Upload
comunicare
View
354
Download
18
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Angola é o próximo alvo da Commonwealth. A organização britânica integra um conjunto de países, na sua maioria ex-colónias (excepto Moçambique e Ruanda), que interagem através de parcerias. A estabilidade política e social dos últimos anos despertou o interesse dos empresários da comunidade, que se mostram disponíveis para investir na diversificação económica e para aliviar a dependência do sector petrolífero.
Citation preview
AAlta deefi niçããoRevolucionar o modo como se vê televisão.
É essa a promessa inerente à passagem
do analógico para o digital. Toda uma nova
experiência com o pequeno ecrã, possível
de alcançar até 2013, a que o Governo adere
através de incentivos fi nanceiros
a uma inovação global liderada pelos EUA
MMarkeetting dde guerrrilha
A (re)conhecida ‘batalha’ das marcas assume
hoje contornos mais agressivos, em que
os ‘grandes’ utilizam todos os meios para
alcance dos fi ns. Uma táctica de marketing
que concilia a surpresa, com o inesperado
e que tem garantido o sucesso de algumas
das principais marcas mundiais
GGás naatural,, o desaafi oBP, Chevron, ExxonMobil, Sonangol e Total
uniram-se numa joint-venture para desenvolver
o projecto LNG Angola, a iniciar funções em 2012.
A política do Governo é clara, com o objectivo da
exportação nos comandos. Aumentar as receitas
e produzir energia limpa fazem parte também
da estratégia angolana para o sector
A aproximação da Comunidade Inglesa a Angola revela ‘segredos’, cada vez mais, evidentes - os altos interesses britânicos neste mercado. Um assédio que se estende à CPLP e que abrange 61
nações, com quase dois biliões de pessoas. Sectores como a banca ou as novas tecnologias estão na mira dos investidores ingleses
Economia & Negócios · Sociedade · Turismo Arquitectura & Construção · Inovação & Desenvolvimento · Luxos · Desporto · Cultura & Lazer · Personalidades
ano iii · revista nº13 · 2010700 kwanzas · 7,50 usd · 6 euros
ISSN 1647-3574
SUA MAJESTADE, A COMMONWEALTH
3 IN LOCO · ANGOLA’IN |
A Direcção
in loco
Quem apelida Agosto de ‘silly season’ é por-
que ainda não leu esta edição da Angola’in.
Um número onde as novidades não faltam
e a informação assume posição de destaque
com uma Grande Entrevista a Álvaro Sobri-
nho, presidente do Banco Espírito Santo de
Angola. Ao longo de sete páginas, uma das
principais fi guras da banca nacional revela
em exclusivo os projectos da instituição para
o corrente ano. O balanço de 2009 faz antever
um forte crescimento da entidade em Luanda
e nas províncias, sem esquecer os projectos
sociais que o BESA apoia. Factores que mo-
tivaram o banqueiro a analisar o mercado e o
crescimento económico da última década.
O relacionamento africano com o exterior es-
tá igualmente em relevo. O interesse da Com-
monwealth em Angola é um dos temas a não
perder. A organização europeia, de raiz britâ-
nica, está a aproximar-se, cada vez mais, do
país, sendo que este está no topo das pre-
ferências dos empresários ingleses que an-
seiam por investir nos diversos sectores. E,
(talvez) surpreenda-se, o petróleo não é a
prioridade! O objectivo passa por desenvolver
domínios com potencial de crescimento, que
permitam a diversifi cação económica. O Fun-
do de Negócios Africano tem promovido des-
de 2005 o relacionamento entre empresários
dos dois países, pelo que, actualmente, as-
siste-se à participação do Executivo de José
Eduardo dos Santos em cimeiras organizadas
pela Commonwealth.
E se de petróleo falamos, importa referir que
para aliviar a dependência deste sector, o Go-
verno está a apoiar o projecto LNG (Gás Na-
tural Liquefeito), uma alternativa energética
para reaproveitar os resíduos provenientes da
produção do crude, evitando a sua queima.
De ‘silly’ tem muito pouco!Ao contribuir para a redução da emissão de
gases poluentes, Angola está a dar um passo
decisivo na diversifi cação das suas exporta-
ções. A fábrica entra em actividade em 2012
e terá como principal cliente o mercado dos
EUA. A nível interno, o plano será decisivo pa-
ra a emancipação da província onde está ins-
talado (Soyo), criação de empregos e oferta
de gás natural para consumo doméstico.
Para concluir, fazemos uma retrospectiva
de dois meses memoráveis para o continen-
te africano – Junho e Julho. A organização do
maior evento de futebol da FIFA, o Mundial de
2010, foi um desafi o abraçado com sucesso
pela África do Sul e que ninguém quer esque-
cer. Durante um mês, o mundo focou as aten-
ções na região sul-africana para acompanhar
o evento capaz de unir povos em prol de uma
única bandeira: a do desporto. A Angola’in
não podia deixar de assinalar este marco im-
portante, que representa uma nova etapa pa-
ra o crescimento das nações africanas.
O país e o continente provaram ser capazes
de estar ao nível dos melhores na recepção de
uma prova desta envergadura. Elaboramos,
por isso, um suplemento sobre o Mundial
de Futebol, numa edição de coleccionador.
Queremos que mais tarde recorde os melho-
res momentos e reveja as personalidades de
uma competição que vai fi car na história pe-
los inéditos e recordes superados. Conheça as
caras do jogo, as surpresas e as desilusões, as
estatísticas, o percurso dos novos campeões
(Espanha conquistou o primeiro título) e os
eleitos da FIFA e dos leitores da Angola’in.
Bons motivos para não perder a 13ª edição!
COMUNICARE - PortugalJ&D - Consultores em Comunicação, Lda.
NPC: 508 336 783 | Capital Social: 5.000€
Rua do Senhor, 592 - 1º Frente
4460-417 Sra. da Hora - Portugal
Tel. +351 229 544 259 | Fax +351 229 520 369
Email: [email protected]
www.comunicare.pt
Delegação Angola’inRepresentante: Lisete Pote
Rua Rainha Ginga, nº 228, 2º andar
Mutamba - Luanda - Angola
Tel. +244 923 416 175 | +244 923 602 924
E-mail: [email protected]
revista nº13 - 2010
http://angolain.blogspot.com · http://twitter.com/angolain
Direcção Executiva Daniel Mota Gomes - [email protected]ão Braga Tavares - [email protected]
Direcção Editorial Manuela Bártolo - [email protected]
Redacção Patrícia Alves Tavares - [email protected]é Sibi - [email protected] Vieira - [email protected]
Colaboradores António Gameiro · Celso SobrinhoImpério dos Sentidos · Inglês Pinto João Carlos Costa · Wilson Aguiar
Design Gráfi coBruno Tavares · Patrícia Ferreira [email protected]
Fotografi aLuaty D’Almeida · Midan CampalSXC · Showpress · ShutterstockPaulo Pinto
Serviços Administrativos e AgendaMaria Sá - [email protected]
RevisãoMarta Gomes
PublicidadeTel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369E-mail - [email protected]
Departamento FinanceiroSílvia Coelho
Departamento Jurídico Nicolau Vieira
Impressão PERES-SOCTIP, Indústrias Gráfi cas, SA
DistribuiçãoANGOLA - MN DistribuidoraPORTUGAL - Logista
Tiragem7.500 exemplares—ISSN 1647-3574
DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09—
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,
fotografi as e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer
fi ns, inclusive comerciais
Esta revista utiliza papel produzido e impresso por
empresa certifi cada segundo a norma ISO 9001:2000
(Certifi cação do Sistema de Gestão da Qualidade)
ASSINE ANGOLA’IN1 ANO 4200 KWANZAS / 45 USD / 36 EUROS
6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
a febre das redes sociaisA maioria dos cibernautas já não consegue viver sem elas. As redes que promovem o intercâmbio de informações e o relacionamento virtual entre pes-soas de diferentes países e culturas vieram para fi -car. Conheça o que mudou na vida dos utilizadores da Internet com o aparecimento do Hi5, Facebook, Twitter ou Orkut, formas de comunicação que es-tão a revolucionar o contacto empresarial (interno e com os clientes)
marketing de guerrilha O conceito surgiu na década de 80, mas nunca foi tão utilizado como actualmente. A ferramenta de marketing, inicialmente associada às pequenas empresas com pouco poder económico para inves-tir em publicidade e para projectar-se nos meios tradicionais, transformou-se numa prática recor-rente das grandes marcas. Compreenda de que for-ma o seu negócio pode prosperar com estratégias baseadas no imprevisto e na originalidade
ANGOLA IN PRESENTE
IN LOCO
EDITORIAL
03
10
INSIDE
MUNDO
12
16
SOCIEDADE ECONOMIA & NEGÓCIOS - IN(TO) BUSINESS
36 30
IN FOCO
angola e a commonwealthA aproximação entre o país e a organização de raiz britânica é cada vez mais evidente e consistente. A comunidade pondera um alargamento às nações africanas e o Governo angolano está a trabalhar no sentido de captar investimento. O interesse dos empresários da Commonwealth em Angola visa múltiplos domínios, mostrando-se disponíveis para apostar na diversifi cação económica. Confi ra os moldes desta parceria e o papel do Fundo de Negócios Africano no relacionamento e cooperação entre os dois Estados
20
50
112
FOTOREPORTAGEM
LIVING
7 SUMÁRIO · ANGOLA’IN |
ECONOMIA & NEGÓCIOS
energia limpa
O projecto LNG entra em actividade em 2012. A Angola’in
adianta em exclusivo as particularidades da produção de ener-
gia amiga do ambiente, que será exportada para os EUA. O
gás natural surge como alternativa ao consumo de petróleo e
como forma de diversifi car a economia. O Governo escolheu o
Soyo para implementar a primeira fábrica que vai aproveitar a
queima do crude, convertendo-o num gás menos poluente
TURISMO
relaxar no oceano
A Angola’in sugere um cruzeiro rumo à tranquilidade e ao
multiculturalismo do Médio Oriente. O navio Brilliance of the
Seas inaugurou uma nova rota de luxo, com escalas nos locais
mais emblemáticos das águas do Índico. Para quem prefere
uma experiência em terra fi rme, propomos momentos de re-
laxamento num dos 25 Spas mais caros do mundo. Glamour e
técnicas tradicionais (ou as mais modernas) são o cartão-de-
visita destes espaços, onde o stress não entra
DESPORTO
especial mundial áfrica do sul
Não perca o suplemento do primeiro Mundial de futebol orga-
nizado em solo africano. Numa edição de coleccionador, ofe-
recemos em exclusivo aos nossos leitores um destacável de
15 páginas, onde são recordados os melhores momentos do
evento. Descubra as características que fi zeram da Espanha
a campeã da prova, os melhores atletas, as estatísticas e os
pormenores que vão fi car na história do desporto-rei
ESTILOS
fashion com muito estilo
Não perca as últimas tendências da moda e descubra as co-
res e as roupas mais in para esta estação. Sugestões que lhe
proporcionam um look fantástico seja qual for o momento.
Uma produção fotográfi ca realizada em exclusivo para si, que
mais uma vez não esquece as fragrâncias em voga para esta
época do ano, lançadas recentemente pelas maiores marcas
internacionais.
VINHOS & COMPANHIA
garrafas raras
A pensar nos coleccionadores e apaixonados pela vinicultura, foi
elaborado um especial, onde se destacam os dez vinhos mais
caros de sempre. Acessíveis para poucos, descubra quais os
exemplares que todos desejariam ter na sua garrafeira, seja pe-
la história ou pela qualidade do produto. Certo é que um Roma-
née-Conti pode custar o mesmo que uma viagem às Maldivas
28
62
72
106
126
118 130
129
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
alta defi niçãoO apagão da era tecnológica está agendado para 2013. Este foi o prazo estabelecido pela SADC para que todos os Estados-membros procedam à introdução da Televisão Digital Terrestre. Angola encontra-se a preparar o processo e já anunciou que os custos dos novos conversores serão suportados pelo Estado. Nesta edição, revelamos as funcionalidades da futura tecnologia, que promete oferecer conteúdos em Alta Defi nição (HD) e a possibilidade de gravar os programas
68
VINHOS & COMPANHIA - GOURMET
o melhor de portugal
O litoral luso está em destaque neste número. Tempo de férias
para muitos, a sua publicação oferece-lhe um roteiro dos princi-
pais restaurantes de Portugal. O ponto de partida é a costa da
capital. Descubra os melhores locais de Lisboa e siga viagem até
ao Algarve, onde encontrará áreas gourmet e riquezas gastronó-
micas únicas, disponíveis em espaços inesquecíveis
CULTURA & LAZER
festival jazz luanda
Cucho Valdés e Dianne Reeves são algumas das fi guras de
cartaz da segunda edição do Festival Internacional de Jazz de
Luanda. A Angola’in falou com a organização e revela os por-
menores do certame. Os convidados de luxo prometem uma
forte componente rítmica africana e a superação de todas as
expectativas
PERSONALIDADES
mia couto
Escritor moçambicano, fi lho de portugueses, Mia Couto trans-
põe as suas raízes para as obras. Apaixonado por África, o
continente está constantemente presente nos seus livros.
Conhecido pela africanidade do discurso, é membro activo da
CPLP. Defensor convicto da língua portuguesa e dos dialectos
de cada país, é um autor que não pode perder!
10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
editorial
o degrau que faltava!A necessidade de abertura da economia angolana aos
mercados internacionais forçou o executivo a manda-
tar as três maiores agências mundiais de avaliação
de risco (‘rating’) – a Ficht, a Moody’s e a Standard &
Poor’s (S&P) -, para efectuarem a avaliação de risco
soberano do país. Um primeiro exercício de classifi ca-
ção de risco soberano, que se torna um marco impor-
tante no aprofundamento da integração da economia
do país nos mercados internacionais, uma vez que
melhora o seu estatuto no mercado fi nanceiro global
e na economia mundial.
Como é do conhecimento geral, as avaliações de ris-
co soberano refl ectem a opinião sobre a capacidade
de um país honrar as suas dívidas e a publicação dos
relatórios das agências de “rating” oferece aos inves-
tidores internacionais uma avaliação independente a
respeito do potencial económico de Angola. Facto que
facilita e benefi cia o acesso aos empréstimos inter-
nacionais por parte do Governo, das empresas e das
instituições fi nanceiras nacionais e a atracção de in-
vestimentos para o país.
Nesse sentido, a agência Fitch atribuiu a Angola a
classifi cação B+ e a agência Moody’s atribuiu B1 (que
é equivalente a B+), ambas com perspectiva positiva,
e a agência S&P atribuiu a classifi cação B+, com pers-
pectiva estável. Em termos comparativos, a agência
S&P confere tanto a Angola, como à Nigéria o mesmo
patamar B+, enquanto o Gana, Cabo Verde, Uganda,
Moçambique e Quénia estão classifi cados ou no mes-
mo patamar, ou num patamar inferior.
A perspectiva positiva para Angola, tanto da Moody’s,
como da Fitch, constitui a indicação da existência de
um potencial de elevação do país para uma categoria
BB (a categoria imediatamente superior a B+), num
prazo relativamente curto, caso as potencialidades de
crescimento económico e institucional das agências
se concretizem.
Paralelamente a isto, tratando-se da sua primeira
avaliação, importa referir que a classifi cação de ris-
co soberano de Angola é igual às classifi cações ini-
ciais obtidas por países emergentes como a Rússia e
o Brasil, países que devido às suas realizações econó-
micas e institucionais viram as suas classifi cações de
risco melhorarem rapidamente.
De facto, a primeira classifi cação atribuída pela agên-
cia S&P ao Brasil, em Julho de 2002, foi um B+ com
perspectiva estável (igual à atribuída agora a Angola,
por esta agência). As classifi cações posteriores foram
melhorando e, em Abril de 2008, o “rating” deste pa-
ís era de BBB – com perspectiva estável. O primeiro
“rating” da Rússia, por seu lado, obtido em Dezembro
de 2001, pela S&P foi um B+ com perspectiva positiva
(o mesmo atribuído a Angola pelas agências Moody e
Fitch). As classifi cações seguinte fi zeram evoluir es-
te ‘rating’ para BBB com perspectiva estável, em De-
zembro de 2008.
Segundo os relatórios das agências, a classifi cação de
Angola refl ecte uma visão equilibrada da sua dota-
ção de recursos naturais e das boas perspectivas de
estabilidade macroeconómica, de maior crescimento
económico e desenvolvimento, bem como a neces-
sidade de reforço da sua capacidade institucional do
Governo, que já revela um aumento crescente neste
domínio. As agências apreciaram favoravelmente os
recentes esforços do Executivo para a reconstrução
das infra-estruturas do país, que vêm aumentando a
capacidade produtiva dos sectores não petrolíferos e
contribuindo para superar os constrangimentos rela-
tivos à produção interna.
Positivos são também os esforços de longo prazo para
a consolidação da estabilidade política e as mudanças
constitucionais e institucionais em curso. As agências
enalteceram ainda as medidas aplicadas no âmbito
das políticas fi scal e monetária e para diminuir a vul-
nerabilidade da economia à volatilidade dos preços
do petróleo. A esse respeito, consideram o programa
acordado entre Angola e o FMI, em fi ns de 2009, co-
mo um factor positivo, que espelha a vontade do Exe-
cutivo de seguir adiante com as políticas visando a
normalização dos mercados, a manutenção da
estabilidade macroeconómica e a diversifi cação eco-
nómica.
Finalmente, as agências consideram que a forte re-
toma do crescimento económico, em 2010 e nos anos
futuros, contribuirá para o êxito das medidas do Exe-
cutivo e para que se alcance níveis maiores de diver-
sifi cação económica. Sem dúvida, boas notícias para
Angola atingir o progresso que o país tanto anseia!
| patrícia alves tavares
HUÍLA GERA RECEITAS NO TURISMO O chefe do Gabinete de Informação e Análise dos Serviços de Migração e Estrangeiros, António Samuel
Booka, adiantou que no primeiro trimestre de 2010 a província da Huíla recebeu mais de cinco mil turis-
tas. No total, 5.711 estrangeiros visitaram a região, registando-se um acréscimo de 1.200 em relação a igual
período do ano anterior. Quanto ao perfi l do turista, referiu que são na sua maioria cidadãos portugueses,
chineses, namibianos, sul-africanos, malianos, senegaleses e congoleses-democratas, que procuram novas
oportunidades de negócio para explorar na província. António Booka explicou que o movimento de cidadãos
nacionais e estrangeiros no aeroporto do Lubango regista uma média diária de 206 passageiros (entradas)
e 205 saídas, entre residentes e não-residentes. Durante esse período, a entidade que controla a deslocação
dos cidadãos na fronteira repatriou 31 ilegais.
FMI AUMENTA APOIOO Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou a aprovação de um crédito de 171,5 milhões de dóla-
res para o Governo nacional. O apoio fi nanceiro ao desenvolvimento sobe assim para 514,5 milhões
de dólares. A ajuda foi concedida após a avaliação positiva do desempenho do programa económico
angolano auxiliado pelo acordo “stand-by”. “As autoridades merecem elogio pelo bom começo da
implementação de programas de reforma exaustivos para lidar com os desequilíbrios macro-econó-
micos de Angola”, salientou Murilo Portugal, director adjunto do FMI, que esclareceu ainda que “as
medidas em prática e planeadas oferecem confi ança de que os objectivos do programa podem ser
alcançados”. O Fundo aplaude igualmente a retoma dos leilões de moeda estrangeira. O acordo com
Angola foi aprovado em Novembro de 2009, onde está prevista a atribuição de 1,3 milhões de dó-
lares pelo FMI ao longo de 27 meses. Na primeira revisão, fi cou acordado o incumprimento de duas
metas do acordo: a não acumulação de novos pagamentos atrasados externos e domésticos.
INSIDE
PARCERIA BRITÂNICO-ANGOLANAA necessidade de fomentar uma cooperação entre o parlamento britânico e a Assembleia Nacio-
nal angolana foi recentemente sugerida pelo embaixador inglês Richard Wildash. O diplomata
defendeu que o intercâmbio entre as duas nações é determinante para o fortalecimento da de-
mocracia em Angola, uma vez que a troca de experiências seria útil para o seu crescimento. Por
outro lado, o representante britânico reconheceu que é preciso trabalhar mais para solidifi car o
relacionamento bilateral, que considerou de ‘excelente’. Porém, espera que com a tomada de pos-
se do novo Executivo inglês se dê atenção a novas oportunidades de cooperação, que podem ser
exploradas com sucesso. “Angola encontra-se num momento muito signifi cativo”, contou à agên-
cia de notícias Angop, salientando a evolução vertiginosa em múltiplos aspectos da vida sócio-
económica. Este considerou que as bases políticas são fortes e podem ser ampliadas.
NOVO SHOPPING EM LUANDAA capital vai receber um novo centro comercial
em 2011. O Atrium Nova Vida está localizado
em Luanda Sul e resulta de o investimento de
cerca de 20 milhões de dólares. A obra está
ao cargo da Companhia Angolana de Comércio
(CAC), uma empresa de capital angolano e é
fi nanciada pelo Banco Espírito Santo (BESA).
Este equipamento será o maior shopping do
país e vai albergar 51 espaços comerciais, sub-
divididos em 35 lojas, um supermercado, dez
restaurantes, um banco, três megastores e
uma praça multi-usos. Com quatro pisos, a es-
trutura será inaugurada em Novembro do pró-
ximo ano e, de acordo com os sócio-gerentes,
Mário Pereira e Hailé Cruz, terá como “core bu-
siness” a prestação de serviços, restauração e
lifestyle. O Atrium Nova Vida visa colmatar a
carência de serviços, visto que o crescimento
desta zona não tem sido acompanhado pelas
infra-estruturas. O centro comercial vai criar
600 postos de trabalho directos e indirectos.
GOVERNO ATENTOA ASSIMETRIASAna Dias Lourenço, ministra do Planeamento,
esclareceu que o Estado está preocupado com
as assimetrias económicas regionais, pelo que
se encontra empenhado em desenvolver um
modelo de crescimento que permita colmatar
este défi ce, de forma a possibilitar uma me-
lhor distribuição dos rendimentos e recursos.
Esta questão está incluída nos planos de pro-
gresso anuais e bianuais. A responsável pelo
planeamento acrescentou ainda que as políti-
cas de harmonização do desenvolvimento da
economia contemplam acções de incentivo,
que visam nomeadamente a localização das
actividades produtivas e da prestação de ser-
viços em locais descentralizados dos grandes
centros de negócios. A prioridade governa-
mental respeita à criação de medidas que pro-
movam a descentralização do centro para a
periferia, através da maximização das facilida-
des concedidas. “Os incentivos que o Governo
tem para promover o crescimento económico
passam pelo respeito das vantagens compa-
rativas de cada uma das províncias”, susten-
tou, lembrando que cabe às regiões evidenciar
as suas aptidões específi cas para a imple-
mentação dos estímulos fi nanceiros, fi scais,
cambiais e monetários.
13 INSIDE · ANGOLA’IN |
CGD E SONANGOL EM SINTONIAO banco de investimento promovido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pela Sonangol, que
foi anunciado há cerca de um ano, está “em andamento” mas a um ritmo “marcado pela con-
juntura internacional”. O vice-presidente da CGD, Francisco Bandeira, assegurou que “apesar
da crise fi nanceira, não baixou o ânimo” para a construção da estrutura bancária. Durante uma
visita a Saurimo (Lunda Sul), região conhecida pela extracção de diamantes e onde funciona o
primeiro balcão fora da capital (com a nova marca do Caixa Totta), o responsável adiantou que
estão para breve desenvolvimentos em relação a este processo. “Vamos ter uma aceleração
de processo e é nesse plano que estamos - de recrutamento e formação -, porque um banco
de investimento é mais exigente que um banco de retalho”, frisou, garantindo que a unidade
da CGD e Sonangol terá sede em Luanda e uma fi lial em Lisboa para fortalecer o relaciona-
mento entre os dois países e “abrir cada vez mais portas do mercado português às entidades
angolanas”.
COTAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE RATINGAs três principais agências de notação fi nanceira classifi caram pela primeira vez Angola. Este
é o culminar de um longo processo, que teve inicio em 2009. A Standard & Poor’s cotou o país
com um B+ para longo prazo e um B para curto prazo. A Fitch atribuiu uma classifi cação se-
melhante para longo termo e um ‘outlook’ positivo. Já a Moody’s optou por um rating inferior,
fi cando-se por um B1 “not-prime”. O ministro da Economia, Manuel Nunes Júnior, encarou estes
valores como “muito positivos” porque representam o “bom desempenho da economia” nacio-
nal. “As três classifi cações são praticamente no mesmo sentido”, asseverou, destacando que
as agências apresentam uma “perspectiva positiva da economia angolana”, pelo que “o país
pode, em muito pouco tempo, chegar a níveis superiores de classifi cação”. “Estas classifi cações
revelam o reconhecimento da comunidade internacional relativamente ao avanço da economia
angolana nos últimos anos”, fi nalizou.
FRASA LANÇA FRIGORÍFICO AMERICANOO grupo português Frasa, que além da marca
própria distribui e representa em Portugal as
marcas líderes internacionais, apresentou em
Angola o frigorífi co FFA 540900. Inspirado no
estilo americano, o equipamento está dotado
com tecnologia total “no frost” e “multifl ow”,
display LCD de temperatura electrónico e con-
trolo de humidade e temperatura. Possui ainda
função “supercongelação” com desligar auto-
mático, função de memória em caso de falha
de energia, alarmes (de descongelação, porta
aberta e desligado) e funções “Férias” e “Par-
ty”. Estas novidades colocam este novo mode-
lo no topo da inovação em frigorífi cos. A Frasa
está no mercado nacional desde 2005 e é pre-
sença constante nas feiras FILDA e Constrói
Angola. A marca pode ser adquirida em Luanda
e nas províncias de Lobito e Lubango.
INSIDE
14 | ANGOLA’IN · INSIDE
74 MIL ARMAS RECOLHIDASEM DOIS ANOSO combate ao tráfi co ilícito e proliferação de armamento foi uma das
prioridades para as autoridades nacionais. A exemplo disso, Isma-
el Martins, representante permanente de Angola junto das Nações
Unidas, anunciou que nos últimos dois anos foram recolhidas 74.495
peças. O diplomata lembrou ainda que a par das acções internas, a na-
ção, no que toca a esta matéria, está empenhada a nível sub-regional,
especialmente na Comunidade dos Estados da África Austral (SADC)
e na Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).
Angola continua a apelar aos parceiros internacionais para que pres-
tem todo o apoio necessário para cumprir os objectivos do Programa
das Nações Unidas, que inclui o combate ao tráfi co ilícito de armas li-
geiras e de pequeno calibre.
VISTOS DE DEZ ANOSPARA ESTRANGEIROSO país vai conceder vistos privilegiados de dez anos para investidores
estrangeiros. A iniciativa surge no âmbito das medidas para captar in-
vestimentos exteriores. Será ainda lançado um mecanismo online pa-
ra aproximar os empresários a Luanda. “Depois de aprovado o projecto
(de investimento), o investidor tem direito a um visto privilegiado, mas
desde já alerto que, para benefi ciar desse documento, ele tem, no míni-
mo, que realizar o capital declarado até 80 por cento”, referiu Olim Ne-
to, da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP). O director
argumenta que “sem isso, o investidor não terá o benefício do visto pri-
vilegiado”. Sectores como agricultura, pecuária, transportes, educação,
indústria transformadora, infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias e
aéreas são prioritários. No site da ANIP, estão disponíveis os requisitos
necessários para investir no país e as prioridades governamentais. “Es-
tamos a concluir um link de interacção com os investidores. Não é neces-
sário deslocarem-se a Luanda”, concluiu.
TERMOS PETROLÍFEROSEM DICIONÁRIO O primeiro dicionário em língua portuguesa de termos utilizados
no sector do petróleo foi apresentado em Luanda. A obra, lançada
pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, visa colma-
tar algumas lacunas no âmbito da defi nição de expressões técni-
cas, explicando claramente as terminologias específi cas usadas no
ramo dos hidrocarbonetos. O volume conta com 635 páginas di-
vididas em sete capítulos e contou com a participação da empre-
sa portuguesa de serviços petrolíferos Partex, da Petrobras e do
Instituto de Petróleo e Biocombustíveis. A obra está igualmente
à venda no Brasil e em Portugal e disponível em português, inglês
e francês. Os 900 mil termos comuns no sector dos petróleos sur-
gem por ordem alfabética, incluindo expressões usadas nas áreas
de pesquisa, exploração e produção do crude. Botelho de Vasconce-
los, ministro dos Petróleos, considerou que o dicionário representa
um contributo inestimável para os trabalhadores desta área.
“CENCO” LANÇA LOJAS DE PROXIMIDADEOs municípios e comunas no interior da província do Huambo vão al-
bergar novas lojas de proximidade nos próximos meses. A garantia
foi dada pelo presidente do conselho de administração da Central de
Compras do Estado (“CENCO”), Manuel Maiato, que referiu que o ar-
ranque das obras está previsto para este ano. A entidade prevê ainda
dar início à construção de infra-estruturas de “Urbanismo Comercial”
e proceder ao alargamento dos mercados da rede nos municípios. O
responsável (que coordena também o Programa de Reestruturação
dos Sistemas de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais
à População – Presild) visitou a província para verifi car o estado dos
equipamentos da rede e para reunir com os produtores locais, de mo-
do a preparar acções futuras. Na ocasião, salientou que é “importante
manter contacto com os produtores locais, industriais, agricultores,
pecuários e outros para troca de impressões”. O dirigente espera de-
senvolver em conjunto com os parceiros regionais “mecanismos vi-
áveis de absorção da produção local e estimular os camponeses e
agricultores na província”. Manuel Maiato já visitou o local onde será
construído o “Urbanismo Comercial” e a loja pedagógica “Poupa Lá”,
que está a formar 36 jovens colaboradores.
16 | ANGOLA’IN · MUNDO
| patrícia alves tavares
venezuela
Chávez quer investimento luso“Queremos que aumentem em diversas áreas, como a energética, agrí-
cola, comercial e não só com Portugal, mas com o resto dos países euro-
peus”, anunciou Hugo Chávez, referindo-se à aposta no desenvolvimento
da economia. O presidente da Venezuela explicou num programa de tele-
visão que pretende expandir os investimentos de Portugal e de outras po-
tências europeias no seu país. Na ocasião, lembrou que está prevista uma
visita de José Sócrates, Primeiro-Ministro luso, ao país para discutir e pla-
near a participação das empresas portuguesas na reabilitação e expansão
do porto marítimo de La Guaira, a norte de Caracas. O encontro terá ainda
como objectivo a coordenação de outros planos de investimento conjun-
tos para desenvolver uma série de obras na região venezuelana.
coreia do sul
Comércio suspenso O Governo sul-coreano anunciou que suspendeu todas as trocas comer-
ciais com a vizinha Coreia do Norte. O mesmo princípio aplica-se a in-
vestimentos e circulação de pessoas. O agravamento entre o já difícil
relacionamento entre os dois países foi motivado pelo naufrágio da cor-
veta sul-coreana “Cheonan”, a 26 de Março, onde morreram 46 dos 104
tripulantes. “Insto solenemente as autoridades da Coreia do Norte a pe-
direm imediatamente desculpas à República da Coreia [do Sul] e à comu-
nidade internacional”, referiu o Presidente sul-coreano, Lee Myung-bak,
em declarações transmitidas pelas televisões. Recorde-se que Seul acu-
sa directamente o regime de Pyongyang pelo incidente, após uma co-
missão internacional de peritos ter concluído que o navio foi atingido por
um torpedo lançado por um submarino norte-coreano. Pyongyang nega
veementemente a acusação. O chefe de Estado sul-coreano adiantou
que vai levar a questão ao conselho de Segurança das Nações Unidas,
onde pretende obter a aprovação de mais e reforçadas sanções contra a
economicamente debilitada Coreia do Norte. Face à retaliação de Seul, a
Coreia do Norte agudizou a retórica, avisando que disparará contra equi-
pamento que a Coreia do Sul planeia instalar para difundir mensagens
negativas sobre a Coreia do Norte.
irão
Troca de combustível nuclearAli Akbar Salehi, chefe da agência nuclear iraniana, concordou com a
proposta de Teerão de entregar 1200 quilos de urânio enriquecido a
3,5 por cento (com potencial para criar uma bomba atómica se depu-
rado ao máximo do seu estado de pureza) à Turquia, em troca de 120
quilos de combustível nuclear enriquecido a 20 por cento para alimen-
tar o reactor de pesquisa médica iraniano. O documento assinado pelo
responsável foi entregue à Agência Internacional de Energia Atómi-
ca (AIEA). O acordo de troca de combustível foi mediado pelo Brasil
e Turquia. O dirigente explicou que o entendimento entre as nações
representa um forte progresso no impasse das negociações em torno
do polémico dossier atómico iraniano, que duraram meses. Ali Akbar
Salehi confi rmou a entrega da missiva, após uma reunião entre a de-
legação do país e o chefe da AIEA, Yukiya Amano, que decorreu em
Veneza. Várias potências ocidentais olham com alguma desconfi ança
para o desenrolar dos acontecimentos, temendo que Teerão possa de-
senvolver armas nucleares.
tecnologia
Toyota produz carros eléctricosO maior fabricante de automóveis do mundo vai investir numa par-
ceria norte-americana para produzir veículos eléctricos. No total, a
Toyota vai disponibilizar 50 milhões de dólares numa joint-venture
com a Tesla Motors, fi cando com 2,5 por cento do capital. A compa-
nhia americana, que produz apenas 15 carros por semana, vai fabricar
o novo modelo eléctrico. O local escolhido é uma unidade próxima de
São Francisco, adquirindo uma nova capacidade produtiva. Já a marca
nipónica obtém acesso à experiência da Tesla, no domínio da produ-
ção de baterias eléctricas.
MUNDO | patrícia alves tavares
17 MUNDO · ANGOLA’IN |
ciência
Primeira vida artifi cialA revista Science publicou o resultado de um
estudo em que uma bactéria, comandada por
uma molécula de ADN sintético, conseguiu
reproduzir-se da forma mais natural. As im-
plicações e aplicações deste resultado são
em parte desconhecidas. Os microrganismos
foram criados a partir dos seus componen-
tes genéticos elementares. A vida artifi cial
foi concebida “a partir de quatro frascos de
compostos químicos”. A descoberta foi de
Craig Venter. O conhecido “caça-genes” nor-
te-americano inaugura ofi cialmente, em co-
laboração com os colegas, a “era da biologia
sintética”. “Esta é a primeira célula sintética
jamais fabricada e dizemos que é sintética
porque a célula é totalmente derivada de um
cromossoma sintético”, afi rmou Venter. O
processo é o resultado de uma pesquisa que
dura há mais de 15 anos e já custou 40 mi-
lhões de dólares.
frança
Clássicos do cinema Os liceus franceses vão dispor de um cine-
clube virtual com 200 títulos do cinema clás-
sico, que vão desde ‘O Desprezo’ a ‘Citizen
Kane’. As películas serão incluídas nas aulas
de Literatura ou História e estarão disponí-
veis para serem mostradas aos alunos em
aulas extras. O programa, intitulado ‘Ciné-
lycée’ deverá entrar em vigor no próximo ano
lectivo, que tem início em Setembro. A ini-
ciativa surge no seguimento da reforma das
escolas secundárias, delineada pelo Presi-
dente da República, Nicolas Sarkozy, que no
ano passado alertou para a necessidade de
se “desenvolver o seu olhar crítico [alunos] e
ancorar a sua relação com a imagem em mo-
vimento numa herança cultural”.
reino unido
Cheques-bebé canceladosO novo plano para encurtar o défi ce público no Reino Unido estabelece a eliminação dos che-
ques-bebé e a suspensão de novas contratações na função pública. Com estas medidas, o Exe-
cutivo britânico prevê reduzir a despesa em sete mil milhões de euros. Para alcançar esse valor,
constam ainda do plano a poupança de 1,15 mil milhões de euros em consultoria e viagens e cer-
ca de 2,3 mil milhões de euros em informática, material e imobiliário. O Ministério das Finanças
inglês admitiu que poderá economizar 810 milhões de euros na limitação das contratações e
eliminação de institutos e organizações públicas. O pacote de austeridade limita ainda o orça-
mento do Ministério da Economia para 790 milhões de euros e do Ministério da Administração
local para 903 milhões de euros. Os restantes ministérios serão igualmente afectados pelos
cortes de verbas. No total, o responsável pelas Finanças, George Osborne, esclarece que serão
encaixados 7,5 mil milhões de euros, que eram considerados como “despesas inúteis” no sec-
tor público. Contudo, 579 milhões de euros serão “reciclados” e reencaminhados para outras
áreas. Recorde-se que o Governo de coligação entre conservadores e democratas liberais está
em funções há menos de um mês, o que levou o ministro das Finanças a congratular-se por ter
procedido à “mais rápida e abrangente revisão de despesas na história recente”.
ONU
Um milhão de espécies catalogadasA ONU apresentou no Quénia, numa conferência sobre biodiversidade, a lista mais completa
sobre as espécies de animais. O Catálogo da Vida 2010 contém mais de 1,25 milhões de espé-
cies e pretende ajudar a desmistifi car este mistério. Recorde-se que as estimativas actuais
apontam para valores que oscilam entre os dois e os cem milhões de espécies, existindo, no
entanto, para a ciência apenas 1,9 milhões de descobertas. Reconhecido pela Convenção para
a Diversidade Biológica, esta lista é a mais completa de sempre, contando com um espólio de
1,257,735 de tipos de plantas, animais, fungos e microrganismos, com um total de 2,369.883
nomes que lhe estão associados. O trabalho, que resulta do esforço de 82 organizações mun-
diais, foi coordenado pelo Frank Bisby, da Escola de Ciências Biológicas da Universidade britâ-
nica de Reading. O documento está disponível na Internet gratuitamente.
18 | ANGOLA’IN · MUNDO
MUNDO
vanguarda
Google TVA novidade do gigante tecnológico Google foi
apresentada em São Francisco. A Google Tv
foi anunciada durante um evento destinado
a programadores e marca uma nova etapa no
crescimento do maior motor de busca. O mais
recente produto assume-se como uma “te-
levisão que se encontre com a Web e a Web
se encontre com a televisão”. A aposta neste
segmento deve-se ao facto de se estimar que
quatro milhões de pessoas vêem televisão em
todo o mundo. Os últimos dados indicam que
outros tantos consultam diariamente a Inter-
net, o que signifi ca circulação de avultadas
quantias monetárias. O facto de um número
crescente de utilizadores procurar a Web em
detrimento da própria televisão esteve na ba-
se do conceito da Google Tv. A plataforma vai
funcionar através de uma caixa de texto que
aparece directamente no ecrã da TV, possibili-
tando que os utilizadores procurem o progra-
ma ou vídeo que pretendem, tudo a partir de
diferentes canais de televisão do serviço de
cabo detido pelo cliente ou a partir da Inter-
net. Com o novo equipamento será permiti-
do alugar ou comprar programas da Amazon
on Demand ou procurar episódios das séries
preferidas no conhecido site Hulu. A procura
é possível mediante a utilização de um dispo-
sitivo semelhante a um tablet. O dispositivo
permite visualizar videoclips do Youtube atra-
vés do grande ecrã, actualizar o Twitter ou o
Facebook ou simplesmente assistir a um pro-
grama de televisão tradicional.
“A Google Tv é uma nova plataforma que vai
mudar o futuro da televisão”, anunciou Rishi
Chandra, um dos responsáveis da empresa
tecnológica, lembrando que o ecrã televisivo é
o mais indicado para a maioria dos conteúdos,
devido às suas dimensões e luminosidade.
comissão europeia
Mercado único de banda larga para toda a UEO novo plano de telecomunicações apresentado pela Comissão Europeia prevê um mercado
único de telemóveis para toda a União Europeia, com tarifas mais baixas e acesso de todos à
Internet de banda larga móvel. O prazo estabelecido para alcançar a meta é até 2015. De acor-
do com o jornal Le Figaro, no caso dos telemóveis, a entidade pretende instituir um mercado
único de chamadas, obrigando inevitavelmente a uma redução das actuais tarifas, descartando
o pagamento do roaming. O plano da estratégia digital indica ainda que a totalidade dos euro-
peus tenha acesso à banda larga até 2013 e que, em 2020, metade dos lares europeus possam
aceder a ligações com mais de 100 Mbps. Com estas medidas, o organismo está confi ante de
que será possível “regular as normas de comércio electrónico”, através da “harmonização dos
sistemas fi scais dos serviços online” europeus.
cannes
Palma de Ouropara WeerasethakulO realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul foi
o vencedor da Palma de Ouro do 63º Festival de Can-
nes. O seu fi lme “Uncle Boonmee Who Can Recall His
Past Lives” valeu-lhe o prémio e explora temas rela-
cionados com a reencarnação, recorrendo a uma perso-
nagem que confronta a morte iminente. Javier Bardem
e Elio Germano receberam em “ex-aequo” o galardão
de melhor actor masculino. O primeiro foi reconhecido
pela interpretação em “Biutifi l” e o italiano pelo
desempenho em “La Nostra Vita”. Juliette
Binoche foi premiada com a melhor
interpretação feminina pelo seu
papel em “Copie Conforme”. O
francês Mathieu Amalric foi
vencedor do prémio de reali-
zação pela longa-metragem
“Tournée”.
IN FOCO | patrícia alves tavares
20 | ANGOLA’IN · IN FOCO
Commonwealth Ingleses procuram
oportunidadesA presidência da Comunidade de Pa-
íses de Língua Portuguesa (CPLP)
pode ser o mote para fomen-
tar o relacionamento entre os
Estados-membros da co-
munidade lusófona e da
organização de raiz bri-
tânica. Angola, enquan-
to líder dos países de
expressão portuguesa,
está a trabalhar numa
maior aproximação en-
tre as nações africanas
e a Commonwealth. O
interesse é recíproco,
visto que várias empre-
sas (sobretudo inglesas)
têm mostrado vontade de
cooperar. A região angola-
na surge no topo das prefe-
rências enquanto destino mais
atractivo para o investimento euro-
peu. Nesse sentido, o Conselho de Ne-
gócios da Commonwealth tem promovido,
em conjunto com o Executivo de José Eduardo
dos Santos, múltiplos eventos vocacionados para
o intercâmbio de in-
formações entre as
diversas entidades
e áreas de negócio,
com a fi nalidade pri-
mordial de estimular
o sector económico
angolano. Empresas
de renome interna-
cional e instituições de fi nanciamento internacio-
nal têm participado em reuniões (em Londres e
Luanda) para defi nir formas de cooperar com as
autoridades nacionais e canalizar os orçamentos
para as áreas com maior potencial de crescimen-
to. Para tal, tem contribuído o Fundo de Negócios
Africano (ABF), inaugurado em 2005 para promo-
ver o diálogo e cooperação entre os sectores pú-
blico e privado que pretendem investir em África.
