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ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS INCANDESCENTES NO MERCADO SUL
AMERICANO.
Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional
Felipe Tiago Monteiro
ftmonteiro@inmetro.gov.br
INMETRO
Marcelo Jasmim Meiriño
UFF
Resumo: A eficiência energética vem sendo cada vez mais abordada nas discussões sobre os benefícios em termos de
mitigação das mudanças climáticas. Tais benefícios podem ser alcançados através da eliminação gradual de iluminação
incandescente em países em desenvolvimento e em países de renda média.
Segundo a United Nations Environment Programme (UNEP), a eliminação progressiva da iluminação ineficiente no
mundo poderia gerar economias mais de 140.000 bilhões de dólares, reduzindo as emissões de CO2 em 580 milhões de
toneladas por ano.
Com base nesses dados, UNEP com a Global Environment Facility (GEF) e parceiros do setor privado criaram a
iniciativa en.lighten com objetivo de promover ações junto aos governos de cada país na intenção de eliminar
progressivamente as lâmpadas de iluminação ineficientes até 2016 e apoiar na implementação de programas de
iluminação mais eficientes.
O presente trabalho apresenta uma visão geral sobre o assunto abordado, baseado na pesquisa bibliográfica atualizada,
evidenciando as ações do Governo Brasileiro no banimento das lâmpadas incandescentes e comparar às ações tomadas
por países da América do Sul que possuem ações no sentido de melhorar o desempenho energético nacional com apoio
UNEP/GEF e que possuem realidades similares à brasileira. Pela disponibilidade de dados e pelas condições citadas,
foram escolhidos os países Argentina, Chile e Uruguai.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
A eficiência energética vem sendo um tema cada vez mais recorrente nas discussões mundiais
sobre a demanda de energia e possui hoje um papel preponderante nas políticas mundiais de consumo
de energia e de preservação do meio ambiente, em especial naquelas relacionadas às mudanças
climáticas.
De acordo com United Nations Environment Programme (UNEP), 20% de toda a eletricidade
do mundo é destinada para a iluminação. Segundo a International Energy Agency (IEA), 3% da
demanda global de petróleo é destinada para fins de iluminação e a produção da energia elétrica é
responsável por cerca de 6% das emissões de CO2 na Terra (UNEP, 2012).
Com base nesses dados, em 2009, o UNEP com a Global Environment Facility (GEF) e parceiros
do setor privado criaram a iniciativa en.lighten com objetivo principal de acelerar a transformação do
mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis
(EN.LIGHTEN,2015).
Esse desafio é mundial e diversos países já aderiram ao Programa de Parceria Global de
Iluminação Eficiente en.lighten, que tem o objetivo apoiar países na eliminação progressiva das
lâmpadas ineficientes até o final do ano de 2016. As lâmpadas incandescentes são consideradas as
mais ineficientes, e sua eliminação permitiria poupar mais de 140.000 bilhões dólares, reduzindo as
emissões de CO2 em 580 milhões de toneladas por ano (EN.LIGHTEN,2015).
O objetivo do trabalho é proporcionar uma visão geral sobre o assunto abordado, baseado na
pesquisa bibliográfica atualizada, evidenciando as ações do Governo Brasileiro no banimento das
lâmpadas incandescentes e comparar às ações tomadas por países da América do Sul que possuem
ações no sentido de melhorar o desempenho energético nacional com apoio UNEP/GEF e que possuem
realidades similares à brasileira. Pela disponibilidade de dados e pelas condições citadas, foram
escolhidos os países Argentina, Chile e Uruguai.
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2. CONTEXTO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
O conceito de eficiência energética é a capacidade de utilizar menos energia para produzir a
mesma quantidade de iluminação, aquecimento, transporte e outros serviços baseados na energia (US
National Policy Development Group, 2001).
