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MARCELL PATACHI ALONSO
Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária
Cuiabá
2011
MARCELL PATACHI ALONSO
Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Ciência Animal da Universidade
Federal de Mato Grosso para a obtenção do
título de Mestre em Ciência Animal
Área de Concentração: Nutrição e Produção de
Ruminantes
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Henrique
Bevitori Kling de Moraes
Co-Orientadores: Prof. Dr. Dalton Henrique
Pereira e Prof. Dr. Douglas dos Santos Pina
Cuiabá
2011
A454s Alonso, Marcell Patachi.
Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária. / Marcell Patachi Alonso; Orientador: Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes; Co-orientadores: Dalton Henrique Pereira, Douglas dos Santos Pina, Cuiabá, 2011.
115 f.
Dissertação (Mestrado - Programa de Pós Graduação em Ciência Animal. Área de concentração: Nutrição e Produção de Ruminantes) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso.
1. Nutrição animal. 2. Suplementação de bovinos. 3. Bovino de corte - alimentação. 4. Pastagens - manejo I. Título.
CDU 636.084.4
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Ficha Catalográfica elaborada por Carolina Alves Rabelo CRB1/2238
FOLHA DE APROVAÇÃO
Aluno: MARCELL PATACHI ALONSO
Título: Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e pecuária
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal de Mato Grosso para a
obtenção do título de Mestre em Ciência
Animal
Aprovado em:
Banca Examinadora:
_______________________________
Prof. Dr. Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes (Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – Universidade Federal de Mato Grosso)
(Orientador)
_______________________________
Prof. Dr. Dalton Henrique Pereira (Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – Universidade Federal de Mato Grosso)
(Co-Orientador)
_______________________________
Prof. Dr. Douglas dos Santos Pina (Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – Universidade Federal de Mato Grosso)
(Co-Orientador)
_______________________________
Prof. Dr. Luciano da Silva Cabral (Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade Federal de Mato Grosso)
(Membro)
_______________________________
Pesq. Dr. Mirton José Frota Morenz (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Leite)
(Membro)
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me amar e me abençoar todos os dias.
Ao meu pai Zaru Alonso e minha mãe Késia Greice Patachi, pelo amor, carinho,
confiança, educação e pelo apoio incondicional. Amo muito vocês e agradeço por tudo o que
representam em minha vida.
À minha irmã Greice Cristiny Alonso de Macedo, por torcer por mim e pelo
cumprimento de mais esta etapa da vida.
À esta família que tanto amo e agradeço a Deus pelo apoio dado, mesmo que de longe.
À minha companheira Helena Marília Passos de Castro, por me amar e estar ao meu
lado sempre me ajudando. Sem você tudo ficaria mais difícil.
Ao meu amigo Bremmer Clayston Gobira Mazete, pelos bons anos de amizade na
UFRRJ e na UFMT, e pela motivação para realização deste curso.
Aos estagiários e futuros Zootecnistas: Alvair Hoffmann, Breno Gimenez, Denise
Caragnato, Fábio Júnior, Mircéia Mombach e Renan Medeiros, pelo auxílio nesta empreitada.
Vocês tiveram papel preponderante na realização deste trabalho. Muito Obrigado.
Aos professores: Eduardo Henrique Bevitori Kling de Moraes, Dalton Henrique
Pereira, Douglas dos Santos Pina e Luciano da Silva Cabral pelo apoio cedido, cada qual da
sua maneira, para a condução e conclusão deste curso.
Aos bons 10 amigos feitos na 1° turma de 2009 da PGCA, obrigado pelas risadas e
pelo ótimo convívio.
Ao colega de mestrado Antônio José Neto, pela incubação das amostras dos
tratamentos.
Aos secretários do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal – UFMT, Douglas
e Elaine, pelo apoio e simpatia sempre presente.
Ao pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Flávio Jesus Wruck pela parceria e apoio
no desenvolvimento deste experimento.
Aos técnicos da Embrapa Agrossilvipastoril, Antônio Damasceno e Marcelo Moulin
pelas caronas, auxílio nas pesagens dos animais e pelo transporte de amostras.
Ao Sr. Agenor Pelissa, por disponibilizar a área do experimento e pelo apoio, através
de equipamentos e veículos, para a realização das atividades de campo.
Ao Sr. Albino Pelissa, por ter cedido os animais.
Aos funcionários da Fazenda Dona Isabina, pelo auxílio na realização dos trabalhos de
campo.
Ao Programa de Pós Graduação em Ciência Animal – UFMT, pela oportunidade de
realizar este curso.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa de estudo.
À Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso (FAPEMAT), por financiar parte
deste projeto de pesquisa.
Ao PROCAD UFMT-UFV.
À Agropel Sementes, pela parceria em fornecer insumos para confecção dos
suplementos.
À Rações Tertúlia, pela parceria em fornecer a mistura mineral para composição dos
suplementos.
E a todos que contribuíram de alguma forma para realização deste trabalho.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
Cora Coralina
RESUMO
ALONSO, M.P. Suplementação de bovinos de corte em sistema de integração lavoura e
pecuária. 2011. 115f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2011.
Esta dissertação foi elaborada a partir de dois experimentos com o objetivo de avaliar
o desempenho de bovinos de corte nas fases de recria e terminação, nos períodos de águas e
seca, respectivamente, assim como a avaliação das características estruturais e nutricionais do
pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu e dos suplementos utilizados na dieta dos animais.
Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Dona Isabina, localizada no município de
Santa Carmem, situado na região norte do estado de Mato Grosso. As análises laboratoriais
foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT campus
Sinop. No Experimento 1 (período das águas), foram utilizados 100 novilhos, sendo 57
mestiços (sem grau de sangue definido) e 43 da raça Nelore, com idade média de 15 meses e
peso corporal médio inicial de 281 ± 31 kg. A área experimental constituiu-se de quatro
piquetes de 4,68 ha compostos por um bebedouro central comum a todos e comedouros
individuais descobertos para fornecimento dos suplementos. O experimento foi estruturado
segundo o esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente casualizado,
onde foram avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) e quatro diferentes
formulações de suplementos (suplemento mineral – SM; suplemento energético – SE;
suplemento energético protéico – SEP e suplemento protéico energético – SPE). O
arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h com tempo gasto total de 30 minutos
sendo a quantidade ofertada aos animais de 0,5 kg/animal/dia para SE, SEP e SPE,
aproximadamente 0,16% do peso corporal médio dos animais, salvo o SM ofertado ad
libitum. Houve efeito (P>0,05) de grupo genético sobre o desempenho produtivo dos animais.
O ganho de peso médio diário e o ganho de peso total foram maiores nos animais que
consumiram SE e SEP (P<0,05). O tratamento SE permitiu maiores retornos econômicos por
unidade monetária investida quando comparado aos tratamentos SM, SEP e SPE. No
Experimento 2 (período de seca), foram utilizados 64 novilhos, sendo 32 mestiços (sem grau
de sangue definido) e 32 da raça Nelore, com média de idade de 20 meses e o peso corporal
médio inicial de 388 ± 26 kg. O experimento foi conduzido na mesma área e com as mesmas
instalações descritas no Experimento 1. Foram avaliados o desempenho, ingestão,
digestibilidade e o retorno econômico de dietas baseadas em pastagem de Brachiaria
brizantha cv. Marandu associada a suplementação. O experimento foi estruturado segundo o
esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente casualizado, onde foram
avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) alimentados com quatro suplementos
diferenciados pelos níveis crescentes de grão de milheto em substituição ao milho (0%, 33%,
66% e 100%). O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h, a quantidade ofertada
aos animais foi de 4,0 kg/animal/dia, aproximadamente 0,93% do peso corporal médio dos
animais. Para avaliação de consumo de MS de forragem dos animais foi utilizado a fibra em
detergente neutro indigestível (FDNi) e o dióxido de titânio (TiO2) como indicadores interno e
externo, respectivamente. O ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso corporal
final, foi influenciado pelo grupo genético (P<0,05). Contudo, o grupo genético não afetou
(P>0,05) o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes. Os ganhos de peso médio
diário, ganho de peso total e peso corporal final dos animais decresceram com aumento da
inclusão dos níveis de milheto (P<0,05). Os níveis de substituição entre ingredientes
energéticos não afetaram (P>0,05) o consumo dos nutrientes. Os tratamentos contendo 33% e
66% de milheto como ingrediente energético apresentaram maior retorno econômico por
unidade monetária investida.
Palavras chave: suplemento, desempenho, níveis de substituição, consumo, digestibilidade
aparente total
ABSTRACT
This dissertation was drawn from two experiments that aimed to evaluate the
performance of growing beef cattle and finishing in the rainy and dry seasons, respectively, as
well as evaluation of nutritional and structural characteristics of the pasture of Brachiaria
brizantha cv. Marandu and supplements used in animal diets. The experiments were
conducted at Fazenda Dona Isabina, in Santa Carmen, located in the northern state of Mato
Grosso. Laboratory analyses were conducted at the Laboratory of Animal Nutrition and
Forage UFMT campus Sinop. In Experiment 1 (rainy season), used 100 steers, 57 crossbred
and 43 Nelore, with 15 months of average age and were 281 ± 31 kg initial body weight. The
experiment was perfomed in four paddocks of 4.68 ha composed by central waters common to
all paddocks and individual feeders in each paddock for the supply of supplements. The work
was designed as a factorial arrangement (2x4) in a completely randomized design to evaluate
two genetic groups (Nelore vs. Crossbred) and four different formulations of supplements
(mix mineral - MM; energy supplement - SE; protein and energy supplement – SEP; energy
and protein supplement - SPE). The animals feeding were around 10:00 am with the total time
spent of 30 minutes and the quantity supplied to the animals of 0.5 kg/animal/day for the SE,
SEP and SPE, approximately 0.16% of average body weight, except to MM the was offered
ad libitum. There was significant effect (P<0.05) of genetic group on productive performance
of animals. The average daily and total gain weight, were higher in animals that consumed SE
and SEP (P<0.05). The SE treatment allowed greater economic return per unit monetary
invested when compared to other treatments MM, SEP and SPE. In the experiment 2 (dry
season), were used 64 steers, 32 crossbred and 32 Nelore, with 20 months of average age and
the initial body weight of 388 ± 26 kg. The experiment was conducted in the same area and
with four paddocks as described in Experiment 1. Were evaluate did the performance, intake
and digestibility of diets based on Brachiaria brizantha cv. Marandu pastures and the
economic return of supplementation. The experiment was designed as a factorial arrangement
(2x4) in a completely randomized design with two genetic groups (Nelore vs. Crossbred) fed
with four different supplements compose by increasing levels of grain millet instead of maize
(0%, 33%, 66% and 100%). The animals were feeding around 10:00 am, the quantity offer of
supplements to the animals was 4.0 kg/animal/day, approximately 0.93% of average body
weight. To estimate of forage and dry matter intake of animals was used indigestible neutral
detergent fiber (NDFi) and titanium dioxide (TiO2), as internal and external indicator,
respectively. The average daily gain weight, total gain weight and final body weight were
affected by genetic group (P<0.05). However, the genetic group not affected (P>0.05) the
intake and digestibility of nutrients. The average daily gain weight, total gain weight and final
body weight of animals were decreased as the inclusion level of millet increased (P<0.05).
The levels of substitution between energy ingredients did not affect (P>0.05) nutrients intake.
The treatments containing 33% and 66% of source of energy as millet had higher economic
return per unit monetary invested.
Keywords: supplement, performance, levels of substitution, consumption, total apparent
digestibility
BIOGRAFIA
Marcell Patachi Alonso, filho de Zaru Alonso e Késia Greice Patachi, nasceu em São
Paulo, estado de São Paulo, no dia 11 de outubro de 1983.
Em abril de 2004 iniciou o curso de graduação em Zootecnia na Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro campus Seropédica, obtendo o título de Zootecnista em dezembro de
2008.
Em março de 2009 ingressou no curso de Mestrado em Ciência Animal na
Universidade Federal de Mato Grosso campus Cuiabá, concentrando seus estudos na área de
Nutrição e Produção de Ruminantes, submetendo-se à defesa de dissertação em 28 de março
de 2011.
SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO 1
1.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14
1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 17
1.2.1. Panorama da bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso..................... 17
1.2.2. Sistema de integração lavoura e pecuária........................................................ 19
1.2.3. Alimentação animal......................................................................................... 22
1.2.3.1. Aspectos relativos ao pasto...................................................................... 24
1.2.3.2. Aspectos relativos à suplementação alimentar......................................... 27
1.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 33
CAPÍTULO 2 – Suplementação de bovinos de corte recriados em sistema de
integração lavoura e pecuária no período das águas
2.1. RESUMO................................................................................................................. 40
2.2. ABSTRACT............................................................................................................ 41
2.3. Introdução.............................................................................................................. .. 42
2.4. Material e Métodos.................................................................................................. 43
2.5. Resultados e Discussão............................................................................................ 51
2.6. Conclusões............................................................................................................... 68
2.7. Referências Bibliográficas....................................................................................... 69
CAPÍTULO 3 – Grão de milheto em suplementos para terminação de bovinos
de corte em sistema de integração lavoura e pecuária no período da seca
3.1. RESUMO................................................................................................................. 74
3.2. ABSTRACT............................................................................................................ 75
3.3. Introdução................................................................................................................ 76
3.4. Material e Métodos.................................................................................................. 77
3.5. Resultados e Discussão............................................................................................ 85
3.6. Conclusões............................................................................................................... 109
3.7. Referências Bibliográficas....................................................................................... 110
4. CONCLUSÕES GERAIS........................................................................................ 115
14
CAPÍTULO 1
1.1. INTRODUÇÃO
A produção de alimentos protéicos de origem animal ocupa ao longo dos anos posição
de destaque no setor agropecuário nacional. Esta posição reflete intensos trabalhos
desenvolvidos no sentido de trazer aos sistemas de produção uma característica de condução
tecnificada, buscando aumentar as oportunidades e reduzir possíveis ameaças. Entretanto, é
evidente que os índices zootécnicos ainda estão aquém do potencial quando comparado a
produtores tidos como referência, o que torna de competência ao conhecimento gerado ao
longo dos resultados de pesquisas, promover técnicas eficientes, viáveis e aplicáveis
permitindo indicadores produtivos mais próximos aos adequados.
Ao tratar-se da cadeia produtiva da carne bovina, o ponto principal do planejamento e
do desenvolvimento de projetos que visam à precisão dos sistemas de produção são técnicas
apropriadas que promovam índices zootécnicos mais favoráveis, em relação aos animais e ao
alimento consumido, seja este na forma de volumoso ou na forma de
complementos/suplementos.
Técnicas que envolvam a exploração do potencial genético dos animais e das
forrageiras, tornando-os mais adaptados e eficientes à região a serem explorados, redução da
dependência de insumos e diminuição dos custos de produção são reflexos às tecnologias
aplicadas. Assim, modelos de produção mais eficientes e com menores ciclos produtivos
tornam-se possíveis através da otimização da capacidade produtiva.
Esta forma de desenvolvimento da produção encontra-se dentro de uma perspectiva
denominada bovinocultura de precisão. Concomitantemente aos adequados índices
zootécnicos e ainda dentro do mesmo conceito, torna-se relevante o papel da agropecuária na
contribuição econômica, social e ambiental (FAO, 2009) sendo esta última através de formas
de mitigação dos impactos promovidos pelo sistema produtivo, melhorando a qualidade de
vida e preservando a capacidade de produção para gerações futuras, desta forma, estimulando
a sustentabilidade dentro do sistema de produção agropecuário (PAULINO et al., 2006a).
Dentre os diferentes sistemas de condução da produção de bovinos de corte, encontra-
se a integração lavoura e pecuária (ILP). Neste sistema, a produção da cultura anual é
introduzida sob o conceito de minimização dos custos com aplicações de insumos, melhora
dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo (VILELA et al., 2003), quebra do ciclo de
15
pragas, doenças e plantas daninhas, melhora da conservação de água e redução da oscilação
da temperatura no solo. Simultaneamente à cultura anual, conduz-se a exploração pecuária
através do cultivo de plantas forrageiras, onde os objetivos vão desde recuperar pastagens
degradadas à produção de alimento na entressafra mantendo alta produtividade do pasto.
Assim, atribui-se maior eficiência de utilização da terra e ao sistema como um todo,
apresentando, segundo Lopes et al. (2008), maior sustentabilidade econômica e ecológica.
Quando contrastado aos sistemas de produção convencionais, a ILP promove melhores
benefícios quanto à conservação dos recursos ambientais, assegurando o uso racional das
áreas agrícolas e de pastagens. Tais benefícios tornam-se evidentes pela redução da pressão de
desmatamento de novas áreas e pela redução dos problemas ambientais originados por erosão
e queimadas (GONÇALVES e FRANCHINI, 2007).
Desta forma, o objetivo da ILP é o sincronismo do manejo dos animais e da produção
agrícola, tendo alta eficiência no aproveitamento da área de produção e manutenção das
características adequadas do solo, conservando os recursos ambientais.
Aspectos relativos à fase de recria em bovinocultura de corte são de grande valor,
visto que esta detém os animais por maior período na propriedade, sobretudo nos sistemas
tradicionais de produção. Segundo Aidar e Kluthcouski (2003), a duração deste período pode
alongar-se por até 30 meses em sistemas de produção inadequados, com baixa aplicação de
tecnologia. Entretanto, os autores destacam que esta fase pode ser reduzida para 10 a 12
meses, ou até mesmo ser eliminada, visto que a ampliação da recria resulta em baixos índices
zootécnicos e eleva os custos de produção.
Deste modo, práticas que reduzam o número de animais em recria e a duração desta
fase tornam-se consideráveis para o desenvolvimento de uma bovinocultura de corte com
menores ciclos de produção (PAULA, 2008). Para tal objetivo, algumas limitações devem ser
transpostas, principalmente as relativas à alimentação animal.
Assim como na recria, grande importância relativa à fase de terminação/engorda de
bovinos de corte é relatada, devido a esta categoria corresponder ao produto final entregue ao
frigorífico sendo o principal componente responsável pela remuneração ao pecuarista.
Dentre os componentes do custo na fase de terminação, o preço de aquisição dos
animais constitui, segundo Bonfim et al. (2001), o fator mais relevante, participando com
cerca de 70 a 80 % do custo total. Desta forma, o preço do animal para engorda torna-se fator
decisivo para resultados econômicos positivos da atividade. Contudo, ao desconsiderar o
preço de aquisição dos animais, a alimentação torna-se o fator preponderante para composição
16
dos custos influenciando diretamente a rentabilidade da produção. Assim, a condução da
produção sob conceitos de custos mínimos, especificamente alimentação, contempla a fase de
terminação através da condução de regime alimentar onde a fonte prioritária de nutrientes
encontra-se no pasto. Entretanto, para alcançar elevado desempenho dos animais em
terminação sob pastejo, formas suplementares na alimentação tornam-se interessantes de
emprego ao manejo alimentar.
Acerca de pastagens tropicais, estas se comportam de acordo com uma irregularidade
natural, onde a constância na produção deste recurso ao longo do ano é sabidamente
inexistente, fator decorrente do período seco (outono/inverno) que correlaciona-se
positivamente com valores inadequados de forragem, seja do ponto de vista nutricional como
produtivo. Em contrapartida, no período das águas composto pelas estações primavera e
verão, elevada oferta de forragem de maior valor nutritivo é encontrada.
No entanto, os pastos tropicais durante o período das águas mesmo apresentando
valores nutricionalmente adequados, ainda proporcionam aos animais ganhos de peso inferior
aos observados em condições de clima temperado.
De acordo com Da Silva e Pedreira (1996), um princípio inerente à tomada de decisão
em sistemas de produção de ruminantes em pastagens, é a adequação do suprimento de
nutrientes aos animais durante todas as épocas do ano. Para obtenção de tais metas, a
suplementação da dieta dos animais em pastagens surge como uma ferramenta para o
suprimento de nutrientes limitantes, bem como para o aumento da eficiência de utilização das
forragens (POPPI e McLENNAN, 1995), isto porque na maioria das situações, a fonte de
forragem não contém todos os nutrientes essenciais na proporção adequada de forma a atender
integralmente as exigências dos animais em pastejo (PAULINO et al., 2005).
Desta forma, a utilização de suplementos na dieta de animais em pastejo, ainda que no
período das águas, pode proporcionar aumento do desempenho e reduzir a idade de abate dos
animais (PORTO et al., 2009).
O emprego de suplementos na estação seca adquire enfoque diferenciado, no sentido
de suprir nutrientes não verificados na forragem. Ao provê-los, obtêm-se manutenção de
ganho de peso nos animais a um ponto em que se alcance objetivos pré determinados para o
sistema de produção. A fase de terminação de gado de corte torna-se comum a esta época do
ano e a sua gestão, por meio da utilização de sistemas pasto-suplemento, promove resultados
de desempenho produtivo semelhantes àqueles encontrados em animais oriundos de
confinamentos (PAULINO et al., 2002a).
17
Conclusões obtidas na condução de ensaios pertinentes ao tema destacaram que a
técnica de suplementação em pastejo na fase de terminação/engorda constitui uma alternativa
aplicável e viável para produção de carne durante o período seco quando garantida a
disponibilidade mínima de forragem (PAULINO et al., 2002a; FIGUEIREDO et al., 2007;
BARONI, 2007), a saber que para tal viabilidade questões biológicas e mercadológicas
relativas aos ingredientes que comporão os suplementos necessitam ser ponderadas.
Assim sendo, através das considerações precedentes, conduziram-se dois experimentos
com o propósito de promover informações e esclarecimentos da técnica de suplementação
alimentar sobre animais em fase de recria no período das águas e em fase de terminação no
período da seca, considerando aspectos de desempenho produtivo e econômico em um
sistema de ILP.
1.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.2.1. Panorama da bovinocultura de corte no estado de Mato Grosso
Segundo publicação da FAO (2009), o setor pecuário é uma das partes mais dinâmicas
da economia agrícola, expandindo-se rapidamente nas últimas décadas e com expectativa de
manutenção de crescimento ao longo dos anos, impulsionado pelo notável aumento na
demanda por produtos de origem animal.
De acordo com Rosegrant e Thornton (2008), o consumo de carne (per capta) nas
principais regiões do mundo apresentará incremento de 0,288 kg/pessoa/ano. Segundo os
autores, no ano de 2000 a população destas regiões apresentou um consumo médio de 40 kg
de carne/pessoa/ano, sendo previsto para o ano de 2050 um consumo de 54,4 kg/pessoa/ano.
Dada a grande participação de carne bovina neste incremento, cabe a produção brasileira
elevar seus índices de produtividade através de sistemas de produção mais eficientes com o
objetivo de suprir grande parte desta demanda.
Segundo Cepea/ESALQ (2011), o Brasil, dentro de um cenário geral, figurou-se em
2010 com um mercado aquecido na comercialização de carne bovina, decorrente em grande
parte, pelo suprimento da demanda, sobretudo do mercado interno. Adicionalmente, os
valores de exportação apresentaram-se 2,72% superiores ao ano de 2009, corroborando a
informação do aumento mundial no consumo deste produto, o que coloca o país em situação
privilegiada por concentrar o segundo maior rebanho comercial de bovinos.
18
O estado de Mato Grosso detém uma área de aproximadamente 903.357,91 km2, o que
representa 10,61% da área total do país, localizado na região Centro-Oeste, ao lado de Distrito
Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul. Por sua vez, a região abrange em sua distribuição
espacial a fronteira agrícola brasileira, onde a área de pastagens apresenta grande expansão,
evidenciando as maiores taxas de crescimento do rebanho na região (CEZAR et al., 2005).
O estado tem grande papel na produção nacional de alimentos e na geração de renda
proveniente de produtos de origem vegetal e animal. Como uma das bases econômicas do
estado, a pecuária de corte destaca-se por sua presença em grande parte dos municípios
através da atuação de criadores, profissionais autônomos, empresas de consultoria e indústrias
frigoríficas, que contribuem de forma direta, assim como os sistemas agropastoris relatados
por Yokoyama e Stone (2003), ao desenvolvimento da região por meio do aumento na
arrecadação e pela contribuição na geração de novas frentes de trabalho.
Segundo dados disponibilizados pelo IBGE (2009) e IMEA (2010), o estado de Mato
Grosso possui o maior efetivo de bovinos de corte do país, sendo predominante nos
municípios constituintes das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do estado que representam
juntos 54,2% do rebanho bovino do estado.
A atividade pecuária está associada a diferentes aspectos econômicos e históricos no
processo de ocupação e desenvolvimento do território. Dentre os sistemas de produção
encontrados no estado, o extensivo possui maior representatividade, entretanto, outros
sistemas também são praticados (intensivos e semi-intensivos), porém, com menor expressão.
