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PERSPECTIVA DE INTEGRAÇÃO DAS
FERRAMENTAS DA QUALIDADE COM
BASE EM UM FRAMEWORK
METODOLÓGICO: ANÁLISE DA
VARIABILIDADE DE PROCESSOS
PRODUTIVOS EM UMA
AGROINDÚSTRIA
Josenildo Brito de Oliveira (UFCG)
josenildo_brito@yahoo.com.br
ALMIR MARIANO DE SOUSA JUNIOR (UFERSA)
almir@crea-rn.org.br
Abel Dutra de Almeida (UFERSA)
abeldutra@hotmail.com
Thamiles Medeiros Silva (UFERSA)
thamilesmedeiros@yahoo.com.br
O objetivo deste artigo é integrar e aplicar as ferramentas da
qualidade a partir da proposição de um framework metodológico
dedicado à análise da variabilidade nos processos produtivos em uma
empresa do segmento agroindustrial. Os procedimmentos de coleta dos
dados se deram a partir do desenvolvimento de um framework
metodológico que serviu de base para obtenção dos resultados da
pesquisa. Nesse sentido, elaborou-se uma revisão de literatura que
apoiou o processo de construção do questionário. Os dados foram
coletados por meio de entrevistas diretas e intensivas aplicadas com
funcionários da empresa foco do estudo. Observações sistemáticas e
assistemáticas foram realizadas. A sistemática proposta foi executada
em um estudo de caso de natureza aplicada realizado em uma
organização agroindustrial. Os dados obtidos foram qualitativos e
quantitativos. Os resultados mostraram que os processos estão
estáveis, sem apresentar variabilidades anormais. Todavia,
considerando as exigências para o mercado espanhol, verificou-se que
para o característico peso, o processo apresenta grande variabilidade.
Definiu-se como causa principal a presença da bactéria Acidovorax.
Portanto, o emprego integrado das ferramentas da qualidade pode
potencializar o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis para os
problemas ou falhas encontradas nos processos produtivos.
Palavras-chaves: Ferramentas da qualidade, framework metodológico,
variabilidade, agroindústria
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
2
1. Introdução
Com a globalização da economia e da concorrência do mercado, a qualidade tornou-se pré-
requisito para todos os produtos. Na agroindústria esta exigência não é muito diferente, uma
vez que as necessidades dos clientes passaram a ser atendidas em diversas partes do mundo.
O preço ou valor oferecido pelos clientes e consumidores ao lado dos critérios rigorosos de
qualidade cada vez mais exigentes, tem forçado as empresas a se adaptarem as mutações no
mercado, em atendimento às expectativas do seu mercado alvo. O Brasil é uma potência no
setor agrícola e as empresas vinculadas ao agronegócio necessitam adotar uma política de
qualidade voltada ao atendimento das exigências do mercado externo. O melão se destaca por
ser a segunda maior cultura do país em valor e em volume de exportação, concentrando a
produção principalmente no estado do Rio Grande do Norte.
A gestão estratégica da qualidade tem contribuído para aperfeiçoar continuamente as etapas
dos processos de produção. Isso tem representado para as organizações com foco na gestão
por processos uma vantagem competitiva frente aos concorrentes (PALADINI, 2002). Dentre
todo o arcabouço teórico e filosofias de gestão da qualidade aplicada ao ambiente produtivo,
destacam-se as ferramentas da qualidade, o ciclo PDCA e os gráficos de controle criados por
Walter Shewhart no ano de 1924 (PALADINI, 1990; OAKLAND, 1994; WERKEMA, 1995;
RAMOS, 2000; PALADINI, 2002; MONTGOMERY, 2004; CARPINETTI, 2010).
O nicho do mercado europeu consumidor das frutas produzidas no Brasil tem exigido altos
níveis de qualidade nas especificações componentes dos produtos brasileiros, especialmente
neste estudo focado na produção do melão Gália. Dessa forma, alguns cuidados específicos
são necessários durante o ciclo de produção da fruta. Esta cautela se estende em todos os
processos produtivos, desde a plantação à entrega no mercado de destino, o que acarreta um
alto custo de produção. Nesse sentido, as ferramentas da qualidade desenvolvidas por Kaoru
Ishikawa e expandidas com outros instrumentos de intervenção para a qualidade do processo,
permitem tratar os problemas de forma a eliminar as causas na sua origem, ou mesmo reduzir
o impacto potencial sobre as falhas na produção.
