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EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS PARA AS “SENHORAS E SENHORITAS” DA
SOCIEDADE BAIANA: o discurso performativo do Instituto Feminino da Bahia (1920
a 1968)
Suely Moraes Ceravolo1
Resumo: Tendo em vista o estudo mais amplo sobre a constituição do patrimônio cultural em
retrospectiva, analisa-se o caso das exposições temporárias promulgadas de 1920 a 1968, pelo Instituto
Feminino da Bahia (IFB), escola particular para mulheres na cidade do Salvador. O aporte teórico para
a aproximação com as fontes priorizadas (noticias publicadas na mídia impressa e opúsculos), centra-
se na observação do discurso performativo que tanto descreve como prescreve segundo Pierre
Bourdieu (2013). Com essa base se destaca as diferentes finalidades das mostras temporárias para
reproduzir modelos de percepção com vistas a manter a estrutura das relações de classe. Conclui-se
que, sem abrir mão de princípios caros ao IFB, as exposições de curta duração ainda que com
finalidades diferentes, visavam principalmente reforçar a dimensão feminina das mulheres da elite
baiana tendo como modelo a mulher de um fausto passado.
Palavras-chave: Instituto Feminino da Bahia, Exposições temporárias, Museologia, História dos Museus na Bahia, Patrimônio cultural na Bahia.
Abordando as exposições temporárias do IFB
Ao investigar a constituição do patrimônio cultural baiano em retrospectiva
2, chama a
atenção o investimento colecionista de Henriqueta Martins Catharino (1886-1969), que
implantou o Instituto Feminino da Bahia (IFB), na cidade do Salvador. O conjunto de obras
assistenciais, criadas a partir de 1923, compartilhadas com Monsenhor Flaviano Osório
Pimentel, e o curso de Contabilidade, depois Escola Técnica de Comércio Feminina da Bahia
recebeu a denominação Instituto Feminino em 1928, reconhecido de utilidade pública no ano
seguinte3. Do projeto pedagógico constaram três segmentos museológicos: o Museu de Arte
Antiga, o de Arte Popular, e o Geológico Econômico (ora Museu de Ciências Naturais ou
Museu de História Natural) com a finalidade de apoiar aulas práticas4.
1 Docente do Departamento Museologia, PPG Museologia e PPG História FFCH/UFBA. 2
Projeto integrado ao GP Observatório da Museologia Baiana, linha História da Museologia na Bahia (CPNq); apoio PIBIC/UFBA com as seguintes bolsistas: 2013-2014: Milena de Jesus Santos ; 2014-2015: Jussara Santos Piedade; 2015-2016: Silvana M. M. B. de Almeida Castro. 3
Decreto Federal no. 17.329, 21 de março 1929 (PASSOS, 1993, p25); Lei no. 2176, 27 de junho de 1929 –
segundo informação no opúsculo Exposição de Bronze, Instituto Feminino da Bahia, 5 de outubro de 1959 (s/n). 4
Os museus estiveram incorporados à Divisão Cultural formada pela Biblioteca, a Escola Técnica de Comércio e Ginásio Feminino da Bahia, a Escola de Datilografia, e a Faculdade Católica de Ciências Econômicas da Bahia. No opúsculo de 1959 (s/p), o Museu Geológico Econômico aparece na Divisão de Economia Doméstica com o seguinte adendo: “em formação, criado para auxiliar as aulas práticas das Escolas e onde se encontram madeiras, minérios e demais riquezas da Bahia, que atestam a opulência do Brasil”. Duas outras divisões compunham a estrutura do IFB: Divisão de Economia Doméstica e a de Assistência Social (cf. opúsculo “Exposição de espelhos e rubis”, 1963).
O coeso empreendimento assistencialista e educacional pôs em destaque Dona
Henriqueta, personalidade da sociedade baiana. Sociedade essa que foi se integrando
paulatinamente ao regime republicano para partilhar ideais modernos e civilizatórios,
mantendo traços patriarcais e nichos delimitados para a atuação de mulheres. De família
abastada, culta e viajada, forte formação católica impregnando sua obra e modo de atuar no
mundo (QUEIROZ, 2014, p.61), dedicou-se a um “feminismo especial” para moldar mulheres
“moralmente fortes” (grifo da autora)(PASSOS, 1992; 1993; 2010). Contudo, deve-se
relativizar a dimensão „especial‟ do feminismo propugnado pelo IFB já que se alinhava às
questões de sua época contando, na Bahia, com outras frentes e representantes (VIEIRA,
2015)5. Além disso, foi um movimento que proliferou desde o inicio do século XX, a partir de
diferentes países europeus e, naqueles de predominância da religião católica, levou a Igreja a
se posicionar contra radicalismos e estabelecer conexões com mulheres ligadas ao movimento
(LlONA GONZÁLES, 1998, p.289-292)6. Dentre outras preocupações essa vertente do
feminismo pleiteava a salvaguarda dos bons costumes e a figura da mulher – mãe, bondosa,
servil -, a educação e o trabalho resultando em obras filantrópicas e cursos preparatórios para
a atuação fora do lar. Segundo a própria pesquisadora Elizete Passos o IFB ficou entre o
tradicional e o novo, sem abrir mão da formação religiosa (PASSOS, op.cit., 80-87).
A sede construída especialmente para instalar a escola e cursos, pensão e restaurante –
um casarão sólido e rico, pisos de mármore e madeira, largos ambientes e espaçosas áreas de
circulação conforme o site - está formado por três pavimentos. Abrigou um “vultuoso
patrimônio de arte que, distribuído pela casa, lhe deu aspecto de Museu” (grifo da
autora)(ALVES apud PASSOS, 1993, p.32-33), o que pode ser conferido, nos dias atuais, ao
se empreender visita aos dois museus mantidos pela Fundação Instituto Feminino da Bahia7: o
Henriqueta Catharino e o do Traje e do Têxtil. A respeito desses acervos, com peças que vieram
dos museus anteriores e das coleções amealhadas, conta-se com estudos acadêmicos
recentemente realizados8.
5 A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino foi criada no Rio de Janeiro, 1922; a filial na Bahia em 1931,
dirigida por Edith Mendes da Gama e Abreu. Advogava os mesmos ideais baseada na educação e trabalho,
mantendo os princípios da moral cristã e ajustando-se as imposições do universo masculino (VIEIRA, 2015).