A prática destes sistemas detém de modo similar o comportamento evidenciado no país, que
se caracteriza por distintas formas de produção que empregam diversos níveis tecnológicos
resultando em indicadores técnicos e econômicos diferenciados. A distribuição destes
sistemas abrange distintas regiões do estado e apresentam maior intensidade em algumas
localidades e menor em outras (FAMATO e FABOV, 2008).
Com o objetivo de aumentar a eficiência produtiva, através da elevação de índices
zootécnicos e econômicos, pecuaristas passaram a iniciar um processo de modernização de
seus sistemas produtivos, racionalizando o manejo da pastagem e utilizando de forma técnica,
acasalamentos dirigidos com raças de maior interesse na região. Na mesma direção, entretanto
em uma concepção holística, o estado de Mato Grosso participa, assim como São Paulo,
Paraná, Minas Gerais e Goiás, das regiões consideradas livre de aftosa com vacinação,
certificação fornecida pela OIE – Circuito Internacional Epizootias, uma instituição ligada a
Organização das Nações Unidas para o comércio internacional de produtos de origem animal.
19
A importância desta certificação permite que o estado exporte carne bovina para países
componentes da União Européia, Ásia e para os Estados Unidos da América (FAMATO e
FABOV, 2008).
A exportação originada em Mato Grosso apresenta-se superior a outros estados
componentes da região Centro-Oeste. No período compreendido de janeiro a maio de 2010 as
exportações atingiram valores de 85.549 toneladas de equivalente carcaça, representando
14,22% do total exportado pelo país no período supracitado, o que torna o estado o segundo
maior exportador de carne bovina nos primeiros cinco meses do ano. Esta posição encontra-se
superior a observada no ano de 2009, em que o estado ficou atrás apenas de São Paulo e Goiás
(IMEA, 2010).
O mercado cárneo apresenta-se com alto potencial de desenvolvimento para
atendimento às demandas internas e externas, contudo, a cadeia produtiva agroindustrial da
bovinocultura de corte deve ser aprimorada como um todo, a fim de tornar o Brasil e o estado
de Mato Grosso mais competitivos no segmento (FAMATO e FABOV, 2008).
1.2.2. Sistema de integração lavoura e pecuária
A pecuária de corte nacional encontra-se em transição, pois o mercado exige uma
evolução natural dos sistemas produtivos com objetivo de melhorar a qualidade dos produtos
e aumentar a eficiência de produção, conferindo maior competitividade e sustentabilidade à
cadeia da carne bovina (LEÃO et al., 2005).
Assim encontra-se a bovinocultura de corte, onde outrora, seu desenvolvimento
baseou-se na expansão da fronteira agropecuária, onde a exploração se deu a níveis de baixa
aplicação técnica. Contudo Paulino et al., (2006a), destacaram a presença de iniciativas de
otimização da capacidade produtiva dos sistemas através de um amplo leque de tecnologias
embasadas sob o aspecto de arranjos produtivos compatíveis com a realidade, o que
caracteriza a evolução dos sistemas produtivos dentro de um conceito de sustentabilidade e
precisão.
Seja qual for o sistema produtivo considerado, tem-se a sustentabilidade como uma
das bases para o sucesso da atividade. Segundo Ponciano et al. (2008) e Lima e Pozzobon
(2005), sustentabilidade é descrita como a capacidade de algo ou alguém persistir ao longo do
tempo em determinado lugar, englobando desta forma, a habilidade de superar as dificuldades
não esperadas. Os mesmos autores consideram sustentabilidade sobre o ponto de vista
20
ambiental, como a exploração de recursos naturais sem comprometer, ao longo do tempo, a
integridade ecológica, assim, conservando os recursos naturais. Ao destacarem demais
conceitos, identificaram e classificaram duas formas distintas de sustentabilidade: a agrícola
que demanda um balanço de nutrientes no sistema, incluindo compensações por perdas dentro
da cadeia produtiva, e a sustentabilidade social que exige do sistema a permanência da
lucratividade em longo prazo.
Para a ciência agropecuária, a manutenção da produção agrícola em níveis tais que
sustentem uma população em crescimento, não contribuindo para o aumento na degradação e
agressão do meio ambiente, apresenta-se como grande desafio a ser superado (AROEIRA e
MORENZ, 2004).
Tratando-se de sustentabilidade agropecuária, com enfoque na produção nacional, é
necessário o conhecimento de alguns conceitos e premissas básicas, tais como a recuperação
de áreas degradadas pelo cultivo de lavouras ou condução da atividade pecuária, a
preservação ambiental e o aumento na competitividade de produtos gerados no campo. Países
europeus, detentores de uma agropecuária desenvolvida e eficiente, empregam a
sustentabilidade como alicerce para desenvolvimento de sistemas de produção apropriados às
necessidades sociais. Assim, a aplicação de tal conceito, com o objetivo de atender índices de
produção apropriados, permitiriam nos sistemas de produção agropecuários conduzidos em
nível nacional, atingir eficiência similar (KLUTHCOUSKI e YOKOYAMA, 2003).
A condução da atividade agropecuária sob conceitos que associam a produção animal
com a produção de grãos contemplam seu desenvolvimento através das considerações
supracitadas acerca de sustentabilidade, permitindo ao sistema melhor aproveitamento de
recursos, desta forma, menores tornam-se os custos aplicados promovendo maior
rentabilidade. Portanto, aos sistemas de ILP confere-se uma característica de trilogia
sustentável, sendo de acordo com Ofugi et al. (2009), um sistema economicamente viável,
ecologicamente correto e socialmente justo.
As vantagens advindas da exploração de diferentes culturas em sistemas de integração
são conhecidas e estimulam sua utilização por ser uma alternativa extremamente importante
do ponto de vista da sustentabilidade da produção, entretanto alguns pré-requisitos são
exigidos para que o sistema possa ser implementado (VILELA et al., 2003).
De fato, Yokoyama et al. (1998) destacaram que as maiores limitações à adoção de tal
tecnologia são os custos de sua implementação, sendo a ausência de maquinário apropriado na
fazenda um grande entrave.
21
Contudo, ao longo dos anos, tornaram-se inúmeras as ofertas tecnológicas aplicáveis
de integração às diversas condições socioeconômicas de produtores, seja desde agricultura a
nível familiar até a agricultura de precisão conduzida a nível empresarial, cada qual
satisfazendo objetivos distintos (KLUTHCOUSKI e YOKOYAMA, 2003).
Segundo publicação da FAMATO e FABOV (2008), o estado de Mato Grosso possui
opções de programas de incentivo à assimilação do sistema de ILP por parte de produtores
rurais. O Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) foi instituído pela Lei n.° 7.827/89, e
promove o desenvolvimento econômico e social da região através de programas de crédito aos
diferentes setores de produção. O FCO Rural apresenta uma linha denominada de Programa
de ILP, onde são financiados bens e serviços necessários ao empreendimento rural, estes
contemplam o preparo do solo, aquisição de sementes e mudas, aquisição de maquinário
agrícola, adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente, aquisição de animais
(matrizes, reprodutores e novilhos), custeio associado ao investimento, entre outros.
De acordo com Trecenti et al. (2009), além do Fundo Constitucional como financiador
de projetos de ILP, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
também disponibiliza recursos através do Programa de Estímulo à Produção Agropecuária
Sustentável (PRODUSA), acessados via agentes públicos e privados que beneficiam
produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas, cooperativas agropecuárias, inclusive para
repasse a cooperados.
O sistema de ILP possui uma gama de benefícios às atividades que o compõem. Na
aplicação pecuária, têm-se a recuperação de pastagens degradadas ou em processo de
degradação, a produção de forragem na entressafra e a consequente manutenção de alta
produção de volumoso ao longo do ano como principais benefícios. Na atividade lavoureira,
constituem-se na quebra do ciclo de pragas, doenças e plantas daninhas, melhoria nas
qualidades físico-químicas e biológicas do solo e agregação de valores ao sistema
(KLUTHCOUSKI e YOKOYAMA, 2003). Tais benefícios influem de forma direta na
redução dos custos de produção de áreas em recuperação de produtividade (agricultura e
pastagens) quando comparados aos sistemas tradicionais de cultivo, visto que estes promovem
grande dispêndio financeiro inerente a maior necessidade de insumos (KLUTHCOUSKI e
STONE, 2003).
Segundo Paulino et al. (2006a), a integração entre lavoura e pasto promove grandes
oportunidades para inclusão do bovino ao sistema. Ao considerarem a terminação de bovinos
no período seca/inverno grande relevância é dada a vantagem por parte dos produtores que
22
não necessitariam disponibilizar uma área de verão para engorda, o que não acarretaria em
redução da área destinada à agricultura, uma vez que o acabamento se daria em um único
ciclo de pastagem. Corroborando tal informação, Teixeira Neto et al. (2009) relataram sobre
elevados desempenhos de bovinos observados em pastagem de Brachiaria ruziziensis após 60
dias à colheita do milho, com utilização de animais anelorados em fase de terminação na
entressafra, promovendo, segundo os autores, uma boa alternativa de remuneração para o
acabamento de bovinos alimentados a pasto.
A expansão nacional de sistemas de ILP por parte dos produtores é evidente, trabalhos
conduzidos em centros de ensino e pesquisa, por órgãos públicos e privados, além de relatos
acerca de adeptos comprovam cada vez mais a vantagem de sua utilização. A amplitude de
assimilação é constatada pela condução de ensaios observados na região Sul do país (LOPES
et al., 2008), Sudeste (CORDEIRO e IORA, 2009), Centro-Oeste (KLUTHCOUSKI et al.,
2003) e Nordeste (TEIXEIRA NETO et al., 2009). De acordo com Macedo (2009) outras
regiões como Maracaju, MS; Rio Verde, GO; Campo Mourão, PR; e Rondonópolis, MT,
destacam-se pela prática de tal tecnologia e iniciativas como nos municípios de Luis Eduardo
Magalhães, BA; Uberlândia, MG; Pedro Afonso, TO; e Assis, SP comprovam a abrangência
de sua aplicação.
Entretanto, faz-se necessário maior incentivo, público e/ou privado, a fim de promover
cada vez mais conhecimento e planejamento à adoção do sistema, acompanhado de técnicas
que beneficiem a produção agropecuária com vistas à sustentabilidade do agronegócio.
1.2.3. Alimentação animal
Segundo Jacquot et al. (1960) citado por Andriguetto et al. (1990), a definição dada ao
alimento é a de uma substância que, quando consumida por um indivíduo, seja capaz de
contribuir para assegurar o ciclo regular de sua vida e a sobrevivência da espécie a qual
pertence.
Com base neste conceito, torna-se clara a contribuição da alimentação aos animais
domésticos, uma vez que esta promove a um ou mais indivíduos, os nutrientes capazes de
manutenção da vida e quando em condições adequadas de rendimento, o atendimento das
produções demandadas pelo homem (ANDRIGUETTO et al., 1990).
Ao considerar o pasto como o alimento natural dos ruminantes, este deve constituir a
sua principal dieta. De acordo com Paulino (2005), deve haver um grande destaque quanto à
23
utilização sustentável dos pastos para produção de ruminantes, uma vez que estes recursos
representam a principal e mais econômica fonte de nutrientes a estes animais.
Um princípio inerente à tomada de decisão em sistemas de produção de ruminantes em
pastagens é o equilíbrio entre o suprimento e a demanda dos animais durante todas as épocas
do ano (DA SILVA e PEDREIRA, 1996). Diferenças quanto à quantidade e propriedades
físicas dos compostos que fazem parte do pasto, em especial a fibra, afetam de forma direta a
utilização da dieta, proporcionando diferentes desempenhos por parte dos animais, os quais
podem ser positivos ou negativos, em reflexo ao efeito da quantidade e do valor nutricional da
forragem sobre o consumo e a alterações na fermentação ruminal (PAULINO et al., 2001).
Segundo Paulino et al. (2006a) em ocasiões onde a alimentação baseia-se na dúplice
pasto e mistura mineral, frequentemente há um fator limitante ao ótimo desempenho biológico
e econômico e, diante disto, caberá ao manejador prover os nutrientes limitantes para os
animais com o objetivo de suprir suas necessidades nutricionais.
Paulino et al. (2001), relatam que as diferenças inerentes ao animal pastejador no fator
ingestão de forragem estariam ligadas ao estádio de desenvolvimento da planta e são mais
importantes que aquelas ligadas à espécie vegetal. Assim, no manejo ideal dos pastos são
priorizadas espécies que mantenham durante o ciclo fenológico teores mais elevados de
nutrientes disponíveis.
Esta forma de manejo encontra-se dentro da perspectiva de uma bovinocultura de
precisão que envolve a exploração do potencial genético tanto de forrageiras como de
animais. Desta forma, um sistema que demanda precisão, exige espécies de forragens e
animais adaptados para atuarem sinergicamente com objetivo de se obter elevado
desempenho. Aos animais, cabe a atribuição de possuírem a eficiência na conversão de
forragens em produto animal, e para o pasto, a minimização da variação quantitativa e
qualitativa ao longo do ano. Assim sendo, os fatores nutricionais passíveis de ajuste devem
ser realizados a fim de permitirem aos animais a expressão do seu potencial genético
(PAULINO et al., 2006a).
A evolução natural destes conceitos conduz ao desenvolvimento de formas de manejo
que integrem qualidade e quantidade de forragem através da oferta de MS potencialmente
digestível, independentemente da época do ano (PAULINO et al., 2004) e concomitantemente
objetivem o equilíbrio entre três fases do processo de produção, ou seja, o crescimento, a
utilização e a conversão de material vegetal em produto animal (HODGSON, 1990).
24
1.2.3.1. Aspectos relativos ao pasto
O pasto caracteriza-se por ser o componente mais importante na dieta de bovinos de
corte, sendo no Brasil constituído basicamente por gramínneas perenes (nativas e cultivadas),
sendo notadas, entretanto em menor escala, pastagens cultivadas de ciclos anuais (CEZAR et
al., 2005).
Segundo Detmann et al. (2010), o pasto deve ser entendido como um componente da
produção de elevada complexidade, uma vez que este fornece substratos aos animais e é
passível de apresentar uma variação qualitativa e quantitativa ao longo do ano determinado,
principalmente, por fatores abióticos (e.g., precipitação, temperatura e radiação solar).
Dada a sua complexidade, importância e estreita relação com a produtividade animal,
um manejo adequado do pasto se aplica com a finalidade de obter altos rendimentos, seja por
animal como também por área. Tal manejo deve voltado para maximizar a produção
forrageira conciliada à sua perenidade ao longo do ciclo produtivo, aliado a alta eficiência de
utilização por parte dos animais (GOMIDE e GOMIDE, 1999; MARCELINO, 2004; REIS et
al., 2007). Da mesma forma, a escolha de espécies adaptadas associadas a técnicas de
adubação e correção do solo permitem maiores taxas de lotação no ambiente da pastagem
intensificando o sistema de produção (ALMEIDA et al., 2000).
Paulino et al. (2006a), ao abordarem formas de condução da produção pecuária com
ênfase em precisão, apresentaram um conceito moderno e aplicável de manejo de pastagem,
com menção ao manejo para qualidade e quantidade através da MSpd descrito em Paulino et
al. (2001) e Paulino (2005). A este manejo caberia a construção de ambientes pastoris
compatíveis com um elevado padrão de bem-estar e nutrição, sendo este último caracterizado
pela acessibilidade dos nutrientes em proporções adequadas às exigências dos animais, tanto à
mantença como à produção, durante todo o desenvolvimento do ciclo de produção.
Formas de manejo de pastagem que promovam melhorias em seus índices produtivos
constituem elementos de constantes pesquisas para aprimoramento da produção pecuária a
pasto. De acordo com Marcelino (2004), há a necessidade de maiores estudos a respeito do
tema, principalmente quando abordado gramíneas tropicais.
Ampla importância deve ser destacada a ingestão de forragem em sistemas de criação
de bovinos. Segundo Mertens (1994) citado por Da Silva et al. (2008), a resposta produtiva
dos animais é função do consumo de nutrientes digestíveis e metabolizáveis, contudo,
aproximadamente 60 a 90% das variações em desempenho são definidas pelas variações
25
correspondentes em consumo e apenas 10 a 40% pelas variações correspondentes em
digestibilidade.
O consumo de forragem é regido por fatores nutricionais e não nutricionais. Os fatores
nutricionais são aqueles decorrentes da dieta basal, sendo grande a influencia determinada
pela fibra insolúvel que participa diretamente no efeito de repleção ruminal, Detmann et al.
(2010) destaca este efeito ao tratar do tema na utilização de recursos alimentares basais de
baixa qualidade. A caracterização de tais recursos é determinada pelo baixo nível de
compostos nitrogenados e pela elevada lignificação da fração fibrosa insolúvel (PAULINO et
al., 2006b). Aos fatores não nutricionais, considera-se o efeito promovido pela planta através
da apresentação da estrutura do dossel e ao efeito dos animais na seleção da forragem,
tamanho e taxa de bocados e tempo de pastejo (DA SILVA et al., 2008).
Segundo Sarmento (2003), características estruturais do dossel forrageiro, como a
altura e a densidade volumétrica, determinam padrões de comportamento ingestivo realizado
pelos animais. O mesmo autor destaca que o consumo de forragem é passível de controle
através das variações da condição e estrutura do dossel sob um manejo adequado da
pastagem, o que pode atender a diferentes demandas nutricionais em diferentes épocas do ano.
Como evidenciado por Sbrissia (2004), maiores taxas de acúmulo líquido Brachiaria
brizantha cv. Marandu foram obtidos com a manutenção do dossel forrageiro a uma altura de
30 cm (resultados observados ao final da primavera, verão e outono). Sendo o acúmulo
líquido de forragem isento de material senescente, melhor tornam-se as condições de oferta de
forragem aos animais, influindo sobre seu consumo e contribuindo no desempenho animal.
Entretanto, vale ressaltar de que mesmo quando a disponibilidade de forragem apresenta-se
elevada, o colmo e o material morto podem limitar o consumo por parte do animal (DA
SILVA et al., 2008). Cabendo ao agente manejador adequar ao pasto qualidade e quantidade a
fim de atender aos requisitos exigidos à produção animal.
Atualmente uma variante que tem despertado interesse por tornar o sistema de
produção mais eficiente e sustentável, suprindo as demandas dos animais e mantendo a
qualidade da forrageira, é o sistema de ILP que possui como uma de suas características a
manutenção da pastagem em bom estado produtivo ao longo do ano (PAULINO et al.,
2006a). De acordo com Vilela et al. (2003), produtores que praticam a integração apresentam
vantagem considerável sobre demais produtores praticantes do sistema convencional, como
exemplo à produção pecuária são evidenciados rendimentos de carne de 25 @/ha no primeiro
ano de pastejo após o cultivo de soja.
26
O período seco é onde se encontra o principal fator limitante no desempenho dos
bovinos em virtude da escassez de forragens. Segundo Aidar et al. (2003) ao tratarem da
produção de forragem no bioma Cerrado, destacaram que esta sazonalidade na produção é
devida a marcante escassez de chuva em determinados períodos do ano. Esta carência na
pluviosidade promove uma deficiência hídrica que influi negativamente na absorção de
nutrientes pelo sistema radicular das plantas.
Para tal situação, são propostas técnicas que possibilitem o aumento da disponibilidade
de forragem durante o período crítico, atingindo a mesma lotação animal do período chuvoso
(EUCLIDES e QUEIROZ, 2000). Destaque às opções de irrigação, fertirrigação e diferimento
de pastagem.
A fim de amenizar a escassez de chuva no período de seca, a técnica de irrigação e a
fertirrigação (aplicação de fertilizantes via água de irrigação) apresentam-se como
ferramentas úteis à produção de pastagem (DRUMOND, 2005).
De acordo com Paulino et al. (2006a), a utilização de recursos hídricos superficiais e
ou subterrâneos através da irrigação, possui potencial para uso intensivo da terra, reduz riscos
de baixas produtividades e contribui para o desenvolvimento da bovinocultura dentro do
enfoque da ILP na viabilização de culturas como sorgo, milho, cana-de-açúcar e pastagens de
uso direto na bovinocultura.
Todavia, sabe-se que as técnicas apresentam custo final elevado, decorrente da infra-
estrutura a ser disposta, assim como da energia utilizada e da manutenção dos equipamentos,
podendo não apresentar eficiência econômica em determinadas situações (AIDAR et al.,
2003).
Acerca do diferimento de pastagens, este consiste na estratégia de manejo que
seleciona determinadas áreas da propriedade e as exclui do pastejo, garantindo acúmulo de
forragem para utilização durante o período em que naturalmente a sua disponibilidade é baixa
(SANTOS e BERNARDI, 2005).
Santos (2007) destacou que a técnica além de constituir uma reserva de forragem,
permite, caso seja o objetivo, o florescimento das plantas e a produção de sementes,
contribuindo para a regeneração e sustentabilidade da pastagem.
Contudo, uma condução errônea da técnica pode promover acúmulo de matéria
vegetal indesejável, a exemplo de colmos maduros e materiais senescentes que contém
elevado percentual de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), influenciando
negativamente o consumo de MS potencialmente digestível (PAULINO et al., 2006b).
27
Sobre os constituintes das pastagens nas regiões tropicais brasileiras, diferentes
sistemas empregam variados exemplares forrageiros (nativos e cultivados). As pastagens
nativas apresentam capacidade de suporte variando de 0,1 a 0,3 UA/ha, conseqüentemente os
indicadores de desempenho desses sistemas encontram-se relativamente baixos. Pastagens
cultivadas podem apresentar capacidade de suporte média anual oscilando de 0,5 a 2,5 UA/ha,
com ganhos de peso corporal oscilando de 42 a 255 kg/ha/ano (CEZAR et al., 2005).
Segundo os autores supracitados e corroborados por Da Silva et al. (2008), os gêneros
de gramíneas Brachiaria sp. e Panicum sp. são os principais constituintes das pastagens
cultivadas tropicais (80%) e possuem a característica de permanecerem perenes ao longo do
ano. Todavia, nos sistemas de ILP, utilizam-se também gramíneas de ciclo anual (e.g.,
milheto, aveia e sorgo).
Sobre Brachiaria sp., especificamente o exemplar Brachiaria brizantha cv. Marandu,
detém de grande representatividade nas pastagens localizadas na região central do Brasil,
sendo a recomendação do cultivar feita a solos de média a alta fertilidade, tendo como
principais características, a alta produtividade, persistência, tolerância à seca e ao fogo e
resistência às cigarrinhas das pastagens, denotando ao material grande interesse econômico e
científico na pesquisa de pastagens (MARCELINO, 2004).
1.2.3.2. Aspectos relativos à suplementação alimentar
No Brasil os sistemas de produção de bovinos residem quase que em sua totalidade
regidos sob alimentação a pasto e com pouca utilização de alimento concentrado. Desta
forma, ampla importância se faz na composição de dietas a baixo custo, utilizando
(manejando) de forma eficiente o componente basal da alimentação dos animais ruminantes
(PAULINO, 2005; PAULINO et al., 2006a).
Este componente basal caracteriza-se por uma heterogeneidade natural de fatores,
tanto quantitativos como qualitativos, onde a composição botânica e morfológica apresenta
variações de acordo com o estádio fenológico das plantas e com a forma em que estas se
dispõem em diferentes direções no espaço compondo a arquitetura do dossel, estas variações
possuem papel determinante sobre a ordem de grandeza das respostas produtivas de animais
criados sobre pastagem (DA SILVA, 2006).
28
Entretanto, a criação a pasto é altamente influenciada pelos efeitos climáticos, visto
que estes promovem uma estacionalidade na produção de forrageiras concentrando 80 % da
produção no período das águas e 20 % no período da seca (EUCLIDES et al., 2007).
Conforme Paulino et al., (2006a), a fim de atender desempenhos acima do obtido
através do consumo exclusivo de pasto, a suplementação através de alimento concentrado
torna-se uma técnica indispensável quando as exigências por nutrientes se fazem em maior
quantidade (crescimento acelerado). Sendo o conceito da terminologia de suplemento,
segundo a descrição realizada por Malafaia et al. (2003), como algo que se fornece a mais;
aquilo que serve para suprir a deficiência de...; parte que se adiciona a um todo, visando
aperfeiçoá-lo. Da interpretação deste conceito, suplementa-se à dieta (o pasto) e não os
animais como observado em algumas citações.
Quanto ao papel da suplementação para bovinos em pastejo, este se constitui na ação
de suprir a demanda não atendida exclusivamente pela dieta basal (pasto) através do
fornecimento de uma fonte de nutrientes adicionais para o sistema. Adicionalmente, Reis et
al. (2005) destacaram outros papéis da utilização da técnica de suplementação, tais como o
aumento na capacidade de suporte das pastagens, a potencialização do ganho de peso dos
animais, a diminuição da idade de abate, o auxílio no manejo das pastagens e o fornecimento
de aditivos ou promotores de crescimento via concentrado.
