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Poliana Medeiros Cunha Dantas
AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA DAS COMPLICAÇÕES
TÉCNICAS EM PRÓTESES SOBRE IMPLANTES.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva (PPGSCOL) do Departamento de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte – Área de concentração em Odontologia, como
parte dos requisitos para a obtenção do Título de Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Patrícia dos Santos Calderon
NATAL/RN
2012
2
Poliana Medeiros Cunha Dantas
AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA DAS COMPLICAÇÕES TÉCNICAS
EM PRÓTESES SOBRE IMPLANTES.
Aprovada em: ____/____/______
________________________________________________
Profa. Dra. Patrícia dos Santos Calderon
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Orientadora
________________________________________________
Prof. Dr. André Ulisses Dantas Batista
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Membro
________________________________________________
Prof. Dra. Adriana da Fonte Porto carreiro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Membro
NATAL/RN
2012
4
À professora Dra. Patrícia dos Santos Calderon, pelo incentivo e apoio durante a
realização do mestrado. Através dos seus conhecimentos, do seu jeito de ser, carinhosa,
compreensiva e paciente, contribuiu muito para realização desse mestrado. Posso dizer que
por trás de uma grande orientação, há sempre uma boa relação de amizade, que é o segredo
para o sucesso.
A você muito obrigada!
3
Dedico este trabalho,
A DEUS, presença constante e valiosa em minha vida, razão da nossa existência, fonte
inesgotável de amor, compreensão e perdão.
Aos meus pais Marne e Inez, que sempre batalharam com o objetivo de proporcionar
um bom estudo aos seus filhos. Para que isso pudesse acontecer, mudanças foram necessárias,
levando-nos a aprender que recomeçar pode ser o primeiro passo para conseguirmos os nossos
objetivos. Vocês, com a sua coragem e determinação foram os grandes responsáveis para que
eu chegasse a esse momento tão importante. Vocês são os verdadeiros vencedores! Nunca é
tarde para recomeçar!
Em especial a Euler, meu esposo, pois seu amor e companherismo em todos os
momentos de nossas vidas, seja na criação dos nossos filhos, nas decisões de nossas vidas e
no decorrer da realização do mestrado, ajudaram-me a crescer e vencer. Sem você, meu amor,
eu não teria realizado esta etapa da minha vida. Acredito até que você mereceria coautoria
deste trabalho, pela paciência de me ouvir repetidas vezes durante a preparação das aulas
dando sempre seu apoio profissional, pela ajuda na elaboração de artigos e desta dissertação.
Enfim, como não é permitido um mestrado com dupla autoria, deixo aqui todo o meu carinho,
amor, afeto e a certeza de que escolhi a pessoa ideal para ser meu eterno companheiro.
Aos meus filhos, Lucas e Artur, a necessidade de me ausentar em momentos
importantes para vocês, foi para mim, o mais difícil e doloroso. Mas vocês foram especiais e
mesmo pequeninos conseguiram compreender, porque sabem que o meu amor e carinho por
vocês é maior do que qualquer dificuldade. A vocês filhos, dedico esse meu trabalho como
exemplo de perseverança e vontade de crescer!
5
À minha irmã, Patrícia, que na minha ausência sempre esteve presente no seu papel
de mãe, e a Rogério, pelo acolhimento aos meus filhos. Seu apoio foi muito importante na
realização deste trabalho. Pá, muito obrigada!
Ao meu irmão, Marcelo e minha cunhada Alaíres, pela torcida quanto ao meu
crescimento profissional.
Aos meus cunhados Wagner e Evilson, às minhas cunhadas Ana Patricia e Juliana,
pelo constante apoio e incentivo.
Aos meus sogros Evilson e Marinês, meus agradecimentos pelo apoio e presença
constante na minha vida.
À minha amiga e professora Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro, que esteve
sempre ao meu lado contribuindo de forma significativa, através dos seus preciosos
conhecimentos e também pela sua valiosa amizade.
Manifesto aqui a minha gratidão a todos os professores do Programa de Pós-graduação
em Saúde Coletiva, funcionários e amigos do Departamento de Odontologia da UFRN, em
particular aos professores Dr. Gustavo Seabra, Dr. Bruno Gurgel e Dr. Kênio Lima,
coordenador do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva.
Aos colegas do mestrado Raquel, Kássia, Danilo, Isabelle, em especial a Sheyla, que
juntas atendemos os pacientes para a realização desta pesquisa e também aos alunos e colegas
dentistas Raniel, Raquel, Ana Luíza, Bruno Menezes, Natália, Tânia e Matheus pela
contribuição na elaboração deste trabalho.
Aos professores Dr. Álvaro Campos e Dr. Ângelo Giuseppe, pela ajuda
imprescindível na análise estatística.
6
Meus respeitosos agradecimentos pela participação na banca do exame de
qualificação, aos professores Dr. Bruno Gurgel e Dr. Ângelo Giuseppe, pelas considerações
que em muito contribuíram para esta dissertação; e pela participação dos membros da banca
examinadora da defesa, Dr. André Ulisses e Dra. Adriana Carreiro, pela disponibilidade
em colaborar com o aperfeiçoamento deste trabalho.
Às minhas amigas Andréa, Hallissa e Ruthinéia, cuja amizade começou através da
odontologia há vinte anos, muito obrigada por estarem sempre presentes buscando, juntas, o
crescimento profissional.
À equipe da Clínica Evilson Dantas, em especial a minha auxiliar de consultório
Josi, pela ajuda no decorrer do mestrado com os agendamentos dos pacientes para realização
da pesquisa.
Às bibliotecárias Cecília e Mônica da Biblioteca Setorial de Odontologia da UFRN,
pela disponibilidade e valorosa contribuição para a normatização deste trabalho.
Aos pacientes pela participação e cooperação, fatores essenciais para o
desenvolvimento da pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
apoio imprescindível para a realização deste curso.
Aos meus amigos que, de uma forma ou de outra, contribuíram com sua amizade e
com sugestões efetivas para a realização deste trabalho, gostaria de expressar minha profunda
gratidão.
7
Idade de Ser Feliz
“Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e
viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.
Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa”.
Autor Desconhecido
8
RESUMO
Os critérios de avaliação dos casos tratados com implantes osseointegrados são
baseados em testes clínicos e exames radiográficos. Nesse contexto, é importante a realização
de pesquisas na determinação do prognóstico dos diferentes tipos de reabilitações protéticas e
na determinação dos principais problemas que atingem este tipo de tratamento. Desta forma, o
objetivo deste trabalho foi avaliar as condições protéticas de indivíduos reabilitados com
implantes osseointegrados e próteses sobre implantes. Neste estudo transversal foram
atendidos 153 pacientes, contabilizando uma amostra de 509 implantes. As falhas foram
observadas através do exame clínico e radiográfico. Os resultados demonstraram que a fratura
(0,2%), a perda (0,4%) e o afrouxamento dos parafusos (3,3%) foram as falhas menos
frequentes. A fratura das estruturas como a resina (12,4%), porcelana (5,5%) e metálica
(1,5%), a perda da resina que recobre o parafuso de fixação (23,8%) e a perda de retenção nas
próteses overdentures (18,6%), tiveram uma ocorrência maior. A falha de adaptação, entre o
pilar e o implante (6,9%) e principalmente entre a prótese e o pilar (25,4%) teve uma alta
prevalência e, quando relacionada com outros parâmetros, demonstrou uma associação
significativa, principalmente com a fixação do tipo cimentada (OR= 5,39). Pode-se concluir
que para minimizar o aparecimento de falhas, protocolos devem ser observados desde o
diagnóstico até o assentamento e controle das próteses sobre implantes, principalmente com
relação aos passos técnicos da confecção da prótese e com o cuidado em avaliar
radiograficamente a adaptação entre seus componentes.
Palavras-Chave: Implante dentário. Prótese dentária fixada por implante. Análise de
sobrevida. Falha de Tratamento. Radiografia.
9
ABSTRACT
The evaluation criteria of the cases treated with dental implants are based on clinical
and radiographic tests. In this context it is important to conduct research to determine
prognosis of different types of prosthetic rehabilitation and determination of the main
problems affecting this type of treatment. Thus, the objective of this study was to assess the
prosthetic conditions of individuals rehabilitated with implant-supported prosthesis. In this
cross-sectional study 153 patients were treated, accounting for a sample of 509 implants. The
failures were observed by clinical and radiographic examination. The results showed that the
fracture (0.2%) loss (0.4%) and loosening of the screws (3.3%) were failures are less frequent.
The fracture structures as the resin (12.4%), porcelain (5.5%) and metallic (1.5%), loss of
resin that covers the screw (23.8%) and loss of retention overdentures on implants (18.6%)
had a higher occurrence. The failure of adaptation between the abutment and the implant
(6.9%) and especially between the prosthesis and the abutment (25.4%) had a high prevalence
and, when related to other parameters showed a significant association, particularly with the
cemented prosthesis (OR = 6.79). It can be concluded that to minimize the appearance of
failures, protocols must be observed from diagnosis to the settlement and control of
prostheses on implants, particularly with respect to technical steps of the making of the
prosthesis and care in radiographic evaluating the fit between their components.
Key-Words: Dental implant. Dental prosthesis implant-supported. Survival Analysis.
