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A Alta de eniçã ão Revolucionar o modo como se vê televisão. É essa a promessa inerente à passagem do analógico para o digital. Toda uma nova experiência com o pequeno ecrã, possível de alcançar até 2013, a que o Governo adere através de incentivos financeiros a uma inovação global liderada pelos EUA M Marke et ting d de guer rrilha A (re)conhecida ‘batalha’ das marcas assume hoje contornos mais agressivos, em que os ‘grandes’ utilizam todos os meios para alcance dos fins. Uma táctica de marketing que concilia a surpresa, com o inesperado e que tem garantido o sucesso de algumas das principais marcas mundiais G Gás na atural, , o desa ao BP, Chevron, ExxonMobil, Sonangol e Total uniram-se numa joint-venture para desenvolver o projecto LNG Angola, a iniciar funções em 2012. A política do Governo é clara, com o objectivo da exportação nos comandos. Aumentar as receitas e produzir energia limpa fazem parte também da estratégia angolana para o sector A aproximação da Comunidade Inglesa a Angola revela ‘segredos’, cada vez mais, evidentes - os altos interesses britânicos neste mercado. Um assédio que se estende à CPLP e que abrange 61 nações, com quase dois biliões de pessoas. Sectores como a banca ou as novas tecnologias estão na mira dos investidores ingleses Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades ano iii · revista nº13 · 2010 700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros ISSN 1647-3574 SUA MAJESTADE, A COMMONWEALTH

Revista Angola'in 13

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Angola é o próximo alvo da Commonwealth. A organização britânica integra um conjunto de países, na sua maioria ex-colónias (excepto Moçambique e Ruanda), que interagem através de parcerias. A estabilidade política e social dos últimos anos despertou o interesse dos empresários da comunidade, que se mostram disponíveis para investir na diversificação económica e para aliviar a dependência do sector petrolífero.

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AAlta deefi niçããoRevolucionar o modo como se vê televisão.

É essa a promessa inerente à passagem

do analógico para o digital. Toda uma nova

experiência com o pequeno ecrã, possível

de alcançar até 2013, a que o Governo adere

através de incentivos fi nanceiros

a uma inovação global liderada pelos EUA

MMarkeetting dde guerrrilha

A (re)conhecida ‘batalha’ das marcas assume

hoje contornos mais agressivos, em que

os ‘grandes’ utilizam todos os meios para

alcance dos fi ns. Uma táctica de marketing

que concilia a surpresa, com o inesperado

e que tem garantido o sucesso de algumas

das principais marcas mundiais

GGás naatural,, o desaafi oBP, Chevron, ExxonMobil, Sonangol e Total

uniram-se numa joint-venture para desenvolver

o projecto LNG Angola, a iniciar funções em 2012.

A política do Governo é clara, com o objectivo da

exportação nos comandos. Aumentar as receitas

e produzir energia limpa fazem parte também

da estratégia angolana para o sector

A aproximação da Comunidade Inglesa a Angola revela ‘segredos’, cada vez mais, evidentes - os altos interesses britânicos neste mercado. Um assédio que se estende à CPLP e que abrange 61

nações, com quase dois biliões de pessoas. Sectores como a banca ou as novas tecnologias estão na mira dos investidores ingleses

Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades

ano iii · revista nº13 · 2010700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros

ISSN 1647-3574

SUA MAJESTADE, A COMMONWEALTH

3 IN LOCO · ANGOLA’IN |

A Direcção

in loco

Quem apelida Agosto de ‘silly season’ é por-

que ainda não leu esta edição da Angola’in.

Um número onde as novidades não faltam

e a informação assume posição de destaque

com uma Grande Entrevista a Álvaro Sobri-

nho, presidente do Banco Espírito Santo de

Angola. Ao longo de sete páginas, uma das

principais fi guras da banca nacional revela

em exclusivo os projectos da instituição para

o corrente ano. O balanço de 2009 faz antever

um forte crescimento da entidade em Luanda

e nas províncias, sem esquecer os projectos

sociais que o BESA apoia. Factores que mo-

tivaram o banqueiro a analisar o mercado e o

crescimento económico da última década.

O relacionamento africano com o exterior es-

tá igualmente em relevo. O interesse da Com-

monwealth em Angola é um dos temas a não

perder. A organização europeia, de raiz britâ-

nica, está a aproximar-se, cada vez mais, do

país, sendo que este está no topo das pre-

ferências dos empresários ingleses que an-

seiam por investir nos diversos sectores. E,

(talvez) surpreenda-se, o petróleo não é a

prioridade! O objectivo passa por desenvolver

domínios com potencial de crescimento, que

permitam a diversifi cação económica. O Fun-

do de Negócios Africano tem promovido des-

de 2005 o relacionamento entre empresários

dos dois países, pelo que, actualmente, as-

siste-se à participação do Executivo de José

Eduardo dos Santos em cimeiras organizadas

pela Commonwealth.

E se de petróleo falamos, importa referir que

para aliviar a dependência deste sector, o Go-

verno está a apoiar o projecto LNG (Gás Na-

tural Liquefeito), uma alternativa energética

para reaproveitar os resíduos provenientes da

produção do crude, evitando a sua queima.

De ‘silly’ tem muito pouco!Ao contribuir para a redução da emissão de

gases poluentes, Angola está a dar um passo

decisivo na diversifi cação das suas exporta-

ções. A fábrica entra em actividade em 2012

e terá como principal cliente o mercado dos

EUA. A nível interno, o plano será decisivo pa-

ra a emancipação da província onde está ins-

talado (Soyo), criação de empregos e oferta

de gás natural para consumo doméstico.

Para concluir, fazemos uma retrospectiva

de dois meses memoráveis para o continen-

te africano – Junho e Julho. A organização do

maior evento de futebol da FIFA, o Mundial de

2010, foi um desafi o abraçado com sucesso

pela África do Sul e que ninguém quer esque-

cer. Durante um mês, o mundo focou as aten-

ções na região sul-africana para acompanhar

o evento capaz de unir povos em prol de uma

única bandeira: a do desporto. A Angola’in

não podia deixar de assinalar este marco im-

portante, que representa uma nova etapa pa-

ra o crescimento das nações africanas.

O país e o continente provaram ser capazes

de estar ao nível dos melhores na recepção de

uma prova desta envergadura. Elaboramos,

por isso, um suplemento sobre o Mundial

de Futebol, numa edição de coleccionador.

Queremos que mais tarde recorde os melho-

res momentos e reveja as personalidades de

uma competição que vai fi car na história pe-

los inéditos e recordes superados. Conheça as

caras do jogo, as surpresas e as desilusões, as

estatísticas, o percurso dos novos campeões

(Espanha conquistou o primeiro título) e os

eleitos da FIFA e dos leitores da Angola’in.

Bons motivos para não perder a 13ª edição!

COMUNICARE - PortugalJ&D - Consultores em Comunicação, Lda.

NPC: 508 336 783 | Capital Social: 5.000€

Rua do Senhor, 592 - 1º Frente

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Delegação Angola’inRepresentante: Lisete Pote

Rua Rainha Ginga, nº 228, 2º andar

Mutamba - Luanda - Angola

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revista nº13 - 2010

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Direcção Executiva Daniel Mota Gomes - [email protected]ão Braga Tavares - [email protected]

Direcção Editorial Manuela Bártolo - [email protected]

Redacção Patrícia Alves Tavares - [email protected]é Sibi - [email protected] Vieira - [email protected]

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Departamento FinanceiroSílvia Coelho

Departamento Jurídico Nicolau Vieira

Impressão PERES-SOCTIP, Indústrias Gráfi cas, SA

DistribuiçãoANGOLA - MN DistribuidoraPORTUGAL - Logista

Tiragem7.500 exemplares—ISSN 1647-3574

DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—

Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,

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fi ns, inclusive comerciais

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6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO

a febre das redes sociaisA maioria dos cibernautas já não consegue viver sem elas. As redes que promovem o intercâmbio de informações e o relacionamento virtual entre pes-soas de diferentes países e culturas vieram para fi -car. Conheça o que mudou na vida dos utilizadores da Internet com o aparecimento do Hi5, Facebook, Twitter ou Orkut, formas de comunicação que es-tão a revolucionar o contacto empresarial (interno e com os clientes)

marketing de guerrilha O conceito surgiu na década de 80, mas nunca foi tão utilizado como actualmente. A ferramenta de marketing, inicialmente associada às pequenas empresas com pouco poder económico para inves-tir em publicidade e para projectar-se nos meios tradicionais, transformou-se numa prática recor-rente das grandes marcas. Compreenda de que for-ma o seu negócio pode prosperar com estratégias baseadas no imprevisto e na originalidade

ANGOLA IN PRESENTE

IN LOCO

EDITORIAL

03

10

INSIDE

MUNDO

12

16

SOCIEDADE ECONOMIA & NEGÓCIOS - IN(TO) BUSINESS

36 30

IN FOCO

angola e a commonwealthA aproximação entre o país e a organização de raiz britânica é cada vez mais evidente e consistente. A comunidade pondera um alargamento às nações africanas e o Governo angolano está a trabalhar no sentido de captar investimento. O interesse dos empresários da Commonwealth em Angola visa múltiplos domínios, mostrando-se disponíveis para apostar na diversifi cação económica. Confi ra os moldes desta parceria e o papel do Fundo de Negócios Africano no relacionamento e cooperação entre os dois Estados

20

50

112

FOTOREPORTAGEM

LIVING

7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |

ECONOMIA & NEGÓCIOS

energia limpa

O projecto LNG entra em actividade em 2012. A Angola’in

adianta em exclusivo as particularidades da produção de ener-

gia amiga do ambiente, que será exportada para os EUA. O

gás natural surge como alternativa ao consumo de petróleo e

como forma de diversifi car a economia. O Governo escolheu o

Soyo para implementar a primeira fábrica que vai aproveitar a

queima do crude, convertendo-o num gás menos poluente

TURISMO

relaxar no oceano

A Angola’in sugere um cruzeiro rumo à tranquilidade e ao

multiculturalismo do Médio Oriente. O navio Brilliance of the

Seas inaugurou uma nova rota de luxo, com escalas nos locais

mais emblemáticos das águas do Índico. Para quem prefere

uma experiência em terra fi rme, propomos momentos de re-

laxamento num dos 25 Spas mais caros do mundo. Glamour e

técnicas tradicionais (ou as mais modernas) são o cartão-de-

visita destes espaços, onde o stress não entra

DESPORTO

especial mundial áfrica do sul

Não perca o suplemento do primeiro Mundial de futebol orga-

nizado em solo africano. Numa edição de coleccionador, ofe-

recemos em exclusivo aos nossos leitores um destacável de

15 páginas, onde são recordados os melhores momentos do

evento. Descubra as características que fi zeram da Espanha

a campeã da prova, os melhores atletas, as estatísticas e os

pormenores que vão fi car na história do desporto-rei

ESTILOS

fashion com muito estilo

Não perca as últimas tendências da moda e descubra as co-

res e as roupas mais in para esta estação. Sugestões que lhe

proporcionam um look fantástico seja qual for o momento.

Uma produção fotográfi ca realizada em exclusivo para si, que

mais uma vez não esquece as fragrâncias em voga para esta

época do ano, lançadas recentemente pelas maiores marcas

internacionais.

VINHOS & COMPANHIA

garrafas raras

A pensar nos coleccionadores e apaixonados pela vinicultura, foi

elaborado um especial, onde se destacam os dez vinhos mais

caros de sempre. Acessíveis para poucos, descubra quais os

exemplares que todos desejariam ter na sua garrafeira, seja pe-

la história ou pela qualidade do produto. Certo é que um Roma-

née-Conti pode custar o mesmo que uma viagem às Maldivas

28

62

72

106

126

118 130

129

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

alta defi niçãoO apagão da era tecnológica está agendado para 2013. Este foi o prazo estabelecido pela SADC para que todos os Estados-membros procedam à introdução da Televisão Digital Terrestre. Angola encontra-se a preparar o processo e já anunciou que os custos dos novos conversores serão suportados pelo Estado. Nesta edição, revelamos as funcionalidades da futura tecnologia, que promete oferecer conteúdos em Alta Defi nição (HD) e a possibilidade de gravar os programas

68

VINHOS & COMPANHIA - GOURMET

o melhor de portugal

O litoral luso está em destaque neste número. Tempo de férias

para muitos, a sua publicação oferece-lhe um roteiro dos princi-

pais restaurantes de Portugal. O ponto de partida é a costa da

capital. Descubra os melhores locais de Lisboa e siga viagem até

ao Algarve, onde encontrará áreas gourmet e riquezas gastronó-

micas únicas, disponíveis em espaços inesquecíveis

CULTURA & LAZER

festival jazz luanda

Cucho Valdés e Dianne Reeves são algumas das fi guras de

cartaz da segunda edição do Festival Internacional de Jazz de

Luanda. A Angola’in falou com a organização e revela os por-

menores do certame. Os convidados de luxo prometem uma

forte componente rítmica africana e a superação de todas as

expectativas

PERSONALIDADES

mia couto

Escritor moçambicano, fi lho de portugueses, Mia Couto trans-

põe as suas raízes para as obras. Apaixonado por África, o

continente está constantemente presente nos seus livros.

Conhecido pela africanidade do discurso, é membro activo da

CPLP. Defensor convicto da língua portuguesa e dos dialectos

de cada país, é um autor que não pode perder!

10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL

[email protected]

editorial

o degrau que faltava!A necessidade de abertura da economia angolana aos

mercados internacionais forçou o executivo a manda-

tar as três maiores agências mundiais de avaliação

de risco (‘rating’) – a Ficht, a Moody’s e a Standard &

Poor’s (S&P) -, para efectuarem a avaliação de risco

soberano do país. Um primeiro exercício de classifi ca-

ção de risco soberano, que se torna um marco impor-

tante no aprofundamento da integração da economia

do país nos mercados internacionais, uma vez que

melhora o seu estatuto no mercado fi nanceiro global

e na economia mundial.

Como é do conhecimento geral, as avaliações de ris-

co soberano refl ectem a opinião sobre a capacidade

de um país honrar as suas dívidas e a publicação dos

relatórios das agências de “rating” oferece aos inves-

tidores internacionais uma avaliação independente a

respeito do potencial económico de Angola. Facto que

facilita e benefi cia o acesso aos empréstimos inter-

nacionais por parte do Governo, das empresas e das

instituições fi nanceiras nacionais e a atracção de in-

vestimentos para o país.

Nesse sentido, a agência Fitch atribuiu a Angola a

classifi cação B+ e a agência Moody’s atribuiu B1 (que

é equivalente a B+), ambas com perspectiva positiva,

e a agência S&P atribuiu a classifi cação B+, com pers-

pectiva estável. Em termos comparativos, a agência

S&P confere tanto a Angola, como à Nigéria o mesmo

patamar B+, enquanto o Gana, Cabo Verde, Uganda,

Moçambique e Quénia estão classifi cados ou no mes-

mo patamar, ou num patamar inferior.

A perspectiva positiva para Angola, tanto da Moody’s,

como da Fitch, constitui a indicação da existência de

um potencial de elevação do país para uma categoria

BB (a categoria imediatamente superior a B+), num

prazo relativamente curto, caso as potencialidades de

crescimento económico e institucional das agências

se concretizem.

Paralelamente a isto, tratando-se da sua primeira

avaliação, importa referir que a classifi cação de ris-

co soberano de Angola é igual às classifi cações ini-

ciais obtidas por países emergentes como a Rússia e

o Brasil, países que devido às suas realizações econó-

micas e institucionais viram as suas classifi cações de

risco melhorarem rapidamente.

De facto, a primeira classifi cação atribuída pela agên-

cia S&P ao Brasil, em Julho de 2002, foi um B+ com

perspectiva estável (igual à atribuída agora a Angola,

por esta agência). As classifi cações posteriores foram

melhorando e, em Abril de 2008, o “rating” deste pa-

ís era de BBB – com perspectiva estável. O primeiro

“rating” da Rússia, por seu lado, obtido em Dezembro

de 2001, pela S&P foi um B+ com perspectiva positiva

(o mesmo atribuído a Angola pelas agências Moody e

Fitch). As classifi cações seguinte fi zeram evoluir es-

te ‘rating’ para BBB com perspectiva estável, em De-

zembro de 2008.

Segundo os relatórios das agências, a classifi cação de

Angola refl ecte uma visão equilibrada da sua dota-

ção de recursos naturais e das boas perspectivas de

estabilidade macroeconómica, de maior crescimento

económico e desenvolvimento, bem como a neces-

sidade de reforço da sua capacidade institucional do

Governo, que já revela um aumento crescente neste

domínio. As agências apreciaram favoravelmente os

recentes esforços do Executivo para a reconstrução

das infra-estruturas do país, que vêm aumentando a

capacidade produtiva dos sectores não petrolíferos e

contribuindo para superar os constrangimentos rela-

tivos à produção interna.

Positivos são também os esforços de longo prazo para

a consolidação da estabilidade política e as mudanças

constitucionais e institucionais em curso. As agências

enalteceram ainda as medidas aplicadas no âmbito

das políticas fi scal e monetária e para diminuir a vul-

nerabilidade da economia à volatilidade dos preços

do petróleo. A esse respeito, consideram o programa

acordado entre Angola e o FMI, em fi ns de 2009, co-

mo um factor positivo, que espelha a vontade do Exe-

cutivo de seguir adiante com as políticas visando a

normalização dos mercados, a manutenção da

estabilidade macroeconómica e a diversifi cação eco-

nómica.

Finalmente, as agências consideram que a forte re-

toma do crescimento económico, em 2010 e nos anos

futuros, contribuirá para o êxito das medidas do Exe-

cutivo e para que se alcance níveis maiores de diver-

sifi cação económica. Sem dúvida, boas notícias para

Angola atingir o progresso que o país tanto anseia!

11 EDITORIAL · ANGOLA’IN |

| patrícia alves tavares

HUÍLA GERA RECEITAS NO TURISMO O chefe do Gabinete de Informação e Análise dos Serviços de Migração e Estrangeiros, António Samuel

Booka, adiantou que no primeiro trimestre de 2010 a província da Huíla recebeu mais de cinco mil turis-

tas. No total, 5.711 estrangeiros visitaram a região, registando-se um acréscimo de 1.200 em relação a igual

período do ano anterior. Quanto ao perfi l do turista, referiu que são na sua maioria cidadãos portugueses,

chineses, namibianos, sul-africanos, malianos, senegaleses e congoleses-democratas, que procuram novas

oportunidades de negócio para explorar na província. António Booka explicou que o movimento de cidadãos

nacionais e estrangeiros no aeroporto do Lubango regista uma média diária de 206 passageiros (entradas)

e 205 saídas, entre residentes e não-residentes. Durante esse período, a entidade que controla a deslocação

dos cidadãos na fronteira repatriou 31 ilegais.

FMI AUMENTA APOIOO Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou a aprovação de um crédito de 171,5 milhões de dóla-

res para o Governo nacional. O apoio fi nanceiro ao desenvolvimento sobe assim para 514,5 milhões

de dólares. A ajuda foi concedida após a avaliação positiva do desempenho do programa económico

angolano auxiliado pelo acordo “stand-by”. “As autoridades merecem elogio pelo bom começo da

implementação de programas de reforma exaustivos para lidar com os desequilíbrios macro-econó-

micos de Angola”, salientou Murilo Portugal, director adjunto do FMI, que esclareceu ainda que “as

medidas em prática e planeadas oferecem confi ança de que os objectivos do programa podem ser

alcançados”. O Fundo aplaude igualmente a retoma dos leilões de moeda estrangeira. O acordo com

Angola foi aprovado em Novembro de 2009, onde está prevista a atribuição de 1,3 milhões de dó-

lares pelo FMI ao longo de 27 meses. Na primeira revisão, fi cou acordado o incumprimento de duas

metas do acordo: a não acumulação de novos pagamentos atrasados externos e domésticos.

INSIDE

PARCERIA BRITÂNICO-ANGOLANAA necessidade de fomentar uma cooperação entre o parlamento britânico e a Assembleia Nacio-

nal angolana foi recentemente sugerida pelo embaixador inglês Richard Wildash. O diplomata

defendeu que o intercâmbio entre as duas nações é determinante para o fortalecimento da de-

mocracia em Angola, uma vez que a troca de experiências seria útil para o seu crescimento. Por

outro lado, o representante britânico reconheceu que é preciso trabalhar mais para solidifi car o

relacionamento bilateral, que considerou de ‘excelente’. Porém, espera que com a tomada de pos-

se do novo Executivo inglês se dê atenção a novas oportunidades de cooperação, que podem ser

exploradas com sucesso. “Angola encontra-se num momento muito signifi cativo”, contou à agên-

cia de notícias Angop, salientando a evolução vertiginosa em múltiplos aspectos da vida sócio-

económica. Este considerou que as bases políticas são fortes e podem ser ampliadas.

NOVO SHOPPING EM LUANDAA capital vai receber um novo centro comercial

em 2011. O Atrium Nova Vida está localizado

em Luanda Sul e resulta de o investimento de

cerca de 20 milhões de dólares. A obra está

ao cargo da Companhia Angolana de Comércio

(CAC), uma empresa de capital angolano e é

fi nanciada pelo Banco Espírito Santo (BESA).

Este equipamento será o maior shopping do

país e vai albergar 51 espaços comerciais, sub-

divididos em 35 lojas, um supermercado, dez

restaurantes, um banco, três megastores e

uma praça multi-usos. Com quatro pisos, a es-

trutura será inaugurada em Novembro do pró-

ximo ano e, de acordo com os sócio-gerentes,

Mário Pereira e Hailé Cruz, terá como “core bu-

siness” a prestação de serviços, restauração e

lifestyle. O Atrium Nova Vida visa colmatar a

carência de serviços, visto que o crescimento

desta zona não tem sido acompanhado pelas

infra-estruturas. O centro comercial vai criar

600 postos de trabalho directos e indirectos.

GOVERNO ATENTOA ASSIMETRIASAna Dias Lourenço, ministra do Planeamento,

esclareceu que o Estado está preocupado com

as assimetrias económicas regionais, pelo que

se encontra empenhado em desenvolver um

modelo de crescimento que permita colmatar

este défi ce, de forma a possibilitar uma me-

lhor distribuição dos rendimentos e recursos.

Esta questão está incluída nos planos de pro-

gresso anuais e bianuais. A responsável pelo

planeamento acrescentou ainda que as políti-

cas de harmonização do desenvolvimento da

economia contemplam acções de incentivo,

que visam nomeadamente a localização das

actividades produtivas e da prestação de ser-

viços em locais descentralizados dos grandes

centros de negócios. A prioridade governa-

mental respeita à criação de medidas que pro-

movam a descentralização do centro para a

periferia, através da maximização das facilida-

des concedidas. “Os incentivos que o Governo

tem para promover o crescimento económico

passam pelo respeito das vantagens compa-

rativas de cada uma das províncias”, susten-

tou, lembrando que cabe às regiões evidenciar

as suas aptidões específi cas para a imple-

mentação dos estímulos fi nanceiros, fi scais,

cambiais e monetários.

13 INSIDE · ANGOLA’IN |

CGD E SONANGOL EM SINTONIAO banco de investimento promovido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pela Sonangol, que

foi anunciado há cerca de um ano, está “em andamento” mas a um ritmo “marcado pela con-

juntura internacional”. O vice-presidente da CGD, Francisco Bandeira, assegurou que “apesar

da crise fi nanceira, não baixou o ânimo” para a construção da estrutura bancária. Durante uma

visita a Saurimo (Lunda Sul), região conhecida pela extracção de diamantes e onde funciona o

primeiro balcão fora da capital (com a nova marca do Caixa Totta), o responsável adiantou que

estão para breve desenvolvimentos em relação a este processo. “Vamos ter uma aceleração

de processo e é nesse plano que estamos - de recrutamento e formação -, porque um banco

de investimento é mais exigente que um banco de retalho”, frisou, garantindo que a unidade

da CGD e Sonangol terá sede em Luanda e uma fi lial em Lisboa para fortalecer o relaciona-

mento entre os dois países e “abrir cada vez mais portas do mercado português às entidades

angolanas”.

COTAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE RATINGAs três principais agências de notação fi nanceira classifi caram pela primeira vez Angola. Este

é o culminar de um longo processo, que teve inicio em 2009. A Standard & Poor’s cotou o país

com um B+ para longo prazo e um B para curto prazo. A Fitch atribuiu uma classifi cação se-

melhante para longo termo e um ‘outlook’ positivo. Já a Moody’s optou por um rating inferior,

fi cando-se por um B1 “not-prime”. O ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, encarou estes

valores como “muito positivos” porque representam o “bom desempenho da economia” nacio-

nal. “As três classifi cações são praticamente no mesmo sentido”, asseverou, destacando que

as agências apresentam uma “perspectiva positiva da economia angolana”, pelo que “o país

pode, em muito pouco tempo, chegar a níveis superiores de classifi cação”. “Estas classifi cações

revelam o reconhecimento da comunidade internacional relativamente ao avanço da economia

angolana nos últimos anos”, fi nalizou.

FRASA LANÇA FRIGORÍFICO AMERICANOO grupo português Frasa, que além da marca

própria distribui e representa em Portugal as

marcas líderes internacionais, apresentou em

Angola o frigorífi co FFA 540900. Inspirado no

estilo americano, o equipamento está dotado

com tecnologia total “no frost” e “multifl ow”,

display LCD de temperatura electrónico e con-

trolo de humidade e temperatura. Possui ainda

função “supercongelação” com desligar auto-

mático, função de memória em caso de falha

de energia, alarmes (de descongelação, porta

aberta e desligado) e funções “Férias” e “Par-

ty”. Estas novidades colocam este novo mode-

lo no topo da inovação em frigorífi cos. A Frasa

está no mercado nacional desde 2005 e é pre-

sença constante nas feiras FILDA e Constrói

Angola. A marca pode ser adquirida em Luanda

e nas províncias de Lobito e Lubango.

INSIDE

14 | ANGOLA’IN · INSIDE

74 MIL ARMAS RECOLHIDASEM DOIS ANOSO combate ao tráfi co ilícito e proliferação de armamento foi uma das

prioridades para as autoridades nacionais. A exemplo disso, Isma-

el Martins, representante permanente de Angola junto das Nações

Unidas, anunciou que nos últimos dois anos foram recolhidas 74.495

peças. O diplomata lembrou ainda que a par das acções internas, a na-

ção, no que toca a esta matéria, está empenhada a nível sub-regional,

especialmente na Comunidade dos Estados da África Austral (SADC)

e na Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).

Angola continua a apelar aos parceiros internacionais para que pres-

tem todo o apoio necessário para cumprir os objectivos do Programa

das Nações Unidas, que inclui o combate ao tráfi co ilícito de armas li-

geiras e de pequeno calibre.

VISTOS DE DEZ ANOSPARA ESTRANGEIROSO país vai conceder vistos privilegiados de dez anos para investidores

estrangeiros. A iniciativa surge no âmbito das medidas para captar in-

vestimentos exteriores. Será ainda lançado um mecanismo online pa-

ra aproximar os empresários a Luanda. “Depois de aprovado o projecto

(de investimento), o investidor tem direito a um visto privilegiado, mas

desde já alerto que, para benefi ciar desse documento, ele tem, no míni-

mo, que realizar o capital declarado até 80 por cento”, referiu Olim Ne-

to, da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP). O director

argumenta que “sem isso, o investidor não terá o benefício do visto pri-

vilegiado”. Sectores como agricultura, pecuária, transportes, educação,

indústria transformadora, infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e

aéreas são prioritários. No site da ANIP, estão disponíveis os requisitos

necessários para investir no país e as prioridades governamentais. “Es-

tamos a concluir um link de interacção com os investidores. Não é neces-

sário deslocarem-se a Luanda”, concluiu.

TERMOS PETROLÍFEROSEM DICIONÁRIO O primeiro dicionário em língua portuguesa de termos utilizados

no sector do petróleo foi apresentado em Luanda. A obra, lançada

pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, visa colma-

tar algumas lacunas no âmbito da defi nição de expressões técni-

cas, explicando claramente as terminologias específi cas usadas no

ramo dos hidrocarbonetos. O volume conta com 635 páginas di-

vididas em sete capítulos e contou com a participação da empre-

sa portuguesa de serviços petrolíferos Partex, da Petrobras e do

Instituto de Petróleo e Biocombustíveis. A obra está igualmente

à venda no Brasil e em Portugal e disponível em português, inglês

e francês. Os 900 mil termos comuns no sector dos petróleos sur-

gem por ordem alfabética, incluindo expressões usadas nas áreas

de pesquisa, exploração e produção do crude. Botelho de Vasconce-

los, ministro dos Petróleos, considerou que o dicionário representa

um contributo inestimável para os trabalhadores desta área.

“CENCO” LANÇA LOJAS DE PROXIMIDADEOs municípios e comunas no interior da província do Huambo vão al-

bergar novas lojas de proximidade nos próximos meses. A garantia

foi dada pelo presidente do conselho de administração da Central de

Compras do Estado (“CENCO”), Manuel Maiato, que referiu que o ar-

ranque das obras está previsto para este ano. A entidade prevê ainda

dar início à construção de infra-estruturas de “Urbanismo Comercial”

e proceder ao alargamento dos mercados da rede nos municípios. O

responsável (que coordena também o Programa de Reestruturação

dos Sistemas de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais

à População – Presild) visitou a província para verifi car o estado dos

equipamentos da rede e para reunir com os produtores locais, de mo-

do a preparar acções futuras. Na ocasião, salientou que é “importante

manter contacto com os produtores locais, industriais, agricultores,

pecuários e outros para troca de impressões”. O dirigente espera de-

senvolver em conjunto com os parceiros regionais “mecanismos vi-

áveis de absorção da produção local e estimular os camponeses e

agricultores na província”. Manuel Maiato já visitou o local onde será

construído o “Urbanismo Comercial” e a loja pedagógica “Poupa Lá”,

que está a formar 36 jovens colaboradores.

16 | ANGOLA’IN · MUNDO

| patrícia alves tavares

venezuela

Chávez quer investimento luso“Queremos que aumentem em diversas áreas, como a energética, agrí-

cola, comercial e não só com Portugal, mas com o resto dos países euro-

peus”, anunciou Hugo Chávez, referindo-se à aposta no desenvolvimento

da economia. O presidente da Venezuela explicou num programa de tele-

visão que pretende expandir os investimentos de Portugal e de outras po-

tências europeias no seu país. Na ocasião, lembrou que está prevista uma

visita de José Sócrates, Primeiro-Ministro luso, ao país para discutir e pla-

near a participação das empresas portuguesas na reabilitação e expansão

do porto marítimo de La Guaira, a norte de Caracas. O encontro terá ainda

como objectivo a coordenação de outros planos de investimento conjun-

tos para desenvolver uma série de obras na região venezuelana.

coreia do sul

Comércio suspenso O Governo sul-coreano anunciou que suspendeu todas as trocas comer-

ciais com a vizinha Coreia do Norte. O mesmo princípio aplica-se a in-

vestimentos e circulação de pessoas. O agravamento entre o já difícil

relacionamento entre os dois países foi motivado pelo naufrágio da cor-

veta sul-coreana “Cheonan”, a 26 de Março, onde morreram 46 dos 104

tripulantes. “Insto solenemente as autoridades da Coreia do Norte a pe-

direm imediatamente desculpas à República da Coreia [do Sul] e à comu-

nidade internacional”, referiu o Presidente sul-coreano, Lee Myung-bak,

em declarações transmitidas pelas televisões. Recorde-se que Seul acu-

sa directamente o regime de Pyongyang pelo incidente, após uma co-

missão internacional de peritos ter concluído que o navio foi atingido por

um torpedo lançado por um submarino norte-coreano. Pyongyang nega

veementemente a acusação. O chefe de Estado sul-coreano adiantou

que vai levar a questão ao conselho de Segurança das Nações Unidas,

onde pretende obter a aprovação de mais e reforçadas sanções contra a

economicamente debilitada Coreia do Norte. Face à retaliação de Seul, a

Coreia do Norte agudizou a retórica, avisando que disparará contra equi-

pamento que a Coreia do Sul planeia instalar para difundir mensagens

negativas sobre a Coreia do Norte.

irão

Troca de combustível nuclearAli Akbar Salehi, chefe da agência nuclear iraniana, concordou com a

proposta de Teerão de entregar 1200 quilos de urânio enriquecido a

3,5 por cento (com potencial para criar uma bomba atómica se depu-

rado ao máximo do seu estado de pureza) à Turquia, em troca de 120

quilos de combustível nuclear enriquecido a 20 por cento para alimen-

tar o reactor de pesquisa médica iraniano. O documento assinado pelo

responsável foi entregue à Agência Internacional de Energia Atómi-

ca (AIEA). O acordo de troca de combustível foi mediado pelo Brasil

e Turquia. O dirigente explicou que o entendimento entre as nações

representa um forte progresso no impasse das negociações em torno

do polémico dossier atómico iraniano, que duraram meses. Ali Akbar

Salehi confi rmou a entrega da missiva, após uma reunião entre a de-

legação do país e o chefe da AIEA, Yukiya Amano, que decorreu em

Veneza. Várias potências ocidentais olham com alguma desconfi ança

para o desenrolar dos acontecimentos, temendo que Teerão possa de-

senvolver armas nucleares.

tecnologia

Toyota produz carros eléctricosO maior fabricante de automóveis do mundo vai investir numa par-

ceria norte-americana para produzir veículos eléctricos. No total, a

Toyota vai disponibilizar 50 milhões de dólares numa joint-venture

com a Tesla Motors, fi cando com 2,5 por cento do capital. A compa-

nhia americana, que produz apenas 15 carros por semana, vai fabricar

o novo modelo eléctrico. O local escolhido é uma unidade próxima de

São Francisco, adquirindo uma nova capacidade produtiva. Já a marca

nipónica obtém acesso à experiência da Tesla, no domínio da produ-

ção de baterias eléctricas.

MUNDO | patrícia alves tavares

17 MUNDO · ANGOLA’IN |

ciência

Primeira vida artifi cialA revista Science publicou o resultado de um

estudo em que uma bactéria, comandada por

uma molécula de ADN sintético, conseguiu

reproduzir-se da forma mais natural. As im-

plicações e aplicações deste resultado são

em parte desconhecidas. Os microrganismos

foram criados a partir dos seus componen-

tes genéticos elementares. A vida artifi cial

foi concebida “a partir de quatro frascos de

compostos químicos”. A descoberta foi de

Craig Venter. O conhecido “caça-genes” nor-

te-americano inaugura ofi cialmente, em co-

laboração com os colegas, a “era da biologia

sintética”. “Esta é a primeira célula sintética

jamais fabricada e dizemos que é sintética

porque a célula é totalmente derivada de um

cromossoma sintético”, afi rmou Venter. O

processo é o resultado de uma pesquisa que

dura há mais de 15 anos e já custou 40 mi-

lhões de dólares.

frança

Clássicos do cinema Os liceus franceses vão dispor de um cine-

clube virtual com 200 títulos do cinema clás-

sico, que vão desde ‘O Desprezo’ a ‘Citizen

Kane’. As películas serão incluídas nas aulas

de Literatura ou História e estarão disponí-

veis para serem mostradas aos alunos em

aulas extras. O programa, intitulado ‘Ciné-

lycée’ deverá entrar em vigor no próximo ano

lectivo, que tem início em Setembro. A ini-

ciativa surge no seguimento da reforma das

escolas secundárias, delineada pelo Presi-

dente da República, Nicolas Sarkozy, que no

ano passado alertou para a necessidade de

se “desenvolver o seu olhar crítico [alunos] e

ancorar a sua relação com a imagem em mo-

vimento numa herança cultural”.

reino unido

Cheques-bebé canceladosO novo plano para encurtar o défi ce público no Reino Unido estabelece a eliminação dos che-

ques-bebé e a suspensão de novas contratações na função pública. Com estas medidas, o Exe-

cutivo britânico prevê reduzir a despesa em sete mil milhões de euros. Para alcançar esse valor,

constam ainda do plano a poupança de 1,15 mil milhões de euros em consultoria e viagens e cer-

ca de 2,3 mil milhões de euros em informática, material e imobiliário. O Ministério das Finanças

inglês admitiu que poderá economizar 810 milhões de euros na limitação das contratações e

eliminação de institutos e organizações públicas. O pacote de austeridade limita ainda o orça-

mento do Ministério da Economia para 790 milhões de euros e do Ministério da Administração

local para 903 milhões de euros. Os restantes ministérios serão igualmente afectados pelos

cortes de verbas. No total, o responsável pelas Finanças, George Osborne, esclarece que serão

encaixados 7,5 mil milhões de euros, que eram considerados como “despesas inúteis” no sec-

tor público. Contudo, 579 milhões de euros serão “reciclados” e reencaminhados para outras

áreas. Recorde-se que o Governo de coligação entre conservadores e democratas liberais está

em funções há menos de um mês, o que levou o ministro das Finanças a congratular-se por ter

procedido à “mais rápida e abrangente revisão de despesas na história recente”.

ONU

Um milhão de espécies catalogadasA ONU apresentou no Quénia, numa conferência sobre biodiversidade, a lista mais completa

sobre as espécies de animais. O Catálogo da Vida 2010 contém mais de 1,25 milhões de espé-

cies e pretende ajudar a desmistifi car este mistério. Recorde-se que as estimativas actuais

apontam para valores que oscilam entre os dois e os cem milhões de espécies, existindo, no

entanto, para a ciência apenas 1,9 milhões de descobertas. Reconhecido pela Convenção para

a Diversidade Biológica, esta lista é a mais completa de sempre, contando com um espólio de

1,257,735 de tipos de plantas, animais, fungos e microrganismos, com um total de 2,369.883

nomes que lhe estão associados. O trabalho, que resulta do esforço de 82 organizações mun-

diais, foi coordenado pelo Frank Bisby, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade britâ-

nica de Reading. O documento está disponível na Internet gratuitamente.

18 | ANGOLA’IN · MUNDO

MUNDO

vanguarda

Google TVA novidade do gigante tecnológico Google foi

apresentada em São Francisco. A Google Tv

foi anunciada durante um evento destinado

a programadores e marca uma nova etapa no

crescimento do maior motor de busca. O mais

recente produto assume-se como uma “te-

levisão que se encontre com a Web e a Web

se encontre com a televisão”. A aposta neste

segmento deve-se ao facto de se estimar que

quatro milhões de pessoas vêem televisão em

todo o mundo. Os últimos dados indicam que

outros tantos consultam diariamente a Inter-

net, o que signifi ca circulação de avultadas

quantias monetárias. O facto de um número

crescente de utilizadores procurar a Web em

detrimento da própria televisão esteve na ba-

se do conceito da Google Tv. A plataforma vai

funcionar através de uma caixa de texto que

aparece directamente no ecrã da TV, possibili-

tando que os utilizadores procurem o progra-

ma ou vídeo que pretendem, tudo a partir de

diferentes canais de televisão do serviço de

cabo detido pelo cliente ou a partir da Inter-

net. Com o novo equipamento será permiti-

do alugar ou comprar programas da Amazon

on Demand ou procurar episódios das séries

preferidas no conhecido site Hulu. A procura

é possível mediante a utilização de um dispo-

sitivo semelhante a um tablet. O dispositivo

permite visualizar videoclips do Youtube atra-

vés do grande ecrã, actualizar o Twitter ou o

Facebook ou simplesmente assistir a um pro-

grama de televisão tradicional.

“A Google Tv é uma nova plataforma que vai

mudar o futuro da televisão”, anunciou Rishi

Chandra, um dos responsáveis da empresa

tecnológica, lembrando que o ecrã televisivo é

o mais indicado para a maioria dos conteúdos,

devido às suas dimensões e luminosidade.

comissão europeia

Mercado único de banda larga para toda a UEO novo plano de telecomunicações apresentado pela Comissão Europeia prevê um mercado

único de telemóveis para toda a União Europeia, com tarifas mais baixas e acesso de todos à

Internet de banda larga móvel. O prazo estabelecido para alcançar a meta é até 2015. De acor-

do com o jornal Le Figaro, no caso dos telemóveis, a entidade pretende instituir um mercado

único de chamadas, obrigando inevitavelmente a uma redução das actuais tarifas, descartando

o pagamento do roaming. O plano da estratégia digital indica ainda que a totalidade dos euro-

peus tenha acesso à banda larga até 2013 e que, em 2020, metade dos lares europeus possam

aceder a ligações com mais de 100 Mbps. Com estas medidas, o organismo está confi ante de

que será possível “regular as normas de comércio electrónico”, através da “harmonização dos

sistemas fi scais dos serviços online” europeus.

cannes

Palma de Ouropara WeerasethakulO realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul foi

o vencedor da Palma de Ouro do 63º Festival de Can-

nes. O seu fi lme “Uncle Boonmee Who Can Recall His

Past Lives” valeu-lhe o prémio e explora temas rela-

cionados com a reencarnação, recorrendo a uma perso-

nagem que confronta a morte iminente. Javier Bardem

e Elio Germano receberam em “ex-aequo” o galardão

de melhor actor masculino. O primeiro foi reconhecido

pela interpretação em “Biutifi l” e o italiano pelo

desempenho em “La Nostra Vita”. Juliette

Binoche foi premiada com a melhor

interpretação feminina pelo seu

papel em “Copie Conforme”. O

francês Mathieu Amalric foi

vencedor do prémio de reali-

zação pela longa-metragem

“Tournée”.

19 MUNDO · ANGOLA’IN |

IN FOCO | patrícia alves tavares

20 | ANGOLA’IN · IN FOCO

Commonwealth Ingleses procuram

oportunidadesA presidência da Comunidade de Pa-

íses de Língua Portuguesa (CPLP)

pode ser o mote para fomen-

tar o relacionamento entre os

Estados-membros da co-

munidade lusófona e da

organização de raiz bri-

tânica. Angola, enquan-

to líder dos países de

expressão portuguesa,

está a trabalhar numa

maior aproximação en-

tre as nações africanas

e a Commonwealth. O

interesse é recíproco,

visto que várias empre-

sas (sobretudo inglesas)

têm mostrado vontade de

cooperar. A região angola-

na surge no topo das prefe-

rências enquanto destino mais

atractivo para o investimento euro-

peu. Nesse sentido, o Conselho de Ne-

gócios da Commonwealth tem promovido,

em conjunto com o Executivo de José Eduardo

dos Santos, múltiplos eventos vocacionados para

o intercâmbio de in-

formações entre as

diversas entidades

e áreas de negócio,

com a fi nalidade pri-

mordial de estimular

o sector económico

angolano. Empresas

de renome interna-

cional e instituições de fi nanciamento internacio-

nal têm participado em reuniões (em Londres e

Luanda) para defi nir formas de cooperar com as

autoridades nacionais e canalizar os orçamentos

para as áreas com maior potencial de crescimen-

to. Para tal, tem contribuído o Fundo de Negócios

Africano (ABF), inaugurado em 2005 para promo-

ver o diálogo e cooperação entre os sectores pú-

blico e privado que pretendem investir em África.