As ferramentas da qualidade podem ser usadas para mensurar e controlar a variabilidade nos
processos, evitando que bens ou serviços possam chegar ao consumidor/cliente fora dos seus
padrões de especificações. Para garantir que a qualidade do produto esteja sob controle, para
que não se produza índices relevantes de produtos refugados ou defeituosos, as ferramentas
apresentam potencial de tratar as falhas e indicar as causas principais, no sentido de erradicar
os desvios na origem, bloqueando as causas primárias. Algumas ferramentas são utilizadas
com sucesso no controle da qualidade, tais como os Gráficos de Pareto, Cartas de controle,
Gráfico de Pareto, Diagrama de Dispersão, entre outras. Os gráficos ou cartas de controle,
por exemplo, acusam o comportamento qualitativo da produção com suporte do Controle
Estatístico do Processo, também chamado de CEP (ROCHA, 2008).
Observa-se na prática que as ferramentas são utilizadas isoladamente sem qualquer tipo de
integração. Esses instrumentos poderiam ser aplicados sob uma perspectiva sistêmica, o que
de fato potencializaria o rendimento conjunto das ferramnetas. O uso individual de uma ou
outra ferramenta pode ocultar a identificação de problemas nos sistemas de produção, bem
como dificultar a resolução destes desvios. Nesse sentido, defende-se a aplicação integrada
das ferramentas da qualidade expandidas com outros instrumentos complementares. Esta
ação poderá acelerar o processo de resolução de problemas e promover a melhoria contínua
nos sistemas de produção.
3
Portanto, o objetivo deste artigo é integrar e aplicar as ferramentas da qualidade com base na
proposição de um framework metodológico dedicado à análise da variabilidade dos processos
produtivos em uma empresa do segmento agroindustrial.
2. Abordagem teórica
Esta seção destaca os fundamentos bibliográficos usados como base para a construção do
instrumento de pesquisa. Este estudo foi aplicado em uma empresa agroindustrial que produz
melão, tanto para exportação como para o mercado interno. O Brasil é uma das potências no
agronegócio, todavia, as empresas associadas a este segmento estão sendo pressionadas a
adotarem políticas de qualidade que possam atender às exigências do mercado exterior. Neste
contexto, o melão se destaca por ser a segunda maior cultura do país em valor e a maior em
volume de exportação, concentrando a produção principalmente no estado do Rio Grande do
Norte (SECEX, 2009).
O melão é um fruto apreciado e de popularidade crescente no Brasil e no mundo, consumido
em grande escala na Europa, Japão e Estado Unidos. A vantagem brasileira no cultivo do
melão quanto à comercialização é que o auge da sua safra (setembro a janeiro) coincide com
a entressafra mundial. O melão tipo Gália pertence ao grupo dos aromáticos, com formato
arredondado, com rendilhados uniformes e grau de doçura elevado (SENAR, 2009). Os
melões do tipo Pele de Sapo, Gália e Charentais apresentam como principal oportunidade de
expansão o mercado externo, especialmente o europeu (COSTA, 2002). A maior parte do
melão exportado pelo Brasil vem do Rio Grande do Norte e Ceará. O mercado internacional
absorve cerca de 90% das exportações brasileiras de melão (ARAÚJO e VILELA, 1999).
As normas internacionais sobre padrões para o melão definidas pela Comissão Econômica
das Nações Unidas para a Europa (UN/ECE) estabelecem como requisitos mínimos que o
melão para consumo in natura deve estar: intacto, sadio, limpo, com aparência fresca, isento
de pragas e danos causados por pragas, firme, isento de umidade externa anormal, isento de
odor e/ou sabor estranho, suficientemente desenvolvido e com índice de refração da polpa
correspondente a pelo menos 9º Brix, para suportar as condições de transporte e manuseio, de
modo que chegue ao local de destino em condição satisfatória (SENAR, 2009). Para os
mercados mais exigentes o índice de refração da polpa deve corresponder a pelo menos 10º
Brix. Nesse sentido, para manter o alto grau de exigência dos mercados externos, a gestão da
qualidade aplicada aos processos produtivos é de grande relevância, no sentido de atender a
tais especificações.
