View
0
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
1ª Aula – Direito Processual - Parte Geral
1º módulo (50 minutos).
Jurisdição, ação e processo. Contagem de prazos processuais. Prazos
especiais concedidos à Fazenda Pública (DL 779/69).
2º módulo (50 minutos).
Nulidades processuais. Competência da Justiça do Trabalho (empregado
público x funcionário público – ADI 3395 e Tema de Repercussão Geral 0853 do E. STF).
3º módulo (50 minutos).
Competência da Justiça do Trabalho para as ações resultantes da
fiscalização do trabalho. Prescrição trabalhista. Vedação do rito sumaríssimo para administração pública.
1º módulo (50 minutos).
Jurisdição, Ação e Processo.
Contagem de Prazos Processuais. Prazos Especiais Concedidos à Fazenda Pública (DL 779/69).
Jurisdição, Ação e Processo
Jurisdição:
Termo que se origina do latim juris dictio e significa “dizer o direito”.
Jurisdição é o Poder/Dever do Estado de Dizer o direito solucionando o conflito no caso concreto.
• É um Poder porque a solução estatal é vinculativa. Seu cumprimento
não depende da vontade das partes • É um Dever, na medida em que o Estado impede a autotutela. Ao assim
fazer, atrai para si a obrigação de solucionar o conflito. • A toda obrigação corresponde um direito.
• Ao dever do Estado de prestar jurisdição é correspondente o direito de
ação concedido a todo cidadão. • A jurisdição é una e indivisível, como o próprio Poder Soberano. Dizer
que sobre um mesmo território existem várias jurisdições é o mesmo que admitir a existência de várias soberanias.
• Competência é a limitação da jurisdição.
Exceções ao Exercício da Jurisdição:
Jurisdição exercida pelo Senado Federal para processor e julgar algumas
autoridades por crimes de responsabilidade – (CF art. 52, I e II)
Compromisso Arbitral.
AÇÃO:
A ação é o direito, do jurisdicionado, correspondente ao dever de jurisdição do Estado, que impede a autotutela.
A concepção moderna da teoria da ação a define como um direito público,
subjetivo e abstrato de provocar a jurisdição.
• Público porque exercido contra o Estado.
• Subjetivo porque está no campo da facultas agendi, já que seu exercício pelo jurisdicionado é uma faculdade e não uma obrigação.
• Constitucional porque está expressamente amparado pela Constituição
Federal. (Art. 5º, XXXV). XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
• Abstrato porque sua existência não está relacionada com a existência do direito material nela perseguido.
• O direito de ação existe ainda que improcedente o resultado final. Logo,
o direito de ação é o direito de postular em juízo para aguardar a entrega da tutela jurisdicional que solucionará o conflito, tendo ou não o
autor direito a esta pretensão.
Portanto, no plano constitucional, o direito de ação é enfocado de forma ampla, subjetiva e abstrata. Diversamente, no plano processual, o direito de
ação está relacionado a uma pretensão, sendo o seu exercício condicionado a certos requisitos, com destaque às condições da ação
ELEMENTOS DA AÇÃO
A ação é identificada por meio de três elementos essenciais.
Partes elementos Subjetivos. Causa de Pedir e o Pedido são os elementos Objetivos.
Trata-se de questão relevante para verificar, por exemplo, a existência de
litispendência e de coisa julgada entre duas ações (art. 337, §§ 1º a 4º, do CPC), bem como para examinar a conexão e continência entre ações, para fins
de competência (arts. 55 e 56 do CPC).
A causa de pedir engloba os fatos e fundamentos jurídicos, dos quais decorre o pedido.
A causa de pedir pode ser próxima (fundamentos jurídicos) e remota (fatos).
INICIAL TRABALHISTA - § 1º art. 840 CLT
X INICIAL CÍVEL art. 319 CPC
Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS - art. 840, § 1º da CLT X
CAUSA DE PEDIR - art. 319 do CPC
Art. 319. NCPC - A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
fatos alegados;
O pedido é o objeto do processo, ou seja, a pretensão formulada.
O pedido pode ser imediato (o provimento jurisdicional pleiteado) e mediato (o
bem jurídico postulado).
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
A ação pode ser de conhecimento, ação de execução, ação cautelar
(atualmente prevista como tutela provisória de urgência de natureza cautelar e as ações mandamentais.
A ação de conhecimento é aquela na qual se pleiteia que o mérito da pretensão
seja julgado, por meio da atuação do Direito objetivo no caso concreto.
1.) AÇÃO DECLARATÓRIA tem como objetivo declarar a existência ou inexistência de relação jurídica, bem como a autenticidade ou falsidade de
documento.
Exemplificando, a ação cujo pedido seja de declaração da existência da relação
de emprego, ou a declaração da nulidade absoluta do contrato de trabalho, em razão de o objeto ser ilícito.
