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N º 47 : : A G O S T O 2 0 0 9
Wagner Victer, o executivo à frente dos
programas de MELHORIA AMBIENTAL do rio
NOVA CEDAE: empresa SANEADA opera no azul e
melhora QUALIDADE dos serviços prestados
Baixada Fluminense com ÁGUA LIMPA e ESGOTO
tratado até o ano que vem
Wagner Victer, o executivo à frente dos
programas de MELHORIA AMBIENTAL do rio
NOVA CEDAE: empresa SANEADA opera no azul e
melhora QUALIDADE dos serviços prestados
Baixada Fluminense com ÁGUA LIMPA e ESGOTO
tratado até o ano que vem
www.dimensionalengenharia.com
A Dimensional se orgulha em prestar serviços de alta qualidade e reconhecida competência para a Nova CEDAE, atuando nas mais diversas áreas da Companhia. Desde a implantação de sistemas completos de água e esgoto, passando pelo apoio à operação e manutenção das redes, até a leitura, hidrometração e recuperação de créditos vencidos, colaborando assim de forma signifi cativa para a melhoria constante dos serviços prestados por essa empresa que cada vez mais se destaca pela excelência em seu setor.
editorial
EXEMPLO A SER SEGUIDOIdealizar, projetar, é simples. Difícil é executar,
principalmente no setor público. Ideias e projetos se
arrastam por anos e nada acontece. Mas, de repente, entra
na equipe do governo do estado um executivo de primeira
grandeza, engenheiro de carreira da Petrobras que faz
acontecer e gosta de desafios porque sabe superá-los.
Esse executivo é Wagner Victer, atual presidente da
Nova CEDAE, que assumiu a empresa com o sonho de
poder voltar a mergulhar nas águas da Baía de Guanabara.
Tratando-se de Victer, os cariocas podem ter certeza de
que esse sonho vai se tornar realidade.
Quando assumiu a Secretaria de Estado de Energia, da
Indústria Naval e Petróleo – SEINP, lançou a campanha “A
Refinaria é Nossa” com o objetivo de dar ao Rio uma opção
de arrecadação quando as reservas de petróleo de Campos
se extinguissem. As pressões foram enormes, de todos
os lados, mas Victer não esmoreceu e conseguiu garantir
para Itaboraí, no estado, a implantação do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro.
Ao assumir a Cedae, imediatamente trocou o nome da
companhia por Nova CEDAE, em uma demonstração de
que a população poderia apostar na mudança. E começou
a trabalhar. Profissional competente, Victer conseguiu
transformar em lucrativa uma empresa deficitária,
num curto espaço de tempo e com a mesma equipe. Ele
cuida, simultaneamente, da reestruturação interna da
companhia e da execução de projetos de saneamento que
as equipes técnicas tinham feito adormecer nas gavetas.
Como a empresa não tinha condições de buscar
financiamentos, Victer viu no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) a saída para investir. A Nova CEDAE foi
a primeira a apresentar projetos e obter recursos do PAC.
Obras paralisadas foram retomadas e hoje mais de R$ 3
bilhões estão sendo investidos em saneamento no estado.
Em julho último, a Nova CEDAE assinou um contrato
de financiamento com a Caixa Econômica Federal no
valor de R$ 587 milhões. Quase 70% desses recursos
serão destinados a obras de saneamento na Região
Metropolitana, o que certamente ajudará, em muito,
a campanha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos
Olímpicos de 2016. E, com certeza, as cidades de São
Gonçalo, Duque de Caxias e São João de Meriti sairão
da lista das dez piores em serviços de saneamento
básico.
As intervenções desenvolvidas no entorno da Baía de
Guanabara e nos bairros da Barra da Tijuca, Recreio dos
Bandeirantes, Jacarepaguá e Zona Oeste do Rio garantem
que, ao final deste primeiro governo de Sérgio Cabral, a
população carioca poderá comemorar a balneabilidade
da Baía de Guanabara e das lagoas da Barra da Tijuca e
Jacarepaguá, como já está comemorando a qualidade das
águas da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Francis Bogossian,
presidente
Foto
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suca
01 Construir | Agosto 2009
índice
expedienteDiretoria 2008-2011: Presidente Francis Bogossian (Geomecânica); Vice-Presidente Eduardo Backheuser (Carioca); Diretor Administrativo-Financeiro Carlos Brizzi (Dimensional); Diretores Alberto Quintaes, (Andrade Gutierrez S.A.); Antonio Machado Evangelho, (Vile Romi); Gustavo Souza (Queiroz Galvão); Jefferson Paes de Figueiredo Filho (Darwin); Marcelo Sengés Carneiro (Tecnosolo); Moysés Spilberg, (Spil); Reginaldo Assunção Silva (OAS); Ricardo Araujo Farah, (Sanedraga); Conselho Consultivo-Fiscal Hécio Luiz da Silveira Gomes, (HG Engenharia); João Borba Filho, (Norberto Odebrecht); João de Deus Vaz da Silva Neto (Arkhe); Luiz Carlos de Carvalho, (Medeiros); Luiz Batista Girardi (RL2); Diretor Executivo João Américo Gentile de Carvalho Mello Gerente de Comunicação e Marketing Ana Maria Leite Barbosa
AEERJ - Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro | Av. Rio Branco, 124 - 7º andar | Rio de Janeiro - RJCEP 20040-001 | Tel.: 55 21 3970.3339 Fax: 55 21 3970.3375 | aeerj@aeerj.com.br | www.aeerj.com.br
A Revista Construir é uma publicação da AEERJ - Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro, produzida pela Banjo Editora e Cria Caso Publicações Customizadas. Os artigos, fotografias e matérias assinadas são de responsabilidade dos respectivos autores e não refletem necessariamente a opinião da AEERJ.
Editora Antonia Leite Barbosa | Diretora de Criação Mariana Nahoum | Repórter Verônica Coutinho | Copidesque Kathia Ferreira Foto da capa Alex Santana | Fotos dos eventos Fernando Alvim
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Eventos da AEERJ
Investimentos na Nova CEDAE se refletem na melhoria dos serviços
Perfil: quem é o executivo que lidera as mudanças na Nova CEDAE
Wagner Victer e os desafiospara sanear o Rio
Governador, vice e executivos falam sobre o novo gestor da Companhia Estadual de Águas e Esgotos
Técnico: Carlos Brizzi
Governo Cabral investe US$ 327 milhões na despoluição da Baía
PAC da Baixada atenderá sete municípios do Rio com água limpa e esgoto tratado
Obras na Barra, Recreio e Jacarepaguá beneficiam milhares de moradores
Lagoa Rodrigo de Freitas de águas limpas
Artigo: Paulo Roberto Vilela Dias
Eleições no Clube de Engenharia
Crônica
02 Construir | Agosto 2009
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04 Construir | Agosto 2009
eventos da aeerj
VILELA DIASPETROBRAS
* Inclui Investimentos no Brasil e no Exterior | ** US$ 17,0 bi em Exploração
43,4
11,8
5,6
3,0 2,8 3,2
104,6**
PN 2009-13 | Período 2009-2013 *
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CONFRATERNIZAçÃODE FIM DE ANO
A confraternização de final de ano reuniu autoridades e associados para um almoço na AEERJ. Entre eles estavam Marilene Ramos, secretária do Ambiente, e Angela Fonti, presidente da Comlurb, na foto com Francis e Carlos Brizzi (Dimensional)
Paulo Roberto Vilela Dias, presidente do IBEC, esteve na AEERJ para explicar o novo conceito de BDI, em palestra para os associados seguida de almoço. Durante o encontro, trocou idéias com Jefferson (Darwin) e Nelson Castelo Branco (SMO)
Diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa apresentou aos associados da AEERJ o plano de negócios da empresa, descrevendo, em detalhes, como serão aplicados os US$ 174,4 bilhões (gráfico). Na foto, Paulo Roberto conversa com Luciana Reis (Carioca) e Adauto (Studio G)
E&P
RTC
G&E
PETROQUÍMICA
DISTRIBUIÇÃO
BIOCOMBUSTÍVEIS
CORPORATIVO
US$ 174,4 BILHÕES
gestão
Contas de luz e telefone vencidas, celulares desligados
por falta de pagamento, sede com ordem de despejo
e fluxo de caixa negativo de R$ 30 milhões. Esse foi o
cenário encontrado por Wagner Victer quando assumiu,
em janeiro de 2007, a presidência da Nova CEDAE,
empresa que administra uma rede de abastecimento
de água para cerca de 9 milhões de pessoas e efetua
esgotamento sanitário para aproximadamente 5 milhões
de moradores do Estado do Rio de Janeiro.
Dois anos e meio depois, a estatal, que acrescentou o
nome “Nova” e mudou a logomarca, vive outra realidade.
A arrecadação mensal aumentou 65%, o fluxo de caixa
está positivo em cerca de R$ 40 milhões e a empresa
está gerenciando um ambicioso conjunto de obras
financiadas pelo governo federal que mudará a realidade
de milhões de moradores da capital e do interior do
estado. Internamente, entre outros investimentos
nos recursos humanos, os funcionários da empresa
R E D U Ç Ã O D E C U S T O S , C O M B AT E A O S “ G AT O S ” E À S L I G A Ç Õ E S C L A N D E S T I N A S
A C A B A R A M C O M D É F I C I T N A C E DA E
06 Construir | Agosto 2009
Victer e funcionários da Nova CEDAE realizando serviço de rotina em logradouro público do Rio
EMPRESA RECEBE PRÊMIOS E INAUGUR A UNIV ERSIDADE CORPOR ATIVA
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passaram a contar, a partir de junho de 2009, com uma
Universidade Corporativa, a UniverCedae.
Presidente da Nova CEDAE, Wagner Victer conta
que a reestruturação só deu certo porque envolveu toda
a sociedade. “Precisávamos ampliar receitas, reduzir
custos, modernizar processos e melhorar a comunicação
com a sociedade”, afirma. Victer lembra que a mudança
da marca foi parte do plano estratégico realizado em
parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e com
a participação da Associação Comercial do Rio de
Janeiro, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
e da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de
Janeiro (AEERJ), entre outras entidades.
