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EFEITO SPILL-OVER NAS PRINCIPAIS EMPRESAS DO
GRUPO EBX
Área temática: Gestão Econômica e Financeira
Roberto Ivo da Rocha Lima Filho
roberto.ivo@poli.ufrj.br
Thereza Cristina Nogueira de Aquino
taquino@poli.ufrj.br
Resumo: O presente artigo visa estudar como a empresa OGX acabou afetando outras controladas do Grupo EBX,
este fundado pelo empresário Eike Batista. Em outras palavras, o efeito de contaminação da OGX foi percebido nas
ações de outras controladas do grupo, mesmo atuando em setores diferentes. O foco do trabalho busca mensurar sob
uma perspectiva quantitativa este efeito de spill-over. Para tanto, considerou-se dados diários das empresas
negociadas na BMF&Bovespa, além do preço de petróleo do tipo Brent no mercado internacional e a taxa de câmbio
nominal. Através de um modelo econométrico de Vetores de Correção de Erros (VECM), tentou-se capturar o efeito de
contágio e sua possível magnitude. Com a função de impulso resposta, notou-se que o efeito na OGX levou a uma
penalização de todo o grupo.
Palavras-chaves: Finanças, Governança Corporativa, Vetor Autoregressivo.
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um país emergente e rico em recursos naturais, porém ainda carece de infraestrutura.
O Grupo EBX , fundado pelo empresário Eike Batista, é uma holding que administra empresas em
diversos ramos da economia, e aproveitou oportunidades em investir em setores que o Brasil apresenta
competitividade e que necessita de contínua expansão. A EBX controlava as empresas MMX, de
mineração de ferro, MPX, de energia elétrica, LLX, de logística, OGX, de gás e petróleo e OSX, de
serviços offshore e indústria naval. Com exceção da LLX, originária da cisão da MMX, as demais
empresas captaram seus recursos financeiros iniciais através de IPOs entre 2006 e 2010.
Com grandes lideranças em seus respectivos comandos e conselhos, tais como, Ellen Gracie,
ex-Ministra do Supremo Tribunal Federal, Eliser Batista, e ex-presidente da Vale, Pedro Malan, ex-
Ministro da Fazenda e por fim Rodolpho Tourinho, ex-Ministro de Minas e Energia, o Grupo
concentrou seus investimentos em recursos naturais e infraestrutura. São segmentos que requerem pela
sua especificidade, alto volume de investimentos e com maturação lenta. Para fazer face aos vultosos
investimentos requeridos, o Grupo decidiu por uma estrutura de capital, privilegiando o mercado
acionário e acessoriamente o financiamento bancário de longo prazo.
A expansão que ocorreu no mercado de ações no Brasil no período de 2004 a 2010, num
ambiente com alta liquidez, deu as condições para que o empresário conseguisse os recursos
financeiros através do lançamento de ações, reduzindo seu custo de captação e dividindo os riscos do
investimento com os novos adquirentes. Neste sentido, as cinco empresas do Grupo, realizaram
emissões primárias de ações no período de julho de 2006 a março de 2010, no valor total de R$ 12,2
bilhões (SHIM, 2010).
Ademais, contou-se com financiamentos de mais de 13,5 bilhões tanto da iniciativa privada
quanto pública, incluindo Banco Itaú, Banco Bradesco e BNDES, além de investimentos de fundos de
investimentos e fundos de pensões (SHIM, 2010).
Tendo como escopo analisar a evolução financeira das principais controladas do grupo EBX: a
OGX, a OSX, a LLX e a MMX, o presente trabalho se propõe também, sob o respaldo de um aparato
estatístico, verificar se os informes financeiros, vis-à-vis seus preços negociados na BMF&Bovespa, já
não esboçavam uma antecipação da derrocada deste império.
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Para tanto, conforme a ser descrito no capítulo 2, coletou-se dados diários das empresas acima
citadas, como preço de fechamento, quantidade negociada, com periodicidade de Junho de 2008 até
Agosto de 2014, junto à BMF&Bovespa. Além disso, como variáveis exógenas, considerou-se o preço
de petróleo no mercado internacional (do tipo Brent), assim como a taxa de câmbio nominal e o
Ibovespa.