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento. Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha
ocorrido a violação do direito.
REFORMA TRABALHISTA
Art. 11 da CLT A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de
trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência
Social. (Incluído pela Lei nº 9.658, de 5.6.1998)
1.1-) AÇÃO CONSTITUTIVA, pode ser positiva ou negativa, visa constituir ou desconstituir (extinguir) uma relação jurídica.
Como exemplo, na ação rescisória, um dos pedidos é de desconstituição da
decisão de mérito transitada em julgado. O inquérito (judicial) para apuração de falta grave também tem natureza constitutiva negativa, pois tem como
objetivo pôr fim ao contrato de trabalho do empregado estável.
1.2) AÇÃO CONDENATÓRIA é aquela em que o pedido se volta à
condenação do réu à obrigação de pagar, entregar coisa, fazer ou não fazer. Objetiva-se a imposição de sanção ou determinação ao réu, a ser cumprida
sob pena de execução.
Ex.: condenação do réu a pagar horas extras, devolver algum instrumento de trabalho etc.
EXECUÇÃO tem como objetivo a satisfação concreta do direito reconhecido no título executivo judicial ou extrajudicial, isto é, a efetivação do direito
constante do título executivo.
2.-) AÇÃO CAUTELAR, na atualidade prevista como tutela provisória de urgência de natureza cautelar (arts. 294 e 301 do CPC), tem natureza
instrumental, pois visa assegurar o resultado útil do processo (quanto ao pedido principal), quando houver perigo em razão da demora deste, e
probabilidade do direito material alegado (art. 300 do CPC).
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para
asseguração do direito.
3.-) AÇÃO MANDAMENTAL é aquela que dá origem a uma decisão com natureza de ordem judicial, a ser cumprida pelo réu. É o que se verifica no
mandado de segurança, no qual a decisão judicial, com natureza de ordem (mandamento), deve ser cumprida pela autoridade coatora ou pelo
demandado, independentemente de instauração de novo processo de execução.
PROCESSO:
Para que o mérito, isto é, o pedido (pretensão), seja apreciado, os pressupostos processuais também devem estar presentes na relação.
Refere-se ao pedido Imediato (entrega da tutela) e não Mediato (bem da vida)
O processo é o meio pelo qual se materializa o direito de ação, podendo ser
definido como uma série de atos ordenados em relação de causa e efeito cujo objetivo é atingir a entrega da tutela jurisdicional.
A teoria moderna aponta o processo como instrumento da jurisdição, ou seja,
a forma pela qual o Estado deve atuar na pacificação dos conflitos sociais.
Daí porque a tendência, não só do Processo do Trabalho mas também do
Processo Civil, é a redução do formalismo e a busca da efetividade do processo.
Processo - Pressupostos Processuais
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
São os requisitos necessários à constituição ou validade do processo. Existem duas teorias.
Teoria Restritiva:
É evidente que se restringimos às hipóteses de pressupostos processuais, mais possibilidades abriremos para que o processo chegue a uma decisão final de
mérito, que é o objeto da Jurisdição, posto que somente assim se resolve o conflito de interesses e se devolve a paz à sociedade.
Segundo esta teoria, são pressupostos processuais:
1º-) Uma demanda regularmente formulada = Provocação da parte na
forma prevista em Lei. (ne procedat iudex ex officio);
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
2º-) Capacidade Processual de quem pretende.
A capacidade processual em nada se relaciona à legitimidade de parte. A parte
pode ser legítima, mas não ter capacidade processual.
A capacidade de ser parte deve ser vista sob duas óticas:
A Capacidade Civil, a parte deve contar com direitos civis para propor a ação. Se não for será representada ou assistida pelo responsável legal.
(Representada = atuar por e assistir = atuar com).
Capacidade é a aptidão do ser humano de adquirir direitos e contrair obrigações.
No Direito Civil:
Art. 5o CCB - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Art. 3o CCB - São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis)
anos. Art. 4o CCB - São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de
os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade; IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
No Direito do Trabalho:
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o
trabalhador de quatorze até dezoito anos.
Parágrafo único - O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem
exclusivamente pessoas da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado, entretanto, o disposto nos arts. 404, 405
e na Seção II.
Art. 439 - É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários.
Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos seus responsáveis
legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização que lhe for devida.
Aos 14 anos é possível a contratação do menor como aprendiz, para a
execução de trabalho por tempo determinado não superior a dois anos.
Alteração Lei 13.840/2.019
Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a
empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no
mínimo, e quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação
profissional. § 3º Os estabelecimentos de que trata o caput poderão ofertar vagas
de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD nas condições a serem
dispostas em instrumentos de cooperação celebrados entre os estabelecimentos e os gestores locais responsáveis pela prevenção do
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
A Capacidade Postulatória, em regra, não se admite ao leigo a postulação em
Juízo, sendo o “jus postulandi” privativo dos advogados (Art. 1º da Lei 8.906/94).
