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FACULDADE MERIDIONAL – IMED
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
Angela Maria Ortolan Bonemberger
O CAPITAL INTELECTUAL NAS
ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS
Passo Fundo
2015
Angela Maria Ortolan Bonemberger
O CAPITAL INTELECTUAL NAS
ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Escola de
Administração da Faculdade Meridional –
IMED, como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre em Administração, sob a
orientação do Professor Doutor Vitor Francisco
Dalla Corte.
Passo Fundo
2015
CIP – Catalogação na Publicação
B712c Bonemberger, Angela Maria Ortolan
O capital intelectual nas organizações públicas / Angela Maria Ortolan
Bonemberger. – 2015.
101 f. : il. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade Meridional – IMED,
Passo Fundo, 2015.
Orientador: Professor Doutor. Vitor Francisco Dalla Corte.
1. Capital intelectual. 2. Gestão pública – Desempenho. 3. Administração
pública – Organização. I. Dalla Corte, Vitor Francisco, orientador. II. Título.
CDU: 658.011.8
Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857
Ao meu amado filho Thomaz, razão do meu viver,
e ao meu esposo Gilmar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente ao meu esposo Gilmar e meu amado filho Thomaz. Um, foi
fonte de apoio, de sustento, de motivação, de parceria... um verdadeiro porto seguro! O outro,
fonte de luz, de energia positiva, de amor sem limite... um verdadeiro anjo! Obrigada, meus
amores, pela compreensão, pela dedicação, por terem vivido comigo, diariamente, a construção
deste sonho. Amo vocês!
Agradeço a meus pais Severino e Anair, primeiramente pela vida e, depois, pelos
exemplos de valor, de pessoas do bem, de amor.... A vocês, minha gratidão eterna! Agradeço
também ao meu irmão Marcos e ao meu sobrinho Gustavo, pessoas mais que especiais!
Agradeço aos meus amigos e amigas pelo apoio, pela palavra motivadora e pela
compreensão da minha ausência.
Agradeço especialmente, ao meu orientador, Dr. Vitor Francisco Dalla Corte, em
primeiro lugar pela ideia de pesquisa, em segundo pela serenidade, pela tranquilidade, pela
sabedoria e pela presteza com que sempre conduziu as orientações e por todos os momentos de
dúvidas e de incertezas. Um verdadeiro mestre!
Agradeço ao meu grande amigo e professor Me. Adriano José da Silva, cujas palavras
de incentivo para ingressar no mestrado, além de motivadoras, foram determinantes.
Agradeço ao Professor e Coordenador do Metrado, Dr. Kenny Basso, por estar sempre
pronto a colaborar e a partilhar seu conhecimento. És um exemplo!
Aos demais professores e funcionários do Programa de Mestrado, que fizeram diferença
no contributo do conhecimento e do crescimento pessoal, muito obrigada!
Agradeço aos amigos que colaboram na aplicação da pesquisa: Leoni, Edgar, Patrícia e
Vanderly. A todos aqueles que contribuíram com palavras motivadoras, com energias e
pensamentos positivos. Muito Obrigada!
Agradeço a todos os colegas de mestrado pela convivência e pela amizade. Foi um
prazer tê-los conhecido. Em especial, agradeço à colega Andressa Centenaro, parceira de
viagem, de seminários, de produção científica, de aprendizado nas madrugadas frias via web.
Uma grande colega, uma amiga!
Por fim, o meu agradecimento mais especial, com a mais veemente força do amor,
agradeço a Deus! Ser Divino, a quem não posso ver, nem tocar, mas cuja presença posso sentir
constantemente, a meu lado e ao lado da minha família! Obrigada por tudo, obrigada por nos
amar e cuidar INCONDICIONALMENTE!
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,
Mas lutei para que o melhor fosse feito.
Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus,
Não sou o que era antes”.
(Marthin Luther King)
RESUMO
Em um contexto marcado por sucessivas crises de gestão estratégica, este estudo busca
identificar como se compõe o Capital Intelectual (CI) das organizações públicas e analisar qual
a sua relação com os indicadores de desempenho da gestão. Para tanto, delineou-se uma
pesquisa quantitativa, descritiva, de corte transversal e realizada por meio de um questionário
estruturado. Participam da amostra servidores públicos (efetivos e técnicos), lotados em órgãos
públicos municipais da Região Norte do Estado do Rio Grande do Sul (RS). As respostas
coletadas foram avaliadas de acordo com os fundamentos da estatística descritiva, da análise
fatorial e da regressão linear múltipla. Os resultados encontrados apontam como variáveis
críticas do CI, aquelas voltadas ao Capital Humano (CH). Quanto à composição do CI nas
organizações públicas, em primeiro lugar identifica-se o Capital Relacional (CR),
demonstrando que a ênfase das administrações públicas está nas relações interorganizacionais;
em segundo lugar, identifica-se o Capital Estrutural (CE), voltado aos sistemas de informação;
e, por último, o Capital Humano (CH), apresentando servidores técnicos qualificados. Em
relação aos indicadores de gestão adotados para o estudo, avaliou-se o Índice de Gestão
Socioeconômico (IDESE), demonstrando que os municípios pesquisados possuem um
desenvolvimento socioeconômico médio; e, o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF),
demonstrando que a maioria dos municípios da amostra possuem boa gestão fiscal. E, ao se
analisar a relação de influência do CI com estes índices, observa-se resultado significativo
somente para com o índice de gestão fiscal (IFGF). Por fim, destaca-se que o estudo contribui
para que a comunidade científica, os gestores e a sociedade compreendam a estrutura do CI nas
organizações públicas e, diante disso, possam explorar e otimizar de forma estratégica os
recursos organizacionais necessários para colaborar com o desempenho da gestão pública.
Palavras-chave: Capital Intelectual. Desempenho da Gestão Pública. Recursos Estratégicos.
ABSTRACT
In a context marked by successive crises of strategic management, this study seeks to identify
how to make up the Intellectual Capital (IC) of public organizations and analyzing what is its
relationship with the management performance indicators. For this purpose, a quantitative study
was delineated, descriptive, cross-sectional and carried out through a structured questionnaire.
Participate in the sample public servants (effectives and technicians), from municipal organs of
the north of Rio Grande do Sul State (RS). The collected responses were evaluated according
to the fundamentals of descriptive statistics, factor analysis and multiple linear regression. The
results found point as IC’s critical variables, those related to Human Capital (HC). Regarding
the IC’s composition in public organizations, in first place identifies the Relational Capital
(RC), demonstrating that the emphasis of government is on the interorganizational; secondly,
it identifies the Structural Capital (SC), oriented to information systems; and, lastly, the Human
Capital (HC) having qualified servers. Regarding the management indicators adopted for the
study, we assessed the Socioeconomic Management Index, demonstrating that the
municipalities surveyed have an average socioeconomic development; and the Fiscal
Management FIRJAN Index (IFGF), demonstrating that most of sample’s municipalities have
good fiscal management. And, when analyzing the relationship of influence with these indexes,
we see significant results only with the fiscal management index (IFGF). Finally, it is
emphasized that the study adds to the scientific community, managers and the society
understand the IC structure in public organizations and, before that, can explore and optimize
strategically organizational resources to work with the Public Management Performance.
Keywords: Intellectual Capital. Public Management Performance. Strategic Resources.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Variáveis que compõem o cálculo do Idese ............................................................ 47
Figura 2 – Variáveis e peso das variáveis que compõem o cálculo do IFGF ........................... 48
Figura 3 – Dimensões e variáveis do capital intelectual .......................................................... 52
Figura 4 – Frequência do Idese entre os municípios ................................................................ 59
Figura 5 – Frequência do IFGF entre os municípios ................................................................ 60
Figura 6 – Disposição setorial dos servidores públicos pesquisados ....................................... 64
Figura 7 – Escolaridade dos servidores públicos municipais ................................................... 65
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – As dimensões e as variáveis do Capital Intelectual classificadas por autor .......... 29
Quadro 2 – As características distintivas do CI no setor público ............................................. 38
Quadro 3 – Critérios que diferenciam as estratégias econômicas entre setor público e privado
........................................................................................................................................... 39
Quadro 4 – Os paradigmas da gestão pública .......................................................................... 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Prefeituras Municipais/Municípios pesquisados de acordo com a faixa
populacional ...................................................................................................................... 51
Tabela 2 – Porte populacional dos municípios pesquisados e número de respondentes .......... 59
Tabela 3 – Variáveis do CI: análise das médias e desvio padrão ............................................. 61
Tabela 4 – Média do tempo de serviço e idade dos servidores municipais .............................. 63
Tabela 5 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis brutas da pesquisa .......... 67
Tabela 6 – Resultado das comunalidade associadas as variáveis relacionadas ao CI .............. 67
Tabela 7 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis do CI das organizações
públicas ............................................................................................................................. 68
Tabela 8 – As dimensões do CI: fatores, variáveis, cargas fatoriais, comunalidade e Alfa de
Cronbach ........................................................................................................................... 69
Tabela 9 – Fatores identificados e explicação da pesquisa ...................................................... 70
Tabela 10 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CR das organizações
públicas ............................................................................................................................. 71
Tabela 11– Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CE nas organizações
públicas ............................................................................................................................. 72
Tabela 12 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CH das organizações
públicas ............................................................................................................................. 74
Tabela 13 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o IDESE ....................................... 76
Tabela 14 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o IFGF .......................................... 77
Tabela 15 – Regressão linear múltipla ..................................................................................... 77
LISTA DE SIGLAS
CE Capital Estrutural
CH Capital Humano
CI Capital Intelectual
CR Capital Relacional
FEE Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser
FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
hab. habitantes
IBGE Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
IDESE Índice de Gestão Socioeconômico
IFGF Índice Firjan de Gestão Fiscal
km quilômetros
KMO testes Kaiser-Meyer-Olkin
STN Secretaria do Tesouro Nacional
VIF Fator de Inflação da Variância
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13 1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 15
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA DE PESQUISA ............................... 18
1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 19
1.3.1 Objetivos Específicos ................................................................................................. 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 21 2.1 CAPITAL INTELECTUAL ............................................................................................. 21
2.1.1 Definições do Capital Intelectual ................................................................................ 25
2.1.2 Dimensões do Capital Intelectual ............................................................................... 28
2.2 ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: AS GESTÕES E O CAPITAL INTELECTUAL ....... 35
2.2.1 Desempenho da Gestão Pública .................................................................................. 43
2.2.2 Indicadores de Desempenho da Gestão Pública Brasileira ......................................... 45
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .................................................................................... 50 3.1 DELINEAENTO DA PESQUISA ................................................................................... 50
3.2 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ............................... 50
3.2.1 População e Amostra .................................................................................................. 51
3.2.2 Instrumento de Coleta de Dados ................................................................................. 52
3.2.3 Coleta de Dados .......................................................................................................... 52
3.3 TÉCNICAS PARA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................... 54
3.3.1 Análise Fatorial ........................................................................................................... 55
3.3.2 Regressão Linear Múltipla .......................................................................................... 56
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................ 58 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................................... 58
4.2 ANÁLISE DESCRITIVA ................................................................................................ 61
4.3 AS DIMENSÕES DO CAPITAL INTELECTUAL ........................................................ 66
4.3.1 O Capital Relacional ................................................................................................... 70
4.3.2 O Capital Estrutural .................................................................................................... 72
4.3.3 O Capital Humano ...................................................................................................... 74
4.4 A RELAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL E OS INDICADORES DE
DESEMPENHO ..................................................................................................................... 76
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 80
5.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS ..................................................................................... 82
5.2 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS ..................................................................................... 83
5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......... 84
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 86
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 98
APÊNDICE B ........................................................................................................................ 100
1 INTRODUÇÃO
O capital intelectual (CI), associado ao conhecimento e relacionado diretamente aos
elementos intangíveis das organizações, interliga-se às atividades e às práticas de gestão e pode
contribuir para que as organizações se adaptem com maior rapidez, eficiência e eficácia aos
segmentos em que atuam (CRAWFORD, 1994; BROOKING, 1996; STEWART, 1998 e 2001;
PABLOS, 2004; LEV, 2001, 2003 e 2004).
Além do mais, o capital intelectual pode ser considerado como um elemento essencial
para criar valor e otimizar resultados nas organizações (BUENO, 1998; SAFÓN, 2000;
MOUSTAGHFIR; SCHIUMA, 2013), destacando-se como um criador de riqueza econômica
entre as nações (LEV, 2001; CAÑIBANO; SÁNCHEZ, 2004; MARTÍN-DE-CASTRO et al.,
2011).
O aumento da importância atribuída ao capital intelectual está diretamente associado à
emergência da economia do conhecimento (PETTY; GUTHRIE, 2000) e ao reconhecimento,
por parte das comunidades científica, empresarial e política, do impacto que esse intangível
pode provocar no desempenho das pessoas, das empresas e dos países (RODRIGUES et al.,
2009).
Nas organizações, o CI apresenta-se como um importante recurso para superar as
expectativas dos cidadãos, dos clientes, dos fornecedores e da sociedade em geral, podendo
ainda, colaborar para garantir a sua sobrevivência e sua longevidade (BONTIS, 1998;
SHARABATI; JAWAD; BONTIS, 2010). Contudo, apesar dessas contribuições, o
reconhecimento de sua importância, possivelmente, em pleno século XXI, ainda seja um dos
maiores desafios a serem enfrentados pelas organizações, especialmente para as organizações
públicas e sem fins lucrativos (BUKH, 2003; HOLLAND, 2008; GUTHRIE; RICCERI;
DUMAY, 2012).
De acordo com Cuganesan, Dunford e Palmer (2012), as organizações públicas são
expressivas no ramo de prestação de serviços e, por esse motivo, altamente dependentes do
conhecimento e da capacidade humana de seus colaboradores. Portanto, na concepção de
Guthrie e Dumay (2015), as organizações públicas fazem parte de um segmento econômico
que, por sua importância, merecem ser melhor exploradas com pesquisas científicas envolvendo
o CI.
Além do mais, de acordo com o entendimento de Guthrie e Dumay (2015), o capital
intelectual funciona como uma lente organizacional: internamente, ele é capaz de desenvolver
condições para que sejam prestados serviços públicos de melhor qualidade, enquanto que,
14
externamente, o capital intelectual é capaz de gerenciar e de mensurar os recursos públicos
aplicados para atender às expectativas dos cidadãos. Então, também por esses motivos, segundo
Van Helden e Northcott (2010), é interessante que se desenvolvam estudos bem-sucedidos, com
diretrizes e implicações práticas acerca do capital intelectual das organizações públicas.
Contudo, a perspectiva de que as organizações públicas possam desenvolver gestões
capacitadas e qualificadas, segundo Zea Sarmiento (2011), requer a readequação de suas
funções e serviços. O sucesso de boas gestões e de bons serviços organizacionais pode estar
associado ao conhecimento dos seus recursos intangíveis. Mais do que isso, é necessário
compreender a estrutura do capital intelectual público para, então, desenvolver gestões mais
eficientes e eficazes.
Destarte, ao se pesquisar o arcabouço teórico sobre o tema capital intelectual nas
organizações públicas, verifica-se, junto a Guthrie, Ricceri e Dumay (2012), que as
investigações acerca do CI são encontradas com maior frequência tratando de temas como
departamentos de polícia (COLLIER, 2001); instituições hospitalares (HABERSAM; PIBER,
2003); clusters regionais (PÖYHÖNEN; SMEDLUND, 2004); departamentos governamentais
(DUMAY; GUTHRIE, 2007); organizações de investigação (LEITNER; WARDEN, 2007); e
universidades (CAÑIBANO; SÁNCHEZ, 2009). Não obstante, no tocante às organizações
públicas, especificamente as brasileiras, ainda há oportunidades de pesquisa para analisar o
capital intelectual das organizações públicas, como as prefeituras municipais.
Sendo assim, além de identificar o CI das organizações públicas é interessante que se
realizem estudos, analisando uma possível influência do CI no desempenho da gestão pública.
Nesse sentido, revela-se pertinente neste estudo, analisar o CI frente a dois dos principais
índices que mensuram o desempenho da gestão pública dos municípios: o Idese, um índice
socioeconômico, aplicado aos municípios do Estado do Rio Grande do Sul (RS), e calculado
pela Fundação de Economia e Estatística (FEE); e, o IFGF, um índice que mede a gestão fiscal
dos municípios brasileiros e é calculado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (FIRJAM).
Portanto, visando a orientar o leitor, o estudo está organizado na seguinte estrutura:
introdução, contendo justificativa, delimitação de tema, problema de pesquisa e objetivos;
referencial teórico acerca do capital intelectual, sua origem, conceitos, importância para o setor
público e as dimensões que o constituem; a gestão pública e seus indicadores de desempenho;
o método desenvolvido para pesquisa; as análises e as discussões dos dados coletados pela
pesquisa; e por fim, as considerações e implicações sobre o capital intelectual e a gestão pública.
15
1.1 JUSTIFICATIVA
O CI constitui-se na matéria intelectual das organizações. Aporta-se como um
diferencial para produzir riquezas, pois sua formação apresenta-se por meio do conhecimento,
da informação, da propriedade intelectual e das experiências que podem ser utilizadas para
maximizar os resultados organizacionais (STEWART, 1998).
Ao se observar as ações desenvolvidas pelas empresas prestadoras de serviços, tais
como os órgãos públicos, as assessorias e consultorias, as agências de propaganda e publicidade
e as empresas criadoras de software e soluções informatizadas é possível se perceber o quanto
são dependentes do intelecto de seus colaboradores. Isso porque é no conjunto intelectual que
se encontra um dos principais meios de competitividade e de continuidade organizacional
(MARR; SCHIUMA; NEELY, 2004a).
A exemplo dessas organizações prestadoras de serviços, Bukh (2003) e Holland (2008)
descrevem que todas as demais organizações que reconhecerem em sua estrutura os seus
recursos intangíveis como elementos fundamentais para geração de valor terão apostado em
gestão estratégica. E essa atitude, possivelmente, tornará o capital intelectual um elemento
essencial para diferenciar e para aumentar a produtividade organizacional.
Conhecedoras das suas necessidades e cientes dos seus recursos, empresas da iniciativa
privada, há muito tempo, vêm investindo e demonstrando interesse em reconhecer o capital
intelectual de suas organizações. Como exemplo podem ser citados o desenvolvimento do
Balanced ScoreCard (BSC), desenvolvido por Kaplan e Norton, em 1997, e o Navegador da
Skandia – Business Navegator, desenvolvido por Edvinsson e Malone, em 1998.
Contudo, o mesmo interesse demonstrado pelas organizações privadas se aplica com
menor ênfase às organizações públicas. Segundo Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca
(2005), as organizações públicas ainda fazem menos esforço em identificar, medir e gerir seu
capital intelectual, embora esteja este, às vezes, muito mais presente nas organizações públicas
do que nas privadas.
Esse fato talvez possa ser explicado nos argumentos de Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano
Cinca (2001), ao relatarem três condições do porque o estudo do capital intelectual nas
organizações públicas iniciou tardio em detrimento das empresas privadas. Segundo os autores,
o primeiro motivo refere-se ao fato de as organizações públicas não visarem a lucros; o segundo,
diz respeito à utilização mais intensa de ativos imateriais, o que dificulta sua mensuração e sua
contabilização; e o terceiro e último motivo refere-se ao fato de a organização pública prestar
serviços ao invés de comercializar produtos/serviços.
16
Ainda, no que se refere ao gerenciamento e ao aproveitamento dos recursos intangíveis,
é significante a distância envolvendo o estudo do capital intelectual das organizações públicas
em relação às empresas privadas. A explicação para esse fato talvez esteja atrelada aos
diferentes objetivos dessas organizações, ou seja, enquanto a organização pública visa ao bem-
estar social, a empresa privada prioriza a rentabilidade, a lucratividade e o valor da empresa.
Esses últimos exigem conhecimento e, por consequência, melhor aproveitamento do seu capital
intelectual (SERRANO CINCA; MAR MOLINERO; BOSSI QUEIROZ, 2003).
Entretanto, embora a essência constituinte da organização pública recaia em prestar
serviços públicos à sociedade, essa condição não a exime de conhecer e de investir no seu
capital intelectual. Conforme fundamenta Dias (1998), no momento em que a organização
pública assume o papel de prestadora de serviços públicos, coloca em questão a imagem com
que é percebida pelo ambiente externo. Para o autor, o fato de as organizações públicas
representarem sistemas dinâmicos, complexos, interdependentes e inter-relacionados, não as
torna independentes dos fluxos e das informações humanas, das estruturas organizacionais e
das tecnologias empregadas, muito pelo contrário.
Este estudo científico tem a expectativa de que o capital intelectual possa contribuir para
a gestão pública. Para tanto, quer demonstrar sua relevância tanto no nível social e na esfera
científica. Em caráter social, este estudo revela-se importante, quando busca compreender, no
âmbito das organizações públicas, a composição do capital intelectual e a sua possível relação
com indicadores de gestão pública.
A partir dessa compreensão, poderiam ocorrer avanços em pesquisas científicas que
contribuíssem não só para melhorar a qualidade da gestão e do serviço público, mas também
melhorar a satisfação dos cidadãos como um todo, e assim, contribuir para o melhoramento da
imagem da organização pública perante a sociedade, estado e país.
Nesse sentido, Carbone (2000) salienta que as organizações públicas são entidades
marcadas pelo excesso de burocracia. Ainda, segundo o autor, as organizações públicas
caracterizam-se como sistemas centralizadores, reformistas e com ausência de
empreendedorismo, tendo, por consequência, administrações engessadas e desfocadas das
necessidades sociais e fiscais.
Evidências concernentes ao assunto encontram-se nos índices de gestão fiscal (IFGF),
em pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN),
no mês de junho de 2015, envolvendo 5.243 municípios brasileiros. Segundo a Firjan, em um
intervalo que vai de 0 a 1 ponto (quanto mais próximo a 1, melhor), o IFGF apresentou média
de 0,4545, piorando seus resultados de desempenho em 10,5% desde que foi criado, no ano de
17
2006. O índice também revela que somente 18 dos 5.243 municípios pesquisados apresentam
Gestão Excelente e que 84,20% dos municípios apresentam Gestão Difícil e/ou Crítica
(FIRJAN, 2015).
No entanto, essa situação, demonstrando as deficiências da gestão pública dos recursos
municipais, ainda é pouco difundida. Segundo dados da Firjan (2015), houve, nos últimos anos,
significativa deterioração das contas públicas dos municípios brasileiros. Nem a elevada carga
tributária que entra para os cofres públicos consegue conter os gastos desordenados das
administrações públicas municipais, estaduais e federal.
Como consequência, no ano de 2014, foi registrado, na esfera federal, o primeiro déficit
primário desde o ano de 1998, ou seja, despesas primárias maiores que receitas primárias. Em
âmbito estadual, a situação é semelhante, pois muitos estados não possuem sequer condições
de honrar compromissos básicos, como, por exemplo, pagar a remuneração dos servidores. E,
quanto aos municípios, o quadro apresenta-se, talvez, pior (FIRJAN, 2015).
Sendo assim, distantes do universo das organizações privadas, quando o assunto se volta
ao gerenciamento e ao aproveitamento do capital intelectual, as organizações públicas, pautadas
em sucessivas crises de gestão, ainda carecem de compreender e de administrar a composição
do seu capital intelectual para tentar desenvolver gestões mais eficazes.
