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ITR^ROK- KJKdiO-Oív»- 0-
0 TRABALHADOR RURAL SUPLEMENTO MENSAL
ANO 4 - N9 19 - novembro/dezembro - 1982
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BIBLIOTECA
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PT V No LIMIAR DE UM NOVO ANO, OS TRABALHADORES RURAIS REFLETEM SOBRE
SUAS LUTAS E BUSCAM. DENTRO DE UM ESPIRITO DE UNIÃO E ORGANIZAÇÃO, OS
CAMINHOS QUE OS CONDUZIRÃO Ã CONQUISTA DA JUSTIÇA SOCIAL.
COMPANHEIROS,
Chegamos ao final de 1982, mais um ano no qual as lutas coletivas dos trabalhadores pela terra, por melhores condições de vida, pela va lorização do trabalho e pela participação mais efetiva na vida politT^ oa do País foram uma presença constante no panorama nacional.
Fazendo um balanço das lutas dos trabalhadores rurais no decorrer deste ano, concluimos que houve significativos avanços nos maié diVer_ sos campos de nossa atuação, apesar das dificuldades e repressões de- correntes do sistema polttico-econõmico em que estamos vivendo.
AS LUTAS E CONQUISTAS
A diminuição dos violentos me resistência dos trabalhadore Mo'vimento Sindical e com o apoo sileira; a manutenção de conqu por um maior número de assalari coletivas; a persistente busca Ia, mais favoráveis ao pequeno lhadores rurais constituem uma consciente da sua importância n reitos não podem continuar a se tis fazer interesses políticos e da.
AS VIOLÊNCIAS
despejos em massa, conseqüên s na terra, sob a liderança io de outros setores da soei istas e a obtenção de outro ados rurais, através de mo de novos critérios de políti agricultor, são provas de qu categoria profissional org a vida econômica do País e q r objeto de decisões tomadas econômicos de uma minoria p
cia da fir_ do nosso
edade bra- s direitos bi lizações oa agrico- e os traba anizada e ue seus di_ para sa-
rivilegia-
Por ou dores rura assassinat prisões il por patrõe nome da Se forma paci As tentati lidas com autoridade punição do
tro lado, a conquista dessas vitórias c is pesados sacrifícios. Ao longo deste os de 14 companheiros; as inúmeras vio egais de trabalhadores e dirigentes sin s e autoridades; os processos criminai gurança Nacional, continuam atingindo c fica e legítima, defendem os interesses vas de repressão ao nosso Movimento Sin energia, enquanto, por outro lado, cont s uma ação rigorosa no tocante ã apuraç s responsáveis.
ustaram aos trabalha ano, denunciamos os
lendas físicas e as dicais, praticadas s que, até mesmo em ompanheiros que, de
dos trabalhadores. dical tem sido repe- inuamos exigindo das ão desses crimes e
AS AMEAÇAS DE ARROCHO SALARIAL
Nesse momento, além do País, estão sendo anunciada
Há muito tempo, as auto gem ã população uma palavra fim do ano sem conseguir co da externa que já ultrapass vez mais querem jogar, sobr peso dos desmandos que prov que o País está mergulhado.
crescente aumento do desemprego em nosso s novas medidas de arrocho salarial.
ridades brasileiras da área econômica diri_ de ordem: apertar o cinto. Chegamos ao
brir, sequer, os pesados juros de uma dívi a os 80 bilhões de dólares. Agora, uma etudo nas costas da Classe Trabalhadora, o ocaram o agravamento da crise econômica em
Pretendem repassar aos trabalhadores
segue...
01 -
as imposições que o Fundo Monetário Internacional - FMI faz para auto_ rizav empréstimos especiais, São imposições que trazem o desemprego e o arrocho salarial, sacrificando toda a Nação e beneficiando3 ape- nas, as grandes empresas e as multinacionais,
No entanto, ê sabido que a atual política salarial brasileira não tem nada de inflacionãria. Estudos de reconhecidos órgãos nacionais e internacionais, como o DIEESE e o Banco Mundial, confirmam que os salários nada têm contribuído para a inflação em nosso País.
Por que, então, piorar a atual política salarial?
