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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
Instituto de Ciências da Natureza
Natalia de Almeida
Perus e a transformação do Espaço na Metrópole Paulista
Alfenas/MG
2011
Natalia de Almeida
Perus e a transformação do Espaço na Metrópole Paulista
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Geografia
na Universidade de Alfenas para
a obtenção do tìtulo de Geógrafo.
Orientador: Prof. Dr. Evânio S. Branquinho
Alfenas/MG
2011
Dedicatória
Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a conclusão
deste trabalho e que estiveram próximas a mim dando apoio e ânimo para que eu
não desistisse.
Ao Professor Evânio pela paciência e generosidade e por me acompanhar nesse
trajeto dando sempre muito apoio e contribuindo de forma grandiosa para o meu
conhecimento.
À Professora Ana Rute, pelo apoio nas horas de desespero e por estar sempre
próxima a mim desde os primeiros anos de graduação.
Às minhas amigas Mária, Ana Paula, Sara, Mayara e Suelen por proporcionarem
momentos agradáveis de discussões e conversas tornando meus dias em Alfenas
muito mais prazerosos.
À República Geolátras pelos momentos de alegria e pela companhia nos fins de
tarde e finais de semana.
À Tami e a Natália, pela amizade e paciência nos meus momentos de crise, e que
mesmo longe estiveram sempre ao meu lado.
À minha mãe Marli, por ter sido sempre tão presente e por não me fazer desistir
nunca me dando força e muito amor, ao meu pai Candido pelo apoio e generosidade
em possibilitar que eu concluísse mais esta etapa.
Às minhas irmãs Tamili e Talita pelo amor, paciência, amizade e companheirismo
sendo sempre a minha fonte de inspiração, e a quem devo muito respeito e
admiração.
Aos meus avós Assumpta e Gentil pelo amor de sempre!
E a todos os meus familiares tios e tias, primos e primas que estiveram sempre
muito presente na minha vida.
Dedico esse trabalho aos meus pais e
as minhas irmãs que foram sempre a
minha fonte de inspiração.
Resumo
O presente trabalho pretende fazer uma análise dos processos urbanos no
bairro de Perus a partir da modernização e metropolização da cidade de São Paulo.
O principal objetivo é apresentar uma reflexão sobre as transformações ocorridas no
bairro e a sua nova configuração de periferia com essa modernização da cidade,
tendo em vista os estudos sobre os processos urbanos como forma de compreender
as transformações do espaço. A ideia central apresentada é que a modernização da
cidade guarda estreita relação com o processo histórico do bairro e se comportou
como o agente de maior transformação e desenvolvimento da vida urbana.
Palavras-chave: Processos urbanos, modernização, metropolização, bairro-
periferia, processo histórico.
Abstract
The present work aims at an analysis of urban processes in the neighborhood
of Perus, from themodernization and metropolises of Sao Paulo. The main
objective is to present a reflection on the changes occurring in their neighborhood
and the new configuration of the periphery with the modernization of the city,
according to studies on urban processes as a way to understand the
transformations of space. The central idea presented is that the modernization of the
city is closely related to the history of the neighborhood and acted as the agent
of major transformation and development of urban life.
Keywords: Urban modernization processes, metropolises, neighborhood-
periphery, the historical process.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. Metodologia.......................................................................................................8
2. A cidade e a metrópole no processo de modernização.....................................9
3. O Bairro de Perus e a Metrópole Paulista........................................................13
3.1. O Processo Histórico de Perus.................................................................13
3.2. Perus e seu sítio urbano...........................................................................15
3.3. A Metropolização de São Paulo...............................................................18
4. A nova configuração socioespacial de Perus a partir da Metrópole...............23
4.1. Perus e suas transformações dentro da Metrópole Paulista....................23
4.2. A desintegração da vida de bairro ...........................................................28
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
7
Introdução
O trabalho aqui apresentado tem por objetivo mostrar as transformações
ocorridas no bairro de Perus a partir da modernização da cidade de São Paulo. Esse
processo de modernização marca a metamorfose da cidade em metrópole,
contribuindo para as transformações de bairros que também passam por um
processo urbanizador. Essa modernização mostra que a cidade cria no espaço
condições para o desenvolvimento industrial além de contribuir para as
transformações socioespaciais e imprimir na cidade características metropolitanas.
