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Numa edição voltada para o Futuro, não pode perder as últimas inovações que vão mudar o Mundo! Surpreenda-se com o 'impossível' e questione o modus vivendi moderno. Em contraposição, a análise realista de um Prémio Nobel, que explica a importância das economias de escala na era da globalização. Tudo isto e muito mais no novo número da Angola'in, repleto de bons motivos para dedicar o seu tempo à leitura.
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Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades
ano iii · revista nº11 · 2010
700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros
ISSN 1647-3574
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º11
Nº11
1 · 2 · 2
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3 IN LOCO · ANGOLA’IN |
A Direcção
in loco
Nesta edição, a Angola’in presenteia os seus
leitores com uma visão vanguardista das déca-
das que se aproximam. Imagine-se em 2050.
Como será a sua vida nessa altura? O futuro
e dia-a-dia que vê nos fi lmes de fi cção cientí-
fi ca estão mais próximos da realidade actual
do que imagina. Habitue-se à ideia de condu-
zir carros híbridos, de mudar a sua alimenta-
ção ou simplesmente de conviver com as mais
diversas máquinas, que prometem simplifi car
os hábitos de cada indivíduo. Estamos cons-
cientes de que o universo está em constante
mutação. A evolução tecnológica dos últimos
anos é exemplo da predisposição humana pa-
ra a inovação. A Angola’in apresenta-lhe em
primeira mão alguns dos projectos mais ousa-
dos, antevendo o perfi l e o quotidiano do ser
humano nas próximas décadas.
Futuro é expressão recorrente nos últimos
tempos. A palavra está na ordem do dia no
que toca à agenda política nacional. A 21 de
Janeiro, a Nova Constituição foi aprovada por
unanimidade. O momento marca uma mu-
dança em diversos sectores da sociedade.
Nesta edição, descubra as mudanças que a
Carta Magna vai implementar e quais as prin-
cipais novidades do documento.
A secção de Economia confere-lhe acesso aos
ensinamentos de Paul Krugman. O Prémio
Nobel da Economia de 2008 tem procurado
explicar os efeitos práticos da globalização e
das economias de escala. A Angola’in dá a co-
nhecer as teorias daquele que estudou o im-
pacto da transformação do New Trade e deu
O FUTURO HOJE!uma nova interpretação ao conceito de co-
mércio internacional.
Economia representa mais do que a sua de-
fi nição no sentido lato. Analisando o pano-
rama da poupança social, a nossa publicação
ensina-o a “jogar” na Bolsa de Valores Social.
O projecto existe em apenas dois países e An-
gola pode ser a próxima a acolher um plano,
que tem como fi nalidade o fi nanciamento de
programas de luta contra a pobreza.
Aliás, os projectos não param de nascer. Exem-
plo disso é a recente parceria estabelecida en-
tre a AIP-CE e a FIL de Luanda, que deverá
dinamizar o mercado e a produção nacional,
catapultando-a no estrangeiro. A Angola’in en-
trevistou o presidente da Associação Industrial
de Portugal (AIP) e revela em exclusivo quais
os intentos da confederação para o país.
No plano cultural, damos voz a um jovem
talento, que dispõe de todas as armas para
triunfar no mundo do cinema, dentro e fora de
portas. Mário Bastos prepara-se para estrear
mais uma curta-metragem. Desta vez, Angola
surge como pano de fundo da acção e a pro-
dução é inteiramente nacional. Descubra os
bastidores de uma história que promete emo-
cionar o país. O realizador angolano é o rosto
do sucesso das novas gerações. Os seus êxi-
tos auguram um futuro atractivo e, à seme-
lhança do passado, recheado de importantes
conquistas.
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revista bimestral nº11 - 2010
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Direcção Editorial Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt
Redacção Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.ptAndré Sibi - asibi@comunicare.ptMicael Vieira - mvieira@comunicare.pt
Colaboradores Inglês Pinto · Miguel Matos Torres · João Carlos Costa Pétio Juarez Penelas de Barros · Gracinha ViterboLuís Duarte · Wilson Aguiar
Design Gráfi coBruno Tavares · Patrícia Ferreira design@comunicare.pt
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RevisãoMarta Gomes
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Departamento FinanceiroSílvia Coelho
Departamento Jurídico Nicolau Vieira
Impressão PERES-SOCTIP, Indústrias Gráfi cas, SA
DistribuiçãoMN Distribuidora
Tiragem7.500 exemplares—ISSN 1647-3574
DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,
fotografi as e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer
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ASSINE ANGOLA’IN1 ANO 4200 KWANZAS / 45 USD / 36 EUROS
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6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
IN LOCO
EDITORIAL
INSIDE
MUNDO
império dos sentidosNesta edição, encontra tudo o que precisa saber acer-ca da evolução da moda nacional. Conversamos com a estilista Lisete Pote e traçamos os principais desa-fi os que o sector enfrenta. A dinamização da activi-dade é evidente. Porém, a criação de uma indústria têxtil competitiva e efi caz é urgente. Já, o talento dos jovens profi ssionais é a principal ‘arma’ para singrar no mercado. Conheça os rostos do sucesso
velocidade em alta Os motores estão em destaque na secção de Desporto. Ao longo de seis páginas, compreenda a fi losofi a de uma modalidade que reúne um número crescente de adeptos. As difi culdades são o principal entrave à evo-lução destas actividades. Ricardo Teixeira, José Car-los Madaleno e Sandro Carvalho contam à Angola’in como conseguiram alcançar vitórias nos palcos in-ternacionais. A receita para o triunfo é simples
ANGOLA IN PRESENTE
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10 948016 52
CULTURA & LAZER DESPORTO
112 76
SOCIEDADE
nova constituiçãoA Carta Magna já entrou em vigor. Aprovado em Janeiro, o documento, que reuniu o consenso dos deputados, marca um novo ciclo governamental que culminará com as eleições gerais, marcadas para 2012. O cargo de Primeiro-Ministro foi extinto e o Presidente da República passa a ser eleito directamente. O combate à corrupção, a protecção do consumidor e a clarifi cação dos direitos e deveres dos cidadãos constituem as principais mudanças. A Angola’in revela-lhe todos os pormenores
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IN FOCO
FOTOREPORTAGEM
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
LUXOS
ESTILOS
LIVING
7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |
ECONOMIA & NEGÓCIOS
mercados em potênciaNão perca os ensinamentos do Prémio Nobel da Economia. Paul
Krugman procurou explicar os efeitos práticos da globalização,
estabelecendo uma nova interpretação do comércio internacio-
nal. O especialista estudou o impacto da transformação do con-
ceito do New Trade na actividade económica e defende que os
mercados nem sempre funcionam. Porém, o seu fracasso está
relacionado com a falta de economia de escala. Descubra como
pode aplicar estas teorias para dinamizar o seu negócio
SOCIEDADE
as duas faces da moeda Já pensou em ‘investir’ na Bolsa? Na hora de decidir, escolha
também a de valores sociais. O modo de funcionamento é
idêntico ao modelo tradicional. Neste caso, as acções são doa-
ções para empresas com projectos sociais à escolha. O lucro é
para a comunidade. O conceito inédito existe em dois países e
pode ser aplicado em Angola. Compreenda as vantagens deste
projecto e como pode ‘jogar’ a favor da sociedade
SOCIEDADE
fuga de cérebrosO problema afecta as sociedades em geral. Enquanto as econo-
mias europeias se deparam com a questão pela primeira vez,
os africanos enfrentam esta situação há vários anos. A maioria
das famílias emigra ou envia os jovens dotados para o exterior,
onde desenvolvem a sua formação académica. Revelamos as
razões do êxodo
TURISMO
‘carimbos’ obrigatóriosA Angola’in sugere 25 cidades que não pode deixar de visitar no
decorrer deste ano. Localizadas nos cinco continentes, as su-
gestões destacam-se pela diversidade e por albergar eventos
imperdíveis. Opções não faltam, mesmo que não tenha opor-
tunidade de visitar todos os destinos. Aproveite os próximos
doze meses para explorar novas culturas, paisagens e experi-
mente vivências únicas. Comece já a planear as suas férias
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
cidades com personalidadeAs cidades do futuro estão em destaque nesta edição vanguar-
dista. A arquitectura moderna, que recorre às mais recentes
tecnologias, está presente na maioria dos trabalhos de recons-
trução, que começam a dar atenção ao ordenamento do terri-
tório e à usabilidade dos edifícios. Descubra as tecnologias que
podem melhorar o seu bem-estar
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GRANDE ENTREVISTA
investimento prioritárioRocha de Matos, presidente da AIP-CE, é o novo parceiro da Feira Internacional de Luanda. Após a assinatura do protocolo de cooperação, o responsável da Associação das Indústrias Portuguesas revelou os projectos que tem em curso em Angola e quais as vantagens de trabalhar conjuntamente com a FIL. Em entrevista exclusiva, o empresário luso promete novidades para 2010 e faz um balanço positivo da economia nacional
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VINHOS & COMPANHIA
gourmet Café del Mar (Angola), Le Quartier Français (África do Sul) e Mo-
zaic (Indonésia) são as sugestões para esta rubrica. As particu-
laridades destes espaços, nomeadamente no que concerne ao
ambiente, atendimento personalizado e riquezas gastronómi-
cas são qualidades destes três restaurantes. As iguarias dos
chefs de cozinha são imperdíveis
CULTURA & LAZER
jovem talento‘Alambamento’ é o título da recente produção do promissor re-
alizador Mário Bastos. A curta-metragem estreia esta Prima-
vera nas salas de cinema nacionais e o seu mentor revelou à
Angola’in os segredos da película que tem todos os ingredien-
tes para emocionar os angolanos. Numa entrevista intimista, o
jovem talento fala da sua evolução profi ssional e das expecta-
tivas em relação ao mercado cinematográfi co
PERSONALIDADES
antónio oleReconhecido internacionalmente pela versatilidade das suas
produções, António Ole já fez um pouco de tudo. Artista plás-
tico, fotógrafo e realizador, evidencia-se na pintura. Encante-
se com o longo espólio desta personalidade, reconhecida pelos
trabalhos individuais e pela participação nas principais mostras
internacionais
10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
mbartolo@comunicare.pt
editorial
o insurgenteO homem que estudou e procurou explicar os efeitos
práticos da globalização e das economias de esca-
la inspirou um dos temas de destaque desta edição.
Paul Krugman é norte-americano, crítico feroz da po-
lítica ministrada na era de George W. Bush e vencedor
do Prémio Nobel de Economia. No momento de cri-
se fi nanceira que afecta a economia globalizada, não
podia estar mais certo ao defender que os mercados
nem sempre funcionam, mas o fracasso dos mesmos
prende-se, muitas vezes, com a falta de economia de
escala. As suas conclusões revolucionaram a teoria do
comércio internacional que vigorava na década de 70
e que se baseava na máxima de que os mercados fun-
cionavam bem de forma independente. O professor
da Universidade de Princeton foi escolhido pela Real
Academia Sueca das Ciências por ter relacionado geo-
grafi a económica e comércio internacional, explicando
que alguns produtos e serviços podem ser produzi-
dos mais baratos em série, o conceito de economia de
escala. A teoria do “New Trade”, explica porque é que
progressivamente se foi substituindo a produção de
pequena escala em economias locais, pelas produções
em escala, dominadas por grandes empresas globa-
lizadas. Krugman estudou o impacto desta transfor-
mação nos padrões de comércio e na localização da
actividade económica e deu um nova interpretação ao
comércio internacional. Segundo a sua opinião sobre
a solução para a crise fi nanceira actual, o Governo bri-
tânico está certo. A nacionalização parcial das entida-
des bancárias é apoiada pelo economista que elogia,
também, os países da Zona Euro (UE). “Parece que os
governos da Zona Euro deram conta do recado, adop-
tando mais ou menos o plano britânico (...). Deveria
ter encorajado mais este Governo, que excedeu larga-
mente as expectativas e efectivamente mostrou ao
mundo o caminho a seguir”, escreveu Paul Krugman,
em 2008. Natural de um país onde os cuidados de
saúde são (ainda) uma benesse de quem tem segu-
ros, o economista defende o sistema de segurança so-
cial. Este é um dos pontos que o também colunista do
“New York Times”, criticava ferozmente na governa-
ção Bush. Apesar das opiniões políticas consideradas
de “esquerda”, o Nobel foi conselheiro para os assun-
tos económicos de Ronald Reagan, na década de 80,
em plena guerra fria. Actualmente, lecciona Economia
e Assuntos Internacionais e o seu trabalho de pesqui-
sa tem-se centrado nas crises económica e monetá-
ria. Carismático, explica que ganhou o honroso prémio
porque, quando criança, lia romances de fi cção cien-
tífi ca. “Nos primeiros romances de Asimov, os cien-
tistas sociais salvavam civilizações”, refere. “Gostava
disso e queria fazer o mesmo. Obviamente constatei
que a salvação muitas vezes não funciona tão bem na
prática quanto nos romances”, salienta. Um IN FOCO
muito especial para ler, pensar e adaptar às reais ne-
cessidades da nossa economia, sem esquecer o cres-
cimento das novas redes sociais que agora irrompem
um pouco por todo o território. De salientar que para o
sucesso pretendido importa não esquecer premissas
como a distância, os custos de transporte, a “dimen-
são espacial” de qualquer actividade económica e os
retornos crescentes para justifi car a desigual distri-
buição, nacional e global da actividade económica. As-
pectos a que Angola se deve familiarizar quando der
início a verdadeiros clusters (aglomerados) económi-
cos em sectores-chave para o país.
11 EDITORIAL · ANGOLA’IN |
SEGUNDO MAIOR FORNECEDOR DA CHINANos primeiros dez meses de 2009, Angola foi o segundo maior fornecedor de petróleo à Chi-
na. A notícia é avançada pelo jornal ‘China Daily’, que refere que a primeira posição é ocupada
pela Arábia Saudita, ao assegurar cerca de 15 por cento das importações daquele país. O país
asiático começou a importar petróleo em 1993 e no ano passado atingiu um nível de depen-
dência externa considerado “alarmante”. Entre Janeiro e Outubro de 2009, a Arábia Saudita
vendeu à China 32,8 milhões de toneladas de petróleo e Angola 25,6 milhões de toneladas. O
Irão fi gura em terceiro lugar, com 20,2 milhões de toneladas. A China importou 204 milhões
de toneladas de petróleo em 2009, correspondendo a 52 por cento do seu consumo e a uma
subida de três pontos percentuais em relação a 2008. Analistas do sector prevêem que o nível
de “dependência externa” da China aumente para 65 por cento até 2020 e devendo subir este
ano para 54 por cento.
| patrícia alves tavares
12 | ANGOLA’IN · INSIDE
PROCURARINVESTIMENTOSAngola participará na Expo Xangai 2010 (Chi-
na) com um propósito claro: atrair investimen-
tos estrangeiros. Quem o diz é a comissária
para a exposição, Albina Assis, que destaca o
facto de o evento constituir uma oportunida-
de para o país reafi rmar o seu posicionamen-
to regional e internacional, revelando todo o
desenvolvimento dos últimos anos. A respon-
sável defendeu que a Grande Exposição se
apresenta como o cenário ideal para discus-
sões de políticas e acções à volta do tema da
sustentabilidade das grandes capitais mun-
diais. “O nosso objectivo é mostrar as nossas
potencialidades, apoiando-se no maior e mais
importante recurso que é a diversidade do ca-
pital humano que possuímos”, reiterou. Ango-
la participa na feira com um pavilhão de 1000
m2, que vai representar os antepassados em
contraposição com os núcleos modernos ur-
banos. A Expo Xangai decorre entre 1 de Maio
e 31 de Outubro e tem como slogan “Melhor
Cidade, Vida Melhor”.
HOTEL DE CINCO ESTRELASO primeiro empreendimento hoteleiro nacio-
nal com a categoria de cinco estrelas nasceu
no Talatona, em Luanda. Tem cinco pisos e 201
quartos, onde é possível visualizar a panorâ-
mica de toda a zona sul da capital. O espaço
está integrado no Centro de Convenções mul-
tiusos com o mesmo nome e é rodeado por
dezenas de chalés de luxo. O Hotel de Con-
venções de Talatona apresenta uma fachada
principal composta por uma moldura de vidro
com uma combinação de cores parecida com
o arco-íris. O edifício dispõe de 201 quartos,
dos quais 21 suites, subdivididas em 17 sui-
tes juniores, três de luxo e uma presidencial,
com tratamento VIP diário e rede de internet
gratuita. Pertencente à empresa Sonangol,
o primeiro hotel cinco estrelas é composto
por três restaurantes e 12 salas de reuniões.
O funcionamento dos serviços é assegurado
por 400 pessoas. O custo de uma suite oscila
entre os 600 e os 1500 dólares.
INSIDE
RESERVAS EM RISCO
A Empresa Nacional de Diamantes de Angola
(ENDIAMA) manifestou-se preocupada com
o facto de as reservas de diamantes começa-
rem a escassear. A situação tem-se agravado
no país ao longo dos últimos anos, nomea-
damente devido à intensa actividade regis-
tada nas regiões tradicionais de exploração
diamantíferas, praticada na maioria dos ca-
sos por cidadãos da República Democrática
do Congo. A situação já levou o presiden-
te da ENDIAMA, António Carlos Sumbula, a
apelar às autoridades angolanas e congole-
sas para que resolvam o problema. A provín-
cia da Lunda Norte é a região com o maior
índice de garimpo e imigração ilegal. Devido
ao descontrolo da actividade, o Estado per-
de anualmente cerca de USD 300 milhões. O
problema já conduziu o Governo a desenvol-
ver acções para evitar a ocupação anárquica
das reservas do Estado, através do contro-
lo do uso dos recursos, criação de emprego
e protecção dos recursos naturais. Aliás, o
Executivo aprovou no primeiro semestre de
2009 o regulamento de exploração para sal-
vaguardar esses recursos, conferindo aos ci-
dadãos nacionais exclusividade no que toca
à actividade artesanal de extracção de dia-
mantes, durante um período mínimo de dez
anos. As primeiras licenças serão emitidas no
primeiro trimestre deste ano.
13 INSIDE · ANGOLA’IN |
LABORATÓRIO DE REFERÊNCIAAs associações de defesa de consumidores defendem a criação de um
laboratório de referência que garanta uma maior segurança alimen-
tar. Domingos da Conceição, secretário-geral da Federação das Asso-
ciações de Defesa dos Consumidores de Angola (FAAC), sugere que
o Governo desenvolva urgentemente organismos que correspondam
aos padrões internacionais, de modo a garantir a qualidade dos pro-
dutos que chegam ao território nacional. Em declarações ao jornal ‘O
País’, o responsável alega que parte dos alimentos possui os requisitos
necessários para consumo quando importados, mas perdem a qua-
lidade devido à má conservação e transportação. “O país está numa
fase de crescimento acentuado, sendo que o consumo aumenta em
paralelo diariamente, no qual são precisos instrumentos técnicos pa-
ra auferir a qualidade dos alimentos que consumimos”, esclarece. Na
opinião do representante da FAAC, os laboratórios de referência são
extremamente importantes, pois reforçam a capacidade de actuação
das associações, que encaram este aspecto como uma das medidas
para que todos tenham acesso a uma alimentação segura, sufi ciente
e nutritiva.
UNICER TERÁ FÁBRICAO projecto remonta a 2003, mas só agora
foram assinados os contratos com os três
parceiros nacionais. A empresa portuguesa
Unicer pode arrancar com a construção da
fábrica de cerveja, que está orçada em 120
milhões de dólares. A entidade assume a de-
signação de Única e será detida em 49 por
cento pela Unicer. Os restantes 51 por cento
serão repartidos pela Giasope, Emprominas e
Imosil. A fábrica, que já tem a autorização do
Governo, fi cará a cerca de 30 quilómetros de
Luanda e vai criar mais de mil postos de tra-
balho directos e 10 mil indirectos. A sociedade
vai dar início à procura de terrenos e concreti-
zação física do projecto. A unidade deverá es-
tar a funcionar em 2012.
UNESCO APOIA FORMAÇÃOA Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (Unesco) vai colaborar em projectos do Ministério da Cultura angolano, no
que respeita à formação de quadros em diferentes áreas. Damir Dijakovic, representante da entidade, garantiu que está “empenhado em ver con-
cretizado o projecto angolano, tendo em conta que contém uma perspectiva futurista e virada para a formação de quadros que poderão ajudar na
preservação e divulgação da cultura angolana”. O responsável defende a preservação do património cultural angolano como símbolo da identida-
de do povo. O vice-ministro da Cultura, Cornélio Calei, lembrou, por sua vez, que a fraca herança das instituições e a falta de quadros aliados ao
confl ito armado contribuíram para o atraso na criação das condições necessárias para a área da cultura. O facto de a nação ser um país de expres-
são portuguesa também contribuiu negativamente para essa formação de quadros, pelo que o ministério decidiu formar os seus colaboradores
nas línguas inglesa e francesa. Quanto ao reconhecimento de Mbanza Congo, Xitundu Hulu e da Bacia do Kwanza como património mundial da
humanidade, Dijakovic referiu que o processo está a ser avaliado.
UNITEL AUMENTA COBERTURA DE REDEA maior empresa de telecomunicações móveis em Angola expandiu a sua cober-
tura a mais onze municípios do país, através da instalação de novas estações de
rede em diferentes províncias. “Os municípios de Cuvango, Chipindo e Quilengues
(província de Huíla), Ebo e Quilenda (Kwanza Sul), Ekunha, Tchinjenje e Longonjo
(Huambo), Chongoroi (Benguela), Bungo e Mucaba (Uíge) dispõem agora das in-
fra-estruturas necessárias para que os clientes da Unitel tenham acesso ao sinal
de rede”, anunciou a operadora. Com liderança consolidada no mercado das te-
lecomunicações móveis nacionais, a empresa alcançou recentemente os 5,5 mi-
lhões de clientes. Em Angola existem duas redes, a estatal Angola Telecom e a
privada Unitel, que iniciou as suas operações em 2001 e tem actualmente uma
quota de mercado superior a 60 por cento.
INSIDE
14 | ANGOLA’IN · INSIDE
E-GOVERNO APROVADOO Executivo de José Eduardo dos Santos apro-
vou o projecto da rede privada “e-Governo”. A
decisão foi divulgada pelo presidente da As-
sembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias
dos Santos e visa aperfeiçoar a transparência
governativa. O responsável argumentou que
o sistema de governo electrónico é um meio
que permitirá estreitar a relação do Estado
com os órgãos dependentes, com a população
e com os diversos sectores privados. O dirigen-
te aproveitou a ocasião para recordar que está
em curso a criação do primeiro Centro de Da-
dos Certifi cados de nível três, que foi lançado
no último ano e vai salvaguardar o domínio Top
da Internet no país, bem como possibilitar a
centralização das bases de dados do Governo.
A companhia indiana de Petróleo e Gás assinou um
memorando de entendimento com a Sonangol. O
documento tem como fi nalidade o desenvolvimento
de actividades de exploração de petróleo, baseado
numa actuação conjunta, reforçando assim a coo-
peração bilateral entre as duas entidades. O acordo
foi alcançado durante a visita a Luanda do ministro
indiano dos Petróleos e Gás Natural, Murli Deora. A
agência Bloomberg noticia que o presidente da Oil &
Natural Corporation of Índia, R. S. Sharma, declarou
que o memorando “abre oportunidades para as duas
empresas trabalharem juntas em todas as áreas do
negócio do petróleo”.
ELEIÇÕES EM 2012José Eduardo dos Santos confi rmou que as
eleições gerais vão decorrer em 2012, coinci-
dindo com o término da actual legislatura.
Após a recente aprovação e entrada em vigor
da Constituição, o Presidente da República
explicou que “o Estado deverá criar as condi-
ções para a realização” do sufrágio, agendado
para a data em “que fi nda o mandato resul-
tante das legislativas de Setembro de 2008”.
O responsável afi rmou ainda, em resposta
às críticas da Unita, “é fruto de um prolon-
gado debate aberto, livre e democrático com
todas as forças vivas da Nação”. Recorde-se
que com as alterações impostas pelo Tribu-
nal Constitucional, o presidente da República
é eleito como cabeça-de-lista do partido ou da
coligação mais votada, sendo feita a sua iden-
tifi cação no boletim de voto, ao contrário do
inicialmente previsto. Já o cargo de primeiro-
ministro deixa de existir.
HOLANDESES APOSTAM NA AGRICULTURAO grupo Tahal, controlado pela empresa holandesa Kardan NV, pretende desenvolver um sistema
de abastecimento e recolha de águas residuais e de irrigação para o colonato rural de Quiminha.
O contrato de 143 milhões de euros foi rubricado pelo Ministério das Obras Públicas e permitirá
criar um projecto integrado de desenvolvimento agrícola e regional. O espaço que vai albergar o
mecanismo conta com 310 explorações agrícolas e está a 70 quilómetros a sudeste da capital. O
futuro sistema tem como objectivo o aproveitamento dos terrenos férteis, de forma a aumentar
a produção local de produtos agrícolas. O projecto deverá arrancar durante o primeiro semestre
de 2010 e fi cará concluída num prazo de três anos. O grupo Tahal é uma organização mundial, se-
deada em Amesterdão, especializada em sistemas de abastecimento de água, recolha de águas
residuais, energia hidroeléctrica, gestão de resíduos sólidos, entre outros.
ONI AVANÇA COM DUAS EMPRESAS A ONI vai criar duas instituições em Angola na primeira metade deste ano: uma su-
cursal da operadora e outra com sócios locais. O presidente executivo da ONI, Xavier
Rodriguez-Martín, adiantou à agência portuguesa Lusa que pretende “criar duas em-
presas, uma subsidiária e outra com os parceiros locais”. O presidente executivo da ONI
frisou recentemente numa conferência de imprensa que a operação em Angola “vai
materializar-se na primeira metade do ano”, admitindo que se trata de “um mercado
interessante”, já que “há um espaço para a especialização no mercado empresarial”. O
responsável destacou que depois de uma primeira onda de investimento efectuado por
operadores móveis, existe actualmente mercado para uma “segunda onda de investi-
mento focalizada nos serviços”, onde a ONI pretende dar cartas naquele país. A interna-
cionalização é “uma aposta fi rme” da empresa que pretende também no fi nal de 2012
gerar um terço das suas receitas nos mercados internacionais, num valor que se situará
entre 70 e 80 milhões de euros.
SONANGOL PARCEIRO DE FIRMA INDIANA
16 | ANGOLA’IN · MUNDO
| patrícia alves tavares
peru
25 anos para FujimoriO Supremo Tribunal do Peru confi rmou por
unanimidade a condenação a 25 anos de pri-
são de Alberto Fulimori. O ex-presidente foi
punido pelos crimes de violação dos direitos do
Homem. A decisão surge na sequência de um
recurso interposto pelo antigo chefe de Esta-
do peruano, que já tinha sido condenado em
Abril pela responsabilidade em massacres de
civis em 1991 e 1992, durante a repressão das
guerrilhas de extrema-esquerda. Fujimori foi
ainda condenado em 2007 e 2009 – em proces-
sos distintos – com penas de seis a nove anos
pelos crimes de corrupção e abusos de poder.
Como no Peru as sentenças não acumulam, o
ex-presidente deverá cumprir a mais longa (25
anos), o que para os seus apoiantes signifi ca
“uma condenação à morte”.
MUNDO
cuba
Eleições parciais em AbrilO Conselho de Estado cubano convocou eleições parciais, que se destinam à escolha dos delegados das assembleias municipais (vereadores)
do Poder Popular. A ida às urnas está agendada para 25 de Abril e caso nenhum dos candidatos obtenha mais de 50 por cento dos votos, terão
que ir à segunda volta, marcada para 2 de Maio. Recorde-se que as eleições municipais decorrem a cada dois anos, pelo que os cubanos com
mais de 16 anos votaram pela última vez em Outubro de 2007, quando elegeram mais de 15 mil representantes dos 169 municípios do país,
escolhendo os 614 deputados da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento) e os delegados das Assembleias Provinciais. As eleições
antecederam as de Janeiro de 2008.
dubai
Maior torre do mundoTem mais de 800 metros de altura e 200 an-
dares. O arranha-céus Burj Dubai foi inaugu-
rado no início do ano e é o edifício mais alto do
mundo. A torre simboliza a ambição do Du-
bai, que pretende tornar-se numa das maio-
res potências económicas mundiais, apesar
da crise que o país enfrentou recentemente.
A obra arrancou em 2004 e custou cerca de
1,5 mil milhões de dólares. A sua construção
levou 22 milhões de horas e fi cou ao encargo
da companhia imobiliária Emaar. O empreen-
dimento pesa 500 mil toneladas e ultrapassa
os 500 metros da torre Taipei 101, em Taiwan
(até então a mais alta do planeta). No 124º
andar existe um posto de observação, que
possibilita a visualização de todo o emira-
do de Dubai. No entanto, segundo a agência
Reuters, das duas centenas de pisos apenas
35 poderão ser habitados, pelo que a maioria
dos espaços de luxo já se encontra vendida.
Com 57 elevadores e três mil vagas de esta-
cionamento, a nova torre acolhe o requintado
hotel da Armani.
cop15
Europa quer energia verdeNove países europeus estudam a criação de uma rede de abas-
tecimento ultramoderna com recurso exclusivo a energias re-
nováveis. O projecto está orçado em 30 mil milhões de euros e
surge como resposta ao fracasso da Cimeira de Copenhaga. O jor-
nal alemão Sueddetusche Zeitung avançou a notícia, adiantando
que a ideia se destina a equilibrar o abastecimento com energia
eólica, hídrica e solar. O plano inclui uma rede que agrupará 65
centrais energéticas da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França,
Holanda, Irlanda, Luxemburgo, Noruega e Reino Unido. Para con-
cretizar o projecto, serão desenvolvidos nos próximos dez anos
milhares de quilómetros de cabos submarinos de alta tensão
diante das costas alemã e britânica, para transmitir a energia re-
colhida nestes países. Os custos fi cam ao encargo de empresas
privadas. Segundo o Ministério da Economia alemão, a iniciativa
arranca em Janeiro, estando agendado para o primeiro trimestre
uma reunião de representantes ao mais alto nível. O projecto da
nova rede energético-ambiental surgiu em Dezembro, após uma
reunião na Irlanda entre as nações participantes. Até Outubro, os
respectivos governantes pretendem ainda assinar uma declara-
ção de intenções e um calendário de implementação do projecto.
17 MUNDO · ANGOLA’IN |
clima
Austrália vive década mais quenteO Instituto de Meteorologia australiano divulgou que o país viveu a década mais quente da
história, devido às alterações climáticas, que originaram vagas de calor, secas, tempestades
de areia e incêndios. No último ano, a temperatura média subiu cerca de um grau, tendo sido
a mais quente desde 1910. Dean Collins, climatólogo, destaca que nos termómetros se regis-
taram 22,3ºC, ou seja, 0,48ºC acima dos valores observados entre 1961 e 1990, pelo que alerta
para este tipo de fenómeno que “não surge por acaso”. “Refl ecte o que se passa à escala mun-
dial”, alerta o especialista. Em 2009, a Austrália foi atingida por três vagas de calor históricas,
situação que leva Dean Collins a prever condições semelhantes para os primeiros três meses do
novo ano, durante o Verão Austral.
eua
Segurança apertada gera polémicaO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou novas me-
didas de segurança nos aeroportos com vista a evitar novos ataques
terroristas. Assim, as 550 mil pessoas que constam da ‘watch list’
de suspeitos encontram-se proibidas de voar para os EUA. Por outro
lado, as regras nas vistorias dos passageiros foram apertadas. A par-
tir de Janeiro, todos os indivíduos oriundos de uma lista de 14 países
– cujos nomes não foram divulgados – e que tenham como destino
cidades americanas são obrigados a passar por revistas corporais. O
mesmo se aplica a todas as pessoas que façam escala nas referidas
regiões, verifi cando-se ainda um acréscimo dos controlos aleatórios
de todos os viajantes. A questão das revistas corporais está a gerar
alguma polémica, uma vez que se levantam preocupações em rela-
ção à privacidade dos indivíduos, já que as imagens mostram detalhes
médicos como próteses ou implantes. Apesar da lista de países inter-
ditos não ter sido revelada, os jornais americanos revelam tratar-se
de Cuba, Irão, Sudão, Síria, Afeganistão, Argélia, Iraque, Líbano, Líbia,
Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália e Iémen. Entretanto, na
Europa, o Reino Unido anunciou que vai adoptar esta tecnologia “logo
que possível” e a Alemanha admite testá-la em breve.
ciência
Cinco planetas fora do sistema solarA Sociedade americana de Astronomia, em Washington (EUA),
revelou que o telescópio espacial Kepler (enviado para o espaço
a 6 de Março de 2009) encontrou os primeiros cinco planetas
fora do sistema solar. Estes juntam-se aos 415 exo-planetas
detectados desde 1995, com recurso a outros telescópios. As
novas descobertas apresentam dimensões que variam entre
o tamanho de Neptuno e um maior que Júpiter. Após cerca de
seis semanas de recolha de dados, os cientistas concluíram que
os planetas, chamados Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b, são dema-
siado quentes para albergar vida, já que as temperaturas osci-
lam entre os 1200 e os 1648 graus Célsius. “Estas observações
ajudam-nos a compreender melhor como se formam e evoluem
os sistemas planetários”, sustentou William Borucki, do centro
de investigações Ames da NASA e responsável principal pela
equipa científi ca do Kepler. O investigador acredita que o teles-
cópio norte-americano poderá encontrar planetas mais peque-
nos com órbitas mais longas, “aproximando-se da descoberta
do primeiro planeta análogo à Terra”.
18 | ANGOLA’IN · MUNDO
frança
Sarkozy quer taxar carbonoO presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu a criação
de um imposto ecológico para reduzir as emissões de car-
bono. O país francófono prepara-se para aplicar a medida
a nível interno no segundo semestre de 2010. No entan-
to, o responsável afi rma estar disposto a lutar “para que
a Europa adopte um imposto sobre o carbono”, situação
que colocaria em pé de igualdade as empresas europeias.
O chefe de Estado anunciou que o ministro da Ecologia,
Jean-Louis Borloo vai apresentar um novo projecto sobre
o imposto do carbono que ultrapasse os obstáculos apon-
tados inicialmente pelo Conselho Constitucional. Sarko-
zy revelou que “Copenhaga é muito melhor que Quioto”,
comparando o acordo conseguido nas duas cimeiras, re-
lembrando que em 1997 apenas 35 países rectifi caram o
Protocolo de Quioto, quando na capital dinamarquesa o
documento fi nal foi assinado por 192 Estados.
MUNDO
economia
EUA em baixaAs previsões para o crescimento do Produto
Interno Bruto nos Estados Unidos, em 2010,
é de 1,5 por cento, enquanto o desenvolvi-
mento esperado para o produto global é de
3,7 por cento. Desta forma, os especialistas
acreditam que as locomotivas do crescimen-
to global são e serão cada vez mais os países
emergentes, cujo crescimento previsto para
este novo ano é de 5,5 por cento.
irão
Autoridades proíbem cooperação com 60 paísesUma lista de 60 organizações internacionais foi divulgada pelas autoridades iranianas, que proi-
biram os seus cidadãos de cooperar com as referidas instituições. Entre elas encontram-se várias
ONG, grupos defensores dos direitos humanos, sites ligados à oposição e meios de comunicação
social internacionais. Em causa está a acusação, por parte do ministério da Informação, de estes
organismos terem estado envolvidos em manifestações antigovernamentais, que se seguiram à
reeleição, em Junho, do presidente Mahmoud Ahmadinejad. A “lista negra” inclui entidades como
a Human Rights Watch, as fundações Ford e Rockfeller e órgãos de informação como a BBC e a
Voice of America. O vice-ministro da Informação apelou ainda aos iranianos para que não tenham
“contactos fora do normal com cidadãos estrangeiros, embaixadas e organizações que lhes este-
jam ligadas”. Já o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ramin Mehmanpa-
rast, afi rmou em conferência de imprensa que serão igualmente tomadas medidas contra aqueles
que se encontram detidos, caso se descubra que lideram o que chamou de “guerra psicológica”
contra o Governo. Os responsáveis iranianos anunciaram ainda o adiamento da visita de um grupo
de eurodeputados, que planeava encontrar-se com membros do Parlamento e da oposição, que
estava marcada para o início de Janeiro.
somália
Pior do mundo em 2010Os analistas do Economist Intelligence Unit
(EIU) prevêem um ano de grandes difi culda-
des para a Somália, que se vê afectado pela
guerra civil, pobreza opressiva e pirataria, em
que as instituições políticas não funcionam e
o Estado tem pouca infl uência fora da capi-
tal, Mogadíscio. A maioria do território é con-
trolado por dois grupos armados, o que leva
os especialistas a afi rmar que “o mais preo-
cupante é a situação dos jovens somalis que
aderem ao ideal radical, havendo pouca espe-
rança na estabilização da situação política”.
Ainda de acordo com o EIU, as agências in-
ternacionais prometem ajudas, mas não pos-
suem as condições de segurança necessárias
para as canalizar, pelo que as forças de paz a
trabalhar no terreno são bastante reduzidas.
Com o agravamento das condições sociais, os
analistas acreditam que o país pode tornar-se
num grande problema para o mundo. A EIU
admite que a nação apenas chega à imprensa
internacional devido à pirataria. Já segundo o
World Food Programme da ONE, mais de 40
por cento da população precisa de ajuda ali-
mentar para sobreviver e uma em cada cinco
crianças é gravemente desnutrida.
19 MUNDO · ANGOLA’IN |
IN FOCO
20 | ANGOLA’IN · IN FOCO
| manuela bártolo
Um renovado interesse
na geografi a económi-
ca está a nascer. A revo-
lução que assentou nos
rendimentos crescen-
tes/concorrência im-
perfeita - fundamento
dos modelos de cresci-
mento endógeno, que
transformaram a teo-
ria económica das duas
últimas décadas - vive hoje novos desafi os.
