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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENFERMAGEM
CARACTERIZAÇÃO DOS ÓBITOS INFANTIS NO MUNICÍPIO DE TEUTÔNIA/RS, PERÍODO DE 2006 A 2010
Jaqueline Beatriz Rohde
Lajeado, julho de 2013
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Jaqueline Beatriz Rohde
CARACTERIZAÇÃO DOS ÓBITOS INFANTIS NO MUNICÍPIO DE TEUTÔNIA/RS, PERÍODO DE 2006 A 2010
Monografia apresentada ao Curso de Enfermagem, do Centro Universitário UNIVATES como parte da exigência para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Drª Ioná Carreno
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RESUMO
A população estudada constitui-se de óbitos infantis em Teutônia, no período de 2006-2010. O objetivo do estudo foi analisar os óbitos infantis de acordo com os dados registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade que constam no DATASUS. Trata-se de um estudo ecológico, quantitativo, exploratório-descritivo em que foi considerado como variável dependente, o óbito infantil antes do primeiro ano de vida e, como variáveis independentes, a escolaridade e idade materna, tipo de gravidez, tipo de parto e idade gestacional. Variáveis independentes do sexo da criança, cor/raça, peso ao nascer, faixa etária do óbito, causas evitáveis, óbito relação ao parto e lista de mortalidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas (CID 10). Segundo os dados do SIM 61,5% dos óbitos nasceram de parto cesariano, 53,8% eram pré-termo, 69,2% foram óbitos neonatais, 61,5% óbitos por causas evitáveis e 38,4% dos óbitos eram redutíveis por adequada atenção à mulher na gestação, 61,5% ocorreram por causas perinatais. O estudo traz, como benefício, o conhecimento do perfil dos óbitos para o planejamento de estratégias e ações com o intuito da melhoria do indicador. Palavras chave: Mortalidade Infantil. Óbitos infantis. Informações de Saúde.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Apresenta o número de óbitos infantis em Teutônia, na 16º CRS e no RS,
no período de 2006 a 2010 ....................................................................................... 19
Tabela 2 – Caracterização dos óbitos segundo as variáveis obstétricas do município
de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul –
2006 a 2010 .............................................................................................................. 21
Tabela 3 – Caracterização dos óbitos segundo as variáveis neonatais do município
de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul –
2006 a 2010 .............................................................................................................. 22
Tabela 4 – Caracterização dos óbitos infantis conforme evitabilidade, do município
de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul –
2006 a 2010 .............................................................................................................. 26
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 8
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 15
3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................... 15
3.2 Local de pesquisa ............................................................................................. 16
3.3 População/amostra ........................................................................................... 17
3.4 Variáveis dependentes e independentes ........................................................ 17
3.5 Coleta de dados ................................................................................................ 17
3.6 Análise de dados ............................................................................................... 18
3.7 Considerações éticas ........................................................................................ 18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 19
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 30
APÊNDICE A ............................................................................................................ 33
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1 INTRODUÇÃO
No ano de 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao analisar os
maiores problemas mundiais, estabeleceu oito Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM), o quarto objetivo é a redução da mortalidade infantil e os demais
são: melhorar a saúde das gestantes; acabar com a fome e a miséria; educação de
qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; combater a
AIDS, a malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e
todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.
De acordo com o Relatório de Monitoramento de 2012 do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF), o Brasil, em 2011, ficou entre os cinco melhores
índices de mortalidade infantil, apresentando uma redução de 73% das mortes de
crianças menores de cinco anos desde 1990, quando a taxa brasileira indicava que,
a cada mil crianças nascidas vivas, 58 morriam antes de completar cinco anos de
vida. Em 2011, esse índice foi reduzido para 16/1.000 nascidos. A adesão do Brasil,
como uma das referências mundiais na redução da mortalidade na infância, é
extremamente importante, tanto que o compromisso já conta com as assinaturas de
chefes de governo de 104 países (ONU, 2012).
Segundo o Ministério da Saúde, em 2012, o País deve atingir uma das metas
estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) no documento “Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio”, graças à redução de 59% na mortalidade infantil no
período de 1990 a 2007, em que o número de mortes a cada mil bebês nascidos
caiu de 47,1 para 19,3. Assim, na média nacional, a mortalidade infantil segue uma
tendência de queda de 5,2% ano, quase o dobro dos 2,9% recomendados pela
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ONU. Se permanecer esse ritmo de queda, a taxa geral brasileira, no ano de 2012,
será de 14,4 mortes por 1000 crianças nascidas vivas, o que a ONU estabelece
como máximo.
Conforme a ONU, o Ministério da Saúde do Brasil, no dia 20 de setembro de
2012, comprometeu-se com o ‘‘Compromisso com a sobrevivência infantil: uma
promessa renovada’’ que é uma iniciativa do UNICEF e dos governos dos Estados
Unidos da América, Índia e Etiópia, em apoio à estratégia ‘‘Toda Mulher Toda
Criança’’, da Assembleia Geral da ONU, lançada em 2010. Esse compromisso visa a
acelerar os esforços dos governos e da sociedade em reduzir as mortes evitáveis de
crianças de até 5 anos, com ênfase nos primeiros dias de vida. A adesão por parte
do governo brasileiro é uma demonstração do comprometimento do País em
acelerar a redução da mortalidade de crianças menores de cinco anos e, também,
em apoiar outros países para que consigam como o Brasil, atingir o quarto Objetivo
de Desenvolvimento do Milênio para a redução da mortalidade infantil e continuar
enfrentando as causas que levam a mortes evitáveis de crianças (ONU, 2012).
O Ministério da Saúde relata que ter a oportunidade de cooperar com os
avanços relacionados à sobrevivência de recém-nascidos, crianças e mães é motivo
de orgulho para o governo brasileiro. Uma série de ações voltadas para a melhoria
da saúde das crianças, como a Rede Cegonha, a Política Nacional de Aleitamento
Materno, o Programa Nacional de Imunização e a ampliação do acesso à Atenção
Básica, contribuíram para atingir a meta estabelecida pela ONU antes do prazo
(ONU, 2012, texto digital).