Entre as medidas que a nova direção da empresa
tomou para voltar a operar no azul estão as operações
de combate às ligações clandestinas, conhecidas
como “gatos”, iniciadas em 2007. Os números são
expressivos. Em dois anos, foram mais de 4.500
operações, resultado do trabalho dos técnicos da
Assessoria de Segurança Empresarial da companhia
em conjunto com a Delegacia de Defesa dos Serviços
Delegados (DDSD). “Desde que assumi a Nova CEDAE,
uma das minhas prioridades é caçar e combater todos
os ‘gatos’ feitos na rede da companhia. Além de causar
grande prejuízo aos cofres da empresa, essas ligações
contribuem para desabastecer algumas localidades.
Não toleraremos esse tipo de ação”, afirma Victer.
Outras medidas mais recentes, como a cobrança
pelos serviços de tratamento do lodo (resíduo tratado
quimicamente), despejado por caminhões limpa-fossas
na ETE Alegria, e do chorume (líquido poluente resultante
do apodrecimento de matérias orgânicas) produzido em
lixões e aterros sanitários e entregue à ETE Pavuna,
fazem parte da nova fase da empresa, que voltou a ter
características empresariais. Os serviços têm rendido
cerca de R$ 2 milhões anuais e garantem maior proteção
ao meio ambiente.
Wagner Victer ressalta os investimentos em pessoal
que a empresa está fazendo, além dos previstos para
qualificação, através da Universidade Corportiva. “O plano
de saúde era deficitário, não atendia bem aos servidores.
Zeramos o déficit em dois anos, estamos modernizando
a frota de veículos, realizando as correções salariais e,
em breve, anunciaremos um novo Plano de Cargos e
Salários”, enumera.
A Nova CEDAE fatura aproximadamente R$ 125
milhões por mês, atende a 65 dos 92 municípios do
estado com abastecimento de água e 17 com rede de
esgoto, através do gerenciamento de seis estações de
Tratamento de Esgotos: Penha, Ilha do Governador,
07 Construir | Agosto 2009
PRECISÁVAMOS AMPLIAR RECEITAS, REDUZIR CUSTOS,
MODERNIZAR PROCESSOS E MELHORAR A COMUNICAÇÃO
COM A SOCIEDADE
Servidores da Nova CEDAE realizam obras do programa de saneamento da Barra da Tijuca
08 Construir | Agosto 2009
gestãoFo
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ação
A sede da Universidade Corporativa da Nova CEDAE
Alunos da UniverCedaeAlegria, Pavuna, São Gonçalo e Sarapuí.
O abastecimento de água dos municípios integrantes
da bacia da Baía de Guanabara é realizado através de
seis sistemas. Um integra o Rio de Janeiro e a Baixada
Fluminense; outro engloba Niterói e São Gonçalo e atende
ao distrito de Itambí e Porto das Caixas, em Itaboraí.
Mais quatro sistemas isolados atendem aos municípios
de Itaboraí, Magé, Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito.
De acordo com Victer, pela primeira vez nos objetivos
da Nova CEDAE foram incluídas questões relativas à
rentabilidade e à satisfação de clientes e acionistas. “A
Nova CEDAE não é uma empresa qualquer e a situação
em que ela se encontrava quando assumi é decorrência
de 30 anos de desmandos, de sua utilização para fins
políticos. O que ocorreu foi uma completa desestruturação
da companhia e, como não poderia deixar de ser, a perda
de foco naquilo que é seu objetivo final: a satisfação dos
seus clientes e acionistas.”
O novo modelo de gestão, elaborado com assessoria e
metodologia da FGV, contou com três pontos que compõem
a visão da Nova CEDAE: imagem, autossustentação
e universalização dos serviços. Com o primeiro item
pretende-se que ela seja reconhecida pela excelência na
prestação de serviços e pelo pleno atendimento às normas
junto aos órgãos ambientais. O segundo visa autonomia
orçamentária e financeira, capacidade de investimento e
acesso da companhia ao mercado de capitais. O terceiro
ressalta a ideia de que a Nova CEDAE possa prover
abastecimento de água e coleta, tratamento e disposição
final dos esgotos das áreas de concessão.
Dentre os pontos críticos levantados pelo plano de
reconstrução da companhia estavam o baixo índice de
hidrometação (que mede a instalação de hidrômetros),
o alto índice de perdas e de evasão de receitas e
inadimplência, a falta de capacidade de investimento e o
crescimento exponencial de causas judiciais.
Outra ação importante para tornar a empresa
rentável era conseguir aumentar a sua fonte de renda.
“Era fundamental revertermos o alto índice de evasão de
receitas e inadimplência. Quando assumi, arrecadávamos
somente 30% do abastecimento de água. Assim, apesar
de um faturamento de R$ 1,8 bilhão, tínhamos um
resultado líquido negativo de R$ 245 milhões”, relata o
presidente da Nova CEDAE.
As causas judiciais também têm um peso expressivo
na situação da companhia. Em 2007, foram gastos
R$ 100 milhões com ações trabalhistas e de
consumidores na Justiça. “E esses eram apenas alguns
pontos críticos. Tivemos e ainda temos muito trabalho
pela frente”, diz Victer.
Pelos reconhecidos investimentos da empresa no
ser humano e pela divulgação de balanços sociais de
forma transparente, inclusive no tocante às práticas
contábeis, o Conselho Regional de Contabilidade
(CRC-RJ) distinguiu a Nova CEDAE com o Certificado
de Empresa Cidadã. No mês de junho, a companhia
recebeu o 1˚ Prêmio de Sustentabilidade da Associação
Comercial do Rio de Janeiro. “Concorremos competindo
com empresas privadas”, orgulha-se o presidente. Outro
título que alegra Victer é o de Empresa Amiga da Criança,
concedido pela Fundação Abrinq.
EMPRESA PREVÊ MAIS DE MIL ADESÕES À UNIVERCEDAE
Um dos maiores orgulhos da presidência da Nova
CEDAE, a Universidade Corporativa tem como meta
capacitar novos e antigos servidores, na busca pela
eficiência da gestão de seus recursos humanos. O
foco principal dos cursos de aperfeiçoamento está na
excelência da prestação de serviços de abastecimento
de água e de coleta, transporte, tratamento e destinação
final dos esgotos sanitários.
A unidade será um polo cultural dinâmico, com
seminários, palestras e cursos de qualificação e
de treinamento básico e de pós-graduação. Grande
parte dos cursos terá como instrutores os próprios
funcionários da Nova CEDAE – inclusive os inativos,
que poderão repassar seus conhecimentos a todos os
empregados.
Instalada em São Cristóvão, na Zona Norte, num
prédio de quatro andares construído em 1935 e
totalmente restaurado por funcionários da Nova CEDAE,
a Universidade Corporativa concentrará as gerências
da empresa voltadas para treinamento, recrutamento,
seleção e inovação tecnológica.
Com capacidade para treinar até 500 funcionários
por dia, o centro tem cerca de mil metros quadrados,
oito espaços multifuncionais – um específico para
treinamento em informática – e um auditório com
capacidade para receber cem pessoas, com equipamento
de última geração. No hall, será construído um espaço
cultural que abrigará um acervo histórico de peças e
materiais utilizados ao longo da existência dos serviços
de saneamento no Estado do Rio de Janeiro.
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Wagner Victer e Sergio Cabral brindam à Nova CEDAE
WA G N E R V I C T E R , U M H O M E M O B C E C A D O P O R R E A L I Z A R
perfil
ENGENHEIRO ESTEV E À FRENTE DOS M A IS IMPORTA NTES PROJETOS DE DESEN VOLVIMENTO DO ESTADO DO RIO
Wagner Granja Victer é carioca, nascido na Ilha do
Governador. Formado em Engenharia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em Administração de
Empresas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), é pós-graduado em Finanças pela Fundação
Getulio Vargas (FGV-RJ) e em Análise e Gerência de
Projetos pela Universidade de Harvard (EUA). Suas
habilidades para implantar e gerenciar empreendimentos,
aliadas à obsessão pela realização e pela qualidade,
levaram esse fanático torcedor do Fluminense – hoje
presidente da Nova CEADE – à gênese de alguns dos
principais projetos voltados para o desenvolvimento do
Estado do Rio de Janeiro.
Funcionário de carreira da Petrobras, empresa da qual
foi gerente de Contratação e Planejamento no Serviço de
Engenharia – implementando projetos de produção de
petróleo off-shore e na área de dutos –, Victer também
trabalhou na LIGHT e no Grupo GERDAU. No setor público,
antes de assumir a presidência da Nova CEDAE, foi secretário
de Energia, da Indústria Naval e do Petróleo do governo do
Estado do Rio de Janeiro (SEINP), de janeiro de 1999 a abril
de 2002 e de janeiro de 2003 a dezembro de 2006.
Atualmente, Victer é, além de presidente da Nova CEDAE,
diretor da Região Sudeste e vice-presidente do Fórum
Nacional de Secretários de Energia e membro do Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE), representando todos
os estados junto à Federação.
Entre os projetos do qual participou, destaca a
viabilização da primeira planta de petroquímica do Brasil
à base de gás natural, o Pologásquímico, em Duque de
Caxias, empreendimento de US$ 1,2 bilhão que entrou em
operação em 2005, além da revitalização e retomada de
um segmento industrial sucateado no passado: a indústria
naval fluminense. Os principais estaleiros do estado
(Verolme, Mauá, Militar, Caneco, Mac Laren, Caximbau,
EBIN e Cruzeiro do Sul) foram reabertos. Novos estaleiros
foram abertos e revitalizados (EISA, Promar, Transnave,
Ultratec), com a criação, até 2006, de mais de 30 mil
empregos diretos e 120 mil indiretos.
Victer coordenou a mobilização e as discussões técnicas
para a criação, em 2001, através de projeto de lei federal, da
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). Ele
se orgulha de ter participado também da gestação do projeto
de implantação do Porto do Açu – em São João da Barra, no
norte fluminense, próximo aos campos de petróleo offshore
– realizada pela LLX, operadora portuária, braço de logística
das empresas do grupo EBX. E da negociação de atração da
Siderúrgica do Atlântico (CSA), da alemã ThyssenKroupp, em
fase final de construção em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio.