Em nível científico, estudar o capital intelectual das organizações públicas também
significa colaborar com a comunidade científica, uma vez que, por meio de pesquisa empírica,
propõe-se analisar o capital intelectual fora do âmbito empresarial com fins lucrativos e
buscando vantagem competitiva. Nesse sentido, Nevado Peña e López Ruiz (2002) citam que
ainda são poucos os interessados em desenvolver pesquisas acerca de conhecer a constituição
e a mensuração do capital intelectual nos órgãos públicos.
Além do mais, de acordo com Guthrie e Dumay (2015) há espaço de pesquisa científica
para compreender a relação entre as necessidades da sociedade e os recursos intangíveis
disponibilizados pelo setor público no atendimento dessas necessidades. Segundo os autores, o
CI representa uma importante fonte de pesquisa para delinear caminhos em busca de medir e
de melhorar a gestão e a eficácia dos serviços públicos.
Por fim, pesquisas realizadas por Dumay, Guthrie e Puntillo (2015) relevam que as
evidências de estudos concernentes a investigar o capital intelectual nas organizações públicas
de países emergentes como os da Ásia, da África, da América do Sul e a China são escassas e,
portanto, investigações nessas localidades geográficas devem ser o foco de futuras pesquisas
científicas. Ressalta-se que a escassez de estudos envolvendo o capital intelectual nas
18
organizações públicas também fora apontado por Van Helden e Northcott (2010), Ramírez
(2010) e Guthrie e Dumay (2015).
Não obstante, o modelo econômico das organizações requer a busca contínua por
elementos capazes de aumentar a vantagem competitiva, a sustentabilidade, a garantia do
sucesso e a permanência de seus empreendimentos no ramo dos negócios. Considerando este
cenário, Ramírez (2010) entende que as organizações públicas não podem mais ficar alheias às
mudanças quanto ao desenvolvimento e a gestão do seu capital intelectual.
Portanto, quanto mais informações se obtiver acerca do capital intelectual das
organizações públicas, melhores serão as chances de se repensar as práticas da gestão, rumo a
um processo de eficiência e de eficácia na prestação dos serviços condicionados à sociedade
(BOSSI QUEIROZ, FUERTES; SERRANO CINCA, 2005; KONG; THOMSON, 2009;
RAMÍREZ, 2010).
Sendo assim, justifica-se este estudo visando colaborar com a comunidade científica,
desenvolvendo pesquisas a respeito do capital intelectual em organizações públicas, de forma
que suas interpretações também possam refletir efeitos para o desenvolvimento de gestões
públicas mais adequadas.
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA DE PESQUISA
Os estudos acerca do CI se estenderam efetivamente na comunidade científica a partir
da década de 1990, tendo seu primeiro artigo publicado no ano de 1991, por Thomas Stewart,
na imprensa de negócios. Entretanto, o assunto ascendeu em meados da década de 1990, quando
a empresa sueca Skandia apresentou publicamente o primeiro relatório administrativo contendo
o valor do seu capital intelectual. A partir dessa publicação, o interesse em avançar no
conhecimento e na identificação da influência exercida pelo capital intelectual nas empresas e
seus negócios tornou-se elevado.
Mais tarde, buscando entender o fenômeno capital intelectual, seu valor e seus efeitos
para as organizações, o tema foi objeto de estudo entre vários outros autores, como Edvinsson
e Malone (1997); Roos et al. (1997); Stewart (1997); Sveiby (1997); Bueno, Salmador e
Rodríguez (2004); Bueno et al. (2010); Secundo et al. (2010); Guthrie, Ricceri e Dumay (2012)
e Guthrie e Dumay (2015).
Ainda hoje, por sua relevância, o capital intelectual das organizações é motivo de
interesse por parte da comunidade científica. Seus estudos são encontrados especialmente nas
19
Ciências Sociais, sobretudo, no ramo da Administração de Empresas. Pesquisadores dessa área
acreditam que o CI seja uma importante fonte de vantagem competitiva, de inovação e de
conhecimento para as organizações maximizarem suas riquezas (KLEIN; PRUSAK, 1994;
EDVINSSON; MALONE, 1998).
Ultrapassando o contexto empresarial, cabe lembrar que as mudanças sofridas pelas
organizações públicas passaram a exigir melhor gestão por parte de seus administradores.
Dentre as mudanças, destacam-se a troca de gestões tradicionais por gestões mais eficientes e
a diminuição dos encargos financeiros e fiscais (RAMÍREZ, 2010) e o melhoramento dos
serviços demandados pela sociedade (JOYCE, 1999).
Uma das formas capazes de identificar gestões eficientes e eficazes está nos índices que
mensuram a gestão pública. Alguns índices, são sociais e econômicos, outros, são fiscais. Sendo
que, os índices de gestão fiscal consideram as ações desenvolvidas exclusivamente pelas
gestões públicas, enquanto os índices socioeconômicos consideram um conjunto de atos e
práticas desenvolvidos entre gestão pública, empresas privadas e sociedade em geral. Este
estudo considera dois índices para analisar uma possível relação entre o CI e as decisões de
gestão pública: o Idese (índice socioeconômico) e o IFGF (índice de gestão fiscal).
Ademais, investigações buscando compreender nos órgãos públicos a composição do
capital intelectual e a influência que ele pode exercer na gestão das organizações públicas são
estudos necessários e relevantes para um possível melhoramento das administrações públicas.
Isto porque, ao se considerar Serrano Cinca, Mar Molinero e Gallizo Larras (2002) e Ramírez
(2010), a gestão dos órgãos públicos, mesmo em pleno século XXI, ainda permanece pautada
em sucessivas crises de capacidade administrativa.
Portanto, a fim de compreender o capital intelectual das organizações públicas, esta
pesquisa pretende responder aos seguintes questionamentos:
Como se compõe o capital intelectual das organizações públicas?
Qual a sua relação com os indicadores de desempenho da gestão?
1.3 OBJETIVO GERAL
A partir de tudo o que se expos, o objetivo geral desta pesquisa é identificar como se
compõe o capital intelectual das organizações públicas e analisar qual a sua relação com os
indicadores de gestão.
20
1.3.1 Objetivos Específicos
Além disso, pretende-se também:
i) analisar a representatividade das dimensões humana, estrutural e relacional na
composição do capital intelectual da gestão pública municipal;
ii) caracterizar os indicadores de desempenho da gestão pública: Idese e IFGF;
iii) identificar possíveis relações entre o capital intelectual e os indicadores de
desempenho;
iv) observar as principais variáveis críticas do capital intelectual na gestão pública.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Visando a consolidar o referencial teórico, definiram-se o capital intelectual e a gestão
pública como temas a serem abordados. Portanto, na primeira seção, aborda-se o tema do capital
intelectual, discorrendo sobre sua origem, seus conceitos, suas principais características e
dimensões, enquanto que, na segunda seção, o assunto recai sobre a gestão pública e o seu
desempenho, momento em que se descrevem também dois dos principais indicadores utilizados
para avaliar a gestão pública dos municípios brasileiros.
2.1 CAPITAL INTELECTUAL
Acredita-se, para fins deste estudo, que uma definição apropriada para o CI se encontra
nas palavras de Edvinsson e Malone (1997), ao afirmarem que o CI é um recurso intangível
que, por sua essência, dota-se de conhecimento, experiência e habilidade profissional, de
tecnologia e de relacionamentos capazes de levar as organizações a obterem vantagens.
Ademais, de acordo com Stewart (1997), o CI é um recurso intangível absorvido de
conhecimento útil e diferenciado, podendo colaborar para que as organizações alcancem seus
objetivos de forma mais célere e efetiva.
O CI deste estudo fundamenta-se basicamente, na literatura de autores como Brooking
(1996); Brooking e Guix (1997); Edvinsson e Malone (1997); Roos e Roos (1997); Sveiby
(1997 e 1998); Stewart (1994, 1997, 1998 e 2001); Bontis (1998, 1999 e 2001); Klein (1998);
Bontis et al. (1999); Bontis, Crossan e Hulland (2002), Stam (2005); Bueno, Salmador e
Rodríguez (2004); Bueno et al. (2010); Secundo et al. (2010); Guthrie, Ricceri e Dumay (2012);
Dumay, Guthrie e Puntillo (2015); Guthrie e Dumay (2015).
Inicialmente, pretende-se apresentar a linha do tempo em que o CI tem seus alicerces
firmados. Portanto, os próximos parágrafos tratam da origem e da importância do CI, até chegar
aos seus principais conceitos, características e dimensões.
A comunidade científica pesquisa, reconhece e aceita os estudos direcionados ao CI das
organizações desde as décadas de 1980 e 1990 (BORIN; DONATO, 2015). De acordo com
Sveiby (1998) e Ulrich (1998), havia, nos anos de 1980, uma perspectiva de que a
competitividade organizacional dependia somente dos recursos físicos e financeiros
supostamente acessíveis a todas as empresas. Todavia, estes já não satisfaziam os gestores,
necessitando, portanto, de um diferencial que pudesse alavancar os investimentos empresariais
22
de forma inovadora e efetiva. Foi então que surgiu o conhecimento implícito, um diferencial
centrado na visão dos recursos intangíveis das empresas e com capacidade de proporcionar
competitividade entre as organizações (WERNERFELT, 1984; DIERICKX; COOL, 1989;
PRAHALAD; HAMEL, 1990; BARNEY, 1991; EDVINSSON; MALONE, 1998).
Sendo assim, as organizações desejosas de sucesso deveriam direcionar as
oportunidades de mudanças explorando a produtividade advinda dos trabalhadores do
conhecimento. A visão do conhecimento acreditava que a vantagem competitiva das empresas
acontecia quando integravam e aplicavam melhor o conhecimento de seus colaboradores
(RODRIGUES et al., 2009; WONG et al., 2013). Nesse caso, o êxito empresarial passou a
depender cada vez mais da gestão estratégica do conhecimento, em detrimento dos recursos
físicos e financeiros, por exemplo (SVEIBY, 1998).
Iniciava-se, assim, uma era voltada para a economia da informação, em que o integrante
principal seria o conhecimento, que passaria a ser uma significativa fonte de recurso dentre
terra, capital e trabalho (WERNERFELT, 1984; DIERICKX; COOL, 1989; PRAHALAD;
HAMEL, 1990; BARNEY, 1991). Portanto, fundamentados na teoria dos recursos intangíveis,
Edvinsson e Malone (1998) preconizaram o capital intelectual como um instrumento detentor
do conhecimento e da experiência necessária, para, habilmente, proporcionar vantagem
competitiva às organizações.
Contudo, paralelamente à visão da empresa baseada no conhecimento, emergiu também
uma perspectiva tecnológica. E esta tecnologia, aliada aos demais recursos intangíveis
agregadores de valor, constituiu o então denominado capital intelectual das organizações
(BROOKING, 1996).
Assim sendo, o capital intelectual passou a evoluir e sua existência foi-se tornando um
diferencial para o alcance dos objetivos e do sucesso organizacional. Logo, se a nova riqueza
era o conhecimento, então, um dos capitais essenciais das organizações passaria a ser o capital
intelectual, enquanto que os bens físicos e o trabalho, no sentido de gerar riqueza, passariam a
ser cada vez mais antagônicos (SVEIBY, 1998; STEWART, 1994, 1998 e 2001).
De acordo com Antunes (2006), o conhecimento, quando aliado às tecnologias
disponíveis, forma, na organização, um conjunto de benefícios intangíveis e faz com que as
organizações passem a contemplá-lo como um dos elementos fundamentais em suas estratégias,
filosofias e valores. Não obstante, para Antunes (2006), a visão baseada em intangíveis foi
quem originou a criação do movimento intitulado capital intelectual.
Conhecido desde que foi pronunciado pela primeira vez por John Kenneth Galbraith,
em 1969, o CI parecia incorporar um grau de ação intelectual em sua expressão. Segundo
23
Edvinsson e Sullivan (1996), a ação intelectual está, sim, associada ao CI, mas como algo
dinâmico, ou seja, que ultrapassa o campo do intelecto, que vai além do significado intelectual,
no sentido literal da palavra.
Contudo, conforme relatam Gallon et al. (2008), apesar de muitas evidências teóricas a
respeito do capital intelectual, sua ascensão no contexto organizacional ocorreu quando a
companhia de seguros sueca Skandia publicou o primeiro relatório empresarial, contemplando
o valor do capital intelectual de sua empresa. Nesse sentido, Carvalho, Ensslin e Igarashi (2006)
observam que a literatura acadêmica a respeito do capital intelectual emergiu no final da década
de 1990 com a divulgação de pesquisas acadêmicas pioneiras sobre o assunto. Motivados pela
iniciativa prática da empresa Skandia, pesquisadores e estudiosos despertaram para o estudo do
CI. Contribuindo com essa premissa, Bontis (1998) declara que a importância dada ao capital
intelectual surgiu muito mais das práticas organizacionais do que propriamente dos ambientes
acadêmicos.
De acordo com Guthrie, Ricceri e Dumay (2012), a expansão do CI, ocorrida graças às
necessidades e às práticas empresariais, evoluiu em seus estudos a partir de três fases distintas.
A primeira fase, segundo relatos de Guthrie, Ricceri e Dumay (2012) e Borin e Donato (2015),
marca a conscientização da importância do CI para criação e posterior sustentabilidade da
vantagem competitiva das empresas. Para Dumay (2012) e Borin e Donato (2015), foi o
momento no qual as teorias e os conceitos a respeito do CI ganharam relevância, mesmo que
não tenham sido empiricamente comprovados
A segunda fase da evolução do CI focou a pesquisa empírica, na tentativa de provar, por
meio da mensuração, da comunicação e do gerenciamento, a relevância do CI para as empresas.
Nesse sentido, o CI foi instituído como mais um dos recursos para a criação de valor,
impactando fortemente, tanto para obtenção de competitividade quanto para obtenção da
rentabilidade empresarial (MARR; SCHIUMA; NEELY et al., 2004b; DUMAY, 2012;
GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012; BORIN; DONATO, 2015). Nessa etapa, os estudos
sobre o CI também avançaram para o setor governamental. Sendo assim, diferentes países do
mundo se propuseram a mensurar o CI em seus governos, buscando nele um modelo de apoio
para as atuações dos setores públicos (GUTHRIE; RICCERI; DUMAY, 2012; BORIN;
DONATO, 2015). Entretanto, enquanto a segunda fase buscava medir e comunicar o CI nos
diversos segmentos empresariais, surgia a necessidade de uma terceira fase, com o intuito de
explorar e de compreender, na prática, todo o potencial armazenado no CI das organizações e
que, até então, não estava sendo explorado (ANDRIESSEN, 2004).
24
Quanto à terceira e última fase citada por Guthrie, Ricceri e Dumay (2012), encontra-se
emergindo e traz como foco a pesquisa empírica, no sentido de descobrir como o CI é
gerenciado em diferentes organizações dos setores público, privado e sem fins lucrativos
(CHIUCCHI, 2008; GIULIANI, 2009; GUTHRIE, RICCERI; DUMAY, 2012; BORIN;
DONATO, 2015).
Dessa forma, Dumay e Garanina (2013) defendem a ampliação da pesquisa do CI, ou
seja, sugerem que se estude o CI em âmbito de países, cidades e comunidades, deixando um
pouco o foco empresarial para adentrar no governamental. De acordo com Kong (2010) e
Dumay e Garanina (2013), as organizações sem fins lucrativos ou governamentais sempre
foram subvalorizadas em termos de pesquisas que pudessem envolver a compreensão do CI.
Por conseguinte, há uma quarta fase surgindo. Uma fase que irá estudar o CI das
organizações governamentais e que poderá ser a chave para o desenvolvimento econômico,
para criação de riquezas e de outros processos que busquem transformar e qualificar a gestão
pública mundial (EDVINSSON; STENFELT, 1999; STÄHLE; BOUNFOUR, 2008; LING,
2012; BORIN; DONATO, 2015).
O momento econômico-financeiro vivido pelas organizações públicas vai ao encontro
dos relatos anteriores e torna atraente o envolvimento do CI em pesquisas da administração
pública, uma vez que, por sua constituição, pode tornar-se um meio significativo para o
enfrentamento das situações adversas vividas pelas gestões públicas (BORIN; DONATO,
2015). Portanto, o CI com suas perspectivas diferenciadas e com informações relevantes, pode
tornar-se um meio transformador dos cenários de crise absorvidos pelos setores públicos
mundiais (EDVINSSON et al., 2012).
Pressupõe-se, então, que a transição da sociedade industrial para a sociedade do
conhecimento vem alterando, significativamente, a estrutura das empresas e das nações. Nesse
sentido, Authier e Lévy (1995) argumentam que, assim como os revolucionários da antiguidade
anunciavam a reforma agrária e a partilha das terras como fator de desenvolvimento social e
econômico, e os da era industrial visavam à propriedade dos meios de produção, na atualidade,
argumenta-se que pode ser sobre o CI que repousa a esperança de riqueza das nações e a força
das empresas.
Por fim, após direcionar o estudo do CI no breve relato da sua linha do tempo em que
perpassam seus estudos, entende-se necessário abordar alguns dos seus principais conceitos,
além de apresentar sua importância nos meios acadêmico e empresarial.
25
2.1.1 Definições do Capital Intelectual
Conceituar CI ou bens intangíveis significa expressar a magnitude representada por
ambos em igual teor de valoração e importância para as organizações. Nesse sentido, Keong
(2008) entende que a variedade de estudos relativos a recursos, propriedades e atributos
envolvendo os bens não-físicos de uma organização podem ser considerados como CI ou bens
intangíveis. Contribui com essa visão Bontis (1999), ao apontar o capital intelectual como a
coleção dos recursos intangíveis das organizações e dos fluxos entre esses recursos.
Portanto, relacionado diretamente aos elementos intangíveis das organizações, o capital
intelectual interliga-se às atividades e às práticas administrativas, ambas desenvolvidas para as
organizações adaptarem-se com maior rapidez, eficiência e eficácia ao mercado em que atuam
(CRAWFORD, 1994; BROOKING, 1996; STEWART, 1998 e 2001; PABLOS, 2004; LEV,
2001, 2003 e 2004).
A partir de agora, visando-se a aprofundar a compreensão do termo CI, busca-se defini-
lo sob a égide de seus principais autores. A propósito, Rodrigues et al. (2009) descreve o capital
intelectual como um fenômeno complexo, de caráter eclético e multidisciplinar, que, por assim
ser, possibilita, além de inúmeras definições, várias práticas generalizáveis para sua gestão.
No que diz respeito aos estudos de Klein (1998), o CI é aquele que compõe toda a
estrutura de uma organização. Isso significa compreender a organização não somente por seu
capital físico e financeiro, mas, principalmente, por sua estrutura intelectual. Para Klein, a
espinha dorsal da empresa concentra-se no conhecimento, na experiência, na especialização e
nos diversos outros ativos intangíveis existentes. Nahapiet e Ghoshal (1998) reforçam esse
conceito ao acreditarem que o capital intelectual é dotado de capacidade, conhecimento e saber,
constituindo-se num recurso à disposição das organizações com finalidade lucrativa ou sem
finalidade lucrativa, podendo realizar, em ambas, ações de valia em suas gestões.
Além do mais, o capital intelectual é uma forma de identificar, mensurar e gerenciar os
intangíveis das organizações (STAM, 2005); é um meio para uma finalidade (BONTIS, 1998);
é uma competência multiplicada pelo compromisso (ULRICH, 1998). E pressupõe vontade
individual em trabalhar pela organização, com o auxílio do conhecimento, da habilidade e dos
demais atributos agregados ao indivíduo (MOURITSEN et al., 2002).
Nesse sentido, Stewart (1998), acredita que o capital intelectual poderá tornar-se um dos
maiores geradores de riquezas de uma organização, justamente, por abarcar, em sua
composição, toda matéria de cunho intelectual, como o conhecimento, a informação e as
experiências geradoras de riquezas. E, por assim entenderem, Sharabati, Jawad e Bontis (2010)
26
identificam o capital intelectual como um representante da riqueza de ideias e de habilidades
capazes de determinar o futuro de uma organização.
Não obstante, em sentido quantitativo, Pablos (2004) destaca a natureza não
contabilizável do material intelectual. Conforme salienta o autor, o capital intelectual
compreende todos os recursos baseados no conhecimento, os quais criam valor para a
organização, mas que, até o momento, ainda não estão inclusos nas demonstrações financeiras
das empresas.
Cabe lembrar que, embora a prática do registro contábil do capital intelectual ainda não
esteja desenvolvida, muitas empresas, há tempo, vêm considerando seu valor nas
demonstrações financeiras. Um exemplo dessa mensuração foi dado pela Coca-Cola, em 1996,
quando demonstrou que seus ativos físicos representavam apenas 4% (quatro por cento) de seu
valor de mercado, sendo o restante desse percentual, composto por seus bens intangíveis
(BONTIS, 1999).
Outro exemplo citado por Bontis (1999) diz respeito às empresas de software, cujo
indicador que considera a razão entre o valor de mercado e o valor contabilizado de uma
organização, chega a ser sete vezes maior ao valor demonstrado em balanços contábeis.
Todavia, de acordo com Roos et al. (1997), há duas formas de se conceituar o capital
intelectual: a forma positiva e a forma negativa. Positivamente, o capital intelectual representa
para a organização o somatório do conhecimento dos seus membros e a materialização desse
conhecimento em marcas, produtos e processos. Já, na forma negativa, o capital intelectual
pode ser visto como “algo a mais” na organização, algo que cria valor, mas que, por sua
intangibilidade, dificulta representá-lo além da diferença entre o valor total da companhia e o
seu valor financeiro.
Em contrapartida, Klein e Prusak (1994) acreditam que o capital intelectual é um
material intelectual formalizado, capturado e alavancado para produzir ativos físicos de maior
valor na empresa. Além do mais, no entendimento de Castro e Muiña (2003), o capital
intelectual faz parte do conjunto dos ativos imateriais, invisíveis ou intangíveis de uma
organização, cuja exploração possibilita a criação de valores, mesmo que esses não apareçam
em balanços patrimoniais.
Por fim, segundo Roos et al. (1997), a melhor forma para se conceituar capital
intelectual poderia ser fragmentando-o em componentes. Somente dessa forma seria possível
compreendê-lo e trazê-lo para o nível estratégico e operacional da organização.
Apesar das diferenças entre os conceitos, natural para um campo tão amplo e complexo,
pode-se entender o capital intelectual como algo relevante e indispensável a todas as
27
organizações públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Nesse sentido, Stam (2005)
sintetiza os elementos principais do capital intelectual válidos para todas as organizações,
considerando as seguintes afirmações: é um ativo intangível que oferece identidade às coisas
imateriais, tornando-as reconhecíveis e compreensíveis; é a principal fonte de criação de valor
e de vantagem competitiva de uma empresa; é a base estrutural dos recursos das organizações;
trata tanto dos aspectos humanos quanto dos não-humanos (visão holística da organização) e é
um dos recursos mais importantes das organizações na economia atual.