O trabalho surgiu de uma preocupação pessoal de tentar compreender as
transformações espaciais do bairro e a sua nova configuração, os estudos sobre o
bairro foram ganhando forma a partir de leitura de textos e livros que tentavam
compreender as transformações do espaço com a chegada de formas urbanas que
caracterizavam a modernização da cidade de São Paulo. Os estudos urbanos foram
os que contribuíram para a compreensão de todo esse processo transformador além
de permitir o entendimento do bairro aqui estudado.
Essa pesquisa tem por objetivo analisar as transformações do espaço
geográfico do bairro de Perus vinculada à metropolização da cidade de São Paulo,
além de apontar atividades significativas para esse processo como a criação da
fábrica de cimento Perus Portland e a ferrovia Estrada de Ferro São Paulo-Railway ,
que foram pontos cruciais para o desenvolvimento do bairro e também favoreceu a
modernização de São Paulo. E mais recentemente a sua transformação em bairro
periférico no contexto da metrópole.
Dentro desse processo de modernização e metropolização da cidade e como
fatores de transformação do bairro foram analisados de que forma a Estrada de
Ferro São Paulo-Railway contribuiu para a criação de núcleos urbanos,
principalmente no Bairro de Perus e redondezas, além de tentar fazer uma ligação
entre a construção da ferrovia e a intensificação de fábricas que passaram a surgir
ao longo da ferrovia, tendo como exemplo a Fábrica de Cimento Portland Perus.
No contexto da cidade foi possível analisar também o processo de
periferização que passou a ser consequência do processo de metropolização de São
Paulo, em Perus isso se mostra bastante presente uma vez que ao se inserir
totalmente na lógica da metrópole passou a conviver com as características que são
8
típicas dessas áreas, sofrendo com a precarização do lugar. E como resultado
desse processo temos a implosão do bairro, ou seja, a perda de características de
vida de bairro o transformando em um fragmento da cidade.
Sendo assim, é possível fazer uma análise a partir de uma ligação entre a
formação do bairro de Perus e o processo de modernização e metropolização da
cidade de São Paulo, levando em consideração os processos históricos e as
transformações espaciais que marcaram o período nas duas localidades. Na
tentativa de elucidar essa análise, foram usados como fonte de pesquisa no campo
da Geografia, que se mostra tão vasto, teóricos que discutem dentro da Geografia
Urbana os processos de transformações socioespaciais.
1. Metodologia
A metodologia consiste em realizar estudos e revisão bibliográfica de textos
que apresentem formas de compreensão dos processos de urbanização, análise da
modernização como uma forma de produção social do espaço, compreender os
processos que levam a cidade à constituição de metrópole e como se dá a sua
metropolização, tentar analisar os conceitos de centro-periferia de maneira que
permitam compreender a nova configuração do bairro de Perus etc. O estudo teve
como foco os processos de modernização e metropolização de São Paulo como
base para a contextualização das transformações do bairro de Perus, a análise se
deu especialmente a partir da Fábrica de Cimento Portland Perus e da Estrada de
Ferro São Paulo Railway como fatores para a formação e transformação
socioespacial do bairro.
As entrevistas realizadas procuraram contrapor dois grupos da população de
Perus, o primeiro grupo foram os moradores mais antigos que viveram o período da
Fábrica de Cimento Portland Perus acompanhando o processo histórico do bairro, o
segundo grupo contou com moradores recentes tendo na sua composição migrantes
e a população mais jovem, as entrevistas realizadas no segundo grupo eram na sua
maioria composta por moradores do loteamento “Recanto dos Humildes” e nos
conjuntos habitacionais.
No total foram feitas 10 entrevistas que possibilitaram a partir da visão dos
moradores compreender como estes enxergam o processo histórico do bairro e
também a sua nova configuração espacial.