Treatment failure. Radiograph.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1. Descrição da obtenção da amostra do estudo.............................................. 26
Figura 4.2. Prótese unitária sobre implante.................................................................... 27
Figura 4.3. Prótese parcial múltipla sobre implantes....................................................... 28
Figura 4.4. Prótese do tipo protocolo: a) aspecto clínico, b) aspecto radiográfico......... 28
Figura 4.5. Prótese Overdenture sistema barra/clip: a) prótese total; b) clip para
retenção; c) barra instalada; d) prótese instalada.......................................... 29
Figura 4.6. Overdenture sistema O´ring: a) Prótese com componentes
“fêmea” para o sistema O’ring; b) Prótese Instalada.................................... 29
Figura 4.7. Afrouxamento do parafuso com perda da resina que recobria o mesmo...... 31
Figura 4.8. Fratura da porcelana..................................................................................... 32
Figura 4.9. Desadaptação Prótese/Pilar.......................................................................... 33
Figura 4.10. Desadaptação Pilar/Implante...................................................................... 34
Figura 4.11. Perda óssea peri-implantar com mais de três roscas do implante expostas 34
Figura 4.12. Ausência de perda óssea peri-implantar.................................................... 35
Quadro 4.1. Variáveis observadas durante a avaliação das próteses............................. 36
Figura 4.13. Variáveis relacionadas com a falha de adaptação Prótese/Pilar e
Pilar/Implante............................................................................................ 38
Figura 4.14. Subdivisão da variável tipo de prótese para a associação com a falha de
adaptação prótese/pilar............................................................................. 39
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1. Resumo das principais falhas técnicas encontradas na literatura.................. 22
Tabela 5.1. Análise descritiva da amostra estudada........................................................ 40
Tabela 5.2. Associação entre a falha de adaptação prótese/pilar com as variáveis
independentes e de confusão......................................................................... 42
Tabela 5.3. Associação entre a falha de adaptação pilar/implante com as variáveis
Independentes e de confusão............................................................................................ 43
Tabela 5.4. Associação entre a falha de adaptação prótese/pilar com o tipo de prótese.. 44
Tabela 5.5. Modelo final de regressão logística binária para a variável falha de
adaptação prótese/pilar..................................................................................................... 44
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………….............. 14
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 16
3. OBJETIVOS....................................................................................................... 23
3.1. OBJETIVOS GERAIS........................................................................................ 23
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................. 23
4. METODOLOGIA.............................................................................................. 24
4.1. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS............................................................................ 24
4.2. TIPO DE ESTUDO REALIZADO.................................................................... 24
4.3. LOCAL DO ESTUDO....................................................................................... 24
4.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA............................................................................ 25
4.4.1. População Estudada…………………………………….................................. 25
4.4.2. Critérios de Inclusão......................................................................................... 25
4.4.3. Critérios de Exclusão……………………........................................................ 25
4.4.4. Caracterização da Amostra……………………………................................. 25
4.5. AVALIAÇÃO CLÍNICA………………………………………..................... 26
4.5.1. Localização dos Implantes............................................................................... 27
4.5.2. Caracterização das Próteses............................................................................. 27
4.5.3. Verificação do Tipo de Oclusão....................................................................... 29
4.5.3.1. Movimentos excêntricos................................................................................... 30
4.5.3.2. Alteração nas curvas oclusais........................................................................... 30
4.5.4. Tipo de Fixação................................................................................................ 30
4.5.5. Avaliação do Parafuso de Fixação e do Material de Cobertura dos
Parafusos........................................................................................................... 31
4.5.6. Fratura de Material.......................................................................................... 31
4.5.7. Perda do Mecanismo de Retenção em Overdentures.................................... 32
4.5.8. Reparo Anterior............................................................................................... 32
4.6. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA……………………………...................... 33
4.7. ESTABELECIMENTO DO STATUS DO PACIENTE................................... 34
4.8. ELENCO DE VARIÁVEIS............................................................................. 34
4.9. APURAÇÃO E ANÁLISE……………………………………...................... 36
13
5. RESULTADOS……………………………………………………............... 39
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.......................................................... 39
5.2. ANÁLISE DESCRITIVA................................................................................ 39
5.3. ANÁLISE INFERENCIAL............................................................................. 41
5.3.1. Análise bivariada............................................................................................. 41
5.3.2. Análise multivariada....................................................................................... 43
6. DISCUSSÃO………………………………………………………................ 44
7. CONCLUSÃO……………………………………………………................ 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………............................ 51
APÊNDICES................................................................................................... 55
ANEXOS.......................................................................................................... 57
14
1. INTRODUÇÃO
O edentulismo e o uso de próteses tem um impacto elevado na saúde oral e no bem-
estar do paciente, relacionados com a qualidade de vida. Para indivíduos edêntulos, em
particular, o tratamento com implantes dentais nos últimos 30 anos, tem possibilitado
melhorias consideráveis na reabilitação oral. A necessidade e a procura de tratamento
reabilitador, especialmente com implantes, tem modificado o comportamento de muitos
indivíduos, acompanhando o desenvolvimento geral da sociedade (NARBY et al. 2012).
Segundo Ribeiro Filho, Melo e Zavanelli (2005), as próteses dentárias visam
restabelecer o funcionamento do sistema estomatognático, especialmente a estética, pois, ao
lado da dor, constituiu-se a razão principal da procura pelos pacientes aos tratamentos
odontológicos. As próteses convencionais foram a única opção de tratamento para perdas
dentárias durante muito tempo. Com o aumento da expectativa de vida, esta condição se
gravou já que o suporte utilizado nestas próteses é o rebordo alveolar residual, que sofre
reabsorção natural ao longo do tempo. No entanto, com o desenvolvimento da tecnologia e
avanço das pesquisas, os implantes osseointegrados, surgiram com o intuito, não só de
satisfazer as exigências estéticas dos pacientes, como, também com o objetivo de devolver
função mastigatória, fonética e conforto.
Os resultados das terapias com implantes têm sido apresentados na maioria dos
estudos clínicos, focando somente a sobrevivência dos implantes, sem prover informações
detalhadas sobre as reconstruções. Para a tomada de decisão, é importante conhecer as
proporções de sobrevida e a determinação das complicações técnicas e biológicas não
somente dos implantes, mas também das reconstruções (JUNG et al., 2008).
Quando se avalia os resultados da terapia com implantes orais, é importante considerar
as avaliações tanto dos clínicos quanto dos pacientes. Para o clínico, a sobrevivência do
implante, a longevidade das próteses, e a frequência de complicações são os parâmetros mais
significativos. Por outro lado, o impacto social e psicológico do tratamento, seu custo-
benefício e utilidade são assuntos de interesse dos pacientes de modo que suas avaliações
focam o efeito do tratamento sobre a estética, conforto, funcionalidade e, não menos
importante, em seu bem-estar pessoal e autoconfiança (ZITZMANN; MARINELLO, 2000).
15
Muitos estudos com próteses sobre implante são vagos em suas descrições sobre a
manutenção de próteses e necessidade de reparos. Parâmetros protéticos para o sucesso do
implante não tem sido bem definidos, pois deveriam incluir a satisfação do paciente e a
manutenção da prótese, incluindo a necessidade de ajustes e reparos (WALTON; McENTEE,
1994). Dentre as principais complicações técnicas das próteses sobre implantes que podem
levar ao insucesso ou à necessidade de reparo, são citadas na literatura a fratura ou perda do
parafuso do pilar, a perda do material obturador do acesso ao parafuso, fratura da estrutura
metálica, de resina ou cerâmica e a perda de retenção (PJETURSSON et al., 2012).
Nesse contexto, ressalta-se a importância da realização de pesquisas que avaliem o
prognóstico e as principais complicações dos diferentes tipos de reabilitações protéticas sobre
implantes. Desta forma, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar as complicações técnicas das
próteses de indivíduos reabilitados com implantes.
16
2. REVISÃO DA LITERATURA
As complicações mais comumente encontradas no tratamento envolvendo implantes
são as mecânicas. A combinação rígida de ancoragem implante-osso, fixação de componentes
prótéticos através de parafusos e a dinâmica envolvida resulta num ambiente de carga
complexo com frequente soltura e fratura do componente, bem como a degradação das
próteses. Características do design das próteses, componentes, materiais, e as questões
biomecânicas são importantes para serem observadas como potenciais influências sobre o
tempo de retratamento das próteses. As considerações sobre o design das próteses incluem a
localização e o número de implantes, tipo de conexão (implante-implante ou implante-dente),
retenção por parafusos ou cimentos e facilidade para higiene. Considerações sobre materiais
e componentes incluem o uso de pilares preparáveis ou não, tolerância do componente e
materiais selecionados. Considerações biomecânicas incluem forças funcionais e
parafuncionais, design dos cantilevers, composição do arco oposto, seleção do material
oclusal protético e passividade da prótese (CARR, 1998).
Walton e MacEntee (1994) avaliaram as necessidades de reparo e ajuste de próteses
sobre implantes, assim como a satisfação de 156 pacientes a partir de 781 fixações colocadas.
Os ajustes foram relacionados com: a) contorno correto para conforto, estética ou função; b)
oclusão adequada; c) aperto dos componentes protéticos e d) outras causas. Os ajustes tiveram
uma proporção de 0,8 para as próteses fixas implantossuportadas, comparados com 2,1 das
mucossuportadas e implanto-retidas removíveis. Já a proporção de reparos foi de 0,9 para as
fixas e de 1,9 para as removíveis. Para ambos os tipos de próteses, os reparos, na maioria,
(75%) foram necessários no primeiro ano de uso. Todos os reparos das próteses fixas foram
relativos às fraturas de alguns componentes, como o parafuso de ouro (27%), dentes de resina
acrílica (18%), rebordos de acrílico das próteses (14,4%), parafuso do pilar (10%), da
porcelana (7,2%), da estrutura metálica (6,3%) e outros (17,1%). Nas removíveis, os reparos
se concentraram em perdas e folgas dos clipes de retenção (31,4%), reembasamento (27%),
fraturas dos clipes de retenção (8,8%), Fratura dos dentes (7,3%), fratura da resina acrílica
(5,8%), fratura da estrutura metálica (5,1%) e outros (14,6%). Em relação à satisfação dos
pacientes com as próteses, de ambos os tipos, resultou-se em um alto índice de satisfação
(80%), apesar do grande número de ajustes e reparos realizados. A maior dificuldade
17
encontrada pelos pacientes foi em relação à higienização das próteses (51% para fixas e 68%
para removíveis). Os autores concluíram que um número substancial de reparos e ajustes foi
requerido para as próteses implanto-suportadas, particularmente nas removíveis Os ajustes
necessários mais comuns foram no contorno das próteses, enquanto que os reparos mais
comuns foram os clips nas próteses implanto-suportadas removíveis e o parafuso de retenção
nas fixas.
