Ecossistema Humano - USPecologia.ib.usp.br/bie314/aula01e02.pdf · 2011-08-16 · Ano Brasil...

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Ecossistema Humano

• É um sistema coerente de fatores biofísicos e sociaiscapazes de adaptação e de sustentabilidade ao longodo tempo;

• Pode ser descrito em diversas escalas espaciais, ligadas hierarquicamente;

• Possui um conjunto de Recursos Críticos (natural, sócio-econômico e cultural) cujo fluxo e uso são reguladospelo Sistema Social; e

• Apresenta uma adaptação contínua e uma dinâmicaperpétua.

Recursos Críticos

-Recursos Naturais-Energia, Terra, Água, Materiais, Nutrientes, Fauna, Flora

-Recursos Socioeconômicos-Informação, População, Mão de obra, Capital

-Recursos Culturais-Organização, Crenças, Mitos

Críticos com relação a Sustentabilidade e controlados pelo Sistema Social.

Sistema Social:

– Instituições Sociais – soluções coletivas para o desafios e as necessidades sociais universais;

– Ciclos Sociais – padrões temporais usados para alocar as atividadeshumanas;

– Ordem Social – conjunto de padrões culturais destinados a organizaras interações entre pessoas e grupos

� IS + CS + OS = Previsibilidade

Machlis, G.E.; Force, J.E.; Burch, W.R. (1997) The human ecosystem Part I: The human ecosystem as an organising concept in ecosystem management. Society and Natural Resources 10:347-367.

Ecossistema HumanoRecursos Críticos

Sistema Social

Instituições Sociais:saúde; justiça; fé; comércio; educação; lazer; governo;sustento

Ciclos Sociais:Fisiológico;Individual;Institucional;Ambiental

Ordem Social:Identidade – Normas – Hierarquia

Idade Informal RiquezaGênero Formal PoderClasse EstatusCasta Território

Recursos Naturais:energia; terra; água;materiais; nutrientes;fauna; flora

Recursos Sócio-Econônicos:informação; população; capital;mão de obra

Recursos Culturais:organização; mitos;crenças

Considerando que para viver, o homem consome o que a natureza lhe oferece e

que causa sempre algum tipo de desgaste na natureza. A sustentabilidade da

População humana depende do seu comportamento em relação aos Recursos.

Usar todos os recursos racionalmente (incluindo os resíduos)

Conservar o que ainda está em bom estado

Restaurar o que está danificado

O que estamos fazendo de fato?

A Ecologia Humana de abordagem aplicada é a

“Ecologia de população, com particular ênfase nas populações humanas, considerando ASPECTOS DEMOGRÁFICOS e ASPECTOS relativos a QUANTIDADE e a QUALIDADE dos RECURSOS DISPONÍVEIS” - Begossi (1993).

I) Que aspectos demográficos poderiam afetar a quantidade e a qualidade dos recursos?

Tamanho – Taxas de Crescimento, Natalidade e MortalidadeEstrutura – Composição Etária, Étnica e de GêneroDistribuição – Concentrada e Dispersa

II) Que aspectos dos recursos afetariam sua quantidade e qualidade?

• A) RENOVÁVEL ou NÃO RENOVÁVEL - ABUNDANTE ou ESCASSO

• B) ESSENCIAL ou SUBSTITUÍVEL

Capacidade suporte ou K (recurso, população e tempo):

é o limite máximo de indivíduos que um ambiente (ou recurso) pode sustentar ao longo de um tempo; é “uma medida da quantidade derecurso renovável no ambiente, em função do número de organismosque esse recurso pode sustentar, sem comprometer gerações futuras”

O K para humanos pode ser:Kb biológico � as necessidades para manutenção da espécieKs social � as aspirações e o estilo de vida .

Por uma questão de sobrevivências, o homem altera:

a) Kb � tecnologia e do modelo econômico; e b) Ks � mudando hábitos e aspirações.