Respostas à suplementação são evidenciadas através de variações no consumo de
forragens e desempenho animal, decorrente do aumento na disponibilidade de energia
dietética e nas reservas de precursores bioquímicos do metabolismo (PAULINO, 2005;
PAULINO et al., 2010). De forma similar, Mieres (1997) ressaltou as implicações quanto à
utilização de suplementos na dieta de ruminantes, segundo o autor há melhora no status
nutricional dos animais, maior eficiência no uso dos alimentos, prevenção de enfermidades
nutricionais e destino mais adequado aos resíduos de colheitas.
Outra implicação é dada pela manipulação de parte da microbiota ruminal. Segundo
Malafaia et al. (2003) o consumo de suplementos contendo elevados níveis de NaCl (7,5 %),
promove aumento proporcional da ingestão de água, contribuindo para o aumento do fluxo de
protozoários ruminais para o intestino delgado. O aumento da ingestão de água torna o
conteúdo ruminal mais diluído o que promove um impedimento na migração de protozoários
de volta ao rúmen, não ocorrendo retenção ruminal de proteína microbiana de origem
protozoa.
29
A técnica de suplementação é fatível em qualquer período do ano atendendo a
diferentes objetivos de produção, sendo sua composição e quantidade de fornecimento aos
animais sujeitos às metas estabelecidas no pré-planejamento da produção. Diferentes enfoques
são conferidos aos períodos de seca e das águas, bem como aos períodos de transição
águas/seca e seca/águas marcantes em algumas regiões do país. Estas divisões acontecem
principalmente pelas diferenças na qualidade e quantidade de forragem ao longo do ano.
Segundo Paulino et al. (2002a) a função primária da suplementação no período de seca
(inverno) é o suprimento de nutrientes não disponíveis pela fonte basal de alimento.
Considerando a lei de Liebig (lei do mínimo), o suprimento através de alimento concentrado
possibilitaria o adequado desenvolvimento do animal no período seco, visto que elementos
nutricionais essenciais, naturalmente deficitários neste período, seriam supridos.
Resultados obtidos através de ensaios realizados no período de seca retratam a
eficiência do sistema pasto-suplemento em diferentes fases da criação de bovinos de corte.
Detmann et al., (2004) ao pesquisarem níveis de PB para suplementos de animais terminados
a pasto, evidenciaram ganho médio diário de 0,983 kg/animal e rendimento de carcaça
superior a 51,0 % para tratamentos com teor de 20 % de PB. Os autores inferem que este
percentual de PB otimiza o desempenho produtivo dos animais permitindo rentabilidade
favorável no período da seca. Adicionalmente, incrementos a esta rentabilidade podem ser
obtidos através da aquisição estratégica de insumos.
Santos et al. (2002) ao avaliarem características de desempenho e de carcaça de
animais terminados em sistema pasto-suplemento, demonstraram que o fornecimento de
suplementos proporciona a obtenção de carcaças mais pesadas, com menor proporção de
ossos, maior relação músculo:osso e melhor acabamento, quando comparado às carcaças dos
animais não-suplementados. Desta forma a técnica de suplementação durante o período seco
permite a terminação e o abate de animais classificados como jovens e com carcaças de alta
qualidade.
No período de transição seca/águas os ganhos observados devem-se ao fato de que os
animais podem expressar ganhos compensatórios devido à disponibilidade de forragens de
bom valor nutricional, situação notada após um período de subnutrição devido ao período de
seca (POPPI e McLENNAN, 1995; SANTOS et al., 2002).
Neste contexto, Moraes et al., (2006) concluíram que diferentes níveis de PB ofertada
através de suplementos influenciam de forma distinta o desempenho dos animais. Segundo os
autores, o suplemento com 24,0 % de PB apresenta-se como sendo o mais eficiente,
30
imprimindo aos animais melhor performance e permitindo retorno econômico favorável
durante o período de transição seca/águas.
Quanto à suplementação no período das águas, esta detém o escopo de aumento no
ganho de peso além do obtido naturalmente sem a utilização da técnica, isto porque mesmo
constituindo-se de um período favorável ao desenvolvimento de forragens, há situações em
que variações quanto aos seus valores nutritivos são observados, sendo estas variações
possíveis de não atingirem à demanda exigida pelos animais (MORAES, 2006).
Um dos fatores contribuintes para o aumento em desempenho no período das águas é a
influencia determinada pela nutrição. Sob o intuito de atender maiores exigências nutricionais
estabelecidas pelo crescimento acelerado, um aumento na oferta de proteína na alimentação
apresenta-se como uma opção adequada (POPPI e McLENNAN, 1995). Adicionalmente,
Malafaia et al. (2003) descrevem sobre a conveniência de suplementos com proteínas de
menor degradabilidade ruminal, mesmo para animais pastejando forragens com altos níveis de
proteína.
Entretanto, Costa (2009) inferiu que a suplementação de bovinos em pastejo no
período das águas é mais adequada quando se utiliza fontes de compostos nitrogenados
degradáveis, o que permite ampliar a eficiência de uso do pasto por elevar a concentração de
nitrogênio amoniacal ruminal. Afirmativa esta corroborada por Detmann et al. (2010), em que
a recomendação de um planejamento nutricional no período das águas deve ser realizada
envolvendo suplementos que contenham compostos degradáveis no rúmen a fim de elevar a
concentração de nitrogênio amoniacal ruminal ao mínimo de 13 mg/dl.
Outro fator abordado por Poppi e McLennan (1995) e Malafaia et al. (2003), diz
respeito à suplementação energética no período das águas, esta promoveria melhora na
utilização da proteína do pasto, principalmente quando a proteína possuísse elevada
degradação ruminal, o que permitiria um aumento no crescimento microbiano, em
consequência, maiores suprimentos de proteína microbiana para o intestino delgado seriam
evidenciados.
Zervoudakis et al. (2002), em trabalho desenvolvido com recria de novilhas mestiças
sob o consumo de 0,5 kg de suplemento/dia, constataram respostas ao ganho de peso diário
em valores médios de 0,838 kg por novilha. De acordo com os autores os resultados
apresentados demonstraram-se adequados face ao contexto avaliado. De forma semelhante,
Porto et al. (2009), observaram efeitos significativos no ganho de peso de animais em recria
consumindo suplemento alimentar comparados aos que consumiam mistura mineral. Os
31
resultados destes trabalhos confirmam a afirmativa de Paulino et al. (2002b) sobre o efeito da
suplementação protéica durante a estação das águas. De acordo com os autores, os animais
suplementados geralmente respondem à utilização de suplementos com ganhos adicionais
variando de 0,200 a 0,300 kg.
Sobre a suplementação no período de transição águas/seca, Barbosa et al. (2008)
evidenciaram diferenças significativas quanto ao ganho médio diário e ao ganho total por
novilho consumindo suplemento protéico-energético quando comparados a animais que
consumiam mistura mineral. Além disto, conclusões a respeito de rentabilidade da técnica
demonstraram-se positivas, segundo os autores recomenda-se a suplementação protéico-
energética, pois o retorno econômico é maior do que o observado para animais consumindo
apenas suplemento mineral.
Um possível efeito ao suplementar a dieta de bovinos de corte foi apresentado por
Lange (1980) citado por Mieres (1997), sobre as relações entre o pasto e o suplemento. Estas
relações apresentam-se de distintas formas sobre o consumo da pastagem, sendo descritas
como aditivas, substitutivas, aditiva substitutiva, aditiva com estímulo e substitutiva com
depressão. Efeitos associativos positivos permitem que haja incremento no consumo de
forragem quando providos, através de suplementos concentrados, os nutrientes limitantes
deficientes no pasto (e.g., nitrogênio e fósforo) (PAULINO, 2005).
Quanto aos efeitos negativos, é importante considerar que estes não se enquadram em
sistemas que preconizam precisão na produção. Detmann et al. (2005) destacam que efeitos
substitutivos sobre o consumo de forragem não são interessantes, visto que o objetivo
principal da suplementação no sistema produtivo reside sobre a otimização do uso das
forragens, minimizando o efeito de substituição. Segundo Euclides (2002), o efeito dessa
substituição ocorre geralmente em situações onde a suplementação alimentar é fornecida
simultaneamente a pastagens de alta qualidade resultando em depressão do consumo de
forragem por parte do animal. O motivo pelo qual o animal apresenta esta alteração de
consumo se dá em função do controle quimiostático, que é sensível à quantidade de energia
digerível ingerida. Costa (2009) ao avaliar o desempenho nutricional de bovinos em sistema
pasto-suplemento apresentou coeficientes de substituição médios de 2,11 g de MS de pasto e
1,07 g de FDN de pasto para cada grama de suplemento ingerido.
Segundo Paulino (2005) os efeitos associativos negativos são frequentes e podem
influenciar a digestibilidade da forragem de forma negativa, o que contribuiria também para
uma baixa eficiência na utilização de grãos.
32
Estas interações foram igualmente destacadas por Detmann (2002), alegando que a
taxa de crescimento específico dos microrganismos ruminais sofre influencia dos efeitos de
interação entre alimentos. Portanto, sejam os efeitos associativos positivos ou negativos, de
grande ou pouca magnitude, estes existem e ocorrem em circunstâncias práticas de
alimentação.
Um aspecto relevante ao sistema pasto-suplemento se deve a avaliação econômica de
adesão da técnica. Uma administração com caráter empresarial, com gestão embasada em
projeções de custos e rentabilidade são prioridades nas considerações realizadas no
planejamento pecuário que antecede a definição de sua aplicação. Além disto, Nogueira
(2003) destacou o estabelecimento de um plano anual a ser aplicado dentro das possibilidades
da empresa rural para se obter uma condição eficientemente lucrativa.
Quanto ao sucesso da técnica, Da Silva et al. (2008) destacam que em sistemas de
produção baseados em pastagens que objetivem a eficiência e otimização dos recursos
suplementares, torna-se imprescindível o conhecimento das relações entre níveis de
suplementação, disponibilidade e oferta de forragem. Uma suplementação adequada depende
do entendimento dos efeitos da utilização do suplemento, assim como da eficiência do sistema
de produção como um todo.
Um planejamento que empregue a técnica de suplementação no sistema de produção
de bovinos a pasto, através de gestão integrada dos recursos alimentares, tornará índices
produtivos mais compatíveis com o potencial latente da pecuária de corte brasileira.
Os capítulos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Brasileira
de Zootecnia.
33
1.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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40
CAPÍTULO 2
Suplementação de bovinos de corte recriados em sistema de integração lavoura e
pecuária no período das águas
2.1. RESUMO – Objetivou-se avaliar o desempenho produtivo e econômico de animais
consumindo quatro diferentes formulações de suplementos, SM – mistura mineral, SE –
suplemento energético, SEP – suplemento energético-protéico e SPE – suplemento protéico-
energético, assim como avaliar as características nutricionais e estruturais do pasto de
Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistema de integração lavoura e pecuária. Foram
utilizados 100 novilhos não castrados, sendo 57 mestiços (Nelore x Europeu) e 43 da raça
Nelore, com idade média de 15 meses e peso corporal médio inicial de 281 ± 31 kg. A área
experimental constituiu-se de quatro piquetes de 4,68 ha, formados com B. brizantha cv.
Marandu. A massa de forragem total (MFT) e massa de forragem potencialmente digestível
(MFpd) foi de 6,19 t/ha e 4,14 t/ha, respectivamente. O experimento foi estruturado segundo o
esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente casualizado, onde foram
avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) e quatro diferentes formulações de
suplementos. O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h, sendo a quantidade
ofertada de 0,5 kg/animal/dia para SE, SEP e SPE, aproximadamente 0,16% do peso corporal
médio dos animais, salvo o SM ofertado ad libitum. Houve diferença de grupo genético sobre
o ganho produtivo dos animais, sendo que os novilhos mestiços apresentaram melhor
desempenho. A média de ganho de peso diário, ganho de peso total e peso corporal final,
foram maiores nos animais que consumiram SE em relação ao SM e SPE. O tratamento SE
permitiu maior retorno econômico por unidade monetária investida e maior redução nos dias
necessários para a obtenção de animais de peso corporal de 360 kg quando comparado aos
tratamentos SM, SEP e SPE.
Palavras chave: pastagem, suplemento, recria, bovinos de corte, desempenho animal
41
Supplementation of beef cattle raised in integrated crop and livestock during the rainy
season
2.2. ABSTRACT – The objective was the evaluate the performance and economic
development of animals receiving four different formulations of supplements, MM – mix
mineral, SE – energy supplement, SEP – protein and energy supplement and SPE – energy
protein and supplement, as well as evaluate the nutritional and structural characteristics of the
pasture (Brachiaria brizantha cv. Marandu) in integrated crop and livestock. A total of 100
steers, 57 crossbred and 43 Nelore, uncastrated, with 15 months of average age and 280 ± 31
kg of initial body weight. The experiment consisted of four paddocks of 4.68 ha formed by B.
brizantha cv. Marandu. The availability of dry matter and potentially digestible dry matter
was 6.19 t/ha and 4.14 t/ha, respectively. The work was designed as factorial arrangement
(2x4) in a completely randomized design, were evaluated two genetic groups (Nelore vs.
Crossbred) and four different formulations of supplements. The animals were feeding around
10:00 am, and the quantity of supplements offer of 0.5 kg/animal/day for the SE, SEP and
SPE, approximately 0.16% of average body weight, except the MM offered ad libitum. There
was significant effect of genetic group on productive performance of animals, crossbred steers
and that had better performance. The average daily and total gain weight, were higher in
animals that consumed SE in relation to MM and SEP. The SE treatment allowed greater
economic return per unit monetary invested when compared to other treatments MM, SEP and
SPE. Crossbred steers raised in system integration of crops and livestock in the period of
productive waters have better performances.
Keywords: pasture, supplement, rearing, beef cattle, animal performance
42
2.3. Introdução
As exportações brasileiras de carne bovina ao longo da primeira década do século 21
apresentaram notável crescimento. Contudo, para a continuidade deste incremento, a
produção nacional deve ter como meta altos índices de produtividade associados a produtos
de qualidade, tendo em vista o suprimento da demanda dos mercados interno e externo.
A ampliação da capacidade de produção nas áreas atualmente exploradas deve possuir
como objetivo a utilização de tecnologias que favoreçam o produtor rural sem, contudo,
promover impactos irreversíveis ao meio ambiente. Destaca-se que, as adoções de sistemas
que integrem cultura de grãos à pecuária apresentam-se de grande interesse, visto que, estes se
completam sob os aspectos do manejo, da fertilidade, da física e da biologia do solo,
promovendo benefícios da exploração pecuária à lavoura, assim como, da lavoura à pecuária,
através do aproveitamento residual das adubações das culturas de grãos permitindo maior
produtividade e qualidade do pasto e, aumentando os indicadores de produção por parte do
componente animal.
Adicionalmente, para o aumento da produtividade, a redução da idade ao abate dos
animais apresenta-se oportuna, pois amplia a taxa de desfrute dos rebanhos e melhora a
qualidade do produto ofertado.
Aspectos relativos à fase de recria tornam-se de grande valia na produção de bovinos
de corte, uma vez que esta detém os animais por maior período na propriedade. Como descrito
por Aidar & Kluthcouski (2003), a duração desta fase pode alongar-se por até 30 meses em
sistemas de produção menos tecnificados. No entanto, tal período apresenta-se passível de
redução ou até mesmo de eliminação, visto que a sua ampliação promove baixos índices
zootécnicos, elevando os custos do sistema de produção.
Desta forma, a recria de bovinos de corte, responsável por aproximadamente 58% do
ciclo de produção, apresenta-se como a etapa principal para a aplicação de tecnologias a fim
de melhorar a eficiência do processo produtivo (Goes et al., 2005). Práticas que diminuam o
número de animais nesta fase e/ou abreviem o seu tempo de duração, tornam-se significantes
para o desenvolvimento de uma bovinocultura de ciclo curto como observado em sistemas de
pastejo que utilizam suplementação alimentar (Barbosa et al., 2008; Paula et al., 2010).
A utilização de suplementos na produção de bovinos de corte apresenta-se,
independentemente da estação, imprescindíveis quando as demandas por nutrientes se fazem
43
em maior quantidade, como exigido por sistemas delineados para obtenção de crescimento
acelerado e oferta de animais acabados precocemente.
No entanto, Pilau et al. (2003) relataram que a suplementação possui grande
participação na composição dos custos totais da atividade pecuária. Com base na afirmação,
Paula (2008) enfatizou sobre a importância de se realizar uma avaliação conjunta entre
eficiência produtiva e o impacto econômico promovido pela adesão desta técnica. Isto porque,
a pecuária desenvolvida no sistema pasto-suplemento implica em mudanças estratégicas no
planejamento e na condução da criação, o que geralmente exige maiores investimentos por
parte do produtor.
De acordo com as considerações apresentadas, definiu-se como objetivo deste estudo
avaliar o desempenho produtivo e econômico de bovinos de corte, Nelore e mestiços, na fase
de recria, suplementados em pastagem com Brachiaria brizantha cv. Marandu, cultivada em
sistema de integração lavoura e pecuária (ILP) durante o período das águas.
2.4. Material e Métodos
O experimento foi conduzido em área pertencente à fazenda Dona Isabina, localizada
no município de Santa Carmem situado na região norte do estado de Mato Grosso, durante o
período das águas, compreendendo os meses de janeiro a abril do ano de 2010. A área
experimental encontra-se sob as coordenadas geográficas 12°03’52.07’’ Sul e 55°21’16.92’’
Oeste.
O clima de Santa Carmem é, de acordo com a classificação de Köppen-Geiger, do tipo
Am (clima de monção), ou seja, tropical chuvoso com um pequeno período de chuvas no mês
mais seco. O município localiza-se no Planalto dos Parecis, sendo o relevo homogêneo com
pouca declividade e altitude média de 435,0 m em relação ao nível do mar (Santa Carmem,
2010).
O módulo do sistema de ILP utilizado apresentou, durante cinco anos agrícolas,
distintas culturas, sendo iniciado o experimento no ano de 2009/10 (Tabela 1).
44
Tabela 1 – Histórico da distribuição das culturas em função do ano agrícola e da época do
ano.
Ano agrícola Época
Águas Seca
2005/06 Soja1
Sorgo3 + B. ruziziensis
2006/07 Soja1 Milho
4 + B. ruziziensis
2007/08 Arroz2 Milheto
5 + Sorgo
3 + B. ruziziensis
2008/09 Soja1 Milho
4 + B. brizantha cv. Marandu
2009/10 B. brizantha cv. Marandu --- 1Precoce;
2Semeado em plantio direto;
3Pastejo;
4Safrinha;
5Semeado sobre o consórcio Sorgo + B.
ruziziensis que germinaram inadequadamente.
O módulo do sistema de ILP destinado à avaliação das variáveis do pasto e do
desempenho produtivo dos animais apresentava área total de 18,72 ha, subdividido em quatro
piquetes de 4,68 ha, delimitados internamente por cerca elétrica composta de três fios. Em
cada piquete, foram alocados três cochos móveis e descobertos, e um bebedouro tipo
Australiano (2600 litros) localizado no vértice comum aos quatro piquetes.
O pasto era formado homogeneamente pela gramínea Brachiaria brizanta cv.
Marandu, sendo sua implantação realizada no ano agrícola 2008/09, em consórcio à cultura de
milho (Zea mays) dentro das técnicas preconizadas pelo sistema de ILP – Santa Fé. Após a
colheita do grão o pasto foi manejado até o dia de início do período experimental, sendo
realizada uma adubação de manutenção com 50 kg de N/ha dez dias após o início das
atividades com intuito de proporcionar acréscimo na produção de massa de forragem.
O experimento foi conduzido através de lotação contínua, com taxa de lotação variável
em função do ganho médio diário dos animais. Para avaliação de desempenho foram
utilizados 100 novilhos não castrados, sendo 43 animais da raça Nelore e 57 animais mestiços
(Nelore x Europeu), com idade média de 15 meses e peso corporal médio inicial de 281 ± 31
kg. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em quatro lotes com pesos semelhantes. Ao
início do experimento, todos os animais foram submetidos ao controle de endo e ectoparasitas
e durante o período experimental, quando necessário, realizaram-se controles individuais dos
animais que apresentaram ferimentos infestados por miíases.
Os dados climáticos referentes ao período ao período experimental foram tomados,
para temperatura, da estação automática pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia e,
para precipitação, de um pluviômetro localizado a cerca de 100 m da área experimental, os
dados climáticos encontram-se dispostos na Tabela 2.
45
Tabela 2 – Valores médios diários das temperaturas máximas e mínimas, e precipitação
pluviométrica média e total coletados ao longo do período experimental
Períodos Temperaturas Médias (°C)¹ Precipitação (mm)²
Máxima Mínima Média Total
Jan/Fev 31,04 21,64
12,91 361,50
Fev/Mar 31,91 22,25
9,91 277,50
Mar/Abr 30,75 21,83 10,86 304,00
Fonte: ¹ Instituto Nacional de Meteorologia; ² Pluviômetro de campo.
Foram avaliados quatro tratamentos compostos por suplementos alimentares
(suplemento mineral – SM; suplemento energético – SE; suplemento energético protéico –
SEP; suplemento protéico energético – SPE) na alimentação de bovinos recriados em pastejo
no período das águas. O SE é assim caracterizado por possuir menos de 20% de PB e não
conter fonte protéica, SEP por possuir menos de 20% de PB e conter fonte protéica, e o SPE
por ter mais de 20% de PB e conter fonte protéica. Na Tabela 3, encontra-se a composição
percentual dos suplementos.
O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h com tempo gasto total de 30
minutos. A quantidade ofertada foi de 0,5 kg/animal/dia para SE, SEP e SPE,
aproximadamente 0,16% do peso corporal médio dos animais. O SM foi ofertado ad libitum.
Através de pesagens diárias da sobra encontrada no cocho, determinou-se o consumo médio
de mistura mineral por animal ao longo dos períodos, fornecendo dados mais próximos ao
real para contribuição à posterior análise econômica.
Tabela 3 – Composição percentual dos suplementos com base na matéria natural
Ingredientes Suplementos
SM SE SEP SPE
Mistura mineral1 100,0 14,0 14,0 14,0
Resíduo de feijão moído - - 17,7 43,1
Grão de milheto moído - 86,0 66,8 36,9
Uréia - - 1,5 6,0 1 Mistura mineral comercial – Tertúlia 85 P.
Níveis de garantia: Cálcio 180,0 g; Sódio 120,0 g; Fósforo 85,0 g; Enxofre 15,0 g; Magnésio 2,0 g;
Zinco 4500,0 mg; Cobre 1300,0 mg; Manganês 1150,0 mg; Flúor 830,0 mg; Cobalto 85,0 mg; Iodo
85,0 mg; Selênio 24,5 mg.
O início do experimento ocorreu em 15 de janeiro de 2010 e o término em 09 de abril
de 2010, perfazendo um total de 84 dias, divididos em três períodos de 28 dias.
Após a pesagem inicial, os animais foram distribuídos em quatro lotes, aos quais
foram alocados os tratamentos aleatoriamente, sendo 28 dias o intervalo entre as pesagens
subseqüentes. Os pesos dos animais foram tomados sempre no mesmo horário do dia com o
46
objetivo de acompanhar desempenho produtivo durante e ao término do experimento. A fim
de minimizar algum eventual efeito benéfico inerente a algum piquete, como uma possível
variação na massa de MS de forragem, procedeu-se o rodízio dos lotes de animais a cada 14
dias, mantendo-se o fornecimento do respectivo tratamento aos mesmos.
Ao início do experimento e sucessivamente a cada 10 dias, realizou-se a coleta de
amostras de pasto utilizando-se dois métodos. No primeiro método foram realizadas
amostragens de altura (cm) e de massa de forragem (t de MS/ha) através do corte de cinco
áreas aleatórias de cada piquete experimental. Os cortes foram feitos a uma altura de 0,10 m
do solo, delimitados por um quadrado metálico com dimensão de 0,50 x 0,50 m. As alturas
foram medidas anteriormente ao corte, com auxílio de um metro de madeira posto ao centro
do quadrado, a partir do nível do solo até o plano horizontal médio das folhas superiores.
Seguido o corte, as amostras foram pesadas e os valores registrados para posterior
determinação da massa de forragem e da densidade volumétrica do pasto (kg de MS/ha.cm).
Em seguida, o material de cada piquete foi homogeneizado, do qual foi coletado duas
subamostras compostas por piquete, sendo, uma para determinação da composição
bromatológica e massa total de forragem em t de MS/ha (MFT) e a outra fracionada para os
componentes lâmina foliar verde – LV, lâmina foliar seca – LS, colmo verde – CV e colmo
seco – CS, sendo a bainha e a inflorescência considerados como colmo, o que permitiu o
conhecimento da composição bromatológica de cada componente e a proporção entre a massa
de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e da massa de forragem morta (MFMorta, t de MS/ha)
por piquete e por período na MFT.