Findos as três primeiras fases desta revo-
lução, marcada, primeiro, pela nova organi-
zação industrial que criou um conjunto de
modelos de concorrência imperfeitos, segun-
do, pela nova teoria comercial, que utilizou tal
conjunto para construir modelos de comércio
internacional na presença de rendimentos
crescentes e, por último, pela teoria do cres-
cimento que aplicou todo este instrumental
à mudança tecnológica e ao desenvolvimento
económico, é tempo de entender a geografi a
económica, segundo Paul Krugman, Prémio
Nobel de Economia (2008). Para o mesmo,
este termo entende a localização da produ-
ção no espaço, ou seja, é o ramo da econo-
mia que se preocupa com “onde” ocorrem
os negócios e se localizam as empresas. No
sentido adoptado por Krugman, a maior par-
te da economia regional e algumas questões
da economia urbana constituem a geografi a
económica. A teoria do comércio internacio-
nal, segundo ele, é um caso especial da ge-
ografi a económica, onde as fronteiras e as
acções dos governos desempenham um rele-
vante papel na determinação da localização
e distribuição espacial das actividades pro-
dutivas. Este investigador considera que as
teorias do comércio, o crescimento e os ciclos
económicos da década de 80 oferecem uma
visão mundial da economia bastante distin-
ta da que derivava do corpo teórico antece-
dente: concorrência perfeita, crescimento
equilibrado e convergência da produtividade
entre países. “Rendimentos crescentes de
escala que se mantêm de forma permanente
e concorrência imperfeita; equilíbrios múlti-
plos em todas as partes, e um papel cada vez
mais decisivo para a história, os ‘acidentes’
[...]: essas são as ideias que se estão a tornar
populares [...]”, referia Krugman já em 1992.
A clara dependência da história, que carac-
teriza a localização da produção em todas as
partes do mundo, é, para o Prémio Nobel, a
prova de que a economia está mais próxima
de um mundo dinâmico guiado por processos
acumulativos, do que do modelo típico de
rendimentos constantes de escala. Krugman
tem procurado incessantemente demonstrar
duas coisas: que os rendimentos crescentes
têm, de facto, uma infl uência permanente
na economia e que, quando se estuda a dis-
tribuição geográfi ca da produção nas econo-
mias reais, se percebe
que os acontecimentos
históricos desempenha-
ram um papel decisivo
na sua concretização. A
sua posição sobre a in-
fl uência dos aconteci-
mentos ou “acidentes”
históricos na concentra-
ção de empresas, tem
como antecedente o
“facto histórico fortuito” de Myrdal, indica-
do por este autor como a origem do poder de
atracção de um centro económico.
Os rendimentos crescentes, conforme Krug-
man, afectam a geografi a económica em
vários âmbitos. No nível mais reduzido, a loca-
lização de sectores específi cos refl ecte algu-
mas vantagens transitórias; num nível maior,
a própria existência de cidades constitui um
fenómeno visível da existência de rendimen-
tos crescentes de escala; no nível superior, o
desenvolvimento desigual entre regiões po-
de ser consequência de processos cumulati-
vos enraizados nos rendimentos crescentes.
No modelo de Krugman, a interacção entre a
procura, os rendimentos crescentes e os cus-
tos de transporte são a força motriz desses
processos cumulativos que acentuam as de-
sigualdades regionais. No início do século XX,
explica, os geógrafos deram-se conta de qua
a maior parte da indústria dos Estados Uni-
dos estava concentrada numa parte relativa-
mente pequena da região Noroeste e da parte
central do Meio Oeste, que se tornou conhe-
nova geografi a económica
“A concentração geográfi ca nasce, basicamente, da interacção entre os rendimentos crescentes, os custos de transporte e a procura”
21 IN FOCO · ANGOLA’IN |
cida como “Cinturão Industrial”, termo que,
segundo Krugman, parece ter sido usado pela
primeira vez por DeGeer (The american manu-
facturing belt, 1927). Durante a fase de apogeu
do Cinturão, a maior parte da indústria que se
concentrava no seu exterior, conforme explica,
correspondia ao processamento de matérias-
-primas ou à produção destinada ao merca-
do local. Isto é, o Cinturão Industrial continha
praticamente todas as indústrias “soltas”, ou
seja, que não estavam ligadas a uma determi-
nada localização nem pela necessidade de es-
tar muito próximas do consumidor fi nal, nem
pela necessidade de utilizar os recursos na-
turais situando-se muito perto da sua fonte.
Este facto tornava ainda mais expressiva a di-
mensão da concentração de empresas dentro
e no entorno do Cinturão, salienta. Em mea-
dos do século XX, a maior parte das matérias-
primas utilizadas pelas indústrias situadas na
área do Cinturão era importada de outras re-
giões. Krugman questiona-se sobre o porquê
de, mesmo diante dessa situação, uma parte
tão considerável da indústria dos Estados Uni-
dos ter permanecido localizada nesta peque-
na área de território do país. A resposta, para
ele óbvia, era devido às vantagens proporcio-
nadas por se estar próximo das demais fábri-
cas instaladas no Cinturão, ou seja, uma vez
estabelecido o Cinturão, nenhum fabricante
individual teria interesse em se distanciar do
mesmo. O economista atribui a uma questão
central referenciada aos detalhes da história,
a razão de se ter originado uma concentração
geográfi ca dessa natureza. Nota-se na análi-
se efectuada, fortes traços de similaridade à
análise sobre a origem e existência dos clus-
ters nos Estados Unidos e em outros países.
Segundo este, as forças que incitam os empre-
sários industriais a se agruparem residem nas
externalidades da procura. No seu modelo, “a
concentração geográfi ca nasce, basicamente,
da interacção entre os rendimentos crescen-
tes, os custos de transporte e a procura [...]”.
Se as economias de escala são sufi cientemen-
te grandes, cada fabricante prefere abastecer
o mercado nacional a partir de um único local.
Para minimizar os custos de transporte, elege
uma posição espacial que permita contar com
uma procura local grande. Mas a procura lo-
cal será grande, precisamente na área onde a
maioria dos fabricantes elege situar-se. Deste
modo, existe um argumento circular que ten-
de a manter a existência do Cinturão Industrial
[ou do cluster], uma vez que este tenha sido
criado, explica. Krugman considera importante
salientar que o aparecimento do Cinturão In-
dustrial remonta a meados do século XIX. Ele
utiliza este facto para contrapor os argumen-
tos de que as economias externas e os pro-
cessos cumulativos tenham assumido maior
relevância nas décadas recentes por força da
crescente importância da tecnologia. A con-
centração geográfi ca da indústria nos Estados
Unidos, pontua Krugman, existiu muito antes
do advento da era da informação. Com isso,
ele conclui que não só não é certo que a eco-
nomia na actualidade não se ajuste ao mode-
lo convencional dos rendimentos constantes
de escala, mas também que nunca cumpriu
tal função. Reportando-se especifi camente
à análise económica da localização industrial,
enumera três razões que identifi ca como favo-
ráveis à concentração de uma actividade num
determinado local.
Graças à concentração de um elevado núme-
ro de empresas de um ramo no mesmo local,
um centro industrial cria um mercado conjunto
para trabalhadores qualifi cados, que benefi cia
tanto os trabalhadores, como as empresas;
Um centro industrial permite a provisão, em
maior variedade e a um menor custo, de fac-
tores concretos necessários ao sector, que não
são objecto de comércio.
Devido ao facto da informação fl uir com mais
facilidade num âmbito mais restrito, que ao
longo de grandes distâncias, um centro indus-
trial gera o que se pode chamar, nas palavras
de Krugman, de osmose tecnológica (techno-
logical spillovers).
No que se refere à disponibilidade de factores
e serviços específi cos de uma indústria, Krug-
man levanta duas questões referentes aos
factores intermediários, a primeira é que a sua
oferta dependerá da existência de economias
de escala, pois, apenas a presença de rendi-
mentos crescentes permitirá a um grande
centro de produção dispor de fornecedores
mais efi cientes e mais diversifi cados, do
que um centro pequeno. A segunda é que
essa oferta não dependerá de nenhuma as-
simetria dos custos de transporte entre os
bens intermediários e os bens fi nais. Tra-
tando dos efeitos externos mais ou menos
puros que se produzem como resultado da
osmose de conhecimentos entre empresas
próximas, o especialista ressalta que o ên-
fase dado à alta tecnologia em grande par-
te das discussões políticas contribuiu para
converter as externalidades tecnológicas
nos determinantes mais óbvios da con-
centração. Declara-se, por is-
so, “seguro de que verdadeiros
processos de osmose tecnoló-
gica desempenham um impor-
tante papel na concentração
de alguns sectores, mas nem por isso há que
se supor que esta seja a razão principal – nem
mesmo para a própria indústria de alta tecno-
logia [...]”. Levantando um outro importante
ponto do seu modelo teórico, Krugman dife-
rencia região de país, sugerindo a conveniência
de eliminar as nações da descrição do comércio
inter-regional, entre países, no âmbito inter-
nacional. Para ele uma nação não é uma região
ou uma localização. No caso das grandes ten-
dências de aglomeração que aparecem no mo-
delo centro-periferia, Krugman afi rma que a
natureza das externalidades provêm dos efei-
tos do tamanho do mercado frente aos custos
de transporte, ou seja, da existência de elos
para frente e para trás, que estimulam os pro-
dutores a concentrarem-se nas proximidades
dos grandes mercados, além de propiciarem
aos mercados importantes que estes se con-
centrem junto dos produtores, não existindo
nenhuma razão para se pensar que as frontei-
ras nacionais irão defi nir as regiões relevantes.
As transacções no espaço exigem alguns cus-
tos; existem economias de escala na produção.
Os empresários têm um incentivo à concentra-
ção da produção de cada bem ou serviço num
número limitado de lugares, isto porque a re-
alização de transacções no espaço comporta
alguns custos. Os lugares preferidos por ca-
da empresa individual são aqueles nos quais
a procura é grande ou a oferta de factores é
particularmente conveniente, o que, em geral,
são os lugares que outras empresas também
irão eleger. Por este motivo, a concentração da
indústria, uma vez criada, tende a autosusten-
tar-se; esta realidade cumpre-se tanto no que
se refere à concentração de sectores individu-
ais, como no que cria aglomerações de [gran-
de] magnitude”, salienta.
22 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
A entrada de empresas estrangeiras numa
economia está associada a um aumento de
bem-estar nas populações devido, por exem-
plo, ao aumento de empregos em quantida-
de e qualidade, isto é, normalmente melhor
remunerados pelas multinacionais estran-
geiras, que pelas empresas locais. Por outro
lado, o investimento directo no estrangeiro
de empresas nacionais, quando não de subs-
tituição dos investimentos existentes “intra-
muros”, fortalecem o tecido empresarial, por
exemplo, pela experiência e crescimento a
que normalmente estão associadas.
O investimento das empresas estrangeiras con-
segue-se atrair quando se revelam um conjunto
de determinantes na economia onde se realiza
o investimento, nomeadamente: a dimensão
(ou crescimento) e oportunidades comerciais do
mercado, a redução de barreiras alfandegárias,
o acesso a capital, a política agressiva na atrac-
ção de investimento estrangeiro, etc.
Angola vive a fase do Investment Development Path (IDP). A seguinte surgirá quando o valor do Net Outward Investment (NOI) for positivo, isto é, quando as saídas de investimento superarem as entradas
Por outro lado, o investimento directo no es-
trangeiro quando realizado de raiz (deixa-se de
fora as parcerias e as aquisições) é conseguido
depois de ultrapassar algumas barreiras, mor-
mente as difi culdades em assegurar canais de
fornecimento de matérias-primas, no recruta-
mento de mão-de-obra adequada, entre outros,
e suportados num conjunto de determinantes
que se subdivide em 3 grupos: determinantes
do país de destino ou forças centrífugas, do pa-
ís de origem ou forças centrípetas e da própria
empresa ou forças internas.
A economia angolana após um período em que
precisou de atrair investimento para se desen-
volver, entrou numa fase em que para além de
atrair investimento também tem empresas
nacionais a realizar investimentos no estran-
geiro, nomeadamente por aquisição e parce-
ria. Esta nova fase é conhecida como segunda
fase do Investment Development Path (IDP).
A terceira fase surgirá quando o valor do Net
Outward Investment (NOI) for positivo, isto é,
quando as saídas de investimento superarem
as entradas.
Recorrendo à análise gráfi ca, é interessante ve-
rifi car que quando o NOI começa a ter um valor
mais baixo, isto é um diferencial maior entre
volume de saída e de entrada do investimento,
o GDP (Produto Interno Bruto) e GDP per capita
(PIB per capita), que é um indicador da qualida-
de de vida, começa a subir de forma consisten-
te, isto é, quando as populações começam a ver
aumentada a sua qualidade de vida.
Como o envolvimento internacional de uma eco-
nomia é feito, cada vez mais, nos ombros das
empresas que a compõem, sendo em econo-
mias modernas a intervenção estatal cada vez
mais reduzida. Contudo, agora que se está no
caminho do desenvolvimento sustentado, cum-
pre ao governo assumir a responsabilidade de
criar políticas que fomentem o apoio às empre-
sas estrangeiras em território angolano e apoiar
as empresas nacionais que decidem realizar in-
vestimentos no estrangeiro de modo a criar uma
dinâmica cada vez maior dentro da economia.
miguel matos torres
prof. da universidade de aveiro (degei), portugal
mercadosem potência
IN FOCO
Fonte: United Nations Conference on Trade and Development
(Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento) - Unctad (2008) (Milhões de dólares)
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52500
70000
NOI GDP GDP PER CAPITA
ARTIGO DE OPINIÃO
23 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
24 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS2424 || ANGANGOLAOLA’ININ · ECOECONOMNOMIAIA && NE NEGÓCGÓÓCIOSIOSS
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
revoluçãocapitalista
Numa das grandes ironias da história, o continente africano pode muito bem emergir da recessão global actual como a única região do mundo que permanece comprometida para com o capitalismo global
Enquanto que as nações industrializadas e
cansadas do Ocidente estão a nacionalizar
os seus bancos e envolvidas em várias for-
mas de proteccionismo, África permanece
aberta aos negócios promovendo o comér-
cio, o investimento directo externo e o em-
preendedorismo nacional. Os analistas
dos países industrializados temem
que a ajuda externa ao continente
caia por causa da recessão, mas
os próprios africanos estão
muito mais preocupados
com o aumento de obstá-
culos às suas exportações
e à diminuição do investi-
mento privado vindo do es-
trangeiro, o que pode impedir
a continuação do impressio-
nante progresso económico
que os mesmos fi zeram ao longo da
última década. É um segredo bem guarda-
do o facto de África estar no meio de uma
profunda transformação económica. Desde
2004 que o crescimento económico aumen-
tou a um nível médio de 6% ao ano, a par da
América Latina. Esta percentagem irá sem
dúvida descer como resultado da crise eco-
nómica global, mas o Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI) ainda prevê um crescimento
de cerca de 4% para este ano, um número
relativamente saudável segundo os padrões
deprimentes de hoje. O comércio internacio-
nal é agora responsável por cerca de 60% do
PIB de África (bem acima do nível da América
Latina) e o investimento directo externo no
continente mais do que duplicou desde 1998,
para mais de 10 mil milhões de euros por ano.
Em geral, o investimento do sector privado
constitui mais de 20% do PIB. Além disso,
desde 1990 que o número de países com bol-
sas de valores na África Subsariana tripli-
cou e a capitalização dessas bolsas subiu de
praticamente nada para 172 mil milhões de
euros (excepto na África do Sul, país que há
25 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
muito tem um bolsa de valores activa). Estes
mercados “fronteiriços” deram, até há pou-
co tempo, aos investidores enormes retornos
em comparação com os de outros economias
emergentes.
Mas estas tendências positivas podem não
durar muito. Os maus governos de África
(muitas vezes de orientação tribal, com o
Quénia a ser um grande exemplo) há mui-
to que recompensam os amigos e que estão
envolvidos numa corrupção generalizada,
e muitas vezes no roubo de recursos nacio-
nais. Nesses regimes, os ofi ciais militares e
ditadores monopolizaram de forma geral a
actividade económica fornecendo poucos, ou
nenhuns, incentivos para os empreendedores
legítimos fazerem negócio. Não surpreende
assim que, sob estas circunstâncias, África
sofra de taxas de crescimento baixas e níveis
altos de pobreza. As alterações políticas de
grande envergadura desde 1990 tiveram con-
tudo um papel crucial na revolução capita-
lista do continente. Com a trágica excepção
do Zimbabué, é possível encontrar progresso
generalizado juntamente com a transforma-
ção económica. Em Janeiro de 2009, o Gana
teve uma eleição presidencial crucial que le-
vou à segunda transição de poder pacífi ca
numa década, um evento que foi muito cele-
brado no continente. Até nos locais onde as
democracias permanecem frágeis, como no
Quénia, os líderes compreendem que man-
ter as antigas atitudes patrimoniais de fazer
negócio é algo que se está a tornar mais dis-
pendioso. As comissões anti-corrupção com
vários graus de efi cácia estão a surgir em
vários países, com os Camarões a serem um
exemplo. Os cidadãos também estão a exi-
gir líderes mais competentes, que sejam ca-
pazes de governar as sociedades modernas
integradas numa economia global. Por exem-
plo, após ter sido democraticamente eleito
em 2006, o presidente do Benin, Thomas
Yayi Boni, enfatizou que o seu gabinete con-
sistiria em “tecnocratas”, recrutados de uni-
versidades e de bancos de desenvolvimento.
E na Libéria, uma antiga representante do
Banco Mundial, Ellen Johnson-Sirleaf, tornou-
se presidente em 2006. Mas tendo em conta
os muitos problemas crónicos do continen-
te, estas alterações não são necessariamen-
te duráveis e podem facilmente ser invertidas
pela crise actual e pelo aumento do proteccio-
nismo no Ocidente. Se África não fi zer algo
mais para encorajar o empreendedorismo, e
se a enorme recessão actual levar a uma redu-
ção signifi cativa nos fl uxos de capital externo
e no aumento das barreiras comerciais nos Es-
tados Unidos e na Europa Ocidental, então a
nascente revolução capitalista da região pode
chegar a uma extinção prematura.
O FIM “AFRO-PESSIMISMO”Durante os anos 90, quando África estava a
defi nir as bases para o seu crescimento ac-
tual, muitos peritos e políticos ocidentais
estavam ocupados a subestimar o futuro
do continente. Mas a falha geral para pre-
ver a revolução capitalista africana não de-
veria ser uma surpresa para ninguém. O fi nal
da Guerra Fria signifi cou que África deixara
de ser um ponto importante para a guerra
EUA/URSS e o continente perdeu a impor-
tância estratégica que tivera anteriormente.
O preço do petróleo estava baixo e as econo-
mias da região pareciam não ter esperança.
Estavam dependentes das matérias-primas
e da ajuda externa numa altura em que as
receitas dessas fontes estavam em queda e
fi caram enterrados em milhares de milhões
de euros de dívidas aos governos ocidentais
e aos bancos. A comunidade de ajuda exter-
na foi a única que se preocupou com África.
Os doadores e as organizações humanitárias,
impulsionadas em parte pelo desejo de as-
segurar um fl uxo contínuo de ajuda externa,
pintaram uma imagem implacavelmente ne-
gra de uma região assolada pela fome, pelas
doenças, pelos violentos confl itos civis, pelas
enormes dívidas e por governos corruptos e
disfuncionais. Mas por detrás desta fachada,
o potencial económico africano estava em
movimento. Em casa, África estava a urba-
nizar-se e a democratizar-se e, internacio-
nalmente, o continente estava a abrir-se ao
comércio global, forçando as suas economias
a tornarem-se mais competitivas. Juntas, es-
tas alterações proporcionaram as condições
para a revolução capitalista da região.
A urbanização é uma tendência que os eco-
nomistas de desenvolvimento parecem igno-
rar quando fazem as suas previsões. O que é
surpreendente, porque mais de 30% de to-
dos os africanos vivem agora em cidades (em
1965 a percentagem era de 15%), um número
que deve chegar quase aos 50% da popula-
ção nos próximos 20 a 30 anos (uma percen-
tagem comparável com a da Ásia, uma região
que a maioria das pessoas considera excep-
cionalmente urbanizada). A mudança da vida
rural para a urbana é crucial para estimular o
desenvolvimento económico porque as cida-
des juntam pessoas com bens e ideais com as
que têm capital. Esta interacção é a fundação
de uma economia de mercado. Mas o cami-
nho para o mercado exige um passo adicional
para lá das meras redes. O comércio também
exige algo incrivelmente arriscado: o envol-
vimento em trocas com pessoas que não
sejam membros da famílias ou amigos pes-
soais. Nos mercados, as pessoas concordam
em fazer comércio com quem não conhecem,
o que exige uma enorme fé. Em África, uma
das grandes virtudes da urbanização é que
forçou membros de diferentes tribos a inte-
ragirem regularmente de formas que perma-
necem pouco habituais em ambientes mais
rurais. Estas interacções contínuas, quer se-
jam em lojas pequenas, em autocarros ou no
local de trabalho, são absolutamente cruciais
ECONOMIA & NEGÓCIOS
26 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
para o desenvolvimento de economias de
mercado e de instituições democráticas por-
que ajudam a decompor as relações de trocas
patrimoniais onde os chefes locais basica-
mente dominam uma economia de coman-
do. À medida que as economias se tornam
mais complexas graças à urbanização, novas
capacidades (como as fi nanceiras) tornam-
se valiosas; a possessão destas capacidades
torna-se mais importante do que a etnia no
que se refere à sobrevivência. Estas áreas ur-
banas são também grandes centros de acti-
vidade económica e os seus cidadãos tentam
naturalmente manterem-se informados so-
bre o que se passa à sua volta. Os telemóveis
e a internet tornaram o mundo exterior ca-
da vez mais acessível para os africanos, com
consequências de grande alcance para a vida
política e económica. Desde 2000, que o cres-
cimento na utilização de telemóveis foi maior
em África do que em qualquer outra parte do
mundo: aumentou dez vezes, para cerca de
80 milhões de subscritores. O crescimento da
internet foi ainda mais impressionante: o nú-
mero de pessoas que acedem quadruplicou
desde 2000. Mesmo assim, apenas uma pe-
quena fracção da população africana tem ho-
je acesso aos telemóveis ou à internet. Mas
esta “falha digital” está a fechar rapidamen-
te e os efeitos económicos em termos de
oportunidades estão já a sentir-se por todos
os que desejam ser ou são empreendedo-
res. O Banco Mundial mostrou, por exemplo,
como os telemóveis ajudaram os agriculto-
res a ganharem um acesso mais rápido aos
preços dos mercados, fazendo com que ven-
dam as suas colheitas com lucros maiores.
O aumento da comunicação entre África e
o mundo teve também implicações para os
governos. Durante muita da era pós-colonial,
os governos ditatoriais africanos implemen-
taram políticas proteccionistas de comér-
cio e investimento extremamente severas,
uma prática que foi ajudada e instigada pe-
lo proteccionismo no mundo industrializado.
O sector empresarial africano estava privado
da tecnologia de ponta em casa e não tinha
acesso ao capital externo e aos mercados es-
trangeiros. Como resultado, o continente foi
abalado por várias crises económicas durante
os anos 80. Todavia, nos últimos anos, África
conseguiu colher muitos dos benefícios co-
merciais da globalização sem pagar os custos
fi nanceiros porque o seu sector bancário tem
estado relativamente protegido dos merca-
dos fi nanceiros internacionais. É claro que,
à medida que o continente se envolve mais
na economia mundial, será menos capaz de
se isolar de futuros choques fi nanceiros. Ao
longo dos anos 90, à medida que África se ur-
banizava e adoptava as tecnologias moder-
nas de comunicação, os custos associados a
essas políticas antigas tornaram-se cada vez
mais evidentes. Os empreendedores africa-
nos (e existiam alguns) compreenderam que
não podiam simplesmente desenvolver ne-
gócios nos mercados pequenos e primitivos
dos seus países; como Adam Smith ensinou,
o crescimento sustentável exige a expansão
do mercado. Durante os anos 90, a “aber-
tura” tornou-se uma palavra de ordem para
este pequeno grupo empresarial: signifi cava
a liberalização e privatização de actividades
domésticas que antigamente eram fi rme-
mente controladas pelos governos, junta-
mente com a globalização do mercado.
Mas a abertura também signifi cava mudan-
ças políticas, em particular, forçou os gover-
nos a verem a democratização com outros
olhos. Poucas pessoas hoje optariam por viver
no Zimbabué em detrimento do Gana. Na ver-
dade, a maioria dos africanos que ainda vivem
em países autoritários esperam provavelmen-
te por um futuro democrático, mesmo que a
concretização desse sonho esteja a décadas
de distancia. Como as sociedades africanas
estão normalmente divididas em tribos e a
tribo dominante tende a monopolizar a rique-
‘Um crescimento sustentável exige a expansão do mercado’
27 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
za dos recursos, o pluralismo na política afri-
cana (juntamente com um sistema efi caz de
equilíbrio do poder) é essencial para o cres-
cimento sustentado. Em contraste com os
países da Ásia Oriental, que se deram relati-
vamente bem sob regimes autoritários, Áfri-
ca tem tido maus resultados e os seus líderes
que não foram eleitos têm agora pouca cre-
dibilidade para a maioria dos habitantes dos
seus países. Isto acontece porque os autocra-
tas de África são na sua maioria líderes tribais
preocupados apenas com a melhoria das con-
dições das pessoas das suas tribos. A recente
eleição do Gana, que marcou uma das poucas
vezes na história africana em que a transição
de poder foi feita pacifi camente, pode ser vis-
ta como o ponto de viragem decisivo, quando
a democracia fi nalmente criou raízes fi rmes
nesse país. Claro que o continente já passou
por muitas falsas partidas no que se refere a
reformas políticas, mas as pressões (domésti-
cas e internacionais) a favor de uma maior de-
mocracia estão a aumentar. Fontes adicionais
de mudanças de fora do continente surgiram
como resultado de uma maior abertura à eco-
nomia mundial. Por isso, os africanos aguar-
dam com ansiedade a resposta do mundo
ocidental à crise fi nanceira.
A GLOBALIZAÇÃO AFRICANAO interesse externo pelo continente tem cres-
cido. Graças aos investidores mundiais, a capi-
talização das bolsas de valores africanas subiu
para 60% do PIB em 2007, depois de ter esta-
do nos 20% apenas no ano anterior. O inves-
timento directo externo também aumentou
e agora é responsável por quase 5% do PIB
Subsariano. Existem várias razões por que os
estrangeiros investiram em África. Primeiro,
os bancos africanos estão entre as empre-
sas fi nanceiras mais saudáveis do mundo, já
que estão relativamente protegidas dos bens
tóxicos que agora são problemáticos para as
instituições fi nanceiras norte-americanas e
europeias. (Os rácios capitais/bens, por exem-
plo, estão actualmente bem mais altos para
os bens africanos do que para os bancos nor-
te-americanos). À medida que as poupanças
africanas aumentam e as oportunidades de
investimento se expandem no continente, es-
tes bancos vão ter um papel muito maior nas
economias locais do que o tiveram no passa-
do. Segundo, o crescimento económico ro-
busto e a subida do investimento doméstico
(o que signifi ca a existência de mais bancos
e empresas grandes) apresentam aos inves-
tidores oportunidades mais sérias. Terceiro, a
ascensão de um verdadeiro grupo de empre-
endedores africanos, composto por executivos
que muitas vezes recebem formação nos paí-
ses ocidentais, deu aos investidores externos
mais confi ança na gestão local. Quarto, muitos
países africanos fi zeram enormes progressos
em relação à estabilidade macroeconómica; na
verdade, graças aos bancos centrais indepen-
dentes liderados cada vez mais por tecnocra-
tas, o continente obteve um registo invejável
no controlo da infl ação (com o Zimbabué a
ser a excepção), registo esse que envergonha
a América Latina. Por fi m, os investidores fo-
ram encorajados pela democratização no con-
tinente e pela ênfase cada vez maior numa
boa governação. Os investidores externos nem
sempre foram bem-vindos em África. Depois
da independência dos poderes coloniais, os pa-
íses africanos (com os seus governos recente-
mente estabelecidos), muitas vezes levaram a
cabo políticas industriais autónomas, por ra-
zões puramente ideológicas e económicas. Os
nacionalistas culparam os investidores exter-
nos por muitos dos problemas da região e os
burocratas do governo não gostaram de ver os
dividendos a saírem das suas nações pobres
em dinheiro.
ABERTURA DOS MERCADOSO futuro do desenvolvimento de África de-
pende se o continente consegue completar a
sua revolução capitalista ou se o tsunami de
problemas criado pela crise económica global
vai afogar as esperanças dos empreendedo-
res da região. Um estudo recente do Center
for Global Development (Centro de Desenvol-
vimento Global) demonstrou que o sector pri-
vado africano muitas vezes era atrasado por
más infra-estruturas, mercados pequenos
e maus governos. O relatório também mos-
trou que a fragmentação étnica permanece
um factor decisivo na vida económica e poli-
tica em África. Contudo, como mencionámos
em cima, o continente está a passar por uma
tendência para a urbanização, o que poderia
ajudar a ultrapassar este obstáculo ao cres-
cimento. Mas até as divisões étnicas serem
ultrapassadas, África não deverá ver um au-
mento da produtividade inerente a um cresci-
mento dos rendimentos. Apesar de algumas
histórias de sucesso recentes, a democracia
também continua a lutar no continente. As
democracias mais jovens têm tido uma ta-
xa de insucesso maior do que as das regiões
em desenvolvimento, com quase 30% de to-
dos os casos de democratização entre 1960 e
2004 a acabarem no colapso. Todavia, ainda
há alguma esperança, já que as democracias
bem sucedidas em África se tornaram cada
vez mais estáveis, graças em parte à ajuda
externa dirigida às instituições democráti-
cas nascentes, as quais estão a ganhar for-
ça. Esta ajuda desenvolveu a capacidade do
poder judiciário e dos parlamentos e fortale-
ceu os partidos políticos, as universidades e
uma imprensa livre. Mesmo com instituições
democráticas fortalecidas, os países africa-
nos podem não ser capazes de aguentar a
pressão económica externa tendo em conta
a dependência cada vez maior de África pelo
capital e comércio externo. Por todo o lado,
os países estão a começar a fechar as suas
fronteiras económicas, afastando as suas
economias do comércio externo através de
várias medidas politicas insidiosas. As polí-
ticas proteccionistas que actualmente impe-
dem os agricultores africanos de exportarem
colheitas geneticamente modifi cadas para a
União Europeia provavelmente vão endurecer
nos próximos meses à medida que os líde-
res da UE tentam agradar o seu sector agrí-
cola nacional. O comércio é importante para
o crescimento económico de África porque os
rendimentos dos africanos não podem su-
bir se os seus países não conseguem expor-
tar bens e serviços para regiões mais ricas. É
claro que os países africanos também têm de
fazer mais para criarem zonas de comércio li-
vre e para promoverem o comércio com ou-
tras nações em desenvolvimento.
Fonte: Center for Global Development (Centro de Desenvolvi-
mento Global), sedeado em Washington D.C., Estados Unidos,
e Ethan B. Kapstein, docente de Economia Política no INSEAD,
em Fontainebleu, França e co-autor do livro The Fate of Young
Democracies (O Destino das Jovens Democracias).
O crescimento económico robusto e a subida do investimento doméstico apresentam aos investidores oportunidades mais sérias
28 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
UM NOME,UMA MARCA
Nem só de estratégias de promoção vive
uma marca. Um dos primeiros passos na
estruturação da identidade de um produto,
serviço ou mesmo da essência de uma mar-
ca é defi nir o seu nome. O que não é tarefa
fácil! Razão pela qual, normalmente se con-
trata especialistas em naming, uma área
que abrange o processo criativo assente
na necessidade de encontrar um nome que
atenda às estratégias da marca, sem esque-
cer questões importantes como a sonorida-
de e a disponibilidade jurídica. “A marca é
uma palavra que o consumidor vai lembrar
quando pensar em algo”, referem os peritos,
sendo por isso importante não esquecer o
lado prático da mesma, alcançado sobretu-
do através do nome, que é a sua expressão
mais concreta. O planeamento estratégico
do nome é um dos grandes diferenciais no
mercado, pelo que, antes de tudo, é fulcral
pensar no que a criação signifi ca dentro do
todo para depois passar ao brainstorming,
análise jurídica e apresentação das opções
ao cliente. Imagine: se as pessoas já se pre-
ocupam com os nomes que dão aos fi lhos,
as grandes empresas dedicam ainda mais
tempo e dinheiro na procura dessa solução.
O naming é, por isso, uma especialização em
branding e carece de profi ssionais especia-
lizados, uma vez que sugestões estão ao
alcance de qualquer pessoa, mas somente
quem tem conhecimento da área é capaz de
entender um acto aparentemente tão sim-
ples. Os bons profi ssionais têm familiarida-
de com questões de identidade e também
sabem lidar com a transposição do verbar
para o não-verbal, visto que um bom nome
precisa de ser sonoro e ao mesmo tempo vi-
sualmente apelativo. O especialista desta
area deve ser multidisciplinar. Conhecimen-
tos em linguística, semiótica, antropologia e
até aspectos técnicos e jurídicos podem es-
tar envolvidos no marketing. Um processo
de naming não acontece sozinho. Na maio-
ria das vezes é seguido pelo design. As téc-
nicas podem ser muitas, mas geralmente
depende da estratégia dos negócios. O co-
nhecimento da língua é essencial, apesar do
nome ideal não estar preso a uma única lín-
gua. Em inglês, por exemplo, palavras com
i não costumam ser utilizadas, pois a vogal
pode ter diferentes sons dependendo da pa-
lavra. Uma das técnicas utilizadas é o sense,
ou seja, as pessoas são convidades a pensar
na história do objecto nomeado, nas pesso-
as que o usariam, situações que elas passa-
riam e até coisas de que falariam. A partir
daí surgem inúmeras questões.
NOMES DE SUCESSOO melhor caminho para alcançar um bom
resultado é entender qual é a essência da
marca, o seu núcleo de signifi cado e a sua es-
tratégia de futuro. Já imaginou se o seu nome
fosse uma marca? A pergunta surge com na-
turalidade, pois é comum observarmos mar-
cas no mercado com o nome ou sobrenome
dos seus proprietários. Exemplo disso a que
lhe apresentamos esta edição: Giorgio Arma-
ni. Personalidade e reputação são essenciais
para defi nir um nome e ele detectou-o cedo.
Antes de expressar o nome de uma marca
para a sua empresa é fundamental descobrir
o que o mercado irá pensar da assinatura. A
perspectiva da marca como pessoa sugere
uma identidade mais rica e interessante do
que aquela baseada nos atributos do produ-
to. Tal como uma pessoa, uma marca pode
A perspectiva da marca como pessoa sugere uma identidade mais rica e interessante do que aquela baseada nos atributos do produto
IN(TO) BUSINESS | manuela bártolo ECONOMIA & NEGÓCIOS
29 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
ser percebida como superior, competente,
marcante, confi ável, divertida, activa, hu-
morística, casual, formal, jovem ou intelec-
tual. O que conta na verdade são os efeitos
que esse nome é capaz de gerar dentro do
processo de comunicação; ele é o elemen-
to mais central de todos os elementos que
constituem a marca, talvez pela difi culdade
de ser escolhido e expectativa de não ter de
trocá-lo com o tempo. Os desenhos das em-
balagens podem ser actualizados, slogans
ou campanhas publicitárias alteradas, mes-
mo a composição do bem ou os processos de
um serviço podem ser modifi cados, porém o
nome permanecerá o mesmo. Este desem-
penha vários papéis, tais como: identifi car a
marca, transmitir mensagens ao consumidor
e ser uma parte do património legalmente
protegido do seu proprietário.
GIORGIO ARMANIFatos bem cortados, simples e versáteis,
em que a camisa, algumas vezes, é opcio-
nal. Alfaiataria de alta qualidade, confortável
e elegante, tanto para homens, como para
mulheres. Cores básicas como preto, cinza,
bege, branco e variações de tons off-white.
Vestidos de noite cheios de glamour, que
abusam da silhueta “sereia” e do brilho.
é importante diferenciar dois conceitos muito confundidos no mercado: o de naming e identidade verbal.
naming - é um processo criativo interdisciplinar de desenvolvimento de nomes para mar-
cas e requer habilidades em diversos conhecimentos como linguística, marketing, design e
legislação da marca. A sua função é encontrar um nome que tenha as qualidades desejáveis
de ter associações positivas, ser memorável, sonoro e “visualmente” interessante, além de se
poder proteger legalmente, o que actualmente é o maior desafi o para quem trabalha nesta
área. O mais importante é criar meios que incentivem uma dinâmica criativa com todos os
envolvidos no processo. É preciso compreender a essência em torno da marca e como o no-
me poderá contribuir na construção da sua personalidade.
identidade verbal – trata dos elementos de expressão verbais da marca, como o seu nome,
o seu sistema de nomenclatura (no caso de marcas que trabalham com extensões de linha);
o seu tom de voz, o seu slogan, etc. A identidade de uma marca é a combinação de diversos
elementos de expressão, o seu logotipo/símbolo e elementos gráfi cos padronizados, como a
cor, o formato, o site, a sua abordagem de atendimento, a arquitectura da sede e dos pontos
de venda, ou seja toda e qualquer experiência de contacto dos públicos que interagem com a
empresa. Assim sendo, o seu nome é uma das fontes mais fortes de construção de identidade.
Tanto que quando temos algum problema sério associado à imagem da marca é comum a
necessidade de mudança do nome
origem: Itáliafundação: 1975fundador: Giorgio Armanie Sergio Galeottisede mundial: Milão, Itáliapropietário da marca:
Giorgio Armani S.p.A.capital aberto: Nãopresidente e ceo:
Giorgio Armaniceo: Bridget Ryan Berman(Estados Unidos)
estilista: Giorgio Armanifacturação: US$ 3.5 biliões(estimado)
lucro: US$ 600 milhões(estimado)
valor da marca:
US$ 3.303 biliões (2009)
lojas: 384fábricas: 13presença global: + 100 paísesfuncionários: 4.900segmento: Roupase acessóriosprincipais produtos: Roupas, calçados, acessórios,perfumesícones: Giorgio Armaniwebsite:
www.giorgioarmani.com
30 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
IN(TO) BUSINESS
Clientes famosos que desfi lam as suas cria-
ções não somente nas invejadas passagens
da moda, como nos ecrãs de cinema de ver-
dadeiros sucessos de Hollywood. Esta é uma
breve descrição da marca Giorgio Armani, co-
mandada com maestria pelo estilista italia-
no com o mesmo nome. Conhecido como o
Imperador de Milão, a sua paixão pela moda
não se manifestou cedo e o jovem italiano
chegou a frequentar dois anos de medici-
na, antes de aceitar o trabalho de vitrinista
na renomada loja de departamentos La Ri-
nascente, em Milão, aos 20 anos. A sua irmã
mais nova, Rosanna Armani, que trabalhava
como modelo, foi que o introduziu no restrito
círculo da moda italiana da época e, a partir
daí, o seu currículo ganhou conteúdo gra-
ças aos trabalhos como assistente, por nove
anos, de Nino Cerruti. Em 1970, iniciou a sua
carreira como free-lancer no mundo da mo-
da, encorajado pelo seu grande amigo Ser-
gio Galeotti, desenhando e costurando para
inúmeras grifes, inclusive Emanuel UNGARO.