9
Considerando a pesquisas teóricas junto às pesquisas de campo, procuramos
desenvolver:
- Estudos dos processos históricos a partir de textos com o intuito de comparar
essas transformações em campo e compreender o processo.
- Entender e analisar o atual processo de urbanização do bairro e de seu entorno,
assim como a sua decadência com relação à influência para a modernização de São
Paulo a partir de entrevistas feitas.
- Análise das transformações no espaço geográfico da região a partir do uso de
fotografias para melhor compreensão.
2. A cidade e a metrópole no processo de modernização
O processo que marca a transformação da cidade em Metrópole está pautado
em uma gama de características, que mencionado por Lencioni (2006), aparece
como sendo uma forma urbana de tamanho expressivo, levando em consideração o
tamanho de sua população e o seu território, a metrópole possui uma diversificação
de atividades econômicas, com destaque para a concentração de serviços, é um
locus de inovação, garante um fluxo grande de comunicação e informação e é vista
como um nó importante de redes.
Quando tratamos de Metrópole há uma relação íntima com a cidade, mas ao
tratarmos da metropolização estamos lidando com transformações que acontecem
no espaço. Em São Paulo, observamos que além da sua transformação em
metrópole tivemos também uma metamorfose de sua paisagem, ou seja, foi
impresso no espaço características metropolitanas, um processo que marca
contínua ação.
Dentro desse processo que marca o desenvolvimento e modernização de São
Paulo, vemos que há uma produção do espaço, ou seja, a produção do espaço
capitalista. Como vemos em Lefebvre (1980), o espaço mostra as suas
contradições, uma vez que como produto social é visto também como mercadoria.
Tendo no seu interior as contradições, o espaço passa a se fragmentar e implode, e
é nesse contexto que podemos analisar a metrópole e os bairros que como produto
desse processo também foram fragmentados.
As transformações causadas pela metropolização também se passam no
plano do indivíduo já que haverá uma transformação do espaço habitado, ou seja, a
10
sua fragmentação tornando o mesmo estranho ao indivíduo uma vez que há a perda
de seus referenciais. Os bairros são exemplos claros desse processo, por terem sido
descaracterizados para atender a essa acumulação desenfreada do capital que
produz os espaços metropolitanos, mudando o comportamento e os referenciais da
população (CARLOS, 2009).
As modificações ocorridas tanto na cidade como nos lugares trarão também a
modificação da vida cotidiana que transformará a realidade urbana. A modificação
não acontece apenas por fatores globais, que são contínuos (tais como o
crescimento da produção material no decorrer das épocas, como suas
consequências nas trocas, ou o desenvolvimento da racionalidade), mas também
em função das modificações do modo de produção, nas relações cidade e campo, e
nas ralações de classe e propriedade (LEFEVBRE, 2010).
Com a introdução da lógica capitalista essas mudanças se mostram
presentes também na escala do vivido, isso percebemos em Perus que passou por
uma metamorfose com a chegada da Fábrica de Cimento Portland Perus, dando
continuidade a uma transformação que foi dada com a vinda da Estrada de Ferro
São Paulo Railway. Vemos que a configuração do bairro de Perus possui muitas
mudanças, a começar pela sua classificação já que agora é visto como um bairro
periférico, fazendo parte com isso das novas periferias que foram se formando com
a explosão da cidade.
As transformações ocorridas no bairro a partir da metropolização de São
Paulo trouxeram para o antigo morador o sentimento de perda e é percebido que a
sua inserção na metrópole fez com que o bairro se transformasse num fragmento
desta, tendo suas características cada vez mais esvaziadas de sentidos e
significados (SEABRA, 2003). Desse modo, podemos dizer que o bairro entra numa
forma de reprodução da metrópole, estabelecendo nele uma lógica que vem de fora,
ou seja, a lógica da metrópole.
Segundo Seabra (2003), esse processo de urbanização e a constituição de
uma sociedade industrial vão redefinir as lógicas internas do bairro, rompendo com
as relações imediatas existentes além de provocar intensos deslocamentos. A
industrialização e a formação da metrópole provocaram um processo de
metamorfose na cidade o que acabou gerando a não sobrevivência dos bairros
11
“tradicionais” fazendo com que eles se fragmentassem, e consequentemente
houvesse a sua implosão, caracterizados agora como bairros periféricos.
