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O Uso do Software ERA (Ergonomic Risk Analysis) como Ferramenta
de Apreciação para a Categorização de Exposição de riscos
Biomecânicos na atividade de Servente de Pedreiro.
Marcelo Augusto Rocha Caresto
carestoft@hotmail.com
Eduardo Ferro Dos Santos
Pós-graduação em Ergonomia – Faculdade Ávila
Resumo
As dores nas costas provocadas por manuseios de cargas têm sido um dos grandes
causadores dos afastamentos do emprego por parte dos trabalhadores da construção civil.
Esse estudo teve por objetivo realizar a Analise da Atividade de Servente de Pedreiro
utilizando o software ERA (Ergonomic Risk Analysis) como ferramenta de apreciação
ergonômica para a categorização de exposição de riscos biomecânicos e investigar as
posturas adotadas por trabalhadores da construção civil que exercem atividade de servente
de pedreiro na tarefa de separação de material para re-utilização no setor de carpintaria.
Essa pesquisa utilizou os seguintes instrumentos:ficha de avaliação e o software ERA. A
amostra foi compreendida por trabalhadores da construção civil (todos do sexo masculino),
com idade de 20 a 50 anos, com no mínimo 6 meses de profissão, sem doenças prévias.
Palavras-chave:Ergonomia; Postura; ERA.
1 Introdução
Os trabalhadores da construção civil exercem atividades que exigem a manutenção de
determinadas posturas por certo período de tempo, onde ocorrem durante uma jornada de
trabalho, por diversas vezes, movimentos de flexão, extensão e rotação da coluna vertebral.
As dores nas costas provocadas por manuseios de cargas têm sido um dos grandes causadores
dos afastamentos do emprego por parte dos trabalhadores da construção civil.
Para Kroemer e Grandjean (2005), as dores nas costas provocadas pelo manuseio de cargas
pesadas representam o maior problema sofrido por trabalhadores da construção civil, que
exercem atividades pesadas causando diminuição do rendimento, abstinência e invalidez
precoce para o trabalho. A ergonomia tem como objeto de estudo o homem e sua interação
com o ambiente de trabalho, sendo peça fundamental de uma equipe multidisciplinar formada
por médicos, fisioterapeutas, psicólogos e engenheiros responsáveis pela resolução de
problemas causados por desempenho inadequado durante as diversas atividades de trabalho.
Ainda segundo Kroemer e Grandjean (2005), o trabalho braçal pode levar a sérios problemas
de saúde como lombalgia, hérnias de disco, ciatalgias entre outros. Problemas gerados por
posturas inadequadas durante a jornada de trabalho poderiam ser evitados através de uma
analise e intervenção ergonômica. A sociedade atual vive em um mundo competitivo, cuja
produção vem à frente do bem-estar. Assim, os trabalhadores para serem eficientes, tendem a
trabalhar mais rápido e com mais cargas, a fim de terem um rendimento melhor, sem pensar
nos problemas de saúde que por ventura enfrentarão. Este trabalho teve como objetivo
identificar as posturas nocivas a saúde do trabalhador adotadas durante a sua atividade laboral
e quantificar o risco de distúrbio biomecânico pela metodologia abordada pelo ERA
(Ergonomic Rsck Analise). Para tanto, esta pesquisa tem por objetivo geral: Realizar a
Análise Ergonômica do Trabalho da Atividade de Servente de Pedreiro utilizando o software
ERA (Ergonomic Risk Analysis) como ferramenta de apreciação para a categorização de
exposição de riscos Biomecânicos, e como objetivos específicos: Identificar oportunidades de
2
melhoria na atividade de servente de pedreiro; Verificar as sobrecargas biomecânicas por
estrutura corporal na atividade de servente de pedreiro. E justifica-se pela necessidade de
avaliação de riscos biomecânicos específicos da atividade me questão, além avaliar a eficácia
e rapidez da ferramenta escolhida para quantificação e identificação de tais riscos.
2 Conceito de Ergonomia.
Segundo Figueredo (2008), a ergonomia comumente é apresentada hora como ciência hora
como tecnologia tendo o foco de sua observação na sistematização e comunicação da empresa
ou na adaptação da máquina ao homem.
