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Caros amigos e amigas,
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
Recebemos com alegria a visita, pela
primeira vez com nossa Orquestra, do
regente britânico Justin Brown e da
violinista canadense Lara St. John.
Juntos, eles introduzem o admirado
Concerto nº 1 de Bruch. A música
inglesa será representada pela
majestosa, complexa e romântica
Sinfonia nº 2 de Edward Elgar,
assim como pela contemplativa
Passacaglia de Benjamin Britten,
retirada de sua ópera Peter Grimes.
A beleza e o contraste das obras,
unidos ao talento de nossos convidados
e à competência de nossa grande
Orquestra, farão com que todos
aqui presentes se lembrem desta
noite com alegria e entusiasmo.
Tenham todos um bom concerto.
54
FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular
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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos
no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti
posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional
e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo
Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se
o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,
Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica
de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra
Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos
no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México,
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
Mechetti dirige regularmente na
Escandinávia, particularmente a
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
fez sua estreia na Finlândia dirigindo
a Filarmônica de Tampere e na Itália,
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
São Paulo, as orquestras de Porto
Alegre e Brasília e as municipais de
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Igualmente aclamado como regente
de ópera, estreou nos Estados Unidos
dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmem,
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Madame Butterfly, O barbeiro de
Sevilha, La Traviata e Otello.
Fabio Mechetti recebeu títulos
de mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
6
Benjamin BRITTENPeter Grimes: Passacaglia, op. 33b
Max BRUCH Concerto para violino nº 1 em sol menor, op. 26
Prelúdio: Allegro moderato
Adagio
Finale: Allegro energico
JUSTIN BROWN, regente convidado
LARA ST. JOHN, violinoBB
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PROGRAMA
INTERVALO
Edward ELGARSinfonia nº 2 em Mi bemol maior, op. 63
Allegro vivace e nobilmente
Larghetto
Rondo
Moderato e maestoso
9
Reconhecido internacionalmente pelo
seu repertório sinfônico e operístico, Justin
Brown é diretor artístico do Badisches
Staatstheater Karlsruhe, Alemanha, e
diretor artístico laureado da Orquestra
Sinfônica do Alabama, Estados Unidos.
Na temporada 2015/2016, no Badisches
Staatstheater, Brown rege uma nova
produção de Tristão e Isolda e a primeira
parte do Ciclo do Anel, Das Rheingold,
além das aclamadas produções de
Parsifal e Falstaff. Como convidado,
fará seu début com a Ópera Nacional
Galesa na estreia mundial de Figaro
Gets a Divorce, de Elena Langer, além
da Filarmônica de Calgary, Canadá, e
Filarmônica de Minas Gerais, Brasil.
Em seis temporadas na direção da
Sinfônica do Alabama, Brown e a
orquestra foram primeiro lugar em três
edições do prêmio ASCAP e receberam
o prêmio John S. Edwards na categoria
Forte Compromisso com a Nova Música
Americana. Seu legado inclui a criação
do programa Compositor em Residência e
a fundação da Orquestra Sinfônica Jovem.
Como convidado, regeu muitas
das melhores orquestras do mundo,
incluindo as sinfônicas de Londres e da
BBC, Filarmônica Real, Orquestra da
Cidade de Birmingham, filarmônicas de
Oslo e de Bergen, Sinfônica da Rádio
Finlandesa, Orquestra de Câmara Sueca,
filarmônicas de São Petersburgo e de
Dresden, Sinfônica da Rádio Holandesa,
Orquestra Nacional do Capitólio de
Toulouse, sinfônicas de Cincinnati,
Colorado, Indianápolis e Dallas, Mainly
Mozart Festival Orchestra de San Diego,
filarmônicas da Malásia e de Tóquio,
sinfônicas de São Paulo e de Sydney.
Em ópera, estreou na English National
Opera e Scottish Opera e também regeu
no Covent Garden, Santa Fé, La Monnaie,
nas óperas Norueguesa, do Estado da
Bavária, de Stuttgart, Frankfurt, Nantes,
Strasburgo e no Teatro San Carlo. Sob
sua direção, o Badisches Staatstheater
Karlsruhe é reconhecido pela diversificação
do seu repertório e em 2012 recebeu
o prêmio dos Editores Alemães pela
programação inovadora e compromisso
com a música contemporânea.
