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Autores: Benedicta Duque Vieira, Clarisse Mendes, Maria Eugénia Neves. Conceção e elaboração: Universidade de Aveiro. / Coordenação geral do Projeto: Isabel P. Martins e Ângelo Ferreira. / Cooperação entre o Ministério da Educação de Timor-Leste, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Universidade de Aveiro. / Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa.
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República Democrá ca de Timor-LesteMinistério da Educação
Guia do ProfessorHISTÓRIA12. ano de escolaridade
Projeto - Reestruturação Curricular do Ensino Secundário Geral em Timor-Leste
Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Instituto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro
Financiamento do Fundo da Língua Portuguesa
Guia do ProfessorHISTÓRIA12.o ano de escolaridade
Este guia de professor é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua utilização para fins comerciais.
Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações. Caso tenha sido inadvertidamente esquecido o pedido de autorização de uso de algum material protegido por copyright, agradece-se que seja comunicado, a fim de serem tomadas as providências adequadas.
TítuloHistória - Guia do Professor
Ano de escolaridade12.o Ano
AutorasBenedicta Duque VieiraClarisse MendesMaria Eugénia Neves
Coordenador de disciplinaManuel Ferreira Rodrigues
Consultor científicoJosé Mattoso
Colaboração das equipas técnicas timorenses da disciplina Este guia foi elaborado com a colaboração de equipas técnicas timorenses da disciplina,sob a supervisão do Ministério da Educação de Timor-Leste.
IlustraçãoJoana SantosMariana Rei
Design e PaginaçãoEsfera Crítica Unipessoal, Lda.Mariana Rei
1ª Edição
Conceção e elaboraçãoUniversidade de Aveiro
Coordenação geral do ProjetoIsabel P. MartinsÂngelo Ferreira
Ministério da Educação de Timor-Leste
2014
ISBN978 - 989 - 753 - 128 - 6
Impressão e AcabamentoCreativa Design Consultant, Lda.
Tiragem300 exemplares
3
Índice
5
5
6
6
8
8121315161719212323
23
1.1. Objectivos
1.2. Estrutura
2.1. Finalidades
2.2. Competências a desenvolver pelos alunos
4. 1. Recursos e atividades
4.1.1. Documentos escritos - o texto 4.1.2. Documentos iconográficos 4.1.3. Elementos estatísticos 4.1.4. Mapas históricos 4.1.5. Cronologias 4.1.6. História oral 4.1.7. A utilização da Web 4.1.8. Debate 4.1.9. Biografias4.1.10. Trabalhos de síntese
4.2. Avaliação
APRESENTAÇÃO
FINALIDADES E COMPETÊNCIAS
MANUAL DO ALUNO DO 12.º ANO - PÁGINA DE APRESENTAÇÃO
ORIENTAÇÃO METODOLÓGICA GERAL
1
2
3
4
4
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA – EXPLORAÇÃO DAS UNIDADES TEMÁTICAS
BIBLIOGRAFIA E OUTROS RECURSOS
5.1. Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial
5.1.1. Subtema 1 – A reconstrução num mundo dividido5.1.2. Subtema 2 – A ascensão do “Terceiro Mundo” e o despertar da consciência mundial5.1.3. Subtema 3 – Timor Leste de 1945 aos inícios da década de 1970
5.2. Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX
5.2.1. Subtema 1 – Reconfiguração da cena internacional5.2.2. Subtema 2 – Áreas de conflito e novos pólos de equilíbrio5.2.3. Subtema 3 – A civilização do século XX5.2.4. Subtema 4 – Timor-Leste: A viragem de 1974; os anos de 1975 a 1999
5.3. Unidade Temática 9 – Timor-Leste no limiar do novo milénio
5.3.1. Subtema 1 – A formação do Estado. A opção constitucional5.3.2. Subtema 2 – Unidade e desafios transnacionais
5.4. Cronologias de apoio
5.4.1. Unidade Temática 75.4.2. Unidade Temática 8 5.4.3. Unidade Temática 9
6.1. Ensino/Aprendizagem
6.2. Atlas e cronologias
6.3. Dicionários
6.4. Obras de Caráter Geral
6.5. Obras sobre Timor
6.6. Endereços de Museus e de Projetos de índole cultural
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2833
40
51
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8993
97
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107
108
108
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5
6
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1.1. Objetivos
O Guia do Professor tem como primeiro objetivo
constituir um apoio à transposição, para a sala da aula,
daquilo que o Programa prescreve nos domínios das
metodologias, dos conteúdos científicos e da avaliação
das aprendizagens efetuadas, tendo em conta as Fina-
lidades e as Competências estabelecidas.
Como segundo objetivo, o Guia pretende acompa-
nhar o Professor, sugerindo formas de exploração dos
recur sos apresentados no Manual do Aluno, para cada
uma das Unidades Temáticas do Programa.
1.2. Estrutura
Em função dos objetivos indicados, o Guia do Pro-
fessor apresenta a seguinte estrutura.
Primeiramente, transcreve-se o enunciado de Finali-
dades e de Competências estabelecidas no Programa.
Com efeito, esse enunciado deve ser a principal orien-
tação do ensino, uma vez que indica o contributo da
disciplina de História para a formação do aluno.
Seguidamente, o Guia transcreve a página de apre-
sentação do Manual do Aluno. Com ela pretende-se
eviden ciar os recursos que o Manual apresenta: do-
cumentos para exploração na sala de aula, em diver-
sas modalida des de trabalho; propostas de atividades,
em articulação com os documentos; texto explicativo,
essencialmen te concebido para apoiar o aluno no seu
estudo para consolidação das aprendizagens; notas
esclarecedoras de termos e noções introduzidos no
texto explicativo; glossário final, relativo aos conceitos
indicados no Programa, em cada Unidade Temática, e
integrados no texto do Manual.
Uma terceira secção do Guia centra-se em aspetos
gerais de metodologia. Esta secção inclui: orientações
metodológicas de base que devem guiar a didática da
disciplina, tendo em conta a especificidade da sua fun-
ção formativa; exemplos práticos, concretizando as
orientações apresentadas; indicações sobre os preceitos
e instru mentos de avaliação considerados oportunos.
A última secção contém sugestões práticas de ope-
racionalização do Programa, relativamente à explora-
ção das Unidades Temáticas que o constituem. Para
cada Unidade Temática, o Guia apresenta:
• a indicação do número de tempos letivos previs-
tos para a lecionação de cada Subtema;
• um texto introdutório explicativo das opções em
que se baseou a seleção de conteúdos da Unidade;
• o enunciado das Metas de Aprendizagem, por
Subtema;
• sugestões de Atividades de Aprendizagem, cor-
respondentes às rubricas e aos conceitos essen-
ciais de cada Subtema.
Apresentação
6
2.1. Finalidades
Pretende-se que os alunos possam:
• Aprofundar o conhecimento das fases essenciais
da história de Timor-Leste, em articulação com
outros espa ços civilizacionais, consciencializando
relações entre o passado e o presente.
• Compreender as interações entre os diversos cam-
pos da História – económico, social, político, ins-
titucional, cultural e de mentalidades – e entre a
multiplicidade de fatores que condicionam a evo-
lução das sociedades.
• Desenvolver capacidades de investigação do pas-
sado e de crítica a interpretações já formuladas.
• Desenvolver, no estudo de sociedades historica-
mente situadas, a sensibilidade estética e um sis-
tema de valo res democráticos aberto à diversida-
de cultural.
• Desenvolver capacidades de reflexão e de juízo
crítico, favoráveis à construção da autonomia pes-
soal e de respostas fundamentadas aos desafios
de Timor-Leste.
2.2. Competências a desenvolver pelos alunos
Competências gerais transversais
Pretende-se que os alunos sejam capazes de:
• Pesquisar e selecionar, em diversos suportes, in-
formação relevante para temas em estudo.
• Organizar, segundo critérios de pertinência, a in-
formação selecionada.
• Utilizar, com sentido crítico e como instrumento
de trabalho, tecnologias de informação e comuni-
cação.
• Elaborar sínteses, comunicando com correção, oral-
mente e por escrito.
• Participar em trabalhos de equipa, fundamentan-
do as suas opiniões e respeitando as dos outros.
Competências específicas
Pretende-se que os alunos sejam capazes de:
• Analisar documentos de natureza diversa, inter-
pretando-os e extraindo conclusões.
• Situar, cronológica e espacialmente, eventos e pro-
cessos da história de Timor-Leste e de outros povos
e civili zações, relacionando-os com os contextos
em que ocorreram.
• Identificar a diversidade de fatores condicionantes
de acontecimentos circunscritos no tempo e no
espaço.
• Identificar, nos processos históricos, a importância
da ação dos indivíduos e dos grupos.
• Distinguir, na dinâmica histórica, mudanças, per-
manências e ritmos de desenvolvimento.
• Aplicar adequadamente conceitos e vocabulário
específicos da História.
• Identificar diferentes interpretações do processo
histórico, questionando a sua validade face aos
instrumen tos disponíveis.
• Utilizar o conhecimento histórico e a compreen-
são histórica para intervir na resolução de proble-
mas da comunidade.
Finalidades e Competências
7
Manual do Aluno do 12.º ano - página de apresentação
O Manual é constituído pelas três Unidades Temáticas
do Programa do 12º ano.
Cada Unidade Temática divide-se em Subtemas.
Cada Subtema é iniciado por uma dupla página, onde
constam:
Cada página contém:
No final do Manual, encontram-se um planisfério físico
e um planisfério político.
uma barra cronológica correspondente ao período estudado
as Metas de Aprendizagem,orientadoras do estudo
na parte superior ou nas margens,documentos
na margem, sugestões de atividades e pequenas notas que explicam palavras assinaladas a negrito
na parte inferior, o texto explicativo, que tem por finalidade o estudo extra-aula e a consequente consolidação das aprendizagens.
palavras assinaladas com cor;remetem para o glossário,no final do Manual
pancasila
8
Orientação metodológica geral
As orientações metodológicas que a seguir se apre-
sentam respeitam a um trabalho a desenvolver ao lon-
go de todo o ciclo de estudos, já iniciado nos Guias dos
10.º e 11.º anos. O professor aplicará, no 12. º ano, os
aspetos que considere mais adequados às característi-
cas dos alunos.
As fontes históricas
O trabalho com as fontes históricas proporciona ao
aluno um contacto mais direto com os testemunhos
do passado. Progressivamente, a interpretação de pe-
quenos documentos, de tipos diversos, sempre refe-
ridos a situações localizadas no tempo e no espaço e
articulados com outros, permite que a construção do
conhecimento histórico seja, cada vez mais, obra sua.
Para que isto aconteça, os documentos apresenta-
dos no Manual, no cimo ou na margem da página a
fim de serem trabalha dos facilmente, não podem ser
encarados como mera ilustração. Todos eles têm uma
razão de estar e a sua inter pretação cuidada é o ca-
minho para um trabalho posterior, mais exigente, de
análise ou de comentário de fontes.
Nesse processo, é fundamental a ação do professor.
Esta ação desenvolve-se em três vertentes: auxiliar
a interrogação e interpretação das fontes; comple-
mentar a informação, tendo em vista a aquisição de
conheci mentos; promover sínteses que consolidem a
compreensão dos assuntos estudados.
Importante também é a orientação bibliográfica,
em papel ou na Web (caso haja recursos disponíveis),
que o professor proporciona ao aluno, em cada caso
específico.
O tempo e o espaço
A História é uma ciência do tempo, mas também
uma ciência do concreto, logo, ancorada num espa-
ço. Começa pois, para o aluno, com a apreensão cla-
ra da cronologia e da área geográfica que vai estudar.
No caso do programa do 12.º ano de escolaridade, é
abrangido um período que decorre do pós Segunda
Guerra Mundial a 2002. A esse período correspondem
três unidades temáticas; nas duas primeiras consi-
deram, quanto ao espaço, duas escalas de análise, a
mundial e a que se refere ao espaço específico de Ti-
mor; a terceira é inteiramente dedicada a Timor-Leste.
Os conteúdos de cada unidade são organizados em
subtemas, apresentados no Manual por uma dupla pá-
gina, em que é importante que o professor se detenha.
Essa página apresenta uma imagem e uma barra cro-
nológica. Com a imagem pretende-se, de uma forma
sintética, chamar a atenção para a área de conteúdos
considerada no subtema. A barra cronológica baliza o
período abrangido, assinalando acontecimentos rele-
vantes, relativamente ao espaço em foco.
A barra cronológica apresentada no Manual deve-
rá ser um estímulo para, desde logo, o aluno iniciar
o traçado de uma outra, onde registará, ao longo do
ano, os acontecimentos relevantes que acompanham
a progressão do estudo, permitindo, a todo o momen-
to, uma consulta fácil. No plano da formação histórica,
é uma sensibilização para os fenómenos da sincronia
e da diacronia.
4. 1. Recursos e atividades
4.1.1. Documentos escritos - o texto
O documento, de qualquer natureza que seja, é a
matéria-prima da história; a sua explicação tem por
fim iden tificar toda a matéria histórica, isto é, retirar
toda a informação que ele possa fornecer para o co-
nhecimento do passado. O tipo de documento mais
frequente no trabalho em aula, ao nível do ensino se-
cundário, é o texto, o documento escrito.
O primeiro passo para a exploração de um docu-
mento escrito é a sua prévia leitura e interpretação.
Orientação Metodológica Geral | 9
ra lógica, que é mais complexa mas mais completa. Po-
dem resumir-se as ideias de vários parágrafos e agru-
pá-las. Também tem de se chegar a uma conclusão
sobre a ideia ou tema principal. A modalidade mais
adequada a este nível esco lar será uma combinação
dos dois métodos, seguindo a ordem do próprio texto,
mas reagrupando logo os assuntos.
Comentário
O aluno já tem a compreensão integral do texto que
interpretou. Sem o abandonar, vai relacionar o docu-
mento com o seu contexto histórico. Porém, não pode
entender-se esta operação como uma exposição geral
sobre matérias indiretamente relacionadas com ele e
que em nada o ampliam ou esclarecem.
Apresentação
Deve ser feita sempre de forma cuidada, quer se tra-
duza numa exposição oral quer num texto escrito.
No 10.º e no 11.º anos, os exemplos apresentados
referiam-se a fontes primárias.
Julga-se oportuno apresentar, agora, um exemplo
referente a um texto historiográfico.
Leitura
A primeira operação deve ser uma leitura atenta do
documento, sublinhando as expressões de maior inte-
resse, os nomes, as datas, etc. e procurando, num di-
cionário, numa enciclopédia ou na Web, o significado
de vocábulos, ou algumas informações sobre o que se
desconhece.
Classificação
A segunda operação é perceber, a partir da leitura e
dos elementos disponíveis (autor, título, datas), a na-
tureza do documento e o seu contexto. O aluno distin-
gue se é uma fonte primária ou se se trata de uma fon-
te secundária (por exemplo, um texto historiográfico)
e pode tentar perceber se é um documento oficial, se
é literário, se é simplesmente um documento informal
ou circunstancial. Sobretudo, pelo seu conteúdo, o
alu no tem de avaliar os aspetos que predominam (po-
líticos, sociais, económicos, culturais ou religiosos).
Aos dados recolhidos deve juntar-se alguma outra
informação que o próprio documento sugere (sobre
o autor, sobre a região, sobre o período cronológico,
etc.), que vai depois enriquecer o comentário.
Análise e interpretação
Uma vez situado o documento, é conveniente uma
nova leitura, mais pormenoriza da, para se poderem
resumir as ideias principais. A análise é, à partida, o
exercício-tipo do estudante de Histó ria. Diz-se mesmo
que, depois deste trabalho, se o documento que foi
objeto de análise desaparecesse, deveria ser quase
possível reconstituí-lo a partir da análise feita. Na aná-
lise do documento escrito, o aluno nunca pode limitar-
-se a copiar o que sublinhou, mas tem de procurar um
sentido para a informação contida no documento.
As opções para a análise podem ser uma leitura lite-
ral, por parágrafos, e extrair de cada um deles a ideia
que expressa, detetando depois a ideia global exposta
ao longo do documento. Também pode ser uma leitu-
EXEMPLO: Análise e comentário de um excerto da obra de José Mattoso, A Dignidade - Konis Santana e a Resistência Timorense, publicado em 2005 pela editora Temas e Debates.
O conteúdo da obra relaciona-se principalmente com o subtema 4 da Unidade Temática 8.
Em 2012, foi publicada a tradução em Tétum, pela Difel.
10 | História - Guia do Professor
“[Xanana Gusmão] foi preso na madrugada do dia 20 de novembro de 1992 [...]. Mais tarde,
houve quem pensasse que tinha sido o próprio Xanana a provocar a captura [...].
Para o historiador, porém, o carácter voluntário ou involuntário do acontecimento não acrescenta
grande coisa à interpretação que deve dar-lhe. A resposta à questão apenas nos diria alguma coisa
sobre a consciência que o seu protagonista principal tinha acerca da sua capacidade para orientar
o curso da história. O seu papel histórico é a resultante de todas as ações anteriores e posteriores,
propositadas ou fruto do acaso. Neste sentido, a narrativa do que se passou só pode pôr em relevo
a genialidade que define a ação de Xanana, isto é, o seu caráter singular. Este caráter tinha vindo a
revelar-se pelo menos desde a retirada do Matebian, em 1979, e não deixou nunca de se acentuar.
Mostrou-se nas qualidades de liderança que lhe permitiram reunir os combatentes dispersos; na ha-
bilidade com que conjugou a resistência clandestina com a luta armada; na capacidade para persuadir
antigos soldados tornados saka ou hansip a colaborarem com a guerrilha ou a revoltarem-se com as
suas armas; no contínuo desenvolvimento do seu pensamento e das suas instruções acerca da teoria
e da prática, tanto em matéria militar como em matéria política; na firmeza das suas convicções; na
sua capacidade de resistência às privações, ao cansaço e ao desaparecimento de antigos companhei-
ros; na habilidade para transformar as derrotas em ensinamentos para novos combates; na lucidez
com que rebateu todas as manobras do inimigo e até as tentativas de desvio de muitos colaboradores
para não prejudicar a causa que defendia; na elevação com que redigiu os seus textos, quer se tratas-
se de mensagens populares, de cartas a altos dignitários civis ou eclesiásticos, de instruções aos seus
companheiros, de respostas aos jornalistas e mesmo de argumentos polémicos em discussões com
os seus próprios companheiros ou contra dissidentes; para não falar já de outras qualidades pessoais
que só de maneira indireta influenciaram a sua missão como líder da Resistência timorense.
Não se trata aqui, é claro, de fazer a apologia de Xanana. Para tornar credível o discurso histórico,
é preciso explicar a sucessão dos acontecimentos em termos racionais, ou seja, procurar descobrir
porque é que eles se orientaram em certo sentido e se sucederam segundo uma ordem causal lógica
e concreta. Nesse sentido, a história procura integrar a ação voluntária individual, os movimentos
de massa determinados por razões sociais ou económicas e a conjugação puramente fortuita dos
fatores determinantes mas aleatórios; só exclui a intervenção sobrenatural, porque essa é, por defi-
nição, ilógica – implica a consideração de um plano inacessível à demonstração racional. Todavia, a
noção de normalidade que rege o comportamento humano habitual obriga a admitir o papel singu-
lar dos heróis ou dos génios, cuja influência pessoal sobre os acontecimentos tem de se considerar
excecional. Até ao fim do século XVIII, a explicação histórica tendia a reduzir a memória do passado
ao relato das ações dos grandes homens. O determinismo, que a pouco e pouco lhe sucedeu, pro-
pendeu para o pólo oposto da historiografia, fazendo tudo depender das leis históricas baseadas em
fatores socioeconómicos e em observações estatísticas. Mais tarde, procurou-se corrigir a unilate-
ralidade desta explicação, acrescentando-lhe a influência das estruturas mentais. Mas uma atenção
mais demorada sobre o limitado âmbito destas motivações, obrigou a considerar com mais atenção
o papel da ação individual e da conjugação fortuita de fatores imprevisíveis. Temos hoje de reco-
nhecer que certos indivíduos influenciaram decisivamente o curso dos factos, quer tivessem agido
em plena consciência, quer por intuição. Sem reduzir a história às suas intervenções é preciso, pois,
reconhecer o papel que os génios nela desempenharam [...].
“
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Orientação Metodológica Geral | 11
é secundária. Verdadeiramente importante na inter-
pretação do processo histórico é a relação entre o epi-
sódio e a sequência temporal dos acontecimentos. O
historiador enuncia então as capacidades de Xanana e
as situações em que o líder timorense interveio, situa-
ções que evidenciam aquilo a que o historiador chama
a “genialidade da sua ação”.
A partir dessa exposição, o autor desenvolve uma
reflexão sobre a função do historiador na interpreta-
ção das relações entre a ação individual – do génio ou
do herói –, os movimentos de massa e as circunstân-
cias aleatórias. O autor esclarece que, até ao século
XVIII, a explicação historiográfica destacava sobretudo
a ação individual. Que, posteriormente, se anulou esse
aspeto para se dar relevo, principalmente, a fatores
socioeconómicos e estatísticos, numa perspetiva de
“leis históricas”. Mais recentemente, voltou a ser con-
siderada a ação individual, integrada no contexto das
mentalidades coletivas, e até as circunstâncias ocasio-
nais. O autor alerta, contudo, que a consideração do
fortuito não é, de modo nenhum, admitir a interven-
ção do sobrenatural na explicação historiográfica.
Por último, José Mattoso releva o papel fundamen-
tal do povo timorense na Resistência, acentuando o
significado do termo “maubere”.
Do texto ressalta, portanto, a necessidade de cons-
truir a explicação historiográfica como um processo ló-
gico e numa perspetiva globalizante, considerando a re-
levância da ação individual, mas articulada com fatores
de ordem diversa. Ressalta, no exemplo concreto, o pa-
pel extraordinário desempenhado por Xanana Gusmão
na Resistência, em conjunto com o povo timorense.
Leitura e Classificação
Uma primeira leitura, genérica, do documento situa o
assunto: trata-se do episódio da captura do principal lí-
der da resistência timorense, Xanana Gusmão, em 1992,
pelas forças indonésias que ocupavam Timor-Leste.
O texto faz parte de uma obra historiográfica sobre
a Resistência timorense, contextualizando o percurso
de um dos seus líderes, Konis Santana.
Uma pesquisa sobre o autor do texto permite co-
nhecer que se trata de um dos mais importantes histo-
riadores contemporâneos, com uma vasta obra sobre
a construção do discurso histórico e sobre a História
de Portugal. A pesquisa permite ainda verificar que,
em Timor, o historiador organizou o Arquivo da Resis-
tência Timorense, tendo, portanto, acesso privilegia-
do à documentação da Resistência.
Análise e interpretação
O texto pode considerar-se dividido em quatro par-
tes. Na primeira, José Mattoso, partindo da dúvida so-
bre se Xanana facilitou a sua captura, esclarece que,
para a interpretação da importância do protagonista
no desenrolar dos acontecimentos, esse aspeto não é
relevante. Na segunda, acentua o papel excecional de
Xanana na Resistência timorense. Na terceira, reflete
sobre a importância da ação individual, no desenvol-
vimento do processo histórico e na interpretação his-
toriográfica. Na quarta, estende ao povo de Timor a
heroicidade da Resistência.
As frases sublinhadas destacam a posição do autor:
a História é interpretação de um processo. Logo, a in-
tencionalidade do protagonista de um acontecimento
O papel extraordinário de Xanana tem, porém, um pano de fundo ainda mais admirável, que é a
determinação do povo de Timor, que o peso esmagador da ocupação e da crueldade dos Indonésios
nunca conseguiu vencer. Esta resistência é verdadeiramente “maubere”, isto é, uma resistência po-
bre, impotente, sem recursos, e, todavia, inquebrantável, por isso capaz de superar os desgastes do
tempo.” [págs. 187/190]
“45
12 | História - Guia do Professor
4.1.2. Documentos iconográficos
Tal como no documento escrito, a interpretação do
documento iconográfico possibilita o conhecimento
histó rico.
Caso o documento em análise tenha dimensão artís-
tica, ele proporciona informação que requer uma dupla
leitura. Por um lado, tendo um valor plástico intrínse-
co, evidencia as formas artísticas da época e desperta
no observador uma emoção estética relacionada com
a capacidade deste para captar e recriar a mensagem
que a obra veicula. Por outro lado, para lá da dimensão
plástica, o documento iconográfico permite obter in-
formações sobre acontecimentos, indivíduos, institui-
ções, movimentos culturais e mentalidade da época.
A fotografia é também um documento iconográfico.
A análise de uma fotografia, tal como qualquer ou-
tra imagem, requer o mesmo método crítico que as
outras fontes históricas, sejam escritas, gráficas, mate-
riais ou imateriais. Há primeiro que proceder à identifi-
cação da totalidade dos elementos internos e externos
que com ela se relacionem, antes de a interpretar e ao
seu contexto.
É fundamental conhecer a sua origem (autoria e cre-
dibilidade do autor); confirmar a autenticidade e fia-
bilidade do documento (pela crítica e recurso a outras
fontes em suporte diferente – ou no mesmo, se registar
outro instante – e pela verificação de possíveis manipu-
lações técnicas, uma vez que, quer as fotografias ana-
lógicas quer as digitais, podem ser trabalhadas); iden-
tificar a situação retratada (data, local, personagens).
No Guia do Professor para o 10.º ano, apresentou-
-se um exemplo do campo de arquitetura; no 11.º ano,
um exemplo de pintura. Para o 12.º ano, optou-se pela
fotografia.
Análise e interpretação
As duas fotografias retratam os presidentes dos Es-
tados Unidos – a figura central em cada uma delas –
como mediadores, promotores e fiadores dos acordos
de paz assinados entre os representantes dos mundos
árabe e judaico. São uma presença que comprova co-
nhecimentos prévios dos alunos: a preponderância
dos EUA nas relações internacionais e o seu interesse
na resolução da questão palestiniana, e a minimização
da ação da ONU na cena mundial.
As imagens refletem dois momentos importantíssi-
mos, que os sucessivos impasses no estabelecimento de
uma paz definitiva não podem desvalorizar, e testemu-
nham o grande progresso nas negociações entre a pri-
meira e a segunda conferência, em que se assina o acordo
sob o signo de ”A paz em troca da devolução de terras”.
EXEMPLO: Análise e comentário de duas fotografias, reproduzidas no manual do Aluno (Doc. 11, pág. 86).
Encontros de paz (1978 e 1993)Em cima, Camp David 1978, da direita para a esquerda, Presidentes Begin de Israel, Carter dos EUA e Sadate do Egito.Em baixo, Washington 1993, da direita para a esquerda, Presidentes Arafat da OLP, Clinton dos EUA e Rabin de Israel.
Orientação Metodológica Geral | 13
Leitura
O aluno deve começar pelo título da tabela que
identifica o fenómeno que se pretende traduzir em nú-
meros, bem como a unidade de medida indicada – va-
lor absoluto, percentagem ou índice. Seguidamente, o
aluno deve observar onde estão indicados os períodos
ou datas, e os outros elementos a considerar – regiões,
países, produtos, etc. No caso das tabelas, as datas
tanto podem estar indicadas nas entradas horizontais,
como nas verticais.
A leitura de uma tabela permite, também, efetuar
cruzamento de elementos que correspondem a cada
uma das células que a compõem.
Análise e interpetação
A análise de uma tabela possibilita uma comparação
de dados, que pode ser realizada relativamente a um
mesmo fenómeno na sua evolução temporal, ou rela-
tivamente a outros fenómenos, no mesmo período de
tempo.
A análise pode ser efetuada, sublinhando valores
extremos de uma série, e diferenças, em relação a um
valor médio, permitindo destacar uma evolução entre
duas datas, ou fases consideradas mais significativas.
Em seguida, deve procurar explicar-se os dados,
integrando-os num contexto mais geral, antes de
abordar casos particulares ou específicos. A consulta
de uma cronologia permitirá que o aluno encontre
relações entre os fenómenos assinalados na tabela e
factos históricos contemporâneos.
Conclusão
Concluída a interpretação dos dados, o aluno pode
realçar o valor e o interesse do documento para a ma-
téria em estudo.
Na reunião de 1978, 30 anos depois do começo das
hostilidades, sela-se o estabelecimento de relações di-
plomáticas entre o Estado de Israel e o Egito, o Estado
árabe que representava os interesses do povo pales-
tiniano. Na fotografia de 1993, os atores em cena são
dois, Isaac Rabin, presidente israelita, e Yasser Arafat,
o líder da OLP “em transição” para presidente da Au-
toridade Palestiniana.
Reconhecendo a relevância do acontecimento de
1978, foi atribuído aos seus participantes, no ano se-
guinte, o Prémio Nobel da Paz. No ato de assinatura
dos acordos de 1993, ressalta a nova dignidade de
Y. Arafat, investido presidente da Autoridade Palesti-
niana, a designação que consagra o estatuto interna-
cional dos territórios da Palestina. O que se acordou,
propriamente, foi o reconhecimento mútuo das duas
partes, a renúncia da Organização de Libertação da
Palestina (OLP) à luta armada, a constituição de uma
Autoridade Nacional Palestiniana e a passagem pro-
gressiva do controlo dos territórios ocupados com co-
lonatos israelitas para a administração palestiniana.
São duas fotografias distanciadas quinze anos, que
registam episódios de momentos de distensão do con-
flito israelo-árabe e que, por si só, demonstram a len-
tidão do processo de paz no Médio Oriente.
4.1.3. Elementos estatísticos
Um gráfico, um quadro ou uma tabela de dados nu-
méricos são documentos que condensam informação.
São o resultado do trabalho do historiador sobre fon-
tes históricas que têm em comum serem quantificá-
veis. A partir da recolha de dados estatísticos, é pos-
sível efetuar uma representação gráfica, organizá-los
num quadro ou tabela e, a partir deles, tirar conclu-
sões de natureza económica, social ou outra.
No 10.º e no 11.º anos, foram apresentados exemplos
de gráficos. Para o Guia do 12.º ano optou-se por exem-
plificar a utilização de uma tabela de dados estatísticos.
14 | História - Guia do Professor
Leitura
A tabela apresenta a produção industrial, em países
com economia de mercado, traduzida em milhões de
dólares. O nome dos países (EUA, Reino Unido, Alema-
nha, França, Itália e Japão) está inserido nas entradas
verticais da esquerda; o cabeçalho das entradas hori-
zontais contém datas (1947, 1950, 1972) a que se refe-
rem os dados (produção industrial).
Análise e interpetação
Numa primeira análise, os alunos podem observar
que todos os países apresentam um crescimento da
produção industrial, destacando a importância dos
EUA, em qualquer das datas, bem como o ponto de
partida muito baixo do Japão, em 1947.
A tabela permite, depois, analisar a evolução de
cada um dos países, no período considerado, e, ainda,
comparar a situação relativa de cada um deles.
Além de poderem verificar o crescimento da produ-
ção industrial dos Estados Unidos, sempre muito su-
perior à dos outros países, podem também constatar
que, neste período, o Japão e a Alemanha apresentam
um crescimento mais significativo; para a Alemanha,
não se dispõe de elementos respeitantes a 1947, ra-
zão por que a respetiva célula está vazia. Quanto aos
restantes países, o crescimento é menos acentuado.
Com os conhecimentos já adquiridos, os alunos de-
vem situar esta tabela, do ponto de vista cronológico,
no período de reconstrução do pós Segunda Guerra
Mundial e de prosperidade do mundo capitalista, que
levou à atribuição da designação de “Trinta Gloriosos”.
Devem ainda relacionar com o Plano Marshall, a aju-
da financeira americana, que impulsionou a recupera-
ção económica dos países destruídos ou atingidos pelo
conflito. De assinalar que, em 1972, a Alemanha e o
Japão, derrotados na guerra, se posicionam em 2.º e
3.º lugares, quanto à produção industrial.
Conclusão
Considerando que a produção industrial constitui
um indicador relevante de desenvolvimento econó-
mico, os alunos podem concluir: que, entre o final da
Segunda Guerra e início dos anos 1970, os EUA eram a
maior potência económica no mundo capitalista; que
a ajuda financeira do Plano Marshall contribuiu para
o crescimento dos outros países; que na Alemanha e
no Japão se verificou um ritmo mais acelerado de re-
cuperação; que a economia americana foi a principal
beneficiária deste desenvolvimento.
NOTA: Os dados numéricos de uma tabela podem ser
representadas em gráficos, por exemplo, de barras, que
permitem uma visualização mais imediata da tendência
que os dados revelam.
A tabela em análise pode ser assim representada,
num gráfico de barras.
EXEMPLO: Análise e interpretação da tabela incluída no Manual (Doc.13, pág.14)
País 1947 1950 1972EUA 86 910 93 170 289 027Reino Unido 15 630 20 255 45 621
Alemanha -- 10 560 75 671França 6 760 8 775 66 060Itália 3 460 4 560 30 863Japão 2 450 4 780 73 763
Produção industrial em países com economia de mercado (em milhões de dólares)
0
50 000
100 000
150 000
200 000
250 000
300 000
350 000
EUA ReinoUnido
Alemanha França Itália Japão
194719501972
Produção industrial em países com economia de mercado (em milhões de dólares)
Orientação Metodológica Geral | 15
estrangeiros e o destaque a Hong-Kong e a Macau; à
economia de leitura social – os valores do PIB per ca-
pita. Por outro lado, a leitura genérica do mapa reve-
la de imediato uma diferença de desenvolvimento e
de riqueza entre a região interior e a região litoral da
China. De facto, desde logo, na legenda, encontra-se
a referência explícita a zonas e a cidades com estatu-
tos económicos especiais, e a indicação de diferenças
de rendimentos no território. Passando à análise do
mapa, há que ter em conta os dados quantitativos
apresentados.
Análise e interpretação
Para atribuir sentido aos elementos representados
no mapa, são indispensáveis as referências históricas
que clarificam o contexto. Consultando as barras cro-
nológicas (Manual págs. 80 e 81), as balizas temporais
do mapa, 1983-1997, remetem para o período poste-
rior à revolução cultural na China e à morte de Mao
Zedong, em que a responsabilidade governativa per-
tencia a Deng Xiaoping. Procurando informações sig-
nificativas complementares, encontramos datas sobre
a industrialização da China, a abertura ao mercado ex-
terior, a adesão à Organização Mundial do Comércio, a
integração dos últimos territórios chineses com admi-
nistração estrangeira (inglesa e portuguesa).
A interpretação final constrói-se com o cruzamen-
to dos dados da geografia com os da história, intro-
duzindo o elemento humano, coletivo e individual.
Cruzamento que permite identificar ritmos e opções e
seus agentes. No caso do documento, a personalidade
fundamental, já foi sugerido, é Deng Xiaoping. São-lhe
atribuídas a determinação das prioridades económi-
cas e a divisão da China em duas áreas geográficas, o
interior rural descoletivizado, e pontuado por cidades
com autonomia alargada mas fechado ao exterior, e
o litoral aberto ao capital estrangeiro e integrado no
mercado internacional.
4.1.4. Mapas históricos
Os mapas são fontes secundárias que requerem a
mesma atenção que os gráficos. São também cons-
truções de historiadores, a partir de informação que
agregam e transmitem cartograficamente.
Leitura
Num mapa, o aluno observa a escala, a orientação,
o título, a data e a legenda. É a partir desta que ana lisa
e interpreta o documento.
Análise e interpretação
A legenda indica o significado de cada símbolo con-
vencional. De posse dessa informa ção, o aluno inter-
preta o mapa como qualquer outro documento. Pede-
-se-lhe uma observação fina sobre cada um dos
elementos que são apresentados no mapa porque,
tratando-se de uma construção, certamente todos
eles têm significado e importância.
O mapa representa a modernização da China nas úl-
timas duas décadas do século XX.
Leitura
Numa observação geral, verificamos que os dados
cartografados dizem respeito: à economia real – os
símbolos na legenda indicam recursos e a produção
industrial; à economia financeira – os investimentos
EXEMPLO: Análise e comentário do mapa incluído no Manual (Doc. 22, pág. 93)
16 | História - Guia do Professor
4.1.5. Cronologias
A história é uma ciência do tempo e, por essa ra-
zão, torna-se indispensável a localização cronológica
dos acon tecimentos. Mas o conceito de tempo histó-
rico respeita não só à sucessão linear como também à
simultaneida de de acontecimentos no mesmo ou em
espaços diferentes. À sucessão sequencial, linear, dá-
-se a designação de diacronia; os acontecimentos que
ocorrem num mesmo tempo são designados como
sincrónicos.
Há ainda a considerar três planos de análise dos
acontecimentos: os que se situam num tempo breve,
que respeita a factos ocorridos num determinado dia,
mês ou ano, por exemplo, o início ou fim de um rei-
nado, uma batalha; os que podem corresponder a um
período de uma ou mais dezenas de anos, por exem-
plo, uma revolu ção, um movimento de resistência;
num terceiro plano, os que se situam numa duração
de séculos, por exem plo, a expansão de uma religião.
A aquisição de referências cronológicas, além de
permitir que os alunos localizem os acontecimentos
no tem po, contribui igualmente para a compreensão
dos assuntos a estudar.
As referências cronológicas podem ser utilizadas
como ponto de partida para o estudo de um determi-
nado assunto; podem ainda ser utilizadas no decorrer
do estudo, a propósito de uma pesquisa pontual, ou
de enrique cimento, ou ainda para estruturar informa-
ções no final de um tema ou de um subtema.
O Manual do aluno contém diversas referências cro-
nológicas. Estas encontram-se na dupla página que
serve de abertura aos subtemas, registadas em bar-
ras onde predominam acontecimentos de média e de
curta duração; encontram-se, também, ao longo de
todo o texto explicativo. Encontram-se ainda no final
do Guia do Professor. Contudo, a consolidação de refe-
rentes temporais é mais eficaz, se cada aluno construir
para seu uso pessoal, barras cronológicas onde vai re-
gistando, quer eventos já assinalados no Manual, quer
outros resultantes das pesquisas que for realizando.
Há diversas formas e meios de representação da lo-
calização dos acontecimentos no tempo mas, no 12.º
ano, será conveniente trabalhar com barras cronológi-
cas e, também, com tabelas.
A fim de auxiliar os alunos a construirem as barras
cronológicas, o professor deverá indicar-lhes alguns
proce dimentos.
A primeira tarefa consiste em traçar linhas horizon-
tais paralelas, de acordo com os temas ou tipos de
eventos que irão registar.
Em seguida deverão dividir as linhas, deixando igual
espaço para as unidades de tempo a introduzir; por
exem plo, por séculos, décadas ou anos (este proce-
dimento nem sempre foi possível seguir no Manual,
por razões que se prendem com o facto de, simulta-
neamente, em cada subtema, se contemplarem, na
mesma barra, períodos longos, tempo médio e tempo
breve). Será conveniente que esses espaços não sejam
reduzidos, de modo a que o aluno possa introduzir
factos novos que, ao longo do estudo dos subtemas,
considerar relevantes.
Os alunos poderão também construir tabelas que,
em alguns casos, permitam relacionar dados cronoló-
gicos relativos a diferentes espaços ou aspetos de na-
tureza diversa – tabelas comparadas.
Orientação Metodológica Geral | 17
narrativas de acontecimentos do passado, canções, fá-
bulas, normas aceites como leis, e costumes. Em Timor,
os textos da tradição oral são conservados e transmiti-
dos pelos lia-na’in (senhores da palavra) que, em prosa
ou em verso, narram as ai-cnanoic ou seja, as memó-
rias. Estas narrativas referem-se às origens míticas do
mundo e de instituições; à evolução de aspetos da na-
tureza; a episódios históricos, mais ou menos alterados.
Os testemunhos orais constituem fontes históricas,
provenientes de quem viveu diretamente um deter-
minado acontecimento. Por vezes, são testemunhos
prestados por pessoas que, embora não tenham vi-
4.1.6. História oral
As memórias dos mais velhos podem ser uma impor-
tante fonte de informação sobre acontecimentos do
passado. A memória alimenta-se de recordações, reco-
nhece hábitos, evoca situações e conserva vivências e
costumes. Quando se fixam ou se repetem, acabam por
constituir a tradição, a memória coletiva. Temos, assim,
de distinguir entre tradição oral e testemunho oral.