A Commonwealth é composta por um conjunto

Angola é o próximo alvo da Commonwealth. A organização britânica integra um conjunto de países, na sua maioria ex-colónias (excepto Mo-çambique e Ruanda), que interagem através de parcerias. A estabilidade política e social dos últimos anos despertou o interesse dos empresários

da comunidade, que se mostram disponíveis para investir na diversi-fi cação económica e para aliviar a dependência do sector petrolífero.

de 54 nações (na maioria ex-colónias do Reino

Unido), integrando mais de dois biliões de habi-

tantes. O elemento mais recente é o Ruanda, pa-

ís africano de língua francesa admitido no fi nal de

2009. Inicialmente implementada com o objecti-

vo de unir as diferentes raças, tendo por base a

língua inglesa, rege-se actualmente por um con-

junto de Declarações e está sedeada em Londres,

próximo do Palácio de Buckingham, residência

ofi cial da Rainha Isabel II, chefe da instituição. A

associação é um importante veícu-

lo de educação e de consolida-

ção dos ideais democráticos.

Foi decisiva no acompa-

nhamento do processo de

instauração da demo-

cracia em Moçambi-

que. Actualmente, os

países da comunida-

de representam cer-

ca de 30 por cento do

comércio mundial.

O protagonismo an-

golano tem con-

tribuído para uma

série de encontros en-

tre representantes dos

principais sectores da

economia nacional e em-

presários ingleses. Por outro

lado, assiste-se por parte do

Governo a um crescente interesse

em informar e mostrar as potencia-

lidades do país aos eventuais parcei-

ros europeus. Após várias participações em

conferências, coloca-se a seguinte questão: es-

tará para breve uma

adesão de Angola à

Commonwealth?

BRITÂNICOS CATI-VADOSQuando Aguinaldo

Jaime, presidente da

Agência Nacional pa-

ra o Investimento Privado (ANIP), e Aníbal Silva,

vice-ministro dos Petróleos, discursaram no ABF,

o público mostrou total pretensão pelo país. A

palestra terminou uma hora depois do previsto

devido ao elevado número de dúvidas que foram

colocadas. “É possível ver o interesse que o mer-

cado angolano está a despertar em muitas em-

presas, que têm várias perguntas a fazer sobre

a economia, o quadro regulador, os incentivos, as

difi culdades e as vantagens”, verifi cou Aguinaldo

21 IN FOCO · ANGOLA’IN |

“É possível ver o interesse que o mercado angolano está a despertar em muitas empresas [inglesas], que têm várias perguntas a fazer sobre a economia, o quadro regulador, os incentivos, as difi culdades e as vantagens”, verifi ca Aguinaldo Jaime

Jaime, que revelou que será estabelecido um qua-

dro com o Commonwealth Business Council (CBC)

para a troca de visitas de empresários entre os

dois países.

O interesse inglês extravasa as potencialidades

do petróleo. A aposta recai em áreas que pos-

sam diversifi car a economia nacional, detentoras

de potencial para se desenvolver e gerar lucros,

afastando progressivamente a excessiva depen-

dência e o peso que o crude tem na balança das

exportações. As áreas das infra-estruturas - ha-

bitação social, construção e saneamento básico

- são as mais procuradas pelos futuros parcei-

ros. “Há várias empresas que querem participar

no projecto do Governo de um milhão de casas,

que têm tecnologias de construção rápida, bara-

ta e também segura”, adiantou à comunicação

social. Em destaque, esteve o interesse das ins-

tituições fi nanceiras como bancos e fundos priva-

dos que querem estabelecer-se em Angola. Um

nicho de mercado que a ANIP quer conquistar. Daí

ter-se apresentado com a estratégia de captar

investimentos “fora do sector mineral para criar

empregos e não tornar a nossa economia tão de-

pendente de apenas uma matéria-prima”.

Aníbal Silva salienta que o petróleo continua na

agenda da diplomacia, sendo uma peça impor-

tante nas parcerias com o exterior. O vice-minis-

tro dos Petróleos lembrou que há investidores.

Contudo, acrescenta que o gás natural começa

a ganhar adeptos e a tornar-se numa alternativa

energética. “Há muita gente interessada no gás”,

frisou, referindo que o projecto Angola LNG está

“em curso bastante avançado”.

A Índia, membro da Commonwealth está igual-

mente à espera de uma oportunidade para estrei-

tar a cooperação política e económica. Agricultura

e educação são as áreas escolhidas. O país asiáti-

co tem acolhido bolseiros para cursos de curta du-

ração nas tecnologias da informação e da língua

inglesa. A meta é alargar a formação para profes-

sores, engenheiros petrolíferos e agrónomos. A

Índia participa igualmente no projecto de cons-

trução do parque de desenvolvimento industrial

e na reabilitação de uma fábrica têxtil.

MERCADO PROMISSOR“Há vários pedidos de empresas (que estão se-

deadas em Londres) de informação sobre o am-

biente de negócios em Angola, a estratégia do

Governo, as oportunidades que existem neste

momento no mercado”, adiantou o presidente da

ANIP, Aguinaldo Jaime, em entrevista à agência

portuguesa de notícias Lusa. Para responder às

dúvidas, o responsável participou no Fórum de

Negócios África G8, organizado pelo Conselho de

Negócios da Commonwealth e que decorreu em

Londres, em Julho. É evidente o desejo do país em

aproximar-se da Commonwealth. O alvo são os

investidores e empresários ingleses. O Governo

tem sido incansável na actualização e credibiliza-

ção das informações sobre o país, uma vez que os

dados difundidos estão muitas vezes “ultrapas-

sados – pertencem ao passado, nomeadamente

aos tempos em que ainda estávamos em guerra”

ou não estão “muito correctos”.

Interessados em apresentar ao exterior uma boa

imagem, os responsáveis governamentais são

presença assídua nos principais eventos da comu-

nidade. A delegação da Assembleia Nacional es-

teve presente na III Conferência Internacional de

Parlamentares da Commonwealth, que decorreu

em Londres, sob o tema das alterações climáti-

cas. A deputada Ana Maria de Oliveira interveio

na reunião, abordando questões relacionadas com

a vulnerabilidade e variabilidade do clima. O vice-

ministro britânico dos Negócios Estrangeiros pa-

ra África, Henry Bellingham, tem agendada uma

visita ao continente africano para 2011, devendo

passar por Angola em Fevereiro, dado o grande

potencial do país e a importância em fortalecer o

relacionamento entre as duas nações. O respon-

sável alegou que o Governo de coligação do Reino

Unido quer melhorar o comércio bilateral, argu-

mentando que o seu país pode dar um contribu-

to importante para sectores da engenharia civil,

energia, processamento de alimentos e ensino

da língua inglesa. “Angola é um mercado muito

promissor”, confi rmou Bellingham, que defende

a criação de um fórum de negócios Angola-Reino

Unido.

CPLP A Commonwealth vê no fortalecimento do rela-

cionamento bilateral com Angola uma porta de

entrada para futuras parcerias com nações emer-

gentes da Comunidade de Países de Língua Por-

tuguesa. O embaixador britânico em Angola,

Richard Wildash, sugere mesmo que o país traba-

lhe, durante a sua presidência da organização lu-

sófona, para uma efectiva cooperação entre CPLP

e Commonwealth. O responsável apresentou a

ideia durante um encontro com Osvaldo Varela,

director para a Europa do MIREX, Paulo Jorge, se-

cretário para as relações exteriores do MPLA e os

chefes das Missões Diplomáticas em Angola dos

países membros da organização. Wildash apon-

tou a boa governação, a responsabilidade pública,

o combate à corrupção e o respeito pelos direitos

humanos e a aposta na transparência como va-

lores defendidos pelo organismo e que estão nas

prioridades da liderança angolana na CPLP. Escla-

receu ainda que a comunidade não é uma organi-

zação introvertida. Esta procura estabelecer laços

com outras entidades e parceiros que defendam

os mesmos valores, lembrando que os membros

da organização britânica e Angola têm uma visão

comum, mostrando-se dispostos a acompanhar o

Governo nos projectos de desenvolvimento.

a commonwealth

Sem uma constituição escrita, a organização nasceu em 1931 para unir raças e

diferentes culturas. Rege-se por acordos e Declarações, adoptadas ao longo das cimeiras

de chefes de Estado dos países membros, que se reúnem quatro vezes por ano para

discutir questões relacionadas com a comunidade. É formada por 54 nações, a maioria

independente, incluindo algumas que ainda mantêm laços políticos com o Reino

Unido. Inicialmente, a Commonwealth destinava-se a promover a integração das ex-

colónias, concedendo benefícios e facilidades comerciais. Com a independência da

Índia, a organização viu-se obrigada a uma reforma radical. A sua principal função

respeita à promoção da educação e dos ideais democráticos. Está independente de

qualquer função política, apesar de esta ser exercida nos bastidores da instituição.

22 | ANGOLA’IN · IN FOCO

IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO

CPLPmais perto daCommonwealth Com Angola na presidência da Comunidade dos

Países de Língua Portuguesa (CPLP), as relações

entre a CPLP e a Commonwealth vão fi car mais

próximas. O país africano pode unir as duas mar-

gens através de uma ponte com 61 nações, com

quase dois biliões de pessoas.

A Commonwealth, desde a sua criação em 1931,

tem historicamente por objectivo promover a

integração entre as ex-colónias do Reino Unido,

concedendo benefícios e facilidades comerciais.

Mas as suas metas mudaram, desde a assistên-

cia educacional aos seus países-membros à har-

monização das suas políticas. Actualmente, os

Estados da Comunidade representam cerca de

30 por cento de todo o comércio mundial.

Em contrapartida, a Comunidade de Países de

Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em Julho de

1996 com a fi nalidade de aproximar e valorizar

as oito nações membros, todas ex-colónias por-

tuguesas, onde o idioma é o elo de ligação desta

associação Lusófona. Ao longo do seu percurso,

a sua infl uência tem vindo a ser notória. Pas-

sou de um mero observador a um intervenien-

te sempre presente nas situações mais difi ceis.

‘As velhas economias como Portugal e Reino Unido podem dar o Know-How e a tecnologia e as nações emergentes os recursos naturais’

e Índia. Estas economias podem catapultar as

comunidades onde estão inseridas, se os objec-

tivos forem postos em prática de acordo com os

estatutos. As velhas economias como Portugal

e Reino Unido podem dar o Know-How e a tec-

nologia e as nações emergentes os recursos na-

turais. Estas parcerias são fundamentais para

ambos, visto que existem excesso de recursos

humanos altamente qualifi cados na Europa e

defi cite nos restantes continentes.

As duas organizações são compostas na sua

maioria por antigas colónias de Portugal e Reino

Unido, pelo que na maioria os problemas e difi -

culdades são comuns aos Estados-membros.

O ano de 2010 pode ser o início de uma parceria

de sucesso ao nível das comunidades e para os

elementos que as integram.

joão carlos costa partner da jobfair global search & associates, portugal

[email protected]

Actualmente, pretende-se estender esta parce-

ria a objectivos mais ambiciosos, nomeadamen-

te politícos e economicos.

A IMPORTÂNCIA DE ANGOLA NA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE INGLESA

O país mantém relações privilegiadas com a

Commonwealth. Nos últimos tempos, o Governo

tem promovido eventos de promoção ao investi-

mento, para empresas de Estados-membros da

comunidade britânica, com vista a estimular o

desenvolvimento económico de Angola.

Os recursos naturais e o potencial do mercado

nacional podem aproximar duas comunidades

que ao longo da sua existência têm estado de

costas voltadas. Este relacionamento pode ser

vital para o mercado e para o futuro da CPLP,

já que existem sinergias praticamente em to-

dos os continentes, como é o caso de Portugal

e do Reino Unido, ambos elementos da União

Europeia.

Nas duas comunidades existem países com

economias emergentes e com potencial a ní-

vel global, como é o exemplo de Angola, Brasil

23 IN FOCO · ANGOLA’IN |

IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO

Sem fronteiras, nem barreirasSe o exemplo da francofonia foi diversas ve-

zes citado em muitos textos que trataram da

criação da CPLP, é bom registar que a estrutura

da Commonwealth, que congrega 53 paises em

vários continentes, parece-nos ser um modelo

aparentemente inspirador, ao qual poderemos

buscar ensinamentos no campo da cooperação,

da economia e da politica, a par do campo da

língua e da cultura.

Sendo a Commonwealth, uma organização que

defende príncipios tais como o da boa gover-

nação, o do respeito pelos direitos humanos,

o do combate à corrupção, o do fortalecimen-

to da transparência e da responsabilidade pú-

blica, sublinho que devem ser áreas prioritarias

para o Governo. Estes são príncipios que pres-

supõem uma melhoria da economia e conse-

quentemente do nível de vida dos cidadãos.

O mundo hoje enfrenta outros problemas que

na sua maior parte se devem ao próprio evoluir

das nações e às contrariedades decorrentes da

aplicação dos princípios ordenadores de cada

Nação. Pela génese da sua origem é uma or-

ganização para a qual pouco sentido faria uma

Commonwealth para Angola. É pela evolução

dos povos, e com eles as nações, que se jus-

tifi ca algum sentido nesta intenção. Leve-se

em conta a pretenção da Guiné Equatorial para

com a CPLP.

Assim sendo, a questão é simples de se com-

preender, pois o objectivo está implícito nos

princípios actuais que norteiam as Organiza-

ções Internacionais, como é a Commonwealth.

Realidades como a pobreza, corrupção, guerra,

alterações climáticas, destruição do ambien-

te, etc, serão as razões-base para justifi car a

solução para cada um desses problemas, que

passa, isso sim, e de uma forma mais alargada

e séria, por uma cooperação a nível mundial.

Neste âmbito e por essa razão, cairão todos os

atributos para as quais as organizações foram

criadas - para que as nações se convirjam num

só ponto: bem-estar do planeta, a sua segu-

rança e logenvidade.

celso sobrinho assessor de migração do consulado geral da república de angola no porto

24 | ANGOLA’IN · IN FOCO

25 IN FOCO · ANGOLA’IN |

IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO

Passaram mais de quatro décadas desde que a

célebre máxima do estadista português, “orgu-

lhosamente sós”, fez história no mundo políti-

co-diplomático, no sentido negativo. É evidente

que, se na altura era em todo inconcebível tal

declaração, com as consequências políticas e

sociais que todos conhecemos, hoje, por maio-

ria de razão, o isolamento voluntário em nada

contribui para o desenvolvimento socioeconómi-

co e para a afi rmação política dos Estados e dos

Povos. Pelo contrário, a interdependência das

economias actuais, num mundo cada vez mais

globalizado (contudo mais desigual), é um facto

incontornável. A cooperação bilateral e multila-

teral está no topo da agenda política dos Esta-

dos, na promoção e na implementação de acções

de concertação e de harmonização, em busca da

complementariedade das economias, estas são

constatáveis no seio de organizações multina-

cionais, umas mais homogéneas que outras. Al-

gumas tão heterogéneas e pouco expressivas em

função dos interesses dos povos, em nome de

quem são pomposamente proclamadas que, co-

mo alguns afi rmam, com o devido respeito, não

passam, em termos práticos, de organizações de

chefes de Estado e de Governos, tertúlias de po-

líticos que exercem o poder, assumindo-o em al-

guns casos como seus sindicatos.

Em muitos casos, estas instituições procuram a

cooperação com outros Estados, não obstante

o facto de, por razões diversas, não serem seus

membros. Não se trata de integração, a exem-

plo da já polémica adesão da Guiné Equatorial

à CPLP, sobre a qual temos posição clara, face à

nossa qualidade, enquanto juristas, advogados

membros do observador consultivo desta orga-

nização – a União dos Advogados de Língua Por-

tuguesa (UALP). Além disso, esta postura é um

corolário lógico da aplicação dos princípios pa-

tentes nos estatutos das nossas Ordens e nas

constituições dos nossos Estados, com maior ou

menor abrangência. Há que ser coerente com os

princípios plasmados nos seus estatutos e anali-

sar a conformidade entre a prática política e so-

cial do membro ou candidato, a exemplo do que

faz a União Europeia. No entanto, tudo leva a

crer que outros interesses se sobrepõem a este

critério. Se o lema ‘solidariedade na diversida-

de’ é bastante feliz, impõe-se pensar a amplitu-

de desta diversidade, em função de valores que

orientam a CPLP, em regra coincidentes com os

que são hoje património universal, em sede do

respeito pela dignidade humana.

Pronunciamentos políticos no sentido de paí-

ses membros da Commonwealth estabelecerem

parcerias e protocolos de cooperação com Angola

em diversos domínios - não se tratando de uma

adesão tal como aconteceu com Moçambique

em 1995 e o Ruanda em 2009 -, em nosso enten-

der têm razão de ser. Senão vejamos:

1. Os recursos naturais com que a natureza ba-

fejou o território angolano versus a procura das

principais commodities. Os indicadores de cres-

cimento económico são em si factores sufi cien-

temente atractivos.

2. A estabilidade política, condition sine qua

non para o investimento; o desenvolvimento e

bem-estar geral, são dados adquiridos, após de-

zenas de anos de guerra civil.

3. O posicionamento geopolítico do país na re-

gião, membro da SADC e cuja maioria dos seus

integrantes fazem parte da Commonwealth. A

sua posição de “ponte” entre a SADC e a Comu-

nidade do Estados da África Central (maioritaria-

mente membros da francofonia), sem falarmos

do seu importante e internacionalmente reco-

nhecido papel político-diplomático na estabiliza-

ção da região dos Grandes Lagos.

4. Para os membros mais rigorosos da Com-

monweath, no que se refere ao respeito pelos

direitos humanos, já que na diplomacia as suas

exigências vão para além dos interesses estri-

Cooperação possívele necessária

tamente económicos, parece-nos, com alguma

lógica e legitimidade, confortados no plano ju-

rídico-constitucional, com os ganhos que, nes-

te domínio, são visíveis em Angola, salvo alguns

actos passíveis de fácil supressão, dependendo

apenas de vontade política de uns e maior toma-

da de consciência de outros.

5. O relativo ascendente e protagonismo polí-

tico de Angola são uma boa base para o estabe-

lecimento da ponte entre a Commonwealth e a

CPLP. Não se é de menosprezar o papel de Mo-

çambique, como país membro de ambas as or-

ganizações.

6. A presidência da CPLP, o seu papel na organi-

zação dos Estado do Golfo da Guiné e na SADC.

Por estas e demais razões, parece-nos positi-

va esta aproximação, que deverá passar de me-

ras intenções para acções concretas, mediante

acordos de cooperação, parcerias credíveis

(com reciprocidades de vantagens), imple-

mentação de projectos de investimentos que

deverão ter, como é evidente, uma forte com-

ponente de capacitação de recursos humanos,

que é uma reconhecida debilidade de Angola.

Podemos assegurar que a cooperação entre a

Commonwealth, os seus membros, Angola e

a CPLP é não apenas possível, mas inquestio-

navelmente necessária, num mundo cada vez

mais globalizado, desde que em benefi cio dos

seus povos.

inglês pintobastonário da ordem dos advogados, angola

angola/cplp vs commonwealth

26 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

27 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

28 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

ECONOMIA & NEGÓCIOS | patrícia alves tavares

O desejo de investimento da Commonwealth

volta a relançar o debate sobre a necessidade de

diversifi car a economia, apostando em áreas que

diminuam a dependência do petróleo e das su-

as oscilações no mercado. Recorde-se que a crise

nacional se deve em parte a esta centralização e

ao modelo de gestão assente na riqueza do cru-

de. O Governo está a actuar e a canalizar os orça-

mentos para áreas alternativas. É o caso do gás

natural, que está a conquistar adeptos.

O número de empresas interessadas em partici-

par na exploração e produção da ‘energia limpa’

não pára de crescer. O projecto Angola LNG (Gás

Natural Liquefeito) ainda se encontra na fase de

implementação (arranque previsto para 2012),

mas já é um sucesso. Apesar de depender da ex-

tracção do petróleo, a sua sustentabilidade e o

facto de ser ecológica fazem desta energia uma

Energia limpa, com baixas emissões de gases de estufa, sus-ceptível de ser exportada, segura e amiga do ambiente. Estas são apenas algumas das vantagens do Gás Natural Liquefeito (LNG). O Governo encontrou nesta alternativa uma forma de aproveitar os resíduos da produção de petróleo, evitando a sua queima e reutilizando para um combustível que aproveita os re-cursos naturais e dá lugar a diversos produtos mais efi cientes.

‘O projecto é uma “joint-venture” que conta com parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%), ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total (13,6%)’

Projecto LNGGás Natural Ecológico

fonte de riqueza a longo prazo.

O projecto é uma “joint-venture” que conta com

parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%),

ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total

(13,6%). Avaliada em mais de 17 mil milhões de

dólares, a produção de LNG deverá alcançar os

cinco milhões de toneladas de metros cúbicos

por ano. Os primeiros carregamentos estavam

previstas para 2010, mas devido a atrasos tal

poderá acontecer nos próximos meses. De acor-

do com um relatório do Banco Mundial, cerca de

85 por cento do gás natural do país é produzido

em simultâneo com o petróleo, sendo uma par-

te queimada. O plano visa transformar o gás na-

tural dos reservatórios petrolíferos (localizados

em off-shore – mar) em energia para os merca-

dos internacionais, algo que pode acrescentar às

exportações mais de mil milhões de dólares por

ano e evitar a queima do produto.

A exploração deste recurso natural vai contri-

buir para o desenvolvimento das indústrias e da

agricultura. O LNG será responsável pelo forneci-

mento de 125 milhões de pés cúbicos-padrão por

dia de gás para consumo doméstico (2.1 milhões

de mts cúbicos).

A província do Zaire é a maior privilegiada. O

município do Soyo vai albergar a fábrica de pro-

dução, que vai dar trabalho a seis mil pessoas,

proporcionando uma redução da taxa de desem-

prego na zona (cerca de 95 por cento) e uma me-

lhoria da qualidade de vida das populações que

terão acesso a gás butano para cozinha e a uma

melhor rede eléctrica. Os 5,2 milhões de tonela-

das de metros cúbicos de gás natural que serão

produzidos no espaço vão ser disponibilizados na

maioria à Sonangol para uso doméstico e expor-

tação (continentes americano e europeu).

LNG ANGOLAÉ a alternativa comercialmente atractiva em re-

lação à queima do gás associado à exploração do

petróleo. O projecto vai proporcionar o reaprovei-

tamento do potencial energético angolano para

produção de gás natural, que será aplicado no

29 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

‘O projecto insere-se no quadro da política do Governo com vista a eliminar todo o tipo de queima do gás natural. Deve estar pronto para iniciar funções em 2012’

“Hoje foram criadas condições para que este gás associado ao petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […] o projecto LNG, que vai contribuir também para o aumento de receitas do nosso país”, sustentou Botelho de Vasconcelos

desenvolvimento industrial local. Na ausência

de um mercado interno sufi cientemente abran-

gente, o país procura oportunidades de grande

escala para comercializar o produto. Recorde-se

que cerca de 50 descobertas nas águas profun-

das dos Blocos 0 - 14, 15, 17 e 18 (incluindo o dos

campos Quiluma, Enguia Norte, Atum e Polvo)

contêm cerca de dez biliões de barris de petró-

leo recuperável e vão começar a laborar nos pró-

ximos cinco a dez anos. Estima-se ainda que a

maior parte das áreas de águas profundas e ul-

tra-profundas são consideradas de grande po-

tencial e continuam por explorar. O gás da zona

marítima é recolhido e conduzido por gasoduto

até uma unidade de liquefacção situada em ter-

ra, perto do Soyo (Zaire).

A edifi cação da fábrica de LNG começou em

2008, enquanto as actividades de construção

do gasoduto iniciaram em Maio de 2009. A con-

clusão dos trabalhos do gasoduto está prevista

para 2011, pelo que o primeiro gás natural lique-

feito do projecto será entregue no início de 2012

ao mercado dos EUA, através do terminal de re-

gaseifi cação da Clean Energy (Mississipi), que

está a ser instalado pela Gulf LNG Energy LLC.

“O projecto permite o aproveitamento útil do gás

natural, que de outro modo seria queimado nas

nossas áreas de produção petrolífera da zona

marítima. Esse aproveitamento vai criar as con-

dições necessárias ao desenvolvimento petrolí-

fero sustentável, ao mesmo tempo que será o

ponto de partida para a implantação, em Angola,

de uma indústria baseada no gás natural”, afi r-

mou Manuel Vicente, presidente do Conselho de

Administração da Sonangol EP, numa entrevista

à imprensa diária.

O Gás Natural Liquefeito é um gás natural que,

quando arrefecido até temperaturas próximas

dos -160ºC, condensa-se para o estado líquido tor-

nando-se seguro e económico para o transporte a

longas distâncias. Após transformado em LNG,

traz benefícios económicos para os países expor-

tadores: além de fl exível em termos de transpor-

te, é mais barato e versátil, pois pode ser usado

na produção de energia eléctrica, como reservas

sazonais de gás e como combustível limpo.

ALTERNATIVA LIMPA“Em Angola, num passado recente, o aprovei-

tamento de gás era para produzir energia nas

instalações das plataformas. Hoje foram cria-

das condições para que este gás associado ao

petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […]

o projecto LNG, que vai fazer o aproveitamento

deste recurso, que vai contribuir também para o

aumento de receitas do nosso país”, sustentou

recentemente Botelho de Vasconcelos, ministro

dos Petróleos. De facto, o gás natural foi iden-

tifi cado como o combustível preferido quando

se trata de cuidar do meio ambiente. O facto de

proceder a uma queima limpa, emitindo níveis

mais baixos de subprodutos nocivos para a at-

mosfera, e as emissões globais reduzidas fazem

deste recurso uma forma de energia que não de-

ve ser desperdiçada.

O projecto insere-se no quadro da política do Go-

verno com vista a eliminar todo o tipo de queima

do gás natural. Este é um passo assertivo para a

protecção do ambiente. Angola LNG está em im-

plementação desde 2006 e já ultrapassou a fa-

se de limpeza e estudo de investigação de solos

para a fase de construção da fábrica e das ins-

talações de apoio (desde 2008), devendo estar

pronto para iniciar funções em 2012.

EXPORTAÇÃO NA CALHAAs mais-valias de uma energia limpa e sustentá-

vel estão a conquistar adeptos além fronteiras.

O produto será comercializado para os Estados

Unidos da América e para outros mercados loca-

lizados no Atlântico. A Holanda é um dos clientes

interessados em comprar gás natural provenien-

te do projecto LNG. A ministra da Economia, Ma-

ria van der Hoeven, manifestou no início de 2009

que o país estava interessado em adquirir par-

te da produção angolana, existindo actualmente

diversos contactos entre empresários que traba-

lham na área de energia. No total, 19 empresas

holandesas (três com representação em Angola)

querem fazer parte do programa. “Discutimos a

possibilidade de empresários holandeses parti-

ciparem na segunda fase de exploração de gás

no Projecto Angola LNG”, anunciou na ocasião,

após um encontro com Botelho de Vasconce-

los. O desejo da parceria inclui ainda a criação de

uma “rotunda de gás”, para que a Holanda pos-

sa distribuir o produto angolano para o Noroeste

da Europa. “Este é um projecto extremamen-

te importante e estruturante” para a economia

nacional, defende o ministro dos Petróleos, que

acredita que vai colocar o país na vanguarda dos

parceiros ao desenvolver acções reais que redu-

zem os gases de estufa.

RESPONSABILIDADE SOCIALO apoio ao desenvolvimento humano do país,

em todas as suas vertentes, é uma das preocu-

pações da Angola LNG. Apesar de ainda estar na

primeira fase de implementação, a empresa de

exploração de gás natural tem um papel activo

em acções de solidariedade. Recentemente, foi

um dos agentes activos no auxílio aos angolanos

regressados da República Democrática do Congo,

após o confl ito que ocorreu no início do ano. Um

lote com produtos alimentares e higiénicos foi

distribuído por 30 famílias, um gesto de respon-

sabilidade social elogiado pelo governo provincial

do Zaire, que conta com um novo parceiro. O re-

presentante do Angola LNG, Steve Macine, afi r-

mou durante um fórum dedicado ao tema, que

a instituição tem contribuído para a melhoria da

qualidade de vida no município do Soyo, tendo

em conta que a fábrica de produção está a contri-

buir para o aparecimento de serviços indirectos

que apoiam os habitantes. “Nós participamos

na melhoria das infra-estruturas como escolas,

restauro e apetrechamento do hospital do mu-

nicípio do Soyo e das suas respectivas comunas

e a reabilitação das ruas”, esclareceu, lembrando

que “de modo a evitar ou atenuar os constrangi-

mentos do trabalho que desenvolvemos mante-

mos uma ligação estreita com o governo local,

outras entidades e a comunidade, numa troca de

informações permanentes”.

30 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

O conceito pode parecer novidade para a maioria da população. No entanto, ele está subliminarmen-te presente em muitas campanhas de publicidade e, por vezes, inclui o utilizador no processo sem que es-te se aperceba que está a ser ‘usado’ na batalha das marcas. O Marketing de Guerrilha é um importante aliado das pequenas empresas que pretendem com-bater as poderosas rivais ou simplesmente sobreviver no universo da competitividade. Compreenda de que modo esta ferramenta pode auxiliá-lo a projectar a sua marca sem liquidar o seu orçamento.

MARKETINGDE GUERRILHA

QUANDOA MENSAGEMIGNORA O MEIO

Todos se recordam do caso das 36 adeptas ho-

landesas que foram expulsas pela FIFA duran-

te o encontro Holanda-Dinamarca, no Mundial

de África do Sul, sob a acusação de publicidade

‘encoberta’. Os vestidos laranja que enverga-

vam, da cor da selecção holandesa e bastan-

te usados pelos seus adeptos, fariam parte de

uma campanha da cerveja Bavaria, empresa

que não é patrocinadora ofi cial do Mundial de

2010. A marca recorreu ao Marketing de Guer-

rilha para publicitar o seu produto, sem ter que

despender grandes quantias para se tornar

parceiro do evento. Com um baixo orçamen-

to, esta conseguiu entrar nos estádios atra-

vés das roupas oferecidas em conjunto com

as cervejas. Aliás, a Bavaria já tinha protago-

nizado polémica idêntica no Mundial de 2006,

através da distribuição de calças promocio-

nais. Estas foram proibidas pela organização,

levando muitos adeptos a entrar no estádio

em roupa interior. Graças à controvérsia cria-

da em torno destes casos, a empresa conse-

guiu que o seu nome fosse falado em todo o

mundo, sem ter recorrido a campanhas publi-

citárias dispendiosas. Actualmente, devido à

saturação da sociedade face às constantes

injecções publicitárias, as grandes marcas co-

meçam a valer-se do Marketing de Guerrilha e

a incluí-lo na sua estratégia de marketing-mix

para atingir a mente e o coração do seu públi-

co-alvo. O conceito tem mais de 20 anos. Po-

rém, recentemente adquiriu uma nova força,

fruto da evolução dos mercados cada vez mais

exigentes. A primeira acção de Marketing de

Guerrilha data de 1929, apesar de nessa altu-

ra não existir um conceito que defi nisse esta

estratégia. Edward Louis Bernays, sobrinho de

Freud, informou a imprensa que iria decorrer

uma manifestação feminista, onde seria ace-

sa a tocha da liberdade. Quando os jornalis-

tas chegaram ao local, cada rapariga (modelos

contratadas) acendeu um cigarro Luck Stri-

ke e fumou perante as câmaras num período

em que as mulheres não tinham essa atitude

em público. Porém, foi em 1982 que Jay Con-

rad Levinson, ‘pai’ desta fórmula, apresentou

pela primeira vez o livro “Marketing de Guer-

rilla”, onde sugeria soluções para se executar

os projectos com orçamentos “apertados”. Na

sua obra, esclarece que os empresários devem

estar cientes de que as grandes empresas não

são idênticas a pequenos negócios por muito

empreendedores que estes sejam. Levinson

recorre a um artigo de Welsh e White, publica-

do na Harvard Business Review, que defende

que as marcas menores não são versões redu-

zidas de uma grande empresa. Os que tentam

sobreviver sozinhos e com poucos meios ne-

cessitam de encontrar diferentes tipos de es-

tratégias e tácticas de marketing.

PODER DA INTELIGÊNCIAEste termo de Marketing inspira-se no concei-

to da guerrilha bélica, uma estratégia muito

usada por guerrilheiros mais fracos (em recur-

sos, armamento, combatentes) para combater

IN(TO) BUSINESS ECONOMIA & NEGÓCIOS | patrícia alves tavares

31 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

“A Pizza Hut gastou 1,25 milhões de dólares num anúncio que foi inserido num foguete russo lançado ao espaço. A mensagem tem uma efi cácia idêntica a 30 segundos em horário nobre e permite poupar muito dinheiro”

um grupo forte e coeso. Neste caso, o modelo

dita que se ‘ataque’ o público-alvo de uma for-

ma inesperada e o menos convencional possí-

vel, ou seja, recorre-se à criatividade e energia

para lançar um produto, implementando ac-

ções que dispensem publicidade em televisão,

revistas ou outdoors, poupando assim bastan-

te dinheiro. Com custos abaixo da publicidade

tradicional, é uma alternativa viável e lucrativa

para empresas com recursos fi nanceiros limi-

tados. Socorre-se de eventos que tenham ca-

pacidade de conquistar espaço nos meios de

comunicação ou de cativar a atenção do pú-

blico-alvo, mostrando a marca sem pagar uma

exorbitância por espaços publicitários nos Me-

dia tradicionais. O Marketing de Guerrilha po-

de atingir um número reduzido de pessoas.

Contudo, é mais posicionado e promove um

contacto directo com o consumidor. Altamen-

te vantajosa para empresas com orçamentos

limitados, esta técnica usa conceitos como o

marketing viral (espalhar histórias verbalmen-

te ou pela internet, como se fosse um vírus)

e “ambush marketing” (marketing de embos-

cada). As diferentes ‘armas’ contribuem para

criar uma repercussão espontânea nos Media

através de acções distintas. Uma reportagem

da revista inglesa “The Economist” divulga que

alguns especialistas nos EUA admitem que ca-

da consumidor vê em média 1,5 mil mensagens

publicitárias diariamente. Esta fragmentação

provocada pelo excesso de anúncios diminui

a efi cácia individual de cada peça. Este facto

tem motivado as empresas mais tradicionais e

prestigiadas a recorrer ao Marketing de Guer-

rilha para se distinguirem dos seus concorren-

tes. A publicação apresenta como exemplo a

Pizza Hut que gastou 1,25 milhões de dólares

num anúncio que foi inserido num foguete

russo lançado ao espaço. Todavia, há que ter

em conta que as acções devem ser bem plane-

adas para causar uma imagem positiva, para

que o consumidor associe a marca a algo ori-

ginal e simpático. Recorde-se o caso da Mat-

tel, fabricante da Barbie, que resolveu pintar

uma rua de cor-de-rosa para promover a bo-

neca. A iniciativa provocou o efeito inverso do

desejado. Os moradores fi caram irritados com

a ‘invasão’ do seu espaço e os consumidores

acabaram por reagir mal à campanha. Portan-

· Inspira-se na psicologia e no comportamento

do ser humano;

· Foca-se na procura de um elevado padrão de

exigência (ao invés do aumento de produtos e

serviços);

· Não procura novos clientes, mas sim o acrésci-

mo de contactos com o mesmo consumidor;

· Coopera com as restantes empresas (não as

encara como concorrentes);

· Combina as diferentes ferramentas de marke-

ting (não as utiliza separadamente);

· Analisa o número de relacionamentos con-

quistados e não o número de vendas;

· Encara a tecnologia como uma mais-valia,

pois é barata, fácil de usar e ilimitada;

· Recorre a ‘armas’ de baixo custo ou gratuitas;

· Acaba com os medos e paradigmas.

O modelo recorre a profi ssionais multidisci-

plinares, desde relações públicas, jornalistas,

sociólogos até agências de comunicação pa-

ra conferir credibilidade à sua mensagem. Por

outro lado, utiliza os Media de duas formas:

ou desenvolve algo novo e inusitado, captan-

do a atenção dos meios de comunicação ou

dedica-se à produção de press-releases e ma-

teriais editoriais que serão enviados para as

redacções (apesar de não saber se serão pu-

to, além da criatividade e ousadia há que ter

inteligência para planear e prever os efeitos da

acção. Se tudo correr bem, a mensagem tem

uma efi cácia idêntica a 30 segundos em horá-

rio nobre e permite poupar muito dinheiro. “A

alma e a essência do Marketing de Guerrilha

permanecem como sempre – atingir as metas

convencionais, tais como lucros e alegria, com

métodos não convencionais, como o investi-

mento de energia em vez de dinheiro”, descre-

ve Jay Conrad Levinson, na sua obra. Aliás, esta

ferramenta apareceu em função da necessida-

de de novas técnicas publicitárias. Na década

de 70, a diminuição da efi cácia dos esquemas

tradicionais obrigou a repensar estratégias

e conceito viria a surgir no início dos anos 80

com a publicação do “Marketing de Guerrilla”.

A fórmula destina-se a atrair o público que está

exausto de tanta informação. Levinson explica

na sua obra que existem doze tácticas funda-

mentais que diferenciam o novo modelo de

marketing do tradicional. São elas:

· Em vez de dinheiro, investe-se energia, imagi-

nação, informação e tempo;

· Foi inicialmente concebido para ser aplicado

em pequenas marcas;

· O retorno é medido através do lucro (e não do

acréscimo de vendas);

“O marketing de guerrilha é cada vez mais uma opção das marcas que procuram todos os métodos para captar a atenção do seu público-alvo”

32 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

IN(TO) BUSINESS ECONOMIA & NEGÓCIOS

blicados). O método dá-lhe ainda a possibili-

dade de socorrer-se do Buzz Marketing, que

tal como a tradução indica signifi ca causar ru-

mores. Várias pesquisas revelam que a melhor

forma de divulgar um produto/ marca é atra-

vés da mensagem ‘boca-a-boca’. Esta técnica

estimula a sociedade a repassar a mensagem

e a multiplicar-se rapidamente atingindo mi-

lhares ou milhões de pessoas (a Internet tem

um papel importante), podendo ocorrer de

forma espontânea ou por infl uência de um

agente externo. A outra táctica associada ao

Marketing de Guerrilha é Ambush Marketing

(de Armadilha), que tem sido aproveitada por

marcas de peso internacional, que se associam

a eventos patrocinados por outras empresas

para apresentar o seu produto sem pagar al-

gum tipo de patrocínio. Isto é, liga a sua marca

a um evento e aos valores por ele promovidos,

sem autorização dos organizadores. O objecti-

vo é que o consumidor fi que confundido e não

consiga distinguir quem é realmente o patro-

cinador ofi cial. Esta situação é frequente em

eventos de futebol. A Nike e a Pepsi usaram o

Mundial de África do Sul para publicitar a sua

marca, sem se tornarem parceiros ofi ciais do

certame (ver caixa).

AGÊNCIAS ESPECIALIZADASO Marketing de Guerrilha é cada vez mais

uma opção das marcas que procuram todos

os métodos para captar a atenção do seu

público-alvo. O interesse cresceu tão expo-

nencialmente que nos últimos anos surgiram

múltiplas agências vocacionadas para esta

vertente e que se dedicam exclusivamente a

trabalhá-la junto das pequenas e médias em-

presas. Nos EUA e na Europa, o mercado fer-

vilha e são muitas as empresas que auxiliam

as marcas a desenvolver a sua estratégia de

guerrilha. No caso africano, nomeadamen-

te no que toca a Angola, esta é uma área por

explorar mas que tem um elevado potencial

de crescimento, especialmente numa altura

em que se fala na necessidade de (re)lançar

a marca ‘Made inAngola’ no mercado interna-

cional (ver edição AI 12). Apesar de o conceito

estar a dar os primeiros passos em Portugal,

existe uma empresa especializada nesta ma-

téria e que tem contribuído para a divulgação

“Gigantes como a Nike, a IBM ou a inglesa The Body Shop já recorrem a este modelo, incluindo esta ferramenta nas suas estratégias de marketing”

“A Nike é sempre relacionada com o marketing de guerrilha. No entanto, preferimos falar de comunicação inteligente”, esclarece o responsável da marca, Olaf Markhoff’

fi fa combate marketing de guerrilha

A federação internacional de futebol repudiou publicamente as empresas que exploram

o Mundial de África do Sul sem pagar os devidos direitos. Ainda antes do arranque da

competição, uma funcionária da FIFA, em declarações ao jornal inglês “The Guardian”,

defendeu que “acções parasitas de concorrentes directos dos nossos parceiros ofi ciais são

estrategicamente planeadas por experts em Marketing de Guerrilha”, considerando que

essas campanhas vão contra “os princípios fundamentais de qualquer sociedade”. As críticas

visaram a Nike e a Pepsi, concorrentes da Adidas e da Coca-Cola (parceiros ofi ciais da

FIFA), estendendo-se a todas as marcas que não investiram os quase 15 milhões de dólares,

necessários para patrocinar a competição, mas que continuam a lucrar através da associação

do seu nome ao Mundial de 2010. Umas aproveitam o momento para simplesmente vender

televisores ou outros artigos, associando o seu nome indirectamente à Copa ou a sua imagem

à selecção do seu país. “Se outra companhia lucra sem contribuir com nada para o evento ou

para o futebol como um todo, o programa de marketing da Copa, o torneio e a cooperação

dos nossos parceiros são enfraquecidos”, alegou a porta-voz do organismo, lembrando

que a FIFA “não pode fazer nada ofi cialmente” para impedir o Marketing de Guerrilha das

marcas. Uma pesquisa de marketing a que a FIFA teve acesso indicava que um em cada dez

adeptos acreditava que a Nike era a patrocinadora ofi cial, sendo mais recordada que a rival

Adidas. Já 75 por cento dos entrevistados desconhecia quem são os parceiros do evento.

do Marketing de Guerrilha. A Torke nasceu em

Maio de 2005, num pequeno espaço em Lis-

boa e conta actualmente com 20 funcionários

e alguns dos melhores clientes do mercado.

