View
5
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
PERFIL CITOLÓGICO VAGINAL E DINÂMICA FOLICULAR DURANTE O CICLO ESTRAL EM NOVILHA NELORE
Lorenna Cardoso Rezende
Orientador: Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho
GOIÂNIA 2006
2
LORENNA CARDOSO REZENDE
PERFIL CITOLÓGICO VAGINAL E DINÂMICA FOLICULAR DURANTE O CICLO ESTRAL EM NOVILHA NELORE
Dissertação
apresentada para obtenção do
grau de Mestre em Ciência
Animal junto à Escola de
Veterinária da Universidade
Federal de Goiás
Área de Concentração: Produção Animal
Orientador:
Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho
Comitê de Orientação: Profª. Drª. Maria Lúcia Gambarini
Meirinhos
3
GOIÂNIA 2006
LORENNA CARDOSO REZENDE
Dissertação defendida e aprovada em 03 de Março de 2006, pela
seguinte Banca Examinadora:
____________________________________________________________________
Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho - UFG
Presidente da Banca
___________________________________________________
Prof. Dr. Reginaldo Nassar Ferreira - UFG
___________________________________________________
Drª. Claudia Maria Bertan Membrive - USP
4
AGRADECIMENTOS
À querida Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás,
minha segunda casa, a qual me acolhe com tanto carinho e que me ensina a ser
uma cientista.
Aos professores Benedito Dias de Oliveira Filho e Maria Lúcia
Gambarini Meirinhos pela orientação e confiança na elaboração desta
dissertação.
À coordenação do Programa de Pós-Graduação pelo incentivo e
oportunidade para a realização deste curso.
Ao Dr. Carlos Fernando Marins Rodrigues pelo treinamento da técnica
de ultra-sonografia para o desenvolvimento do presente trabalho.
Ao proprietário da Fazenda Tarumã, Sr. Julio Roberto de Macedo Bernardes, pela amizade e disponibilidade dos animais para este estudo e a todos os funcionários da fazenda, em especial ao Sr. Marcolino e à Srª. Maria, que me acolheu com bastante zelo, proporcionando um ambiente agradável de trabalho na colheita dos dados.
Aos demais professores e colegas da Escola de Veterinária pelos
enriquecedores debates no decorrer de todo o curso, mormente, para o
desenvolvimento do presente estudo.
Ao professor Gustavo Eduardo Freneau pelo incentivo para o ingresso
no meio científico.
A amiga e companheira Daniela Nasciutti pela imensa colaboração no
estabelecimento da rotina de colheita, tanto no pré-experimento quanto no
experimento a campo.
5
A todos os funcionários da Escola de Veterinária da Universidade
Federal de Goiás, em especial aos senhores José e Romildo, os quais auxiliaram
muito no pré-experimento.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), pela concessão da Bolsa
de Mestrado para a realização deste projeto.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente na realização desta
dissertação, meus sinceros agradecimentos.
A Deus, em primeiro lugar, que
nos dá a força necessária para
6
continuarmos a caminhada em busca
de serenidade e paz de espírito.
Aos meus queridos pais e irmãos pela paciência e, sobretudo, pelo apoio
prestado nos momentos mais difíceis.
Plantar o bem, através de tudo e
de todos, por todos os meios lícitos ao
nosso alcance, compreendendo que, se
7
em matéria de colheita Deus pede
tempo ao homem, o homem deve
entregar o tempo a Deus.
Chico Xavier
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................. VIII
LISTA DE FIGURAS............................................................................................. IX
RESUMO............................................................................................................. X
ABSTRACT.......................................................................................................... XI
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 3
2.1 Bases fisiológicas do ciclo estral.................................................................... 3
2.1.1 Aspectos endócrinos.................................................................................... 3
2.1.2 Dinâmica folicular......................................................................................... 4
2.1.2.1 Ondas de crescimento folicular................................................................. 6
2.2 Estrutura celular básica do epitélio................................................................. 9
2.2.1 Histologia do epitélio vaginal....................................................................... 10
2.2.2 Citologia vaginal........................................................................................... 12
3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 14
3.1 Local e Período experimental......................................................................... 14
3.2 Animais e Instalações..................................................................................... 14
3.3 Exame ultra-sonográfico................................................................................. 15
3.4 Exame citológico............................................................................................. 16
3.5 Delineamento experimental............................................................................ 17
4 RESULTADOS................................................................................................... 17
4.1 Dinâmica folicular............................................................................................ 17
4.2 Citologia vaginal.............................................................................................. 21
5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 29
6 ANEXOS............................................................................................................ 30
8
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 31
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características foliculares (médias) e do corpo lúteo durante o ciclo estral em fêmeas bovinas com duas e três ondas de crescimento folicular.................................................................. 8
Tabela 2 Variação da duração do ciclo estral em dias (DC) e comprimento de onda em dias observados durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares determinada por ultra-sonografia retal.......................................................................... 18
Tabela 3 Comparação das características foliculares (média ± DP) observadas durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares....... 20
Tabela 4 Porcentagem (média ± DP) de células epiteliais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, metade inicial do diestro (I) e metade final do diestro (II) em dez novilhas Nelore......................................................................................... 23
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema do epitélio vaginal estratificado não queratinizado (GOMPEL & KOSS, 1997)......................................................... 10
Figura 2 Padrão de crescimento médio do folículo dominante durante o ciclo estral de novilhas da raça Nelore com duas (n= 8; A) e três (n= 2; B) ondas foliculares determinado diariamente por ultra-sonografia retal.................................................................. 19
Figura 3 Células de descamação do epitélio vaginal: basal (A); parabasal (B); Intermediária jovem(C); intermediária velha(D), superficial nucleada (E) e superficial anucleada (F).................. 22
Figura 4 Porcentagem média de células superficiais anucleadas e nucleadas observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel).............................................. 24
Figura 5 Porcentagem média de células intermediárias velhas e jovens observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)............. 24
Figura 6 Porcentagem média de células parabasais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)............................. 25
Figura 7 Porcentagem média e desvio padrão das células epiteliais (superficial, intermediária e parabasal) no esfregaço vaginal de dez novilhas Nelore durante diferentes dias do ciclo estral........................................................................................... 26
Figura 8 Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares.................................. 27
Figura 9 Porcentagem média e desvio padrão das células superficiais e intermediárias observadas diariamente em dez novilhas Nelore......................................................................................... 28
10
Figura 10 Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares.................................. 30
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi verificar as variações no perfil de
descamação do epitélio vaginal associando-as com a dinâmica folicular ovariana
de dez novilhas Nelore púberes (2,5 a 3 anos). A partir do estro natural,
considerando-se o estro como Dia 0, os ovários foram examinados diariamente
por ultra-sonografia, e foram colhidas amostras citológicas da região do fundo de
saco vaginal. As estruturas observadas nos ovários foram desenhadas em
diagramas e o material celular obtido depositados em lâminas de vidro, fixado e
corado pelo método rápido Panótico. De acordo com as variações morfológicas
observadas as células foram classificadas em basais, parabasais, intermediárias
jovens e velhas, superficiais nucleadas e anucleadas. A duração média do
período interovulatório foi 19,10±1,10 dias, e o diâmetro médio do folículo
ovulatório foi 10,70±1,36 mm. Houve predominância de duas ondas foliculares
(80%), sendo que a emergência folicular ocorreu nos dias 1,6 e 11,0 ou nos dias
0,5, 8,5 e 15,5 para animais com duas ou três ondas, respectivamente. A taxa de
crescimento do folículo ovulatório foi maior para as novilhas que apresentaram
três ondas em relação àquelas com duas (1,31 ± 0,30 e 0,72 ± 0,21 mm/dia,
respectivamente). O número de células superficiais anucleadas variou pouco no
decorrer do ciclo, mas a quantidade de células superficiais nucleadas decresceu
até a metade do ciclo, quando se mostrou novamente elevada. O perfil das
células intermediárias jovens e velhas variou de maneira sincronizada, notando-se
tendência de elevação gradual no número de células parabasais no decorrer do
ciclo estral.
11
Palavras-chave: citologia vaginal, ciclo estral, dinâmica folicular, novilha, Nelore.
12
ABSTRACT The objective of the present study was to verify the variations in the profile of vaginal epithelial cells and the association with ovarian follicular dynamics of 10 pubertal Nelore heifers (2, 5 to 3 years old). The day of natural estrus was considered Day 0, when the ovaries were examined daily by ultrasound, and samples of epithelial cells from the region between cervix and end of the vagina. The structures observed in the ovaries were drawn in diagrams and the obtained smears were stained using a fast staining method. The cells were classified in basal, parabasal, intermediate (young and old), and superficial cells with or without nuclei. Mean interovulatory length was 19,10±1,10 days, and mean diameter of ovulate follicle was 10,70±1,36 mm. There was predominance of two follicular growth waves (80%); follicular emergence was verified on Day 1,6 and 11,0 (two waves) or on Day 0,5, 8,5 and 15,5 (three waves). The growth rate of ovulatory follicle was greater for heifers showing three waves in relation to those with two (1,31 ± 0,30 and 0,72 ± 0,21 mm⁄ day, respectively). The variation of the number of superficial cells without nuclei was not significant during the cycle, but the amount of superficial cells with nuclei decreased from Day 0 until middle cycle, when the number of these cells began to increase. The profile of young and old intermediate cells varied in a synchronized way, showing tendency to a gradual increase in the number of parabasal cells during the cycle. Keywords: vaginal cytology, estrous cycle, follicular dynamics, heifer, Nelore.