A tradição oral é transmitida de gerações em gera-
ções. É a mais antiga forma de história, nascida em
sociedades sem escrita, constituída por genealogias,
EXEMPLO: Tabela cronológica comparada (1981-2000)
1981
1985
1986
1990
1991
1995
TIMOR ÁSIA EUROPA MUNDO
1981 – Criação do CRRN 1981 – Áreas económicas especiais na China
1982 – ONU aprova Resol. 37/30
1985 – Retoma de conversações Portugal - Indonésia sobre Timor
1985 – Descoberta do “buraco de ozono” sobre a Antártida
1985 – Gorbachov eleito secretário geral do PC da URSS
– Perestroika
1982 – Portugal cria Comissão de Acompanhamento da Situação em Timor-Leste
1986 – Convergência Nacionalista Timorense
– Universidade em Díli
1986 – Adesão de Portugal à CEE
1992 – Prisão de Xanana Gusmão
1993 – Acordo israelo-palestiniano1993 – Julgamento de Xanana Gusmão – Konis Santana assume o Comando da Luta
1989 – D. Ximenes Belo pede referendo à ONU
– Visita do Papa João Paulo II a Díli– Acordo Timor GAP Indonésia/ Austrália
1987 – Tratado EUA/URSS para a redução de armas nucleares
1989 – Fim da Guerra Fria
1992 – Cimeira da Terra, Rio de Janeiro
1991– Constituição da WWW
1994 – Fundação da OMC – Nelson Mandela, 1.º presidente negro sul-africano
1988 – Benazir Bhuto, 1.ª ministra do Paquistão
1989 – Manifestações na Praça Tiananmen
1990 – Invasão do Koweit 1.ª Guerra do Golfo
1990 – Começo da eliminação do apartheid
1991 – Desintegração da URSS. Criação da CEI
1995 – Instituição da União Europeia
1991 – Massacre de Sta Cruz 1991 – Desintegração da URSS. Criação da CEI
1989 – Queda do Muro de Berlim
1996
2000
1997/98 – Crise económica asiática1998 – Habibie presidente da Indonésia
1998 – 1.ª Convenção Nacional Timorense na Diáspora
1999 – Transferência de Macau para a China
1999 – Habibie admite separação de Timor-Leste
2000 – 1.º Governo de Transição
– Criação do CNRT
– Acordo de Nova Iorque – Criação da UNAMET
2000 – Adesão da China à OMC– Referendo
1999 – Guerra do Kosovo 1999 – 1.º Fórum Social Mundial
2000 – ONU lança Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
1996 – Fundação da CPLP 1996 – Fundação da CPLP– Genocídio no Ruanda
1997- Transferência de Hong-Kong para a China
1984 – Assassinato de Indira Gandhi, 1.ª ministra indiana
1983 – Cessar-fogo temporário– D. Ximenes Belo administrador apostólico de Díli
1981 – Nave espacial chega a Saturno– Início de políticas neoliberais
1996 – D. Ximenes Belo e Ramos- -Horta recebem o Nobel da Paz
1988 – Criação do CNRM
18 | História - Guia do Professor
vido o acontecimento objeto do relato, tiveram dele
conhecimento indireto, através de narrativas de fami-
liares ou de outras pessoas que o viveram.
A história oral recorre intencionalmente a estas fon-
tes, para conhecer melhor alguns factos que ocorreram
em tempos relativamente recentes, ou para preencher
a falta de outras fontes, escritas ou materiais. Aliás a
memória é também um elemento essencial daquilo
que costuma chamar-se identidade, seja ela a nível in-
dividual ou coletivo.
Importa, contudo, considerar que o testemunho oral
contém sempre a marca de quem percecionou o acon-
tecimento, transmitindo, portanto, ainda que involun-
tariamente, não o acontecimento mas a interpretação
do mesmo. Por isso, é fundamental compará-lo com
outros, ou com fontes de outro tipo, quando existam.
Afinal, cuidados essenciais ao trabalho do historiador
– nenhuma fonte é neutra e o nosso olhar é sempre
parcial.
No Manual é sugerido, em várias atividades, que os
alunos interroguem familiares ou amigos mais velhos,
relativamente a alguns costumes ou factos da história
timorense. Convém, no entanto, esclarecer que não
se pretende transformar os alunos em historiadores;
a intenção é pedagógica. Com as atividades sugeridas
procura-se, sobretudo, proporcionar aos alunos uma
forma de compreenderem os cuidados a ter com a
recolha e tratamento de fontes, e uma oportunidade
para valorizarem a preservação da memória histórica
da comunidade de que fazem parte. Além disso, reco-
lher testemunhos orais é também uma ocasião para
tomarem consciência dos preconceitos, ou de convic-
ções não fundamentadas, quer de quem presta o tes-
temunho quer de quem o recolhe.
Ouvir os testemunhos orais supõe a realização de
entrevistas. Mas a recolha dos testemunhos, sendo
uma forma muito interessante de conhecer o passado,
requer cuidados especiais e uma preparação refletida.
Preparação das entrevistas
Antes de mais, os alunos devem conhecer bem o
tema sobre o qual vão realizar as entrevistas, pelo que
existirá o cuidado de recorrerem ao máximo de infor-
mações já disponíveis.
Naturalmente, terão de selecionar as pessoas que
vão entrevistar, e contactá-las previamente, para sa-
ber da sua disponibilidade em prestarem testemunho,
para as esclarecer dos fins a que o mesmo se destina,
e do modo como será arquivado. Terão de se informar
se são testemunhas presenciais, ou então, de quem
ouviram os relatos de factos da época a estudar. É pre-
ferível, caso seja possível, escolher quem tenha vivido
esses acontecimentos.
Será conveniente que os alunos possam entrevistar
mais do que uma pessoa, sobre o mesmo assunto, a
fim de confrontarem as suas memórias. Como se re-
feriu, cada pessoa tem a sua perspetiva dos aconteci-
mentos e, além disso, ao guardar a sua recordação dos
acontecimentos vividos, pode lembrar-se de aspetos
que não foram importantes para outros. Há também a
ter em consideração, que quanto mais tempo passou,
mais fácil é ter esquecido pormenores que poderiam
ser importantes. É, pois, um processo muito marcado
pela subjetividade, pelo que os testemunhos devem
ser utilizados com a consciência desse caráter.
Selecionadas as pessoas a entrevistar, é necessário
elaborar um guião com as questões que vão ser colo-
cadas.
Convém que as perguntas permitam aos entrevista-
dos descrever situações (perguntas de resposta aberta).
Estes aspetos poderão beneficiar de tratamento articu-
lado, com as disciplinas de Português e de Tetum, ou de
outras línguas que façam parte do currículo da escola.
Por outro lado, convém que a lista de perguntas não
seja muito rígida, para não limitar o testemunho a re-
colher.
Orientação Metodológica Geral | 19
4.1.7. A utilização da Web
A internet, ou World Wide Web, é, hoje em dia, um
recurso importante para qualquer área do saber, facto
que também se aplica ao ensino da História.
No Manual do aluno e no Guia do professor sugere-
-se, algumas vezes, a utilização da Internet, sobretu-
do para pesquisas complementares, ou realização de
trabalhos. Trata-se de uma ferramenta que os alunos
poderão dominar com facilidade, considerando que a
disciplina de Tecnologias Multimédia faz parte do pla-
no de estudos do Ensino Secundário.
No que respeita à disciplina de História, são apresen-
tadas, no Programa aprovado, algumas indicações de
sítios (sites), sobretudo de museus e de projetos de ín-
dole cultural, que possibilitam a realização de visitas vir-
tuais a esses museus ou a lugares de interesse histórico.
Contudo, as potencialidades deste recurso são as
mais diversas, desde sítios onde é possível encontrar
informação de natureza enciclopédica sobre os mais
diferentes assuntos e, até, por exemplo, imagens, ma-
pas, documentários filmados, documentos digitaliza-
dos existentes em arquivos.
Realização das entrevistas
Elaborado o guião e selecionadas as pessoas a en-
trevistar, passa-se ao trabalho de campo. A forma
ideal de registo das entrevistas é utilizar um grava-
dor de som, ou de som e imagem e, posteriormente,
transcrever as respostas. Se a escola não dispuser des-
te recurso, os alunos devem registar, com cuidado e
por escrito, as respostas dos entrevistados.
Antes de iniciar a entrevista o aluno deve fazer o
registo rigoroso da identidade do entrevistado, bem
como a identificação do espaço onde esta vai decorrer.
É indispensável que o entrevistador assuma uma
atitude de respeito por quem se dispôs a prestar o
testemunho, e que mantenha uma atitude de ouvinte
atento, não interrompendo o discurso de quem fala.
Além disso, pode acontecer que o entrevistado
preste, por sua iniciativa, um testemunho tão rico que
dispense grande parte das perguntas do guião, facto a
que o entrevistador deve estar atento.
Conclusões
Analisadas as respostas, os alunos tiram as suas
conclusões, podendo documentá-las com frases ou
narrativas dos entrevistados.
A apresentação dos resultados à turma pode ser efe-
tuada de diferentes formas, como, por exemplo, num
texto escrito, ou num jornal de parede. Caso existam
recursos audio-visuais, será vantajosa a sua utilização.
EXEMPLO DE GUIÃO OU ROTEIRO (a utilizar em entrevista)
Assunto: A diáspora timorense – testemunhos
1. Em que data saiu de Timor e que idade tinha então?
2. Como e com quem é que saiu? Para onde foi?
3. Até regressar a Timor, viveu sempre no mesmo país?
4. Quais foram os motivos que o levaram a emigrar?
5. Quer contar-nos como vivia, no estrangeiro?
6. Havia outros timorenses perto de si? Conviviam? Mantinham costumes timorenses?
7. Quando se encontrava no estrangeiro, participou em atividades tendo em vista Timor-Leste independente? Quer explicar-nos?
8. Mantinha contactos com Timor-Leste? De que forma?
20 | História - Guia do Professor
A pesquisa
Por vezes dispomos já de endereços para a pesqui-
sa a realizar. Porém, caso não tenhamos indicações, se
utilizarmos um motor de busca, é suficiente escrever
um nome, ou duas a três palavras referentes ao as-
sunto, para que surjam no monitor uma série de sítios
onde é possível obter as informações necessárias. Há,
contudo, de ter cuidado em selecionar os sítios que
ofereçam garantia de qualidade, já que, uma parte da
informação disponível pode não ser proveniente de
estudos sérios sobre os temas que se pretende conhe-
cer. Convém, por isso, que se proceda a uma compara-
ção relativamente à informação disponibilizada, para
avaliar a sua qualidade e atualização.
Compete ao professor auxiliar os alunos nas pesqui-
sas a realizar, de modo a que o recurso à Internet seja
útil e adequado. Deve, também, habituar os alunos a
citarem a fonte da informação obtida, indicando o sí-
tio, ou a ligação (link), bem como a data da consulta.
No caso da pesquisa conduzir ao visionamento, por
exemplo, de um filme ou de um documentário, será
conveniente que o professor faculte aos alunos um
guião de análise, que os oriente quanto aos aspetos
a observar.
EXEMPLO: O documentário
Um exemplo de utilização da Internet como recur-
so didático pode ser o visionamento do Documentário
Timor-Leste – 1975, construído a partir das crónicas-
-reportagem realizadas por Adelino Gomes, e a sua
equipa, em Timor-Leste, em Outubro de 1975, para a
Radiotelevisão Portuguesa.
O documentário, dividido em duas partes, é antece-
dido por um diálogo entre Adelino Gomes, e o apre-
sentador da RDP, Paulo Dentinho, com o objetivo de
contextualizar as reportagens.
A ligação para o documentário encontra-se na pág.
128 do Manual, nas atividades propostas, e em relação
com os assuntos tratados nas págs, 126- 133.
Preparação
O professor deverá visionar, previamente, o docu-
mentário e assinalar os aspetos mais importantes das
reportagens que lhe serviram de base. Deve procurar,
também, informação complementar sobre o autor, so-
bre as circunstâncias em que filmou, caso seja possível.
É importante ter em conta que, embora as reporta-
gens tenham sido realizadas em território timorense,
se trata de um documentário, pelo que as imagens fo-
ram posteriormente organizadas em sequência narra-
tiva, com o objetivo de informar. Ou seja, a partir de
filmagens no terreno que constituem uma fonte pri-
mária, foi construído um documentário, apresentado
com diálogos interpretativos.
O professor deverá indicar, numa ficha a entregar
aos alunos no início da atividade, e de que se junta
um modelo possível, breve informação sobre o autor,
data e local da realização, contexto histórico em que o
documentário foi filmado, duração e língua utilizada.
Deve, também, incluir na ficha um roteiro que oriente
o visionamento do documentário, e posterior registo
de notas.
No final, o professor deve promover um pequeno
debate, baseado nas apreciações dos alunos, sendo
importante que registem as conclusões a que chega-
rem, quer quanto à intencionalidade do documento
quer quanto à sua importância como fonte histórica.
Orientação Metodológica Geral | 21
4.1.8. Debate
O debate que, por diversas vezes, é sugerido no
Manual do Aluno e no Guia do Professor, é uma ati-
vidade que possibilita o desenvolvimento de várias
competências, quer transversais, quer específicas.
Entre essas competências releva-se, nomeadamente:
organizar a informação selecionada; elaborar sínteses,
comunicando oralmente com correção; participar em
trabalhos de equipa, fundamentando as suas posições
e respeitando as dos outros; identificar diferentes in-
terpretações do processo histórico, questionando a
sua validade face aos instrumentos disponíveis.
A partir de um tema mais circunscrito que suscite
opiniões diversas, pode organizar-se um pequeno de-
bate, a realizar numa aula. Contudo, para um debate
mais aprofundado em torno de problemas ou de te-
mas de maior importância e complexidade, relaciona-
dos com a história mundial ou nacional, é necessário
dispor de mais tempo.
Em qualquer das situações, o debate requer prepa-
ração cuidada por parte do professor, e dos alunos, de
modo a ser útil e conduzir a uma discussão fundamen-
tada.
Assim, o debate pressupõe, além da preparação, o
desenvolvimento, bem como a avaliação da atividade.
Preparação
Selecionado o tema, os objetivos a atingir, e o núme-
ro de aulas para a realização da atividade, devem ser
definidas as regras, tais como o tempo para cada inter-
venção, quem deve ser o moderador, se será um debate
aberto a todos ou apenas aos porta-vozes dos grupos.
Em seguida, passa-se à constituição de pequenos
grupos, aos quais o professor deve entregar um conjun-
to de documentos, que apresentem opiniões diversas
ou opostas sobre o tema. Além disso, os grupos devem
receber questões orientadoras da análise dos docu-
Visionamento do documentário Timor-Leste – 1975, integrado no programa À Roda do Mundo, da Radiotelevisão Portuguesa
1. Ficha técnica
Título: Timor-Leste – 1975
Autor: Adelino Gomes, em conjunto com Herlander Mendes, Jorge Teófilo, Manuel Patrício, equipa da RTP.
Data da realização: Reportagens de Adelino Gomes – Outubro de 1975; Documentário construído a partir das reportagens – 1995.
Duração: 1ª parte – 50m ; 2ª parte – 50m
Cor: Reportagens – Preto e branco; Apresentação – cor
Língua utilizada: Português e Tétum
Local: Timor-Leste; 1ª parte: Ataúro, Díli, Atabai; 2ª parte: Maliana, Balibó, Batugadé, Cailaco
Intervenientes: Repórter de imagem Adelino Gomes e timorenses, alguns deles líderes políticos.
Contexto histórico: Guerra civil em Timor-Leste, desde agosto de 1975, durante o processo de descolonização; agressões armadas da Indonésia na fronteira timorense, comprovadamente desde setembro, precedendo a invasão de 7 de dezembro de 1975 e a ocupação subsequente.
2. Roteiro de análise
Apresentação e comentários do autor:
Locais e datas de filmagem:
Quotidiano dos intervenientes:
Motivações, ideologia e recursos da FRETILIN e dos seus apoiantes:
Relação entre os aderentes do MAC e a Indonésia:
Atitude dos timorenses relativamente a Portugal:
Provas da agressão indonésia anteriormente a dezembro de 1975:
Comentários de Lemos Pires, Hélio Pina, Aquiles Soares, Francisco Xavier do Amaral, Nicolau Lobato, Rogério Lobato:
3. Apreciação
Intencionalidade das reportagens e do documentário:
Importância como fonte histórica:
22 | História - Guia do Professor
mentos, que podem servir de base para o debate. Cada
grupo deve escolher um porta-voz, que irá transmitir as
conclusões a que o grupo chegou, o que não exclui que
outros alunos possam intervir no debate, se assim o soli-
citarem e estiver contemplado nas regras estabelecidas.
Analisados os documentos e registadas as conclu-
sões pelos pequenos grupos, passa-se ao debate com
o grupo-turma.
Desenvolvimento
O papel de moderador pode ser desempenhado
pelo professor ou por um aluno.
Cabe ao moderador iniciar o debate, apresentando
o tema, bem como as questões que se colocam e vão
orientar a discussão. Deve recordar as regras e dar a
palavra aos porta-vozes dos grupos, e a outros alunos
que queiram intervir. O moderador deve controlar o
tempo previsto para cada intervenção, animar o deba-
te, e elaborar sínteses parciais.
No final deve ser realizado um balanço com as con-
clusões.
Avaliação
De acordo com as competências selecionadas para o
debate, o professor procede à avaliação da participa-
ção dos alunos.
Preparação
Após o estudo das subrubricas 4.2 e 4.3, que fina-
lizam o Subtema 3, da UT7, inteiramente dedicado à
história de Timor, o professor deve seguir os passos
acima indicados para preparação do debate.
Constituídos os grupos, além dos documentos 35 a
44 do Manual (págs. 59 a 63), os alunos devem dispor
dos textos que se encontram nas págs. 47 a 50 deste
EXEMPLO: Viqueque – origem e significado
Os conteúdos do Programa do 12º ano, relacionados
com este tema, encontram-se tratados no Manual,
nas págs. 59 a 63.
Guia, ou de outros textos que o professor considere
significativos de opiniões diferentes sobre o tema.
Como questões orientadoras do debate, sugere-se
que se utilize o excerto do texto de Ernest Chamber-
lain, The 1959 Rebellion in East Timor: Unresolved Ten-
sions and an Unwritten History, também transcrito no
Guia, na pág. 48, que coloca questões pertinentes
acerca dos acontecimentos de 1959. Podem, contudo,
ser selecionadas e adaptadas algumas dessas ques-
tões, conforme se exemplifica:
O professor deve acompanhar o trabalho dos gru-
pos, verificando se necessitam de ajuda e se todos os
alunos estão a participar ativamente.
Para esta fase, sugere-se que sejam utilizados três
tempos letivos.
Desenvolvimento
O moderador inicia o debate, fazendo uma breve
narrativa dos acontecimentos de 1959, e enuncian-
do as questões colocadas aos grupos. Seguidamente
dará tempo a que cada grupo apresente as conclusões,
abrindo-se depois o diálogo e a permuta de ideias.
Caberá ao moderador, com o apoio do professor, se
necessário, elaborar as conclusões a que chegarem.
Para esta fase, sugere-se que seja utilizado um tem-
po letivo.
Avaliação
O professor, ao proceder à avaliação da participação
dos alunos no debate, deve considerar, por exemplo,
• Os abusos e injustiças do regime português
justificavam a revolta?
• Jakarta incentivou a revolta ou tratou-se de uma
ação independente, encorajada pelo Cônsul da
Indonésia?
• A revolta pode ser interpretada como um passo
no caminho para a independência de Timor-
-Leste?
Orientação Metodológica Geral | 23
a informação que, de facto, seja importante para o tra-
tamento do tema.
Plano
Com a pesquisa terminada, há que estabelecer o
plano a que o desenvolvimento do trabalho vai obede-
cer. Isto é, o aluno tem de ordenar as ideias e os ele-
mentos que recolheu, e decidir como vai incluí-los nas
várias partes, para não haver repetições. O plano pode
ser organizado para o estudo de uma questão entre
tal e tal data (plano cronológico), para o estudo de um
acontecimento, suas causas e consequências (plano
explicativo), e pode pretender abordar um determina-
do assunto ou situação (plano temático).
O ponto inicial do plano será sempre a introdução,
onde se dirá com clareza o interesse e a importância
do assunto e como se pensa tratá-lo. Segue-se o de-
senvolvimento, onde o tema será tratado estruturada-
mente, em parágrafos adequados. Por fim, a conclu-
são, onde o aluno-autor apresentará, em brevíssimo
resumo, o que pre tendeu demonstrar. Nesta conclu-
são, pode indicar pistas para nova pesquisa sobre o
mesmo assunto.
O texto assim elaborado pode servir de base para as
outras formas de apresentação referidas.
4.2. Avaliação
Tal como se indica no Programa, são as Metas de
Aprendizagem que constituem a referência essencial
para a avaliação dos alunos. Elas enunciam, relativa-
mente a cada unidade temática, as aprendizagens es-
senciais que se espera que os alunos realizem, tendo
em conta o enunciado genérico de competências e o
conjunto de conteú dos específicos, identificados no
Programa da Disciplina de História. A complexidade
deste processo exige algu ma reflexão.
Há algumas décadas, estudos pedagógicos orienta-
dos para a resolução do problema da eficácia do en-
sino, sis tematizaram um conjunto de procedimentos
se as intervenções são fundamentadas e oportunas,
se são ordeiras e sem interrupção dos colegas, se res-
peitam a opinião dos colegas, se a expressão oral é
clara e correta.
4.1.9. Biografias
Fazer uma biografia é, na verdade, elaborar um tra-
balho de síntese, com a particularidade de o tema ser
uma pessoa real. Pede-se ao aluno que estude a vida,
personalidade e obra de alguém, para se conhecer
melhor e averiguar, por exemplo, de que modo é um
produto da sua época ou como influenciou o seu tem-
po ou épocas futuras. Na pesquisa, o aluno deve pro-
curar, em livros ou na Web, dados gerais, tais como:
data e lugar de nascimento e de morte; quem era a
sua família; que obra concreta realizou; se possível,
como era a sua personalidade.
A biografia tem de incidir sobre a pessoa que está a
ser estudada. O contexto da época, que é necessário
intro duzir, não pode abafar a personagem, tornar-se
o objeto da pesquisa e tomar o lugar do biografado.
4.1.10. Trabalhos de síntese
Um trabalho de síntese pode ser apresentado de di-
versas formas: em texto escrito, em cartaz, em supor-
te multimédia, entre outros.
Na maioria dos casos, a síntese é pedida ao aluno
sob a forma de texto escrito. Convém que o professor
lhe dê alguma orientação metodológica.
Pesquisa
No caso do trabalho de síntese, a operação preli-
minar é a procura de informação sobre o tema. Para
lá da informação que lhe foi proporcionada pelo pro-
fessor, o aluno poderá sempre dispor de alguma mais,
no seu Manual. Caso existam outros recursos, deverá
ser-lhe indicada bibliografia complementar (pequena
enciclopé dia, dicionário, um capítulo de alguma obra
específica, sítios na Web). Deve procurar respostas
para os proble mas que o tema levanta e usar apenas
24 | História - Guia do Professor
que auxiliariam o professor a controlar o processo de
ensino e de aprendizagem.
De acordo com as sugestões desses estudos, o pro-
fessor, antes de iniciar o processo de ensino de uma
deter minada unidade temática, deveria pôr em práti-
ca uma avaliação diagnóstica. Essa fase do trabalho
seria centrada na identificação do saber e saber-fazer
apresentado pelo aluno, num momento inicial; e a sua
função seria orien tar o professor sobre o caminho a
seguir. Iniciada a formação, e relativamente a cada uni-
dade de ensino, desenvolver-se-ia uma avaliação for-
mativa, centrada no processo de realização das apren-
dizagens, por parte do aluno. A função desta fase seria
essencialmente reguladora, fornecendo ao professor e
ao aluno informação sobre as cor reções a introduzir.
Por último, o professor estaria em condições de aplicar
uma avaliação sumativa, centrada nos produtos apre-
sentados pelos alunos, neste caso, para produzir uma
classificação e, no limite, uma certificação.
Embora seja importante o esforço no sentido de dis-
tinguir estas “fases” e “funções”, no processo de ensi-
no e de aprendizagem, a atenção é colocada, muitas
vezes quase exclusivamente, nos produtos esperados
e o proces so tende, em consequência, a tornar-se
“mecanicista”. Muitos professores contentam-se em
efetuar um enun ciado minucioso dos saberes que o
aluno deve apresentar, julgados suscetíveis de serem
apreciados através de um igualmente minucioso enun-
ciado de objetivos comportamentais. Neste caso, todo
o processo de avaliação se desenvolve, portanto, no
sentido de verificar se são “atingidos” tais objetivos,
numa ilusão de controlo do pro cesso. Como, de qual-
quer modo, a escola tem uma função social de certifi-
cação das aprendizagens, a avaliação pode acabar por
ser, para o professor, apenas “verificar” a consecução
dos objetivos inicialmente esta belecidos, transforman-
do o que se considerava ser a objetividade do processo
de avaliação, numa prática forma lista. Quanto ao alu-
no, por vezes nem chega a compreender as razões do
seu sucesso ou insucesso.
Mais recentemente, novos estudos vieram chamar
a atenção para a necessidade de pôr a tónica não
apenas no desempenho observável do aluno, mas na
forma como este constrói o conhecimento e realiza a
tarefa que lhe é pedida. Esta visão construtivista as-
senta, assim, na noção de competência, considerada
como um conjun to de capacidades, de conhecimentos
e de práticas, organizados para a realização de uma
tarefa complexa ou a resolução de um conjunto de si-
tuações-problema. E, nesta perspetiva, o processo de
avaliação passa a basear-se numa lógica de integração,
preferindo-se então a noção de avaliação formadora
(Hadji, 1994), e pedindo-se ao professor que considere
a globalidade do processo de formação dos alunos.
Desta conceção decorre a conveniência de se esta-
belecer, para cada disciplina do currículo, metas de
aprendi zagem, em termos amplos; e, para o profes-
sor, resulta a necessidade de definir as experiências de
aprendizagem adequadas à disciplina, bem como os
critérios de realização e de sucesso.
No caso da disciplina de História, identificaram-se,
no Programa e no presente Guia, a metodologia e os
ins trumentos essenciais à construção da educação his-
tórica. É relativamente a essa linha de orientação, e à
sua prá tica, que o processo de ensino e de aprendiza-
gem deve ser desenvolvido e que a avaliação deve ser
encarada.
Nos casos concretos relativos às unidades temáticas
do Programa, o professor terá o cuidado de proporcio-
nar aos alunos experiências de aprendizagem significati-
vas – à semelhança das que são apresentadas/sugeridas
no Guia, relativamente a todos os subtemas. No que
respeita à avaliação, e tendo em conta as referidas situa-
ções de aprendizagem em que o aluno participou, o pro-
fessor decidirá os momentos e os processos adequados.
Orientação Metodológica Geral | 25
Os descritores assim estabelecidos serão depois orga-
nizados em função de uma escala que parte do mí-
nimo exigido – ex: identifica a ideia central do docu-
mento – para o máximo esperado – ex: identifica, não
apenas a ideia principal, mas ain da as acessórias (por
exemplo, três, entre quatro).
O quadro assim constituído é trabalhado com o alu-
no, de modo a que saiba quais os critérios de avaliação
da tarefa que se lhe vai pedir e se prepare para ela con-
venientemente – porque só com a avaliação conduzida
corretamente o alu no aprenderá.
Afirmou-se, por exemplo (pág. 8), que o documento
mais frequente no trabalho em sala de aula, no ensino
secundário, é o documento escrito (o texto) e foram
minuciosamente explicados os processos necessários
à sua análise. Durante o tratamento de uma unidade,
torna-se então indispensável que o professor ava-
lie se as técnicas de análise do documento escrito, a
compreensão do seu conteúdo, e a utilização deste
(demonstrando interiori zação de conhecimento) são
processos dominados pelo aluno. Para este efeito,
o professor deve identificar quais as competências
transversais em causa – por exemplo, redigir de forma
clara e com ortografia correta – e quais as competên-
cias específicas da disciplina – por exemplo, relacionar
um evento com o contexto em que ocorreu.
Numa perspetiva de avaliação formadora, a forma de
o professor avaliar o aluno e lhe proporcionar, simulta-
neamente, elementos para se autoavaliar – e de progre-
dir – é definir os critérios de desempenho, de sucesso e
de realização, para o que deverá elaborar os respetivos
descritores, indicando o nível de desempenho mais ele-
vado esperado, o nível intermédio e o nível mínimo.
Se a tarefa pedida for, por exemplo, um texto de sín-
tese, a partir dos dados fornecidos pela análise de um
documento escrito, os descritores de desempenho
poderão considerar, relativamente ao texto produzido
pelo aluno, os seguintes elementos.
• Competência transversal: escrita legível; ausên-
cia de erros de ortografia; agrupamento, num
mesmo parágrafo, das informações relativas a
um mesmo assunto, etc.
• Competência específica da disciplina: resposta
efetiva à questão colocada, não se limitando a
resumir o documento; exploração de todas as
informações contidas no documento; evocação
do contexto adequado aos eventos /situações re-
feridas no documento; ausência de erros graves
de confusão causa/consequência, ou de incoe-
rências cronológicas.
26
Operacionalização do Programa - Exploração das Unidades Temáticas
5.1. Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial
Caraterização da Unidade
A Unidade Temática 7 organiza-se em três subte-
mas. O período cronológico decorre do imediato pós
Segunda Guerra Mundial – 1945 – à crise de início dos
anos de 1970.
No Subtema 1 desta Unidade Temática, A reconstru-
ção num mundo dividido, são abordadas as dinâmicas
de reconstrução do pós-guerra, a constituição de orga-
nismos internacionais de regulação e a afirmação de
dois blocos antagónicos, num quadro de “Guerra Fria”.
No Subtema 2, A ascensão do “Terceiro Mundo”e
o despertar da consciência mundial, a temática in-
cide sobre as vagas de descolonização e decorrentes
independências políticas de novos Estados, na Ásia e
em África, bem como as tentativas de superação do
bipolarismo.
O Subtema 3, Timor-Leste de 1945 ao início da
década de 1970, estuda, pois, a história de Timor, a
restauração da soberania portuguesa e os efeitos das
medidas de desenvolvimento promovidas nesta épo-
ca, destacando as transformações ocorridas a partir da
década de 1960.
Orientação geral
A Unidade Temática 7, no que respeita ao Subtema
1, deve ser orientada no sentido de conduzir a uma
reflexão sobre a procura de uma paz duradoura, de-
pois dos dois grandes conflitos da primeira metade do
século XX, e dos condicionalismos que conduziram à
afirmação das duas grandes potências e consequente
expansão das ideologias.
O Subtema 2 deve relevar a ascensão dos novos Es-
tados saídos das descolonizações, da sua crescente in-
fluência internacional, quer pela formação de organis-
mos próprios, quer pela presença na ONU, apesar das
debilidades sociais e políticas e dependência económi-
ca. Deve, ainda, ser orientada para a reflexão sobre a
importância dos movimentos cívicos.
O estudo da história de Timor deverá ser orientado
no sentido de analisar: as dificuldades da reconstru-
ção do pós-guerra; a permanência da organização so-
cial tradicional, no quadro de algumas alterações da
administração colonial e da tendência de urbanização
da população timorense; da formação de elites e seu
papel na afirmação de ações anticoloniais.
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 27
Metas de aprendizagem estabelecidas para a Unidade Temática 7
Subtema 1
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza, no tempo e no espaço, os eventos estu-
dados.
• Identifica os organismos internacionais criados no
quadro do pós Segunda Guerra Mundial, indican-
do os seus objetivos.
• Explica os condicionalismos que contribuíram
para a formação de blocos ideológicos antagóni-
cos, delimitando as suas áreas de influência e zo-
nas de conflito.
• Integra a formação da NATO e do Pacto de Varsó-
via no quadro de um mundo bipolar.
• Avalia a importância e implicações do auxílio ame-
ricano para as reconstruções do pós-guerra.
• Carateriza as políticas económicas dos diferentes
sistemas políticos, relacionando-as com as ideolo-
gias que as suportavam.
Subtema 2O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza, no tempo e no espaço, os eventos estu-
dados.
• Explica os condicionalismos que conduziram às
descolonizações em meados do século XX.
• Identifica os principais problemas políticos, eco-
nómicos e socioculturais dos novos Estados inde-
pendentes.
• Relaciona o neocolonialismo com a economia de
mercado, avaliando o seu impacto nos antigos ter-
ritórios coloniais.
• Justifica a eclosão de movimentos de contestação
e de luta por direitos cívicos.
• Carateriza os regimes políticos e os sistemas eco-
nómicos dos países do Sudeste asiático, identifi-
cando as diferentes opções políticas.
• Identifica os objetivos do Movimento dos Não Ali-
nhados, reconhecendo a diversidade de contextos
dos países que o constituiram.
Subtema 3
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza, no tempo e no espaço, os eventos estu-
dados.
• Indica as consequências da ocupação e dos bom-
bardeamentos em Timor, durante a Segunda
Guerra Mundial.
• Analisa as medidas tomadas pelo Estado portu-
guês para a reconstrução de Timor, e as dificulda-
des da sua consecução.
• Avalia o impacto dos planos de fomento na evolu-
ção da economia timorense, identificando novos
setores de desenvolvimento.
• Explica a evolução da sociedade e o investimento
na educação, relevando a formação de elites.
• Analisa a tendência de urbanização timorense e a
permanência de estruturas tradicionais.
• Avalia o interesse crescente pelo conhecimento
das realidades de Timor, manifestado pelos estu-
dos científicos realizados no território.
• Discute a origem da revolta de Viqueque, inte-
grando a sua eclosão no contexto da situação po-
lítica do Sudeste asiático.
28 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
5.1.1. Subtema 1 – A reconstrução num mundo dividido
TEMPO PREVISTO: 8 AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
À semelhança do que foi indicado para os 10.º e 11.º anos, deve ser proposta aos alunos, em todos os subtemas, a construção de uma barra cronológica onde registarão, ao longo da lecionação, os marcos considerados mais significativos. No processo de aprendi-zagem, o professor deve estimular o recurso às barras cronológi-cas inseridas no Manual, de modo a proporcionar a construção de referentes temporais.
É igualmente relevante a perceção do espaço e o professor deve insistir na observação atenta dos mapas inseridos em cada rubri-ca. Os elementos geográficos gerais identificativos são apenas os que se considerou indispensáveis à localização das áreas. Para uso comparativo e um mais preciso conhecimento do espaço, o Ma-nual inclui nas páginas finais um planisfério físico e um planisfério político atualizado.
O programa do 12.º ano inicia-se com um tema que, cronologica-mente, corresponde ao período entre o termo da Segunda Guerra Mundial e o início dos anos 1970, mais precisamente a crise eco-nómica de 1973.
1. Mapa político do imediato pós-guerra; Criação de organismos internacionais; a Organização das Nações Unidas
Desnazificação
O primeiro subtema deve iniciar-se pela análise e exploração do mapa (Doc. 1, pág. 8). Esta atividade permitirá que os alunos identi-fiquem as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, as re-giões do mundo ainda sob domínio colonial, bem como os Estados de que essas regiões dependiam; com recurso ao texto explicativo e ao mapa político do final do Manual (págs. 180-181), o professor deve orientar os alunos para localizarem os países que foram ocupa-dos pelas potências vencedoras, trabalhar a noção de desnazifica-ção e, ainda, o que tal processo significou para os países ocupados.
1.1. Conferências de paz e reconstrução
Com a leitura e análise dos documentos 3 e 4 (pág. 9) pretende-se que os alunos reconheçam que, após a Segunda Guerra Mundial, houve a preocupação de estabelecer uma nova ordem económica, além da redefinição de fronteiras e de áreas de influência das po-tências vencedoras, fatores determinantes para a posterior evolu-ção da situação política, à escala mundial.
A atividade proposta aos alunos no Manual pode, com vantagem, ser realizada em pares ou pequenos grupos, devendo ser regista-das as conclusões.
1.2. A ONU – ob-jetivos e estrutura
Na abordagem da subrubrica respeitante à ONU, sua formação e objetivos, o professor pode partir de aprendizagens dos alunos obtidas, no 10.º ano, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 29
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Direito de veto
Social. Para tal, pode efetuar um levantamento dessas aprendizagens para, em seguida, desenvolver o assunto, na perspetiva da história, ou seja, contextualizá-las no quadro do grande conflito mundial.
O professor deve acentuar o significado da criação da ONU, salien-tando a esperança na manutenção de uma paz duradoura, após uma guerra de tão graves consequências.
Em seguida, poderá, com o grupo-turma proceder à leitura do Preâmbulo da Carta das Nações Unidas (Doc. 5, pág. 10), e anali-sar o seu conteúdo. A observação do documento 6 permitirá aos alunos comprovarem a solenidade da cerimónia de assinatura da Carta, identificando os elementos que o demonstram.
Com os dados de que dispõem, pode propor-se aos alunos que comparem o caráter democrático da composição e do funciona-mento da Assembleia Geral (onde cada Estado- membro tem di-reito a um voto), com a possibilidade de direito de veto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança. O professor deverá explicitar o significado deste direito e os seus efeitos.
Portugal, candidato a entrar na ONU desde 1946, só em 1955 foi admitido com um conjunto de outros países, na sequência de ne-gociações entre os EUA e a URSS. O facto de o regime português não ser democrático fez com que o processo de adesão se tivesse arrastado, tendo sido resolvido na sequência de acordos, no qua-dro da Guerra Fria.
O documento 7 possibilita conhecer a evolução do número de Es-tados que foram integrando a ONU, desde a sua formação, em 1945, aos finais do século XX. Ao realizarem a atividade proposta no Manual, podem verificar que os dois períodos em que mais Es-tados passaram a fazer parte da ONU, além do grupo da fundação, foram 1945-1956 e 1956-1967; podem, ainda, concluir que, nos nossos dias, quase todos os Estados independentes são membros de pleno direito desta organização internacional.
Se a escola dispuser de acesso à Internet, os alunos podem con-sultar o sítio da ONU – http://www.un.org. Aí é possível obter informações sobre os seus organismos, funcionamento, Estados membros e outros elementos de natureza diversa.
A leitura e análise do excerto da Declaração Universal dos Direitos do Homem (Doc. 8, pág. 11) poderá conduzir à organização de um debate, já proposto no Manual. O professor deverá mobilizar co-nhecimentos dos alunos, resultantes de aprendizagens de outras disciplinas. Pode, ainda, promover-se uma comparação com a De-claração de Independência dos Estados Unidos (1773) e a Declara-ção dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), estudadas no 11.º ano. No final, devem ser registadas as conclusões a que chegarem.
30 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
2. Blocos ideológicos e áreas de influência
2.1. Da Guerra Fria ao desanuviamento
SuperpotênciaPlano MarshallNATOPacto de VarsóviaPartição da AlemanhaGuerra da CoreiaQuestão palestinianaCrise dos mísseis de Cuba
Democracia popularCoexistência pacífica
O professor pode iniciar o estudo da rubrica 2, referente ao início da Guerra Fria e do estabelecimento de um mundo bipolar, pela constituição de pequenos grupos que analisem os dois documen-tos escritos (9 e 10, pág. 12) – metade dos grupos trata a posição de Truman (Doc. 9) e a outra metade a de Jdanov (Doc. 10); na rea-lização desta atividade, os alunos devem ter presentes os concei-tos de totalitarismo, de democracia, de imperialismo, bem como as noções de liberdade e de mundo livre; no final, comparam as posições apresentadas e registam as conclusões.
