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Avaliao de extratos das folhas e sementes de feijo-de-porco (Canavalia ensiformis) como bioerbicidas
ps-emergentes e identificao de aleloqumicos via cromatografia lquida de alta eficincia (HPLC)
ISEQUIEL DOS SANTOS MENDES
Orientadora: MARIA OLMPIA DE OLIVEIRA REZENDE
Janeiro, 2011
Dissertao apresentada ao Instituto de Qumica de So Carlos, da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Cincias na rea de Qumica Analtica.
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DEDICATRIA
A meus pais, a quem devo tudo o que tenho e o que sou.
A meus irmos e irms, que esto sempre por perto.
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AGRADECIMENTOS
Quero aqui agradecer a tudo e a todos que contriburam ou proporcionaram um
ambiente agradvel e propcio para tudo o que produzi at este momento.
A todos que passaram ou esto ainda no Laboratrio de Qumica Ambiental: Jussara, Raquel, Joel, Clever, Silvia, Paulo Roberto, Fernanda, Tlio, Flvia, Claudinha, Rachid, Leandro (primo), obrigado pelo apoio, colaborao e valiosas dicas que contriburam muito para realizao deste trabalho.
galera do sindicato, Bruno Palmito (presidente), Robertinha (secretria), Rgis 50to, Livia Pedrita, Danielly Michelly, pessoal que esteve comigo todo o tempo, pela amizade e os timos momentos que passamos nos divertindo abrindo aquelas ampolas geladas.
Aos professores com quem tive contato direto durante o curso, em especial profa. Salete e ao prof. Gilberto Chierice, cuja colaborao e ajuda foram determinantes para continuidade deste trabalho.
Ao pessoal do CAQI, BIBLIOTECA, SEO de PS-GRADUAO e das OFICINAS pela colaborao, disposio e eficincia nos trabalhos realizados e tambm CAPES pelo financiamento concedido para realizao do trabalho.
Um agradecimento especial Sra Maria Diva Landgraf, uma pessoa que possui brilho prprio, e consegue iluminar a quem esteja junto a ela, meu muito obrigado a voc Lorinha.
Um ltimo agradecimento, porm o mais importante, Profa. Dra. MARIA OLIMPIA DE OLIVEIRA REZENDE. Agradeo pela oportunidade dada, pela dedicao e seriedade durante todo tempo, onde se manteve sempre muito prestativa no desenvolvimento e concluso deste trabalho.
A TODOS, MUITO OBRIGADO !!!
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RESUMO
A utilizao de compostos qumicos no controle de pragas que afetam negativamente a produo agrcola tem sido objeto de muitas crticas por parte de ambientalistas e pesquisadores devido aos problemas ambientais proporcionados por tais substncias. Nos ltimos anos tem-se dedicado bastante tempo e recursos em pesquisas que levem descoberta de produtos para controle de pragas que tragam nenhum ou o menor prejuzo possvel ao ambiente. Neste sentido, o estudo da alelopatia busca a utilizao de compostos oriundos da prpria natureza para uso no combate a espcies invasoras em plantaes, na esperana de ter-se um controle prtico e efetivo sobre plantas daninhas minimizando-se a contaminao ambiental. Neste trabalho foram utilizaram-se extratos aquosos de sementes e folhas da leguminosa feijo-de-porco (Canavalia ensiformis) como um bioerbicida ps- emergente aplicado no controle das plantas daninhas trapoeraba (Commelina benghalensis) e corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), e foi avaliada tambm a seletividade dos extratos com relao a cultivares de soja (Glycine max) convencional e transgnica. Foram preparados tratamentos em seis diferentes concentraes e aplicados em trs diferentes perodos, sendo avaliados seus efeitos de toxicidade e seletividade sobre o desenvolvimento das plantas daninhas e da soja. Os resultados foram submetidos anlise de varincia e aplicou-se o teste F a 1% de probabilidade, mostrando que os tratamentos mais eficazes no controle das invasoras foram aqueles preparados a partir das sementes de feijo-de-porco nas concentraes 25 e 50 g L-1, que interromperam completamente o desenvolvimento as plantas daninhas, sem causar, no entanto qualquer efeito aparente sobre a soja, tanto transgnica quanto convencional. Foram realizadas tambm determinaes cromatogrficas para identificao de compostos fenlicos em amostras de folhas de feijo-de-porco. Mediante a comparao com compostos padro e variao de comprimento de onda na regio do ultravioleta-visvel foi possvel identificar os compostos cido clorognico, cido p-ansico, naringina e rutina, cujas concentraes encontradas, relativas s amostras, foram de 4,42 mg L-1, 6,0 mg L-1, 3,75 mg L-1 e 5,0 mg L-1 respectivamente.
Palavras chave: Canavalia ensiformis, trapoeraba, corda-de-viola, cidos fenlicos, bioerbicidas, ps-emergncia.
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ABSTRACT
The use of chemicals to control pests that adversely affect agricultural production has been treated with great concern due environmental issues provided by such substances. In the last years much time and money were devoted in researchs leading to discovery products to control pests that bring no or the least damage to the environmet. In this sense, the use of allelopathic species for controlling invasive species is an environmental friendly technique. In this work aqueous extracts of seeds and leaves of Jack bean (Canavalia ensiformis) were used as a post-emergent bioherbicide succesfully applied for control of dayflower (Commelina benghalensis) and morningglory (Ipomoea grandifolia), and selectivity on conventional and transgenic soybean (Glycine max) cultivars. Treatments were prepared in six different concentrations and applied in three different periods, being analyzed the effects of toxicity and selectivity on the development of weeds and soybean. The results were subjected to analysis of variance and applied the F test at 1% probability, showing that the most effective treatments in controlling the weeds were those prepared from seeds of Jack bean at concentrations of 25 and 50 g L-1, that totally controlled weeds, however causing no apparent injury on soybeans, both transgenic and conventional. Chromatographic analysis were also performed for identification of phenolic compounds in samples of Jack bean leaves. By comparison with standards and changes in wavelength on ultraviolet-visible spectra was possible to identify clorogenic acid, p-anisic acid, naringin and rutin compounds at concentrations of 4.42 mg L-1, 6.0 mg L-1, 3.75 mg L-1 and 5.0 mg L-1 respectively.
Keywords: Canavalia ensiformis, benghal dayflower, morningglory, phenolic acids, bioherbicides, post-emergent.
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ndice de tabelas
Tabela I: Informao sobre o aparecimento da agricultura1 ------------------------------------------------ 13
Tabela III: Mapa dos herbicidas resumido31 -------------------------------------------------------------------- 22
Tabela IV: Padres, solventes e outros materiais utilizados neste trabalho --------------------------- 33
Tabela V: Caracterizao fsica do solo utilizado ------------------------------------------------------------- 34
Tabela VI: Caracterizao qumica do solo utilizado --------------------------------------------------------- 34
Tabela VII: Massas de extratos aquosos obtidas a partir de 300g de material vegetal previamente seco e modo ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 36
Tabela VIII: Condies cromatogrficas empregadas nas anlises das amostras de folhas ----- 40
Tabela IX: Descrio dos conceitos aplicados as avaliaes de toxicidade SBCPD56 ----------- 43
Tabela X: Escala de conceitos da ALAM* utilizada para avaliao da porcentagem de eficcia de controle de plantas daninhas -------------------------------------------------------------------------------- 43
Tabela XI: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre corda-de-viola em dose nica --------------------------------------------------------- 44
Tabela XII: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre corda-de-viola em duas etapas, sendo a 2 aplicada 3 dias aps a 1 ---- 45
Tabela XIII: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre corda-de-viola em 5 doses ------------------------------------------------------------- 45
Tabela XIV: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre trapoeraba em dose nica ------------------------------------------------------------- 45
Tabela XV: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre trapoeraba em duas etapas, sendo a 2 aplicada 3 dias aps a 1 --------- 46
Tabela XVI: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre trapoeraba em 5 doses ----------------------------------------------------------------- 46
Tabela XVII: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, dos efeitos dos tratamentos sobre corda-de-viola ------------------------------------------------------------------------------------------- 47
Tabela XVIII: Avaliao segundo ALAM, da porcentagem de controle dos tratamentos sobre corda-de-viola ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 48
Tabela XIX: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, dos efeitos dos tratamentos sobre trapoeraba ------------------------------------------------------------------------------------------------ 50
Tabela XX: Avaliao segundo ALAM, da porcentagem de controle dos tratamentos sobre trapoeraba -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 51
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Tabela XXI: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para o tratamento ES-50 sobre plantas daninhas e cultivares de soja --------------------------------------------------------------------- 53
Tabela XXII: Biomassa seca obtida para corda-de-viola ---------------------------------------------------- 55
Tabela XXIII: Biomassa seca obtida para trapoeraba -------------------------------------------------------- 56
Tabela XXIV: Compostos identificados com seus respectivos tempos de reteno e comprimento de onda que absorvem na regio do UV-Vis ------------------------------------------------------------ 64
Tabela XXV: Limites de deteco (LOD) e quantificao (LOQ) para os compostos determinados ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64
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ndice de figuras
Figura I: Espectros na regio do UV-Vis para os compostos padro utilizados no trabalho ........ 40
Figura II: Grfico ilustrando a relao entre as biomassas secas de corda-de-viola ................... 55
Figura III: Grfico ilustrando a relao entre as biomassas secas de trapoeraba ........................ 56
Figura IV: Cromatograma comparativo para identificao e seletividade entre os compostos
rutina e cido ferlico em = 325 nm ................................................................................. 58
Figura V: Cromatograma comparativo para identificao e seletividade entre os compostos rutina
e cido ferlico em = 265 nm ........................................................................................... 59
