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ESCOLA TCNICA LICEU DE ARTES E OFCIOS DE SO PAULO
BARBARA ANDERSON SALES
GABRIEL MORIO SAITO
GUILHERME ANTONIO PEREIRA PINTO
Projeto de Reurbanizao, Modelagem Tridimensional e
Proposta de Criao de uma Matriz urbana na plataforma BIM:
O estudo do caso da Rua Dr. Jorge Miranda
SO PAULO
2015
ESCOLA TCNICA LICEU DE ARTES E OFCIOS DE SO PAULO
BARBARA ANDERSON SALES
GABRIEL MORIO SAITO
GUILHERME ANTONIO PEREIRA PINTO
Projeto de Reurbanizao, Modelagem Tridimensional e
Proposta de Criao de uma Matriz urbana na plataforma BIM:
O estudo do caso da Rua Dr. Jorge Miranda
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
banca examinadora da Escola Liceu de Artes
e Ofcios de So Paulo como exigncia parcial
para obteno do ttulo de Tcnico em
Edificaes.
Orientador: Fernando Cesar Ribeiro
Co-orientador: Diogo Guermandi
SO PAULO
2015
Ao Professor Fernando Cesar Ribeiro, com
quem partilhamos q acreditvamos, e
quem acreditou em ns. Nossas conversas
durante para alm dos grupos de estudos
foram fundamentais. Agradecemos tambm
todos os professores q nos acompanharam
durante o curso, em especial Professor
Diogo Guermandi o Professor Marcelo
Nepomuceno. Podemos dizer q nossa
formao, inclusive pessoal, no teria sido
mesma sem estes envolvidos.
O sucesso nasce do querer, da determinao
e persistncia em se chegar a um objetivo.
Mesmo no atingindo o alvo, quem busca e
vence obstculos, no mnimo far coisas
admirveis.
(Jos de Alencar)
RESUMO
SALES, Barbara A.; SAITO, Gabriel M.; PINTO, Guilherme A. P. Projeto de
Reurbanizao, Modelagem Tridimensional e Proposta de Criao de uma
Matriz urbana na plataforma BIM: O estudo do caso da Rua Dr. Jorge
Miranda. Monografia (Trabalho de Concluso de Curso) Liceu de Artes e
Ofcios de So Paulo, Escola Tcnica. Orientador: Prof. Fernando Csar Ribeiro.
So Paulo, 2015.
O presente trabalho estuda a mobilidade urbana e os elementos do mobilirio
urbano presentes nas ruas das cidades, visando compreenso do conceito de
rua e suas diversas funes sociais. Para tanto, faz-se uso da Rua Doutor
Jorge Miranda, na regio central da cidade de So Paulo, como objeto de estudo,
servindo para a produo de uma modelagem em plataforma BIM, alm de um
projeto de reurbanizao visando extenso do espao pblico a todos os
cidados, sejam ele transeuntes e/ou moradores da regio. A unio dessas duas
produes permite a realizao de uma proposta de matriz urbana que
estenderia o modelo tridimensional para toda a cidade e serviria de base para
futuras concepes de projetos urbansticos. Sendo assim, percebe-se por meio
deste estudo a importncia da readequao do espao pblico, devolvendo-o a
cidade e aos cidados.
Palavras-Chave: Rua; Mobilidade; Dr. Jorge Miranda; Modelagem;
Reurbanizao; Espao; Matriz.
ABSTRACT
SALES, Barbara A.; SAITO, Gabriel M.; PINTO, Guilherme A. P. Projeto de
Reurbanizao, Modelagem Tridimensional e Proposta de Criao de uma
Matriz urbana na plataforma BIM: O estudo do caso da Rua Dr. Jorge
Miranda. Monografia (Trabalho de Concluso de Curso) Liceu de Artes e
Ofcios de So Paulo, Escola Tcnica. Orientador: Prof. Fernando Csar Ribeiro.
So Paulo, 2015.
This work studies the urban mobility and it's elements, which are present in city's
streets, in an effort to better comprehend the concept of "street" and it's multiple
social functions. Therefore, the Doctor Jorge Miranda Street, located in So
Paulo's downtown, was used as a study object and reference to the production
of a BIM modeling project, in addition to a re-urbanization project aiming an
extension of the public space to all citizens, being they passers or people who
lived in this area. The matchup of those productions allows the realization of a
new urban matrix which would extend the tridimensional model to the whole city,
becoming an example to future conceptions of urbanistic projects. As a result,
through this assignment, it is showed the importance of readjusting the public
space, returning this for the city and citizens.
Keywords: Street; Mobility; Dr. Jorge Miranda; Modeling; Re-urbanization;
Space; Matrix.
Lista de Ilustraes
FIGURA 1.1 .................................................................................................................................. 15
FIGURA 1.2 .................................................................................................................................. 16
FIGURA 1.3 .................................................................................................................................. 17
FIGURA 1.4 .................................................................................................................................. 18
FIGURA 1.5 .................................................................................................................................. 19
FIGURA 1.6 .................................................................................................................................. 20
FIGURA 1.7 .................................................................................................................................. 20
FIGURA 1.8 .................................................................................................................................. 21
FIGURA 1.9 .................................................................................................................................. 22
FIGURA 2.1 .................................................................................................................................. 25
FIGURA 2.2 .................................................................................................................................. 26
FIGURA 2.3 .................................................................................................................................. 26
FIGURA 2.4 .................................................................................................................................. 29
FIGURA 2.5 .................................................................................................................................. 29
FIGURA 2.6 .................................................................................................................................. 29
FIGURA 2.7 .................................................................................................................................. 29
FIGURA 2.8 .................................................................................................................................. 30
FIGURA 2.9 .................................................................................................................................. 30
FIGURA 2.10 ................................................................................................................................ 31
FIGURA 2.11 ................................................................................................................................ 32
FIGURA 2.12 ................................................................................................................................ 32
FIGURA 2.13 ................................................................................................................................ 33
FIGURA 2.14 ................................................................................................................................ 34
FIGURA 2.15 ................................................................................................................................ 35
FIGURA 2.16 ................................................................................................................................ 36
FIGURA 2.17 ................................................................................................................................ 37
FIGURA 2.18 ................................................................................................................................ 38
FIGURA 2.19 ................................................................................................................................ 39
FIGURA 2.20 ................................................................................................................................ 40
FIGURA 2.21 ................................................................................................................................ 41
FIGURA 2.22 ................................................................................................................................ 41
FIGURA 2.23 ................................................................................................................................ 42
FIGURA 2.24 ................................................................................................................................ 44
FIGURA 2.25 ................................................................................................................................ 43
FIGURA 2.26 ................................................................................................................................ 47
FIGURA 2.27 ................................................................................................................................ 49
FIGURA 3.1 .................................................................................................................................. 53
FIGURA 3.2 .................................................................................................................................. 55
FIGURA 3.3 .................................................................................................................................. 56
FIGURA 3.4 .................................................................................................................................. 57
FIGURA 3.5 .................................................................................................................................. 57
FIGURA 3.6 .................................................................................................................................. 57
FIGURA 3.7 .................................................................................................................................. 58
FIGURA 3.8 .................................................................................................................................. 59
FIGURA 3.9 .................................................................................................................................. 60
FIGURA 3.10 ................................................................................................................................ 63
FIGURA 4.1 .................................................................................................................................. 78
FIGURA 4.2 .................................................................................................................................. 78
FIGURA 4.3 .................................................................................................................................. 79
FIGURA 4.4 .................................................................................................................................. 80
FIGURA 4.5 .................................................................................................................................. 81
FIGURA 4.6 .................................................................................................................................. 82
FIGURA 4.7 .................................................................................................................................. 83
FIGURA 4.8 .................................................................................................................................. 83
FIGURA 4.9 .................................................................................................................................. 84
FIGURA 4.10 ................................................................................................................................ 85
FIGURA 4.11 ................................................................................................................................ 85
FIGURA 4.12 ................................................................................................................................ 86
FIGURA 4.13 ................................................................................................................................ 87
FIGURA 4.14 ................................................................................................................................ 88
FIGURA 4.15 ................................................................................................................................ 89
FIGURA 4.16 ................................................................................................................................ 90
FIGURA 4.17 ................................................................................................................................ 91
FIGURA 4.18 ................................................................................................................................ 91
FIGURA 4.19 ................................................................................................................................ 92
FIGURA 4.20 ................................................................................................................................ 92
FIGURA 4.21 ................................................................................................................................ 93
FIGURA 5.1 .................................................................................................................................. 96
FIGURA 5.2 .................................................................................................................................. 96
FIGURA 5.3 .................................................................................................................................. 97
FIGURA 5.4 .................................................................................................................................. 97
FIGURA 5.5 .................................................................................................................................. 98
FIGURA 5.6 .................................................................................................................................. 98