Zon, Google, Optimus, Peugeot ou os canais

Fox e Fox Life renderam-se aos benefícios

desta táctica, que concilia a surpresa com o

inesperado. O presidente, André Rabanéa, ga-

rante que o objectivo do seu negócio consiste

em “surpreender pelo inesperado e pelo baru-

lho, pela emoção, pela ousadia e pela agilida-

de”. E a meta tem sido alcançada com sucesso.

Máscaras de médico a tapar as bocas das prin-

cipais ruas de Lisboa ou a possibilidade de ver

um concerto nos ombros de um segurança de

discoteca são algumas das campanhas mais

33 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

conhecidas da Torke. O Marketing de Guerri-

lha tem não só custos menores, mas também

uma exequibilidade mais rápida. Ou seja, en-

quanto uma campanha publicitária leva em

média dois a seis meses para ser executada e

colocada no mercado, uma acção de guerrilha

leva menos tempo, pois é relativamente me-

nor e envolve uma produção mais simples.

PODER DE UMA MARCAA estratégia nasceu com o objectivo de auxiliar

as pequenas e médias empresas a projectar as

suas marcas e a alcançar o seu público-alvo,

apesar dos poucos recursos. Os seus benefí-

cios são de tal ordem que as grandes empre-

sas estão a adoptar este modelo como forma

de fortalecer o seu produto em novos supor-

tes. Gigantes como a Nike, a IBM ou a inglesa

The Body Shop já recorrem a este modelo, in-

cluindo esta ferramenta nas suas estratégias

de marketing. Aliás, a marca de cosméticos

alcançou parte do sucesso e da internaciona-

lização mediante a transformação das suas

lojas e dos seus produtos em autênticas cam-

panhas de defesa dos direitos humanos e dos

animais. Ao associar-se a uma causa nobre,

a The Body Shop conseguiu que a sua mar-

ca fosse divulgada e comentada em todos os

pontos do globo. A Kodak, nos Jogos Olímpi-

cos de 1984, patrocinou as emissões dos jo-

gos, apesar de a Fuji ser o parceiro ofi cial do

evento. Mas o caso mais emblemático de Ma-

rketing de Guerrilha nestas competições é o

que respeita aos jogos de Atlanta, em 1996.

A Nike encontrou uma alternativa ao patrocí-

nio do certame, o que lhe valeu uma poupan-

ça de 50 milhões de dólares. A marca encheu

a cidade de ecrãs gigantes com a transmis-

são do campeonato, publicidade e outdoors e

conseguiu criar um espaço dentro do estádio,

onde era possível obter uma vista privilegiada

das competições. Esta estratégia não é des-

cartada nem pelos países dito mais conser-

vadores. Recentemente o jornal espanhol ‘El

Pais’ apontou o exemplo dos fundamentalis-

tas islâmicos que estão a alterar os videojogos

americanos para recrutarem novos soldados.

Os informáticos da Al-Qaeda mudaram os jo-

gos originais e tornaram as tropas americanas

no inimigo e as islâmicas em heróis. É uma

outra forma de travar esta guerra.

NIKEÉ um gigante no mundo das vendas de artigos

desportivos. Todavia, essa posição não impe-

de que a Nike recorra ao Marketing de Guerri-

lha para desenvolver campanhas que tenham

o impacto desejado junto dos seus clientes e

para ultrapassar a concorrência. As suas ac-

ções ligadas ao futebol apelam às emoções

dos consumidores, pegando em histórias de

países desfavorecidos. No Mundial de 2004,

distribuíram capas no estádio levando os con-

sumidores a associar o fabricante com a se-

lecção brasileira (esta era patrocinada pela

Umbro). “A Nike é sempre relacionada com o

Marketing de Guerrilha. No entanto, preferi-

mos falar de comunicação inteligente”, escla-

rece o responsável da marca, Olaf Markhoff.

Esta é a prova de que actualmente quem

vence a guerra da publicidade não é quem

apresenta um budget maior mas quem tem

ideias mais inteligentes. “Um bom exemplo

de como sem um grande orçamento se po-

de ter uma grande repercussão” foi um spot

em que o jogador brasileiro Ronaldinho chu-

tava quatro vezes a bola à trave sem tocar no

chão. O anúncio foi enviado pela internet aos

jovens fanáticos de futebol. Em pouco temo,

na Alemanha todos discutiam se o que apare-

cia na publicidade era realmente possível. “É

necessário que seja fora do normal e surpre-

endente”, refere o responsável de marketing,

que explica que privilegiam a Internet por ser

a ferramenta favorita do seu público-alvo: os

jovens.

RED BULLAcções inusitadas e um Marketing de Guerri-

lha agressivo tornaram a marca Red Bull co-

nhecida em todo o mundo por associar-se e

organizar actividades de risco e desportos

radicais. A bebida energética captou a aten-

ção do consumidor com o Red Bull Air Race,

circuito actualmente organizado em várias

cidades mundiais. A corrida de aviões arras-

ta multidões e consegue associar o produto

a coragem, ousadia e superação de limites.

Em 20 anos de existência, 30 por cento do in-

vestimento da empresa é encaminhado para

o departamento de marketing. Anualmen-

te, investe milhões de euros no patrocínio de

eventos que testam os limites, em que 70 por

cento das provas que envergam a marca Red

Bull são de alto risco. Quanto mais elevado é

o perigo, maior é o retorno para a empresa. O

director de marketing, Pedro Navio, indica que

para cativar diferentes tipos de público, a mar-

ca aposta em modalidades desafi adoras que a

transformem em objecto de desejo, já que es-

tes eventos simbolizam “a concretização das

loucuras e sonhos que temos, acreditamos e

gostamos”. A marca tem a capacidade de ser

diferente em todos os aspectos e está pronta

para surpreender o consumidor em qualquer

lugar e qualquer momento. A fonte de inspi-

ração para a aposta em espectáculos que dei-

xam a população sem reacção está na procura

de ideias que inovem, desafi em, surpreendam,

excedam as expectativas e brinquem com os

sentidos. Este é o segredo para o sucesso de

uma empresa que não tem tradição na maio-

ria dos desportos onde investe, mas que con-

segue cativar o público. Os números também

não deixam dúvidas. No último Red Bull Air

Race, que decorreu no Brasil, superou-

“A marca Red Bull tem a capacidade de ser diferente em todos os aspectos e está pronta para surpreender o consumidor em qualquer lugar e qualquer momento”

sabia que…

O termo Marketing de Guerrilha inspirou-se no cenário das guerras. A sua defi nição está

associada à génese da guerrilha bélica. O conceito pretende explicar que mesmo com um

armamento reduzido é possível vencer uma guerra. A expressão surgiu em meados da década

de 80, com a publicação do livro de Jay Conrad Levinson, onde explicava que era possível

alcançar grandes resultados com pequenos investimentos. O especialista argumenta que as

organizações podem desenvolver campanhas publicitárias criativas e inovadoras investindo

pouco dinheiro. Os métodos mais comuns são as intervenções nas ruas, a criação de espaços

exclusivos para acções e a aposta em campanhas de comunicação em lugares insólitos.

“Em Portugal, Zon, Google, Optimus, Peugeot ou os canais Fox e Fox Life renderam-se aos benefícios desta táctica, que concilia a surpresa com o inesperado”

34 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

IN(TO) BUSINESS ECONOMIA & NEGÓCIOS

PETAA PETA (People for the Ethical Treatment of

Animals) é uma das pioneiras do Marketing de

Guerrilha. A associação tem mais de 800 mil

membros, sendo actualmente a maior organi-

zação mundial de direitos dos animais. Funda-

da em 1980, a sua fi losofi a consiste na defesa

de que os animais não foram criados para co-

mer, vestir ou para serem usados em experi-

ências. As suas acções e a sua publicidade são

radicais e, por vezes, chocantes, mas são essas

características que fazem com que a mensa-

gem seja divulgada e assimilada pelo consu-

midor. Em relação aos casacos, a PETA mostra

detalhadamente todo o processo de extracção

das peles e confecção das roupas, apresentan-

do no seu site uma série de vídeos. A organiza-

ção conseguiu transformar o uso de peles num

acto criticado por todos, gerando um clima de

receio no mundo da moda, que abdicou des-

tes artigos com medo das investidas da PETA.

A inteligência do grupo de defesa dos animais

está no desenvolvimento de campanhas que

conjugam o humor e imagens chocantes, pro-

vocando autênticos tumultos, que captam a

atenção das objectivas da imprensa. Este é

o segredo daquele que se transformou num

dos movimentos de protesto mais efi cazes de

sempre. Há que lembrar uma iniciativa em que

um conjunto de activistas se despiu à frente

da Casa Branca e gritaram: “prefi ro andar nu

a usar peles”. As peles que os membros con-

seguem retirar aos seus proprietários são dis-

tribuídas pelos pobres e sem-abrigo de vários

pontos do mundo. A McDonald’s também foi

visada por esta luta, devido à criação comercial

de frangos. Há dois anos, começaram a distri-

buir nas ruas dos EUA “McLanches Infelizes”

em frente às lojas da cadeia de fast food. O

lanche incluía brinquedos de plástico cobertos

de “sangue”. Estes acabaram por ceder e orien-

tar os fornecedores para que acabassem com a

prática de decepar os frangos ainda vivos. O re-

curso a esta táctica tem valido um orçamento

anual superior a 30 milhões de dólares, oriun-

dos de fundos, taxas dos sócios e vendas dos

seus produtos. As campanhas são diversas e

em várias vertentes, recorrendo a fi guras céle-

bres para participar nas suas acções.

ADIDASNo último ano, a marca apresentou uma cam-

panha original para lançar os novos ténis. In-

“A PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) é uma das pioneiras do Marketing de Guerrilha”

se a expectativa de receber os 600 mil curio-

sos esperados. “Foram quase um milhão de

pessoas para assistir a um evento que durou

cerca de um ano e meio” para ser autorizada,

afi ançou o director de marketing. Em Veneza,

a marca aproveitou uma inundação da cidade

para surgir com uma acção inusitada. A Red

Bull levou um atleta patrocinado para prati-

car wakeboarding. O caso espalhou-se rapi-

damente pela Internet, alcançando diversos

países. A empresa tem a capacidade de ser di-

ferente em todos os aspectos e está sempre

pronta para surpreender o consumidor a qual-

quer momento e em qualquer lugar. A marca

privilegia o Marketing de Guerrilha e o contac-

to directo com o cliente ao invés da aposta em

publicidade nos meios de comunicação tra-

dicionais. Os eventos que patrocina ou recria

cumprem essa tarefa espontaneamente. Por

ser surpreendente, ela consegue ser exposta

e divulgada nos Media sem investir grandes

somas de dinheiro em tácticas tradicionais. O

retorno é aliciante. As acções “representam e

reforçam a identidade que temos: um produ-

to energizante que vitaliza a mente e o corpo

e acredita num estilo de vida. E isso traz um

retorno imensurável, que é um grupo de apai-

xonados e ‘believers’ da marca como nós mes-

mos”, indica o responsável.

perfi l: jay conrad levinson

Considerado um génio do marketing e da publicidade, Jay Conrad Levinson, marketeer e gestor norte-americano, desenvolveu parte do seu trabalho na publicidade, onde se destaca a campanha desenvolvida para a Marlboro, especialmente a criação do “homem Marlboro”. Estas acções, baseadas numa estratégia de Marketing de Guerrilha, permitiram que a empresa, quase insignifi cante no mercado norte-americano, se tornasse líder mundial em poucos anos. A referida campanha é uma das mais bem sucedidas de sempre na história. Desempenhou ainda funções em empresas de publicidade como a BBDO, Weiner Gossage e Edward H. Weiss. Actualmente é director da Guerrilla Marketing International, uma empresa partner da Adobe e da Apple. Conferencista, colunista e líder de seminários, Levinson tornou-se um ícone do marketing ao publicar como autor e co-autor a série de livros mais vendida na área do marketing: ‘Guerrilla Marketing’ (1984), ‘Guerrilla Selling’ (1992), ‘Guerrilla Advertising’ (1994), ‘Guerrilla Marketing with Technology’ (1997) e, mais recentemente, ‘Guerrilla Marketing for the New Millenium’.

titulada ‘Boost Your Jump’ (Impulsiona o teu

Salto), a acção desenvolvida pela agência

TBWA consistiu em pendurar latas de lixo nos

postes, a vários metros das ruas de Paris, para

mostrar que as sapatilhas Adidas A3 ajudam o

atleta a impulsionar o seu salto, especialmen-

te quando jogam basquetebol. Neste Mundial,

a marca lançou a campanha “The Quest”, que

contou com a presença das estrelas do fute-

bol: Zidane, Ballack, Messi, Káká e Gourcuff.

35 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |

36 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

SOCIEDADE

O domíniodo click

| patrícia alves tavares

O último ano é recordado por muitos como o das

redes sociais. Em 2009, milhões de utilizadores

“não técnicos” tornaram-se visitantes assíduos

da Web via Facebook ou Twitter. Os responsáveis

das duas páginas consideram que estes meses

fi caram marcados pela adesão dos usuários não

tradicionais (todos os que não são adolescentes

ou jovens nascidos na era da tecnologia) às fer-

ramentas de partilha de informação. Quem tirou

maior partido da situação foram as empresas,

que num período de recessão económica conse-

guiram arrecadar inúmeras vantagens (e até lu-

cros) para os seus negócios. Aliás, foi em 2009

que as organizações se aperceberam dos benefí-

cios das redes sociais, que passaram a ser enca-

radas como veículos de comunicação directa com

os clientes e meios privilegiados para divulgação

das suas mensagens, de forma pouco dispendio-

sa e a um leque alargado de indivíduos. Orkut,

Facebook, blogs e Twitter são conceitos que fa-

zem parte do dia-a-dia de muitas marcas de re-

nome internacional. É o caso da Audi, cujo site

disponibiliza uma série de ferramentas que pro-

movem a interactividade com os clientes. Estes

podem personalizar uma página para receber in-

formações de múltiplas redes sociais em simul-

tâneo. A marca criou uma personagem, o Guto

Kleien, que interage com os internautas que pos-

suem uma conta no Orkut, Twitter ou Facebook.

Consultoras como a Nielsen e Dan Olds assegu-

ram que o Facebook tem mais de 350 milhões de

A febre das redes sociais, à semelhança de um vírus, espalhou-se por todos os cantos do mundo. Os especialistas encaram esta evolução com naturalidade e como algo positivo, que promete aproximar populações, criando uma aldeia global. As empresas e marcas de prestígio também não escapam ao domínio das novas ferramentas e entram nestes espaços com o intuito de expandir os seus negócios. A Angola’in apresenta-lhe as suas vantagens e perigos e traça o perfi l do utilizador nacional. Descubra quais os sites preferidos pelos seus colegas de trabalho

‘A SNNAngola, um blogue sobre tecnologias de informação, cita que cerca de 300 mil angolanos utilizam o Hi5, que assume o topo da lista’

usuários, o que indica que apenas em Abril estas

pessoas passaram mais de 13.900 milhões de

minutos no Facebook, representando “700 por

cento mais do que no mesmo mês do ano an-

terior”. No caso do Twitter, o tráfego sofreu um

aumento em Setembro último de 1.170 por cen-

to, face ao mês homólogo de 2008. O sucesso

destas aplicações captou inclusive o interesse

dos gigantes da informática, como o Google e a

Microsoft que assinaram acordos com o Twitter

e com o Facebook.

HI5 LIDERA O fenómeno chegou entretanto ao país. As re-

des sociais são uma realidade nacional há algum

tempo, constatando-se uma adesão crescen-

te de utilizadores de todas as idades e estratos

sociais. Estudos indicam que os angolanos inte-

ragem cada vez mais no mundo virtual do que

no físico e por maiores períodos de tempo. À

semelhança do que acontece nos grandes cen-

tros urbanos, a utilização da Internet deixou de

ser considerada um luxo e a massifi cação do seu

uso levou à consagração da sua importância. As

redes sociais são as ferramentas preferidas pe-

los angolanos para interagir e comunicar com os

seus ‘vizinhos’ virtuais. Espaços como o Orkut,

Facebook, Hi5, Twitter ou Sónico têm conquista-

do os cibernautas. A snnangola, um blogue sobre

tecnologias de informação, cita que cerca de 300

mil angolanos utilizam o Hi5, que assume o topo

da lista como sendo a página mais utilizada pela

população. A fonte do estudo é a Alexa Internet

Inc., um serviço que mede o número de pessoas

que visita um site. A liderança do Hi5 foi consu-

mada em 2009, ano em que conquistou o títu-

lo de segunda hiperligação mais visitada pelos

angolanos. A Alexa refere que – apesar de não

existirem estatísticas ofi ciais -, 0,7 por cento das

visitas do Hi5 são provenientes de Angola, num

universo de 50 milhões, o equivalente a cerca de

350 mil cibernautas nacionais. Os analistas acre-

ditam que os valores devem rondar os números

divulgados pela agência devido ao ‘boom’ da pro-

cura das redes sociais. No entanto, mostram-se

surpreendidos por este ‘blog’ se assumir como

o preferido entre os países do Terceiro Mundo e

os mais pobres da Europa e Ásia, “sem precisar

agradar às grandes potências mundiais”. A pes-

quisa indica ainda que são os países lusófonos

(excepto Brasil, onde o Orkut é soberano) que

preferem o Hi5 para manter contactos pesso-

ais e profi ssionais com os ‘amigos’ da sua rede.

Recorde-se que esta ferramenta surgiu em 2003

e tem mais de 60 milhões de membros activos,

37 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

registados em 200 países. Neste momento, en-

contra-se numa fase de adaptação do site aos

interesses específi cos de cada país, o que tem

permitido às empresas angolanas apostar em

publicidade neste meio.

FERRAMENTA VALIOSAO valor das redes sociais atingiu tal dimensão

que as tecnologias complementares começam a

apostar na criação e adaptação dos actuais equi-

pamentos às funcionalidades das novas ferra-

mentas de comunicação. O objectivo é que haja

compatibilidade entre todas as infra-estruturas.

Os telemóveis já incluem acesso ao Facebook e

a outras redes, algumas televisões e ecrãs estão

adaptados e permitem a consulta das referidas

ferramentas e as barras dos sistemas operativos

dos computadores detêm atalhos para um aces-

so mais rápido aos sites. A nível empresarial, são

múltiplas as entidades que recorrem às redes so-

ciais para suportar os seus negócios, não só pela

novidade, mas sobretudo pela escala. Os analis-

tas prevêem que em 2010, as grandes empresas

utilizem acções de marketing e suporte através

das redes sociais, esperando-se que se tornem

mais programáticas e estratégicas. Isto porque

a tendência global é para que um número cres-

cente de utilizadores comece a ver os posts nos

telemóveis, pda’s e nos futuros meios móveis.

Aliás, muitas multinacionais estão a substituir o

célebre ‘coffee break’ pelo ‘social media break’.

Muitas entidades recorrem a estes sites pela es-

cala. Nos EUA, a BestBuy tem uma página de fãs

no Facebook com quase dois milhões de segui-

dores e criou um canal no Twitter (Twelpforce),

onde presta diversos serviços aos clientes, ao ní-

vel de pré e pós-venda e de logística. A dimen-

são dos seguidores registados vai para além do

potencial e do lucro que a plataforma pode gerar.

Sempre que um cliente pesquisar informações

sobre um produto encontra os dados concedidos

pela BestBuy e as opiniões de todos os usuários

que colocaram a mesma questão, ajudando os

consumidores na tomada de decisão. Desta for-

ma, as empresas podem poupar dinheiro e atin-

gir níveis de excelência na qualidade do serviço

que até aqui não eram possíveis. A publicidade

“grátis” é uma das formas mais utilizadas pelas

empresas, que encontram na procura destas re-

des a método privilegiado para divulgar os seus

conteúdos, de forma massiva e a baixo custo.

Aliás, esta questão tem conduzido alguns países

a regulamentar as regras para promover produ-

tos e serviços em sites como o Twitter e o Face-

book. É o caso do órgão regulador de publicidade

do Reino Unido, a Advertising Association, que

está a desenvolver mecanismos que regulem as

leis online relativas à promoção das empresas. O

projecto ainda está a ser analisado, mas o objec-

tivo é que as novas normas entrem em vigor es-

te ano. O Mundial de África do Sul também está

a infl uenciar o modo como as marcas se estão a

posicionar no mercado. A edição da Taça do Mun-

do é a primeira a decorrer na era das redes sociais

e de plataformas como o Twitter ou o Youtube,

que exigem linguagens e dinâmicas específi cas.

Poderosas marcas como a Nike ou a Gilette pos-

suem equipas especializadas nestas novas tec-

nologias que estão a desenvolver campanhas

específi cas para estes meios, que estimulem a

interacção com os internautas.

CONFIDENCIALIDADEFraude, cibercrime, phishing, malware baseado

em mensagens instantâneas e roubo de identi-

dade são alguns dos perigos da Internet, nome-

adamente das redes sociais, onde informações

pessoais são divulgadas e tornadas públicas sem

que muitas vezes o utilizador se aperceba que ao

fazê-lo está a correr uma série de riscos. O roubo

de identidade é constante. Os fi ns são múltiplos.

Redes organizadas ou os chamados ‘piratas’ do

ciberespaço apoderam-se de informações pes-

soais de outros utilizadores para fazer compras

online, transferências bancárias e diversos cri-

mes. Por outro lado, nem todos os que recor-

rem a estes meios têm boas intenções. Os perfi s

criados nem sempre correspondem à realidade e

as informações falsas são frequentemente usa-

das pelas redes de prostituição, tráfi co humano

e pedofi lia para atrair crianças e jovens. A forma

como é divulgada a informação, especialmen-

te no que concerne ao Facebook, também de-

ve ser acautelada. Muitas empresas recorrem a

estas redes para contratar ou analisar o perfi l

de potenciais candidatos para uma vaga labo-

ral, excluindo por vezes indivíduos em função da

imagem que transmitem nas redes sociais. Ali-

ás, existem casos de pessoas que foram despe-

didas pelo Facebook ou devido a críticas dirigidas

à entidade patronal através destas redes.

MUNDO RENDIDOCientes do poder que as redes sociais têm, no-

meadamente de difusão de informação às mas-

sas, as empresas, órgãos de comunicação social,

políticos, atletas, organizações governamentais

e ONGs têm explorado todas as suas funciona-

lidades, utilizando-as como instrumentos pa-

ra difundir os seus conteúdos. Actualmente, os

meios de informação fazem actualizações qua-

se ao minuto, incentivando os leitores a aceder

ao site ofi cial. É possível acompanhar o decorrer

de um processo eleitoral ou consultar quase em

tempo real os jogos do Mundial de África do Sul.

Recentemente, Hugo Chavez, presidente da Ve-

nezuela, aderiu ao Twitter e criou uma página no

Facebook para comunicar com os seus eleitores.

Uma atitude perspicaz, que revela o seu conheci-

mento das novas tecnologias e do poder que es-

tas podem ter na escolha e no rumo de algumas

decisões políticas. É facto consumado que as re-

des sociais vieram para fi car e são actualmente o

meio de comunicação mais usado. Nos EUA, um

estudo da Center Media Research refere que em

2009 se verifi cou um crescimento exponencial

de redes como o Twitter, que na América cres-

ceu 1382 por cento e o Facebook está a ultrapas-

sar o MySpace. As previsões são que a tendência

para a popularidade aumente em 2010, pois vão

tornar-se mais exclusivas e móveis. Afi nal, estas

foram as primeiras a dar importância vital aos

conteúdos e a sobreviver à base da troca de in-

formações.

CONFIDENCIALIDADEFraude, cibercrime, phishing, malware baseado

em mensagens instantâneas e roubo de identi-

dade são alguns dos perigos da Internet, nome-

adamente das redes sociais, onde informações

pessoais são divulgadas e tornadas públicas sem

que muitas vezes o utilizador se aperceba que ao

fazê-lo está a correr uma série de riscos. O roubo

de identidade é constante. Os fi ns são múltiplos.

Redes organizadas ou os chamados ‘piratas’ do

ciberespaço apoderam-se de informações pes-

soais de outros utilizadores para fazer compras

online, transferências bancárias e diversos cri-

mes. Por outro lado, nem todos os que recor-

rem a estes meios têm boas intenções. Os perfi s

criados nem sempre correspondem à realidade e

as informações falsas são frequentemente usa-

das pelas redes de prostituição, tráfi co humano

e pedofi lia para atrair crianças e jovens. A forma

como é divulgada a informação, especialmen-

te no que concerne ao Facebook, também de-

ve ser acautelada. Muitas empresas recorrem a

estas redes para contratar ou analisar o perfi l

de potenciais candidatos para uma vaga labo-

ral, excluindo por vezes indivíduos em função da

imagem que transmitem nas redes sociais. Ali-

ás, existem casos de pessoas que foram despe-

didas pelo Facebook ou devido a críticas dirigidas

à entidade patronal através destas redes.

‘Fraude, cibercrime, phishing, malware baseado em mensagens instantâneas e roubo de identidade são alguns dos perigos da Internet, nomeadamente das redes sociais’

38 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

SOCIEDADE

MUNDO RENDIDOCientes do poder que as redes sociais têm, no-

meadamente de difusão de informação às mas-

sas, as empresas, órgãos de comunicação social,

políticos, atletas, organizações governamentais

e ONGs têm explorado todas as suas funcionali-

dades, utilizando-as como instrumentos para di-

fundir os seus conteúdos. Actualmente, os meios

de informação fazem actualizações quase ao mi-

nuto, incentivando os leitores a aceder ao site

ofi cial. É possível acompanhar o decorrer de um

processo eleitoral ou consultar quase em tempo

real os jogos do Mundial de África do Sul. Recen-

temente, Hugo Chavez, presidente da Venezuela,

aderiu ao Twitter e criou uma página no Facebook

para comunicar com os seus eleitores. Uma atitu-

de perspicaz, que revela o seu conhecimento das

novas tecnologias e do poder que estas podem

ter na escolha e no rumo de algumas decisões

políticas. É facto consumado que as redes sociais

vieram para fi car e são actualmente o meio de co-

municação mais usado. Nos EUA, um estudo da

Center Media Research refere que em 2009 se

verifi cou um crescimento exponencial de redes

como o Twitter, que na América cresceu 1382 por

cento e o Facebook está a ultrapassar o MySpa-

ce. As previsões são que a tendência para a po-

pularidade aumente em 2010, pois vão tornar-se

mais exclusivas e móveis. Afi nal, estas foram as

primeiras a dar importância vital aos conteúdos e

a sobreviver à base da troca de informações.

FENÓMENO FACEBOOKTem apenas seis anos, mas já conquistou meio

mundo. É a rede social da moda. O Facebook tem

actualmente mais de 500 milhões de utilizadores

activos, em que mais de 100 milhões acedem à

rede através de aparelhos móveis. É mais popu-

lar nos EUA, mas cerca de 70 por cento dos ins-

critos são oriundos de outras nações. As últimas

estatísticas apontam para mais de três milhões

de páginas de fãs a funcionar e para 60 milhões

de actualizações do status por dia (cinco biliões

de ‘peças de conteúdo’ por semana). Cada utiliza-

dor gasta em média 55 minutos nesta platafor-

ma, contabilizando-se que mais de um milhão de

empresários e técnicos ajudaram a desenvolver

mais de 500 mil aplicativos. O Facebook começa

a ser encarado não apenas como ferramenta para

socializar no mundo virtual, mas também como

agregador de conteúdos. “É nítido que as pesso-

as já começam a consumir notícias através das

redes sociais”, argumenta António Granado, um

jornalista português, em declarações ao Sapo. A

nova plataforma tem a vantagem de conhecer

o número e as características da audiência. Pa-

ra alcançar as mais-valias do Facebook, é funda-

mental possuir uma equipa especializada, que

‘O Facebook tem actualmente mais de 500 milhões de utilizadores activos, com mais de três milhões de páginas de fãs a funcionar’

conheça e saiba utilizar as redes sociais. Há que

saber fazer um rastreio das informações, já que

as páginas não são locais indicados para “despe-

jar” toda a informação. O sistema foi entretanto

bastante criticado pelas recentes alterações da

política de privacidade, em que o nome e as fo-

tografi as dos utilizadores fi caram disponíveis em

toda a Internet, sem que estes fossem consul-

tados. O co-fundador da empresa de marketing

online Byside, Vítor Magalhães, considera que o

“Facebook fez uma coisa eticamente errada, mu-

dou a política de privacidade sem consultar os uti-

lizadores”. O especialista referiu que as mudanças

têm “um foro comercial”, pois quanto mais infor-

mações são tornadas públicas, “mais utilizadores

vão-se registar no site”. “Torna-se atractivo pa-

ra qualquer empresa de publicidade ligar-se ao

Facebook”, visto que tem ao seu dispor dados

pessoais de mais de 500 milhões de utilizado-

res. Outro verdadeiro caso de sucesso é o Linke-

dIn. A rede social vocacionada para profi ssionais

foi criada nos EUA, mas rapidamente conquistou

adeptos em Inglaterra, na Austrália, na Índia e na

Holanda. Recentemente foi lançada em Portugal,

alargando assim o serviço para o quinto idioma

(até aqui disponível em inglês, espanhol, francês

e alemão), de forma a facilitar a “conexão entre

os profi ssionais”. Este avanço vem ainda respon-

der aos desejos dos utilizadores brasileiros, que

começaram a ingressar no site, apesar de não

existir um plano para aquele país. A disponibiliza-

ção dos conteúdos em português vai permitir que

outros países possam aderir à rede social. O site

é responsável por mais de um bilião de buscas e

mantém 500 perfi s de empresas. Cerca de 60 por

cento dos utilizadores estão na América do Nor-

te. Na Europa é responsável por 24 por cento, na

Ásia por oito por cento e na Oceânia e em África

por dois por cento cada. Apesar dos múltiplos ris-

cos, as redes sociais abrem um leque de possibi-

lidades inimaginável em termos de comunicação,

podendo ser bastante lucrativos para usuários,

empresas e meios de comunicação. Há que sa-

ber usá-las convenientemente, aproveitando as

suas mais-valias e tomando precauções quanto

aos riscos e efeitos colaterais que uma simples

acção pode ter no futuro. Cientes destas condi-

cionantes, muitas empresas recorrem a especia-

listas que se encarregam de gerir as redes sociais.

Actualmente começam a surgir em vários países

empresas que se dedicam a prestar esses servi-

ços. Por outro lado, os utilizadores têm que es-

tar cientes que tudo o que partilham pode vir a

ser usado contra si, pois as “pegadas digitais” po-

dem ter consequências. Recorde-se que muitas

empresas antes de contratar alguém fazem uma

pesquisa na internet e os vestígios podem contri-

buir para a perda de credibilidade.

top 10 social-networkingwebsites & forums by us market share of visits (%)march 2010

top 10 visited social-networkingwebsites & forumsmarch 2010

Source: Hitwis

Source: Hitwise

social network usage by countryhome & workfeb 2010

Source: The Nielsen Company* home only

country time per person (hh:mm:ss)

facebook

youtube

myspace

tagged

twitter

yahoo! answers

yahoo! profiles

myyearbook

windows live home

mocospace

0 20 40 6

39 SOCIEDADE · ANGOLA’IN | 39 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE

SOCIEDADE

ALDEIAS SOS

Mães do coração

| patrícia alves tavares

“Construímos famílias para crianças necessitadas, ajudámo-las a moldar os seus próprios futuros e compartilhamos no desenvolvimento das suas comunidades”

in www.aldeiasosangola.org

‘O conceito ‘Aldeias de Crianças SOS’ deu lugar a uma organização que está actualmente representada em todos os continentes, com mais de 444 cooperativas em mais de 132 países’

A ideia nasceu na Áustria, em 1949, período em

que a Segunda Guerra Mundial deixou muitas

crianças órfãs, sem casa e sem condições eco-

nómicas para sobreviver. O projecto, idealizado

por Hermann Gmeiner, auxiliou muitos jovens

em risco e, mais tarde, acabou por ser explora-

do e aplicado numa série de países. O conceito

‘Aldeias de Crianças SOS’ deu lugar a uma orga-

nização que está actualmente representada em

todos os continentes, com mais de 444 coopera-

tivas em mais de 132 países.

Em Angola é recente, mas conta com três al-

deias, distribuídas pelo Lubango, Benguela e

Huambo. São regiões bastante atingidas pela

guerra civil, pelo que há um número crescente de

crianças desamparadas. O altruísmo deste tipo

de associações tem sido louvado pelos parceiros

nacionais e internacionais, tendo inclusive o re-

conhecimento da Unicef. As aldeias têm o com-

promisso de criar um ambiente familiar para os

jovens, proporcionando conforto, atenção, edu-

cação e saúde, como se tratasse de um verda-

deiro lar. Aqui, nem as mães faltam! A Angola’in

mostra-lhe a realidade das instituições, que vi-

vem exclusivamente das doações e contributos

dos ‘padrinhos’.

O SONHO DE GMEINERQuando fundou as ‘Aldeias de Crianças SOS’,

Gmeiner pretendia restaurar o equilíbrio da vida

de crianças abandonadas, órfãs e traumatizadas

psicologicamente e fi sicamente. O benemérito

austríaco entendia que o percurso da infância iria

infl uenciar a vida adulta. Assim, procurou ajudar

a fortalecer os laços entre famílias e comunida-

des, como forma de prevenção do abandono e da

negligência social.

A génese consiste em ‘adoptar’ crianças neces-

sitadas, funcionando como uma organização de

desenvolvimento social independente e não-

governamental, que explora o método familiar.

Integradas nos princípios da Convenção das Na-

ções Unidas, em relação aos direitos fundamen-

tais da criança, as comunidades respeitam as

várias religiões e culturas. Porém, não se pode

confundir Aldeia SOS com orfanato. Neste caso,

cada jovem ganha uma ‘mãe atenciosa’, isto é,

mulheres que fi cam responsáveis pela criança e

comprometem-se a dar segurança, afectos e es-

tabilidade. As mães SOS ou ‘do coração’ são pro-

fi ssionais em cuidados infantis, que partilham

o espaço com os seus ‘fi lhos’, gerindo a vida do-

méstica da sua habitação. Recorde-se que a

comunidade subdivide-se em várias casas, com-

postas por grupos de rapazes e raparigas com

diferentes idades, que convivem e partilham as

tarefas e o espaço como se se tratassem de ir-

mãos biológicos. Cada família SOS desenvolve os

mesmos laços emocionais que uma família tra-

dicional, que acabam por se manter após o jovem

abandonar a aldeia e adquirir a independência.

A vantagem da divisão da comunidade por lares

está relacionada com o facto de cada agregado

desenvolver ritmos e rotinas próprias. Por outro

lado, os seus elementos, além de desenvolverem

a percepção de que estão em casa, aprendem em

conjunto, através da interacção com os ‘irmãos’

e partilham as responsabilidades do quotidiano.

À semelhança dos restantes países, as famí-

lias SOS angolanas vivem em ambiente de en-

treajuda, tal como nas restantes comunidades.

Através da família, da aldeia e do espírito de so-

ciedade, as crianças vivenciam uma infância feliz

e gozam de uma perfeita integração no mundo

exterior.

Estes são os quatro princípios, idealizados por

Gmeiner, que garantem a estabilidade e a segu-

rança das crianças acolhidas, que benefi ciam de

todas as condições económicas e humanas, sen-

do acompanhadas individualmente ao longo do

processo de crescimento.

41 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |

‘No âmbito da estratégia de expansão do trabalho da SOS Internacional e da delegação angolana, a cidade do Huambo será recentemente contemplada com Aldeia SOS. O projecto está enquadrado no programa governamental de apoio à criança e custou quatro milhões de dólares’

LUBANGO, BENGUELA, HUAMBOHuíla foi a primeira província que acolheu o pro-

jecto ‘Aldeia SOS’. A organização radicou-se no

Lubango, onde está actualmente implementada

a sede. Nesta região, a comunidade é compos-

ta por uma escola (lecciona da primeira à nona

classe) que apoia as crianças lubanguense extra-

comunidade; um jardim-escola para crianças até

aos cinco anos e um complexo de habitações,

em que uma ‘mãe’ é responsável por propiciar os

cuidados necessários às várias crianças que edu-

ca. A maioria dos ‘fi lhos’ desta aldeia é órfão de

pai e mãe. A infra-estrutura está perto de uma

montanha a nordeste da cidade. A comunidade

conta ainda com o suporte de centros de saúde

e postos médicos, que são implantados perto

das aldeias e dispõem de dois profi ssionais espe-

cializados para atender personalizadamente as

crianças SOS. No total, são auxiliadas 137 crian-

ças, agrupadas em 13 casas familiares e 41 jovens

no projecto juvenil. Paralelamente, há o serviço

de apoio à comunidade exterior.

Benguela foi a segunda região a abraçar o pro-

jecto. A fi nalidade é a mesma e os serviços são

idênticos, sendo uma mais-valia para a província,

que conta com o apoio das duas infra-estruturas.

Criada há cinco anos, conta com uma escola on-

de estudam 792 alunos (106 internos), que têm

acesso a sala de informática e a todos os mate-

riais académicos essências para a aprendizagem.

No âmbito da estratégia de expansão do trabalho

da SOS Internacional e da delegação angolana, a

cidade do Huambo será recentemente contem-

plada com uma infra-estrutura semelhantes, que

está a ser edifi cada na província. A entrada em

funcionamento está para breve e, numa primeira

fase, vai acolher 60 crianças, que serão integra-

das em famílias adoptivas que vão acompanhar

o seu desenvolvimento até aos 18 anos, quando

conseguir emprego. O projecto está enquadrado

no programa governamental de apoio à criança e

custou quatro milhões de dólares.

O programa contempla o estudo das comuni-

dades carentes, que são criteriosamente selec-

cionadas, de acordo com o índice de orfandade

e famílias necessitadas com crianças em risco

de abandono. A pobreza e as consequências da

guerra tem feito crescer o número de crianças

abandonadas, que são resgatadas pelas aldeias.

Os coordenadores SOS trabalham directamen-

te com as comunidades envolvidas no processo

e com os encarregados de educação, de forma

a reforçar a sua capacidade de sobrevivência. O

intuito é manter os jovens no ambiente familiar,

desde que se reúnam as condições.

‘PADRINHOS’ INTERNACIONAISSão ‘peças’ fundamentais no funcionamento e

organização do dia-a-dia das Aldeias SOS. Os ‘pa-

drinhos’ são responsáveis por fi nanciar a educa-

ção dos seus afi lhados. Os donativos asseguram

a integração da criança na sociedade, permitindo

que esta tenha acesso à saúde, à educação e aos

bens de primeira necessidade.

Recorde-se o recente jogo de ex-estrelas, organi-

zado pelo ex-internacional de futebol português,

Luís Figo. Em parceria com Akwá, promoveu e

participou numa partida, que decorreu no Está-

dio Nacional de Ombaka, em Benguela. As re-

ceitas da venda dos bilhetes reverteram a favor

destas instituições. Aliás, a fundação Luís Figo

tem sido bastante pró-activa nesta matéria. Em

Maio, contribuiu com 80 mil euros para um novo

projecto da Swatch, a ‘Casa para o Mundo’. Os lu-

cros do jogo AllStars, organizado em Angola, fo-

ram doados para um plano que visa a construção,

em Lisboa, de um centro de acolhimento tempo-

rário para crianças refugiadas, ao serviço do Con-

selho Português para os Refugiados. A inaugurar

em 2011, será o primeiro do género e terá capaci-

dade para 14 jovens.

Em Julho, a primeira-dama de Portugal, Maria

Cavaco Silva, fez questão em conhecer a aldeia

de Benguela e mostrou-se impressionada com o

excelente trabalho desenvolvido em prol das 106

crianças acolhidas. De visita ao país, elogiou as

condições de alojamento e o acompanhamento

das mães de acolhimento.

Paralelamente, a associação conta com o auxí-

lio dos Governos, doadores individuais e diversos

parceiros. Desde a fundação da primeira casa, em

1949, as comunidades conseguiram estabelecer

uma relação de confi ança com as entidades do

país, onde estão inseridas. Os fundos e os recur-

sos disponibilizados garantem o bem-estar das

crianças, proporcionando altos níveis de cuida-

dos. Assim, as Aldeias SOS desdobram-se em

pedidos de ajuda e apelam à sociedade para que

‘apadrinhem’ as crianças. No contexto nacional, a

comunidade do Lubango conta com patrocínios

externos, de famílias que vivem em Inglaterra

e que fazendo doações regulares e visitando os

‘afi lhados’. Benguela tem ajudas económicas de

habitantes da região, que vão acompanhando o

crescimento destes jovens.

UNICEF RECONHECEJoão Neves, representante da Unicef na região

Sul de Angola, enaltece o papel do Executivo na

melhoria da situação das crianças angolanos,

destacando o contributo das Aldeias SOS. “No-

tamos investimentos em infra-estruturas sociais

em benefício das crianças, nomeadamente esco-

las, hospitais e campos desportivos. Auguramos

que estas acções continuem porque são indica-

dores do bem-estar da criança”, explicou numa

entrevista à Angop. Já o director da escola da Al-

deia SOS do Lubango, Faustino Sequilla, lembrou

que “os factores pró-activos no país, tais como a

adesão do Governo às Convenções Internacionais

favorecem as políticas de protecção dos Direitos

da Criança”. O responsável defende igualmente a

promoção de mais parcerias com instituições pú-

blicas e organizações da sociedade civil, para in-

serção destas crianças no programa e, no futuro,

na sociedade.

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA42

| patrícia alves tavares GRANDE ENTREVISTA

O BESA foi constituído em 2001. O que motivou a escolha deste país para implementar a instituição?O período pós-guerra revelou ao mundo

uma economia de mercado emergente, prós-

pera e atraente ao investimento estrangei-

ro. O relançamento económico de Angola

nos últimos anos conduziu à consolidação

da sua estrutura de negócio, estabilidade fi -

nanceira e à evolução do mercado de consu-

mo. Angola está, tradicionalmente, ligada a

Portugal e ao investimento português, pe-

la partilha da mesma língua, história e ra-

ízes culturais. Embora, vivamos desde 2008

uma situação algo diferente.

Este contexto positivo de crescimento sus-

tentou a criação do BESA sendo que cedo se

impôs como banco de referência em Ango-

la, pelo seu desempenho fi nanceiro e pio-

neirismo na oferta de serviços e soluções

para empresas e particulares. Acreditamos

que o rápido crescimento nacional deve

estar sustentado num sistema fi nanceiro e

bancário sólido e o BESA pretende partici-

par activamente nesse processo, crescendo

e ajudando o país a crescer.