Segundo Freitas et al (2012) e estudos anteriores, a prematuridade é
preocupação em saúde pública, principalmente nos países menos desenvolvidos,
devido às condições precárias de saúde da gestante. A sobrevivência dos
prematuros, especialmente os de muito baixo peso, tem estreita relação com a
qualidade do atendimento antenatal e perinatal. Os resultados de estudos de
avaliação da assistência ao parto e nascimento e sua influência na mortalidade
infantil indicam que, além do perfil de risco populacional, a qualidade do atendimento
hospitalar é um importante fator para os diferenciais encontrados nas taxas de
mortalidade entre os hospitais, nos países como no Brasil, onde a maioria dos partos
é institucionalizada.
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Para o Ministério da Saúde, as taxas elevadas de óbitos infantis estão, em
geral, relacionadas às condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a
inadequada assistência pré-natal dada ao parto e ao recém-nascido. Os índices de
prematuridade e baixo peso estão elevados, mas, além desses, existem outros
fatores importantes a serem estudados (BRASIL, 2009).
Desta forma, o objetivo da pesquisa foi analisar os óbitos infantis registrados
no Sistema de Informação sobre Mortalidade, no período de 2006 a 2010, do
Município de Teutônia/RS. Foram caracterizados os dados maternos e obstétricos
de acordo com a escolaridade, idade da mãe, tipo de gravidez, tipo de parto e idade
gestacional; também houve a caracterização dos dados referente ao óbito infantil de
acordo com o sexo da criança, cor/raça, faixa etária, peso ao nascer, causas
evitáveis em menores de um ano, óbito relação ao parto, lista de mortalidade CID
10. As variáveis estão estratificadas de acordo com os dados registrados no SIM do
Município de Teutônia, comparando-os com os dados da 16ª Coordenadoria
Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul, no período de 2006 a 2010.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
O Ministério da Saúde, através da portaria nº 72, de 11 de Janeiro de 2010,
estabelece que óbito infantil é aquele ocorrido em crianças nascidas vivas desde o
nascimento até um ano de idade, ou seja, até 364 dias. Óbitos pós-neonatais,
crianças de 28 dias a 364 dias de vida; neonatais de 0 a 27 dias de vida, porém a
mortalidade neonatal é subdividida nos componentes neonatal precoce de 0 a 6 dias
e neonatal tardio entre 7 a 27 dias. Na mesma portaria, diz que a vigilância do óbito
infantil e fetal é obrigatória nos serviços de saúde públicos e privados que integram o
Sistema Único de Saúde (SUS).
Ventura et al. (2008, p. 257) referem-se à importância da investigação
completa do óbito infantil ocorrido:
Cada óbito ocorrido no primeiro ano de vida deve ser encarado como um problema complexo, um evento final, resultante da teia de relações de poder entre classes, tornando explícita a necessidade da compreensão das condições em que ocorreu esse óbito e as formas mais candentes de expressão desta desigualdade presente nos grupos familiares e no território onde vivem e constroem a rede de proteção social.
Segundo consta no Manual de Vigilância e Óbito Infantil, essas mortes precoces
podem ser consideradas evitáveis, desde que garantido o acesso, em tempo
oportuno, a serviços qualificados de saúde (BRASIL, 2009).
A análise da mortalidade neonatal tem se mostrado bastante complexa. Ela agrega um grupo de óbitos evitáveis e, também, óbitos inevitáveis ou menos influenciados pelas condições de vida, quando comparadas ao componente pós-neonatal. As afecções perinatais, principal grupo de causas desse componente, relacionam-se mais diretamente à assistência pré-natal, à atenção ao parto e à assistência ao recém-nascido, que hoje, está com acesso ampliado em grandes centros urbanos, as malformações congênitas e anomalias cromossômicas que, segundo grupo de causas, são
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caracteristicamente de difícil intervenção em todos os segmentos sociais
(VENTURA et al., 2008, p. 256).
Para o Ministério da Saúde (2009), o período perinatal começa em 22
semanas completas (ou 154 dias) de gestação e termina aos sete dias completos
após o nascimento, ou seja, de 0 a 6 dias de vida (período neonatal precoce).
MS apud Szwarcwald et al. (2002), mencionam que o Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, constitui-se em uma fonte
alternativa de dados de óbitos no país, o qual foi criado em 1976, a partir da
implantação do modelo padronizado da declaração de óbito (DO) em todo território
nacional, o SIM é justificado não só para o atendimento de exigências legais, mas
também pelo seu objetivo principal que é o de fornecer subsídios para traçar o perfil
de mortalidade no país.
O Ministério da Saúde, através da portaria nº 116, de 11 de fevereiro de 2009,
regulamenta a coleta de dados, fluxo e periodicidade de envio das informações
sobre óbitos e nascidos vivos para os Sistemas de Informações em Saúde sob
gestão da Secretaria de Vigilância em Saúde.
No Artigo 10 estabelece:
Que deva ser utilizado o formulário da Declaração de óbito (DO), ou novos modelos que venham a ser distribuídos pelo Ministério da Saúde, como documento padrão de uso obrigatório em todo o território nacional, para a coleta dos dados sobre óbitos e considerando como o documento hábil para fins do Art. 77, da Lei nº. 6.015/1973 para lavradura da Certidão de óbito, pelos Cartórios do Registro Civil (BRASIL, 2009, p. 82).
Nesta mesma portaria, no Artigo 43 é estabelecido que poderão ser
suspensas as transferências fundo a fundo do Ministério da Saúde para os Estados,
Distrito Federal e os Municípios, dos recursos do bloco da Atenção Básica, quando
ocorrer a falta de alimentação de dados no Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) por dois meses consecutivos ou três meses alternados no prazo
de um ano (BRASIL, 2009).
Conforme Frias, Szwarcwald e Lira (2011, p. 464):
O Sistema de informação sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação sobre nascimentos (Sinasc), sistemas de racionalidade epidemiológica, ganharam relevância por disporem de dados essenciais para o cálculo de indicadores de monitoramento da situação de saúde e de
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avaliação de ações programáticas. Nesse contexto, a mortalidade infantil, definida, conceitualmente, como o número de mortes para cada mil nascidos vivos, ganha especial destaque por expressar as condições de vida e de saúde, o acesso aos serviços de saúde, o desempenho dos programas dirigidos à sua redução. Referência na área de saúde pública, a diminuição da mortalidade infantil é alvo de diversas pactuações nacionais e internacionais.