A observação do mapa (Doc. 11, pág. 13), a leitura das notas e do texto explicativo devem conduzir à consolidação do conceito de superpotência e à localização das áreas de influência dos EUA e da URSS. A consulta e a construção da barra cronológica, permi-tem situar no tempo a formação das organizações que constituem manifestações da Guerra Fria, que o mundo viveu no período que decorreu desde 1947 até à queda do muro de Berlim (1989). Con-vém que os alunos leiam, com atenção, as notas que esclarecem o significado dos episódios da bipolarização, em que direta ou indi-retamente esiveram envolvidas as duas superpotências. A desarti-culação deste sistema mundial será estudada na UT 8, Subtema 1.
No final do estudo desta rubrica, o professor deverá verificar se os alunos entenderam os conceitos de democracia popular e de coexistência pacífica. A consulta do Glossário, no final do Manual, contribui para a consolidação desses conhecimentos, mas não se pretende que os alunos se limitem a memorizá-los.
3. Políticas económicas no quadro da Guerra Fria3.1. As democracias ocidentais
Economia de mercado
Com a abordagem da rubrica 3 procura-se caraterizar sistemas po-lítico-económicos das democracias parlamentares de tipo ociden-tal e compará-los com as economias planificadas da URSS e das chamadas democracias populares dos países do Leste da Europa.
Assim, o professor poderá, em primeiro lugar, analisar com os alu-nos a tabela (Doc. 13, pág. 14) que apresenta a evolução da produ-ção industrial, em alguns países capitalistas, no período em estudo.
A análise e comentário desta tabela constitui o exemplo de utili-zação de elementos estatísticos, apresentado no texto inicial do Guia, nas páginas 13 e 14.
Em seguida, pode propor o comentário dos textos que constam do documento 12, sobre a predominância da economia e sobre os processos para aumentar a produtividade.
Com a análise dos documentos 14 e 15 (pág. 15), e a consulta do Glossário do final do Manual, os alunos podem integrar mais ele-mentos para compreenderem o que significa uma economia de mercado e quais os seus efeitos.
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 31
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
SocialdemocraciaDemocracia cristã
Os conceitos de socialdemocracia e de democracia cristã podem ser trabalhados, pedindo aos alunos que indiquem caraterísticas que já conheçam sobre estas correntes políticas. Pode proceder--se ao registo destes contributos e, no final, consultar o Glossário para consolidar as aprendizagens.
3.2. Política económica dos países socialistas
Economia planificada
A análise da tabela (Doc. 17, pág. 16) possibilita comparar o cres-cimento industrial, nos países socialistas da Europa de Leste e na URSS. A partir do documento 16, e do texto explicativo, o profes-sor deve dirigir os alunos para a compreensão do conceito de eco-nomia planificada, bem como as suas caraterísticas.
No final, os alunos devem aplicar as suas aprendizagens, na ela-boração de um texto ou de uma tabela comparativa sobre os dois sistemas económicos.
Devem, ainda, entendê-los na perspetiva de um mundo bipolar que se reflete, também, nas políticas económicas.
3.3. China e Japão: duas políticas na Ásia
O estudo da subrubrica 3.3. permite, não só conhecer a evolução política da China e do Japão, após 1945, como também estabele-cer a comparação entre uma economia de tipo socialista (China) com uma economia de tipo capitalista (Japão).
Maoísmo
No que respeita à China, é necessário recuperar aprendizagens do 11.º ano, sobre o marxismo-leninismo e os primeiros tempos do Partido Comunista Chinês (ver Manual do 11.º ano, págs. 68-69, e 117-118). Deste modo, os alunos podem compreender a adapta-ção daquele pensamento político à realidade da China, que cons-titui o que se designa por maoísmo.
No documento 18, Mao Zedong refere o papel que atribuía às “massas populares”, em especial aos camponeses e a sua ligação com o Partido Comunista.
O professor poderá destacar que as primeiras medidas seguidas após a proclamação da República Popular da China, de 1949 até cer-ca de 1957, deram resultados positivos nos planos social e económi-co, e permitiram a reorganização do país, destruído pelas guerras.
A observação e análise do documento 19 (pág. 17) deve levar os alunos a identificarem os elementos definidores das “comunas po-pulares”: campos cultivados, fumo das fábricas, milícias popula-res, cantina coletiva, escola, centro para os mais idosos.
O professor deve propor aos alunos que reflitam sobre a viabili-dade de um projeto em que, em unidades de grande dimensão, se procurava associar a agricultura à indústria: recursos, meios técnicos, produtividade, circulação de produtos. Esta reflexão é importante para que os alunos possam compreender o desastre económico que representou e “grande salto em frente”.
32 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
O estudo da Revolução Cultural pode ser realizado em trabalho de pares ou de pequenos grupos. Partindo dos documentos 20 e 22 (pág. 18), os alunos devem confrontar os objetivos deste movi-mento com as opiniões transcritas no documento 21. Pretende-se, também, que os alunos distingam fontes primárias (Docs. 20 e 22) de fontes secundárias (Doc. 21), neste caso historiográficas.
Há, ainda, um outro aspeto que deve ser destacado pelo professor – que os alunos distingam o facto histórico (neste caso, a Revolução Cultural) de interpretação que historiadores fazem sobre esse facto.
No final, deve ser elaborado um registo com as conclusões a que os alunos chegarem.
O ponto de partida para o estudo do Japão deverá ser a observa-ção da imagem (Doc. 23, pág. 19), que representa a plena aceita-ção do Japão, como membro da ONU. Deverá ser comentado o significado deste facto, por se tratar de um país que, derrotado na guerra, tinha estado sob administração americana.
A análise do gráfico (Doc. 24, pág. 19) permite que os alunos com-parem o crescimento económico verificado no Japão com outros países de economia capitalista. O documento 25 (pág. 19) ilustra bem o desenvolvimento da indústria pesada japonesa.
O professor pode, em seguida, traçar a evolução da situação políti-ca e económica japonesa do imediato pós-guerra, e os resultados alcançados.
Se a escola dispuser de acesso à Internet, o professor deve incen-tivar os alunos a realizarem pesquisas para aprofundarem estes temas, salvaguardando sempre os cuidados devidos sobre a fiabi-lidade dos artigos consultados.
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 33
5.1.2. Subtema 2 – A ascensão do “Terceiro Mundo” e o despertar da consciência mundial
TEMPO PREVISTO: 12 AULASCONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Como em todos os subtemas, deve ser proposta aos alunos a construção de uma barra cronológica onde registarão, ao longo da lecionação, os marcos considerados mais significativos. No pro-cesso de aprendizagem, o professor deve estimular o recurso às barras cronológicas inseridas no manual, de modo a proporcionar a construção de referentes temporais.
No Manual do Aluno, a barra cronológica relativa a este Subtema é bastante sucinta. Não havia espaço para incluir um número tão elevado de datas de acesso de novos Estados à independência, razão por que apenas estão assinaladas fases das descolonizações. Nas páginas finais do Guia, o professor encontra uma cronologia mais desenvolvida podendo, assim, facultar esses elementos aos alunos.
É igualmente relevante a perceção do espaço e o professor deve insistir na observação atenta dos mapas inseridos em cada rubri-ca. Os elementos geográficos gerais identificativos são só os in-dispensáveis à localização das áreas. Para uso comparativo e um mais preciso conhecimento do espaço, deve ser consultado o pla-nisfério físico e o planisfério político atualizado, nas páginas finais do Manual.
1. As descolo-nizações; incer-tezas e desafios dos estados pós--coloniais
O estudo desta rubrica deve ser antecedido por um diagnóstico de aprendizagens sobre “Movimentos autonomistas em África e na Ásia” (UT6, Subt.1, págs. 130-132 do Manual do 11.º ano). Caso se torne necessário, o professor deve auxiliar os alunos a relembra-rem essas aprendizagens.
1.1. As independências asiáticas
DescolonizaçãoCommonwealthProtetorado
Pode, então, iniciar a abordagem da subrubrica 1.1 pela análise e exploração do mapa (Doc. 1, pág.22). Os alunos identificam e lo-calizam os novos Estados que, na Ásia, acederam à independência. Esta atividade deve ser complementada com a construção da bar-ra cronológica, inserindo os nomes dos países e verificando que, neste continente, se situa a 1. ª vaga de descolonizações. O profes-sor deve trabalhar com os alunos os conceitos de descolonização e Commonwealth, a partir da consulta do Glossário.
O comentário do documento 2 permite ao professor trabalhar de novo com um texto de opinião. Há a acentuar que a autora é uma historiadora indiana que se pronuncia sobre a divisão da Índia. Se a escola dispuser de aceso à Internet, os alunos podem apro-fundar esta questão, consultando sítios que informem sobre os problemas que ainda permanecem nos nossos dias entre a União Indiana e o Paquistão.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
O documento 3 (pág.23) ilustra, com a fotografia, a leitura do bre-víssimo texto da “Declaração de Independência da Indonésia”. Na atividade proposta no Manual pede-se que os alunos justifiquem a razão para um texto tão curto. O professor deve chamar a atenção para a data – 17 de agostode 1945, dois dias depois da capitulação do Japão. Deve, ainda, referir que se trata de uma proclamação unilateral que só quatro anos depois foi reconhecida pela Holanda.
A leitura e análise do documento 4 (pág. 24) pode ser realizada em pares, ou com toda a turma; no final deve efetuar-se o registo dos comentários dos alunos.
Na observação da fotografia (Doc. 5, pág. 25) o professor deve orientar os alunos no sentido de interpretarem as expressões dos soldados do Vietmin e de procurarem explicar as razões para o contentamento que manifestam.
1.2. As independências africanas
A abordagem da subrubrica 1.2. pode iniciar-se pela leitura do documento 7 (pág. 25). O professor pode propor aos alunos que comparem as afirmações de Sekou Touré com as de Ho-Chi-Min (Doc.4), que já tinham analisado. Deve acentuar-se, a partir das notas biográficas, que se trata de líderes independentistas, com pensamento semelhante em relação aos colonizadores.
Em seguida, o professor pode passar para a análise do mapa (Doc. 6, pág. 25), acompanhada pela elaboração da barra cronológica. Esta atividade permite que os alunos verifiquem que a maioria das independências africanas ocorrem, no final dos anos 1950, mais tarde do que as primeiras independências asiáticas, e correspon-dem a uma 2.ª vaga de descolonizações. O ano de 1960 é, por muitos, designado como “ano africano”, considerando o número significativo de novos Estados, neste continente.
Caso seja possível, deve comparar-se o mapa (Doc.6) com o da partilha de África, no século XIX (Doc. 42, pág. 84, do Manual do 11.ºano). Pode também comparar-se com o planisfério político do final do Manual, verificando a existência de Estados que, em Áfri-ca, acederam à independência mais recentemente.
A atividade proposta no Manual, de elaboração de biografias de líderes nacionalistas, tem como objetivo alargar os conhecimen-tos sobre esta temática, uma vez que não era possível incluir ou mesmo referir os nomes de todos. Sugere-se que o professor, de acordo com os alunos, distribua as biografias, levando depois à apresentação dos trabalhos realizados a toda a turma.
1.3. Portugal e os movimentos de libertação
A análise dos documentos 8 e 9 (pág. 26) permite iniciar o estu-do da situação das colónias portuguesas, em África (Guiné, An-gola e Moçambique) e do pensamento dos principais líderes dos movimentos de libertação. Em continuidade das atividades
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Autodeterminação
realizadas anteriormente com textos de líderes nacionalistas asiá-ticos e africanos, os alunos podem comprovar as semelhanças ideológicas quanto à afirmação do direito à autodeterminação dos povos colonizados; este conceito deve ser trabalhado e contextuali-zado no quadro internacional de ação da ONU (já estudado no Sub-tema 1) e do Movimento dos Não Alinhados, a estudar em seguida.
Os alunos podem, desde que haja disponibilidade na escola, reali-zar trabalhos de pesquisa sobre os principais movimentos de liber-tação das colónias portuguesas, bem como sobre o pensamento e ação dos seus líderes.
O texto de Marcelo Caetano (Doc. 10, pág. 27) é muito significa-tivo de alguns aspetos da política portuguesa, de finais dos anos 1960, nomeadamente da política colonial. A sua análise permite reconhecer a continuidade dos princípios do Estado Novo, pelo sucessor de Salazar como presidente do Conselho de Ministros; permite, ainda, conhecer a sua intenção de realizar algumas refor-mas, inviabilizadas pelos condicionalismos internos e pelo isola-mento internacional de Portugal.
No sítio www.guerracolonial.org é possível encontrar diversos tex-tos informativos, biografias, dados estatísticos, cronologias, vídeos e imagens por temas, não só sobre a guerra colonial, mas também sobre a situação em Portugal e contexto internacional; embora o âmbito cronológico esteja centrado no período entre 1961 e 1974, remete também para a época do pós Segunda Guerra Mundial.
1.4. Realidades dos novos países
Neocolonialismo
Terceiro MundoSubdesenvolvimento
O documento 11 (pág. 28) apresenta, de uma forma muito clara, o que um dos líderes das independências africanas, Nkrumah, já re-ferido anteriormente no Manual, entende por neocolonialismo. A partir da leitura do texto, o professor pode pedir aos alunos que se pronunciem sobre o neocolonialismo ou apresentem factos que refletem a sua prática, na atualidade.
Deve, também, mobilizar aprendizagens de outras disciplinas e conduzir um diálogo sobre a noção de “Terceiro Mundo” e o con-ceito de subdesenvolvimento.
Relativamente ao termo “Terceiro Mundo”, aplicado aos países em desenvolvimento, o geógrafo Alfred Sauvy utilizou-o pela primeira vez em 1952, por analogia com a situação do Terceiro Estado, do Antigo Regime europeu, assunto que foi tratado no ano anterior (ver Manual do 11.º ano, pág. 38).
Os alunos devem referir os principais problemas com que se deba-tiam os Estados saídos da dominação colonial.
Algumas das questões suscitadas nesta subrubrica serão comple-mentadas com o estudo do Subtema 2 da UT8.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
2. Sucessos e dificuldades da política de não alinhamento
O estudo das duas subrubricas, 2.1 e 2.2., pode ser realizado em trabalho de pares, ou de pequenos grupos.
O professor propõe aos alunos que analisem e comparem os dois documentos (12 e 13, págs. 29 e 30), identificando as semelhan-ças. Devem, depois, registar os princípios fundamentais do Movi-mento dos Não Alinhados.
2.1. A Conferência de Bandung
2.2. Criação e evolução do Movimento dos Não Alinhados
O professor deve chamar a atenção para a importância do Mo-vimento dos Não Alinhados, no quadro da Guerra Fria e de um mundo bipolar. Deve, ainda, levar os alunos a relacionar este Mo-vimento com a descolonização e as independências nas décadas de 1950 e de 1960.
Os alunos podem localizar no mapa mundo político, do final do Manual, os países que participaram na Conferência de Bandung e que foram os seguintes:
• asiáticos: Afeganistão, Arábia Saudita, Birmânia, Camboja, Ceilão, Filipinas, Iémen, Índia, Indonésia, Irão, Iraque, Israel, Japão, Jordânia, Laos, Líbano, Nepal Paquistão, República Democrática do Vietname, República Popular da China, Síria, Tailândia, Turquia, Vietname do Sul;
• africanos: Etiópia, Líbia, Libéria, Egito, Sudão.Atualmente, fazem parte do Movimento dos Não Alinhados 120 Estados; a última cimeira realizou-se em Teerão, em 2012.
Para possível consulta, na Internet, o sítio do Movimento dos Não Alinhados é o seguinte: www.nam.gov.za
3. O quadro po-lítico-económico do Sudeste Asiá-tico; o caso da Indonésia
3.1. Regimes políticos e problemas do desenvolvimento
O mapa (Doc. 14, pág. 31) apresenta um quadro do Sudeste Asiá-tico, quanto a regimes políticos, no período de 1945 a 1965. Como a guerra do Vietname e a evolução política na Indonésia serão objeto de estudo mais desenvolvido, em subrubricas específicas, os alunos devem analisar em particular os elementos relativos a outros Estados da região (Filipinas, Malásia, Tailândia, Birmânia (Myanmar) Camboja e Laos). Se houver possibilidade, será dese-jável que aprofundem o estudo da evolução política, económica e social destes países, no período considerado.
Relativamente à ASEAN, cuja sede é em Jakarta, podem obter mais elementos sobre esta organização no sítio - www.asean.org
3. 2. A guerra do Vietname
O estudo da subrubrica 3.2. deve ser articulado com as aprendiza-gens da subrubrica 1.1. deste Subtema (Manual, pág. 24). Pode, en-tão, proceder-se à leitura e análise do texto (Doc. 15, pág. 32), em que o antigo comissário francês prevê a continuação do conflito, na se-quência da divisão do Vietname. Os alunos devem localizar no mapa (Doc. 16, pág. 32) os territórios do Vietname do Norte e do Vietname do Sul, bem como as respetivas capitais. A análise do mapa permite, ainda, a localização das bases do Vietcong, no Vietname do Sul, e das fronteiras com o Laos, Camboja e República Popular da China.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
O professor deve orientar os alunos para a explicação das razões que levaram a que a guerra do Vietname se integre no quadro da Guerra Fria, como um dos conflitos localizados já referidos no Subtema 1.
A análise das afirmações do presidente americano (Doc. 18, pág. 33) confirma a posição dos Estados Unidos relativamente ao Viet-name; deve ser acompanhada por uma nova observação do mapa (Doc. 16), que possibilita localizar a via Ho-Chi-Min e outras en-tradas por onde os guerrilheiros do Vietcong (Doc. 17, pág. 33) recebiam apoio para a sua causa. A observação do documento 17 comprova as difíceis condições da luta do Vietcong, bem como a determinação com que os guerrilheiros combatiam.
Os alunos devem procurar, no texto explicativo, as razões da luta do Vietcong e as condições que levaram ao termo da guerra; na barra cronológica, podem localizar no tempo a duração deste conflito.
Se tiverem acesso à Internet, poderá ser proposto um trabalho de pesquisa; há um número elevado de fotografias, de vídeos e de diversos tipos de informação sobre a guerra do Vietname.
3.3. A Indonésia – da democracia à “Ordem Nova”
Pancasila
À semelhança do que foi sugerido para a subrubrica 3.2, o pro-fessor deve, também, recuperar aprendizagens da subrubrica 1.1., antes de iniciar o estudo sobre a evolução política da Indonésia, após a proclamação da sua independência, em 1945.
A descrição de Sukarno sobre o seu regresso a Jakarta (Doc. 19, pág. 34) revela o entusiasmo dos manifestantes relativamente ao reconhecimento da independência, por parte da Holanda, tal como a observação da fotografia (Doc. 20, pág. 34) comprova a determinação de luta dos javaneses, apesar dos meios precários de que dispunham.
Com recurso ao texto explicativo, os alunos ficam a conhecer as dificuldades com que se defrontou o novo Estado e as razões des-sa situação.
A consulta do Glossário permite aos alunos esclarecerem o sen-tido e princípios dos Pancasila, e do seu significado, ao procurar conciliar diferentes ideologias; partindo da afirmação da crença na existência de um Deus supremo, correspondia às diferentes re-ligiões existentes na Indonésia – islamismo, cristianismo, hinduís-mo e budismo, com exeção do animismo.
Contudo, os líderes muçulmanos pretendiam que esse princípio ti-vesse a seguinte redação, proposta e aprovada na Carta de Jacar-ta (1945): “Crença num deus, com obrigação, para os aderentes do islão, de implementar a lei islâmica (shariah)”.
Os alunos devem observar a imagem (Doc. 21, pág. 35) e ana-lisar os resultados das eleições de 1955 (Doc. 22, pág. 35), que constituem provas da existência de um regime democrático, nos
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
primeiros tempos da independência da Indonésia, alicerçado no pluriparidarismo e liberdade de expressão; provam, ainda, as fra-gilidades da democracia parlamentar – formação de coligações governativas, peso do PKI (Partido Comunista) e dos partidos islâ-mico, ação dos militares – que levaram à “democracia dirigida” de Sukarno e, em 1965, à “Ordem Nova” de Suharto.
Os resultados das eleições de 1971 e da constituição do parlamento indonésio (Docs. 23 e 24, pág. 36) manifestam a predominância e supremacia do Golkar. O professor pode pedir aos alunos que reali-zem a atividade proposta no Manual e comparem os resultados das duas eleições, tirando as conclusões evidenciadas pelos gráficos.
A instituição da ditadura de Suharto fez pender a Indonésia para a órbita dos EUA, num período em que decorria a guerra do Vietna-me. O contexto político do Sudeste Asiático, no quadro da Guerra Fria, pode explicar o anti-comunismo dos governos suhartistas.
Os alunos devem completar a barra cronológica, e verificarem a sincronia de acontecimentos, como a guerra do Vietname e a evo-lução política da Indonésia.
Se na escola dispuserem de acesso à Internet, os alunos podem visionar um pequeno filme que apresenta alguns aspetos do quo-tidiano na Indonésia, em 1955.
A ligação para o filme é: http://www.youtube.com/watch?v=e8k-gGJC0Ljw - Indonesia, the nation under President Sukarno in 1955
O professor deve preparar previamente esta atividade, de prefe-rência com o colega da disciplina de Inglês, uma vez que o vídeo não está legendado em língua portuguesa.
Deve elaborar um guião e, no final, promover um pequeno debate, seguindo a metodologia indicada nas páginas 21 e 22 deste Guia.
4. Eclosão de mo-vimentos cívicos
A temática da rubrica 4 do Subtema 2 diz respeito a alguns dos movimentos por direitos cívicos, que tiveram impacto no mundo, nas décadas de 1950, 1960 e 1970.
4.1. Lutas contra a segregação racial
Ao iniciar o estudo da subrubrica 4.1, o professor pode pedir aos alunos que observem as imagens (Docs. 25 e 26, pág. 37), que as descrevam e refiram as opiniões que suscitam. Em seguida, pode promover um breve debate e registo de conclusões.
O documento 25 está redigido em inglês e afrikânder, as línguas dos colonizadores da África do Sul. O afrikânder deriva do holan-dês do século XVII. Na atualidade, o país tem onze línguas oficiais (o inglês, o africânder; as outras são de origem africana).
A partir desta atividade, os alunos devem localizar os aconteci-mentos no espaço (África do Sul), no mapa político do final do Manual, e no tempo (política de apartheid, e massacre de Sharpe-ville), na barra cronológica.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
SegregacionismoApartheid
Em Joanesburgo está instalado o Apartheid Museum, cujo sítio na Internet é: http://www.apartheidmuseum.org
Será interessante realizarem uma visita virtual a este museu.
A consulta do Glossário irá clarificar os conceitos de segregacio-nismo e de apartheid, que os alunos devem compreender e ser capazes de aplicar corretamente.
Multiculturalismo
A leitura do texto de Martin Luther King (Doc. 28, pág. 38) possibi-lita analisar a realidade da situação da população negra, nos EUA e os objetivos da luta contra a segregação racial.
O professor deve aprofundar o conceito de multiculturalismo, tendo em conta a sociedade norte-americana, mas aplicável a muitos outros países.
A observação da fotografia da Marcha sobre Washington (Doc. 27, pág. 38), em que Luther King pronunciou o discurso de que os alu-nos leram um excerto, deve ser orientada para refletirem sobre a dinâmica popular que conduziu ao reconhecimento da igualdade de direitos dos negros. Na barra cronológica, estão assinaladas algumas das conquistas obtidas na sequência da luta travada nesse sentido.
Se a escola dispuser de recursos, o professor pode propor aos alunos que realizem pesquisas que permitam aprofundar esta te-mática. O edifício onde Luther King foi assassinado, na cidade de Memphis, é atualmente o National Civil Rights Museum (Museu Nacional dos Direitos Cívicos), cujo sítio na Internet é o seguinte http://www.civilrightsmuseum.org/, o que possibilita, também, uma visita virtual.
4.2. Movimentos da juventude
As fotografias (Docs. 29 e 30, pág. 39) ilustram alguns dos movi-mentos juvenis de contestação, nestes casos, nos EUA e em Fran-ça. O professor deve pedir aos alunos que, em pares ou em pe-quenos grupos, analisem as imagens e o que representavam em termos de contestação ao poder instituído.
Relativamente a “Maio de 68”, em França, os alunos podem arti-cular com aprendizagens da subrubrica 3.3, do Subtema 1, da UT7 (pág. 17), do Manual do aluno, quanto à influência do maoísmo na formação de movimentos ou de partidos de extrema-esquerda, em países do Ocidente.
Hippies No que respeita ao movimento hippie, é possível obter mais in-formação na Internet e, em www.youtube.com, vídeos com ima-gens e músicas tocadas no 1.º festival de Woodstock, realizado em 1969.
Em 1968, um outro movimento de contestação, de natureza mais marcadamente política, foi a “Primavera de Praga”; dirigentes do Partido Comunista da Checoslováquia, apoiados por intelectuais, procuraram introduzir reformas no regime vigente.
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5.1.3. Subtema 3 – Timor-Leste de 1945 aos inícios da década de 1970
TEMPO PREVISTO: 18 AULASCONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Como em todos os subtemas, deve ser proposta aos alunos a construção de uma barra cronológica onde registarão, ao longo da lecionação, os marcos considerados mais significativos. No pro-cesso de aprendizagem, o professor deve estimular o recurso às barras cronológicas inseridas no manual, de modo a proporcionar a construção de referentes temporais.
Essas barras constituem um ponto de partida para que os alunos construam as suas próprias, incluindo, neste subtema, factos da história local, em ligação com a história de Timor.
No 12.º ano, o estudo da história de Timor inicia-se com o sub-tema 3 da UT7 e abrange o período de todo o tema (1945-1973). Considerando a sequência cronológica, convém que o professor proceda, com os alunos, a um diagnóstico das aprendizagens do Subtema 2 da UT6, do 11.ºano, de modo a possibilitar uma melhor compreensão deste Subtema.
1. Fim da ocu-pação japonesa e reposição da administração portuguesa
1.1. Restauração da soberania portuguesa
A análise do documento 1 (pág. 44), realizada com todo o grupo--turma, ou em pares, permite que os alunos fiquem com uma ideia sobre a destruição de que o território foi alvo, o que é com-plementado com a imagem das ruínas da Câmara Municipal de Díli. Possibilita, ainda, demonstrar a preocupação das autorida-des portuguesas em organizar uma cerimónia que comprovasse o apoio das populações timorenses.
O professor deve chamar a atenção para o facto de se tratar do te-legrama do Governador Ferreira de Carvalho, um documento oficial que um jornal de Lisboa publicou na 1.ª página, em 2 de outubro de 1945, com o seguinte título: “A chegada dos primeiros contingentes de tropas portuguesas a Díli foi festejada entusiasticamente pela população europeia e indígena da capital de Timor. Uma receção impressionante nas ruínas da Câmara Municipal”. O título da notícia reflete, assim, a posição do regime sobre este acontecimento.
A fotografia das ruínas da Câmara Municipal de Díli de Norberto Be-nigno, foi tirada pelo pai que fazia parte do Corpo Expedicionário Português, chegado em setembro de 1945.
Em continuidade do trabalho com fontes históricas, já iniciado no 10.º e 11.º anos, deve referir-se sempre a proveniência e intencio-nalidade dos documentos.
A leitura do texto de Marcelo Caetano, o ministro das Colónias em 1945, (Doc. 2, pág. 43) revela de uma forma muito clara que, além de se procurar acorrer às necessidades mais urgentes de Timor, a expedição tinha uma clara intenção política de demonstrar o po-der de Portugal, após o período da dominação japonesa, em que a sua imagem e prestígio tinham ficado muito abalados.
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 41
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
As condecorações e condenações que se seguiram à restauração da soberania portuguesa podem constituir o ponto de partida para um debate sobre a questão da situação de vencedores e de vencidos. Os timorenses e portugueses agraciados foram-no por terem sido considerados leais às autoridades portuguesas, e os condenados por suspeitas de terem apoiado os japoneses.
Há alguns autores que enquadram as ações de timorenses contra portugueses, durante a guerra, como manifestação de sentimen-tos anticoloniais, e a data de 5 de setembro, como um símbolo de sujeição. Também estabelecem a ligação dos ressentimentos dos deportados para Ataúro com os acontecimentos de 1959 (Revolta de Viqueque) e até de 1974/1975.
1.2. Os difíceis anos do pós-guerra
A leitura do documento 3 (pág. 44) constitui um contributo para o conhecimento das dificuldades das populações timorenses nos difíceis anos do pós-guerra.
Também neste caso o professor pode chamar a atenção para o tipo de documento, que não é oficial. O interesse deste testemu-nho do poeta Ruy Cinatti, na época, funcionário colonial, além da informação que transmite, reside no facto de não esconder exces-sos da administração portuguesa.
O professor pode realçar, ainda, o sentido da última frase do docu-mento em que o autor refere a passagem de uma fase de exalta-ção, no período imediato à restauração da soberania portuguesa,
à fase do desalento e de agravamento da situação dos timorenses.
Os dois documentos (n.ºs 4 e 5, pág. 45) apresentam duas perspe-tivas sobre a situação de Timor, em 1952.
O professor pode organizar a turma em pequenos grupos; metade dos grupos analisa o documento 4, e a outra metade o documento 5. Após este trabalho, podem confrontar as opiniões, não esque-cendo que a opinião do ministro do Ultramar é oficial e que a po-sição da comunidade chinesa representa outra perspetiva sobre a situação. Há que acentuar, contudo, que esta comunidade não era, de modo algum, a mais penalizada, uma vez que dominava, por todo o território, a rede do pequeno comércio. As condições de vida da maioria dos timorenses estão descritas no documento 3, analisado anteriormente.
Sugere-se, no Manual, se a escola dispuser de acesso à Internet, o visionamento de pequenos filmes relativos à reconstruçãode Ti-mor, após a guerra. Esses filmes são disponibilizados no sítio do Instituto de Investigação Científica Tropical que sucedeu à Junta de Investigação do Ultramar.
Encontram-se em: http://www2.iict.pt/?idc=21&idi=12990
Trata-se de trabalhos realizados por missões científicas oficiais.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
São documentos que, tal como outros, apresentam a perspetiva do regime político da época. A sua análise implica, pois, que o pro-fessor chame a atenção para a origem desses filmes e para a crítica que deve ser feita relativamente às fontes da história.
2. Reconstrução e evolução económica
2.1. A evolução político-adminis-trativa de Timor
Com a subrubrica 2.1. pretende-se que os alunos conheçam, de forma abreviada, a evolução da política colonial portuguesa, de-corrente da situação internacional, que os alunos estudaram nos subtemas 1 e 2, da Unidade Temática 7.
Os alunos devem relacionar a substituição da designação de “co-lónia” por “província ultramarina”, de “colonial” por “ultramarino” e das alterações na Lei Orgânica do Ultramar, com as Resoluções das Nações Unidas sobre territórios não autónomos, no contexto da afirmação do Movimento dos Países Não Alinhados.
Assimilacionismo
O Palácio das Repartições (Doc. 6, pág. 46), cuja construção foi iniciada na década de 1950, reunia os serviços oficiais e tinha esta designação para o distinguir da residência do governador, em Lahane. A observação da imagem pode constituir um ponto de partida, chamando o professor a atenção para a imponência do edifício, numa pequena cidade como era Díli.
No portal http://www.hpip.org (Património de Influência Portu-guesa), é possível encontrar mais informações sobre o Palácio das Repartições, bem como sobre outros edifícios de Timor, construí-dos durante o período da colonização portuguesa.
A leitura do documento 7 (pág. 46) deve servir para uma reflexão sobre a questão da formação de uma identidade timorense, per-cetível pelas autoridades coloniais, apesar da atribuição da cida-dania portuguesa, em 1953.
O mapa (Doc. 9) e a fotografia (Doc. 10, pág. 47) documentam informações contidas no texto explicativo, sobre a situação admi-nistrativa de Timor, no início da década de 1970.
O mapa de Timor, que apresenta a organização administrativa, em 1970 (Doc. 9), bem como outros mapas respeitantes aos concelhos em que o território estava dividido, podem ser visionados em: http://www.tvciencia.pt/tvccat, inserindo em pesquisa a palavra Timor.
2.2. A economia e os planos de fomento
Ao iniciar a subrubrica 2.2., o professor pode partir da leitura do documento 10 (pág. 48), que apresenta a opinião de Ramos-Horta sobre a reconstrução de Timor, que se processava a um ritmo len-to. Apesar das verbas atribuídas, as obras realizadas não eram su-ficientes, nem notadas pela grande maioria da população.
Foi, efetivamente, a partir da década de 1960, que a aplicação das verbas dos planos de fomento tiveram resultados mais evidentes. A análise da tabela (Doc. 11, pág. 48), permite que os alunos verifi-quem quais as áreas prioritárias previstas no 3.º Plano de Fomento.
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O professor pode propor que se debatam essas opções, e que im-plicações poderiam ter para o desenvolvimento do território.
Relativamente aos novos edifícios construídos, em Díli, a nota na margem enumera os mais importantes.
A análise dos documentos 12, 13 e 14 (pág. 49) pode ser realizada em pares ou pequenos grupos, apresentando os alunos as conclu-sões a que chegarem sobre os principais produtos exportados, as origens das importações e o destino das exportações.
O professor deve chamar a atenção para a importância dos liurais produtores de café, conforme exempos indicados na nota da mar-gem. Pode, ainda, informar os alunos que, segundo estimativas australianas, em 1948, nas propriedades da SAPT e da SOTA tra-balhavam 50 a 150 timorenses, em cada uma delas; nas pequenas indústrias trabalhavam 2 700 timorenses.
A tabela (Doc. 15, pág. 50) apresenta alguns indicadores que os alunos devem analisar, em pares ou pequenos grupos, registando as conclusões a que chegarem.
No final da atividade, devem debater os resultados com o grupo--turma.
Podem, ainda, a partir das informações do texto explicativo, incluir no debate as razões da existência de projetos estrangeiros, pre-vistos nos primeiros anos da década de 1970, nomeadamente no que se refere ao petróleo.
Deve, contudo, acentuar-se o predomínio da economia de subsis-tência da grande maioria das populações timorenses, bem como a persistência das indústrias tradicionais (Docs.16 e 17, pág. 50).
3. A sociedade e a cultura; formação de elites
3.1. Sociedade tradicional e sociedade colonial
O estudo da subrubrica 3.1. pode iniciar-se pela análise do gráfico (Doc. 20, pág. 51), onde está representada a evolução da popula-ção, em Timor, entre 1946 e 1970.
Se fôr possível, será desejável compararem os dados deste docu-mento com os do gráfico respeitante ao período de 1960 a 1945 (Manual do 11.º ano, Doc. 8, pág. 141).
O professor pode informar quais os grupos étnicos existentes em Timor, segundo o Censo de 1970, de que se apresenta os resulta-dos na seguinte tabela:
Europeus Chineses Mestiços Timorenses Outros TOTAL1 463 6 120 1 939 599 891 64 609 477
Pode, ainda, propor aos alunos que traduzam estes dados num gráfico, ou em percentagens, aplicando competências desenvolvi-das na disciplina de Economia e Métodos Quantitativos.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Os documentos 18 e 19 (pág. 51) devem constituir o ponto de par-tida para a atividade proposta no Manual, para recolha de teste-munhos orais sobre a sociedade tradicional, nos anos 1950 e 1960. Será, também, uma oportunidade de complementar com a histó-ria local, o estudo da história de Timor, que é necessariamente generalista e não pode ter em conta as especificidades regionais.
O professor orientará os alunos para conhecerem os diferentes grupos que constituíam a sociedade colonial. Deverá acentuar o crescimento e importância de Díli, e a atração que exercia sobre o número crescente de letrados, que aí encontravam mais possibili-dades de ingresso nos quadros do funcionalismo público.
Pela análise da tabela e do gráfico (Doc. 22, pág. 52) pode verifi-car-se a baixa percentagem de população ativa no concelho de Díli e, ainda, que predominava o setor primário.
Os alunos devem enumerar os traços mais marcantes de vida urba-na, em Díli, nas décadas de 1960 e início de 1970. No caso da escola se situar no concelho de Díli, os alunos podem localizar vestígios materiais que permanecem, alguns deles reconstruídos, e que constituem manifestações do crescimento de Díli, naquele período.
Se tiverem acesso à Internet, podem observar a planta de Díli, em 1966, em http://www.tvciencia.pt/tvccat/pagcat/tvccat02.asp?varcota=CDI-2329-1966
O documento 23 (pág. 53), um testemunho da época, comprova como a revista católica Seara possibilitava a publicação de artigos que contribuíam para a difusão de ideias anticoloniais, o que le-vou à sua suspensão pela PIDE, a polícia política da época. Criada em 1949, a revista Seara era, inicialmente, destinada aos missio-nários e tinha como objetivo a partilha de experiências no campo da evangelização, mas foi alargando os temas a questões de or-dem antropológica. A partir de 1970, apesar da vigilância da cen-sura, a revista passou a publicar artigos de opinião e de análise da realidade política e social.
Seria interessante que os alunos pudessem recolher, junto de ami-gos ou de familiares mais velhos, testemunhos sobre a revista Seara.
3.2. As medidas na educação e seu impacto
A subrubrica 3.2. incide sobre a situação da educação e do ensino, bem como sobre a sua evolução, em particular nas décadas de 1960 e início da década de 1970.
O texto do Manual está organizado por níveis de ensino (primário e secundário). Assim, deve começar-se por analisar as condições em que se desenvolvia o ensino primário, a partir dos documentos 24 e 25 (pág. 54). O texto de Artur de Sá explicita os objetivos do ensino destinado aos timorenses das regiões rurais, que se pre-tendia ter um caráter mais prático e elementar. Este documento deve ser complementado com o testemunho de Konis Santana.
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 45
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
A análise das tabelas e do mapa (Docs. 26 e 27, pág. 55) pode-rá ser realizada em pares ou pequenos grupos; os alunos devem responder às questões sugeridas nas Atividades, da mesma pági-na, registando as conclusões. Relativamente ao documento 26, os alunos devem estabelecer comparações quanto à frequência nos diferentes estabelecimentos de ensino, oficiais e particulares. Há que acentuar a importância da frequência das escolas das missões e até das militares.
A fotografia (Doc. 28, pág. 55) ilustra a frequência de uma escola primária, neste caso a Escola de Venilale, edifício dos anos 1930, já referenciada e documentada no Manual do 11.º ano, pág. 143.
No que respeita ao ensino secundário oficial, o Colégio-Liceu pas-sou a Liceu Dr. Francisco Machado, em 1952 (Doc. 29, pág. 56). A leitura do texto (Doc. 30, pág. 56) remete também para o ensino no Seminário de Dare, comparando-o com o do Liceu. O professor deve acentuar que muitos dos líderes que vieram a ter importân-cia na vida política de Timor-Leste frequentaram o Seminário.
A tabela (Doc. 30, pág. 56) apresenta a evolução do ensino liceal, na década de 1960; o número de alunos vai aumentando, mas a abertura da Escola Técnica explica a diminuição de frequência, a partir de 1967/68.
Apesar do crescimento do número de alunos, a percentagem era muito reduzida, considerando que, no censo de 1970, a população ultrapassava as 600 mil pessoas.
O número de bolsas para continuação de estudos fora de Timor (Doc. 32, pág. 56) evidencia a baixíssima possibilidade de frequên-cia de cursos pós-secundários. No início da década de 1970, au-mentou o número de bolsas atribuídas, muito embora fosse mani-festamente insuficiente.
3.3. Missões científicas
O tema da subrubrica 3.3. respeita as missões científicas, quer oficiais, quer particulares, organizadas tendo em vista um melhor conhecimento das caraterísticas do território de Timor, dos seus povos e costumes, entre outros aspetos.
No espaço de um Manual era impossível enumerar todos os estu-dos realizados. Parte-se de um excerto de uma das obras de Ruy Cinatti (Doc. 33, pág. 57) sobre os motivos artísticos timorenses. Entre muitos estudos, pode destacar-se os que respeitam a etno-grafia e a antropologia.
Nas atividades sugeridas aos alunos propõe-se a recolha de teste-munhos orais ou vestígios materiais, dando-se relevo à história local.
