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JANEIRO / 80 - MO 44 ■^■■■^^^HHBi^HHi
Posseiros de Dois Vizinhos
garantem a posse da terra na revolta de 1.957
C A M B (} T A Pãg. I
P_R_A LW.LÇ-L0===Li===Ç=OXL™6
?979 íeAfli-cnou...
Um ano de Ktotízaçõdò?
Um ano de eipe-^ança? EòpeAança 2jn diaò rmlhoA.e.A, m me.thoA.io
colkoJjtaA, macò òaádz, maÁj, paz, maíò domputanòao, maÁJ, faria-
toAnldadz, maÃA &otídaAÁ.zdadz, majj, colaboração?...
Q.aan-to dÍAòo tudo co»tóegttcmo4 fizaLiza/i"?
Um ano de experiência...
Ta£uez inuXto4 ^«^04 de outnüi, anoò 4e repe^ÓYam.
Ta£uez maitoò faatoò novoò acoRÍeceram.
Maó o que .òe aprendeu em -tudo iAto?
No que. deÁxmoò de crescer para uma u^ião noua da u^cda?
Wo que mudamo* em no-ò-óa ^o-^ma de ag-Oi?
06 fiatoò acontecídoò mexeram em que paAte de noòia vida?
T9S0 eòtá ai...
Um ano - jã. dentfio de nõò, no ^on^io de gAandeò xealÁza^õzòl
Um ano todo esperança? Esperança no que? Esperança em quem?
A experiência de noòòa vida jã noA ciLòòe que. no-i-òa esperan-
ça e noMos IdeaÁJí não -òe reaüzam apenas com a ^orça de ca-
da um.
Aó QUandeò vitõsilaA que desejamos são conseguidas com a soma
das forças de iodos. A união de iodos, nos grupos, nas comu-
nidades, nos sindicaios, nas cooperaüuas
Um ana em que o -trabalhador uai ^aiar mais seus uaioreó,
seus problemas, suas idéias?
Um ano em que o irabaêhador vai decidia mais sobre aquilo
tudo que se £iga ã uida sua e dos companheiros?
Wossos voios de que òeja UM AWO CAPAZ PE FAZER TOPOS OS TRA- BALHADORES MAIS FORTES WA CAMIWHAPA:
CAMBOTA E AGRICULTURA Pig. 3
MANlFESTO_AGRONÕMICO_DE_CyRIIIBA
Os engenheiros agrônomos do Brasil, reunidos em Curitiba,
no XI Congresso Brasileiro de Agronomia, analisaram e discutiram
os mais profundos aspectos da agricultura do paTs e, diante da
importância da participação da categoria-no desenvolvimento do
setor agropecuário, em benefício de toda a sociedade, como clas-
se organizada e dentro desta realidade, traduzem neste documen-
to a seguinte posição:
1 - Conscientes de que o crescimento brasileiro, nas úl-
timas décadas, teve como ponto básico sua dependência no capital
externo;
2 - Conscientes de que essa busca incessante de capitais
externos trouxe consigo não apenas padrões tecnológicos que não
se enquadram dentro de nossas necessidades, mas também mecanismos
de controle social para garantir seus riscos;
3 - Conscientes de que a tecnologia agrícola imposta, a-
lem de não considerar a nossa realidade agrária, trouxe consigo,
através do uso intensivo de insumos modernos, distorções tais '
como destruição do solo, do meio ambiente e marginalização do
trabalhador rural;
4 - Conscientes da ação do modelo centralizador e concen
trador também no meio rural, onde uma minoria privilegiada - gran
de parte estrangeira - detém extensas áreas improdutivas, enquan-
to uma maioria efetiva trabalha a terra;
CAMBOTA E AGRICULTURA Pag. 4
MANIFESTO AGRONÔMICO DE CURITIBA (Cont1nuaçã~
5 - Conscientes de que, a cada plano bombástico, novos
pequenos produtores rurais são obrigados a deixar suas proprie
dades e engrossar o n9 de bõias-frias e de habitantes das gran-
des cidades, sem meios para viverem decentemente;
6 - Conscientes de que não serão planos imediatistas e
paliativos que resolverão a situação;
7 - Conscientes do conteúdo do Estatuto da Terra, lei
brasileira nunca cumprida;
8 - Conscientes de que a política educacional, elabora-
da em gabinete, desvinculada das nossas necessidades agrícolas,
imposta sem consulta ã classe agronômica e ã população em geral,
vem trazendo grandes prejuizos a nação;
9 - Conscientes de que a formação dos responsáveis pela
atividade agrícola torna-se, a cada dia, mais técnica e menos '
crítica, abandona as perspectivas de análise global da profissão,
mais condizentes com a realidade brasileira, e se aprofunda em
aspectos científicos e técnicos, desvinculados das nossas neces-
sidades ;
10 - Conscientes de que a pulverização da profissão tem '
ainda, como conseqüência o agravamento da jã problemática eliU
zação e má qualidade do ensino.
