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Postos de Abastecimento de Combustveis
Sustentveis
Caso de Estudo Real Avaliao da Sustentabilidade
Diogo Nunes Paulino Rosa
Dissertao para a obteno do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Orientador
Professor Doutor Fernando Antnio Baptista Branco
Jri
Presidente: Professor Doutor Albano Lus Rebelo da Silva das Neves e Sousa
Orientador: Professor Doutor Fernando Antnio Baptista Branco
Vogal: Professor Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro
Maio de 2015
triste pensar que a Natureza fala e que o
gnero Humano no a ouve
Victor Hugo
[1802 1885], Frana, Dramaturgo, Escritor
i
Agradecimentos
A concretizao e desenvolvimento da presente dissertao no teria sido possvel sem o
especial contributo e apoio das vrias pessoas, entidades e empresas s quais considero ser
importante expor os meus especiais agradecimentos:
s empresas Ecomeios, Ecofree, ETAP, Oliveira & Irmo, Roca e Schrder. Um especial
agradecimento Eurosisnergia do Norte, Fernando Silva Olivera Construes, ISA, MegaPerfil, OPW
e WindUP por toda a informao prestada.
ANQIP, Ecodepur e LNEG pelos diversos esclarecimentos prestados e constante
disponibilidade.
Ao responsvel do PAC em estudo pela informao disponibilizada que permitiu o
desenvolvimento desta dissertao.
Ao Professor Fernando A. B. Branco pela sugesto do tema e por ter aceite orientar-me neste
trabalho, pela sua disponibilidade e assiduidade, e anlise e reviso dos captulos e documento final.
Aos meus colegas de trabalho e amigos pelas palavras de apoio e incentivo.
minha namorada e amigos mais chegados que sempre tiveram presentes desde o inicio e
me apoiaram incessantemente.
minha me e restante familia pela preocupao, apoio, e incansvel motivao.
Ao meu pai, que mesmo no estando entre ns, foi a presena constante durante este
percurso, e que me transmitiu muita fora, disciplina e calma.
ii
iii
Resumo
O presente trabalho visa demonstrar a necessidade em adequar os postos de abastecimento
de combustveis em Portugal no mbito da sustentabilidade. Como objetivos, pretende-se de igual
forma, evidenciar a considervel reduo de recursos consumidos, conseguida atravs de um diverso
conjunto de solues inovadoras respeitantes ao desenvolvimento sustentvel, e mostrar, como
possvel, prevenir ou minimizar os crescentes impactos ambientais e socioeconmicos decorrentes
das suas atividades
Para tal, utilizou-se como objeto de estudo um posto de abastecimento de combustveis
(PAC) real, construdo em Leiria no final da dcada de oitenta, no qual se efetuou um rigoroso
levantamento acompanhado do respetivo registo fotogrfico, de forma a complementar a informao
das peas desenhadas e faturas fornecidas.
Com os dados obtidos avaliou-se a sustentabilidade do referido PAC segundo o sistema de
classificao portugus LiderA, obtendo uma classificao. Contudo, para adequar a avaliao
realizada realidade foi necessrio adaptar o sistema, nomeadamente ajustar alguns critrios e
implementar novos parmetros e pr-requisitos, tendo-se alcanado uma nova classificao.
Num universo de medidas sustentveis foram estudadas vinte consideradas das mais
adequadas no aumento da sustentabilidade do PAC, e elaboradas as suas respetivas viabilidades
econmicas, resultando da dois conjuntos de medidas que permitem avaliar a rentabilidade do
investimento e o aumento da sustentabilidade.
Concluiu-se que possvel tornar um PAC mais sustentvel, com claros benefcios para o
ambiente e para a entidade gestora, imprimindo assim, uma imagem verde. Esta, para alm de
transmitir uma interveno sustentvel, denuncia o desbravar do caminho na mudana de paradigma,
to necessria em Portugal.
Palavras-chave
Posto de Abastecimento de Combustveis (PAC), Sustentabilidade, Sistema LiderA, Medidas
sustentveis, Boas prticas, Consumos
iv
Abstract
This essay aims to demonstrate the need to adjust the filling stations of Portugal in terms of
sustainability. Its main goals are to highlight the considerable reduction of consumed resources,
achieved through a diverse set of innovative solutions regarding sustainable development, and show
how it is possible to prevent or minimize the growing environmental and socio-economic impacts of
their activities.
To this end, an existing filling station built in Leiria in the late eighties was used as case study,
in which a thorough survey, accompanied by respective photographic record, was carried out to
complement the information suplied from both invoices and blueprints.
Based on the retreived data, a sustainability assessment of that filling station was made
according to the Portuguese classification system LiderA, obtaining a rating. However, in order to
adjust it to reality, the system had to be adapted, namely tune some set of criteria and implement new
parameters and prerequisites, having reached a new rating.
Among several sustainable measures, twenty were considered the most appropriate in
enhancing the sustainability of a station, thus were studied closely and their respective economic
viability was analysed, resulting in two sets of measures for evaluating the return on investment and
the increase of sustainability.
It was concluded that its possible for a filling station to become more sustainable, with clear
benefits for both the environment and the management body, projecting a green image. This, in
addition to conveying a sustainable intervention, leads the way for the much needed paradigma shift in
Portugal.
Key-words
Filling Stations, Sustainability, LiderA system, Sustainable measures, Good practice, Consumptions
v
ndice Agradecimentos ..................................................................................................................................... i
Resumo .................................................................................................................................................. iii
Abstract .................................................................................................................................................. iv
Lista de Figuras ................................................................................................................................... vii
Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... x
Lista de abreviaturas ............................................................................................................................ xi
1. Introduo ...................................................................................................................................... 1
1.1. Enquadramento conceptual ................................................................................................ 1
1.1.1. Sustentabilidade ........................................................................................................... 1
1.1.2. Resumo histrico de PAC em Portugal ..................................................................... 3
1.2. Objetivos e programa de trabalho ...................................................................................... 6
1.2.1. Objetivos ........................................................................................................................ 6
1.2.2. Motivaes ..................................................................................................................... 7
1.2.3. Programa de trabalhos ................................................................................................ 7
2. Estado de Arte............................................................................................................................... 9
2.1. Desenvolvimento Sustentvel ............................................................................................ 9
2.2. Construo Sustentvel ..................................................................................................... 13
2.2.1. Sistemas de avaliao da Construo Sustentvel .............................................. 17
2.2.1.1. LiderA Sistema de avaliao da Sustentabilidade ......................................... 18
2.3. Descrio de PAC .............................................................................................................. 20
2.4. PAC sustentveis ............................................................................................................... 30
2.5. Prticas construtivas em PAC sustentveis ................................................................... 41
3. Caracterizao do PAC em estudo.......................................................................................... 47
3.1. Descrio do PAC em estudo ........................................................................................... 47
3.2. Zonas de risco do PAC em estudo. Linhas de boa prtica .......................................... 56
3.3. Avaliao da sustentabilidade do PAC em estudo ........................................................ 62
3.4. Adaptao do sistema LiderA a um PAC........................................................................ 66
4. Medidas propostas que melhoram a sustentabilidade ......................................................... 77
4.1. gua ...................................................................................................................................... 79
4.1.1. Torneiras eficientes .................................................................................................... 79
4.1.2. Chuveiros eficientes ................................................................................................... 81
4.1.3. Autoclismos eficientes ............................................................................................... 81
vi
4.1.4. Economizadores de gua .......................................................................................... 82
4.1.5. Reciclagem e reutilizao das guas de lavagem de veculos ........................... 83
4.1.6. Aproveitamento das guas pluviais ......................................................................... 85
4.1.7. Reutilizao e reciclagem de guas cinzentas ...................................................... 88
4.1.7.1. Sistema de longo perodo de reteno ............................................................... 88
4.1.7.2. Sistema de curto perodo de reteno ................................................................ 90
4.2. Energia ................................................................................................................................. 92
4.2.1. Painis solares fotovoltaicos ..................................................................................... 92
4.2.2. Iluminao .................................................................................................................... 94
4.2.2.1. Iluminao LED edifcio de apoio ......................................................................... 95
4.2.2.1.1. Iluminao LED na estanteria e expositores frigorficos verticais ............... 97
4.2.2.2. Luminrias LED na cobertura metlica ............................................................... 98
4.2.2.3. Iluminao LED candeeiros de rodovia ............................................................ 100
4.2.3. Equipamentos ........................................................................................................... 101
4.2.4. Microgerador Elico ................................................................................................. 102
4.2.4.1. Velocidade mxima do vento em Portugal ....................................................... 107
4.3. Sistema de recuperao de vapores de gasolina ....................................................... 108
4.4. Acessibilidades ................................................................................................................. 110
4.5. Reciclagem ........................................................................................................................ 112
4.6. Conforto trmico ............................................................................................................... 113