Por tudo isso, os trabalhadores do campo e da cidade não podem aceitar medidas que venham comprometer ainda mais as suas condições de vida e trabalho, se nao a sua própria sobrevivência.
Por tudo isso, ê hora de fortalecermos a luta unitária dos traba- lhadores contra o arrocho salarial e contra o desemprego.
AS ELEIÇÕES DE 15 DE NOVEMBRO
Em 15 de ís, com uma portãncia da colha de dir conquista do de governos só se intere
Queremos urnas, seja País sejam p
Manifest conquiste ei biçao de col mico. Eleiç povo.
novembro deste ano realizaram-s grande participação da população realização de eleições, forma d
igentes políticos. As últimas e povo brasileiro, que não pode m
impostos pela força ou escolhido ssam pela manutenção de seus pri
, nós trabalhadores, que a vonta respeitada e que todos os cargos reenchidos por eleitos pelo voto
amos a nossa esperança de que, n eições livres de manobras, como igações, bem como sem fraudes e ões, portanto, que possam refle
e eleições gerais no Pa- Vale ressaltar a im-
ireta e democrática de es_ leições representaram uma ais ficar sob o comando s por pequenos grupos que vilêgios.
de do povo, expressa nas de direção política do direto.
um futuro próximo, o povo o voto vinculado e a proi influência do poder econô_ tir a vontade soberana do
A DEMOCRACIA QUE DEFENDEMOS
Defendemos a participação democráti ções e em todas as decisões da vida nac possui condições bastante favoráveis a bem-estar de sua população. Mas essa p decisões sobre as prioridades na aplica ticipar das decisões da política agrári de todas as medidas de interesse da pop
Somente através da participação dos brasileira será possível dar novo rumo oentração de renda, que aí está favorece as multinacionais, em prejuízo dos inte
• ••
ca do povo brasi ional. Sabemos um progresso vol opulação precisa ção dos recursos a, agrícola, sal ulação.
vários setores á desastrosa pol ndo alguns grupo resses da maiori
leiro nas elei que nosso País tado para o
participar das Precisa par
arial, enfim,
da sociedade ítiaa de oon- s nacionais e a da população.
02
MOVIMENTO SINDICAL REPUDIA AS VIOLÊNCIAS
E A REPRESSÃO À LUTA DOS TRABALHADORES
0 Movimento Sindical de Trabalha ço, Tatu Assado, Centro dos Paulo,
dores Rurais vem manifestando ãs au- Lagoa do Capim e Cocalinho.
toridades e ã opinião pública em ge- Meses após meses, os trabalhado-
ra!, por meio de telegramas e notas res enfrentaram corajosamente as in-
oficiais, o seu repúdio ao assassina vestidas do grileiro e seus filhos. E
to de mais um companheiro, ELIAS-ZI mesmo sob pressões e ameaças de mor-
COSTA LIMA, Presidente do Sindicato tes proibição de plantarem suas ro-
dos Trabalhadores Rurais de Santa Lu ças^ agressões por capangas armados,
zia. Maranhão, ocorrido no dia 21 de qUeima de casas e lavouras, eles re-
novembro último. sistiram, procurando fazer valer di-
Em Santa Luzia, município assola reitos adquiridos a custa de muitos
do por violentos conflitos pela pos- anos de trabalho e sacrifícios,
se da terra, Elias-Zi vinha assumin- Nas tentativas de solução feitas
do, com firmeza, a defesa de 300 fa- junt0 ao HERMA nesses últimos 3 me-
mTlias de posseiros, que estão sendo seSj os trabalhadores e o Sindicato
pressionadas pelo grileiro JOSÉ 60- não obtiveram senão promessas. E, em
MES NOVAES, conhecido por "Zé Mareia que pese as repetidas denúncias ã De
no" e seus filhos Delmiro, Delmar e legacia de PolTcia local, a Secreta-
Leonidas. ria ^ segurança do Estado, nenhuma
Desde janeiro do ano passado, providência efetiva foi tomada para
quando comprou ã C0MARC0 450 hectares conter a ação criminosa dos grilei-
na região, o grileiro vem avançando ros'
sobre as terras dessas famílias, que Assim, como em tantos outros ca-
ocupam há quase 20 anos uma área de sos, a certeza da impunidade estimu-
5.600 hectares nos povoados de Cava- lou os grileiros a executar, fria e
co. Centro do Geraldino, Pega no Bra covardemente, o plano de eliminar o
- 03 -
Companheiro Elias-Zi, para mais fa-
cilmente agir contra os posseiros.