Considerando o sucesso do uso dos implantes osseointegrados para prover suporte
protético, Ribeiro Filho et al. (2005) realizaram um estudo com objetivo de avaliar a
sobrevivência de implantes osseointegrados do sistema Brånemark® e o grau de satisfação da
prótese instalada em pacientes totalmente desdentados nas arcadas da maxila e mandíbula.
Foram avaliados 298 implantes em 42 pacientes, sendo 18 homens (42,85%) e 24 mulheres
(57,15%), com idade média de 53,3 anos no período de 1990 a 1997. Foram instalados 119
implantes na maxila (39,93%) e 179 na mandíbula (60,07%). Os resultados evidenciaram uma
taxa de sobrevivência de 99,33% para os implantes e de 100% de sobrevivência das próteses,
com grau de satisfação geral de 94,9%. Com relação ao fator estético o índice de sucesso foi
de 74,3%, para a função de 89,7% e para a fonética de 82,1%. Os resultados sugerem que o
tratamento com implantes osseointegrados e próteses fixas implantossuportadas pode atingir
as necessidades e expectativas dos pacientes, desde que os protocolos previamente
estabelecidos sejam seguidos com rigor.
As complicações técnicas das próteses parciais fixas sobre implantes foram observadas
por Kreissl et al. (2007) em 76 pacientes, com um total de 205 implantes que serviram de
apoio para 112 próteses parciais fixas (46 coroas unitárias, 36 próteses parciais fixas
resultantes da união de 81 implantes, 7 pontes fixas e 23 próteses fixas com cantilever). O
período médio de avaliação foi de 5 anos e a média de sobrevida das próteses
implantossuportadas foi de 94,5%. As fraturas na porcelana das veneers foram as
complicações técnicas mais comuns com um total de 10 fraturas (5,7%), sendo 8 em coroas
unitárias e 2 em próteses com cantilevers. A perda de parafuso ocorreu em 14 implantes
(6,8%), sendo 6 (4,4%) em coroas unitárias e 2 (2,4%) em pontes com cantilevers; e a fratura
do parafuso ocorreu em 2% dos implantes, sendo 1 caso em coroas unidas, 2 casos em
unitárias e 1 caso em pontes com cantilevers. A probabilidade de fratura da estrutura metálica
foi de 1% e a única que ocorreu foi em um par de coroas unidas. Concluiu-se que as
complicações técnicas ocorreram em baixas médias para as próteses estudadas, porém elas
18
sempre causam um tempo extra de atendimento odontológico para o paciente. Entretanto, o
informe ao paciente sobre a possibilidade da necessidade de manutenção deveria ser padrão
para tratamentos reabilitadores sobre implantes.
Goodacre et al. (2003), realizaram uma revisão de literatura com a finalidade de
identificar os tipos de complicação mais comuns em reabilitações com próteses sobre
implantes e compará-las com as próteses convencionais, em que observaram trabalhos onde
foram avaliadas coroas unitárias (metálicas, metalocerâmicas e Veneers), próteses parciais
fixas (metálicas, metalocerâmicas e Veneers), coroas totais em cerâmica e próteses adesivas.
Os dados foram combinados de múltiplos estudos e chegou-se às seguintes conclusões:
através da avaliação de quinze estudos, observou-se uma perda óssea no primeiro ano entre
0,4 a 1,6mm, com uma média de 0,9mm. A média de perda óssea nos anos subsequentes foi
de 0,1mm por ano; as complicações mecânicas que ocorreram com maior frequência foram a
perda de retenção e necessidade de ajuste das overdentures (30%), fratura da resina em
próteses parciais fixas veneers (22%), necessidade de reembasamento das overdentures
(19%), fratura do sistema clip-attachment (17%), fratura da porcelana nas próteses fixas
veneers (14%), fratura da overdenture (12%), fratura da prótese da arcada oposta (12%),
fratura da base de resina acrílica (7%), perda do parafuso da prótese (7%), perda do parafuso
do pilar (6%); fratura do parafuso protético (4%), fratura da armação metálica (3%), fratura
do parafuso do pilar (2%) e fratura do implante (1%). Concluiu-se que, quando comparadas
com as próteses convencionais, as próteses sobre implantes apresentaram uma tendência a um
maior percentual de complicações do que os diversos tipos de próteses convencionais.
A taxa de sobrevivência e complicações técnicas em coroas unitárias
implantossuportadas foi estudada por Jung et al. (2008), através de uma meta-análise
realizada em vinte e seis estudos de coorte prospectivos e retrospectivos com pelo menos
cinco anos de acompanhamento, escolhidos após uma análise de 3601 títulos selecionados
inicialmente. A média de sobrevivência dos 1558 implantes suportando coroas unitárias foi de
96,8% e a média de sobrevida das coroas unitárias sobre implantes foi de 94,5% após cinco
anos de função, sendo que a média de sobrevivência das coroas metalocerâmicas (95,4%) foi
significativamente maior que a média das totalmente em cerâmicas (91,2%). As complicações
de tecido mole e peri-implantares adjacentes às coroas unitárias foi de 9,7% e em 6,3% dos
implantes observou-se perda óssea excedendo 2mm no período de observação de cinco anos.
A incidência de fratura de implantes neste período foi de 0,14%, a de perda do parafuso ou
19
pilar foi de 12,7% e em 0,35% houve a fratura do parafuso ou do pilar. Para as complicações
relacionadas com as supraestruturas, a incidência de fratura da cerâmica ou da estrutura
metálica foi de 4,5%. Os autores concluíram que após um período de observação de cinco
anos, elevada média de sobrevivência para implantes e coroas unitárias implantossuportadas
pode ser esperada. Entretanto, complicações são frequentes, principalmente as técnicas.
Com o objetivo de comparar as próteses fixas suportadas por dentes, por implantes e
as coroas unitárias com relação à incidência de complicações técnicas e biológicas, Pjetursson
et al. (2007) realizaram uma revisão sistemática. Os autores atentam para a necessidade de
diferenciar o que é sobrevivência, que é definida como a reconstrução remanescente in situ,
ou original, com ou sem modificação durante o período observacional e o sucesso pode ser
definido como uma reconstrução remanescente, sem modificações e livre de qualquer tipo de
complicação durante o período de observação. As complicações técnicas mais comumente
encontradas para próteses fixas sobre dentes foram a perda de retenção, com média anual de
0,66%, com cinco anos de 3,3%, a segunda mais comum foi a fratura do material (estrutura
metálica, revestimentos ou núcleos de reconstrução), com média anual de 0,32% e com cinco
anos de 1,6%. Para as próteses sobre implantes, a complicação técnica mais comum foi a
fratura do material de revestimento (resina ou cerâmica), com taxa anual de 2,53% e com
cinco anos de 11,9%, a segunda mais comum foi a perda do parafuso do pilar, com uma
média de complicação anual de 1,15% e de 5,6% com cinco anos. Analisando a proporção de
pacientes livres de complicação, as próteses convencionais sobre dentes tiveram uma menor
taxa de complicação anual (3,41%) do que as próteses fixas sobre implantes (9,78%). Com
cinco anos de avaliação a taxa de sucesso das próteses sobre dentes foi significantivamente
maior (84,3%), que as sobre implantes (61,3%). Com base nos resultados, o planejamento de
reabilitações protéticas deveriam preferencialmente incluir próteses fixas convencionais finais
sobre dentes como pilares, próteses fixas somente com implantes ou coroas unitárias
implanto-suportadas.
Aglietta et al. (2009) realizaram uma revisão sistemática para verificar a média de
sobrevida de próteses fixas sobre implantes com cantilevers e as complicações técnicas e
biológicas. A busca foi conduzida para identificar estudos do tipo coorte retrospectivos ou
prospectivos nos últimos 10 anos e foram eleitos 5 trabalhos para a metanálise que resultaram
na análise de 180 próteses com 354 implantes. Com relação às complicações técnicas, os
resultados demonstraram a fratura das coroas veneers como as complicações mais frequentes
20
e ocorreu em 16 casos (7,72%), fraturas do parafuso ou do pilar foram relatadas em 9 casos
(4,1%) e nenhuma fratura da estrutura metálica foi relatada nas publicações. Com relação à
perda óssea, não houve diferença estatisticamente significantiva quando comparadas as
próteses com e sem cantilevers. Concluiu-se que as próteses fixas implantossuportadas com
extensões representam uma modalidade de tratamento válida, sem expectativas de efeitos
sobre o nível ósseo devido à presença do cantilever.
A média de complicações protéticas em indivíduos edêntulos reabilitados com
próteses sobre implantes foi avaliada através de uma meta-análise realizada por Bozini et al.
(2011). Após a seleção, dezenove estudos foram avaliados totalizando 994 pacientes. As
complicações mais frequentes foram as fraturas das estruturas de revestimento com uma
média de 30,6%, 51,9% e 66,6% para os períodos de cinco, dez e quinze anos
respectivamente. Em seguida, a perda do parafuso do pilar (13%) e do parafuso da prótese
(15%) após quinze anos. A fratura do parafuso do pilar e da prótese representou uma taxa de
6,3% e 11,7%, após os quinze anos. A média estimada para a fratura da estrutura metálica,
desgaste do material e deficiências estéticas para o mesmo período foi de 8,8%, 43,5% e 9%,
respectivamente. Concluiu-se que próteses fixas sobre implante em resina apresentam
complicações frequentes, o que demanda uma disponibilidade de tempo do clínico para
resolvê-los.
Uma revisão sistemática foi realizada por Papaspyridakos et al. (2012) com o
propósito de avaliar a incidência e os tipos de complicações biológicas e técnicas, associadas
com próteses do tipo protocolo para pacientes edêntulos. As complicações técnicas
encontradas foram perda ou fratura do parafuso, fraturas parciais dos materiais, desgaste e/ou
reposição total de dentes em resina acrílica, fratura da barra, perda do material de obturação
do acesso ao parafuso, fratura da restauração oposta, transformação da prótese do tipo
protocolo em overdenture ou prótese total, insatisfação do paciente e outras complicações.
