ex.a, invocando os seus sentimentos hu- manitarios, e patrioticos, para que se digne auxiliar- nos, concedendo e impetrando, de todos os cidadãos e de todas as collec- tividades, quaesquer donativos em dinheiro, os quaes ---pequenos ou grandes — serão recebidos com igual reconhecimento e irmãmente distribuidos, por metade, entre os Comités Centraes da Cruz Verm elha Russa, e da Cruz Vermelha Japoneza, com quem estamos em correspondência.
A commissão central portugueza não hesita em garantir, por si e pelos referidos Comités Centraes
dos paizes belligerantes, fiel applicação de todos os donativos, ao fim para que são subscriptos.
Contando antecipada mente com o resultado da subscripção, a nossa com missão central fez já um; primeira, remessa de ioo libras esterlinas a cada um dos referidos Comités.
Na séde da Sociedade, Praça do Commercio, esquina da rua da Prata, se recebem desde já, e em todos os dias (com excepção dos domingos) das 11 ás 4 horas, quaesquer donativos individuaes ou col- lectivos. Para o mesmo local pode ser remettido o aviso de vales postaes no- minaes, pagaveis á Sociedade da Cruz Vermelha ou ao seu thesoureiro.»
A G R I C U L T O R AA d c s p o a ta das b a ta te i
ra s
Ha quem use, e com bom resultado, o seguinte processo de augmentar a producção das batateiras, livrando-as ao mesmo tempo do mal que lhes queima a rama, ofténdendo o tubérculo.
O processo é simples e barato: com um canivete, ou navalha bem afiada, cortam-se os cucurutos das batateiras, deixando-lhes apenas algumas folhas a revestir-lhe os talos. Esta operação faz-se quando as plantas estão para dar flor.
Outras pessoas tem experimentado, e dizem que tambem com bom exito, cortar-lhe a flor unicamente pelo pé; quando ella quer abrir. Mas isto sae muito dispendioso, pois é necessário que-alguem esteja constantemente na plantação em cada desabrochar das flores, que é sempre irregular.
Em vários pontos da França procedem por outra forma com o mesmo fim.
Quando dão a ultima sacha aos batataes, fazem amontoa junto de cada pé, ao mesmo tempo que o trabalhador, pondo o seu
pé sobre o da batateira e deitando-lhe a rama para o lado, carrega de maneira a aleijar a planta a ponto de ficar tombada.
Qualquer destes processos, como muito bem se comprehende, tem por fim fazer refluir a seiva para as batatas, creando-as grossas e em maior porção, em vez de perder-se na rama inutilmente.
Pouco custará pôr em pratica um dos tres processos apontados, aquelle que melhor pareça ao cultivador.
Aconselhamos-lhe até que experimente em meia duzia de pés de um batatal e que compare a producção destes com a producção dos pés em que não fizer experiencia.
la s trad as
Mais uma vez lembrámos a quem competir o péssimo estado em que se encontram as estradas que d’esta villa conduzem ao Pinhal Novo e Moita. E’ tão péssimo que, em certos pontos, para carros passarem, teem as pessoas de ir a pé, receiando desastre. Era, porém, de grande utilidade que se mandasse cobrir de pedra britada os maiores precipícios, pois que no péssimo estado em que estas estradas presentemente se encontram, é de todo impossível transitar por ellas livre de perigo.
C irco Aneado
Com uma enchente, ef- fectuou-se no preterito domingo no Circo Amado, um brilhante espectáculo, ficando todos os espectadores satisfeitos.
O espectáculo d’hoje deve tambem ser de primeira ordem, em vista dos números novos de trabalho que hoje serão executados, taes como: 0 Pif-paf-puf, trabalho de muito effeito pelos artistas Arthur Paterna, Manuel Amado e Julie- te, a pantomima Os tanoeiros de P a ris e novas entradas cómicas. Deve ser um bom espectáculo.
2 O DQM1NGO
Maio p e ix e pòdre
Soubémos que ha dias foi vendido ao digno vereador da nossa camara, ex.'n0 sr. Antonio dos Anjos Bello, peixe em estado de podridão.