A discografia de Justin Brown, pelos selos
Pan Classics, Bridge Records e Naïve,
inclui a Nona Sinfonia de Mahler elogiada
na Diapason Magazine; nomeação ao
Grammy 2007 e o WQXR Gramophone
American Award 2006 por The Six Realms
de Peter Lieberson; Escolha do Editor na
Gramophone por gravações de Gershwin
e elogios da crítica pelos concertos
para violoncelo de Elgar e Barber.
Natural da Inglaterra, Justin Brown
estudou na Universidade de Cambridge
e em Tanglewood com Seiji Ozawa
e Leonard Bernstein. Foi assistente
de Bernstein e de Luciano Berio e
estreou como regente na première
britânica de Mass, de Bernstein.
Brown também é reconhecido como
pianista nos dois lados do Atlântico.
JUSTINBROWN
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A violinista canadense Lara St. John foi
descrita como “algo fenomenal” pela
The Strad e como “solista de extremo
poder” pelo The New York Times.
Ela já se apresentou como solista com
as orquestras de Cleveland, Filadélfia,
São Francisco, Seattle, Boston Pops,
Queensland, Toronto, Montreal,
Vancouver, Orquestra Filarmônica Real,
Sinfônica NDR, Orquestra de Câmara de
Zurique, Ensemble Orchestral de Paris,
filarmônicas de Strasburgo, de Auckland,
de Hong Kong e da China, sinfônicas de
Bournemouth, de Belgrado, de Amsterdã,
de Adelaide, de Tóquio, de Hangzhou,
de Shanghai, com a Camerata Ireland,
Sinfônica Yomiuri Nippon e Orquestra
de Câmara de Akbank, entre outras.
Na América Latina, tocou com a
Orquestra Jovem Simón Bolívar,
Venezuela, a Sinfônica de São Paulo e a
Orquestra Sinfônica Brasileira, Brasil, e
a Sociedad Filarmónica de Lima, Peru.
Realizou recitais nas mais importantes
salas de concerto em Nova York, Boston,
São Francisco, Ravínia, Wolf Trap,
Washington D. C., Praga, Berlim,
Toronto, Montreal e a Cidade Proibida.
Lara St. John possui seu próprio selo, o
Ancalagon. Seu Bach: the Six Sonatas &
Partitas for Violin Solo foi o álbum duplo
mais vendido no iTunes em 2007. Sobre
a sua gravação, em 2008, do inédito
Concerto para Violino de Matthew
Hindson, a Gramophone escreveu:
“É o tipo de trabalho que deveria fazer
o público correr, não caminhar, de volta
às salas de concerto em noites de música
nova”. Gravou Vivaldi e Piazzolla com a
Orquestra Jovem Simón Bolívar em disco
destacado pelo American Record Guide
em 2009: “Não consigo imaginar uma
performance mais agradável e intimista”.
Sua gravação de Mozart venceu o prêmio
Juno 2011. Em 2014, seu álbum de
Schubert com a harpista da Filarmônica
de Berlim, Marie-Pierre Langlamet, o
violoncelista Ludwig Quandt e a soprano
Anna Prohaska foi escolhido um dos
“melhores CDs da primavera” pelo Der
Tagesspiegel e recomendado pelo MDR
Figaro por seu “encanto sem limites”.
Seu trabalho foi noticiado também
em veículos como US News & World
Report, as revistas People e Strings,
as redes CBC e BBC, os programas
Showbiz Today da CNN, All Things
Considered da NPR e Bravo! Special:
Live At the Rehearsal Hall.
Lara começou a tocar violino aos dois
anos de idade e aos quatro estreou
como solista de orquestra. Sua estreia
na Europa foi com a Orquestra
Gulbenkian aos dez anos. Após turnês
pela Espanha, França, Portugal e
Hungria, ingressou no Instituto Curtis
aos treze anos. Alguns de seus professores
foram Felix Galimir e Joey Corpus.
Lara St. John apresenta-se com um
violino Guadagnini “Salabue” de
1779 graças a um doador anônimo
e Heinl & Co. de Toronto.
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LARAST. JOHN
12 BINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas,
3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, cordas.