Figura VI: Cromatograma comparativo para identificao do cido p-ansico atravs de padro
em = 325 nm .................................................................................................................... 59
Figura VII: Cromatograma comparativo para identificao do cido p-ansico atravs de padro
em = 265 nm .................................................................................................................... 60
Figura VIII: Cromatograma comparativo para identificao dos compostos cido clorognico e
naringina na amostra atravs de padro em = 340 nm ................................................... 61
Figura IX: Cromatograma comparativo para identificao dos compostos cido clorognico e
naringina na amostra atravs de padro em = 290 nm ................................................... 61
Figura X: Grfico representando a curva analtica do composto rutina ....................................... 62
Figura XI: Grfico representando a curva analtica do composto cido p-Ansico ....................... 62
Figura XII: Grfico representando a curva analtica do composto cido clorognico ................... 63
Figura XIII: Grfico representando a curva analtica do composto naringina ............................... 63
____________________________________________________________________________
Sumrio
RESUMO............................................................................................................ 6
ABSTRACT ........................................................................................................ 7
ndice de tabelas ................................................................................................ 8
ndice de figuras ............................................................................................... 10
1. Introduo .................................................................................................... 13
1.1. Histrico ................................................................................................. 13 1.2. Herbicidas .............................................................................................. 19 1.3. Alelopatia ............................................................................................... 25 1.4. Feijo-de-porco (Canavalia ensiformis) ................................................. 28 1.5. Cromatografia ........................................................................................ 29
2. Objetivos ...................................................................................................... 32
3. Materiais e Mtodos ..................................................................................... 33
3.1. Materiais ................................................................................................ 33
3.1.1. Substncias padro de referencia, solventes e outros materiais .... 33 3.1.2. Equipamentos ................................................................................. 33
3.2. Mtodos ................................................................................................. 34
3.2.1. Local, cultura e condies gerais do experimento .......................... 34 3.2.2 Obteno dos extratos aquosos de folhas e sementes de feijo-de-porco (Canavalia ensiformis) ..................................................................... 35 3.2.2.1. Terminologia utilizada .................................................................. 37 3.2.3. Procedimento de Aplicao dos extratos ........................................ 37 3.2.4. Extrao das amostras e condies para anlise cromatogrfica .. 39
4. Resultados e Discusso ............................................................................... 42
4.1. Experimentos utilizando extratos de folhas e sementes de feijo-de-porco (Canavalia ensiformis) ........................................................................ 42
4.1.1. Avaliao dos efeitos observados ................................................... 42 4.1.2. Avaliao do volume timo para aplicao ..................................... 43
4.2. Avaliao dos dados obtidos aps aplicao dos extratos .................... 47
4.2.1. Avaliao dos tratamentos aplicados sobre corda-de-viola ............ 47
____________________________________________________________________________
4.2.3. Avaliao da seletividade do tratamento ES-50 aplicado sobre parcelas constitudas pelas plantas daninhas e soja ................................ 52
4.3. Anlise de Massa Seca ......................................................................... 54
4.4. Anlise cromatogrfica via HPLC .......................................................... 57
5. Concluses ................................................................................................... 67
6. Referncias Bibliogrficas ............................................................................ 69
Introduo
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1. Introduo
1.1. Histrico
Desde seus primeiros passos na tragetria evolutiva, quando o homem
primitivo desceu das rvores h alguns milhares de anos, a humanidade luta
para sempre viver mais, e melhor. Ainda na Pr-histria ocorreram algumas
descobertas que auxiliaram o homem neste sentido, dando-lhe suporte
tecnolgico para se tornar a espcie dominante sobre a Terra. A roda e o fogo
so indiscutivelmente as mais importantes e conhecidas, e pode-se agrupar a
essas tambm, a descoberta, ou mais especificamente a observao que o
homem fez na natureza, que o levou a criar um modo de obteno de seu
alimento que hoje se conhece como agricultura.
Tabela I: Informao sobre o aparecimento da agricultura1
Onde foi inventada a agricultura Regio Cultivares 1 Referncia Crescente Frtil Trigo, cevada e ervilha 10.500 a.C. China Arroz e milhete 9.500 a.C. Mesoamrica Milho, feijo e abbora 5.500 a.C. Andes/Amaznia Batata e mandioca 5.500 a.C. Leste dos EUA Sorgo e arroz selvagem 4.500 a.C.
A Tabela I traz alguns dados sobre datas e locais do surgimento de
algumas plantaes, exemplos de cultivares que atravessaram milnios sem
perder sua importncia e que, consequentemente, ainda fazem parte da base
alimentar humana.
Nos primrdios, o homem notou que alguns dos gros coletados para a
sua alimentao poderiam ser enterrados com o intuito de produzir novas
Introduo
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plantas iguais s que os originaram. Surgia nesse instante o embrio da
agricultura, a prtica de plantio de sementes que trouxe o aumento da oferta de
alimentos, e as plantaes passaram a ser cultivadas muito mais prximas dos
povoados diminuindo os perigos da busca por alimento, o que representou
enorme vantagem para o homem da poca2.
A experincia ao longo do tempo permitiu tambm aos primeiros
agricultores a seleo entre os gros com caractersticas de maior interesse
(tamanho, produtividade, sabor). Trigo e cevada cresciam entre as rvores no Oriente Mdio (13 mil anos atrz), muito mais abundantes e nutritivos que outras espcies, e foram os principais entre as primeiras plantas
domesticadas1.
impossivel estimar a importncia do trigo para a humanidade, pois foi esse alimento que deu a estabilidade necessria para que o homem criasse as
bases da civilizao ocidental, Babilnia, Egito, Roma, Grcia e mais tarde as
civilizaes do norte e oeste europeu e, qualquer outra civilizao que tenha
sido formada, teve sua base fundada graas a algum tipo de agricultura de
cereais3.
Com o progresso, houve um natural aumento nas populaes, e com ela
tambm a necessidade de se aumentar a produo alimentar. Esse aumento
esbarrou em alguns obstculos principais, como as restries devidas a espao
fsico reduzido para plantio (principalmente na Europa) e doenas e pragas que atacavam as plantaes.
O termo Praga pode ser definido de muitas formas, uma delas est no
D.O.U.16 como qualquer espcie, raa ou bitipo vegetal ou animal ou agente
patognico danoso para as plantas ou produtos vegetais. A Conveno
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Internacional de Proteo Vegetal (CIPV) realizada em novembro de 1997 pela FAO (Diviso da ONU para Agricultura e Alimentao), sintetizou a definio como qualquer espcie, raa ou bitipo vegetal ou animal ou agente patgeno
daninho para as plantas ou produtos vegetais17.
Assim como o conceito de praga, o conceito de planta daninha
bastante amplo e relativo. Para Lorenzi18, por exemplo, planta daninha
qualquer vegetal que cresce onde no desejado, e ainda nessa linha, para Kissmann19 nenhuma planta intrinsecamente nociva, de acordo com as
circunstncias ela pode ser desejada, indiferente ou indesejada. Para controlar ou eliminar uma praga pode-se utilizar compostos
qumicos conhecidos como pesticidas. Agroqumico, agrotxico, praguicida e
biocida tambm so nomes comumente dados aos pesticidas, utilizados pelo
setor industrial, por agricultores, ecologistas e pesquisadores20.
No Brasil, a Lei No 7.802, de 11 de julho de 1989, define agrotxicos e afins no seu artigo 2o, pargrafo I, inciso (a): os produtos e os agentes de processos fsicos, qumicos ou biolgicos, destinados ao uso nos setores de
produo, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrcolas, nas
pastagens, na proteo de florestas, nativas ou implantadas, e de outros
ecossistemas e tambm de ambientes urbanos, hdricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composio da flora ou da fauna, a fim de preserv-las da ao danosa de seres vivos considerados nocivos.
No termo agrotxico esto tambm includos os desfolhantes,
dessecantes, reguladores de crescimento de plantas e insetos, e so
desconsiderados os medicamentos de uso veterinrio, fertilizantes (ou nutrientes) e agentes de controle biolgico21.
Introduo
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Seguindo a definio da lei, todos os produtos so classificados no por
sua origem, e sim de acordo com sua finalidade, que o controle de seres
nocivos. Sendo assim, tanto os agroqumicos sintticos quanto os de origem
natural e at geneticamente modificados so enquadrados nessa lei, e seguem
o Decreto no 4.074, de 8 de janeiro de 200222 que regulamenta a lei e estabelece condies para produo, manipulao, comercializao etc. O
registro e avaliao de agroqumicos no Brasil est sob responsabilidade do
Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento (MAPA), a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA)23.
A classificao dos pesticidas feita levando-se em conta alguns
detalhes quanto ao seu raio de ao e objetivo. Inseticidas so usados para erradicar insetos, fungicidas para fungos, herbicidas para plantas daninhas,
rodenticidas para eliminar roedores, acaricidas para caros entre outros. De
acordo com as caractersticas qumicas e estruturais, tais compostos tambm
so agrupados em organoclorados, organofosforados, s-triazinas, carbamatos,
urias substitudas, fenoxicidos, acetanilidas, sais de amnio e piretrides24.