Segundo Dul e Weerdmeester (2004), pode-se dizer que a ergonomia é uma ciência aplicada
ao projeto de maquinas, equipamentos, sistemas e tarefas com objetivo de melhorar a
segurança, conforto, saúde e eficiência no trabalho. A definição formal da ergonomia adotada
pela IEA (Associação Internacional de Ergonomia) é uma disciplina científica que estuda as
interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria,
princípios e métodos de projetos, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o
desempenho global do sistema.
Segundo IIda (2001), a ergonomia é o estudo da adequação do trabalho ao homem. Isso
envolve não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como
esses trabalhos são planejados e controlados para originar os resultados desejados.
2.1 Postura
Segundo Kroemer e Grandjean (2005), postura é a realização de um trabalho estático onde tal
atividade pressiona os vasos sangüíneos pela pressão interna exercida pelos músculos
ocasionando uma diminuição do aporte sangüíneo necessário para o músculo, sendo este
obrigado a utilizar suas reservas de energia por estar incapacitado de receber nutrientes
provenientes do fluxo sangüíneo reduzido.
Veronesi (2008) coloca como casuística de risco as posturas de trabalho com grandes
amplitudes articulares que desta forma aumentam a sobre-carga e tensão osteomuscular. O
professor ainda explica que as contrações estáticas causam a compressão dos vasos
sanguíneos diminuindo o aporte de nutrientes e aumentando o acumulo de substâncias tóxicas
levando a sérios riscos de lesão do sistema músculo esquelético.
Para Dul e Werdmeester (2004), a postura é freqüentemente determinada pela atividade ou
posto de trabalho exercido pelo operário, onde o trabalho sentado leva vantagem sobre o
trabalho em pé, devido aos diversos apoios que o corpo recebe durante esta postura.
Em pesquisa realizada por Mesquita, Cartaxo e Nobrega (2006) com 42 operários de 10
canteiros de obras diferentes foram identificados 3 postos de trabalho que apresentam
posturas inadequadas durante a jornada de trabalho.
2.2 Levantamento e Transporte Manual de Cargas
As atividades físicas durante o trabalho exigem um esforço de vários grupos musculares do
corpo humano. Esses esforços causam tensão localizada nos músculos causando, com o passar
do tempo, dor.
De acordo com Dul e Weerdmeester (2004), o levantamento manual de cargas é uma das
maiores causas de doenças e dores nas costas. Os trabalhos envolvendo o manuseio de cargas
requerem a adoção de posturas específicas para a realização da tarefa sem agressão a saúde do
indivíduo que a realize. Normalmente, o que se vê são atividades realizadas sem os requisitos
ergonômicos mínimos. Posto de trabalho, quantidade e tipo de carga, quantidade e tempo em
que se realiza o trabalho são alguns aspectos do processo produtivo que podem ser analisados
para resolver este problema.
3
Iida (2002) considera o manuseio de cargas como o grande responsável por traumas
musculares entre os trabalhadores devido a individualidade das capacidades físicas e falta de
condicionamento. Classificou o levantamento de carga em levantamento esporádico de carga
e trabalho repetitivo com levantamento de carga.
A ação de pegar uma carga no chão dobrando a coluna sem flexionar o joelho colocara os
discos vertebrais sobre grande pressão, ao se levantar a carga e aplicar uma rotação sobre a
coluna essa pressão irá aumentar de forma considerável levando o trabalhador a grande risco
de saúde. Isto mostra a importância da intervenção ergonômica na prevenção dos distúrbios
musculoesqueléticos originados por períodos de tensão muscular prolongado durante a
jornada de trabalho
2.3 L.E.R/ D.O.R.T
A Terminologia usada para as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) ainda é um assunto em discussão
(VERONESI,2008).
Segundo Veronesi (2008), a terminologia que tem sido preferida por alguns autores tem sido
DORT por não apontar causas ou efeitos definidos.
A doença ocupacional teve um grande impulso em 1700 quando o médico italiano Bernardo
Ramazzini relacionou determinadas patologias com a atividade de trabalho do paciente tendo
descrito patologias de 54 profissões diferentes (CODO et al, 1998)
Para Przysiezny (2003), as mulheres são mais acometidas por LER/DORT pela dupla jornada
de trabalho e pela conquista de espaço no mercado de trabalho, alem dos fatores hormonais
que acompanham a mulher. O autor ainda ressalta que a faixa etária dos trabalhadores
atingidos por doenças ocupacionais é cada vez mais baixa devido o ingresso cada vez mais
cedo no mercado de trabalho.