Wagner Victer coordenou e integrou dezenas de outros
projetos. Entre eles, sobressai a elaboração do processo de
viabilização de uma nova refinaria no estado, o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí. Na
sua gestão na SEINP, mais de 40 operadoras (produtoras)
de petróleo instalaram sedes no estado e foram projetados
e abertos importantes Centros de Tecnologia para o
setor petroquímico, como o Laboratório de Engenharia
e Exploração de Petróleo (LENEP), em Macaé, o Tanque
Oceânico da Ilha do Fundão e o Centro de Tecnologia em
Dutos (CTDUT), em Caxias.
Victer concebeu e iniciou a implantação, em Paracambi,
do Centro Tecnológico Universitário da Baixada, para
a FAETEC, e da Universidade Estadual da Zona Oeste
(UEZO), na capital fluminense. Foi ainda responsável pela
interiorização da oferta de gás natural para 32 municípios
do estado, além de coordenar a elaboração e a implantação
do Plano Estadual de Gás Natural.
O então secretário coordenou a implementação do Gás
Natural Veicular (GNV) no estado. De 1999 a 2006, aumentou
de 19 para 450 a quantidade de postos no Rio, cerca de 40% do
total existente em todo o país na ocasião, tornando o projeto
referência nacional, com 500 mil veículos convertidos.
Foi de Victer a coordenação do projeto de reversão do
quadro de fragilidade na geração elétrica pelo estado. Em
janeiro de 1999, o Rio importava 60% de energia de outros
estados. Em 2006, após a implantação de termoelétricas,
tornou-se autossuficiente e desenvolveu projetos que
levaram o estado a ser um potencial exportador. Implantou
também o Programa de Eletrificação Rural no interior
fluminense, quando mais de 50 mil propriedades rurais
foram conectadas em 90 municípios.
À frente da secretaria estadual, participou da retomada
do setor mineral; da coordenação do Programa Estudante
na Energia, do Prêmio Qualidade Rio e do Prêmio de
Qualidade para Microempresas – Top Empresarial, em
conjunto com o Grupo Gerdau, a FIRJAN e o SEBRAE;
da concepção da Delegacia Especializada de Combate
a Fraudes nos Serviços Concedidos; da Delegacia
Antipirataria; de Programas Sociais e Culturais na Energia,
como a nova iluminação do palco do Teatro Municipal, a
iluminação cênica de mais de 10 igrejas e a eletrificação
de 300 escolas.
Também contaram com a participação de Victer a
revitalização dos portos do Rio de Janeiro; o Programa
de Energias Alternativas (eletrificação, via energia solar,
em 60 escolas de comunidades); o Centro Tecnológico
de Energia; o Polo Náutico da Baía de Ilha Grande; e
a atração do Congresso Mundial de Petróleo – World
Petroleum Congress, em 2002, considerado o mais
expressivo do setor.
11 Construir | Agosto 2009
entrevista
12 Construir | Agosto 2009
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WAGNER VICTER: UM EXECUTIVO QUE TEM O DESAFIO COMO COMBUSTÍVEL
Construir: Em que circunstâncias o senhor foi escolhido
para presidir a Nova CEDAE e quais os maiores
obstáculos enfrentados para modificar a situação de
penúria em que a empresa se encontrava?
Victer: Fui coordenador do programa do governador
Sérgio Cabral. Na época da transição, ele me convidou
para assumir um cargo na sua administração. Eu tinha
recebido uma excelente proposta da iniciativa privada
e, num primeiro momento, declinei. Mas o apelo do
governador e de sua família e o enorme desafio de
devolver à Nova CEDAE sua característica empresarial
me fizeram aceitar o convite. Quando assumi, a empresa
estava completamente desestruturada, era preciso
realizar um planejamento estratégico, o que não era feito
há 20 anos.
Construir: Que medida o senhor considerou prioritária para
o início do processo de reestruturação da Nova CEDAE?
Victer: Comparo a Nova CEDAE, em 2007, a um navio
com dezenas de furos. De nada adiantava taparmos
alguns buracos e deixar outros abertos, comprometendo
a flutuabilidade. Identificamos a necessidade de
implementar mais de 80 projetos, com a ajuda da
Fundação Getulio Vargas, e tivemos que conduzi-
los simultaneamente. Trabalhamos 24 horas por dia
para dar início aos processos, todos, atualmente, em
andamento e funcionando bem.
Construir: A sua administração está dando atenção
especial aos programas de combate à inadimplência,
ao furto de água e às ligações clandestinas, além da
redução de custos operacionais. Qual a importância
desses programas no desenvolvimento da companhia?
Victer: Fundamental. Essas ações lastrearam o processo
de saúde financeira e possibilitaram que a empresa
começasse a pagar os enormes passivos. A situação
WAGNER VICTER DEFINE COMO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE SUA PERSONALIDADE A IMPACIÊNCIA, A PERSEVERANÇA, “CONFUNDIDA COM CHATICE”, E A OBSESSÃO EM REALIZAR. O DESAFIO, ADMITE, É UM DE SEUS PRINCIPAIS COMBUSTÍVEIS PARA AGIR. E, PARA ATINGIR METAS, NA MAIORIA DAS VEZES DE DIFÍCIL EXECUÇÃO, TEM UM MODO PECULIAR DE TRABALHAR, CONSEQUÊNCIA DO ALTO NÍVEL DE ENGAJAMENTO NOS PROJETOS DOS QUAIS PARTICIPA. TODOS OS DIAS ELE, LITERALMENTE, VESTE A CAMISA DA EMPRESA, E NÃO SÓ A CAMISA: A CALÇA E AS BOTAS NEGRAS TAMBÉM, OU SEJA, O UNIFORME COMPLETO USADO PELOS OPERÁRIOS DA NOVA CEDAE.
NA PORTA DE SEU GABINETE, VICTER AFIXOU UM BANNER ONDE SE LEEM OS 15 “MANDAMENTOS DO PRESIDENTE DA NOVA CEDAE”, UM MANUAL QUE TRADUZ O ESTILO E O LEMA DE SUA GESTÃO: “DIFÍCIL É O QUE NÃO QUEREMOS FAZER”. SUA ROTINA INCLUI RESPONDER AOS DIVERSOS E-MAILS QUE RECEBE DA POPULAÇÃO, ATENDER, EVENTUALMENTE, AOS TELEFONEMAS DO CALL CENTER E VISTORIAR AS ESTAÇÕES DA EMPRESA NOS FINAIS DE SEMANA.
O HOMEM QUE TRANSFORMOU A NOVA CEDAE FALA, EM ENTREVISTA À CONSTRUIR, SOBRE O PROCESSO QUE COLOCOU A EMPRESA NO RUMO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E TORNOU-A CAPACITADA PARA SER O BRAÇO EXECUTOR DO ARROJADO PROGRAMA DE OBRAS DO GOVERNO FEDERAL PREVISTO NO PAC, MUITAS DELAS EXECUTADAS POR EMPRESAS ASSOCIADAS À AEERJ.
13 Construir | Agosto 2009
econômica ainda não é boa, mas a financeira está
equacionada. Hoje trabalhamos melhor, somos mais
ágeis e podemos investir em melhorias. Os serviços
solicitados pela população, antes solucionados em
prazo não inferior a 16 dias, atualmente são executados
no máximo em 48 horas. Tudo isso possibilitou à Nova
CEDAE estar com 200 frentes de obras – grandes, como
as do PAC, e pequenas, como as de modernização de
redes em logradouros públicos.
Construir: Que outras mudanças o senhor considera
representativas da nova fase da empresa?
Victer: É importante ressaltar a liberdade irrestrita
que tive para escolher minha equipe e o apoio total do
governador Sérgio Cabral e do secretário de Obras, Pezão,
que me possibilitaram trabalhar. Na área de planejamento e
projetos destaco o fato de termos sido a primeira empresa
a aprovar projetos e se qualificar para a obtenção de
recursos para realizar obras do PAC. A Nova CEDAE nunca
havia conseguido financiamentos federais antes, muito
menos com a maior parte dos projetos elaborados in
house (por equipes da empresa). Na área administrativa,
ressalto o fato de ter a PricewaterhouseCoopers, uma
das Big Four do mercado de auditoria, como auditora
independente da Nova CEDAE. Companhias como esta
se recusavam a participar de licitações na empresa. Em
relação à governança, orgulho-me de ter um Conselho
de Administração independente, integrado por dois
profissionais de renome da iniciativa privada: Aristides
Corbellini, diretor de Siderurgia da Vale e ex-presidente
da Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), e Sidney
Levy, presidente da American Banknote.
Construir: As grandes obras gerenciadas pela Nova
CEDAE serão um diferencial para a aprovação da
candidatura do Rio à sede das Olimpíadas de 2016?
Victer: Certamente. Na apresentação da candidatura
do Rio, realizada pelo governador Sérgio Cabral e
pelo prefeito Eduardo Paes, estavam presentes quatro
técnicos. Eu era um deles. Ao final, os membros
do Comitê Olímpico quebraram o protocolo e nos
aplaudiram de pé. A água da Nova CEDAE foi distribuída
para todos os atletas dos Jogos Pan-Americanos. Fatos
como este, e a percepção de que as esferas de poder
envolvidas estão unidas em torno de objetivos comuns,
são um trunfo. A Lagoa Rodrigo de Freitas estava suja
na época do Pan, o que atrapalhou as competições
de remo. A despoluição da Lagoa é uma de minhas
obsessões, tanto quanto o saneamento da Barra e da
Baía de Guanabara. Chamaram-me de louco quando eu
disse que limparia as suas águas, mas o resultado do
nosso trabalho já é visível.
Construir: Que impactos as obras de saneamento
da Baixada terão para os habitantes dos municípios
beneficiados?