Os objectivos que motivaram a sua criação foram alcançados?Desde a sua fundação, o BESA tem desenvol-

vido uma estratégia sólida de abordagem de

mercado, baseada no reforço constante e sus-

tentado da sua posição competitiva no mer-

cado, com total respeito pelos interesses e

bem-estar dos seus clientes e colaboradores.

Para tal, temos investido na modernização

Num ano em que o Banco Espírito Santo Angola cresceu exponencialmente a to-dos os níveis, transformando-se numa das principais entidades fi nanceiras a ope-rar no país, a Angola’in falou com o presidente da instituição, Álvaro Sobrinho. Numa longa entrevista, o responsável falou das razões do sucesso, dos projectos para o futuro, da importância da banca nacional e do crescimento económico.

“A atribuição de ‘rating’ é essencial para a venda de títulos no mercado internacional”

“O prémio de “Best Bank in Angola” é obviamente prestigiante e motivador, sobretudo pelo prestígio e independência da revista Global Finance”

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 43

tecnológica, na melhoria

do serviço ao cliente e no

crescimento do número

de balcões para alcançar

mais clientes. Conciliando

a sua integração interna-

cional com o conhecimen-

to profundo do mercado

angolano e das suas neces-

sidades, o BESA destaca-se

pela credibilidade, solidez

e atendimento ao cliente,

garantindo o desenvolvi-

mento contínuo de novos

produtos e uma ampla

cobertura territorial das

agências bancárias.

Qual o balanço da actividade do último ano?O ano de 2009 foi determi-

nante na história do BESA

e na sua consolidação co-

mo grupo fi nanceiro, um

dos objectivos prioritários

do banco. Estamos a cons-

truir os alicerces de uma sólida estratégia que

temos vindo a defi nir e que a partir deste ano

iniciará uma nova etapa do seu percurso. Em

2009, iniciámos as negociações para a consti-

tuição de uma sociedade de leasing, de uma

corretora e um banco de investimento. No

fi nal do ano, o banco integrou um novo par-

ceiro accionista angolano e essa participação

é mais um passo importante na nossa estraté-

gia de expansão. Queremos crescer, apoiar o

crescimento da economia e do sistema fi nan-

ceiro nacional e contar com parceiros fortes,

nomeadamente angolanos.

A 31 de Dezembro do ano anterior, o activo lí-

quido ascendia a 4.5 mil milhões de euros, re-

presentando um crescimento de 29% face ao

período homólogo. A captação de recursos de

clientes alcançou cerca de 1,8 mil milhões de

euros, o que signifi cou um aumento de 6%, e a

carteira de crédito atingiu cerca de 1,7 mil mi-

lhões de euros (+46% face ao ano transacto).

O produto bancário ascendeu a 213 milhões

de euros, num aumento de 59% em relação

ao exercício anterior, para o que contribuiu o

aumento do resultado fi nanceiro e dos resulta-

dos de operações fi nanceiras e diversos. Resul-

tados que refl ectem o crescimento contínuo

no mercado e nossa sua solidez fi nanceira.

Em que consiste a estratégia de crescimento para este ano?

mos 10 anos, vamos apoiar

as iniciativas promovidas

pelo Instituto do Planeta

Terra, pertencente àquela

instituição.

Quais as expectati-vas para o futuro a médio e longo prazo?Tem como objectivo refor-

çar a posição de liderança

de mercado, constituin-

do-se como parceiro de

referência de clientes par-

ticulares, empresas e in-

vestidores.

O sistema fi nanceiro na-

cional encontra-se numa

fase de grande evolução

e crescimento, com o au-

mento das taxas de ban-

carização, das operações

bancárias e de um maior

relacionamento das insti-

tuições públicas e priva-

das com a banca.

Portanto, os próximos

anos serão determinantes

para o sector bancário angolano e determina-

rão a consolidação da estrutura económico-

fi nanceira do país. E esta estabilidade trará

mais oportunidades para crescermos como

grupo fi nanceiro e darmos seguimento à nos-

sa estratégia de crescimento a longo prazo.

O BESA foi quem gerou mais lucros na actividade internacional do or-ganismo fi nanceiro. Que factores têm contribuído para o aumento da importância de Angola nas receitas do BES?O país é considerado como um dos mercados

mais importantes dentro do perímetro de in-

ternacionalização do Grupo BES. A sua rique-

za e elevadas taxas de fomento económico

tornam-no num dos mercados com um desen-

volvimento mais célere e perspectivas de cres-

cimento mais animadoras a nível mundial.

Paralelamente é importante referir que o BE-

SA tem desenvolvido uma estratégia sólida de

crescimento, que tem sido fundamental para

a sua positiva performance e resultados ope-

racionais. Temos vindo a investir na melhoria

do serviço ao cliente, na ampliação de áreas de

negócio e na diversifi cação de produtos ban-

cários, de forma sustentada e relevante para o

mercado e isso refl ecte-se na nossa posição.

A empresa possui parcerias com ou-

“O ano de 2009 foi determinante na história do BESA e na sua consolidação como grupo fi nanceiro, um dos objectivos prioritários do banco. Estamos a construir os alicerces de uma sólida estratégia que temos vindo a defi nir e que a partir deste ano iniciará uma nova etapa do seu percurso”

O BESA encontra-se numa fase expansiva e pa-

ra 2010 o nosso objectivo passa por consolidar-

mos a nossa posição como grupo fi nanceiro

de referência em Angola, motivo pelo qual o

banco irá apostar na criação de subsidiárias na

área de participação fi nanceira. A BESAACTIF,

Sociedade Gestora de Fundos de Investimento,

participada pelo Banco Espírito Santo Angola,

tem já em comercialização dois fundos, o BE-

SA Património – Fundo de Investimento Imo-

biliário e BESA Opções de Reforma – Fundo de

Pensões. Em licenciamento, estão uma socie-

dade corretora, outra de leasing e um banco de

investimento de direito angolano.

Estamos também a investir na melhoria do

serviço prestado aos nossos clientes, através

de uma maior cobertura geográfi ca das nossas

agências e de uma maior aproximação e per-

sonalização do contacto com estes e da aposta

nos canais directos, de onde se destaca a opera-

cionalidade do Internet Banking (BESAnet).

Paralelamente, o BESA irá reforçar, durante

2010, o seu compromisso com a sensibiliza-

ção e educação para o Desenvolvimento Sus-

tentável de Angola, dinamizando e apoiando

um conjunto de iniciativas de responsabilida-

de social, valorização cultural e preservação

ambiental. Recorde-se que o BESA é, desde o

início do ano, parceiro da UNESCO, enquanto

“Banco Ofi cial do Planeta Terra”. Através des-

te compromisso, estabelecido para os próxi-

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA44

GRANDE ENTREVISTA

tras entidades?O BESA conta com uma empresa associa-

da, a BESAACTIF, primeira sociedade gesto-

ra de fundos de investimento a operar em

Angola, criada em parceria com a ESAF, em

2008. Esta é a sociedade gestora do Banco Es-

pírito Santo Angola, constituída segundo a

lei angolana e supervisionada pelo Institu-

to de Supervisão de Seguros. Disponibiliza

um conjunto de fundos vocacionados para

a poupança na reforma, com rentabilidades

estimadas a médio e longo prazo, com o ob-

jectivo de complementar as pensões delinea-

das pela legislação nacional.

Nos últimos três anos têm sido ga-lardoados com diversos prémios, no-meadamente o Best Bank in Angola, em 2009 e em 2010. O que represen-ta essa distinção?O nosso posicionamento sério e coerente no

mercado conduziu ao reconhecimento por

entidades internacionais independentes. O

prémio de “Best Bank in Angola” é obviamen-

te prestigiante e motivador, sobretudo pelo

prestígio e independência da revista Global

Finance. Apesar da nossa maior motivação

decorrer do crescimento a que assistimos

diariamente, tanto do banco em si, como do

mercado angolano, cada vez mais dinâmico

e maduro fi nanceiramente, a verdade é que

é sempre motivador merecermos distinções

tão prestigiantes como essa. E esperamos vol-

tar a renová-las por muito tempo.

Recentemente, fomos premiados como Best

Banking Group em Angola e na África Subsa-

riana, pela revista World Finance. Os dois pré-

mios são atribuídos em reconhecimento da

solidez da nossa estratégia de expansão para

outras áreas do mercado fi nanceiro, como os

seguros e a gestão de fundos.

“Recentemente, fomos premiados como Best Banking Group em Angola e na África Subsariana, pela revista World Finance”

clientes

Quais são os vossos principais ser-viços?O BESA oferece uma abordagem multi-es-

pecialista, assente em propostas de valor

diferenciadas para os vários segmentos. Dis-

ponibilizámos uma grande diversidade de

produtos e serviços, que permitem ao nossos

clientes seleccionar a que vai mais ao encon-

tro das suas necessidades fi nanceiras, sejam

de conta ordenado, contas poupança ou con-

tas de investimento, capitalização e rendi-

mento. No segmento de cartões, acabámos de

renovar todo conceito gráfi co dos nossos car-

tões de crédito, que se dividem em diferentes

categorias para responder, mais uma vez, a di-

ferentes necessidades: os cartões BESA Clas-

sic, um cartão de fácil utilização para cobrir as

necessidades do dia-a-dia; o cartão Platinum,

que inclui já vantagens e serviços de apoio

exclusivos, bem como uma linha de crédito

de valores elevados; e ainda uma inovadora

linha de cartões para empresas, em duas ver-

sões: BESA Corporate Silver e BESA Corporate

Gold, com condições únicas para o segmento

empresarial. O banco tem vindo também a

diferenciar-se no mercado pela introdução

de serviços que signifi cam valor acrescenta-

do para os clientes, nomeadamente ao nível

do Private Banking. O BESA disponibiliza, en-

tre outros, aconselhamento fi nanceiro, atra-

vés de uma equipa de profi ssionais altamente

qualifi cada; serviço de apoio ao cliente, dis-

ponível por telefone e e-mail; e o serviço BE-

SAnet, sistema de Internet Banking de acesso

gratuito, a qualquer hora do dia e da noite a

partir de qualquer parte do mundo.

Que tipo de soluções são mais pro-curadas?Com a sofi sticação da economia nacional e

do mercado de consumo, assistimos a um au-

mento exponencial das taxas de bancarização

e de uma maior abertura dos clientes para a

realização de operações bancárias no seu dia-

a-dia. Este é um segmento que o BESA preten-

de atender de forma efi caz, proporcionando

soluções que vão ao encontro de diferentes

perfi s de clientes particulares, abrangendo

um amplo espectro de necessidades.

Um dos mercados em que mais temos cresci-

do é o empresarial, tanto ao nível interno, co-

mo empresas e investidores estrangeiros, com

interesses comerciais em Angola. O mundo

tem os olhos no país e o investimento ex-

terno é bem-vindo. Por isso, desenvolvemos

consultoria especializada de investimento

e abordagem ao mercado, fundamentados

num profundo know-how do mercado e das

melhores opções de investimento, em con-

formidade com o contexto internacional e as

perspectivas da economia global.

Qual o perfi l dos vossos clientes?O BESA tem diversifi cado os seus produtos

e unidades de negócio para responder a um

número cada vez mais alargado de clientes e

de perfi s. Mas podemos destacar alguns seg-

mentos em que a nossa actuação tem incidi-

do com maior destaque.

“O país é considerado como um dos mercados mais importantes dentro do perímetro de internacionalização do Grupo BES. A sua riqueza e elevadas taxas de fomento económico tornam-no num dos mercados com um desenvolvimento mais célere e perspectivas de crescimento mais animadoras a nível mundial”

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 45

O Corporate tem vindo a constituir uma das

nossas prioridades, por meio de uma oferta

de produtos e serviços exclusivos para o sec-

tor empresarial. Também gostaria de destacar

os clientes executivos, que confi am, cada vez,

mais no nosso trabalho e para os quais dispo-

nibilizamos condições e serviços únicos.

Que acções têm desenvolvido para se destacarem da concorrência e se posicionarem no topo?O BESA posiciona-se como banco universal de

referência no mercado angolano, mantendo

os melhores níveis de rentabilidade e efi ciên-

cia, aliada a uma imagem de solidez, confi an-

ça e excelência no atendimento ao cliente.

A diferenciação da concorrência faz-se pela

oferta dos melhores produtos e dos melho-

res serviços, assentes em valores estratégicos

essenciais como o investimento na inovação

e tecnologia ao serviço do cliente, aposta na

diversifi cação da oferta e aconselhamento fi -

nanceiro especializado.

O BESA tem-se destacado ainda pela sua es-

tratégia de marketing e responsabilidade, que

têm contribuído para a consolidação de uma

marca forte e relevante para os nossos clien-

tes. Saliento sobretudo a actuação pioneira

do BESA ao nível da promoção do desenvol-

vimento sustentável do país, através do apoio

à educação, promoção da cultura e sensibili-

zação para a importância da preservação do

ambiente. Este é um dos nossos vectores es-

tratégicos prioritários e um dos aspectos que

mais nos tem diferenciado da concorrência.

Está prevista a abertura de novas agências, nomeadamente nas pro-víncias?Actualmente dispomos de 36 balcões, 23 dos

quais em Luanda. A nossa estratégia prevê

que até ao fi nal de 2010 alcancemos os 40 bal-

cões espalhados pelo país. Isso irá signifi car

mais postos de trabalho, maior cobertura ge-

ográfi ca e a prestação de um melhor serviço

aos nossos clientes.

responsabilidade social

O BESA foi indicado Banco Ofi cial do Planeta Terra pela Unesco. Como surgiu a nomeação?Enquanto instituição fi nanceira, que sempre

se pautou por um compromisso com o de-

senvolvimento sustentável, acreditamos que

o crescimento económico deve ser acompa-

nhado por medidas efectivas de preservação

ambiental e apoio social, que apenas interli-

gadas, poderão assegurar um futuro melhor

para o país. A rápida evolução económica

que o país tem apresentado nos últimos anos

tem conduzido a importantes transforma-

ções sociais e ambientais que levantaram

novos desafi os e responsabilidades. A estes

factores, soma-se, ainda, a vulnerabilidade do

continente às alterações climáticas e aos pro-

blemas ambientais, fruto da actual gestão in-

sustentável dos recursos naturais. Sentimos

que, enquanto agente económico, devemos

ter um papel activo na sensibilização para o

desenvolvimento sustentável não apenas de

Angola, mas do mundo. É, para nós, um gran-

de orgulho sermos parceiros do Planet Earth

Institute – PEI (Instituto do Planeta Terra), da

UNESCO, na sua missão de fomentar o de-

bate internacional e a procura de soluções

efectivas para o crescimento sustentável do

planeta. E assumimo-lo com a responsabili-

dade e compromisso com que entendemos

que este assunto deve ser encarado por todas

as instituições mundiais, porque o futuro do

planeta e das próximas gerações depende de

todos, sejam países, empresas, instituições ou

cidadãos anónimos. Acreditamos que as so-

luções efectivas de mudança apenas poderão

emergir da con-

certação inter-

nacional, pelo

que o novo Ins-

tituto terá um

papel determi-

nante na identifi cação de acções globais, ca-

pazes de reunir os diferentes países para um

objectivo comum. E assim contribuir decisi-

vamente na tomada de decisões e na criação

de uma sociedade ambientalmente mais res-

ponsável e consciente.

Em que consiste a parceria entre o BESA e a Unesco?Recentemente, estivemos em Nova Iorque

para a apresentação ofi cial do Planet Earth

Institute – PEI (Instituto do Planeta Terra),

nas Nações Unidas, durante a 18ª sessão da

Comissão para o Desenvolvimento Susten-

tável da ONU. Sob o tema “The importance

of private contribution for Sustainable Deve-

lopment”, tivemos a oportunidade de dar a

conhecer a agentes e representantes de todo

o mundo, o

nosso projec-

to de susten-

tabilidade

para Angola.

Foi a primeira vez que uma instituição pri-

vada defendeu, de forma clara, esta posição

na ONU. E paralelamente, apresentámos, nas

Nações Unidas, a nossa Exposição de Fotógra-

fos Africanos dedicada ao tema do “Salvar e

Preservar o Planeta”, promovida em parceria

com a organização internacional World Press

Photo. Enquanto Banco Ofi cial do Planeta

Terra, o BESA tem-se empenhado em todas

as acções promovidas pelo PEI, participando

activamente nas iniciativas, sejam elas con-

ferências, reuniões, acções de rua ou campa-

nhas. Não conseguimos imaginar um melhor

parceiro para dar eco a estas preocupações e

sensibilizar o mundo para os problemas e

desafi os do continente africano, unindo es-

forços e concertando posições para assim

conduzir a uma mudança efectiva.

O BESA irá continuar a apoiar todas as ini-

ciativas promovidas pelo PEI, participando

activamente nos eventos promovidos pela

organização. Estas reuniões irão lançar o de-

bate internacional sobre os principais temas

relacionados com o Desenvolvimento Sus-

tentável do Planeta e a apresentação de medi-

das e soluções concretas para o alcançar.

Como tem decorrido a sensibiliza-ção dos angolanos para a necessida-de de promover a sustentabilidade do planeta?Em Angola, o BESA dará seguimento à sua

estratégia de responsabilidade social, assente

em três grandes pilares: preservação ambien-

tal (BESA Ambiente), apoio social e educativo

(BESA Social) e valorização da cultura ango-

lana (BESA Cultura). A nível do apoio social,

continuamos a apoiar o Programa de Ensino

da Língua da Portuguesa, fundamental para

reintegração de refugiados angolanos. Este

projecto é implementado pelo Alto Comissa-

riado das Nações Unidas para os Refugiados

(ACNUR) e já benefi ciou milhares de crianças

e adultos. Estabelecemos uma parceria com o

Ministério do Ambiente e apoiamos a Cam-

panha de Educação Ambiental, que distribui

um kit com vários materiais que incluem in-

formações relevantes sobre o desenvolvimen-

to sustentável, lançado em várias cidades do

país. Associamo-nos a esta actividade com a

Exposição Itinerante “Salvar e Preservar o Pla-

neta”, que, como disse, foi organizada em par-

ceria com a World Press Photo. Esta exposição

surge de um desafi o que lançámos a cinco fo-

“O Corporate tem vindo a constituir uma das nos-sas prioridades. Os clientes executivos confi am, cada vez, mais no nosso trabalho”

“A nossa estratégia prevê que até ao fi nal de 2010 alcancemos os 40 balcões espalhados pelo país”

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA46

GRANDE ENTREVISTA

tógrafos africanos de renome, para que per-

corressem diferentes províncias de Angola,

retratando cada um, um diferente tema rela-

cionado com o Desenvolvimento Sustentável.

A instituição não descura a sua res-ponsabilidade social, actuando nas áreas carenciadas da sociedade. Co-mo surgiu o interesse?Surgiu da necessidade que sentimos de apoiar

o desenvolvimento social e educacional do

país, ajudando a formar e educar as gerações

futuras, como passo essencial para uma so-

ciedade mais evoluída, justa e igualitária. A

educação é um bem essencial na formação

da cidadania cívica e na garantia de oportu-

nidades iguais para todos, contribuindo para

a qualifi cação de competências e de recursos

humanos especializados.

Existem pilares que são fundamentais para a

construção de um país que se pretende evo-

luído e sustentável: a cultura, o social, a eco-

nomia e o ambiente. Actuamos no sentido de

dar o nosso contributo em todas estas áreas,

acreditando que mais que o nosso contributo

directo, estamos a servir de exemplo para in-

centivar outras instituições a fazer o mesmo.

Porque uma mudança efectiva apenas pode

surgir da comunhão de esforços entre várias

partes, com um mesmo objectivo: assegurar

um futuro sustentável para Angola e a pre-

servação da sua “riqueza” enquanto povo.

Uma das actividades tem sido a pro-moção do ensino da língua portu-guesa. Como tem decorrido a adesão das populações? O BESA patrocina, desde 2007, a implemen-

tação de um Programa de Ensino da Língua

Portuguesa do Alto Comissariado das Nações

Unidas para os Refugiados, destinado a milha-

res de angolanos, desde adultos a crianças.

O projecto tem como objectivo permitir que os

refugiados e as suas famílias possam aprender

a nossa língua. Devido à sua ausência do país,

muitos perderam contacto com a língua por-

tuguesa, o que constitui um entrave relevante

à sua reintegração na sociedade angolana. Do

mesmo modo, os refugiados de países em con-

fl ito da região central de África, do Burundi,

Libéria e, maioritariamente, da República do

Congo Democrático têm a oportunidade para

aprender a Língua Portuguesa.

O apoio do BESA envolve a distribuição de ma-

terial escolar a milhares de crianças, integradas

no programa e ainda a formação de professo-

res, que garantam a continuidade do projecto.

Fundaram o BESACultura. Em que consiste a instituição?Em 2007, criamos o BESACultura, dedicado

exclusivamente ao apoio a actividades cul-

turais e artísticas, que visam a preservação e

promoção internacional dos artistas nacio-

nais. No primeiro ano, publicámos o livro de

homenagem aos 40 anos de carreira do artista

plástico e fotógrafo António Ole, um dos cria-

dores mais reconhecidos em todo o mundo.

Uma das áreas em que mais se tem aposta-

do é na fotografi a, uma linguagem artística

universal e com um poder único de passar

mensagens e sensibilizar para os principais

problemas sociais e ambientais que o planeta

enfrenta actualmente.

Continuaremos a desenvolver a parceria com

o World Press Photo, com colaborações na or-

ganização do BESA foto, concurso de fotogra-

fi a que já vai no terceiro ano consecutivo, e

que constitui uma oportunidade para reve-

lar novos talentos na área de fotografi a. Tal

como aconteceu em 2009, promoveremos o

workshop que dará a oportunidade de trans-

missão da experiência de dois fotógrafos de

referência internacional, seleccionados pela

World Press Photo.

economia

A banca tem sofrido um exponen-cial crescimento. Que análise faz deste sector?Apesar da situação actual, a evolução da ban-

ca está a montante e a jusante do processo de

crescimento nacional. Se as óptimas perspec-

tivas e condições de crescimento, apoiaram a

proliferação do sector bancário, também se

deve a este a consolidação do sistema fi nan-

ceiro, essencial para desenvolvimento susten-

tável, assente em alicerces fortes e estáveis. À

medida que vamos assistindo ao seu amadu-

recimento fi nanceiro e das instituições eco-

nómicas, a banca vai tendo um papel cada vez

mais essencial no apoio ao investimento, no

aumento das taxas de bancarização da popu-

lação e garantia de estabilidade fi nanceira.

Tendo em conta o actual contexto económico e fi nanceiro, qual o papel desempenhado pelas instituições bancárias?A intermediação fi nanceira é considerada a

“espinha dorsal” da economia moderna, uma

vez que o sistema fi nanceiro tem um papel

determinante na dinamização e canalização

de recursos fi nanceiros, incentivando o inves-

timento e o aumento da produtividade. Um

sistema fi nanceiro efi ciente é essencial para o

crescimento económico sustentado. De facto,

a contribuição de um modelo bancário mo-

derno e diversifi cado conduz ao crescimento

e cria as condições para o desenvolvimento

“BESA dará seguimento à sua estratégia de responsabilidade social, assente em três grandes pilares: preservação ambiental (BESA Ambiente), apoio social e educativo (BESA Social) e valorização da cultura angolana (BESA Cultura)”

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 47

natural do circuito poupança/investimento/

crescimento económico. Temos assistido a

uma evolução positiva do sistema fi nancei-

ro, que se tem vindo a modernizar e adaptar

às regras internacionais para responder às

exigências da transição para uma economia

de mercado, inserida num contexto global. E

essa mudança foi fundamental para o desen-

volvimento económico actual. Agora, é im-

portante estabilizar e consolidá-lo, trazendo

confi ança e optimismo para os investidores.

Considera que é um dos elementos-chave a considerar na solidifi cação do desenvolvimento económico?Sem dúvida. Um sistema fi nanceiro efi cien-

te é essencial para o crescimento económico

sustentado. Com o aumento do investimen-

to, do emprego, da dinâmica empresarial e

de consumo, a banca vai assumir uma im-

portância crescente no desenvolvimento

económico e social e, enquanto agentes fi -

nanceiros, devemos apoiar esse crescimento

e proporcionar os instrumentos fi nanceiros

adequados para uma economia moderna e

sustentável. A economia cresce, cresce o sis-

tema fi nanceiro, criando um ciclo de progres-

so e modernização.

“A intermediação fi nanceira é considerada a “espinha dorsal” da economia moderna. Um sistema fi nanceiro efi ciente é essencial para o crescimento económico sustentado”

Que futuro prevê para a banca an-golana?O desenvolvimento do mercado fi nanceiro

angolano tem registado sucessivas alterações

no sentido da sua modernização e adaptação

às normas internacionais em matéria fi nan-

ceira e, por outro lado, de satisfazer os requi-

sitos que caracterizam a transição para uma

economia de mercado. E essa mudança foi

fundamental para o desenvolvimento econó-

mico actual. Agora, é importante estabilizar e

consolidar o sistema fi nanceiro, trazendo con-

fi ança e optimismo para os investidores.

A população activa que agora detém conta

bancária tem crescido exponencialmente nos

últimos anos, mas ainda há um longo cami-

nho a percorrer. É necessário reforçar o investi-

mento nas tecnologias e inovação, disseminar

os meios electrónicos de pagamento (redes

terminais, caixas de pagamento automático),

garantir as bases de efi ciência e rentabilida-

de adequadas a uma crescente sofi sticação e

à complexidade do sistema fi nanceiro ango-

lano. Por fi m, destaco um dos bens mais im-

portantes: o reforço do desenvolvimento do

capital humano, um factor estratégico para a

sustentação do sistema bancário nacional.

Angola foi recentemente cotada pe-las agências de rating. Como enca-ra os valores atribuídos e em que medida o reconhecimento interna-cional pode contribuir para a pro-jecção da economia?Estando o mercado angolano cada vez mais in-

tegrado no contexto económico mundial e no

mercado de capitais, a cotação pelas agências

de rating signifi ca uma importante etapa do

seu crescimento e amadurecimento enquanto

economia. A atribuição de “rating” é essencial

para facilitar a venda de títulos no mercado

internacional. As classifi cações foram muito

positivas, sobretudo tendo em conta que foi a

primeira vez que Angola foi cotada. Tem por-

tanto uma longa margem de progresso. Este é

um importante reconhecimento da evolução

que a economia nacional teve nos últimos

anos, a sua aproximação ao mercado interna-

cional e estabilidade macroeconómica. Sinais

de uma economia sólida e em progresso.

Um dos handicaps da estrutura eco-nómica angolana é a sua excessiva dependência do petróleo. Conside-ra que a diversifi cação das fontes de rendimento pode tornar o cresci-mento mais sustentável?É inegável que o petróleo tem uma grande

importância, mas à medida que a economia

estabiliza e se desenvolve, cria-se palco para

a diversifi cação da estrutura produtiva, a des-

centralização económica e aumento do mer-

cado de consumo. A consolidação de áreas

importantes como a construção civil, saúde e

educação e também a proliferação de serviços

terciários estão a permitir novas oportunida-

des de investimento em Angola. E esta é uma

tendência que irá reproduzir-se nos próximos

anos, criando novas e vantajosas perspectivas

para os investidores. O caminho para o pro-

gresso compreende diversas variáveis. Uma

sociedade moderna e sustentável não pode es-

tar ancorada em sectores económicos especí-

fi cos, independentemente do seu valor.

Qual o modelo de crescimento a adoptar para a afi rmação do país en-quanto futura potência africana?Angola apresenta várias vantagens competi-

tivas enquanto país e economia, como a sua

localização geográfi ca privilegiada sobre o

Oceano Atlântico, os seus abundantes re-

cursos naturais e humanos e as políticas de

desenvolvimento económico orientadas pa-

ra o apelo ao investimento privado e inves-

timento estrangeiro. Argumentos de sobra

para que o crescimento de Angola continue

próspero e sustentável. Mas para isso é ne-

cessário investir nas infra-estruturas base

da sociedade e pensar o crescimento a longo

prazo, através da especialização em sectores

estratégicos para a economia angolana, como

o sector primário, tirando partido de toda a

sua riqueza natural, a indústria transforma-

dora e a construção e obras públicas; do re-

forço do investimento estrangeiro e apoio

ao tecido empresarial, criando mais dinamis-

mo económico; e, sem dúvida, da formação e

qualifi cação de recursos humanos em áreas

de desenvolvimento estratégicas.

Paralelamente, é importante que o desenvol-

vimento seja acompanhado de medidas efec-

tivas de protecção social, apoio à educação e

cultura e preservação ambiental, que garan-

tam um crescimento sustentável para o país,

com os olhos no futuro e na garantia das ne-

cessidades das gerações futuras.

Que sectores alternativos poderiam ser explorados?O crescimento económico conduziu à mul-

tiplicidade dos sectores económicos, assis-

tindo-se à modernização da agricultura, à

consolidação de importantes áreas como a

construção, saúde e educação e ainda a prolife

“É importante estabilizar e consolidar o sistema fi nanceiro, trazendo confi ança e optimismo para os investidores”

“O BESA patrocina, desde 2007, a implementação de um Programa de Ensino da Língua Portuguesa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, destinado a milhares de angolanos, desde adultos a crianças”

| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA48

GRANDE ENTREVISTA

ração de serviços terciários, que terão um im-

portante papel no apoio ao desenvolvimento

do tecido socioeconómico do país.

É importante também apostar nos sectores de

bens de consumo, que permitam simultanea-

mente colmatar as necessidades da sociedade,

criar emprego e reduzir a dependência de im-

portação deste género de bens.

Existem sectores em que o país tem claramen-

te vantagem: petróleo, diamantes e outros re-

cursos minerais e agro-pecuária. Mas, existem

outros sectores com óptimas perspectivas de

desenvolvimento, como construção, transpor-

tes e vias públicas, recursos hídricos, fl orestais

e pescas. Sectores que devem ser potenciados,

através do investimento na sua moderniza-

ção, sofi sticação tecnológica e qualifi cação de

competências humanas nestas áreas.

Na sua opinião, em termos políti-cos e fi nanceiros quais são os prin-cipais desafi os que se colocam neste momento à nação?Angola, sendo uma economia cada vez mais

globalizada e aberta ao investimento estran-

geiro, sentiu naturalmente as consequências

da crise económica mundial. Contudo, o ele-

vado crescimento do país permitiu que, já em

2010, se preveja uma recuperação económica

saudável. Podemos concluir que este período

menos positivo da economia em 2009, acabou

por permitir um positivo impacto no proces-

so de crescimento e amadurecimento da

economia angolana, na medida em que con-

tribuiu para o aumento da competitividade e

muniu as instituições fi nanceiras e o mercado

de instrumentos para enfrentar as adversida-

des. O sistema fi nanceiro, de onde se destaca

a banca, assume-se como principal motor do

desenvolvimento dos países. Neste período

de retoma fi nanceira, compete à banca a im-

portante missão de estimular a economia e

reconquistar a confi ança dos investidores e

consumidores. Um sector fi nanceiro estável

e sólido torna o mercado mais apetecível ao

investimento externo e aí também a banca

deverá assumir uma postura pró-activa. En-

quanto parceiro do investimento externo, de-

sempenha um importante papel na captação

de investimento e elevação da atractividade

do mercado angolano ao exterior. E este é um

desafi o que deverá ser prioritário nesta fase

crucial da recuperação económica.

relacionamento portugal/ angola

Portugal e Angola mantêm um lon-go relacionamento. Que análise faz

da troca de experiências e das par-cerias que têm vindo a ser fi rmadas ao longo dos últimos anos?Angola é actualmente um dos mercados mais

procurados pelos empresários portugueses

na sua estratégia de internacionalização, de-

vido às importantes vantagens competitivas

trazidas pela proximidade linguística, cultu-

ral e histórica.

De acordo com a Agência Nacional para o In-

vestimento Privado, Portugal é actualmente

o principal país exportador para Angola, com

uma quota de 20%, seguido da África do Sul

(13%), Estados Unidos (13%), França (7%) e

Brasil (6%).

Por isso, temos, desde a nossa fundação, uma

estratégia orientada para a dinâmica das re-

lações bilaterais entre Portugal e Angola,

apoiando as empresas portuguesas na abor-

dagem ao mercado angolano, através de diag-

nóstico de oportunidades, parceiros locais e

planos de investimento.

Paralelamente, temos recebido comitivas de

empresários lusos, fomentando o contacto

com empresas e instituições locais, bem co-

mo a apresentação dos principais projectos e

infra-estruturas dentro das áreas de negócio

relevantes para esses empresários.

Em que medida Angola pode ajudar Portugal a recuperar da crise fi nan-ceira em que está mergulhado?As previsões do Banco Mundial apontam pa-

ra uma positiva aceleração da economia an-

golana. E este optimismo conduz a que o país

seja actualmente um dos mercados mais ape-

tecíveis ao investimento externo, sobretudo

para os empresários portugueses, aos quais

a proximidade linguística, cultural e históri-

ca se traduz em importantes vantagens com-

petitivas. Esta forte relação bilateral entre

Portugal e Angola, cujas raízes atravessam a

história e a cultura de ambos os países, refl ec-

te-se num encorajamento ao investimento

das empresas lusas neste país. Sendo o quarto

melhor “cliente” das exportações portugue-

sas, Angola constitui uma janela de oportu-

nidades para a recuperação económica.

A nação reconstrói-se e ajuda a reconstruir.

É um país que se abre ao mundo e à econo-

mia global, dando passos seguros e fi rmes no

sentido da estabilidade macro-económica e

do estabelecimento das bases para um cres-

cimento vigoroso e constante. Crescimento

este, fértil em oportunidades para o inves-

timento externo e para o renascimento das

economias ocidentais, a quem o país traz re-

novadas esperanças para enfrentar o novo ci-

clo que se avizinha.

Considera que o país será cada vez mais um mercado apetecível para os empresários estrangeiros?Sem dúvida. O rápido aceleramento da eco-

nomia angolana tornou-a numa das mais

apetecíveis ao investimento estrangeiro. O

investimento estrangeiro directo tem aumen-

tado consideravelmente, de acordo com os da-

dos fornecidos pelas autoridades nacionais. Os

olhos do mundo estão em Angola e de facto,

as condições alentam ao investimento: estabi-

lidade política, reconstrução urbana; escalada

do mercado de consumo; diversifi cação eco-

nómica, embora a crise fi nanceira que vive-

mos nos últimos tempos tenha criado alguns

constrangimentos ao mercado. Temos certeza

que é uma situação temporária. O BESA, pe-

la sua integração num grupo internacional e

abertura ao mercado global tem vindo a refor-

çar a sua posição como um parceiro impor-

tante para os negócios internacionais.

Na sua opinião, quais os sectores que detêm força e potencialidades para se internacionalizarem?Embora Angola assuma um papel de relevo

enquanto destino do investimento estran-

geiro, o sentido dos fl uxos comerciais tem-

se invertido, assistindo-se actualmente a um

movimento de reforço dos investimentos an-

golanos no exterior.

Os produtos energéticos representam uma

grande percentagem do total das exporta-

ções, a que se juntam os diamantes, o café,

além do algodão. Estes são sectores em que

Angola pode e deve potenciar a sua vocação

internacional.

Como avalia o crescimento da eco-nomia nacional?As previsões do Banco Mundial apontam para

uma aceleração da economia angolana na or-

dem dos 7% em 2010, uma das mais dinâmi-

cas da África subsariana. As perspectivas para

este ano são de optimismo e confi ança na re-

toma do crescimento económico-fi nanceiro

que tornou Angola num dos mercados mais

apetecíveis ao investimento externo. Apesar

de, em 2009, o país ter sofrido as consequên-

cias da crise fi nanceira mundial, acreditamos

que neste ano se vai sentir uma efectiva reto-

ma na confi ança dos investidores e do consu-

midor, capaz de devolver a solidez ao sistema

fi nanceiro angolano. O país está a crescer

a todos os níveis e a amadurecer enquanto

sociedade livre, com estabilidade política e

económica e isso refl ecte-se num desenvol-

vimento sem precedentes que irá continuar

saudável e sustentável a longo prazo.

GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 49

50 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

CIDADECidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,

Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,Saber que existe o mar e as praias nuas,

Montanhas sem nome e planícies mais vastasQue o mais vasto desejo,

E eu estou em ti fechada e apenas vejoOs muros e as paredes, e não vejo

Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vidaE que arrastas pela sombra das paredes

A minha alma que fora prometidaÀs ondas brancas e às fl orestas verdes.

Sophia de Mello Breyner, 1944

Numa edição recheada de exclusivos, a equipa da Angola’in apresenta pela primeira vez uma selecção única das melhores imagens que descrevem os atributos das principais cidades da

‘aldeia global’, que se destacam das restantes pelo custo de vida e pela apetência pelo consumo. Tóquio, Hong Kong, Moscovo,

Osaka, Copenhaga e Singapura são alguns dos centros urbanos mais caros da actualidade. Luanda está no topo do ranking de

2010. Descubra as rivais da capital angolana.

NO TOPO

DO MUNDO

tóquio

51 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

52 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

osaka

hong-kong

53 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

moscovo

54 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM

FOTO REPORTAGEM

copenhaga singapura

55 FOTO REPORTAGEM · ANGOLA’IN |

TURISMO

56 | ANGOLA’IN · TURISMO

| patrícia alves tavares

ESPECIAL MELHORES SPA’S DO MUNDO

Puro prazerLiberte-se de todas as preocupações e

stress. Nesta edição, a Angola’in propõe-

lhe uma viagem aos melhores spas do mun-

do. Compilamos 25 espaços onde poderá

descontrair e recuperar as energias, num

conceito que alia preocupação com bem-es-

tar e beleza. Sugerimos que aproveite uma

pausa no trabalho ou umas mini-férias pa-

ra conhecer os centros mais luxuosos, onde

pode descansar e deixar-se envolver pelos

prazeres das massagens, dos banhos me-

dicinais e das aulas de ioga.

O termo é frequentemente usado enquanto sinónimo de mordomia e qualidade de vida. A expres-

são nasceu na antiguidade, nas termas da cidade de Spa, na Bélgica. O local era muito procurado

pela aristocracia romana, que considerava as suas águas como as mais puras do mundo. A zona

era exclusiva das elites que procuravam relaxar num ambiente distinto. No entanto, foi já no sé-

culo XX que o conceito se ‘vulgarizou’ e conquistou o mundo e uma série de adeptos, assumindo a

designação de luxo e de espaço onde as pessoas esperam obter tranquilidade, ‘recarregar baterias’

e dedicar-se a cuidar de si, da sua beleza.

Actualmente pode encontrar diversas opções e tratamentos nos spas. Concebidos para proporcio-

nar momentos de relaxamento e de cuidado com o corpo e com a mente, pode encontrar desde

técnicas relaxantes a tratamentos de emagrecimento e de beleza. Conheça os supra-sumos do

planeta e quem se destaca na arte do bem-estar.

austráliaCradle Mountain LodgeO hotel Cradle Mountain Lodge, na mítica Tas-

mânia, oferece-lhe um Spa de sonho: o Wal-

dheim Alpine. O espaço evidencia a beleza

natural e a pureza intocável da região selvagem.

Composto por profi ssionais especializados, aqui

pode descobrir as fórmulas e cuidados avança-

dos que contribuem para o seu bem-estar e para

o re-despertar dos sentidos, através das mas-

sagens exclusivas. Visite a sala conhecida como

‘The Sanctuary’, que inclui sauna, piscina de água

quente e fria, banho turco e área de relaxamen-

to. A combinação das terapias de águas quentes

e frias é bastante revigorante promovendo a me-

lhoria da circulação sanguínea.

Localização: Tasmânia, AustráliaReservas: 0845 618 2200

www.cradlemountainlodge.com.au

aústriaMavidaEncontra-se no top dos Spa típicos das regiões

onde abunda a neve. Integrado num hotel de

quatro estrelas, detém os prémios “Designer

Hotel 2008” e “Gala Spa Award 2009”. Este lo-

cal ajuda-o a encontrar o equilíbrio entre corpo,

mente e espírito, pelo que dispõe de inovadores

quartos (Spa suite), de um “Blue Box” (tecnolo-

gia de ponta para relaxar todos os sentidos), do

“Floatarium” (área com isolamento sonoro e 26

por cento de água salgada para fl utuar) e deze-

nas de tratamentos bastante apetecíveis. Não

perca as terapias “Mavida Crystal Spa” (sauna

com aromas biológicos), o peeling corporal com

cristais ou o banho de leite com cristais.

Localização: Zell am See, Áustria

Reservas: 00 43 65 42 54 10

www.mavida.at

brasilKurotelO espaço de gestão sul-americana e brasileira fi -

gura entre os melhores e apresenta uma longa

história. O Kurotel (Gramado, Rio Grande do Sul)

detém uma tradição de quase três décadas e é

muito conhecido devido ao sucesso do Kur Es-

tação das Águas e Spa, que é o ‘Day Spa’ deste

hotel. Aqui descobrirá tratamentos de hidrotera-

pia com águas térmicas e outros mimos como os

banhos com lodo ou com sal, a fonte de gelo, o

duche de espuma e a piscina com jactos de água.

Os cuidados visam a supremacia do bem-estar,

apresentado terapias faciais, corporais, para ca-

belos, dermatologia e outras áreas. Os visitan-

tes, de acordo com a disponibilidade de tempo,

podem escolher apenas um tratamento ou os

planos especiais, com várias terapias.

Localização: Gramado, Rio Grande do Sul,

Brasil

Reservas: 0800 970 9800

www.kurotel.com.br

| patrícia alves tavares

57 TURISMO · ANGOLA’IN |

chipreAlmyraIntegrado no Hotel Almyra, o Spa goza do am-

biente natural, encontrando-se rodeado de jar-

dins extensos com vista para o mar. Aqui pode

descontrair através de tratamentos holísticos e

massagens relaxantes, que pode acompanhar

com refeições de estilo suíço e pratos típicos. É o

primeiro do mundo que recorre ao conceito puro

do estilo de vida, recorrendo a ingredientes 100

por cento naturais. Tem a possibilidade de es-

colher um menu vegetariano para complemen-

tar os cuidados e a nutrição do corpo. Pode optar

por tratamentos individuais ou para casais, dis-

pondo ainda de uma suite de luxo para medita-

ção e ioga. O jardim convida a passeios e dispõe

de uma área para almoços inspirados na cozinha

mediterrânea, acompanhados por tónicos e chás

terapêuticos.

Localização: Paphos, Chipre

Reservas: 01244202000

www.almyra.com

chinaAman at Summer PalaceÉ um autêntico oásis de tranquilidade e luxo.