2.4 Análise ergonômica do trabalho
Para Santos e Santos (2006) a Analise ergonômica do Trabalho é a pesquisa de determinados
itens para melhor compreensão da atividade de trabalho. Os autores afirmam que a Analise
Ergonômica do Trabalho deve seguir uma metodologia coerente para um correto mapeamento
e priorização dos riscos.
Abrahão (2000) enfatiza a importância da analise da atividade pela questão da produtividade
com o objetivo de manter uma estabilidade quantitativa e qualitativa. Abrahão(1996) apud
Abrahão(2000) enfoca que o avanço da tecnologia e a automação industrial tornaram as
técnicas de organização do trabalho fundamentais para o labor humano.
Cockell e Perticarrari (2007) afirmam que a Analise Ergonômica do Trabalho se faz
necessária para a proteção do trabalhador contra riscos de lesões ocupacionais e manutenção
do bem estar psicofisiológico.
Segundo Cockell e Perticarrari (2007) existem dois tipos de linhas para o estudo da
ergonomia a escola americana chamada de human factores e a escola francesa baseada na
ergonomia da Atividade. Para os mesmos autores a ergonomia não pode analisar a atividade
laboral realizada sem a observação da inter-relação entre eles. Não se pode analisar o homem
separado de seu trabalho como se faz a Human factores.
Para Wisner (2004) a Analise Ergonômica do Trabalho (AET) É um modelo metodológico
com a capacidade de apreender a complexidade da atividade de trabalho correlacionando o
homem com o mesmo.
Segundo Cockell e Perticarrari (2007) a Analise Ergonômica do Trabalho é dividida em:
analise da demanda, analise do ambiente técnico e social da empresa, analise da atividade de
trabalho, recomendações ergonômicas, validação das intervenções ergonômicas.
4
Para Reis (2001), a análise dos postos de trabalho são essenciais para a detecção de posturas
nocivas a saúde. Em pesquisa realizada pelo autor, onde analisou atividades em que o
funcionário mantinha os membros superiores em contração estática e elevação, verificou
grande tensão de musculatura da região da cintura escapular sendo grande influência para a
ocorrência de DORT
Segundo Antonio (2003), as análises dos postos de trabalho servem para adequar estes
trabalhos ao homem. Em seu estudo pôde detectar riscos para DORT em um setor que se
exigia muita sobrecarga física para os membros superiores e elevação dos mesmos.
Em pesquisa realizada por Leyva (2004), onde analisou um posto de trabalho que se utilizava
de ferramentas de corte e balcão para apoio, verificou a necessidade de regulagem de altura
do balcão e melhora da qualidade da pega da ferramenta, além do excesso de movimentos
angulares de punho que potencializam o risco para DORT.
Conforme constatado nos estudos de Antonio (2003) postos de trabalho que exijam
movimentos angulares de punho e pronação e supinação de antebraço possuem enorme risco
para adquirir Distúrbios Osteomusculares Relacionados com o trabalho (DORT).
Nunes e Lima (2003) afirmam que as análises ergonômicas são essenciais para elaboração de
um ambiente livre de lesões alem de propiciar ao trabalhador conforto, segurança, diminuição
do estresse alem de um maior prazer para a execução do trabalho.
Para Staal et al (2004), as dores lombares são um problema muito comum e grande motivo
de abstinência no trabalho sendo portanto nesta pesquisa a utilização da variável postura
contida na metodologia do ERA uma importante ferramenta para a analise das alterações
posturais encontradas nos trabalhadores da construção civil principalmente na coluna lombar.
Segundo Nylane (2003), atividades laborais que exigem o uso de força e flexão e extensão de
tronco, sobrecarregando assim os discos vertebrais, com o passar do tempo irão provocar
dores crônicas na coluna, predominantemente na região lombar.
Em estudo realizado por Pengel (2003), o autor diagnosticou mal prognostico para pessoas
com história de dor lombar e que continuam com os hábitos posturais laborais errados, tendo
como conseqüência o afastamento do trabalho e um retorno a atividade profissional mais
prolongado.
