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Universidade Técnica de Lisboa
Faculdade de Motricidade Humana
Estratégias visuais utilizadas
durante a realização de um
percurso com obstáculos
DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM REABILITAÇÃO PSICOMOTORA
Orientadora: Professora Doutora Maria Leonor Frazão Moniz Pereira da Silva
Júri:
Presidente: Doutora Maria Leonor Frazão Moniz Pereira da Silva
Vogais: Doutor Duarte Fernando da Rosa Belo Patronilho de Araújo
Doutor Paulo Ignácio Noriega Pinto Machado
Inês Paulo Santos
2009/2010
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
Resumo
A visão é o único sentido que fornece informações precisas acerca das
características envolvimentais, estáticas e dinâmicas e por isso é que o sistema visual
é essencial para guiar os indivíduos de forma segura pelo envolvimento que o rodeia.
A percepção que o indivíduo obtém de uma determinada cena ou do
envolvimento que o rodeia é conseguida através dos movimentos oculares e
geralmente é modelada por um processo chamado pesquisa visual. A pesquisa visual
é o processo de varrimento da cena observada e a formação da sua imagem
conceptual no cérebro. O comportamento dos movimentos oculares durante a
visualização de uma cena pode ser dividido em duas fases temporais as fixações,
períodos de tempo em que a observação de determinado ponto é relativamente
estável; e as sacadas, períodos de tempo em que os olhos se movem de forma rápida
entre dois pontos de fixação distintos.
No presente estudo pretende-se caracterizar as estratégias visuais que os
indivíduos de ambos os géneros fazem quando lhes é apresentada uma tarefa que
consiste em deslocar-se livremente num percurso com obstáculos, partindo de um
local pré-definido e tendo que alcançar uma meta.
De uma maneira geral verificou-se que existem diferenças significativas entre
os rapazes e as raparigas no tempo de fixação e no número de fixações. As raparigas
passam mais tempo a olhar para locais fora do percurso e os rapazes passam mais
tempo a olhar para a meta. Antes de iniciar a marcha as raparigas olham um maior
número de vezes para a fase final do percurso e os rapazes olham um maior número
de vezes para a parte do meio. Depois de iniciada a marcha, tanto as raparigas como
os rapazes passam a fazer mais fixações na parte final e na meta.
Verificou-se ainda que os indivíduos que passam mais tempo a fixar a meta,
são aqueles que seguem um trajecto mais directo em relação à meta, sendo os mais
eficientes.
Em conclusão, o padrão do olhar é constituído por movimentos oculares que
não são feitos ao acaso, eles fornecem informação bastante útil daquilo que é
relevante para a execução da tarefa.
Palavras-Chave: Estratégias Visuais, Movimentos Oculares, Visão Foveal,
Visão Periférica, Número de Fixações, Tempo de Fixação, Pesquisa Visual, Percepção
de Cenas, Atenção Visual.
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ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Abstract
Vision is the only sense that provides precise information about one’s
surroundings, for both mobile people or objects and immobile objects. The visual
system is essential to guide people safely around their environment.
The perception an individual gets from a particular scene or their surroundings,
is accomplished by eye movements and is usually modeled by a process called visual
search. Visual search is the scanning process of the scene observed and the formation
of the conceptual image in the brain. The behavior of eye movements while viewing a
scene can be divided into two temporal moments: fixations, periods in which
observation of an item is relatively stable; and the saccades, periods in which the eyes
move quickly to reorient between two different points.
The current study is to characterize the differences in visual search between
people from both genders, who have been given a task to move freely in an obstacle
course, in which they start from a predefined location and have a goal to accomplish.
In general it was found that significant differences occurred between boys and
girls, in the duration and number of fixations. While the girls spend more time
observing points outside the obstacle the course and look beyond the goal, the boys
spend more time observing the goal. Before starting, the girls fixate more often on the
final phase of the obstacle course, while the boys fixate more often on the middle.
Once they commence, both the boys and the girls now fixate more often on the final
phase or the end of the obstacle course.
It was discovered, that the individuals who spent more time fixating on the goal
of the obstacle course, are the ones who follow a more precise path in relation to the
goal, making them the most efficient of all the participants.
In conclusion, during the task, gaze patterns, created by non-random eye
movements provide very useful information, which is relevant to completing the task.
Key Words: Visual Strategies, Eye Movements, Foveal Vision, Parafoveal Vision,
Number of Fixation, Fixation Duration, Visual Search, Scene Perception, Visual
Attention.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Agradecimentos
À Professora Doutora Leonor Moniz Pereira que como minha orientadora, me
transmitiu conhecimentos essenciais para a elaboração desta tese, de uma forma sábia,
transparente, capaz e acima de tudo aliciante, que me fizerem dar valor à capacidade
de transmissão de saberes!
À minha amiga Cláudia Pires porque foi como ela que partilhei a maioria das
minhas dúvidas e muitas horas de trabalho e porque foi ela que desde o início não me
deixou perder a motivação! Ao meu amigo Rui Damas por toda a disponibilidade e
ajuda.
Ao Mestre Manuel Oliveira, ao Mestre Luís Mendanha e à Professora amiga
Cristina Espadinha por toda a ajuda e dúvidas esclarecidas ao longo da elaboração da
tese!
Um obrigada carinhoso a todos os amigos que quiseram participar como
voluntários na minha tese. Sem eles a elaboração deste trabalho não teria sido possível!
Por último mas não menos importante, quero agradecer de uma forma muito
especial aos meus pais António e Natividade, porque sempre me apoiaram e ajudaram
mas principalmente pela força que me transmitiram. Também quero agradecer ao meu
irmão Samuel, por toda a paciência que demonstrou e pelo facto de estar sempre pronto
a ajudar-me, mesmo que não o conseguisse. Agradeço ainda ao João que com muito
carinho e dedicação me ajudou a superar todas as etapas, por estar sempre presente e
por toda a alegria que me transmitiu, cada um dos sorrisos valeu demais.
A todos vós, o meu sincero obrigado!
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Índice Geral
Resumo …………………………………………………………………………………………………………………………………. II
Abstract ...................................................................................................................................III
Agradecimentos...................................................................................................................... IV
Índice Geral ............................................................................................................................. V
Índice de Figuras .................................................................................................................... VII
Índice de Tabelas .....................................................................................................................IX
1. Introdução.........................................................................................................................1
2. Formulação do Problema...................................................................................................2
2.1. Objectivo do Estudo ....................................................................................................3
3. Fundamentação Teórica ....................................................................................................4
3.1. Sistema Visual Humano...............................................................................................5
3.1.1. Visão Foveal e Visão Periférica .................................................................................8
3.2. Movimentos Oculares .................................................................................................9
3.3. Comportamento dos movimentos oculares durante a visualização de uma cena.......15
3.4. Atenção Visual e os Movimentos Oculares ................................................................18
4. Metodologia....................................................................................................................23
4.1. Objectivos Específicos ...............................................................................................23
4.2. Hipóteses..................................................................................................................24
4.3. Tipo de Estudo ..........................................................................................................25
4.4.Definição da população e selecção da amostra ..........................................................25
4.5. Definição das variáveis..............................................................................................26
4.6. Procedimento do estudo...........................................................................................27
4.7. Instrumento..............................................................................................................31
4.7.1. Mobile Eye.............................................................................................................31
4.7.2. Constituintes do Mobile Eye ..................................................................................32
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4.7.3. Procedimentos de utilização ..................................................................................36
4.7.4.Software de análise dos dados – ASL Results e Captiv L-2100 ..................................38
5. Resultados.......................................................................................................................40
5.1 Caracterização da amostra .........................................................................................40
6. Análise e Discussão dos Resultados – Fixação do Olhar ....................................................41
7. Conclusão........................................................................................................................74
8. Limitações do estudo.......................................................................................................76
9. Sugestões Futuras ...........................................................................................................76
10. Bibliografia ......................................................................................................................77
11. Anexos ............................................................................................................................81
Anexo I: Tabelas de Comparações Múltiplas ....................................................................82
Anexo II: Tipos de Percursos ..........................................................................................103
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Índice de Figuras
Imagem 1 - Constituintes do olho humano. ...............................................................................5
Imagem 2 - Músculos dos olhos. .............................................................................................10
Imagem 3 - Os cinco pontos de calibração...............................................................................28
Imagem 4 - Percurso com os 12 pinos (obstáculos). ................................................................29
Imagem 5 - Hardware do Mobile Eye (Óculos e Gravador).......................................................31
Imagem 6 - Computador de Análise. .......................................................................................32
Imagem 7 - Sony GV-D100E Sony Cassete Digital Video Recorder (DVCR) ................................32
Imagem 8 - Unidade montada ao gravador (RMU) ..................................................................32
Imagem 9 - Óculos ..................................................................................................................32
Imagem 10 - Lente Combinada................................................................................................32
Imagem 11 - Unidade montada nos óculos (SMU) ...................................................................33
Imagem 12 - Triângulo de três pontos (Cluster Spot). ..............................................................34
Imagem 13 - Reflexos de Purkinje. ..........................................................................................34
Imagem 14 - Posição da pupila em relação ao primeiro reflexo de Purkinje. ............................35
Imagem 15 - Janela do Eye Vision com o olho e o Cluster Spot. ...............................................36
Imagem 16 – Definições da pupila e guardar perfil do sujeito. .................................................37
Imagem 17- Exemplo de nomes para as diferentes categorias.................................................39
Imagem 18- Selecção das fixações que pertencem Às classes criadas. .....................................39
Imagem 19 - Percurso de Tipo A (1).......................................................................................103
Imagem 20 - Percurso de Tipo A (2).......................................................................................104
Imagem 21 - Percurso de Tipo A (3).......................................................................................105
Imagem 22 - Percurso de Tipo A (4).......................................................................................106
Imagem 23 - Percurso de Tipo A (5).......................................................................................107
Imagem 24 - Percurso de Tipo B (6). ......................................................................................108
Imagem 25 - Percurso de Tipo B (7). ......................................................................................109
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Imagem 26 - Percurso de Tipo C (8). ......................................................................................110
Imagem 27 - Percurso de Tipo C (9). ......................................................................................111
Imagem 28 - Percurso de Tipo C (10). ....................................................................................112
Imagem 29 - Percurso de Tipo D (11).....................................................................................113
Imagem 30 - Percurso de Tipo D (12).....................................................................................114
Imagem 31 - Percurso de Tipo D (13).....................................................................................115
Imagem 32 - Percurso de Tipo D (14).....................................................................................116
Gráfico 1 - Frequência do percurso escolhido para o género feminino e para o género
masculino. ..............................................................................................................................56
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Índice de Tabelas
Tabela 1 - Média das idades nos dois géneros e média da acuidade visual para o olho direito e
para o olho esquerdo nos dois géneros. ..................................................................................40
Tabela 2 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do tempo de fixação, em
segundos, para ambos os géneros...........................................................................................42
Tabela 3 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes. ..44
Tabela 4 - Resultados que apresentam diferenças significativas no tempo de fixação entre os
vários locais do percurso, através do teste de comparações múltiplas. ...................................44
Tabela 5 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em
ambos os géneros antes do início da marcha. .........................................................................46
Tabela 6 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes,
antes do início da marcha. ......................................................................................................48
Tabela 7 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do
percurso, através do teste de comparações múltiplas, antes do início do percurso. ................48
Tabela 8 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em
ambos os géneros antes durante a realização do percurso. .....................................................51
Tabela 9 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes,
durante a realização do percurso. ...........................................................................................52
Tabela 10 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do
percurso, através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. .......53
Tabela 11 - Teste de Wilcoxon-Man-Whitney para o percurso escolhido nos rapazes e nas
raparigas. ................................................................................................................................56
Tabela 12 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos
percursos tipo A. .....................................................................................................................57
Tabela 13- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A. ...........58
Tabela 14 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do
percurso, através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. .......59
Tabela 15 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos
percursos tipo A. .....................................................................................................................60
Tabela 16- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A. ...........61
Tabela 17 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do
percurso, através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. .......61
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Tabela 18 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos
percursos tipo B. .....................................................................................................................62
Tabela 19- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.............63
Tabela 20 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através
do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. ...................................64
Tabela 21 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos
percursos tipo B. .....................................................................................................................64
Tabela 22- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.............65
Tabela 23 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos
percursos tipo C. .....................................................................................................................66
Tabela 24- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.............67
Tabela 25 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos
percursos tipo C. .....................................................................................................................68
Tabela 26- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.............69
Tabela 27 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através
do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. ...................................69
Tabela 28 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos
percursos tipo D......................................................................................................................70
Tabela 29- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D. ...........71
Tabela 30 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos
percursos tipo D......................................................................................................................71
Tabela 31- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D. ...........72
Tabela 32 – Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso,
para as raparigas.....................................................................................................................84
Tabela 33 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso,
para os rapazes. ......................................................................................................................86
Tabela 34 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do
percurso antes de iniciar a marcha, para as raparigas..............................................................88
Tabela 35 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do
percurso antes de iniciar a marcha, para os rapazes. ...............................................................90
Tabela 36 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do
percurso durante a realização do percurso, para as raparigas. ................................................92
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Tabela 37 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do
percurso durante a realização do percurso, para os rapazes....................................................94
Tabela 38- Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos
percursos tipo A. .....................................................................................................................96
Tabela 39 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos
percursos tipo A. .....................................................................................................................98
Tabela 40 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos
percursos tipo B. ...................................................................................................................100
Tabela 41 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos
percursos tipo C. ...................................................................................................................102
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
1. Introdução
No âmbito do Mestrado em Reabilitação Psicomotora da Faculdade de Motricidade
Humana, surge a elaboração da Dissertação de Mestrado cujo tema a desenvolvido
vai de encontro aos interesses dos estudantes.
No meu caso o interesse recai sobre as funções visuais, mais precisamente sobre
os movimentos oculares. Este interesse advém da minha participação como
investigadora no CIPER, onde comecei a desenvolver trabalhos no âmbito dos
movimentos oculares durante as tarefas de leitura. Com as pesquisas bibliográficas
que fui realizando percebi que as estratégias visuais usadas pelos ind ivíduos para
perceberem as tarefas de leitura através dos movimentos oculares não eram as
mesmas que são usadas para olhar para uma determinada cena. Assim, focalizei o
meu interesse para o estudo dos movimentos oculares que os indivíduos de ambos os
sexos fazem quando lhes é apresentada uma determinada tarefa, neste caso a tarefa
consiste em deslocar-se num percurso com obstáculos, partindo de um local pré-
definido e tendo que alcançar uma meta. A percepção que o indivíduo obtém de uma
determinada cena através dos movimentos oculares é geralmente modelada por um
processo chamado pesquisa visual.
Entende-se por pesquisa visual, o processo de varrimento visual da cena
observada e a formação da imagem conceptual da cena no cérebro (Rayner, 1995).
Por seu lado, os movimentos oculares têm por objectivo a movimentação do
globo ocular nas diferentes direcções, o que permite a captação das imagens do
mundo que nos rodeia, com a máxima qualidade possível, de forma a poder ser
percebida e analisada pelas estruturas corticais, contribuindo para a resposta motora
(Oliveira, 2007).
São estes os principais temas que permitiram desenvolver esta tese de mestrado,
assim, numa primeira parte realiza-se uma fundamentação teórica sobre os temas
principais, tais como a Pesquisa Visual, o Sistema Visual e a Percepção de Cenas. De
seguida, descrever-se-á a metodologia de todo o trabalho, a população, as hipóteses,
a definição das variáveis e todo o procedimento para a elaboração desta dissertação
de mestrado. Numa fase posterior, caracterizar-se-á a amostra pertencente ao estudo
e apresentar-se-ão os resultados obtidos e a sua discussão. Por último apresentar-se-
á a conclusão de o trabalho, bem como as suas limitações e algumas sugestões para
futuros trabalhos.
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ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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2. Formulação do Problema
Uma questão que surge frequentemente é se as características dos movimentos
oculares da leitura são semelhantes às características dos movimentos oculares na
visualização de cenas e na pesquisa visual. Rayner e Pollatsek (1992) referem que o
mecanismo básico de controlo dos movimentos oculares é o mesmo tanto para tarefas
de leitura como para tarefas de pesquisa visual, ou de visualização de cenas. Estes
autores referem que o modelo de Morrison, (modelo que explica a sequência de
operações dos movimentos oculares para a leitura) também é aplicável às tarefas de
percepção de cenas, ou seja os indivíduos entram num ciclo de processamento do
material fixado, mudando a atenção para outras partes da cena, através de
movimentos oculares que mudam a fixação de um ponto anterior para outro ponto que
lhes desperta atenção. No entanto, embora o padrão de para onde dirigir a próxima
fixação seja facilmente identificado na leitura (por exemplo, da esquerda para a direita
e de cima para baixo para os leitores Portugueses, ou da direita para a esquerda para
o árabe), não existe a mesma facilidade de identificação das estratégias para a
visualização de cenas. Contrariamente à leitura, não parece haver nenhuma forma
correcta de olhar para objectos particulares. Kennedy sugere que a tarefa de leitura é
composta quase exclusivamente de sacadas, enquanto que olhar para imagens é
composta de deslocações, perseguições e desvios, provavelmente devido a diferenças
no contexto (Kennedy, 1992 in Duchowski, 2003). Embora não exista uma forma
correcta de olhar para imagens ou cenas, ou para fazer pesquisas visuais, Rayner e
Pollatsek (1992) consideraram que os movimentos oculares realizados na percepção
de cenas não são feitos ao acaso. Os indivíduos tendem a fixar áreas na cena que
julgam como informativas, e no caso da tarefa envolver descobrir uma característica
especifica do objecto, não será necessário fazer a identificação de todos os objectos,
uma vez encontrado o objectivo não é necessário fixar outros pontos.
Sendo que as tarefas descritas anteriormente são tarefas onde o indivíduo
permanece sentado, o problema que me surge é quando a tarefa visual passa a
envolver a deslocação do indivíduo, quais serão as estratégias visuais utilizadas e
será que essas estratégias seguem algum padrão?
Considerou-se ainda importante saber se existem diferenças significativas nas
estratégias visuais utilizadas pelos rapazes em relação às raparigas, e se as
estratégias visuais são iguais em todas as etapas do percurso?
Para responder a estas questões é necessário monitorizar os movimentos oculares
e descrever como eles ocorrem, sendo esta a base de todo o trabalho.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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2.1. Objectivo do Estudo
A caracterização do comportamento visual, através da análise dos movimentos
oculares, está na base do presente estudo. Pretende-se investigar se os movimentos
oculares observados durante uma tarefa que exige movimento são efectuados para
pontos de interesse, ou seja, não são feitos de forma aleatória. Para tal irão analisar -
se a existência de diferenças, nas estratégias visuais utilizadas entre rapazes e
raparigas jovens com visão binocular normal durante a realização de um percurso,
com 4,55m de comprimento e 3,15m de largura, dividido em 117 células, com 12
obstáculos (pinos) dispostos de forma a que os indivíduos não pudessem evitar
contornar pelo menos um dos obstáculos para atingir a meta estabelecida. Existiam 14
opções prováveis de trajectos entre o ponto de partida e a meta, podendo o
executante efectuar qualquer uma.
Através da comparação, realizada entre os indivíduos pertencentes aos dois
grupos em estudo, pretende-se analisar as suas estratégias visuais através da fixação
e do seguimento ocular de modo a compreender “as escolhas”, quando são analisadas
diferentes partes e tipos do percurso.
Em síntese, com este estudo procura-se identificar a relação entre as estratégias
visuais (fixação e seguimento) e o trajecto escolhido, para chegar a uma meta
estabelecida, quando se caminha num percurso com obstáculos.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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3. Fundamentação Teórica
A pesquisa visual é uma das acções mais comuns no nosso dia-a-dia e tem sido
amplamente investigada à mais de 30 anos em estudos laboratoriais (Wolfe, 2001).
