View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
1
CONCEPÇÕES DA HISTÓRIA ENTRE INTELECTUAIS CATÓLICOS E SUAS
CONTRIBUIÇÕES PARA A PESQUISA HISTORIOGRÁFICA
DANILLO RANGELL PINHEIRO PEREIRA
Neste artigo, pretende-se aprofundar reflexões sobre as contribuições de uma pesquisa
histórica que selecionou como tema as críticas investidas por intelectuais ligados a hierarquia
da Igreja Católica1 à Teologia da Libertação2 e alguns de seus representantes, bem como
tensões resultantes das diferentes concepções teológicas referentes à História da Igreja romana
defendidas pelos distintos grupos de estudiosos. No curso destas análises, pretendemos
produzir uma discussão sobre História das Religiões que reflita sobre diálogos e tensões
estabelecidos no encontro entre duas modalidades distintas de conhecimento as ciências (no
caso desta pesquisa a História) e a Teologia. Esses diálogos e tensões serão debatidos a partir
da proposta de estudo de algumas obras de quatro intelectuais católicos ligados a um
movimento chamado de Teologia da Libertação como (Gustavo Gutierrez, Clodovis Boff,
Leonardo Boff e Enrique Dussel), bem como três intelectuais ligados a defesa da tradição
hierárquica da Igreja Católica, são eles: (Boaventura Kloppenburg, Joseph Ratzinger e Urbano
Zilles).
Possui graduação, Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2005) e Mestrado
em História pela mesma Universidade (2013). Bolsista da Capes de 2011 a 2013. No momento, atua como
professor de História no Colégio Estadual Deputado Luis Eduardo Magalhães e na Faculdade do Sertão da
Bahia, localizados na cidade de Monte Santo BA. Temas de principal interesse: História do Cristianismo,
concepções da história, Teologia da Libertação e ensino de História. 1 Os teólogos ligados à hierarquia são os defensores da doutrina tradicional da Igreja Católica e críticos de várias
teses da Teologia da Libertação. 2 A Teologia da Libertação foi expressão de um amplo movimento social, surgido no início dos anos 60, bem
antes de suas primeiras obras. Envolveu setores significativos da Igreja Católica (padres, ordens religiosas,
bispos), movimentos religiosos laicos (juventude universitária cristã, jovens trabalhadores cristãos), intervenções
pastorais de base popular (pastoral operária, camponesa, urbana) e as Comunidades Eclesiais de Base. Sem a
prática desses movimentos, não se pode compreender fenômenos sociais e históricos tão importantes quanto à
escalada das revoluções sociais na América Central ou a emergência de um vasto movimento operário e
camponês no Brasil. A Teologia citada foi também um conjunto de textos produzidos a partir de 1970, por
intelectuais protestantes e católicos latino-americanos, tais como Gustavo Gutiérrez (Peru), Rubem Alves, Hugo
Assmann, Carlos Mesters, Leonardo Boff, Clodovis Boff e Frei Betto, (Brasil), Jon Sobrino, Ignácio Ellacuría
(El Salvador), Segundo Galileia, Ronaldo Muñoz (Chile), Pablo Richard (Chile e Costa Rica), José Miguez
Bonino, Juan Carlos Scannone, Rubem Dri (Argentina), Enrique Dussel (Argentina, México), Juan-Luís
Segundo (Uruguai), Samuel Silva Gotay (Porto Rico), para mencionar apenas alguns dos mais conhecidos que
tinham como principal intenção refletir sobre a relação entre fé e vida, Evangelho e justiça social.
2
Analisaremos a contribuição dos estudos das concepções de História da Igreja
Católica presentes no interior de obras de intelectuais católicos e a contribuição das ideias
religiosas produzidas por estes sujeitos para o debate historiográfico. Os eventos históricos
priorizados para possíveis leituras da História da Igreja e suas perspectivas de ação no mundo
pelos teólogos em questão são: O Concílio Vaticano II (1962-1965) e as Conferências
episcopais latino-americanas de Medellín (1968) e Puebla (1979) 3. O período cronológico
selecionado para pesquisa em curso vai dos anos de 1971 até 1992. Deste recorte
selecionamos publicações de algumas obras de teólogos da libertação e outros identificados
com a manutenção do projeto de uma Igreja hierárquica. Também destacamos em menor
quantidade livros publicados pelos autores em análise em anos mais recentes que envolvam os
temas destacados em nossas pesquisas, pois os teólogos católicos continuaram a expandir tais
reflexões, posteriormente.