Contudo, Hall (1992; 1993) salienta que os recursos intangíveis das organizações não
necessariamente dependem dos indivíduos, ou seja, é possível caracterizar a natureza dos bens
que compõem o capital intelectual das organizações em pertencentes e não pertencentes a ela.
Como bens pertencentes à organização estão aqueles de caráter coletivo e que podem ser
partilhados entre seus membros, como, por exemplo, a cultura operacional da empresa. Já como
bens não pertencentes à organização estão aqueles de natureza inerente ao ser humano, como a
experiência, o conhecimento e a habilidade individual de cada colaborador da empresa.
No entendimento de Nonaka (1994), os bens intangíveis pertencentes ao indivíduo
também podem ser combinados em grupos, de forma que, sistematizados, possam atuar na
coletividade e interagir em prol da organização. Essa iniciativa contribui firmemente para o
processo gerador de valores organizacionais, sobre os quais a organização apresenta alguma
forma de controle ou influência.
Em vista disso, Edvinsson e Sullivan (1996) entendem o capital intelectual como algo
possível de ser convertido em valor. Para os autores, o termo engloba as invenções, as ideias,
os conhecimentos adquiridos, os projetos, os programas computacionais, os processos e as
publicações classificáveis como bens intangíveis e geradores de valor.
Por esse motivo, de acordo com Marr (2003), há algumas razões pelas quais as
organizações devem compreender, mensurar e gerir o seu CI, dentre elas estão contempladas
as seguintes: colaborar com a formulação e com a posterior avaliação da execução das
estratégias; auxiliar nos processos de tomada de decisão, visando a desenvolver, diversificar e
expandir as estratégias organizacionais; melhorar a relação com seus colaboradores internos; e
manter relação adequada com o ambiente externo.
Sendo assim, para que o capital intelectual possa efetivamente contribuir com seu
potencial valor, há de se assimilar sua importância primeiro dentro das organizações. Para tanto,
o sentido deste estudo visa a demonstrar a magnitude do capital intelectual nas organizações
públicas. A partir deste ponto, acredita-se que os intangíveis públicos poderão receber melhor
28
atenção e, assim, a exemplo das organizações privadas, contribuírem para melhorar o processo
administrativo apresentado à sociedade.
Com esse intuito, objetivando assimilar como o CI pode fazer diferença nas
organizações, a próxima seção busca compreender as principais dimensões, classificações, e/ou
os elementos do CI.
2.1.2 Dimensões do Capital Intelectual
Analisar o capital intelectual nas organizações públicas é o objetivo principal deste
trabalho. Para tanto, faz-se necessário conhecer as suas dimensões e quais delas são adotadas
por este estudo como formadoras do CI para gestão pública.
Pressupõe-se que nas dimensões do capital intelectual estejam contidos os elementos
associados ao conhecimento, à aprendizagem, à gestão de pessoas, à tecnologia da informação,
à marca, aos produtos e aos clientes da empresa (MOURITSEN et al., 2002). Esse fato talvez
explique a compreensão da natureza abstrata em que são formados os elementos intangíveis do,
igualmente intangível, capital intelectual (ANTUNES, 2006).
Há muito, pesquisadores estudam as dimensões, os elementos, os componentes, e/ou os
construtos do capital intelectual. As primeiras classificações acerca das dimensões do capital
intelectual foram publicadas em estudos desenvolvidos por Brooking (1996), Edvinsson e
Sullivan (1996), Edvinsson e Malone (1998), Sveiby (1998) e Bontis (1999).
Primeiramente, os pesquisadores buscaram compreender o critério a ser tomado para
classificar as dimensões que compõem o capital intelectual e, nessa busca, entenderam que a
melhor forma de classificação seria a realizada de acordo com a natureza dos intangíveis. Após,
conforme a natureza de cada um, dever-se-ia buscar as suas principais funções e, assim sendo,
a grande maioria entendeu que a melhor forma de categorizar a composição do capital
intelectual nas organizações seria subdividindo-o em três dimensões: capital humano (CH),
capital estrutural (CE) e capital relacional (CR), isso, conforme a essência de cada um deles
(MARQUES, 2004).
O Quadro 1 tem a proposição de demonstrar os principais autores dedicados ao estudo
do capital intelectual, classificar seus elementos em dimensões e relacioná-los com suas
principais variáveis.
29
Quadro 1 – As dimensões e as variáveis do Capital Intelectual classificadas por autor
Autores Dimensões Variáveis
Edvinson e
Sullivan (1996)
Humano Experiência, habilidade, conhecimento.
Estrutural Tecnologias, processos e programas de computadores.
Kaplan e Norton
(1997)
Humano Talento, capacidades e conhecimento.
Organizacional Cultura, liderança, trabalho em equipe e alinhamento.
Edvinsson e
Malone (1997)
Humano Capacidade, criatividade, conhecimento e experiência.
Estrutural Capital relacional e organizacional.
Roos e Roos
(1997)
Humano Motivação, habilidade, tarefa e conhecimento.
Relacional Relação com o cliente, fornecedores, canais de parceria e investidores.
Organizacional Especialização, processo de produção, conceitos novos, marketing e
venda, cooperação, fluxos (caixa, informação, produtos) e serviços.
Wiig (1997)
Humano Competência e capacidade.
Estrutural Atividades intelectuais em dados e bases de conhecimento. Refere-se a
organização e relacionamento.
Bontis (1998)
Humano Educação, experiências, atitudes pessoais e profissionais individuais
(como fonte de renovação e inovação estratégica).
Relacional Conhecimento incorporado na rotina da organização
Estrutural Capacidade de relacionamento, contato e avidez.
Bontis et al.
(1999)
Humano Competência; agilidade intelectual e organização.
Relacional Conhecimento embasado na organização.
Estrutural Capacidade de relacionamento.
Bueno (2002)
Humano
Tipo de pessoa, competências, motivação, capacidade de aprender em
equipe, de interagir com novas pessoas, trabalho em equipe, liderança,
flexibilidade para adaptação.
Estrutural Sistemas de informação e comunicação, tecnologia e patentes.
Relacional Relações da empresa com clientes, alianças estratégicas, agentes
externos e análises de provedores e competidores.
Youndt
Subramaniam e
Snell (2004)
Humano Conhecimento, habilidades e competências.
Organizacional Conhecimento em estrutura, patentes, manuais, sistemas e bancos de
dados.
Social Conhecimento embutido.
Rodrigues et al.
(2009)
Humano Capacidades individuais, conhecimentos, habilidades, fontes de
inovação e renovação estratégica.
Estrutural Capacidade da empresa em transmitir e armazenar material intelectual,
rotinas, elementos que de fato pertencem a empresa.
Relacional Conhecimento adquirido da relação das pessoas com os clientes e
fornecedores.
Malavski, Lima
e Costa (2010)
Humano Know-how, capacitações, habilidades e especializações técnicas.
Estrutural Processos organizacionais, softwares, procedimentos, sistemas, cultura,
banco de dados.
Relacional Relação entre consumidores, fornecedores, parceiros e investidores.
Continua
30
Secundo et al.
(2010)
Humano Atração e eficiência.
Organizacional Codificação de conhecimento e inovação e infraestrutura do sistema de
tecnologia da informação para ensinar, aprender e pesquisar.
Relacional Rede de (P & D) e escopo internacional.
Bueno et al.
(2010)
Humano Capacidade de aprender e compartilhar conhecimento, valores e atitudes;
habilidades e capacidades.
Estrutural Capital organizacional e tecnológico.
Relacional Número e qualidade das relações com os agentes de mercado e da
sociedade em geral. Capital social e de negócio.
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
A tendência demonstrada pelo Quadro 1, identifica os três principais componentes do
CI. Apesar de diferentes nomes, as três principais dimensões do CI referem-se ao capital
humano (CH), ao capital estrutural (CE) e ao capital relacional (CR). Alguns autores que
estudaram o CI em organizações públicas como Caba e Sierra (2001), Bossi Queiroz (2003),
Bueno, Merino e Salmador (2003) e Bueno, Salmador e Rodríguez (2004), também
classificaram e dirigiram seus estudos de acordo com estas três dimensões.
Portanto, este trabalho adota como classificação, para avaliar a influência do capital
intelectual na gestão pública, o mesmo entendimento da maioria dos pesquisadores do tema, ou
seja, o capital humano, o capital estrutural e o capital relacional, os quais serão abordados com
maior especificidade nas próximas seções.
2.1.2.1 Capital Humano
O capital humano, formado pelos colaboradores das organizações, é uma das partes da
composição do capital intelectual. É no capital humano que estão concentradas as expertises
dos indivíduos, formando, em conjunto, uma espécie de motor que impulsiona e conduz a
organização a desenvolver práticas inovadoras e solucionadoras de diversos problemas
(WANG; CHANG, 2005; MARTINS, 2007; GAMERSCHLAG, 2013).
O capital humano é, portanto, a combinação de atributos como conhecimentos,
habilidades, atitudes e relacionamentos encontrados nas mentes, corpos e ações dos indivíduos
(HUDSON, 1993; EDVINSSON; MALONE, 1998; YUSOFF; JANTAN; IBRAHIM, 2004).
É a parte que pensa (GUBIANI, 2011). É a junção de todos os recursos intangíveis presentes
nos indivíduos de uma empresa (BROOKING, 1996; EDVINSSON; MALONE, 1998;
BONTIS, 1999). É o conhecimento útil destinado à organização e está inerente aos indivíduos
que a compõe (MARQUES, 2004).
31
De acordo com Wang e Chang (2005); Martins (2007) e Gamerschlag (2013), o capital
humano pode ser entendido como uma mola propulsora, capaz de gerar conhecimento e valor
para as organizações. Para Gamerschlag (2013), os funcionários carregam consigo valores e
normas tanto individuais quanto organizacionais, além de competências, habilidades e atitudes
capazes de ascender as empresas à competitividade e ao sucesso organizacional. De fato,
conforme determina Sveiby (1998), o capital humano está relacionado à capacidade com que
cada trabalhador exerce suas atividades nas mais variadas situações do dia a dia.
Contudo, Castro e Muiña (2003) acreditam que a associação direta entre CH e os
trabalhadores da organização, por vezes, dificulta a apropriação de valores referente ao
potencial gerado pelos indivíduos. Sendo assim, a organização até pode controlar o potencial
de seus trabalhadores, entretanto, será difícil apropriar-se dele.
Portanto, o capital humano representa, individualmente, os valores de cada colaborador,
seja para colocar a organização em vantagem competitiva (DUTRA, 2002), ou atuando como
uma das principais fontes de inovação e de renovação estratégica das empresas (BONTIS,
1998). Ademais, pode-se verificar que o capital humano é o melhor embasamento teórico para
identificar e descrever o capital intelectual (EDVINSSON; MALONE, 1998; DUTRA, 2002).
Especificamente, no tocante aos órgãos públicos, Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi
Queiroz (2003) revelam que o capital humano dessas organizações precisa estar ligado a três
características principais:
a) aptidões dos servidores públicos, à medida que conseguem desenvolver suas
habilidades e conhecimentos;
b) qualificação permanente, no momento em que conseguem manter seu quadro de
pessoal treinado e atualizado; e, por fim,
c) condições de serviços em que se encontram, como, por exemplo, o ambiente de
trabalho, a segurança nas atividades e a motivação profissional.
Esses são os pontos de maior relevância envolvendo o capital humano das organizações
públicas e os motivos pelos quais se pode alcançar com maior êxito os objetivos por elas
pretendidos (SERRANO CINCA; MAR MOLINERO; BOSSI QUEIROZ, 2003).
De fato, a principal via para conduzir as organizações, tanto da iniciativa privada quanto
do setor público rumo ao alcance do êxito de suas atividades e ao sucesso eminente, parece
estar concentrada no capital humano. Nesse sentido, estudos realizados por Wang e Chang
(2005), a respeito do capital humano, levam a crer que ele impacta diretamente sobre o capital
estrutural e o capital relacional, devendo, portanto, receber maior concentração dos
investimentos organizacionais.
32
Por sua vez, Bontis (1998) entende que os colaboradores das organizações nada
conseguem individualmente e, portanto, o capital humano deve, necessariamente, estar
conectado a todas as formas de conhecimento. Essa conexão sugere o envolvimento direto entre
o capital humano e um segundo componente indispensável do capital intelectual, necessário
para o seu desenvolvimento pleno: o capital estrutural.
2.1.2.2 Capital Estrutural
O capital estrutural representa o conhecimento institucionalizado e a experiência
codificada, ambos armazenados na estrutura organizacional da empresa, como, por exemplo, as
bases de dados, as rotinas, as patentes e os manuais que independente da volatilidade do capital
humano, permanecem à disposição e uso da organização, podendo, inclusive, ser negociado se
for o caso (EDVINSSON; MALONE, 1997; YOUNDT; SUBRAMANIAM; SNELL, 2004). O
capital estrutural pode ser reproduzido e dividido (STEWART, 1998). É o capital que agrega
todos os processos organizacionais, sejam eles internos ou externos (JOIA, 2000).
É importante salientar que alguns autores como Edvinsson e Malone (1998) fazem uma
subdivisão do capital estrutural, desmembrando-o nas seguintes classificações:
a) capital organizacional, uma forma que integra as funções da empresa, facilita a
eficácia nos processos internos por meio do uso das ferramentas e da filosofia da organização
e possibilita a transferência do conhecimento entre os indivíduos. Pode-se entendê-lo como
sendo o tipo de capital que captura tudo o que ocorre na empresa, especialmente o conhecimento
dos trabalhadores. Em resumo, são os dados tramitados pelas rotinas do dia a dia;
b) capital de inovação, aquele que tem a capacidade de renovar e inovar;
c) capital de processos, que, como o próprio nome sugere, são as técnicas e os programas
adotados pela empresa com o objetivo de melhorar com eficácia seu processo organizacional.
Em se tratando especificamente das organizações públicas, Bueno, Merino e Salmador
(2003) consideram suas estruturas um tanto amplas e complexas, e, por assim entenderem,
sugerem uma subdivisão do capital estrutural em três categorias:
a) capital organizacional, responsável por desenvolver as atividades do setor público de
forma eficiente e eficaz;
b) capital social, relacionado especificamente à função dos serviços públicos, ou seja,
deste capital decorre a confiança, a fidelidade e a ética que legitima a existência da organização
pública perante a sociedade; e
33
c) capital tecnológico, os intangíveis tecnológicos, isto é, aqueles que derivam do
conhecimento técnico e se relacionam aos produtos e aos serviços que caracterizam as
operações típicas das organizações públicas.
Porém, nos estudos de Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi Queiroz (2003), o capital
estrutural das organizações públicas divide-se em interno e externo à organização.
Internamente, constitui-se na capacidade de inovar, na sua estrutura, na cultura e nos contatos
que mantém; já, de maneira externa, o capital estrutural está relacionado a questões de serviço,
transparência e à imagem da organização.
Para Gubiani (2011), o capital estrutural é a parte da empresa que não pensa, mas que
demonstra como a empresa está organizada e estruturada internamente. Nessa lógica, Saint
Onge (1996) acredita que o capital humano constrói o capital estrutural. Para o autor, quanto
melhor for o capital estrutural, melhor serão as perspectivas de o capital humano ser melhor
também.
Ademais, o capital estrutural constitui-se numa poderosa ferramenta capaz de apoiar o
capital humano a melhorar o processo de tomada de decisão e a manter relacionamentos mais
adequados com os indivíduos internos e externos à organização (QUEIROZ, 2003).
Sendo assim, estudiosos do capital intelectual como Edvinsson e Sullivan (1996),
Edvinsson e Malone (1997), Bontis (1999), Bontis et al. (1999), Bueno (2002) e Bueno, Merino
e Salmador (2003), entenderam que, pela natureza e pela essência de cada elemento que compõe
os intangíveis das organizações, o último construto a compor o capital intelectual deveria ser
um capital que pudesse manter a organização em bons relacionamentos com seus clientes e
fornecedores e, para tanto, criaram a terceira dimensão do capital intelectual – o capital
relacional.
2.1.2.3 Capital Relacional
Também conhecido como capital do cliente, o capital relacional está fundamentado no
relacionamento de valores estabelecidos entre a organização e seus clientes, seus empregados,
seus fornecedores, seus parceiros tecnológicos, seus investidores, os órgãos públicos e
ambientais. Nesse sentido, Bontis (1998) e Rodrigues et al. (2009) identificam os canais de
mercado e as relações com os clientes como o principal tema deste intangível, porém, também
aproveitam para incluir em seu conceito todas as relações organizacionais com as entidades
externas, com fornecedores, associações e governos, por exemplo. Essa interação faz aproximar
os laços entre CR e CH, mesmo que essa frequência não se intensifique entre CR e CE.
34
Portanto, capital relacional pode ser considerado uma medida que diz respeito a um
conjunto de ativos intangíveis resultantes da interação da empresa com o seu meio, seja ele
interno ou externo (VAGNONI; OPPI, 2015). Para Queiroz (2003), as boas relações mantidas
pela organização com seus ambientes são fundamentais para apresentar a boa imagem da
empresa.
Contudo, Gubiani (2011), defende que o capital relacional é o capital próprio da
empresa, aquele que integra todas as formas de conhecimento criadas e difundidas interna e
externamente à empresa. Conforme pensa a autora, o capital relacional seria capaz de
desenvolver capacidades dinâmicas que permitiriam assimilar todos os conhecimentos
externos, como, por exemplo, aqueles oriundos de clientes, de fornecedores, de alianças, de
acionistas, de parceiros externos ou sociais, de associações não governamentais, de associações
industriais, de stakeholders e demais grupos de interesse. Ademais, para Joia (2000), o capital
relacional constitui-se numa consequência direta da cultura da organização e envolve a
capacidade de criar conhecimento a partir do conhecimento já existente.
De acordo com Stewart (1997) e Bontis (1998 e 1999), o capital relacional constitui um
intangível identificável e até mesmo mensurável, quando analisado pelo aspecto da longevidade
dos relacionamentos da empresa com seu meio. Porém, Rodrigues et al. (2009) sugerem que o
conhecimento embutido na categoria de relações é o mais difícil de ser desenvolvido e
capturado, fazendo com que, muitas vezes, o capital relacional seja relegado a segundo plano.
Por fim, supostamente, o capital intelectual compõe-se de três diferentes dimensões, as
quais não resumem o CI, quanto mais podem ser analisadas isoladamente. Pelo contrário, a
magnitude do CI está na conectividade estabelecida por suas dimensões (VAGNONI; OPPI,
2015). Nesse sentido, a próxima seção visa a demonstrar a importância existente na relação
entre as dimensões do CI.
2.1.2.4 Relação entre as Dimensões do Capital Intelectual
De acordo com Bontis (1998) e Stewart (1998), estudos empíricos realizados acerca dos
capitais humano, estrutural e relacional demonstraram a existência de relações consistentes
entre eles. Sem que se possa desmerecer um ou outro, o capital humano, por si só, não
conseguiria corresponder à altura de suas expertises individualmente, sem o apoio de estruturas
que pudessem auxiliá-lo.
Além do mais, conforme Martins (2007), a criação de valores numa empresa ocorre
quando há atuação conjunta entre o capital humano e os demais elementos constituintes do CI.
35
Dessa forma, segundo Gubiani (2011), não há como separar o capital humano dos demais
elementos do CI. Todos estão ligados por um elo indissociável, que os torna extremamente
dependentes uns dos outros.
A ligação de dependência entre os elementos constituintes do CI levou Stewart (1998)
a acreditar que o capital intelectual compõe-se de partes distintas. Entretanto, sua criação não
se dá por partes separadas. Ainda conforme Stewart (1998), há uma interligação muito forte
entre os elementos do CI, de forma que um não existe sem o outro e exemplifica da seguinte
maneira: “de nada adianta alguém muito sábio isolado em uma sala”.
Entretanto, Nahapiet e Ghoshal (1998) entendem que o capital humano constitui-se no
elemento essencial entre todas as interações sociais. Desse modo, o CI dependeria muito mais
do capital humano, a partir do momento que necessita de um construtor e alimentador de suas
bases estruturais.
Assim, concebe-se que o capital intelectual é formado por um conjunto de dimensões
ou elementos, cada um com suas características e atribuições definidas, mas que juntos,
representam um estoque organizacional intangível de valor extraordinário às organizações
(RODRIGUES et al., 2009).
Por fim, este referencial busca demonstrar uma parte do arcabouço teórico sobre capital
intelectual, suas principais dimensões e a sua importância junto às organizações. Contudo, é
preciso esclarecer porque a Teoria dos Intangíveis é usada e se aplica, há muito tempo, nas
empresas privadas, enquanto que o setor público ainda praticamente desconhece a importância
desta riqueza.
2.2 ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS: AS GESTÕES E O CAPITAL INTELECTUAL
A performance do setor público no que se refere à qualidade da gestão pública, tangendo
a relação entre os serviços prestados e a sociedade, o atendimento das expectativas do cidadão,
a forma de gerir momentos de austeridade fiscal e crise financeira, são questões que fazem parte
do debate contemporâneo envolvendo organizações públicas e CI (GUTHRIE, RICCERI;
DUMAY, 2012; GUTHRIE; DUMAY, 2015).
Diante disso, esta seção pretende demonstrar a relação entre as organizações públicas e
o CI, trazendo à tona as possíveis diferenças entre organizações públicas e privadas e o estudo
do CI, além dos paradigmas e esperanças da nova gestão pública para corresponder às
expectativas de cidadania e recursos disponíveis para os serviços públicos. Trata também do
36
desempenho da gestão pública e aborda os principais indicadores de desempenho da gestão
pública brasileira.
A busca constante por melhores resultados fez com que as empresas privadas
realizassem investimentos para melhor aproveitarem seu capital intelectual. De acordo com Zea
Sarmiento (2011), diferente do que acontece com as organizações públicas, a competitividade
e a luta pela sobrevivência das empresas privadas reforçaram as buscas por melhores práticas
de gestão.
A partir disso, torna-se claro porque as empresas privadas têm interesse e valorizam
mais os modelos de CI. Modelos de CI são criados e aplicados em empresas privadas com o
propósito de alcançarem-se resultados ainda mais positivos. Como exemplos de modelos de CI
bem-sucedidos em empresas privadas destacam-se os seguintes: o Tecknology Broker’s CI
Audit (BROOKING, 1996), o CI-Index (ROOS et al., 1997), o Balanced ScoreCard (KAPLAN;
NORTON, 1997), o Navegador da Skandia-Business Navegator (EDVINSSON; MALONE,
1998) e o Intangible Asset Monitor (SVEIBY, 1998).
Alguns desses modelos, segundo Marques (2004), após adaptações, também obtiveram
sucesso em experiências realizadas em organizações públicas. Conforme destacam Bossi
Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca (2001), os resultados mais satisfatórios dessas adaptações
foram encontrados nas aplicações do modelo desenvolvido por Sveiby, utilizado na Agência do
Departamento de Indústria, Ciência e Turismo da Austrália, em 1997, o Balanced Scorecard,
adaptado de Kaplan e Norton para ser aplicado na via pública de Barcelona, e o Navegador da
Skandia (Business Navegator), adaptado em 1999, por Edvinsson e Stenfelt para empresas do
segmento público.