1 INTRODUÇÃO
O moderno sistema de exploração pecuária exige que a propriedade
rural opere com máxima rentabilidade. Portanto, a eficiência reprodutiva do
rebanho é um componente de suma importância para o desempenho econômico-
lucrativo.
No Brasil, a raça Nelore adaptou-se bem ao clima tropical e subtropical,
sendo a mais explorada, apesar do rebanho nacional ainda apresentar baixos
índices de fertilidade. Daí a relevância do estudo sobre as particularidades
reprodutivas desta raça, visando a obtenção de resultados adequados no
emprego de biotecnologias.
Apesar de toda evolução que ocorreu no campo da reprodução animal,
especialmente na área de biotecnologias, as falhas na concepção e manutenção
da gestação continuam trazendo prejuízos aos sistemas de produção. Portanto, o
desenvolvimento de outros estudos se faz necessário para ampliar o
conhecimento sobre a fisiologia reprodutiva e, assim, possibilitar alto grau de
sincronização, elevada taxa de prenhez e vantajosa relação custo/benefício.
As novilhas merecem grande atenção, porque serão as futuras
matrizes do rebanho. Portanto, o melhor entendimento da fisiologia reprodutiva
desta categoria, possibilita a aplicação de manejo reprodutivo adequado, com o
objetivo de antecipar o seu início produtivo.
O ciclo estral das fêmeas bovinas é regulado pelo sistema neuro-
endócrino, que conduz a mudanças fisiológicas nos órgãos reprodutivos,
tornando-os passíveis de serem visualizados tanto pelo exame clínico como pelas
avaliações laboratorial e ultra-sonográfica.
O exame clínico baseia-se na observação comportamental do animal e
na palpação retal dos órgãos reprodutivos. Por sua vez, a avaliação laboratorial,
pode ser realizada por meio da citologia esfoliativa vaginal, que é um sensível
indicador das mudanças no ciclo estral em muitas espécies. Em alguns casos,
estas mudanças podem ser usadas como diagnóstico auxiliar confiável para
determinar o estágio do ciclo estral e o período ótimo para a cobertura ou
inseminação artificial, sendo esta técnica de fácil aplicabilidade, baixo custo e
resultados rápidos.
14
As informações sobre a dinâmica folicular obtidas por exames
ultrasonográficos, permitem pressupor a atividade hormonal tanto pela presença
do corpo lúteo, o qual é indicativo da produção de progesterona, bem como a
dominância do maior folículo, que indica a secreção de estrógeno.
Considerando que na literatura consultada sobre citologia vaginal,
encontrou-se artigos publicados há algum tempo, principalmente com a espécie
bovina, procurou-se associar esta técnica com a dinâmica folicular no decorrer do
ciclo estral, para verificar se as ondas foliculares interferem na descamação do
epitélio vaginal. Desta forma, busca-se mais uma ferramenta de avaliação do ciclo
estral, com o interesse de viabilizar o controle reprodutivo, o tempo ótimo para
inseminação artificial e prescrever um protocolo reprodutivo mais adequado para
este animal, além de identificar possíveis distúrbios hormonais.
15
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 BASES FISIOLÓGICAS DO CICLO ESTRAL
Os bovinos são animais poliéstricos anuais. O período compreendido
entre dois episódios de estro é denominado ciclo estral. Em fêmeas bovinas, o
ciclo estral varia de 17 a 25 dias (SIROIS & FORTUNE, 1988), com intervalos
médios de 20 dias para novilhas e 22 dias para vacas (MCDONALD, 1989).
De acordo com as modificações ovarianas e uterinas decorrentes da
ação, tanto dos hormônios gonadotróficos como esteróides pode-se dividir o ciclo
estral da vaca em quatro fases distintas. O proestro dura cerca de dois dias e o
estro de 14 a 18 horas em vacas taurinas, enquanto em zebuínas a duração
média é ao redor de 11 horas (BARROS et al., 1995). O metaestro tem duração
de aproximadamente três dias e o diestro de dez a dezoito dias (HAFEZ, 1995).
2.1.1 Aspectos endócrinos BÓ et al. (2000), considerando a ação hormonal, dividiram o ciclo estral
bovino em três fases: folicular, periovulatória e luteal. A fase folicular ou de
regressão luteal começa com a luteólise, quando as concentrações sanguíneas
de progesterona decaem abruptamente, permitindo o aumento da freqüência dos
pulsos do hormônio luteinizante (LH), que estimula o desenvolvimento do folículo
dominante. Este folículo completará seu crescimento e produzirá altas
quantidades de estradiol para promover o comportamento de estro e induzir o
pico pré-ovulatório de LH, iniciando-se então a fase periovulatória.
O crescimento folicular envolve a indução da produção hormonal,
proliferação e diferenciação das células granulosas e da teca, proporcionando o
aumento da habilidade dos folículos em produzir estradiol e responder às
gonadotrofinas. A produção de estradiol resulta da atividade esteroidogênica
coordenada das células da teca interna e da granulosa, sendo que as células
tecais secretam principalmente androstenediona, enquanto as da camada
granulosa convertem a androstenediona em estradiol devido à intensa
16
aromatização. A diferenciação adequada das células da granulosa é
indispensável para a ovulação e sobretudo para a formação do corpo lúteo (CL)
(HAFEZ, 1995).
Para a maturação e diferenciação das células da granulosa do folículo
ovariano, os hormônios gonadotrópicos folículo estimulante (FSH) e hormônio
luteinizante (LH) são essenciais. Entretanto, a concentração de receptores
gonadotrópicos varia com a natureza do estímulo hormonal, com a fase do ciclo
estral e do desenvolvimento folicular (NASCIMENTO & SANTOS, 2003).
Com relação ao FSH, além de induzir o aparecimento de seus próprios
receptores nas células tecais, também induz o aparecimento de receptores para o
LH nas células granulosas. O LH, por outro lado, diminui o número de receptores
para FSH na granulosa, especialmente durante a onda pré-ovulatória de LH. Essa
modificação nos receptores é necessária para que a granulosa possa secretar
estrogênio na fase folicular ou progesterona na fase luteínica do ciclo estral
(STABENFELDT & EDQVIST, 1996).
Segundo BÓ et al. (2000), as funções principais do LH são a
estimulação da maturação final do folículo dominante, a ativação do oócito para
que reinicie a meiose (encontra-se parado na fase de prófase I) e a ovulação com
posterior luteinização das células da granulosa e da teca, dando início à fase lútea
com a formação do CL. O CL é uma glândula secretória transitória que produz
principalmente progesterona, a qual é essencial para a ciclicidade normal e
depois da concepção é o principal hormônio que mantêm a gestação.
A prostaglandina F2α é o hormônio luteolítico uterino em várias
espécies de mamíferos, que controla a vida útil do corpo lúteo, ou seja, regula a
extensão do ciclo (HAFEZ, 1995). O principal sinal hormonal que leva à liberação
de prostaglandina em quantidades luteolíticas é o estradiol proveniente dos
folículos ovarianos (BARROS et al., 1995).
2.1.2 Dinâmica folicular
A dinâmica folicular é um processo contínuo de crescimento e
regressão dos folículos, que leva ao desenvolvimento do folículo pré-ovulatório
(LUCY et al., 1992). Sinais endócrinos, parácrinos (entre folículos) e autócrinos
17
(dentro do folículo) provavelmente estão envolvidos em tal processo
(DRIANCOURT, 1991).
De acordo com SPICER & ECHTERNKAMP (1986) a foliculogênese
pode ser definida como a formação de folículos pré-ovulatórios a partir de um
grupo de folículos primordiais. DRIANCOURT (1991) dividiu este processo em
duas partes: a foliculogênese basal, que não requer estímulo gonadotrópico, e a
foliculogênese tônica, que ocorre sob a influência de gonadotrofinas. Durante a
foliculogênese um grupo de folículos pré-antrais em crescimento torna-se
responsivo e dependente de gonadotrofinas, especialmente ao FSH, para seu
contínuo crescimento e diferenciação, entretanto, muitos destes folículos sofrem
atresia (IRELAND, 1987).
Durante o desenvolvimento folicular, grupos de folículos são
recrutados, selecionados e alcançam a dominância folicular podendo ovular ou
tornar-se atrésico (FORTUNE, 1994). O recrutamento é a fase na qual um grupo
de folículos começa a maturar mediante estimulação gonadotrópica; somente os
folículos responsivos às gonadotrofinas serão recrutados (DRIANCOURT, 2001).
A seleção é a fase em que um único folículo é selecionado e escapa da atresia,
tornando-se competente para ovular. O folículo selecionado passa a ser LH-
dependente. A dominância é o processo pelo qual, o folículo selecionado dito
dominante, inibe o recrutamento de um novo grupo de folículos, em fêmeas Bos
taurus taurus, considera-se um folículo dominante com diâmetro > 10 mm (LUCY
et al., 1992).
Para melhor entendimento da dinâmica folicular faz-se necessário
compreender a atuação dos hormônios durante o ciclo estral. Primeiramente o
FSH circulante é suprimido pela retroalimentação negativa dos produtos dos
folículos em crescimento (principalmente estradiol e inibina), prevenindo a
emergência de nova onda. O aumento do FSH permite o crescimento folicular
suficiente para que alguns folículos adquiram a capacidade de responder ao LH.