As iniciativas em utilização mais eficiente da energia surgiram com a crise do petróleo na
década de setenta, onde percebeu-se a escassez deste recurso e elevação dos preços da energia. As
questões envolvendo o uso racional da energia e a sustentabilidade ganharam evidências, após
discussões sobre o aumento das emissões de gases do efeito estufa, tomando proporções maiores após
a Conferência Mundial do Meio Ambiente, propiciando, entre outros resultados, um acordo
internacional sobre Mudanças Climáticas (MENKES, 2004).
Os resultados dessas discussões e do Protocolo de Quioto possibilitaram a criação ou
reestruturação de instituições destinadas a tratar de ações de eficiência energética como estratégia para
o cumprimento das metas quantitativas e do cronograma para redução do consumo de combustíveis
fósseis e produção de gases causadores do efeito estufa (MENKES, 2004).
Países como França, Espanha e Japão foram pioneiros com a criação de agências públicas e
programas de eficiência energética e ao longo do tempo, outros países passaram a adotar iniciativas
governamentais nesse sentido. O Brasil e o México foram os precursores nesse campo no contexto
latino-americano, que na atualidade conta com programas nacionais de eficiência energética na maioria
dos países, em diversos casos com a adoção de etiquetas energéticas (CEPAL, 2010).
Uma ação bastante difundida entre os programas de eficiência energética tem sido os
programas de etiquetagem energética, que proveem informação ao consumidor quanto ao desempenho
energético de equipamentos consumidores de energia, tipicamente com ênfase em eletricidade, mas
podendo cobrir todos os produtos energéticos como combustíveis e energia solar. Dessa forma,
pretende-se que a eficiência energética seja um atributo considerado pelos consumidores, valorizando
os produtos mais eficientes em relação aos demais e estimulando produtores e importadores a
fornecerem equipamentos de melhor desempenho energético (CARDOSO, 2012).
A etiquetagem pode ser voluntária ou compulsória (obrigatória), dependendo do produto. Em
alguns países, a etiquetagem do produto é inicialmente implantada de forma voluntária, com a
cooperação da indústria, e gradativamente passa a ser de caráter compulsório, onde o uso da etiqueta
tem obrigação legal para todos os fabricantes ou importadores.
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A etiqueta informa a eficiência energética por faixa de consumo. Cada faixa possui uma cor e
uma letra que vai da mais eficiente representada pela letra (A) a menos eficiente pela letra (E), mas
dependendo do programa a etiqueta pode ter um número maior ou menor de faixas de classificação. A
figura 1 ilustra a etiqueta de eficiência energética das Lâmpadas Fluorescentes Compactas (LFC) que
no Brasil, é chamada de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Esse modelo é
semelhante às etiquetas utilizadas por países da América do Sul e da União Europeia.
Figura 1: Etiqueta de eficiência energética da LFC.
Fonte: INMETRO (2010)
A etiqueta de eficiência energética tem por objetivo fornecer ao consumidor informações
precisas, reconhecíveis, de fácil compreensão e comparáveis no que se refere ao consumo de energia,
ao desempenho e a outras características essenciais dos produtos. No caso do exemplo da figura 1,
além de apresentar a classificação de eficiência energética, existe na etiqueta informações sobre o
fluxo luminoso, potência e eficiência luminosa.
Em diversos países, dependendo do Programa de Eficiência Energética, os Governos publicam
normas legais, estabelecendo índices mínimos de eficiência energética ou Minimum Energy
Performance Standard (MEPS) de modo a impedir que produtos elétricos com eficiência inferior ao
limite mínimo estabelecido estejam no mercado. Os MEPS implementados precisam ser monitorados,
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analisados e revistos, a fim de acompanhar a evolução tecnológica do mercado, impulsionando a
inovação e competição entre os fabricantes em busca de produtos mais eficientes (CLASP, 2007).
