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Material de Apoio - Direito Administrativo - LFG
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REGIME JURDICO ADMINISTRATIVO PARTE III
ROTEIRO DE AULA
PRINCPIO DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE
O princpio da razoabilidade representa um limite para a
discricionariedade do administrador, exigindo uma relao de pertinncia
entre oportunidade e convenincia, de um lado, e finalidade legal de outro.
Agir discricionariamente no significa agir desarrazoadamente, de maneira
ilgica, incongruente. A lei no protege, no encampa condutas
insensatas, portanto, ter o administrador que obedecer a critrios
aceitveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal. Tal
princpio probe a atuao do administrador de forma despropositada ou
tresloucada, quando, com a desculpa de cumprir a lei, age de forma
arbitrria e sem qualquer bom-senso. Trata-se do princpio da proibio
de excessos. A razoabilidade princpio implcito no texto
constitucional e expresso na lei ordinria, especificamente no art. 2o
da Lei no 9.784/99, que define as regras sobre processos administrativos.
O princpio da proporcionalidade exige equilbrio entre os meios de
que se utiliza a Administrao e os fins que ela tem que alcanar,
segundo padres comuns da sociedade em que se vive, analisando sempre
cada caso concreto. A atuao proporcional da autoridade pblica exige
tambm uma relao equilibrada entre o sacrifcio imposto ao interesse de
alguns e a vantagem geral obtida, de modo a no tornar a prestao
excessivamente onerosa para uma parte. Por fim, o foco est nas medidas
tomadas pelo Poder Pblico, no podendo o agente pblico tomar
providncias mais intensas e mais extensas do que as requeridas para os
casos concretos, sob pena de invalidao, por violar a finalidade legal e,
consequentemente, a prpria lei.
Portanto, sendo a deciso manifestamente inadequada para alcanar a
finalidade legal, a Administrao ter exorbitado os limites da
discricionariedade, violando assim o princpio da proporcionalidade,
devendo o Poder Judicirio corrigir essa ilegalidade1 com a anulao do
ato, sendo impossvel anular somente o excesso. Diante desse contexto,
tambm possvel a responsabilizao do administrador pblico, inclusive
pelo abuso de poder, o que pode ser configurado com o reconhecimento
do excesso de poder ou do desvio de finalidade.
1 Nesse sentido: (...) Embora o Judicirio no possa substituir-se Administrao na punio do servidor, pode determinar a esta, em homenagem ao princpio da proporcionalidade, a aplicao de pena menos severa, compatvel com a falta cometida e a previso legal. Este, porm, no o caso dos autos, em que a autoridade competente, baseada no relatrio do processo disciplinar, concluiu pela prtica de ato de improbidade e, em consequncia, aplicou ao seu autor a pena de demisso, na forma dos arts. 132, inciso IV, da Lei no 8.112/90, e 11, inciso VI, da Lei no 8.429/92. Concluso diversa demandaria exame e reavaliao de todas as provas integrantes do feito administrativo, procedimento incomportvel na via estreita do writ, conforme assentou o acrdo recorrido. Recurso ordinrio a que se nega provimento (RMS 24901/DF, STF Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, DJ: 11.02.2005, p.13) (grifos da autora).
Esse princpio no est expresso no texto da Constituio, entretanto,
alguns dispositivos podem ser utilizados como fundamento para o seu
reconhecimento, como, por exemplo, o art. 37 c/c com art. 5o, inciso II, e
art. 84, inciso IV, todos da Constituio Federal. Encontra-se, ainda,
previso na Lei no 9.784/99, que dispe sobre processo administrativo e
estabelece, em seu art. 2o, pargrafo nico, incisos VI, VIII, IX e art. 29,
2o, o princpio da razoabilidade com a feio de proporcionalidade.
Comentaremos os princpios da continuidade do servio pblico, da
autotutela, da motivao, da especialidade nos tpicos respectivos de cada
assunto pertinente aos mesmos.
PRINCPIO DA CONTINUIDADE
- por este principio, entende-se que o servio pblico, sendo a
forma pela qual o Estado desempenha funes essenciais ou necessrias
coletividade, no pode parar.
- Decreto n 7.777, de 24.07.2012, que dispe sobre as medidas
para a continuidade de atividades e servios pblicos dos rgos e
entidades da administrao pblica federal durante greves, paralisaes
ou operaes de retardamento de procedimentos administrativos
promovidas pelos servidores pblicos federais.