No mesmo tempo que o perfil de crescimento do folículo dominante e
subordinados começam a se diferenciar (momento da seleção), o FSH declina
rapidamente (ao redor do segundo dia da emergência da onda). O folículo
destinado a ser dominante aparentemente tem maior número de receptores de
LH, vantagem competitiva sobre os outros folículos destinados a serem
18
subordinados, o que lhe permite continuar o desenvolvimento sem o FSH. A
contínua supressão do LH, como conseqüência da secreção de progesterona da
fase luteal, leva o folículo dominante a deter suas funções metabólicas
começando o processo de regressão. Este cessa a secreção dos produtos
foliculares (estrógeno e inibina) produzindo aumento de FSH, que será o fator
responsável pelo começo da emergência da próxima onda folicular, repetindo-se
o ciclo. Por último, a supressão da progesterona permite o incremento da
freqüência dos pulsos de LH, um maior crescimento do folículo dominante e
concentrações muito elevadas de estradiol, que induz finalmente o pico de LH,
que é seguido pela ovulação (BÓ et al, 2000).
2.1.2.1 Ondas de crescimento folicular
Desde a segunda semana de vida ocorre o crescimento de folículos
ovarianos na forma de ondas foliculares como em vacas adultas, sendo a idade
média para a primeira ovulação de 52,8 ± 1,6 semanas (EVANS et al., 1994).
Com o passar do tempo o diâmetro do folículo dominante aumenta de (8,5 para
12 mm), a dominância torna-se mais pronunciada com a diferença de tamanho
entre o folículo dominante e o maior folículo subordinado, aumentando de 2 para
5 mm; entretanto, as taxas de crescimento e regressão permanecem inalteradas
(DRIANCOURT, 2001).
Durante o ciclo estral podem ocorrer de uma a cinco ondas de
crescimento folicular, ocorrendo diferenças em animais de uma mesma raça e em
um mesmo animal de um ciclo para o outro. Porém, a maioria dos animais
apresenta duas a três ondas, sendo a última onda a que origina o folículo
ovulatório (PIERSON & GINTHER, 1988; SAVIO et al., 1988; SIROIS &
FORTUNE, 1988; KNOPF et al., 1989; FIGUEIREDO et al., 1997). Segundo
DRIANCOURT (2001), não está claro se a raça ou idade específica pode predizer
a presença de duas ou três ondas no ciclo estral.
Em bovinos caracterizou-se a emergência de uma onda folicular pela
identificação de folículo com aproximadamente 4-5 mm de diâmetro e um grupo
de folículos menores que 3 mm. Neste momento as concentrações de FSH
19
atingiram seu pico ou platô. O aumento na concentração sangüínea de FSH
estimula a ocorrência de ondas de crescimento folicular em vários estágios
reprodutivos e o início de seu declínio ocorre após o pico de LH, quando o futuro
folículo dominante tem aproximadamente 6 mm (GINTHER et al., 2000).
Conforme relataram LUCY et al. (1992) a vida do folículo dominante
parece depender da secreção pulsátil de LH, pois a queda na freqüência de
pulsos resulta em atresia do mesmo. O tempo relativo da luteólise parece
determinar se o ciclo terá duas ou três ondas de desenvolvimento folicular
(FORTUNE, 1994). Para GINTHER et al. (1989) a regressão do corpo lúteo
ocorre depois da emergência da onda ovulatória, portanto a emergência da
terceira onda foi associada com a maior duração da fase luteal e a viabilidade do
folículo dominante presente no momento da luteólise. A onda do ciclo seguinte
emerge próximo ao dia da ovulação, ou seja, no início do subseqüente intervalo
interovulatório.
FORTUNE (1994) concluiu que pequenos aumentos na freqüência de
pulsos de LH promoveram prolongado crescimento folicular e dominância
associada com aumentos do estradiol plasmático, e sugeriu que a falência de
folículos não-ovulatórios durante o ciclo estral ocorreu por efeitos de
retroalimentação negativa da progesterona luteal, que mantém baixa a produção
de estradiol e a freqüência dos pulsos de LH.
Para o melhor entendimento das ondas de crescimento folicular, é
importante conhecer diversas características, dentre elas: o número de ondas
durante o ciclo estral, dia da detecção dos folículos dominante e maior
subordinado e do corpo lúteo, comprimento de onda (dias), o tamanho máximo
(mm) dos folículos dominante, maior subordinado e do corpo lúteo, fases de
crescimento, estática ou platô e regressão ou atresia (dias) do folículo dominante
e maior subordinado (GINTHER et al., 1989). Somando-se a estas características
podem ser citadas as taxas de crescimento folicular (mm/dia) e atresia (mm/dia)
(SAVIO et al., 1988). Resultados de estudos sobre estas características, para
ciclos estrais com duas a três ondas de crescimento folicular, são apresentados
na Tabela 1.
As ondas foliculares emergem aproximadamente no dia 2 e 11, ou nos
dias 2, 9 e 16 para animais com duas e três ondas foliculares, respectivamente
20
(SIROIS & FORTUNE, 1988). GINTHER et al. (1989) reportaram que animais com
duas ondas tinham intervalo interovultório e fase luteal significativamente menores
(em média de 20 e 16 dias, respectivamente) que com três (em média de 22 e 19
dias, respectivamente); ressaltando-se que a emergência de três ondas foliculares
foi associada a uma longa fase luteal.
TABELA 1 – Características foliculares (médias) e do corpo lúteo durante o ciclo estral em fêmeas bovinas, Bos taurus taurus e Bos taurus indicus, com duas e três ondas de crescimento folicular
Duas ondas foliculares
Três ondas foliculares Características Fonte - raça
1º 2º 1º 2º 3º Intervalo interovulatório (dias) 1 - B. indicus 2 - B. indicus 3 - B. taurus
18,5 20,6 20,0
20,8 22,0 21,0
Dia da detecção do folículo 1 - B. indicus 1,5 10,0 1,0 9,4 14,4 dominante (D0=ovulação) 2 - B. indicus 1,5 12,0 1,6 9,1 15,1 Comprimento de onda (dias) 1 - B. indicus 15,5 9,5 14,4 10,8 7,4 2 - B. indicus 14,7 9,0 13,0 11,5 6,9 Taxa de crescimento (mm/dia) 1 - B. indicus 1,2 1,0 1,3 0,9 1,2 2 - B. indicus 0,9 0,9 0,9 0,8 1,1 3 - B. taurus 1,3 0,9 1,6 1,1 1,7 Tamanho máximo (mm) 1 - B. indicus 11,2 12,7 12,2 9,5 13,5 2 - B. indicus 11,3 12,0 10,4 9,3 11,6 3 - B. taurus 12,0 13,3 12,3 10,2 12,8 4 - B. taurus 14,2 20,2 15,4 15,9 18,6 Dia do início da atresia 1 - B. indicus 10,5 - 7,6 14,6 - 2 - B. indicus 9,5 - 8,9 15,7 - Fonte: Adaptado de 1GAMBINI et al. (1998), 2FIGUEIREDO et al. (1997), 3SIROIS & FORTUNE (1988) e 4 SÁVIO et al. (1988).
De um modo geral, pode-se observar pela Tabela 1, que o
comportamento do desenvolvimento folicular em Bos taurus taurus e Bos taurus
indicus é bastante semelhante. Contudo, faz-se necessário caracterizar as
particularidades morfológicas e fisiológicas da função reprodutiva dos zebuínos,
para desenvolver manipulações farmacológicas com o objetivo de tornar viável a
inseminação artificial em tempo fixo (BARROS et al., 1995).
21
2.2 ESTRUTURA CELULAR BÁSICA DO EPITÉLIO VAGINAL
Segundo COLE (1930) o acompanhamento das mudanças fisiológicas
no ciclo estral do porquinho-da-índia realizado por STOCHARD &
PAPANICOLAOU em 1917, marcou uma nova era no estudo do trato reprodutivo.
Na prática veterinária a primeira referência sobre a utilização da citologia vaginal
como recurso diagnóstico auxiliar para determinar a fase do ciclo estral foi datado
na década de 30 (BROWN, 1944).
Segundo PAPANICOLAOU (1946), as mudanças citológicas podem
representar um indicador sensível da fase do ciclo estral em muitas espécies,
provavelmente refletindo a influência do estrógeno e progesterona.
O acompanhamento do ciclo estral por citologia vaginal em cadelas é
um método confiável para estimar o momento da ovulação; desta forma sugere-se
períodos ideais para a cobertura ou inseminação artificial (BOUCHARD et al.,
1991). Em algumas espécies como cães, gatos, ratos, camundongos e coelhos,
as alterações do ciclo estral são bem definidas no aspecto citológico (MIROUND
& NOAKES, 1990). HAMILTON & HARRISON (1951) também relataram que as
mudanças no trato genital de cabras foram menos marcantes que em carnívoros
e roedores, apesar do seu perfil citológico ser bem definido. KURADE et al.
(1993), estudando vacas sugeriram que a citologia vaginal pode ser utilizada
como ferramenta para diagnosticar a fase do ciclo estral, contrariando MIROUND
& NOAKES (1990) os quais relataram que em bovinos que estas alterações não
são consistentes e variam consideravelmente.
A citologia vaginal estuda as células individuais, requerendo células
esfoliadas sem considerar a arquitetura do tecido ou órgão de origem e que
proporciona um meio simples e rápido de diagnóstico das fases do ciclo estral
(BANKS, 1991). Este recurso diagnóstico é pouco invasivo e de baixo custo.
Observa-se na Figura 1 o esquema do perfil celular.