Exceções: Justiça do Trabalho, Juizado Especial e “Habeas Corpus”.
E o jus postulandi face ao limite de postular!
Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar
pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
Limite:
Súmula nº 425 do TST - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO.
ALCANCE. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT,
limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e
os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.
Não esquecer que os vícios de representação são sanáveis e, portanto, é preciso conceder prazo razoável para a regularização antes da extinção (art.
76, CPC/2015).
Contagem de prazos processuais
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e inclusão do dia
do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente
necessário, nas seguintes hipóteses: (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - quando o juízo entender necessário; (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. (Incluído
dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a
ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à
tutela do direito. (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Férias Forense:
Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro,
inclusive. (Incluído dada pela Lei nº 13.545, de 2017) § 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por
lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão
suas atribuições durante o período previsto no caput deste artigo.
(Incluído dada pela Lei nº 13.545, de 2017) § 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências
nem sessões de julgamento.
Prazos Especiais Concedidos à Fazenda Pública (DL 779/69).
DECRETO-LEI No 779, DE 21 DE AGOSTO DE 1969.
Dispõe sôbre a aplicação de normas processuais trabalhistas à União Federal, aos Estados, Municípios, Distrito Federal e Autarquias ou Fundações de direito público que não explorem atividade econômica.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o § 1º do artigo 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,
DECRETA:
Art. 1º Nos processos perante a Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica:
I - a presunção relativa de validade dos recibos de quitação ou pedidos de demissão de seus empregados ainda que não homologados nem submetidos à assistência mencionada nos parágrafos 1º, 2º
e 3º do artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho;
II - o quádruplo do prazo fixado no artigo 841, "in fine", da Consolidação das Leis do Trabalho;
Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
III - o prazo em dôbro para recurso;
IV - a dispensa de depósito para interposição de recurso;
V - o recurso ordinário "ex officio" das decisões que lhe sejam total ou parcialmente contrárias;
VI - o pagamento de custas a final salva quanto à União Federal, que não as pagará.
Art. 2º O disposto no artigo anterior aplica-se aos processos em curso mas não acarretará a restituição de depósitos ou custas pagas para efeito de recurso até decisão passada em julgado.
Art. 3º Êste Decreto-lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília, 21 de agôsto de 1969; 148º da Independência e 81º da República.
A. COSTA E SILVA Luís Antonio da Gama e Silva Jarbas G. Passarinho
2º módulo (50 minutos).
Nulidades Processuais.
Competência da Justiça do Trabalho
(empregado público x funcionário público – ADI 3395 e Tema de Repercussão Geral 0853 do E. STF).
Nulidades Processuais:
As questões relativas às nulidades processuais devem ser discutidas, sempre,
antes do mérito da pretensão.
Estão ligadas à impossibilidade de entrega da tutela jurisdicional pretendida e, portanto, precedem a discussão quanto ao resultado desta entrega (positiva =
procedência ou negativa = improcedência).
O objetivo do processo é garantir a eficácia do Direito Material. Se for possível ao processo produzir este efeito, então, não há nulidade a ser declarada.
Prejudicialidade:
O ato processual não contém finalidade em si mesmo. Existe para que um efeito seja alcançado.
Portanto, a ausência da prática do ato e/ou sua prática de forma irregular não
será considerada como nulidade processual se destes vícios não houver nenhum prejuízo às partes.
Está incorporado no art. 794 da CLT que assim dispõe:
Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do
Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes litigantes.
Ressalte-se que o prejuízo a que se refere o dispositivo é de natureza
processual e não de natureza econômica, financeira, moral, etc ligadas
intimamente ao Direito Material a que se refere a própria lide.
O prejuízo deve ser “manifesto”. Trata-se de prejuízo de monta que seja suficiente, por si só, a impedir que o processo alcance ao fim desejado.
Verificando-se que, por outros meios, o resultado do processo seria o mesmo a
nulidade não deve ser declarada.
Exemplo: Falta de citação. Por outros meios a ré tomou ciência da ação, compareceu à audiência e apresentou defesa.
Convalidação (Preclusão)
Assim como no direito material (Direito do Trabalho) o ato nulo prescreve, no
Direito Processual do Trabalho o ato nulo preclui.
Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o
objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de
trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Com efeito o art. 795 da CLT estabelece:
Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las à primeira
vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos.
A parte deve provocar a declaração da nulidade, no momento adequado, pois
não o fazendo, sofrerá preclusão de praticar o ato (direito processual), não sendo possível ao Poder Judiciário, de ofício, declarar a nulidade.
Em que momento deve ser caracterizada a “primeira vez” que tiver que falar
nos autos? Depende.
Se o ato ocorre em audiência, na própria audiência.