Desde que haja meios, a proposta do visionamento de um conjun-to de pequenos filmes realizados pelo Professor António de Almei-da deve ser preparada com cuidado pelo professor. É necessário
46 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
ter em conta que os filmes decorrem de recolhas realizadas num contexto político de colonização (no início dos anos 1950), em que os timorenses são observados pela perspetiva do colonizador. Constituem registos muito interessantes sobre o quotidiano, as artes e ofícios, a caça e a pesca, as danças. Seria vantajoso que esta atividade fosse realizada conjuntamente com o professor de Sociologia, considerando interesse não só histórico, mas também do domínio da antropologia.
A ligação para acesso a estes filmes é: http://www2.iict.pt/?idc=21&idt=2
4. Reflexos em Timor das alterações políticas do Sudeste asiático; a revolta de Viqueque4.1. Rebeliões regionais na Indonésia
Com a subrubrica 4.1. pretende-se contextualizar, no quadro do Sudeste asiático, os acontecimentos de 1959, em Timor.
Convém que o professor proceda à articulação com a subrubrica 3.3., do Subtema 2 (págs. 34-36, do Manual), que respeita à situa-ção da Indonésia, após a independência.
Observando o mapa (Doc. 34, pág. 58), os alunos podem localizar no espaço e no tempo os movimentos separatistas que, na década de 1950, se desencadearam nas “ilhas exteriores da Indonésia”.
Relacionando com a situação política na Indonésia, devem expli-car as razões desses movimentos. Se tiverem acesso à Internet, podem procurar mais informações sobre este tema.
4.2. A revolta de Viqueque – os acontecimentos
A revolta de Viqueque deve ser objeto, tanto quanto possível, de um estudo mais aprofundado pela importância que tem na histó-ria recente de Timor, ainda sob administração colonial.
O professor poderá propor que os alunos recolham, na região em que a escola se encontra, em especial nos distritos mais orientais de Timor-Leste (Lautém, Baucau, Viqueque), em Díli e em Ataúro, testemunhos orais sobre os acontecimentos de 1959.
O estudo da subrubrica 4.2., descrição dos acontecimentos, deve ser acompanhada pela análise e comentário dos documentos es-critos (Docs. 35, 36, 37 e 38, págs. 59 e 60). O texto explicativo do Manual segue o relato do governador Themudo Barata, fonte escrita mais utilizada pelos estudiosos destes acontecimentos.
Além da obra do governador Themudo Barata, publicada em 1993, o professor pode encontrar estudos vários sobre este período, in-dicados na bibliografia deste Guia.
Os alunos devem elaborar uma barra cronológica correspondente ao desenrolar dos factos nos meses de maio, junho, julho até ou-tubro de 1959.
Os documentos 39 e 40 (pág. 61) são testemunhos diretos e, por-tanto, fontes primárias sobre a repressão e tratamento dos pre-sos. Quanto aos mortos, as estimativas variam. Algumas publica-ções oficiais indonésias referem centenas e mesmo milhares de
Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 47
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM
mortos. Em abril de 1960, o líder dos revoltosos, deportados em Angola, considerava terem sido mais de 500 mas, em 1995, para o Conselho Nacional da Resistência Maubere teriam sido 150.
4.3. Viqueque – significado
Os documentos 41, 42, 43 e 44 devem constituir um ponto de partida para uma reflexão sobre o significado de Viqueque, bem como os seus reflexos nas ações de caráter anticolonial e afirma-ção de movimentos nacionalistas.
Sugere-se que, no final do estudo das subrubricas 4.2 e 4.3, o pro-fessor promova um debate sobre esta temática.
Para tal, deve organizar um trabalho de grupo orientado, que cons-titui a preparação dos alunos. No sentido de facilitar a tarefa do pro-fessor, caso não disponha de bibliografia suficiente, poderá recorrer aos textos que se encontram no Guia, no final deste Subtema.
A utilização do debate está exemplificada, precisamente utilizando a revolta de Viqueque, na pág. 22 do Guia.
ARAÚJO, Abílio (1977). Os Loricos voltaram a cantar. Lisboa: Edição do Autor
Podemos assim afirmar que até aos fins da década de cinquenta [1950] não tinha surgido em
Timor-Leste a classe dirigente do movimento de libertação nacional facto que motivou o isolamento da
colónia em relação ao movimeno anti-colonial que, ao tempo, sacudia a Ásia do Sudeste com a inclusão
da Indonésia de Sukarno.
Somente quando alguns separatistas indonésios que foram derrotados pelas forças sukarnoístas che-
garam, em 1958, a Timor-Leste onde beneficiaram de asilo político por parte das autoridades colonial-
-fascistas portuguesas, se pôde avaliar do movimento anti-colonial. Deste encontro estimularam-se os
ânimos dos patriotas timores cuja visão política da panorâmica mundial era quase nula a não ser o de-
sejo profundo de se libertarem da dominação, opressão e exploração coloniais. Aqueles patriotas num
ato de pura abnegação quebraram o silêncio da resistência passiva para em 11 de Maio [sic] de 1959,
desencadearem a sua revolta imediatamente afogada em rios de sangue como foram os massacres de
Uato Lari e Uato Carbau na região de Viqueque.
A revolta de 1959 foi um marco de grande importância na História da resistência anti-colonial do
Povo de Timor. A partir de então, desde 1961, viu-se a proliferação de escolas pré-primárias cuja quan-
tidade não era acompanhada de qualidade técnica (ausência de professores e livros) desse ensino,
para não nos referirmos ao seu carácter mistificador e ideológico. Mas, se, por um lado, a revolta de
1959 obrigou o colonialismo a fazer concessões, por outro lado, forçou-o a refinar os seus métodos de
repressão. Pela primeira vez se destacaram para Timor-Leste unidades militares constituídas por forças
portuguesas das especialidades de Caçadores Epeciais e Polícia Militar. Simultaneamente criou-se em
Timor-Leste uma delegação da polícia política portuguesa – a PIDE – para reforçar o aparelho repressi-
vo e policial já existente pois Timor-Leste era colónia. (pp. 181, 182)
“
VIQUEQUE – 1959 Testemunhos e interpretações
48 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
BARATA, Filipe Themudo (1998). Timor contemporâneo, da primeira ameaça da Indonésia
ao nascer de uma nação. Lisboa. Equilíbrio Editorial
Fica […] uma pergunta ainda sem resposta: quem foi na realidade o mentor desta sublevação? É
evidente que não disponho de elementos seguros para responder.
O instrutor do processo pensa que foi tudo de iniciativa do próprio consul Nazwar Jacub, solidário
com rebeldes de Sumatra, que via no êxito da sublevação em Timor um esforço para o seu partido.
Talvez isto tenha uma grande parcela de verdade, mas o facto é que o novo cônsul (Teng Ku Hussim)
continuou a dar apoio aos implicados e, inclusive, a sugerir-lhes o recurso ao asilo político. E mais
ainda. As ameaças da Indonésia não pararam. As atividades suspeitas do novo cônsul prosseguiram e,
poucas semanas após o meu regresso à Metrópole [em abril de 1963], na fronteira terrestre (região
de Cova Lima), há mesmo infiltrações declaradas de grupos de cerca de 200 indonésios acompanhados
de polícias com pistolas metralhadoras e espingardas, que deram origem a sérios confrontos e a firme
reação das nossas tropas de “2.ª linha”.
Altos escalões de Jakarta não poderiam estar alheios a tudo o que ocorreu. (pp. 73,74)
CHAMBERLAIN, Ernest, The 1959 Rebellion in East Timor: Unresolved Tensions and an Unwritten
History. http://tlstudies.org/pdfs/chp_29.pdf (consulta em 28.09.2012)
Algumas questões
Alguns aspectos pendentes e ainda controversos da Revolta requerem mais estudos – incluindo:
Será que os abusos e as injustiças do regime português justificavam a revolta?
Será que os rebeldes pretendiam uma revolta violenta, como foi alegado pelas autoridades portu-
guesas?
BELO, D. Carlos Ximenes (2009). A revolta de 1959 em Viqueque, Watolari e Watocarbau,
http://forum-haksesuk.blogspot.com/2009/06/revolta-de-1959-em-viqueque-watolari-e.html
(consulta em 28.09.2012)
Em consequência da “Revolta de Viqueque”, o Governo reforçou a segurança, abrindo companhias
de soldados da primeira linha em Baucau, Lospalos e Ossu. A partir desse período entrou-se em diver-
sas fases de desenvolvimento do território. Mas as sementes de vingança e de revolta iam nascendo
e criando raízes nos corações e nas cabeças de alguns timorenses. A “Associação Popular Democrática
para a Integração de Timor na Indonésia”, não apareceu por acaso e não caiu do céu…O aparecimento
do partido Apodeti teve as suas causas remotas nos acontecimentos de 1959. A Apodeti tornou-se o “lu-
gar apropriado”, onde muitos dos descendentes dos “revoltosos” de 1959, puderam concretizar as suas
aspirações pela liberdade, justiça, respeito e, em certo sentido, independência ou “kemerdakaan”…
A todos aqueles que perderam a vida por causa da assim chamada “Revolta de 1959”, eu, como timo-
rense que testemunhou a violência física e psíquica a que foram submetidos, na minha vila de Baucau,
porque os meus olhos viram e os meus ouvidos ouviram, inclino a minha cabeça, em sinal de respeito
e de solidariedade.
Porto, 5 de junho de 2009
“
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Unidade Temática 7 – A ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial | 49
Jakarta esteve envolvida em incentivar a revolta – ou tratou-se de uma ação independente de
encorajamento do perturbado Cônsul da Indonésia?
Quantos timorenses foram mortos nas Circunscrições de Viqueque e de Baucau (as estimativas va-
riam entre 50 [pessoas] e 40 mil)?
Os rebeldes e seus apoiantes foram tratados injustamente – e as reparações foram apropriadas?
A Revolta pode ser interpretada como um passo legítimo no caminho para a independência de
Timor-Leste – como é sugerido pelo artigo de Dom Ximenes Belo, de 5 de Junho de 2009?
Como deve ser tratada a revolta na história de Timor-Leste – incluindo nos currículos de ensino para
as escolas? […]
Estas são apenas algumas perguntas – e é conveniente que estas – e outras questões sejam aborda-
das pelo povo timorense.
DUARTE, José Manuel, Memorandum sobre o acontecimento em Timor em 1959, Arquivo Na-
cional da Torre do Tombo AOS/UL-32 A-2 (Documento digitalizado - http://digitarq.dgarq.gov.pt/
viewer?id=3895965)
Os funcionários timorenses de várias Repartições Públicas, que são transferidos […] para várias partes
do interior, moram nas palhotas imundas, feitas de bambu e cobertas de folhas de palapeira, feitas qua-
se sempre com o dinheiro da algibeira deles, enquanto os europeus […] se abrigam nas casas de alvena-
ria, construídas pelo estado […]. Só eles, os europeus, são portugueses? Só eles são filhos de Portugal?
Os europeus que apenas sabem fazer as suas assinaturas, ou a bem dizer analfabetos, são todos
nomeados encarregados de Posto de 3.ª e 2.ª classes, lugares que muitos timorenses com 4.ª classe e
2.º ano de liceu queriam ocupar, mas foram-lhes sempre negados […].
Com a criação do diploma legislativo n.º 470 todos os timorenses são hoje cidadãos livres portu-
gueses. Até hoje ainda não conhecemos o que são a liberdade, igualdade e fraternidade, pois somos
tratados como escravos, isto é, não gozamos ainda os direitos de um cidadão português […].
Em Timor ainda hoje existe o uso de palmatórias e chicote nas secretarias das Circunscrições e Postos
Administrativos […].
Até à presente época que é o século das luzes – Século da Civilização –, Timor ainda tem noventa e
nove por cento da sua população por civilizar e por ensinar a ler e escrever […].
Todos estes maus tratos e abusos praticados pelos mandantes de Timor, à sombra da sua autoridade,
levaram-nos à cabeça a ideia de planear a revolta para reclamar os nossos direitos de cidadãos livres.
Colónia Penal do Bié, 31 de agosto de 1960, a) José Manuel Duarte
“
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FIGUEIREDO, Fernando (2008). Timor-Leste, A presença portuguesa desde a reocupação à invasão
indonésia (1945-1975), Lisboa (obra não editada)
As modificações políticas operadas, relativamente às colónias portuguesas, no início da década de
1950, foram mais de caráter formal do que real, não havendo provocado em Timor alterações dignas
de nota no relacionamento com os naturais. Já nas duas décadas seguintes, a pressão internacional
para descolonizar originou reformas que foram numa direção mais descentralizadora para as províncias
ultramarinas, em geral, mas que em caso algum supunham autodeterminação.
“
50 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
GUNN, Geoffrey C. (2006) Revisiting the Viqueque (East Timor) Rebellion of 1959, in Diversidade
cultural na construção da Nação e do Estado em Timor Leste. Porto. Universidade Fernando Pessoa
No que respeita à memória, pensamos que a revolta de 1959 é significativamente útil tanto para
história nacionalista como para a pró-integracionista. Sem dúvida, os pró-integracionistas utilizaram a
revolta como propaganda, no contexto de intensas negociações sobre o futuro estatuto de Timor-Leste,
durante o final dos anos 1990.
Embora possamos compreender que a Fretilin tenha incorporado a revolta numa narrativa naciona-
lista, juntamente com outros eventos como a revolta de Boaventura, temos de esperar pelos resultados
de uma nova historiografia de Timor-Leste - empresa coletiva de historiadores e de escritores timoren-
ses - assim que o novo Estado desenvolva estas capacidades e os seus recursos educativos. De qual-
quer modo, a revolta de 1959 serviu de inspiração aos políticos quando surgiram na década de 1970,
[…]. Não há dúvida, também, que foi a memória de tais acontecimentos passados e da revolta heróica
que deram coragem aos timorenses, durante as décadas de adversidade sob o domínio da Indonésia,
assim como lhes revelou a importância da luta para a conquista da sua liberdade. (p.53)
“
Na evolução interna de Timor Português merecem destaque os “acontecimentos de Viqueque”,
relacionados sobretudo com uma ação empreendida por elementos indonésios, que contaram com
o apoio do cônsul do seu País. Mas longa seria a saga, entre Timor, Angola e a Metrópole, dos que se
empenharam ou deixaram envolver em tal movimento, então seriamente reprimido, mas com alguns
reflexos futuros. Por sua vez, o aparecimento e ação da URT [União da Reública de Timor-Dily], a partir
do exterior, revelariam como um movimento independentista vindo de fora não despertava adesão dos
naturais, jogando também em seu desfavor o facto de não dispor do apoio institucional necessário da
Indonésia, cujos propósitos não eram coincidentes. (p. 553)
“
FIGUEIREDO, Fernando (2008). Timor-Leste, A presença portuguesa desde a reocupação à inva-
são indonésia (1945-1975), Lisboa (obra não editada)
As modificações políticas operadas, relativamente às colónias portuguesas, no início da década de
1950, foram mais de caráter formal do que real, não havendo provocado em Timor alterações dignas
de nota no relacionamento com os naturais. Já nas duas décadas seguintes, a pressão internacional
para descolonizar originou reformas que foram numa direção mais descentralizadora para as províncias
ultramarinas, em geral, mas que em caso algum supunham autodeterminação.
Na evolução interna de Timor Português merecem destaque os “acontecimentos de Viqueque”, re-
lacionados sobretudo com uma ação empreendida por elementos indonésios, que contaram com o
apoio do cônsul do seu País. Mas longa seria a saga, entre Timor, Angola e a Metrópole, dos que se
empenharam ou deixaram envolver em tal movimento, então seriamente reprimido, mas com alguns
reflexos futuros. Por sua vez, o aparecimento e ação da URT [União da República de Timor-Dily], a partir
do exterior, revelariam como um movimento independentista vindo de fora não despertava adesão dos
naturais, jogando também em seu desfavor o facto de não dispor do apoio institucional necessário da
Indonésia, cujos propósitos não eram coincidentes. (p. 553)
“
51
5.2. Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX
Caraterização da Unidade
A Unidade Temática 8 corresponde ao termo de uma
evolução que, genericamente, começou no século XV
com o chamado primeiro estádio de globalização e que,
nas décadas de viragem do Milénio, com a revolução dos
modernos meios de comunicação e de informação, per-
corre a última etapa desse processo de Globalização. A
Unidade encerra o estudo da História Geral, remete para
os trinta anos finais do século XX e aborda as temáticas
e os problemas que persistem no nosso tempo. É neste
período que começa verdadeiramente a história de Ti-
mor-Leste independente, a que se dá particular ênfase.
No Subtema 1 da Unidade, Reconfiguração da cena
internacional, estuda-se, no quadro da crise da década
de 1970, o colapso do bipolarismo e o fim da Guerra
Fria; a urgência na adoção de medidas internacionais
e a afirmação de uma única superpotência, os Estados
Unidos da América, que assim condiciona e lidera a
Nova Ordem política e económica mundial.
No Subtema 2 da Unidade, Áreas de conflito e novos
pólos de equilíbrio, caracterizam-se as áreas geográfi-
co-culturais em que se divide o planeta e o quadro geral
em que evoluem as relações internacionais. Abordam-
-se os antagonismos políticos e militares, de natureza
étnica, nacionalista ou económica; o vigor do sentimen-
to nacional que oferece significado e sentido de per-
tença aos povos; as condições de desigualdade entre as
nações e a capacidade destas traçarem o seu destino.
No Subtema 3 da Unidade, A civilização do século XX,
analisam-se as consequências do estádio de globalização
do Mundo. Assim, o objeto de estudo é “a civilização” do-
minante em todo o planeta. Na abordagem setorial dos
complexos processos de natureza demográfica, social e
técnico-cultural que lhe dão forma salientam-se os limi-
tes e os riscos de uma uniformização e hegemonização.
No subtema 4 da Unidade, Timor-Leste: a viragem de
1974; os anos de 1975 a 1999, estudam-se as transfor-
mações da vida política e social no período em causa, e
caracterizam-se as fases da luta da Resistência timoren-
se contra a ocupação indonésia e contra a imobilidade
e obstrução da comunidade internacional. Perspetiva-
-se uma evolução em que intervenções individuais e
coletivas permitiram ultrapassar o quadro colonial e
criar condições para a afirmação da independência.
Orientação geralNo Subtema 1 da Unidade Temática 8, deve perspeti-
var-se a reconversão técnico-económica e a nova estru-
tura comercial e financeira – globalizada - do capitalismo
neoliberal, desde meados da década de 1980, como se-
quelas da crise petrolífera e do fim da Guerra Fria. Deve
enfatizar-se a explosão de Estados-Nação e de novas
democracias integradas num quadro jurídico universal.
No Subtema 2 deve salientar-se o acelerado ritmo das
mudanças políticas verificadas neste período em que à
divisão Este-Leste, se sobrepôs a divisão Norte-Sul e se
desliza para a consolidação da área do “arco do Pacífi-
co”. Subtema dominado pela geografia regional, deve
enfatizar-se a perceção de que num mundo sincroniza-
do e globalizado, as condições e as dimensões do de-
senvolvimento não são as mesmas em todo ele.
No Subtema 3 deve salientar-se que os fenómenos
de natureza cultural, científica e mental se inserem na
longa duração e que a civilização em estudo, a partir da
década de 1970, radica nas transformações do pós Se-
gunda Guerra Mundial. Neste início do século XXI, deve
fazer-se a necessária pedagogia sobre a condição femi-
nina, o ambiente, a segurança; a bioética, a religião, a
mobilização da sociedade civil, o papel do Estado e das
organizações supranacionais no espaço planetário.
No subtema 4, o estudo da história de Timor deve ser
articulado com os contextos de história geral estudados
nos anteriores subtemas, de forma a evidenciar condicio-
nalismos favoráveis ou adversos e a destacar os fatores
que criaram condições para unir os timorenses, em torno
de um projeto de afirmação da identidade nacional.
52 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
Metas de aprendizagem estabelecidas para a Unidade Temática 8
Subtema 1
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza,notempoenoespaço,oseventosestu-
dados.
• Identificaamultiplicidadedefatoresque,nadé-
cadade1970,determinaramofimdocrescimen-
to do mundo desenvolvido, iniciado no pós 2.a
guerra mundial.
• Explicaaadoçãodepolíticasneoliberaisnadéca-
dade1980eosseusefeitosnasgrandesecono-
mias mundiais.
• Compreendeaexistênciadepóloseconómicose
esclareceasuaevolução.
• Justificaavagadedemocratizações,iniciadacom
a revoluçãoportuguesade25deAbril de1974,
eaproliferaçãodeEstadosindependentesnode-
curso do período em estudo.
• Reconheceosfatoresqueconduziramaofimdo
bipolarismopolíticointernacional.
Subtema 2
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza,notempoenoespaço,oseventosestu-
dados.
• Problematiza as disparidades Norte-Sul no con-
textodasrelaçõesinternacionais.
• Analisa o renascimento do nacionalismo num
mundo global, associando-o às aspirações inde-
pendentistas.
• Explicaadificuldadedomundoislâmicoindepen-
denteemsemodernizarnosplanoseconómicoe
político.
• IdentificaonovolugardaÁfricanoquadrogeoes-
tratégicoeconómicoepolíticomundial.
• Justificaaclassificaçãodepólodedesenvolvimen-
to mundial aplicada, nos anos 1990, aos países do
«arcodoPacífico»,reconhecendoagravidadeda
criseverificadaemfinaisdoséculo.
• Destaca a modernização industrial da China e da
Índiaeasuaintegraçãonossistemasfinanceiroe
económicointernacionais.
• AnalisaasdinâmicasdetransformaçãodaEuropa,
identificandoosimpassesnaconstruçãodeuma
Europapolítica.
• Carateriza os diversos regimes políticos latino-
-americanos.
• Discute a hegemonia político-militar dos EUA,
numquadrodepodereconómicomultipolar.
Subtema 3
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza,notempoenoespaço,oseventosestu-
dados.
• Identifica,napassagemdomilénio,acomplexida-
dedeprocessoscivilizacionaisdenaturezademo-
gráfica,socialetécnico-cultural.
• Associaofenómenodaglobalização,definaisdo
séculoXX,aodesenvolvimentodasmodernastec-
nologiasdeinformaçãoedecomunicação.
Subtema 4 O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza,notempoenoespaço,oseventosestu-
dados.
• Identificaaorientação ideológicaeabasesocial
deapoiodasformaçõespolíticassurgidasemTi-
mor-Lesteem1974.
• Identificaosfatoresinternoseexternosquecon-
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 53
duziramàdegradaçãodavidapolíticatimorense
em1974e1975.
• Explicaaconfluênciadosinteressesdosgovernos
da Indonésia,EUAeAustráliaqueviabilizarama
invasãodeTimor-LestepelaIndonésia,em1975.
• Relaciona a evolução da política do governo in-
donésiofaceàquestãodeTimor,nasdécadasde
1970e1980,comosproblemasinternosdesepa-
ratismoecontestação,ecomaalteraçãodoqua-
dropolíticodoSudesteasiáticoapartirde1975.
• Carateriza a dominação colonialista indonésia,
identificandoassuasconsequências.
• AnalisaasfasesdaResistênciaTimorense,identi-
ficandoobjetivos, protagonistas e formas deor-
ganização.
• Explica a importância da ação da Igreja católica
deTimorcomoobstáculoà«javanizaçãocultural»
dostimorensesecomoalertaparaacomunidade
internacional.
• Justificaarejeiçãodomodelo indonésiopela ju-
ventudetimorenseeoseuimpactonalibertação
deTimor-Leste.
• Analisaoscondicionalismosquetornarampossí-
vel,apartirdadécadade1990,aalteraçãodos
objetivos políticos internacionais relativamente
aoproblemadeTimor.
• Valoriza, na atuação timorense, os esforços de
convergênciaqueviabilizaramo caminhoparaa
autodeterminação.
54 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
5.2.1. Subtema 1 – Reconfiguração da cena internacional
TEMPOPREVISTO:10AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
OProgramadeanosanteriorespropôsoestudodoperíodoquetemsidodenominadodeprimeiroestádiodeglobalizaçãoequesedesenrolouentreosséculosXVefinaisdoXVIII (UnidadeTe-mática4);abordaram-se,assim,asdinâmicasqueiniciaramein-tensificaramaexpansãoeuropeiaecompletaramoconhecimen-todoMundo.NasUT5e6foramestudadososnovosmeiosdecomunicação,eodesenvolvimentodocapitalismointernacional,queacentuaramaaberturadoMundo.Foramaindaestudadososfenómenospolíticos,sociaisetecnológicosquetiveramimpactoàescalaplanetáriaeosquepermitiramcomunicaregeneralizarainformaçãoaoconjuntodoglobo.AUT8doProgramaretomaoconceito-chavede“Globalização”,mascomumaconotação,maisamplaeprofunda,alicerçadanaideiadequeosmodernosmeiosde comunicação revolucionaramas relações entre as diferentespartesdoMundo,agorasemfronteiras.Poroutrolado,aUT8,quevemdadécadade1970atéaosnossosdias, fechaoestudodaHistóriaGeral,einiciaaqui,nosubtema4,oestudoaprofundadodaHistóriadeTimor-Lesteindependente.
Comoanteriormente,deveserpropostoaosalunosaconstruçãodeumabarra cronológicaonde registarão,ao longoda leciona-ção,osmarcosconsideradosmaissignificativos.Noprocessodeaprendizagem,repete-se,oprofessordeveestimularorecursoàsbarrascronológicasinseridasnomanual,demodoaproporcionaraconstruçãodereferentestemporais.
Éigualmenterelevanteaperceçãodoespaçoeoprofessordeveinsistirnaobservaçãoatentadosmapasincluídosemcadarubrica.
1. A perturbação da ordem econó-mica mundial na década de 1970
Aprimeirarubricadosubtema1incidenareconfiguraçãodacenainternacionalnoquadrodacrisedadécadade1970.Seráoportu-noreavivarnosalunosaconsciênciadaimportânciadosestudosdasconjunturaspolítico-económicas.
OPEP
Osdocumentosqueiniciamosubtema(Docs.1a4,págs.66-67)situamoalunonacrisequeeclodiuem1973eserepetiuem1979.Constituemumblocoemqueummapa(Doc.1),assinalaosflu-xospetrolíferosmundiaisem1973,evidenciandoaimportânciadoMédioOrientenadistribuição,aautosuficênciadosEUAedaURSSeadependênciadaEuropaOcidental,deixandoperceberoimpac-tonaseconomias industrializadas semrecursospetrolíferos,dasvariaçõesdepreço(Doc.3)impostaspelospaísesprodutores.Umtexto(Doc.2),queremeteparaacriaçãodaOPEP,enunciaosobje-tivosdecoordenaçãodaOrganização,tendoemvistaavalorização
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 55
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
EstagflaçãoEuropadosNove
doproduto,osinteressesdosprodutoreseopropósitodeutilizaros recursos da OPEP para dominar o mercado dos preços, pers-petivando-secomoumaameaçaparaaspotênciasinternacionaisque, até então, condicionavam a exploração, No pós-segundaguerra,osacordos internacionaistinham impostoodólar comounidade monetária mundial (Doc. 3) e os negócios dos paísesprodutoreseram-lhe imputados (petrodólares).Oúltimográfico(Doc. 4) apresenta indicadores sociais europeus que facilitam acompreensão do fenómeno da estagflação: quebra económica,abaixamentodospreços, inflaçãoartificial,desemprego,depres-são e crise generalizada.
2. Alterações geopolíicas e económicas – as mutações dos centros de poder
Os alunos serão sensibilizados para a gravidadeda situação so-cioeconómicamundial pela decisão daONU, em 1974, de cha-marasi(Doc.5,pág.68)atarefadeinstauraruma“novaordemeconómicainternacional”,maisjusta,equitativaedecolaboraçãoentretodososEstados-membros.Deformainédita,aAssembleia--Geral (secretário-geral,oaustríacoKurtWaldheim,1971-1981),emnomedosprincípioseobjetivosquejustificaramacriaçãodaONUeemclimaderespeitopelasdiferençasdossistemaseconó-micosesociaisdosEstadossoberanos,reuniu,pelaprimeiravez,paratratardoproblemasdaexploraçãodosrecursosmundiais.AintençãoeraJakartacontribuirparaatenuaradesigualdadeentreospaísesdesenvolvidoseosqueseencontravamemviasdede-senvolvimento.
Os alunos, que conhecem o peso do setor industrial nas eco-nomias desenvolvidas nos três quartos do século XX, perante a“agonia”do setor (Doc. 6, pág. 69), serão levados aperceber aurgênciaqueasNaçõesUnidascolocaramnaadoçãodemedidasinternacionais (pág.68).ANovaOrdemvaicontudovigorar sobumnovoquadro,jápercetívelnadécadade1980(Doc.6).Éestequadroqueosalunosdeverãoterpresenteparadiscutiremseareconversão técnico-económica e a nova estrutura organizativa,sepodeconsiderarbenéficaparaaaproximaçãoentresociedadescomníveisdedesenvolvimentodíspares.Seoentender,oprofes-sorpoderáorientarosalunosnosentidodeobservaremosmapas(Docs.8e10,págs.71e72),parafundamentaremasuaopinião.
NeoliberalismoOdocumento7(pág.70),podeserutilizadopeloprofessorparasalientarqueháoutrasabordagensparaaresoluçãodestacrisedocapitalismo,refletindocomosalunosaideiadacomplexidadedadecisãopolítica.NaperspetivadopresidentedosEUA(assimcomoeranada1ªministradaGrã-Bretanha,MargaretThatcher(1979-1990)seriacomumapolíticaeconómicaliberal,inspiradanosvalo-resevirtudesancestrais,quesepoderiasuperarasituação.Esses
56 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
valores–iniciativaprivada,serviçogratuitoesolidárionacomuni-dadeeempreendorismo–enformamoindividualismosobrequeassentaoneoliberalismo, “a livre iniciativa”, queReagandefen-dia.OsalunosencontramnodiscursodeFevereirode1981(Doc.7) traçossignificativosdo liberalismoeconómico:a limitaçãodopapeldoEstadopelaviadocontrolodadespesapúblicaedadi-minuição das receitas; a intervenção do Estado na dinamizaçãoeconómica,apenaspelaexecuçãodeumprogramafiscalfavorávelatrabalhadoresepatronato;asubalternizaçãodaspreocupaçõessociaisfaceaosobjetivospredominantes:animaraeconomia,re-construiraindústria,aumentaraproduçãoecriarnovosempre-gos.Podepedir-se-lhesquerecuperemaideiadeliberdadeindi-vidualeavisãootimistaacercadovalordoscidadãos,nodiscursodejulhode1980(Doc.7).
GlobalizaçãoÉticaempresarial
Paraainterpretaçãododocumento9(pág.71)deveserchamadaaatençãodosalunosparaastransformaçõestécnicasreferidasnodocumento6(pág.69),eparaosignificadodosintensosfluxosco-merciaisassociadosaoenfraquecimentoda indústria tradicional(Doc.8,pág.70).Serãoassimlevadosacompreenderqueagloba-lização tornou necessária a criação de um organismo regulador do comérciomundial.Esteteriacomoobjetivoarbitrar,nummercadoglobal,autilizaçãomáximadosrecursosnaturais,masdeformasustentáveleresponsável,egarantirosinteressesparticularesderegiõesemestádioseconómicosdiferentes(Doc.10).AOrganiza-çãoMundialdeComércio(OMC)pretendeeliminarosobstáculosàlivrecirculaçãodemercadoriaseasdistinçõesnegativasnasre-laçõescomerciaisinternacionais,recorrendoaacordosmultilate-rais,vantajososparatodasaspartes(Doc.9).Oprofessorpoderápediraosalunosqueidentifiquem,nosmapas(págs.70e71),osgrandespólosdedesenvolvimentoeconómicoequeesclareçamarelaçãodestescomoincrementodocomérciointernacional.
2.1.Anovaordempolíticamundial
Tendosidoestudadooquadroeconómicomundialdematrizcapi-talista,queseconsolidounosanosde1980e1990,osalunoses-tarãoemcondiçõesdecompreenderemoscondicionalismosqueconduziramao reforçodopapel políticodos EstadosUnidos nadécadafinaldoséculoXX.Seráconvenientequeoprofessor,emclasseouemtrabalhoindividual,reaviveamemóriadoperíodode40anos,pósSegundaGuerraMundial,emquedominouosistemabipolar, socialista/capitalista.Aobservaçãodabarra cronológica(pág.65)eaanálisedodiscursodopresidenteGeorgeBush(pai),sucessordeRonaldReagan(Doc.11,pág.72),introduzemdefor-mabreveeeficazasprofundasalteraçõesverificadasnosequilí-briosgeoestratégicosvigentes.Semaprofundaremotema,osalu-nospoderãoassinalaroanode1989comoodofimdaGuerraFria
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 57
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
(simultaneamente,odosurgimentodeumfocodetensãomilitarpermanentenoMédioOriente),eodaafirmaçãodeumanovaordempolíticamundiallideradapelosEUA,masescudadanaONU(Doc.11),aorganizaçãomundialporexcelência.
Sugere-sequeosalunossejamorientadosparaperceberemaim-portânciadoanúnciodaproeminênciadaONUnasrelaçõesinter-nacionaisequeoprofessor lembreaexemplaridadedomodelodemocráticoamericanonocontextomundial.OsestudosdocasoportuguêsedocasodaURSS,sãoexemplificativosdaatraçãopelomodelodemocrático.
2.2.Portugal,do“marcelismo”àRevoluçãode25deabrilde1974
Marcelismo
MFAJuntadeSalvaçãoNacional
Sugere-sequeoestudodarubricaseiniciecomaobservaçãodocartazalusivoàsituaçãopolíticadesencadeadaem25deAbrilde1974(Doc.12,pág.73).Osalunospoderãoidentificarosprotago-nistasdoperíodorevolucionárioqueseseguiuaogolpedeEstado:as forçaspopulareseas forçasarmadas.Asforçasarmadas,des-gastadaspelaguerracolonialepelofracassodasreformasmarce-listasquejáestudaram(UT7,subtema2págs.26/27),queseor-ganizaramnoMovimentodasForçasArmadas,oMFA (“sentinela”/vanguardadoPovo),quevaiconduziresteàdemocracia.Oprofes-sorpoderá,seoentender,pediraosalunosaanáliseeelaboraçãodeumpequenotrabalhodecontextualizaçãodosdoisartigosdaConstituiçãode1976apresentados(Doc.13),emquejustifiquema co-participaçãodoMFAno exercício da soberania, que aquelalheatribui.Podeesclarecerqueessaco-participaçãoseprocessa-vaatravésdoConselhodaRevoluçãoque,naorganizaçãodopo-derpolíticoportuguêsfoi,até1982,umórgãodesoberaniacomfunçõesdeConselhodoPresidentedaRepúblicaedegarantedoregularfuncionamentodasinstituiçõesdemocráticas,fiscalizandoocumprimentodaConstituiçãoeafidelidadeaoespíritodarevo-luçãodeAbril.
Seráfácilaosalunosperceberemaarticulaçãoentreaquedadoregimeautoritárioportuguêseomovimentodedescolonizaçãoqueseseguiudeimediato.Apropósitodasreferências,notexto,aoreconhecimentoporPortugaldodireitodospovosàautodeter-minaçãoeàindependência,oprofessordeveráreferiraposiçãoportuguesa relativamenteaTimor, assumidanaConstituiçãode1976:Artº307–1.Portugalcontinuavinculadoàsresponsabilida-desquelheincumbem,deharmoniacomodireitointernacional,depromoveregarantirodireitoàindependênciadeTimor-Leste.2.CompeteaoPresidentedaRepública,assistidopeloConselhodaRevolução,eaoGovernopraticartodososatosnecessáriosàrealizaçãodosobjetivosexpressosnonúmeroanterior.
58 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Lusofonia
NainterpretaçãodotextodeAgostinhoNeto(Doc.14,pág.74),édedestacaraassimilação,queopresidentefaz,da”causa”dospo-voscolonizadosàdopovoportuguês.Narespostaàquestãosobreoimpactogeopolíticodadescolonizaçãoportuguesadevesalien-tar-se, na Europa, a restrição do espaço português e o alargamento dademocraciapolítica,emcoerênciacomosvaloreseodiscursodaesferaocidental;emÁfrica,odesaparecimentododomínioeu-ropeucolonial,apaznaÁfricaAustraleoisolamentodosregimesdediscriminaçãoracial.Complementandooalcancedasalteraçõesquedecorreramda revoluçãoportuguesaoprofessor pode arti-culá-lascomoaspetoculturalqueopresidentesenegalêssalienta(Doc.15,pág.75),odomerecimentointernacionaldalusofonia.
2.3.Adesagregação do blococomunista
Perestroika
Glasnost
OManualpropõedoisdocumentos(Doc.16e17,págs.76e77)paraaabordagemdamaiortransformaçãogeoestratégicaegeopo-líticadefinaisdoséculoXX:adapassagemdeummundobipolarsocialista/capitalistaaummundomonopolar(maistarde,navira-gemparaoséculoXXI,multipolar),globalizadoeliberal.Sugere-sequeaaulaseiniciecomoreconhecimentodoautordotexto(pág.76),Gorbachov,queosalunosjáidentificaramanteriormente(pág.72).Pretende-sequeosalunosentendamasreformasencetadas,a perestroika, comoumprojetoconsistentequepartiadosanea-mentoradicaldoEstadoSoviético,edeumnovoenquadramentoparaapolíticaexternaeparaoestatutodospovosquecompunhamaURSS.Propunha-seusardamaiorisenção,aglasnost,etinhaemvistaamodernizaçãodoEstado,dasociedadeedaeconomia. NainterpretaçãododocumentoosalunosdevemsersensíveisàideiadequeGorbachovconsideravaqueoseuprojetoeatitudetinhammerecidooapreçodacomunidade internacional,equeavia re-formistaescolhidaeraoúnico”caminhopacífico”(doc.16)paraacriaçãodoverdadeiropoderdopovo(ademocracia),eparagaran-tirainstauraçãodeumautênticoEstadodedireito(aglasnost).Ob-servandoodocumento18(pág.77)osalunosserãoalertadosparaalinhademocratizadoraplanetária,iniciadacomarevoluçãopor-tuguesaequeculminoucomadesagregaçãodoblococomunista.
OmapadaConfederaçãodeEstadosIndependentes(Doc.17,pág.77)mostraaconcretizaçãodoprojetoexpressoporGorbachovdetransformaçãodaURSS,deumEstadocentralizadonumEstadofederado(Doc.16),epatenteiaaimportânciaregionalemundialqueaRússiamantém.Amodalidadeescolhida,aconfederação,insere-senatendênciageralindependentistadasegundametadedoséculoXX.Odocumento18(pág.77)evidencia-aaoregistaroaumentoespetaculardenovospaísesreconhecidosinternacional-mente.Napequenapesquisasugerida,osalunosencontrarãooMontenegroe,jáem2012,oSudãodoSul.Em2002,mesesantesdeTimor,tinhasidoaSuíça.
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 59
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
3. Papel das grandes organizações mundiais
Interculturalidade
Osalunosdeverãosersensibilizadosparaaproliferaçãodegrandesorganizaçõesqueresultaramdanecessidadedacooperaçãotrans-nacionalnummundoprogressivamentemaisglobalizado.Podemsergovernamentaisoudebasemeramenteparticular,voluntáriae semfins lucrativos,ou seremdevocaçãopolítica,económica,humanitária ou cultural, ou ainda de âmbito universal, interna-cionalouinter-regional.Omapa(Doc.20,pág.78)representaasmaisantigaseestruturantesorganizaçõespolíticasregionaisque,desdemeadosdoséculoXX,procuramconciliarumtrabalhoaoníveldacooperaçãointernacionalcomorespeitopelassoberaniasnacionais.AintençãoéconseguirematenuarastensõesentreosEstadosdeummesmoespaçoefortalecerem,anívelmundial,aposiçãodaregiãoqueaglutinam.Oprofessorpoderáfrisaraim-portânciaacrescida,nasúltimasdécadasdoséculoXX,dasorgani-zaçõesinternacionaisregionaisdevocaçãoeconómicaequeserãoreferidasaolongodosubtema2.
