13
ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS INCANDESCENTES NO MERCADO SUL AMERICANO. Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional Felipe Tiago Monteiro [email protected] INMETRO Marcelo Jasmim Meiriño UFF Resumo: A eficiência energética vem sendo cada vez mais abordada nas discussões sobre os benefícios em termos de mitigação das mudanças climáticas. Tais benefícios podem ser alcançados através da eliminação gradual de iluminação incandescente em países em desenvolvimento e em países de renda média. Segundo a United Nations Environment Programme (UNEP), a eliminação progressiva da iluminação ineficiente no mundo poderia gerar economias mais de 140.000 bilhões de dólares, reduzindo as emissões de CO2 em 580 milhões de toneladas por ano. Com base nesses dados, UNEP com a Global Environment Facility (GEF) e parceiros do setor privado criaram a iniciativa en.lighten com objetivo de promover ações junto aos governos de cada país na intenção de eliminar progressivamente as lâmpadas de iluminação ineficientes até 2016 e apoiar na implementação de programas de iluminação mais eficientes. O presente trabalho apresenta uma visão geral sobre o assunto abordado, baseado na pesquisa bibliográfica atualizada, evidenciando as ações do Governo Brasileiro no banimento das lâmpadas incandescentes e comparar às ações tomadas por países da América do Sul que possuem ações no sentido de melhorar o desempenho energético nacional com apoio UNEP/GEF e que possuem realidades similares à brasileira. Pela disponibilidade de dados e pelas condições citadas, foram escolhidos os países Argentina, Chile e Uruguai. Palavras-chaves: ISSN 1984-9354

ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS INCANDESCENTES NO MERCADO SUL

AMERICANO.

Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional

Felipe Tiago Monteiro

[email protected]

INMETRO

Marcelo Jasmim Meiriño

UFF

Resumo: A eficiência energética vem sendo cada vez mais abordada nas discussões sobre os benefícios em termos de

mitigação das mudanças climáticas. Tais benefícios podem ser alcançados através da eliminação gradual de iluminação

incandescente em países em desenvolvimento e em países de renda média.

Segundo a United Nations Environment Programme (UNEP), a eliminação progressiva da iluminação ineficiente no

mundo poderia gerar economias mais de 140.000 bilhões de dólares, reduzindo as emissões de CO2 em 580 milhões de

toneladas por ano.

Com base nesses dados, UNEP com a Global Environment Facility (GEF) e parceiros do setor privado criaram a

iniciativa en.lighten com objetivo de promover ações junto aos governos de cada país na intenção de eliminar

progressivamente as lâmpadas de iluminação ineficientes até 2016 e apoiar na implementação de programas de

iluminação mais eficientes.

O presente trabalho apresenta uma visão geral sobre o assunto abordado, baseado na pesquisa bibliográfica atualizada,

evidenciando as ações do Governo Brasileiro no banimento das lâmpadas incandescentes e comparar às ações tomadas

por países da América do Sul que possuem ações no sentido de melhorar o desempenho energético nacional com apoio

UNEP/GEF e que possuem realidades similares à brasileira. Pela disponibilidade de dados e pelas condições citadas,

foram escolhidos os países Argentina, Chile e Uruguai.

Palavras-chaves:

ISSN 1984-9354

Page 2: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

2

1. INTRODUÇÃO

A eficiência energética vem sendo um tema cada vez mais recorrente nas discussões mundiais

sobre a demanda de energia e possui hoje um papel preponderante nas políticas mundiais de consumo

de energia e de preservação do meio ambiente, em especial naquelas relacionadas às mudanças

climáticas.

De acordo com United Nations Environment Programme (UNEP), 20% de toda a eletricidade

do mundo é destinada para a iluminação. Segundo a International Energy Agency (IEA), 3% da

demanda global de petróleo é destinada para fins de iluminação e a produção da energia elétrica é

responsável por cerca de 6% das emissões de CO2 na Terra (UNEP, 2012).

Com base nesses dados, em 2009, o UNEP com a Global Environment Facility (GEF) e parceiros

do setor privado criaram a iniciativa en.lighten com objetivo principal de acelerar a transformação do

mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis

(EN.LIGHTEN,2015).