De acordo com Paladini (2002), a gestão da qualidade no processo é o direcionamento de
todas as ações do processo produtivo para o pleno atendimento de consumidores e clientes. A
noção de processo combina equipamentos, insumos, métodos ou procedimentos, condições
ambientais, pessoas e informações do processo ou medidas, tendo como objetivo a fabricação
de um bem ou o fornecimento de um serviço (WERKEMA, 1995). Um dos fundamentos para
a implementação da gestão da qualidade é a aplicação das ferramentas da qualidade. Essas
ferramentas devem ser usadas para interpretar e maximizar o uso de dados OAKLAND
(1994). O objetivo é identificar os maiores problemas e através de análise adequada, buscar a
melhor solução. As ferramentas usadas nesta seção são: estratificação, folha de verificação,
gráfico de pareto, diagrama de causa e efeito (Ishikauwa), histograma, fluxograma, diagrama
de dispersão, gráficos de controle, Ciclo PDCA e Brainstorming.
A estratificação consiste na divisão de um grupo em diversos subgrupos com base em fatores
apropriados, os quais são conhecidos como fatores de estratificação. As principais causas que
atuam nos processos produtivos constituem fatores de estratificação de um conjunto de dados
4
(WERKEMA, 1995). Segundo Vieira (1999), a estratificação consiste em dividir o todo
heterogêneo em subgrupos homogêneo denominado estratos. De acordo com Werkema
(1995) os fatores equipamentos, insumos, pessoas, métodos, medidas e condições ambientais
são categorias naturais para a estratificação dos dados.
A folha de verificação é usada para planejar a coleta de dados a partir de necessidades de
análise futura dos dados (CARPINETTI, 2010). Para Aguiar (2006) o objetivo da folha de
verificação é organizar, simplificar e otimizar a forma de registro das informações obtidas
por um processo de coleta de dados. De acordo com Juran (2002), a folha de verificação é,
basicamente, um quadro para lançamento do número de ocorrências de um evento. Assim, na
folha de verificação são estratificados os problemas para que se possa obter o número de
vezes que esses se repetem em uma determinada amostra ou área. As folhas de verificação
podem ser utilizadas divididas em: distribuição de um item de controle para um processo
produtivo; classificação; localização de defeitos e identificação de causas de defeitos.
Após a coleta dos dados é necessário organizá-los, por meio dos histogramas, para se obter
uma melhor noção do problema estudado. De acordo com Werkema (1995) o histograma
dispõe as informações de modo que seja possível a visualização da forma da distribuição de
um conjunto de dados e também a percepção da localização do valor central e da dispersão
dos dados em torno desde valor central. A ferramenta é de grande utilidade para acompanhar
a freqüência com que os problemas ocorrem e como se distribuem em um intervalo de tempo
(NOGUEIRA, 1996). Ainda segundo Werkema (1995) a ferramenta é um gráfico de barras
no qual o eixo horizontal, subdividido em vários pequenos intervalos, apresenta os valores
assumidos por uma variável de interesse. Para cada um destes intervalos é construída uma
barra vertical, cuja área deve ser proporcional ao número de observações na amostra, cujos
valores pertencem ao intervalo correspondente. O histograma pode ser construído tanto para
variáveis contínuas (mensuradas em escala contínua), quanto para variáveis discretas, cuja
distribuição sofre intermitência.
As distribuições de frequências ilustradas no histograma podem ser hierarquizadas por meio
do diagrama de pareto. De acordo com Werkema (1995) o princípio de Pareto estabelece que
um problema pode ser atribuído a um pequeno número de causas. Identificando-se as poucas
causas vitais dos poucos problemas vitais enfrentados pela a empresa, será possível eliminar
quase todas as perdas por meio de um pequeno número de ações. A intenção é priorizar os
problemas de acordo com sua importância. Para Werkema (1995) o gráfico de Pareto dispõe a
informação de forma a permitir a concentração dos esforços para melhoria nas áreas onde os
maiores ganhos podem ser obtidos. O princípio de Pareto foi traduzido para a área da
qualidade por Juran, sob a forma de que alguns elementos são vitais, enquanto muitos, apenas
triviais (PALADINI, 1997). Portanto, sendo as causas dos defeitos vitais identificadas, pode-
se eliminar grande parte dos problemas, concentrando os esforços nas causas particulares e
deixando os outros muitos defeitos triviais para serem atacados posteriormente.