A Commonwealth é composta por um conjunto
Angola é o próximo alvo da Commonwealth. A organização britânica integra um conjunto de países, na sua maioria ex-colónias (excepto Mo-çambique e Ruanda), que interagem através de parcerias. A estabilidade política e social dos últimos anos despertou o interesse dos empresários
da comunidade, que se mostram disponíveis para investir na diversi-fi cação económica e para aliviar a dependência do sector petrolífero.
de 54 nações (na maioria ex-colónias do Reino
Unido), integrando mais de dois biliões de habi-
tantes. O elemento mais recente é o Ruanda, pa-
ís africano de língua francesa admitido no fi nal de
2009. Inicialmente implementada com o objecti-
vo de unir as diferentes raças, tendo por base a
língua inglesa, rege-se actualmente por um con-
junto de Declarações e está sedeada em Londres,
próximo do Palácio de Buckingham, residência
ofi cial da Rainha Isabel II, chefe da instituição. A
associação é um importante veícu-
lo de educação e de consolida-
ção dos ideais democráticos.
Foi decisiva no acompa-
nhamento do processo de
instauração da demo-
cracia em Moçambi-
que. Actualmente, os
países da comunida-
de representam cer-
ca de 30 por cento do
comércio mundial.
O protagonismo an-
golano tem con-
tribuído para uma
série de encontros en-
tre representantes dos
principais sectores da
economia nacional e em-
presários ingleses. Por outro
lado, assiste-se por parte do
Governo a um crescente interesse
em informar e mostrar as potencia-
lidades do país aos eventuais parcei-
ros europeus. Após várias participações em
conferências, coloca-se a seguinte questão: es-
tará para breve uma
adesão de Angola à
Commonwealth?
BRITÂNICOS CATI-VADOSQuando Aguinaldo
Jaime, presidente da
Agência Nacional pa-
ra o Investimento Privado (ANIP), e Aníbal Silva,
vice-ministro dos Petróleos, discursaram no ABF,
o público mostrou total pretensão pelo país. A
palestra terminou uma hora depois do previsto
devido ao elevado número de dúvidas que foram
colocadas. “É possível ver o interesse que o mer-
cado angolano está a despertar em muitas em-
presas, que têm várias perguntas a fazer sobre
a economia, o quadro regulador, os incentivos, as
difi culdades e as vantagens”, verifi cou Aguinaldo
21 IN FOCO · ANGOLA’IN |
“É possível ver o interesse que o mercado angolano está a despertar em muitas empresas [inglesas], que têm várias perguntas a fazer sobre a economia, o quadro regulador, os incentivos, as difi culdades e as vantagens”, verifi ca Aguinaldo Jaime
Jaime, que revelou que será estabelecido um qua-
dro com o Commonwealth Business Council (CBC)
para a troca de visitas de empresários entre os
dois países.
O interesse inglês extravasa as potencialidades
do petróleo. A aposta recai em áreas que pos-
sam diversifi car a economia nacional, detentoras
de potencial para se desenvolver e gerar lucros,
afastando progressivamente a excessiva depen-
dência e o peso que o crude tem na balança das
exportações. As áreas das infra-estruturas - ha-
bitação social, construção e saneamento básico
- são as mais procuradas pelos futuros parcei-
ros. “Há várias empresas que querem participar
no projecto do Governo de um milhão de casas,
que têm tecnologias de construção rápida, bara-
ta e também segura”, adiantou à comunicação
social. Em destaque, esteve o interesse das ins-
tituições fi nanceiras como bancos e fundos priva-
dos que querem estabelecer-se em Angola. Um
nicho de mercado que a ANIP quer conquistar. Daí
ter-se apresentado com a estratégia de captar
investimentos “fora do sector mineral para criar
empregos e não tornar a nossa economia tão de-
pendente de apenas uma matéria-prima”.
Aníbal Silva salienta que o petróleo continua na
agenda da diplomacia, sendo uma peça impor-
tante nas parcerias com o exterior. O vice-minis-
tro dos Petróleos lembrou que há investidores.
Contudo, acrescenta que o gás natural começa
a ganhar adeptos e a tornar-se numa alternativa
energética. “Há muita gente interessada no gás”,
frisou, referindo que o projecto Angola LNG está
“em curso bastante avançado”.
A Índia, membro da Commonwealth está igual-
mente à espera de uma oportunidade para estrei-
tar a cooperação política e económica. Agricultura
e educação são as áreas escolhidas. O país asiáti-
co tem acolhido bolseiros para cursos de curta du-
ração nas tecnologias da informação e da língua
inglesa. A meta é alargar a formação para profes-
sores, engenheiros petrolíferos e agrónomos. A
Índia participa igualmente no projecto de cons-
trução do parque de desenvolvimento industrial
e na reabilitação de uma fábrica têxtil.
MERCADO PROMISSOR“Há vários pedidos de empresas (que estão se-
deadas em Londres) de informação sobre o am-
biente de negócios em Angola, a estratégia do
Governo, as oportunidades que existem neste
momento no mercado”, adiantou o presidente da
ANIP, Aguinaldo Jaime, em entrevista à agência
portuguesa de notícias Lusa. Para responder às
dúvidas, o responsável participou no Fórum de
Negócios África G8, organizado pelo Conselho de
Negócios da Commonwealth e que decorreu em
Londres, em Julho. É evidente o desejo do país em
aproximar-se da Commonwealth. O alvo são os
investidores e empresários ingleses. O Governo
tem sido incansável na actualização e credibiliza-
ção das informações sobre o país, uma vez que os
dados difundidos estão muitas vezes “ultrapas-
sados – pertencem ao passado, nomeadamente
aos tempos em que ainda estávamos em guerra”
ou não estão “muito correctos”.
Interessados em apresentar ao exterior uma boa
imagem, os responsáveis governamentais são
presença assídua nos principais eventos da comu-
nidade. A delegação da Assembleia Nacional es-
teve presente na III Conferência Internacional de
Parlamentares da Commonwealth, que decorreu
em Londres, sob o tema das alterações climáti-
cas. A deputada Ana Maria de Oliveira interveio
na reunião, abordando questões relacionadas com
a vulnerabilidade e variabilidade do clima. O vice-
ministro britânico dos Negócios Estrangeiros pa-
ra África, Henry Bellingham, tem agendada uma
visita ao continente africano para 2011, devendo
passar por Angola em Fevereiro, dado o grande
potencial do país e a importância em fortalecer o
relacionamento entre as duas nações. O respon-
sável alegou que o Governo de coligação do Reino
Unido quer melhorar o comércio bilateral, argu-
mentando que o seu país pode dar um contribu-
to importante para sectores da engenharia civil,
energia, processamento de alimentos e ensino
da língua inglesa. “Angola é um mercado muito
promissor”, confi rmou Bellingham, que defende
a criação de um fórum de negócios Angola-Reino
Unido.
CPLP A Commonwealth vê no fortalecimento do rela-
cionamento bilateral com Angola uma porta de
entrada para futuras parcerias com nações emer-
gentes da Comunidade de Países de Língua Por-
tuguesa. O embaixador britânico em Angola,
Richard Wildash, sugere mesmo que o país traba-
lhe, durante a sua presidência da organização lu-
sófona, para uma efectiva cooperação entre CPLP
e Commonwealth. O responsável apresentou a
ideia durante um encontro com Osvaldo Varela,
director para a Europa do MIREX, Paulo Jorge, se-
cretário para as relações exteriores do MPLA e os
chefes das Missões Diplomáticas em Angola dos
países membros da organização. Wildash apon-
tou a boa governação, a responsabilidade pública,
o combate à corrupção e o respeito pelos direitos
humanos e a aposta na transparência como va-
lores defendidos pelo organismo e que estão nas
prioridades da liderança angolana na CPLP. Escla-
receu ainda que a comunidade não é uma organi-
zação introvertida. Esta procura estabelecer laços
com outras entidades e parceiros que defendam
os mesmos valores, lembrando que os membros
da organização britânica e Angola têm uma visão
comum, mostrando-se dispostos a acompanhar o
Governo nos projectos de desenvolvimento.
a commonwealth
Sem uma constituição escrita, a organização nasceu em 1931 para unir raças e
diferentes culturas. Rege-se por acordos e Declarações, adoptadas ao longo das cimeiras
de chefes de Estado dos países membros, que se reúnem quatro vezes por ano para
discutir questões relacionadas com a comunidade. É formada por 54 nações, a maioria
independente, incluindo algumas que ainda mantêm laços políticos com o Reino
Unido. Inicialmente, a Commonwealth destinava-se a promover a integração das ex-
colónias, concedendo benefícios e facilidades comerciais. Com a independência da
Índia, a organização viu-se obrigada a uma reforma radical. A sua principal função
respeita à promoção da educação e dos ideais democráticos. Está independente de
qualquer função política, apesar de esta ser exercida nos bastidores da instituição.
22 | ANGOLA’IN · IN FOCO
IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO
CPLPmais perto daCommonwealth Com Angola na presidência da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), as relações
entre a CPLP e a Commonwealth vão fi car mais
próximas. O país africano pode unir as duas mar-
gens através de uma ponte com 61 nações, com
quase dois biliões de pessoas.
A Commonwealth, desde a sua criação em 1931,
tem historicamente por objectivo promover a
integração entre as ex-colónias do Reino Unido,
concedendo benefícios e facilidades comerciais.
Mas as suas metas mudaram, desde a assistên-
cia educacional aos seus países-membros à har-
monização das suas políticas. Actualmente, os
Estados da Comunidade representam cerca de
30 por cento de todo o comércio mundial.
Em contrapartida, a Comunidade de Países de
Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em Julho de
1996 com a fi nalidade de aproximar e valorizar
as oito nações membros, todas ex-colónias por-
tuguesas, onde o idioma é o elo de ligação desta
associação Lusófona. Ao longo do seu percurso,
a sua infl uência tem vindo a ser notória. Pas-
sou de um mero observador a um intervenien-
te sempre presente nas situações mais difi ceis.
‘As velhas economias como Portugal e Reino Unido podem dar o Know-How e a tecnologia e as nações emergentes os recursos naturais’
e Índia. Estas economias podem catapultar as
comunidades onde estão inseridas, se os objec-
tivos forem postos em prática de acordo com os
estatutos. As velhas economias como Portugal
e Reino Unido podem dar o Know-How e a tec-
nologia e as nações emergentes os recursos na-
turais. Estas parcerias são fundamentais para
ambos, visto que existem excesso de recursos
humanos altamente qualifi cados na Europa e
defi cite nos restantes continentes.
As duas organizações são compostas na sua
maioria por antigas colónias de Portugal e Reino
Unido, pelo que na maioria os problemas e difi -
culdades são comuns aos Estados-membros.
O ano de 2010 pode ser o início de uma parceria
de sucesso ao nível das comunidades e para os
elementos que as integram.
joão carlos costa partner da jobfair global search & associates, portugal
Actualmente, pretende-se estender esta parce-
ria a objectivos mais ambiciosos, nomeadamen-
te politícos e economicos.
A IMPORTÂNCIA DE ANGOLA NA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE INGLESA
O país mantém relações privilegiadas com a
Commonwealth. Nos últimos tempos, o Governo
tem promovido eventos de promoção ao investi-
mento, para empresas de Estados-membros da
comunidade britânica, com vista a estimular o
desenvolvimento económico de Angola.
Os recursos naturais e o potencial do mercado
nacional podem aproximar duas comunidades
que ao longo da sua existência têm estado de
costas voltadas. Este relacionamento pode ser
vital para o mercado e para o futuro da CPLP,
já que existem sinergias praticamente em to-
dos os continentes, como é o caso de Portugal
e do Reino Unido, ambos elementos da União
Europeia.
Nas duas comunidades existem países com
economias emergentes e com potencial a ní-
vel global, como é o exemplo de Angola, Brasil
IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO
Sem fronteiras, nem barreirasSe o exemplo da francofonia foi diversas ve-
zes citado em muitos textos que trataram da
criação da CPLP, é bom registar que a estrutura
da Commonwealth, que congrega 53 paises em
vários continentes, parece-nos ser um modelo
aparentemente inspirador, ao qual poderemos
buscar ensinamentos no campo da cooperação,
da economia e da politica, a par do campo da
língua e da cultura.
Sendo a Commonwealth, uma organização que
defende príncipios tais como o da boa gover-
nação, o do respeito pelos direitos humanos,
o do combate à corrupção, o do fortalecimen-
to da transparência e da responsabilidade pú-
blica, sublinho que devem ser áreas prioritarias
para o Governo. Estes são príncipios que pres-
supõem uma melhoria da economia e conse-
quentemente do nível de vida dos cidadãos.
O mundo hoje enfrenta outros problemas que
na sua maior parte se devem ao próprio evoluir
das nações e às contrariedades decorrentes da
aplicação dos princípios ordenadores de cada
Nação. Pela génese da sua origem é uma or-
ganização para a qual pouco sentido faria uma
Commonwealth para Angola. É pela evolução
dos povos, e com eles as nações, que se jus-
tifi ca algum sentido nesta intenção. Leve-se
em conta a pretenção da Guiné Equatorial para
com a CPLP.
Assim sendo, a questão é simples de se com-
preender, pois o objectivo está implícito nos
princípios actuais que norteiam as Organiza-
ções Internacionais, como é a Commonwealth.
Realidades como a pobreza, corrupção, guerra,
alterações climáticas, destruição do ambien-
te, etc, serão as razões-base para justifi car a
solução para cada um desses problemas, que
passa, isso sim, e de uma forma mais alargada
e séria, por uma cooperação a nível mundial.
Neste âmbito e por essa razão, cairão todos os
atributos para as quais as organizações foram
criadas - para que as nações se convirjam num
só ponto: bem-estar do planeta, a sua segu-
rança e logenvidade.
celso sobrinho assessor de migração do consulado geral da república de angola no porto
24 | ANGOLA’IN · IN FOCO
25 IN FOCO · ANGOLA’IN |
IN FOCO ARTIGO DE OPINIÃO
Passaram mais de quatro décadas desde que a
célebre máxima do estadista português, “orgu-
lhosamente sós”, fez história no mundo políti-
co-diplomático, no sentido negativo. É evidente
que, se na altura era em todo inconcebível tal
declaração, com as consequências políticas e
sociais que todos conhecemos, hoje, por maio-
ria de razão, o isolamento voluntário em nada
contribui para o desenvolvimento socioeconómi-
co e para a afi rmação política dos Estados e dos
Povos. Pelo contrário, a interdependência das
economias actuais, num mundo cada vez mais
globalizado (contudo mais desigual), é um facto
incontornável. A cooperação bilateral e multila-
teral está no topo da agenda política dos Esta-
dos, na promoção e na implementação de acções
de concertação e de harmonização, em busca da
complementariedade das economias, estas são
constatáveis no seio de organizações multina-
cionais, umas mais homogéneas que outras. Al-
gumas tão heterogéneas e pouco expressivas em
função dos interesses dos povos, em nome de
quem são pomposamente proclamadas que, co-
mo alguns afi rmam, com o devido respeito, não
passam, em termos práticos, de organizações de
chefes de Estado e de Governos, tertúlias de po-
líticos que exercem o poder, assumindo-o em al-
guns casos como seus sindicatos.
Em muitos casos, estas instituições procuram a
cooperação com outros Estados, não obstante
o facto de, por razões diversas, não serem seus
membros. Não se trata de integração, a exem-
plo da já polémica adesão da Guiné Equatorial
à CPLP, sobre a qual temos posição clara, face à
nossa qualidade, enquanto juristas, advogados
membros do observador consultivo desta orga-
nização – a União dos Advogados de Língua Por-
tuguesa (UALP). Além disso, esta postura é um
corolário lógico da aplicação dos princípios pa-
tentes nos estatutos das nossas Ordens e nas
constituições dos nossos Estados, com maior ou
menor abrangência. Há que ser coerente com os
princípios plasmados nos seus estatutos e anali-
sar a conformidade entre a prática política e so-
cial do membro ou candidato, a exemplo do que
faz a União Europeia. No entanto, tudo leva a
crer que outros interesses se sobrepõem a este
critério. Se o lema ‘solidariedade na diversida-
de’ é bastante feliz, impõe-se pensar a amplitu-
de desta diversidade, em função de valores que
orientam a CPLP, em regra coincidentes com os
que são hoje património universal, em sede do
respeito pela dignidade humana.
Pronunciamentos políticos no sentido de paí-
ses membros da Commonwealth estabelecerem
parcerias e protocolos de cooperação com Angola
em diversos domínios - não se tratando de uma
adesão tal como aconteceu com Moçambique
em 1995 e o Ruanda em 2009 -, em nosso enten-
der têm razão de ser. Senão vejamos:
1. Os recursos naturais com que a natureza ba-
fejou o território angolano versus a procura das
principais commodities. Os indicadores de cres-
cimento económico são em si factores sufi cien-
temente atractivos.
2. A estabilidade política, condition sine qua
non para o investimento; o desenvolvimento e
bem-estar geral, são dados adquiridos, após de-
zenas de anos de guerra civil.
3. O posicionamento geopolítico do país na re-
gião, membro da SADC e cuja maioria dos seus
integrantes fazem parte da Commonwealth. A
sua posição de “ponte” entre a SADC e a Comu-
nidade do Estados da África Central (maioritaria-
mente membros da francofonia), sem falarmos
do seu importante e internacionalmente reco-
nhecido papel político-diplomático na estabiliza-
ção da região dos Grandes Lagos.
4. Para os membros mais rigorosos da Com-
monweath, no que se refere ao respeito pelos
direitos humanos, já que na diplomacia as suas
exigências vão para além dos interesses estri-
Cooperação possívele necessária
tamente económicos, parece-nos, com alguma
lógica e legitimidade, confortados no plano ju-
rídico-constitucional, com os ganhos que, nes-
te domínio, são visíveis em Angola, salvo alguns
actos passíveis de fácil supressão, dependendo
apenas de vontade política de uns e maior toma-
da de consciência de outros.
5. O relativo ascendente e protagonismo polí-
tico de Angola são uma boa base para o estabe-
lecimento da ponte entre a Commonwealth e a
CPLP. Não se é de menosprezar o papel de Mo-
çambique, como país membro de ambas as or-
ganizações.
6. A presidência da CPLP, o seu papel na organi-
zação dos Estado do Golfo da Guiné e na SADC.
Por estas e demais razões, parece-nos positi-
va esta aproximação, que deverá passar de me-
ras intenções para acções concretas, mediante
acordos de cooperação, parcerias credíveis
(com reciprocidades de vantagens), imple-
mentação de projectos de investimentos que
deverão ter, como é evidente, uma forte com-
ponente de capacitação de recursos humanos,
que é uma reconhecida debilidade de Angola.
Podemos assegurar que a cooperação entre a
Commonwealth, os seus membros, Angola e
a CPLP é não apenas possível, mas inquestio-
navelmente necessária, num mundo cada vez
mais globalizado, desde que em benefi cio dos
seus povos.
inglês pintobastonário da ordem dos advogados, angola
angola/cplp vs commonwealth
28 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
ECONOMIA & NEGÓCIOS | patrícia alves tavares
O desejo de investimento da Commonwealth
volta a relançar o debate sobre a necessidade de
diversifi car a economia, apostando em áreas que
diminuam a dependência do petróleo e das su-
as oscilações no mercado. Recorde-se que a crise
nacional se deve em parte a esta centralização e
ao modelo de gestão assente na riqueza do cru-
de. O Governo está a actuar e a canalizar os orça-
mentos para áreas alternativas. É o caso do gás
natural, que está a conquistar adeptos.
O número de empresas interessadas em partici-
par na exploração e produção da ‘energia limpa’
não pára de crescer. O projecto Angola LNG (Gás
Natural Liquefeito) ainda se encontra na fase de
implementação (arranque previsto para 2012),
mas já é um sucesso. Apesar de depender da ex-
tracção do petróleo, a sua sustentabilidade e o
facto de ser ecológica fazem desta energia uma
Energia limpa, com baixas emissões de gases de estufa, sus-ceptível de ser exportada, segura e amiga do ambiente. Estas são apenas algumas das vantagens do Gás Natural Liquefeito (LNG). O Governo encontrou nesta alternativa uma forma de aproveitar os resíduos da produção de petróleo, evitando a sua queima e reutilizando para um combustível que aproveita os re-cursos naturais e dá lugar a diversos produtos mais efi cientes.
‘O projecto é uma “joint-venture” que conta com parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%), ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total (13,6%)’
Projecto LNGGás Natural Ecológico
fonte de riqueza a longo prazo.
O projecto é uma “joint-venture” que conta com
parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%),
ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total
(13,6%). Avaliada em mais de 17 mil milhões de
dólares, a produção de LNG deverá alcançar os
cinco milhões de toneladas de metros cúbicos
por ano. Os primeiros carregamentos estavam
previstas para 2010, mas devido a atrasos tal
poderá acontecer nos próximos meses. De acor-
do com um relatório do Banco Mundial, cerca de
85 por cento do gás natural do país é produzido
em simultâneo com o petróleo, sendo uma par-
te queimada. O plano visa transformar o gás na-
tural dos reservatórios petrolíferos (localizados
em off-shore – mar) em energia para os merca-
dos internacionais, algo que pode acrescentar às
exportações mais de mil milhões de dólares por
ano e evitar a queima do produto.
A exploração deste recurso natural vai contri-
buir para o desenvolvimento das indústrias e da
agricultura. O LNG será responsável pelo forneci-
mento de 125 milhões de pés cúbicos-padrão por
dia de gás para consumo doméstico (2.1 milhões
de mts cúbicos).
A província do Zaire é a maior privilegiada. O
município do Soyo vai albergar a fábrica de pro-
dução, que vai dar trabalho a seis mil pessoas,
proporcionando uma redução da taxa de desem-
prego na zona (cerca de 95 por cento) e uma me-
lhoria da qualidade de vida das populações que
terão acesso a gás butano para cozinha e a uma
melhor rede eléctrica. Os 5,2 milhões de tonela-
das de metros cúbicos de gás natural que serão
produzidos no espaço vão ser disponibilizados na
maioria à Sonangol para uso doméstico e expor-
tação (continentes americano e europeu).
LNG ANGOLAÉ a alternativa comercialmente atractiva em re-
lação à queima do gás associado à exploração do
petróleo. O projecto vai proporcionar o reaprovei-
tamento do potencial energético angolano para
produção de gás natural, que será aplicado no
29 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
‘O projecto insere-se no quadro da política do Governo com vista a eliminar todo o tipo de queima do gás natural. Deve estar pronto para iniciar funções em 2012’
“Hoje foram criadas condições para que este gás associado ao petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […] o projecto LNG, que vai contribuir também para o aumento de receitas do nosso país”, sustentou Botelho de Vasconcelos
desenvolvimento industrial local. Na ausência
de um mercado interno sufi cientemente abran-
gente, o país procura oportunidades de grande
escala para comercializar o produto. Recorde-se
que cerca de 50 descobertas nas águas profun-
das dos Blocos 0 - 14, 15, 17 e 18 (incluindo o dos
campos Quiluma, Enguia Norte, Atum e Polvo)
contêm cerca de dez biliões de barris de petró-
leo recuperável e vão começar a laborar nos pró-
ximos cinco a dez anos. Estima-se ainda que a
maior parte das áreas de águas profundas e ul-
tra-profundas são consideradas de grande po-
tencial e continuam por explorar. O gás da zona
marítima é recolhido e conduzido por gasoduto
até uma unidade de liquefacção situada em ter-
ra, perto do Soyo (Zaire).
A edifi cação da fábrica de LNG começou em
2008, enquanto as actividades de construção
do gasoduto iniciaram em Maio de 2009. A con-
clusão dos trabalhos do gasoduto está prevista
para 2011, pelo que o primeiro gás natural lique-
feito do projecto será entregue no início de 2012
ao mercado dos EUA, através do terminal de re-
gaseifi cação da Clean Energy (Mississipi), que
está a ser instalado pela Gulf LNG Energy LLC.
“O projecto permite o aproveitamento útil do gás
natural, que de outro modo seria queimado nas
nossas áreas de produção petrolífera da zona
marítima. Esse aproveitamento vai criar as con-
dições necessárias ao desenvolvimento petrolí-
fero sustentável, ao mesmo tempo que será o
ponto de partida para a implantação, em Angola,
de uma indústria baseada no gás natural”, afi r-
mou Manuel Vicente, presidente do Conselho de
Administração da Sonangol EP, numa entrevista
à imprensa diária.
O Gás Natural Liquefeito é um gás natural que,
quando arrefecido até temperaturas próximas
dos -160ºC, condensa-se para o estado líquido tor-
nando-se seguro e económico para o transporte a
longas distâncias. Após transformado em LNG,
traz benefícios económicos para os países expor-
tadores: além de fl exível em termos de transpor-
te, é mais barato e versátil, pois pode ser usado
na produção de energia eléctrica, como reservas
sazonais de gás e como combustível limpo.
ALTERNATIVA LIMPA“Em Angola, num passado recente, o aprovei-
tamento de gás era para produzir energia nas
instalações das plataformas. Hoje foram cria-
das condições para que este gás associado ao
petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […]
o projecto LNG, que vai fazer o aproveitamento
deste recurso, que vai contribuir também para o
aumento de receitas do nosso país”, sustentou
recentemente Botelho de Vasconcelos, ministro
dos Petróleos. De facto, o gás natural foi iden-
tifi cado como o combustível preferido quando
se trata de cuidar do meio ambiente. O facto de
proceder a uma queima limpa, emitindo níveis
mais baixos de subprodutos nocivos para a at-
mosfera, e as emissões globais reduzidas fazem
deste recurso uma forma de energia que não de-
ve ser desperdiçada.
O projecto insere-se no quadro da política do Go-
verno com vista a eliminar todo o tipo de queima
do gás natural. Este é um passo assertivo para a
protecção do ambiente. Angola LNG está em im-
plementação desde 2006 e já ultrapassou a fa-
se de limpeza e estudo de investigação de solos
para a fase de construção da fábrica e das ins-
talações de apoio (desde 2008), devendo estar
pronto para iniciar funções em 2012.
EXPORTAÇÃO NA CALHAAs mais-valias de uma energia limpa e sustentá-
vel estão a conquistar adeptos além fronteiras.
O produto será comercializado para os Estados
Unidos da América e para outros mercados loca-
lizados no Atlântico. A Holanda é um dos clientes
interessados em comprar gás natural provenien-
te do projecto LNG. A ministra da Economia, Ma-
ria van der Hoeven, manifestou no início de 2009
que o país estava interessado em adquirir par-
te da produção angolana, existindo actualmente
diversos contactos entre empresários que traba-
lham na área de energia. No total, 19 empresas
holandesas (três com representação em Angola)
querem fazer parte do programa. “Discutimos a
possibilidade de empresários holandeses parti-
ciparem na segunda fase de exploração de gás
no Projecto Angola LNG”, anunciou na ocasião,
após um encontro com Botelho de Vasconce-
los. O desejo da parceria inclui ainda a criação de
uma “rotunda de gás”, para que a Holanda pos-
sa distribuir o produto angolano para o Noroeste
da Europa. “Este é um projecto extremamen-
te importante e estruturante” para a economia
nacional, defende o ministro dos Petróleos, que
acredita que vai colocar o país na vanguarda dos
parceiros ao desenvolver acções reais que redu-
zem os gases de estufa.
RESPONSABILIDADE SOCIALO apoio ao desenvolvimento humano do país,
em todas as suas vertentes, é uma das preocu-
pações da Angola LNG. Apesar de ainda estar na
primeira fase de implementação, a empresa de
exploração de gás natural tem um papel activo
em acções de solidariedade. Recentemente, foi
um dos agentes activos no auxílio aos angolanos
regressados da República Democrática do Congo,
após o confl ito que ocorreu no início do ano. Um
lote com produtos alimentares e higiénicos foi
distribuído por 30 famílias, um gesto de respon-
sabilidade social elogiado pelo governo provincial
do Zaire, que conta com um novo parceiro. O re-
presentante do Angola LNG, Steve Macine, afi r-
mou durante um fórum dedicado ao tema, que
a instituição tem contribuído para a melhoria da
qualidade de vida no município do Soyo, tendo
em conta que a fábrica de produção está a contri-
buir para o aparecimento de serviços indirectos
que apoiam os habitantes. “Nós participamos
na melhoria das infra-estruturas como escolas,
restauro e apetrechamento do hospital do mu-
nicípio do Soyo e das suas respectivas comunas
e a reabilitação das ruas”, esclareceu, lembrando
que “de modo a evitar ou atenuar os constrangi-
mentos do trabalho que desenvolvemos mante-
mos uma ligação estreita com o governo local,
outras entidades e a comunidade, numa troca de
informações permanentes”.
30 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
O conceito pode parecer novidade para a maioria da população. No entanto, ele está subliminarmen-te presente em muitas campanhas de publicidade e, por vezes, inclui o utilizador no processo sem que es-te se aperceba que está a ser ‘usado’ na batalha das marcas. O Marketing de Guerrilha é um importante aliado das pequenas empresas que pretendem com-bater as poderosas rivais ou simplesmente sobreviver no universo da competitividade. Compreenda de que modo esta ferramenta pode auxiliá-lo a projectar a sua marca sem liquidar o seu orçamento.
MARKETINGDE GUERRILHA
QUANDOA MENSAGEMIGNORA O MEIO
Todos se recordam do caso das 36 adeptas ho-
landesas que foram expulsas pela FIFA duran-
te o encontro Holanda-Dinamarca, no Mundial
de África do Sul, sob a acusação de publicidade
‘encoberta’. Os vestidos laranja que enverga-
vam, da cor da selecção holandesa e bastan-
te usados pelos seus adeptos, fariam parte de
uma campanha da cerveja Bavaria, empresa
que não é patrocinadora ofi cial do Mundial de
2010. A marca recorreu ao Marketing de Guer-
rilha para publicitar o seu produto, sem ter que
despender grandes quantias para se tornar
parceiro do evento. Com um baixo orçamen-
to, esta conseguiu entrar nos estádios atra-
vés das roupas oferecidas em conjunto com
as cervejas. Aliás, a Bavaria já tinha protago-
nizado polémica idêntica no Mundial de 2006,
através da distribuição de calças promocio-
nais. Estas foram proibidas pela organização,
levando muitos adeptos a entrar no estádio
em roupa interior. Graças à controvérsia cria-
da em torno destes casos, a empresa conse-
guiu que o seu nome fosse falado em todo o
mundo, sem ter recorrido a campanhas publi-
citárias dispendiosas. Actualmente, devido à
saturação da sociedade face às constantes
injecções publicitárias, as grandes marcas co-
meçam a valer-se do Marketing de Guerrilha e
a incluí-lo na sua estratégia de marketing-mix
para atingir a mente e o coração do seu públi-
co-alvo. O conceito tem mais de 20 anos. Po-
rém, recentemente adquiriu uma nova força,
fruto da evolução dos mercados cada vez mais
exigentes. A primeira acção de Marketing de
Guerrilha data de 1929, apesar de nessa altu-
ra não existir um conceito que defi nisse esta
estratégia. Edward Louis Bernays, sobrinho de
Freud, informou a imprensa que iria decorrer
uma manifestação feminista, onde seria ace-
sa a tocha da liberdade. Quando os jornalis-
tas chegaram ao local, cada rapariga (modelos
contratadas) acendeu um cigarro Luck Stri-
ke e fumou perante as câmaras num período
em que as mulheres não tinham essa atitude
em público. Porém, foi em 1982 que Jay Con-
rad Levinson, ‘pai’ desta fórmula, apresentou
pela primeira vez o livro “Marketing de Guer-
rilla”, onde sugeria soluções para se executar
os projectos com orçamentos “apertados”. Na
sua obra, esclarece que os empresários devem
estar cientes de que as grandes empresas não
são idênticas a pequenos negócios por muito
empreendedores que estes sejam. Levinson
recorre a um artigo de Welsh e White, publica-
do na Harvard Business Review, que defende
que as marcas menores não são versões redu-
zidas de uma grande empresa. Os que tentam
sobreviver sozinhos e com poucos meios ne-
cessitam de encontrar diferentes tipos de es-
tratégias e tácticas de marketing.
PODER DA INTELIGÊNCIAEste termo de Marketing inspira-se no concei-
to da guerrilha bélica, uma estratégia muito
usada por guerrilheiros mais fracos (em recur-
sos, armamento, combatentes) para combater
IN(TO) BUSINESS ECONOMIA & NEGÓCIOS | patrícia alves tavares
31 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
“A Pizza Hut gastou 1,25 milhões de dólares num anúncio que foi inserido num foguete russo lançado ao espaço. A mensagem tem uma efi cácia idêntica a 30 segundos em horário nobre e permite poupar muito dinheiro”
um grupo forte e coeso. Neste caso, o modelo
dita que se ‘ataque’ o público-alvo de uma for-
ma inesperada e o menos convencional possí-
vel, ou seja, recorre-se à criatividade e energia
para lançar um produto, implementando ac-
ções que dispensem publicidade em televisão,
revistas ou outdoors, poupando assim bastan-
te dinheiro. Com custos abaixo da publicidade
tradicional, é uma alternativa viável e lucrativa
para empresas com recursos fi nanceiros limi-
tados. Socorre-se de eventos que tenham ca-
pacidade de conquistar espaço nos meios de
comunicação ou de cativar a atenção do pú-
blico-alvo, mostrando a marca sem pagar uma
exorbitância por espaços publicitários nos Me-
dia tradicionais. O Marketing de Guerrilha po-
de atingir um número reduzido de pessoas.
Contudo, é mais posicionado e promove um
contacto directo com o consumidor. Altamen-
te vantajosa para empresas com orçamentos
limitados, esta técnica usa conceitos como o
marketing viral (espalhar histórias verbalmen-
te ou pela internet, como se fosse um vírus)
e “ambush marketing” (marketing de embos-
cada). As diferentes ‘armas’ contribuem para
criar uma repercussão espontânea nos Media
através de acções distintas. Uma reportagem
da revista inglesa “The Economist” divulga que
alguns especialistas nos EUA admitem que ca-
da consumidor vê em média 1,5 mil mensagens
publicitárias diariamente. Esta fragmentação
provocada pelo excesso de anúncios diminui
a efi cácia individual de cada peça. Este facto
tem motivado as empresas mais tradicionais e
prestigiadas a recorrer ao Marketing de Guer-
rilha para se distinguirem dos seus concorren-
tes. A publicação apresenta como exemplo a
Pizza Hut que gastou 1,25 milhões de dólares
num anúncio que foi inserido num foguete
russo lançado ao espaço. Todavia, há que ter
em conta que as acções devem ser bem plane-
adas para causar uma imagem positiva, para
que o consumidor associe a marca a algo ori-
ginal e simpático. Recorde-se o caso da Mat-
tel, fabricante da Barbie, que resolveu pintar
uma rua de cor-de-rosa para promover a bo-
neca. A iniciativa provocou o efeito inverso do
desejado. Os moradores fi caram irritados com
a ‘invasão’ do seu espaço e os consumidores
acabaram por reagir mal à campanha. Portan-
· Inspira-se na psicologia e no comportamento
do ser humano;
· Foca-se na procura de um elevado padrão de
exigência (ao invés do aumento de produtos e
serviços);
· Não procura novos clientes, mas sim o acrésci-
mo de contactos com o mesmo consumidor;
· Coopera com as restantes empresas (não as
encara como concorrentes);
· Combina as diferentes ferramentas de marke-
ting (não as utiliza separadamente);
· Analisa o número de relacionamentos con-
quistados e não o número de vendas;
· Encara a tecnologia como uma mais-valia,
pois é barata, fácil de usar e ilimitada;
· Recorre a ‘armas’ de baixo custo ou gratuitas;
· Acaba com os medos e paradigmas.
O modelo recorre a profi ssionais multidisci-
plinares, desde relações públicas, jornalistas,
sociólogos até agências de comunicação pa-
ra conferir credibilidade à sua mensagem. Por
outro lado, utiliza os Media de duas formas:
ou desenvolve algo novo e inusitado, captan-
do a atenção dos meios de comunicação ou
dedica-se à produção de press-releases e ma-
teriais editoriais que serão enviados para as
redacções (apesar de não saber se serão pu-
to, além da criatividade e ousadia há que ter
inteligência para planear e prever os efeitos da
acção. Se tudo correr bem, a mensagem tem
uma efi cácia idêntica a 30 segundos em horá-
rio nobre e permite poupar muito dinheiro. “A
alma e a essência do Marketing de Guerrilha
permanecem como sempre – atingir as metas
convencionais, tais como lucros e alegria, com
métodos não convencionais, como o investi-
mento de energia em vez de dinheiro”, descre-
ve Jay Conrad Levinson, na sua obra. Aliás, esta
ferramenta apareceu em função da necessida-
de de novas técnicas publicitárias. Na década
de 70, a diminuição da efi cácia dos esquemas
tradicionais obrigou a repensar estratégias
e conceito viria a surgir no início dos anos 80
com a publicação do “Marketing de Guerrilla”.
A fórmula destina-se a atrair o público que está
exausto de tanta informação. Levinson explica
na sua obra que existem doze tácticas funda-
mentais que diferenciam o novo modelo de
marketing do tradicional. São elas:
· Em vez de dinheiro, investe-se energia, imagi-
nação, informação e tempo;
· Foi inicialmente concebido para ser aplicado
em pequenas marcas;
· O retorno é medido através do lucro (e não do
acréscimo de vendas);
“O marketing de guerrilha é cada vez mais uma opção das marcas que procuram todos os métodos para captar a atenção do seu público-alvo”
32 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
IN(TO) BUSINESS ECONOMIA & NEGÓCIOS
blicados). O método dá-lhe ainda a possibili-
dade de socorrer-se do Buzz Marketing, que
tal como a tradução indica signifi ca causar ru-
mores. Várias pesquisas revelam que a melhor
forma de divulgar um produto/ marca é atra-
vés da mensagem ‘boca-a-boca’. Esta técnica
estimula a sociedade a repassar a mensagem
e a multiplicar-se rapidamente atingindo mi-
lhares ou milhões de pessoas (a Internet tem
um papel importante), podendo ocorrer de
forma espontânea ou por infl uência de um
agente externo. A outra táctica associada ao
Marketing de Guerrilha é Ambush Marketing
(de Armadilha), que tem sido aproveitada por
marcas de peso internacional, que se associam
a eventos patrocinados por outras empresas
para apresentar o seu produto sem pagar al-
gum tipo de patrocínio. Isto é, liga a sua marca
a um evento e aos valores por ele promovidos,
sem autorização dos organizadores. O objecti-
vo é que o consumidor fi que confundido e não
consiga distinguir quem é realmente o patro-
cinador ofi cial. Esta situação é frequente em
eventos de futebol. A Nike e a Pepsi usaram o
Mundial de África do Sul para publicitar a sua
marca, sem se tornarem parceiros ofi ciais do
certame (ver caixa).
AGÊNCIAS ESPECIALIZADASO Marketing de Guerrilha é cada vez mais
uma opção das marcas que procuram todos
os métodos para captar a atenção do seu
público-alvo. O interesse cresceu tão expo-
nencialmente que nos últimos anos surgiram
múltiplas agências vocacionadas para esta
vertente e que se dedicam exclusivamente a
trabalhá-la junto das pequenas e médias em-
presas. Nos EUA e na Europa, o mercado fer-
vilha e são muitas as empresas que auxiliam
as marcas a desenvolver a sua estratégia de
guerrilha. No caso africano, nomeadamen-
te no que toca a Angola, esta é uma área por
explorar mas que tem um elevado potencial
de crescimento, especialmente numa altura
em que se fala na necessidade de (re)lançar
a marca ‘Made inAngola’ no mercado interna-
cional (ver edição AI 12). Apesar de o conceito
estar a dar os primeiros passos em Portugal,
existe uma empresa especializada nesta ma-
téria e que tem contribuído para a divulgação
“Gigantes como a Nike, a IBM ou a inglesa The Body Shop já recorrem a este modelo, incluindo esta ferramenta nas suas estratégias de marketing”
“A Nike é sempre relacionada com o marketing de guerrilha. No entanto, preferimos falar de comunicação inteligente”, esclarece o responsável da marca, Olaf Markhoff’
fi fa combate marketing de guerrilha
A federação internacional de futebol repudiou publicamente as empresas que exploram
o Mundial de África do Sul sem pagar os devidos direitos. Ainda antes do arranque da
competição, uma funcionária da FIFA, em declarações ao jornal inglês “The Guardian”,
defendeu que “acções parasitas de concorrentes directos dos nossos parceiros ofi ciais são
estrategicamente planeadas por experts em Marketing de Guerrilha”, considerando que
essas campanhas vão contra “os princípios fundamentais de qualquer sociedade”. As críticas
visaram a Nike e a Pepsi, concorrentes da Adidas e da Coca-Cola (parceiros ofi ciais da
FIFA), estendendo-se a todas as marcas que não investiram os quase 15 milhões de dólares,
necessários para patrocinar a competição, mas que continuam a lucrar através da associação
do seu nome ao Mundial de 2010. Umas aproveitam o momento para simplesmente vender
televisores ou outros artigos, associando o seu nome indirectamente à Copa ou a sua imagem
à selecção do seu país. “Se outra companhia lucra sem contribuir com nada para o evento ou
para o futebol como um todo, o programa de marketing da Copa, o torneio e a cooperação
dos nossos parceiros são enfraquecidos”, alegou a porta-voz do organismo, lembrando
que a FIFA “não pode fazer nada ofi cialmente” para impedir o Marketing de Guerrilha das
marcas. Uma pesquisa de marketing a que a FIFA teve acesso indicava que um em cada dez
adeptos acreditava que a Nike era a patrocinadora ofi cial, sendo mais recordada que a rival
Adidas. Já 75 por cento dos entrevistados desconhecia quem são os parceiros do evento.
do Marketing de Guerrilha. A Torke nasceu em
Maio de 2005, num pequeno espaço em Lis-
boa e conta actualmente com 20 funcionários
e alguns dos melhores clientes do mercado.
Zon, Google, Optimus, Peugeot ou os canais
Fox e Fox Life renderam-se aos benefícios
desta táctica, que concilia a surpresa com o
inesperado. O presidente, André Rabanéa, ga-
rante que o objectivo do seu negócio consiste
em “surpreender pelo inesperado e pelo baru-
lho, pela emoção, pela ousadia e pela agilida-
de”. E a meta tem sido alcançada com sucesso.
Máscaras de médico a tapar as bocas das prin-
cipais ruas de Lisboa ou a possibilidade de ver
um concerto nos ombros de um segurança de
discoteca são algumas das campanhas mais
33 ECONOMIA & NEGÓCIOS · ANGOLA’IN |
conhecidas da Torke. O Marketing de Guerri-
lha tem não só custos menores, mas também
uma exequibilidade mais rápida. Ou seja, en-
quanto uma campanha publicitária leva em
média dois a seis meses para ser executada e
colocada no mercado, uma acção de guerrilha
leva menos tempo, pois é relativamente me-
nor e envolve uma produção mais simples.
PODER DE UMA MARCAA estratégia nasceu com o objectivo de auxiliar
as pequenas e médias empresas a projectar as
suas marcas e a alcançar o seu público-alvo,
apesar dos poucos recursos. Os seus benefí-
cios são de tal ordem que as grandes empre-
sas estão a adoptar este modelo como forma
de fortalecer o seu produto em novos supor-
tes. Gigantes como a Nike, a IBM ou a inglesa
The Body Shop já recorrem a este modelo, in-
cluindo esta ferramenta nas suas estratégias
de marketing. Aliás, a marca de cosméticos
alcançou parte do sucesso e da internaciona-
lização mediante a transformação das suas
lojas e dos seus produtos em autênticas cam-
panhas de defesa dos direitos humanos e dos
animais. Ao associar-se a uma causa nobre,
a The Body Shop conseguiu que a sua mar-
ca fosse divulgada e comentada em todos os
pontos do globo. A Kodak, nos Jogos Olímpi-
cos de 1984, patrocinou as emissões dos jo-
gos, apesar de a Fuji ser o parceiro ofi cial do
evento. Mas o caso mais emblemático de Ma-
rketing de Guerrilha nestas competições é o
que respeita aos jogos de Atlanta, em 1996.