Para evitar óbitos infantis é primordial que o pré-natal seja de qualidade e
iniciado o quanto antes, dessa forma, possíveis fatores de risco podem ser
identificados precocemente para que haja um atendimento adequado e sejam
realizados os encaminhamentos para serviços de referência, quando necessário.
Freitas et al. (2001) mencionam que os indicadores de risco gestacional são:
biológicos (idade materna inferior a 16 anos ou superior a 35 anos, peso inicial
inferior a 50kg, estatura inferior a 150cm, história familiar de doenças hereditárias);
clínicos (hipertensão, nefropatia, diabete, DST, cardiopatia); ambientais
(abastecimento deficiente de água, falta de esgotos, condições precárias de
habitação, estilo e qualidade de vida); comportamentais (fumo, etilismo, uso de
drogas, atividade em trabalho braçal, sedentarismo); relacionados com a assistência
médica (má qualidade da assistência, cobertura insuficiente ao pré-natal, falta de
integração interinstitucional); socioculturais (nível educacional, mães solteiras,
adolescentes e aceitação da gravidez); econômicos (baixa renda); obstétricos
(história de infertilidade, gravidez ectópica ou aborto espontâneo, anormalidades
uterinas, feto macrossômico, história de natimorto, recém-nascido de baixo peso,
grande multiparidade, mola hidatiforme, cariocarcinoma, cicratriz uterina prévia) e
condições atuais (pré-natal ausente ou tardio, hemorragia anteparto, gestação
múltipla, hipertensão induzida pela gestação, ruptura prematura das membranas,
isoimunização, gestação prolongada, polidrâmnio, anemia, apresentação anômala).
Para Ventura et al. (2008), há aproximação do coeficiente de mortalidade
neonatal entre as classes sociais, mas, segundo os estudiosos, os determinantes
são diferentes. Nas classes mais elevadas, devido às técnicas de reprodução
assistida, existe maior número de gestações múltiplas, hipertensão arterial e
diabetes gestacional devido à idade materna avançada, assim, ocorrendo maior
risco para morbimortalidade. Já, na população de baixa renda, os determinantes da
mortalidade neonatal são outros, como a restrição de crescimento intrauterino
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devido à desnutrição materna, dificuldade de acesso ao pré-natal e ao parto de
qualidade.
Com o estudo de Hernandez et al. (2011), concluiu-se que o fator com maior
efeito positivo sobre a redução da mortalidade infantil é a condição socioeconômica
materna, seguida dos fatores assistenciais e demográficos. O grau de escolaridade
de mulheres com 15 anos ou mais, moradoras na região metropolitana de Porto
Alegre impactou positivamente sobre as taxas de mortalidade infantil. O percentual
de mulheres com oito ou mais anos de escolaridade aumentou de 46,09% em 1996
para 60,98% em 2008.
Ribeiro et al. (2009) realizaram um estudo sobre fatores de risco associados
aos óbitos em crianças com baixo peso ao nascer. Da coorte constituída por 5.687
nascidos vivos, 499 nascidos vivos com peso entre 500 e 2.499g de mães
residentes em Recife faleceram no período neonatal. Os pesquisadores concluíram
que os principais fatores associados à mortalidade neonatal nos nascidos vivos com
baixo peso estavam relacionados com a atenção à gestante e ao recém-nascido,
sendo possível reduzir esses números pela atuação da equipe de saúde. Segundo
os pesquisadores, a mortalidade neonatal resulta de fatores determinantes:
biológicos, socioeconômicos e relacionados à atenção à saúde.
O peso ao nascer inferior a 2.500g é apontado como o fator de maior influência na determinação da morbimortalidade neonatal e o baixo (BPN) ao nascer decorre da prematuridade e/ou do retardo no crescimento intrauterino e está associado à cerca de 4 milhões de mortes neonatais anuais que ocorrem no mundo, a maioria delas em países em desenvolvimento ( RIBEIRO et al., 2009, p. 247).
Freitas et al. (2001), além de mencionar os indicadores de risco gestacional
acima descritos, descrevem os fatores de risco, que são as circunstâncias ou
características que se associam a uma maior probabilidade de ocorrer dano à
saúde. Podem ser fatores que caracterizam o indivíduo, a família, o grupo, a
comunidade ou o ambiente. Vários estudos têm demonstrado que a primeira
gestação, a alta paridade, a gestação em idade reprodutiva precoce ou tardia,
abortos prévios e a desnutrição são fatores de risco universais e tais características
aumentam a probabilidade de morbimortalidade perinatal. Os autores ressaltam que,
embora a mortalidade infantil tenha diminuído em quase todo o país nas últimas
duas décadas, a mortalidade perinatal estabilizou-se e até cresceu em algumas
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regiões, chegando a contribuir com mais de 50% do total da mortalidade até o
primeiro ano de vida.
No estudo de Carvalho, Brito e Matsuo (2007) sobre mortalidade intra-
hospitalar dos recém-nascidos de muito baixo peso (RNMBP), é descrito que a
implantação de novas tecnologias, na década de 1990, resultou em melhoria da
qualidade no cuidado perinatal, possibilitando que os recém-nascidos com peso e
idade gestacional cada vez menor sobrevivessem, mas, mesmo com o uso dessas
tecnologias, a mortalidade nos recém-nascidos de muito baixo peso foi 32,5%,
considerada alta comparada com os países desenvolvidos como, por exemplo,
14,8% na América do Norte, 18,8% na Espanha, 24,4% nos Estados Unidos, na
América do Sul, através de outros estudos, foram relatadas de 27% a 37,7%.
Conforme o Ministério da Saúde (2009), o Recém-nascido com 2.500 gramas
ao nascer é de baixo peso (RNBP), aquele com peso menor que 1.500 gramas é
denominado RN de muito baixo peso (RNMBP) e, ainda, com peso ao nascer menor
que 1.000 gramas é RN de extremo baixo peso (RNEBP).