4.7. Sistema de monitorizao de consumos ...................................................................... 115
5. Anlise crtica de combinaes das medidas propostas .................................................... 117
5.1. Conjunto de medidas a implementar num PAC ........................................................... 117
5.2. Anlise econmica e avaliao do LiderA adaptado .................................................. 119
5.3. Anlise sustentvel e avaliao do LiderA adaptado ................................................. 122
5.4. Confrontao das anlises efetuadas ........................................................................... 125
5.5. Comparao do LiderA com e sem adaptaes a um PAC ...................................... 127
6. Discusso de resultados e sugestes ................................................................................... 131
7. Concluses ................................................................................................................................ 139
Referncias Bibliogrficas
Anexos
vii
Lista de Figuras
Figura 1-1 Posto de abastecimento na avenida da Liberdade em 1930 ............................................. 4
Figura 1-2 Posto de abastecimento na avenida da Liberdade em 1939 ............................................. 4
Figura 1-3 Posto de abastecimento Mobil, Pedrouos em 1957 ......................................................... 4
Figura 1-4 Bomba de gasolina finais dos anos 50, SONAP ................................................................ 5
Figura 1-5 Posto de abastecimento na Parede .................................................................................... 6
Figura 1-6 Posto de abastecimento em vora ..................................................................................... 6
Figura 2-1 Trip da Sustentabilidade ................................................................................................. 10
Figura 2-2 Objetivos da sustentabilidade na sua tripla dimenso ..................................................... 11
Figura 2-3 Evoluo da populao mundial entre 1950 e 2050 ........................................................ 12
Figura 2-4 Evoluo da concentrao de dixido de carbono (ppm) na atmosfera .......................... 14
Figura 2-5 Evoluo das preocupaes no sector da construo civil .............................................. 16
Figura 2-6 Esquema de vertentes e reas do sistema LiderA ........................................................... 19
Figura 2-7 Nveis de desempenho do sistema LiderA v2.0 ............................................................... 20
Figura 2-8 Exemplo de ilha de abastecimento ................................................................................... 21
Figura 2-9 Exemplo ilustrativo de um reservatrio de combustvel e respetivas tubagens e
equipamentos auxiliares ........................................................................................................................ 22
Figura 2-10 Corte caixa de enchimento parede dupla em polietileno ................................................ 23
Figura 2-11 Vista geral de um PAC CEPSA ...................................................................................... 23
Figura 2-12 Inqurito APE realizado em 2006 Quais os 3 factores mais importantes na escolha
do posto de combustveis onde realiza abastecimento? ..................................................................... 25
Figura 2-13 Inqurito APE realizado em 2010 Quais os 3 factores mais importantes na escolha
do posto de combustveis onde realiza abastecimento? ..................................................................... 25
Figura 2-14 Insgnia Galp ................................................................................................................... 26
Figura 2-15 Insgnia Galp Energia ..................................................................................................... 26
Figura 2-16 Insgnia BP ...................................................................................................................... 27
Figura 2-17 Insgnia CEPSA .............................................................................................................. 28
Figura 2-18 Insgnia REPSOL ............................................................................................................ 28
Figura 2-19 PAC MOL ecologicamente correcto na Hungria .......................................................... 33
Figura 2-20 Vista do sistema de parede verde numa das fachadas do edifcio de apoio do PAC MOL
ecologicamente correcto na Hungria .................................................................................................. 34
Figura 2-21 Interior do edifcio de apoio do PAC MOL ecologicamente correcto na Hungria ......... 34
Figura 2-22 PAC Parque das Rosas no Brasil Petrobras ............................................................... 35
Figura 2-23 Totem cata-vento num PAC Ipiranga Ecoeficiente ......................................................... 37
Figura 2-24 Exemplo de um aerogerador Skystream no PAC Catavento Ipiranga ......................... 38
Figura 2-25 Primeiro PAC do mundo com certificado BREEAM ........................................................ 39
Figura 2-26 Materiais reciclados e usados no novo PAC Sustentvel .............................................. 40
Figura 2-27 Ciclo de vida das construes e perspetivas de uma construo sustentvel .............. 42
Figura 2-28 Elevao de uma estrutura pr-fabricada LSF num PAC ecoeficiente Ipiranga ............ 44
viii
Figura 2-29 Estrutura LSF parcialmente montada num PAC ecoeficiente Ipiranga .......................... 44
Figura 2-30 Cobertura em single deck num PAC ecoeficiente Ipiranga ............................................ 45
Figura 2-31 Cobertura em single deck na zona de abastecimento de um PAC ecoficiente .............. 45
Figura 3-1 Planta geral do PAC de Leiria. Apresentao .................................................................. 47
Figura 3-2 Planta do edifcio de apoio do PAC de Leiria ................................................................... 48
Figura 3-3 Chapa de identificao do reservatrio R1 de Gasleo ................................................... 52
Figura 3-4 Chapa de identificao do reservatrio R2 de Gasleo ................................................... 52
Figura 3-5 Limites de segurana na zona de abastecimento ............................................................ 57
Figura 3-6 Avisos de segurana na zona de abastecimento ............................................................. 58
Figura 3-7 Limites de segurana na zona de descarga e do reservatrio ......................................... 59
Figura 3-8 Limites de segurana da zona dos respiros ..................................................................... 59
Figura 3-9 Zona de segurana do separador de hidrocarbonetos ..................................................... 60
Figura 3-10 rea de solo permevel livre do PAC de Leiria .............................................................. 63
Figura 4-1 Sistema de dupla descarga em autoclismos .................................................................... 81
Figura 4-2 Esquema de funcionamento de um economizador de gua ............................................ 82
Figura 4-3 Ponteira arejadora ............................................................................................................ 83
Figura 4-4 Sistema de reciclagem e reutilizao de guas de lavagens ........................................... 85
Figura 4-5 Exemplo de aplicao de um SAAP numa moradia familiar ............................................ 86
Figura 4-6 Exemplo de aplicao de um SPRAC de longo perodo de reteno numa moradia ...... 89
Figura 4-7 Exemplo de um SPRAC de curto perodo de reteno .................................................... 90
Figura 4-8 Valores tpicos de tempo de vida til para diferentes tipos de lmpadas ........................ 95
Figura 4-9 Disposio das luminrias na cobertura metlica do PAC em estudo ............................. 98
Figura 4-10 Exemplo de downlights na cobertura metlica de um PAC ........................................... 99
Figura 4-11 Principais componentes de um microgerador elico .................................................... 103
Figura 4-12 Determinao da velocidade mdia do vento no PAC em estudo ............................... 104
Figura 4-13 Determinao NEPs no PAC em estudo ...................................................................... 104
Figura 4-14 Nmero de horas anuais equivalentes potncia nominal .......................................... 105
Figura 4-15 Determinao da velocidade mdia do vento mxima em Portugal ............................ 107
Figura 4-16 Exemplo da instalao tpica de um sistema de recuperao de vapores de gasolina
junto aos respiros de um PAC ............................................................................................................. 108
Figura 4-17 Exemplo de um sistema de recuperao de vapores de gasolina num PAC em Atlanta,
GA ........................................................................................................................................................ 108
Figura 4-18 Proposta da adaptao do PAC de Leiria .................................................................... 111
Figura 4-19 Proposta da alterao do edifcio de apoio .................................................................. 111
Figura 4-20 Ecoponto de 27 litros .................................................................................................... 113
Figura 4-21 Pilho ............................................................................................................................ 113
Figura 4-22 Exemplo caixilharia 5 cmaras ..................................................................................... 114
Figura 6-1 Relao consumo de gua do PAC e volume aproveitvel de gua pluvial .................. 134
Figura 6-2 Nveis de rudo de um microgerador elico .................................................................... 135
Figura A-1 Consumo mundial de energia (Mtoe) em 2013
ix
Figura A-2 Consumo de energia (Mtoe) na EU28 entre 1990 e 2012
Figura A-3 Emisses de CO2 mundial proveniente da queima de combustvel (MtCO2) em 2013
Figura A-4 Inqurito APE realizado em 2006 sobre fontes de energia consideradas renovveis
Figura A-5 Inqurito APE realizado em 2010 sobre fontes de energia consideradas renovveis
Figura A-6 Relao entre os inquritos APE efetuados em 2006, 2010 e 2013 sobre as vantagens
na utilizao das energias renovveis
Figura A-7 Variao anual da dependncia energtica de Portugal
Figura A-8 Balano global da energia solar
Figura A-9 Potencial da energia solar fotovoltaica na Unio Europeia
Figura A-10 Potencial de energia solar e radiao global em Portugal
Figura A-11 Nmero de horas anuais de incidncia de radiao solar
Figura A-12 Velocidade mdia do vento [m/s] a 80 m
Figura A-13 Localizao do parque elico em Sines
Figura A-14 Parque elico em Sines Modo Street View
Figura A-15 Esquema simplificado de utilizao da geotermia de baixa entalpia
Figura A-16 Distribuio da produtividade primria lquida nos solos e nos oceanos Agosto 2010
Figura A-17 Principais fluxos globais de madeira pellets (unidades em kt) em 2011
Figura A-18 Importao nacional de petrleo bruto (ktep) de 2000 a 2013
Figura A-19 Relao da importao nacional de petrleo bruto com os principais pases
exportadores (ktep) de 2010 a 2013
Figura A-20 Vista area da refinaria de Sines
Figura A-21 Forma simplista das fases na cadeia do valor do petrleo
Figura A-22 Tampa e vlvula de recuperao de vapores
Figura A-23 Dstico de identificao do sistema de Fase II de recuperao de vapores de gasolina.
Modelo CECOD VR2 pictogram Sem sistema automtico de monitorizao
Figura A-24 Dstico de identificao do sistema de Fase II de recuperao de vapores de gasolina.