No capítulo 3, através de um modelo econométrico de Vetores de Correções de Erros (VECM),
tentou-se capturar o efeito de contágio e sua possível magnitude. Além disso, com a função de
impulso resposta, notou-se que este efeito perdurou de forma consistente para OGX, como também
impactou as outras subsidiárias.
Por fim, a estratégia de integração dos diversos setores que o Grupo delineou fazia sentido em
um cenário econômico de certa estabilidade e crescimento. Entretanto, o elevado montante dos
recursos requeridos para fazer frente aos diversos investimentos previstos, apesar de uma estrutura de
capital compatível inicialmente, quando da frustação dos resultados da empresa que apresentava maior
risco, OGX, o império desmorona.
Apesar de toda a expectativa em torno dessas empresas de magnitude faraônica, por volta de
Julho de 2012 a OGX anuncia a inviabilidade econômica de três de seus poços e, assim, a imagem da
empresa, que já estava abatida pelo ambiente de incerteza econômica, sofreu ainda mais na bolsa de
valores BMF&Bovespa. A LLX e a MMX registram quedas de mais de 10% de imediato, a OGX
chegou a cair mais de 30% no terceiro trimestre de 2013. E isso marca o início do fim do
conglomerado de Eike Batista.
1. O PERFIL DO GRUPO EBX
2.1 A visão 360º
O grupo EBX foi fundado em meados de 1983 com o objetivo de construir empresas no ramo
de infraestrutura e commodities. A partir daí nasceram as empresas: OGX do ramo de petróleo, MMX
do ramo de mineração, OSX na atuação de estaleiros e LLX de infraestrutura.
Fundado por Eike Batista, o grupo EBX possuía grandes projetos de infraestrutura que
prometiam gerar muita riqueza para o país e para os acionistas de suas companhias.
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A visão 360º é um modelo que prevê a aplicação de nove engenharias simultaneamente de
forma harmônica. São elas: engenharia de pessoas, financeira, jurídica, política, logística, ambiental e
social, de comunicação, saúde e segurança, além da própria engenharia da engenharia.
Todas as empresas de Eike começavam do zero; por isso era muito importante aplicar o
conceito de visão 360º, assim a probabilidade de erros futuros seriam mínimas.
Figura 1- Ilustração da visão 360º como consta no site da empresa.
2.2 OGX
A OGX é a empresa do Grupo EBX que atua na exploração e produção de óleo e gás natural.
Criada em 2007, a OGX possuía um portfólio com recursos potenciais estimados em 10,8 bilhões de
barris de óleo equivalente (boe). Maior empresa privada do setor do Brasil, a OGX possuía 31 blocos
exploratórios localizados em algumas das bacias sedimentares mais promissoras do Brasil (26 blocos)
e da Colômbia (5 blocos). Mais de 90% de seu portfólio está localizado em águas rasas ou em terra,
condições ideais para o desenvolvimento de projetos de rápida execução e menores custos, tanto na
exploração como na produção.
Um dos seus diferenciais era a presença de um corpo técnico com vasta experiência no setor,
que esteve à frente de algumas das principais descobertas realizadas no país nas últimas décadas e de
diversos projetos de produção implementados. Dados sísmicos inéditos, profissionais com
conhecimento diferenciado e um conjunto de dez sondas de perfuração operando em paralelo levaram
à condução de uma campanha exploratória de larga escala e rara eficácia – com uma taxa de sucesso
de aproximadamente 80%.
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Em três anos, a companhia perfurou mais de 120 poços, na maior campanha exploratória
ocorrida no Brasil. Sua produção de petróleo foi iniciada em janeiro de 2012 na Bacia de Campos, no
campo de Tubarão Azul (acumulação de Waimea). Em 2013, a OGX iniciou a produção de gás natural
na bacia terrestre do Parnaíba, onde identificou grandes acumulações. A OGX possuía oito áreas
declaradas comerciais, sendo cinco campos offshore (Bacia de Campos) e quatro onshore (Bacia do
Parnaíba). Desde sua criação, a OGX já investiu, de acordo com os informes financeiros, mais de R$
10 bilhões em capex no Brasil, valor que a torna a empresa de óleo e gás privada que mais investia no
país.