Assim percebemos que o processo de modernização permite que essa nova
configuração seja estabelecida, mudando o modo de vida da população no local e
configurando uma nova organização social e cultual, rompendo com estruturas que
antes faziam parte da vida cotidiana local, e é justamente esse processo que pode
ser observado nos bairros que passam de uma estrutura ainda que não totalmente
urbanizada, mas com traços dessa urbanização para uma configuração mais
complexa e intensa.
As cidades sofreram e ainda sofrem um intenso processo de modernização,
mostrando com isso uma nova organização do seu espaço, esse processo foi
acompanhado por intensos fatores históricos vivenciados e que foram modificados a
partir do processo de modernização. Aqui tentamos compreender que a
modernidade não pode ser entendida como um simples momento de grande
desenvolvimento, já que ela não conseguiu eliminar as desigualdades existem no
espaço.
Perus se encaixa nesse contexto e sofreu intensamente com todo esse
processo modernizador da cidade de São Paulo, foi a partir de um estudo histórico e
geográfico que analisamos o quanto essas transformações imprimiram no lugar uma
nova configuração espacial. Como resultado desse processo Perus passou de bairro
para uma forma típica de periferia, sofrendo com todas as características que são
inerentes a essas áreas.
Com a metropolização da cidade, bairros, como no caso Perus, passaram a
ser continuidades dessa nova formação e a sua análise deve ser feita a partir da
cidade para que as diferenças sejam bem compreendidas, já que a cidade era o
centro da vida civil e agora, com as transformações instauradas pelo processo
modernizador, passa a ser o cenário para os novos circuitos capitalistas, tratando
estes a partir da escala da metrópole.
A ocupação de Perus se deu no final do século XIX com a chegada da
Estrada de Ferro São Paulo Railway, onde foi se formando pequenos aglomerados
de casas, intitulados por Langenbuch como povoados-estação (1971). Mas foi com a
vinda da Fábrica de Cimento Perus Portland em 1926, que o bairro ganha uma nova
12
configuração e também a constituição de uma nova lógica, a do trabalho para a
população ali residente.
Esse processo urbano passa a consumar a fragmentação do espaço e do
tempo, e a cidade e os bairros que estavam na base da cidade histórica passam a
fazer parte da metrópole como fragmentos. Compreender essa modernização da
cidade e dos bairros e analisar como eles sobrevivem a esse novo modelo implica
entender o capitalismo como formação social (SEABRA, 2001).
Com a modernização, a vida passa a ser mais diversa, o urbano transforma o
quadro de vida mostrando que apesar das contradições sociais que envolvem esse
processo é essa nova maneira de pensar e viver que vai ser imposta. É com a
modernização que os circuitos capitalistas vão ganhar maior importância, denotando
outra sociedade que passa a se caracterizar e se identificar mais com o que a
cidade tem para oferecer deixando de lado algumas características que antes eram
tradicionais.
O momento pelo qual a cidade de São Paulo estava passando marca à
metamorfose da cidade em metrópole, dando ao lugar do bairro um processo de
urbanização. Essa metropolização mostra que a modernização da cidade cria no
espaço condições para o desenvolvimento industrial além de contribuir para as
transformações socioespaciais.
As metrópoles contemporâneas estavam inscritas dentro do que prescreviam
as cidades modernas, estas surgiram dentro da base da cidade histórica e de seus
bairros. O aumento da divisão manufatureira do trabalho na base da cidade histórica
mostra as contradições desta nova sociedade que já estava se industrializando,
dando lugar a modernidade que trazia uma vida mais diversa, com um novo cenário
social nos espaços.
O bairro no processo de metropolização e consequentemente no processo de
urbanização é visto primeiramente como uma entidade sociocultural, ou seja,
possuidora de uma identidade que estava fora do contexto da cidade que na época
passava por transformações. O bairro no seu interior é visto como o lugar do vivido,
das experiências de vida e com a industrialização há um rompimento desses
aspectos redefinindo as características do bairro e os nexos da vida imediata, com
isso o enraizamento existente anterior ao processo de metropolização não
13
sobrevivem devido à intensificação das características de um modo de vida que está
na cidade e que passa a incorporar o bairro.