Outras personalidades femininas baianas: a professora Anfrísia Santiago; Amélia Rodrigues dentre outras
(FERREIRA FILHO, 2003). 6
M. Llona González distingue: feminina: a ação social envidada por mulheres; feminista reivindicação de direitos de trabalho (LlONA GONZÁLES, 1998). 7
< http://www.institutofeminino.org.br/home/index.php>. Acesso 24.05.2016. O Instituto passou à Fundação em 19 de julho de 1950, Registro do Estatuto no. 713, Livro A, no. 9 de 25 de julho de 1950 (s/p)( opúsculo
“Exposição de Bronze”, 05.10. 1959. 8
Cito: OLIVEIRA, Ana Karina R. da. Museologia e ciência da informação: distinções e encontros entre áreas a partir da documentação de um conjunto de peças de 'roupas brancas'. Dissertação, ECA/USP, 2009
O interesse em abordar as exposições temporárias do IFB se instala na possibilidade
de elucidar elementos específicos de comparação sobre a formação do ideário que deu
sustentação ao patrimônio cultural baiano, como já assinalado. Penso em outras coleções e
museus formados relativamente no mesmo período, mas, em circunstâncias e objetivos
distintos, caso do museu do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1894), e o do Estado
da Bahia (1918)(CERAVOLO, 2016 e 2011), em que predominava a presença masculina. Nesse
aspecto, a própria condição de escola particular para mulheres incita perscrutar a natureza
dos discursos que propagandeavam a apresentação de mostras de curta duração abertas ao
público.
Se é fato que exposições transmitem mensagens e, através delas, pode-se evidenciar
relações sociais que os objetos carregam na qualidade de mediadores dessas mesmas relações
(CURY, 2005), também o é como afirma Clovis Britto, a possibilidade de se transformarem
em “instrumentos de poder”, silenciando ou imortalizando temas e sujeitos, uma vez que tanto
o exposto – sujeito a escolhas – como a linguagem expositiva, são manipuláveis (grifo
meu)(BRITTO, 2016, p.22). Essas duas dimensões críticas despojam as exposições, mesmo as
de curta duração, de abordagens ingênuas no sentido do simples ato de mostrar. Nelas se
articulam a grafia (composição dos objetos entre si ou com outros itens) e certa construção
semântica cuja compreensão nem sempre explícita – portanto, latente - formam o discurso ou
narrativa expositiva. Acredito que, nessa perspectiva, pode-se empregar com propriedade a
expressão “fato comunicacional”, social e significante e de simbólico funcionamento proposta
por Jean Davallon (2003, p. 27-28), que vê as exposições como mídia agenciadora de objetos
dotadas de energia para modificar a relação dos visitantes com o mundo do qual os objetos
procedem.
No caso do IFB essas dimensões críticas e funcionais encadeiam-se a mais um fator
do qual não se pode descuidar: foi uma escola propondo determinado sistema de ensino. Isso
significa, pensando com Pierre Bourdieu (2013), que procurou reproduzir modelos de
percepção para manter a estrutura das relações de classe. Sob a “aparente neutralidade” de que
fala esse autor (grifo meu), o Instituto operava a distribuição e redistribuição do capital
(http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-27102009-002603/pt-br.php); SILVA, Ane Cristinane
da. O vestuário como elemento constituinte da identidade das mulheres de elite na Bahia (1890-1920) – A partir
da análise da Coleção do Museu Henriqueta Catharino em Salvador-Ba. Dissertação, Universidade Estadual de
Feira de Santana, 2009
(http://www2.uefs.br/pgh/docs/Disserta%C3%A7%C3%B5es/Disserta%C3%A7%C3%A3oAnaCristiane.pdf);
indicada nas referências a pesquisa de Marijara Souza Queiroz (Artes-visuais; 2014); SILVA, Joana Angélica
Flores. A representação das mulheres negras nos museus de Salvador: uma análise em branco e preto.
Dissertação. PPG Museologia, 2015
(https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/18548/1/JOANA%20SILVA.pdf.).
cultural que lhe convinha ou interessava de modo bem objetivo e objetivado. As exposições
temporárias ali promovidas estavam perfeitamente encadeadas ao desenvolvimento das obras
assistenciais e educativas e, principalmente, aos princípios católicos advogados pelo IFB9.
Pode-se então perguntar: quais os fins; o que apresentavam; quais os temas e o cunho das
mensagens divulgadas pela mídia impressa?
Ora, mensagens impressas formam discursos através da palavra que, ainda sob a lupa
analítica de Bourdieu, nutrem e modelam e são dotadas de força estruturante. Tanto
prescrevem (determinam) sob a aparência de descrição ou, ao contrário, denunciam sob a
aparência de enunciação. Em tal sutil entrelaçamento há o propósito de romper ou produzir
um “novo senso comum”, introduzindo práticas e experiências veiculadas por um grupo
autorizado ou dele investido (grifo meu). Têm-se o discurso performativo em que a autoridade
e reconhecimento estão implícitos, e as representações tornadas legítimas pela eficácia
simbólica e classificatória. Bourdieu em outro trecho escreve: a “magia performativa”
resolve-se na “alquimia da representação” (grifo do autor). E completa: o “porta-voz dotado
de poder pleno de falar e agir em nome do grupo” substitui o próprio grupo. Esse
representante nomeia e contribui para formar a estrutura do mundo e, quanto mais
amplamente reconhecido mais profundamente atua sobre esse mesmo mundo , transmitindo
uma “expressão unitária de suas experiências” (grifo meu)(BOURDIEU, 1998:117-119 e 81-
83). Nesse ponto se instala a questão da eficácia que advém daquele que detém o discurso, o
representante da identidade de um determinado grupo, e da crença associada às propriedades
econômicas ou culturais que o grupo tem em comum. O resultado é sinergético: quanto maior
o elo entre a crença e propriedades que o grupo detém maior serão as condições de impor uma
visão única de identidade razão para que, na luta e disputa do capital simbólico, as categorias
de percepção – impostas, diga-se - assumem lugar determinante (BOURDIEU, 2003:116-
117).
Pode-se constatar a dinâmica desse jogo auto-alimentador de um grupo para si mesmo
na posição que o IFB ocupou no espaço social, congregando em um só lugar, o capital
econômico, o social e o simbólico. Modelo de escola, exemplo do que a Bahia podia oferecer
de melhor, formador de gerações de moças da camada média e alta da sociedade baiana
(PASSOS, 1993), não chega surpreender a verdadeira prática em promover exposições
9 Foi contínua a aproximação do IFB com membros da Igreja católica. Em termos de exposição temporária
colaborou com a primeira Exposição da Imprensa Católica realizada no saguão do Palácio da Sé promovendo a
divulgação e venda da respectiva literatura, apresentação de obras raras (A Semana Catholica, 18.10.36). A segunda
exposição foi realizada em 1938 (Segunda Exposição de Imprensa Catholica, commemorativa do aniversário
da "SEMANA CATHOLICA"; A Semana Catholica, 20.03).
temporárias para fazer circular valores culturais e, ao mesmo tempo, incentivo à sociabilidade
dos mesmos estratos sociais. A análise de duas fontes documentais aqui priorizadas ajuda a
examinar mais de perto algumas dessas articulações. São elas: notícias em jornais e opúsculos
preparados como “lembranças” de exposições.