Alguns anos se passaram até que o estilis-
ta lançasse a sua própria marca. Em Julho de
1975, a sua primeira colecção era lançada com
roupas femininas e masculinas e o seu esti-
lo logo se tornou símbolo de elegância, com
uma alfaiataria de excelência, altas doses de
androgenia, vestidos de noite cheios de gla-
mour, sobriedade nas cores e nenhuma infl u-
ência das tendências da época, constituindo
roupas e acessórios atemporais. Ficou conhe-
cido como “The King of Jackets” depois de lan-
çar a sua colecção masculina, onde apresentou
fatos e blazers com cortes sóbrios e exclusi-
vos. Em 1978, foi lançada a marca GIORGIO
ARMANI LE COLLEZIONI, composta por rou-
pas femininas e masculinas para o mercado
americano e canadense. Era o começo da ex-
pansão internacional da marca. Rapidamente,
o estilista se transformou num dos designers
mais infl uentes dos anos 80, começando com
a inauguração da sua primeira loja na cidade
de Milão. Ainda nesta década a marca come-
çou a sua expansão com o lançamento das su-
as primeiras fragrâncias, acessórios, roupas
íntimas, roupas para crianças, além da inau-
guração da sua loja âncora na cidade de Nova
Iorque e a entrada no mercado japonês. Des-
de 2002, a Ásia tem sido foco de uma estra-
tégia de expansão do grupo Armani, iniciada
com a inauguração de uma loja de mais de 3
mil metros quadrados em Hong Kong – o in-
vestimento refl ecte-se nos números de hoje,
já que a região é um dos grandes mercados de
prosperidade da marca. No início de 2009, a
marca italiana inaugurou uma mega loja, com
quase 4 mil metros quadrados, que abrigam
três colecções, um restaurante e uma loja de
chocolates, na esquina da Quinta Avenida com
a Rua 56 (Nova Iorque). A loja fi ca perto de ou-
tras casas de moda como Gucci, Prada, Versa-
ce, Fendi e Bottega Veneta. A ideia foi levar
um pouco do caos de Nova Iorque para den-
tro da loja, que possui uma fachada de vidro
e uma escada escultural no seu interior. A no-
va loja representa a interpretação de Armani
sobre a tendência actual de misturar estilos e
sobrepor produtos com preços variados. A loja
não utiliza divisão de espaços para evitar que
barreiras psicológicas sejam criadas.
ECONOMIA & NEGÓCIOS
O GÉNIO POR DETRÁS DA MARCAGiorgio Armani é conhecido por ser um vicia-
do em trabalho e várias vezes arrogante ou
rude em situações delicadas. Os seus con-
fl itos com outros estilistas italianos são, por
isso, bastante conhecidos.. O estilista sabe o
valor da auto-indulgência que os seus produ-
tos de luxo proporcionam, mas nem por isso
goza apenas aos prazeres da vida. Ele é, aliás,
conhecido pelo seu compromisso com inúme-
ras causas humanitárias, incluindo até uma
recente parceria com o vocalista da banda ir-
landesa U2, Bono. Entre os seus projectos de
maior reconhecimento, estão a Casa Armani,
um lar de reabilitação infantil na Tailândia,
criado em 1999 e, mais recentemente, uma
campanha de Natal para fi nanciar uma fun-
dação de apoio a portadores de Síndrome de
Down – iniciativa que teve como inspiração a
pequena Antonella, com a qual o estilista po-
sou para um calendário.
o valor Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca Giorgio Armani está avaliada em US$ 3.303 biliões, ocupando a posição de número 89 no ranking das marcas mais valiosas do mundo
31 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
sabia que...
A marca Giorgio Armani é uma das
mais desejada pelos brasileiros, se-
gundo uma pesquisa global realizada
pela empresa britânica Nielsen. A pes-
quisa indicou que 37% dos brasileiros
entrevistados preferiam comprar pro-
dutos da marca, caso o dinheiro não
fosse um impedimento;
A fi lial da Armani no Brasil é a úni-
ca no mundo em que o cliente pode
dividir as suas compras até dez vezes
no cartão de crédito, independente-
mente do valor envolvido
Fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site ofi cial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes,
Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (infor-
mações devidamente verifi cadas) e sites fi nanceiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).
A MARCA NO MUNDOA Giorgio Armani é uma das poucas marcas
que sobreviveu aos conglomerados de luxo
e continua no total comando das suas ope-
rações, que inclui colecções de roupa e aces-
sórios sob as marcas Giorgio Armani (a mais
luxuosa, com 71 lojas), a Armani Colezzione
(linha de difusão dos seus produtos mais so-
fi sticados, com 12 lojas), a Emporio Armani
(uma versão jovem e ousada da elegância do
estilista, que opera na frequência do luxo in-
termediário, com 124 lojas), a AX Armani Ex-
change (de alta difusão, com perfi l jovem e
urbano, com 97 lojas), além da Armani Jeans
(17 lojas), Armani Junior (linha para crianças,
com 6 lojas), Armani Accessori (1 loja), Armani
Casa (20 lojas) e vários produtos licenciados
que vão de perfumes e cosméticos, a ócu-
los e relógios. São quase 5 mil funcionários
a trabalhar em 13 fábricas; 384 lojas próprias
e 1.300 pontos-de-venda distribuídos por 40
países, o que culmina em vendas superiores
a US$ 3.5 biliões. Os Estados Unidos são res-
ponsáveis por 25% do seu volume mundial.
A Giorgio Armani (€870 milhões) e a Emporio
Armani (€647 milhões) geram a maior parte
das receitas do grupo. Enquanto isso, a mar-
ca mais acessível AX Armani Exchange (€201
milhões) e as marcas Armani Junior (que in-
clui as colecções Armani Teen e Armani Ba-
by, representam €35 milhões) e Armani Casa
(€38 milhões), registram crescimentos im-
pressionantes.
OS HOTÉISDe olho na tendência das grandes marcas de
moda que começaram a investir em hotelaria,
Giorgio Armani não perdeu tempo e, em 2005,
assinou com o proprietário de uma das maiores
empresas hoteleiras do mundo - a árabe Ema-
ar Hotel & Resorts -, de Mohamed Ali Alabbar,
para a construção, nos próximos dez anos, de
uma rede de luxo com o nome da sua marca,
incluindo pelo menos sete hotéis e três resorts
paradisíacos. A empresa árabe entraria com os
investimentos, acima de US$ 1 bilião, para a
construção e a gestão dos hotéis, enquanto Ar-
mani supervisionaria o design e o estilo. O pri-
meiro hotel da rede decorado pelo estilista está
localizado no Dubai, um dos sete Emirados Ára-
bes, na península arábica. O Armani Dubai Ho-
tel, que ocupa os andares de 9 a 16 da torre Burj
Dubai, a construção mais alta do mundo, tem
175 quartos (decorados com móveis e artigos
desenhados por Armani especialmente para o
hotel), restaurantes e um centro de bem-estar,
numa uma área que perfaz os 40 mil metros
quadrados. As próximas cidades a terem hotéis
com a assinatura do estilista italiano serão Mi-
lão, Londres e Nova Iorque.
GLAMOUR NOS ECÃSO sucesso do estilista nos ecrãs de cinema co-
meçou em 1980, com os elegantes fatos ves-
tidos pelo actor Richard Gere no fi lme Gigolo
Americano, de Paul Schrader. De acordo, com
a crítica de moda norte-americana Teri Agins,
no seu livro The end of fashion (“O fi m da mo-
da”), Giorgio Armani foi o primeiro estilista a
desenvolver contactos com uma interminável
lista de celebridades, principalmente as cine-
matográfi cas, fazendo disso uma estratégia
de marketing certeira e duradoura. Dezenas
de fi lmes depois deste contam com fi gurinos
assinados por Giorgio Armani, entre eles Os
Bons Companheiros, de 1990 (dirigido por Mar-
tin Scorsese) e Vanilla Sky, de 2001, no qual o
então casal Tom Cruise e Penelope Cruz, desfi -
lou trajes exclusivos do estilista. Além do seu
nome nos créditos de tantas produções, Gior-
gio Armani tem em Hollywood uma clientela
fi el e um círculo de amizades de fazer inveja.
Ricky Martin, Beyoncé, Matt Damon e Michelle
Pfeiffer são alguns dos seus principais admira-
dores e clientes – essa última, inclusive, já em-
prestou a sua beleza clássica e marcante para
as campanhas de roupas e óculos do estilista.
SOCIEDADE
ESPECIAL BOLSA DE VALORES SOCIAL
As duas faces da moeda
32 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
esse investimento na forma de lucro social. A
fórmula do sucesso é simples: a entidade ga-
rante que os cidadãos/ empresas encontrem
a transparência e profi ssionalismo por parte
das organizações não governamentais e ins-
tituições sem fi ns lucrativos, ou seja, quan-
do apoiam boas causas sabem à partida qual
o impacto que a sua doação terá na comuni-
dade e qual o seu efeito. Ao estabelecer par-
ceria com este organismo adquire o selo de
“Investidora Social na BVS”, que pode ser exi-
bido nos materiais de divulgação da empre-
sa. Por outro lado, terá assessoria garantida
nas campanhas especiais de mobilização in-
terna, de voluntariado, de marketing social e
de todas as áreas que pretenda explorar para
sensibilizar os colaboradores. Os particulares
também podem ‘jogar’ nesta bolsa.
| patrícia alves tavares
O conceito é inédito e visa fi nanciar projectos de luta contra a pobreza. Apesar de existir em apenas dois países, a Bolsa de Valores Sociais é um caso de sucesso, nomeadamente no Brasil, onde tem ajudado a colmatar inúmeras situações de carência social. É um método inovador e rentável para quem se preocupa com a responsabilidade social do seu negócio. Angola pode ser a próxima a acolher este organismo. A Angola’in apresenta ao longo das próximas páginas as vantagens do sistema e os seus benefícios para as economias africanas.
Desengane-se quem associa este projecto
a caridade ou fi lantropia. A fi losofi a diverge
do conceito, defi nindo-se, no entanto, co-
mo um modelo de solidariedade. Neste ca-
so, existe uma grande diferença: o doador
conhece o destino do seu dinheiro antes de
o disponibilizar e acompanha a evolução do
programa que decidiu auxiliar. A Bolsa de Va-
lores Sociais (BVS) é a alternativa efi caz para
empresas de todas as dimensões e sectores
que pretendam aplicar com a máxima segu-
rança as verbas de Responsabilidade Social
e de apoio solidário em Organizações da So-
ciedade Civil, que sejam capazes de devolver
‘A única diferença [em relação à Bolsa de Valores] está no retorno: ao invés do fi nanceiro, o lucro é para a comunidade’
PROPOSTA ATRAENTEA ideia de desenvolver um projecto em tudo
idêntico ao de uma Bolsa de Valores tradi-
cional surgiu da necessidade de tornar a so-
ciedade mais justa e promissora, através da
criação de um modelo de troca e encontro en-
tre as organizações com programas concretos
e relevantes para o desenvolvimento de de-
terminado segmento da sociedade e os do-
adores, que na maioria das vezes se sentem
perdidos na hora de legar os seus fundos, aca-
bando inevitavelmente por perder o ‘rasto’ da
iniciativa que apoiaram. O objectivo da BVS
ultrapassa largamente a fi nalidade da carida-
de, visto que nestes casos os investimentos,
tal como acontece nas Bolsas de Valores, ge-
ram lucros. Aliás, a fi losofi a é idêntica. Aqui
circulam acções, há lugar para investidores e
apostas. A única diferença está no retorno: ao
invés do fi nanceiro, o lucro é para a comunida-
de. O conceito pode e deve ser adaptado pelo
países mais pobres, nomeadamente aqueles
que estão em desenvolvimento. Actualmen-
te, a Campanha do Milénio para erradicar a
pobreza até 2015 tem desenvolvido uma série
de actividades nas diversas áreas criticas da
sociedade, pelo que este mecanismo pode ser
um importante instrumento de auxilio à im-
plementação de projectos. Afi nal, o continen-
te africano dispõe de um incalculável número
de organizações não governamentais a actu-
ar no terreno, que necessitam urgentemen-
te de investidores interessados em apoiar e
acompanhar as propostas sociais. A Angola’in
apresenta-lhe uma iniciativa com futuro, que
possui todos os ingredientes para ‘vingar’ no
contexto africano. No fi nal de contas, todos
ganham com um investimento seguro.
‘A transparência e a prestação de valores são os princípios de conduta do mecanismo’
PIONEIRA E INOVADORAA primeira BVS nasceu no Brasil. O programa
foi criado pela Bovespa ( www.bovespa.com.
br), em 2003. Desde a sua fundação até Feve-
reiro de 2009, as correctoras arrecadaram R$
4,7 milhões, possibilitando a implementação
de 36 programas educacionais de ONGs bra-
sileiras, que actuavam ao nível das condições
sociais de crianças, adolescentes e jovens
adultos das várias regiões. As organizações
da sociedade civil que pretendem ser cota-
das na bolsa devem apresentar um projecto,
que posteriormente será analisado, de acor-
do com a sua viabilidade, capacidade de ino-
vação e impacto na sociedade. O organismo
brasileiro conta com o apoio ofi cial da Orga-
nização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco), tendo inclusi-
ve sido reconhecido pela ONU, em 2005, co-
mo ‘case study’ (caso de estudo) e modelo a
ser aplicado por outras bolsas de valores. Em
2006, serviu de inspiração para a formação
da South African Social Investment Exchan-
ge (Bolsa de Investimentos Sociais da Áfri-
ca do Sul), que contou com o auxilio da Bolsa
de Johannesburgo. Em 2007, a BSV brasileira
passou a incluir projectos na área ambiental,
dadas as preocupações com as alterações cli-
33 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
máticas. Recentemente, a entidade formou
o segundo espaço do género e o primeiro na
Europa. Portugal foi o país escolhido para al-
bergar a iniciativa.
“Não é possível gerar apenas capital fi nanceiro, é necessário cuidar do capital social”
O CASO PORTUGUÊSInaugurada em Novembro de 2009, a Bolsa de
Valores Sociais de Portugal negociou em ape-
nas um mês cerca de 17 mil euros em acções,
valores considerados “positivos” pelos seus
responsáveis. No fi nal do ano, a entidade lu-
sa contava com 210 investidores sociais (en-
tretanto juntaram-se mais três instituições),
que contribuíram com um milhão de euros
para fi nanciar dez novos projectos, atingindo
os 57 mil euros de acções no fi nal do primei-
ro trimestre de actividade. No balanço de Ja-
neiro, a BVS divulgou ainda que dispunha de
72 candidaturas em análise que deram lugar
à dezena de projectos cotados. A meta é ter
24. A BSV lusa é a primeira na Europa e conta
com o apoio da Euronext Lisboa e das Fun-
à lupa
A BVS nasceu no Brasil e foi recentemente introduzida em Portugal, que se transfor-
mou no primeiro país europeu a acolher a iniciativa.
O seu funcionamento é bastante simples:
› Os projectos são criteriosamente escolhidos, tendo em conta os problemas sociais
mais urgentes e a sua capacidade em obter resultados concretos;
› Identifi cam e apoiam programas que interrompam um ciclo de pobreza e elimi-
nem uma situação de vulnerabilidade social;
› O investimento é integralmente transferido para o plano seleccionado;
› O doador tem a possibilidade de acompanhar os relatórios de impacto social do
programa onde está a investir
SOCIEDADE
34 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
dações Gulbenkian e EDP. As áreas de actu-
ação são multidisciplinares. É o caso da PAR,
uma das organizações escolhidas que promo-
ve os objectivos do Milénio da ONU, através
da actuação junto dos universitários, um dos
grupos com capacidade para exterminar a po-
breza. Já o plano da Etnia consiste em valori-
zar a diversidade cultural em escolas onde 25
por cento dos alunos são fi lhos de imigrantes
com problemas de exclusão. Na mira estão
oito estabelecimentos do Chiado, em Lisboa.
Os projectos a carecer de apoio são apresen-
tados no site da BVS ( www.bvs.org.pt) e cada
empresa ou cidadão pode seleccionar a enti-
dade a quem deseja doar acções. Cada acção
vale 1€ e é obrigatório adquirir no mínimo
dez. Ao registar-se, o investidor vai acompa-
nhando o desenvolvimento do organismo que
apoia. O funcionamento desta bolsa é sim-
ples. Miguel Atahyde Marques, presidente da
Euronext Lisbon, explicou a um jornal diário
português que os princípios da BVS são iguais
aos da Bolsa de Valores, ou seja, “pôr em con-
tacto fundos para investir e instituições que
em que o mais preponderante é a sua capa-
cidade de gerar lucros para a sociedade, pro-
piciando o desenvolvimento da África do Sul.
As propostas são colocadas no site ( HYPER-
LINK “http://www.sasix.co.za” http://www.
sasix.co.za), onde surge em detalhe o risco
do plano, o investimento mínimo requerido
e o tempo esperado para se obter resulta-
dos. O investidor pode escolher um projec-
to ou criar um portfolio com várias acções a
apoiar. Neste caso, é estabelecido um elo en-
tre as organizações não-governamentais que
necessitam de fundos para desenvolver um
determinado projecto (que possa contribuir
para a erradicação da pobreza) e os investi-
dores. Duas semanas após o seu lançamento,
em Junho de 2006, tinham sido movimen-
tadas mais de duas mil acções em projectos
sociais, gerando cerca de R$100,000 em fun-
dos. Estes projectos revelam sinais de forte
empreendedorismo por parte dos africanos.
Celso Grecco, director da BVS está ciente de
que o continente “não pode, nem quer depen-
der mais da caridade alheia”. “Tenho a certeza
de que o povo africano quer investimento so-
cial”, assegura o responsável, em declarações
à Angola’in.
“A mais-valia da BVS para Angola seria ajudar o país a perceber que Organizações Sociais fazem um trabalho que realmente promove o desenvolvimento económico das comunidades pobres”
ANGOLA, POTENCIAL CANDIDATACelso Grecco explicou numa entrevista con-
cedida à revista portuguesa Gingko que o
modelo pode ser replicado em qualquer parte
do mundo. “Todos os países têm bolsas de
valores, todos têm problemas sociais”, es-
clareceu. Aliás, o criador do conceito arrisca
apontar Angola como o próximo país a ade-
rir a esta ferramenta. A escolha é encarada
como “um processo natural, a partir da ex-
periência em Portugal”. De facto, o boom
económico pode potenciar a instalação da
organização ou de entidades sociais, à se-
melhança do que acontece na África do Sul.
Celso Grecco admitiu à Angola’in que está
convicto de que “será possível encontrar em
Angola empresas e cidadãos bem estabeleci-
precisam de fundos para desenvolver projec-
tos”. A transparência e a prestação de valores
são os princípios de conduta do mecanismo.
“É um ponto de encontro entre dadores e ins-
tituições que precisam de fundos para desen-
volver os seus projectos de responsabilidade
social”, esclarece.
MAIS-VALIA AFRICANAA BSV brasileira inspirou outros mercados,
que implementaram projectos semelhantes,
recorrendo à iniciativa local. África do Sul, Ín-
dia, China e Estados Unidos desenvolveram
projectos de investimentos sociais, que se
dedicam a uma distribuição mais equitativa
do capital pelas comunidades mais pobres. O
programa é semelhante ao da Bovespa (Bra-
sil), mas dinamizado por organizações sociais.
O mecanismo tem um funcionamento similar
ao da entidade brasileira. Os projectos são ri-
gorosamente seleccionados e apresentados
ao público como oportunidades de investi-
mento com retornos sociais. Os planos can-
didatos são submetidos a múltiplos critérios,
O que é a Bolsa de Valores Sociais?O seu funcionamento é idêntico ao de uma Bolsa de Valores convencional. Porém, neste caso, as acções destinam-se a causas sociais. O projecto nasceu no Brasil e consiste numa réplica do ambiente da Bolsa de Valores, onde os doadores investem em projectos da sociedade civil, tendo como fi nalidade o lucro social, através do impacto na comunidade
35 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
dos, dispostos a ajudar a gerar este novo tipo
de capital – o capital social – e, com isso, di-
minuir a distância entre pobres e ricos”. Ali-
ás, o responsável aponta a exterminação da
miséria como o único caminho a seguir pa-
ra acabar com esse fosso. Angola pode ser o
próximo destino, visto que partilha a heran-
ça cultural de solidariedade, característica in-
trínseca das antigas colónias portuguesas.
“É natural que os países africanos de língua
ofi cial portuguesa sejam os próximos e, nes-
se sentido, vejo Angola como um potencial
mercado, inclusive pelo seu desenvolvimento
económico”, assegura Celso Grecco. Questio-
nado pela Angola’in quanto aos benefícios da
inclusão da BSV na nação angolana, o cérebro
deste organismo lembra que o país “enfrenta
tremendos desafi os sociais”, pelo que “uma
Bolsa de Valores Sociais pode ser parte da
resposta”, já que “a grande pátria luso-bra-
sileira-africana tem o espaço e as condições
para a sua criação”. “A mais-valia da BVS pa-
ra Angola seria ajudar o país a perceber que
Organizações Sociais fazem um trabalho que
realmente promove o desenvolvimento eco-
nómico das comunidades pobres, comba-
tendo a pobreza e criando mecanismos de
educação que efectivamente promovam a in-
clusão social”, sustenta. Contudo, uma ques-
tão sobressai quando se fala do contexto
nacional. O país está preparado para acolher
este projecto? Celso Grecco acredita que sim.
“Os Governos, muitas vezes por falta de pes-
soas de visão estratégica, preocupam-se em
gerar riquezas para depois dividi-las. O foco
está na atracção de capital internacional e na
estabilidade dos mercados fi nanceiros”, refe-
re. Mas como aplicar essa lógica no contexto
das necessidades das comunidades? Para o
responsável são temas indissociáveis. “Não é
possível gerar apenas capital fi nanceiro, é ne-
cessário cuidar do capital social”, argumenta.
“Este último é aquele que é gerado pelas or-
ganizações sociais, pelas cooperativas, pelas
pequenas empresas sociais e micro-empre-
endedores”, reitera, defendendo que o di-
nheiro pode ser simultaneamente promotor
de riqueza e de bem-estar para a sociedade.
Celso Grecco acredita que este é o caminho
para o desenvolvimento sustentável das so-
ciedades. O mercado africano está por explo-
rar. No entanto, o sucesso da BVS no Brasil e
em Portugal é um auguro da viabilidade des-
te projecto ao nível das comunidades mais
desprotegidas. Para o responsável brasileiro,
estão reunidas todas as condições para a sua
implementação. Resta aguardar pelas inicia-
tivas das organizações civis e estatais.
celso grecco, director da bsv em entrevista à angola’in
Como surgiu a ideia de criar uma Bolsa de Valores Sociais? Em 2003, a Bovespa (Bolsa de Valores do Brasil) pediu-me que recomendasse um programa de
Responsabilidade Social à altura da importância daquela que era a mais importante Bolsa de
Valores da América Latina. A inspiração de criar a BVS veio da mesma lógica do mecanismo
de fi nanciamento da actividade de uma empresa, através da Bolsa de Valores. Se uma entidade
precisa de capital para expandir as suas actividades ou fi nanciar novos projectos, pode deslo-
car-se a um banco, vender parte do capital a um novo sócio ou recorrer ao mercado de capitais.
E, em qualquer lugar do mundo, as Bolsas de Valores são o ambiente que promove o encontro
entre estas Empresas e os seus accionistas – pequenos sócios –, estabelecendo as regras e zelan-
do pela relação entre eles. Claro que as organizações sociais não podem pedir empréstimos a
juros nos bancos, nem vão encontrar sócios/investidores para o seu “negócio”. Mas as organi-
zações sociais são por natureza entidades públicas que para operar assumiram compromissos
de transparência e, tal como as empresas, também precisam de capital para expandir ou forta-
lecer as suas actividades.
Qual o balanço da actividade em Portugal?Muito positivo. Portugal é o segundo país do mundo e o primeiro da Europa a ter uma Bolsa de
Valores Sociais. E tal como no caso do Brasil, esta BVS funciona dentro da Euronext Lisbon (a
Bolsa de Valores de Portugal). O país acolheu com muita expectativa a entidade e nos primeiros
90 dias foram transaccionados quase 100 mil euros em acções sociais das organizações sociais
cotadas. Confesso que sinto no ar o sentimento de urgência e uma vontade enorme de mudan-
ça. Isso é notável num país que é, por natureza, muito solidário. Muito mais que o brasileiro!
Estou confi ante que a BVS tem uma enorme missão pela frente e que temos que estar à altura
dessa expectativa e dessa missão.
De que forma a BVS pode contribuir para o crescimento das sociedades, em particular do continente africano?Costumo dizer que “não se traçam novas rotas em cima de velhos mapas”. A Bolsa de Valores So-
ciais não é apenas uma nova rota, mas sim um novo mapa em direcção a novas formas de fi nan-
ciamento do Empreendedorismo Social em África. O continente não pode nem quer depender
mais da caridade alheia. Tenho a certeza de que o povo africano quer investimento – e não cari-
dade. A caridade envergonha, escraviza, vicia. O investimento social educa, promove e liberta.
36 | ANGOLA’IN ·
37 · ANGOLA’IN |
A emigração de jovens com habilitações aca-
démicas acima da média para nações, onde
dispõem de saídas profi ssionais ou da pos-
sibilidade de prosseguir as suas especiali-
zações, está a afectar crescentemente uma
série de países da União Europeia, tendência
agravada pela crise económica. O continen-
te africano debate-se com o fenómeno há
vários anos. Devastada pela guerra e pelas
difi culdades económico-sociais, África assis-
te há algumas décadas à chamada ‘fuga de
cérebros’. O custo é superior a quatro bilhões
de dólares, quantia que teria de ser gasta
para possibilitar o regresso dos 300 mil tra-
balhadores expatriados. Segundo a Unesco,
estima-se que todos os anos cerca de 20 mil
profi ssionais qualifi cados abandonam o con-
tinente à procura de melhores condições de
trabalho nos Estados Unidos, Europa e Aus-
trália. O êxodo académico dispara quando se
fala de indivíduos habilitados, cientistas ou
investigadores. A situação assume contornos
preocupantes. Os mercados não são capazes
de competir com os atraentes salários e com
o leque de oportunidades dos países ricos,
não deixando, por outro lado, de depender em
grande escala de cientistas e técnicos quali-
“Temos que encontrar uma maneira de reduzir a fuga de cérebros. Essa é uma ferida aberta que está a infectar toda a nação”Abdelaziz Boutefl ika, presidente da Argélia
fi cados nacionais para progredir. A Angola’in
apresenta-lhe nesta edição os rostos da emi-
gração do século XXI.
GANA, O MAIOR EXPORTADORO Banco Mundial divulga que a taxa de migra-
ção qualifi cada excede frequentemente em
50 por cento a desqualifi cada. O Gana possui
47 por cento dos seus quadros diplomados
a trabalhar no exterior. No que toca a países
com mais de cinco milhões de habitantes, os
moçambicanos assumem a segunda posição
com 45 por cento. Angola e Somália surgem
em quarto lugar com 33 por cento. O PNUD
(Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento) indica ainda que a “Etiópia per-
deu 75 por cento da sua mão-de-obra entre
1980 e 1991”, difi cultando a capacidade de de-
senvolvimento do país.
BRAIN GAIN INICIATIVEParte dos quadros qualifi cados regressa ao
respectivo continente. São indivíduos bem
sucedidos no Ocidente que abandonam car-
gos de destaque para trabalhar directamente
nos governos dos seus países. É o caso do mi-
nistro das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-
Iweala e do ministro das Finanças do Malawi,
Goodal Gondwe, que abdicaram das suas fun-
ções no Banco Mundial. Todavia, as acções de-
senvolvidas pelos Estados africanos também
começam a ter efeitos positivos. O recente co-
projecto Unesco/ HP, o ‘Brain Gain Iniciative’
desenvolveu uma mega rede electrónica que
permite que a população que saiu de África e
do Médio Oriente à procura de melhores saí-
das profi ssionais possa partilhar conhecimen-
tos e investigações científi cas com quem está
no país de origem. Tal possibilita o regresso
“virtual” dos cérebros. O programa está a ser
implementado no triénio 2009-2011 e abran-
ge 15 universidades (as melhores) de Burki-
na Faso, Camarões, Costa do Marfi m, Etiópia,
Quénia, Kuwait, Líbano, Marrocos, Senegal,
Tunísia e Uganda. O BGI foi implementado na
Europa, em 2003, com a intenção de retrair a
38 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE | patrícia alves tavares
Êxododas mentesbrilhantes
mos que encontr
ola’in
emi-
igra-
e em
ossui
39 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
fuga de cérebros que sofreu um incremento a
partir da década de 90, através da disponibi-
lização de fontes fi nanceiras e tecnológicas
para que os jovens cientistas se mantivessem
na região. O projecto, que conta com a cola-
boração das Nações Unidas, é uma extensão
do plano apresentado em 2006 pelas mesmas
entidades “Piloting Solutions for Reversing
Brain into Brain Gain for África, 2006-2009”,
que incidiu na Argélia, Gana, Nigéria, Senegal
e Zimbabué. Num período em que se estima
que em 2001 a população mundial atinja os
sete biliões e que 97 por cento dos nascimen-
tos ocorram nos países em desenvolvimento,
a Unesco e a HP querem alargar o projecto até
100 universidades em 20 países das regiões
que integram o BGI.
ANGOLA SOFRE COM ‘BRAIN DRAIN’As estatísticas do Banco Mundial apontam
Cabo Verde, Moçambique e Angola como
países onde a maior parte dos seus quadros
estão a trabalhar fora. A organização alerta
para a falta de políticas que incentivem os
profi ssionais qualifi cados a permanecerem
no seu país. Verifi ca-se uma ausência de vi-
são acerca do aproveitamento do potencial
humano. Em muitos casos, além dos baixos
rendimentos, os detentores de formação su-
perior deparam-se com um sistema pesado,
onde não há espaço para a criação e inovação,
sendo colocados em funções diferentes da
sua especialização e experiência. As guerras
na Etiópia, Sudão, Angola e Zaire são a princi-
pal causa do fenómeno nestes países. Espe-
cialistas alertam que o chamado ‘brain drain’
(fuga de cérebros) impede a criação de uma
classe média (suporte do desenvolvimento
sustentado) formada por médicos, engenhei-
ros e outros profi ssionais, conduzindo a uma
morte lenta do continente. “O crescimen-
to constrói-se com base no conhecimento”.
Quem o diz é o nigeriano formado em com-
putação Philip Emeagwali (conhecido por ‘Bill
Gates de áfrica’), em entrevista recente ao
‘Jornal de África’.
MCT ATENTO Preocupado com o impacto económico e so-
cial, o Governo nacional está a desenvolver
políticas que colmatem a migração dos qua-
dros, lançando medidas de incentivo para que
os profi ssionais qualifi cados regressem ou
se mantenham no país. A implementação da
paz tem sido um factor positivo no desenca-
dear do processo. O Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT) é um dos organismos mais
intervenientes. Em Agosto de 2009, a enti-
dade criou um mecanismo de coordenação
entre as instituições de investigação cientí-
fi ca, que se destina a reforçar o sistema de
educação e formação profi ssional. O projecto
tem como objectivo desenvolver um sistema
de investigação científi ca e inovação integra-
da, dinâmico e de qualidade. Por outro lado,
permite desenvolver um mecanismo de dis-
seminação do conhecimento. “Neste âmbito,
para dar maior valor à actividade científi ca vai
desenvolver-se a capacidade inovadora, tra-
çando sinergias e elaborando um plano de
coordenação para poder aproveitar o proces-
so de reconstrução nacional”, referiu na oca-
sião Domingos Silva Neto, director nacional.
O ministério pretende combater o processo
de ‘fuga de cérebros’ angolanos, fi nanciando
as suas criações. O projecto é intersectorial,
contando com a colaboração da Secretaria de
Estado para o Ensino Superior, a Universidade
Agostinho Neto e o Ministério da Agricultu-
ra. O programa Chevening é igualmente um
óptimo exemplo das medidas de retenção de
quadros. Conta já com 25 anos de existência e
atribui bolsas de estudo aos jovens que dese-
jem desenvolver a sua formação no exterior. O
programa cria conexões interculturais, permi-
tindo aos futuros profi ssionais adquirir uma
visão cultural abrangente, de modo a que re-
gressem ao seu país com as competências
necessárias para ingressar no mundo laboral.
O protocolo com instituições inglesas contri-
buiu para que estes frequentem as melhores
universidades do Reino Unido. A experiência
tem contribuído para o desenvolvimento de
programas de “academic coaching” (partilha
de experiências dos Chevenings com os es-
tudantes angolanos) e para a cooperação de
instituições académicas e da sociedade civil,
ao nível de pesquisas, feiras e workshops.
Parecer do Comité Económico e Social Europeu sobre “Política comu-nitária de imigração e cooperação com os países de origem a fi m de fa-vorecer o desenvolvimento” (2008/C 44/21)
- “Parte dos migrantes são trabalhadores qualifi cados ou altamente qualifi cados, pelo
que um dos efeitos mais perniciosos das migrações para os países em desenvolvimento
é a perda de “cérebros”. Nem todos os países de origem sofrem da mesma forma os efei-
tos nefastos da chamada fuga de cérebros, mas para alguns trata-se de um verdadeiro
desastre. Como assinala o relatório SOPEMI “entre 33 % e 55 % das pessoas muito ins-
truídas de Angola, Burundi, Gana, Quénia, Maurícia, Moçambique, Serra Leoa, Tanzânia
e Uganda vivem em países da OCDE” [30]. Em África, o sector da saúde, tal como o da
educação, é um dos que mais sofre com essa situação.”
- “É preciso adoptar, no quadro das políticas europeias de cooperação para o desenvol-
vimento, programas para evitar a fuga de cérebros, facilitar o retorno voluntário dos
trabalhadores qualifi cados e investir nos países de origem nos sectores e actividades de
elevada qualifi cação.”
fuga de cérebr
partir da décad
lização de fon
para que os jov
na região. O p
boração das N
do plano apres
entidades “Pil
Brain into Brai
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que em 2001
sete biliões e q
tos ocorram no
40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
Este é um assunto que daria milhares de
páginas, mas simplesmente irei fazer uma
abordagem resumida à “ fuga de cérebros
generalizada”. Para tudo na nossa existên-
cia subsiste uma razão e é bom sabermos a
origem de determinadas realidades, assim
sendo vamos entrar na essência, até às pro-
fundezas, daquelas que são as verdadeiras
causas da saída dos jovens angolanos licen-
ciados do país. Começo por dizer que a ins-
tabilidade social contribui em muito para a
evidência dos defeitos e as suas consequên-
cias. Com condições socioeconómicas e polí-
ticas instáveis, é difícil a integração social e
conjuntural (realização pessoal e estrutural), o
que causa um grande abalo na máquina dina-
mizadora de um país. A procura de melhores
condições sociais, nomeadamente remune-
rações equitativas e prestação de serviços
de qualidade na área do conhecimento, que
possam proporcionar um maior crescimento
humano e estrutural, são algumas das razões
que originam o subterfúgio dos jovens para
outros países. Caso essas condições sociais
sejam satisfeitas e objectivadas no exterior,
as hipóteses de regresso ao país de origem
tornam-se ínfi mas. Aliada a essa satisfação,
acresce a adaptação a outra cultura. Embora
muito difícil em vários aspectos no início, com
o tempo a tendência é para a conciliação. Os
jovens estão mais sujeitos a criar dependên-
cias, uma vez que têm a necessidade de for-
mar uma família, por vezes com uma mulher
estrangeira, com uma carreira profi ssional es-
tável, o que inevitavelmente proporciona um
novo patamar de acesso a nível pessoal, em
que poderão surgir os fi lhos e, por conseguin-
te, a necessidade de um meio social e eco-
nómico, nomeadamente no que concerne às
escolas, com boas condições. Depois de mui-
to tempo fora, a família torna-se numa das
causas principais pelas quais um bom profi s-
sional não deixa uma vida estável e de quali-
dade para regressar a uma nação que poucas
garantias lhe dá.
O crescimento mundial é liderado pelo conhecimento
SOCIALMENTEA “fuga de cérebros” torna difícil criar uma
classe média composta por gestores, médi-
cos, engenheiros e outros profi ssionais, razão
pela qual cresce a subclasse maciça que é na
sua maioria composta por desempregados e
pessoas necessitadas. Só para se ter noção,
quando uma larga percentagem da comu-
nidade médica emigra, um grande número
populacional mais carenciado tende obriga-
toriamente a procurar tratamento médico
alternativo, enquanto outras pessoas com
maior poder económico procuram médicos no
exterior do país. O problema é que, mais do
que perder estes profi ssionais, está-se a de-
bilitar o próprio sistema nacional de saúde. A
meu ver, um país que adopta a proibição de
consultas médicas externas ao seu território,
obriga à recontratação dos médicos que emi-
graram para a Europa e outros estados.
ECONOMICAMENTE Os melhores e mais brilhantes emigram. Res-
tam, os recursos humanos mais fragilizados,
o que pode representar uma morte lenta do
dinamismo do país. Não se alcança um cres-
cimento económico a longo prazo com a ex-
portação de recursos naturais. Hoje em dia, o
crescimento mundial é liderado pelo conheci-
mento. Quando se fala de pobreza, ninguém
melhor que as pessoas com conhecimento
e talentos para colmatar esse problema. Os
profi ssionais que migram são os que têm ex-
periência técnica com inclinações empreen-
dedoras e de gestão. Esta ausência aumenta
a decomposição estrutural de um país e tor-
na-se mais fácil lutar para destruir um gover-
no democrático.
COMO FAZER UM PROFISSIONAL REGRESSAR A CASAProporcionar incentivos para recrutamento,
tais como, cobrir os custos de mudança de re-
sidência de um país para outro, propor plano
de fi nanciamento habitacional no país de ori-
gem ou facilitar complementos salariais para
os primeiros anos. Uma solução mais perma-
nente seria pagar salários mais competitivos.