A OGX iniciou sua captação de recursos em julho de 2007, através de uma colocação
privada de ações, no valor de US$ 1,3 bilhão, provenientes de 13 investidores. Praticamente um ano
depois, fez sua abertura de capital em 13/06/2008, um período bastante propício, dada o excesso de
liquidez por parte de investidores internacionais, pois, além do bom desempenho macroeconômico
brasileiro, havia uma alta expectativa em relação ao petróleo (pré-sal). Em decorrência de tais fatores,
a OGX fez o maior IPO (Oferta Pública de Ações ou “Initial Public Offering”) da bolsa brasileira,
arrecadando um total de R$ 6,7 bilhões de reais, segundo dados da CVM e da própria empresa. Esta
alavancagem de capital a princípio seria suficiente para financiar a exploração de petróleo no Brasil,
uma vez que a empresa contava com um time de especialistas experientes que vinham da Petrobras, e
isso gerava ainda mais confiança por parte do mercado. Além disto, este IPO foi realizado em um
momento no qual o valor do barril do petróleo estava atingindo cotações históricas (acima de US$
100,00/barril, segundo dados do IPEADATA).
Em 2009, a empresa encerrou o ano com um caixa de R$ 7,3 bilhões, um valor de mercado
superior à R$ 30 bilhões, não possuía dívidas onerosas, e teve suas ações valorizadas em cerca de
200% no último ano, e projetava investimentos de R$ 30 bilhões para a próxima década. Talvez nada
disso seria tão excepcional se não fosse o fato de a companhia ainda estar em fase pré-operacional.
A seguir tem-se um gráfico que mostra as elevadas expectativas em relação à companhia,
mesmo pouco tempo após a crise de 2009.
Gráfico 1 – Gráfico da OGX, desde seu IPO até 06/11/2013.
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Brent (R$ / Barril) Preço de Fechamento (R$)
Nota-se que em meados de 2010 as cotações atingiram patamares históricos, mesmo sem
extrair nenhum barril de petróleo até aquele momento analisado. O mercado, de forma geral, apostava
no futuro da companhia devido às análises de reservas de petróleo feita por auditorias técnicas (como a
DeGolyer & MacNaughton), que citavam uma quantia em torno de 10 bilhões de barris.
Um ano e meio após a cotação histórica de R$ 23,15 a companhia anuncia a redução na
extração de óleo de Tubarão Azul, conforme gráfico 2. As ações estavam em patamares ao redor de R$
17 e em poucos dias caíram aproximadamente 50%, pois o aviso de redução de produção não atingiu a
expectativa do mercado. Analisando do ponto de vista contábil, pode-se apontar o estrago que causaria
na receita tal redução na expectativa de extração de petróleo, já que a expectativa inicial de produção
de 40 mil barris por dia, foram, na realidade, extraídos na casa de 10 mil barris por dia, conforme
dados da própria empresa.
Figura 2 – OGX em Números
Fonte: http://www.ogx.com.br
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2.3 MMX
A MMX é a empresa de mineração do Grupo EBX. A companhia possui operações em
jazidas de minério de ferro em Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul. A MMX detinha a produção de
8 milhões de toneladas por ano (mtpa) de minério de ferro.
A empresa foi a primeira empresa do Grupo a realizar em julho de 2006 o IPO, tendo
captado o valor de R$ 1,1 bilhão, segundo dados da CVM e ANBIMA. Em maio de 2010 o valor de
mercado atingiu a R$ 5,2 bilhões na BMF&Bovespa. A empresa destaca-se pela alta volatilidade em
suas ações.
Na crise econômica, com a baixa liquidez do mercado e a redução da demanda do minério
de ferro, o papel sofreu uma desvalorização de 88% no segundo semestre de 2008. No ano seguinte, o
preço da ação registra uma elevação de 346%, uma das maiores do ano, haja vista a recuperação da
demanda mundial. Importa destacar também o alto free float da empresa, que era de 42% do total das
ações e pela alta participação estrangeira nos negócios (80% no IPO) envolvendo os papéis da
empresa.
A valorização das ações reflete as expectativas para o preço do minério de ferro no
mercado internacional. A empresa sofreu um significativo revés em 2009 com perda de 45% na receita
operacional, levando a um prejuízo liquido de mais de R$ 200 milhões, dado a retração do mercado
desta commodity.