PRINCPIO DA AUTOTUTELA
- possibilidade que tem a Administrao de rever os seus prprios
atos para anul-los quando ilegais ou revog-los quando inconvenientes.
Smulas 346 e 473 do STF.
Smula 346 A Administrao pode anular os seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornem ilegais, porque deles no se
originam direitos.
Smula 473 A Administrao pode anular os seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornem ilegais, porque deles no se
originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciao judicial.
PRINCPIO DA ESPECIALIDADE
- vincula os rgos e as entidades da Administrao Pblicas
finalidade pela qual foi criada.
PRESUNO DE LEGITIMIDADE
- leia-se legitimidade e legalidade, todo ato administrativo
presumidamente legal e legtimo at que se prove o contrrio, trata-se de
uma presuno relativa.
ORGANIZAO DA ADMINISTRAO PARTE I
ROTEIRO DE AULA
A Organizao da Administrao a estruturao das pessoas,
entidades e rgos que iro desempenhar as funes administrativas;
definir o modelo do aparelho administrativo do Estado. Essa organizao
se d normalmente por leis e, excepcionalmente, por decreto e normas
inferiores.
O Decreto no 200/67, que, apesar de inmeras alteraes
legislativas posteriores continua em vigor, foi o responsvel pela diviso
da Administrao Pblica em Direta e Indireta, estabelecendo em seu
art. 4o que a Administrao Direta se constitui dos servios integrados na
estrutura administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios e
que a Administrao Indireta compreende as seguintes entidades, dotadas
de personalidade jurdica prpria: autarquias, empresas pblicas,
sociedades de economia mista e fundaes pblicas. Essa mesma
organizao prevista expressamente para a ordem federal observada
para os demais mbitos polticos, logo, as esferas estaduais, municipais e
distritais guardam com a estrutura federal certo grau de simetria.
Esse modelo, essa organizao administrativa dividida em
Administrao Direta e Indireta, ser analisado a seguir. Importante
ressaltar ainda que a atividade administrativa hoje tambm pode ser
prestada por pessoas que esto fora dessa estrutura da Administrao
Pblica. So pessoas jurdicas sujeitas a regime privado, que prestam
servios pblicos
(ex.: concessionrias ou permissionrias de servios pblicos) ou que
cooperam com o Estado na realizao de seus fins (ex.: entes de
cooperao) em razo de diversos vnculos jurdicos, o que tambm ser
estudado em momento oportuno
FORMAS DE PRESTAO DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA:
Para compreender a dinmica constituda na Administrao Direta e
na Indireta, alm da presena dos particulares na prestao das funes
administrativas do Estado, entendendo como essa atividade se distribui e
quais os instrumentos possveis para essa formalizao, preciso verificar
as diversas formas de prestao da atividade administrativa, lembrando
especialmente os institutos de desconcentrao e descentralizao.
Forma Centralizada: Quando essa atividade exercida pelo prprio Estado, ou seja, pelo conjunto orgnico que lhe compe a intimidade, pelos seus rgos. Nessa hiptese, a prestao feita pela prpria
Administrao Direta que composta pelas pessoas polticas: Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal. Dessa forma, na Administrao
Centralizada, o exerccio da competncia administrativa est unicamente no ente federativo, observando que esse ente poltico, apesar de estar sujeito descentralizao poltica, em razo da
distribuio constitucional de competncias, atua de forma centralizada na prestao da atividade administrativa.
Forma Descentralizada : Quando essa atividade exercida indiretamente, atuando por intermdio de outras pessoas, seres juridicamente distintos. As pessoas jurdicas auxiliares criadas pelo
Estado compem a Administrao Indireta, podendo ser: autarquia, fundao pblica, empresa pblica ou sociedade de economia mista.