Os problemas mais importantes hierarquizados pelo gráfico de pareto podem ser investigados
através do diagrama de causa e efeito desenvolvido por Kaoru Ishikawa. Segundo Paladini
(1997), a construção do diagrama causa e efeito começa com a identificação do efeito que se
pretende considerar, colocando-o no lado direito do diagrama. Conforme Carpinetti (2010), o
diagrama de causa e efeito foi desenvolvido para representar as relações existentes entre um
problema ou um efeito indesejável do resultado de um processo e todas as possíveis causas
desse problema, atuando como um guia para a identificação de sua causa fundamental e para a
determinação das medidas corretivas que deverão ser adotadas.
5
Para melhorar as chances de se descobrir efetivamente as causas de um problema ou de uma
variável em análise pode-se recorrer ao diagrama de dispersão, que correlaciona uma causa e
seu efeito, uma causa e outra causa ou mesmo a relação entre dois efeitos (VIEIRA, 1999). Na
verdade a base da ferramenta é a visualização do tipo de relacionamento existente entre duas
variáveis (AGUIAR, 2006; CAPINETTI, 2010). Para Werkema (1995) é uma ferramenta
utilizada para apresentar a relação existente entre um resultado de um processo (efeito) e os
fatores (causas) do processo que, por razões técnicas, possam afetar o resultado considerado.
Outra ferramenta bastante importante é o fluxograma. Trata-se de um instrumento útil no
desenvolvimento da definição do processo e em sua compreensão. Um fluxograma é uma
sequência cronológica dos passos do processo ou do fluxo do trabalho (MONTGOMERY,
2004; ROCHA, 2008). O fluxograma é usado para dispor e documentar o funcionamento do
processo relacionado ao problema a ser analisado, com o objetivo de facilitar a compreensão
da sua operação (AGUIAR, 2006). Basicamente a simbologia usada no gráfico representa a
operação; transporte; inspeção; documento; estoque; espera e decisão.
Para verificar o comportamento de um processo quanto ao característico de qualidade em
análise aplicam-se os gráficos de controle. A melhoria da qualidade, segundo Montgomery
(2004) se dá pela redução da variabilidade nos processos e produtos. Esses gráficos foram
desenvolvidos por Walter Shewhart em 1924 e são montadas a partir de amostras colhidas
aleatoriamente junto a lotes inspecionados. Para Paladini (1990) os gráficos trabalham com
flutuações observadas ao longo do processo colhidas ao longo do tempo. Observando-as e
relacionando-as com limites estabelecidos no próprio gráfico, verifica-se se o processo se
comporta de forma satisfatória ou não. Os gráficos de controle são usados para garantir que a
qualidade do produto ou processo esteja sob controle, acusando o comportamento qualitativo
da produção com o suporte da estatística.
Para facilitar a aplicação das ferramentas mencionadas são formadas equipes envolvidas na
resolução dos problemas de qualidade. Esse encontro de pessoas é a base para a utilização da
ferramenta Brainstorming. Um brainstorming bem sucedido permite às pessoas a maior
criatividade possível e não restringe suas idéias em nenhum modo. Pode resultar em soluções
originais (WERKEMA, 1995). O objetivo desta ferramenta é coletar idéias dos participantes,
sem críticas ou julgamentos por meio de uma sequência de eventos, quais sejam: análise do
tema ou problema; definição de um tempo para todos refletirem sobre o assunto; convite a
todos opinarem sobre o tema e anotação de todas as ideias em um flipchart.
As ferramentas descritas podem ser integradas ao ciclo PDCA, ferramenta criada por Walter
Shewhart e divulgada por Deming. O ciclo PDCA é um instrumento de melhoria contínua.
Para Werkema (1995) a ferramenta consiste em uma sequência de procedimentos lógicos,
baseada em fatos e dados, que objetiva localizar a causa fundamental de um problema para
posteriormente eliminá-la. Na fase de planejamento (Plan) o problema é identificado, ocasião
em que é observado. Nesta etapa é estabelecido um plano de ação com suas respectivas metas
de execução. Na etapa de execução (Do) o plano de ação é executado. Após a execução do
plano parte-se para a etapa de verificação (Check), ou seja, verificar se as metas estabelecidas
foram atingidas. Por fim a etapa de ação (Action), que atua corretivamente caso as metas não
tenham sido atingidas e padroniza o novo método de trabalho. Nesta fase elabora-se a parte
das considerações finais e retorna ao ataque dos problemas remanescentes.
