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NOTA TÉCNICA

I. Introdução

A Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos

Serviços – CTROFS, após receber em 26/02/2015 denúncias de contaminação

por óleo da água distribuída à população de Santos Dumont residente no bairro

Quarto Depósito, iniciou imediatamente ação para investigar o fato, bem como

avaliar a extensão da ocorrência e monitorar a qualidade da água distribuída pela

COPASA-MG no referido bairro.

A Coordenadoria, por meio da Gerência de Regulação Operacional - GRO,

acionou a COPASA a fim de buscar informações sobre a ocorrência e as

medidas tomadas no sentido de evitar riscos à saúde do usuário. Além disso,

solicitou ao Prestador o fornecimento de análises de qualidade da água, as quais

subsidiaram a investigação em curso e permitiram complementar a avaliação

das condições do abastecimento, materializadas nos pareceres técnicos nº 25

de 27/02/2015, nº 27 de 03/03/2015, nº 29 de 18/30/2015 e nº 37 de 01/06/2015

específicos da referida Gerência.

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II. Fatos Levantados - Eventos de contaminação de óleo na água

distribuída pela COPASA no bairro Quarto Depósito – Santo

Dumont

O problema teve origem, de acordo com o Comunicado de Acidente registrado

na Diretoria de Prevenção e Emergência Ambiental, da Secretaria de Estado de

Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, em 21 de

fevereiro de 2015, quando a COPASA-MG foi acionada para conter um

vazamento de água no Bairro Quarto Depósito, ocasião em que foi enviada uma

equipe do prestador para o atendimento. Foi então identificado o vazamento e

realizado o trabalho de escavação para o reparo, momento em que se identificou

grande quantidade de óleo no solo escavado. Após reparo, o abastecimento foi

retomado, mas os moradores do local começaram a reclamar de odor e presença

de óleo na água fornecida pelo sistema de abastecimento. A COPASA-MG

informou que, após constatação do fato, realizou a expurga da água do sistema

e limpeza das caixas d’água da população atingida, além de ter orientado esses

moradores a não utilizar tal água para consumo. Dessa forma, iniciou o

abastecimento de água à população por meio de caminhões-pipa. Tais fatos

foram também registrados em Boletim de Ocorrência Policial (número M8907-

2015-80414352).

Amostras de água do referido sistema de abastecimento coletadas pela

COPASA-MG nos dias 23 e 24 de fevereiro de 2015 confirmaram a presença de

Óleos e Graxas na água distribuída à população.

No contexto dessa investigação, a CTROFS enviou, no período de 09 a 13 de

março de 2015, equipe da Gerência de Fiscalização Operacional - GFO com o

objetivo de avaliar “in loco” as condições de abastecimento (fotos 1 e 2). As

medidas mitigadoras tomadas pelo prestador e a solução definitiva proposta para

o problema são relatadas na presente Nota Técnica.

Foto 1 Foto 2

Em 11 de março de 2015, durante a fiscalização realizada pela ARSAE-MG,

constatou-se que o prestador de serviços mantinha o abastecimento do referido

bairro por caminhões-pipa. Contudo, o abastecimento por meio da rede

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convencional não havia sido interrompido e foi relatado que alguns moradores

continuavam consumindo a água da rede. Em reunião com a COPASA,

representantes da vigilância sanitária municipal de Santos Dumont se

comprometeram a conscientizar a população sobre os riscos de contaminação e

orientá-los a utilizarem apenas a água fornecida pelos caminhões-pipa.

III. Análise da qualidade da água distribuída pela COPASA no bairro

Quarto Depósito – Santo Dumont

No dia trinta de março de 2015, a Coordenadoria Técnica de Regulação

Operacional e Fiscalização de Serviços recebeu a Comunicação Externa

nº083/2015 – SPRS da COPASA MG, referente ao Ofício ARSAE-MG/DG/Nº

0140/2015, no que tange a contaminação da água distribuída no bairro Quarto

Depósito.

Inicialmente, procedeu-se a verificação dos resultados dos laudos de análises

da qualidade da água encaminhados pela Concessionária referente ao período

de 23 de fevereiro a 11 de março de 2015. Nesse sentido, tem-se a considerar

que:

a) Quanto aos parâmetros específicos de qualidade da água analisados,

constatou-se que os resultados das referidas análises atendiam aos padrões

estabelecidos na Portaria MS nº 2.914/2011.

b) Analisando-se os resultados dos ensaios físico-químicos da qualidade da

água, verificou-se que apenas o parâmetro turbidez apresentou resultado fora

dos padrões de potabilidade.

c) Em relação ao parâmetro óleos e graxas (em anexo), verificou-se valores

elevados no mencionado período. Ressalta-se que este parâmetro constitui um

fator negativo no que se refere à sua degradação em unidades de tratamento,

além de acarretar problemas sanitários à população. No entanto, na legislação

brasileira não existe limite estabelecido especificamente para este parâmetro. A

recomendação é de que os óleos e as graxas sejam virtualmente ausentes para

os corpos d´água de classes 1, 2 e 3.