Para Renner (2002), a boa postura é fundamental para a incidência de desconforto no
ambiente de trabalho. O pesquisador analisou funcionários de uma industria de diversos
postos de trabalho diferentes e constatou que as atividades em pé apresentam o maior grau de
desconforto levando o operário a adquirir posturas compensatórias.
Veronesi (2008), relata em sua obra que problemas e desconfortos musculares em
determinada região do corpo levará a posturas compensatórias, gerando mais desconforto
ainda e colocando em tensão outras estruturas musculotendinosas, causando um completo
desequilíbrio postural que como conseqüência instalará processos inflamatórios por varias
regiões muscular
2.5 E.R.A. (Ergonomic Risck Analisis)
O software Análise de Risco Ergonômico (E.R.A.) foi desenvolvido com o objetivo de
proporcionar ao analista ergonômico a utilização de uma ferramenta capaz de realizar uma
identificação pró-ativa e reativa de riscos ergonômicos na empresa.
Segundo Santos e Santos (2006) o E.R.A. é um software desenvolvido para integrar um
sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho para a realização de soluções práticas para
problemas ergonômicos.
Os autores relatam que o ERA foi criado para servir não como uma ferramenta mas como
uma metodologia que aborde as problemáticas ergonômicas. O ERA é composto por :
Identificação da Análise
Imagens
5
Descrição Física e Histórica
Descrição do Método de Trabalho
Descrição da População Trabalhadora
Análise Pró-Ativa de Riscos Ergonômicos
Conclusões / Considerações Gerais
Fonte: Software E.R.A. Fonte: Software E.R.A
Foto 1- identificação da analise Foto 2-Janela de imagens
Foto 3-descrição física e histórica Foto 4-descrição do método operatorio
e população trabalhadora
Foto 5-variáveis para analise Ffoto 6-analise dos riscos
6
Foto 7-gráfico de riscos Foto 8-conclusão final
O ERA ira gerar um gráfico de priorização dos problemas partindo da base de identificação de
riscos contido no método de avaliação FMEA, adaptado para a análise ergonômica. O ERA
nos permite organizar as sugestões de melhorias em uma planilha servindo de um banco de
dados para futuras investigações históricas de analises ergonômicas do setor
observado.(SANTOS e SANTOS 2006). O ERA foi resultado de diversas pesquisas em
diversos métodos de analises para a escolha das variáveis a serem observadas durante o
estudo.
2.6 Materiais e Métodos
Os aspectos metodológicos da pesquisa atualizados no desenvolvimento deste trabalho foram
os seguintes:
Método de abordagem: dedutivo: partindo de princípios considerados verdadeiros e
indiscutíveis para chegar a conclusões de maneira puramente formal. A pesquisa é de caráter
avaliativo diagnóstico.
Método de procedimento: Histórico e comparativo: Serão avaliados trabalhadores da
construção civil de 20 a 50 anos.
População/amostra: participaram da pesquisa população de 9 trabalhadores da construção
civil: do sexo masculino com idade entre 20 e 50 anos com no mínimo 6 meses de profissão
sem história de doenças crônicas.
A amostra foi compreendida por trabalhadores da construção civil. foram excluídos os
pacientes com doenças neurológicas, cardiovasculares, renais fraturas e pós-operatórios
recentes.
Foi abordado para a coleta de dados para a categorização dos riscos ergonômicos a variável de
postura sendo analisados a gravidade, o histórico de reclamações e os meios de controle
existentes para o trabalhador exercer esta variável onde serão atribuídos pontos de acordo com
a tabela de escala de categoria de riscos do manual do software ERA.
A categoria de riscos foi atribuída em função das conseqüências geradas e definirão o nível
em que o colaborador encontra-se exposto ao risco da variável analisada.
Instrumentos:
Será utilizado como materiais a ficha de identificação, a fotogrametria, para aferir as
angulações articulares e o Software ERA (Ergonomic Risk Analysis), sistema de auxilio para
identificação de riscos ergonômicos contribuindo para a categorização e priorização dos riscos
existentes da atividade analisada.
7
Rotinas e Procedimentos:
O estudo teve inicio com a explicação do trabalho para os indivíduos da construção civil.
Após essa explicação, todos os que aceitaram participar das avaliações assinaram o termo de
compromisso conforme resolução 196/96 (Conselho Nacional de Saúde) (anexo I).