Modelo CECOD VR2 pictogram Com sistema automtico de monitorizao
Figura A-25 Sinal de aviso EX de identificao de reas de atmosfera explosiva
Figura A-26 Ponderao das categorias no EcoHomes
Figura A-27 Classificao EcoHomes (BREEAM Rating)
Figura A-28 Nveis de certificao LEED e respetiva pontuao
x
Lista de Tabelas
Tabela 2-1 Relao entre o nmero de postos e a populao mundial por pases em 2010 ........... 13
Tabela 2-2 N de PAC em Portugal Continental de 2008-2012 ......................................................... 29
Tabela 3-1 Tipos de materiais de revestimento existentes no edifcio de apoio ............................... 50
Tabela 3-2 Tipos de materiais de revestimento existentes no arco de lavagem ............................... 51
Tabela 3-3 Tipo de bombas automedidoras e respetiva disposio de combustveis ...................... 51
Tabela 3-4 Caractersticas dos Reservatrios ................................................................................... 52
Tabela 3-5 Relao da classificao entre o sistema LiderA com e sem adaptaes a um PAC .... 73
Tabela 3-6 Critrios do LiderA adaptado com classificao inferior a C ........................................... 75
Tabela 3-7 16 Critrios com maior peso na avaliao segundo o LiderA ......................................... 76
Tabela 4-1 Caractersticas e preo das luminrias LED a instalar na cobertura metlica .............. 100
Tabela 4-2 Caractersticas e preo das luminrias LED a instalar nos candeeiros de rodovia ....... 101
Tabela 5-1 Anlise econmica: Conjunto de medidas sustentveis propostas ............................... 121
Tabela 5-2 Anlise econmica: Critrios alterados ao LiderA adaptado do PAC............................ 122
Tabela 5-3 Anlise sustentvel: Conjunto de medidas sustentveis propostas .............................. 124
Tabela 5-4 Anlise sustentvel: Critrios alterados do LiderA adaptado a um PAC ....................... 125
Tabela 5-5 Indicadores econmicos das anlises efetuadas .......................................................... 126
Tabela 5-6 Investimento inicial e classificao LiderA das anlises efetuadas ............................... 126
Tabela 5-7 Classificaes final LiderA: com e sem adaptaes a um PAC .................................... 128
Tabela A-1 Definio dos cinco sistemas LEED
Tabela A-2 Escala de desempenho do GB Tool
xi
Lista de abreviaturas
ABIEPS
Associao Brasileira da Indstria de Equipamentos para Postos de Servios
AdC
Autoridade da Concorrncia
ADENE
Agncia para a Energia
ANQIP
Associao Nacional para a Qualidade nas Instalaes Prediais
AOP
Asociacion Espaola de Operadores de Productos Petroliferos
APE
Associao Portuguesa de Energia
APETRO
Associao Portuguesa de Empresas Petrolferas
APREN
Associao Portuguesa de Energias Renovveis
AQS
guas Quentes Sanitrias
ATEX
Atmosferas Explosivas
ATM
Automated Teller Machine
AVAC
Aquecimento, Ventilao e ar condicionado
BP
British Petroleum
BRE
Building Research Establishement
BREAAM
Building Research Establishement Environmental Assessment Method
BWEA
British Wind Energy Association
CCTV
Closed Circuit Television
CECOD
Committee of European Manufacturers of Petroleum measuring and Distributing Equipment
CIB
Conseil International du Btiment
CIDLA
Combustveis Industriais e Domsticos
COV
Compostos Orgnicos Volteis
DEH
Department of Environment and Heritage
DGEG
Direco Geral de Energia e Geologia
DJSI
Dow Jones Sustainability Index
DL
Decreto-Lei
DRE
Direco Regional de Energia
EDP
Energias de Portugal
ENDS
Estratgia Nacional de Desenvolvimento Sustentvel
ERSE
Entidade Reguladora de Servios Energticos
ETA
Especificao Tcnica ANQIP
EX
Explosive
FDROH
Fossa de Decantao e Reteno de leos e Hidrocarbonetos
GA
Georgia
GBC
Green Building Challenge
GBTool
Green Building Tool
GFN
Global Footprint Network
GGB
Greenhouse Gas Bulletin
GPL
Gases de Petrleo Liquefeitos
HQE
Haute Qualit Environnementale ds btiments
IEA
International Energy Agency
IISBE
International Initiative for a Sustainable Built Environment
IPA
Inovao e Projetos em Ambiente
IS
Instalao Sanitria
xii
ISA
Intelligent Sensing Anywhere
ISP
Imposto sobre Produtos Petrolferos
ITF
International Transport Forum
IVA
Imposto sobre Valor Acrescentado
LED
Light Emitting Diode
LEED
Leadership in Energy & Environmental Design
LiderA
Liderar pelo Ambiente para a Construo Civil
LNEC
Laboratrio Nacional de Engenharia Civil
LNEG
Laboratrio Nacional de Energia e Geologia
LSF
Light Steel Framing
MBBR
Moving Bed Bio Reactor
MOL
Magyar Olaj (Hungarian Oil)
NABERS
National Australian Buildings Environmental Rating System
NASA
National Aeronautics and Space Administration
NEPs
Nmero de horas anuais Equivalentes Potncia Nominal
NOAA
National Oceanic and Atmospheric Administration
OCDE
Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OMM
Organizao Meteorolgica Mundial
ONU
Organizaes das Naes Unidas
OSB
Oriented Strand Board
PAC
Posto de Abastecimento de Combustveis
PER
Portal das Energias Renovveis
PPM
Partes por milho
PT
Portugal
PVC
Polyvinyl chloride
PVP
Preo de Venda ao Pblico
QE Quadro Eltrico
RCCTE
Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios
RECS Regulamento de Desempenho Energtico dos Edifcios de Comrcio e Servios
REH Regulamento de Desempenho Energtico dos Edifcios de Habitao
RESP
Rede Eltrica de Servio Pblico
SAAP
Sistema de Aproveitamento de guas Pluviais
SACOR
Sociedade Annima de Combustveis e leos Refinados
SAM
Sustainable Asset Managment
SBtool
Sustainable Building
SCE Sistema de Certificao Energtica dos Edifcios
SCIE
Segurana Contra Incndio em Edifcios
SNIRH
Sistema Nacional de Informao de Recursos Hdricos
SONAP
Sociedade Nacional de Petrleos
SPRAC
Sistema Predial de Reutilizao e Reciclagem de guas Cinzentas
TIR
Taxa Interna Rentabilidade
UE
Unio Europeia
UPAC
Unidades de Produo para Autoconsumo
UPP
Unidade de Pequena Produo
VAL
Valor Atual Lquido
VMA
Valores Mximos Admissveis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oriented_Strand_Board
xiii
WER
World Energy Resources
WMO
World Meteorological Organization
xiv
1
1. Introduo
1.1. Enquadramento conceptual
1.1.1. Sustentabilidade
A sustentabilidade assume, atualmente, contornos de inegvel relevncia, sendo cada vez
mais frequente o uso deste conceito como incentivo para a preservao do meio Ambiente.
Segundo Elkington (2004), sustentabilidade um sistema de contabilidade e relatrios que mede o
progresso de uma organizao ao longo de trs linhas: prosperidade econmica, qualidade ambiental
e justia social.
Segundo Heinberg (2007) o conceito de sustentabilidade foi inserido nas tradies de muitos
povos indgenas, atravs da Grande Lei da Paz (a constituio dos Handenosaunne ou seis Naes
de Confederao dos Iroquois), em que os chefes das tribos avaliavam o impacte das suas decises
sobre a stima gerao futura.
Com a evoluo natural da Histria, comea a ser colocada em causa a forma como o
homem tem vindo a utilizar os recursos naturais e os danos causados ao ambiente, tanto pela
extrao como pela utilizao desses recursos. O conjunto de eventos degradativos, potencializados
pelos avanos tecnolgicos, so os principais fatores nas mudanas ocorridas atualmente no
ecossistema global, entre eles o clima, a poluio e a extino (Moradillo et al, 2004).
O reconhecimento da extenso e intensidade da crise ambiental comeou a gerar uma nova
mentalidade em que a biosfera passou a ser percebida como espao comum para todos os seus
habitantes (Albagli, 1995).
Por outro lado, de acordo com Albagli (1995), para alm do crescimento dos problemas
ambientais transfronteiras, surgiu uma nova categoria de questes ambientais globais, das quais hoje
em dia se destacam a destruio da camada de ozono, a mudana climtica global (efeito estufa), a
poluio dos ambientes martimos, a destruio das florestas e a ameaa biodiversidade.
Preocupados com o futuro do planeta, a Organizao das Naes Unidas (ONU) realizou em
Estocolmo, em 1972, a Primeira Conferncia Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, visando
amenizar a problemtica: homem versus natureza (Machado, 2006; Moradillo et al, 2004).
Com efeito, tratou-se da primeira atitude mundial com o intuito de preservar o meio ambiente,
centrada principalmente nas questes ambientais, na tentativa de contrariar a evoluo ascendente
cada vez mais notria das aes antrpicas em relao natureza, que colocam em risco o bem-
estar e a sobrevivncia da humanidade (Ribeiro, 2010).
2
Para Pinheiro (2006) esta foi fruto do pensamento ambiental da poca, centrando-se nas
questes da poluio, da sade humana e do Homem.
Paralelamente, nos ltimos 30 anos, no s houve uma evoluo notria no que diz respeito
ao conhecimento cientfico relativo aos problemas ambientais, bem como se expandiu a perceo dos
impactos socioeconmicos causados por esses problemas e a ameaa constante da vida do planeta
(Albagli, 1995).
Posteriormente, no incio da dcada de 1980, a ONU retomou o debate das questes
ambientais. A Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983, depois
de promover audincias em todo o Mundo e produzir um resultado formal desses debates, gerou, em
1987, um documento final denominado Nosso Futuro Comum ou relatrio de Brundtland (1987), que
popularizou o termo desenvolvimento sustentvel, cuja definio se tornou a mais utilizada at hoje e
a que mais se aproxima do consenso oficial.
De acordo com o relatrio de Brundtland (1987): desenvolvimento sustentvel aquele que
satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das geraes futuras de
satisfazerem as suas prprias necessidades.
Em 1992, 20 dcadas aps a Conferncia de Estocolmo, realiza-se no Rio de Janeiro a
Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) a Rio92. O
prprio ttulo indicativo da evoluo na abordagem das questes ambientais presente em toda a
Conferncia. Nesta perspetiva, o ambiente passa a ser uma importante componente, sendo-lhe
atribudo um valor intrnseco, constituindo uma parte integrante do desenvolvimento sustentvel
(Pinheiro, 2006). Foi, por isso, considerada como sendo o mais importante e promissor encontro
mundial desse final de sculo, na tentativa de sensibilizar o mundo para a dimenso global dos
perigos que ameaam a vida no Planeta e, por conseguinte, para a necessidade de uma aliana entre
todos os povos em prol de uma sociedade sustentvel (Agenda 21, 1995).