Odocumento21(pág.79)pretendeproporcionaraosalunosoca-siãoparaumareflexãosobreamaisantiga,universaleemblemáti-cadasONGdeobjetivohumanitário,denominadaCruzVermelha,Crescente Vermelho ou Estrela (deDavid) Vermelha, de acordocom a realidade religioso-cultural onde exerce a sua ação. Para se desempenharemdaatividadepropostasugere-se,sepossível,orecursoàInternet.
Sítiosaconsultar:CruzVermelha:www.icrc.org;CrescenteVerme-lho: www.redcrescent.org;EstreladeDavid:www.mdauk.org;In-ternationalFederationofRedCrossandRedCrescenthttp://www.ifrc.org/
60 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
5.2.2. Subtema 2 – Áreas de conflito e novos pólos de equilíbrio
TEMPOPREVISTO:18AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Nestesubtema,dominadopelageografiaregional,oprofessoren-fatizará a perceçãodeque se abordaumperíodohistórico, emque, nummundo sincronizado e globalizado, as condições e asdimensões do conhecimento e do desenvolvimento não são asmesmas.Oestudo incidesobreacaracterizaçãoeasalteraçõesverificadasnasáreasgeográfico-culturaisemquesedivideopla-neta,noquartofinaldoséculoXXeviragemparaoséculoXXI.Estedirecionamentotornaindispensávelaconsultadosmapasinseri-dosnoManual,quenestesubtemasãoodocumentoprivilegiado.
Parausocomparativoeummaisprecisoconhecimentodoespa-ço,oalunodeveráconsultarosplanisfériosincluídosnaspáginasfinaisdoManual.
As balizas cronológicas são as adotadas em toda a UT8 (1973-2002),masagoraenquadrandoosaspetospolítico-económicosregionais.Osalunosdeverãoenriquecerabarra,inseridanapági-na81,comnovosdados.
1. Conflitos, nacionalismo, relações Norte/SuL
Paramelhorseatingiremasmetasdeaprendizagemoptou-seporincluirnoManualumaprimeirarubricaquesinteticamenteintro-duzaoquadrogeralemqueevoluemasrelações internacionais(págs. 82/83). Selecionaram-se seis documentos que ajudam acapacitarosalunosparaaproblematizaçãodasdisparidadesNor-te-Sulnocontextodasrelaçõesinternacionais,consideradaumameta de aprendizagem. Dois documentos salientam os antagonis-mospolíticosemilitares(Doc.1,pág.82),eaforçadosentimen-tonacionalquesesobrepôsàsclassessociaiseàreligiãoequeoferecesignificadoesentidodepertençaaospovos(Doc.2);ou-trosdoisapontamagrandedesigualdadeentreblocosgeográficos(Docs.3,pag.82e4,pág.83),queoselementosestatísticosapre-sentadosajudamaexplicar(Docs.5e6,pág.83).Para informa-çãodosalunos,oprofessorpoderáquantificar:ofossoeconómicocavadoentrepaísesricosepobres,duplicouentre1960e1994.
Monarquia Sugere-sequeoestudodarubricaseiniciecomumaanálisemaisaprofundadadomapa(Doc.1,pág.82),queindicaosmúltiplosfa-toresdeperturbaçãodapazmundial.Oprofessordeveráexplorá--lonaaulaeosalunospoderãorecorreràsinformaçõesquedá,aolongodaaprendizagemdosubtema.
NaabordagemdodiscursodeDengXiaopingnaONU,em1974(Doc.3),serápositivoqueosalunosestejamrecordadosdoconcei-
todeTerceiroMundoquejáconhecem(pág.28).Nestecaso,
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 61
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
a expressão é recuperada, com orgulho, pelo líder chinês, atri-buindoaospovosqueassimsãoreferidosumatarefahistórica,dequesairãovencedores,anulandoadivisãoentreostrêsmundos,queidentificou.
2. O Médio Oriente e o nacionalismo pan-árabe; a renovação do Islão
PróximoeMédioOriente
Emtermosdeduraçãoedeconsequênciasmundiais,osproble-mas doMédio Oriente ocupam lugar de destaque nas relaçõesinternacionaisdosegundopósguerra(págs.84/87).Oprofessorpode,seoentender,iniciaroestudodasubrubricacomaobserva-çãodomapa(Doc.7,pág.84)quelocalizaospaísesquecompõemoMédioOriente.Emrigor,éavastazonadoMagrebe(onortedeÁfrica, semoEgitomas comaMauritânia), onordesteafricanoatravessadopelorioNilo(oEgitoeoSudão;aEritreiaeaSomália),eoMédioOrienteePenínsulaArábica(oLíbano,Síria,Palestina,Jordânia,Iraque,Irão,ArábiaSaudita,EmiradosÁrabesUnidoseospequenosEstadosdoGolfo).Osalunosdevemigualmenteobser-varabarracronológica(pág.81).Asualeituraevidenciaagrandepresençadaregiãonasdisputasqueensombramonossotempo.Zonainstável,ariquezapetrolíferaeoavançodalutafundamen-talistavieramalterarascoordenadasdaspolíticasinternacionais.
2.1.Onacionalismo pan-árabe
VoltandoaomapaquerepresentaospaísesdaLigaÁrabe(Doc.7),osalunosobservarãoaextensão,asriquezaseonúmerodeEstados-membros,masserãosensibilizadosparaastensõesqueosafetam.Essas tensõesafirmaram-sequerno interiordaLiga,dadasasambiçõesgeopolíticasdemuitosdeles(Doc.7),quercomospovosvizinhos– islâmicos, sunitasouxiitasmasnãoárabes,comooIrão,dadasasdiferençasétnicas.
Aanálisequesepropõesobreopan-arabismo,comofilosofiaeprogramapolítico(Doc.8),deveserorientadaportrêspistasqueotextoabre:oressentimentocontrao“imperialismo”(odiscursoéproferidonoEgito,paísqueaGrã-Bretanhaocupoudesde1882,protetoradoem1914,independenteem1922,equecontinuouasuportarodomíniodaspotênciasocidentaissobreaposiçãoes-tratégicadoSuez); a repulsa contraa violaçãodoespaçoárabecomafundaçãodoEstadodeIsrael;aideologiaterceiromundistaindiciadapelo autor,Nasser, umdos líderesdoMovimentodosNãoAlinhados(pág.29-30).
PartilhadaPalestina Intifada
Onacionalismoárabecomprometetodosospaísesárabes(Doc.8)nascampanhasmilitarescontraoEstadodeIsrael.Ématériaqueoprofessornãodeveaprofundarmasaconselha-se,paraareflexãoquesepedesobreanaturezadosconflitosnoMédioOrienteeso-brequaloladoquetemrazão(Atividadesdapág.85),queosalu-nosseinformem,comoésugerido,equeconheçamalgunsaspetos:queonascimentodeIsraeltornourealidadeosonho
62 | Operacionalização do Programa - Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
InterminávelconflitoGuerradoGolfo
Terrorismo
judaico (sionismo)masdeuorigemaumconflito semfim, compicossangrentos.Asguerrasde1948/49, logoquefoidivididaaPalestina e que trouxe aos judeus um território de 1300 kms.2e112povoaçõesquepertenciamaosárabespalestinianos(Doc.9,pág.85).Aguerrade1956,uma retaliaçãoegípciadepoisdanacionalizaçãodoSuez.Ade1967,aguerrarelâmpagodos“SeisDias”,nasequênciadobombeardaáguadoJordãoporIsraelparairrigaçãododesertonaregiãosul,queenvolveuaparticipaçãodamaioriadospaísesárabesepossibilitouaanexaçãodeamploster-ritórios,nomeadamentedeJerusalémoriental,porIsrael(Doc.9).Finalmente,ade1973,oataquesurpresadaSíriaedoEgitonodiadafestajudiadeYomKippur,oDiadaExpiação,querestabeleceuoorgulhoárabeequeacabouporfazerdescobrirumanovaarma,opetróleo.Paracompreenderasrazõesqueassistemaambososbeligerantesedarrespostaàsquestõescolocadas(pág.85),osalu-nosdeverãoponderarasresponsabilidadesinternacionais(desdea partilha à instrumentalização durante a Guerra Fria), o podermilitar envolvido,o terrorismo de parte a parte, a anexação de territórioseaexpulsãodaspopulações,adisputadeJerusalém(o1ºlugarsagradodojudaísmoeo3.ºdoslugaressantosdoIslão).
Apartirdoscenáriosdeguerraoprofessorpoderáorientarodiálo-goparaoprocessodepaz(Doc.11,pág.86).Asfotografiasforamescolhidasparafigurarcomoexemplodeanálisede imagensnocapítulodemetodologiadesteGuiadoProfessor(Verpágs.12-13).
2.2.Arenovaçãodo Islão
Fundamentalismo
AiatolaRepúblicaIslâmica
Irmandade Muçulmana
Aabordagemdoconceitodefundamentalismo,implícitonotítu-lodacenarepresentadanapág.87(Doc.12),exigesubtilezaporpartedoprofessor.Porum lado, impõe-sea referênciaa factosmarcantes como, por exemplo, nos anos de 1980, a captura do pessoal diplomático norteamericano, tornado refém na própriaembaixadadeTeerão,oumais recentemente, as ações terroris-tasnoEgito,desencadeadaspela IrmandadeMuçulmana,dirigi-dascontraforçaspoliciais,intelectuaisegovernantesmoderadosegípcios, e contra interesses ocidentais e turistas estrangeiros. Por outro,oprofessorpoderásuscitarareflexãosobreacondenaçãodoIslão,porventuraexcessiva.EstaopiniãonegativaexistedesdequeoIslãofoiconsideradooprincipalobstáculoaoprocessodepaznoMédioOriente;pordefenderoregressoàspráticassociaisepolíticasdefinidasnoslivrossagrados,temtambémsidoacusa-docomoinimigodademocraciaedacivilizaçãoocidental.
3. Fatores de instabilidade em África e fragilida-de dos Estados
O continente africano é atualmente a região do globo quemaispreocupaçãosuscitaàcomunidadeinternacional.Oprofessorde-verá sensibilizaros alunosparaos fatoresque contribuíramparaesteestadodecoisas.Asubrubrica3.2.QuefuturoparaaÁfrica?
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 63
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
(págs.89/91),facultainformaçãofactualsobrecadaumadassubre-giõesemquesedivideocontinente,oquecontribuiráparaumavi-sãomaisesclarecidasobrearealidadeafricana,porpartedosalunos.
3.1.Instabilidadepolíticaedificuldadeseconómicas
Sugere-sequeoprofessorinicieoestudodarubricacomaobser-vaçãodomapahistórico(Doc.13,pág.88)elaboradoporalturasdareuniãodaspotênciaseuropeiasemBerlim(1884).Reuniramparadividirementresioterritório,então,àexceçãodoNortedeÁfrica,banhadopeloMediterrâneo,edeumaestreitafaixalitoral,torneandoaÁfricaAustral,quasedesconhecidodoseuropeus.FoinesseúltimoquarteldoséculoXIX,queaexploraçãocientíficaeas ambições políticas proporcionaram ummaior conhecimentodosváriosgruposhumanosedosterritóriosquehabitavam(Doc.13).NoséculoXIX,ocontactoeintegraçãonosmodernosEstadoseuropeus,quecontinuaramaservirdereferênciaaosmovimen-tosindependentistasnosegundopósguerra,emnadafavoreceuodesenvolvimentoeaevoluçãopacíficadocontinenteafricano.Aorganizaçãosociopolíticadebasetribaleasrivalidadestribaisancestrais,queaindapermanecem–equedificultamaformaçãodeidentidadesnacionaisefacilitamasexplosõesdeviolência–,opassadocolonial,aposiçãogeoestratégica(Doc.17,pág.90),osinteressespolíticosinternacionais,ariquezaemmatérias-primasestratégicas eminerais preciosos (Doc. 16, pág. 89), explicamaconflitualidadelatenteemÁfrica.
Países da linha dafrente
OprofessorfaránotarqueaposiçãorelativadaÁfricaatornaape-tecívele,porventura,destinadaaumfuturomaispromissor.Elaé,simultaneamente,umobstáculo,o“continente-barreira”naligaçãodastrêsregiõesestrategicamentemais importantesdoglobo,ouseja,doMédioOriente,daÁsiaOrientaledaEuropa,eo“continen-te-charneira”pelaspassagensqueoferece(Doc.17,pág.90).Paraaquelaevoluçãoconta,certamente,aconclusãodadescolonizaçãoeaindependênciadetodooterritório.Em1975,libertaram-seasantigascolóniasportuguesase,jánoperíodopós-descolonização,tornaram-seindependentesaNamíbia,aEritreia,oDjibutieoSu-dãodoSul.OprocessodedescolonizaçãodesenroladonaÁfricaAustralfoilento,esóseencerrouquandoaNamíbiaeoZimbabuésetornaramindependentes,respectivamente,docolonialismosul--africanoedoracismovigentenaantigaRodésiadosul.
3.2.QuefuturoparaaÁfrica?
Potênciaeconómica
Produtores depetróleoCornodeÁfrica
Observandoa imagemdaCidadedoCabo(Doc.18,pág.90),osalunosserãosensíveisaoselementosdemodernidadeedepoten-cialeconómicoligadoàsatividadesportuáriaseàposiçãoestraté-gicadacidadesul-africana.Tambémaimagemdeumcampoderefugiados(Doc.19,pág.91),lhesmostraráoresultadodainstabi-lidade,provocadapelaconflitualidadecivilouinternacional,pelas
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
ameaçasdoambientenatural,peladesigualdadededesenvolvi-mentoederiquezaentreospaíses,pelaausênciade liderançasedepólosaglutinadoresregionais.Imagenscontrastantesdeumcontinentedecontrastes.
4. As áreas asiáticas: vulnerabilidades e relações de força
Sikh
Ocontinenteasiáticoapresenta-se,napassagemdomilénio,nasi-tuaçãoinversadaestudadasobreaÁfrica,eéocontinenteondeTimor-Lesteseinsereeaqueoprofessordevedaramaioratenção.Seoentender,podesuscitarareflexãodosalunosemtornodapro-fundamudançanaorientaçãodaspolíticaseconómicasverificada,emváriospaíses,noperíodopósocupaçãomilitar,pósdescoloniza-çãoepósGuerraFria.Essareflexãodeveconduzirosalunosàcons-tataçãodequeosprocessosforamgraduais,queaproveitaramex-periênciasexternasanterioresequeapostaramnamodernização,masque,também,mesmonoscasosdemaiorsucessointernacio-nal,odospaísesqueseapresentamcomoNovosPaísesIndustria-lizados,oêxitoéinternamenteaindaparcial,equepermanecemporresolvergravesproblemasdenatureza,política,económicaesocial.OprofessorpoderáevocaroexemplodaÍndia(pág.92).
4.1.AChina
Modernização da China
Sugere-sequeasubrubricainicial,sobreaChina,sejaestudadaapartirdos trêsmapasedográficodisponibilizadosnoManual(pás.92/94).Comelespretende-semostrarocontextogeopolíti-coregionaldaChina–incluindoavertenteexpansionistamilitar(Doc.20,pág.92),eavertenteexpansionistaeconómica(Doc.21,pág.93)–,darumapanorâmicadaeconomiachinesanatransiçãodomilénio (Doc.22,pág.93),eapresentarprevisõesqueante-vêem,embrevetempo,umlugarcimeiroparaaChina,entreasgrandespotênciasmundiais(Doc.24,pág.94).Osalunosdeverãoestarconscientesdaimportância,paraestedesfecho,doesforçodelongoprazodoregimecomunistaque,desdemeadosdoséculoXX,controloutodooterritóriocontinentaldaChina(pág.17-18),levandoaqueopaísfosseadmitidonaONUepassasse,em1971,aintegraroConselhodeSegurança.Oprofessordaráainforma-çãonecessáriasobreaaberturapolíticapropiciadaporDengXiao-ping,anormalizaçãodasrelaçõesdiplomáticoscomoJapãoecomosEUA,aintegraçãodopaísnoscircuitoseconómicosmundiais,aderindoaoFundoMonetário Internacional,aoBancoMundial,aoGATTe,jánesteséculo,àOMC.
Iniciandoaaulacomaanálisedomapadapág.92,osalunosde-vemnotaravastidãodaatualRepúblicaPopulardaChina,aquecorrespondeumgigantismodemográfico(1,3milharesdemilhõesdehabitantes).Omaiorexércitodomundo,eumpodernuclearapreciável,suportamosconflitosqueodocumentoregista.Aten-tarãotambémnasdatasqueindicamoperíodoemqueamaiorpartedoslitígiosocorreu,arelativaestabilização,noúltimoquartel
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doséculoXX,e,antesdofimdoséculo,ocompletardafronteiracontinentalcomaintegraçãodeHong-KongeMacau.
OsdadossobreadiásporachinesanoSudesteAsiático(Doc.22,pág.93),umfenómenoestrutural,comorigemnoancestralcen-tralismoefechamentoimperial–que,destemodo,permitiamacomunicaçãocomoexteriorepermutasbilateraisparticularmen-teimportantes–documentamapersistênciadainstalaçãochine-sanestaregião.Documentamaindaodinamismodemográficoeeconómicodaregiãocosteiradeondesãoorigináriososemigran-teschineses(Doc.22).Namesmapágina(Doc.23),osalunosen-contramainformaçãoquedemonstraque,semmudarderegimepolítico,aChinaseabriuaocapitalismo(Veranálisedomapanapágina15doGuiadoProfessor).Oprofessorpoderáfundirnumasó,masmaisampla,asduasatividadespropostas–adolugardaChinanocontextoregionaleadocomentárioàfrase“Umpaís,doissistemas”–eincitaraturmaarealizarapesquisaquelheper-mitiráummaiorconhecimentodacomunidadechinesaemTimor--Leste(Atividades,pág.93).
ComoexemplodosNPI,oprofessortemoportunidadeparaes-timularnosalunosumaatitudedeconfiançanoprogressoenamodernizaçãodoseupaís,sendoqueestesassentamnoaprovei-tamento dos recursos naturais e humanos, no empenho dos cida-dãoseemopçõespolíticasadequadas.Asensibilizaçãodosalunospoderáserconseguidaapartirdasatividadesquesepropõemnaspáginas95e96.
TigresoudragõesASEANArcodoPacífico
OsalunosnotarãootriunfalismodotextodebalançodaatividadedaASEAN,apresentadonareuniãodeKualaLumpur(Doc.26,pág.95).Asatisfaçãoéjustificadapelosbonsresultadosobtidospelaas-sociaçãonoplanoeconómico,políticoesocial–temummercadopoderoso,estabilidadeediminuíuapobreza–,epelaperspetivadealargamentofuturo.Nodocumentoaesperançadeconsolidaçãodaassociaçãoapoia-seemvínculosimateriais:entreosváriospaí-sesdoSudesteAsiáticohálaçoshistóricoseumaherançaculturaleumaidentidaderegionalcomuns.Comosconhecimentosadqui-ridosemaulaenodocumentoseráfácilenunciarascondiçõesdosucessodosEstadosreferidosnaatividade(pág.96).Omapaqueosrepresenta(Doc.27),ésugestivosobreointeressedespertadoporestasubregiãodefuturo,adosEstadosdoarcodoPacífico,aquetodosospaísessequeremassociar.Aonúcleoinicial,doquesecomeçoupordesignaroespaçoeconómicodaÁsia-Pacífico(Japãoequatro“dragões”),juntaram-se,nadécadade70,osmembrosdaASEANearegiãocomeçouacrescerdeformamaisintegradaalterandoabalançadaeconomiamundial.Nopresente,aproxi-mam-se tambémospaísesdo “arcodoPacífico sul-americano“,
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
passando a designação Estados do arco do Pacífico a agregar oChile,México,EUA,Canadá,NovaZelândia,Austrália,Papua,NovaGuiné,Singapura,Malásia,Filipinas,Tailândia,HongKong,CoreiadoSul,Japão,RússiaePeru.
4.3.AevoluçãodaIndonésia
Êxitosócio-económico
AtentandonadatadaquelareuniãodaASEAN,ootimismosurgecomoirónicoemvésperasdodeflagrardagrandecriseasiáticadefinaisdadécadade1990,quecondicionoufortementeaevoluçãopolítico-económicadaIndonésia.Oprofessorfarárefletirosalu-nossobreocarátercíclicoegeraldascriseseintegraráaevoluçãodaIndonésianoquadroregionaldescrito.
5. A Europa e o crescimento do nacionalismo; a expansão da União Europeia
Comamemóriatimorensepresente,seráfácilaoprofessorfazera transiçãoparaa subrubricaqueabordaaEuropa,a regiãodogloboonde,noséculoXIX,comoliberalismo,surgiuomovimentodasnacionalidadeseonde,naúltimadécadadoséculoXX,violen-tosepisódiosmancharamonascimentodenovosEstados-nação(págs.97e98).Oprofessorlembrarácasosantigosmalresolvidos–aEspanhaeaIrlanda,ondeonacionalismoseparatistaérespon-sávelpelapersistênciadeumterrorismolatente–,eadesagrega-çãodoimpériosoviéticoquedesencadeouumsurtonacionalistanoCáucaso,noBálticoenosBalcãs.
5.1.Movimentosnacionalistas e tensõesétnicas
Estados independentes
Opontodepartidapara abordaros acontecimentosnosBalcãspodeseraanálisedaresoluçãocondenatóriadaSérviapelaComis-sãodosDireitosdoHomemdaONU(Doc.30,pág.97),motivadapelonacionalismoeconfrontospolítico-religiososnosterritóriosdaantigaJugoslávia.Oproblemaradicanosonhoimperialsérvio(que remontaaofimdaPrimeiraGuerraMundiale seconcreti-zoudepoisdaSegunda)deuniros“eslavosdoSul”,oqueveioaacontecercomaFederaçãoJugoslava,umaentidadeartificialqueagregavadiferentesnacionalidades, línguasereligiões.TentativadaSérviaemsubmeterasdiversasnaçõesda regiãoparacons-truira“GrandeSérvia”,cometendoatrocidadeseprocedendoaoperaçõesdelimpezaétnica.ComodramáticoapelodaComissãoosalunosentenderãoagravidadedoscrimescometidosnaBósniae, no final do século, na região do Kosovo. A Comissão exige acondenaçãodaSérviapelogenocídiodecroatasmuçulmanoseal-baneses,ofimimediatodaguerra,ojulgamentodosresponsáveissérviosnoTribunalPenalInternacional,aproteçãoeajudahuma-nitáriainternacionalásvítimas(Doc.30).Fácilsetornaperceberanecessidadedeintegraçãodasnovasnacionalidadesbalcânicasemorganizaçõessupranacionaisdeâmbitoregional(Doc.31).
5.2.AexpansãodaUniãoEuropeia
Osalunosjásabemcomo,emmeadosdoséculoXX,eaindanafasedereconstruçãodaEuropanosegundopósGuerra,seconstituíu,comseispaísesdocentro-europeu,umaassociaçãodefinalidade
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
económica.O professor poderá pedir-lhes que identifiquem, nacartadefundaçãodaComunidade(Doc.32pág.98),asrazõespe-lasquaisaadesãoàComunidadeEconómica(CEE),instituídaem1957peloTratadodeRoma(Doc.32),pareceuatrativaamaisdevintepaísesquese lhe juntaramposteriormente.Oprocessodealargamento(Doc.33,pág.99),acompanhouoprocessodeapro-fundamentoqueteveummomentoaltoem1992,comaassina-turadoTratadodeMaastricht(Doc.35,pág.100),queconsagrouumanovafaseeumanovadesignação,aUniãoEuropeia(UE).
Instituiçõeseuropeias
Oprofessorestimularáos alunosaassinalaremnabarra crono-lógicaosmarcosmaissignificativosdaevoluçãoCEE/EU:auniãoaduaneira(1968),ainstituiçãodomercadoúnicoeuropeu,afun-daçãodoBancoCentralEuropeu,quedefineapolíticamonetáriadaUnião,aadoçãodeumamoedaúnica,completandoaintegra-ção das economias europeias. Devem também refletir sobre arelutânciadosEstados-membrosemaceitaremmecanismoslimi-tadoresdassoberaniasnacionais.Aanálisedodiscursodopresi-dentedaComissãoEuropeia(Doc.34,pág.99)ajudaráaperceberaestruturaabertadaComunidadeeolugarcimeiroqueoblocoeuropeudetémnocomérciomundial.
O exercício pedido aos alunos na página 99 implica o reconheci-mentodeumnúcleocentraldepaísesfundadoreseoalargamentogeográfico-cronológicoprogressivo.Aadesãoficoucondicionadaapaísesdotadosdeinstituiçõesdemocráticas,comumaeconomiademercadodesenvolvida,equeaceitassemtodosos textosco-munitários.Pelaobservaçãodomapa(Doc.33,pág.99),osalunosconcluirãoqueaCEE/UEsealargouporfaseseporregiões:paraNoroeste(1973),paraSul(décadade1980),paraaEscandinávia(anosde1990),eparaLeste(iníciosdoséculo).
6. O continente americano: fatores de conflito na área latino-americana; a hegemonia norte-americana
Aabordagemdarubricadedicadaaocontinenteamericanoterádeterpresenteacomplexidadedaconjunturaatualnaquelaáreadoglobo.Osalunosdevemsersensibilizadosparaareconfigura-çãomundialqueseanuncia,parabreve,comoum“reequilíbrioglobalsemprecedentes”,emtermosdedesenvolvimentohumanoede crescimentoe revitalizaçãodaeconomia. SãoasprevisõesotimistassobreaAméricadoSul,emquealgunspaísesocupamjáumlugardestacadonocrescimentoeconómicoglobaleondeseassisteaumarápidamudançadascondiçõesdevidadaspopu-lações.ÉaAméricadoNorte,hegemonizadapelosEUA,aúnicasuperpotêncianummundomonopolarmasondeemergemnovospólosdepoderederiqueza.
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
6.1.Osfatoresdeconflitonaárealatino-americana
OsalunospoderãoexploraramensagemdosbisposdaAméricaLatinaquedenunciouaindignidadedascondiçõesdevidadospo-vosdaquela região (Doc.36,pág.101).Numsegundo tempo,apropostaéqueanalisemomapadosrecursosnaturaisdetodooterritório(Doc.37,pág.101)equereflitamsobreacontradiçãoentreopotencialderiquezaeodiagnósticodepobrezamaterialemoral apresentado.
Sugere-sequeoprofessor,apartirdoquadrodescritoem1973,orienteaturma,recorrendoábarracronológicaeaotextoexpli-cativo,nosentidodeestabelecerlinhasdecontinuidadeedemu-dançanastrêsdécadasemestudo.Deveráacentuaradificuldade,mesmocomregimesdemocráticosecomestabilidadepolítica,emsecombateraherançadasclivagenssociais,dacorrupção,davio-lênciaoudonarcotráfico.
Poderátambémsuscitarumdebateentreosalunossobreasop-çõesdepolíticaeconómicaqueseapresentamnaregião:omode-locubanoeomodelodaÁsia-Pacífico(pág.101).
6.2.Ahegemonianorte-americana Mercosul
FidelCastro
Seoentender,oprofessorpoderáarticularosproblemasdede-pendência externa, económica e financeira, da América do Sul(temsidoo subcontinentemaisendividadodomundo), comaspreocupaçõesdecontrolomilitardosEUA(Doc.38,pág.102).Aanálisedomapapermiteesclareceraexpressãofiguradade“quin-taldosEUA”.
Asatividadespropostaspedemapenasainterpretaçãodeexpres-sõescorrentes,masmuitoincisivas,referidasaosEstadosUnidos(págs.102e103).“Ilhacontinente”,paraindicarodistanciamen-to,adimensãoeumaposiçãodominante;“omundonãoseráomesmodepoisdo11deSetembro”,paraindicarotraumasentidopelaAméricaepelomundocomoato terroristaquemudouasrelações internacionais; eparafinalizar ”o séculoXX foi o sécu-loamericano”,paraindicarasupremacianorteamericana,ganhacomoenfraquecimentodaEuropa,apósaGrandeGuerra.Sãoafraseeomapa (Doc.40,pág.103)–que representaaAméricaemposição central equemostraoespaçoeconómicomundial,enquadradopor acordos e organizações liderados pelos EUA–quemelhorsimbolizamopoderdahiperpotência,cujaascensãoacompanharam(págs.11-13).
Pós-industrial Terminadoosubtema,oprofessorpoderáconcretizaraatividadepropostanoPrograma:organizaçãodeumdebateemaulasobre”Mundos divididos, problemáticas diferentes – da divisão Este--LesteàdivisãoNorte-Sul”comrecursoaaquisiçõesefetuadasnostemas da unidade.
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Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 69
5.2.3. Subtema 3 – A civilização do século XX
TEMPOPREVISTO:8AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Osubtema3daUT8propõeumareflexãosobreoestádiodeglo-balizaçãodoMundo alcançadonoúltimoquartel do século XX.Assim,oobjetodeestudoé“acivilização”,globalmenteconside-radacomodominanteemtodooplaneta.Contudo,devesemprechamar-seaatençãodosalunosparadoisaspetos:queháclarei-rascomlargasparcelasdaHumanidadequepermanecemlongedeusufruíremdessacivilização,equeocomércioeacomunicaçãoglobal ameaçamuniformizar e homogeneizar, perigosamente, adiversidadedeestilosdevidaedeculturasnoplaneta.Nodecur-sodalecionação,osprofessoresdeverãoalertarosalunosparaomelindre de uma e da outra situação.
As atividades propostas aos alunos são várias vezes apenas umalertaparaumareflexãosobreosproblemasatuais.
Aconstruçãodebarrascronológicasdetalhadasjustifica-secomoelementoimportanteparaaconsciencializaçãodosalunossobreaaceleraçãodahistórianaépocaqueéasua.
1. Os dinamismos socioculturais1.1.Movimentossociais e sociedadecivil
Sociedadecivil
Osubtema inicia-secomoenunciadodas revoluçõescivilizacio-naisaqueseassistiunasduasdécadasdefinaisdoséculoXX,masquetêmassuasraízesnosegundopós-guerrae,particularmen-te,nadécadade1960quandoemergiram(pág.106).Oprofessordeverásensibilizarosalunosparaacomplexidadedosprocessosdenaturezademográfica,socialetécnico-culturalquelhesderamforma.Sugere-sequerecuperemosconhecimentos(pág.37-39)sobreosmovimentosquenosanosde1960,umpoucoportodooladoenosmaisvariadossetores,aspiraramàmudançaecriarama atitude necessária à prossecução desse objetivo. O professorpoderá,apartirdodocumento1(pág.106),suscitarumdebateentreosalunossobrea importânciadamobilizaçãodasocieda-decivilnatransformaçãopolíticaesocialepedir-lhesque iden-tifiquemcamposprivilegiadosdeintervenção(Doc.1).SeráumamaneiradeintroduziraquestãofundamentaldopapeldoEstadonummundoplanetárioquecolocaemquestãoovaloreosentidodas fronteirasnacionais.OEstadoperdeospoderesdedecisão,nãocontrolaosfluxosmigratórios,asagressõesambientais,asre-desterroristas,ousequerasempresaseoscapitais.
Aanálisedotexto(Doc.2,pág.107)develevarosalunosareco-nheceremqueatransformaçãoradicalnosdomíniosdapolíticaedaeconomia,queoautoranuncia,éapassagemdestasáreas,doquadronacional,ondesempreestiveram,paraotransnacional.Oautorsustenta(Doc.2)queocampomaterial-economia,ciência,
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
tecnologias-seglobalizainevitavelmente,masqueocampocul-tural–sentimentonacional,pertençaidentitária–permanecesó-lido.Defendetambém(Doc.2),queoargumentomaisforteparaamanutençãodasnações éque a estas competepreservar eempenhar-senacoesãoentrecidadãosnacionaisque,peloscrité-riosseletivosdaeconomiaglobal,sãodiscriminados.
1.2.Asquestõestransnacionais
Ativista
Comoosalunosjáestudaram,otriunfodo“espaçoglobal”afetouasrelaçõesinternacionaisepatenteouacontradiçãoentrecresci-mentoeconómicoeprogressosocial.Éumamatériafulcralqueoprofessorirátrabalhandocomoentender,demodoa,nofinaldosubtema,poder realizara tarefaqueéproposta (Atividadepág.115).Os textos (Docs. 3 e 4, pág. 108), sensibilizarãoos alunosparaadiferençaentreoambientedareuniãodeDavos–comvigi-lânciaapertada,caráteroficial,convivênciadeinteressespolíticoseeconómicos,epoderefectivodosparticipantes(Doc.3),eadi-mensãovoluntaristadaorganizaçãodePortoAlegre–comoseucaráterutópico,festivoecomunitário,comimpactopelaforçadeumamultidão livreecombativa(Doc.4).Contrastarãotambém,umprogramaformaldealcancemundial,deregulaçãodocomér-cio,dosconflitosabertosedasquestõesambientais,comumpro-jetovisionáriodetransformaçãodoplanetanummundomelhor,depazedejustiça(pág.108).
Atabela(Doc.5,pág.109),ofereceaosalunosdadossobreaevo-lução do trabalho nomundo desenvolvido. Deverão verificar oenfraquecimentodossetoresdasatividadesprodutivaseacon-centraçãodoempregonosetordosserviços.Oprofessorpoderáfazernotarque,nadistribuição internacionaldo trabalho,estesdadossão indicativosdomenosprezoaque foivotadaaprodu-ção,deixadaaospaísesmenosdesenvolvidos,edavalorizaçãodoinvestimentonossetoresmaisexigentesemtecnologiaemãodeobra,afastandotambémassimapopulaçãomenosqualificada.In-sistiránosignificadopreocupantedosdados,namedidaemqueadesigualdadedeoportunidadesfomentaodesempregoeaemi-gração,epotenciaaadesãoaatividadescriminosas.
Aanálisedomapa,doiníciodoséculoXXI(Doc.7,pág.110),per-mitirá ao aluno constatar que se intensificaram osmovimentosmigratóriosorientadosparaosmesmospólosdeatracãodosé-culoXIXe iníciosdoséculoXX–as regiõesdoglobo ricas, comlargosespaçosepoucopovoadas,ouas regiõeseuropeiasmaisdesenvolvidas–masquetambémseobservaumoutropólo,noMédioOriente,ligadoàeconomiadopetróleo.Quantoàemigra-ção,permaneceprincipalmenteligadaàsituaçãodepobreza,querdospaísesquerdaspopulações.Calcula-sequehá,naprimeira
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Xenofobia
décadadoséculoXXI,150milhõesdepessoas foradoseupaís,por razões económicas, e 20milhões de refugiados, por razõespolíticas.No Sul há vastos fluxosmigratórios enquantoomaiornúmerode imigrantesaindaseconcentranoNortemas,noge-ral, a composição da população migrante mudou: há mulheres, trabalhadoresqualificadoseparte considerávelé temporária.Oprofessorpoderáabordarasreaçõescomplexasqueofenómenosuscita nos países de acolhimento.
Osdocumentos8e9(pág.111),referem-seàcondiçãodamulheremfinaisdoséculoXX.Sugere-sequeoprofessorutilizeosdocu-mentosfazendoanecessáriapedagogiasobreopapeldamulhernoespaçopúblicoenaeconomia.Ográfico(Doc.8)éelucidativodadesigualdadehomem/mulhernosdoisindicadoresdotrabalho(menorsalário,maiordesemprego),emtodosospaísesassinala-dos.Quantoàtabela(Doc.9),oprofessororientaráosalunosnacompreensãodasmaioresdificuldadesdaparticipação femininanapolíticadoquenavidaprofissional.PoderáressaltarocasodaSuécia,umpaísdonortedaEuropa,comumapresençade33,5%demulheresnoparlamento,oqueé indicativodeumapolíticadediscriminaçãopositivatornandoobrigatóriauma“quota”femi-ninaemfunçõespúblicas.ComoexemploopostopoderáindicaroZaire,oEstadoafricanoquesóseaproxima,noquerespeitaàrepresentaçãoparlamentar,dosul-americanoEquador.
1.3.O“regresso”do religioso
Teologiadalibertação
Sugere-sequeoprofessorinicieaaulacomaobservaçãodomapa(Doc.10,pág.112)identificando,emalgunsdosconflitosassinala-doscomode“raizreligiosa”(Doc.10),asmotivaçõesdenaturezaétnica,nacionalistaoueconómicas,propíciasaoexacerbamentodosentimentoreligioso,estimulandoareflexãodosalunossobreaexpressão“choquedecivilizações”.Oprofessorpoderádebaterasquestõesrelacionadascomasegurança,tornadaumapreocu-pação à escala planetária, acompanhando a escalada terroristadepoisdoataquede2001,emNovaIorque,porumaredeterro-rista.Serátambémoportunoreferirareligião,comomanifestaçãoculturalsuperioreelementoidentitáriomuitopoderoso.
2. As dimensões da ciência e da cultura no contex-to da globalização PIB
Internet
Oprofessorpoderápediraosalunos,alémdosexercíciospropos-tos(Docs.11e12,pág.113),queprocedamáleituradosdadosestatísticoseexpliquemapartirdelesassituaçõesconcretasdedesenvolvimentodealgunsdospaísesqueestudaramnasrubricasdoSubtema2.
BiotecnologiaClonagem
Emcomplementodasnoções gerais sobre a revolução genéticaqueoManualapresenta(pág.114),serádetodoointeresseparaosalunossaberemqueTimor-LesteestámuitoavançadonoquerespeitaaoconhecimentodeADNdapopulaçãotimorense.
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UmaequipadaUniversidadedeAveiro, lideradaporLuísSouto,desenvolveu umprojeto de investigação científica apoiado pelaFCT (FundaçãoPortuguesaparaaCiênciaeTecnologia) eCOM-PETE (programadaUniãoEuropeia),projetoTIMOR-POP,oqualrealizou ao longode trêsmissões científicasaTimor-Leste,umprogramaderecolhadeamostrasdesalivadapopulaçãotimoren-setendoemvistaaanálisedoADNparacaracterizaçãogenéticaecomparaçãocomoutraspopulaçõescomafinidadeshistóricasegeográficas.OprojetoenvolveuaparticipaçãodaUNTL,Univer-sidadeNacional deTimor-LoroSae: foramrealizadossemináriosdedivulgaçãoeinformaçãoemDílieestudantesdauniversidadederamoseu“consentimentoinformado”constituindoogrupodevoluntáriosparaesteestudo,contribuindoassimparaalgorele-vantedopatrimóniodeTimor-Leste,oconhecimentodo“mapagenético” do seu povo. O professor poderá desenvolver algumprojetoemarticulaçãocomoscolegasdeBiologiaoudeSociolo-giaou,seforpossível,incentivaràconsultanaWebdositeGeno-graphic,cominformaçãosobreoADNnaAntropologia.
Ambientalismo
Osdocumentos14e15 (pág.115), remetemparaaspreocupa-çõeseos interessesque convergemnoambientalismo,omovi-mentosocialqueprocurachamaraatençãoparaosefeitoscatas-tróficosdousodesregradodos recursosnaturais,nosentidodeseremadotadasmedidasdepreservaçãodossistemasnaturaisedesustentabilidadeparaasobrevivênciadasfuturasgerações.OsprincípiosenunciadosnaCimeiradaTerra(Doc.15)sãoarespostaoficialaoproblema.
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5.2.4. Subtema 4 – Timor-Leste: A viragem de 1974; os anos de 1975 a 1999
TEMPOPREVISTO:26AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
A análise e a elaboração pelos alunos, de barras ou de tabelascronológicaspermanecematividadesindispensáveis,emcontinui-dadecomotrabalhodesenvolvidonosanterioressubtemas.As-sim,orecursoaosdadosincluídosnoManualeoapoiodadopeloprofessor a essas tarefas são fundamentais para que os alunosconstruamreferentescronológicos.Noqueserefereaopresentesubtema,seexistirorecursoàInternet,serámuitovantajoso,queoprofessorestimuleaconsultapelosalunosdatabelacronológicadisponibilizadanosítiodoArquivoeMuseudaResistênciaTimo-rense(AMRT):http://amrtimor.org/.