As atividades do IFB eram continuamente publicizadas na mídia impressa10
soteropolitana (e outros estados brasileiros), a exemplo de reportagens sobre visitas importantes,
bazares de caridade, participação em comissões, congressos, atividades das alunas, concursos
realizados, propaganda de cursos, ações assistencialistas, festas e congraçamentos, noticias
sobre eventos religiosos católicos, os museus, as exposições etc., foram cuidadosamente
recortadas e agrupadas no álbum “Recordando...”, disponibilizado no
arquivo da Biblioteca Marieta Alves do IFB11
. Aos moldes de testemunho biográfico se a
formação do álbum pretendia guardar a memória do Instituto, guardou igualmente a forte
presença de Dona Henriqueta, a “alma” das obras de educação e trabalho 12
, embora primasse
pela modéstia e discrição (PASSOS, 1993, p.16). Sob o ângulo do capital social é preciso
frisar que foi figura de vulto e circulava nas rodas de políticos, intelectuais, alto clero e elite,
mantendo uma troca recíproca de benesses (PASSOS, 1993, p.45)13
. Fator que, sem dúvida,
deve ter facilitado o acesso aos jornais. Por mais esse motivo o álbum-arquivo é de interesse
para o pesquisador.
Quanto aos opúsculos destinavam-se a contextualizar o apresentado nas exposições. A
reconhecida e respeitada historiadora Marieta Alves (1892-1981) foi autora de alguns deles,
chancelando a importância e legitimidade do exposto, logo, de valor simbólico. Os opúsculos
descrevem certa historiografia, o material e a técnica, usos e funções dos exemplares da
cultura material ali apresentados em conjuntos diversificados associando -os, em geral, aos
lares dos grupos de elite do passado reforçando o gosto e o comportamento feminino para as
mulheres de elite do então tempo presente. Quando não, pensando-se nas mostras de artefatos
da cultura popular, o efeito era o mesmo pela angulação da narrativa em nome da guarda das
tradições. Ou seja, em valores centrados nas visões do mesmo grupo social, por ele e para ele
dirigido.
10
Não se desconsidera que jornais são fonte de discursos ideológicos pela subordinação às classes dominantes e,
assim, sujeitos a criticas e limitações (LUCA, 2005:116). 11
O arquivo de Dona Henriqueta acha-se em processo de organização conforme nos informaram no IFB, o que impossibilita nesse momento consultas aos documentos. 12
A exposição de arte culinária do Instituto Feminino, A Tarde 09.12 1933. 13
Cita-se a isenção de impostos (A Tarde, 10.04.1936).
Para nos aproximarmos desses aspectos se faz necessário, em primeiro lugar,
distinguir as finalidades apontando para duas fases na baliza cronológica definida entre as
décadas de 1920 a 1960, como veremos adiante.
Finalidades das exposições de curta duração no IFB
Exposições temporárias referem-se à duração – período curto -, em contraste com as
de longa duração. Não faltam exemplos desde o século XIX desse modo efêmero de
apresentação para incitar a curiosidade alcançando um vantajoso número de visitantes,
garantia de sucesso e difusão de idéias e coisas (e vice-versa)14
. Provocar o interesse foi um
dos argumentos de que se valeu o IFB para comercializar, divulgar ou apresentar produtos, peças
de valor preferencialmente relacionadas ao universo feminino e a tradição, ou do folclore
com o objetivo de estimular “artistas modestos e incultos” cujos trabalhos não tinham lugar em
ambientes luxuosos15
. O Instituto trabalhava com o consenso de que exibir conjuntos
aguçaria o “interesse maior” no lugar de um único exemplar16
. Mas, sob a argumentação
calcada na sedução quase instintiva por algo novo ou desconhecido, com certa qualidade
“neutra” relembrando Bourdieu, se lê finalidades bem objetivas ao se elencar a seqüência de
exposições (VIDE Apêndice). É possível observar dois momentos distintos e, embora com
poucas mudanças no conteúdo informativo das notícias, a ênfase na chamada para a „arte‟,
após a década de 1940, sugere que as mudanças na conjuntura cultural pelas quais o país
passou durante as sucessivas décadas tocaram, de algum modo o IFB sem que, no entanto,
mudasse efetivamente suas orientações.
No primeiro momento de 1920 a 1941, a maior parte das exposições destinava-se a dar
visibilidade à produção das obras assistenciais com fins de benemerência: trabalhos manuais,
prendas domésticas e trabalho feminino operaram como sinônimos no contexto das notícias.
Vânia C. de Carvalho (2008, p.71 ss) analisando repertórios femininos na apropriação do espaço
doméstico na cidade de São Paulo na passagem do XIX para o século seguinte, nos diz que a
maneira mais comum de ornamentar espaços da casa se fazia através da confecção de
trabalhos manuais, denominados “artes aplicadas ou artes decorativas”. Atribuir afinidade
14 As Exposições Universais do século XIX influenciaram a promoção de mostras temporárias para diferentes
fins chegando a alterar o vitrinismo de lojas e magazines (BARBUY, 1999; 2006); na Bahia nas exposições
provinciais no mesmo século (CUNHA, 2010); no Rio de Janeiro nos museus comerciais (BORGES, 2011,
p.154). Prática comum de sociedades, associações e institutos de história e geografia cita-se a Sociedade de
Geografia em Portugal (PEREIRA, 2005). No século XX, modelo para bienais de arte contemporânea (LARA
FILHO, 2013). 15
Opúsculo – Museu de Arte Popular, Instituto Feminino da Bahia, 3.07.1957, p.7. 16
As victorias do Instituto Feminino. Trabalhos artisticos expostos. A Tarde, 06.06.1932.
com a arte distanciava esse fazer dos trabalhos pesados, braçais, masculinos. Vendidos em
salas de exposições17
os despregavam da delimitação disciplinadora do ficar na casa
dirigindo-os para o mercado, gerando receita para auxiliar as mulheres que dela necessitavam.
Cursos e exposições faziam parte das estratégias financeiras e simbólicas, norteadas pelo
aspecto delicado da “natureza feminina” (grifos meus).