Essas complicações foram divididas em relacionadas com os implantes e as relacionadas com
as próteses. A complicação técnica mais comum relacionada com os implantes foi a perda do
parafuso oclusal/pilar. Dos 752 implantes, a média de complicação anual foi de 2,1%, em
cinco anos a média foi de 10,4% e em dez anos de 20,8%. A segunda mais comum foi a
fratura do parafuso, ocasionada possivelmente por parafunção, resultado da sobrecarga
oclusal, estresse cíclico decorrente de fadiga derivada de forças oclusais e desadaptação da
barra metálica. A média de incidência anual foi de 1,9%, em cinco anos de 9,3% e em dez
21
anos de 18,5%. Já a complicação técnica mais comum relacionada à prótese foi a fratura
parcial do material de revestimento. Todos os trabalhos citaram este tipo de problema, com
uma média anual de 6,7%, 33,3% em cinco anos e 66,6% em dez anos. A segunda
complicação mais comum foi a perda de material de obturação do acesso ao parafuso, com
uma média anual de 4,6%, 22,9% em cinco anos e 45,8% em 10 anos. Concluiu-se que
complicações técnicas e biológicas após a instalação das próteses do tipo protocolo ocorrem
continuamente ao longo do tempo, como resultado de fadiga e estresse. Estes eventos podem
não levar à falha do implante/prótese, mas são significantes com relação à quantidade de
reparo e manutenção requeridos, ocasionando custos para o paciente e profissional.
Pjetursson et al. (2012) realizaram uma revisão sistemática com o objetivo de avaliar a
sobrevivência de próteses fixas implantossuportadas em um período 5 e 10 anos, verificando a
incidência de complicações técnicas e biológicas. Após a seleção e análise dos artigos, um
total de 32 estudos foi considerado para avaliação. A média de sobrevivência das próteses
implanto-suportadas foi de 95,4% após 5 anos e 80,1% após 10 anos de função. Para as
complicações técnicas foi considerado o período mínimo de 5 anos. A complicação técnica
mais comum foi a fratura do material de revestimento, com uma média de 13,5%. A segunda
complicação técnica mais comum foi a perda da restauração que recobre o parafuso,
ocorrendo em 5,4%. A terceira mais comum foi a perda do parafuso do pilar com uma média
de 5,3% e do parafuso oclusal com ocorrida em 1,3% dos casos. A fratura da estrutura
metálica foi mais rara, ocorrendo em 0,5% das próteses. Cinco estudos relataram a fratura do
material de cimentação, levando à perda de retenção de próteses cimentadas (4,7%).
Concluiu-se que as próteses implantossuportadas é um método de tratamento seguro e
previsível, com altas médias de sobrevivência, entretanto, complicações técnicas e biológicas
são frequentes. Para minimizar a incidência de complicações, os profissionais deveriam
esforçar-se para escolher materiais e componentes adequados para as próteses
implantossuportadas e os pacientes deveriam ser inseridos em um programa bem estruturado
de manutenção após o tratamento.
Um resumo das principais falhas técnicas relacionadas com as próteses sobre
implantes, de acordo com a literatura, pode ser visto na tabela 2.1. Como se pode observar, as
falhas biomecânicas relacionadas com o parafuso de fixação e fraturas nas estruturas são as
mais evidenciadas nos trabalhos.
22
Tabela 2.1. Resumo das principais falhas técnicas encontradas na literatura. Natal/RN.
2012.
Parâmetros/
Estudo/
Fratura
do
Parafuso
Perda do
parafuso
Fratura
dos dentes
de resina
Fratura
da resina
Fratura
da
estrutura
metálica
Fratura da
porcelana e
resina de
veneers
Fratura
da over-
denture
Perda da
resina
sobre o
parafuso
Perda de
retenção
Walton;
MacEntee, 1994
(156 pacientes, 781
implantes)
37%
25,3%
20,2%
11,4%
7,2%
39%
Goodacre et al.
2003 (Revisão de
literatura – 15
estudos)
6%
13%
7%
3%
36%
12%
30%
Kreissi et al. 2007
(76 pacientes,205
implantes)
2%
6,8%
1%
5,7%
Jung et al. 2008
(Metanálise com
1558 implantes)
0,35%
12,7%
4,5%
4,5%
Ptjersson et al.
2007 (Revisão
sistemática- 5 anos)
5,6%
11.9%
Aglietta et al. 2009
(Revisão
sistemática.
Próteses sobre
implantes com
cantilévers, 354
implantes – 10
anos)
4,1%
0%
7,72%
Bozini et al. 2011
(meta-análise – 15
anos)
11,7%
28%
8,8%
66,6%
Papaspyridakos et
al. 2012 (Revisão
sistemática – 10
anos)
18,5%
20,8%
66,6%
45,8%
Pjetursson et al.
2012 (Revisão
sistemática) – 5
anos
1,3% 5,3% 0,5% 13,5% 5,4%
23
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar as complicações técnicas das próteses sobre implantes em pacientes que se
submeteram a cirurgia para instalação de implantes no Departamento de Odontologia da
Universidade Federal do Rio grande do Norte (UFRN).
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Determinar quais as principais complicações técnicas das próteses sobre implantes e
as suas frequências através de exame clínico e radiográfico;
- Discutir sobre quais fatores podem estar associados com as complicações de maior
ocorrência;
24
4. METODOLOGIA
4.1. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O estudo foi executado de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde após a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
sob parecer de no 024/211, protocolo 186/10-P (Anexo 1)
Os pacientes receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice
1), constando informações sobre a proposição do trabalho, riscos e benefícios e autorização
para divulgação dos resultados. Foi informado aos pacientes que qualquer dano ocorrido por
ocasião da pesquisa, seria ressarcido de custos e o tratamento necessário para resolução do
ocorrido seria realizado.
4.2. TIPO DO ESTUDO REALIZADO (CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA)
Trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada, descritiva, ex-pos-facto, com fontes de
informações de campo e abordagem quantitativa. O tipo de estudo foi individuado,
observacional e transversal.
4.3. LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado nas clínicas odontológicas do Departamento de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
25
4.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA
4.4.1. População estudada
]
Os indivíduos deste estudo foram selecionados do total de pacientes que realizaram
tratamento cirúrgico com implantes dentários, na disciplina de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofaciais do Departamento de Odontologia da UFRN no período de 2000 a 2011.
4.4.2. Critérios de Inclusão
- Pacientes que realizaram cirurgia para instalação de implantes dentários no
Departamento de Odontologia da UFRN, no período de 2000 a 2011.
- Pacientes com reabilitações unitárias, parciais fixas, totais fixas e removíveis
sobre implantes, realizadas no Departamento de Odontologia da UFRN e em outras
instituições de ensino ou consultórios particulares;
- Pacientes com próteses sobre implantes provisórias ou definitivas.
4.4.3. Critérios de Exclusão
- Pacientes que não tinham mais de seis meses de reabilitação;
- Pacientes impossibilitados de comparecer às consultas de avaliação.
4.4.4. Caracterização da amostra
Foram colhidas as fichas clínicas da disciplina de Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxillofaciais do ano de 2000 a 2011 referentes aos pacientes que foram atendidos para
instalação de implantes dentários, obtendo-se assim, 353 prontuários. Em seguida, contatos
telefônicos foram efetuados e os pacientes foram convidados a comparecer na data e hora
marcada para uma avaliação clínica e radiográfica das próteses sobre implante na clínica
multidisciplinar do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Muitos números de telefone não pertenciam mais aos pacientes cadastrados ou não foi
26
possível completar a ligação. Os pacientes que não compareceram as sessões foram
remarcados para uma nova data de atendimento.
O tamanho da amostra foi calculado pelos seguintes parâmetros: significância de 5% e
poder de 80% para detectar um odds ratio de 2,0. Pela variabilidade das prevalências de falhas
encontradas nos diversos estudos, optou-se por considerar uma prevalência de exposição da
falha de 26,0%, baseado no estudo de Pjetursson et al (2012), contemplando acréscimo de
10% para perdas e recusas. O total da amostra foi constituída de 250 casos. Entretanto,
considerando a possibilidade de ampliação do n amostral, buscou-se elevar o tamanho para o
mais próximo possível da população. Assim, o tamanho da amostra foi de 509 implantes,
conforme distribuição na figura 4.1.
Figura 4.1. Descrição da obtenção da amostra do estudo.
4.5. AVALIAÇÃO CLÍNICA
Inicialmente os dados pessoais do paciente foram atualizados e preenchidos na nova
ficha, juntamente com as observações da anamnese e a data de instalação dos implantes e das
próteses sobre implantes. Em seguida procedeu-se o exame intra-oral e os dados observados
foram registrados em uma ficha clínica específica para o estudo (Anexo 2) na seguinte
sequência:
353 pacientes com implantes dentários
142 não conseguimos
contato
211 convocados para a pesquisa
3 faleceram
153 pacientes
atendidos
31 não
compareceram
24 recusaram a
participar
509 implantes
avaliados
27
4.5.1 Localização dos implantes.
A localização do implante foi feita com base na posição do elemento dentário o qual
foi substituído, sendo estabelecida através dos dados registrados no prontuário do paciente e
conferidos através do exame clínico e radiográfico.
4.5.2. Caracterização das próteses.
Através do exame clínico, as próteses foram classificadas em próteses unitárias
(figura 4.2), próteses parciais múltiplas, quando havia a união dois ou mais elementos
protéticos (figura 4.3), próteses totais do tipo protocolo (figura 4.4) e próteses totais do tipo
overdenture com sistema barra/clip ou O’ring (figuras 4.5 e 4.6). As próteses foram
classificadas, também, de acordo com a sua localização em anteriores e posteriores, com
exceção das próteses do tipo protocolo e overdenture, cuja classificação não se aplicava.