Se fora da audiência, na primeira oportunidade que é concedida à parte o direito de manifestação.
Pelo rito tradicional, a parte tem a primeira oportunidade de manifestação em
razões finais.
Entretanto, se o ato é praticado “fora” de audiência, a primeira oportunidade pode ser um prazo judicialmente concedido à parte.
Como manifestar o inconformismo?
O inconformismo pode ser manifestado de qualquer forma, pois não há previsão legal para tanto.
A “práxis” consagrou o uso do termo “protesto” ou “protesto anti-preclusivo”.
A jurisprudência tem aceito que o simples uso da expressão isoladamente, em
geral, é suficiente para evitar a preclusão.
A cautela, entretanto, exige que a apresentação dos “protestos” venha acompanhada de fundamentação, ainda que breve, a caracterizar a nulidade.
De qualquer sorte, é preciso “renovar” esta manifestação de inconformismo
quando da interposição de recurso ordinário, nas razões recursais, em
preliminar em face ao efeito devolutivo do recurso (“tantum devolutum quantum apelatum”)
Jurisprudência:
ALEGAÇÃO DE AMIZADE ÍNTIMA. ACOLHIMENTO DE
CONTRADITA DE TESTEMUNHA. AUSÊNCIA DE OPORTUNOS PROTESTOS. PRECLUSÃO. PRELIMINAR REJEITADA. As
nulidades relativas devem ser alegadas na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, nos termos do artigo 795
da CLT ("As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüí-las à primeira vez
em que tiverem de falarem audiência ou nos autos"). E por primeira oportunidade, no caso, entenda-se a própria sessão de
audiência na qual a parte silenciou em face do acolhimento da
contradita da testemunha que compareceu perante o Juízo a seu rogo. Com efeito, como se denota da ata da audiência de
fls.246/250, nada consta acerca da irresignação da parte ante o indeferimento da oitiva da sua 1ª testemunha. Importante, dizer,
ademais, que foi amplamente garantida a oportunidade de produção de provas orais, tanto assim que foi ouvida outra
testemunha a pedido do demandante. Outrossim, consta
expressamente da ata que "as partes declaram que não têm outras
provas a produzir e requerem o encerramento da instrução processual", tornando descabido o esforço de tornar nulo a
processado para produzir prova da qual a parte abriu mão. Preliminar de nulidade rejeitada. TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 8485420125020 SP 00008485420125020076
A28 (TRT-2)
Economia Processual – Limites dos Efeitos da Declaração de Nulidade
Não se pode perder de vista que o Princípio maior do Processo do Trabalho é o
Princípio da Celeridade, ou seja, a prestação jurisdicional deve ser entregue no menor espaço de tempo possível.
Por vezes há nulidade, mas esta nulidade não compromete todo o processo,
permitindo que seja refeito o ato, convalidando-se os demais.
Estabelecem os artigos 796, a e 797 da CLT:
Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:
a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;
Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
Daí se extrai que, sendo possível aproveitar atos processuais, ainda que posteriores ao viciado, mas que dele não decorram, a nulidade será restrita,
como restritos serão seus efeitos.
Interesse:
Além de demonstrar o prejuízo, a parte deve demonstrar o interesse que resulta do saneamento da nulidade. Isto porque o art. 796, “b” da CLT
estabelece:
Art. 796 - A nulidade não será pronunciada: b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.
Decorre do Princípio Geral de direito que enuncia que a ninguém é dado
beneficiar-se de sua própria torpeza.
Competência da Justiça do Trabalho (empregado público x funcionário público – ADI 3395 e Tema de Repercussão
Geral 0853 do E. STF).
Competência Material – Funcionários Públicos:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta
e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
A parte sublinhada foi excluída do texto final.
Empregado Público x Servidor Público – ADI 3395
Liminar do Ministro Nelson Jobim, então presidente do STF, nos autos da
ADIN nº 3.395:
“... Concedo a liminar ... Dou interpretação conforme ao inciso I
do art. 114 da CF, na redação da EC n. 45/2004. Suspendo, “ad referendum”, toda e qualquer interpretação
dada ao inciso I do art. 114 da CF, na redação dada pela EC 45/2004, que inclua na competência da Justiça do Trabalho,
a “... Apreciação ... de causas que ... Sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados
por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico administrativo...” (27/01/2005).
Jurisprudência:
“INCONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DIRETA. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA DO TRABALHO. INCOMPETÊNCIA RECONHECIDA.