Desta Conferncia resultou a formulao de um documento denominado Agenda 21,
contendo as principais diretrizes que devem orientar as aes, nas suas vrias escalas geogrficas,
na direo do desenvolvimento sustentvel (Albagli, 1995).
Segundo Albagli (1995), o tema ambiental deixou de ser considerado um problema restrito ao
meio tcnico-cientfico, passando a ocupar uma posio importante individual na agenda poltica tanto
dos pases, quanto das negociaes por eles travadas na arena internacional. Para Pinheiro (2006),
as preocupaes ambientais deixam de se centrar no controlo da poluio e passam a focar-se
antes na sua preveno.
A Agenda 21 torna-se, assim, um plano de ao para ser assumido ao nvel global, nacional e
local, com o objetivo de promover a regenerao ambiental e o desenvolvimento social, a serem
cumpridos pelos 118 pases envolvidos neste programa (Pinheiro, 2006).
Passados 10 anos sobre a Conferncia do Rio de Janeiro, realiza-se, em 2002, na cidade de
Joanesburgo, a Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentvel onde sublinhada a
importncia da procura do desenvolvimento sustentvel e onde abordada a questo da
globalizao. Esta Cimeira focou-se, essencialmente, na reafirmao do empenho no cumprimento
3
dos objetivos da Agenda 21 e dos objetivos para o milnio traados na sesso especial das Naes
Unidas em 2000 (Pinheiro, 2006).
Em concomitncia, verifica-se um fortalecimento do conceito de desenvolvimento sustentvel
assente sobre trs pilares interdependentes e mutuamente sustentadores desenvolvimento
econmico, desenvolvimento social e desenvolvimento ambiental (Aligleri et al, 2007).
Como resultado da Cimeira de Joanesburgo em 2002, ficou previsto no s a realizao de
um Plano de Implementao Internacional (PII), como tambm o desafio de implementar a nvel
mundial estratgias para o desenvolvimento sustentvel na dcada 2005/2015 (ENDS, 2002).
De acordo com o mesmo documento, ENDS (2002), a implementao dos princpios do
desenvolvimento sustentvel, em estratgias nacionais ou internacionais, passa pela atualizao das
preocupaes j existentes, em 1992, na Cimeira da Terra, e que ficaram expressas nos contedos
programticos da Agenda 21 e da Declarao do Rio.
De acordo com a Agenda 21 (1995), os pases em desenvolvimento devem:
Formular programas nacionais de ao para promover o desenvolvimento integrado de
tecnologias de economia de energia e de utilizao de fontes renovveis de energia, em
especial fontes de energia solar, hidrulica, elica e de biomassa;
Implementar programas de informao destinados a fabricantes e usurios, com o
objetivo de promover tcnicas que economizem energia e artigos que utilizem energia de
forma eficaz.
Ser relevante referir que a Sustentabilidade desafia vrios sectores a nvel mundial.
Relativamente a Portugal, importa salientar a considervel dependncia energtica e a dependncia
do petrleo de outros pases, conforme exposto no anexo 1.1 e anexo 1.2, respectivamente. Esta
problemtica leva ao aparecimento de legislao a diferentes nveis. Nesta est includa a temtica
dos postos de abastecimento de combustveis (PAC) (anexo 1.3) e a forma como efectuada a
preservao do ambiente nestes atravs da anlise das zonas de risco e as principais questes de
segurana que lhe so associadas (anexo 1.4).
Ainda no anexo 1.1, so expostas as condies geomorfolgicas de Portugal para a produo
de energias renovveis, que tem uma importncia considervel na diminuio da dependncia
energtica do pas.
J existem alguns postos de abastecimento de combustveis considerados sustentveis
noutros pases internacionais.
Esta constatao almeija ser o principal foco da presente dissertao, que pretende provar
que os PAC em Portugal tambm podero ser sustentveis e consecutivamente reduzir
significativamente o impacto ambiental causado.
1.1.2. Resumo histrico de PAC em Portugal
Atualmente o termo posto de abastecimento de combustveis no utilizado com frequncia
pela maioria da populao portuguesa. Comumente designado como as bombas de gasolina,
4
afigura-se como o local destinado ao abastecimento de combustvel dos automveis, que fazem parte
do vocabulrio da populao nacional desde h muito tempo.
De modo a percecionar a evoluo histrica e temporal dos postos de abastecimento, recua-
se at ao ano de 1895, que ficou marcado pelo aparecimento dos primeiros automveis em Portugal
(APETRO, 2014a). Para Sham (2005), no sculo passado a aquisio de um automvel era
sinnimo do elevado estatuto social e econmico do cidado. Este novo contexto histrico obrigaria
as cidades a adaptarem-se s necessidades inerentes de consumo de uma viatura. Surgem em
Assim, em 1896, estabelece-se a Vacuum Oil Company, dedicada comercializao de leos
lubrificantes. Esta viria a ser a empresa lder do mercado portugus durante cerca de 50 anos, e a
primeira a instalar bombas de fornecimento de gasolina auto medidoras, primeiramente manuais e
depois eltricas (APETRO, 2014a), conforme se pode verificar pelas figuras 1-1 e 1-2,
respetivamente.
A Vacuum Oil Company adotaria em 1955, a designao de Mobil Oil Portuguesa. A figura 1-
3 exemplo de um PAC Mobil em 1957, no qual j se comeam a verificar os primeiros
indcios/traos do estilo arquitetnico prprio de um posto de abastecimento de combustveis como
conhecido nos dias de hoje.
Figura 1-1 Posto de abastecimento na
avenida da Liberdade em 1930
(RC, 2014)
Figura 1-2 Posto de abastecimento na
avenida da Liberdade em 1939
(RC, 2014)
Figura 1-3 Posto de abastecimento Mobil, Pedrouos em 1957 (RC, 2014)
5
Em 1919 constituda a firma Costa & Ribeiro, dedicada comercializao de combustveis.
Estaria na origem, sucessivamente, da Atlantic e da British Petroleum (BP). A atividade da BP
remonta a 1929 quando criada em Portugal a Companhia Portuguesa dos Petrleos Atlantic. Em
1955 abre a primeira estao de retalho no pas, sendo tambm responsvel pela criao do primeiro
posto de abastecimento self-service em 1986. No ano 2000, assiste-se compra da Mobil Oil
Portuguesa por parte da BP Portuguesa (APETRO, 2014a).
De acordo com APETRO (2014a), em 1933, constituda a Sociedade Nacional de Petrleos
(SONAP), que inicia operaes de distribuio de combustvel em Portugal. Procede instalao de
um terminal no Norte do pas bem como instalaes industriais nos arredores de Lisboa. Na figura 1-
4, verifica-se o design de uma bomba de gasolina da SONAP, nos finais dos anos 50, com dois
terminais para abastecimento, indiciando a possibilidade de se efetuar abastecimento em simultneo.
Figura 1-4 Bomba de gasolina finais dos anos 50, SONAP (RC, 2011)
Em 1937, criada a SACOR Sociedade Annima de Combustveis e leos Refinados,
sendo a primeira empresa petrolfera portuguesa a dominar todo o processo da importao,
transporte, refinao e distribuio dos produtos petrolferos (APETRO, 2014a).
A SACOR acabaria por ser nacionalizada em 1975 e integrada na nova empresa, Petrogal
Petrleos de Portugal, S.A., denominada atualmente de Galp Energia (APETRO, 2014a).
bem visvel, ao analisar as figuras 1-5 e 1-6, o surgimento de novos conceitos
caractersticos de um posto de abastecimento de combustveis, como o caso do casoto de
pagamento e da cobertura metlica para maior conforto durante o abastecimento das viaturas.
6
Figura 1-5 Posto de abastecimento na
Parede (RC, 2011)
Figura 1-6 Posto de abastecimento em
vora (RC, 2011)
Devido evoluo deste sector, os postos de abastecimento de combustveis apresentam
agora vrios servios e uma completa infraestrutura, que visa atender as necessidades dos seus
utilizadores. Apesar do seu impacto urbanstico, arquitetnico e ambiental, a necessidade de
existncia de um PAC no dia-a-dia da populao, cada vez maior. Deste modo, e no sentido de
minimizar os riscos de danos ao meio ambiente e sade e segurana pblica, foram surgindo ao
longo de vrios anos diferentes Normas Regulamentadoras. Estas estabelecem novas regras
aplicveis construo e explorao dos postos de abastecimento de combustveis, com padres de
segurana mais rigorosos (anexo 1.3).
1.2. Objetivos e programa de trabalho
1.2.1. Objetivos
Auferindo de experincia do autor no ramo petrolfero e na construo e fiscalizao de
postos de abastecimento de combustveis, a presente dissertao surge norteada com o objetivo de
explorar e compreender os conceitos de desenvolvimento e construo sustentvel, reunindo, para
tal, exemplos de tcnicas construtivas, no intuito de alcanar solues de cariz sustentvel na
construo de PAC.
A principal vantagem ao aplicar aes sustentveis em PAC, recai na minimizao do
consumo de recursos naturais, almejando, dessa forma, um menor consumo de gua, energia e
reduo na produo de resduos gerados.
Pretende-se demonstrar em funo da anlise de dados e resultados expostos, que a adoo
destas aes sustentveis constitui um claro investimento em detrimento dos custos para os
proprietrios de PAC.
7
O caso de estudo desta dissertao de mestrado um posto de abastecimento de
combustveis, localizado em Leiria. O facto de se utilizar apenas este PAC como objeto de estudo,
nada implica que as aes sustentveis analisadas nesta dissertao no possam ser aplicadas nos
restantes PAC existentes em Portugal. A finalidade passa por adaptar o sistema portugus de
avaliao da sustentabilidade, LiderA, aos PAC em geral, fazendo a classificao do posto em
estudo, atravs da diferenciao entre a aplicao ou no de medidas sustentveis.
Em suma, este trabalho pretende analisar e criticar os resultados do uso mais intenso de
tecnologias sustentveis em PAC, que faam uso da energia de forma eficiente e que utilizem os
recursos naturais de forma sustentvel e adequada, tanto do ponto de vista econmico como
ambiental.
