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Universidade de Brasília
Adriane Silva Machado
A dança no programa segundo tempo como instrumento
didático-pedagógico: um olhar para a cidade de Volta
Redonda
Volta Redonda / RJ. 2007
2
Adriane Silva Machado
A dança no programa segundo tempo como instrumento
didático-pedagógico: um olhar para a cidade de Volta
Redonda
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores.
Orientadora: Profª Ms. Ivanete da Rosa Silva de Oliveira
Volta Redonda / RJ.
2007
3
Machado, Adriane A dança no programa segundo tempo como instrumento didático-pedagógico: um olhar para a cidade de Volta Redonda.Volta Redonda, 2007. 32 p. Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007. 1. Dança 2. Desenvolvimento cognitivo 3. Socialização
4
Adriane Silva Machado
A dança no programa segundo tempo como instrumento didático-
pedagógico: um olhar para a cidade de Volta Redonda
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores.
Presidente: Profª Ms. Ivanete da Rosa Silva de Oliveira Centro Universitário de Volta Redonda - UNIFOA
Membro: Profª Ms. Cláudia dos Santos
Volta Redonda / RJ. 2007
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar, pela vida e coragem que ele me proporciona
todos os dias, aos meus familiares e amigos.
6
Antes de o homem falar, ele dançou. Foi por meio do movimento que ele se comunicou com os seus, com a natureza e com o sobrenatural. A dança foi, ao lado da música, a primeira manifestação humana. Ela foi na pré-história uma forma de comunicação, religião, entretenimento e conhecimento. Então, não poderia ser ela uma forma de educação?
(Barreto, 2004, p. 66)
7
RESUMO
O presente trabalho enfoca a importância da prática educativa na educação,
utilizando a dança como ferramenta essencial para o desenvolvimento geral da
criança, estimulando a expressar-se através do seu corpo e dos seus movimentos.
Dessa forma o trabalho demonstra que através da dança, o educador levará a
criança a utilizar o movimento para atingir aquisições intelectuais mais elaboradas,
levando-a a conseguir melhores resultados em todas as atividades propostas,
elevando a sua auto-estima e fazendo com que ela se relacione melhor com o
mundo e consigo mesma.
Palavras-chave: dança; desenvolvimento cognitivo; socialização.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 9
2 A DANÇA 11
2.1 A expressão corporal
13
3 A RELAÇÃO DOS PROCESSOS COGNITIVOS, AFETIVOS,
PSICOMOTOR E A DANÇA
15
3.1 A influência do desenvolvimento motor na aprendizagem
3.2 A aprendizagem
15
16
4 DANÇA: ARTE, LUXO OU NECESSIDADE 18
4.1 O conhecimento escolar e a cultura de massa
4.2 Metodologia do desenvolvimento
19
19
5 METODOLOGIA 22
6 DESCRIÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS 23
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 26
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28
9 ANEXO 31
9
1 – INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende abordar o tema dança e suas contribuições para a
aprendizagem, levando em consideração os aspectos didáticos da mesma. É muito
importante considerar que a criança possui múltiplas habilidades físicas, e o
movimento, assim como o seu desenvolvimento corporal e rítmico, está relacionado
diretamente à sua forma de expressar-se em relação ao mundo e à forma como
percebe tudo ao seu redor.
Ao utilizar a dança como ferramenta de incentivo à aprendizagem, o educador
deve fundamentar a sua metodologia, proporcionando aos alunos a oportunidade de
realização de um trabalho interdisciplinar que deverá desenvolver as habilidades
cognitivas e motoras de seus alunos e ainda resgatar os valores culturais da
sociedade.
A dança faz parte do cotidiano de todas as pessoas, seja de forma ativa, na
qual o indivíduo participa e interage, seja na forma de mero espectador. Cabe à
escola, �uxilia�t–la de maneira a despertar o interesse dos alunos e ainda buscar o
seu desenvolvimento integral rumo à aprendizagem.