Gráfico 2 – Gráfico da OGX e MMX
0.0
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Ferro US$/metric ton
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2.4 LLX
A empresa foi criada em março de 2007 e sua atividade principal é investimento em
infraestrutura e competências logísticas, notadamente no setor portuário. Se tornou uma sociedade
anônima de capital aberto a partir da cisão da MMX que, junto com o Ontario Teacher’s Pension Plan
Board era controladora da empresa.
As ações da LLX começaram a ser negociadas na Bovespa um pouco antes da crise de
2008 e fechou o ano com desvalorização de 86% nos papéis. Mas em 2009 apresentou forte
valorização com 570%. A apreciação observada baseava-se na melhoria do cenário macroeconômico
brasileiro, o que sinalizava aumento da produção industrial, do comércio externo, com repercussão na
necessidade de maior logística.
A LLX também estava em fase pré- operacional, com inicio de produção previsto para
2012. Além disso, a empresa conseguiu em 2009 fechar uma captação de dívida com o BNDES para a
construção do Porto do Açu, no valor de R$ 1,3 bilhão.
2.5 OSX
A OSX é a empresa do Grupo EBX que atua na indústria naval e offshore, oferecendo
soluções integradas de engenharia, construção, fretamento e serviços de Operação & Manutenção
(O&M) para empresas de Exploração e Produção (E&P) de petróleo. A empresa foi criada tendo em
vista a demanda da indústria petrolífera por equipamentos e serviços integrados.
A colocação de ações através de IPO se concretizou em março de 2010, com captação de
R$ 2,4 bilhões, segundo a BMF&Bovespa. Face ao cenário de instabilidade econômica e cautela dos
investidores, os problemas na distribuição primária foram sentidos pelo desconto de 20% no preço
inicial da emissão em relação ao piso do intervalo apontado no prospecto da oferta, ou seja entre R$
1000,00 e R$ 1333,00. As ações foram emitidas a R$ 800,00, com desvalorização no dia de 12,5%.
Essa emissão da OSX mostrou ao Grupo que a receptividade do mercado acionário estava
se retraindo. O resultado da captação de um volume muito abaixo do esperado foi considerado
insuficiente para fazer face aos planos de investimentos ambiciosos das empresas.
2.6 MPX
A MPX é a empresa de geração e comercialização de energia elétrica a partir de recursos
renováveis, como energia solar e eólica. Foi a segunda empresa do Grupo a realizar IPO, e o valor
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captado atingiu a R$ 2 bilhões em dezembro de 2007 (SHIM, 2010). As ações da empresa sofreram
com a crise de 2008, encerrando neste ano com uma desvalorização de 86%.
Na captação de recursos no mercado acionário foi muito relevante a participação de
investidores externos, que detinham logo após o IPO, 77,3% das ações em circulação da MPX,
participação que se reduziu para 38% em fevereiro de 2009.
A redução dos investidores estrangeiros deveu-se não só a instabilidade oriunda da crise
econômica mas também pela postergação dos projetos de investimento da empresa, prejudicando as
percepções sobre o crescimento da própria empresa.
O cenário interno melhor em 2009 auxiliou a MPX em dar prosseguimento aos projetos
energéticos e a alavancagem no BNDES de R$ 2,6 bilhões; injetou recursos para a execução das
térmicas Energia Pecém, MPX Pecém II e MPX Itaqui. A empresa também investiu no setor extrativo
de carvão, matéria prima para as usinas, através de minas na Colômbia. Essa estratégia configurou-se
num diferencial competitivo com a integração vertical na cadeia de produção energética. Entretanto,
em 2012 houve a cisão dos ativos de mineração para uma nova empresa, denominada CCX, atuante na
área de carvões.
As ações da empresa a partir do ano de 2009 apresentaram valorização significativa, mas a
percepção do mercado com o desenvolvimento da companhia não era tão otimista face a consecução
do plano de investimento estar aquém do previsto.
Ficava evidente naquela época para Eike Batista, que o mercado não tinha recuperado o
apetite para novos investimentos e que havia sinais de saturação quanto ao modelo de financiamento
das empresas do Grupo, tal foi a desistência dele de abrir o capital da holding EBX.
2.6 A RELAÇÃO ENTRE AS EMPRESAS
Do ponto de vista observacional, nota-se que quando a MMX e a OSX possuem a mesma
tendência no que tange aos preços negociados na BMF&Bovespa, isto se aprofunda quando a OGX
anuncia que a expectativa de produção de Tubarão Azul não seria atingida. Isso causou uma forte
penalização da ação e afetou as empresas OSX e MMX também, conforme gráficos abaixo.