As advertências empreendidas contra os teólogos latino-americanos ligados a proposta
de uma Igreja sensível às desigualdades sociais foram pautadas segundo estudiosos mais
conservadores da doutrina católica, a exemplo do Papa emérito Bento XVI (na época cardeal
Ratzinger), do bispo Boaventura Kloppenburg, numa leitura mais criteriosa dos documentos
conclusivos do Concílio Vaticano II. Contudo, existem distintas interpretações destes
documentos entre vários teólogos católicos. Aqueles ligados à hierarquia, tendem a valorizar
textos como as constituições Dogmáticas Lumem Gentium (LG), Dei Verbum (DV). Outros,
a exemplo de Leonardo Boff, não desconsideram os escritos citados, nem a tradição da Igreja
Católica, mas recorrem com frequência significativa às reflexões propostas na Constituição
Pastoral Gaudium et Spes (GS). (Cf. PEREIRA, 2013:164-230). Durante as fases de
preparação das conferências episcopais latino-americanas de Medelín 1968 e Puebla 1979,
foram visíveis algumas divergências entre participantes daqueles encontros. Sobre as reuniões
da cidade mexicana de Puebla, existem estudos que apontaram temores de uma cisão na
instituição, mas medidas, como a intervenção do Papa João Paulo II, foram significativas para
manter a unidade entre os bispos da América Latina (Cf. IOKOI, 1996:59-60).
3 Existe ampla literatura que discute o Concílio Vaticano II, as Conferências Latino-americanas de Medelín,
Puebla, a Teologia da Libertação, bem como as críticas e combates empreendidos contra esse ultimo tema. No
final do artigo há uma lista de algumas fontes e bibliografias que até o presente momento, levantamos sobre os
assuntos.
3
Em pesquisas anteriores, discutimos as concepções da história elaboradas por teólogos
da libertação a exemplo de Clodovis Boff e Leonardo Boff, os diálogos estabelecidos pelos
estudiosos citados com o marxismo. Analisamos mais influências desta ultima corrente na
Teologia da Libertação ao refletir sobre as principais características da produção
historiográfica da Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina (CEHILA).
(Cf. PEREIRA, 2013: 83-162). Em investigações mais recentes, nos atemos às análises dos
conflitos de representação ocorridos na Igreja Católica por conta das temáticas propostas na
Teologia da Libertação4. Em algumas análises, conseguimos pontuar conflitos, no que se
referem à apropriação da história e projetos de orientação pastoral para Igreja Católica, entre
teólogos ligados a hierarquia, identificados com uma concepção essencialista da realidade e os
teólogos da libertação latino-americanos, identificados com concepções historicistas. Essa
afirmação pode ser reforçada por alguns acontecimentos conflituosos entre pensadores da
Igreja Romana5. (Cf. PEREIRA, 2013:164-230; PEREIRA: 2015).
Entendemos teólogos essencialistas como aqueles que embora reconheçam as
variações culturais e distintas perspectivas históricas no mundo presente, creem na revelação
do Deus cristão independente das circunstâncias históricas. Baseia-se na confiança do
mistério da autoridade divina, delegada a seus legítimos intérpretes, as autoridades
eclesiásticas. Teólogos como Boaventura Kloppenburg, Joseph Ratzinger e Urbano Zilles
defenderam essa visão. Já os teólogos que chamamos de historicistas embora reconheçam
conteúdos de mistério na revelação do Deus cristão, nas suas formulações procuram explicar a
História da Igreja como uma construção humana e limitada às circunstâncias de um
4 Em relação à Teologia da Libertação, refletimos algumas das críticas gerais empreendidas pelo Bispo
Boaventura Kloppemburg em seu livro A Igreja Popular (1983) contra seus representantes, bem como a carta
publicada pelo então Cardeal Ratzinger (prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé) com o título
Instrução sobre alguns aspectos da “Teologia da Libertação” (1984). De forma mais específica, analisamos as
posições da Comissão Arquidiocesana para a Doutrina da Fé no Rio de Janeiro e a Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé em Roma contra o livro de Leonardo Boff (destacado teólogo da libertação) Igreja: Carisma e
Poder. A reflexão também se ocupou das razões que levaram a punição disciplinar do autor daquela obra
considerada polêmica pelos membros da Sagrada Congregação. (PEREIRA, 2013: 163-230). 5 Entre os episódios conflituosos podemos citar um processo contra algumas teses de Gustavo Gutiérrez, movido
pelo Vaticano entre 1983 e 1984. Também em 1984, um grupo de teólogos e cientistas membros da CEHILA,
articulados por Enrique Dussel, publicaram um documento de repúdio a algumas restrições da Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé contra a Teologia da Libertação e sua leitura da história. Em 1982, Leonardo
Boff viveu tensos debates com teólogos como Urbano Zilles e D. Karl Josef Romer, clérigos ligados a Comissão
Arquidiocesana para a Doutrina da Fé no Rio de Janeiro que teceram críticas ao livro Igreja: carisma e poder.
Em 1984 Leonardo Boff escreveu sua defesa para o colóquio de sete de setembro daquele ano, em que ele expôs
várias discordâncias em relação às interpretações que a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé fez do
mesmo livro citado.
4
determinado momento. Teólogos da libertação como Clodovis Boff (pelo menos no período
que pretendemos analisar), L. Boff, Gustavo Gutiérrez e Enrique Dussel defenderam essa
posição.