PARA OUVIRCD Britten – Peter Grimes — Orchestra of the Royal Opera House — Covent Garden Chorus
of the Royal Opera House — Benjamin Britten, regente — Peter Pears, Claire Watson,
solistas — Decca, 00028947880233 – 20C Series - 2014 [1958]
Orquestra da Casa de Ópera Real — Sir Colin Davis, regente | Acesse: fil.mg/bpassacaglia
PARA ASSISTIRFILME Night Mail — W. H. Auden, roteiro —
Basil Wright e Harry Watt, produção e direção — A. Calvalcanti, W. H. Auden e B. Britten,
direção de som — 1936 (Documentário sobre a London, Midland and Scotish Railway,
considerado um retrato da Grã-Bretanha, com música de Britten)
PARA LERLauro Machado Coelho — A Ópera Inglesa
— Perspectiva — 2005
Conde Harewood (org.) — Kobbé: O Livro Completo da Ópera — Zahar — 1994
PARA VISITARwww.brittenpears.org
Inglaterra, 1913 – 1976
Sobre a estreia da primeira grande ópera de Benjamin Britten
em junho de 1945, no Sadler’s Wells Theatre, em Londres, um
correspondente do The New York Times escreve: “Um marco tanto
na história da música britânica quanto na do famoso teatro, cujas
portas foram reabertas após quase cinco anos para a apresentação
do Peter Grimes do senhor Britten”. De fato, os amantes do gênero
esperavam, desde a estreia de Dido and Aeneas de Henry Purcell
em 1689, por uma ópera inglesa capaz de assegurar lugar cativo
no repertório. Com Peter Grimes, Britten reinseriu a produção
operística de seu país na história do gênero e projetou-se como a
mais representativa figura do meio musical britânico do século XX.
Antes de lançar-se à composição de óperas, Britten percorreu um
tortuoso caminho em busca de sua identidade musical e pessoal. Em
1935, é contratado pelo cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti como o
compositor de trilha sonora do GPO Film Unit. Nos estúdios do GPO
Britten viveu um momento de liberação artística, sexual e política.
Conheceu o poeta W. H. Auden e o novelista Christopher Isherwood,
duas de suas maiores influências, além de Montagu Slater, o futuro
libretista de Peter Grimes. Foi ali que se assumiu homossexual — para
amigos apenas — e posicionou-se publicamente como pacifista.
O acirramento das tensões políticas na Europa e o anseio por novas
experiências musicais levaram-no em 1939 a mudar-se para os
Estados Unidos. Em 1941 seu companheiro, o tenor Peter Pears,
mostra-lhe um artigo assinado por E. M. Forster sobre o poeta George
Crabbe, publicado no semanário The Listener. A descoberta da obra
de Crabbe, aliada à frustração com a crítica musical norte-americana,
insufla-lhe profunda nostalgia em relação à terra natal. Assim, em 1942,
decide retornar à Inglaterra e traz consigo um projeto (encomendado
pelo regente Serge Koussevitzky) de composição de uma ópera a partir
do poema The Borough, de Crabbe. Em abril do mesmo ano, Britten
convida Slater a escrever o libreto.
Nos dezoito meses que se seguem,
os dois discutem, corrigem e revisam
o texto. Em janeiro de 1944, Britten
dá início à composição da música.
“Com Peter Grimes quis expressar minha
consciência da perpétua luta de homens
e mulheres cujas vidas dependem do
mar”, declara Britten. O enredo conta a
história de Peter Grimes, “um pescador
— visionário, ambicioso, impetuoso
e frustrado” que vive de modo
irresponsável e isolado da comunidade
local. Malvisto em seu isolamento,
Grimes é perseguido pela comunidade
da vila quando seus aprendizes morrem
de modo suspeito em alto mar. Mesmo
inocente — ao menos o Grimes de
Slater —, o pescador internaliza culpa
e rejeição, vindo a cometer suicídio.
A ópera conta com um prólogo e
três atos. Cada ato divide-se em duas
cenas, cada uma delas introduzida por
um interlúdio orquestral. Os quatro
interlúdios que retratam o mar foram
reunidos por Britten na suíte Four Sea
Interludes, op. 33a. Já a Passacaglia,
que separa as duas cenas do segundo
ato, foi convertida numa peça isolada
que expressa a ansiedade e a melancolia
daquele que foge à normalidade.