É uma tarefa comum mas bastante importante, pois desempenha um papel
significativo na evolução de uma espécie. Por exemplo, tarefas de pesquisa visual, tais
como localização de presas e detecção de predadores são importantes para a
sobrevivência dos animais.
Na sociedade actual para os seres humanos, procurar um amigo num conjunto de
pessoas desconhecidas ou procurar um lugar para estacionar o carro, são dois
exemplos de pesquisa visual.
De uma maneira geral para analisar o processo de pesquisa visual é proposto ao
sujeito que procure um estímulo alvo no meio de estímulos distractores, sendo que o
tempo de reacção é a medida de eficiência mais utilizada para avaliar a prestação do
sujeito. Quanto menor o tempo necessário para encontrar o alvo, mais eficiente é a
pesquisa visual (Covre et al., 2007).
Para que uma pesquisa visual seja eficiente, ela depende tanto das caract erísticas
do estímulo alvo como dos distractores (Treisman e Gelade, 1980). Desta forma, uma
pesquisa visual poderá ser eficiente se uma única característica básica, como a cor ou
o tamanho, diferenciar o alvo dos distractores e, ainda mais eficiente se os distractores
forem homogéneos (Covre et al., 2007). Espera-se então, que neste estudo a parte de
pesquisa visual do alvo/meta seja eficiente, pois o alvo distingue -se dos distractores
apenas pela cor e os distractores são todos da mesma cor e da mesma forma, ou seja,
homogéneos.
Ainda em relação à pesquisa visual, importa referir uma teoria. Trata-se da Teoria
de Integração de Características (FIT – Feature Integration Theory). Esta teoria foi
introduzida por Treisman e Gelade em 1980 (Neves, s.d) e ela explica os diferentes
tempos de resposta para as tarefas de pesquisa visual de uma ou várias
características de um objecto.
Esta teoria sugere que as características visuais como a cor e a forma são
registadas desde o início, automaticamente, e são codificadas em paralelo em todo o
campo visual, sem utilização da atenção (Neves, s.d). Assim, o processamento visual
basta para a integração de duas características, a cor e a forma.
Como neste estudo os objectos que são analisados possuem a mesma forma (são
todos pinos) e só a cor é que diverge (pinos amarelos e um pino vermelho), basta
analisar o processamento visual que é feito para a identificação do alvo/meta, e de
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forma mais específica quais as estratégias visuais utilizadas, quando os indivíduos têm
de caminhar num percurso com pinos amarelos e chegar a um pino vermelho. Neste
estudo em concreto, além dos indivíduos necessitarem de fazer uma pesquisa visual,
na medida em que precisam de localizar a meta à qual terão de chegar, eles também
necessitam de se deslocar até essa meta ou alvo, sendo que terão obstáculos no seu
percurso, que funcionam como distractores. Assim, será útil analisar quais as
estratégias visuais que os indivíduos usam para identificar o alvo e para chegar até
ele.
Para começar por perceber como se analisam as estratégias visuais de um
indivíduo e como funciona a pesquisa visual que pode ser feita, é importante ter um
conhecimento básico acerca do olho. Assim, segue-se uma breve descrição do olho,
bem como dos processos visuais.
3.1. Sistema Visual Humano
São os dois olhos, os órgãos sensoriais que iniciam o sistema visual humano. Eles
são as nossas janelas para o mundo. Através do trabalho conjunto dos olhos e do
cérebro, apercebemo-nos do mundo à nossa volta (Fraga, 1987).
O olho é constituído por várias zonas, como mostra a imagem 1. A parte mais
interna do olho, a retina, é a camada nervosa onde se localizam as células receptoras
que têm a função de transdução, ou seja, transformam as ondas luminosas em influxo
nervoso (Correia et al., 2003).
Imagem 1 - Constituintes do olho humano.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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A retina é uma estrutura neuro-vascular extremamente complexa, composta por
duas zonas distintas, a fóvea e a região periférica, dando lugar a dois tipos diferentes
e complementares de tratamento da informação. O componente nervoso é constituído
por células sensíveis à luz, os fotorreceptores, e por um conjunto de células nervosas
que formam uma rede neuronal que a luz atravessa até chegar aos fotorreceptores.
Existem dois tipos de fotorreceptores, os cones e os bastonetes cuja disposição e
respectiva distribuição espacial pela retina não é uniforme. Assim, na zona da fóvea
encontram-se um grande número de cones e poucos bastonetes, enquanto que na
região periférica se passa o fenómeno inverso. A fóvea, que é a parte central, onde
existe mais cones, destina-se à distinção de detalhes finos e à visão cromática,
possibilitando a leitura e a escrita, o reconhecimento de rostos, a perseguição visual,
em suma, uma visão mais ligada à atenção, onde existe maior acuidade visual. Por
outro lado, a região mais periférica, onde se encontram em maior número os
bastonetes, permite a localização de objectos, a apreciação global do espaço e a
percepção do movimento (Neves, 2006).
Após a fototransdução realizada ao nível dos fotoreceptores, isto é da
transformação da luz, o sinal sofre um pré- tratamento no plano interno da retina,
sendo posteriormente enviado, através do nervo óptico, para o quiasma óptico. Aqui
as metades externas de cada nervo cruzam para o lado oposto, unindo-se à metade
externa do nervo que, proveniente do outro olho, não sofre cruzamento. Devido ao
quiasma óptico, cada hemisfério cerebral recebe informação de ambos os olhos,
ocorrendo o processamento da imagem ao nível das áreas corticais (Correia et al.,
2003).
Resumidamente podemos dizer que o olho é um receptor de informação, que o
nervo óptico transmite e que o cérebro sintetiza, analisa, integra, consciencializa e
interpreta, tendo como base todas as experiências anteriormente vividas e
armazenadas (Martins, 1977).
Depois de descrito de forma resumida todo o processo visual, é possível verificar
que a única informação que a retina nos proporciona de forma directa, é se estamos
ou não a receber estimulação luminosa.
O sistema visual tem então a função de converter a informação bidimensional
captada pela retina, numa complexa interpretação tridimensional do mundo. A
localização de um objecto no espaço necessita de dois tipos de informação: sua
direcção e a sua distância relativamente a nós, observadores. Então, a direcção visual,
não será mais do que uma localização bidimensional do objecto, tendo em conta
apenas a sua posição horizontal e vertical, independentemente da distância a que se
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encontra (Steinman et al., 2000). A distância define a terceira dimensão e é relativa ao
espaço físico que separa o objecto do observador. A percepção da distância está
dependente do processamento da direcção visual, estando também relacionada com a
percepção do tamanho do objecto. Então, para nos orientarmos em relação a um
objecto no espaço, necessitamos à partida de saber qual a direcção da luz que o
objecto reflecte e ainda de determinar a direccionalidade prévia da luz. O sistema
visual utiliza a direccionalidade da luz para juntamente com outras informações
sensoriais, construir a interpretação tridimensional do objecto (Steinman et al., 2000).
A visão está normalmente ligada à acção e desempenha um papel essencial na
locomoção (Marigold, 2008). Detalhes sobre o esboço do ambiente, identificação e
análise de características dos objectos e das superfícies e informação sobre o auto -
movimento são capturadas e processadas pelo sistema visual.
Um aspecto particular do sistema visual humano, que é crítico para seu sucesso
como um observador eficiente é a sua natureza activa do olhar (Bovik et al., 2004). A
natureza activa do olhar, diz respeito à capacidade que os olhos possuem devido aos
movimentos que podem fazer, assim um indivíduo pode olhar para longe para
perceber os obstáculos futuros e identificar os perigos em potencial e em pouco
tempo, mudar o olhar para apenas um metro ou dois antes e concentrar-se, por
exemplo, sobre a maneira de fazer uma curva apertada com uma manobra de alta
precisão (Wann e Wilkie, 2003).
A visão é o que nos fornece uma informação mais detalhada e precisa, não só
relativamente à nossa posição no espaço físico, mas também relativamente à posição
dos outros objectos em relação a nós e ao ambiente (Pereira, 1993). Assim, a
informação visual exteroceptiva (informações sobre o ambiente) pode ser usada para
planear o caminho em direcção a uma meta, sendo usada de modo feedforward
(antecipatório) e é importante, pois os padrões de locomoção podem ser modificados
antes do equilíbrio ser prejudicado por superfícies perigosas ou pa ra garantir que os
obstáculos sejam evitados (Marigold et. al, 2007 in Marigold, 2008). Enquanto a
informação de entrada visual proprioceptiva (informações sobre o movimento de todo
o corpo e movimentos dos membros) é usada de forma on-line para afinar a trajectória
de mudança dos membros (Patla, 1997).
Jiménez (1997 in Dias (2006) realça o papel da visão ao referir a existência de
uma relação entre visão e movimento e por sua vez entre movimento e visão. A
presença de uma correcta coordenação entre visão e movimento permite uma maior
rapidez no desenvolvimento motor e sensoriomotor, assim como uma maior
consistência desse desenvolvimento.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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3.1.1. Visão Foveal e Visão Periférica
Como já foi referido a capacidade de discriminar pormenores diminui claramente,
da visão foveal para a visão extra-foveal (periférica), no entanto essa acuidade visual é
considerada suficiente para adquirir algumas informações acerca da identidade dos
objectos que fazem parte da cena analisada (Thorpe, Gegenfurtner, Fabre -Thorpe, e
Bulthoff, 2001 in Avidan et al., 2009).
Citando Avidan et al. (2009), estudos de vários autores (Henderson e Anes, 1994;
Henderson, Pollatsek, e Rayner, 1987; Pollatsek, Rayner, e Collins, 1984; Pollatsek,
Ribeiro e Henderson, 1990) encontraram evidências de que o reconhecimento prévio
periférico do objecto era benéfico. Estes autores referem que a extracção de
informação periférica, enquanto o indivíduo olha livremente para uma cena, é bastante
mais limitada, pois os recursos atencionais são dirigidos para outras tarefas, tais como
a visão foveal e a selecção de um alvo, mas que a latência para nomeação de um
certo objecto apresentado no centro do ecrã é mais curta, quando existe uma
apresentação periférica prévia a uma apresentação central (foveal).
Segundo Avidan et al. (2009), um estudo de Taler et al. (2005) mostrou que a
identidade do objecto (excluindo a forma, a cor ou a posição) pode ser lembrada,
mesmo sem fixação directa. No entanto, no estudo realizado por Avidan et al. (2009)
verificou-se que alguns aspectos básicos da identidade do objecto (inclusive a forma
básica e a cor) podem ser obtidos através da visão periférica. Estas diferenças surgem
pois o estudo de Taler et al. (2005) referia que os indivíduos só nomeavam a posição
dos objectos ao acaso, mas no estudo de Avidan et al. (2009), a componente “acaso”
foi medida com uma maior sensibilidade, permitindo concluir que o reconhecimento da
posição e da cor do objecto não era feita ao acaso.
Assim, de uma maneira geral as informações que podem ser extraídas de uma
cena (como a noção geral da identidade dos objectos e da sua localização) é captada
através da visão periférica. Num processo de pesquisa visual, em ambientes naturais,
esta informação periférica é utilizada para guiar os nossos olhos para um objecto alvo,
de forma a obtermos informações mais detalhadas, como por exemplo a orientação
específica do objecto, capacidade que já exige a fixação directa do objecto.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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3.2. Movimentos Oculares
Segundo a informação acerca do processo visual que foi descrita anteriormente,
percebe-se que para o indivíduo poder analisar o percurso do presente estudo, de
forma a alcançar a meta, terá que realizar movimentos oculares, visto que o olho é um
órgão, onde só uma pequena parte, a fóvea permite uma análise detalhada daquilo
que nos rodeia.
Deste modo, a fim de criar uma representação detalhada de uma cena a partir do
olho, (uma entrada de informação de resolução variável), o sistema visual humano
utiliza um processo dinâmico de pesquisa activa do ambiente visual usan do um
conjunto de movimentos oculares (Bovik et al., 2004).
Os movimentos oculares são essenciais para a recolha de informações úteis do
mundo, informação que alimenta directamente o controle das acções (Land e Hayhoe,
2001 in Wann e Wilkie, 2003).
Sem movimentos oculares é muito difícil dirigir de imediato a informação mais útil e
interessante para a parte mais sensível do olho, a fóvea. Quase todos os animais com
boa visão podem mover os seus olhos, e na maioria dos casos, a mobilidade do olhar
é uma característica essencial de aquisição de dados visuais. É impossível para os
seres humanos manterem o olhar fixo na direcção do percurso sem o uso de um alvo
estacionário visual, ou paralisar os músculos extra-oculares dos olhos (Wann e Wilkie,
2003).
O sistema oculomotor, com recurso aos movimentos oculares, é fundamental na
determinação do campo de fixação, que é definido como o campo delimitado pelas
posições extremas dos eixos visuais até que os olhos deixem de fixar o objecto e a
cabeça permaneça imóvel, assim como na manutenção da fixação do objecto de
atenção visual na fóvea (Hugonnier e Hugonnier, 1981 in Dias, 2006).
Os movimentos oculares, como acções mecânicas que são, estão sujeitas às leis
gerais da cinética. Têm por objectivo a movimentação do globo ocular nas diferentes
direcções, o que permite a captação das imagens do mundo que nos rodeia, com a
máxima qualidade possível, de forma a poder ser percebida e analisada pelas
estruturas corticais, contribuindo para a resposta motora. São vários os movimentos
oculares, que, desta forma, permitem melhorar a qualidade das imagens captadas
pelo olho, de acordo com a informação dos músculos oculomotores e estruturas
inervacionais adjacentes (Oliveira, 2007).
Os movimentos dos olhos são provocados pela contracção de seis músculos
oculares externos que se encontram ligados ao globo ocular e que permitem o seu
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deslocamento com três tipos de graus de liberdade: vertical; horizontal e em torção,
possibilitando, deste modo, alinhar o objecto em observação com o centro do campo
visual, ou seja, com a fóvea e mantê-la nessa posição. Estes músculos permitem
executar dois movimentos básicos, rápido e lento (Raff et al., 2004). Estes músculos
permitem ainda movimentos de tipo voluntário, envolvendo a intencionalidade do
sujeito e a procura do objecto a visionar, ou de tipo involuntário, quando mantemos o
olhar sobre o objecto automaticamente (Vills, 2009).
Imagem 2 - Músculos dos olhos.
No entanto existe ainda uma outra classificação dos movimentos oculares, ela
é feita por Godaux e Cheron (1989). Estes autores apresentam uma classificação
bastante mais pormenorizada dos movimentos oculares, dividindo-os em voluntários e
de estabilização do olhar.
Movimentos Oculares Voluntários:
Desde que o corpo, e em particular a cabeça, permaneça imóvel, o olhar pode dirigir -
se para os diferentes objectos à nossa volta utilizando quatro tipos de movimentos
oculares: os movimentos de manutenção do olhar, os movimentos sacádicos, os
movimentos de perseguição e os movimentos de vergência.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Movimentos de manutenção da posição - Sempre que olhamos para um
determinado objecto é necessário que o olhar permaneça fixo sobre este, isso deve -se
aos movimentos de manutenção da posição (Godaux e Cheron, 1989).
As fixações são os movimentos dos olhos que estabilizam a retina ao longo de um
objecto estacionário de interesse. Parece intuitivo que as fixações devem ser geradas
pelo mesmo circuito neuronal que controla os movimentos de perseguição (explicado
mais à frente), sendo a fixação um caso especial de um alvo em movimento a
velocidade zero. Mas segundo Leigh e Zee (1991) esta intuição está provavelmente
incorrecta, pois as fixações são caracterizadas por movimentos oculares em miniatura:
tremor e microsacadas. As microsacadas podem ser enquadrados dentro deste tipo de
movimentos, embora sejam caracterizadas de natureza involuntária, Spielmann (1991
in Dias, 2006). São duas as funções atribuídas a estes micromovimentos. A primeira, é
a de impedir a neutralização da imagem fixada, uma vez que, se estabilizarmos,
através de sistemas ópticos complexos, as imagens que caem sobre a retina, elas
deixam de ser percebidas. A segunda é a de corrigirem a instabilidade do sistema
oculomotor e os movimentos mínimos e constantes da cabeça, induzidos pela
respiração ou pelos batimentos cardíacos. Esta é uma consequência um pouco contra-
intuitiva da organização do sistema visual de uma única célula sensível ao movimento.
São feitas microsacadas devido à sensibilidade ao movimento da fisiologia do sistema
visual de uma única célula. As microsaccades são sinais dos movimentos oculares
que são mais ou menos aleatórios variando espacialmente mais de 1 ou 2 minutos de
arco de amplitude. O facto contra-intuituvo sobre as fixações é que se uma imagem é
artificialmente estabilizada na retina, a visão desaparece durante um segundo
aproximadamente e a cena fica em branco.
Os movimentos dos olhos em miniatura que efectivamente caracterizam as fixações
podem ser considerados ruídos presentes no sistema de controlo tentando manter o
olhar firme. Este ruído aparece como uma flutuação aleatória sobre a zona de fixação,
geralmente, não superior a 5 º de ângulo visual (Carpenter, 1977).
Uma medida estatística relevante das fixações inclui a sua gama de duração de
150ms para 600ms, e a observação de que 90% do tempo de visualização é dedicado
às fixações (Irwin, 1992).
Sacadas - São movimentos oculares muito rápidos, destinados a colocar na
fóvea a informação de um alvo visual, quer por este ter surgido na periferia retiniana,
quer para pura e simplesmente podermos passar de um ponto de interesse para outro,
uma vez que, a fóvea é a zona da retina com melhor acuidade visual, responsável
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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portanto, pela visão de pormenor. Nestes movimentos os dois olhos movem-se
paralelamente na mesma direcção, ou seja, são movimentos conjugados a que se dá
o nome de versões. Podendo ser verticais, horizontais ou oblíquos (Godaux e Cheron,
1989). Sacada é o que, por exemplo, o leitor usa, enquanto lê um texto, de slocando o
ponto da fóvea em cada palavra numa frase. A visão é pobre durante sacadas e para
minimizar este problema, as sacadas são muito rápidas, até 500 graus por segundo
(Vills, 2009).
Os movimentos sacádicos são voluntários e reflexos. Podem ser executados de
forma voluntária ou podem ser invocados como uma medida correctiva optocinética ou
vestibular. As sacadas variam numa duração de 10ms a 100ms, o que é um período
suficientemente curto para tornar o observador efectivamente cego durante a transição
(Shebilske in Fisher et al., 1981). Existe algum debate sobre o sistema neuronal
subjacente à condução de sacadas. Por um lado, as sacadas foram consideradas
movimentos balísticos e estereotipados. O termo estereotipado refere-se à observação
de que os padrões de movimento podem ser evocados várias vezes. O termo balístico
refere-se à presunção de que o destino das sacadas é pré-programado. Isto é, uma
vez que o movimento sacádico foi calculado para o próximo local de fixação desejado,
a sacada não pode ser alterada. Uma das razões por trás dessa presunção é que,
durante a execução dos movimentos sacádicos, não há tempo suficiente para ocorrer
um feedback visual para orientar o olhar para a sua posição final (Carpenter, 1977).
Por outro lado, um sistema de feedback sacádico é plausível se for admitido que, em
vez de feedback visual, uma cópia interna da cabeça, olhos e posição do alvo é usada
para guiar os olhos durante a sacada (Laurutis e Robinson, 1986; Fucks, Kaneko e
Scudder, 1985 in Duchowski, 2003).
Perseguição - São movimentos oculares lentos que procuram manter na fóvea a
imagem de um alvo que se desloca sobre um fundo fixo (Godaux & Cheron, 1989).