O professor de Educação Física, por conhecer o processo do desenvolvimento
corporal de seus alunos, deve entender física e fisiologicamente sua estrutura e
saber como os movimentos rítmicos poderão ser executados corretamente e,
também, de que forma esses movimentos contribuem para o desenvolvimento.
Essas razões possibilitam que o docente compreenda a importância da dança
nesse processo e, sobretudo, a importância da parceria entre o professor que atua
com os alunos em sala.
Sendo assim, este estudo pretende demonstrar que a educação física tem um
papel preponderante no fortalecimento de uma pedagogia crítica, tendo em vista a
10
possibilidade de resgatar a dimensão lúdica e estética da educação, onde a relação
prazer/criatividade fazem o indivíduo envolver-se como um todo na construção de
conhecimentos.
11
2 – A DANÇA
Ao incentivar a participação da criança através de exercícios lúdicos, mímicas,
jogos e brincadeiras, até que se chegue nas atividades de dança propriamente ditas,
o professor pode propiciar o desenvolvimento integral e acreditar que a criança
realiza várias atividades em uma só quando dança.
O incentivo à criança em relação ao ato de dançar, baseia-se na necessidade
do desenvolvimento psicomotor da criança, sempre tendo em vista as características
de cada faixa etária. A psicomotricidade procura integrar e desenvolver três
importantes áreas: motora, afetiva e cognitiva.
A aprendizagem motora envolve os exercícios que deverão ser planejados
para a realização durante as aulas de Educação Física, proporciona o
desenvolvimento músculo-esquelético como, por exemplo: boa postura, correção de
defeitos naturais de pés e coluna, condicionamento físico, harmonia de movimentos,
aumento de elasticidade e coordenação motora.
A aprendizagem afetiva é conseguida através da liberação de emoções,
sentimentos e idéias. Procurando desenvolver o seu lado social através da formação
de grupos para a realização das atividades, nas coreografias a serem criadas e
realizadas, nos jogos e nas brincadeiras. Levar o aluno a socializar-se e utilizar forma
satisfatória a sua participação nas atividades de dança, faz parte da didática de uma
aula de Educação Física bem preparada.
Os exercícios quando são apresentados de forma lúdica e simbólica podem
auxiliar na concentração do aluno nos exercícios, na memorização das danças e na
assimilação dos ensinamentos ajudando a desenvolver uma melhor aprendizagem
cognitiva.
12
O principal objetivo da dança não é apenas que a criança se expresse através
do movimento, mas também que contribua para que ela tenha uma concepção de
vida mais autônoma permitindo-a viver de forma melhor na sociedade e sentindo-se
capaz de assimilar qualquer conhecimento, atingindo assim, todos os seus objetivos.
Nada em educação se faz sozinho. Toda a comunidade escolar deve
desempenhar uma participação fundamental para o sucesso do trabalho, uma vez
que o professor decide utilizar a música como recurso para incentivar a
aprendizagem. É o espírito de equipe que dará sustentação ao professor e aos
alunos, pois a função da escola é oportunizar a socialização do saber, permitindo
que o aprendizado possa acontecer de todas as formas possíveis e na sua maior
abrangência.
Segundo Nanni (2003)
“...a escola deverá estar sensível ao mundo daqueles que são a maioria: as classes populares e se valer da vontade de fazer chegar a elas conteúdos significativos que tenham relação com sua vida e que permitam a compreensão em si, das coisas que a cercam, e da relação entre ambos”. (p. 100)
É preciso rever, nos dias de hoje, a realização de uma prática educativa que
não leva em consideração aquilo que a criança vivencia no seu dia-a-dia. A escola
não deve ser encarada como mera instituição, isolada do mundo. A escola de hoje,
interage com o mundo e oferece aos seus alunos a oportunidade de crescer, partindo
das suas próprias experiências.
O ensino da dança no ambiente escolar, não é um ato isolado, pois visa ao
processo criativo, onde todos os participantes devem sempre estar motivados para
as aulas.