22
FIGURA 1- Esquema do epitélio vaginal estratificado não queratinizado (GOMPEL
& KOSS, 1997)
Segundo GOMPEL & KOSS (1997), o epitélio vaginal é provido de
receptores hormonais localizados no núcleo das células, os quais controlam a
maturação e a diferenciação celular. MONTALBÁN (1985) cita que o estradiol
induz incremento na síntese do DNA, do RNA nuclear e citoplasmático, da síntese
protéica e a atividade mitótica. Desta forma estimula o aumento no número de
camadas celulares da vagina, mobilização de glicogênio nas células e
cornificação das camadas superficiais (SANGER et al., 1958). A progesterona
provoca diminuição do número de mitoses e a maturação funcional do epitélio
(GOMPEL & KOSS, 1997).
O estrógeno tem efeito direto no epitélio vaginal de muitas fêmeas
mamíferas (SANGER et al., 1958). De acordo com a diferença nas concentrações
de estrógeno pode-se encontrar, na fase folicular e luteal, um arranjo celular
completamente diferente (SCHUTTE, 1967). Por exemplo, com a queda nas
concentrações de estrógeno segue-se extensiva descamação das camadas
superficiais (SANGER et al., 1958). Embora um padrão celular evidente seja
observado durante as diferentes fases do ciclo, não se pode estimá-la exatamente
apenas avaliando um esfregaço (SCHUTTE, 1967).
2.2.1 Histologia do epitélio vaginal COLE (1930), estudando as mudanças histológicas do epitélio vaginal
de vacas observou surpreendente diferença em relação às outras espécies mais
estudadas.
23
BLAZQUEZ et al. (1987), estudando o trato reprodutivo de vacas
dividiram o epitélio vaginal em porção caudal, próximo do orifício externo da
uretra, no qual predominam três a seis camadas de células escamosas ou
cubóides e a porção cranial, próxima da cérvix, formada por uma a quatro
camadas de células epiteliais cubóides ou colunares; entretanto, o número de
camadas celulares variaram em qualquer fase do ciclo e em todas as regiões da
vagina. Parece ocorrer uma mudança gradual do epitélio da região caudal para a
cervical.
Estudando-se o trato reprodutivo de vacas multíparas em todos os
estágios do ciclo, o epitélio na região cranial apresentou mais células superficiais
colunares e poucas superficiais escamosas em relação a região mediana ou
caudal (BLAZQUEZ et al., 1989).
BLAZQUEZ et al. (1987) observaram que o epitélio vaginal na espécie
bovina é atípico, porque na região cranial apresenta fino epitélio colunar no local
onde é depositado o sêmen na monta natural. Entretanto, o atrito durante o coito
em bovinos é provavelmente menor que durante as ações repetidas do homem e
do cão.
No proestro o epitélio apresenta, em média, quatro camadas, sendo
constituído por células secretoras de muco presente no epitélio superficial (COLE,
1930). Entretanto, BLAZQUEZ et al. (1987) não encontraram aumento no número
de camadas epiteliais próximo do estro.
No estro, o epitélio na região cranial apresentou-se espesso (COLE,
1930; BROWN, 1944), reduzido número de camadas celulares para uma ou duas
(COLE, 1930; BROWN, 1944) e células superficiais colunares repletas de muco e
muito altas (COLE, 1930; BROWN, 1944).
O aumento no número de camadas celulares pode refletir um aumento
no número de células epiteliais causado pelo aumento na taxa de mitoses e/ou
redução na taxa de perda celular do epitélio (BLAZQUEZ et al., 1989).
No primeiro dia após o estro em muitas áreas, as células superficiais
diminuem em altura, ocorre aumento no número de camadas epiteliais e o núcleo
apresenta forma oval (COLE, 1930). Dois dias após o estro o epitélio estratificado
alcançou o número máximo de camadas (COLE, 1930; BROWN, 1944), mas a
espessura da camada superficial foi diminuindo devido a transformação das
24
células colunares em cubóides ou poliédricas (COLE, 1930; BROWN, 1944). Para
BLAZQUEZ et al. (1989) foi no metaestro a maior espessura do epitélio em todas
as regiões da vagina e com o maior número de camadas celulares.
Segundo COLE (1930), é possível que a descamação ocorra
rapidamente depois do metaestro. O início do diestro é caracterizado por uma
rápida queda do efeito estrogênico, causada pela ovulação, o que leva à
diminuição das camadas celulares em todo o epitélio (BROWM, 1944). Na metade
do diestro o epitélio é baixo e usualmente consiste de menos camadas que no dia
dois do metaestro e a camada superficial variou de forma achatada para colunar
baixa (COLE, 1930). A mucosa é mantida neste estágio até a regressão do CL,
quando o desenvolvimento folicular, novamente, exerce sua influência (BROWM,
1944).
2.2.2 Citologia vaginal No estudo citológico, as células são originalmente incolores e precisam
ser coradas para possibilitar a visualização no microscópio óptico. As porções de
pH ácido das células tendem a combinar com os corantes catiônicos e o inverso
ocorre com os corantes aniônicos, representando que os núcleos celulares tomam
as cores básicas, enquanto que os elementos citoplasmáticos se coram pelos
corantes ácidos e o resultado é uma variação de coloração com tonalidades entre
o azul e o vermelho, o que facilita a identificação e a classificação dos elementos
corados (ROCHA, 2000). Por exemplo, as células superficiais são diferentes das
células da camada basal por terem grande afinidade pelos corantes ácidos, ou
seja, pela eosina (COLE, 1930).
Conforme GOMPEL & KOSS (1997), estudando o epitélio vaginal de
mulheres encontraram que as células apresentavam inicialmente um núcleo
volumoso e ao envelhecer o citoplasma aumentava de tamanho, enquanto o
núcleo diminuía.
Em vacas, durante todo ciclo estral, vários tipos de células epiteliais
são encontrados no esfregaço vaginal. A zona basal é uma camada simples de
células cubóides ou colunar (SANGER et al., 1958). As células da camada basal
25
são imaturas, pequenas, com pouco citoplasma e raramente são observadas no
esfregaço vaginal, exceto em condições anormais (NAIB, 1996).
As células parabasais são basofílicas (MIROUND & NOAKES, 1990),
com núcleo grande e pouco citoplasma (SANGER et al., 1958; MIROUND &
NOAKES, 1990), formato esférico ou oval, sendo compostas por várias camadas
(SANGER et al., 1958). As células intermediárias são maiores que as parabasais,
apresentando formato esférico, oval ou poliédrico, sendo a relação de tamanho
núcleo citoplasma menor (COLE, 1930; SANGER et al., 1958; MIROUND &
NOAKES, 1990). As células superficiais são grandes e chatas, formato irregular
ou poliédrico com citoplasma transparente basofílico e núcleo denso picnótico
localizado centralmente, podendo ser anucleadas (SANGER et al., 1958;
MIROUND & NOAKES, 1990).
Segundo MIROUND & NOAKES (1990), na fase do estro predominam-
se as células parabasais e intermediárias, sendo que as superficiais alcançam o
seu número máximo neste momento. Relato anterior feito por SANGER et al.
(1958) mostrou um pequeno número de células nesta fase, sendo a maioria do
tipo superficial.
Durante o metaestro persistiu grande número de intermediárias e
pequeno número de superficiais e corneificadas (MIROUND & NOAKES, 1990).
No dia dois do ciclo houve aumento de tamanho das células epiteliais da camada
intermediária (COLE, 1930).
Segundo MIROUND & NOAKES (1990), durante o início do diestro
encontrou-se principalmente intermediárias e parabasais, depois predominou o
tipo intermediário. KURADE et al. (1993) relataram que concentrações altas de
progesterona, características do diestro, foram acompanhados de alto número de
células parabasais e intermediárias.
Durante o proestro houve queda no número total de células epiteliais,
entretanto houve leve aumento no número de parabasais, superficiais e
corneificadas (SANGER et al., 1958; MIROUND & NOAKES, 1990).
Segundo RAMA RAO et al. (1979), não houve diferença estatística na
morfologia das células no metaestro e diestro, provavelmente devido a ambas
fases estarem sob influência da progesterona. Entretanto, houve diferença entre o
26
proestro e estro, podendo ser atribuído às concentrações de atividade
estrogênica.
Entretanto MIROUND & NOAKES (1990) não encontraram nenhuma
relação entre a citologia vaginal esfoliativa e os estágios do ciclo estral.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local e período experimental
Este experimento foi desenvolvido na Fazenda Tarumã, localizada no
município de Jussara, estado de Goiás e a parte laboratorial na Universidade
Federal de Goiás. As colheitas de dados na fazenda foram realizadas no período
entre fevereiro a março de 2005.
Geograficamente, o município de Jussara situa-se a 15°51’ de latitude
sul e 50°52’ de longitude oeste de Greenwich. A região é caracterizada por
temperatura média igual a 22°C e precipitação média anual de 1500mm, com
vegetação predominante de cerrado.
3.2 Animais e Instalações
Inicialmente foram realizados exames ginecológicos e selecionadas 30
novilhas, com idade entre 24 e 30 meses, que apresentassem corpo lúteo.
Posteriormente estas fêmeas foram manejadas juntamente com o restante do lote
para observação diária do cio, sendo selecionadas as primeiras dez novilhas que
manifestaram sinais clínicos de estro. Estas apresentaram peso médio de 264,62
± 34,30 Kg, as quais foram separadas, passando então a constituir o grupo
experimental. A partir deste momento estas fêmeas foram manejadas
isoladamente do restante do lote em piquetes de Brachiaria brizantha cv Marandú,
recebendo suplementação mineral à vontade, contendo 100 gramas de fósforo.