Dando-se crédito à organização cronológica do álbum “Recordando...” a primeira
mostra do IFB ocorreu, provavelmente, nos anos 1920. A pequena nota intitulada Uma
exposição de pintura e prendas domesticas, informa tratar-se de trabalhos de alunas de certa
senhorita Maria Esther de Menezes, apresentados nos salões da agência de trabalhos da
Associação das Senhoras de Caridade, ateliê São José18
. O anúncio posterior de 1941,
intitulado Exposição de trabalhos no Instituto Feminino da Bahia19
, reafirma a venda de
peças e o envio de uma coleção de bonecas, lenços e rendas para o evento comandado pela
Associação das Senhoras Brasileiras (Rio de Janeiro)20
, destino também dos trabalhos da mostra
antecedente.
Ao analisar exposições dessa natureza, sobretudo na dimensão dos fins pretendidos, as
noticias abrem pistas para compreender como um evento expositivo podia (pode ainda)
determinar e expressar os limites polarizados do espaço social. De um lado, o grupo privilegiado
promotor do evento. De outro, o grupo necessitado da “mulher que luta pela vida”, vendendo
seus trabalhos. Contudo, não era somente a venda que operava como diferencial na distribuição
dos recursos culturais e econômicos. Expressões como -
exposição aberta para a “culta população”21
, ou público “escolhido”22
-, deixam sinais
evidentes das distâncias sociais. Por sua vez, nesse jogo de inclusão ou exclusão,
classificatório e hierarquizante como propõe Bourdieu, era oportuno reforçar as qualidades e
habilidades da mulher baiana: perfeição, beleza, delicadeza, gosto, arte e perícia.
17 De acordo com Vânia Carvalho a primeira Exposição de Arte Feminina nacional foi realizada no Rio de
Janeiro em 1919, incentivada pela senhora Epitácio Pessoa então presidente (CARVALHO, 2008, p.77). 18
Houve duas agências com os mesmos objetivos e fins distintos: a de Colocação (indicar jovens para trabalhar em repartições públicas, bancos e casas comerciais), prestar esclarecimentos e orientação; a de Trabalhos para auxiliar as mulheres a ganhar seu sustento sem saírem do lar (PASSOS, 1993, p. 38). Quanto a noticia 19
A Tarde, 07.08.1941. 20
Fundada em 1920, pela mobilização da igreja católica para estimular o auxilio à pobreza, assim, assistência caritativa em razão do crescimento do processo de industrialização mas pouco trabalho, ampliação dos centros urbanos e famílias em situação de miséria (SILVA, Claudia Neves da. A prática caritativa ontem e hoje: a quem se destina?. < http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/st8/Silva,%20Claudia%20Neves%20da.pdf>. Acesso
31.05.2016. 21
Grande exposição de trabalhos femininos – Era Nova, 29.07.1932 (”Recordando...”, arquivo da Biblioteca do
IFB). 22
Comemorado com festas o 5º. aniversario do Instituto Feminino. A Tarde, 06.10.1941.
O gosto foi usado em outras circunstâncias. Nas exposições para benemerência
podiam se associar o gosto, a arte e a bondade da mulher baiana para divulgar a obra
assistencial. A exposição de arte culinária (1933), apresentando as iguarias “finas, arranjadas
com arte e esmero” das alunas de um curso do IFB, foi anunciada em mais de um jornal23
. O
mesmo aconteceu na Exposição de "ARTE CULINÁRIA", publicada no jornal A Tarde em
27.11,1940 que, no entanto, pretendeu informar a finalização de cursos e promover o
“serviço” do Restaurante (prédio do Politeama) aberto aos visitantes, ao que parece como um
atrativo a mais. No dia seguinte (28), o mesmo jornal informa o encerramento de uma
exposição e abertura da mostra de “trabalhos de agulha” de alunas e colaboradoras, com
ênfase na obra de educação moral com base nos princípios do cristianismo, franqueada à
visitação pública naquele que era lugar de ordem que tanto honrava a Bahia; o IFB24
.
A partir de 1941, nota-se um progressivo deslocamento da beneficência para a arte,
agora com outra conotação sem deixar de lado o aspecto feminino. A notícia O Aniversário de
uma util instituição. Exposição de Arte e Festa da Amizade no Instituto Feminino (A Tarde,
01.10), foi evento realizado para o 18º aniversário de fundação do Instituto. Na
impossibilidade de inaugurar oficialmente o prédio novo (bairro Politeama), alunas e
colaboradoras insistiram na repetição de uma exposição sobre “arte feminina da Bahia
antiga”, com primeira versão no 1º. Congresso Eucarístico Nacional, um ano antes. Recorrer
à categoria arte, nesse momento, refere-se aos objetos do Museu do Instituto e peças
“pertencentes ás coleções de distintas familias bahianas” ajudando a abrilhantar o evento. O
evento programado, incluindo a festa organizada pelas alunas cujo resultado reverteria em bolsa
de viagem (Bolsa Mons. Flaviano) para o próprio alunato, merecia a atenção da “Bahia culta”,
segundo o jornal.
O acervo do IFB era visto com bons olhos; bastante valorizado. Em reportagem de
1947, uma cronista social pondera que essa valoração se dava em razão das “artes femininas
de caráter tipicamente local”, o que não acontecia com as coleções do Museu do Estado da
Bahia, “decepcionante” no seu entender por ter arte européia25
. O que não correspondia à
verdade dos fatos, pois, ao menos parte do que foi integrado aos dois acervos advinha de
indivíduos ou famílias que tinham, ou podiam, se dar ao luxo de adquiri-los para uso ou
herdá-los formando coleções de objetos, muitos deles provenientes do exterior; um dos fatores
23
A exposição de arte culinária do Instituto Feminino - O Estado da Bahia - 09.12 e em A Tarde 09.12 1933
(“Recordando...”, arquivo da Biblioteca do IFB). 24
Encerramento de cursos e abertura de exposição do I. Feminino da Bahia - A Tarde – 28.11
(”Recordando...”, arquivo da Biblioteca do IFB). 25
Um Museu de Arte Feminina. Reportagem de Olga Obry A Gazeta (São Paulo), 26.02.1947.
que responde pelas posses das anunciadas distintas famílias26
. Realinhando o ufanismo da
cronista não se tratava, portanto, de algo tipicamente „local‟. Mas, sim, do assenhorear-se de
objetos muitas vezes fabricados fora do país (a exemplo da prata de procedência portuguesa),
e para cá trazidos e usados nos ambientes de casas da aristocracia do passado, cujas mulheres
deviam se orgulhar em possuí-los e ostentá-los, pois, indícios do estilo de vida e da posição
no espaço social, desse modo materialmente representado (BOURDIEU, 2003, p.73ss).