Causas entre o Poder Público e seus servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de relação de trabalho. Conceito
estrito desta relação. Feitos da competência da Justiça Comum. Interpretação do art. 114, inc. I, da CF, introduzido pela EC
45/2004. Precedentes. Liminar deferida para excluir outra interpretação: O disposto no art. 114, I, da Constituição da
República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação
jurídicoestatutária” (ADI 3.395-6-MC/DF, Plenário do STF, Relator Ministro César Peluso, DJ 10.11.2006)
Tema de Repercussão Geral 0853 do e. STF
01/10/2015
PLENÁRIO REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 906.491 DISTRITO FEDERAL RELATOR: MIN. TEORI
ZAVASCKI RECTE.(S): ESTADO DO PIAUÍ PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ RECDO.(A/S)
:MARIA AUXILIADORA ALVES DE SOUSA CLEMENTINO ADV.(A/S)
:FRANCISCO SALVADOR GONÇALVES MIRANDA EMENTA:
CONSTITUCIONAL. TRABALHISTA. COMPETÊNCIA. SERVIDOR PÚBLICO ADMITIDO SEM CONCURSO PÚBLICO, PELO REGIME DA
CLT, ANTES DO ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988. DEMANDA VISANDO OBTER PRESTAÇÕES DECORRENTES DA RELAÇÃO DE
TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. REAFIRMAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA. 1. Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
no sentido de ser da competência da Justiça do Trabalho processar e julgar demandas visando a obter prestações de
natureza trabalhista, ajuizadas contra órgãos da
Administração Pública por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes do advento da
CF/88, sob regime da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
Inaplicabilidade, em casos tais, dos precedentes formados na ADI 3.395-MC (Rel. Min. CEZAR PELUSO, DJ de 10/11/2006)
e no RE 573.202 (Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe de 5/12/2008, Tema 43). 2. Agravo a que se conhece para negar
seguimento ao recurso extraordinário. Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a
questão. O Tribunal, por unanimidade, reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. No mérito,
por maioria, reafirmou a jurisprudência dominante sobre a matéria, vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio,
Roberto Barroso e Dias Toffoli. Ministro TEORI ZAVASCKI Relator
3º módulo (50 minutos).
Competência da Justiça do Trabalho para as ações resultantes da fiscalização
do trabalho. Prescrição trabalhista. Vedação do rito sumaríssimo para administração pública.
Competência da Justiça do Trabalho para as Ações Resultantes da Fiscalização do Trabalho.
Art. 114, VII - as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
Muitas violações de direitos trabalhistas ensejam também multas
administrativas a serem aplicadas pela fiscalização do trabalho (DRT). Estas multas sempre foram discutidas na esfera da Justiça Federal Comum.
Possibilidade de Mandado de Segurança no 1º Grau.
Jurisprudência:
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
FISCALIZAÇÃO PROMOVIDA PELA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO. E IMPOSIÇÃO
DE MULTA ADMINISTRATIVA. LEGALIDADE. A celebração posterior de Termo de Ajustamento de Conduta - TAC - com o Ministério
Público do Trabalho - MPT -, ainda que com a cominação de multa inibitória, não possui o condão de elidir as penalidades
anteriormente aplicadas. Denegação da segurança que se mantém.
Apelo patronal improvido. TRT-1 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00113702820135010014 RJ (TRT-1)
Prescrição Trabalhista:
Da Prescrição Parcial
O contrato de emprego é um negócio jurídico de trato sucessivo, na medida
em que o tempo flui, diversos créditos vão sendo consumidos pela prescrição e outros tantos passam a ser devidos por conta de novos eventos celebrados a
cada dia de prestação laboral.
Dai, a “Prescrição Parcial”, que é a que se renova no tempo, desde que trate de direito trabalhista previsto em Lei.
Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho,
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho;
O empregado, de modo geral, tem o prazo de cinco anos para pretender
judicialmente o pagamento de créditos que lhe tenham sido inadimplidos.
Assim, se estivermos diante de um contrato de trabalho vigente desde janeiro de 2014, é possível afirmar que as primeiras manifestações da “prescrição
parcial” ocorrem a partir de janeiro de 2019.
Desse modo, se um empregado tem inadimplida uma hora extraordinária ou qualquer outro direito trabalhista previsto em lei no mês de janeiro de 2014,
ele teria até janeiro de 2019 para requerer judicialmente sua pretensão, sob pena de prescrição.
Por outro lado, quando da rescisão do contrato de trabalho, inicia-se a
contagem de um prazo prescricional de dimensão diferente, qual seja, a
prescrição bienal para o ajuizamento da ação trabalhista.
MARCO INICIAL DA CONTAGEM DA PRESCRIÇÃO
Quando a rescisão do contrato de trabalho for de iniciativa patronal, o período
de duração correspondente ao aviso prévio deve integrar o contrato.
Art. 487, § 1º da CLT - a falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso,
garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.
No mesmo sentido:
OJ 83 da SDI-1 do TST - AVISO PRÉVIO. PRESCRIÇÃO. Começa a Fluir no Final da Data do Término do Aviso prévio. Art. 487, § 1º, CLT.
OJ 82 da SDI-1 do TST - AVISO PRÉVIO. BAIXA NA CTPS. A data de
saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado.