27
As novilhas selecionadas apresentavam, ao exame retal, atividade
folicular e presença do corpo lúteo, apresentando condição corporal entre 3,5 e
4,0, em escala de 0 a 5, onde zero corresponde ao animal muito magro e cinco
muito gordo (SHORT & ADAMS, 1988). Estas fêmeas foram anteriormente
submetidas aos protocolos de vacinação contra febre aftosa, raiva, brucelose e
clostridioses empregados rotineiramente na propriedade, além de serem
submetidas à vermifugação no início do experimento.
3.3 Exame ultra-sonográfico
O desenvolvimento folicular foi acompanhado através de exames ultra-
sonográficos, efetuados a cada 24 horas, utilizando-se aparelho de ultra-som Pie
Medical 480, equipado com um transdutor retal de 5,0 MHz. No momento do
exame, o transdutor era movimentado sobre a superfície dos ovários e, quando
necessário, congelava-se a imagem no monitor para a mensuração dos folículos
maiores ou iguais a 4 mm, bem como do corpo lúteo, quando presente. Durante
cada exame eram desenhados diagramas com o posicionamento relativo dos
folículos e do corpo lúteo. Quando a imagem do folículo ou corpo lúteo não era
esférica, o diâmetro era estimado pela média entre o maior e o menor diâmetro,
de acordo com SAVIO et al. (1988).
Para melhor caracterização das informações, foram utilizados os seguintes
parâmetros:
- Intervalo interestro (dias): intervalo, em dias, entre os dois estros
observados;
-Dia da emergência: o dia em que o folículo dominante foi
restrospectivamente identificado a partir do diâmetro de 4 mm;
- Comprimento de onda (dias): equivale ao número de dias entre o dia da
detecção do folículo (dominante ou maior subordinado) até o último dia de
detecção, última mensuração efetiva (≥ 4 mm);
- Diâmetro máximo (mm): maior diâmetro obtido;
28
- Dia inicial da atresia: dia em que o folículo dominante começou a diminuir
progressivamente em seu crescimento (diâmetro menor que o anteriormente
medido);
- Taxa de atresia (mm/dia): resultado obtido pela subtração do tamanho
máximo do folículo dominante pelo tamanho mínimo efetivamente mensurado (≥ 4
mm), no final da fase de atresia ou regressão, dividido pelo número de dias desta
fase. 3.4 Exame citológico
Para o exame de células presentes no epitélio vaginal o dia do estro foi
considerado dia zero. Diariamente, foi colhido material celular vaginal, com auxílio
de uma zaragatoa descartável de algodão, de uso humano, acoplada a uma haste
plástica flexível. Para possibilitar a colheita do material no fundo de saco vaginal
foi utilizado espéculo vaginal, realizando-se movimentos rotatórios para permitir o
contato com a mucosa vaginal e a colheita de células da parede superior da
vagina. O material colhido foi depositado em lâmina de vidro, previamente limpa e
desengordurada, procedendo-se posteriormente à fixação do material com
Citofix® (solução de polietilenoglicóis em etanol, metanol e acetona) e coloração
pelo método rápido Panótico. A leitura das lâminas foi realizada em microscópio
óptico, de forma coordenada em “zig-zag”, em aumento de 400x, para a
caracterização morfológica e tintorial das células epiteliais ao longo do ciclo estral.
O padrão da leitura foi caracterizado pela contagem de 100 células por lâmina,
entretanto para as lâminas que não apresentaram número suficiente de células,
contou-se todas as células encontradas.
A diferenciação dos vários tipos celulares foi caracterizada quanto ao
tamanho, afinidade tintorial e relação núcleo-citoplasma. As células esfoliativas
foram classificadas segundo MARCONDES (1975) e MIROUND & NOAKES
(1990) de acordo com o tamanho, em parabasais, intermediárias jovens e velhas
e superficiais nucleadas e anucleadas. Para avaliação da citologia vaginal nas
fases do ciclo estral fez-se uma média das células no período do estro (dia da
manifestação de cio), metaestro (três dias após o estro), diestro I (os primeiros
29
sete dias após o metaestro), diestro II (continuação do diestro até o proestro) e
proestro (três dias antes do estro).
3.5 Análise estatística
Devido ao número de animais utilizados e o fato de não haver
tratamentos experimentais, optou-se pela estatística descritiva. Os resultados
obtidos foram tabulados em planilhas com posterior cálculo da média e desvio
padrão. Utilizou-se também o recurso de linha de tendência (tipo regressão para
média móvel) do Microsoft Excel, com o objetivo de melhor visualização dos em
gráficos contendo as médias percentuais das células de descamação do epitélio
vaginal.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DINÂMICA FOLICULAR
A duração média do período interestro nas dez novilhas Nelore
estudadas foi de 19,10 ± 1,10 dias. Esse resultado é semelhante ao encontrado
por KASTELIC et al. (1990), que trabalharam com novilhas holandesas e inferior
ao descrito por BÓ et al. (2003), que encontraram duração média do intervalo
interovulatório, em vacas Bos taurus indicus, igual a 21,9 ± 0,5 dias e por
WOLFENSON et al. (2004) que obtiveram 22 dias, em média, para novilhas
holandesas.
Oito novilhas apresentaram duas ondas foliculares, com intervalo
interestro médio de 18,9 ± 1,0 dias, e duas com três ondas, cuja duração média
foi igual a 20,0 ± 1,4 dias, conforme pode ser observado na Tabela 2. Esses
valores são semelhantes aos relatados em novilhas, com duas e três ondas,
respectivamente, por GINTHER et al. (1989), 20,4 ± 0,3 e 22,8 ± 0,6 dias; em
vacas Girolando por SANTOS FILHO et al. (2001), 20,2 ± 0,6 e 22,3 ± 0,9 dias;
em vacas leiteiras nativas do Egito por NOSEIR et al. (2003), 19,8 ± 0,6 e 22,5 ±
30
0,8 dias e em vacas das raças Gir e Nelore no Brasil por BORGES et al. (2004),
18,6 ± 0,8 e 20,6 ± 1,2 dias, respectivamente.
A curta duração do período interestro em novilhas Nelore encontrada
neste experimento pode ser em razão do menor tamanho do folículo ovulatório
(10,8 mm) nestas fêmeas, quando comparado com 15 a 20 mm do folículo
ovulatório em Bos taurus taurus descrito por SÁVIO et al. (1988).
TABELA 2 – Variação da duração do ciclo estral em dias (DC) e comprimento de onda em dias observados durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares determinada por ultra-sonografia retal
Comprimento de onda ANIMAL DC ONDA 1 ONDA 2 ONDA 3
5661 18 10 8 - 5798 18 8 9 - 5127 18 11 7 - 5689 19 9 10 - 5114 18 14 9 - 5074 20 14 12 - 224 20 13 7 - 5644 20 12 9 -
Média ± DP 18,9 ± 1,0 11,4 ± 2,3 8,9 ± 1,6 - 5713 19 11 10 5 5822 21 12 14 6
Média ± DP 20,0 ± 1,4 11,5 ± 0,7 12,0 ± 2,8 5,5 ± 0,7
No presente trabalho, 80% das novilhas (8/10) apresentaram um
padrão de duas ondas de desenvolvimento folicular, concordando com os
resultados descritos em novilhas holandesas de 90% por KNOPF et al. (1989) e
de 70% por WOLFENSON et al. (2004). Entretanto, estes resultados discordam
daqueles relatados por vários autores, os quais informam que a maioria das
novilhas apresentaram três ondas, como os trabalhos de SIROIS & FORTUNE
(1988) e SÁVIO et al. (1989) com novilhas holandesas, 70 e 81%,
respectivamente, em 66,7% de novilhas Brahman, descrito por RHODES et al.
(1995); 64,7% em novilhas Nelore por FIGUEIREDO et al. (1997) e 71,43% em
fêmeas da raça Gir por GAMBINI et al. (1998). Por outro lado, em vacas leiteiras
(TAYLOR & RAJAMAHENDRAN, 1991), Nelore (BARROS et al., 1993;
FIGUEIREDO et al., 1997) ou Girolando (SANTOS FILHO et al., 2001)
registraram o predomínio de duas ondas de crescimento folicular. Entretanto, em
31
vacas leiteiras no Egito (NOSEIR, 2003), Gir e Nelore no Brasil (BORGES et al.,
2004) predominaram três ondas.
Neste estudo observou-se a ocorrência de duas ou três ondas,
apresentando variações em comprimento. Com relação ao comprimento da
primeira onda não houve diferença entre animais com duas ou três ondas;
entretanto, a onda ovulatória foi sempre numericamente menor, independente se
a fêmea apresentou duas ou três ondas, sendo maior em fêmeas com duas (8,9 ±
1,6 dias) comparadas com a de três ondas (5,5 ± 0,7 dias). A terceira onda foi
bem menor que as outras (5,5 ± 0,7 dias), conforme observa-se na Tabela 3 e
Figura 2, concordando com o que foi registrado por FIGUEIREDO et al. (1997).
De acordo com KNOPF et al. (1989) uma fêmea pode apresentar duas
ondas num ciclo estral e no ciclo seguinte repetir as duas ou mostrar três ondas
de crescimento folicular, ou seja, pode haver alternância entre duas e três ondas
no mesmo animal. Estudo realizado por BARROS et al. (1995), acompanhando
sete novilhas Nelore durante dois ciclos estrais consecutivos, mostrou que a
maioria (71,4%) apresentou o mesmo padrão de ondas tanto no primeiro quanto
no segundo ciclo.