A diviso entre os pesticidas comerciais se d aproximadamente da
seguinte maneira, 60% so herbicidas, 25% inseticidas e 15% fungicidas. Os
pesticidas so muito utilizados na agricultura na tentativa de se obter uma
colheita mais produtiva, mas apesar de sua intensa utilizao, ainda grande o
percentual de perdas, chegando a cerca de 37% da produo total, onde a
ao de insetos indesejveis responde por cerca de 13%, patgenos 12%, e plantas daninhas 12%25.
Introduo
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O uso dos pesticidas cresceu muito a partir da segunda guerra mundial e
est estreitamente ligado s mudanas introduzidas nos modelos de produo
e cultivo, que ampliaram muito a produtividade agrcola sem proporcional
aumento de rea plantada.
No incio de seu uso, os pesticidas foram responsveis por boa parte
desse aumento de produo, pois eliminando as pragas, melhoravam muito as
chances de se obter uma boa colheita4, hoje a situao bem diferente segundo Hawken6, que mostra que o uso de pesticidas sintticos aumentou
cerca de 20 vezes desde meados do sculo XX, e as perdas totais na produo
esperadas devido aos insetos, que deveriam diminuir com uso de
agroqumicos, aumentou de 7% para cerca de 13% em todo o mundo,
chegando a 20% nos Estados Unidos.
O composto dicloro-difenil-tricloroetano, mais conhecido como DDT,
surgiu na dcada de 40, logo aps a Segunda Guerra Mundial, como uma
soluo para muitos problemas. Foi tamanha sua capacidade de acabar com
as pragas, to rapidamente e sem efeitos danosos aparentes, que valeu ao
entomologista suo Paul Hermann Mller o prmio Nobel de medicina (1948) devido sua descoberta das propriedades inseticidas relativas ao DDT7.
Movimentos contrrios interveno qumica na agricultura j existiam desde que essa prtica se iniciou, porm crticas mais expressivas comearam
a surgir e demonstrar a relevncia dos problemas causados pelo novo padro
produtivo. Em 1962, o lanamento do livro primavera silenciosa, da biloga
norte americana Rachel Carson8, denunciava os problemas causados pelo uso
indiscriminado de pesticidas, sendo o maior deles o DDT, que atualmente
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proibido em mais de 80 pases. Seu uso ainda permitido em alguns lugares
no combate a insetos transmissores de doenas tropicais como malria.
Os prejuzos ambientais causados esto quase em equilbrio com os benefcios que os pesticidas trouxeram e ainda trazem produo agrcola e
ao combate de enfermidades humanas.
No incio de seu uso, a eficcia em combater doenas como malria,
febre amarela, dengue e outras parasitoses desencadeou o uso abusivo destes
produtos em todo o mundo, e a proliferao destes insumos passou a afetar
alm das espcies alvo, tambm o ambiente, contaminando solos, gua,
alimentos, animais e aves, chegando desta forma ao homem, uma vez que os
compostos e misturas so txicos, possuindo alto grau de estabilidade qumica
e sendo bioacumulados3,7,8.
Organizaes internacionais de controle ambiental e sade pblica entre
outras, esto sempre preocupadas e determinadas a controlar o poder
destrutivo desses produtos, criando regulamentaes tanto para a utilizao
quanto para o controle da produo, estocagem e liberao de herbicidas.
O Cdigo Internacional de Conduta sobre Distribuio e Uso de
Pesticidas foi aprovado pelo Conselho da Organizao das Naes Unidas
para a Agricultura e a Alimentao (FAO), que fala sobre a responsabilidade dos governos na regulamentao dessas substncias, a necessidade de ajuda a pases com dificuldades tcnicas para assumirem os riscos de sua utilizao,
e da importncia de contar com boas prticas de produo e comercializao15.
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1.2. Herbicidas
O processo fitossanitrio na agricultura, assim como os primeiros
produtos utilizados comeam a existir a partir da intensificao da prpria
agricultura. Os primeiros exemplos de herbicidas conhecidos foram produtos
inorgnicos (enxofre e cobre) e alguns cidos. Sulfato de cobre tem ao fungicida e uma mistura de sulfato de cobre e carbonato de amnio utilizada
na horticultura.
Seu uso como herbicida no est relacionado com a agricultura, mas
sim no controle de plantas aquticas exticas e razes de outras plantas
invasivas prximas a encanamentos contendo gua. A maior parte das
espcies de algas pode ser controlada com uma concentrao baixa de sulfato
de cobre26.
O uso de fel de lagarto verde na proteo de mas, extratos de
pimenta, tabaco, vinagre, aguarrs, leo de peixe, entre outros, so exemplos
de agroqumicos utilizados na poca de Plnio, o Ancio (23-79 d.C), catalogados em seu livro chamado Histria Natural27.
Os herbicidas apresentam algumas caractersticas prprias como,
atividade, uso, modo e mecanismo de ao, grupo qumico ou tipo de
vegetao controlada, caracteristicas essas que direcionam e determinam o
modo como sero utilizados, o tipo de alvo que atingiro, e como esse alvo
ser afetado pelos mesmos.
A escolha do herbicida adequado depender diretamente dessas
caractersticas, assim como o resultado de sua ao sobre o alvo e a cultura
onde ser aplicado.
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A atividade de um herbicida determina basicamente a regio onde o
mesmo atuar na planta; herbicidas de contato so os que agem apenas na
rea onde so aplicados; herbicidas sistmicos apresentam a capacidade de
atuar ou ter controle em toda a planta.
A absoro do herbicida o que determinar sua atividade e
deslocamento na planta, a sensibilidade da mesma a este herbicida e como
ser a atuao sobre o metabolismo. Existe a necessidade de que este
herbicida penetre na planta e chegue ao seu destino, at a organela onde ir
atuar, pois o herbicida simplesmente atingir as folhas ou ser aplicado no solo
no significa que sua ao ser efetiva.
Sua atuao dentro da planta se d em locais especficos, denominados
stios de ao, fazendo alteraes em rotas biossintticas e dificultando alguma
funo essencial ao desenvolvimento e sobrevivncia da mesma11.
Mecanismo de ao e modo de ao so pontos importantes de um
herbicida, que ajudam a entender como a estrutura da planta afetada pelo princpio ativo.
O mecanismo de ao diz respeito aos efeitos do herbicida sobre o
metabolismo das plantas, descrevendo normalmente os locais e os eventos
que promovem esses efeitos.
O resultado da seqncia destes eventos aparece na forma de sintomas
externos visveis apresentados pelas plantas em suas folhas, razes, flores e
caules. Esses sintomas, que aparecem desde o primeiro contato do herbicida
com a planta at sua morte, so o que se denomina modo de ao.
Apesar de um mesmo herbicida poder influenciar os mais variados
processos metablicos dentro da planta, seu alvo freqentemente a
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destruio das membranas dos cloroplastos, causando danos fotossntese e
interrompendo a transformao que produz energia necessria ao seu
metabolismo28.
Em relao aplicao, os herbicidas podem ser classificados de duas
formas: os pr-emergentes, quando aplicados antes do plantio da cultura, e os
ps-emergentes, quando aplicados aps a germinao das sementes
plantadas.
Para efeito de ao dos herbicidas, as plantas daninhas so
discriminadas de acordo com o nmero de cotildones que possuem,
monocotiledneas ou dicotiledneas, e tambm de acordo com o tipo de folha,
que podem ser folhas largas ou folhas estreitas.
De acordo com essas caractersticas, pode-se tambm classificar o
herbicida quanto seletividade, que indica o tipo de planta daninha que
afetada pelo mesmo.
Herbicidas so seletivos quando atuam sobre ou afetam o
desenvolvimento de apenas uma determinada espcie, sem incomodar ou
tendo pouco impacto sobre as demais. So no seletivos quando sua ao
letal a todas as espcies, sejam elas plantas de folhas largas ou folhas estreitas, mono ou dicotiledneas11,28.
A Tabela III apresenta um resumo com os principais mecanismos de
ao dos herbicidas e algumas caractersticas como local de aplicao,
atividade, modo de translocao, tipo de plantas afetadas e regio de atuao
dos herbicidas14,30.
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Tabela II: Mapa dos herbicidas resumido31
Local de aplicao
Atividade e modo de translocao Mecanismo de ao
Plantas daninhas controladas
Folhagem
Sistmicos Inibidores da ACCase Inibidores de ALS Inibidores de EPSPs Mimetizadores da Auxina
P PDC PD D
Contato
Inibidores da FS I Inibidores da PROTOX
PD D
Inibidores de GS PDC
Solo
Mveis Inibidores do FS II Inibidores de carotenides D D
Imveis Inibidores da parte area Inibidores de mitose PC P
P = poceas (gramneas); C = ciperceas (herbceas); D = dicotiledneas; ACCase = enzima AcetilCoenzima A Carboxilase; GS = enzima Glutamina Sintetase; ALS = enzima Acetolactato Sintase; EPSPs = enzima 5-enolpiruvilshikimato-3-fosfato Sintase; FS I e II = Fotossistema I e II; PROTOX = enzima Protoporfirinognio Oxidase.