FIGURA 5.7 .................................................................................................................................. 99
FIGURA 5.8 .................................................................................................................................. 99
FIGURA 5.9 .................................................................................................................................. 99
FIGURA 5.10 .............................................................................................................................. 100
FIGURA 5.11 ............................................................................................................................... 101
FIGURA 5.12 ............................................................................................................................... 101
FIGURA 5.13 .............................................................................................................................. 102
FIGURA 6.1 ................................................................................................................................ 106
FIGURA 6.2 ................................................................................................................................ 107
FIGURA 6.3 ................................................................................................................................ 108
FIGURA 6.4 ................................................................................................................................ 109
FIGURA 6.5 ................................................................................................................................ 109
FIGURA 6.6 ................................................................................................................................ 110
FIGURA 6.7 ................................................................................................................................ 111
FIGURA 6.8 ................................................................................................................................ 112
FIGURA 6.9 ................................................................................................................................ 113
GRFICO 3.1 ................................................................................................................................ 67
GRFICO 3.2 ................................................................................................................................ 67
GRFICO 3.3 ................................................................................................................................ 68
GRFICO 3.4 ................................................................................................................................ 68
GRFICO 3.5 ................................................................................................................................ 69
GRFICO 3.6 ................................................................................................................................ 70
GRFICO 3.7 ................................................................................................................................ 71
GRFICO 3.8 ................................................................................................................................ 72
TABELA 3.1 .................................................................................................................................. 73
TABELA 3.2 .................................................................................................................................. 74
Sumrio
INTRODUO ............................................................................................................................... 12
1. A HISTRIA DA RUA DR. JORGE MIRANDA ................................................................................ 14
1.1 Localizao ......................................................................................................................... 15
1.2 Instituies Importantes .................................................................................................... 15
1.2.1 Capela da Polcia Militar ............................................................................................. 15
1.2.2 Regimento de polcia montada 9 de julho .............................................................. 16
1.2.3 Escola Tcnica Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo ................................................. 18
1.2.4 Mosteiro da Luz e Museu de Arte Sacra ..................................................................... 19
1.3 Mapas Histricos ............................................................................................................... 20
1.4 Consideraes .................................................................................................................... 22
2. ESPAO URBANO: FUNES E UTILIZAES............................................................................. 23
2.1 O espao urbano: reflexes sobre usos e funes da rua ................................................. 24
2.2 O Mobilirio Urbano .......................................................................................................... 28
2.2.1 Inovaes em mobilirio urbano ............................................................................... 34
2.3 Arborizao Urbana ........................................................................................................... 36
2.4 Acessibilidade em Caladas ............................................................................................... 39
2.4.1 Piso especial de orientao ao pedestre ................................................................... 41
2.5 A Supresso das Vagas de Rua e Alternativa do Estacionamento Vertical ......................... 42
2.5.1 O caso do projeto Primavera das Caladas ................................................................ 46
2.6 Hidrulica, Eltrica e Gasodutos urbanos .......................................................................... 48
2.7 Contato com Sabesp, Comgs e Eletropaulo ..................................................................... 51
3. ESTUDOS DE MAPAS E PESQUISAS DE CAMPO ......................................................................... 52
3.1 As novas diretrizes do Plano Diretor e a Proposta de Reurbanizao da Rua Dr. Jorge
Miranda ................................................................................................................................... 53
3.2 Anlise do mapa de prefeitura ........................................................................................... 58
3.3 Mapa de Usos .................................................................................................................... 62
3.4 Mapa amplo da regio ....................................................................................................... 63
3.5 Mobilidade Urbana ............................................................................................................ 64
3.6 Contabilizao dos elementos urbanos ............................................................................. 72
3.7 Estudo de trfego .............................................................................................................. 74
3.8 Estudo do fluxo dos pedestres ........................................................................................... 75
4. ESTUDOS DE CASO: AS RUAS DE SO PAULO ............................................................................ 76
4.1 Dos estudos ....................................................................................................................... 77
4.1.1 Rua So Bento............................................................................................................. 77
4.1.2 Rua Vinte e Quatro de Maio ....................................................................................... 79
4.1.3 Rua Santa Ifignia ....................................................................................................... 81
4.1.4 Rua Sete de Abril ........................................................................................................ 84
4.1.5 Elevado Presidente Artur da Costa e Silva .................................................................. 85
4.1.6 Avenida Ipiranga ......................................................................................................... 86
4.1.7 Rua Avanhandava ....................................................................................................... 89
5. O PROCESSO DE MODELAGEM ................................................................................................. 94
5.1 O que a Modelagem no Autodesk Revit.......................................................................... 95
5.2 Modelagem da Rua ........................................................................................................... 95
5.2.1 Mtodos Testados ...................................................................................................... 98
5.2.2 Em visita FEICON .................................................................................................... 102
5.3 Estudo de campo Rua Dr. Jorge Miranda ..................................................................... 103
5.4 Proposta da Matriz Urbana ............................................................................................. 103
6. O PROJETO DE REURBANIZAO ............................................................................................ 105
6.1 Inspirao ........................................................................................................................ 106
6.1.1 O caso especial dos Parklets ..................................................................................... 110
6.2 O projeto de reurbanizao da Rua Dr. Jorge Miranda .................................................... 114
6.3 Apresentao de modelos da Rua Dr. Jorge Miranda modificada ................................... 117
CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................. 118
REFERNCIAS ............................................................................................................................. 120
ANEXOS ...................................................................................................................................... 125
INTRODUO
A questo da mobilidade urbana em uma cidade como So Paulo vem
adquirindo ano aps ano, cada vez mais destaque nos cenrios polticos e de
discusso entre cidados a respeito da validade ou no de medidas tomadas
recentemente acerca do tema. Dentre essas medidas, podem-se destacar
aquelas introduzidas e/ou em estudo pela gesto do prefeito Fernando Haddad,
as quais vo desde a expanso da malha cicloviria e das faixas exclusivas de
nibus pela cidade, at projetos mais audaciosos, como, por exemplo, a reduo
da velocidade mxima de vias importantes do municpio (como as Marginais),
visando o aumento da velocidade mdia pela diminuio de acidentes, e a
expanso de caladas, visando a criao de trajetos acessveis a pedestres.
Visando este aspecto de criao de medidas que valorizam a mobilidade
urbana na cidade, o estudo aqui presente se manifesta de forma a dar corpo e
volume a aes que incentivam o uso das ruas, principalmente, pelos cidados
pedestres, no apenas como forma de trajeto, mas tambm para convvio e
interao sociais. Assim sendo, pode-se dizer que a inteno deste, por meio da
construo virtual da Rua Dr. Jorge Miranda no bairro da Luz, regio central
da cidade de So Paulo em plataforma BIM e seu subsequente projeto de
reurbanizao produzido concomitantemente, demonstrar como uma rua que,
atualmente, se encontra em situao de quase abandono, sem grande fluxo de
pessoas e veculos (fora ocasies especiais), servindo apenas como espao de
estacionamento destes ltimos, pode-se transformar em um espao de lazer
inserido na prpria cidade, proporcionado ao mesmo tempo um passeio
aprazvel aos transeuntes da regio.
Por meio de pesquisas relacionadas ao tema, um dos objetivos principais
do estudo foi o de compreenso do funcionamento do planejamento urbano,
analisando as formas inovadoras de calamentos de vias e de instalaes
subterrneas, fazendo tambm uso de mtodos de estudo de trfego para que
se alcanasse o estgio de modelagem tridimensional da via e de seu
subterrneo, contendo os elementos urbansticos necessrios, alm de uma
interveno cultural, idealizada pelo grupo e que caracterizasse a regio.
A escolha do objeto de estudo como sendo a Rua Dr. Jorge Miranda
justificada principalmente devido sua situao atual, alm da proximidade e
convivncia com os autores deste projeto. Estando localizada ao lado da
instituio de ensino da qual provm o presente trabalho, percebe-se como faz
parte da realidade de centenas de pessoas que nela estudam e que vivenciam
diariamente as dificuldades encontradas em sua passagem. Sendo assim, este
um fator de imensa importncia na seleo desta rua para o desenvolvimento
do estudo uma vez que o grupo possui conhecimento dos aspectos fsicos da
mesma, alm de ideias e projetos que poderiam se tornar exequveis sobre ela.
Parte-se, portanto, do entendimento de que os governos que aplicam
medidas pblicas de revitalizao dos espaos urbanos das cidades brasileiras
ainda no perceberam a importncia histrico-cultural da regio em que se
encontra a rua, e nem mesmo da relevncia de se alterar sua atual situao, a
qual pode ser compreendida como rua de passagem, para uma realidade
constatada como rua de lazer/vivncia/convivncia/cultura. Assim, acredita-se
que o projeto de reurbanizao da Rua Dr. Jorge Miranda seja de grande valor
para a regio em que se encontra e tambm que a modelagem da mesma em
plataforma BIM inaugure um novo mtodo de mapeamento e registro pblico das
situaes atuais das ruas da cidade de So Paulo.
A histria da Rua Dr.
Jorge Miranda
1
15
1.1 Localizao
A Rua que ser o objeto de estudo deste trabalho a Rua Dr. Jorge
Miranda Luz, So Paulo. Abrange desde o cruzamento com a Avenida
Tiradentes, at o cruzamento com a Rua da Cantareira.
Figura 1.1 Mapa de localizao da Rua Dr. Jorge Miranda. Extrada de: Google Earth
Pro (2002).
1.2 Instituies importantes
A Rua Dr. Jorge Miranda sofre grande influncia de algumas instituies
como a Capela da Policia Militar, a Cavalaria da Polcia Militar e a Escola Liceu
de Artes e Ofcios, alm do Museu de Arte Sacra.