A Nike encontrou uma alternativa ao patrocí-
nio do certame, o que lhe valeu uma poupan-
ça de 50 milhões de dólares. A marca encheu
a cidade de ecrãs gigantes com a transmis-
são do campeonato, publicidade e outdoors e
conseguiu criar um espaço dentro do estádio,
onde era possível obter uma vista privilegiada
das competições. Esta estratégia não é des-
cartada nem pelos países dito mais conser-
vadores. Recentemente o jornal espanhol ‘El
Pais’ apontou o exemplo dos fundamentalis-
tas islâmicos que estão a alterar os videojogos
americanos para recrutarem novos soldados.
Os informáticos da Al-Qaeda mudaram os jo-
gos originais e tornaram as tropas americanas
no inimigo e as islâmicas em heróis. É uma
outra forma de travar esta guerra.
NIKEÉ um gigante no mundo das vendas de artigos
desportivos. Todavia, essa posição não impe-
de que a Nike recorra ao Marketing de Guerri-
lha para desenvolver campanhas que tenham
o impacto desejado junto dos seus clientes e
para ultrapassar a concorrência. As suas ac-
ções ligadas ao futebol apelam às emoções
dos consumidores, pegando em histórias de
países desfavorecidos. No Mundial de 2004,
distribuíram capas no estádio levando os con-
sumidores a associar o fabricante com a se-
lecção brasileira (esta era patrocinada pela
Umbro). “A Nike é sempre relacionada com o
Marketing de Guerrilha. No entanto, preferi-
mos falar de comunicação inteligente”, escla-
rece o responsável da marca, Olaf Markhoff.
Esta é a prova de que actualmente quem
vence a guerra da publicidade não é quem
apresenta um budget maior mas quem tem
ideias mais inteligentes. “Um bom exemplo
de como sem um grande orçamento se po-
de ter uma grande repercussão” foi um spot
em que o jogador brasileiro Ronaldinho chu-
tava quatro vezes a bola à trave sem tocar no
chão. O anúncio foi enviado pela internet aos
jovens fanáticos de futebol. Em pouco temo,
na Alemanha todos discutiam se o que apare-
cia na publicidade era realmente possível. “É
necessário que seja fora do normal e surpre-
endente”, refere o responsável de marketing,
que explica que privilegiam a Internet por ser
a ferramenta favorita do seu público-alvo: os
jovens.
RED BULLAcções inusitadas e um Marketing de Guerri-
lha agressivo tornaram a marca Red Bull co-
nhecida em todo o mundo por associar-se e
organizar actividades de risco e desportos
radicais. A bebida energética captou a aten-
ção do consumidor com o Red Bull Air Race,
circuito actualmente organizado em várias
cidades mundiais. A corrida de aviões arras-
ta multidões e consegue associar o produto
a coragem, ousadia e superação de limites.
Em 20 anos de existência, 30 por cento do in-
vestimento da empresa é encaminhado para
o departamento de marketing. Anualmen-
te, investe milhões de euros no patrocínio de
eventos que testam os limites, em que 70 por
cento das provas que envergam a marca Red
Bull são de alto risco. Quanto mais elevado é
o perigo, maior é o retorno para a empresa. O
director de marketing, Pedro Navio, indica que
para cativar diferentes tipos de público, a mar-
ca aposta em modalidades desafi adoras que a
transformem em objecto de desejo, já que es-
tes eventos simbolizam “a concretização das
loucuras e sonhos que temos, acreditamos e
gostamos”. A marca tem a capacidade de ser
diferente em todos os aspectos e está pronta
para surpreender o consumidor em qualquer
lugar e qualquer momento. A fonte de inspi-
ração para a aposta em espectáculos que dei-
xam a população sem reacção está na procura
de ideias que inovem, desafi em, surpreendam,
excedam as expectativas e brinquem com os
sentidos. Este é o segredo para o sucesso de
uma empresa que não tem tradição na maio-
ria dos desportos onde investe, mas que con-
segue cativar o público. Os números também
não deixam dúvidas. No último Red Bull Air
Race, que decorreu no Brasil, superou-
“A marca Red Bull tem a capacidade de ser diferente em todos os aspectos e está pronta para surpreender o consumidor em qualquer lugar e qualquer momento”
sabia que…
O termo Marketing de Guerrilha inspirou-se no cenário das guerras. A sua defi nição está
associada à génese da guerrilha bélica. O conceito pretende explicar que mesmo com um
armamento reduzido é possível vencer uma guerra. A expressão surgiu em meados da década
de 80, com a publicação do livro de Jay Conrad Levinson, onde explicava que era possível
alcançar grandes resultados com pequenos investimentos. O especialista argumenta que as
organizações podem desenvolver campanhas publicitárias criativas e inovadoras investindo
pouco dinheiro. Os métodos mais comuns são as intervenções nas ruas, a criação de espaços
exclusivos para acções e a aposta em campanhas de comunicação em lugares insólitos.
“Em Portugal, Zon, Google, Optimus, Peugeot ou os canais Fox e Fox Life renderam-se aos benefícios desta táctica, que concilia a surpresa com o inesperado”
34 | ANGOLA’IN · ECONOMIA & NEGÓCIOS
IN(TO) BUSINESS ECONOMIA & NEGÓCIOS
PETAA PETA (People for the Ethical Treatment of
Animals) é uma das pioneiras do Marketing de
Guerrilha. A associação tem mais de 800 mil
membros, sendo actualmente a maior organi-
zação mundial de direitos dos animais. Funda-
da em 1980, a sua fi losofi a consiste na defesa
de que os animais não foram criados para co-
mer, vestir ou para serem usados em experi-
ências. As suas acções e a sua publicidade são
radicais e, por vezes, chocantes, mas são essas
características que fazem com que a mensa-
gem seja divulgada e assimilada pelo consu-
midor. Em relação aos casacos, a PETA mostra
detalhadamente todo o processo de extracção
das peles e confecção das roupas, apresentan-
do no seu site uma série de vídeos. A organiza-
ção conseguiu transformar o uso de peles num
acto criticado por todos, gerando um clima de
receio no mundo da moda, que abdicou des-
tes artigos com medo das investidas da PETA.
A inteligência do grupo de defesa dos animais
está no desenvolvimento de campanhas que
conjugam o humor e imagens chocantes, pro-
vocando autênticos tumultos, que captam a
atenção das objectivas da imprensa. Este é
o segredo daquele que se transformou num
dos movimentos de protesto mais efi cazes de
sempre. Há que lembrar uma iniciativa em que
um conjunto de activistas se despiu à frente
da Casa Branca e gritaram: “prefi ro andar nu
a usar peles”. As peles que os membros con-
seguem retirar aos seus proprietários são dis-
tribuídas pelos pobres e sem-abrigo de vários
pontos do mundo. A McDonald’s também foi
visada por esta luta, devido à criação comercial
de frangos. Há dois anos, começaram a distri-
buir nas ruas dos EUA “McLanches Infelizes”
em frente às lojas da cadeia de fast food. O
lanche incluía brinquedos de plástico cobertos
de “sangue”. Estes acabaram por ceder e orien-
tar os fornecedores para que acabassem com a
prática de decepar os frangos ainda vivos. O re-
curso a esta táctica tem valido um orçamento
anual superior a 30 milhões de dólares, oriun-
dos de fundos, taxas dos sócios e vendas dos
seus produtos. As campanhas são diversas e
em várias vertentes, recorrendo a fi guras céle-
bres para participar nas suas acções.
ADIDASNo último ano, a marca apresentou uma cam-
panha original para lançar os novos ténis. In-
“A PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) é uma das pioneiras do Marketing de Guerrilha”
se a expectativa de receber os 600 mil curio-
sos esperados. “Foram quase um milhão de
pessoas para assistir a um evento que durou
cerca de um ano e meio” para ser autorizada,
afi ançou o director de marketing. Em Veneza,
a marca aproveitou uma inundação da cidade
para surgir com uma acção inusitada. A Red
Bull levou um atleta patrocinado para prati-
car wakeboarding. O caso espalhou-se rapi-
damente pela Internet, alcançando diversos
países. A empresa tem a capacidade de ser di-
ferente em todos os aspectos e está sempre
pronta para surpreender o consumidor a qual-
quer momento e em qualquer lugar. A marca
privilegia o Marketing de Guerrilha e o contac-
to directo com o cliente ao invés da aposta em
publicidade nos meios de comunicação tra-
dicionais. Os eventos que patrocina ou recria
cumprem essa tarefa espontaneamente. Por
ser surpreendente, ela consegue ser exposta
e divulgada nos Media sem investir grandes
somas de dinheiro em tácticas tradicionais. O
retorno é aliciante. As acções “representam e
reforçam a identidade que temos: um produ-
to energizante que vitaliza a mente e o corpo
e acredita num estilo de vida. E isso traz um
retorno imensurável, que é um grupo de apai-
xonados e ‘believers’ da marca como nós mes-
mos”, indica o responsável.
perfi l: jay conrad levinson
Considerado um génio do marketing e da publicidade, Jay Conrad Levinson, marketeer e gestor norte-americano, desenvolveu parte do seu trabalho na publicidade, onde se destaca a campanha desenvolvida para a Marlboro, especialmente a criação do “homem Marlboro”. Estas acções, baseadas numa estratégia de Marketing de Guerrilha, permitiram que a empresa, quase insignifi cante no mercado norte-americano, se tornasse líder mundial em poucos anos. A referida campanha é uma das mais bem sucedidas de sempre na história. Desempenhou ainda funções em empresas de publicidade como a BBDO, Weiner Gossage e Edward H. Weiss. Actualmente é director da Guerrilla Marketing International, uma empresa partner da Adobe e da Apple. Conferencista, colunista e líder de seminários, Levinson tornou-se um ícone do marketing ao publicar como autor e co-autor a série de livros mais vendida na área do marketing: ‘Guerrilla Marketing’ (1984), ‘Guerrilla Selling’ (1992), ‘Guerrilla Advertising’ (1994), ‘Guerrilla Marketing with Technology’ (1997) e, mais recentemente, ‘Guerrilla Marketing for the New Millenium’.
titulada ‘Boost Your Jump’ (Impulsiona o teu
Salto), a acção desenvolvida pela agência
TBWA consistiu em pendurar latas de lixo nos
postes, a vários metros das ruas de Paris, para
mostrar que as sapatilhas Adidas A3 ajudam o
atleta a impulsionar o seu salto, especialmen-
te quando jogam basquetebol. Neste Mundial,
a marca lançou a campanha “The Quest”, que
contou com a presença das estrelas do fute-
bol: Zidane, Ballack, Messi, Káká e Gourcuff.
36 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE
O domíniodo click
| patrícia alves tavares
O último ano é recordado por muitos como o das
redes sociais. Em 2009, milhões de utilizadores
“não técnicos” tornaram-se visitantes assíduos
da Web via Facebook ou Twitter. Os responsáveis
das duas páginas consideram que estes meses
fi caram marcados pela adesão dos usuários não
tradicionais (todos os que não são adolescentes
ou jovens nascidos na era da tecnologia) às fer-
ramentas de partilha de informação. Quem tirou
maior partido da situação foram as empresas,
que num período de recessão económica conse-
guiram arrecadar inúmeras vantagens (e até lu-
cros) para os seus negócios. Aliás, foi em 2009
que as organizações se aperceberam dos benefí-
cios das redes sociais, que passaram a ser enca-
radas como veículos de comunicação directa com
os clientes e meios privilegiados para divulgação
das suas mensagens, de forma pouco dispendio-
sa e a um leque alargado de indivíduos. Orkut,
Facebook, blogs e Twitter são conceitos que fa-
zem parte do dia-a-dia de muitas marcas de re-
nome internacional. É o caso da Audi, cujo site
disponibiliza uma série de ferramentas que pro-
movem a interactividade com os clientes. Estes
podem personalizar uma página para receber in-
formações de múltiplas redes sociais em simul-
tâneo. A marca criou uma personagem, o Guto
Kleien, que interage com os internautas que pos-
suem uma conta no Orkut, Twitter ou Facebook.
Consultoras como a Nielsen e Dan Olds assegu-
ram que o Facebook tem mais de 350 milhões de
A febre das redes sociais, à semelhança de um vírus, espalhou-se por todos os cantos do mundo. Os especialistas encaram esta evolução com naturalidade e como algo positivo, que promete aproximar populações, criando uma aldeia global. As empresas e marcas de prestígio também não escapam ao domínio das novas ferramentas e entram nestes espaços com o intuito de expandir os seus negócios. A Angola’in apresenta-lhe as suas vantagens e perigos e traça o perfi l do utilizador nacional. Descubra quais os sites preferidos pelos seus colegas de trabalho
‘A SNNAngola, um blogue sobre tecnologias de informação, cita que cerca de 300 mil angolanos utilizam o Hi5, que assume o topo da lista’
usuários, o que indica que apenas em Abril estas
pessoas passaram mais de 13.900 milhões de
minutos no Facebook, representando “700 por
cento mais do que no mesmo mês do ano an-
terior”. No caso do Twitter, o tráfego sofreu um
aumento em Setembro último de 1.170 por cen-
to, face ao mês homólogo de 2008. O sucesso
destas aplicações captou inclusive o interesse
dos gigantes da informática, como o Google e a
Microsoft que assinaram acordos com o Twitter
e com o Facebook.
HI5 LIDERA O fenómeno chegou entretanto ao país. As re-
des sociais são uma realidade nacional há algum
tempo, constatando-se uma adesão crescen-
te de utilizadores de todas as idades e estratos
sociais. Estudos indicam que os angolanos inte-
ragem cada vez mais no mundo virtual do que
no físico e por maiores períodos de tempo. À
semelhança do que acontece nos grandes cen-
tros urbanos, a utilização da Internet deixou de
ser considerada um luxo e a massifi cação do seu
uso levou à consagração da sua importância. As
redes sociais são as ferramentas preferidas pe-
los angolanos para interagir e comunicar com os
seus ‘vizinhos’ virtuais. Espaços como o Orkut,
Facebook, Hi5, Twitter ou Sónico têm conquista-
do os cibernautas. A snnangola, um blogue sobre
tecnologias de informação, cita que cerca de 300
mil angolanos utilizam o Hi5, que assume o topo
da lista como sendo a página mais utilizada pela
população. A fonte do estudo é a Alexa Internet
Inc., um serviço que mede o número de pessoas
que visita um site. A liderança do Hi5 foi consu-
mada em 2009, ano em que conquistou o títu-
lo de segunda hiperligação mais visitada pelos
angolanos. A Alexa refere que – apesar de não
existirem estatísticas ofi ciais -, 0,7 por cento das
visitas do Hi5 são provenientes de Angola, num
universo de 50 milhões, o equivalente a cerca de
350 mil cibernautas nacionais. Os analistas acre-
ditam que os valores devem rondar os números
divulgados pela agência devido ao ‘boom’ da pro-
cura das redes sociais. No entanto, mostram-se
surpreendidos por este ‘blog’ se assumir como
o preferido entre os países do Terceiro Mundo e
os mais pobres da Europa e Ásia, “sem precisar
agradar às grandes potências mundiais”. A pes-
quisa indica ainda que são os países lusófonos
(excepto Brasil, onde o Orkut é soberano) que
preferem o Hi5 para manter contactos pesso-
ais e profi ssionais com os ‘amigos’ da sua rede.
Recorde-se que esta ferramenta surgiu em 2003
e tem mais de 60 milhões de membros activos,
37 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
registados em 200 países. Neste momento, en-
contra-se numa fase de adaptação do site aos
interesses específi cos de cada país, o que tem
permitido às empresas angolanas apostar em
publicidade neste meio.
FERRAMENTA VALIOSAO valor das redes sociais atingiu tal dimensão
que as tecnologias complementares começam a
apostar na criação e adaptação dos actuais equi-
pamentos às funcionalidades das novas ferra-
mentas de comunicação. O objectivo é que haja
compatibilidade entre todas as infra-estruturas.
Os telemóveis já incluem acesso ao Facebook e
a outras redes, algumas televisões e ecrãs estão
adaptados e permitem a consulta das referidas
ferramentas e as barras dos sistemas operativos
dos computadores detêm atalhos para um aces-
so mais rápido aos sites. A nível empresarial, são
múltiplas as entidades que recorrem às redes so-
ciais para suportar os seus negócios, não só pela
novidade, mas sobretudo pela escala. Os analis-
tas prevêem que em 2010, as grandes empresas
utilizem acções de marketing e suporte através
das redes sociais, esperando-se que se tornem
mais programáticas e estratégicas. Isto porque
a tendência global é para que um número cres-
cente de utilizadores comece a ver os posts nos
telemóveis, pda’s e nos futuros meios móveis.
Aliás, muitas multinacionais estão a substituir o
célebre ‘coffee break’ pelo ‘social media break’.
Muitas entidades recorrem a estes sites pela es-
cala. Nos EUA, a BestBuy tem uma página de fãs
no Facebook com quase dois milhões de segui-
dores e criou um canal no Twitter (Twelpforce),
onde presta diversos serviços aos clientes, ao ní-
vel de pré e pós-venda e de logística. A dimen-
são dos seguidores registados vai para além do
potencial e do lucro que a plataforma pode gerar.
Sempre que um cliente pesquisar informações
sobre um produto encontra os dados concedidos
pela BestBuy e as opiniões de todos os usuários
que colocaram a mesma questão, ajudando os
consumidores na tomada de decisão. Desta for-
ma, as empresas podem poupar dinheiro e atin-
gir níveis de excelência na qualidade do serviço
que até aqui não eram possíveis. A publicidade
“grátis” é uma das formas mais utilizadas pelas
empresas, que encontram na procura destas re-
des a método privilegiado para divulgar os seus
conteúdos, de forma massiva e a baixo custo.
Aliás, esta questão tem conduzido alguns países
a regulamentar as regras para promover produ-
tos e serviços em sites como o Twitter e o Face-
book. É o caso do órgão regulador de publicidade
do Reino Unido, a Advertising Association, que
está a desenvolver mecanismos que regulem as
leis online relativas à promoção das empresas. O
projecto ainda está a ser analisado, mas o objec-
tivo é que as novas normas entrem em vigor es-
te ano. O Mundial de África do Sul também está
a infl uenciar o modo como as marcas se estão a
posicionar no mercado. A edição da Taça do Mun-
do é a primeira a decorrer na era das redes sociais
e de plataformas como o Twitter ou o Youtube,
que exigem linguagens e dinâmicas específi cas.
Poderosas marcas como a Nike ou a Gilette pos-
suem equipas especializadas nestas novas tec-
nologias que estão a desenvolver campanhas
específi cas para estes meios, que estimulem a
interacção com os internautas.
CONFIDENCIALIDADEFraude, cibercrime, phishing, malware baseado
em mensagens instantâneas e roubo de identi-
dade são alguns dos perigos da Internet, nome-
adamente das redes sociais, onde informações
pessoais são divulgadas e tornadas públicas sem
que muitas vezes o utilizador se aperceba que ao
fazê-lo está a correr uma série de riscos. O roubo
de identidade é constante. Os fi ns são múltiplos.
Redes organizadas ou os chamados ‘piratas’ do
ciberespaço apoderam-se de informações pes-
soais de outros utilizadores para fazer compras
online, transferências bancárias e diversos cri-
mes. Por outro lado, nem todos os que recor-
rem a estes meios têm boas intenções. Os perfi s
criados nem sempre correspondem à realidade e
as informações falsas são frequentemente usa-
das pelas redes de prostituição, tráfi co humano
e pedofi lia para atrair crianças e jovens. A forma
como é divulgada a informação, especialmen-
te no que concerne ao Facebook, também de-
ve ser acautelada. Muitas empresas recorrem a
estas redes para contratar ou analisar o perfi l
de potenciais candidatos para uma vaga labo-
ral, excluindo por vezes indivíduos em função da
imagem que transmitem nas redes sociais. Ali-
ás, existem casos de pessoas que foram despe-
didas pelo Facebook ou devido a críticas dirigidas
à entidade patronal através destas redes.
MUNDO RENDIDOCientes do poder que as redes sociais têm, no-
meadamente de difusão de informação às mas-
sas, as empresas, órgãos de comunicação social,
políticos, atletas, organizações governamentais
e ONGs têm explorado todas as suas funciona-
lidades, utilizando-as como instrumentos pa-
ra difundir os seus conteúdos. Actualmente, os
meios de informação fazem actualizações qua-
se ao minuto, incentivando os leitores a aceder
ao site ofi cial. É possível acompanhar o decorrer
de um processo eleitoral ou consultar quase em
tempo real os jogos do Mundial de África do Sul.
Recentemente, Hugo Chavez, presidente da Ve-
nezuela, aderiu ao Twitter e criou uma página no
Facebook para comunicar com os seus eleitores.
Uma atitude perspicaz, que revela o seu conheci-
mento das novas tecnologias e do poder que es-
tas podem ter na escolha e no rumo de algumas
decisões políticas. É facto consumado que as re-
des sociais vieram para fi car e são actualmente o
meio de comunicação mais usado. Nos EUA, um
estudo da Center Media Research refere que em
2009 se verifi cou um crescimento exponencial
de redes como o Twitter, que na América cres-
ceu 1382 por cento e o Facebook está a ultrapas-
sar o MySpace. As previsões são que a tendência
para a popularidade aumente em 2010, pois vão
tornar-se mais exclusivas e móveis. Afi nal, estas
foram as primeiras a dar importância vital aos
conteúdos e a sobreviver à base da troca de in-
formações.
CONFIDENCIALIDADEFraude, cibercrime, phishing, malware baseado
em mensagens instantâneas e roubo de identi-
dade são alguns dos perigos da Internet, nome-
adamente das redes sociais, onde informações
pessoais são divulgadas e tornadas públicas sem
que muitas vezes o utilizador se aperceba que ao
fazê-lo está a correr uma série de riscos. O roubo
de identidade é constante. Os fi ns são múltiplos.
Redes organizadas ou os chamados ‘piratas’ do
ciberespaço apoderam-se de informações pes-
soais de outros utilizadores para fazer compras
online, transferências bancárias e diversos cri-
mes. Por outro lado, nem todos os que recor-
rem a estes meios têm boas intenções. Os perfi s
criados nem sempre correspondem à realidade e
as informações falsas são frequentemente usa-
das pelas redes de prostituição, tráfi co humano
e pedofi lia para atrair crianças e jovens. A forma
como é divulgada a informação, especialmen-
te no que concerne ao Facebook, também de-
ve ser acautelada. Muitas empresas recorrem a
estas redes para contratar ou analisar o perfi l
de potenciais candidatos para uma vaga labo-
ral, excluindo por vezes indivíduos em função da
imagem que transmitem nas redes sociais. Ali-
ás, existem casos de pessoas que foram despe-
didas pelo Facebook ou devido a críticas dirigidas
à entidade patronal através destas redes.
‘Fraude, cibercrime, phishing, malware baseado em mensagens instantâneas e roubo de identidade são alguns dos perigos da Internet, nomeadamente das redes sociais’
38 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE
MUNDO RENDIDOCientes do poder que as redes sociais têm, no-
meadamente de difusão de informação às mas-
sas, as empresas, órgãos de comunicação social,
políticos, atletas, organizações governamentais
e ONGs têm explorado todas as suas funcionali-
dades, utilizando-as como instrumentos para di-
fundir os seus conteúdos. Actualmente, os meios
de informação fazem actualizações quase ao mi-
nuto, incentivando os leitores a aceder ao site
ofi cial. É possível acompanhar o decorrer de um
processo eleitoral ou consultar quase em tempo
real os jogos do Mundial de África do Sul. Recen-
temente, Hugo Chavez, presidente da Venezuela,
aderiu ao Twitter e criou uma página no Facebook
para comunicar com os seus eleitores. Uma atitu-
de perspicaz, que revela o seu conhecimento das
novas tecnologias e do poder que estas podem
ter na escolha e no rumo de algumas decisões
políticas. É facto consumado que as redes sociais
vieram para fi car e são actualmente o meio de co-
municação mais usado. Nos EUA, um estudo da
Center Media Research refere que em 2009 se
verifi cou um crescimento exponencial de redes
como o Twitter, que na América cresceu 1382 por
cento e o Facebook está a ultrapassar o MySpa-
ce. As previsões são que a tendência para a po-
pularidade aumente em 2010, pois vão tornar-se
mais exclusivas e móveis. Afi nal, estas foram as
primeiras a dar importância vital aos conteúdos e
a sobreviver à base da troca de informações.
FENÓMENO FACEBOOKTem apenas seis anos, mas já conquistou meio
mundo. É a rede social da moda. O Facebook tem
actualmente mais de 500 milhões de utilizadores
activos, em que mais de 100 milhões acedem à
rede através de aparelhos móveis. É mais popu-
lar nos EUA, mas cerca de 70 por cento dos ins-
critos são oriundos de outras nações. As últimas
estatísticas apontam para mais de três milhões
de páginas de fãs a funcionar e para 60 milhões
de actualizações do status por dia (cinco biliões
de ‘peças de conteúdo’ por semana). Cada utiliza-
dor gasta em média 55 minutos nesta platafor-
ma, contabilizando-se que mais de um milhão de
empresários e técnicos ajudaram a desenvolver
mais de 500 mil aplicativos. O Facebook começa
a ser encarado não apenas como ferramenta para
socializar no mundo virtual, mas também como
agregador de conteúdos. “É nítido que as pesso-
as já começam a consumir notícias através das
redes sociais”, argumenta António Granado, um
jornalista português, em declarações ao Sapo. A
nova plataforma tem a vantagem de conhecer
o número e as características da audiência. Pa-
ra alcançar as mais-valias do Facebook, é funda-
mental possuir uma equipa especializada, que
‘O Facebook tem actualmente mais de 500 milhões de utilizadores activos, com mais de três milhões de páginas de fãs a funcionar’
conheça e saiba utilizar as redes sociais. Há que
saber fazer um rastreio das informações, já que
as páginas não são locais indicados para “despe-
jar” toda a informação. O sistema foi entretanto
bastante criticado pelas recentes alterações da
política de privacidade, em que o nome e as fo-
tografi as dos utilizadores fi caram disponíveis em
toda a Internet, sem que estes fossem consul-
tados. O co-fundador da empresa de marketing
online Byside, Vítor Magalhães, considera que o
“Facebook fez uma coisa eticamente errada, mu-
dou a política de privacidade sem consultar os uti-
lizadores”. O especialista referiu que as mudanças
têm “um foro comercial”, pois quanto mais infor-
mações são tornadas públicas, “mais utilizadores
vão-se registar no site”. “Torna-se atractivo pa-
ra qualquer empresa de publicidade ligar-se ao
Facebook”, visto que tem ao seu dispor dados
pessoais de mais de 500 milhões de utilizado-
res. Outro verdadeiro caso de sucesso é o Linke-
dIn. A rede social vocacionada para profi ssionais
foi criada nos EUA, mas rapidamente conquistou
adeptos em Inglaterra, na Austrália, na Índia e na
Holanda. Recentemente foi lançada em Portugal,
alargando assim o serviço para o quinto idioma
(até aqui disponível em inglês, espanhol, francês
e alemão), de forma a facilitar a “conexão entre
os profi ssionais”. Este avanço vem ainda respon-
der aos desejos dos utilizadores brasileiros, que
começaram a ingressar no site, apesar de não
existir um plano para aquele país. A disponibiliza-
ção dos conteúdos em português vai permitir que
outros países possam aderir à rede social. O site
é responsável por mais de um bilião de buscas e
mantém 500 perfi s de empresas. Cerca de 60 por
cento dos utilizadores estão na América do Nor-
te. Na Europa é responsável por 24 por cento, na
Ásia por oito por cento e na Oceânia e em África
por dois por cento cada. Apesar dos múltiplos ris-
cos, as redes sociais abrem um leque de possibi-
lidades inimaginável em termos de comunicação,
podendo ser bastante lucrativos para usuários,
empresas e meios de comunicação. Há que sa-
ber usá-las convenientemente, aproveitando as
suas mais-valias e tomando precauções quanto
aos riscos e efeitos colaterais que uma simples
acção pode ter no futuro. Cientes destas condi-
cionantes, muitas empresas recorrem a especia-
listas que se encarregam de gerir as redes sociais.
Actualmente começam a surgir em vários países
empresas que se dedicam a prestar esses servi-
ços. Por outro lado, os utilizadores têm que es-
tar cientes que tudo o que partilham pode vir a
ser usado contra si, pois as “pegadas digitais” po-
dem ter consequências. Recorde-se que muitas
empresas antes de contratar alguém fazem uma
pesquisa na internet e os vestígios podem contri-
buir para a perda de credibilidade.
top 10 social-networkingwebsites & forums by us market share of visits (%)march 2010
top 10 visited social-networkingwebsites & forumsmarch 2010
Source: Hitwis
Source: Hitwise
social network usage by countryhome & workfeb 2010
Source: The Nielsen Company* home only
country time per person (hh:mm:ss)
youtube
myspace
tagged
yahoo! answers
yahoo! profiles
myyearbook
windows live home
mocospace
0 20 40 6
40 | ANGOLA’IN · SOCIEDADE
SOCIEDADE
ALDEIAS SOS
Mães do coração
| patrícia alves tavares
“Construímos famílias para crianças necessitadas, ajudámo-las a moldar os seus próprios futuros e compartilhamos no desenvolvimento das suas comunidades”
in www.aldeiasosangola.org
‘O conceito ‘Aldeias de Crianças SOS’ deu lugar a uma organização que está actualmente representada em todos os continentes, com mais de 444 cooperativas em mais de 132 países’
A ideia nasceu na Áustria, em 1949, período em
que a Segunda Guerra Mundial deixou muitas
crianças órfãs, sem casa e sem condições eco-
nómicas para sobreviver. O projecto, idealizado
por Hermann Gmeiner, auxiliou muitos jovens
em risco e, mais tarde, acabou por ser explora-
do e aplicado numa série de países. O conceito
‘Aldeias de Crianças SOS’ deu lugar a uma orga-
nização que está actualmente representada em
todos os continentes, com mais de 444 coopera-
tivas em mais de 132 países.
Em Angola é recente, mas conta com três al-
deias, distribuídas pelo Lubango, Benguela e
Huambo. São regiões bastante atingidas pela
guerra civil, pelo que há um número crescente de
crianças desamparadas. O altruísmo deste tipo
de associações tem sido louvado pelos parceiros
nacionais e internacionais, tendo inclusive o re-
conhecimento da Unicef. As aldeias têm o com-
promisso de criar um ambiente familiar para os
jovens, proporcionando conforto, atenção, edu-
cação e saúde, como se tratasse de um verda-
deiro lar. Aqui, nem as mães faltam! A Angola’in
mostra-lhe a realidade das instituições, que vi-
vem exclusivamente das doações e contributos
dos ‘padrinhos’.
O SONHO DE GMEINERQuando fundou as ‘Aldeias de Crianças SOS’,
Gmeiner pretendia restaurar o equilíbrio da vida
de crianças abandonadas, órfãs e traumatizadas
psicologicamente e fi sicamente. O benemérito
austríaco entendia que o percurso da infância iria
infl uenciar a vida adulta. Assim, procurou ajudar
a fortalecer os laços entre famílias e comunida-
des, como forma de prevenção do abandono e da
negligência social.
A génese consiste em ‘adoptar’ crianças neces-
sitadas, funcionando como uma organização de
desenvolvimento social independente e não-
governamental, que explora o método familiar.
Integradas nos princípios da Convenção das Na-
ções Unidas, em relação aos direitos fundamen-
tais da criança, as comunidades respeitam as
várias religiões e culturas. Porém, não se pode
confundir Aldeia SOS com orfanato. Neste caso,
cada jovem ganha uma ‘mãe atenciosa’, isto é,
mulheres que fi cam responsáveis pela criança e
comprometem-se a dar segurança, afectos e es-
tabilidade. As mães SOS ou ‘do coração’ são pro-
fi ssionais em cuidados infantis, que partilham
o espaço com os seus ‘fi lhos’, gerindo a vida do-
méstica da sua habitação. Recorde-se que a
comunidade subdivide-se em várias casas, com-
postas por grupos de rapazes e raparigas com
diferentes idades, que convivem e partilham as
tarefas e o espaço como se se tratassem de ir-
mãos biológicos. Cada família SOS desenvolve os
mesmos laços emocionais que uma família tra-
dicional, que acabam por se manter após o jovem
abandonar a aldeia e adquirir a independência.
A vantagem da divisão da comunidade por lares
está relacionada com o facto de cada agregado
desenvolver ritmos e rotinas próprias. Por outro
lado, os seus elementos, além de desenvolverem
a percepção de que estão em casa, aprendem em
conjunto, através da interacção com os ‘irmãos’
e partilham as responsabilidades do quotidiano.
À semelhança dos restantes países, as famí-
lias SOS angolanas vivem em ambiente de en-
treajuda, tal como nas restantes comunidades.
Através da família, da aldeia e do espírito de so-
ciedade, as crianças vivenciam uma infância feliz
e gozam de uma perfeita integração no mundo
exterior.
Estes são os quatro princípios, idealizados por
Gmeiner, que garantem a estabilidade e a segu-
rança das crianças acolhidas, que benefi ciam de
todas as condições económicas e humanas, sen-
do acompanhadas individualmente ao longo do
processo de crescimento.
41 SOCIEDADE · ANGOLA’IN |
‘No âmbito da estratégia de expansão do trabalho da SOS Internacional e da delegação angolana, a cidade do Huambo será recentemente contemplada com Aldeia SOS. O projecto está enquadrado no programa governamental de apoio à criança e custou quatro milhões de dólares’
LUBANGO, BENGUELA, HUAMBOHuíla foi a primeira província que acolheu o pro-
jecto ‘Aldeia SOS’. A organização radicou-se no
Lubango, onde está actualmente implementada
a sede. Nesta região, a comunidade é compos-
ta por uma escola (lecciona da primeira à nona
classe) que apoia as crianças lubanguense extra-
comunidade; um jardim-escola para crianças até
aos cinco anos e um complexo de habitações,
em que uma ‘mãe’ é responsável por propiciar os
cuidados necessários às várias crianças que edu-
ca. A maioria dos ‘fi lhos’ desta aldeia é órfão de
pai e mãe. A infra-estrutura está perto de uma
montanha a nordeste da cidade. A comunidade
conta ainda com o suporte de centros de saúde
e postos médicos, que são implantados perto
das aldeias e dispõem de dois profi ssionais espe-
cializados para atender personalizadamente as
crianças SOS. No total, são auxiliadas 137 crian-
ças, agrupadas em 13 casas familiares e 41 jovens
no projecto juvenil. Paralelamente, há o serviço
de apoio à comunidade exterior.
Benguela foi a segunda região a abraçar o pro-
jecto. A fi nalidade é a mesma e os serviços são
idênticos, sendo uma mais-valia para a província,
que conta com o apoio das duas infra-estruturas.
Criada há cinco anos, conta com uma escola on-
de estudam 792 alunos (106 internos), que têm
acesso a sala de informática e a todos os mate-
riais académicos essências para a aprendizagem.
No âmbito da estratégia de expansão do trabalho
da SOS Internacional e da delegação angolana, a
cidade do Huambo será recentemente contem-
plada com uma infra-estrutura semelhantes, que
está a ser edifi cada na província. A entrada em
funcionamento está para breve e, numa primeira
fase, vai acolher 60 crianças, que serão integra-
das em famílias adoptivas que vão acompanhar
o seu desenvolvimento até aos 18 anos, quando
conseguir emprego. O projecto está enquadrado
no programa governamental de apoio à criança e
custou quatro milhões de dólares.
O programa contempla o estudo das comuni-
dades carentes, que são criteriosamente selec-
cionadas, de acordo com o índice de orfandade
e famílias necessitadas com crianças em risco
de abandono. A pobreza e as consequências da
guerra tem feito crescer o número de crianças
abandonadas, que são resgatadas pelas aldeias.
Os coordenadores SOS trabalham directamen-
te com as comunidades envolvidas no processo
e com os encarregados de educação, de forma
a reforçar a sua capacidade de sobrevivência. O
intuito é manter os jovens no ambiente familiar,
desde que se reúnam as condições.
‘PADRINHOS’ INTERNACIONAISSão ‘peças’ fundamentais no funcionamento e
organização do dia-a-dia das Aldeias SOS. Os ‘pa-
drinhos’ são responsáveis por fi nanciar a educa-
ção dos seus afi lhados. Os donativos asseguram
a integração da criança na sociedade, permitindo
que esta tenha acesso à saúde, à educação e aos
bens de primeira necessidade.
Recorde-se o recente jogo de ex-estrelas, organi-
zado pelo ex-internacional de futebol português,
Luís Figo. Em parceria com Akwá, promoveu e
participou numa partida, que decorreu no Está-
dio Nacional de Ombaka, em Benguela. As re-
ceitas da venda dos bilhetes reverteram a favor
destas instituições. Aliás, a fundação Luís Figo
tem sido bastante pró-activa nesta matéria. Em
Maio, contribuiu com 80 mil euros para um novo
projecto da Swatch, a ‘Casa para o Mundo’. Os lu-
cros do jogo AllStars, organizado em Angola, fo-
ram doados para um plano que visa a construção,
em Lisboa, de um centro de acolhimento tempo-
rário para crianças refugiadas, ao serviço do Con-
selho Português para os Refugiados. A inaugurar
em 2011, será o primeiro do género e terá capaci-
dade para 14 jovens.
Em Julho, a primeira-dama de Portugal, Maria
Cavaco Silva, fez questão em conhecer a aldeia
de Benguela e mostrou-se impressionada com o
excelente trabalho desenvolvido em prol das 106
crianças acolhidas. De visita ao país, elogiou as
condições de alojamento e o acompanhamento
das mães de acolhimento.
Paralelamente, a associação conta com o auxí-
lio dos Governos, doadores individuais e diversos
parceiros. Desde a fundação da primeira casa, em
1949, as comunidades conseguiram estabelecer
uma relação de confi ança com as entidades do
país, onde estão inseridas. Os fundos e os recur-
sos disponibilizados garantem o bem-estar das
crianças, proporcionando altos níveis de cuida-
dos. Assim, as Aldeias SOS desdobram-se em
pedidos de ajuda e apelam à sociedade para que
‘apadrinhem’ as crianças. No contexto nacional, a
comunidade do Lubango conta com patrocínios
externos, de famílias que vivem em Inglaterra
e que fazendo doações regulares e visitando os
‘afi lhados’. Benguela tem ajudas económicas de
habitantes da região, que vão acompanhando o
crescimento destes jovens.
UNICEF RECONHECEJoão Neves, representante da Unicef na região
Sul de Angola, enaltece o papel do Executivo na
melhoria da situação das crianças angolanos,
destacando o contributo das Aldeias SOS. “No-
tamos investimentos em infra-estruturas sociais
em benefício das crianças, nomeadamente esco-
las, hospitais e campos desportivos. Auguramos
que estas acções continuem porque são indica-
dores do bem-estar da criança”, explicou numa
entrevista à Angop. Já o director da escola da Al-
deia SOS do Lubango, Faustino Sequilla, lembrou
que “os factores pró-activos no país, tais como a
adesão do Governo às Convenções Internacionais
favorecem as políticas de protecção dos Direitos
da Criança”. O responsável defende igualmente a
promoção de mais parcerias com instituições pú-
blicas e organizações da sociedade civil, para in-
serção destas crianças no programa e, no futuro,
na sociedade.
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA42
| patrícia alves tavares GRANDE ENTREVISTA
O BESA foi constituído em 2001. O que motivou a escolha deste país para implementar a instituição?O período pós-guerra revelou ao mundo
uma economia de mercado emergente, prós-
pera e atraente ao investimento estrangei-
ro. O relançamento económico de Angola
nos últimos anos conduziu à consolidação
da sua estrutura de negócio, estabilidade fi -
nanceira e à evolução do mercado de consu-
mo. Angola está, tradicionalmente, ligada a
Portugal e ao investimento português, pe-
la partilha da mesma língua, história e ra-
ízes culturais. Embora, vivamos desde 2008
uma situação algo diferente.
Este contexto positivo de crescimento sus-
tentou a criação do BESA sendo que cedo se
impôs como banco de referência em Ango-
la, pelo seu desempenho fi nanceiro e pio-
neirismo na oferta de serviços e soluções
para empresas e particulares. Acreditamos
que o rápido crescimento nacional deve
estar sustentado num sistema fi nanceiro e
bancário sólido e o BESA pretende partici-
par activamente nesse processo, crescendo
e ajudando o país a crescer.
Os objectivos que motivaram a sua criação foram alcançados?Desde a sua fundação, o BESA tem desenvol-
vido uma estratégia sólida de abordagem de
mercado, baseada no reforço constante e sus-
tentado da sua posição competitiva no mer-
cado, com total respeito pelos interesses e
bem-estar dos seus clientes e colaboradores.
Para tal, temos investido na modernização
Num ano em que o Banco Espírito Santo Angola cresceu exponencialmente a to-dos os níveis, transformando-se numa das principais entidades fi nanceiras a ope-rar no país, a Angola’in falou com o presidente da instituição, Álvaro Sobrinho. Numa longa entrevista, o responsável falou das razões do sucesso, dos projectos para o futuro, da importância da banca nacional e do crescimento económico.
“A atribuição de ‘rating’ é essencial para a venda de títulos no mercado internacional”
“O prémio de “Best Bank in Angola” é obviamente prestigiante e motivador, sobretudo pelo prestígio e independência da revista Global Finance”
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 43
tecnológica, na melhoria
do serviço ao cliente e no
crescimento do número
de balcões para alcançar
mais clientes. Conciliando
a sua integração interna-
cional com o conhecimen-
to profundo do mercado
angolano e das suas neces-
sidades, o BESA destaca-se
pela credibilidade, solidez
e atendimento ao cliente,
garantindo o desenvolvi-
mento contínuo de novos
produtos e uma ampla
cobertura territorial das
agências bancárias.
Qual o balanço da actividade do último ano?O ano de 2009 foi determi-
nante na história do BESA
e na sua consolidação co-
mo grupo fi nanceiro, um
dos objectivos prioritários
do banco. Estamos a cons-
truir os alicerces de uma sólida estratégia que
temos vindo a defi nir e que a partir deste ano
iniciará uma nova etapa do seu percurso. Em
2009, iniciámos as negociações para a consti-
tuição de uma sociedade de leasing, de uma
corretora e um banco de investimento. No
fi nal do ano, o banco integrou um novo par-
ceiro accionista angolano e essa participação
é mais um passo importante na nossa estraté-
gia de expansão. Queremos crescer, apoiar o
crescimento da economia e do sistema fi nan-
ceiro nacional e contar com parceiros fortes,
nomeadamente angolanos.
A 31 de Dezembro do ano anterior, o activo lí-
quido ascendia a 4.5 mil milhões de euros, re-
presentando um crescimento de 29% face ao
período homólogo. A captação de recursos de
clientes alcançou cerca de 1,8 mil milhões de
euros, o que signifi cou um aumento de 6%, e a
carteira de crédito atingiu cerca de 1,7 mil mi-
lhões de euros (+46% face ao ano transacto).