O fato de o desenvolvimento de uma planta daninha necessitar as
mesmas condies exigidas por outras culturas gera um ambiente de
competio por gua, luz, nutrientes e espao fsico, ocasionando perdas na
produo da cultura desejada. As plantas daninhas interferem tambm no modo de colheita, pois tanto
a manual quanto a mecnica so prejudicadas. Exemplos so as espcies Mimosa invisa (malistra ou dormideira), que fere as mos durante a colheita manual, Ipomoea grandifolia (corda-de-viola) e Commelinna benghalensis
Introduo
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(trapoeraba), que atrapalham a colheita mecnica, pois impedem a perfeita ao do maquinrio utilizado4.
Ento, diante desses fatos, trabalhou-se em medidas visando enfrentar
essas duas barreiras principais. O espao para expanso das culturas na
Europa esgotou-se rapidamente, por ser limitado, e a ateno foi voltada na
direo da manipulao e criao de produtos que promovessem a eliminao
das pragas.
A chamada Revoluo Verde fez com que tecnologia e capital atuassem
diretamente no campo e na natureza, fomentando a produo de insumos
industrializados, mquinas, adubos, defensivos, organismos geneticamente
modificados, entre outros.
Se por um lado, esse domnio do modo de obteno de vveres resultou
no evidente melhoramento do padro de vida, por outro, essa nova sociedade
agrcola formada, produziu tambm grandes danos natureza, desmatamentos
da vegetao nativa para implantao de monoculturas, procurando maior
quantidade com menor variedade, lanando mo do uso de produtos qumicos
para o controle de pragas, comprometendo e causando contaminao de solos,
guas, fauna e flora5.
Os herbicidas atingem o homem e a outros animais pela exposio
direta ou por acumulao no organismo via ingesto de alimentos e gua
contaminados. Essa contaminao acontece pela exposio oral, ocular,
drmica e inalao, e dependendo do grau de toxicidade, da via de intoxicao,
e do tempo de exposio, produzem efeitos dos tipos agudo (danos que aparecem em menos de 24 horas, imediatamente aps a exposio a uma
nica dose, geralmente bastante alta), crnico (surgem aps longos perodos
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de contato a doses de baixa concentrao ou a exposies repetidas
substncia) e alrgico (caracterizados por reaes que algumas pessoas apresentam depois de expostas ao produto)7,9,10.
Outro problema inesperado e de grande relevncia a diminuio e
muitas vezes a perda total da capacidade de controle que os herbicidas
sintticos apresentam com relao s plantas alvo. A preocupao com o
surgimento de plantas resistentes a herbicidas em determinadas situaes,
como: uso repetitivo do mesmo herbicida ou de outro com semelhante
mecanismo de ao, tem sido alertada11.
A resistncia apresentada pelas plantas pode ser devido a fatores que
fazem com que as mesmas consigam evitar que o herbicida atinja seu alvo. Reaes do metabolismo das plantas presena dos herbicidas, perda de
afinidade do herbicida pelo local de ao e reduo da concentrao do
mesmo no local de ao so alguns desses fatores12,13.
O aparecimento de plantas resistentes foi relatado inicialmente no final
dos anos 60, associados aplicao de herbicidas da classe das triazinas11.
Registros mostram a existncia de aproximadamente 197 espcies de plantas
daninhas resistentes (115 dicotiledneas e 82 monocotiledneas), sendo 22 delas encontradas no Brasil at o ano de 200913,14.
Introduo
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1.3. Alelopatia
A capacidade que as plantas tm de interferir no desenvolvimento de
suas semelhantes, liberando substncias na atmosfera ou no solo, j era observada desde a Antigidade. No sculo III a.C., Teofrasto recomenda na
Grcia o cuidado com o cultivo de couve junto a videiras, pois substancias volteis liberadas pela primeira interferem negativamente no desenvolvimento
da segunda.
A meno sobre esse conceito de antipatia entre plantas aparece em
vrios escritos da Renascena. A incompatibilidade percebida entre algumas
espcies provocada pela liberao de substncias volteis ou por exalao
radicular de toxinas.
O pesquisador alemo Hans Molisch reuniu as palavras gregas alllon e
pathos para formar o termo alelopatia, citando-o em 1937 pela primeira vez. A
palavra significa prejuzo mtuo, e segundo Molisch, alelopatia "a capacidade de as plantas, superiores ou inferiores, produzirem substncias qumicas que,
liberadas no ambiente de outras, influenciam de forma favorvel ou no o seu
desenvolvimento"31,32.
A Sociedade Internacional de Alelopatia define alelopatia como: Cincia
que estuda qualquer processo envolvendo principalmente metablitos
secundrios produzidos por plantas, algas, bactrias e fungos que influenciam
o crescimento de sistemas biolgicos com efeitos positivos ou negativos33.
Produtos do metabolismo secundrio so produzidos pelas plantas e
estocados em grande nmero, e quando tais compostos so
posteriormente..liberados para o ambiente podem interferir no desenvolvimento
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de outras espcies, afetando seu crescimento e at inibindo a germinao de
sementes.
O acesso de outras plantas s substncias alelopticas pode acontecer
de diversas formas, como lixiviao dos tecidos, ao em que as toxinas so
levadas das partes altas para as razes, absoro de compostos aromticos
que volatilizam das folhas, flores, caules, exudao atravs das razes,
liberando grande nmero de compostos na rizosfera, afetando direta ou
indiretamente as interaes planta/planta34,35,36.
So vrios os estudos realizados no sentido de se conhecer as espcies
com atividades alelopticas no intuito de aplicao como bioerbicidas,
conhecendo-se seus efeitos inibitrios, suas fontes e seu comportamento no
ambiente37.
Existem diversas interaes bioqumicas que envolvem o fenmeno da
alelopatia, segundo Harborne38 fraes volteis contendo terpenos e
sesquiterpenos resultantes do metabolismo secundrio das plantas, e
compostos fenlicos so os principais responsveis pela inibio da
germinao de sementes, crescimento de plantas, alm de outros processos
fisiolgicos.
Esses compostos possuem em comum um anel aromtico rodeado por
um ou mais grupos hidroxila associados diretamente estrutura cclica.
Tendem a ser solveis em gua, e podem estar ligados a acares, possuem
atividade anti-sptica, antiinflamatria, do ponto de vista farmacolgico, alm
da capacidade de inibir atividade enzimtica.38
Outros compostos tambm encontrados em extratos vegetais so os
polifenis taninos, flavonides, e cidos fenlicos. Esses compostos interagem
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com sistemas biolgicos como bactrias e vrus, so antioxidantes e formam
complexos irreversveis com protenas, inibindo processos enzimticos e
interferindo no desenvolvimento das plantas.39
Os flavonides so compostos derivados do ncleo flavona, sendo que
as vrias classes so diferenciadas entre si pelo grau de insaturao e de
oxidao no seguimento dos trs carbonos intermedirios. So comumente
extrados de material vegetal com metanol, etanol, ou combinao destes com
gua.40
Os cidos fenlicos esto reunidos em dois grupos: derivados do cido
hidroxicinmico, e derivados do cido hidroxibenzico. Os derivados do cido
hidroxicinamico so compostos fenlicos de ocorrncia natural que possuem
um anel aromtico com uma cadeia carbnica, constituda por trs carbonos,
ligada ao anel. Os cidos p-cumrico, ferlico, cafico e sinptico so os
hidroxicinmicos mais comuns na natureza41.
Dentre as espcies com potencial aleloptico j investigado, Almeida42
identificou potencialidades alelopticas nas gramneas forrageiras Brachiaria
decumbens, Brachiaria humidicola e Brachiaria brizantha cv. Marandu em
nveis que possibilitaram redues expressivas na germinao de diferentes
plantas. Podem ser citados tambm como exemplos, a marica (Mimosa bimucronata), erva-mate (Ilex paraguariensis), pitanga (Eugenia uniflora) e carvalho brasileiro (Roupala brasiliensis), entre outras.43 Souza Filho44 considera a alelopatia uma alternativa vivel no manejo de plantas daninhas, devido a seu excelente potencial de interao e importncia ecolgica, assim
como a possibilidade de fornecer novas estruturas qumicas para produo de
bioativos que combatam as pragas e sejam menos danosos ao ambiente.
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1.4. Feijo-de-porco (Canavalia ensiformis)
Canavalia ensiformis, conhecida comumente como feijo-de-porco, uma planta da famlia Fabaceae muito cultivada como cobertura verde, suas
razes possuem associao simbitica com bactrias fixadoras de nitrognio
dispensando a utilizao de fertilizantes nitrogenados35,45, no entanto pouco
utilizada com o objetivo de formao de pastagens, pois no muito aceita por parte dos animais.
Foi muito bem utilizado como cultura intercalar em rotao com milho e
feijo caup em plantio de coqueirais, cultivados em solos alterados de baixa fertilidade na Regio do Maraj, surgindo como alternativa capaz de minimizar tanto os danos causados ao solo pela prtica tradicional dos monocultivos
sucessivos, como tambm de amortizar os custos de manuteno e
investimento nas lavouras de coqueirais.46
Segundo Correa47, o valor principal dessa espcie aparece em sua
notvel rusticidade e poder de adaptao aos solos de baixa fertilidade com a
propriedade de imediatamente enriquec-los.