1.2.1 Capela da Polcia Militar
A Capelania da Polcia Militar, edifcio de mbito religioso localizado na
esquina da Rua Dr. Jorge Miranda com a Rua Guilherme Maw, foi construda em
1942 e dedicada a Santo Expedito, o santo das causas impossveis. Sabe-se
que a histria dessa figura catlica se destaca por sua participao no exrcito
romano antigo, o que justifica a localizao da capela em uma rea
majoritariamente militar, rodeada pela cavalaria e por centros controladores e
tticos da Polcia Militar do Estado de So Paulo e do Batalho de Choque. A
arquitetura do prdio remete s construes da Igreja Catlica, principalmente,
do perodo da Idade Mdia, com arcos ogivais, roscea e grandes vitrais
16
coloridos, uma caracterstica de muitas igrejas que, mesmo construdas no
sculo passado, ainda seguiram a arquitetura gtica como um padro.
Tal instituio faz uso da Rua Dr. Jorge Miranda para realizao de
procisses, geralmente no dia 19 de abril, data em que a festa do santo padroeiro
da capela comemorada, levando para a rua um grande contingente de fiis
(mais de 100 mil pessoas) e vendedores ambulantes de diversos tipos de
comidas, flores e artigos religiosos. A festa conta com apoio da Polcia Militar do
Estado de So Paulo e tambm do corpo de Bombeiros, atuando na segurana
e na organizao do evento.
Figura 1.2 Procisso em 19 de abril de 2015, na Rua Dr. Jorge Miranda, apoiada pela
Polcia Militar e pelo Corpo de Bombeiros. Disponvel em: Pgina em rede social, Diego
Monteiro (acesso em 20/05/2015 23:32)
Dirigida desde 2003 at 31 de janeiro de 2015 pelo proco Osvaldo
Palpito, tenente-coronel da PM, formado em Teologia e Direito, a igreja sofreu
mudanas. O padre est sendo investigado pela Corregedoria da Polcia Militar por
um suposto desvio de dinheiro da Capelania Militar da corporao. Desde ento, as
missas so celebradas por padres convidados.
1.2.2 Regimento de polcia montada 9 de julho
Em 1831 foi fundada a Fora Pblica do Estado de So Paulo mais tarde
chamada Polcia Militar e, ento, o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar
designou 130 homens para compor o efetivo que seria responsvel pela
17
Provncia de So Paulo. Deste efetivo, apenas 30 homens pertenciam
cavalaria, fato este, que sofreu mudanas. Fundado em 1892 e designado a ser
o Corpo da Cavalaria, o Regimento 9 de julho contou com um efetivo muito
grande, o que justificou sua movimentao para o Quartel da Luz, onde
atualmente se encontra.
O prdio do Quartel da Luz foi projetado pelo arquiteto Francisco de Paula
Ramos de Azevedo, ex-diretor do Liceu de Artes e Ofcios, o qual o desenhou
utilizando traos marcados por fortalezas da Legio Estrangeira na frica, como
torrees laterais, ameias e guaritas, com linhas retas predominantemente. O
material utilizado na construo foi importado, contando, por exemplo, com
tijolos italianos, portas russas e telhas francesas.
A cavalaria utiliza-se da rua Dr. Jorge Miranda como sada dos cavalos,
contando com semforo para auxiliar a organizao. Alm disso, policiais
militares e alunos da Polcia Militar fazem caminhadas para aquecimento fsico
no entorno do prdio.
Figura 1.3 Detalhe da arquitetura de Ramos de Azevedo, esquina da Rua Dr. Jorge
Miranda com a Av. Tiradentes. Extrada de: Google Street View (dezembro de 2014).
18
1.2.3 Escola Tcnica Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo
O Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo uma instituio de ensino
privada e sem fins lucrativos. Fundada em 1873 por um grupo de aristocratas
pertencentes elite cafeeira nacional, tornou-se referncia na cidade de So
Paulo como escola tcnica profissionalizante. Em 1890, a direo do Liceu foi
assumida pelo arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo (que projetou o
prdio da cavalaria), responsvel por uma nova reforma curricular da escola.
No final do Sculo XIX, a instituio funcionava no atual prdio da
Pinacoteca do Estado de So Paulo. Em 1900, passou a funcionar em seu local
atual.
Figura 1.4 Antigo prdio do Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo (Atual Pinacoteca do
Estado de So Paulo) e atual localizao. Extrada de: Google Maps (acesso em 30/08/2015
17:59).
Alunos e funcionrios da escola utilizam a Rua Dr. Jorge Miranda como
via de acesso estao de Metr Tiradentes e ao ponto de nibus localizado na
Av. Tiradentes.
19
Figura 1.5 Esquina da Rua da Cantareira com a Rua Dr. Jorge Miranda, mostrando a
proximidade da escola. Extrada de: Google Street View (janeiro de 2015).
1.2.4 Mosteiro da Luz e Museu de Arte Sacra
O Mosteiro da Luz foi construdo e fundado em 1774 por Frei Antnio de
Sant'Anna Galvo. Considerada a mais importante construo arquitetnica
colonial do sculo XVIII na cidade, o Mosteiro tombado pelo Iphan, pelo
Condephaat e pelo Conpresp. O prdio tambm o lugar de recolhimento das
Irms Concepcionistas que atualmente dedicam seus dias a oraes e ao
trabalho e vivem em clausura. No mesmo prdio tambm se localiza o Museu de
Arte Sacra de So Paulo, onde est um dos mais importantes acervos do
patrimnio sacro brasileiro. O Museu conta com mais de 800 relquias barrocas
em exposio.
20
Figura 1.6 Entrada do Museu de Arte Sacra, marcado pela arquitetura colonial
barroca. Extrada de: Google Street View (maio de 2014).
1.3 Mapas Histricos
Consultados os mapas da cidade de So Paulo no final do sculo XIX,
pode-se notar que a Rua Dr. Jorge Miranda ainda no existia, no entanto, o
Quartel da Polcia Militar (representado pelo nmero 17) que atualmente
encontra-se no cruzamento da Avenida Tiradentes com a Rua Dr. Jorge Miranda
j se encontrava l. O mapa, de 1895, j mostra a Rua Joo Teodoro e a Rua
So Caetano, ambas paralelas a Rua Dr. Jorge Miranda.
Figura 1.7 Mapa da Cidade de So Paulo em 1895. Extrada de: Planta da Cidade de
So Paulo, por Hugo Bonvicini. Arquivo Pblico do Estado de So Paulo, Memria Pblica.
21
Em mapas do incio do sculo XX, a rua em questo j aparece, bem
como o Hospital Militar. De acordo com o Livro Comemorativo do Liceu de Artes
e Ofcios, cujo exemplar encontra-se na biblioteca da FAU USP (Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo), as oficinas da escola
j estavam instaladas no cruzamento da Rua Dr. Jorge Miranda com a Rua da
Cantareira a partir de 1900, entretando, em mapas de 1905 a mesma ainda no
mostrada.
Figura 1.8 Mapa da Cidade de So Paulo em 1905. Extrada de: Planta Geral da Cidade de
So Paulo, por Alexandre Cococi e Luiz Fructuoso. Arquivo Pblico do Estado de So Paulo,
Memria Pblica.
Nas imagens de 1913, a escola Liceu de Artes e Ofcios j apresentada
em seu terreno atual (85), todavia, o Ginsio da instituio ainda funcionava na
atual Pinacoteca do Estado de So Paulo (83). Tambm possvel verificar a
existncia de duas travessas da Rua Dr. Jorge Miranda: A Rua Alfredo Maia e a
Rua do Quartel (atual Rua Guilherme Maw), alm da Vila residencial S Barbosa.
22
Figura 1.9 Mapa da Cidade de So Paulo em 1913. Extrada de: Planta Geral da Cidade de
So Paulo, por Alexandre Cococi e Luiz Fructuoso. Arquivo Pblico do Estado de So Paulo,
Memria Pblica.
1.4 Consideraes
A Rua em estudo possui mais de 110 anos com esse nome, e via de
acesso para importantes instituies. Atualmente sua situao razovel, e
cabe uma reurbanizao na mesma.
23
Espao Urbano:
Funes e Utilizaes
2
24
2.1 O espao urbano: reflexes sobre usos e funes da rua
Os espaos pblicos tm como suas principais funes serem lugares de
encontro, comrcio e circulao. Tambm servem para estruturar as formas de
desenvolvimento da cidade e suas relaes, alm de ser a prpria imagem das
dinmicas urbanas. Visto a sua importncia, possvel atribuir a eles um status
de ordenadores urbanos e, portanto, clara a importncia do projeto dos
espaos pblicos.
Com a evoluo dos meios de transporte, o desenvolvimento das cidades
mudou, pois, devido incluso de novas categorias de transporte, as formas das
cidades foram alteradas, assim como as relaes, que implicam na
transformao dos meios pblicos, coletivos.
Aps essa mudana, a cidade passa a necessitar de uma hierarquizao
de suas estruturas e uma organizao mais formal, fatores que so fundamentais
para seu correto desempenho. Segundo Rappoport1, cidade formada pelos
espaos privados, pelos espaos semi-pblicos e pelos espaos pblicos, e
somente sobre os espaos pblicos que h a possibilidade de organizao e
ordenamento das atividades. O projeto destes, portanto, utiliza elementos que
no so referentes aos espaos privados e s edificaes neles presentes.