Andreucce et al. (2011) avaliaram 1.489 puerperais residentes no município
de São Carlos, o primeiro município do Estado a aderir ao Programa de
Humanização ao Pré Natal (PHPN). O município apresenta a maior cobertura do
pré-natal e as menores taxas de mortalidade perinatal se comparado com a média
do Estado. Durante o estudo, os autores constataram que houve grande adesão ao
PHPN do Pré-natal e Nascimento. Verificaram, também, que, entre os problemas
mais frequentes na gestação, destacaram-se: anemia, hipertensão arterial, infecção
do trato urinário e trabalho de parto pré-termo, além disso, notaram que quase
metade das internações, durante a gestação, foi por infecção do trato urinário. A
maioria das mulheres encaminhadas para o serviço de alto risco apresentava
hipertensão arterial e/ou diabetes. Não houve número significativo de internações de
recém-nascidos em berçários ou em unidades de terapia intensiva.
Criado pelo Ministério da Saúde em meados de 2000, o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) teve como objetivo assegurar acesso universal à atenção de qualidade à gestante, ao parto, puerpério e período neonatal, reduzir taxas de morbimortalidade materna e perinatal e complementar medidas já adotadas para aprimorar a assistência à gestante, na perspectiva dos direitos básicos de cidadania. O PHPN estabeleceu, de forma até então inédita no País, parâmetros quantitativos para o cuidado mínimo a ser oferecido às mulheres, desde a atenção básica
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até os maiores níveis de complexidade. Esses requisitos mínimos consistiram em início precoce do acompanhamento pré-natal, mínimo de seis consultas, imunização contra o tétano, duas rotinas de exames básicos (incluindo sorologias para HIV e sífilis) e consultas puerperal até 42 dias (ANDREUCCI et al., 2011, p. 861).
O Ministério da Saúde, através das portarias GM/MS 1.459 e a SAS/MS 650,
institui a Rede Cegonha. Essa Rede busca oferecer assistência segura e
humanizada desde o planejamento familiar. Ela passa pelos momentos da
confirmação da gravidez, do pré-natal, pelo parto, pelos 28 dias pós-parto
(puerpério) e assistindo a criança até os dois primeiros anos significativos de vida.
Entre os objetivos propostos da Rede Cegonha está a redução da mortalidade
materna e neonatal.
Segundo Mendes et al. (2012), ocorre uma significativa redução da
mortalidade infantil e um crescimento da esperança de vida ao nascer do brasileiro.
Os autores afirmam, no artigo, que a mortalidade infantil reduziu de 69,10 por mil
nascidos vivos em 1980 para 22,5 por mil em 2009, enquanto a esperança de vida
ao nascer aumentou de 62,6 anos em 1980, para 73,1 anos em 2009.
Para Mendes et al. (2012), a assistência pediátrica é muito sensível às
mudanças sociais e epidemiológicas e que a redução da mortalidade infantil, a
queda da natalidade e fecundidade e a diminuição da população menor de um ano
determinam que o Estado preste melhor assistência à criança e que a família tenha
maior cuidado com a mesma. A redução das internações pediátricas mostra o
sucesso da priorização na assistência à saúde desse grupo etário, refletindo na
redução da morbidade e mortalidade entre as crianças.
“Poder cooperar com os avanços relacionados à sobrevivência de recém-nascidos, crianças e mães é motivo de orgulho para o Governo brasileiro. Essa vitória ao atingir a meta estabelecida pela ONU antes do prazo se deve a uma série de ações voltadas para a melhoria da saúde das crianças, como a Rede Cegonha, a Política Nacional de Aleitamento Materno, o Programa Nacional de Imunização e a ampliação do acesso à Atenção Básica”, explica o ministro Alexandre Padilha (ONU, 2012, texto digital).
De acordo com o Relatório de Progresso 2012 do Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF), o Brasil alcançou a meta quatro anos antes do previsto,
por isso o País também é convidado a compartilhar com outros países as
experiências bem-sucedidas, realizadas pelo Ministério da Saúde e outros setores
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do governo, que contribuíram com resultados tão positivos (ONU, 2012, texto
digital).
“O UNICEF parabeniza o Brasil pelos resultados conquistados e pelo comprometimento. Ao assinar o documento, o governo e toda a sociedade brasileira ratificam o seu compromisso com o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento infantil. Este ato, sem dúvida alguma, eleva o Brasil a uma posição de liderança e de exemplo para as demais nações”, disse Gary Stahl, representante do UNICEF no Brasil, na cerimônia de assinatura do Compromisso (ONU, 2012, texto digital).
Conforme a Organização Pan-Americana da Saúde, os óbitos infantis
representam um evento lamentável, pois constituem perda precoce da possibilidade
de vida, sendo, na maioria das vezes, o óbito causado por causas evitáveis
ocorridas por uma combinação de fatores biológicos, sociais, culturais e de falhas no
sistema de saúde. A mortalidade infantil é um indicador histórico considerado
adequado para avaliação das condições de saúde e de vida da população e deve
continuar sendo uma prioridade nos próximos anos, mesmo que o número de
nascimentos no país seja menor (OPAS, 2009).
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3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de pesquisa
Trata-se de um estudo ecológico, quantitativo, exploratório-descritivo.
Segundo Jekel, Katz e Elmore (2005), os estudos ecológicos são úteis para
desenvolver hipóteses e são, relativamente, rápidos e fáceis de realizar.
A metodologia da pesquisa quantitativa procura quantificar os dados e aplicar
alguma forma de análise estatística. Tem, como objetivo, quantificar os dados e
generalizar os resultados da amostra para a população alvo. Sendo que a coleta de
dados deve ser de maneira estruturada e os resultados obtidos devem recomendar
uma linha de ação final (MALHOTRA, 2006).
O principal objetivo das pesquisas descritivas é descrever determinadas
características de uma população, por exemplo: sua distribuição por idade, sexo,
procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, dentre outras.
Estabelecendo, assim, relações entre variáveis. O autor lembra que existem
pesquisas definidas como descritivas com base em seus objetivos, porém acabam
servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima
das pesquisas exploratórias (GIL, 2010).
Para Gil (2010), o propósito das pesquisas exploratórias é proporcionar maior
familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito para construir hipóteses.
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3.2 Local de pesquisa
O local de estudo foi o município de Teutônia, o qual faz parte da Regional da
16ª Coordenadoria Regional de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul. O município
de Teutônia é composto por uma área de 179,2 km2 e distante 100 km de Porto
Alegre, possui 6 bairros e 16 localidades no interior; sua população, segundo IBGE
2010, é de 27.272 habitantes, destes 23.322 (85,52%) habitantes residem em área
urbana e 3.950 (14,48%) habitantes residem em área rural. A população feminina
corresponde a 13.749 (50,41%) habitantes e a população masculina corresponde a
13.523 (49,59%) habitantes. De 2006 a 2010, nasceram 1.598 crianças no município
de Teutônia.