Sobre as distintas apropriações e concepções da história presentes no discurso de
estudiosos católicos ligados à Teologia da Libertação, ainda não conhecemos uma pesquisa
específica e sistemática entre os historiadores brasileiros. Há trabalhos sobre a Teologia da
Libertação que pontuam o assunto em questão nos campos da Filosofia, Sociologia e também
na historiografia, mas esses deixaram em aberto à problemática levantada nesta proposta de
estudo. Julgamos necessário aprofundar essas fontes e investigações sobre o assunto, numa
futura pesquisa e acreditamos que tal estudo seja relevante para ampliarmos as discussões
sobre Teoria da História, História da Igreja Católica na América Latina e no Brasil. Teoria da
História porque os teólogos em análise formulam compreensões sobre a História do
Cristianismo e da Igreja Católica nos textos que utilizaremos como fontes. Tais compreensões
influenciaram significativamente nos projetos de orientação pastoral da Instituição em estudo.
Contribui também com a História das Religiões, por tratar-se especificamente de uma
proposta de investigação sobre as diferentes leituras da História da Igreja Católica por
estudiosos ligados à produção intelectual e memória histórica da Igreja romana na América
Latina e no Brasil. A História recente de nosso país seria difícil de ser amplamente percebida
sem o estudo da contribuição de vários movimentos sociais, como a luta contra a tortura e
autoritarismo na época do Estado instituído pela ditadura civil militar, que tiveram incentivos
e engajamento de vários clérigos e leigos católicos. A fundação do PT (partido dos
trabalhadores), a luta por melhoras no saneamento, serviços públicos etc., também receberam
significativa influência do chamado cristianismo “progressista”. As formulações teóricas de
vários intelectuais ligados à Teologia da libertação em vários aspectos influenciou e foi
influenciada por estes movimentos. Podemos em determinadas circunstâncias chamá-la de
“cimento intelectual” destas lutas político sociais. O pensamento dos intelectuais ligados à
tradição hierárquica da Igreja não só produziram críticas e perseguições aos teólogos da
libertação. Além da ampliação dos debates (teológicos, pastorais), houve algumas
reconciliações e até mesmo conversões às causas sociais de bispos conhecidos por suas
posturas rígidas. Os enfrentamentos e debates entre teólogos da libertação e os defensores do
5
catolicismo romano mais tradicional, obrigaram reelaborações de outras diretrizes pastorais
no interior da Igreja Católica que sofreram influencias de ambos os lados. Os próprios
teólogos da libertação ampliaram seus campos de reflexões e reconhecerem algumas
limitações de seus primeiros trabalhos.
Pensamos que os pontos de intersecção que podem ser estabelecidos entre o presente
estudo e os objetivos de uma pesquisa historiográfica são vários. Além das contribuições
anteriormente pontuadas podemos relacionar como possível uma ligação com a História das
ideias (neste caso ideias religiosas quando pretendemos analisar distintas obras de intelectuais
católicos). O principal aporte teórico metodológico utilizado nesta relação são as elaborações
de Koselleck sobre o tempo e a produção do historiador. Esta alternativa nos chamou a
atenção pela sua amplitude e ao mesmo tempo reconhecimento de suas limitações. Para este
autor: “[...] a história não pode negar que precisa suportar duas exigências que se excluem –
produzir enunciados verdadeiros e a admitir a relatividade de seus enunciados. (Cf. REIS,
2006:173). Para Koselleck o relativismo não é uma dificuldade a ser eliminada; é a descoberta
de uma realidade original: o mundo histórico. As representações do passado são
incontornavelmente afetadas pelo tempo. Cada presente articula de modo diferente, espaço da
experiência e horizonte de espera. (Cf. KOSELLECK, 2006: 309-311; REIS, 2006:173-174;
REIS, 2009:84-85). O passado é delimitado, selecionado e reconstruído criticamente em cada
presente. Este sempre lança sobre o passado um olhar novo, resignificando-o. No presente, o
historiador se relaciona também com o futuro; toma partido, vincula-se a planos e programas
políticos, faz juízos de valor e age”. (Cf. KOSELLECK, 2006; REIS, 2006:173-174).
De acordo com Koselleck a verdade em História se relaciona muito com a história da
história, como a busca do que podemos chamar de verdade mais ampla apesar de sempre
limitada. Ela é um sentido atribuído, que reúne passado e futuro em um presente determinado,
que aceito de modo mais ou menos consensual, constrói uma identidade das sociedades, que a
localiza em seu tempo e as torna mais eficiente na ação. A verdade histórica seria uma
representação construída em cada presente da relação passado/futuro e que mantém um
diálogo permanente com as representações dessa relação dos presentes, passados e futuros.
(Cf. KOSELLECK, 2006: 161-188; REIS, 2006:174-175).
6
Essa relação constante de diálogo entre presente e passado oferece não somente
possibilidades de entendimento do presente, como também expectativas para projetos ligados
ao futuro. Julgamos importante reconhecer o aporte teórico proposto por Koselleck, pois
apesar de suas limitações (como qualquer outra teoria), pode ser considerada uma
possibilidade que nos oferece alternativas de compreensão para a discussão das concepções de
História dos sujeitos investigados nesta pesquisa, no que diz respeito a suas leituras do
passado, do presente e suas crenças e propostas para futuro dos católicos e de sua igreja. A
questão da verdade e o sentido da História foram frequentemente debatidos nos textos dos
teólogos analisados.