No Brasil, os Programas de Eficiência Energética ganharam maior destaque após a crise
energética ocorrida em 2001, causada principalmente pela falta de chuvas, provocando uma das
maiores escassezes de energia elétrica pela qual o país já passou.
O Governo Brasileiro, naquele momento decidiu resgatar o Projeto de Lei que tramitava no
Senado Federal, e publicou dois instrumentos legais: o primeiro foi a Lei nº. 10.295/2001, conhecida
como a “Lei de Eficiência Energética”, que dispôs sobre a Política Nacional de Conservação e Uso
Racional da Energia, e que determinou o estabelecimento de níveis máximos de consumo ou mínimos
de eficiência energética (MEPS) de máquinas e aparelhos consumidores de energia comercializados no
País. O segundo foi o Decreto nº 4.059/2001, que regulamentou a referida Lei e criou o Comitê Gestor
de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), que tem como função, dentre outras, a
elaboração de um programa de metas com indicação da evolução dos MEPS a serem alcançados para
cada produto regulamentado e que estabelece o Inmetro como órgão responsável pela fiscalização,
regulamentação e pelo acompanhamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) (MME,2011).
O PBE atualmente é coordenado pelo Instituto Nacional Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro) em parceria com o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o
Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet).
O objetivo do PBE é estimular a competitividade da indústria nacional, através da indução do
processo de melhoria contínua promovida pela escolha consciente dos consumidores, além de
incentivar a inovação e a evolução tecnológica dos produtos como instrumento para redução do
consumo de energia. Desta forma, busca o alcance das metas do Plano Nacional de Energia
(PNE2030) e do Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf).
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3. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE PESQUISA
Este estudo classifica-se como de pesquisa exploratória, por ter o propósito de esclarecer
conceitos e ideias, com o objetivo de proporcionar mais um instrumento de conhecimento acerca do
assunto. Quanto aos meios de investigação, segundo Vergara (2004), pode ser classificada como uma
pesquisa bibliográfica.
O presente trabalho apresenta as ações tomadas pelo Governo Brasileiro no banimento das
lâmpadas incandescentes e compara com as decisões políticas implementadas na Argentina, no Chile e
no Uruguai para eliminar progressivamente as lâmpadas ineficientes com apoio UNEP/GEF no
Programa de Parceria Global de Iluminação Eficiente en.lighten no desafio de acelerar a transformação
do mercado global de iluminação ineficiente até o final do ano de 2016 .
4. ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA NA ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS INCANDESCENTES
Na América do Sul países como o Brasil e a Argentina já possuíam programas de eficiência
energética implementados de forma compulsória para lâmpadas incandescentes e Lâmpadas
Fluorescentes Compactas (LFC). Devido a campanha mundial promovida pelo UNEP /GEF, os
governos foram motivados a criarem políticas nacionais para eliminar as lâmpadas ineficientes de seus
mercados e a implementarem MEPS mais rígidos para as lâmpadas fluorescentes compactas.
Na Argentina o governo optou por sancionar, no final de 2008, a lei 26.473 que proibiu a partir
de 31 de dezembro de 2010, a importação e comercialização de lâmpadas incandescentes para uso
residencial geral em todo o território da República Argentina (BOLETIN OFICIAL DE LA
REPUBLICA ARGENTINA, 2009). Além disso, o Governo da Argentina havia estabelecido o decreto
PRONUREE (decreto n°.140/07) cujos parâmetros técnicos e de qualidade das LFC devem ser
satisfeitos. Este decreto também incluiu os MEPS e o sistema de etiquetagem obrigatória.
No Brasil, a adoção da medida para banir as lâmpadas incandescentes foi diferente dos demais
países. O Ministério de Minas e Energia publicou, no dia 11 de dezembro de 2009, uma consulta
pública, através das portarias 472 e 473 e disponibilizou as minutas de Portaria Interministerial, as
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quais estipularam os índices mínimos de eficiência energética para lâmpadas incandescentes e
fluorescentes compactas, respectivamente.