As vias pblicas so as partes mais ntidas dos elementos morfolgicos
constituintes de uma cidade. Elas se situam sobre a geografia natural do local,
e, portanto, dispem a hierarquia dos elementos que se situam naquele lugar.
funo da via pblica dar suporte a atividades como o transporte motorizado,
atividades econmicas, lazer e relaes sociais. Quando so integradas todas
essas atividades, cria-se a chamada esfera pblica urbana, espao de atuao
dos projetos de (re)urbanizao.
Alm disso, as vias tm como funo formar um sistema para o
deslocamento sobre o territrio conectando as vrias partes de uma regio e
sobre esse sistema que os espaos pblicos, a habitao, os equipamentos
sociais e de lazer, e os setores produtivos podem se desenvolver.
1 RAPOPORT, Amos. Arquiteto polons formado pela Universidade de Melbourne, que discorre sobre as funes das formas na cidade.
25
A partir do exposto, percebe-se que as vias pblicas e seu planejamento
devem ser tratados como elemento fundamental para o espao urbano, para
que, dessa forma, por meio de projetos que busquem a urbanizao destes
espaos, se consiga valorizar e qualificar os mesmos, visto que, se forem
tratadas apenas como suporte aos veculos (em sua grande maioria, individuais),
haver uma perda na urbanidade das vias pblicas. Portanto, busca-se um
espao pblico que no apenas d suporte aos deslocamentos das pessoas,
mas tambm que seja adequado para as atividades urbanas e a suas funes.
Ainda no que se trata da problematizao das vias pblicas cotadas para
o deslocamento de massas, em sua obra de Desenho urbano, Cliff Moughtin2
separa a via em duas definies: Road e Street. Road est vinculado
diretamente engenharia de trfego, ou seja, nesse caso a via tem seu uso
visando o suporte ao trfego, enquanto que Street se refere ao projeto urbano,
ou seja, um olhar que percebe a via como instrumento de integrao.
Sendo assim, de todas as nomenclaturas que podem ser utilizadas para
definir Street, rua aquela que mais se aproxima de sua traduo, por conter
a ideia de que a via pblica tem uma caracterstica humanizada que contempla
as questes sociais da esfera pblica, alm das estruturas fsicas dos elementos
formadores do espao pblico.
2 MOUGHTIN, Cliff. Professor formado em arquitetura e premiado pela University of Liverpool.
Figura 2.1 - Exemplo da
concepo de road, via
com uso exclusivo de
suporte ao trfego.
Disponvel em:
https://www.google.com.
br/search?q=road+stree
t&es (acesso em
02/05/2015 12:11).
26
Figura 2.2 - Exemplo da concepo de street, via que d suporte presena de pedestres e
mobilirio urbano. Disponvel em: http://simplymaya.com/forum/showthread.php?t=40695
(acesso em 02/05/2015 12:17).
O principal meio de deslocamento sobre o territrio so, atualmente, os
veculos motorizados e isso tem relao direta com a degenerao das funes
e dos significados das vias pblicas. Agravando a situao, um fator importante
que contribui para essa degenerao so os prprios projetos urbanos e
manutenes que atualmente, em sua maioria, priorizam os veculos enquanto
deixam os cidados pedestres de lado e, dessa forma, criado um conflito entre
pessoas e automveis pela ocupao do espao pblico.
Figura 2.3 - Exemplo da m convivncia paulistana entre mototristas e pedestres, gerada, em
grande parte, pela prioridade dado aos veculos nos espaos pblicos. Foto disponvel em:
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/4045-1-dia-de-multas-por-desrespeito-aos-pedestres
(acesso em 02/05/2015 12:31).
27
Na cidade de So Paulo, clara a preferncia tcnica e poltica para com
os veculos, graas grande quantidade destes no sistema de mobilidade
urbana, alm da sua importncia no que tange ao desenvolvimento econmico
da cidade, uma vez que estes veculos transportam milhes de pessoas todos
os dias para seus locais de trabalho. Foi a partir da dcada de 1970, que passou
a ser possvel observar a transformao da paisagem paulistana para algo mais
acomodado ao transporte sobre rodas. Essa transformao, que diminui a
funo urbana das vias para ser simplesmente um eixo virio, transforma
tambm a paisagem em simples caminho. O resultado disso uma perda na
urbanidade, a transformao de praas em estacionamentos, a destruio da
arborizao urbana, a impermeabilizao do solo, a perda da qualidade de
iluminao pblica, a degradao do mobilirio urbano e a substituio do
espao humano pelo espao do motor.
Com base na problematizao da preferncia pelos automveis, novos
modelos de projetos de reurbanizao esto sendo elaborados, visando
retomada da predominncia humana nas vias. Para esses projetos devem ser
levados em conta diversos fatores prprios da rua em questo, e que se diferem
em cada caso, para que se possa ter uma noo correta do necessrio a se fazer
no local. Esses fatores so a densidade de usurios, a diversidade de uso, a
integrao entre o veculo e o pedestre, a configurao formal, e o contexto de
implantao local. Levando em conta esses fatores pode-se ter uma viso mais
apropriada para uma possvel interveno sobre o local.
Kevin Lynch3 explica que, ao desenhar uma via deve-se levar em conta o
comeo e o trmino do trajeto, entretanto quando se entende a via como uma
srie de espaos conectados e no somente um trajeto, cria-se a possibilidade
da permanncia de pessoas, das prticas sociais e de manifestao da vida
urbana, algo que tambm segundo Lynch, significa remeter o desenho no
somente via, mas estend-lo tambm praa pblica.
No caso da rua aqui estudada, Dr. Jorge Miranda, tanto a observao dos
fatores explicados acima como tambm a noo de Lynch sobre o desenho de
3 LYNCH, Kevin. Urbanista e escritor graduado pelo Massachusetts Institute of Technology, em 1947.
28
vias foram aspectos analisados para a determinao das direes do projeto de
reurbanizao. Pde-se perceber que, nessa via, tanto a densidade de usurios
quanto a integrao entre veculos e pedestres so mnimas, uma vez que ela
no se trata de um eixo de desenvolvimento urbano, e, portanto, no se configura
como um espao de permanncia ou interao humana.
Cumprindo, atualmente, funo de estacionamento a cu aberto, a rua Dr.
Jorge Miranda no possui uma boa infraestrutura para o deslocamento dos
pedestres e os nicos elementos que provam como as caladas ainda so
utilizadas por transeuntes so as poucas faixas de pedestres que cruzam a via
de um lado para o outro. Alm disso, de fcil percepo que a maioria do
pblico que passa por essas caladas so os alunos da instituio estudantil
Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo (LAOSP) e as pessoas que trabalham
para as instituies militares presentes na via. Tanto os alunos, quanto os
militares ocupam esse espao devido ao seu deslocamento deste a estao de
metr Tiradentes, at os seus locais de trabalho/estudo, o que caracteriza a rua
como um espao exclusivo de passagem.
Alm disso, o contexto de implantao da Rua Dr. Jorge Miranda na
regio central de So Paulo um espao degradado e prximo Cracolndia
tambm um fator que explica a atual inutilizao humana da via, bem como
direciona as ideias de um projeto de reurbanizao, que retome no somente a
paisagem, mas tambm a vida social no local. Esse tipo de projeto, juntamente
com programas sociais de reabilitao das reas centrais da cidade, permitiria
uma retomada humanizada do espao o qual os paulistanos, atualmente,
temorizam, compreendido como centro.
2.2 O Mobilirio Urbano
Por definio, o mobilirio urbano a coleo de artefatos implantados
no espao pblico da cidade, de natureza utilitria ou de interesse urbanstico,
paisagstico, simblico ou cultural4.
Sendo assim, podemos perceber que o mobilirio urbano vai desde os
bancos de praas e postes de iluminao at os grandes pontos de nibus e
4 Definio extrada do site do governo do Rio de Janeiro.
29
que, alm disso, varia muito de espao a espao quanto ao seu principal objetivo,
podendo ser cultural, paisagstico, urbanstico ou simblico.
Uma cidade como So Paulo possui um mobilirio urbano extremamente
diversificado, como postes de iluminao com estilo do sculo XIX (nas reas
centrais) at elementos como orelhes, bancas de jornal, totens informativos,
pontos de nibus (estes que vm passando por uma reurbanizao desde o
incio de 2014, sendo os antigos substitudos por outros de estilo moderno e
inovador), bancos de praas, lixeiras, relgios, placas de trnsito e outros.
J uma cidade litornea, por exemplo, pode possuir todos os elementos
citados anteriormente, porm quase como uma regra tradicional a existncia
Figura 2.6 - Banca de jornal no centro de
So Paulo. Disponvel em:
www.imovelbrasil.net (acesso em
04/04/2015 11:58).
Figura 2.5 - Novo modelo de ponto de nibus na
cidade de So Paulo. Disponvel em:
http://criticaseatitudes.com.br/?p=354
(acesso em 04/04/2015 11:32).