Sustentabilidade – quando são alcançadas

i) as condições necessárias e suficientes para que uma população possaviver NO NÍVEL ou ABAIXO da capacidade suporte (K)

ii) as Sustentabilidades econômica, social, ecológica, espacial e cultural.

O USO de um certo recurso é dito SUSTENTADO quando o K > consumo;

Uso máximo sustentado – cada recursos tem um desgaste distintoe cada recurso tem um tempo próprio de regeneração natural.

Abuso máximo sustentado – cada recurso agüenta mais ou menos um determinado abuso

O dilema da Sustentabilidade!!

ultrapassagem

Pegada Ecológica

- estima-se o consumo médio anual individual de determinados itens; - estima-se a área per capita para produção destes itens e para a absorção dos resíduos liberados pela produção e pelo consumo;

- divide-se cada área pelo tamanho da população; e- soma-se estas áreas obtendo-se a PE (ha/cap).

6,73,1260.000.000*Brasil

6,710,3268.198.000Est.Unidos

0,81,21.247.315.000China

Capacidade Disponível (ha/cap)

PE (ha/cap)PopulaçãoPaís

Adaptado de Wackernagel et al. 1997 (Rio+5 Forum Study) e 1998

A partir do início dos anos 70, a comunidade científica e os governantes passaram a considerar a hipótese de os recursos serem finitos.

As medidas propostas, contudo, só transferiram os problemas no tempo(substituindo recursos escassos) e no espaço (aproveitando os ambientes ainda não saturados).

DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO - é o desenvolvimento que garante as necessidades e as aspirações do presente SEM comprometer a habilidade de as futuras gerações, terem suas necessidades e aspirações atendidas.Comissão Brundtland (CMMAD, 1988).

Natureza limitadaNatureza ilimitada

Custos ambientais contabilizados no processo produtivoCustos ambientais mal necessário ao processo produtivo

Crescimento e desenvolvimento aliado à preservação ambiental

Crescimento e desenvolvimento antagônico à preservação ambiental

Progresso = sustentabilidade ecológica, espacial, econômica, cultural e social (novos padrões de consumo e de qualidade de vida).

Progresso = industrialização e crescimento econômico

Natureza como um sistema vivo que dá suporte aos processos de produção.

Natureza à serviço do homem

DSDC

Conflitos entre o Desenvolvimento Clássico e o Sustentado

O conceito de DS tem sido amplamente discutido. Parece que a mudança de paradigma do DC para o DS tenha se dado apenas no campo teórico.

O DS é criticado por suas contradições e pela dificuldade em ser posto em prática. Um outro questionamento se refere ao fato de o conceito ser pouco específico e por aliar facilmente duas ações tão opostas.

Uma dificuldade de ordem prática é a falta do conhecimento da própria natureza:

O que se deve conservar? Como conservar?O que se deve restaurar? Como restaurar?

Conhecer é condição necessária para se poder conservar ou restaurar!

O que é AGENDA 21?

Porque ela foi escrita?

A Rio 92 aprovou um documento denominado Agenda 21que estabelece um pacto pela mudança do padrão de desenvolvimento global para o próximo século. O termo Agenda teve como propósito a fixação de datas e compromissos. Os países signatários assumiram o desafio de incorporar em suas políticas, metas que os coloquem a caminho do desenvolvimento sustentável.

A Agenda 21 consolidou a idéia de que o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente devem constituir um binômio indissolúvel, que promova a ruptura do antigo padrão de crescimento econômico, tornando compatíveis duas grandes aspirações: o direito ao desenvolvimento e o direito usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras gerações.

A Agenda 21 Brasileira adotou seis áreas temáticas que refletem a complexidade de nossa problemática sócio-ambiental e a proposição de instrumentos que induzam o DS: Agricultura sustentável; Cidades sustentáveis; Infra-estrutura e Integração Regional; Gestão dos Recursos Naturais; Redução das desigualdades sociais; e C & T para o DS.

Estudos do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) demonstram que: o habitante rural migra para as cidades atrás de melhores chances de educação, saúde e emprego; e que 60% do PIB dos P em D são gerados em ambiente urbano.