Este estudo será subdividido em 4 momentos definidos.
Primeiro realizou-se a anamnese que através de uma ficha de identificação contendo dados
pertinentes para caracterizar a amostra estudada, tais como, idade, procedência, peso, altura,
tempo de profissão, lateralidade, principal atividade na empresa. Nesse mesmo instrumento
foi questionado sobre a existência de dor, local, intensidade (0 – 10). Conforme Escala
Análogo Visual da Dor (anexo II).
O segundo momento do estudo foi exclusivamente realizado pelo pesquisador, que avaliou
descritivamente o posto de trabalho da atividade de servente de pedreiro. Nesse momento
foram registradas imagens das posturas adotadas pelos funcionários durante suas atividades
ocupacionais, o tempo gasto para executar as atividades, quantas vezes fez esta atividade por
dia, quantos quilos carregou por vez.
No terceiro memento da pesquisa foi formulado hipóteses através das analise efetuadas e
elaborou-se o diagnóstico.
No final da pesquisa foram realizadas as recomendações sobre as oportunidades de melhoras
identificadas.
3.0 Resultados e Discussão
A amostra foi composta por 9 trabalhadores da construção civil da cidade de Manaus. As
características como idade, tempo de serviço, carga horária dias trabalhados, horas de sono e
grau de dor (por meio da EVA) estão demonstrados em médias na tabela 1.
Tabela demonstrativa das médias de idade, tempo de serviço, jornada de trabalho (CH), horas
de sono por dia e grau de dor pela EVA.
Tabela demonstrativa das características da amostra geral e por posto
Idade tempo CH Dias Sono EVA n
Servente de
pedreiro 32,67 78,67 9,11 6 7,33 7,22 9
Idade em anos, tempo de serviço em anos, CH em horas, dias trabalhados por
semana, horas de sono e n = numero de indivíduos.
Destaca-se que a amostra era constituída de indivíduos adultos, com experiência profissional
e que desempenhavam sua função em acordo com as leis trabalhistas (jornada de trabalho de
44 horas semanais).
Serão apresentados a seguir os principais resultados encontrados com relação a descrição
física, descrição do método de trabalho, descrição da população trabalhgadora, analise dos
riscos ergonômicos, gráfico de analise de risco ergonômico e conclusão.
Descrição física do canteiro de obras:
O ambiente do canteiro de obras é aberto e exposto a situações climáticas de calor, chuva, frio
alem de poeiras dispersas no ar, não utiliza máquinas e equipamentos nem ferramentas para a
realização da tarefa analisada. Como epi utiliza macacão, botas e capacete, não há histórica de
melhorias e os principais casos de acidentes são pisar em pregos e martelar os dedos. (foto 9)
8
Fonte: Acervo do autor
Foto 9 – Ambiente físico da tarefa analisada
Descrição do método de trabalho:
Quanto ao método de trabalho os colaboradores possuem uma atividade não cíclica em que
devem selecionar as melhores madeiras para o reaproveitamento e separar as mesmas das que
não serão reutilizadas, para isto o servente de pedreiro deve andar em meio a pranchas de
madeiras entulhadas em uma área do canteiro de obras revirando as pranchas para analisá-las
com relação a deformidades em sua estrutura. O colaborador não possui atividades não
rotineiras e trabalha de 8 a 10 horas por dia 6 dias por semana com 60 minutos de intervalo.
Descrição da população trabalhadora:
Os trabalhadores exercem a função de serventes de pedreiros e realizam a seleção, separaçãqo
e transporte de medeira para o setor de carpintaria, realiza a limpeza do canteiro de obras,
realiza o preparo de massa de cimento, realiza o transporte de ferramentas e materiais para o
setor de pedreiro, realiza a carga e descarga de materiais do caminhão.
Analise dos riscos ergonômicos:
As variáveis de analise escolhida para este estudo foram a postura, as dimensões e o
levantamento de carga adotados por serventes de pedreiros na tarefa de separar madeira para a
reutilização. Estes trabalhadores exercem posturas de amplitudes extremas em coluna lombar,
ombros, punhos, mãos e dedos sendo estas articulações sobrecarregadas pelo peso da madeira
que varia de 5 a 20 Kg dependendo do tamanho e espessuras da madeira (foto 10). Durante a
observação da tarefa foi registrado o tempo em que os colaboradores realizaram a mesma,
onde das 8 horas do turno de trabalho passaram as últimas 3 horas realizando a tarefa sem
exercer uma atividade cíclica.