E o aviso prévio projetado da Lei 12.506/2011, terá o mínimo de trinta e o
máximo de noventa dias.
Jurisprudência:
PRESCRIÇÃO. AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL. PROJEÇÃO DO TÉRMINO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. Fazendo jus a autora ao aviso
prévio proporcional, este, ainda que indenizado, deve ser considerado
para fins de apuração do prazo prescricional. Tendo autora trabalhado de 03.09.2009 a 03.07.2012, tem ela direito a 36 dias de aviso prévio
proporcional, o que remete ao dia 08.08.2012 a data de término da relação de emprego, nos termos da OJ 82 da SDI1 do TST ("A data de
saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado). Quanto ao prazo prescricional, dispõe
a OJ 83 da SDI-1 do TST que: "A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. Art. 487, § 1º, da CLT". Ajuizada a ação
em 07.08.2014, não há falar em prescrição do direito de ação. Recurso da reclamada não provido. TRT-4 - Inteiro Teor. Recurso Ordinário: RO 210396020145040023 RS 0021039-
60.2014.5.04.0023
Como fazer a contagem do prazo prescricional:
Art. 1º da Lei n. 810/49 - Considera-se ano o período de doze meses
contado do dia do início ao dia e mês correspondentes do ano seguinte.
Ex.: Se o contrato de trabalho findou no dia 10 de maio de 2016, o empregado terá exatamente até o dia 10 de maio de 2018 para ajuizar a RT, sob pena de
prescrição, ou seja, permanecerá o direito material, mas o processo não.
Exatamente nesse sentido a Súmula 308, I e II do TST:
Súmula 308, TST. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da
ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às
anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato. II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação
trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação
da CF/1988.
Jurisprudência:
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. PRAZO INICIAL. DATA DE EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. A norma do art. 7º, inciso XXIX, da
Constituição da República, deve ser interpretada no sentido de que após a extinção da relação contratual tem o empregado dois anos para ajuizar a
reclamatória trabalhista, retroagindo cinco anos da data da propositura desta. Se contado a partir da extinção do contrato, o prazo prescricional
poderia ser ampliado para sete anos, contrariando a própria Constituição . A sentença está em conformidade com a Súmula 308, item I do TST.
Mantenho. TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RECOR 2677200800302006 SP 02677-2008-003-02-00-6
Portanto, durante a vigência do contrato de trabalho somente existirá um
prazo prescricional em curso, qual seja, o prazo de cinco anos contados do ato violador que pode proporcionar o ajuizamento da RT para a discussão de
pretensões resistidas.
Por outro lado, encerrado o contrato de trabalho dois prazos prescricionais paralelos correram juntos.
1ª análise — Súmula 6, IX, do TST:
Súmula 6, IX, TST. Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos
que precedeu o ajuizamento (ex-Súmula 274 — alterada pela Res. 121/2003, DJ 21-11-2003).
Jurisprudência:
EQUIPARAÇÃO SALARIAL - PRESCRIÇÃO - SÚMULA 6, IX DO TST -
Aplicável a prescrição parcial, em vez da total, ao pleito de equiparação salarial, não configurando violação do dispositivo citado (art. 11 da CLT),
tampouco da Súmula 294 do TST, pois se trata de direito assegurado por Lei (art. 461 da CLT).
TRT-9 - 799120044900 PR 7991-2004-4-9-0-0 (TRT-9)
2ª análise — Súmula 452 do TST:
Súmula nº 452 do TST. DIFERENÇAS SALARIAIS. PLANO DE CARGOS E
SALÁRIOS. DESCUMPRIMENTO. CRITÉRIOS DE PROMOÇÃO NÃO OBSERVADOS. PRESCRIÇÃO PARCIAL. Tratando-se de pedido de
pagamento de diferenças salariais decorrentes da inobservância dos critérios de promoção estabelecidos em Plano de Cargos e Salários criado
pela empresa, a prescrição aplicável é a parcial, pois a lesão é sucessiva e se renova mês a mês.
Para o TST a prescrição é parcial, pois atinge apenas, os créditos resultantes
das diferenças salariais e reflexos sobre as promoções que é fato
incontroverso.
3ª análise — Súmula 275, I, do TST
Súmula 275, I do TST — Na ação que objetive corrigir desvio funcional, a prescrição só alcança as diferenças salariais vencidas no período de 5
(cinco) anos que precedeu o ajuizamento.
A prescrição atinge apenas os créditos resultantes da correção do desvio, pois ele — o desvio — continuará a ocorrer e terá, portanto, trato sucessivo.
Jurisprudência:
DESVIO DE FUNÇÃO. PRESCRIÇÃO. Por tratar-se de pedido de
pagamento de integrações decorrentes de diferenças salariais em razão do
desvio de função, aplicável o entendimento contido na Súmula 275, I, do T.S.T., de que a prescrição só alcança as diferenças salariais
vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. Não incide a prescrição total. Sentença que se reforma.