ATENO: DESCENTRALIZAO DESCONCENTRAO
a descentralizao realiza-se por pessoas diversas, fsicas ou
jurdicas, e no h vnculo hierrquico entre a Administrao Central e
a pessoa estatal descentralizada, existindo apenas um poder de controle,
de fiscalizao. J a desconcentrao se refere a uma s pessoa, pois
cogita-se sobre a distribuio de responsabilidades e competncias
na intimidade dela, mantendo-se o liame unificador da hierarquia. para
que no reste qualquer dvida, deve-se ter em mente o que significa
hierarquia e controle. Hierarquia o vnculo de autoridade que une
rgos e agentes, por meio de escales sucessivos, relao de autoridade
superior a inferior. Consiste no poder de comando (expedir
determinaes), de fiscalizao, de reviso (rever atos inferiores), de
punir, de delegar e de avocar competncias. De outro lado, o controle
representa o poder que a Administrao Central exerce sobre a pessoa
descentralizada, sendo o oposto hierarquia, visto que, nesse caso, no
h qualquer relao de subordinao; h somente uma relao de
fiscalizao quanto ao cumprimento da lei, obedincia s suas finalidades
preestabelecidas e a busca do interesse pblico. Depende de previso
legal, logo, diferentemente da hierarquia, no se presume e se manifesta
to s nos aspectos autorizados pela lei.
necessrio, ainda, fixar a distino entre descentralizao poltica
e descentralizao administrativa. A descentralizao poltica ocorre
sempre que pessoas jurdicas de direito pblico concorram com
competncias polticas, com soberania ou autonomia para legislar, ditar
seus propsitos e governar, havendo deslocamento e distribuio entre
entes polticos, o que feito pela Constituio Federal. Em contrapartida, a
descentralizao administrativa ocorre quando as atribuies que os
entes descentralizados exercem tm o valor jurdico que lhes empresta o
ente central; suas atribuies decorrem desse ente, no advindo de fora
prpria da Constituio. Nessa situao, o que existe a criao de entes
personalizados, com poder de autoadministrao, capacidade de gerir os
prprios negcios, mas com subordinao a leis e a regras impostas pelo
ente central2. Nada impede que ocorram, ao mesmo tempo, a
descentralizao poltica e a administrativa.
2 Para falar em descentralizao administrativa, utiliza-se como fundamento o Decreto-Lei no 200/67 que, apesar das inmeras impropriedades terminolgicas, define alguns planos de transferncia, como: a descentralizao da Unio em relao s Unidades da Federao (Estados, Municpios ou Distrito Federal); a descentralizao dentro dos prprios quadros da Administrao, a qual se traduz na transferncia que se faz da Administrao Direta para a Administrao Indireta; ou ainda, a descentralizao da Administrao para a rbita privada, que normalmente se efetiva mediante um contrato. O primeiro plano de transferncia apresentado, que ocorre entre entes polticos, apesar de previsto no diploma legal, no pode ser includo no conceito de descentralizao administrativa, porque se trata de deslocamento de competncia poltica (descentralizao poltica), caracterizando uma falha do legislador poca
Tendo em vista o direito comparado, a descentralizao
administrativa admite as seguintes formas: descentralizao territorial ou
geogrfica, descentralizao por servios, funcional ou tcnica e a
descentralizao por colaborao.
Esse assunto no pacfico no que tange transferncia para as
pessoas da Administrao Indireta regidas pelo direito privado. Muitos
doutrinadores defendem que a transferncia da titularidade dos servios e
atividades, a qual se denomina outorga, s seria possvel para as pessoas
jurdicas da Administrao Indireta regidas pelo direito pblico, como o
caso das autarquias e das fundaes pblicas de direito pblico. Sendo
assim, para as empresas pblicas e sociedades de economia mista, que so
tambm pessoas que compem a Administrao Indireta porm regidas
pelo direito privado a descentralizao seria somente da execuo dos
servios, feita mediante delegao formalizada por lei, conforme estabelece
o art. 37, XIX, da Constituio Federal.
ADMINISTRAO DIRETA
Teorias sobre as relaes do Estado com os agentes:
teoria do mandato: segundo a qual o agente pblico um mandatrio da pessoa jurdica, relao constituda em razo de um
contrato de mandato3. Tal corrente sofreu inmeras crticas e no
prosperou no ordenamento brasileiro. No se admite que o Estado, que
no tem vontade prpria e no tem como exterioriz-la, possa assinar
um contrato, instrumento esse que depende impreterivelmente da
autonomia da vontade. Logo, ele no pode outorgar mandato,
desconstituindo a orientao.
teoria da representao: admitia o agente pblico como representante do Estado por fora de lei, equiparando o agente ao tutor ou
curador representando os incapazes.O primeiro problema dessa teoria que a representao pressupe duas figuras perfeitamente independentes,
com suas vontades, o que, na verdade, no acontece nesse caso, considerando que a vontade do Estado e a do agente se confundem.E ainda, segundo essa teoria, a pessoa jurdica fica equiparada a um
incapaz, no tendo como explicar a absurda ideia de que esse incapaz confere representante a si mesmo.