Assim sendo, muitos profi ssionais poderão
ponderar o seu regresso a casa. Penso que
podemos contornar a “fuga de cérebros ”
com maior investimento na educação, apoio
à mulher e ao desenvolvimento da juventu-
de. É importante proporcionar um trabalho
à medida das aspirações pessoais de cada
um, sem os visados terem que mudar de ca-
sa, localidade e inclusive de país, tornando as
oportunidades acessíveis a todos aqueles que
detêm formação superior. Os investigadores
têm a vida mais complicada, visto todos sa-
berem que os Estados Unidos da América são
um oásis para aqueles que sonham desenvol-
ver actividade na área da investigação, quer
básica ou aplicada.
pétio juarez penela de barros
SOCIEDADE ARTIGO DE OPINIÃO
Fugadecérebros
41 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
Angola é conhecida por ser um dos países mais
ricos do continente africano e do mundo, so-
bretudo pela sua diversidade, abundância e
qualidade ao nível dos recursos naturais. Com
uma economia em franco desenvolvimento, o
país tem, segundo o Banco Mundial, a retoma
económica garantida para este ano, o que re-
presenta um crescimento na ordem dos 7,5
por cento. Esta previsão surge após um ano
de forte abrandamento, que colocou o cresci-
mento em menos de um por cento em 2009.
De acordo com a mesma instituição, o mau
desempenho da economia angolana no ano
passado deveu-se à queda brusca do preço do
barril de petróleo, o que “provocou a perda de
30 por cento das reservas monetárias e uma
desvalorização do kwanza de 25 por cento em
relação ao dólar”. No entanto, o país dispu-
ta com a Nigéria o primeiro lugar de produtor
de petróleo em África e é o principal fornece-
dor dos EUA e da China, o que faz com que os
seus quadros sejam, de entre todas as suas ri-
quezas, o bem mais precioso de que dispõe; o
capital mais importante e determinante para
um verdadeiro progresso económico e social,
susceptível de colocar Angola a par ou supe-
rar países do continente africano com índices
Angolae os JovensQuadros
de desenvolvimento bem mais elevados. Du-
rante décadas, os jovens angolanos escolhe-
ram ou foram obrigados a estudar no exterior,
devido à situação de confl ito existente no pa-
ís. Calcula-se que milhares de jovens todos os
anos escolhem países como Portugal, Inglater-
ra, Bélgica, Estados Unidos, Cuba ou mesmo a
Rússia para ingressarem nas universidades.
Em muitos dos casos permanecendo após o
curso no exterior, optando por não regressar
por falta de condições. Após o ano 2002, exis-
tiu um crescimento do número de jovens qua-
dros a regressar Angola para desenvolver a sua
carreira e ajudar na reconstrução do país. Du-
rante mais de vinte anos a percentagem de
licenciados era muito baixa, só se vindo a al-
terar esta tendência apartir dos anos 90. Hoje,
os jovens quadros angolanos querem voltar ao
seu país, por vocação, pela falta de oportuni-
dades ou pela crise que está a abalar o mundo.
O Governo de Angola tem vindo a promover o
regresso ao país desses recém-licenciados es-
palhados pelo mundo, procedendo à denomi-
nada “angolonização dos quadros”, composta
essencialmente por jovens, em que a maioria
deles possui formação das melhores escolas.
O poder político encarregou-se de elaborar pla-
nos e medidas de apoio para o regresso e in-
serção no mercado de trabalho, o que é a meu
ver de louvar. Como todos os países emer-
gentes, Angola tem uma enorme escassez
de quadros. A maioria das grandes empresas
socorrem-se de “expatriados “ para colmatar
este défi cite de mão-de-obra especializada e
com formação superior. Contudo, os expatria-
dos têm uma “validade” até 3 anos, pelo que
a solução é recrutar quadros jovens nacionais
para serem formados e colocados em funções
chave da economia, a médio prazo. Nos últi-
mos anos surgiram várias universidades e cen-
tros de formação por todas as províncias de
Angola, o que tem contribuído para o apare-
cimento de uma bolsa de jovens quadros for-
mados nacionalmente. Estas escolas irão ser o
embrião de uma elite de quadros intermédios
e superiores, que serão os quadros de referên-
cia no futuro do país. O recrutamento de nacio-
nais, jovens quadros angolanos, tem inúmeras
vantagens a médio e longo prazos, por ques-
tões culturais, económicas e políticas. Desta
forma iremos cimentar com fundações sólidas
o mercado empresarial e social angolano.
joão carlos costa
partner da jobfair global search & associates, portugal
SOCIEDADE ARTIGO DE OPINIÃO
42 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE42 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
A Lei Magna põe um ponto fi nal ao período
transitório que o país vivia desde 1991. Foi
ratifi cada na Assembleia Nacional com 186
votos a favor (do MPLA, do PRS e da Nova
Democracia), duas abstenções (da FNLA) e
nenhum voto contra. A ausência do maior
partido da oposição - a UNITA - fez correr
muita tinta. Os 16 deputados não compare-
ceram por considerarem que o novo texto foi
aprovado de forma ilegal, devido às condicio-
nantes existentes na anterior Lei Fundamen-
tal. Em resposta, o Chefe de Estado defendeu
que o documento “é fruto de um prolongado
debate aberto, livre e democrático com to-
das as forças vivas da Nação”. De facto, este
foi elaborado após um longo período de con-
versas e incluiu propostas extraídas dos três
projectos constitucionais: presidencialista
(A), semi-presidencialista (B) e presidencia-
lista-parlamentar (C). Para o Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, a Cons-
tituição constitui a base de todo o trabalho,
acompanhando os políticos na promoção das
“reformas na administração central e local
do Estado, na administração do sistema de
justiça fi scal, como meios para reforçar a ca-
pacidade institucional do país”. A pensar no
desenvolvimento sustentado da economia
nacional, onde prevaleça o “equilíbrio regional
e a integração internacional”, o chefe de Esta-
do destacou no seu discurso de promulgação
CARTA MAGNA
A 21 de Janeiro virou-se uma página importante na política nacional. A homologação da nova Constituição marca o início de um novo ciclo governamental. A extinção do Primeiro-Ministro e a eleição directa do Presidente da República são algumas das mudanças
do documento fi nal que “as políticas públicas
e os instrumentos a adoptar para a sua viabi-
lização devem proporcionar a toda a socieda-
de estabilidade política” e “macroeconómica”,
bem como “as infra-estruturas básicas de
apoio”, o “respeito e protecção da proprieda-
de privada”, o “reconhecimento da titularida-
de da terra” e a “celeridade da justiça”, entre
outras questões.
SUFRÁGIO EM 2012“O Estado deverá criar as condições para que
sejam realizadas as eleições gerais em 2012,
ano em que fi nda o mandato resultante das
eleições legislativas de Setembro de 2008”,
anunciou José Eduardo dos Santos. O novo
documento, composto por 244 artigos, re-
força os poderes do presidente, determinan-
do que o Chefe de Estado é o cabeça de lista
do partido que vencer as legislativas. A Carta
Fundamental da República estabelece ainda
como órgãos de soberania a Assembleia Na-
cional (AN), os tribunais e o Presidente da Re-
pública (PR). A AN e o PR são escolhidos por
sufrágio universal, secreto, directo e periódi-
co. As eleições gerais são convocadas até 90
dias antes do fi m do mandato e decorrem 30
dias antes do seu término. O processo legisla-
tivo é organizado por entidades independen-
tes. O Tribunal Constitucional (TC) exigiu, na
altura, rectifi cações ao documento, nomea-
damente em relação à eleição do PR, que a
partir de agora surge identifi cado no boletim
de voto. O TC defi niu que o vice-presidente é
eleito na condição de segundo nome no bole-
tim de voto. José Eduardo dos Santos assu-
me funções de Chefe de Estado, de titular do
poder executivo e de Comandante em Chefe
das Forças Armadas. Acaba a diferença entre
a presidência e o Governo. O actual líder es-
tá à frente dos destinos nacionais desde Se-
tembro de 1979.
EM DESTAQUEÀ semelhança do que ocorre na maioria das
nações, a recente Constituição proíbe a pe-
na de morte, assim como a tortura e os tra-
tamentos degradantes. Além das garantias
dos Direitos e Liberdades Fundamentais bá-
sicas, o texto decreta que todos os cidadãos
(em condições de igualdade e liberdade) po-
dem aceder aos cargos públicos. Estas são
algumas das garantias que a Lei Mãe defi ne
ofi cialmente. Os direitos e liberdades fun-
damentais consagrados são defi nidos como
invioláveis. José Eduardo dos Santos revelou
que o texto ofi cial deve “consolidar o quadro
jurídico e institucional, que permita a urba-
nização das reservas fundiárias do Estado,
onde, de forma segura, tanto famílias organi-
zadas para a auto-construção, como socieda-
des de construção, cooperativas de habitação
SOCIEDADE | patrícia alves tavares
43 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
e outras instituições possam implantar pro-
jectos mobiliários”. Em relação à imprensa, o
PR sublinhou que “vai continuar a criar condi-
ções para que a imprensa seja cada vez mais
forte, plural e isenta, responsável e indepen-
dente”. Já o artigo 213º consagra o princípio da
descentralização política, que compreende a
existência de formas organizativas do poder
local, pelo que os recursos fi nanceiros “de-
vem ser proporcionais às atribuições previs-
tas pela Constituição ou por Lei” (art. 215º).
“TOLERÂNCIA ZERO”O combate à corrupção é a principal bandei-
ra do novo Executivo. O PR reafi rma a sua
aposta na “tolerância zero” aos actos ilíci-
tos na Administração Pública. A Lei da Pro-
bidade Administrativa é o novo instrumento
para evitar o enriquecimento ilícito, apresen-
tado durante a primeira reunião do Conse-
lho de Ministros. O recém-eleito presidente
da AN, Paulo Kassoma, corroborou as pala-
vras de José Eduardo dos Santos, anuncian-
do uma maior fi scalização das acções. “Está
em causa a gestão efi caz e transparente dos
recursos públicos em benefício do interes-
se comum”, esclareceu. O reajustamento do
Programa Nacional de Habitação Social, a ins-
pecção da execução do Plano Nacional e o Or-
çamento Geral de Estado também constam
das prioridades para o novo Executivo.
INOVAÇÃOA inclusão da protecção do consumidor na
Lei Magna é das principais novidades. Para
a directora do Instituto Nacional de Defesa
do Consumidor (Inadec), Elsa Bárber, é um
marco histórico, lembrando que é a primeira
vez que uma constituição angolana prevê de
forma expressa a salvaguarda deste item co-
mo princípio fundamental. Em declarações à
Angop, mostrou-se optimista quanto ao au-
mento das responsabilidades dos agentes
económicos em relação à saúde dos consu-
midores. Também os portadores de defi ciên-
cia encontram os seus direitos consagrados
na Lei. O artigo 83º acautela esta população,
adoptando políticas de reabilitação, integra-
ção e sensibilização da sociedade.
CARAS NOVASApós a publicação da Constituição em Diário
da República, José Eduardo dos Santos anun-
ciou o novo Executivo, que se pauta por várias
mudanças, com a entrada de novas fi guras.
Para o novo cargo de vice-presidente foi no-
meado Fernando Piedade Dias dos Santos.
Já Paulo Kassoma, detentor da extinta pasta
de Primeiro-Ministro, assume a liderança da
AN. O novo Governo, composto por 31 minis-
tros, vice-ministros, secretários de Estado e
do Conselho de Ministros, traz algumas no-
vidades. Kundy Pahiama, antigo ministro da
defesa, foi substituído por Cândido Van-Dú-
nem. José Eduardo dos Santos afastou ainda
Higino Carneiro, das Obras Públicas, Salomão
Xirimbibi, das Pescas, António Burity (subs-
tituído por Pinda Simão), da Educação, Vir-
gílio Fontes Pereira (substituído por Bornito
de Sousa), da Administração do Território e
Manuel Rabelais (substituído por Carolina
Cerqueira), da Comunicação Social. Com a re-
modelação surgem três ministros de Esta-
do: Manuel Júnior (Coordenação Económica),
Hélder Vieira Dias (Casa Militar) e Carlos Feijó
(Casa Civil).
fonte: constituição
“Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, de-fi ciência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou fi losófi cas, grau de instrução, condição económica ou social ou profi ssão.” art. 23º, 1
“A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus di-reitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insufi ciência dos meios económicos” art. 29º, 1
“Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodu-ção de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fi xar.” art. 42º, 2
“O Estado garante a coexistência dos sectores público, privado e cooperativo, as-segurando a todos tratamento e protecção, nos termos da lei.” art. 92º, 1
“O Banco Nacional de Angola, como banco central e emissor, assegura a preser-vação do valor da moeda nacional e participa na defi nição das políticas monetá-ria, fi nanceira e cambial.” art. 100º, 1
“O sistema fi scal visa satisfazer as necessidades fi nanceiras do Estado e outras entidades públicas, assegurar a realização da política económica e social do Es-tado e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional.” art. 101º
pontos quentes:
44 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
Vitóriada cidadaniaUm dos aspectos que mais me satisfaz nas
Constituições é o da igualdade perante a lei.
A Lei Magna angolana corresponde às mi-
nhas expectativas, pelo menos no cômputo
geral. O documento fi nal pauta-se pela qua-
lidade técnica, onde evidencio com agrado a
clara e abrangente consagração dos Direitos,
Liberdades e garantias Fundamentais. De re-
ferir ainda a organização económica, fi nancei-
ra e fi scal, que no meu ponto de vista, vai de
encontro às necessidades das sociedades ac-
tuais. Aliás, acredito piamente que uma estru-
tura social, baseada num Estado Democrático
de Direito (Artigo 2º), de jure e de facto, é o ca-
minho para erguer uma sociedade livre. Todos
nós, cidadãos angolanos, merecemos a reali-
zação plena, após os longos anos de agruras.
44 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE | patrícia alves tavares
Porém, há que fazer advertências. É evidente
que quanto à Organização do Poder de Esta-
do (Título IV) emergiram pontos de vista diver-
gentes, em função dos interesses políticos - no
meu entender legítimos, imediatos ou estra-
tégicos -, o que é perfeitamente natural e salu-
tar. Considero que este processo contribui para
a maturidade democrática e idoneidade cívica
dos actores políticos e dos técnicos. Obvia-
mente, não existem Constituições perfeitas!
Uma ou outra imprecisão serão encontradas
no processo da sua efectivação. É previsível.
Mas acredito que se procederá a ajustamentos
no domínio da legislação ordinária.
‘A efectivação da Lei Supre-ma depende, em última ins-tância, do cidadão’
Quando folheei a Lei Mãe, admito que fi quei
surpreendido com a originalidade do sistema.
A minha escolha recai invariavelmente no ar-
tigo 109º, respeitante à eleição para o cargo
de Presidente da República. O assunto tem
suscitado debates políticos, académicos e na
sociedade em geral. Humildemente reconhe-
ço as minhas limitações para, de forma se-
gura, opinar sobre esta forma de eleição do
PR. No entanto, impõe-se-me o dever/direi-
to de sugerir a continuação da discussão/cla-
rifi cação do seu “modus faciendi” e as suas
implicações no plano dos procedimentos ju-
rídico-eleitorais. Por uma questão de princí-
pio, reitero que neste ponto continuo a nutrir
simpatias com o sistema anterior e, no limi-
te, não me repugnaria a consagração de um
processo de eleição do PR pelos deputa-
dos eleitos – forma indirecta, que não
é seguramente antidemocrático.
Recordo que nos países, onde
o tal sistema funciona,
existem múltiplos
mecanismos para garantir a efectivação do
princípio da separação de poderes e para evi-
tar e/ou sancionar os excessos, bem como a
actuação contrária a lei e a ética dos titulares
do cargos públicos. A opinião pública, as or-
ganizações sócio-profi ssionais e os meios de
comunicação jogaram e ainda jogam um pa-
pel importante, até mesmo determinante. De
modo convincente, há que esclarecer a inova-
ção - um direito do cidadão eleitor! Se bem
fundamentada, com base na legítima protec-
ção dos mais altos interesses da Nação, po-
derei ou deverei mudar de opinião, pois já lá
vão os tempos em que, nestas lides, tinha po-
sições sectárias e dogmáticas. Louvo os que
directa ou indirectamente estiveram envolvi-
dos no processo, desde o início. Para quem viu
as legítimas expectativas goradas, nomeada-
mente no que concerne às Garantias e Contro-
lo da Constitucionalidade, lembro que podem
ser “atenuadas” dentro do próprio quadro
constitucional. O essencial é que a organiza-
ção social (sobretudo o Poder do Estado) cum-
pra estritamente a sua função, assegurando
os interesses dos destinatários. A efectivação
da Lei Suprema depende, em última instância,
do cidadão. Se existem ganhos signifi cativos
para a vida do angolano no novo documento,
é indubitavelmente no domínio dos Direitos,
Liberdades e Garantias. A Lei anterior consa-
grava-os de forma sintética. Houve uma evo-
lução, uma maior abrangência. É de aplaudir.
Mas… na prática, temos muito a trabalhar, em
termos de efi cácia! Há que mudar atitudes,
aperfeiçoar mecanismos, corrigir erros, criar
pedagogias e sanções efi cazes.
Nota fi nal: a justiça, a advocacia, o cidadão
como destinatário fi nal ganharam no plano
jurídico-constitucional. Estou certo de que
venceu a Nação.
inglês pinto bastonário da ordem dos advogados de angola
ARTIGO DE OPINIÃO
45 SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 45 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN | fábrica de vidros do kikoloestrada n’gola kilwange · kikolo, luanda - angola · tel 222 391 711 · fax 222 392 499v
VIDRO... É FVK FÁBRICA DE VIDRO DO KIKOLO
| patrícia alves tavares GRANDE ENTREVISTA
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA46
Jorge Rocha de Matos é presidente da Associação Industrial Portuguesa – Confederação Empresarial (AIP-CE). Nasceu em Lisboa, em 1943, e ocupa o cargo desde 1981. Com uma série de acções consolidadas em Portugal, o grupo tem as atenções voltadas para Angola, o principal mercado africano dos lusos. A 23 de Fevereiro, a AIP-CE assinou um protocolo de cooperação com a Feira Internacional de Luanda (FIL), tendo em vista a organização de quatro feiras conjuntas. O empresário fala à Angola’in deste acordo e dos objectivos referentes à dinamização da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em entrevista exclusiva à nossa publicação, o empresário levanta o véu das actividades para 2010.
AIP EM ANGOLAQuais os desafi os que a economia angolana enfrenta?Actualmente, confronta-se com o importan-
te desafi o de criar uma base económica sóli-
da e sustentada e de reforçar a sua inserção
na economia internacional. Indica que Angola,
para além de dispor de uma dotação de fac-
tores naturais muito signifi cativa, designa-
damente relacionados com matérias-primas,
onde o petróleo tem uma importância capital,
tem necessidade de reforçar, alargar e enri-
quecer a sua base económica com produtos
e serviços de valor acrescentado, o que obriga
também a diversifi car a sua base produtiva.
Há todo um caminho que o país está a trilhar
que obriga necessariamente a um investi-
mento expressivo nas infra-estruturas de su-
porte, físicas e digitais, de forma a valorizar
competitivamente o território e, consequen-
temente, reforçar a atractividade num con-
junto de indústrias e serviços para satisfazer
o mercado interno e a procura internacional.
Isso exige uma mobilização de energias e de
esforços internos e boas parcerias internacio-
nais. Penso que Angola está a dar passos mui-
to signifi cativos neste sentido.
Os ministérios mostram-se disponí-veis para colaborar com as empre-sas lusas?As empresas portuguesas têm, de uma forma
geral, uma boa relação com os ministérios e
instituições angolanas. Naturalmente que po-
derão existir difi culdades pontuais em deter-
minadas circunstâncias, como aliás é próprio
da vida empresarial. Mas, a forte proximidade
cultural e linguística existente entre os dois
países permite ultrapassá-las. Existe à parti-
da uma boa base colaborativa.
Possuem acordos com o Governo e com as entidades privadas?Há um bom clima relacional entre os Gover-
nos português e angolano, bem como entre
instituições e associações empresariais dos
dois países, de que a AIP-CE é um pilar impor-
tante e que constituem importantes veículos
de facilitação da vida empresarial. A AIP-CE
tem no quadro bilateral e no contexto da Con-
federação Empresarial da CPLP relações privi-
legiadas quer com a Associação Industrial de
Angola, quer com a Câmara de Comércio de
Angola. Por outro lado, é de realçar o estupen-
do entendimento entre os governos, o que fa-
cilita o relacionamento empresarial. Existem
também alguns instrumentos fi nanceiros da
parte do Estado português, nomeadamente
linhas de crédito que dão expressão a essa re-
lação.
Quais os planos que a AIP-CE pre-tende implementar durante este ano?O plano de acção da AIP-CE para 2010 coloca
Angola no topo das suas prioridades em rela-
ção aos investimentos e mercados externos.
Saliento a realização de quatro missões em-
presariais de âmbito multisectorial a Luanda,
Benguela, Huíla e Cabinda. Paralelamente,
destaco também a concretização de quatro
estudos de mercado sobre as quatro provín-
Jorge Rocha de Matos
“ANGOLA É UM INVESTIMENTO PRIORITÁRIO”
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 47
cias angolanas, dando assim sequência a um
trabalho de informação, análise e prospecção
que a AIP-CE sempre desenvolveu em relação
ao país e que reputo da maior importância, co-
mo guia para os investidores. Naturalmente
que estaremos envolvidos também em múl-
tiplos fora e seminários, onde o mercado e a
problemática da economia angolana vão ser
relevados. No quadro do relacionamento as-
sociativo existem diferentes áreas de coope-
ração, quer referentes a Feiras e Congressos,
quer no relacionado com Projectos de Forma-
ção e I&DT.
Para Abril está agendada uma visi-ta empresarial a Luanda-Benguela-Huambo. Porquê a escolha das três províncias? Existe uma preocupação de diversifi cação de
alvos em termos de mercado angolano. Sen-
do certo que Luanda se tem revelado a mais
aprazível, existem no entanto outras pro-
víncias que começam a ganhar atractivida-
de, refl ectida no interesse dos investidores
lusos, nomeadamente Benguela e Huambo.
A AIP-CE quer dar esse sinal, pois é interes-
sante para os empresários portugueses, mas
igualmente bom para Angola dentro daquilo
que são os objectivos de coesão económica e
territorial.
Como tem decorrido a cooperação com a Associação Industrial Ango-lana? Há todo um trabalho que vem de longe entre
a AIP-CE e a Associação Industrial de Angola
(AIA), que se tem traduzido ao longo dos anos
em formas de cooperação diversas, desde a
formação profi ssional, estudos, feiras, apoio
a missões empresariais, entre outras. Mesmo
nos tempos mais difíceis, a nível empresarial e
particularmente entre as associações empre-
sariais nunca deixou de existir um bom quadro
relacional, tendo-se a AIA afi rmado como um
dos parceiros privilegiados desta relação por
parte de Angola.
Como encara o trabalho desenvolvi-do em conjunto com a CCIA (Câmara
do Comércio Indústria em Angola)?Há um trabalho normal e profícuo de troca de
informação, de pontos de vista e de sinaliza-
ção de prioridades aos mais diversos níveis
nas relações bilaterais entre as comunidades
empresariais portuguesa e angolana, que de-
senvolvemos conjuntamente.
Neste momento, existe algum pro-jecto no âmbito dessa cooperação?No trabalho regular que envolve as duas co-
munidades associativas empresariais, a CCIA
e a AIA são também dois dos parceiros an-
golanos que contamos para aquele que con-
sideramos ser um projecto de grande alcance
associativo e geoeconómico que, aliás, já está
em marcha para o quadro da lusofonia, que é
a Confederação Empresarial da CPLP.
“Temos programado um projecto de mobilização de PME portuguesas, tendo em vista a criação de uma rede de PME por todo o território angolano”
A AIP tem desempenhado um papel importante na reconstrução do pa-ís?Como já referi anteriormente, para a AIP-CE,
Angola sempre constituiu uma prioridade do
seu relacionamento externo. Tanto ao nível da
capacitação institucional, como da formação,
estudos diversos sobre a economia e mercado
angolanos, missões empresariais, seminários,
a AIP-CE sempre protagonizou um conjunto
de actividades e projectos visando a recons-
trução do país e a modernização da econo-
mia angolana. Aliás, temos programado um
projecto de mobilização de PME portuguesas
para serem parceiras de empresas ou emer-
gentes empresários nacionais, tendo em vista
a criação de uma rede de PME por todo o ter-
ritório angolano.
Quais as áreas onde as empresas portuguesas mais investem?Estão em quase todos os sectores da econo-
mia angolana, embora sejam mais relevantes
nos petróleos, construção civil, banca, ho-
telaria, agro-industrial e alimentar, TIC, en-
genharia, serviços às empresas, formação,
consultoria, entre outros.
ESTRATÉGIA PARA 2010 Recentemente a AIP-CE assinou um protocolo de cooperação com a FIL. Em que consiste o memorando?Este acordo, traduzido num contrato de parce-
ria, tem por objectivo a dinamização por parte
da AIP-CE/FIL da participação de empresas e
entidades internacionais em exposições sec-
toriais, organizadas pela FIL, a realizar em
Angola com o nosso apoio, através da venda
internacional em regime de exclusividade no
mercado português e enquanto parceiro pri-
vilegiado para a Europa. Devo dizer que a co-
mercialização abrangida por esta parceria se
aplica aos seguintes sectores: alimentação,
bebidas, equipamentos e canal Horeca – a
Alimentícia; material, equipamentos, máqui-
nas e serviços para a construção civil e obras
públicas – a Constrói; protecção e segurança
“Existem outras províncias que começam a ganhar atractividade, refl ectida no interesse dos investidores lusos, nomeadamente Benguela e Huambo”
fotografi as santos almeida
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA48
GRANDE ENTREVISTA
– Exposegura Angola; imobiliário e domótica
– Salão Imobiliário de Angola.
Em 2010 vão organizar em conjunto quatro feiras. Quais as vossas ex-pectativas em relação a esses even-tos? Depositamos nas quatro feiras expectativas
muito ambiciosas em termos de expositores e
visitantes. Todo o envolvimento que isso im-
plica traduzir-se-á num reforço das relações
bilaterais, sobretudo entre as duas comuni-
dades empresariais e seguramente com uma
participação acrescida das PME, o que para
nós também é muito relevante. Estas reali-
zações não só reforçam as relações entre os
dois países como contribuem para uma maior
visibilidade e importância das duas comuni-
dades empresariais no contexto internacional
ao protagonizarem feiras atractivas. A coope-
ração é fundamental para ambos reforçarem
esse papel.
Pretendem recorrer à rede inter-nacional BUSINESSEUROPE para aproximar os europeus dos PALOP. Quais as mais-valias para o contex-to africano?Integrar a BUSINESSEUROPE signifi ca que a
AIP-CE tem a possibilidade de conferir uma
dimensão europeia e internacional a determi-
nadas realizações que suscitam um interesse
geoeconómico e empresarial para outras co-
munidades empresariais. Angola é hoje um
país e um mercado que suscita a atenção de
várias comunidades empresariais europeias e
acredito que as feiras que vamos realizar ao
abrigo deste acordo são bastante atractivas e
ambiciosas em relação aos objectivos.
No fi nal do último ano, impulsiona-ram a criação da Confederação Em-presarial da CPLP. Em que aspectos esta organização poderá ser útil?
A criação da Confederação Empresarial da
CPLP, a partir do Conselho Empresarial da Co-
munidade dos Países de Língua Portuguesa,
constituíu uma iniciativa com grande alcance
estratégico. Ao darmos este passo estamos
também a construir um importante dispositi-
vo de inteligência de negócios, ou seja, uma
mais-valia para todos os países que utilizam
a língua portuguesa. Neste sentido, estamos
a estabelecer formas de cooperação que tam-
bém permitirão explorar sinergias que poten-
ciam estratégias empresariais conjuntas nos
espaços regionais e geoeconómicos em que
cada um se situa. É minha convicção que a
maior densidade relacional e de cruzamento
de interesses subjacente à Confederação Em-
presarial da CPLP tornará possível aproveitar o
enorme potencial e as oportunidades que este
espaço de língua universal que é o português
corporiza no contexto da globalização.
A confederação será um dinamiza-dor determinante das economias da CPLP?A Confederação Empresarial da CPLP não só
constitui um instrumento de dinamização das
economias da CPLP como se afi gura um factor
de projecção internacional para a abordagem
de outros mercados regionais de interesse
conjunto.
Têm iniciativas programadas?A Confederação tem uma agenda de realiza-
ções. A este propósito refi ro que o país vai ad-
quirir um protagonismo da maior importância
num momento decisivo para a sua afi rmação.
Em Julho, Angola assume a presidência rota-
tiva da CPLP e, como tal, cabe-lhe neste con-
texto dinamizar um conjunto de iniciativas em
relação à afi rmação desta Confederação que
serão marcantes para uma organização que
está a dar os seus primeiros passos, mas que
se quer pujante e com grande alcance estra-
tégico.
PORTUGAL – ANGOLAQual o peso de Angola nas exporta-ções lusas?Actualmente, ocupa o primeiro lugar nas ex-
portações portuguesas para fora da Europa, o
que é um bom testemunho deste relaciona-
mento bilateral.
Qual o volume de trocas comerciais, em 2009?Os dados estatísticos fornecidos pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) revelam que en-
tre Janeiro e Setembro de 2009 as exportações
“Em Julho, Angola assume a presidência rotativa da CPLP e, como tal, cabe-lhe neste contexto dinamizar um conjunto de iniciativas em relação à afi rmação desta Confederação”
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 49
lusas para Angola foram superiores a 1672 mi-
lhões de euros, enquanto as importações foram
na ordem dos 51 milhões de euros, refl ectindo
uma quebra muito signifi cativa em relação ao
ano anterior, porventura devido à baixa dos
preços do petróleo nos mercados internacio-
nais com os consequentes refl exos também
nas exportações angolanas para Portugal.
“Entre Janeiro e Setembro de 2009 as exportações lusas para Angola foram superiores a 1672 milhões de euros”
Durante o último ano, registou-se um acréscimo de empresas portu-guesas a investir no país?O aumento do número de empresas a inves-
tir nos últimos anos é uma realidade que nos
apraz registar. Isso é simultaneamente bom
para Portugal e para Angola. Queremos que es-
te relacionamento constitua uma parceria de
sucesso e que funcione cada vez mais nos dois
sentidos, como aliás se começa a verifi car.
Quais os sectores da economia lusa que mais exportam para Angola?A nível sectorial destacam-se em matéria de
exportação os materiais e equipamentos de
construção, bebidas, veículos automóveis e
outros meios de transporte, máquinas, pro-
dutos alimentares, materiais eléctricos, medi-
camentos, máquinas e aparelhos mecânicos,
máquinas automáticas para processamento
de dados, entre outros.
Os PALOP são os principais clientes de Portugal?No plano das relações comerciais, os nos-
sos principais clientes situam-se na Europa e
muito particularmente em Espanha, Inglater-
ra, França e Alemanha. A Europa tem um pe-
so excessivo, que corresponde a cerca de 73%
dos mercados de destino das exportações por-
tuguesas, mas que tem vindo a diminuir, pois
há cerca de meia dúzia de anos aproximava-se
dos 80%. É justamente o mercado angolano
o que mais tem contribuído para esta diver-
sifi cação fora da Europa, facto que começou
a verifi car-se sobretudo a partir de 2005. Ali-
ás, devo dizer que a AIP-CE tem pugnado por
essa diversifi cação de mercados traduzida em
vários documentos de estratégia, muito parti-
cularmente a Carta Magna da Competitivida-
de apresentada publicamente em 2003, a qual
releva uma visão euro-atlântica para o nosso
desenvolvimento, onde o relacionamento com
os países da CPLP ocupa uma posição central.
“É justamente o mercado angolano o que mais tem contribuído para esta diversifi cação fora da Europa, facto que começou a verifi car-se sobretudo a partir de 2005”
Quais as áreas onde é rentável in-vestir e que têm sido desvaloriza-das pelos empresários lusos?Dado que Angola está a iniciar um ciclo de
crescimento – que acreditamos que vai
ser longo –, subjacente à reconstrução
da sua economia, de uma forma geral
os investimentos a montante e a ju-
sante dessa reconstrução são ren-
táveis. As áreas relacionadas com
as infra-estruturas, a construção,
as tecnologias da informação e
da comunicação, as telecomu-
nicações, a banca, os serviços
avançados às empresas e a enge-
nharia são alguns dos sectores que
neste momento se afi guram mais
atractivos.
“A Carta Magna da Competitividade releva uma visão euro-atlântica para o nosso desenvolvimento, onde o relacionamento com os países da CPLP ocupa uma posição central”
A marca “Portugal” vende bem em Angola?A marca “Portugal” é, do nosso ponto de vista,
atractiva, devido a um quadro relacional e de
afectividade entre ambos os países decorren-
te de uma história partilhada. Mas, temos a
plena consciência que esta marca tem que ser
permanentemente alimentada e que os em-
presários têm um papel central. O seu valor
simbólico traduz uma multiplicidade de fac-
tores que para ela concorrem: qualidade dos
produtos e dos serviços prestados, excelência
das relações políticas e económicas, relações
afectivas que se estabelecem entre pessoas
de duas comunidades que falam a mesma lín-
gua e com grande proximidade cultural, entre
outros. A sua valorização faz-se densifi cando
e reforçando este quadro relacional num am-
biente de parceria e igualdade.
Quais os produtos mais procurados pelo consumidor africano/ angola-no?Há um conjunto de bens agro-alimentares,
mas regista-se também um peso crescente
de produtos industriais, desde máquinas e
equipamentos diversos a um conjunto abran-
gente de bens tecnológicos associados à re-
construção da economia angolana e ao seu
ciclo de crescimento.
ANGOLA – PORTUGALSabe-se que Angola tem sido dos principais destinos da internacio-nalização das empresas lusas. Co-mo avalia esse relacionamento?Como já tive ocasião de dizer, Angola consti-
tui o principal mercado de internacionalização
das empresas portuguesas para fora da Eu-
ropa. Signifi ca que os empresários lusos, que
têm um conhecimento que vem de longe da
economia angolana, confi am na sua estabili-
dade, dinamismo e crescimento. Existe a per-
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA50
GRANDE ENTREVISTA
cepção de que o país tem todas as condições
para trilhar um ciclo de crescimento longo. Es-
tou convicto de que as autoridades angolanas
e a sua comunidade empresarial saberão, con-
juntamente, criar os factores de atractividade
do investimento internacional, actualmente
um factor essencial no contexto da globaliza-
ção. Podem para isso contar com a AIP-CE e
com a comunidade empresarial portuguesa.
Angola já exporta para Portugal? Existem alguns bens exportados para Portu-
gal, para além dos produtos petrolíferos, que
constituem o principal. É sobretudo no campo
do investimento, em grande parte através da
participação em grande empresas lusas, que
as entidades angolanas estão a afi rmar-se.
Aliás, permitam-me que diga que é desejável
o reforço das posições angolanas em Portugal
tanto a nível comercial como do investimento.
É esse o sentido de uma parceria, como aliás
o entendemos na AIP-CE. Por isso, considera-
mos muito positivo o incremento dessas rela-
ções comerciais e o nível do investimento que
se têm verifi cado nos últimos anos.
Quais os sectores económicos mais procurados pelos investidores an-golanos?A banca e a energia têm sido os mais procura-
dos, mas tem-se vindo a assistir a uma diver-
sifi cação de interesses nos últimos anos.
Considera que o país africano será cada vez mais um mercado apetecí-vel para os empresários estrangei-ros?Angola tem todas as condições para trilhar
um ciclo longo de crescimento e, como tal,
afi rmar-se como uma economia bastante
atractiva para o investimento estrangeiro.
Quais os sectores angolanos que detêm mais força e potencialidades para se internacionalizarem?O sector petrolífero e a banca são os que têm
apresentado maior visibilidade em matéria
de internacionalização dirigida a Portugal e,
mais recentemente, também o imobiliário e
os media. É evidente que Angola tem um ele-
vado potencial de internacionalização da sua
economia, à medida que for industrializando
muitas das suas riquezas naturais e desenvol-
vendo outros sectores, bem como por via da
captação do investimento directo estrangeiro
(IDE) no sector da agricultura, agro-pecuária e
indústria que também se vai traduzir em ex-
portações.
INDÚSTRIA NACIONALQual o perfi l do empresário ango-lano? Há uma nova geração de empresários angolanos
que se começa a afi rmar e a fazer o seu percur-
so, demonstrando visão, capacidade pró-activa
e bom conhecimento das exigências impostas à
vida empresarial num mundo hiper competitivo.
No último Salão Internacional de Vinho, Pescado e Agro-alimentar “SISAB”, as águas de mesa angola-nas foram elogiadas, devido à sua qualidade. A produção interna tem tendência para concorrer com os produtos importados?As águas angolanas são de grande qualidade.
Este é um tipo de produto que tem condições
para ganhar quota de mercado muito rapida-
mente e concorrer com outros produtos simi-
lares importados.
Em que medida os empresários eu-ropeus podem preparar-se para o crescimento da concorrência?Isso é uma realidade da economia global, pe-
lo que os empresários de qualquer proveniên-
cia têm que estar preparados para lidar com
ela. A sobrevivência e a afi rmação fazem-se
inexoravelmente num mundo cada vez mais
concorrencial. Em relação a Angola, o aumen-
to dessa concorrência é uma inevitabilidade
inerente ao reforço da sua atractividade.
A criação de uma indústria interna, activa e de qualidade pode dinami-zar o mercado angolano?Sem dúvida que o crescimento sustentado da
economia angolana passa pela criação de uma
indústria interna, de qualidade e competiti-
va. O consumidor angolano será o primeiro a
benefi ciar, mas isso é igualmente importan-
te em termos macroeconómicos. Ter uma in-
dústria competitiva é um factor fundamental
para a economia nacional se expor e se afi r-
mar no contexto da globalização, alargando e
enriquecendo a sua carteira de actividades e
produtos que constituem a sua oferta no mer-
cado interno e externo.
Como avalia o crescimento da eco-nomia nacional? Irá manter os mes-mos níveis de desenvolvimento ou a tendência será para que, em 2010, se verifi que uma desaceleração gra-dual?Apesar do crescimento da economia mundial
se perspectivar em 2010 ainda relativamen-
te diminuto no contexto da actual crise eco-
nómica e fi nanceira internacional que se tem
vivido, onde os factores de risco e de imprevi-
sibilidade ainda são elevados, uma economia
como a angolana tem, mesmo assim, boas
possibilidades de crescer com ritmos muito
mais interessantes do que as ditas economias
maduras, como a europeia.