Atendendo à reestruturação do Sistema Único de Saúde (SUS) proposta pelo
Decreto 7.508, de 28/6/11, o Rio Grande do Sul passa a organizar os seus serviços
de Saúde em 30 regiões. O novo formato de territórios no Estado é fruto de trabalho
conjunto entre os municípios, representados pelo Conselho das Secretarias
Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS), e pelo Governo do
Estado, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES). A Resolução número
555/2012 da Comissão Intergestores Bipartite (CIB/RS) alterou a configuração e a
quantidade de Regiões de Saúde no RS.
A 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, a partir da reestruturação do
Sistema Único de Saúde, é composta por duas regiões de saúde, a Região 29
(Região de Saúde Vales e Montanhas) com Sede em Lajeado que abrange 27
Municípios e a Região 30 (Vale da Luz) com Sede em Estrela com 10 Municípios.
Conclui-se que a 16ª CRS atende aos 37 municípios das regiões 29 e 30.
Segundo pesquisas do IBGE de 2010, no Rio Grande do Sul há 497
municípios em uma área de 281.730,223 km2, a população é composta por
10.693.929 habitantes e sua densidade demográfica é de 39,79 hab/km2.
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3.3 População/amostra
A população/amostra foram todos os óbitos infantis menores de um ano,
ocorridos em residentes do Município de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional
de Saúde e do Estado do Rio Grande do Sul, tendo como fonte o Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM), o qual consta no DATASUS, assim verificou-
se que, no período de 2006 a 2010, houve 8.314 óbitos infantis no RS, 227 óbitos
infantis da 16ª CRS, 13 óbitos infantis do município de Teutônia.
3.4 Variáveis dependentes e independentes
A variável dependente é o óbito infantil antes do primeiro ano de vida.
As variáveis independentes foram:
Mãe
Sócio-demográficos Escolaridade
Idade
Gestação
Tipo de gravidez
Tipo de parto
Idade Gestacional
Criança
Sócio-demográficos
Sexo
Cor/Raça
Faixa etária
Peso ao Nascer
Condições do óbito
Causas evitáveis de 0 a 4 anos
Óbito relação ao parto
Lista de mortalidade CID 10
3.5 Coleta de dados
Os dados foram coletados do SIM/DATASUS, através do instrumento
TABNET (Programa de tabulações estatísticas), disponibilizado pelo Ministério da
Saúde e, a partir deles, foram elaboradas planilhas Excel com as variáveis pela
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pesquisadora. Os dados se referem aos óbitos registrados pelo Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM) no período de 2006 a 2010.
3.6 Análise de dados
Os dados da pesquisa foram apresentados em planilhas do Excel e em
tabelas, sendo utilizados o número absoluto (n) dos óbitos infantis e o percentual (%)
para evidenciar cada variável analisada.
3.7 Considerações éticas
O projeto de pesquisa segue as normas da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, contudo, pelos dados terem sido acessados a partir de um
sistema de domínio público, o referido projeto não foi submetido ao Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Univates.
A pesquisadora compromete-se com a ética científica por meio do Termo de
Cessão de Uso de Informações (APÊNDICE A).
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o estudo, foram registrados, no Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), 13 óbitos infantis dos residentes do município de Teutônia, 227
óbitos infantis da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e 8.314 óbitos infantis no
Estado do Rio Grande do Sul, no período de 2006 a 2010. No ano de 2009, ocorreu
o maior número de óbitos em Teutônia, no entanto, na 16ª CRS e no RS, o maior
número de óbitos foi em 2006, conforme Tabela 1.
Tabela 1 – Apresenta o número de óbitos infantis em Teutônia, na 16º CRS e no RS,
no período de 2006 a 2010
Local do óbito por ano Teutônia 16ª CRS RS
n n n
2006 2 53 1855
2007 0 39 1701
2008 3 47 1724
2009 7 47 1542
2010 1 41 1492
Total por local 13 227 8314
Fonte: SIM/DATASUS
Em relação às variáveis maternas, observou-se que, em Teutônia, 53,8% das
mães tinham 25 a 29 anos e 23,1% de 30 a 34 anos. Na 16ª CRS, 28,2% das mães
tinham entre 20 a 24 anos e 27,3% entre 25 a 29 anos. No RS, 20,3% das mães
tinham 15 a 19 anos e 23,5% entre 20 a 24 anos.
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Nascimento et al. (2012) realizaram um estudo caso-controle em Fortaleza,
no qual analisaram 132 casos de óbito de recém-nascidos menores de 28 dias de
vida com mais de 500g, utilizando dados do Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM) da Secretaria de Saúde de Fortaleza do ano de 2009. A idade
materna média encontrada foi de 27,4 anos, com valor mínimo de 16 anos e máximo
de 46 anos. Além disso, observaram que 10,6% dos recém-nascidos que morreram
no período neonatal eram filhos de mães adolescentes (com idade inferior a 20
anos) e que 15,2% eram filhos de mães com idades de 35 anos ou mais anos.
Referente à escolaridade materna dos óbitos infantis de Teutônia, 23,1%
referiram ter entre 8 a 11 anos de estudo e 23,1% de 12 ou mais anos de
escolaridade. Na 16ª CRS, 38,3% das mães tinham de 4 a 7 anos de estudo e
30,4% de 8 a 11 anos de estudo. No RS 34,2% das mães tinham de 4 a 7 anos de
estudo e 34,2% de 8 a 11 anos de estudo. O campo ignorado, com 30,8%, refere-se
às mães residentes no município de Teutônia que não informaram a sua
escolaridade, dificultando, assim, qualquer conclusão sobre esse indicador.
Mombelli et al. (2012) realizaram um estudo retrospectivo de abordagem
quantitativa, analisando os fatores de risco para a mortalidade infantil nos municípios
que compõem a 9ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, entre os anos de 1997
a 2008, utilizando dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade
(SIM). Constataram que havia 1.535 óbitos de crianças menores de um ano e
92.716 nascimentos, conforme o Sistema de Informações de Nascidos Vivos
(SINASC). Os pesquisadores avaliaram que os óbitos infantis e a ausência da
escolaridade da mãe estão interligados, visto que 52,4% destas tinham pouca
escolaridade, tendo um decréscimo importante ao longo dos quatro triênios.