Ainda bem que o abuso dos amigos da saude do proximo já chegou a um camarista! Até faz vontade de rir! Agora só faltam os srs. sub-delegado de saude e administrador do concelho.
Devido á falta de espaço não nos alongámos mais por hoje, o que ficará para outro d ia . . . talvez para o proximo numero.
L u tu o sa
--.Falleceu nesta villa, victima da tuberculose pulmonar, na noite de 29 de fevereiro pela’s 10 horas, Domingos Simões, moço de padeiro, de 21 annos de edade, natural de Alcochete.
que seja a fórma, desde 1 de março até i 5 de agosto inclusivè;
2.0 — Q u j todo aquelle, que fôr encontrado neste concelho transgredindo os citados preceitos,, será capturado, e quando o não possa ser em flagrante será autoado, e remettido ao poder judicial para ahi lhe ser imposta a pena commi- nada no artigo 25q do Co- digo Penal, sem prejuizo da pena maior pelo uzo ou porte de armas sem licença, comminada no artigo 253 do dito Codigo.
jE para que chegue ao conhecimento de todos, mandei passar o presente e idênticos que serão affixa- dos nos logares do costume. «Abranches.»
A u n iv crsa r io s
Completou no dia 1 do corrente o seu 2.0 anniversario natalicio, o menino José, filhinho do nosso amigo, sr. Antonio Luiz Gouveia. O s nossos parabéns.
— Tambem no dia 3 o nosso amigo, sr. Joaquim Antonio Nunes, bemquisto commerciante da praça de Lisboa, completou mais um anniversario natalicio. D ’a- qui lhe enviámos as nossas felicitacões.
T ufão
Sentiu-se hontem, nesta villa, pelas 10 horas e meia da manhã, um grande tufão, que abalou algumas casas menos abrigadas, as sustando as pessoas que se achavam dentro.
Até á hora do nosso jornal entrar na machina não soubemos que se désse qualquer desastre.
No dia 2 do corrente, foram afhxãdos editaesnos logares mais públicos de este concelho, do theor seguinte:
«Edital — O administrador do concelho de Aldegallega do Ribatejo, etc.
Convindo suscitar a ob- servancia dos regulamentos administrativos sobre o exercido da caça, faço saber:
i.° — Que é vedado o exercido da caça, qualquer
O vap or “ A talaya,,
Deve chegar ao Tejo brevemente, para a Parce-1 ia dos Vapores Lisbonen- ses, o novo vapor Atalaya, que aquella empreza mandou construir no extran- geiro e que se destina ás carreiras entre esta villa e a capital.
Em consequencia das nevadas consecutivas, é geral, n’esta villa e suas cercanias, o descontentamento entre os agricultores que fizeram a sementeira de batatas.
E’ hoje qu j a Companhia do Theatro Lisbonense, realisa a sua estreia em Setúbal, para onde vae demorar-se alguns mezes.
UM SONHODeitem nas taças vinho de Falerno!B rilh e, espumante, o rubido lico r!Quero em meu ser deslumbramento eterno! Quero em minhalma júbilos d'am or!
Venham junto de mim mulheres formosas Em briagar-m e d lu\ do seu olhar! Ornem-me a fronte depuniceas rosas! Beijem-me o rosto os raios do luar!
Quero entoar a divinal canção Do goso, dopra\er e da folia;Sentir pulsar um joven coração A o pé do meu, em magica poesia!
Quero vêr um paraiqo verdadeiro,Cheio d ’encantos mil, na vida humana!. ..
Ouço bater d porta... E ’ o padeiro Que vem pedir-me a conta da semana.
JOAQ UIM DOS ANJOS.
PENSAMENTOS
A vida ê 0 começo da morte, como uma véla que ao accender-se começa o proprio anniquilamento.
— A vida é uma escola onde ninguém tem tempo de acabar 0 curso de philosophia.
— A saudade é a poesia de todo o homem. 0 que melhores poetas teem dito, melhor teem sentido pessoas que nunca fizeram versos.— C. C. Branco.
A N E C D O T A S
N 'uma noite de baile official. Chove. Um empregado estd de plantão, com ordem expressa de fazer pousar os guarda-chuvas de todos os convidados.