Nanni (2003:230) nos diz que é de fundamental importância que haja um
planejamento claro e específico, que deve ser feito com a participação de todos os
interessados, desde que todos tenham consciência dos objetivos pretendidos, bem
como, da elaboração de estratégias que permitam a relação com as demais
13
disciplinas, possibilitando ao aluno o desenvolvimento da sua personalidade, o
aumento dos seus conhecimentos, o desenvolvimento de suas habilidades, e,
quando necessário, modificações nos seus comportamentos, e a consciência do seu
corpo, suas características e limitações.
2.1. A expressão corporal
O enfoque na importância da expressão corporal ou comunicação não verbal
veio transformar o estudo do comportamento social humano, a expressão corporal
surge antes da comunicação verbal e é considerada como um componente essencial
no desenvolvimento da linguagem verbal.
Usamos os sinais de comunicação não verbal para manter a relação
interpessoal. A mensagem não verbal é a primeira impressão sobre a qual se vai
inscrever todo o conteúdo verbal da comunicação reforçando-o ou atenuando-o:
através dos gestos, das expressões faciais, do contato visual, da postura dentre
outros.
São, assim, indicadores de um estado, de uma intencionalidade, tendo como
principal função informar sobre a atitude emocional, cognitiva e motivacional.
Podemos perceber que a expressão corporal é a primeira linguagem usada pelo ser
humano para se comunicar com o mundo exterior, expressando através desses
gestos as emoções.
De acordo com Bueno (1998), o conceito do corpo, relaciona-se com a
importância de cada parte do corpo no todo, a função da locomoção, da alimentação,
da comunicação. O conhecimento intelectual do seu corpo e dos órgãos, é adquirido
no decorrer dos estágios de desenvolvimento da criança.
O corpo é o primeiro objeto percebido pela criança. Dessa forma, através dele
são apreendidas as sensações de bem estar, dor e deslocamentos. E é por meio
dele que se dá o conhecimento da relação com o outro como um todo. Na
14
representação da imagem do corpo é que se revela o sentimento que a pessoa tem
pelo seu próprio corpo e as experiências vividas através dele.
Esta imagem se revela freqüentemente no desenho que a criança faz de si
mesma. A riqueza das particularidades neste desenho, com a presença de
extremidades dos membros demonstra uma boa elaboração do esquema corporal.
Sem ela, a criança não poderá sentir de que modo é o seu corpo e dessa forma não
poderá �uxilia�ta-lo através do desenho. A criança representa o seu corpo de
acordo com a imagem que forma dele.
Conforme �u Boulch (1983:47) “O conceito de imagem corporal na dança
sofre transformações de acordo com o amadurecimento do indivíduo e a aquisição
da consciência de seu próprio corpo”.
Para o autor, a imagem corporal é “uma intuição de conjunto ou um
conhecimento imediato que temos de nosso corpo em posição estática ou em
movimento, na relação de suas diferentes partes entre si e sobre tudo nas relações
com o espaço e os objetos que nos circundam.” (p.47)
Sendo assim, um dos grandes desafios da Educação Física Escolar é
proporcionar ao educando o conhecimento do seu corpo usando-o como instrumento
de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitando suas experiências
anteriores e dando-lhe condição de adquirir e criar novas formas de movimento.
Além disso, deve associar ao corpo, à emoção, consciência, busca do prazer,
fazendo com que se sinta bem no espaço e no tempo, essa conquista se processa
através do respeito de si próprio e do outro e da liberdade e possibilidades de
expressão.
15
3 – A RELAÇÃO DOS PROCESSOS COGNITIVOS, AFETIVOS, PSICOMOTOR E A DANÇA
Alguns educadores ainda não incluíram as atividades com dança ao
planejamento do seu conteúdo pedagógico. Tal fato demonstra que esses
educadores ainda não desenvolveram a consciência de que aprender brincando
poderia garantir um bom desempenho dos processos sem precisar impor à criança
uma linguagem corporal que lhe é estranha.