teoria do rgo: a pessoa jurdica opera por si mesma,
sendo o rgo parte dela e no ente autnomo, apresenta-se como uma
unidade no mundo jurdico, significando que o rgo parte do corpo da
3 Contrato de mandato: o contrato pelo qual algum (mandatrio) recebe de outrem (mandante) poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. o mesmo celebrado entre um advogado e seu cliente.
entidade e por isso as suas manifestaes de vontade so consideradas
como sendo da respectiva entidade4.Portanto, a vontade do agente pblico, manifestada nessa qualidade, e a vontade do Estado se
confundem, formam um todo nico, e esse poder dado pessoa fsica decorre de determinao da lei, de imputao legal, por isso denominada teoria do rgo ou teoria da imputao. Teoria acolhida no ordenamento
brasileiro.
JURISPRUDNCIA
Ementa: ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. LEI COMPLEMENTAR
11.370/99, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. LIMITAO DO PODER-
DEVER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAO. SUBMISSO OBRIGATRIA AO
PODER JUDICIRIO. ALTERAO NO REGIME JURDICO. MATRIA SUJEITA
RESERVA DE INICIATIVA LEGISLATIVA. NORMAS DE APLICAO OBRIGATRIA
AOS ESTADOS-MEMBROS. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Segundo
jurisprudncia assentada no Supremo Tribunal Federal, as regras de
atribuio de iniciativa no processo legislativo previstas na Constituio
Federal formam clusulas elementares do arranjo de distribuio de poder
no contexto da Federao, razo pela qual devem ser necessariamente
reproduzidas no ordenamento constitucional dos Estados-membros. 2. Ao
provocar alterao no regime jurdico dos servidores civis do Estado do Rio
Grande do Sul e impor limitaes ao exerccio da autotutela nas relaes
estatutrias estabelecida entre a Administrao e seus servidores, a Lei
Complementar Estadual 11.370/99, de iniciativa parlamentar, padece de
vcio formal e material de incompatibilidade com a Constituio Federal. 3.
Ao julgada procedente. (ADI 2300, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI,
Tribunal Pleno, julgado em 21/08/2014, ACRDO ELETRNICO DJe: 17-09-
2014)
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINRIO. AO
CIVIL PBLICA. TELEFONIA. TARIFA INTERURBANA COBRADA EM RELAO A
LIGAES INTRAMUNICIPAIS E INTERMUNICIPAIS CONURBADAS.. AUSNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO. SMULAS 282 E 356/STF. OFENSA AO ART. 2 E
4 ARAJO, Edmir Netto de. Curso de Direito Administrativo, 1a ed., So Paulo: Saraiva, 2005, p. 136.
AO ART. 93, IX, DA CONSTITUIO FEDERAL. NO OCORRNCIA. INCIDNCIA
DA SMULA 279/STF. Os temas constitucionais do apelo extremo no foram
objeto de anlise prvia e conclusiva pelo Tribunal de origem. Incidncia das
Smulas 282 e 356/STF. O controle judicial de atos administrativos tidos por
ilegais ou abusivos no ofende o princpio da separao dos Poderes,
inclusive quando a anlise feita luz dos princpios da proporcionalidade e
da razoabilidade. Precedentes. A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal
afasta o cabimento de recurso extraordinrio para o questionamento de
alegadas violaes legislao infraconstitucional sem que se discuta o seu
sentido luz da Constituio. Precedentes. Ademais, a deciso est
devidamente fundamentada, embora em sentido contrrio aos interesses da
parte agravante. A parte recorrente se limita a postular uma nova apreciao
dos fatos e do material probatrio constantes dos autos. Incidncia da
Smula 279/STF. Agravo regimental a que se nega provimento.
(RE 580642 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma,
julgado em 09/09/2014, ACRDO ELETRNICO DJe- 02-10-2014)
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PBLICO PARA FORMAO DE OFICIAIS.