CAMBOTA E AGRICULTURA Pag.
MANIFESTO AGRONÔMICO DE CURITIBA (Continuação)
MANIFESTAM NESTE DOCUMENTO A SEGUINTE POSIÇÃO:
. Que os instrumentos de política agrícola sejam desenvolvidos
e empregados levando-se em conta a verdadeira realidade brasi
leira;
. Que seja implantada no paTs a Reforma Agraria concreta, efeti
va e imediata;
. Contra a pulverização profissional;
. Contra a má qualidade do ensino agronômico;
. Contra a proliferação indiscriminada das faculdades de agro-
nomi a;
. Pela gratuidade do ensino agrícola em todos os níveis.
FINALMENTE, conscientes de que, somente com a mobiliza-
ção em massa dos engenheiros agrônomos e da sociedade em geral,
conseguiremos atingir este e outros objetivos propostos e apro
vados neste XI CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRONOMIA:
Conclmmoò cada companh.ZyiK.0, uiudantí ou EngenhexAo,
a IzvaA a4 pKopo&taA aqui dtòcutidai, aoò maio dlv&fuo* pontoò
do PCUA e que todoò, de faonma unLiéona, contníbuam paAa que.
òe. alcance um desenvolvimento que dê eci^aóe não apenas ao-ó aó-
pectoò econômico*, maÁ, òobfietudo, que valohJize lealmente o que
e no06 o, o homem bsiaòiJLcisLO.
(fofinecido pelo Núcleo doò EngenheÃAoò Ag/iônomos do Sudoeste).
C A M B O T A INFORMA Pag. 6
No dia 16 de janeiro, a Assesoar realizará sua
Assembléia Geral Ordinária.
Assunto; - Aprovação das contas de 19 79
- Aprovação do Plano de Trabalho de
1980
- Aprovação do orçamento de 1980
- Eleição da nova Direção da Assesoar
HORA; A assembléia terá início às 9,00 horas.
Local; Na sede da Assesoar. Av. Gal Osório,500
Francisco Beltrão.
Participantes: Todos os associados da Assesoar.
Amigo associado, compareça.
Sua presença fará a Assesoar sempre mais forte.
C A M B O T A INFORMA Pag. 7
Amigo agricultor, não se demore em renovar sua
anuidade. Se ainda não preencheu a ficha de associa-
do, faça ainda hoje.
Basta você, e os demais participantes de seu
grupo, preencherem a ficha que receberem no Cambota
de dezembro. Recolham o suficiente para dar um total
de CR$ 100,00. Mandem a ficha preenchida e os CR$
100,00 para a Assesoar.
Com isto, além de você se tornar associado da
Assesoar, com os direitos que ela lhe garante, seu
grupo receberá um exemplar do CAMBOTA cada mês de
1980.
Se você renovar logo a anuidade, receberá to-
dos os Cambotas de 1980. Por isto não perca tempo,
do contrário o Cambota não irá mais para o seu gru-
po.