Apresenta-se um sujeito:— Pouse o guarda-chuva! diz 0 empregado.0 convidado insiste em entrar.— Pouse o guarda-chuva! repete o porteiro.— Não trago guarda-chuva, homem!— São ordens que recebi; sem o pousar ahi não pode
entrar.■— Como? se não o trouxe. ..— Vá buscal-o, tenha paciência.
N'um a disputa:— 0 senhor se se não cala immediatamenle, dou-lhe
um pontapé. ..— A mim? Queria vêr is s o ...— N o sitio onde eli llio quero applicar, não o pode
vêr.— mesa—
Entre duas meninas:— Não gosto de Alberto porque me parece que não
hesita em dizer uma mentira.— A h ! lá isso hesita.— Porque?— Porque é gago?
LITTERATURAL u iz in h a
Uma encantadora aldeã a Luizinha.
Ninguém diria, ao vêl-a que ella era uma simples filha dos campos.
Os cabellos de ébano, os olhos castanhos escuros e as sobrancelhas da mesma côr faziam-lhe sobresair vigorosamente o rosado do seu rosto.
Os labios purpurinos pro-, vavam alimentar-lhe as veias sangue novo e vivaz. As roupinhas de chita clara parecem querer estalar aos esforços de um soberbo seio. Todos os seus movimentos denunciavam seiva e frescura; e qualquer dama de elevado nascimento ter-lhe-ia invejado a pequenez da mão e a fórma do p é . . .
Tinha o seu mais que tudo. Era o Joaquim das Faias, um famoso rapagão que, pelos modos, não podia chamar-se um namorado fiel.
Em todo o caso corria de bôca em bôca que elle levaria á egreja a Luizinha para novas colheitas—-logo depois do S. João.
E o S. João chegou. Luizinha não quiz ir aos
bailaricos, andava triste. Apenas foi vêr as fogueiras com outras aldeãs, suas amigas, e queimou com ellas uma alcachofra.
De madrugada verificou Luizinha, que todas as alcachofras tinham florido menos a su.i!
Tornou-se triste.Dias depois, uns quinze,
se tanto, a um domingo, o sr. padre prior dizia a missa conventual. Ao lavabo voltou-se para os fieis, com meia folha de papel sellado na mão, e leu pausadamente, mas com voz um tanto aflautada:
«Na fórma do Sagrado Concilio Tridentino: querem contrahir o Santo Sacramento do matrimonio
6 q FOLHETIM
Traducção de J. DOS ANJOS
D E P O I S D T P E C C A D OL iv ro S egu u d o
1
— Então, fez bem em vir cá; aqui é o refugio dos afflictos e alli tem o consolador, accrescentou a irmã. mostrando o Christo pregado na cruz. Náo se pode fazer nada para acalmar as suas maguas? perguntou ella.
— Nada, respondeu timidamente a Magdaiena; peça a Deus que me ajude; só elle me pode curar.
— Tambem é preciso querer, minha filha; por muito cruel que seja o mal que a atacou, ha de ser Acalmado
se o comparar com as misérias alhe:as. Olhe em roda de si e ha de vêr dores mais crueis que as suas.
A Magdaiena apertou n mão da irmã sem proferir palavra. Estava com- movida a ponto de não poder falar,
mas socegada pelo soccorro que a santa creatura acabava de lhe trazer.
A f stou-se lentamente e sahiu. Era já noite. Foi para casa, sem vêr nem ouvir nada. concentrada nas suas reflexões.
— D’onde vens? exclamou a sr.a Telem aco; assusta te-me deveras. Sabes que sáo quasi oito horas? Tive medo que fizesses alguma tolice.
— E's doida! disse a Magdaiena; já
devias saber que náo sou mulher que faça tolices.
— Em fim , já cá estás, é o q»ie se q u ir. E ’ verdade, accrescentou a sr.a
Telemaco, veio. es te telegramma para ti.
— E ’ do Riballier. exclamou a Magdaiena com terror, antes de o abrir.
Rasgou o sobrescripto e leu:«Venha immed atamente. se quer
encontrar o seu pae ainda com vida. Mandei preparar a sua casa para a receber. Mande-me dizer a hora a que chega, para eu ir esperal-a a P rivas. — Riballier.»