Victer: Os moradores desses municípios estavam
bastante desiludidos com os resultados das obras que
vinham sendo realizadas. Nossa gestão tem muita
preocupação com o resultado. Não basta terminar
as obras, é preciso que elas atendam às expectativas
dos beneficiados. Um dos exemplos era a Estação
Alegria, um monumento às obras paralisadas no Rio.
Muitos duvidavam de que ela funcionaria. Provamos
que é possível.
Construir: Em função da histórica falta de investimentos
no estado e apesar das várias intervenções em
andamento e previstas na inédita parceria entre os
governos federal, estadual e municipal, há muito ainda
por fazer para promover o desenvolvimento sustentável
do estado. Que intervenções são necessárias?
Victer: É fundamental envolver a sociedade nesse
processo. Não devemos perguntar apenas o que
os governos devem fazer, mas o que nós, como
população, podemos fazer pelo meio ambiente. Muitos
cobram dos governos a despoluição, mas continuam
jogando cotonetes, preservativos e fio dental no vaso
NÃO BASTA TERMINAR AS OBRAS, É PRECISO QUE ELAS ATENDAM
ÀS EXPECTATIVAS DOS BENEFICIADOS
14 Construir | Agosto 2009
entrevista
AF ANUN CONSTRUIR.pdf 07/07/2009 15:52:34
sanitário, óleo de fritura na pia e não limpando as
caixas de gordura ou jogando os resíduos nos rios e
lagoas, além de realizarem ligações clandestinas na
rede de águas pluviais. Sou favorável a uma legislação
mais firme para combater esses delitos. Estou
convencido de que a parte do cérebro mais ligada à
sustentabilidade é o bolso.
Construir: Que marca o senhor acredita que deixará
como gestor da Nova CEDAE?
Victer: Estou realizando mais do que sonhei, mas muito menos do que gostaria. Quero que a Nova CEDAE seja uma empresa cada vez mais preocupada com a melhoria contínua e comprometida com os resultados empresariais e com o seu cliente principal, a população do Estado do Rio de Janeiro.
Equipe da Nova CEDAE realiza reparo em tubulação: atendimentos hoje são feitos em até 48h
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depoimentos
16 Construir | Agosto 2009
O QUE ELES
DIZEM SOBRE
WAGNER V ICTER
JOSÉ DOMINGOS VARGAS, SUPERINTENDENTE REGIONAL,
SUPERINTENDÊNCIA RIO DE JANEIRO SUL DA CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL“Quem conhece Wagner Victer sabe do profissional que
ele é, reconhecido no mercado como gestor técnico competente,
de alta capacidade e com uma qualidade ímpar: a obstinação.
À frente da Nova CEDAE desde 2007, vem desenvolvendo um
excelente trabalho de gestão, contribuindo para a modernização da
companhia e a valorização do seu corpo técnico. Como presidente
da Nova CEDAE, programou ações e estratégias visando à
implementação de um novo perfil administrativo e comercial da
empresa. Victer deu um passo importante quando promoveu o
plano de reestruturação e modernização da companhia. Parabéns
ao Victer e a todo o seu corpo
funcional.”
LUIZ FERNANDO PEZÃO,
VICE-GOVERNADOR E
SECRETÁRIO ESTADUAL
DE OBRAS “O Victer é
um competente gestor, e
a Nova CEDAE tem dado
show de eficiência, avan-
çando na consolidação
de uma empresa mo-
derna e competitiva. Os
resultados comprovam
minhas palavras. Ele e
sua também competente
equipe conseguiram co-
locar a casa em ordem,
priorizando investimen-
tos em meio ambiente e
em saneamento básico,
na capital e no interior.
ARISTIDES CORBELLINI, DIRETOR DE SIDERURGIA DA VALE
E MEMBRO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA NOVA
CEDAE “Não vou me alongar sobre as intensas atividades
e as inúmeras obras concluídas. O que talvez não seja tão
evidente é que o Conselho de Administração da empresa,
do qual me orgulho de ser membro, mudou radicalmente
sua atuação e foi o Wagner que assim o quis. Quando fui
convidado para ser conselheiro, muita gente achava que eu
estava maluco em aceitar. Quando tenho a oportunidade
de estar presente em eventos como a inauguração da ETE
da Barra, sinto que valeu o desafio, valeu o meu tempo e,
mais que tudo, valeu o sentimento de que a Nova CEDAE se
tornou uma empresa
eficiente e respeitada,
que presta um serviço
digno ao cidadão.
Parabéns, Wagner!”
EIKE BATISTA, EMPRESÁRIO,
PRESIDENTE DO GRUPO EBX
“Wagner Victer é um fantástico
CEO, tocador de obras, ele faz
acontecer. Tenho um enorme
respeito e admiração por ele.”
SÉRGIO CABRAL, GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO “Victer é um dos maiores executivos do
setor público de toda a história do Rio de Janeiro. Alia
capacidade técnica,
ética e sensibilidade
social. É uma honra
tê-lo em nosso
governo.”
20 Construir | Agosto 2009
No Brasil, a maioria das licitações de obras públicas é de empreitada por preço unitário, e os orçamentos dessas obras, que deveriam ser peças técnicas de engenharia, não são, pois não atendem completamente à legislação, induzindo assim os futuros contratados a ficarem à margem das exigências legais. A administração pública tem a obrigação e o dever de orçar as obras no menor custo possível, porém antes desse custo, da escolha da tecnologia e de procedimentos executivos viáveis, é fundamental seguir projetos e especificações e, na falta de alguma informação, adotar critério coerente, pensar na futura execução dentro das Normas Técnicas e da legalidade, contemplando a totalidade e a especificidade dos serviços e subserviços necessários à total e completa execução da obra. A seguir, a lista de algumas importantes omissões:
1 – EDITAIS COM ORÇAMENTO SEM REGISTRO DA RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL – CONFEA/CREA – Habilitação profissional. Os orçamentos contidos nos editais não são assinados por profissionais habilitados com seus respectivos números do CREA e tampouco constam as Anotação de Responsabilidade Técnica (Arts) de cargo e função perante o CREA. Registre-se que a LDO de 2009 já está exigindo a ART.
2 – ORÇAMENTOS NÃO CONTEMPLAM TODOS OS CUSTOS NECESSÁRIOS – Lei 8.666 e suas alterações, art. 7º, parágrafo 2º, item II e parágrafo 4º. Os orçamentos, na sua maioria, não contêm planilhas que expressem e componham TODOS os seus custos unitários, e, muitas vezes, os quantitativos dos serviços principais não correspondem às previsões reais do projeto básico (plantas) e, principalmente, os quantitativos dos subserviços necessários à execução dos serviços principais são subdimensionados ou não existem. Somando-se a isso, muitas das composições escolhidas não condizem com as especificações dos serviços e nem com a peculiaridade de cada local onde serão realizados os trabalhos, que, muitas vezes, implica produtividades mais baixas e/ou necessidades especiais de trabalhos e/ou serviços em horários extraordinários.
3 – ORÇAMENTOS NÃO CONTEMPLAM AS DETERMINAÇÕES DOS ACORDOS SINDICAIS – Lei 7.418/85, acordo sindical, artigo 166 da CLT, NR-6, e Lei 8.666, art. 12, item VI. Os orçamentos não contemplam vale-
transporte, vale-refeição, café da manhã, seguro de vida e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como capacetes, botas, máscaras etc., itens fundamentais para a melhoria de vida e segurança do trabalhador.
4 – ORÇAMENTOS COM EPCs EM QUANTIDADES INSUFICIENTES – Lei 8.666 e suas alterações, art. 12, item VI. Os orçamentos não contêm – ou contêm em quantidade insuficiente – os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs), fundamentais para a segurança do trabalhador e do público que transita nos locais das obras, tais como cercas, passarelas etc.
5 – PROJETOS BÁSICOS COM ELEMENTOS INSUFICIENTES PARA ORÇAMENTAÇÃO – Lei 8.666 e suas alterações, art. 6º, item IX. Os orçamentos são baseados em projetos básicos que não contêm um conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão, para a caracterização da obra objeto da licitação e que possibilite a avaliação do seu custo com a definição dos métodos construtivos e dos prazos de execução.
6 – ORÇAMENTOS NÃO CONTEMPLAM AS EXIGÊNCIAS DO MINISTÉRIO DO TRABALHO – IN 0003/05 Ministério do Trabalho.Os orçamentos não contemplam a implantação dos canteiros de obras e suas instalações de acordo com as exigências legais, tipo escritórios insuficientes, número de chuveiros, vasos, locais e quantidade de armários, área de refeitório etc., que são vitais para a saúde, vivência e conforto dos trabalhadores.
7 – ORÇAMENTOS COM ADMINISTRAÇÃO LOCAL INSUFICIENTE – CONFEA/CREA e Acórdão TCU nº 325/07. Os orçamentos não contêm – ou contêm em quantidades insuficientes – a administração local em planilhas abertas e transparentes, com engenheiros nas modalidades exigidas pelo CREA, técnicos de construção civil e de segurança, médicos, quando for necessário, mestres de obras, encarregados, vigias, pessoal de limpeza para a perfeita higiene dos locais, compatível com as necessidades de ordem técnica e da gestão responsável.
8 – FALTA COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE AS DIVERSAS PEÇAS DO EDITAL – Lei 8.666 e suas alterações. Não existe uma compatibilização entre o que é projetado, o que consta no memorial descritivo e o que é orçado. O projeto básico e o orçamento são simples, enquanto as
TÉCNICODiretor Administrativo-financeiro da AEERJ e Presidente da
Comissão de Obras Públicas do Sinduscon-Rio
ORÇAMENTO DE OBRAS PÚBLICAS, UMA PEÇA DE FICÇÃO
por carlos brizzi
O QUE FOI POSSÍVEL EXECUTAR COM O VALOR
DO ORÇAMENTO O QUE O CLIENTE PENSOU O QUE FOI PROJETADO
A EXIGÊNCIA DO MEMORIAL DESCRITIVO O QUE FOI ORÇADO
especificações e o memorial descritivo são complexos, o que, somado ao contrato, gera obrigações contratuais de um rigor desproporcional à sua contrapartida no orçamento.