O segundo método de coleta adotado foi realizado com objetivo de avaliar a forragem
ingerida pelos animais através da simulação de pastejo, a qual foi conduzida por um único
amostrador ao longo do experimento a fim de minimizar a variação dos resultados. As
amostras de pastejo simulado foram obtidas simultaneamente à coleta através do método do
quadrado metálico. Ao anteceder a simulação, o amostrador posicionou-se a uma distância
que permitisse a observação do material ingerido pelos animais, após o acompanhamento deu-
se início a ação da coleta ao longo de linhas em “zig-zag” em de cada piquete, até que fosse
obtido, aproximadamente, 400 g/amostra.
Para amostras destinadas à estimativa da massa total de forragem e para amostras de
pastejo simulado, foram calculados os percentuais de MS potencialmente digestível (MSpd)
ofertada e ingerida pelos animais. Os resultados foram obtidos por intermédio do resíduo
47
insolúvel em detergente neutro, obtido após incubação ruminal in situ das amostras por 240
horas (Casali et al., 2008), segundo a equação descrita por Paulino et al. (2006a):
MSpd = 0,98 x (100 – FDN) + (FDN – FDNi)
Onde: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeira do conteúdo celular;
FDN = fibra em detergente neutro;
FDNi = fibra em detergente neutro indigestível.
A determinação da massa de MSpd foi estimada multiplicando-se seu respectivo
percentual pela massa de forragem total (t de MS/ha).
Semanalmente, foram realizadas 200 mensurações da altura média do pasto tomadas
em 50 pontos aleatórios por piquete com o objetivo de estabelecer o correto manejo da
pastagem, dentro dos limites de 0,20 a 0,40 m recomendados por Lupinacci (2002), Sarmento
(2003) e Da Silva et al. (2008) para o capim Marandu.
As amostras de forragem coletadas, suplementos e seus respectivos ingredientes foram
enviados ao Laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT, campus Sinop, para
as seguintes análises químico-bromatológicas (Tabela 4): matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO), proteína bruta (PB) em que PB(%) = Ntotal(%) x 6,25, extrato etéreo (EE) e cinzas,
realizadas segundo as técnicas descritas por Silva & Queiroz (2002). As análises de fibra em
detergente neutro (FDN) foram conduzidas conforme Mertens (2002). A fibra em detergente
neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp) segundo Detmann et al. (2010). A fibra em
detergente ácido (FDA) de acordo com Van Soest et al. (1991). A lignina (LIG) foi
determinada segundo o método do ácido sulfúrico 72% p/p (lignina “Klason”), descrito por
Silva & Queiroz (2002). A FDN indigestível (FDNi) segundo as recomendações de Casali et
al. (2008). O nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido
(NIDA) foram obtidos conforme Licitra et al. (1996).
48
Tabela 4 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes e dos suplementos
Item Tratamentos
Milheto Resíduo de
Feijão Uréia
SM SE SEP SPE
MS1 (%) 98,86 90,12 90,33 90,87 88,69 89,04 98,80
MO2, 16
0,76 83,33 83,24 83,19 96,77 96,03 99,83
MM3, 16
99,24 16,67 16,76 16,81 3,23 3,97 0,17
PB4, 16
- 12,42 18,41 33,27 14,44 25,68 273,63
NIDN5, 17
- 22,89 21,42 18,68 26,62 20,55 -
NIDA6, 17
- 6,06 7,27 8,83 7,05 14,45 -
EE7, 16
- 4,28 3,69 2,72 4,98 2,05 -
CT8, 16
- 66,52 63,76 57,98 77,35 68,30 -
CNF9, 16
- 54,17 52,17 19
47,64 19
62,99 56,56 -
FDN10, 16
- 12,85 12,16 10,81 14,94 12,30 -
FDNcp11, 16
- 12,35 11,67 10,36 14,36 11,74 -
FDNi12, 16
- 10,80 9,56 7,48 12,56 6,61 -
FDA13, 16
- 6,58 7,16 7,80 7,65 11,56 -
LIG14, 16
- 1,74 1,63 1,42 2,02 1,56 -
NDT15, 18
- 72,99 71,23 66,72 84,88 82,12 - 1Matéria seca;
2Matéria orgânica;
3Matéria mineral;
4Proteína bruta;
5Nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;
7Extrato etéreo;
8Carboidratos totais;
9Carboidratos não fibrosos;
10Fibra em detergente neutro;
11Fibra em detergente neutro corrigida para
cinzas e proteína; 12
Fibra em detergente neutro indigestível; 13
Fibra em detergente ácido; 14
Lignina; 15
Nutrientes digestíveis totais; 16
% da MS; 17
% do N total; 18
Estimado segundo NRC (2001); 19
Estimado segundo Hall (2000).
Os teores de carboidratos totais das amostras foram calculados segundo equação
proposta por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 – (%PB + %EE + %Cinzas). Para os
carboidratos não fibrosos (CNF) da forragem e do suplemento que não continha uréia na
formulação, o cálculo foi realizado por meio da diferença entre CT e FDNcp. Já para os
suplementos contendo uréia utilizou-se a equação proposta por Hall (2000):
CNF = 100 – [(%PB – %PB derivada da uréia + %uréia) + %FDNcp + %EE + %Cinzas]
Onde: PB = proteína bruta (% da MS);
FDNcp = fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína (% da MS);
EE = extrato etéreo (% da MS);
Cinzas = cinzas (% da MS).
49
Para estimativa de NDT (% da MS) da forragem e dos suplementos, utilizou-se o
modelo sugerido pelo NRC (2001) a partir da composição dos alimentos avaliados conforme
as equações:
PBD (forragens) = PB[–1,2 x (PIDA/PB)]
PBD (concentrados) = PB x [1 – (0,4 x PIDA/PB)]
AGD = EE – 1
CNFD = 0,98 x {100 – [(FDN –PIDN) + PB + EE + CINZAS]} x PAF
FDNpD = 0,75 x (FDNp – L) x [1 – (L/FDNp)0,667
]
NDT = CNFD + PBD + (AGD x 2,25) + FDNpD – 7
Onde: PBD = proteína bruta digestível (% da MS);
PB = proteína bruta (% da MS);
PIDA = proteína insolúvel em detergente ácido (% da MS);
AGD = ácidos graxos digestíveis (% da MS), se EE < 1, então AGD = 0;
EE = extrato etéreo (% da MS);
CNFD = carboidratos não fibrosos digestíveis (% da MS);
FDN = fibra em detergente neutro (% da MS);
PIDN = proteína insolúvel em detergente neutro (% da MS);
CINZAS = cinzas (% da MS);
PAF = fator de ajuste para processamento físico, (PAF = 1);
FDNpD = fibra em detergente neutro corrigida para proteína digestível (% da MS);
FDNp = fibra em detergente neutro corrigida para proteína (% da MS);
L = lignina (% da MS);
7 = valor fecal metabólico (Weiss et al., 1992 citados pelo NRC, 2001).
50
A análise econômica foi realizada considerando a remuneração do capital investido,
obtida através da razão entre a margem de lucro e as despesas envolvidas no processo de
suplementação.
A receita obtida do ganho em equivalente carcaça (@) foi multiplicada pelo valor
médio de venda da @ na região no mês do término do experimento (abril), sendo as despesas
obtidas através do custo total com os suplementos (aquisição de ingredientes e produção)
somados aos custos envolvidos com sua distribuição. Este último foi composto pelo custo de
mão-de-obra somado ao custo com combustível utilizado para o veículo em serviço.
Considerou-se, para fins de cálculo, o tempo médio de 30 minutos para distribuição dos
suplementos aos animais, sendo a distância total percorrida de aproximadamente 1,0 km.
O experimento foi estruturado segundo um esquema fatorial (2x4), sendo dois grupos
genéticos e quatro suplementos, distribuído em um delineamento inteiramente casualizado
(DIC) com período experimental de 84 dias, subdividido em três períodos de 28 dias.
O peso corporal inicial foi utilizado como covariável no modelo estatístico para as
variáveis em estudo e, no caso da não significância do mesmo, este parâmetro foi retirado do
modelo e a análise foi realizada novamente.
As variáveis mensuradas foram submetidas à análise de variância e as médias de
mínimos quadrados comparadas pelo teste “t” adotando-se um nível de significância de 0,05.
Para realização da análise variância foi utilizado o PROC GLM do programa computacional
SAS (Statistical Analyses System).
O modelo estatístico utilizado para o experimento foi:
Yijk = µ + Si + Gj + Si*Gj + β*(PIijk – PI/n) + eijk
Onde: Yijk = resposta observada no animal k, do grupo genético j, consumindo suplemento i;
µ = média geral observada;
Si = efeito do suplemento i, i = (SM; SE; SEP; SPE);
Gj = efeito do grupo genético j, j = (Nelore; Mestiço);
Si*Gj = efeito da interação entre suplemento e grupo genético;
β = coeficiente de inclinação do modelo linear;
PIijk = covariável peso corporal inicial;
PI/n = média geral do peso corporal inicial;
eijk = erro aleatório associado a cada observação.
51
2.5. Resultados e Discussão
Os valores de massa de forragem total (MFT) ao longo dos períodos do experimento
(Figura 1) apresentaram-se decrescentes, sendo os menores registros observados ao término
do experimento. Tais reduções apresentam-se dentro de uma variação esperada em virtude dos
fatores climáticos ao fim da época das águas e início da época seca, pois tal época apresenta
condições climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento vegetativo das forragens.
Ao mesmo tempo, o decréscimo na massa de forragem total observado vem
acompanhado do aumento no consumo de MS (CMS) de pasto, efeito este decorrente da
maior demanda por nutrientes pelos animais ao longo de seus desenvolvimentos fisiológicos
(Hodgson, 1990). Tais desenvolvimentos são evidenciados pelo aumento na taxa de lotação
(TL) ao longo do experimento, sendo ao início do período de 3,3 UA/ha e ao término de 4,0
UA/ha.
Figura 1 – Massa de forragem total (MFT, t de MS/ha) e massa de forragem potencialmente
digestível (MFpd, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do
experimento (Intervalo de Confiança: 90%).
O valor médio de MFT (6,19 t de MS/ha) foi decorrente, em grande parte, à adubação
nitrogenada de manutenção realizada ao início das atividades, assim como pelo efeito residual
dos fertilizantes aplicados no solo das culturas de grãos, como soja e milho, com o qual o
capim Marandu foi implantado em consórcio no módulo experimental do sistema ILP.
2.53.03.54.04.55.05.56.06.57.07.58.08.5
0.0
1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
6.0
7.0
8.0
9.0
10.0
15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr
Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr
Mas
sa d
e fo
rrag
em p
ote
nci
alm
ente
dig
estí
vel
(t
de
MS
/ha)
Mas
sa d
e fo
rrag
em t
ota
l (t
de
MS
/ha) MFT
MFpd
52
Sob a luz do conhecimento de que as respostas produtivas dos animais criados em
sistemas de pastejo são determinadas pelo consumo do pasto e este, por sua vez, detém de
estreita relação não só com arranjo espacial (estrutura), mas também com seu valor nutritivo e
com a massa disponível, destaca-se que o valor médio de MFT encontrado neste experimento
não impediu que houvesse um consumo seletivo por parte dos animais, uma vez que este se
encontrou superior ao valor de 4,67 t de MS/ha, sugerido por Euclides et al. (1992) como não
limitante à seletividade.
Considerada a MFT, faz-se necessária maior ponderação quanto ao seu conteúdo
passível de utilização pelo animal. Um primeiro modelo básico para taxa de digestão foi
descrito por Waldo & Smith (1972), destacando a característica de que a fibra das forragens
poderia ser dividida em frações digestíveis e indigestíveis.
Segundo Paulino et al. (2006b), sob o conceito das frações da fibra acima citadas, o
manejo do pasto relacionando a qualidade nutricional e a quantidade disponível deveria
concentrar-se na MS passível de utilização pelos animais, também descrita como matéria seca
potencialmente digestível (MSpd).
No presente estudo, o percentual de MSpd variou de um valor mínimo de 64,80% à
um máximo de 69,17% da MFT ao longo dos períodos, sendo a massa de forragem
potencialmente digestível (MFpd) média correspondente a 4,14 t/ha, o que determinou um
considerável estoque de energia disponível. Tais resultados podem ser atribuídos a
manutenção de um percentual considerável de massa de forragem verde (MFV) na
composição da MFT (Figura 2).
Como destacado por Paulino et al. (2006a), incrementos de MSpd promovem
benefícios diretos ao sistema, maiores tornam-se as produtividades ao mesmo tempo em que
necessidade de suplementos para correção de deficiências quantitativas do pasto diminui.
53
Figura 2 – Massa de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e massa de forragem morta
(MFMorta, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do
experimento (Intervalo de Confiança: 90%).
Os valores de MFV apresentaram, ao longo deste estudo, 81,01% da MFT. Esta
resposta ocorreu, provavelmente, por tratar-se de um pasto de primeiro ano formado por meio
de técnicas de consorciação no sistema de ILP, o que permitiu a forrageira um alto potencial
de crescimento e manutenção de grandes proporções de tecidos verdes.
Considerações acerca de massa, proporções e da qualidade nutricional dos segmentos
morfológicos do componente vegetal possuem grande importância devido à influência sobre o
consumo de MS de pasto e, consequentemente, sobre o desempenho dos animais em pastejo
(Santos et al., 2004a). Situações em que não haja limitações de massa de forragem, maior será
a seletividade do animal que opta no momento do pastejo por selecionar porções mais
nutritivas (lâminas foliares verdes) em detrimento aos colmos e ao material senescente e
morto. Assim, a quantidade ótima de tecidos vivos no pasto desempenha um papel importante
na resposta produtiva dos animais. Face a tal importância, apresentam-se na Figura 3 e 4 os
valores de massa dos segmentos morfológicos do capim Marandu utilizado neste ensaio.
0.00.10.20.30.40.50.60.70.80.91.01.11.21.31.41.51.6
2.5
3.5
4.5
5.5
6.5
7.5
8.5
9.5
10.5
11.5
15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr
Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr
Mas
sa d
e fo
rrag
em m
ort
a (t
de
MS
/ha)
Mas
sa d
e de
forr
agem
ver
de
(t d
e M
S/h
a) MFV
MFMorta
54
Figura 3 – Massa de colmo verde (MCV, t de MS/ha) e massa de colmo seco (MCS, t de
MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo
de Confiança: 90%).
A diminuição na massa de colmo verde e aumento de colmos secos promove
decréscimo no valor nutricional da forrageira e prejudicam o seu consumo de duas formas,
uma pré consumo e a outra pós consumo. A primeira por influenciar a estrutura do pasto que
se encontra intimamente relacionada com a profundidade e com massa do bocado obtida pelo
animal (Carvalho, 1997) e, a segunda, pela redução dos valores de PB e aumento nos valores
de FDN e FDNi do pasto, sendo este último tipo de fibra correspondente dos tecidos
lignificados refratários à digestão (Paulino et al., 2001), portanto, quanto maior sua
participação no pasto pior torna-se o seu valor nutricional.
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr
Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr
Mas
sa d
e co
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eco (
t de
MS
/ha)
Mas
sa d
e co
lmo v
erde
(t d
e M
S/h
a)MCV
MCS
55
Figura 4 – Massa de lâmina foliar verde (MLV, t de MS/ha) e massa de lâmina foliar seca
(MLS, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento
(Intervalo de Confiança: 90%).
Para os valores de lâminas foliares verdes observou-se a manutenção da massa entre
os piquetes ao longo dos períodos. Tal comportamento é justificado pelo favorecimento das
condições climáticas ao desenvolvimento vegetativo da forrageira (Tabela 2).
A não evidencia de grandes variações na MLS possivelmente tenha ocorrido pelo
consumo desta fração concomitantemente ao consumo de lâminas foliares verdes como
descrito no experimento de Euclides et al. (1992), em que 81,7% do material coleta via fístula
esofágica foi composto por folhas (verdes e secas).
Semelhantemente a este estudo, a baixa taxa de senescência para pastos de Marandu
manejados a altura média de 40 cm, na estação de verão, promoveu a manutenção de lâminas
foliares secas na pastagem, como evidenciado por Sbrissia (2004).
Observou-se diminuição dos valores de altura do pasto (Figura 5) com o avançar dos
períodos, decorrente da forragem consumida pelos animais do início ao término do
experimento, sendo esta redução concomitante ao decréscimo dos valores de MFT. Outro
fator responsável pela redução da altura foi o possível efeito de pisoteio e acamamento
promovido pelos animais ao longo dos 84 dias de avaliação.
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
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0.9
1.0
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5.0
15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr
Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr
Mas
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min
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liar
sec
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MS
/ha)
Mas
sa d
e lâ
min
a fo
liar
ver
de
(t d
e M
S/h
a) MLV
MLS
56
Figura 5 – Valores médios das alturas do pasto verificados semanalmente ao longo do
período experimental (Intervalo de Confiança: 90%).
Segundo Rego et al. (2006), a altura do pasto apresenta-se como um dos fatores que
permitem incrementar o consumo de forragem pelos animais através do aumento da ingestão
(g MS/bocado), permitindo a intensificação da taxa de ingestão (g MS/minuto).
Sarmento (2003), em ensaio com capim Marandu, destacou que o aumento da altura
do pasto também acarretaria um incremento potencial do extrato pastejável da forrageira. O
mesmo autor recomenda alturas de manejo do pastejo em função do objetivo e da natureza do
sistema de produção, variando na amplitude de 20 a 40 cm.
Os resultados médios das alturas do pasto encontraram-se dentro da faixa
recomendada por Sarmento (2003), a exceção do 1° período (14/01/2010 a 11/02/2010) que se
encontrou superior (52,23 cm). Esta elevada altura ocorreu devido à maior MFT ao início do
experimento associado à maior MCV e MCS em detrimento as lâminas foliares. Uma vez que
a dimensão vertical (altura) apresenta seu valor ampliado quando em situações de maiores
participações de colmos.
A partir dos valores de altura média do pasto associados à MFT, procedeu-se os
cálculos dos valores de densidade volumétrica do pasto (DVP) (Figura 6).
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
55.0
60.0
Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr
Alt
ura
(cm
)
Períodos
57
Figura 6 – Densidade volumétrica do pasto (DVP, kg de MS/ha.cm) e altura do pasto (ALT,
cm) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de
Confiança: 90%).
Os valores de DVP não se apresentaram diferentes em função da redução da altura do
pasto ao longo do experimento. Tais resultados diferem do observado por Sarmento (2003) e
Molan (2004) que relataram valores crescentes para a DVP, para os meses correspondentes ao
verão (período das águas), à medida que a altura do dossel forrageiro era diminuída.
O valor médio de DVP neste ensaio foi de 138,15 kg de MS/ha.cm, dentro da
amplitude descrita por Stobbs (1975) de 14 a 200 kg de MS/ha.cm para forrageiras tropicais.
Sendo esta variável determinada pela razão entre MFT (kg de MS) e o volume do
pasto (ha x cm), a manutenção da DVP entre períodos justifica-se através das reduções
concomitantes de MFT e altura do pasto ao longo do experimento, inerentes à sua utilização
pelos animais.
Assim, ainda que o pasto tenha apresentado redução em sua altura, a DVP não permite
corroborar a afirmação de Laca et al. (1992) e Barret et al. (2001) de que quanto menor for a
altura das plantas, mais denso é o pasto.
Com base nos valores obtidos de disponibilidade dos segmentos do pasto, procedeu-se
a avaliação da relação lâmina foliar/colmo (Figura 7), a partir deste ponto considerado como
relação folha/colmo. Segundo Paulino et al. (2004), ao admitir uma pastagem com elevada
densidade de plantas, a altura do pasto associada à sua relação folha/colmo apresenta-se como
um bom indicador na definição do manejo do pastejo, desta forma, almeja-se que nesta
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
55.0
60.0
65.0
70.0
75.0
80.0
85.0
90.0
100.0
110.0
120.0
130.0
140.0
150.0
160.0
170.0
15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr
Alt
ura
(cm
)
Den
sidade
volu
mét
rica
do p
ast
o(k
g d
e M
S/h
a.c
m)
DVP
ALT
58
relação haja maior participação de tecidos com células contendo paredes celulares menos
lignificadas, a exemplo de lâminas foliares que aumentariam os valores da relação
folha/colmo.
Marcelino (2004) destacou que com o avançar na idade da planta, a proporção de
colmos aumenta relativamente à de folhas. De acordo com a autora, a digestibilidade do
segmento colmo apresenta-se 46% inferior à da folha. Assim, a espécie forrageira com
capacidade de disponibilizar elevada massa de folhas verdes poderá imprimir maiores
componentes de alto valor nutritivo na dieta dos animais.
Figura 7 – Relação folha/colmo (F:C) e altura do pasto (ALT, cm) de Brachiaria brizantha
cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de Confiança: 90%).
Evidenciou-se, ao longo do experimento, valores crescentes da relação folha/colmo,
sendo este aumento proporcional ao decréscimo na MCV (Figura 3) que somado a MCS
promoveram aumento na relação folha/colmo, uma vez que a massa total de colmos
representa o denominador da relação e é inversamente proporcional à variável.
Como evidenciado por Sbrissia (2004), valores de relação folha/colmo para capim
Marandu foram reduzidos à medida que os valores de altura foram acrescidos. De forma
análoga, este experimento demonstrou acréscimo nos valores da relação folha/colmo com o
decréscimo da altura do pasto, situação coerente com o observado pelo autor supracitado.
Sendo as variáveis (relação folha/colmo e altura) correlacionadas negativamente, à medida
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
55.0
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1.1
1.2
15/jan 25/jan 04/fev 17/fev 24/fev 05/mar 15/mar 08/abr
Alt
ura
(cm
)
Rel
ação
folh
a/co
lmo
F:C
ALT
59
que se diminui a participação da estrutura vertical (altura), determinada em grande parte por
colmos, aumentam-se os valores da relação folha/colmo.
Sabe-se que, de uma forma geral, o consumo e o desempenho dos animais são
acrescidos, além das características da estrutura do pasto citadas anteriormente, pelo aumento
na oferta de forragem (OF). Tal índice constitui-se uma variável-controle no processo de
pastejo, assim descrita por Da Silva & Nascimento Júnior (2006). Entretanto, os mesmos
autores destacaram que este aumento tende a um valor máximo específico para cada espécie e
categoria animal, o que, em situações de elevadas OF, caracterizariam uma limitação dos
animais em processar e/ou digerir a forragem pastejada, ou seja, seria atingido um platô
(saturação) no consumo dos animais onde os maiores acréscimos de OF não corresponderiam
a incrementos no consumo.
Associado aos valores de massa de forragem ofertados aos animais, Baroni et al.
(2010) destacaram uma relação entre OF e a digestibilidade da pastagem consumida. Tal
afirmação se justifica por situações em que maiores OF permitem aos animais selecionar as
porções mais nutritivas do pasto (lâminas foliares verdes) em detrimento aos colmos e
material senescente. Sendo a fração lâmina foliar verde preferencialmente consumida pelos
animais e esta, por sua vez, possuir maior percentual de digestibilidade em comparação aos
outros segmentos da planta, caberia relacionar o conceito de OF à MSpd, afim de que a
apreciação dos valores de forragem ofertada fossem mais precisos quanto ao conteúdo
realmente passível de digestão pelos animais.
Níveis máximos de consumo estão relacionados com uma massa de forragem de duas
a três vezes a necessidade diária do animal (Hodgson, 1990). Sendo então, do ponto de vista
prático, necessário ofertar uma massa de forragem, em kg de MSpd/dia, acima do valor
descrito como crítico (4 a 5% do peso corporal) para que tanto o desempenho animal como o
aproveitamento do pasto sejam otimizados (Paulino et al., 2006b).
Contudo, a elevada OF deve ser apreciada com cautela, isto porque em algumas
situações este elevado índice pode apresentar um efeito negativo no ganho de peso dos
animais. Reis et al. (2005) destacaram que em situações como esta, o que se evidencia é o
subpastejo da área, em consequência, se observam consideráveis acúmulos de material vegetal
de baixo valor nutritivo, ou seja, com baixa digestibilidade implicando em diminuição de seu
consumo pelos animais.
Outro fator a ser considerado, trata-se da massa de forragem residual antecedente à
cultura de grãos. A elevada OF pode resultar, em algumas espécies, em entouceramento da
60
gramínea, proporcionando alta massa vegetal residual após a retirada dos animais da
pastagem. Tal situação dificultaria o plantio da cultura de grãos realizado sobre a palhada da
gramínea, tornando o custo do sistema de produção mais elevado em virtude da aplicação de
maior quantidade de herbicidas ou ainda, da necessidade de rebaixamento da forrageira
antecedendo a dessecação (Cobucci & Portela, 2003).
Os valores de OF (Tabela 5) apresentaram-se decrescentes ao longo do experimento,
sendo cerca de 43,96% de redução para MS e cerca de 43,30% de redução para MSpd.