Esse desafio é mundial e diversos países já aderiram ao Programa de Parceria Global de

Iluminação Eficiente en.lighten, que tem o objetivo apoiar países na eliminação progressiva das

lâmpadas ineficientes até o final do ano de 2016. As lâmpadas incandescentes são consideradas as

mais ineficientes, e sua eliminação permitiria poupar mais de 140.000 bilhões dólares, reduzindo as

emissões de CO2 em 580 milhões de toneladas por ano (EN.LIGHTEN,2015).

O objetivo do trabalho é proporcionar uma visão geral sobre o assunto abordado, baseado na

pesquisa bibliográfica atualizada, evidenciando as ações do Governo Brasileiro no banimento das

lâmpadas incandescentes e comparar às ações tomadas por países da América do Sul que possuem

ações no sentido de melhorar o desempenho energético nacional com apoio UNEP/GEF e que possuem

realidades similares à brasileira. Pela disponibilidade de dados e pelas condições citadas, foram

escolhidos os países Argentina, Chile e Uruguai.

Page 3: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

3

2. CONTEXTO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O conceito de eficiência energética é a capacidade de utilizar menos energia para produzir a

mesma quantidade de iluminação, aquecimento, transporte e outros serviços baseados na energia (US

National Policy Development Group, 2001).

As iniciativas em utilização mais eficiente da energia surgiram com a crise do petróleo na

década de setenta, onde percebeu-se a escassez deste recurso e elevação dos preços da energia. As

questões envolvendo o uso racional da energia e a sustentabilidade ganharam evidências, após

discussões sobre o aumento das emissões de gases do efeito estufa, tomando proporções maiores após

a Conferência Mundial do Meio Ambiente, propiciando, entre outros resultados, um acordo

internacional sobre Mudanças Climáticas (MENKES, 2004).

Os resultados dessas discussões e do Protocolo de Quioto possibilitaram a criação ou

reestruturação de instituições destinadas a tratar de ações de eficiência energética como estratégia para

o cumprimento das metas quantitativas e do cronograma para redução do consumo de combustíveis

fósseis e produção de gases causadores do efeito estufa (MENKES, 2004).

Países como França, Espanha e Japão foram pioneiros com a criação de agências públicas e

programas de eficiência energética e ao longo do tempo, outros países passaram a adotar iniciativas

governamentais nesse sentido. O Brasil e o México foram os precursores nesse campo no contexto

latino-americano, que na atualidade conta com programas nacionais de eficiência energética na maioria

dos países, em diversos casos com a adoção de etiquetas energéticas (CEPAL, 2010).

Uma ação bastante difundida entre os programas de eficiência energética tem sido os

programas de etiquetagem energética, que proveem informação ao consumidor quanto ao desempenho

energético de equipamentos consumidores de energia, tipicamente com ênfase em eletricidade, mas

podendo cobrir todos os produtos energéticos como combustíveis e energia solar. Dessa forma,

pretende-se que a eficiência energética seja um atributo considerado pelos consumidores, valorizando

os produtos mais eficientes em relação aos demais e estimulando produtores e importadores a

fornecerem equipamentos de melhor desempenho energético (CARDOSO, 2012).

A etiquetagem pode ser voluntária ou compulsória (obrigatória), dependendo do produto. Em

alguns países, a etiquetagem do produto é inicialmente implantada de forma voluntária, com a

cooperação da indústria, e gradativamente passa a ser de caráter compulsório, onde o uso da etiqueta

tem obrigação legal para todos os fabricantes ou importadores.

Page 4: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

4

A etiqueta informa a eficiência energética por faixa de consumo. Cada faixa possui uma cor e

uma letra que vai da mais eficiente representada pela letra (A) a menos eficiente pela letra (E), mas

dependendo do programa a etiqueta pode ter um número maior ou menor de faixas de classificação. A

figura 1 ilustra a etiqueta de eficiência energética das Lâmpadas Fluorescentes Compactas (LFC) que

no Brasil, é chamada de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Esse modelo é

semelhante às etiquetas utilizadas por países da América do Sul e da União Europeia.

Figura 1: Etiqueta de eficiência energética da LFC.

Fonte: INMETRO (2010)

A etiqueta de eficiência energética tem por objetivo fornecer ao consumidor informações

precisas, reconhecíveis, de fácil compreensão e comparáveis no que se refere ao consumo de energia,

ao desempenho e a outras características essenciais dos produtos. No caso do exemplo da figura 1,

além de apresentar a classificação de eficiência energética, existe na etiqueta informações sobre o

fluxo luminoso, potência e eficiência luminosa.