Integrado num requintado hotel, este Spa es-

tá praticamente inserido numa das construções

históricas mais importantes de Pequim, o Palá-

cio de Verão ou ‘Yiheyuan’ (em chinês signifi ca

‘Jardim de Harmonia Cultivada’). No Arrival Pa-

vilion, é recebido por uma equipa que elabora o

seu plano de estadia de acordo com as suas ne-

cessidades e expectativas. Aqui existe um eleva-

dor de acesso directo ao Spa, que alberga ainda

um fi tness-center, uma sala de pilates e piscina,

banhados pela luz natural de Beijing. As terapias

inspiradas nas técnicas chinesas conjugadas

com as mãos experientes dos seus especialistas

resultam numa sensação de equilíbrio e harmo-

nia entre mente e corpo.

Localização: Beijing, China

Reservas: 020 7426 9888

www.amanresorts.com

euaSanctuary Camelback MountainLocalizado em Paradise Valley, este Spa é um

autêntico paraíso asiático em pleno Arizona. Os

tratamentos originários da Ásia e decoração zen

são atractivos fortes para quem procura relaxar

no jardim da meditação. O centro dispõe dos ha-

bituais campos de golfe, ténis e piscina. No en-

tanto, a sua mais-valia está no bar, célebre pela

extensa carta de vinhos e no restaurante, espe-

cializado em gastronomia asiática. Quem fi car

por três noites ou mais pode contar com um des-

conto de 20 por cento.

Localização: Arizona, EUA

Reservas: 1-480-948-2100

www.sanctuaryoncamelback.com

Rancho Bernardo InnO ‘Spa Garden’ é a área mais requisitada do

Rancho Bernardo Inn. A temperatura do ar é

controlada e possui zona de hidromassagem e

relaxamento. A estrutura de San Diego apresen-

ta tratamentos faciais, corporais, cuidados com

a pele e massagens completas. No ginásio, os vi-

sitantes podem fazer exercício enquanto visuali-

zam os seus programas preferidos de televisão,

em aparelhos que estão disponíveis em todos os

equipamentos da sala. Os casais podem adquirir

o pacote que inclui dois tratamentos no Spa, jan-

tar na varanda do empreendimento e pleno uso

do campo de golfe. Tudo por 259 USD por noite.

Localização: San Diego, EUA

Reservas: 858.675.8471

www.ranchobernardoinn.com

Mandalay BayDe Las Vegas, nos Estados Unidos, surge um oá-

sis de luxo e promoção da beleza em toda a sua

exuberância. A partir de 89,99 USD por dia po-

de comprar pacotes específi cos que podem in-

cluir tratamentos corporais, faciais, massagens

e outras terapias, com uma duração mínima de

25 minutos. Para quem deseja aproveitar as po-

tencialidades deste Spa, pode visitar a praia ex-

clusiva que funciona das 9h às 17h e tem três

piscinas, playground e rio. O Mandalay Bay goza

ainda da proximidade do Beachside Casino.

Localização: Las Vegas, EUA

Reservas: 702 632 7777

www.mandalaybay.com

Mii AmoTratamentos de pele, corporais, para grávidas

até massagens tradicionais e espirituais são

apenas algumas das ofertas deste centro de te-

rapia, que está rodeado de grandes montanhas

rochosas, no Estado do Arizona (EUA). O trata-

mento de uma hora é muito procurado, já que in-

clui massagens e relaxamento por 150 USD. Para

os hóspedes que querem aproveitar ao máximo

a estadia, existem três tipos de acomodação, on-

de o luxo e o glamour são uma constante. Pode

optar por pacotes ‘all inclusive’ (tudo incluído) ou

por algo mais rápido que tem a duração de um

dia (refeições não incluídas). As escolhas oscilam

entre 390 USD e 575 USD.

Localização: Arizona, EUA

Reservas: 928 203 8500

www.miiamo.com

58 | ANGOLA’IN · TURISMO58 | ANGOLA’IN · TURISMO

TURISMO

58 | ANGOLA’IN · TURISMO

Ojai Valley Inn & SpaEncontra-se entre os melhores há mais de 80

anos. A apenas uma hora do Aeroporto Inter-

nacional de Los Angeles, Ojai Valley Inn & Spa

possui 308 quartos de luxo e detém um campo

de golfe que está entre os points preferidos dos

hóspedes. Os tratamentos que oferece são inspi-

rados nas tradições dos índios Chumash. No fi nal

da estadia, os visitantes recebem como oferta

um creme ou loção de criação exclusiva. O espa-

ço californiano esmera-se nos cuidados do corpo

e mente, apresentando diversos tratamentos. O

mais exótico é feito com base de lamas Kuyam.

As terapias que incluem produtos naturais, co-

mo óleo de rosas e gengibre, a meditação, ioga

e Tai-Chi estão na lista das preferências dos seus

utilizadores.

Localização: Los Angeles, EUA

Reservas: 1 888 697 8780

www.ojairesort.com

Calistoga RanchDe Napa Valley chega um Spa com quatro tipos

de estadias, que foram desenvolvidas a pensar

nas famílias que gostam de um destino com op-

ções de relaxamento para todos. Os lodges têm

quartos que podem albergar apenas uma pessoa

ou um casal com crianças. Situado numa das re-

giões vinícolas mais famosas dos Estados Uni-

dos, o Calistoga Ranch distingue-se pelas águas

minerais, que alegadamente detêm uma capaci-

dade natural para curar várias patologias. Às tra-

dicionais salas de ioga e ginásios, o espaço tem

uma interessante piscina com vista para a área

vinícola e para um pinhal composto por carvalhos

e 140 hectares de terra que são aproveitados pe-

los hóspedes para longas caminhadas. Os preços

oscilam entre os 635 USD e os 3.800 USD, de-

pendendo do quarto escolhido.

Localização: Napa Valley, EUA

Reservas: 800 942 4220

www.calistogaranch.com

françaLes Sources de CaudalieA CNNMoney elegeu este espaço francês como

um dos melhores a nível internacional. O Les

Sources de Caudalie situa-se na encantadora ci-

dade de Bordéus, região francófona conhecida

pela produção de vinho de elevada qualidade.

Assim, uma das suas inspirações e que o torna

tão singular é o tratamento à base de vinhos: o

‘vinhoterapia’ (banhos de Cabernet e Merlot). O

ambiente é perfeito para os gourmets, que en-

contram neste Spa palestras sobre vinhos, de-

gustação e aulas de culinária com o chef Nicolas

Masse. O programa pode durar dois (598 USD) ou

seis dias (1.700 USD). Dispõe ainda de 49 suites

de luxo, piscina, ginásio e três campos de golfe.

Localização: Bordéus, França

Reservas: 33 (0)5 57 83 82 82

www.sources-caudalie.com

indonésiaComo Shambhala EstateÉ o melhor da Indonésia e ocupa o topo dos me-

lhores do mundo. Em Bali, surge um espaço com

um cenário inimitável. Sem paredes brancas e

com uma selva à volta, o Como Shambhala Es-

tate é um apelo ao bom gosto e ao despertar dos

sentidos. Os turistas são brindados com uma ex-

periência única logo à chegada. São convidados a

falar de si com terapeutas especialistas em bem-

estar, que elaboram planos adequados às neces-

sidades do hóspede. A maioria dos tratamentos

é de inspiração oriental e vão desde a Ayurveda

à hidroterapia, passando pelas aulas de pilates e

ioga. O mais recente James Bond, Daniel Craig é

visitante assíduo.

Localização: Bali, Indonésia

Reservas: Cleveland Collection 0845 450 5732

www.cse.como.bz

inglaterraBabington HouseEstá igualmente no top dos melhores do mundo.

Esta casa de campo, localizada no Reino Unido,

assume-se como uma combinação perfeita de

estilo, glamour e tranquilidade. O espaço, cuja

decoração evidencia as tradições britânicas, di-

vide-se entre o ‘Cowshed Active’ e o ‘Cowshed

Relax’. Longe da infl uência oriental, a primeira

zona destina-se a actividades de exercício e rela-

xamento do corpo, detendo piscinas, sauna, sa-

las de aromaterapia, ginásio e área de fi tness. O

Cowshed Relax foi pensado para a contemplação

da natureza e para quem deseja passar algum

tempo em refl exão. Os jardins e a casa vitoria-

na são puro deleite. Os hóspedes são ainda brin-

dados com scones (bolo típico inglês) e água de

limão.

Localização: Somerset, Inglaterra

Reservas: 01373 812266

www.babingtonhouse.co.uk

índiaAnanda in the HimalayasNeste Spa encontra cerca de 80 tratamentos

corporais e de beleza que aliam as tradicionais e

milenares terapias indianas com as mais recen-

tes técnicas ocidentais. Os tratamentos são de-

senvolvidos à medida e desejos dos hóspedes,

que dispõem de mais de 20 salas onde é garan-

tido o alívio absoluto do stress. Encontra ainda

sessões de desintoxicação e limpeza do organis-

mo, sessões de relaxamento, tratamentos anti-

envelhecimento e controlo de peso. O Instituto

de Beleza Aveda (da marca Estée Lauder) funcio-

na neste Spa indiano, que tem fantásticas vistas

para o rio Ganges e para a cidade Rishikesh. Para

quem pretende uma estadia prolongada, o ho-

tel que alberga este espaço é uma boa sugestão.

Luxo e conforto não vão faltar.

Localização: Himalaias, Índia

Reservas: 00 91 1378 227500

www.anandaspa.com

59 TURISMO · ANGOLA’IN |

itáliaCristallo Hotel & SpaPara os hóspedes que passaram o dia na neve, o

Cristallo Hotel & Spa apresenta o ritual “Comfort

& Heat”, que consiste numa massagem espe-

cial que recorre ao calor para reconfortar o cor-

po, devolvendo a sua fl exibilidade e hidratação

natural. Localizado no norte de Itália, este Spa

é sinónimo de luxo, estando integrado num ho-

tel de cinco estrelas, que detém vários prémios

de prestígio. Inspirado nas antigas termas roma-

nas, aposta na conjugação de beleza, fi tness e

relaxamento, com uma série de tratamentos dis-

tribuídos por dois pisos. A vista sobre as monta-

nhas de neve é a mais-valia.

Localização: Itália

Reservas: 39.0436.881111

www.cristallo.it

jamaicaStrawberry HillErguido numa antiga plantação de café nas Blue

Mountains da Jamaica, este hotel e Spa é a esco-

lha certa para um retiro espiritual ou umas férias

a dois. Delicie-se com os tratamentos especiais

para o corpo com ingredientes naturais de fl ores

e plantas, com a hidroterapia e o célebre ‘Hima-

layan Rejuvenation Treatment’ da Aveda. De-

corado com mobiliário colonial e inspirado nos

edifícios originais do século XIX, o hotel já re-

cebeu nomes de famosos artistas como Rolling

Stones e Bob Marley.

Localização: Jamaica

Reservas: 00 876 944 8400

www.islandoutpost.com/strawberry_hill

maldivasConrad MaldivesEntregue-se aos prazeres do ócio e bem-estar,

num dos recantos mais glamorosos das Maldi-

vas. O Conrad Maldives Rangali Island é um Spa

com salas de massagem e tratamentos, aplican-

do os seus avançados conhecimentos em tera-

pias faciais, corporais e serviços de beleza. Neste

destino paradisíaco os apaixonados por uma boa

terapia em Spa podem desfrutar de momentos

de tranquilidade no ‘Spa Retreat’ ou no ‘Over-

Water Spa’, que se caracteriza pelo luxo inigua-

lável sobre um chão de vidro, onde se deslumbra

o maravilhoso coral, mesmo a seus pés. Trata-

mentos e actividades não faltam nestes espa-

ços (que pertencem à cadeia de hotéis do célebre

grupo Hilton) que são muito procurados pelos

amantes de Spas e dos climas apetecíveis das

ilhas tropicais.

Localização: Maldivas

Reservas: 960-6680629

www.hiltonworldresorts.com

marrocosAngsana RiadRiab Bab Firdaus, em Marraquexe (Marrocos), é

um mundo exclusivo para alguns. Quem entra

no Spa sente que está a alcançar o paraíso que

se contrapõe com a movimentada e caótica ci-

dade de Marraquexe. O espaço é o resultado do

fascínio do presidente do grupo Banyan Tree por

esta região tão peculiar. Além dos habituais tra-

tamentos faciais e corporais, o Spa destaca-se

pela experiência do Hammam – o banho turco

original. Os aromas a lavanda e jasmim predomi-

nam por todo o recinto, que é considerado como

um dos cinco melhores do mundo. Calma e rela-

xante, a experiência no Riad Bab Firdaus é ines-

quecível e uma lufada de ar fresco numa cidade

onde impera a agitação.

Localização: Marraquexe, Marrocos

Reservas: Aspire 0845 345 9095

www.angsana.com

méxicoLas Ventanas al ParaísoEm pleno coração do México, este Spa dá-lhe a

possibilidade de personalizar a estadia. Existem

desde aulas de culinária ou ténis a programas

especiais para casais (que inclui menus afrodi-

síacos). Aqui encontra tratamentos reparadores,

rituais de cura, produtos orgânicos e terapias

holísticas. O Las Ventanas al Paraíso proporcio-

na mimos exclusivos e muito tentadores, como

uma sala de boas-vindas com tequila, espec-

táculos nocturnos, DVDs à escolha do cliente e

diversas mordomias. O pacote romântico para

quatro noites custa 4.090 USD e inclui massa-

gens, passeios românticos, jantar, entre outros.

Localização: México

Reservas: 52.624.144.2800

www.lasventanas.com

portugalAquafalls Spa HotelÉ o único português incluído na lista dos 101 me-

lhores spas do mundo da revista britânica Ta-

tler. O espaço luso está localizado em Vieira do

Minho, entre o Rio Cávado e o Parque Nacional

Peneda-Gerês, numa das zonas mais bonitas do

Norte de Portugal. O Aquafalls presenteia os vi-

sitantes com magnífi cas vistas para o rio e pa-

ra a montanha. Estes podem desfrutar a estadia

num dos ‘bungalows’ do hotel. O Spa possui pis-

cina interior e exterior, sauna, banho turco, duche

de sensações, fonte de gelo, ‘vichy shower’, giná-

sio, seis salas de tratamento duplas e individuais

e diversas zonas de descanso. As ofertas mais

procuradas no Aquafalls Spa são os tratamentos

com infusões de ervas, os tratamentos anti-ida-

de e de hidroterapia e sobretudo as massagens

Shiatsu ou a quatro mãos.

Localização: Gerês, Portugal

Reservas: 351 253 649 002

www.aquafalls.pt

itália

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Spa

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ste

é

tailândiaKamalaya Koh SamuiEste centro, situado na Tailândia, não pára de so-

mar prémios. Foi distinguido como o vencedor do

“Melhor Destino de Spa” no “Asia Spa Baccarat

Awards” e do “Thailand Wellness Sactuary and

Holistic Spa Resort”. A sua co-fundadora, Karina

Stewart, foi igualmente galardoada com o Pré-

mio de Personalidade do Ano (2009) na cate-

goria dos “Spas Asiáticos”. O espaço destaca-se

pela sua programação diversifi cada, elaborada a

pensar nos apaixonados pelas técnicas orientais

de relaxamento. Tem ao seu dispor actividades

de ioga, meditação, anti-stress, fi tness, controlo

de peso, desintoxicação e balanço emocional, en-

tre outras valências. O Kamalaya Koh Samui foi

erguido nas redondezas de uma antiga cave, lo-

cal privilegiado pelos monges budistas para me-

ditação. A aura kármica mantém-se e a essência

da fi losofi a traduz-se no nome do Spa: Kamalaya

- se for dividido em duas partes signifi ca Império

de Lotus (símbolo do crescimento e purifi cação

do espírito humano). Encarado pelos turistas e

habitantes locais como santuário do bem-estar

e da tranquilidade, este Spa tailandês atraia ce-

lebridades internacionais. É o caso da cantora

Madonna que não dispensa uma regular visita a

estas instalações para cuidar da beleza interior

e exterior.

Localização: Koh Samui, Tailândia

Reservas: Cleveland Collection 0845 450 5732

www.kamalaya.com

Chiva-SomEste resort é um clássico. Criado a pensar no

bem-estar físico e mental dos clientes, propor-

ciona uma sensação de tranquilidade absoluta,

baseando-se na fi losofi a que conjuga tradições

tailandesas de hospitalidade e os ideais budistas

de harmonia com as terapias orientais ancestrais

e as ocidentais mais vanguardistas. As massa-

gens tailandesas, shiatsu, refl exologia, ginás-

tica, reiki e tratamentos estéticos contribuem

para uma melhor preparação física e para reduzir

os níveis de stress.

Localização: Tailândia

Reservas: 00 66 3253 6536

www.chiva-som.com

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TURISMO

60 | ANGOLA’IN · TURISMO

| patrícia alves tavares

suiçaClinique La PraireEste autêntico oásis de luxo e conforto tem qua-

se 75 anos de existência. Localizado nas margens

do Lago de Genebra, o La Prairie tem quartos

com vista para os Alpes, um restaurante gour-

met e uma particularidade interessante: intér-

pretes das mais diversas línguas para facilitar a

comunicação. Escolha um dos múltiplos serviços

de beleza, que vão desde uma simples manicura

aos mais avançados tratamentos contra a celu-

lite e o envelhecimento. O programa para duas

pessoas para um fi m-de-semana com massa-

gem Thai, massagem relaxante, massagem fa-

cial e máscara custa a partir de 3.440 euros. Uma

semana completa tem o preço de 9.270 euros e

inclui ainda consultas com especialistas de fi t-

ness, estética, beleza e check-up.

Localização: Genebra, Suíça

Reservas: 41(0) 21 989 33 11

www.laprairie.ch

AmanpuriA 890 quilómetros de Banguecoque, na ilha de

Phuket, os turistas da Tailândia descobrem um

Spa, inaugurado em 1988, que se destaca pelo

glamour. A partir do aeroporto, os hóspedes têm

uma limusina gratuita que em 25 minutos faz o

percurso até ao espaço paradisíaco. Amanpuri

signifi ca “lugar de paz”. Portanto, a tranquilida-

de reina nos seis pavilhões, erguidos em madeira

e vidro, compostos por sauna e sala de medita-

ção ao ar livre. O Spa tailandês integra ainda gi-

násio, piscina, livraria, campo de ténis, lojas de

antiguidades, joalharia, sala de reuniões, alfaia-

te, buggies e outros serviços, que estão inseridos

à volta das instalações. A piscina de Amanpuri

possui uma escada que faz ligação à praia, que

dispõe de cadeiras e guarda-sol exclusivos para

os hóspedes. A esta mordomia adicione ainda as

refeições ligeiras servidas aos clientes e a possi-

bilidade de praticar outros desportos aquáticos.

Os preços da diária são a partir de 1.061 USD.

Localização: Phuket, Tailândia

Reservas: (66) 76 324 333

www.amanresorts.com/amanpuri/home.aspx

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TURISMO

62 | ANGOLA’IN · TURISMO

Luxo emalto mar

Os apaixonados pela aventura em pleno oceano, rodeada de conforto e de todas as comodidades que um cruzeiro tem para oferecer, podem a partir deste ano descobrir as maravilhas do Médio Oriente, através de uma viagem de sete dias pelos principais pontos do Golfo Pérsico. O navio Brilliance of the Seas proporciona uma estadia nas águas do Índico com escalas nos locais mais emblemáticos da região, onde se esconde o melhor da cultura oriental.

Tranquilidade e ambientes multiculturais é o que

vai encontrar na viagem que a Angola’in sugere.

Deixe-se navegar pelas águas tranquilas e ver-

des do Golfo Pérsico e guiar pelos sentidos, pe-

los aromas doces e picantes das especiarias das

cidades orientais que estão de portas abertas

para acolher os turistas na sua imensa rique-

za gastronómica e histórica. O encontro com as

tradições, mesquitas, praias, mercados e palá-

cios árabes serão uma constante no cruzeiro que

atravessa as margens do Oceano Índico. Aliás, a

melhor forma de entrar nestes países é mesmo

de barco, um ponto de referência para as comu-

nidades, cujos portos não distam muito entre si

e permitem ao viajante passar mais horas em

terra do que se optar por um roteiro no Mar Me-

diterrâneo.

A Royal Caribbean International apostou num

programa de sete noites pelo Médio Oriente, a

partir do Dubai. A opção resulta de uma parce-

ria com o Dubailand e visa dinamizar a circulação

de cruzeiros pelo Golfo Pérsico. A nova rota está

disponível desde o início do ano e, entre Janeiro

e Abril, o Brilliance of the Seas já realizou 13 cru-

zeiros com passagem por destinos inebriantes

como Bahrein e Oman. A viagem contempla um

equilíbrio entre mar e terra, pelo que permanece-

rá duas noites (uma à partida e outra à chegada)

na famosa cidade de Dubai, intercalando ainda

com estadias na capital de Oman, Muscat, nas

míticas Minas de Salomão no Bahrein e escalas

em Fujairah e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

O navio é uma autêntica ‘cidade’. No seu inte-

rior, encontra restaurantes, bares, casino, gi-

násio e ainda um spa. Aqui é possível comprar

os bilhetes para os passeios e Tours pelas cida-

des onde este atraca. Porém, aconselha-se que

o passageiro leve cópias das páginas do passa-

porte, onde estão os vistos, de forma a facilitar

o embarque e desembarque nos portos. O pre-

ço dos quartos ronda os 630 dólares por pessoa

(sem taxas).

PARTIDA: DUBAIÉ o ponto de partida do Brilliance of the Seas,

que dá ao visitante a possibilidade de passar a

primeira noite na cidade oriental, que faz do tu-

rismo uma das principais actividades e dispõe

de animação durante todo ano. Aposta em es-

tadias inesquecíveis, visto que os hotéis e res-

taurantes de luxo estão presentes um pouco

por toda a cidade. As autoridades nacionais in-

dicam que, no último ano, passaram pela cida-

de 260 mil turistas e uma centena de navios.

Para 2010, são esperados 325 mil passageiros

de cruzeiros. Para 2011, as previsões apontam

para 135 transatlânticos e para o desembarque

de 375 mil hóspedes.

Durbai é a cidade mais ambiciosa e rica dos sete

Emirados Árabes. A extravagância espreita em

cada esquina e muitos defendem que o seu la-

do ‘kitsch’ é um dos motivos que leva o turista a

procurar a região. É o destino eleito pelos consu-

mistas, que procuram produtos exclusivos e al-

tamente luxuosos.

Além da emblemática Burj Khalifa, a torre mais

alta do mundo (164 andares) inaugurada em Ja-

neiro de 2010, uma das atracções do Dubai é o

lago artifi cial onde decorrem espectáculos a ca-

da 20 minutos entre as 18h e as 22h. Ao espa-

ço acorrem famílias que aproveitam para ver os

artistas de rua que, durante o mês de Fevereiro

(devido ao 15º Dubai Shopping Festival), exibem

as suas performances. Os dois shoppings tam-

bém se destacam: o Souk Al Bahar (mercados

árabes populares, com uma arquitectura típica)

e o Dubai Mall, o maior da cidade, onde encontra

as marcas mais caras livres de impostos, como

Louis Vuitton, Channel, Dolce & Gabbana ou Dior.

As mesmas estão ainda à disposição nos centros

comerciais Burjuman e Mall of Emirates. O Ma-

dinat Jumeirah é procurado pelos muçulmanos

abastados e é opção para quem procura umas

férias de requinte e luxo, mesmo que seja para

uma estadia de uma noite. O complexo alberga

hotéis de elite, como o Burj Al Arab e o Jumeirah

Resort, lojas de design e cerca de 40 cafés, res-

taurantes e bares. Nesta área, uma única bebida

pode custar até 75 dólares.

Os que preferem o lado naïf e mais apelativo das

| patrícia alves tavares

63 TURISMO · ANGOLA’IN |

particularidades do mundo oriental, os bairros

de Deira e Bur Dubai são o destino a escolher.

Além do Souk Al Bahar, depara-se com os Gold,

Spice e Textile Souks, que são igualmente mer-

cados de rua, mas especializados em jóias, es-

peciarias e tecidos.

Para os aventureiros, a Arabian Adventures pro-

porciona ralis no deserto, em carros 4x4, que

fazem um circuito pelas dunas e terminam a

viagem num acampamento, onde o turista é

brindado com refeições típicas e dança do ven-

tre, recriando o estilo da noite das Arábias.

MUSCATEA capital de Omã destaca-se pelas suas imensas

particularidades. As montanhas áridas sobre-

põem-se às águas cristalinas do oceano, pai-

rando no ar uma mistura de perfume de incenso

com especiarias, criando uma experiência única

para os sentidos. A cidade é um autêntico ma-

nual de história, onde se destacam o imponen-

te palácio Al-Alam do sultão Qaboos Bin Said, o

museu Bait Al Zubair (guarda os tesouros cultu-

rais do país, representados pelas valiosas jóias,

roupas, livros e artefactos) e a mesquita Qabo-

os, onde sobressaem os cânticos do Alcorão.

O bairro mais antigo da capital, o Mutrat, tem

uma vista esplendorosa para o colorido da cida-

de, nomeadamente para a mesquita Al Lawatiya

e para o Mutrt Souk, o melhor mercado da zona,

muito procurado para aquisição das especiarias,

disponíveis nas várias lojas situadas neste souk

labiríntico e pouco iluminado. Mais afastado de

Muscate (a 40 minutos de carro), encontra as

pacatas praias e os sofi sticados resorts, nome-

adamente o Shangri-La’s Barr Al Jissah Resort

and Spa, que é um complexo composto por três

hotéis de luxo, praia privada e spas.

FUJAIRAHÉ o destino perfeito para os praticantes de mer-

gulho, vela, surf e jet sky. O cruzeiro faz escala

num dos países mais pequenos dos Emirados

Árabes, para que os turistas admirem a beleza

do litoral que coabita harmoniosamente com o

relevo montanhoso. Em Fujairah, o museu local

(que tem o mesmo nome do país) guarda os te-

souros arqueológicos da região. A mesquita Bi-

diyah merece uma visita, por se tratar da mais

antiga e a menor de todo o conjunto dos paí-

ses dos Emirados. A gastronomia também está

em destaque, pelo que pode aproveitar a pas-

sagem pela cidade para se deliciar com o me-

lhor da culinária indiana no restaurante Swaad

ou no Mozaique que tem uma vista privilegiada

para o mar.

ABU DABIA principal atracção desta cidade é a inebrian-

te vida cultural. Em certos pontos, Abu Dabi as-

semelha-se ao Dubai, pela riqueza e construções

grandiosas. O Performing Arts Centre, desenhado

pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid, será o princi-

pal centro da mescla de tradições, onde vão nascer

salas de concertos, de teatro e de artes plásticas.

O espaço ainda não tem data para ser inaugurado.

Prestes a abrir ao público (2012), encontram-se

as unidades do museu Louvre e do Guggenheim.

Enquanto este locais não estão acessíveis, pode

dar um passeio pela cidade e descobrir os antigos

edifícios que convivem harmoniosamente com

os modernos arranha-céus. A grande mesquita

Sheikh Zayed é uma das maiores do mundo e o

Emirates Palace, o hotel que representa a riqueza

do país, onde o charme e as decorações a ouro se

confundem, deixam os visitantes boquiabertos.

MANAMÁA capital do Bahrein é provavelmente a cidade

mais tolerante e liberal do Golfo Pérsico. O fac-

to de mais de metade dos seus habitantes ter

menos de 20 anos contribui para atenuar a rigi-

dez dos costumes. As construções são moder-

nas, sem nunca perder o aspecto requintado e

sumptuoso. O ponto de referência de Manamá

é o World Trade Center do Bahrein, inspirado e

idêntico às torres gémeas de Nova Iorque, des-

truídas em 2001. No topo, a 240 metros de al-

tura, os turistas conseguem visualizar a região,

pois têm uma vista de 360º. No primeiro piso,

o outlet de 15 marcas famosas a preços acessí-

veis atrai multidões. O mercado Al Bab Bahrein

e a mesquita Al Fareh, que detém lustres fran-

ceses no seu interior e é composta por mármore

italiano, são imperdíveis.

informações

Partida e chegada: Porto de Dubai

Duração: sete dias

Vistos: antecipados para os Emirados Árabes Unidos. Em Omã e no Bahrein, os documentos são emitidos no porto. O preço total é de 216 dólares.

Preços: no Brilliance of the Seas o custo ronda os 799 dólares por pessoa

Moeda: No Dubai, Abu Dabi e Fujaraih circula o dirham (vale 0,35 dólares). Em Omã, a moeda é o rya (3 dólares) e no Bahrein é o dinar (2,70 dólares)

Em Setembro, decorrem as celebrações do mês sagrado do Ramadão, pelo que os horários dos museus, restaurantes e Tours podem ser alterados

A limpeza das cidades é uma preocupação governamental. Deitar lixo no chão é considerado um delito grave

Aposte em sapatos fechados, roupas recatadas e lenços. A maioria das mesquitas exige esse tipo de vestuário e proíbe a entrada a visitantes (incluindo turistas) com unhas pintadas (seja das mãos ou dos pés)

Para adquirir mais informações sobre estes futuros cruzeiros marítimos Brilliance of the Seas ou de outros pacotes, visite o site da Royal Caribbean em http://www.royalcaribbean.com/

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares

64 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

A RUA IDEAL‘A aimmp e Associative Design propõem uma comunidade, dotada das infra-estruturas e soluções adequadas à cultura, clima, geografi a e arquitectura do país’

Representa o maior investimento feito até ho-

je pelas empresas da fi leira casa e decoração

lusa. A “Rua da Amizade”, um projecto da As-

sociative Design, uma marca da aimmp (Asso-

ciação das Indústrias da Madeira e Mobiliário

de Portugal), esteve exposta em mais uma edi-

ção da Feira Internacional de Luanda (FILDA).

Dos mesmos autores da “Casa de Sonho An-

golana”, que foi um êxito no certame de 2009

e que tem contribuído para a concretização do

plano governamental de um milhão de casas

até 2012, a nova iniciativa visa promover o in-

tercâmbio entre empresários e marcas portu-

guesas e angolanas, no sentido de dinamizar e

introduzir novas tecnologias no sector da cons-

trução civil.

Mil metros quadrados é o total da área ocu-

pada por uma infra-estrutura concebida para

corresponder às necessidades actuais das fa-

mílias, pelo que foi 100 por cento pensada nas

aspirações do consumidor. A aimmp e Associa-

tive Design propõem uma comunidade, dotada

das infra-estruturas e soluções adequadas à

cultura, clima, geografi a e arquitectura do país.

Uma escola, um infantário, um auditório/ Ho-

me Cinema, um posto clínico, um restaurante

e uma cafetaria são os serviços escolhidos pa-

ra integrar a “Rua da Amizade”. Um separador

central com 4x40 mts dá ainda acesso a uma

área de lazer, com uma esplanada, jardim e

parque exterior. Este ambiente foi o mote para

os empresários exporem pela primeira vez as

ideias de mobiliário exterior. Os edifícios, ide-

alizados em exclusivo para a região, represen-

tam as soluções mais modernas e inovadoras

dos sistemas construtivos e dos produtos do

sector.

O certame superou as expectativas e a recep-

tividade foi excelente, com o público a mostrar

interesse não só no projecto, mas também nas

múltiplas acções culturais e de animação que

acompanharam a sua apresentação (actuações

de músicos, provas de vinhos e mostras de culi-

nária nacional). O presidente da República José

Eduardo dos Santos e o seu homólogo portu-

guês, Cavaco Silva, inauguraram mais uma edi-

ção da maior feira do sector e aproveitaram a

ocasião para elogiar a presença lusa.

A “Rua da Amizade Angola-Portugal” favore-

ceu a interacção entre os profi ssionais dos dois

países, que trocaram informações e experiên-

cias. Os empresários nacionais puderam ve-

rifi car na prática como seria a rua ideal, com

réplicas de cada solução. A vantagem das com-

ponentes apresentadas está na sua viabilidade

e capacidade de ser reproduzida em todo o ter-

ritório, de forma rápida e económica, seguindo

a linha da base de construções pré-fabricadas.

Desafi o Associative DesignA marca portuguesa voltou a partici-par no maior evento da fi leira da ma-deira e marcou presença com a “Rua da Amizade Angola-Portugal”, assumin-do o seu compromisso e responsabili-dade social. Esta foi desenvolvida pela aimmp para ampliar a rede de coopera-ção entre as empresas da Fileira Casa. Depois da “Casa de Sonho Angolana”, a Associative Design abraça novamen-te a iniciativa da aimmp, promovendo em simultâneo actividades de carácter humanitário em consonância com or-ganizações mundiais, como a Unicef. Uma das particularidades da sua parti-cipação neste projecto está relacionada com a difusão de energias renováveis e ecologicamente sustentáveis.

O projecto é arrojado. No futuro, poderá ser realidade, caso surjam investidores interessados em viabilizá-lo. A “Rua da Amizade Angola-Portugal” foi concebida especifi camente para a mais recente edição da FILDAe visa expor as valências das empresas portuguesas na área do mobiliário. O espaço, composto por um ambiente de escola, infantário, restaurante e posto clínico(entre outros), foi um sucesso e promete revolucionara indústria da madeira em Angola.

65 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |

ENERGIAS RENOVÁVEISO projecto é “ambicioso e arrojado”. O recurso

a meios ecologicamente sustentáveis é uma

das principais novidades da “Rua da Amizade

Angola-Portugal”. Esta tem a particularidade

de evidenciar as mais-valias das energias reno-

váveis e a forma como estas podem ser adap-

tadas à arquitectura moderna, benefi ciando o

dia-a-dia das famílias e das gerações futuras.

A iluminação pública do espaço é um desses

exemplos, demonstrando que é possível criar

ruas e, até mesmo, cidades mais ecológicas.

A pequena comunidade, que conta com um in-

vestimento de cerca de um milhão de euros, vi-

sa informar os investidores sobre a capacidade

lusa para projectar e desenvolver mecanismos

e produtos que confi ram a segurança, autono-

mia e qualidade a longo prazo que são exigidos

na nova fase de desenvolvimento do sector. A

indústria portuguesa pretende criar componen-

tes que promovam uma boa relação qualidade-

preço e que contribuam para o aproveitamento

das possibilidades energéticas do país.

AIMMP REGRESSA À FILDAA Associação de Indústrias da Madeira e de

Mobiliário de Portugal surge novamente no

maior evento do sector com um projecto me-

galómano e com um investimento nunca antes

visto: cerca de um milhão de euros. Empenha-

dos em consolidar a sua presença no mercado

angolano, a entidade tem como estratégia con-

tribuir para o sucesso do Programa Nacional de

Urbanismo e Habitação, que contempla a cons-

trução de um milhão de casas em apenas dois

anos. Desta forma, a organização voltou

a apostar nas soluções para habi-

tações pré-fabricadas, propondo

materiais e mobiliário de cons-

trução elaborados especifi -

camente para este nicho

de mercado.

A organização re-

presenta uma in-

dústria que é

um dos princi-

pais agentes

e parceiros

da reabili-

tação do país. Com dois mil milhões de euros

de volume de vendas, exporta 1,1 mil milhões

de euros em mobiliário, madeiras de pinho e

de eucalipto, painéis, rolaria e serradas. A sua

missão passa por desenvolver acções que auxi-

liam as empresas portuguesas a internaciona-

lizar-se, através da mostra da sua qualidade,

design e inovações em feiras e eventos do sec-

tor. Angola é um mercado privilegiado, dada a

afi nidade linguística e o momento favorável

que o sector enfrenta.

BAIRRO APRESENTADO EM NOVEMBROA aimmp aproveitou a participação na FILDA pa-

ra anunciar que vai proceder à construção de um

bairro com um mínimo de 25 casas. As obras ar-

rancam em Novembro e a área residencial, loca-

lizada em Luanda, possuirá moradias do tipo T1

e T2, destinadas a famílias de alta e baixa renda.

Os empreendimentos serão vendidos ao preço

mínimo de 70 mil dólares.

Fernando Rolin, presidente da aimmp, contou à

Angola’in que se encontram a negociar o terre-

no com o Ministério do Urbanismo e Habitação

e, no caso de um aval positivo (cedência de es-

paço e licença de construção), as obras poderão

estar concluídas até ao arranque da Constrói An-

gola, feira onde será apresentado

o projecto e que es-

tá marcada para

Novembro.

No referi-

sabia que…A elaboração de uma réplica de uma rua, a ideal numa comunidade, contou com a colaboração de diversas empre-sas que são parceiras do sector da fi -leira casa angolana:

‘Uma escola, um infantário, um auditório/ Home Cinema, um posto clínico, um restaurante e uma cafetaria são os serviços escolhidos para integrar a “Rua da Amizade”. A pequena comunidade conta com um investimento de cerca de um milhão de euros’

do certame, as habitações vão estar em demons-

tração, podendo ser experimentadas por todos

os participantes e visitantes. No fi nal do even-

to, estas serão vendidas aos interessados. “Ten-

cionamos levar para o bairro casas e soluções

diversas no domínio da construção, mobiliário

e decoração de escritórios, hospitais, restauran-

tes e outros estabelecimentos, a preços para o

alto e baixo padrão de estilo de vida”, explicou,

recordando que o propósito da aimmp passa por

revelar as melhores propostas em edifi cação de

casas, móveis e objectos decorativos. Por outro

lado, a associação aposta no princípio ‘celerida-

de’ para construir empreendimentos a preços

acessíveis para as famílias mais carenciadas.

Fernando Rolin é líder de uma comitiva de 23

empresas que expuseram os seus produtos na

27ª edição da Feira Internacional de Luanda.

- Bi-Bright- Bilhares Carrinho- Classic Toys- Colonial Concept- Decotelife- Delta (angonabeiro) - Fertini- Friemo- Hemoportugal- Indufl ex - Jomaifi l- JP Sá Couto- Lameirinho - Levira- Luz e Som- Plural Editores- Sit- Soinca- Steelsept- Viarco - Viroc- Woodone - Mobiliário SA- 4 Plano- Aris Arquitectos

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO

comboio regressa a kuando kubango

A reabilitação dos Caminhos-de-Ferro de Kuando Lubango deverá estar concluída

em 2011, altura em que os comboios retomam os percursos pela região. O governa-

dor Simão Baptista acredita que a infra-estrutura vai estimular o desenvolvimento

sócio-económico da província. A circulação ferroviária vai permitir o transporte de

mercadorias em larga quantidade, facilitando as trocas comerciais e o crescimento

dos serviços. José Kivungua, vice-ministro dos Transportes, esteve na região para

acompanhar as obras da via de Moçâmedes e acredita que os comboios vão avançar

na data prevista, acontecimento que vai permitir o início de uma nova etapa no dia-

a-dia das populações.

BREVES

fábrica de tijolos única

José Eduardo dos Santos e o homólogo português, Cavaco Silva, inaugu-

raram a “mais moderna fábrica de tijolos de África”. A Novicer, construída

de raiz pelas empresas Mota-Engil e Cerâmicas de Angola (Unicerâmica),

representa um investimento de cerca de 36 milhões de dólares. Especiali-

zada no fabrico de tijolo de função horizontal, os gestores da unidade, loca-

lizada no Cacuaco (Estrada de Kifangondo, Luanda), pretendem introduzir

a produção de telhas e de um produto inovador, o “tijolo Termo-Acústico”.

O material não existe no continente e apresenta uma série de propriedades

acústicas térmicas que permitem um maior isolamento de som e calor. O

espaço tem capacidade para criar cerca de dois milhões de tijolos por mês e

garantiu postos de trabalho para 98 pessoas (sendo que 91 são angolanos).

O empreendimento foi apresentado pelo presidente do Conselho de Admi-

nistraçao da Mota-Engil, António Mota, que lembrou que o projecto surgiu

como resposta ao desafi o do Presidente da República, que quer promover

novos investimentos e apostar na industrialização do país. A infra-estrutu-

ra possui tecnologia moderna e vem colmatar uma necessidade do merca-

do, que carece deste produto e de materiais de qualidade. A inauguração da

Novicer inseriu-se no programa de visita do Presidente de Portugal, Aníbal

Cavaco Silva, a Angola.

roque santeiro reaproveitado

O projecto de requalifi cação e modernização do município do Sambizanga

inclui a reconversão do mercado Roque Santeiro em novas infra-estruturas,

que alberguem um conjunto de lojas de proximidade. De acordo com o di-

rector do Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda, Hélder Jo-

sé, o plano está na fase inicial de implementação, existindo “o mapeamento

de uma nova centralidade que integra uma nova urbanização com todo um

conjunto de serviços que actualmente não existem”. Os vendedores do anti-

go mercado serão transferidos para a zona do Panguila (Cacuaco), onde vão

dispor de um equipamento com melhores condições de higiene e de traba-

lho. A renovação do espaço inclui o reordenamento habitacional e sanitário

do bairro Operário e a urbanização completa da zona do Mota, locais onde

ainda predominam as construções anárquicas.

prevista descida depreços das habitações

António Gameiro, bastonário da Ordem dos

Arquitectos de Angola, acredita que nos pró-

ximos dois anos vai verifi car-se uma descida

considerável dos custos das residências, devi-

do aos vários projectos imobiliários que estão a

ser implementados no território pelo Governo.

O arquitecto defendeu numa entrevista que os

investidores que querem obter lucros elevados

apostam apenas nas construções destinadas

à média, média alta e alta renda. No entanto,

considera que este mercado está acessível a

uma parcela reduzida de população, pelo que

serão obrigados a diminuir os preços das mo-

radias e a apostar em projectos imobiliários

mais baratos, que se dirijam aos estratos mais

carentes. O responsável lembrou ainda que o

Governo disponibilizou 400 mil kits (estão pre-

vistos 700 mil) para que os cidadãos possam

construir as próprias casas, com a orientação

de técnicos especializados. Esta nova medida

deverá contribuir igualmente para a descida

dos valores das habitações.

| patrícia alves tavares

67 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |

ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO ARTIGO DE OPINIÃO

A Organização das Nações Unidas estima que a

população mundial será de 8,5 mil milhões de ha-

bitantes em 2025 e atingirá os 10,2 mil milhões

em 2100. O maior aumento será nos países em

desenvolvimento, que a par da evolução demo-

gráfi ca, estão em forte urbanização, bastião do

crescimento económico e social. Estes factores

exercem enorme pressão no meio ambiente, visto

esgotarem os recursos e aumentarem os resídu-

os, o que provoca a sobrecarga do biociclo e con-

duz inevitavelmente à poluição. Infelizmente, é

um dos problemas com que a humanidade se de-

bate nas últimas décadas, tornando-se premen-

te conseguir que o ciclo natural na origem da vida

seja preservado.