De acordo com Vayer (1984, p.17), o desenvolvimento da criança, o que a
criança é presentemente, é, em todos os casos, o resultado atual das relações e
comunicações que estão sempre presentes e condicionam esse desenvolvimento: a
pessoa da criança, isto é, seu corpo enquanto meio da relação, o mundo das outras
pessoas, a realidade das coisas.
Nessa perspectiva, observamos que a linguagem verbal utilizada pela
professora em sala de aula é, por vezes, incompreensível para os alunos também a
linguagem corporal pode correr este risco, se não se referir, de inicio, a cultura que é
própria da criança.
3.1. A influência do desenvolvimento motor na aprendizagem
O movimento é um meio de ensino-aprendizagem particularmente relevante
em crianças com dificuldades de aprendizagem. Com base nas relações da
motricidade com a inteligência, realçam que a atividade lúdico-motora facilita a
16
aquisição das noções simbólicas fundamentais para as aprendizagens escolares,
destacando que o movimento promove a espontaneidade, a imaginação e o
pensamento criativo, constituindo-se numa experiência multi-sensorial de
aprendizagem.
Dessa forma a construção do esquema corporal, ou seja, a organização das
sensações relativas a seu próprio corpo relacionadas com os dados do mundo
interior, tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois esta
organização é o ponto de partida dessas diversas possibilidades de ação. Ela vai se
elaborando progressivamente, acompanhando a maturação nervosa, paralelamente
a evolução sensório-motora relacionada ao corpo do outro.
Nesse contexto, a dança destaca-se como um auxílio à consciência corporal
possibilitando um melhor relacionamento pessoal, uma melhor interação com o meio
e o entendimento das nossas funções fisiológicas.
Cabe ao professor considerar dentro do programa de Educação Física,
atividades de dança voltadas para a Educação do indivíduo enfocando os valores
culturais da comunidade escolar onde esse programa será aplicado, pois tais valores
são partes integrante do cotidiano dos alunos e proporcionam a eles um grande
incentivo à participação nas aulas.
3.2. Aprendizagem
O Minidicionário Luft (s/d) conceitua aprendizagem como sendo ação ou efeito
de aprender, tempo durante o qual se aprende.
Podemos também conceituar aprendizagem como um processo de mudança
de comportamento que acontece durante toda a vida do indivíduo que aprende
através das suas experiências de vida. A nova visão educacional, centrada na
aprendizagem, define o professor como co-autor do processo de aprendizagem dos
alunos, seu trabalho é contínuo e em parceria com os alunos e os outros membros
17
da comunidade escolar. A partir dessa visão de trabalho contínuo, percebe-se que a
aprendizagem é o processo do conhecimento construído e reconstruído
constantemente e de forma contínua.
Quando a educação é construída pelo aluno, no espaço escolar prevalece, a
mudança de caracterização dos sujeitos, novas coreografias, novas formas de
comunicação e a construção de novas habilidades, estabelecendo competências e
atitudes significativas. O professor deve exercer a sua habilidade de mediador
das construções de aprendizagem, oferecendo aos alunos as condições e o
ambiente necessários para a construção do conhecimento.
Na relação desse fazer pedagógico, professores e alunos interagem em
conjunto usando a responsabilidade, a confiança, o diálogo, avaliando suas funções
e atitudes. Tal avaliação é muito importante, pois nesse encontro, professor e alunos
seguem juntos construindo novos modos de realizar a educação.
18
4 – DANÇA: ARTE, LUXO OU NECESSIDADE
A análise das representações dos atores sociais, em um nível mais profundo,
apresentou fortes conotações da arte da dança como uma necessidade para o ser
humano. Fischer (1971) procurou compreender o porquê das formas estéticas
instigarem tanto este ser.
Nossa expectativa parece manter uma relação com essa perspectiva de
Fischer, na medida em que abre um entendimento de como isto se dá. É porque a
arte propõe problemas que embora não questionem a realidade presente, nos
libertam. “O entendimento deste aspecto para Fischer é de que é possível libertar-se
na arte do esmagamento em que se acha sob o cotidiano” (Velho, 1971: 14)
Entendo que, através da dança, o educador pode levar o ser humano a uma
liberdade de expressão que vai ao longo de sua vida, �uxilia-lo nas tarefas
cotidianas.