Benjamin
BRITTEN
13
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.
PETER GRIMES: PASSACAGLIA, OP. 33B (1945) 7 min
14 B15
INSTRUMENTAÇÃO
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIRCD Max Bruch — Violin Concerto no. 1,
op. 26; Scottish Fantasy, op. 46 — Royal Philharmonic Orchestra — Rudolf Kempe,
regente — Kyung Wha Chung, violino — Decca Classics, Reino Unido,
0289 478 3351 2 CD ADD DB – 2011
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica de Tóquio — Kazuyoshi Akiyama, regente — Itzhak Perlman, violino
Acesse: fil.mg/bconcviolino1
PARA LERFrançois-René Tranchefort — Guia da Música
Sinfônica — Nova Fronteira — 1990
Prússia, atual Alemanha, 1838 – Alemanha, 1920
Nascido apenas dez anos depois da morte de Schubert,
Max Bruch foi contemporâneo das diferentes correntes musicais
que dominaram o romantismo musical europeu na segunda
metade do século XIX. Entretanto, manteve-se apegado a um
conservadorismo radical — não apenas na música como em suas
convicções político-sociais. Grande admirador de Mendelssohn,
Bruch atacou duramente Liszt, Wagner e seus seguidores.
Morreu dois anos após a morte de Debussy, ignorando as inovações
revolucionárias dos grandes compositores do começo do século XX.
Ao longo de sua carreira, Max Bruch ocupou postos de regente de
orquestra e de coro em importantes centros musicais como Mannheim,
Liverpool e Breslau. Foi professor de composição na Escola Superior
de Música de Berlim até 1910. Obteve notoriedade, nas últimas
décadas do século XIX, com uma obra extensa, abrangendo vários
gêneros: concertos, óperas, sinfonias, corais e peças concertantes de
inspiração folclórica. Entretanto, hoje em dia, seu nome permanece
unicamente associado ao Concerto para Violino op. 26, cujo sucesso
contrasta com a negação quase total de suas outras criações.
O primeiro dos três concertos para violino de Max Bruch mantém
inabalável prestígio entre os solistas e o público, atraídos pelo virtuosismo
de sua escrita violinística e pela grande riqueza melódica. Foi dedicado a
Joseph Joachim, amigo de Brahms e célebre concertista, cujos conselhos
foram devidamente aproveitados, sobretudo na parte solo do concerto.
No Allegro moderato inicial, Max Bruch evita a habitual forma do
allegro de sonata — apesar de apresentar dois temas principais, o
trecho é desprovido das seções de desenvolvimento e reexposição.
Trata-se de um diálogo rapsódico entre solista e orquestra que cumpre
o papel de introdução aos dois movimentos seguintes. (Por essa
razão o compositor hesitou em dar
à obra o título de concerto). Os dois
temas são contrastantes. O primeiro,
dramático, aparece nas madeiras
que logo o entregam ao violino.
O segundo tema, muito lírico, levará
o solista ao registro mais agudo, num
percurso fascinante. Dispensando um
possível desenvolvimento, a orquestra
retoma o diálogo inicial e conduz, sem
interrupção, ao andamento seguinte.
O Adagio, introduzido pelo solista,
constrói-se essencialmente sobre
um só tema em Mi bemol maior.
A amplitude do movimento deve-se aos
processos de ornamentação, variação
e retomada desse tema, até atingir um
clímax de grande efeito. Quando o
silêncio parece inevitável, a flauta e a
trompa preparam o solista para uma
última exposição da melodia principal.
O brilhante Finale, de andamento
fogoso, revela a admiração de Bruch
por Brahms, com a evocação dos ritmos
ciganos consagrados pelo ilustre modelo.
O Allegro energico apresenta seu tema
principal em Sol maior, primeiro na
orquestra, depois completamente
dominado pelo solista. O segundo
tema tem maior envergadura.
O jogo violinístico se desenvolve por
todo o movimento em exuberante
virtuosismo, embora sempre controlado
pela naturalidade de sua escrita.
Max
BRUCH
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS
Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado. Apresenta o programa semanal Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
CONCERTO PARA VIOLINO Nº 1 EM SOL MENOR, OP. 26 (1864/1867) 25 min
1716 EINSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão,
2 harpas, cordas.