Em 5 a 16 de junho de 1972, a ONU realizou � Conferência de Estocolmo (reuniu 113 países com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade, para a preservação e a melhoria do ambiente humano). A reunião gerou a “A Declaração sobre o Ambiente Humano” e estabeleceu um Plano de Ação.

Em 1992, a ONU realizou a Rio 92 (reuniu 170 países com o objetivo de examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois da Conferência de Estocolmo). Esta reunião gerou a Agenda 21, que é um Plano de Ação para as Nações, do ponto de vista do DS e estabelece uma comissão para monitorar o DS.

Após as conferências Habitat I (1976) e Habitat II (1996) estabeleceu-se os novos marcos da gestão urbana, ou seja, a Agenda Habitat:

- mudança de escala- integração das ações de gestão- necessidade de planejamento estratégico- descentralização das ações administrativas e dos recursos- incentivo à inovação- inclusão dos custos ambientais- indução de novos hábitos de moradia, transporte e consumo- fortalecimento da sociedade civil e dos canais de participação

A discussão sobre cidades sustentáveis só tomou vulto nos últimos 10 anos, graças aos impulsos dados pela Rio-92 e pela Conferência Habitat II.

Estratégias para sustentabilidade segundo o MMA:

Aperfeiçoar a regulamentação do uso e ocupação do solo urbano e promover o ordenamento territorial, contribuindo para a melhoriadas condições de vida da população, considerando a promoção da eqüidade, a eficiência e a qualidade ambiental.

Promover o desenvolvimento institucional e o fortalecimento da capacidade de planejamento e de gestão democrática da cidade, incorporando no processo a dimensão ambiental urbana e assegurando a efetiva participação da sociedade.

Promover mudanças nos padrões de produção e de consumo da cidade, reduzindo custos e desperdícios e fomentando o desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis.

Desenvolver e estimular a aplicação de instrumentos econômicos no gerenciamento dos recursos naturais visando a sustentabilidadeurbana.

População

Ano Brasil América do Sul Mundo

1950 53.975 112.995 2.519.4952002 174.706 355.695 6.211.0822025 218.980 460.770 7.936.741

Taxa crescimento populacional anual médio de 1980 a 2000.

Rural -1,3% -0,5% 0,9%Urbana 2,7% 2,6% 2,4%

As Populações URBANA está em franco crescimento:

Ano No Mundo Na América Latina No Brasil

1975 37,73% 61,32% 61,15%2005 50,00% 76,51% 81,21%2025 61,07% 84,67% 88,94%

De 1950 a 1985 a População Urbana do terceiro mundo cresceu DUAS VEZES mais depressa que a dos países industrializados.

No ano 2000 havia:2:5 asiáticos vivendo em áreas urbanas1:3 africanos vivendo em áreas urbanas3:4 latino-americanos vivendo em áreas urbanas

As áreas urbanas SÃO INEVITÁVEIS e IRREVERSÍVEIS

1990 2,4 bilhões Viviam em áreas urbanas2000 3,2 bilhões Viviam em áreas urbanas2025 5,5 bilhões Viverão em áreas urbanas

�Nos Países EM DESENVOLVIMENTO:em 1990, 63% da população estavam vivendo em áreas urbanas;em 2000, 71% da população estavam vivendo em áreas urbanas; eem 2025, 80% da população estarão vivendo em áreas urbanas.

�No ano 2000, mais da metade da população urbana dos países em desenvolvimento estavam vivendo em pobreza urbana total:90% da população urbana da América Latina45% da população urbana da Ásia40% da população urbana da África

A expansão dos ecossistemas urbanos é acompanhada por:

�incríveis aumentos de consumo energético, �dissipação de calor, �impermeabilização de solos, �alterações climáticas, �fragmentação e destruição de habitats, �favorecimento e ou eliminação de espécies da fauna e da flora, �acumulação de carbono, �poluição atmosférica e sonora, �aumento da concentração de ondas eletromagnéticas, �além da fabulosa produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos inconvenientemente despejados na atmosfera, nos corpos d’água e nos solos

(Dias, 2002)

Sendo uma das maiores criações do ser humano, as cidades têm causado modificações profundas nas paisagens naturais:�tem gerado um adensamento de consumo e �tem produzido uma pressão ambiental sem precedente.