Santin (1987) afirma que a ludicidade é gerada pela criatividade simbolizadora
da imaginação de cada um. Dessa forma, o autor considera o brincar, acima de tudo,
como ação capaz de exercer o poder criativo do imaginário humano, constituindo um
universo do qual o criador ocupa o lugar central, através de simbologias originais e
inspiradas no universo real de quem brinca.
Portanto, através do lúdico, na medida em que dançamos ou representamos
ocorre um forte comprometimento com o prazer, a alegria, e a espontaneidade.
19
4.1. O conhecimento escolar e a cultura de massa
Segundo Araújo (1993), preocupação primeira deste estudo situa-se diante do
problema do distanciamento entre a aplicação do currículo escolar e a realidade dos
alunos de ensino fundamental. Apoiado numa concepção estática de cultura, que é
vista como um mero depósito de conhecimentos cristalizados, o sistema educacional
ainda ignora a relação entre conhecimento e a experiência do aluno.
Observa-se, ainda, que a crescente massificação da sociedade, proveniente
da indústria cultural e veiculada pelos meios de comunicação, atinge profundamente
a escola, que não está preparada para superar, dialeticamente, as contradições
dessa sociedade de consumo.
Além de não associar a teoria e a prática, a educação formal também não tem
possibilitado o exercício do pensar e do construir conhecimento, e muito menos está
voltado para uma formação totalizadora do indivíduo. Privilegiando a linguagem
escrita em detrimento das linguagens falada, musical, plástica e corporal, termina por
valorizar o pensamento conceitual em detrimento do pensamento criador.
É necessário incorporar a visão antropológica da educação, na qual a cultura
é considerada uma forma de produção, para que a escola realmente se torne
instância, não apenas de transmissão de conhecimentos, mas também de
transformação de cultura, na medida em que compreende todos os determinantes
culturais ali existentes.
4.2. Metodologia do movimento
Este estudo propõe um novo repensar com relação ao movimento levando em
conta as diversidades existentes nos grupos de alunos e explorando o máximo das
habilidades de cada um.
Um de seus objetivos principais é explorar a cultura corporal, incentivando a
produção de práticas expressivas e comunicativas externalizadas pelo movimento
20
através das quais o aluno terá a oportunidade de demonstrar suas emoções e
sentimentos, interagindo ao mesmo tempo consigo e com os outros.
Através de tal metodologia os indivíduos podem ainda refletir e atuar sobre as
posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas. Aspectos históricos e
sociais da dança poderão ser explorados de forma a enriquecer o campo de
conhecimento de cada um.
A importância de ser introduzido no Programa Segundo Tempo se respalda na
concepção de que será desenvolvido no seu praticante aspectos como
conhecimento, entendimento, linguagem corporal e formação do indivíduo.
Segundo Nanni (2003, p.202/203), existem questões relevantes, a serem
priorizadas no espaço do ensino da dança.
Cabe ao professor investigar a criação de estratégia metodológica para a
construção e expansão da consciência corporal, as quais viabilizem o resgate da
relação entre as várias visões de corpo pelo aluno: corpo-emocional, corpo-social,
corpo-cultural, corpo-político, dentre outros.
É importante que o grupo busque revitalizar a simpatia como exemplo e
variável estratégica dos elementos motóricos: para a ressemantização dos
movimentos corporais na estética da dança.
Deve fazer parte do trabalho a valorização do cotidiano dos atores sociais com
aspectos da cultura corporal, em detrimento do formal e ou técnicas mecânicas, mas
em direção as várias dimensões da manifestação da dança do homem, privilegiando
o aspecto orgânico – estrutural do processo de ensino para favorecer a relação de
significado da vivência e da convivência do corpo .