Dias do ciclo estral FIGURA 2 - Padrão de crescimento médio do folículo dominante durante o ciclo
estral de novilhas da raça Nelore com duas (n= 8; A) e três (n= 2; B) ondas foliculares determinado diariamente por ultra-sonografia retal
As ondas foliculares emergiram aproximadamente nos dias 1,6 e 11,0
ou nos dias 0,5, 8,5 e 15,5 para animais com duas ou três ondas foliculares,
respectivamente, (Tabela 3), estando de acordo com os resultados descritos por
SIROIS & FORTUNE (1988), os quais observaram os dias da emergência em
novilhas holandesas 2,0 e 11,0 (duas ondas) e 1,9, 9,4 e 16,1 (três ondas).
(A)
0
2
4
6
8
10
12
14
D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 D19 D20
(B)
0
2
4
6
8
10
12
14
D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 D19 D20
32
O dia da emergência da onda ovulatória diferiu entre duas e três ondas,
dia 11,0 ± 1,6 e 15,5 ± 0,7, respectivamente, conforme Tabela 3, estando de
acordo com as informações relatadas por GINTHER et al. (1989) que
encontraram 9,6 ± 0,2 e 16,0 ± 1,1; por KNOPF et al. (1989) relatando 10 e 16;
SANTOS FILHO et al. (2001) cujos resultados foram 9,2 ± 0,7 e 16,0 ± 0,1. Nota-
se que a emergência da segunda onda de crescimento folicular (dia 8,5 ± 2,1) nas
novilhas com três ondas é antecipada em relação às de duas ondas (dia 11,0 ±
1,6).
TABELA 3 – Comparação das características foliculares (média ± DP) observadas durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares
2 ondas 3 ondas 1 2 1 2 3
Comprimento de onda (dias) 11,4 ± 2,3 8,9 ± 1,6 11,5 ± 0,7 12,0 ± 2,8 5,5 ± 0,7 Emergência(dia) 1,6 ± 0,9 11,0 ± 1,6 0,5 ± 0,7 8,5 ± 2,1 15,5 ± 0,7 Dia maior folículo 7,8 ± 2,3 18,9 ± 1,0 6,0 ± 2,8 15,0 ± 0,0 20,0 ± 1,4 Diâmetro máximo (mm) 9,4 ± 0,9 10,9 ± 1,5 9,2 ± 0,2 8,6 ± 0,3 10,3 ± 0,4 Atresia (dia) 8,8 ± 2,3 - 7,0 ± 2,8 15,5 ± 0,7 - Taxa de crescimento (mm/d) 0,60 ± 0,21 0,72 ± 0,21 0,38 ± 0,17 0,35 ± 0,07 1,31 ± 0,30
GINTHER et al. (1989) encontraram diferença entre o diâmetro máximo
do folículo ovulatório para novilhas com duas e três ondas (16,5 e 13,9 mm), o
que não foi encontrado neste experimento. Observou-se que o folículo ovulatório
foi maior que o folículo dominante das ondas anovulatórias anteriores e nas
fêmeas com três ondas foliculares o segundo folículo dominante foi menor que o
primeiro, achados que concordam com FIGUEIREDO et al. (1997), que relataram
diâmetros de 10,42 e 9,35 mm para o primeiro e segundo folículo dominante
anovulatório em vacas Nelore com três ondas foliculares.
O diâmetro médio do folículo ovulatório neste experimento foi 10,70 ±
1,36 mm, valor semelhante aos achados, tanto para vacas como novilhas Nelore,
por BARROS et al. (1995), de 12 mm e FIGUEIREDO et al. (1997) de 11 mm; em
vacas Nelore por BARROS et al. (1993), relatando valor de 10,8 mm; em vacas
leiteiras nativas do Egito por NOSEIR (2003) de 11 mm; em novilhas Gir,
Holandesas e mestiças por ALMEIDA et al. (1997) 10,0, 11,5 e 9,4 mm,
respectivamente, e novilhas Brahman descritos por RHODES et al. (1995) que
encontraram resultados igual a 10,2 mm. Já WOLFENSON et al. (2004),
33
trabalhando com fêmeas holandesas, encontraram diâmetros maiores, entretanto
as novilhas (13,0 ± 0,3 mm) apresentaram diâmetro menor que as vacas (16,5 ±
0,05 mm). NIASARI-NASLAJI et al. (1999), os quais relataram que o diâmetro do
folículo ovulatório foi maior em novilhas B. taurus taurus que B. taurus indicus
(22,3 ± 1,50 e 12,8 ± 0,37 mm, respectivamente).
A taxa de crescimento diária do folículo ovulatório foi maior para as
novilhas que apresentavam três ondas de crescimento folicular comparada com
aquelas de duas ondas, respectivamente 1,31 ± 0,30 e 0,72 ± 0,21 mm/dia. Estas
informações estão de acordo com aquelas descritas por RHODES et al. (1995),
os quais sugeriram que o aumento no número de ondas foliculares por ciclo
estral, leva a atraso na emergência do folículo ovulatório, portanto, apresentando
menor duração e maior taxa de crescimento. NIASARI-NASLAJI et al. (1999),
relataram que a taxa de crescimento folicular foi maior em novilhas B. taurus
taurus que B. taurus indicus (1,4 e 0,8 mm/dia), o que justifica o menor diâmetro
dos folículos dos animais da raça Nelore quando comparados com dados de
vacas de origem européia (BARROS et al., 1995).
4.2 Citologia vaginal
No presente estudo optou-se por colher material da porção cranial da
vagina, devido a maior facilidade na manipulação do espéculo e da zaragatoa
acoplada à haste flexível; entretanto, verificou-se que, por este método foram
colhidas poucas células, provavelmente por esta região apresentar fino epitélio
colunar e poucas células superficiais escamosas (BLAZQUEZ et al., 1989).
As células identificadas nas amostras vaginais, ao longo do ciclo estral,
encontram-se na Figura 3. Pode-se visualizar a diferença de tamanho entre as
células basais e parabasais com as intermediárias e superficiais, bem como a
proporção núcleo-citoplasma.
34
FIGURA 3 – Células de descamação do epitélio vaginal: basal (A); parabasal (B);
Intermediária jovem(C); intermediária velha(D), superficial nucleada (E) e superficial anucleada (F)
A
C D
E F
B
35
Entre as fêmeas houve grande variação na quantidade total de células
contadas no decorrer do ciclo, como diferenciou-se e calculou-se a percentagem
de células por lâmina, isto pode ter influenciado no aumento do desvio padrão,
como observado na Tabela 4.
TABELA 4 – Porcentagem (média ± DP) de células epiteliais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, metade inicial do diestro (I) e metade final do diestro (II) em dez novilhas Nelore
TIPO CELULAR FASE
Sup Anucl Sup Nucl Int Velha Int Jovem Parabasal 1° Estro 7,0 ± 4,0 33,2 ± 24,7 18,1 ± 9,6 13,5 ± 11,7 26,2 ± 11,3 Metaestro 4,7 ± 3,2 17,3 ± 11,3 27,5 ± 5,1 20,9 ± 7,5 29,0 ± 4,2 Diestro I 4,5 ± 1,2 16,7 ± 1,8 20,3 ± 2,5 19,3 ± 1,5 38,3 ± 1,5 Diestro II 2,9 ± 2,0 9,8 ± 4,2 17,6 ± 8,0 20,8 ± 6,8 48,1 ± 18,2 Proestro 3,5 ± 1,7 14,5 ± 5,7 13,7 ± 7,5 17,9 ± 3,5 48,8 ± 10,7 2° Estro 3,3 ± 3,7 20,3 ± 17,6 11,9 ± 6,7 15,5 ± 9,5 47,4 ± 9,0
Analisando as células, de acordo com a fase do ciclo estral, o número
de células superficiais anucleadas variou pouco. As superficiais nucleadas a partir
do estro decresceram até a metade do ciclo, aumentando logo após (Figura 4 e
Figura 7). O perfil das células intermediárias jovens e velhas variou de maneira
semelhante (Figura 7 e Figura 8), já o número de células parabasais tendeu a
aumentar gradativamente no decorrer do ciclo estral (Figura 6 e Figura 7).
A duração de 21 dias do ciclo ocorreu em apenas uma novilha, a qual
observou-se maior valor percentual de células superficiais em relação aos outros
animais (Figura 4); entretanto, esta fêmea seguiu a mesma tendência do valor
médio dos outros animais, não interferindo no resultado médio de todos os
animais. Houve leve aumento numérico no percentual de células superficiais
nucleadas durante o diestro I dos animais com ciclo de 18, 19 e 20 dias, com
posterior queda; entretanto, este aumento não interferiu na ocorrência do
aumento na linha de tendência (Figura 4).
36
FIGURA 4 – Porcentagem média de células superficiais anucleadas e nucleadas
observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclo de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)
O número de células intermediárias velhas apresentou um pico no
metaestro, notando-se depois queda até o próximo estro. Já as intermediárias
jovens aumentaram no metaestro e permaneceram altas até o proestro,
apresentando diminuição no período estral. Houve leve queda no número de
células intermediárias jovens no diestro I em relação ao metaestro, com exceção
da novilha com 21 dias de duração do ciclo, a qual apresentou menor quantidade
de células intermediárias jovens, comparada com as outras fêmeas no metaestro
e diestro II, conforme Figura 5.