3. Procedimentos metodológicos
Este artigo foi desenvolvido com base em um estudo de caso aplicado na Agrícola Famosa
Ltda em sua filial localizada na Fazenda Formosa (Sítio Gravier) entre as cidades de Icapuí
6
(CE) e Mossoró (RN). A Agrícola Famosa projetou-se como a maior produtora e exportadora
de frutas in natura do Brasil. Na safra de 2007/08, exportou mais de 73 mil toneladas de
frutas, concentrando-se principalmente nos mercados britânico, holandês, italiano, português
e espanhol e 15 mil toneladas destinaram-se ao mercado interno. O melão Gália, objeto do
estudo, pertence ao grupo dos aromáticos, é considerado um fruto nobre e sensível, de grande
aceitação no mercado europeu, necessitando de cuidados específicos em todo o seu ciclo
produtivo, incluindo o resfriamento, manuseio e transporte. A partir da revisão de literatura
mencionada na seção 2, bem como a pesquisa bibliográfica, procedeu-se à elaboração do
instrumento de pesquisa (questionário).
A natureza dos dados apresentados nessa pesquisa é quantitativa e qualitativa. Os dados
foram levantados através da aplicação de um questionário com a Engenheira Agrônoma
responsável pelo setor de qualidade. Além da profissional, foram entrevistados colaboradores
e outros engenheiros responsáveis pelo processo de produção. Outro entrevistado foi o
professor Doutor da Universidade Federal do Semi-árido (UFERSA), Rui Sales Júnior,
pesquisador agrônomo.
Observações sistemáticas, assistemáticas, diretas e intensivas também foram utilizadas. Essa
pesquisa é aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à
solução de problemas específicos (SILVA e MENEZES, 2001). Quanto ao ponto de vista dos
objetivos, essa pesquisa é exploratória, pois tem por fim tornar explícito aos pesquisadores
como o processo em análise se comportou quanto à variabilidade utilizando os gráficos de
controle. Este trabalho é descritivo, pois visa mencionar características particulares a partir
da sistematização dos dados em informações pertinentes. O estudo foi realizado em junho de
2009 e a pesquisa de campo durou dois meses (junho e julho). Escolheu-se como objeto de
estudo os processos relativos ao cultivo do melão do tipo Gália. A variedade Medallon é
plantada na área R8, que mede 6 (seis) hectares. Os dados foram coletados somente na casa
de empacotamento (packing house), local onde se concentra o controle da qualidade. Assim,
a empresa mantém o packing house para atender aos requisitos exigidos pela certificação
Eurepgap, indispensável na qualificação para exportação ao mercado europeu. Na próxima
seção os resultados obtidos são descritos e analisados.
Construiu-se um framework metodológico que orientou a busca pelos resultados esperados,
conforme figura 1.
Mapear o fluxo de produção
Definir pontos de controle da
qualidade
Escolher os característicos e
os padrões de qualidade Critérios
Levantar falhas no processo
Aplicar as ferramentas da
qualidade e Ciclo PDCA
Analisar os resultados obtidos
b
a
c
d
e
f
7
Fonte: Elaboração própria (2009)
Figura 1 – Framework metodológico
De acordo com o framework metodológico, na etapa (a) procede-se ao estudo do processo por
meio de um mapeamento utilizando-se do fluxograma como ferramenta da qualidade. Já na
etapa (b) com o processo mapeado, identifica-se os pontos de controle da qualidade ao longo
do processo produtivo. Nesta etapa foi entrevistado o responsável pelo setor de qualidade na
empresa pesquisada. Na etapa (c) foram escolhidos os característicos da qualidade usados no
controle do processo. Esses característicos são requisitos elementares imprescindíveis para o
funcionamento adequado de um produto (WERKEMA, 1995).
A escolha desses característicos obedeceu a critérios específicos para o processo produtivo em
análise. Assim, foram avaliadas as exigências do mercado, a variabilidade do característico no
produto/processo e a revisão de literatura na área do estudo. Na etapa (d) foram realizados
levantamentos das falhas no processo associados aos problemas de qualidade encontrados.
Assim, os pontos de controles da qualidade foram confrontados com as falhas detectadas no
processo. Realizada essa associação, iniciou-se a etapa (e), ou seja aplicação das ferramentas
da qualidade, embora parte delas já tenham sido aplicadas em etapas anteriores. Por fim, na
etapa (f) os dados obtidos acerca dos problemas mapeados foram analisados com base no
ciclo PDCA.
4. Apresentação e discussão dos resultados
Aplicando-se a etapa (a) obteve-se uma representação gráfica do processo de produção do
melão Gália a partir da configuração de um fluxograma desenhado com o auxílio do software
SmartDraw, conforme figura 2.