Em diversos países, dependendo do Programa de Eficiência Energética, os Governos publicam

normas legais, estabelecendo índices mínimos de eficiência energética ou Minimum Energy

Performance Standard (MEPS) de modo a impedir que produtos elétricos com eficiência inferior ao

limite mínimo estabelecido estejam no mercado. Os MEPS implementados precisam ser monitorados,

Page 5: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

5

analisados e revistos, a fim de acompanhar a evolução tecnológica do mercado, impulsionando a

inovação e competição entre os fabricantes em busca de produtos mais eficientes (CLASP, 2007).

No Brasil, os Programas de Eficiência Energética ganharam maior destaque após a crise

energética ocorrida em 2001, causada principalmente pela falta de chuvas, provocando uma das

maiores escassezes de energia elétrica pela qual o país já passou.

O Governo Brasileiro, naquele momento decidiu resgatar o Projeto de Lei que tramitava no

Senado Federal, e publicou dois instrumentos legais: o primeiro foi a Lei nº. 10.295/2001, conhecida

como a “Lei de Eficiência Energética”, que dispôs sobre a Política Nacional de Conservação e Uso

Racional da Energia, e que determinou o estabelecimento de níveis máximos de consumo ou mínimos

de eficiência energética (MEPS) de máquinas e aparelhos consumidores de energia comercializados no

País. O segundo foi o Decreto nº 4.059/2001, que regulamentou a referida Lei e criou o Comitê Gestor

de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), que tem como função, dentre outras, a

elaboração de um programa de metas com indicação da evolução dos MEPS a serem alcançados para

cada produto regulamentado e que estabelece o Inmetro como órgão responsável pela fiscalização,

regulamentação e pelo acompanhamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) (MME,2011).

O PBE atualmente é coordenado pelo Instituto Nacional Metrologia, Qualidade e Tecnologia

(Inmetro) em parceria com o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o

Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet).

O objetivo do PBE é estimular a competitividade da indústria nacional, através da indução do

processo de melhoria contínua promovida pela escolha consciente dos consumidores, além de

incentivar a inovação e a evolução tecnológica dos produtos como instrumento para redução do

consumo de energia. Desta forma, busca o alcance das metas do Plano Nacional de Energia

(PNE2030) e do Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf).

Page 6: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

6

3. METODOLOGIA E ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Este estudo classifica-se como de pesquisa exploratória, por ter o propósito de esclarecer

conceitos e ideias, com o objetivo de proporcionar mais um instrumento de conhecimento acerca do

assunto. Quanto aos meios de investigação, segundo Vergara (2004), pode ser classificada como uma

pesquisa bibliográfica.

O presente trabalho apresenta as ações tomadas pelo Governo Brasileiro no banimento das

lâmpadas incandescentes e compara com as decisões políticas implementadas na Argentina, no Chile e

no Uruguai para eliminar progressivamente as lâmpadas ineficientes com apoio UNEP/GEF no

Programa de Parceria Global de Iluminação Eficiente en.lighten no desafio de acelerar a transformação

do mercado global de iluminação ineficiente até o final do ano de 2016 .

4. ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA NA ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS INCANDESCENTES

Na América do Sul países como o Brasil e a Argentina já possuíam programas de eficiência

energética implementados de forma compulsória para lâmpadas incandescentes e Lâmpadas

Fluorescentes Compactas (LFC). Devido a campanha mundial promovida pelo UNEP /GEF, os

governos foram motivados a criarem políticas nacionais para eliminar as lâmpadas ineficientes de seus

mercados e a implementarem MEPS mais rígidos para as lâmpadas fluorescentes compactas.

Na Argentina o governo optou por sancionar, no final de 2008, a lei 26.473 que proibiu a partir

de 31 de dezembro de 2010, a importação e comercialização de lâmpadas incandescentes para uso

residencial geral em todo o território da República Argentina (BOLETIN OFICIAL DE LA

REPUBLICA ARGENTINA, 2009). Além disso, o Governo da Argentina havia estabelecido o decreto

PRONUREE (decreto n°.140/07) cujos parâmetros técnicos e de qualidade das LFC devem ser

satisfeitos. Este decreto também incluiu os MEPS e o sistema de etiquetagem obrigatória.