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 51
olhar clínico
Mais de vinte angolanos entre empresários e
jornalistas participaram recentemente na Fei-
ra Internacional de Bebidas e Agro-alimenta-
res SISAB 2010, em Lisboa, Portugal. O evento
que vai na XV edição reuniu cerca de 430 em-
presas portuguesas do sector alimentar e be-
bidas, colocando sobre o mesmo tecto homens
e mulheres de negócios de vários estratos so-
ciais provenientes de diferentes continentes.
Segundo a organização, cada empresário fez-
se acompanhar de um cheque avaliado em
mais de USD 50 mil, tendo como principais
objectivos fazer compras e estabelecer novas
parcerias de negócio para importação de pro-
dutos portugueses. Esta oportunidade permi-
tiu aos empresários angolanos traçarem, por
exemplo, novos rumos no mundo dos negó-
cios, designadamente ao nível do sector agro-
alimentar e bebidas de origem portuguesa,
numa altura em que as importações angola-
nas neste mercado somam cifras avaliadas
em 23 por cento das importações com destino
a Angola, referiu o Secretário de Estado da Flo-
restas e Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro.
Este volume de exportações lusas para o mer-
cado nacional, representa um indicador ani-
mador se tivermos em conta que Angola está
a trilhar novos caminhos nas relações econó-
micas com vários países, cuja meta está ainda
longe destes números. De acordo com Carlos
Morais, director da SISAB, os produtores por-
tugueses ali representados, produzem e fabri-
cam alguns dos melhores produtos, com uma
longa tradição na produção de agro-alimen-
tares e bebidas em Portugal. Em declarações
à Angola’in Ana Maria, empresária angolana
proveniente da província da Huíla, uma das
participantes no evento, disse que “os angola-
nos preferem importar no mercado português
porque este apresenta múltiplas vantagens,
que vão desde a facilidade de leitura do rótu-
lo, à originalidade dos produtos e à facilidade
de receber a partir das suas representantes lo-
cais, para além dos laços fraternais que unem
os dois países há décadas”. “Durante os três
dias da feira, foi possível comprar vários pro-
dutos e estabelecer parcerias comerciais que
me irão ajudar a importar maior volume de
produtos portugueses para abastecer a minha
unidade comercial na Huíla”.
Precisamos de gestores-estrategas capazes de mobilizar os investidores de outros países e promover as nossas marcas além-fronteiras
Para além das trocas comerciais entre an-
golanos e portugueses, a bolsa de produtos
alimentares e bebidas permitiu estabelecer
novas parcerias com empresários oriundos
de vários pontos do mundo, como é caso de
Cabo-Verde, São Tomé, Guiné Bissau, Brasil,
Espanha, Estados Unidos da América, Rússia
e China, no total de 80 países que levaram a
Portugal cerca de 1200 empresários. Segun-
do as declarações feitas pelos participantes,
pode-se concluir que esta iniciativa do sector
privado português é uma verdadeira mola im-
pulsionadora da expansão dos seus produtos
no estrangeiro. Numa altura em que o mundo
está a acordar de uma devastadora crise eco-
nómica, cujos efeitos não pouparam as maio-
res economias, investir perto de USD 4 milhões
para trazer homens de negócios a um evento a
custo zero, (transporte, alojamento, alimenta-
ção, deslocações hotel-feira, feira-hotel) não é
tarefa fácil. Só se traduz num verdadeiro olhar
clínico sobre o mundo dos negócios, onde não
é qualquer um que consegue visualizar facil-
mente os benefícios deste investimento e dos
resultados que poderá proporcionar a médio e
longo prazos. O mundo dos negócios exige dos
investidores esta visão sobre o futuro, o que
consequentemente se traduz numa aposta de
marketing para “formatar a marca na consci-
ência do consumidor”. Se partimos do pressu-
posto de que o mundo se tornou uma aldeia
global e que a concorrência é cada vez mais
evidente, então precisamos de gestores-es-
trategas capazes de mobilizar os investidores
de outros países e promover as nossas mar-
cas além-fronteiras. De salientar, que todos os
empresários que participaram neste evento,
antes e durante os primeiros dias de importa-
ção de qualquer produto para a sua empresa,
pensa em primeiro lugar no mercado portu-
guês, o que se traduz numa mais-valia para o
país. Neste negócio, ganha a organização do
evento, os produtores locais através do au-
mento das exportações, o que se traduz num
aumento de postos de trabalho para os nacio-
nais. Uma acção que permite ao país arreca-
dar mais rendimentos resultantes das receitas
aduaneiras das exportações destes produtos.
Em suma, todos ganham. Isso só é possível,
se as organizações, país, iniciativas privadas,
público-privadas, associações juvenis e tantos
outros aglomerados humanos tiverem pesso-
as inovadoras, com um olhar clínico voltado
para o mundo dos negócios e bem-estar de
todos sem secar a fonte.
andré sibi
ARTIGO DE OPINIÃO
52 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM
FOTO REPORTAGEM
Ritual de circuncisão masculina
Em Angola a circuncisão é uma prática muito comum. Nos meios rurais a mesma ainda se pratica em concordância com tradições e raízes muito profundas. Obedecendo a diferentes fases do processo, os rapazes, em idade pré-adulta, praticam o ritual de ablação do prepúcio. Posteriormente, há uma fase de isolamento no recinto da própria circuncisão. Por fi m, apresentam-se à comunidade. Celebram-no dançando com máscaras que simbolizam a ruptura com a infância e o ingresso na vida adulta. O jovem será agora considerado apto a procriar e a desempenhar todas as funções de um homem.
As imagens que se seguem foram realizadas no Kuvango e ilustram a última fase do ritual. Ao ritmo de várias percurssões tocadas por elementos da comunidade, os rapazes apresentam-se todos juntos, e cada um, a seu turno avança para a frente e dança freneticamente. As máscaras e as vestes de corda conferem-lhes total anonimato e uma aparência algo assustadora. Ao longo da celebração comenta-se o carácter sagrado das vestimentas para afastar os maus espíritos. As mulheres, respeitando a tradição, são convidadas a manter uma considerável distância. Caso contrario poderá recair sobre elas uma maldição.
É uma celebração de homens com homens e para homens!
DE HOMENS PARA HOMENS
| ana rita rodrigues
53 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |
54 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM
FOTO REPORTAGEM
55 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |
56 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM
FOTO REPORTAGEM
57 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |
58 | ANGOLA’IN · TURISMO
| patrícia alves tavares
LAS VEGAS, ‘THE ENTERTAINMENT CAPITAL OF THE WORLD’A cidade do jogo tem um novo atractivo para descobrir neste novo ano:
o City Center. Inaugurado a tempo da passagem de ano 2009/ 2010, é
o novo local para descobrir em Las Vegas, enquanto aprecia e desfruta
do melhor que a vida tem para oferecer nos diversos hotéis desenha-
dos pelos melhores arquitectos, como Daniel Libeskind. Diversão é coi-
sa que não falta aqui, ou não fosse conhecida pela capital mundial do
entretenimento. A região, conhecida pelos imponentes casinos e hotéis
temáticos, atrai mais de 30 milhões de visitantes por ano, facto que
levou a que alguns dos maiores resorts dos Estados Unidos se instalas-
sem na principal avenida de Las Vegas, Strip. Esses empreendimentos
albergam os maiores casinos do mundo. Site sugerido: www.citycenter.com
MÉXICO, PARAÍSO DE CONTRASTESDestino eclético que conjuga praias fantásticas e paisagens deslumbran-
tes com culturas e tradições milenares, o México celebra os 200 anos da
Independência. Assim, durante 2010, a região promove uma ambiciosa
campanha para captar a atenção dos turistas. Com muitos incentivos. A
capital, Cidade do México, é o destino perfeito para quem procura conhe-
cer a rica história do país, encontrando nesta localidade a 2.250 metros
acima do nível do mar a Catedral Metropolitana, símbolo da colonização
espanhola. Chapultepec é o parque mais procurado, pois além de contar
com um Zoológico é composto pelas grandes extensões verdes. Cancún
e Acapulco são os destinos mais requisitados pelas praias, banhadas pe-
las águas quentes do Pacífi co e pelos areais brancos.Site sugerido: www.visitmexico.com
NOVA IORQUE, A ‘BIG APPLE’Berço de muitos movimentos culturais, Nova Iorque é a área mais po-
pulosa dos EUA, sendo considerada uma cidade global alfa ++. O cen-
tro da moda, cultura e entretenimento é imperdível em qualquer altura
do ano. Lar do Empire State Building e da famosa Estátua da Liberda-
de, Nova Iorque é a mais densamente povoada, com mais de 8,3 mi-
lhões de habitantes (estimativa de 2007). Local muito procurado para
compras, as suas paisagens são habitualmente publicitadas nos fi lmes
americanos, que recorrem inúmeras vezes ao Central Park para gravar
alguma cena. Os shows da Broadway são igualmente ponto obrigatório.
No entanto, o que torna este destino imperdível em 2010 são as come-
morações do ano de Picasso, que se assinala em Manhattan, com duas
grandes exposições: no MoMa (28 de Março a 6 de Setembro) e no Me-
tropolitan (27 de Abril a 1 de Agosto).Site sugerido: www.moma.org
VANCOUVER, A ‘CIDADE-JARDIM’A cidade canadiana é, segundo a revista ‘The Economist’, uma das me-
lhores do mundo para se viver (considerada a melhor, em 2005). Eis um
válido motivo para incluir Vancouver no seu roteiro de férias para 2010.
O outro diz respeito aos Jogos Olímpicos de Inverno, que de 12 a 28 de
Fevereiro vão atrair atletas e visitantes dos quatro cantos do planeta. O
programa cultural estende-se de 22 de Janeiro a 21 de Março, período em
que as excelentes temperaturas convidam os turistas a desfrutar dos di-
versos parques, praias e locais de diversão. A sexta cidade mais populosa
do planeta convida os visitantes a nadar com as focas no White Cliff Pa-
rk, a conhecer a torre de observação The Lookout, a descobrir a arte na-
tiva canadense do Museu de Antropologia e a deslocar-se às cidades de
Victoria e Tofi na para ver as baleias, entre outras hipóteses. Site sugerido: www.vancouver2010.com
carimbos obrigatóriosno passaporteAno novo signifi ca novos países e recantos a explorar ao longo dos próximos doze meses. A Angola’in revela-lhe, em exclusivo, quais as 25 cidades que não pode deixar de visitar. Deixe-se levar pela diversidade de culturas e planeie as suas férias inspirando-se na fusão de climas, tradições e interesses. Opções não faltam, mesmo que não tenha hipótese de viajar para todas as sugestões! Os locais escolhidos destacam-se especialmente pelos eventos que vão acolher no ano de viragem da década, que fi cará marcado pelos acontecimentos mais diversos e que prometem fazer ‘história’
TURISMO
américa do norte
américa do sul
ILHA DE PÁSCOA, ‘RAPA NUI’Inserida no meio do oceano Pacífi co, a mais de três mil quilómetros da
costa chilena, a Ilha de Páscoa guarda mistérios que ainda hoje intrigam
os arqueólogos. Interessado? Então aproveite a data de 11 de Julho e vi-
site a região. Nesse dia, aguarda-o um invulgar eclipse total do sol, algo
irrepetível, que será acompanhado de um festival de música. Um lugar
sempre especial em qualquer altura do ano, onde descobrirá templos an-
tigos, moais (gigantescas fi guras de pedra), vulcões, a lenda do homem
pássaro e muito mais.Site sugerido: www.honueclipse.org
LIMA, PATRIMÓNIO CULTURAL DA HUMANIDADELima surpreende os turistas que passam pelo Peru apenas com o ob-
jectivo de conhecer Cusco e a região do Vale Sagrado. O melhor da cida-
de, rodeada pelo Pacífi co e pelas montanhas rochosas, está nos bairros
fl oridos típicos, como Mirafl ores e San Isidro. A isto acrescente o pôr-
do-sol no Parque del Amor e nos artigos baratos que se encontram nos
mercados de artesanato. O berço inca é conhecido enquanto capital sul-
americana da gastronomia. Para Setembro de 2010 está agendada a
reabertura do Museu Larco, após cinco anos de recuperação, com a mais
importante colecção de arte pré-colombiana do Peru.Site sugerido: www.museolarco.org
BRASÍLIA, ‘CIDADE-CÉU’A capital do Brasil celebra 50 anos em 2010. A festa, que dura o ano to-
do, tem como ponto alto as comemorações da efeméride a 21 de Abril.
Declarada pela UNESCO como ‘Património da Humanidade’, Brasília é
conhecida pela modernidade da sua arquitectura e pelo traçado urba-
nístico em forma de avião. A terra do Carnaval mais animado do mundo
dispõe de diversos locais de interesse como a Catedral Metropolitana de
Nossa Senhora Aparecida, o Teatro Nacional, o Parque Nacional de Bra-
sília, o Museu de Gemas, entre outros. A não perder!Site sugerido: www.brasil50anos.com.br
africa
ÁFRICA DO SUL, CAPITAL DO FUTEBOLMesmo que seja só pela TV, o mundo vai viajar para lá, de 11 de Junho
a 11 de Julho, para ver o mundial de futebol. Ao vivo será inesquecível.
África do Sul é um dos países mais ricos e desenvolvidos do conti-
nente africano. Aqui encontra locais que atendem os vários tipos de
turistas conforme os seus gostos. Os museus, parques naturais, mo-
numentos, aquários, prédios históricos e galerias de arte fazem parte
da agenda de qualquer visitante.Site sugerido: www.sa2010.gov.za
MALAWI, CORAÇÃO AFRICANOFamosa pelas águas cristalinas do Lago Malawi, que é rodeado por
praias de areias douradas e bonitas baías, a região é uma opção in-
teressante para os amantes dos safaris. Rodeado de altos cumes e
montanhas escarpadas, o país transporta-o para outro tempo, outro
lugar e outro deslumbramento. Localizado no coração quente de Áfri-
ca, o Malawi entra em 2010 numa onda de grande dinamismo do tu-
rismo local, com a abertura de novos lodges nas reservas Nkhotakota,
Mjete, Mwabvi e Kaya Mawa. Às paisagens inesquecíveis junte a re-
cepção calorosa dos habitantes e terá umas férias perfeitas.Site sugerido: www.malawitourism.com
ZANZIBAR, PARAÍSO NA TERRAEste arquipélago, inserido em pleno Oceano Índico, tem um clima propí-
cio a férias de praia durante quase todo o ano (excepto Abril e Maio, es-
tações das chuvas). O aroma a especiarias, que envolve todo o ambiente
deste paraíso, acentua a sensação de estar num lugar mágico. As praias
de areia branca, o mar azul-turquesa, a vegetação frondosa e as cidades,
que misturam tradições africanas, árabes, europeias e hindus são razões
válidas para visitar este paraíso. O povo recebê-lo-á da melhor forma, fa-
zendo-o participar nas suas tradições, como é o caso do Festival Sauti Za
Busara, de 11 a 16 de Fevereiro, que é o grande acontecimento na Cidade
de Pedra, dedicado à música Swahili.Site sugerido: www.busaramusic.com
59 TURISMO · ANGOLA’IN |
TURISMO
europa
SANTIAGO DE COMPOSTELA, ‘CIDADE SANTA’Este é o ano de Xacobeo (o próximo será só em 2021) e, portanto, de
grandes celebrações na Galiza, em que todos os caminhos vão dar a
Santiago de Compostela, em Espanha. O seu centro histórico faz des-
ta região uma das mais belas cidades da Europa. A “Cidade Santa” es-
tá longe de ser um museu de pedra. Aliás, é uma das localidades mais
animadas em vários planos: religioso, cultural e lúdico.Site sugerido: www.blog.xacobeo.es
PARIS, ‘CIDADE LUZ’Cidade da Luz e do romantismo, plena de história e locais a visitar, Paris é o
ícone da moda e viagem obrigatória para quem deseja passar férias na Eu-
ropa. No ano dedicado à Rússia em França, o Museu do Louvre abre uma
exposição monumental sobre a Santa Rússia, de Kiev a Pedro, o Grande (5
de Março a 24 de Maio). Encante-se pela beleza da sua arquitectura, das
suas imensas avenidas e jardins encantadores. Não deixe de visitar a Torre
Eiffel, o Arco do Triunfo, os Champs Elysées e o Sacré-Coeur.Site sugerido: www.louvre.fr
METZ, GLAMOUR FRANCÊSA cidade francesa destaca-se pelo seu encanto sensual, pelos teatros
animados num cenário ancestral e contemporâneo. Seduz pela sua luz
e elegância conjugadas com a visão do futuro ultramoderno. Em Maio,
é inaugurada a extensão do Centro Pompidou nesta cidade francesa,
dedicada à arte moderna. Uma maravilha arquitectónica, que se junta
ao Bairro Imperial, uma autêntica enciclopédia de estilos históricos,
candidata a património mundial da Unesco. Site sugerido: www.centrepompidou-metz.fr
LONDRES, POR TERRAS DE ‘SUA MAJESTADE’Não perca uma das maiores exposições de sempre das obras de Van Go-
gh. De 23 de Janeiro a 18 de Abril, na Royal Academy. Ao visitar as terras
de Sua Majestade não se esqueça de vislumbrar o famoso Big Ben, o Bu-
ckingham Palace e o British Museum. Lembre-se que Londres atrai os
turistas pelos seus inúmeros museus. Aproveite a estadia para ir às com-
pras (o célebre Harrods é ponto obrigatório) e relaxar à beira do Tamisa.Site sugerido: www.royalacademy.org.uk
60 | ANGOLA’IN · TURISMO
BRUXELAS, BERÇO DA UNIÃO EUROPEIABoa comida, boa bebida e moda de vanguarda são apenas algumas das
atracções da cidade da Bélgica. De dois em dois anos, um tapete de
fl ores ilumina a Grand-Place, uma praça espectacular, rodeada de edi-
fícios de grande valor arquitectónico. Em 2010, a capital belga volta a
fl orir, de 13 a 15 de Agosto. Perto da localidade encontra o Manneken
Pis, onde está a famosa estátua de um menino a urinar que nenhum
turista quer perder. O Atomium é o cartão-de-visita da cidade e oferece
uma excelente panorâmica de Bruxelas.Site sugerido: www.fl owercarpet.be
ESSEN, REGIÃO RENASCIDAA região da bacia de Ruhr, na Alemanha, com os seus monumentos in-
dustriais, vai estar em festa o ano inteiro, como Capital Europeia da Cul-
tura. A cidade vibrante possui uma grande variedade de lojas comerciais,
bares, restaurantes e bonitos hotéis. A localidade aposta nos desportos,
oferecendo oportunidades diversas para todos os gostos. Historicamen-
te, Essen tem a fi gura da Virgem Maria mais antiga do mundo, que pode
ser apreciada na catedral da cidade. Site sugerido: http://www.essen-fuer-das-ruhrgebiet.ruhr2010.de/en/home.html
VARSÓVIA, BERÇO DE CHOPINOs 200 anos do nascimento do compositor Frederic Chopin vão trans-
formar a localidade polaca numa enorme sala de espectáculos ao lon-
go do ano. Cada bairro de Varsóvia tem a sua história, que oscila entre
acontecimentos trágicos e actos heróicos. Devastada pela Segunda
Guerra Mundial, a cidade serviu de cenário a Roman Polanski para gra-
var algumas cenas do fi lme ‘O Pianista’. Parte dos edifícios foram re-
construídos durante o período comunista e o centro histórico (Rynek) é
Património Histórico Cultural da Humanidade (Unesco).Site sugerido: www.e-warsaw.pl/2/index.php
ISTAMBUL, ‘CIDADE DOS SETE MONTES’A quinta maior cidade do mundo é Capital Europeia da Cultura. A re-
gião turca promete uma revolução: monumentos restaurados, inten-
so programa artístico, a reabertura do mítico Hotel Pera Palas ( www.
perapalas.com) e até o maior concerto da digressão mundial dos U2 (6
de Setembro). São motivos mais que sufi cientes para visitar Istambul,
que tem a particularidade de ser dividida por um estreito (Bósforos)
que separa o lado asiático do europeu.Site sugerido: www.istambul2010.org
asia
ABU DHABI, ALBERGUE DA FERRARIA cidade mais rica e capital dos Emirados Árabes Unidos é a única
qualifi cada como “Estado do Petróleo”. Assim, a localidade alberga os
principais motores políticos e económicos do país. A sua maior particu-
laridade está relacionada com a atenção dedicada ao desporto automó-
vel. Para este ano, está agendada a abertura do maior parque temático
dedicado à Ferrari, com a montanha-russa mais rápida do mundo, que
promete impressionar os amantes das corridas de Fórmula 1. Site sugerido: www.ferrariworlddabudhabi.com
DUBAI, ‘CIDADE DO OURO’Converteu-se recentemente no pólo turístico mais vistoso e futurista da an-
cestral cultura islâmica. O maior edifício do mundo, actualmente com 800
metros, Burj Dubai, foi inaugurado nos primeiros dias de 2010, juntando-se
aos outros gigantes recordistas do Emirado, como é o caso do maior shopping
do tórrido Médio Oriente, que abriga até uma pista de esqui. Apelidada de Me-
ca do consumo, a cidade atrai pelos formatos grandiosos dos hotéis e centros
comerciais, numa colagem de estilos e atracções voltadas para o lazer.Site sugerido: www.burjdubai.com
SINGAPURA, EXEMPLO DE CIVISMOUm ano movimentado na cidade-estado, com os primeiros Jogos Olím-
picos da Juventude (14 a 26 de Agosto) e a abertura do primeiro par-
que da Universal Studios, na Primavera. Além destas novidades, conta
ainda com as habituais atracções, onde se destaca o safari nocturno.
Aproveitando o facto de possuírem os melhores jardins zoológicos do
planeta e uma vegetação incrível, os visitantes podem visitar o espaço
desde o anoitecer até à meia-noite. Site sugerido: www.visitsingapore.com
HANÓI, MULTIPLICIDADE ÉTNICAA capital do Vietname celebra, em 2010, os seus mil anos e inaugura
um parque, com 1500 hectares, para homenagear os 54 grupos étni-
cos do país. Aliás, Hanói conserva toda a sua riqueza e arquitectura
colonial, bem presente em locais como o Mausoléu de Ho Chi Minh e a
prisão de Hoa Lo. Os lagos, parques, boulevards sombrios e os mais de
600 templos conferem um toque de charme a esta cidade.Site sugerido: www.hanoi2010.org
HONG KONG, CENTRO FINANCEIROA festa do Ano Novo chinês é a 14 de Fevereiro, pelo que se espera
grande animação para celebrar o ano do Tigre, aqui e em toda a China.
A fascinante metrópole cosmopolita combina a cultura oriental com a
ocidental. Portanto, prepare-se para despender alguns dólares, uma
vez que Hong Kong é das cidades mais caras do mundo, assumindo-se
como o principal centro comercial da China.Site sugerido: www.discoverhongkong.com/login.html
XANGAI, EMBAIXADORA DA EXPO 2010A Exposição Universal, de 1 de Maio a 31 de Outubro, promete voltar
as atenções do mundo para a China. Esperam-se 70 milhões de visi-
tantes e mais de duas centenas de países participantes. Aproveite o
evento e aprecie a Torre Jinmao, um dos mais espectaculares arranha-
céus, com 82 andares e 420,5 metros de altura. Passeie ainda nos tri-
ciclos, meios de transporte típicos da China.Site sugerido: www.expo2010.cn
NAO SHIMA, FILOSOFIA BUDISTAA hora e meia de Tóquio, surge a região do zen absoluto. Esta pequena ilha
é um extraordinário museu de arte moderna, único no mundo. A casa Be-
nesse mistura elementos tradicionais japoneses com o melhor da arte con-
temporânea, que transmite um ambiente de tranquilidade contemplativa.
De 19 de Julho a 31 de Outubro, o Festival de Arte justifi ca uma visita.Site sugerido: www.naoshima-is.co.jp/index.html
Porto
cidade das sete pontes
62 | ANGOLA’IN · TURISMO
| patrícia alves tavares
da na paisagem peculiar, conferem-lhe uma
rara beleza. Assista a uma fusão entre o lado
conservador e extremamente hospitaleiro e a
criatividade da vida contemporânea, marcada
em cada rua, museu, espaço de lazer ou zo-
nas comerciais. Conhecido pela ‘Cidade das
Pontes’, quando visitar o centro urbano pode
deslocar-se à zona ribeirinha e fazer o trajecto
das sete pontes, num dos tradicionais barcos.
‘A cidade que foi eleita Património Mundial da Humanidade, pela Unesco, em 1996’
A NÃO PERDERAs atracções são diversas e necessitará de
alguns dias para descobrir todos os encan-
tos do Porto. Os monumentos, as Igrejas, os
Museus, as Pontes, os Mercados, as Feiras, os
Parques Naturais, as Festas e Romarias são
óptimos motivos para eleger este destino. A
Sé do Porto é imperdível. O edifício dos sécu-
los XII e XIII sofreu grandes remodelações no
período barroco, mas conserva ainda os traços
da estrutura romântica (movimento cultural
que se viveu na Europa). Para os apreciadores
da história e cultura de cada país, os locais a
conhecer são inúmeros. Apenas na zona his-
tórica da cidade descubra as particularidades
da Muralha Fernandina, da Torre dos Clérigos,
do requintado Palácio da Bolsa, do Mercado
Ferreira Borges e da agradável margem ribei-
rinha, com enfoque para a praça e cais da Ri-
beira. Para quem não dispensa um programa
cultural, deixe-se perder pelos Jardins de Ser-
ralves e pelas habituais exposições de arte ou
descubra as produções nacionais, através das
peças, em cena no Teatro Nacional de S. João,
que é em simultâneo uma verdadeira obra ar-
quitectónica. A Casa da Música representa o
outro lado da cidade: a modernidade. Constru-
ído no âmbito do Porto 2001 - Capital Europeia
da Cultura, o espaço alberga espectáculos de
áreas diversas, indo de encontro aos gostos
mais ecléticos. Para as famílias, a Angola’in
aconselha uma visita ao Sea Life Porto (oce-
anário) ou ao Planetário – Centro de Ciência
Viva, locais onde os seus fi lhos podem desco-
brir algo mais acerca da ciência e da vida ma-
rítima. Em termos gastronómicos, sugestões
não faltam. Inspirado na dieta mediterrânea, o
território português é considerado por muitos
turistas como um dos países com os melhores
menus. Para fazer compras, é indispensável
passar pela baixa portuense, onde encontra
uma fusão entre o comércio tradicional e as
grandes superfícies.
O Porto é a sugestão da Angola’in para a viagem do mês. Conhecida por Invicta, esta cidade portuguesa tem uma longa história, que se mantém viva em cada tradição e espaço portuense. Inserido na mítica região do Douro e apreciado além fronteiras pelo vinho do Porto, esta região atrai múltiplos visitantes em qualquer altura do ano. É um dos destinos turísticos mais antigos da Europa.
Motivos não faltam para visitar o Norte de
Portugal. A riqueza do património, os mo-
numentos e espaços culturais, as famosas
Caves do Vinho do Porto e as áreas de lazer
são razões mais que válidas para se render
aos encantos da cidade que foi eleita Patri-
mónio Mundial da Humanidade, pela Unes-
co, em 1996. Banhado pelo rio Douro, o Porto
mantém os traços da Idade Média em alguns
dos edifícios mais emblemáticos. Partindo da
imagem da ribeira e das trocas comerciais,
nomeadamente vinícolas, a cidade é uma das
mais antigas do continente. A harmonia das
construções e da estrutura urbana, enquadra-
TURISMO
63 TURISMO · ANGOLA’IN |
ANGOLA’IN SUGERENesta edição, a nossa equipa aconselha os nos-
sos leitores a visitar um dos locais mais requin-
tados da cidade portuense. Recomendamos
um espaço a não perder e o sítio eleito pela
Angola’in para pernoitar durante a sua esta-
dia na Invicta ou para simplesmente degustar
uma refeição divinal. A sua revista volta a ino-
var e excepcionalmente recomenda um ponto
importante do Porto. O Hotel Infante Sagres é
a sugestão para este mês. A inauguração ofi -
cial do Hotel Infante Sagres, em 1951, marcou
a história da cidade, que passou a albergar a
primeira unidade de luxo, construída de raiz em
Portugal, no século XX. A gerência orgulha-se
de já ter acolhido a família real inglesa e a es-
panhola. Paulo Teixeira de Carvalho, gerente do
hotel, confi denciou à Angola’in que o edifício
emblemático “continua a ser uma referência
icónica da cidade do Porto e até mesmo do
próprio país”. “A carga histórica que encerra, o
seu acervo em obras de arte contemporâneas
ou antigas, móveis, lustres, espalhados aqui e
além de forma quase displicente, a sua localiza-
ção, a patine que o tempo traz e que não pode
ser reproduzida senão pelo passar dos anos,
torna esta unidade hoteleira uma referência
única e incontornável”, afi rma o responsável,
assegurando que quem visitar este hotel vai
viver uma experiência única e não terá motivos
para se arrepender. A unidade foi recentemente
renovada, numa mistura do “estilo neo-barroco
com os elementos da decoração dos anos 50 e
total abertura à cidade”. Aliás, segundo Paulo
Teixeira de Carvalho “a conjugação de todos es-
tes factores cria uma referência incontornável
e que torna a simples visita ou estadia numa
experiência inolvidável”.
‘O Hotel Infante Sagres é a primeira unidade de luxo, construída de raiz em Portugal, no século XX’
Sem desvalorizar o património histórico e tra-
dicional do espaço, o recinto está perfeitamen-
te adaptado às exigências do século XXI. A In-
ternet wireless em todas as áreas, os colchões
ultra-modernos e outras adaptações conferem
um conforto acima da média. Outra particula-
ridade que conquista os turistas é o SPA do
Hotel Infante Sagres, que é o mais pequeno do
mundo. “O Angkor Wat é uma quase exigên-
cia do mundo em que vivemos, mas apoiada
numa fi losofi a e ciência milenares que tornam
as experiências neste espaço reservadíssimo
únicas e viciantes pelo prazer e bem-estar que
proporcionam”, assegura o responsável. Para
quem visita o Porto a negócios encontra neste
local o “ambiente mais adequado ao trabalho
em causa”, num ambiente “elegante e inunda-
do de luz natural”.
‘O seu produto mais típico, o vinho do Porto, atrai turistas do mundo inteiro’
ELEITO PELOS VIP’S“São uma miríade de pequenos pormenores de
bom gosto e de uma época em que tudo era
possível comprar e que nos acolhem e espan-
tam em cada recanto”, descreve Paulo Teixeira
de Carvalho, enquanto explica que os clientes
fi cam deslumbrados com o ambiente familiar,
acolhedor e discreto. Os VIP’s são presença as-
sídua, pois são “tratados como tal”, em que o
“serviço é cuidado, caloroso, personalizado ao
limite, sem ser opressivo ou inconveniente”. A
fi losofi a dos responsáveis pelo espaço é abran-
gente. “O VIP pode ser um simples aniversa-
riante ou um ilustre desconhecido que quer algo
em particular”.
‘Outra particularidade que conquista os turistasé o SPA do Hotel Infante Sagres, que é o mais pequeno do mundo’
Quando passear pela Invicta, é provável que
encontre algumas novidades. O Hotel Infante
Sagres pretende inaugurar um restaurante de
“qualidade, mas despretensioso com porta para
a rua”, numa iniciativa que visa abrir o espaço à
cidade. “Para além do projecto do restaurante
que se encontra sempre sob a vigilância do Chef
Albano Lourenço (uma estrela Michelin) prevê-
se a instalação de uma esplanada, em plena
Praça D. Filipa de Lencastre [entrada principal
do hotel]”, esclarece. Para 2010, o hotel tem na
calha a organização de múltiplos eventos de ca-
riz social e acções relacionadas com o SPA An-
gkor Wat (concertos Meditativos e actividades
de carácter holístico e ligadas ao sobrenatural).
O Porto é a segunda maior cidade de Portugal,
com uma vida cultural e nocturna tão badalada
quanto a de HYPERLINK “http://dreamguides.
edreams.pt/portugal/lisboa” \o “Lisboa” Lis-
boa. O cartão postal da região é a Ponte Maria
Pia, projectada por Gustavo Eiffel, com os barcos
rabelos ao fundo, típicos da região. O seu produ-
to mais típico, o vinho do Porto, atrai turistas do
mundo inteiro. O clima temperado e húmido faz
da Invicta um bom sítio para visitar na altura do
Verão, ao contrário do que acontece no Inverno,
quando as temperaturas podem atingir valores
negativos.
e
63TURISMO · ANGOLA’IN |
em particular . g
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares
diais. A Angola’in mostra o que se está a fa-
zer de mais inovador ao nível das estruturas
arquitectónicas e dá-lhe a conhecer as tecno-
logias que estão a revolucionar este sector,
tanto a nacional como internacional.
‘Painéis solares, espaços reservados para combustão, reciclagem e electrodomésticos que economizam energia estão já ao alcance dos angolanos’
CIDADES ADAPTADASA primeira conferência sobre urbanismo e
habitação mostra que os Estados estão em-
penhados em cumprir os pressupostos da ar-
quitectura moderna. A sustentabilidade e a
usabilidade dos centros urbanos são preocu-
pações evidentes. O evento, que decorreu no
Huambo sob o lema “Planeando o nosso fu-
turo sustentável”, serviu de mote para a dis-
cussão do programa relativo à matéria e para
a regulação das reservas fundiárias. De facto,
os planos de reconstrução nacional têm con-
tribuído para o reordenamento do território e
implementação das mais recentes novidades
arquitectónicas. Aliás, a nova Constituição de-
fi ne as bases gerais do ordenamento do es-
paço e do urbanismo, revelando um crescente
interesse por este sector. As novas cidades,
além de contemplarem a gestão dos resí-
duos e serviços urbanos (uma preocupação
constante com a protecção do meio ambiente
e dos recursos naturais), promovem a criação
de espaços complementares, que tornam os
espaços mais agradáveis, atendendo aos cri-
térios de usabilidade e de necessidade públi-
ca. A questão dos portadores de defi ciência
tem sido crescentemente salvaguardada na
concepção dos recintos e meio envolvente. Os
ESPECIAL ARQUITECTURA CONTEMPORÂNEA
Imaginação semlimites
64 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
“A arquitectura é responsável pelo bem-estar e pela beleza da cidade. É ela que se encarrega da sua criação ou melhoria e está incumbida da escolha e da distribuição dos diferentes elementos, cuja proporção feliz constituirá uma obra harmo-niosa e duradoura. A arquitectura é a chave de tudo”
A Carta de Atenas. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1993
O Ministério do Urbanismo e Habitação en-
contra-se empenhado em alterar as condi-
ções de vida da população, aproveitando a
fase de reconstrução que se vive para criar
habitação condigna, com acesso às infra-es-
truturas e equipamentos públicos, de acordo
com os critérios defi nidos pelas Nações Uni-
das. Contudo, a chamada ‘arquitectura mo-
derna’ abrange uma panóplia de tecnologias,
que estão ao alcance de apenas algumas ‘bol-
sas’. Actualmente, o ordenamento de terri-
tório e das cidades contempla uma série de
regalias que prometem facilitar o dia-a-dia
dos cidadãos e aproximar o país dos centros
urbanos internacionais. É o caso do sanea-
mento básico, que começa a ser incluído nos
novos edifícios, revelando que o país está a
recuperar a grande velocidade dos anos de
atraso em relação às grandes cidades mun-
| patrícia alves tavares
65 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |
novos edifícios contemplam a criação de aces-
sibilidades e inserção de dispositivos electró-
nicos, que contornem as difi culdades dos que
têm algum tipo de defi ciência motora, visual
ou auditiva. Cabinda é exemplo da nova orga-
nização arquitectónica que, ao nível dos es-
paços exteriores e organização do território,
foca a preocupação com a ordenação e equi-
líbrio com o meio ambiente. A sede da pro-
víncia apela a todos os sentidos, onde o verde
sobressai. A arquitectura colonial funde-se
com as novas construções e empreendimen-
tos desportivos e de lazer. A reconstrução de-
senvolvida no âmbito do CAN contribuiu para
que Cabinda se aproximasse do novo modelo
das cidades modernas.
‘Reconhecimento de entrada, câmara que envia MMS, alarme de intrusão, fumo, queda e pânico, estores inteligentes e vidros irradiadores são algumas das tecnologias de ponta que têm sido colocadas ao serviço da construção civil’
KASA DO FUTUROA evolução da arquitectura contemporânea
é decididamente mais visível na concepção
de edifícios, nomeadamente das habitações.
Neste caso, é possível encontrar projectos de
vanguarda em que a criatividade não tem li-
mites. Reconhecimento de entrada, câma-
ra de vídeo porteiro, câmara que envia MMS,
alarme de intrusão, fumo, queda e pânico, ar
condicionado e estores inteligentes, vidros
irradiadores são algumas das tecnologias de
ponta que têm sido colocadas ao serviço da
construção civil. Actualmente, as inovações
científi cas permitem conceber projectos ar-
quitectónicos adaptados às necessidades
individuais e de menor impacto ambiental,
tornando as casas cada vez mais interacti-
vas. A Kasa do Futuro, em Portugal, reúne
uma série de conceitos e conteúdos tecno-
lógicos de ponto, que permitem a criação de
um ambiente seguro, moderno e confortável.
Inaugurada em 2003, a “Casa do Futuro Inclu-
siva” agrega mecanismos de automação do-
méstica aliadas à humanização da habitação,
que inclui soluções para os problemas que
advêm da velhice e da defi ciência. O modelo
levou cerca de três anos para fi car concluído
e ocupa uma área de seis mil metros quadra-
dos (600 m2 de construção). Inteligência é a
melhor defi nição para este modelo de arqui-
tectura habitacional, que promove segurança
e sobretudo maior economia. A mais recen-
te tecnologia domótica tem tudo para vingar
no mercado, visto que este sistema contribui
para uma redução do consumo energético na
ordem dos 20/ 30 por cento, sem descuidar
o conforto. A casa mais inteligente de Portu-
gal possui um sistema solar e de energia eóli-
ca, um circuito fechado de águas (para evitar
desperdícios) e uma ETAR ecológica, respon-
sável pelo tratamento de lamas e aproveita-
mento de resíduos. Em termos tecnológicos,
esta moradia de luxo é única: 47 km de ca-
bos, 1.200 pontos de controlo, 18 painéis de
controlo, 17 televisões, 31 câmaras do circuito
CCTV, 27 zonas de rega, 12 Tbytes de storage,
entre outros. O sistema iDom permite contro-
lar e aceder à casa a partir de qualquer lugar/
hora a partir de um telemóvel. O equipamento
pode ser instalado num simples T0 ou em ca-
sas do futuro, de acordo com as necessidades
de cada cliente. Assim, através do telemóvel
é possível ligar as luzes, abrir o portão da ga-
ragem ou simplesmente preparar um café. A
realidade nacional está ainda aquém destas
inovações. Não por falta de recursos naturais,
mas pela ausência das infra-estruturas bási-
cas, que foram destruídas durante o perío-
cadeia ‘exemplar’A cadeia do Bengo representa a huma-nização da arquitectura moderna. Pen-sada para melhorar as condições de vida dos presos, o espaço foi dotado de meios e infra-estruturas tecnológicas inovadoras para dar aos detidos a opor-tunidade de se reabilitarem enquanto cidadãos. O objectivo é que, após cum-prida a pena, estes indivíduos possam contribuir para o desenvolvimento do país. O espaço tem capacidade para albergar 1.062 indivíduos (462 reclu-sos e área de emergência para mais de 600) e foi incorporado com sistemas de videovigilância, de captação de água e energia eléctrica. Possui ainda 84 hec-tares reservados para a prática da agri-cultura. A cadeia-modelo, que custou 15 milhões de dólares, levou dois anos a ser erguida e é a primeira do país que dispõe de um sistema de videovigilân-cia por controlo electrónico
Sabia que...