Todavia, estes resultados apresentam-se superiores aos valores de 4 a 5% de MSpd descritos
como limitantes para o adequado aproveitamento animal.
Tabela 5 – Valores médios da oferta de forragem1 de Brachiaria brizantha cv. Marandu e
taxa de lotação ao longo dos períodos experimentais
Item Jan/Fev Fev/Mar Mar/Abr Médias2
Oferta de Forragem (kg MS/100 kg PC)
25,49 19,77 14,29 19,85 ± 3,24
Oferta de Forragem (kg MSpd/100 kg PC)
17,03 13,15 9,65 13,28 ± 2,13
Taxa de Lotação (UA/ha) 3,3 3,6 4,0 3,6 ± 0,20 1Forragem cortada a 10 cm de altura do solo;
2Média ± erro-padrão da média.
De acordo com a Tabela 5, os valores de OF apresentaram-se inversamente
proporcionais aos valores de taxa de lotação (TL), isto porque, o desenvolvimento dos
animais foi acompanhado da redução dos valores de massa de forragem (Figura 1) o que
determinou, ao longo do experimento, maior pressão de pastejo na área.
O teor de PB da forragem amostrada para disponibilidade e pela simulação de pastejo
(Tabela 6) apresentaram-se superiores ao valor de 7% preditos por Poppi & McLennan (1995)
e Lazzarini et al., (2009) como mínimo para adequada atividade microbiana no ambiente
ruminal, não sendo, portanto, fator restritivo para o desenvolvimento dos microrganismos
ruminais, bem como, para a diminuição do consumo de forragem.
Contudo, ainda que este nível encontre-se acima do mínimo supracitado, a alta
degradação da PB do pasto no período das águas, pode provocar perda de nitrogênio no
rúmem sob a forma de amônia, gerando déficit protéico quando da exigência de elevados
ganhos (Poppi & McLennan, 1995). O que permite pressupor que, melhores desempenhos por
parte dos animais podem ser evidenciados quando supridas estas deficiências, ainda que no
período das águas, via suplementação da dieta.
61
Tabela 6 – Composição químico-bromatológica do pasto
Item Brachiaria brizantha cv. Marandu
Disponibilidade19
Pastejo Simulado19
MS1 (%) 25,82 ± 1,24 22,89 ± 0,74
MO2, 16
90,78 ± 0,34 90,64 ± 0,46
MM3, 16
9,22 ± 0,34 9,36 ± 0,46
PB4, 16
7,30 ± 0,28 12,54 ± 0,08
NIDN5, 17
35,76 ± 0,62 42,99 ± 2,04
NIDA6, 17
17,77 ± 0,59 11,83 ± 1,30
EE7, 16
1,46 ± 0,13 2,05 ± 0,10
CT8, 16
82,02 ± 0,72 76,05 ± 0,34
FDN9, 16
67,93 ± 1,09 60,97 ± 0,66
FDNcp10, 16
64,23 ± 1,24 56,21 ± 0,49
CNF11, 16
17,79 ± 0,52 19,84 ± 0,72
FDNi12, 16
32,38 ± 0,33 22,95 ± 1,05
FDA13, 16
35,75 ± 1,59 29,61 ± 0,49
LIG14, 16
6,11 ± 0,50 4,90 ± 0,14
NDT15, 18
46,33 ± 0,71 46,61 ± 0,69 1Matéria seca;
2Matéria orgânica;
3Matéria mineral;
4Proteína bruta;
5Nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;
7Extrato etéreo;
8Carboidratos totais;
9Fibra em detergente neutro;
10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
11Carboidratos não fibrosos;
12Fibra em detergente neutro indigestível;
13Fibra em detergente ácido;
14Lignina;
15Nutrientes digestíveis totais;
16% da MS;
17% do N total;
18Estimado segundo NRC (2001);
19Média ± erro-padrão da média.
A redução dos valores de FDN representa maior participação de carboidratos solúveis
na composição da forrageira avaliada. Neste trabalho, os teores de FDN apresentaram-se
semelhantes ao observado por Canesin et al. (2007) e Fernandes et al. (2010) para o período
das águas e trabalhando com mesma gramínea. Segundo Van Soest (1994), menores teores de
FDN tornam-se mais interessantes para gramíneas, proporcionando aos animais um material
volumoso de melhor valor nutricional. Este, por sua vez, provém da maior participação do
conteúdo celular na composição das células vegetais, assim como, do maior teor de CNF
pertencentes à parede celular vegetal.
A avaliação da FDNi permite evidenciar a quantidade de compostos indigestíveis da
fração fibrosa dos alimentos além de considerar aspectos relativos ao percentual de MSpd da
forragem, sendo a FDNi correlacionada negativamente à MSpd. Os efeitos negativos
proporcionados por altos valores de FDNi influenciam na qualidade nutricional do alimento e
no trânsito ruminal de partículas fibrosas.
Observou-se menores teores de FDNi, para as amostras de simulação de pastejo
comparadas à disponibilidade total de MS. A redução de FDNi também foi observada por
Nascimento et al. (2010) para o período das águas em amostras de Brachiaria decumbens.
62
Contudo, assim como descrito por Silva et al. (2009), na literatura poucos são os
experimentos que apresentam os teores de FDNi da forragem, o que torna difícil a
comparação entre esta variável nos desempenhos de bovinos em pastejo recebendo
suplementação alimentar.
Tabela 7 – Composição químico-bromatológica dos segmentos morfológicos do pasto
Item Brachiaria brizantha cv. Marandu
CV18
CS18
LV18
LS18
MS1 (%) 23,73 ± 0,61 45,64 ± 5,05 25,14 ± 0,78 56,29 ± 5,76
MO2, 15
91,63 ± 0,18 93,00 ± 0,06 90,26 ± 0,22 91,07 ± 0,30
MM3, 15
8,37 ± 0,18 7,00 ± 0,06 9,74 ± 0,22 8,93 ± 0,30
PB4, 15
5,74 ± 0,19 3,83 ± 0,04 12,61 ± 0,10 4,56 ± 0,49
NIDN5, 16
28,45 ± 0,29 39,70 ± 0,40 43,08 ± 1,57 42,76 ± 0,42
NIDA6, 16
18,32 ± 1,83 39,42 ± 1,09 11,08 ± 0,43 39,34 ± 1,25
EE7, 15
1,26 ± 0,24 0,93 ± 0,14 1,93 ± 0,07 1,33 ± 0,10
CT8, 15
84,63 ± 0,57 88,24 ± 0,15 75,72 ± 0,10 85,18 ± 0,66
FDN9, 15
72,48 ± 1,05 79,66 ± 0,36 64,52 ± 0,29 73,80 ± 0,22
FDNcp10, 15
69,75 ± 1,12 75,93 ± 0,29 59,70 ± 0,14 69,07 ± 0,20
CNF11, 15
14,88 ± 0,63 12,31 ± 0,42 16,02 ± 0,17 16,11 ± 0,46
FDA12, 15
41,66 ± 1,43 45,44 ± 0,11 31,00 ± 0,38 38,16 ± 0,12
LIG13, 15
6,39 ± 0,82 7,10 ± 0,18 3,93 ± 0,11 7,55 ± 0,26
NDT14, 17
46,55 ± 1,52 46,11 ± 0,28 46,69 ± 0,23 44,79 ± 0,50 1Matéria seca;
2Matéria orgânica;
3Matéria mineral;
4Proteína bruta;
5Nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;
7Extrato etéreo;
8Carboidratos totais;
9Fibra em detergente neutro;
10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
11Carboidratos não fibrosos;
12Fibra em detergente ácido;
13Lignina;
14Nutrientes digestíveis totais;
15%
da MS; 16
% do N total; 17
Estimado segundo NRC (2001); 18
Média ± erro-padrão da média.
Com base nos resultados apresentados na Tabela 7, observaram-se maiores teores de
PB nos componentes LV e CV em comparação a LS e CS, assim como menores teores de
NIDA para LV e CV comparados a LS e CS. Estes resultados demonstram a maior
concentração de nitrogênio e, consequentemente, PB em tecidos vivos da planta. Sendo o
NIDA o nitrogênio indisponível ligado à parede celular vegetal, quanto menor seu valor maior
torna-se o percentual de nitrogênio prontamente degradável disponibilizado pela planta ao
animal.
Para os teores de FDN e FDA, os resultados demonstraram que o processo de
senescência e posterior morte do segmento morfológico, apresenta-se como um fator para o
aumento dos componentes estruturais da planta, como observado pelo menor teor dos
componentes indigestíveis em detergente neutro e ácido nos segmentos verdes (CV e LV) e
no maior teor dos mesmos componentes nos tecidos secos (CS e LS), o que causa, segundo
63
Paciullo et al. (2001), redução da digestibilidade dos componentes do pasto ao avançar do
tempo (idade).
Para os valores de ganho de peso médio diário dos animais e ganho de peso total, a
covariável peso corporal inicial não se apresentou significativa (P>0,05). Também não foi
observado interação (P>0,05) entre o grupo genético e os suplementos estudados. Porém, o
grupo genético influenciou (P<0,05) o ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso
corporal final, os quais foram superiores para os animais mestiços em relação aos animais
Nelore (Tabela 8).
Os maiores ganhos observados nos animais mestiços possivelmente foram decorrentes
do efeito da heterose. A superioridade evidenciada neste grupo genético corrobora a descrição
de Alencar (2007), de que os resultados dos trabalhos de pesquisa no Brasil, demonstram que
animais cruzados são, em geral, superiores aos puros para características de crescimento em
sistemas de produção a pasto.
Neste experimento, o bom potencial produtivo dos animais mestiços também
associasse ao sistema de produção de ILP, pois este permitiu observar baixa infestação
parasitária nos animais, em decorrência à interrupção do ciclo biológico (fase ambiental)
obtido pela rotação entre culturas na área experimental. Tal efeito, possivelmente tenha
permitido melhora das condições ambientais a ambos os grupos genéticos. Contudo, aos
animais mestiços, as expressões das características produtivas tornaram-se mais evidentes.
Para as variáveis, ganho de peso médio diário e ganho de peso total, observaram-se
diferenças significativas entre o tratamento SE quando comparado ao SM e SPE (P<0,05),
entretanto para SEP não se evidenciou diferença (P>0,05).
Quando considerado os resultados de ganho de peso médio diário e ganho de peso
total para SEP, não se observou diferenças significativas entre quaisquer outros tratamentos
(P>0,05).
64
Tabela 8 – Desempenho de bovinos Nelore e mestiços suplementados em pastagem com
Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistemas de integração lavoura e pecuária
Item GG
Valor-P Tratamento (Trat)
Valor-P CV(%) GG x Trat N1 M2 SM3 SE4 SEP5 SPE6
GMD7 0,616b 0,671a 0,0274 0,625b 0,698a 0,655ab 0,597b 0,0338 17,73 0,2469
GPT8 51,74b 56,40a 0,0272 52,48b 58,64a 55,00ab 50,19b 0,0341 17,74 0,2461
PCF9 331,35b 335,72a 0,0459 331,86b 338,08a 334,51ab 329,70b 0,0358 2,92 0,2750 a, b
Valores de GMD, GPT e PCF, seguidos de letras diferentes, são diferentes pelo teste “t” (P<0,05). 1Nelore;
2Mestiços;
3Suplemento mineral;
4Suplemento energético;
5Suplemento energético protéico;
6Suplemento protéico energético.
7Ganho de peso médio diário (kg/dia);
8Ganho de peso total (kg);
9Peso corporal final (kg).
O consumo médio de SM verificado foi de 0,098 kg/animal/dia, sendo os resultados de
ganho de peso médio diário para SM 29,65% inferiores ao observado por Porto et al. (2009)
para animais mestiços e de mesma categoria, consumindo individualmente cerca de 0,060 kg
de suplemento mineral/dia em pastagem e período (estação) similar a este experimento.
Entretanto, estes valores superiores aparentemente devem-se a maior massa de MS (7,46 t/ha)
e MSpd (4,50 t/ha) disponível em comparação a este estudo.
Entretanto, Goes et al. (2005) observaram ganhos diários inferiores (0,260
kg/animal/dia) no período de transição águas-seca com um consumo médio de 0,070
kg/animal/dia, tal desempenho foi obtido sobre o consumo de pasto de capim Marandu com
massa disponível superior, contudo com qualidade inferior a encontrada neste experimento.
Estes resultados destacam, acompanhados dos valores de desempenho animal deste
estudo, que a suplementação mineral no período das águas apresenta ampla variação nas
respostas produtivas dos animais, sendo influenciada principalmente pela qualidade
nutricional e pela massa de forragem ofertada, assim como pela variação na composição da
mistura mineral entre os experimentos supracitados. Salienta-se também que, em todos estes
trabalhos, esta suplementação não proporcionou melhor desempenho dos animais em relação
aos outros suplementos contendo nutrientes orgânicos.
Os valores de ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso corporal final
apresentaram-se superiores ao lote que consumiu SE em relação ao SM e SPE. Neste estudo,
assim como observado por Costa (2007), a suplementação energética proporcionou melhores
resultados no desempenho animal, entretanto os valores obtidos pelo autor superam os
evidenciados neste experimento. Tais diferenças podem ser atribuídas ao valor nutricional da
forragem consumida e ao maior nível de suplementação utilizado devido a baixa oferta de
forragem (0,6% do PV em suplemento/dia), o que proporcionou ganhos diários de 0,960
kg/animal.
65
Em contraste aos resultados deste experimento, Moraes et al. (2006) observaram que o
desempenho de animais sob o consumo de SE não apresentou diferença em relação ao SM.
No entanto, quando comparado ao SEP e SPE, o SE promoveu o pior desempenho. Segundo
os autores, este comportamento indica que o fornecimento de suplementos energéticos não
propicia aporte de N necessário para potencializar o ganho de peso de animais em regime de
pastejo durante o período das águas.
Contudo, a justificativa acima não se aplica a este experimento, em virtude de que o
SE possivelmente tenha propiciado o N necessário para o aumento da resposta dos animais,
isto por que o milho, ingrediente utilizado por Moraes et al. (2006) como fonte energética,
possui uma fração protéica de baixa degradação ruminal (α-zeína), conferindo a este
ingrediente uma proteína de baixa qualidade quando comparada ao milheto (ingrediente deste
estudo). Adicionalmente, o grão de milheto quando comparado ao grão de milho, possui a
característica de permitir um aumento na digestibilidade aparente total do amido, devido ao
aumento na digestibilidade intestinal deste componente (Gonçalves et al., 2010).
Para gramíneas tropicais, Malafaia et al. (2003) enfatizaram a limitada produção da
proteína microbiana pela deficiência de substratos prontamente fermentescíveis. Os autores
destacaram a evidente melhora no desempenho de animais consumindo alimentos energéticos
devido ao suprimento de carboidratos de rápida fermentação, permitindo aumento no fluxo de
proteína microbiana para o intestino delgado.
Da mesma forma, Dewhurst et al. (2000) destacaram que a inclusão moderada de
amido na dieta promoveria benefícios à microbiota ruminal, através do aumento no substrato
e na taxa de crescimento de bactérias associadas à fase líquida.
Todavia, salienta-se a possibilidade de interações associativas negativas com a
utilização de suplementos energéticos em detrimento ao consumo de pasto, como descrito por
Mieres (1997). No entanto, para animais em pastejo em gramíneas tropicais, o consumo de
forragem não é afetado pela suplementação energética quando a quantidade de suplemento
consumido não supera 0,2% de peso vivo (Malafaia et al., 2003).
Desta forma, no presente experimento, as melhores respostas evidenciadas pela
suplementação energética utilizada (0,16% do peso vivo), permite inferir que o melhor
desempenho dos animais não esteve associado a um efeito substitutivo do suplemento sobre o
consumo de forragem.
66
Observa-se que de acordo com a Tabela 9, o SE apresentou menor custo por
quilograma, seguido pelo SEP e pelo SPE, sendo o SM o de maior custo, entretanto o
consumo de SM por animal foi 80,21% inferior aos demais suplementos (SE; SEP e SPE).
A SE na quantidade de 0,5 kg/animal/dia proporcionou maior remuneração do
investimento, a maior margem bruta de lucro por animal (R$ 89,29) e por lote (R$ 2.232,25).
Tabela 9 – Valores de ganho de peso médio diário, ganho de peso total e remuneração do
capital investido em função dos diferentes suplementos fornecidos ao longo do
experimento (84 dias)
Variáveis Tratamentos
SM SE SEP SPE
Ganho de peso médio diário (kg/animal) 0,625 0,698 0,655 0,597
Ganho de peso total (kg/animal) 52,48 58,64 55,00 50,19
Ganho de peso total (@/animal) 1,75 1,95 1,83 1,67
D3601 122 114 124 134
Receita2 (R$/animal) 131,86 147,34 138,20 126,11
Consumo de suplemento (kg/animal) 8,31 42,00 42,00 42,00
Custo médio do suplemento (R$/kg) 1,13 0,24 0,26 0,31
Custo do suplemento consumido (R$/animal) 9,42 10,28 10,99 12,91
Custo de arraçoamento3,4
(R$/animal) 7,95 7,95 7,95 7,95
Custo total do suplemento5 (R$/animal) 17,37 18,23 18,94 20,86
Custo com vermifugação6 (R$/animal) 1,50 1,50 1,50 1,50
Custo da pastagem7 (R$/animal) 22,50 22,50 22,50 22,50
Custo com adubação4,8,9
(R$/animal) 15,83 15,83 15,83 15,83
Custo total da pastagem10
(R$/animal) 38,33 38,33 38,33 38,33
Custo global11
(R$/animal) 57,19 58,05 58,77 60,68
Custo diário (R$/animal) 0,68 0,69 0,70 0,72
Custo por arroba produzida (R$/animal) 32,69 29,70 32,05 36,27
Margem bruta de lucro12
(R$/animal) 74,67 89,29 79,43 65,43
Margem bruta de lucro13
(R$/lote) 1.866,75 2.232,25 1.985,75 1.635,75
Relação benefício custo14
(B/C)
2,31 2,54 2,35 2,08 1Dias necessários para que os animais atingissem o peso corporal de 360 kg;
2Preço da arroba – R$
75,38 (Abril/2010); 3
Custo de mão-de-obra (R$ 4,64/hora) + Combustível gasto (R$ 0,19/arraçoamento);
4Tempo gasto de 30 minutos;
5Consumo médio de suplemento por animal ao
longo do experimento multiplicado pelo seu respectivo custo (R$/kg) + Custo de arraçoamento;
6Ivermectina (R$ 299,00/L) sendo aplicado 5 ml/animal;
7Custo de R$ 7,50/animal/mês pela ocupação
do pasto; 8
Custo com adubo nitrogenado (R$ 84,16/ha) sendo a área experimental de 18,7 ha; 9Custo
de mão-de-obra (R$ 4,64/hora); 10
Custo da pastagem + Custo com adubação; 11
Despesa com o Custo
total do suplemento + Custo com vermifugação + Custo total da pastagem; 12
Margem bruta de lucro (R$/animal) = Receita – Custo global;
13Margem bruta de lucro (R$/lote) = Margem bruta de lucro
(R$/animal) x 25 animais; 14
B/C = Receita/Custo global.
Da mesma forma, Santos et al. (2004b) evidenciaram a eficiência de suplementação
energética no aumento da produção animal e na receita bruta por hectare.
67
Segundo Lobato & Pilau (2004), a suplementação energética proporcionou maior
potencial de resposta em pastagens de alta qualidade. Concordando com esta afirmação, o SE
utilizado neste experimento evidenciou ganhos diferenciados quando comparada aos outros
suplementos (SM, SEP, SPE), decorrente da considerável qualidade nutricional do capim
Marandu produzida pelo sistema de integração lavoura e pecuária (Tabela 6 e 7).
Os resultados econômicos (Tabela 9) demonstraram que os quatro tratamentos foram
economicamente viáveis, isto é, permitiram obter resultado positivo. O ganho de peso dos
animais custeou a utilização dos suplementos permitindo que houvesse um excedente para a
remuneração do capital investido. Segundo a análise da relação B/C para cada R$ 1,00
aplicado na utilização da técnica de suplementação houve um retorno de R$ 2,31; 2,54; 2,35 e
2,08 respectivamente para os tratamentos SM; SE; SEP; SPE.
A análise da relação B/C permitiu evidenciar maior retorno econômico ao grupo de
animais alimentados com SE em relação ao SM. Tal evidencia, demonstrou que o SE no
período das águas, mesmo tendo apresentado maior custo que o SM, foi economicamente
mais vantajoso.
Cabe dizer, assim como Barbosa et al. (2008), que esta análise é temporal e não deve
ser tomada como inferência para todo o ano, isto porque o desempenho dos animais, a
qualidade do pasto e o custo dos ingredientes para confecção dos suplementos se alteram ao
longo do ano, sendo necessário novas avaliações para comprovar a viabilidade da
suplementação.
Segundo Porto et al. (2009), outro fator a ser considerado na aplicação da técnica de
suplementação, é o ganho proporcionado pela desocupação da pastagem que promove a
liberação da área recém utilizada para categorias de animais mais jovens e mais eficientes na
conversão de alimentos. Segundo os resultados descritos na Tabela 9, a desocupação dos
animais que consumiram SE ocorreria mais cedo, evidenciado pelo número de dias
necessários para atingir 360 kg de peso corporal, o que na prática permitiria a liberação da
área para novos animais.
Adicionalmente, têm-se ao longo do tempo o fator de valorização do capital
imobilizado no empreendimento pecuário. Uma vez que no mercado físico os preços
praticados pela compra e venda da arroba do boi apresentam-se dinâmicos, sua valorização ou
desvalorização ao longo do tempo são representativas e indispensáveis a uma análise
econômica mais precisa.
68
2.6. Conclusões
A suplementação energética composta de grão de milheto moído e mistura mineral,
possibilita desempenho animal superior à suplementação mineral e a suplementação protéico-
energética para bovinos em pastejo em sistema de integração lavoura e pecuária no período
das águas.
Novilhos mestiços (Nelore x Europeu), recriados em sistema de integração lavoura e
pecuária no período das águas apresentam melhores desempenhos produtivos do que novilhos
Nelore.
A suplementação energética, em sistema de integração lavoura e pecuária no período
das águas, permite maior margem bruta de lucro e maior redução nos dias necessários para a
obtenção de animais de peso corporal de 360 kg prontos para a fase de terminação.
69
2.7. Referências Bibliográficas
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for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal
Science, v.70, p.3562-3577, 1992.
STOBBS, T. H. The effect of plant structure on the intake of tropical pasture. III. Influence of
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Kazungula swards. Australian Journal of Agricultural Research, v.26, p.997-1007, 1975.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed, Ithaca: Cornell University Press,
1994. 476p.
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Dairy Science. v.74, n.10, p.3583-3597, 1991.
WALDO, D.R.; SMITH, L.W. Model of cellulose disappearance from the rumen. Journal of
Dairy Science, v.55, n.1, p.125-129, 1972.
74
CAPÍTULO 3
Grão de milheto em suplementos para terminação de bovinos de corte em sistema de
integração lavoura e pecuária no período da seca
3.1. RESUMO – Objetivou-se avaliar os parâmetros nutricionais, o desempenho produtivo e
econômico dos animais consumindo quatro distintas formulações de suplementos
diferenciados pelos níveis crescentes de grão de milheto em substituição ao grão de milho
(0%, 33%, 66% e 100%), assim como avaliar as características estruturais e nutricionais do
pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistema de integração lavoura e pecuária.
Foram utilizados 64 novilhos, não castrados, sendo 32 mestiços (Nelore x Europeu) e 32 da
raça Nelore, com média de idade de 20 meses e o peso corporal médio inicial de 388 ± 26 kg.
A área experimental constituiu-se de quatro piquetes de 4,68 ha, formados com B. brizantha
cv. Marandu. A massa de forragem total (MFT) e a massa de forragem potencialmente
digestível (MFpd) foram de 5,14 t/ha e 3,34 t/ha, respectivamente. O experimento foi
estruturado segundo um esquema fatorial (2x4) distribuído em um delineamento inteiramente
casualizado, onde foram avaliados dois grupos genéticos (Nelore vs. Mestiços) e quatro
diferentes níveis de grão de milheto em substituição ao grão de milho na formulação dos
suplementos. O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h sendo a quantidade
ofertada de 4,0 kg/animal/dia aproximadamente 0,93% do peso corporal médio. Houve efeito
de grupo genético sobre o ganho produtivo dos animais, sendo que novilhos Nelore
apresentaram melhor desempenho. O ganho de peso médio diário, ganho de peso total e peso
corporal final reduziram linearmente com a inclusão de milheto nos suplementos. Os níveis de
inclusão contendo 33% e 66% de milheto como ingrediente energético apresentaram maior
retorno econômico por unidade monetária investida.