8
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Fonte: Elaboração própria (2009)
Figura 2 – Fluxograma do processo produtivo
Na segunda etapa (b) do framework metodológico os pontos de controle da qualidade foram
mapeados, descritos no fluxograma como pontos de decisão (). Dessa forma, esses pontos
de decisão representam as partes do processo pelas quais a empresa acompanha de forma mais
precisa o desempenho dos característicos de qualidade.
Na etapa (c) procedeu-se ao levantamento dos principais característicos e dos padrões de
qualidade presentes no processo de produção. Dos característicos exigidos pela Comissão
Econômica das Nações Unidas para a Europa (UN/ECE), destacam-se, em termos de controle
de qualidade na produção, o peso, o Brix, a aparência externa, a coloração e a textura. As suas
especificações variam de acordo o mercado consumidor.
O quadro 1 mostra os característicos escolhidos, seus padrões de especificações, observações
pertinentes e a classificação dos característicos.
Característico Padrão Observações Classificação
Brix (°) > 10° Bx Grau de doçura da fruta medido com
refratômetro
Variáveis Peso (kg) 1,20 ≤ kg ≤ 1,60
A especificação de peso varia de acordo com
o mercado
Firmeza (N) 25 ≤ N ≤ 30 Suave ao toque e medida com o penetômetro.
Coloração Amarelo Fruto tendendo para o amarelo.
Atributos Aparência externa Homogênea
As ranhuras da casca devem ser homogêneas
sem queimaduras, manchas ou estrias abertas.
Quadro 3 – Característicos de Qualidade do Melão
9
Assim, de acordo com o quadro 3 foram escolhidos o grau de Brix e peso. A escolha foi com
base nos critérios de maior variabilidade destes característicos e o atendimento às exigências
do mercado externo. Os outros característicos (coloração, firmeza e aparência externa) não
foram avaliados pelo controle de qualidade, pois não apresentam variabilidades expressivas
neste tipo de cultura. Para verificar se o processo está sob controle foram usados exigências
e parâmetros especificadas pelo mercado espanhol no quadro 3, considerado um dos mais
exigentes do mundo.
A partir da consecução da etapa (c), partiu-se para a execução da etapa (d). Dessa forma,
foram levantadas as falhas nos processos por meio de uma folha de verificação usada pela
empresa e elaborada pelo setor de qualidade, conforme figura 3.
Fonte: Agrícola Famosa (2009)
Figura 3 – Folha de verificação para as falhas
A folha de verificação foi considerada adequada, pois ela fornece os dados da área e data de
aplicação, estratificando de forma bastante contundente os principais defeitos dos frutos.
Por outro lado, a utilização da ferramenta restringiu-se à fase do packing house, não sendo
empregada durante a colheita dos frutos. O primeiro grande problema encontrado no
processo foi a ausência de controle na fase da colheita, local onde acontece a maior parte dos
refugos e onde seria possível uma maior intervenção do setor de controle de qualidade para
minimizar as perdas do processo produtivo. A partir da folha de verificação, a estratificação
foi empregada nos tipos incidentes de defeitos encontrados nos melões: bactérias, murcho,
miúdo, broca/lagarto, destalado, rachado, liso ou estria aberta. A bactéria mais comum do
melão Gália é a Acidovorax. Após a estratificação foram utilizados histogramas para realizar
a distribuição dos defeitos, conforme figura 4, e a distribuição de frequência para o Brix, de
acordo com a figura 5.
10
Gráfico de Pareto para Defeitos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Bacté
rias
Mur
cho
Miú
do
Broca
/Lag
arta
Destal
ado
Rachado
Out
ros
Defei
tos
Estria
Abe
rta
Tipos de Defeitos
Qu
an
tid
ad
e d
e D
efe
ito
s
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Perc
en
tag
em
Acu
mu
lad
a73,77
Fonte: Pesquisa de Campo (2009)
Figura 4 – Distribuição de frequência dos defeitos
Fonte: Pesquisa de Campo (2009)
Figura 5 – Distribuição de frequência do Brix
Após a aplicação da estratificação, folhas de verificação e histogramas, foram identificados
os principais defeitos do lote retirado da área R8: bactérias (35,38%), murcho (19,87%),
miúdo (18,52%), broca/lagarto (7,12%), destalado (5,47%), rachado (5,02%), liso ou estria
aberta (3,82%) e outros (3,82%).