Cabe ainda investigar no tempo imaginário do espaço polissêmico do corpo,
viabilizando a abertura para a evolução humana no seu tempo real, assim como o
equilíbrio entre os mitos referenciadores no processo de ensino e aprendizagem da
dança, tornando este ensino mais qualitativo e eficaz no resgate da consciência da
semântica corporal.
21
E por fim, é importante valorizar a expressividade e a comunicabilidade com
eixos norteadores da sensibilidade, da imaginação da originalidade e da criação, no
resgate da autonomia e da emancipação do educando, relegando o domínio corporal
como elemento essencial para ressaltar como componentes fundamentais do ensino
e da aprendizagem, os aspectos sócio afetivos e motivacionais.
Essas orientações nos possibilitam novos olhares de estabelecer o ensino da
dança, que tem como objetivo visar o bom desempenho do seu praticante em sua
plenitude, ou seja, desenvolver toda sua parte cognitiva, afetiva e social, que pode
ser desenvolvida em escolas, clubes, academias e programas sociais como no caso
do Segundo Tempo.
22
5 – METODOLOGIA
Esta pesquisa foi efetuada, através de uma pesquisa descritiva, realizada com
alunas do curso de dança do PST, na faixa etária de 8 a 10 anos, todas estudantes
de Rede Municipal na cidade de Volta Redonda, Rio de janeiro.
Contamos com a participação de 20 alunas, e analisamos a linha do nível de
desenvolvimento cognitivo, representada através dos conceitos e notas obtidos nas
avaliações escolares no ano de 2006, no período de abril a dezembro.
Para completar qualitativamente os dados foi aplicado um questionário
fechado contendo 10 perguntas e destinados aos professores de educação física
dessas mesmas alunas. Esses dados serão analisados estatisticamente,
possibilitando o delineamento de uma curva cognitiva e as interpretações dos
mesmos tiveram como suporte os dados qualitativos registrados no questionário com
perguntas fechadas (anexo).
23
6 – DESCRIÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O questionário continha 10 (dez) questões que deveriam ser analisadas pelas
professoras de sala de aula e, a cada item, deveria ser atribuído uma qualificação,
como descrita a seguir: i) quando a aluna alcançou os objetivos propostos a
professora deveria assinalar “A” (Atingiu); ii) quando a aluna alcançou parcialmente
os objetivos propostos a professora deveria assinalar “AD” (Atingiu com Dificuldade);
iii) quando a aluna não alcançou os objetivos propostos a professora deveria
assinalar “ND” (Não Atingiu).
Então, a seguir, no quadro 1 trataremos estatisticamente e de forma geral os
indicadores obtidos com todo o grupo participante dessa pesquisa.
Optamos por não tratar os casos individualmente. Deixamos essa sugestão
para uma outra pesquisa, quando poderemos investigar no cotidiano dessas alunas
os fatores que contribuem para alcançar os indicadores descritos.
Quadro 1: Indicadores atribuídos às alunas em relação aos dez itens considerados relevantes
Semestre
1º 2º
Reconhecer se a aluna participante do
curso de dança do programa segundo
tempo, obteve melhora no seu rendimento
escolar referente ao ano de 2006:
A AD NA A AD NA
Apropria-se progressivamente da imagem do
seu corpo, conhecendo e identificando seus
segmentos e elementos através da dança.
40% 40% 20% 100% - -
24
Semestre
1º 2º
Reconhecer se a aluna participante do
curso de dança do programa segundo
tempo, obteve melhora no seu rendimento
escolar referente ao ano de 2006:
A AD NA A AD NA
Controla gradualmente o próprio movimento
aperfeiçoando seus recursos de
deslocamento e ajustando suas habilidades
motoras para utilização em diversas
situações.
60% 10% 30% 100% - -
Familiariza-se com a imagem do próprio
corpo. 70% 30% - 100% - -
Explora as possibilidades de gestos e ritmos
corporais para expressar-se nas brincadeiras
e demais situações de interação.