Com o estudo de Hernandez et al. (2011), constatou-se que o fator com
maior efeito positivo sobre a redução da mortalidade infantil é a condição
socioeconômica materna, seguida dos fatores assistenciais e demográficos.
Verificou-se, também, que o grau de escolaridade de mulheres com 15 anos ou
mais, moradoras na região metropolitana de Porto Alegre, impactou positivamente
sobre as taxas de mortalidade infantil. O percentual de mulheres com 8 ou mais
anos de escolaridade aumentou de 46,1% em 1996 para 61% em 2008.
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Segundo Mombelli et al. (2012) e estudos anteriores, a baixa escolaridade é
um fator de risco ao óbito infantil, podendo se considerar que a mesma reflete o
baixo padrão socioeconômico da mãe, estando associada a um risco maior para a
mãe e para a criança, além de, consequentemente, dificultar o acesso à informação
e à orientação no cuidado e na assistência.
Tabela 2 – Caracterização dos óbitos segundo as variáveis obstétricas do município
de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul –
2006 a 2010
Teutônia 16ª CRS RS
VARIÁVEIS OBSTÉTRICAS
Tipo de gravidez
n
%
n
%
n
%
Única 10 76,92 200 88,11 7287 87,65
Dupla 3 23,08 18 7,93 821 9,87
Tripla ou mais 0 0 3 1,32 48 0,58
Ignorado
0 0 6 2,64 158 1,90
Tipo de parto n % n % n %
Vaginal 5 38,46 83 36,56 3990 47,99
Cesário Ignorado Idade Gestacional
8 0
n
61,54 0
%
135 9
n
59,47 3,96
%
4126 198
n
49,63 3,38
%
Menos de 22 semanas 22 a 27 semanas 28 a 31 semanas 32 a 36 semanas 37 a 41 semanas 42 semanas e mais Ignorado
1 2 3 2 5 0 0
7,69 15,38 23,08 15,38 38,46
0 0
4 49 27 50 87 1 9
1,76 21,59 11,89 22,03 38,33 0,44 3,96
184 1957 1242 1621 3019 73 218
2,21 23,54 14,94 19,50 36,31 0,88 2,62
Fonte:SIM/DATASUS
Em relação a tipo de parto em Teutônia, observou-se que 61,5% foram de
cesarianas e 38,4% de parto normal. Na 16ª CRS, 59,4% foram cesarianas e 36,5%
foram partos normais. No RS, 49,6% foram cesarianas e 47,9% de partos normais
(TABELA 2).
Meller e Schäfer (2011) ressaltam, em seu estudo, que, nos útimos 30 anos, a
taxa de cesariana tem aumentado em muitos países e que a mesma, em situações
de alto risco, é indicada para salvar vidas, quando há sofrimento fetal, apresentação
pélvica, hemorragia antes do parto, doença hipertensiva específica da gravidez,
gemelaridade, diabetes e cesariana de repetição.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há justificativa para
um percentual superior a 15% de cesarianas em nenhuma região do mundo. Para o
Ministério da Saúde, contudo, a cesariana realizada por razões médicas serve para
reduzir a morbimortalidade materna e perinatal, no entanto, o Ministério alerta que o
excesso da mesma tem resultado oposto (BRASIL, 2001, p. 15).
Referente à idade gestacional dos óbitos ocorridos no período de 2006 a
2010, em Teutônia e considerando conceitos do Ministério da Saúde, 38,46% dos
óbitos eram pré-termo extremo de 22 a 31 semanas de gestação; 15,38% eram pré-
termo tardio, entre 32 e 36 semanas de gestação. Na 16ª CRS, 33,48% dos óbitos
ocorridos eram pré-termo extremo; 22,03% pré-termo tardio. No RS, 38,48% dos
óbitos eram pré-termo extremo, 19,50% pré-termo tardio. Observa-se que mais de
50% dos óbitos ocorridos no período de 2006 a 2010 no Município, na Regional e no
RS eram recém-nascidos pré-termo e mais de 36% a termo (TABELA 2).
Para Granzotto, Fonseca e Lindemann (2012), no estudo coorte realizado no
período de 2006 na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Escola da
Universidade Federal de Pelotas, em relação à idade gestacional, observou-se que
93,1% dos que foram a óbito eram prematuros, sendo que 24 dos 29 óbitos eram
menores de 34 semanas. O risco relativo encontrado foi de 6,7 vezes maior nos
menores de 34 semanas do que nos recém-nascidos com 37 semanas ou mais,
diferença, estatisticamente, significante.
Tabela 3 – Caracterização dos óbitos segundo as variáveis neonatais do município
de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul –
2006 a 2010
Teutônia 16ª CRS RS
VARIÁVEIS NEONATAIS Sexo
n
%
n
%
n
%
Masculino 10 76,92 132 58,15 4591 55,22 Feminino 3 23,08 95 41,85 3708 44,60 Ignorado
0 0 0 0 15 0,18
Cor/Raça n % n % n %
Branca 12 92,31 215 94,71 7067 85,00
Preta 1 7,69 3 1,32 386 4,64
Amarela 0 0 1 0,44 2 0,02
continua
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conclusão
Parda 0 0 1 0,44 469 5,64
Indígena 0 0 1 0,44 56 0,67
Ignorado
0 0 6 2,64 334 4,02
Faixa etária do óbito n % n % n %
0 a 6 dias 7 a 27 dias 28 a 364 dias
5 4 4
38,46 30,77 30,77
102 49 76
44,93 21,59 33,48
3986 1584 2744
47,94 19,05 33,00
Peso ao nascer
n
%
n
%
n
%
Menor de 500g 500 a 999g 1000 a 1499g 1500 a 2499g 2500 a 2999g 3000 a 3999g 4000g e mais Ignorado
1 3 2 1 3 3 0 0
7,69 23,08 15,38 7,69
23,08 23,08
0 0
7 56 33 46 35 42
4 4
3,08 24,67 14,54 20,26 15,42 18,50 1,76 1,76
273 2246 1043 1603 1241 1642 170 96
3,28 27,01 12,55 19,28 14,93 19,75 2,04
1,15
Fonte: SIM/DATASUS
Ao analisar a variável independente referente à cor/raça da criança, em
Teutônia, 92,31% dos óbitos eram brancos e 7,69% pretos. Na 16ª CRS, 94,71%
eram brancos e 1,32% pretos. No RS, 85% eram brancos e 4,64% pretos. Conforme
o IBGE, a população branca prevalece no RS, assim, não foi possível confirmar se
os óbitos infantis ocorridos estão ou não relacionados à raça branca (TABELA 3).