As Metrópoles foram estruturas a partir da industrialização e sua
materialidade seu deu com a concentração econômica e a concentração geográfica
dos processos de produção e reprodução do capital (SEABRA, 2010), considerando
que outros fatores como a produção do espaço, política e cultural também se
mostram presentes dando ao processo de urbanização e metropolização sua
totalidade.
Sendo assim, é possível fazer uma análise a partir de uma ligação entre a
formação do bairro de Perus e o processo de modernização e metropolização da
cidade de São Paulo, levando em consideração os processos históricos e as
transformações espaciais que marcaram o período nas duas localidades, o bairro de
Perus e a cidade de São Paulo e, a partir disso, compreender a necessidade que a
cidade de São Paulo passava para se inserir no processo de metropolização, ou
seja, um nível mais elevado de produção socioeconômica e espacial.
3. O Bairro de Perus e a Metrópole Paulista
3.1. O Processo Histórico de Perus
O Bairro de Perus, situado na cidade de São Paulo, era conhecido nos anos
coloniais como Ajuá e servia como local de parada de tropas, já que estava situado
na estrada entre São Paulo e Jundiaí. A região era constituída por grandes
fazendas, como a fazenda dos Pires com uma considerável produção vinícola e a
fazenda Ajuá, que possuía uma grande cultura de cereais, sendo considerada uma
das maiores da capital, ficando próxima à estrada de ferro São Paulo Ralway e foi
nos arredores desta fazenda que tivemos o surgimento do Bairro de Perus
(SIQUEIRA, 2001).
O lugar que no período colonial servia apenas como pouso de tropas, teve no
final do século XIX a instalação da ferrovia São Paulo-Railway, e esta teve grande
importância para o desenvolvimento do Estado de São Paulo, que estava passando
por um momento de grande modernização. A estrada foi construída por uma
empresa inglesa entre os anos de 1860 e 1867, sendo a primeira via férrea paulista
e tinha como objetivo tirar o planalto paulista do isolamento, já que seu grande feito
foi ter superado o desnível da Serra do Mar. (PRADO JÚNIOR, 1989).
14
A ocupação em Perus se deu primeiramente com a instalação da Estrada de
Ferro São Paulo Railway no final do século XIX, e com isso o bairro passou a
apresentar algumas aglomerações, principalmente próximos à ferrovia, que segundo
Langenbuch (1971), eram chamados de povoados-estação.
Em 1926, houve no bairro a instalação da Fábrica de Cimento Portland Perus,
dando assim uma maior importância ao lugar. A Fábrica de Cimento teve sua
instalação no bairro devido ao acesso que ele oferecia à ferrovia e pela grande
quantidade de matéria-prima necessária para a produção de cimento. Com a Fábrica
houve um maior impulso das aglomerações, além de imprimir o ritmo do trabalho
fazendo com que o lugar sofresse algumas mudanças na sua organização social e
espacial, uma vez que passa a seguir essa nova lógica que começa a ser imposta
no bairro.
Com a vinda da Fábrica, o bairro passou a sofrer algumas transformações, já
que o novo empreendimento necessitava de um contingente grande de
trabalhadores, e estes passaram a ocupar o bairro vindo das regiões mais próximas,
ou de outros estados e até mesmo países. O trabalho especializado da Fábrica foi
ocupado principalmente por trabalhadores estrangeiros, já o trabalho pesado e sem
muita especialização foi ocupado pelos trabalhadores nacionais.
Com a ocupação do bairro por uma quantidade significativa de trabalhadores
houve a necessidade de construir algumas vilas operárias além de alguns
loteamentos. As vilas que se encontravam próximas à Fábrica dispunham de boa
infraestrutura, como água e energia elétrica, estas eram a Vila Triângulo e a Vila
Portland, já fora do perímetro da fábrica existiam loteamentos que tinham por
objetivo atender a necessidade de moradia da massa de trabalhadores e que não
possuíam tanta infra-estrutura, como as vilas localizadas dentro da fábrica, vivendo
esses trabalhadores sem energia e saneamento, estas vilas ficaram conhecidas
como Vila Inácio e Vila Hungaresa.