Todavia, apesar da tentativa de alguns pesquisadores em adaptar modelos para melhorar
a atuação do CI nas organizações públicas, Marques (2004) também observa certos problemas
que interferem na mensuração de resultados imediatos quando da implantação de modelos
adaptados para organizações públicas. Segundo o autor, é difícil, num curto espaço de tempo,
obter, em organizações públicas, resultados semelhantes aos encontrados nas organizações da
iniciativa privada. Um dos motivos refere-se ao fato de as organizações privadas priorizarem,
em seus modelos, as diferenças apuradas entre o valor de mercado e o seu valor contabilizado.
No que tange ao valor da empresa, este não é exatamente o maior interesse nem o que
faz sentido às organizações públicas. Isso porque as organizações públicas não são
comercializáveis, nem visam a lucros. Além do mais, os ativos intangíveis dessas organizações
devem, antes, servir para melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, atuando
37
principalmente com responsabilidade social e ambiental sobre os atos desenvolvidos
(MARQUES, 2004).
Por outro lado, García (2001) acredita ser viável a implantação de modelos adaptados
de capital intelectual nas organizações públicas. Segundo o autor, eles permitem reunir, de
forma fácil, características do capital intelectual responsáveis para a empresa obter
diferenciação e valores. Dessa forma, seria possível melhorar a imagem da administração
pública perante a sociedade, já que seu foco principal é atender ao cidadão com
profissionalismo e responsabilidade social.
Além do mais, para Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca (2005), outro aspecto que
pode diferenciar a implantação de modelos de capital intelectual ente organizações públicas,
em detrimento das privadas, diz respeito à urgência de se quantificar valores intangíveis. Essa
necessidade de se quantificar valores está mais presente nas empresas privadas, o que, por
vezes, pode-se tornar um fator que atravanca o desenvolvimento eficiente dos modelos de CI.
Todavia, essa necessidade de valoração dos intangíveis não ocorre nas organizações públicas,
uma vez que elas não estão interessadas em quantificar os valores de seus ativos intangíveis, o
que facilitaria a implantação dos modelos de CI.
Diante das diferentes pretensões empresarias de órgãos públicos e privados, é inevitável
não se realizar comparativos entre o capital intelectual das organizações do primeiro e segundo
setores da economia. Nesse sentido, Marques (2004) explica que, enquanto as organizações
privadas se propõem a elaborar estratégias com a participação de seu capital intelectual, visando
a lucros e à maximização dos resultados, as organizações públicas estão mais preocupadas em
sustentar seus interesses políticos, ao invés de buscar, por meio do seu capital intelectual, a
satisfação do bem-estar social e a qualidade dos serviços que legalmente fornecem à sociedade.
Contudo, Bossi Queiroz, Fuertes e Serrano Cinca (2001) entendem que, inobstante as
diferenças entre os objetivos das organizações públicas e privadas, ainda assim os modelos e os
indicadores de capital intelectual aplicados às organizações privadas podem perfeitamente
contribuir com as organizações públicas. O entendimento sugere adaptar técnicas de gestão do
CI que deram certo nas empresas privadas para serem aplicados nas organizações públicas
Nessa linha de pensamento, Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi Queiroz (2003)
esclarecem, sob a ótica de seus estudos, que as organizações públicas prestam serviços por meio
de um bem cuja natureza é intangível, ou seja, a maioria dos recursos utilizados pelo setor
público provém de bens intangíveis.
Por consequência, se os modelos de CI dizem respeito aos intangíveis, adotá-los nas
organizações públicas seria, no mínimo, um processo interessante. Todavia, os autores
38
consideram importante esclarecer, primeiro, as principais características que distinguem o
capital intelectual das organizações públicas em relação às empresas privadas. Só então se
poderia se adotar um dos modelos de CI, para posterior aplicação no setor público.
Para tanto, visando a compreender as características que distinguem o capital intelectual
de órgãos públicos e privados, o Quadro 2 elenca, sob o entendimento de Serrano Cinca, Mar
Molinero e Bossi Queiroz (2003), as características de diferenciação e o porquê de as
organizações públicas padecerem em desenvolvimento de estudos e pesquisas em vista de
melhorar seus ativos intangíveis, especialmente no tocante ao capital intelectual.
Quadro 2 – As características distintivas do CI no setor público
Características
distintivas do CI nas
Organizações Públicas
Diferenças relacionadas ao uso do CI
Organização Pública Organização Privada
Baixa motivação para
implementar novos
métodos de gestão
organizacional
- Resistência e/ou ritmo lento para
adoção de processos de gestão e
inovação, motivo: não há ambiente
competitivo.
- Ritmo acelerado para processos de
gestão e inovação, motivo: luta constante
pela sobrevivência, ambiente
competitivo.
Objetivos intangíveis
- Excesso de objetivos, como objetivos
na área de saúde, educação, segurança,
infraestrutura, outros.
- Objetivo de gerar valor e rentabilidade
aos acionistas.
Responsabilidade social
e ambiental
- É um dos objetivos centrais;
- É muito mais que uma questão de
imagem, é uma questão de dever.
- Forma de melhorar a imagem da
empresa perante a sociedade;
- Item adicional de despesas.
Serviços intangíveis
- A maior parte do produto oferecido
pela organização pública é serviço
intangível, portanto de difícil
mensuração.
- No que tange à empresa, os serviços,
geralmente, são tangíveis e possíveis de
serem medidos.
Gerentes mais presos
(engessados) no setor
público
- Exigência de maior grau de controle e
transparência;
- Excesso de burocracia;
- Relação com o cliente via processos
licitatórios;
- Seleção de pessoal via concurso
público;
- Fazer somente o que a lei determina.
- Menor grau de transparência à
sociedade;
- Relação direta com clientes e
fornecedores;
- Capacidade de negociação de preço e
qualidade dos produtos;
- Seleção de pessoal por competência,
qualidade e habilidade.
Pouca urgência na
quantificação
- O capital intelectual como ativo
intangível não incorpora o valor da
marca.
- O CI como ativo intangível incorpora o
valor da marca, muitas vezes sendo o
valor mais significativo da empresa.
Relatórios externos
- Satisfazer pedidos de informações
externas;
- CI pressionado a fazer relatórios
externos.
- Baixa produção de informações para
externos;
- Pouca pressão para o CI fazer relatórios
externos.
Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir de Serrano Cinca, Mar Molinero e Bossi Queiroz (2003).
As diferenças dispostas no Quadro 2, entre organizações públicas e privadas,
demonstram objetivos e características díspares. Entretanto, as diferenças vão além: elas
também se distinguem quanto ao uso do CI. De acordo com Serrano Cinca, Mar Molinero e
Bossi Queiroz (2003), os diferentes objetivos entre organizações do setor público e privado
39
fazem com que se use o CI de forma também diferencial. Para os autores, o problema nisso
tudo é que o mau gerenciamento dos recursos intangíveis das empresas privadas pode afetar
clientes, mercado e lucratividade, comprometendo, por exemplo, as finanças da empresa. Por
outro lado, o mau gerenciamento do CI das organizações públicas afeta a qualidade do serviço
prestado ao cidadão, sem, no entanto, gerar perdas financeiras para a organização.
Outro fator relevante que distingue organizações públicas de empresas privadas quanto
ao interesse do seu CI concentra-se nas atividades econômicas exercidas por ambas. Enquanto
uma, do ponto de vista econômico, não visa a lucros e deve investir no bem-estar social, a outra,
se quiser longevidade e sustentabilidade, precisa economicamente maximizar riquezas. Desse
modo, suas atividades econômicas norteiam suas estratégias e seus programas para alvos
diferentes.
O Quadro 3 retrata com clareza os critérios econômicos que diferenciam e direcionam
as formulações estratégicas entre as organizações públicas e as empresas privadas.
Quadro 3 – Critérios que diferenciam as estratégias econômicas entre setor público e privado
Critérios Econômicos Setor Público Setor Privado
Motivo existencial Criar valor público Criar benefícios econômicos
Objetivo Complexo, político Claro, econômico
Princípios de atuação Só executa o que a lei permite Liberdade de execução
Gestão dos recursos Forma rígida Forma flexível
Atuação Atende privilégios específicos Não atende privilégios
Impacto político Alto Médio
Transparência Deve ser alta Pode ser média
Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir de Sancho (2002).
Portanto, ao se analisar o Quadro 3, percebe-se que as organizações públicas são
formadas por um conjunto de normas, regras, valores e processos administradas por indivíduos
que limitam seu comportamento e decidem sua atuação (SÁNCHEZ, 2007).
A propósito, o papel dos gestores públicos está relacionado ao fornecimento de uma
gestão capaz de promover o desenvolvimento socioeconômico e, sendo assim, desenvolver uma
sociedade próspera e estável (MOORE, 1992; MOE, 1994; TESKE; SCHNEIDER, 1994).
De acordo com Moore (1992), em termos gerais, o sucesso da administração pública
pode estar atrelado às escolhas políticas e às estratégias que maximizem o bem-estar da
sociedade e dos indivíduos que nela residem. Como fatores relacionados ao bem-estar,
40
encontram-se a melhora da qualidade dos serviços públicos, o seu acesso equitativo e a
satisfação do cidadão.
Oferecer melhores serviços à sociedade exige efetividade da gestão pública. Faz parte
da boa conduta administrativa desenvolver estratégias que proporcionem ao cidadão a garantia
e a satisfação de seus direitos realizados. Segundo Narver e Slater (1990) e Grawe, Chen e
Daugherty (2009), a orientação estratégica pode ser um requisito fundamental para tornar
qualquer organização bem-sucedida. Dentre as estratégias, uma alternativa capaz de alterar o
contexto da gestão pública reside na compreensão e no melhor aproveitamento dos seus ativos
intangíveis. Não por acaso, a atual conjuntura econômica preconiza como riqueza das
organizações aquela fundamentada na gestão dos bens intangíveis (SVEIBY, 1998;
STEWART, 1994; 1998; 2001). Por conseguinte, se as estratégias para otimizar a satisfação do
bem-estar social encontram-se também no gerenciamento dos bens intangíveis, então,
programar novas práticas de gestão nas organizações públicas é um desafio inevitável e por
muito tempo adiado na era do conhecimento (RAMÍREZ, 2010).
Entretanto, programar novas práticas de gestão nas organizações públicas não é tarefa
fácil, tendo em vista que as organizações do setor público são formadas por fatores contrastantes
e criadores de paradigmas no que diz respeito ao entendimento do interesse público, à natureza
dos serviços, à atuação dos gestores e ao papel da democracia (STOKER, 2006).
Para Stoker (2006), os paradigmas da administração pública emergem como resposta às
insuficiências e ineficiências de uma gestão pública tradicional, desgastada, para um novo
entendimento de gestão pública. Entretanto, é em período transitório de paradigmas que
ocorrem reformas complexas e, por vezes, até incoerentes, já que a trajetória entre uma gestão
e outra envolve dificuldades subjacentes de pensamento humano.
Segundo Held (1992), o paradigma da tradicional administração pública se inspira na
percepção weberiana de mundo, em que o pensamento político concentra-se, basicamente, nas
instituições de liderança política, partido e burocracia. Todos entregues ao processo de
governança e essenciais para lidar com a complexidade da modernidade e da ordem pública.
Por outro lado, Stoker (2006) sugere que a carga de exigências sobre o estado tem
aumentado consideravelmente e, sendo assim, as respostas das organizações públicas à
sociedade precisam ser mais rápidas e eficientes. O não atendimento dos anseios da sociedade
determina a ruptura de paradigmas e o surgimento de novas gestões.
É por isso que a administração pública tradicional vem abrindo espaço para um novo
conceito de gestão, ou seja, para uma nova gestão pública. Essa nova gestão é proveniente da
perda de credibilidade da administração pública tradicional em atender ao bem-estar social
41
(SÁNCHEZ, 2007); é uma reação às fraquezas do paradigma burocrático da tradicional
administração pública (STOKER, 2006; O’FLYNN, 2007); e é também uma resposta crítica a
algumas premissas da administração pública tradicional (SVARA, 2008).
Dentre as premissas, destacam-se o questionamento dos moldes em administrar as
organizações públicas (MURPHY, 1977), as regalias destinadas aos funcionários públicos,
julgados a sobrepor seus interesses ante as necessidades dos cidadãos (COLE; CAPUTO, 1984)
e, por último, o fato de a administração pública alocar de forma ineficiente e ineficaz os seus
recursos (OSBORNE, 1993).
A partir dessas premissas, entende-se como conceito mais adequado para definir a nova
gestão pública o seguinte:
Perseguir a criação de uma administração eficiente e eficaz, decidir uma
administração que satisfaça as necessidades reais dos cidadãos ao menor custo
possível, favorecendo para ele a introdução de mecanismos de competência que
permitam a eleição dos usuários e por sua vez promovam o desenvolvimento de
serviços de maior qualidade. Tudo isso rodeado de sistemas de controle que
outorguem uma plena transparência dos processos, planos e resultados, para que por
um lado perfeccionem o sistema de eleição, e, por outro, favoreçam a participação
cidadã (SÁNCHEZ, 2007, p. 44).
No sentido de se estabelecer melhor compreensão entre os paradigmas da administração
pública tradicional e os da nova gestão pública, o Quadro 4 apresenta as principais diferenças
paradigmáticas das gestões públicas.
Quadro 4 – Os paradigmas da gestão pública
Envolvimento da
Gestão Pública Administração Pública Tradicional Nova Gestão Pública
Objetivos
Fornecer insumos e serviços
monitorados; utilizar a burocracia para
supervisionar.
Gerenciar entradas e saídas com
economia e capacidade de resposta aos
cidadãos.
Papel dos gestores Garantir regras e procedimentos
adequados de gestão pública.
Definir, cumprir e acompanhar o
desempenho nas metas estipuladas.
Interesse público Políticos ou peritos; Preferência pelo indivíduo; políticos
seniores.
Abordagem do serviço
público
O sector público tem monopólio de
serviço. Serviços que favorece ao cliente.
Sistema para realizar os
serviços
Sistema hierárquico ou de
autorregulação. Busca no setor privado.
Contribuição para o
processo democrático Favorece a prestação de contas.
Favorece os objetivos: limita e fixa
objetivos e desempenhos. Os gestores
determinam os meios.
Fonte: Adaptado a partir de Stoker (2006).
A análise do Quadro 4 demonstra que a nova gestão pública protagoniza seu foco no
planejamento e no controle das metas e dos objetivos traçados, no bem-estar social e no
42
equilíbrio entre o econômico e o social. Nesse sentido, Sánchez (2007) acredita que a nova
gestão pública poderia importar algumas técnicas das empresas privadas para, além de
direcionar o planejamento, também controlar e medir resultados.
Em relação ao planejamento das ações públicas, há de se distinguir entre decisões de
ofertar serviços públicos e decisões de gerir esses serviços. Algumas técnicas para desenvolver
um planejamento adequado e também para tomada de decisões mais efetivas tornam-se
imprescindíveis nesta fase (SÁNCHEZ, 2007). Já no que tange à medição e ao controle dos
resultados, Sánchez (2007) vincula esse processo a uma forma de analisar se o planejamento
foi adequado ou falho, bem como à possibilidade de revisar os objetivos não atendidos durante
a execução do planejamento.
Entende-se, portanto, que a nova gestão pública não está pronta. Certamente, ela ainda
é um conjunto complexo de ideais a evoluir, de planejamento, controle e análises a aperfeiçoar
e de debates sobre diferentes temas do processo de gestão a realizar (HOOD, 1995). Contudo,
mesmo complexa, a nova gestão pública tem como foco a criação de uma gestão responsável,
por isso age como uma espécie de sistema operativo, dotado de novas filosofias de atuação e
aplicando princípios de economia, eficiência e eficácia na organização pública (SÁNCHEZ,
2007).
Para se alcançar os propósitos da nova gestão pública deve-se estabelecer algumas
prerrogativas, as quais, de acordo com Hood (1991), englobam os seguintes aspectos:
a) gestores devem fazer gestão;
b) as medidas de atuação nas organizações públicas devem ser explícitas;
c) a ênfase deve estar nos resultados;
d) os departamentos devem ser eficientes;
e) critérios de competitividade devem ser estabelecidos nas organizações públicas;
f) o foco da gestão pública deve estar concentrado nos avanços administrativos das
empresas privadas; e
g) os recursos intangíveis disponíveis na organização pública devem ser usados com
mais disciplina e eficiência.
Além do mais, outro propósito da nova gestão pública está em extrair das teorias
administrativas as principais ideias que possam garantir o atingimento do bem-estar social
(SÁNCHEZ, 2007). Dentre as teorias, encontra-se a teoria dos bens intangíveis e a proposição
de adaptar o capital intelectual na gestão pública, tal qual o fazem algumas empresas privadas.
Dessa forma, os ativos intangíveis podem-se tornar um diferencial para as organizações
43
públicas obterem resultados positivos e satisfatórios em seus atos de gestão (CAÑIBANO;
SÁNCHEZ, 2004; KONG, 2008).
Com o objetivo de melhorar as práticas de gestão das organizações públicas, a
implementação da nova gestão pública em nível administrativo ainda carece de acontecimentos.
Introduzir novos princípios e filosofias nas administrações, modernizando e efetivando a gestão
pública, ainda é um desafio a ser alcançado (HODGES; MELLET, 2002; MOURITSEN;
THORBJORNSEN, 2004; CARLIN; YONGVANICH; GUTHRIE, 2005).
Ademais, entende-se que a organização pública, aplicando ou não as premissas da nova
gestão pública, deve, pelo menos, conhecer seu CI. Certamente, os recursos intangíveis das
organizações públicas são perspectivas para transformar e melhorar os serviços públicos
oferecidos aos cidadãos. Nesse sentido, Ramírez (2010) destaca que a atenção dos indivíduos
por qualidade no serviço público requer das organizações públicas uma série de iniciativas,
dentre elas, a inclusão do capital intelectual para oferecer à sociedade serviços com maior grau
de eficiência e eficácia.
Por fim, para determinar a satisfação do cidadão diante os serviços recebidos da
organização pública, analisam-se indicadores de desempenho da gestão, os quais, pela
abrangência de seus cálculos, podem determinar a performance das gestões públicas. Sendo
assim, a seguir, serão abordados os dois principais índices do ponto de vista fiscal, econômico
e social, medidores do desempenho da gestão pública no Brasil.
2.2.1 Desempenho da Gestão Pública
Reformas estruturais como a implantação da nova gestão pública estão sendo
gradativamente implementadas nas organizações do setor público. Uma das características
marcantes dessas reformas reside na promessa de se melhorar o desempenho e a transparência
dos atos da gestão pública. A expectativa gerada, independentemente da complexidade exigida
no processo de gestão, é de que os gestores públicos possam fazer mais pelo bem-estar social,
utilizando-se, financeiramente, de muito menos (CHARBONNEAU; BROMBERG;
HENDERSON, 2015).
Em se tratando de gestão pública, as políticas de governo devem, antes, melhorar o
processo administrativo (SÁNCHEZ, 2007), de forma que possam atender a três objetivos
fundamentais da gestão pública: funcionar agilmente, dentro dos rigores legais; tratar as
44
finanças públicas de forma responsável e sustentável; e cuidar para que a eficiência dos serviços
públicos seja constante (DOMÍNGUEZ, 2000; BOYNE, 2002).
Contudo, o desafio em desempenhar uma boa gestão, muitas vezes, vai além do
atendimento técnico administrativo, ou seja, volta-se a atender questões multidimensionais,
como é o caso das questões políticas, por exemplo (CHARBONNEAU; BROMBERG;
HENDERSON, 2015).
Operacionalmente, quantificar e classificar o desenvolvimento de uma gestão exige
examinar seu desempenho. De acordo com Charbonneau, Bromberg e Henderson (2015), o
desempenho esperado de uma gestão pode ser capturado por meio de quadros estabelecidos
num regime de desempenho. Regime de desempenho corresponde a “sistemas de comunicação
interligando arranjos, fluxos de recursos, medidas de desempenho e avaliações organizacionais,
e intervenções projetadas para orientar o desempenho do serviço público” (DOWNE et al.,
2010, p. 666). Além do mais, o regime de desempenho determina a criação de arranjos
institucionais classificados em rankings que podem interferir ou influenciar no próprio
desempenho da organização, nos seus propósitos e objetivos (HOOD, 2012;
CHARBONNEAU; BROMBERG; HENDERSON, 2015).
Quando as posições de desempenho de gestão são ranqueadas e divulgadas, assumem-
se classificações comparativas internas e externas à organização, as quais podem incentivar as
organizações públicas a buscar melhores níveis de colocação. Nesse caso, torna-se uma tarefa
desafiadora para o gestor alcançar melhores resultados (CHARBONNEAU; BROMBERG;
HENDERSON, 2015). Além do mais, assumir melhores colocações de ranking significa
investir na melhoria da gestão, e isso funciona como uma espécie de estímulo para a
organização repensar sua gestão (DOWNE et al., 2010; HOOD, 2012).
Contudo, um acompanhamento para quantificar e mensurar resultados exige primeiro
planejamento, metas e objetivos e, na sequência, informações adequadas que possam alimentar
as ferramentas informacionais geradoras dos índices de desempenho. De acordo com Sánchez
(2007), dentre as principais fontes geradoras dos índices de desempenho, destacam-se
principalmente, a contabilidade financeira e analítica e os indicadores financeiros, sociais e de
gestão.
A partir das informações contábeis e dos indicadores de desempenho, são criados os
índices de gestão pública. Por meio deles, torna-se possível mensurar e avaliar os aspectos
sociais, econômicos, financeiros e fiscais da organização, bem como a eficiência e a eficácia
com que os bens e serviços públicos são postos à comunidade (SÁNCHEZ, 2007).
45
Nesse caso, os índices de gestão funcionam também como mecanismos de controle das
gestões públicas, ou seja, variáveis que representam o processo produtivo da gestão pública e
mensuram o comportamento dos padrões de execução das atividades administrativas das
organizações do setor público (GONZÁLES PÁRAMO, 2000; SÁNCHEZ, 2007).
Dessa forma, visando a atender o objetivo principal deste estudo, os próximos itens
retratam a gestão pública dos municípios brasileiros e especificam os índices de avaliação da
gestão pública municipal utilizados para o desenvolvimento deste trabalho.
2.2.2 Indicadores de Desempenho da Gestão Pública Brasileira
De acordo com dados da Firjan (2015), as organizações do setor público brasileiro
arrecadam o equivalente a 35,9% de tudo o que o país produz. Contudo, existem grandes
demandas da sociedade a serem atendidas, dentre elas, destacam-se as áreas sociais, os
programas de investimentos de infraestrutura e a precariedade dos bens e serviços públicos
disponíveis à sociedade e necessários para o crescimento econômico do país (FIRJAN, 2015).
Mesmo arrecadando altos valores tributários, uma grave crise na gestão pública e no
controle sobre os recursos arrecadados e os gastos executados contribuíram para tornar
vulnerável a conjuntura socioeconômica brasileira. Até mesmo a Lei Complementar 101/2000,
conhecida por Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e que definiu diversos mecanismos de
controle dos gastos públicos, conseguiu abrandar o processo de más gestões públicas e conter
a degradação da imagem da administração pública. A prova do mau gerenciamento das
organizações públicas é que, dos 5.243 municípios pesquisados pela Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), apenas 61 deles geram receitas suficientes para arcar
com as despesas relacionadas à folha de pagamento dos seus servidores, enquanto a grande
maioria, às vezes, nem isso consegue (FIRJAN, 2015).