PARA OUVIRCD Elgar — Symphonies 1 & 2; Cockaigne; In the south — London Philharmonic Orchestra
— Sir Georg Solti, regente – Decca – 1995
PARA ASSISTIROrquestra Sinfônica de Londres – Daniel Harding, regente | Acesse: fil.mg/esinf2
PARA LERMichael Kennedy — Portrait of Elgar —
Oxford University Press — 2004
Jerrold Northrop Moore — Edward Elgar: a creative life —
Oxford University Press — 1984
Inglaterra, 1857 – 1934
A Inglaterra, que no passado havia dado ao mundo compositores
da importância de William Byrd, John Dowland e Henry Purcell,
parecia muda no século XIX. No reinado da rainha Vitória, quando
aproximadamente um quarto das terras do globo estavam sob
seu comando e o Império Britânico era chamado de “o império
onde o sol nunca se põe”, os alemães gostavam de zombar da
Inglaterra como a única nação culta que não tinha uma música
própria. De fato, após Purcell, os ingleses passaram a importar
cada vez mais música do continente sem conseguirem que sua
produção atravessasse o Canal da Mancha em sentido contrário.
Elgar seria o compositor responsável por mudar essa situação.
Elgar foi um compositor essencialmente autodidata, que conseguiu
dirigir-se a seus compatriotas em uma linguagem, acima de tudo,
europeia, e não mais provinciana. Primeiro compositor moderno
inglês reconhecido no exterior, ele atingiu o topo da fama em 1899,
com o sucesso estrondoso de sua peça Variações Enigma, um
sucesso mantido estável nos anos seguintes com as estreias triunfais,
entre outras obras, do oratório O sonho de Gerontius (1900),
da Sinfonia nº 1 (1908) e do Concerto para violino (1910).
Sua Sinfonia nº 2 foi composta entre outubro de 1910 e 28 de fevereiro
de 1911. Como habitual em sua escrita, Elgar lança mão de pequenos
fragmentos melódicos que ele habilmente desenvolve ao longo da
música através de repetições variadas e de combinações inventivas.
O primeiro movimento (Allegro vivace e nobilmente) é dramático,
repleto de uma agitação interna que dura até o último compasso.
O segundo movimento (Larghetto), de orquestração delicada, apresenta,
em seu caráter meditativo, algumas das mais belas melodias de todos
os tempos. O Rondo é cheio de uma energia que, em crescendo,
contagia toda a orquestra e leva-nos a um final imponente. O quarto
movimento (Moderato e maestoso) é
grandioso, nobre, lento e melancólico.
A primeira apresentação se deu
no dia 24 de maio de 1911 com a
Orquestra do Queen’s Hall, no
Festival Londres, regida pelo compositor.
A Sinfonia foi dedicada ao rei
Eduardo VII, filho mais velho da rainha
Vitória, falecido em maio de 1910.
A estreia foi um fracasso, não apenas
porque os ingleses ainda choravam
a morte do rei, mas, principalmente,
porque ainda choravam a morte do
Império. A era eduardiana marcou-se
especialmente, para os ingleses, por
tristeza e frustração pelo desfalecimento
daquele que foi o maior império da
história e por desejo de fuga para um
passado idealizado. A Sinfonia nº 2
parece comportar todos esses
sentimentos de uma época que não
volta mais, embora lide exclusivamente
com recordações íntimas do compositor,
que nada têm a ver com o abatimento
patriótico que assolava o país. A bem
dizer, a dedicatória foi de conveniência,
mas o conteúdo musical melancólico
atingiu em cheio o moral do público.
A obra só entraria para o repertório
de concerto nos anos 1920.
Edward
ELGAR
17
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.