No Brasil, a adoção da medida para banir as lâmpadas incandescentes foi diferente dos demais

países. O Ministério de Minas e Energia publicou, no dia 11 de dezembro de 2009, uma consulta

pública, através das portarias 472 e 473 e disponibilizou as minutas de Portaria Interministerial, as

Page 7: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

7

quais estipularam os índices mínimos de eficiência energética para lâmpadas incandescentes e

fluorescentes compactas, respectivamente.

Após a realização da consulta pública com a sociedade, no dia 31 de dezembro de 2010, foram

publicadas as Portarias Interministeriais n° 1007 para lâmpadas incandescentes e n° 1008 para

lâmpadas fluorescentes compactas, onde foram implementados os índices mínimos de eficiência

energética. A Portaria Interministerial n°1007 determinou um plano de atingimento de metas

gradativas com a indicação de níveis mínimos inatingíveis de eficiência energética separada por faixas

de potências para lâmpadas incandescentes.

De acordo com a portaria n° 1007, as tabelas 1 e 2 apresentam as datas limites para fabricação e

importação de lâmpadas incandescentes (127 e 220 V) no Brasil, com o intuito de eliminar do mercado

as lâmpadas que não atendam aos níveis mínimos de eficiência energética.

Tabela 1: Cronograma de níveis mínimos de eficiência energética para lâmpadas incandescentes – 127 V, para

fabricação e importação no Brasil.

Fonte: MME (2010)

Tabela 2: Cronograma de níveis mínimos de eficiência energética para lâmpadas incandescentes – 220 V, para

fabricação e importação no Brasil.

Fonte: MME (2010)

Page 8: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

8

As datas limite para comercialização no Brasil por parte de fabricantes e importadores das

Lâmpadas Incandescentes são de seis meses, a contar das datas limites estabelecidas nas Tabelas 1 e 2.

As datas limite para comercialização por atacadistas e varejistas no País das Lâmpadas Incandescentes

são de um ano, a contar das datas limites estabelecidas das mesmas tabelas (MME, 2010).

Após o evento Rio + 20, UNEP/ GEF promoveram e coordenaram um projeto-piloto com um

grupo de 14 países, dentre os quais, Chile e Uruguai, com objetivo de fornecer apoio técnico nos

esforços de desenvolver políticas nacionais para a transição de uma iluminação mais eficiente até final

do ano de 2016 (UNEP, 2012).

O governo Chileno publicou, no final de 2013, a Lei 18.410 que determina os MEPS para

lâmpadas de iluminação geral. Mediante a Resolução n° 60, de 18 de dezembro de 2013, que

determinou a proibição de lâmpadas incandescentes com índice de eficiência energética maior ou igual

a 80%, foi definido um cronograma por faixa de potência, sendo concedidos três prazos diferentes a

contar da publicação dessa resolução. Na Tabela 3 são visualizados os prazos da medida implementada

no Chile.

Tabela 3: Prazos do programa de implementação de medidas proibitivas da utilização de lâmpadas

incandescentes no Chile.

PERÍODO POTÊNCIA DA LÂMPADA INCANDESCENTE DATA DE

APLICAÇÃO

12 meses da publicação

da resolução Potência superior a 75 W 18/12/2014

18 meses da publicação

da resolução Potência superior a 40 W 18/06/2015

24 meses da publicação

da resolução Potência igual ou superior a 25 W 18/12/2015

Fonte: CHILE (2013)

No Uruguai o governo realizou um censo no país, que demonstrou que apenas 20% das

residências utilizam as lâmpadas incandescentes e adotou política de campanha nacional para

substituição das lâmpadas incandescentes por lâmpadas mais eficientes de forma a elimina-las até o

ano de 2016. Em seguida, o governo uruguaio implementou o programa de eficiência energética

compulsório para lâmpadas fluorescentes compactas. Além disso, lançou campanhas de incentivo para

a população aderir ao consumo de lâmpadas mais eficientes. (URUGUAI, 2013).

Page 9: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

9

Na tabela 4 é apresentado um estudo comparativo entre as diferentes políticas nacionais de cada

país para a eliminação das lâmpadas ineficientes.

Tabela 4: Comparação das políticas nacionais adotadas de cada país para a eliminação das lâmpadas

ineficientes.