Vrios estudos foram desenvolvidos com essa espcie de planta, como
por exemplo, os trabalhos fitoqumicos realizados por Santos48 mostrando que
a Canavalia ensiformis fonte de compostos das classes alcalides,
cianoglicosdeos, saponinas, terpenides, flavonides e taninos.49
Santos et al50 avaliaram o potencial aleloptico de extratos obtidos das
folhas de C. ensiformis sobre a germinao de sementes das espcies Cassia
tora (mata-pasto), Mimosa pudica (malcia) e Cassia occidentalis (fedegoso), plantas daninhas encontradas em pastagens, concluindo que tal leguminosa
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apresenta forte potencial aleloptico, e que extratos obtidos com solventes de
maiores constantes dieltricas foram os mais eficientes na inibio da
germinao das sementes testadas.
Mendona51 determinou os aleloqumicos de extratos aquosos de
sementes de Canavalia ensiformis via HPLC e avaliou a atividade aleloptica
sobre a germinao das plantas daninhas corda-de-viola (Ipomoea grandifolia) e trapoeraba (Commelinna benghalensis). O estudo aleloptico apresentou resultados satisfatrios com relao inibio de germinao das sementes
das plantas daninhas.
1.5. Cromatografia
Pode-se dizer que a data de 21 de Maro de 1903, marca
definitivamente o nascimento da cromatografia, numa conferncia realizada na
seco de biologia da Sociedade de Cincias Naturais de Varsvia, onde
Mikhail S. Tswett demonstrou sua mais importante concluso sobre separao
de pigmentos de clorofila.
Tswett viva e metaforicamente descreveu a sua descoberta: Como raios
luminosos num espectro, os vrios componentes de uma mistura de pigmentos
so separados numa coluna de carbonato de clcio, permitindo a respectiva
determinao qualitativa e quantitativa. Designo por cromatograma, a
preparao obtida como resultado deste processo e a correspondente
metodologia por mtodo cromatogrfico.52 Apesar do termo croma de seu
nome, a cromatografia no trata das cores dos componentes de uma amostra,
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e pode ser conceituada como um mtodo fsico-qumico de separao, em que
os constituintes da amostra a serem separados so particionados entre duas
fases, uma estacionria (geralmente de grande rea) e a outra mvel (um fludo insolvel na fase estacionria), que percola pela primeira. A partir de ento, iniciou-se o desenvolvimento da tcnica analtica mais
poderosa em separao, quantificao, e identificao (quando acoplada espectrometria) dos dias atuais. conhecida como cromatografia lquida de alta eficincia (HPLC), quando a fase mvel um lquido, e cromatografia gasosa (CG) quando a fase mvel um gs.53 A HPLC o tipo mais verstil e mais amplamente empregado de
cromatografia por eluio. Essa tcnica utilizada pelos qumicos para separar
e determinar espcies em uma grande variedade de materiais orgnicos,
inorgnicos e biolgicos.
Flavonides so compostos comumente analisados por HPLC, onde
colunas octadecilslica (C18) em fase reversa so as mais utilizadas. Outras tcnicas como a eletroforese capilar (EC) e a CG so tambm utilizadas para anlise de flavonides, no entanto, em determinaes via CG os compostos
devem possuir caractersticas adequadas tcnica, como volatilidade (ponto de ebulio at 300 oC), serem termicamente estveis, com massa molar menor que 500 g mol-1 no apresentando grupos carboxlicos, hidroxilas ou
aminas, pois estes so retidos irreversivelmente na coluna.43
A no ser que sejam derivatizados, no se pode incluir nessas condies compostos das classes dos sais orgnicos e inorgnicos,
aminocidos puros, polmeros, corantes salinos, compostos inicos e
termicamente instveis. A tcnica HPLC no necessita da volatilidade, mas da
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solubilidade das amostras na fase mvel e da interao com a fase
estacionria.53
As amostras analisadas em HPLC juntamente com suas propriedades sofrem enorme influncia da fase estacionria, que participa diretamente da
separao dos componentes presentes. Esta influncia da fase mvel no
to marcante na CG, onde a separao ocorre devido a interaes entre as
espcies analisadas e a fase estacionria. A fase mvel neste caso atua mais
como veculo para o transporte da amostra pela coluna.53
A capacidade de anlise das tcnicas muito bem definida, tanto em
termos de compostos a serem analisados, quanto em limites de deteco e
quantificao. Pode-se trabalhar em HPLC com uma quantidade reduzida de
material, 1 a 20 L de amostra so suficientes para uma anlise, permite
separar rapidamente desde mg at centenas de mg de substncias com muito
boa resoluo. Na CG, pode-se analisar amostras de 1 L a 1 mL, permitindo
separar de ng at mg de substancias ou fraes. Muito rpida para pequenos
volumes com excelente resoluo.55
A preparao da amostra a ser injetada e determinada no cromatgrafo est diretamente ligada forma de extrao da mesma. Os mtodos de
extrao variam conforme a localizao da amostra na matriz e com a proposta
de utilizao da mesma. As tcnicas de extrao mais comumente utilizadas
so: extrao lquido-lquido, em fase slida (SPE), microextrao em fase slida (SPME), extrao com solventes orgnicos (de forma contnua ou descontnua), extrao por fluido supercrtico, sonicao, headspace entre outras.54
Objetivos
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2. Objetivos
Este trabalho tem por objetivos:
avaliar o potencial herbicida de extratos aquosos obtidos a partir de
folhas e sementes de feijo-de-porco (Canavalia ensiformis), aplicados em ps-emergncia sobre as plantas daninhas corda-de-viola (Ipomoea grandifolia) e trapoeraba (Commelina benghalensis), e sobre soja transgnica e soja convencional.
Identificar e quantificar compostos fenlicos e alcalides com carter
aleloptico presentes em amostras de folhas de feijo-de-porco utilizando cromatografia lquida de alta eficincia (HPLC).
Materiais e Mtodos
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3. Materiais e Mtodos
3.1. Materiais
3.1.1. Substncias padro de referencia, solventes e outros materiais
A Tabela IV apresenta os padres, solventes e outros materiais
utilizados no trabalho.
Tabela III: Padres, solventes e outros materiais utilizados neste trabalho
Padres Solventes e solues . cido clorognico (Fluka) . gua Milli-Q Sistema Millipore Waters . cido ferulico (Fluka) . Acetonitrila Mallinckrodt (grau HPLC) . cido p-ansico (Acros) . Metanol Tedia (grau HPLC) . Naringina (Fluka) . Hidrxido de sdio - Synth . Rutina (Acros) . Cloreto de potssio - Synth
Outros materiais
. Nistatina . Filtro seringa 0,45m (Minisart RC 15)
. Nitrognio ultra puro . Papel de filtro comum
. Solo . Seringa 50 L HPLC HAMILTON
3.1.2. Equipamentos
Rotaevaporador FISATOM Mod. 557. Ultrassom BRANSON 2510 Sistema HPLC Shimadzu Moinho de facas Willey Espectrofotmetro UV-Vis-Jasco V-630 pHmetro pH Meter Tec-2 TECNAL Balana analtica SCIENTECH AS 210 Balana Semi Analtica BG 1000 GEHAKA Estufa QUIMIS Dispositivo clevenger modificado Aquecedor fundo redondo 1000 mL
Materiais e Mtodos
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3.2. Mtodos
3.2.1. Local, cultura e condies gerais do experimento
Tanto as sementes quanto as folhas de feijo-de-porco utilizadas no trabalho foram coletadas de amostras cultivadas no Laboratrio de Qumica
Ambiental do Instituto de Qumica de So Carlos USP. As amostras foram
plantadas em caixas de 1 m3 utilizando-se solo retirado de rea para plantao
de soja, encontrado na regio da cidade de So Carlos, localizado latitude 22 0 41.60 S, longitude 47 59 7.30 W. Os dados da caracterizao fsico-
qumica do solo so apresentados nas Tabelas V e VI, demonstrando que o
solo classificado como argila siltosa marrom avermelhado escuro. Este solo
foi utilizado no plantio do feijo-de-porco, assim como para as amostras de plantas daninhas e de soja, onde foram aplicados os extratos avaliados.
Tabela IV: Caracterizao fsica do solo utilizado
Areia % Silte % Argila % Textura 22 34,9 43,1 Argilo-siltosa
Tabela V: Caracterizao qumica do solo utilizado pH
(CaCl2)a Carbono orgnico
(g.kg-1) Umidade
(%)b Teor de matria orgnica (%)c
CTC (cmolc kg-1)d
4,87 14,27 11,36 4,14 12,02 a: determinao da atividade hidrogeninica (25 mL de soluo de cloreto de clcio 0,01 mol L
-1 e 10 g
de amostra). b: em estufa a 65 e 110
oC.
c: calcinao em mufla a 500
oC por 4 h.
d: suspenso em
CH3COOH.
As amostras de folhas e sementes de feijo-de-porco foram coletadas no ms de janeiro de 2009, secas a 40 C em estufa com circulao de ar forada
Materiais e Mtodos
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e posterior triturao em moinho de facas, obtendo-se aproximadamente 450g
de folhas e 650g de sementes.
As sementes das plantas daninhas trapoeraba e corda-de-viola foram
adquiridas junto empresa Agrocosmos, localizada na cidade de Campinas, e as sementes de soja foram cedidas pela Embrapa soja (CNPSO), do Paran. O material foi acondicionado em recipientes plsticos aguardando o momento de
utilizao.
3.2.2 Obteno dos extratos aquosos de folhas e sementes de feijo-de-porco (Canavalia ensiformis)
Os extratos aquosos das folhas e sementes de feijo-de-porco foram obtidos seguindo o procedimento realizado por Santos48 e Mendona51,
colocando-se uma massa de material vegetal colhido (folhas e sementes) previamente seco e modo em gua sob agitao por um tempo determinado.