Fato é que as noticias serviam para reafirmar continuamente o lugar soberano do IFB
para e na cultura baiana. Elizete Passos concluiu, em sua pesquisa, que o Instituto ao lado
das famílias foi eficiente na propagação dos valores morais (PASSOS, 1993, p.141). Ao que
podemos acrescentar: igualmente eficiente para sancionar determinadas categorias de percepção
como se pode ler em um trecho da reportagem, acima citada, de 1941:
O que a Bahia possue de antigo em objetos d‟arte feminina, joias, leques,
vestidos, lenços, caixas trabalhos de agulha, penas, cabelos, conchas, etc.,
poderá ser visto pelos nossos conterraneos num conjunto harmonioso e
distinto.
O gosto do I. F. B procurando organizar para a Bahia um Museu de arte
antiga feminina é louvável e digno de todo apôio. Visa essa instituição
conservar ou o que fez ou possui a mulher bahiana de outros tempos,
concorrendo assim para o incremento e o apreço das nossas tradições.
O „antigo‟ se torna categoria de valoração para fixar a condição de testemunho.
Associado à forma museu que transmite a idéia de solidez e perpetuidade, e um acervo de
objetos preciosos ou singulares que pertenciam às mulheres de elite do passado a notícia
deixa, nas entrelinhas, a tentativa de conter o esquecimento de uma tradição supostamente
compartilhada por toda uma sociedade. Aplicando a lógica bourdieusiana, tratava-se de
mecanismo para forjar a unidade cultural através do exposto e da exposição. Uma
revivescencia da Bahia de outros tempos, na manchete do dia 07 de novembro (A Tarde),
anuncia a continuidade do mesmo evento. Com uma diferença: o que “mais chamava a
atenção” era um manequim apresentando uma autêntica “preta bahiana” recoberta pela saia
rodada, pano da costa, torço “tudo de seda”, camisa bordada, jóias em ouro, diamantes,
balangandãs de prata. Mesmo que a imprensa maneje informações, a essa altura o IFB já tinha
seu espaço consolidado, autorizado e legitimado – era o emissor das informações -. Pode-se
pensar no silenciamento, como propõe Clovis Brito acima mencionado, manipulando o
26 O governo da Bahia comprou a considerada rica Coleção Góes Calmon e seu palacete para compor o acervo
do Museu do Estado da Bahia, vendidos por seus descendentes (CERAVOLO, 2011).
referente (manequim/preta baiana), para ocultar um fato conhecido, mas, não „memorável‟: o
que estava exposto era a mulher negra, escrava da elite de outrora27
.
Ao se acompanhar a seqüência cronológica das exposições de 1944 a 1968, é perceptível
o foco nas comemorações anuais da fundação do IFB. Possivelmente as exposições dos
trabalhos femininos não deixaram de existir, mas, perdem o lugar preponderante. A junção
com a arte vai se deslocando do fazer feminino para qualificar objetos que haviam
pertencido à mulher do fausto passado. A despeito do Instituto se manter firme como baluarte
em defesa da família e das tradições sem romper com essas estruturas (PASSOS, 1993, p.142),
para além de suas portas o mundo passava por profundas transformações. Depois de 1945, não
foram poucas as mudanças culturais motivadas pelo espraiar do fenômeno da cultura de massa
e produtos rapidamente consumidos, inclusive no Brasil (NAPOLITANO, 2008). No pós-
guerra, os “anos dourados”, insuflados pelo desenvolvimento econômico, caracterizarou-se pela
revolução cultural atingindo a família, a casa e as relações entre os sexos e as gerações
(HOBSBAWM, 1995, p.314 ss). A arte moderna dava entrada na Bahia com novos
artistas, suscitando debates acalorados na imprensa local, embora apresentados em salões
ou bienais de São Paulo. Ao que tudo indica as exposições de arte passaram a chamar mais
a atenção do que as de prendas domésticas,
justo quando se abriam museus especializados no país28
. Por ora, uma conexão que poderá
melhor se confirmar com a abertura e acesso aos arquivos do IFB.
É preciso salientar que o IFB se tornou um espaço expositivo reconhecido29
. Seus salões
serviram para apoiar outros eventos. Em 1944, no mês de setembro, a Exposição de Arte da
Velha China apresentou pinturas, “bibelots” e inúmeras “curiosidades” dando espaço para o
padre Narciso Irala, missionário jesuíta na China que comentou as condições de sofrimento
por que passavam os chineses em guerra, ao que o jornal (ou teria sido o IFB?),
assumindo posição ideológica registrou logo no inicio do texto: em luta contra os japoneses
27 Para maiores detalhes sobre a relação da mulher negra no IFB, consultar: SILVA, Joana Angélica Flores. A
representação das mulheres negras nos museus de Salvador: uma análise em branco e preto. Dissertação. PPG
Museologia, 2015. Disponível em https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/18548/1/JOANA%20SILVA.pdf.
Acesso 02.06.2016. 28
Na década de 1940 ocorreu a implantação de museus de arte no Brasil. Cito: o de São Paulo (MASP), idealizado por Assis Chateaubriand, empresário e jornalista, e Pietro Maria Bardi em 1947; o de Arte Moderna
(MAM) no Rio de Janeiro em 1948. 29
Eram poucos os espaços para exposições temporárias na cidade do Salvador. Em linhas gerais: o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia; o Museu do Estado instalado na Casa Góes Calmon (bairro Nazaré) se ressentia de problemas estruturais e falta de espaço justamente para apresentar temporárias (CERAVOLO, 2011); salas da Biblioteca Pública; da Associação Cultural Brasil Estados Unidos; o Bar Anjo Azul (1949; pinturas murais de Carlos Bastos); Galeria Oxumaré (exposição e vendas de obras; 1951-1961; particular) recebia artistas modernos e intelectuais.
“fascistas”30
. A pintora paulista Guiomar Fagundes teve seus quadros, retratando motivos
baianos, expostos por um dia em 1948; estava voltando para o Sul31
. Livros e fotografias
sobre a história da cidade do Salvador foram apresentados durante o 1º. Congresso de
História da Bahia (1949)32
, e a primeira exposição de numismática aconteceu nas salas do
IFB, promovida pela Sociedade Baiana de Numismática, patrocinada pela Prefeitura, integrando
o II Congresso de História da Bahia. Na oportunidade foi inaugurada a “sala do Museu”, com
a entronização do crucifixo que pertenceu à Soror Joana Angélica, heroína baiana (1952)33
.
Em 1956, o Instituto deu apoio a 1ª. Exposição Bíblica na Bahia,
colaborando com o período intensivo de estudo das sagradas escrituras (duração um mês)34
.