TRT-1 - Recurso Ordinário RO 1607620125010058 RJ (TRT-1)
Da Prescrição Total
Inicia-se o cômputo da prescrição “total” a partir da lesão e se consuma no prazo quinquenal subsequente, caso o contrato de trabalho ainda estiver ativo.
Referida LESÃO ocorrerá quando da alteração do contrato de trabalho, SALVO
se referida alteração esteja prevista em lei, caso em que, a prescrição será parcial e não total.
A previsão da prescrição total está na Súmula 294 do TST:
Súmula 294 do TST. PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO. Tratando-se de ação que envolva pedido de
prestações sucessivas decorrente de alteração do pactua do, a prescrição
é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por
preceito de lei.
REFORMA TRABALHISTA
Art 11, § 2º da CLT - Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do
pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.
São requisitos da prescrição total:
a) envolver pedido de prestação sucessiva; b) ter a parcela sofrido supressão mediante alteração do pactuado por ato
jurídico único; c) não dizer respeito a parcela que esteja também assegurada por
preceito de lei, devendo-se entender por “lei” o conteúdo de norma coletiva, nos termos do art. 611 da CLT. A parcela tragada, então, deve
decorrer unicamente da autonomia individual privada; d) ocorrer durante o transcurso do pacto laboral, ainda que declarada
apenas depois de findo o vínculo.
Jurisprudência:
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL TOTAL. ATO ÚNICO DO EMPREGADOR. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 294 DO C. TST. Se o pedido autoral
decorre de ato único do empregador, é inequívoco que este figura como
marco inicial da contagem da prescrição quinquenal, que no caso é total, e não parcial. Esta é a inteligência da Súmula nº 294 do Colendo TST.
Registre-se, pois, a suposta lesão sofrida pelos reclamantes teve seu marco ainda em 15.07.2002, ou seja, há quase 07 anos antes do
ajuizamento da demanda, quando as reclamadas, mansa e pacificamente, vinham pagando a complementação da aposentadoria.
Ora, considerando que a presente reclamação trabalhista foi ajuizada em 05.06.2009, quando já transcorrido o quinquênio prescricional (2007), da
data da última modificação denunciada, em 15.07.2002, quando aprovado novo “realinhamento da remuneração de funções gratificadas”, entendo
que resta fulminado o direito de ação dos demandantes pela prescrição total, vez que as supostas lesões perseguidas decorreram de ato único do
empregador, sendo aplicável o entendimento do Colendo TST, consubstanciado na Súmula nº 294. TRT-6 - RECURSO ORDINARIO RO 76700702009506 PE 0076700-70.2009.5.06.0014
Nessa linha de raciocínio o TST editou Súmulas e OJs, vamos à análise:
Orientação Jurisprudencial 76 da SDI-1 do TST
Orientação Jurisprudencial 76 da SDI-1 do TST. Substituição dos
Avanços Trienais por Quinquênios. Alteração do Contrato de Trabalho.
Prescrição Total. CEEE. Inserida em 14-3-94 (inserido dispositivo). A
alteração contratual consubstanciada na substituição dos avanços trienais por quinquênios decorre de ato único do empregador, momento em que
começa a fluir o prazo fatal de prescrição.
Na referida orientação jurisprudencial, o TST entende que a “ substituição” (espécie do gênero “alteração do pactuado”) dos avanços trienais por
quinquenais — que, obviamente, implica uma situação desfavorável para o empregado — é suscetível de prescrição total a contar do instante em que
substituída.
Por outro lado, é possível postular eventuais diferenças (prescrição parcial)
Portanto, passados cinco anos do momento em que foi alterada a sistemática
de avanços, não há mais falar-se em exigibilidade judicial da pretensão.
Jurisprudência:
PRESCRIÇÃO. Ajuizada a presente reclamação trabalhista em 31.05.2011, acolho a prejudicial para excluir de eventual condenação as
parcelas anteriores a 31.05.2006 - artigo 7º, XXIX, da CRFB/88. Tratando-se de pleito relativo a prestações sucessivas decorrente de
alteração do pactuado, aplicável ao caso a primeira parte da Súmula 294 do C. TST (prescrição total) e, analogicamente, as Orientações
Jurisprudenciais nºs 76 e 175 da SDI-1 do C.TST. Tendo sido o ato único do empregador praticado em 1999 e ajuizada a presente ação trabalhista
em 2011, não há o que alterar na r. sentença. (2004). Nego provimento
ao apelo do reclamante, no particular. TRT-1 - Inteiro Teor. Recurso Ordinário: RO 6696120115010019 RJ
Orientação Jurisprudencial 242 da SDI-1 do TST
Orientação Jurisprudencial 242 da SDI-1 do TST. Prescrição Total.