Quando um objecto se move e a imagem desse objecto permanece na fóvea, quer
dizer que ocorreu o movimento de perseguição (Vills, 2009). Dependendo da
amplitude de movimento do alvo, os olhos são capazes de igualar a velocidade do alvo
em movimento. Os movimentos de perseguição são um exemplo de um sistema de
controlo através da construção de feedback negativo (Carpenter, 1977). O sistema
funciona melhor para pequenas velocidades e baixas frequências. Quando a
velocidade do alvo aumenta, a perseguição é interrompida por sacadas correctoras
que trazem o alvo para a fóvea (Godaux & Cheron, 1989).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Vergência - Contrariamente ao que acontece, nos três movimentos referidos
anteriormente, em que os eixos dos dois olhos estão paralelos, nos movimentos de
vergência os eixos dos dois olhos abandonam o seu paralelismo e cruzam-se ao nível
do objecto fixado (Godaux & Cheron, 1989). Se olharmos de um objecto distante para
um objecto que está perto são gerados os movimentos de vergência, que se dividem
em movimentos de convergência e de divergência. Os movimentos de convergência
surgem quando olhamos de longe para perto e os de divergência quando olhamos de
perto para longe (Vills, 2009).
Movimentos de Estabilização do olhar
O olho está colocado sobre uma “plataforma móvel”, a cabeça. Para contrabalançar o
efeito dos movimentos da cabeça que provocariam uma perda de nitidez da imagem
na retina, existem dois sistemas de estabilização do olhar ligados aos movimentos da
cabeça. Estes sistemas são: o reflexo vestíbulo-oculomotor e a resposta optocinética
(Godaux e Cheron, 1989).
Reflexo vestíbulo-ocular (VOR) ou Nistagmus - Se movermos a nossa
cabeça enquanto olhamos para uma imagem fixa, é provocado um movimento do olho
muito semelhante à perseguição, mas agora esta imagem permanece em toda a retina
e não apenas na fóvea. Contudo, a respeito deste facto, da aparência semelh ante dos
movimentos, este novo movimento é gerada por um circuito neural diferente, o reflexo
vestíbulo-ocular (Vills, 2009). Quando ocorrem movimentos de rotação da cabeça
prolongados num determinado sentido, os movimentos oculares resultantes
apresentam fases lentas, correspondentes à activação do reflexo vestíbulo-
oculomotor, alternando com fases rápidas que mantêm os olhos na direcção oposta à
das fases lentas (Godaux e Cheron, 1989). O componente de perseguição lenta do
nistagmus optocinético aparece na fase lenta do sinal (Robinson, 1968). É necessário
referir que é muito mais fácil ler quando mexemos a cabeça e a folha fica estática do
que quando a folha é agitada, isto porque o sistema VOR responde de forma mais
rápida do que o sistema de perseguição (Vills, 2009).
O nistagmus vestibular é um tipo similar de movimentos oculares para compensar
o movimento da cabeça. O tempo de nistagmus vestibular é virtualmente indistinguível
de seu homólogo optocinético (Carpenter, 1977).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Resposta optocinética (OKR) - Como já foi referido o sistema VOR não
funciona de forma lenta, neste caso da visão, o sistema VOR é auxiliado através da
resposta optocinética (OKR). O papel funcional do reflexo optocinético não é evidente
à primeira vista. Raras são as circunstâncias onde toda a paisagem se desloca
enquanto a nossa cabeça permanece imóvel. No entanto, quando perante uma
paisagem imóvel viramos a cabeça e consequentemente viramos os olhos para o lado
esquerdo, a retina percebe um movimento da paisagem para o lado direito. Este
estímulo desencadeia um reflexo optocinético, que tende a manter o olhar para o lado
direito, ou seja, vai também estabilizar a direcção do olhar independentemente do
movimento da cabeça (Godaux e Cheron, 1989). O sistema OKR é activado quando a
imagem do mundo desliza sobre uma grande parte da retina e produz um sentimento
de auto movimento (Vills, 2009).
De entre estes movimentos descritos acima, o presente estudo apenas vai analisar
os movimentos de manutenção da posição, ou seja, os períodos de tempo em que o
indivíduo permanece a fixar determinado objecto.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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3.3. Comportamento dos movimentos oculares durante a
visualização de uma cena
O comportamento dos movimentos oculares durante a visualização de uma cena
pode ser dividido em duas fases temporais relativamente discretas, as fixações, ou
períodos de tempo em que a observação de determinado ponto é relativamente
estável e as sacadas, ou períodos de tempo em que os olhos estão a girar de forma
rápida para reorientar o ponto que se pretende fixar de uma certa posição espacial
para outra (Henderson e Hollingworth, 1998). O padrão de informação útil é adquirido
durante as fixações, com um pequeno padrão de informação que também é útil obtido
durante as sacadas (Martin, 1974 in Henderson e Hollingworth, 1998).
Durante as fixações, a informação adquirida cai rápida e continuamente no centro
do ponto de fixação, e devido às propriedades ópticas do olho e às estruturas neurais
da retina (referidas acima) e do córtex visual, esta informação visual adquirida tem
uma maior qualidade.
Duas questões importantes para perceber o comportamento dos movimentos
oculares durante a visualização de uma cena são onde é que a fixação tende a ser e
quanto tempo a fixação tende a permanecer centrada num determinado local na cena.
De acordo com Henderson e Hollingworth (1998), há pelo menos três razões
importantes para entender os movimentos dos olhos na visualização da cena.
Primeiro, os movimentos oculares são fundamentais para a aquisição eficiente e
oportuna da informação visual durante tarefas visuo-cognitivas complexas. A maioria
do conhecimento sobre o controlo dos movimentos oculares em tarefas visuo -
cognitivas advém dos estudos em leitura, mas para se alcançar um teoria completa
acerca dos movimentos oculares é necessário generalizar os estudos a tarefas
ecológicas, como visualização (Hendreson, 1996 in Hendreson e Hollingworth, 1998).
Em segundo lugar, a forma como se adquire, representa e armazena informações
sobre o ambiente também é ponto importante nos estudos da percepção e da
cognição. Nos estudos tradicionais de percepção de cenas tem sido estudada a
performance em tarefas em que se usa uma imagem estática ou que é apresentada
durante um breve tempo. Contundo a visão é um processo dinâmico em que a s
representações são construídas ao longo do tempo a partir das múltiplas fixações dos
olhos. O estudo dos padrões dos movimentos oculares durante a visualização de uma
cena contribui para a compreensão de como a informação do ambiente visual é
dinamicamente adquirida e representada.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Em terceiro lugar, são importantes os estudos dos movimentos oculares, porque
os dados que retiramos destes movimentos são medidas do processamento de
informação visual e cognitiva que se obtêm de forma simples e não obtrusiva.
Rayner (1998) relata experiências com apresentações de gravações dos
movimentos dos olhos que levaram à conclusão de que os participantes retiravam o
sentido da cena bastante cedo, no processo de olhar, às vezes mesmo a partir de uma
única exposição breve. Assim, tem sido defendida que a noção geral da cena é
captada nas primeiras fixações, e as restantes fixações na cena são usadas para
analisar os detalhes. Rayner reviu diversas conclusões que apoiam a afirmação de
que aspectos temporais da percepção da cena podem ser obtidos a partir da análise
dos movimentos oculares.
Loftus (1981 in Duchowski, 2003) apresentou resultados de um estudo com uma
máscara taquistoscópica que sugere um modelo de codificação de imagem, que
incorpora as seguintes proposições: (1) uma fixação normal numa imagem é
projectada para codificar alguma característica da imagem; (2) a duração da fixação é
determinada pela quantidade de tempo necessário para realizar a codificação da
característica pretendida; e (3) quanto mais características são codificados a partir da
imagem, melhor será o reconhecimento da imagem através da memória. As
experiências de Loftus sugerem que, dentro de uma fixação, o processamento de
informação visual cessa bastante cedo, ou seja, a informação adquirida atinge um pico
logo após o início da uma fixação.
A fixação do olhar tem uma propriedade muito evidente, que é deslocar o olhar
para num novo ponto de interesse, na imagem. O problema identificado com
exposições taquistoscópicas, que foram feitos para simular fixações para novos
lugares, é que não há nenhuma garantia de que novos lugares na imagem são
fixados, é perfeitamente possível que os indivíduos estejam simplesmente a segurar
firmemente os seus olhos por todos os flashes taquistoscópicos. De uma experiência
de varrimento do olhar, Loftus usa o argumento de que dados mais lugares para olhar
na imagem, mais informações podem ser adquiridas a partir da imagem.
Rayner e Pollatsek (1992) admitem que a maior parte da informação global sobre
o fundo de cena ou cenário é extraída durante a fixação inicial. Algumas informações
sobre objectos ou detalhes de toda a cena podem ser extraídas apenas com o olhar.
No entanto, se um objecto é importante, é geralmente fixado. Rayner e Pollatsek
indicam que a identificação foveal é auxiliada significativamente pelas informações
extraídas perifericamente e concluem que é necessário estudar os movimentos
oculares para conseguir uma plena compreensão da percepção da cena. Segundo
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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estes autores se a questão de interesse é como as pessoas processam as cenas no
mundo real, a compreensão dos padrões dos movimentos oculares é uma parte
importante da resposta.
Henderson e Hollingworth (1998) indicam que as posições das fixações dentro de
uma cena não são aleatórias, com agrupamento de fixações em regiões informativas
da cena. No entanto, o efeito específico de informatividade semântica, além da
informação visual sobre a posição de fixação, é menos claro. Eles sugerem várias
métricas para a avaliação da informatividade relativa das regiões da cena. Numa
análise a nível macro, o tempo total que uma região é fixada durante a visualização da
cena (a soma das durações de todas as fixações numa região) é correlacionada com o
número de fixações nessa região. Numa análise ao nível micro, várias medidas
geralmente utilizadas incluem a duração de tempo da primeira fixação (a duração da
fixação inicial de uma região), a duração de tempo do primeiro lugar onde se passou o
olhar, a duração de tempo do segundo lugar onde se passou o olhar duração.
Geralmente, a duração da primeira passagem do olhar são mais longas para objectos
semanticamente informativos. Ou seja, o contexto da cena tem efeito sobre os
movimentos dos olhos: duração da fixação num objecto que pertence à cena é menos
do que a duração média das fixações num objecto que não pertence (Rayner, 1998).
No entanto, não é claro se as maiores fixações em objectos fora da cena reflectem um
maior tempo para identificar e integrar os objectos numa representação global da cena
(o que também pode ser o reflexo do absurdo que o objecto que está fora da cena
representa).
Recentemente, Greene e Rayner (2001 in Duchowski, 2003) demonstraram que a
familiaridade com os distractores em torno de um alvo desconhecido facilita a busca
visual. O tempo de fixação nos distractores é mais longo, mas é feito menos tempo de
fixação quando os distractores são familiares.
Henderson (1992) apresenta duas críticas ao paradigma dos movimentos dos
olhos. Primeiro, é provável que as medidas globais do tempo de fixação, do tempo
total gasto a fixar um certo objecto durante a visualização da cena, e a duração do
olhar num objecto reflectem processos de pós-identificação. Assim, é provável que a
duração do olhar no processamento da cena reflicta outros processos além da
identificação do objecto.
Henderson (1992) sugere que a medida da fixação preferida é a primeira duração
de fixação, ou a duração do tempo do desembarque inicial dos olhos num objecto até
que os olhos se desloquem para outro local, incluindo outro local no mesmo objecto.
Em segundo lugar, a premissa básica do paradigma dos movimentos oculares é que
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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os resultados reflectem que ocorrem normalmente processos visuo-cognitivos porque
os indivíduos podem ver as cenas de uma forma natural. No entanto, ao contrário da
leitura, onde a tarefa global é indiscutivelmente transparente, devem ser dadas
orientações da tarefa aos sujeitos, quando visualizam uma cena. A visualização do
comportamento e dos padrões dos movimentos oculares muda em função da tarefa de
visualização dada ao sujeito (Yarbus, 1967).
3.4. Atenção Visual e os Movimentos Oculares
Inspirado em Johnston e Dark (1986), Van Der Laar et al. (1997 in Neves, s.d)
define atenção como o processamento diferencial de fontes simultâneas de
informações. Essas fontes podem ser tanto internas (memória e conhecimento) como
externas (objecto e eventos do ambiente). Assim, Atenção Visual pode ser vista como
uma “cola” que liga essas informações e integra características inicialmente
separáveis em objectos unitários. Sem ela as características não podem ser
relacionadas umas com as outras Treisman (1986).
A atenção pressupõe várias funções, sendo necessário considerar que a atenção
está envolvida na nossa interacção com o meio ambiente (Tipper & Weaver, 1998).
Na segunda metade do século 19, Von Helmholtz (1925 in Duchowski, 2003)
postulou a atenção visual como um mecanismo essencial da percepção visual. Ele
observa que, "deixamos os nossos olhos vaguear continuamente ao longo do campo
visual, porque essa é a única maneira que conseguimos ver claramente todos os
componentes do campo". A atenção está preocupada com uma pequena região do
espaço, Von Helmholtz observou que a atenção visual tem uma tendência natural para
desviar o olhar para coisas novas. Ele também observou que a atenção pode ser
controlada por um esforço consciente e voluntário, permitindo desviar a atenção para
os objectos periféricos sem fazer movimentos oculares para diferentes locais, ou para
o "onde" da atenção visual. Em suma, embora a atenção visual possa ser
conscientemente dirigida para objectos periféricos, os movimentos oculares são prova
da atenção visual evidente.
Em contraste com as ideias de Von Helmholtz, James (1981 in Duchowski, 2003)
acreditava que a atenção era um mecanismo mais internamente encoberto
semelhante à imaginação, à antecipação ou em geral ao pensamento. James definiu a
atenção, principalmente em termos de "o quê", ou a identidade ou o significado
associadas com o foco de atenção. James favoreceu os aspectos activos e voluntários
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 19
da atenção, embora ele também reconhecesse as suas qualidades passivas,
reflexivas e não-voluntárias.
Ambas as visões de atenção, que não são mutuamente exclusivas, suportaram
significativamente os conceitos contemporâneos de atenção visual. O "o quê" e o
"onde" da atenção correspondem aproximadamente à visão foveal (James) e à visão
parafoveal (Von Helmholtz), respectivamente. Esse ponto de vista dicotómico da visão
é particularmente relevante para quando se trata do estímulo ser uma imagem,
podem-se considerar certas regiões da imagem que irão atrair a atenção. Estas
regiões podem ser percebidas inicialmente pela visão parafoveal, no sentido de
solicitar uma nova inspecção mais detalhada através da visão foveal. Nesse sentido,
características da imagem localizadas perifericamente podem conduzir a atenção em
termos de para "onde" será o próximo olhar, para ser possível identificar "que”
detalhes estão presentes nesses locais. A dupla "o quê" e "onde", é uma metáfora da
característica de condução da visão útil para a atenção visual, e forma a base para a
criação de modelos computacionais de atenção visual, que normalmente simulam
chamadas de baixo nível, ou características visuais de bottom-up. No entanto, este
ponto de vista da atenção é um pouco simplista. Deve sublinhar-se que um modelo
completo de atenção visual envolve alto nível de funções visuais e cognitivas. Ou seja,
a atenção visual não pode ser explicada simplesmente pela consideração exclusiva de
recursos visuais. Existem factores de maior nível intencional envolvidos (Duchowski,
2003).
Na década de 1940 Gibson (1941 in Duchowski, 2003) propôs um terceiro factor
de atenção visual centrado na intenção. A proposição de Gibson é tratada com uma
preparação avançada do observador de saber se deve reagir e em caso afirmativo,
como reagir e com que classe de respostas. Esta componente da atenção explicou a
habilidade de variar a intenção de reagir, mantendo o objecto fixado, e, inversamente,
a habilidade de variar o objecto estímulo, mantendo fixa a intenção de reag ir. A
natureza reactiva da variante de atenção de Gibson especifica o "o que fazer", ou
"como" é o comportamento de reagir com base nas atitudes do observador. Esta
variante da atenção visual é particularmente relevante para o planeamento de
experiências. Por um lado é importante considerar a expectativa perceptual do
espectador face ao estímulo, e como (possivelmente) é influenciada pelas instruções
do examinador.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Considerando a atenção visual em termos de “o quê” e “onde”, é de esperar que os
movimentos oculares trabalhem de forma a suportarem a hipótese de que a visão se
comporta como um processo cíclico, constituído pelas seguintes etapas (Duchowski,
2003):
1) Na presença de um estímulo, como por exemplo uma fotografia, é em primeiro
lugar observada toda ao mesmo tempo através da visão global e com uma
baixa resolução. Nesta altura, certos pormenores interessantes da fotografia
podem sobressair no campo de visão, no sentido de ligar ou direccionar a
atenção para a sua localização de modo a ser efectuada uma inspecção mais
detalhada das mesmas.
2) A atenção está assim desligada da zona foveal e os olhos são rapidamente
reposicionados para o primeiro pormenor que despertou a atenção.
3) Tendo os olhos terminado o seu movimento intencional, a fóvea está dirigida
para o pormenor de interesse, e a atenção está ligada de modo a perceber as
diferentes características através de uma inspecção de alta resolução.
As etapas referidas anteriormente constituem um dos modelos ou conceitos da
atenção visual. Se este modelo estiver correcto, é de esperar encontrar regiões
cerebrais cuja função corresponde a mecanismos da atenção. Este modelo é correcto
no sentido em que se pode considerar um componente natural da visão humana. De
facto, para Duchowski (2003), este modelo constitui uma base sólida para os modelos
computorizados de pesquisa visual. No entanto é também um modelo incompleto no
ponto de vista da atenção visual.
Por exemplo, o modelo bottom-up de atenção visual não permite perceber o
porque da necessidade dos movimentos oculares voluntários, se os estímulos visuais
são os únicos a atrair a atenção. A resposta a esta questão torna -se clara se se tiver
em conta uma visão mais completa da atenção de nível superior envolvendo funções
cognitivas. Ou seja, a teoria completa da atenção visual também deve envolver os
processos cognitivos que descrevem a intenção voluntária dos indivíduos dirigirem a
atenção para alguma coisa, por exemplo, para uma parte específica da cena. Segundo
os trabalhos de Yarbus (1967), os indivíduos olham para uma mesma imagem de
forma diferente, porque eles olham para essa imagem com base naquilo que
pretendem procurar.
Este modelo também não permite perceber a interacção entre os movimentos
oculares e a focalização da atenção. A atenção é composta por funções de baixo nível
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 21
e funções de alto nível (de forma geral, atenção voluntária e involuntária,
respectivamente), tal como Posner et al., (1980 in Duchowski, 2003) observaram, os
seres humanos podem dissociar voluntariamente a atenção da direcção do olhar
foveal, ou seja a fóvea pode estar dirigida para um certo local no espaço, mas a
atenção estar localizada noutro local. Assim, o componente de alto nível da visão pode
ser pensado como um componente que não é facilmente detectável pela observação
externa e por isso os aparelhos usados para o rasteamento do olhar, eyetrackers, não
são capazes de dar informação suficiente sobre se a atenção do indivíduo está
focalizada no ponto para o qual ele está a olhar. Assim, em todos os trabalhos de
monitorização dos olhos, uma suposição subentendida, mas muito importante é
geralmente aceite: supõe-se que a atenção está relacionada com a direcção foveal do
olhar, mas reconhece-se que nem em todos os casos é sempre assim (Duchowski,
2003).
A atenção é então usada para reduzir a quantidade de informação a ser
manipulada por níveis cognitivos mais altos no cérebro, enquanto mantém uma alta
performance. A atenção selectiva processa apenas uma fonte de informação,
enquanto a atenção dividida processa simultaneamente mais de uma fonte de
informação (não necessariamente todas) (Neves, s.d).