Para o nosso Movimento Sindical
está claro que, tambim desta vez, a
omissão das autoridades, responsáveis
pelo cumprimento das leis e pela de-
fesa da sociedade, contribuiu para
aumentar a lista das vitimas dos gri_
leiros, que agem acobertados pelo po
der econômico.
0 Movimento Sindical dos Traba-
lhadores Rurais, consciente do papel
que lhe cabe na condução da luta dos
trabalhadores por melhores condições
de vida no campo, não se calará dian
te dessas violências. Persistira de
nunciando todo e qualquer ato repres
sivo contra os trabalhadores e seus
dirigentes, exigindo das autoridades
a devida atuação na apuração dos cri
mes e punição dos responsáveis.
0 assassinato do companheiro
Elias-Zi Costa Lima foi objeto de de
núncias ãs autoridades Estaduais e
Federais, pela CONTAG, era apoio as
providências tomadas pelo Sindicato
de Santa Luzia e a FETAEMA, bem como
de uma veeraente Nota Oficial de pro-
testo assinada por todas as Federa-
ções presentes ã Reunião do Conselho
de Representantes de novembro último.
Numa carta-denúncia, lida duran-
te a missa de 79 dia, ã que a CONTAG
também se fez presente, o STR de San
ta Luzia e a FETAEMA, apoiados por
outras entidades do Estado, exigiram
a punição dos criminosos e o fim da
grilagem e da violência contra os Ia
vradores, denunciaram a omissão das
autoridades no tratamento dado a quês
tão fundiária, alertando, ainda, pa-
ra as ameaças de morte que pesam con
tra dois outros posseiros da região.
JAGUNfOS DA TABU VOLTAM A AGIR NA FAZENDA CAMUCIM
Numa carta-aberta ã população,di
vulgada nas rádios e jornais locais,
a Federação da ParaTba e o Sindicato
de Pitirabu denunciaram as novas in-
vestidas da "Destilaria Tabu" contra
as 85 famílias de posseiros da "Fa-
zenda Camucim", naquele município.
Na noite de 27 de novembro, 9 ho
raens armados, dois deles usando mas-
caras, invadiram cora tratores as pos
ses dos trabalhadores, destruTrara a
escola local e espancaram, violenta-
mente, o companheiro José Francisco
de Oliveira, que também faz parte da
Diretoria do Sindicato de Pitirabu.
Dois dias depois, os jagunços da
"Tabu" voltaram a invadir a fazenda,
desta vez destruindo parcialmente a
casa de ura dos posseiros.
Revoltados com a omissão das au-
toridades, que nada têm feito para
impedir as arbitrariedades da "Tabu",
os trabalhadores foram a João Pessoa
onde, apoiados pela FETAG-PB,
04
reiteraram junto a Secretaria de Se-
gurança Pública do Estado seu pedido
de providências urgentes e rigorosas
para afastar os jagunços da área.
Enquanto em João Pessoa, Secretja
ria de Segurança Pública assegurava
tais providências, na Fazenda Camu-
cim os jagunços voltavam a atacar, es^
pancando, barbaramente, outro possei^
ro de nome JOSÉ HENRIQUE DA SILVA e
incendi.avam sua casa e seus perten-
ces .
No momento, o Presidente do Sin-
dicato de Pitimbu, companheiro João
Pereira Lacerda, e o padre local es-
tão também ameaçados de morte.
C0NTA6 DENUNCIA VIOLÊNCIAS E REFORÇA f
NECESSIDADE DE DESAPROPRIAÇÃO i
Tão logo foi informada pela Fede^
ração da ParaTba sobre as novas vio-
lências na Fazenda Camucim, a C0NTA6
telegrafou ao Presidente da Repúbli-
ca, ao Ministro para Assuntos Fundijã
rios e demais autoridades responsá-
veis pelo setor, insistindo na neces^
sidade de providências imediatas pa-
ra afastar os jagunços que agem na
área, reafirmando, contudo, que so-
mente a desapropriação das terras,em
favor dos trabalhadores, solucionara
definitivamente o conflito.