—-Não me enganava, tornou a M - gdalena, veem todos os castigos ao mesmo tempo. Quero partir immedia- tamente.
— E' impossível, minha filha, objé- ctou a sr.a Telemaco; agora náo ha comboio.
— E ’ verdade, murmurou a Magda lena; então iremos amanhã; prepara tudo para ;res comm go.
A sr.a Telemaco fez uma careta;
antes queria ficar em Paris, porque suppunha, e com razão, que uma viagem a Antraigues, em cii cumstancias tão dolorosas, não podia ser muito alegre. Mas a Magdaiena tinha falado; era ) reciso obedecer, e a sr.a Telemaco, julgando que a hora não era propicia para a resistencia, resignou-se.
IIDois dias depois, pelas nove horas
da manhã alguns momentos antes da chegada do comboio de P; ris, um homem vestido de preto, parecendo ter uns trinta annos, magro e alto, de rosto ossudo e pallido passeava na es- t ção de Priva-., onde fòra admittido por favor especial, para receber as pessoas a quem esperava. Como o chefe da estação se approximasse d'el- ie com o desejo evidente de travar
conversação, parou e perguntou-lhe:— O comboio teve atrazo?
. — Só alguns minutos, sr. Riballier; vem ahi já, tenha passiencia.
— O h! tenho muito tempo, respondeu o tabellião; vem de Antraigues para esperar duas pessoas.
— De Paris?— Sim, duas senhoras.O chefe afastou-se para dar ordens.
Riballier continuou o seu[passeio silencioso e tornou a cahir nas suas meditações. Mas foi logo distrahido pela bulha que se fazia em roda. O uviu-se um silvo estndente, e logo a a pesada machina, arrastando comsigo oito on dez carros, appareceu e entrou na estação com grande ruido.
(Continua^.
j0aquim das Faias com Gertrudes Perdig-ota, . .»
N’este ponto, um grito de dôr se ouviu em todo o templo.
O sr. prior interrompeu a leitura.
Luizinha por que era ella que soltára aquelle grito, tinha desmaiado.
Houve muitos ditinhos e risadinhas.
Luizinha tornou a si, sa- hiu da egreja, e o sr. padre concluiu a leitura.
Correu um mez. Durante elle houve o quer que fosse entre os futuros consortes. As más linguas tiveram pasto á farta. O caso é que o casamento de Joaquim das Faias com Gertrudes Perdigota... foi pela agua abaixo, apezar dos esforços do sr. padre prior que não queria perder a espórtula do estylo pela união daquellas duas almas.
Joaquim das Faias vol- tou-se de novo para Luizinha, e pediu-lhe a mão.
E ella disse-lhe com um sorriso a brincar-lhe nos labios:
— Olhe, vá no domingo á missa que lá lhe darei a resposta.
Joaquim das Faias foi cheio de esperança e contentamento.
Ao lavabo, o sr. padre prior leu:
«Na fórma do Sagrado Concilio Tridentino, querem contrahir o Santo Sacramento do Matrimonio, Manuel dos Santos, com Luizinha. . . »
Não se ouviu na egreja nenhum grito de dôr; mas viu-se que Joaquim das Faias ficou de cara á banda.
E uma senhora visinha exclamou em voz baixa:
— Toma que te dou eu! Apanha lá este pião á unha, Joaquimsinho!
Outra senhora visinha:— Pregou-lha na meni
na do olho, a tal Luizinha! Quem haver a de d izer!. . .
D’esta vez o senhor Padre prior não perdeu a espórtula.
O DOMINGO
ANNUNCIOS
EDITALA Cam ara Municipal do
Concelho de Aldegallega do Ribatejo, manda annun c>ar que no dia i 3 do proximo mez de março pelas2 horas da tarde na Sala dos Paços do Concelho, Procederá ás arrematações
do imposto nas carnes verdes para consumo dos habitantes d’esta villa e Sarilhos Grandes, renda da casa do Talho e Matadouro Publico, pelo tempo de uni anno, a contar do primeiro de abril proximo.
As condições para estas arrematações acham-se patentes todos os dias não santificados, nesta Secretaria.