Um objecto pode atrair atenção de maneira exógena ou endógena. Objectos que
diferem muito de seu ambiente, por exemplo em características tais como cor,
tamanho, continuidade ou orientação tridimensional e objectos que são de relevância
especial, tal como nome de alguém, atraem atenção exógena ou bottom-up. Na
atenção endógena ou top-down, os níveis cognitivos mais altos no cérebro influenciam
o sistema atencional a seleccionar em favor de uma particular característica ou de
uma combinação de características. Esta selecção pode basear-se apenas na
informação disponível no momento em que a decisão é tomada. Por outras palavras,
apenas a informação do objecto que é extraída pré-atentivamente pode ser usada
para mudar as preferências do sistema atencional (Neves, s.d).
Estudos psicofísicos sobre a detecção e localização de objectos dentro do
campo visual sugerem a existência de dois estágios na percepção humana Neisser
(1967 in Neves, s.d). No primeiro estágio, chamado pré-atentivo, características
simples são extraídas em paralelo realizando-se um processo de segmentação,
agrupamento perceptual e levantamento das características relevantes que serão
processadas posteriormente. A análise de objectos em partes básicas é chamada de
processamento bottom-up e no sistema visual humano apresenta a característica de
não necessitar de atenção consciente (Neves, s.d). Segundo Treisman (1987) e
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Treisman e Gelade (1980) características tais como cor, tamanho, textura, brilho,
orientação, frequência espacial, curvatura e extremidades das linhas são extraídas no
estágio pré-atentivo.
O segundo estágio, denominado atentivo ou focal, utiliza as informações de
baixo nível do estágio anterior e também informações de alto nível, tais como
conhecimento e contexto, para focalizar o processamento em localizações particulares
do campo visual a fim de realizar o reconhecimento e determinar as possíveis relações
entre os objectos. Essas relações de alto nível são chamadas de processamento top-
down, pois partem de um modelo do objecto e descem para o nível das características
(Neves, s.d).
O principal argumento para explicar a necessidade da Atenção Selectiva é em
termos da limitação de processamento do sistema visual, entretanto, como sugerido
por Allport (1989), a atenção pode ser explicada num nível mais alto do que análise de
características: existe a necessidade de uma forma de selecção que assegure uma
coerência comportamental (atenção para acção). Uma vez que a percepção da visão é
um meio que permite as pessoas interagirem com os objectos que compõem o
ambiente (manipular, evitar, etc), um grande número de acções são continuamente
extraídas e guiadas pela percepção de objectos. Cada uma dessas acções é
controlada por um grande número de parâmetros tais como identidade, posição e
aparência dos objectos. O processamento selectivo também é necessário para isolar
as informações que definem os parâmetros para acções apropriadas. Se cada
processamento de informação gerado por algum estímulo visual, conduz
potencialmente a uma acção, é necessário mantê-lo separado dos outros, no entanto
eles precisam também de estar coordenados a fim de completar a actividade e permitir
que a atenção possa ser desviada se ocorrer um novo acontecimento importante.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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4. Metodologia
Neste capítulo descreve-se todo o processo realizado para responder à principal
questão do estudo que é: quais são as estratégias visuais utilizadas pelos rapazes em
relação às raparigas, na realização de um percurso com obstáculos, quando se
compara a fixação e o seguimento realizados?
4.1. Objectivos Específicos
Tendo em conta a questão central deste estudo, que tem como objectivo principal
verificar quais são as estratégias visuais utilizadas quando a tarefa visual envolve a
deslocação do indivíduo, e se essas estratégias seguem algum padrão?
A partir deste objectivo inicial, surgem os objectivos específicos deste trabalho, que
vão servir para dar resposta ao objectivo inicial. Assim, para perceber se os
movimentos oculares não são feitos ao acaso, na tarefa já descrita, considerou-se
importante verificar:
Para que locais do percurso os indivíduos olham durante mais tempo;
Para que locais do percurso os indivíduos olham um maior número de vezes,
antes de iniciarem a marcha;
Para que locais do percurso os indivíduos olham um maior número de vezes,
depois de iniciarem a marcha;
Qual é o tipo de percurso/trajecto mais escolhido;
Quais são os padrões de fixação ocular feitos nos diferentes tipos de
percurso/trajecto escolhidos.
Em todos este pontos considerou-se importante analisar as diferenças entre os
rapazes e as raparigas, para tentar compreender de que forma o género do indivíduo
influência o tempo e o número de fixações.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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4.2. Hipóteses
Tendo em conta os objectivos e a questão de investigação deste estudo, foram
formuladas várias hipóteses de estudo, que têm sempre em conta se a análise é feita
no grupo de rapazes ou de raparigas. As hipóteses são:
H1: Existem diferenças significativas no tempo de fixação que é feito nos vários
locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do percurso).
H2: Antes de iniciar a marcha, existem diferenças significativas no número de
fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e
fora do percurso).
H3: Depois de se iniciar a marcha, existem diferenças significativas no número de
fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e
fora do percurso).
H4: Existem diferenças significativas na escolha do percurso.
H5: Nos percursos tipo A, existem diferenças significativas no número de fixações
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
H6: Nos percursos tipo A, existem diferenças significativas no tempo de fixação
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
H7: Nos percursos tipo B, existem diferenças significativas no número de fixações
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora d o
percurso).
H8: Nos percursos tipo B, existem diferenças significativas no tempo de fixação
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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H9: Nos percursos tipo C, existem diferenças significativas no número de fixações
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
H10: Nos percursos tipo C, existem diferenças significativas no tempo de fixação
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
H11: Nos percursos tipo D, existem diferenças significativas no número de fixações
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
H12: Nos percursos tipo D, existem diferenças significativas no tempo de fixação
que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso).
4.3. Tipo de Estudo
Foi realizado um estudo descritivo e comparativo, de acordo com uma análise
estatística. Deste modo irá descrever-se e comparar-se as diferenças de estratégias
visuais usadas por rapazes em relação às raparigas, na escolha de um trajecto com
obstáculos até alcançar uma meta.
4.4. Definição da população e selecção da amostra
Para a realização do estudo considerou-se que a amostra fosse composta por dois
grupos, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos e com um estrato sócio -
cultural semelhante:
Um grupo de indivíduos do sexo masculino, com idades compreendidas entre
os 18 e os 25 anos.
Um grupo de indivíduos do sexo feminino com idades compreendidas entre os
18 e os 25 anos.
Os indivíduos participantes neste estudo são escolhidos por não terem qualquer
tipo de patologia e com uma acuidade visual normal.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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4.5. Definição das variáveis
Variáveis dependentes:
Número de fixações: Quantidade de fixações. Variável quantitativa de tipo
discreta;
Duração do tempo de fixação: Período de tempo das fixações num
determinado local. Variável quantitativa de tipo contínua medida em segundos;
Tipo de Percurso Escolhido: Percurso pelo qual o individuo se dirigiu para
alcançar a meta. De acordo com as 14 possíveis escolhas de percurso, os
mesmos foram divididos em quatro tipos diferentes: Percursos Tipo A “trajectos
mais directos em relação à meta”, Percursos Tipo B “trajectos curvilíneos à
direita”, Percursos Tipo C “trajectos curvilíneos à esquerda” e Percursos Tipo D
“trajectos mais sinuosos”. Definições pormenorizadas na página 30. Variáveis
quantitativas de tipo nominal.
Variáveis Independentes:
Sexo
Variáveis de Caracterização da amostra:
Idade
Acuidade Visual: medida monocularmente, através de uma escala decimal
entre 0 e 1, para alfabetos, uma vez que são apresentadas várias letras de
diferentes tamanhos, a uma distância de 4 metros, sendo aparelho utilizado o
Vision Monitor MonCV3. A acuidade visual é um factor de inclusão no estudo,
pois só eram admitidos indivíduos com uma acuidade visual superior a 0,8.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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4.6. Procedimento do estudo
Nesta secção descrever-se-á a tarefa em estudo e os procedimentos efectuados
para obter os registos dos dados de cada indivíduo participante no estudo.
O período de realização dos registos teve duração de um mês, pois foram registos
obtidos a estudantes da Faculdade de Motricidade Humana, o que promoveu uma
rápida recolha dos mesmos. Todos os registos foram feitos no mesmo local, de modo
a haver um controlo rigoroso das condições ambientais, tais como a iluminação e o
ruído.
Foi utilizada apenas uma sala, situada na Quinta da Graça, pertencente às
instalações da Faculdade de Motricidade Humana, pois esta era a sala onde estavam
disponíveis os instrumentos necessários para a realização do estudo em causa.
No início de cada sessão de registos o sistema era iniciado seguindo todos os
procedimentos de utilização do instrumento, que serão descritos posteriormente. Estas
sessões foram executadas por um único operador, de modo a que a instrução dada
para a realização da actividade seguisse sempre o mesmo padrão.
Para a realização de cada um dos registos, era solicitado ao indivíduo que
entrasse na sala, sendo seguidamente sentado numa cadeira, em frente ao local onde
estão assinalados os 5 pontos de calibração (número recomendado no manual do
Mobile Eye). Estes 5 pontos de calibração estavam a 2 metros de distância da cadeira
onde o sujeito estava sentado e estavam dispostos numa tela com 2 metros de
comprimento e 1,5 metros de largura, onde 4 dos pontos se encontravam em cada
uma das extremidades da tela e o quinto ponto estava colocado precisamente no
centro da tela, como pode ser visto na imagem 13. Isto porque segundo o manual do
Mobile Eye, a distância física dos objectos a serem usados para a calibração, poderá
afectar a precisão da localização do olhar, devido aos efeitos de paralaxe. Para uma
melhor precisão, é então recomendado calibrar o olhar do sujeito usando objectos que
estão à mesma distância do sujeito, daqueles que irão estar à distância do sujeito na
realização da tarefa. Se a tarefa envolver olhar para objectos que estão a diferentes
distâncias do sujeito, recomenda-se que a calibração dos objectos seja feita a uma
distância média daquela que irá existir na tarefa (in Operation Manual MobileEye -
ASL, 2008).
Como no presente estudo acontece a situação dos objectos se encontrarem
dispostos a diferentes distâncias em relação ao sujeito, num total de 4,55 metros de
comprimento e de 3,15 metros de largura, os pontos de calibração foram dispostos
segundo as medidas descritas anteriormente.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Imagem 3 - Os cinco pontos de calibração.
Após o correcto posicionamento do indivíduo, era-lhe explicado os procedimentos
de utilização do equipamento, especificando o processo de calibragem, que é a
primeira etapa do estudo em causa, e qual a sequência da tarefa que tinha que
realizar. A importância da manutenção da posição da cabeça durante o processo da
calibragem também foi realçada.
Terminado o processo de calibração com sucesso, é colocado o gravador DVCR
à cintura do indivíduo e dá-se a instrução da tarefa que ele vai realizar.
A instrução dada foi a seguinte: “Irá caminhar num percurso com vários pinos
(obstáculos), em que o objectivo é chegar a uma saída, assinalada com um pino
vermelho, sem nunca tocar nem passar por cima dos pinos. Será posicionado junto da
entrada do percurso, com os olhos vendados e só os poderá abrir, quando receber
ordem para tal. Agora vai-lhe ser colocada uma venda, para que não veja o percurso a
realizar, e esta ser-lhe-á retirada, apenas depois de estar junto da entrada. Só deve
iniciar a marcha depois de ouvir a indicação verbal «avançar» ”.
Em baixo, segue-se a imagem do percurso que os indivíduos tiveram de percorrer.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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FASE 3
Legenda:
- Entrada
FASE 2 - Saída
- Obstáculos
FASE 1
LADO ESQUERDO MEIO LADO DIREITO
Imagem 4 - Percurso com os 12 pinos (obstáculos).
O percurso é formado por 12 pinos, que funcionam como obstáculos a evitar
durante a marcha. Cada pino tem uma base de 0,255m, altura de 0,38m e diâmetro de
0,205m. Estes pinos encontram-se dispersos num espaço com um comprimento de
4,55m e uma largura 3,15m. Assim sendo a área total do percurso é formada por 9x13
células de 0,35m cada uma.
A distribuição dos pinos pelo percurso teve em conta uma distribuição equilibrada
pelas várias partes da área total. Assim, o comprimento total é dividido em três fases
distintas, para a futura análise dos dados, sendo que esta divisão pode ser observada
na imagem 16, à qual se atribuiu a designação de FASE 1, para as primeiras quatro
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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células, FASE 2, para as quatro células seguintes e FASE 3, para as restantes cinco
células, visto que na última linha de células não existe nenhum obstáculo . A largura
total também foi dividida em três partes distintas, LADO ESQUERDO, para as três
primeiras células (do lado esquerdo para o lado direito), MEIO, para as três células
seguintes e LADO DIREITO, para as últimas três células.
Os 12 pinos estão distribuídos em número aproximado pelas três fases do
percurso e não são colocados dois pinos em células adjacentes. Existem quatro pinos
na FASE 1, quatro pinos na FASE 2 e quatro pinos na FASE 3.
De acordo com a distribuição dos pinos e tendo em conta a colocação da meta
(pino vermelho) existe uma grande variedade de percursos pelos quais o indivíduo
pode deslocar-se. Foram elaborados 14 trajectos prováveis, que estão representados
no anexo II. Estes 14 trajectos dividem-se em Percursos Tipo A “trajectos mais
directos em relação à meta” (1,2,3,4 e 5), Percursos Tipo B “trajectos curvilíneos pelo
lado direito” (6 e 7), Percursos Tipo C “trajectos curvilíneos pelo lado esquerdo” (8, 9 e
10) e Percursos Tipo D “trajectos mais sinuosos” (11, 12, 13 e 14). Os Percursos Tipo
A são aqueles em que o indivíduo ao sair do seu ponto de partida só precisa de se
desviar de dois obstáculos para chegar à meta, movendo-se numa linha o mais directa
possível em relação à meta. Os Percursos Tipo B são aqueles em que o indivíduo ao
sair do seu ponto de partida precisa de se desviar de mais de dois obstáculos para
chegar à meta, movendo-se numa linha que faz curva à esquerda. Os Percursos Tipo
C são aqueles em que o indivíduo ao sair do seu ponto de partida precisa de se
desviar de mais de dois obstáculos para chegar à meta, movendo-se numa linha que
faz curva à direita. Por último, os Percursos Tipo D são aqueles em que o indivíduo ao
sair do seu ponto de partida precisa de se desviar de mais de dois obstáculos para
chegar à meta, movendo-se numa linha que faz uma curva à direita e uma curva à
esquerda.
Foram realizados ao todo 30 registos referentes aos indivíduos pertencentes à
amostra, em que 15 eram indivíduos do género masculino e 15 eram indivíduos do
género feminino. O tempo de realização de cada registo foi em média de 20 minutos.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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4.7. Instrumento
Para a realização da experiência escolheu-se um sistema eyetracking (pesquisa
visual), sendo que o instrumento escolhido foi o Mobile Eye versão 1,35, fabricado
pela empresa norte-americana Applied Science Laboratories® (ASL). Este sistema
regista os movimentos oculares do participante automaticamente e em tempo real,
além disso é para ser usado em situações em que é necessária a total liberdade de
movimentos, ou seja, é um sistema que tem a particularidade inovadora de ser
facilmente usado por um sujeito activo. Os óculos de pesquisa visual são
extremamente leves e não obstrutivas e o dispositivo de gravação é suficientemente
pequeno para ser usado à volta da cintura como um cinto. Todas estas características
do instrumento são factores essenciais para a concretização o objectivo do estudo.
4.7.1. Mobile Eye
Imagem 5 - Hardware do Mobile Eye (Óculos e Gravador).
O Mobile Eye foi projectado especificamente para aplicações em que é
solicitado uma pesquisa do olhar, com o mínimo de restrições de movimento. O
hardware, na foto acima, é tudo que é necessário para a gravação em campo. Um
computador adicional é necessário para a análise dos dados, mas não é essencial
para os processos de recolha de dados.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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4.7.2. Constituintes do Mobile Eye
De acordo com o manual Operation Manual MobileEye (2008), os constituintes do
MobileEye são:
Imagem 6 - Computador de Análise. O DVCR (gravador) liga-se
ao computador de análise para a calibração em tempo
real ou para recolher os dados depois de já terem sido
gravados.
Imagem 7 - Sony GV-D100E Sony Cassete Digital Video
Recorder (DVCR). É usado para gravar e reproduzir
vídeo no campo e contém as interfaces com o
computador de análise.
Imagem 8 - Unidade montada ao gravador (RMU). (Mostrado aqui
anexado à Sony GV-D1000E). Contém placa de
circuito ASL e conexões com a SMU (unidade montada
nos óculos).
Imagem 9 - Óculos. Óculos com espelho ajustável (lente
combinada), com um local para o SMU (unidade montada
nos óculos), e com fita ajustável para prender à cabeça.
Possui um buraco de ventilação para eliminar a
condensação.
Imagem 10 - Lente Combinada. É um espelho na maior parte
transparente que é parcialmente reflexivo no
infravermelho (IR) próximo e no IR médio. O objectivo é
reflectir a imagem do olho e os reflexos da córnea entre o
sujeito e a câmara do olho. Está ligado resto dos óculos
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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por uma junta esférica para permitir o ajuste da imagem.
Imagem 11 - Unidade montada nos óculos (SMU). Contém a
câmara da cena, a câmara do olho e um microfone de
curta distância. Está montada nos óculos, acima do olho.
Na câmara do olho existe a luz infravermelha.
Ainda, segundo o manual Operation Manual MobileEye (2008), o instrumento
foi desenhado para ser durável numa variedade de aplicações activas, incluindo a
condução de veículos e atletismo. Os registos dos dados do Mobile Eye são feitos a
60Hz intercalando imagens tiradas a partir de duas câmaras. A câmara do olho grava
o olho que está a ser monitorizado, enquanto a câmara da cena grava o ambiente que
está a ser observado pelo sujeito. Ambas as imagens são registadas na fita de vídeo
digital pela alternância de frames. Portanto, a amostragem real funcional é 30 Hz.
As interfaces do hardware do Mobile Eye permitem a passagem dos dados
gravados, depois ou durante a gravação, para o computador para processamento dos
dados e análise. O computador possui o software ASL EyeVision para realizar as
operações de processamento e análise dos dados. O sistema de precisão do
instrumento é de 0,5 graus de ângulo visual e o alcance visual é de 50 graus na
horizontal e 40 graus na vertical (in Operation Manual MobileEye, 2008).
O Mobile Eye usa uma técnica de pesquisa do olhar conhecida como Dark
Pupil Tracking. Este método utiliza a relação entre duas características do olho, a
pupila e um reflexo da córnea (Reflexão Corneal, CR), para calcular o olhar dentro de
uma cena (in Operation Manual MobileEye, 2008).
Um conjunto de três luzes infra-vermelho (IR), inofensivas, é projectado no olho
por um conjunto de LED’s na unidade montada nos óculos (SMU). A luz infravermelha
próxima não é visível para o sujeito por isso não irá causar nenhuma distracção,
porém é visível para a câmara do olho no SMU. Uma parte destas três luzes será
reflectida pela córnea e vai aparecer na câmara como um triângulo de três pontos, o
chamado Cluster Spot, a uma distância fixa entre si (in Operation Manual MobileEye,
2008).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Imagem 12 - Triângulo de três pontos (Cluster Spot).
Quando o olho gira, o centro da pupila move-se na direcção do ponto de
fxação. No entanto, devido às propriedades da córnea, o reflexo corneano mantém -se
aproximadamente na mesma posição em relação à cabeça. Portanto, comparando o
vector (ângulo e distância) entre a pupila e a córnea, o sistema de pesquisa do olhar
pode calcular o ângulo para onde o olho está a olhar.