CAMBOTA E OS ASSOCIADOS DA ASSESOAR Pag. 8
D_I_R E I_T 0_S D_0 S ASSOCIADOS
Os Associados Fundadores e Ativos da Assesoar
gozam dos seguintes direitos:
- Gozar das vantagens e benefícios enumerados
no primeiro capítulo dos Estatutos;
- Votar e decidir nas Assembléias Gerais Or-
dinárias e Extraordinárias;
- Ser eleito para qualquer cargo de Direção da
Assesoar;
- Apresentar novos associados:
- Receber o Boletim CAMBOTA;
- Receber desconto de 10% nas análises de so-
lo feitas no Laboratório da Assesoar.
CAMBOTA E SAPPE Pag. 9
Q===JLi=SJLQ (Erva-Picão, Cuambu)
ê uma erva muito comum entre nós. Os lavradores a detes
ta, por ser um inço e pelo fato de se prenderem na roupa os
chamados "picaos".
Porém, esta erva tem grandes valores medicinais:
Paiz A receita de raiz é muito conhecida como remácio
curativo da icterícia (amarelão). Outros usam 5 gotas da tintu
ra feita da semente de picão, dadas de 3 em 3 horas em uma co-
lher de água.
0 dia da planta toda tem seu valor e eficácia em to-
dos os males do estômago, dos intestinos. Serve como desobstru
ente do fígado, eólicas, gazes. Combate qualquer tipo de febre
Tem um valor especial para combater as dores reumâticas, palpi
tações, do coração e vertigens. Os diabéticos têm nele um re-
médio útil, bem como os que precisam despachar mais urina.
0 suco das folhas ou o cozimento das sementes ou de,
toda a planta, bem coado, é de grande valor para lavar as vis
tas inflamadas, ülceras crônicas e feridas em geral.
Quando sofrer algum mal de estômago ou sofrer de fíga-
do ou de icterícia, tome um chã bem quentinho de picão e cons
tatarã o valor desta erva, que Deus deixou também para o nos-
so bem.
Dose boa para um tratamento: usar 20 gramas de erva ver
de em um litro de ãgua e tomâ-lo todo durante um dia.
CAMBOTA INFORMA Pag- 10
"Não é por nada não, mas essa é de amargar. Gente
vendida como gado ê de cortar o coração. Muitos nem sabem que
foram vendidos como simples mercadoria,. Não ê no Acre não, ê
em Machado, no sul de Minas Gerais, a 8 horas de viagem do '
Rio.
A família dos boias-frias é vendida a Cr$ 1 mil e cr$
500,00 a cabeça pelos corretores de gente aos fazendeiros da
região. O próprio prefeito da cidade, o fazendeiro Carlos Al-
berto Pereira Dias, do MDB, disse, em seu gabinete, que com-
prou algumas unidades dos 60 homens que trabalham na colheita
do seu café.
E, por incrível que pareça, nessa cidadezinha, bonita
como toda cidadezinha do interior, com a prefeitura e o fórum
no mesmo prédio, além do trafego de escravos morrem por ano
2S% das crianças, de fome mesmo.
São aproximadamente 3 mil boias-frias que estão em
Machado, vindos do Paraná, onde a geada de 1975 e a mecaniza-
ção da lavoura obrigou-os a emigrarem para outros lugares. E
por causa do café, o sul de Minas foi escolhido.
Em junho, no início da colheita, cada motorista de
carreta cobrava cr$ 8 mil para buscar gente no Paraná para
os fazendeiros e, quando chegava na cidade, vendia o pessoal
para os cafeicultores, a fim de suavizar os gastos de gasoli-
na e de conservação do caminhão...