A uma massa de 300 g deste material, adicionou-se 1 L de gua (0,1% KCl) purificada por processo Milli-Q, deixando sob agitao por 24 horas. A seguir a soluo formada foi filtrada em tecido de algodo, adicionando-se
novamente 1 L de gua purificada, mantendo-se a agitao por mais 24 horas,
sempre a temperatura ambiente.
Finalizando as 48 horas, filtrou-se em tecido de algodo a ltima parcela
de material em agitao, somando com o filtrado anterior e resultando em um
volume lquido final de aproximadamente 1700 mL, descontadas as perdas por
evaporao e transferncia de recipiente. Esse volume foi levado a um
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rotaevaporador (45 C) para retirada da gua, a fim de obter-se a massa total do extrato concentrado.
A massa restante obtida aps a concentrao em rotaevaporador, uma
massa gelatinosa, foi ento pesada e, a partir da foram preparados os extratos
aquosos adicionando-se novamente gua purificada, nos volumes necessrios
para obter-se as concentraes desejadas, 10, 25 e 50 g L-1. O volumes preparados foram acondicionados em recipiente de vidro mbar e guardados
em geladeira. As massas obtidas e os volumes preparados esto dispostos na
Tabela VII.
Tabela VI: Massas de extratos aquosos obtidas a partir de 300g de material vegetal previamente seco e modo
Material vegetal
Massa obtida (g)
Volumes H2O adicionados (mL)
Concentraes obtidas (gL-1)
Folhas 25,00 500,00 50,00 Sementes 20,00 400,00 50,00
A partir da concentrao 50 g L-1, foram preparadas as demais
concentraes mediante diluio. Um fato a se notar foi a diferena entre as
guas utilizadas na diluio. A princpio utilizou-se gua purificada por
processo Milli-Q na preparao do extrato para os primeiros ensaios, a seguir
utilizou-se gua diretamente da torneira, e uma terceira preparao foi feita
com a gua retirada da amostra no rotaevaporador.
No houve qualquer diferena nos resultados observados com relao
aos efeitos do extratos sobre as plantas daninhas. Qualquer que seja a gua utilizada para preparao da calda de aplicao, os resultados, os efeitos e o
tempo de ao do extrato so idnticos.
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3.2.2.1. Terminologia utilizada
Foram aplicados os extratos da semente de feijo-de-porco em trs diferentes concentraes, 10, 25 e 50 g L-1 que foram identificadas como ES-
10, ES-25 e ES-50, em que E significa Extrato, S significa Semente, e os
valores 10, 25 e 50 correspondem s concentraes preparadas. A
terminologia aplicada aos extratos de folha de feijo-de-porco foi idntica, com S (semente) substitudo por F (folha).
Cada um dos extratos preparados nas diferentes concentraes foi
denominado de tratamento e a unidade experimental contendo as plantas
daninhas onde se aplicou o tratamento foi denominada de parcela.
3.2.3. Procedimento de Aplicao dos extratos
O experimento foi conduzido no perodo de maro a maio de 2009, no
Laboratrio de Qumica Ambiental (IQSC-USP), na cidade de So Carlos-SP. As aplicaes foram feitas por volta das 10 horas da manh, com temperaturas
variando entre 22 e 28 oC. Para a aplicao dos extratos, as sementes das
plantas daninhas e da soja foram plantadas em recipientes plsticos de 15 cm de dimetro.
Foram feitos vrios testes, sendo que o nmero de sementes e a
combinao entre elas em cada recipiente variou, objetivando-se avaliar a ao dos extratos tanto nas sementes das plantas isoladas quanto em conjunto com a soja.
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O momento das aplicaes dos tratamentos deu-se a partir da
germinao das sementes das plantas daninhas, no 8 dia do plantio para
trapoeraba e a partir do 5 dia para corda-de-viola (Mendona, 2007).51 Foram escolhidos trs diferentes perodos de tempo para aplicao dos
diferentes tratamentos:
- 1 aplicao: logo aps sua germinao;
- 2 aplicao: 15 dias aps a germinao;
- 3 aplicao: 30 dias aps a germinao,
estando as plantas, nessas condies, em diferentes tamanhos e idades
em cada aplicao.
A ao dos tratamentos foi observada durante 3 a 5 dias at o mximo
de 7 dias. O comportamento e o desenvolvimento da planta sob ao dos
tratamentos foram observados durante todo o perodo das aplicaes, e foi
dada, tambm, ateno ao perodo de 10 dias aps a ltima aplicao, com
objetivo de observar uma eventual recuperao da planta. Os resultados foram comparados com uma amostra controle, preparada nas mesmas condies,
sem, no entanto receber os extratos.
As formas de aplicao de herbicidas em ensaios so normalmente a
utilizao de um pulverizador costal pressurizado, veculos tracionados ou
puxados por trator e at mesmo aeronaves, adequados ao trabalho,
dependendo do tamanho e condies da rea preparada. Neste experimento,
cada unidade experimental constou de um recipiente plstico de pequeno porte
(1 litro) preenchido com solo, no exigindo aparato sofisticado para a aplicao dos tratamentos. Para tanto, a aplicao foi realizada com auxlio de um
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dispositivo tipo spray que lana o extrato lquido simulando um pulverizador,
sendo cada borrifada do dispositivo equivalente a um volume de 700 L.
3.2.4. Extrao das amostras e condies para anlise cromatogrfica
Foi feito um trabalho de identificao de compostos fenlicos em
amostras de folhas de feijo-de-porco utilizando-se a cromatografia lquida de alta eficincia. Esses compostos foram escolhidos a partir de estudos
realizados anteriormente por Santos48 e Mendona.51 Os componentes das
folhas de feijo-de-porco foram submetidas extrao por meio de dispositivo clevenger, ao qual se juntou 200 mL de gua purificada por processo Milli-Q e uma massa de 20 g de folhas secas e modas.
O conjunto foi mantido em aquecimento (100 C) por 4 horas, e aps este perodo o volume de gua contendo o material extrado das folhas, cerca
de 8 mL, foi separado e trabalhou-se na preparao das amostras para injeo no cromatgrafo. O volume foi filtrado em filtro seringa Minisart RC 15 com 45
m e dividido em duas partes, as quais foram concentradas em atmosfera de
nitrognio at que atingissem aproximadamente 1 mL cada. A partir disso, uma
amostra chamada amostra aquosa, foi mantida sem alterao, contendo
somente gua, e injetada diretamente no cromatgrafo. segunda parte da amostra chamada hidroalcolica, foi adicionado 1 mL de metanol, solvente com
o qual os compostos procurados tem afinidade, segundo Santos48 e
Mendona51. As amostras foram preparadas em triplicata, fazendo-se trs
injees para cada triplicata.
Materiais e Mtodos
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Figura I: Espectros na regio do UV-Vis para os compostos padro utilizados no trabalho
Tabela VII: Condies cromatogrficas empregadas nas anlises das amostras de folhas de feijo-de-porco
Coluna Comprimento (L) Dimetro Interno (di) Dimetro da Partcula (m)
STR ODS II 15,0 cm 4,6 mm 5,0 m
Fase Mvel A: HCOOH (2% em H2O, pH 3), B: ACN Fluxo da fase mvel 0,8 e 1 mL min-1 Temperatura da coluna 33 oC Volume Injetado (amostra) 20 L Detector UVVis Comprimentos de onda monitorados = 250, 265, 290 e 340 nm
Foram utilizadas substncias padro de referncia para estes
compostos, preparadas em vrias concentraes, e seus resultados
cromatogrficos comparados aos resultados das amostras extradas das folhas
de feijo-de-porco.
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
190 240 290 340 390
cido_Clorognico
cido_Ferlico
cido_p-ansico
Naringina
Rutina
Materiais e Mtodos
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A anlise foi feita levando-se em considerao os comprimentos de onda
de absorbncia das substncias padro na regio do UV-Vis, e a Figura I
mostra os grficos espectrofotomtricos com uma varredura de comprimentos
de onda entre 200 e 400 nm para as substncias padro utilizados na
comparao com as amostras.
As condies cromatogrficas utilizadas na anlise das amostras so
apresentadas na Tabela VIII.
Resultados e Discusso
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4. Resultados e Discusso
4.1. Experimentos utilizando extratos de folhas e sementes de feijo-de-porco (Canavalia ensiformis)
Um dos objetivos deste trabalho foi comprovar a capacidade herbicida e seletividade de extratos preparados a partir de feijo-de-porco e aplicados em ps-emergncia sobre cultivares de soja e plantas daninhas. Nesta etapa, foram preparados extratos de diferentes concentraes a partir de folhas e
sementes de Feijo-de-Porco e os extratos aplicados em amostras de soja transgnica (cultivar CD 214RR), soja convencional (BRS-133 e MG/BR 46 Conquista) e as plantas daninhas trapoeraba (Commelina benghalensis) e corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), sendo a aplicao realizada em diferentes volumes, concentraes e perodos de tempo aps a germinao das
sementes.
4.1.1. Avaliao dos efeitos observados
A avaliao utilizada para definir a toxicidade dos tratamentos foi
baseada numa escala conceitual alfabtica (Tabela IX) da Sociedade Brasileira Da Cincia Das Plantas Daninhas SBCPD56, que variou de a at e, com
descrio detalhada dos sintomas apresentados pelas plantas ao final da
aplicao dos tratamentos.