O produto bancário ascendeu a 213 milhões
de euros, num aumento de 59% em relação
ao exercício anterior, para o que contribuiu o
aumento do resultado fi nanceiro e dos resulta-
dos de operações fi nanceiras e diversos. Resul-
tados que refl ectem o crescimento contínuo
no mercado e nossa sua solidez fi nanceira.
Em que consiste a estratégia de crescimento para este ano?
mos 10 anos, vamos apoiar
as iniciativas promovidas
pelo Instituto do Planeta
Terra, pertencente àquela
instituição.
Quais as expectati-vas para o futuro a médio e longo prazo?Tem como objectivo refor-
çar a posição de liderança
de mercado, constituin-
do-se como parceiro de
referência de clientes par-
ticulares, empresas e in-
vestidores.
O sistema fi nanceiro na-
cional encontra-se numa
fase de grande evolução
e crescimento, com o au-
mento das taxas de ban-
carização, das operações
bancárias e de um maior
relacionamento das insti-
tuições públicas e priva-
das com a banca.
Portanto, os próximos
anos serão determinantes
para o sector bancário angolano e determina-
rão a consolidação da estrutura económico-
fi nanceira do país. E esta estabilidade trará
mais oportunidades para crescermos como
grupo fi nanceiro e darmos seguimento à nos-
sa estratégia de crescimento a longo prazo.
O BESA foi quem gerou mais lucros na actividade internacional do or-ganismo fi nanceiro. Que factores têm contribuído para o aumento da importância de Angola nas receitas do BES?O país é considerado como um dos mercados
mais importantes dentro do perímetro de in-
ternacionalização do Grupo BES. A sua rique-
za e elevadas taxas de fomento económico
tornam-no num dos mercados com um desen-
volvimento mais célere e perspectivas de cres-
cimento mais animadoras a nível mundial.
Paralelamente é importante referir que o BE-
SA tem desenvolvido uma estratégia sólida de
crescimento, que tem sido fundamental para
a sua positiva performance e resultados ope-
racionais. Temos vindo a investir na melhoria
do serviço ao cliente, na ampliação de áreas de
negócio e na diversifi cação de produtos ban-
cários, de forma sustentada e relevante para o
mercado e isso refl ecte-se na nossa posição.
A empresa possui parcerias com ou-
“O ano de 2009 foi determinante na história do BESA e na sua consolidação como grupo fi nanceiro, um dos objectivos prioritários do banco. Estamos a construir os alicerces de uma sólida estratégia que temos vindo a defi nir e que a partir deste ano iniciará uma nova etapa do seu percurso”
O BESA encontra-se numa fase expansiva e pa-
ra 2010 o nosso objectivo passa por consolidar-
mos a nossa posição como grupo fi nanceiro
de referência em Angola, motivo pelo qual o
banco irá apostar na criação de subsidiárias na
área de participação fi nanceira. A BESAACTIF,
Sociedade Gestora de Fundos de Investimento,
participada pelo Banco Espírito Santo Angola,
tem já em comercialização dois fundos, o BE-
SA Património – Fundo de Investimento Imo-
biliário e BESA Opções de Reforma – Fundo de
Pensões. Em licenciamento, estão uma socie-
dade corretora, outra de leasing e um banco de
investimento de direito angolano.
Estamos também a investir na melhoria do
serviço prestado aos nossos clientes, através
de uma maior cobertura geográfi ca das nossas
agências e de uma maior aproximação e per-
sonalização do contacto com estes e da aposta
nos canais directos, de onde se destaca a opera-
cionalidade do Internet Banking (BESAnet).
Paralelamente, o BESA irá reforçar, durante
2010, o seu compromisso com a sensibiliza-
ção e educação para o Desenvolvimento Sus-
tentável de Angola, dinamizando e apoiando
um conjunto de iniciativas de responsabilida-
de social, valorização cultural e preservação
ambiental. Recorde-se que o BESA é, desde o
início do ano, parceiro da UNESCO, enquanto
“Banco Ofi cial do Planeta Terra”. Através des-
te compromisso, estabelecido para os próxi-
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA44
GRANDE ENTREVISTA
tras entidades?O BESA conta com uma empresa associa-
da, a BESAACTIF, primeira sociedade gesto-
ra de fundos de investimento a operar em
Angola, criada em parceria com a ESAF, em
2008. Esta é a sociedade gestora do Banco Es-
pírito Santo Angola, constituída segundo a
lei angolana e supervisionada pelo Institu-
to de Supervisão de Seguros. Disponibiliza
um conjunto de fundos vocacionados para
a poupança na reforma, com rentabilidades
estimadas a médio e longo prazo, com o ob-
jectivo de complementar as pensões delinea-
das pela legislação nacional.
Nos últimos três anos têm sido ga-lardoados com diversos prémios, no-meadamente o Best Bank in Angola, em 2009 e em 2010. O que represen-ta essa distinção?O nosso posicionamento sério e coerente no
mercado conduziu ao reconhecimento por
entidades internacionais independentes. O
prémio de “Best Bank in Angola” é obviamen-
te prestigiante e motivador, sobretudo pelo
prestígio e independência da revista Global
Finance. Apesar da nossa maior motivação
decorrer do crescimento a que assistimos
diariamente, tanto do banco em si, como do
mercado angolano, cada vez mais dinâmico
e maduro fi nanceiramente, a verdade é que
é sempre motivador merecermos distinções
tão prestigiantes como essa. E esperamos vol-
tar a renová-las por muito tempo.
Recentemente, fomos premiados como Best
Banking Group em Angola e na África Subsa-
riana, pela revista World Finance. Os dois pré-
mios são atribuídos em reconhecimento da
solidez da nossa estratégia de expansão para
outras áreas do mercado fi nanceiro, como os
seguros e a gestão de fundos.
“Recentemente, fomos premiados como Best Banking Group em Angola e na África Subsariana, pela revista World Finance”
clientes
Quais são os vossos principais ser-viços?O BESA oferece uma abordagem multi-es-
pecialista, assente em propostas de valor
diferenciadas para os vários segmentos. Dis-
ponibilizámos uma grande diversidade de
produtos e serviços, que permitem ao nossos
clientes seleccionar a que vai mais ao encon-
tro das suas necessidades fi nanceiras, sejam
de conta ordenado, contas poupança ou con-
tas de investimento, capitalização e rendi-
mento. No segmento de cartões, acabámos de
renovar todo conceito gráfi co dos nossos car-
tões de crédito, que se dividem em diferentes
categorias para responder, mais uma vez, a di-
ferentes necessidades: os cartões BESA Clas-
sic, um cartão de fácil utilização para cobrir as
necessidades do dia-a-dia; o cartão Platinum,
que inclui já vantagens e serviços de apoio
exclusivos, bem como uma linha de crédito
de valores elevados; e ainda uma inovadora
linha de cartões para empresas, em duas ver-
sões: BESA Corporate Silver e BESA Corporate
Gold, com condições únicas para o segmento
empresarial. O banco tem vindo também a
diferenciar-se no mercado pela introdução
de serviços que signifi cam valor acrescenta-
do para os clientes, nomeadamente ao nível
do Private Banking. O BESA disponibiliza, en-
tre outros, aconselhamento fi nanceiro, atra-
vés de uma equipa de profi ssionais altamente
qualifi cada; serviço de apoio ao cliente, dis-
ponível por telefone e e-mail; e o serviço BE-
SAnet, sistema de Internet Banking de acesso
gratuito, a qualquer hora do dia e da noite a
partir de qualquer parte do mundo.
Que tipo de soluções são mais pro-curadas?Com a sofi sticação da economia nacional e
do mercado de consumo, assistimos a um au-
mento exponencial das taxas de bancarização
e de uma maior abertura dos clientes para a
realização de operações bancárias no seu dia-
a-dia. Este é um segmento que o BESA preten-
de atender de forma efi caz, proporcionando
soluções que vão ao encontro de diferentes
perfi s de clientes particulares, abrangendo
um amplo espectro de necessidades.
Um dos mercados em que mais temos cresci-
do é o empresarial, tanto ao nível interno, co-
mo empresas e investidores estrangeiros, com
interesses comerciais em Angola. O mundo
tem os olhos no país e o investimento ex-
terno é bem-vindo. Por isso, desenvolvemos
consultoria especializada de investimento
e abordagem ao mercado, fundamentados
num profundo know-how do mercado e das
melhores opções de investimento, em con-
formidade com o contexto internacional e as
perspectivas da economia global.
Qual o perfi l dos vossos clientes?O BESA tem diversifi cado os seus produtos
e unidades de negócio para responder a um
número cada vez mais alargado de clientes e
de perfi s. Mas podemos destacar alguns seg-
mentos em que a nossa actuação tem incidi-
do com maior destaque.
“O país é considerado como um dos mercados mais importantes dentro do perímetro de internacionalização do Grupo BES. A sua riqueza e elevadas taxas de fomento económico tornam-no num dos mercados com um desenvolvimento mais célere e perspectivas de crescimento mais animadoras a nível mundial”
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 45
O Corporate tem vindo a constituir uma das
nossas prioridades, por meio de uma oferta
de produtos e serviços exclusivos para o sec-
tor empresarial. Também gostaria de destacar
os clientes executivos, que confi am, cada vez,
mais no nosso trabalho e para os quais dispo-
nibilizamos condições e serviços únicos.
Que acções têm desenvolvido para se destacarem da concorrência e se posicionarem no topo?O BESA posiciona-se como banco universal de
referência no mercado angolano, mantendo
os melhores níveis de rentabilidade e efi ciên-
cia, aliada a uma imagem de solidez, confi an-
ça e excelência no atendimento ao cliente.
A diferenciação da concorrência faz-se pela
oferta dos melhores produtos e dos melho-
res serviços, assentes em valores estratégicos
essenciais como o investimento na inovação
e tecnologia ao serviço do cliente, aposta na
diversifi cação da oferta e aconselhamento fi -
nanceiro especializado.
O BESA tem-se destacado ainda pela sua es-
tratégia de marketing e responsabilidade, que
têm contribuído para a consolidação de uma
marca forte e relevante para os nossos clien-
tes. Saliento sobretudo a actuação pioneira
do BESA ao nível da promoção do desenvol-
vimento sustentável do país, através do apoio
à educação, promoção da cultura e sensibili-
zação para a importância da preservação do
ambiente. Este é um dos nossos vectores es-
tratégicos prioritários e um dos aspectos que
mais nos tem diferenciado da concorrência.
Está prevista a abertura de novas agências, nomeadamente nas pro-víncias?Actualmente dispomos de 36 balcões, 23 dos
quais em Luanda. A nossa estratégia prevê
que até ao fi nal de 2010 alcancemos os 40 bal-
cões espalhados pelo país. Isso irá signifi car
mais postos de trabalho, maior cobertura ge-
ográfi ca e a prestação de um melhor serviço
aos nossos clientes.
responsabilidade social
O BESA foi indicado Banco Ofi cial do Planeta Terra pela Unesco. Como surgiu a nomeação?Enquanto instituição fi nanceira, que sempre
se pautou por um compromisso com o de-
senvolvimento sustentável, acreditamos que
o crescimento económico deve ser acompa-
nhado por medidas efectivas de preservação
ambiental e apoio social, que apenas interli-
gadas, poderão assegurar um futuro melhor
para o país. A rápida evolução económica
que o país tem apresentado nos últimos anos
tem conduzido a importantes transforma-
ções sociais e ambientais que levantaram
novos desafi os e responsabilidades. A estes
factores, soma-se, ainda, a vulnerabilidade do
continente às alterações climáticas e aos pro-
blemas ambientais, fruto da actual gestão in-
sustentável dos recursos naturais. Sentimos
que, enquanto agente económico, devemos
ter um papel activo na sensibilização para o
desenvolvimento sustentável não apenas de
Angola, mas do mundo. É, para nós, um gran-
de orgulho sermos parceiros do Planet Earth
Institute – PEI (Instituto do Planeta Terra), da
UNESCO, na sua missão de fomentar o de-
bate internacional e a procura de soluções
efectivas para o crescimento sustentável do
planeta. E assumimo-lo com a responsabili-
dade e compromisso com que entendemos
que este assunto deve ser encarado por todas
as instituições mundiais, porque o futuro do
planeta e das próximas gerações depende de
todos, sejam países, empresas, instituições ou
cidadãos anónimos. Acreditamos que as so-
luções efectivas de mudança apenas poderão
emergir da con-
certação inter-
nacional, pelo
que o novo Ins-
tituto terá um
papel determi-
nante na identifi cação de acções globais, ca-
pazes de reunir os diferentes países para um
objectivo comum. E assim contribuir decisi-
vamente na tomada de decisões e na criação
de uma sociedade ambientalmente mais res-
ponsável e consciente.
Em que consiste a parceria entre o BESA e a Unesco?Recentemente, estivemos em Nova Iorque
para a apresentação ofi cial do Planet Earth
Institute – PEI (Instituto do Planeta Terra),
nas Nações Unidas, durante a 18ª sessão da
Comissão para o Desenvolvimento Susten-
tável da ONU. Sob o tema “The importance
of private contribution for Sustainable Deve-
lopment”, tivemos a oportunidade de dar a
conhecer a agentes e representantes de todo
o mundo, o
nosso projec-
to de susten-
tabilidade
para Angola.
Foi a primeira vez que uma instituição pri-
vada defendeu, de forma clara, esta posição
na ONU. E paralelamente, apresentámos, nas
Nações Unidas, a nossa Exposição de Fotógra-
fos Africanos dedicada ao tema do “Salvar e
Preservar o Planeta”, promovida em parceria
com a organização internacional World Press
Photo. Enquanto Banco Ofi cial do Planeta
Terra, o BESA tem-se empenhado em todas
as acções promovidas pelo PEI, participando
activamente nas iniciativas, sejam elas con-
ferências, reuniões, acções de rua ou campa-
nhas. Não conseguimos imaginar um melhor
parceiro para dar eco a estas preocupações e
sensibilizar o mundo para os problemas e
desafi os do continente africano, unindo es-
forços e concertando posições para assim
conduzir a uma mudança efectiva.
O BESA irá continuar a apoiar todas as ini-
ciativas promovidas pelo PEI, participando
activamente nos eventos promovidos pela
organização. Estas reuniões irão lançar o de-
bate internacional sobre os principais temas
relacionados com o Desenvolvimento Sus-
tentável do Planeta e a apresentação de medi-
das e soluções concretas para o alcançar.
Como tem decorrido a sensibiliza-ção dos angolanos para a necessida-de de promover a sustentabilidade do planeta?Em Angola, o BESA dará seguimento à sua
estratégia de responsabilidade social, assente
em três grandes pilares: preservação ambien-
tal (BESA Ambiente), apoio social e educativo
(BESA Social) e valorização da cultura ango-
lana (BESA Cultura). A nível do apoio social,
continuamos a apoiar o Programa de Ensino
da Língua da Portuguesa, fundamental para
reintegração de refugiados angolanos. Este
projecto é implementado pelo Alto Comissa-
riado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR) e já benefi ciou milhares de crianças
e adultos. Estabelecemos uma parceria com o
Ministério do Ambiente e apoiamos a Cam-
panha de Educação Ambiental, que distribui
um kit com vários materiais que incluem in-
formações relevantes sobre o desenvolvimen-
to sustentável, lançado em várias cidades do
país. Associamo-nos a esta actividade com a
Exposição Itinerante “Salvar e Preservar o Pla-
neta”, que, como disse, foi organizada em par-
ceria com a World Press Photo. Esta exposição
surge de um desafi o que lançámos a cinco fo-
“O Corporate tem vindo a constituir uma das nos-sas prioridades. Os clientes executivos confi am, cada vez, mais no nosso trabalho”
“A nossa estratégia prevê que até ao fi nal de 2010 alcancemos os 40 balcões espalhados pelo país”
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA46
GRANDE ENTREVISTA
tógrafos africanos de renome, para que per-
corressem diferentes províncias de Angola,
retratando cada um, um diferente tema rela-
cionado com o Desenvolvimento Sustentável.
A instituição não descura a sua res-ponsabilidade social, actuando nas áreas carenciadas da sociedade. Co-mo surgiu o interesse?Surgiu da necessidade que sentimos de apoiar
o desenvolvimento social e educacional do
país, ajudando a formar e educar as gerações
futuras, como passo essencial para uma so-
ciedade mais evoluída, justa e igualitária. A
educação é um bem essencial na formação
da cidadania cívica e na garantia de oportu-
nidades iguais para todos, contribuindo para
a qualifi cação de competências e de recursos
humanos especializados.
Existem pilares que são fundamentais para a
construção de um país que se pretende evo-
luído e sustentável: a cultura, o social, a eco-
nomia e o ambiente. Actuamos no sentido de
dar o nosso contributo em todas estas áreas,
acreditando que mais que o nosso contributo
directo, estamos a servir de exemplo para in-
centivar outras instituições a fazer o mesmo.
Porque uma mudança efectiva apenas pode
surgir da comunhão de esforços entre várias
partes, com um mesmo objectivo: assegurar
um futuro sustentável para Angola e a pre-
servação da sua “riqueza” enquanto povo.
Uma das actividades tem sido a pro-moção do ensino da língua portu-guesa. Como tem decorrido a adesão das populações? O BESA patrocina, desde 2007, a implemen-
tação de um Programa de Ensino da Língua
Portuguesa do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados, destinado a milha-
res de angolanos, desde adultos a crianças.
O projecto tem como objectivo permitir que os
refugiados e as suas famílias possam aprender
a nossa língua. Devido à sua ausência do país,
muitos perderam contacto com a língua por-
tuguesa, o que constitui um entrave relevante
à sua reintegração na sociedade angolana. Do
mesmo modo, os refugiados de países em con-
fl ito da região central de África, do Burundi,
Libéria e, maioritariamente, da República do
Congo Democrático têm a oportunidade para
aprender a Língua Portuguesa.
O apoio do BESA envolve a distribuição de ma-
terial escolar a milhares de crianças, integradas
no programa e ainda a formação de professo-
res, que garantam a continuidade do projecto.
Fundaram o BESACultura. Em que consiste a instituição?Em 2007, criamos o BESACultura, dedicado
exclusivamente ao apoio a actividades cul-
turais e artísticas, que visam a preservação e
promoção internacional dos artistas nacio-
nais. No primeiro ano, publicámos o livro de
homenagem aos 40 anos de carreira do artista
plástico e fotógrafo António Ole, um dos cria-
dores mais reconhecidos em todo o mundo.
Uma das áreas em que mais se tem aposta-
do é na fotografi a, uma linguagem artística
universal e com um poder único de passar
mensagens e sensibilizar para os principais
problemas sociais e ambientais que o planeta
enfrenta actualmente.
Continuaremos a desenvolver a parceria com
o World Press Photo, com colaborações na or-
ganização do BESA foto, concurso de fotogra-
fi a que já vai no terceiro ano consecutivo, e
que constitui uma oportunidade para reve-
lar novos talentos na área de fotografi a. Tal
como aconteceu em 2009, promoveremos o
workshop que dará a oportunidade de trans-
missão da experiência de dois fotógrafos de
referência internacional, seleccionados pela
World Press Photo.
economia
A banca tem sofrido um exponen-cial crescimento. Que análise faz deste sector?Apesar da situação actual, a evolução da ban-
ca está a montante e a jusante do processo de
crescimento nacional. Se as óptimas perspec-
tivas e condições de crescimento, apoiaram a
proliferação do sector bancário, também se
deve a este a consolidação do sistema fi nan-
ceiro, essencial para desenvolvimento susten-
tável, assente em alicerces fortes e estáveis. À
medida que vamos assistindo ao seu amadu-
recimento fi nanceiro e das instituições eco-
nómicas, a banca vai tendo um papel cada vez
mais essencial no apoio ao investimento, no
aumento das taxas de bancarização da popu-
lação e garantia de estabilidade fi nanceira.
Tendo em conta o actual contexto económico e fi nanceiro, qual o papel desempenhado pelas instituições bancárias?A intermediação fi nanceira é considerada a
“espinha dorsal” da economia moderna, uma
vez que o sistema fi nanceiro tem um papel
determinante na dinamização e canalização
de recursos fi nanceiros, incentivando o inves-
timento e o aumento da produtividade. Um
sistema fi nanceiro efi ciente é essencial para o
crescimento económico sustentado. De facto,
a contribuição de um modelo bancário mo-
derno e diversifi cado conduz ao crescimento
e cria as condições para o desenvolvimento
“BESA dará seguimento à sua estratégia de responsabilidade social, assente em três grandes pilares: preservação ambiental (BESA Ambiente), apoio social e educativo (BESA Social) e valorização da cultura angolana (BESA Cultura)”
GRANDE ENTREVISTA · ANGOLA’IN | 47
natural do circuito poupança/investimento/
crescimento económico. Temos assistido a
uma evolução positiva do sistema fi nancei-
ro, que se tem vindo a modernizar e adaptar
às regras internacionais para responder às
exigências da transição para uma economia
de mercado, inserida num contexto global. E
essa mudança foi fundamental para o desen-
volvimento económico actual. Agora, é im-
portante estabilizar e consolidá-lo, trazendo
confi ança e optimismo para os investidores.
Considera que é um dos elementos-chave a considerar na solidifi cação do desenvolvimento económico?Sem dúvida. Um sistema fi nanceiro efi cien-
te é essencial para o crescimento económico
sustentado. Com o aumento do investimen-
to, do emprego, da dinâmica empresarial e
de consumo, a banca vai assumir uma im-
portância crescente no desenvolvimento
económico e social e, enquanto agentes fi -
nanceiros, devemos apoiar esse crescimento
e proporcionar os instrumentos fi nanceiros
adequados para uma economia moderna e
sustentável. A economia cresce, cresce o sis-
tema fi nanceiro, criando um ciclo de progres-
so e modernização.
“A intermediação fi nanceira é considerada a “espinha dorsal” da economia moderna. Um sistema fi nanceiro efi ciente é essencial para o crescimento económico sustentado”
Que futuro prevê para a banca an-golana?O desenvolvimento do mercado fi nanceiro
angolano tem registado sucessivas alterações
no sentido da sua modernização e adaptação
às normas internacionais em matéria fi nan-
ceira e, por outro lado, de satisfazer os requi-
sitos que caracterizam a transição para uma
economia de mercado. E essa mudança foi
fundamental para o desenvolvimento econó-
mico actual. Agora, é importante estabilizar e
consolidar o sistema fi nanceiro, trazendo con-
fi ança e optimismo para os investidores.
A população activa que agora detém conta
bancária tem crescido exponencialmente nos
últimos anos, mas ainda há um longo cami-
nho a percorrer. É necessário reforçar o investi-
mento nas tecnologias e inovação, disseminar
os meios electrónicos de pagamento (redes
terminais, caixas de pagamento automático),
garantir as bases de efi ciência e rentabilida-
de adequadas a uma crescente sofi sticação e
à complexidade do sistema fi nanceiro ango-
lano. Por fi m, destaco um dos bens mais im-
portantes: o reforço do desenvolvimento do
capital humano, um factor estratégico para a
sustentação do sistema bancário nacional.
Angola foi recentemente cotada pe-las agências de rating. Como enca-ra os valores atribuídos e em que medida o reconhecimento interna-cional pode contribuir para a pro-jecção da economia?Estando o mercado angolano cada vez mais in-
tegrado no contexto económico mundial e no
mercado de capitais, a cotação pelas agências
de rating signifi ca uma importante etapa do
seu crescimento e amadurecimento enquanto
economia. A atribuição de “rating” é essencial
para facilitar a venda de títulos no mercado
internacional. As classifi cações foram muito
positivas, sobretudo tendo em conta que foi a
primeira vez que Angola foi cotada. Tem por-
tanto uma longa margem de progresso. Este é
um importante reconhecimento da evolução
que a economia nacional teve nos últimos
anos, a sua aproximação ao mercado interna-
cional e estabilidade macroeconómica. Sinais
de uma economia sólida e em progresso.
Um dos handicaps da estrutura eco-nómica angolana é a sua excessiva dependência do petróleo. Conside-ra que a diversifi cação das fontes de rendimento pode tornar o cresci-mento mais sustentável?É inegável que o petróleo tem uma grande
importância, mas à medida que a economia
estabiliza e se desenvolve, cria-se palco para
a diversifi cação da estrutura produtiva, a des-
centralização económica e aumento do mer-
cado de consumo. A consolidação de áreas
importantes como a construção civil, saúde e
educação e também a proliferação de serviços
terciários estão a permitir novas oportunida-
des de investimento em Angola. E esta é uma
tendência que irá reproduzir-se nos próximos
anos, criando novas e vantajosas perspectivas
para os investidores. O caminho para o pro-
gresso compreende diversas variáveis. Uma
sociedade moderna e sustentável não pode es-
tar ancorada em sectores económicos especí-
fi cos, independentemente do seu valor.
Qual o modelo de crescimento a adoptar para a afi rmação do país en-quanto futura potência africana?Angola apresenta várias vantagens competi-
tivas enquanto país e economia, como a sua
localização geográfi ca privilegiada sobre o
Oceano Atlântico, os seus abundantes re-
cursos naturais e humanos e as políticas de
desenvolvimento económico orientadas pa-
ra o apelo ao investimento privado e inves-
timento estrangeiro. Argumentos de sobra
para que o crescimento de Angola continue
próspero e sustentável. Mas para isso é ne-
cessário investir nas infra-estruturas base
da sociedade e pensar o crescimento a longo
prazo, através da especialização em sectores
estratégicos para a economia angolana, como
o sector primário, tirando partido de toda a
sua riqueza natural, a indústria transforma-
dora e a construção e obras públicas; do re-
forço do investimento estrangeiro e apoio
ao tecido empresarial, criando mais dinamis-
mo económico; e, sem dúvida, da formação e
qualifi cação de recursos humanos em áreas
de desenvolvimento estratégicas.
Paralelamente, é importante que o desenvol-
vimento seja acompanhado de medidas efec-
tivas de protecção social, apoio à educação e
cultura e preservação ambiental, que garan-
tam um crescimento sustentável para o país,
com os olhos no futuro e na garantia das ne-
cessidades das gerações futuras.
Que sectores alternativos poderiam ser explorados?O crescimento económico conduziu à mul-
tiplicidade dos sectores económicos, assis-
tindo-se à modernização da agricultura, à
consolidação de importantes áreas como a
construção, saúde e educação e ainda a prolife
“É importante estabilizar e consolidar o sistema fi nanceiro, trazendo confi ança e optimismo para os investidores”
“O BESA patrocina, desde 2007, a implementação de um Programa de Ensino da Língua Portuguesa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, destinado a milhares de angolanos, desde adultos a crianças”
| ANGOLA’IN · GRANDE ENTREVISTA48
GRANDE ENTREVISTA
ração de serviços terciários, que terão um im-
portante papel no apoio ao desenvolvimento
do tecido socioeconómico do país.
É importante também apostar nos sectores de
bens de consumo, que permitam simultanea-
mente colmatar as necessidades da sociedade,
criar emprego e reduzir a dependência de im-
portação deste género de bens.
Existem sectores em que o país tem claramen-
te vantagem: petróleo, diamantes e outros re-
cursos minerais e agro-pecuária. Mas, existem
outros sectores com óptimas perspectivas de
desenvolvimento, como construção, transpor-
tes e vias públicas, recursos hídricos, fl orestais
e pescas. Sectores que devem ser potenciados,
através do investimento na sua moderniza-
ção, sofi sticação tecnológica e qualifi cação de
competências humanas nestas áreas.
Na sua opinião, em termos políti-cos e fi nanceiros quais são os prin-cipais desafi os que se colocam neste momento à nação?Angola, sendo uma economia cada vez mais
globalizada e aberta ao investimento estran-
geiro, sentiu naturalmente as consequências
da crise económica mundial. Contudo, o ele-
vado crescimento do país permitiu que, já em
2010, se preveja uma recuperação económica
saudável. Podemos concluir que este período
menos positivo da economia em 2009, acabou
por permitir um positivo impacto no proces-
so de crescimento e amadurecimento da
economia angolana, na medida em que con-
tribuiu para o aumento da competitividade e
muniu as instituições fi nanceiras e o mercado
de instrumentos para enfrentar as adversida-
des. O sistema fi nanceiro, de onde se destaca
a banca, assume-se como principal motor do
desenvolvimento dos países. Neste período
de retoma fi nanceira, compete à banca a im-
portante missão de estimular a economia e
reconquistar a confi ança dos investidores e
consumidores. Um sector fi nanceiro estável
e sólido torna o mercado mais apetecível ao
investimento externo e aí também a banca
deverá assumir uma postura pró-activa. En-
quanto parceiro do investimento externo, de-
sempenha um importante papel na captação
de investimento e elevação da atractividade
do mercado angolano ao exterior. E este é um
desafi o que deverá ser prioritário nesta fase
crucial da recuperação económica.
relacionamento portugal/ angola
Portugal e Angola mantêm um lon-go relacionamento. Que análise faz
da troca de experiências e das par-cerias que têm vindo a ser fi rmadas ao longo dos últimos anos?Angola é actualmente um dos mercados mais
procurados pelos empresários portugueses
na sua estratégia de internacionalização, de-
vido às importantes vantagens competitivas
trazidas pela proximidade linguística, cultu-
ral e histórica.
De acordo com a Agência Nacional para o In-
vestimento Privado, Portugal é actualmente
o principal país exportador para Angola, com
uma quota de 20%, seguido da África do Sul
(13%), Estados Unidos (13%), França (7%) e
Brasil (6%).
Por isso, temos, desde a nossa fundação, uma
estratégia orientada para a dinâmica das re-
lações bilaterais entre Portugal e Angola,
apoiando as empresas portuguesas na abor-
dagem ao mercado angolano, através de diag-
nóstico de oportunidades, parceiros locais e
planos de investimento.
Paralelamente, temos recebido comitivas de
empresários lusos, fomentando o contacto
com empresas e instituições locais, bem co-
mo a apresentação dos principais projectos e
infra-estruturas dentro das áreas de negócio
relevantes para esses empresários.
Em que medida Angola pode ajudar Portugal a recuperar da crise fi nan-ceira em que está mergulhado?As previsões do Banco Mundial apontam pa-
ra uma positiva aceleração da economia an-
golana. E este optimismo conduz a que o país
seja actualmente um dos mercados mais ape-
tecíveis ao investimento externo, sobretudo
para os empresários portugueses, aos quais
a proximidade linguística, cultural e históri-
ca se traduz em importantes vantagens com-
petitivas. Esta forte relação bilateral entre
Portugal e Angola, cujas raízes atravessam a
história e a cultura de ambos os países, refl ec-
te-se num encorajamento ao investimento
das empresas lusas neste país. Sendo o quarto
melhor “cliente” das exportações portugue-
sas, Angola constitui uma janela de oportu-
nidades para a recuperação económica.
A nação reconstrói-se e ajuda a reconstruir.
É um país que se abre ao mundo e à econo-
mia global, dando passos seguros e fi rmes no
sentido da estabilidade macro-económica e
do estabelecimento das bases para um cres-
cimento vigoroso e constante. Crescimento
este, fértil em oportunidades para o inves-
timento externo e para o renascimento das
economias ocidentais, a quem o país traz re-
novadas esperanças para enfrentar o novo ci-
clo que se avizinha.
Considera que o país será cada vez mais um mercado apetecível para os empresários estrangeiros?Sem dúvida. O rápido aceleramento da eco-
nomia angolana tornou-a numa das mais
apetecíveis ao investimento estrangeiro. O
investimento estrangeiro directo tem aumen-
tado consideravelmente, de acordo com os da-
dos fornecidos pelas autoridades nacionais. Os
olhos do mundo estão em Angola e de facto,
as condições alentam ao investimento: estabi-
lidade política, reconstrução urbana; escalada
do mercado de consumo; diversifi cação eco-
nómica, embora a crise fi nanceira que vive-
mos nos últimos tempos tenha criado alguns
constrangimentos ao mercado. Temos certeza
que é uma situação temporária. O BESA, pe-
la sua integração num grupo internacional e
abertura ao mercado global tem vindo a refor-
çar a sua posição como um parceiro impor-
tante para os negócios internacionais.
Na sua opinião, quais os sectores que detêm força e potencialidades para se internacionalizarem?Embora Angola assuma um papel de relevo
enquanto destino do investimento estran-
geiro, o sentido dos fl uxos comerciais tem-
se invertido, assistindo-se actualmente a um
movimento de reforço dos investimentos an-
golanos no exterior.
Os produtos energéticos representam uma
grande percentagem do total das exporta-
ções, a que se juntam os diamantes, o café,
além do algodão. Estes são sectores em que
Angola pode e deve potenciar a sua vocação
internacional.
Como avalia o crescimento da eco-nomia nacional?As previsões do Banco Mundial apontam para
uma aceleração da economia angolana na or-
dem dos 7% em 2010, uma das mais dinâmi-
cas da África subsariana. As perspectivas para
este ano são de optimismo e confi ança na re-
toma do crescimento económico-fi nanceiro
que tornou Angola num dos mercados mais
apetecíveis ao investimento externo. Apesar
de, em 2009, o país ter sofrido as consequên-
cias da crise fi nanceira mundial, acreditamos
que neste ano se vai sentir uma efectiva reto-
ma na confi ança dos investidores e do consu-
midor, capaz de devolver a solidez ao sistema
fi nanceiro angolano. O país está a crescer
a todos os níveis e a amadurecer enquanto
sociedade livre, com estabilidade política e
económica e isso refl ecte-se num desenvol-
vimento sem precedentes que irá continuar
saudável e sustentável a longo prazo.
50 | ANGOLA’IN · FOTO REPORTAGEM
FOTO REPORTAGEM
CIDADECidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastasQue o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejoOs muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vidaE que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometidaÀs ondas brancas e às fl orestas verdes.
Sophia de Mello Breyner, 1944
Numa edição recheada de exclusivos, a equipa da Angola’in apresenta pela primeira vez uma selecção única das melhores imagens que descrevem os atributos das principais cidades da
‘aldeia global’, que se destacam das restantes pelo custo de vida e pela apetência pelo consumo. Tóquio, Hong Kong, Moscovo,
Osaka, Copenhaga e Singapura são alguns dos centros urbanos mais caros da actualidade. Luanda está no topo do ranking de
2010. Descubra as rivais da capital angolana.
NO TOPO
DO MUNDO
tóquio
TURISMO
56 | ANGOLA’IN · TURISMO
| patrícia alves tavares
ESPECIAL MELHORES SPA’S DO MUNDO
Puro prazerLiberte-se de todas as preocupações e
stress. Nesta edição, a Angola’in propõe-
lhe uma viagem aos melhores spas do mun-
do. Compilamos 25 espaços onde poderá
descontrair e recuperar as energias, num
conceito que alia preocupação com bem-es-
tar e beleza. Sugerimos que aproveite uma
pausa no trabalho ou umas mini-férias pa-
ra conhecer os centros mais luxuosos, onde
pode descansar e deixar-se envolver pelos
prazeres das massagens, dos banhos me-
dicinais e das aulas de ioga.
O termo é frequentemente usado enquanto sinónimo de mordomia e qualidade de vida. A expres-
são nasceu na antiguidade, nas termas da cidade de Spa, na Bélgica. O local era muito procurado
pela aristocracia romana, que considerava as suas águas como as mais puras do mundo. A zona
era exclusiva das elites que procuravam relaxar num ambiente distinto. No entanto, foi já no sé-
culo XX que o conceito se ‘vulgarizou’ e conquistou o mundo e uma série de adeptos, assumindo a
designação de luxo e de espaço onde as pessoas esperam obter tranquilidade, ‘recarregar baterias’
e dedicar-se a cuidar de si, da sua beleza.
Actualmente pode encontrar diversas opções e tratamentos nos spas. Concebidos para proporcio-
nar momentos de relaxamento e de cuidado com o corpo e com a mente, pode encontrar desde
técnicas relaxantes a tratamentos de emagrecimento e de beleza. Conheça os supra-sumos do
planeta e quem se destaca na arte do bem-estar.
austráliaCradle Mountain LodgeO hotel Cradle Mountain Lodge, na mítica Tas-
mânia, oferece-lhe um Spa de sonho: o Wal-
dheim Alpine. O espaço evidencia a beleza
natural e a pureza intocável da região selvagem.
Composto por profi ssionais especializados, aqui
pode descobrir as fórmulas e cuidados avança-
dos que contribuem para o seu bem-estar e para
o re-despertar dos sentidos, através das mas-
sagens exclusivas. Visite a sala conhecida como
‘The Sanctuary’, que inclui sauna, piscina de água
quente e fria, banho turco e área de relaxamen-
to. A combinação das terapias de águas quentes
e frias é bastante revigorante promovendo a me-
lhoria da circulação sanguínea.
Localização: Tasmânia, AustráliaReservas: 0845 618 2200
www.cradlemountainlodge.com.au
aústriaMavidaEncontra-se no top dos Spa típicos das regiões
onde abunda a neve. Integrado num hotel de
quatro estrelas, detém os prémios “Designer
Hotel 2008” e “Gala Spa Award 2009”. Este lo-
cal ajuda-o a encontrar o equilíbrio entre corpo,
mente e espírito, pelo que dispõe de inovadores
quartos (Spa suite), de um “Blue Box” (tecnolo-
gia de ponta para relaxar todos os sentidos), do
“Floatarium” (área com isolamento sonoro e 26
por cento de água salgada para fl utuar) e deze-
nas de tratamentos bastante apetecíveis. Não
perca as terapias “Mavida Crystal Spa” (sauna
com aromas biológicos), o peeling corporal com
cristais ou o banho de leite com cristais.
Localização: Zell am See, Áustria
Reservas: 00 43 65 42 54 10
www.mavida.at
brasilKurotelO espaço de gestão sul-americana e brasileira fi -
gura entre os melhores e apresenta uma longa
história. O Kurotel (Gramado, Rio Grande do Sul)
detém uma tradição de quase três décadas e é
muito conhecido devido ao sucesso do Kur Es-
tação das Águas e Spa, que é o ‘Day Spa’ deste
hotel. Aqui descobrirá tratamentos de hidrotera-
pia com águas térmicas e outros mimos como os
banhos com lodo ou com sal, a fonte de gelo, o
duche de espuma e a piscina com jactos de água.
Os cuidados visam a supremacia do bem-estar,
apresentado terapias faciais, corporais, para ca-
belos, dermatologia e outras áreas. Os visitan-
tes, de acordo com a disponibilidade de tempo,
podem escolher apenas um tratamento ou os
planos especiais, com várias terapias.
Localização: Gramado, Rio Grande do Sul,
Brasil
Reservas: 0800 970 9800
www.kurotel.com.br
| patrícia alves tavares
57 TURISMO · ANGOLA’IN |
chipreAlmyraIntegrado no Hotel Almyra, o Spa goza do am-
biente natural, encontrando-se rodeado de jar-
dins extensos com vista para o mar. Aqui pode
descontrair através de tratamentos holísticos e
massagens relaxantes, que pode acompanhar
com refeições de estilo suíço e pratos típicos. É o
primeiro do mundo que recorre ao conceito puro
do estilo de vida, recorrendo a ingredientes 100
por cento naturais. Tem a possibilidade de es-
colher um menu vegetariano para complemen-
tar os cuidados e a nutrição do corpo. Pode optar
por tratamentos individuais ou para casais, dis-
pondo ainda de uma suite de luxo para medita-
ção e ioga. O jardim convida a passeios e dispõe
de uma área para almoços inspirados na cozinha
mediterrânea, acompanhados por tónicos e chás
terapêuticos.
Localização: Paphos, Chipre
Reservas: 01244202000
www.almyra.com
chinaAman at Summer PalaceÉ um autêntico oásis de tranquilidade e luxo.
Integrado num requintado hotel, este Spa es-
tá praticamente inserido numa das construções
históricas mais importantes de Pequim, o Palá-
cio de Verão ou ‘Yiheyuan’ (em chinês signifi ca
‘Jardim de Harmonia Cultivada’). No Arrival Pa-
vilion, é recebido por uma equipa que elabora o
seu plano de estadia de acordo com as suas ne-
cessidades e expectativas. Aqui existe um eleva-
dor de acesso directo ao Spa, que alberga ainda
um fi tness-center, uma sala de pilates e piscina,
banhados pela luz natural de Beijing. As terapias
inspiradas nas técnicas chinesas conjugadas
com as mãos experientes dos seus especialistas
resultam numa sensação de equilíbrio e harmo-
nia entre mente e corpo.
Localização: Beijing, China
Reservas: 020 7426 9888
www.amanresorts.com
euaSanctuary Camelback MountainLocalizado em Paradise Valley, este Spa é um
autêntico paraíso asiático em pleno Arizona. Os
tratamentos originários da Ásia e decoração zen
são atractivos fortes para quem procura relaxar
no jardim da meditação. O centro dispõe dos ha-
bituais campos de golfe, ténis e piscina. No en-
tanto, a sua mais-valia está no bar, célebre pela
extensa carta de vinhos e no restaurante, espe-
cializado em gastronomia asiática. Quem fi car
por três noites ou mais pode contar com um des-
conto de 20 por cento.
Localização: Arizona, EUA
Reservas: 1-480-948-2100
www.sanctuaryoncamelback.com
Rancho Bernardo InnO ‘Spa Garden’ é a área mais requisitada do
Rancho Bernardo Inn. A temperatura do ar é
controlada e possui zona de hidromassagem e
relaxamento. A estrutura de San Diego apresen-
ta tratamentos faciais, corporais, cuidados com
a pele e massagens completas. No ginásio, os vi-
sitantes podem fazer exercício enquanto visuali-
zam os seus programas preferidos de televisão,
em aparelhos que estão disponíveis em todos os
equipamentos da sala. Os casais podem adquirir
o pacote que inclui dois tratamentos no Spa, jan-
tar na varanda do empreendimento e pleno uso
do campo de golfe. Tudo por 259 USD por noite.
Localização: San Diego, EUA
Reservas: 858.675.8471
www.ranchobernardoinn.com
Mandalay BayDe Las Vegas, nos Estados Unidos, surge um oá-
sis de luxo e promoção da beleza em toda a sua
exuberância. A partir de 89,99 USD por dia po-
de comprar pacotes específi cos que podem in-
cluir tratamentos corporais, faciais, massagens
e outras terapias, com uma duração mínima de
25 minutos. Para quem deseja aproveitar as po-
tencialidades deste Spa, pode visitar a praia ex-
clusiva que funciona das 9h às 17h e tem três
piscinas, playground e rio. O Mandalay Bay goza
ainda da proximidade do Beachside Casino.
Localização: Las Vegas, EUA
Reservas: 702 632 7777
www.mandalaybay.com
Mii AmoTratamentos de pele, corporais, para grávidas
até massagens tradicionais e espirituais são
apenas algumas das ofertas deste centro de te-
rapia, que está rodeado de grandes montanhas
rochosas, no Estado do Arizona (EUA). O trata-
mento de uma hora é muito procurado, já que in-
clui massagens e relaxamento por 150 USD. Para
os hóspedes que querem aproveitar ao máximo
a estadia, existem três tipos de acomodação, on-
de o luxo e o glamour são uma constante. Pode
optar por pacotes ‘all inclusive’ (tudo incluído) ou
por algo mais rápido que tem a duração de um
dia (refeições não incluídas). As escolhas oscilam
entre 390 USD e 575 USD.
