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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a
reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.
Turma e Ano: Processo Judicial Tributário (2015)
Matéria / Aula: Administração Tributária / 02
Professor: Mauro Lopes
Monitora: Laryssa Marques
Aula 02
Vide: Arts. 194 e seguintes do CTN. As normas gerais de Direito Tributário (livro II do CTN)
se subdividem em:
Legislação tributária
Obrigação tributária
Crédito Tributário
Administração tributária
Administração Tributária
A Administração Tributária está estabelecida, no CTN, em três tópicos:
1. Fiscalização
Os agentes fiscais do Estado praticam atos administrativos. Por isso, o Direito Tributário
poderia ser uma vertente do Direito Administrativo1.
Afirma-se isto porque, no tema ‘Administração Tributária’, se trabalha, basicamente, com
conceitos do Direito Administrativo - tais como: princípios constitucionais da Administração,
1 Dica: construir ‘pontes’ entre as matérias – formando um juízo crítico – para ser capaz de elaborar uma resposta para uma questão de concurso que, de imediato, você não saiba ou não se recorde.
Administração Tributária
Fiscalização -arts. 194 a 200
Dívida Ativa -arts. 201 a 204
Certidões Negativas - arts.
205 a 208
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requisitos de validade, pressupostos e o controle interno e externo dos atos administrativos -, com
uma vantagem: na esfera tributária não há discricionariedade, por força do art. 3º, CTN.
Art. 3º, CTN. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Logicamente, a discricionariedade na Tributação resvalaria em afronta à legalidade e à
isonomia.
Art. 194, CTN. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter
geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os
poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação.
O art. 194, CTN preconiza que a competência das autoridades para prática de atos
administrativos estará prevista na legislação tributária. Como se sabe, a competência é um dos
requisitos de validade dos atos administrativos2. No caso do Direito Tributário, todos os requisitos
são vinculados, inclusive a competência da autoridade administrativa.
Art. 194, Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas
naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou
de isenção de caráter pessoal.
Ninguém está imune à fiscalização tributária, nem mesmo as entidades que gozam de
benefícios fiscais, nem tampouco as que gozam de imunidade tributária. O STF repeliu, por
exemplo, um MS impetrado pela OAB, em caráter originário, que questionava esta fiscalização.
O argumento da autarquia foi que, como a esta se aplica a imunidade tributária recíproca,
seria desnecessária a sua fiscalização.
Contudo, os Tribunais Superiores já firmaram entendimento de que não há que se questionar
o cabimento de tal fiscalização3, posto que através desta que se verifica se estão sendo cumpridos
os requisitos para a concessão e manutenção de imunidade tributária:
2 Os requisitos dos atos administrativos são: competência, forma, objeto, finalidade e motivo.
3 A OAB tem direito a imunidade tributária conferida pela CF/1988, art. 150, VI, alínea “a”, desde que cumpridos os requisitos previstos pela Constituição, no parágrafo 2º do artigo 150. Vide: REsp
979.970/SP.
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A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é
da espécie recíproca (art. 150, VI, a, da Constituição), na medida em que a
OAB desempenha atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da
ordem jurídica do Estado democrático de direito, dos direitos humanos, da
justiça social, bem como a seleção e controle disciplinar dos advogados). A
imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da
entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações
financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do
procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de
finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito
tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza plenamente
vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga.” (RE
259.976-AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 23-3-2010, Segunda
Turma, DJE de 30-4-2010.) RE 233.843, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento
em 1º-12-2009, Segunda Turma, DJE de 18-12-2009.
Art. 195, CTN. Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação
quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias,
livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes
industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Significa que o Fisco tem acesso a todos os documentos do sujeito passivo, não lhe sendo
aplicadas quaisquer normas relativas a sigilo comercial4.
Súmula 439, STF. Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer
livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.
O que ocorre se a empresa se negar a apresentar os livros comerciais (documentos
necessários à apuração da sua movimentação econômica) para exame pelo Fisco? A administração
pode requisitar o auxílio da força pública, fazendo valer da autoexecutoriedade5 de seus atos?
Art. 148, CTN. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o
valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante
processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé
4 Sigilo comercial só existe entre particulares.
5 Autoexecutoriedade é de um dos atributos dos atos administrativos, assim como, a presunção de legitimidade e legalidade e a imperatividade.
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as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito
passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação
contraditória, administrativa ou judicial.