Figura 2.4 - Modelo antigo de pontos de
nibus de So Paulo. Disponvel em:
http://www.sinaprosp.org.br/visualizar_noticia.
php?id_noticia=605 (acesso em: 04/04/2015
11:40).
Figura 2.7 - Totem informativo na regio da
Liberdade (So Paulo). Disponvel em:
http://imprensa.spturis.com.br (acesso em
04/04/2015 11:46).
30
de quiosques em suas avenidas beira-mar e nas orlas de suas praias. Sem
dvida que os quiosques no so um elemento restrito s praias e que podem
ser implantados em cidades interioranas (pode-se perceb-los na prpria cidade
de So Paulo, em bairros bomios ou praas de alimentao de shoppings),
porm eles so uma marca registrada da paisagem litornea. Tradicionalmente,
os quiosques so elementos de intensa participao na ocupao de caladas,
uma vez que suas mesas e cadeiras tm grande representatividade no espao
urbano, constituindo ambientes agitados e caractersticos de determinadas
regies das cidades (s vezes, at mesmo interferindo no fluxo de pedestres nas
caladas).
Figura 2.8 - Quiosque na regio da Vila Madalena (bairro bomio de So Paulo). Disponvel
em: http://cafepasa.blogspot.com.br/2013/05/sao-paulo-para-quem-gosta-de-comer-e.html
(acesso em: 04/04/2015 12:11).
Figura 2.9 - Quiosque de praia na cidade de Santos (litoral de So Paulo). Disponvel em:
http://www.diariodolitoral.com.br/conteudo/5765-precos-altos-em-quiosques-de-santos-geram-
polemica (acesso em 04/04/2015 - 12:15).
31
Tambm pode-se facilmente perceber que a questo dos mobilirios
urbanos nunca deixa de estar em pauta, principalmente nas grandes cidades,
em cujas ruas a manuteno destes elementos de extrema importncia para o
bom funcionamento das cidades como um todo. Problemas como falta de
informao e iluminao, causados por danificaes de elementos do mobilirio
urbano, so um dos principais problemas apresentados, sobretudo, pelas
grandes metrpoles do Brasil e do mundo, uma vez que podem causar danos
maiores nas regies afetadas, como por exemplo, uma rua mal iluminada que
passa a ser temida por sua periculosidade e, conseguintemente, acaba se
tornando deserta pela falta de um fluxo contnuo de pedestres.
Sendo assim, pode-se perceber que os mobilirios urbanos constituem
uma questo vital para as cidades, no s no quesito paisagstico (uma regio
que teve a implantao do mobilirio urbana planejada e mantm a sua
manuteno , sem dvida, mais bela e mais aprazvel de se olhar), mas tambm
no que tange a segurana e a informao dos transeuntes.
Uma questo muito importante a que aborda o vandalismo e a
depredao do mobilirio urbano. Por vezes ouvimos notcias de que, aps
alguma manifestao, os pontos de nibus, os postes de iluminao, as lixeiras,
os totens informativos ficam destrudos e fora de condies de uso.
Figura 2.10 - Rua Oscar freire
em So Paulo, aps passar por
uma reforma tambm no
mobilirio urbano.
Disponvel em:
http://engvagnerlandi.com/2011
/04/10/fiacao-aerea-o-grande-
desafio-torna-la-subterranea/
(acesso em 07/04/2015
23:28).
32
No entrando na questo da legitimidade ou no dos atos, pode-se
perceber que as prefeituras tm de arcar com os prejuzos e, muitas vezes, a
reimplantao ou reforma destes elementos no se mostra to eficiente assim.
Tendo em vista essa questo, claro o fato de que os mobilirios urbanos
devem ser planejados para resistir e at mesmo no incentivar esses atos
depreciativos. Da, tomando como exemplo as lixeiras implantadas na cidade de
So Paulo desde 2012, pode-se exemplificar duas alternativas de resoluo para
a questo do vandalismo contra estes elementos e da sua superlotao (quando
no feita a manuteno, ou seja, o recolhimento do lixo).
I. NOVO ESTILO SIMPLIFICADO:
Recentemente, um novo modelo de lixeiras tem sido implantado em cidades
europeias, como Paris, e em So Paulo: a lixeira sem cesto. Este um
modelo prtico e incrivelmente simples, constitudo unicamente por um aro
em volta dos postes de iluminao e um saco plstico preso a este aro.
Figura 2.11 - Lixeira de plstico vandalizada no
centro de So Paulo. Disponvel em:
www.trilhosurbanos.com (acesso em 04/04/2015
12:34).
Figura 2.12 - Lixeira de plstico depredada no
centro de So Paulo. Disponvel em:
http://g1.globo.com/sao-
paulo/noticia/2010/11/vandalos-destroem-15-
das-lixeiras-de-sp-todos-os-anos.html (acesso
em: 04/04/2015 11:12).
33
Figura 2.13 - Novo modelo de lixeira adotado pela prefeitura de So Paulo. Disponvel em:
http://www.saopaulo.com.br/bicicletas-para-catadores-e-lixeiras-contra-vandalismo/ (acesso em
04/04/2015 11:15).
Com este novo arqutipo, a prefeitura de So Paulo pretende suprimir os
gastos pblicos que possui atualmente com a reposio de 7 mil unidades de
lixeiras plsticas por ano. Resta esperar para se verificar a efetividade ou no
de seu funcionamento.
II. LIXEIRAS SUBTERRNEAS:
No que tange a superlotao das lixeiras de plstico, devido, principalmente,
a ineficincia do servio de coleta de lixo, outro sistema tm se destacado
por seu carter inovador: as lixeiras subterrneas. Esse modelo foi aplicado
pela primeira vez em 2011, nas ruas de Paulnia (interior de So Paulo), e
baseado em um coletor de metal acima do nvel do cho, com um canal para
uma cmara subterrnea que pode armazenar alguns dias de deposio de
lixo orgnico ou reciclvel (compartimentos separados). um sistema
inovador no pas, pois trata de uma forma diferenciada a armazenagem do
lixo, anteriormente sua coleta, porm tambm um modelo recente do qual
ainda no se obteve um longo tempo para testar sua eficincia.
34
Figura 2.14 - Lixeiras Subterrneas de Paulnia. Disponvel em:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=902850&page=250v (acesso em 04/04/2015
13:31).
De qualquer maneira, ambos so modelos alternativos para um problema
quanto ao mobilirio urbano que expressam como este um assunto importante
nas cidades e que nunca deixa de ser discutido, sendo que sempre surgem
inovaes e modelos diferenciados para melhorar o abastecimento das cidades
com os elementos necessrios sua manuteno.
2.2.1 Inovaes em mobilirio urbano
So Paulo um perfeito exemplo quanto inovaes no mobilirio
urbano, principalmente aps o incio da atual gesto do prefeito Fernando
Haddad. Desde 2013, algumas mudanas vm sendo constatadas no que tange
aos objetos e artefatos implantados no espao pblico e de apoio aos cidados,
mudanas essas que, apesar de no serem notveis e exaltadas como solues
35
para os problemas de descaso com o mobilirio urbano, representam uma
tendncia modernizao dos espaos da cidade, com a implantao de pontos
de nibus, totens informativos e relgios digitais com design moderno e
totalmente diferente dos anteriores.
Ainda seguindo a linha da modernidade, a cidade de Paris apresentou em
agosto de 2012 um projeto de ponto de nibus conceitual, o qual apresentava
desde servios de informao e exibio de fotos histricas da cidade at
espaos para carregadores de celular. Juntamente com o projeto do novo
mobilirio urbano da cidade de Curitiba, o qual se baseou no vidro e nas formas
naturais da Araucria5 para o desenho de novos pontos de nibus, cabines
telefnicas e abrigos para bicicletas, pode-se perceber como a questo da
interao desses elementos e artefatos com as cidades, ao redor do mundo,
de extrema importncia, uma vez que compe a prpria identidade das cidades,
o que justifica a recorrente produo de novos projetos para o mobilirio urbano.
5 rvore da famlia dos pinheiros, caracterstica da regio Sul do Brasil, em especial da cidade de Curitiba.
Figura 2.15 - Mobilirio inteligente de Paris. Disponvel em:
https://digitalsignageportugal.wordpress.com/2012/04/19/mobiliario-urbano-
inteligente-facilita-visitas-a-cidade-luz/ (Acesso em 07/05/2014 19:37)
36
2.3 Arborizao Urbana
Em visita FAU - USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de So Paulo), realizou-se a leitura do livreto Arborizao
Urbana, escrito em 1944, cuja autoria de F. C. Hoerne. J em meados do
sculo XX, havia uma preocupao quanto relao entre o plantio de rvores
nas caladas e a conservao destas, cuidado que, ao longo das dcadas
seguintes, com a exploso demogrfica das cidades brasileiras principalmente
So Paulo foi abandonado em detrimento dos passeios pblicos, que foram
muito danificados devido falta de cuidados tanto no plantio das rvores quanto
na sua manuteno. O livro traz ilustraes prticas quanto a execuo de
simples medidas que suprimiriam problemas hoje enfrentados pelas populaes
urbanas, como caladas rachadas ou at mesmo bloqueadas por razes de
rvores.
Figura 2.16 - Ilustrao de como as rvores devem ficar na calada. Extrada de: F. C. Hoerne,
1944, pg 42.