1.2.2. Motivaes
A presente dissertao de mestrado teve como principal motivao o facto de poder associar
um tema em forte expanso como a construo sustentvel aos postos de abastecimento de
combustveis.
As preocupaes ambientais e econmicas desempenharam um papel preponderante no
desenvolvimento desta tese de mestrado, na medida em que a escassez dos combustveis fsseis,
enaltece a procura, melhoria e utilizao de sistemas alternativos para obteno de energia,
explorando todas as fontes renovveis disponveis e as tcnicas construtivas.
Pretende-se aplicar novos e mais eficientes conceitos para a construo civil em Portugal que
permitam uma poupana dos recursos naturais, como a gua e a energia, e a sua utilizao de forma
adequada e rentvel a curto prazo.
1.2.3. Programa de trabalhos
A elaborao deste trabalho foi pautada por vrios procedimentos, nomeadamente: pesquisa
bibliogrfica, incluindo leitura de artigos e outras teses/dissertaes, pesquisa e levantamento de
campo, legislao e regulamentao tcnica relacionada com o tema, bem como contactos com
fornecedores e observao de catlogos tcnicos de diversas empresas.
O percurso laboral do autor no ramo petrolfero permitiu gerar uma carteira de contactos e
conhecimentos, que por sua vez facilitou na escolha do caso de estudo. A amvel disponibilidade do
responsvel do PAC em anlise, foi preponderante para recolher a informao necessria para o
desenvolvimento desta dissertao.
Efectuou-se uma deslocao ao PAC, no qual se efetou um levantamento rigoroso das
infraestruturas e toda a iluminao e equipamentos existentes, acompanhado de um registo
fotogrfico.
8
Realizou-se uma pesquisa extensa sobre a existncia de PAC considerados sustentveis
noutros pases internacionais. Neste seguimento, foi possvel constatar que a realidade dos PAC em
Portugal, no mbito da Sustentabilidade, est muito aqum do que se verifica internacionalmente.
Deste modo, e para provar que os postos em Portugal podem ser sustentveis, a presente
dissertao apresenta-se composta por sete captulos:
No primeiro captulo efetuado o enquadramento conceptual do termo sustentabilidade,
incluindo a anlise dos principais documentos para uma melhor compreenso deste conceito, como
o caso do Relatrio de Brundtland (1987) e do documento da Agenda 21 (1995). Encontra-se,
igualmente, neste captulo, um breve resumo histrico dos PAC em Portugal e sua evoluo. So
ainda mencionados os objetivos e motivaes que conduziram escolha e desenvolvimento desta
dissertao. Por fim, apresentado o programa de trabalhos.
O segundo captulo aborda a evoluo do conceito desenvolvimento sustentvel at ao
surgimento da construo sustentvel. So identificados alguns sistemas de avaliao ambiental,
com uma anlise mais precisa do sistema voluntrio portugus de avaliao da sustentabilidade
LiderA. Este captulo contempla ainda os laos de interligao entre PAC e desenvolvimento
sustentvel, atravs de exemplos de postos de abastecimento de combustveis que apresentam
algumas medidas e prticas construtivas consideradas sustentveis de um ponto de vista ambiental.
No captulo trs descrito o posto de abastecimento de combustveis em estudo, que
posteriormente ser objeto de anlise e classificao segundo o sistema LiderA. Este captulo
classifica ainda as zonas de risco e aborda algumas linhas de orientao em PAC, traduzidas num
conjunto de medidas de boas prticas, as quais visam melhorar comportamentos, atitudes e
promover o desenvolvimento sustentvel. Tambm aqui efetuada uma adaptao do sistema LiderA
aos postos de abastecimento de combustveis, atravs da alterao de alguns critrios e
implementao de novos parmetros e pr-requisitos. Neste seguimento, o PAC em questo ser
novamente objeto de anlise e classificao.
O quarto captulo apresenta medidas a implementar no PAC em estudo, no mbito da
sustentabilidade e melhoramento dos nveis de desempenho ambiental.
Posteriormente, o quinto captulo engloba os conjuntos de medidas de sustentabilidade
propostas a aplicar no PAC, efetuando, uma anlise econmica e sustentvel. So realizadas novas
avaliaes com o LiderA adaptado, agora com a implementao das combinaes estudadas, e que
sero alvo de uma confrontao. Procede-se a uma comparao entre o LiderA geral e o LiderA
adaptado a um PAC.
No sexto captuloso tratados os resultados obtidos e expem-se as sugestes.
Finalmente, no setimo e ltimo captulo, so retiradas as devidas concluses acerca do
estudo efetuado nesta dissertao e realizadas as consideraes finais.
9
2. Estado de Arte
2.1. Desenvolvimento Sustentvel
O sculo XX ficou marcado por uma explorao dos recursos naturais sem limites, com o
objetivo de sustentar a atividade econmica, o que se refletiu sobre a deteriorao fsica dos grandes
componentes da biosfera, a saber: a atmosfera, os oceanos, a cobertura dos solos, o sistema
climtico e as espcies animais e vegetais (Albagli, 1995). Segundo Pinheiro (2006), at aos anos 70,
os efeitos ambientais eram abordados, numa primeira anlise, segundo os efeitos que se repercutiam
na vida das pessoas ou no crescimento das plantes e animas. J os recursos naturais eram vistos
como suporte geral de vida, como fornecimento de matrias-primas e para absorver os desperdcios.
Esta altura ficaria ainda marcada pelo facto de o Homem ser o centro do Universo, em que o
ambiente era visto como um suporte para a vida humana. Os danos catastrficos a que o meio
ambiente estava sujeito, constitua tema de preocupao pelas consequncias que estes tinham nas
populaes e nas fontes de recursos que importavam preservar. Neste mbito, interessava preservar
o ambiente no sentido da procura de melhores condies de vida e regalias para o Homem (Pinheiro,
2006). Pinheiro (2006), fundamenta ainda que a proteco ambiental era vista sobretudo de uma
perspectiva antropocntrica.
Aps esta altura, e conforme j foi referido anteriormente no subcaptulo 1.1.1, comea a ser
evidente uma nova consciencializao em relao a causas ambientais e ao futuro do planeta e do
Homem, inicialmente abordados em 1972, em Estocolmo, na Conferencia das Naes Unidas Sobre
o Meio Ambiente Humano (Albagli, 1995). Para Torgal et al (2005), as preocupaes da sociedade
com a necessidade de um racional, saudvel e consistente respeito pelo ambiente, espelham uma
nova abordagem de encarar a realidade privilegiando abordagens dos problemas numa vertente
interdisciplinar, em contraponto tradicional e obsoleta apreciao unidimensional. Encara-se esta
nova mentalidade como forma de evitar que os erros cometidos no passado se repitam no futuro, sob
pena de comprometer a sua prpria existncia.
Segundo Albagli (1995), o tema ambiental deixou de ser considerado um problema restrito ao
meio tcnico-cientfico, passando a ocupar uma posio importante individual na agenda politica tanto
dos pases, quanto das negociaes por eles travadas na arena internacional. Foi nesse contexto que
se verifica o aparecimento de um novo estilo de desenvolvimento, inicialmente designado de
ecodesenvolvimento, e posteriormente apelidado com o nome de desenvolvimento sustentvel.
Conforme j referido anteriormente, o desenvolvimento sustentvel ganha uma nova projeo a partir
do Relatrio Brundtland (1987).
O conceito de desenvolvimento sustentvel pretende, acima de tudo, responder s
necessidades presentes. No entanto a procura da satisfao das necessidades humanas bsicas,
como a alimentao, a gua potvel e o acesso sade, podem provocar problemas ambientais
graves. Desde as atividades primrias, como a alimentao, at ao desenvolvimento das mais altas
10
tecnologias, todas as atividades humanas, tm impactes no ambiente. Assim, o objetivo ambiental da
sustentabilidade visa reduzir o consumo de recursos, a produo de resduos e preservar a funo e
a biodiversidade dos sistemas naturais (Pinheiro, 2006).
A incorporao destas medidas de defesa do ambiente na poltica econmica passa a ser um
dos objetivos do desenvolvimento sustentvel. Apenas possvel satisfazer as necessidades
humanas, atravs da integrao de uma nova conscincia ambiental nas polticas de
desenvolvimento econmico sustentvel, para que o ambiente no funcione como um entrave para a
economia, mas sim como um estmulo para a mesma (Pinheiro, 2006).
Segundo Pinheiro (2006), as questes sociais tambm esto bem presentes no
desenvolvimento sustentvel na medida em que fatores como a educao, o lazer, um ambiente
saudvel, entre outros, figuram na satisfao das necessidades humanas.
As dimenses sociais e econmicas, que j tinham sido projetadas no Relatrio de
Brundtland (1987), teriam de ser abordadas de uma forma mais ntegra, para que se verificasse um
verdadeiro progresso ambiental (Elkington, 2004). Ainda de acordo com o mesmo autor, o conceito
de desenvolvimento sustentvel passa, assim, a estar dividido na natureza ambiental, social e
econmica, que representam os trs pilares constitutivos e interligados do conceito (figura 2-1).
Figura 2-1 Trip da Sustentabilidade (Adaptado de WiseWaste, 2013)
Estas trs dimenses esto interligadas pela expresso Triple Bottom Line, que surgiu pela
primeira vez em 1994, cujo autor, John Elkington, procurava uma nova linguagem para expressar o
que via como uma inevitvel ampliao da agenda ambiental (Elkington, 2004).
O equilbrio destes trs fatores da sustentabilidade almeja a preservao ambiental com o
objetivo de garantir que os recursos naturais, renovveis ou no, sejam protegidos de riscos e danos
que possam comprometer as geraes futuras (RP, 2014).