Em 1934, Perus deixa de fazer parte da Freguesia do Ó, transformando-se
em Distrito, apresentando já nessa época características urbanas numa área
tipicamente rural (BEZERRA, 2011). No desenvolvimento do bairro houve algumas
permanências, principalmente rurais, e assim era possível perceber características
tanto urbanas como rurais. Com o crescimento da cidade de São Paulo e seu
15
desenvolvimento industrial, o bairro passa por fortes transformações tanto na sua
vida cotidiana como na sua organização social e espacial.
Em 1950 e 1960, São Paulo intensifica sua importância no cenário econômico
e industrial, assim Perus ganha uma nova configuração passando a apresentar
características de bairro residencial, tendo a sua mão-de-obra excedente que
procurar trabalho em outros locais da capital, sendo chamado agora de “bairro
dormitório”.
3.2. Perus e seu sítio urbano
Perus é um distrito e está localizado a extremo noroeste da cidade de São
Paulo, ele faz divisa com outros dois distritos, de Jaraguá e Anhanguera além de
limitar o município de Caieiras, que já não faz parte da região metropolitana de São
Paulo. O distrito possui 89.500 habitantes, e por fazer parte das periferias de São
Paulo possui problemas inerentes a essa formação, como habitação de baixa
qualidade, altos índices de violência, falta de saneamento básico em algumas
localidades, principalmente em lugares de ocupação mais recente, além de pouco
investimento em saúde pública.
O processo de favelização em Perus se deu principalmente com a vinda das
rodovias Anhanguera e Bandeirantes, que induziu a ocupação de suas proximidades
pela população mais carente do bairro. Como é bem característico dos bairros
periféricos das grandes cidades, Perus não possui hospital tendo apenas um posto
de saúde, mas que devido a grande procura por atendimento hospitalar se torna
insuficiente. O bairro possui um dos menores IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) da região evidenciando a baixa qualidade de vida de sua população.
16
FIGURA 1: Localização do Distrito de Perus
Fonte: Site Prefeitura do Estado de São Paulo, 2011
Adaptação: Natalia de Almeida
IMAGEM 1: Localização de Perus
A imagem mostra a atual configuração urbana de Perus. Temos em destaque a Fábrica de Cimento
Portland Perus, Estação de trem da CPTM, os conjuntos habitacionais CDHU e COHAB e a Rodovia
Bandeirantes e o Rodoanel Mário Covas.
Fonte: Google Earth. Adaptado por Natalia de Almeida 2011.
17
Nos seus aspectos morfológicos ele se encontra no chamado rebordo
granítico-gnaissico que envolve a bacia sedimentar de São Paulo (BEZERRA, 2011).
Por estar localizado numa região que é bastante recortada, já que faz parte da bacia
hidrográfica do rio Juquery, o bairro é constituído por morros e estes são ocupados
em sua maioria por moradias, e ao observar essas ocupações percebemos que as
moradias foram construídas sem nenhum tipo de planejamento e de forma
desordenada.
O bairro tem características residenciais bem marcantes, mas na sua
paisagem podemos fazer distinções bastante claras entre áreas mais pobres e
outras com uma população mais abastada, apontando com isso uma diferenciação
bem marcante na sua constituição socioespacial. As áreas de ocupação mais
antigas, como por exemplo, nos arredores da estação ferroviária, encontramos
residências organizadas com maior infra-estrutura, já as ocupações mais recentes
encontradas principalmente nas extremidades do bairro, foram ocupadas de forma
desordenada por uma população de baixa renda, sendo a maioria da população do
bairro, podemos citar como exemplo o loteamento “Recanto dos Humildes”.
.
FOTO 1 - Loteamento “Recanto dos Humildes”, a foto mostra o grande adensamento de casas.