Tem-se seguido duas estratégias: melhorar os

passos limitantes do ciclo e economizar os recur-

sos. A primeira envolve políticas de reciclagem, de

tratamento de resíduos e eventualmente, num

estado de poluição severa, de remediação. A se-

gunda promove o aumento da efi ciência dos pro-

cessos utilizados, para que o seu consumo seja

minimizado e traz importantes benefícios eco-

nómicos. A sua aplicação tem sido possível com

o aperfeiçoamento tecnológico. São exemplo as

importantes reestruturações de que tem sido al-

vo a indústria desde os anos 80 e que permitiram

diminuir o consumo de energia. É também vital

a sensibilização dos cidadãos, para desmistifi car

a ideia de que bem-estar está relacionado com o

desperdício de recursos.

O aproveitamento do sol como fonte de calor e de

luz é uma das alternativas mais promissoras pa-

ra enfrentarmos os desafi os do milénio. A energia

solar é abundante e permanente, renovável a ca-

da dia, não polui, nem prejudica o ecossistema. É

a solução ideal para áreas afastadas e não electri-

fi cadas, especialmente em Angola, onde há bons

índices de insolação em qualquer parte do territó-

rio. Importante na preservação do meio ambien-

te, tem muitas vantagens (não infl ui no efeito

estufa e não precisa de turbinas/geradores para a

sua produção), mas exige altos investimentos pa-

ra o seu aproveitamento. Por cada m2 de colector

solar instalado evita-se a inundação de 56 m2 de

terras férteis, na construção de novas barragens

hidroeléctricas. Parte do milionésimo de energia

solar que o nosso país recebe durante o ano pode-

ria dar um suprimento de energia equivalente a:

• 54% do petróleo nacional

• 2 vezes a energia obtida com o carvão mineral

• 4 vezes a energia gerada no mesmo período por

uma barragem hidroeléctrica.

A Arquitetura Bioclimática é o estudo que visa

harmonizar os recursos, a pensar no Homem. É a

adopção de soluções arquitectónicas e urbanís-

ticas adaptadas às condições específi cas (clima

e hábitos de consumo) de cada lugar, utilizando

a energia que pode ser directamente obtida das

condições locais. Esta preocupa-se com o desen-

volvimento de equipamentos e sistemas que são

necessários ao uso da edifi cação (aquecimento de

água, circulação de ar e de água, iluminação) e de

materiais de conteúdo energético tão baixo quan-

to possível.

A energia renovável é obtida de fontes naturais

capazes de se regenerarem e, portanto, virtual-

mente inesgotáveis, ao contrário dos recursos

não-renováveis. Na sua maioria têm como origem

o Sol. São conhecidas pela imensa quantidade de

energia que contêm e por serem capazes de se re-

generar por meios naturais. Existe ainda as fon-

tes eólica, hídrica e geotérmica. A sua integração

nos edifícios é um desafi o, em que o objectivo é

conceber uma estrutura efi ciente que permita a

incorporação de um sistema que capte a energia

e a transforme numa fonte útil para o espaço. Por

exemplo, a colocação de painéis solares na cober-

tura do edifício não é por si só uma medida efi -

ciente, pois, se não tivermos em conta a efi ciência

da construção, esta pode nem ser sufi ciente para

comportar a energia da iluminação, quanto mais

do resto dos sistemas. Daí a importância da inte-

gração dos métodos renováveis em edifícios efi -

cientemente energéticos que já esgotaram todas

as estratégias de design passivo na sua concepção

ou na reabilitação.

Os incentivos à utilização de energias renováveis

e o crescente interesse devem-se à consciencia-

lização da possível escassez dos recursos fósseis

(como o petróleo) e à necessidade de redução das

emissões de gases nocivos para a atmosfera (Ga-

ses de efeito de estufa), bem como aos objectivos

da União Europeia, do Protocolo de Quioto e das

preocupações com as alterações climáticas.

A utilização dos painéis solares térmicos e fotovol-

taicos para a produção de calor e de energia eléc-

trica (a partir do aproveitamento da energia solar)

é uma forma para a qual o país dispõe de recur-

sos abundantes. Mas, estes devem ser tidos como

complementos à arquitectura dos edifícios, que

não devem descurar o aproveitamento de estraté-

gias de design passivo (uso da orientação solar, da

ventilação natural, da inércia térmica e do sombre-

amento), pois são uma solução bastante provei-

tosa devido às condições climatéricas favoráveis

para a obtenção de uma maior sustentabilidade.

A grande vantagem do Sol é que permite a geração

de energia no mesmo local de consumo, através

da integração na arquitectura. Assim, poderemos

criar sistemas de geração distribuída, eliminando

quase por completo as perdas ligadas aos trans-

portes (cerca de 40%) e a dependência energéti-

ca. Porém, essa fonte tem o inconveniente de não

poder ser usada à noite, a menos que tenhamos

baterias sufi cientes, o que não é impossível.

A sustentabilidade na construção passa por três

medidas essenciais: a melhoria dos projectos em

termos de efi ciência energética, diminuindo as

suas necessidades em iluminação, ventilação e

climatização artifi ciais; a substituição do consu-

mo de energia convencional por renovável, não

poluente e gratuita; e fi nalmente a utilização de

materiais locais, preferencialmente de fontes re-

nováveis ou com possibilidade de reutilização e

que minimizem o impacto ambiental (extracção,

gastos de energia, consumo de água na extracção,

aspectos de saúde, emissões poluentes, etc.).

antónio gameirobastonário da ordem dos arquitectos, angola

Energias renováveis na arquitectura

68 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

Altadefi niçãoA alta defi nição está a chegar a Angola e, à semelhança do que acontece no resto do mundo, a substituição do sinal analógico pelo digital promete revolucionar o modo como se vê televisão. A União Europeia determinou que todos os países adoptem a nova funcionalidade tecnológica nos próximos dois anos, enquanto a SADC alargou o prazo até 2013. A Angola’in explica como funciona a TDT (Televisão Digital Terrestre) e em que vai mudar a sua experiência com o pequeno ecrã.

Em três anos, as famílias terão de se adaptar à

tecnologia do século XXI. Durante este período,

os governos dos países africanos e europeus vão

assegurar a cobertura dos respectivos territórios

substituindo os sinais analógicos pelos digitais.

Na América, a funcionalidade encontra-se vigen-

te desde o último ano. Os utilizadores da televi-

são ‘tradicional’, à excepção dos subscritores de

ligações por cabo ou satélite, terão que adaptar

os seus aparelhos para receber a nova tecnolo-

gia, através de um descodifi cador que permiti-

rá aceder a um novo mundo de funcionalidades.

O apagão da era analógica está agendado para

2013. Daí em diante será possível ver conteúdos

em Alta Defi nição (HD) e gravar (ou programar)

os seus conteúdos preferidos.

META AFRICANAA última reunião de ministros de Telecomunica-

ções, Correios e Tecnologias de Informação e Co-

municação da Comunidade de Desenvolvimento

da África Austral (SADC) ditou a assunção do

compromisso de implementar as metas traçadas

pelos Estados integrantes da entidade. Além da

discussão em torno do serviço de roamming (es-

tá em estudo a criação de um modelo que permi-

ta a todos os cidadãos da SADC usar o telemóvel

em qualquer país com o cartão SIM de origem),

fi cou estabelecido que todos os membros da or-

ganização regional vão implementar a Televisão

Digital Terrestre até 2013. Na ocasião, o ministro

angolano José da Rocha referiu que a transição

da teledifusão do sistema analógico para digital

será um desafi o de mudança para as regiões da

SADC, pois vai impulsionar e tornar possível uma

maior interactividade entre os produtores de

conteúdos e os telespectadores. Por outro lado,

a alteração vai contribuir para a convergência de

redes e de serviços, introduzindo uma nova for-

ma de pensar televisão. No entanto, alertou que

a mudança de estações de teledifusão vai impli-

car um reequipamento de meios com estruturas

adequadas ao sistema digital, pelo que fi cou de-

fi nido na reunião que a SADC terá de encontrar

um sistema de TV Digital comum para todos os

países.

ANGOLA ADEREEm Maio, o ministro das Telecomunicações e

Tecnologias de Informação, Pedro Mendes de

Carvalho, frisou que Angola vai implementar a

TDT tendo em conta os seus benefícios para o

país e os compromissos regionais (SADC) e in-

ternacionais (UIT). O responsável adiantou que

os aparelhos analógicos, actualmente usados,

| patrícia alves tavares

69 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

só poderão funcionar com um conversor, que se-

rá comercializado na “devida altura”. Para uma

adaptação gradual à TV Digital, o ministro anun-

ciou que os dois sistemas vão coexistir durante

algum tempo, para que os utilizadores possam

adquirir os novos equipamentos.

A TDT promete catapultar o sector. Essa é a ga-

rantia de Pedro Mendes de Carvalho que entre-

tanto explicou que será oferecida uma imagem

e som de qualidade superior aos dos aparelhos

actuais e que vai permitir a interacção com de-

terminados programas (especialmente os de teor

educativo), bem como a possibilidade de gravar o

que está a ser emitido, através do descodifi cador

PVR (vídeo gravador pessoal). Durante o III Con-

gresso de Marcas de Angola, o ministro advertiu

que a transição obriga o país a prestar especial

atenção à capacidade do desenvolvimento huma-

no, em que os intervenientes deverão criar con-

teúdos nacionais capazes de se converterem em

marcas concorrenciais que promovam a projec-

ção dos produtos locais. “A televisão é encarada

como um poderoso meio de promoção e fortale-

cimento da unidade nacional, sendo necessário

que cada vez mais se disponibilize os recursos de

comunicação nas mais variadas dimensões geo-

gráfi cas do país, permitindo a disponibilidade de

serviços públicos através da TV como a educa-

ção, saúde, comércio, entre outros”, assegurou.

Na ocasião, o director de operações da empresa

MS Telecom, Mário Oliveira, corroborou as afi r-

mações do ministro, sugerindo que a evolução da

sociedade justifi ca a adopção desta tecnologia

de transmissão, que tem como principal vanta-

gem a difusão de conteúdos em alta defi nição.

Porém, adverte que o sistema implicará um forte

investimento e a modernização do parque tecno-

lógico do serviço público de televisão. O maior de-

safi o para a sua implementação está em tornar

as vantagens deste serviço acessíveis à maioria

da população. Os custos da nova tecnologia serão

subvencionados pelo Estado, que espera com es-

ta acção garantir a todos os cidadãos nacionais o

direito à informação, independentemente do seu

estrato social. Esta é uma boa notícia, sobretu-

do para as famílias carenciadas, que estão isen-

tas das despesas relacionadas com a compra dos

conversores para ter acesso aos serviços de tele-

visão. A medida abrange todos os habitantes do

território nacional.

INOVAÇÃO GLOBALNa América, os EUA entraram na era digital ain-

da em 2009 (18 de Fevereiro). No caso america-

no, a população recebeu em casa cupões de 40

dólares para a compra dos receptores do sinal di-

gital. Tendo em conta que no período das emis-

sões por via hertziana, mais de 22 milhões de

lares detinham este sistema, o Governo optou

por emitir vales para os espectadores que de-

sejavam reservar um conversor (do sinal digital

para analógico) para garantir a compatibilidade

dos seus televisores. O equipamento custa en-

tre 50 e 70 dólares, tendo obrigado as famílias a

adquirir dois cupões por cada televisor. A União

Europeia estabeleceu o ano de 2012 como prazo

limite para todos os Estados membros fazerem

a transição defi nitiva dos sinais. Um pouco por

toda a Europa ultimam-se os pormenores para

se proceder ao corte defi nitivo da televisão tradi-

cional. Em Portugal, o apagão está programado

para Abril de 2012. O país encontra-se a garantir

a cobertura do território com o sinal digital e a

preparar as primeiras emissões experimentais.

A ruptura será faseada, começando pelo litoral

e terminando no interior. Em Espanha, a TDT é

já uma realidade. No início deste ano, às 13.26h

(horas locais), o país entrou na ‘época’ da televi-

são digital, primeiro em Madrid, Barcelona e Se-

vilha e um dia depois em todo o país. A transição

decorreu sem problemas e abrangeu mais de 44

milhões de espanhóis. A Comissão Europeia de-

terminou que a TDT fosse introduzida em todos

os países da União Europeia. Certo é que a trans-

missão analógica tem os dias contados (a nível

mundial) e o “switch-off” vai marcar a entrada

numa nova forma de fazer comunicação.

o que é o tdt?

É a nova tecnologia de teledifusão terrestre (através de antenas) que recorre a um sinal digital, substituindo a teledifusão analógica terrestre (chamada televisão tradicional). A TDT contribui para uma utilização mais efi ciente do espectro radioeléctrico (gama de frequências que pode ser usada por diversos sistemas de comunicações para a transmissão de som, imagem e dados). O objectivo do novo sistema consiste em proporcionar uma melhor experiência de televisão, já que os canais tradicionais serão emitidos em HD (Alta Defi nição). A qualidade do som e imagem é superior, devido à natureza digital do sinal (som Dolby digital). A Televisão Digital Terrestre insere novas funcionalidades como Barra de Programação, Pausa TV, Guia TV, gravação da emissão ou agendamento das gravações.

tv por subscrição isenta

Os utilizadores de televisão por IPTV, cabo ou satélite não serão obrigados a aderir à TDT, já que não afecta os serviços de TV por subscrição. A ausência de impacto neste sistema está relacionada com o facto de o sinal ser emitido por cabo ou satélite, pelo que não recorre ao serviço terrestre analógico. Os que dispõem de um sinal analógico terão de adquirir um descodifi cador para fazer a conversão do sinal. É necessário um aparelho por cada televisor. Os actuais equipamentos já são vendidos com essa componente instalada.

70 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO BREVES

digitalTelecom inaugura sistema digitalKwanza Sul inaugura no fi nal de Julho o sistema

digital de rede fi xa da Angola Telecom. Os con-

tratos para acesso aos serviços de voz e Internet

de banda larga já estão disponíveis. O projecto é

fi nanciado pelo Governo italiano em 18 milhões

de euros e vai interligar as sedes municipais do

Sumbe, Porto Amboim, Amboim, Conda, Cela,

Seles, Kibala e Libolo. A nova estrutura vai per-

mitir uma melhor comunicação entre as comu-

nidades.

tecnologiaCoreia do Sul é parceiraAngola e Coreia do Sul rubricaram um acordo que visa a partilha de co-

nhecimentos e formação no âmbito tecnológico. A parceria represen-

ta um novo ciclo de cooperação entre os dois países. O ministro das

Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José de Carvalho da

Rocha, explicou à imprensa que o documento simboliza o arranque

de um processo de parceria que se estenderá a longo prazo e que se

prevê sustentável e com benefícios para as nações, que assistem a

uma evolução acelerada, fruto da convergência entre informática,

telecomunicações e teledifusão. “O memorando de entendimen-

to que acabamos de assinar expressa a vontade das partes em

cooperar para que as acções identifi cadas possam estar inte-

gradas nos planos de desenvolvimento do país e, por inerência,

nos planos de redução da pobreza”, argumentou o ministro,

que frisou que as estratégias devem estar orientadas para o

incremento de ferramentas que todos possam utilizar e ace-

der para partilhar informações e conhecimentos.

telecomunicaçõesCaála ganha centrode CorreiosO município de Caála, no Huambo, vai rece-

ber um moderno centro de Correios e Tele-

comunicações. As obras da infra-estrutura

arrancaram em Julho e o equipamento vai

custar 31.500 kwanzas, um investimento

que está ao cargo do ministério das Teleco-

municações e Tecnologias de Informação. A

administração do município cedeu o terreno.

O organismo está empenhado em moderni-

zar os serviços postais e optou pela provín-

cia do Huambo para implementar o primeiro

projecto. “Para além de serviços postais e de

correios, o centro terá Internet, fotocopiado-

ra e equipamento para plastifi cação de do-

cumentos, informática e lazer, para além de

uma agência bancária”, explicou o director

provincial dos Transportes, Simão Fontes.

nações unidasAngola quer cumprir objectivos do milénioO Governo está a apostar no incremento das telecomunicações e tecnologias de informação

para alcançar as metas de desenvolvimento nacional e cumprir os objectivos do milénio. O

vice-ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Pedro Teta, anunciou em

Genebra, na 13ª Sessão da Comissão da Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento das

Nações Unidas, que vai analisar os progressos nas recomendações da Cimeira Mundial sobre

a sociedade de informação a nível regional e internacional, nomeadamente no que respeita

à sua implementação e acompanhamento durante os últimos cinco anos. “Angola tem as-

sumido como desafi o privilegiado a estruturação de um processo de desenvolvimento local

com a inserção competitiva do país, numa economia globalizada e fundamentada no conhe-

cimento e inovação, mas com responsabilidade social, pois só assim se conseguirá um de-

senvolvimento e crescimento sustentado”, sustentou. O responsável lembrou ainda que está

a decorrer a implementação do projecto de criação do Parque Tecnológico de Angola.

televisãoTPA no Kwanza NorteA Televisão Pública de Angola instalou no

município da Banga, no Kwanza Norte, um

centro emissor que contribui para que a po-

pulação local tenha acesso às emissões da

televisão estatal. O equipamento vai contri-

buir para que os dois canais da TPA estejam

ao dispor dos telespectadores num raio de

40 quilómetros, benefi ciando os municípios

da Banga e do Bolongongo. A infra-estrutura

tem 1.800 metros de altura, o que permite

que o sinal seja emitido em algumas loca-

lidades próximas do Bengo. O alargamento

da rede faz parte do programa de acção do

Ministério da Comunicação Social, que con-

templa a expansão do sinal da TPA para to-

dos os municípios do país, cobrindo todas as

habitações.

| patrícia alves tavares

71 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |

DESPORTO | patrícia alves tavares

72 | ANGOLA’IN · DESPORTO

sonho real

73 DESPORTO · ANGOLA’IN |

Espanha e Holanda disputaram a Taça do Mundo, a 11 de Julho, em Joanesburgo. A selecção ‘laranja’ voltou a chegar a uma fi nal, após ter sido vice-campeã em 1974 e 1978. A segunda nunca ganhou qualquer título nesta competição, mas foi desde o início apontada como favorita. No duelo de titãs, os espanhóis levaram a melhor, após um jogo dramático (1-0), decidido apenas no prolongamento. Recorde com a Angola’in o percurso das melhores equipas do Mundial de Futebol, o primeiro torneio da FIFA organizado pela África do Sul.

74 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO

“LA ROJA” DE OUROde Xavi e a qualidade do guarda-redes Casillas,

que negou por duas vezes o golo ao holandês

Robben. Findo o jogo, os espanhóis deram iní-

cio à festa. Vicente del Bosque, seleccionador,

elogiou o trabalho e esforço dos seus pupilos,

afi rmando que se tratava de “um dia feliz”, que

se devia a todos “os que estiveram no banco

e os que jogaram”. Em declarações à imprensa

internacional, explicou que o título “tomou im-

pulso em Junho de 2008”. “Foi uma boa herança

que tentámos conservar. Não fi zemos questão

de apagar o trabalho passado, seguimos o ru-

mo”, esclareceu. O antigo símbolo do Real Ma-

drid felicitou ainda o adversário, lembrando

que a “laranja mecânica” tornou “o nosso jogo

muito difícil, manietou-nos”. Del Bosque ad-

mitiu que foi um embate “muito intenso”. “É

possível que esse lance tenha mudado o jogo,

pois dominámos a partir daí, com mais passe

de bola e profundidade. Tivemos ocasiões mui-

to claras de Fabregas, Sergio Ramos e David

‘LA ROJA’ DE OUROA fi nal do primeiro Mundial realizado em solo

africano fi cou marcada pelo ‘oráculo animal’.

O polvo que habita no aquário Sea Life, em

Oberhausen, na Alemanha, tornou-se célebre

na arte de adivinhar as equipas vencedoras dos

jogos do torneio. Paul (nome do molusco) pre-

viu com sucesso todos os vencedores de cada

jogo. A sua profecia cumpriu-se novamente: ‘La

Roja’ ergueu a taça mais cobiçada de 2010. Es-

panha sagrou-se campeã após um jogo impró-

prio para cardíacos. A melhor equipa do mundo

só foi conhecida durante o prolongamento, al-

tura em que surgiu o único golo da partida (a

três minutos do fi m). O herói foi Iniesta, joga-

dor catalão que deu o primeiro título à nação.

Aliás, o estilo de jogo do clube da Catalunha

saiu vitorioso, já que sete dos onze titulares da

fi nal pertencem ao Barcelona e, recorde-se, os

oito golos da selecção foram todos apontados

por atletas do Barça: David Villa (5), Iniesta (2)

e Puyol (1). Há ainda a destacar a genialidade

Villa, que podiam ter sentenciado, mas o fu-

tebol é assim”, concluiu. A selecção espanho-

la teve um percurso relativamente simples ao

longo do Mundial. Apesar de ter entrado com

o ‘pé esquerdo’ ao ser derrotada pela Suíça no

jogo inaugural, a equipa recuperou e venceu

com facilidade as Honduras e o Chile, apuran-

do-se para a segunda fase, onde se cruzou com

os vizinhos ibéricos. Afastou Portugal por 1-0

nos oitavos e eliminou o Paraguai pela margem

mínima, nos quartos-de-fi nal. Nas semi-fi nais,

a equipa de Vicente del Bosque teve o encon-

tro mais difícil, ao defrontar a Alemanha, nu-

ma ‘reedição’ da fi nal do Europeu de 2008. À

semelhança do que ocorreu há dois anos, em

que a Espanha se sagrou campeã europeia (e

ainda detém o título), também em África, “La

Roja” levou a melhor sobre a Mannschaft. Del

Bosque, treinador que substituiu Luis Arago-

nés, manteve idêntica a estrutura e o modelo

de jogo. Os escolhidos são praticamente os que

o campeão

fi zeram da Espanha campeã da Europa em títu-

lo. Protagonista de uma fase de qualifi cação pa-

ra o Mundial imaculada, sem derrotas, a ofensiva

espanhola contou com craques como Casillas,

Andrés Iniesta, David Villa, Fernando Torres e Fa-

bregas. O vasto leque de estrelas foi responsável

por atingir uma média impressionante de golos

na fase de qualifi cação – dez vitórias, com 28 go-

los marcados e cinco sofridos. A “fúria espanho-

la” valeu a conquista do pódio na FIFA. O número

1 do ranking da federação nacional destacou-se

pelo leque de soluções para cada situação de jo-

go, sendo das poucas equipas que tinha jogado-

res de luxo em campo e no banco. O país nunca

tinha conseguido vencer a prova e apenas esteve

no lote de semifi nalistas por uma ocasião, há 60

anos, no Brasil. A equipa apenas perdeu um jogo

nos últimos dois anos (nas meias-fi nais da Taça

das Confederações frente aos Estados Unidos,

em Junho de 2009). No palmarés internacional

conta com dois títulos europeus (1964 e 2008).

76 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO

O FANTASMA DAS FINAIS

SOBERANIA INDISCUTÍVELO título mundial de futebol era o que faltava

na galeria desportiva espanhola. O país tor-

nou-se numa autêntica fábrica de talentos. O

ponto de viragem foi a organização dos Jogos

Olímpicos de 1992, em Barcelona. Há um an-

tes e um depois deste evento, que marcou o

arranque de uma política de investimento na

formação. Na altura, conquistaram 13 meda-

lhas de ouro e lançaram as bases de um fu-

turo repleto de desportistas de elite. “Houve

uma mudança na mentalidade e os atletas es-

panhóis perceberam que, com entrega total,

ganham títulos. Por isso, todas as selecções

são muito competitivas”, referem os espe-

cialistas. Recorde-se que o actual campeão

de futebol já jogava junto desde a adolescên-

cia. Seja no atletismo ou no ténis, as acade-

mias espanholas são as melhores da Europa,

formando inclusive jovens estrangeiros. O

segredo está no facto de os desportistas co-

meçarem muito cedo, ao que se juntam as

excelentes infra-estruturas. Espanha domina

na Fórmula 1 com Fernando Alonso, no ténis

com Rafael Nadal (líder do ranking ATP) e na

MotoGP, com Jorge Lorenzo. No andebol são

presença assídua nas meias-fi nais das gran-

des competições e, em 2005, conquistaram o

título mundial. O basquetebolista Paul Gasol

‘dá cartas’ na NBA ao serviço dos LA Lakers.

O ciclista Alberto Contador sucede ao históri-

co Miguel Indurain, tendo vencido o Tour de

França por duas vezes.

Costuma-se dizer que ‘à terceira é de vez’,

mas não foi o caso. Apesar dos protestos dos

holandeses (com razão) antes da jogada que

ditou o golo espanhol, que reclamavam um

canto e uma falta, a “laranja mecânica” viu

novamente fugir-lhe o título, à semelhança

do que aconteceu na década de 70, onde não

conseguiu vencer as duas fi nais em que parti-

cipou. A fi nal fi cou marcada pela dureza físi-

ca, evidenciada pelos 14 cartões amarelos, por

uma expulsão aos 109 minutos e por 47 faltas

assinaladas pelo árbitro inglês Howard Webb.

O guarda-redes Stekelenburg mostrou-se ao

mesmo nível do espanhol Casillas e foi uma

das fi guras da noite graças a uma série de de-

fesas notáveis que mantiveram o marcador a

zeros e obrigou ao prolongamento. Robben

esteve muito perto de concretizar o sonho

dos holandeses, mas foi incapaz de aprovei-

tar duas grandes oportunidades criadas por

Sneijder. No fi nal da partida, o técnico ho-

landês, Bert van Marwijk, mostrou-se decep-

cionado, admitindo à imprensa que “é muito

duro” perder a fi nal do Mundial, pois acredi-

ta que teriam “chegado à decisão por pénal-

tis mesmo com dez homens em campo”. “É

verdade que a Espanha teve mais hipóteses,

mas Arjen Robben teve duas oportunidades

claras para marcar. Aí seríamos os campeões

mundiais”, contou. Já o capitão da selecção,

van Bronckhorst, descreveu o sabor amargo

77 DESPORTO · ANGOLA’IN |

da derrota como “uma decepção enorme”, ad-

mitindo que deram “muito espaço” no meio

campo. Contudo, frisou que tem “muito orgu-

lho na sua equipa”. “Mas numa fi nal é claro

que o objectivo é a vitória”, rematou. A opi-

nião foi partilhada pelo avançado Dirk Kuyt

que não escondeu a frustração. “Estávamos

tão próximo de conquistar o título”, refere, ex-

plicando que “as oportunidades que surgiram

deveriam ter sido aproveitadas”. Vice-campeã

mundial em 1974 e 1978 com o grupo de atle-

tas que deu origem à designação de “laranja

mecânica”, a equipa liderada por Bert van Ma-

rwijk rejubilou com o alcance da terceira fi nal

do seu historial de participações nos Mundiais

da FIFA. A selecção apenas tem no seu pal-

marés o título de campeã europeia em 1988

e, por isso, chegou a sonhar que voltaria a er-

guer um troféu. Os holande-

ses saem desta competição

com uma marca única: foram

os únicos que não perderam

pontos na qualifi cação para

o maior evento de futebol.

Foram ainda a primeira se-

lecção europeia a carimbar o

passaporte para a África do

Sul, ao vencer os oito jogos

de apuramento, marcando

17 golos e sofrendo apenas

dois. Tal contribuiu para que

fosse encarada desde o início como um pode-

roso adversário a temer e um sério candidato

à vitória. O regresso da “laranja mecânica” fi -

cou marcado pela apresentação de um grupo

coeso e experiente, composto por alguns dos

melhores jogadores do mundo, onde se des-

tacaram fi guras como Wesley Sneijder, Van

der Vaart, Van Persie, Arjen Robben ou Ryan

Babel. O principal objectivo desta formação

foi alcançado com sucesso e superou todas

as expectativas. Conseguiram melhorar a sua

prestação de 2006, em que foi derrubada pe-

la selecção portuguesa nos oitavos-de-fi nal

do Mundial da Alemanha. Tal deveu-se pro-

vavelmente à mudança de todo o comando

técnico. Após o afastamento precoce no Eu-

ro de 2008, Marco van Basten deu o lugar a

Bert van Marwijk, que conseguiu levar a sua

equipa até à fi nal de África do Sul, derrubando

equipas como a Dinamarca, o Japão e os Ca-

marões. Na primeira fase sofreu apenas um

golo. Pelo caminho ainda eliminou a Eslová-

quia (2-1) e o Brasil (2-1). Na semi-fi nal afas-

tou da corrida o Uruguai, num jogo bastante

exigente e disputado, mas que lhe abriu as

portas para a fi nal de Joanesburgo ao vencer a

selecção sul-americana por 2-3. Para os resul-

tados contribuiu o ataque de peso desta equi-

pa, composto por Klaas-Jan Huntelaar e Dirk

Kuyt. A ausência mais notada foi a de Ruud

van Nistelrooy, o goleador veterano, que tro-

cou o Real Madrid por Hamburgo, em Janeiro,

e que falhou toda a fase de qualifi cação, pelo

que nem sequer entrou na pré-convocatória

do seleccionador. Van der Saar também aban-

donou a selecção, que neste momento não

tem um líder nato. No entanto, os talentos

mais experientes têm assumido o comando

da “laranja mecânica” e não correu mal: afi nal

a equipa conseguiu alcançar a fi nal sem nun-

ca ter perdido um jogo.

“Foram a primeira selecção europeia a carimbar o passaporte para a África do Sul, ao vencer os oito jogos de apuramento, marcando 17 golos e sofrendo apenas dois”

78 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO

VICENTE DEL BOSQUE VS

BERT VAN MARWIJK A sorte ditou que a ‘fi esta’ se fi zesse em Espanha. As duas melhores equipas do

mundo, que sucedem a Itália e França, têm um ponto em comum: nunca venceram um

Mundial de Futebol. ‘La Roja’ entrou na história do desporto e a ‘Mecânica Laranja’ voltou a ver o título a escapar a poucos minutos do fi nal do

prolongamento. A Angola’in conta-lhe o que aproxima e diferencia as duas selecções.

selecção nacional de espanha selecção nacional da holanda

vicente del bosqueInevitavelmente associado ao Real Madrid, Vicente del Bosque, 59

anos, jogou durante onze anos nos merengues e treinou a equipa por

seis épocas. Enquanto técnico conquistou dois campeonatos espa-

nhóis, duas Ligas dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Ta-

ça Intercontinental. Está a orientar a selecção espanhola desde 2008,

após uma experiência pouco positiva no futebol turco.

bert van marwijkO técnico de 58 anos foi antigo jogador do AZ Alkmaar e MVV Maastri-

cht. Iniciou a carreira de treinador no FC Herderen, em 1990. Antes de

ser seleccionador da Holanda, treinou o Feyenoord, onde atingiu o prin-

cipal marco da sua carreira, ao vencer a Taça UEFA em 2002. Entre 2004

e 2007 orientou o Borussia Dortmund, assumindo o comando técnico da

“laranja mecânica” em 2008, após o Euro.

ANO DE FUNDAÇÃO 1909

MELHOR MUNDIAL

4º lugar em 1950 [Mundial

decidido num quadrangular fi nal]

JOGADORES HISTÓRICOS

Santillana

Zamora

Fernando Hierro

Emilio Butragueño

QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDIAL

Espanha 1-0 Bósnia [C]

Espanha 4-0 Arménia [C]

Estónia 0-3 Espanha [F]

Bélgica 1-2 Espanha [F]

Espanha 1-0 Turquia [C]

Turquia 1-2 Espanha [F]

Espanha 5-0 Bélgica [C]

Espanha 3-0 Estónia [C]

Arménia 1-2 Espanha [F]

Bósnia 2-5 Espanha [F]

MUNDIAL ÁFRICA DO SUL

Espanha 0-1 Suíça [16 JUN]

Espanha 2-0 Honduras [21 JUN]

Chile 1-2 Espanha [25 JUN]

Espanha 1-0 Portugal [29 JUN]

Paraguai 0-1 Espanha [3 JUL]

Alemanha 0-1 Espanha [7 JUL]

MELHORES MARCADORES

David Villa: 5 golos

Andres Iniesta: 2 golos

Carles Puyol: 1 golo

a fi guraXAVI HERNÁNDEZO médio de 30 anos foi

considerado o melhor jogador do

último Campeonato da Europa.

Xavi é considerado por muitos

como o cérebro da selecção

nacional e do Barcelona de

Guardiola. Aliás, este jogador

mantém-se fi el ao clube

onde começou a carreira, com

apenas 11 anos nos escalões

de base. É por isso um dos

‘meninos de ouro’ da ‘cantera’

dos catalães. Conta com 83

internacionalizações e oito golos.

ANO DE FUNDAÇÃO 1889

MELHOR MUNDIAL

Finalista em 1974 e 1978

JOGADORES HISTÓRICOS

Johan Cruijff

Marco van Basten

Ruud Gullit

Frank Rijkaard

QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDIAL

Macedónia 1-2 Holanda [F]

Holanda 2-0 Islândia [C]

Noruega 0-1 Holanda [F]

Holanda 3-0 Escócia [C]

Holanda 4-0 Macedónia [C]

Islândia 1-2 Holanda [F]

Holanda 2-0 Noruega [C]

Macedónia 0-1 Holanda [F]

MUNDIAL ÁFRICA DO SUL

Holanda 2-0 Dinamarca [14 JUN]

Holanda 1-0 Japão [19 JUN]

Camarões 1-2 Holanda [24 JUN]

Holanda 2-1 Eslováquia [28 JUN]

Holanda 2-1 Brasil [2 JUL]

Uruguai 2-3 Holanda [6 JUL]

MELHORES MARCADORES

Wesley Sneijder: 5 golos

Arjen Robben: 2 golos

Dirk Kuyt: 1 golo

a fi guraARJEN ROBBENTem 26 anos e tem no

Mundial da África do Sul a

oportunidade para continuar

o bom desempenho que o

protagonizou nesta época ao

serviço do Bayern de Munique

[clube para onde se transferiu

do Real Madrid no Verão de

2009]. O extremo-esquerdo, que

iniciou a carreira no Groningen,

passou pelo PSV, quando tinha

apenas 18 anos. Este foi o seu

segundo Mundial. Conta com 45

internacionalizações e 13 golos.

79 DESPORTO · ANGOLA’IN |

THOMAS MÜLLER, BOTA DE OURO E MELHOR JOGADOR JOVEM O jovem alemão de 20 anos foi o grande vencedor

da prova. O atacante do Bayern de Munique brilhou

neste Mundial e os cinco golos marcados ao servi-

ço da selecção da Alemanha valeram-lhe o troféu de

‘Melhor jogador jovem’ e Bota de Ouro como melhor

marcador. Apesar de ter apontado tantos golos (5)

quanto David Villa, Wesley Sneijder e Diego Forlan,

destacou-se dos adversários pelas três assistências

para golo. A grande promessa do futebol germâni-

co carrega o peso do nome. Filho de Gerd Müller, o

maior artilheiro da história da Alemanha, começou a

jogar no maior clube de Munique nas selecções juve-

nis e rapidamente ascendeu à titularidade da equipa

principal. Foi chamado pela primeira vez à Manns-

chaft em Março de 2010 e demonstra agora as ra-

zões que levaram à sua presença neste Mundial.

David Villa recebeu a Bota de Prata e Sneijder fi cou

com a Bota de Bronze.

INIESTA, ÚLTIMO MELHOR EM CAMPOO homem que deu o título a Espanha foi eleito

pela FIFA como o melhor em campo durante o

jogo da fi nal. O médio do Barcelona foi captado

pelo clube catalão quando tinha apenas 12 anos.

O menino-prodígio brilhou nos escalões jovens

do clube e da selecção espanhola, com a qual foi

campeão europeu de Sub-16 e Sub-19 e chegou à

fi nal do Mundial de Sub-20 de 2003, competição

onde foi premiado pela FIFA como o melhor da

sua posição. Actualmente, com 26 anos, Iniesta

é um dos experientes atletas do Barça (estreou-

se na I Divisão aos 18 anos), cuja técnica revela a

sua inteligência para desenhar o jogo. Ao serviço

de ‘La Roja’, participou no Euro 2008, onde se sa-

graram campeões.

ESPANHA, PRÉMIO FIFA FAIR PLAYA ‘Fúria espanhola’ voltou a “bisar” e ganhou no-

vamente o troféu “Fair Play”, atribuído pela FIFA

à equipa que apresenta o melhor comportamen-

to durante toda a competição. Em 2006, no Mun-

dial da Alemanha, ‘La Roja’ partilhou a taça com o

Brasil. Nesta edição, obteve 889 pontos no julga-

mento do ‘jogo limpo’ e conquistou mais uma me-

dalha para a sua lapela. Em segundo lugar fi cou a

Coreia do Sul, com 881 pontos, que recebeu ape-

nas dois cartões amarelos, mas apenas jogou três

partidas e, em terceiro, surge a Argentina com

870. Recorde-se que a FIFA atribui pontuações à

equipa que esteve melhor em cada jogo. Assim, a

que reunir mais votos é a vencedora. Neste caso,

a Espanha foi soberana com apenas oito cartões

amarelos ao longo de sete encontros, sendo que

cinco deles foram atribuídos na fi nal. Recorde-se

que na primeira fase, a equipa de Vicente del Bos-

que não sofreu qualquer sanção dos árbitros.

IKER CASILLAS, LUVA DE OUROO guardião da baliza espanhola tem motivos para

sorrir. Casillas sucedeu ao italiano Buffon e juntou

ao título mundial a distinção de melhor guarda-

redes. O atleta do Real Madrid conseguiu ultra-

passar o mau arranque na estreia frente à Suíça,

superando as críticas e a forte pressão a que foi

submetido. As actuações brilhantes e o facto de

ter sofrido apenas dois golos ditaram a sua con-

sagração neste campeonato. A distinção vem

confi rmar um talento ágil, dotado de refl exos im-

pressionantes e sangue-frio, que já tinha brilhado

nas duas últimas edições do Mundial e nos três

Europeus (2000, 2004 e 2008).

TROFÉUS AFRICANOS

DIEGO FORLAN, BOLA DE OUROForlan bateu os rivais Sneijder e David Villa (res-

pectivamente Bola de Prata e de Bronze) ao reunir

o consenso dos jornalistas credenciados pela prova.

Com 23,4 por cento dos votos, tornou-se no melhor

futebolista do torneio. “Isso é fruto da campanha

espectacular que a equipa realizou”, disse o atleta do

Uruguai, em declarações à FIFA.com, após conhecer

os resultados. O Mundial da África do Sul represen-

ta a consagração do atacante do Atlético de Madrid,

que conta já com 69 jogos e 29 golos ao serviço da

selecção uruguaia. É um dos líderes do grupo treina-

do por Oscar Tabárez e é conhecido pela sua técnica

apurada e precisão nas fi nalizações. Até aos 14 anos

praticou ténis. Entretanto, a paixão pela bola fê-lo

optar pelo futebol, tendo no seu currículo passagens

por grandes clubes como o Villarreal CF (Espanha) e

o Manchester United (Inglaterra).

Um mês depois terminou o primeiro Campeonato do Mundo organizado por uma nação africana. Consagrada a supremacia da selecção de Espanha, chegou a hora da FIFA escolher aqueles que se destacaram ao longo dos 64 jogos. Conheça os eleitos e quem levou o principal troféu para casa: a Bola de Ouro, atribuída ao melhor atleta da competição.

80 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO

PALCO DE SURPRESAS E DESILUSÕESAs grandes equipas da Europa prometiam emocionantes disputas pelo título. As expectativas à volta da luta acesa entre Ronaldo e Messi pelo lugar de melhor jogador do mundo eram altas. Porém, nem tudo correu como esperado neste Mundial. As selecções ‘poderosas’ foram afastadas prematuramente, pequenas equipas e jogadores quase desconhecidos surpreenderam e coube ao argentino Forlán levar a Bola de Ouro.

QUEDA DE GIGANTESA antiga campeã do mundo, a Itália, entrou pa-

ra os inéditos da FIFA ao ser eliminada logo na

fase de grupos. Nenhuma selecção campeã te-

ve um resultado tão desastroso no campeona-

to seguinte. Tal valeu-lhe uma queda de seis

posições no ranking da federação internacional

(agora é a 11ª). A França desceu 12 lugares na

referida lista, ocupando actualmente um mo-

desto 21º posto. À semelhança dos italianos,

a vice-campeã da edição de 2006 e vencedo-

ra de 1998 não conseguiu passar a fase inicial.

A participação na África do Sul fi cou mancha-

da pelas sanções disciplinares e por compor-

tamentos pouco desejáveis dos jogadores.

Recorde-se que a polémica já tinha estalado

ainda na fase de apuramento, quando a equi-

pa empatou no playoff com a Irlanda, num golo

que teve a ‘mão’ de Thierry Henry, aos 104 mi-

nutos. O Brasil prometia, mas acabou por não

alcançar as meias-fi nais. Os holandeses come-

çaram o jogo a perder, mas rapidamente deram

a volta ao resultado e conseguiram dominar os

‘canarinhas’. Filipe Melo foi expulso por agres-

são a Robben e o técnico Dunga acabou por de-

mitir-se. Inglaterra, também apontada como

candidata ao título, fez uma campanha pobre.

Afastada pela Alemanha nos oitavos com uma

derrota pesada e embaraçosa (4-1), a equipa

esteve longe das grandes exibições.

81 DESPORTO · ANGOLA’IN |

REVELAÇÕESEspecialistas e imprensa desportiva são unâni-

mes: o Mundial foi a prova dos médios. Apesar

de se ter assistido a exibições inesquecíveis e

surpreendentes de avançados como o argenti-

no Forlán, o uruguaio Suárez, o espanhol Villa

ou alemão Klose (que atingiram o nível máxi-

mo), foram os jogadores do meio-campo que

se destacaram. Müller, que foi contemplado

com a Bota de Ouro, confi rmou que tem mui-

to para dar às cores da sua selecção. Sneijder,

médio da Holanda, sai vitorioso da prova, pois

é um dos responsáveis pela chegada da ‘laran-

ja mecânica’ à fi nal. Sérgio Ramos foi eleito

pelos adeptos da FIFA como o melhor jogador.

O número 15 de Espanha brilhou pela efi ciên-

cia e capacidade em aniquilar as investidas dos

avançados das equipas adversárias. Fábio Co-

entrão, da selecção lusa, mereceu muitos elo-

gios, fruto das actuações acima da média. O

estreante ao serviço das “quinas” revelou uma

grande maturidade e garra. O internacional do

Benfi ca conseguiu superar a sua inexperiên-

cia nestes campeonatos. As boas prestações

incluíram-no na equipa ideal do jornal francês

L’Equipe e despertaram a cobiça dos gigantes

europeus.