O dispositivo trata do arbitramento no lançamento. Evidentemente, o arbitramento não é um
ato caprichoso. Não pode a Administração ignorar a documentação apresentada pelo contribuinte,
mas, ao mesmo tempo, se houver suspeita a respeito da veracidade do documento ou se a empresa
simplesmente se negar a apresentar seus livros comerciais, o fiscal, simplesmente, realiza o
lançamento por arbitramento.
Quer dizer, o fiscal estima um montante com base em operações realizadas no mercado.
Determina uma base de cálculo e arbitra o tributo conforme aquilo. E ainda aplica multa pelo
descumprimento de obrigação acessória (que é a apresentação de documentos).
Art. 195, Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os
comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição
dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.
Enquanto o Fisco não tomar uma atitude, é importante para o contribuinte conservar estes
livros. Pois, se perecerem ou extraviarem antes de finalizar o prazo para o Fisco constituir o crédito
- respeitado o prazo decadencial -, o lançamento será por arbitramento.
Do mesmo modo, se constituído o crédito no prazo decadencial legal (5 anos), o ideal é
conservar os documentos até o escoamento do prazo prescricional (também de 5 anos).
Isso porque o crédito constituído pelo Fisco tem presunção relativa de ser líquido e certo.
Então, em juízo (no caso de ajuizamento de Execução Fiscal), quem deve provar que não deve ou
que deve menos, é o próprio contribuinte. E os livros podem ser utilizados como meio de prova
para tanto6.
De qualquer maneira, para o Fisco não há prejuízo: se o sujeito deixar a documentação
perecer antes do escoamento do prazo decadencial, o Fisco arbitra. Se deixar perecer antes do fim
do prazo prescricional, o crédito já está inscrito e presumidamente líquido e certo, e o contribuinte
que perde documento de defesa.
6 O contribuinte não poderá alegar a perda dos documentos, pois caberia a ele a sua conservação. Se o
contrário fosse possível, estaria se legitimando que o contribuinte se beneficiasse de sua própria torpeza, o que é vedado no ordenamento pátrio, em decorrência dos ditames da boa-fé.
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Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de
fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento, na
forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas.
O Fiscal tem que notificar a empresa que ela está sob regime de fiscalização, atestando seu
termo inicial. A importância dessa notificação, para o contribuinte, é possibilitar a defesa da
empresa contra arbitrariedades, posto que há um limite temporal para a realização da fiscalização
(que é algo incômodo para a empresa, causa estorvo a atividade empresarial).
Já a importância de documentar o termo inicial da fiscalização para o Fisco guarda relação
com o preconizado no art. 138, p. único do CTN, que trata do instituto da denúncia espontânea:
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,
acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
tributo dependa de apuração.
Mediante o referido instituto, o contribuinte que procurar o Fisco – espontaneamente -,
reconhecendo o cometimento da infração (não recolhimento do tributo no prazo), pagará o valor
devido com juros e correção, ficando liberado da multa7.
Cuidado: injustificadamente, a jurisprudência é pacífica no sentido de que a Denúncia
Espontânea não se aplica às obrigações acessórias. Assim, por exemplo, se o contribuinte não
apresentar a declaração do IR no prazo devido, mesmo que depois compareça espontaneamente
perante o Fisco, antes de qualquer fiscalização, estará sujeito ao pagamento da multa.
Art. 138, CTN. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após
o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com
a infração.
Qualquer medida de fiscalização afasta a ocorrência de denúncia espontânea. Assim, a
importância de atestar o termo inicial da fiscalização para o Fisco é que a partir desta data, o
contribuinte não terá mais direito a se liberar da multa.
7 Cuidado: a denúncia espontânea exclui apenas a multa, vez que esta não tem caráter arrecadatório.
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Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa
todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de
terceiros: (...).
É uma obrigação acessória que pode atingir até mesmo quem não seja contribuinte ou
responsável:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
III - as empresas de administração de bens;
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
V - os inventariantes;
VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo,
ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Este rol não é taxativo.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações
quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em
razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Não se pode exigir que um padre que recebe informações sigilosas de um fiel seja obrigado a
revelá-las ao Fisco. Do mesmo modo, um advogado não pode ser obrigado a prestar informações
acerca do patrimônio de seu cliente. Pois, estão protegidos pelo sigilo profissional – art. 154, CP.
MS no RE 23.452 -> o direito a intimidade, consagrado no art. 5º, X da CRFB/88 hospeda o
direito ao sigilo bancário, fiscal e telefônico. São direitos fundamentais. E, como regra, não são
absolutos.