Créditos: Natalia de Almeida
18
O Bairro possui como principal atividade o comércio, é possível observar
alguns comércios tradicionais como lojas e restaurantes, mas nos últimos dez anos
algumas lojas que estão ligadas às grandes redes comerciais começaram a se
instalar no lugar, são elas Casas Bahia, Loja Cem, Magazzine Luiza, Boticário etc,
com isso podemos observar que o bairro está sendo palco de processos bastante
característicos da modernização da metrópole de São Paulo, integrando-se dessa
forma ao seu circuito comercial.
3.3. A Metropolização de São Paulo
A história de Perus tem grandes ligações com a metropolização da cidade de
São Paulo, sofrendo no seu desenvolvimento as conseqüências de todo esse
processo histórico que a cidade vinha passando. A chegada das indústrias e o
aumento desenfreado da centralidade que São Paulo passou a exercer fizeram com
que as periferias se tornassem parte dessa nova paisagem que passou a imperar na
cidade.
Dentro desse processo, Perus passou a ser visto como um bairro periférico,
uma vez que sua posição geográfica além de suas características econômicas e
sócioespaciais davam ao lugar essa condição. Mas para que possamos
compreender essa nova configuração do bairro, temos que adentrar no processo
que fez a cidade de São Paulo se transformar na Metrópole dos dias atuais, e
também passar a analisar como se deu a sua industrialização e seu processo de
urbanização.
Analisando a industrialização a partir da perspectiva de aprofundamento das
relações capitalistas, a cidade vai passando por transformações tanto técnicas como
científicas, produzindo uma nova centralidade, ou seja, pontos que serão valorizados
principalmente se considerarmos o seu papel econômico, as características urbanas
vão desenvolver no lugar uma infraestrutura que será necessária para a
concretização dessa modernização vigente, com isso haverá a expansão das
periferias que são precariamente inseridas nesse contexto do capitalismo industrial,
passando a ser segregadas.
19
Nesse contexto, a cidade passa a seguir as estruturas impostas pela
produção capitalista industrial, seguindo uma linha que condiciona a sua produção
para o mercado. A industrialização de São Paulo se deu principalmente ao longo das
ferrovias, tendo pontos que já se mostravam importantes e dinamizados. O seu
início se deu a partir da concentração de capital vinda da produção cafeeira, dando
continuidade ao processo que vinha se estabelecendo com a expansão das ferrovias
que adentravam o planalto paulista.
Vemos nascer assim uma nova configuração espacial da cidade de São
Paulo, onde temos lugares com manifestação intensa da pobreza, enquanto outros
são possuidores de grande dinamismo. Assim percebemos a fragmentação da
cidade e do urbano, gerando espaços precarizados nesse processo industrial e que
foram subjugadas às periferias pobres e alienadas.
O processo de metropolização produz uma intensa centralidade e marca no
território um processo de hierarquização, a partir de seus centros. Nesse contexto, a
metrópole aparece como sendo algo que transcende a modernidade, onde a vida
passa a ser efêmera e dinâmica, além de introduzir no espaço urbano um processo
de homogeneização. Com isso os problemas que vemos acontecer pela
urbanização, que não é para todos, passam a fazer parte da reprodução da
sociedade.
A fragmentação do espaço, resultado dessa metropolização também se
passa no plano do indivíduo já que haverá uma transformação do espaço habitado,
ou seja, a fragmentação do lugar tornando estranho ao indivíduo, uma vez que há a
perda de suas referências. Os bairros são exemplos claros desse processo, por
terem sido descaracterizados para atender a essa acumulação desenfreada do
capital, que produz os espaços metropolitanos, mudando o comportamento e os
referências da população (CARLOS, 2009).
Assim, para que possamos compreender melhor as transformações da cidade
de São Paulo, temos que fazer um paralelo com a intensa urbanização como
consequência de um processo de industrialização caracterizado como dependente,
uma vez que o Brasil ocupa uma posição na Divisão Internacional do Trabalho,
apresentando intensa exploração da força de trabalho e, além disso, o mercado não
consegue ocupar toda essa mão-de-obra existente, tendo assim o aparecimento do
20
trabalho informal como alternativa de renda para essa população que ficou à
margem do processo de industrialização.