Desta forma, a implementao do desenvolvimento sustentvel , assim, realizada com base
em trs dimenses essenciais: o desenvolvimento econmico, a coeso social e a proteo do
ambiente (ENDS, 2002). O esquema da figura 2-2 pretende ilustrar os objetivos a atingir por cada
uma dessas dimenses (Serageldin e Steer, 1994).
11
Figura 2-2 Objetivos da sustentabilidade na sua tripla dimenso (Pinheiro, 2006)
No seguimento do equilbrio dos trs fatores da sustentabilidade acima referidos, o futuro
exige, assim, um modelo de desenvolvimento sustentvel (Negcios Online, 2012). Com efeito,
populao mundial aumentou mais de duas vezes desde 1950 e a economia global quintuplicou
desde esse ano. Estes dados, associados ao aumento do nvel de vida explicam a maior necessidade
de acesso aos recursos naturais (Pinheiro, 2006).
Tendo em conta os dados da U.S. Census Bureau (2011a), o grfico da figura 2-3 permite
verificar que a populao mundial aumentou de cerca 3 mil milhes no ano de 1960 para 6 mil
milhes em 2000, correspondendo a uma duplicao da populao mundial em cerca de 40 anos.
Constata-se, ainda, que esse crescimento populacional vai prosseguir no sculo XXI, embora mais
lentamente. A projeo da U.S. Census Bureau (2011b) estima que em 2050 existiro cerca de 9,3
bilies de pessoas no mundo, um aumento de cerca de 22,5% relativamente a 2014, e, por
conseguinte, uma maior necessidade de recursos. Existe, assim, cada vez mais um maior consumo
dos recursos, na medida em que o ser Humano tem a ambio de viver melhor, com um maior
conforto em sua casa, usufruindo desde o simples frigorfico ao computador porttil. (Negcios
Online, 2012).
12
Figura 2-3 Evoluo da populao mundial entre 1950 e 2050 (Adaptado de U.S. Census
Bureau, 2011a)
Atualmente existem cerca de 7,2 bilies de pessoas e segundo o relatrio Perspetivas de
Urbanizao Mundial (World Urbanization Prospects) produzido pela Diviso das Naes Unidas
(ONU, 2014), cerca de dois teros da populao mundial estar concentrada em reas urbanas no
ano de 2050. Ser necessria mais energia, em resposta vontade das pessoas quererem deslocar-
se cada vez mais rpido para os seus locais de trabalho. O facto das solues de transporte coletivo
ainda estarem muito longe de serem as ideais, principalmente nas grandes metrpoles, obriga as
pessoas a deslocarem-se de carro (Negcios Online, 2012). Alis, segundo o Frum Internacional
dos Transportes da OCDE, estima-se que o nmero de viaturas em todo o mundo chegar a 2,5
bilies at 2050 (ITF, 2011). Este valor corresponde a um aumento de cerca de 250% do nmero de
viaturas, quando comparado com o nmero global de carros registado em 2010 (cerca de 1 bilio
conforme registado no relatrio Wards Auto (2011)).
Cabe assim aos pases desenvolvidos, como maiores consumidores de energia, promover
fontes renovveis e alternativas de energia, avaliando os custos que representam os atuais sistemas
e prticas para o ciclo da vida. Os objetivos passam por intensificar o fornecimento de uma tecnologia
mais eficiente quanto ao uso de energia, bem como de fontes alternativas/renovveis de energia, e
reduzir os efeitos negativos da produo e do uso da energia sobre a sade humana e sobre o meio
ambiente. Descurar essa realidade leva a que muitas reas metropolitanas continuem a sofrer de
problemas relacionados com o ozono, materiais em suspenso e monxido de carbono, pelo uso
crescente de combustvel gerado por ineficincias, altas concentraes demogrficas e industriais e
rpida expanso do nmero de veculos automotores (Agenda 21, 1995).
O visvel crescimento populacional associado ao aumento do nmero de viaturas ao longo
dos anos implica a necessidade de existirem cada vez mais postos de abastecimento de
combustveis.
Na tabela 2-1 visvel a relao entre o nmero de postos e a populao em 2010 em vrios
pases. Segundo dados recolhidos pela Marktest (2011), em 2010 existiam em Portugal 1862 postos
de abastecimento de combustveis. Este nmero representa uma taxa de cobertura de cerca de 1,74
postos por 10 mil habitantes (Marktest, 2011).
0
2
4
6
8
10
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050
Po
pu
la
o (
Mil
milh
e
s)
13
Quanto aos restantes pases, verifica-se uma taxa de cobertura entre 1,4 a 2 postos por 10
mil habitantes, ao contrrio dos 5,26 postos por 10 mil habitantes para os Estados Unidos.
Tabela 2-1 Relao entre o nmero de postos e a populao mundial por pases em 2010
(Adaptado de: Valores do nmero de postos Sindicom, 2012; Valores do nmero de postos
em Portugal Marktest, 2011; Valores da populao mundial em 2010 World Population Data
Sheet Population Reference Bureau, 2010)
Pas Nmero de PAC
em 2010 Populao 2010
(Milhes) Taxa de cobertura (por
10.000 habitantes)
Estados Unidos 163.000 309,6 5,26
Brasil 38.338 193,3 1,98
Alemanha 12.825 81,6 1,57
Inglaterra 9.380 53,0 1,77
Argentina 5.867 40,5 1,45
Venezuela 4.290 28,8 1,49
Chile 2.789 17,1 1,63
Portugal 1.862 10,7 1,74
2.2. Construo Sustentvel
O aquecimento global, causado pelo aumento da concentrao de gases de efeito de estufa
(CO) na atmosfera, revela-se atualmente como o principal problema que transforma o planeta terra
(Torgal, 2013).
O Boletim Anual Sobre Gases do Efeito de Estufa (Greenhouse Gas Bulletin GGB),
divulgado pela Organizao Meteorolgica Mundial em 2013 (OMM, 2013a), refere que entre 1990 e
2012 houve um aumento de 32% da fora radioativa (o efeito do aquecimento sobre o clima) pela
presena de gases de efeito de estufa. Este boletim reala, que a contribuio de dixido de carbono
(CO) para esse aumento foi de 80%, bem como o incremento de CO atmosfrico entre 2011 e 2012
foi superior taxa mdia de crescimento ao longo dos ltimos 10 anos.
Importa referir que, no incio do sculo XVIII, antes da revoluo industrial de 1750, o nvel de
concentrao de CO na atmosfera era de 280 ppm (Torgal, 2013), e que em 2012 atingiu o valor de
393,1 ppm. Com efeito, a quantidade de CO aumentou 2,2 ppm entre 2011 e 2012, acima da mdia
(2,02 ppm) da ltima dcada (OMM, 2013a). A observao dos dados da NOAA (2013), permite
inferir que, em 2013, a concentrao de CO chega mesmo a ultrapassar ligeiramente o valor
(in)esperado de 400 ppm, pela primeira vez na histria. A anlise do grfico da figura 2-4, permite
14
constatar a evoluo crescente da concentrao de dixido de carbono na atmosfera ao longo de
vrios anos, corroborando tambm aquilo que foi mencionado anteriormente.
Figura 2-4 Evoluo da concentrao de dixido de carbono (ppm) na atmosfera (Adaptado
de NOAA, 2014)
Perante este cenrio, Michel Jarraud, secretrio-geral da OMM (2013b) salienta que as
atividades humanas esto a desequilibrar a natureza da nossa atmosfera e so um importante
contribuinte para as mudanas climticas.
A Global Footprint Network (GFN, 2014a) mede as influncias da humanidade sobre o
planeta terra na presena da biocapacidade da natureza, que consiste na habilidade de reabastecer
os recursos naturais e absorver os resduos, incluindo CO. Esta presso que o ser humano coloca
sobre o mundo chamada de Pegada Ecolgica , designada em ingls de ecological footprint (GFN,
2014a). Segundo Wackernagel et al (1995) a pegada ecolgica refere-se rea de ecossistemas
produtivos de terra e gua necessrios para produzir todos os recursos que uma comunidade
consome e assimilar aqueles que so produzidos.
A GFN (2014b) adianta ainda, que, a humanidade usou em 1961, aproximadamente trs
quartos da capacidade da terra para gerar comida, fibras, madeira, pesca e absorver gases, o que
explica que a maior parte dos pases possui uma biocapacidade maior do que a respetiva pegada
ecolgica. Hoje em dia, a dimenso do nosso planeta no suficiente para produzir os recursos
ecolgicos necessrios para suportar a pegada ecolgica mundial.
Atualmente, 86% da populao mundial vive em pases que procuram mais da natureza do
que os ecossistemas podem renovar. Foram necessrios cerca de 8 meses no ano de 2014, para se
esgotarem todos os recursos que a natureza capaz de produzir de forma sustentvel num perodo
de 12 meses (GFN, 2014b). De acordo com o mesmo autor, este acontecimento apelidado como o
dia da sobrecarga da terra (Overshoot Day em ingls), em que at ao final do presente ano civil
verificar-se- uma reduo de reservas naturais e um aumento das emisses de CO para a
atmosfera.
Perante o que foi exposto anteriormente, importa referir o papel da indstria da construo
nas alteraes substanciais ao ambiente do planeta terra. De facto, a construo civil uma atividade
15
tendencialmente consumidora de recursos e, em muitos casos, com um impacte significativo no
ambiente (Carpenter, 2001). A maior parte desses casos so, indubitavelmente, de carcter negativo
e afetam claramente o ambiente atual e futuro (Pinheiro, 2003).
No conjunto dos sistemas construtivos que respondem s necessidades sociais e econmicas
destacam-se os edifcios (Pinheiro, 2003). Na Unio Europeia, os edifcios so responsveis por 40%
das emisses de CO e 35% do consumo de matrias-primas (Bureau Veritas, 2014). Em resposta a
esta realidade, foi adotada a Estratgia Europa 2020 (2010-2020), que substituiu a Estratgia de
Lisboa (2000-2010), com o intuito de promover uma economia mais eficaz, mais ecolgica e mais
competitiva. Um dos principais objetivos da Estratgia Europa 2020 consiste em reduzir as emisses
de gases com efeitos de estufa em 20%, relativamente aos nveis de 1990; aumentar para 20% a
percentagem das energias renovveis no consumo energtico final, e avanar no sentido de um
acrscimo de 20% da eficcia energtica at 2020 (Conselho Europeu, 2010).