A Expo 2010 vai ter como tema “Melhores Cidades – Maior qualidade
de vida”, numa alusão à sustentabilidade dos espaços urbanos e
à necessidade de aliar as inovações tecnológicas ao bem-estar dos
habitantes
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
66 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
do da guerra. Contudo, a Kasa do Futuro tem
todos os ingredientes para ser aplicada às
construções angolanas. Após a conclusão das
redes de saneamento, reabilitação das vias
de comunicação e das infra-estruturas, o país
dispõe de recursos naturais, como as energias
renováveis, que podem e devem ser incluídas
nas habitações, de forma a reduzir o impacto
ambiental e a fomentar a sustentabilidade e a
poupança (económica e energética).
SONHO ANGOLANOA AIMMP - Associação de Indústrias de Ma-
deira e Imobiliário (Portugal) apresentou no fi -
nal do último ano na sétima edição da Constrói
Angola o protótipo das habitações do futuro.
Acompanhando as tendências do mercado
internacional, a construtora Modular System
está a promover a “Casa de Sonho”, projecto
que aproveita as potencialidades naturais do
país e adapta os edifícios ao meio ambien-
te, tornando-os mais sustentáveis e efi cien-
tes energeticamente. Tendo em conta a meta
governamental de criar residências condignas
para todos e a evolução do sector, esta tipo-
logia de pré-fabricados pode estar ao dispor
da maioria das famílias a curto prazo. Painéis
solares, espaços reservados para combustão,
reciclagem e elec-
trodomésticos
que economizam
energia estão já
ao alcance dos
angolanos. Eco-
efi ciente e auto-
sustentável, a
“Casa de Sonho”
é parcialmente
montada em Por-
tugal, por especialistas que têm o cuidado de
reduzir o impacto ambiental, através da uti-
lização de materiais naturais e recicláveis. A
arquitectura contemporânea visa o incremen-
to da durabilidade dos produtos, por via da re-
dução da intensidade energética dos serviços
e bens, na diminuição da dispersão tóxica, na
‘‘A mais recente tecnologia domótica tem tudo para vingar no mercado, visto que este sistema contribui para uma redução do consumo energético na ordem dos 30%, sem descuidar o conforto’
reciclabilidade dos materiais e maximização
do uso sustentável dos recursos naturais. As
suas funcionalidades e equipamentos são dis-
pendiosos, mas a sua efi ciência permite uma
poupança a médio e longo prazo. Tal como a
Angola’in noticiou anteriormente, o protóti-
po de apresentação foi montado especifi ca-
mente para a Constrói, num espaço de 800
m2. Interessados em adquirir os modelos do
futuro não faltaram. Quatro suites, cinco ca-
sas de banho, duas salas de estar e uma de
jantar, piscina, “jacuzzi” e jardim foram os
argumentos que conquistaram o público na-
cional, que está cada vez mais sensibilizado
para as vantagens das tecnologias de ponta
e para o quanto podem economizar se insta-
larem equipamentos de poupança energética.
Construídas em madeira de pinho e com dura-
ção ilimitada, estas tipologias vanguardistas
são ainda uma solução de luxo. Os protótipos
apresentados no certame oscilam entre os 45
mil dólares (T3 com 54 metros) e os 150 mil
dólares (T4 de luxo). Os próximos anos prome-
tem mais novidades tecnológicas que, conju-
gadas com as novas técnicas arquitectónicas,
vão revolucionar o mercado habitacional, que
se espera que fi que mais humanizado, confor-
tável, seguro e amigo do ambiente.
explorar os sentidos
As mais recentes tecnologias de ponta aliadas às construções contemporâneas transformam as habitações em verdadeiros centros interactivos. Eis algumas das últimas inovações:
Painéis de comando que integram tecnologias de várias empresas, como a HP,Microsoft e QUiiQ, que controlam e monitorizam todo o espaço;
Mordomo virtual bastante efi ciente, capaz de ditar receitas de acordo com osprodutos que existem na dispensa, enviar a lista de compras para o telemóvelou tirar um café (activação por comando de voz);
Paredes RGB, controladas directamente pelo sistema iDom,que dão a possibilidade de escolha do ambiente mais ajustado ao momento.Possuem uma resolução de 30 bits de cor;
Iluminação, abertura/ cobertura automática da piscina e aondulação da água pode ser controlada pelo sistema iDom;
Sistema de regra pode possuir até 27 diferentes zonas, controladas com base nainformação da central meteorológica;
Possibilidade de aceder à casa através do telemóvel a partir de qualquer lugar ouhora, controlando à distância funções como a iluminação ou a abertura do portão da garagem
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
68 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
| manuela bártolo| manuela bártolo
2010 é portador de novas esperanças para a
área de Inovação & Desenvolvimento (I&D). A
legião de novos sectores dignos de progresso
que serão alvo de transformações é, cada vez
mais, extensa. Dir-se-á cruciais, se represen-
tam a base da luta contra as doenças, a me-
lhoria dos transportes e a gestão efi ciente da
energia; lúdicos e culturais caso ampliem os
nossos objectos de lazer e incrementem as no-
vas tecnologias. A Angola’in seleccionou para
si as descobertas que vão marcar os próximos
anos, isto porque a tecnologia faz parte da
nossa vida e vai mudando as nossas necessi-
dades à medida que também vai evoluindo. A
lista das inovações com potencial de mudan-
ça sobre a forma como as pessoas trabalharão
e viverão e jogarão é hoje inimaginável. Para
começar, as tecnologias de poupança de ener-
gia solar serão utilizadas no asfalto, nas tintas
e até nas janelas. No próximos cinco anos, a
energia solar será uma opção acessível para si
e para os seus vizinhos, de acordo com o ter-
ceiro relatório anual «IBM Next Five in Five».
Actualmente, os materiais e os processos para
produzir células solares conversíveis em ener-
gia solar são demasiado caros e não permitem
uma adopção generalizada. Com a criação de
células solares «thin-fi lm» a situação vai in-
verter-se, na medida em que estas células são
cem vezes mais fi nas que as células de silicone
e podem ser produzidas a preços mais baixos.
TRANSPORTE ECOLÓGICOVeículos eléctricos. Esta é a grande aposta do
sector automóvel. Uma tendência confi rma-
da pelas grandes marcas. A PSA Peugeot-Ci-
troen irá lançar, ainda este ano, o seu iOn; a
BMW deverá seguir-lhe o exemplo e testar o
seu Mini E em França, enquanto a Renault já
anunciou o lançamento de quatro novos mo-
delos entre 2011 e 2012. Informações que des-
poletaram o interesse do mercado por este
tipo de viaturas, considerado até ao momen-
to como incerto, pelo menos a médio prazo.
Apesar da previsão de forte investimento,
crê-se que os carros eléctricos não ultrapas-
sem os 3 a 5% no total de vendas a nível
mundial até 2020-2025. Carlos Ghosn, CEO
da Renault, mostra-se mais confi ante, acre-
ditando que estas viaturas poderão represen-
tar 10% da escolha de compra relativa a novos
veículos nos próximos dez anos. Indiscutivel-
mente, o motor eléctrico permite um melhor
rendimento energético e não emite nenhum
gás poluente. Mas subsistem muitas dúvi-
das quanto à sua autonomia, uma vez que
as existentes são insufi cientes e, igualmen-
te importante, demoram muito tempo a car-
regar, não existindo ainda infra-estruturas
adaptadas para o recarregamento necessá-
rio. Nesse sentido, é evidente que o problema
reside na duração da bateria. Se todos con-
cordamos com o facto da bateria tipo lítio-ião
ser a que oferece maior autonomia, logo me-
lhor perfomance, também sabemos que para
que este tipo de veículos se imponha como
uma boa escolha de compra, estas devem ser
práticas, de fácil carregamento e maior dura-
ção. Actualmente, as mesmas custam entre
12 mil e 15 mil euros, o que faz aumentar e
elevar consideravelmente o preço de um sim-
ples automóvel ligeiro, equiparando-o mui-
tas vezes ao nível dos melhores veículos de
marca a gasolina. No Japão, por exemplo, o i-
Miev da Mitsubishi é vendido a 30 mil euros!
No entanto, vários construtores europeus
garantem que será vendidos a preços mais
baixos. Espera-se que os primeiros modelos
saiam para o mercado já em Abril. Resta ou-
tra pergunta pertinente, os carros eléctricos
irão possibilitar uma utilização mais barata?
Sim, respondem as marcas, pois enquanto o
preço do barril de petróleo aumenta, o das ba-
terias baixa. As estimativas são, por isso, op-
timistas. Calcula-se que, até 2020, o custo de
utilização de um veículo eléctrico seja 24% in-
ferior ao de um automóvel normal. Mais uma
vez, se coloca a questão de poder recarregar
mais e melhor a bateria. Uma das alternativas
mais viáveis para combater este problema é
possibilitar a troca de baterias nas estações
de serviço das auto-estradas. Está previsto o
aumento de locais onde o utente poderá re-
carregar e trocar as mesmas, com facilidade
INOVAÇÕES QUE VÃO MUDAR O MUNDO
69 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
de acesso. Razão pela qual, a sociedade Bet-
ter Place, associada da Renault, espera co-
mercializar 100 mil Fluence ZE eléctricos, em
Israel e na Dinamarca, a partir de 2011. Contu-
do, para que estas infra-estruturas avancem
será necessário bastante dinheiro. Uma esta-
ção de recarregamento rápido custa, segundo
a Renault, cerca de 10 mil euros e uma esta-
ção de troca de baterias é em média 40 a 50
vezes mais cara.
MAPA GENÉTICO Poderá surpreênde-lo, mas ao que tudo indica
terá, nos próximos anos, uma “bola de cristal”
para saber o estado da sua saúde. Dentro de
cinco anos, o seu médico será capaz de forne-
cer um mapa genético que lhe dirá que riscos
de saúde enfrentará e quais poderá evitar du-
rante a vida, baseando-se no seu DNA. E tu-
do isto por menos de 200 dólares (cerca de
155 euros). Desde que os cientistas descobri-
ram como mapear o genoma humano, novas
portas se abriram no sentido de desvendar os
segredos dos nossos genes e, assim, prever
tratamentos de saúde. Os médicos, por um
lado, poderão utilizar esta informação para re-
comendar mudanças nos estilos de vida e de
comportamentos. As empresas farmacêuti-
cas, por seu lado, poderão desenvolver novos
e efi cientes medicamentos personalizados, à
medida das necessidades de cada paciente.
Neste contexto, o mapa genético transforma-
rá radicalmente a saúde e ajudá-lo-á a tomar
melhor conta de si.
NOVAS TECNOLOGIASOutra inovação será o poder falar para a In-
ternet e esta responder-lhe. A forma de ace-
der vai alterar-se radicalmente nos próximos
anos. No futuro, será capaz de surfar num
modo mãos-livres, recorrendo apenas à voz
e deixando de ser necessário o teclado, por
exemplo. As novas tecnologias mudarão a
forma como as pessoas criam, constroem e
interagem com os sites de informação e co-
mércio electrónico, na medida em que a voz
substituirá o texto. Imagine enviar e respon-
der a emails e mensagens instantâneas sem
escrever. Terá a capacidade de procurar verbal-
mente na Internet a informação e recebê-la
de volta, como se estivesse a ter uma conver-
sa com a rede. Poderá ter as suas próprias as-
sistentes digitais de compras. Já alguma vez
lhe aconteceu estar numa loja com dúvidas e
não encontrar ninguém que o ajuda a procu-
rar o que precisa? E os amigos já lhe disseram
que determinada roupa fi ca-lhe mesmo bem?
Dentro em breve os consumidores confi arão
muito em si mesmos e nas opiniões dos seus
pares para tomar decisões relativamente às
compras que fazem, não esperando pela ajuda
dos assistentes de loja. Uma combinação de
novas tecnologias e da nova geração de apa-
relhos móveis trará progressos signifi cativos à
experiência de comprar. Por fi m, mas não me-
nos importante: esquecer-se tornar-se-á uma
memória distante. O excesso de informação
não o deixa dormir? Esqueça-a. Nos próximos
cinco anos será muito mais fácil lembrar-se do
que comprou na mercearia ou que tarefas têm
de ser feitas, com quem falou numa confe-
rência, quando e onde combinou encontrar-se
A perda de memória deixará de ser um problema porque os detalhes da vida do dia-a-dia serão gravados, guardados, analisados e disponibilizados por aplicações inteligentes portáteis e estáticas, no momento e lugar apropriados
esso. Razão pela qual, a socieddadddddee BeBeBBeBeet-ttt
lace, associada da Renault, espera co-
rrrararararammm m cococooocomomomomo mmmaapappppapeeaeaeeaeaarr rr oo oo gegeg nonooma humano, novas
popo tttrtrtasas s see abriram no sentido de desvendar os
70 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
com um amigo ou que produto viu publicitado
no aeroporto. Tudo isso será possível porque
os detalhes da vida do dia-a-dia serão grava-
dos, guardados, analisados e disponibilizados
por aplicações inteligentes portáteis e estáti-
cas, no momento e lugar apropriados.
IN & OUTEm 2050 seremos nove biliões de seres hu-
manos no planeta. Mas, quando chegarmos à
metade do século XXI, que incríveis inventos
terão surgido e farão parte do nosso dia-a-
dia? Quais as coisas a que já estamos habitu-
ados e que terão deixado de existir? O escritor
Richard Watson, autor do livro “Future Files:
A History of the Next 50 Years”, tem alguns
previsões. Prevê, por exemplo, que a próxima
década será agitada. Morrem as bibliotecas, o
email, o DVD... Por outro lado, começaremos a
conviver com cirurgias robóticas, olhos artifi -
ciais e ossos de plástico... Apresentamos, por
isso, algumas das suas sugestões. Ele próprio
pede para que não se leve tudo tão a sério -
até porque, como se sabe, o futuro é incerto.
Watson estuda o impacto das tendências tec-
nológicas na elaboração de estratégias a longo
prazo. A sua publicação mais recente intitula-
se “2008+ Ten Trends: Predictions & Provoca-
tions”, com dez tendências emergentes que
terão impacto nas nossas vidas num tempo
próximo. As visões futuristas sobre o que irá
surgir e o que desaparecerá apresentam duas
propostas na linha do tempo, sugerindo quais
tecnologias irão nascer e quais as que desapa-
recerão até 2050. Eis a sua versão para o “Tú-
nel do Tempo”. Divirta-se a imaginar!
INOVAÇÕES2008-1010 - Computadores ‘vestíveis’, cosmé-
ticos inteligentes
2011-2020 - Cirurgia robótica, computador
DNA, espelhos digitais, internet sensorial, jor-
nais em e-paper, máquinas de sonho, olhos
artifi ciais, ossos de plástico, pen-drive de 150
GB, sensores de verdade, sistema de reserva
para auto-estradas, telefones descartáveis,
via lunar
2021-2030 - Bactérias sintéticas, carros au-
to-dirigidos, escadaria espacial, escolarização
acelerada, estações de abastecimento de hi-
drogénio, férias virtuais, nanobebidas, nano-
pílulas, portas com reconhecimento facial,
prisões offshore, reforço de memória para hu-
manos, robô-babysitter, tubo gravitacional
2031-2040 - Créditos individuais de poluição,
desintegrador, dietas à base de genes, drogas
intensifi cadoras de realidade virtual, fábricas
espaciais, fax 3D, impressoras tridimensionais,
moeda única global, países-prisões, papel de
parede em vídeo, pastas de dentes nanobóti-
cas, vias de circulação auto-reparadoras
2041-2050 - Cartão de identifi cação global,
cérebro artifi cial, comércio de reputações, do-
wnload de memória humana, eleições globais,
homem em Marte, identifi cação biométrica
compulsória, insectos robóticos, manto de
invisibilidade, marchas virtuais de protesto,
mineração espacial, misturador de DNA, rebo-
cador espacial, residências que se limpam por
si, roupa de controlo de stress, sistema glo-
bal de imposto único, spray de invisibilidade,
substituto para o sono, transplante de cére-
bro, trocas de bebés, cidades silenciosas
EXTINÇÕES2001-2010 - Brinquedos de madeira, cartões
perfurados, clima normal, máquinas fotográ-
fi cas polaroid, soberania nacional
2011-2020 - Agências de correio, reforma,
atendimento ao cliente, bibliotecas, Blackber-
ry, pesquisa baseada em texto, catálogos de
lista telefónica, cinzeiros, DVD, email, inter-
net com teclado, linhas de telefone fi xo con-
vencional, lojas de aluguer de vídeo e DVD,
marketing directo, perder-se, publicidade em
outdoors estática, recepcionistas, televisores
de tubo de raios catódicos
2021-2030 - Artesãos, computadores desktop,
Copyright, auto-estradas gratuitas, rugas,
sindicatos
2031-2040 - Chaves, classe-média, moedas,
parto natural, petróleo, veículos movidos a
petróleo
2041-2050 - Cegueira, emissões de carbono,
espaços públicos gratuitos, moedas nacionais,
papel-moeda, surdez, tarefas domésticas
2051-2060 - Cirurgia plástica cosmética, dor
física, estados nacionais, morte
71 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
século xxi: um mundo desconhecido
Que futuro nos reserva este século? Quais as descobertas científi cas que vão proporcionar
desenvolvimento em matéria de saúde, transportes, tecnologia ou comunicação?
A resposta a estas e outras perguntas surge no livro de Eric de Riedmatten, que
desvenda algumas das mais fabulosas invenções que deverão despontar até 2100.
2015: o primeiro carro que obedece à voz humana é lançado no mercado.
2031: é encontrada a solução para vencer a doença de Alzheimer.
2045: um túnel liga fi nalmente a Europa à África.
2054: a fusão nuclear é controlada.
2070: o cidadão comum poderá escolher o clima que deseja.
2088: o cérebro artifi cial pensa e raciocina como os seres humanos...
utopia ou realidade?
Eric de Riedmatten é o autor de um exercício arriscado: a previsão científi ca. Poderia
muito bem ter escrito um romance de fi cção científi ca, inventar ideias esquisitas ou até
mesmo imaginar um mundo virtual. Mas não: estas invenções têm forte probabilidade de
se concretizarem um dia, num futuro mais ou menos distante. Soube, por isso, cercar-se
de cientistas eminentes, que corroboram a maioria dos seus capítulos, entre eles Etienne-
Emile Baulieu e Axel Kahn na área da saúde e medicina, Hubert Reeves ao nível do espaço…
De qualquer maneira, Eric de Riedmatten sabe do que fala, uma vez que é o actual director
de comunicação da Siemens França, a empresa que apresenta a maioria das patentes por
ano neste país. Razão pela qual, encontramos, naturalmente, no seu livro um bom pacote de
ideais retiradas directamente do departamento de investigação da Siemens. Ao longo do livro
podemos perceber que, obviamente, quanto mais avançamos no tempo mais as invenções
se tornam rebuscadas e complexas. Dessa forma, em 2084, segundo o autor, todos seremos
vegetarianos. As escadas rolantes podem na prática substituir os carros nas cidades. Ao
passo que a partir de 2094, as senhoras poderão apreciar um ramo de rosas vindo directa e
especialmente de uma base em Marte, enquanto o seu marido se fascina com o Campeonato de
Fórmula 1 virtual. De facto, o principal mérito deste livro é apresentar-nos um futuro de forma
positiva, cheio de pequenas e grandes descobertas que irão mudar as nossas vidas. Embora,
muitas vezes, a tendência seja para falar de futuras catástrofes globais (aquecimento climático,
guerras nucleares, doenças emergentes), neste caso o objectivo é mesmo aumentar-nos a moral.
NANOTECNOLOGIA: SABE O QUE É?As principais empresas e investigadores de
todo o mundo participam com sucesso de
todas as indústrias-chave, facto que não os
permite fi car indiferentes à nanotecnologia,
considerada a verdadeira tecnologia do futu-
ro, pois possibilita armazenar, cada vez mais,
informações em discos rígidos, cada vez me-
nores, que são aplicados, por exemplo, em ja-
nelas fotovoltaicas, em materiais utilizados
pela indústria automóvel na fabricação de
motores e carrocerias ultraleves ou em articu-
lações artifi ciais, com um tratamento especial
da superfície que as tornam menos agressi-
vas ao corpo humano. Estima-se que, gros-
so modo, um mesmo número de empresas
dos EUA e da Europa se ocupa com estudos
nesta área. Também no sector diversifi cado
da biotecnologia já actuam mais de 600 em-
presas. Trata-se do desenvolvimento de no-
vos métodos e processos na biotecnologia e
na biomédica, na pesquisa de biomateriais,
na indústria alimentar, no combate às pragas
ou de pesquisas inovadoras nas indústrias
farmacêutica e química. A nanotecnologia
permite-nos caracterizar e estruturar novos
materiais com uma precisão de nível atómico,
levando a materiais tão superiores aos exis-
tentes no passado, como o aço foi superior ao
ferro e o ferro superior ao bronze. Materiais
nanoestruturados prometem ser mais fortes
e mais leves que os materiais convencionais.
O que trará inumeráveis impactos benéfi cos,
de carros e aviões mais seguros e mais efi -
cientes no uso do combustível, a malas que
suportem a manipulação das bagagens nos
aeroportos! Mas a resistência é apenas uma
propriedade entre outras. Desenhar materiais
com precisão atómica permitirá um controlo
nunca antes obtido sobre as suas proprieda-
des eletrónicas, magnéticas, ópticas e térmi-
cas - de facto, quaisquer propriedades que
desejemos intensifi car. Esteja atento!
72 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
A Sistec impera no mercado angolano das tele-
comunicações, particularmente na implemen-
tação de soluções por satélite. Especializada
no desenvolvimento dos conhecidos Sistemas
“chave na mão”, a empresa começou a escrever
a sua história em Julho de 1991. O rápido e sólido
crescimento tornou-a líder na sua área de actu-
ação, possuindo actualmente mais de dez mil
clientes e oito fi liais distribuídas por todo o país.
Parceira das organizações mais dinamizadoras
da economia, assume-se como pioneira ao ní-
vel de concepção de soluções para os diversos
sectores da sociedade, actuando nas seguintes
áreas: Lar e Escritório, Indústria, Sistemas, Tec-
nologia, Telecomunicações, Obras, Administra-
ção, Filiais, Finanças e Informática.
NA VANGUARDAA Sistec pertence actualmente à UNGM (Uni-
ted Nations Global Marketplace). No entanto,
foi necessário um longo percurso até à con-
solidação. O organismo nasceu da divisão da
Protécnica, uma empresa de alta tecnologia,
fundada no período pós-independência e que
se evidenciou não só pelo facto de ser uma das
primeiras entidades privadas, mas especial-
mente pelo lançamento dos inovadores “main-
frame” (sistemas micro-informáticos). Assim,
a Sistec foi criada com o intuito de rentabilizar
os recursos humanos, aproximando clientes
e fornecedores. Herdeira do know-how infor-
mático da empresa-mãe, a líder das teleco-
municações destacou-se imediatamente pelo
fabrico do primeiro computador a ser produzi-
do a nível interno. A actividade foi evoluindo e a
empresa responsabilizou-se pela manutenção
dos equipamentos e especializou-se nas áreas
da informática e dos equipamentos de escritó-
rios. O sucesso alcançado contribuiu para a sua
rápida expansão, ramifi cando-se na área das
telecomunicações e apresentando soluções e
produtos tecnológicos para utilizadores parti-
culares. Pouco depois, lançaram-se numa das
áreas que mais tem evoluído na última década,
a indústria. A aposta visou a metalo-mecânica,
onde se evidenciaram no fabrico de cofres, mo-
biliário metálico e carteiras escolares.
ADAPTADA À MODERNIDADEO mais recente desafi o abraçado pela Sistec
diz respeito ao desenvolvimento de soluções,
baseadas nas comunicações por satélite. Li-
derou o consórcio Nexus e obteve a licença de
Operador Fixo de Telecomunicações, servindo
de exemplo para outros operadores que estu-
davam a entrada no mercado. De acordo com
responsáveis da empresa, a vitória de cada eta-
pa está directamente relacionada com o profi s-
sionalismo e competitividade da equipa, com
o compromisso em prestar um serviço acima
da média e a com inteligência em estabelecer
uma ponte entre o futuro e as actuais exigên-
cias dos clientes. Estes factores têm contribuí-
do para a criação de parcerias, que resultam da
longa experiência das áreas de marketing e do
reconhecimento dos analistas internacionais,
que têm testado no terreno a evolução e im-
plementação dos produtos. A oferta da Sistec
baseia-se em estudos de mercado, cuja procura
SISTEC
SOLUÇÕES PARA TODOSDomina o mercado das tecnologias. Em 2009, a Sistec atingiu a maioridade e o balanço não podia ser melhor. Sempre na vanguar-da, a empresa de distribuição de material informático conta com um crescimento efectivo, que se tem traduzido no alargamento das ofertas e no desenvolvimento de novas competências, median-te o estabelecimento de parcerias estratégicas. O entendimento das necessidades do mercado tem permitido corresponder às exi-gências de cada cliente.
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO PUBLIREPORTAGEM
73 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
de infra-estruturas de informação e de novas
tecnologias é crescente.
VALORES DO SUCESSOEstima-se que cerca de 25 por cento do mer-
cado informático nacional é comandado pela
Sistec. Os 650 trabalhadores são responsáveis
pelo sucesso da empresa, que tem sede em
Luanda e cerca de centena e meia de funcio-
nários que asseguram a actividade das fi liais
em Cabinda, Sumbe, Gabela, Lobito, Benguela,
Huambo, Lubango e Namibe. Aliás, um dos se-
gredos do êxito está na valorização das capa-
cidades dos angolanos. A aposta em quadros
nacionais tem contribuído para o progresso do
país, ao escoar a mão-de-obra interna. De fac-
to, o número de estrangeiros a laborar na em-
presa não alcança a dezena. Uma equipa jovem
e dinâmica é outra das características. A maio-
ria dos trabalhadores tem menos de 30 anos
(49 por cento) e cerca de 28 por cento tem me-
nos de 40 anos. Os profi ssionais são maiorita-
riamente homens (76 por cento), detentores
de formação média (58 por cento) ou superior
(9 por cento). A empresa partilha valores sóli-
dos que, segundo os responsáveis, são a base
de todos os projectos. O empenho de técnicos
qualifi cados e experientes tem sido decisivo na
prestação de serviços, que garantem a qualida-
de e a satisfação do cliente. Por outro lado, a
integridade, o respeito pela ética e o profi ssio-
nalismo contribuem para uma boa resposta fa-
ce às necessidades. A motivação das equipas é
uma mais-valia para o espírito de grupo e para
o fomento da competitividade dos quadros.
CLIENTES SATISFEITOSA diversifi cada gama de produtos tem con-
quistado clientes nas mais variadas áreas. O
seu público-alvo são todos aqueles que pro-
curam constantemente soluções inovadoras
para os seus negócios ou simplesmente para
o uso doméstico. Recorrendo a tecnologias de
ponta, os profi ssionais têm desenvolvido, des-
de a fundação da Sistec, projectos especializa-
dos para os segmentos dos mais importantes
sectores da sociedade (área administrativa,
comercial, industrial, planeamento e fi nancei-
ro). O resultado são os ganhos reais na produ-
tividade e a fi delização dos clientes. O lema da
empresa consiste na conjugação entre a expe-
riência e o conhecimento, aliando teoria e prá-
tica. A Sistec possui cerca de 10.000 clientes,
entre individuais e empresários. Contudo, a fi -
losofi a mantém-se: cada cliente é único! Ape-
nas nos sistemas de informação para a área
do retalho, a Sistec possui 30.000 clientes. Há
que acrescentar as 1500 entidades corpora-
tivas que dependem destas tecnologias e os
12.000 organismos que recorrem à assistência
técnica desta empresa. Angola Telecom, Ban-
co Africano de Investimentos, Banco Nacional
de Angola, Angop, Banco BAI, Chevron, Coca-
Cola, Inatel, TPA, Sonangol e Soares da Cos-
ta são exemplos do vasto leque de clientes.
Prova do sucesso é o recente prémio atribuído
pela direcção da conceituada marca de com-
putadores IBM (International Business Ma-
chines). A empresa americana elegeu a Sistec
como o melhor parceiro de negócios a nível da
região da África Austral (SADC).
serviços
concepção de hardware
- Desenho e implementação de redes Vsat
- Instalação de terminais remotos Vsat de diferentes tecnologias
- Concepção e instalação de redes de rádio
- Instalação de Redes estruturadas na categoria 5 e em fi bra óptica
- Instalação de Redes seguras para Internet com encriptação e VPN
- Instalação de equipamento activo tipo Hub e Switch
- Instalação e confi guração de Servidores IBM MidRange
- Assistência técnica e pós-venda por contrato ou ad-hoc
- Venda directa de fi tas, tinteiros, papel e acessórios
- Instalação de periféricos (impressoras, scanners, etc)
- Retoma de equipamentos usados e troca por novos
criação de software
- Preparação de Servidores com Windows NT/ 2000/ 2003, Novell Netware, Linux, AIX e As400
- Confi guração Router, Proxy, Firewall, Mail Server e QL Server
- Confi guração de Protocolos de rede TCP/IP, IPX/SPX e NetBUI
- Gestão de recursos IBM Tivoli
- Fornecimento de Estações de Trabalho e desenho por computador
- Desenho de aplicações Clientee-Servidor para SQL Windows 32 bits
- Sistemas para Internet/ Intranet
- Software house de aplicações de gestão (contabilidade, facturação, etc)
- Desenho de aplicações através de software IBM WebSphere
- Sistema de gestão de ISP’s e IPOPISP
- Formação ao nível do utilizador e on-job
- Assistência técnica
consultoria e serviços em sistemas de informação e telecomunicações
- Levantamento das necessidades
- Desenho de redes de telecomunicações adequadas às necessidades dos clientes
- Planeamento e análise de Sistemas de Informação
- Auditoria informática
- Gestão de Projectos
- Outsourcing
- Leasing
crescimento consolidado1992 32 trabalhadores
400 equipamentos
24 m2
“O rápido e sólido crescimento tornou-a líder na sua área de actuação, possuindo actualmente mais de dez mil clientes e oito fi liais distribuídas por todo o país”
2000 348 funcionários
4.568 equipamentos
357 m2
2009
637 trabalhadores
48.442 equipamentos
5.324 m2
74 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO | patrícia alves tavares
As motas, uma das paixões dos angolanos,
têm vindo a conquistar terreno para os des-
portos tradicionais. No país, existe um grupo
composto por cerca de 30 atletas, sendo que
alguns têm vindo a assumir-se como adver-
sários temíveis nos principais circuitos eu-
ropeus. Recorde-se que o motociclismo de
competição nasceu em Inglaterra, numa pro-
va intitulada ‘Motorcycle Scrambles’, em 1987.
A vertente que reúne maior número de afi -
cionados é sem dúvida o motocross, desporto
que recorre a máquinas com geometria e sus-
pensões especiais para resistir às imperfei-
ções do terreno. As provas de Enduro são as
mais procuradas. O Karting é outra categoria,
que se apresenta como rampa de lançamento
para muitos pilotos profi ssionais. A base do
automobilismo ganha destaque por atrair os
amantes da modalidade, contando com cerca
de vinte praticantes, oriundos das províncias
de Luanda, Benguela, Namibe, Huambo e Hu-
íla. A Associação dos Desportos Motorizados
(ADM) tem sido a impulsionadora desta prá-
Velocidade em altaO desporto motorizado esteve adormecido por muito tempo. Porém, nos últimos anos, com a implementação da paz, as diversas modalidades têm conquistado múltiplos adeptos, assistindo-se ao aparecimento de uma geração de jovens talentos que, apesar das difi culdades, começam a destacar-se nas competições internacionais. O automobilismo e motociclismo são as áreas que atraem pequenos e graúdos, cujo interesse desperta a cada triunfo europeu.
tica desportiva, organizando várias provas em
Benguela, Huambo, Namibe e Cunene, com o
intuito de promover a massifi cação do des-
porto nas províncias, como é o caso do Gran-
de Prémio em Karting. O automobilismo é o
símbolo do desporto motorizado. A Fórmu-
la 1 tem contribuído em larga medida para a
divulgação desta área, que se subdivide nu-
ma série de modalidades menos conhecidas,
como o GP2, o Nascar e as provas de Dakar.
Os pilotos são em número reduzido mas, de-
vido a uma série de iniciativas que serão im-
plementadas no terreno, espera-se que haja
uma proliferação de provas e de equipas.
AUTOMOBILISMO RENASCEQuando se fala da modalidade em Angola,
todos são unânimes: esta necessita ainda de
percorrer um longo caminho. O automobilismo
nacional divide-se em cinco fases. A primeira,
a dos Grandes Prémios, é marcada pelo nas-
cimento tardio do desporto e terminou com
o último GPA, em 1965. Após esse período,
surgiu a emancipação das cidades provinciais,
que organizavam circuitos e lançaram os pri-
meiros pilotos. Posteriormente a 1969, apare-
ceram a BMW e a Alfa Romeo, cujos atletas
António Peixinho e Nicha Cabral se torna-
ram nas grandes fi guras, contribuindo para
a afi rmação das seis horas Internacionais de
Huambo. A quarta etapa fi cou marcada pela
criação dos dois autódromos e pela afi rmação
de uma nova geração de pilotos. A última fa-
se, que dura até hoje, assume-se como a da
resistência da modalidade, graças ao esforço
de alguns atletas que vão lutando para que
o automobilismo não caia no esquecimento,
tentando recuperar as tradições. Nomes co-
mo José Carlos Madaleno, Luís Sá Silva e Ri-
cardo Teixeira são casos de sucesso, que têm
conduzido a bandeira de Angola às principais
pistas internacionais. Todos concordam que a
modalidade está a evoluir, que o número de
adeptos e atletas tem tendência para crescer
e que é urgente reabilitar as infra-estruturas.
José Madaleno, em declarações à Angola’in,
acredita que o sector “está em total desenvol-
vimento, quer em termos de máquinas, quer
em termos de modalidades”. “O desporto au-
tomóvel está ainda muito embrionário, como
estava em Inglaterra há 30 anos”, corrobora
Ricardo Teixeira. O jovem promissor, que cons-
ta entre os 300 melhores da FIA (Federação
75 DESPORTO · ANGOLA’IN |
Internacional de Automobilismo), conseguiu
elevar o nome de Angola para a 40ª posição
no ranking de países. Em entrevista exclusiva
à Angola’in, refere que há uma “vontade mui-
to grande” de evoluir, pois “todos gostam do
desporto automóvel”. “Há corridas de 15 em
15 dias, apesar de ainda não existirem muitas
condições”, lembra. O experiente José Madale-
no acredita que a modalidade está a renascer.
Afi nal, em 2009 foi possível ter “nos Turismos
grelhas de partida de 22 carros”. “Para quem
em 2005 chegou a correr com cinco carros em
pista, a diferença é enorme”, reitera. Questio-
nado pela Angola’in, admite que há melhorias,
mas ainda “muito longe de estarmos bem”.
Como exemplo aponta o autódromo de Luan-
da, que “está uma miséria e que é o único ain-
da a funcionar”.
FEDERAÇÃO É URGENTEA luta pela criação de uma federação, que de-
senvolva e represente a modalidade, é antiga
e tem vindo a ganhar terreno à medida que
o desporto renasce e surgem atletas que re-
presentam as cores angolanas nas pistas in-
ternacionais. “A grande falha é a ausência da
Federação, pois não existindo uma entidade
reguladora, tudo se torna mais difícil. Sempre
que representamos o nosso país, estamos a
fazê-lo com Licenças Desportivas de Portugal,
França, Macau, nunca com a de Angola e isso
entristece-me muito”, atira. O mesmo se apli-
ca no plano material. “A criação da Federação
é muito importante pois, apesar do desporto
motorizado ser muito acarinhado pelo público,
não o é pelas empresas e a falta de patrocínios
é crucial. Mais apoio por parte Estatal não fa-
zia mal a ninguém. É preciso olhar para os car-
ros e para as motas, como se olha para uma
bola de futebol”, prossegue, evocando que é
urgente relembrar o passado, pois “quem vi-
veu esses anos, sabe que Angola era a melhor
escola de pilotos”. Ricardo Teixeira argumenta
que “vontade está lá”, mas é “preciso uma fe-
deração internacional, que esteja na FIA”.
“Sempre que representamos o nosso país, estamos a fazê-lo com Licenças Desportivas de Portugal, França, Macau, nunca com a de Angola e isso entristece-me muito”, José Carlos Madaleno
dicionário
automobilismo:
A Fórmula 1 é a modalidade mais popular
desta categoria, que inclui ainda segmentos
como o GP2, os Rallys e o Nascar.
karts:
Categoria mais elementar do automobilismo,
já que as viaturas são preparadas a baixo
custo, especifi camente para as corridas.
motociclismo:
Conjunto de modalidades que envolvem as diversas
formas competitivas com recurso a motos.
moto gp:
Principal prova do Grande Prémio de Motociclismo.
resistência:
Nesta prova ganha a melhor equipa, pois cada
moto é conduzida por três pilotos em alternado.
motocross:
Divide-se nas categorias de
Arenacross, Trial e Enduro.
provas de enduro:
Prova mais conhecida, onde é valorizada
a velocidade e habilidade do piloto.