As últimas notícias chegadas da
FETAG-PB dão conta de que, pelo me-
nos, uma força policial foi desloca-
da para a Fazenda "camucim", com a
incumbência de garantir a segurança
das famílias ameaçadas.
VITORIA DOS POSSEIROS DA
FAZENDA GURUGIPARIPE
No Município de Conde, também na
Paraíba, um conflito envolvendo qua-
se 60 famílias da Fazenda Gurugipari_
pe parece estar chegando ao fim, com
a desapropriação da área pelo Gover-
no do Estado.
Por vários meses, sem desanimar,
os posseiros enfrentaram as violên-
cias do grileiro Anibal Pedroso de
Mello e seus jagunços. Assim, a deci_
são do Governo Estadual vem como coji
seqüência da resistência dos traba-
lhadores na terra, sob a liderança
da Federação e do Sindicato local e
o apoio da CONTAG, que,em insisten-
tes denúncias as autoridades esta-
duais e federais,sempre colocaram a
desapropriação das terras em favor
dos posseiros como única solução pa-
ra o conflito.
- 05 -
CONTAG E SEU CONSELHO DE REPRESENTANTES
DENUNCIAM TENTATIVA DE REPRESSÃO AO
MOVIMENTO SINDICAL DOS TRABALHADORES RURAIS
GREVE LEGÍTIMA DOS CANAVIEIROS DO RIO
GRANDE DO NORTE SERVE DE PRETEXTO PARA MAIS
^A INVESTIDA CONTRA A LUTA DOS TRABALHADORE
De 24 a 29 de novembro último, o
Conselho de Representantes da CONTAG
esteve reunido em nossa sede social,
discutindo e deliberando sobre assuji
tos de interesse do Movimento Sindi-
cal de Trabalhadores Rurais, dentre
os quais se destacam: a suplementa-
ção de verbas para o exercício de 82
e o orçamento do próximo ano, bem co
mo as eleições para os cargos de Di-
retoria, Conselho Fiscal e respecti-
vos Suplentes desta Confederação, a
serem realizadas em 03 de março de
1.983.
MOVIMENTO SINDICAL REJEITA
TENTATIVAS DE REPRESSÃO
Ao final dessa Reunião, o Conse^
lho de Representantes e a CONTAG de-
cidiram manifestar-se, oficialmente,
a respeito dos casos mais recentes
de violência e repressão ao nosso MJí
vimento Sindical, ou sejam, o assas-
sinato do companheiro Elias-Zi Costa
Lima, Presidente do STR de Santa Lu-
zia - Maranhão (ver pag. 03) e o
inquérito aberto contra um dirigente
e um funcionário de Sindicato, um ad
vogado da FETARN e uma assessora da
CONTAG, cuja prisão arbitrária ocor-
rida durante a greve dos canavieiros
do Rio Grande do Norte, em outubro
deste ano, jã fora por nos denuncia-
da as autoridades e a opinião públi-
ca em geral.
Para que os companheiros tenham
pleno conhecimento da posição mani-
festada pela CONTAG e por nosso Con-
selho de Representantes sobre esse
inquérito policial, transcrevemos, a
seguir, o texto da Nota Oficial, que
foi assinada pelo Presidente da CON-
TAG e pelos representantes de todas
as Federações filiadas.
- 06
NOTA OFICIAL
A Confederaçio Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG e o seu Conselho de Representantes sentem-se no dever de transmitir ã opiniio pública do País o seu pro testo contra mais uma tentativa de repressão às legítimas atividades sindicais, prati- cada por agentes do Poder Executivo, com desvio de poder e abuso de autoridade.