Acrescenta-se,aliás,queparatodoosubtema,avastadocumen-taçãoemtextoescrito,imagemesom,disponibilizadapeloAMRT,éumrecursoinsubstituível.ViaInternet,osalunospoderãoace-deradocumentosautênticos,algunsdelesreproduzidosnoMa-nualdo12ºano.
AimagemcomqueabreosubtemapertenceaoespóliodoAMRT,documentando uma pausa na atividade dos guerrilheiros dasFALINTIL, durante o cessar-fogo de 1983. A análise da imagempermitirá iniciar uma reflexão sobre a importância da guerrilhanaafirmação,peranteacomunidadeinternacional,dodesejodeindependência,mastambémsobreavirageminiciadanessepe-ríodo,quantoànecessidadedeumaconvergênciadeesforçosdetodosostimorenses.
1. Impacto da revolução portuguesa
DescolonizaçãoOsubtema4teminíciocomarubricaqueserefereaoimpactodarevoluçãoportuguesanaaberturadoprocessodedescolonizaçãodeTimor.Propõe-se,porisso,queosalunoscomecemporsecen-trarnasrelaçõesentreahistóriadeTimor-Lesteeahistóriageral.NaUT7,subtema2,foramestudadososprocessosdedescoloniza-çãonoscontinentesasiáticoeafricano;agora,torna-serelevanteque,dessesprocessos,setenhampresentes,particularmente,oscasosdaIndonésiaedascolóniasportuguesasemÁfrica.Sugere--sequesejamrevistos,sucintamente,aquelesassuntos,comre-cursoàreleituradabarracronológicaedosmapasexistentesnoManual (págs. 20/21,22e25). Será conveniente, também,queserevejaoconceitodedescolonização, incluídonoglossáriodefinaldoManual.Areflexãopermitiráconcluirque,naperspetivadospovoscolonizados,oscasosdaIndonésiaedascolóniaspor-tuguesasdeÁfrica,apesardedesfasadosnotempo,apresentamsemelhançasquantoàsfasesdoprocessodedescolonizaçãode-senvolvido.AreflexãolevarátambémaquesecoloqueaquestãodesaberseasmesmasfasesocorreramemTimor-Leste.
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Regime autoritárioRegimedemocrático
Socialismo
QuantoàarticulaçãoentreahistóriadePortugaleahistóriadeTimor, sugere-sequesepartadaobservaçãodabalizacronológicadeiníciodosubtema(pág.116/117),conjugadacomainterpreta-çãodaimagem-símbolodoMovimentodasForçasArmadaspor-tuguesas(Doc.1,pág.118).Aimagempermitirárelembraraspe-tosjáreferidosnosubtema1daUT8:aimportânciadarevoluçãoportuguesade25deabrilde1974naquedadoregimeautoritárioportuguês,paradarlugaraumregimedemocrático;mastambémagravidadedaagitaçãopolíticavividaemPortugal,nosanosde1974e1975,emtornodaopçãopolítico-ideológicadesecons-truiruma“viaparaosocialismo”.
Autodeterminação
Aanálisecomparativadosdocumentos2e3(pág.118),necessáriaparaarespostaàatividade1.dapág.118,conduziráàcompreen-sãodeque,emcercadetrêsmeses,aresoluçãodaquestãocolo-nialportuguesaevoluiu,jáque,enquantonoProgramadoMFA,talcomofoidivulgadoem25deabrilde1974(Doc.2),sereconheciaanecessidadedepôrfimàguerracolonial,masaindaseadmitiaumPortugal “ultramarino”, provavelmente num sistema neocolonial,naLei7/74,de27dejulho(Doc.3),Portugalreconheceufinalmen-tequeaaceitaçãodoprincípiodaautodeterminaçãodospovos,im-plicavaaaceitaçãodaindependênciadestes.Era,porisso,umnovoquadroinstitucionalque,repentinamente,seapresentavaaTimor.
2. Problemas de organização da vida política
NoestudodanovaorganizaçãodavidapolíticaemTimor,éoportu-noquesedestaquequantoasituaçãofoiúnica.Comoosalunoses-tudaram,nosubtema3daUT7,aspopulaçõesdoentão“Timorpor-tuguês”nãotinhamsidoabaladaspeloprocessodedescolonizaçãodomundoasiático,apósaSegundaGuerraMundial.Arevoltade1959tinhasidorapidamentesufocadae,nosanos1960,tempodasguerrascoloniaisafricanas,osentimentoanticolonialdetendêncianacionalistamanifestara-se,emTimor,principalmenteemalgumaselitesurbanas.Timornãoexperimentou,portanto,umprocessodeconsciencialização generalizado, nem conheceu, nessa década, alutaarmada.DaíqueseconsiderequeadescolonizaçãodeTimorteveinícioporaquiloquesecostumadesignarcomoa3.ªfasedosprocessosdedescolonização:a fasede transferênciadepoderes.ALeiportuguesan.º7/74precipitou,portanto,osacontecimentos.
2.1.Aformaçãodepartidospolíticos
Acentua-seanecessidadedeoprofessorconduzirainterpretaçãodosdocumentosquerespeitamàhistóriarecentedeTimor,nãoàluzdaépocaemqueosalunosvivem,masemfunçãodoscontextosemqueosdocumentosforamproduzidos.Alémdisso,oprofessordevetambémterpresentequeosdocumentos inseridosnoMa-nual são excertos, tendo-se selecionado as passagens consideradas maisrelevantesparafinsdidáticos,massendoadimensãodasmes-mascondicionadapeloreduzidonúmerodepáginasdoManual.
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De jure / De facto
NaanálisedoDoc.4,erelativamenteàperguntacolocadanapág.119,deveter-seemcontaqueaUDTfoioprimeiropartidopolíticoaconstituir-seemTimor(11demaiode1974),nummomentoemqueoregimeportuguêsnãodefiniraverdadeiramenteasuaopção.Deve tambémconsiderar-sequeabasesocialdeapoiodonovopartidoassentava,emgrandeparte,nofuncionalismopúblicoque,alémdeprovavelmentetemerumfuturosemligaçãoaPortugal,comomuitasvezesseaponta,tinha,pelasfunçõesquedesempe-nhava,consciênciadasdificuldadesqueoconjuntodopovotimo-renseteriaemassumir,deimediato,umanovaperspetivapolítica.
ODoc.5(pág.120)evidenciajáumasituaçãoposteriornotempo(setembrode1974),adocomeçoderadicalizaçãodasposiçõesda FRETILIN e, tal como relativamente aoManifesto da UDT, éimportante considerar a base social de apoiodopartido.Nestecaso,érelevanteapresençadejovensestudantes,influenciadospeloscontactoscomelementosdosmovimentosdeindependên-ciadascolóniasportuguesasdeÁfrica,visívelnaexpressão“lutapela libertação”.Na resposta às perguntas colocadas, os alunostomarãoconsciênciadeque,sehárealismoemconsiderarqueaindependência“defacto”nãopodeserimediata,noentanto,háextremismodopartidoemafirmar-secomo“oúnicorepresentan-telegítimodoPovo”eo“únicointerlocutor”parao“ProcessodeTransferênciadePoderes”,dandolugar,porisso,àhostilidadedosoutrospartidos.
Também na interpretação do Doc. 6 (pág. 121) é indispensávelconsiderarosapoiosdaAPODETI,sendorelevantesosdeelemen-toscomligaçõesàrevoltade1959,eosinteressesnarelaçãocomaIndonésia(independentedesde1945-49).Unseoutrossãovisí-veisnodocumento,nosargumentosapresentados:“fracasso”daaçãocolonialportuguesae“imaturidadepolíticaeeconómicadeTimor”;“místicatradicionaltimorense”,unindoaspopulaçõesdailha;viabilidadeinternacionaldauniãocomaIndonésia.
UmavezqueoManual,pelafaltadeespaçojáapontada,nãoincluidocumentosqueatestemaevoluçãodecadapartido,cabeaopro-fessoresclarecerqueaFRETILIN,jánoseuprimeiromanifesto(Maio,1974)defendiaaindependênciaequeaUDT,apósaLein.º7/74,passouadefendê-la;aAPODETIdefendeusempreaintegração.
Poderáconcluir-seque,emsetembrode1974severificavaaexis-tênciadeduaslinhaspolíticasclaramenteantagónicas:aintegra-cionista,apoiadapelaIndonésia,eaindependentistaradical,coma exigência de se reconhecer umúnicopartido comoo interlo-cutordoprocessodedescolonização.Existiaaindaumaterceiralinha que, embora defendesse a independência, o fazia numaperspetivaplural.
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2.2.Oesboçodedescolonização
Osdocumentos7,8e9(págs.,122a123),poderãoservirdesu-porteparaoprofessorabordaracomplexidadedaevoluçãopolí-ticadasituaçãodeTimor,atéaofinaldoanode1974.Noplanointernacional,aprogressivaconjugaçãodasposiçõesdaAustráliaedaIndonésiaeaduplicidadedesta.NoplanodaligaçãocomPor-tugal,ashesitaçõeseindefiniçõesdogovernoportuguês,abraçoscomadescolonizaçãodascolóniasafricanasecomumaperturba-dasituaçãopolíticainterna.EmTimor,apesardasdificuldadesdeentendimentoentreospartidospolíticostimorenses,umamaiorconsciênciadanecessidadedeumapelonacionalistae,sobretu-doporpartedaFRETILIN,umadeliberadaaçãodepolitizaçãodopovo,atravésdecampanhasdealfabetização,nalinhadoativismodosmovimentospolíticosdeorientaçãomarxista.
Timorização
AanálisedoexcertodadeclaraçãodeColigaçãoentreaUDTeaFRETILIN(Doc.10,pág.124)permitecompreenderoesforçofeitopelasduasformaçõespolíticas,nosentidodeumentendimento,tendoemvistaaindependência,faceaosmeiospostosempráticapelaIndonésia(Manual,nota,pág.125).Otextorevela,contudo,umaradicalizaçãodelinguagememquesereconhecealinhapo-líticadaFRETILIN.
AanálisedosDocs.11e12revelaaadesãodaspopulaçõesàmo-bilizaçãopolíticaeoprofessorpoderárefletircomosalunosso-breimportantesconsequênciasdaColigação,obtendoelementospararesponderàpergunta1dapág.124.Nomeadamente:nopla-nosocial,aColigaçãoviabilizoueleições locaisecontribuiuparaprogressosnatentativadereformadoensino;noplanopolítico,afirmouclaramenteaopçãoconjuntapelaindependênciaeaopo-siçãoàintegraçãonaIndonésia,comrepúdiodaAPODETI.Porém,estesaspetospositivostiveram,também,comoconsequênciane-gativa,oendurecimentodaaçãodaIndonésia.
Oprofessorpoderá recuperaro trabalho feitono iníciodo sub-tema, em torno do conceito de descolonização, para acentuar a inserçãodosaspetosreferidosnoprocessodepreparaçãoparaatransferênciadepoderes,emquetambémseinseriua“timoriza-ção”dasforçasarmadas.
OresumoquesepededasmedidascontidasnaLeideDescolo-nizaçãodeTimor(Doc.13),temcomoobjetivoverificaroquadrolegal estabelecido constitucionalmente para o processo de des-colonizaçãoeparaatomadadedecisãosobreofuturoestatutopolíticodoterritório,antesdosgravesacontecimentosdeagostode1975.Umresumosatisfatóriodeveconteraindicaçãodosprin-cípiosorientadoresdalei,dosórgãosgovernativosestabelecidosedosprazosprevistosparaofuncionamentodestes.
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3. A declaração de independência em 28 de novembro de 1975
Os acontecimentosocorridosemTimor,definaisdejulhoainíciosdedezembrode1975,sobreosquaisexistemrelatosoficiaisetam-bémtestemunhosde intervenientes,sãoassuntocomplexo,pelasua contemporaneidade e pelas consequências que tiveram. Aoprofessorcompeteprocurarumajustamedidanotratamentodosassuntos,explicitandooscontextosemqueosfactosocorreram,jáqueahistóriarecenteéindispensávelàformaçãodosalunos,masasaladeaulanãopodeserolugarparatomadasdeposiçãopolíticas.
Relativamenteaosacontecimentosde10para11deagosto,queseencontramsucintamentereferidosnotextoexplicativo,sugere--sequeodiálogocomosalunossejaconduzidonosentidodecom-preenderem a complexidade da situação. Por um lado, a incom-patibilidadeentreasopçõespolítico-ideológicasdosdoismaiorespartidospolíticos.NocasodaUDT,centradasnumaaçãoquega-rantisseomultipartidarismo,daíaoposiçãoaoqueafirmavaserocomunismodaFRETILIN.Ecentradas,nocasodestepartido,numaaçãodecontroloqueimpedisseoavançodasforçasconsideradasintegracionistas,açãoquerevelava,emtermosdemilitânciapo-lítica, a influência ideológica dosmovimentos de libertação dascolóniasportuguesasdeÁfrica,entãoàbeiradaindependência.Paralelamenteaesteconflito,afirmava-seoinultrapassávelpesopolíticoda Indonésiaea incapacidadedogovernoportuguês,abraços tambémcomumagravecrisepolítica,dedar respostaàsituação.AanálisedoscomentáriosdogovernadorLemosPires,noDoc.16(Pág.127)seráoportunaparaodiálogosobreaorigemeevoluçãodacriseeacompreensãodascircunstânciasemqueseverificoua“DeclaraçãodeBalibó”.Oprofessorpoderá,seosalu-nosquestionarem,esclarecerquetestemunhosdeintervenientespolíticosdiretos,publicadosrecentemente(citadosnabibliografiainseridanopresenteGuia),permitemcomprovarqueadeclaraçãofoiassinadaemBali,sobcoação.
CasoaEscolatenhaacessoà Internet,existirágrandevantagememvisionarodocumentáriorealizadoapartirdasreportagensqueojornalistaAdelinoGomesfez,emTimor-Leste,em1975,paraatelevisãoportuguesa(disponibilizadasnoyoutube, como se indica napág.128doManual,ousimplesmente,digitandoTimor-Leste, 1975 – reportagens de Adelino Gomes). Essas reportagens sãoumafontehistóricafundamental:dãocontadosconfrontospar-tidáriosemDíli,permitemouvirevertestemunhosautênticos,delíderespolíticos,mas,principalmente,permitirãoverificar comoasagressõesarmadasindonésiassesucederam,pertodafrontei-ra,mesmoantesdagrandeinvasãode7dedezembro,agravan-dooambientepolítico-socialemTimor.Oprofessorpodeaindaaproveitarpararefletircomosalunossobreanaturezadasfontes
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–primárias,ostestemunhoscolhidosnasreportagens;secundá-rias,odocumentário.NoGuia,oProfessorpodeencontrarsuges-tõesmetodológicaseumafichadeapoioaovisionamentododo-cumentárioreferido(págs.20e21).
Éconvenientequeosalunosobservemomapadapág.133(Doc.25),queassinalaosataquesindonésios,desdejunhode1975.Suge-re-setambémqueosalunoselaboremumapequenatabelacrono-lógica,balizadadejunhoadezembrode1975,queincluaosdadosdomapa referido,asdatasde independênciadascolóniasportu-guesasemÁfrica,dadeclaraçãodeindependênciadaRDTL,daDe-claraçãodeBalibó,edavisitadeFordeKiesingera Jakarta (Doc.18,pág.129),alémdeoutras,queoprofessoreosalunosconside-remrelevantes.Estesdadospermitirãocontextualizaradeclaraçãounilateraldeindependência,documentadaemtexto(Doc.17,pág.128)eemimagens(Docs.14e15,pág.126).Nestasúltimas,seráinteressanterepararnopunhoerguidocomqueaspessoaspresen-tessaúdamaproclamação,afirmandoumaatituderevolucionária.
4. A questão de Timor no quadro geopolítico dos anos 1970
GeoestratégiaSuperpotênciaGuerrafria
Napossedosdados relativosàscircunstânciasqueconduziramàdeclaraçãounilateraldeindependênciadaRDTL,propõe-seque,apartirdaanálisedosmapasdaspágs.130e133(Docs.19,20e25),sediscutamasrazõesdainvasãoindonésiade7dedezembro.EmapoioàanálisedosDocs.19e20,podetambémconsultar-seomapadapág66(UT8,Subt.1)erelembrar-seosaspetosestu-dadosnaUT7,subtema2,sobreageoestratégiadasgrandespo-tências,apósaSegundaGuerraMundial.AlémdoavaldadopelosdirigentesdosEUA(Doc.18,pág.129),devemtambémsertidosemcontaosinteressesparticularesdaIndonésia,querquantoaosreceios de fragmentaçãodo território, quer quanto às pressõespolíticas internas.A leituradosDocs.18e21 (págs.129e130)ajudaaesclareceraduplicidadedapolíticaindonésia.
AanálisedasResoluçõesdaAssembleiaGeral(Doc.22,pág.131)edoConselhodeSegurançadaONU(Doc.24,pág.132)permitemevidenciarainoperância,nadécadade1970,dainstituiçãoque,emprincípio,deveriavelarpelapaz.Seráimportantequeosalu-nossejamsensíveisaostermosusadosnasResoluçõesque“exor-tam”, “pedem”, “deploram”mas não ordenam à Indonésia queretire,nemacondenam.
Contudo,sublinhar-se-áqueofactodePortugaleaONUnãote-rem reconhecidoa independênciadaRDTL, aspeto consideradoentãonegativo,pelaFRETILINepelospaísesapoiantes,nomeada-menteasex-colóniasportuguesas,manteveemaberto,até1999,aquestãodeTimor-Leste.
Domesmomodo, será importante compreender a importânciadaausênciadeinformaçãopública,naocultaçãointernacionaldainvasão. Caso exista possibilidade, sugere-seo visionamentodo
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filmeBalibó,centradonaeliminaçãodejornalistasquedocumen-tavamosataquesindonésiosdesetembroeoutubrode1975(fil-medisponívelnoyoutube,comoseindicanapág.133doManual).
5. As estratégias da agressão indonésia e a evolução da ocupação
5.1.Aintegraçãoforçada
Arubrica5.1.poderáser iniciadaapartirdaanálisedoDoc.26(pág.134),emarticulaçãocomosdadosdabarracronológicadeiníciodosubtema(págs.116/117).Oprofessorchamaráaatençãoque,apesardaverdadeiraconduçãodasquestõespolíticaseatédas económicas caber, na República da Indonésia, aosmilitares(noexercícioda suadupla função, legalmenteestabelecida), fo-ramnomeadosgovernadorestimorenses,saídosinicialmentedasfileirasdaAPODETI,opartidointegracionista.Estefacto,eacons-tituiçãopela Indonésiadeuma“AssembleiadoPovo”queapre-sentouumpedidoformaldeintegração,evidenciaaformacomoosdirigentesdospartidosque,emsetembroedezembrode1975,pediramasilopolíticoà Indonésia,ficaram refénsdessepedido,emqueTimor-Lesteerajádesignadocomoa“27ªprovíncia”.
Éimportantequeosalunospercebamasrazõesdainsistênciain-donésia,emapresentaraintegraçãodeTimor-Lestecomoareali-zaçãodeumatodeautodeterminaçãodopovotimorense,ecom-preendamasconsequênciaspositivasdofactodeaONUnãoternunca reconhecido a integração.
AanálisedoDoc.27(pág.124)tornaráevidenteaviolênciaquea“integração”representou.
5.2.Adestruiçãosistemática
Osdocs.27,28,29,30,31,33(págs.134a136)poderãoconstituirrecursoparaoiníciodeumtrabalhoemgrupo,arealizarnasaladeaula,equepodesercomplementadocomarecolhadeteste-munhos,aqueserefereaatividadedapág.136.Oobjetivoéatomadadeconsciênciadaextensãodaviolaçãodedireitoshuma-nos,associadaàagressãoindonésia,eaimportânciadaresistên-ciadaspopulações,apoiadaspelaresistênciaarmada.
5.3.Aaçãocolonialista
ColonialismoNeocolonialismo
No11ºano,enoestudodaUT7edaUT8do12ºano,osalunosti-veramjáoportunidadedeestudardiversasmanifestaçõesefasesdedesenvolvimentodo colonialismonomundo.Viram tambémquenovospaíses,ex-colónias,continuaramdependentesdeou-tros,porvezesporrazõesdeordemeconómica.
Aanálisedasestratégiasdesenvolvidasduranteaocupaçãopelosgovernantes indonésios, relativamente a Timor-Leste, demonstraque elas constituíram, do ponto de vista demográfico, político eeconómico,umaverdadeiratentativadecolonização.Contrastandocomestapolítica,queagoraaplicava,aprópriaIndonésiatinhasidoumacolóniae,apósasualutadelibertação,tinhasidopromotorada“políticadenãoalinhamento”(UT7,págs.23/24,29e34/36).
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Política de transmigração
Genocídio
OsDocs.32,35e36testemunhamtambémasintençõescoloni-zadorasdaIndonésiarelativamenteaTimor.NainterpretaçãodoDoc.32 (pág.137),osalunosnecessitam,emprimeiro lugar,defazeraleituradosdados.Devemsersensíveisaofactodeosdadosregistaremapenasatransmigraçãooficial,ouseja,aquefoipro-movidaecontroladapeloEstado indonésio;escapam,portanto,asentradasespontâneas.Devemaindateremcontaqueatabelanãocontemplaosdadosdeiníciodapolíticaoficial,quecomeçouem1980.Consideradosestesaspetos,analisamentãoaevoluçãodomovimentotransmigratórioregistado,verificandoqueoperío-dode1989/90édeinterrupção,apósoqueseverificaumareto-ma,comumquantitativoidênticoaodoanode1988;depoisdodecréscimode1992,assiste-seaumgrandeaumentodonúmerode transmigrantes.
Aconsultadabarracronológicadeiníciodosubtemafornecein-formaçãoque, faceàevoluçãoverificada,ajudaa interpretarosdados.Oanode1989foiodaaberturaparcialdoterritórioedavisitadeJoãoPauloII;apausaverificadarelaciona-se,certamen-te, comanecessidadedeocultaromovimento transmigratório.Quanto ao abrandamento de 1992, resultou provavelmente deumapreocupação idêntica, jáqueapósomassacredeStaCruz(novembrode1991),aatençãointernacionalàpolíticaindonésiaparacomTimoraumentou.Depoisde1993,sendocadavezmasevidentequenãopoderiaserrecusadaarealizaçãodeumrefe-rendo,a Indonésiarecorreuaumdeliberadoaumentodomovi-mentodetransmigração;oobjetivoterásidogarantir,atravésdovotodostransmigrantes,umresultadoquelhefossefavorável.AcomparaçãodosdadosdemográficosdoDoc.36(pág.139),comosdoDoc.15 (pág.50)daUT7,permiteverificarque,em1985,aindaestavalongedeserecuperaroquantitativopopulacionalde1972.Relativamenteaosrecursoseconómicos,acomparaçãodasmesmastabelasevidenciaque,em1990,aindanãosetinhaatin-gidooquantitativo,emcabeçasdegado,de1960.
Areflexãosobreestesdados,conjugadacomasinformaçõesso-breascampanhasmilitaressistemáticaseadestruiçãodosrecur-soseconómicosdaspopulações,bemcomoapolíticaanti-nata-lista,poderãolevaràdiscussãodaopiniãodealgunsautoresqueclassificamapolíticaindonésiarelativaaTimorcomogenocídio.Areflexãosobreestesassuntosconduziráàrespostaadaràativida-de2,dapág.137.
Noplanoeconómico,oacordocomaAustráliasobreosrecursosdoMardeTimoreaprioridadedadaaostransmigrantesnaocu-paçãodossoloscomprovam,maisumavez,avertentecolonialistadapolíticaindonésiade“desenvolvimento”.
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Avertentecolonialistaétambémevidentenosistemadegovernoaplicadonoperíododaocupação,transferindoparaTimor-Lestea “dupla função” dosmilitares indonésios emenorizando o go-vernador,situaçãotestemunhadaporMárioCarrascalão(Doc.35,pág.138).Noentanto,aaçãodestegovernadorcorrespondeuaumperíododeiniciativaspositivasefoitambémapósasuache-gadaqueocorreram,comasuaparticipação,conversaçõesentreocomandodaresistênciaarmadaeocomandomilitarindonésio(Doc.34,pág.138).Dessasconversaçõesdecorreuocessar-fogo,documentadonapáginadeaberturado subtema,eoencontroentreMárioCarrascalãoeXananaGusmãoacentuouaconsciên-ciadanecessidadedauniãonacionaldetodosostimorenses.
6. A Resistência e as suas frentes; a Diáspora
DiásporaGrupodepressão
Comarubrica6,osalunoscentram-seagoranoestudodalongaaçãodaResistênciatimorense,ouseja,irãoconhecerosprocessosquecontribuíramparaquehojevivamnumpaísindependente.
Asrubricasanterioresevidenciaramjádificuldadesdaspopulaçõestimorensesnointeriordoterritórioduranteogovernoindonésio.Volta-se agora aomomento da invasão. Como oManual refere,grandenúmerodetimorensessaíramdeTimor-Leste,nasequênciadaguerraciviledaocupaçãoindonésia.Sugere-sequeoprofessorinicieadinamizaçãodetrabalhosdegrupo,nosentidoderecuperarmemóriasdetimorensesquefizerampartedadiásporainiciadaem1975.As recolhaspodem incidir sobrediversosaspetos,nomea-damentelocaisemodosdevida,participaçãoematividadesjuntodacomunidadeinternacional,ligaçõescomTimor-Leste.Sugere-sequearecolhadeinformaçãosejafeitacomrecursoaentrevistas,metodologiajáexplicitadanarubrica4.1.6desteGuia,apresentan-do-se,napág.19,umguiãoparaotrabalhoquesepropõe.
6.1.Opçõesideológicaseorganização da Resistência
Resistência armadaResistência clandestina
Guerrilha
Nointeriordoterritóriotimorense,foramaFRETILINeasFALINTILqueasseguraramo iníciodomovimentodeResistênciaao inva-sor,emqueacomponentearmadaeraindispensável.AreleituradoDoc.29 (pág.135)eaanálisedosDocs.37e38 (pág.140)facultamelementosparaavaliaçãodasdificuldades comqueosguerrilheirossedefrontarameparaconhecimentodaformacomoestabeleciam ligações com as populações, iniciando uma redeclandestina,apósadestruiçãodasBasesdeApoio.Éimportantetambémreferirque,noquerespeitaàlutaarmada,sepassoudeumaguerradeposiçãoàguerrilha.Temaquitodaapertinênciaorecurso aoAMRT.Sepossível, oprofessorpoderáorganizarumavisitadeestudoaoMuseu,emDíli.Casoexistaaces-soàInternetpoderãoserrealizadosdiversostrabalhosemaula,ouforadela,combasenadocumentaçãojáreferida.Sugere-se,porexemplo,queosalunosoiçamoregistoáudio
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CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
deguerrilheiros,disponívelemhttp://amrtimor.org/multimedia/multimedia_sons_usaid.php.Emaula,apósaaudição,seráindis-pensávelumdiálogoemtornodainformaçãorecolhida.
Omapa,Doc.39(pág.141),mostracomo,apósadestruiçãodasBa-sesdeApoio(assinaladanosDocs.28e29,pág.135),aresistênciaarmada se organizou, conseguindo implantação no terreno, mas tambémcomooexércitoindonésioeraomnipresente.Convémas-sinalaradesproporçãodasforçasedosrecursosemarmamento,easdificuldadesdecomunicaçãoentreosváriossetoresdaResistência.
Marxismo-leninismoMaoismo
Povo Maubere
ÉfundamentalumaanálisecuidadadoDoc.40(pág.141).NelesecondensamdoisexcertosdeimportantestestemunhosdeXananaGusmãosobreasopçõesideológicasdaResistênciaarmada,diri-gidapelaFRETILINeasseguradapelasFALINTIL.Éoportunoqueoprofessorconheçaosdocumentosnaíntegra(constantesdaobracitada).Neles, Xanana explica como, na década de 1970, o seuconhecimento da ideologia marxista-leninista e maoísta era redu-zido,mascomo,apósadestruiçãodasBasesdeApoioedamortedoslideresdaFRETILINmaisconhecedores,achoupertinentees-tudarecontinuaraquelalinhaideológica,paraasseguraramobi-lizaçãodasFALINTIL.Namesmaobra,emnota,informa-sequesóem1977ficoudecididaavertentemarxista-leninistadoPartido,firmadadepois,em1981,naalturadacriaçãodoConselhoRevo-lucionáriodaResistênciaNacional(CRRN).Seráinteressantequeoprofessorrecupereconhecimentosobtidosnosubtema2daUT7,esclarecendoqueasideologiascitadasforam,nasdécadasde1960e1970,mobilizadorasdaguerrilhadinamizadapelosmovi-mentosde libertaçãodasentão colóniasportuguesasdeÁfrica,comosquaisaFRETILINtinhaligações.
OsegundoexcertodácontadaconsciênciaprogressivaqueXa-nana,responsávelmáximodalutaarmadaeprincipallíderdaRe-sistência,foitendo,duranteadécadade1980,danecessidadededesvincularaFRETILINeasFALINTILdaquelaideologia.Seráinte-ressantequeoprofessorleveosalunosarefletiremsobreasra-zõesdessamudança,quepoderáesclarecernasrubricas6.2e6.3,dedicadasàaçãodaIgrejaCatólicaedaFrentediplomática.Poderátambémrecorreràbarracronológicaqueassinala,porexemplo,aformaçãodaConvergênciaNacionalista,numesforçodeaproxima-çãoentreaUDTeaFRETILIN,partidosentãoemreestruturação.
Énessequadroque,noDoc.40,Xananapretendeafirmaracom-ponentenacionalistadaFRETILIN (1984), emdetrimentoda co-munista,eadespartidarizaçãodasFALINTIL(1987).Todavia,cons-cientedasdifíceis condiçõesdevidadaspopulações,aunidadenacionalépromovidaemtornodanoçãodePovoMaubere,con-sagradanaformaçãodoConselhoRevolucionáriodaResistência
82 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Maubere (CRRM). Será de assinalar que aquela noção, emboranão sendo aceite por diversos setores da diáspora, por evocaruma ideologia comunista, foi adotada nosmovimentos de soli-dariedadeinternacional(emPortugal,porexemplo, importantesaçõesdasociedadecivilforamdesenvolvidaspela“ComissãoParaosDireitosdoPovoMaubere”,formadaem1981).
6.2.AaçãodaIgrejaCatólica
Propõe-sequeoestudodasubrubrica6.2.partadainterpretaçãodaimagem(Doc.42,pág.142).Aleiturapermitever,emprimeiroplano,oPapaJoãoPauloII,ajoelhado,nogestodebeijarocruxi-fixoemsolotimorensee,emplanorecuado,àsuaesquerda,D.XimenesBelo.AinterpretaçãodeveteremcontaqueofotógrafopretendeudarrelevânciaaogestosimbólicodoPapa.Comefeito,paraalémdavisita,aquelegestosublinhouamudançadeposiçãodahierarquiadaIgrejaCatólicaquantoànecessidadedeatenderàsaspiraçõesdeTimor-Leste.Liga-se,portanto,aostermoscora-jososcomqueoBispoBelorefere (Doc.41,pág.142)que foiaIndonésiaenãoopovodeTimor-Lestequeafirmavaterhavidoescolha pela integração.
OprofessordeveaindaalertarqueaaçãodosmembrosdaIgrejacatólicaqueapoiavamaResistênciafoiumdosfatoresquecon-tribuíramparaumamoderaçãodosdirigentesdaResistênciaar-mada,nosentidodeprocuraremumapolíticadeunidadecomasrestantesforçaspolíticastimorenses.
Considera-seimportantequeosalunosreflitamsobreaimportân-ciadaIgrejacatólicanoreforçodaidentidadenacional,comapro-moçãodotétumcomolíngualitúrgica,assuntoqueseráretomadonosubtema2daUT9.
Aexemplodesugestõesjáfeitasparaarealizaçãodeentrevistas,tambémrelativamenteàaçãodaIgreja,talrecursoserásignifica-tivo,permitindoavaliarcomoasuaaçãocontribuiuparaviabilizar,aolongodetempo,aResistênciatimorense.
6.3.AsdificuldadesdaFrenteDiplomática
Resistência diplomática
Em rubricas anteriores foram já referidas as ligações entre diri-gentespartidáriostimorenseseosnovospaísesafricanos.ApósainvasãodeTimor,Moçambiqueapoioumaterialmentequerostimorensesdadiáspora,queradelegaçãodaFRETILIN,dequeeraresponsávelMari Alkatiri. A análise doDoc. 43 (pág. 143) com-prova o importante auxílio dos PALOP, considerados irmãos re-lativamenteaoseupassadopolíticodeex-colóniasportuguesas.Oprofessor relembraráque,nasvésperasda invasão indonésia,dirigentesdaFRETILINsaíramdeTimor-LesteembuscadeapoiosequeestiverampresentesnasededaONU.Dessesdirigentes,foiRamos-Horta aquele que, ao longo dos anos, sistematicamenteacompanhoualutadiplomáticanaONU.
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 83
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Todavia,nãotendoaONUreconhecidoaindependênciadeTimor--Leste,osseusrepresentantesnãotinhamestatutoquelhesper-mitisse apresentar resoluções, sendo portanto indispensável orecursoapaísesdefensoresdacausa.
Oprofessorpodeaindarelembrarque,naONU,aIndonésiacon-tavacomosseusimportantesaliados,nomeadamenteospaísesdaASEAN,eosEUA.E,alémdisso,invocavaopedidodeadesãoqueobtiveradostimorenses,sobcoação.QuantoaPortugalera,nosfinaisdosanos1970umpaíscomfaltadeestabilidadeepou-copesopolítico,apesardecontinuaraserreconhecidocomopo-tênciaadministrantedeTimor.
Oprofessorpoderáaindaanalisar,emaula,comosalunos,ososdadosqueevidenciamoprogressivoalheamentodosmembrosdaONUrelativamenteàvotaçãodacausadeTimor-Leste,naAssem-bleiaGeral.
Resolução DataVotos a favor
Votos contra Abstenções
3485 12.12.1975 72 10 433153 01.12.1976 88 20 493234 28.11.1977 67 26 473339 13.12.1978 59 31 443440 21.11.1979 62 31 453527 11.11.1980 58 35 463650 24.11.1981 54 42 463730 23.11.1982 50 46 50
SeráoportunorelacionarestesdadoscomoDoc.44eanotadapág.144doManual,oquepermiteresponderàquestãocoloca-da na atividade. Ramos-Horta, em Timor-Leste, Amanhã em Díli esclarece as dificuldades para conseguir a aprovação da Resolu-ção37/30, cuja redaçãopropôs.AResolução,que remeteuparaoSecretário-Gerala iniciativadeconsultasa“todasaspartesdi-retamente interessadas”, não incluía expressamente a represen-taçãodaResistênciatimorense–queconstavanapropostainicialdeRamos-Horta–masasuaaprovaçãotangencialfoiumavitórianosentidodeultrapassaraindiferençadaAssembleiaGeraleevi-taratéumafuturavotaçãonegativaparaacausadeTimor-Leste.Constituiu-se,emalgumascircunstâncias,comoumbloqueiopor-quedependia“dosbonsofícios”,ouseja,dainterpretaçãoquedelafariaoSecretário-Geral.Noentanto,aResoluçãoveioaserabaseemqueinsistentementesefundamentaramospedidosdeumre-ferendo,queviriaaocorrerem1999,comoseráestudadonaUT9.
84 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
7. Os anos 1990: a conjugação da atuação timorense e a alteração da conjuntura internacional
AlteraçãoconjunturalAlteraçãoestrutural
No iníciodosubtemaalertou-separaanecessidadedearticularoestudodahistóriadeTimor-Lestecomodahistóriageral.Eraoquadrodadécadade1970queconvinhaevocar.Relativamenteaofechodosubtema,éofinaldadécadade1980etodaadécadade1990,queagoraconvémrever.OsaspetosfundamentaisforamjátratadosnaUT8,nosrestantessubtemas:nosubtema1e2,ade-sagregaçãodomundocomunista;nosubtema2,acrisedoregimeindonésio;nosubtema3,oavançodosnovosmeiosdecomunica-çãoeinformação.ArecuperaçãodeconhecimentospermitiráaoprofessorchamaraatençãoparaoscondicionalismosfavoráveisqueaalteraçãodaconjunturaofereceuàResistênciaTimorense.
Esta tarefa de articulação entre a história geral e a história deTimor poderá, com vantagem, ser apoiada na elaboração pelosalunosdeumatabelacronológicacomparativa,quetenhacomobalizasofinaldosanos1980eofinaldosanos1990,erecorraàsbarrascronológicasdeiníciodossubtemasdaUT8e1daUT9,eaosdadoscontidosnotextoexplicativo.NoGuia(pág.17)apre-senta-seumexemplogenérico,masosalunospoderão,porsetra-tardeumacronologiadaconjuntura,referenciaromêsemqueos acontecimentos ocorreram, se pretenderem ter uma imagem mais exata.
Parasecompreenderbemoqueestavaemcausa,dopontodevistadaResistênciatimorenseàocupação,sugere-sequeseco-meceporanalisarosdocumentosescritos,n.ºs45e47(págs.145e146).SãodoistextosdeXananaGusmão,anterioresàsuaprisão,equedãocontadeduasalteraçõesfundamentais,ocorridasnosanos1990:acadavezmaior importânciadaFrenteClandestina,faceaoimpasseemqueaguerrilhaseencontrava;aexpansãodemanifestaçõesdejovensestudantes,contraaocupaçãoindonésiaeemfavordeumreferendo.
Oprimeirotextoevidencia,também,aconsciênciaqueolíderdaResistênciatinha,dequeasoluçãodaquestãodeTimor-Lestese-riapolíticaediplomática,masqueelateriadesearticularobri-gatoriamente comaFrenteArmadaque,desde1975,de formairredutível,sustentavaaoposiçãosistemáticaàIndonésia,credi-bilizando a Resistência Diplomática e a Resistência clandestina.Daíagrandepreocupaçãoemevitarmanifestaçõesespontâneas,suscetíveisdemanipulação;emdarumaespecialatençãoàvisitadaDelegaçãoParlamentarPortuguesa,esperadadesde1988;emafirmarqueadireçãodaResistênciacabiaaoComandodaLuta.
O segundo texto (Doc. 47) constitui um apelo a todos os timo-renses,masespecialmenteaosdadiáspora,fundamentaisnalutadiplomática,mas com cisões internas e divergências, que fragi-lizavamasuaação.Xananasublinhaa importânciadospartidos
Unidade Temática 8 – A emergência do novo sistema mundial no último terço do século XX | 85
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
políticoscomoformadeintervençãoorganizadanavidadopaís–visãodemocrática–,edeclaraaimperiosanecessidadedeunião,paraaproveitamentoprofícuodaalteraçãodaconjuntura.
Paramelhor compreensãodo contributodaFrenteClandestina,sugere-seaaudiçãodeentrevistas,recolhidasnoprogramaradio-fónicoTuba Rai Metin,disponíveisemhttp://amrtimor.org/multimedia/multimedia_sons_usaid.php
Recomenda-se,especialmenteaentrevistaaFernando“Lasama”Araujo,responsáveldaFrenteClandestina.
Aanálisedas imagens,Docs. 46 (pág. 145), 48e49 (pág. 147),oferecerá as oportunidades para comprovar a importância dosmedia,nodespertarda“consciênciainternacional”.
Poderápartir-sedascondiçõesque levaramaomassacredeStaCruzequeserelacionamcomosaspetosacimareferidos,apropó-sitodostextos.Mas,principalmente,éimportantemarcarqueadivulgaçãomundialdovídeo,feitonocemitériodeStaCruz,trans-formou o trágico acontecimento num episódio de não-retornoparaacondenaçãoda Indonésia.Todaadécadade1990 foi in-fluenciadapeloecodaqueleacontecimento,tornandoinevitávelapressãosobreaIndonésiaesobreaONUparaaaceitaçãoderea-lizaçãodeumreferendoàpopulação.OsalunoscompreenderãocomoaatribuiçãodoNobeldaPazeavisitadeMandelaaXananaGusmãoreforçaramessatendência.