ASTROS NÃO BRILHARAMRonaldo, Kaká e Messi eram apontados como

estrelas, esperando-se que este Mundial fosse

o ano da consagração dos avançados que mais

camisolas vendem. África do Sul adivinhava-se

como palco para exibição dos seus talentos. As

altas expectativas saíram goradas. Actuações

apagadas e parcas em golos são o balanço dos

atletas ao serviço das respectivas selecções.

Rooney, avançado inglês mortífero da Pre-

miership, esteve longe da performance habi-

tual. Ele, Torres e Kaká recuperaram de lesões

que podem ter infl uenciado os respectivos de-

sempenhos. O CR9, o mais caro de sempre da

história do futebol, foi uma das maiores desilu-

sões do Mundial. O número 7 de Portugal disse

que queria explodir, mas as exibições fi caram

aquém do esperado. A frase “falem com o Quei-

roz”, após terem sido eliminados pela Espanha,

mereceu-lhe várias críticas, especialmente por

ser capitão de equipa. Yoann Gourcuff, uma das

revelações francesas e que se apresentava co-

mo a grande promessa de 2010, acabou por ser

expulso no jogo inaugural contra a África do

Sul. O avançado Anelka nem chegou a partici-

par no torneio. O atleta do Chelsea abandonou

prematuramente o centro de estágios após ter

insultado o seleccionador Domenech e ter-se

PORTUGAL AQUÉM, GANA DE SONHOUruguai e Gana foram as selecções ‘surpresa’ do

Mundial de África do Sul. A primeira, após de ter si-

do campeã do mundo em 1930 e 1950, pautou-se

sempre por exibições discretas. Este ano, voltaram

às meias-fi nais e discutiram o terceiro lugar com

os alemães. Apesar de terem perdido, conseguiram

ainda marcar dois golos à Mannschaft. O Gana al-

cançou um feito inédito e fez sonhar quem acredita-

va numa fi nal disputada por uma equipa de África.

Estiveram a um passo das meias-fi nais. No embate

com o Uruguai, Gyan (revelação desta edição) teve

nos pés o golo da vitória, atirando à trave no último

minuto do prolongamento. Os Bafana Bafana aca-

bariam por ser eliminados nas grandes penalidades.

Portugal entrou no Mundial como terceiro classifi -

cado no ranking da FIFA. Ficou no mesmo lote do

Brasil, no chamado ‘grupo da morte’. Mas, as ex-

pectativas em torno da selecção das “quinas” eram

elevadas. Depois de um apuramento complicado, o

leque de talentos fazia antever um bom resultado

e era uma das favoritas para a fi nal. Contudo, foi

eliminada nos oitavos pelos vizinhos espanhóis. O

seleccionador, Carlos Queiroz, frisou que cumpriram

o objectivo mínimo. Certo é que a federação inter-

nacional não perdoou o desaire e a equipa caiu para

o oitavo lugar do ranking, não lhe valendo sequer a

goleada histórica à Coreia do Norte, por 7-0.

recusado a pedir desculpas. Foi punido com a ex-

pulsão do grupo. O avançado brasileiro Kaká e o

argentino Lionel Messi também deixaram esca-

par a oportunidade de conquistarem títulos ao

serviço da selecção. O menino-prodígio do Barça,

“terror” da liga espanhola, arrancou com o pé di-

reito, mas acabou por passar despercebido. “Pul-

ga” não marcou, apesar de ter sido primordial em

muitos passes para golo.

82 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO

‘Reis’ da bola O Mundial de 2010 será certamente recordado como o ano de Espanha, de Diego Forlán e de uma série de situações imprevistas. Neste especial, recorde os momentos de um evento onde não faltaram vuvuzelas, promessas insólitas, beijos de Maradona aos atletas e animais ‘videntes’. Reviva o melhor do torneio através do cronograma dos principais acontecimentos.

11 junho

GLÓRIA E TRAGÉDIAO estádio de Soccer City recebeu a abertura do

evento mais aguardado. Africanos, europeus,

asiáticos e americanos uniram-se para assis-

tir ao arranque do Campeonato do Mundo de

Futebol, em que a cultura local esteve em evi-

dência, bem como as iniciativas associadas ao

combate ao racismo. A África do Sul e o México

empataram no jogo inaugural, que teve a par-

ticularidade de juntar vários chefes de Estado

mundiais. A maior ausência foi a do emblemá-

tico ex-presidente sul-africano, Nelson Man-

dela, devido à inesperada morte da uma neta.

O cantor R. Kelly foi a fi gura de destaque da

cerimónia, cantando o hino “Sign of victory”.

O norte-americano substituiu o tenor Siphiwo

Ntshebe, o escolhido por Mandela para actuar

na cerimónia de arranque, com o tema ‘Hope’

(Esperança). A colombiana Shakira também

abrilhantou o concerto que antecedeu o início

do torneio. “Waka Waka” (This Time for África)

foi a música ofi cial do evento.

24 junho

DESAIRE ITALIANO E FRANCÊSItália e França foram as surpresas deste Mun-

dial. Os antigos campeão e vice-campeão (res-

pectivamente) de 2006 saíram humilhados

da competição após serem eliminadas logo

na primeira fase de grupos. É um dos inéditos

de África do Sul. Nunca dois fi nalistas de um

Mundial tinham sido arrasados logo na primei-

ra fase da edição seguinte. No caso francês,

três jogos, um empate, duas derrotas, um go-

lo marcado, um jogador (Anelka) expulso pela

Federação por insultar o seleccionador (Ray-

mond Domenech) e greve aos treinos marcam

o balanço da sua participação. O embaraço foi

de tal ordem que até Thierry Henry teve de se

explicar ao presidente Sarkozy. “Vergonha” e

“naufrágio” foram os termos usados pela im-

prensa italiana para resumir os dois empates

e a derrota frente à Eslováquia, resultados que

ditaram a eliminação da selecção, que fi cou em

último lugar no grupo.

27 junho

NOVAS TECNOLOGIASA discussão em torno das novas tecnologias

no futebol voltou a estar na agenda. Em causa,

estiveram um golo por validar à Inglaterra (jogo

contra a Alemanha) e a vantagem da Argenti-

na frente ao México graças a um golo marcado

num evidente fora-de-jogo. A FIFA já admitiu

que na edição de 2014 a arbitragem vai mudar,

estando em estudo a colocação de mais dois

assistentes em campo.

2 de julho

BRASIL ELIMINADOÀ semelhança do que ocorreu em 2006, a se-

lecção ‘canarinha’ voltou a fi car pelos quartos-

de-fi nal. Dunga, que entretanto deixou de ser

seleccionador, foi sempre considerado pelos

brasileiros como polémico. Foi contestado pe-

la escolha de Felipe Melo (um jogador que se

descontrola com facilidade e terminou o Mun-

dial expulso) e pelos insultos aos jornalistas

em conferências de imprensa. Já o Gana foi a

surpresa do evento. A equipa carregou a es-

perança de todos os africanos, que chegaram

a acreditar na primeira presença numa meia-

fi nal. Após um jogo a zero, com direito a pro-

longamento, o Uruguai venceu nos penáltis e

acabou com o sonho africano.

3 julho

ADEUS MARADONAArgentina e Paraguai não conseguiram alcan-

çar as desejadas semi-fi nais. Maradona foi

escolhido para levar a Argentina à fi nal, mas

apenas conseguiu ser recordado por situações

insólitas, desde mandar Pelé para um museu a

beijar todos os jogadores. Apesar da promes-

sa, as suas fragilidades enquanto treinador fi -

caram à vista na eliminatória com a Alemanha.

O Paraguai fi cou mais famoso fora de campo,

graças a uma adepta paraguaia que se trans-

formou na “namorada do Mundial”. Larissa

Riquelme, que exibia o telemóvel no decote,

prometeu despir-se caso o seu país ganhasse à

Espanha. Tal não aconteceu, mas a modelo ti-

rou na mesma a roupa para uma produção com

a bandeira nacional.

10 julho

POLVO PAUL CERTEIROO molusco do aquário Sea Life, na Alemanha,

tornou-se na mascote deste evento. O animal,

considerado dotado de poderes premonitórios,

adivinhou todos os resultados dos sete jogos

da Alemanha e previu o título espanhol. O pol-

vo Paul teve inclusive direito a directos nas te-

levisões internacionais. Antes de os alemães

conquistarem o terceiro lugar frente ao Uru-

guai, já o animal tinha ditado a classifi cação da

selecção do seu país. Apesar das difi culdades

encontradas no jogo com os uruguaios, a pro-

fecia cumpriu-se.

11 julho

FÚRIA FAZ A ‘FIESTA’A Holanda voltou a perder o título pela terceira

vez. Espanha conquistou o troféu que faltava

para a história do desporto nacional e Iniesta

foi o ‘rei’ da noite. O médio espanhol dedicou

o golo a Daniel Jarque, o atleta de 26 anos que

morreu no ano passado de ataque cardíaco.

“Dani Jarque siempre con nosotros”, lia-se na

camisola-interior que Iniesta mostrou ao mun-

do em lágrimas. Também António Puerta, joga-

dor do Sevilha, que faleceu em 2007, devido a

uma paragem cardiorrespiratória, foi homena-

geado pela ‘La Roja’. A equipa foi recebida em

Espanha por um banho de multidão e pela fa-

mília real. A Federação Portuguesa de Futebol

aproveitou a ocasião para felicitar os vizinhos e

reiterar que espera que a taça ajude na candi-

datura ibérica para o Mundial de 2018/2022. O

encerramento da prova fi cou marcado não só

pela alegria de Casillas ao erguer a taça, mas

também pela aparição relâmpago de Mandela,

que esteve no relvado apenas alguns minutos.

Tempo sufi ciente para ser acarinhado pelos

quase 90 000 eufóricos nas bancadas. A ceri-

mónia foi iluminada pelas cores e actuações de

músicos africanos, acompanhados por bailari-

nos, imagens projectadas numa tela gigante e

pela presença de Shakira.

83 DESPORTO · ANGOLA’IN |

MISSÃO CUMPRIDAA FIFA faz o balanço de mais uma edição do

Campeonato do Mundo. Terminados os festejos e a distribuição dos galardões, a federação

internacional apresenta as estatísticas que fazem deste evento uma marca a considerar pelos próximos responsáveis da prova. Enquanto

espera pelo torneio de 2014, que decorrerá pela primeira vez no Brasil, a Angola’in apresenta em

exclusivo os números que desmistifi cam uma competição, que fi cou assinalada pelo sucesso

da organização africana e por uma série de acontecimentos atípicos.

Seis selecções europeias chegaram aos oitavos

do Mundial e apenas três alcançaram os quar-

tos-de-fi nal, fazendo a pior média do Velho Con-

tinente nestas provas.

Oito países possuem no mínimo um título do

Mundial de Futebol da FIFA.

3,18 milhões de adeptos acompanharam nos es-

tádios os 64 jogos, fi cando perto de bater o re-

corde do Mundial de 1994, nos Estados Unidos

(3,59 milhões de pessoas).

Dois minutos e 39 segundos foi o tempo ne-

cessário para ser marcado o golo mais rápido

da competição. A marca coube a Müller no jo-

go contra a Argentina, onde a Alemanha ganhou

por quatro bolas a zero.

OS NÚMEROSSuíça estabeleceu o novo recorde do Mundial ao

alcançar 559 minutos sem sofrer golos (superou

a marca anterior da Itália, com 550 minutos).

Xavi fez 669 tentativas de passe (104 a mais que

Schweinsteiger, que fi cou em segundo lugar) e

42 cruzamentos de bola, fi cando apenas atrás

de Forlán (com 50).

18.449 voluntários garantiram o sucesso da prova.

O elemento mais velho da equipa tinha 80 anos.

261 faltas e 17 cartões vermelhos foram assina-

lados neste campeonato, verifi cando uma redu-

ção em relação ao evento de 2006, na Alemanha

(346 faltas e 26 expulsões).

145 golos marcados na edição da África do Sul.

Este foi o menor número registado desde que o

Mundial passou a ter 64 jogos (há 12 anos).

117 minutos foi o tempo que Iniesta levou para

marcar o golo da vitória frente à Holanda. Foi a

fi nal mais longa de sempre para decidir o vence-

dor do troféu.

O maior número de golos foi apontado por atle-

tas do Bayern de Munique (12). O clube da Ba-

viera tornou-se no melhor representante da

capacidade atacante da prova.

Espanha foi a primeira equipa europeia a ganhar

a taça fora do próprio continente.

OS JOGADORESO jogador do Gana, Gyan, foi o atleta com maior

número de remates à baliza. Com um total de

33 chutes, o ícone da selecção africana superou

adversários como David Villa (32), Diego Forlán

(32) e Lionel Messi (30).

Müller ganhou a bota de Ouro Adidas. Porém,

não suplantou outros jogadores em número de

golos. O jovem talento alemão empatou com

Villa, Sneijder e Forlán. No desempate, o avan-

çado da Mannschaft superou devido às assis-

tências para golo: três.

O golo de Iniesta surgiu já no prolongamento da

fi nal do Mundial da África do Sul. Tal não se re-

petia há 32 anos, altura em que o argentino Da-

niel Bertoni marcou para lá dos 100 minutos.

melhores defesas melhores jogadores (mais golos)

84 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO

O camaronês Rigobert Song foi o primeiro afri-

cano a participar em quatro edições do Mundial

da FIFA.

Casillas é o primeiro guarda-redes a defender dois

penáltis em edições distintas da competição.

Klose (14 golos) igualou Gerd Müller na lista de

melhores marcadores, fi cando apenas a um golo

de Ronaldo (BRA), que lidera a tabela.

Keisuke Honda, do Japão, está no topo da lista

de jogadores com mais infracções cometidas na

competição, com 19 faltas assinaladas.

Jerry, Jhony e Wilson Palacios, jogadores das

Honduras, entraram na história, pelo facto de se

tornarem nos primeiros irmãos a serem incluí-

dos no mesmo plantel.

Kaká, Müller, Schweinsteiger, Kuyt e Özil são os

‘criativos’ mais efi cazes do Mundial, com três

assistências cada um.

AS EQUIPASCinco selecções europeias já ergueram o troféu

da FIFA. Curiosamente, todas conquistaram o

título mundial sempre que chegaram pela pri-

meira vez a uma fi nal. Foram elas a Itália, Ale-

manha, Inglaterra, França e Espanha.

Alemanha liderou a tabela de golos. Os germâ-

nicos foram a equipa que mais marcou neste

torneio, com 16 remates certeiros. Segue-se a

vice-campeã Holanda, com 12, o Uruguai, com 11

e a Argentina, com 10. Curiosamente, Espanha

não aparece nos cinco primeiros.

Holanda é a equipa com mais faltas cometidas

(126).

Espanha é líder em remates. ‘La Roja’ chutou à

baliza 121 vezes.

Uruguai foi a selecção com maior pontaria, is-

to é, esteve perto do golo 46 vezes. Além do

mais, a edição de 2010 marcou o seu regresso

às meias-fi nais, algo que não acontecia desde

1970. Foi a equipa revelação da prova.

A África do Sul, apesar de vencer pela primeira

vez uma equipa europeia (França), tornou-se no

único país-sede do evento que não superou a

primeira fase.

Itália abandonou o torneio sem uma única vi-

tória, após ter sido campeã na edição anterior.

Com dois empates e uma derrota, a selecção

nunca tinha alcançado tal resultado, pelo que

o último lugar no grupo foi a pior marca da sua

história de futebol.

O Paraguai chegou aos quartos-de-fi nal do cam-

peonato do Mundo pela primeira vez. Aliás, esta

fase reuniu mais sul-africanos do que europeus

(quatro contra três), algo inédito na história do

campeonato.

Honduras e Argélia foram as únicas selecções

que não marcaram um único golo na prova. Em

270 minutos de futebol, os argelinos apenas

conseguiram um remate à trave.

A FINALNenhuma equipa vencedora do Mundial de 2010

perdeu na estreia. Espanha reescreveu a histó-

ria, sendo a primeira selecção que, apesar da

derrota com a Suíça (1-0) no jogo inaugural, le-

vou o troféu para casa.

A campeã do mundo, em comparação com a ri-

val “laranja mecânica”, teve um percurso mais

favorável ao longo da competição. Espanha sai

desta edição com 18 remates, seis golos, 19 fal-

tas cometidas, 8 pontapés de canto, 5 cartões

mais faltas cometidas mais remates mais golos

amarelos e nenhum cartão vermelho.

O balanço da Holanda é ligeiramente inferior: 13

remates, 5 golos, 28 faltas cometidas, 6 ponta-

pés de canto, 7 cartões amarelos e nenhuma ex-

pulsão. 57 por cento é a média de posse de bola

de ‘La Roja’.

43 por cento é a média de posse de bola da ‘la-

ranja mecânica’.

oitavos-de-final quartos-de-final meia-final FINAL meia-final quartos-de-final oitavos-de-final

oitavos-de-final quartos-de-final meia-final meia-final quartos-de-final oitavos-de-final

2 - 1 (1-0)

1 - 1 (1-1 ; 0-1)

4-20 - 4 (0-1)

0 - 1 (0-0)

2 - 1 (0-1)

2 - 3 (1-1)

0 - 1 (0-0)

2 - 3 (1-1)

0 - 1

1 - 2 (1-0 ; 0-1)

2 - 1 (1-0)

3 - 0(2-0)

1 - 0(0-0)

0 - 0(5-3)

4 - 1(2-1)

3 - 1(2-0)

confi ra todos os resultados do primeiro mundial desta década

estatística holanda - espanha (fi nal)

85 DESPORTO · ANGOLA’IN |

Conhecidos os jogadores escolhidos pela FIFA para formar a selecção ideal deste Mundial, a Angola’in responde ao desafi o lançado pelos leitores e apresenta os seus eleitos!

equipa ideal da fi fa esquema 4x4x2 01 iker caillas (esp) 02 maicon (bra) 03 philipp lahm (ale) 04 sérgio ramos (esp) 05 puyol (esp) 06 iniesta (esp) 07 schweinsteiger (ale) 08 xavi (esp) 09 diego forlán (uru) 10 sneijder (hol) 11 david villa (esp)

equipa ideal da angola’in esquema 4x4x2 01 eduardo (por) 02 maicon (bra) 03 bruno alves (por) 04 pique (esp) 05 fábio coentrão (por) 06 iniesta (esp) 07 tomas müller (ale) 08 xavi (esp) 09 gyan (gha) 10 sneijder (hol) 11 diego forlán (uru)

mais faltas cometidas num jogo mais golos por jogo

86 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO paulo pinto FOTOREPORTAGEM

lion park, joanesburgo

87 DESPORTO · ANGOLA’IN |

lion park, joanesburgo

lion park, joanesburgo

croc city, joanesburgo

croc city, joanesburgo

88 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO FOTOREPORTAGEM

hector pieterson memorial

casa nelson mandela

casa nelson mandela

vendedores, soweto

89 DESPORTO · ANGOLA’IN |

casa nelson mandela

casa nelson mandela chaf pozi

festa no soweto

90 | ANGOLA’IN · DESPORTO

DESPORTO FOTOREPORTAGEM

cidade de joanesburgo

pormenor do soccer city

argentina vs coreia do sul, soccer city

91 DESPORTO · ANGOLA’IN |

soccer city adeptos da argélia

panorâmica da cidade de joanesburgo

92 | ANGOLA’IN · DESPORTO

| patrícia alves tavares

DESPORTO ADAPTADO

Africanos reconhecemêxito nacional

O desporto adaptado nacional surgiu pela primeira vez em 1993 e desde então sofreu um crescimento galopante, que tem como auge o ano em que Sayovo conquistou três medalhas de ouro em Atenas, em atletismo. O Governo adoptou medidas que contribu-íram para o fl orescer das modalidades olímpicas e o seu sucesso valeu a Angola a nomeação para a presidência da Confederação Africana de Desportos para Defi cientes (Ascod).

A nomeação para a Ascod é o reconhecimento

do desempenho do país no que toca ao desen-

volvimento dos desportos adaptados ao nível

continental e do seu papel na massifi cação e ex-

pansão da modalidade para competições inter-

nacionais. A ofi cialização da língua portuguesa

na confederação foi a primeira iniciativa da nova

presidência. Leonel Pinto, presidente da Ascod,

lidera ainda o Comité Paraolímpico Angolano

(CPA). O dirigente anunciou, aquando a tomada

de posse (em Maio), que tem como prioridades

para os quatro anos de mandato a implementa-

ção de acções formativas e o incentivo ao apoio

dos Comités Nacionais Paraolímpicos. Está em

estudo a disponibilização de ajuda fi nanceira a

jovens talentos e a consolidação da Ascod den-

tro e fora de África. Leonel Pinto reconhece que

apesar da maioria dos governos africanos serem

os principais patrocinadores deste desporto –

reconhecendo a sua importância na reabilitação

e inserção do defi ciente na sociedade -, o actual

desenvolvimento das modalidades justifi ca um

acréscimo de meios. O responsável argumen-

ta que se os Estados atribuíssem 40 por cento

das verbas destinadas ao futebol ao desporto

adaptado, este estaria num patamar superior.

A nível nacional, o desenvolvimento desta ver-

tente é aposta ganha. O empenho do Presiden-

te da República e da Primeira-Dama, através do

Fundo Lwini, é um acto louvado por dirigentes e

praticantes. Durante a tomada de posse da As-

cod, o ministro da Juventude e Desportos, Gon-

çalves Muandumba, lembrou que José Eduardo

dos Santos tem orientado a disponibilização

dos apoios indispensáveis e incentivado a pro-

moção da actividade desportiva adaptada. Por

outro lado, o ministério reitera o apoio à Con-

federação continental, admitindo um acrésci-

mo das responsabilidades com a transferência

da sede para Angola.

ESCALÕES JOVENSA paz tem contribuído para a massifi cação do

desporto, nomeadamente entre os mais no-

vos. É o caso do projecto “Criança” que está a

ser implementado com bastante sucesso, desde

2008. O presidente do CPA destaca a estabilida-

de política como responsável pelo crescimento

do maior de programa de expansão da modali-

dade adaptada, que actualmente abrange 250

crianças. O plano visa a massifi cação da acti-

vidade paraolímpica que, numa primeira fase,

abrange o atletismo, natação, basquetebol em

cadeira de rodas e futebol com muletas. O pro-

jecto “Criança” está em curso em praticamente

todas as províncias. O responsável da CPA recor-

dou que o fi m do confl ito contribuiu para a or-

DESPORTO

93 DESPORTO · ANGOLA’IN |

ganização de competições locais em áreas até

então inacessíveis e para a formação de técnicos

e equipas médicas especializadas. O Fundo Lwi-

ni é responsável pela introdução do voleibol sen-

tado nas camadas jovens, contando com o apoio

do Comité Paraolímpico Angolano. Este reuniu

recentemente em Luanda 186 crianças de de-

zasseis províncias que apresentaram as novas

modalidades nacionais, onde se destacam o

bóccia e goal ball, actividades que mostram as

capacidades de atletas com defi ciência visual e

paralisia cerebral.

BIÉ É EXEMPLOA província angolana foi uma das mais afec-

tadas pelo período da guerra, apresentando

um elevado número de portadores de defi ciên-

cia física. Porém, o Bié é o modelo do sucesso

na adversidade. A região é a segunda força do

atletismo adaptado, com êxitos em provas na-

cionais e internacionais e quer tornar-se no prin-

cipal núcleo. Óscar Fausto, coordenador da área

técnica da Associação Provincial dos Desportos

Adaptados, anunciou que a organização está a

trabalhar para a massifi cação da actividade nos

nove municípios da província, apostando em to-

das as classes (visual, motora e auditiva) e si-

multaneamente em masculinos e femininos. “O

Bié é a segunda força da modalidade no país. A

nossa província e a de Luanda são as que for-

necem mais atletas à Selecção Nacional. Nas

competições nacionais, os atletas bienos têm

arrebatado vários títulos”, assumiu, frisando

que o número de praticantes tem vindo a crescer

em todas as especialidades. No entanto, Óscar

Fausto adverte para uma falha que advém do

crescimento da modalidade. O material despor-

tivo começa a escassear, pelo que o actual trei-

nador da Selecção Provincial de Atletismo deixa

o apelo para que a sociedade auxilie o desporto

adaptado, não apenas no âmbito material e des-

portivo, mas também no lado humano e social.

“O desporto é um meio de luta contra o racismo

e a xenofobia”, frisa.

ATLETISMO LIDERAO atletismo mantém a tradição. O país possui

um longo historial nesta modalidade adapta-

da. Estreou-se nos Jogos de Atlanta, em 1996,

seguindo-se as edições de Sidney (2000), Ate-

nas (2004) e Pequim (2008), onde competiram

pela primeira vez na categoria de estafeta. An-

gola estará presente nos Jogos Paraolímpicos de

Londres (Inglaterra) de 2012. A presença do gru-

po de atletismo em cadeira de rodas é inédita,

facto que motivou a aquisição de equipamentos

para 25 profi ssionais. É a primeira vez que o pa-

ís incorpora esta categoria. Até aqui a sua par-

ticipação pautou-se por provas de velocidade e

estafeta. Leonel Pinto explicou à imprensa que

a integração na nova categoria resulta de uma

reunião com os responsáveis dos vários comi-

tés paraolímpicos, que consideraram que o país

tem revelado o seu potencial ao longo dos últi-

mos anos. O CPA obteve ainda o apoio de uma

empresa alemã de fabrico de materiais despor-

tivos para portadores de defi ciência (‘Alcobock’).

Aliás, a parceria com a Alemanha prevê a cons-

trução de uma unidade de produção do referido

material em Angola, num acordo que resulta de

quatro anos de conversações. A pensar na par-

ticipação nos Jogos Paraolímpicos, a Ascod e o

Comité Paraolímpico Internacional (IPC) rubri-

caram um memorando de entendimento que

confere aos atletas africanos a possibilidade de

frequentarem academias de alto rendimento

nos EUA e Inglaterra, já a partir de 2011. Ao IPC

caberá criar um comité que seleccione os can-

didatos que vão benefi ciar do protocolo. Porém,

o país não está focado apenas nas modalida-

des tradicionais. A par da natação, futebol com

muletas e basquetebol em cadeira de rodas, os

defi cientes angolanos podem praticar Taekwon-

do. A modalidade surgiu em 2009 e possui uma

federação que se prepara para organizar provas

demonstrativas ainda este ano, para incentivar

a adesão do público. O presidente da Federação

Angolana de Taekwondo, Nzuzi Ndolomingo,

defende a integração da modalidade nos clubes,

como valor acrescentado para a actividade des-

portiva adaptada.

“Fundo Lwini criou uma equipa de basquetebol em cadeira de rodas”

PARCEIROSO fundo de solidariedade Lwini tem tido um pa-

pel determinante na promoção das modalida-

des adaptadas aos portadores de defi ciência.

Ana Paula dos Santos, Primeira-Dama, foi ga-

lardoada com um prémio atribuído pelo Comi-

té Organizador da Convenção Internacional dos

Desportos em África (COI), numa cerimónia que

decorreu na África do Sul, em Abril. O motivo

da distinção deveu-se ao empenho da funda-

ção no âmbito da promoção deste desporto. O

Fundo Lwini tem um protocolo de cooperação

com o CPA, que dura há seis anos e transcende

a componente desportiva, visando igualmente o

lado social. “O apoio da Primeira-Dama, por via

do Fundo Lwini, tem sido fundamental para que

outras instituições se sintam sensibilizadas em

apoiar o desporto adaptado em Angola”, enalte-

ceu Leonel Pinto, que acrescentou que o orga-

nismo promove o auxílio a pessoas carenciadas

e criou uma equipa de basquetebol em cadeira

de rodas. A fundação foi responsável por insti-

tucionalizar a prova anual pluridisciplinar, de-

nominada “Taça Lwini” (vai na sétima edição) e

por organizar o primeiro festival gimnodesporti-

vo para jovens (inserido no projecto “Criança”).

Recorde-se que Ana Paula dos Santos já tinha

recebido em 2008 o prémio “Mulher Desporto

África” do COI, pela dedicação à promoção do

desporto adaptado.

Arrecadou três medalhas de ouro

nos Jogos Paraolímpicos de Atenas,

em 2004, na categoria de atletismo

nos 100, 200 e 400 metros. José

Sayovo é um ícone para a população

nacional. O feito inédito fi cou na

memória de todos, até porque o

atleta bateu o recorde paralímpico

e mundial dos 100 metros com o

tempo de 11.37, situação que alertou

as autoridades angolanas para a

necessidade de apoiar o desporto

adaptado. Em 2008, nos jogos de

Pequim, foi tripla medalha de prata

e no mesmo ano alcançou o ouro nos

100 e nos 200 metros dos jogos da

CPLP, que decorreram no Brasil.

“Angola estará presente nos Jogos Paraolímpicos de Londres (Inglaterra) de 2012. A presença do grupo de atletismo em cadeira de rodas é inédita”

josé sayovo

94 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS

95 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN | 95 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |

LUXOS | manuela bártolo

96 | ANGOLA’IN · LUXOS

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97 LUXOS · ANGOLA’IN |

PORSCHE 918 SPYDERO novo modelo passa a ser o topo de gama da Porsche e é a sua montra para a tecnologia híbrida que já é

aplicada no Cayenne e no Panamera. Este roadster tem um motor V8 de 3,4 litros e 500 cv, coadjuvado por

dois motores eléctricos com uma potência combinada de 218 cv. Munido destes argumentos, o 918 Spyder

anuncia 3,2 segundos para cumprir os 0-100 km/h e uma velocidade máxima de 318 km/h

98 | ANGOLA’IN · LUXOS98 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

AUDI R8 SPYDERO modelo vai de 0 a 100 km/h em apenas 4,1 segundos e tem velocidade máxima de 313 km/h. Quando

equipado com transmissão manual, o conversível consome uma média de 14,9 litros de combustível a

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99 LUXOS · ANGOLA’IN |

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99 LUXOS · ANGOLA’IN |

LUXOS

100 | ANGOLA’IN · LUXOS

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102 | ANGOLA’IN · LUXOS

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103 LUXOS · ANGOLA’IN |

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nas 20 unidades, na moldura de madeira forte, 22 jogadores e, claro,

o tom verde tradicional. Há dois anos, o Audi Design de Futebol de

mesa era ainda um estudo da Audi Concept Design de Munique, ago-

ra é um pequeno lote a ser produzido. Os tempos mudam: não deixe

ninguém dizer que um jogo de futebol de mesa não tem

que parecer bom. Afi nal, no futebol profi ssional a bola

é feita de poliuretano, não de couro.

SAMSUNGLED 9000 3DEste ano a Samsung tem grandes expectativas de venda para o

seu modelo 3D, que espera comercializar mais de dois milhões de

exemplares. Este facto deverá baixar o custo dos LCD’s, o que irá

tornar as mesmas mais acessíveis a todos.

SONY WALKMAN W250 O novo Sony Wakman w250 é compatível com os formatos MP3, AAC,

WMA (DRM) e L-PCM, inclui a funcionalidade ZAPPIN, uma autonomia

de 11 horas e um peso total de 43 gramas. Outra novidade é a sua

resitência à água.

ão deixe

bol de mesa não tem

er bom. Afi nal, no futebol profi ssional a bola

é feita de poliuretano, não de couro.

BANG & OLUFSENBEOSOUND 9000O novo modelo de sistema de cinema em casa baseado em discos

blu-ray tem um design elegante, desempenho elevado e versatili-

dade ilimitada. Todos os modelos disponibilizam reprodução de ví-

deo HD de elevada qualidade.

ERNST BENZChronofl ite World TimerO ChronoFlite World Timer tem 47 milímetros de

largura em aço e possui um movimento mecânico

automático GMT Suíça O relógio vem também

com um mostrador branco e pulseira de couro.

Ernst Benz é o mais rápido em apontar o uso de

indicadores sobre o anel de rotação interna, este

relógio faz uma leitura automática do to tempo

em qualquer cidade.

104 | ANGOLA’IN · LUXOS

LUXOS

PORSCHE DESIGNLe Mans 1970

Edição comemorativa da primeira vitória da Porsche na mítica

corrida de Le Mans. O carro, o Porsche Type 917, venceu a corrida

em 1970, por isso mesmo este relógio encontra-se repleto de

referências ao modelo vencedor. Exibe, por exemplo, o seu

número no mostrador (23); a pulseira (de borracha) imita o

formato do volante, sendo esta uma edição especial limitada a

917 exemplares. A edição é fornecida num estojo especial, que

inclui uma miniatura do Porsche Type 917; integra também um

livro especial comemorativo dos 40 anos da histórica vitória,

individualmente autografado pelos pilotos autores do grande

feito, Hans Herrmann e Richard Attwood

LOUISMOINET

Magistralis

Louis moinet é sem dúvidas um relógio de

outro mundo. Numa caixa de ouro de 18 qui-

lates, há um pedaço de meteorito lunar de

2000 anos de idade. Possui, além disso um

repetidor de minutos, calendário perpétuo e

um cronógrafo accionado pelo mesmo bo-

tão lateral do repetidor. Um acessório “jóia”

que qualquer um gostaria de ter

EDOXClasse RoyaleEDOX é uma empresa suíça conhecida pela sua

inovação e produção de alta qualidade, cujos

relógios marcam por pormenores de luxo e

segurança. A Classe Royal é dirigida ao homem

elegante e oferece uma colecção de relógios

personalizados verdadeiramente distinto.

106 | ANGOLA’IN · ESTILOS

lookgant

blazer de linblazer de linho riscado com vivos riscado com vivos na lapela e bolsos

l de pelemala xl

calça azul marinhoalça azul marinhoç em aalgodão com patchwork a brancochwork a bra

camisa de linho rosaa de linho ro

camisa em algodão camisa em algestampado de cornrnucópias

blazer em algodão tratadoado blazer eazul com forro estamppado

gant mercedes benz fashion week berlin

ESTILOS | patrícia alves tavares

107 ESTILOS · ANGOLA’IN |

looklacoste

lacoste ss10 new york fashion week

t-shirt branca em piquetde algodão com riscasem dois tons de azulem dois tons de azul

pólo preto em em piquet de algodãoem em piquet de algodãocom riscas coloridas

pólo riscaspreto e branco preto e brancoem piquet de algodãoem piquet de algodão

cintos em lona álicacom fi vela metá

mocassibranco e vermelho

ténis vermelhos

calções em azul calções em azul claro

blusão impermeável azul com cós e punho em riscas

boné azul em algodão com logótipo bordado

ins em pele

óculos de soledição especialçdiesel u music

blusão impermeável branco com vivosem azul escuro em azul escuro

108 | ANGOLA’IN · ESTILOS

ESTILOS

lookdiesel

108 | ANGOLA’IN · ESTILOS

ténis pretos em camurça e pele envernizada

nto em camurça cinzacin çm fi vela cromadacom

camisa em algodão cinza com pespontos brancos

shirt em malhat-salgodão pretode

m estampa vintagecomm estampa vintagecomm brancoemm brancoem

jeans azul médio com lavagem em modelo slim

jeans ultra vintage em azul médio com pesponntos

109 ESTILOS · ANGOLA’IN |

desfi le miguel vieira

lisbon fashion week

lookmiguel vieira

cinto em pele pretoo com fi vela cromadaa ´ com logótipocom logótipo

lenço cinza mescladoo çem linho e

lenço estampado çem lilás e branco em lilás e branco

botões de punho cromados e preto

sapatos clássicossapatos clássicosaem pele preta eenvernizada

r branco em algodão blazervos cinza e emblema bordadocom viv

sapatos clássicos em pele preta envernizaada com entrançado

blazer preto com estampado fl oral

laço preto

camisa preta ã em algodão

adidas

DYNAMIC PULSEa marca lançou um produto específi co

para o uso diário e casual. possui notas

refrescantes de sândalo, tabaco e menta.

ESTILOS

110 | ANGOLA’IN · ESTILOS

| patrícia alves tavares

versace pour homme

AFTER SHAVE BALM DEODORANT STICK conjunto com notas de bergamota, fl or de

laranjeira, limão, gerânio, salva, madeira

de cedro, fava tonkae mush e âmbar

mineral. ideal para homens confi antes e

determinados.

loewe

SOLO INTENSE pura e fresca, esta fragrância apresenta-se com um equilíbrio perfeito

entre a tradição e modernidade. intenso, este perfume possui notas

olfactivas do melão, limão e tangerina.

dunhill

PURSUIT concebido para o homem clássico e formal. é uma

fragrância intemporal, ideal para quem aprecia

o lado bom da vida, sem nunca perder o charme e

o humor. para um autêntico gentleman.

tommy hilfi ger

JEANS MANé o perfume indicado para homens que

apreciam fragrâncias inspiradas em citri-

nos. as notas da laranja, mandarim e to-

ranja fazem deste produto uma opção para

jovens desportistas e informais.

terre

D’HERMESinspirado nos elementos, o perfume provoca

uma experiência sensorial, que nos remete

para a terra, água e mar. possui notas de

laranja, vetiver, cedro e a energia da pimenta.

111 LUXOS · ANGOLA’IN |

LIVING

112 | ANGOLA’IN · LIVING

O Império dos Sentidos nasce em 2001,

no Porto, fruto da grande paixão de Paulo

Marques e Helena Pessoa pela estética do

séc. XX e do que poderemos chamar mo-

dernismo (anos 1925 a 1970).

Com formação na área do design, Paulo e

Helena começam uma grande viagem em

todos os sentidos, no estudo e na procura

pela Europa e, mais recentemente, no Bra-

sil de peças de excelência destas épocas.

No Império dos Sentidos podemos desco-

brir mobiliário, iluminação e objectos de

grandes autores do Séc. XX, tais como Ico

Parisi, Osvaldo Borsani, Sérgio Rodrigues,

Hans Wegner, Arne Vodder, Ib Kofod Larsen

e René Lalique, entre muitos outros.

Aqui poderá encontrar desde a pequena

peça decorativa até ao grande móvel, tudo

da época e restaurado a preceito, segundo

as técnicas antigas por pessoal especializa-

do e em ofi cina própria, onde o compromis-

so é a perfeição.

São peças de grandes mestres, de beleza

incontestável e intemporal que fazem am-

bientes com modernidade e glamour.

Recentemente, face às constantes soli-

citações dos nossos visitantes, criamos o

gabinete de design de interiores com solu-

ções personalizadas, adaptadas aos nossos

clientes. O nosso mobiliário, sem estar “co-

lado” esteticamente aos móveis de época,

tem na sua génese e fabrico todo o saber

e técnica dos produtos que restauramos e

comercializamos.

O facto de trabalharmos diariamente com

o que de melhor se desenhou no mundo faz

com que tenhamos um apurado sentido de

estética, proporção e equilíbrio nos am-

bientes e peças que criamos.

Como empresa de referência na área das

antiguidades e design do séc. XX estamos

preparados para aceitar desafi os em qual-

quer parte do Mundo, sendo que o merca-

do angolano é para nós muito desafi ante e

apetecível pela sua capacidade de absorver

e apreciar o que de melhor se fez no mundo

durante o séc. XX.

Excelência dos grandes designers

Num apartamento na Maia (Portugal) foi-nos pedido para elaborar um ambiente envolvente e requintado. Na sala com uma dimensão de 40 m2 criamos 3 áreas distintas: zona de refeições, zona de estar, Home Cinema e hi-fi e zona de escritório.

W Mesa em pau-santo Severin Hansen Junior e cadeiras Niels O. Moller,

também em pau-santo, construídas na Dinamarca, nos anos 60

R Candeeiro “Bolide” da Jumo em

baquelite, máquinas fotográfi cas

Kodak dos anos 30, jarra com

formato de cara de menina de Bjorn

Wiinblad (anos 70) e taça em bronze

de Axel Salto (anos 50), ambas

provenientes da Dinamarca

V Vista Parcial da zona de jantar,

em destaque o aparador Art Deco em

ébano de macassar com gavetas em

pergaminho gravado a ouro

X Esculturas em terracota assinada

Marcel Guillard e porcelana Art

Deco luminosa, assinadas Elte,

provenientes de França

113 LIVING · ANGOLA’IN |

LIVING

114 | ANGOLA’IN · LIVING

W Vista da zona de jantar e estar.

Sofá de 3 lugares de Percival

Lafer e par de cadeirões Ib Kofod

larsen, do Brasil (São Paulo), nos

anos 60 e da Dinamarca, nos

anos 50, respectivamente. Mesa de

frente de sofá em pau-santo com

marqueterie e ponteiras em latão

sueca dos anos 50

Q Móvel suspenso de apoio à sala

de estar em laca brilhante preta

R Swan Chair de Arne Jacobsen,

primeira edição

115 LIVING · ANGOLA’IN |

Q Candeeiro de tecto Artichoke em

cobre de Poul Henningsen, primeira

edição (Dinamarca, anos 50)

X Cadeira em pau-santo de Ib

Kofod Larsen e mesinha de apoio,

com marqueterie de Louis Majorelle

(França anos 20)

116

LIVING

Q Aplique Jean Perzel, em vidro

fosco e vidro granitado cor âmbar

(França, anos 30)

X Consola em inox e acrílico de

Francois Monnet para Edition

Kappa (França, anos 70)

X Candeeiro de tecto “Sputnick”

de Emil Stejnar, desenhador

Austríaco dos anos 50

| ANGOLA’IN · LIVING

117 LUXOS · ANGOLA’IN |

VINHOS & CA.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.118

| patrícia alves tavares

raridades vinícolasÉ um exclusivo para os apreciadores de Baco. A Angola’in apresenta os 10 vinhos mais caros, que estão ao alcance de poucas carteiras e são o sonho de qualquer coleccionador. Um Romanée-Conti que pode custar o mesmo que uma viagem às ilhas Maldivas ou um Château d’Yquem pelo valor de um carro topo de gama são algumas das sugestões. Descubra quais os exemplares que todos desejariam ter na sua garrafeira.

Château Lafi te 1787A garrafa que faz parte da colec-

ção do ex-presidente norte-ame-

ricano Thomas Jefferson tem as

suas iniciais gravadas e, é desde

1985, o vinho mais caro do mundo.

Este néctar, apesar de já não estar

nas melhores condições de con-

sumo, é uma das glórias de Bor-

deaux, a região vinícola francesa

mais conhecida, pelo que é muito

solicitado pelos coleccionadores.