E para constar se mandou passar o presente e outros de egual theor para serem affixados nos logares do costume.
Aldegallega do Ribatejo,19 de fevereiro de 1904.
O Secretario da Camara
Anlonio Tavares da Silva.
TYPOGftAPHOPrecisa-se na typogra
phia d’este jornal d’um rapaz para aprender a arte de typographo.
TEIXEIRA DE PASCOAES SEMPRE
Um volume de 32 5 paginas, edição luxuosa
5oo réis.
J E S U S E P A Í NPreço 400 réis
Pedidos á Livraria Editora de José Figueirinhas Junior — Rua das O liveiras, 75 — Porto.
a n n u n c io
( i . a P u b licação)
Por este juizo, e pelo inventario por obito de Antonio Gonçalves Caipira, e cabeça do cazal a viuva Luiza Rita de Jesus, d’esta villa, é posto em venda no tribunal d’esta comarca no dia 20 do proximo mez de março pelas 12 horas da manhã, o seguinte predio, e pelo maior preço que for offerecido, e superior ao posto em praça:
Um a fazenda de vinha, arvores e terras de semeadura no sitio da Figueira da Vergonha, limites de esta freguezia, foreira em 6^000 réis annuaes e laudemio de quarentena aD. Gertrudes Maria da Piedade Quaresma, e o dominio util avaliado e posto em praça no valor de 3703500 réis.
O arrematante, além das despezas da praça,
pagará por inteiro a competente contribuição de registo.
Aldegallega do Ribatejo, 29 de fevereiro de 1904.
o E S C R IV Á O
Anlonio Julio Pereira Moutinho.Verifiquei a exactidão.
O JU IZ DE D IR E IT O
i.° Substituto no impedimento do propretario,
Antonio Tavares da Silva.
ANNUNCIO
! ALDEGI LLEGI
(2 .a P u b licação)
Por este Juizo de Direito, cartorio do primeiro officio e inventario orphanologico por obito de Maria Rosa de Pinho, que foi residente no Samouco, e no qual é inventariante Abellar Augusto Huerta de Oliveira, hão de ser postos em praça, na casa pertencente ao casal sita no logar do Samouco, no dia 6 do proximo mez de março, por 11 horas da manhã, e pela segunda vez, os bens moveis e semoventes que não foram arrematados na primeira praça, por metade do preço das suas avaliações.
E no dia i 3 do mesmo mez pelo meio dia ha de ser posto em praça á porta do Tribunal de este Juízo, um predio rústico e urbano situado no Becco do Prior do referido logar do Samouco, o qual é livre e allodial, no valor de réis 3:ooo$ooo.
Pelo presente são citados quaesquer crédores incertos para assistirem á praça querendo.
Aldegallega do Ribatejo, 20 de fevereiro de 1904.Verifiquei a exactidão.
O JU IZ DE D IR E IT O ,
1.0 Substituto
Antonio Tavares da Silva.
O E S C R IV Á O
José M aria de Mendonça.
ANNUNCIO
l AI í CA DE ALDEGALLEGA
(5í.a P u b licação)
Por este Juizo de Direito, cartorio do primeiro officio e inventario orphanologico por obito de Domingos Fernandes Alcaide, e no qual é inventariante
Maria da Conceição, desta villa, vae á praça á porta do Tribunal de esta comarca, no dia i 3 do proximo mez de março pelas 12 horas da manhã, pela segunda vez, afim de ser arrematado por preço superior ao de duzentos mil réis, a seguinte propriedade :
Um moinho de vento, com um cerrado e duas moradas de casas, situado na praia da freguezia de Alcochete, foreiro em 120 réis annuaes, com laudemio de quarentena á Camara de Alcochete, e uma pensão de uma missa annual.
Pelo presente são citados quaesquer crédores incertos para assistirem á praça querendo.
A. contribuição de registo é paga por inteiro pelo arrematante.
Aldegallega do Ribatejo, 20 de fevereiro de 1904.
Verifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O
i.° Substituro,
Antonio Tavares da Silva.
O E S C R IV Á O
José M aria de Mendonça.