PAÍS

MEDIDA ADOTADA PARA A

ELIMINAÇÃO DAS LÂMPADAS

INEFICIENTES

DATA PARA APLICAÇÃO

DA MEDIDA ADOTADA

CRIAÇÃO

MEPS

PARA LFC

Argentina

Proibiu a comercialização e importação

das lâmpadas incandescentes para o uso

residencial em todo território da República Argentina.

A partir 31/12/2010 Sim

Brasil

Criou um processo de restrição com os

MEPS inatingíveis para lâmpadas

incandescentes e criou cinco etapas para

o processo gradual, concedendo um ano

a mais a contar das datas limites para o comércio.

30/12/2013 acima de 150 W

30/06/2014 de 101 a 150 W

30/06/2015 de 61 a 100 W

30/06/2016 de 41 a 60 W

30/06/2017 de 25 a 40 W

Sim

Chile

Criou medidas proibitivas para lâmpadas

incandescentes com índices de eficiência

energética que sejam iguais ou

superiores a 80%. E definiu um

cronograma de forma gradativa em três etapas por faixa de potência.

18/12/2014 acima de 75 W

18/06/2015 acima de 40 W

18/12/2015 igual o acima de

25W

Sim

Uruguai

Não criou nenhuma medida para proibir

as lâmpadas incandescentes, mas faz a

política de campanha nacional para

substituição das lâmpadas

incandescentes por lâmpadas mais

eficientes de forma a elimina-las até 2016.

Não houve Sim

Fonte: Elaborada pelo próprio com dados apresentados.

A análise comparativa das diferentes políticas nacionais de eficiência energética dos países

Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, demonstrou que uma ação internacional estimulou as

Page 10: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

10

implementações dessas políticas para a retirada do mercado (seja gradativa ou imediata) das lâmpadas

incandescentes e a elaboração dos MEPS para as lâmpadas fluorescentes compactas de forma a

garantir o mínimo de eficiência energética.

Page 11: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

11

5. CONCLUSÃO

O presente estudo apresentou quatro modelos diferentes de políticas nacionais, onde cada

governo analisou e implementou leis, decretos, portarias, campanhas ou programas de forma banir ou

inibir a produção, importação e comercialização das lâmpadas ineficientes em seu território até final

do ano de 2016.

O Governo Argentino preferiu adotar a política de proibir de uma vez só a comercialização e

importação das lâmpadas incandescentes para o uso residencial em todo seu território a partir de 2011.

O governo Brasileiro, devido à extensão territorial e as lâmpadas incandescentes estarem

presentes na maioria das casas dos brasileiros, preferiu realizar uma consulta pública com a sociedade,

e após um ano publicou a Portaria Interministerial n° 1007 /2010, criando o plano de metas de forma

gradativa tendo a indicação de níveis mínimos inatingíveis de eficiência energética por faixa de

potências de lâmpadas incandescentes. Essa foi a estratégia que governo escolheu para eliminar o uso

de lâmpadas ineficientes.

No Chile o governo adotou a política de restringir as lâmpadas incandescentes num prazo de 24

meses após a publicação da Resolução n°60 realizada em 2013, onde definiu três prazos gradativos por

faixa de potência proibindo a comercialização e importação das lâmpadas incandescentes.

O Governo Uruguaio não criou nenhuma medida proibitiva para a comercialização e

importação das lâmpadas incandescentes. Em vez disso, promoveu campanhas de incentivo para a

população aderir às lâmpadas mais eficientes.

Como se pode verificar, as intervenções governamentais de eliminar ou inibir as lâmpadas

ineficientes podem ser realizadas de diversas formas, dependendo da legislação de cada país, da

capacidade de absorver os impactos inerentes à política, da capacidade de organização para mitigar

alguns desses impactos e, principalmente, da urgência e importância que se dá para a questão da

eficiência energética no setor elétrico nacional.

Para essas ações terem sucesso é preciso o engajamento de todos, do Governo até a Sociedade

visando o uso racional de energia e principalmente a mudança nos hábitos de consumo.

Page 12: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

12

REFERÊNCIAS

ARGENTINA. Secretaria de Energia da Argentina. Disponível em:

<http://energia3.mecon.gov.AR/contenidos/verpagina.php?idpagina=3445> Acesso em: 12/04/2015.