Palavras chave: níveis de substituição, suplementação, desempenho, consumo,
digestibilidade aparente total
75
Millet grain in supplements for finishing beef cattle in integrated crop and livestock
system during the dry season
3.2. ABSTRACT – The objective was to evaluate the performance and economic
development of animals receiving four different formulations of supplements differentiated by
the levels of grain of millet as replacement for corn grain (0%, 33%, 66% and 100%), as well
as assess structural characteristics and nutritional pasture of Brachiaria brizantha cv.
Marandu in integrated crop and livestock. Used 64 steers, uncastrated, 32 crossbred and 32
Nelore, with 20 months average age and 388 ± 26 kg initial body weight. The experiment
consisted of four paddocks of 4.68 ha formed by B. brizantha cv. Marandu. The availability
of dry matter and potentially digestible dry matter was 5.14 t/ha and 3.34 t/ha, respectively.
The work was designed as a factorial arrangement (2x4) in a completely randomized design to
evaluate two genetic groups (Nelore vs. Crossbred) and four different levels of grain instead
of millet to maize grain in the formulation of supplements. The feeding of the animals
occurred around 10:00 am, and the quantity supplied of 4.0 kg/animal/day approximately
0.93% of average body weight. A significant effect of genetic group on productive
performance of animals, Nelore steers have better performance. The average daily weight
gain, total weight gain and final body weight decreased linearly with the inclusion of millet in
supplements. The inclusion levels containing 33% and 66% of energy as an ingredient millet
had higher economic return per unit monetary invested.
Keywords: replacement levels, supplementation, performance, intake, total apparent
digestibility
76
3.3. Introdução
A dinâmica do crescimento econômico brasileiro traz consigo o aquecimento do
mercado estimulado pelo acréscimo no consumo de produtos diversificados. Tal evidência é
dada pelo aumento do poder aquisitivo da população, o que implica em consideráveis
mudanças, principalmente nos hábitos alimentares, caracterizados, sobretudo por uma
transição para dietas que contenham proteína de origem animal.
Para o suprimento da demanda de produtos cárneos, é necessário que haja elevada
eficiência na produção tanto em quantidade como em qualidade. Entretanto, ao Brasil isto
implica na necessidade de aprimorar e adequar, segundo Wilkinson (2010), às exigências de
sanidade, meio-ambiente e bem-estar animal. Sobretudo a questões ambientais, os sistemas
que permitam a conservação de recursos naturais apresentam-se de grande interesse à
atualidade frente aos novos conceitos de produção.
A terminação de animais em pastejo em sistemas de integração lavoura e pecuária
mostra-se oportuna ao desenvolvimento de uma bovinocultura de precisão e, segundo Paulino
et al. (2006a), a terminação de bovinos no período de seca/inverno é vantajosa por não
necessitar de área de verão para engorda, o que não acarretaria em redução da área destinada a
agricultura, uma vez que o acabamento se daria em um único ciclo de pastagem.
De modo inclusivo, a produção de grãos no sistema permite a utilização de produtos e
resíduos na dieta animal sob a forma de alimentos suplementares em períodos de baixa
produtividade e baixo valor nutricional do pasto, o que proporciona ao sistema maior
eficiência de utilização de seus recursos. Desta forma, a suplementação participa reduzindo
deficiências nutricionais, estimulando o consumo, digestibilidade, assimilação de nutrientes e
promovendo maiores índices produtivos aos animais (Canesin et al., 2007).
Sabendo que a suplementação contendo grão de milho como ingrediente energético
pode elevar o custo de produção, a sua substituição através de fontes alternativas, a exemplo
do grão de milheto, torna-se importante para o desenvolvimento de uma bovinocultura de
maior eficiência econômica obtida por meio da redução de custos e elevação de desempenhos
produtivos.
Como componente energético de baixo custo em suplementos alimentares, o grão de
milheto (Pennisetum americanum) apresenta-se como fonte de grande interesse na
alimentação animal. Tal ingrediente possui características nutritivas que o qualificam como
possível substituto ao grão de milho na formulação de dietas contendo concentrados.
77
Diferenças acerca do desempenho (Goes et al., 2005), das exigências nutricionais
(Estrada et al., 1997; Valadares Filho et al., 2010) e da composição do ganho (Freitas et al.,
2006) entre animais da raça Nelore e mestiços apresentam considerável importância na
pesquisa conduzida pela comunidade científica nacional. O conhecimento das informações
originadas através de ensaios contrastando distintos grupos genéticos permite a aplicação de
tecnologias de produção e o aprimoramento na gestão de sistemas pecuários conferindo a
estes melhores desempenhos econômicos. Em virtude de tais benefícios, a aplicação de testes
envolvendo animais mestiços e Nelore em sistemas de integração lavoura e pecuária
associados à utilização de suplementos permite evidenciar diferentes respostas entre grupos
gerando melhores indicadores zootécnicos que conferem maior rentabilidade em uma mesma
área de produção.
Dessa forma, objetivou-se com este experimento avaliar a terminação de bovinos de
corte, mestiços e Nelore, a pasto em sistema de integração lavoura e pecuária durante o
período de seca com a utilização de quatro suplementos com níveis crescentes de substituição
de milho por milheto, sobre o desempenho produtivo dos animais, consumo, digestibilidade
aparente dos componentes da dieta e avaliação econômica, bem como caracterizar
quantitativa e qualitativamente o pasto de Brachiaria brizantha cv. Marandu.
3.4. Material e Métodos
O experimento foi conduzido em área pertencente à fazenda Dona Isabina, localizada
no município de Santa Carmem, situado na região norte do estado de Mato Grosso. A área
experimental encontra-se sob as coordenadas geográficas 12°03’52.07’’ Sul e 55°21’16.92’’
Oeste. O desenvolvimento dos trabalhos de campo ocorreu durante o período da seca, entre os
meses de junho e setembro do ano de 2010.
O clima encontrado em Santa Carmem é, de acordo com a classificação de Köppen-
Geiger, do tipo Am (clima de monção), ou seja, tropical chuvoso com um pequeno período de
chuvas no mês mais seco (Santa Carmem, 2010).
O mesmo módulo do sistema de integração lavoura e pecuária descrito no capítulo 2
foi destinado à avaliação das variáveis do pasto e do desempenho animal, sendo realizado
anteriormente ao início das atividades o diferimento de pasto por 1 mês. Os piquetes foram
mantidos com as mesmas dimensões e mesmas instalações internas.
78
O experimento teve início em 12 de Junho de 2010, sendo finalizado em 4 de
Setembro de 2010, perfazendo um total de 84 dias que foram divididos em três períodos de 28
dias.
Para avaliação de desempenho e consumo foram utilizados 64 novilhos não castrados,
sendo 32 animais da raça Nelore (N) e 32 animais mestiços Nelore x Europeu (M), com média
de idade de 20 meses e peso corporal médio inicial de 388 ± 26 kg. Os animais foram
distribuídos aleatoriamente em quatro lotes com pesos semelhantes, sendo cada lote composto
de 8 animais N e 8 animais M. Ao início do experimento, todos os animais foram submetidos
ao controle de endo e ectoparasitas e durante o período experimental, quando necessário,
realizaram-se controles individuais dos animais que apresentaram ferimentos infestados por
miíases.
Os dados climáticos referentes às temperaturas durante o período de desenvolvimento
do experimento foram tomados da estação automática pertencente ao Instituto Nacional de
Meteorologia (Tabela 1). Dados referentes à precipitação pluviométrica foram nulos durante o
experimento.
Tabela 1 – Valores médios diários das temperaturas máximas e mínimas ao longo do período
experimental
Períodos Temperaturas Médias (°C)¹
Máxima Mínima
Jun/Jul (12/06 a 13/07) 34,52 17,52
Jul/Ago (14/07 a 13/08) 33,68 16,19
Ago/Set (14/08 a 13/09) 36,03 17,30
Fonte: ¹ Instituto Nacional de Meteorologia.
Foram avaliados oito tratamentos compostos por dois grupos genéticos associados a
quatro suplementos alimentares contendo diferentes níveis de substituição entre ingredientes
energéticos (milho e/ou milheto) na alimentação de bovinos de corte terminados a pasto
durante o período de seca, sendo os níveis de substituição descritos a seguir: 100% milho e
0% milheto; 66% milho e 33% milheto; 33% milho e 66% milheto; 100% milheto e 0% milho
(Tabela 2).
79
Tabela 2 – Distribuição e composição percentual dos suplementos alimentares com base na
matéria natural
Ingredientes Níveis de grão de milheto (%)
0% 33% 66% 100%
Mistura mineral1 2,00 2,00 2,00 2,00
Resíduo de soja moído 55,27 52,68 50,09 45,78
Grão de milheto moído - 14,24 28,48 52,22
Grão de milho moído 42,73 31,08 19,43 - 1 Suplemento mineral comercial – Tertúlia 85 P.
Níveis de garantia: Cálcio 180,0 g; Sódio 120,0 g; Fósforo 85,0 g; Enxofre 15,0 g; Magnésio 2,0 g;
Zinco 4500,0 mg; Cobre 1300,0 mg; Manganês 1150,0 mg; Flúor 830,0 mg; Cobalto 85,0 mg; Iodo
85,0 mg; Selênio 24,5 mg.
O arraçoamento dos animais ocorreu próximo as 10:00 h, sendo a quantidade de
suplemento ofertada de 4,0 kg/animal/dia, aproximadamente 0,93% do peso corporal médio
dos animais.
Após a pesagem inicial, os tratamentos foram aleatoriamente designados a cada lote,
sendo 28 dias o intervalo entre as pesagens subseqüentes. Os pesos foram tomados dos
animais sem jejum prévio e sempre no mesmo horário do dia com o objetivo de acompanhar
desempenho produtivo dos lotes durante e ao término do experimento. A fim de minimizar
algum eventual efeito benéfico inerente a algum piquete, como uma possível variação na
massa de MS de forragem, procedeu-se o rodízio dos grupos de animais a cada 14 dias
mantendo-se o fornecimento do respectivo tratamento aos mesmos.
Ao início do experimento e sucessivamente a cada 14 dias, realizou-se a coleta de
amostras de pasto através de dois métodos. No primeiro foram realizadas amostragens de
altura (cm) e de massa de pasto (t de MS/ha) através do corte de cinco áreas aleatórias
internas a cada piquete experimental. Os cortes foram feitos a uma altura de 0,10 m do solo,
delimitados por um quadrado metálico com dimensão de 0,50 x 0,50 m, sendo as alturas
medidas anteriormente ao corte com auxílio de metro de madeira posto ao centro do
quadrado, a partir do nível do solo até o plano horizontal médio das folhas superiores.
Seguido o corte, as amostras foram pesadas e os valores registrados para posterior
determinação da massa de forragem e da densidade volumétrica do pasto (kg de MS/ha.cm).
Em seguida, o material de cada piquete foi homogeneizado, do qual foi coletado duas
subamostras compostas por piquete, sendo, uma para determinação da composição
bromatológica e massa total de forragem em t de MS/ha (MFT) e a outra fracionada para os
componentes lâmina foliar verde – LV, lâmina foliar seca – LS, colmo verde – CV e colmo
seco – CS, sendo a bainha e a inflorescência considerados como colmo, o que permitiu o
80
conhecimento da composição bromatológica de cada componente e a proporção entre a massa
de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e da massa de forragem morta (MFMorta, t de MS/ha)
por piquete e por período na MFT.
O segundo método de coleta adotado foi realizado com objetivo de avaliar a forragem
ingerida pelos animais através da simulação de pastejo, a qual foi conduzida por um único
amostrador ao longo do experimento a fim de minimizar a variação dos resultados. As
amostras de pastejo simulado foram obtidas simultaneamente à coleta através do método do
quadrado metálico. Ao anteceder a simulação, o amostrador posicionou-se a uma distância
que permitisse a observação do material ingerido pelos animais, após o acompanhamento deu-
se início a ação da coleta ao longo de linhas em “zig-zag” em de cada piquete, até que fosse
obtido, aproximadamente, 400 g/amostra.
Para amostras destinadas à estimativa da massa total de forragem e para amostras de
pastejo simulado, foram calculados os percentuais de MS potencialmente digestível (MSpd)
ofertada e ingerida pelos animais. Os resultados foram obtidos por intermédio do resíduo
insolúvel em detergente neutro, obtido após incubação ruminal in situ das amostras por 240
horas (Casali et al., 2008), segundo a equação descrita por Paulino et al. (2006a):
MSpd = 0,98 x (100 – FDN) + (FDN – FDNi)
Onde: 0,98 = coeficiente de digestibilidade verdadeiro do conteúdo celular;
FDN = fibra em detergente neutro;
FDNi = fibra em detergente neutro indigestível.
A determinação da massa de MSpd foi estimada multiplicando-se seu respectivo
percentual pela massa de forragem total (kg de MS/ha).
Semanalmente foram realizadas 200 mensurações da altura média do pasto tomadas
em 50 pontos aleatórios por piquete experimental com o objetivo de identificar o correto
manejo da pastagem através da falta ou do excesso de forragem avaliada pela altura de
manejo do capim Brachiaria brizantha cv. Marandu tida como ideal descrita entre a faixa de
0,20 e 0,40 m (Lupinacci, 2002; Sarmento, 2003; Da Silva et al., 2008).
O consumo de matéria seca total (CMSTotal) e matéria seca da forragem (CMSF) foi
estimado com a utilização de indicador externo, dióxido de titânio (TiO2), e interno, fibra em
detergente neutro indigestível (FDNi) utilizando 10 animais de cada lote avaliado no
desempenho.
81
A excreção fecal foi estimada através do TiO2 misturado aos diferentes suplementos
na quantidade de 20 g/animal/dia, sendo sete dias de adaptação sem que houvesse manejo dos
animais ao curral. Após este período, foram realizadas três coletas de fezes, via retal, durante
três dias, nos horários de 8:00, 12:00 e 16:00 horas, sendo os animais conduzidos até o curral.
A determinação da concentração de TiO2 nas fezes foi realizada através de equipamento de
espectrofotometria seguindo a metodologia descrita por Myers et al. (2004).
A estimativa da excreção fecal foi obtida através da relação:
EF (g/dia) = Dose diária de dióxido de titânio (g/dia)
Concentração fecal de dióxido de titânio (g/g)
Para determinação do consumo voluntário de forragem foi utilizado a FDNi obtida
através do método de incubação in situ por 240 h (Casali et al., 2008). As amostras utilizadas
foram provenientes da simulação de pastejo. O consumo médio de matéria seca de
suplemento (CMSS) ofertado foi de 3,6 kg de MS/animal/dia, a mesma quantidade fornecida
diariamente, onde os 16 animais de cada lote foram submetidos ao procedimento de avaliação
de consumo de pasto, sendo avaliados ao final 10 animais/lote. Tal procedimento foi realizado
através da seleção dos animais considerando o logaritmo da excreção de MS fecal por
quilograma de peso corporal metabólico (g/kg de PC0,75
) baseado na sua distribuição simétrica
de probabilidade, adotando-se um intervalo de µ ± 1σ em relação a média de todas as
observações, correspondendo a um total de 68% (16 animais x 0,68 ≅ 10 animais), o que
permitiu a obtenção de 10 animais por tratamento com consumo médio aproximado de 3,6 kg
de suplemento/dia (Figura 1).
Figura 1 – Distribuição simétrica do consumo de matéria seca de suplemento e da excreção
de MS fecal (g/kg de PC0,75
) com um intervalo de µ ± 1σ.
82
De posse dos dados de EF e FDNi dos alimentos e das fezes procederam-se os
cálculos de CMSTotal de acordo com as equações:
CMSTotal = CTotalFDNi
CTotalFDNi = ETotalFDNi
CMSS x FDNisupl + CMSFor x FDNifor = MSfecal x FDNifecal
Onde: CMSTotal = consumo de matéria seca total (kg/dia);
CTotalFDNi = consumo total de fibra em detergente neutro indigestível (kg/dia);
ETotalFDNi = excreção fecal total de fibra em detergente neutro indigestível (kg/dia);
CMSS = consumo de matéria seca de suplemento (kg/dia);
FDNisupl = fibra em detergente neutro indigestível do suplemento (g/100g);
CMSFor = consumo de matéria seca de forragem (kg/dia);
FDNifor = fibra em detergente neutro indigestível da forragem (g/100g);
MSfecal = matéria seca das fezes (kg/dia);
FDNifecal = fibra em detergente neutro indigestível das fezes (g/100g).
As amostras coletadas de forragem, suplementos e seus respectivos ingredientes foram
enviados ao Laboratório de Nutrição Animal e Forragicultura da UFMT, campus Sinop, para
as seguintes análises químico-bromatológicas (Tabela 3): matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO), proteína bruta (PB) em que PB(%) = Ntotal(%) x 6,25, extrato etéreo (EE) e cinzas,
realizadas segundo as técnicas descritas por Silva & Queiroz (2002). As análises de fibra em
detergente neutro (FDN) foram conduzidas conforme Mertens (2002). A fibra em detergente
neutro corrigida para cinzas e proteína (FDNcp) segundo Detmann et al. (2010). A fibra em
detergente ácido (FDA) de acordo com Van Soest et al. (1991). A lignina (LIG) foi
determinada segundo o método do ácido sulfúrico 72% p/p (lignina “Klason”), descrito por
Silva & Queiroz (2002). A FDN indigestível (FDNi) segundo as recomendações de Casali et
al. (2008). O nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido
(NIDA) foram obtidos conforme Licitra et al. (1996).
83
Tabela 3 – Composição químico-bromatológica dos ingredientes e dos suplementos
Item Níveis de grão de milheto (%) Mistura
Mineral Milho Milheto
Resíduo de
Soja 0% 33% 66% 100%
MS1 (%) 89,63 89,76 89,89 90,12 98,86 89,67 90,53 89,26
MO2, 16
95,36 95,54 95,71 96,00 0,76 97,26 98,50 97,35
MM3, 16
4,64 4,46 4,29 4,00 99,24 2,74 1,50 2,65
PB4, 16
25,03 25,28 25,53 25,95 - 9,07 16,14 38,28
NIDN5, 17
16,53 18,55 20,57 23,94 - 9,11 25,80 22,87
NIDA6, 17
6,27 6,61 6,96 7,53 - 3,32 6,74 8,77
EE7, 16
12,72 12,29 11,87 11,17 - 5,69 5,07 18,61
CT8, 16
57,61 57,96 58,31 58,88 - 82,50 77,29 40,46
CNF9, 16
43,68 43,73 43,78 43,85 - 69,08 61,50 25,63
FDN10, 16
18,40 18,54 18,69 18,93 - 13,89 16,49 22,55
FDNcp11, 16
13,93 14,23 14,53 15,03 - 13,42 15,79 14,83
FDNi12, 16
11,42 11,70 11,98 12,44 - 7,91 11,06 14,55
FDA13, 16
11,43 11,61 11,80 12,11 - 4,76 8,28 17,00
LIG14, 16
2,32 2,35 2,38 2,43 - 1,53 2,01 3,01
NDT15, 18
88,06 87,89 87,72 87,43 - 87,11 86,79 91,99 1Matéria seca;
2Matéria orgânica;
3Matéria mineral;
4Proteína bruta;
5Nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;
7Extrato etéreo;
8Carboidratos totais;
9Carboidratos não fibrosos;
10Fibra em detergente neutro;
11Fibra em detergente neutro corrigida para
cinzas e proteína; 12
Fibra em detergente neutro indigestível; 13
Fibra em detergente ácido; 14
Lignina; 15
Nutrientes digestíveis totais; 16
% da MS; 17
% do N total; 18
Estimado segundo NRC (2001).
Os teores de carboidratos totais das amostras foram calculados segundo equação
proposta por Sniffen et al. (1992), em que CT(%) = 100 – (%PB + %EE + %Cinzas). Os
carboidratos não fibrosos (CNF) das amostras de suplemento e forragem foram calculados por
meio da diferença entre CT e FDNcp.
Para estimativa de NDT (% da MS) da forragem e dos suplementos, utilizaram-se as
equações sugeridas pelo NRC (2001) a partir da composição dos alimentos avaliados
conforme as equações:
PBD (forragens) = PB[–1,2 x (PIDA/PB)]
PBD (concentrados) = PB x [1 – (0,4 x PIDA/PB])
AGD = EE – 1
CNFD = 0,98 x {100 – [(FDN –PIDN) + PB + EE + CINZAS]} x PAF
84
FDNpD = 0,75 (FDNp – L) x [1 – (L/FDNp)0,667
]
NDT = CNFD + PBD + (AGD x 2,25) + FDNpD – 7
Onde: PBD = estimativa dos valores de proteína bruta digestível (% da MS);
PB = proteína bruta (% da MS);
PIDA = proteína insolúvel em detergente ácido (% da MS);
AGD = ácidos graxos digestíveis (% da MS), se EE < 1, então AGD = 0;
EE = extrato etéreo (% da MS);
CNFD = carboidratos não fibrosos digestíveis (% da MS);
FDN = fibra em detergente neutro (% da MS);
PIDN = proteína insolúvel em detergente neutro (% da MS);
CINZAS = cinzas (% da MS);
PAF = fator de ajuste para processamento físico, (PAF = 1);
FDNpD = fibra em detergente neutro corrigida para proteína digestível (% da MS);
FDNp = fibra em detergente neutro corrigida para proteína (% da MS);
L = lignina (% da MS);
7 = valor fecal metabólico (Weiss et al., 1992 citados pelo NRC, 2001).
A análise econômica foi realizada considerando a remuneração do capital investido,
obtida através da razão entre a margem de lucro e as despesas envolvidas no processo de
suplementação.
A receita obtida do ganho em equivalente carcaça (@) foi multiplicada pelo valor
médio de venda da @ na região no mês do término do experimento (setembro), sendo as
despesas obtidas através do custo total com os suplementos (aquisição de ingredientes e
produção) somados aos custos envolvidos com sua distribuição. Este último foi composto
pelo custo de mão-de-obra somado ao custo com combustível utilizado para o veículo em
serviço. Considerou-se, para fins de cálculo, o tempo médio de 30 minutos para distribuição
dos suplementos aos animais, sendo a distância total percorrida de aproximadamente 1,0 km.
O experimento foi delineado segundo um esquema fatorial (2x4), sendo dois grupos
genéticos e quatro suplementos alimentares, e distribuídos em um delineamento inteiramente
casualizado (DIC) com período experimental de 84 dias subdividido em três períodos de 28
dias.
85
O peso corporal inicial foi utilizado como covariável no modelo estatístico para as
variáveis em estudos e no caso da não significância do mesmo, este parâmetro foi retirado do
modelo e a análise foi realizada novamente, sem o mesmo.
Os parâmetros mensurados foram submetidos ao teste padrão para normalidade de
distribuição e processados para análise de variância, sendo posteriormente analisados pelo
método de regressão. Para análise dos resultados foi utilizado o programa computacional SAS
(Statistical Analyses System), sendo adotado para todos os procedimentos um nível de
significância de 0,05.
O modelo estatístico utilizado para o experimento foi:
Yijk = µ + Si + Gj + Si*Gj + β*(PIijk – PI/n) + eijk
Onde: Yijk = resposta observada no animal k, do grupo genético j, consumindo suplemento i;
µ = média geral observada;
Si = efeito do suplemento i, i = (SM; SE; SEP; SPE);
Gj = efeito do grupo genético j, j = (Nelore; Mestiço);
Si*Gj = efeito da interação entre suplemento e grupo genético;
β = coeficiente de inclinação do modelo linear;
PIijk = covariável peso corporal inicial;
PI/n = média geral do peso corporal inicial;
eijk = erro aleatório associado a cada observação.
3.5. Resultados e Discussão
Os valores de massa de forragem total (MFT) ao longo dos períodos do experimento
(Figura 2) apresentaram-se constantes.
O período de seca apresenta situações climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento
vegetativo das plantas. Observa-se, nestas condições, que a maioria das forrageiras tropicais
apresenta, nesta época, o estádio de desenvolvimento reprodutivo.
Segundo Hodgson (1990), quando a planta forrageira inicia a reprodução (estádio
reprodutivo) tem-se início o alongamento das hastes, cessando o aparecimento de novas
folhas refletindo diretamente na disponibilidade de massa de folhas. Mantendo-se esta
86
situação, ou seja, enquanto a haste reprodutiva não for cortada ou morrer, não há surgimento
de novas folhas nos perfilhos.
Ao longo deste experimento, observou-se em todos os piquetes, grande quantidade de
touceiras com a presença de haste reprodutiva. Sendo neste estudo a inflorescência
contabilizada juntamente ao colmo, maiores tornaram-se os valores relativos à massa de
colmos e menores tornaram-se os valores relativos à disponibilidade de folhas.
Desta forma, a manutenção dos valores de MFT deveu-se em grande parte pela
elevada proporção de colmos em relação às folhas (Figura 4 e 5), uma vez que o percentual de
MS de colmos apresenta-se superior, seu acréscimo tornou possível a manutenção dos valores
de MFT descrito com base na MS.