No per Todo de 6 a 8 de outubro do corrente ano, os trabalhadores rurais dos municí- pios de Ceará-Mirim, Taipu, Maxaranguape, Nísia Floresta, Canguaretama, Bafa Formosa, Sio José de Mipibu, Pedro Velho, Goianinha, Ares, lelmo Marinho, Extremoz e Espírito Santo, no Estado do Rio Grande do Norte, entraram em greve pleiteando melhores salá- rios e condições de trabalho.
A greve foi coordenada pelos Sindicatos representativos dos trabalhadores, a frente a Confederaçio Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e a Federaçio dos Trabalhado- res na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte.
Durante o decorrer da paralisacio das suas atividades, os trabalhadores rurais fo- ram vítimas da mais violenta repressão por parte da classe patronal, tendo ocorrido trabalho pela força, destruição de veículo do Sindicato e de material de propaganda da greve e prisões ilegais de dirigentes e assessores sindicais, atos praticados por ca- pangas armados a soldo de integrantes da classe empresarial rural.
Embora agindo com violência contra os que fazem o Movimento Sindical de Trabalhado- res Rurais, a classe patronal, em nenhum momento, arguiu a ilegalidade da greve, o que também não foi feito pela Delegacia Regional do Trabalho do Estado do Rio Grande do Norte nem pela Justiça do Trabalho, que pôs fim ao movimento paredista homologando a conciliação de vinte e quatro reivindicações, das trinta e duas formuladas pelos traba lhadores, concedendo cinco e negando apenas três.
Dentre as violências cometidas por integrantes da classe patronal, que as praticou apesar de reconhecer a legalidade da greve, vale ressaltar a prisão, em cárcere priva- do, do advogado da FETARN, Dr. FRANCISCO OTACÍLIO GONZAGA DE SA E SOUZA, da assessora educacional da CONTAG, JOSEFA MARTINS REIS, de GERONCIO DE CASTRO BEZERRA, membro do Conselho Fiscal do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Goianinha e de EMANOEL INÁCIO FERREIRA, funcionário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ares, que foram ilegal mente presos por capangas armados da Usina Estivas e posteriormente entregues a Pol f- cia Federal, onde prestaram depoimentos e foram mantidos incomunicáveis.
Ao invés de apurar as responsabilidades pelo crime contra o exercício do direito de greve, do qual foram vítimas os sindicalistas, a Polícia Federal instaurou inquérito policial contra as vítimas, que novamente prestaram depoimento e foram identificadas crimi nalmente.
Como se não bastasse a ação penal promovida na Justiça Militar contra o Presidente da CONTAG e o delegado desta Entidade no Acre, a repressão policial procurou atingir outros militantes do sindicalismo de trabalhadores, contrariando a Constituição Fede- ral e as leis que asseguram a liberdade e a licitude da associação de estudo, defesa e coordenação dos interesses profissionais.
A CONTAG e as Federações de Trabalhadores na Agricultura protestam contra a perse- guição policial e confiam em que a Justiça, imune a pressões de interesses políticos e econômicos, saberá reconhecer e assegurar o legítimo exercício da atividade sindical, último refúgio da classe trabalhadora na defesa dos seus direitos.
Brasília (DF), 26 de novembro de 1.982.
(Seguem-se as assinaturas do Presidente da CONTAG e dos representantes das Federações)
- 07 -
Para nós, fica claro que esse iji
querito e mais uma tentativa de re-
pressão contra o nosso Movimento Si^i
dical, com o objetivo de amedrontar
e desmobilizar os trabalhadores, quando
é evidente o avanço das suas lutas.
0 correto, como bem destaca a No
ta Oficial do Conselho de Represen-
tantes, seria a apuração rigorosa das
violências e atos criminosos pratica
dos pelos capangas dos usineiros, com
o apoio, da PolTcia de Ares. Mas o
que vimos foi justamente o contrário :
a ação policial volta-se contra o
nosso Movimento Sindical, por meio
de um inquérito contra companheiros
que atuaram, sob a coordenação da
FETARN e da CONTAG, numa greve que
nem os patrões, nem a DRT e nem a
Justiça do Trabalho deixaram de reco
nhecer a legalidade.