Nascimento et al. (2012) realizaram um estudo caso-controle em Fortaleza,
no qual analisaram 132 casos de óbito de recém-nascidos menores de 28 dias de
vida com mais de 500g, utilizando dados do Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM) da Secretaria de Saúde de Fortaleza do ano de 2009. Os
resultados mostraram um fator protetor para morte neonatal entre recém-nascidos
de mães de raça parda, negra e indígena, esse achado difere dos que foram
encontrados em outros estudos publicados na literatura revisada, haja vista que a
mortalidade neonatal associa-se à raça negra e parda, na tentativa de compreender
o contexto social da questão racial. Houve uma relação direta entre raça materna
branca e a idade gestacional <37 semanas, 44% foi a distribuição entre recém-
nascidos prematuros de mães brancas, o percentual foi superior quando comparado
aos recém-nascidos prematuros de mães negras, pardas e indígenas.
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A faixa etária dos óbitos de Teutônia em 2006 a 2010 foi de 69,23% de óbitos
neonatais, destes, 38,46% em crianças de 0 a 6 dias de vida completos, conforme o
Ministério da Saúde, estes são considerados óbitos neonatais precoces, 30,77%
neonatais tardios e ainda 30,77% pós neonatais, em crianças de 28 a 364 dias. Na
16ª CRS, 66,52% foram óbitos neonatais e observou-se que, no RS, prevaleceu o
mesmo perfil do óbito com 67% em óbitos neonatais. Nos três níveis, destacou-se o
óbito neonatal, sendo em maior porcentagem no neonatal precoce (TABELA 3).
Segundo Nascimento et al. (2012), dos 132 óbitos neonatais analisados no
estudo caso-controle em Fortaleza através dos dados do Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria de Saúde no ano de 2009, 79,5% destes
ocorreu no período neonatal precoce e 20,5 % no período neonatal tardio. O estudo
verificou, ainda, que 31% ocorreram nas primeiras 24 horas de vida do recém-
nascido. Os óbitos ocorreram em mais de 1/3 no primeiro dia, sendo semelhantes
aos resultados encontrados em outros estudos. A mortalidade ocorrida no período
precoce sugere causas associadas, principalmente, à precária assistência ao pré-
natal e ao parto, bem como à atenção não adequada aos recém-nascidos nas salas
de parto e unidades neonatais.
Referente à variável peso ao nascer, dos óbitos ocorridos entre 2006-2010,
em Teutônia, observou-se que 53,84% eram prematuros, dos quais 30,77% recém-
nascidos de extremo baixo peso e 23,08% recém-nascidos de muito baixo peso. Dos
óbitos, 46,15% tinham mais de 2.500g. Na Regional de Saúde de Lajeado esse dado
foi de 35,68% e, no RS, de 36,72%. Portanto, os dados de recém-nascidos de
extremo baixo peso foi em torno de 30%. A informação sobre os maiores de 4.000g
foi retirada da análise devido a Teutônia não ter verificado nenhum óbito dos
mesmos (TABELA 3).
No estudo de Carvalho, Brito e Matsuo (2007) sobre mortalidade intra-
hospitalar dos recém-nascidos de muito baixo peso, é descrito que a implantação de
novas tecnologias na década de 1990 resultou em melhoria da qualidade no cuidado
perinatal, possibilitando que os recém-nascidos com peso e idade gestacionais cada
vez menores sobrevivessem, mas, mesmo com o uso dessas tecnologias, a
mortalidade nos recém-nascidos de muito baixo peso foi 32,5%, considerada alta
comparada com os países desenvolvidos como, por exemplo, 14,8% na América do
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Norte, 18,8% na Espanha, 24,4% nos Estados Unidos, e, na América do Sul,
observando os dados de outros estudos, verificou-se que a mortalidade foi de 27% a
37,7%.
Ribeiro et al. (2009) encontraram outro dado relevante durante o estudo que
realizaram sobre fatores de risco associados aos óbitos de crianças com baixo peso
ao nascer, em que a população que fez parte da coorte foi constituída por 5.687
nascidos vivos, dos quais 499 faleceram no período neonatal, nascidos vivos com
peso entre 500 e 2.499g de mães residentes em Recife. Os pesquisadores
concluíram que os principais fatores associados à mortalidade neonatal nos
nascidos vivos com baixo peso estavam relacionados com a atenção à gestante e
ao recém-nascido, sendo possível reduzir esses números pela atuação da equipe de
saúde. A mortalidade neonatal resulta de fatores determinantes: biológicos,
socioeconômicos e relacionados à atenção à saúde.
Para os mesmos autores, o peso inferior a 2.500g ao nascer é apontado
como o fator de maior influência na determinação da morbimortalidade neonatal e o
baixo peso ao nascer (BPN) decorre da prematuridade e/ou do retardo no
crescimento intrauterino e está associado à cerca de 4 milhões de mortes neonatais
anuais que ocorrem no mundo, a maioria delas em países em desenvolvimento
(RIBEIRO et al., 2009).
Em se tratando do óbito durante o parto ou após o parto, em Teutônia, 100%
dos óbitos ocorreram após o parto; na 16ª CRS e no Estado, em torno de 96% dos
casos também foram após o parto.
Para Freitas et al. (2012), os resultados de estudos de avaliação da
assistência ao parto e nascimento e sua influência na mortalidade infantil indicam
que, além do perfil de risco populacional, a qualidade do atendimento hospitalar é
um importante fator para os diferenciais encontrados nas taxas de mortalidade entre
os hospitais, nos países como no Brasil, onde a maioria dos partos é
institucionalizada.