É possível também dialogar com a História cultural quando através dos conceitos de
representação e apropriação presentes nas ideias de Roger Chartier (nos dispomos analisar
conflitos entre opostas perspectivas culturais no interior de uma mesma instituição a Igreja
Católica). Para o historiador em questão a leitura da realidade histórica parte de diferentes
perspectivas onde os sujeitos forjam suas visões de mundo a partir de suas experiências,
interesses matérias e práticas concretas. Neste sentido sua visão da história pode ser definida
como o estudo dos processos com os quais se constrói um sentido. Rompendo com a ideia
passada que dotava as obras historiográficas de um sentido intrínseco, absoluto, único o qual a
crítica tinha a obrigação de identificar, Chartier referiu-se às atitudes que pluralmente,
contraditoriamente, dão significado ao mundo, às práticas discursivas produtoras de
ordenamento, de afirmação de distâncias, de divisões, como formas diferenciadas de
apropriação da cultura e interpretação da realidade. (Cf. CHARTIER, 1990:27-28).
O modelo de História cultural proposto por Roger Chartier também contribuiu com
relevante significado para a ampliação do conceito de apropriação. Este, segundo o autor, está
ligado à História Social das interpretações remetidas para suas determinações fundamentais
(que são sociais, institucionais, culturais) e inscritas nas práticas específicas que as produzem,
dando atenção às condições e os processos que, concretamente determinam as operações de
construção do sentido. (Cf. CHARTIER, 1990:27-28). Essas operações viabilizam as
elaborações das representações que, nas circunstâncias citadas, funcionam como discursos
que dão sentido à realidade, ou mesmo às operações intelectuais que apreendem a mesma e
que devem ser pensadas e articuladas às formas pelas quais os grupos sociais se apropriam e
7
se utilizam destas representações. Dessa forma, as representações quando colocadas em um
campo de concorrências, aspiram também às lutas políticas, sobretudo quando os grupos se
apropriam de determinadas representações que, por sinal, são associadas às práticas que
ajudam a reforçar representações já existentes ou alcançar determinados objetivos políticos.
Assim, as noções de representação e práticas, associadas às maneiras como são modificadas,
elaboradas, ou negadas - a apropriação - são componentes de relevante capacidade analítica
para o trabalho de pesquisas historiográficas que se ocupam de variadas temáticas, inclusive, a
religião, bem como a produção intelectual dos agentes religiosos como objeto de estudo.
No chamado marxismo revisionista e sua releitura da religião podemos pontuar a
contribuição de Ernest Bloch, sua valorização da dimensão subversiva do marxismo com a
proposta de pensá-lo como uma utopia concreta, uma filosofia sensível às análises do passado
e condição do presente, mas voltada para o futuro e as potencialidades concretas para realizá-
lo. (Cf. PEREIRA, 2013:149-161). A religião foi pensada por este autor no seu livro Princípio
da Esperança como uma dimensão utópica capaz de levar tal projeto adiante e motivar os
homens a transformar a realidade que os oprime (BLOCH, 2005). É relevante lembrar que
utopia para Bloch significa a crença numa realidade ainda não alcançada, mas não impossível
caso homens estejam dispostos a criar condições concretas para viabilizar tal projeto ainda
inédito, mas não inviável.
Podemos ainda destacar como contributiva a visão marxista da cultura proposta nas
formulações de Antônio Gramsci, um filósofo italiano estudioso de diversos temas entre eles
formulações teóricas da História e da religião. Em seu livro Concepção Dialética da História,
o processo histórico não foi mais teorizado semelhante ao esquema clássico proposto por
alguns marxistas que a pensavam como o desenvolvimento das forças produtivas, mas sim
como um processo denso, de contrastes, de inter-relações, de crises de diversos tipos. Da
gênese e da expansão de princípios hegemônicos ou modelos culturais diferentes, muitas
vezes, antagônicos em constantes processos de transformações. (GRAMSCI, 1995). Gramsci
viu a religião como fato relevante no interior desse processo, de acordo com suas reflexões:
[...] é a mais gigantesca utopia, isto é, a mais gigantesca “metafísica” que já
apareceu na história, já que ela é a mais grandiosa tentativa de conciliar, em uma
8
forma mitológica as contradições reais da vida histórica: ela afirma, na verdade,
que o homem tem a mesma “natureza”, que existe um homem em geral, enquanto
criado por Deus, filho de Deus, sendo por isso irmão dos outros homens, igual aos
outros homens livre entre os outros e da mesma maneira que os outros; [...].
(GRAMSCI, 1995:115).
Gramsci manifestou relevante interesse pelas questões religiosas, procurou entender a
influência da Igreja Católica na cultura de seu tempo e o peso dela no interior dos grupos
chamados por ele de subalternos. Nas suas formulações teóricas, procurou mostrar que as
contradições históricas e sociais, muitas vezes são omitidas ou denunciadas pelas religiões.