Figura 4.2. Prótese unitária sobre implante.
28
Figura 4.3. Prótese parcial múltipla sobre implantes.
Figura 4.4. Prótese do tipo protocolo: a) aspecto clínico, b) aspecto radiográfico.
29
Figura 4.5. Prótese Overdenture sistema barra/clip: a) prótese total; b) clip para
retenção; c) barra instalada; d) prótese instalada.
Figura 4.6. Overdenture sistema O´Ring: a) Prótese com componentes “fêmea” para o
sistema O’ring; b) Prótese Instalada.
4.5.3. Verificação do tipo de oclusão.
A oclusão foi considerada como maloclusão quando havia a presença de relações
maxilomandibulares do tipo classe II ou III de Angle, interferências nos movimentos
30
excêntricos (protrusão e lateralidade), alterações nas curvas oclusais e na dimensão vertical.
Nos demais casos a oclusão foi considerada fisiológica.
A relação maxilomandibular foi considerada classe II quando existia uma relação
dental na qual o arco dental mandibular é posterior ao maxilar em um ou em ambos os
segmentos laterais; o primeiro molar mandibular é distal ao primeiro molar maxilar. Já na
relação maxilomandibular classe III, o arco dental mandibular é anterior ao arco maxilar em
um ou em ambos os segmentos laterais; o primeiro molar mandibular é mesial ao primeiro
molar maxilar. Os incisivos mandibulares estão geralmente em mordida cruzada anterior.
(THE ACADEMY OF PROSTHODONTICS, 1999).
4.5.3.1. Movimentos excêntricos:
Protrusão: Na oclusão fisiológica há toque nos dentes anteriores e desoclusão nos
dentes posteriores. Quando isto não ocorria, considerava-se maloclusão.
Lateralidade: Na oclusão fisiológica, no lado de trabalho há o toque dos dentes de pré-
molar a molar (função em grupo) ou apenas no canino (guia canina) e no lado de balanceio
não há toque em nenhum dente. Quando isso não ocorria, considerava-se maloclusão.
4.5.3.2. Alterações nas curvas oclusais:
Considerou-se maloclusão nos casos onde havia a presença de elementos dentais e
protéticos em infra e supra-oclusão.
4.5.4. Tipo de fixação.
De acordo com o exame clínico, as próteses foram classificadas quanto à sua fixação
em parafusadas, cimentadas, barra-clip e O’ring.
31
4.5.5. Avaliação do parafuso de fixação e do material de cobertura dos parafusos.
O afrouxamento, perda ou fratura do parafuso foi considerado quando o paciente
relatava que sentia a soltura do aparelho protético no momento da avaliação e aliado a isso foi
feita uma avaliação da mobilidade do aparelho utilizando o cabo de dois instrumentais rígidos
e inspeção visual. Se houvesse resposta positiva para os dois critérios e o parafuso estivesse
inteiro, era considerado afrouxamento do parafuso. Se houvesse resposta positiva para os dois
critérios e o parafuso estivesse fraturado, era considerada fratura do parafuso. Se houvesse
resposta positiva para os dois critérios e o parafuso estivesse ausente, era considerada perda
do parafuso. A perda do material de proteção ao parafuso das próteses foi avaliada através do
exame visual (Figura 4.7).
Figura 4.7. Afrouxamento do parafuso com perda da resina que recobria o mesmo.
4.5.6. Fratura de material.
32
A fratura da resina, cerâmica ou estrutura metálica foi considerada exclusivamente
pela avaliação clínica do aparelho protético através do uso de espelho clínico em casos de
próteses fixa e pela avaliação clínica do aparelho protético fora da boca em casos de próteses
removíveis (Figura 4.8).
Figura 4.8. Fratura da porcelana.
4.5.7. Perda do mecanismo de retenção em overdentures.
Esta foi considerada através de relato do paciente, aliado à facilidade da remoção da
prótese durante a avaliação, devido à perda de função do clip (no sistema barra/clip) ou da
fêmea (no sistema O´ring).
4.5.8. Reparo Anterior.
A necessidade de reparo anterior também foi registrada através de relatos do paciente.
33
4.6. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA
Para avaliação radiográfica, radiografias periapicais padronizadas, utilizando a técnica
do paralelismo com o auxílio de posicionadores, foram obtidas para avaliar a adaptação entre
a cabeça do implante e o pilar e entre este e a prótese. Foi considerada desadaptação quando
existia imagem de descontinuidade entre a prótese e o pilar (Figura4.9) e entre o pilar e o
implante (Figura4.10). A presença de perda óssea também foi observada radiograficamente e
considerada como presente quando se verificava a exposição de pelo menos três roscas do
implante (Figura 4.11) e ausente quando não havia perda óssea ou esta se encontrava
envolvendo até duas roscas do implante (Figura 4.12).
Figura 4.9. Desadaptação Prótese/Pilar.
34
Figura 4.10. Desadaptação Pilar/Implante.
4.7. ESTABELECIMENTO DO STATUS DO PACIENTE
O Status do paciente foi definido de acordo com as seguintes situações:
- Avaliado e finalizado: quando não havia nenhuma necessidade de reparo, ou seja, a
prótese estava sem nenhum tipo de falha;
- Remarcado para reparo: quando havia algum tipo de falha passível de reparação, sem
a necessidade de troca da prótese;
- Encaminhado para nova prótese: quando havia a presença de uma falha com
impossibilidade de reparo. Quando havia ocorrência deste tipo de falha em pelo menos um
dos componentes da prótese, levou à indicação para a substituição da mesma.
4.8. ELENCO DE VARIÁVEIS
35
Foram avaliadas individualmente as principais falhas técnicas das próteses sobre
implante observando-se as variáveis descritas no quadro 4.8.1.
Quadro 4.8.1. Variáveis observadas durante a avaliação das próteses.
VARIÁVEIS CATEGORIA
Idade Anos
Sexo Masculino
Feminino
Prótese Provisória
Definitiva
Tipo de prótese Prótese unitária
Prótese total removível (Overdenture)
Protocolo (Prótese fixa total sobre implante)
Prótese parcial múltipla
Localização da Prótese Anterior
Posterior
Não se aplica
Tipo de material Resina
Metalocerâmica
Tipo de Oclusão Fisiológica
Maloclusão
Tipo de fixação Parafusada
Cimentada
Overdenture Barra-Clip
Overdenture O'ring
Afrouxamento do parafuso Não
Sim
Fratura do parafuso Não
Sim
Perda do parafuso Não
Sim
36
Fratura da estrutura Não
Sim
Não se aplica
Fratura da resina Não
Sim
Não se aplica
Fratura da porcelana Não
Sim
Não se aplica
Falha de adaptação prótese/pilar Não
Sim
Não se aplica
Falha de adaptação pilar/implante Não
Sim
Perda de retenção Não
Sim
Não se aplica
Reparo Anterior Não
Sim
Status do paciente Avaliado e finalizado
Remarcado para reparo
Encaminhado para confecção de nova prótese
Perda da resina que cobre o parafuso Sem Perda
Com perda
Não se aplica
4.9. APURAÇÃO E ANÁLISE
Após a coleta, os dados foram transcritos para ficha padronizada e digitados em
computador, para gerenciamento do banco de dados e análise estatística. A construção do
banco de dados e a análise estatística descritiva e inferencial foram feitas no programa
estatístico SPSS (Statistical Package SS), versão 19.0 for Windows.
37
Falha de
Adaptação Prótese/Pilar
Na análise descritiva os dados categóricos foram apresentados na forma de tabelas por
freqüências absolutas e relativas. Em busca de fatores que pudessem ter associação com a
falta de adaptação, foi realizada uma análise bivariada, com o Teste de Qui-quadrado, com
correção de continuidade de Yates ou o Teste Exato de Fisher, quando pertinentes, com os
respectivos odds ratio (OR) brutos. As variáveis consideradas para esta análise podem ser
observadas na figura 4.13.
Figura 4.13. Variáveis relacionadas com a falha de adaptação Prótese/pilar e
Pilar/Implante.
Legenda:
Variáveis Dependentes Variáveis Independentes Variáveis de confusão
Dentro da análise bivariada, a variável tipo de prótese foi subdividida nas variáveis
unitária/protocolo, unitária/prótese múltipla e protocolo/prótese múltipla com o objetivo de
verificar a associação dos tipos de prótese individualmente com a falha de adaptação
prótese/pilar (figura 4.14).
Falha de Adaptação
Prótese/Pilar e Pilar/Implante
Idade
Tempo de Uso
Tipo de Prótese
Reparo Anterior
Localização da
Prótese
Tipo de Fixação
Gênero
38
Figura 4.14. Subdivisão da variável tipo de prótese para associação com a falha de
adaptação prótese/pilar.
Legenda:
Variável Dependente Variáveis Independentes
Por fim, para testar os efeitos preditivos das variáveis independentes associadas à falha
de adaptação entre a prótese e o pilar, foi realizada análise multivariável mediante modelos
de regressão logística binária. Foi utilizado o método “enter” para introdução das variáveis
nos modelos, de acordo com o nível de significância estabelecido (p< 0,10).
Em toda a análise foi considerado um p value padrão de 0,05 e intervalo de
confiança de 95%.
Falha de Adaptação
Prótese/Pilar
Unitária/ Protocolo
Protocolo/
Prótese Múltipla
Unitária/
Prótese Múltipla
39
5. RESULTADOS
Com o objetivo de promover uma melhor compreensão, os resultados foram divididos
em três partes:
- Caracterização da amostra;
- Análise descritiva;
- Análise Inferencial
a) Análise bivariada
b) Análise multivariada
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra foi composta por 509 implantes, sendo 116 (22,8%) em homens e 393
(77,2%) em mulheres, com média de idade dos sujeitos de 56,7 (±10,8) anos. Os locais mais
frequentes dos implantes foram no elemento 36 (8,4%), 46 (7,1%) 45 (5,9%) e 21 (5,5%). A
média de tempo de uso das próteses foi de 4,05 (±2,67) anos.