Localização: Arizona, EUA
Reservas: 928 203 8500
www.miiamo.com
58 | ANGOLA’IN · TURISMO58 | ANGOLA’IN · TURISMO
TURISMO
58 | ANGOLA’IN · TURISMO
Ojai Valley Inn & SpaEncontra-se entre os melhores há mais de 80
anos. A apenas uma hora do Aeroporto Inter-
nacional de Los Angeles, Ojai Valley Inn & Spa
possui 308 quartos de luxo e detém um campo
de golfe que está entre os points preferidos dos
hóspedes. Os tratamentos que oferece são inspi-
rados nas tradições dos índios Chumash. No fi nal
da estadia, os visitantes recebem como oferta
um creme ou loção de criação exclusiva. O espa-
ço californiano esmera-se nos cuidados do corpo
e mente, apresentando diversos tratamentos. O
mais exótico é feito com base de lamas Kuyam.
As terapias que incluem produtos naturais, co-
mo óleo de rosas e gengibre, a meditação, ioga
e Tai-Chi estão na lista das preferências dos seus
utilizadores.
Localização: Los Angeles, EUA
Reservas: 1 888 697 8780
www.ojairesort.com
Calistoga RanchDe Napa Valley chega um Spa com quatro tipos
de estadias, que foram desenvolvidas a pensar
nas famílias que gostam de um destino com op-
ções de relaxamento para todos. Os lodges têm
quartos que podem albergar apenas uma pessoa
ou um casal com crianças. Situado numa das re-
giões vinícolas mais famosas dos Estados Uni-
dos, o Calistoga Ranch distingue-se pelas águas
minerais, que alegadamente detêm uma capaci-
dade natural para curar várias patologias. Às tra-
dicionais salas de ioga e ginásios, o espaço tem
uma interessante piscina com vista para a área
vinícola e para um pinhal composto por carvalhos
e 140 hectares de terra que são aproveitados pe-
los hóspedes para longas caminhadas. Os preços
oscilam entre os 635 USD e os 3.800 USD, de-
pendendo do quarto escolhido.
Localização: Napa Valley, EUA
Reservas: 800 942 4220
www.calistogaranch.com
françaLes Sources de CaudalieA CNNMoney elegeu este espaço francês como
um dos melhores a nível internacional. O Les
Sources de Caudalie situa-se na encantadora ci-
dade de Bordéus, região francófona conhecida
pela produção de vinho de elevada qualidade.
Assim, uma das suas inspirações e que o torna
tão singular é o tratamento à base de vinhos: o
‘vinhoterapia’ (banhos de Cabernet e Merlot). O
ambiente é perfeito para os gourmets, que en-
contram neste Spa palestras sobre vinhos, de-
gustação e aulas de culinária com o chef Nicolas
Masse. O programa pode durar dois (598 USD) ou
seis dias (1.700 USD). Dispõe ainda de 49 suites
de luxo, piscina, ginásio e três campos de golfe.
Localização: Bordéus, França
Reservas: 33 (0)5 57 83 82 82
www.sources-caudalie.com
indonésiaComo Shambhala EstateÉ o melhor da Indonésia e ocupa o topo dos me-
lhores do mundo. Em Bali, surge um espaço com
um cenário inimitável. Sem paredes brancas e
com uma selva à volta, o Como Shambhala Es-
tate é um apelo ao bom gosto e ao despertar dos
sentidos. Os turistas são brindados com uma ex-
periência única logo à chegada. São convidados a
falar de si com terapeutas especialistas em bem-
estar, que elaboram planos adequados às neces-
sidades do hóspede. A maioria dos tratamentos
é de inspiração oriental e vão desde a Ayurveda
à hidroterapia, passando pelas aulas de pilates e
ioga. O mais recente James Bond, Daniel Craig é
visitante assíduo.
Localização: Bali, Indonésia
Reservas: Cleveland Collection 0845 450 5732
www.cse.como.bz
inglaterraBabington HouseEstá igualmente no top dos melhores do mundo.
Esta casa de campo, localizada no Reino Unido,
assume-se como uma combinação perfeita de
estilo, glamour e tranquilidade. O espaço, cuja
decoração evidencia as tradições britânicas, di-
vide-se entre o ‘Cowshed Active’ e o ‘Cowshed
Relax’. Longe da infl uência oriental, a primeira
zona destina-se a actividades de exercício e rela-
xamento do corpo, detendo piscinas, sauna, sa-
las de aromaterapia, ginásio e área de fi tness. O
Cowshed Relax foi pensado para a contemplação
da natureza e para quem deseja passar algum
tempo em refl exão. Os jardins e a casa vitoria-
na são puro deleite. Os hóspedes são ainda brin-
dados com scones (bolo típico inglês) e água de
limão.
Localização: Somerset, Inglaterra
Reservas: 01373 812266
www.babingtonhouse.co.uk
índiaAnanda in the HimalayasNeste Spa encontra cerca de 80 tratamentos
corporais e de beleza que aliam as tradicionais e
milenares terapias indianas com as mais recen-
tes técnicas ocidentais. Os tratamentos são de-
senvolvidos à medida e desejos dos hóspedes,
que dispõem de mais de 20 salas onde é garan-
tido o alívio absoluto do stress. Encontra ainda
sessões de desintoxicação e limpeza do organis-
mo, sessões de relaxamento, tratamentos anti-
envelhecimento e controlo de peso. O Instituto
de Beleza Aveda (da marca Estée Lauder) funcio-
na neste Spa indiano, que tem fantásticas vistas
para o rio Ganges e para a cidade Rishikesh. Para
quem pretende uma estadia prolongada, o ho-
tel que alberga este espaço é uma boa sugestão.
Luxo e conforto não vão faltar.
Localização: Himalaias, Índia
Reservas: 00 91 1378 227500
www.anandaspa.com
59 TURISMO · ANGOLA’IN |
itáliaCristallo Hotel & SpaPara os hóspedes que passaram o dia na neve, o
Cristallo Hotel & Spa apresenta o ritual “Comfort
& Heat”, que consiste numa massagem espe-
cial que recorre ao calor para reconfortar o cor-
po, devolvendo a sua fl exibilidade e hidratação
natural. Localizado no norte de Itália, este Spa
é sinónimo de luxo, estando integrado num ho-
tel de cinco estrelas, que detém vários prémios
de prestígio. Inspirado nas antigas termas roma-
nas, aposta na conjugação de beleza, fi tness e
relaxamento, com uma série de tratamentos dis-
tribuídos por dois pisos. A vista sobre as monta-
nhas de neve é a mais-valia.
Localização: Itália
Reservas: 39.0436.881111
www.cristallo.it
jamaicaStrawberry HillErguido numa antiga plantação de café nas Blue
Mountains da Jamaica, este hotel e Spa é a esco-
lha certa para um retiro espiritual ou umas férias
a dois. Delicie-se com os tratamentos especiais
para o corpo com ingredientes naturais de fl ores
e plantas, com a hidroterapia e o célebre ‘Hima-
layan Rejuvenation Treatment’ da Aveda. De-
corado com mobiliário colonial e inspirado nos
edifícios originais do século XIX, o hotel já re-
cebeu nomes de famosos artistas como Rolling
Stones e Bob Marley.
Localização: Jamaica
Reservas: 00 876 944 8400
www.islandoutpost.com/strawberry_hill
maldivasConrad MaldivesEntregue-se aos prazeres do ócio e bem-estar,
num dos recantos mais glamorosos das Maldi-
vas. O Conrad Maldives Rangali Island é um Spa
com salas de massagem e tratamentos, aplican-
do os seus avançados conhecimentos em tera-
pias faciais, corporais e serviços de beleza. Neste
destino paradisíaco os apaixonados por uma boa
terapia em Spa podem desfrutar de momentos
de tranquilidade no ‘Spa Retreat’ ou no ‘Over-
Water Spa’, que se caracteriza pelo luxo inigua-
lável sobre um chão de vidro, onde se deslumbra
o maravilhoso coral, mesmo a seus pés. Trata-
mentos e actividades não faltam nestes espa-
ços (que pertencem à cadeia de hotéis do célebre
grupo Hilton) que são muito procurados pelos
amantes de Spas e dos climas apetecíveis das
ilhas tropicais.
Localização: Maldivas
Reservas: 960-6680629
www.hiltonworldresorts.com
marrocosAngsana RiadRiab Bab Firdaus, em Marraquexe (Marrocos), é
um mundo exclusivo para alguns. Quem entra
no Spa sente que está a alcançar o paraíso que
se contrapõe com a movimentada e caótica ci-
dade de Marraquexe. O espaço é o resultado do
fascínio do presidente do grupo Banyan Tree por
esta região tão peculiar. Além dos habituais tra-
tamentos faciais e corporais, o Spa destaca-se
pela experiência do Hammam – o banho turco
original. Os aromas a lavanda e jasmim predomi-
nam por todo o recinto, que é considerado como
um dos cinco melhores do mundo. Calma e rela-
xante, a experiência no Riad Bab Firdaus é ines-
quecível e uma lufada de ar fresco numa cidade
onde impera a agitação.
Localização: Marraquexe, Marrocos
Reservas: Aspire 0845 345 9095
www.angsana.com
méxicoLas Ventanas al ParaísoEm pleno coração do México, este Spa dá-lhe a
possibilidade de personalizar a estadia. Existem
desde aulas de culinária ou ténis a programas
especiais para casais (que inclui menus afrodi-
síacos). Aqui encontra tratamentos reparadores,
rituais de cura, produtos orgânicos e terapias
holísticas. O Las Ventanas al Paraíso proporcio-
na mimos exclusivos e muito tentadores, como
uma sala de boas-vindas com tequila, espec-
táculos nocturnos, DVDs à escolha do cliente e
diversas mordomias. O pacote romântico para
quatro noites custa 4.090 USD e inclui massa-
gens, passeios românticos, jantar, entre outros.
Localização: México
Reservas: 52.624.144.2800
www.lasventanas.com
portugalAquafalls Spa HotelÉ o único português incluído na lista dos 101 me-
lhores spas do mundo da revista britânica Ta-
tler. O espaço luso está localizado em Vieira do
Minho, entre o Rio Cávado e o Parque Nacional
Peneda-Gerês, numa das zonas mais bonitas do
Norte de Portugal. O Aquafalls presenteia os vi-
sitantes com magnífi cas vistas para o rio e pa-
ra a montanha. Estes podem desfrutar a estadia
num dos ‘bungalows’ do hotel. O Spa possui pis-
cina interior e exterior, sauna, banho turco, duche
de sensações, fonte de gelo, ‘vichy shower’, giná-
sio, seis salas de tratamento duplas e individuais
e diversas zonas de descanso. As ofertas mais
procuradas no Aquafalls Spa são os tratamentos
com infusões de ervas, os tratamentos anti-ida-
de e de hidroterapia e sobretudo as massagens
Shiatsu ou a quatro mãos.
Localização: Gerês, Portugal
Reservas: 351 253 649 002
www.aquafalls.pt
itália
CE
n
v
c
d
p
d
tar,
ldi-
Spa
an-
ra-
ste
é
tailândiaKamalaya Koh SamuiEste centro, situado na Tailândia, não pára de so-
mar prémios. Foi distinguido como o vencedor do
“Melhor Destino de Spa” no “Asia Spa Baccarat
Awards” e do “Thailand Wellness Sactuary and
Holistic Spa Resort”. A sua co-fundadora, Karina
Stewart, foi igualmente galardoada com o Pré-
mio de Personalidade do Ano (2009) na cate-
goria dos “Spas Asiáticos”. O espaço destaca-se
pela sua programação diversifi cada, elaborada a
pensar nos apaixonados pelas técnicas orientais
de relaxamento. Tem ao seu dispor actividades
de ioga, meditação, anti-stress, fi tness, controlo
de peso, desintoxicação e balanço emocional, en-
tre outras valências. O Kamalaya Koh Samui foi
erguido nas redondezas de uma antiga cave, lo-
cal privilegiado pelos monges budistas para me-
ditação. A aura kármica mantém-se e a essência
da fi losofi a traduz-se no nome do Spa: Kamalaya
- se for dividido em duas partes signifi ca Império
de Lotus (símbolo do crescimento e purifi cação
do espírito humano). Encarado pelos turistas e
habitantes locais como santuário do bem-estar
e da tranquilidade, este Spa tailandês atraia ce-
lebridades internacionais. É o caso da cantora
Madonna que não dispensa uma regular visita a
estas instalações para cuidar da beleza interior
e exterior.
Localização: Koh Samui, Tailândia
Reservas: Cleveland Collection 0845 450 5732
www.kamalaya.com
Chiva-SomEste resort é um clássico. Criado a pensar no
bem-estar físico e mental dos clientes, propor-
ciona uma sensação de tranquilidade absoluta,
baseando-se na fi losofi a que conjuga tradições
tailandesas de hospitalidade e os ideais budistas
de harmonia com as terapias orientais ancestrais
e as ocidentais mais vanguardistas. As massa-
gens tailandesas, shiatsu, refl exologia, ginás-
tica, reiki e tratamentos estéticos contribuem
para uma melhor preparação física e para reduzir
os níveis de stress.
Localização: Tailândia
Reservas: 00 66 3253 6536
www.chiva-som.com
E
b
c
b
t
d
e
g
t
p
o
LRw
TURISMO
60 | ANGOLA’IN · TURISMO
| patrícia alves tavares
suiçaClinique La PraireEste autêntico oásis de luxo e conforto tem qua-
se 75 anos de existência. Localizado nas margens
do Lago de Genebra, o La Prairie tem quartos
com vista para os Alpes, um restaurante gour-
met e uma particularidade interessante: intér-
pretes das mais diversas línguas para facilitar a
comunicação. Escolha um dos múltiplos serviços
de beleza, que vão desde uma simples manicura
aos mais avançados tratamentos contra a celu-
lite e o envelhecimento. O programa para duas
pessoas para um fi m-de-semana com massa-
gem Thai, massagem relaxante, massagem fa-
cial e máscara custa a partir de 3.440 euros. Uma
semana completa tem o preço de 9.270 euros e
inclui ainda consultas com especialistas de fi t-
ness, estética, beleza e check-up.
Localização: Genebra, Suíça
Reservas: 41(0) 21 989 33 11
www.laprairie.ch
AmanpuriA 890 quilómetros de Banguecoque, na ilha de
Phuket, os turistas da Tailândia descobrem um
Spa, inaugurado em 1988, que se destaca pelo
glamour. A partir do aeroporto, os hóspedes têm
uma limusina gratuita que em 25 minutos faz o
percurso até ao espaço paradisíaco. Amanpuri
signifi ca “lugar de paz”. Portanto, a tranquilida-
de reina nos seis pavilhões, erguidos em madeira
e vidro, compostos por sauna e sala de medita-
ção ao ar livre. O Spa tailandês integra ainda gi-
násio, piscina, livraria, campo de ténis, lojas de
antiguidades, joalharia, sala de reuniões, alfaia-
te, buggies e outros serviços, que estão inseridos
à volta das instalações. A piscina de Amanpuri
possui uma escada que faz ligação à praia, que
dispõe de cadeiras e guarda-sol exclusivos para
os hóspedes. A esta mordomia adicione ainda as
refeições ligeiras servidas aos clientes e a possi-
bilidade de praticar outros desportos aquáticos.
Os preços da diária são a partir de 1.061 USD.
Localização: Phuket, Tailândia
Reservas: (66) 76 324 333
www.amanresorts.com/amanpuri/home.aspx
so-
r do
arat
and
rina
Pré
TURISMO
62 | ANGOLA’IN · TURISMO
Luxo emalto mar
Os apaixonados pela aventura em pleno oceano, rodeada de conforto e de todas as comodidades que um cruzeiro tem para oferecer, podem a partir deste ano descobrir as maravilhas do Médio Oriente, através de uma viagem de sete dias pelos principais pontos do Golfo Pérsico. O navio Brilliance of the Seas proporciona uma estadia nas águas do Índico com escalas nos locais mais emblemáticos da região, onde se esconde o melhor da cultura oriental.
Tranquilidade e ambientes multiculturais é o que
vai encontrar na viagem que a Angola’in sugere.
Deixe-se navegar pelas águas tranquilas e ver-
des do Golfo Pérsico e guiar pelos sentidos, pe-
los aromas doces e picantes das especiarias das
cidades orientais que estão de portas abertas
para acolher os turistas na sua imensa rique-
za gastronómica e histórica. O encontro com as
tradições, mesquitas, praias, mercados e palá-
cios árabes serão uma constante no cruzeiro que
atravessa as margens do Oceano Índico. Aliás, a
melhor forma de entrar nestes países é mesmo
de barco, um ponto de referência para as comu-
nidades, cujos portos não distam muito entre si
e permitem ao viajante passar mais horas em
terra do que se optar por um roteiro no Mar Me-
diterrâneo.
A Royal Caribbean International apostou num
programa de sete noites pelo Médio Oriente, a
partir do Dubai. A opção resulta de uma parce-
ria com o Dubailand e visa dinamizar a circulação
de cruzeiros pelo Golfo Pérsico. A nova rota está
disponível desde o início do ano e, entre Janeiro
e Abril, o Brilliance of the Seas já realizou 13 cru-
zeiros com passagem por destinos inebriantes
como Bahrein e Oman. A viagem contempla um
equilíbrio entre mar e terra, pelo que permanece-
rá duas noites (uma à partida e outra à chegada)
na famosa cidade de Dubai, intercalando ainda
com estadias na capital de Oman, Muscat, nas
míticas Minas de Salomão no Bahrein e escalas
em Fujairah e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
O navio é uma autêntica ‘cidade’. No seu inte-
rior, encontra restaurantes, bares, casino, gi-
násio e ainda um spa. Aqui é possível comprar
os bilhetes para os passeios e Tours pelas cida-
des onde este atraca. Porém, aconselha-se que
o passageiro leve cópias das páginas do passa-
porte, onde estão os vistos, de forma a facilitar
o embarque e desembarque nos portos. O pre-
ço dos quartos ronda os 630 dólares por pessoa
(sem taxas).
PARTIDA: DUBAIÉ o ponto de partida do Brilliance of the Seas,
que dá ao visitante a possibilidade de passar a
primeira noite na cidade oriental, que faz do tu-
rismo uma das principais actividades e dispõe
de animação durante todo ano. Aposta em es-
tadias inesquecíveis, visto que os hotéis e res-
taurantes de luxo estão presentes um pouco
por toda a cidade. As autoridades nacionais in-
dicam que, no último ano, passaram pela cida-
de 260 mil turistas e uma centena de navios.
Para 2010, são esperados 325 mil passageiros
de cruzeiros. Para 2011, as previsões apontam
para 135 transatlânticos e para o desembarque
de 375 mil hóspedes.
Durbai é a cidade mais ambiciosa e rica dos sete
Emirados Árabes. A extravagância espreita em
cada esquina e muitos defendem que o seu la-
do ‘kitsch’ é um dos motivos que leva o turista a
procurar a região. É o destino eleito pelos consu-
mistas, que procuram produtos exclusivos e al-
tamente luxuosos.
Além da emblemática Burj Khalifa, a torre mais
alta do mundo (164 andares) inaugurada em Ja-
neiro de 2010, uma das atracções do Dubai é o
lago artifi cial onde decorrem espectáculos a ca-
da 20 minutos entre as 18h e as 22h. Ao espa-
ço acorrem famílias que aproveitam para ver os
artistas de rua que, durante o mês de Fevereiro
(devido ao 15º Dubai Shopping Festival), exibem
as suas performances. Os dois shoppings tam-
bém se destacam: o Souk Al Bahar (mercados
árabes populares, com uma arquitectura típica)
e o Dubai Mall, o maior da cidade, onde encontra
as marcas mais caras livres de impostos, como
Louis Vuitton, Channel, Dolce & Gabbana ou Dior.
As mesmas estão ainda à disposição nos centros
comerciais Burjuman e Mall of Emirates. O Ma-
dinat Jumeirah é procurado pelos muçulmanos
abastados e é opção para quem procura umas
férias de requinte e luxo, mesmo que seja para
uma estadia de uma noite. O complexo alberga
hotéis de elite, como o Burj Al Arab e o Jumeirah
Resort, lojas de design e cerca de 40 cafés, res-
taurantes e bares. Nesta área, uma única bebida
pode custar até 75 dólares.
Os que preferem o lado naïf e mais apelativo das
| patrícia alves tavares
63 TURISMO · ANGOLA’IN |
particularidades do mundo oriental, os bairros
de Deira e Bur Dubai são o destino a escolher.
Além do Souk Al Bahar, depara-se com os Gold,
Spice e Textile Souks, que são igualmente mer-
cados de rua, mas especializados em jóias, es-
peciarias e tecidos.
Para os aventureiros, a Arabian Adventures pro-
porciona ralis no deserto, em carros 4x4, que
fazem um circuito pelas dunas e terminam a
viagem num acampamento, onde o turista é
brindado com refeições típicas e dança do ven-
tre, recriando o estilo da noite das Arábias.
MUSCATEA capital de Omã destaca-se pelas suas imensas
particularidades. As montanhas áridas sobre-
põem-se às águas cristalinas do oceano, pai-
rando no ar uma mistura de perfume de incenso
com especiarias, criando uma experiência única
para os sentidos. A cidade é um autêntico ma-
nual de história, onde se destacam o imponen-
te palácio Al-Alam do sultão Qaboos Bin Said, o
museu Bait Al Zubair (guarda os tesouros cultu-
rais do país, representados pelas valiosas jóias,
roupas, livros e artefactos) e a mesquita Qabo-
os, onde sobressaem os cânticos do Alcorão.
O bairro mais antigo da capital, o Mutrat, tem
uma vista esplendorosa para o colorido da cida-
de, nomeadamente para a mesquita Al Lawatiya
e para o Mutrt Souk, o melhor mercado da zona,
muito procurado para aquisição das especiarias,
disponíveis nas várias lojas situadas neste souk
labiríntico e pouco iluminado. Mais afastado de
Muscate (a 40 minutos de carro), encontra as
pacatas praias e os sofi sticados resorts, nome-
adamente o Shangri-La’s Barr Al Jissah Resort
and Spa, que é um complexo composto por três
hotéis de luxo, praia privada e spas.
FUJAIRAHÉ o destino perfeito para os praticantes de mer-
gulho, vela, surf e jet sky. O cruzeiro faz escala
num dos países mais pequenos dos Emirados
Árabes, para que os turistas admirem a beleza
do litoral que coabita harmoniosamente com o
relevo montanhoso. Em Fujairah, o museu local
(que tem o mesmo nome do país) guarda os te-
souros arqueológicos da região. A mesquita Bi-
diyah merece uma visita, por se tratar da mais
antiga e a menor de todo o conjunto dos paí-
ses dos Emirados. A gastronomia também está
em destaque, pelo que pode aproveitar a pas-
sagem pela cidade para se deliciar com o me-
lhor da culinária indiana no restaurante Swaad
ou no Mozaique que tem uma vista privilegiada
para o mar.
ABU DABIA principal atracção desta cidade é a inebrian-
te vida cultural. Em certos pontos, Abu Dabi as-
semelha-se ao Dubai, pela riqueza e construções
grandiosas. O Performing Arts Centre, desenhado
pela arquitecta iraquiana Zaha Hadid, será o princi-
pal centro da mescla de tradições, onde vão nascer
salas de concertos, de teatro e de artes plásticas.
O espaço ainda não tem data para ser inaugurado.
Prestes a abrir ao público (2012), encontram-se
as unidades do museu Louvre e do Guggenheim.
Enquanto este locais não estão acessíveis, pode
dar um passeio pela cidade e descobrir os antigos
edifícios que convivem harmoniosamente com
os modernos arranha-céus. A grande mesquita
Sheikh Zayed é uma das maiores do mundo e o
Emirates Palace, o hotel que representa a riqueza
do país, onde o charme e as decorações a ouro se
confundem, deixam os visitantes boquiabertos.
MANAMÁA capital do Bahrein é provavelmente a cidade
mais tolerante e liberal do Golfo Pérsico. O fac-
to de mais de metade dos seus habitantes ter
menos de 20 anos contribui para atenuar a rigi-
dez dos costumes. As construções são moder-
nas, sem nunca perder o aspecto requintado e
sumptuoso. O ponto de referência de Manamá
é o World Trade Center do Bahrein, inspirado e
idêntico às torres gémeas de Nova Iorque, des-
truídas em 2001. No topo, a 240 metros de al-
tura, os turistas conseguem visualizar a região,
pois têm uma vista de 360º. No primeiro piso,
o outlet de 15 marcas famosas a preços acessí-
veis atrai multidões. O mercado Al Bab Bahrein
e a mesquita Al Fareh, que detém lustres fran-
ceses no seu interior e é composta por mármore
italiano, são imperdíveis.
informações
Partida e chegada: Porto de Dubai
Duração: sete dias
Vistos: antecipados para os Emirados Árabes Unidos. Em Omã e no Bahrein, os documentos são emitidos no porto. O preço total é de 216 dólares.
Preços: no Brilliance of the Seas o custo ronda os 799 dólares por pessoa
Moeda: No Dubai, Abu Dabi e Fujaraih circula o dirham (vale 0,35 dólares). Em Omã, a moeda é o rya (3 dólares) e no Bahrein é o dinar (2,70 dólares)
Em Setembro, decorrem as celebrações do mês sagrado do Ramadão, pelo que os horários dos museus, restaurantes e Tours podem ser alterados
A limpeza das cidades é uma preocupação governamental. Deitar lixo no chão é considerado um delito grave
Aposte em sapatos fechados, roupas recatadas e lenços. A maioria das mesquitas exige esse tipo de vestuário e proíbe a entrada a visitantes (incluindo turistas) com unhas pintadas (seja das mãos ou dos pés)
Para adquirir mais informações sobre estes futuros cruzeiros marítimos Brilliance of the Seas ou de outros pacotes, visite o site da Royal Caribbean em http://www.royalcaribbean.com/
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares
64 | ANGOLA’IN · ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
A RUA IDEAL‘A aimmp e Associative Design propõem uma comunidade, dotada das infra-estruturas e soluções adequadas à cultura, clima, geografi a e arquitectura do país’
Representa o maior investimento feito até ho-
je pelas empresas da fi leira casa e decoração
lusa. A “Rua da Amizade”, um projecto da As-
sociative Design, uma marca da aimmp (Asso-
ciação das Indústrias da Madeira e Mobiliário
de Portugal), esteve exposta em mais uma edi-
ção da Feira Internacional de Luanda (FILDA).
Dos mesmos autores da “Casa de Sonho An-
golana”, que foi um êxito no certame de 2009
e que tem contribuído para a concretização do
plano governamental de um milhão de casas
até 2012, a nova iniciativa visa promover o in-
tercâmbio entre empresários e marcas portu-
guesas e angolanas, no sentido de dinamizar e
introduzir novas tecnologias no sector da cons-
trução civil.
Mil metros quadrados é o total da área ocu-
pada por uma infra-estrutura concebida para
corresponder às necessidades actuais das fa-
mílias, pelo que foi 100 por cento pensada nas
aspirações do consumidor. A aimmp e Associa-
tive Design propõem uma comunidade, dotada
das infra-estruturas e soluções adequadas à
cultura, clima, geografi a e arquitectura do país.
Uma escola, um infantário, um auditório/ Ho-
me Cinema, um posto clínico, um restaurante
e uma cafetaria são os serviços escolhidos pa-
ra integrar a “Rua da Amizade”. Um separador
central com 4x40 mts dá ainda acesso a uma
área de lazer, com uma esplanada, jardim e
parque exterior. Este ambiente foi o mote para
os empresários exporem pela primeira vez as
ideias de mobiliário exterior. Os edifícios, ide-
alizados em exclusivo para a região, represen-
tam as soluções mais modernas e inovadoras
dos sistemas construtivos e dos produtos do
sector.
O certame superou as expectativas e a recep-
tividade foi excelente, com o público a mostrar
interesse não só no projecto, mas também nas
múltiplas acções culturais e de animação que
acompanharam a sua apresentação (actuações
de músicos, provas de vinhos e mostras de culi-
nária nacional). O presidente da República José
Eduardo dos Santos e o seu homólogo portu-
guês, Cavaco Silva, inauguraram mais uma edi-
ção da maior feira do sector e aproveitaram a
ocasião para elogiar a presença lusa.
A “Rua da Amizade Angola-Portugal” favore-
ceu a interacção entre os profi ssionais dos dois
países, que trocaram informações e experiên-
cias. Os empresários nacionais puderam ve-
rifi car na prática como seria a rua ideal, com
réplicas de cada solução. A vantagem das com-
ponentes apresentadas está na sua viabilidade
e capacidade de ser reproduzida em todo o ter-
ritório, de forma rápida e económica, seguindo
a linha da base de construções pré-fabricadas.
Desafi o Associative DesignA marca portuguesa voltou a partici-par no maior evento da fi leira da ma-deira e marcou presença com a “Rua da Amizade Angola-Portugal”, assumin-do o seu compromisso e responsabili-dade social. Esta foi desenvolvida pela aimmp para ampliar a rede de coopera-ção entre as empresas da Fileira Casa. Depois da “Casa de Sonho Angolana”, a Associative Design abraça novamen-te a iniciativa da aimmp, promovendo em simultâneo actividades de carácter humanitário em consonância com or-ganizações mundiais, como a Unicef. Uma das particularidades da sua parti-cipação neste projecto está relacionada com a difusão de energias renováveis e ecologicamente sustentáveis.
O projecto é arrojado. No futuro, poderá ser realidade, caso surjam investidores interessados em viabilizá-lo. A “Rua da Amizade Angola-Portugal” foi concebida especifi camente para a mais recente edição da FILDAe visa expor as valências das empresas portuguesas na área do mobiliário. O espaço, composto por um ambiente de escola, infantário, restaurante e posto clínico(entre outros), foi um sucesso e promete revolucionara indústria da madeira em Angola.
65 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |
ENERGIAS RENOVÁVEISO projecto é “ambicioso e arrojado”. O recurso
a meios ecologicamente sustentáveis é uma
das principais novidades da “Rua da Amizade
Angola-Portugal”. Esta tem a particularidade
de evidenciar as mais-valias das energias reno-
váveis e a forma como estas podem ser adap-
tadas à arquitectura moderna, benefi ciando o
dia-a-dia das famílias e das gerações futuras.
A iluminação pública do espaço é um desses
exemplos, demonstrando que é possível criar
ruas e, até mesmo, cidades mais ecológicas.
A pequena comunidade, que conta com um in-
vestimento de cerca de um milhão de euros, vi-
sa informar os investidores sobre a capacidade
lusa para projectar e desenvolver mecanismos
e produtos que confi ram a segurança, autono-
mia e qualidade a longo prazo que são exigidos
na nova fase de desenvolvimento do sector. A
indústria portuguesa pretende criar componen-
tes que promovam uma boa relação qualidade-
preço e que contribuam para o aproveitamento
das possibilidades energéticas do país.
AIMMP REGRESSA À FILDAA Associação de Indústrias da Madeira e de
Mobiliário de Portugal surge novamente no
maior evento do sector com um projecto me-
galómano e com um investimento nunca antes
visto: cerca de um milhão de euros. Empenha-
dos em consolidar a sua presença no mercado
angolano, a entidade tem como estratégia con-
tribuir para o sucesso do Programa Nacional de
Urbanismo e Habitação, que contempla a cons-
trução de um milhão de casas em apenas dois
anos. Desta forma, a organização voltou
a apostar nas soluções para habi-
tações pré-fabricadas, propondo
materiais e mobiliário de cons-
trução elaborados especifi -
camente para este nicho
de mercado.
A organização re-
presenta uma in-
dústria que é
um dos princi-
pais agentes
e parceiros
da reabili-
tação do país. Com dois mil milhões de euros
de volume de vendas, exporta 1,1 mil milhões
de euros em mobiliário, madeiras de pinho e
de eucalipto, painéis, rolaria e serradas. A sua
missão passa por desenvolver acções que auxi-
liam as empresas portuguesas a internaciona-
lizar-se, através da mostra da sua qualidade,
design e inovações em feiras e eventos do sec-
tor. Angola é um mercado privilegiado, dada a
afi nidade linguística e o momento favorável
que o sector enfrenta.
BAIRRO APRESENTADO EM NOVEMBROA aimmp aproveitou a participação na FILDA pa-
ra anunciar que vai proceder à construção de um
bairro com um mínimo de 25 casas. As obras ar-
rancam em Novembro e a área residencial, loca-
lizada em Luanda, possuirá moradias do tipo T1
e T2, destinadas a famílias de alta e baixa renda.
Os empreendimentos serão vendidos ao preço
mínimo de 70 mil dólares.
Fernando Rolin, presidente da aimmp, contou à
Angola’in que se encontram a negociar o terre-
no com o Ministério do Urbanismo e Habitação
e, no caso de um aval positivo (cedência de es-
paço e licença de construção), as obras poderão
estar concluídas até ao arranque da Constrói An-
gola, feira onde será apresentado
o projecto e que es-
tá marcada para
Novembro.
No referi-
sabia que…A elaboração de uma réplica de uma rua, a ideal numa comunidade, contou com a colaboração de diversas empre-sas que são parceiras do sector da fi -leira casa angolana:
‘Uma escola, um infantário, um auditório/ Home Cinema, um posto clínico, um restaurante e uma cafetaria são os serviços escolhidos para integrar a “Rua da Amizade”. A pequena comunidade conta com um investimento de cerca de um milhão de euros’
do certame, as habitações vão estar em demons-
tração, podendo ser experimentadas por todos
os participantes e visitantes. No fi nal do even-
to, estas serão vendidas aos interessados. “Ten-
cionamos levar para o bairro casas e soluções
diversas no domínio da construção, mobiliário
e decoração de escritórios, hospitais, restauran-
tes e outros estabelecimentos, a preços para o
alto e baixo padrão de estilo de vida”, explicou,
recordando que o propósito da aimmp passa por
revelar as melhores propostas em edifi cação de
casas, móveis e objectos decorativos. Por outro
lado, a associação aposta no princípio ‘celerida-
de’ para construir empreendimentos a preços
acessíveis para as famílias mais carenciadas.
Fernando Rolin é líder de uma comitiva de 23
empresas que expuseram os seus produtos na
27ª edição da Feira Internacional de Luanda.
- Bi-Bright- Bilhares Carrinho- Classic Toys- Colonial Concept- Decotelife- Delta (angonabeiro) - Fertini- Friemo- Hemoportugal- Indufl ex - Jomaifi l- JP Sá Couto- Lameirinho - Levira- Luz e Som- Plural Editores- Sit- Soinca- Steelsept- Viarco - Viroc- Woodone - Mobiliário SA- 4 Plano- Aris Arquitectos
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO
comboio regressa a kuando kubango
A reabilitação dos Caminhos-de-Ferro de Kuando Lubango deverá estar concluída
em 2011, altura em que os comboios retomam os percursos pela região. O governa-
dor Simão Baptista acredita que a infra-estrutura vai estimular o desenvolvimento
sócio-económico da província. A circulação ferroviária vai permitir o transporte de
mercadorias em larga quantidade, facilitando as trocas comerciais e o crescimento
dos serviços. José Kivungua, vice-ministro dos Transportes, esteve na região para
acompanhar as obras da via de Moçâmedes e acredita que os comboios vão avançar
na data prevista, acontecimento que vai permitir o início de uma nova etapa no dia-
a-dia das populações.
BREVES
fábrica de tijolos única
José Eduardo dos Santos e o homólogo português, Cavaco Silva, inaugu-
raram a “mais moderna fábrica de tijolos de África”. A Novicer, construída
de raiz pelas empresas Mota-Engil e Cerâmicas de Angola (Unicerâmica),
representa um investimento de cerca de 36 milhões de dólares. Especiali-
zada no fabrico de tijolo de função horizontal, os gestores da unidade, loca-
lizada no Cacuaco (Estrada de Kifangondo, Luanda), pretendem introduzir
a produção de telhas e de um produto inovador, o “tijolo Termo-Acústico”.
O material não existe no continente e apresenta uma série de propriedades
acústicas térmicas que permitem um maior isolamento de som e calor. O
espaço tem capacidade para criar cerca de dois milhões de tijolos por mês e
garantiu postos de trabalho para 98 pessoas (sendo que 91 são angolanos).
O empreendimento foi apresentado pelo presidente do Conselho de Admi-
nistraçao da Mota-Engil, António Mota, que lembrou que o projecto surgiu
como resposta ao desafi o do Presidente da República, que quer promover
novos investimentos e apostar na industrialização do país. A infra-estrutu-
ra possui tecnologia moderna e vem colmatar uma necessidade do merca-
do, que carece deste produto e de materiais de qualidade. A inauguração da
Novicer inseriu-se no programa de visita do Presidente de Portugal, Aníbal
Cavaco Silva, a Angola.
roque santeiro reaproveitado
O projecto de requalifi cação e modernização do município do Sambizanga
inclui a reconversão do mercado Roque Santeiro em novas infra-estruturas,
que alberguem um conjunto de lojas de proximidade. De acordo com o di-
rector do Instituto de Planeamento e Gestão Urbana de Luanda, Hélder Jo-
sé, o plano está na fase inicial de implementação, existindo “o mapeamento
de uma nova centralidade que integra uma nova urbanização com todo um
conjunto de serviços que actualmente não existem”. Os vendedores do anti-
go mercado serão transferidos para a zona do Panguila (Cacuaco), onde vão
dispor de um equipamento com melhores condições de higiene e de traba-
lho. A renovação do espaço inclui o reordenamento habitacional e sanitário
do bairro Operário e a urbanização completa da zona do Mota, locais onde
ainda predominam as construções anárquicas.
prevista descida depreços das habitações
António Gameiro, bastonário da Ordem dos
Arquitectos de Angola, acredita que nos pró-
ximos dois anos vai verifi car-se uma descida
considerável dos custos das residências, devi-
do aos vários projectos imobiliários que estão a
ser implementados no território pelo Governo.
O arquitecto defendeu numa entrevista que os
investidores que querem obter lucros elevados
apostam apenas nas construções destinadas
à média, média alta e alta renda. No entanto,
considera que este mercado está acessível a
uma parcela reduzida de população, pelo que
serão obrigados a diminuir os preços das mo-
radias e a apostar em projectos imobiliários
mais baratos, que se dirijam aos estratos mais
carentes. O responsável lembrou ainda que o
Governo disponibilizou 400 mil kits (estão pre-
vistos 700 mil) para que os cidadãos possam
construir as próprias casas, com a orientação
de técnicos especializados. Esta nova medida
deverá contribuir igualmente para a descida
dos valores das habitações.
| patrícia alves tavares
67 ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO · ANGOLA’IN |
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO ARTIGO DE OPINIÃO
A Organização das Nações Unidas estima que a
população mundial será de 8,5 mil milhões de ha-
bitantes em 2025 e atingirá os 10,2 mil milhões
em 2100. O maior aumento será nos países em
desenvolvimento, que a par da evolução demo-
gráfi ca, estão em forte urbanização, bastião do
crescimento económico e social. Estes factores
exercem enorme pressão no meio ambiente, visto
esgotarem os recursos e aumentarem os resídu-
os, o que provoca a sobrecarga do biociclo e con-
duz inevitavelmente à poluição. Infelizmente, é
um dos problemas com que a humanidade se de-
bate nas últimas décadas, tornando-se premen-
te conseguir que o ciclo natural na origem da vida
seja preservado.
Tem-se seguido duas estratégias: melhorar os
passos limitantes do ciclo e economizar os recur-
sos. A primeira envolve políticas de reciclagem, de
tratamento de resíduos e eventualmente, num
estado de poluição severa, de remediação. A se-
gunda promove o aumento da efi ciência dos pro-
cessos utilizados, para que o seu consumo seja
minimizado e traz importantes benefícios eco-
nómicos. A sua aplicação tem sido possível com
o aperfeiçoamento tecnológico. São exemplo as
importantes reestruturações de que tem sido al-
vo a indústria desde os anos 80 e que permitiram
diminuir o consumo de energia. É também vital
a sensibilização dos cidadãos, para desmistifi car
a ideia de que bem-estar está relacionado com o
desperdício de recursos.
O aproveitamento do sol como fonte de calor e de
luz é uma das alternativas mais promissoras pa-
ra enfrentarmos os desafi os do milénio. A energia
solar é abundante e permanente, renovável a ca-
da dia, não polui, nem prejudica o ecossistema. É
a solução ideal para áreas afastadas e não electri-
fi cadas, especialmente em Angola, onde há bons
índices de insolação em qualquer parte do territó-
rio. Importante na preservação do meio ambien-
te, tem muitas vantagens (não infl ui no efeito
estufa e não precisa de turbinas/geradores para a
sua produção), mas exige altos investimentos pa-
ra o seu aproveitamento. Por cada m2 de colector
solar instalado evita-se a inundação de 56 m2 de
terras férteis, na construção de novas barragens
hidroeléctricas. Parte do milionésimo de energia
solar que o nosso país recebe durante o ano pode-
ria dar um suprimento de energia equivalente a:
• 54% do petróleo nacional
• 2 vezes a energia obtida com o carvão mineral
• 4 vezes a energia gerada no mesmo período por
uma barragem hidroeléctrica.
A Arquitetura Bioclimática é o estudo que visa
harmonizar os recursos, a pensar no Homem. É a
adopção de soluções arquitectónicas e urbanís-
ticas adaptadas às condições específi cas (clima
e hábitos de consumo) de cada lugar, utilizando
a energia que pode ser directamente obtida das
condições locais. Esta preocupa-se com o desen-
volvimento de equipamentos e sistemas que são
necessários ao uso da edifi cação (aquecimento de
água, circulação de ar e de água, iluminação) e de
materiais de conteúdo energético tão baixo quan-
to possível.
A energia renovável é obtida de fontes naturais
capazes de se regenerarem e, portanto, virtual-
mente inesgotáveis, ao contrário dos recursos
não-renováveis. Na sua maioria têm como origem
o Sol. São conhecidas pela imensa quantidade de
energia que contêm e por serem capazes de se re-
generar por meios naturais. Existe ainda as fon-
tes eólica, hídrica e geotérmica. A sua integração
nos edifícios é um desafi o, em que o objectivo é
conceber uma estrutura efi ciente que permita a
incorporação de um sistema que capte a energia
e a transforme numa fonte útil para o espaço. Por
exemplo, a colocação de painéis solares na cober-
tura do edifício não é por si só uma medida efi -
ciente, pois, se não tivermos em conta a efi ciência
da construção, esta pode nem ser sufi ciente para
comportar a energia da iluminação, quanto mais
do resto dos sistemas. Daí a importância da inte-
gração dos métodos renováveis em edifícios efi -
cientemente energéticos que já esgotaram todas
as estratégias de design passivo na sua concepção
ou na reabilitação.
Os incentivos à utilização de energias renováveis
e o crescente interesse devem-se à consciencia-
lização da possível escassez dos recursos fósseis
(como o petróleo) e à necessidade de redução das
emissões de gases nocivos para a atmosfera (Ga-
ses de efeito de estufa), bem como aos objectivos
da União Europeia, do Protocolo de Quioto e das
preocupações com as alterações climáticas.