Por isso, como Marx, esse autor admitiu as duas faces desse fenômeno: a libertadora que
questiona a ordem existente como não coerente com o projeto da divindade e a resignadora
que favorece a ordem existente. Segundo Hugues Portelli, um estudioso do tema religioso na
obra de Gramsci, esse pensador marxista não se interessou essencialmente pela religião
concepção do mundo, mas principalmente pela norma de conduta prática que corresponde a
cada religião. Deste ponto de vista, a religião pode conduzir a atitudes totalmente opostas: a
ativa e progressista do Cristianismo primitivo ou do protestantismo ou a passiva e
conservadora do Cristianismo jesuitizado (Cf. PORTELLI, 1984:31) na época vista por
Gramsci como reacionária, “[...] opiácea porque corresponde a uma fase de declínio, na qual a
religião esgotou sua função histórica e só se mantém pelos artifícios e/ou pela repressão”. (Cf.
PORTELLI, 1984:31).
Gramsci percebeu vários tipos de catolicismos: o dos intelectuais, dos clérigos, das
mulheres, dos camponeses, entre outros, muitas vezes contraditórios no interior de uma
instituição religiosa que se percebe como unitária e universal, mas na prática não o é. (Cf.
PORTELLI, 1984:25-26). Para esse autor em questão, trata-se de uma visão particular ou
hegemônica de grupos, uma sociedade e/ou instituição imaginada pelos indivíduos que a
compõem como universal. Tal instrumental analítico de Gramsci é importante para
percebermos as razões que levaram as teologias de Leonardo Boff, Enrique Dussel, Gustavo
Gutierrez terem causado certo desconforto entre os membros da hierarquia da Igreja Católica
como Joseph Ratzinger, Boaventura Kloppenburg e Urbano Zilles.
9
Outra discussão pertinente de Gramsci e importante para nossas análises é seu
conceito de intelectual. De acordo com o autor no seu livro os Intelectuais e a Organização da
cultura os intelectuais não vivem no ar, são atores sociais e participam da composição das
forças sociais, possuem um lugar a partir do qual elaboram sua visão e situam seus
compromissos históricos. Dessa forma, existem vários tipos de intelectuais: aqueles ligados
ao poder, aos setores intermediários e outros aos grupos subalternos (GRAMSCI, 1988).
Pensando desta maneira podemos pontuar que no seio da Igreja católica existem intelectuais
com distintas concepções de mundo e interesses de classe.
São pertinentes também as visões históricas e sociológicas da religião presentes nas
obras de autores como os sociólogos marxistas François Houtart e Otto Maduro. Os estudos
destes autores trazem em comum, análises materialistas da religião influenciadas pelo
marxismo revisionista, nesta perspectiva a religião é vista como um fenômeno social,
construída por homens na sua convivência em sociedade e interação com o mundo concreto.
(HOUTART, 1982; 1994; MADURO, 1981). A relevância do conhecimento religioso para
produção historiográfica pode ser compreendida nas palavras de Houtart no seu estudo
chamado Religião e modos de produção Pré-capitalistas. De acordo com o sociólogo
influencia o universo das representações, intervém ao mesmo tempo na definição do sentido e
na orientação das práticas, fornece em variadas situações, explicações e justificativas das
relações sociais, os caminhos da manutenção e contestação da ordem estabelecida. (Cf.
HOUTART, 1982:11).
É significativa para ampliação deste entendimento da religião a sociologia proposta
por Pierre Bourdieu no seu livro a Economia das trocas simbólicas. Uma tese central
defendida pelo autor neste trabalho é a que as sociedades são vistas como espaços onde se
encontram e chocam relações de forças geradas pelas significações e simbolizações. Essas
circunstâncias convergem com a visão de uma história plural marcada pelas
imprevisibilidades, incoerências conflitos de classes, culturas e visões de mundo. A cultura é
um elemento relevante para as análises sociológicas e históricas, pois as experiências
educacionais dependem da classe, bens adquiridos, principalmente os capitais simbólicos,
herdados pelos indivíduos que pertencem a distintos grupos sociais. (BOURDIEU, 2005). O
mesmo autor em outro texto com o título “A ilusão biográfica”, apresenta uma concepção de
10
biografia a partir da ideia de uma “ilusão retórica”. Com essa afirmação questiona os
tradicionais métodos de produção biográfica onde os investigadores comumente buscavam
uma coesão, na sua compreensão, inexistente na narrativa biográfica (Cf. BOURDIEU, 1996:
185). Ao elaborar a biografia de um determinado sujeito, muitos biógrafos apresentam-na
como uma sucessão de fatos lógicos, coerentes e lineares, uma sequência de acontecimentos
organizados que alicerçam uma razão à narrativa.
Boudieu posicionou-se avesso a essa tradição de escrita, afirmando que a realidade é
dialética, descontínua e subjetiva. A construção de uma trajetória biográfica pressupõe muito
mais do que somar recortes esparsos no tempo buscando revelar integralmente a trajetória do
sujeito biografado. Além das dificuldades e limitações documentais de uma pesquisa que
impossibilitam uma reconstrução total do objeto investigado, os vários aspectos de um
acontecimento histórico, social ou da vida de um indivíduo pesquisado não podem ser
narrados de forma linear, não se esgotam numa única representação, identidade, coerência
e/ou racionalidade, mas também por incoerências e descontinuidades. (BOURDIEU, 1996).
Não é intenção destes estudos, construir análises biográficas específicas. Contudo, analisar
parte das trajetórias pessoais dos intelectuais escolhidos, bem como considerar pertinente o
suporte teórico metodológico retirado das reflexões de Bourdieu, nos auxiliará mais
amplamente na percepção de possíveis modificações de posições de alguns autores em
escritos de diferentes períodos de suas produções teológicas.