Pelo noticiário deduz-se que o IFB mantinha uma agenda anual de eventos expositivos
e outros extraordinários em momentos especiais do ano, caso da Quaresma ou Natal. Duas
noticias informam exposições de imagens do Menino Jesus ou presépios na época de Natal,
para reviver a tradição cristã dos antepassados (1953 e 1956)35
. Transcrevo um detalhe
curioso publicado em 1953, dando relevo ao fato de que “visitantes homens de letras [e], figuras
do magistério (...)” e “figuras de todas as classes sociais” haviam apreciado a
exposição. Ensina Teun A. van Dijk (2004, p.9), que a frase não pode isolar-se do contexto, o
que corrobora com a noção de que o contexto de produção de sentido para o texto da mídia
era o próprio Instituto. Em uma noticia dessa natureza, o leitor poderia completá-la com a
informação largamente sabida do vínculo religioso mantido pelo Instituto. Em período
natalino a própria natureza das exposições indicava que a piedade cristã suplantava questões
de gênero ou diferenças sociais.
A aproximação com o folclore e o turismo é outra vertente da qual o Instituto
participou ativamente. Não foram poucas as noticias recolhidas no álbum sobre o tema em
que o Instituto esteve presente, ora anunciando o Museu de Arte Popular36
, ora recepcionando
participantes do III Congresso Nacional de Folclore (1955) com exposição de peças do acervo
30 Jornal s/indicação, 26.07.1944. 31 PINTURA. Uma exposição de telas na Bahia. A Tarde, 26.02.1948 32
Exposições de história e arte inauguradas, ontem, no Instituto Feminino. Com a presença dos congressistas de História da Bahia. Visita a Candeias, hoje - Sessão Plenária. s/indicação jornal, 24.04.1949
(”Recordando...”, arquivo da Biblioteca do IFB). 33
Respectivamente: Para a 1a. Exposição Numismática da Bahia. Já se inscreveram varios colecionadores de
Moedas e Medalhas. A Tarde, 17.06.1952; Instalado o II Congresso de História da Bahia, A Tarde, 30.6.1952. 34
Na seqüência: Semana Católica, 29.07.1956; convite de abertura - 02.09.1956; Inaugurada a primeira exposição bíblica, A Tarde, 03.09.1956. 35
A Exposição de Imagens de Deus Menino. A Tarde, 24.12.53; Exposição de presepes e imagens do Menino
Jesus. A Tarde, 08.12.1956 36
Relicario da Baianidade. Diario da Bahia, 13.03.1954
de “artistas obscuros que fixaram por vezes genialmente os ritos africanos”37
, ou ainda de arte
e técnica popular38
, oportunidade para inaugurar o referido museu na extensa programação
prevista39
. São apenas exemplos de um tema que ocupou as páginas dos periódicos
soteropolitanos.
Por volta dos anos de 1950 já era evidente que o turismo significava um importante
segmento para o desenvolvimento econômico e expansão do comércio. As chamadas
“Cidades Museu” - Olinda, Ouro Preto e a capital da Bahia - disputavam, no dizer do
anônimo R M L, “milhões de dólares”40
. Não foi sem intenção que intelectuais baianos como
José Antonio do Prado Valladares e Godofredo Filho, ressoando o discurso preservacionista
do IPHAN, e o geógrafo Milton Santos, saíram na defesa do patrimônio arquitetônico civil da
cidade do Salvador (CERAVOLO, 2016). Não por acaso, a vistosa e sintomática manchete do
longo artigo Bahia: palavra mágica e manancial folclórico, publicado no A Tarde (29.09.1956),
convidava o leitor para visitar o Museu de Arte Popular no IFB, oportunidade para admirar o
acervo41
.
Já se observou as diferenças sutis nas duas fases não se descartando certo ajuste às
mudanças que aconteciam no mundo em que o IFB estava, necessariamente, entremeado. O
cultivo das obras de benemerência surge vez ou outra sob outro formato; em festas que
acompanhavam os eventos expositivos com jantares e apresentações culturais contando com
convidados especiais e fundos destinados para as obras de caridade. Desperta interesse a
festejada comemoração dos 25 anos de fundação, anunciada ano antes (1948). A notícia relata
o objetivo do IFB em dotar a Bahia de um museu com objetos de arte e valor para fins
educativos42
, o que nos traz um dado explicativo, porém, certamente não único para a
formação das coleções. No ano seguinte aconteceu o evento propriamente dito expondo jóias
e objetos de prata paralelamente ao elegante jantar beneficente, cujos fundos destinavam-se à
Campanha da Criança. Na oportunidade ali se reuniu a “alta sociedade” (expressão do jornal)
estando presente o governador (Otavio Mangabeira), o prefeito Vanderley Pinho,
37 Os Panos da Costa das Autenticas Baianas. As Exposições no C. de Turismo no I. Feminino. A Tarde,
10.11.1955. 38
A grande atração do Congresso: a Exposição de Arte e Técnica Populares no I. Feminino. Estado da Bahia,
01.11. 1955. 39
III Congresso Brasileiro de Folclore. O programa inicial inclui conferências, exposições e demonstrações de candomblé. A Tarde, 29.06.57. 40
Diário de Noticias, seção Turismo, Notas e Informações, 15-16.11.1959 41
A coleção de artefatos populares do IFB forma outra vertente de pesquisa a ser explorada. Um marco inicial pode ter sido a criação do Museu Regional de Arte Antiga, atribuída ao Mons. Flaviano Pimentel, em 1932 (Museu Regional de Arte Antiga. Autoria J. Berbet Tavares. O Imparcial 24.09.1938). Igualmente e associado ao quesito turismo os cursos de “Tradição” ministrados desde 1936, por Marieta Alves pelo IFB. 42
Pratas da Bahia, em exposição. Diario de Noticias, 10.10.1948
personalidades do alto clero (Monsenhor Apio Silva), em uma longa lista de autoridades 43
.
Outra amostra do universo social em que circulava Dona Henriqueta e a resposta também social
para o empreendimento que monitorava.
Mesmo apoiando outros eventos a tônica - arte e feminino -, se manteve a cada
oportunidade re-ligando as mulheres aos papéis que não convinha à sociedade desestruturar:
no fazer (trabalhos manuais), na cozinha (culinária), no gosto para a escolha de adornos
domésticos luxuosos, no conhecimento de uma cultura distintiva apreendida na escola. Nessa
plataforma se alicerçavam valores vinculando a moral ao cultural. Nesse plano ou dimensão,
as finalidades das exposições de curto espaço de tempo ou da existência de um museu ; este
sinônimo de tempo contínuo e perene.