Como estes ângulos se relacionam com a imagem da segunda câmara que
está a gravar o meio ambiente (câmara de cena), o sistema de pesquisa do olhar pode
calcular para onde o olho está a olhar na cena que está a observar.
Os reflexos corneanos são conhecidos como reflexos de Purkinje, ou como
imagens de Purkinje (Crane, cit. in Duchowslky, 2002 in Dias, 2006)). Devido à
constituição do olho, são formados quatro reflexos de Purkinje (imagem 11). Os
sistemas de pesquisa visual (eyetracking) baseados em vídeo normalmente localizam
o primeiro reflexo de Purkinje.
São necessários dois pontos de referência no
olho para separar os movimentos oculares dos
movimentos da cabeça. A diferença posicional
entre o centro do diâmetro pupilar e o reflexo
corneano muda com uma simples rotação do
olho, mas mantém-se relativamente estável com
movimentos mínimos.
Imagem 13 - Reflexos de Purkinje.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 35
O reflexo de Purkinje, como podemos observar na imagem 6, corresponde ao círculo
branco pequeno e a pupila ao círculo preto. Considerando que a fonte de
infravermelhos é colocada normalmente numa posição fixa em relação ao olho, a
imagem de Purkinje é relativamente estável enquanto o globo ocular, e
consequentemente a pupila, gira na sua órbita (Dias, 2006).
Imagem 14 - Posição da pupila em relação
ao primeiro reflexo de Purkinje.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 36
4.7.3. Procedimentos de utilização
Nesta parte do trabalho descreve-se todos os procedimentos necessários para
utilizar o instrumento.
O primeiro passo é ligar o computador e abrir o Software Eye Vison (ASL
Eye‐Trac®). Este software serve para a recolha dos dados, e para a calibração do
olhar do sujeito que é necessária para o instrumento consiga determinar o local para
onde o indivíduo está a olhar.
Seguidamente são colocados os óculos ao indivíduo e a lente é regulada, at é que
apareça no ecrã do computador a imagem do olho, com o chamado Cluster Spot, um
triângulo de três pontos invertido (descrito anteriormente), para que o sistema possa
reconhecer todos os pontos de calibração.
Imagem 15 - Janela do Eye Vision com o olho e o Cluster Spot.
Depois de se obter o cluster spot, o investigador deverá clicar com o rato em cima
do ponto inferior (considerado como “master point”, isto é, o ponto de referência)
seguidamente clicar na parte central dos outros dois pontos, sem ordem específica,
para se poder fixar os três pontos. Depois disso selecciona-se na secção “Pupil” a
opção “Display”, como mostra na imagem 15, sendo que perímetro da pupila ficará
bordeado com um círculo branco, tendo uma cruz amarela a traçar o seu centro. Este
processo serve, para o sistema calcular o diâmetro da pupila.
Os pontos brancos na pupila, ficarão com uma bola azul a contorná -los. As outras
bolas azuis pequenas que existirão junto das pálpebras são resultado da acumulação
de fluídos. Caso estas bolas azuis sejam grandes e em grande número dever-se-á
ajustar o “Treshold”, para que diminuam de tamanho e de número (aumentando o
regulador, no quadrado verde da imagem 16).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 37
Depois clicar na secção “subject perfil” e clicar em “save as...”, para salvar o perfil
do indivíduo. Esta opção permite que não seja necessário repetir os passos anteriores
a este sempre que se faça a medição a um mesmo sujeito. Nesse caso, bastará
restaurar o perfil do sujeito, clicando em “load” na secção de “perfil subject”.
Finalmente, basta seleccionar a opção “calibrate” na secção “scene” (imagem 16)
e proceder ao processo de calibração dos cinco pontos.
Imagem 16 – Definições da pupila e guardar perfil do sujeito.
O objectivo da calibração é, através da apresentação dos 5 pontos visíveis
(imagem 13), em diversos ângulos de visão e em posições extremas da tela, fazer
com que o sistema consiga determinar correctamente a localização da direcção do
olhar.
Este processo é comum a quase todos os sistemas de pesquisa visual
(eyetracking), sendo essencial na aquisição de um conjunto de dados fiáveis para sua
posterior análise (Duchowslky, 2002 in Dias, 2006).
Durante a calibração o indivíduo deve fixar sequencialmente cada um dos 5
pontos, quando solicitado, após o que é confirmado se o sistema identificava
correctamente todos os pontos de calibração quando estes são fixados pelo indivíduo.
No caso de haver algum desses pontos que não esteja a ser correctamente
identificado, este ou estes são novamente sujeitos ao processo de calibração, até
todos os 5 pontos serem detectados com precisão pelo sistema.
Depois de todos os pontos estarem devidamente calibrados o sujeito realiza a
tarefa definida pelo investigador e o registo dos dados fica guardado num ficheiro de
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 38
vídeo, que contém os pontos de fixação do sujeito, sendo que o software Eye Vison
(ASL Eye‐Trac®) guarda ainda os dados em formato Microsoft Office Excel® e o software ASL Results (ASL Eye‐Trac®) cria uma lista de fixações a partir desses dados, sendo estes posteriormente analisados pelo software Captiv L-2100 (ASL
Eye‐Trac®).
4.7.4. Software de análise dos dados – ASL Results e Captiv L-
2100
Depois de guardados os ficheiros de vídeo e os ficheiros Excel, os dados serão
analisados pelo software ASL Results (ASL Eye‐Trac®) e pelo Captiv L-2100 (ASL Eye‐Trac®). O software ASL Results (ASL Eye‐Trac®) permite reduzir todos os dados,
guardados em formato Microsoft Office Excel® no software Eye Vison (ASL Eye‐Trac®),
a uma lista de fixações. Assim, os dados tratados a partir daqui, serão apenas as
fixações feitas por cada um dos participantes.
A fixação é aqui definida como um período de pelo menos 100 milisegundos
durante o qual o ponto para onde se está a olhar não muda por mais de 1 grau de
ângulo visual. No entanto, o algoritmo de fixação pode ser alterado, caso se pretenda
considerar uma fixação, por um período mais curto de tempo. Neste software cada
uma das fixações tem o tempo do começo da fixação, a duração, p onto de
coordenadas do olhar e do diâmetro pupilar médio. O software ASL Results (ASL
Eye‐Trac®) é usado em primeiro lugar, pois o Captiv L-2100 (ASL Eye‐Trac
®) apenas
analisa as fixações do sujeito.
Depois de se obter o documento apenas com as fixações do sujeito, é utilizado o
software Captiv L-2100 (ASL Eye‐Trac®), que é um programa que permite analisar as
fixações do olhar e que permite determinar para que local da cena o indivíduo está a
olhar. Permite visualizar gráficos das fixações oculares de forma dinâmica e
sincronizada com a sequência de vídeo e além disso pode-se obter estatísticas da
duração, frequência e oscilações das fixações entre diferentes pontos. Para que o
software nos forneça a informação dos locais específicos para onde o indivíduo es tá a
olhar, o utilizador deve escrever os locais, objectos ou coisas para onde o indivíduo
pode olhar, na sua tarefa de visualização, criando categorias de acordo com “CLASS”,
“RECORDING”, “CODING”, e “CODE”. Na mesma “CLASS” podem estar incluídos
diferentes “RECORDING”, “CODING” e “CODE”, sendo que o “CODE” serve para
escrever apenas uma abreviatura daquilo que foi escrito no “CODING”.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 39
Imagem 17- Exemplo de nomes para as diferentes categorias.
Neste trabalho, e tendo em conta os locais para onde os indivíduos olharam, foi
criado apenas uma “CLASS” – (Áreas de Interesse), que se dividiam em diferentes
“CODING’S”- (12 diferentes para cada pino/obstáculo, 3 diferentes para o caminho da
fase 1, 3 diferentes para o caminho da fase 2, 3 diferentes para o caminho da fase 3,
um para a meta (pino vermelho) e um para fora do percurso). Na parte de “CODES”
aparecia a abreviatura de cada um dos nomes que tinha sido escolhido para o
“CODING”.
Depois de criado o “CODING”, o programa já continha os diferentes locais para
onde os indivíduos podiam olhar. Assim era necessário seleccionar no programa “POST
CODING VIDEO SEQUENCE” e escolher o vídeo pretendido. Coloca-se o vídeo a correr e
cada vez que o sujeito está a olhar para uma das categorias “CLASS” definidas anteriormente,
o utilizador teria que clicar com o botão do lado direito do rato em cima do nome dessa
mesma categoria, como mostra o círculo vermelho da imagem 18.
Imagem 18-
Selecção das
fixações que
pertencem às
classes criadas.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 40
5. Resultados
Numa primeira fase faz-se uma análise descritiva, em primeiro lugar das
características da amostra e em segundo lugar das componentes da fixação do olhar
(número e duração), analisando as diferenças entre raparigas e rapazes, as diferenças
entre a fase antes de iniciar a marcha e a fase durante a realização do percurso, as
diferenças quanto ao número de fixações e ao tempo de fixação que é feito nos vários
locais do percurso e as diferenças que existem consoante o percurso escolhido,
utilizando para o efeito o programa de análise estatística SPSS versão 17.0,
mencionado anteriormente.
5.1 Caracterização da amostra
Nesta parte do estudo será feita uma caracterização da amostra relativamente ao
género, à idade e à acuidade visual, sendo a idade e a acuidade visual dois
parâmetros de inclusão na amostra.
Em relação ao género a amostra é composta por 30 indivíduos, dos quais, 15 são
rapazes e 15 são raparigas.
Idade Acuidade Visual
Olho direito Olho Esquerdo
Raparigas Rapazes Total Raparigas Rapazes Total Raparigas Rapazes Total
N 15 15 30 15 15 30 15 30
Média 20 21,20 20,60 1,262 1,308 1,285 1,243 1,334 1,288
Desvio
Padrão
1,604
1,568
1,673
,309
,366
,334
,241
,336
,291
Mínimo 18 18 18 ,79 ,79 ,79 ,75 ,79 ,75
Máximo 23 24 24 2 2 2 1,58 2 2
Tabela 1 - Média das idades nos dois géneros; e média da acuidade visual para o olho direito e para o
olho esquerdo nos dois géneros.
Relativamente à idade dos indivíduos, pode-se verificar através da análise da
tabela 1, que está compreendida entre os 18 e os 24 anos, sendo que a média das
idades nas raparigas é de 20 anos e a dos rapazes é de 21,2 anos. A rapariga mais
nova tinha 18 anos, assim como o rapaz e a rapariga mais velha tinha 23 anos
enquanto que o rapaz tinha 24 anos.
Quanto à acuidade visual, que é medida numa escala às centésimas entre 0 e 2,
onde o valor zero é considerado o pior e o valor 2 o melhor, verifica -se que no olho
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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direito as raparigas apresentam uma média de 1,26, e os rapazes de 1,30. No olho
esquerdo as raparigas têm uma média de 1,24 e os rapazes de 1,33. O valor de
acuidade visual mais baixo no olho direito para as raparigas e para os rapazes foi de
0,79, já no olho esquerdo o valor mais baixo para raparigas foi de 0,75 e nos rapazes
foi, novamente 0,79.
Sendo que todos os indivíduos do estudo apresentam uma acuidade visual
superior a 0,8 nos dois olhos, considera-se que têm uma boa acuidade visual.
6. Análise e Discussão dos Resultados – Fixação do Olhar
Como já foi referido anteriormente, neste trabalho estudam-se as estratégias
visuais. Essas estratégias visuais serão agora analisadas de forma descritiva através
de duas componentes da fixação do olhar (Duração das Fixações e Número de
Fixações). Os resultados serão por isso apresentados separadamente para cada uma
das variáveis nos indivíduos do género feminino e nos indivíduos do género masculino
relativamente aos vários locais do percurso para onde podem dirigir o olhar (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso), estas etapas foram descritas anteriormente,
nas páginas 29 e 30. Posteriormente para analisar se existem diferenças nas variáveis
entre rapazes e raparigas proceder-se-á a uma análise comparativa através da
inferência estatística, tanto no tempo de fixação como no número de fixações.
Será ainda feita uma análise descritiva relativamente ao tipo de percurso que os
participantes escolheram e uma análise comparativa em relação ao tipo de percurso
escolhido (tipo A, tipo B, tipo C e tipo D, descrito na página 30) e às variáveis da
fixação do olhar nos vários locais do percurso, verificando se existem diferenças.
DIFERENÇAS ENTRE O TEMPO DE FIXAÇÃO NOS VÁRIOS LOCAIS
DO PERCURSO
A análise que se segue tem em conta os vários locais para onde os indivíduos
olharam (fase 1: caminho e pinos, fase 2: caminho e pinos, fase 3: caminho e pinos,
meta e fora do percurso. Sendo que olhar para o caminho implicava manter o olhar
fixo em qualquer parte do trajecto, desde que não fosse num dos pinos, olhar para os
pinos implicava manter o olhos fixos em qualquer um dos pinos amarelos do percurso
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 42
(obstáculos), olhar para a meta implicava manter os olhos fixos na meta (pino
vermelho) e olhar para fora do percurso implicava manter o olhar fixo em qualquer
ponto fora dos limites marcados para o percurso. Esta análise serve para verificar se
os diferentes locais do percurso influenciam o tempo de fixação feito pelos indivíduos,
durante a realização da tarefa.
Analisando a tabela abaixo (tabela 2), verifica-se que existem várias diferenças no
que respeita ao tempo de fixação feito em cada um dos locais do percurso, tanto para
as raparigas como para os rapazes.
Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes
Fase 1
Caminho
,834
,279
1,836
,502
0
0
6,04
1,78
Fase 1
Pinos
,316
,537
,655
,844
0
0
2,26
2,31
Fase 2
Caminho
1,592
2,240
1,981
1,365
0
,26
7,25
5,28
Fase 2
Pinos
,926
1,301
,905
1,486
0
0
2,90
5,58
Fase 3
Caminho
1,658
1,918
1,028
1,207
,07
,17
3,51
5,02
Fase 3
Pinos
,926
,868
,546
,712
0
0
1,88
2,38
Meta 2,499 3,944 1,525 3,222 ,03 0 5,36 9,91
Fora do Percurso 2,789 1,579 2,793 1,467 0 0 10,04 4,69
Tabela 2 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do tempo de fixação, em segundos, para
ambos os géneros.
Raparigas:
Analisando a média do tempo de fixação que as raparigas fazem nas diferentes
partes, observa-se que no caminho da fase 1 obtêm uma média de 0,834 miliseg., nos
pinos da fase 1 obtêm 0,316 miliseg., no caminho da fase 2 obtêm 1,592 seg., nos
pinos da fase 2 obtêm 0,926 miliseg., no caminho da fase 3 obtêm 1,658 seg., nos
pinos da fase 3 obtêm 0,926 miliseg., na meta obtêm 2,499 seg. e fora do percurso
obtêm 2,789 seg.
Assim, as raparigas olham durante mais tempo para o fora do percurso e de
seguida para a meta, sendo que o local para onde elas olham durante menos tempo é
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 43
para a fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos
(pinos) que lá se encontram. Estes resultados demonstram que as raparigas passam
mais tempo a olhar para sítios fora do percurso, sendo que esses locais são locais
onde elas vão chegar no final do percurso.
Rapazes:
Em relação aos rapazes, observa-se que o tempo médio de fixação no caminho da
fase 1 é 0,279 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,537 miliseg., no caminho da fase 2 é
2,240 seg., nos pinos da fase 2 é 1,301 miliseg., no caminho da fase 3 é 1,918 seg.,
nos pinos da fase 3 é 0,868 miliseg., na meta é 3,944 seg. e fora do percurso é 1,579
seg.
Assim, os rapazes olham durante mais tempo para a meta e de seguida para o
caminho da fase 2, sendo que o local para onde eles olham durante menos tempo é
para a fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos
(pinos) que lá se encontram. Tal como as raparigas, os rapazes passam mais tempo a
olhar para o seu objectivo final.
Comparações entre os vários locais:
Para verificar se as diferenças que se obtiveram no tempo de fixação feito,
dependendo do local do percurso para onde se estava a olhar, quer para as raparigas
quer para os rapazes, são ou não significativas realiza-se o teste não paramétrico de
Friedman, pois não se aceita a normalidade da amostra devido à sua reduzida
dimensão.
Como, no teste de Friedman (tabela 3) o valor do p = .000, rejeita-se a igualdade
do tempo de fixação, tanto para as raparigas como para os rapazes, e assim procede -
se a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças
significativas. As comparações múltiplas entre o tempo médio de fixação são feitas
analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de
significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o
valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 44
Raparigas Rapazes
Estatística de Teste:
Friedman
2= 36,815
p= 0,000
N= 15
2 = 37,161
p= 0,000
N= 15
Tabela 3 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes.
Os resultados da comparação do tempo médio de fixação nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 32 e 33). Analisando a
tabela 4 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12 (ao nível de significância
de 5%)]
Comparações do tempo de
fixação
Raparigas
Rapazes
(Caminho Fase 1 x Caminho
Fase 2)
4,326792
(Caminho Fase 1 x Caminho
Fase 3)
3,991381
(Caminho Fase 1 x Meta) 4,28207 4,550398
(Pinos Fase 1 x Meta) 4,774005 3,577709
(Pinos Fase 1 x Fora do
percurso) 3,577709
Tabela 4 - Resultados que apresentam diferenças significativas no tempo de fixação entre os vários
locais do percurso, através do teste de comparações múltiplas.
Para as raparigas apenas existem diferenças significativas na comparação do
tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação na meta, a estatística
de teste é 4,28, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma -se
que o tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo maior na meta. Existem
também diferenças significativas na comparação do tempo de fixação nos pinos da
fase 1 com o tempo de fixação na meta e o tempo de fixação fora do percurso, sendo
que esse tempo de fixação é sempre inferior nos pinos da fase 1.
Para os rapazes verifica-se a existência de diferenças significativas na comparação
do tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação no caminho da
fase 2, em que a estatística de teste é 4,32, maior do que o valor do quantil para 5%
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 45
(3,12), e também se afirma que o tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo
maior no caminho da fase 2. Existem ainda diferenças significativas na comparação do
tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação no caminho da fase 3,
sendo maior no caminho da fase 3. Existem também diferenças significativas na
comparação do tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação na
meta, sendo maior na meta, e na comparação do tempo de fixação nos pinos da fase
1 com o tempo de fixação na meta, sendo maior na meta.
De uma forma geral, as raparigas fixaram durante mais tempo os locais fora do
percurso, relativamente à parte inicial e os rapazes fixaram durante mais tempo a
meta, relativamente à parte inicial.
É necessário referir que estes locais fora do percurso para onde as raparigas olham
mais tempo, foram na sua maioria dirigidos para o local imediatamente à frente da
meta, ou seja para o local onde os indivíduos iriam chegar. No fundo estes resultados
revelam que tanto as raparigas como os rapazes passam a maior parte do tempo a
olhar para o seu objectivo final.
Assim não se rejeita a hipótese 1 “Existem diferenças significativas no tempo de
fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do
percurso), pois para as raparigas os locais fora do percurso são os fixados durante
mais tempo e para os rapazes a meta é o local fixado durante mais tempo em
comparação com a parte inicial do percurso.
Num estudo feito por Patla et al., (2007) chegou-se à conclusão que os indivíduos
passam a maior parte do tempo a fixar a meta, enquanto se deslocam até ela,
passando por obstáculos. Antes de iniciarem a marcha os indivíduos passaram 41%
do tempo a fixarem a meta e depois de iniciar a marcha passaram 64% do tempo a
fixa-la. Nesta análise não foi feita a divisão entre o início da marcha e a realização do
percurso, mas de qualquer forma, também se obteve um maior tempo de fixação na
meta ou nos locais logo a seguir à meta, embora o seu valor só seja significativamente
diferente do valor apresentado na fase inicial.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 46
DIFERENÇAS NO NÚMERO DE FIXAÇÕES NOS VÁRIOS LOCAIS DO
PERCUSO:
Esta análise do número de fixações nos vários locais, vai ser separada na fase
antes dos indivíduos iniciarem a marcha e na fase depois de já terem iniciado a
marcha, ou seja, durante a realização do percurso. Esta divisão não foi feita na
comparação do tempo de fixação, devido a limitações temporais.