Com base nas frequências aplicou-se o diagrama de pareto para priorizar os defeitos a serem
atacados, como mostra a figura 6.
11
Fonte: Pesquisa de Campo (2009)
Figura 6 – Diagrama de Pareto
O gráfico de Pareto priorizou 03 defeitos, representando 73,77% do total, sendo: Bactérias,
Murcho e Miúdo. A bactéria desponta como o defeito mais viável a ser estudado e combatido,
visto que é possível intervir no processo para minimizá-lo. Para os defeitos murcho e miúdo
faz-se necessário uma pesquisa aprofundada e de longo prazo para se estabelecer parâmetros
de controle da incidência dos mesmos, visto que muitas vezes acontece naturalmente, mesmo
sem falhas no processo. Outro aspecto é que o melão miúdo nem sempre será descartado,
visto que, havendo mercado, ele se destinará a comercialização, já que seu grau de brix não
será necessariamente afetado. Assim, buscou-se associar os pontos de controle do processo
aos característicos da qualidade afetados, conforme quadro 2.
Problema Ponto de controle no processo Característico afetado
Bactéria Seleção das mudas, colheita e pós-colheita Brix, firmeza, coloração e aparência
Murcho Colheita e pós-colheita Firmeza e peso
Miúdo Colheita, pós-colheita, seleção do mercado consumidor Peso
Broca/larga Colheita e pós-colheita Brix, coloração e aparência externa
Destalado Pré-colheita, colheita e pós-colheita Coloração e firmeza
Rachado Colheita e pós-colheita Firmeza e aparência externa
Estria aberta Colheita e pós-colheita Firmeza, Brix e aparência externa
Liso Seleção do mercado consumidor Aparência externa
Fonte: Pesquisa de Campo (2009)
Quadro 2 – Pontos de controle e característicos afetados
Na etapa (e) procedeu-se à aplicação de ferramentas da qualidade para avaliar a variabilidade
do processo no sentido de detectar possíveis causas especiais de comportamentos anormais
do processo. Em virtude do grau de exigência dos característicos de qualidade do melão para
o mercado externo, decidiu-se aplicar os gráficos de controle para o Brix e o peso. Assim, os
limites de controle foram calculados para o Brix e para o peso do melão. As amostras foram
coletadas uniformemente com quatro medidas cada amostra. Ao todo foram colhidas 25
amostras para ambos os característicos. Os gráficos de controle plotados foram apenas para a
média da amostragem.
Na configuração dos gráficos, os limites alvo definidos para o mercado espanhol também
foram plotados, com o objetivo de comparar com os limites de controle calculados, conforme
figuras 7 e 8.
12
GRÁFICO DE CONTROLE - MERCADO EXTERNO
(PESO DO MELÃO GÁLIA)
0,30
0,50
0,70
0,90
1,10
1,30
1,50
1,70
1,90
2,10
Pe
so
s
LM
LSC
LIC
LIE
LSE
GRÁFICO DE CONTROLE - MERCADO EXTERNO
(BRIX DO MELÃO GÁLIA)
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
Gra
us
de
Bri
x
LSC
LIE
LM
LIC
Fonte: Pesquisa de Campo (2009)
Figura 7 – Gráfico de controle X-Barra do Brix
Fonte: Pesquisa de Campo (2009)
Figura 8 – Gráfico de controle X-Barra para o Peso
Em ambos os gráficos, verifica-se que os característicos (Brix e Peso) encontram-se sob
controle, pois todos os pontos encontram-se entre os limites controle (superior e inferior). No
gráfico de controle para o Brix, considerando o limite mínimo de especificação do mercado
espanhol, pode-se observar que três pontos não alcançaram o limite mínimo, 10° Bx. Neste
caso, as amostras de número 7, 14 e 20 devem ser investigadas, no sentido de conhecer as
causas da variabilidade do processo. No gráfico de controle do peso a maior parte dos pontos
encontra-se fora dos limites de especificação para este mercado. Verifica-se então que parte
deste melão foi destinada ao mercado interno, menos exigente. Neste caso, o processo
encontra-se com alta variabilidade, ou seja, não está sob controle estatístico, necessitando
buscar as causas que alteraram as condições normais de funcionamento do processo.