O duplo discurso dos opúsculos
A partir dessas observações insistindo nos elos que nortearam as exposições do Instituto,
dirijo a análise para os opúsculos 1952 a 196844
, que acompanhavam as mostras comemorativas
do aniversário de fundação do IFB.
O propósito dos opúsculos era o de, aparentemente, apresentar de forma sintética
aspectos técnicos dos objetos (surgimento e ou origem; qualidades da matéria-prima; modo de
fabricação; fabricantes; variações tipológicas), o desenvolvimento através do tempo, usos e
funções e, por vezes, os possuidores famosos. Isso se refletia na Bahia, via de regra, vinculando
os objetos aos pertences da aristocracia rural e aos “titulares do Império” conhecedores do
esplendor e pompa (opúsculo, 1965 – Candeiros e Candelabros). Esse o tempo histórico que
suscitava atenção e não faltavam elogios: “selo inconfundível de nobreza”, exemplo de
“longa polidez” (opúsculo, 1953). A notícia da doação do manto da princesa Isabel deve ter
causado entusiasmo. Entregue em solenidade divulgada nos jornais
em 1953, a enaltecida “dádiva” 45
, reflete uma vez mais o ativo simbólico que o Instituto tão
43
Instituto Feminino. Estado da Bahia, 07.10.1948. Assinada por Maria Patricia, pseudônimo de Nícia Maria
Valente Dantas que de 1946 a 1950, escrevia para a coluna social desse jornal. 44
No Instituto há ainda opúsculos que podem ser adquiridos (1959; 1960; 1962; 1964; 1965; 1966 e 1967). A complementação foi realizada na Biblioteca Marieta Alves, pela bolsista Silvana M. M. B. de Almeida Castro (PIBIC/UFBA – 2015-1016). 45
Nesta Capital o Principe D. João. Doará ao Instituto Feminino Um Manto de Cerimonia e Vestido da Princesa Izabel. Diario da Bahia, 05.03.1953; Valiosa oferta do Principe D. João ao Museu do Instituto
Feminino. Um manto e um vestido da Princesa Izabel que estavam no castelo do Conde D'Eu, Diario da Bahia,
06.03.1953; Estado da Bahia, 24.03.1953.
bem capitalizava. O “histórico manto” ficou exposto para visitação pública, e ganhou uma
grande fotografia no jornal46
.
Observe-se, em primeiro lugar, a preciosidade do apresentado: a prata (1948); jóias e
rendas (1949); madrepérolas e missangas (1950); louças antigas (1951); cristal (1953);
novamente a louça e a porcelana (1955); belezas do mar nos lares da Bahia (1956); marfim
também da Bahia antiga (1957); relógios femininos e - masculinos - (1958); peças em bronze
(1959); vasos decorativos (1960); talheres e paliteiros (1961); mobiliário e outros elementos
decorativos dos lares de antanho (1962); espelhos e rubis (1963); leques, lenços e luvas (1964);
candieiros e candelabros (1965); opalinas (1966); miniaturas (1967) e condecorações e peças
brasonadas (1968). O discurso parece descritivo, no entanto, prescreve valores e, a cada tema,
o associam ao gênio criador, a qualidade da sensibilidade da arte, o fino gosto para as coisas
que convinham constar em um lar “autêntico”, como ensinava o passado.
Um segundo aspecto da intencionalidade das mensagens alude à dimensão educativa
fundamentada na filosofia católica do IFB. Não obstante em todas as noticias dos jornais
perceba-se a intenção prescritiva do discurso, nos opúsculos fica mais ressaltado pelo fato óbvio
de que neles a „fala‟ não tinha a intermediação da mídia impressa. Nos textos sem assinatura,
ou nos de autoria de Marieta Alves há sempre uma assertiva dirigida aos ensinamentos morais,
éticos, honrosos, de caráter e a confirmação do que era adequado ao comportamento da mulher.
Afinal, as exposições destinavam-se a “trabalhar para o aprimoramento da educação da
juventude e prazer espiritual de seus amigos”. O Museu e a exposição serviam para esmerar a
estética através do belo para que se manifestassem as “atitudes finas, elegantes, graciosas,
polidas e educadas”, logo, uma exposição prioritariamente para as senhoras e senhoritas
da elite (Biscuits, 28º aniversário, 1952). Mesmo anos depois, o que era mostrado
para sinalizar hábitos finos, o vestuário,
complementos, enxovais, etc., visava as senhoras de uma “boa sociedade”47
.
Considerações finais
Em uma espécie de contato/contágio as coisas serviam de lição para as senhoras ou
senhoritas que precisavam aprender ou, então, rememorar o convívio próximo com os rastros
46 O manto da Princesa Isabel. O Estado da Bahia, 24.03.1953. 47
Folder de divulgação Exposição de Vestuário e Objetos Domésticos da 2ª. Metade do século XVIII. I Festival do Barroco/O Barroco Luso-Brasileiro. Salvador, 16.07.1968.
do passado. Nas exposições encontravam um nicho, um “oásis” em oposição ao grotesco
decorrente da “era atômica”. Uma perfeita imagem descrita por Marieta Alves48
, de que os
muros do IFB dividiam o mundo em um “for a” e um “dentro”. Em outra metáfora o Instituto
estava ali para que, tal como a chama do rubi, rememorar a força da fé e confortar os não tinham
nem luz e calor (opúsculo/1963). Expressões e dísticos plenos de intenção classificatória em
que o poder performativo, autorizado pelo grupo, reforçava as categorias de percepção que quis
cultivar.
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48
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Apêndice - Exposições Temporárias do Instituto Feminino da Bahia (?) 1920-1968
ANO EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS IFB TITULO/TEMA
Década de 1920 (?)
Exposição/ Benemerência Uma exposição de pintura e prendas domesticas.