Importa assim ter conscincia que limitar as mudanas climticas exigir uma grande
reduo das emisses () e que urge agir agora para no colocarmos em risco o futuro dos nossos
filhos, netos e das futuras geraes, () uma vez que o tempo no est do nosso lado, explica
Michel Jarraud (OMM, 2013b).
Deste modo, no seguimento do que foi abordado no captulo anterior, em que foi apurada,
atravs do Relatrio de Brundtland (1987), a definio de desenvolvimento sustentvel (como sendo
o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
futuras geraes poderem satisfazer as suas), e no que foi mencionado no presente captulo,
introduz-se agora o conceito de construo sustentvel.
Deste modo, no seguimento do que foi abordado no captulo anterior, no qual, atravs do
Relatrio de Brundtland (1987), foi apresentada a definio de desenvolvimento sustentvel como
sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das futuras geraes poderem satisfazer as suas, e tendo em conta o que foi
mencionado no presente captulo, torna-se imperativo introduzir, neste momento, o conceito de
construo sustentvel.
A construo, no mbito da sustentabilidade, foi introduzida em 1994, na Primeira
Conferncia Mundial sobre Construo Sustentvel (First World Conference for Sustainable
Construction) (Pinheiro, 2003). A definio mais aceite internacionalmente foi introduzida por Kibert,
C. (1994), que define a construo sustentvel como a criao e gesto responsvel de um
ambiente construdo saudvel, tendo em considerao os princpios ecolgicos (para evitar danos
ambientais) e a utilizao eficiente dos recursos.
Deste modo, Kibert (1994) definiu os cincos princpios bsicos da construo sustentvel,
nomeadamente:
Reduzir o consumo de recursos;
Reutilizar os recursos sempre que possvel;
Reciclar materiais em fim de vida do edifcio e usar recursos reciclveis;
Proteger os sistemas naturais e a sua funo em todas as atividades;
Eliminar os materiais txicos e os subprodutos em todas as fases do ciclo de vida.
16
A construo sustentvel representa uma nova maneira de equacionar a conceo, a
construo, a operao e a demolio. Numa perspetiva mais tradicional, as preocupaes centram-
se na qualidade do produto, no tempo despendido e nos custos associados (Pinheiro, 2006).
Segundo a Agenda 21 (1992), para alm do que foi mencionado anteriormente, acrescem ainda as
preocupaes ambientais relacionadas com o consumo de recursos, as emisses poluentes, a sade
e a biodiversidade.
Perante esta abordagem, a construo sustentvel dever satisfazer as necessidades atuais
do ser humano, desde que no arrune os recursos naturais existentes e no fira o ambiente de forma
a comprometer a satisfao das necessidades das geraes futuras (Bragana, 2005). Analisando a
figura 2-5, pode constatar-se a evoluo das preocupaes na construo, com a introduo das
preocupaes econmicas, sociais e culturais.
Figura 2-5 Evoluo das preocupaes no sector da construo civil (Bordeau et al, 1998)
Para Pinheiro (2003), a construo para poder ser classificada como construo
sustentvel, tem, necessariamente, de ser pensada em todas as suas fases: projeto, execuo e
demolio. Deste modo, e no seguimento dos princpios de Kibert (1994), o autor salienta diferentes
aspetos a ter em considerao em projetos de edifcios sustentveis, nomeadamente:
Utilizao racional da energia;
Utilizao de tecnologias solares passivas;
Utilizao criteriosa dos materiais;
Utilizao da gua;
Implantao dos edifcios.
De acordo com o mesmo autor, impera reduzir o consumo de energia nos edifcios atravs da
utilizao de equipamentos mais eficientes e da utilizao das energias renovveis, bem como torna-
los mais confortveis e reduzir os consumos energticos, atravs de tcnicas de aquecimento e
arrefecimento naturais. Com a seleo minuciosa de materiais amigos do ambiente, pretende-se
reduzir os efeitos negativos na sade, minimizar os resduos e reduzir a energia incorporada nos
materiais. J a reduo do consumo de gua, tanto no exterior como no interior dos edifcios, dever
passar pela utilizao de equipamentos mais eficientes, pela captao e utilizao da gua das
chuvas e da gua utilizada em lavagens, e atravs da conceo de jardins que necessitem de menos
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gua. No que concerne implantao dos edifcios, interessa minimizar o impacto do edifcio no local
da sua construo, promover a integrao no ambiente urbano e proteger os ocupantes da poluio
sonora.
Neste seguimento, so vrias as organizaes internacionais que promovem e divulgam
prticas de construo sustentvel assentes em sistemas ou ferramentas criados para a
implementao de modelos, definio de requisitos e avaliao de projetos e/ou aplicao de
tecnologias (Edifcios e Energia, 2014). Foram surgindo, pontualmente, critrios, abordagens e guias,
para melhorar o desempenho ambiental da construo, bem como indicadores e processos no intuito
de proceder sua avaliao, norteados pela procura da resposta s crescentes questes ambientais.
Desta forma, acabou por surgir, na dcada de 90, tendo em conta o conceito de construo
sustentvel, algumas orientaes para a sua implementao, avaliao e reconhecimento das
caractersticas ambientais da construo (Pinheiro, 2006). Apesar das vrias estratgias adotadas
para reconhecer e avaliar a construo sustentvel, todas assentam numa estrutura baseada num
nmero determinado de categorias com uma diversidade de variveis que permitam uma avaliao
econmica, energtica, social e ambiental (Edifcios e Energia, 2014).
Surgem assim, vrios sistemas de avaliao ambiental, que sero analisados no captulo
seguinte, em resposta a um mercado para o qual a sustentabilidade , cada vez mais, um requisito
indispensvel.
2.2.1. Sistemas de avaliao da Construo Sustentvel
A preocupao constante com o impacte provocado pelo setor da construo no ambiente,
obriga a que se adotem novas noes de sustentabilidade na construo, atravs do estudo e
implementao de novas medidas, princpios, tcnicas e formas de avaliao, que contribuam para
garantir um futuro sustentvel para o ser humano e para o planeta terra. Neste contexto, o
aparecimento de sistemas de avaliao e certificao, a nvel internacional e nacional, afiguram-se
como uma possibilidade para reduzir os impactos negativos que a indstria da construo produz.
Segundo a Ecocasa (2014), estes impactes refletem-se em vrias reas, nomeadamente:
A extrao da matria-prima, a sua transformao e transporte;
A utilizao de recursos fundamentais como a gua e a energia;
A ocupao do solo;
A produo de resduos.
Para Cole (2003), os sistemas de avaliao ambiental de edifcios dispem de trs grandes
tipos de componentes de forma a avaliar o seu desempenho ambiental, a saber:
Definio dos critrios, atravs de um conjunto declarado de critrios de desempenho
ambiental, organizado de modo lgico numa estrutura apelativa;
Escala de desempenho, com a atribuio de um nmero de pontos por cada
desempenho;
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Ponderao, como o modo de demonstrar a pontuao total atravs do desempenho
ambiental do edifcio ou unidade Output.
Os sistemas de avaliao da construo sustentvel esto cada vez mais presentes nos
diferentes pases internacionais, destacando-se, no Reino Unido, o sistema com o acrnimo
BREAAM (Building Research Establishement Environmental Assessment Method); nos Estados
Unidos da Amrica, o LEED (Leadership in Energy & Environmental Design); na Austrlia, o NABERS
(National Australian Buildings Environmental Rating System) e, em Frana, o HQE (Haute Qualit
Environnementale ds btiments) (Pinheiro, 2003). Comum aos vrios pases que foram referidos
anteriormente, destaca-se o Green Building Challenge (GBC) e o instrumento de avaliao Green
Building Tool (GBT) (Pinheiro, 2003).
No anexo 1.5, efectuada uma descrio mais pormenorizada destes sistemas de avaliao
de construo sustentvel internacionais.
No que diz respeito a Portugal, a certificao ambiental de edifcios, empreendimentos, ou
urbanizaes ainda de carcter opcional ou voluntrio. No entanto, embora possam ser aplicados a
nvel nacional os sistemas anteriormente referidos (com as devidas adaptaes), existem, atualmente
em Portugal, trs sistemas de certificao ambiental, cujas caractersticas foram ajustadas
realidade do pas (Ecocasa, 2014):
LiderA;
Domus Natura;
SBtoolPT (Sustainable Building Tool).
No subcaptulo 2.4, identificou-se o primeiro PAC do mundo, com certificao de um sistema
de avaliao ambiental, o BREAAM. semelhana do que foi referido anteriormente, e uma vez que
no existe qualquer registo de um PAC em Portugal classificado com um sistema de avaliao
ambiental, considera-se pertinente, nesta dissertao de mestrado, classificar um posto de
abastecimento de combustveis com um sistema de avaliao ambiental portugus (conforme se
pode verificar no subcaptulo 3.3). Para realizar essa avaliao do PAC em estudo, acredita-se ser
adequado utilizar o sistema LiderA, uma vez que aquele que mais se ajusta aplicao de medidas
sustentveis em postos de abastecimento de combustveis.