50% 50% - 90% 10% -
Desenvolve atitude de confiança nas próprias
capacidades motoras. 40% 20% 40% 100% - -
Explora e utiliza os movimentos como, por
exemplo: lançamentos, encaixe etc. para
ampliar suas possibilidades de manuseio dos
diferentes materiais e objetos.
50% 30% 20% 90% 10% -
Amplia as possibilidades expressivas do
próprio movimento, utilizando gestos diversos
e ritmo corporal.
90% 10% - 90% 10% -
Explora diferentes qualidades e dinâmicas do
movimento, como: força, resistência e
flexibilidade.
40% 40% 20% 100% - -
25
Semestre
1º 2º
Reconhecer se a aluna participante do
curso de dança do programa segundo
tempo, obteve melhora no seu rendimento
escolar referente ao ano de 2006:
A AD NA A AD NA
Desloca-se com destreza progressiva no
espaço ao andar, pular correr e etc. 30% 60% 10% 100% - -
Expressa desejos, sentimentos e desagrados
atingindo com progressiva autonomia. 70% 30% - 90% 10% -
Através do tratamento estatístico verificamos que todas as alunas, de modo
geral, obtiveram melhoras nos aspectos analisados por esse estudo. Nesse sentido,
podemos afirmar que a dança implementada pelo Programa Segundo Tempo pode
contribuir para a proposta pedagógica educacional, pois a falta de um esquema
corporal bem constituído pode fazer com que a criança apresente dificuldades não
somente motoras, mas também a nível cognitivo e afetivo.
As alunas que participaram dessa pesquisa, no decorrer do ano de 2006,
demonstravam mais autonomia, pois buscavam soluções para si próprias e para
poderem ajudar as colegas que apresentavam maior dificuldade de se expressar.
Dessa forma, percebemos que buscando um envolvimento maior com as pessoas
que participavam da sua convivência, adquiram mais responsabilidade e domínio
sobre a realidade.
Segundo o relato dos professores obtidos nas fichas avaliativas percebemos
melhorias nas relações comportamentais, refletindo nas avaliações escolares.
Acredita-se que as alunas participantes desse estudo, e, simultaneamente,
integrantes do Programa Segundo Tempo, adquiriram mais facilidade e segurança
na execução de tarefas, maior capacidade de relacionamento, e, consequentemente,
melhorias no desenvolvimento cognitivo.
26
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto atual em que a educação acontece, pode-se perceber que a
criança vem para a escola trazendo consigo muitos conflitos interiores de ordem
social: famílias desestruturadas, dificuldades financeiras, conflitos de identidade e
carências diversas que se não forem bem conduzidas, afetarão diretamente no
processo de aprendizagem dessas crianças. Muitas vezes, é possível perceber a
falta de motivação dos professores que não são bem preparados para lidar com tais
conflitos.
No decorrer deste trabalho, pretendeu-se demonstrar a ferramenta
importantíssima que é a dança. Pois mesmo sem perceber, ao dançar, a criança se
liberta do peso emocional que traz consigo e manifesta toda a carga que se encontra
no seu íntimo.
A musicalidade e a dança atuam de forma direta no celebro das crianças e as
faze exteriorizar expressões pensamentos e vontades próprias, auxiliando na
preparação para a aprendizagem.
Quando o professor de sala de aula e o professor de educação física
trabalham juntos em função do desenvolvimento da criança, essa, com certeza,
estará ganhando muito mais em termos de aprendizagem.
Além do desenvolvimento psicomotor, poderão ser trabalhados os temas e
mensagens das músicas ensaiadas, a letra, sua ortografia, ritmo, socialização,
cenário, relações espaciais e temporais, paródias, criatividade, expressão oral e
corporal, enfim, tudo o que for surgindo no decorrer do trabalho.
27
A dança não é algo que precisa ser restrito à pré–escola, como pensam
muitos educadores. Não há idade para dançar e explorar o melhor de cada um.
Todas as séries, pessoas de todas as idades podem ser beneficiadas pela dança.
Basta que para isso, o professor tenha claro em sua mente os objetivos que pretende
alcançar com este trabalho para que o mesmo não se perca.