A utilização dos painéis solares térmicos e fotovol-
taicos para a produção de calor e de energia eléc-
trica (a partir do aproveitamento da energia solar)
é uma forma para a qual o país dispõe de recur-
sos abundantes. Mas, estes devem ser tidos como
complementos à arquitectura dos edifícios, que
não devem descurar o aproveitamento de estraté-
gias de design passivo (uso da orientação solar, da
ventilação natural, da inércia térmica e do sombre-
amento), pois são uma solução bastante provei-
tosa devido às condições climatéricas favoráveis
para a obtenção de uma maior sustentabilidade.
A grande vantagem do Sol é que permite a geração
de energia no mesmo local de consumo, através
da integração na arquitectura. Assim, poderemos
criar sistemas de geração distribuída, eliminando
quase por completo as perdas ligadas aos trans-
portes (cerca de 40%) e a dependência energéti-
ca. Porém, essa fonte tem o inconveniente de não
poder ser usada à noite, a menos que tenhamos
baterias sufi cientes, o que não é impossível.
A sustentabilidade na construção passa por três
medidas essenciais: a melhoria dos projectos em
termos de efi ciência energética, diminuindo as
suas necessidades em iluminação, ventilação e
climatização artifi ciais; a substituição do consu-
mo de energia convencional por renovável, não
poluente e gratuita; e fi nalmente a utilização de
materiais locais, preferencialmente de fontes re-
nováveis ou com possibilidade de reutilização e
que minimizem o impacto ambiental (extracção,
gastos de energia, consumo de água na extracção,
aspectos de saúde, emissões poluentes, etc.).
antónio gameirobastonário da ordem dos arquitectos, angola
Energias renováveis na arquitectura
68 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
Altadefi niçãoA alta defi nição está a chegar a Angola e, à semelhança do que acontece no resto do mundo, a substituição do sinal analógico pelo digital promete revolucionar o modo como se vê televisão. A União Europeia determinou que todos os países adoptem a nova funcionalidade tecnológica nos próximos dois anos, enquanto a SADC alargou o prazo até 2013. A Angola’in explica como funciona a TDT (Televisão Digital Terrestre) e em que vai mudar a sua experiência com o pequeno ecrã.
Em três anos, as famílias terão de se adaptar à
tecnologia do século XXI. Durante este período,
os governos dos países africanos e europeus vão
assegurar a cobertura dos respectivos territórios
substituindo os sinais analógicos pelos digitais.
Na América, a funcionalidade encontra-se vigen-
te desde o último ano. Os utilizadores da televi-
são ‘tradicional’, à excepção dos subscritores de
ligações por cabo ou satélite, terão que adaptar
os seus aparelhos para receber a nova tecnolo-
gia, através de um descodifi cador que permiti-
rá aceder a um novo mundo de funcionalidades.
O apagão da era analógica está agendado para
2013. Daí em diante será possível ver conteúdos
em Alta Defi nição (HD) e gravar (ou programar)
os seus conteúdos preferidos.
META AFRICANAA última reunião de ministros de Telecomunica-
ções, Correios e Tecnologias de Informação e Co-
municação da Comunidade de Desenvolvimento
da África Austral (SADC) ditou a assunção do
compromisso de implementar as metas traçadas
pelos Estados integrantes da entidade. Além da
discussão em torno do serviço de roamming (es-
tá em estudo a criação de um modelo que permi-
ta a todos os cidadãos da SADC usar o telemóvel
em qualquer país com o cartão SIM de origem),
fi cou estabelecido que todos os membros da or-
ganização regional vão implementar a Televisão
Digital Terrestre até 2013. Na ocasião, o ministro
angolano José da Rocha referiu que a transição
da teledifusão do sistema analógico para digital
será um desafi o de mudança para as regiões da
SADC, pois vai impulsionar e tornar possível uma
maior interactividade entre os produtores de
conteúdos e os telespectadores. Por outro lado,
a alteração vai contribuir para a convergência de
redes e de serviços, introduzindo uma nova for-
ma de pensar televisão. No entanto, alertou que
a mudança de estações de teledifusão vai impli-
car um reequipamento de meios com estruturas
adequadas ao sistema digital, pelo que fi cou de-
fi nido na reunião que a SADC terá de encontrar
um sistema de TV Digital comum para todos os
países.
ANGOLA ADEREEm Maio, o ministro das Telecomunicações e
Tecnologias de Informação, Pedro Mendes de
Carvalho, frisou que Angola vai implementar a
TDT tendo em conta os seus benefícios para o
país e os compromissos regionais (SADC) e in-
ternacionais (UIT). O responsável adiantou que
os aparelhos analógicos, actualmente usados,
| patrícia alves tavares
69 INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · ANGOLA’IN |
só poderão funcionar com um conversor, que se-
rá comercializado na “devida altura”. Para uma
adaptação gradual à TV Digital, o ministro anun-
ciou que os dois sistemas vão coexistir durante
algum tempo, para que os utilizadores possam
adquirir os novos equipamentos.
A TDT promete catapultar o sector. Essa é a ga-
rantia de Pedro Mendes de Carvalho que entre-
tanto explicou que será oferecida uma imagem
e som de qualidade superior aos dos aparelhos
actuais e que vai permitir a interacção com de-
terminados programas (especialmente os de teor
educativo), bem como a possibilidade de gravar o
que está a ser emitido, através do descodifi cador
PVR (vídeo gravador pessoal). Durante o III Con-
gresso de Marcas de Angola, o ministro advertiu
que a transição obriga o país a prestar especial
atenção à capacidade do desenvolvimento huma-
no, em que os intervenientes deverão criar con-
teúdos nacionais capazes de se converterem em
marcas concorrenciais que promovam a projec-
ção dos produtos locais. “A televisão é encarada
como um poderoso meio de promoção e fortale-
cimento da unidade nacional, sendo necessário
que cada vez mais se disponibilize os recursos de
comunicação nas mais variadas dimensões geo-
gráfi cas do país, permitindo a disponibilidade de
serviços públicos através da TV como a educa-
ção, saúde, comércio, entre outros”, assegurou.
Na ocasião, o director de operações da empresa
MS Telecom, Mário Oliveira, corroborou as afi r-
mações do ministro, sugerindo que a evolução da
sociedade justifi ca a adopção desta tecnologia
de transmissão, que tem como principal vanta-
gem a difusão de conteúdos em alta defi nição.
Porém, adverte que o sistema implicará um forte
investimento e a modernização do parque tecno-
lógico do serviço público de televisão. O maior de-
safi o para a sua implementação está em tornar
as vantagens deste serviço acessíveis à maioria
da população. Os custos da nova tecnologia serão
subvencionados pelo Estado, que espera com es-
ta acção garantir a todos os cidadãos nacionais o
direito à informação, independentemente do seu
estrato social. Esta é uma boa notícia, sobretu-
do para as famílias carenciadas, que estão isen-
tas das despesas relacionadas com a compra dos
conversores para ter acesso aos serviços de tele-
visão. A medida abrange todos os habitantes do
território nacional.
INOVAÇÃO GLOBALNa América, os EUA entraram na era digital ain-
da em 2009 (18 de Fevereiro). No caso america-
no, a população recebeu em casa cupões de 40
dólares para a compra dos receptores do sinal di-
gital. Tendo em conta que no período das emis-
sões por via hertziana, mais de 22 milhões de
lares detinham este sistema, o Governo optou
por emitir vales para os espectadores que de-
sejavam reservar um conversor (do sinal digital
para analógico) para garantir a compatibilidade
dos seus televisores. O equipamento custa en-
tre 50 e 70 dólares, tendo obrigado as famílias a
adquirir dois cupões por cada televisor. A União
Europeia estabeleceu o ano de 2012 como prazo
limite para todos os Estados membros fazerem
a transição defi nitiva dos sinais. Um pouco por
toda a Europa ultimam-se os pormenores para
se proceder ao corte defi nitivo da televisão tradi-
cional. Em Portugal, o apagão está programado
para Abril de 2012. O país encontra-se a garantir
a cobertura do território com o sinal digital e a
preparar as primeiras emissões experimentais.
A ruptura será faseada, começando pelo litoral
e terminando no interior. Em Espanha, a TDT é
já uma realidade. No início deste ano, às 13.26h
(horas locais), o país entrou na ‘época’ da televi-
são digital, primeiro em Madrid, Barcelona e Se-
vilha e um dia depois em todo o país. A transição
decorreu sem problemas e abrangeu mais de 44
milhões de espanhóis. A Comissão Europeia de-
terminou que a TDT fosse introduzida em todos
os países da União Europeia. Certo é que a trans-
missão analógica tem os dias contados (a nível
mundial) e o “switch-off” vai marcar a entrada
numa nova forma de fazer comunicação.
o que é o tdt?
É a nova tecnologia de teledifusão terrestre (através de antenas) que recorre a um sinal digital, substituindo a teledifusão analógica terrestre (chamada televisão tradicional). A TDT contribui para uma utilização mais efi ciente do espectro radioeléctrico (gama de frequências que pode ser usada por diversos sistemas de comunicações para a transmissão de som, imagem e dados). O objectivo do novo sistema consiste em proporcionar uma melhor experiência de televisão, já que os canais tradicionais serão emitidos em HD (Alta Defi nição). A qualidade do som e imagem é superior, devido à natureza digital do sinal (som Dolby digital). A Televisão Digital Terrestre insere novas funcionalidades como Barra de Programação, Pausa TV, Guia TV, gravação da emissão ou agendamento das gravações.
tv por subscrição isenta
Os utilizadores de televisão por IPTV, cabo ou satélite não serão obrigados a aderir à TDT, já que não afecta os serviços de TV por subscrição. A ausência de impacto neste sistema está relacionada com o facto de o sinal ser emitido por cabo ou satélite, pelo que não recorre ao serviço terrestre analógico. Os que dispõem de um sinal analógico terão de adquirir um descodifi cador para fazer a conversão do sinal. É necessário um aparelho por cada televisor. Os actuais equipamentos já são vendidos com essa componente instalada.
70 | ANGOLA’IN · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO BREVES
digitalTelecom inaugura sistema digitalKwanza Sul inaugura no fi nal de Julho o sistema
digital de rede fi xa da Angola Telecom. Os con-
tratos para acesso aos serviços de voz e Internet
de banda larga já estão disponíveis. O projecto é
fi nanciado pelo Governo italiano em 18 milhões
de euros e vai interligar as sedes municipais do
Sumbe, Porto Amboim, Amboim, Conda, Cela,
Seles, Kibala e Libolo. A nova estrutura vai per-
mitir uma melhor comunicação entre as comu-
nidades.
tecnologiaCoreia do Sul é parceiraAngola e Coreia do Sul rubricaram um acordo que visa a partilha de co-
nhecimentos e formação no âmbito tecnológico. A parceria represen-
ta um novo ciclo de cooperação entre os dois países. O ministro das
Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José de Carvalho da
Rocha, explicou à imprensa que o documento simboliza o arranque
de um processo de parceria que se estenderá a longo prazo e que se
prevê sustentável e com benefícios para as nações, que assistem a
uma evolução acelerada, fruto da convergência entre informática,
telecomunicações e teledifusão. “O memorando de entendimen-
to que acabamos de assinar expressa a vontade das partes em
cooperar para que as acções identifi cadas possam estar inte-
gradas nos planos de desenvolvimento do país e, por inerência,
nos planos de redução da pobreza”, argumentou o ministro,
que frisou que as estratégias devem estar orientadas para o
incremento de ferramentas que todos possam utilizar e ace-
der para partilhar informações e conhecimentos.
telecomunicaçõesCaála ganha centrode CorreiosO município de Caála, no Huambo, vai rece-
ber um moderno centro de Correios e Tele-
comunicações. As obras da infra-estrutura
arrancaram em Julho e o equipamento vai
custar 31.500 kwanzas, um investimento
que está ao cargo do ministério das Teleco-
municações e Tecnologias de Informação. A
administração do município cedeu o terreno.
O organismo está empenhado em moderni-
zar os serviços postais e optou pela provín-
cia do Huambo para implementar o primeiro
projecto. “Para além de serviços postais e de
correios, o centro terá Internet, fotocopiado-
ra e equipamento para plastifi cação de do-
cumentos, informática e lazer, para além de
uma agência bancária”, explicou o director
provincial dos Transportes, Simão Fontes.
nações unidasAngola quer cumprir objectivos do milénioO Governo está a apostar no incremento das telecomunicações e tecnologias de informação
para alcançar as metas de desenvolvimento nacional e cumprir os objectivos do milénio. O
vice-ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Pedro Teta, anunciou em
Genebra, na 13ª Sessão da Comissão da Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento das
Nações Unidas, que vai analisar os progressos nas recomendações da Cimeira Mundial sobre
a sociedade de informação a nível regional e internacional, nomeadamente no que respeita
à sua implementação e acompanhamento durante os últimos cinco anos. “Angola tem as-
sumido como desafi o privilegiado a estruturação de um processo de desenvolvimento local
com a inserção competitiva do país, numa economia globalizada e fundamentada no conhe-
cimento e inovação, mas com responsabilidade social, pois só assim se conseguirá um de-
senvolvimento e crescimento sustentado”, sustentou. O responsável lembrou ainda que está
a decorrer a implementação do projecto de criação do Parque Tecnológico de Angola.
televisãoTPA no Kwanza NorteA Televisão Pública de Angola instalou no
município da Banga, no Kwanza Norte, um
centro emissor que contribui para que a po-
pulação local tenha acesso às emissões da
televisão estatal. O equipamento vai contri-
buir para que os dois canais da TPA estejam
ao dispor dos telespectadores num raio de
40 quilómetros, benefi ciando os municípios
da Banga e do Bolongongo. A infra-estrutura
tem 1.800 metros de altura, o que permite
que o sinal seja emitido em algumas loca-
lidades próximas do Bengo. O alargamento
da rede faz parte do programa de acção do
Ministério da Comunicação Social, que con-
templa a expansão do sinal da TPA para to-
dos os municípios do país, cobrindo todas as
habitações.
| patrícia alves tavares
73 DESPORTO · ANGOLA’IN |
Espanha e Holanda disputaram a Taça do Mundo, a 11 de Julho, em Joanesburgo. A selecção ‘laranja’ voltou a chegar a uma fi nal, após ter sido vice-campeã em 1974 e 1978. A segunda nunca ganhou qualquer título nesta competição, mas foi desde o início apontada como favorita. No duelo de titãs, os espanhóis levaram a melhor, após um jogo dramático (1-0), decidido apenas no prolongamento. Recorde com a Angola’in o percurso das melhores equipas do Mundial de Futebol, o primeiro torneio da FIFA organizado pela África do Sul.
74 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO
“LA ROJA” DE OUROde Xavi e a qualidade do guarda-redes Casillas,
que negou por duas vezes o golo ao holandês
Robben. Findo o jogo, os espanhóis deram iní-
cio à festa. Vicente del Bosque, seleccionador,
elogiou o trabalho e esforço dos seus pupilos,
afi rmando que se tratava de “um dia feliz”, que
se devia a todos “os que estiveram no banco
e os que jogaram”. Em declarações à imprensa
internacional, explicou que o título “tomou im-
pulso em Junho de 2008”. “Foi uma boa herança
que tentámos conservar. Não fi zemos questão
de apagar o trabalho passado, seguimos o ru-
mo”, esclareceu. O antigo símbolo do Real Ma-
drid felicitou ainda o adversário, lembrando
que a “laranja mecânica” tornou “o nosso jogo
muito difícil, manietou-nos”. Del Bosque ad-
mitiu que foi um embate “muito intenso”. “É
possível que esse lance tenha mudado o jogo,
pois dominámos a partir daí, com mais passe
de bola e profundidade. Tivemos ocasiões mui-
to claras de Fabregas, Sergio Ramos e David
‘LA ROJA’ DE OUROA fi nal do primeiro Mundial realizado em solo
africano fi cou marcada pelo ‘oráculo animal’.
O polvo que habita no aquário Sea Life, em
Oberhausen, na Alemanha, tornou-se célebre
na arte de adivinhar as equipas vencedoras dos
jogos do torneio. Paul (nome do molusco) pre-
viu com sucesso todos os vencedores de cada
jogo. A sua profecia cumpriu-se novamente: ‘La
Roja’ ergueu a taça mais cobiçada de 2010. Es-
panha sagrou-se campeã após um jogo impró-
prio para cardíacos. A melhor equipa do mundo
só foi conhecida durante o prolongamento, al-
tura em que surgiu o único golo da partida (a
três minutos do fi m). O herói foi Iniesta, joga-
dor catalão que deu o primeiro título à nação.
Aliás, o estilo de jogo do clube da Catalunha
saiu vitorioso, já que sete dos onze titulares da
fi nal pertencem ao Barcelona e, recorde-se, os
oito golos da selecção foram todos apontados
por atletas do Barça: David Villa (5), Iniesta (2)
e Puyol (1). Há ainda a destacar a genialidade
Villa, que podiam ter sentenciado, mas o fu-
tebol é assim”, concluiu. A selecção espanho-
la teve um percurso relativamente simples ao
longo do Mundial. Apesar de ter entrado com
o ‘pé esquerdo’ ao ser derrotada pela Suíça no
jogo inaugural, a equipa recuperou e venceu
com facilidade as Honduras e o Chile, apuran-
do-se para a segunda fase, onde se cruzou com
os vizinhos ibéricos. Afastou Portugal por 1-0
nos oitavos e eliminou o Paraguai pela margem
mínima, nos quartos-de-fi nal. Nas semi-fi nais,
a equipa de Vicente del Bosque teve o encon-
tro mais difícil, ao defrontar a Alemanha, nu-
ma ‘reedição’ da fi nal do Europeu de 2008. À
semelhança do que ocorreu há dois anos, em
que a Espanha se sagrou campeã europeia (e
ainda detém o título), também em África, “La
Roja” levou a melhor sobre a Mannschaft. Del
Bosque, treinador que substituiu Luis Arago-
nés, manteve idêntica a estrutura e o modelo
de jogo. Os escolhidos são praticamente os que
o campeão
fi zeram da Espanha campeã da Europa em títu-
lo. Protagonista de uma fase de qualifi cação pa-
ra o Mundial imaculada, sem derrotas, a ofensiva
espanhola contou com craques como Casillas,
Andrés Iniesta, David Villa, Fernando Torres e Fa-
bregas. O vasto leque de estrelas foi responsável
por atingir uma média impressionante de golos
na fase de qualifi cação – dez vitórias, com 28 go-
los marcados e cinco sofridos. A “fúria espanho-
la” valeu a conquista do pódio na FIFA. O número
1 do ranking da federação nacional destacou-se
pelo leque de soluções para cada situação de jo-
go, sendo das poucas equipas que tinha jogado-
res de luxo em campo e no banco. O país nunca
tinha conseguido vencer a prova e apenas esteve
no lote de semifi nalistas por uma ocasião, há 60
anos, no Brasil. A equipa apenas perdeu um jogo
nos últimos dois anos (nas meias-fi nais da Taça
das Confederações frente aos Estados Unidos,
em Junho de 2009). No palmarés internacional
conta com dois títulos europeus (1964 e 2008).
76 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO
O FANTASMA DAS FINAIS
SOBERANIA INDISCUTÍVELO título mundial de futebol era o que faltava
na galeria desportiva espanhola. O país tor-
nou-se numa autêntica fábrica de talentos. O
ponto de viragem foi a organização dos Jogos
Olímpicos de 1992, em Barcelona. Há um an-
tes e um depois deste evento, que marcou o
arranque de uma política de investimento na
formação. Na altura, conquistaram 13 meda-
lhas de ouro e lançaram as bases de um fu-
turo repleto de desportistas de elite. “Houve
uma mudança na mentalidade e os atletas es-
panhóis perceberam que, com entrega total,
ganham títulos. Por isso, todas as selecções
são muito competitivas”, referem os espe-
cialistas. Recorde-se que o actual campeão
de futebol já jogava junto desde a adolescên-
cia. Seja no atletismo ou no ténis, as acade-
mias espanholas são as melhores da Europa,
formando inclusive jovens estrangeiros. O
segredo está no facto de os desportistas co-
meçarem muito cedo, ao que se juntam as
excelentes infra-estruturas. Espanha domina
na Fórmula 1 com Fernando Alonso, no ténis
com Rafael Nadal (líder do ranking ATP) e na
MotoGP, com Jorge Lorenzo. No andebol são
presença assídua nas meias-fi nais das gran-
des competições e, em 2005, conquistaram o
título mundial. O basquetebolista Paul Gasol
‘dá cartas’ na NBA ao serviço dos LA Lakers.
O ciclista Alberto Contador sucede ao históri-
co Miguel Indurain, tendo vencido o Tour de
França por duas vezes.
Costuma-se dizer que ‘à terceira é de vez’,
mas não foi o caso. Apesar dos protestos dos
holandeses (com razão) antes da jogada que
ditou o golo espanhol, que reclamavam um
canto e uma falta, a “laranja mecânica” viu
novamente fugir-lhe o título, à semelhança
do que aconteceu na década de 70, onde não
conseguiu vencer as duas fi nais em que parti-
cipou. A fi nal fi cou marcada pela dureza físi-
ca, evidenciada pelos 14 cartões amarelos, por
uma expulsão aos 109 minutos e por 47 faltas
assinaladas pelo árbitro inglês Howard Webb.
O guarda-redes Stekelenburg mostrou-se ao
mesmo nível do espanhol Casillas e foi uma
das fi guras da noite graças a uma série de de-
fesas notáveis que mantiveram o marcador a
zeros e obrigou ao prolongamento. Robben
esteve muito perto de concretizar o sonho
dos holandeses, mas foi incapaz de aprovei-
tar duas grandes oportunidades criadas por
Sneijder. No fi nal da partida, o técnico ho-
landês, Bert van Marwijk, mostrou-se decep-
cionado, admitindo à imprensa que “é muito
duro” perder a fi nal do Mundial, pois acredi-
ta que teriam “chegado à decisão por pénal-
tis mesmo com dez homens em campo”. “É
verdade que a Espanha teve mais hipóteses,
mas Arjen Robben teve duas oportunidades
claras para marcar. Aí seríamos os campeões
mundiais”, contou. Já o capitão da selecção,
van Bronckhorst, descreveu o sabor amargo
77 DESPORTO · ANGOLA’IN |
da derrota como “uma decepção enorme”, ad-
mitindo que deram “muito espaço” no meio
campo. Contudo, frisou que tem “muito orgu-
lho na sua equipa”. “Mas numa fi nal é claro
que o objectivo é a vitória”, rematou. A opi-
nião foi partilhada pelo avançado Dirk Kuyt
que não escondeu a frustração. “Estávamos
tão próximo de conquistar o título”, refere, ex-
plicando que “as oportunidades que surgiram
deveriam ter sido aproveitadas”. Vice-campeã
mundial em 1974 e 1978 com o grupo de atle-
tas que deu origem à designação de “laranja
mecânica”, a equipa liderada por Bert van Ma-
rwijk rejubilou com o alcance da terceira fi nal
do seu historial de participações nos Mundiais
da FIFA. A selecção apenas tem no seu pal-
marés o título de campeã europeia em 1988
e, por isso, chegou a sonhar que voltaria a er-
guer um troféu. Os holande-
ses saem desta competição
com uma marca única: foram
os únicos que não perderam
pontos na qualifi cação para
o maior evento de futebol.
Foram ainda a primeira se-
lecção europeia a carimbar o
passaporte para a África do
Sul, ao vencer os oito jogos
de apuramento, marcando
17 golos e sofrendo apenas
dois. Tal contribuiu para que
fosse encarada desde o início como um pode-
roso adversário a temer e um sério candidato
à vitória. O regresso da “laranja mecânica” fi -
cou marcado pela apresentação de um grupo
coeso e experiente, composto por alguns dos
melhores jogadores do mundo, onde se des-
tacaram fi guras como Wesley Sneijder, Van
der Vaart, Van Persie, Arjen Robben ou Ryan
Babel. O principal objectivo desta formação
foi alcançado com sucesso e superou todas
as expectativas. Conseguiram melhorar a sua
prestação de 2006, em que foi derrubada pe-
la selecção portuguesa nos oitavos-de-fi nal
do Mundial da Alemanha. Tal deveu-se pro-
vavelmente à mudança de todo o comando
técnico. Após o afastamento precoce no Eu-
ro de 2008, Marco van Basten deu o lugar a
Bert van Marwijk, que conseguiu levar a sua
equipa até à fi nal de África do Sul, derrubando
equipas como a Dinamarca, o Japão e os Ca-
marões. Na primeira fase sofreu apenas um
golo. Pelo caminho ainda eliminou a Eslová-
quia (2-1) e o Brasil (2-1). Na semi-fi nal afas-
tou da corrida o Uruguai, num jogo bastante
exigente e disputado, mas que lhe abriu as
portas para a fi nal de Joanesburgo ao vencer a
selecção sul-americana por 2-3. Para os resul-
tados contribuiu o ataque de peso desta equi-
pa, composto por Klaas-Jan Huntelaar e Dirk
Kuyt. A ausência mais notada foi a de Ruud
van Nistelrooy, o goleador veterano, que tro-
cou o Real Madrid por Hamburgo, em Janeiro,
e que falhou toda a fase de qualifi cação, pelo
que nem sequer entrou na pré-convocatória
do seleccionador. Van der Saar também aban-
donou a selecção, que neste momento não
tem um líder nato. No entanto, os talentos
mais experientes têm assumido o comando
da “laranja mecânica” e não correu mal: afi nal
a equipa conseguiu alcançar a fi nal sem nun-
ca ter perdido um jogo.
“Foram a primeira selecção europeia a carimbar o passaporte para a África do Sul, ao vencer os oito jogos de apuramento, marcando 17 golos e sofrendo apenas dois”
78 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO
VICENTE DEL BOSQUE VS
BERT VAN MARWIJK A sorte ditou que a ‘fi esta’ se fi zesse em Espanha. As duas melhores equipas do
mundo, que sucedem a Itália e França, têm um ponto em comum: nunca venceram um
Mundial de Futebol. ‘La Roja’ entrou na história do desporto e a ‘Mecânica Laranja’ voltou a ver o título a escapar a poucos minutos do fi nal do
prolongamento. A Angola’in conta-lhe o que aproxima e diferencia as duas selecções.
selecção nacional de espanha selecção nacional da holanda
vicente del bosqueInevitavelmente associado ao Real Madrid, Vicente del Bosque, 59
anos, jogou durante onze anos nos merengues e treinou a equipa por
seis épocas. Enquanto técnico conquistou dois campeonatos espa-
nhóis, duas Ligas dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Ta-
ça Intercontinental. Está a orientar a selecção espanhola desde 2008,
após uma experiência pouco positiva no futebol turco.
bert van marwijkO técnico de 58 anos foi antigo jogador do AZ Alkmaar e MVV Maastri-
cht. Iniciou a carreira de treinador no FC Herderen, em 1990. Antes de
ser seleccionador da Holanda, treinou o Feyenoord, onde atingiu o prin-
cipal marco da sua carreira, ao vencer a Taça UEFA em 2002. Entre 2004
e 2007 orientou o Borussia Dortmund, assumindo o comando técnico da
“laranja mecânica” em 2008, após o Euro.
ANO DE FUNDAÇÃO 1909
MELHOR MUNDIAL
4º lugar em 1950 [Mundial
decidido num quadrangular fi nal]
JOGADORES HISTÓRICOS
Santillana
Zamora
Fernando Hierro
Emilio Butragueño
QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDIAL
Espanha 1-0 Bósnia [C]
Espanha 4-0 Arménia [C]
Estónia 0-3 Espanha [F]
Bélgica 1-2 Espanha [F]
Espanha 1-0 Turquia [C]
Turquia 1-2 Espanha [F]
Espanha 5-0 Bélgica [C]
Espanha 3-0 Estónia [C]
Arménia 1-2 Espanha [F]
Bósnia 2-5 Espanha [F]
MUNDIAL ÁFRICA DO SUL
Espanha 0-1 Suíça [16 JUN]
Espanha 2-0 Honduras [21 JUN]
Chile 1-2 Espanha [25 JUN]
Espanha 1-0 Portugal [29 JUN]
Paraguai 0-1 Espanha [3 JUL]
Alemanha 0-1 Espanha [7 JUL]
MELHORES MARCADORES
David Villa: 5 golos
Andres Iniesta: 2 golos
Carles Puyol: 1 golo
a fi guraXAVI HERNÁNDEZO médio de 30 anos foi
considerado o melhor jogador do
último Campeonato da Europa.
Xavi é considerado por muitos
como o cérebro da selecção
nacional e do Barcelona de
Guardiola. Aliás, este jogador
mantém-se fi el ao clube
onde começou a carreira, com
apenas 11 anos nos escalões
de base. É por isso um dos
‘meninos de ouro’ da ‘cantera’
dos catalães. Conta com 83
internacionalizações e oito golos.
ANO DE FUNDAÇÃO 1889
MELHOR MUNDIAL
Finalista em 1974 e 1978
JOGADORES HISTÓRICOS
Johan Cruijff
Marco van Basten
Ruud Gullit
Frank Rijkaard
QUALIFICAÇÃO PARA O MUNDIAL
Macedónia 1-2 Holanda [F]
Holanda 2-0 Islândia [C]
Noruega 0-1 Holanda [F]
Holanda 3-0 Escócia [C]
Holanda 4-0 Macedónia [C]
Islândia 1-2 Holanda [F]
Holanda 2-0 Noruega [C]
Macedónia 0-1 Holanda [F]
MUNDIAL ÁFRICA DO SUL
Holanda 2-0 Dinamarca [14 JUN]
Holanda 1-0 Japão [19 JUN]
Camarões 1-2 Holanda [24 JUN]
Holanda 2-1 Eslováquia [28 JUN]
Holanda 2-1 Brasil [2 JUL]
Uruguai 2-3 Holanda [6 JUL]
MELHORES MARCADORES
Wesley Sneijder: 5 golos
Arjen Robben: 2 golos
Dirk Kuyt: 1 golo
a fi guraARJEN ROBBENTem 26 anos e tem no
Mundial da África do Sul a
oportunidade para continuar
o bom desempenho que o
protagonizou nesta época ao
serviço do Bayern de Munique
[clube para onde se transferiu
do Real Madrid no Verão de
2009]. O extremo-esquerdo, que
iniciou a carreira no Groningen,
passou pelo PSV, quando tinha
apenas 18 anos. Este foi o seu
segundo Mundial. Conta com 45
internacionalizações e 13 golos.
79 DESPORTO · ANGOLA’IN |
THOMAS MÜLLER, BOTA DE OURO E MELHOR JOGADOR JOVEM O jovem alemão de 20 anos foi o grande vencedor
da prova. O atacante do Bayern de Munique brilhou
neste Mundial e os cinco golos marcados ao servi-
ço da selecção da Alemanha valeram-lhe o troféu de
‘Melhor jogador jovem’ e Bota de Ouro como melhor
marcador. Apesar de ter apontado tantos golos (5)
quanto David Villa, Wesley Sneijder e Diego Forlan,
destacou-se dos adversários pelas três assistências
para golo. A grande promessa do futebol germâni-
co carrega o peso do nome. Filho de Gerd Müller, o
maior artilheiro da história da Alemanha, começou a
jogar no maior clube de Munique nas selecções juve-
nis e rapidamente ascendeu à titularidade da equipa
principal. Foi chamado pela primeira vez à Manns-
chaft em Março de 2010 e demonstra agora as ra-
zões que levaram à sua presença neste Mundial.
David Villa recebeu a Bota de Prata e Sneijder fi cou
com a Bota de Bronze.
INIESTA, ÚLTIMO MELHOR EM CAMPOO homem que deu o título a Espanha foi eleito
pela FIFA como o melhor em campo durante o
jogo da fi nal. O médio do Barcelona foi captado
pelo clube catalão quando tinha apenas 12 anos.
O menino-prodígio brilhou nos escalões jovens
do clube e da selecção espanhola, com a qual foi
campeão europeu de Sub-16 e Sub-19 e chegou à
fi nal do Mundial de Sub-20 de 2003, competição
onde foi premiado pela FIFA como o melhor da
sua posição. Actualmente, com 26 anos, Iniesta
é um dos experientes atletas do Barça (estreou-
se na I Divisão aos 18 anos), cuja técnica revela a
sua inteligência para desenhar o jogo. Ao serviço
de ‘La Roja’, participou no Euro 2008, onde se sa-
graram campeões.
ESPANHA, PRÉMIO FIFA FAIR PLAYA ‘Fúria espanhola’ voltou a “bisar” e ganhou no-
vamente o troféu “Fair Play”, atribuído pela FIFA
à equipa que apresenta o melhor comportamen-
to durante toda a competição. Em 2006, no Mun-
dial da Alemanha, ‘La Roja’ partilhou a taça com o
Brasil. Nesta edição, obteve 889 pontos no julga-
mento do ‘jogo limpo’ e conquistou mais uma me-
dalha para a sua lapela. Em segundo lugar fi cou a
Coreia do Sul, com 881 pontos, que recebeu ape-
nas dois cartões amarelos, mas apenas jogou três
partidas e, em terceiro, surge a Argentina com
870. Recorde-se que a FIFA atribui pontuações à
equipa que esteve melhor em cada jogo. Assim, a
que reunir mais votos é a vencedora. Neste caso,
a Espanha foi soberana com apenas oito cartões
amarelos ao longo de sete encontros, sendo que
cinco deles foram atribuídos na fi nal. Recorde-se
que na primeira fase, a equipa de Vicente del Bos-
que não sofreu qualquer sanção dos árbitros.
IKER CASILLAS, LUVA DE OUROO guardião da baliza espanhola tem motivos para
sorrir. Casillas sucedeu ao italiano Buffon e juntou
ao título mundial a distinção de melhor guarda-
redes. O atleta do Real Madrid conseguiu ultra-
passar o mau arranque na estreia frente à Suíça,
superando as críticas e a forte pressão a que foi
submetido. As actuações brilhantes e o facto de
ter sofrido apenas dois golos ditaram a sua con-
sagração neste campeonato. A distinção vem
confi rmar um talento ágil, dotado de refl exos im-
pressionantes e sangue-frio, que já tinha brilhado
nas duas últimas edições do Mundial e nos três
Europeus (2000, 2004 e 2008).
TROFÉUS AFRICANOS
DIEGO FORLAN, BOLA DE OUROForlan bateu os rivais Sneijder e David Villa (res-
pectivamente Bola de Prata e de Bronze) ao reunir
o consenso dos jornalistas credenciados pela prova.
Com 23,4 por cento dos votos, tornou-se no melhor
futebolista do torneio. “Isso é fruto da campanha
espectacular que a equipa realizou”, disse o atleta do
Uruguai, em declarações à FIFA.com, após conhecer
os resultados. O Mundial da África do Sul represen-
ta a consagração do atacante do Atlético de Madrid,
que conta já com 69 jogos e 29 golos ao serviço da
selecção uruguaia. É um dos líderes do grupo treina-
do por Oscar Tabárez e é conhecido pela sua técnica
apurada e precisão nas fi nalizações. Até aos 14 anos
praticou ténis. Entretanto, a paixão pela bola fê-lo
optar pelo futebol, tendo no seu currículo passagens
por grandes clubes como o Villarreal CF (Espanha) e
o Manchester United (Inglaterra).
Um mês depois terminou o primeiro Campeonato do Mundo organizado por uma nação africana. Consagrada a supremacia da selecção de Espanha, chegou a hora da FIFA escolher aqueles que se destacaram ao longo dos 64 jogos. Conheça os eleitos e quem levou o principal troféu para casa: a Bola de Ouro, atribuída ao melhor atleta da competição.
80 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO
PALCO DE SURPRESAS E DESILUSÕESAs grandes equipas da Europa prometiam emocionantes disputas pelo título. As expectativas à volta da luta acesa entre Ronaldo e Messi pelo lugar de melhor jogador do mundo eram altas. Porém, nem tudo correu como esperado neste Mundial. As selecções ‘poderosas’ foram afastadas prematuramente, pequenas equipas e jogadores quase desconhecidos surpreenderam e coube ao argentino Forlán levar a Bola de Ouro.
QUEDA DE GIGANTESA antiga campeã do mundo, a Itália, entrou pa-
ra os inéditos da FIFA ao ser eliminada logo na
fase de grupos. Nenhuma selecção campeã te-
ve um resultado tão desastroso no campeona-
to seguinte. Tal valeu-lhe uma queda de seis
posições no ranking da federação internacional
(agora é a 11ª). A França desceu 12 lugares na
referida lista, ocupando actualmente um mo-
desto 21º posto. À semelhança dos italianos,
a vice-campeã da edição de 2006 e vencedo-
ra de 1998 não conseguiu passar a fase inicial.
A participação na África do Sul fi cou mancha-
da pelas sanções disciplinares e por compor-
tamentos pouco desejáveis dos jogadores.
Recorde-se que a polémica já tinha estalado
ainda na fase de apuramento, quando a equi-
pa empatou no playoff com a Irlanda, num golo
que teve a ‘mão’ de Thierry Henry, aos 104 mi-
nutos. O Brasil prometia, mas acabou por não
alcançar as meias-fi nais. Os holandeses come-
çaram o jogo a perder, mas rapidamente deram
a volta ao resultado e conseguiram dominar os
‘canarinhas’. Filipe Melo foi expulso por agres-
são a Robben e o técnico Dunga acabou por de-
mitir-se. Inglaterra, também apontada como
candidata ao título, fez uma campanha pobre.
Afastada pela Alemanha nos oitavos com uma
derrota pesada e embaraçosa (4-1), a equipa
esteve longe das grandes exibições.
81 DESPORTO · ANGOLA’IN |
REVELAÇÕESEspecialistas e imprensa desportiva são unâni-
mes: o Mundial foi a prova dos médios. Apesar
de se ter assistido a exibições inesquecíveis e
surpreendentes de avançados como o argenti-
no Forlán, o uruguaio Suárez, o espanhol Villa
ou alemão Klose (que atingiram o nível máxi-
mo), foram os jogadores do meio-campo que
se destacaram. Müller, que foi contemplado
com a Bota de Ouro, confi rmou que tem mui-
to para dar às cores da sua selecção. Sneijder,
médio da Holanda, sai vitorioso da prova, pois
é um dos responsáveis pela chegada da ‘laran-
ja mecânica’ à fi nal. Sérgio Ramos foi eleito
pelos adeptos da FIFA como o melhor jogador.
O número 15 de Espanha brilhou pela efi ciên-
cia e capacidade em aniquilar as investidas dos
avançados das equipas adversárias. Fábio Co-
entrão, da selecção lusa, mereceu muitos elo-
gios, fruto das actuações acima da média. O
estreante ao serviço das “quinas” revelou uma
grande maturidade e garra. O internacional do
Benfi ca conseguiu superar a sua inexperiên-
cia nestes campeonatos. As boas prestações
incluíram-no na equipa ideal do jornal francês
L’Equipe e despertaram a cobiça dos gigantes
europeus.
ASTROS NÃO BRILHARAMRonaldo, Kaká e Messi eram apontados como
estrelas, esperando-se que este Mundial fosse
o ano da consagração dos avançados que mais
camisolas vendem. África do Sul adivinhava-se
como palco para exibição dos seus talentos. As
altas expectativas saíram goradas. Actuações
apagadas e parcas em golos são o balanço dos
atletas ao serviço das respectivas selecções.
Rooney, avançado inglês mortífero da Pre-
miership, esteve longe da performance habi-
tual. Ele, Torres e Kaká recuperaram de lesões
que podem ter infl uenciado os respectivos de-
sempenhos. O CR9, o mais caro de sempre da
história do futebol, foi uma das maiores desilu-
sões do Mundial. O número 7 de Portugal disse
que queria explodir, mas as exibições fi caram
aquém do esperado. A frase “falem com o Quei-
roz”, após terem sido eliminados pela Espanha,
mereceu-lhe várias críticas, especialmente por
ser capitão de equipa. Yoann Gourcuff, uma das
revelações francesas e que se apresentava co-
mo a grande promessa de 2010, acabou por ser
expulso no jogo inaugural contra a África do
Sul. O avançado Anelka nem chegou a partici-
par no torneio. O atleta do Chelsea abandonou
prematuramente o centro de estágios após ter
insultado o seleccionador Domenech e ter-se
PORTUGAL AQUÉM, GANA DE SONHOUruguai e Gana foram as selecções ‘surpresa’ do
Mundial de África do Sul. A primeira, após de ter si-
do campeã do mundo em 1930 e 1950, pautou-se
sempre por exibições discretas. Este ano, voltaram
às meias-fi nais e discutiram o terceiro lugar com
os alemães. Apesar de terem perdido, conseguiram
ainda marcar dois golos à Mannschaft. O Gana al-
cançou um feito inédito e fez sonhar quem acredita-
va numa fi nal disputada por uma equipa de África.
Estiveram a um passo das meias-fi nais. No embate
com o Uruguai, Gyan (revelação desta edição) teve
nos pés o golo da vitória, atirando à trave no último
minuto do prolongamento. Os Bafana Bafana aca-
bariam por ser eliminados nas grandes penalidades.
Portugal entrou no Mundial como terceiro classifi -
cado no ranking da FIFA. Ficou no mesmo lote do
Brasil, no chamado ‘grupo da morte’. Mas, as ex-
pectativas em torno da selecção das “quinas” eram
elevadas. Depois de um apuramento complicado, o
leque de talentos fazia antever um bom resultado
e era uma das favoritas para a fi nal. Contudo, foi
eliminada nos oitavos pelos vizinhos espanhóis. O
seleccionador, Carlos Queiroz, frisou que cumpriram
o objectivo mínimo. Certo é que a federação inter-
nacional não perdoou o desaire e a equipa caiu para
o oitavo lugar do ranking, não lhe valendo sequer a
goleada histórica à Coreia do Norte, por 7-0.
recusado a pedir desculpas. Foi punido com a ex-
pulsão do grupo. O avançado brasileiro Kaká e o
argentino Lionel Messi também deixaram esca-
par a oportunidade de conquistarem títulos ao
serviço da selecção. O menino-prodígio do Barça,
“terror” da liga espanhola, arrancou com o pé di-
reito, mas acabou por passar despercebido. “Pul-
ga” não marcou, apesar de ter sido primordial em
muitos passes para golo.
82 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO
‘Reis’ da bola O Mundial de 2010 será certamente recordado como o ano de Espanha, de Diego Forlán e de uma série de situações imprevistas. Neste especial, recorde os momentos de um evento onde não faltaram vuvuzelas, promessas insólitas, beijos de Maradona aos atletas e animais ‘videntes’. Reviva o melhor do torneio através do cronograma dos principais acontecimentos.
11 junho
GLÓRIA E TRAGÉDIAO estádio de Soccer City recebeu a abertura do
evento mais aguardado. Africanos, europeus,
asiáticos e americanos uniram-se para assis-
tir ao arranque do Campeonato do Mundo de
Futebol, em que a cultura local esteve em evi-
dência, bem como as iniciativas associadas ao
combate ao racismo. A África do Sul e o México
empataram no jogo inaugural, que teve a par-
ticularidade de juntar vários chefes de Estado
mundiais. A maior ausência foi a do emblemá-
tico ex-presidente sul-africano, Nelson Man-
dela, devido à inesperada morte da uma neta.
O cantor R. Kelly foi a fi gura de destaque da
cerimónia, cantando o hino “Sign of victory”.
O norte-americano substituiu o tenor Siphiwo
Ntshebe, o escolhido por Mandela para actuar
na cerimónia de arranque, com o tema ‘Hope’
(Esperança). A colombiana Shakira também
abrilhantou o concerto que antecedeu o início
do torneio. “Waka Waka” (This Time for África)
foi a música ofi cial do evento.