37
Figura 2.17 - Ilustrao de como deve ser preparada a cova para que as razes no aflorem.
Extrada de: F. C. Hoerne, 1944, pg 42.
O Manual Tcnico de Arborizao Urbana da Prefeitura de So Paulo,
em sua 2 edio de 2005, traz exigncias quanto ao afastamento mnimo
correspondente altura da rvore e o raio de projeo da copa, quanto a
distncia mnima destas em relao aos diversos elementos de referncia
existentes em reas livres pblicas e quanto interferncia no cone de luz
projetado pela iluminao pblica ou na visibilidade de sinalizaes e placas de
identificaes, alm de trazer parmetros para a arborizao de passeios em
vias pblicas, visando espcies e alturas.
Segundo o manual, o posicionamento da rvore no deve obstruir a viso
dos usurios em relao a placas de identificao e sinalizaes pr-existentes
para orientao ao trnsito de veculos, sendo necessrios, portanto, servios
de manuteno, como a poda de galhos, que devem ser realizados pela prpria
prefeitura.
38
Figura 2.18 - Altura em relao rede eltrica e posicionamento das rvores. Extrada de:
Prefeitura de So Paulo, Manual Tcnico de Arborizao Urbana, 2005, pg 16.
Na rua Dr. Jorge Miranda, verifica-se problemas quanto a visibilidade de
placas de trnsito causados pela interferncia de galhos de rvores, os quais
cresceram alm dos limites estipulados para no interposio nas sinalizaes,
problema que poderia ser resolvido com um simples servio de poda, porm que
persiste na realidade paulistana, dado o grande nmero de ocorrncias e a
incapacidade da prefeitrua em resolver esse tipo de problema em toda a cidade.
39
Figura 2.19 - Fotografias autorais do grupo, mostrando a obstruo da placa de trnsito, pela
rvore. No caso, a placa foi colocada depois do plantio da rvore, no entanto, h a
demonstrao do quo inconveniente pode ser uma rvore. Fotografia autoral.
No caso das fotografias obtidas pelo grupo, nota-se um negligncia
maior ainda por parte do servio de instalao das sinalizaes de trnsito, dado
que a placa em questo pode ser considerada recentemente implantada, devido
ao seu estado de conservao, e que a rvore que a est encobrindo um
espcime plantado a vrias dcadas atrs, fato que se pode perceber analisando
sua altura e espessura, em funo do tempo de crescimento desse tipo de
rvore.
2.4 Acessibilidade em caladas
A prefeitura da cidade de So Paulo, por meio do novo Plano Diretor
Estratgico (PDE), mencionado anteriormente, definiu um novo padro para as
caladas da cidade, o qual permitiria a coexistncia de pedestres, elementos do
mobilirio urbano e objetos de uso das construes existentes nos lotes
presentes nas ruas. Essa padronizao visa dividir as caladas em duas ou trs
faixas, como mostra a imagem.
40
Figura 2.20 Faixas das caladas. Extrada de: Coordenao das subprefeituras de So
Paulo, Conhea as regras para arrumar a sua calada.
A primeira faixa destinada colocao de rvores, rampas de acesso
para veculos ou portadores de deficincias fsicas, alm de postes de
iluminao, sinalizao de trnsito e mobilirio urbano, sendo esta a faixa de
servio, ou seja, onde se localizam os elementos necessrios mobilidade,
acessibilidade e qualidade de vida nos espaos pblicos da cidade.
A segunda faixa, denominada faixa livre, destinada exclusivamente
circulao, e sendo assim, deve estar totalmente livre de desnveis e obstculos.
necessrio que seja contnua, isto , livre de emendas ou fissuras, alm de
possuir largura mnima de um metro e vinte centmetros para a devida
passagem dos pedestres sem ocorrncia de problemas ou interrupes no fluxo
e ser regular e antiderrapante, visando a preveno de acidentes com os
transeuntes.
A terceira faixa, cuja existncia no obrigatria, peculiarmente
destinada a um apoio propriedade, uma vez que se trata de uma faixa de
acesso. Nela podem se configurar rampas de acesso para veculos, toldos de
proteo contra o sol, placas e chamadas de propagandas e moblias mveis.
41
2.4.1 Piso especial de orientao ao pedestre
A norma ABNT NBR 9050 estabelece critrios e parmetros tcnicos a
serem observados no projeto, construo, instalao e adaptao de
edificaes, mobilirio, espaos e equipamentos urbanos s condies de
acessibilidade, tratando inclusive de pisos tteis. Segundo esta norma, piso ttil
aquele caracterizado pela diferenciao de textura em relao ao piso
adjacente, destinado a constituir alerta ou linha direcional, perceptvel por
pessoas com deficincia visual.
O piso ttil de alerta avisa o deficiente acerca da mudana de direo, e
o atenta necessidade do cuidado no trajeto, consistindo, para tanto, em placas
de borracha antiderrapantes e superfcie em relevo. Deve ser aplicado
perpendicularmente ao sentido do deslocamento e garantida a continuidade das
placas.
Figura 2.21 Piso ttil de alerta. Disponvel em: http://www.pisotatilborracha.com.br/#!piso-
tatil/ckra (acesso 26/08/2015 - 11:20).
O piso ttil direcional possui superfcie emborrachada em relevo que, por
sua vez, orienta o deficiente em seu percurso, evitando que o mesmo se perca
ou escorregue devendo, portanto, ser instalado no sentido do percurso.
Figura 2.22 Piso ttl direcional. Disponvel em: http://www.pisotatilborracha.com.br/#!piso-
tatil/ckra (acesso 26/08/2015 - 11:22).
42
Segundo a cartilha de divulgao do novo PDE, distribuda pela prefeitura,
a responsabilidade da implantao de rampas de acesso em esquinas, para uso
de pessoas com deficincias motoras de mobilidade, de exclusividade das
subprefeituras. As esquinas, por se tratarem de pontos principais de uma calada
devem estar desobstrudas, permitindo tanto a circulao quanto a permanncia
de pedestres.
Figura 2.23 Rampas de acesso em esquinas. Extrada de: Prefeitura de So Paulo,
Caladas Como ficam as esquinas?.
Ainda conforme a cartilha, o mobilirio de grande porte, como bancas de
jornal, tem de ficar a 15 metros das esquinas e os mobilirios de mdio e
pequeno porte como telefones, lixeiras, entre outros, precisam ficar a 5 metros
da mesma.
2.5 A Supresso das Vagas de Rua e a Alternativa do Estacionamento
Vertical
Um dos principais objetivos deste trabalho o de demonstrar como
possvel a supresso das vagas de carros presentes ao longo da Rua Dr. Jorge
Miranda, as quais esto na maior parte do tempo ocupadas com veculos cujos
donos trabalham na prpria rua ou em seu entorno, quando no por veculos
abandonados, que no desocupam o espao h anos.
evidente que, em se tratando de uma rea militar, com uma linha de
metr adjacente (presena da estao Tiradentes da Linha 1 Azul do metr,
na esquina com a Av. Tiradentes), os espaos da rua ocupados hoje por
centenas de carros no deveriam possuir esta, como sua principal finalidade.
43
Essa afirmao reforada pelo fato de que o trfego de militares no sistema
metropolitano de trilhos j recorrente e normal na cidade de So Paulo, ou seja,
os poucos que persistem em se deslocar at seu local de trabalho com
automveis particulares e, assim, perpetuar a utilizao da Rua Dr. Jorge
Miranda como um estacionamento a cu aberto, poderiam agir como os demais
indivduos que se ocupam do transporte pblico como modo de deslocamento
dirio, contribuindo assim para a liberao do espao da rua visando uma
utilizao diferenciada e mais voltada aos pedestres circulantes.
No entanto, tambm de conhecimento geral que modificar a conscincia
de um coletivo acostumado com determinadas rotinas e hbitos particulares, que
beneficiam a si prprios, , na maioria das vezes, uma tarefa de extrema
dificuldade e, talvez, impossvel de ser alcanada, devido a diversos fatores
socioeconmicos que coagem na determinao de certas ideologias seguidas
por esses grupos.
Sendo assim, pensando em uma grande possibilidade de haver falta de
adeso, por parte, principalmente, dos militares, na proposta de substituio do
meio de transporte particular em favor do coletivo (que no ocupa reas as quais
poderiam ser utilizadas como espaos de convivncia das ruas da cidade, por
exemplo), foi feita uma pesquisa com mtodos alternativos de conciliao entre
as pessoas que insistem em manter o uso de automveis e a liberao de
espao da Rua Dr. Jorge Miranda.
Uma das alternativas encontradas, o estacionamento vertical, um tipo
de edifcio garagem em que a conduo dos automveis mecanicamente
automatizada. O usurio no possui acesso ao interior do edifcio assim como
os funcionrios, uma vez que os veculos so levados at as vagas por
equipamentos robotizados. Os modelos deste tipo de edifcio dispensam lajes
para pisos e outros elementos por se utilizarem de estruturas metlicas na sua
sustentao. O modelo conhecido por Sistema de Estacionamento Modular
Automatizado.