Após a realização da consulta pública com a sociedade, no dia 31 de dezembro de 2010, foram
publicadas as Portarias Interministeriais n° 1007 para lâmpadas incandescentes e n° 1008 para
lâmpadas fluorescentes compactas, onde foram implementados os índices mínimos de eficiência
energética. A Portaria Interministerial n°1007 determinou um plano de atingimento de metas
gradativas com a indicação de níveis mínimos inatingíveis de eficiência energética separada por faixas
de potências para lâmpadas incandescentes.
De acordo com a portaria n° 1007, as tabelas 1 e 2 apresentam as datas limites para fabricação e
importação de lâmpadas incandescentes (127 e 220 V) no Brasil, com o intuito de eliminar do mercado
as lâmpadas que não atendam aos níveis mínimos de eficiência energética.
Tabela 1: Cronograma de níveis mínimos de eficiência energética para lâmpadas incandescentes – 127 V, para
fabricação e importação no Brasil.
Fonte: MME (2010)
Tabela 2: Cronograma de níveis mínimos de eficiência energética para lâmpadas incandescentes – 220 V, para
fabricação e importação no Brasil.
Fonte: MME (2010)
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As datas limite para comercialização no Brasil por parte de fabricantes e importadores das
Lâmpadas Incandescentes são de seis meses, a contar das datas limites estabelecidas nas Tabelas 1 e 2.
As datas limite para comercialização por atacadistas e varejistas no País das Lâmpadas Incandescentes
são de um ano, a contar das datas limites estabelecidas das mesmas tabelas (MME, 2010).
Após o evento Rio + 20, UNEP/ GEF promoveram e coordenaram um projeto-piloto com um
grupo de 14 países, dentre os quais, Chile e Uruguai, com objetivo de fornecer apoio técnico nos
esforços de desenvolver políticas nacionais para a transição de uma iluminação mais eficiente até final
do ano de 2016 (UNEP, 2012).
O governo Chileno publicou, no final de 2013, a Lei 18.410 que determina os MEPS para
lâmpadas de iluminação geral. Mediante a Resolução n° 60, de 18 de dezembro de 2013, que
determinou a proibição de lâmpadas incandescentes com índice de eficiência energética maior ou igual
a 80%, foi definido um cronograma por faixa de potência, sendo concedidos três prazos diferentes a
contar da publicação dessa resolução. Na Tabela 3 são visualizados os prazos da medida implementada
no Chile.
Tabela 3: Prazos do programa de implementação de medidas proibitivas da utilização de lâmpadas
incandescentes no Chile.
PERÍODO POTÊNCIA DA LÂMPADA INCANDESCENTE DATA DE
APLICAÇÃO
12 meses da publicação
da resolução Potência superior a 75 W 18/12/2014
18 meses da publicação
da resolução Potência superior a 40 W 18/06/2015
24 meses da publicação
da resolução Potência igual ou superior a 25 W 18/12/2015
Fonte: CHILE (2013)
No Uruguai o governo realizou um censo no país, que demonstrou que apenas 20% das
residências utilizam as lâmpadas incandescentes e adotou política de campanha nacional para
substituição das lâmpadas incandescentes por lâmpadas mais eficientes de forma a elimina-las até o
ano de 2016. Em seguida, o governo uruguaio implementou o programa de eficiência energética
compulsório para lâmpadas fluorescentes compactas. Além disso, lançou campanhas de incentivo para
a população aderir ao consumo de lâmpadas mais eficientes. (URUGUAI, 2013).
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Na tabela 4 é apresentado um estudo comparativo entre as diferentes políticas nacionais de cada
país para a eliminação das lâmpadas ineficientes.
Tabela 4: Comparação das políticas nacionais adotadas de cada país para a eliminação das lâmpadas
ineficientes.