ANTES DE INICIAR A MARCHA
A análise que se segue tem em conta os vários locais para onde os indivíduos
olharam antes de iniciarem a marcha (fase 1: caminho e pinos, fase 2: caminho e
pinos, fase 3: caminho e pinos, meta e fora do percurso). A descrição do que é
considerado uma fixação em cada um dos locais apresentados, já fo i descrita
anteriormente na análise do tempo de fixação. Esta análise serve para verificar se os
diferentes locais do percurso influenciam o número de fixações feitas pelos indivíduos,
antes dos mesmos iniciarem a marcha em direcção à meta.
Analisando a tabela abaixo (tabela 5), verifica-se que existem várias diferenças no
que respeita ao número de fixações feitos em cada um dos locais do percurso, tanto
para as raparigas como para os rapazes.
Antes do início da marcha
Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes
Fase 1
Caminho
,60
,60
1,121
,986
0
0
4
3
Fase 1
Pinos
,13
,80
,352
1,329
0
0
1
4
Fase 2
Caminho
1,73
3,47
1,710
2,326
0
1
5
8
Fase 2
Pinos
1,53
2,07
1,407
1,831
0
0
5
6
Fase 3
Caminho
2,67
2,20
1,988
2,513
0
0
7
9
Fase 3
Pinos
1,60
2,53
1,882
2,446
0
0
6
7
Meta 1,20 1,67 1,424 2,380 0 0 4 8
Fora do Percurso 1,00 1,00 1,069 1,254 0 0 3 4
Tabela 5 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em ambos os
géneros antes do início da marcha.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Raparigas:
Analisando a média do número de fixações que as raparigas fazem nas diferentes
partes, observa-se que no caminho da fase 1 obtêm uma média de 0,60, nos pinos da
fase 1 obtêm 0,13, no caminho da fase 2 obtêm 1,73, nos pinos da fase 2 obtêm 1,53,
no caminho da fase 3 obtêm 2,67, nos pinos da fase 3 obtêm 1,60, na meta obtêm
1,20 e fora do percurso obtêm 1.
Assim, antes de iniciarem a marcha, as raparigas olham um maior número de vezes
para o caminho da fase 3 (final do percurso) e de seguida para o caminho da fase 2
(meio do percurso), sendo que o local para onde elas olham menos é para a fase 1
(início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos (pinos) que lá se
encontram. De qualquer forma, as raparigas olharam mais vezes para os obstáculos
da fase 2 e da fase 3, do que para a meta ou para fora do percurso.
Rapazes:
Em relação aos rapazes, observa-se que o número médio de fixações no caminho
da fase 1 é 0,60, nos pinos da fase 1 é 0,80, no caminho da fase 2 é 3,47, nos pinos
da fase 2 é 2,07, no caminho da fase 3 é 2,20, nos pinos da fase 3 é 2,53, na meta é
1,67 e fora do percurso é 1.
Assim, antes de iniciarem a marcha, os rapazes olham um maior número de veze s
para o caminho da fase 2 (meio do percurso) e de seguida para o caminho da fase 3
(final do percurso), sendo que o local para onde eles olham menos é para a fase 1
(início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos (pinos) que lá se
encontram. De qualquer forma, os rapazes olharam mais vezes para os obstáculos da
fase 2 e da fase 3, do que para a meta ou para fora do percurso.
Comparações entre os vários locais:
Para verificar se as diferenças que se obtiveram no número de fixações feitas,
dependendo do local do percurso para onde se estava a olhar, quer para as raparigas
quer para os rapazes, são ou não significativas realiza-se o teste não paramétrico de
Friedman, pois não se aceita a normalidade da amostra devido à sua reduzida
dimensão.
Como, no teste de Friedman (tabela 6) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade
do número de fixações, tanto para as raparigas como para os rapazes, e assim
procede-se a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as
diferenças significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações
são feitas analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil,
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 48
ao nível de significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for
maior do que o valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
Raparigas Rapazes
Estatística de Teste:
Friedman
2= 27,380
p= 0,000
N= 15
2 = 28,079
p= 0,000
N= 15
Tabela 6 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes, antes do
início da marcha.
Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo (Tabela 34 e 35). Analisando a
tabela 7 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12 (ao nível de significância
de 5%)]
Comparações do número de
fixações
Raparigas
Rapazes
(Caminho Fase 1 x Caminho
Fase 2)
3,834857
(Caminho Fase 1 x Caminho
Fase 3)
3,320561
(Caminho Fase 2 x Fora) 3,27584
Tabela 7 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,
através do teste de comparações múltiplas, antes do início do percurso.
Para as raparigas apenas existem diferenças significativas na comparação do
número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da
fase 3, a estatística de teste é 3,32, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12),
assim pode afirma-se que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo
maior no caminho da fase 3.
Para os rapazes verifica-se a existência de diferenças significativas na comparação
do número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho
da fase 2, em que a estatística de teste é 3,83, maior do que o valor do quantil para
5% (3,12), e também se afirma que o número de fixações neste caso não é idêntico,
sendo maior no caminho da fase 2. Existem ainda diferenças significativas na
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 49
comparação do número de fixações no caminho da fase 2 com o número de fixações
fora do percurso, em que a estatística de teste é 3,27, maior do que o valor do quantil
para 5% (3,12), podendo afirmar-se que o número de fixações neste caso não é
idêntico, sendo maior no caminho da fase 2.
De uma forma geral, antes de iniciarem a tarefa as raparigas e os rapazes não
fixaram os locais de igual forma. As raparigas fixaram todos os locais do percurso,
sendo que deram especial importância ao caminho que iam pisar na parte final do
percurso e depois na parte do meio, e de seguida aos obstáculos que tinham de evitar,
principalmente os da parte final do percurso. Por outro lado, os rapazes também
fixaram todos os locais do percurso, mas deram especial importância ao caminho que
iam pisar na parte do meio do percurso e depois na parte final, e de seguida aos
obstáculos que tinham de evitar, principalmente os da parte final do percurso.
Assim não se rejeita a hipótese 2 “Antes de iniciar a marcha, existem diferenças
significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, uma vez que as raparigas fixaram mais a
parte final do percurso; e os rapazes fixaram mais a parte do meio do percurso,
relativamente à parte inicial.
Estudos recentes demonstraram a importância de pistas visuais periféricas durante
a marcha, na verdade o campo visual periférico parece ser crítico para se conseguir
caminhar num terreno com diferentes texturas, para passar por cima de obstáculos e
para evitar obstáculos como pessoas ou objectos (Patla, 1998). Num outro estudo de
Marigold (2008) o autor refere que para avaliar as diferenças presentes num terreno
no qual se caminha, deve ser adquirida informação visual adequada. Nesse estudo
usaram um terreno com diferentes pisos e descobriram que os indivíduos fazem
fixações para locais a cerca de dois passos à sua frente e que essas fixações são
direccionadas para as áreas relevantes da tarefa, ou seja, para locais que
provavelmente irão ser pisados. Assim, os resultados do presente estudo em relação
aos rapazes vão de encontro às conclusões obtidas por esses autores, pois verifica -se
que antes de caminhar os indivíduos olham para o meio do percurso (localizado a
cerca de dois passos à frente da posição inicial do indivíduo), sendo que a fase inicial
não necessita de tantas fixações, pois a informação visual desse espaço é obtida
através do campo visual periférico.
Por outro lado Turano et al. (2001) relatam que os indivíduos com visão normal
passam mais tempo a fixar o caminho em frente ou a fixar a meta. Desta forma, não é
de estranhar que no presente estudo as raparigas façam um maior número de fixações
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 50
na parte final do percurso, já que este é o caminho que está na sua frente. As fixações
que as raparigas fazem na parte do meio do percurso e na meta, também não
apresentam valores significativamente diferentes das fixações feitas na fase final, e
como estes locais também se encontram à frente do indivíduo é normal que sejam dos
locais mais fixados.
Relativamente à existência das diferenças obtidas entre raparigas e rapazes,
relativamente ao local onde estes faziam maior número de fixações é uma questão
difícil de explicar, uma vez que na literatura não foram encontradas informações
suficientes no que diz respeito às diferenças existentes entre rapazes e raparigas no
número de fixações. Apenas foi encontrado um estudo de Covre et al. (2007) sobre
pesquisa visual numa tarefa de leitura. Nesse estudo não foram encontradas
diferenças entre os homens e as mulheres para nenhuma das variáveis analisadas:
tempo de reacção, número de fixações, duração média das sacadas, tempo e
comprimento médio dos movimentos sacádicos. A conclusão foi que o género do
indivíduo não influencia a pesquisa visual em tarefas de leitura. No entanto, os dados
obtidos no presente estudo mostram que existem diferenças entre rapazes e raparigas
em tarefas de pesquisa visual, quando os indivíduos se deslocam para a realização da
mesma, evidenciado que o género influencia a pesquisa visual em tarefas de pesquisa
visual com deslocação do indivíduo.
DURANTE A REALIZAÇÃO DO PERCURSO:
Tendo em conta cada um dos locais do percurso, descritos anteriormente, a análise
que se segue será observar o número de fixações que são feitos nesses vários locais,
mas agora na fase depois do indivíduo já ter iniciado a marcha, ou seja, enquanto o
indivíduo está a caminhar pelo percurso até chegar à meta.
Analisando a tabela abaixo (tabela 8), verifica-se que existem várias diferenças no
que respeita ao número de fixações feitos em cada um dos locais do percurso, tanto
para as raparigas como para os rapazes.
Durante a realização do percurso
Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes
Fase 1
Caminho
,00
,00
,000
,000
0
0
0
0
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Fase 1
Pinos
,20
,20
,414
,561
0
0
1
2
Fase 2
Caminho
1,27
1,80
1,280
1,859
0
0
4
6
Fase 2
Pinos
,87
1,33
,915
1,291
0
0
2
4
Fase 3
Caminho
2,20
2,47
2,007
1,246
0
1
8
5
Fase 3
Pinos
2,00
1,33
1,512
1,047
0
0
6
3
Meta 2,07 2,00 1,033 1,464 0 0 4 5
Fora do Percurso 1,87 1,00 1,187 ,926 0 0 4 3
Tabela 8 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em ambos os
géneros antes durante a realização do percurso.
Raparigas:
Analisando a média do número de fixações que as raparigas fazem nas diferentes
partes, observa-se que no caminho da fase 1 obtêm uma média de 0,00, nos pinos da
fase 1 obtêm 0,20, no caminho da fase 2 obtêm 1,27, nos pinos da fase 2 obtêm 0,87,
no caminho da fase 3 obtêm 2,20, nos pinos da fase 3 obtêm 2,00, na meta obtêm
2,07 e fora do percurso obtêm 1,87.
Assim, durante a realização do percurso, as raparigas olham um maior número de
vezes para o caminho da fase 3 (final do percurso), de seguida para a meta e depois
para os pinos da fase 3 (final do percurso), sendo que o local para onde elas olham
menos é para a fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os
obstáculos (pinos) que lá se encontram.
Rapazes:
Em relação aos rapazes, observa-se que o número médio de fixações no caminho
da fase 1 é 0,00, nos pinos da fase 1 é 0,20, no caminho da fase 2 é 1,80, nos pinos
da fase 2 é 1,33, no caminho da fase 3 é 2,47, nos pinos da fase 3 é 1,33, na meta é
2,00 e fora do percurso é 1.
Assim, durante a realização do percurso, os rapazes olham um maior número de
vezes para o caminho da fase 3 (final do percurso), de seguida para a meta e depois
para o caminho da fase 2, sendo que o local para onde eles olham menos é para a
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 52
fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos (pinos) que lá
se encontram.
Comparações entre os vários locais:
Para verificar se as diferenças que se obtiveram no número de fixações feitas,
dependendo do local do percurso para onde se estava a olhar, quer para as raparigas
quer para os rapazes, são ou não significativas realiza-se o teste não paramétrico de
Friedman, pois não se aceita a normalidade da amostra devido à sua reduzida
dimensão.
Como, no teste de Friedman (tabela 9) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade
do número de fixações, tanto para as raparigas como para os rapazes, e assim
procede-se a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as
diferenças significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações
são feitas analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil,
ao nível de significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for
maior do que o valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
Raparigas Rapazes
Estatística de Teste:
Friedman
2= 53,466
p= 0,000
N= 15
2 = 51,117
p= 0,000
N= 15
Tabela 9 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes, durante a
realização do percurso.
Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 36 e 37). Analisando a
tabela 10 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12 (ao nível de significância
de 5%)]
Comparações do número de
fixações
Raparigas
Rapazes
(Caminho Fase 1 x Caminho
Fase 3) 4,214988 5,064694
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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(Caminho Fase1 x Meta) 4,807546 4,170267
(Caminho Fase1 x Fora) 4,170267
(Pinos Fase1 x Pinos Fase 3) 3,655971
(Pinos Fase1 x Meta) 4,326792 3,801316
(Pinos Fase1 x Fora) 3,689512
Tabela 10 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,
através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso.
Para as raparigas apenas existem diferenças significativas na comparação do
número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da
fase 3, a estatística de teste é 3,32, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12),
assim pode afirma-se que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo
maior no caminho da fase 3. Existem também diferenças significativas entre o número
de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações na meta e fora do
percurso, sendo respectivamente maior na meta e fora do percurso. Além disso, ainda
se verificam diferenças significativas entre o número de fixações feitas nos pinos da
fase 1 e o número de fixações feito nos pinos da fase 3, na meta e fora do pe rcurso,
sendo sempre em valor inferior nos pinos da fase 1.
Para os rapazes verifica-se a existência de diferenças significativas na comparação
do número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho
da fase 3, em que a estatística de teste é 5,06, maior do que o valor do quantil para
5% (3,12), e também se afirma que o número de fixações neste caso não é idêntico,
sendo maior no caminho da fase 3. Existem ainda diferenças significativas na
comparação do número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações
na meta, sendo maior na meta; e diferenças no número de fixações nos pinos da fase
1 com o número de fixações na meta.
De uma forma geral, durante a realização do percurso as raparigas e os rapazes
fixaram os locais de igual forma. As raparigas fixaram todos os locais do percurso,
sendo que deram especial importância ao caminho que iam pisar na parte final do
percurso e depois na meta. O mesmo se verificou para os rapazes que também
fixaram todos os locais do percurso, e também deram especial importância ao
caminho que iam pisar na parte do final do percurso e depois na meta. Tanto nas
raparigas como nos rapazes existe a evidência que o número de fixações feito no
caminho da fase 1 é sempre inferior ao número de fixações que são feitas em todos os
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 54
outros locais. Isto acontece, porque durante a realização do percurso ninguém fixou o
caminho da fase 1.
Assim não se rejeita a hipótese 3 “Depois de se iniciar a marcha, existem
diferenças significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do
percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois tanto os rapazes como
as raparigas fixaram mais a parte final e a meta, do que os outros locais.
Não foram encontrados estudos que falassem sobre o número de fixa ções que
pode ser feito, durante a realização da marcha, num percurso com obstáculos. Apenas
foi encontrado um estudo que fala da duração da fixação, mas não do número de
fixações, esse estudo foi feito Patla et al. (2007), sobre a fixação do olhar durante a
locomoção até chegar a uma meta, caminhando num percurso com obstáculos
verificaram que os indivíduos, enquanto realizavam o percurso, passavam a maioria
do tempo a fixar a meta (64%), sendo que não existiam diferenças significativas entre
a fixação no caminho, nos obstáculos e noutros locais fora do percurso.
As diferenças entre o presente estudo e o estudo realizado por Patla et al., (2007)
levam à conclusão de que possivelmente o número de fixações pode ser feito em
maior quantidade num determinado local, enquanto que o tempo de maior fixação não
será necessariamente no mesmo local. No presente estudo acontece precisamente
esta situação, ou seja, ao analisar o número de fixações e o tempo de fixação
percebe-se que os locais que são fixados mais vezes (fase final e fase do meio) não
são aqueles que são fixados durante mais tempo (meta).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 55
DIFERENÇAS NOS PERCURSOS
Tipo de Percurso Escolhido
A análise que se segue tem em conta os tipos de percurso mais prováveis a
serem escolhidos, tipo A “trajecto mais directos em relação à meta”, tipo B “trajectos
curvilíneos à direita”, tipo C “trajectos curvilíneos à esquerda” e tipo D “trajectos mais
sinuosos”, já descritos na página 30 e observáveis no Anexo II. Fazem parte dos
percursos do tipo A os percursos 1, 2, 3, 4 e 5. Fazem parte dos percursos de tipo B
os percursos 6 e 7. Fazem parte dos percursos de tipo C os percursos 8, 9 e 10 e
fazem parte dos percursos de tipo D os percursos 11, 12, 13 e 14.
Em relação ao tipo de percurso escolhido verifica-se que os mais escolhidos
foram o percurso 4 (tipo A) e 6 (tipo B), seguidos do percurso 1 (tipo A). Ao
analisarmos as diferenças registadas entre rapazes e raparigas, no gráfico 1, verifica-
se que os percursos mais escolhido pelas raparigas são o 4 (tipo A) e o 6 (tipo B),
enquanto que pelos rapazes os mais escolhidos são o 6 (tipo B) e o 1 (tipo A).
A maioria das raparigas e dos rapazes optaram por “trajectos mais directos em
relação à meta” e “trajectos curvilíneos à direita”.
Das 15 raparigas participantes 9 delas optaram por seguir um dos percursos tipo
A “mais directos em relação à meta” (percursos 1, 2, 3, 4 ou 5), e dos 15 rapazes 6
deles seguiram um dos “trajectos mais rectilíneos em relação à meta” (percursos 1, 2,
4 ou 5). De seguida aparecem os percursos tipo B “trajectos curvilíneos à direita” como
a opção mais escolhida, das 15 raparigas 3 delas optaram por estes trajectos
(percurso 6) e dos 15 rapazes 4 deles optaram também pelo percurso 6. Por fim os
percursos tipo C “trajectos curvilíneos à esquerda” e os percursos tipo B “trajectos
sinuosos”, foram os menos escolhidos. Nas raparigas 1 em 15 escolheu o percurso
tipo C (percurso 9) e nos rapazes foram 2 em 15 (percurso 9). Quanto aos percursos
tipo D, 2 das 15 raparigas optaram por tais trajectos (percurso 13 e 14), sendo que o
mesmo se passou com os rapazes 2 dos 15 também optaram por estes trajectos
(percurso 13).
Conclui-se assim que de facto ambos os percursos de tipo A e tipo B, ou seja, os
“trajectos mais directos em relação à meta” (percurso 1 e 4) e os “trajectos curvilíneos
à direita” (percurso 6) são as escolhas preferenciais tanto para os rapazes como para
as raparigas.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 56
Gráfico 1 - Frequência do percurso escolhido para o género feminino e para o género masculino.
Verifica-se que as diferenças entre os rapazes e as raparigas na escolha do tipo
de percurso são muito poucas, no entanto vai avaliara-se se essas diferenças podem
são ou não significativas.
Para esse fim utilizou-se o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, uma vez que não se
verifica a normalidade da amostra devido à sua reduzida amostra. Analisando o teste
não paramétrico (tabela 11), verifica-se que o valor da estatística de teste é z = -163
ao qual corresponde um p= .880. Deste modo, ao nível de significância 5%, não
existem diferenças significativas.