24 junho
DESAIRE ITALIANO E FRANCÊSItália e França foram as surpresas deste Mun-
dial. Os antigos campeão e vice-campeão (res-
pectivamente) de 2006 saíram humilhados
da competição após serem eliminadas logo
na primeira fase de grupos. É um dos inéditos
de África do Sul. Nunca dois fi nalistas de um
Mundial tinham sido arrasados logo na primei-
ra fase da edição seguinte. No caso francês,
três jogos, um empate, duas derrotas, um go-
lo marcado, um jogador (Anelka) expulso pela
Federação por insultar o seleccionador (Ray-
mond Domenech) e greve aos treinos marcam
o balanço da sua participação. O embaraço foi
de tal ordem que até Thierry Henry teve de se
explicar ao presidente Sarkozy. “Vergonha” e
“naufrágio” foram os termos usados pela im-
prensa italiana para resumir os dois empates
e a derrota frente à Eslováquia, resultados que
ditaram a eliminação da selecção, que fi cou em
último lugar no grupo.
27 junho
NOVAS TECNOLOGIASA discussão em torno das novas tecnologias
no futebol voltou a estar na agenda. Em causa,
estiveram um golo por validar à Inglaterra (jogo
contra a Alemanha) e a vantagem da Argenti-
na frente ao México graças a um golo marcado
num evidente fora-de-jogo. A FIFA já admitiu
que na edição de 2014 a arbitragem vai mudar,
estando em estudo a colocação de mais dois
assistentes em campo.
2 de julho
BRASIL ELIMINADOÀ semelhança do que ocorreu em 2006, a se-
lecção ‘canarinha’ voltou a fi car pelos quartos-
de-fi nal. Dunga, que entretanto deixou de ser
seleccionador, foi sempre considerado pelos
brasileiros como polémico. Foi contestado pe-
la escolha de Felipe Melo (um jogador que se
descontrola com facilidade e terminou o Mun-
dial expulso) e pelos insultos aos jornalistas
em conferências de imprensa. Já o Gana foi a
surpresa do evento. A equipa carregou a es-
perança de todos os africanos, que chegaram
a acreditar na primeira presença numa meia-
fi nal. Após um jogo a zero, com direito a pro-
longamento, o Uruguai venceu nos penáltis e
acabou com o sonho africano.
3 julho
ADEUS MARADONAArgentina e Paraguai não conseguiram alcan-
çar as desejadas semi-fi nais. Maradona foi
escolhido para levar a Argentina à fi nal, mas
apenas conseguiu ser recordado por situações
insólitas, desde mandar Pelé para um museu a
beijar todos os jogadores. Apesar da promes-
sa, as suas fragilidades enquanto treinador fi -
caram à vista na eliminatória com a Alemanha.
O Paraguai fi cou mais famoso fora de campo,
graças a uma adepta paraguaia que se trans-
formou na “namorada do Mundial”. Larissa
Riquelme, que exibia o telemóvel no decote,
prometeu despir-se caso o seu país ganhasse à
Espanha. Tal não aconteceu, mas a modelo ti-
rou na mesma a roupa para uma produção com
a bandeira nacional.
10 julho
POLVO PAUL CERTEIROO molusco do aquário Sea Life, na Alemanha,
tornou-se na mascote deste evento. O animal,
considerado dotado de poderes premonitórios,
adivinhou todos os resultados dos sete jogos
da Alemanha e previu o título espanhol. O pol-
vo Paul teve inclusive direito a directos nas te-
levisões internacionais. Antes de os alemães
conquistarem o terceiro lugar frente ao Uru-
guai, já o animal tinha ditado a classifi cação da
selecção do seu país. Apesar das difi culdades
encontradas no jogo com os uruguaios, a pro-
fecia cumpriu-se.
11 julho
FÚRIA FAZ A ‘FIESTA’A Holanda voltou a perder o título pela terceira
vez. Espanha conquistou o troféu que faltava
para a história do desporto nacional e Iniesta
foi o ‘rei’ da noite. O médio espanhol dedicou
o golo a Daniel Jarque, o atleta de 26 anos que
morreu no ano passado de ataque cardíaco.
“Dani Jarque siempre con nosotros”, lia-se na
camisola-interior que Iniesta mostrou ao mun-
do em lágrimas. Também António Puerta, joga-
dor do Sevilha, que faleceu em 2007, devido a
uma paragem cardiorrespiratória, foi homena-
geado pela ‘La Roja’. A equipa foi recebida em
Espanha por um banho de multidão e pela fa-
mília real. A Federação Portuguesa de Futebol
aproveitou a ocasião para felicitar os vizinhos e
reiterar que espera que a taça ajude na candi-
datura ibérica para o Mundial de 2018/2022. O
encerramento da prova fi cou marcado não só
pela alegria de Casillas ao erguer a taça, mas
também pela aparição relâmpago de Mandela,
que esteve no relvado apenas alguns minutos.
Tempo sufi ciente para ser acarinhado pelos
quase 90 000 eufóricos nas bancadas. A ceri-
mónia foi iluminada pelas cores e actuações de
músicos africanos, acompanhados por bailari-
nos, imagens projectadas numa tela gigante e
pela presença de Shakira.
83 DESPORTO · ANGOLA’IN |
MISSÃO CUMPRIDAA FIFA faz o balanço de mais uma edição do
Campeonato do Mundo. Terminados os festejos e a distribuição dos galardões, a federação
internacional apresenta as estatísticas que fazem deste evento uma marca a considerar pelos próximos responsáveis da prova. Enquanto
espera pelo torneio de 2014, que decorrerá pela primeira vez no Brasil, a Angola’in apresenta em
exclusivo os números que desmistifi cam uma competição, que fi cou assinalada pelo sucesso
da organização africana e por uma série de acontecimentos atípicos.
Seis selecções europeias chegaram aos oitavos
do Mundial e apenas três alcançaram os quar-
tos-de-fi nal, fazendo a pior média do Velho Con-
tinente nestas provas.
Oito países possuem no mínimo um título do
Mundial de Futebol da FIFA.
3,18 milhões de adeptos acompanharam nos es-
tádios os 64 jogos, fi cando perto de bater o re-
corde do Mundial de 1994, nos Estados Unidos
(3,59 milhões de pessoas).
Dois minutos e 39 segundos foi o tempo ne-
cessário para ser marcado o golo mais rápido
da competição. A marca coube a Müller no jo-
go contra a Argentina, onde a Alemanha ganhou
por quatro bolas a zero.
OS NÚMEROSSuíça estabeleceu o novo recorde do Mundial ao
alcançar 559 minutos sem sofrer golos (superou
a marca anterior da Itália, com 550 minutos).
Xavi fez 669 tentativas de passe (104 a mais que
Schweinsteiger, que fi cou em segundo lugar) e
42 cruzamentos de bola, fi cando apenas atrás
de Forlán (com 50).
18.449 voluntários garantiram o sucesso da prova.
O elemento mais velho da equipa tinha 80 anos.
261 faltas e 17 cartões vermelhos foram assina-
lados neste campeonato, verifi cando uma redu-
ção em relação ao evento de 2006, na Alemanha
(346 faltas e 26 expulsões).
145 golos marcados na edição da África do Sul.
Este foi o menor número registado desde que o
Mundial passou a ter 64 jogos (há 12 anos).
117 minutos foi o tempo que Iniesta levou para
marcar o golo da vitória frente à Holanda. Foi a
fi nal mais longa de sempre para decidir o vence-
dor do troféu.
O maior número de golos foi apontado por atle-
tas do Bayern de Munique (12). O clube da Ba-
viera tornou-se no melhor representante da
capacidade atacante da prova.
Espanha foi a primeira equipa europeia a ganhar
a taça fora do próprio continente.
OS JOGADORESO jogador do Gana, Gyan, foi o atleta com maior
número de remates à baliza. Com um total de
33 chutes, o ícone da selecção africana superou
adversários como David Villa (32), Diego Forlán
(32) e Lionel Messi (30).
Müller ganhou a bota de Ouro Adidas. Porém,
não suplantou outros jogadores em número de
golos. O jovem talento alemão empatou com
Villa, Sneijder e Forlán. No desempate, o avan-
çado da Mannschaft superou devido às assis-
tências para golo: três.
O golo de Iniesta surgiu já no prolongamento da
fi nal do Mundial da África do Sul. Tal não se re-
petia há 32 anos, altura em que o argentino Da-
niel Bertoni marcou para lá dos 100 minutos.
melhores defesas melhores jogadores (mais golos)
84 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO
O camaronês Rigobert Song foi o primeiro afri-
cano a participar em quatro edições do Mundial
da FIFA.
Casillas é o primeiro guarda-redes a defender dois
penáltis em edições distintas da competição.
Klose (14 golos) igualou Gerd Müller na lista de
melhores marcadores, fi cando apenas a um golo
de Ronaldo (BRA), que lidera a tabela.
Keisuke Honda, do Japão, está no topo da lista
de jogadores com mais infracções cometidas na
competição, com 19 faltas assinaladas.
Jerry, Jhony e Wilson Palacios, jogadores das
Honduras, entraram na história, pelo facto de se
tornarem nos primeiros irmãos a serem incluí-
dos no mesmo plantel.
Kaká, Müller, Schweinsteiger, Kuyt e Özil são os
‘criativos’ mais efi cazes do Mundial, com três
assistências cada um.
AS EQUIPASCinco selecções europeias já ergueram o troféu
da FIFA. Curiosamente, todas conquistaram o
título mundial sempre que chegaram pela pri-
meira vez a uma fi nal. Foram elas a Itália, Ale-
manha, Inglaterra, França e Espanha.
Alemanha liderou a tabela de golos. Os germâ-
nicos foram a equipa que mais marcou neste
torneio, com 16 remates certeiros. Segue-se a
vice-campeã Holanda, com 12, o Uruguai, com 11
e a Argentina, com 10. Curiosamente, Espanha
não aparece nos cinco primeiros.
Holanda é a equipa com mais faltas cometidas
(126).
Espanha é líder em remates. ‘La Roja’ chutou à
baliza 121 vezes.
Uruguai foi a selecção com maior pontaria, is-
to é, esteve perto do golo 46 vezes. Além do
mais, a edição de 2010 marcou o seu regresso
às meias-fi nais, algo que não acontecia desde
1970. Foi a equipa revelação da prova.
A África do Sul, apesar de vencer pela primeira
vez uma equipa europeia (França), tornou-se no
único país-sede do evento que não superou a
primeira fase.
Itália abandonou o torneio sem uma única vi-
tória, após ter sido campeã na edição anterior.
Com dois empates e uma derrota, a selecção
nunca tinha alcançado tal resultado, pelo que
o último lugar no grupo foi a pior marca da sua
história de futebol.
O Paraguai chegou aos quartos-de-fi nal do cam-
peonato do Mundo pela primeira vez. Aliás, esta
fase reuniu mais sul-africanos do que europeus
(quatro contra três), algo inédito na história do
campeonato.
Honduras e Argélia foram as únicas selecções
que não marcaram um único golo na prova. Em
270 minutos de futebol, os argelinos apenas
conseguiram um remate à trave.
A FINALNenhuma equipa vencedora do Mundial de 2010
perdeu na estreia. Espanha reescreveu a histó-
ria, sendo a primeira selecção que, apesar da
derrota com a Suíça (1-0) no jogo inaugural, le-
vou o troféu para casa.
A campeã do mundo, em comparação com a ri-
val “laranja mecânica”, teve um percurso mais
favorável ao longo da competição. Espanha sai
desta edição com 18 remates, seis golos, 19 fal-
tas cometidas, 8 pontapés de canto, 5 cartões
mais faltas cometidas mais remates mais golos
amarelos e nenhum cartão vermelho.
O balanço da Holanda é ligeiramente inferior: 13
remates, 5 golos, 28 faltas cometidas, 6 ponta-
pés de canto, 7 cartões amarelos e nenhuma ex-
pulsão. 57 por cento é a média de posse de bola
de ‘La Roja’.
43 por cento é a média de posse de bola da ‘la-
ranja mecânica’.
oitavos-de-final quartos-de-final meia-final FINAL meia-final quartos-de-final oitavos-de-final
oitavos-de-final quartos-de-final meia-final meia-final quartos-de-final oitavos-de-final
2 - 1 (1-0)
1 - 1 (1-1 ; 0-1)
4-20 - 4 (0-1)
0 - 1 (0-0)
2 - 1 (0-1)
2 - 3 (1-1)
0 - 1 (0-0)
2 - 3 (1-1)
0 - 1
1 - 2 (1-0 ; 0-1)
2 - 1 (1-0)
3 - 0(2-0)
1 - 0(0-0)
0 - 0(5-3)
4 - 1(2-1)
3 - 1(2-0)
confi ra todos os resultados do primeiro mundial desta década
estatística holanda - espanha (fi nal)
85 DESPORTO · ANGOLA’IN |
Conhecidos os jogadores escolhidos pela FIFA para formar a selecção ideal deste Mundial, a Angola’in responde ao desafi o lançado pelos leitores e apresenta os seus eleitos!
equipa ideal da fi fa esquema 4x4x2 01 iker caillas (esp) 02 maicon (bra) 03 philipp lahm (ale) 04 sérgio ramos (esp) 05 puyol (esp) 06 iniesta (esp) 07 schweinsteiger (ale) 08 xavi (esp) 09 diego forlán (uru) 10 sneijder (hol) 11 david villa (esp)
equipa ideal da angola’in esquema 4x4x2 01 eduardo (por) 02 maicon (bra) 03 bruno alves (por) 04 pique (esp) 05 fábio coentrão (por) 06 iniesta (esp) 07 tomas müller (ale) 08 xavi (esp) 09 gyan (gha) 10 sneijder (hol) 11 diego forlán (uru)
mais faltas cometidas num jogo mais golos por jogo
87 DESPORTO · ANGOLA’IN |
lion park, joanesburgo
lion park, joanesburgo
croc city, joanesburgo
croc city, joanesburgo
88 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO FOTOREPORTAGEM
hector pieterson memorial
casa nelson mandela
casa nelson mandela
vendedores, soweto
90 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO FOTOREPORTAGEM
cidade de joanesburgo
pormenor do soccer city
argentina vs coreia do sul, soccer city
92 | ANGOLA’IN · DESPORTO
| patrícia alves tavares
DESPORTO ADAPTADO
Africanos reconhecemêxito nacional
O desporto adaptado nacional surgiu pela primeira vez em 1993 e desde então sofreu um crescimento galopante, que tem como auge o ano em que Sayovo conquistou três medalhas de ouro em Atenas, em atletismo. O Governo adoptou medidas que contribu-íram para o fl orescer das modalidades olímpicas e o seu sucesso valeu a Angola a nomeação para a presidência da Confederação Africana de Desportos para Defi cientes (Ascod).
A nomeação para a Ascod é o reconhecimento
do desempenho do país no que toca ao desen-
volvimento dos desportos adaptados ao nível
continental e do seu papel na massifi cação e ex-
pansão da modalidade para competições inter-
nacionais. A ofi cialização da língua portuguesa
na confederação foi a primeira iniciativa da nova
presidência. Leonel Pinto, presidente da Ascod,
lidera ainda o Comité Paraolímpico Angolano
(CPA). O dirigente anunciou, aquando a tomada
de posse (em Maio), que tem como prioridades
para os quatro anos de mandato a implementa-
ção de acções formativas e o incentivo ao apoio
dos Comités Nacionais Paraolímpicos. Está em
estudo a disponibilização de ajuda fi nanceira a
jovens talentos e a consolidação da Ascod den-
tro e fora de África. Leonel Pinto reconhece que
apesar da maioria dos governos africanos serem
os principais patrocinadores deste desporto –
reconhecendo a sua importância na reabilitação
e inserção do defi ciente na sociedade -, o actual
desenvolvimento das modalidades justifi ca um
acréscimo de meios. O responsável argumen-
ta que se os Estados atribuíssem 40 por cento
das verbas destinadas ao futebol ao desporto
adaptado, este estaria num patamar superior.
A nível nacional, o desenvolvimento desta ver-
tente é aposta ganha. O empenho do Presiden-
te da República e da Primeira-Dama, através do
Fundo Lwini, é um acto louvado por dirigentes e
praticantes. Durante a tomada de posse da As-
cod, o ministro da Juventude e Desportos, Gon-
çalves Muandumba, lembrou que José Eduardo
dos Santos tem orientado a disponibilização
dos apoios indispensáveis e incentivado a pro-
moção da actividade desportiva adaptada. Por
outro lado, o ministério reitera o apoio à Con-
federação continental, admitindo um acrésci-
mo das responsabilidades com a transferência
da sede para Angola.
ESCALÕES JOVENSA paz tem contribuído para a massifi cação do
desporto, nomeadamente entre os mais no-
vos. É o caso do projecto “Criança” que está a
ser implementado com bastante sucesso, desde
2008. O presidente do CPA destaca a estabilida-
de política como responsável pelo crescimento
do maior de programa de expansão da modali-
dade adaptada, que actualmente abrange 250
crianças. O plano visa a massifi cação da acti-
vidade paraolímpica que, numa primeira fase,
abrange o atletismo, natação, basquetebol em
cadeira de rodas e futebol com muletas. O pro-
jecto “Criança” está em curso em praticamente
todas as províncias. O responsável da CPA recor-
dou que o fi m do confl ito contribuiu para a or-
DESPORTO
93 DESPORTO · ANGOLA’IN |
ganização de competições locais em áreas até
então inacessíveis e para a formação de técnicos
e equipas médicas especializadas. O Fundo Lwi-
ni é responsável pela introdução do voleibol sen-
tado nas camadas jovens, contando com o apoio
do Comité Paraolímpico Angolano. Este reuniu
recentemente em Luanda 186 crianças de de-
zasseis províncias que apresentaram as novas
modalidades nacionais, onde se destacam o
bóccia e goal ball, actividades que mostram as
capacidades de atletas com defi ciência visual e
paralisia cerebral.
BIÉ É EXEMPLOA província angolana foi uma das mais afec-
tadas pelo período da guerra, apresentando
um elevado número de portadores de defi ciên-
cia física. Porém, o Bié é o modelo do sucesso
na adversidade. A região é a segunda força do
atletismo adaptado, com êxitos em provas na-
cionais e internacionais e quer tornar-se no prin-
cipal núcleo. Óscar Fausto, coordenador da área
técnica da Associação Provincial dos Desportos
Adaptados, anunciou que a organização está a
trabalhar para a massifi cação da actividade nos
nove municípios da província, apostando em to-
das as classes (visual, motora e auditiva) e si-
multaneamente em masculinos e femininos. “O
Bié é a segunda força da modalidade no país. A
nossa província e a de Luanda são as que for-
necem mais atletas à Selecção Nacional. Nas
competições nacionais, os atletas bienos têm
arrebatado vários títulos”, assumiu, frisando
que o número de praticantes tem vindo a crescer
em todas as especialidades. No entanto, Óscar
Fausto adverte para uma falha que advém do
crescimento da modalidade. O material despor-
tivo começa a escassear, pelo que o actual trei-
nador da Selecção Provincial de Atletismo deixa
o apelo para que a sociedade auxilie o desporto
adaptado, não apenas no âmbito material e des-
portivo, mas também no lado humano e social.
“O desporto é um meio de luta contra o racismo
e a xenofobia”, frisa.
ATLETISMO LIDERAO atletismo mantém a tradição. O país possui
um longo historial nesta modalidade adapta-
da. Estreou-se nos Jogos de Atlanta, em 1996,
seguindo-se as edições de Sidney (2000), Ate-
nas (2004) e Pequim (2008), onde competiram
pela primeira vez na categoria de estafeta. An-
gola estará presente nos Jogos Paraolímpicos de
Londres (Inglaterra) de 2012. A presença do gru-
po de atletismo em cadeira de rodas é inédita,
facto que motivou a aquisição de equipamentos
para 25 profi ssionais. É a primeira vez que o pa-
ís incorpora esta categoria. Até aqui a sua par-
ticipação pautou-se por provas de velocidade e
estafeta. Leonel Pinto explicou à imprensa que
a integração na nova categoria resulta de uma
reunião com os responsáveis dos vários comi-
tés paraolímpicos, que consideraram que o país
tem revelado o seu potencial ao longo dos últi-
mos anos. O CPA obteve ainda o apoio de uma
empresa alemã de fabrico de materiais despor-
tivos para portadores de defi ciência (‘Alcobock’).
Aliás, a parceria com a Alemanha prevê a cons-
trução de uma unidade de produção do referido
material em Angola, num acordo que resulta de
quatro anos de conversações. A pensar na par-
ticipação nos Jogos Paraolímpicos, a Ascod e o
Comité Paraolímpico Internacional (IPC) rubri-
caram um memorando de entendimento que
confere aos atletas africanos a possibilidade de
frequentarem academias de alto rendimento
nos EUA e Inglaterra, já a partir de 2011. Ao IPC
caberá criar um comité que seleccione os can-
didatos que vão benefi ciar do protocolo. Porém,
o país não está focado apenas nas modalida-
des tradicionais. A par da natação, futebol com
muletas e basquetebol em cadeira de rodas, os
defi cientes angolanos podem praticar Taekwon-
do. A modalidade surgiu em 2009 e possui uma
federação que se prepara para organizar provas
demonstrativas ainda este ano, para incentivar
a adesão do público. O presidente da Federação
Angolana de Taekwondo, Nzuzi Ndolomingo,
defende a integração da modalidade nos clubes,
como valor acrescentado para a actividade des-
portiva adaptada.
“Fundo Lwini criou uma equipa de basquetebol em cadeira de rodas”
PARCEIROSO fundo de solidariedade Lwini tem tido um pa-
pel determinante na promoção das modalida-
des adaptadas aos portadores de defi ciência.
Ana Paula dos Santos, Primeira-Dama, foi ga-
lardoada com um prémio atribuído pelo Comi-
té Organizador da Convenção Internacional dos
Desportos em África (COI), numa cerimónia que
decorreu na África do Sul, em Abril. O motivo
da distinção deveu-se ao empenho da funda-
ção no âmbito da promoção deste desporto. O
Fundo Lwini tem um protocolo de cooperação
com o CPA, que dura há seis anos e transcende
a componente desportiva, visando igualmente o
lado social. “O apoio da Primeira-Dama, por via
do Fundo Lwini, tem sido fundamental para que
outras instituições se sintam sensibilizadas em
apoiar o desporto adaptado em Angola”, enalte-
ceu Leonel Pinto, que acrescentou que o orga-
nismo promove o auxílio a pessoas carenciadas
e criou uma equipa de basquetebol em cadeira
de rodas. A fundação foi responsável por insti-
tucionalizar a prova anual pluridisciplinar, de-
nominada “Taça Lwini” (vai na sétima edição) e
por organizar o primeiro festival gimnodesporti-
vo para jovens (inserido no projecto “Criança”).
Recorde-se que Ana Paula dos Santos já tinha
recebido em 2008 o prémio “Mulher Desporto
África” do COI, pela dedicação à promoção do
desporto adaptado.
Arrecadou três medalhas de ouro
nos Jogos Paraolímpicos de Atenas,
em 2004, na categoria de atletismo
nos 100, 200 e 400 metros. José
Sayovo é um ícone para a população
nacional. O feito inédito fi cou na
memória de todos, até porque o
atleta bateu o recorde paralímpico
e mundial dos 100 metros com o
tempo de 11.37, situação que alertou
as autoridades angolanas para a
necessidade de apoiar o desporto
adaptado. Em 2008, nos jogos de
Pequim, foi tripla medalha de prata
e no mesmo ano alcançou o ouro nos
100 e nos 200 metros dos jogos da
CPLP, que decorreram no Brasil.
“Angola estará presente nos Jogos Paraolímpicos de Londres (Inglaterra) de 2012. A presença do grupo de atletismo em cadeira de rodas é inédita”
josé sayovo
LUXOS | manuela bártolo
96 | ANGOLA’IN · LUXOS
BENTLEY CONTINENTAL SUPERSPORTSCom um visual mais agressivo, este novo modelo é capaz de extrair maior dose de rendimento do motor 6.0 W12 biturbo . Detentor de um sistema de escape em aço inoxidável construído artesanalmente, esta obra-prima permite ao condutor a selecção entre um ronco mais suave ou outro mais desportivo
97 LUXOS · ANGOLA’IN |
PORSCHE 918 SPYDERO novo modelo passa a ser o topo de gama da Porsche e é a sua montra para a tecnologia híbrida que já é
aplicada no Cayenne e no Panamera. Este roadster tem um motor V8 de 3,4 litros e 500 cv, coadjuvado por
dois motores eléctricos com uma potência combinada de 218 cv. Munido destes argumentos, o 918 Spyder
anuncia 3,2 segundos para cumprir os 0-100 km/h e uma velocidade máxima de 318 km/h
98 | ANGOLA’IN · LUXOS98 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS
AUDI R8 SPYDERO modelo vai de 0 a 100 km/h em apenas 4,1 segundos e tem velocidade máxima de 313 km/h. Quando
equipado com transmissão manual, o conversível consome uma média de 14,9 litros de combustível a
cada 100 km. O carro de corrida para as ruas vem equipado com cinto de segurança com microfone,
capota de lona com accionamento totalmente automático, defl ectores que impedem o turbilhão de ar
na cabine, faróis de LED`s e carroçaria com partes em fi bra de carbono.
99 LUXOS · ANGOLA’IN |
ASTON MARTINLAGONDAEste é o verdadeiro crossover de luxo! Um veículo de quatro lugares, dotado de um motor V12 que
transmite todas as suas capacidades para as quatro rodas. A aposta da marca foi feita nas novas formas de propulsão, incluindo sistemas fl exfuel, híbridos e os mais inquietantes propulsores
diesel. Uma combinação de versatilidade, inovação e novas tecnologias aliadas à excelência que deixa qualquer pessoa desejosa por ter um!
99 LUXOS · ANGOLA’IN |
LUXOS
100 | ANGOLA’IN · LUXOS
PREMIERP1 DRAGONUm equipamento de alta tecnologia, com uma
sofi sticada mistura de fi bra de vidro / Dyneema
leve para o conforto, sem sacrifi car a segurança.
Projectado com características de protecção extra.
KAWASAKININJA ZX-14
A Ninja ZX-14 vem com um motor de 4
cilindros em linha refrigerado à água;
tem duplo comando de válvulas e potência
acima dos 200 cavalos. O motor da Ninja
ZX-14 alia segurança com maneabilidade.
O design do depósito dá muito conforto e
proporciona uma condução perfeita. Tem
o banco baixo, o que possibilita com que o
piloto coloque o pés totalmente no chão.
tem duplo comando de vá
acima dos 200 cavalos. O motor da Ninja
ZX-14 alia segurança com maneabilidade.
O design do depósito dá muito conforto e
proporciona uma condução perfeita. Tem
o banco baixo, o que possibilita com que o
piloto coloque o pés totalmente no chão.
BKS054 GOLDConstruída a partir de 1,0 milímetros de
couro e couro de canguru premium 1,3 mi-
límetros, que oferece a combinação ideal
de peso reduzido e alta resistência. De-
senvolvido por pilotos para pilotos.
|
ogia, com uma
vidro / Dyneema
car a segurança.
de protecção extra.
etros de
m 1,3 mi-
ção ideal
ncia. De-
os.
NRSBIG WATERO NRS Big Water V é um
revestimento de alta
fl utuação, com um encaixe
universal que envolve
facilmente em torno do
tronco. Construído por
painéis de espuma de PVC
para embrulhar o corpo, sem
prejudicar a mobilidade.
SEA-DOORXT X-260
101 LUXOS · ANGOLA’IN |
BILLABONG202 REVOLUTIONA série Revolution tem características do sistema de
entrada mais inovadoras já desenvolvidas. A patente
pendente “Hybrid Zip System” combina a facilidade,
fora do seu estilo de volta zip regular combinada, com a
fl exibilidade sem restrições de um zip terno livre.
O “Hybrid Zip System” é uma revolução no design wetsuit.
e
C
sem
Novidade na linha 2010, o modelo Sea-Doo RXT-X 260 RS
redefi ne os padrões de desempenho com um motor de 260
hp e a melhor relação peso/potência entre os jets para três
passageiros. Também conta com recursos iControl, como
casco escalonado (S3), que mantém você colado na água
ente Hybrid Zip Sy
do seu estilo de volta zip regular combinada, com a
bilidade sem restrições de um zip terno livre.
Hybrid Zip System” é uma revolução no design wetsuit.
DESPERADONRS tomou todas as características que tornam o
Desperado Sock a meia mais confortável disponível
e acrescentou 3 milímetros de borracha para melhor
tracção. Os sapatos Desparado são ultra-low-profi le e
ultra-confortáveis, mas melhor ainda oferecem suporte e
protecção para portages extensão e sidehikes.
102 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS
SANYO ENELOOP BIKEPedalar 100 Km sem esforço! A 2ª
geração desta revolucionária bicicleta vai
ser lançada brevemente no Japão. Um
sensor de torque analisa constantemente
a velocidade, a força exercida nos pedais
e o perfi l do terreno com o objectivo de
facilitar a deslocação. Em percurso plano
e sem desconforto para o utilizador,
pedalar esta bicicleta de 25 Kg produz
alguma electricidade que é guardada.
Uma utilização exclusivamente eléctrica
permite percorrer 57 Km. Em “Eco Charge
Mode” o modo descrito, pode percorrer
100 Km! A pedalar se vai longe!
DIY KYOTO THE WATTSONWattson permite às famílias
monitorizar exactamente quanto
consomem de energia nas suas casas.
O equipamento mede a utilização
de electricidade e mostra num
ecrã digital quanto custa o total. O
objectivo é economizar dinheiro e
preservar o meio ambiente.
MACBOOK TOUCH A primeira grande inovação
deste labtop é o seu display que
é totalmente touchscreen, onde
se pode navegar apenas com o
toque do dedo. MACBOOK TOUCH
é o primeiro notebook a virar
praticamente 360°
PARROT by STARK Um design ultra moderno encurvado, cor preto intenso, som
potente e clareza espectacular. Do Bluetooth ao Wi-Fi, as co-
lunas Parrot by Starck são o topo da nova tecnologia sem fi o.
Reviva as músicas armazenadas no seu computador transfe-
rindo-as para as colunas, via Wi-Fi. Descubra a perfeita fusão
entre o iPod, iPhone e as colunas Parrot by Starck.
O
sas.
O
103 LUXOS · ANGOLA’IN |
DELLLatitudeOs notebooks Dell Latitude™ apresentam as opções de design e tecno-
logia adequadas a praticamente qualquer negócio. Entretanto, no que
diz respeito à estabilidade e segurança do notebook, “o melhor” deve
ser a única opção - e é isso que você encontra nos conceitos básicos
empresariais do Latitude: fácil capacidade de gestão, ampla segurança,
opções wireless efi cientes, serviço e suporte de alto nível
AUDISoccer tableA Audi apresentou o conceito de design do seu Futebol de Mesa (Fo-
osball Table) O Soccer Audi / Foosball Table será construída em ape-
nas 20 unidades, na moldura de madeira forte, 22 jogadores e, claro,
o tom verde tradicional. Há dois anos, o Audi Design de Futebol de
mesa era ainda um estudo da Audi Concept Design de Munique, ago-
ra é um pequeno lote a ser produzido. Os tempos mudam: não deixe
ninguém dizer que um jogo de futebol de mesa não tem
que parecer bom. Afi nal, no futebol profi ssional a bola
é feita de poliuretano, não de couro.
SAMSUNGLED 9000 3DEste ano a Samsung tem grandes expectativas de venda para o
seu modelo 3D, que espera comercializar mais de dois milhões de
exemplares. Este facto deverá baixar o custo dos LCD’s, o que irá
tornar as mesmas mais acessíveis a todos.
SONY WALKMAN W250 O novo Sony Wakman w250 é compatível com os formatos MP3, AAC,
WMA (DRM) e L-PCM, inclui a funcionalidade ZAPPIN, uma autonomia
de 11 horas e um peso total de 43 gramas. Outra novidade é a sua
resitência à água.
ão deixe
bol de mesa não tem
er bom. Afi nal, no futebol profi ssional a bola
é feita de poliuretano, não de couro.
BANG & OLUFSENBEOSOUND 9000O novo modelo de sistema de cinema em casa baseado em discos
blu-ray tem um design elegante, desempenho elevado e versatili-
dade ilimitada. Todos os modelos disponibilizam reprodução de ví-
deo HD de elevada qualidade.
ERNST BENZChronofl ite World TimerO ChronoFlite World Timer tem 47 milímetros de
largura em aço e possui um movimento mecânico
automático GMT Suíça O relógio vem também
com um mostrador branco e pulseira de couro.
Ernst Benz é o mais rápido em apontar o uso de
indicadores sobre o anel de rotação interna, este
relógio faz uma leitura automática do to tempo
em qualquer cidade.
104 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS
PORSCHE DESIGNLe Mans 1970
Edição comemorativa da primeira vitória da Porsche na mítica
corrida de Le Mans. O carro, o Porsche Type 917, venceu a corrida
em 1970, por isso mesmo este relógio encontra-se repleto de
referências ao modelo vencedor. Exibe, por exemplo, o seu
número no mostrador (23); a pulseira (de borracha) imita o
formato do volante, sendo esta uma edição especial limitada a
917 exemplares. A edição é fornecida num estojo especial, que
inclui uma miniatura do Porsche Type 917; integra também um
livro especial comemorativo dos 40 anos da histórica vitória,
individualmente autografado pelos pilotos autores do grande
feito, Hans Herrmann e Richard Attwood
LOUISMOINET
Magistralis
Louis moinet é sem dúvidas um relógio de
outro mundo. Numa caixa de ouro de 18 qui-
lates, há um pedaço de meteorito lunar de
2000 anos de idade. Possui, além disso um
repetidor de minutos, calendário perpétuo e
um cronógrafo accionado pelo mesmo bo-
tão lateral do repetidor. Um acessório “jóia”
que qualquer um gostaria de ter
EDOXClasse RoyaleEDOX é uma empresa suíça conhecida pela sua
inovação e produção de alta qualidade, cujos
relógios marcam por pormenores de luxo e
segurança. A Classe Royal é dirigida ao homem
elegante e oferece uma colecção de relógios
personalizados verdadeiramente distinto.
106 | ANGOLA’IN · ESTILOS
lookgant
blazer de linblazer de linho riscado com vivos riscado com vivos na lapela e bolsos
l de pelemala xl
calça azul marinhoalça azul marinhoç em aalgodão com patchwork a brancochwork a bra
camisa de linho rosaa de linho ro
camisa em algodão camisa em algestampado de cornrnucópias
blazer em algodão tratadoado blazer eazul com forro estamppado
gant mercedes benz fashion week berlin
ESTILOS | patrícia alves tavares
107 ESTILOS · ANGOLA’IN |
looklacoste
lacoste ss10 new york fashion week
t-shirt branca em piquetde algodão com riscasem dois tons de azulem dois tons de azul
pólo preto em em piquet de algodãoem em piquet de algodãocom riscas coloridas
pólo riscaspreto e branco preto e brancoem piquet de algodãoem piquet de algodão
cintos em lona álicacom fi vela metá
mocassibranco e vermelho
ténis vermelhos
calções em azul calções em azul claro
blusão impermeável azul com cós e punho em riscas
boné azul em algodão com logótipo bordado
ins em pele
óculos de soledição especialçdiesel u music
blusão impermeável branco com vivosem azul escuro em azul escuro
108 | ANGOLA’IN · ESTILOS
ESTILOS
lookdiesel
108 | ANGOLA’IN · ESTILOS
ténis pretos em camurça e pele envernizada
nto em camurça cinzacin çm fi vela cromadacom
camisa em algodão cinza com pespontos brancos
shirt em malhat-salgodão pretode
m estampa vintagecomm estampa vintagecomm brancoemm brancoem
jeans azul médio com lavagem em modelo slim
jeans ultra vintage em azul médio com pesponntos
109 ESTILOS · ANGOLA’IN |
desfi le miguel vieira
lisbon fashion week
lookmiguel vieira
cinto em pele pretoo com fi vela cromadaa ´ com logótipocom logótipo
lenço cinza mescladoo çem linho e
lenço estampado çem lilás e branco em lilás e branco
botões de punho cromados e preto
sapatos clássicossapatos clássicosaem pele preta eenvernizada
r branco em algodão blazervos cinza e emblema bordadocom viv
sapatos clássicos em pele preta envernizaada com entrançado
blazer preto com estampado fl oral
laço preto
camisa preta ã em algodão
adidas
DYNAMIC PULSEa marca lançou um produto específi co
para o uso diário e casual. possui notas
refrescantes de sândalo, tabaco e menta.
ESTILOS
110 | ANGOLA’IN · ESTILOS
| patrícia alves tavares
versace pour homme
AFTER SHAVE BALM DEODORANT STICK conjunto com notas de bergamota, fl or de
laranjeira, limão, gerânio, salva, madeira
de cedro, fava tonkae mush e âmbar
mineral. ideal para homens confi antes e
determinados.
loewe
SOLO INTENSE pura e fresca, esta fragrância apresenta-se com um equilíbrio perfeito
entre a tradição e modernidade. intenso, este perfume possui notas
olfactivas do melão, limão e tangerina.
dunhill
PURSUIT concebido para o homem clássico e formal. é uma
fragrância intemporal, ideal para quem aprecia
o lado bom da vida, sem nunca perder o charme e
o humor. para um autêntico gentleman.
tommy hilfi ger
JEANS MANé o perfume indicado para homens que
apreciam fragrâncias inspiradas em citri-
nos. as notas da laranja, mandarim e to-
ranja fazem deste produto uma opção para
jovens desportistas e informais.
terre
D’HERMESinspirado nos elementos, o perfume provoca
uma experiência sensorial, que nos remete
para a terra, água e mar. possui notas de
laranja, vetiver, cedro e a energia da pimenta.
LIVING
112 | ANGOLA’IN · LIVING
O Império dos Sentidos nasce em 2001,
no Porto, fruto da grande paixão de Paulo
Marques e Helena Pessoa pela estética do
séc. XX e do que poderemos chamar mo-
dernismo (anos 1925 a 1970).
Com formação na área do design, Paulo e
Helena começam uma grande viagem em
todos os sentidos, no estudo e na procura
pela Europa e, mais recentemente, no Bra-
sil de peças de excelência destas épocas.
No Império dos Sentidos podemos desco-
brir mobiliário, iluminação e objectos de
grandes autores do Séc. XX, tais como Ico
Parisi, Osvaldo Borsani, Sérgio Rodrigues,
Hans Wegner, Arne Vodder, Ib Kofod Larsen
e René Lalique, entre muitos outros.
Aqui poderá encontrar desde a pequena
peça decorativa até ao grande móvel, tudo
da época e restaurado a preceito, segundo
as técnicas antigas por pessoal especializa-
do e em ofi cina própria, onde o compromis-
so é a perfeição.
São peças de grandes mestres, de beleza
incontestável e intemporal que fazem am-
bientes com modernidade e glamour.
Recentemente, face às constantes soli-
citações dos nossos visitantes, criamos o
gabinete de design de interiores com solu-
ções personalizadas, adaptadas aos nossos
clientes. O nosso mobiliário, sem estar “co-
lado” esteticamente aos móveis de época,
tem na sua génese e fabrico todo o saber
e técnica dos produtos que restauramos e
comercializamos.
O facto de trabalharmos diariamente com
o que de melhor se desenhou no mundo faz
com que tenhamos um apurado sentido de
estética, proporção e equilíbrio nos am-
bientes e peças que criamos.
Como empresa de referência na área das
antiguidades e design do séc. XX estamos
preparados para aceitar desafi os em qual-
quer parte do Mundo, sendo que o merca-
do angolano é para nós muito desafi ante e
apetecível pela sua capacidade de absorver
e apreciar o que de melhor se fez no mundo
durante o séc. XX.
Excelência dos grandes designers
Num apartamento na Maia (Portugal) foi-nos pedido para elaborar um ambiente envolvente e requintado. Na sala com uma dimensão de 40 m2 criamos 3 áreas distintas: zona de refeições, zona de estar, Home Cinema e hi-fi e zona de escritório.
W Mesa em pau-santo Severin Hansen Junior e cadeiras Niels O. Moller,
também em pau-santo, construídas na Dinamarca, nos anos 60
R Candeeiro “Bolide” da Jumo em
baquelite, máquinas fotográfi cas
Kodak dos anos 30, jarra com
formato de cara de menina de Bjorn
Wiinblad (anos 70) e taça em bronze
de Axel Salto (anos 50), ambas
provenientes da Dinamarca
V Vista Parcial da zona de jantar,
em destaque o aparador Art Deco em
ébano de macassar com gavetas em
pergaminho gravado a ouro
X Esculturas em terracota assinada
Marcel Guillard e porcelana Art
Deco luminosa, assinadas Elte,
provenientes de França
113 LIVING · ANGOLA’IN |
LIVING
114 | ANGOLA’IN · LIVING
W Vista da zona de jantar e estar.
Sofá de 3 lugares de Percival
Lafer e par de cadeirões Ib Kofod
larsen, do Brasil (São Paulo), nos
anos 60 e da Dinamarca, nos
anos 50, respectivamente. Mesa de
frente de sofá em pau-santo com
marqueterie e ponteiras em latão
sueca dos anos 50
Q Móvel suspenso de apoio à sala
de estar em laca brilhante preta
R Swan Chair de Arne Jacobsen,
primeira edição
115 LIVING · ANGOLA’IN |
Q Candeeiro de tecto Artichoke em
cobre de Poul Henningsen, primeira
edição (Dinamarca, anos 50)
X Cadeira em pau-santo de Ib
Kofod Larsen e mesinha de apoio,
com marqueterie de Louis Majorelle
(França anos 20)
116
LIVING
Q Aplique Jean Perzel, em vidro
fosco e vidro granitado cor âmbar
(França, anos 30)
X Consola em inox e acrílico de
Francois Monnet para Edition
Kappa (França, anos 70)
X Candeeiro de tecto “Sputnick”
de Emil Stejnar, desenhador
Austríaco dos anos 50
| ANGOLA’IN · LIVING
VINHOS & CA.
| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.118
| patrícia alves tavares
raridades vinícolasÉ um exclusivo para os apreciadores de Baco. A Angola’in apresenta os 10 vinhos mais caros, que estão ao alcance de poucas carteiras e são o sonho de qualquer coleccionador. Um Romanée-Conti que pode custar o mesmo que uma viagem às ilhas Maldivas ou um Château d’Yquem pelo valor de um carro topo de gama são algumas das sugestões. Descubra quais os exemplares que todos desejariam ter na sua garrafeira.
Château Lafi te 1787A garrafa que faz parte da colec-
ção do ex-presidente norte-ame-
ricano Thomas Jefferson tem as
suas iniciais gravadas e, é desde
1985, o vinho mais caro do mundo.
Este néctar, apesar de já não estar
nas melhores condições de con-
sumo, é uma das glórias de Bor-
deaux, a região vinícola francesa
mais conhecida, pelo que é muito
solicitado pelos coleccionadores.
Château Mouton-Rothschild 1945Este néctar, produzido no fi nal da Segunda Guerra Mun-
dial, tem uma etiqueta única, que foi concebida por um
artista da época a pedido do Baron de Rothschild, com a
frase “année de la victoire”. Este vinho destaca-se pelo
perfeito engarrafamento e é fruto das condições climá-
ticas excepcionais em que foi desenvolvido, contendo
ainda todo o sabor concentrado de amoras negras.