9 – ORÇAMENTOS NÃO CONTEMPLAM AS EXIGÊNCIAS LEGAIS – ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – E AS EXIGÊNCIAS AMBIENTAIS. Os serviços orçados não contemplam – ou contemplam em quantidades insuficientes – as exigências contidas nas Normas Técnicas e as exigências ambientais. Por exemplo, valas escavadas com profundidades acima de 1,25m devem ser 100% escoradas para segurança do trabalhador, e o bota-fora só deve ser feito em locais licenciados.
10 – ORÇAMENTOS COM PREÇOS COM DATA-BASE DEFASADA – Lei 8.666 e suas alterações, art. 40, item XI, e Lei 10.192/01. Os orçamentos das obras devem ser atualizados o mais próximo possível da data da divulgação do edital, e o contrato deve contemplar reajustes após 12 meses da data-base do orçamento. Isto é o correto; redigir editais e contratos de adesão de forma diferente é auferir vantagens indevidas para a administração pública, diminuindo preços justos do contratado, aviltando e desequilibrando-os, pois reajuste não é aumento, e sim recuperação do valor real da moeda.
E quais são as consequências de todas essas omissões? Este sistema gera um jogo em que todos perdem. A administração pública perde com obras paradas e, às vezes, de qualidade questionável. As empresas do setor perdem pelo seu sucateamento, muitas vezes seguido de falência. A maioria das empresas sucumbe antes de completar cinco anos, algumas chegam a 10 ou 15 anos e são raras as que ultrapassam 20 anos, enfraquecendo um segmento que constrói este país e é importante indutor de crescimento e de distribuição de renda para os menos favorecidos.
E como transformar essa peça de ficção em realidade? Nestes novos tempos, o interesse das empresas está inexoravelmente ligado ao interesse da administração pública e, consequentemente, ao da população. As empresas, representadas por suas entidades de classe, devem interagir de forma absolutamente transparente com os governos, CREA e Tribunais de Contas, no sentido de estabelecerem procedimentos para a elaboração de orçamentos de obras públicas que seriam precursores de uma Norma Técnica para “Confecção de Orçamento de Obras Públicas”. Na prática, poderíamos iniciar com uma listagem completa, contendo todos os possíveis centros geradores de custos, como o terreno em que se localiza a obra, a logística de apoio, as instalações e a implantação do canteiro, a administração mensal, os equipamentos de proteção individual e coletivo, a manutenção do canteiro e da obra, as necessidades extra canteiro, tais como: licenças, ARTs, seguros, cauções etc., todos os serviços e subserviços necessários à execução completa da obra, serviços especiais, manutenção pelo prazo exigido no contrato e toda a demanda criada por exigência do edital e do contrato. Esses centros geradores de custo, contendo cada um uma listagem de serviços possíveis, devem ser cuidadosamente analisados pelo profissional, que irá decidir quais deles estarão presentes no orçamento em elaboração e quantificá-los.
Para se obter bons projetos e orçamentos corretos, é necessário tempo para executá-los, exatamente o que hoje não existe, pois, quando o recurso aparece, o projeto e o orçamento são feitos do dia para a noite, sem que haja tempo suficiente para que os profissionais desenvolvam um trabalho de bom nível técnico. Para mudar isto, é necessário que os governos pensem no futuro das cidades, dos estados e do país. Como?
COM UM PLANO DIRETOR DE OBRAS COM VISÃO DE FUTURO. Os governos federal, estadual e municipal, separadamente, devem desenvolver ações em conjunto com os setores interessados, de forma absolutamente transparente e amplamente discutidas com a sociedade civil, tendo em vista um “Plano Geral de Obras” com prioridades de curto, médio e longo prazo, de acordo com as necessidades sob suas responsabilidades.
TER ESTOQUES DE PROJETOS APROVADOS E ORÇÁ-LOS.Desenvolver com a própria equipe ou contratar escritórios especializados para fazer os
projetos do plano, aprová-los em todos os órgãos competentes e orçá-los em tempo adequado, ficando com vários projetos aprovados e orçados na prateleira e mudando, assim, o fluxo prejudicial hoje estabelecido:
Fluxo hojeVERBA > ENCONTRAR NECESSIDADE > DESENVOLVER PROJETO >
ORÇAMENTO / ADEQUAÇÃO À VERBA DISPONÍVEL > LICITAÇÃO > CONTRATO
ParaPLANO DIRETOR DE OBRAS > DESENVOLVER PROJETO > ORÇAMENTO >
DISPONIBILIZAR VERBAS > LICITAÇÃO > CONTRATO
A ESCOLHA DO PROFISSIONAL DE ORÇAMENTO. A escolha do orçamentista é de fundamental importância, devendo o mesmo estar profissionalmente habilitado, registrar a ART perante o CREA, seu nome e identidade profissional devem estar claramente registrados no orçamento do edital. Esse profissional deve ter tido vivência em canteiro de obras, ter experiência acerca do tipo de obra que está orçando ou estar devidamente assessorado, ter conhecimento das Normas Técnicas, das leis federais, estaduais e municipais referentes às atividades de construção.
APOIO AO SETOR DE ORÇAMENTO. Para que esses profissionais desenvolvam um bom serviço, devem ter tempo para orçar compatível com a complexidade do projeto. Cada obra é única e o seu valor só poderá ser o resultado de um trabalho técnico específico, sendo necessário que eles tenham condições de trabalho mínimas, tais como:A - Arquivo com todas as Normas Técnicas e leis federais, estaduais e municipais que afetam o setor;B - Computadores com configurações adequadas;C - Programas de computador para levantamentos, calcular o HH (hora homem), orçamento etc.;E - Banco de dados/catálogos de composições e preços fornecidos por empresa que tenha legitimidade e transparência no mercado; F - Projeto executivo ou projeto básico orçável;G - Ter como visitar o local das obras com um check-list para levantamentos das necessidades locais; H - Ensaios necessários para cumprir as Normas e o perfeito dimensionamento dos quantitativos dos serviços.
SETOR DE LICITAÇÃO E JURÍDICO. O edital e o contrato nele contido devem ser redigidos de forma a resguardar os direitos da Administração Pública, porém, há que se ter correção entre o direito e os deveres do contratante e do contratado, já que se trata de um contrato de adesão. Redações do tipo: “No preço estão contidos todos os custos obrigatórios ou necessários à composição do objeto deste contrato” ou “A empresa executora é responsável por qualquer custo necessário ao fiel e integral cumprimento do objeto deste contrato” traduzem-se em: “Tudo o que não foi orçado, foi orçado a menor ou foi orçado errado são de responsabilidade do contratado”.
Essas frases são incoerentes, configuram uma tentativa de colocar obrigações de uma obra por preço global em uma licitação sob o regime de empreitada por preço unitário. A Lei 8.666 – e suas alterações – proíbe alterar as planilhas de quantidades da licitação ou ofertar preço global acima do orçado pela Administração Pública, não sendo possível incluir esses custos, pois a transgressão a esses itens sujeita a empresa à desclassificação. Em obras do tipo empreitada por preços unitários, “TODO SERVIÇO EXECUTADO DEVE SER REMUNERADO”, previsto ou não em planilhas, porém necessário à perfeita e completa execução da obra.
Esse arsenal de problemas e suas soluções geram muitas histórias contadas sobre empreiteiros de obras públicas, algumas até transformadas em “Lenda Urbana”. Entretanto, o que a maioria das empresas mais deseja é um ambiente propício ao empreendedorismo, ou seja, trabalhar segundo as Normas Técnicas e respeitando as exigências legais. Auferir lucros? SIM, com produtividade e gestão competente para investir em pessoal, sistemas e equipamentos e distribuir lucros, garantindo com isso não só a sua sobrevivência como o seu crescimento e perpetuação.
21 Construir | Agosto 2009
22 Construir | Agosto 2009
obras // despoluição
O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara
(PDBG) foi criado na década de 90 com a finalidade de
planejar e coordenar um conjunto de ações visando
à despoluição das águas da Baía de Guanabara. As
intervenções ficaram paralisadas por muitos anos e, nos
primeiros meses da gestão de Sérgio Cabral, em 2007,
a Nova CEDAE retomou as obras em quatro estações de
tratamento: Alegria, Pavuna, Sarapuí e São Gonçalo.
Desde o início do projeto já foram investidos nas
intervenções, financiadas pelo Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID), Japan Bank of Internacional
Cooperation (BIC) e governo estadual, mais de
US$ 800 milhões. Desse total, cerca de US$ 327 milhões
na gestão Sérgio Cabral, com recursos do Fundo
Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento
Urbano (FECAM-FES). Os benefícios atingirão, até 2012,
2,9 milhões de habitantes de sete municípios do Estado do
Rio de Janeiro.
Dentre as obras do PDBG destacam-se a da Estação
de Tratamento (ETE) de Alegria, inaugurada este ano e
que atende a um contingente de 1,5 milhão de habitantes
de 19 bairros do Rio, do Centro à Zona Norte. A empresa
Odebrecht foi a responsável pela implantação da rede de
captação de esgoto, com 23 quilômetros de coletores, que
leva os dejetos até a Estação de Tratamento de Alegria,
localizada na Zona Norte.
Luiz Cesar Costa, diretor de contrato da Odebrecht
e representante do consórcio que executou a obra, conta
N O VA C E DA E R E T O M A E F I N A L I Z A I M P O R T A N T E S O B R A S D O P R O G R A M A D E D E S P O L U I Ç Ã O DA B A Í A D E G U A N A B A R A
ESTAÇÕES DE TR ATA MENTO BENEFICI A R ÃO 2,9 MILHÕES DE PESSOAS
Estação de Tratamento de Alegria: Camargo Correa e Engeform
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que as intervenções começaram em 1998, empregaram
mais de 2.500 pessoas, direta e indiretamente, e que a
conexão com a ETE Alegria foi inaugurada em 2008. Ele
aponta, entre outros desafios à execução dos serviços,
a logística. “Trabalhamos numa extensão de 16km, sem
canteiros de obras fixos. As áreas, principalmente nas
proximidades de comunidades carentes, eram de difícil
acesso e as galerias tinham alto grau de insalubridade
(ruídos e agentes biológicos)”, avalia Costa, acrescentando
que a variabilidade das condições geológicas ao longo da
obra motivou diversas soluções técnicas.