Ê da maior importância, portanto,
que os companheiros reflitam sobre o
que está acontecendo, denunciem mais
essa injustiça contra os trabalhado-
res e que, sobretudo, não desanimem
diante dessas dificuldades, porque
elas são uma conseqüência natural do
crescimento das nossas lutas. E mais
uma razão para que procuremos forta-
lecer a nossa organização, o que nos
permitirá avançar com maior seguran-
ça rumo ã conquista dos nossos obje-
tivos de Justiça e bem-estar social.
COMPANHEIROS.
. VAMOS CONTINUAR LUTANDO PELA TERRA DE ONDE TIRAMOS NOSSO SUSTENTO
. VAMOS CONTINUAR EXIGINDO A PUNIÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELAS VIOLÊNCIAS CONTRA O NOSSO MOVIMENTO SINDICAL
. QUEREMOS A JUSTA REMUNERAÇÃO PELO NOSSO TRABALHO E NOSSA PRODUÇÃO
. VAMOS CONTINUAR FORTALECENDO NOSSA ORGANIZAÇÃO PARA MELHOR LUTAR POR CONQUISTAS MAIS AMPLAS,
- 08 -
TRABALHADORES
VOLANTES
MORTOS NUM
ACIDENTE EM
SÃO PAULO
15 companheiros mortos e 24 internados em estado_grave foi o triste saldo do mais re- cente acidente com trabalhadores rurais ocorrido em Sao Paulo. 0 desastre foi no dia 02 de dezembro, nas proximidades de São José do Rio Preto. Um caminhão da Usina Fronteira, transportando dezenas de trabalhadores contratados pela empreiteira Nicolini para o corte de cana no municTpio de Poloni, desgovernou-se, incendiando-se após despencar de uma altu- ra de 10 metros.
Num outro acidente grave, em outubro deste ano, também em São Paulo, um menino de 12 anos morreu e outros 17 trabalhadores ficaram feridos.
São freqüentes os acidentes com trabalhadores volantes, não apenas em São Paulo, mas também no Paraná e em outros Estados. Com eles, acabam vindo ã tona irregularidades como: a falta de segurança no transporte dos trabalhadores; a nao assinatura das carteiras de trabalho; o elevado número de menores e de mulheres trabalhando sob um regime de discrimi- nação, isto e, cumprindo jornadas de trabalho iguais as dos homens, mas recebendo salários bastante inferiores, e muitas outras.
Ora, esses dados revelam a omissão das autoridades encarregadas da fiscalização das leis que regulam o trabalho assalariado, em especial, no que diz respeito ãs normas de pro teção ao transporte dos volantes.
No encaminhamento das lutas dos assalariados rurais, com base nas conclusões do nosso 39 Congresso Nacional e nos três últimos Encontros especTficos realizados pelo nosso Movi- mento Sindical,_temos denunciado a situação de exploração e miséria a que estão relegados os quase 7 milhões de "volantes" espalhados pelo PaTs e temos nos oposto, firmenente, ãs propostas do Governo para a criação de cooperativas, locadoras de mao-de-obra, novos sindi_ catos ou quaisquer outras pretensas medidas de solução. Em primeiro lugar porque os assa- lariados volantes são trabalhadores rurais e, como tais, devem estar associados aos Sindi- catos de Trabalhadores Rurais. Depois, porque estamos conscientes de que a solução do pro blema dos volantes nao está na criação de novas instituições, mas sim, na transformação da atual estrutura fundiária e do modelo político-econômico concentrador de terras e de ren- das. São eles que expulsam o trabalhador da terra, forçando-o a vender barato a sua força de trabalho nas periferias das cidades.
0 Movimento Sindical acredita que somente a profunda modificação do sistema de posse e uso da terra, através de uma verdadeira Reforma Agrária, acompanhada de uma Política de crédito e assistência técnica voltada para o pequeno produtor, poderá sojucionar, em defi- nitivo, o problema dos trabalhadores rurais volantes e dos outros 3 milhões de sem terra do PaTs. Por isso, continuaremos trabalhando pelo fortalecimento da organização dos traba^ lhadores rurais, procurando somar esforços com os companheiros da cidade, abrindo espaços para melhor lutar pela conquista da terra, por salários justos, pela segurança no emprego, por um sindicalismo livre e forte.