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A LC 105 autorizou a quebra de sigilo bancário por requisição – feita ao Banco - da própria
administração fazendária. Esta autorização foi declarada inconstitucional pelo STF. Vide: RE 2.386;
RE 2.390; RE 2.397. Consignou-se que só o judiciário poderia requerer a quebra de sigilo bancário.
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte
da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida em razão do ofício sobre a
situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado
de seus negócios ou atividades.
O art. 198, CTN consagra o sigilo fiscal (também hospedado no art. 5º, X da CRFB/88).
Inclusive, constitui fato típico sua violação por aquele que tem informações fiscais por conta da
função que exerce:
Art. 325, CP. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em
segredo, ou facilitar-lhe a revelação.
Os jornais reproduzem toda semana declaração de IR de figuras públicas, isso ocorre porque
a CRFB consagrou o sigilo da fonte. Na prática, um fiscal ou um PFN, por exemplo, que tenha
acesso em razão do cargo a informações deste gênero, contata um jornal de grande circulação, que
paga para ter acesso a este tipo de informação.
Então, apesar do CP consagrar que se trata de fato típico, o direito ao sigilo da fonte acabou
banalizando tal previsão legal.
Exceções ao Sigilo Fiscal
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e
permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou
convênio.
As Fazendas podem trocar informações, através de convênio (que é norma complementar de
direito tributário – art. 100, IV, CTN). Portanto, isto não configura sigilo fiscal.
Isso vale também para Fazendas estrangeiras.
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Art. 199, Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma estabelecida em tratados,
acordos ou convênios, poderá permutar informações com Estados estrangeiros no interesse da
arrecadação e da fiscalização de tributos.
Art. 198, § 1o Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os
seguintes: I – requisição de autoridade judiciária no interesse da justiça;
Isso ocorre com frequência. Ex.: vara de família. A mãe da criança, representante desta,
ingressa com uma ação pleiteando alimentos do pai, que alega não poder pagar. Neste caso, o juiz
pode atender ao pedido da mãe de quebra de sigilo fiscal do pai para saber se ele tem condições ou
não de pagar os alimentos.
II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração Pública,
desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo, no órgão ou na
entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a que se refere a informação,
por prática de infração administrativa.
§ 2o O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será
realizado mediante processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à
autoridade solicitante, mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação
do sigilo.
Situações em que o sigilo fiscal desaparece
Art. 198, p. 3º, CTN:
I – representações fiscais para fins penais;
II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública;
III – parcelamento ou moratória.
Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força
pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou
desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na
legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou
contravenção.
Trata da autoexecutoriedade dos atos administrativos.
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2. Dívida Ativa
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo
fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.
A constituição definitiva do crédito tributário ocorre quando o lançamento não puder mais
ser alvo de discussão na esfera administrativa. A partir de então, o Fisco poderá inscrevê-lo em
Dívida ativa.
Art. 2º, p. 3º, LEF. A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da
legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e
suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da
execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.
A partir do momento em que é constituído o crédito, a Receita, primeiramente, realiza uma
cobrança amigável, chamando o contribuinte a honrar sua dívida. Se ele se mantiver inadimplente,
os autos da cobrança administrativa são encaminhados a Procuradoria do ente tributante para
efeitos de inscrição em dívida ativa.
Quem faz inscrição em DA em âmbito:
Nacional -> PFN
Estadual -> PGE
Municipal -> PGM
A autoridade que realiza a inscrição é responsável pelo controle de legalidade do
procedimento. Ela deverá analisar se há algo que possa contaminar o processo judicial de
cobrança.
Se inscrever com nulidade flagrante, é muito provável que será acolhida em juízo e a
Fazenda ainda deverá arcar com honorários, além de gastar tempo e trabalho sem necessidade.
Trata-se de exemplo claro de controle interno de legalidade dos atos administrativos.
Realizada a inscrição em dívida ativa, o crédito passa a gozar de una presunção de certeza e
liquidez. Certeza diz respeito à existência da relação obrigacional tributária; liquidez diz respeito
ao quantum (ao valor).
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Esta presunção é relativa. Por óbvio, não poderia ser absoluta diante da inafastabilidade de
controle judicial dos atos administrativos.
Vantagem: transferir o ônus da prova ao executado/devedor. A este cabe provar que não
deve ou que deve menos.
Tecnicamente, a CDA é a documentação do título e não o título propriamente dito.