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visitem tão util estabelecimento. ,s9
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4 O DOMINGO
COMMERCIO DO POVOG R A N D E A R M A Z É M
Tendo continuado a augmentar o movimento d’esta já bem conhecida casa commercial pela seriedade de transacções e já tambem pela modicidade de preços porque são vendidos todos os artigos, vem de novo recommendar ao publico em geral que nesta casa se encontra um esplendido sortido de fazendas tanto em fanqueiro como em modas, retrozeiro, mercador; chapelaria, sapataria, rouparia, etc., etc., prompto a satisfazer os mais exigentes e
AO A L C A N C E D E T O D A S A S B O L S A SDevido á sahida do antigo socio d’esta casa, o ill.mo
sr. João Bento Maria, motivada pelo cansaço das lides commerciaes, os actuaes proprietários resolveram am- plear mais o actual commercio da casa dotando-a com uns melhoramentos que se tornam indispensáveis a melhorar e a augmentar as várias secções que já existem. Tom am, pois, a liberdade de convidar os seus estimáveis freguezes e amigos, a que, quando qualquer compra tenham de fazer, se inteirem primeiro das qualidades, sortido e preços porque são vendidos os artigos, porque decerto acharão vantagosos.
A divisa d'esta casa é sempre ganhar pouco para vender muito e vender a todos pelos mesmos preços, pois que todos os preços são fixos.
Visitem. pois. o Commercio do Povo________■
MMS DE CA li VÃ LHO & SILVARua Direita, 88 e go — ; — Rua do Conde, 2 a 6
Aldegallega do R ibatejo
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ESTEVÃO JO S E DOS REISO F F I C I N A DE C A L D E I R E I R O D E C O R R E
l l l l l l l l l l l l l l i l l l l i l l l l is i l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l
Encarrega-se de todos os trabalhos concernentes á sua arte.
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R U A D E JO S É M A R L I D O S S A N T O S ALD EG A LLEG A
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AvÉtlH.O M f t W W S O m W T O S T IT EVende e concerta toda a qua
lidade de relogios p o r preços modicos. Tambem concerta caixas de musica, objectos de ouro, prata e tudo que pertença d arte de gravador e m.vanisador.
GARANTEM-SE OS CONCERTOS
1, 88ua do Poço.142
MERCEARIA RELOGIO(SUCCESSO RES)
Franco & Figueira—0000c
Os proprietários d’este novo estabelecimento participam aos seus amigos e ao publico em geral, que teem á venda um bom e variado sortido de artigos de mercearia, especialidade em chá e café, confeitaria, papelaria, louças pó de pedra. Encarregam-se de mandar vir serviços completos de louça das principaes fabricas do paiz, para o que teem á disposição do publico um bom mostruário. Petroleo, sabão e perfumarias.
Únicos depositários dos afamados Licores da F a brica Seculo X X , variado sortido em vinhos do Porto das melhores marcas, conservas de peixe e de fructas, massas, bacalhau de differentes qualidades, arroz nacional e extrangeiro, bolachas, chocolates, etc., etc.
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& Com p.a
Farinha, semea, arroz nacional, alimpadura, fava, milho, cevada, aveia, sulphato e enxofre.
Todos estes generos se vendem por preços muito em conta tanto para o consumidor como para o revendedor. 132
Etna «lo Caes — ALDEGALLEGA
PRAÇA SERPA PINTO —ALDEGALLEGA
CARVÃO DE KOKEDas Companhias Reuni
das Gaz e Electricidade, de Lisboa, a 5 0 0 réis cada sacca de 45 kilos
— >46Largo da Caldeira
— * A L D E G A L L E G A *—
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OS DRAMAS DA CORTE
(Chronica do reinado de Luiz X V )
Romance historico p o r E. LA D O U C E T T E
Os amores trágicos de Manon Les- raut com o ceiebre cavalleiro de Grieux, formam o entrecho doeste romance, rigorosamente historico, a que Ladoucette imprimiu um cunho de originalidade deveras encantador.
A< corte de Luiz xv, com todos os seus esplendores e misérias, é escripta magistralmente pelo auctor d’0 Bastardo da Rainha nas paginas do seu novo livro, destinado sem duvida a alcançar entre nós exito egual áquelle com que foi recebido em Paris, onde se contaram por milhares os exemplares vendidos.