5.2. ANÁLISE DESCRITIVA
A análise descritiva dos dados da amostra pode ser observada na tabela 5.1.
Tabela 5.1. Análise descritiva da amostra estudada. Natal/RN 2012.
Variáveis
N
%
Prótese Provisória
Definitiva
28
481
5,5
94,5
Tipo
de Prótese
Prótese Unitária
Prótese Total Removível
Protocolo
Prótese Parcial Mútipla
196
87
70
156
38,5
17,1
13,8
30,6
40
Localização da
Prótese
Anterior
Posterior
Não se aplica
102
253
154
20,0
49,7
30,3
Tipo de Material Resina
Metalocerâmica
186
323
36,5
63,5
Tipo de Oclusão Fisiológica
Maloclusão
334
175
65,7
34,3
Tipo de Fixação Cimentada
Parafusada
Overdenture Barra-Clip
Overdenture O’Ring
115
307
70
17
22,6
60,3
13,8
3,3
Afrouxamento do
parafuso
Não
Sim
492
17
96,7
3,3
Fratura do
parafuso
Não
Sim
508
1
99,8
0,2
Perda do parafuso Não
Sim
507
2
99,6
0,4
Fratura da
estrutura
Não
Sim
467
7
98,5
1,5
Fratura da resina Não
Sim
163
23
87,6
12,4
Fratura da
porcelana
Não
Sim
306
17
94,7
5,3
Perda de retenção Não
Sim
70
17
81,4
18,6
Perda da resina
que cobre o
parafuso
Sem Perda
Com perda
138
43
76,2
23,8
Falha de
adaptação
pilar/implante
Não
Sim
474
35
93,1
6,9
Falha de
adaptação
Não
Sim
315
107
74,6
25,4
41
prótese/pilar
Reparo anterior Não
Sim
399
110
78,4
21,6
Status do paciente Avaliado e finalizado
Remarcado para reparo
Encaminhado para nova
prótese
280
65
164
55,0
12,8
32,2
5.3. ANÁLISE INFERENCIAL
5.3.1. Análise Bivariada
A tabela de 5.2 mostra a análise bivariada entre a falha de adaptação prótese/pilar e as
variáveis independentes e de confusão. Observaram-se associações significativas da falha com
o tipo de prótese (p=0,004), o tipo de fixação (p<0,001), o gênero (p=0,001) e o reparo
anterior (p=0,03).
Tabela 5.2. Associação entre a falha de adaptação prótese/pilar com as variáveis
independentes e de confusão. Natal/RN 2012.
Falha de Adaptação
Prótese/Pilar
Variável
Não
N
%
Sim
n
%
Orbruta(IC95%)
p
Tipo de
Prótese
Unitária
Protocolo
Parcial Múltipla
143
63
109
73,0
90,0
69,9
53
7
47
27
10
30,1
- 0,004
Tipo de
Fixação
Parafusada
Cimentada
107
208
93,0
67,8
8
99
7,0
32,2
6,36 (2,98-13,57) 0,000
Faixa Etária Até 50 anos
De 51 a 60 anos
61 anos e mais
87
140
105
73,1
80,9
71,4
32
33
42
26,9
19,1
28,6
- 0,108
Gênero Masculino
Feminino
96
236
87,3
71,7
14
93
12,7
28,3
2,70(1,46-4,97) 0,001
Tempo de Uso Até 2 anos
3 anos e mais
120
212
76,9
74,9
36
71
23,1
25,1
1,11(0,70-1,76) 0,638
42
Localização da
Prótese
Anterior
Posterior
73
183
70,9
72,3
30
70
29,1
27,7
0,93(0,56-1,54) 0,781
Reparo
Anterior
Não
Sim
268
64
77,9
67,4
76
31
22,1
32,6
1,70(1,03-2,81) 0,034
A tabela de 5.3 mostra a análise bivariada entre a falha de adaptação pilar/implante e
as variáveis independentes e de confusão. Não foram observadas associações significativas.
Tabela 5.3. Associação entre a falha de adaptação pilar/implante com as variáveis
independentes e de confusão. Natal/RN 2012.
Falha de Adaptação
Pilar/Implante
Variável
Não
N
%
Sim
n
%
Orbruta(IC95%)
P
Tipo de
Prótese
Unitária
Total removível
Protocolo
Parcial Múltipla
181
83
64
146
92,3
95,4
91,4
93,6
15
4
6
10
7,7
4,6
8,6
6,4
- 0,739
Tipo de
Fixação
Parafusada
Cimentada
108
283
93,9
92,2
7
24
6,1
7,8
1,30(0,54-3,12) 0,544
Faixa Etária Até 50 anos
De 51 a 60 anos
61 anos e mais
113
182
179
90,4
95,3
92,7
12
9
14
9,6
4,7
7,3
- 0,236
Gênero Masculino
Feminino
110
364
94,8
92,6
6
29
5,2
7,4
1,46(0,59-3,60) 0,409
Tempo de Uso Até 2 anos
3 anos e mais
170
304
93,9
92,7
11
24
6,1
7,3
1,22(0,583-2,55) 0,597
Localização da
Prótese
Anterior
Posterior
94
237
91,3
93,7
9
16
8,7
6,3
0,70(0,30-1,65) 0,419
Reparo
Anterior
Não
Sim
367
107
92,0
97,3
32
3
8,0
2,7
0,32(0,97-1,07) 0,52
A tabela de 5.4 mostra a análise bivariada entre a falha de adaptação prótese/pilar e os tipos
de próteses de forma individual. Foram observadas associações significativas entre a falha de
43
adaptação prótese/pilar e as variáveis Unitária/Protocolo (p=0,003) e Protocolo/Prótese
múltipla (p= 0,001).
Tabela 5.4. Associação entre a falha de adaptação prótese/pilar com o tipo de prótese.
Natal/RN 2012.
Falha de Adaptação
Prótese/Pilar
Variável
Não
N
%
Sim
n
%
Orbruta(IC95%)
P
Unitária/
Protocolo
Unitária
Protocolo
143
63
73,0
90,0
53
7
27,0
10,0
0,30(0,12-0,69) 0,003
Unitária/
Prótese
Múltipla
Unitária
Prótese
Múltipla
143
109
73,0
69,9
53
47
27,0
30,1
1,16(0,73-1,85) 0,523
Protocolo/
Prótese
Múltipla
Protocolo
Prótese
Múltipla
63
109
90,0
69,9
7
47
10,0
30,1
3,88(1,65-9,10) 0,001
5.3.2. Análise Multivariada
A tabela 5.5 mostra o modelo final de regressão logística binária para a variável falha
de adaptação prótese/pilar. Observou-se que ter a prótese cimentada elevou em 5,39 a chance
de apresentar a falha de adaptação e ser do sexo feminino elevou em 2,9. Com relação ao tipo
de prótese, a unitária apresentou um risco de 3,52 em relação a prótese do tipo protocolo.
Tabela 5.5. Modelo final de regressão logística binária para a variável falha de adaptação
prótese/pilar. Natal/RN 2012.
VARIÁVEIS
OR
IC 95%
P
Gênero
Masculino
Feminino
1
2,9
1,47
5,01
0,001
Tipo de fixação
Parafusada
Cimentada
1
5,39
2,91
13,5
<0,001
Unitária/protocolo
44
1
0
1
3,52
1,49
8,26
0,004
Hosmer and Lemeshow test p= 0,44
6. DISCUSSÃO
A reabilitação de arcos edêntulos com próteses suportadas por implantes orais de dois
estágios tem sido bem documentada como uma opção de tratamento viável ao longo prazo.
Atualmente, a clínica na implantodontia deve ser caracterizada tratamentos usando protocolos
simples e bem suportados por dados científicos (HINZE et al., 2010).
Estudos sobre a longevidade e a sobrevivência dos implantes são frequentes na
literatura, porém muitos deles não se preocupam com as reconstruções e seus problemas
técnicos e biológicos (JUNG et al., 2008; WALTON, MAcENTEE, 1994; WALTON, 1998;
BOZINI et al., 2011). Antigamente o conceito utilizado era o proposto por Adell et al., em
1981 com o termo estabilidade protética contínua, que estabelecia o sucesso das próteses
quando não havia a necessidade de retornar ao uso temporário ou definitivo das suas antigas
próteses removíveis e os resultados apontavam índices de sucesso próximos de 100%. Hoje se
sabe que é importante atentar que não somente a taxa de sobrevivência das próteses deve ser
avaliada e sim questionamentos como: a prótese original instalada ainda é a mesma do final
do estudo? Que modificações foram feitas nas próteses? E quais foram às necessidades de
manutenção e reparo? (WALTON, 1998)
Os ajustes devem ser esperados em tratamentos mais complexos, porém os reparos não
deveriam aparecer em períodos curtos de tempo após reabilitação com próteses sobre
implantes. O seu aparecimento precoce pode afetar não somente a confiança do paciente no
profissional, mas a viabilidade financeira do procedimento (WALTON; MAcENTEE, 1994).
Há uma falta de uniformidade na literatura odontológica com relação aos diferentes
tipos de complicação em próteses implantossuportadas. A falta de estudos bem delineados
com critérios bem definidos pode levar a negligenciar implicações clínicas relevantes. Através
da observação da literatura científica, selecionaram-se as falhas mais comuns das próteses
sobre implantes para serem avaliadas neste trabalho.