Figura 2 – Massa de forragem total (MFT, t de MS/ha) e massa de forragem potencialmente
digestível (MFpd, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do
experimento (Intervalo de Confiança: 90%).
O valor médio de MFT foi de 5,14 t de MS/ha. Este valor obtido deve-se, em grande
parte, pelo diferimento do pasto realizado 1 mês antes do início do experimento, assim como
pelas características do pasto produzido no sistema de integração lavoura e pecuária.
Segundo Aidar et al. (2003), as pastagens de primeiro ano obtidas neste sistema
apresentam-se mais produtivas também no período de seca (entressafra), permanecendo
verdes por mais tempo e com acúmulo de biomassa ainda que nos meses mais secos e frios do
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de
MS
/ha)
MFT
MFpd
87
ano. Conforme os autores, este comportamento provavelmente deve-se tanto ao melhor aporte
de nutrientes como também ao tamanho do sistema radicular profundo e volumoso (denso), o
que torna a forragem capaz de absorver água de camadas mais profundas do solo.
Sendo as respostas produtivas dos animais criados em sistemas de pastejo
determinadas principalmente pelo consumo de pasto e sendo este influenciado em grande
parte pela massa de forragem disponível (Santos et al., 2004; Carvalho, 1997), destaca-se que
o valor médio de MFT encontrado neste experimento não impediu que houvesse um consumo
seletivo por parte dos animais, uma vez que este se encontrou superior ao valor de 4,67 t de
MS/ha, sugerido por Euclides et al. (1992) como não limitante à seletividade.
Apreciada a MFT faz-se necessário maior ponderação quanto ao seu conteúdo passível
de utilização pelo animal, pois segundo Paulino et al. (2006b), um conceito aplicável de
manejo de pastagem através da relação entre qualidade nutricional e a quantidade disponível
encontra-se concentrado na MSpd.
Os percentuais de MSpd deste estudo variaram de um valor mínimo de 61,49% à um
máximo de 68,25% da MFT ao longo dos períodos, o que determinou um valor médio de 3,34
t de MFpd/ha, sendo a maior MFpd correspondente a 3,93 t/ha (Ago/Set) e a menor
correspondente a 2,74 t/ha (Jun/Jul). Estes resultados podem ser atribuídos aos elevados
valores de FDNi observados em grande parte da composição do material vegetal morto e em
senescência.
Entretanto, a MFpd ainda apresentou considerável estoque de energia potencialmente
digestível à utilização dos animais, inclusive ao 3° período, onde observa-se maior presença
de material morto (Figura 3), isto porque os valores de oferta de forragem para tal período
(8,43 kg de MSpd/100kg PC) foram superiores a variação mínima de 4 a 5% de PC em MSpd,
recomendado por Paulino et al. (2006b), para que tanto o desempenho animal como o
aproveitamento do pasto sejam otimizados.
Como destacado por Paulino (2005), incrementos à MSpd promovem benefícios
diretos ao sistema, as produtividades tornam-se maiores ao mesmo tempo em que se reduz a
necessidade do uso de suplementos.
88
Figura 3 – Massa de forragem verde (MFV, t de MS/ha) e massa de forragem morta
(MFMorta, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do
experimento (Intervalo de Confiança: 90%).
Os valores de MFV representaram em média de 40,26% da MFT ao longo deste
estudo, já os resultados de MFMorta representaram em média 59,74% da MFT. A quantidade
de MS morta apresentou-se elevada, entretanto dentro de um padrão tido como normal para a
época seca.
A MFMorta apresentou seus valores acrescidos, em grande parte, pelo último período
do experimento. Como destacado na Figura 3, observa-se diminuição das frações verdes da
forragem (colmo verde e lâmina foliar verde), possivelmente pela perda de material verde
ofertado e não colhido que sofrera processo de senescência, ainda que, segundo Sbrissia
(2004), as maiores taxas de senescência não aconteçam na estação de inverno (período seco),
esta ocorre com valores médios de 13,9 kg de MS/ha/dia.
Adicionalmente, tem-se a diminuição da MFV e aumento da MFMorta pelo consumo
preferencial de colmos e lâminas foliares verdes decorrentes da seletividade dos animais.
Outro aspecto é, ainda que com um sistema com boas condições de fertilidade, este
necessariamente depende de fatores bióticos, sendo a precipitação pluviométrica nula durante
os 84 dias de experimentação, a grande proporção de MFMorta foi influenciada por fatores
climáticos desfavoráveis ao desenvolvimento e manutenção de maiores quantidades de MS
verde.
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MFMorta
89
Em um primeiro momento atribui-se a quantidade de material vegetal morto como
fator principal da diminuição da qualidade nutricional da forragem devido ao acúmulo de
FDNi, contudo os valores de MSpd destacam grande proporção de material vegetal, ainda que
seco, passível de utilização pela microbiota ruminal.
Vale ressaltar que a quantidade excessiva de colmos secos, ainda que no sistema de
integração lavoura e pecuária, influenciará diretamente o hábito de consumo e diminuirá a
capacidade de seleção de forragem pelos animais. Desta forma, se por um lado a MFT não
impediu a seletividade dos animais, por outro lado o consumo, possivelmente, estaria
sofrendo uma influência negativa da estrutura do pasto, principalmente no período final das
avaliações, devido à grande participação de MS morta, especialmente da massa de colmo seco
(Figura 4).
Tal influencia estrutural, relaciona-se à profundidade e à massa do bocado obtida pelo
animal (Carvalho, 1997), ou seja, em situações como a evidenciada neste experimento, onde
se observa considerável MFMorta (colmos secos e lâminas foliares secas), possivelmente,
menores seriam o tamanho dos bocados com consequente decréscimo na taxa de ingestão de
forragem, sendo necessário um aumento no tempo de pastejo como meio de compensar a
deficiência estrutural do pasto.
Figura 4 – Massa de colmo verde (MCV, t de MS/ha) e massa de colmo seco (MCS, t de
MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo
de Confiança: 90%).
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MCS
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As diferenças observadas pela diminuição na disponibilidade de colmo verde e
aumento na disponibilidade de colmo seco imprimem um decréscimo na qualidade nutricional
da forrageira devido ao aumento nos valores de FDNi do pasto, o que poderia resultar,
segundo Moraes (2006), na diminuição da disponibilidade energética da forragem ao animal.
Para os valores de lâminas foliares verdes (figura 5), observou-se redução entre os
piquetes ao longo de cada período, representando em Ago/Set apenas 3,99% da MFT.
Figura 5 – Massa de lâmina foliar verde (MLV, t de MS/ha) e massa de lâmina foliar seca
(MLS, t de MS/ha) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento
(Intervalo de Confiança: 90%).
Os valores médios de MLS apresentaram-se crescentes entre os períodos. Este
comportamento está associado à taxa de senescência do capim Marandu, que segundo Sbrissia
(2004), ocorre com maior intensidade na altura média do dossel de 30 cm para as estações de
inverno e início da primavera, levando a crer que o incremento na MLS ao longo deste
experimento tenha ocorrido pela elevação na taxa de senescência devido à estação de inverno
e a altura média do pasto (28,07 cm – Figura 6) próxima ao reportado por Sbrissia (2004).
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MLV
MLS
91
Figura 6 – Valores médios das alturas do pasto ao longo do período experimental.
Observa-se, na Figura 6, diminuição dos valores de altura do pasto com o avanço dos
períodos, decorrente da forragem consumida pelos animais do início ao término do
experimento, assim como pela ação de pisoteio dos animais ao longo dos 84 dias de avaliação.
Segundo Rego et al. (2006), a altura do pasto promove facilidade aos animais para
incrementarem o consumo de forragem através do aumento do tamanho do bocado (g de MS),
redução no tempo gasto por bocado (segundos), permitindo a intensificação da taxa de
ingestão (g de MS/minuto).
Sarmento (2003), em ensaio com Brachiaria brizantha cv. Marandu destacou que o
aumento da altura do pasto também acarretaria em incremento potencial do estrato pastejável
da forrageira. O mesmo autor recomenda alturas de manejo do pastejo em função do objetivo
e da natureza do sistema de produção, sendo que estas alturas encontram-se na amplitude de
20 a 40 cm. Desta forma, os resultados médios das alturas do pasto deste experimento
encontraram-se dentro da faixa recomendada.
A partir dos valores de altura média do pasto associados à MFT, procedeu-se os
cálculos dos valores de densidade volumétrica do pasto (DVP) apresentados na Figura 7.
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Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set
Alt
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Períodos
92
Figura 7 – Densidade volumétrica do pasto (DVP, kg de MS/ha.cm) e altura do pasto (ALT,
cm) de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de
Confiança: 90%).
Ao contrário dos resultados de altura do pasto, a DVP apresentou acréscimo em seus
valores ao decorrer dos períodos, concordando com Sarmento (2003) e Molan (2004) que
observaram valores crescentes para a DVP, para os meses correspondentes ao inverno, à
medida que se diminuísse a altura do dossel forrageiro. Sendo a DVP determinada pela razão
entre MFT e altura média do pasto, estes resultados justificam-se através do aumento na MFT
e redução na altura do pasto.
Sarmento (2003) destacou que elevados valores de densidade volumétrica podem
influenciar negativamente a ingestão de forragem, impedindo a maior profundidade de
bocados levando a uma redução no tamanho de bocados.
Adicionalmente, a elevada MFT ao longo do experimento, especialmente em Ago/Set,
demonstram que a maior contribuição nestes valores foram devidos a MCS (Figura 4).
Simultaneamente, a dimensão vertical (altura) por ser composta principalmente pelo
componente colmo, quando em situações de baixa disponibilidade de lâminas foliares (época
seca), implica em dizer que os valores de DVP são na verdade compostos quase que em sua
totalidade por colmos. Desta forma é proposto que para estações desfavoráveis ao
desenvolvimento vegetativo onde haja desfolhação intensa (lotação contínua) seja realizado
avaliações mais cautelosas quanto aos valores de DVP.
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93
Assim sendo, os resultados médios de DVP, por diferirem entre si ao longo dos três
períodos, associados à MCS (Figura 4), permitem inferir que possivelmente tenha ocorrido
influência da variável densidade sobre a ingestão de forragem acarretando em diminuição da
capacidade dos animais em aumentar a massa do bocado.
Com base nos valores obtidos de disponibilidade dos segmentos do pasto, procedeu-se
a avaliação da relação lâmina foliar/colmo (Figura 8). Segundo Paulino et al. (2004), ao
admitir uma pastagem com elevada densidade de plantas, a altura do pasto associada à sua
relação folha/colmo apresenta-se como um bom indicador na definição do manejo do pastejo,
desta forma, almeja-se que nesta relação haja maior participação de tecidos com células
contendo paredes celulares menos lignificadas, a exemplo de lâminas foliares que
aumentariam os valores da relação folha/colmo.
Marcelino (2004) destacou que com o avançar na idade da planta, a proporção de
colmos aumenta relativamente à de folhas. De acordo com a autora, a digestibilidade do
segmento colmo apresenta-se 46% inferior à da folha. Assim, a espécie forrageira com
capacidade de disponibilizar elevada massa de folhas verdes poderá imprimir maiores
componentes de alto valor nutritivo na dieta dos animais.
Figura 8 – Relação folha/colmo (F:C) e altura do pasto (ALT, cm) de Brachiaria brizantha
cv. Marandu ao longo do experimento (Intervalo de Confiança: 90%).
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Como evidenciado por Sbrissia (2004) na estação de inverno, valores de relação
folha/colmo para capim Marandu foram aumentados na medida em que os valores de altura
foram diminuídos. De forma contrária, neste experimento houve decréscimo nos valores da
relação folha/colmo associados à redução da altura do pasto ao longo dos períodos (Figura 8).
Tais resultados são devidos, em grande parte, pelo significativo aumento na MCS (Figura 4) o
que aliado à redução da MLV (Figura 5) promoveram a diminuição da relação, uma vez que a
disponibilidade total de colmos representa o denominador da fração sendo inversamente
proporcional a variável.
Sabe-se que, de uma forma geral, o consumo e o desempenho dos animais são
acrescidos, além das características da estrutura do pasto citadas anteriormente, pelo aumento
na oferta de forragem (OF). Tal índice constitui-se uma variável-controle no processo de
pastejo, assim descrita por Da Silva & Nascimento Júnior (2006). Entretanto, os mesmos
autores destacaram que este aumento tende a um valor máximo específico para cada espécie e
categoria animal, o que, em situações de elevada OF, caracterizariam uma limitação dos
animais em processar e/ou digerir a forragem pastejada, ou seja, seria atingido um platô
(saturação) no consumo dos animais onde os maiores acréscimos de OF não corresponderiam
a incrementos no consumo.
Associado aos valores de massa de forragem ofertada aos animais, Baroni et al. (2010)
destacaram uma relação entre OF e a digestibilidade da pastagem consumida. Tal afirmação
se justifica por situações em que maiores OF permitem aos animais selecionar as porções
mais nutritivas do pasto (lâminas foliares verdes) em detrimento aos colmos e material
senescente. Sendo a fração lâmina foliar verde preferencialmente consumida pelos animais e
esta, por sua vez, possuir maior percentual de digestibilidade em comparação aos outros
segmentos da planta, caberia relacionar o conceito de OF à MSpd, afim de que a apreciação
dos valores de forragem ofertada fossem mais precisos quanto ao conteúdo realmente passível
de digestão pelos animais.
Níveis máximos de consumo estão relacionados com uma massa de forragem de duas
a três vezes a necessidade diária do animal (Hodgson, 1990). Dessa forma, do ponto de vista
prático, seria necessário ofertar uma massa de forragem, em kg de MSpd/dia, acima do valor
descrito como crítico (4 a 5% do peso corporal) para que tanto o desempenho animal como o
aproveitamento do pasto sejam otimizados (Paulino et al., 2006b).
Contudo, a elevada OF deve ser analisada com cautela, isto porque em algumas
situações este elevado índice pode apresentar um efeito negativo no ganho de peso dos
95
animais. Reis et al. (2005) destacaram que em situações como esta o que se evidencia é o
subpastejo da área, em consequência se observam consideráveis acúmulos de material vegetal
de baixo valor nutritivo, ou seja, com baixa digestibilidade implicando em diminuição de seu
consumo e desempenho produtivo dos animais.
Os valores de OF apresentaram crescentes entre Jun/Jul e Ago/Set, tendo um pequeno
decréscimo em Jul/Ago (Tabela 4).
Os acréscimos de OF foram cerca de 18,41% para MS e cerca de 8,11% para MSpd,
sendo superiores aos valores limitantes descritos por Paulino et al. (2006b).
Tabela 4 – Valores médios da oferta de forragem1 de Brachiaria brizantha cv. Marandu ao
longo dos períodos experimentais
Item Jun/Jul Jul/Ago Ago/Set Médias2
Oferta de Forragem (kg MS/100 kg PC) 11,68 11,03 13,83 12,28 ± 0,85
Oferta de Forragem (kg MSpd/100 kg PC) 7,80 7,08 8,43 7,77 ± 0,39
Oferta de Forragem (kg MS verde/100 kg PC) 7,36 3,98 2,48 4,61 ± 1,44 1Forragem cortada a 10 cm de altura do solo;
2Média ± erro-padrão da média.
Ao considerar os resultados de MFT e MFpd, a OF demonstrou não ser fator restritivo
ao consumo dos animais. No entanto, como citado anteriormente, a apreciação dos valores de
OF devem ser tomados com cautela. Neste experimento, a quantidade ofertada de forragem
aos animais encontrava-se dentro dos valores ideais para que não houvesse restrição do
consumo. Contudo, ao observar a OF calculada através da MFV, os valores passam a
apresentar-se abaixo de 4,0 kg de MS verde/100 kg de PC, tornando provável a influencia
negativa sobre o consumo dos animais, visto que a grande quantidade ofertada é composta por
MS morta.
A composição químico-bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu encontra-
se disposta na Tabela 5. Os teores de PB da forragem amostrada (disponibilidade e pastejo
simulado) apresentaram-se abaixo dos valores descritos por Poppi & McLennan (1995) como
mínimo para adequada atividade de microrganismos no ambiente ruminal sendo, portanto,
fator considerável a uma possível diminuição do consumo de forragem pelo
comprometimento da utilização dos substratos energéticos fibrosos potencialmente digestíveis
(Lazzarini et al., 2009).
96
Tabela 5 – Composição químico-bromatológica do pasto
Item Brachiaria brizantha cv. Marandu
Disponibilidade19
Pastejo Simulado19
MS1 (%) 55,85 ± 6,87 52,49 ± 9,31
MO2, 16
93,13 ± 0,05 92,57 ± 0,17
MM3, 16
6,87 ± 0,05 7,43 ± 0,17
PB4, 16
3,64 ± 0,70 5,74 ± 1,12
NIDN5, 17
39,72 ± 3,26 42,56 ± 1,98
NIDA6, 17
17,77 ± 0,59 11,83 ± 1,30
EE7, 16
1,42 ± 0,03 1,72 ± 0,12
CT8, 16
88,07 ± 0,70 85,10 ± 1,01
FDN9, 16
72,64 ± 1,03 68,41 ± 1,72
FDNcp10, 16
69,95 ± 1,17 63,71 ± 2,06
CNF11, 16
18,12 ± 0,48 21,39 ± 1,08
FDNi12, 16
35,49 ± 1,77 28,27 ± 2,40
FDA13, 16
36,76 ± 1,22 32,54 ± 2,30
LIG14, 16
7,37 ± 0,76 6,44 ± 0,85
NDT15, 18
48,60 ± 0,91 49,37 ± 1,09 1Matéria seca;
2Matéria orgânica;
3Matéria mineral;
4Proteína bruta;
5Nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;
7Extrato etéreo;
8Carboidratos totais;
9Fibra em detergente neutro;
10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
11Carboidratos não fibrosos;
12Fibra em detergente neutro indigestível;
13Fibra em detergente ácido;
14Lignina;
15Nutrientes digestíveis totais;
16% da MS;
17% do N total;
18Estimado segundo NRC (2001);
19Média ± erro-padrão da média.
O aumento dos valores de FDN e FDA representam menor participação de
carboidratos solúveis na composição da forrageira e consequentemente maior percentual de
carboidratos fibrosos e componentes insolúveis da parede celular. De acordo com Mello et al.
(2006), o aumento nos teores de FDN e FDA influi diretamente na redução do valor nutritivo
da forragem procedente da menor concentração do conteúdo celular, limitando a energia
disponível para os ruminantes. Neste experimento os valores de FDN e FDA apresentaram-se
crescentes ao longo dos períodos experimentais sendo as respectivas médias inferiores ao
descrito por Baroni et al. (2010) (73,89% de FDN e 38,17% de FDA) e, superiores ao
observado por Canesin et al. (2007) (55,06% de FDN e 29,23% de FDA), ambos os trabalhos
no período de seca e utilizando capim Marandu.
A avaliação da FDNi permite evidenciar a quantidade de compostos indigestíveis da
fração fibrosa dos alimentos além de considerar aspectos relativos ao percentual de MSpd da
forragem, sendo a FDNi correlacionada negativamente à MSpd. Os efeitos negativos
proporcionados por altos valores de FDNi refletem na qualidade nutricional do alimento e no
trânsito ruminal de partículas fibrosas. Segundo Waldo & Smith (1972), a fração indigestível
da fibra vegetal se constitui de uma porção nutricionalmente inerte que ocupa espaço no
97
ambiente ruminal e é somente removível por trânsito, tornando-a agente ativo no efeito de
repleção ruminal.
O valor observado para a FDNi encontra-se inferior a 35,12% reportado por Baroni et
al. (2010) para amostras de pastejo simulado realizadas no período de seca. Contudo, como
descrito por Silva et al. (2009), na literatura poucos são os experimentos que apresentam os
teores de FDNi da forragem, o que torna difícil a comparação entre esta variável nos
desempenhos de bovinos em pastejo recebendo suplementação alimentar.
Com base nos resultados apresentados na Tabela 6, observam-se maiores percentuais
de PB nos componentes CV e LV em comparação a CS e LS, assim como menores valores de
NIDN para CV comparado a CS. Contudo, os teores de NIDN para LV comparado a LS
apresentaram-se semelhantes. Para NIDA, os valores dos segmentos verdes (CV e LV)
apresentaram-se menores quando contrastados aos segmentos secos (CS e LS).
Tabela 6 – Composição químico-bromatológica dos segmentos morfológicos do pasto
Item Brachiaria brizantha cv. Marandu
CV18
CS18
LV18
LS18
MS1 (%) 42,21 ± 3,37 68,86 ± 6,15 55,76 ± 5,65 76,94 ± 6,81
MO2, 15
95,21 ± 0,11 94,70 ± 0,16 93,23 ± 0,12 92,53 ± 0,15
MM3, 15
4,79 ± 0,11 5,30 ± 0,16 6,77 ± 0,12 7,47 ± 0,15
PB4, 15
3,15 ± 0,36 2,55 ± 0,22 6,88 ± 0,61 3,55 ± 0,17
NIDN5, 16
28,88 ± 1,94 41,74 ± 1,89 45,55 ± 5,73 42,76 ± 2,30
NIDA6, 16
18,32 ± 1,83 38,53 ± 0,46 11,08 ± 0,43 39,34 ± 1,25
EE7, 15
0,93 ± 0,07 0,78 ± 0,06 1,68 ± 0,10 0,90 ± 0,07
CT8, 15
91,13 ± 0,48 91,37 ± 0,39 84,68 ± 0,70 88,08 ± 0,19
FDN9, 15
73,07 ± 0,17 78,01 ± 0,77 68,05 ± 1,49 72,83 ± 0,10
FDNcp10, 15
71,35 ± 0,38 75,83 ± 1,16 65,81 ± 0,72 67,90 ± 1,38
CNF11, 15
19,78 ± 0,37 15,54 ± 0,81 18,87 ± 0,06 20,18 ± 1,48
FDA12, 15
37,89 ± 0,30 43,58 ± 1,07 31,23 ± 1,12 36,19 ± 0,33
LIG13, 15
6,05 ± 0,42 8,04 ± 0,55 4,44 ± 0,37 6,39 ± 0,58
NDT14, 17
52,43 ± 0,89 48,03 ± 1,10 52,45 ± 0,35 48,90 ± 1,21 1Matéria seca;
2Matéria orgânica;
3Matéria mineral;
4Proteína bruta;
5Nitrogênio insolúvel em
detergente neutro; 6Nitrogênio insolúvel em detergente ácido;
7Extrato etéreo;
8Carboidratos totais;
9Fibra em detergente neutro;
10Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
11Carboidratos não fibrosos;
12Fibra em detergente ácido;
13Lignina;
14Nutrientes digestíveis totais;
15%
da MS; 16
% do N total; 17
Estimado segundo NRC (2001); 18
Média ± erro-padrão da média.
Estes resultados demonstram a maior concentração de nitrogênio e, consequentemente,
da PB em tecidos vivos da planta. Sendo NIDA, a fração de nitrogênio ligado à parede celular
vegetal indisponível aos microrganismos e ao animal, quanto menor sua proporção maior
98
torna-se o percentual de nitrogênio disponível (NIDN) ao animal. Nesta situação, ao comparar
os diferentes teores entre NIDN e NIDA, observou-se que ainda que haja elevado percentual
de nitrogênio em NIDN no segmento LV, este se encontra na forma latente, passível de
utilização por microrganismos ruminais.
A análise da diferença entre os teores de NIDN e NIDA (Δ), sendo Δ relacionado à
fração B3 descrita por Sniffen et al. (1992), demonstrou maior percentual de nitrogênio
indisponível à ação de microrganismos ruminais no segmento CS (Δ = 3,21), onde Δ de
CS<LS<CV<LV. Havendo maior indisponibilidade de nitrogênio nos segmentos quando os
resultados aproximaram-se de 0 (NIDN = NIDA). Tais valores encontram-se dentro de um
contexto esperado, em virtude de que materiais vegetais mortos ou em senescência,
decorrentes do aumento da idade fisiológica da planta, aparentemente apresentam maiores
concentrações de nitrogênio ligado a FDA (Balsalobre et al., 2003).
Observou-se maior concentração dos componentes indigestíveis em detergente neutro
e ácido nos segmentos mortos (CS e LS) e menores concentrações nos tecidos verdes (CV e
LV), causando, segundo Paciullo et al. (2001), uma redução da digestibilidade dos
componentes do pasto ao avançar do tempo (idade).
Neste estudo, não houve interação entre grupo genético e níveis de substituição do
ingrediente energético (P>0,05) para o consumo (Tabela 7). Da mesma forma, também não se
observou influência do grupo genético e do nível de substituição do milho pelo milheto sobre
o consumo dos componentes da dieta (P>0,05).