Diante de vários nomes expressivos da Teologia da Libertação e também defensores
da visão hierárquica da Igreja Católica, é fato que a pesquisa não seria capaz de dar conta de
todos. Por isso, restringimos nossas investigações às obras de quatro intelectuais ligados à
Teologia da Libertação como Clodovís Boff, Leonardo Boff, Enrique Dussel e Gustavo
Gutierrez. Entre os defensores da tradição institucional da Igreja Católica, ampliaremos as
análises de textos escritos por Boaventura Kloppenburg, Joseph Ratzinger e Urbano Zilles.
Ao discutir sobre as obras dos intelectuais citados anteriormente e suas posturas diante das
posições que devem ser assumidas pela Igreja Católica, o presente estudo tem destacado a
relevância das lutas de representações. Essas, na visão do historiador Roger Chartier: “[..] tem
tanta importância como as lutas econômicas para compreender os mecanismos pelos quais um
grupo impõe ou tenta impor, sua concepção do mundo social, os valores que são seus, o seu
11
domínio[..]”. (CHARTIER, 1990:17). No que se refere às diretrizes pastorais da Igreja
Católica, a hegemonia de determinados grupos na elaboração de discursos intelectuais foi, e
continua sendo, decisiva em vários aspectos práticos, como nas maneiras de interpretar e
intervir na realidade social.
A história do cristianismo é marcada por múltiplas concepções doutrinárias e variadas
leituras da tradição deixada por Jesus e outros membros relevantes das Igrejas. As tentativas
de impor uma única possibilidade de leitura desta tradição deixaram muitas marcas de
conflitos e intolerância entre cristãos. Pensamos que uma discussão que esclareça as teses de
importantes teólogos da libertação, bem como de clérigos ligados à defesa da tradição
hierárquica da Igreja católica, possa ajudar na compreensão de visões distintas sobre um
mesmo assunto e estimular a ampliação do respeito às diversidades religiosas. É útil também
sua colaboração na luta pela ampliação e/ou promoção dos debates entre sujeitos de diferentes
visões da realidade, no encontro, tolerância e convivência entre grupos distintos numa mesma
instituição que em muitos momentos históricos objetivou a universalidade, mas deixou de
lado a diversidade.
FONTES
BOFF, Clodovis; BOFF, Leonardo. Teologia da libertação no debate atual. 3 ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1985.
________. Da libertação: o sentido teológico das libertações sócio históricas. 4 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
_________. Como fazer Teologia da libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
BOFF, Clodovis, PIXLEY Jorge. Opção pelos Pobres. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
BOFF, Clodovis. Teologia e prática: Teologia do político e suas mediações. 3 ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1993.
_____________. Teologia Pé-No-Chão. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
__________. Teologia da Libertação e Volta ao Fundamento. Disponível em:
<http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=33508>. Acesso em 20 de maio.
2013.
12
___________. Volta ao fundamento: réplica de Clodovis Boff. Disponível em:
<http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=11384&cod_canal=29
> Acesso em 20 de maio. 2013.
BOFF, Leonardo. O evangelho do Cristo Cósmico: a realidade de um mito e o mito de uma
realidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1971.
_____________. Jesus Cristo Libertador. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1972.
__________. Eclesiogênese as comunidades eclesiais de base reinventam a Igreja.
Petrópolis, RJ: vozes, 1977.
__________. Teologia do cativeiro e da libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1980.
__________. Igreja: Carisma e Poder. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1982.
__________. E a Igreja se fez Povo Eclesiogênese: A Igreja que nasce do Povo. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1986.
__________. A Trindade A Sociedade e a Libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
___________. (Org.). A Teologia da Libertação Balanço e perspectivas. São Paulo: Ática,
1996.
__________. O Caminhar da igreja com os Oprimidos: Do Vale de lágrimas rumo a terra
prometida. 2 ed. Petrópolis, RJ: vozes, 1998.
__________. Pelos Pobres, Contra a Estreiteza do Método. Disponível em:
<http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=33512> Acesso em: 20 de maio.
2013.
___________. Entrevista ao Programa É Notícia, exibido pela Rede TV. 2011. Disponível
em: http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=10783. Acesso em: 26/07/2012.
___________. Entrevista ao programa Roda Viva. 06/01/1997. Disponível em:
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/94/entrevistados/leonardo_boff_1997.hm. Acesso em:
14/07/2013.
___________. Entrevista ao programa Roda Viva. 18/03/2013. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=jQDIc1V19s0. Acesso em: 16/07/2013.
CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO (CELAM). A Igreja na Atual
Transformação da América Latina à Luz do Concílio. Conclusões de Medellín.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1969.
CONSELHO EPISCOPAL LATNO-AMERICANO (CELAM). Evangelização no presente
e no futuro da América Latina. Conclusões da Conferência de Puebla. Texto oficial. 3 ed.
São Paulo: Paulinas, [Sd].
13
DOCUMENTOS PONTIIFÌCIOS CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ.