Hermitage La Chapelle 1961Arrematado na Christie’s de Londres, por 123.750
libras (aproximadamente US$20 mil/ garrafa),
este é um dos vinhos mais caros de sempre. A sa-
fra 1961 bateu um recorde mundial comparado a
outros anos.
119
Château Margaux 1900Eleito pela revista “Wine Spectator” como o melhor vinho do
século passado, deste néctar restam menos de mil garrafas.
Produzido em Bordeaux, o calor do verão e a ausência de chu-
vas durante a época das colheitas contribuíram para a excep-
cionalidade desta colheita, que atingiu níveis de qualidade
raros. Cem anos depois, este tinto continuava perfeito, rece-
bendo a nota máxima do crítico de vinhos mais infl uente do
mundo, Robert Parker.
VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
Château Cheval Blanc 1947Considerado pelos especialis-
tas como um “feliz acidente
da natureza” (fruto do clima
muito quente e da vinifi cação
primitiva), este é um dos vi-
nhos mais conhecidos do sé-
culo XX, essencialmente pela
sua óptima consistência, com
aromas de café e chocolate.
No paladar, evidenciam-se os
sabores das frutas doces.
Château Latour 1961Esta preciosidade pertence a um dos cinco
primeiros Cru Classé dos Bordeaux, fabri-
cado numa das melhores vinícolas da co-
nhecida região. A revista Decanter deu seis
estrelas (cinco é a nota máxima) a um néc-
tar grandioso na sua estrutura, profundida-
de e complexidade, com madeira e taninos
presentes.
Château Pétrus 1982É um dos vinhos tintos mais notáveis. Esta
casta atingiu o preço mais elevado. Porém,
toda a linha Pétrus é muito procurada pe-
los apreciadores. É um néctar elaborado com
uvas da casta Merlot, aromas potentes e uma
óptima concentração de sabor.
Château d’Yquem 1784Da mesma colecção de Thomas Jefferson, es-
te é um vinho doce clássico e um dos poucos
exemplares do produto mais consagrado da
época. A qualidade é ponto de referência na
produção deste néctar. Todas as colheitas lan-
çadas entre 1900 e 2000 estão no topo dos
melhores vinhos brancos, sendo aconselhado
como o melhor para acompanhar sobremesas,
devido às suas características únicas.
CEs
pr
ca
nh
es
ta
de
pr
Domaine de la Romanée-Conti
A colheita de 1978 é a mais conhecida, por se tratar de um dos lo-
tes mais caros e vendidos nos EUA. Este Chardonnay destaca-se
no paladar pelo sabor a mel e nozes torradas. A colheita de 1934
também é excepcional, pelos aromas sensacionais e pela textura
perfeita de um Pinot.
Cabernet Sauvignon Napa Valley 1941Em 2001, foi eleito pela revista “Wine Spec-
tator” como o melhor cabernet sauvignon
produzido em Nappa Valley. O destaque vai
para os sabores escuros, profundos e vibran-
tes deste néctar singular.
VINHOS & CA.
| ANGOLA’IN · VINHOS & CA.120
PUBLICIDADE
Quinta de Pancas BrancoVinho de cor amarelo citrino.
Aroma elegante com notas
de melão, citrinos e
sugestões fl orais.
Boca com bom volume,
grande frescura e
persistência aromática.
É especialmente
recomendado para
pratos de peixe, mariscos
e vegetais. Deve servir-
se à temperatura de 10ºC
Quinta do Portal AuruRetinto na cor, apresenta
aromas dominantes
fl orais. Com o evoluir do
aroma surgem as notas
frutadas características
da Tinta Roriz. Volumoso
com excelente acidez,
taninos possantes mas
bem interligados com
um fruto fresco. Final
extraordinariamente longo
e complexo. Servir a 16-17ºC.
AngelusCor rubi com ligeiros refl exos
acastanhados. Domina um
aroma de frutos negros muito
maduros (ameixas) com
nuances de mel e suaves notas
resinosas.
Na boca é macio, com uma
acidez crescente, mas bem
equilibrada. Taninos aveludados
bem presentes. Notas discretas
de pão bem tostado. Bastante
persistente. Temperatura ideal
de consumo entre os 16ºC e os
18ºC.
Quinde PBranVinho de
Aroma
de m
sug
BoBo
gra
pe
É e
rec
pra
e v
se
Pooorrccaa ddeee MMMMuurrçççaReeesseerrvvvaVinho de cor rubi, límpido e brilhante. Aroma complexo que integra harmoniosamente a baunilha da madeira e os frutos vermelhos da uva. Encorpado, deixa na prova uma impressão de um vinho redondo e de grande maciez. Os apreciadores de vinhos velhos poderão esquecê-lo por algum tempo na garrafeira. Servido à temperatura ambiente, acompanha preferencialmente pratos de carne e queijos fortes
VINHOS & CA. · ANGOLA’IN | 121
VIP Reserva Cor vermelha profunda. Bouquet complexo de frutos vermelhos sugerindo especiarias e café. Textura rica e aveludada. Taninos redondos e maduros que dão suporte a uma evolução majestosa em garrafa. Boa profundidade e longo fi nal de boca
“AO SABOR DA EXCELÊNCIA”RUA DR. ALFREDO TRONI Nº26 LUANDA - ANGOLASERVIÇO DE APOIO AO CLIENTETLF 222 395 124 · 222 394 174TLM 912 505 740 · 912 217 914
VIP BrancoVinho elegante, rico em
fruta, e que apresenta uma
frescura agradável. Boa acidez
que lhe confere equilíbrio e
persistência. Ideal para o
acompanhamento pratos de
peixe, massas e carnes brancas
Evel BrancoUm vinho de bela cor
dourada. Muito complexo
e com grande intensidade
aromática. Sugestões de
aromas fl orais e de frutos
brancos caracterizam este
vinho, algo encorpado
e com uma excelente
acidez. Na prova realçam-
se sabores a pêssego e
melão. Servido entre os
8 e 10ºC, é perfeito para
acompanhar pratos de
peixe e carnes brancas.
Grandes Quintas
Cor vermelho rubi com boa
profundidade. No aroma revela
notas de fruta vermelha e frescura,
muito boa integração com as notas
fumadas e abaunilhadas do estágio
no Carvalho Francês, boa intensidade
e persistência. No inicio de boca
temos a frescura da fruta vermelha
(cereja), prolongando-se com a
ligação às notas de abaunilhado
e fumos da tosta do Carvalho, a
elegância é o mote, os taninos
são fi nos e macios e muito bem
integrados com a acidez, elevando
o carácter de frescura, termina com
excelente aptidão gastronómica
es asboaboa
vela
ura,
tas
gio
ade
oca
elha
m a
ado
o, a
nos
em
ndo
om
i
SS
VIVinh
frut
fres
que
pers
acom
peix
Evel Bran
xe, massas e carnes brancas
ncoa cor
plexo plexo
dade
es de
rutos
este
pado
ente
çam-
ego e
re os
para
os de
ncas.
peix
nco
122 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
VINHOS & CA.
Fashion Rosé
Cristalino de cor rosada,
bolha fi na e persistente.
Aroma delicado a
frutos vermelhos.
Sabor fresco, frutado,
harmonioso e elegante
doçura. Excelente
como aperitivo e a
acompanhar doces.
Servir à temperatura
de 6 a 8ºC
Whisky Hankey Bannister 12 anos
Este emblemático
Whisky escocês
revela-se com aroma
levemente doce com
notas de baunilha e
carvalho, apresentando
uma tonalidade
elegante de âmbar
dourado. Distinto na
prova, médio corpo,
bem equilibrado com
baunilha suave e um
fi nal ligeiramente
fumado. Uma
excelente proposta
como digestivo.
FFFaaassshhhiioonnn MMMeeeiiooo DDDoooccce
Brilhante de cor citrina, bolha fi na e persistente. Aroma frutado a citrinos e maçã verde. Sabor
fresco, harmonioso e delicada doçura.
Excelente como aperitivo, acompanha
bem doces. Servir à temperatura de 6ºC
Vinhada TapadaVinho de cor rubi
intenso, com
aroma a frutos
vermelhos maduros.
Bem equilibrado e
complexo, possui
um fi nal frutado e
persistente, ideal
para acompanhar
carnes assadas ou
grelhadas e queijo.
PUBLICIDADE
Vindda Vinho
inten
arom
verm
Bem
comp
um fi
persis
para
carne
grelh
hion Rosé
rosada,
stente.
cado a
elhos.
utado,utado,
gante
ente
o e a
ces.
ra
C
VINHOS & CA. BREVES | patrícia alves tavares
Primeiro estudo vitivinícolaA empresa Brands Advance elaborou, a pedi-
do da ViniPortugal, o primeiro estudo sobre o
mercado vitivinícola em Angola. O documento
indica que os vinhos portugueses dominam o
sector nacional, com uma quota de 97 por cen-
to dos vinhos engarrafados. Este valor equiva-
le a 455 mil hectolitros exportados em 2009,
o que rendeu aos lusos 54 milhões de euros.
A pesquisa revela ainda que a cerveja é a be-
bida dominante e o vinho ocupa 30 por cento
das bebidas alcoólicas, pelo que o vinho pré-
embalado e a granel continua a expandir-se.
Depois da África do Sul, Angola é o segundo
maior mercado do continente. Quanto ao per-
fi l do consumidor, estima-se que cerca de 3,5
milhões de clientes estão na Grande Luanda,
em que 60 por cento são homens e os restan-
tes mulheres. A faixa etária dominante situa-
se entre os 30 e os 45 anos (75 por cento),
predominando a classe B e C. Os consumido-
res masculinos e com mais de 29 anos admi-
tem beber com regularidade vinho de marca
engarrafado (26 por cento). A pesquisa enco-
mendada pela ViniPortugal indica que cerca
de 46 por cento dos consumidores adquirem o
produto em cantinas ou minimercados, 25 por
cento nas “vendas de janela aberta”, 10 por
cento em armazéns, sete por cento em mer-
cados ao ar livre e seis por cento em vende-
dores de rua.
Tabela para escolher vinhoA Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa apresentou uma tabela
que indica quais os alimentos que melhor combinam com os diversos tipos de vinho. A melhor
conjugação gastronómica foi determinada através do recurso a um cromatógrafo, que permi-
tiu separar as misturas e identifi car os seus componentes. A investigação, conduzida por Elvira
Monteiro Gaspar, é inovadora em Portugal e pioneira em todo o mundo. “O aroma é algo es-
sencial para a degustação de um vinho, para a sua defi nição e descrição em termos enológicos,
qualquer que seja a sua proveniência em termos de casta ou região”, explicou a professora in-
vestigadora. O estudo visou a elaboração de uma tabela que sustente cientifi camente como e
com o que é que cada vinho deve ser degustado. “Com que tipo de carne, em que refeição pode
inserir-se melhor ou acompanhado de que determinado tipo de queijo”, esclarece.
Azeite italiano em livro“Um fi o de Azeite” é o título da mais recen-
te obra da investigadora Rosa Nepomuceno.
Após uma visita a Itália, a escritora descreve
neste livro o processo de criação dos azeites
italianos e inclui algumas receitas típicas, re-
colhidas ao longo da viagem e que têm como
base o azeite. “A Toscana é especial pela comi-
da simples, pelos grelhados – de carnes, aves
ou peixes -, pelas muitas ervas e legumes, co-
gumelos, preparos simples e práticos, muitas
massas, claro, sopas, saladas frescas mara-
vilhosas e variadas”, conta na mais recente
compilação.
Portalegre exporta azeite para Canadá e EUAUma empresa portuguesa de comércio agro-
industrial anunciou que vai começar a exportar
para o Canadá e Estados Unidos da América
(EUA). A unidade familiar de Portalegre vai in-
ternacionalizar a marca de azeite virgem ex-
tra Fadista, um produto que foi lançado em
2009. “Este negócio é de uma enorme impor-
tância para nós, numa altura de crise”, garan-
tiu a responsável pela empresa Diterra, Teresa
Mendes, em declarações à imprensa lusa. A
dirigente adianta ainda que o referido “produ-
to foi pensado para o mercado da exportação
e da grande distribuição”, congratulando-se
com os dividendos que começam a colher com
este negócio. “Espero que a aceitação dos
consumidores seja a melhor”, concluiu.
Vila Real em LuandaEmpresários dos sectores do vinho e azeite de
Vila Real (Portugal) vão estar presentes numa
feira em Angola, com o intuito de promover o
seu sector. A comitiva vai permanecer em Luan-
da entre 15 e 20 de Julho, contando com o apoio
do AICEP (Agência para o Investimento e Co-
mércio Externo de Portugal). Esta é a segunda
iniciativa do género. Um outro grupo de indus-
triais ligados à produção de vinho e azeite este-
ve no país, em Maio, com o intuito de potenciar
a criação de novos negócios. Considerando An-
gola como um mercado emergente, o grupo
percorreu Saurimo (Luanda Sul) e a capital.
123 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
VINHOS & CA. BREVES | patrícia alves tavares
124 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
“Bordeauxtèque” é o nome da mais
recente e maior loja de vinhos da re-
gião francesa. Gerido por Jean François
Moueix, proprietário do Chateau Petrus
e pelo seu fi lho, Jean Moueix, o espaço
resulta de uma joint venture das Gale-
rias Lafayette com a Duclot. Detentora
de um espaço de 250m2 e de mais de 12
mil garrafas, a loja fi ca no segundo edi-
fício mais procurado de Paris, o Lafayet-
te Gourmet, na Boulevard Haussmann.
O local recebe cerca de 25 milhões de
pessoas por ano, o que faz subir as ex-
pectativas quanto ao seu sucesso. Por
isso, espera-se uma forte afl uência de
turistas de todas as partes do mundo,
situação que vai contribuir para a divul-
gação dos vinhos da região de Bordéus.
Os preços oscilam entre os 3,90 euros
por uma garrafa AC Bordeaux e os 20
mil euros por um Château Mouton Ro-
thschild 1945. O seu responsável, Jean
Moueix, está a estudar a possibilidade
de abrir mais “Bordeauxthèques”, no-
Rótulos no GoogleSurgiu nos Estados Unidos da América e prevê-se que
chegue brevemente ao mercado europeu. O Google criou
uma aplicação chamada Google Goggles, exclusiva para
Smartphones e que, através de uma fotografi a de tele-
móvel, possibilita a consulta de informações detalhadas
sobre um determinado vinho. O processo é simples e tem
apenas três passos. Após fotografar o rótulo da garrafa, o
telemóvel analisa os dados e mostra todos os resultados
disponíveis no motor de busca, como o preço, as notas
de prova, o grau alcoólico e informações acerca do produ-
tor. Actualmente, 4,5 milhões de americanos já aderiram
a esta nova ferramenta digital.
A empresa Codeware está a desenvolver um softwa-
re que vai possibilitar a disponibilização de uma carta
de vinhos virtual no iPad, o mais recente dispositivo
portátil da Apple, que chega a Portugal em Dezem-
bro. O projecto promete revolucionar a área dos vi-
nhos e está a ser testado num restaurante da capital
lusa, o Solar dos Presuntos. Cerca de cem produtores
já manifestaram interesse em utilizar esta funciona-
lidade nos restaurantes portugueses. “Estabelecer
uma ponte directa entre o consumidor e o produtor”
é a grande fi nalidade do sistema, afi rma o adminis-
trador da empresa, Rui Vala. A aplicação está ligada
a um site que recebe e organiza os conteúdos forne-
cidos pelos produtores no formato da carta de vinhos
virtual. Os restaurantes aderentes têm acesso a este
portal, onde podem consultar as fi chas de cada vi-
nho, cedidas pelos produtores. O objectivo consiste
em alcançar a centena de restaurantes e garrafeiras
do ‘segmento alto’.
meadamente em Berlim, Alemanha e
Xangai (China).
Bbgourmet inova com entregas ao do-
micílio
Dois restaurantes no Porto (Portugal)
apostaram numa nova forma de promo-
ver as suas criações gourmet. O bbgour-
met Bull&Bear e Maiorca pensaram nos
clientes que preferem o conforto da sua
habitação e desenvolveram um ser-
viço de entrega ao domicílio. Além da
comida, podem encomendar vinhos e
sangria. Cerca de noventa por cento
das sugestões que constam da emen-
ta dos bbgourmet estão disponíveis
para serem encomendadas e enviadas
para casa. O valor mínimo da reserva é
de 10€ e tem ainda uma taxa de 2,50€
pela deslocação. A empresa que reali-
za as entregas chama-se “Comer em
Casa” e pode ser consultada em www.
comeremcasa.com. O sistema permi-
te pagamentos com cartão de crédito,
multibanco ou dinheiro.
Maior loja de vinhos Bordéus
iPad com carta de vinhos
125 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
VINHOS & CA. | wilson aguiar
Delícias do oceano
Olá a todos!
Para este número, elaborei um prato que é uma das minhas especialidades. A amêijoa es-
tá em destaque. Com arroz ou massa, na cataplana, ao natural, de cebolada ou salteados,
estes magnífi cos bivalves são muito apreciados nos dias quentes de Verão. No entanto, no
caso do nosso país, são uma boa sugestão para um almoço de Domingo, num dos vários
dias amenos que o Inverno nos proporciona.
Esta iguaria do mar tem uma grande tendência para acumular toxinas. Por isso, dei-
xo-vos algumas indicações sobre cuidados a ter na altura de comprar. As amê-
ijoas vivas devem ser adquiridas em locais que as conservem no frio, sem
contacto com o Sol ou poeiras. Em casa, o produto (fresco ou congelado)
deve ser lavado em água fria corrente e posteriormente demolhado
num recipiente com água e sal, durante duas a três horas. Não se es-
queçam de no fi nal passar novamente por água para retirar todas as
areias. Após este processo, estão prontos para dar início à prepara-
ção da receita que vos sugiro e que tem o meu toque pessoal.
As “amêijoas à moda do Chef Aguiar” podem ser combinadas
com salada, arroz ou massa. Deixo a escolha ao vosso critério.
Espero que apreciem e não se esqueçam de acompanhar com
um bom vinho ou sumo natural.
Bom Apetite!
Wilson Aguiar sugere:
amêijoas à modado chef aguiar
CONFECÇÃO
Lave as amêijoas muito bem para tirar a areia.
Corte as cebolas e os alhos em rodelas e coloque
tudo num tacho grande. Regue com azeite e deixe
refogar um pouco.
De seguida, junte o pimento vermelho, o sal, a
pimenta moída, o vinho branco, a água e, por
último, as amêijoas. Tape o tacho e deixe cozer em
lume brando. Quando as amêijoas começarem a
abrir, não se esqueça de rectifi car o sal.
Por fi m, coloque o preparado numa travessa
e salpique com salsa. Sirva ainda quente, com
acompanhamento à sua escolha.
INGREDIENTES
1/2 kg amêijoas
2 cebolas grandes
12 dentes de alho
1 pimento vermelho
Sal e salsa q.b.
2 colheres (sopa) de pimenta
vermelha moída
Azeite q.b.
1/2 copo de vinho branco
1/2 copo de água
VINHOS & CA. GOURMET
126 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
| patrícia alves tavares
20 razões para fi car em portugalNa Europa é tempo de férias e de aproveitar o Verão. A Angola’in propõe uma passagem pelo litoral de Portugal, onde poderá desfrutar de praias paradisíacas, temperaturas quentes e muita animação junto à beira-mar. Elaboramos um roteiro exclusivo dos melhores restaurantes da margem sul, com especial enfoque para a zona algarvia, onde se encontram alguns dos espaços mais caros e requintados do país. Seja apreciador da cozinha tradicional e mediterrânea ou de autor, há opções para todos os gostos. Escolha o lugar mais apetecível para um jantar à beira-mar ou em pleno coração da cidade.
ElevenAté ao início deste ano, era o único restaurante
em Lisboa distinguido pelo guia Michelin. Produ-
tos de excelência, arte e criatividade, conjugados
com uma vasta carta de vinhos são parte do se-
gredo do seu sucesso. O chef Joachim Koerper é
o responsável pelas criações gastronómicas. O
atendimento exemplar e a decoração do espaço
(desde o ambiente aos talheres e copos) são mo-
tivos para visitar este local sofi sticado e moder-
no, com vista para o Jardim Amélia Rodrigues.
Rua Marquês de Fronteira, Lisboa
Telefone: (351) 21 386 22 11 | Preço médio: 75€
TavaresO chef José Avillez é o responsável pelo sucesso
deste restaurante, sendo uma referência interna-
cional. Este ano conquistou uma merecida estrela
Michelin, que simboliza o reconhecer da criativi-
dade gastronómica. Não pode deixar de degustar
a entrada de legumes, frutos, fl ores, folhas, co-
gumelos e rebentos, assados, fritos, secos, salte-
ados e crus com “soro” de queijo de Azeitão, óleo
de avelã e presunto de porco preto. Tudo isto e
muito mais num ambiente aristocrático, que se
mantém fi el aos valores da sua fundação (1784).
Rua da Misericórdia, 37, Lisboa
Telefone: (351) 21 342 11 12 | Preço médio: 85€
Guarda RealPargo da nossa costa com Xarém de Camarão e
Osso Buço e pétalas de rosa, estudado lentamen-
te são algumas das sugestões da carta cuidado-
samente elaborada pelo chef Celestino Grave,
que procura criar as receitas tradicionais da cozi-
nha lusa. Este restaurante está a destacar-se no
panorama gastronómico da cidade, não só pelos
sabores, mas também pelo ambiente tranquilo e
elegante. Dispõe ainda de um menu executivo, a
pensar nas reuniões de negócios.
Rua Tomás Ribeiro, 115 (Hotel Real Palácio)
Telefone: (351) 21 319 95 00 | Preço médio: 45€
Valle Flôr Decoração luxuosa, ambiente romântico e formal
e cozinha de autor são alguns dos motivos pa-
ra visitar este restaurante, que lhe propõe uma
ementa sazonal e paladares únicos. Inserido no
Pestana Palace, o Valle Flôr marca pela cozinha
criada e recriada para agradar aos sentidos, adap-
tada à atmosfera palaciana, onde sobressai o
jardim interior, com colunas de mármore e deco-
ração requintada.
Rua Jau, 54 (Pestana Palace), Lisboa
Telefone: (351) 21 361 56 15 | Preço médio: 65€
Panorama (Hotel Sheranton) Localizado no último piso do hotel, a primeira ima-
gem que vê é a panorâmica da cidade lisboeta. O
chef Leonel Pereira encarrega-se de fazê-lo sentir-
se perto do céu. Inspirando-se na tradição, sabor,
frescura e inovação gastronómica, apresenta car-
tas sazonais que prometem inspirá-lo. Recheados
de sabor e de arte inventiva, os pratos do artista
culinário satisfazem todos os gostos, desde os
adeptos dos produtos tradicionais aos apreciado-
res da cozinha internacional ou de autor. A decora-
ção sofi sticada adapta-se a uma reunião formal ou
a um simples encontro de amigos.
Rua Latino Coelho, 1 (Sheraton Lisboa Hotel Spa)
Telefone: (351) 21 312 00 00 | Preço médio: 75€
lisboa
Eleven
lisboa
T
l,, as
| patrícia alves tavares
127 VINHOS & CA. · ANGOLA’IN |
Amarra ó TejoA sua inspiração é o rio Tejo. Detentor de uma
localização fantástica, com uma beleza rara, o
Amarra ó Tejo destaca-se pelos seus menus de
peixe, cuja frescura e qualidade é reconhecida por
todos os clientes. A decoração é bastante discre-
ta e simples para realçar a imponência natural do
ambiente exterior. A sugestão do chef vai para
umas gambas salteadas (entrada), seguidas da
especialidade da casa: Asa de Raia. Pode optar
pelo Lombo Charolês (caso prefi ra carne) e ter-
mine com um granizado de chocolate branco ou
uma mousse de três chocolates.
Jardim do Castelo, Almada
Telefone: (351) 21 273 06 21 | Preço médio: 35€
O CapoteA decoração é um marco neste restaurante que
é um dos mais antigos da Costa da Caparica. O
ambiente típico das orlas marítimas sobressai
através das paredes ornamentadas com menus
de restaurantes internacionais. As sugestões são
mais que muitas para fazer uma boa refeição jun-
to ao mar. Prove os ovos mexidos com míscaros e
desfrute de uma caldeira de peixe ou da especia-
lidade da casa: Bacalhau à Capote.
Rua dos Pescadores, 40 B, Costa da Caparica
Telefone: (351) 21 290 38 38 | Preço médio: 35€
Terraço e Sky Bar O restaurante foi recentemente remodelado, pe-
lo que convida a uma visita para conhecer a ‘nova
cara’. As ementas e a forma de encarar a gastro-
nomia mudaram radicalmente, pelo que o chef
Luis Baena espera fazer história e marcar uma
nova etapa neste luxuoso e requintado espaço.
Apesar da formalidade, os almoços tornaram-se
mais descontraídos e os jantares mais intimis-
tas. Aqui descobrirá menus como os medalhões
de lombo de vitela fl amejados com pimenta ver-
de ou o robalo ao vapor com legumes da época.
Os vinhos estão ao cargo de Aníbal Coutinho.
Avenida da Liberdade, 185 (Hotel Tivoli Lisboa)
Telefone: (351) 21 319 89 00 | Preço médio: 55€
Mezzaluna Do Napolitano-nova-iorquino Michele Guerrie-
ri, este espaço de excelência é visitado com fre-
quência pelo Primeiro-ministro português, José
Sócrates. Local sofi sticado, a especialidade é o
meio lavagante acompanhado por linguini al ne-
ro. Sendo esta uma casa italiana, entre as várias
sobremesas recomenda-se o tiramisu ou a tarte
de framboesa.
Rua Artilharia 1 16, 1099-061 Lisboa
Telefone: (351) 21 387 99 44 | 21 385 16 61
RibamarÉ uma referência no concelho de Sesimbra. O res-
ponsável pelo sucesso do Ribamar é Hélder Cha-
gas, chef e gestor, que conhece todos os segredos
do peixe. Inserido numa vila piscatória e detentor
de viveiros próprios, o Ribamar alia os modos de
preparação tradicionais com as técnicas contem-
porâneas para improvisar verdadeiras pérolas de
mariscos e peixes de elevada qualidade. A deco-
ração inspira-se obviamente nos motivos maríti-
mos.
Avenida dos Náufragos, 29, Sesimbra
Telefone: (351) 21 223 48 53 | Preço médio: 35€
Pousada do CasteloA vista para a vila de Óbidos faz deste restau-
rante um dos locais de eleição para quem visita
a região. O espaço integra uma pousada que es-
tá localizada no interior das muralhas do castelo.
Aqui impera a gastronomia regional e tradicional,
em homenagem aos produtos nacionais. O Baca-
lhau à Dom Diniz, os fi letes de linguado com mo-
lho de alcaparras, o cabrito à Obidense e os doces
típicos da vila são a imagem de marca deste local
sofi sticado e de decoração clássica.
Largo Coronel Freitas Garcia, Vila de Óbidos
Telefone: (351) 26 295 50 80 | Preço médio: 40€
Fortaleza do GuinchoÉ ponto obrigatório para degustar a poderosa
gastronomia franco-portuguesa, tendo como
cenário o mar de Cascais e um ambiente sofi sti-
cado, com uma decoração luxuosa. Os menus es-
tão ao cargo da alta cozinha francesa de Antoine
Westermann e do chef executivo Vicent Farges,
que usam sabiamente os produtos nacionais. À
noite, o espaço que arrecadou vários prémios ad-
quire todo o seu glamour, onde sobressaem os
menus de degustação sazonal e as especialida-
des da nouvelle cuisine.
Estrada do Guincho (EN 247), Guincho, Cascais
Telefone: (351) 21 487 04 31 | Preço médio: 75€
setúbal beja
a ova-iorquino Michele Guerrie-
T
Pousada do CasteloA vista para a vila de Óbidos faz deste restau
beja
128 | ANGOLA’IN · VINHOS & CA.
VINHOS & CA. GOURMET
faro
Vincent A entrada de terrina de fígado de ganso com mo-
lho de amoras faz antever as iguarias que este
espaço lhe reserva. O tartare de atum, tamboril e
salmão é outra das especialidades deste restau-
rante, localizado nas Escanxinas. Num ambiente
requintado e elegante, delicie-se com menus co-
mo o ravioli com fi lete de peixe-galo e o carré de
borrego com molho de alfazema. A mais-valia do
Vincent é que inclui na sua ementa menus vege-
tarianos e petiscos divinais para os apreciadores
de queijos. A selecção de vinhos também é rigo-
rosamente cuidada. Pode ainda optar por uma
refeição no terraço, com vista para o jardim cui-
dadosamente tratado.
Estrada da Fonte Santa, Escanxinas, Loulé
Telefone: (351) 289 399 093 | Preço médio: 55€
OrangerieA vista privilegiada para o mar e para a serra al-
garvia tornam este restaurante num ponto de
passagem obrigatório. As suas ementas resul-
tam da parceria entre os chefs Ricardo Ferreira
e Albano Lourenço, que instalaram no Vila Mon-
te Resort (Moncarapacho) um restaurante que
escolhe o melhor dos produtos regionais para
os seus clientes. A cozinha de autor tem como
inspiração os sabores mediterrâneos. Os menus
variam a cada estação do ano, que se caracteri-
za por propostas inovadoras e muito apetitosas.
Veja-se o caso dos citrinos, alfarrobas e fi gos que
são cultivados na quinta do Orangerie. O peixe e o
mel são oriundos da região algarvia.
Caliços (Vila Monte Resort), Moncarapacho
Telefone: (351) 289 790 790 | Preço médio: 65€
Vila JoyaÉ o único restaurante em Portugal que se orgu-
lha de ostentar duas estrelas Michelin. O reco-
nhecimento internacional é fruto da conjugação
do espírito criador do chef e da beleza da paisa-
gem envolvente (em que o mar é fi gura de desta-
que). A decoração requintada é fruto do trabalho
desenvolvido no hotel que alberga o Vila Joya. A
fama deve-se em parte ao chef Dieter Koschina,
que prepara diariamente dois menus diferentes,
específi cos para o almoço e para o jantar (além
da habitual carta fi xa). Luxuoso e clássico, possui
uma excelente carta de vinhos.
Praia da Galé, Albufeira
Telefone: (351) 289 591 795 | Preço médio: 95€
São GabrielÉ um paraíso gastronómico em plena Quinta do
Lago. Cada cliente pode optar por um Menu Jantar
e um Menu Degustação, elaborados cuidadosa-
mente pelo chef alemão Torsten Schulz, que está
neste local há um ano e conseguiu implementar a
sua cozinha, que se destaca pelos micro-vegetais
em todos os pratos. Lagostim grelhado com fun-
cho e açafrão, variação de fígado de ganso com
peras e champanhe ou vazia de vitela com alca-
chofras e um leve molho de Merlot são algumas
das sugestões deste expert da culinária. Desfrute
do jardim para improvisar um jantar romântico.
Estrada de Vale do Lobo
Quinta do Lago, Almancil, Loulé
Telefone: (351) 289 394 521 | Preço médio: 65€
The OceanEste restaurante, localizado no Vila Vita Parc Ho-
tel, foi galardoado com uma estrela do guia Mi-
chelin. Os menus variam todas as semanas e são
o resultado da mestria do chef Hans Neumer. O
ambiente adequa-se à elegância desta experiên-
cia gourmet. É obrigatório envergar traje formal,
mas não vai arrepender-se desta formalidade. A
vista para o mar, presente no terraço, no jardim
de Inverno e na sala principal ganha um esplen-
dor único, podendo ser contemplada enquanto
saboreia um dos excelentes vinhos do Ocean.
Aconselhável fazer reserva.
Alporchinhos, Vila Vita Parc Hotel
Telefone: (351) 282 310 200 | Preço médio: 105€
Willie’sMantém a estrela Michelin desde 2006, em gran-
de parte devido à criatividade e genialidade do
chef alemão Willie Wurger, responsável por cria-
ções como o Ravioli de Marisco com Molho de
Vermute ou a Sela de Tamboril Frito em Molho
de Mostarda e Mousse de Batata. A atmosfera
requintada e clássica, conjugada com o sossego
de Vilamoura contribui para que este restaurante
seja muito procurado. As reservas são obrigató-
rias e apenas são servidos jantares.
Rua do Brasil, 2, Vilamoura, Loulé
Telefone: (351) 289 380 849 | Preço médio: 65€
Henrique LeisO dono do espaço é o autor das iguarias que aqui
descobre. O restaurante serve apenas jantares
mas vale a pena esperar pela noite. A cozinha,
exclusivamente de autor, inspira-se nas criações
francesas, sendo infl uenciada por alguns toques
de culinária brasileira. Os produtos base são na
sua maioria algarvios e pode escolher entre o me-
nu de degustação (varia consoante as estações)
e os pedidos à carta. Informal e luxuoso, aconse-
lha-se a reserva de mesa.
Vale Formoso, Almancil
Telefone: (351) 289 393 438 | Preço médio: 65€
Willie’s
The Ocean
Gourmet da Malhadinha
Integrado na Herdade da Malhadinha Nova, este espaço tem a particularidade de
mudar os menus de degustação todas as semanas. A confecção das aprimoradas
receitas está a cargo do chef Vitor Claro, que conta com a colaboração de André
Pires e Vitalina Santos. É um excelente espaço, muito procurado por grupos. Se
reservar com antecedência elaboram pratos de cozinha tradicional alentejana, co-
mo o Galo de Cabidela ou o Ensopado de Borrego. Aos bons sabores alie a escolha
sempre acertada de vinhos de excelente qualidade e encontrará tudo o que precisa
para um almoço inesquecível. As paredes envidraçadas que permitem contemplar
a natureza envolvente fazem deste restaurante um local moderno e requintado.
Herdade da Malhadinha Nova Country House & Spa, Albernoa, Beja
Telefone: (351) 28 496 52 11 | Preço médio: 45€
129 CULTURA & LAZER · ANGOLA’IN |
‘Gigantes’ em Luanda Festival Jazz de Luanda
Cucho Valdés e Dianne Reeves foram algumas das fi guras do cartaz deste ano do Festival Internacional de Jazz de Luan-da. Até 1 de Agosto, subiram aos dois palcos do Cine Atlântico artistas do panorama internacional para partilhar com o público angolano a sua música, que teve como elemento agregador a forte componente rítmica africana.
“As expectativas para este ano foram cumpri-
das”. O Festival Internacional de Jazz de Luanda,
que encerrou recentemente a sua segunda edi-
ção foi um sucesso confi rmado. O mentor do fes-
tival, António Cristóvão, director geral da Ritek,
adiantou à Angola’in que o primeiro ano “superou
todas as expectativas”, pois apesar do público se
mostrar “tímido” no arranque do certame, pos-
teriormente “aderiu em massa”. Esta aceitação
dos angolanos motivou a equipa a “aumentar o
número de artistas, bem como a introduzir algu-
mas inovações, como por exemplo a introdução
do CD do festival, que foi comercializado durante
os três dias de shows”. O pianista cubano Cucho
Valdés foi uma das cabeças-de-cartaz da edição
de 2010. Vencedor de sete Grammys e com 83 ál-
buns, o fundador da banda Irakere esteve em An-
gola com um dos seus muitos grupos musicais:
o Cucho Valdés and The Afro-Cuban Messengers,
que fi zeram um grande espectáculo ao som da
rumba. A americana Dianne Reeves foi outra das
presenças confi rmadas. Considerada a melhor
vocalista de jazz feminino no mundo, passou pe-
lo país num momento em que a sua carreira as-
siste à consolidação de vários sucessos, onde se
destacam quatro nomeações para a Melhor Per-
formance de Jazz, tendo vencido um Grammy
Award nesta categoria. A nível nacional, o músico
Waldemar Bastos e o Filipe Mukenga dispensa-
ram apresentações e participam igualmente na
festa do Jazz. De Cabo Verde, chegou a cantora
Lura, que já actuou nos festivais ‘Montreal Jazz
Festival’, ‘Festival de Marseille’ e ‘Garden Nights
Festival’ (Itália). Trabalhou com os angolanos
Bonga e Paulo Flores e com o cabo-verdiano Ti-
to Paris. Os Freshlyground, a banda revelação do
momento, que esteve presente na abertura do
Mundial de Futebol da FIFA e dividiu o palco com
Shakira, também integraram o lote de artistas do
festival. A primeira banda sul-africana que rece-
beu um MTV Europe Music Award, na categoria
‘Best African Act’, apresentou em Luanda o mais
recente CD. No total, o evento contou com doze
músicos oriundos de Cuba, EUA, Inglaterra, Mo-
çambique, Angola, Brasil, Camarões, Zimbabué,
Cabo Verde e África do Sul. O objectivo foi promo-
ver o regresso dos diversos ritmos ao país.
GEORGE BENSON É A NOVIDADEO guitarrista americano, um dos mais notáveis da
década de 70, foi o convidado de honra do Festi-
val Internacional Jazz de Luanda. O artista actuou
durante duas noites (sábado e domingo). A orga-
nização teve uma casa cheia de fãs que admiram
o trabalho de um músico conhecido por conjugar
a sua alma de ‘jazzman’ com a voz funky e soul.
Inseparável da sua guitarra Gibson, Benson ainda
mantém a sua consistência e criatividade e foi sem
dúvida uma das grandes atracções do festival. À
semelhança do último ano, o certame promoveu
workshops musicais nos dias 29 e 30 de Julho, no
Elinga Teatro.
FLASH INTERVIEW
António CristóvãoDirector Geral da Ritek
Qual a fi nalidade do certame?O objectivo é o de promovermos os nos-
sos artistas, tanto em Angola, como além
fronteiras, bem como incentivarmos o in-
tercâmbio cultural entre músicos de várias
origens que abracem várias sonoridades.
Vão actuar convidados oriundos de 10 países, na sua maioria do continente africano. Os sons de África estiveram em destaque nesta edição?Sendo este um festival de um país africano,
a nossa meta foi dar a conhecer ao nosso pú-
blico o que se faz no resto do continente em
termos musicais. Quisemos também criar
um circuito no próprio continente onde
possamos promover os nossos músicos.
Angola é uma nação com tradição ou apetência para o Jazz? Existe audiência para este estilo musical?É um país com apetência para música de
qualidade. A prova disso é o crescente nú-
mero de eventos que ultimamente se orga-
nizam em muitas cidades do país.
CULTURA & LAZER | patrícia alves tavares
mia couto ‘PAI’ DA LINGUAGEM AFRICANA
130 | ANGOLA’IN · PERSONALIDADES
PERSONALIDADES | patrícia alves tavares
Fui sabendo de mim por aquilo que perdia
pedaços que saíram de mim com o mistério de serem poucos e valerem só quando os perdia
fui ficando por umbrais
aquém do passo que nunca ousei
eu vi a árvore morta
e soube que mentia
Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”
lio do moçambicano que mais vende e possui
maior número de livros traduzidos no mundo,
fazem parte ‘Cronicando’ (1988), ‘Terra So-
nâmbula’ (1992) (primeiro romance), ‘Contos
do Nascer da Terra’ (1997) e ‘Um Rio Chama-
do Tempo, Uma Casa Chamada Terra’ (2002).
Em 2001, Mia Couto recebeu da Fundação Ca-
louste Gulbenkian, em Portugal, o Prémio Li-
terário Mário António, uma distinção atribuída
a escritores africanos lusófonos ou timorenses
de três em três anos. O galardão diz respeito à
sua obra ‘O Último Voo do Flamingo’. Foi ainda
o primeiro africano a ser laureado pela União
das Literaturas Românticas. Em Roma, o livro
‘Terra Sonâmbula’ foi eleito um dos 12 melho-
res do continente africano no século XX.
ÁFRICA E A LÍNGUA PORTUGUESAA obra de Mia Couto ‘Cada Homem é uma Raça’
é um excelente exemplo da paixão deste escri-
tor pela ‘terra’ e por África. Além das descrições
que se assemelham a slides sobre as paisagens
continentais, a linguagem usada introduz o lei-
tor num perfeito funcionamento africano da
língua portuguesa. Ele recorre ao que se costu-
ma apelidar de africanidade do discurso, onde
é evidente a harmoniosa mistura de palavras
dos múltiplos dialectos moçambicanos com o
português. Mia Couto marca defi nitivamente a
intenção de credibilizar a linguagem africana/
moçambicana. Membro da CPLP e da lingua-
gem comum que une os povos da comunidade,
o escritor assume um papel activo na promoção
e defesa do português e dos dialectos de cada
país. Mia Couto indignou-se publicamente com
a introdução do novo acordo ortográfi co, que
considera uma ideia resultante de “soluções
folclóricas”, defendendo que há que promover
“uma certa vigilância”. Em declarações à im-
prensa, após um encontro em Maputo sobre o
Dia da Língua e da Cultura da comunidade dos
Países de Língua Portuguesa, o autor sugeriu a
equiparação das línguas moçambicanas com o
português, para que estas se mantenham ape-
sar da suposta redução de ‘falantes’. “Há esco-
las que continuam a proibir os estudantes de
se exprimirem nas suas próprias línguas dentro
do recinto escolar”, revelou, lembrando que to-
dos os países lusófonos têm o desafi o de criar
diversidade sem hegemonia. Aliás, o poeta
lançou recentemente um livro que aborda esta
preocupação: “Recados para dentro de Moçam-
bique: nacionalizar todas as línguas nacionais”.
Há uns meses, explicou na Antuérpia (Bélgica),
durante um congresso, que o peso da língua
portuguesa no mundo depende daquilo que as
nações que têm este idioma como língua ofi cial
fi zerem para se afi rmarem em áreas que não
estão relacionadas com a linguística. Defensor
de que a aproximação entre os países da CPLP
depende sobretudo de outras políticas, afi an-
çou que “o futuro da língua portuguesa é muito
o futuro daquilo que seja a nossa afi rmação -
dos países que falam português -, como países
que podem ter um outro lugar no mundo”.
António Emílio Leite Couto, escritor e jornalis-
ta, nasceu em 1955, na Beira, em Moçambique.
Filho de uma família de emigrantes portugue-
ses, cedo se interessou pelo meio literário, re-
velando um talento invulgar para a escrita.
Integrou a luta pela independência da sua terra
natal, tendo sido membro da Frente de Liber-
tação de Moçambique (FRELIMO). A partir do
25 de Abril, iniciou-se no jornalismo pela mão
de Rui Knopfl i, em ‘A Tribuna’. No mesmo pe-
ríodo foi director da Agência de Informação
de Moçambique (AIM) e colaborou na revista
‘Tempo’. Até 1985, participou no ‘Notícias’ e,
nesse ano, retomou os estudos, acabando por
licenciar-se em Biologia, na Universidade Edu-
ardo Mondlane. Contudo, foi enquanto poeta
que Mia Couto (apelido literário, que surgiu da
paixão pelos gatos e pelo facto do seu irmão
mais novo não conseguir pronunciar correc-
tamente o seu nome) se tornou conhecido do
público africano e português. O primeiro livro
foi publicado em 1983. ‘Raiz de Orvalho’ é uma
compilação de textos de contestação contra o
domínio da poesia militante panfl etária. Três
anos depois, lançou os primeiros contos, es-
treando-se na fi cção e sendo galardoado pela
qualidade do trabalho com o prémio da Asso-
ciação de Escritores Moçambicanos. Do espó-