Com a inauguração da primeira fase do tratamento
secundário e dos trechos dos troncos-coletores que
faltavam para a atual vazão instalada, a ETE Alegria atinge
o patamar de 216 milhões de litros de esgotos tratados
por dia, o equivalente ao volume de um estádio como o
Maracanãzinho. A vazão em operação é de 2.500 l/s, mas
a estação foi projetada para o dobro desse valor, ou seja,
5.000 l/s.
O número médio de coliformes fecais nas águas do
Canal do Cunha, que, entre 2000 e 2007, era da ordem
de 160 mil por 100ml, passou a 5 mil por 100ml após a
inauguração da ETE Alegria. As empresas Camargo
Correa, Sergen e Engeform, sob a liderança da primeira,
compõem o consórcio responsável pelas obras na ETE
Alegria tanto na fase de tratamento primário quanto na
de tratamento secundário. Atualmente, estão sendo
executadas operações assistidas para monitoramento do
funcionamento das estações, com previsão de conclusão
em seis meses.
Waldner Paschoal, diretor da Sergen e presidente
do conselho de representantes do consórcio, afirma
que as maiores dificuldades para a execução das obras
foram relativas às fundações. “A estação foi erguida
onde, no passado, funcionou o depósito de lixo do Caju”,
explica. Paschoal destaca que, com o término das obras
de implantação do tratamento secundário, o líquido
remanescente do primário, antes descartado na baía,
agora é secado termicamente e pode ser usado como
adubo e na indústria de cerâmica.
Nas estações Sarapuí e Pavuna, as obras – iniciadas,
respectivamente, em outubro de 2002 e outubro de 2003
– estão sendo realizadas pela Queiroz Galvão, que está
implantando unidades e infraestrutura para o tratamento
secundário, previstas para estarem concluídas em 2012.
As intervenções incluem construção de redes de água
para o processo de tratamento; redes subterrâneas de
energia, comando e controle dos diversos equipamentos e
instrumentos; redes de circulação do esgoto; construção
da urbanização das áreas de intervenção, com arruamento,
drenagem de águas pluviais e paisagismo, integrando a
área do tratamento primário à do secundário.
A ETE Pavuna beneficiará diretamente uma população
de 623,5 mil habitantes no Rio de Janeiro, em Duque de
Caxias e São João de Meriti. E a de Sarapuí, um contingente
de 580 mil moradores em Belford Roxo, Nova Iguaçu e
Mesquita, além de áreas de São João de Meriti.
Superintendente de Contratos da Queiroz Galvão,
Alfredo Hollanda revela que os grandes desafios na
execução das obras foram os solos moles nas áreas das
intervenções e a integração da implantação da obra à planta
existente. Também foi difícil administrar o cronograma,
em função dos prazos de liberação de fabricação dos
equipamentos, importados de vários países.
As obras de conclusão da ETE São Gonçalo – que
opera em nível de tratamento primário e beneficia 200 mil
pessoas – devem estar finalizadas em 2010. Estão sendo
executadas pela empresa Delta Construção, responsável
também por obras de abastecimento de água tratada e
execução de ligações prediais no município.
Construída há mais de 10 anos, a estação fará o
tratamento secundário em mil litros de esgotos por
segundo, retirando cerca de 96% da carga orgânica
do efluente lançado na Baía de Guanabara. As obras
de reforma na Estação de São Gonçalo consistem na
recuperação da elevatória de esgoto bruto, da caixa de
areia, dos decantadores primários e secundários e do
sistema de desidratação de lodo. No local será instalada
uma central de produção de mudas da Mata Atlântica com
capacidade para 100 mil mudas/ano.
Outras estações de tratamento de esgoto, como a
da Penha, na Av. Brasil, e a da Ilha do Governador, no
Tauá, foram ampliadas através da instalação de novos
equipamentos.
Estação deTratamento da Pavuna: obras da Queiroz Galvão
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23 Construir | Agosto 2009
24 Construir | Agosto 2008
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Estação de Tratamento de Água do Guandu, realizada pela Metropolitana
obras // pac da baixada
Um dos mais ambiciosos e importantes programas
de obras para o Rio de Janeiro, previsto no Plano de
Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal,
é o do saneamento da Baixada Fluminense, que está
sendo gerenciado pela Nova CEDAE. São 18 grandes
intervenções, a maior parte iniciadas em março de 2008,
que abrangem oito municípios do estado e beneficiarão
uma população de 9 milhões de habitantes.
Nas intervenções serão investidos R$ 287,4 milhões
financiados pelo governo federal, através do Ministério
das Cidades, com contrapartidas do governo do Estado
do Rio e dos municípios envolvidos. Ao término das
obras – a maior parte prevista para estar concluída
em 2010 – os moradores de Duque de Caxias, Belford
Roxo, Japeri, Macaé, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova
Iguaçu, Queimados e São João de Meriti contarão
com redes de abastecimento de água tratada e de
tratamento de esgoto.
Modernização do Guandu
As obras incluem a ampliação e a modernização do
sistema de produção de tratamento de água do Guandu
(ETA Guandu), que abastece a capital fluminense e todos
os municípios da Baixada. A maior estação do mundo,
que teve seu nome incluído no livro dos recordes (Guiness
Book), será ampliada em cerca de 30% da sua capacidade
AMBICIOSO PROGRAMA DE SANEAMENTO NA BAIXADA FLUMINENSE ABRANGERÁ 10 MUNICÍPIOS
M A IOR PA RTE DAS OBR AS FIC A PRONTA EM 2010
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atual, que é de 43m3 de líquido por segundo.
Luiz Roberto Sant’ Anna, diretor presidente da
Construtura Metropolitana, que, em consórcio com
a Collet Engenharia, é responsável pelas obras de
ampliação da ETA, iniciadas em 26 de junho de 2008,
conta que o tratamento da água é realizado em fases
que incluem captação, floculação, decantação, filtragem,
cloração, fluoretação, correções do ph e distribuição.
“Nossos serviços estão na fase de decantação. Estamos
substituindo as colmeias existentes por outras mais
eficientes e toda a sua estrutura de suporte, que era em
madeira, será trocada por nova, em aço carbono.”
Sant’ Anna relata ainda que a empresa optou por
usar os materiais mais eficientes para os decantadores,
que são os fabricados nos Estados Unidos. “Conciliar a
logística de importação com os cronogramas de fabricação
e instalação das colmeias era o nosso maior desafio.
Antecipamos prazos de importação e, por isso, prevemos
finalizar as obras em 30 de julho, seis meses antes do
prazo contratual (janeiro de 2010)”, exalta o presidente da
Metropolitana.
Sant’ Anna revela o orgulho em trabalhar na maior
estação de tratamento de água do mundo, mas destaca
que os aspectos mais importantes da participação da
Metropolitana nas obras são a geração de postos de
trabalho, em torno de 120, e a possibilidade de empregar
as mais modernas técnicas do mundo em benefício da
população do Rio de Janeiro, estado onde a construtora
foi fundada há 64 anos.
Outra importante obra prevista no PAC é a de
complementação da duplicação da adutora da Baixada
Fluminense, com melhorias operacionais no booster
(bomba que amplia a pressão da água) da região, em
Nova Iguaçu. Iniciadas em junho, as intervenções, que
beneficiarão mais de 375 mil moradores, estão sendo
realizadas pelo consórcio das empresas Delta Construção
e Oriente e previstas para serem entregues em 2010.
As obras para reativar o reservatório do Colubandê,
que tem capacidade para armazenar 10 milhões de litros
de água, foram iniciadas em junho pela Delta Construção.
Trezentos mil moradores de São Gonçalo serão
beneficiados. Para pôr em funcionamento o reservatório,
construído há cerca de 10 anos, será assentada uma nova
tubulação adutora de água tratada de ferro dúctil, de
900mm de diâmetro e com 2.600m de extensão, interligada
à adutora existente, que transportará água ao reservatório
de Amendoeira.
Em Magé, as empresas Sanerio e Emissão,
consorciadas, respondem pelas obras que levarão
aumento de oferta de água a cerca de 95 mil habitantes
de Mauá, Suruí e Guia de Pacobaíba. As intervenções
tiveram início também em junho e permitirão que essas
localidades tenham fornecimento de água contínuo e de
boa qualidade durante todo o ano, inclusive nos períodos
de estiagem. Serão investidos R$ 50 milhões nesse
projeto, previsto para ser inaugurado em 2011.
O escopo das obras inclui a construção de uma estação
de tratamento de água com capacidade para produzir 26
milhões de litros por dia, o assentamento de uma adutora
de água bruta de 3.720m de extensão e de outra adutora
de água tratada de 20.212,23m de extensão. Serão
construídos também três reservatórios e um booster para
recalque e a instalação de 9.640 ligações domiciliares.
As obras de abastecimento de água em Magé e do
reservatório do Colubandê, em São Gonçalo, beneficiarão
a área de influência do futuro Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj), que está sendo implantado
pela Petrobras.
ETA Guandu
Montagem das estruturas de carbono da ETA GuanduFo
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Estação de tratamento de esgoto da Barra construída pela OAS, em consórcio com a Delta
obras // saneamento
No dia 5 de junho de 2009, Dia Mundial do Meio Ambiente,
o governo do Estado do Rio de Janeiro inaugurou, por
intermédio da Nova CEDAE, a Estação de Tratamento de
Esgoto (ETE) da Barra da Tijuca. A intervenção faz parte do
Programa de Saneamento da Barra da Tijuca, Recreio dos
Bandeirantes e Jacarepaguá (PSBJ), um conjunto de obras
reivindicado há 30 anos pelos moradores dessas regiões
com previsão de conclusão até novembro de 2010.
Executado pela Nova CEDAE com recursos próprios e
do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam), o
PSBJ visa implantar sistemas completos de esgotamento
sanitário nos três bairros da Zona Oeste do Rio através
de captação, tratamento e descarte do esgoto domiciliar
no oceano a uma distância que não comprometa a
balneabilidade das praias da região.