Estas pressões se dão não apenas no local da cidade em si mas também nas áreas de produção, que têm que assumir uma perda devida ao processo de escoamento.

Segundo JONAS RABINOVITCH - Gerente da Unidade de Desenvolvimento Urbano do UNDP (United Nations DevelopmentProgramme) NY:

“Nos últimos 30 anos os pobres ficaram mais pobres e os ricos ficaram mais ricos, dobrou a distância entre rico e pobre. Esta disparidade leva os pobres para as grandes cidades onde, supostamente ou de fato, os serviços estão mais disponíveis. Comisso, há um crescente aumento das populações das cidades afetando particularmente: suprimento de água e energia; saneamento básico; resíduos sólidos; e transporte”.

Em 1990, dos 42 milhões de pobres,

No Brasil Em São Paulo No Rio de Janeiro29,21% 63% 84%

viviam nas regiões metropolitanas:

O que se pode fazer para minimizar a insustentabilidade urbana�

- evitar mais deterioração

- restaurar ou reabilitar o ambiente urbano já danificado

- gerenciar com mais eficiente do uso dos recursos urbanos (água potável, saneamento básico, resíduos sólidos, energia e transporte)

- planejar o uso territorial: área urbana e peri-urbana

- promover uma real redistribuição de renda.

Impactos causados pela concentração da população humana

os negativos:

- deterioração dos recursos naturais � solo e água potável

- redução de áreas verdes � Impermeabilização, enchentes, desconforto ambiental, estética

- proliferação de espécies induzidas�Cães, gatos, pombos, ratos, baratas, mosquitos, moscas,

abelhas, etc...

� Espécies exóticas - flores e árvores

Continuação dos impactos negativos:

- aparecimento de zoonoses urbanas � Raiva, Leptospirose, Brucelose, Toxoplasmose, Leishimaniose Visceral

- epidemias � dengue, AIDS, hepatite, etc...

- poluição sonora e do ar � doenças causadas por mudanças micro-climáticas (biometeorologia)

- concentração de resíduos sólidos � geração, separação, reutilização, reciclagem

os positivos:

- viabilização de programas de saneamento básico- viabilização de programas de saúde pública- acesso mais rápido a novas tecnologias- acesso mais eficiente a informações - escolas- viabilização de serviços- concentração de atividades culturais- diversificação de oportunidades- criação de novas atividades

RETRATO DO LIXO EM SÃO PAULO

Cerca de 32 milhões de habitantes, em 645 municípios, geram18.232 toneladas / dia de lixo domiciliar � 0,58 kg / habitante / dia

IQR = índice de qualidade de aterroIQC = índice de qualidade de compostagem

10,9 % são dispostos adequadamente (IQR / IQC entre 8 e 10)58,4 % são dispostos de forma controlada (IQR / IQC entre 6 e 8)30,7 % são dispostos de forma inadequada (IQR / IQC entre 6 e 0)

Nos 645 municípios:27 dispõem adequadamente

116 dispõem de forma controlada502 dispõem de forma inadequada

Lembrando que 483 municípios geram menos de 10 toneladas / diacada.

O que se pode fazer para minimizar a insustentabilidade urbana�

- evitar mais deterioração

- restaurar ou reabilitar o ambiente urbano já danificado

- gerenciar com mais eficiente do uso dos recursos urbanos (água potável, saneamento básico, resíduos sólidos, energia e transporte)

- planejar o uso territorial: área urbana e peri-urbana

- promover uma real redistribuição de renda.

Se a Agenda 21 mundial, regional ou local já tivesse sidocumprida, vários dos problemasurbanos já teriam sidoresolvidos!

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