Sendo assim, uma das recomendações da Firjan (2015) implica em acompanhar o
desenvolvimento das gestões públicas, especialmente as de âmbito municipal. São elas que
representam o elo mais próximo entre poder público e cidadão.
Portanto, para fins deste estudo, foram escolhidos dois dos principais índices de
desenvolvimento da gestão pública, o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) e
o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), julgados pela pesquisadora como os mais completos
para realização do presente trabalho. Por meio deles, será efetuada a tentativa de identificar se
há relação do capital intelectual com esses índices. Sendo assim, na tentativa de compreender
46
o intento ora proposto e visando a conhecer os índices, apresenta-se, a seguir, um breve relato
sobre o que são e como se constituem o Idese e o IFGF.
2.2.2.1 Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE)
O Idese, calculado pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser
(FEE), contempla os objetivos das ações das políticas públicas inseridas no contexto das
economias dos municípios do Estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil (BR). Valendo-se das
premissas disponíveis sobre a qualidade de vida dos munícipes e considerando aspectos
qualitativos do processo de desenvolvimento público, o Idese representa um dos principais
instrumentos de avaliação da situação socioeconômica dos Municípios do Estado do RS. Seu
propósito em mensurar o desenvolvimento destes municípios visa a, além de divulgar, também
avaliar, acompanhar e fornecer informações aos cidadãos e à sociedade em geral a respeito das
políticas públicas adotadas pelos governos municipais do Estado do RS (FEE, 2015).
O cálculo que determina a formação do Idese é realizado por meio dos resultados do
desenvolvimento das ações municipais correspondentes a 12 indicadores de desempenho,
divididos em três blocos distintos: Bloco 1 – Educação: formado pela quantidade de matrículas
dos estudantes da Pré-Escola (0-5 anos), do Ensino Fundamental (6-14 anos), do Ensino Médio
(15-17 anos), e Escolaridade Adulta (maiores de 18 anos); Bloco 2 – Renda: formada pelas
rendas per capita dos municípios, tem base na Renda Apropriada (renda per capita domiciliar
média) e pela Renda Gerada (PIB per capita); Bloco 3 – Saúde: formado por três aspectos
relacionados a Saúde Materno-Infantil (considera a taxa de mortalidade infantil em crianças de
0-5 anos e número de consultas pré-natais por nascidos vivos), dois aspectos sobre as Condições
Gerais de Saúde (onde considera a taxa de mortalidade das causas evitáveis e a taxa de
mortalidade das causas mal definidas), e pelo aspecto Longevidade (considera a taxa bruta de
mortalidade padronizada).
A Figura 1 representa a estrutura da forma como se compõe o cálculo do Idese, um
indicador importante para avaliar a gestão pública municipal e adotado, neste estudo, como uma
variável dependente da influência do CI na gestão pública.
47
Figura 1 – Variáveis que compõem o cálculo do Idese
Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir da FEE (2015).
O Idese é calculado a partir das variáveis Educação, Renda e Saúde de um determinado
município. Em termos gerais, segundo a FEE (2015), o cálculo do Idese corresponde a uma
escala que vai de 0-1, sendo que, quanto mais próximo ao número 1, melhor é o índice de
desenvolvimento socioeconômico do município.
Em nível de desenvolvimento, o Idese classifica-se como índice alto (acima de 0,800),
médio (entre 0,500 e 0,799) e baixo (abaixo de 0,499). Esta classificação é usada para
determinar o nível de desenvolvimento social e econômico dos municípios do RS,
estabelecendo, posteriormente, as posições socioeconômicas ocupadas por cada um desses
municípios na esfera estadual. No ano de 2012, ano de última análise do Idese, verificou-se
como média geral dentre os municípios que formam o Estado do RS, o valor de 0,744 que
caracteriza, um desenvolvimento socioeconômico de nível médio.
2.2.2.2 Índice Firjan de Gestão Fiscal – IFGF
Quanto ao IFGF, trata-se de um índice desenvolvido pelo Sistema Firjan com o intuito
de estimular uma cultura administrativa responsável na gestão pública fiscal e municipal. Sua
contribuição se reporta a aperfeiçoar as decisões dos gestores na alocação dos recursos públicos.
Desde que foi lançado no ano de 2012, o IFGF abre espaço para debater a forma de gerenciar a
receita pública municipal e os gastos por ela suportados (FIRJAN, 2015).
A construção do IFGF acontece a partir dos resultados fiscais da gestão municipal
informados e publicados em site oficial da Prefeitura Municipal e da Secretaria do Tesouro
Nacional (STN). A informação dos dados referentes à gestão fiscal do governo no decorrer de
IDESE
Educação
Pré-Escola
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Escolaridade Adulta
RendaRenda Apropriada Média
per capita
PIB per capita
SaúdeSaúde Materno Infantil
Condições Gerais de Saúde
Longevidade
48
um ano é obrigatória por parte dos municípios. Seu cálculo e posterior divulgação devem
ocorrer de forma quadrimestral para municípios com população superior a 50.000 habitantes e
de forma semestral para municípios com população de 50.000 habitantes, ou inferior.
Composto por cinco indicadores, Receita Própria (peso de 22,5% no cálculo do índice),
Investimentos (peso de 22,5% no cálculo do índice), Gastos com Pessoal (peso de 22,5% no
cálculo do índice), Liquidez (peso de 22,5% no cálculo do índice) e Custo da Dívida (peso de
10,0% no cálculo do índice), o IFGF, representado pela Figura 2, tem uma metodologia simples
de avaliação e permite tanto comparação relativa quanto absoluta, isto é, o índice pode ser
comparado ao longo dos anos em que fora calculado. Dessa forma, é possível determinar se
uma melhora relativa de posição de um município, em um ranking, se deve a fatores específicos
deste determinado município ou à piora relativa dos demais (FIRJAN, 2015).
Figura 2 – Variáveis e peso das variáveis que compõem o cálculo do IFGF
Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir FIRJAN (2015).
A Figura 2 demonstra a composição do cálculo do IFGF. Num intervalo que vai de 0 a
1 ponto, em que quanto mais próximo a 1 melhor a gestão fiscal em análise, de acordo com a
Firjan (2015), o IFGF é construído a partir dos dados constantes na Figura 2 e tem a seguinte
leitura:
Conceito A (Gestão Excelente): compreende os resultados entre 0,8 e 1 ponto;
Conceito B (Boa Gestão): compreende os resultados entre 0,6 e 0,8 pontos;
Conceito C (Gestão em Dificuldades): resultados entre 0,4 e 0,6 pontos;
Conceito D (Gestão Crítica): Resultados inferiores a 0,4 pontos.
Sendo assim, os municípios analisados pela Firjan no ano de 2013 (último exercício
analisado) apresentaram como média de desenvolvimento de gestão fiscal o valor de 0,4545.
IFGF
Receita Própria
(capacidade de arrecadação própria)22,5%
Investimentos
(capacidade de investir)22,5%
Gastos com Pessoal
(grau de rigidez do orçamento)22,5%
Liquidez
(suficiência de caixa)22,5%
Custo da Dívida
(custo dívida de longo prazo)10,0%
49
Seus resultados determinam uma piora no desempenho da gestão fiscal dos municípios
brasileiros em 10,5% desde que foi criado no ano de 2006. Outra informação indica que, dos
5.243 municípios pesquisados pela Firjan, 3.339 (63,7% do total analisado) demonstraram
situação fiscal pior do que a registrada no ano de 2012 (FIRJAN, 2015).
Com efeito, em dados gerais, o IFGF também apresenta que, dos 5.243 municípios
pesquisados, apenas 18 (0,3%) deles apresentaram gestão fiscal excelente, ou seja, conceito A,
e 808 (15,5%) dos municípios enquadraram-se como gestão fiscal boa, conceito B. Em
contrapartida, 4.417 municípios (84,2%) apresentaram situação fiscal difícil ou crítica, sendo
destes, 2.655 (50,6%) com avaliação difícil, conceito C e 1.762 (33,6%) com avaliação crítica,
conceito D.
Fundamentado nessas informações e valendo-se das implicações descritas na
justificativa deste trabalho, o próximo capítulo tem o objetivo de esclarecer o método delineado
para realização do propósito firmado para este estudo.
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Este estudo pretende identificar como se compõe o capital intelectual das organizações
públicas e analisar qual a sua relação com os indicadores de desempenho da gestão e, para
melhor demonstrar seu propósito, as próximas seções configuram o seu delineamento, as
técnicas e procedimentos para coletar os dados e, por fim, as técnicas utilizadas para efetuar as
análises e as interpretações dos dados coletados.
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Entende-se como modelo mais adequado para delinear esta pesquisa, o método de
abordagem quantitativo, de caráter descritivo, com corte transversal e coleta de dados realizada
por meio de um questionário estruturado do tipo survey. Segundo Fonseca (2002), toda pesquisa
centrada na objetividade, com atributos mensuráveis, aplicada por meio de instrumentos
neutros, capazes de recolher dados brutos para interpretação estatística e que possam descrever,
por exemplo, as causas de um fenômeno, ou a relação entre as variáveis pesquisadas, será
considerada pesquisa quantitativa.
Sendo assim, para que se possa identifica as três dimensões que compõem o CI nas
organizações públicas e posteriormente analisar sua relação com indicadores de desempenho
da gestão, é necessária uma pesquisa de caráter quantitativo e não exploratória. De acordo com
Hair Jr. et al. (2005), as pesquisas quantitativas de caráter descritivo, são mensuradas por
números e geralmente descrevem o que foi mensurado em uma questão de pesquisa. Conforme
Malhotra (2012), a pesquisa quantitativa descritiva tem caráter conclusivo. Enquanto isso, para
Vergara (2009), a pesquisa quantitativa descritiva explica fenômenos e permite correlacionar
variáveis.
Com a definição do delineamento da pesquisa, a seguir, será demonstrada a população
alvo, o público escolhido para amostragem e o meio utilizado para realizar a coleta dos dados.
3.2 TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
De acordo com Creswell (2007), o momento da coleta de dados implica determinar uma
população da qual resultará uma amostra significativa de indivíduos, os quais, por sua vez,
51
serão submetidos a um instrumento de pesquisa. A seguir, serão demonstrados as técnicas e os
procedimentos para realização da coleta de dados.
3.2.1 População e Amostra
Constitui-se como população desta pesquisa as organizações públicas, representadas
pelas Prefeituras Municipais, localizadas na Região Norte do Estado do RS, Brasil. A Região
Norte do Estado é formada por 270 Municípios, os quais, de acordo com a classificação do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), caracterizam-se, em sua maioria, como
municípios de pequeno porte.
Quanto à amostra da pesquisa, trata-se de uma amostra não-probabilística, abrangendo
cinquenta e seis prefeituras, as quais representaram 20,74% da população especificada. A
análise da Tabela 1 demonstra a representatividade dos Municípios pesquisados de acordo com
as faixas populacionais estipuladas pelo IBGE, em que a amostra pesquisada inclui Municípios
que vão de 1.600 a 500.000 habitantes.
Tabela 1 – Prefeituras Municipais/Municípios pesquisados de acordo com a faixa populacional
Classe de Tamanho Municípios Quantidade Municípios
Até 5.000 hab. 24
De 5.001 a 20.000 hab. 15
De 20.001 a 100.000 hab. 14
De 100.001 a 500.000 hab. 03
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
As Prefeituras Municipais enquadradas na Tabela 1, representam a amostra final e
localizam-se num raio de até 300km do Município de Passo Fundo, o qual se configura como
um dos Municípios polo da Região Norte do Estado do RS. É importante salientar que a
amostragem deste estudo foi estabelecida de acordo com os preceitos de Hair Jr. et al. (2005) e
Malhotra (2012), ou seja, por conveniência e interesse do pesquisador, considerando o tempo
disponível, a mobilidade geográfica e o orçamento programado.
Participaram como sujeitos efetivos da pesquisa, 674 servidores públicos (concursados),
lotados em cargos técnicos de setores fundamentais para o desenvolvimento da gestão pública.
Todos desempenham suas atividades nos departamentos da Fazenda, Administração,
Planejamento, Controle Interno e Procuradoria Jurídica, como exemplo de setores
52
departamentais, destacam-se a contabilidade, a tesouraria, o setor tributário, os recursos
humanos, o setor de licitação, os setores de projeto e planejamento, a assessoria jurídica e o
controle interno, entre outros.
3.2.2 Instrumento de Coleta de Dados
A coleta dos dados primários ocorreu por meio de uma survey, tendo como instrumento,
um questionário estruturado composto de 30 questões fechadas, com uma única escolha e
dispostas da seguinte maneira: as primeiras 11 questões envolvem o Capital Humano (CH), as
8 questões intermediárias (12 a 19) relacionam-se ao Capital Estrutural (CE), enquanto que as
últimas 11 questões (20-30), tratam do Capital Relacional (CR).
Todas as questões foram avaliadas por meio de uma escala do tipo Likert, intervalar de
7 pontos, cujos extremos significam (1) discordo totalmente e (7) concordo totalmente. Junto
ao questionário, também foram solicitadas algumas informações gerais e relevantes para
caracterizar a pesquisa, como número de habitantes do município; tempo de atuação do servidor
público na organização; setor de trabalho deste servidor; idade, gênero e grau de escolaridade
(Apêndice A).
A Figura 3 demonstra a fundamentação teórica usada como base para elaboração do
questionário, o qual se desenvolveu de acordo com a literatura constante no referencial teórico
deste estudo.
Figura 3 – Dimensões e variáveis do capital intelectual
Dimensões do CI Variáveis do CI Questões CI
Fonte: Elaborado pela autora (2015) a partir de Bontis (1998).
Capital Intelectual
Capital Humano
Conhecimento, habilidade, capacidade, competência, experiência, trabalho em
equipe, liderança
01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08,
09, 10 e 11
Capital Estrutural
Capital organizacional, tecnologia, capacidade de relacionamento, processos,
rotina, cultura
12, 13, 14, 15, 16, 17, 18 e
19
Capital Relacional
Relação social, relação com fornecedores,
alianças/estratégias, foco/meta
20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27,
28, 29 e 30
53
As variáveis do CI representadas na Figura 3 formam as fontes constitutivas para
elaboração do questionário de pesquisa e foram extraídas com base nos estudos de
pesquisadores do CI, conforme demonstra o (Quadro I) deste trabalho. O questionário foi pré-
estruturado a partir da elaboração de 120 questões que, após um processo de análise
classificatória entre discente, orientador, professores doutores e servidores públicos, fez-se uma
triagem das questões que melhor poderiam representar as variáveis escolhidas. Dessa forma,
das 120 questões inicialmente elaboradas, apenas 30 questões foram selecionadas e utilizadas
para realizar a aplicação da pesquisa. Salienta-se que para este estudo, não houve adaptação ou
reprodução de questionário, sendo o mesmo, elaborado a partir das variáveis selecionadas,
conforme dispõe a Figura 3.
Ainda assim, na tentativa de minimizar problemas concernentes à clareza das questões,
tempo necessário destinado a leitura, interpretação, resposta e possibilidade de perguntas
inadequadas, o questionário foi submetido ao crivo de quatro professores, todos doutores e
pesquisadores. Em seguida, o questionário passou por um pré-teste, envolvendo quinze
servidores públicos efetivos, lotados em diferentes Prefeituras Municipais e de diferentes
setores de trabalho selecionados para este estudo. E, por último, todas as questões com dupla
interpretação ou mal compreendidas pelos respondentes do pré-teste foram revisadas e
readequadas para a versão final do questionário.
3.2.3 Coleta de Dados
À aplicação do questionário foi realizada no âmbito de cada Prefeitura Municipal, nos
meses de agosto e setembro do ano de 2015. Colaboraram com a pesquisa servidores efetivos,
dos mais variados setores técnicos da administração pública municipal e dispostos a responder
o questionário no momento em que foram convidados. Reforça-se que todos os servidores
pesquisados são devidamente efetivos, ou seja, eventuais cargos de confiança presentes nestes
setores, quando da realização da pesquisa, foram instruídos a não responder o instrumento de
coleta de dados. Salienta-se que 684 servidores públicos colaboraram com a pesquisa,
respondendo ao questionário, sendo que deste total, foram validados para as análises estatísticas
674 questionários.
Individualmente, cada respondente levou, em média, entre oito e dez minutos para dar
seu parecer de respostas. A média de respondentes validados deste estudo configurou uma
coleta total de 22,46 entrevistados por variável, considerando um questionário de 30 variáveis.
54
Segundo Hair Jr. et al. (2005), uma pesquisa é considerada válida quando se consegue no
mínimo cinco entrevistados para cada variável disposta na survey.
Em relação aos dados secundários concernentes aos indicadores de desempenho da
gestão pública dos municípios pesquisados, os mesmos foram extraídos dos sites oficiais dos
órgãos responsáveis por suas elaborações, ou seja, o Idese formado a partir dos dados sociais e
econômicos concernentes à saúde, educação e renda foi extraído do site de Economia e
Estatística (FEE) e o IFGF, formado a partir de dados que envolvem a gestão fiscal pública, foi
extraído do site da Firjan.
Sendo assim, de posse dos dados coletados, eles foram tabulados por meio do Software
Microsoft Excel 2010 e, posteriormente, foram submetidos às análises estatísticas por meio do
programa IBM SPSS Statistic, 20.0 para Windows. As análises estatísticas para as quais esta
pesquisa foi submetida serão detalhadas na seção que segue.
3.3 TÉCNICAS PARA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Por se tratar de uma pesquisa quantitativa, as análises e interpretações dos dados foram
realizadas por meio de técnicas estatísticas envolvendo a estatística descritiva, a análise fatorial
e a regressão linear múltipla.
Para a purificação da base de dados, utilizaram-se os seguintes critérios: foram
eliminados os outliers e as questões que não contivessem pelo menos 90% de respostas válidas,
o que resultou em 10 questionários eliminados, sendo 08 por outliers e 02 por conter mais de
10% de respostas faltantes. Para os questionários com menos de 10% de respostas faltantes, os
mesmos foram completados por meio da média pondera dos demais respondentes do município
em análise.
Em seguida, para todas as variáveis validadas pelo instrumento de coleta de dados,
realizou-se a estatística descritiva mediante a utilização da média, frequência e desvio padrão.
Conforme Hair Jr. et al. (2005), a estatística descritiva é uma técnica utilizada para caracterizar
os dados da pesquisa e estabelecer relações entre as variáveis.
Feito isto, deu-se início às análises mais profundas, como a análise fatorial e a regressão
linear múltipla, assuntos a serem tratados individualmente, nas próximas seções.
55
3.3.1 Análise Fatorial
Em sequência ao processo estatístico, realizou-se a análise fatorial. Conforme
entendimento de Hair Jr. et al. (2005), a análise fatorial é uma técnica estatística multivariada
que condensa e combina linearmente informações de um grande número de variáveis em um
conjunto reduzido de menor quantidade ou fatores subjacentes. As cargas de fatores gerados,
podem posteriormente, se reverter em variáveis independentes. Para Malhotra (2012), a análise
fatorial é uma técnica capaz de sumarizar dados.
Sendo assim, de acordo com os preceitos de Hair Jr. et al. (2005), observou-se a
normalidade e a confiabilidade dos dados coletados como um pré-requisito para utilização das
técnicas de análises multivariadas. Dessa forma, foram identificadas a normalidade dos dados,
por meio do teste Kolmogorov-Smirnov, enquanto que a confiabilidade dos dados foi observada
pelo Alfa de Cronbach. Segundo Hair Jr. et al. (2005), o Alfa de Cronbach tem a função de
mensurar a confiabilidade das respostas, avaliando a coerência entre as respostas e os
respondentes da pesquisa, sendo considerados confiáveis os valores que se apresentam acima
de 0,7.
Realizou-se também a análise da matriz anti-imagem, a qual, de acordo com Hair Jr. et
al. (2005) e Malhotra (2012), indica a adequação das variáveis pesquisadas. Caso alguma
variável demonstrasse valor inferior a 0,5, deveria ser eliminada, uma vez que, para esta
pesquisa, representaria baixa explicação para construção dos fatores pretendidos (HAIR JR. et
al., 2005; PESTANA; GAGEIRO, 2005).
Após esses procedimentos, iniciou-se a extração dos fatores por meio do método dos
componentes principais, com rotação Varimax e considerando como variáveis importantes
aquelas apresentando carga fatorial superior a 0,5.
Para determinar a correlação entre as variáveis ou grau de suscetibilidade, foram
efetuados os testes Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e de Esfericidade de Bartlett. De acordo com
Pestana e Gageiro (2005), o teste KMO permite identificar se há correlação entre as variáveis,
em que, quanto mais próximo de 1 for o resultado, melhor será a correlação entre as variáveis
e, portanto, mais adequada será a análise fatorial, enquanto que, valores inferiores a 0,5, devem
ser considerados inaceitáveis para análise fatorial. Já o teste de Esfericidade de Bartlett,
segundo Hair Jr. et al. (2005), é responsável por indicar que a matriz de correlação é uma matriz
identidade.
Depois de verificar a adequação da análise fatorial para o tratamento estatístico dos
dados, foi possível combinar uma série de dados coletados por meio das variáveis do capital
56
intelectual, em três fatores distintos esperados: CH, CE e CR. Sinteticamente, esses fatores
expressam de forma mais simples o entendimento dos dados coletados para realização das
análises.
Por fim, foram apuradas as médias ponderadas de cada fator do CI, ou seja, do CH, do
CE e do CR. Primeiro as médias fatoriais foram calculadas por município e posteriormente,
transformadas em médias gerais do CH, do CE e do CR, as quais foram utilizadas como índices
independentes de uma regressão linear múltipla.
3.3.2 Regressão Linear Múltipla
De acordo com Hair Jr. et al. (2005), a regressão linear múltipla é uma técnica de análise
de dados aplicada para mensurar relações lineares entre duas ou mais variáveis. Segundo
Pestana e Gageiro (2005), a regressão linear múltipla representa uma técnica estatística,
descritiva, que possibilita determinar a relação entre uma variável dependente (Y) e uma série
de outras variáveis independentes (X1, X2, X3...).
Para verificar a acuracidade do modelo de regressão, foi observado o coeficiente de
determinação (R²), que pode variar entre 0 e 1, em que, quanto mais próximo de 1 for o
resultado, melhor se explica o modelo (HAIR JR. et al., 2009). Outro teste efetuado foi o
diagnóstico de VIF (Fator de Inflação da Variância), cujo objetivo é verificar a alta correlação
entre as variáveis independentes, ou seja, a multicolinearidade. Segundo Hair Jr. et al. (2009),
quando se diagnosticarem valores superiores a 10, há problemas no modelo e, portanto, devem
ser corrigidos antes de se efetuar a análise de regressão linear múltipla.
Dando prosseguimento ao modelo de regressão linear, a técnica permitiu a inserção de
variáveis independentes numa única equação de regressão, na tentativa de prever uma única
variável dependente. Além do mais, essa técnica também possibilitou calcular um coeficiente
separado para cada variável independente, propiciando, assim, descrever o grau de dependência
da variável dependente para com cada variável independente (HAIR JR. et al., 2005).