FIGURA 5 – Porcentagem média de células intermediárias velhas e jovens
observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)
SUPERFICIAL ANUCLEADA
0
20
40
60
cio meta diestro I diestro II proestro cio
18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média
SUPERFICIAL NUCLEADA
0
20
40
60
cio met a diest ro I diest ro II proest ro cio
18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média
INTERMEDIÁRIA VELHA
0
20
40
60
cio meta diestro I diestro II proestro cio
18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média
INTERMEDIÁRIA JOVEM
0
20
40
60
cio meta diestro I diestro II proestro cio
18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média
37
As células parabasais aumentaram gradativamente no decorrer do
ciclo, conforme a Figura 6. Entretanto, a novilha com ciclo de duração igual a 21
dias de duração apresentou pico no diestro II, decaindo até o próximo estro. Os
animais com ciclo de 19 dias tiveram pico no proestro e ligeira queda no estro.
PARABASAL
0
20
40
60
80
cio met a diest ro I diest ro II proest ro cio
18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média
FIGURA 6 – Porcentagem média de células parabasais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)
Posteriormente, visualiza-se na Figura 7 a porcentagem média das
células epiteliais no dia zero, que representa a emergência de nova onda, dia um
crescimento folicular, dia 6 estabelecimento da dominância folicular, dia 10
regressão da onda anterior com a emergência de nova onda e dia 17 dominância
de outra onda. A partir desta nova caracterização, observou-se, que as células
superficiais nucleadas decaíram após o estro, entretanto no dia dez do ciclo
notou-se pico na quantidade celular, o que não foi possível constatar quando foi
calculada a média por fase do ciclo estral. O inverso aconteceu com as células
intermediárias jovens e velhas, as quais apresentaram pico nos dias um e 17 do
ciclo, conforme pode ser visualizado na Figura 7.
38
0
10
20
30
40
50
60
70
D 0 D 1 D6 D10 D 17 D cioDias do ciclo
Porc
enta
gem
(%)
sup. anucl sup. nucl interm. velha interm. jovem parabasal
FIGURA 7 - Porcentagem média e desvio padrão das células epiteliais
(superficial, intermediária e parabasal) no esfregaço vaginal de dez novilhas Nelore durante diferentes dias do ciclo estral
O estrógeno tem um efeito direto no epitélio vaginal de fêmeas
mamíferas, estimulando aumento no número de camadas celulares na vagina, o
que mobiliza glicogênio nas células e causa cornificação das camadas superficiais
(SANGER et al., 1958). Com a queda na concentração de estrógeno segue-se
uma extensa descamação das camadas superficiais (SANGER et al., 1958). A
mucosa é mantida neste estágio até a regressão do CL, quando o
desenvolvimento folicular novamente exerce sua influência (BROWM, 1944).
Embora estas citações sejam relativamente antigas e, nesta época não se tinha
conhecimento bem estruturado sobre a dinâmica folicular em ruminantes, com o
advento da ultra-sonografia foi possível identificar que mais ondas foliculares
desenvolvem no período interestro, portanto, o estrógeno produzido por estes
folículos pode interferir no perfil celular da mucosa.
Observa-se na Figura 8, que não houve diferença no percentual celular
para novilhas com duas ou três ondas foliculares no decorrer do ciclo estral. As
células intermediárias jovens e velhas descamaram em sincronia, ou seja, quando
ocorria a queda de uma, a outra também caía, e vice-versa. Em anexo os gráficos
com o perfil celular e as ondas foliculares (Figura 10).
39
Dias do ciclo estral
FIGURA 8 – Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares
O número de células superficiais nucleadas apresentaram, em média,
picos nos dias 5, 10 e 18, apesar de variarem pouco em quantidade (Figura 10).
Os picos nos dias 5 e 18 poderiam ser explicados pelo folículo dominante
presente nestes dias, entretanto no dia 10 ocorre emergência de onda, portanto,
momento quando não tem folículo dominante e apresentando pouco estrógeno
circulante. Entretanto, BROW (1944) sugeriu que a influência dos esteróides
ovarianos sobre a descamação celular, ocorre em momento posterior à fase de
dominância do maior folículo. Outra hipótese é que em outras espécies
domésticas a ovulação ocorre durante o estro, portanto o desenvolvimento do
folículo inicia-se mais cedo que em bovinos, portanto, apresentam efeito
estrogênico na mucosa vaginal durante o estro ao invés de depois, como parece
acontecer em bovinos.
Para o número de células intermediárias velhas, bem como para as
jovens, em média, observou-se que ocorre queda no Dia 10 do ciclo (Figura 9).
INTERMEDIÁRIA JOVEM
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
2 ONDAS 3 ONDAS
INTERMEDIÁRIA VELHA
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 0 2 1
Porc
entu
al (%
)
2 ONDAS 3 ONDAS
SUPERFICIAL NUCLEADA
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
SUPERFICIAL ANUCLEADA
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
40
Dias do ciclo estral
FIGURA 9 - Porcentagem média e desvio padrão das células superficiais e intermediárias observadas diariamente em dez novilhas Nelore
Na literatura consultada foram escassos os relatos a respeito do uso da
citologia vaginal em bovinos como técnica de rotina, além dos trabalhos serem
muito antigos, houve dificuldade para discutir os dados com outros autores.
As ondas foliculares parecem não interferirem de forma direta na
descamação celular; entretanto, ocorre um padrão na descamação celular e no
dia dez do ciclo ocorrem mudanças no epitélio, talvez por ser em média o
momento do recrutamento de nova onda, tanto para fêmeas com duas ou três
ondas.
INTERMEDIÁRIA VELHA
0
10
2 0
3 0
4 0
5 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
INTERMEDIÁRIA JOVEM
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
SUPERFICIAL ANUCLEADA
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
SUPERFICIAL NUCLEADA
0
10
20
30
40
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
41
5 CONCLUSÃO
Nos intervalos interestros analisados, a dinâmica folicular, caracterizou-
se predominante por duas ondas de crescimento folicular.
Observou-se padrão na descamação celular, sendo que o perfil das
células intermediárias jovens e velhas variou de maneira sincronizada,
apresentando uma queda que coincidiu com o início da emergência da segunda
onda folicular (D10) e outra no final do ciclo (D19).
O número de células superficiais anucleadas variou pouco no decorrer
do ciclo, entretanto, o número de células superficiais nucleadas apresentou em
média três picos (D4, D10 e D18) decrescendo até o próximo estro.
Notou-se tendência de elevação gradual no número de células
parabasais no decorrer do ciclo estral.
As ondas foliculares parecem não interferirem de forma direta na
descamação celular; entretanto, ocorre um padrão na descamação celular e no
dia dez do ciclo ocorrem mudanças no epitélio, talvez por ser em média o
momento do recrutamento de nova onda tanto para fêmeas com duas ou três
ondas.
42
6 ANEXOS
FIGURA 10 - Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal
observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares
SUPERFICIAL ANUCLEADA
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14SUPERFICIAL ANUCLEADA
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
SUPERFICIAL NUCLEADA
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14SUPERFICIAL NUCLEADA
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
INTERMEDIÁRIA VELHA
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14 INTERMEDIÁRIA VELHA
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
INTERMEDIÁRIA JOVEM
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
INTERMEDIÁRIA JOVEM
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
PARABASAL
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
ONDA 1 ONDA 2
PARABASAL
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
0
2
4
6
8
10
12
14
ONDA 1 ONDA 2 ONDA 3
43
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, C. D.; TORRES, C. A. A.; CECON, P. R.; COSTA, D. S.; ORLANDO, U. A. D.; ÂNGULO, L. A. M. Avaliação ultrassonográfica de ovários, folículos e corpos lúteos em novilhas Gir, Holandesas e mestiças. In: Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 34., 1997, Juiz de Fora. Abstracts...Juiz de Fora: SBZ, 1997. BANKS, W. Histologia Veterinária Aplicada, 2 ed. São Paulo: Manole, 1991. p. 565-588. BARROS, C. M.; FIGUEIREDO, R. A.; PAPA, F. O.; ROCHA, G. Follicular growth in Nelore cows (Bos indicus) after PGF2α administration. Journal of Animal Science, v. 71 (suppl. 1), p. 216 (abstract), 1993. BARROS, C. M.; FIGUEIREDO, R. A.; PINHEIRO, O. L. Estro, ovulação e dinâmica folicular em zebuínos. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 19, p. 9-22, 1995. BLAZQUEZ, N. B.; BATTEN, E. H.; LONG, S. E.; PERRY, G. C. Histology and histochemistry of the bovine reproductive tract caudal to the cervix. Part II: The vagina and associated structures. British Veterinary Journal, v. 143, n. 4, p. 337-343, 1987. BLAZQUEZ, N. B.; BATTEN, E. H.; LONG, S. E.; PERRY, G. C.; WHELEHAN, O. J. A quantitative morphological study of the bovine vaginal epithelium during the oestrous cycle. Journal of Comparative Pathology, v. 100, p. 187-193, 1989. BÓ, G. A.; ADAMS, G. P.; MAPLETOFT, R. J. Dinámica folicular ovárica en el bovino. In: Simpósio sobre Controle Farmacológico do Ciclo Estral em Ruminantes / [coordenação de] Pietro Sampaio Baruselli e Ed Hoffmann Madureira; [editoração] Márcio de Oliveira Marques. São Paulo: Fundação da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP, 2000. p. 12-60. BÓ, G. A.; BARUSELLI, P. S.; MARTÍNEZ, M. F. Pattern and manipulation of follicular development in Bos indicus cattle. Animal Reproduction Science, n. 78, p. 307-326, 2003. BORGES, A. M.; TORRES, C. A. A.; ROCHA JÚNIOR, V. R.; RUAS, J. R. M.; GIOSO, M. M.; FONSECA, J. F.; CARVALHO, G. R.; MAFFILI, V. V. Dinâmica folicular e momento da ovulação em vacas não lactantes das raças Gir e Nelore durante duas estações do ano. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 56, n. 3, p. 346-354, 2004. BOUCHARD, G. F.; SOLORZANO, N.; CONCANNON, P. W.; YOUNGQUIST, R. S.; BIERSCHWAL, C. J. Determination of ovulation time in bitches based on teasing, vaginal cytology, and Elisa for progesterone. Theriogenology, v. 35, n. 3, p. 603-611, 1991.