BOLETIN OFICIAL DE LA REPUBLICA ARGENTINA, 2009. Ley 26.473 - Prohíbese a partir del

31 de diciembre de 2010, la importación y comercialización de lámparas incandescentes de uso

residencial general en todo el territorio de la República Argentina. Buenos Aires, 21 janeiro 2009

BRASIL, Lei No 10.295, Dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia

e dá outras providências, Subsecretaria de Informações do Senado Federal, 17 de outubro de 2001.

CARDOSO, R. B. Estudo dos impactos energéticos dos Programas Brasileiros de Etiquetagem

Energética: Estudo de caso em refrigeradores de uma porta, condicionadores de are motores elétricos.

2012. 145f. 2012. Tese de Doutorado. Tese (Doutorado em Ciências em Engenharia)–Unifei–

Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, Minas Gerais.

CEPAL, Situación y perspectivas de la eficiencia energética en América Latina y el Caribe, Comisión

Económica para la América Latina y el Caribe, División de Recursos Naturales e Infraestructura,

Santiago, 2010

CHILE. Agencia Chilena de Eficiência Energética – AChEE. Disponível em:

<http://www.acee.cl/eficiencia-energetica/ee> Acesso em: 12/04/2015.

______. Ministério de Energia – Chile, 2013. Resolução n° 60. Disponível em:

<http://www.ingcer.cl/documentos/OCirc%205429%20sobre%20Meps.pdf> Acesso em: 12/04/2015.

CLASP. Energy-efficiency labels and standards: guidebook for appliances, equipment and lighting. 2nd

Edition, 2007. Disponível em: <http://www.clasponline.org/en/ResourcesTools/

Resources/StandardsLabelsGuidebook> Acesso em: 12/04/2015.

EN.LIGHTEN. Efficient Lighting for Developing and Emerging Countries, UNEP. Disponível em: <

http://www.enlighten-initiative.org/About.aspx> Acesso em: 12/04/2015

EPE. Série Estudos Econômicos. Nota Técnica DEA 12/14: cenário econômico 2050. Plano Nacional

de Energia 2050. Empresa de Pesquisa Energética: Rio de Janeiro, 2014.

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia Tecnologia e Qualidade, 2010. Portaria Inmetro/MDIC

número 489 de 08/12/2010 - Revisão dos Requisitos de Avaliação da Conformidade para Lâmpadas

Fluorescentes Compactas com Reator Integrado à Base. - Disponível em: <

http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001644.pdf>. Acesso em: 22/04/2015.

MENKES, Monica. Eficiência energética, políticas públicas e sustentabilidade. 295 f. 2004. Tese de

Doutorado. Brasília: UnB- CDS, Doutor, Desenvolvimento Sustentável, 2004.

Page 13: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROGRAMAS NACIONAIS DE … · mercado global de iluminação ineficiente para tecnologias de iluminação ambientalmente sustentáveis (EN.LIGHTEN,2015). Esse

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

13

MME. – Ministério de Minas e Energia, Plano Nacional de Eficiência Energética, Premissas e

Diretrizes Básicas, Out/2011.

_____– Ministério de Minas e Energia, 2010. Portaria Interministerial no- 1.007,de 31 de Dezembro de

2010 - Regulamentação Específica que Define os Níveis Mínimos de Eficiência Energética de

Lâmpadas Incandescentes. Diário Oficial da União nº4, 6 janeiro 2011, ISSN 1677-7042

UNEP - Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, Novos Países Começam a Reduzir

Progressivamente Iluminações Ineficientes, com Grandes Benefícios Econômicos e Climáticos, Jun/2012.

Disponível em: <http://www.unep.org/pdf/Enlighten_pressrelease_portuguais.pdf> Acesso em: 12/04/2015

URUGUAI – Direção Nacional de Energia – Ministério de Indústria, Energia e Mineração. 2015.

Disponível em: <http://www.eficienciaenergetica.gub.uy/index.php/etiquetado/programa-normalizacion-

etiquetado-ee> Acesso em: 12/04/2015

________ – Direção Nacional de Energia – Resultados de la encuesta de iluminacion. 2013.

Disponível em: < http://www.eficienciaenergetica.gub.uy/index.php/menu-

archivo/publicaciones/item/173-resultados-de-la-encuesta-de-iluminacion-2013 > Acesso em:

12/04/2015

US Report of the National Policy Development Group. “Using energy wisely. Increasing Energy

Conservation and Efficiency”. In: Reliable affordable and environmentally sound energy for the

American Future. Washington, may, 2001.

1.