1931 Exposição/Benemerência A Belleza na simplicidade - Diario de Noticias; Uma exposição de trabalhos femininos. A Tarde; Instituto
Feminino da Bahia - Jornal do Commercio 1932 Exposição Trabalhos Grande Exposição de Trabalhos Femininos. ERA NOVA;
29.07 ; A Tarde – 06.08
1933 Exposição Arte Culinária Uma exposição no Instituto Feminino - A Tarde 23.07; A Exposição de Arte Culinária do Instituto Feminino. O
Estado da Bahia 09.12 1933 Exposição Trabalhos Femininos Grande Exposição de Trabalhos Femininos - O Estado da
Bahia 09.12
1935 Exposição prendas Linda exposição de prendas, no Instituto Feminino - O Imparcial 17.07
1936 Exposição Trabalhos manuais O Instituto Feminino da Bahia e a sua 5a. Exposição da Agencia de Trabalhos - O Imparcial 01.08
1936 Exposição Trabalhos Femininos Uma exposição de bellos trabalhos - A Tarde 27.07; 5ª. 1937 Exposição Trabalhos Manuais Uma reunião do Circulo Social de Estudos, estando aberta
a exposição de trabalhos manuaes. A Tarde 24.07
1940 Exposição Trabalhos Manuais Exposição de "ARTE CULINÁRIA" - A Tarde - 27.11; Encerramento de cursos e abertura de exposição no I. Feminino da Bahia. A Tarde 28.11
1941 Exposição Trabalhos Manuais( Exposição de Trabalhos no Instituto Feminino. A Tarde - 07.08
1941 Comemorativa – 18º aniversário do IFB 2ª. Exposição de Arte da Bahia antiga
O Aniversario de uma útil Instituição. A Tarde – 01. 10. 1941; Uma revivência da Bahia de outros tempos e Uma exposição no Instituto Feminino. A Tarde – 01.10; 07.10; 11/10
1944 Exposição Arte Exposição de Arte da Velha China. No Instituto Feminino – Objetos raros. Caracteres da arte dos chins. (?) - 26.07
1944 Exposição Arte Feminina *Inauguração “Sala Museu”
Exposição de Arte Feminina. (?) 1944. Abertura 01.10
1947 Comemorativa - 24º aniversário IFB O 24o. Aniversario do Instituto Feminino. Exposição de Arte Antiga Feminina. A Tarde 29.09
1948 Exposição pinturas da artista Guiomar Fagundes
Pintura. Uma exposição de telas na Bahia. A Tarde - 26.02.1948.
1948 Comemorativa 25 anos do IFB Exposição Pratas da Bahia
Pratas da Bahia, em exposição. No Instituto Feminino - Programa de realizações para o ano das Bodas de Prata -
Exposições extraordinárias: "joias e rendas da Bahia antiga". Diário de Notícias 10.10.1948
1949 Exposição de Livros e Fotos Exposições de história e arte inauguradas, ontem, no Instituto Feminino. Com a presença dos congressistas de
História da Bahia. ? 24.04
1949 Exposição Arte Sacra Exposição de Arte Sacra no Instituto Feminino. A Tarde 27.10
1949 Comemorativa – 26º aniversario IFB Uma Exposição de Arte Antiga. Joias e rendas de outras épocas. A Tarde 06.10
1950 Comemorativa – 27º aniversário IFB Exposição Madrepérolas e Missangas. A Tarde 17.10 1951 Exposição Louças Antigas da Bahia 28o Aniversário do Instituto Feminino da Bahia. ? 09.04 1952 Exposição Arte Antiga Exposição de Arte Antiga no Instituto Feminino da Bahia.
Estado da Bahia - 03.07
1952 Comemorativa - 29º aniversário IFB Exposição de Biscuits. Opúsculo 1953 Exposição do Manto da Princesa Isabel Encerrou-se a Exposição do Manto da Princesa Izabel.
Diario da Bahia - 06.03
1953 Comemorativa – 30º aniversário IFB Exposições de Cristais. Opúsculo
1953 Exposição de Natal A Exposição de Imagens de Deus Menino. Tarde -24.12 1954 Exposição Arte Antiga Exposição de Arte Antiga. A Tarde - 07.1 1954 Exposição sobre Império Exposição Princesa Isabel e sua época. Diario de Notícias
(?) 1954
1955 Comemorativa - 32º aniversário IFB Exposição de Louças e Porcelanas. A Tarde -13.08 1955 Exposição Arte Antiga e Arte Popular
Exposição de Arte e Técnica Populares Os Panos da Costa das Autenticas Bahianas. As Exposições no C. de Turismo no I. Feminino. A Tarde - 10.11; A Grande Atração do Congresso: a exposição de arte e tecnica populares no I. Feminino. Estado da Bahia - 01.11
1956 Exposição Bíblica A 1a Exposição Bíblica na Bahia. CONVITE. Semana Catolica, 09.9
1956 Comemorativa - 33º aniversário IFB Exposição das Belezas do Mar nos Lares da Bahia - A Tarde, 05.10. Opúsculo
1956 Exposição de Natal Exposição de presepes e imagens do Menino Deus. A Tarde - 08.12.1956
1957 Comemorativa - 34º aniversário IFB Joias de Marfim da Bahia Antiga. A Tarde – 15.10
1957 Museu de Arte Popular 3º Congresso Brasileiro de Folclore. Opúsculo 1958 Exposição da Quaresma Exposição da Quaresma. A Tarde 23.04.1958 1958 Comemorativa - 35º aniversário IFB Exposição de Relógios. Opúsculo - Texto Marieta Alves 1958 Exposição Folclore Franqueada ao Público a Exposição Folclorica. Diario de
Noticias - 30.12.1958
1959 Comemorativa - 36º aniversário IFB Exposição de Bronze. Opúsculo - Texto Marieta Alves 1959 Exposição de Natal Exposição de 'DEUS MENINO' (prorrogada). Diario de
Noticias – 04.02.1959
1960 Comemorativa - 37º aniversário IFB Exposição de Vasos Decorativos. Opúsculo -Texto Marieta Alves
1961 Comemorativa - 38º aniversário IFB Exposição de Talheres e Paliteiros. Opúsculo - Texto Marieta Alves
1962 Comemorativa – 39º aniversário IFB Exposição Retrospectiva dos Lares de Antanho. Opúsculo. Texto Marieta Alves
1963 Comemorativa – 40º aniversário IFB Exposição de Eseplhos e Rubis. Opúsculo. Texto Marieta Alves
1964 Comemorativa – 41º aniversário IFB Exposição de Leques, Lenços e Luvas. Opúsculo. Texto Marieta Alves
1964 Exposição “Atividades do “Catolicismo” no Brasil e no exterior.
Exposição no Instituto Feminino da Bahia. Apresentação de publicações e documentário do jornal “Catolicismo” .
Dia 28.09.1964 – abertura da exposição e visita a exposição permanente.
1965 Comemorativa – 42º aniversário IFB Exposição de Candieiros e Candelabros. Opúsculo. Texto Marieta Alves
1966 Comemorativa – 43º aniversário IFB Exposição de Opalinas. Opúsculo. Texto Marieta Alves 1967 Comemorativa – 44º aniversário IFB Exposição de Miniaturas. Opúsculo. Texto Marieta Alves 1968 Exposição de Vestuário e Objetos
Domésticos da 2ª. Metade do século XVIII I Festival do Barroco/O Barroco Luso-Brasileiro
1968 Comemorativa – 45º aniversário IFB Exposição de Condecorações e Peças Brasonadas. Opúsculo - Texto Marieta Alves
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