Com o intuito de buscar as causas e as formas de combate/controle da infecção dos frutos por
bactéria foi aplicada a técnica brainstorming. O propósito desta ferramenta é o trabalho em
grupo para identificar as causas de um problema e encontrar, através de uma intervenção
participativa, a melhor decisão. A ideia é desenvolver um plano de ação que possa eliminar o
problema. Com a ajuda da Engenheira Agrônoma e do professor Rui Sales Júnior (UFERSA)
foi possível identificar as principais causas dos defeitos e levantar alternativas de bloqueio das
causas. Isso foi conseguido com a ajuda do diagrama de causa e efeito.
Como causa raiz dos principais problemas a bactéria Acidovorax. O primeiro grande problema
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encontrado no processo foi a ausência de controle na fase da colheita, local onde acontece a
maior parte dos refugos e onde seria possível uma maior intervenção do setor de controle de
qualidade para minimizar as perdas do processo produtivo. A análise desses resultados, na
etapa (f) fundamentou a construção de um de plano de ação fundamentado no ciclo PDCA.
Na fase de planejamento definiu-se como meta reduzir a quantidade de frutos infectados por
bactérias por meio dos seguintes métodos: cuidados no campo (aumento dos espaçamentos
entre as linhas; evitar plantação no período chuvoso; uso de produtos bactericidas eficientes e
em quantidade adequada; cuidados na adubação) e cuidados no transporte e packing house
(retirada imediata do fruto infectado para evitar transmissão; sanitização com cloro antes de
iniciar o processo; evitar ao máximo que um fruto infectado prossiga no processo); na fase de
execução, a qual não foi implantada, apenas prevista, previu-se a execução dos procedimentos
de acordo com a fase de planejamento, bem como a supervisão e controle de todas as etapas
do sistema de produção e por fim o treinamento e informação dos trabalhadores acerca das
adequações necessárias. Na fase de verificação sugere-se atentar para checar se os cuidados
no campo estão sendo cumpridos corretamente, bem como verificar os controles dos frutos na
chegada ao packing house e a eficácia na seleção após a sanitização e secagem para evitar
prolongamento do ciclo do fruto defeituoso. Por fim, na fase de atuação, caso não sejam
identificados desvios, realizar checagens para evitar o reaparecimento do problema, buscando
a melhoria contínua do processo e normatizar as regras que estão funcionando. Outra ação é
reavaliar o processo e buscar melhorias incrementais, caso seja verificado que a meta e/ou os
métodos não estão sendo cumpridos.
5. Considerações finais
Este artigo tratou da integração e aplicação das ferramentas da qualidade tomando-se como
base a proposição de um framework metodológico dedicada à análise da variabilidade dos
processos produtivos em uma empresa do segmento agroindustrial. Os resultados mostraram
através dos gráficos de controle que os processos de produção do melão Gália, para os
característicos de qualidade analisados, estão estáveis ou sob controle estatístico. Entretanto,
considerando as especificações delineadas pelos clientes do mercado espanhol, constatou-se
que os processos apresentam uma grande variabilidade. Isso sugere a adoção de medidas
investigativas e corretivas para eliminar as causas e reavaliar a estabilidade do processo.
Os resultados obtidos demonstraram que o emprego integrado das ferramentas da qualidade
pode potencializar o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis para os problemas ou
falhas encontradas nos processos produtivos. Como causa principal das falhas dos produtos,
ou mesmo reaproveitamento do melão para o mercado interno, verificou-se a incidência da
bactéria Acidovorax. Para remediar esse problema, sugeriu-se alternativas, por exemplo, a
gestão adequada no manejo da cultivar. No decorrer da análise foram observadas falhas no
processo, tais como, a falta de coleta de dados para controle das perdas no processo durante a
colheita. Nesta etapa ocorre o maior número de refugos. O controle de qualidade visa apenas
cumprir as especificações do cliente e não é voltado para melhorar o processo, nem mesmo
focado na redução das perdas, consideradas comuns pelo setor de qualidade da empresa.
Este trabalho contribui para a Engenharia de Produção na medida em que expande a aplicação
das ferramentas da qualidade, diferentemente do que se observa em práticas voltadas para o
uso individual destes instrumentos. A contribuição deste artigo está na proposição de uma
sistemática que relaciona de maneira lógica o uso racional das ferramentas da qualidade, no
sentido de reduzir o número de falhas nos problemas relacionados aos refugos e pela falta de
conformidade do produto analisado. Portanto, o emprego conjunto das ferramentas mostrou-
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se adequado para tratar a questão das falhas nos processos produtivos
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