44
BROWN, P. C. Physiological and histological changes in the vagina of the cow during the estrual cycle. American Journal of Veterinary Research, v. 5, n. 15, p. 99-112, 1944. COLE, H. H. A study of the mucosa of the genital tract of the cow, with special reference to the cyclic changes. American Journal of Anatomy, v. 46, n. 2, p. 261-301, 1930. DRIANCOURT, M. A. Follicular dynamics in sheep and cattle. Theriogenology, v. 35, p. 55-79, 1991. DRIANCOURT, M. A. Regulation of ovarian follicular dynamics in farm animals. Implications for manipulation of reproduction. Theriogenology, n. 55, p. 1211-1239, 2001. EVANS, A. C.; ADAMS, G. P.; RAWLINGS, N. C. Follicular and hormonal development in prepubertal heifers from 2 to 36 weeks of age. Journal of Reproduction and Fertility, v. 102, n. 2, p. 463-470, 1994. FIGUEIREDO, A. R.; BARROS, C. M.; PINHEIRO, O. L.; SOLER, J. M. P. Ovarian follicular dynamics in Nellore breed (Bos indicus) cattle. Theriogenology, v. 47, p. 1489-1505, 1997. FORTUNE, J. E. Ovarian follicular growth and development in mammals. Biology of Reproduction, v. 50, p. 225-232, 1994. GAMBINI, A. L. G.; MOREIRA, M. B. P.; CASTILHO, C.; BARROS, C. M. Desenvolvimento folicular e sincronização da ovulação em vacas da raça Gir. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 22, n. 4, p. 201-210, 1998. GINTHER, O. J.; KNOPF, L.; KASTELIC, J. P. Temporal associations among ovarian events in cattle during oestrous cycles with two and three follicular waves. Journal of Reproduction and Fertility, v. 87, p. 223-230, 1989. GINTHER, O .J. Selection of the dominant follicle in cattle and horses. Animal Reproduction Science, v.60, p. 61-79, 2000. GOMPEL, C.; KOSS, L. G. Citologia hormonal. In: Citologia ginecológica e suas bases anatomoclínicas. São Paulo: Manole, 1997. cap. 7, p. 49-60. HAFEZ, E. S. E. Ciclos Reprodutivos. In: HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal. São Paulo: Editora Manole, 1995. 582 p. p. 95-114. HAMILTON, W. J.; HARRISON, R. J. Cyclical changes in the uterine mucosa and vagina of the goat. Journal of Anatomy, v. 85, n. 4, p. 316-326, 1951.
45
HANSEL, W.; ASDELL, S. A. J. The effects of estrogen and progesterone on the arterial system of the uterus of the cow. Journal of Dairy Science, v. 34, p. 37-44, 1951. IRELAND, J. J. Control of follicular growth and development. Journal of Reproduction and Fertility, suppl. 34, p. 39-54, 1987. KASTELIC, J. P.; BERGFELT, D. R.; GINTHER, O. J. Relationship between ultrasonic assessment of the corpus luteum and plasma progesterone concentrations in heifers. Theriogenology, v. 33, p. 1269-1278, 1990. KNOPF, L.; KASTELIC, J. P.; SCHALLENBERGER,E.; GINTHER, O. J. Ovarian follicular dynamics in heifers: test of two-wave hypothesis by ultrasonically monitoring individual follicles. Domestic Animal Endocrinology, v. 6, p. 111-119, 1989. KURADE, N. P.; JALNAPURKAR, B. V.; MANTRI, A. M. Exfoliative vaginal citology and serun progesterone levels in normal and abnormal oestrus cycle of cow. Indian Journal of Animal Reproduction, n. 14, v. 1, p. 10-13, 1993. LUCY, M. C.; SAVIO, J. D.; BADINGA, L.; DE LA SOTA, R. L.; THATCHER, W. W. Factors that affect ovarian follicular dynamics in cattle. Journal of Animal Science, v. 70, p. 3615-3626, 1992. MARCONDES, N. Atlas de citopatologia ginecológica. Rio de Janeiro: Ateneu, Instituto de ginecologia – UFRJ, 1975. 230 p. MIROUND, K.; NOAKES, D. E. Exfoliative vaginal cytology during the oestrous cycle of the cow, after ovariectomy, and after exogenous progesterone and oestradiol-17β. British Veterinary Journal, v. 5, n. 146, p. 387-397, 1990. MONTALBÁN, E. B. El ciclo endometrial. In: AYALA, M. J.; VILAPLANA, E.; ORTIZ, F. N.; FERNANDEZ, F. N. Citopatologia ginecologica. 2. ed. Barcelona: Editorial científico médica, 1985. p. 357-370. NAIB, Z. M. Cytology of the normal female genital tract. In: NAIB, Z. M. Cytopathology. 4. ed. USA: Litthe Brown, p. 15-44, 1996. NASCIMENTO, E. F.; SANTOS, R. L. Patologia da reprodução dos animais domésticos. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2003. cap. 3, p. 15-39. NIASARI-NASLAJI, A.; SARHADDI, F.; NAJI, A.; ANGURANI, A.; DAMAVANDI, Y. Ovarian follicular dynamics in Bos taurus and Bos indicus heifers. Theriogenology, v. 51, n. 1, p. 307, 1999. NOSEIR, W. M. B. Ovarian follicular activity and hormonal profile during estrous cycle in cows: the development of 2 versus 3 waves. In: Reproductive Biology and Endocrinology, 2003. Disponível em: http://www.RBEj.com/content/1/1/50. Acesso em: 30 jan. 2006.
46
PAPANICOLAOU, G. N. A general survey of the vaginal smear and its use in research and diagnosis. American Journal of Obstetrics and Gynecology, v. 51, p. 317, 1946. PIERSON, R. A.; GINTHER, O. J. Ultrasonic imaging of the ovaries and uterus in cattle. Theriogenology, v. 29, n. 1, p. 21-37, 1988. RAMA RAO, P.; RAMAMOHANA RAO, A.; SREERAMAN, P. K. A note on the utility of vaginal cytology in detecting oestrous cycle and certain reproductive disorders in bovines. Indian Journal of Animal Science, v. 5, n. 49, p. 391-395, 1979. RHODES, F. M.; DE’ATH, G.; ENTWISTLE, K. W. Animal and temporal effects on ovarian follicular dynamics in Brahman heifers. Animal Reproduction Science, v. 38, p. 265-277, 1995. ROCHA, J. M. N. Avaliação colpocitológica durante o ciclo estral de novilhas infectadas experimentalmente por Tritrichomonas foetus. 2000. 70 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia. SANGER, V. L.; ENGLE, P. H.; BELL, D. S. The vaginal cytology of the ewe during the estrous cycle. American Journal of Veterinary Research, v. 19, p. 283-287, 1958. SANTOS FILHO, A. S.; OLIVEIRA, M. A. L.; CALDAS, J. G. L.; LIMA, P. F.; DONATO, I. V. Ovarian follicular dynamics of five-eights Girolando cows. Reproduction in Domestic Animals, v. 36, p. 207-210, 2001. SAVIO, J.D; KEENAN, L; BOLAND, M.P; ROCHE, J.F. Pattern of growth of dominant follicles during oestrus cycle in heifers. Journal of Reproduction and Fertility, v. 83, p. 663-671, 1988. SCHUTTE, A. P. Canine vaginal cytology-II cyclic changes. Journal Small Animal Practice, v. 8, p. 307-311, 1967. SHORT, R.; ADAMS, D. Nutritional and hormonal interrelationships in beef cattle reproduction. Canadian Journal of Animal Science, v. 68, n. 1, p. 29-39, 1988. SPICER, L. J.; ECHTERNKAMP, S. E. Ovarian follicular growth, function and turnover in cattle: a review. Journal of Animal Science, v. 62, p. 428-451, 1986. SIROIS J.; FORTUNE J. E. Ovarian follicular dynamics during the estrous cycle in heifers monitored by real-time ultrasonography. Biology of Reproduction, n. 39, p. 308 –317, 1988.
47
STABENFELDT, G. H.; EDQVIST, L. E. Processos reprodutivos na fêmea. In: SWENSON, M. J.; REECE, W. O. Dukes fisiologia dos animais domésticos. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996. cap. 36, p.615-644. TAYLOR, C. C.; RAJAMAHENDRAN, R. Follicular dynamics, corpus luteum growth and regression in lactating dairy cattle. Canadian Journal of Animal Science, v. 71, p. 61-68, 1991. WOLFENSON, D.; INBAR, G.; ROTH, Z.; KAIM, M.; BLOCH, A.; BRAW-TAL, R. Follicular dynamics and concentrations of steroids and gonadotropins in lactating cows and nulliparous heifers. Theriogenology, n. 62, p. 1042-1055, 2004.
Recommended