9
Fonte: Acervo do autor
Foto 10-Desvio angular de coluna vertebral.
Nivel de priorização de Risco:
A partir dos dados coletados foi possível chegar a categorização dos riscos
ergonômicos posturais onde constatou-se que a atividade de servente de pedreiro
na tarefa de selecionar e separar madeira para reaproveitamento encontra-se em
um nível de altíssimo risco para distúrbios posturais biomecânicos, dimensionais
e de levantamento de cargas (gráfico 1). Este resultado foi encontrado através
das pontuações atribuídas aos índices de gravidade, histórico de acidentes e
evidencias de melhorias, método este adaptado do FMEA, que através de calculo
embutido no sistema gerou a nova categorização de risco da tarefa.(gráfico 1)
10
Fonte: Software E.R.A.
Gráfico 1- Nivel de priorização de risco ergonômico para a postura, dimensão e
levantamento de carga de serventes de pedreiros na tarefa de reaproveitamento de material.
Segundo Antonio (2003), a análise dos postos de trabalho servem para adequar estes trabalhos
ao homem. Em seu estudo pôde detectar riscos para DORT em um setor que se exigia muita
sobrecarga física para os membros superiores e elevação dos mesmo.
Em pesquisa realizada por Leyva (2004), onde analisou um posto de trabalho que se utilizava
de ferramentas de corte e balcão para apoio, e verificou a necessidade de regulagem de altura
do balcão e melhora da qualidade da pega da ferramenta, além do excesso de movimentos
angulares de punho que potencializam o risco para DORT.
Conforme constatado nos estudos de Antonio (2003) postos de trabalho que exijam
movimentos angulares de punho e pronação e supinação de antebraço e flexão de coluna
possuem enorme risco para adquirir Distúrbios Osteomusculares Relacionados com o trabalho
(DORT).
Nas observações realizadas foi identificado que os serventes de pedreiros são os trabalhadores
que apresentam maior índice de alterações posturais na região lombar, porém para Mesquita,
Cartacho e Nóbrega (2006), os carpinteiros apresentam o mesmo risco ergonômico de
desvios na coluna que os pedreiros
Durante entrevista com os trabalhadores, ao coletar os dados de identificação, ficou clara a
incidência de dores na região lombar. Alguns trabalhadores relataram a prática de alguma
atividade física porém afirmavam que eram apenas esporádicas. Este dado tem significativa
importância quando relacionado com o sedentarismo.
11
Em pesquisa realizada por Yelland et al (2003), em pacientes com História crônica de dores
na região lombar, foi constatado que a prática de exercícios físicos reduz os sintomas de
desconforto na região lombar.
CONCLUSÃO
Através da analise ergonômica do trabalho utilizando o software ERA para a analise pró-ativa
de risco constatou-se um altíssimo índice de risco de lesão biomecânica na atividade de
servente de pedreiro para as variáveis de postura, dimensão e levantamento de carga. A
analise das posturas adotadas pelos trabalhadores durante o seu ato laboral foi feita utilizando
a metodologia do ERA chegando-se a conclusão de que a flexão de coluna vertebral, flexão
de ombros, cotovelo, punho mãos e dedos de mãos são as posturas em sobrecarga
biomecânica mais utilizadas pelo servente de pedreiro durante a tarefa de separar madeira
para re-utilização. As jornadas de trabalho sem pausas programadas e horário curto de
intervalo alem da ausência de histórico de melhorias ergonômicas foram outros índices que
demonstraram estar relacionados com a sobrecarga do trabalho postural. A dimensão da área
para a realização da atividade favorece os constrangimentos posturais de coluna lombar e
coluna cervical pelo campo de visão e altura vertical para escolher e pegar as madeiras
respectivamente.