45
Dentro de uma avaliação de 509 implantes, as falhas técnicas menos frequentes foram
às relacionadas com o parafuso de fixação como o afrouxamento do parafuso que ocorreu em
17 casos (3,3%), perda do parafuso em 2 casos (0,4%) e a fratura do mesmo, ocorrida em
apenas uma das fixações (0,2%), com índices abaixo dos encontrados na literatura
(WALTON, MAcENTEE, 1994; KREISSI et al., 2007; JUNG et al., 2008; BOZINI et al.,
2011; PAPASPYRIDAKOS et al., 2012). Esta diferença pode ser explicada pelo fato do
estudo ser do tipo transversal, o que demonstra a situação das próteses no momento em que
foram observadas, não considerando o grande número de reparos anteriores (110 casos –
21,6%), que muitas vezes estão relacionados com o reapertamento ou troca do parafuso de
fixação. Além disso, em 174 casos (34,3%) havia a presença de maloclusão que, apesar de ser
apontada como uma das causas de fraturas ou desaperto de parafusos, pois a carga vertical,
quando não ocorre no sentido do longo eixo e em numa magnitude acima do que suporta o
conjunto, pode levar ao deslocamento ou fratura do parafuso (HEBEL; GAJJAR, 1997), não
parece ter exercido influência neste tipo de falha.
A fratura das estruturas também foi observada em baixa prevalência, tendo ocorrida a
fratura da resina em 23 casos (12,4%), a fratura da porcelana em 17 (5,5%) e a fratura da
estrutura metálica em 7 (1,5%). A fratura da estrutura pode ser demonstrada em revisões
sistemáticas e meta-análises (BOZINI et al., 2008; PAPASPYRIDAKOS et al., 2012;
PJETURSSON et al., 2012) como uma das principais falhas técnicas, com percentuais
chegando até 66%, o que pode ser explicado pelo período de tempo em que as próteses foram
avaliadas (10 e 15 anos), enquanto que neste estudo, pelo desenho proposto, considerou
períodos de tempo de uso das próteses de 1 até 11 anos, com uma média de 4 anos, o que leva
a crer que o fator tempo pode ter influência na prevalência deste tipo de falha
(PAPASPYRIDAKOS et al., 2012).
A perda da resina que cobre o parafuso de fixação foi observada em 43 casos (23,8%),
com uma prevalência mais baixa que a encontrada na revisão sistemática de
PAPASPYRIDAKOS et al., 2012 (45,8%), talvez pelo tempo de 10 anos considerado nesse
estudo. Este tipo de complicação pode ser responsável por uma boa parte dos reparos
realizados anteriormente, já que é uma das complicações mais frequentes e dessa forma, é
uma falha que pode ser subestimada quando se faz avaliações transversais, pois não se
considera essa possibilidade. Nenhum dos trabalhos utilizados nesta pesquisa abordou a
46
prevalência de reparos anteriores, talvez por não considerá-lo uma falha da prótese. Neste
trabalho observou-se a realização de reparo anterior em 21,6% dos casos.
Com relação às proteses do tipo overdenture, a falha mais comum foi a perda de
retenção da prótese, tendo ocorrido em 16 casos (18,6%), fato este suportado pela literatura
que afirma que há um consenso de que as necessidades de manutenção são bem maiores
durante o primeiro ano, no que diz respeito à alteração de contorno (ajustes pós-inserção) e
manutenção dos componentes relacionados ao encaixe da prótese(PAYNE; SOLOMONS,
2000). Problemas como afrouxamento, perda ou fratura dos clips retentivos são as principais
necessidades de reparo das overdentures (WALTON, MAcENTEE, 1994). O desgaste ou a
fratura do pilar do tipo “bola” parecem ser menos frequente, entretanto a manutenção do
parafuso de retenção do pilar, especialmente nos sistemas magnéticos, é alta. A carga de
manutenção do componente “fêmea” é, sem dúvida, a maior, independentemente se é do tipo
O’ring, molas de titânio, componentes de ouro, magnético ou sistema barra clip. A
substituição das borrachas dos O’rings é recomendada anualmente ou a cada dois anos,
dependendo do número de implantes utilizados. A necessidade de manutenção está
relacionada também com o tempo de uso das próteses e a distância entre os pilares é
importante, sendo recomendada a distância relativa ao espaço entre os caninos ou numa
distância máxima de 35mm (PAYNE; SOLOMONS, 2000). É importante que o paciente seja
avisado desta necessidade de manutenção durante a elaboração do plano de tratamento.
Na avaliação da adaptação das estruturas componentes do conjunto prótese/implante
observou-se, radiograficamente, a falha de adaptação entre o pilar e a superfície do implante
em 35 casos (6,9%) e entre as próteses e os pilares em 107 casos (25,4%), fato não relatado na
literatura. A desadaptação entre o implante e o pilar traz problemas biológicos e mecânicos.
Os problemas biológicos estão relacionados com a presença de bactérias que são encontradas
na porção apical ao parafuso do pilar, o que pode interferir em longo prazo na saúde dos
tecidos peri-implantares (JEMT; BOOK, 1996). Os problemas mecânicos estão relacionados
à micromovimentos e possível perda ou fratura dos parafusos de fixação do pilar, rotação e
até fratura do pilar (YOKOYAMA et al., 2002; KANO, BINON, CURTIS, 2007; KAN et al.,
1999, TORRES et al., 2011 ). Ou seja, a desadaptação pode servir como o fator desencadeante
para a ocorrência de outros tipos de falhas.
47
Assim como nas próteses fixas convencionais, a causa da desadaptação entre as
estruturas da prótese sobre implante é multifatorial. Distorções podem ocorrer em várias
dimensões e podem ser introduzidas por um ou mais dos seguintes fatores: alinhamento dos
implantes, materiais e técnicas de impressão utilizadas, processo de fabricação da estrutura
metálica, configuração do desenho da estrutura metálica e experiência clínica e técnica dos
profissionais para a realização dos procedimentos e avaliação da passividade. O uso de
diferentes técnicas de impressão, Jigs de verificação, metais de baixa fusão, estruturas
metálicas fundidas em secções, têm sido sugeridas para minimizar desadaptações devido à
fabricação das estruturas. Secção e solda das estruturas podem minimizar alguma
discrepância, mas ainda pode não criar uma adaptação absoluta (KAN et al., 1999). Apesar de
se observar que não há um consenso com relação ao nível de desadaptação clinicamente
aceitável (TORRES et al., 2011), uma adaptação definida como passiva pode ser considerada
como aquela que não é capaz de causar alguma complicação em longo prazo e sugere-se que
desadaptações menores que 150µm são aceitáveis (BARBOSA et al. 2010).
A inspeção táctil e visual não parece ser suficiente para avaliação das desadaptações,
especialmente quando têm localização subgengival, além disso, desadaptações de até 500 µm
não podem ser vistas através deste tipo de exame, portanto, radiografias são utilizadas
rotineiramente para examinar a adaptação de componentes de implantes, particularmente
quando a sua interface não é facilmente visível, sendo a radiografia periapical a técnica de
escolha (KAN et al., 1999). O uso de radiografia periapical para verificar adaptação, não é
único da implantodontia, pois sua evidência existe desde a avaliação das próteses
convencionais. Porém, a verificação da interface dos componentes protéticos pelas
radiografias periapicais têm sido avaliadas, desde que, teoricamente, os planos de superfície
opostos têm que estar paralelos ao cone de raios-x para que uma desadaptação vertical seja
detectada (CAMERON et al., 1998, ORMAECHEA, MULLSTEIN e HIRAYAMA, 1999).
Desadaptações de 12 µm podem ser identificadas com no máximo 5 graus de angulação,
sendo que uma desadaptação de 190 µm pode ser vista radiograficamente com uma angulação
de até 15 graus. Uma mudança na angulação pode resultar em um falso diagnóstico de uma
interface aberta, levando a condição de bem adaptada (SHARKEY et al., 2012). Limitações
anatômicas podem evitar o correto posicionamento, resultando na sobreposição de
componentes que mascaram a desadaptação, levando os clínicos ao erro de acreditar que a
adaptação passiva foi adquirida (KAN et al., 1999).
48
A presença de altas taxas de desadaptação, principalmente no assentamento das
próteses sobre os pilares (25,4%), neste trabalho, pode ser explicada como resultante das
intercorrências durante os passos técnicos e laboratoriais da confecção da prótese, durante a
cimentação das mesmas, ou mesmo em decorrência da falta de avaliação radiográfica ou o uso
da técnica de forma incorreta, não observando o paralelismo necessário para a avaliação da
adaptação, levando a crer que houve o correto assentamento dos componentes no momento
em que as próteses foram instaladas.
Tendo em vista a alta prevalência de desadaptação encontrada neste estudo, procurou-
se verificar através de uma análise bivariada, quais outros parâmetros avaliados poderiam
exercer influência sobre esta falha. Os resultados demonstraram nenhuma associação
significativa das variáveis estudadas com a falta de adaptação pilar/implante, porém, a
desadaptação prótese/pilar com as outras variáveis estudadas demonstrou uma associação
significativa quando se observou tipo de prótese (p=0,004), o tipo de fixação (p<0,000), o
gênero (p=0,001) e o reparo anterior (p=0,034). Através de uma regressão logística binária
observou-se um risco 5,39 vezes maior para as próteses cimentadas (passivas) com relação às
parafusadas (não passivas), fato este que contradiz a literatura, a qual afirma ser uma das
vantagens das próteses cimentadas proverem uma estabilidade do conjunto porque elas são
cimentadas sobre pilares maquinados bem adaptados e as discrepâncias de assentamento
podem ser compensadas pelo uso de um agente cimentante (KARL et al., 2006). As
parafusadas podem ser mais bem assentadas e ajustadas caso se faça o seccionamento e a
solda das estruturas, o que não parece ser uma rotina nos consultórios (HEBEL, GAJJAR,
1997; KARL et al., 2006). É importante salientar que os trabalhos encontrados na literatura
são laboratoriais (BARBOSA et al., 2010, TORRES et al., 2011), portanto, a cimentação das
próteses é realizada em condições ideais e pré-estabelecidas. Sabe-se que vários fatores como
a inclinação ou o paralelismo do pilar, área de superfície e altura, rugosidade final da
superfície e o tipo do cimento podem influenciar na cimentação de próteses tanto em dentes
quanto em implantes, além da experiência do clínico (HEBEL; GAJJAR, 1997). Sendo assim
acredita-se que as condições clínicas podem ser diferentes das laboratoriais influenciando no
resultado encontrado.