Efeitos da inscrição em dívida ativa:
É importante que na CDA conste a forma de cálculo de juros; qual índice de correção.
Incrição do Crédito em Dívida Ativa
Presunção Relativa de:
Certeza - quanto a existência da relação jurídico-obrigacional
Liquidez - em relação ao valor
Efeitos da Inscrição em Dívida Ativa
Exequibilidade do Crédito Tributário
Presunção relativa de certeza e liquidez
Qualquer alienação que reduza o devedor à
insolvência posterior à inscrição será considerada
Fraude à execução
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Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente,
indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que
possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em
que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e
da folha da inscrição.
Deve trazer dados necessários para individualizar a pessoa do devedor/executado; além de
eventuais corresponsáveis, valores, etc.
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a
eles relativo, são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas
a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição da
certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo para defesa, que
somente poderá versar sobre a parte modificada.
Prerrogativa da Fazenda de poder substituir a CDA que contenha vício formal ou material.
Esta substituição pode ser feita até decisão de primeira instância, ou seja, até a sentença dos
embargos.
Art. 2º, p. 8º, LEF. § 8º - Até a decisão de primeira instância, a Certidão de Dívida Ativa
poderá ser emendada ou substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para
embargos.
Súmula 392, STJ. A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a
prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal,
vedada a modificação do sujeito passivo da execução.
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o
efeito de prova pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por
prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
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Conforme já mencionado, há uma inversão do ônus da prova.
3. Certidões Negativas
Certidão pública é um documento fornecido pela Administração ao interessado, afirmando a
existência de um fato (ou inexistência deste), com fundamento em busca efetuada nos arquivos da
repartição, fazendo fé pública, até prova em contrário. Não deve ser emitida com base em
especulações ou conjecturas, exigindo o fato devidamente anotado ou registrado.
Certidão não tem valoração. É o fato. Atesta o que aconteceu apenas.
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando
exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que
contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo
de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido
requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na
repartição.
Segundo o STJ, quando a empresa tem vários CNPJs, admitem-se expedições de certidões
distintas para cada um deles.
Também existem as certidões positivas com efeitos de negativa:
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada
a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Certidão Positiva com efeitos de Negativa
Créditos não vencidos
Créditos em EF com penhora já realizada
(garantia)
Créditos com Exigibilidade
Suspensa - art. 151, CTN
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Obs.: sobre os créditos em penhora -> leia-se: ‘qualquer garantia’. Porque a penhora é a pior
das garantias para a Fazenda.
Art. 9º, LEF – ordem de liquidez:
Dinheiro
Fiança bancária ou seguro-garantia
Penhora
Há alguma hipótese em que o crédito ainda não tenha sido lançado e ainda assim o
contribuinte não faça jus a uma certidão negativa? Sim. A hipótese em que o próprio contribuinte
declarou o débito.
Súmula 446, STJ. Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a
recusa de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.
Agora, imagine que esteja sendo discutido um crédito em juízo e seja deferido seu
parcelamento. Neste caso, o contribuinte pode requerer uma certidão positiva com efeitos de
negativa, porque se o próprio legislador defere um parcelamento sem garantia, não pode o Fisco se
escusar de fornecer uma certidão sob o fundamento de que não há garantia (já que a exigibilidade
fica suspensa).
Súmula 17, AGU. Suspensa a exigibilidade do crédito pelo parcelamento concedido, sem
a exigência de garantia, esta não pode ser imposta como condição para o fornecimento da
certidão positiva de débito com efeito de negativa, estando regular o parcelamento da dívida,
com o cumprimento, no prazo, das obrigações assumidas pelo contribuinte.
Antecipação da garantia
Cautelar sui generis -> é uma medida que visa antecipar uma garantia, sendo acessória e
instrumental a um processo de EF, que será promovido pelo réu (Fazenda Pública). Quem ingressa
com a cautelar é o devedor, réu na ação principal8. O objetivo é garantir a certidão positiva com
efeitos de negativa.
A PFN não questiona mais. Apenas analisa se a garantia é adequada.
Neste caso, não há suspensão da exigibilidade. Na verdade, se equipara à execução fiscal
com penhora.
8 Repare que isto não é comum em ações cautelares, as quais, via-de-regra, são propostas pelo autor da
ação principal.
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Dispensa de certidão e dano ao erário
Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de
quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável para
evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo tributo
porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja
responsabilidade seja pessoal ao infrator.
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a
Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito
tributário e juros de mora acrescidos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e
funcional que no caso couber.
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