Dessa forma, o estudo analisa a possível relação do CI na gestão pública, utilizando uma
regressão linear múltipla, testando a influência das variáveis independentes (CH, CE e CR) em
relação aos principais indicadores de gestão pública, o Idese e o IFGF (ambos, variáveis
dependentes) conforme demonstra a Equação (1).
Y = β0 + β1 X1 + β2 X2 + β3 X3 (1)
57
Em que:
Y = Variável dependente (IDESE ou IFGF);
Β0 = Constante;
β1 = Coeficiente capital humano;
β2 = Coeficiente capital estrutural;
β3 = Coeficiente capital relacional;
X1 = Variável independente capital humano;
X2 = Variável independente capital estrutural;
X3 = Variável independente capital relacional;
Conhecido o método de pesquisa aplicado para este estudo, o próximo capítulo
apresenta os resultados e as discussões encontrados a partir das análises efetuadas.
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentadas as análises e as interpretações dos dados coletados para
o estudo. Na primeira seção, estão dispostos os resultados e as análises que descrevem a
amostra, enquanto que a segunda seção demonstra os principais fatores do CI. Por fim, na
terceira e última seção concentram-se as observações a respeito da possível relação do CI nos
indicadores de gestão pública, por meio da análise de regressão linear múltipla.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Dando início ao processo de análise dos dados coletados, inicialmente, foi realizada a
organização da base, eliminando dados que causam distorções. Sendo assim, foram excluídos
oito questionários outliers. Ao se verificar a frequência de respostas nas questões, observou-se,
em duas delas, um número superior a 10% de respostas faltantes e, portanto, foram também
eliminadas, pois, segundo Kline (1998) é condição essencial para uma análise multivariada
observar a frequência dos respondentes.
Com esses procedimentos, ao todo foram eliminados 10 questionários. Para os casos
com respostas faltantes inferiores a 10% do total das questões, optou-se por preenchê-las por
meio da média dos demais respondentes da prefeitura em análise. Sendo assim, após efetuar os
ajustes necessários, expurgando todos aqueles dados que poderiam interferir nos resultados e
posteriores análises da pesquisa, foram validados, para o estudo, um total de 674 questionários.
Outro procedimento, foi eliminar a questão de número 26 (CR26) das questões a serem
analisadas. Decidiu-se por eliminá-la uma vez que se apresentava fora da normalidade dos
dados (HAIR JR. et al., 2005). Portanto, de um total de 30 questões pesquisadas,
estatisticamente, foram analisadas 29 questões para o estudo do CI nas organizações públicas.
Apurados esses resultados, verificou-se uma média geral de 23,24 respondentes válidos,
por variável válida, considerando 674 respondentes para 29 variáveis. De acordo com Hair Jr.
et al. (2005), uma pesquisa deve ter no mínimo, cinco respondentes para cada variável de
pesquisa.
Feitos os ajustes necessários, a base de dados tornou-se apta para o desenvolvimento da
estatística descritiva, e, analisando os dados da pesquisa, foi possível identificar o porte dos
municípios e constatar que a maioria deles se enquadra como de pequeno porte. Com uma média
geral de 12,03 respondentes por prefeitura municipal pesquisada, considerando 674
59
respondentes para 56 prefeituras municipais, a análise da Tabela 2 identifica a quantidade de
municípios pesquisados conforme faixa populacional utilizada pelo IBGE (2000), bem como,
o número de servidores públicos participantes da pesquisa, a frequência e o percentual de
respondentes por porte de município.
Tabela 2 – Porte populacional dos municípios pesquisados e número de respondentes
Classe de Tamanho Municípios Quantidade
Municípios %
Número de
Respondentes %
Até 5.000 hab. 24 42,86 168 24,93
De 5.001 a 20.000 hab. 15 26,78 152 22,55
De 20.001 a 100.000 hab. 14 25,00 223 33,09
De 100.001 a 500.000 hab. 03 5,36 131 19,43
Total 56 100,00 674 100,00
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa (2015).
A partir da Tabela 2, constata-se a predominância de municípios de pequeno porte
(42,86%) compondo a pesquisa. Contudo, o maior número de servidores públicos participantes
(33,09%), pertencem a municípios de médio porte, com população entre 20.000 a 100.000
habitantes, correspondendo a 25% das prefeituras da amostra.
Ainda contextualizando a pesquisa, a Figura 4 demonstra a frequência do Índice de
Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) entre os municípios desta pesquisa.
Figura 4 – Frequência do Idese entre os municípios
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0,64610 0,67492 0,70373 0,73255 0,76137 0,79019 0,81901 Valores
acima
N.
munic
ípio
s
IDESE - municípios
60
Avalia-se, por meio do Idese, os índices de desenvolvimento social e econômico dos
municípios do Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com a classificação utilizada pela
Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2015), a análise da Figura 4 permite observar uma
variação deste índice para os municípios pesquisados entre 0,6000, considerado como de médio
desenvolvimento socioeconômico a 0,8480, considerado como de alto desenvolvimento
socioeconômico (FEE, 2015). Dentre os municípios da amostra, há pouca variabilidade de
índices, a maioria deles (29) se enquadra como municípios com índices de alto grau de
desenvolvimento socioeconômico (valores acima de 0,8000). Enquanto que 27 municípios se
classificam com índices de médio grau de desenvolvimento socioeconômico, ou seja, com
valores variando entre 0,6000 e 0,7999 (FEE, 2015).
Outro indicador analisado foi o IFGF. A Figura 5 apresenta os dados de frequência do
Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) entre os municípios deste estudo.
Figura 5 – Frequência do IFGF entre os municípios
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
A análise da Figura 5 demonstra a classificação dos municípios de acordo com a gestão
fiscal desenvolvida. Observa-se um IFGF variando entre 0,3124 (gestão crítica) a 0,7540
(gestão boa). Não há, na amostra, municípios com gestão fiscal excelente, ou seja, com valores
acima de 0,8000. Dos 56 municípios pesquisados, 53,57% apresentam índice de gestão fiscal
boa – índices entre 0,6000 a 0,7999; outros 41,07% enquadram-se como gestão fiscal difícil –
índices entre 0,4000 a 0,5999; e apenas 5,36% dos municípios apresentam-se em gestão fiscal
crítica, com índices abaixo de 0,4000.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0,3124 0,3755 0,4386 0,5017 0,5648 0,6278 0,6909 Valores
acima
N.
munic
ípio
s
IFGF - municípios
61
No mês de junho de 2015, a Firjan divulgou um estudo classificando as gestões fiscais
dos municípios. Em sua maioria, os municípios enquadraram-se em gestão fiscal difícil
(50,60%) e situação crítica (33,60%), perfazendo um total de 84,20% de municípios com
problemas de gestão fiscal no Brasil (FIRJAN, 2015).
No entanto, os 56 municípios deste estudo sugerem que mais de 50% dos municípios
pesquisados encontram-se em boa gestão fiscal. Salienta-se, porém, que ainda existe uma série
de oportunidades e de desafios para se alcançar a excelência administrativa, onde, os índices
possam se estabelecer acima de 0,8000, valores estes, não verificados na pesquisa em questão.
4.2 ANÁLISE DESCRITIVA
A análise descritiva tem o objetivo de retratar, individualmente, as médias atribuídas
pelos respondentes deste estudo para cada variável pesquisada, além de apresentar os dados
caracterizadores desta pesquisa.
Sendo assim, a Tabela 3 tem o propósito de apresentar, em ordem decrescente, a média
e o desvio padrão (±) das variáveis de pesquisa utilizadas no desenvolvimento do estudo do CI
das organizações públicas.
Tabela 3 – Variáveis do CI: análise das médias e desvio padrão
Variável Conceito Média Desvio
Padrão (±)
CR25 A participação dos Conselhos, Associações e demais entidades municipais
é importante para o processo de gestão pública. 5,63 1,385
CH11 A qualidade do serviço público da sua organização depende da presença de
uma boa liderança. 5,43 1,507
CR22 A sua organização pública está preocupada com a imagem transmitida à
sociedade. 5,12 1,442
CR24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e os fornecedores. 4,91 1,413
CH8 As equipes de trabalho da sua organização pública são competentes. 4,87 1,240
CR29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o bem-estar social. 4,83 1,588
CE15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos serviços
prestados. 4,75 1,369
CH9 As equipes de trabalho da sua organização pública estão aptas para realizar
suas funções. 4,70 1,306
CE13 Os relatórios gerados pelos programas de software da sua organização
pública correspondem às necessidades do seu trabalho. 4,69 1,666
CE14 O sistema de informação disponibilizado pela organização pública em que
você trabalha é de fácil acesso à população em geral. 4,69 1,569
CR23 A organização pública em que você trabalha trata de forma igualitária os seus
fornecedores. 4,61 1,677
CH7 Os servidores da sua organização pública são considerados inteligentes e
criativos. 4,58 1,298
CR20 A organização pública em que você trabalha se comunica de forma adequada
com a sociedade. 4,58 1,459
CR21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização pública e a sociedade. 4,54 1,344
Continua
62
CH6 Os servidores da organização pública em que você trabalha desempenham
suas tarefas com dedicação. 4,50 1,363
CE12 A estrutura oferecida pela organização pública em que você trabalha é
adequada para prestar serviços de qualidade ao cidadão. 4,47 1,693
CE16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são desempenhados
de forma satisfatória. 4,42 1,455
CE18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão disponíveis para
toda a equipe. 4,37 1,599
CR27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas definidas. 4,32 1,682
CH2 Na organização pública em que você trabalha, o conhecimento é
compartilhado. 4,31 1,607
CR30 A organização pública em que você trabalha se distancia com frequência do
seu planejamento inicial. 4,27 1,517
CH5 As habilidades dos servidores são usadas para melhorar a qualidade dos
serviços públicos da sua organização. 4,24 1,543
CE19 As pessoas que ocupam cargos de chefia na sua organização pública buscam
melhorar a qualidade das rotinas de trabalho. 4,16 1,647
CE17 As novas ideias geradas na organização pública em que você trabalha são
implementadas. 4,01 1,436
CH10 A sua organização pública valoriza mais o trabalho em equipe ao individual. 3,97 1,513
CH1 O nível de treinamento oferecido pela sua organização pública é adequado
para o desempenho das suas funções. 3,92 1,660
CR28 A organização pública em que você trabalha mantém um setor de
planejamento atuante. 3,88 1,758
CH4 Os cargos de chefia da sua organização pública são ocupados por pessoas
com conhecimento na área em que atuam. 3,86 1,778
CH3 A organização pública em que você trabalha reconhece o conhecimento
técnico dos seus servidores. 3,77 1,711
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Conforme se observa, em uma escala variando de 1 a 7 pontos, na qual 1 representou
discordo totalmente e 7 concordo totalmente, as cinco primeiras variáveis apresentando as
maiores médias em nível de concordância para formação do CI das organizações públicas
foram: CR25 (média de 5,63±1,385); CH11 (média de 5,43±1,507); CR22 (média de
5,12±1,442); CR24 (média de 4,91±1,413); CH8 (média de 4,87±1,240).
Verifica-se, nesta análise, que as variáveis pertencentes ao CR receberam um maior grau
de concordância entre os servidores públicos. Esta indicação ressalta, por parte dos
respondentes, a importância relacional existente entre organização pública e o ambiente
externo, especialmente, no que diz respeito as associações, conselhos municipais e
fornecedores.
Entretanto, as piores médias de pontuação referenciam as seguintes variáveis: CH3
(média de 3,77±1,711); CH4 (média de 3,86±1,778); CR28 (média de 3,88±1,758); CH1 (média
de 3,92±1,660); e CH10 (média de 3,97±1,513).
Em face desses dados, nota-se que os respondentes atribuíram valores de baixa
concordância às variáveis relacionadas ao CH. De acordo com os servidores públicos
municipais, suas capacidades técnicas são pouco valorizadas, os cargos de chefia são ocupados
por indivíduos com baixo conhecimento técnico para a função que exercem (a maioria são
63
cargos de confiança das administrações), o nível de treinamento oferecido aos servidores
públicos é insatisfatório e há pouca valorização por parte das administrações municipais ao
trabalho realizado em equipe.
Enquanto isto, em relação ao CE, as médias das questões oscilaram entre 4,01±1,436
para a questão CE17 e 4,75±1,369 para a questão CE15. A partir dessas médias, acredita-se que
o CE das organizações públicas se apresenta em nível mediano para atender as expectativas dos
servidores públicos municipais.
Portanto, seguindo a fundamentação da estatística descritiva quanto às médias e o desvio
padrão atribuídas pelos respondentes às variáveis deste estudo, avalia-se o CI das organizações
públicas com valorização partir do CR, seguido do CE e, por último, do CH.
Outra característica a ser destacada, elenca a idade dos servidores e quantidade de anos
atuando no serviço público. A análise da Tabela 4, demonstra o tempo de atuação em órgão
público, a idade média, mínima e máxima dos servidores municipais.
Tabela 4 – Média do tempo de serviço e idade dos servidores municipais
Descrição N. Respondentes Média Mínimo Máximo
Tempo de Serviço 674 11 1 55
Idade 674 39 19 73
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Por meio dos dados constantes na Tabela 4, percebe-se que os serviços públicos são
desempenhados por servidores com idade média de 39 anos. Em relação ao tempo de serviço é
possível conceber que o tempo mínimo de atuação é de 1 ano e o máximo de 55 anos (destaque
para alguns servidores que após se aposentarem retornaram às atividades públicas mediante
realização de novo concurso público). Constata-se também que os servidores públicos da
amostra da pesquisa, em média, trabalham no setor público há, pelo menos, 11 anos.
Esses servidores públicos alocam-se em diversos setores dos departamentos de Fazenda,
Administração, Planejamento, Controle Interno e Procuradoria Jurídica, estruturando as áreas
técnicas de prestação de serviços públicos e ocupando cargos próximos aos gestores públicos
municipais, conforme representado na Figura 6.
64
Figura 6 – Disposição setorial dos servidores públicos pesquisados
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Para melhor visualização, a Figura 6 exibe os diversos setores técnicos agrupados em
número reduzido de setores. Sendo assim, o setor Fazenda é formado pelos setores de finanças,
fiscalização, tesouraria, tributos, contabilidade, controladoria e receita; o setor Administração
compõe-se de compras, licitações e recursos humanos (RH); o setor de Planejamento é formado
pelos setores de engenharia, planejamento e orçamento; o setor de Controle Interno é formado
pelos membros do controle interno e o setor Procuradoria é formado pelos setores jurídico e
procuradoria jurídica municipal.
A partir do agrupamento, verificaram-se 329 servidores, equivalendo a 48,81% dos
pesquisados, ocupando cargos pertinentes à área fazendária municipal, 276 servidores, ou seja,
40,96% deles concentram-se em áreas administrativas, enquanto outros 69 servidores,
representando 10,23% do total, trabalham nos setores de planejamento, controle interno e
procuradoria municipal. É importante salientar que todos os setores envolvidos nesta pesquisa
se concentram muito próximos aos cargos eletivos e de gestão pública, portanto, se permitidos
e envolvidos, podem contribuir efetivamente, para o processo de gestão.
Com relação ao gênero dos respondentes, os servidores dispostos nos setores descritos
anteriormente, apresentam-se em sua maioria como sendo do gênero feminino. Verifica-se que,
dos 674 respondentes, 60,10% pertencem ao gênero feminino, ou seja, 405 respondentes são
mulheres, enquanto que 39,90%, perfazendo um total de 269 servidores, são do gênero
masculino. Sendo assim, para esta amostragem permite-se afirmar que o sexo feminino
participou em maior número.
48,81%
40,96%
5,19%3,26% 1,78%
0
50
100
150
200
250
300
350
Fazenda Administração Planejamento Controle Interno Procuradoria
N.
resp
ond
ente
s
Setores de trabalho
65
Outra informação extraída da pesquisa diz respeito ao grau de escolaridade dos
respondentes. Por meio da Figura 7 observa-se o grau de escolaridade dos servidores lotados
em setores fundamentais para o desenvolvimento dos serviços públicos.
Figura 7 – Escolaridade dos servidores públicos municipais
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
A pesquisa revela que os serviços públicos de áreas técnicas são realizados em sua
maioria por servidores qualificados profissionalmente. Apenas 10 dos 674 respondentes,
representando 1,50% dos servidores públicos pesquisados, possuem Ensino Fundamental. Pelo
menos 28,20%, ou seja, 122 servidores possuem o Ensino Médio, sendo que, destes, 10,10%
formaram-se em Ensino Técnico, também conhecido como Ensino Profissionalizante.
Entretanto, a grande maioria dos servidores públicos municipais, em número de 474
servidores, representando 70,30% deles, são servidores graduados e/ou pós-graduados em Lato
e Stricto Sensu. A análise da Figura 8, demonstra, ainda, que 46,10% dos servidores públicos
municipais efetivos são graduados e 24,20% são pós-graduados. Portanto, os servidores
atuando em áreas técnicas da administração pública municipal possuem um alto nível de
escolaridade.
Merecem destaque dentre os cursos de formação e pós-graduação os relatados na ordem
em que segue: Gestão Pública, significando que 18,78% dos graduados e/ou pós-graduados têm
conhecimento específico na área de gestão pública; 15,82% são da área do Direito,
especialmente, do direito público e tributário; 15,19% são formados e/ou pós-graduados em
Administração de Empresas; 11,81% são formados e/ou pós graduados em Ciências Contábeis;
10,94% possuem formação em áreas da educação; 4,43% são formados em Engenharia Civil e
Arquitetura; e 2,53% têm formação em Gestão de Pessoas. 11,60% não informaram o curso de
1,50%
18,10%
10,10%
46,10%
24,20%
0
50
100
150
200
250
300
350
Ensino
Fundamental
Ensino Médio Ensino Técnico Ensino Superior Pós-Graduação
N.
resp
nd
ente
s
Grau de escolaridade
66
graduação e/ou pós-graduação e aqueles que apareceram na ordem de menos de 2,00%
(somando 8,90% dos respondentes) correspondem às mais variadas áreas acadêmicas, como
Gestão Social, Tecnologia da Informação, Biomedicina, Psicologia e Economia.
Diante ao exposto, observa-se que o CH das organizações públicas, participantes dos
setores técnicos da administração, em sua maioria, possuem qualificação profissional em nível
de graduação e/ou pós-graduação, especialmente, no que diz respeito à área de Gestão Pública.
A pesquisa coaduna com Marques (2004), ao entender que o conhecimento disponível à
organização é algo que está inerente aos seus servidores. Nesse sentido, Wang e Chang (2005)
consideram que o CH concentra o conhecimento necessário para a solução dos mais variados
problemas organizacionais e, portanto, merece atenção constante por parte dos gestores.
Em se tratando de especialização, 67,48% das mulheres possuem pós-graduação,
enquanto os homens pós-graduados apresentam-se na ordem de 32,52%. No tocante ao Ensino
Superior, o índice de distanciamento entre mulheres e homens diminui um pouco, contudo, as
servidoras públicas ainda permanecem à frente dos servidores públicos, sendo respectivamente,
58,52% contra 41,48%.
É importante destacar que o fato de os servidores públicos estarem qualificados não
caracteriza, na mesma proporção, a aplicação de suas capacidades. A análise individual
(médias) das variáveis do CH revelou baixo contentamento sobre a valorização das capacidades
dos servidores públicos (vide Tabela 3). Corroboram, nesse sentido, Massingham e Tam (2015),
ao afirmar que também os indivíduos com alto conhecimento e capacidade técnica, quando não
envolvidos e motivados pela organização, podem deixar de aplicar seus conhecimentos em
benefício da organização onde trabalham.
Demonstradas as análises da estatística descritiva, a seguir contemplam-se as análises
fatoriais da pesquisa.
4.3 AS DIMENSÕES DO CAPITAL INTELECTUAL
Após depuração da base de dados, utilizou-se da técnica de análise fatorial para
identificar e confirmar as possíveis variáveis e dimensões com poder explicativo do CI. Para
tanto, inicialmente, ainda com as variáveis brutas que compunham a pesquisa, ou seja, as 29
variáveis constantes do questionário, procedeu-se aos Testes de KMO e Esfericidade de
Bartlett. O primeiro, para identificar a adequação da amostra, e o segundo, para indicar a
correlação entre as variáveis. A Tabela 5 exibe os resultados deste procedimento.
67
Tabela 5 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis brutas da pesquisa
Teste Valor Encontrado
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) 0,961
Teste de Esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 12512,830
Significância 0,000*
*(p<0,001)
Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Na Tabela 5, verifica-se para as 29 variáveis o KMO de 0,961 e para Bartlett,
significância de p<0,001. De acordo com Hair Jr. et al. (2005), quando o KMO obtiver resultado
acima de 0,800 e o Teste de Esfericidade de Bartlett tiver significância inferior a p<0,05,
significa, respectivamente, que a análise fatorial é uma técnica procedente para a pesquisa e que
há correlação entre as variáveis pesquisadas. Portanto, a técnica pode ser empregada para o
estudo.
Sendo assim, em seguida, visando a simplificar o procedimento da análise fatorial e
tentando encontrar as dimensões do CI identificadas e adotadas para este estudo, conforme
descrito ao longo do trabalho, em CH, CE e CR, procedeu-se à análise fatorial sobre os dados
coletados para pesquisa. Antes, porém, foi realizada uma análise fatorial exploratória, na
tentativa de verificar a carga fatorial de cada uma, bem como, seu agrupamento em fatores
(Apêndice B).
Nesta etapa, por meio do Software SPSS 20.0, houve a tentativa de condensar as 29
variáveis nas três dimensões pretendidas. As regras utilizadas para esta fase inicial foram a
extração dos Componentes Principais, o uso da rotação Varimax e a exibição dos coeficientes
acima de 0,5 (HAIR JR. et al., 2005).
Dessa forma, por meio da comunalidade, foi possível reconhecer as variáveis com
coeficientes significativos (superiores a 0,500) e possíveis formadores das dimensões do CI. A
Tabela 6 demonstra a comunalidade das variáveis da pesquisa e seus respectivos coeficientes.
Tabela 6 – Resultado das comunalidade associadas as variáveis relacionadas ao CI
Variáveis do CI Comunalidade Variáveis do CI Comunalidade
CH1 0,466* CE16 0,656
CH2 0,452* CE17 0,604
CH3 0,502 CE18 0,525
CH4 0,472* CE19 0,620
CH5 0,551 CR20 0,687
CH6 0,679 CR21 0,663
CH7 0,692 CR22 0,508
CH8 0,743 CR23 0,573
Continua
68
De acordo com a Tabela 6, as variáveis CH1, CH2, CH4, CH11, CE12, CR25 E CR30
apresentaram comunalidade inferior a 0,500 e, portanto, foram ignoradas para a análise.
Contudo, após nova rodagem de análise fatorial, verificou-se que outras variáveis
transtornavam sua formação e, portanto, conforme literatura estatística verificada em Hair Jr.
et al. (2005), foram eliminadas as seguintes variáveis:
a) Variável CH3 (comunalidade inferior a 0,500);
b) Variáveis CH5 e CH10 (não obtiveram carga fatorial em nenhum dos construtos, visto
que, a carga mínima exigida foi igual ou superior a 0,500);
c) Variável CE19 (formou-se no construto do CR, resultado que não corresponde ao
modelo da pesquisa).