IDADE MNIMA. REGRA EDITALCIA. INTERPRETAO. VIOLAO DE
PRINCPIOS. NULIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. A menos de dez dias de
completar dezoito anos e j emancipado, o recorrente foi eliminado do
concurso para oficial da polcia militar, com fundamento em clusula do
edital, porque no apresentava, na data de publicao, a idade mnima
requerida no instrumento convocatrio. 2. A Lei no 9.784/1999, que esta
Corte tem entendido aplicar-se aos Estados, como o Mato Grosso, que no
dispem de lei prpria para disciplinar o processo administrativo, delineia,
no seu art. 2o, princpios a serem observados quando da execuo dos
procedimentos. Portanto, a atividade administrativa deve pautar-se, dentre
outros, pelos princpios da razoabilidade, assim entendido como adequao
entre meios e fins, e do interesse pblico, como vetor de orientao na
interpretao de qualquer norma administrativa, inclusive editais. 3. No
caso ora examinado, o simples cotejo entre a norma legal inserta no texto do
art. 11 da Lei Complementar Estadual no 231/2005 e o instrumento
convocatrio bastante para afirmar que a restrio editalcia dezoito anos
na data da matrcula no curso de formao decorreu de mera interpretao
da Lei, que limitou a idade para ingresso na carreira militar. Em outras
palavras, o que a lei disps como ingresso na carreira, foi interpretado pelo
edital como data da matrcula no curso de formao. 4. Essa interpretao
foi aplicada com tal rigor no caso concreto que, a pretexto de cumprir a lei,
terminou por feri-la, porque: (a) desconsiderou a adequao entre meios e
fins; (b) imps uma restrio em medida superior quela estritamente
necessria ao atendimento do interesse pblico e, tambm por isso, (c) no
interpretou a lei da forma que melhor garantisse o atendimento do fim
pblico a que se dirige. 5. O ato administrativo de excluso do impetrante,
no contexto em que foi produzido, violou o disposto no art. 2o, pargrafo
nico, incisos VI e XIII da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e, em
consequncia, feriu direito lquido e certo do impetrante. 6. Recurso provido
(RMS 36.422/MT, STJ Primeira Turma, Rel. Min. Srgio Kukina, julgamento:
28.05.2013, DJe: 04.06.2013)
EMENTA: ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE DE CORTE POR DBITOS PRETRITOS.
SUSPENSO ILEGAL DO FORNECIMENTO. DANO IN RE IPSA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Esta Corte Superior pacificou o
entendimento de que no lcito concessionria interromper o
fornecimento do servio em razo de dbito pretrito; o corte de gua ou
energia pressupe o inadimplemento de dvida atual, relativa ao ms do
consumo, sendo invivel a suspenso do abastecimento em razo de
dbitos antigos.2. A suspenso ilegal do fornecimento do servio dispensa a
comprovao de efetivo prejuzo, uma vez que o dano moral nesses casos
opera-se in re ipsa, em decorrncia da ilicitude do ato praticado.3. Agravo
Regimental da AES Sul Distribuidora Gacha de Energia S/A desprovido.(AgRg
no AREsp 239.749/RS, STJ Primeira Turma, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia
Filho julgamento: 21.08.2014, DJe: 01.09.2014)
RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA BENEFCIO
CONSTITUCIONAL DA ANISTIA PORTARIA INTERMINISTERIAL No 134/2011
INSTAURAO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE REVISO DOS
ATOS EM QUE RECONHECIDA A CONDIO DE ANISTIADO POLTICO
PRETENDIDA VIOLAO A DIREITO INDIVIDUAL INEXISTNCIA SIMPLES
EXERCCIO, PELA ADMINISTRAO PBLICA, DO SEU PODER DE
AUTOTUTELA ALEGADA CONSUMAO DE PRAZO DECADENCIAL (LEI No
9.784/99, ART. 54) INOCORRNCIA RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO
O Estado, com apoio no princpio da autotutela, dispe da prerrogativa
institucional de rever, em sede administrativa, os seus atos e decises,
podendo, em consequncia, invalid-los, quer mediante revogao (quando
presentes motivos de convenincia, oportunidade ou utilidade), quer
mediante anulao (quando ocorrente situao de ilegalidade), ressalvada,
sempre, em qualquer dessas hipteses, a possibilidade de controle
jurisdicional. Doutrina. Precedentes A mera instaurao de procedimento
de reviso dos atos concessivos de reparao econmica a que se referem o
art. 8o do ADCT e a Lei no 10.559/2002 no caracteriza, s por si, violao a
direito individual daqueles que j tiveram reconhecida sua condio de
anistiado poltico, revelando-se legtima, em consequncia, a possibilidade
de reexame, pela Pblica Administrao, da anistia concedida com apoio na
Lei no 10.559/2002. Precedentes Eventual invalidao do ato concessivo de
anistia, fundada no art. 17 da Lei no 10.559/2002, dever ser precedida,
sempre, de procedimento administrativo em cujo mbito seja respeitada a
garantia constitucional do due process of Law. Precedentes (AgRg-RO-MS
31.662 STF Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento:
05.03.2013, DJe: 01.04.2013)
ANOTAES DA AULA
QUESTES DE CONCURSO
1. CESPE - 2014 - TJ-DF - Titular de Servios de Notas e de
Registros - adaptada
A presuno de legitimidade dos atos administrativos, que impe aos particulares o nus de provar eventuais vcios existentes em tais
atos, decorre do regime jurdico- administrativo aplicvel administrao pblica. GABARITO: CORRETA
2. IADES - 2014 - SEAP-DF - Analista
A autotutela administrativa exige a atuao administrativa no aspecto da legalidade, no incidindo sobre o mrito, em face da separao
dos Poderes. GABARITO: ERRADA
3. FCC - PGE-RR - Procurador do Estado - adaptada
Autotutela abrange a faculdade que possui a Administrao Pblica de rever seus prprios atos.