Château Mouton-Rothschild 1945Este néctar, produzido no fi nal da Segunda Guerra Mun-

dial, tem uma etiqueta única, que foi concebida por um

artista da época a pedido do Baron de Rothschild, com a

frase “année de la victoire”. Este vinho destaca-se pelo

perfeito engarrafamento e é fruto das condições climá-

ticas excepcionais em que foi desenvolvido, contendo

ainda todo o sabor concentrado de amoras negras.

Hermitage La Chapelle 1961Arrematado na Christie’s de Londres, por 123.750

libras (aproximadamente US$20 mil/ garrafa),

este é um dos vinhos mais caros de sempre. A sa-

fra 1961 bateu um recorde mundial comparado a

outros anos.

119

Château Margaux 1900Eleito pela revista “Wine Spectator” como o melhor vinho do

século passado, deste néctar restam menos de mil garrafas.

Produzido em Bordeaux, o calor do verão e a ausência de chu-

vas durante a época das colheitas contribuíram para a excep-

cionalidade desta colheita, que atingiu níveis de qualidade

raros. Cem anos depois, este tinto continuava perfeito, rece-

bendo a nota máxima do crítico de vinhos mais infl uente do

mundo, Robert Parker.

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

Château Cheval Blanc 1947Considerado pelos especialis-

tas como um “feliz acidente

da natureza” (fruto do clima

muito quente e da vinifi cação

primitiva), este é um dos vi-

nhos mais conhecidos do sé-

culo XX, essencialmente pela

sua óptima consistência, com

aromas de café e chocolate.

No paladar, evidenciam-se os

sabores das frutas doces.

Château Latour 1961Esta preciosidade pertence a um dos cinco

primeiros Cru Classé dos Bordeaux, fabri-

cado numa das melhores vinícolas da co-

nhecida região. A revista Decanter deu seis

estrelas (cinco é a nota máxima) a um néc-

tar grandioso na sua estrutura, profundida-

de e complexidade, com madeira e taninos

presentes.

Château Pétrus 1982É um dos vinhos tintos mais notáveis. Esta

casta atingiu o preço mais elevado. Porém,

toda a linha Pétrus é muito procurada pe-

los apreciadores. É um néctar elaborado com

uvas da casta Merlot, aromas potentes e uma

óptima concentração de sabor.

Château d’Yquem 1784Da mesma colecção de Thomas Jefferson, es-

te é um vinho doce clássico e um dos poucos

exemplares do produto mais consagrado da

época. A qualidade é ponto de referência na

produção deste néctar. Todas as colheitas lan-

çadas entre 1900 e 2000 estão no topo dos

melhores vinhos brancos, sendo aconselhado

como o melhor para acompanhar sobremesas,

devido às suas características únicas.

CEs

pr

ca

nh

es

ta

de

pr

Domaine de la Romanée-Conti

A colheita de 1978 é a mais conhecida, por se tratar de um dos lo-

tes mais caros e vendidos nos EUA. Este Chardonnay destaca-se

no paladar pelo sabor a mel e nozes torradas. A colheita de 1934

também é excepcional, pelos aromas sensacionais e pela textura

perfeita de um Pinot.

Cabernet Sauvignon Napa Valley 1941Em 2001, foi eleito pela revista “Wine Spec-

tator” como o melhor cabernet sauvignon

produzido em Nappa Valley. O destaque vai

para os sabores escuros, profundos e vibran-

tes deste néctar singular.

VINHOS & CA.

| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.120

PUBLICIDADE

Quinta de Pancas BrancoVinho de cor amarelo citrino.

Aroma elegante com notas

de melão, citrinos e

sugestões fl orais.

Boca com bom volume,

grande frescura e

persistência aromática.

É especialmente

recomendado para

pratos de peixe, mariscos

e vegetais. Deve servir-

se à temperatura de 10ºC

Quinta do Portal AuruRetinto na cor, apresenta

aromas dominantes

fl orais. Com o evoluir do

aroma surgem as notas

frutadas características

da Tinta Roriz. Volumoso

com excelente acidez,

taninos possantes mas

bem interligados com

um fruto fresco. Final

extraordinariamente longo

e complexo. Servir a 16-17ºC.

AngelusCor rubi com ligeiros refl exos

acastanhados. Domina um

aroma de frutos negros muito

maduros (ameixas) com

nuances de mel e suaves notas

resinosas.

Na boca é macio, com uma

acidez crescente, mas bem

equilibrada. Taninos aveludados

bem presentes. Notas discretas

de pão bem tostado. Bastante

persistente. Temperatura ideal

de consumo entre os 16ºC e os

18ºC.

Quinde PBranVinho de

Aroma

de m

sug

BoBo

gra

pe

É e

rec

pra

e v

se

Pooorrccaa ddeee MMMMuurrçççaReeesseerrvvvaVinho de cor rubi, límpido e brilhante. Aroma complexo que integra harmoniosamente a baunilha da madeira e os frutos vermelhos da uva. Encorpado, deixa na prova uma impressão de um vinho redondo e de grande maciez. Os apreciadores de vinhos velhos poderão esquecê-lo por algum tempo na garrafeira. Servido à temperatura ambiente, acompanha preferencialmente pratos de carne e queijos fortes

VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 121

VIP Reserva Cor vermelha profunda. Bouquet complexo de frutos vermelhos sugerindo especiarias e café. Textura rica e aveludada. Taninos redondos e maduros que dão suporte a uma evolução majestosa em garrafa. Boa profundidade e longo fi nal de boca

“AO SABOR DA EXCELÊNCIA”RUA DR. ALFREDO TRONI Nº26 LUANDA - ANGOLASERVIÇO DE APOIO AO CLIENTETLF 222 395 124 · 222 394 174TLM 912 505 740 · 912 217 914

VIP BrancoVinho elegante, rico em

fruta, e que apresenta uma

frescura agradável. Boa acidez

que lhe confere equilíbrio e

persistência. Ideal para o

acompanhamento pratos de

peixe, massas e carnes brancas

Evel BrancoUm vinho de bela cor

dourada. Muito complexo

e com grande intensidade

aromática. Sugestões de

aromas fl orais e de frutos

brancos caracterizam este

vinho, algo encorpado

e com uma excelente

acidez. Na prova realçam-

se sabores a pêssego e

melão. Servido entre os

8 e 10ºC, é perfeito para

acompanhar pratos de

peixe e carnes brancas.

Grandes Quintas

Cor vermelho rubi com boa

profundidade. No aroma revela

notas de fruta vermelha e frescura,

muito boa integração com as notas

fumadas e abaunilhadas do estágio

no Carvalho Francês, boa intensidade

e persistência. No inicio de boca

temos a frescura da fruta vermelha

(cereja), prolongando-se com a

ligação às notas de abaunilhado

e fumos da tosta do Carvalho, a

elegância é o mote, os taninos

são fi nos e macios e muito bem

integrados com a acidez, elevando

o carácter de frescura, termina com

excelente aptidão gastronómica

es asboaboa

vela

ura,

tas

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oca

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122 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

VINHOS & CA.

Fashion Rosé

Cristalino de cor rosada,

bolha fi na e persistente.

Aroma delicado a

frutos vermelhos.

Sabor fresco, frutado,

harmonioso e elegante

doçura. Excelente

como aperitivo e a

acompanhar doces.

Servir à temperatura

de 6 a 8ºC

Whisky Hankey Bannister 12 anos

Este emblemático

Whisky escocês

revela-se com aroma

levemente doce com

notas de baunilha e

carvalho, apresentando

uma tonalidade

elegante de âmbar

dourado. Distinto na

prova, médio corpo,

bem equilibrado com

baunilha suave e um

fi nal ligeiramente

fumado. Uma

excelente proposta

como digestivo.

FFFaaassshhhiioonnn MMMeeeiiooo DDDoooccce

Brilhante de cor citrina, bolha fi na e persistente. Aroma frutado a citrinos e maçã verde. Sabor

fresco, harmonioso e delicada doçura.

Excelente como aperitivo, acompanha

bem doces. Servir à temperatura de 6ºC

Vinhada TapadaVinho de cor rubi

intenso, com

aroma a frutos

vermelhos maduros.

Bem equilibrado e

complexo, possui

um fi nal frutado e

persistente, ideal

para acompanhar

carnes assadas ou

grelhadas e queijo.

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Vindda Vinho

inten

arom

verm

Bem

comp

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C

VINHOS & CA. BREVES | patrícia alves tavares

Primeiro estudo vitivinícolaA empresa Brands Advance elaborou, a pedi-

do da ViniPortugal, o primeiro estudo sobre o

mercado vitivinícola em Angola. O documento

indica que os vinhos portugueses dominam o

sector nacional, com uma quota de 97 por cen-

to dos vinhos engarrafados. Este valor equiva-

le a 455 mil hectolitros exportados em 2009,

o que rendeu aos lusos 54 milhões de euros.

A pesquisa revela ainda que a cerveja é a be-

bida dominante e o vinho ocupa 30 por cento

das bebidas alcoólicas, pelo que o vinho pré-

embalado e a granel continua a expandir-se.

Depois da África do Sul, Angola é o segundo

maior mercado do continente. Quanto ao per-

fi l do consumidor, estima-se que cerca de 3,5

milhões de clientes estão na Grande Luanda,

em que 60 por cento são homens e os restan-

tes mulheres. A faixa etária dominante situa-

se entre os 30 e os 45 anos (75 por cento),

predominando a classe B e C. Os consumido-

res masculinos e com mais de 29 anos admi-

tem beber com regularidade vinho de marca

engarrafado (26 por cento). A pesquisa enco-

mendada pela ViniPortugal indica que cerca

de 46 por cento dos consumidores adquirem o

produto em cantinas ou minimercados, 25 por

cento nas “vendas de janela aberta”, 10 por

cento em armazéns, sete por cento em mer-

cados ao ar livre e seis por cento em vende-

dores de rua.

Tabela para escolher vinhoA Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa apresentou uma tabela

que indica quais os alimentos que melhor combinam com os diversos tipos de vinho. A melhor

conjugação gastronómica foi determinada através do recurso a um cromatógrafo, que permi-

tiu separar as misturas e identifi car os seus componentes. A investigação, conduzida por Elvira

Monteiro Gaspar, é inovadora em Portugal e pioneira em todo o mundo. “O aroma é algo es-

sencial para a degustação de um vinho, para a sua defi nição e descrição em termos enológicos,

qualquer que seja a sua proveniência em termos de casta ou região”, explicou a professora in-

vestigadora. O estudo visou a elaboração de uma tabela que sustente cientifi camente como e

com o que é que cada vinho deve ser degustado. “Com que tipo de carne, em que refeição pode

inserir-se melhor ou acompanhado de que determinado tipo de queijo”, esclarece.

Azeite italiano em livro“Um fi o de Azeite” é o título da mais recen-

te obra da investigadora Rosa Nepomuceno.

Após uma visita a Itália, a escritora descreve

neste livro o processo de criação dos azeites

italianos e inclui algumas receitas típicas, re-

colhidas ao longo da viagem e que têm como

base o azeite. “A Toscana é especial pela comi-

da simples, pelos grelhados – de carnes, aves

ou peixes -, pelas muitas ervas e legumes, co-

gumelos, preparos simples e práticos, muitas

massas, claro, sopas, saladas frescas mara-

vilhosas e variadas”, conta na mais recente

compilação.

Portalegre exporta azeite para Canadá e EUAUma empresa portuguesa de comércio agro-

industrial anunciou que vai começar a exportar

para o Canadá e Estados Unidos da América

(EUA). A unidade familiar de Portalegre vai in-

ternacionalizar a marca de azeite virgem ex-

tra Fadista, um produto que foi lançado em

2009. “Este negócio é de uma enorme impor-

tância para nós, numa altura de crise”, garan-

tiu a responsável pela empresa Diterra, Teresa

Mendes, em declarações à imprensa lusa. A

dirigente adianta ainda que o referido “produ-

to foi pensado para o mercado da exportação

e da grande distribuição”, congratulando-se

com os dividendos que começam a colher com

este negócio. “Espero que a aceitação dos

consumidores seja a melhor”, concluiu.

Vila Real em LuandaEmpresários dos sectores do vinho e azeite de

Vila Real (Portugal) vão estar presentes numa

feira em Angola, com o intuito de promover o

seu sector. A comitiva vai permanecer em Luan-

da entre 15 e 20 de Julho, contando com o apoio

do AICEP (Agência para o Investimento e Co-

mércio Externo de Portugal). Esta é a segunda

iniciativa do género. Um outro grupo de indus-

triais ligados à produção de vinho e azeite este-

ve no país, em Maio, com o intuito de potenciar

a criação de novos negócios. Considerando An-

gola como um mercado emergente, o grupo

percorreu Saurimo (Luanda Sul) e a capital.

123 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

VINHOS & CA. BREVES | patrícia alves tavares

124 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

“Bordeauxtèque” é o nome da mais

recente e maior loja de vinhos da re-

gião francesa. Gerido por Jean François

Moueix, proprietário do Chateau Petrus

e pelo seu fi lho, Jean Moueix, o espaço

resulta de uma joint venture das Gale-

rias Lafayette com a Duclot. Detentora

de um espaço de 250m2 e de mais de 12

mil garrafas, a loja fi ca no segundo edi-

fício mais procurado de Paris, o Lafayet-

te Gourmet, na Boulevard Haussmann.

O local recebe cerca de 25 milhões de

pessoas por ano, o que faz subir as ex-

pectativas quanto ao seu sucesso. Por

isso, espera-se uma forte afl uência de

turistas de todas as partes do mundo,

situação que vai contribuir para a divul-

gação dos vinhos da região de Bordéus.

Os preços oscilam entre os 3,90 euros

por uma garrafa AC Bordeaux e os 20

mil euros por um Château Mouton Ro-

thschild 1945. O seu responsável, Jean

Moueix, está a estudar a possibilidade

de abrir mais “Bordeauxthèques”, no-

Rótulos no GoogleSurgiu nos Estados Unidos da América e prevê-se que

chegue brevemente ao mercado europeu. O Google criou

uma aplicação chamada Google Goggles, exclusiva para

Smartphones e que, através de uma fotografi a de tele-

móvel, possibilita a consulta de informações detalhadas

sobre um determinado vinho. O processo é simples e tem

apenas três passos. Após fotografar o rótulo da garrafa, o

telemóvel analisa os dados e mostra todos os resultados

disponíveis no motor de busca, como o preço, as notas

de prova, o grau alcoólico e informações acerca do produ-

tor. Actualmente, 4,5 milhões de americanos já aderiram

a esta nova ferramenta digital.

A empresa Codeware está a desenvolver um softwa-

re que vai possibilitar a disponibilização de uma carta

de vinhos virtual no iPad, o mais recente dispositivo

portátil da Apple, que chega a Portugal em Dezem-

bro. O projecto promete revolucionar a área dos vi-

nhos e está a ser testado num restaurante da capital

lusa, o Solar dos Presuntos. Cerca de cem produtores

já manifestaram interesse em utilizar esta funciona-

lidade nos restaurantes portugueses. “Estabelecer

uma ponte directa entre o consumidor e o produtor”

é a grande fi nalidade do sistema, afi rma o adminis-

trador da empresa, Rui Vala. A aplicação está ligada

a um site que recebe e organiza os conteúdos forne-

cidos pelos produtores no formato da carta de vinhos

virtual. Os restaurantes aderentes têm acesso a este

portal, onde podem consultar as fi chas de cada vi-

nho, cedidas pelos produtores. O objectivo consiste

em alcançar a centena de restaurantes e garrafeiras

do ‘segmento alto’.

meadamente em Berlim, Alemanha e

Xangai (China).

Bbgourmet inova com entregas ao do-

micílio

Dois restaurantes no Porto (Portugal)

apostaram numa nova forma de promo-

ver as suas criações gourmet. O bbgour-

met Bull&Bear e Maiorca pensaram nos

clientes que preferem o conforto da sua

habitação e desenvolveram um ser-

viço de entrega ao domicílio. Além da

comida, podem encomendar vinhos e

sangria. Cerca de noventa por cento

das sugestões que constam da emen-

ta dos bbgourmet estão disponíveis

para serem encomendadas e enviadas

para casa. O valor mínimo da reserva é

de 10€ e tem ainda uma taxa de 2,50€

pela deslocação. A empresa que reali-

za as entregas chama-se “Comer em

Casa” e pode ser consultada em www.

comeremcasa.com. O sistema permi-

te pagamentos com cartão de crédito,

multibanco ou dinheiro.

Maior loja de vinhos Bordéus

iPad com carta de vinhos

125 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

VINHOS & CA. | wilson aguiar

Delícias do oceano

Olá a todos!

Para este número, elaborei um prato que é uma das minhas especialidades. A amêijoa es-

tá em destaque. Com arroz ou massa, na cataplana, ao natural, de cebolada ou salteados,

estes magnífi cos bivalves são muito apreciados nos dias quentes de Verão. No entanto, no

caso do nosso país, são uma boa sugestão para um almoço de Domingo, num dos vários

dias amenos que o Inverno nos proporciona.

Esta iguaria do mar tem uma grande tendência para acumular toxinas. Por isso, dei-

xo-vos algumas indicações sobre cuidados a ter na altura de comprar. As amê-

ijoas vivas devem ser adquiridas em locais que as conservem no frio, sem

contacto com o Sol ou poeiras. Em casa, o produto (fresco ou congelado)

deve ser lavado em água fria corrente e posteriormente demolhado

num recipiente com água e sal, durante duas a três horas. Não se es-

queçam de no fi nal passar novamente por água para retirar todas as

areias. Após este processo, estão prontos para dar início à prepara-

ção da receita que vos sugiro e que tem o meu toque pessoal.

As “amêijoas à moda do Chef Aguiar” podem ser combinadas

com salada, arroz ou massa. Deixo a escolha ao vosso critério.

Espero que apreciem e não se esqueçam de acompanhar com

um bom vinho ou sumo natural.

Bom Apetite!

Wilson Aguiar sugere:

amêijoas à modado chef aguiar

CONFECÇÃO

Lave as amêijoas muito bem para tirar a areia.

Corte as cebolas e os alhos em rodelas e coloque

tudo num tacho grande. Regue com azeite e deixe

refogar um pouco.

De seguida, junte o pimento vermelho, o sal, a

pimenta moída, o vinho branco, a água e, por

último, as amêijoas. Tape o tacho e deixe cozer em

lume brando. Quando as amêijoas começarem a

abrir, não se esqueça de rectifi car o sal.

Por fi m, coloque o preparado numa travessa

e salpique com salsa. Sirva ainda quente, com

acompanhamento à sua escolha.

INGREDIENTES

1/2 kg amêijoas

2 cebolas grandes

12 dentes de alho

1 pimento vermelho

Sal e salsa q.b.

2 colheres (sopa) de pimenta

vermelha moída

Azeite q.b.

1/2 copo de vinho branco

1/2 copo de água

VINHOS & CA. GOURMET

126 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

| patrícia alves tavares

20 razões para fi car em portugalNa Europa é tempo de férias e de aproveitar o Verão. A Angola’in propõe uma passagem pelo litoral de Portugal, onde poderá desfrutar de praias paradisíacas, temperaturas quentes e muita animação junto à beira-mar. Elaboramos um roteiro exclusivo dos melhores restaurantes da margem sul, com especial enfoque para a zona algarvia, onde se encontram alguns dos espaços mais caros e requintados do país. Seja apreciador da cozinha tradicional e mediterrânea ou de autor, há opções para todos os gostos. Escolha o lugar mais apetecível para um jantar à beira-mar ou em pleno coração da cidade.

ElevenAté ao início deste ano, era o único restaurante

em Lisboa distinguido pelo guia Michelin. Produ-

tos de excelência, arte e criatividade, conjugados

com uma vasta carta de vinhos são parte do se-

gredo do seu sucesso. O chef Joachim Koerper é

o responsável pelas criações gastronómicas. O

atendimento exemplar e a decoração do espaço

(desde o ambiente aos talheres e copos) são mo-

tivos para visitar este local sofi sticado e moder-

no, com vista para o Jardim Amélia Rodrigues.

Rua Marquês de Fronteira, Lisboa

Telefone: (351) 21 386 22 11 | Preço médio: 75€

TavaresO chef José Avillez é o responsável pelo sucesso

deste restaurante, sendo uma referência interna-

cional. Este ano conquistou uma merecida estrela

Michelin, que simboliza o reconhecer da criativi-

dade gastronómica. Não pode deixar de degustar

a entrada de legumes, frutos, fl ores, folhas, co-

gumelos e rebentos, assados, fritos, secos, salte-

ados e crus com “soro” de queijo de Azeitão, óleo

de avelã e presunto de porco preto. Tudo isto e

muito mais num ambiente aristocrático, que se

mantém fi el aos valores da sua fundação (1784).

Rua da Misericórdia, 37, Lisboa

Telefone: (351) 21 342 11 12 | Preço médio: 85€

Guarda RealPargo da nossa costa com Xarém de Camarão e

Osso Buço e pétalas de rosa, estudado lentamen-

te são algumas das sugestões da carta cuidado-

samente elaborada pelo chef Celestino Grave,

que procura criar as receitas tradicionais da cozi-

nha lusa. Este restaurante está a destacar-se no

panorama gastronómico da cidade, não só pelos

sabores, mas também pelo ambiente tranquilo e

elegante. Dispõe ainda de um menu executivo, a

pensar nas reuniões de negócios.

Rua Tomás Ribeiro, 115 (Hotel Real Palácio)

Telefone: (351) 21 319 95 00 | Preço médio: 45€

Valle Flôr Decoração luxuosa, ambiente romântico e formal

e cozinha de autor são alguns dos motivos pa-

ra visitar este restaurante, que lhe propõe uma

ementa sazonal e paladares únicos. Inserido no

Pestana Palace, o Valle Flôr marca pela cozinha

criada e recriada para agradar aos sentidos, adap-

tada à atmosfera palaciana, onde sobressai o

jardim interior, com colunas de mármore e deco-

ração requintada.

Rua Jau, 54 (Pestana Palace), Lisboa

Telefone: (351) 21 361 56 15 | Preço médio: 65€

Panorama (Hotel Sheranton) Localizado no último piso do hotel, a primeira ima-

gem que vê é a panorâmica da cidade lisboeta. O

chef Leonel Pereira encarrega-se de fazê-lo sentir-

se perto do céu. Inspirando-se na tradição, sabor,

frescura e inovação gastronómica, apresenta car-

tas sazonais que prometem inspirá-lo. Recheados

de sabor e de arte inventiva, os pratos do artista

culinário satisfazem todos os gostos, desde os

adeptos dos produtos tradicionais aos apreciado-

res da cozinha internacional ou de autor. A decora-

ção sofi sticada adapta-se a uma reunião formal ou

a um simples encontro de amigos.

Rua Latino Coelho, 1 (Sheraton Lisboa Hotel Spa)

Telefone: (351) 21 312 00 00 | Preço médio: 75€

lisboa

Eleven

lisboa

T

l,, as

| patrícia alves tavares

127 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |

Amarra ó TejoA sua inspiração é o rio Tejo. Detentor de uma

localização fantástica, com uma beleza rara, o

Amarra ó Tejo destaca-se pelos seus menus de

peixe, cuja frescura e qualidade é reconhecida por

todos os clientes. A decoração é bastante discre-

ta e simples para realçar a imponência natural do

ambiente exterior. A sugestão do chef vai para

umas gambas salteadas (entrada), seguidas da

especialidade da casa: Asa de Raia. Pode optar

pelo Lombo Charolês (caso prefi ra carne) e ter-

mine com um granizado de chocolate branco ou

uma mousse de três chocolates.

Jardim do Castelo, Almada

Telefone: (351) 21 273 06 21 | Preço médio: 35€

O CapoteA decoração é um marco neste restaurante que

é um dos mais antigos da Costa da Caparica. O

ambiente típico das orlas marítimas sobressai

através das paredes ornamentadas com menus

de restaurantes internacionais. As sugestões são

mais que muitas para fazer uma boa refeição jun-

to ao mar. Prove os ovos mexidos com míscaros e

desfrute de uma caldeira de peixe ou da especia-

lidade da casa: Bacalhau à Capote.

Rua dos Pescadores, 40 B, Costa da Caparica

Telefone: (351) 21 290 38 38 | Preço médio: 35€

Terraço e Sky Bar O restaurante foi recentemente remodelado, pe-

lo que convida a uma visita para conhecer a ‘nova

cara’. As ementas e a forma de encarar a gastro-

nomia mudaram radicalmente, pelo que o chef

Luis Baena espera fazer história e marcar uma

nova etapa neste luxuoso e requintado espaço.

Apesar da formalidade, os almoços tornaram-se

mais descontraídos e os jantares mais intimis-

tas. Aqui descobrirá menus como os medalhões

de lombo de vitela fl amejados com pimenta ver-

de ou o robalo ao vapor com legumes da época.

Os vinhos estão ao cargo de Aníbal Coutinho.

Avenida da Liberdade, 185 (Hotel Tivoli Lisboa)

Telefone: (351) 21 319 89 00 | Preço médio: 55€

Mezzaluna Do Napolitano-nova-iorquino Michele Guerrie-

ri, este espaço de excelência é visitado com fre-

quência pelo Primeiro-ministro português, José

Sócrates. Local sofi sticado, a especialidade é o

meio lavagante acompanhado por linguini al ne-

ro. Sendo esta uma casa italiana, entre as várias

sobremesas recomenda-se o tiramisu ou a tarte

de framboesa.

Rua Artilharia 1 16, 1099-061 Lisboa

Telefone: (351) 21 387 99 44 | 21 385 16 61

RibamarÉ uma referência no concelho de Sesimbra. O res-

ponsável pelo sucesso do Ribamar é Hélder Cha-

gas, chef e gestor, que conhece todos os segredos

do peixe. Inserido numa vila piscatória e detentor

de viveiros próprios, o Ribamar alia os modos de

preparação tradicionais com as técnicas contem-

porâneas para improvisar verdadeiras pérolas de

mariscos e peixes de elevada qualidade. A deco-

ração inspira-se obviamente nos motivos maríti-

mos.

Avenida dos Náufragos, 29, Sesimbra

Telefone: (351) 21 223 48 53 | Preço médio: 35€

Pousada do CasteloA vista para a vila de Óbidos faz deste restau-

rante um dos locais de eleição para quem visita

a região. O espaço integra uma pousada que es-

tá localizada no interior das muralhas do castelo.

Aqui impera a gastronomia regional e tradicional,

em homenagem aos produtos nacionais. O Baca-

lhau à Dom Diniz, os fi letes de linguado com mo-

lho de alcaparras, o cabrito à Obidense e os doces

típicos da vila são a imagem de marca deste local

sofi sticado e de decoração clássica.

Largo Coronel Freitas Garcia, Vila de Óbidos

Telefone: (351) 26 295 50 80 | Preço médio: 40€

Fortaleza do GuinchoÉ ponto obrigatório para degustar a poderosa

gastronomia franco-portuguesa, tendo como

cenário o mar de Cascais e um ambiente sofi sti-

cado, com uma decoração luxuosa. Os menus es-

tão ao cargo da alta cozinha francesa de Antoine

Westermann e do chef executivo Vicent Farges,

que usam sabiamente os produtos nacionais. À

noite, o espaço que arrecadou vários prémios ad-

quire todo o seu glamour, onde sobressaem os

menus de degustação sazonal e as especialida-

des da nouvelle cuisine.

Estrada do Guincho (EN 247), Guincho, Cascais

Telefone: (351) 21 487 04 31 | Preço médio: 75€

setúbal beja

a ova-iorquino Michele Guerrie-

T

Pousada do CasteloA vista para a vila de Óbidos faz deste restau

beja

128 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.

VINHOS & CA. GOURMET

faro

Vincent A entrada de terrina de fígado de ganso com mo-

lho de amoras faz antever as iguarias que este

espaço lhe reserva. O tartare de atum, tamboril e

salmão é outra das especialidades deste restau-

rante, localizado nas Escanxinas. Num ambiente

requintado e elegante, delicie-se com menus co-

mo o ravioli com fi lete de peixe-galo e o carré de

borrego com molho de alfazema. A mais-valia do

Vincent é que inclui na sua ementa menus vege-

tarianos e petiscos divinais para os apreciadores

de queijos. A selecção de vinhos também é rigo-

rosamente cuidada. Pode ainda optar por uma

refeição no terraço, com vista para o jardim cui-

dadosamente tratado.

Estrada da Fonte Santa, Escanxinas, Loulé

Telefone: (351) 289 399 093 | Preço médio: 55€

OrangerieA vista privilegiada para o mar e para a serra al-

garvia tornam este restaurante num ponto de

passagem obrigatório. As suas ementas resul-

tam da parceria entre os chefs Ricardo Ferreira

e Albano Lourenço, que instalaram no Vila Mon-

te Resort (Moncarapacho) um restaurante que

escolhe o melhor dos produtos regionais para

os seus clientes. A cozinha de autor tem como

inspiração os sabores mediterrâneos. Os menus

variam a cada estação do ano, que se caracteri-

za por propostas inovadoras e muito apetitosas.

Veja-se o caso dos citrinos, alfarrobas e fi gos que

são cultivados na quinta do Orangerie. O peixe e o

mel são oriundos da região algarvia.

Caliços (Vila Monte Resort), Moncarapacho

Telefone: (351) 289 790 790 | Preço médio: 65€

Vila JoyaÉ o único restaurante em Portugal que se orgu-

lha de ostentar duas estrelas Michelin. O reco-

nhecimento internacional é fruto da conjugação

do espírito criador do chef e da beleza da paisa-

gem envolvente (em que o mar é fi gura de desta-

que). A decoração requintada é fruto do trabalho

desenvolvido no hotel que alberga o Vila Joya. A

fama deve-se em parte ao chef Dieter Koschina,

que prepara diariamente dois menus diferentes,

específi cos para o almoço e para o jantar (além

da habitual carta fi xa). Luxuoso e clássico, possui

uma excelente carta de vinhos.

Praia da Galé, Albufeira

Telefone: (351) 289 591 795 | Preço médio: 95€

São GabrielÉ um paraíso gastronómico em plena Quinta do

Lago. Cada cliente pode optar por um Menu Jantar

e um Menu Degustação, elaborados cuidadosa-

mente pelo chef alemão Torsten Schulz, que está

neste local há um ano e conseguiu implementar a

sua cozinha, que se destaca pelos micro-vegetais

em todos os pratos. Lagostim grelhado com fun-

cho e açafrão, variação de fígado de ganso com

peras e champanhe ou vazia de vitela com alca-

chofras e um leve molho de Merlot são algumas

das sugestões deste expert da culinária. Desfrute

do jardim para improvisar um jantar romântico.

Estrada de Vale do Lobo

Quinta do Lago, Almancil, Loulé

Telefone: (351) 289 394 521 | Preço médio: 65€

The OceanEste restaurante, localizado no Vila Vita Parc Ho-

tel, foi galardoado com uma estrela do guia Mi-

chelin. Os menus variam todas as semanas e são

o resultado da mestria do chef Hans Neumer. O

ambiente adequa-se à elegância desta experiên-

cia gourmet. É obrigatório envergar traje formal,

mas não vai arrepender-se desta formalidade. A

vista para o mar, presente no terraço, no jardim

de Inverno e na sala principal ganha um esplen-

dor único, podendo ser contemplada enquanto

saboreia um dos excelentes vinhos do Ocean.

Aconselhável fazer reserva.

Alporchinhos, Vila Vita Parc Hotel

Telefone: (351) 282 310 200 | Preço médio: 105€

Willie’sMantém a estrela Michelin desde 2006, em gran-

de parte devido à criatividade e genialidade do

chef alemão Willie Wurger, responsável por cria-

ções como o Ravioli de Marisco com Molho de

Vermute ou a Sela de Tamboril Frito em Molho

de Mostarda e Mousse de Batata. A atmosfera

requintada e clássica, conjugada com o sossego

de Vilamoura contribui para que este restaurante

seja muito procurado. As reservas são obrigató-

rias e apenas são servidos jantares.

Rua do Brasil, 2, Vilamoura, Loulé

Telefone: (351) 289 380 849 | Preço médio: 65€

Henrique LeisO dono do espaço é o autor das iguarias que aqui

descobre. O restaurante serve apenas jantares

mas vale a pena esperar pela noite. A cozinha,

exclusivamente de autor, inspira-se nas criações

francesas, sendo infl uenciada por alguns toques

de culinária brasileira. Os produtos base são na

sua maioria algarvios e pode escolher entre o me-

nu de degustação (varia consoante as estações)

e os pedidos à carta. Informal e luxuoso, aconse-

lha-se a reserva de mesa.

Vale Formoso, Almancil

Telefone: (351) 289 393 438 | Preço médio: 65€

Willie’s

The Ocean

Gourmet da Malhadinha

Integrado na Herdade da Malhadinha Nova, este espaço tem a particularidade de

mudar os menus de degustação todas as semanas. A confecção das aprimoradas

receitas está a cargo do chef Vitor Claro, que conta com a colaboração de André

Pires e Vitalina Santos. É um excelente espaço, muito procurado por grupos. Se

reservar com antecedência elaboram pratos de cozinha tradicional alentejana, co-

mo o Galo de Cabidela ou o Ensopado de Borrego. Aos bons sabores alie a escolha

sempre acertada de vinhos de excelente qualidade e encontrará tudo o que precisa

para um almoço inesquecível. As paredes envidraçadas que permitem contemplar

a natureza envolvente fazem deste restaurante um local moderno e requintado.

Herdade da Malhadinha Nova Country House & Spa, Albernoa, Beja

Telefone: (351) 28 496 52 11 | Preço médio: 45€

129 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |

‘Gigantes’ em Luanda Festival Jazz de Luanda

Cucho Valdés e Dianne Reeves foram algumas das fi guras do cartaz deste ano do Festival Internacional de Jazz de Luan-da. Até 1 de Agosto, subiram aos dois palcos do Cine Atlântico artistas do panorama internacional para partilhar com o público angolano a sua música, que teve como elemento agregador a forte componente rítmica africana.

“As expectativas para este ano foram cumpri-

das”. O Festival Internacional de Jazz de Luanda,

que encerrou recentemente a sua segunda edi-

ção foi um sucesso confi rmado. O mentor do fes-

tival, António Cristóvão, director geral da Ritek,

adiantou à Angola’in que o primeiro ano “superou

todas as expectativas”, pois apesar do público se

mostrar “tímido” no arranque do certame, pos-

teriormente “aderiu em massa”. Esta aceitação

dos angolanos motivou a equipa a “aumentar o

número de artistas, bem como a introduzir algu-

mas inovações, como por exemplo a introdução

do CD do festival, que foi comercializado durante

os três dias de shows”. O pianista cubano Cucho

Valdés foi uma das cabeças-de-cartaz da edição

de 2010. Vencedor de sete Grammys e com 83 ál-

buns, o fundador da banda Irakere esteve em An-

gola com um dos seus muitos grupos musicais:

o Cucho Valdés and The Afro-Cuban Messengers,

que fi zeram um grande espectáculo ao som da

rumba. A americana Dianne Reeves foi outra das

presenças confi rmadas. Considerada a melhor

vocalista de jazz feminino no mundo, passou pe-

lo país num momento em que a sua carreira as-

siste à consolidação de vários sucessos, onde se

destacam quatro nomeações para a Melhor Per-

formance de Jazz, tendo vencido um Grammy

Award nesta categoria. A nível nacional, o músico

Waldemar Bastos e o Filipe Mukenga dispensa-

ram apresentações e participam igualmente na

festa do Jazz. De Cabo Verde, chegou a cantora

Lura, que já actuou nos festivais ‘Montreal Jazz

Festival’, ‘Festival de Marseille’ e ‘Garden Nights

Festival’ (Itália). Trabalhou com os angolanos

Bonga e Paulo Flores e com o cabo-verdiano Ti-

to Paris. Os Freshlyground, a banda revelação do

momento, que esteve presente na abertura do

Mundial de Futebol da FIFA e dividiu o palco com

Shakira, também integraram o lote de artistas do

festival. A primeira banda sul-africana que rece-

beu um MTV Europe Music Award, na categoria

‘Best African Act’, apresentou em Luanda o mais

recente CD. No total, o evento contou com doze

músicos oriundos de Cuba, EUA, Inglaterra, Mo-

çambique, Angola, Brasil, Camarões, Zimbabué,

Cabo Verde e África do Sul. O objectivo foi promo-

ver o regresso dos diversos ritmos ao país.

GEORGE BENSON É A NOVIDADEO guitarrista americano, um dos mais notáveis da

década de 70, foi o convidado de honra do Festi-

val Internacional Jazz de Luanda. O artista actuou

durante duas noites (sábado e domingo). A orga-

nização teve uma casa cheia de fãs que admiram

o trabalho de um músico conhecido por conjugar

a sua alma de ‘jazzman’ com a voz funky e soul.

Inseparável da sua guitarra Gibson, Benson ainda

mantém a sua consistência e criatividade e foi sem

dúvida uma das grandes atracções do festival. À

semelhança do último ano, o certame promoveu

workshops musicais nos dias 29 e 30 de Julho, no

Elinga Teatro.

FLASH INTERVIEW

António CristóvãoDirector Geral da Ritek

Qual a fi nalidade do certame?O objectivo é o de promovermos os nos-

sos artistas, tanto em Angola, como além

fronteiras, bem como incentivarmos o in-

tercâmbio cultural entre músicos de várias

origens que abracem várias sonoridades.

Vão actuar convidados oriundos de 10 países, na sua maioria do continente africano. Os sons de África estiveram em destaque nesta edição?Sendo este um festival de um país africano,

a nossa meta foi dar a conhecer ao nosso pú-

blico o que se faz no resto do continente em

termos musicais. Quisemos também criar

um circuito no próprio continente onde

possamos promover os nossos músicos.

Angola é uma nação com tradição ou apetência para o Jazz? Existe audiência para este estilo musical?É um país com apetência para música de

qualidade. A prova disso é o crescente nú-

mero de eventos que ultimamente se orga-

nizam em muitas cidades do país.

CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares

mia couto ‘PAI’ DA LINGUAGEM AFRICANA

130 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES

PERSONALIDADES | patrícia alves tavares

Fui sabendo de mim por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia

fui ficando por umbrais

aquém do passo que nunca ousei

eu vi a árvore morta

e soube que mentia

Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”

lio do moçambicano que mais vende e possui

maior número de livros traduzidos no mundo,

fazem parte ‘Cronicando’ (1988), ‘Terra So-

nâmbula’ (1992) (primeiro romance), ‘Contos

do Nascer da Terra’ (1997) e ‘Um Rio Chama-

do Tempo, Uma Casa Chamada Terra’ (2002).

Em 2001, Mia Couto recebeu da Fundação Ca-

louste Gulbenkian, em Portugal, o Prémio Li-

terário Mário António, uma distinção atribuída

a escritores africanos lusófonos ou timorenses

de três em três anos. O galardão diz respeito à

sua obra ‘O Último Voo do Flamingo’. Foi ainda

o primeiro africano a ser laureado pela União

das Literaturas Românticas. Em Roma, o livro

‘Terra Sonâmbula’ foi eleito um dos 12 melho-

res do continente africano no século XX.

ÁFRICA E A LÍNGUA PORTUGUESAA obra de Mia Couto ‘Cada Homem é uma Raça’

é um excelente exemplo da paixão deste escri-

tor pela ‘terra’ e por África. Além das descrições

que se assemelham a slides sobre as paisagens

continentais, a linguagem usada introduz o lei-

tor num perfeito funcionamento africano da

língua portuguesa. Ele recorre ao que se costu-

ma apelidar de africanidade do discurso, onde

é evidente a harmoniosa mistura de palavras

dos múltiplos dialectos moçambicanos com o

português. Mia Couto marca defi nitivamente a

intenção de credibilizar a linguagem africana/

moçambicana. Membro da CPLP e da lingua-

gem comum que une os povos da comunidade,

o escritor assume um papel activo na promoção

e defesa do português e dos dialectos de cada

país. Mia Couto indignou-se publicamente com

a introdução do novo acordo ortográfi co, que

considera uma ideia resultante de “soluções

folclóricas”, defendendo que há que promover

“uma certa vigilância”. Em declarações à im-

prensa, após um encontro em Maputo sobre o

Dia da Língua e da Cultura da comunidade dos

Países de Língua Portuguesa, o autor sugeriu a

equiparação das línguas moçambicanas com o

português, para que estas se mantenham ape-

sar da suposta redução de ‘falantes’. “Há esco-

las que continuam a proibir os estudantes de

se exprimirem nas suas próprias línguas dentro

do recinto escolar”, revelou, lembrando que to-

dos os países lusófonos têm o desafi o de criar

diversidade sem hegemonia. Aliás, o poeta

lançou recentemente um livro que aborda esta

preocupação: “Recados para dentro de Moçam-

bique: nacionalizar todas as línguas nacionais”.

Há uns meses, explicou na Antuérpia (Bélgica),

durante um congresso, que o peso da língua

portuguesa no mundo depende daquilo que as

nações que têm este idioma como língua ofi cial

fi zerem para se afi rmarem em áreas que não

estão relacionadas com a linguística. Defensor

de que a aproximação entre os países da CPLP

depende sobretudo de outras políticas, afi an-

çou que “o futuro da língua portuguesa é muito

o futuro daquilo que seja a nossa afi rmação -

dos países que falam português -, como países

que podem ter um outro lugar no mundo”.

António Emílio Leite Couto, escritor e jornalis-

ta, nasceu em 1955, na Beira, em Moçambique.

Filho de uma família de emigrantes portugue-

ses, cedo se interessou pelo meio literário, re-

velando um talento invulgar para a escrita.

Integrou a luta pela independência da sua terra

natal, tendo sido membro da Frente de Liber-

tação de Moçambique (FRELIMO). A partir do

25 de Abril, iniciou-se no jornalismo pela mão

de Rui Knopfl i, em ‘A Tribuna’. No mesmo pe-

ríodo foi director da Agência de Informação

de Moçambique (AIM) e colaborou na revista

‘Tempo’. Até 1985, participou no ‘Notícias’ e,

nesse ano, retomou os estudos, acabando por

licenciar-se em Biologia, na Universidade Edu-

ardo Mondlane. Contudo, foi enquanto poeta

que Mia Couto (apelido literário, que surgiu da

paixão pelos gatos e pelo facto do seu irmão

mais novo não conseguir pronunciar correc-

tamente o seu nome) se tornou conhecido do

público africano e português. O primeiro livro

foi publicado em 1983. ‘Raiz de Orvalho’ é uma

compilação de textos de contestação contra o

domínio da poesia militante panfl etária. Três

anos depois, lançou os primeiros contos, es-

treando-se na fi cção e sendo galardoado pela

qualidade do trabalho com o prémio da Asso-

ciação de Escritores Moçambicanos. Do espó-