2.2.1.1. LiderA Sistema de avaliao da Sustentabilidade
O sistema LiderA, acrnimo de Liderar pelo Ambiente para a construo sustentvel, surgiu
no mbito de uma investigao iniciada em 2000, por Manuel Duarte Pinheiro, Doutorado em
Engenharia do Ambiente, com a tese sobre Sistemas de gesto ambiental para a construo
sustentvel, e docente do Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura do Instituto Superior
Tcnico, bem como fundador da IPA - Inovao e Projetos em Ambiente (LiderA, 2014a). O autor
disponibilizaria a primeira verso V1.02 em 2005, destinada sobretudo ao edificado e ao respetivo
espao envolvente. Seria mais tarde, em 2009, desenvolvida uma verso 2.0, com aplicao do
sistema, no apenas ao edificado, mas igualmente ao ambiente construdo, incluindo a procura de
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edifcios, espaos exteriores, quarteires, bairros, zonas e os seus utentes numa tica de
comunidades sustentveis (LiderA, 2011).
Segundo a informao disponvel em LiderA (2014b), a verso 2.0 baseia-se em seis
princpios na procura da sustentabilidade, nomeadamente:
Princpio 1 Valorizar a dinmica local e promover uma adequada integrao;
Princpio 2 Fomentar a eficincia no uso dos recursos;
Princpio 3 Reduzir o impacte das cargas (quer em valor, quer em toxicidade);
Princpio 4 Assegurar a qualidade do ambiente, focada no conforto ambiental;
Princpio 5 fomentar as vivncias socioeconmicas sustentveis;
Princpio 6 Assegurar a melhor utilizao sustentvel dos ambientes construdos,
atravs da gesto ambiental e da inovao.
Por sua vez, as seis vertentes abrangidas por estes princpios, subdividem-se em vinte e
duas reas, conforme se pode constatar na figura 2-6.
Figura 2-6 Esquema de vertentes e reas do sistema LiderA (LiderA, 2011)
s 22 reas de classificao do sistema LiderA referidas anteriormente, foram atribudas
ponderaes, onde se destaca a eficincia nos consumos com uma ponderao (Wi) de 17%,
seguida da gua, com 8%, e do Solo, com 7% (LiderA, 2011).
Estas seis vertentes e vinte e duas reas, incluem um conjunto de pr-requisitos e 43
critrios, que permitem avaliar o desempenho ambiental e o respetivo nvel de procura da
sustentabilidade (LiderA, 2014b).
Esses critrios dispem de diferentes nveis de desempenho (limiares), com fatores de 1 a 10
ou superior, permitindo, assim, dispor de solues ambientalmente mais eficientes. Na figura 2-7,
esto contemplados os nveis de desempenho do LiderA v2.0. O sistema classifica o desempenho de
G a A (at A+++), onde o nvel E representa a prtica atual e o nvel A corresponde, em muitos
critrios, a um desempenho de cerca de 50% superior ao nvel E, sendo o nvel A+ um fator 4 (75%
superior ao nvel E), o nvel A++ um fator 10, 90% superior ao nvel E (LiderA, 2011).
20
Figura 2-7 Nveis de desempenho do sistema LiderA v2.0 (LiderA, 2011)
O LiderA um sistema voluntrio de apoio ao desenvolvimento de solues e avaliao da
sustentabilidade da construo, com o objetivo de apoiar a procura da sustentabilidade na promoo,
projeto, construo e gesto da sustentabilidade dos ambientes construdos. Em caso de
desempenho comprovado, este sistema atribui uma certificao pela marca portuguesa LiderA
Sistema de Avaliao da Sustentabilidade (LiderA, 2011).
2.3. Descrio de PAC
Segundo a definio de posto de abastecimento presente na Portaria n. 131/2002, de 9 de
Fevereiro, os PAC so essencialmente constitudos por:
Unidades de abastecimento;
Reservatrios de combustveis;
Edifcio de apoio;
Rodovia.
As unidades de abastecimento caracterizam-se pela existncia de uma ou mais bombas
abastecedoras numa zona devidamente protegida, denominada de ilha (alnea v, do artigo 2. da
Portaria n. 131/2002, de 9 de Fevereiro). As bombas automedidoras so eletrnicas e aprovadas
pelo Instituto Portugus da Qualidade (DRE). So constitudas por um mecanismo calculador e
dispositivos de controlo que impedem os abastecimentos antes de os mostradores voltarem a zero.
Podem ser multi ou uniproduto, com a existncia de mangueiras para permitir o abastecimento
combustvel dos veculos rodovirios.
Quanto segurana, e conforme o disposto nos pontos 1 e 2, do artigo 50. da portaria
supracitada, as ilhas de abastecimento devem estar equipadas com pelo menos dois extintores (de
6kg cada), de p qumico seco do tipo ABC e pelo menos um balde com areia seca por cada unidade
de abastecimento. So ainda afixados sinais de proibio de fumar ou foguear e falar ao telemvel a
par da obrigao de parar o motor e cortar a ignio durante o abastecimento. A figura 2-8 constitui
um exemplo ideal da constituio de uma ilha de abastecimento.
21
Figura 2-8 Exemplo de ilha de abastecimento (Adaptado de ELEVO, 2014)
De salientar ainda, a existncia de uma cobertura metlica destinada proteo da zona de
abastecimento, com uma altura mnima de 5 m ao pavimento.
Os reservatrios de combustveis destinam-se a conter os produtos a ser comercializados no
PAC. So construdos em ao de parede simples ou parede dupla, devidamente protegidos contra a
corroso. bem visvel na Portaria n. 131/2002, de 9 de Fevereiro, o rigor das regras aplicveis
instalao dos mesmos, nomeadamente ter em especial ateno que os reservatrios devem ser
instalados no exterior dos edifcios. Nos PAC, os reservatrios so, maioritariamente, instalados
abaixo da cota do terreno. Assim, os reservatrios enterrados esto envolvidos em camada de areia
doce do pinhal, bem batida a mao, ficando solidamente instalados, de modo a contrariar a sua
deslocao sob o efeito de impulso de guas subterrneas ou sob o efeito de vibraes ou
trepidaes. Os reservatrios que se encontram instalados sob a rodovia apresentam sobre estes, no
pavimento, uma laje de beto de proteo contra cargas exteriores.
Na figura 2-9 possvel verificar as partes constituintes de um reservatrio de combustvel e
respetivos equipamentos auxiliares. A caixa de entrada do homem permite realizar trabalhos de
manuteno e/ou reparao, aos acessrios, equipamentos e tubagens que se encontram nessa
caixa de visita. So geralmente prefabricadas em polietileno moldado, estanques ou com drenagem
(ponto 1, do artigo 14., Portaria n. 131/2002, de 9 de Fevereiro), com bordadura de argamassa de
cimento. Esta constituio permite a fixao dos aros e a colocao de tampa de rodovia para
possibilitar o acesso. Ainda de acordo com a anlise do ponto 2 do mesmo artigo e documento legal
referidos anteriormente, as tampas de rodovia devem ser dimensionadas para resistir s cargas que
tenham de suportar.
A anlise da figura 2-9 permite, ainda, distinguir 3 tipos de tubagens mecnicas:
Tubagem de abastecimento;
Tubagem de ventilao;
Tubagem de enchimento.
22
Figura 2-9 Exemplo ilustrativo de um reservatrio de combustvel e respetivas tubagens e
equipamentos auxiliares (Adaptado de ABIEPS, 2012b)
As tubagens de abastecimento de um PAC, permitem transportar o combustvel do interior do
reservatrio at s bombas automedidoras, possibilitando o abastecimento dos veculos rodovirios
por parte dos utilizadores do posto. Estas tubagens de combustvel devem ser de ao, instaladas ao
abrigo de choques com a capacidade para resistir s aes mecnicas e qumicas, conforme exigido
no ponto 3, do artigo 20. da Portaria n. 131/2002, de 9 de Fevereiro. No entanto, o ponto 4
esclarece que a sua construo em ao no obrigatria. A DGE aceita outros materiais, desde que
se faam acompanhar das respetivas normas de fabrico ou relatrio de aprovao emitido pelo
LNEC. Neste contexto, convm salientar, a utilizao cada vez mais frequente de tubagens de
combustvel de polietileno extrudido de mdia densidade, que se distingue de outros materiais por ser
inerte corroso dos solos ou de qualquer tipo de combustvel e por conter excelentes caractersticas
quanto rugosidade, dureza e aos coeficientes de expanso e conduo trmica. No captulo 3.2,
far-se- uma breve anlise da vantagem em adotar tubagens em PVC ao invs do ao.
As tubagens de ventilao destinam-se a permitir a entrada de ar para os reservatrios
durante o abastecimento de veculos para compensar o volume deslocado, ou a permitir a sada de
vapores para a atmosfera se se verificar uma subida de presso dentro dos reservatrios (Fase I de
recuperao de vapores de gasolina conforme referido no anexo 1.4). Deste modo, estas tubagens
ligam os reservatrios a tubos de respiro que terminam a um mnimo de 4 m de altura do solo,
conforme o disposto no ponto 4, artigo 26. da Portaria n. 131/2002, de 9 de Fevereiro. De salientar
ainda, a existncia de uma zona livre em torno do conjunto que permite a fcil disperso dos vapores
acima mencionados. Os topos dos respiradores esto dotados de dispositivos tapa-chamas, em rede
de arame, com proteo contra a chuva.
TUBAGEM DE ABASTECIMENTO
VLVULA LIMITADORA DE ENCHIMENTO
CAIXA DE ENTRADA DO HOMEM
TAMPA DE RODOVIA
RESERVATRIO DE
COMBUSTVEL
TUBAGEM DE VENTILAO TUBAGEM DE
ENCHIMENTO
23
As tubagens de enchimento ligam as bocas de enchimento
aos reservatrios. atravs das ltimas que se faz o
abastecimento de combustvel dos reservatrios atravs dos
veculos cisterna. As bocas de enchimento situam-se em bacias
estanques (figura 2-10), garantindo os 0,20 m de segurana em
todas as direes, conforme o disposto no artigo 16., ponto 3.
Caso no se encontrem no interior de bacias estanques, devem
garantir 1,50 m de distncia de segurana em todas as direes.
Por fim, refira-se que todos os reservatrios tm de estar
equipados com vlvulas limitadoras de enchimento, aceite