GABARITO: CORRETA
4. CESGRANRIO - Petrobras Advogado
"A Administrao Pblica pode declarar a nulidade de seus prprios atos." (Smula no 346 do Supremo Tribunal Federal). Que princpio da Administrao Pblica reflete a smula acima transcrita?
a) Supremacia do interesse pblico
b) Auto-executoriedade
c) Impessoalidade
d) Razoabilidade
e) Autotutela
GABARITO:LETRA E
5. MPDFT - Promotor de Justia O princpio da proporcionalidade princpio implcito na Constituio
Federal de 1988 a nortear a atividade administrativa. GABARITO: CORRETA
6. CESPE - ANAC - Analista Administrativo O princpio da razoabilidade impe administrao pblica a
adequao entre meios e fins, no permitindo a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico.
GABARITO: CORRETA
7. FGV - 2014 - TJ-RJ - Analista Judicirio
O povo brasileiro, nos ltimos anos, demonstrou sua insatisfao com a qualidade dos servios pblicos prestados pelo Estado. Atento a
essa nova demanda e com o escopo de melhorar a qualidade da educao e cultura em mbito estadual, o Governador de determinado Estado da Federao subdividiu a ento Secretaria de
Educao e Cultura em dois novos rgos: Secretaria de Educao e Secretaria de Cultura. De acordo com a doutrina clssica de Direito
Administrativo, trata-se da seguinte providncia:
a) desmembramento;
b) descentralizao;
c) desconcentrao;
d) desdobramento;
e) delegao.
GABARITO:LETRA C
8. PC-TO - Escrivo de Polcia Civil
Suponha-se que determinado Estado da Federao, no intuito de
conferir maior autonomia Secretaria de Execues Penais, resolva
transform-la em uma autarquia com competncia para gesto da
poltica de execuo penal. Nesse caso, configurar-se- o fenmeno
da
a) desconcentrao.
b) descentralizao.
c) disperso.
d) fragmentao.
GABARITO:LETRA B
9. CESPE - 2014 - Cmara dos Deputados
A criao de uma nova pessoa jurdica, mediante a transferncia de
hierarquia e a manuteno do controle por quem gerou a nova
pessoa jurdica, caracteriza a tcnica administrativa denominada de
desconcentrao.
GABARITO: ERRADA
10. FGV - 2014 - CGE-MA - Auditor
O Estado, ao desconcentrar-se, especializa determinadas funes e atividades administrativas, por meio da criao de rgos dedicados a atuar de forma especfica. Para explicar a delineao jurdica dessa
desconcentrao, a doutrina criou a teoria do rgo. A esse respeito, assinale a afirmativa correta
a) Esta teoria, tambm chamada de teoria da imputao, estabelece que a vontade manifestada pelo agente pblico no a vontade do
rgo, mas a sua prpria.
b) O Estado a pessoa jurdica de direito pblico, e, dentro de seu
organismo, cria rgos despersonalizados, dedicados a determinadas atividades administrativas.
c) A vontade do agente se imputa ao rgo ao qual pertence, mas
no se imputa ao Estado.
d) Tecnicamente, o agente representa o rgo, pois a vontade que ali manifesta a sua prpria, em seu nome, e no em nome do Estado.
e) Os rgos estatais so divises internas com personalidade
jurdica prpria.
GABARITO:LETRA B
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