SINFONIA Nº 2 EM MI BEMOL MAIOR, OP. 63 (1911) 53 min
19
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman
PRESIDENTE Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira
DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIROEstêvão Fiuza
DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira
DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers
DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko Ferreira
Equipe Técnica
GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães
ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICAL Carolina Debrot
PRODUTORES Luis Otávio RezendeNarren Felipe
ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia)Renata GibsonRenata Romeiro (Design gráfico)
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ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOSItamara KellyMariana Theodorica
ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez
Equipe Administrativa
GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho
GERENTE DE RECURSOS HUMANOSQuézia Macedo Silva
ANALISTAS ADMINISTRATIVOS João Paulo de OliveiraPaulo Baraldi
ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho
SECRETÁRIA EXECUTIVAFlaviana Mendes
ASSISTENTE ADMINISTRATIVACristiane Reis
ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOSVivian Figueiredo
RECEPCIONISTA Lizonete Prates Siqueira
AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida
AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda ConceiçãoMárcia Barbosa
MENSAGEIROSBruno RodriguesDouglas Conrado
MENOR APRENDIZMirian Cibelle
Sala Minas Gerais
GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas
GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia
TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues
TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca
ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto Ilustrações: Mariana Simões
FORTISSIMO maio nº 9 / 2016 ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale
BRITTENRepresentante exclusivo: Boosey & Hawkes
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloMatheus BragaRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch
VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna DruzdLuciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina
VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesEneko Aizpurua PabloLina RadovanovicRobson Fonseca
CONTRABAIXOSNilson Bellotto ****Marcelo CunhaMarcos LemesPablo GuiñezRossini ParucciWalace Mariano
FLAUTASCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova
OBOÉSAlexandre Barros *Ravi Shankar ***Israel MunizMoisés Pena
CLARINETESMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ***Ney FrancoAlexandre Silva
FAGOTESCatherine Carignan *Victor Morais ***Andrew HuntrissFrancisco Silva
TROMPASAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata
TROMPETESMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado
TROMBONESMark John Mulley *Diego Ribeiro **Wagner Mayer ***Renato Lisboa
TUBAEleilton Cruz *
TÍMPANOSPatricio Hernández Pradenas *
PERCUSSÃO Rafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira
HARPAGiselle Boeters *
TECLADOSAyumi Shigeta *
GERENTE Jussan Fernandes
INSPETORAKarolina Lima
ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira
ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi
ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis
SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro
MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar
Instituto Cultural Filarmônica
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade
(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel
21
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www.filarmonica.art.brFILARMÔNICA ONLINE PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
APARELHOS CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEONão são permitidas durante os concertos.
APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS
O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.
O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.
• Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série• Concertos para a Juventude• Clássicos na Praça• Concertos Didáticos• Festival Tinta Fresca• Laboratório de Regência• Turnês estaduais• Turnês nacionais e internacionais• Concertos de Câmara
Visite filarmonica.art.br/filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA
JUVENTUDE
ALLEGRO VIVACE
FESTIVAL TINTA FRESCA
CLÁSSICOS NA PRAÇA
FORA DE SÉRIE
CONCERTOS mai
Veja detalhes em filarmonica.art.br/concertos/agenda-de-concertos.
5 e 6 / mai, 20h30Stravinsky, Mahler
8 / mai, 11hDia das Mães naPraça da Assembleia
14 / mai, 18hMozart — Tudo em família
19 e 20 / mai, 20h30Britten, Bruch, Elgar
25 / mai, 20h30Obras finalistas
29 / mai, 11hPoemas sinfônicos — Dvorák, Liszt, Debussy, R. Strauss
PRESTOVELOCE
AMIGO DA FILARMÔNICA,
No dia 25 de maio, quarta-feira, às 20h30, será realizado o concerto de encerramento do Festival Tinta Fresca.
Lembre-se de que você é nosso convidado.
Faça sua reserva de ingressos até o dia 18 de maio e garanta o seu lugar.
Esperamos por você.
Saiba mais em:filarmonica.art.br/educacional/festival-tinta-frescafilarmonica.art.br/apoie/doacao-de-pessoa-fisica
OLÁ, ASSINANTE
Para que sua vinda aos concertos seja mais cômoda e o atendimento da bilheteria ágil e eficiente, traga, sempre que possível, seus ingressos originais. A reimpressão é um benefício gratuito ao Assinante, porém, sua utilização em excesso gera, além de lentidão no atendimento, desperdício de papel, tinta e o que tem mais valor: seu tempo.
Leia mais em filarmonica.art.br/ingressos
Para que sua noite seja ainda mais especial, nos dias de concerto, apresente seu ingresso no restaurante Haus München e, na compra de um prato principal, ganhe outro de igual ou menor valor.
Rua Juiz de Fora, 1.257, pertinho da Sala Minas Gerais.
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SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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