O consumo de forragem é regido por fatores nutricionais e não nutricionais. Os fatores
nutricionais são aqueles decorrentes da dieta basal, sendo grande a influencia determinada
pela fibra insolúvel que participa diretamente no efeito de repleção ruminal (Paulino et al.,
2004). Aos fatores não nutricionais, considera-se o efeito promovido pela planta através da
apresentação da estrutura do dossel e ao efeito dos animais na seleção da forragem, tamanho e
taxa de bocados e tempo de pastejo (Poppi et al., 1987).
Segundo Costa (2009), o consumo voluntário de forragem pelo animal é dependente
da quantidade e da qualidade da forragem ofertada. Contudo, vale ressaltar de que mesmo
quando a disponibilidade de forragem apresenta-se elevada, o colmo e o material morto
podem limitar o consumo por parte do animal (Da Silva et al., 2008).
Embora os teores de amido do milho e do milheto sejam distintos (Ribeiro et al., 2004)
(Tabela 3), acredita-se haver diferentes respostas sobre os parâmetros de consumo devido às
variações na taxa e na extensão da degradação intrínseca às diferentes fontes. No entanto, não
99
se observou efeito dos níveis de inclusão de milheto sobre o consumo de matéria seca total
(CMST), cujos valores médios foram 9,012; 7,903; 8,198; 8,157 kg/dia, respectivamente para
os níveis de milheto de 0%; 33%; 66% e 100%.
Quanto a influencia de utilização de suplementos sobre o consumo de MS e nutrientes,
Moraes (2003), assim como neste experimento, não evidenciou diferenças entre o consumo de
MS total de novilhos em terminação alimentados com suplementos contendo níveis de PB
semelhantes a este estudo.
De forma análoga, Detmann et al. (2005) não observou variações no consumo de MS
total de novilhos mestiços em terminação alimentados com 4,0 kg de suplementos/dia e
manejados em pastagem de Brachiaria decumbens Stapf. durante o período de transição
seca/águas.
100
Tabela 7 – Consumo dos componentes da dieta de bovinos Nelore e mestiços suplementados com níveis crescentes de inclusão de milheto
Item GG
1
Valor-P Níveis de grão de milheto (NGM)
CV (%) GG x NGM2
Contrastes
N M 0% 33% 66% 100% Linear Quadrático
CMSP3 4,764 4,688 0,9239 5,436 4,316 4,617 4,534 25,80 0,1951 0,4794 0,5557
CMOP4 4,325 4,256 0,9240 4,935 3,918 4,192 4,116 25,80 0,1951 0,4795 0,5556
CPBP5 0,197 0,194 0,9249 0,225 0,179 0,191 0,188 25,81 0,1935 0,4794 0,5569
CEEP6 0,082 0,081 0,9258 0,093 0,074 0,080 0,078 25,77 0,1947 0,4934 0,5540
CFDNP7 3,260 3,207 0,9241 3,719 2,953 3,159 3,101 25,80 0,1951 0,4794 0,5557
CCNFP8 1,001 0,985 0,9240 1,142 0,907 0,970 0,952 25,81 0,1955 0,4796 0,5555
CMST9 8,355 8,280 0,9242 9,012 7,903 8,198 8,157 14,35 0,1951 0,5096 0,5270
CMOT10
7,760 7,691 0,9243 8,344 7,345 7,619 7,594 14,02 0,1953 0,5273 0,5237
CPBT11
1,111 1,108 0,9246 1,120 1,085 1,106 1,128 9,19 0,1948 0,7680 0,3876
CEET12
0,513 0,512 0,9306 0,548 0,515 0,505 0,482 8,27 0,1950 0,0017 0,6822
CFDNT13
3,928 3,877 0,9242 4,377 3,618 3,828 3,788 21,09 0,1951 0,5050 0,5432
CCNFT14
2,572 2,556 0,9245 2,704 2,475 2,537 2,541 9,79 0,1955 0,5596 0,5033
CMSPPC15
1,09 1,01 0,6399 1,18 0,95 1,04 1,02 25,60 0,2548 0,5910 0,6028
CMSTPC16
1,91 1,78 0,4768 1,95 1,74 1,85 1,83 14,36 0,2876 0,7160 0,6022 1Grupo genético (N – Nelore; M – mestiços);
2GG x NGM = Interação entre grupo genético e níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos;
3Consumo de matéria seca de pasto (kg/dia);
4Consumo de matéria orgânica de pasto (kg/dia);
5Consumo de proteína bruta de pasto (kg/dia);
6Consumo de
extrato etéreo de pasto (kg/dia); 7Consumo de fibra em detergente neutro de pasto (kg/dia);
8Consumo de carboidratos não fibrosos do pasto (kg/dia);
9Consumo de matéria seca total (kg/dia);
10Consumo de matéria orgânica total (kg/dia);
11Consumo de proteína bruta total (kg/dia);
12Consumo de extrato
etéreo total (kg/dia); 13
Consumo de fibra em detergente neutro total (kg/dia); 14
Consumo de carboidratos não fibrosos totais (kg/dia); 15
Consumo de matéria seca de pasto (% do PC);
16Consumo de matéria seca total (% do PC) em função dos níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos.
101
Gonçalves et al. (2010) destacaram a possibilidade de total substituição do grão de
milho por milheto em dietas de bovinos de corte. Isto por que os níveis de substituição não
apresentaram alterações quanto ao consumo de MS, ao mesmo tempo em que houve melhora
sobre a digestibilidade do extrato etéreo e do amido da dieta. De acordo com os autores, o
consumo similar de MS pelos animais alimentados com níveis crescentes de substituição de
grão de milho por grão de milheto demonstrou boa aceitação pelos animais, sugerindo não
haver diferença de palatabilidade entre as duas fontes energéticas.
O somatório das informações supracitadas em conjunto aos resultados obtidos neste
estudo permite dizer que a substituição do grão de milho por grão de milheto em suplementos
para animais em pastejo não influencia o consumo dos componentes da dieta.
Neste estudo, não foi observado efeito de grupo genético sobre o coeficiente de
digestibilidade aparente dos componentes da dieta (P>0,05), assim como a não significância
da interação entre grupo genético e níveis de inclusão de milheto (P>0,05) (Tabela 8).
Não foi observado efeito significativo de grupo genético sobre o nutriente digestível
total observado (P>0,05). Semelhantemente, para níveis de substituição de ingrediente
energético não se observou significância sobre o NDTOBS (P>0,05).
Os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO, PB, EE, FDN e CNF da dieta
total, não apresentaram diferença entre os níveis de inclusão de milheto nos suplementos
(P>0,05).
Cabe salientar que, para avaliação dos parâmetros de consumo e digestibilidade in vivo
deste experimento, utilizou-se um elevado número de repetições (10 animais/tratamento) em
comparação a outros ensaios observados na literatura.
102
Tabela 8 – Digestibilidade dos componentes da dieta de bovinos Nelore e mestiços suplementados com níveis crescentes de inclusão de milheto
Item GG
1
Valor-P Níveis de grão de milheto (NGM)
CV (%) GG x NGM2
Contrastes
N M 0% 33% 66% 100% Linear Quadrático
DMS3 43,58 45,95 0,6746 44,67 49,72 39,93 44,74 19,87 0,6879 0,8288 0,8690
DMO4 47,99 53,12 0,3398 52,00 54,10 46,64 49,46 17,12 0,3712 0,6786 0,9120
DPB5 55,14 62,70 0,0637 56,25 62,93 58,26 58,26 20,71 0,3718 0,9396 0,4032
DEE6 64,67 71,13 0,0595 68,77 73,41 62,59 66,82 15,15 0,5930 0,2698 0,9525
DFDN7 50,23 55,64 0,3900 57,34 60,90 50,50 43,01 19,54 0,2788 0,0993 0,2397
DCNF8 65,91 70,09 0,2114 69,24 70,37 64,74 67,64 14,96 0,4129 0,4845 0,7895
NDTOBS9 61,08 67,21 0,1579 66,04 70,65 60,51 59,37 10,42 0,3208 0,1232 0,5031
1Grupo genético (N – Nelore; M – mestiços);
2GG x NGM = Interação entre grupo genético e níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos;
3Coeficiente de digestibilidade aparente da MS total (DMS, %); 4Coeficiente de digestibilidade aparente da MO total (DMO, %); 5
Coeficiente de
digestibilidade aparente da PB total (DPB, %); 6Coeficiente de digestibilidade aparente do EE total (DEE, %); 7
Coeficiente de digestibilidade da
FDN total (DFDN, %); 8Coeficiente de digestibilidade aparente dos CNF totais (DCNF, %); 9Níveis de nutrientes digestíveis totais observado na
dieta total (NDTOBS, %) em função dos níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos.
103
Segundo Brody (1945), animais de elevado peso corporal possuem maior consumo de
matéria seca e apresentam maior exigência de energia para mantença, o que afeta a eficiência
de utilização da energia da dieta para ganho de peso corporal.
Para contornar a influencia do peso corporal nas variáveis de desempenho animal,
realizaram-se ajustes para os valores médios de ganho de peso médio diário (GMD), ganho de
peso total (GPT) e peso corporal final (PCF), devido à significância apresentada pela
covariável peso corporal inicial (P<0,05) (Tabela 9).
Tabela 9 – Desempenho de bovinos Nelore e mestiços suplementados com níveis crescentes
de substituição de grão de milho por grão de milheto
Item GG
Valor-P Níveis de grão de milheto (NGM) CV
(%) GG x NGM3
Contrastes4
N1 M2 0% 33% 66% 100% L Q
GMD5
0,827a 0,737b 0,0192 0,816 0,826 0,797 0,691 18,23 0,8786 0,0141 0,1117
GPT6 69,50a 61,95b 0,0192 68,54 69,38 66,95 58,04 18,19 0,8880 0,0131 0,1263
PCF7 457,65a 450,09b 0,0192 456,86 457,41 454,98 446,25 2,63 0,8880 0,0131 0,1263 1Nelore;
2Mestiços;
3GG x NGM = interação entre grupo genético e níveis de inclusão de grão de milheto nos
suplementos; 4Contraste linear (L) e quadrádico (Q);
5Ganho de peso médio diário (kg/dia); 6Ganho de peso total
(kg); 7Peso corporal final (kg); ŶGMD = 0,8418 – 0,0012X; ŶGPT = 70,7169 – 0,1008X; ŶPCF = 458,1481 –
0,0859X.
Neste estudo, não foi observado significância da interação entre grupo genético e
níveis de substituição do ingrediente energético (P>0,05) para as variáveis GMD, GPT e PCF.
Observou-se influência do efeito de grupo genético sobre as variáveis GMD, GPT e
PCF (P<0,05), ou seja, animais de grupo genético Nelore apresentaram melhores
desempenhos em resposta aos níveis de substituição de grão de milho por milheto quando
comparados ao grupo de animais mestiços.
Um fator considerável é a característica de que animais da raça Nelore suportam
melhor o clima tropical. Segundo Poppi & McLennan (1995), animais não podem sofrer
estresse calórico, caso tal situação ocorra, há diminuição da taxa de crescimento para um nível
em que o calor possa ser dissipado confortavelmente. Tal informação permite supor que as
condições climáticas (Tabela 1) tenham influenciado negativamente o desempenho de animais
mestiços.
Adicionalmente, tem-se o conhecimento de que animais da raça Nelore apresentam
melhor aproveitamento de dietas ricas em fibra de baixa qualidade, características do período
de seca e observadas neste estudo (Tabela 5). Este baixo valor nutricional do pasto pode ter
contribuído para a diferença evidenciada entre os grupos genéticos, sendo os animais mestiços
menos rústicos, característica intrínseca a proporção de genes de raças Bos taurus taurus
evidentes nos animais.
104
Freitas (2005) observou, assim como neste estudo, que bovinos de corte terminados
em pastejo apresentaram diferentes respostas ao aporte de nutrientes fornecidos via
suplementação em função de diferentes grupos genéticos. Contudo, o autor evidenciou
resposta superior de animais mestiços destacando a inferioridade de desempenho de animais
Nelore.
As variáveis, GMD, GPT e PCF, diminuíram linearmente (P<0,05) com o aumento
dos níveis de inclusão de grão de milheto nos suplementos.
O emprego de suplementos na estação seca possui o enfoque de suprir nutrientes não
disponíveis pelo pasto mantendo o ganho de peso nos animais a um ponto em que se alcance
objetivos traçados para o sistema de produção. A fase de terminação de gado de corte, comum
a esta época do ano, permite que a gestão através da utilização de sistemas pasto-suplemento
promova resultados de desempenho produtivo semelhantes àqueles encontrados em animais
oriundos de confinamentos (Paulino et al., 2002).
Entretanto, Silva et al. (2009) destacaram que o desempenho de animais em pastejo
recebendo algum tipo de suplementação é determinado por uma vasta influência entre fatores
relacionados às interações forragem:suplemento:animal, as quais possuem características
peculiares a cada experimento.
Os valores de desempenho observados neste estudo (Tabela 9) apresentaram-se
superiores aos resultados médios descritos por Nascimento et al. (2009) em avaliação de
diferentes fontes amiláceas (milho e milheto) nos suplementos de novilhos mestiços
(Holandês x Zebu) em pastejo. Diferentemente deste experimento, os autores não
evidenciaram diferenças entre ganhos de peso médio diário e peso corporal final dos animais
alimentados com concentrados contendo milho ou milheto. Segundo os autores, estes
resultados demonstraram eficiência semelhante quanto à utilização de ambas as fontes de
amido.
O efeito do aumento dos níveis de substituição de grão de milho por grão de milheto
nos suplementos sobre o desempenho animal não se apresentaram claros.
Destaca-se que este experimento foi desenvolvido sob o sistema de produção de
integração lavoura e pecuária, quanto a este, Kluthcouski et al. (2003) descreveram acerca dos
efeitos benéficos de sua adoção à produção de bovinos de corte. Os autores relataram a
obtenção de taxas de lotação média cujas variações encontraram-se entre 2,5 e 3,0 UA/ha,
também destacaram ganhos médios diários entre 0,300 a 0,400 kg obtidos no período de seca
com a utilização de suplementação alimentar (quantidade fornecida não informada). Ainda
105
que estes valores encontrem-se inferiores ao obtido neste estudo (GMD de 0,782 kg e TL
média variando entre 2,9 e 3,4 UA/ha), percebe-se que a inclusão da técnica de suplementação
na alimentação de bovinos mostrou-se oportuna ao sistema de integração lavoura e pecuária.
Adicionalmente, a avaliação do desempenho animal em conjunto ao consumo médio
de proteína bruta total dos tratamentos (Tabela 7), permitiu observar que valores de ingestão
de 1,109 kg de PB/animal/dia promoveram, entre tratamentos, ganhos médios diários de 0,782
kg/animal/dia (Tabela 9). Segundo a tabela de exigências nutricionais de zebuínos puros e
cruzados BR-CORTE (Marcondes et al., 2010), para animais em pastejo com peso corporal de
400 kg e taxas de ganho de 0,750 kg/animal/dia, exigem-se consumos da ordem de 1,044 kg
de PB/dia. Desta forma, para as condições aqui apresentadas, evidenciou-se que os
suprimentos de PB total dos tratamentos adequaram-se às exigências demandadas pelos
animais promovendo ganhos superiores ao tabelado.
Em outra análise, o consumo médio de 0,914 kg de PB via suplementos (ΣCPBT/n –
ΣCPBP/n, sendo n = 4 níveis de grão de milheto; Tabela 7), correspondeu a ganhos diários de
0,782 kg/animal (Tabela 9). Ao contrastar os resultados observados por Baroni et al. (2010),
evidencia-se que os consumos de PB via suplementos apresentaram valores próximos em
ambos os trabalhos, contudo o ganho médio diário dos animais observado por Baroni et al.
(2010) foi inferior a este estudo. Segundo os autores, os baixos valores devem-se a resposta
não satisfatória de animais em pastejo consumindo suplementos protéicos em pastos com
elevada disponibilidade de MS.
A fim de considerar a eficiência do método realizado para avaliação da excreção fecal
através de TiO2 misturado aos suplementos, assim como avaliar a estimativa de consumo de
MS deste experimento, realizou-se o teste de significância da hipótese de nulidade conjunta
(β0 = 0 e β1 = 1), com o objetivo de indicar equivalência entre estes resultados e os valores de
consumo de MS preditos pela equação proposta em BR-CORTE (Azevêdo et al., 2010).
Tabela 10 –Estatística para regressão entre os valores de consumo de MS observado
(CMSOBS) e consumo de MS predito (CMSBRC) através da equação sugerida por
BR-CORTE (Azevêdo et al., 2010)
Item Parâmetros do modelo linear
Valor – P* β0 ± EP β1 ± EP
CMSOBS vs. CMSBRC 4,0361 ± 5,2964 0,4668 ± 0,5891 0,1146
* H0: β0 = 0 e β1 = 1; H1 ≠ H0.
106
De acordo com o teste de significância (Tabela 10), o consumo de MS observado não
apresenta diferença em relação ao consumo de MS predito (P>0,05), o que permite inferir que
o método utilizado foi eficiente e aplicável nas condições de suplementação em que não haja
flexibilidade de manejo dos animais, incluindo assim o indicador via suplemento e manejando
os animais apenas em dias de coleta.
O suplemento com nível de inclusão de 100% de grão de milheto como ingrediente
energético apresentou menor custo por quilograma, seguido pelos níveis 66%, 33% e 0%.
Esses resultados advêm da redução percentual do resíduo de soja (R$ 233,00/t) na
composição dos suplementos à medida que se aumentou os níveis de inclusão do grão de
milheto nos tratamentos. Outro fator responsável pela redução do custo do quilograma de
suplemento deveu-se ao maior valor pago ao grão de milho (R$ 183,33/t) em comparação ao
grão de milheto (R$ 100,00/t) no período de aquisição dos ingredientes e preparo dos
suplementos (Tabela 11).
O suplemento contendo 33% de grão de milheto como ingrediente energético,
fornecido na quantidade de 4,0 kg/animal/dia, proporcionou maior remuneração do
investimento obtendo a maior margem bruta de lucro por animal (R$ 76,48), assim como a
maior margem bruta de lucro/animal/ha (R$ 4,09).
107
Tabela 11 –Valores de ganho de peso médio diário, ganho de peso total e remuneração do
capital investido em função dos níveis de substituição de milho por milheto nos
suplementos fornecidos ao longo do experimento (84 dias)
Variáveis Níveis de grão de milheto (%)
0% 33% 66% 100%
Ganho de peso médio diário (kg/animal) 0,816 0,826 0,797 0,691
Ganho de peso total (kg/animal) 68,54 69,38 66,95 58,04
Ganho de peso total (@/animal) 2,28 2,31 2,23 1,93
D4501 78 70 85 85
Receita2 (R$/animal) 190,85 193,19 186,41 161,61
Consumo de suplemento (kg/animal) 336,0 336,0 336,0 336,0
Custo médio do suplemento (R$/kg) 0,23 0,22 0,20 0,18
Custo do suplemento consumido (R$/animal) 77,21 72,79 68,37 61,00
Custo de arraçoamento3,4
(R$/animal) 12,42 12,42 12,42 12,42
Custo total do suplemento5 (R$/animal) 89,63 85,21 80,79 73,42
Custo com vermifugação6 (R$/animal) 1,50 1,50 1,50 1,50
Custo da pastagem7 (R$/animal) 30,00 30,00 30,00 30,00
Custo global8 (R$/animal) 121,12 116,70 112,28 104,92
Custo diário (R$/animal) 1,44 1,39 1,34 1,25
Custo por arroba produzida (R$/animal) 53,01 50,46 50,32 54,23
Margem bruta de lucro9 (R$/animal) 69,73 76,48 74,12 56,70
Margem bruta de lucro10
(R$/lote) 1.115,68 1.223,68 1.185,92 907,20
Relação benefício custo11
(B/C) 1,58 1,66 1,66 1,54 1Dias necessários para que os animais atingissem o peso corporal de 450 kg;
2Preço da arroba – R$
83,53 (Setembro/2010); 3
Custo de mão-de-obra (R$ 4,64/hora) + Combustível gasto (R$
0,19/arraçoamento); 4Tempo gasto de 30 minutos;
5Consumo médio de suplemento por animal ao
longo do experimento multiplicado pelo seu respectivo custo (R$/kg) + Custo de arraçoamento;
6Ivermectina (R$ 299,00/L) sendo aplicado 5 ml/animal;
7Custo de R$ 10,00/animal/mês pela
ocupação do pasto; 8Despesa com o Custo total do suplemento + Custo com vermifugação + Custo da
pastagem; 9Margem bruta de lucro (R$/animal) = Receita – Custo global;
10Margem bruta de lucro
(R$/lote) = Margem bruta de lucro (R$/animal) x 16 animais; 11
B/C = Receita/Custo global.
Nascimento et al. (2009) evidenciaram eficiência similar, quanto ao ganho de peso
corporal, entre a suplementação contendo milho ou milheto como ingredientes energéticos.
Tais dados permitem considerar, uma vez que os animais estavam submetidos às mesmas
condições, que a melhor margem bruta de lucro para os tratamentos contendo milho ou
milheto possivelmente estaria relacionada ao suplemento de menor custo. Como o grão de
milheto geralmente apresenta menor valor de mercado em relação ao grão de milho, supõe-se
que os melhores resultados seriam obtidos com os tratamentos com maiores participações de
milheto na dieta, diferentemente do observado neste experimento, devido ao desempenho
diferenciado.
Os resultados econômicos (Tabela 11) demonstraram que os quatro tratamentos foram
economicamente viáveis, isto é, apresentaram resultado positivo. O ganho de peso dos
animais custeou a utilização dos suplementos permitindo que houvesse um excedente para a
108
remuneração do capital investido. Segundo a análise da relação B/C, para cada R$ 1,00
aplicado no sistema houve um retorno de R$ 1,58; 1,66; 1,66 e 1,54 respectivamente para os
tratamentos contendo 0%; 33%; 66% e 100% de grão de milheto. Deste modo, os níveis de
inclusão de grão de milheto 33% e 66%, quando contrastados aos suplementos 0% e 100%,
remuneram de forma mais eficiente o capital investido.
Sabendo-se que após a aquisição dos animais, a alimentação apresenta-se como fator
preponderante para a composição dos custos de criação, faz-se necessário a avaliação
cautelosa ao considerar o planejamento da produção que utiliza a técnica de suplementação,
haja vista que a produção de suplementos sob conceitos de custos mínimos podem não
apresentar melhores rentabilidades, assim como o observado neste estudo em que o
suplemento de menor custo de produção promoveu menor desempenho animal o que
determinou reduzido rendimento.
Cabe dizer, assim como Barbosa et al. (2008), que esta análise é temporal e não deve
ser tomada como referência para todo o ano, isto porque o desempenho dos animais, a
qualidade do pasto e o custo dos ingredientes para confecção dos suplementos podem ser
alterados ao longo do ano, sendo necessário novas avaliações para comprovar a viabilidade da
suplementação.
Segundo Porto et al. (2009), outro fator a ser considerado na aplicação da técnica de
suplementação é o ganho proporcionado pela desocupação da pastagem que promove a
liberação da área recém utilizada para categorias de animais mais jovens e mais eficientes na
conversão de alimentos. Segundo os resultados descritos na Tabela 11, a desocupação dos
animais que consumiram o tratamento 33,33% ocorreria mais cedo, evidenciado pelo número
de dias necessários para atingir 450 kg de peso corporal, o que na prática permitiria a
liberação da área para novos animais.
Adicionalmente, têm-se ao longo do tempo o fator de valorização do capital
imobilizado no empreendimento pecuário. Uma vez que no mercado físico os preços
praticados pela compra e venda da arroba do boi apresentam-se dinâmicos, sua valorização ou
desvalorização ao longo do tempo são representativas e indispensáveis a uma análise
econômica mais precisa.
Salienta-se que este experimento foi desenvolvido em um sistema de integração
lavoura e pecuária, o que possibilita vislumbrar maiores retornos econômicos pela otimização
de recursos alimentares gerados (resíduos da lavoura), passíveis de utilização na produção de
suplementos.
109
3.6. Conclusões
O consumo de nutrientes por bovinos em pastejo em sistema de integração lavoura e
pecuária, no período da seca, não foi influenciado pelo grupo genético e pela substituição do
grão de milho pelo grão de milheto.
Novilhos Nelore terminados em sistema de integração lavoura e pecuária, no período
de seca, apresentam melhores desempenhos produtivos em relação a novilhos mestiços.
A suplementação com níveis de 33% de grão de milheto como ingrediente energético
promove maior margem bruta de lucro e redução nos dias necessários para a obtenção de
animais de peso corporal de 450 kg.
110
3.7. Referências Bibliográficas
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4. CONCLUSÕES GERAIS
A suplementação de animais de diferentes grupos genéticos em sistema de integração
lavoura e pecuária mostrou-se uma técnica eficiente de forma a melhorar os índices
produtivos e econômicos dos animais e do sistema, respectivamente.
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