Atualmente, h no mercado o modelo de sistema com mdulo lateral, o
qual suporta de 2 a 4 automveis por pavimento e rende 11,25 m/vaga, e o com
44
mdulo circular, que, por sua vez, suporta de 4 a 12 automveis por pavimento,
sendo que este rende 17,20 m/vaga.
Figura 2.24 - Sistema modular lateral, sistema modular duplo, sistema modular circular
com 4 vagas e sistema modular circular com 12 vagas. Disponvel em:
http://wwwo.metalica.com.br/o-que-sao-e-como-funcionam-os-estacionamentos-verticais
(Acesso em 20/08/2015 - 14:16).
45
Figura 2.25 - Mdulo construtivo. Disponvel em: http://wwwo.metalica.com.br/o-que-
sao-e-como-funcionam-os-estacionamentos-verticais (Acesso em 20/08/2015 - 14:16).
A tecnologia apresenta como benefcio a reduo da rea ocupada por
cada automvel, alm da reduo do p direito, otimizao do espao
(descartando o uso de elevadores, escadas e rampas), bem como ventilao e
condicionamento de ar, e estruturas convencionais de concreto armado. Por se
tratar de uma edificao industrializada h uma forte racionalizao dos perfis
de estrutura metlica, configurando um importante aspecto que se leva em conta
atualmente nos processos construtivos, a sustentabilidade.
Estudando o caso da Rua Dr. Jorge Miranda, o estacionamento vertical
poderia ser construdo no terreno ocupado atualmente pelo estacionamento
conveniado com as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) da Polcia
Militar do Estado de So Paulo, que conta com 163 vagas de automveis
nmero averiguado com a guarita do estacionamento em visita ao mesmo. Esse
convnio restringe o uso do espao somente aos militares pertencentes ROTA
e Polcia Militar, ou seja, as vagas (as quais esto dispostas ao longo de um
terreno de comprida extenso, somente no nvel do trreo, sem subterrneos ou
demais pavimentos) no esto disposio de qualquer cidado que procure
uma vaga para estacionar seu automvel.
46
Portanto, o estacionamento vertical poderia se configurar em uma
alternativa para melhor aproveitamento do terreno, por meio da execuo de
mais de um pavimento para disposio de vagas de automveis (subterrneos
ou acima do nvel da terra), e tambm para amenizar provveis discordncias
que surgiriam a partir da supresso das vagas de rua, por parte dos motoristas
que, antes, deixavam seus veculos naqueles espaos.
2.5.1 O caso do projeto Primavera das Caladas
Existe um projeto do Instituto de Urbanismo e de Estudos para a
Metrpole (URBEM) o qual leva uma proposta radical s ruas de So Paulo, uma
vez que prope a supresso total das faixas de estacionamento nas vias da
cidade. Com o espao ganho, h possibilidades de alargamento de caladas e
criao de reas verdes de convvio e circulao, alm de implantao de
ciclovias. A alternativa para os estacionamentos seria, assim como demonstrado
anteriormente, no caso da Rua Dr. Jorge Miranda, uma iniciativa privada para
construo de estacionamentos verticais.
Segundo projetos do URBEM, a rea da extinta vaga passaria a ser um
espao que constituiria uma ampla calada, ou seja, um espao pblico de
convivncia e circulao de pedestre, no qual tambm haveria o enterramento
de fiao eltrica, alm da instalao de reas verdes, as quais, em alguns
casos, ainda poderiam margear ciclovias.
47
Figura 2.26 - Proposta URBEM Primavera das Caladas Disponvel em:
http://www.mobilize.org.br/estudos/102/primavera-das-calcadas--projeto-de-intervencao-em-
vagas-de-estacionamento-na-rua.html (acesso em 07/05/2015 - 20:57).
Para resoluo do problema das vagas suprimidas, de acordo com o
proposto pelo projeto, estacionamentos verticais estariam localizados
estrategicamente no entorno dos locais que antes comportavam as vagas, as
quais seriam suprimidas em duas fases: Primeiramente a eliminao de todas
as vagas de zona azul, e em seguida, a eliminao daquelas situadas em ruas
que desembocam em estaes do metr.
Os benefcios que tal projeto traria s ruas de So Paulo, realadas pelo
prprio URBEM seriam a mudana instantnea da paisagem urbana, de algo
antes catico e pautado na relao entre automveis e pedestres para algo mais
harmonioso e que valorizasse o lado humano da cidade, a reduo no trnsito
intenso de veculos (caracterstico da regio) e a maior visibilidade do comrcio
de rua, alm de constituir um incentivo reestruturao de caladas.
48
No entanto, tambm seria averiguado um malefcio advindo do projeto, o
qual seria baseado na perda de receita com vagas de zona azul, uma vez que
elas se distribuem pela cidade em um nmero de 32442 unidades.
2.6 Hidrulica, eltrica e gasodutos urbanos
A infraestrutura de uma cidade conta com servios necessrios
manuteno da vida urbana e sem os quais seria impossvel, atualmente, a
existncia de gigantescos aglomerados de pessoas convivendo em comunidade.
Esses servios tratam-se, basicamente de trs elementos, os quais no so
oferecidos gratuitamente s populaes, porm sua distribuio de obrigao
pblica. So eles: gua encanada, energia eltrica e tubulaes de gs.
O fornecimento de gua na cidade de So Paulo realizado pela empresa
estadual Sabesp, a qual se utiliza de seis importantes reservatrios de gua
Cantareira, Alto Tiet, Guarapiranga, Rio Grande, Rio Claro e Alto Cotia para
abastecer toda a regio metropolitana. Desde esses reservatrios, a gua
tratada percorre quilmetros de tubulaes subterrneas atravs das quais se
d todo o fornecimento para as construes da cidade.
Alm disso, o sistema de esgoto e de recolhimento de guas pluviais
tambm subterrneo. Enquanto o primeiro se direciona, ou pelo menos deveria
se direcionar, s centrais de tratamento de esgoto, o segundo vai de encontro
aos rios da cidade, que, ao final de um longo percurso, despeja essa gua no
mar.
Sendo assim, pode-se perceber que a hidrulica urbana um dos
elementos mais importantes de uma rua, uma vez que ela utiliza seu subterrneo
e responsvel para que no haja alagamentos nas cidades, alm de carregar
as guas servidas provenientes dos edifcios presentes na rua para o devido
lugar.
Em se tratando dos elementos eltricos, sabe-se que a maior parte dos
espaos urbanos das cidades brasileiras recebe a energia eltrica atravs de
fiaes elevadas, sustentadas por postes que tambm acabam sendo
responsveis pela iluminao urbana. Porm, o emaranhado de fios nas cidades
49
ofusca a arquitetura, cruzando esquinas e fachadas de edifcios e, no obstante,
no se trata apenas de uma questo de preocupao esttica, uma vez que,
devido sobrecarga nos postes, comum o pedestre se deparar com a fiao
cada vez mais prxima do cho, o que configura uma problematizao quanto
prpria segurana de quem passa pelas ruas. No caso da cidade de So Paulo,
o problema ainda mais grave do que em outros municpios brasileiros, uma vez
que a enorme quantidade de pessoas exige uma grande demanda por energia,
o que acaba fazendo com que, ao olhar para cima em quase todas as regies
da cidade, se encontre uma fiao problemtica.
Diante de tal preocupao, no que tange a reurbanizao de espaos
pblicos, torna-se pertinente a aplicao de fiao subterrnea embutida, a qual,
alm de tornar o ambiente mais seguro para os transeuntes e motoristas e
diminuir problemas com podas de rvores que interferem nas atuais fiaes
elevadas, contribui para a melhora da esttica da cidade, evidenciando ainda
mais a arquitetura dos edifcios e proporcionando maior beleza aos espaos
urbanos da cidade, decadentes, muitas vezes, devido ao descaso com que
tratada a atual fiao elevada.
Figura 2.27 - Exemplo de um emaranhado de Fios Eltricos Disponvel em:
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/01/no-ritmo-atual-enterramento-de-fios-eletricos-
pode-demorar-164-anos.html (acesso em 23/05/2015 - 09:32)
50
Em contrapartida, o custo para tal investimento configura-se um dos
principais problemas para a execuo de projetos de enterramento de fiaes.
No entanto, este poderia ser resolvido com uma parceria pblico-privada, assim
como so feitas vrias das melhorias urbanas, como desenvolvimento de
transporte pblico sobre trilhos e demais.
Segundo a Eletropaulo, a implantao de um quilmetro de rede
subterrnea custa seis vezes mais do que a mesma medida de fiao area.
Embora a companhia admita que a malha embutida possui maior proteo contra
ligaes clandestinas e agentes externos (quedas de galhos e colises), ela
tambm alega que o investimento em instalao e substituio poderia ocasionar
um aumento de tarifa para o consumidor.
Com a fiao embutida e com a criao de galerias subterrneas para
abrig-la, a manuteno da mesma seria mais acessvel e barata, alm de rara,
uma vez que a fiao no estaria exposta a interferncias externas. Alm disso,
novamente quanto poda de rvores que hoje interferem diretamente na fiao
elevada, a embutida, por sua vez, permitiria que elas seguissem seu curso
natural, sem a necessidade de grandes intervenes por parte da Prefeitura para
desvios de curso, durante o crescimento das rvores.