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Gráfico 3 – Gráfico da OGX e MMX.
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Preço de Fechamento (R$) - MMX Preço de Fechamento (R$) - OGX
Gráfico 4 – Gráfico da OGX e OSX.
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Preço de Fechamento (R$) - OSX Preço de Fechamento (R$) - OGX
2.6 FINANCIAMENTOS
As empresas do grupo EBX foram financiadas tanto pelo BNDES quanto pela iniciativa
privada (Itaú, Bradesco, etc.) e outra forma de arrecadar montante para os projetos foi utilizando a
oferta pública de ações, fazendo com que as empresas se tornassem de capital aberto.
O perfil do endividamento do Grupo EBX, conforme reportagem da Folha em 16/8/2013,
mostra um total de R$ 25,1 bilhões em dívidas.
Figura 3 – Perfil de Endividamento EBX
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Como todas se tratavam de grandes projetos de infraestrutura, petróleo e mineração, a
quantia necessária para tocar os projetos atingiram R$ 13,5 bilhões, aonde OGX captou R$ 6,7 bilhões
de reais na oferta inicial de ações, a LLX 2,4 bilhões e MMX em torno de 3,4 bilhões.
O fundo Mubadala foi um player que não pode ser descartado quando se analisa o histórico
das empresas do grupo X. O Mubadala é mantido pelo potencial de crescimento de Abu Dhabi, e ajuda
o governo a encontrar parcerias socioeconômicas. A companhia é desenvolvida para gerar lucros
sustentáveis à longo prazo, devolvendo retornos sociais para Abu Dhabi e Emirados Árabes. Mubadala
é um investidor ativo em setores que possuem retornos atrativos e tangíveis, e em parcerias de primeira
classe conhecidas mundialmente. Atualmente esse fundo possui um portfólio de mais de US$ 55
bilhões de dólares.
O grupo EBX passava por dificuldades e foi nesse momento que o fundo entrou
demonstrando confiança no grupo e abalando as expectativas até então pessimistas do mercado em
relação ao grupo. Deve-se salientar que o Brasil foi o único país da América do Sul a receber
investimento desse fundo, devido a seu potencial em recursos.
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3. METODOLOGIA:
De forma tradicional, aplicou-se o teste de causalidade de Granger e notou-se que pode
haver um efeito entre as empresas analisadas. Tal fato justificou a abordagem pelo modelo de vetores
de correção de erros (VECM):
Null Hypothesis: Obs F-Statistic Probability Null Hypothesis: Obs F-Statistic Probability
QOSX does not Granger Cause PMMX 1390 0.52 0.59 QMMX does not Granger Cause POGX 1393 0.67 0.51
PMMX does not Granger Cause QOSX 5.57 0.00 POGX does not Granger Cause QMMX 0.91 0.40
POGX does not Granger Cause PMMX 1393 18.92 0.00 QOGX does not Granger Cause POGX 1393 2.01 0.13
PMMX does not Granger Cause POGX 4.71 0.01 POGX does not Granger Cause QOGX 1.58 0.21
POSX does not Granger Cause PMMX 1390 1.37 0.25 NER does not Granger Cause POGX 1393 2.15 0.12
PMMX does not Granger Cause POSX 3.35 0.04 POGX does not Granger Cause NER 9.45 0.00
QMMX does not Granger Cause PMMX 1393 0.48 0.62 BRENTUS does not Granger Cause POGX 1393 9.13 0.00
PMMX does not Granger Cause QMMX 0.71 0.49 POGX does not Granger Cause BRENTUS 3.38 0.03
QOGX does not Granger Cause PMMX 1393 0.16 0.85 QMMX does not Granger Cause POSX 1390 0.16 0.85
PMMX does not Granger Cause QOGX 0.01 0.99 POSX does not Granger Cause QMMX 7.90 0.00
NER does not Granger Cause PMMX 1393 3.16 0.04 QOGX does not Granger Cause POSX 1390 2.04 0.13
PMMX does not Granger Cause NER 15.74 0.00 POSX does not Granger Cause QOGX 7.02 0.00
BRENTUS does not Granger Cause PMMX 1393 4.31 0.01 NER does not Granger Cause POSX 1390 1.57 0.21