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Tabela 4 – Caracterização dos óbitos infantis conforme evitabilidade, do município
de Teutônia, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde e do Rio Grande do Sul –
2006 a 2010
Teutônia 16ª CRS RS
Causas evitáveis n % n % n %
Reduzíveis pelas ações de imunização
0 0 1 0,44 9 0,11
Reduzíveis atenção à mulher na gestação
5 38,46 62 27,31 2409 28,98
Reduzíveis por adequada atenção à mulher no parto
2
15,38
17 7,49 749 9,01
Reduzíveis por adequada atenção ao recém nascido
1 7,69 47 20,70 1370 16,48
Reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico e tratamento
0 0 11 4,85 482 5,80
Reduzíveis por ações adequadas de promoção a saúde
0 0 9 3,96 530 6,37
Causas mal definidas 0 0 6 2,64 371 4,46
Demais causas( não claramente evitáveis)
5 38,46 74 32,60 2394 28,79
Fonte: SIM/DATASUS.
Quando aplicados os critérios de evitabilidade, utilizando-se unicamente as
informações do SIM, no Município de Teutônia, observou-se que 61,5% foram óbitos
de causas evitáveis, destes 38,4% de óbitos reduzíveis por adequada atenção à
mulher na gestação. Na 16ª CRS, 64,7% corresponderam aos óbitos infantis de
causas evitáveis, destes 27,3% foram de óbitos reduzíveis por adequada atenção à
mulher na gestação. No RS, 66,7% foram de causas evitáveis e 28,9% de óbitos
reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação (TABELA 4).
Silva et al. (2012) realizaram um estudo descritivo constituído por todos os
óbitos infantis de filhos de mulheres residentes na cidade de Pelotas/RS, ocorridos
no período de 2005 a 2008. As informações obtidas com as auditorias de óbito
identificaram que dos 266 óbitos ocorridos no período, 72,9% eram da classificação
de evitáveis, destes 56,7% eram óbitos reduzíveis por adequada atenção à mulher
na gestação.
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Malta et al. (2010) realizaram um estudo ecológico, utilizando a série temporal
dos óbitos de menores de um ano de idade ocorridos no Brasil e regiões, no período
de 1997 a 2006. Os pesquisadores encontraram 47.629 notificações de óbitos em
menores de um ano de idade no Brasil, no ano de 2006, indicando uma redução de
33,3% em relação ao ano de 1997. Os autores ressaltam, ainda, que o número de
óbitos por causas evitáveis também caiu no mesmo período, passando de 50.952
em 1997, para 33.064 em 2006, expressando uma redução de 17.888 de óbitos.
Para o Ministério da Saúde, as taxas elevadas de óbitos infantis estão em
geral relacionadas às condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como à
inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. Os índices de
prematuridade e baixo peso estão elevados, mas, além destes, existem outros
fatores importantes a serem estudados (BRASIL, 2009).
Em relação às causas básicas, segundo a Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10) dos óbitos
ocorridos de 2006- 2010 em Teutônia, observou-se que 61,54% ocorreram por
causas perinatais, seguidas de 30,77% por malformações congênitas. Na 16ª CRS,
58,59% dos óbitos ocorreram por causas perinatais e 28,19% por malformações
congênitas. No RS, 57,58% por causas perinatais e 23,47% por malformações
congênitas.
Segundo Silva et al. (2012), a mesma situação evidenciou-se em Pelotas/RS,
no estudo descritivo constituído por 266 óbitos infantis de filhos de mulheres
residentes na cidade de Pelotas/RS, ocorridos no período de 2005 a 2008, mais de
50% dos óbitos foram por causas perinatais, sendo estas as principais causas de
morte no período estudado, seguidas pelas malformações congênitas.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo é uma análise dos óbitos infantis de menores de um ano
ocorridos em residentes de Teutônia no período de 2006 a 2010, registrados no
DATASUS. A partir dos resultados desse estudo, observou-se que a grande maioria
dos óbitos foram óbitos neonatais, pré-termo extremo de 22 a 31 semanas de
gestação e pré-termo tardio, entre 32 e 36 semanas de gestação, a grande maioria
nascidos por parto cesariano de causas de óbitos evitáveis e reduzíveis por atenção
à mulher na gestação.
Em relação às causas básicas, segundo a Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID-10), um grande
percentual dos óbitos ocorreu por causas perinatais, seguido de malformações
congênitas.
Os achados reforçam a importância de um pré-natal adequado, conforme o
Ministério da Saúde tem proposto a partir da Rede Cegonha que veio para melhorar
a qualidade do mesmo. A principal prioridade da Rede Cegonha é monitorar a
qualidade de assistência materno-infantil, reduzindo as taxas de cesáreas e de
mortalidade materna, neonatal e fetal. Dessa forma, faz-se necessário que os
serviços de saúde caminhem para um cuidado que integre, permite, participe e
disponibilize profissionais que atendam a gestante de forma holística e que saibam
identificar as situações de risco, encaminhando a mesma para o serviço de
referência quando necessário.
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Como sugestão ficam a implantação do Comitê de Óbito de Mortalidade
Infantil que é uma estratégia importante para a redução desse indicador,
colaborando para o esclarecimento das circunstâncias de ocorrência de óbitos,
identificando os fatores de risco, assim, planejando estratégias e definindo políticas
de saúde para redução de óbitos infantis; capacitações para qualificação
profissional; atuação intersetorial; resgatar o protagonismo da mulher no pré-natal e
no parto para redução de cesarianas.
Com os resultados da pesquisa foi possível conhecer o perfil dos óbitos, que
poderá auxiliar no planejamento de ações, através destas ações tentar superar
desafios e evitar novas mortes, de forma a garantir uma gestação segura com
qualidade de vida à gestante e que os recém nascidos não somente sobrevivam,
mas se desenvolvam de forma plena.
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APÊNDICE A – Termo de Cessão de Uso de Informações
Termo de Cessão de Uso de Informações
Venho por meio deste comprometer-se a utilizar os dados do
Departamento de Informática do SUS – DATASUS do Ministério da Saúde, de forma
ética e responsável. Os dados coletados e os resultados, assim como a análise e
discussão dos mesmos, serão publicados em periódico científico da área da saúde e
apresentados em eventos científicos da área.
Todo o material coletado e analisado será guardado por mim,
por cinco anos e posteriormente destruído.
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Jaqueline Beatriz Rohde
Pesquisadora Responsável
Estudante do curso de Enfermagem
Centro Universitário Univates
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