O fornecimento de gs, ltimo dos elementos elencados, tambm
representa um servio de extrema importncia devido sua ocupao do espao
subterrneo das ruas. Por meio de tubos, o gs utilizado pelas edificaes para
gerao de fogo (principalmente em ambientes de cozinha), assim como a gua,
percorre um longo caminho at seus destinos finais, o qual se d tambm por
meio da ocupao do subsolo as ruas.
Na cidade de So Paulo, este um servio que ainda no atingiu todas
as residncias e edificaes, porm est em expanso e, provavelmente, no
futuro, ser como um servio bsico oferecido nas cidades, como hoje o
fornecimento de gua. Assim, as ruas devem estar preparadas para receberem
mais esse elemento subterrneo e os projetos de reurbanizao devem prev-lo
como algo necessrio ao desenvolvimento urbano e implant-lo em seus planos.
51
2.7 Contato com Sabesp, Comgs e Eletropaulo
Em busca de informao para que a revitalizao contemple alm das
tubulaes sobressolo, as tubulaes embutidas de gua, gs e energia, o grupo
contatou as empresas privadas responsveis por estes servios no local do
objeto de estudo, no caso, a Rua Dr. Jorge Miranda.
Em contato por telefone com a Companhia de Saneamento Bsico do
Estado de So Paulo (SABESP), o grupo solicitou informao acerca de mapas
que mostrem a posio das tubulaes da mesma, no entanto, nos foi passado
que somente a agncia fsica da companhia poderia transmitir qualquer tipo de
informao, mas o supervisor do atendente afirmou que no existe esse tipo de
mapeamento.
Em contato por telefone com a Companhia de Gs de So Paulo
(Comgs), o grupo solicitou informao acerca de mapas que mostrem a posio
das tubulaes da mesma, bem como o dimensionamento dessas tubulaes. O
atendente afirmou que a empresa no dispe de mapeamento, e que para saber
a posio dos tubos, somente com um tcnico fazendo o acompanhamento, e
que a empresa no disponibiliza tcnicos a efeito de estudo, s os disponibiliza
mediante apresentao de projeto, e os tcnicos visitam o local um dia antes do
incio da obra.
Em contato por telefone com a empresa Eletricidade de So Paulo S.A.
(Eletropaulo), o grupo perguntou se havia algum tipo de mapeamento sobre
fiao embutida, e nos foi passado que tanto a Prefeitura quanto a Loja AES
Eletropaulo possuem esse mapeamento, no entanto, a informao no est
disponvel para o pblico.
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Estudos de Mapas e
Pesquisas de Campo
3
53
3.1 As Novas diretrizes do Plano Diretor e a Proposta de Reurbanizao
da Rua Dr. Jorge Miranda
Dada a sano de um novo Plano Diretor Estratgico (PDE) do municpio
de So Paulo, por meio da lei n 16.050, do dia 31 de julho de 2014, dez novas
diretrizes foram adotadas no desenvolvimento da cidade para os 16 anos
seguintes, cinco das quais se relacionam direta ou indiretamente com o
desenvolvimento de um projeto de reurbanizao da Rua Dr. Jorge Miranda.
Figura 3.1 - Capa da edio de cartilha ilustrada explicativa do Plano Diretor Estratgico.
Disponvel em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano
(Acesso em 20/08/2015 14:40).
A primeira diretriz do PDE relaciona-se com a questo, por meio da
destinao de parte de ganhos com o benefcio de se construir alm de um
coeficiente de aproveitamento (CA) bsico para investimentos em melhorias
urbanas. Essa diretriz estabelece o CA bsico igual a 1 vez a rea do terreno em
que se construir, sendo que, para ultrapassar essa taxa, um valor dever ser
pago prefeitura (Outorga Onerosa), o qual pertencer sociedade paulistana
e dever ser revertido coletividade por meio de investimentos em
equipamentos como praas, transporte, drenagem e habitao.
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Est relacionada diretamente ao escopo do trabalho, pois configura uma
base monetria para os projetos de reurbanizao que viriam a ocorrer a partir
de um banco de dados baseado na modelagem das ruas da cidade no programa
Revit, da Autodesk, proposta a ser feita aps as etapas de modelagem da Rua
Dr. Jorge Miranda, com a produo de um projeto de reurbanizao em cima
desta, servindo para a verificao da viabilidade de um projeto deste porte a nvel
do municpio de So Paulo.
A segunda diretriz do PDE, que possui relao direta com a questo
apresentada, a que trata do melhoramento da mobilidade urbana, prevendo a
destinao de, ao menos, 30% dos recursos do Fundo de Desenvolvimento
Urbano (FUNDURB) para melhorias na mobilidade urbana, por meio da
implementao de um sistema coletivo de transporte eficiente, de um sistema
ciclovirio e de melhoras na circulao de pedestres, com caladas mais largas,
por exemplo. Desestimulando o uso do transporte individual motorizado e
incentivando redes de nibus, metr (alm de prever redes hidro e aerovirias),
a inteno desta diretriz do PDE articular os diversos meios de transporte de
maneira a propiciar uma mobilidade urbana eficiente e saudvel.
Suas relaes com o projeto de reurbanizao so extremamente fortes,
uma vez que, prevista a retirada de vagas de carro da Rua Dr. Jorge Miranda,
bem como o alargamento das caladas, objetivando um desestmulo do uso de
carros na regio central da cidade em favor do estmulo da circulao de
pedestres nas caladas. Alm disso, por meio desta ao, haveria um incentivo
para que as pessoas que usam o carro no deslocamento at aquela regio
passassem a utilizar nibus ou metr, cuja estao Tiradentes situa-se no
cruzamento entre a Rua Dr. Jorge Miranda e a Av. Tiradentes, provando a
existncia de outros meios de transportes eficientes na realizao do
deslocamento urbano dirio naquela regio.
A terceira diretriz relacionada questo a que discorre sobre a
qualificao da vida urbana dos bairros. Claramente, a Rua Dr. Jorge Miranda
localiza-se na regio central da cidade e no no bairro, porm, se levadas em
conta as aes envolvidas com essa diretriz, podemos perceber que elas se
relacionam com o caso em pauta, mesmo no sendo especfica para o mesmo.
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Figura 3.2 - Pginas da Cartilha relacionada qualificao da vida urbana dos bairros.
Disponvel em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano
(Acesso em 20/08/2015 14:40).
Duas dessas aes que deixam claro a relao com o tema so o fim da
exigncia do nmero mnimo de vagas de automveis, que evidencia um
desestmulo ao uso do veculo individual, uma vez que, se no preciso um
nmero mnimo, podem ser propostos projetos que nem sequer considerem o
automvel, auxiliando no intuito da diminuio da populao que possui seu
prprio veculo de locomoo, e o aumento de reas verdes e de espaos livres,
o qual constitui um dos objetivos finais com a reurbanizao da rua, que o de
proporcionar maior circulao (reas livres) saudvel (reas verdes) de
pedestres.
A quarta diretriz do PDE que se relaciona com o tema a que visa a
orientao do crescimento da cidade nas proximidades do transporte pblico,
priorizando, para tanto, equipamentos pblicos humanizados e desestimulando
o uso do automvel (e consequentemente a criao de mais estacionamentos e
vagas e garagem).
Com o desenvolvimento de centros comerciais nos trechos ao longo das
vias de transporte pblico, os edifcios adquirem um carter mais social (por meio
das fachadas ativas e do uso misto), permitindo a interao social e a
consequente qualificao da vida urbana, por meio da ampliao de caladas e
do estmulo a equipamentos urbanos voltados para a rua.
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Figura 3.3 - Pginas da Cartilha relacionada ao desenvolvimento da cidade no entorno do
transporte pblico. Disponvel em:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano (Acesso em
20/08/2015 14:40).
O trfego de indivduos tambm est ligado ao aumento de reas livres
(para que sejam possveis o uso pblico e a circulao de pessoas), o que
configura outra relao com o tema no que tange ao aumento da rea livre para
passantes e pedestres, em detrimento da substituio das vagas de carro nas
faixas mais externas da via, por uma maior rea de calada esta que, por sua
vez, ser baseada em princpios ecolgicos e nos conceitos de calada verde
e calada viva6.
Por fim, a ltima diretriz do PDE relacionada ao tema deste trabalho
aquela que trata da preservao do patrimnio e da valorizao das iniciativas
culturais. Um dos aspectos mais importantes do trabalho aqui desenvolvido a
possibilidade de atribuio de um carter cultural prprio Rua Dr. Jorge
Miranda, via que liga duas instituies culturais de grande importncia na histria
da cidade de So Paulo: o Liceu de Artes e Ofcios, que, em breve, ter seu
centro cultural reconstrudo e reinaugurado populao, e o Museu de Artes
Sacras, situado no Mosteiro Frei Galvo.
Sendo assim, essa diretriz viabiliza uma interveno cultural no local,
configurando-se como um forte argumento de justificativa, pois revela a
6 Conceito de Benedito Abbud, arquiteto e paisagista formado na FAU-USP.
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importncia do polo cultural representado por aquela regio. Portanto nesta
diretriz que vemos a inteno de promoo de TICPs (Territrios de Interesse
Cultural e da Paisagem), de proteo de espaos culturais, simblicos e de
imp
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