PMMX does not Granger Cause BRENTUS 8.80 0.00 POSX does not Granger Cause NER 1.05 0.35
POGX does not Granger Cause QOSX 1390 6.13 0.00 BRENTUS does not Granger Cause POSX 1390 0.12 0.88
QOSX does not Granger Cause POGX 1.57 0.21 POSX does not Granger Cause BRENTUS 2.27 0.10
POSX does not Granger Cause QOSX 1390 1.13 0.32 QOGX does not Granger Cause QMMX 1393 19.59 0.00
QOSX does not Granger Cause POSX 0.50 0.61 QMMX does not Granger Cause QOGX 6.50 0.00
QMMX does not Granger Cause QOSX 1390 18.59 0.00 NER does not Granger Cause QMMX 1393 0.84 0.43
QOSX does not Granger Cause QMMX 10.64 0.00 QMMX does not Granger Cause NER 0.19 0.83
QOGX does not Granger Cause QOSX 1390 22.35 0.00 BRENTUS does not Granger Cause QMMX 1393 13.27 0.00
QOSX does not Granger Cause QOGX 10.83 0.00 QMMX does not Granger Cause BRENTUS 1.53 0.22
NER does not Granger Cause QOSX 1390 1.72 0.18 NER does not Granger Cause QOGX 1393 0.98 0.38
QOSX does not Granger Cause NER 0.66 0.52 QOGX does not Granger Cause NER 0.23 0.80
BRENTUS does not Granger Cause QOSX 1390 7.54 0.00 BRENTUS does not Granger Cause QOGX 1393 9.19 0.00
QOSX does not Granger Cause BRENTUS 1.24 0.29 QOGX does not Granger Cause BRENTUS 2.11 0.12
POSX does not Granger Cause POGX 1390 0.49 0.61 BRENTUS does not Granger Cause NER 1393 2.05 0.13
POGX does not Granger Cause POSX 4.33 0.01 NER does not Granger Cause BRENTUS 0.27 0.76
Pairwise Granger Causality Tests
Sample: 1 1500 Lag:2
Tabela 1 – Teste de Causalidade de Granger
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Em termos formais, tem-se que o sistema é a primeira diferença de um vetor autoregressivo
multivariado, isto é:
1
10*
1
0*
01
**
1
11
)(*)1(
e
where
XXyy tttt
(2)
O primeiro termo do lado direito da equação é o vector de correção de erros (avaliado pelo teste
de Johansen). O segundo termo, os coeficientes com (*) são considerados valores de longo prazo do
sistema, ou seja, o relacionamento de longo prazo entre as variáveis (ponto de equilíbrio). Finalmente,
o terceiro termo mostra a dinâmica de curto prazo, isto é, o chamado "ponto sela" até um ponto de
equilíbrio é atingido.
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Likelihood 5 Percent 1 Percent Hypothesized
Eigenvalue Ratio Critical Value Critical Value No. of CE(s)
0.391142 2451.907 47.21 54.46 None **
0.355153 1763.222 29.68 35.65 At most 1 **
0.342856 1154.247 15.41 20.04 At most 2 **
0.337502 571.4928 3.76 6.65 At most 3 **
D(POGX) D(POSX) D(PMMX) D(PLLX) C
1 -0.09882 -0.012261 0.245811 0.007417
-0.01448 -0.00687 -0.13247
Log likelihood -4642.956
D(POGX) D(POSX) D(PMMX) D(PLLX) C
1 0 -0.029954 -0.127199 0.006212
-0.0068 -0.13248
0 1 -0.179041 -3.774651 -0.012191
-0.02151 -0.41917
Log likelihood -4338.469
D(POGX) D(POSX) D(PMMX) D(PLLX) C
1 0 0 -0.253928 0.008898
-0.13585
0 1 0 -4.532127 0.003862
-0.39752
0 0 1 -4.230745 0.089663
-0.76575
Log likelihood -4047.092
*(**) denotes rejection of the hypothesis at 5%(1%) significance level
L.R. test indicates 4 cointegrating equation(s) at 5% significance level
Normalized Cointegrating Coefficients: 1 Cointegrating Equation(s)
Normalized Cointegrating Coefficients: 2 Cointegrating Equation(s)
Normalized Cointegrating Coefficients: 3 Cointegrating Equation(s)
D(BRENTUS) D(NER) D280612 D150411 D061108
Included observations: 1388
Test assumption: Linear deterministic trend in the data
Series: D(POGX) D(POSX) D(PMMX) D(PLLX)
Exogenous series: D(QOGX) D(QOSX) D(QMMX) D(QLLX) D(IBOV)
Tabela 2 – Teste de Cointegração (Johansen)
Além disso, a questão relativa ao lag / leads do modelo pode ser escolhido de acordo com o
resultado da razão de verossimilhança (LR) testes de hipóteses como verificado por Holz-Eakin,
Newey & Hsiao (1988).