A edição portugueza do popular e commovente romance, será feita em fasciculos semanaes de 16 paginas, de grande formato, illustrados com soberbas gravuras de pagina, e constará apenas de 2 volumes.
8 0 ré is o fascículo4 ©O ré is o tomo
2 valiosos blindes a todos os assignantes
Pedidos á BibliothecaPopular,Em presa Editora, 162, Rua da Rosa, 162- Lisboa.
S A L C H I C H A R I A M E R C A N T l ^DE
(xM M ivL B I mm M M »N ’este estabelecimento encontra o publico, sempre
que queira, a excellente carne de porco fresca e salga, da, assim como:
CHISPE, C A B E Ç A E T O U C IN H OAeeelo esmerado! - P reços limitado^
5 7-B, Largo da Praça Serpa Pinto, 5 7-B
ALDEGALLEGA •fj^*
J O S E D A R O C H A R A R R O S A(osea ofíieiaía de Corree iro e ftelleiro
1 8 , RUA DO FORNO, 18 A 1j D Si U A 1.1. i<] A
Prí1*1 T ' PíT T Íu J í i j , i U I )1 J 1jI A j
Nacionaes e exoticosA A J lEX TK i.\TU).IN
Guano n.°12 6 9
azote5.04 °[o 3,54 °[o 5,6o °]o5.04 »[0
phosp.7.470 °[o4.04 °|o
12,24 °[o 12,56 0[o
potassa 0,47 0[o0,49 >
o,5S5 ojo o,5o °j<>
preço por kilo 26 réis 20 réis 34 réis 34 réis
SULPHATO DE POTASSIUMCom 5o °[o de potassa a 80 réis o kilo
Estes guanos podem ser mais ou menos potassados conforme a requisição dos lavradores.
Estão em elaboração outros guanos que depois de moídos e analysados serão annunciados
Recebem-se as saccas em bom estado
Fabrica e de}>osttos da Mova 525113»reza de Adubos Artificiaes em Aldegallega do Itibatejo no alto da ISarrosa.
E S C R IP T O R IO S : em Lisboa, Largo de S. Paulo, 12, 1°; em Aldegallega, Rua Conde Paço Vieira, 24.
}li O í i C l DD D I A R I O D E N O T I C I A SA GUERRA ANGLO-BOER
Impressões do Transvaal
Interessantíssima narração das luctas entre inglezes e boers, «illustrada» com numerosas zinco-gravuras de «homens celebres» do Transvaal e do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da
G U E R R A A N G L O -B O E R Por um funccionario da Cruz Verm elha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16 paginas.................. 3 o réisTomo de 5 fasciculos ........................................... i 5o »A G U ER R A A N G LO B O E R é a obra de mais palpitante actualidade.
N’ella são descriptas, «por uma testemunha presencial», as differentes phases e acontecimentos emocionantes da terrível guerra que tem e sp a n ta d o o mundo inteiro.
A G U ER R A A N G LO -P O ER faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes batalhas, combates» e «escaramuças» d’esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, tra svaalianos e oranginos, verdadeiros pr.odigios ae heroísmo e tenacidade, em que sáo egualmente admiraveis a coragem e dedicação patriótica de vencidos e vencedores.
Òs incidentes variadíssimos. cPesta contenda e itre a poderosa Inglater ra e as duas pequ nas republicas sul-africanas, decorrem atravez de verdadeiras peripecias, por tal maneiia dramaticas e pittorescas, que dão á GUEK- RA A N G LO -B O ER. conjunctamente com o irresistível attractivo d’uma nar* rativa histórica dos nossos d!as, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do D IA R IO DE N O T IC IA Sapresenfando ao publico esta obra em «esmerada edição,» e por um preço diminuto, julga prestar um serviço aos numerosos leitores que ao mesmo tempo desejam deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos s u c c e s s o s
que mais interessam o mundo culto na actualidade.
Pedidos d Empregado D IA R IO D E N O T IC IA S Rua do Diario de Noticias, 110— LISB O A
A g e n te em A ld e g a lle g a — A . M e n d e s P in h e ir o J u n io r .
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