Após esse procedimento, uma nova análise fatorial foi realizada, obtendo-se os
resultados dos testes de KMO e Bartlett, assim como a carga dos fatores, conforme demonstrado
na Tabela 7 e na Tabela 8, respectivamente.
Tabela 7 – Resultado dos Testes KMO e Bartlett para as variáveis do CI das organizações públicas
Testes Valor Encontrado
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) 0,947
Teste de Esfericidade de Bartlett Qui-quadrado 8516,040
Significância 0,000*
*p<0,001
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Após confirmação das variáveis que explicam a formação das dimensões do CI, a Tabela
8 contempla as dimensões formadas, as cargas fatoriais e a comunalidade de cada variável, bem
como, o Alfa de Cronbach de cada fator, o qual, de acordo com Hair Jr. et al. (2005) devem
possuir valor acima de 0,6.
CH9 0,709 CR24 0,581
CH10 0,513 CR25 0,388*
CH11 0,387* CR27 0,677
CE12 0,493* CR28 0,557
CE14 0,551 CR30 0,191*
CE15 0,674
*Valores inferiores a 0,500
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
69
Tabela 8 – As dimensões do CI: fatores, variáveis, cargas fatoriais, comunalidade e Alfa de Cronbach
Fator/
Dimensão Variável Conceito
Carga
Fatorial
Comu-
Nalidade
Alfa de
Cronbach
Capital
Relacional
(CR)
CR20 A organização pública em que você trabalha se comunica
de forma adequada com a sociedade. 0,598 0,703
0,921
CR21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização
pública e a sociedade. 0,690 0,708
CR22 A sua organização pública está preocupada com a imagem
transmitida à sociedade. 0,656 0,548
CR23 A organização pública em que você trabalha trata de forma
igualitária os seus fornecedores. 0,820 0,722
CR24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e
os fornecedores. 0,795 0,699
CR27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas
definidas. 0,676 0,701
CR28 A organização pública em que você trabalha mantém um
setor de planejamento atuante. 0,559 0,566
CR29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o
bem-estar social. 0,721 0,702
Capital
Estrutural
(CE)
CE13
Os relatórios gerados pelos programas de software da sua
organização pública correspondem às necessidades do seu
trabalho.
0,764 0,627
0,879
CE14
O sistema de informação disponibilizado pela organização
pública em que você trabalha é de fácil acesso à população
em geral.
0,747 0,638
CE15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos
serviços prestados. 0,560 0,706
CE16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são
desempenhados de forma satisfatória. 0,642 0,675
CE17 As novas ideias geradas na organização pública em que
você trabalha são implementadas. 0,634 0,637
CE18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão
disponíveis para toda a equipe. 0,625 0,575
Capital
Humano
(CH)
CH6 Os servidores da organização pública em que você trabalha
desempenham suas tarefas com dedicação. 0,832 0,726
0,871
CH7 Os servidores da sua organização pública são considerados
inteligentes e criativos. 0,801 0,729
CH8 As equipes de trabalho da sua organização pública são
competentes. 0,779 0,753
CH9 As equipes de trabalho da sua organização pública estão
aptas para realizar suas funções. 0,722 0,730
a. Método de Extração: Análise de Componentes Principais
b. Método de Rotação: Varimax com Normalização Kaiser
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
A Tabela 8, por meio da análise fatorial, apresenta o agrupamento de 18 variáveis em
três fatores. Segundo Hair Jr. et al. (2005), a análise fatorial permite agrupar muitas variáveis
em um único fator, facilitando ao pesquisador compreender melhor os dados da pesquisa. Os
três fatores formados foram devidamente comprovados por meio do teste de KMO, pelo qual
todos os resultados acusaram-se satisfatórios. Além do mais, a confiabilidade dos fatores está
ancorada pelo Alfa de Cronbach, o qual apresentou para os três fatores, valor superior a 0,800,
inferindo confiabilidade à pesquisa.
Analisando individualmente as variáveis formadoras dos fatores que compõem o CI,
nota-se como variáveis recebedoras de maior carga fatorial, dentre os fatores agrupados, as
seguintes variáveis: CH6 (0,832), destacando a dedicação dos servidores públicos no
70
desempenho de suas funções, foi a variável destaque do CH; CR23 (0,816), destacando a
relação igualitária entre a organização pública e todos os seus fornecedores de produtos e
serviços, foi a variável destaque do CR; e a CE13 (0,764), destacando os bons programas de
software na realização das atividades diárias, foi a principal componente do CE.
A seguir, por meio da Tabela 9, apresenta-se a carga explicativa individual e cumulativa
dos fatores que compõem o CI. Nomeados de CR, CE e CH, esses fatores explicam o presente
estudo em um percentual de 67,476%. Para que uma pesquisa possa ter relevância
cientificamente, os fatores formados pela técnica de análise fatorial devem satisfazê-la num
percentual de pelo menos 60% (HAIR JR. et al., 2005).
Tabela 9 – Fatores identificados e explicação da pesquisa
Fator/Dimensões Auto Valor % de Variância % Cumulativo
Capital Relacional (CR) 4,915 27,307 27,307
Capital Estrutural (CE) 3,993 22,181 49,488
Capital Humano (CH) 3,238 17,987 67,476
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
De acordo com a Tabela 9, os dados coletados e analisados da pesquisa, identificaram
18 variáveis alocadas em três fatores e explicando em 67,476% a formação do CI das
organizações públicas amostradas neste estudo. Com o propósito de analisar e discutir
individualmente cada uma das dimensões componentes do CI deste estudo, a seguir,
apresentam-se as três dimensões representantes do CI.
4.3.1 O Capital Relacional
Formado por 8 das 18 variáveis que compõem o estudo do CI das organizações públicas,
o CR representa a relação mantida entre os órgãos públicos e a sociedade em geral. Com o
índice de confiabilidade Alfa de Cronbach em 0,921, o CR explica em 27,307% a formação do
CI das organizações públicas, tornando-se o principal fator e/ou dimensão do CI do presente
estudo.
A Tabela 10 exibe, por ordem de carga fatorial, as variáveis que melhor representam a
construção do CR das organizações públicas.
71
Tabela 10 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CR das organizações públicas
Carga Fatorial Variáveis Conceito
0,820 CR23 A organização pública em que você trabalha trata de forma igualitária os seus
fornecedores.
0,795 CR24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e os fornecedores.
0,721 CR29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o bem-estar social.
0,690 CR21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização pública e a sociedade.
0,676 CR27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas definidas.
0,656 CR22 A sua organização pública está preocupada com a imagem transmitida à
sociedade.
0,598 CR20 A organização pública em que você trabalha se comunica de forma adequada
com a sociedade
0,559 CR28 A organização pública em que você trabalha mantém um setor de
planejamento atuante.
Alfa de Cronbach 0,921
Variância Explicada 27,307%
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Para os servidores públicos municipais, a principal variável componente do CR é a
variável relação com fornecedores. Esta variável está representada nas questões CR23 e CR24,
as quais, relatam o tratamento igualitário e de confiança mantido entre as organizações públicas
e os seus fornecedores de produtos e serviços. Corrobora com este estudo Gubiani (2011), ao
expressar que o maior interesse das organizações públicas foca a relação externa ao seu
ambiente, ou seja, os esforços das organizações públicas estão voltados aos fornecedores, às
associações, às alianças, aos acordos políticos e sociais.
A questão CR23 foi a variável com maior carga fatorial 0,820, destacando a manutenção
do tratamento igualitário das organizações públicas para com todos os seus fornecedores de
produtos e serviços. Em seguida, aparece a questão CR24, com carga fatorial de 0,795, a qual
determina que há confiança no relacionamento entre o órgão público e seus fornecedores. Para
Youndt, Subramaniam e Snell (2004), o CR deriva dos relacionamentos organizacionais, tanto
internos quanto externos à organização, sendo que, na relação externa, destacam-se aquelas
voltadas aos fornecedores e clientes.
Outras questões relevantes para formação do CR das organizações públicas estão
representadas por meio das variáveis foco/meta CR29, CR27 e CR28, as quais respectivamente
ressaltam que as decisões públicas abarcam o bem-estar social, que os objetivos e metas são
definidos e que existe um setor de planejamento encarregado de acompanhar estas questões.
Outra variável formadora do CR público diz respeito à relação social. Por meio das questões
72
CR21 e CR20, os servidores públicos das áreas técnicas entendem que há um relacionamento
adequado e satisfatório entre a organização pública e a sociedade. De acordo com esta
prerrogativa, Queiroz (2003) entende que as boas relações mantidas pelas organizações com
seus ambientes, especialmente o externo, são fundamentais para determinar a sua boa imagem.
Ressalta-se que uma organização pública tem como lucro, o resultado das ações
praticadas e os relacionamentos estabelecidos para com a sociedade. Desta forma, está implícito
que, quanto melhor for o relacionamento dela para com terceiros, melhor o seu conceito, melhor
a sua imagem. Além do mais, conforme determinam Stewart (1997) e Bontis (1998; 1999),
quem constitui e identifica a qualidade dos relacionamentos da organização para com seu meio,
é o CR. E isso, é um fator importante para as organizações públicas, pois, segundo Vagnoni e
Oppi (2015), o CR constitui-se de um conjunto de ativos intangíveis, resultantes da interação
da organização para com seu meio, seja ele interno ou externo.
Por fim, a formação do CI das organizações públicas, por meio da análise fatorial,
observa, ainda, uma estrutura semelhante a investigada por meio da estatística descritiva (vide
Tabela 3). Portanto, as evidências da análise fatorial sobre os dados da pesquisa revelam o CR
como o principal componente do CI das organizações públicas.
4.3.2 O Capital Estrutural
Formado por seis das dezoito variáveis que compõem o estudo do CI das organizações
públicas, o CE representa a estrutura disponibilizada pelas organizações públicas aos servidores
e cidadãos. Compondo a segunda dimensão do CI das organizações públicas, o CE tem um
índice de confiabilidade Alfa de Cronbach de 0,879 e explica a composição do CI desta pesquisa
em 22,181%. A Tabela 11 dispõe, por ordem de carga fatorial, as principais variáveis
formadoras do CE das organizações públicas.
Tabela 11– Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CE nas organizações públicas
Carga Fatorial Variáveis Conceito
0,764 CE13 Os relatórios gerados pelos programas de software da sua organização pública
correspondem às necessidades do seu trabalho.
0,747 CE14 O sistema de informação disponibilizado pela organização pública em que
você trabalha é de fácil acesso à população em geral.
0,642 CE16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são desempenhados de
forma satisfatória.
0,634 CE17
As novas ideias geradas na organização pública em que você trabalha são
implementadas.
Continua
73
0,625 CE18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão disponíveis para toda
a equipe.
0,560 CE15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos serviços prestados.
Alfa de Cronbach 0,879
Variância Explicada 22,181%
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
Para os servidores públicos municipais, o CE aparece em segundo lugar na composição
do CI das organizações públicas. De acordo com o exibido na Tabela 11, a principal variável
deste componente é a tecnologia. A questão CE13, com carga fatorial de 0,764, evidencia que
as organizações públicas, na percepção dos seus servidores possuem um bom programa de
software, o qual supre as demandas de seus trabalhos.
Corroborando com a pesquisa, Bontis (1998) considera que uma organização com alto
nível de capacidade intelectual, se não atuar com sistemas e tecnologias apropriados, estarão
presos a procedimentos inadequados e restringindo a abrangência de seu potencial. Ademais,
para Edvinsson e Sullivan (1996), o CE das organizações, especialmente o tecnológico,
propulsiona o desempenho do CH. Logo, sem o CE, a possibilidade de os trabalhadores
desenvolverem suas capacidades e habilidades torna-se contingenciada por falta de estrutura
tecnológica.
Em segundo lugar, compondo o fator CE, aparece a variável sistema de informação.
Com carga fatorial de 0,747, a questão CE14 demonstra que as organizações públicas, na
percepção dos respondentes, disponibilizam um sistema de informação com acesso fácil à
sociedade. Esta questão pode estar relacionada à obrigatoriedade de as organizações públicas
demonstrarem suas ações com total transparência aos cidadãos.
Ainda, formando a dimensão CE, encontram-se duas variáveis ligadas aos processos
CE16 e CE17, das quais a primeira interpreta o tratamento ágil e eficiente dos trâmites dos
processos demandados ao serviço público. Corroborando com a pesquisa, encontram-se Chen,
Zhu e Xie (2004), ao afirmarem que são os processos organizacionais e a forma como são
conduzidos que garantem a execução das tarefas cotidianas e colaboram efetivamente, para
aumentar a eficiência dos serviços operacionais. No que diz respeito a segunda questão, a
mesma promove a implementação das ideias sugestionadas, especialmente se estas forem
positivas para melhorar os processos organizacionais.
Outra variável que se demonstrou essencial para formação do CE das organizações
públicas, de acordo com os respondentes é a variável rotina. Determinada por meio da questão
CE18, os servidores públicos entendem que existe uma estrutura para a rotina de trabalho e,
74
que esta rotina está disponível a todos os membros da equipe. Portanto, esta pesquisa enquadra-
se aos preceitos de que os ativos integrantes do CE aportam ordem, segurança e rotina para as
organizações desenvolverem suas atividades operacionais com maior rapidez e desenvoltura
(BROOKING; GUIX, 1997; EDVINSSON; MALONE, 1998; JOIA, 2000; BUENO;
MERINO; SALMADOR, 2003).
Por fim, a análise fatorial, no tocante a dimensão do CE, sugere que são disponibilizados
aos servidores públicos tecnologia e condições adequadas para a realização das suas funções.
4.3.3 O Capital Humano
Formado por 4 das 18 variáveis que compõem o estudo do CI, o CH abarca os servidores
e suas capacidades à disposição das organizações públicas. Representando a terceira dimensão
do CI das organizações públicas, o CH tem um índice de confiabilidade Alfa de Cronbach de
0,871 e explica esta pesquisa em 17,987%. A Tabela 12 exibe, por ordem de carga fatorial, as
principais variáveis formadoras do CH das organizações públicas.
Tabela 12 – Carga fatorial das variáveis formadoras da dimensão CH das organizações públicas
Carga Fatorial Variáveis Conceito
0,832 CH6 Os servidores da organização pública em que você
trabalha desempenham suas tarefas com dedicação.
0,801 CH7 Os servidores da sua organização pública são
considerados inteligentes e criativos.
0,779 CH8 As equipes de trabalho da sua organização pública são
competentes.
0,722 CH9 As equipes de trabalho da sua organização pública estão
aptas para realizar suas funções.
Alfa de Cronbach 0,871
Variância Explicada 17,987%
Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados (2015).
De acordo com a pesquisa, as principais variáveis que compõe o fator CH, são as
variáveis CH6 e CH7, ambas, respectivamente, com carga fatorial de 0,832 e 0,801, expressam
a dedicação despendida pelo servidor público na realização das tarefas que lhes são cabíveis,
com inteligência e criatividade. Nesse sentido, Bontis (1998) e Stewart (1998) entendem que
está no CH a capacidade de criar e inovar a qualquer momento. Toda vez que essas capacidades
são reveladas, manifesta-se o poder de resolução, desde os problemas mais simples, até os mais
complexos.
75
Agregando valor ao CI e colaborando para compor o CH, estão as variáveis CH8, com
carga fatorial de 0,779 e a variável CH9 com carga fatorial de 0,722. Ambas destacam a
importância de se trabalhar em equipe. De acordo com a pesquisa, trabalhar em equipe é garantir
várias competências e aptidões para o desenrolar dos serviços diários. Corroborando com o
estudo, encontra-se Sveiby (1998), ao relatar que o conhecimento faz parte de um corpo técnico
funcional, onde profissionais qualificados trabalham em equipe para o desenvolvimento da
organização.
Sendo assim, em menor proporção, aparece como última dimensão formadora do CI, o
CH. Das questões avaliadas para compor o fator CH, apenas 36,36% delas foram utilizadas.
Cabe ressaltar que, de acordo com os dados da pesquisa, este é o fator de menor relevância
dentro do CI das organizações públicas.
Dentre as variáveis mais significativas da dimensão CH destacam-se, a criatividade, a
inteligência e a dedicação. De acordo com os respondentes da pesquisa, esses são os atributos
dos servidores públicos elencados não somente na análise fatorial, mas também na análise
descritiva (vide Figura 8).
De fato, de acordo Massingham e Tam (2015), a capacidade dos trabalhadores
organizacionais pode ser vista como a plataforma do CH e também do CI. Ela identifica o que
o indivíduo sabe, porém, não determina se essa sabedoria será colocada em prática. Para
externar o conhecimento gerado a partir do desenvolvimento das capacidades (habilidades,
experiências e qualificações), o servidor público depende, dentre outros fatores, também do
quanto ele é motivado, valorizado e envolvido no processo organizacional. Quando isso não
ocorre, toda essa capacidade adquirida pode se tornar ociosa.
Diante disso, é possível considerar, em Massingham e Tam (2015), que o emocional do
trabalhador está diretamente ligado com a organização. Ainda, de acordo com os autores, se o
servidor estiver satisfeito, as chances de compartilhar seu conhecimento são muito maiores do
que se ele estiver descomprometido com a organização.
Sendo assim, por meio da análise fatorial, constata-se o CH como o último fator de
composição do CI das organizações públicas. Não por ser o menos importante, mas, talvez, por
ser o intangível menos observado pelas estratégias das organizações públicas.
Após identificar as dimensões que compõem o capital intelectual das organizações
públicas, a seguir, analisa-se uma possível relação de influência das médias apuradas entre os
municípios da amostra para as dimensões do CR, do CE e do CH sobre os indicadores de
desempenho adotados para este estudo.
76
4.4 A RELAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL E OS INDICADORES DE DESEMPENHO
A análise da regressão linear múltipla foi utilizada para testar a relação das dimensões
do CI (CH, CE e CR) de forma agrupada aos indicadores de desempenho (IDESE e IFGF). Dois
modelos foram testados: um para variável dependente Idese e outro para variável dependente
IFGF. Quanto às variáveis independentes (CH, CE e CR), para ambos os modelos, seus
coeficientes (β1, β2 e β3) correspondem às médias das três dimensões que compõem o CI (CH,
CE e CR) dos 56 municípios pesquisados neste estudo (vide Equação 1 utilizada para o modelo).
A análise de regressão linear múltipla efetuada para variável dependente Idese, a partir
das variáveis independentes (CH, CE e CR), não se demonstrou estatisticamente significante
para p<0,1, ou seja, não se demonstrou favorável para o modelo em estudo, conforme o exposto
na Tabela 13.
Tabela 13 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o Idese
Testes Valores
R Múltiplo 0,274a
R2 0,075
Erro Estimado 0,042441
F 1,410
P 0,250 a. Predictors: (Constant), MCR, MCH, MCE
Fonte: Dados da pesquisa provenientes do SPSS (2015).
Ao se observar os componentes formadores do Idese, percebe-se uma série de fatores
externos em sua estrutura, como os fatores sociais e econômicos oriundos tanto das ações
realizadas pelos órgãos públicos quanto da sociedade, ou seja, o Idese não provém
exclusivamente dos atos de gestão pública, mas sim, de um conjunto de ações entre poder
público e sociedade. Essa suposição permeia uma das possíveis causas de não influência do CI
sobre a formação do Idese.
Além do mais, os índices socioeconômicos da amostragem são muito semelhantes uns
dos outros (vide Figura 4), o que também poderia justificar a ausência de influência do CI sobre
o Idese, já que, valores muito próximos uns dos outros caracterizam semelhança entre os
municípios. Corroboram com essa prerrogativa os pressupostos de Charbonneau, Bromberg e
Henderson (2015), ao relatarem que as tendências culturais e socioeconômicas igualitárias de
uma determinada região tendem a dificultar os estudos que envolvem as medidas de
desempenho de um fator qualquer.
77
Contudo, em relação à variável dependente IFGF, o modelo mostrou significância
quando testada a relação do capital intelectual com o desempenho da gestão fiscal IFGF,
conforme se pode analisar por meio da Tabela 14.
Tabela 14 – Teste de Regressão para Análise do CI sobre o IFGF
Testes Valores
R Múltiplo 0,356ᵇ
R2 0,127
Std. Erro Estimado 0,092735
F 2,512
F Significância 0,069 *** b. Predictors: (Constant), MCR, MCH, MCE
***(p<0,1)
Fonte: Dados da pesquisa provenientes do SPSS (2015).
O valor de R2 mede o grau de ajuste para a explicação da variável dependente IFGF, em
relação às variáveis independentes (CR, CE e CH), em que o valor de R2 pode variar entre 0 e
1, e quanto mais próximo de 1 maior o grau de explicação da equação (HAIR JR. et al., 2009).
A análise da Tabela 14, exibe o valor de R2 explicando em 12,70% a influência do CI (CR, CE
e CH) sobre o IFGF. Mesmo com um baixo poder explicativo de R2, optou-se por apresentar o
modelo de regressão.
O modelo foi significante para o teste F, ou seja, ao menos um dos coeficientes β
apresenta valor diferente de zero. Sendo assim, rejeita-se a hipótese de que todos os coeficientes
seriam iguais na tentativa de explicar o sentido de causalidade proposto para Equação (1).
A análise da Tabela 15 explica o modelo de regressão linear múltipla significativo para
variável dependente IFGF e demonstra os valores dos coeficientes, significância e colinearidade
para as variáveis independentes (CH, CE e CR).
Tabela 15 – Regressão linear múltipla a
Coeficientes de Regressão Significância Colinearidade
Variáveis Coeficiente Erro Padrão β T Significância Tolerância VIF
(Constante) 0,442 0,099 - 4,484 0,000* - -
CH 0,068 0,030 0,426 2,247 0,029** 0,468 2,137
CE -0,078 0,038 -0,570 -2,040 0,046** 0,215 4,649
CR 0,041 0,034 0,318 1,205 0,234 0,242 4,140
a. Variável dependente: IFGF
*(p<0,001)
**(p<0,05)
Fonte: Dados da pesquisa provenientes do SPSS (2015).
78
Ao se analisar os resultados constantes na Tabela 15, identifica-se que, aplicando o
diagnóstico VIF (Fator de Inflação de Variância), não há alta correlação entre as variáveis
independentes. Para todas as variáveis consideradas, nenhum dos valores de VIF ficou próximo
ou superior a 10, o que indicaria problemas a serem corrigidos pelo modelo (HAIR JR. et al.,
2009).
Ratifica-se que, do modelo inicial, nem todas as variáveis independentes foram
consideradas significativas. Verifica-se como estatisticamente insignificante ao modelo a
variável CR. Com significância maior que 1%, a variável apresenta-se alheia ao IFGF.
Em relação a variável CE, nota-se uma significância de 0,046, ou seja, menor do que
1%. Além do mais, apresenta o coeficiente de maior valor entre todas as variáveis, porém,
negativo em (-0,078), o que implica dizer que a variável CE influencia negativamente a variável
dependente IFGF. Nesse caso, de acordo com a análise de regressão linear múltipla, quanto
mais a organização pública investe em CE, menos o CE influencia no desempenho do IFGF.