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3.1. DADOS
O painel foi construído com os dados diários de preços de fechamento - POGX,POSX, PMMX
-, quantidade de ações negociadas na Bolsa de Valores (BMF&Bovespa) - QOGX, QOSX, QMMX - ,
preço de petróleo do tipo “Brent” – BRENT -, negociado na CBOT, taxa nominal de câmbio – NER -,
que vão de 13/06/08 até 08/04/14. Além disso, foi considerado alguns efeitos ocorridos com a empresa
no decorrer deste tempo, como, por exemplo, rebaixamento de crédito, default de dívida, renegociação
com credores, entre outros efeitos quali e quantitativos.
3.2. RESULTADOS
De fato, verifica-se através da regressão, com a utilização do software Eviews4.0 abaixo que a
OGX possui uma influência na dinâmica de preços quando se compara os efeitos em relação às outras
controladas, especialmente a MMX. Agora o efeito reverso não é relevante, uma vez que os
coeficientes são próximos a zero, porém lembrando que são estatisticamente significativos a um nível
de 10%.
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Tabela 2 – Regressão VECM
Com os dados apresentados acima, nota-se que eram empresas alavancadas, interligadas e, no
final, com relativa volatilidade. Apenas avaliando os dados colocados anteriormente, bem como os
setores nos quais elas estão inseridas, conclui-se que estas poderiam estar sujeitas a um alto risco, não
só de mercado (como na crise de 2008), quanto operacional.
Como as metas de produção e geração de caixa das empresas não foram satisfeitas, observa-se
o quanto o mercado penalizou todo o grupo. Observa-se também que tanto notícias positivas quanto
negativas penalizavam ou premiavam de modo excessivo todas as empresas, isso decorre do fato de
serem passíveis à especulação.
Gráfico 5 – Função de Impulso Resposta
Cointegrating Eq: CointEq1 CointEq2 CointEq3
D(POGX(-1)) 1 0 0
D(POSX(-1)) 0 1 0
D(PMMX(-1)) 0 0 1
D(PLLX(-1)) -0.385954 -5.49931 -9.429182
(-2.69094) (-12.4134) (-11.3114)
C 0.009018 0.00474 0.094382
Error Correction: D(POGX,2) D(POSX,2) D(PMMX,2) D(PLLX,2)
D(QMMX) -1.51E-06 -0.0000251 0.0000173 -8.23E-07
CointEq1 -1.099845 -0.252355 -0.050614 -0.06908 (-0.34077) (-2.03288) -7.46E-01 (-0.59000)
(-28.3727) (-2.33285) (-0.24973) (-5.66030)
D(QLLX) 1.33E-06 1.26E-05 2.87E-05 4.59E-06
CointEq2 0.020853 -0.780884 0.480193 0.051992 -0.76239 -2.58757 -3.14041 -8.35647
-1.57213 (-21.0969) -6.92425 -12.4502
D(IBOV) 0.0000132 5.42E-06 0.0000914 4.66E-06
CointEq3 -0.008955 0.050825 -0.884528 0.011659 -4.02495 -0.59278 -5.33145 -4.51248
(-1.20617) -2.45326 (-22.7880) -4.98826
D(POGX(-1),2) 0.076079 0.117732 -0.110811 0.024 D(BRENTUS) 0.03106 -0.011116 0.11052 0.006225
-2.75353 -1.52695 (-0.76708) -2.75896 -5.39695 (-0.69216) -3.67292 -3.4356
D(POSX(-1),2) -0.014236 -0.160948 -0.303932 -0.026838 D(NER) -2.227499 0.707238 -12.07666 -0.265888
(-1.47014) (-5.95598) (-6.00301) (-8.80282) (-4.74423) -0.53978 (-4.91956) (-1.79872)
D(PMMX(-1),2) -0.005166 -0.016955 -0.007928 -0.00314 D301013 -0.061808 -0.053189 -0.336124 -0.013543
(-0.93964) (-1.10503) (-0.27578) (-1.81401) (-0.17315) (-0.05340) (-0.18010) (-0.12050)