- 09 -
STM MANTÉM CONDENAÇÃO
DOS POSSEIROS E
PADRES ENVOLVIDOS NO
CONFLITO DE SÃO GERALDO
DO ARAGUAIA - PARÁ
No dia 02 de dezembro, o Supe-
rior Tribunal Militar iniciou o jul-
gamento do Recurso dos 13 posseiros
e dos 2 padres condenados pela 8- Au
ditoria Militar de Belém, num proces^
so que resultou de um incidente por
questões de terras ocorrido em São
Geraldo do Araguaia, Pará, em agosto
do ano passado.
Num longo julgamento, que durou
quase 24 horas, o STM decidiu manter
a pena de 8 anos imposta aos traba-
lhadores, reduzindo, porem, as dos
padres Aristides Camiou e Francisco
Gouriou,de 15 para 10 e de 10 para 8
anos, respectivamente.
A decisão do STM não se deu por
unanimidade: 8 ministros apoiaram o
parecer do ministro-relator, que re-
jeitava o apelo do Ministério Públi-
co no sentido de que fosse transferi^
do para a Justiça Comum o processo
dos posseiros e pedia a redução das
penas impostas aos padres; 01 votou
pela transferência do processo dos
posseiros para a Justiça Comum; en-
quanto outros 03 votaram pela des-
classificação dos processos dos pos-
seiros e do padre Aristides Camio p^
ra a Justiça Comum, absolvendo o p£
dre Francisco Gouriou por insuficiiji
cia de provas.
0 fato de não ter havido unanimi_
dade na decisão do Tribunal consti-
tui um dado positivo, porque permiti_
rã o embargo da sentença junto ao
próprio STM.
PELA REVOGAÇÃO DA LSN
Os diversos processos em que a
Lei de Segurança Nacional tem sido
usada revelam sua utilização comoins^
trumento de opressão, tornando-se um
obstáculo ao avanço das lutas dos
trabalhadores e comprometendo o cli-
ma de liberdade necessário ao aper-
feiçoamento das instituições democrã
ticas. Como lei de exceção, portan-
to, a LSN é incompatível com a realj^
dade que o nosso País vive hoje,qua£
do toda a sociedade se une em busca
das liberdades democráticas.
NOS, TRABALHADORES RURAIS,
ESTAMOS CONSCIENTES DE QUE A
LUTA POR MELHORES CONDIÇÕES
DE VIDA E TRABALHO PRESSUPÕE
SACRIFfCIOS. POR ISSO, NAO
DESANIMAMOS; CONTINUAMOS A
CAMINHADA, ACREDITANDO NUM
FUTURO MAIS JUSTO E HUMANO.
10 -
PEQUENOS PRODUTORES
DO SUL
LUTAM POR MELHORES
PREÇOS PARA O
Na safra 81/82 de Santa Catarina, o fumo rendeu ao Governo mais de 3 bilhões de cruzeiros.
Os plantadores de fumo do Sul do
PaTs, representados por suas entida-
des sindicais, estão empenhados em
conseguir melhores preços para o pro
du to.
Em 25 de novembro, dirigentes das
Federações do Rio Grande do Sul, Pa-
raná e Santa Catarina reuniram-se
com os representantes das indústrias
do fumo, em Santa Cruz do Sul (RS) ,
para discutirem os preços para a sa-
fra 82/83.
Ao final muitas discussões, as
indústrias fixaram em Cr$ 361,88 o
quilo do fumo em folha, o que repre-
senta um reajuste de 98% (noventa e
oito por cento) em relação ã safra
do ano passado. Os produtores não
ficaram satisfeitos, pois, de acordo
com os levantamentos de custos de
produção feitos nos 3 Estados, justi^
ficavam-se reajustes de 130% (cento
e trinta por cento) para o fumo de
estufa e 110% (cento e dez por cen-
to) para o fumo de galpão.
Nos seus argumentos contrários
ãs reivindicações dos produtores, os
industriais minimizaram os custos
com mão-de-obra, alegando, ainda,que
as condições de mercado não estão
boas para a exportação e que o consu
mo de cigarros está caindo, no PaTs,
por causa dos altos preços e da pesa
da tributação.