O tratamento do esgoto integrado dos três bairros, que
envolve a construção de coletores-tronco, redes coletoras,
linhas de recalque, travessias especiais e estações
elevatórias, além de ligações domiciliares, consiste no
envio dos dejetos domiciliares captados via redes coletoras
das sub-bacias dos bairros da Barra da Tijuca, Recreio e
Jacarepaguá, através de estações elevatórias, até a ETE. No
OBRAS REIVINDICADAS HÁ 30 ANOS POR MORADORES DA BARRA, RECREIO E JACAREPAGUÁ SAEM DO PAPEL
RESULTA DOS DAS INTERV ENÇÕES SER ÃO M A IS A PA RENTES EM UM A NO
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local, os rejeitos domésticos recebem tratamento primário
e são enviados ao emissário submarino que os descarta no
mar, a cinco quilômetros da costa.
A partir da inauguração do emissário submarino, em
2007, primeira etapa do programa, o sistema lagunar da
região, composto pelas lagoas de Jacarepaguá, da Tijuca,
de Camorim e de Marapendi, deixou de receber mais de 70
bilhões de litros de rejeitos domésticos. A obra, iniciada em
2001, foi realizada por consórcio das empresas Odebrecht
e Carioca Engenharia.
O engenheiro Eduardo Fontenelle, da Carioca
Engenharia, responsável junto à empresa pela obra do
emissário, explica que a construção de tubo em PEAD
de 1.400mm de diâmetro, exigida pela Nova CEDAE, era
inédita no Brasil e demandou alto grau de gerenciamento
das atividades de engenharia, suprimento, planejamento e
logística. “Não havia empresa nacional capaz de fabricar
os tubos e, por isso, encomendamos 10 tramos de mais de
518m de comprimento de uma companhia finlandesa, que
os fabricou em sua unidade em Portugal, de onde os enviou
ao Brasil por transporte oceânico numa viagem que durou
45 dias”, conta.
Luiz Cesar Costa, diretor de contrato da Odebrecht,
aponta outros fatores que desafiaram os técnicos das
empresas executoras das obras: montagem dos grandes
módulos na Baía de Guanabara, transporte ao local de
instalação, afundamento dos tubos no fundo do mar e
execução dos serviços na região de arrebentação (praia),
onde a presença de rocha dificultou a dragagem para
assentamento da tubulação na profundidade desejada.
A ETE Barra, cujas obras tiveram início em 2001, foi
criada para reduzir os poluentes que chegam ao emissário
submarino. Projetada para tratar 2,8 mil litros por segundo
do esgoto recebido, de forma preliminar e primária,
atualmente está tratando 1,2 mil litros por segundo, mas
tem capacidade de ampliação para tratamento de até 5,3
mil l/s, ou 90% do total de esgoto produzido na região, o
que está previsto para ocorrer até 2011.
Até o final deste ano, a Nova CEDAE espera entregar as
obras de esgotamento das sub-bacias Marapendi Norte e
Sul, na Barra. No Recreio, até essa data, a empresa prevê
que estejam finalizadas as obras de instalação da parte
final da linha de recalque e a de construção da estação
elevatória. Até novembro de 2010, a construção das
estações elevatórias Curicica I e Curicica II e Taquara, em
Jacarepaguá, deve estar concluída.
Marcelo Ribeiro, engenheiro e líder operacional da
área do governo do estado da Construtora OAS, que,
em conjunto com a Delta Construção, realizou as obras
de implantação da Estação de Tratamento da Barra da
Tijuca, conta que a obra gerou mais de 500 empregos
diretos e indiretos.
As empresas Dimensional Engenharia e Passareli,
consorciadas, são responsáveis pelas obras de
implantação das redes de esgoto do Recreio dos
Bandeirantes, iniciadas em dezembro de 2003. Vinicius
Benevides, diretor Operacional da Dimensional, diz que a
empresa atua fortemente na área de saneamento pesado
e que a Nova CEDAE sempre foi um importante cliente. “É
fundamental a nossa presença nos grandes programas de
obra da companhia. Estamos em incessante busca pelo
aperfeiçoamento contínuo e por novas tecnologias. Além
disso, a população é beneficiada com uma obra limpa,
segura, rápida e que vai colaborar de maneira significativa
para a despoluição dos rios, lagoas e praias da região.”
A Delta Construção também está executando obras de
saneamento no Recreio dos Bandeirantes e de esgotamento
sanitário em Jacarepaguá que fazem parte do PSBJ. Esses
dois contratos foram iniciados em 2004 e têm conclusão
prevista para o início de 2010. Paulo M. Duarte, diretor
regional da empresa, diz que, além das intervenções na
Zona Oeste, a Delta está realizando para a Nova CEDAE
obras do Programa de Saneamento da Baixada Fluminense
(PSB), previstas no PAC, em São Gonçalo e Nova Iguaçu,
entre outras. São serviços que geram cerca de 1.800
empregos diretos e indiretos.
Implantação das redes de esgoto do PSBJ, feita pela Dimensional
Decantador construído pelo Consórcio SANEBARRA
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27 Construir | Agosto 2009
28 Construir | Agosto 2008
obras // lagoa limpa
Uma antiga reivindicação de cariocas e turistas, a
despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas finalmente
tornou-se realidade, através de obras planejadas e
executadas pela Nova CEDAE. A limpeza das águas de
um dos mais belos e famosos cartões-postais da cidade é
uma obsessão do presidente da empresa, Wagner Victer,
que já inaugurou as obras de reforma e modernização de
seis das oito elevatórias da região.
Victer fala com orgulho do resultado das intervenções:
“As últimas medições feitas pelo Ibama indicam que a
quantidade de coliformes fecais nas águas da Lagoa caiu
de 16 mil por mililitro para 1.300, apenas 300ml a mais do
que o padrão do Ibama, que é o da Côte d’Azur (litoral sul
da França)”. Ele explica que esses números comprovam
que a balneabilidade atual da Lagoa é semelhante ou
até melhor do que a de muitas praias da cidade. “E as
intervenções financiadas pelo grupo privado EBX começam
em agosto”, observa.
O projeto da Nova CEDAE beneficiará uma população
de 370 mil pessoas e já possibilitou a expressiva melhoria
das condições da Lagoa, antes mesmo de estar concluído.
O planejamento definiu três metas: implantação de novas
linhas de recalque; reforma e melhorias operacionais nas
elevatórias de esgoto sanitário; implantação do Centro de
Controle Operacional de Esgotos (CCOE).
A Nova CEDAE investiu cerca de R$ 6.2 milhões na
implantação de 900m de linha de recalque de 400mm
de diâmetro em Polietileno de Alta Densidade (PEAD),
que interliga as elevatórias José Mariano e Hípica,
transportando vazão de 70 l/s.
Da elevatória Hípica até a elevatória Saturnino de Brito,
foi assentada uma nova linha de recalque de 1.500m. Ela
recebe, além do recalque da elevatória José Mariano, as
águas servidas da bacia afluente à própria elevatória,
totalizando a vazão de 190 l/s para a Saturnino de Brito.
Em 2005, foi concluída a substituição da linha entre
a elevatória do Leblon e a caixa de confluência no canal
do Jardim de Alah, extensão de 1.340m, em PEAD,
transportando a vazão de 1.680 l/s de esgotos.
Orçada em quase R$ 11.4 milhões, a segunda meta
da Nova CEDAE contempla o Programa de Otimização
Operacional das Elevatórias de Esgotos Sanitários,
que engloba oito elevatórias. Dentre essas, seis foram
inauguradas entre fevereiro de 2008 e março de 2009:
Saturnino de Brito, Jardim Botânico, Cantagalo, Farme de
Amoedo, Leblon e Caiçaras.
A previsão é de que as elevatórias José Mariano e
Hípica sejam inauguradas até o final deste ano, finalizando
a segunda meta do programa, que contempla obras civis,
serviços eletromecânicos, implantação de novas tecnologias
e modernização do sistema operacional, visando preservar
e manter o equilíbrio do ecossistema da Lagoa, bem como
as perfeitas condições sanitárias da cidade.
A implantação do Centro de Controle Operacional de
Esgotos complementa o atendimento às premissas do Termo
de Ajustamento de Conduta. Esse projeto encontra-se na fase
de elaboração de orçamento e visa à otimização da operação
e monitoramento do macrossistema de esgotamento
sanitário da Zona Sul, incluindo captações em tempo seco e
as elevatórias do Cinturão da Lagoa, entre outras.
Segundo Victer, os parâmetros de controle e
monitoramento serão observados em tempo real, o que
permitirá o pronto atendimento a todas as demandas
necessárias ao equilíbrio do sistema.
INTERVENÇÕES DA NOVA CEDAE PROMOVEM LIMPEZA DAS ÁGUAS DE UM DOS MAIS BELOS CARTÕES-POSTAIS DO RIO
DESPOLUIÇ ÃO DA L AGOA RODRIGO DE FREITAS É RE A LIDA DE
O catamarã patrocinado pela EBX limpa a Lagoa
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Com quase meio século de existência, a Delta Construção desenvolve soluções de engenharia em 22 estados do território nacional.
Reconhecida e premiada pela qualidade de seus serviços, a empresa conquistou uma posição de destaque entre as maiores empresas do país, atuando em diversos segmentos como edificações, incorporações, obras especiais, engenharia ambiental, saneamento, infra-estrutura urbana, implantação e restauração de rodovias.
O Grupo EBX se aliou aos órgãos públicos
responsáveis pela área e iniciou, no ano passado, um
projeto de recuperação ambiental para a despoluição
da Lagoa Rodrigo de Freitas dentro de 30 meses, a ser
concluída até o segundo semestre de 2010. Batizado de
Lagoa Limpa, prevê investimentos em torno de R$ 28
milhões que serão suportados pelo grupo do empresário
Eike Batista.