FORMAR É ESSENCIALHRicardo Teixeira defende que o próximo pas-
so que se impõe é a aposta na formação, já
que “eles estão interessados”. “Só precisam
de uma ajudinha, por isso a ideia da Williams
é a criação de uma entidade que desenvol-
va uma federação, que aposte na segurança,
porque a vontade das pessoas está lá”, reite-
ra. José Carlos Madaleno partilha a opinião. A
formação nas diversas áreas é o segredo para
o sucesso das equipas, em que a performance
do atleta é apenas uma parte em todo o pro-
cesso de desenvolvimento de um grupo cam-
peão. Porém, o piloto está seguro de “que a
formação também já começou”, pois existe
“uma escola de Karting em Luanda”, algo que
permanecia apenas na Huíla. O automobilista
conta a sua experiência, relatando que criou
“uma estrutura de equipa, composta por três
carros e duas motas, onde estavam envolvi-
das cerca de 20 pessoas extra pilotos, com um
camião de assistência e material, como nunca
tinha existido em Angola, pelo menos após a
independência”.
76 | ANGOLA’IN · DESPORTO
| patrícia alves tavares
PATROCÍNIO É ‘LOTARIA’ Questionado acerca das reais possibilidades
que um piloto tem para viver apenas da com-
petição, José Madaleno é peremptório. “Es-
tamos muito longe disso”, argumenta. “Só
para conseguir apoios para corrermos é difícil,
quanto mais para vivermos dele. Antes pelo
contrário, se não fosse o dinheiro que todos
nós temos investido, ele já tinha parado”, ex-
plica. Ricardo Teixeira também se mostra pre-
ocupado com a situação. Enquanto recorda os
tempos difíceis em que investiu do próprio
bolso para poder desenvolver as suas capaci-
dades e participar nas corridas, admite que o
patrocínio lhe abriu muitas portas, permitin-
do-lhe alcançar o tão desejado contrato com
a Williams. O importante é nunca desistir. “A
maioria das pessoas acha que algumas coisas
são difíceis de conseguir, que a Fórmula 1 é
um mundo inacessível, mas nada é impossí-
vel. Há obstáculos muito grandes e barreiras
que têm que ser quebradas. É esse exemplo
que eu espero que esteja a passar para Ango-
la”, confi dencia.
“Saí sempre vitorioso”José Carlos Madaleno, em entrevista à Angola’inComo ingressou no desporto automóvel?
Comecei em 1993, a convite de um amigo. Fui o seu Co-Piloto no Campeonato de TT em Portu-
gal, com um UMM. Depois de 1995, como as questões fi nanceiras começaram a ser complicadas,
passei para o Karting, onde fi z o Troféu de Baltar 100cc Livres. Em 1998 e 1999, voltei para o TT,
mas desta vez para as Moto 4, onde disputei o Campeonato Nacional em Portugal. Em 2000, re-
gressei a Angola e estive parado durante cerca de cinco anos, mas o “bichinho” não me largava e
como a única competição que havia cá era a Velocidade, tive de optar por ela. Desde 2005, tenho
feito o Troféu Nacional de Velocidade em Angola, na Categoria de Turismos, tendo-o vencido nos
últimos quatro anos. Em 2006, fi z o Lisboa-Dakar, como Co-Piloto, sendo até hoje o único an-
golano a tê-lo feito e terminado (57º lugar da geral e 10º lugar dos estreantes). 2008 foi um ano
ingrato e ao mesmo tempo fenomenal, pois começou com o cancelamento do Lisboa-Dakar, mas
depois fi z o Rally Transorientale, considerado o Rally Raid mais longo do mundo. Fiquei em 13º
lugar da geral e participei nas 24 horas de Fronteira, onde tive o prazer de ter levado outro colega
angolano, o Reis Cunha e termos estado integrados numa equipa Luso-Angolana. Em 2009, de-
cidi participar no Circuito da Boavista, com dois carros angolanos e convidei o João Carvalho para
participarmos no PTCC. O percurso não tem sido fácil, mas muito fértil, além de ter conseguido
levar a bandeira angolana a várias provas Internacionais, com muito sentido de responsabilidade
e sempre ter saído vitorioso. Nem sempre fi car em primeiro lugar signifi ca vencer.
Quais são as suas expectativas para 2010?
Estes anos maravilhosos de variadas competições também provocam coisas negativas e eu levei
um cartão amarelo do médico (risos), pois estou com uma lesão na C4 e vai-me obrigar a parar
pelo menos seis meses. Não gostaria de terminar a minha carreira desportiva sem participar nas
24 Horas de Le Mans. Seria acabar com chave de ouro, pois acima disso só a Formula 1 e para isso
temos dois jovens melhores do que eu: o Luís e o Ricardo.
INICIATIVAS DE FUTUROO projecto da Fundação da reputada marca
desportiva Williams é um dos mais promisso-
res, no que toca ao fomento da modalidade. A
poucas horas de embarcar para Luanda para,
ao lado de Gordon Day, um dos representan-
tes da escudeira americana, lançar a Fundação
Williams em Angola, o padrinho deste orga-
nismo relatou à nossa equipa que a iniciativa
conta com a parceria do Fundo de Solidarieda-
de Lwini. A principal fi nalidade é a promoção
de múltiplos projectos sociais. “Vamos tentar
auxiliar nas infra-estruturas, trabalhar com a
polícia para ajudar na segurança rodoviária,
melhorar o ensino, ajudar os jovens a terem
outras oportunidades, a motivá-los para outro
tipo de realidade e tentar desenvolver o des-
porto automóvel para que haja mais seguido-
res e, quem sabe, haver em Angola um grande
prémio da Fórmula 1”, relata Ricardo Teixeira,
que foi nomeado embaixador da fundação. A
meta consiste em desenvolver o ensino em
áreas multidisciplinares. “Uma equipa precisa
de 600 pessoas para fazer dois carros por ano”,
adverte. A Williams não quer formar apenas
pilotos, pois de “50 só um ou dois vão conse-
DESPORTO
77 DESPORTO · ANGOLA’IN |
Piloto de desenvolvimento da WilliamsRicardo Teixeira, em entrevista à Angola’inComo descreveria o seu percurso no mundo da alta competição?
Foi com bastantes obstáculos, pois em termos fi nanceiros nunca tive muito apoio no início. Passei
por vários campeonatos. Fui bastante novo para Itália para fazer uma corrida de Karts, mas depois
tive de parar. Quando fui viver para Inglaterra, como não tinha dinheiro para correr, fui contactar
várias equipas e houve uma que me deixou fi car. Trabalhava nas ofi cinas e eles deixavam-me fa-
zer algumas corridas. Tive bons resultados, fi z quatro pódios em seis corridas e foi o que me abriu
as portas. Depois de um ano sem correr, surgiu a Sonangol e deu-me uma ajuda para continuar.
Como surgiu a parceria com a Sonangol?
Aparece quando achava que já não ia conseguir continuar. Depois desses resultados, a
Sonangol apareceu porque achou que era bom para promover o país. Na altura, estávamos
com uma má imagem em Inglaterra, estavam a sair notícias negativas e pensaram que era
uma boa forma de mostrar o outro lado. Só que eles não podiam dar um patrocínio muito
forte. Deram uma ajuda e fui fazendo metade do campeonato num ano, metade no outro
e fi z GP2 no ano passado. Entrei no programa deles para bolseiros e depois decidiram dar-
me uma ajuda na parte profi ssional, pois acreditavam que se chegasse longe como estou a
consegui-lo agora fazia boa publicidade ao país.
O último ano foi especial?
2009 foi um ano excelente. Fiz uma época completa, nunca tinha acabado um campeonato
inteiro. Isso é óptimo. Depois a GP2 é um patamar abaixo da Fórmula 1, os carros são
exactamente iguais. E se consegui conduzir um GP2 senti que já estava apto para guiar na
Fórmula 1. E foi isso que me permitiu assinar um contrato com a Williams como piloto de
desenvolvimento, o que atraiu mais publicidade, pois o GP2 é transmitido em directo para
todos os países. Consegui divulgar o país, aprendi bastante, explodi em termos de imagem
por causa da Williams, o que deu exposição a Angola.
Projectos para 2010?
Tenho sempre de correr dois anos antes de ingressar na Fórmula 1. Quero continuar como piloto
de desenvolvimento da Williams, pois estão a ajudar-me a desenvolver, preparam-me física e
mentalmente e desejo entrar noutros projectos da marca, ao nível da sua fundação em Inglaterra.
guir chegar à GP2”. “Queremos mostrar aos jo-
vens que têm outras oportunidades, desde a
engenharia ao marketing, psicologia, nutricio-
nismo…há muitas oportunidades de carreira”.
Este será o primeiro passo para a criação de
uma equipa completa em território nacional.
Em termos internacionais, o representante da
Williams admite que existe apenas um atleta
“que correu na China e vai começar a correr na
Europa, está a dar os primeiros passos e acre-
dito que vai conseguir”. Apesar de lamentar o
facto de existirem poucos pilotos promisso-
res, que se evidenciem nas provas internacio-
nais, José Madaleno adverte que o país está
a partir do “zero”, devido à guerra que asso-
lou o território, pelo que desafi a os mais no-
vos a lutarem pelos seus sonhos. “Os jovens
que têm aparecido neste mundo têm provado
que, apesar de não terem escola nem infra-
estruturas, conseguem alcançar resultados
brilhantes”, reconhece.
‘A Associação Provincial do Motociclismo de Luanda é uma das mais activas, possuindo uma escola de formação dos futuros atletas’
MOTOCICLISMO ATRAI MULTIDÕESÉ a modalidade que agita a vida desportiva das
províncias. Os pilotos colocam em evidência as
suas perícias nos campeonatos provinciais,
preparados pelas organizações de motocross.
A Associação Provincial de Luanda é uma das
mais activas, possuindo uma escola de for-
mação dos futuros atletas. Porém, este caso
é apenas um pequeno passo na massifi cação
e especialização deste desporto motorizado.
Os períodos de interregno das provas não fa-
vorecem o desempenho dos pilotos, a falta de
equipamentos é uma realidade e as infra-es-
truturas necessitam de obras. Estes são um
dos principais handicaps da modalidade. “Não
evolui mais por falta pistas e de um autódro-
mo melhor, moderno, com as condições ide-
ais para a prática do motociclismo”, assegura
Sandro Carvalho, um dos poucos pilotos que
conseguiu construir uma carreira além-fron-
teiras. No entanto, o atleta destaca o “interes-
se dos praticantes em evoluírem”. A Sonangol
tem dado algum apoio, assumindo-se como o
maior impulsionador da modalidade na capital.
Também nesta vertente a constituição de uma
federação é urgente. “Não há o envolvimento
das marcas, nem existe uma federação”, afi an-
ça Sandro Carvalho, que acredita que esta po-
deria dar um contributo para a aprendizagem
dos atletas e para mostrar as potencialidades
do motociclismo. Estima-se que cerca de 30
atletas se dedicam à prática do motociclismo
de velocidade, que correm numa única cate-
goria – a de 600cc. Além de Sandro Carvalho,
destacam-se nomes como Hélder Coelho e Da-
vid Rebelo. O primeiro é o mais activo no pla-
no internacional. O piloto tem vindo a ganhar
terreno nas competições portuguesas e as
expectativas quanto ao percurso de Sandro
Carvalho são altas.
78 | ANGOLA’IN · DESPORTO
| patrícia alves tavares DESPORTO
O PILOTOComo e quando iniciou a sua paixão pe-las motos?Tudo começou por infl uência dos meus pri-
mos. Eles andavam de mota e como era o
mais novo também fi quei fascinado. Aos oi-
to anos ensinaram-me a conduzi-la.
De que forma surgiu a oportunidade de ingressar na competição de motos? Tem sido um percurso complicado?Essa oportunidade surgiu em 2001 com o
troféu ‘Honda cbr600’. Tem sido um percurso
difícil, pois os patrocínios não são fáceis de
obter e as empresas em Angola só há pouco
tempo começaram a dar importância à publi-
cidade.
Compete sozinho e em parceria com o Luís Carreira. Onde se sente mais à von-tade?Quando estou sozinho, porque a afi nação da
mota é feita para o meu tipo de condução.
Nas provas de resistência temos a pressão
de não falhar, pois podemos comprometer a
prova para o nosso colega e para a equipa.
Tem-se centrado apenas nas provas de Resistência. Pensa experimentar outras categorias?Tenho participado em provas de sprint no
‘Troféu Promomoto1000’. Em 2010, quero
voltar a participar nessa categoria, gostava
de passar para as Stocksport1000 e de parti-
cipar numa prova do Campeonato do Mundo
de Resistência.
Em Portugal, tem-se evidenciado nas cate-gorias de Promo de 1000cc e 180 cavalos de
potência. A dupla com o Luís Carreira tem sido gratifi cante para si? É para continuar?Sim. Tem sido bom, pois o Luís é um pilo-
to muito experiente. Tenho aprendido muito
com ele, que é o actual campeão português de
velocidade e participa nas Stocksport 1000. A
parceria é para continuar, até porque somos
pilotos da Benimoto Racing.
“A falta de apoios difi culta sem dúvida a evolução tanto da equipa, como do piloto”
O desporto motorizado tem custos. Co-mo é que a TeamAngola tem sobrevivido, conseguindo inclusive entrar nos circui-tos internacionais? A falta de apoios tem sido um obstáculo à evolução profi ssio-nal dos pilotos?Este primeiro ano foi para ganhar experi-
ência. Tivemos poucos patrocínios, por isso
não fi zemos o campeonato todo. A falta de
apoios difi culta sem dúvida a evolução tanto
da equipa, como do piloto porque se não ti-
vermos ajudas que nos permitam treinar nos
circuitos difi cilmente evoluímos.
Participa com frequência nas provas por-tuguesas. Há muitas diferenças entre o campeonato português e o angolano?Sem dúvida! Podemos começar pelas pistas,
já que em Angola são sobretudo circuitos ci-
tadinos e em Portugal existem dois circuitos
de nível internacional. As motas no campe-
onato angolano são de 600cc com cerca de
130 cavalos, enquanto em Portugal corro com
uma de 1000cc com 180 cavalos. Além de tu-
do isto, existem bastantes diferenças.
As competições internacionais são mais rigorosas? Há uma maior aprendizagem em cada etapa?Sim, essas provas são mais exigentes, o que
nos obriga a inovar constantemente no as-
pecto da condução, da afi nação da mota, do
funcionamento da equipa, entre outros as-
pectos. O que nos faz estar a actualizar sem-
pre a nossa abordagem nas provas.
Como é que se prepara para as provas de Resistência? Tem uma preparação física especial?Sim, faço corrida a pé, bicicleta e natação,
actividades que complemento com algumas
idas ao ginásio. A alimentação também tem
de ser cuidada.
“Estamos próximos do objectivo que é participar numa prova do Mundial de Resistência”
Recentemente referiu que este ano signi-fi ca o arranque de uma nova etapa. O que signifi ca esse novo ciclo?Representa estar integrado numa equipa que
está a evoluir bastante e que quer vencer. Em
conjunto, ganhámos experiência e estamos
prontos para os desafi os que estão para vir.
Quais são as suas metas para a tempora-da de 2010?Vencer algumas provas no ‘Troféu Promomo-
Aprendizagem, vontade de vencer e evolução constante são os adjectivos que melhor descrevem o percurso profi ssio-
nal de Sandro Carvalho. O piloto, que sonha subir ao topo da competição internacional, brilha dentro e fora das pistas
nacionais. Após uma temporada exigente, em que alcançou resultados promissores nas provas portuguesas, o mo-
tociclista levantou a ponta do véu dos seus projectos para 2010, em entrevista exclusiva à Angola’in. Em Portugal, ao
lado do companheiro de equipa, o luso Luís Carreira, o atleta nacional elevou o nome de Angola ao conquistar duas
pole position. Apaixonado pelas motos desde tenra idade, Sandro Carvalho promete progredir ainda mais e já sonha
com o Campeonato do Mundo de Resistência.
Um caminho de resistência
79 DESPORTO · ANGOLA’IN | 79 DESPORTO · ANGOLA’IN |
to’ e, se possível, vencer o campeonato e os
‘500km Vodafone’.
Um dos seus sonhos consiste em parti-cipar em todas as provas do Mundial de Resistência ou de Superbikes. Considera que ainda tem um longo caminho para alcançar esse desejo?Estamos próximos do objectivo que é partici-
par numa prova do Mundial de Resistência. A
equipa tem competência para isso, pois já es-
teve presente em algumas competições inter-
nacionais, inclusive numa prova do mundial
de Superbikes no autódromo de Portimão.
Eu tenho treinado bastante para estar pron-
to, caso exista um patrocínio que nos ajude a
atingir esse objectivo. Quanto às Superbikes
é mais difícil, pois os valores envolvidos são
maiores, mas continuamos a sonhar.
MOTOCICLISMOQue análise faz do desporto motorizado em Angola? A modalidade tem crescido?Sim, principalmente nos dois últimos anos.
Não evolui mais por falta de pistas ou de um
autódromo melhor, moderno, com condições
ideais para a prática do motociclismo. Se as-
sim fosse haveria mais interesse por parte
das empresas no apoio ao desporto.
Sente que o desempenho dos pilotos nos palcos internacionais tem atraído mais adeptos para esta modalidade?Sim, tenho sentido isso, assim como o in-
teresse dos praticantes em evoluírem a sua
condução. Já ajudei pilotos angolanos a par-
ticiparem em provas fora do país, para assim
aperfeiçoarem as suas técnicas.
A modalidade tem tido os apoios necessá-rios para crescer?Não, porque não há o envolvimento das mar-
cas, nem existe ainda uma federação.
O que pode ser desenvolvido e melhora-do nesse âmbito?A nossa associação provincial pode fazer um
trabalho no sentido de mostrar que o motoci-
clismo é um desporto que atrai as massas. O
seu público são sobretudo pessoas jovens. O
motociclismo tem tradição no nosso país, ten-
do condições para ser um excelente veículo de
comunicação na publicidade.
Em termos de formação, as organizações têm desenvolvido um bom trabalho ao nível da aprendizagem dos atletas que estão a iniciar-se na competição? Há téc-nicos especializados e infra-estruturas adequadas?Ainda não existe formação de pilotos. Esse é
um dos meus objectivos. Ao nível da velocida-
de, os técnicos que temos no nosso país pre-
cisam de acompanhar o que está a mudar a
nível internacional. As actuais infra-estruturas
estão muito degradadas, temos dois autódro-
mos: o de Benguela está desactivado e o de
Luanda precisa de uma intervenção urgente.
O país começa a organizar algumas pro-vas nesta modalidade. Existem condições para organizar campeonatos internacio-nais em Angola?Sim, com uma intervenção no autódromo de
Luanda consegue-se obter homologação para
provas internacionais, pois existem condições
materiais e fi nanceiras para tal.
lapela recheada de ‘medalhas’
2004 › Após ter vivido alguns anos em
Portugal, Sandro Carvalho instala
-se defi nitivamente em Luanda para
participar no “G.P. da Polícia”
2006 › Foi campeão nacional do troféu angolano
2007 › Sagrou-se vice-campeão do troféu nacional
› Alcança a quarta posição nos “500km
Vodafone” com a Yamaha R6 na
categoria de 600 c.c. e o segundo lugar
com uma Honda, também de 600 c.c.
2008 › Foi 12º nos “500 km Vodafone”,
após a queda do seu companheiro
de equipa, Tito Domingos
2009 › Foi segundo classifi cado no campeonato
de Braga e quarto na prova do Estoril
› Arrecadou ainda um segundo lugar na
geral dos “500 km Vodafone” no Estoril
“As actuais infra-estruturas estão bastante degradadas, temos dois autódromos: o de Benguela está desactivado e o de Luanda precisa de uma intervenção urgente”
“Ainda não existe formação de pilotos. Esse é um dos meus objectivos.”
LUXOS | patrícia alves tavares
80 | ANGOLA’IN · LUXOSNGOLA’IN · LUXOS
É o primeiro Lamborghini Gallardo a ultrapassar a marca dos 320 km/h. Para além da maior potência (motor V10 com 570 cavalos), esta versão sobressai pelo menor peso (graças à fi bra de carbono e alumínio), pela suspensão dianteira reformulada e pelo sistema de travagem em cerâmica.
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O renovado Classe GL surge com novos elementos na carroçaria, um interior remodelado e tecnologias BlueEFFICIENCY e Blue-
TEC, que melhoraram a efi ciência dos motores. Todas as versões são equipadas com volante multifunções, revestido a pele e
com apoios de cabeça de crash activo NECK PRO. Os novos pára-choques, a redesenhada protecção inferior em cromado à frente
e atrás e a traseira em LED são algumas das novidades.
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Este blusão conjuga fi bras
têxteis com couro fl exível,
adaptando-se facilmente
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branco e preto/vermelho.
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a todos
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HARLEY DAVIDSON
NIGHT ROAD SPECIAL
Faz parte da linha desportiva
da marca e destaca-se pelo
facto de todas as partes
visíveis estarem pintadas de
preto. Força e desempenho
são alguns dos grandes
atributos deste modelo, que
se apresenta com um motor
V2 e 292 kg de peso.
SHARK RSR2 CARBONÉ o preferido dos grandes pilotos mundiais.
Único e incomparável, apresenta excelentes
níveis de conforto e segurança.
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foram criadas especifi camente para tirar partido do ecrã
Multi-Touch de grandes dimensões, que funciona em
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ideais para LCD. Tem altifalantes dinâmicos.
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sensível ao toque na lâmpada, permitindo
criar os ambientes que desejar.
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da colaboração entre a LaCie e o designer Philippe
Starck. Efi ciente, a superfície é sensível ao toque.
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Design inovador e arrojado, este
dock é o equipamento ideal para
usar com o iPod/ iPhone.
Ultrasone edition 8A qualidade do som nestes headphones merece destaque, bem
como o seu design. Os auriculares são banhados em Rutênio e são
revestidos a pele de carneiro etíope.
Cristal cablearabesqueEstas colunas destacam-se pelo seu aspecto, uma vez que
são construídas em vidro e é possível ver o seu interior.
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novidade tecnológica. Ela
envia um sinal via Wi-Fi para
a Internet e pode consultar
os resultados através do
computador ou do iPhone.
Casio exilimEX G1A nova câmara
fotográfi ca da Casio é
resistente ao choque e
à prova de água. Com
12,1 megapixels é ideal
para os amantes de
desportos radicais.
86 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS | patrícia alves tavares
FRANCKMULLER
Chronograph, Perpetual Calendar
Produzido em 1997, este relógio de Franck
Muller é uma peça única e rara, composta
por diamantes no mostrador. Está ao
alcance de poucos compradores. A principal
particularidade está no calendário, que
representa o desejo de disponibilizar a
leitura do tempo com a maior precisão
possível, através de ajustes automáticos.
ROLEX OYSTERSSPECCIAL EDITTTIONA pulseira leopardo e os marcadores de 8 horas em
diamante fazem desta peça um artigo especial, cujo
mostrador é composto por ouro amarelo de 18k e 48
diamantes. Óptima escolha para coleccionadores e
apreciadores de relógios invulgares.
CHOPARDMILLE MIGLIA
GT XLA pulseira de borracha tem o desenho de um pneu
de corrida da Dunlop da década de 60. O relógio é
revestido por um material chamado DLC (Diamond
Like Carbon), que resiste a riscos, choques e outros
danos. Ideal para desportistas.
URWERK103
Este modelo é uma autêntica peça de arte. O design
da marca é inspirado nas tarântulas, em que o
elemento central é uma cruz orbital em titânio. A
bracelete é em couro de jacaré preto e esta edição
está limitada a apenas 10 peças. Imperdível para
quem procura um relógio diferente.
ESTILOS
88 | ANGOLA’IN · ESTILOS
| lisete pote · midan campal (fotografi a)
Ginga Neto, de nacionalidade angolana, é fi lha de estilista e como já diz o ditado fi lha de peixe sabe nadar! Exercendo a profi ssão como hooby há sete anos, de-cidiu criar a sua própria marca e abrir uma loja na rua Rainha Ginga denomi-nada “Mahinda – Prestige”.
Tendo já conseguido consagrar a sua marca na nossa praça, nesta edição su-giro alguns dos modelos da sua criacao (e não só), que se encontram à venda neste espaço.
JOVENS CHEIOS DE ESTILO!
89 ESTILOS · ANGOLA’IN |
90 | ANGOLA’IN · ESTILOS
A estilista assina uma linha de jeans dedicada em exclusivo aos jovens an-golanos, sendo por isso a ganga o te-cido mais dominante, uma vez que segundo a mesma se “adapta à cultu-ra africana”, sobretudo num período de “crise fi nanceira” em que as pesso-as procuram aliar a durabilidade da roupa a um quadrante mais estético.
Esta criação que agora apresentamos teve como inspiração os povos da Lunda, que utilizavam símbolos pa-ra escrever na areia e através deles chamar a atenção para vários aspec-tos concernentes à sociedade em que se inseriam.
ESTILOS
91 ESTILOS · ANGOLA’IN |
A mensagem que Ginga Neto preten-de transmitir com esta colecção é de união entre os jovens, alertando para a importância do fomento da criati-vidade e da valorização pelas raízes culturais angolanas.
Razão pela qual, as cores escolhidas para esta colecção são os vários tons de azul, o branco e o preto e alguns tons de vermelho em tecidos de algo-dão e denim, que apelam o sentimen-to à terra-mãe.
A sua vasta experiência no mundo da moda, tornaram evidente a sua cres-cente notoriedade, sendo hoje uma presença assídua em diferentes even-tos tanto a nível nacional, como in-ternacional. A não perder!
ESTILOS
92 | ANGOLA’IN · ESTILOS
| patrícia alves tavares
giorgio Armani
Acqua di Giodesenvolvido a pensar no homem livre,
sexy e poderoso, o acqua di gio possui notas
de jasmim, âmbar, sândalo e almíscar. a
inconfundível fragrância atrai elogios de
todas as mulheres.
dolce & gabbana
Light Blue A pensar nos homens destemidos,
que vivem intensamente o dia-a-dia, a
D&G criou esta fragrância de aromas
modernos, cujas notas oscilam entre
o musgo do carvalho e o incenso.
dior
Eau Sauvage as suas essências raras
fazem desta fragrância um
produto formidável que
deixa o aroma por onde
passa. com notas de limão,
vetiver, alecrim, âmbar e
almíscar, é o perfume ideal
para homens elegantes, com
estilo próprio.
hugo boss
Platinum é o perfume mais cobiçado pelo público
masculino. possui notas de maça, baunilha,
canela e cravo-da-índia, essências que criam
uma nova alquimia de sensações, numa
edição de coleccionador.
yves saint laurent
La Nuit L’Homme o aroma refrescante e misterioso toca
os sentidos. é a escolha ideal para os
sedutores, que revelam uma beleza e
charme irresistíveis. as notas a bergamota
e a cardamomo provocam uma explosão de
frescura, combinada com a lavanda e os
aromas orientais.
ferrari
Ferrari Blackodor marcante, aromático e forte. este perfume,
com aromas de citrinos e amadeirados, tem uma
presença forte. é uma óptima escolha para usar
durante a noite.
93 LUXOS · ANGOLA’IN |
ESTILOS
LIVING
94 | ANGOLA’IN · LIVING
Para que uma casa, que tem de ser totalmente renovada, se adapte ao estilo
de vida da família que lá vive, todo o processo de criação tem de ser meticu-
losamente gerido. Desde as horas a que a casa é mais vivida, à rotina diária
aí institucionalizada, tudo faz parte da resposta a que, como profi ssionais,
temos que dar aos clientes junto com a resposta criativa. Aqui, o projecto te-
ve de ser abordado de forma a que a chegada a casa fosse todos os dias uma
experiência diferente. Numa casa vivida sobretudo ao fi m do dia e fi m-de-
-semana e para uma família cidadã do mundo, houve uma escolha de cor
neutra de base - Taupe - que vai contrastar-se com cores fortes e ser a linha
condutora de todo o projecto. As várias texturas trazem conforto e comple-
tam os espaços. Ao abordar este projecto foi claro desde início que esta casa,
para se moldar ao estilo de vida dos seus novos habitantes, teria de ser to-
talmente repensada. Uma família de profi ssionais ocupados e exigentes, que
gosta de ter em casa o conforto, a qualidade , e o luxo do detalhe - esta foi a
base para este conceito. Pormenores como peças únicas, revestimentos mu-
rais luxuosos como a chinoiserie em seda pintada na sala de jantar ou uma ou
outra antiguidade, deram ao espaço a singularidade intransmissível da iden-
tidade dos seus habitantes. Com a preocupação de que os espaços se interli-
gassem para que o projecto fosse fl uído, organizaram-se as diferentes zonas
de maneira a que mobiliário pudesse variar para não se tornar repetitivo e se
pudessem integrar algumas das peças já existentes, sendo que ao ser recolo-
cadas se valorizassem. Um look clássico/contemporâneo e sobretudo actual.
Onde um projecto de Arquitectura de Interiores e Decoração veio organizar os
espaços de forma a optimizar o estilo de vida dos nossos clientes.
Gracinha ViterboGracinha Viterbo
| gracinha viterbo
Conceito Duplex em Lisboa
1
95 LIVING · ANGOLA’IN |
1O vermelhão que no resto da casa se
encontra como apontamentos de cor, no
escritório culmina com toda a sua força.
Secretária e maple art déco encontrados
de propósito para este escritório. Madeira
de pavimento inglês envelhecido.
Escritório lacado com tinta Barbot
assinada Graça Viterbo. Baú asiático com
seda bordada à mão.
2Quarto da fi lha monocromático com
apontamentos dourados e verdes.
Candeeiros Fambuena e Axolight.
3Casa de banho fresca e contemporânea.
Lavatório em resina. Revestimentos
Silestone brancos, mosaico veneziano
trend.2 3
LIVING
65
97 LIVING · ANGOLA’IN |
4Hall de entrada principal onde o impacto transparece no
jogo entre o branco e o dourado. Reaproveitamento de peças
existentes que foram pintadas a folha de ouro e folha de prata.
Vaso com incrustações de madre pérola. Papel de parede
dourado vinilico com impressões de amendoeiras brancas.
5Lavabo visitas clássico/ contemporâneo. Pedra beije
serpengrante e painéis de pele bordada Taupe. Espelho com
moldura a folha de ouro, lavatório Reggia e torneira Zuchetti.
6Nas circulações as texturas dão vida ao Taupe. Painéis
ondulados lacados e nas paredes Stucco italiano, intercalado
com painéis ondulados. Uma zona de estar nas circulações
prolonga a sala de estar. Guarda de escada personalizada com
gradeamento que toma novas proporções noutras zonas da
casa. Candeeiro Verpan e antiguidade francesa do séc. XIX.
7Na cozinha um recanto para um café. Pavimento mosaico
cerâmico Copper da Revigrés. Cadeiras tipo bérgères
francesas e mesa forrada a pele marroquina.
4
7
98 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
| patrícia alves tavares
Quinta do Vale Meão Este vinho apresenta-se perfeitamente equilibrado
e afi nado. É óptimo para guardar na garrafeira, pois
quanto mais velho, melhor. Rico e complexo, é um
néctar poderoso, mas sem excessos na prova de
boca. A frescura dos seus frutos possui um toque
fl oral e fumados elegantes.
TAPADA DE COELHEIROSO aroma a frutos vermelhos, pimentão verde, baunilha e compota conferem a este produto uma cor rubi intenso. De boa estrutura e equilibrado, o Tapada de Coelheiros tem um fi nal frutado e persistente, acompanhando preferencialmente carnes assadas ou grelhadas e queijos.
Vina Maipo-Devoción
Fresco e com boa acidez, este
produto de cor vermelha (quase
roxa) possui uma excelente
estrutura. Intenso e brilhante, o
Vina Maipo-Dovoción proporciona
um fi nal longo e agradável.
VINHOS & CA.
Porca de Murça Este vinho de cor violeta acompanha
pastas italianas (com molhos de tomate)
e carnes brancas. Servido entre os 16ºC
e 18ºC, apresenta-se muito macio, com
aromas de especiarias e frutos maduros.
Gatão Fresco e frutado, este vinho verde
límpido é macio e delicado no
sabor. Serve-se entre os 6ºC e
8ºC e é uma boa sugestão para
refeições de peixe ou marisco e
para aperitivos ligeiros.
99 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
VIP CHAMPIONSPerfeito para acompanhar pastas e pratos
de carne, este néctar de cor rubi apresenta uma excelente intensidade gustativa. Elegante e com uma boa estrutura de
taninos macia, apresenta-se com um aroma complexo em frutos vermelhos e especiarias, com destaque para a ameixa e cereja. Serve-se a uma temperatura entre os 16ºC e 18ºC.
PorEste v
pastas
e carn
e 18ºC
aroma
F f t d t
taninocomplexcom dese a um
VINHOS & CA.
FASHIONSuave, fresco e límpido, este espumante distingue-se dos
demais pelo requinte da sua doçura. Serve-se gelado (entre os 6ºC e 8ºC) e é uma boa sugestão para acompanhar sobremesas. Pode ser servido como aperitivo. É considerado pelos especialistas como um Sparkling de eleição para brindar a momentos únicos e em ocasiões muito especiais.
| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.100
GATO NEGROIdeal para refeições de carne
condimentadas. Servido entre os
15ºC e 17ºC, este vinho intenso de
cor vermelha tem um aroma de
frutos vermelhos maduros, com
notas de violeta, conjugadas com
baunilha, fumado e café.
Aemisa.
etãmae
rknmp
FASuaveespum
demaidoçuraos 6ºC sugestsobremcomo pelos Sparbrine emesp
CulemborgO intenso aroma de
especiarias e amora
madura faz deste néctar a
opção ideal para pratos de
carne, massas e queijos.
Encorpado e envolvente,
possui um fi nal agradável
e atractivo.
101 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
PINOTDi Pinot Rosé
Espumante Rosé com bolha fi na, suave e
persistente. Límpido, este produto aromático
com frutas frescas e fl ores de acácia serve-se
entre os 8ºC e 10ºC. Um aperitivo imperdível
para acompanhar entradas, refeições leves e
iguarias da cozinha mediterrânica.
GANCIAGancia AstiSirva bem gelado
e como aperitivo.
Se preferir pode
acompanhar este
aroma frutado e fl oral
com uma sobremesa
requintada. Possui
notas de fl or de
laranjeira e de mel e
uma envolvente doçura.
GanciaVermouth
RossoVermelho ruby, rico e
elegante. Este Gancia é um aperitivo clássico, que
se destaca pelo aroma extremamente agradável. É perfeito se servir com
dois cubos de gelo e uma rodela de laranja, apresentando-se como uma bebida excelente para cocktails. Deve
ser degustado bem gelado.
VINHOS & CA.
O luxuoso restaurante do imponente hotel Le
Quartier Français, em Franschhoek, tem duas
particularidades que o tornam único e no mais
procurado por quem visita a região. A primei-
ra deve-se à sua classifi cação na lista dos 100
melhores restaurantes do mundo, pela revis-
ta ‘The San Pellegrino’. O 38º lugar (em 2009)
confere-lhe a designação de ‘o melhor’ do con-
tinente sul-africano. A outra razão chama-se
Margot Janse, a chef que há 12 anos presenteia
os seus clientes com especialidades divinais,
informações úteisMorada: 16 Huguenot
Road, Franschhoek, 7690
Telefone: +021 876 2151
Site: www.lequartier.co.za
Horário: Jantar apenas de
Segunda a Sexta-feira
Reservas: Obrigatório,
através do email
restaurant@lqf.co.za
Outros: Ar condicionado,
carta de vinhos, opção de
alimentação vegetariana
e estacionamento
GOURMET
le quartier français, áfrica do sul Toque feminino à mesa africana
102 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
prémiosThe World’s Best Restaurants
2005, 2006, 2007, 2008 e 2009,
pelo ‘Restaurant Magazine UK’
levando muitos a apelidá-la de ‘Alex Atala de
saias da África do Sul’. A estrela deste magní-
fi co espaço degustativo oferece aos visitantes
experiências de quatro, seis ou oito pratos de
um menu que se baseia em ingredientes sa-
zonais frescos. Para uma refeição mais ligeira
e relaxada ou para um simples café encontra
na área ‘Ici’ (‘aqui’ em francês) um local des-
contraído, repleto de cores vivas, conjugadas
com o inconfundível toque de classe e requin-
te francês.
| patrícia alves tavares
103 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
mozaic, bali, indonésia
É o único restaurante no Sudeste Asiático que conseguiu al-
cançar a prestigiante lista do ‘Le Grande Tables du Monde’.
O Mozaic oferece o que a Indonésia tem de melhor. O jardim
tropical, imagem idílica daquele país, recria um ambiente si-
multaneamente elegante e casual, em que o visitante se dei-
xa envolver pela harmoniosa paisagem enquanto desfruta de
uma refeição de qualidade suprema. O interior divide-se en-
tre a sala de degustação e a sala de refeições, cuja decoração
é inspirada no charme asiático. Os menus são autênticas mis-
turas de sabores oriundos da França, Ásia e da comida asiá-
tica. As criações resultam de várias horas de trabalho de uma
equipa de cozinheiros liderada pelo chef Chris Salons. Um
jantar no luxuoso Mozaic constitui uma autêntica aventura
degustativa e uma experiência única. No Bali, não há rival que
consiga aproximar-se da sinfonia das refeições, cujo colorido
dos menus se enquadra na perfeição no cenário envolvente.