Porúltimo,aanálisedoDoc.50(pág.147)podeseropontodepartida deumesclarecimentosobreosproblemasde liderançadaResistênciaapósaprisãodeXanana,etambémabasedeumdiálogodecorrentedaafirmaçãodeKonisSantana,deque“a li-berdadeeajustiçasãoosdoiselementosfundamentaisdapaz”.Sugere-se,emcomplemento,aaudiçãodemensagensdeKonisSantana,disponíveisnapasta08023.079,deDocumentosdaRe-sistênciaTimorense,emhttp://amrtimor.org/multimedia/multimedia_sons_resist.php
Para fecharoestudodosubtemaeestabelecera ligaçãocomaUT9,sugerem-seduasatividades.• Umtrabalhoemgrupo,depesquisasobreaconstituiçãode
organizaçõesdejuventudeemTimor,desde1974.• Recolhaecomentáriosdecontextualizaçãodenotíciaspara
organizaçãodeumaexposiçãosubordinadaaotema:“Aim-portânciadosmedia–oanode19—“.Apartirdosassuntosestudados,osalunosescolherãoumanodadécadade1990queconsideremsignificativoparaacompreensãodahistóriadeTimor-Leste.Comoapoioàpesquisa,poderãorecolherin-formaçãonoDVDeCR-ROMTimor-Leste, o Sonho do Crocodilo.
86 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
87
5.3. Unidade Temática 9 – Timor-Leste no limiar do novo milénio
Caraterização da Unidade
Aunidadetemática9édedicadaunicamenteahistó-
riadeTimor-Leste,natransiçãodomilénio,fechando,
em2002,umpercursoque levouaoreconhecimento
internacionaldoEstadotimorenseequepermitiuasua
integração,deplenodireito,numaáreageopolíticade
cadavezmaiorrelevâncianomundocontemporâneo.
Osubtema1,A formação do Estado, a opção cons-
titucional, abrange o curto período que decorre da
realizaçãodoreferendode1999atéàconquistaplena
dasoberania,equecontemplaarejeiçãoexpressada
ligaçãoàIndonésia,aintervençãodasNaçõesUnidas
eaopçãoporumquadrodedemocraciapluralistae
representativa.
O subtema 2,Unidade e desafios transnacionais,
nãosecircunscreveaumaépocahistóricaespecífica.
Centra-se no processo de longa duração da construção
daidentidadenacional,enaproblemáticadaafirma-
çãointernacionaldeTimor-Lestenasáreasgeográficas
eculturaiscomqueserelaciona.
Orientação geral
Osubtema1deveserorientadonosentidodeescla-
recerasalternativasjurídicasqueforamcolocadasna
consultapopular,easopçõesquepresidiramàesco-
lhadamatrizconstitucionalsemipresidencialistapara
oEstadotimorense.Paralelamente,devemserexplici-
tadososobjetivoseosefeitosdaaçãodasMissõesda
ONUnoterritório.
Nosubtema2,aorientaçãodevepromoverarefle-
xãosobreos fatoresque,noconjuntodahistóriado
país, levaramà integração,numprojetonacional,de
comunidades populacionais com antecedentes etno-
-linguísticosdistintos.O subtemadeve serorientado
paraavalorizaçãodaaberturaadiferentespontosde
vistaecontributos,numquadrodeunidadenacional,
cimentadopelaconsciênciadeumpatrimóniocultural
comum.
88 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
Metas de aprendizagem estabelecidas para a Unidade Temática 9
Subtema 1
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza,notempoenoespaço,oseventosestu-
dados.
• Avaliaaimportânciadaresistênciaorganizada,na
formaçãodesentimentosdepertençanacionale
naconstruçãodeumprojetodeEstado,evidente
nos resultados da consulta popular de 1999.
• Discuteapertinênciadefatorescomooprocesso
históricoeacrençareligiosaparaaconstruçãoda
identidadetimorense.
• AnalisaosobjetivoseodesempenhodasMissões
da ONU para Timor-Leste, de 1999 ao tempo pre-
sente.
• Justificaaopçãopelamatrizocidental,dedemo-
craciapluralistaerepresentativa,daConstituição
timorensede2002eapertinênciadassuasdispo-
siçõestransitórias.
Subtema 2
O aluno:
• Interpreta o conteúdo de documentos relativos
aos assuntos em análise.
• Localiza,notempoenoespaço,oseventosestu-
dados.
• AvaliaarelevânciadopapeldoEstadonaconso-
lidaçãodeuma identidadenacional, faceàmul-
tiplicidadedepertençasculturaisdaspopulações
timorenses.
• Justificaaimportânciadareconstruçãosocioeco-
nómica de Timor-Leste e dos esforços de recon-
ciliação nacional para a manutenção do regime
democrático.
• Explica a integração de Timor-Leste emorganis-
mosinternacionais,noquadrodasdinâmicaspo-
lítico-económicasdaÁsia-Pacíficoedosprocessos
deglobalizaçãocontemporâneos.
• Destaca vantagens dos Estados nacionais face a
problemas e a desafios domundo contemporâ-
neo.
• Valoriza o património cultural timorense, empe-
nhando-se na sua defesa.
Unidade Temática 9 – Timor-Leste no limiar do novo milénio | 89
5.3.1. Subtema 1 – A formação do Estado. A opção constitucional
TEMPOPREVISTO:14AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Apesardoreduzidoperíodocronológicoabrangidopelosubtema,continuaarecomendar-seaconstruçãoeaanálisepelosalunos,debarrasoude tabelas cronológicas. Tal comoparao subtema4daUT8,casoexistarecursoàInternet,serátambémpertinen-te,nestesubtema,orecursoàtabelacronológicadisponibilizadano sítiodoArquivo eMuseudaResistência Timorense (AMRT):http://amrtimor.org/.
1. As implicações da consulta popular de 1999
A imagemdeaberturadosubtemareproduzumafotografiaco-lhida durante o recenseamento que antecedeu o referendo. Foi escolhida por documentar uma manifestação de pessoas que ex-pressamoseucontentamentoporveremfinalmentereconhecidaasuaidentidadetimorenseeporsentiremestarpróximoodiaemque,finalmente,poderãomanifestaroseuvotopelaindependên-ciadeTimor-Leste,oqueviabilizaráocaminhoparaoreconheci-mentointernacionaldoEstadotimorense.
Noiníciodosubtemaconvémrelembrarconhecimentosobtidosnosubtema4daUT8,relativosaosesforçosdeconvergênciafei-tospelostimorensesdeváriastendências,comofoiocasodaCon-vergênciaNacionalista,dosencontrosnaÁustria,de1995a1997,comopatrocíniodaONUeamediaçãodeD.XimenesBeloe,fi-nalmente,a1ªConvençãoNacionaldosTimorensesnaDiáspora.
ContextualizadaaCartaMagna(Doc.1),passar-se-áàsuaanálise.Os alunos poderão, por exemplo, analisar em pares o documento, assinalandoas frasesque consideremmais significativasdas in-tençõesmanifestadas.Sistematizarão,seguidamente:• noplanodosprincípios-direitoàautodeterminaçãoeàinde-
pendência;respeitopelaCartadaONU;defesadademocra-ciaedopluripartidarismo;
• noplanodapolíticaexterna–inserçãoharmoniosanaregião,ultrapassandoosconflitos; relacionamentoeconómicocomasorganizaçõesdoPacífico;mediaçãoentreestaseaCPLP;
• noplanodapolítica interna–atençãoespecialàeducaçãodosjovens.
Estasistematização facilitaráa respostaàsatividadespropostas,sendo de relevar, no enunciado, a preocupação em tranquilizarosparceirosregionais,tendoemvistaaafirmaçãodeTimor-Lestecomopaísindependente,semrenegarumpassadodeluta,corpo-rizado nos heróis nacionais.
O professor chamará ainda a atenção para o facto de a preocu-paçãoemconseguiraunidade, ter levadoà formaçãodoCNRT,
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
afirmandoXananaGusmãocomolíderincontestadodosdiversosse-toresdaResistência,Ramos-Hortacomoseurepresentantenoexte-rior,eincluindoMárioCarrascalãocomovice-Presidente.AResistên-ciatimorenseaparecia,assim,peranteasinstânciasinternacionais,especialmenteaONU,comouminterlocutorindispensável.
1.1. O Acordo de NovaIorque
Referendo Relativamente àcompreensãodoqueestavaemcausanorefe-rendo, designado institucionalmente como “consulta popular”,sugere-sequesepeçaaosalunosquerespondam,oralmente,àperguntadapág.151.Emdiálogo,erecuperandoconhecimentosobtidosnosubtema4daUT8,relembrarãoadeclaraçãounilateraldeindependênciadaRDTL,opedidoformuladopela“AssembleiaPopular”timorense,em1976,adeclaraçãodeintegraçãopelogo-vernoindonésioeonãoreconhecimentonemdaindependêncianemdaintegração,pelogovernoportuguêsepelaONU.
TambémdevemserrecuperadasasinformaçõesobtidasnoSubte-ma2daUT7,quantoaoestabelecidonasResoluções1514e1541,sobredescolonização,equeabrangiaascolóniasportuguesas.De-veráaindaseresclarecidoquearesolução2625,citadanoAcordodeNova Iorque, reafirmavaodireitoaqueas relaçõesentreospovossebaseassemnacooperaçãoenorespeitopelosprincípiosdaigualdadededireitosedalivredeterminaçãodospovos.
Na interpretaçãodopreâmbulodoacordo, far-se-ánotarqueaintervençãodoSecretário-Geral,pedidanoArtº1.ºpelaIndonésiaeporPortugal,decorredoqueficoudeterminadonaResolução37/30de1982,assuntoque tambémconvém lembrar (Doc.44,pág.144).Aleituradodocumentoesclarecequeaconsultainci-diu(Doc.3,pág.152)sobreaaceitaçãoourejeiçãodeumestatutodeautonomiacujoconteúdosereferenotextoexplicativo(págs.152e153).Noentanto,dadoqueoPresidenteindonésioHabibieadmitiuque,emcasoderejeiçãodoestatutodeautonomiapelostimorenses,proporiaaoparlamentoindonésioarevogaçãodalein.º7/76quecriaraa27.ªprovíncia,oreferendoincidiu,defacto,sobreaopçãopelaindependência.
Paraa compreensãodos condicionalismosqueconduziramàde-cisãodeHabibie,deverelembrar-seaalteraçãodaconjunturanosanos1990easituaçãoparticulardaIndonésia,jáabordadanaUT8:• aviolênciadacriseeconómicade1997,comasconsequentes
manifestações de protesto, nomeadamente de estudantesindonésios, exigindo a mudança do regime, manifestaçõescomreflexosentreosestudantestimorensesqueestudavamnaIndonésia,eosqueseencontravamemTimor;
• as acusações de corrupção e as tensões entre osmilitaresquelevaramàquedadeSuharto;
90 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
• aascensãodeHabibie,ummoderado,queaceitouapropostadossetoresqueconsideravamTimorumsorvedourodemeiosfinanceiros,incompatívelcomasituaçãodecriseeconómica;
• a necessidade deHabibie em ser legitimado internacional-mente.
Considerar-se-á, no entanto, que a decisão deHabibie era con-testada: pelo setor das forças armadas indonésias, a quemnãoconvinhaqueaguerraacabasseemTimor-Lesteporqueasuapre-sençaseriadispensada;poraquelesque,nogoverno,temiamqueaindependênciadeTimor-Lesteconduzisseaincentivarosepara-tismoderegiõescomoAceheIrianJaya.
ÉimportantequesejamfocadasasdecisõesconstantesdosAcor-dosComplementaresaoAcordodeNovaIorque.SeráinteressantediscutircomosalunosasimplicaçõesdasdecisõesevidentesnosDocs.4e5,quantoàidentidadetimorenseedireitodevoto,re-cordandoo número significativode transmigrantes que, desde1980,entraramnoterritóriotimorense.
1.2.Ovotodostimorensesem30deagostode1999
Asquestõescolocadasnaspáginas155e156doManualpreten-demsuscitarareflexãosobreanecessidadededesenvolvimentodeumclimadeconfiançanoperíodoqueantecedeuaconsulta,bemcomoascondiçõesemqueforamesclarecidasaspopulações,emarticulaçãocomaUNAMET.SeexistiracessoàInternet,opro-fessordispõedeinformaçãopormenorizadasobreoprocessodeorganizaçãoda consulta, no artigoAutodeterminação em Timor Leste: dos acordos de Nova Iorque à consulta popular de 30 de agosto de 1999,dePatríciaGalvãoTeles,emhttp://www.gddc.pt/actividade-editorial/pdfs-publicacoes/7980-d.pdf.
Para a elaboração do guião sugerido na atividade da pág. 156,oprofessorpoderá consultar as indicações inseridasnesteGuia(pág.17/19).
2. A administra-ção da ONU e a transição para a independência
AanálisedoDoc.11(pág.157),deveserconjugadacomareleituradasindicaçõesdoDoc.2,esclarecendocomoasoberaniadoterri-tóriodeTimorpassouapertenceràONU,sendoexercidapelasuamissão,aUNTAET,chefiadapelobrasileiroSérgioVieiradeMello.
OsDocs.13,14e15(págs.158e159)poderão,vantajosamente,seranalisadosemtrabalhodegruponasaladeaula,jáqueéim-portantequeosalunosdiscutamasdiversasmodalidadesquefo-ramadotadasparaagovernaçãoacargodaUNTAET,nosentidodedaremrespostaàsnecessidadesdeTimor-Leste.Poderãoserdiscu-tidosdiversosaspetos.Porexemplo:aafirmaçãodequeaAdminis-traçãoTransitóriadasNaçõesUnidastinhasidoestabelecidacombasenum“modelocolonial”(Doc.14);apertinênciadas mudanças
Unidade Temática 9 – Timor-Leste no limiar do novo milénio | 91
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
que o Administrador Transitório foi introduzindo, na aplicação do RegulamentodaUNTAET,comachamadadetimorensesaogover-no(Docs.13e14);asrazõesdodescontentamentodostimoren-ses(Doc.15);aimportânciadasáreasdegovernaçãopartilhadas.
Serátambéminteressantequeosalunosefetuemumapesquisaquelhespermitafazerpequenasnotasbiográficasdosmembrosqueintegraramo1.ºGovernoTransitório.
3. O quadro jurídico da Constituição de 2002
Aatividadepropostanapág. 160podeserobjetodeumpequenotextoescritoapediracadaaluno.Dadaanaturezadapergunta–umpedidodejustificação–oprofessorpoderáobterelementosparaavaliar o desenvolvimento das competências de argumentação,porpartedosalunos.Alémdisso,umavezquesepartedeumtexto(Doc.17,pág.160)relacionadocomoutrojáestudado(Doc.1,pág.150),oprofessorpodetambémavaliaracapacidadedosalunosparamobilizaremconhecimentos,aplicadosemnovassituações.
Semipresidencialismo
Propõe-sequeoestudodosubtematerminecomareflexãosobredois aspetos essenciais:• oprocessodeelaboraçãodaConstituição;• asopçõesconstitucionais.
Relativamenteaoprimeiroaspeto,sugere-sequeosalunosanali-semoDoc.18(pág.161),debatendoaimportânciadasAudiênciasPúblicas da Comissão Constitucional, e os resultados obtidos, equecomentemosresultadosdaseleiçõesparaaAssembleiaCons-tituinte,indicadosnoManual.Relativamenteàsopçõesconstitu-cionais,sugere-sequeseparta,ainda,doDoc.18,pararefletirso-breosignificadodaescolhadeumregimesemi-presidencialista,equeserecorraaoDoc.19(pág.162)paradebateraimportânciadoestabelecidononº3doart.º146.º,nocontextodahistóriadeTimor-Leste.
Paraesta análise, considera-semuito importantequeos alunostenhamacessoaotextoconstitucional,patentenosítiooficialdoGovernodaRepúblicaDemocráticadeTimor-Leste.
92 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
Unidade Temática 9 – Timor-Leste no limiar do novo milénio | 93
5.3.2. Subtema 2 – Unidade e desafios transnacionais
TEMPOPREVISTO:6AULAS
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
1. Reconciliação, reconstrução e procura da identidade nacional
Estado-nação
Identidadenacional
Ao contrário dos restantes subtemas, oManual não inclui bar-racronológicaparaosubtema2daUT9.Comefeito,osaspetosabordadossãotransversaisadiversasépocas,desenvolvendo-secomoumcontínuo,notempo,enãopodendosercircunscritosadatas precisas.
Cabe,portanto,nestesubtema,etambémporqueeleéofechodoprograma,promover,comosalunos,umareflexãosobreadu-ração,emHistória.
Nos subtemas anteriores, estudaram aspetos da história de Timor--Lestequesedesenvolveramnacurtaduração,comoaevoluçãodasituaçãopolíticaemTimor,noanode1975,emque,emcadamês,eatéemcadadia,seassistiuamudançassignificativas.Estu-daramfenómenosdemédiaduração,comooquartodeséculoemquesefoiafirmandoapersistenteResistênciadopovotimorenseedosseuslíderes.Eviramtambémcomoformasdeorganizaçãosociopolíticaespecíficasdaspopulaçõestimorenses,anterioresàépocacolonial,permaneceramnalongaduração.
Osalunosestudaram,ainda, a inter-relaçãoentreos váriospla-nosdahistóriadahumanidade,verificando,porexemplo,comoaspetos ideológicos, económicos, políticos, de mentalidade, secondicionarammutuamente.Ecompreenderam,também,comoasmudançastecnológicassetornaramcadavezmaisfrequenteseabrangentes,criandosituaçõesquelevaramàdominaçãodeunspovossobreoutros,mastambémtornandovisíveismundialmenteassituaçõesdeopressão.
Nesseestudodahistóriadospovos,osalunosverificaramcomoaconceçãodeEstado-naçãosedesenvolveuecomoelaatualmenteconvivecomformasdepodertransnacionaisecomdesafioscadavezmaiscomplexos.
OEstadotimorenseérecente.Eacomunidadenacional?Comosefoienraizando?Comosemanifesta?Quepatrimónioimateriallhedásentido?
Emrelaçãocomestas interrogações,a imagemescolhidaparaaaberturadotemaéumaevocaçãosimbólica.Nãodofimdostem-poscoloniais,emquea fotografia foicolhida.Masevocaçãodolugardeidentidade,dacasaedamontanhacomolugarderefúgioedeorigem.
1.1. O restabelecimento da paz social
Sugere-sequeoestudodosubtemaseiniciecomainterpretaçãodo logotipodaCAVR (Doc. 4, p. 166), no sentidode valorizar aescolhaqueevidencia.Apombabranca,símbolouniversaldaPaz,
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
emvoodeproteçãosobreoterritóriodeTimor-Leste,eapresen-çadasmãos,sustentandoaspalavras-chavequeconsagramasfi-nalidadesdaComissão–aconselhamento,verdade,reconciliação.
ODoc.1(pág.166)permitesituaradecisãodecriaraCAVRnope-ríododeAdministraçãoTransitóriadaONU,tendocomoobjetivoassegurarapazsocial, indispensávelàconstruçãodoEstado.Osdocumentos2e3demonstramaconsciênciadeque,emmatériadeviolaçãodedireitoshumanos,todososatossãocondenáveisequeaprocuradaverdadeéindispensável.
Relativamenteàaplicaçãodosprocessostradicionaisderesoluçãodeconflitos,oprofessorpoderádiscutircomosalunosasvanta-gensdautilizaçãodetaisprocessos,valorizandoastradiçõestimo-rensescomopatrimónioefatordeidentidade,oqueévisível,porexemplo,noDoc.7 (pág.167).Osalunospoderãoaindarefletirsobreasrelaçõesentreasnormasdodireitocostumeiroeasdodireito formal, e a necessidade de encontrar um quadro jurídico sancionadopeloEstadoeaplicávelatodososcidadãos.
Dado queoRelatóriodaCAVRpodeserconsultadopelaInternet,seexistiresserecurso,oprofessorpoderáorganizartrabalhosdeaulaapartir,porexemplo,dos relatosedas recomendaçõesdoRelatório.TambémseráoportunorecorreraosálbunsdeBandaDesenhada resultantes da colaboração entre a CAVReoMinis-tério da Educação, e que tiveram como objetivo a divulgação,entreos jovens, numaperspetiva informal, dos acontecimentosqueconduziramàformaçãodaComissãoedaimportânciadasuaintervenção.
1.2.Aconstruçãodo Estado-nação
Sugere-se que a análise do texto do historiador José Mattoso(Doc.8,pág.168)constituaumabaseparaareflexãosobreosfa-toresdeconstruçãodaidentidadenacional,esobrearelaçãoen-treaformalizaçãodaindependênciadeumEstadoeaformaçãodaNação.Propõe-sequesejafeitaumaprimeiraleituradotexto,acompanhadapeloprofessor;que,seguidamente,sesusciteare-flexãosobreos fatores suscetíveisdecontribuíremparaacons-truçãodaidentidadenacionale,nofinal,seregresseàanálisedodocumento. O professor poderá ainda esclarecer os alunos sobre aimportânciadaaçãodoautordodocumentonaorganizaçãodoArquivodaResistênciaTimorense,sobreasuaobra,eatédesper-tar-lhesacuriosidadeemtornodo livroa Dignidade, Konis San-tana e a Resistência Timorense–assim,tornaráoautordotextomais próximo dos alunos.
Propõe-se,então,quesereflitasobreascomponentesdaconstru-çãodaidentidadenacionaltimorense,recuandonotempo.
94 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
Osalunospoderãorelembraroqueestudaramno10.ºeno11.ºanos,relativamenteàprogressivadiferenciaçãoentreaáreaoci-dental e a área oriental da Ilha de Timor, e que se encontra siste-matizadonotextoexplicativodoManualdo12.ºano.Osalunospoderãotambémdiscutiraexistênciademanifestaçõesdenacio-nalismo,nosentidodeoposiçãoaopodercolonial,nomeadamen-tedesdearevoltadeManufahi,atéàrevoltade1959.Mas,comoseafirmounoiníciodosubtema,oobjetivonãoéencontrarres-postas,masestardisponívelparadiscutirarelevânciadealgunsaspetos.Será,aliás, interessante,quealunosqueestãoquaseaterminar o ensino secundário e em condições de acederem aoensinouniversitário,consideremanecessidadededesenvolverosestudos de história de Timor.
Nodomíniolinguístico,osDocs.9,10e11colocamaquestãodaaçãodosguerrilheirosedaIgrejacatólica,napromoçãodalínguaportuguesaedalínguatétumcomoveículosdeidentidade.Aestepropósito, é interessantediscutir a formaçãoda identidadeporcontraposição,talcomoofazMatanRuak,quandochamaaaten-çãoquealínguaportuguesa,portersidoproibidaduranteado-minaçãoindonésia,setornoulínguadeafirmaçãoidentitária.Domesmomodo,aFRETILIN,dequeosdirigentesconstituíamumaeliteescolarizadaemportuguês,promoveramtambémotétum,línguaveicularmasaindanãonacional,formalizando-aporescri-to,noseujornalquecolocou,apar,oportuguêseotétum.
SeráimportantetambémrecordaraaçãodaIgrejaCatólicaque,promovendootétumcomolíngualitúrgica,reforçoualigaçãocato-licismo-tétumcomovalornacional.Poroutrolado,deveserrelem-bradaaaçãodosmissionárioscatólicosnapreservaçãodealgumasdas línguastimorenses,eatolerânciaperantemanifestaçõesdareligiosidadetradicional,queosDocs.14e15(pág.170)evocam.
Alémdisso,aaçãodaIgrejaCatólica,deapoioàpopulaçãoeàRe-sistênciadostimorensesperanteaocupaçãoindonésia,reforçouafunçãoidentitáriadareligiãocatólica.
OsDocs.12e13alertamparaaimportânciadaproclamaçãodaindependência,em1975,edaaçãodaResistêncianaformaçãodaconsciêncianacional.Comefeito,aConstituiçãodeTimor-Leste,aprovadaem2002,reconheceucomodatadaindependência28denovembrode1975.Poroutro lado, foia lutadaResistência,mantidapersistentemente,de1975a1999,quemantevevivaaoposiçãoàIndonésia,fomentando,emcontraponto,acoesãona-cional.Olemadalutaarmada–Pátriaoumorte–ébemosímbolodessaconsciêncianacional.Masnãopodetambémesquecer-se,
Unidade Temática 9 – Timor-Leste no limiar do novo milénio | 95
CONTÉUDOS CONCEITOS E NOÇÕES ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM
comomomentofundadordeidentidade,avotaçãode1999,eatéaatençãodosmedia,identificandoopovodeTimor-Lestecomoumtodo,comidentidadeprópria.Ouseja,maisdoqueumares-posta,énestateiaderelaçõesquesepodeencontrarumahipóte-sedeexplicação,quesóalongaduraçãoconfirmará.
Estareflexão,emtornodecondicionalismosqueterãocontribuídoparaaformaçãodeumaconsciêncianacional,permite-nosreto-maroDoc.8.Podemosvoltaràinterrogaçãoqueoautorrefere,quantoàrelaçãoentreindependênciaeidentidade:adesesaberseexistiramfenómenoscoletivosquediferenciaramumpovodeumdeterminadoterritório–nestecaso,odeTimor-Leste–ouseessa diferenciação resultou de um ato deliberado de uma mino-ria.Oautordáaresposta:“oproblemanãosepoderesolverpormeiodestaalternativaelementar”.Ouseja:desdequandoaspo-pulaçõesdoterritóriodeTimor-Lesteconstruíramumaidentidadeprópria?Quefatoresfundaramoureforçaramessaidentidade?E,ainda,naconstruçãodaidentidadenacional,queresponsabilida-decoubeaosqueem1975proclamaramaindependência?QueresponsabilidadecoubeaosquereorganizaramaguerrilhaapósaquedadasBasesdeApoioeamantiveramirredutível,nomeiodasmaiores adversidades, credibilizando a Resistência no exterior?Queresponsabilidadecoubeaosque,noterritórioounadiáspora,garantiramaidentidadetimorense?Comosedisse,oquesepre-tendesuscitaréumdebate,enãoaresposta.
2. A multiplicidade de áreas de pertença.
NofechodaUnidadeéinteressantequeosalunosreflitamsobreosespaçoseasáreasculturaisdepertençadeumpaís.Integra-dogeograficamentenaÁsia/Pacífico,áreadoglobodecadavezmaior importânciamundial, Timor-Leste temcomessaáreaafi-nidadesculturaise,também,porrazõeshistóricas,comomundoocidental. Uma perspetiva geoestratégica e questões de ordemeconómicasuscitamoutrasligações.OsmapasqueconstituemoDoc.17(pág.173)espelhamamultiplicidadedeáreasdeperten-ça,certamentefavorávelaTimor-Leste.Arespostaàatividadedapág.173, centradanestaquestão, terávantagememserobtidacomrecursonãoapenasàHistória,masaoutrasáreasdosaber,comoaGeografiaeaEconomia.
Ainda dentro desta problemática, sugere-se, como atividade defecho do subtema, a simulação de um debates parlamentar em tornodequestõesrelacionadascomadefesadopatrimóniocul-turaltimorense.
96 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
5.4. Cronologias de apoio
5.4.1. Unidade Temática 7
Subtema 1 – A reconstrução num mundo dividido
1944 1945
1946 1947
1948
1949
1950-561950-53
1951
19521953
19541955-61
1955 19561957
1958 1960 1961
1962 1966 1969 1971
Proclamação do Estado de Israel/ Guerra da Palestina
Criação do COMECON
Criação da NATO
Reforma agrária na ChinaGuerra da Coreia
Tratados de Paz de S. Francisco
Pacto EUA-Japão
Pacto ANZUS (Austrália, Nova Zelândia, EUA)Fim da ocupação americana do Japão
Pacto da OTASE ou Pacto de Manila
1.º boom económico no Japão
Fundação do Pacto de VarsóviaRevoltas na Hungria e na Polónia
Sputnik, 1.º satélite artificial soviético
Degradação das relações URSS/China
1.º voo soviético tripulado no espaço
Início da “Revolução Cultural”Expedição americana à LuaChina Popular no Conselho de Segurança
Conferências de Ialta e Potsdam
Nova Constituição do Japão
Criação do FMI e do BIRD
Tratados de Paz de Paris
Partição da Coreia
Partição da AlemanhaProclamação da República Popular da China
Declaração Universal dos Direitos do Homem
Assinatura do GATT
Fundação da ONUFim da 2. ª Guerra Mundial
Plano MarshallCriação do COMINFORMTratado do Rio
Início da Guerra FriaDoutrinas Truman e Jdanov
Morte de EstalinePacto Sul Coreano
“Grande salto em frente” (China)
Tratado de Roma – Criação da CEE
Crise dos mísseis de Cuba
Construção do Muro de Berlim
Cronologias de apoio | 97
Independências na Ásia e em África
Subtema 2 – A ascensão do “Terceiro Mundo” e o despertar da consciência mundial
1945 194619471948195119541956 195719581960
19611962
Vietname do Norte, Vietname do Sul, Camboja e Laos
Federação da Malásia, GanaGuiné (Conakry)Camarões, Congo (Brazaville), Gabão, Chade, República Centro Africana, Costa do Marfim, Togo, Daomé (Benim), Alto Volta (Burkina-Faso), Níger, Nigéria, Mali, Senegal, Mauritânia, Madagáscar, Somália
Serra Leoa, Uganda
Ruanda, Burundi, Argélia
Filipinas, Líbano, Síria e JordâniaÍndia, Paquistão, Ceilão (Sri Lanka)
Proclamação na Indonésia e no Vietname
Birmânia (Myanmar)
Tunísia, Marrocos, Sudão
Líbia
98 | Operacionalização do Programa - Exploração das Unidades Temáticas
1945-59 1945
1946-54 19481950
1952-551954 195519561958
1959-651960
1960-651961-74
1961
1962 1963
1964 1965-73
1965
19671968
19691975
Campanhas anti-apartheid
Conferência de Bandung
Rebeliões separatistas na Indonésia2.ª vaga de independências
Massacre de Sharpeville (África do Sul)
Resoluções 1514 e 1541 da ONU
Independências de ex-colónias africanas francesas e inglesas
Liga Árabe1.ª Guerra da Indochina
1.ª vaga de independências
Política de apartheid na África do Sul
Divisão do Vietname
Revolta das Molucas do Sul
Início da guerra em Angola
Guerras de libertação nas colónias portuguesas
Conferência de BelgradoÍndia integra Goa, Damão e Diu Criação da OUAInício da guerra na Guiné (Bissau)Marcha sobre WashingtonInício da guerra em MoçambiqueLei dos Direitos Cívicos (EUA)
“Primavera de Praga”(Checoslováquia)
Unificação do VietnameIntegração de Irian Jaya na Indonésia
Nacionalização do Canal de Suez
“Maio de 68” (França)
Independência branca da Rodésia do Sul
Guerra do VietnameSuharto toma o poder
Criação da ASEAN
Subtema 3 – Timor-Leste de 1945 aos inícios da década de 1970
19631964196519661968197119731975
197619771980
Quénia, ZâmbiaMalawi, TanzâniaGâmbia, SingapuraBotsuana, Lesoto
Guiné Equatorial, SuazilândiaBangladeshGuiné (Bissau) 24/09
Papua-Nova Guiné, Comores, Moçambique (25/06), Cabo Verde (5/07), S.Tomé e Príncipe (12/07), Angola (11/11)
SeichelesDjibutiZimbabué (antiga Rodésia do Sul)
1945
1945-501946
1947
1948
1950-581950-73
19501952
1953-581953
1955
19561958
1959-631959-65
1959
1959-61
Governo de César de Serpa Rosa
Seminário e Escola de Catequistas de Soibada transferidos para Díli
Governo de Óscar Vasconcelos RuasReorganização da administração¸ensino e assistência
Deportação de condenados para Ataúro
Restauração da soberania portuguesa Administração militar em Díli e parte do território
Formação de enfemeiros e auxiliares no Hospital Central de DíliFixação de preços nos bazares
Manifestações dispersas de anticolonialismo
Hospitais em Baucau e AinaroPublicação da revista Seara
Novo contrato com o BNU (banco emissor) “Imposto domiciliário” substitui taxa pessoal
Criação do Imposto Profissional Abertura da 1.ª escola técnicaVisita oficial de Sukarno a LisboaGoverno de Filipe Temudo Barata
2.º Plano de Fomento
Prisões em DíliRevolta de ViquequeDeportação de “ revoltosos”
Liceu Dr. Vieira Machado, em DíliAssociação Comercial, Agrícola e Industrial de Timor
Díli com escudo de armas, bandeira e selo
Criação do Centro de Estudos de Timor
Visita do ministro do Ultramar, Sarmento Rodrigues
Abolição oficial das chefaturas
1.º Plano de Fomento
Baixa das cotações dos produtos de exportação Estatuto da Província de Timor
Lei Orgânica do Ultramar Português Atribuição de cidadania portuguesa
Instalação da PIDE
Cronologias de apoio | 99
5.4.2. Unidade Temática 8
Subtema 1 – Reconfiguração da cena internacional
1960
19611963-68
1963196519661967
1968-721968-731968-701972-74
19721973
União da República de Timor-DillyGoverno de José Alberty Correia
Campo de aviação em Baucau Escola Técnica Elementar de Díli
Criação de reservas florestais em Tilomar e LoréGoverno de José Valente Pires3.º Plano de FomentoFormação de movimentos anticoloniaisGoverno de Fernando Alves AldeiaAutonomia relativa dos territórios ultramarinosInterdição da revista Seara
Escudo timorense substitui patacaTimor na lista de territórios a descolonizar
Incursões indonésias em Oecussi
1973
1974
1975
19781979
19811982
19851985-91
198619871989
1989-911990
1991
19941996
Portugal corta relações com a Indonésia
Segundo choque petrolíferoInvasão soviética do AfeganistãoJoão Paulo II visita a Polónia, influenciando o fim das democracias populares europeiasReagan inicia política conservadora nos EUA
PerestroikaAdesão de Portugal à CEE
Parlamento português aprova criação de Comissão Eventual para Acompanhamento da Situação em Timor Leste
Gorbachov eleito secretário geral do PC da URSS
Choque petrolífero, crise do sistema capitalista industrial, recessão económica global
Revolução portuguesa de 25 de Abril
Fim da Guerra do VietnameInício da crise do Estado-providência
Portugal reconhece movimentos independentistas das suas colónias
Carol Wojtyla, papa João Paulo II
Primeira reunião anual do G7, para examinar as grandes questões económicas
2ª Guerra do Golfo
Reunificação da AlemanhaInvasão do Koweit pelo Iraque. 1ªGuerra do GolfoProclamada “Nova Ordem Mundial”
Queda dos regimes comunistas da Europa de Leste
Desintegração da URSS. Criação da CEI. Início de programa de reforma económica
Fundação da OMC
Início do desmembramento da Jugoslávia30 milhões de desempregados nos países da OCDE
Conferência de Helsínquia para o desarmamento
Queda do Muro de Berlim. Fim da Guerra FriaTratado entre EUA e URSS para a eliminação de armas nucleares
100 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
Subtema 2 – Áreas de conflito e novos pólos de equilíbrio
199620002001
2002
Fundação da CPLPAdesão da China à OMCAtentados terroristas do grupo radical islamita Al-Qaeda nos EUAIntervenção dos EUA no AfeganistãoIntervenção dos EUA no Iraque, não sancionada pela ONUAtentado terrorista em Bali, Indonésia
1973
1973-83
1974
1975
1976
197719781979
1980-881980
1980-901981-86
19831986
1987-911988-90
1989
1990-94
1990-981991
1992
1992-951993
Criação do Conselho Europeu de Chefes de Estado e de Governos
Colômbia, Venezuela e Costa Rica únicas democracias na América do Sul
Morte de Mao ZedongTermina revolução cultural na ChinaJapão e os Quatro Dragões produzem 60% dos produtos manufaturados exportados
Tratado de amizade sino-japonês
República Islâmica do IrãoEgito reconhece Estado de Israel
Quatro Zonas Económicas Especiais na China“Milagre” económico japonês Industrialização da China
Adesão da Grécia, Portugal e Espanha à CEE Início do restabelecimento das democracias na América Latina
Primeira intifadaNovos governos da América Latina empenham-se em reformas democráticas e económicas
Dissolução da URSS. Boris Yeltsin torna-se Presidente da RússiaEUA única superpotência e “polícia do mundo” para combater o terrorismo
Presidente do Chile, Salvador Allende, assassinado. Ditadura do general Pinochet Década de ditaduras na América Latina
Guerra doYom KipurReino Unido, Irlanda e Dinamarca aderem à CEE
Acumulação maciça de dívida da América Latina para com os países desenvolvidos
Independência das colónias portuguesas
ONU recebe Arafat
Guerra Irão-Iraque
Assinatura de Ato Único Europeu Operações de retaliação contra atividades terroristas da Líbia
Manifestações pró democráticas em PequimCriação da APEC
OLP é admitida na Liga ÁrabeConstituição do Parlamento Europeu eleito por sufrágio universal
Deng Xiaoping inicia a modernização da China. Política da “porta aberta”
Eliminação do apartheid
Dissolução da Federação Jugoslava (Sérvia, Croácia, Macedónia, Bósnia-Herzegovina, Eslovénia e Montenegro)
Tratado da União Europeia (Maastricht), completa integração europeiaIntervenção da ONU para garantir independência da Eslovénia e Croácia
Acordo de paz entre Israel e a OLP
Independência da Bósnia-Herzegovina Guerra civil da Bósnia: bósnios sérvios atacam muçulmanos e croatas
Agravamento da dívida externa do continente africanoRevolução económica na Ásia, alterando os equilíbrios económicos mundiais
Cronologias de apoio | 101
Subtema 3 – A civilização do século XX
1993
1994
1995
1996
19971997-98
19981999
1999-20012001
2002
Acordos de Dayton dividem o território bósnio em duas comunidades
Genocídio no RuandaInterrupção dos acordos OLP/IsraelTransferência de Hong Kong para a ChinaCrise financeira e económica no Sudeste AsiáticoSubstituição de Suharto por Habibie na presidência da Indonésia
Recuperação económica da Tailândia, Malásia e Coreia do SulTransferência de Macau para a China
Entra em funcionamento o Banco Central Europeu
Guerra do Kosovo. Sérvia acusada de genocídio e de crimes contra a humanidade
Julgamento de Slobadan Milosevic, líder nacionalista sérvio, no Tribunal Internacional para Crimes de Guerra
Circulação de moeda única europeia, o euroConvenção para o Futuro da Europa prepara Projeto de Constituição Europeia
Início da guerra civil nos Balcãs
Entra em vigor o Mercado Único Europeu
Violência étnica no Ruanda
Criação de Região Autónoma Palestiniana (acordos de Oslo)
Estabelecimento formal da União Europeia
Nova vaga de intervenções militares israelitas em áreas palestinianas
Termina guerra civil em AngolaEUA classificam Irão, Iraque e Coreia do Norte de “Eixo do Mal”
Nelson Mandela, 1º presidente negro sul-africano
Criação da NAFTA
1973-741975
1975-791976197819791980
19811980-831980-88
1981
19821983
1983-200219841985
Relatório da ONU “Norte-Sul: um programa de sobrevivência”, sobre questão global dos recursos e do desenvolvimento
1º computador portátilMobilização pacifista contra novos mísseis na Europa
1ª câmara fotográfica digital
Nave espacial Voyager II aproxima-se de Saturno
1º Disco Compacto (CD)
Criação, na ONU de Comissão Mundial sobre o Desenvolvimento e o AmbienteAtentados terroristas graves
1º cabo de fibra óticaDescoberta do “buraco de ozono”sobre a Antártida
1º computador pessoalBudismo perseguido no Camboja de Pol Pot
1ª conferência mundial demográfica
1ªs. imagens da superfície de Marte, transmitidas por nave espacial, Viking I pousada em Marte
1ª rede de notícias por cabo (CNN)
Aplicação da eletrónica na construção automóvel
Nasce em Inglaterra o 1º bebé proveta
Isolado o vírus do HIV/AIDS
Revolução fundamentalista, liderada pelo Irão, marcada por atos terroristas e desestabilização do Médio Oriente
1ª geração de telemóveis
102 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
Subtema 4 – Timor-Leste: A viragem de 1974; os anos de 1975 a 1999
1989
1990
19911992
1994
1995
19961997
1998
1999
2000
2001
2002
Criação da Agência Europeia do AmbienteExploração de Marte
Nascem as redes comerciais, World Wide Web1ª Cimeira da Terra, Rio de Janeiro, com participação de 178 paísesConvenção relativa à biodiversidade, assinada por 154 paísesExpansão da Internet
1º alimento transgénico comercializado legalmente
Entra em vigor convenção sobre mudança climática
Invenção do DVD
1ª longa metragem realizada por computador
Invenção da Web TV
Lançamento e acoplagem das 1ªs secções da Estação Espacial Internacional1º Fórum Social Mundial1º leitor de música MP3
Benazir Bhutto, 1ª mulher a dirigir um Estado muçulmano (Paquistão)
Criação de ratos transgénicos e modificação do seu capital genético
Identificação do gene que determina o sexo masculino
Televisão de alta definição. Criação da Web
Protocolo de Quioto relativo ao aquecimento globalSonda Galileu aproximou-se de Júpiter
Robôs humanóides
Conferência sobre a Mudança do Clima Mundial, em TóquioONU lança Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
Salman Rushdie publica Versículos Satânicos, condenado á morte por líderes islâmicos
Veículo todo-o-terreno Sojourner inicia exploração de Marte
Produção de células estaminais
Regime fundamentalista,“taliban”, implanta-se no AfganistãoConferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável
Desastre com petrolífero na costa espanhola
Clonagem de embriões humanos EUA
1ª Geração do iPod da Apple
Clonagem da ovelha Dolly
Desastre nuclear de Chernobyl (URSS), poluição radioativa na EuropaIdentificada BSE, doença no gado bovino
Nos EUA, publicação de livro em CD-Rom
Convenção da ONU sobre Drogas, assinada por 106 países Cimeira de G7 dedicada ás questões do ambiente
Convenção de Viena para a proteção da camada de ozono (28 países)
Abertura da rede Internet ao grande públicoEUA e URSS 1º acordo de destruição de armas nucleares
19851986
19871988
1974
Níveo Herdade representante do Governo português
Comissão para a Autodeterminação de TimorFormação de Partidos Políticos Timorenses
Revolução portuguesa de 25 de abril
Lei portuguesa de descolonização (Lei n.º7/74) Termo do Governo de Alves Aldeia
Cronologias de apoio | 103
1975
1976
1977
1978
197919801981
1982
1983
Campanhas de alfabetização
Coligação UDT/FRETILIN Criação da UNETIM
Agitação estudantil em Díli
Conversações Portugal/Indonésia em Hong Kong
Lei portuguesa de descolonização de Timor (Lei n.º7/75) 1ºs ataques armados indonésios
Golpe armado da UDTGuerra civil
Administração Portuguesa sai de Díli para AtaúroConversações Portugal/Indonésia em Jakarta
Declaração “de Balibó”Invasão indonésia Portugal corta relações diplomáticas com a IndonésiaResolução 3485 da Assembleia Geral da ONU Resolução 384 do Conselho de Segurança da ONU
Lemos Pires Governador e Comandante em Chefe de Timor
Cimeira de Macau
Formação das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste
Manifestações pró democráticas em Pequim
Fundação da OPMT
Conversações Portugal/Indonésia em Londres
Declaração unilateral de independência da RDTL
Forças indonésias criam “governo provisório” em Díli Nicolau Lobato dirige a Resistência Armada
Lei indonésia integra Timor-Leste como 27ª província (Lei n.º 7/76) Arnaldo Araújo Governador de Timor-Timur (1976-1978)
Portugal integra na Constituição art.º 307.º de compromisso relativamente a TimorAssembleia timorense pede integração na Indonésia
“Operação Cerco e Aniquilamento”(1977-1979)Guilherme Gonçalves Governador de Timor-Timur (1978-1982)Morte de Nicolau Lobato em combateDestruição das últimas Bases de Resistência Armada Timor-Leste destino de transmigração indonésia
D. Martinho Lopes administrador apostólico de Díli
Xanana Gusmão comandante em chefe das FALINTIL reorganiza a Resistência Formação do Conselho Revolucionário da Resistência Nacional
Tetum língua litúrgica Acordo Indonésia/Austrália sobre pescas
“Operação Cerco das Pernas”Tribunal Permanente dos Povos reúne em Lisboa sobre Timor-Leste
Xanana Gusmão pede à ONU um referendoAssembleia da República Portuguesa cria Comissão Eventual para Acompanhamento da Situação em Timor-Leste
ONU aprova Resolução 37/30Conversações Resistência Armada /Chefia militar indonésia Cessar-fogo temporárioD. Ximenes Belo administrador apostólico de Díli
Mário Carrascalão Governador de Timor-Timur (1982-1992)
104 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
19851986
19871988
1989
19901991
1992
1993
19941995
1996
1997
1998
Convergência Nacionalista Timorense UDT/FRETILIN
Resolução do Parlamento Europeu sobre TimorUniversidade em Díli
Criação da RENETIL
Despartidarização das FALINTIL
D. Ximenes Belo pede referendo à ONUVisita do Papa João Paulo II a Díli
Acordo Indonésia/Austrália sobre petróleo e gás de Timor
Acordo final Indonésia/Austrália-Timor Gap – Portugal protesta no Tribunal de Haia
Mensagem de Xanana Gusmão para os timorenses na diásporaPrisão de Xanana Gusmão Ma’Huno assume o Comando da LutaJulgamento de Xanana Gusmão Captura de Ma’Huno
Retoma de conversações Portugal/Indonésia sobre Timor sob auspícios da ONU
Abertura parcial do território timorense ao estrangeiro
Massacre de Santa Cruz
Abílio Soares Governador de Timor-Timur (1992-1999)
Encontro D. Ximenes Belo/ Xanana Gusmão
Conselho Nacional da Resistência Maubere
Portugal bloqueia acordo CEE/ASEAN
Konis Santana assume o Comando da Luta Matan Ruak comandante das FALINTIL
Conferência da Resistência Timorense - Comissão Coordenadora da Frente Diplomática Manifestações em Jacarta e Timor contra governo indonésio
RDP inicia emissões especiais pª Timor Conferência Interparlamentar em Lisboa sobre Timor
D. Ximenes Belo e Ramos-Horta recebem o Nobel da Paz2º Encontro Intratimorense na ÁustriaGrupo Rai Timor de Macau propõe conversações entre timorenses D. Basílio Nascimento Bispo de Baucau Morte de David Alex
1º Encontro Intratimorense na Áustria
Crise asiática Fundação do Movimento para a Reconciliação e Unidade do Povo de Timor-Leste
Carta Magna de Liberdades Direitos e Garantias
Nelson Mandela visita Xanana Gusmão3º Encontro Intratimorense na Áustria
Suharto resigna, Habibie Presidente da República IndonésiaMatan Ruak assume o Comando da luta
Criação do Conselho Nacional da Resistência Timorense
Tetum língua litúrgica
“Lusitânia Expresso”
Primeiros ataques de “ninjas”
Despartidarização das FALINTIL
Cronologias de apoio | 105
5.4.3. Unidade Temática 9
Subtema 1 – A formação do Estado. A opção constitucional
1998
1999
2000
2001
2002
Campanha eleitoral pª consulta popular
ReferendoHabibie declara lei marcial
Regresso dos deslocados de Timor ocidental
Parlamento indonésio anula integração de Timor-Leste
Conselho Consultivo Nacional Timorense
Conselho Nacional
Timor-Leste observador na ASEAN Eleições para a Assembleia Constituinte II Governo de TransiçãoAcordo para demarcação de fronteiras Timor-Leste/Indonésia Aprovação da Constituição da RDTL
Resolução nº 1246 da ONU, criação da UNAMET
Resolução nº 1272 da ONU, criação da UNTAET Administração e Gabinete de Governo de Transição
Dissolução do CNRT
Pacto de Unidade Nacional
Intensificação dos ataques das milícias
Resolução nº 1264 da ONU, criação da INTERFET
Criação da Comissão de Aconselhamento Verdade e Reconciliação
Xanana Gusmão Presidente da República Criação da UNMISET
Comissões constitucionais pª consultas públicas
1º Governo de transição UNTAET/Timorenses
Criação das Forças Armadas de Defesa de Timor-Leste
Carta Magna de Liberdades Direitos e GarantiasCriação do Conselho Nacional da Resistência Timorense
Habibie propõe autonomia especial para Timor-Leste Grande manifestação de estudantes em DíliHabibie admite separação de Timor-Leste da IndonésiaAcordo de Nova Iorque
Renegociação com Austrália de recursos marítimos
106 | Operacionalização do Programa – Exploração das Unidades Temáticas
107 107
Bibliografia e outros recursos
A bibliografia indicada compreende obras que, si-
multaneamente, possam constituir apoio à preparação
dos conteúdos programáticos por parte do professor e
recurso para trabalhos a realizar pelos alunos. No seu
conjunto, são obras básicas que sustentam os objeti-
vos do Programa, tendo-se dado prioridade, sempre
que possível, a títulos em língua portuguesa.