No entanto, inconformados pelos
npvos preços fixados pelas indústrias,
os produtores deverão reduzir as
áreas de plantio.
No Rio Grande do Sul, por exem-
plo, terá inicio, ainda este mês de
dezembro, uma campanha de consciente
zação, no sentido de que os produto-
res não só reduzam as suas áreas de
plantio, mas também diminuam a com-
pra de insumos e a construção de es-
tufas .
- 11
7o EBCQKIBO NACIONAL
Qnpi^f rnNFI TTQS DE TERRAS
Intensificar e fortalecer a ação
sindical'. Esta, a principal conclusio a
que chegaram os 75 companheiros participan-
tes do 39 ENCONTRO NACIONAL SOBRE CONFLITOS
DE TERRAS, realizado em Brasília de 20 a 25
de outubro, encerrando a Programação Inte-
grada CONTAG/FEDERAÇÕES/SINDICATOS para es-
te ano.
Avaliando a atuação do nosso Movimento
Sindical nas áreas de conflitos, os partici_
pantes do Encontro concluíram que temos pro
curado reforçar e ampliar as lutas coleti-
vas dos trabalhadores e a sua resistência
na terra, de acordo com as diretrizes apro-
vadas no 3? CONGRESSO NACIONAL DA CLASSE e
que foram, depois, encampadas pela 1- C0N-
CLAT e pelos dois Encontros anteriores.
Nesse sentido, temos desenvolvido um
trabalho de orientação e acompanhamento das
lutas dos trabalhadores, divulgando suas
formas de luta e experiências vitoriosas, e
denunciando as violências e repressões pra-
ticadas por grileiros e autoridades poli-
ciais.
Atos públicos, passeatas, audiências
coletivas para reivindicar a desapropri£
ção de áreas em litígio; o protesto público
contra medidas governamentais contrárias
aos interesses da Classe; processos crimi-
nais contra os responsáveis por arbitrarie-
dades e violências no campo, têm marcado a
atuação do Movimento Sindical de Trabalhado
res Rurais nos últimos anos.
A repressão ao Movimento Sindical nao
tem amedrontado os trabalhadores, ao contra
rio, tem feito com que eles despertem ain-
da mais para a luta. E esse crescimento
vem exigindo a participação cada vez maior
dos dirigentes sindicais, fortalecendo a o£
ganização dos trabalhadores.
Hoje, se constata uma ação coesa e or-
ganizada dos trabalhadores, sob a liderança
das nossas Entidades Sindicais, o que tem
levado o Governo a desapropriar áreas de
conflito e a rever posições prejudiciais
aos interesses da Classe. 0 Movimento Sin-
dical, portanto, tem saído fortalecido des-
sas lutas.
PROGRAMA FUNDIÁRIO
É NEDIDA PALIATIVA
Analisando o Programa Nacional de Pol_í
ca Fundiária, criado recentemente pelo Go-
verno, os participantes do Encontro o defi-
niram como mais uma medida paliativa, inca-
paz, portanto, de resolver o problema fun-
diário do País. Todos acreditam que somen-
te a união dos trabalhadores e o fortaleci-
mento do nosso Movimento Sindical, com o
efetivo apoio de outras camadas da socieda-
de, poderão exercer a pressão necessária
junto ao Governo para a execução de uma
Reforma Agrária nos termos estabelecidos
pelo 3? Congresso Nacional dos Trabalhado-
res Rurais, em maio de 1.979. •
12
ATENÇÃO. COMPANHEIRO i
LEIA. NO PRÓXIMO NÚMERO DO BOLETIM INFORMATIVO DA COMISSÃO
NACIONAL PRtí-CUL AS PRINCIPAIS CONCLUSÕES DA REUNIÃO DOS DIAS
28 E 29 DE NOVEMBRO. QUE DEFINIU. ENTRE OUTROS PONTOS. A DATA,
LOCAL E CRITÉRIOS DE PARTICIPAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL DA
CLASSE TRABALHADORA.
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
ENDEREçO ATUAL; AV. H.3 NORJE - QUADRA 509-B - ED. CONTAG 70.750 BRÁSILIA/DF.
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