Uma possível explicação para essa ocorrência, pode estar ligada ao fato de que investir
no capital estrutural das organizações públicas não necessariamente e por si só possa melhorar
o índice de gestão fiscal do município. É importante salientar que uma gestão fiscal se faz com
decisões, ações e atitudes humanas, as quais, valendo-se também das estruturas pertinentes e
das relações mantidas com o ambiente, requerem investimentos proporcionais e qualificados,
para, então sim, atuarem de forma significativa para o processo de gestão (MARTINS, 2007).
Neste caso, subentende-se que as ações determinantes e que poderiam influenciar no
desempenho do IFGF não partem somente das estruturas, ou seja, podem estar associadas às
decisões voltadas ao gerenciamento e ao equilíbrio das contas públicas, decisões humanas, com
caráter de gestão estratégica. Dessa forma, se essas decisões forem equivocadas e inadequadas
ao processo de gestão, supostamente, as estruturas em nada poderão melhorar o IFGF.
Subentende-se também que investimentos em tecnologia (CE), sem capacitação dos
servidores que fariam uso dessa nova estrutura, possivelmente resultaria em algo que não
produziria os efeitos desejados. Nesse caso, provavelmente, o CE estaria estabelecendo uma
relação negativa com o desempenho do IFGF, uma vez que investimentos isolados além de não
colaborar para uma gestão eficiente, podem também diminuir a liquidez (saída de caixa) para
pagamento do investimento e aumentar o custo da dívida (caso essa estrutura fosse financiada).
Cabe lembrar que a diminuição da liquidez e o aumento do custo da dívida são fatores que
interferem diretamente no desempenho do IFGF, influenciando negativamente a variável CE
sobre o desempenho do índice.
79
Além do mais, de acordo com Bontis (1998), Stewart (1998) e Rodrigues et al. (2009),
o CI forma-se a partir de um conjunto de recursos interligados e não isolados, para juntos
concentrarem esforços capazes de desenvolver significativamente uma organização.
Corroboram com esta prerrogativa Rodrigues et al. (2009), ao conceberem que o capital
intelectual é formado por um conjunto de dimensões ou elementos, cada um com suas
características e atribuições definidas, mas que juntos, representam um estoque organizacional
intangível de valor extraordinário às organizações.
Ainda de acordo com a Tabela 15, observa-se que o Capital Humano apresenta um
coeficiente de (0,068) e, portanto, também influencia a variável dependente IFGF. Entretanto,
ao contrário do CE, a dimensão humana, influencia positivamente para construção do índice.
No tocante ao CH, reforça-se sua necessidade em qualquer organização, isso porque, de acordo
com Wang e Chang (2005), Martins (2007) e Gamerschlag (2013), o capital humano é uma
mola propulsora em geração de conhecimento e valor para as organizações.
Desta forma, considerando que o IFGF é um índice de gestão fiscal, onde as decisões
de gestão estratégica influenciam diretamente para o valor do índice, há de se destacar o
entendimento de Carson et al. (2004) ao entenderem que, dentre os ativos intangíveis, o CH é
uma fonte inesgotável de capacidade, criatividade e conhecimento disponível à organização,
pressupostos estes capazes de tornarem-no o elemento mais importante do CI frente as ações
gerenciais.
Sendo assim, o CI explica em partes o desempenho de gestão mensurado pelo IFGF, ou
seja, devem existir outros fatores complementares que estão relacionados ao desempenho das
gestões públicas e que devem ser investigados também.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo investigou a representatividade das dimensões humana, estrutural e
relacional na composição do CI das organizações públicas municipais. Com base nos resultados
e respeitando as suas limitações, constatou-se a disposição de três dimensões explicativas para
o capital intelectual, dispostas na seguinte ordem de representatividade, segundo a percepção
dos respondentes: o Capital Relacional (CR), o Capital Estrutural (CE) e, por fim, o Capital
Humano (CH).
As variáveis com as melhores médias e o maior percentual de variância explicada
encontrados para este estudo pertencem ao CR. Esses resultados apontam-no como o
componente que mais se destaca no CI das organizações públicas conforme percepção dos
respondentes, e sugere que as atenções dessas organizações estão voltadas ao ambiente externo.
Seus esforços focam as relações com fornecedores, associações, conselhos, partidos políticos e
demais órgãos e entidades colaboradoras das organizações públicas.
Para que essas relações sejam mantidas de forma adequada, as organizações públicas
atentam para as condições estruturais, ou seja, compondo a segunda dimensão do CI, aparece o
CE. Destaca-se, nessa lógica, os sistemas de informação, as rotinas de trabalho e os processos,
como forma de se desenvolver os trabalhos técnicos e também colaborar para a transparência
das ações realizadas pelas administrações públicas. Nesse sentido, os servidores demonstraram,
por meio das médias verificadas em suas respostas, que há um mínimo de atendimento à
tecnologia, aos processos e à rotina de trabalho.
Compondo a terceira dimensão do CI, as variáveis do CH receberam as menores médias
de concordância e trouxeram à tona problemas relacionados ao envolvimento dos servidores
públicos com o processo de gestão. A pesquisa exibe um CH qualificado para as funções
técnicas (70,30% dos servidores técnicos são graduados e/ou pós-graduados), porém, na
percepção dos respondentes, não possuem o devido reconhecimento e respaldo das
administrações, mas, ressaltam de uma forma positiva o trabalho em equipe.
Ao abordar os indicadores que mensuram o desempenho da gestão pública, constataram-
se índices semelhantes entre os 56 municípios da amostra para o Idese, sendo que para a maioria
deles, os valores oscilaram entre 0,5000 a 0,848, ou seja, índices de alto e médio
desenvolvimento socioeconômico, de acordo com a última análise de desempenho realizada
para o ano de 2012 em todos os municípios do Estado do RS (FEE, 2015).
Quanto ao IFGF, caracteriza-se por ser um indicador da gestão fiscal dos municípios.
Nele, são consideradas as ações administrativas para melhorar a arrecadação própria do
81
município, os investimentos realizados, o controle do gasto com pessoal, o custo da dívida
pública e o equilíbrio financeiro (liquidez de caixa). Por sua abrangência, talvez este seja o
indicador mais completo para se mensurar o desempenho das gestões públicas municipais. No
Brasil todo, os índices revelados pelo IFGF apresentam-se demasiadamente baixos (conceitos
C e D), ou seja, mais de 80% dos municípios brasileiros apresentam problemas de gestão fiscal
(FIRJAN, 2015). Este estudo, porém, revela um quadro mais otimista em relação aos 56
municípios pesquisados, já que apenas 46,43% dos municípios se enquadram nos conceitos C
e D, os outros 53,57%, integram o conceito de boa gestão.
Ao considerar uma possível relação entre o capital intelectual e os indicadores de
desempenho socioeconômico e fiscal da gestão pública (IDESE e IFGF), respectivamente, os
resultados encontrados não estabeleceram relação do CI sobre o Idese. Entretanto, ainda que,
com baixo grau de ajuste, o CI mostrou-se significante em relação ao IFGF.
Cabe ressaltar que o IFGF é formado por cinco variáveis diretamente relacionadas às
decisões e ações internas protagonizadas pela administração pública, afetando diretamente a
gestão fiscal do município. Ainda que, com baixo grau de significância quanto a relação
existente entre CI e IFGF, há um prognóstico favorável de influência do CI sobre o índice,
abrindo um propósito para se repensar e otimizar o uso dos intangíveis nas organizações
públicas.
Em análise individual de cada dimensão do CI, verificou-se influência negativa da
dimensão CE sobre o IFGF. Uma possível explicação para este ocorrido, pode estar no fato que
estrutura não faz gestão, ou seja, por mais que se invista em tecnologia, processos e rotina de
trabalho, se as decisões de gestão fiscal forem equivocadas e inadequadas ao processo
administrativo, certamente, a estrutura existente não provocará melhoras no índice de gestão
fiscal, pelo contrário, quanto mais se investir em estruturas sem operadores capacitados, mais
se aumentará despesas, diminuirá a liquidez e afetará o custo da dívida, fazendo com que estes
fatores interfiram negativamente no valor do IFGF.
Quanto ao CR, tido como o principal formador do CI na percepção dos respondentes
das organizações públicas, verificou-se insignificante estatisticamente, para o desempenho da
gestão fiscal, o que supõem que bons relacionamentos são necessários e valiosos,
especialmente, para a imagem das organizações públicas, contudo, podem ser indiferentes à
gestão fiscal.
No entanto, o CH demonstrou-se estatisticamente significante sobre o desempenho do
IFGF. Isso permite afirmar que a gestão fiscal pode ser influenciada de uma forma positiva pelo
CH, ou seja, quanto maior o CH, melhor a gestão fiscal. Neste caso, aproximar os servidores
82
do processo de gestão poderia constituir em um meio para alavancar o desempenho das gestões
fiscais e colaborar com a melhora do IFGF.
Considerando a relevância de identificar variáveis críticas do capital intelectual,
observou-se uma associação ao CH. As variáveis com as menores médias atribuídas pelos
servidores públicos concentram-se propriamente na questão gerencial, ou seja, os respondentes
avaliaram que não são reconhecidos por suas capacidades e conhecimentos, entendem que são
dirigidos por pessoas despreparadas e sem liderança, que o trabalho em equipe não é
estimulado, nem reconhecido e que o investimento na capacitação (cursos e treinamentos) é
insuficiente.
Sendo assim, o CI das organizações públicas, na percepção dos respondentes, é
constituído pelo CR, em especial pelas relações mantidas com o ambiente externo, pelo CE,
mais especificamente no tocante à tecnologia, aos processos e à rotina de trabalho, e pelo CH,
no que diz respeito às capacidades dos servidores e do trabalho em equipe.
Entretanto, ao se analisar o CI e a sua relação com IFGF, constata-se que o CH é o único
fator que influencia positivamente para o desempenho da gestão fiscal. Todavia, não recebe o
devido respaldo das organizações públicas, nem reconhecimento por parte dos gestores.
Para finalizar, o estudo alerta os gestores públicos e a sociedade sobre como estão sendo
utilizados e geridos os recursos que formam o CI pertencentes às organizações públicas e à
disposição do cidadão contribuinte. Um patrimônio intelectual que pode contribuir tanto para o
desempenho das gestões, quanto para a prestação de serviços públicos mais eficientes e
eficazes.
5.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
O estudo do CI em organizações públicas de países emergentes é um tema pouco
explorado (DUMAY; GUTHRIE; PUNTILLO, 2015). Sendo assim, este trabalho contribui
com a comunidade cientifica estudando a composição do CI em nível de organização pública
municipal, de um país emergente. Além do mais, analisa uma possível relação entre o CI e o
principal indicador de desempenho da gestão fiscal pública (o IFGF), evidenciando que há
influência, especialmente do CH sobre o desempenho do índice.
Neste sentido, o estudo entende colaborar com a teoria científica, demonstrando por
meios estatísticos que o CI é um recurso estratégico e que poderá contribuir para com a gestão
das organizações públicas brasileiras. Entende também que poderá contribuir com estudos
83
futuros direcionados ao CI e as organizações públicas, de forma que, encontrem neste trabalho
subsídio suficiente para comparativos de pesquisa, bem como, fundamentação teórica
adequada.
5.2 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS
Com base nos resultados apurados, o estudo sugere um repensar quanto a utilização do
CI nas organizações públicas. Há a necessidade de um olhar mais profundo e atento dos gestores
e da sociedade sobre a forma como se utiliza e/ou se desperdiça os recursos provenientes do CI
nas organizações públicas.
Este estudo pressupõe que investir na valorização e otimização do CI nas organizações
públicas, mais especificamente, na dimensão do CH poderá ser um caminho produtivo para
melhorar o desempenho das gestões públicas no Brasil. Demonstra-se pela pesquisa, a
existência de um quadro técnico qualificado trabalhando nos setores públicos municipais.
Entretanto, as evidências do estudo sugerem que este quadro técnico não é reconhecido, nem
valorizado, quanto mais envolvido ao processo de gestão pública.
Além do mais, o estudo relata que as organizações públicas priorizam entre os recursos
intangíveis o CR e o CE, entretanto, estes, não são determinantes para o desempenho da gestão
fiscal. Entretanto, o CH, o menos valorizado entre as três dimensões do CI, demonstrou-se
significativo sobre o desempenho da gestão fiscal e, por este motivo, merece maior atenção dos
gestores públicos.
Contudo, é oportuno lembrar que as decisões de gestão pública possuem, na maioria das
vezes, cunho político e, desta forma, o conhecimento técnico administrativo dos servidores
torna-se subutilizado e secundário. Diante dessas informações, acredita-se que muitos ajustes
são necessários nas organizações públicas em relação a utilização do CI, especialmente, em
detrimento à dimensão do CH, que poderia contribuir em decisões gerenciais com capacidade
técnica e administrativa. Portanto, com o intuito de orientar os gestores públicos dispostos a
realizar gestões fiscais com melhor desempenho, entende-se necessário observar algumas
prerrogativas como sugestão prática da pesquisa, quais sejam:
1 – Conhecer e compreender o CI da organização pública que administra;
2 – Reconhecer no seu capital humano um recurso inesgotável de conhecimento, capacidades
e criatividade para o desenvolvimento de gestões eficientes e eficazes;
3 – Investir em capacitação e formação profissional do servidor;
84
4 – Valorizar e motivar o servidor público, integrando-o à gestão fiscal como um elemento
fundamental para o desempenho organizacional;
5 – Estimular e propiciar ambiente adequado para se desenvolver trabalho em grupo/em equipe,
de forma que o conhecimento seja disseminado e compartilhado no setor e entre setores; e
6 – Nomear chefias capacitadas e habilitadas para o exercício das funções técnicas exercidas.
Por fim, entende-se que uma organização pública com um CI integrado, onde o CH seja
valorizado, motivado e treinado, que possua uma estrutura capaz de dar suporte às ações
humanas e que mantenha boas relações interinstitucionais, certamente, poderá influenciar
significativamente, o desempenho da gestão pública brasileira.
5.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Por mais rigorosas que as pesquisas científicas possam ser e por mais amplas que
pareçam, podem apresentar limitações. Considerando este um passo importante para
desencadear novos estudos relacionados ao CI das organizações públicas, a seguir, expõem-se
as limitações para sua realização e são feitas sugestões para estudos futuros.
Um dos limitantes deste estudo foi abordar somente a percepção dos colaboradores
organizacionais (servidores públicos efetivos e técnicos), ou seja, a pesquisa não foi validada
com agentes externos e possíveis influenciadores da gestão pública, como, por exemplo,
fornecedores, empresas privadas, profissionais liberais e contribuintes. Outra ressalva é a de
que a pesquisa se limitou a analisar a percepção dos colaboradores mais próximos tecnicamente
a administração municipal, não abrangendo os demais servidores públicos lotados em
secretarias como a da saúde, da educação, da assistência social, dentre outras.
Outro limitador desta pesquisa concentra-se na amostra, ou seja, os municípios
pertencem ao Estado com a terceira melhor média em gestão fiscal no Brasil. Embora dados da
Firjan (2015) apontem 60% dos municípios rio-grandenses apresentando gestões com conceitos
C e D, é no RS também que se encontram dois dos dezoito municípios brasileiros com gestão
excelente, conceito A (FIRJAN, 2015). Esta pesquisa demonstrou baixa variabilidade nos
índices de gestão, tanto do Idese, quanto do IFGF, o que pode ter dificultado a análise das
relações propostas. Ainda em relação aos Indicadores, foi somente testado um ano, e não
efetuando uma análise temporal, nem a comparação de diferentes períodos de gestão.
Considerando que o CI explica em partes esta pesquisa, supõem-se que há outros
componentes e outras influências interferindo na gestão pública além do CI. Sendo assim,
85
sugere-se aplicar esta pesquisa em outras regiões e estados para que se possa realizar
comparativos.
Evidências desta pesquisa sugerem que as gestões são, em sua maioria, políticas e não
técnicas. Este estudo buscou a percepção técnica dos servidores públicos, contudo, sugere-se
também conhecer a percepção dos gestores públicos quanto ao CI que gerenciam, para, em uma
análise mais profunda, confrontar ambas as percepções a respeito do CI das organizações
públicas.
86
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Financiera y Contabilidad, Universidad de Granada, Melilla, 2011.
98
APÊNDICE A
PESQUISA
O CAPITAL INTELECTUAL DAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS
Prezado (a) participante!
Esta pesquisa visa analisar o capital intelectual e a sua influência na gestão pública. Portanto, responda com muita
atenção e complete todos os itens do questionário.
Salientamos que as suas respostas são extremamente importantes e estritamente confidenciais, destinando-se
exclusivamente ao estudo científico.
Com relação a sua organização pública, responda a cada questão do quadro abaixo, assinalando com um (X) o
número de 1 a 7 que melhor expresse sua opinião, sendo que: 1 representa Discordo totalmente e 7 Concordo totalmente.
BLOCO 01 – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
Discordo
Totalmente
Concordo
Totalmente
01 O nível de treinamento oferecido pela sua organização pública é
adequado para o desempenho das suas funções. 1 2 3 4 5 6 7
02 Na organização pública em que você trabalha, o conhecimento é
compartilhado. 1 2 3 4 5 6 7
03 A organização pública em que você trabalha reconhece o conhecimento
técnico dos seus servidores. 1 2 3 4 5 6 7
04 Os cargos de chefia da sua organização pública são ocupados por
pessoas com conhecimento na área em que atuam. 1 2 3 4 5 6 7
05 As habilidades dos servidores são usadas para melhorar a qualidade dos
serviços públicos da sua organização. 1 2 3 4 5 6 7
06 Os servidores da organização pública em que você trabalha
desempenham suas tarefas com dedicação. 1 2 3 4 5 6 7
07 Os servidores da sua organização pública são considerados inteligentes e
criativos. 1 2 3 4 5 6 7
08 As equipes de trabalho da sua organização pública são competentes. 1 2 3 4 5 6 7
09 As equipes de trabalho da sua organização pública estão aptas para
realizar suas funções. 1 2 3 4 5 6 7
10 A sua organização pública valoriza mais o trabalho em equipe ao
individual. 1 2 3 4 5 6 7
11 A qualidade do serviço público da sua organização depende da presença
de uma boa liderança. 1 2 3 4 5 6 7
12 A estrutura oferecida pela organização pública em que você trabalha é
adequada para prestar serviços de qualidade ao cidadão. 1 2 3 4 5 6 7
13 Os relatórios gerados pelos programas de software da sua organização
pública correspondem às necessidades do seu trabalho. 1 2 3 4 5 6 7
14 O sistema de informação disponibilizado pela organização pública em
que você trabalha é de fácil acesso à população em geral. 1 2 3 4 5 6 7
15 A sua organização pública tem demonstrado qualidade nos serviços
prestados. 1 2 3 4 5 6 7
16 Os trâmites dos processos da sua organização pública são
desempenhados de forma satisfatória. 1 2 3 4 5 6 7
17 As novas ideias geradas na organização pública em que você trabalha
são implementadas. 1 2 3 4 5 6 7
18 As rotinas de trabalho da sua organização pública estão disponíveis para
toda a equipe. 1 2 3 4 5 6 7
19 As pessoas que ocupam cargos de chefia na sua organização pública
buscam melhorar a qualidade das rotinas de trabalho. 1 2 3 4 5 6 7
Continua
99
20 A organização pública em que você trabalha se comunica de forma
adequada com a sociedade. 1 2 3 4 5 6 7
BLOCO 2 – INFORMAÇÕES GERAIS
1. Preencha os dados abaixo:
a) Número de habitantes do seu Município_______________________________
b) Tempo de atuação na organização pública (anos) ________________________
c) Setor que trabalha na organização pública______________________________
d) Idade_____________
e) Sexo: M ( ) F ( )
f) Grau de escolaridade:
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino Médio
( ) Ensino Técnico
(. ) Ensino Superior em___________________________
( ) Pós-Graduação em__________________________
Muito obrigado pela sua atenção!
Caso seja de seu interesse contatar a respeito desta pesquisa, poderá fazê-lo diretamente pelo e-mail:
angela.bonemberger@imed.edu.br ou, pelo fone: (54) 9162-1771.
Cumprimentos,
Angela Maria Ortolan Bonemberger
Mestranda – PPGA – IMED
Dr. Vitor Francisco Dalla Corte
Professor – PPGA – IMED
21 É satisfatório o relacionamento entre a sua organização pública e a
sociedade. 1 2 3 4 5 6 7
22 A sua organização pública está preocupada com a imagem transmitida à
sociedade. 1 2 3 4 5 6 7
23 A organização pública em que você trabalha trata de forma igualitária
os seus fornecedores. 1 2 3 4 5 6 7
24 Há relação de confiança entre a sua organização pública e os
fornecedores. 1 2 3 4 5 6 7
25 A participação dos Conselhos, Associações e demais entidades
municipais é importante para o processo de gestão pública. 1 2 3 4 5 6 7
26 A terceirização colabora para melhorar a qualidade dos serviços
públicos. 1 2 3 4 5 6 7
27 A sua organização pública tem objetivos claros e metas definidas. 1 2 3 4 5 6 7
28 A organização pública em que você trabalha mantém um setor de
planejamento atuante. 1 2 3 4 5 6 7
29 As decisões tomadas pela sua organização pública visam o bem-estar
social. 1 2 3 4 5 6 7
30 A organização pública em que você trabalha se distancia com
frequência do seu planejamento inicial. 1 2 3 4 5 6 7
100
APÊNDICE B
Análise Fatorial Exploratória – Rotação Varimax
Variável Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
CH1 0,170 0,569 0,468 0,182
CH2 0,119 0,609 0,204 0,371 0,114
CH3 0,218 0,731 0,103 0,286 0,103
CH4 0,313 0,705 0,279
CH5 0,298 0,616 0,367 0,156
CH6 0,119 0,821 0,124 0,105
CH7 0,172 0,211 0,775 0,170
CH8 0,280 0,271 0,765 0,126
CH9 0,246 0,316 0,701 0,250
CH10 0,334 0,535 0,320 0,202 0,109
CH11 0,359 0,227 -0,126 0,498
CE12 0,290 0,292 0,141 0,585
CE13 0,184 0,141 0,189 0,773
CE14 0,291 0,212 0,161 0,693
CE15 0,502 0,321 0,344 0,474
CE16 0,400 0,337 0,349 0,499 -0,191
CE17 0,405 0,504 0,210 0,388
CE18 0,344 0,492 0,253 0,338
CE19 0,461 0,577 0,344 0,113
CR20 0,591 0,359 0,256 0,396
CR21 0,660 0,278 0,235 0,382
CR22 0,651 0,187 0,232 0,223
CR23 0,702 0,238 0,154 0,214
CR24 0,716 0,140 0,193 0,281 0,104
CR25 0,583 0,122 0,209
CR27 0,619 0,466 0,171 0,277
CR28 0,538 0,416 0,281 0,197
CR29 0,672 0,322 0,200 0,291
CR30 0,835
a. Método de Extração: Análise de Componentes Principais
b. Método de Rotação: Varimax com Normalização Kaiser
c. Valores em destaque: Variáveis utilizadas na análise fatorial descritiva
Fonte: Elaborao pela autora apartir dos dados coletados (2015).
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