6.1. Ensino/Aprendizagem
BARREIRA, Aníbal e Mendes MOREIRA (2004). Pedagogia das Competências - da teoria à prática. Porto: Edi ções ASA.
Obra constituída por duas partes, uma delas de teoria sobre as-petos gerais de pedagogia, em especial sobre pedagogia das com-petências, e outra parte, contendo exemplos práticos de planifica-ções, de experiências de aprendizagem e de diversos instrumentos de avaliação.
HADJI, Charles (1994). A avaliação, Regras do Jogo – das intenções aos instrumentos. Porto: Porto Editora.
Obra de reflexão sobre as funções da avaliação e o problema da construção dos seus referentes, no sentido de serem evitadas as «derivas autoritarista e tecnicista». Inclui diversos quadros, do autor e de outros, de síntese das posições apresentadas sobre a prática de uma avaliação que se pretende formadora. Termina com glossário esclarecedor.
ROLDÃO, M. C. (2005). Gestão do Currículo e Avaliação de Competências – As questões dos professores. (3.ª ed.) Lis-boa: Editoral Presença.
A pedagogia das competências, apresentada de forma direta e acessível, a partir das interrogações que coloca à prática docen-te. Cada parte do livro – conceito de competência, a sua avaliação e implicações no currículo – é complementada com excertos de obras relativas à temática.
6.2. Atlas e cronologias
BONIFACE, Pascal (dir.) (2009). Atlas das Relações Inter-nacionais. Lisboa: Plátano.
Ocupa-se das relações internacionais da segunda metade do sé-culo XIX à primeira década do XXI. Aborda separadamente algumas questões teóricas, os problemas gerais do espaço mundial e cada uma das áreas regionais. Fundamental pela cartografia e pela contextua-lização a que procede. Com índice remissivo onomástico e temático.
DUBY, Georges (dir.) (1999). Le Grand Atlas Historique. Paris: Larousse.
Edição atualizada do Atlas da Larrousse, dirigida por G. Duby, com um âmbito temporal e espacial universal; organiza-se em três partes distintas: uma, que apresenta a cartografia referente
ao mundo antigo até ao ano 1000; a segunda, dedicada especifi-camente a cada um dos continentes; a terceira, que cartografa o Mundo entre 1990 e 2000. Os textos que o acompanham mostram à evidência, como diz o diretor, “que a cartografia se coloca hoje como um dos mais eficazes instrumentos da pesquisa histórica.”
DURAND, Frédéric (2010). Timor-Leste, País no cruza-mento da Ásia e do Pacífico – Um Atlas histórico-geográfico. Lisboa: Lidel.
Atlas que ultrapassa largamente a mera ilustração da história e da geografia de Timor. Propõe-se como objetivo, a partir de um extenso conjunto de recursos documentais, estatísticos e cartográ-ficos, explicar a originalidade de Timor-Leste. Parte da caracteriza-ção do território, percorre toda a sua história e termina com uma reflexão sobre a situação de Timor-Leste face ao futuro. Contém uma cronologia, muito pormenorizada a partir de 1974.
HILGEMANN, W. e KINDER, H. (2003). Atlas Historique. Éditions Perrin.
Pequena enciclopédia, articulando um extenso e muito útil con-junto de mapas históricos, com pormenorizadas cronologias, da Pré-História ao ano de 2003. Abrange diversos campos da História, possibilitando uma visão global de aspetos políticos e institucionais, económicos e sociais, técnicos e culturais. Inclui índice onomástico.
MARQUES, A.H. de Oliveira e DIAS J.J. Alves (2003). Atlas Histórico de Portugal e do Ultramar Português. Lisboa: Cen-tro de Estudos Históricos.
Conjunto de mais de 500 mapas de grande qualidade gráfica e rigor científico, abrangendo desde a ocupação humana da Pe-nínsula Ibérica a 1974-1975. Apesar de a maior parte dos mapas respeitar à história de Portugal, os mapas relativos ao império co-lonial e, em particular, ao Extremo Oriente, são de muito interesse. Contém um minucioso índice analítico.
ONIANS, John (2008). The Art Atlas. London: Laurence King Publishing Ltd.
Extenso conjunto de mapas históricos e de reproduções de obras artísticas, de grande qualidade gráfica, acompanhados de texto ex-plicativo, com referências cronológicas. Percorre a história univer-sal que divide em sete períodos: 40 000-5 000 a.C.; 5 000-500 a.C.; 500 a.C.-600 d.C.; 600-1500; 1500-1800; 1800-1900; 1900-2000; em cada período são focados os diversos continentes. Inclui CD.
OVERY, Richard (2005). Atlas of 20th Century. History.
London: Collins.Proporciona uma abordagem inovadora que dá sentido à his-
tória global do século XX. É constituído por mais de 200 mapas,
acompanhados de cronologias, de sínteses explicativas e de indica-
ção de links para pesquisa de informação complementar.
108 | História – Guia do Professor
PARKER, Geoffrey (1996). Atlas Verbo de História Universal. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo.
Conjunto de mapas históricos, acompanhados de pormenoriza-dos textos explicativos, com referências cronológicas. O período temporal cartografado estende-se das origens da humanidade aos nossos dias, percorrendo os diversos continentes e esclarecendo os grandes movimentos da história universal.
RODRIGUES, António S. (coord.) (1996). História de Portugal em Datas. Coimbra: Temas e Debates.
Inicia-se com a expansão romana na Península Ibérica e termi-na em 1994. Contém breves sínteses dos períodos que delimita e insere dados de contextualização dos acontecimentos que evoca.
6.3. Dicionários GARCIA, José Manuel (2010). Dicionário Essencial de
História de Portugal. Lisboa: Editorial Presença. Dicionário dirigido a um público amplo, contém entradas breves
sobre personalidades, acontecimentos e conceitos, desde a Idade Média à atualidade, incluindo dados relativos à expansão portuguesa.
ROSAS, F. (1996). Dicionário de História do Estado Novo. Lisboa: Círculo de Leitores.
Dicionário biográfico e temático sobre a história política, econó-mica, social e das ideias, quer respeitem ao regime estadonovista quer às oposições ao mesmo Estado Novo, no período compreendi-do entre 1926 e 1974. Consulta facilitada pelo sistema de remissões.
6.4. Obras de Caráter Geral
CASTELLS, Manuel (2017). O Fim do Milénio. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Sob o lema de “Um Tempo de Mudança”, o autor centra o seu estu-do nos últimos vinte e cinco anos do século XX e das transformações ocorridas num mundo globalizado, fundamentando a sua análise em dados estatísticos. Inclui um pormenorizado índice remissivo.
DELUMEAU, Jean (dir.) (1999). As Grandes Religiões do Mundo. Lisboa: Editorial Presença.
Obra resultante do contributo de historiadores, sociólogos e teólogos, analisa os aspetos doutrinários, litúrgicos e de vivência dos crentes das religiões mundiais. Inclui capítulos sobre os extre-mismos e sobre a inquietação religiosa no mundo atual. Com um nível de especialização elevado, responde de forma completa às interrogações que o tema pode suscitar em aula.
FERRO, Marc (1996). História das Colonizações – Das conquistas às independências – sécs. XIII-XX. Lisboa: Editorial Estampa.
História comparada, à escala mundial, do complexo fenómeno colonial, desde as origens até à sua recente dissolução e sobrevivên-cia em formas diversas de dominação. Analisa e compara as coloni-
zações europeias (incluindo a russa) e a árabe, a turca e a japonesa. Perspetiva igualmente a visão de outros protagonistas, como seja a dos povos colonizados e a dos movimentos de descolonização.
HEFFER, J. e Launay, M. (1995). A Era das Duas Superpotências 1945-1973. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
Manual universitário para o estudo da história recente, desde o fim da Segunda Guerra Mundial à crise dos anos 1970, organiza-do na lógica dos “três mundos”: países desenvolvidos, países so-cialistas e países subdesenvolvidos; e das relações internacionais estabelecidas.
FUKUYAMA, Francis (2006). A Construção de Estados. Governação e Ordem mundial no Século XXI. Lisboa: Gradiva.
Releva o papel do Estado e das suas instituições na nova ordem mundial pós guerra fria; acentua a responsabilidade da comuni-dade internacional no apoio à construção de novos Estados auto--sustentados.
HAW, Stephen G. (2008). História da China. Lisboa: Edições Tinta da China.
Abre com uma caraterização geográfica e percorre a história da China, da pré-história à atualidade, esclarecendo as diversas fases e a sua interação com a história mundial. Problematiza a relação entre os traços milenares da civilização chinesa e os problemas contemporâneos. Inclui documentos, mapas e, no final, artigo so-bre a língua e a escrita, extensa cronologia, lista de dinastias e go-vernantes, e pormenorizado glossário histórico-geográfico.
HENSHAL, Kenneth (2005). História do Japão. Lisboa: Edições 70.
História sintética do Japão, dos tempos míticos à atualidade, destacando os traços permanentes da civilização japonesa e expli-citando a sua origem. Obra dedicada a um público não especialista e a estudantes, apresenta, no final de cada capítulo, cronologia--resumo e sistematização dos valores e práticas caraterísticos do período estudado. Tem glossário de termos japoneses.
HOBSBAWM, E. (1996). A Era dos Extremos. História Breve do Século XX, 1914-1991. Lisboa: Editorial Presença.
Obra fundamental sobre o século XX historiográfico – de 1914 ao colapso da URSS. Aborda de forma sistemática e exaustiva os diversos períodos: a «Era da Catástrofe» (1914-1945), a «Era de Ouro» (1945-1990) e a «Derrocada» do início dos anos 1990, pers-petivando ainda a nova era («Rumo ao Milénio»).
HUNTINGTON, S. P. (1999). O Choque das Civilizações e a Mudança na Ordem Mundial. Lisboa: Gradiva.
Livro de tese que procura ser uma interpretação da evolução da política global depois da Guerra Fria; apresenta um novo paradig-ma de afirmação das civilizações na ordem internacional, substi-tuindo as nações e as ideologias.
KHANNA, Tarun (2011). Milhões de Empreendedores. Como a China e a Índia estão a reformular o seu futuro e o
Bibliografia e outros recursos | 109
nosso. Lisboa: Actual Editora. Análise comparada, a vários níveis e através de numerosos estu-
dos de caso do mundo empresarial, da China e da Índia do século XXI. Perspetiva implicações para a comunidade global da provável evolução do modelo económico e social de cada um dos dois países.
MAURO, F. (1995). A Expansão Europeia. Lisboa: Editorial Estampa.
Síntese, em pequeno volume mas muito ampla, explorando a globalidade do tema: os vários campos – da história geográfica, da história económica, da história política e jurídica, da história cultu-ral – e os vários tempos, do século XIII à atualidade.
NOUSCHI, Marc (1996) O século XX. Lisboa: Instituto Piaget.
Percurso pela história do século XX, com análise política, mas também social e das mentalidades. Inclui mapas, excertos de do-cumentos escritos, tabelas, gráficos, cronologias temáticas e, no final, uma cronologia comparada dos acontecimentos mais mar-cantes do século.
PINTO, A. Costa (2004). Portugal Contemporâneo. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
Panorâmica sobre a história contemporânea de Portugal. En-quadra o processo de mudança político e social verificado desde a década de 1970 e integra-o na evolução da política e da sociedade portuguesa ao longo do século XX.
RAMOS, Rui (coord.) (2009). História de Portugal. Lisboa: Esfera dos Livros.
Síntese interpretativa da História de Portugal, da Idade Média aos nossos dias, articulando os domínios político, económico, so-cial e cultural, no contexto da História da Europa e do Mundo e considerando a mais recente produção historiográfica. Contém ilustrações a cores, mapas, cronologias e lista de governantes.
ROBERTS, J.M. (2007). História do século XX (2 volumes). Lisboa: Editorial Presença.
Síntese abarcando todo o século XX, informativa mas também reflexiva sobre diversos temas de relevante atualidade. O primeiro volume abrange o período até ao final da Segunda Guerra Mundial e o segundo até ao início do século XXI. Apresenta alguns mapas e índice remissivo.
ROSA, J. J (2000). Le Second XXème Siècle. Dèclin des hierarchies et avenir des Nations. Paris: Grasset & Fasquelle.
Obra de reflexão, articula as dimensões económica e política, social, jurídica e demográfica. Considera, no séc. XX, um primei-ro período, até aos anos 1960, marcado pelos autoritarismos, as imensas hierarquias e a burocracia de massa, ao qual opõe um segundo século XX em que se assiste ao declínio das grandes or-ganizações e, sob o efeito da revolução das novas tecnologias da informação, à descentralização do poder e à afirmação do indivi-dualismo no contexto da globalização.
THOMAZ, Luís Filipe (1994). De Ceuta a Timor. Lisboa: Difusão Editorial SA.
Coletânea de estudos sobre a expansão portuguesa, principal-mente nas áreas do Golfo de Bengala e da Ásia de Sudeste. Os quatro últimos estudos contemplam expressamente Timor, a sua dimensão histórica e linguística e uma perspetiva sobre a socieda-de nos inícios da década de 1970.
6.5. Obras sobre Timor
ALKATIRI, Mari (2006). Timor-Leste – o caminho do desenvolvimento. Os primeiros anos de governação.Lisboa-Porto-Coimbra: LIDEL
Coletânea de discursos oficiais, organizada por anos (de 2001 a 2005), abordando diversos temas sobre questões de política nacio-nal e internacional.
ARAÚJO, Abílio. (1977). Timor Leste: Os Loricos Voltaram a Cantar. Lisboa: Edição do autor.
Interpretação datada da história de Timor, tendo em vista o pro-cesso de formação da nacionalidade e a resistência do povo de Timor contra o novo colonialismo indonésio. Parte de considera-ções sobre o fenómeno geral do colonialismo e aplica um modelo historiográfico à história de Timor, considerada toda ela como luta anti-colonial.
As Nações Unidas em Timor Leste. A autodeterminação através da consulta popular. (2000). Nova Iorque: Departamento de Informação das Nações Unidas.
Relato da intervenção da ONU no processo que conduziu à au-todeterminação de Timor-Leste. Esclarece as circunstâncias em que foi decidida a consulta popular de 1999 e as instâncias envol-vidas; refere a organização logística relativa ao recenseamento e à votação, a forma como estes decorreram e a validação dos resulta-dos; identifica a constituição da Administração de Transição. Inclui cronologia (1960/2000) e fotografias.
BARATA, Filipe Themudo (1998). Timor Contemporâneo, Da primeira ameaça da Indonésia ao nascer de uma nação. Lisboa: Equilíbrio Editorial.
Do governador de Timor, que chegou ao território no rescaldo dos acontecimentos de 1959, uma obra em que os decreve, e em que analisa diferentes aspetos da colonização portuguesa. Reflete, ainda, sobre a situação decorrente da invasão indonésia de 1975.
CARRASCALÃO, Maria Ângela. (2002). Timor: Os Anos da Resistência. Queluz: Editorial Mensagem.
Descreve e comenta os principais acontecimentos da história de Timor entre 1974 e 2002. Identifica a intervenção das várias frentes da Resistência, da Igreja Católica e da juventude; analisa a ação de Portugal e da Indonésia. Apresenta minuciosa cronologia, dados biográficos de intervenientes no processo de resistência e documentos oficiais.
110 | História – Guia do Professor
CARRASCALÃO, Mário V. (2006). Timor Antes do Futuro. Díli: Autor e Mau Huran Printing
Testemunho de um dos protagonistas da história recente de Timor-Leste, percorre, numa perspetiva autobiográfica, o período compreendido entre 1974 e 1999. Procura esclarecer, nomeada-mente, as circunstâncias em que se verificaram, em 1975, o pedido de refúgio na Indonésia e a assinatura da chamada “Declaração de Balibó”, bem como os objetivos da sua ação como Governador de Timor-Timur. Transcreve importantes documentos.
CAVR (2005). Chega! Relatório da Comissão de Acolhimento Verdade e Reconciliação de Timor-Leste. Resumo Executivo.
Excertos da versão do relatório da Comissão institucionalmente formada para investigar a violação dos direitos humanos durante a guerra civil e a dominação indonésia. Contém vários testemunhos, uma enumeração dos crimes praticados e recomendações.
CINATTI, Ruy e outros (1987). Arquitetura Timorense. Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical /Museu de Etnologia
Obra, concluída em 1961, resultante de missão realizada nos finais da década de 1950. Estudo que, além do habitat rural de algumas regiões de Timor, regista com abundante recurso a foto-grafias, mapas, gravuras, esquemas, as formas de vida nos seus di-ferentes aspetos, com o objetivo de preservar um mundo em risco de desaparecimento.
CINATTI, Ruy (1987). Motivos Artísticos Timorenses e a Sua Integração. (1987). Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical/ Museu de Etnologia.
Estudo de antropologia cultural, analisa diferentes aspetos do quotidiano e artes timorenses. Ilustrado com fotografias e dese-nhos que possibilitam o conhecimento, a preservação e a valoriza-ção do património.
DURAND, Frédéric (2006). Timor 1250-2005. 750 ans de carthographie et de voyages. Toulouse/Bangkok: Arkuiris IRASEC.
Extenso e variado conjunto de documentos – mapas, esboços, fotografias e relatos de viajantes de origens diversas – que o autor comenta e contextualiza, de modo a esclarecer a história de Timor. No final, pormenorizada cronologia da produção cartográfica e das viagens e contactos referidos, de 1250 a 2005.
DURAND, Frédéric (2010). História de Timor-Leste. Dili/Lisboa: Lidel.
Síntese da história timorense, das origens a 2002, em versão bilingue – português e tétum; contém mapas, gravuras, fotografias e cronologia.
FONSECA, Rui B. (2005). Monumentos Portugueses em Timor-Leste. Porto: Edição de autor.
Obra bilingue, em português e tétum; identifica e regista foto-graficamente acontecimentos e personalidades, quer portuguesas,
quer timorenses, num período compreendido entre 1515 e o final da Segunda Guerra Mundial.
GOMES, Adelino (2004). As Flores Nascem na Prisão: Timor-Leste, ano um. Lisboa: Editorial Notícias.
Reportagem e apresentação de testemunhos recolhidos no pri-meiro ano após o reconhecimento internacional de Timor-Leste como Estado independente. Inclui entrevistas a destacados inter-venientes políticos cujas opiniões evidenciam os sucessos e as fra-gilidades da construção do novo Estado.
GUNN, Geoffrey C. (1999). Timor Lorosae 500 anos. Macau: Livros do Oriente.
Obra de sociologia histórica, assente em fontes e bibliografia diversificadas, traça o percurso timorense, do início do século XVI até 1975. A introdução contém indicações acerca da historiogra-fia e da investigação sobre Timor, bem como sobre os limites da periodização estabelecida. Na conclusão, o autor aborda questões relacionadas com a invasão indonésia e a resistência timorense.
GUSMÃO, Kay Rala Xanana. (1994). Timor Leste. Um Povo, Uma Pátria. Lisboa. Edições Colibri.
Conjunto de textos diversos, cartas, mensagens, orientações de luta, depoimento de defesa em julgamento; é antecedido de uma autobiografia redigida na prisão, com informações interessantes sobre o período a que se refere.
JOLLIFFE, Jill. (1989). Timor Terra Sangrenta. Lisboa: Editorial O Jornal.
Resultado da investigação jornalística da autora, com o objetivo de alertar a comunidade internacional para os acontecimentos da história de Timor de 1975 a 1989. Apresenta testemunhos relativos à ocupação indonésia, à descolonização e à resistência timorense.
KOHEN, Arnold S. (1999). D. Ximenes Belo – Por Timor. Lisboa: Editorial Notícias
Biografia de D. Ximenes Belo, elucida sobre a sua corajosa de-fesa do povo timorense perante a Indonésia, o Vaticano, os gover-nos e a ONU, a sua sistemática intervenção em defesa dos direitos humanos e da paz, e as suas tentativas de mediar uma solução, unindo os timorenses.
MAGALHÃES, A. Barbedo de (1999). Timor-Leste na Encruzilhada da Transição Indonésia. Lisboa: Gradiva.
Percurso histórico da Indonésia - da colonização, à independên-cia, e à ditadura e queda de Suharto – articulado com a história de Timor até 1999.
MAGALHÃES, A. Barbedo (2007). Timor-Leste, Interesses internacionais e actores locais, vol. I, Da invasão autralo-holandesa à decisão australo-indonésia de anexar, 1941-1974; vol. II, A luta pela independência, 1974-1999; vol. III, A difícil construção do Estado democrático, 1999-2007. Colaborações especiais de Lien Soei Liong e David Scott. Porto: Afrontamento.
Bibliografia e outros recursos | 111
Aborda a história recente de Timor, contextualizando a sua evo-lução com as transformações internacionais com que se relaciona. Intercala numerosas citações e tem anexo um CD-ROM com vasto elenco de fontes.
MARQUES, Rui (2005). Timor-Leste: O Agendamento Mediático. Porto: Porto Editora.
Estudo em que é analisada a evolução da causa de Timor-Leste nos meios de comunicação social, desde 1975 ao Referendo de 1999, tra-balho complementado com entrevistas a protagonistas do processo.
MATTOSO, José (2005). A Dignidade. Konis Santana e a Resistência Timorense. Lisboa: Temas e Debates.
Biografia contextualizada de um dos heróis da resistência ti-morense é, sobretudo, um estudo indispensável sobre a história recente de Timor-Leste. Complementado com fotografias, mapas e documentos facsimilados, contém uma listagem de palavras em tétum e malaio, índices remissivos onomástico e geográfico.
MENDES, Nuno C. (2005). A multidimensionalidade da construção identitária em Timor-Leste. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais e Políticas.
Reflexão cuidadosamente fundamentada sobre a construção da identidade nacional em Timor-Leste, no quadro da sua cultura tra-dicional, das transformações históricas decorrentes da colonização e da evolução das relações internacionais.
MENEZES, Francisco Xavier A. S. de (2006). Encontro de culturas em Timor-Leste. Díli: Crocodilo Azul.
A primeira parte da obra, numa perspetiva antropológica e et-nológica, tenta reconstituir a cultura timorense «encontrada pelos portugueses» na primeira metade do século XVI. Foca as institui-ções económicas, sociais e religiosas, recorrendo a relatos de mis-sionários, cronistas e viajantes, que confronta com estudos sobre a Insulíndia e, também, com a observação direta de realidades se-melhantes no século XX.
MIRANDA, Jorge (org.). (2001). Timor e o Direito. Lisboa: Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Conjunto de intervenções na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em Novembro de 1999. Aborda aspectos jurídicos da ques-tão de Timor na perspetiva do direito internacional e do direito cons-titucional português; compara, quanto aos problemas da autodeter-minação dos povos colonizados, os casos de Timor e de Irian Jaya.
OLIVEIRA, Luna de (2004). Timor na História de Portugal (4 vols). Lisboa: Fundação Oriente (1.ª edição 1949)
Obra pioneira sobre Timor é hoje valorizada como repositório de fontes, mesmo se com reservas sobre a metodologia utilizada. O autor, escritor e militar de carreira, propõe-se abranger “cinco séculos de eventos” desde a primeira notícia histórica de portu-gueses sobre o arquipélago até á libertação deste da ocupação ni-pónica. Publicada em meados do século XX, reflete as conceções nacionalistas da historiografia da época.
PASCOAL, Ezequiel Enes (1967). A Alma de Timor Vista na sua Fantasia. Braga.
Produto de recolhas do autor, nos anos 1930/60, de mitos e de contos tradicionais timorenses. Apresenta um glossário inicial, complementado com outras explicitações lexicais sempre que oportuno, nos diversos capítulos. Inclui comentários de contextua-lização das recolhas efetuadas.
PIRES, Mário Lemos. (1991). Descolonização de Timor. Missão Impossível? Lisboa: Publicações Dom Quixote
Importante relato e reflexão do último governador de Timor so-bre o processo de descolonização e a transformação da vida política em Timor, de Novembro de 1974 a Dezembro de 1975. Fundamenta as afirmações com numerosas e extensas citações de documentos.
PIRES, Paulo (2013). Timor, Labirinto da Descolonização. Lisboa: Colibri
Obra “basicamente documental”, transcreve extensas passa-gens dos dois Relatórios e documentação anexa, publicados, em 1981, pela Presidência do Conselho de Ministros portuguesa, sobre o processo de descolonização de Timor. Aborda também questões relativas à organização da Resistência no exterior, em que interveio, nomeadamente as que se referem à formação da Convergência Nacionalista, aspeto sobre que anexa documentos.
RAMOS-HORTA, José (1994). Timor Leste. Amanhã em Dili. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
A Resistência externa e os meandros da política internacional relativamente à luta pela independência, vividos e descritos pelo autor, que parte de memórias da infância e de um resumo histó-rico para, no final, apresentar as suas perpetivas sobre o futuro.
SÁ, Artur Basílio de (1961). Textos em Teto da Literatura Oral Timorense. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar.
Coletânea de lendas timorenses em tétum, traduzidas para por-tuguês; cada lenda é introduzida com uma explicação do seu argu-mento; a obra é completada com notas linguísticas e etnográficas.
Seminário Timor – Um País para o Século XXI (2000). [Org] Instituto de Altos Estudos Militares, Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa. S. Pedro do Estoril: Atena
Conjunto de intervenções no seminário realizado em janeiro de 2000, com o objetivo de debater, numa perspetiva multidisciplinar, a reconstrução de Timor, a sua integração regional e o seu futuro como Estado independente. Personalidades da área política e mi-litar, do mundo académico e da sociedade civil, todas com grande ligação a Timor, refletem sobre a intervenção das Nações Unidas, o diálogo inter-religioso, a ação da comunicação social, as questões da identidade timorense, as opções de reconstrução económica e de organização do Estado.
112 | História – Guia do Professor
Timor Lorosa’e (2001). Camões, Revista de Letras e Culturas Lusófonas, julho-setembro . Lisboa: Instituto Camões.
Através de volume organizado pelo Instituto Camões, que congre-ga especialistas em história e cultura de Timor (J. Mattoso, G. Gunn, Barbedo de Magalhães, Matan Ruak, Luís Costa, M. J. Albarran, G. Hull, R. M. Loureiro, Teodoro de Matos, L-F Thomaz, Paulo Pires, Júlia Fernandes, P. Stilwell, João Lourenço, J. de Matos-Cruz e Luís Cardo-so), Portugal associa-se, e congratula-se, com o “nascimento de um país com quem partilhou a História desde o século XVI”. Incide sobre as problemáticas da identidade, da língua e da história articuladas com aspectos da cultura timorense mais recentes e concretos. Inclui uma listagem da filmografia portuguesa ligada a Timor (1946-2000).
THOMAZ, Luís Filipe (2008). O País dos Belos: Achegas para a compreensão de Timor-Leste. Macau: Fundação Oriente/Instituto Português do Oriente.
Conjunto de estudos fundamentais para o estudo da realidade timorense, nos anos finais da colonização portuguesa, resultante da vivência e dos profundos conhecimentos do autor sobre o ter-ritório e as suas gentes.
THOMAZ, Luís Fillipe (1977). Timor: Autópsia de Uma Tragédia. Lisboa: Dig/Livro.
A organização e constituição dos partidos políticos em 1974, os acontecimentos político-militares antes e após a invasão indoné-sia, na perspetiva de um especialista da expansão portuguesa, e em particular da história da Ásia e da história de Timor.
Obras em suporte digitalTimor-Leste (2002). DVD e CD-ROM. Ed. Fundação Mário
Soares/Fado Filmes/Visão.
ANDRINGA, Diana. O Sonho do Crocodilo (DVD) Documentário no segundo aniversário do reconhecimento da
independência de Timor-Leste. Inclui diversos depoimentos, no-meadamente de dirigentes, relativos à história recente de Timor.
A Resistência Timorense em Documentos (CD-ROM). Conjunto de textos, registos sonoros e video. Integra textos de
José Mattoso e Maria José Albarran sobre o Arquivo da Resistência Timorense e de Patrícia Galvão Teles sobre o processo de autode-terminação de Timor-Leste.
6.6. Endereços de Museus e de Projetos
de índole cultural
A lista de endereços indicada refere-se a sítios que
se encontravam disponíveis à data de elaboração do
Guia do Professor. Poderão ser objeto de atualização.
Sítios gerais Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa: www.iict.pt/ahu/
index.htmlArt History: witcombe.sbc.edu/ARTHLinks.html Art Project: www.artproject.com Centro Português de Fotografia, Porto: www.cpf.ptInstituto Camões: www.instituto-camoes.pt Museus de Ciência e Tecnologia: http://en.wikipedia.
org/wiki/List_of_science_museumsMuseus de História Natural: http://en.wikipedia.org/
wiki/List_of_natural_history_museumsPatrimónio de Influência Portuguesa (F.C. Gulbenkian):
www.hpip.orgSouth Asian Art History: www.eastwestcenter.org You Tube: www.youtube.com
Museus em Portugal Museu Nacional de Etnologia, Lisboa: www.
mnetnologia-ipmuseus.pt Museu do Oriente, Lisboa: www.museudooriente.pt Planetário Calouste Gulbenkian, Lisboa: www.
planetario.marinha.pt
Museus na Europa Imperial War Museum, Londres: www.iwm.org.ukInstitut du Monde Arabe, Paris: www.imarabe.orgJüdische Museum, Berlim: www.jmberlin.deMusée National des Arts d’Afrique et d’Océanie, Paris:
www.musee-afriqueoceanie.fr Science Museum, Londres: www.sciencemuseum.org.ukAsian Civilisations Museum, Singapura: www.acm.org.sg Hiroshima Peace Memorial Museum: www.pcf.city.
hiroshima.jpHong-Kong Museum of Art: www.lcsd.gov.hk Museu de Macau: www.macaumuseum.gov.mo Museu de Xangai: www.shangaimuseum.net National Museum of India, New Delhi: www.
nationalmuseumindia.gov.in Peranakan Museum, Singapura: www.
peranakanmuseum.sg Shangai Science Technology Museum: www.sstm.org.cnTokyo National Museum: www.tnm.go.jp
Museus na AustráliaAustralian War Memorial: www.awm.gov.au
Timor Arquivo e Museu da Resistência Timorense: http://
amrtimor.org Biblioteca Nacional e Arquivo de Timor-Leste: www.
cultura.gov.tl Museu e Centro Cultural de Timor-Leste: www.cultura.
gov.tl
Cooperação entre:Ministério da Educação de Timor-Leste | Camões - Ins tuto da Cooperação e da Língua | Fundação Calouste Gulbenkian | Universidade de Aveiro
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