D(PLLX(-1),2) -0.247097 -1.99143 -3.594683 -0.33611 D280612 -1.071119 -0.751409 -4.403083 -0.076922
(-2.94096) (-8.49360) (-8.18300) (-12.7063) (-2.93508) (-0.73784) (-2.30765) (-0.66950)
C 0.001788 -0.0000996 0.015252 0.000333 D150411 0.551868 0.755908 -1.171967 0.007141
-0.1864 (-0.00372) -0.30407 -0.11011 -1.54342 -0.75757 (-0.62689) -0.06343
D(QOGX) -0.0000037 -2.89E-08 -0.0000141 -8.22E-07 D120810 0.487853 0.467002 2.609963 0.256334
(-2.30953) (-0.00645) (-1.68623) (-1.62750) -1.36308 -0.46758 -1.39475 -2.27486
D(QOSX) -0.0000104 -0.0000125 -0.000000162 -8.31E-06 D061108 0.109658 -0.686809 -4.083435 -0.210632
(-0.89194) (-0.38346) (-0.00265) (-2.25343) -0.30455 (-0.68353) (-2.16907) (-1.85805)
R-squared 0.551281 0.495462 0.510979 0.384724 Determinant Res idual Covariance 0.004006
Adj. R-squared 0.545713 0.489202 0.504911 0.377089 Log Likel ihood -4047.092
F-s tatis tic 99.00785 79.13869 84.20691 50.39076 Akaike Information Cri teria 5.952582
Schwarz Cri teria 6.269435
VECTOR ERROR CORRECTION MODEL
Included observations : 1388
Standard errors & t-s tatis tics in parentheses
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-0 .1
0 .0
0 .1
0 .2
0 .3
0 .4
2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0
Response of D(POGX) to D(POGX)
0 .0 2
0 .0 3
0 .0 4
0 .0 5
0 .0 6
0 .0 7
0 .0 8
0 .0 9
2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0
Response of D(POSX) to D(POGX)
0 .0
0 .1
0 .2
0 .3
0 .4
0 .5
0 .6
2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0
Response of D(PMMX) to D(POGX)
-0 .0 0 5
0 .0 0 0
0 .0 0 5
0 .0 1 0
0 .0 1 5
0 .0 2 0
0 .0 2 5
0 .0 3 0
2 4 6 8 1 0 1 2 1 4 1 6 1 8 2 0
Response of D(PLLX) to D(POGX)
Response to One S.D. Innovations
Em termos da função Impulso Resposta (IRF), a configuração acima também impõe um choque
repasse semelhante às variáveis, verificando que o choque de 1 desvio padrão na OGX tem impactos
significativos na MMX (40% de queda nos preços da ação), em seguida na OSX (equivalente em 5%)
e, por fim na LLX ( ao redor de 2,5%). Vale lembrar que este impacto ocorre num período de, em
média, de 6 dias, sem voltar ao patamar anterior.
4. CONCLUSÃO:
O presente artigo visou estudar como a falta de governança corporativa junto à empresa OGX
acabou afetando outras controladas do Grupo EBX, fundado pelo empresário Eike Batista. O efeito de
contaminação da OGX foi percebido nas ações de outras controladas do grupo, mesmo atuando em
setores diferentes e seu resultado foi sentido de forma não transitória, como se espera, pois não voltou
ao nível anterior de preços. Tal fato então causou um efeito de spill-over. Através de um modelo
econométrico de VECM, conseguiu-se capturar este efeito de contágio e sua possível magnitude,
mesmo sendo um valor de médio impacto, isto é, entre 2% e 7%. Com a função de impulso resposta,
notou-se que o efeito na OGX corrobora uma penalização de todo o grupo.
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http://www.mmx.com.br
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http://www.llx.com.br
http://www.bovespa.com.br
http://www.mubadala.com/
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