Resultados e Discusso
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Instituto de Qumica de So Carlos - USP 2011 *ASOCIACION LATINOAMERICANA DE MALEZAS ALAM. Recomendaciones sobre unificacin delos sistemas de evaluacin en ensayos de control de malezas. ALAM, v. 1, n. 1, p. 35-38, 1974. 43
Tabela VIII: Descrio dos conceitos aplicados as avaliaes de toxicidade SBCPD56
Conceito Descrio
a Sem injria ou efeito sobre a cultura.
b Injrias leves e/ou reduo de crescimento com rpida recuperao.
c Injrias moderadas e/ou redues de crescimento com lenta
recuperao ou definitivas.
d Injrias severas e/ou redues de crescimento no recuperveis e/ou redues de estande.
e Destruio completa da cultura ou somente algumas plantas vivas.
As avaliaes da porcentagem de controle realizadas aps a aplicao
dos extratos foram baseadas na escala de notas da Asociacion Latino
Americana de Malezas (ALAM), *(1974 apud CHIOVATO57, 2009, p. 35-38) descritas na Tabela X. Os resultados foram submetidos anlise de varincia
com aplicao do teste F a 1%.
Tabela IX: Escala de conceitos da ALAM* utilizada para avaliao da porcentagem de eficcia de controle de plantas daninhas
Porcentagem (%) Descrio do nvel de controle 0 40 Nenhum ou pobre 41 60 Regular 61 70 Suficiente 71 80 Bom 81 90 Muito bom
91 100 Excelente
4.1.2. Avaliao do volume timo para aplicao
Buscando-se um volume adequado para o controle das plantas
daninhas, os tratamentos foram preparados em 6 diferentes concentraes
previamente estabelecidas e aplicados de diferentes modos.
Resultados e Discusso
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Para incio, aplicou-se o volume de 700 L/dia/planta, at que o
desenvolvimento da planta fosse totalmente interrompido e a planta morresse.
Apenas 2 das 6 concentraes demonstraram resultado desejado, as concentraes 25 e 50 g L-1 do extrato da semente, que aps cinco aplicaes
seguidas, ou 3,5 mL/planta de extrato, comprovou a eficincia e a planta foi
totalmente controlada (morta), em todos os perodos de aplicao. O resultado foi novamente alcanado aps os mesmos cinco dias, aplicando-se o
tratamento em dose nica.
As Tabelas XI a XVI apresentam o resultado visual obtido aps a
aplicao dos tratamentos, assim como as variaes para volume e modo de
aplicao utilizados na escolha do volume a ser aplicado.
Os dados apresentados so relativos somente s concentraes 25 e 50
g L-1 devido ao interesse maior nas concentraes que conseguem interromper
o desenvolvimento das amostras de estudo. Ainda de acordo com as
observaes, nenhum volume abaixo de 3,5 mL/planta aplicado apresentou
essa capacidade em qualquer dos perodos escolhidos para aplicao, sendo
este o volume adequado para o controle.
Tabela X: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre corda-de-viola em dose nica
Tratamento Dose por planta Modo de aplicao
corda-de-viola poca de avaliao (dias) 0 15 30
ES-25 2800 L Dose nica d c c ES-50 2800 L Dose nica e e d ES-25 1500 L Dose nica b a b ES-50 1500 L Dose nica d c d ES-25 1000 L Dose nica a a a ES-50 1000 L Dose nica b b b ES-25 700 L Dose nica a a a ES-50 700 L Dose nica b a b ES-25 500 L Dose nica a a a ES-50 500 L Dose nica a a a
Resultados e Discusso
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Tabela XI: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre corda-de-viola em duas etapas, sendo a 2 aplicada 3 dias aps a 1
Tratamento Dose por Planta Modo de aplicao
corda-de-viola poca de avaliao (dias)
0 15 30 ES-25 2800 L
Duas aplicaes, sendo a 2 aplicada 3 dias aps a
1
d d c ES-50 2800 L e e d ES-25 1500 L c b c ES-50 1500 L d c d ES-25 1000 L a a a ES-50 1000 L b b b ES-25 700 L a a a ES-50 700 L b a a ES-25 500 L a a a ES-50 500 L a a a
Tabela XII: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre corda-de-viola em 5 doses
Tratamento Dose por planta Modo de aplicao
corda-de-viola poca de avaliao (dias) 0 15 30
ES-25 2800 L
5 doses
d d c ES-50 2800 L e e d ES-25 1500 L c b c ES-50 1500 L d c d ES-25 1000 L a a a ES-50 1000 L b b b ES-25 700 L a a a ES-50 700 L b a a ES-25 500 L a a a ES-50 500 L a a a
Tabela XIII: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre trapoeraba em dose nica
Tratamento Dose por planta Modo de aplicao
trapoeraba poca de avaliao (dias) 0 15 30
ES-25 2800 L Dose nica c b c ES-50 2800 L Dose nica d d c ES-25 1500 L Dose nica b a b ES-50 1500 L Dose nica c b c ES-25 1000 L Dose nica a a a ES-50 1000 L Dose nica b b b ES-25 700 L Dose nica a a a ES-50 700 L Dose nica b a b ES-25 500 L Dose nica a a a ES-50 500 L Dose nica a a a
Resultados e Discusso
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Tabela XIV: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre trapoeraba em duas etapas, sendo a 2 aplicada 3 dias aps a 1
Tratamento Dose por Planta Modo de aplicao
trapoeraba poca de avaliao (dias)
0 15 30 ES-25 2800 L
Duas aplicaes, sendo a 2 aplicada 3 dias aps a
1
d d d ES-50 2800 L e e e ES-25 1500 L c c c ES-50 1500 L d c d ES-25 1000 L a a a ES-50 1000 L b b b ES-25 700 L a a a ES-50 700 L b b b ES-25 500 L a a a ES-50 500 L a a a
Tabela XV: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para os diferentes volumes aplicados sobre trapoeraba em 5 doses
Tratamento Dose por Planta Modo de aplicao
trapoeraba poca de avaliao (dias) 0 15 30
ES-25 2800 L
5 doses
d d d ES-50 2800 L e e e ES-25 1500 L c c c ES-50 1500 L d c d ES-25 1000 L a a a ES-50 1000 L b b b ES-25 700 L a a a ES-50 700 L b b b ES-25 500 L a a a ES-50 500 L a a a
Aps estes testes, verificou-se que a variao no modo de aplicao no
fator relevante que influencie o resultado da ao dos tratamentos sobre os
alvos, e que o limite mnimo de volume a ser aplicado para obteno do
controle desejado de 3,5 mL. Assim, fica claro que os tratamentos com concentraes 25 e 50 g L-1 so os que tem maior poder de controle sobre o
desenvolvimento das plantas em estudo, sendo o volume timo de aplicao
3,5 mL/planta, e a aplicao em dose nica a recomendada.
Resultados e Discusso
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4.2. Avaliao dos dados obtidos aps aplicao dos extratos
4.2.1. Avaliao dos tratamentos aplicados sobre corda-de-viola
Antes de colocar as sementes nos recipientes onde seriam aplicados os
tratamentos, as mesmas foram acondicionadas em placa de Petri com papel de
filtro e Nistatina (para evitar proliferao de fungos) por alguns dias, at o inicio da germinao, sendo a seguir transferidas para os recipientes que formariam
as parcelas e o controle (branco). Os tratamentos foram preparados alguns dias antes da aplicao, e nas pocas pr-definidas foram aplicados de acordo
com os volumes e os modos de aplicao estabelecidos. Os resultados das
avaliaes de toxicidade (segundo SBCPD)56 e porcentagem de controle (segundo ALAM)* realizadas aps a aplicao dos extratos esto dispostos nas Tabelas XVII e XVIII.
Tabela XVI: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, dos efeitos dos tratamentos sobre corda-de-viola
Tratamento Dose por Planta Modo de aplicao
corda-de-viola poca de avaliao (dias) 0 15 30
EF-10 3500 L Dose nica a a a 5 doses (700L) a a a EF-25 3500 L Dose nica a a a 5 doses (700L) a a a EF-50 3500 L Dose nica b b b 5 doses (700L) b b b ES-10 3500 L Dose nica b b b 5 doses (700L) b b b ES-25 3500 L Dose nica d c d 5 doses (700L) d c d ES-50 3500 L Dose nica e e e 5 doses (700L) e e e
Resultados e Discusso
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Os dados da Tabela XVII demonstram que tratamentos ES-25 e ES-50
preparados com a semente de feijo-de-porco so os mais eficientes na interrupo do desenvolvimento das plantas daninhas. Os dados da Tabela
XVIII trazem as porcentagens de controle dos tratamentos, corroborando com
os dados da tabela anterior, que demonstram o poder de controle dos
tratamentos preparados a partir de sementes. Os tratamentos preparados a
partir das folhas apresentaram resultados de controle parcial sobre o alvo, no
interrompendo seu desenvolvimento.
Os dados foram submetidos anlise de varincia e aplicado o teste F a
1% de probabilidade. As mdias seguidas pela mesma letra no diferem
significativamente entre si, sendo o caso dos tratamentos EF-10, EF-25, EF-50
e ES-10, que demonstraram semelhana em todos os aspectos observados,
inclusive anlise visual de controle sobre o alvo.