Percurso Escolhido
Z p- value
-,168
,866
Tabela 11 - Teste de Wilcoxon-Man-Whitney para o percurso escolhido nos rapazes e nas raparigas.
Conclui-se que a escolha do percurso não é influenciada pelo género do indivíduo.
Assim rejeita-se a hipótese 4 “Existem diferenças significativas na escolha do percurso
entre rapazes e raparigas”.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 57
Percurso Tipo A “trajecto mais directo em relação à meta”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,63 ,31 4,25 3,31 5,56 3,81 3,63 2,25
Desvio padrão 1,500 ,602 3,000 1,302 2,920 2,455 3,052 2,113
Mínimo 0 0 0 1 1 0 0 0
Máximo 6 2 13 6 10 8 11 7
Como não existem diferenças entre os elementos do sexo masculino e do sexo
feminino relativamente à escolha do percurso, vai verificar-se de seguida se existem
diferenças nas duas variáveis da fixação do olhar (número e tempo) quando os
indivíduos optam por se deslocar em percursos tipo A “trajectos mais directos em
relação à meta”, em percursos tipo B “trajectos curvilíneos à direita”, em percursos tipo
C “trajectos rectilíneos à esquerda”, ou quando optam por se deslocar em percursos
tipo D “trajectos mais sinuosos”.
PERCURSOS TIPO A “TRAJECTOS MAIS DIRECTOS EM
RELAÇÃO À META”
Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os
indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:
caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do
percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo A, que podem ser,
como já foi referido, os percursos 1, 2, 3, 4 ou 5. Estes percursos têm a particularidade
de serem os trajectos mais directos em relação à meta.
Dos 30 participantes no estudo, 16 deles escolheram os trajectos tipo A. Este
foi o percurso mais escolhido.
Número de Fixações nos percursos tipo A
Número de
Fixações
Tabela 12 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos
tipo A.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 58
Analisando as fixações que estes 16 indivíduos fizeram nas diferentes etapas
do percurso, observa-se (tabela 12) que a média de fixações no caminho da fase 1 é
0,63, nos pinos da fase 1 é 0,31, no caminho da fase 2 é 4,25, nos pinos da fase 2 é
3,31, no caminho da fase 3 é 5,56, nos pinos da fase 3 é 3,81, na meta é 3,63 e fora
do percurso é 2,25. Neste percurso o número de fixações é maior na fase 3 (caminho
e pinos) do que em qualquer outra fase, os indivíduos olham mais vezes para o final
do percurso.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de
fixações feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um
menor número de fixações, segue-se a etapa fora do percurso e de seguida os pinos
da fase 2, depois aparece a meta, seguida do caminho da fase 2 com mais número de
fixações e por último a fase 3, onde o número de fixações é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste
não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 13) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade
do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim procede-se a
comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças
significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações são feitas
analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de
significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o
valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 56,975
p= 0,000
N= 16
Tabela 13- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A.
Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 38). Analisando a tabela
14 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12
(ao nível de significância de 5%)]
Comparações do número de fixações
(Caminho Fase 1 x Caminho Fase 2) 3,787418
(Caminho Fase1 x Caminho Fase 3) 5,092229
(Caminho Fase1 x Meta) 3,429461
(Pinos Fase1 x Pinos Fase 2) 3,637307
(Pinos Fase1 x Pinos Fase 3) 4,006811
(Pinos Fase1 x Meta) 3,8567
(Caminho Fase 3 x Fora do Percurso) 3,533384
Tabela 14 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,
através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso.
Existem diferenças significativas na comparação do número de fixações no
caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 2, a estatística de
teste é 3,78, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma r-se
que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo maior no caminho da fase
2. Existem também diferenças significativas entre o número de fixações no caminho da
fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 3, maior no caminho da fase 3.
Verificam-se diferenças significativas entre o número de fixações no caminho da fase 1
e na meta, sendo maior na meta. Além disso, ainda se verificam diferenças
significativas entre o número de fixações feitas nos pinos da fase 1 e o número de
fixações feitos nos pinos da fase 2, nos pinos da fase 3 e na meta, sendo maior na
meta. Ainda se verificam diferenças significativas no número de fixações no caminho
da fase 3 com o número de fixações fora do percurso, sendo maior no caminho da
fase 3.
Assim, não se rejeita a hipótese 5 “Nos percursos tipo A, existem diferenças
significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso), pois neste tipo de percursos conclui-se que
existe um maior número de fixações no caminho da fase 3,ou seja na parte final do
percurso, em relação à parte inicial do percurso.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 60
Percurso Tipo A “trajecto mais directo em relação à meta”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,781 ,350 2,185 1,155 2,066 ,860 3,596 1,388
Desvio padrão 1,786 ,698 1,447 ,867 1,250 ,714 2,840 1,439
Mínimo 0,00 0,00 0,00 ,10 0,23 0,00 0,0 0,0
Máximo 6,04 2,26 5,28 3,33 5,02 2,38 9,91 4,75
Tempo de Fixação nos percursos tipo A
Tempo de Fixação
(segundos)
Tabela 15 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo
A.
Analisando o tempo de fixação que estes 16 indivíduos fizeram nos diferentes
locais do percurso, observa-se (tabela 15) que a média do tempo de fixação no
caminho da fase 1 é 0,781 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,350 miliseg., no caminho
da fase 2 é 2,185 seg., nos pinos da fase 2 é 1,155 seg., no caminho da fase 3 é 2,066
seg., nos pinos da fase 3 é 0,860 miliseg., na meta é 3,596 seg. e fora do percurso é
1,388 seg. Neste percurso o tempo de fixação é maior na meta do que em qualquer
outra fase, os indivíduos passam mais tempo a olhar mais vezes para o objectivo final
do percurso.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação
feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor
tempo de fixação, segue-se os pinos da fase 3 e os pinos da fase 2, de seguida surge
a etapa fora do percurso, depois aparece o caminho da fase 3 e o caminho da fase 2
por último a meta, onde o tempo de fixação é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não
paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 16) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade
do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e assim procede-se a
comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 61
significativas. As comparações múltiplas entre o tempo médio de fixação são feitas
analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de
significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o
valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 43,967
p= 0,000
N= 16
Tabela 16- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A.
Os resultados da comparação do tempo médio de fixação nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 39). Analisando a tabela
17 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12
(ao nível de significância de 5%)]
Comparações do tempo de fixação
(Caminho Fase 1 x Caminho Fase 2) 3,568025
(Caminho Fase1 x Caminho Fase 3) 3,383273
(Caminho Fase1 x Meta) 4,722725
(Pinos Fase1 x Meta) 5,161511
Tabela 17 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,
através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso.
Existem diferenças significativas na comparação do tempo de fixação no caminho
da fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 2, a estatística de teste é
3,56, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma-se que o
tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo maior no caminho da fase 2.
Existem também diferenças significativas entre o tempo de fixação no caminho da fase
1 com o tempo de fixação no caminho da fase 3, maior no caminho da fase 3.
Verificam-se diferenças significativas entre o tempo de fixação no caminho da fase 1 e
na meta, sendo maior na meta. Além disso, ainda se verificam diferenças significativas
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 62
Percurso Tipo B “trajecto curvilíneo à direita”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,71 ,86 3,00 2,00 4,86 4,57 4,14 2,71
Desvio padrão 1,254 1,574 3,266 2,309 2,035 2,225 2,610 2,059
Mínimo 0 0 0 0 2 2 0 0
Máximo 3 4 9 7 8 8 8 5
entre o tempo de fixação feitas nos pinos da fase 1 e o tempo de fixação feito na meta,
sendo maior na meta.
Assim, não se rejeita a hipótese 6 “Nos percursos tipo A, existem diferenças
significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso), pois neste tipo de percursos conclui-se que
existe um maior tempo de fixação na meta, em relação à parte inicial do percurso.
PERCURSOS TIPO B “TRAJECTOS CURVILÍNEOS À DIREITA”
Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os
indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:
caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do
percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo B, que podem ser,
como já foi referido, os percursos 6 ou 7. Estes percursos têm a particularidade de
serem os trajectos curvilíneos pelo lado direito do percurso (lado onde está a meta).
Dos 30 participantes no estudo, 7 deles escolheram os trajectos tipo B.
Número de Fixações nos percursos tipo B
Número de
Fixações
Tabela 18 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos
tipo B.
Analisando as fixações que estes 7 indivíduos fizeram nas diferentes etapas do
percurso, observa-se (tabela 18) que a média de fixações no caminho da fase 1 é
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 63
0,71, nos pinos da fase 1 é 0,86, no caminho da fase 2 é 3, nos pinos da fase 2 é 2, no
caminho da fase 3 é 4,86, nos pinos da fase 3 é 4,57, na meta é 4,14 e fora do
percurso é 2,71. Neste percurso o número de fixações é maior na fase 3 (caminho e
pinos) e na meta do que em qualquer outra fase, os indivíduos olham mais vezes para
o final do percurso.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de
fixações feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um
menor número de fixações, segue-se os pinos da fase 2 e depois a etapa fora do
percurso. Depois aparece o caminho da fase 2, e de seguida a meta e por último surge
os pinos da fase 3 e o caminho da fase 3, onde o número de fixações é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste
não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 19) o valor do p= .005, rejeita-se a igualdade
do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim procede-se a
comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças
significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações são feitas
analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de
significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o
valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 20,481
p= 0,005
N= 7
Tabela 19- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.
Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 40). Analisando a tabela
20 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 64
Percurso Tipo B “trajecto curvilíneo à direita”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,367 ,325 ,806 ,924 1,970 1,159 3,406 2,149
Desvio padrão ,689 ,725 ,728 1,181 ,676 ,595 2,289 2,400
Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,00 1,29 ,43 0,0 0,0
Máximo 1,78 1,95 1,68 2,90 2,97 1,88 6,10 5,04
Comparações do número de fixações
Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12
(ao nível de significância de 5%)]
(Caminho Fase 1 x Caminho Fase 3) 3,940486
Tabela 20 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através do teste de
comparações múltiplas, durante a realização do percurso.
Apenas existem diferenças significativas na comparação do número de fixações no
caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 3, a estatística de
teste é 3,94, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma r-se
que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo maior no caminho da fase
3.
Assim, não se rejeita a hipótese 7 “Nos percursos tipo B, existem diferenças
significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que
existe um maior número de fixações no caminho da fase 3, ou seja na parte final do
percurso, em relação à parte inicial do percurso.
Tempo de Fixação nos percursos tipo B
Tempo de Fixação
(segundos)
Tabela 21 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo
B.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 65
Analisando o tempo de fixação que estes 16 indivíduos fizeram nos diferentes
locais do percurso, observa-se (tabela 21) que a média do tempo de fixação no
caminho da fase 1 é 0,367 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,375 miliseg., no caminho
da fase 2 é 0,806 miliseg., nos pinos da fase 2 é 0,924 miliseg., no caminho da fase 3
é 1,970 seg., nos pinos da fase 3 é 1,159 seg., na meta é 3,406 seg. e fora do
percurso é 2,149 seg. Neste percurso o tempo de fixação é maior na meta do que em
qualquer outra fase, e de seguida o maior tempo de fxação e nos locais fora do
percurso. De uma forma geral os indivíduos passam mais tempo a olhar mais vezes
para o objectivo final do percurso.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação
feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor
tempo de fixação, segue-se o caminho da fase 2 e os pinos da fase 2, de seguida
surge os pinos da fase 3, e depois aparece o caminho da fase 3, e depois os locais
fora do percurso, por último aparece a meta, onde o tempo de fixação é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não
paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 22) o valor do p= .108, não se rejeitando a
igualdade do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e portanto não é
necessário proceder às comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram
as diferenças significativas, pois elas não existem.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 7,594
p= 0,108
N= 7
Tabela 22- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.
Assim, rejeita-se a hipótese 8 “Nos percursos tipo B, existem diferenças
significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui -se que o
tempo de fixação embora não seja igual nos vários locais, a diferença dos valores não
é significativa.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 66
Percurso Tipo C “trajecto curvilíneo à esquerda”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,67 1,33 4,33 2,33 2,67 3,00 1,67 2,33
Desvio padrão 1,155 2,309 4,041 2,517 2,887 1,732 1,155 ,577
Mínimo 0 0 2 0 1 1 1 2
Máximo 2 4 9 5 6 4 3 3
PERCURSOS TIPO C “TRAJECTOS CURVILÍNEOS À ESQUERDA”
Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os
indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:
caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do
percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo C, que podem ser,
como já foi referido, os percursos 8, 9 ou 10. Estes percursos têm a particularidade de
serem trajectos curvilíneos pelo lado esquerdo do percurso.
Dos 30 participantes no estudo, 3 deles escolheram os trajectos tipo C. Foi o
percurso menos escolhido.
Número de Fixações nos percursos tipo C
Número de
Fixações
Tabela 23 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos
tipo C.
Analisando as fixações que estes 3 indivíduos fizeram nas diferentes etapas do
percurso, observa-se (tabela 23) que a média de fixações no caminho da fase 1 é
0,67, nos pinos da fase 1 é 1,33, no caminho da fase 2 é 4,33, nos pinos da fase 2 é
2,33, no caminho da fase 3 é 2,67, nos pinos da fase 3 é 3,00, na meta é 1,67 e fora
do percurso é 2,33. Neste percurso o número de fixações é maior no caminho da fase
2. Os indivíduos olham mais vezes para o meio do percurso.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 67
Percurso Tipo B “trajecto curvilíneo à esquerda”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,154 ,561 1,881 ,627 ,660 ,781 1,375 4,116
Desvio padrão ,266 ,971 1,914 ,627 ,618 ,362 ,697 ,638
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de fixações
feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor
número de fixações, segue-se a meta e depois a etapa fora do percurso e os pinos da
fase 2, depois aparece o caminho da fase 3 seguida dos pinos da fase 3 e por último
surge o caminho da fase 2, onde o número de fixações é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste
não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 24) o valor do p= .256, não se rejeita a
igualdade do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim não é
necessário proceder a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram
as diferenças significativas, pois elas não existem.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 8,949
p= 0,256
N= 3
Tabela 24- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.
Assim, rejeita-se a hipótese 9 “Nos percursos tipo C, existem diferenças
significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que o
número de fixações, embora não sejam iguais nos vários locais, não apresentam
valores significativamente diferentes.
Tempo de Fixação nos percursos tipo C
Tempo de Fixação
(segundos)
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 68
Mínimo 0,00 0,00 ,76 0,00 ,17 ,50 ,92 3,43
Máximo ,46 1,68 4,09 1,25 1,35 1,19 2,17 4,69
Tabela 25 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo
C.
Analisando o tempo de fixação que estes 3 indivíduos fizeram nos diferentes locais
do percurso, observa-se (tabela 25) que a média do tempo de fixação no caminho da
fase 1 é 0,154 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,561 miliseg., no caminho da fase 2 é
1,881 seg., nos pinos da fase 2 é 0,627 miliseg., no caminho da fase 3 é 0,660
miliseg., nos pinos da fase 3 é 0,781 miliseg., na meta é 1,375 seg. e fora do percurso
é 4,116 seg. Neste percurso o tempo de fixação é maior nos locais fora do percurso do
que em qualquer outra fase. De uma forma geral os indivíduos passam mais tempo a
olhar para locais que não estão directamente ligados ao objectivo final.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação
feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor
tempo de fixação, segue-se os pinos da fase 2 e o caminho da fase 3, de seguida
surge os pinos da fase 3, e depois aparece o caminho da fase 3, e depois a meta e o
caminho da fase 2, por último aparece os locais para fora do percurso, onde o tempo
de fixação é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não
paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 26) o valor do p= .041, rejeita-se a igualdade
do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e portanto é necessário proceder
às comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças
significativas. As comparações múltiplas entre o tempo médio de fixação são feitas
analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de
significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o
valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 69
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 14,652
p= 0,041
N= 3
Tabela 26- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.
Os resultados da comparação do tempo médio de fixação nos vários locais do
percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 41). Analisando a tabela
27 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.
Comparações do número de fixações
Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12
(ao nível de significância de 5%)]
(Caminho Fase 1 x Fora do Percurso) 3,25
Tabela 27 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através do teste de
comparações múltiplas, durante a realização do percurso.
Apenas existem diferenças significativas na comparação do tempo de fixação no
caminho da fase 1 com o tempo de fixação nos locais fora do percurso, a estatística de
teste é 3,25, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirmar-se
que o tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo maior nos locais fora do
percurso.
Assim, não se rejeita a hipótese 10 “Nos percursos tipo C, existem diferenças
significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que
existe um maior tempo de fixação nos locais fora do percurso, em relação à parte
inicial do percurso.
PERCURSOS TIPO D “TRAJECTOS MAIS SINUOSOS”
Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os
indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:
caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 70
Percurso Tipo D “trajectos mais sinuosos ”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,75 1,25 5,25 3,00 2,75 3,00 3,00 2,50
Desvio padrão ,957 1,258 3,096 3,464 1,708 1,414 ,816 1,000
Mínimo 0 0 1 0 1 2 2 2
Máximo 2 3 8 8 5 5 4 4
percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo D, que podem ser,
como já foi referido, os percursos 11, 12, 13 ou 14. Estes percursos têm a
particularidade de serem trajectos curvilíneos tanto pelo lado direito como pelo lado
esquerdo do percurso. Dos 30 participantes no estudo, 4 deles escolheram os
trajectos tipo D.
Número de Fixações nos percursos tipo D
Número de
Fixações
Tabela 28 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos
tipo D.
Analisando as fixações que estes 4 indivíduos fizeram nos diferentes locais do
percurso, observa-se (tabela 28) que a média de fixações no caminho da fase 1 é
0,75, nos pinos da fase 1 é 1,25, no caminho da fase 2 é 5,25, nos pinos da fase 2 é
3,00, no caminho da fase 3 é 2,75, nos pinos da fase 3 é 3,00, na meta é 3,00 e fora
do percurso é 2,50. Neste percurso o número de fixações é maior no caminho da fase
2, ou seja os indivíduos olham mais vezes para o meio do percurso.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de fixações
feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor
número de fixações, segue-se os locais fora do percurso e depois o caminho da fase
3, depois aparece os pinos fase da 2 e da fase 3 e a meta com igual número de
fixações e por último surge o caminho da fase 2, onde o número de fixações é maior.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 71
Percurso Tipo D “trajectos mais sinuosos”
Fase
1
Cam
inh
o
Fase
1
Pin
os
Fase
2
Cam
inh
o
Fase
2
Pin
os
Fase
3
Cam
inh
o
Fase
3
Pin
os
Met
a
Fora
do
Per
curs
o
Média ,290 ,808 2,810 1,644 1,202 ,671 2,788 3,979
Desvio padrão ,349 1,030 3,124 2,641 ,839 ,414 2,984 4,067
Mínimo 0,00 0,00 ,03 0,00 ,07 ,22 ,87 1,30
Máximo ,70 2,31 7,25 5,58 1,94 1,06 7,23 10,04
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste
não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 29) o valor do p= .098, não se rejeita a
igualdade do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim não é
necessário proceder a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram
as diferenças significativas, pois elas não existem.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 12,066
p= 0,098
N= 4
Tabela 29- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D.
Assim, rejeita-se a hipótese 11 “Nos percursos tipo D, existem diferenças
significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que
embora o número de fixações não sejam iguais nos vários locais, não apresentam
valores significativamente diferentes.
Tempo de Fixação nos percursos tipo D
Tempo de Fixação
(segundos)
Tabela 30 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo
D.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 72
Analisando o tempo de fixação que estes 3 indivíduos fizeram nos diferentes locais
do percurso, observa-se (tabela 30) que a média do tempo de fixação no caminho da
fase 1 é 0,290 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,808 miliseg., no caminho da fase 2 é
2,810 seg., nos pinos da fase 2 é 1,644 seg., no caminho da fase 3 é 1,202 seg., nos
pinos da fase 3 é 0,671 miliseg., na meta é 2,788 seg. e fora do percurso é 3,979 seg.