Estão previstas ainda obras de infraestrutura e ações
em toda a região em parceria com os órgãos públicos. As
primeiras intervenções, iniciadas em setembro de 2008,
contemplaram a operação de um barco de apoio e de
um catamarã para retirada de algas e resíduos sólidos
da Lagoa, como resultado da assinatura de um termo
de cooperação técnica com a Comlurb (Companhia
Municipal de Limpeza Urbana). Em paralelo, estão
sendo realizados mutirões de coleta com as equipes da
EBX, Comlurb e Rio-Águas (Subsecretaria de Gestão de
Bacias Hidrográficas).
Uma das principais ações estruturais envolveu,
em abril , a assinatura de um termo de cooperação
técnica com a Nova CEDAE para viabil izar a revisão
completa do sistema de esgotamento sanitário.
Serão mais de 10 obras, com investimentos
estimados em R$ 5 milhões. As empresas
contratadas executarão projetos desenvolvidos
pelos engenheiros da Nova CEDAE.
Parceira no projeto, a COPPE/UFRJ (Coordenação
dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro) presta
consultoria técnica na avaliação das obras. A solução
para a oxigenação da Lagoa, por meio de ligação com
o mar, está programada para a fase final do projeto e
será discutida com a sociedade.
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DA LAGOA TEM PARTICIPAÇÃO DA EBX
30 Construir | Agosto 2008
artigo
BDI NÃO TEM MÉDIA NEM MÁXIMO
por Paulo Roberto Vilela DiasFo
to d
e di
vulg
ação
O BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) é uma parcela
do orçamento da obra que corresponde à soma do lucro das
empresas executoras e dos custos indiretos para a realização
do empreendimento. Lancei este ano o movimento “BDI não
tem média nem máximo” para mostrar aos profissionais das
empresas públicas que o BDI precisa ser justificado.
É importante ressaltar que o percentual do BDI só
pode ser calculado especificamente para uma obra, e
de acordo com o escopo do serviço, exatamente porque
cada empreendimento conta com projeto, localização
e logística próprios. É inconcebível que o Tribunal de
Contas da União (TCU) considere como iguais obras
completamente diferentes, como a de construção de
uma usina e a de uma ponte.
Os graus de dificuldade de algumas obras são muito
superiores aos de outras, e aspectos como produtividade
da mão de obra local, clima, solo e topografia, entre outros,
devem ser levados em conta na composição das tabelas de
custos das obras praticadas pelas empresas públicas.
Para estimarmos os custos de um empreendimento de
engenharia precisamos considerar o seguinte:
Custo Direto
+ Custo Indireto (DI)
Custo Total
+ Lucro Bruto (B)
Preço de Venda
Na equação anterior, o BDI corresponde à divisão
da soma do Custo Indireto mais o Lucro aplicado ao
Custo Direto.
BDI = Lucro + Custos Indiretos
Para calcularmos os Custos Indiretos precisamos somar
os percentuais empregados na administração central, o
custo financeiro, o custo com seguros, as garantias, os
custos eventuais e os tributos sobre a receita.
Essas parcelas não podem ser previamente fixadas
porque dependem de diferentes fatores. A administração
central, por exemplo, é específica em cada empresa. O
Imposto Sobre Serviços (ISS) é um tributo municipal cujo
valor percentual varia de uma cidade para outra e é cobrado
no município onde a obra é executada.
O Lucro existe para garantir à empresa, entre outros
importantes fatores, a remuneração do capital investido no
contrato e o seu desenvolvimento tecnológico, logístico e de
pessoal. Por isso, o BDI utilizado pela empresa prestadora
de serviços depende de cada projeto.
Os órgãos contratantes, ao elaborarem seus preços de
referência, de acordo com a Lei das Licitações nº 8.666/1993,
podem e devem, assim como fazem com os Custos Diretos
em suas tabelas, fixar o BDI. Mas é necessário que o façam
de maneira adequada, lógica e de acordo com a metodologia
proposta pela ciência da engenharia de custos.
Mestre em Engenharia Civil e presidente do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (IBEC). Autor de
quatro livros sobre Engenharia de Custos
eleições no clube de engenharia
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> Renovação do Clube de Engenharia;> Fortalecimento da Engenharia Nacional;> Valorização do Profissional de Engenharia;> Participação Nacional;> Defesa do Estado do Rio do Rio de Janeiro.
01 | Francis entre Manoel Lapa (1º vice-presidente) e Fernando Siqueira, (2º vice-presidente) 02 | Agostinho Guerreiro, pre-sidente do CREA-RJ e ex-presidente do Clube de Engenharia, é um dos incentivadores da candidatura de Francis 03 | Empresários e autoridades estaduais e municipais vêm se reunindo em apoio à candidatura de Francis
01
31 Construir | Agosto 2009
Nos dias 26, 27 e 28 de agosto haverá eleições para a Diretoria e o Conselho do Clube de Engenharia. Francis Bogossian, presidente da AEERJ, é candidato à presidência do Clube pela chapa Clube de Engenharia Unido. A escolha de seu nome para liderar a chapa deve-se, principalmente, à percepção de seus apoiadores de que é a pessoa indicada para reunir todas as correntes de opinião do Clube, transformando-o numa tribuna de discussão de temas de interesse da Engenharia. São cinco os pontos básicos do programa da chapa:
Sugestões e o programa completo no endereço http://clubedeengenhariaunido.blogspot.com
COMPOSIÇÃO DA CHAPACANDIDATOS A DIRETORIA: Presidente: Francis Bogossian | 1º Vice-Presidente: Manoel Lapa | 2º Vice-Presidente: Fernando Siqueira | Diretores: Abilio Borges | Jaques Sherique | Jorge Antonio | Julio Niskier | Luiz Carneiro de Oliveira | Luiz Edmundo Costa Leite | Paulo Metri | Ricardo Rauen | José Stelberto | Virgínia Salerno | Conselho Fiscal: Efetivos: Carlos Prestes | Danton Voltaire | José Carlos Magalhães Castro | Suplentes: Arnaldo Cardoso Pires Jorge Nisenbaum | Elisimar Aguiar | CANDIDATOS AO CONSELHO DIRETOR: Efetivos: Alexandre Leal | Aloísio Araujo | Antonio Eulálio Araujo | Ayrton Xerez | Camilo Sequeira | Clovis Nery | Edson Monteiro | Eduardo Dantas Fátima Sobral Fernandes | Guilherme Pereira | Jorge Rios | José Luiz Salgueiro | José Ortigao | Luiz Oswaldo Aranha | Mario Borges | Paulo Poggi | Ricardo Maranhão | Rivamar Muniz | Vagner da Silva | Wilson FrotaSuplentes: Alcebiades Fonseca | Antonio Bittencourt Argolo | Benedicto Humberto | Ibá dos Santos SilvaManuel Martins
fim
Minha alma cantou, neste início de inverno, ao decolar
do Santos Dumont sob um céu azul de brigadeiro. E
solfejou novamente quando nele pousei de volta, em
êxtase com a visão das nossas praias sem fim. Morador
do Leme, foram só 15 minutos até o aeroporto e vice-
versa, apreciando esta irretocável ação do homem sobre
o belo, o Aterro do Flamengo. Dei graças a Deus por não
ter que cruzar a Av. Brasil ou a Linha Vermelha. Abstive-
me de racionalizar sobre a polêmica decisão que voltou a
permitir mais voos do reformado e ampliado terminal que
se deita sobre a Guanabara. Foi nesse clima de emoção
que rezei pelas doces almas cariocas de Tom e Vinicius
e cantarolei o Samba do avião. Nosso poeta pode até ter
chegado ou partido do Galeão, que hoje tem o nome do
maestro, mas devia estar sobrevoando os lados da Glória
ao inspirar-se, já longe dos manguezais e do lixo do Caju.
Do alto, do centro ao sul, o Rio merece o adjetivo.
De perto, entretanto, vemos o resultado das últimas
administrações municipais. Em um semestre não dá
para consertar os resultados da pouca misericórdia
dos prefeitos, que, sob o pretexto de falta de verbas
federais ou desavenças políticas com o poder central,
sucatearam a nossa urbe. Todos hão de queimar no fogo
dos infernos, fica aqui minha praga maligna. Quase todas
as pretensas ações de melhorias que foram tentadas
no Rio, nas últimas gestões, deram por água abaixo. A
cidade está mal tratada, calçadas quebradas, ruas com
asfalto cheio de crateras, não há mais remendo que dê
jeito. Concordo que é melhor tapar os buracos a cada
mês, como se tem feito, que nos deixar ao léu, mas as
ruas estão “carroçáveis”.
Pela primeira vez, em muitos anos, o prefeito
da cidade do Rio de Janeiro trabalha alinhado com
o governador e com o Planalto. Muito já se tem
realizado, o projeto de revitalização do porto do Rio de
Janeiro é um exemplo palpável dessa parceria, mas
o vácuo deixado pelas administrações anteriores é
portentoso. De todos os lados que se olhe, há grandes
problemas para resolver. A começar pela própria sede
administrativa do município. Depois de quase 30 anos,
o entorno do Centro Administrativo São Sebastião, na
Cidade Nova, é um exemplo da caótica urbanização da
cidade. Afinal, é o centro do poder, onde se concentram
os comandos dos serviços da municipalidade. Tudo
deveria ser exemplar. O rol das mazelas é muito
extenso e meu espaço é curto. Se o povo carioca fosse
educado, tudo seria mais fácil. Voto, portanto, em que,
paralelamente à recuperação urbanística, invista-se na
educação. E que vingue o novo modelo de gestão nas
escolas municipais do Rio, onde o bom desempenho dos
alunos é valorizado e se busca a redução do custeio.
As próximas gerações agradecem, penhoradas!
RIO, CIDADE (QUASE) MARAVILHOSA...
paulo cesar corrêa lopes,
engenheiro
32 Construir | Agosto 2009
www.cariocaengenharia.com.br
Com a inauguração da ETE da Barra da Tijuca em junho, a CEDAE deu um
importante passo na implantação do Programa de Saneamento da Barra da
Tijuca - PSBJ. A Carioca Christiani-Nielsen Engenharia se sente honrada
em fazer parte deste programa, com a construção do Emissário Submarino
da Barra, que tem relevante impacto social e ambiental para a Zona Oeste.
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