Aqui espere sempre pelo imprevisível!
reconhecimento mundial
Les Grandes Tables du Monde 2009
Wine Spectator – Award of Excellence 2009
Miele Guide – Nº 6 Asia’s Finest Restaurants 2009/ 2010
The San Pellegrino World’s 50 Best Restaurants 2009
Hapa nº1 Most Innovative Western Cuisine Restaurant
anote
Morada: Jl. Raya Sanggingan, Ubud,
Gianyar – Bali 80571 – Indonésia
Contacto: +62 361 975768
Site: www.mozaic-bali.com
Email: info@mozaic-bali.com
reservations@mozaic-bali.com
catering@mozaic-bali.com
workshop@mozaic-bali.com
Reservas: Entre as 17.45h e as 21.45h (hora local),
via online ou para reservations@mozaic-bali.com
Horários: Terça-feira a Domingo, a partir das 18h
menus
O Mozaic Restaurant oferece uma autêntica experiência
degustativa, dispondo de seis menus ecléticos: Menu
Descoberta, Menu Surpresa, A escolha do Chef,
Menu Vegetariano e os famosos Menus de Tapas e
o Lounge Menu, ideal para um fi nal de tarde
104 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
VINHOS & CA.
café del mar, angola
No ano em que comemora dez anos de exis-
tência, o Café del Mar prova que é um dos lo-
cais mais apetecíveis para uma refeição leve
ou uma saída à noite. Pertencente ao mes-
mo proprietário do Coconuts, é o bar indicado
para os apreciadores de sandwiches ligerias e
pequenos-almoços junto à praia. Este Snack-
Bar/ Lounge benefi cia da magnífi ca vista pa-
ra o mar, convidando o cliente a desfrutar de
um excelente jantar enquanto escuta o bater
das ondas da ilha do Cabo (Luanda). O ambien-
te é jovem e informal, onde a música Chill Out
(sempre num volume aceitável) permite viver
momentos descontraídos. O seu público habi-
tual, com idades compreendidas entre os 25
e 40 anos, procura as especialidades da casa,
como as Tapas, os Hamburgers, as Pizzas e as
Sandwich. O espaço é marcado pela elegância
da decoração e de quem o visita (clientes de es-
trato social elevado), pelo que é muito procu-
rado ao fi nal do dia para apreciar um cocktail
e assistir ao pôr-do-sol após uma longa jorna-
da de trabalho. O serviço personalizado é uma
mais-valia. Contudo, é aos Domingos que o Ca-
fé del Mar tem maior afl uência. Entre as 10h e
as 13h, o serviço de Brunch Buffet atrai muitos
clientes que procuram um relaxante almoço à
beira-mar. À Terça-Feira à noite apresenta Ja-
zz ao vivo.
informações úteisMMorada: Av. Murtala Mohamed – Ilha do Cabo
Teelefone: 912205777
Emmail: coconutsluanda@netcabo.co.ao | coconutsluanda@hotmail.com
Hoorário: Segunda a Quinta-Feira das 17h às 24h, Sexta-Feira
até às 2h, Sábado das 10h às 2h e Domingo das 10h às 24h
Reeservas: Não é necessário efectuar reserva
MMais informmações: Possui área reservada para fumadores.
O espaço dispõe de multicaixa e aceita pagamentos com cartão Visa
GOURMET
LUXOS · ANGOLA’IN | 105 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
VINHOS & CA. BREVES | patrícia alves tavares
Aposta na formação nacionalA ViniPortugal encontra-se empenhada na formação vínica da população angolana, em particular
os jornalistas. Após a promoção de um workshop em Portugal, que deu a conhecer a cerca de 10
profi ssionais as principais adegas e produtores lusos, a entidade prepara-se para distribuir duran-
te este ano revistas portuguesas de referência, especializadas em vinho. Cinco redacções rece-
berão de forma gratuita a Revista WINE e a Revista de Vinhos. A iniciativa, em parceria com as
respectivas publicações, tem como “principal objectivo fazer chegar notícias actuais e especializa-
das sobre os Vinhos de Portugal”, destacou a area manager para Angola, Sónia Fernandes. Para
Julho, está ainda agendada a Prova Anual de Vinhos Portugueses em Angola, que será aberta ao
público em geral. A proliferação de eventos em território angolano está relacionada com o facto
deste se assumir como o principal mercado dos vinhos lusos em termos de valor de vendas. De
acordo com o Instituto da Vinha e do Vinho, em 2009, as exportações para o país africano cresce-
ram 19 por cento face a igual período de 2008.
Produção interna em 2014
Paraíso dos vinhos do AlentejoAngola assume-se como o principal mercado
dos vinhos oriundos do Alentejo, Portugal. O
país é o maior importador dos produtos da re-
ferida região, registando-se um aumento de
21,8% comparativamente a 2008. A Comissão
Vitivinícola da Região do Alentejo (CVRA) reve-
la que o volume de importações está avaliado
em 3.482 mil litros de vinho. Assim, de acordo
com os dados de 2009, o país surge na lideran-
ça das exportações do néctar alentejano, se-
guindo-se o Brasil, EUA e Suíça.
106 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
O centro e sul do país podem dar início à pro-
dução de vinhos dentro de quatro anos. A
opinião é do enólogo português Mário Lou-
ro que acredita que estão reunidas todas as
condições para o cultivo das uvas, uma vez
que o solo e o clima são propícios. O especia-
lista defende que a partir de 2014 será possí-
vel arrancar com o fabrico que se destinará a
abastecer o mercado interno com um produto
nacional, gerando novos postos de trabalho
e competindo com as marcas internacionais.
O especialista está convicto de que as inicia-
tivas das empresas público-privadas ao nível
do desenvolvimento da cadeia do vinho e da
disponibilidade de Portugal para apoiar os
investidores poderão culminar na assinatura
de protocolos entre os agentes nacionais e
lusos, com vista a analisar o índice de acidez
dos solos e a alteração das temperaturas.
Mário Louro destaca as províncias do centro
e sul, nomeadamente a do Huambo, como as
que reúnem melhores condições para cultivo
das vinhas. Sugere igualmente a produção
de vinhos brancos, visto que se trata de um
país quente, existindo uma forte tendência
para a criação de produtos tendencialmente
frescos. “Os vinhos brancos como os rosés,
por serem essencialmente mais suaves, dó-
ceis e com pouco álcool são adequados para
iniciantes no consumo de vinho e são mui-
to bons para acompanhar comidas africanas,
chinesas e italianas”, esclareceu, salientando
que a produção pode abrir o mercado a novos
consumidores.
Tesouro do Vinho do Porto A Enoteca Histórica do Instituto dos Vinhos
do Douro e Porto (IVDP), no Peso da Régua,
Portugal, guarda um verdadeiro tesouro, de
valor inestimável. São cerca de 1500 garra-
fas de vinhos do Porto, com várias décadas
e, na maioria dos casos, exemplares únicos.
Estas autênticas ‘jóias’ vínicas podem ser
apreciadas na Enoteca Histórica, um es-
paço que surgiu há cinco anos e agrega os
principais exemplares do ex-líbris da região
duriense. Ponto de visita obrigatório pa-
ra gourmets e apreciadores do néctar do
Porto, o mostruário apresenta, segundo
os gestores do equipamento, “os melhores
exemplares num espaço nobre que as pes-
soas podem visitar”. Os néctares, alguns
com mais de 70 anos, podem já não estar
em condições de serem consumidos. Contu-
do, esse não é o objectivo. O acervo histórico
é riquíssimo, incluindo rótulos que “marca-
ram uma época e já não existem”.
Sabores da horta
Olá meus amigos!
Para esta edição inspirei-me nos sabores italianos e preparei uma deliciosa receita rica em
baixas calorias. O risoto de salsichas de soja, tortulho e beringela é óptimo para os dias
quentes, assumindo-se como uma boa sugestão para uma refeição leve e rápida. O meu
conselho é para que sirvam este fantástico preparado com salada de rúcula, tomate cher-
ry, cenoura ralada e queijo feta. Dá um toque de requinte e confere ao prato o colori-
do das verduras, essenciais para uma alimentação saudável e equilibrada.
Para os apaixonados dos sabores nacionais, deixo uma dica importante: o
tortulho é idêntico aos cogumelos angolanos. Não se esqueça que para
prepará-los deve ferve-los em água e trocar a água no mínimo três ve-
zes consecutivas. Quando estiverem bem cozidos, pode reservá-los e
utilizá-los na preparação de qualquer refeição. Se preferir, pode tro-
car o tortulho pelos cogumelos e caso não seja apreciador das be-
ringelas pode substitui-las por brócolos. A minha indicação é que
experimentem das duas formas, criando assim duas refeições
semelhantes, mas com sabores distintos.
Contem-me como correu e qual o preparado que preferem.
Bom Apetite!
Wilson Aguiar sugere:
INGREDIENTES
Arroz italiano arbóreo
Tortulho fresco q.b.
1a embalagem de salsicha de tofu
1/2 alho francês picado
1/2 cebola média picada
Molho de soja
Beringela q.b.
Azeite
Pimenta branca
(moída no momento)
risoto de
salsichas
de soja,
tortulho e
beringela
CONFECÇÃO
Comece por cozer a beringela a vapor (ou em água se preferir). De seguida,
deverá fazer um refogado com a cebola e o alho francês. Assim que
estiverem translúcidos, junte o tortulho, o molho de soja (mais ou menos
três ou quatro colheres de sopa), tape o tacho e deixe estufar. Quando estes
reduzirem para metade do tamanho, deve acrescentar as salsichas partidas
em rodelas e adicionar mais molho de soja, na quantidade que desejar.
Tempere com pimenta e reserve.
Entretanto, numa panela, aloure a cebola em azeite e junte o risoto. Deixe
cozinhar durante dois minutos e vá acrescentando água aos poucos até
este cozer. Tempere com sal. Quando o arroz estiver cozido, junte ao
preparado anterior a beringela cozida e misture tudo muito bem.
107 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
VINHOS & CA. | wilson aguiar
MUNDO DIFÍCILA Angola’in conversou com a prestigiada es-
tilista Lisete Pote, que considera que “a in-
dústria da moda em Angola tem que evoluir
bastante”. A análise da especialista não dei-
xa dúvidas. “Nota-se evolução nos criadores,
pois muitos jovens estão a tentar abraçar esta
carreira, mas têm que adquirir o material fo-
ra do país”, adverte. A estilista coloca o dedo
na ferida. A ausência de produção interna na
área dos têxteis é a principal causa do cresci-
mento tímido da área, embora exista vontade
efectiva, algo que se verifi ca no aumento do
número de jovens interessados em criar rou-
pas e em desfi lar. Apesar de se tratarem de
áreas distintas, estas complementam-se e
não vivem isoladamente. O período da guer-
ra destruiu a maioria das fábricas, pelo que a
recuperação das infra-estruturas é demasia-
do recente para que se verifi quem resultados
imediatos. Lisete Pote é taxativa, asseguran-
do que “além da falta de material, o país pre-
cisa de apostar mais” nesta vertente. “Existe
boa vontade e força de trabalho, o que nos
falta nesta altura é uma indústria têxtil forte
e capaz de nos fornecer o material sufi ciente
para mostrarmos ao mun-
do que também sabemos
fazer coisas lindas”, escla-
receu, em declarações à
TPA. A formação é outro
dos factores apontados
pela criadora, que consi-
dera que ainda não têm
capacidade para exportar,
A promoção de eventos de moda indica que cresce o número de
interessados em criar uma indústria competitiva. Contudo, nem tudo vai
bem neste universo que desperta para os palcos africanos. Lisete Pote
aponta a ausência de uma indústria têxtil e de um instituto de moda
como as razões da fraca projecção de Angola no panorama internacional
CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares
108 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER
A apresentação das novas tendências de ves-
tuário agitou novamente a capital. A Moda
Luanda, que vai na 13ª edição, contou com a
presença dos criadores Tekassala, Ginga Neto,
Lucrécia Moreira e Elisabeth Santos. O even-
to movimenta cerca de 30 manequins femi-
ninos e 15 masculinos. Porém, apesar das
iniciativas, o sector está aquém das principais
capitais da moda, como Paris ou Milão. Num
momento em que as atenções estão voltadas
para as colecções da próxima estação, os es-
tilistas fazem o balanço da actividade. Os de-
safi os são muitos e a implementação de uma
indústria têxtil será decisiva para colocar os
criadores nacionais nas principais passerelles
europeias. Lucrécia Moreira é um desses ca-
sos de sucesso. A criadora tem brilhado no es-
trangeiro, vendo reconhecido o seu trabalho
que se caracteriza pelas linhas sofi sticadas e
pelos tecidos nobres, adaptados às particula-
ridades do continente. Recentemente, esteve
no Rio de Janeiro, no Brasil, para participar no
Fashion Business, o maior evento de moda e
acessórios daquele país. A estilista apresen-
tou a sua “Colecção Inverno Plural 2010”, que
integrou o projecto “África Universal”.
moda
Império dos Sentidos
“Infelizmente, ainda não existe uma escola de moda em nenhum sector” Lisete Pote
109 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |
assistindo-se apenas à comercialização de
“uma ou outra coisa” para o estrangeiro. Essa
será a última etapa de um longo caminho de
amadurecimento. Aliás, a criação de escolas e
de cursos profi ssionais será uma mais-valia
para ensinar os futuros criadores, que ainda
não dispõem de “muita formação”. Isso con-
duz a que se assista a “choques, pois muitas
das vezes ter a percepção das coisas não sig-
nifi ca ‘saber’”, admite. “Infelizmente, ainda
não existe uma escola de moda em nenhum
sector”, confi dencia, lembrando que esta acti-
vidade gera lucros, mas não muito altos. “To-
dos os criadores têm pequenos ateliers, pelo
que não existe muita capacidade de confec-
ção”, contrapõe.
“Já existem províncias que fazem desfi les anuais, como o Lubango, Cabinda e agora o Huambo”, salienta Lisete Pote
PRODUÇÃO NACIONALA falta de matéria-prima é de facto o proble-
ma que carece de solução urgente. Além de ca-
ros, os tecidos têm pouca qualidade, situação
que fi caria minimizada com a criação de fábri-
cas especializadas, algo que permitiria uma
maior abertura do mercado. É o passo que
falta para que o país dê o salto quantitativo
e qualitativo. Apesar das difi culdades, o sec-
tor fervilha de eventos. “Já existem províncias
que fazem desfi les anuais, como o Lubango,
Cabinda e agora o Huambo”, revela Lisete Po-
te, em declarações à Angola’in. Mas, tal como
a capital se depara com as difi culdades de in-
fra-estruturas, o mesmo se passa com as pro-
víncias, que como “são meios mais pequenos,
sentem mais que em Luanda”. Em relação a
jovens criadores com potencialidades, a íco-
ne da moda admite que existem alguns, mas
ainda em número reduzido face às dimensões
do país. Quanto a destacar alguém escolheria
um criativo que “se tem empenhado”, o Me
Sente (Avelino do Nascimento). “É um novo
talento, uma vez que é muito jovem”, reitera.
Já a estilista Elisabeth Santos é mais optimis-
ta. Nas últimas declarações à imprensa refe-
riu acreditar que os novos profi ssionais terão
mais oportunidades, visto que a tendência é
para que o sector cresça, enquanto afi rma que
recebe no atelier muitos iniciantes que se re-
velam bastante criativos e inovadores. A cria-
dora, que entrou no ramo com apenas 17 anos,
é considerada uma das referências nacionais
pelo seu talento para confeccionar trajes afro-
ocidentais. As peças resultam de pesquisas
sobre os hábitos e tecidos tradicionais afri-
canos, estando representadas no Museu de
Ovar, em Portugal.
‘A ausência de produção interna na área dos têxteis é a principal causa do crescimento tímido da área’
‘BOOM’ DOS MANEQUINSA formação de modelos é actualmente uma
das áreas que tem sofrido maiores reestrutu-
rações, verifi cando-se uma crescente profi s-
sionalização da classe. A promotora do curso
de moda que decorreu nas vésperas do Moda
Luanda, Cláudia Mittler, mostra-se confi an-
te quanto ao envolvimento dos jovens talen-
tos nesta área. “Temos um novo projecto de
educação para modelos e para isso convida-
mos alguns manequins internacionais para
ministrarem todos os conhecimentos da área
da moda”, anunciou, em entrevista à Angop,
onde salienta que a formação contará com a
colaboração da portuguesa Erika Oliveira e da
brasileira Jucicleide Freire. O objectivo deste
seminário consiste num intercâmbio de in-
formações com os profi ssionais estrangeiros,
para que seja possível criar a curto prazo uma
academia de moda. Por seu lado, Lisete Pote
destaca Karina Silva e Sharam, como as reve-
lações do momento que, segundo a estilista,
têm possibilidade de crescer no mundo da mo-
da nacional e internacional. Aliás, a angolana
Sharam foi a vencedora da última edição do
concurso ‘Supermodel of the World Portugal’,
ultrapassando as 29 concorrentes. A modelo
de 18 anos obteve o prémio Manequim Reve-
lação 2008 e o de Melhor Manequim Feminino
2009. Após várias participações nos principais
eventos nacionais, a jovem disputou este ano
a fi nal do ‘Supermodel of the World’. A pen-
sar na diversifi cação do mercado e na criação
de nichos especializados, a agência Agepango
Models tem vindo a dedicar-se ao desenvol-
vimento e internacionalização da moda mas-
culina. No último ano, a entidade organizou o
seu quarto casting, que contou com uma forte
adesão dos candidatos. Esta área tem muitas
potencialidades, uma vez que está por explo-
rar e se tem constatado um crescente interes-
se dos homens pelas tendências da moda.
APELO AO INVESTIMENTOA Agepango Models é um
dos principais intervenientes
no despertar de consciên-
cias, defendendo exaustiva-
mente a necessidade de se
apostar mais neste ramo,
nomeadamente as empre-
sas públicas, que devem ter
uma responsabilidade social
corporativa. A empresa de
consultoria cultural, moda e
eventos defende uma maior
interacção e intercâmbio
entre os múltiplos agentes
da moda. “É necessária uma
política e prática de concorrência leal e profi s-
sional, bem como de promoção de projectos
de interesse comum, em prol do desenvolvi-
mento, profi ssionalismo e internacionalização
da moda angolana”, cita um documento di-
vulgado pelo organismo. Já os estilistas quei-
xam-se do pouco crédito que as agências dão
aos criadores. “A moda está a ser dominada
pelos donos das agências de modelos que ao
invés de engrandecerem o estilista, promo-
vem eventos para simples promoção das suas
agências e dos seus manequins”, citou Lise-
te Pote, numa entrevista publicada pelo se-
manário ‘O País’. A ‘senhora’ da moda deixa
igualmente o apelo para que haja um maior
investimento, quer por parte do sector púbico,
quer dos privados, de modo a garantir a afi r-
mação da produção nacional.
CULTURA & LAZER | manuela bártolo
110 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER
PROGRESSO Que análise faz do cinema angolano?O cinema angolano, como a maior parte do ci-
nema africano no início, era muito ligado à lu-
ta de libertação do seu país. Depois passou por
uma fase onde a guerra civil era uma persona-
gem principal ou secundária como em fi lmes
“O Herói” e “Na Cidade Vazia”. Actualmente,
numa sociedade onde não existe investimen-
to na área do cinema e onde os factores so-
ciais urbanos começam a ser tema principal,
vemos jovens a fazerem produções de vídeo
amador que, apesar da sua baixa qualidade
técnica, enchem as poucas salas de cinema
do país. Este crescimento do vídeo amador é
muitas vezes comparado com o cinema nige-
riano, que tem a terceira maior indústria de
cinema do mundo - Nollywood. Devemos ter
muito cuidado com este fenómeno porque,
apesar de ser uma indústria grande, o cinema
nigeriano é essencialmente consumido pela
Nigéria, com cerca de 150 milhões de habitan-
tes. É um cinema que não tem espaço no cir-
cuito internacional. Como realizador angolano,
quero que os meus fi lmes e o nosso cinema
cresça não só cá dentro, mas também lá fora.
As prioridades devem ser a lei do cinema e do mecenato, pois é uma indústria que pode trazer grandes avanços socioeconómicos
Quais as prioridades e desafi os que a área enfrenta?Acredito que as prioridades devem ser a lei do
cinema e do mecenato. Se isto for criado po-
derá abrir portas e ajudar a colmatar um dos
maiores problemas do cinema em Angola - a
falta de investimento. Precisa-se investimento
não só para os fi lmes, mas principalmente pa-
ra a formação de quadros e meios para realiza-
ção de produções. A sociedade precisa perceber
que o cinema é uma indústria que pode trazer
grandes avanços socioeconómicos. Aproveito,
por isso, a oportunidade para agradecer o apoio
do Banco Africano de Investimentos (BAI), pa-
trocinador ofi cial do fi lme. Este banco tem vin-
do a fazer fortes investimentos na cultura do
país e abriu as suas portas à sétima arte pe-
la primeira vez, com o nosso fi lme, Alamba-
mento. Olhem para o Brasil e a Petrobras. A
Petrobras apostou fortemente na cultura e no
cinema no Brasil, hoje o cinema brasileiro não
só tem forte presença a nível do seu país, como
ajudou a projectar a imagem do mesmo a nível
internacional.
O FIC Luanda é um bom exemplo do caminho a seguir para impulsionar a produção cinematográfi ca?O FIC Luanda é sem dúvida uma boa iniciativa,
contudo acaba por ser meio inconsequente se
não estiver alicerçado em outras actividades. É
importante que se comece a investir primeiro
na formação dos tantos jovens com vontade e
talento de se entregarem de corpo e alma ao
cinema, para daqui a alguns anos começarmos
a recolher os frutos desse investimento. O FIC
Luanda de momento só ganha no aspecto de
incentivar as pessoas a irem ao cinema duran-
te o período em que decorre o festival e para
isso não há necessidade de haver um festival.
Ao nível dos produtores, realizado-res, actores e argumentistas existem talentos e indivíduos com qualidade para dinamizar esta actividade?Talentos com qualidade para dinamizar es-
ta actividade existem, mas à maioria faltam
noções básicas do sector. Nós temos muitos
actores de teatro com uma boa formação e
que dariam excelentes actores para o cine-
ma e televisão. Ao nível de produtores, acre-
dito que podemos encontrar mais facilmente
quadros de outras áreas das artes, que não
teriam difi culdades em transitar para o ci-
nema. A nossa maior carência está ao nível
dos realizadores. Para esta posição é preciso
ter conhecimentos de tudo um pouco dentro
das mais diversas áreas do ramo.
Quanto à formação, existem espaços sufi cientes e com as infra-estrutu-ras necessárias para a aprendiza-gem dos jovens? Espaços existem, agora têm que ser cria-
das as infra-estruturas necessárias. Temos
poucas formações, a maioria em formato de
workshops dada principalmente por estran-
geiros e de forma pouco sequencial. Esta si-
Com apenas 23 anos, Mário Bastos é a jovem promessa
do cinema nacional. Luandense de raça, continua a senda
de retratar a cidade que o viu nascer, depois de já ter
conquistado um dos mais cobiçados prémios de arte do país
– o FicLuanda 2008 (Prémio Cidade de Luanda), com o fi lme
Kiari. Em entrevista à Angola’in revela os segredos do seu
mais recente projecto – a curta-metragem Alambamento.
“O talento éestimulado, não inato”fotografi as de produção massalo araújo
111 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |
tuação é compreensível numa primeira fase,
mas tendencialmente temos que começar a
ganhar independência em termos de quadros.
De momento, no estrangeiro podemos encon-
trar melhor formação, mas acredito que aqui
há muito mais possibilidades e oportunidades
de crescer na área, pois tudo ainda está muito
por explorar. Mas somos capazes de criar na-
cionalmente com qualidade, aproveito para
elogiar o trabalho do Horizonte Njinga Mban-
de que tem sido incansável na promoção do
teatro e cinema nacional. Quem entrar no ra-
mo agora, vai crescer com ele, pois o cinema
está a renascer em Angola.
Há muito talento por explorar?Sou daqueles que defende que o talento é
algo estimulado, não inato. O percurso pes-
soal tem um grande impacto no processo
criativo. O facto de em Angola termos esta-
do recentemente expostos às mais diversas
adversidades, rápida mudança e a múltiplas
infl uências, obrigou-nos a utilizar a criativi-
dade e a fl exibilidade como meio de sobrevi-
vência. Todas estas experiências e emoções
podem oferecer muito ao mundo do cinema.
Agora é preciso que o Governo e as grandes
instituicões privadas invistam na formação
desdes talentos para que eles tenham as ba-
ses e ferramentas necessárias para melhor
desenvolverem as suas áreas de trabalho.
O cinema é um espelho da sociedade que inspira a mudança
O cinema atravessa fronteiras?O cinema não só tem essa qualidade trans-
versal, como também é intemporal. Um fi lme
como “Tempos Modernos,” de Charles Chaplin
teve a capacidade de mostrar ao mundo a si-
tuação do operário na sociedade americana
industrializada dos anos 30. Este fi lme visto
agora não só nos mostra um período da histó-
ria, mas também faz com que olhemos para a
nossa sociedade actual de forma mais crítica,
onde as máquinas ou os computadores assu-
mem um papel principal e onde o homem se
torna cada vez mais um mero espectador. O
cinema é um espelho da sociedade que inspira
a mudança.
O mundo precisa de conhecer as his-tórias africanas. O cinema é o veí-culo ideal?
Acredito que se os nosso fi lmes forem in-
corporados com os dois melhores veículos
de informação do nosso século - a internet
e a televisão - podemos ter uma ferramenta
muito forte para dar a conhecer ao mundo
as nossas histórias. Infelizmente as histó-
rias que saem deste continente são conta-
das muitas vezes por estrangeiros e apenas
retratam cenários de guerra e tragédia. Pre-
cisamos também de mostrar ao mundo os
nossos romances, as nossas comédias, os
nossos mitos e lendas. Precisamos de cine-
ma africano feito por africanos.
O REALIZADOR Quando descobriu a paixão pelo ci-nema?Em Angola, cresci com a cultura do vídeo clu-
be e fi lmes piratas, pois as salas de cinema
não estavam em funcionamento e quan-
do estavam era para dar concertos e galas.
Vi clássicos como Indiana Jones e a trilogia
do Rambo em VHS e no pequeno televisor
da sala dos meus pais. O cinema foi aquela
“pessoa” que sempre tive do meu lado des-
de criança, mas que só compreendi quão im-
portante era para mim quando tinha 16 anos.
Desde então, tenho como rotina ver pe-
lo menos um fi lme por dia. Desde os fi lmes
mais comerciais aos fi lmes independentes,
passando até pelos bonecos animados, ve-
jo tudo, porque aprendo, viajo, distrai-me e
porque é a minha profi ssão.
As adversidades, a rápida mudança e as múltiplas infl uências, obrigou-nos a utilizar a criatividade e a fl exibilidade como meio de sobrevivência
CULTURA & LAZER
112 | ANGOLA’IN · CULTURA & LAZER
Como tem sido o seu percurso pro-fi ssional? Foi necessário muito tra-balho e determinação para alcançar o sucesso ainda tão jovem?A minha dedicação é inquestionável, contu-
do não sinto que tenha sido um martírio, pois
quando me levanto às 3 ou 4 da manhã para ir
trabalhar durante 16 horas numa produção no
meio do Inverno sinto-me vivo. Sinto que es-
tou a fazer aquilo que gosto e não me custa.
Tive sim, e isso é imprescindível, um suporte
incondicional da minha família e amigos. Acre-
dito que até agora tenho tido um percurso pro-
fi ssional muito bom e com muita sorte. Um
realizador de cinema começa a ser reconheci-
do como tal e a estabelecer-se normalmente a
partir dos 30 anos, eu só tenho 23. No entanto,
acho um pouco prematuro assumir que alcan-
cei o sucesso. É um facto que já tenho traba-
lhos reconhecidos, mas o caminho ainda é
longo até os meus fi lmes chegarem a qualquer
sala de cinema no mundo, vídeo clubes ou até
mesmo no mercado pirata, do qual já fui um
grande consumidor.
A paixão pela fotografi a é outra das suas facetas. São áreas que se in-terligam?Costumo dizer que a minha paixão é a foto-
grafi a e o meu amor o cinema. São defi niti-
vamente áreas que se interligam. Comecei na
fotografi a, tal como no cinema de forma es-
pontânea. O meu professor e mentor foi Vi-
torio Henriques, um dos pioneiros do cinema
angolano. Com ele aprendi que o cinema não
existe sem a fotografi a e difi cilmente posso
existir sem os dois.
Gostaria de conciliar as duas artes? Sente-se mais fotógrafo ou mais ci-neasta?Neste momento sou cineasta como profi ssão
e faço fotografi a como hobby. Acho que este
é o melhor equilíbrio que encontrei. Preciso do
caos do cinema, mas a fotografi a é a minha
maneira de voltar à essência do cinema e bus-
car uma paz de espírito que às vezes fi ca difícil
na confusão de uma produção. Na fotografi a
sou eu sem stress e sem dependências a con-
tar uma história num só clique, enquanto no
cinema existe um grupo de pessoas que de-
pendem umas das outras e onde uma história
é contada em vários cliques.
O que é que o infl uencia nas suas produções?Tudo. Sou infl uenciado por tudo o que vivo,
pelos sítios onde passo, pelas pessoas com
quem me cruzo, livros que leio, música, co-
mida, fi lmes que vi e até sonhos que já tive.
Todas as minhas personagens para além de
terem um pouco de mim têm um pouco das
pessoas que me rodeiam. Levo sempre comi-
go pequenos blocos de notas onde aponto e
colo tudo o que me desperta atenção, já pas-
sei por muitas cidades com eles, mas Luanda
é defi nitivamente a mina de ouro quando se
trata de inspiração.
Kiari foi a sua terceira curta-me-tragem e a que arrecadou inúmeros prémios. Que balanço faz desse pro-jecto? Foi o reconhecer da sua dedi-cação?Kiari foi a minha primeira produção a sério,
com uma equipa completa, um plano de pro-
dução com todas as fases bem delineadas e
um orçamento sólido. Estas condições permi-
tiram que a produção no fi m entregasse um
trabalho com qualidade técnica e artística pa-
ra passar em festivais internacionais. Os pré-
mios trouxeram sem dúvida muita confi ança
para mim e para o resto da equipa. Foi a partir
deste fi lme que comecei a ser visto e tratado
como realizador.
Já participou em diversos festivais, mas sente sempre necessidade de mostrar as suas produções na sua terra natal. É importante para si mostrar o seu trabalho ao país?É extremamente importante passar os meus
fi lmes em Angola. Sou um realizador angola-
no. É uma questão de respeito pelos actores,
colaboradores e público que acredita no meu
trabalho. Infelizmente, muitas vezes temos
de ser reconhecidos lá fora primeiro, antes de
sermos respeitados aqui dentro. Aconteceu
assim com outros cineastas angolanos e res-
pectivos projectos, também não foi diferente
comigo e a curta Kiari. Espero que no futuro
esta situação mude. E para além de passar-
mos os fi lmes aqui, vamos produzir os fi lmes
e com o maior número de angolanos possível.
Só a produzir cinema nacional e a passá-lo em
Angola é que a nossa indústria de cinema po-
derá aparecer.
Luanda é defi nitivamente a mina de ouro quando se trata de inspiração
113 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |
Considera-se um pioneiro do cinema independente de Angola? Primeiro, acredito que em Angola só há ci-
nema independente. Ainda não temos uma
indústria ou nada que se assemelhe para con-
siderar as famosas guerras entre cinema co-
mercial e independente. Não me considero
um pioneiro, pois os pioneiros do nosso cine-
ma apareceram na década de 70. Considero-
me parte de uma nova geração com vontade e
capacidade de trazer a cultura do cinema na-
cional para as nossas salas de cinema.
Projectos para o futuro? A sua car-reira passa por Angola? A minha carreira não só passa por Angola, co-
mo é aqui que pretendo que se estabeleça.
Fui para fora com o objectivo específi co de me
formar e fazer contactos na área, mas estive
sempre muito ligado à terra e com o regres-
so em mente. É uma honra e inspira-me tra-
balhar para o desenvolvimento do cinema do
meu país. Estou neste momento, a desenvol-
ver o guião para a minha primeira longa-me-
tragem que vai ser realizada cá.
ALAMBAMENTO Brevemente estreará o fi lme Alam-bamento. Como está a decorrer a produção?A produção do fi lme está decorrer de acordo
com os prazos estipulados e dentro de duas
semanas vamos entrar em estúdio para mon-
tarmos o som do fi lme. A pós- produção está
a ser feita em San Francico, EUA.
Em que se inspirou para este fi lme?Este fi lme nasceu da necessidade de que-
rer fazer uma produção de fi cção em Luanda
antes de me mudar para cá de vez. Queria ter
uma noção do que é realmente fazer um fi lme
em Luanda. Foi em pesquisas nos rabiscos dos
meus blocos de notas que encontrei um apon-
tamento antigo que retratava o pânico de um
conhecido desesperado ao saber que tinha na
sua longa lista de Alambamento um gerador.
Confesso que ao relembrar a cólera e indigna-
ção do rapaz sorri e apercebi-me que estava
perante uma situação digna de um fi lme. A is-
to juntei outras experiências por mim vividas e
assim nasceu a ideia do “Alambamento”.
Alambamento é um retrato de An-gola?Não acredito que seja um retrato de Angola,
mas pode-se considerar um dos muitos retra-
tos da cidade de Luanda. A cidade é um per-
sonagem de grande importância neste fi lme.
Nele podemos ver questões do quotidiano que
se manifestam numa cidade e sociedade que
cresce ao segundo e de forma desregrada.
Quais são as suas expectativas pa-ra este trabalho? Este fi lme será como um cartão de visita do
trabalho que posso desenvolver em Angola.
Por se tratar de uma curta-metragem terá
como principal público os festivais de cinema
nacionais e internacionais. Eu, tal como o res-
to da produção, acreditamos desde o princípio
na qualidade técnica e potencial do projec-
to e consideramos que respeita os requisitos
de qualidade de um bom fi lme, contudo é um
pouco premeditado falar em sucesso. Esta-
mos expectantes em relação à reacção do pú-
blico, é normal.
O processo de criação é diferente da abordagem que se tem quando se produz uma curta-metragem fora de Angola? É mais complexo?É na parte técnica e de pré-produção que acre-
dito que a abordagem muda muito em rela-
ção a uma produção no exterior. Se é certo que
imprevistos sempre acontecem, produzir ci-
nema em Angola exige necessariamente mui-
to maior jogo de cintura e planos alternativos,
pois existem mais factores que não contro-
lamos, fora os orçamentos que são franca-
mente mais caros. Mas no fi m a força dada
por algumas pessoas e instituições acaba por
compensar e equilibrar uma pouco a balança.
Acredita que a população se encon-tra preparada para apreciar e ade-rir ao cinema nacional e aos novos formatos que podem surgir?Apesar da maior parte dos fi lmes que se con-
somem aqui virem de Hollywood, acredito que
sim. Os angolanos estão mais do que prontos
para verem e ouvirem histórias com sabor da
terra. O público tem a necessidade e gosta de
ver a sua cidade, o seu bairro, ouvir a sua lín-
gua no grande ecrã. Conseguir que a pessoa
que esteja a ver o fi lme se relacione ou identi-
fi que com a que está ver é fundamental para
o sucesso de um fi lme.
antónio ole
Criador de inspiração inesgotável
114 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES
PERSONALIDADES | patrícia alves tavares
Artista plástico, fotógrafo e realizador ango-
lano, António Ole é reconhecido internacio-
nalmente pela criatividade e versatilidade das
suas produções. Descendente de família por-
tuguesa e angolana, o pintor nasceu em Luan-
da, em 1951. Detentor de uma obra complexa,
em que à panóplia diversifi cada de meios se
junta o cruzamento de diversas infl uências, é
uma das principais fi guras da arte contempo-
rânea africana.
É em Luanda, cidade onde vive e trabalha, que
António Ole encontra os estímulos para o seu
processo criativo, embora a vertente cosmopo-
lita seja uma constante na sua produção. Sen-
do na pintura que o artista mais se evidencia.
Com mais de quatro décadas de carreira, ex-
pôs pela primeira vez em 1967. Possui no seu
espólio inúmeras exposições individuais e tem
integrado ao longo do seu percurso uma série
de importantes mostras internacionais, como
‘Afrika Remix’, ‘Transferts’, ‘The Short Century’,
‘Mens Momentanea’, ‘Die Anderen Modernen’,
‘Rencontres de la Photographie Africaine de
Bamako’, bem como as bienais de Dakar, Joa-
nesburgo, Havana e Veneza.
TALENTO MULTIDISCIPLINARO percurso de António Ole é marcado, desde o
início, pela sua apetência para diversas artes.
Este ícone nacional possui trabalhos de dese-
nho, pintura, escultura, colagem, fotografi a,
vídeo e cinema. Por outro lado, o artista des-
taca-se pela abordagem de diferentes con-
textos culturais, que vão desde as referências
ocidentais à visão da terra natal (Angola con-
temporânea e as tradições africanas). A sua
inesgotável inspiração conduziu-o à equipa do
“Contrato Popular”, um programa radiofónico
de 1974, tendo participado na cobertura das ce-
lebrações do 11 de Novembro, em 1975, na Te-
levisão Popular de Angola. O criador conduziu
ainda vários documentários e vídeos, como foi
o caso de “Os Ferroviários”, “Aprender”, “Car-
naval da Vitória” e do fi lme “Ngola Ritmos”,
produzido nos anos 50, mas apenas exibido 11
anos depois.
As infl uências da sua obra são igualmente
resultado do percurso académico. Diploma-
do pelo Center for Advanced Film Studies do
American Film Institute (Los Angeles), Antó-
nio Ole estudou cultura afro-americana e ci-
“O meu trabalho (no fundo, eu próprio) resulta do encontro de duas culturas - a cultura africana e a cultura europeia. Isso é uma evidência de que não posso, de maneira alguma, abstrair-me e que não posso negar. Não, eu sou produto desse encontro de culturas”, António Ole
nema na UCLA (Universidade da Califórnia). A
paixão pela aprendizagem é uma constante na
evolução profi ssional do artista, que conquis-
tou diversas bolsas: em 1983/84 foi bolseiro da
Gulf Foundation nos EUA, em 1995/96 esteve
no Centro Nacional de Cultura em Lisboa (Por-
tugal) e frequentou ainda a DAAD (Berlin) e o
Prince Claus Fund (The Hague). Aliás, a sua pri-
meira apresentação internacional aconteceu
em 1984, no Museum of African Art, em Los
Angeles. Desde então, Ole nunca mais parou e
já mostrou o seu trabalho nos espaços de arte
mais importantes do mundo.
Esteve recentemente em Portugal, onde inau-
gurou uma exposição que circulou por vários
continentes e cidades e que completa um ciclo
de trabalho iniciado na década de setenta. A
mostra, intitulada ‘Na pele da Cidade’, e que es-
teve em exibição até fi nais de Janeiro, foi visio-
nada por mais de dois milhões de visitantes em
todo o mundo. Além das fotografi as sobre as
construções dos musseques, aquele que é con-
siderado o artista plástico da actualidade expôs
uma das obras da série ‘Township Walls’, que foi
desenvolvida em Dusseldorf (Alemanha), em
Julho de 2004. Durante o certame, Ole apresen-
tou ainda outro projecto multidisciplinar, desig-
nado ‘Margem da Zona Limite’, que se baseia
em fotografi as das ruínas das zonas marginais
de Luanda e que estiveram na origem das su-
as colagens de cascas de paredes, (re)trabalha-
das pelo criativo. Esta exposição representou o
fi m de um ciclo criativo, pelo que os admirado-
res da vasta obra deste angolano multifacetado
aguardam mais novidades para este ano.
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ano iii · revista nº11 · 2010
700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros
ISSN 1647-3574
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º11
Nº11
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