Como sugestão de melhorias a serem desenvolvidas no alvo da avaliação para as variáveis de
postura, dimensão e levantamento de carga foram:
Fonte:
Modificação do processo onde as madeiras já seriam selecionadas no momento
do desmanche de vigas, colunas e lajes pelos carpinteiros;
Meio:
Redução do tempo de exposição com o rodízio da tarefa;
Pausas programadas;
Trabalhador:
Escola postural;
Treinamento de levantamento manual de cargas;
Programa de ginástica laboral;
Uso de luvas
Conclui-se que a ferramenta ERA é um excelente instrumento de apoio ao ergonomista
tornando o acesso rápido a dados quantitativos de risco e utilizando uma metodologia seguida
nacional e internacionalmente por empresas que se preocupam com a questão da saúde e
segurança de seus colaboradores.
Identificou-se durante a pesquisa algumas sugestões de melhoria para o programa ERA como
uma janela para guardar o vídeo da atividade analisada, programar a média dada para a
população trabalhadora na janela descrição da população trabalhadora para definir o desvio
padrão servindo este dado para estudos antropométricos.
12
Foto 11 – média dada na janela Descrição da População Trabalhadora.
A pesquisa também serviu para divulgar a atuação do fisioterapeuta no campo da prevenção e
da analise ergonômica do trabalho junto a essa classe profissional.
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13
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2003.
15
ANEXO I
TERMO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,__________________________________________________________________
_______________, RG:_________________, domiciliado nesta cidade, à
rua_____________________________________________________________, declaro, de
livre e espontânea vontade querer participar do estudo: “Investigação das posturas e
alterações posturais presente em indivíduos que trabalham na indústria da construção civil”.
Autorizo o uso dos dados obtidos da minha participação somente para fins do presente estudo
e que se guarde sempre sigilo absoluto sobre a minha pessoa. Declaro que me foi explicado
que as informações que fornecerei ajudarão no melhor conhecimento do assunto em estudo.
Foi-me informado também que minha participação consiste em realizar uma avaliação
postural, registrada fotograficamente e em responder algumas perguntas. Sei que posso me
negar a participar desse estudo, como também me retirar do mesmo a qualquer momento que
desejar, sem que com isso, nem eu nem minha família venhamos a sofrer qualquer tipo de
represália. Embora saiba que os riscos inerentes à minha participação na pesquisa sejam
mínimos, também me foi informado que se, eventualmente, minha saúde vier a sofrer danos
em decorrência da pesquisa, terei o apoio, inclusive, indenizatório, tanto do coordenador do
estudo, quanto da instituição onde a mesma for realizada. Minha participação é inteiramente
voluntária e não receberei qualquer quantia em dinheiro ou em outra espécie. Também sei que
em caso de dúvida posso procurar informação e/ou ajuda a qualquer momento com o(a)
senhor Coordenador(a) deste estudo, Andrea Janz Moreira, no endereço: Rua da Liberdade,
166, Manaus/ AM , fone: 92 – 3643-2133
________________________________________________
Assinatura Sujeito da Pesquisa
Data: ______________, ____/_____/_______
16
ANEXO II
QUESTIONÁRIO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1. Nome: (iniciais)
2. Idade:
3 Tempo de experiência Profissional:
4. lateralidade: ( ) Destro ( ) Canhoto
5. Atividades laborais:
a. Carga horária diária: ( ) até 6hs ( ) 6hs à 8hs ( ) 8hs à 10hs ( ) mais de 10hs
b. Tempo de intervalo: ( ) 15 min. ( )30 min. ( ) 60 min. ( ) 120 min.
6. Ambiente de trabalho: ( ) agitado ( ) calmo ( ) estressante ( ) harmônico
( ) silencioso ( ) barulhento ( ) fechado ( ) aberto
7. Quantos dias trabalham por semana?
8. Tem outra atividade profissional?
9. Prática alguma atividade física? ( ) NÃO ( ) SIM: qual
10. Você já lesionou ou tem desconforto em alguma região do corpo? ( ) NÃO ( ) SIM:
qual?
11. Se sim na questão 10, que tipo? ( ) Dor ( ) Parestesia ( ) Instabilidade ( ) rigidez
( ) outra queixa
12. Tempo de sono diário: ( ) menos de 6hs ( ) 6hs à 8hs ( ) 8hs à 10hs
13. Qualidade do sono: ( ) calmo ( ) agitado ( ) insônia ( ) sonolência
14. Caso relate dor, defini-la de 0 a 10, pela escala análoga da dor. ___________
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