28
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Márcia V.B. A dança na escola: cultura corporal de massa, popular ou
erudita? Monografia apresentada a UFPE, como requisito para conclusão do Curso
de Especialização em Pedagogia do Esporte, Recife, 1993.
ARAÚJO, P. Dança na escola: uma educação pra lá de física. Revista escola,
setembro de 2005.
AUGUSTO, Dulce Inês Leocádio dos Santos. Pedagogia do movimento: coletânea
de textos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas co-edição: Autores
Associados, 2002.
BAMBIRRA, Wanda. Dançar e sonhar: a dialética. Belo Horizonte: Inédita editora
de arte, 1993.
BARRETO, D. Dança... ensino, sentidos e possibilidades na escola! Campinas:
Autores Associados, 2004.
CAMINADA, Eliana. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint,
1999.
FISCHER, E. A necessidade da arte. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
29
KUNZ, Elenor. Didática da educação física. Ijuí: Unijuí, 2002.
LE BOUCHE, Jean. Educação psicomotora na idade escolar. 2. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1988.
________________ O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos.
Trad.: Ana G. Brizolara; 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
LUFT, Celso Pedro. Minidicionário. Edição revista e ampliada. 5. ed. São Paulo:
Editora Scipione, s/d.
MARQUES, Isabel A. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo:
Editora Cortez, 1999.
MATURANA, Humberto; VARELLA, Francisco. Aprendizagem. Disponível em:
http://webmap.vilabol.uol.com.br/aprend.htm. Acesso em: 27 dezembro de 2006.
MIRANDA, Regina. O movimento expressivo. Rio de Janeiro: Funarte, 1979.
NANNI, Dionísia. Dança educação: princípios métodos e técnicas. Rio de janeiro:
Editora Sprint, 1995.
_____________ Dança educação: pré-escola à universidade. 3. ed. Rio de
Janeiro: Editora Sprint, 2001.
_____________ Ensino da dança. Rio de Janeiro: Editora Shape, 2003.
30
OSSONA, Paulina. A educação pela dança. Tradução de Norberto Abreu e Silva
Neto. São Paulo: Summus, 1988.
SANTIN, S. Educação física: uma abordagem fisiológica da corporeidade.
Coleção Ensaios. Ijuí-RS: Livraria Unijui, 1987.
VAYER, Pierre. O diálogo corporal: a ação educativa para a criança de 2 a 5
anos. São Paulo: Manole, 1984.
VELHO, G. Sociologia da arte. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
31
9- ANEXO QUESTIONÁRIO Aluna : Professor: Data:
Semestres Reconhecer se a aluna participante do curso de dança do programa segundo tempo, obteve melhora no seu rendimento escolar referente ao ano de 2006.
1º Semestre
2º Semestre
1 Apropria-se progressivamente da imagem do seu corpo,conhecendo e identificando seu segmentos e elementos através da dança.
2 Controla gradualmente o próprio movimento aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilidades motoras para utilização em diversas situações.
3 Familiariza-se com a imagem do próprio corpo.
4 Explora as possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e demais situações de interação.
5 Desenvolve atitude de confiança nas próprias capacidades motoras.
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Semestres Reconhecer se a aluna participante do curso de dança do programa segundo tempo, obteve melhora no seu rendimento escolar referente ao ano de 2006.
1º Semestre
2º Semestre
6 Explora e utiliza os movimentos como, por exemplo: lançamentos, encaixe etc. para ampliar suas possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos.
7 Amplia as possibilidades expressivas do próprio movimento, utilizando gestos diversos e ritmo corporal.
8 Explora diferentes qualidades e dinâmicas do movimento, como: força, resistência e flexibilidade.
9 Desloca-se com destreza progressiva no espaço ao andar, pular correr e etc.
10 Expressa desejos, sentimentos e desagrados atingindo com progressiva autonomia.
Legenda A – Atingiu AD – Atingiu com Dificuldade NA – Não Atingiu NT – Não Trabalhado no Semestre
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