Instruções sobre a Liberdade cristã e a Libertação Carta do Papa à CNBB sobre a
Missão da Igreja e a Teologia da Libertação. 2 ed. Petrópolis, RJ: 1986.
DUSSEL, Enrique. De Medellin a Puebla: uma Década de Sangue. São Paulo: Loyola,
1982.
__________. Caminhos de Libertação Latino-Americana. 3 tomos. São Paulo: Paulinas,
1984.
___________. Método para uma Filosofia da Libertação: Superação Analética da Dialética
Hegeliana. Tradução Jandir Jõao Zanotelli. São Paulo: Loyola, 1986.
___________História da Igreja Latino-americana: 1930 a 1985. São Paulo: Paulus, 1989.
____________. (Org.), História Liberationis: 500 anos de História da Igreja na América
Latina. Tradução Resende Costa. São Paulo: Paulinas: 1992.
__________. Filosofia da libertação: Crítica à Ideologia da Exclusão. 2 ed. São Paulo:
Paulus, 1995.
____________. Notas sobre a origem da Teologia da Libertação. IN: Bintencout, Fonet Raul
(org.), A teologia na História social da América Latina. São Leopoldo, RS: Usinos, 1996.
V. 3. p. 261-287.
___________. Teologia da Libertação - Um panorama do seu desenvolvimento.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
GONÇALVES, Alexandre. Irmão de Leonardo Boff Defende Bento XVI e Critica a
Teologia da Libertação. Folha de São Paulo, São Paulo, 11 de mar. 2013. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1244071-essencia-da-teologia-da-libertacao-foi-
defendida-pelo-papa-diz-irmao-de-leonardo-boff.shtml>. Acesso em 20 de maio. 2013. p. 2.
GUTIERREZ, Gustavo. Pobres e Libertação Em Puebla. São Paulo: Paulinas, 1980.
__________________. A força Histórica dos pobres. Tradução Álvaro cunha. 2 ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1984.
____________.Teologia da libertação: perspectivas. Tradução Jorge Soares. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1985.
____________. Como dizer aos pobres que Deus lhes ama? In: A maioridade da Teologia da
Libertação. Estudos de Religião. Ano IV, n. 6, abril de 1989. p. 35- 42.
____________. A opção profética de uma Igreja. In: SOCIEDADE DE TEOLOGIA E
CIENCIAS DA RELIGIÃO – SOTER (Org.). Caminhos da Igreja na América Latina e no
Caribe: Novos Desafios. São Paulo: Paulinas 2006. p. 279-291.
KLOPPENBURG, Boaventura. Concílio Vaticano II. Petrópolis, RJ: Vozes,
1962/1963/1964/1965/1966. Obra em 5 volumes.
14
_____________. O Cristão Secularizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 1970.
____________. Jesus Cristo: Caminho Verdade e Vida. São Paulo: Paulinas, 1983.
_____________. Para uma Nova Evangelização. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990.
____________. O Ser do Padre. Petrópolis, RJ: Vozes, 1972.
_____________. Igreja Popular. Rio de Janeiro: Agir editora, 1983.
KLOPPENBURG, Boaventura; VIER, Frederico (Org.). Compêndio do Vaticano II:
Constituições Decretos e Declarações. 18 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
LIMA, Luiz Gonzaga de Souza. Evolução Política dos católicos e da Igreja no Brasil:
Hipóteses para uma interpretação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1979.
MOVIMENTO NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS (Org.). Roma Locuta,
Documentos Sobre o Livro Igreja: Carisma e Poder de Leonardo Boff. Rio Branco,
Belém, Recife, Viçosa, Nova Iguaçu, São Paulo, Porto Alegre, Goiânia: Petrópolis, RJ:
Vozes, [Sd].
RATZINGER, J. Fé e Futuro. Tradução Frei Honório Rito. Petrópolis, RJ: 1971.
_____________. Democracia na Igreja: Possibilidades, Limites, Perigos. Tradução
Alexandre Macintyre. São Paulo: Paulinas, 1976.
_____________. A fé em crise? O Cardeal Ratzinger se Interroga. São Paulo: UPU, 1985.
_____________. O Sal da Terra: o Cristianismo e a Igreja Católica no liminar do Terceiro
Milênio. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
_____________. Compreender a Igreja hoje: vocação para comunhão. Tradução D.
Matheus Ramalho Rocha. 3 ed. Petrópolis, RJ: Vozes: 2006.
______________. Lembranças de Minha Vida. São Paul: Paulinas, 2006.
______________. Natureza e Missão da Teologia, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
_____________. Dogma e Anúncio. São Paulo: Loyola, 2008.
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA DOUTRINA DA FÉ: Instrução sobre alguns
aspectos da “Teologia da Libertação”. São Paulo: Paulinas: 1984.
ZILLES, Urbano. Uma igreja em discussão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1969.
__________. Igreja em realização. Petrópolis, RJ: Vozes, 1972.
___________. Pode um cristão ser marxista? Porto Alegre: Acadêmica, 1984.
___________. Possibilidades e limites da libertação. Porto Alegre: Acadêmica, 1985.
___________. A modernidade e a Igreja. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1993.
15
___________.Os sacramentos da Igreja católica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995.
___________. Fé e razão na doutrina social católica. Rio de Janeiro: Letras Capital, 2005.
BIBLIOGRAFIA
BEOZZO. José Oscar. A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II 1959-1965. São Paulo:
Paulinas, 2005.