PAÍS
MEDIDA ADOTADA PARA A
ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS
INEFICIENTES
DATA PARA APLICAÇÃO
DA MEDIDA ADOTADA
CRIAÇÃO
MEPS
PARA LFC
Argentina
Proibiu a comercialização e importação
das lâmpadas incandescentes para o uso
residencial em todo território da República Argentina.
A partir 31/12/2010 Sim
Brasil
Criou um processo de restrição com os
MEPS inatingíveis para lâmpadas
incandescentes e criou cinco etapas para
o processo gradual, concedendo um ano
a mais a contar das datas limites para o comércio.
30/12/2013 acima de 150 W
30/06/2014 de 101 a 150 W
30/06/2015 de 61 a 100 W
30/06/2016 de 41 a 60 W
30/06/2017 de 25 a 40 W
Sim
Chile
Criou medidas proibitivas para lâmpadas
incandescentes com índices de eficiência
energética que sejam iguais ou
superiores a 80%. E definiu um
cronograma de forma gradativa em três etapas por faixa de potência.
18/12/2014 acima de 75 W
18/06/2015 acima de 40 W
18/12/2015 igual o acima de
25W
Sim
Uruguai
Não criou nenhuma medida para proibir
as lâmpadas incandescentes, mas faz a
política de campanha nacional para
substituição das lâmpadas
incandescentes por lâmpadas mais
eficientes de forma a elimina-las até 2016.
Não houve Sim
Fonte: Elaborada pelo próprio com dados apresentados.
A análise comparativa das diferentes políticas nacionais de eficiência energética dos países
Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, demonstrou que uma ação internacional estimulou as
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implementações dessas políticas para a retirada do mercado (seja gradativa ou imediata) das lâmpadas
incandescentes e a elaboração dos MEPS para as lâmpadas fluorescentes compactas de forma a
garantir o mínimo de eficiência energética.
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5. CONCLUSÃO
O presente estudo apresentou quatro modelos diferentes de políticas nacionais, onde cada
governo analisou e implementou leis, decretos, portarias, campanhas ou programas de forma banir ou
inibir a produção, importação e comercialização das lâmpadas ineficientes em seu território até final
do ano de 2016.
O Governo Argentino preferiu adotar a política de proibir de uma vez só a comercialização e
importação das lâmpadas incandescentes para o uso residencial em todo seu território a partir de 2011.
O governo Brasileiro, devido à extensão territorial e as lâmpadas incandescentes estarem
presentes na maioria das casas dos brasileiros, preferiu realizar uma consulta pública com a sociedade,
e após um ano publicou a Portaria Interministerial n° 1007 /2010, criando o plano de metas de forma
gradativa tendo a indicação de níveis mínimos inatingíveis de eficiência energética por faixa de
potências de lâmpadas incandescentes. Essa foi a estratégia que governo escolheu para eliminar o uso
de lâmpadas ineficientes.
No Chile o governo adotou a política de restringir as lâmpadas incandescentes num prazo de 24
meses após a publicação da Resolução n°60 realizada em 2013, onde definiu três prazos gradativos por
faixa de potência proibindo a comercialização e importação das lâmpadas incandescentes.
O Governo Uruguaio não criou nenhuma medida proibitiva para a comercialização e
importação das lâmpadas incandescentes. Em vez disso, promoveu campanhas de incentivo para a
população aderir às lâmpadas mais eficientes.
Como se pode verificar, as intervenções governamentais de eliminar ou inibir as lâmpadas
ineficientes podem ser realizadas de diversas formas, dependendo da legislação de cada país, da
capacidade de absorver os impactos inerentes à política, da capacidade de organização para mitigar
alguns desses impactos e, principalmente, da urgência e importância que se dá para a questão da
eficiência energética no setor elétrico nacional.
Para essas ações terem sucesso é preciso o engajamento de todos, do Governo até a Sociedade
visando o uso racional de energia e principalmente a mudança nos hábitos de consumo.
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REFERÊNCIAS
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