Horas Extras. Adicional. Incorporação. Embora haja previsão legal para o direito à hora extra, inexiste previsão para a incorporação ao salário do
respectivo adicional, razão pela qual deve incidir a prescrição total.
Aqui o TST deixou claro que, apesar de existir previsão legal para o direito ao recebimento de horas extraordinárias — o que as torna imunes à prescrição
total — o mesmo não se pode dizer do pleito que visa à integração do respectivo adicional.
Nesse sentido, se um empregado deixou de ver integrado ao seu salário o
montante correspondente aos reflexos das horas extras que lhe foram pagas, a pretensão da integração para fins de reflexos sofre incidência dos reflexos, é
total, pois o evento lesivo (não integração das horas extras) é um ato jurídico único do empregador NÃO previsto em lei (reflexos das horas extras).
Jurisprudência:
ADVOGADO - SUPRESSÃO DO PAGAMENTO COMO EXTRAORDINÁRIAS DA SÉTIMA E OITAVA DIÁRIAS. ALTERAÇÃO
CONTRATUAL. PRESCRIÇÃO TOTAL. Contra ato do empregador consistente na supressão do pagamento como extraordinárias da sétima e
oitava horas, quando o banco-recorrido promoveu a reestruturação na carreira de advogado com previsão de jornada de oito horas, aplica-se a
prescrição total de cinco anos, conforme súmula 294 do TST e OJ 242 da SDI-1, ... a suposta lesão ao direito obreiro ocorreu, conforme por ele
confessado, nos idos de 1999, nascendo nesse momento o direito de impugnar judicialmente o ato supostamente lesivo a seu patrimônio
jurídico. E considerando que o recorrente somente veio a juízo pleitear tal
parcela em 2007, resta prescrita a pretensão pertinente (2004), a teor do disposto no artigo 7º, XXIX da Constituição Federal, aplicando-se a
Súmula 294 do TST. Posto isso, conheço do recurso para declarar a prescrição total do direito
de ação, conforme Súmula 294 do TST. TRT-20 - 1839200700120007 SE 01839-2007-001-20-00-7 (TRT-20)
Orientação Jurisprudencial 243 da SDI-1 do TST
Orientação Jurisprudencial 243 da SDI-1 do TST. Prescrição Total.
Planos Econômicos. Aplicável a prescrição total sobre o direito de reclamar diferenças salariais resultantes de planos econômicos.
As diferenças salariais resultantes dos planos econômicos são fruto de
supressão contratual — uma alteração do pactuado — e que o direito à parcela não estaria assegurado por preceito de lei, sendo certo, por isso, que,
passados cinco anos sem a reivindicação do empregado, a prescrição total produzirá seus efeitos.
Jurisprudência:
EMPREGADO PÚBLICO MUNICIPAL. CONVERSÃO DO SALÁRIO EM URV. PRESCRIÇÃO TOTAL. A Lei paulistana n.º 11.550/94 disciplinou a
conversão salarial dos servidores municipais, fixando critérios aplicáveis para o período compreendido entre março e junho de 1994. A
inobservância destes critérios faz surgir a pretensão, que se extingue pela prescrição, observado o prazo máximo disposto no
inciso XXIX do art. 7º da CRFB. Transcorrido o aludido prazo, a consequência que se impõe é a pronúncia da prescrição total, como
inclusive orienta a OJ 243 da SDI-1. A pretensão deduzida tem origem na interpretação da Medida Provisória
482, de 28 de abril de 1994. A lesão, segundo a obreira, teria ocorrido em 1994, tendo em vista a inobservância, pela ré, da
correta data de pagamento dos salários e pensões devidos aos servidores públicos, o que teria gerado uma diferença de 11,98%
em prol da autora.
Entretanto, a presente ação somente foi ajuizada em 07/11/2013
(vide fls. 02), isto é, quase vinte anos após a lesão acima descrita, quando já ultrapassado, em muito, o prazo prescricional
quinquenal (jun1999) previsto pelo inciso XXIX do art. 7º da Constituição Federal, que entendo aplicável à hipótese. TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00029280420135020028 SP 00029280420135020028
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
Prescrição Intercorrente - (Súmula 327 do STF X Súmula 114 do C. TST):
Súmula nº 327 do STF - O direito trabalhista admite a prescrição intercorrente.
Súmula nº 114 do TST - É inaplicável na Justiça do Trabalho a prescrição
intercorrente.
Impossível inércia do Exequente se a execução é de ex officio.
E mais, se o devedor não indica bens à penhora, ele que é o inerte!
REFORMA TRABAHISTA.
Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no
prazo de dois anos.
§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir determinação judicial no curso da
execução.
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição.
Vedação do Rito Sumaríssimo para Administração Pública.
Do Procedimento Sumaríssimo
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes
o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as
demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.
Recommended