Tabela XVII: Avaliao segundo ALAM, da porcentagem de controle dos tratamentos sobre corda-de-viola
Tratamento Dose por Planta Modo de aplicao
corda-de-viola poca de avaliao (dias) 0 15 30
EF-10 3500 L Dose nica 10a 5a 10a
5 doses (700L) 10a 5a 10a EF-25 3500 L Dose nica 15
a 10a 15a
5 doses (700L) 15a 10a 15a EF-50 3500 L Dose nica 30
a 20a 20a
5 doses (700L) 30a 20a 25a ES-10 3500 L Dose nica 20
a 15a 20a
5 doses (700L) 20a 20a 20a ES-25 3500 L Dose nica 90
b 85b 95b
5 doses (700L) 95b 90b 95b ES-50 3500 L Dose nica 100
b 95b 100b
5 doses (700L) 100b 100b 100b
ab: Mdias seguidas pela mesma letra na colunas no diferem significativamente entre si pelo teste
F a 1% de probabilidade.
Resultados e Discusso
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A aplicao em 0 (zero) dias foi iniciada no momento da germinao das sementes, antes que a plntula despontasse no solo. Verificou-se que a
semente germinou e a plntula conseguiu crescer (ou desenvolver-se com alguma dificuldade) aps a aplicao dos tratamentos EF-10, EF-25, EF-50, e tambm aps aplicao do tratamento ES-10. Os tratamentos ES-25 e ES-50
foram os nicos a apresentar capacidade de controle total sobre as plantas
daninhas no volume aplicado e nos trs estdios de desenvolvimento da
mesma. Nessas condies, as sementes germinadas no se desenvolveram,
no havendo crescimento da planta jovem, que secou e morreu. As aplicaes dos tratamentos foram realizadas de forma que os mesmos atingissem a planta
em toda sua extenso, ou a maior rea possvel, via dispositivo aplicador
expelindo um jato spray, espalhando eficientemente o tratamento por toda a rea onde a planta se encontra.
O tratamento ES-50 o mais eficiente no controle de corda-de-viola,
seus efeitos comeam a aparecer 24 h aps a aplicao, e os sintomas se
iniciam com uma leve deformao nas bordas laterais das folhas. Com 48 h,
todas as folhas j apresentam sinais de deformao nas bordas, e a folhas menores j comeam a murchar. Com o passar dos dias, os sinais se tornam mais e mais evidentes, as folhas comeam a mudar de cor, trocando o verde
por marrom, num processo muito rpido em que sua estrutura se torna murcha
e seca. No quarto dia aps a aplicao, as plantas j no tm mais folhas verdes, estando deformadas e marrons, e apresentando um aspecto de
doentes ou completamente mortas No quinto dia aps a aplicao, as folhas da
planta esto totalmente secas, o caule torna-se duro e seco, a planta j no cresce e no h possibilidade de recuperao.
Resultados e Discusso
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4.2.2. Avaliao dos tratamentos aplicados sobre trapoeraba
As sementes de Trapoeraba foram germinadas em placa de Petri, e a
seguir transferidas para as parcelas, sendo que necessitam de um tempo maior
para germinarem, em relao corda-de-viola. A partir da germinao, o
procedimento seguido foi idntico ao utilizado para Corda-de-Viola. As Tabelas
XIX e XX apresentam os resultados das avaliaes visuais (segundo SBCPD)56 e porcentagem de controle (segundo ALAM) aps aplicao dos tratamentos, de acordo com os modos e volumes de aplicao.
Tabela XVIII: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, dos efeitos dos tratamentos sobre trapoeraba
Tratamento Dose por planta Modo de
Aplicao trapoeraba
poca de avaliao (dias) 0 15 30
EF-10 3500 L Dose nica a a a 5 doses (700L) a a a EF-25 3500 L Dose nica b a a 5 doses (700L) b a a EF-50 3500 L Dose nica c b b 5 doses (700L) c b b ES-10 3500 L Dose nica b b a 5 doses (700L) b b a ES-25 3500 L Dose nica e e d 5 doses (700L) e e d ES-50 3500 L Dose nica e e e 5 doses (700L) e e e
A Tabela XIX apresenta os resultados das avaliaes visuais (segundo SBCPD)56 aps aplicao dos tratamentos, de acordo com os modos e volumes de aplicao. Os resultados apresentados para os ensaios realizados
com trapoeraba demonstram que no houve diferena significativa dos efeitos
obtidos para corda-de-viola, de acordo com a avaliao visual e que mais uma
Resultados e Discusso
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vez os tratamentos ES-25 e ES-50 so os mais eficientes no controle da planta
daninha.
No entanto, a avaliao visual no demonstra diferena entre os modos
de aplicao, no sendo os mesmos um fator importante no resultado final. A
Tabela XX traz as porcentagens de controle dos tratamentos, demonstrando
que, de acordo com as observaes visuais, apenas os tratamentos ES-25 e
ES-50 apresentam poder de controle total sobre o alvo.
Tabela XIX: Avaliao segundo ALAM, da porcentagem de controle dos tratamentos sobre trapoeraba
Tratamento Dose por Planta Modo de aplicao
trapoeraba poca de avaliao (dias) 0 15 30
EF-10 3500 L Dose nica 10a 5a 10a
5 doses (700L) 10a 5a 10a EF-25 3500 L Dose nica 15
a 10a 15a
5 doses (700L) 15a 10a 15a EF-50 3500 L Dose nica 30
a 20a 20a
5 doses (700L) 30a 20a 25a ES-10 3500 L Dose nica 20
a 15a 20a
5 doses (700L) 20a 20a 20a ES-25 3500 L Dose nica 90
b 80b 95b
5 doses (700L) 95b 90b 95b ES-50 3500 L Dose nica 100
b 95b 100b
5 doses (700L) 100b 100b 100b
ab:Mdias seguidas pela mesma letra nas colunas no diferem significativamente entre si pelo teste
F a 1% de probabilidade.
As aplicaes seguiram o mesmo procedimento, sendo 0 (zero) dias iniciado no momento da germinao das sementes, antes que a plntula
despontasse no solo. O resultado demonstrou que tanto trapoeraba quanto
corda-de-viola tiveram ou sofreram os mesmos efeitos quando submetidas aos
tratamentos. A semente germinou e a plntula conseguiu crescer (ou desenvolveu-se com alguma dificuldade) aps a aplicao dos tratamentos EF-
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10, EF-25, EF-50 e tambm ES-10, sendo igualmente ineficientes para o
controle total da Trapoeraba nos perodos e volumes.aplicados.
Os tratamentos ES-25 e ES-50 foram os nicos a apresentar eficincia
para controlar a Trapoeraba no volume aplicado e nos trs estdios de
desenvolvimento da mesma. O tratamento ES-50 o mais eficiente no controle
da planta daninha e seus efeitos comeam a aparecer 24 h aps a aplicao.
Diferentemente da corda-de-viola, as folhas verdadeiras da trapoeraba
aparecem mais tarde, por volta dos 20 dias aps a geminao, no entanto os
sintomas apresentados pela planta so idnticos. Iniciam com uma leve
deformao nas bordas laterais das folhas, que vai aumentando com o passar
dos dias, murchando a folha que perde a colorao verde, tornando-se
amarelada e marrom. Com 48 h, todas as folhas j apresentam sinais de deformao nas bordas, e a folhas menores j comeam a murchar. Os sinais se tornam mais e mais evidentes, o processo de definhamento muito rpido e
a planta apresenta um aspecto de doente ou morta.
No quinto dia aps a aplicao, as folhas da planta esto totalmente
secas e caindo, o caule se torna duro e seco, a planta j no cresce e no h possibilidade de recuperao.
4.2.3. Avaliao da seletividade do tratamento ES-50 aplicado sobre parcelas
constitudas pelas plantas daninhas e soja
Para avaliao da seletividade utilizou-se o tratamento ES-50, que foi
aplicado sobre parcelas contendo as plantas daninhas utilizadas no
Resultados e Discusso
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experimento e alguns cultivares de soja transgnica e soja convencional. As parcelas continham:
- Trapoeraba + Corda-de-Viola + Soja transgnica (CD 214-RR); - Trapoeraba + Corda-de-Viola + Soja convencional (BRS 133); - Trapoeraba + Corda-de-Viola + Soja convencional (MG/BR 46). O tratamento ES-50 foi o escolhido para essa avaliao devido sua
eficincia no controle total das plantas daninhas; foi aplicado o volume de 3,5
mL/planta em dois diferentes modos de aplicao e os resultados foram
observados durante o perodo que foi desde a primeira aplicao at 10 dias
aps a ltima aplicao. Na Tabela XXI esto dispostos os resultados da
avaliao visual (segundo SBCPD) aps a aplicao do tratamento seguindo os modos e volume de aplicao.
Tabela XX: Resultado das avaliaes visuais segundo SBCPD56, para o tratamento ES-50 sobre plantas daninhas e cultivares de soja
Alvos Dose por planta Modo de aplicao Conceito (30 dias) Trapoeraba 3500 L 5 doses (700L) e Dose nica Corda-de-Viola 3500 L 5 doses (700L) e Dose nica Soja (CD 214-RR) 3500 L 5 doses (700L) a* Dose nica Soja (BRS 133) 3500 L 5 doses (700L) a* Dose nica Soj
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