Ressalta-se que apesar de não estar previsto na legislação um valor máximo

permitido para esse parâmetro, as substâncias em questão possuem, mesmo

em baixa concentrações, propriedades tóxicas e carcinogênicas, representando

risco à saúde dos usuários.

Isto posto, a partir dessas análises, entendemos que há indícios que houve

contaminação da água distribuída à população do aludido Município.

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IV. Medidas adotadas pelo Prestador

Foi proposto pela COPASA-MG, para a resolução definitiva do problema, a

substituição de parte da rede local, de PVC, por PEAD, eliminando as juntas

existentes e consequentemente reduzindo significativamente o risco de

contaminação do sistema. Além disso, o abastecimento de parte do bairro seria

feito de forma alternativa através da rede pertencente a uma área não atingida

pela contaminação do solo.

De posse das informações fornecidas pela COPASA e obtidas através da

fiscalização direta, foi elaborado pela ARSAE-MG o ofício 140/2015 (Anexo I),

determinando a interrupção imediata do fornecimento de água através da rede

de distribuição convencional na área afetada e solicitando o encaminhamento à

Agência de informações adicionais como plano de amostragem da região

afetada e áreas próximas, além do cronograma de obras para a solução definitiva

do problema.

A COPASA encaminhou à ARSAE-MG, através da comunicação externa

083/2015 de 27 de março de 2015, o cronograma de obras e os resultados de

análise solicitados. O cronograma de obras (Anexo III) prevê a execução das

obras para resolução do problema entre os meses de Abril e Maio de 2015. No

mês de Abril a COPASA enviou à agência relatório fotográfico comprovando o

início das obras. No mês de Junho foi apresentada comprovação fotográfica do

término das obras de adequação da rede de distribuição, faltando apenas a

recomposição do pavimento, para a qual o Prestador afirmou que a Ordem de

Serviço já está em tramitação. As análises de qualidade da água realizadas em

Junho pelo Prestador não detectaram a presença de óleos e graxas na água

distribuída no bairro Quarto depósito.

V. Conclusão

Visando minorar os efeitos causados pela contaminação da rede de

abastecimento, a COPASA propôs e implantou medidas mitigadoras, que

consistiram na suspensão do abastecimento pela rede contaminada,

abastecimento da população atingida por caminhão-pipa e limpeza das redes e

reservatórios domiciliares afetados. A solução definitiva proposta consiste na

substituição de parte da rede local por tubulações em PEAD, sem juntas e

transferência da alimentação da rede de parte do bairro a partir de tubulação

existente em área não atingida pela contaminação. As intervenções foram

consideradas satisfatórias e estão sendo acompanhadas pela ARSAE-MG.

Neste sentido, as obras de adequação da rede de distribuição foram concluídas

conforme cronograma, restando apenas a recomposição do pavimento, cuja

Ordem de Serviço já está em tramitação, segundo o Prestador. Análises de

qualidade da água realizadas pelo Prestador, após conclusão das obras, não

detectaram a presença de óleos e graxas.

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Todavia, sendo a contaminação da rede uma ocorrência não prevista no Plano

de Emergência e Contingência municipal, é importante que as medidas tomadas

sejam incorporadas ao plano a fim de que esse contemple ocorrências

semelhantes.

VI. Recomendação

1) Manter a Agência informada a respeito da efetividade das medidas

tomadas em atendimento ao ofício ARSAE-MG/DG/ Nº 0140/2015 e prestar

outras informações pertinentes;

2) Atualizar o Plano de Emergência e Contingência a fim de que este

contemple ocorrências semelhantes à contaminação ocorrida no Município.

3) Realizar o monitoramento da qualidade da água distribuída, para o

parâmetro óleos e graxas mensalmente num período de 6 meses.

Equipe Técnica da ARSAE

Fellipe Moreira Silva – Engenheiro Químico – Masp:1.371.340-9;

Lucas Marques Pessoa – Engenheiro Ambiental - Masp:1.371.629-5;

Maurício de Faria Soares – Bioquímico - Masp: 1.255.452-3;

Fábio José Bianchetti – Engenheiro Civil e Sanitarista – Masp: 1.360.117-4.

Agentes de Fiscalização

Fábio José Bianchetti

Fellipe Moreira Silva

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Lucas Marques Pessoa

Maurício de Faria Soares

Belo Horizonte, 16 de julho de 2015.

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ANEXO I

OFÍCIO ARSAE-MG/DG/ Nº 0140/2015

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ANEXO II

RESULTADOS DAS ANÁLISES DE QUALIDADE DA

ÁGUA DO BAIRRO QUARTO DEPÓSITO.

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ANEXO III

CRONOGRAMA DE SUBSTITUIÇÃO DA REDE DE

ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO DO QUARTO

DEPÓSITO

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