Neste percurso o tempo de fixação é maior nos locais fora do percurso do que em
qualquer outra fase. De uma forma geral os indivíduos passam mais tempo a olhar
para locais que não estão directamente ligados ao objectivo final.
Comparações entre os vários locais:
Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação
feitas nas várias etapas. Na fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor
tempo de fixação a par dos pinos da fase 3, segue-se o caminho da fase 3 e os pinos
da fase 2, de seguida surge a meta, e depois aparece o caminho da fase 2, por último
aparece os locais para fora do percurso, onde o tempo de fixação é maior.
Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não
paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.
Como, no teste de Friedman (tabela 31) o valor do p= .131, não se rejeita a
igualdade do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e portanto não é
necessário proceder às comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram
as diferenças significativas, pois elas não existem.
Estatística de Teste:
Friedman
Vários Locais do Percurso
2= 11,179
p= 0,131
N= 4
Tabela 31- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D.
Assim, rejeita-se a hipótese 12 “Nos percursos tipo D, existem diferenças
significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,
fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que
embora o tempo de fixação não seja igual nos vários locais, não apresenta valores
significativamente diferentes.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 73
De uma maneira geral verifica-se que os trajectos mais realizados são aqueles em
que o individuo caminha de forma quase directa em relação à meta (Tipo A) e aqueles
em que o indivíduo caminha pelo lado direito realizando uma curva à e squerda (Tipo
B), não existindo diferenças significativas entre o género feminino e o género
masculino, ou seja, a escolha do percurso não é influenciada pelo género.
Nos trajectos tipo A verificam-se as conclusões obtidas anteriormente para o
número de fixações e para o tempo de fixação. As fixações neste tipo de trajectos é
feita em maior número na fase final do percurso, enquanto o maior tempo de fixação
ocorre na meta.
Em relação aos outros trajectos, apenas se verificaram diferenças significativas no
número de fixações para os trajectos rectilíneos à direita (tipo B), sendo que são feitas
mais fixações na parte final do percurso em relação à parte inicial; e no tempo de
fixação para os trajectos curvilíneos à esquerda (tipo C), sendo que o tempo de
fixação é maior nos locais fora do percurso. Em todos os outros trajectos não existem
diferenças significativas entre o número de fixações que é feito nos vários locais do
percurso, nem no tempo de fixação que é feito.
Estes resultados sugerem que a realização da mesma tarefa base provoca
alterações quanto às estratégias visuais que são utilizadas para a sua realização,
quanto é alterada alguma característica como o sítio que os indivíduos escolhem para
se deslocar. De facto, Yarbus (1967) refere que o comportamento de visualização e os
padrões dos movimentos oculares mudam em função da tarefa de visualização dada
ao sujeito. Tendo em conta, que um indivíduo que realiza o percurso pelo lado
esquerdo e um indivíduo que realiza o percurso pelo lado direito têm visões diferentes
da totalidade do trajecto, é normal que também ocorram diferenças nos padrões dos
movimentos oculares. Desta forma, pode dizer-se que a visualização de percursos em
que o indivíduo se desloca é equivalente à visualização de cenas em que o indivíduo
permanece estático, no que diz respeito à constante alteração de padrões de
movimentos oculares consoante o contexto da tarefa. Conclui-se que o tipo de trajecto
feito pelo indivíduo influencia os padrões dos movimentos oculares.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 74
7. Conclusão
Sendo que no mundo actual é impossível deslocarmo-nos de um local para outro
sem nos depararmos com inúmeros obstáculos no nosso percurso, é importante
perceber de que forma o sistema visual contribui para a deslocação segura no espaço,
mais especificamente quais são as estratégias visuais que os indivíduos utilizam para
se deslocar de forma segura.
De um modo geral os resultados apontam para a existência de algumas diferenças
nas estratégias visuais utilizadas pelas raparigas em relação aos rapazes durante a
realização de percursos com obstáculos, sendo que o género do indivíduo influencia
tanto o tempo da fixação como o número de fixações.
No que diz respeito ao tempo de fixação, conclui-se que o mesmo é influenciado
pelo local do percurso, pois as raparigas passam mais tempo a olhar para os locais
fora do percurso (sendo que, esses locais são maioritariamente localizados
imediatamente à frente da meta), do que para qualquer outro local, e os rapazes
passam mais tempo a fixar a meta, do que outro local.
Em relação ao número de fixações, também se conclui que este é influenciado pelo
local do percurso, uma vez que antes de iniciar a marcha as raparigas olham um maior
número de vezes para a parte final do percurso, e os rapazes olham mais vezes para
a parte do meio, do que para qualquer outro local. Depois de iniciarem a marcha, tanto
as raparigas como os rapazes olham um maior número de vezes para a parte final e
para a meta, do que para qualquer outra parte do percurso. De forma conclusiva,
antes de iniciarem a marcha tanto as raparigas como os rapazes observam mais
vezes o caminho que vão percorrer e depois de iniciarem a marcha, fixam os locais
aos quais pretendem chegar, de modo a planearem os próximos passos a dar de
modo feedfoward, para não chocarem com nenhum obstáculo e realizarem o percurso
de forma segura.
As diferenças entre os locais onde são feitas mais fixações e os locais onde o
tempo de fixação é maior diferem, o que permite concluir que o número de fixações
pode ser feito em maior quantidade num determinado local, enquanto o tempo de
maior fixação não será necessariamente no mesmo local.
Em geral, os resultados obtidos neste estudo revelam a ocorrência de fixações em
partes específicas do trajecto, como os obstáculos, o caminho que percorrem, a meta,
ou os locais à frente da meta, e mostram que estes locais são relevantes para a
realização da tarefa. Em estudos locomotores (Hollands et al. 2002; Patla e Vickers,
1997, 2003 in Patla et al., 2007) e estudos de tarefas diárias (Land e Hayhoe, 2001;
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 75
Land et al., 1999 in Patla et al., 2007) que especificam a localização das fixações,
chegou-se à conclusão que raramente são feitas localizações em objectos ou locais
irrelevantes para a tarefa. Esta conclusão suporta a ideia de que o comportamento do
olhar é feito através de um controlo top-down (Land e Furneaux, 1997; Shinoda et al.,
2001 in Patla et al., 2007). Além disso Rayner e Pollatsek (1992), num estudo sobre os
movimentos oculares na percepção de cenas, indicam que os padrões de movimentos
oculares não são feitos ao acaso e que os indivíduos tendem a fixar áreas na cena
que para eles são tidas como informativas. Desta forma chega-se à conclusão que os
movimentos oculares na visualização de um percurso, caminhando sobre ele até
alcançar uma meta, também não são feitos ao acaso, as fixações observados no
presente estudo revelam que os indivíduos passam a maioria do tempo a fixar a meta,
sendo que a meta é o elemento mais informativo para eles, pois é onde pretendem
chegar.
Uma outra conclusão importantíssima a que se chega neste estudo é que quando
os indivíduos passam mais tempo a fixar a meta do que qualquer outro local do
percurso, eles realizam trajectos que são mais directos em relação à meta. Ou seja,
todos os indivíduos que gastam mais tempo a fixar o seu objectivo final, a meta, são
os participantes mais eficientes a realizar a tarefa, pois optam por deslocar-se através
de trajectos mais directos. Como no presente estudo tanto os rapazes como as
raparigas (16 dos 30 participantes) escolheram maioritariamente os trajectos mais
directos em relação à meta (tipo A), pode considerar-se que estes foram os
participantes mais eficientes.
De uma forma geral, a análise dos padrões dos movimentos oculares serviu para
perceber que durante a realização de determinada tarefa os indivíduos fixam os locais
que são mais relevantes para concluir o objectivo da tarefa, e quando esses locais são
fixados não vale a pena fixar outras partes. Percebeu-se também que as fixações são
dirigidas para os locais de onde se pretende obter informação mais detalhadas e
precisas, pois a visão periférica é suficiente para o indivíduo perceber o espaço que o
rodeia dentro de um determinado limite (cerca de dois passos à frente do indivíduo).
Este estudo foi também importante na medida em que forneceu a informação de que
se os indivíduos pretendem ser eficientes na realização de uma determinada tarefa,
eles devem passar a maior parte do tempo a fixar o objectivo dessa mesma tarefa.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 76
8. Limitações do estudo
Considera-se que embora a amostra tenha uma dimensão que permite estabelecer a
comparação entre os indivíduos do sexo masculino e os indivíduos do sexo feminino,
relativamente aos períodos de fixação durante a realização de um percurso com
obstáculos, não permitiu realizar inferências para a população portuguesa, pois a
amostra não é representativa da mesma.
9. Sugestões Futuras
Neste estudo não foi feita a análise do tempo de fixação que os indivíduos fizeram,
antes de iniciarem a marcha e depois de estarem a caminhar no percurso. Uma vez
que foram obtidas diferenças no número de fixações nos vários locais antes de iniciar
a marcha e no número de fixações nos vários locais depois de já se ter iniciado a
marcha, sugere-se que em futuros estudos se verifique se o tempo de fixação nos
vários locais do percurso também sofre alterações antes de se iniciar a marcha
relativamente ao período depois de se ter iniciado a marcha.
Uma outra sugestão prende-se com as variáveis a ter em conta. Em estudos
futuros poderá ser analisada a influência da altura dos participantes quanto ao tipo de
percurso que escolhiam e quanto ao número e tempo de fixação que faziam nos
diferentes locais do percurso. Também se poderá complexificar a tarefa aumentando o
número de metas possíveis de alcançar, ou diversificar o tamanho, cor ou forma dos
obstáculos de forma a avaliar a influência dessas características no tipo de estratégias
utilizadas.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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11. Anexos
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Anexo I: Tabelas de Comparações Múltiplas
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Comparações do tempo de
fixação
Valor da estatística de Teste –
Raparigas
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,491935
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
2,381412
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
1,296919
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
2,940429
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
1,96774
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 4,28207 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 3,085774 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
2,873347
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
1,788854
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
3,432364
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos fase3 2,459675 3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 4,774005 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 3,577709 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
1,084493
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
0,559017
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
0,413673
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 1,900658 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 0,704361 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
1,64351
3,12
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0,67082
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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(Pinos Fase 2 X Meta) 2,985151 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 1,788854 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
0,97269
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 1,341641 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 0,145344 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 2,31433 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 1,118034 3,12
(Meta x Fora) 1,196296 3,12
Tabela 32 – Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso, para as
raparigas.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Comparações do tempo de
fixação
Valor da estatística de Teste –
Rapazes
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,97269
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
4,326792
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
2,493216
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
3,991381
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
2,236068
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 4,550398 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 2,906888 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
3,354102
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
1,520526
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
3,018692
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
1,263378
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 3,577709 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 1,934199 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
1,833576
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
0,33541
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
2,090724
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 0,223607 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 1,419903 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
1,498166
3,12
(Pinos Fase 2 x Pinos 0,257148 3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Fase3)
(Pinos Fase 2 X Meta) 2,057183 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 0,413673 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
1,755313
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 0,559017 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 1,084493 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 2,31433 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 0,67082 3,12
(Meta x Fora) 1,64351 3,12
Tabela 33 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso, para os
rapazes.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
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Comparações do número
de fixações
Valor da estatística de Teste –
Antes de Iniciar o percurso
Raparigas
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,927968
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
1,945379
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
1,64351
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
3,320561
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
1,64351
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 1,084493 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 0,860886 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
2,873347
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
2,571478
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
4,248529
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos fase3 2,571478 3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 2,012461 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 1,788854 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
0,301869
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
1,375182
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
0,301869
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 0,860886 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 1,084493 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
1,677051
3,12
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 88
(Pinos Fase 2 X Meta) 0,559017 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 0,782624 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
1,677051
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 2,236068 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 2,459675 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 0,559017 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 0,782624 3,12
(Meta x Fora) 0,223607 3,12
Tabela 34 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso antes
de iniciar a marcha, para as raparigas.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 89
Comparações do número
de fixações
Valor da estatística de Teste –
Antes de Iniciar o percurso
Rapazes
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,301869
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
3,834857
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
2,31433
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
1,788854
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
2,493216
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 1,229837 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 0,559017 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
3,532987
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
2,012461
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
1,486985
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
2,191347
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 0,927968 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 0,257148 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
1,520526
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
2,046002
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
1,341641
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 2,605019 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 3,27584 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
0,525476
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 90
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0,178885
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 1,084493 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 1,755313 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
0,704361
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 0,559017 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 1,229837 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 1,263378 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 1,934199 3,12
(Meta x Fora) 0,67082 3,12
Tabela 35 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso antes
de iniciar a marcha, para os rapazes.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 91
Comparações do número
de fixações
Valor da estatística de Teste –
Durante a realização do percurso
Raparigas
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,480755
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
2,605019
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
1,934199
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
4,214988
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
4,136726
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 4,807546 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 4,170267 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
2,124265
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
1,453444
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
3,734234
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
3,655971
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 4,326792 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 3,689512 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
0,67082
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
1,609969
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
1,531707
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 2,202527 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 1,565248 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
2,280789
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 92
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
2,202527
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 2,873347 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 2,236068 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
0,078262
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 0,592558 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 0,044721 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 0,67082 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 0,033541 3,12
(Meta x Fora) 0,637279 3,12
Tabela 36 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso durante
a realização do percurso, para as raparigas.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 93
Comparações do número
de fixações
Valor da estatística de Teste –
Durante a realização do percurso
Rapazes
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,368951
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
3,61125
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
2,862167
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
5,064694
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
3,197577
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 4,170267 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 2,459675 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
3,242299
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
2,493216
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
4,695743
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
2,828626
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 3,801316 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 2,090724 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
0,749083
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
1,453444
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
0,413673
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 0,559017 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 1,151575 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
2,202527
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 94
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0,33541
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 1,3081 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 0,402492 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
1,867117
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 0,894427 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 2,605019 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 0,97269 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 0,737902 3,12
(Meta x Fora) 1,710592 3,12
Tabela 37 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso durante
a realização do percurso, para os rapazes.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 95
Comparações do número
de fixações
Valor da estatística de Teste –
Percurso tipo A “mais directo em
relação à meta”
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,427239
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
3,787418
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
3,210067
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
5,092229
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
3,579572
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 3,429461 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 1,558846 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
4,214657
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
3,637307
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
5,519469
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
4,006811
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 3,8567 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 1,986085 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
0,57735
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
1,304812
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
0,207846
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 0,357957 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 2,228572 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
1,882162
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 96
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0,369504
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 0,219393 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 1,651222 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
1,512658
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 1,662769 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 3,533384 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 0,150111 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 2,020726 3,12
(Meta x Fora) 1,870615 3,12
Tabela 38- Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos percursos tipo A.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 97
Comparações do tempo de
fixação
Valor da estatística de Teste –
Percurso tipo A “mais directo em
relação à meta”
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,438786
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
3,568025
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
1,905256
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
3,383273
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
1,870615
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 4,722725 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 1,986085 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
4,006811
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
2,344042
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
3,822059
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
2,309401
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 5,161511 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 2,424871 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
1,662769
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
0,184752
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
1,69741
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 1,154701 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 1,58194 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
1,478017
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 98
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0,034641
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 2,817469 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 0,080829 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
1,512658
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 1,339453 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 1,397188 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 2,85211 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 0,11547 3,12
(Meta x Fora) 2,73664 3,12
Tabela 39 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos percursos tipo A.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 99
Comparações do número
de fixações
Valor da estatística de Teste –
Percurso tipo B “curvilíneo à
direita”
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,16039
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
1,794842
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
1,03108
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
3,940486
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
3,05505
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 2,451678 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 1,634452 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
1,634452
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
0,870689
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
2,780096
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
2,89466
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 2,291288 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 1,474062 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
0,763763
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
1,145644
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
1,260208
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 0,656836 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 0,16039 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
1,909407
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 100
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
2,023971
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 1,420598 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 0,603372 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
0,114564
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 0,488808 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 1,306034 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 0,603372 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 1,420598 3,12
(Meta x Fora) 0,817226 3,12
Tabela 40 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos percursos tipo
B.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 101
Comparações do tempo de
fixação
Valor da estatística de Teste –
Percurso tipo C “curvilíneo à
esquerda”
Quantil (ao nível de
significância de 5%)
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase 1)
0,835
3,12
(CaminhoFase1 x Caminho
Fase2)
2,415
3,12
(CaminhoFase1 x Pinos
Fase2)
0,915
3,12
(Caminho Fase 1 x
Caminho Fase3)
1,25
3,12
(Caminho Fase 1 x Pinos
Fase3)
1,415
3,12
(Caminho Fase1 x Meta) 1,915 3,12
(Caminho Fase1 x Fora) 3,25 3,12
(Pinos Fase 1 x Caminho
Fase2)
1,58
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase2)
0,08
3,12
(Pinos Fase1 x Caminho
Fase3)
0,415
3,12
(Pinos Fase1 x Pinos
Fase3)
0,58
3,12
(Pinos Fase1 x Meta) 1,08 3,12
(Pinos Fase1 x Fora) 2,415 3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase2)
1,5
3,12
(Caminho Fase2 X
Caminho Fase3)
1,165
3,12
(Caminho Fase2 x Pinos
Fase3)
1
3,12
(Caminho Fase 2 x Meta) 0,5 3,12
(Caminho Fase 2 x Fora) 0,835 3,12
(Pinos Fase2 x Caminho
Fase 3)
0,335
3,12
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 102
(Pinos Fase 2 x Pinos
Fase3)
0,5
3,12
(Pinos Fase 2 X Meta) 1 3,12
(Pinos Fase 2 x Fora) 2,335 3,12
(Caminho Fase 3 X Pinos
Fase 3)
0,165
3,12
(Caminho Fase3 X Meta) 0,665 3,12
(Caminho Fase 3 X Fora) 2 3,12
(Pinos Fase 3 x Meta) 0,5 3,12
(Pinos Fase 3 X Fora) 1,835 3,12
(Meta x Fora) 1,335 3,12
Tabela 41 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos percursos tipo C.
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 103
Anexo II: Tipos de Percursos
1 – PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”
Imagem 19 - Percurso de Tipo A (1).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 104
2 – PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”
Imagem 20 - Percurso de Tipo A (2).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 105
3 - PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”
Imagem 21 - Percurso de Tipo A (3).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 106
4 - PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”
Imagem 22 - Percurso de Tipo A (4).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 107
5 - PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”
Imagem 23 - Percurso de Tipo A (5).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 108
6 – PERCURSO TIPO B “TRAJECTO CURVILÍNEO À DIREITA”
Imagem 24 - Percurso de Tipo B (6).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 109
7 - PERCURSO TIPO B “TRAJECTO CURVILÍNEO À DIREITA”
Imagem 25 - Percurso de Tipo B (7).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 110
8 - PERCURSO TIPO C “TRAJECTO CURVILÍNEO À ESQUERDA”
Imagem 26 - Percurso de Tipo C (8).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 111
9 - PERCURSO TIPO C “TRAJECTO CURVILÍNEO À ESQUERDA”
Imagem 27 - Percurso de Tipo C (9).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 112
10 – PERCURSO TIPO C “TRAJECTO CURVILÍNEO À ESQUERDA”
Imagem 28 - Percurso de Tipo C (10).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 113
11 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”
Imagem 29 - Percurso de Tipo D (11).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 114
12 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”
Imagem 30 - Percurso de Tipo D (12).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 115
13 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”
Imagem 31 - Percurso de Tipo D (13).
ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS
I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 116
14 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”
Imagem 32 - Percurso de Tipo D (14).
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