CAMBOTA INFORMA pgg. H
\M trabalhador, que veio do Paraná fala de sua
situação e dos demais bóias-frias:
"Eu òõ vnjo o Gov&ino ajadaA. o fUco. 0 pobuo. que. òe. dam, òO
moA noò que. dmoò eAòa dinheÁ.fima pfioò ^azendeÃAoò. EleÁ Ae.
imne.m tudo e. iazm o pieço que. quzuem. E A Qe.Yvte. ^Icxi com
a baAAlga na m-Lse/Ua. EleA dizem que. a ge.nte. ganha um (LinheJ.
lao na colkeÃXa. No mãxÃmo quz a gente tiAa e anó 20 mil c/ai
zeÃ.Koò. E agona, o tteAto doò oÁXo me^eó, vamoò ví.veA do
que.?"
A opinião do Prefeito da cidade representa o '
pensamento das autoridades quanto ã situação dos trabalhado-
res rurais em todo o Brasil:
" Esse povo vive que nem bicho. Ê o refugo do Paraná. Se e-
les fossem bons arranjavam emprego por lã mesmo. Eu sei do
problema social,, mas o governo devia dar ao fazendeiro con-
dições de construir casas dentro de suas fazendas para aju-
dar esse pessoal. A situação ê grave. Eu mesmo comprei mui-
tos bóias-frias.
Comprei gente como se fosse gadoJ isso mesmo. A família va-
le 1 mil cruzeiros e a unidade custa SOO cruzeiros. São '
vendidos pelos corretores de gente. Nos estávamos em falta
de mão-de-obra para a colheita do café e os "Gatos" sabendo
disso iam ao Paraná, onde o café acabou, e traziam nos cami_
nhões os bóias-frias que eram oferecidos nas fazendas a
esses preços".
(Tim Lopes, do Jornal REPORTE, Rio de Janeiro e publicado no Boletim da CPT)
E VOCÊ O QUE PENSA DISSO TUDO?
C A M B O T A O S JOVENS Pág. 12
A Maristela escreveu para o CAMBOTA pedindo que eu contas- se como é a minha pensão.
Aqui na pensio da R. Augusto, em Curitiba, somos 12 rapa- zes. Nos primeiros dias eu pensava serem apenas um bando de idio tas que passam as noites e dias livres, como boneguinhos que so sabem ver televisio. Errei e devo pedir perdio a todos eles. Vi- vendo e aprendendo.
São Jovens que vieram do interior, da roça ou de cidadezi nhas, que nada têm a ver com esta monstruosa de 1 milhão e 500 T
mi 1 habi tantes.
Todos achavam que aqui seria tudo fácil e lindo. Era che- gar e ser feliz. Viver no conforto, com sombra e água fresca.
Minha desilusão começou quando o Paulo pediu 20 cruzeiros para comer alguma coisa no enorme domingo, dia chato e triste , pois a pensão não dá refeições.
0 Ademir, nortista, foi mandado embora pois já faziam 2 dias que vencera o prazo e ele não conseguia tutu para o novo ' mis.
0 Cezar é vendedor ambulante e nos dias que chove, como ' não pode sair para trabalhar, passa sem comer, deitado em sua cama. Chora horas e horas.
0 Sérgio é servente em construções. Sai às 5 horas da ma- nhã e volta ãs 7 horas da noite. Passa o dia com um ou dois san- duíches que compra fiado no barzinho da frente.
Os outros, somos todos nós, que enfrentamos os ônibus, o risco de morrermos debaixo de um carro, o risco de sermos assal- tados, o barulho, a insônia, e a agonia de perdermos o emprego e não termos outro tão logo.
Por outro lado, existem os filhinhos de ricos,que morrem drogados, em acidentes de moto, em batidas de carros, em quadras de jogos. Tudo é morte, dia e noite.
Tenho dito que todas as pensões do mundo são iguais. EKíS tem algumas melhores, mas, no geral, são todas a mesma penúriaT o mesmo sub-mundo. Estamos nela por não ter dinheiro para ter a nossa casa, porque a sociedade explora os que trabalham e não per mi te que a gente melhore de vida.
Por hoje é só. Um dia contarei para vocês como ê a situa- ção das moças que vem do interior. Um abraço.
- Ita -
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