BLOCH, Ernest. O Princípio da Esperança. Tradução Nélio Schneider. Rio de Janeiro,
Contraponto, 2005. V. 1.
BORDIN, Luigi. Marxismo e Teologia da libertação. Rio de Janeiro: Dois Pontos, 1987.
BOURDIEU. Pierre. Economia das trocas simbólicas. Tradução Sergio Miceli [et. Al]. 6 ed.
São Paulo: Perspectiva, 2005.
__________________. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaina & FERREIRA, Marieta M.
(orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. Sd.
CHARTIER, Roger. A História cultural: Entre práticas e representações. Tradução Maria
Manuela Galhardo. Lisboa, Portugal: Difel, 1990.
__________. “Cultura Popular”: revisitando um conceito historiográfico. Revista de estudos
Históricos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 16, p. 179-192, 1995.
COSTA, Iraneidson Santos. Que papo é esse? Igreja Católica, movimentos populares e
política no Brasil (1974 – 1985). Feira de Santana, BA: UEFS, 2011.
GALILÉIA, Segundo. Teologia da libertação: ensaio de síntese, Tradução Luís Antônio
Miranda. 4 ed. São Paulo: Paulinas, 1985.
GOTAY, Silva Samuel. O Pensamento cristão Revolucionário na América Latina e no
Caribe (1960-1973). Tradução Luiz João Gaio. São Paulo: Paulinas, 1985.
GRAMSCI, ATÔNIO. Os Intelectuais e a organização da Cultura. Tradução Carlos Nelson
Coutinho. 6 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988.
______________. Concepção Dialética da História. Tradução Carlos Nelson Coutinho. 10
ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1995.
GUIMARÃES, Juarez. (org.) Leituras críticas sobre Leonardo Boff. Belo Horizonte:
Editora UFMG; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2008.
HOURTART, François. Religião e modos de produção pré-capitalista. Tradução Álvaro
cunha. São Paulo: Paulinas, 1982.
__________. Sociologia da Religião. Tradução Mustafá Yasbek. São Paulo: Ática, 1994.
16
IOKOI, Zilda Grícoli. Igreja e Camponeses: Teologia da Libertação e Movimentos Sociais
no campo Brasil e Peru, 1964-1986. São Paulo: Hucitec FAPESP, 1996.
KOSELLECK. Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos.
Tradução Wilma Patrícia Maas e Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
LORSCHEIDER, Aloísio. [et al.]. Vaticano II 40 anos depois. São Paulo: Paulus, 2005.
LOWITH, Karl. O Sentido da História. Tradução Maria Georgina Segurado. Lisboa,
Portugal: Ed. 70. 1991.
LOWY, Michael. Marxismo e Teologia da libertação. Tradução Myrian Veras Baptista. São
Paulo: Cortez, 1991.
_________. A Guerra dos Deuses: Religião e política na América Latina. Tradução Vera
Lúcia Mello Joscelyne. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
MADURO, Otto. Religião e Lutas de Classes: Quadro teórico para suas interelações na
América Latina. Petropolis, RJ: Vozes, 1981.
MAINWARING, Scott. A Igreja Católica e a política no Brasil 1916–1985. Tradução
Heloisa Braz de Oliveira Prieto. São Paulo: Brasiliense, 1989.
MALERBA, Jurandir. (Org.). História escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo:
Contexto: 2006.
MORAIS, João Francisco Regis de. Os bispos e a política no Brasil: Pensamento social da
CNBB. São Paulo: Autores associados, 1982.
PELAEZ, A. Churruca; et al. (Org.). História da Teologia na América Latina. 2 ed. São
Paulo: Paulinas, 1985.
PEREIRA. Danillo Rangell Pinheiro. Concepções da História na Teologia da Libertação
conflitos de representação na Igreja Católica (1971 – 1989). (Dissertação de Mestrado).
Feira de Santana. Bahia. UEFS. 2013.
_____________. As Restrições da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano
ao livro Igreja: carisma e poder de Leonardo Boff. In: XXVIII Simpósio Nacional de História.
Lugares dos Historiadores: Velhos e Novos Desafios, 2015, Florianópolis.
Anais do XXVIII Simpósio Nacional de História. Lugares dos Historiadores: Velhos e
Novos Desafios: 27 a 31 de Julho de 2015. Florianópolis: Anpuh, 2015.
http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1434309123_ARQUIVO_DanilloArtigopa
raAmpun2015.pdf. Data de acesso 09/03/2017.
REIS, José Carlos. História e Teoria: Historicismo, Modernidade, temporalidade e Verdade.
3 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
______________. História, a ciência dos homens no tempo. Londrina, PR: EDUEL, 2009.
ROLIM, Francisco Cartaxo. Teologia da Libertação 1980-1986. In: SANCHIS, Pierre.
Catolicismo Cotidiano e Movimentos Sociais. São Paulo: Loyola, Sd. p. 9-49.
Recommended