O pequeno percentual de desadaptação prótese/pilar em próteses parafusadas (7%),
encontrado neste trabalho, pode ser um dos motivos da baixa prevalência de complicações
com o parafuso, como o afrouxamento (3,3%), perda (0,4%) ou fratura (0,2%), pois a falta de
49
passividade na adaptação em prótese sobre implante é um grande fator para a ocorrência desse
tipo de falha (TAYLOR, AGAR, VOGIATZI, 2000; GOOSSENS, HERBST, 2003).
A relação do tipo de prótese com a falha de adaptação prótese/pilar foi avaliada
individualmente, através de análise de regressão logística binária, e foi observado
estatisticamente, de forma significante, um risco maior de 3,52 vezes de ocorrência de
desadaptação das próteses unitárias em relação com as próteses do tipo protocolo. Isto pode
ser explicado, pelo fato de que as próteses unitárias são, na sua maioria, cimentadas (87,8%);
enquanto que as próteses do tipo protocolo são, na sua totalidade, parafusadas que têm um
risco 5,39 vezes menor de possibilidade de desadaptação que as cimentadas.
De acordo com os resultados os pacientes do gênero feminino apresentaram risco 2,9
vezes maior de ocorrência de falha de adaptação prótese/pilar. Apesar de o gênero ter sido
utilizado como uma variável de ajuste, não há dados na literatura que justifiquem este fato.
A avaliação da situação das próteses nos pacientes analisados permitiu concluir que
em 55% dos casos não havia necessidade de nenhuma intervenção, em 12,8% havia
necessidade de algum tipo de reparo, mas em 32,2% das próteses havia a necessidade de uma
avaliação mais aprofundada, principalmente com relação à desadaptação, pois ainda não foi
estabelecido na literatura um nível clínico aceitável de desajuste que possa garantir a ausência
de comprometimento do complexo prótese/implante/osso (TAYLOR, AGAR, VOGIATZI,
2000; SAHIN, CEHRELI, YALÇIN, 2002), com a possibilidade de encaminhamento para
confecção de nova prótese.
Os resultados encontrados sugerem a importância de um acompanhamento dos
trabalhos protéticos para verificação de falhas técnicas e a execução de procedimentos de
reparo, tendo em vista que estas podem funcionar como fatores desencadeantes para
complicações biológicas ou outro tipo de falha técnica que impossibilite o reparo, levando à
necessidade de uma substituição do trabalho, o que demanda custos e tempo ao paciente e ao
profissional. Além disso, para minimizar o aparecimento de falhas, é importante que
protocolos sejam estabelecidos e observados desde o diagnóstico até o assentamento e
controle das próteses sobre implantes, principalmente com relação aos passos técnicos da
confecção da prótese e com o cuidado em avaliar radiograficamente a adaptação entre seus
componentes.
50
7. CONCLUSÃO
Considerando as limitações deste estudo pôde-se concluir que:
- As principais falhas técnicas encontradas foram às relacionadas com problemas no
parafuso de fixação dos componentes, perda da resina que recobre este parafuso, fratura de
estruturas, perda de retenção nas overdentures e a desadaptação entre o pilar e o implante e,
principalmente entre a prótese e o pilar;
- Com relação à desadaptação entre a prótese e o pilar, o fato de ser prótese do tipo
cimentada aumentou o risco de ocorrência deste tipo de falha em 5,39 e as próteses unitárias
demonstraram um risco 3,52 maior de desadaptação que as próteses do tipo protocolo.
51
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55
APÊNDICES
APÊNDICE 1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa “Condição Periodontal e Peri-implantar de
pacientes reabilitados no serviço odontológico da Faculdade de Odontologia da UFRN” que é
coordenada por Bruno César de Vasconcelos Gurgel. Sua participação é voluntária, o que
significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que
isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.
Essa pesquisa procura avaliar os pacientes que foram tratados com implantes dentais na Faculdade de
Odontologia, nos últimos 10 anos, se apresentam ou não alguma inflamação ou perda óssea ao redor
tanto dos implantes como ao redor dos dentes. Busca avaliar também se há presença de sangramento
na gengiva, pus, implantes móveis e perda de osso ao redor do mesmo, além de analisar a qualidade
das próteses colocadas sobre esses implantes. Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a)
ao(s) seguinte(s) procedimentos: exame da boca através da sondagem da gengiva, realização das
radiografias e análise das próteses colocadas.
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Os riscos envolvidos com sua participação são: incômodos como sensibilidade ou desconforto durante
o exame da sondagem, só que a única forma de se realizar o exame é com o procedimento de
sondagem da gengiva. Os incômodos serão minimizados através do procedimento de sondagem
realizado de forma suave, não gerando danos à sua gengiva.
Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: saber a qualidade do seu implante e da sua
prótese, bem como identificar a saúde ou doença na gengiva ao redor dos implantes e dos dentes
vizinhos.
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento.
Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não
identificar os voluntários.
Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso
solicite.
Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você
terá direito a indenização.
Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa,
poderá perguntar diretamente para Bruno César de Vasconcelos Gurgel ou outro pesquisador
envolvido na pesquisa, no endereço Departamento de odontologia, Av. Senador Salgado Filho 1787,
Lagoa Nova, 59056-000 – Natal,RN-Brasil ou pelo telefone (84) 32154111, Ramal:4111.
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em
Pesquisa da UFRN no endereço Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova. Caixa postal 1666, CEP
59072-970 Natal/RN ou pelo telefone (84)215-3135.
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios
envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa.
Participante da pesquisa:
Nome:
Assinatura:
Pesquisador responsável:
Nome:
Impressão datiloscópica
57
Assinatura:
Endereço profissional: Departamento de odontologia, Av. Senador Salgado Filho 1787, Lagoa Nova,
59056-000 – Natal,RN-Brasil, telefone (84) 32154111
Comitê de ética e Pesquisa Endereço: Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova. Caixa postal 1666, CEP 59072-970 Natal/RN,
telefone: (84)215-3135.
ANEXOS
ANEXO 1: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (UFRN)
58
59
60
ANEXO 2: FICHA PARA EXAME DE AVALIAÇÃO PERIÓDICA
Data da avaliação: ___/___/___
ANAMNESE
1. Está sob tratamento médico? Sim Não
2. Está tomando alguma medicação no momento?Qual (is)__________________ Sim Não
3. Já teve alguma doença grave? Qual (is) _______________________________ Sim Não
4. Já foi operado alguma vez? Qual (is) _________________________________ Sim Não
5. Existe algum caso de diabetes ou câncer na família? Sim Não
Que doença e grau de parentesco? __________________________________
6. Tem ou teve alguma (s) das seguintes doenças infecto-contagiosas:
Hepatite Sífilis Tuberculose Outras
7. Já tomou anestesia local para tratar ou extrair dentes? Sim Não
Em caso afirmativo, teve alguma reação? Sim Não
8. Alguma vez tomou penicilina ou outro antibiótico? Sim Não
Em caso afirmativo, teve alguma reação? Sim Não
9. Apresenta alguma alteração de pressão arterial ou distúrbio cardíaco? Sim Não
10. Tem ou teve algum tipo de sangramento oral? Região______________________ Sim Não
11. Está grávida? Sim Não
12. Consome bebida alcoólica? Tipo____________ Frequência_____________ Sim Não
13. É fumante? Há quanto tempo? __________________________________ Sim Não
14. Sente sensação de boca seca, dificuldade de engolir alimentos secos ou necessidade de beber líquidos nas refeições?
Sim Não
15. Tem algum outro problema que julgue importante? Sim Não
NOME
IDADE
DATA DE NASCIMENTO
GÊNERO PROFISSÃO
ENDEREÇO RESIDENCIAL
FONE RESIDENCIAL
ENDEREÇO DO TRABALHO
FONE TRABALHO
CELULAR
CART. IDENTIDADE
C.P.F.
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
61
18 17 16 15 14 13 12 11 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41 31 32 33 34 35 36 37 38
AUSENTE = 0 NATURAL = 1 PRÓTESE = 2
IMPLANTE = 3
Data: ____/____/____ Data da instalação dos implantes:___/___/___
Data da instalação das próteses: __/___/___
Realizou enxerto: Não ( ) Sim ( ) Região: ______________________________
CARACTERÍSTICAS DOS IMPLANTES UTILIZADOS
Número de implantes: Maxila: ________ Mandíbula: _______
Dente/Região Tipo de Conexão Plataforma Comprimento Marca Comercial
Exame Radiográfico
Dente/Região Nível de perda óssea Tipo de perda óssea Exposição de rosca
Obs: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
ODONTOGRAMA
62
EXAME PROTÉTICO
Próteses utilizadas:
Elemento unitário Dentes: _____________________
Prótese Parcial Fixa Área: ______________________
Prótese Total Removível Superior Inferior
Prótese Total Fixa Superior Inferior
Qualidade das próteses:
Boa Regular Ruim: deficiência: estética funcional
Oclusão: Ideal Fisiológica Má-oclusão
Tamanho do cantiléver: Ideal Excessivo
Satisfação do paciente: Insatisfeito Pouco satisfeito Admissível
Satisfeito Muito satisfeito Higiene:
Higiene Bucal: Boa Regular Ruim
Higiene da Prótese Boa Regular Ruim
Dente/Região Intermediário Cinta Parafuso solto
Parafuso fraturado
Parafuso ausente
Dente/Região Fratura da estrut metálica
Fratura da resina
Fratura da porcelana
Falha na adaptação
Perda da retenção
Orientações de higienização e cuidados: Declaro que recebi orientações por escrito sobre higienização e cuidados com a minha prótese. Assinatura do paciente: ______________________________________ Status do paciente:
Avaliado e finalizado
Remarcado para reparo. Especificar: ___________________________________________
Encaminhado para confecção de nova prótese
Encaminhado para a disciplina _________________________________-
63
PROCEDIMENTOS CLÍNICOS
DATA Procedimento Aluno Professor
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