O processo de urbanização no contexto da industrialização está atrelado a
uma urbanização que explora a cidade, ou seja, há uma extensão cada vez maior da
mancha urbana com a ocupação da população de trabalhadores de baixa renda nas
periferias que circundam a cidade e que mostra uma segregação socioespacial,
onde nem todos têm a possibilidade de obter essa urbanidade que caracterizam os
lugares que são privilegiados da Metrópole.
A industrialização de São Paulo não proporcionou para a cidade como um
todo os efeitos da urbanização que é a consequência desse processo, muito pelo
contrário, ela criou espaços que foram privilegiados por essa industrialização, tendo
como resultado intensos investimentos nesses lugares de infraestrutura, garantindo
condições para um melhor desenvolvimento da população residente nessas
localidades, como também o progresso de atividades tanto industriais como
comerciais. A urbanização se deu de forma desigual, ou seja, criou-se uma
separação entre o centro e a periferia, marcando as características que são típicas
nos grandes centros brasileiros, como na Metrópole paulista.
Esse momento marca dois processos que são inerentes à urbanização da
metrópole, o primeiro mostra que a urbanização, como resultado da industrialização,
provoca o crescimento das grandes periferias, ou seja, a explosão da cidade e o
segundo dizem respeito ao processo que liga a industrialização ao capital financeiro
vigente. Uma das alternativas para que o capital financeiro se reproduza é por meio
da compra da terra urbana, através do espaço criam-se novas funções para que a
reprodução econômica se concretize, assim o espaço é uma condição para que isso
ocorra, mudando o papel do solo urbano a partir das pretensões econômicas.
Assim, percebemos que a produção da cidade capitalista está inserida num
contexto onde ela se torna uma mercadoria e que a partir disso se torna
fragmentada, uma vez que a propriedade privada é vendida e ocupada em pedaços,
uma vez que o mercado imobiliário tem em mãos a terra urbana e com ela produz
espaços com alto custo onde só pode morar a população mais abastada, sendo a
outra parcela da população resignada a ocupar a mancha urbana que se alastra
pelas periferias.
21
Analisando a metropolização de São Paulo, podemos observar que ela não
se dá por completo, pois ocorre como um processo de modernização incompleta, na
qual mesmo que se continue uma industrialização forte, ainda há resquícios do que
em períodos anteriores foram tradicionais na cidade, como setores financeiros e
pequenas indústrias que estão nas mãos de grupos familiares, sem se inserirem na
grande produção capitalista que temos nos dias atuais. Podemos dizer que no Brasil
como um todo houve a introdução do moderno, mas sem que essa modernidade
fosse homogênea, temos clara a divisão do trabalho, a racionalidade do lucro, mas
ao mesmo tempo, observamos que há uma realidade conservadora e resistente ao
seu modo de vida (DAMIANI, 2009).
Neste contexto, Damiani mostra que diante desse processo de urbanização,
vemos que há uma impossibilidade do urbano para todos, o que para ela seria
denominado de urbanização crítica. Esse movimento poderia ser transformado a
partir de uma mudança radical das bases da produção e reprodução social. Se
existe urbanização para uns, deixa de existir para outros, uma vez que no processo
de produção capitalista não é possível uma urbanização completa e homogênea que
consiga atender todo o território da Metrópole paulista, sendo necessário que a
propriedade privada e sua capitalização dentro do espaço urbano sejam enfrentadas
e transformadas para que a população faminta por moradia e melhores condições de
vida sejam atendidas.
Esse processo de privatização do solo urbano sofre muito influência do
Estado, já que planos elaborados para atender as necessidades da população com
relação ao acesso a esse solo urbano tende a privatizar cada vez mais a vida,
interferindo na produção e reprodução da sociedade. Dessa forma, a cidade de São
Paulo vai reformulando o seu espaço, onde a sua fragmentação se dá para que
necessidades inerentes ao capitalismo sejam atendidas, sem se preocupar com as
necessidades individuais nem mesmo com a cultura de cada lugar, realocando
populações para as periferias, restringindo o acesso a esse processo de produção
capitalista.
Na impossibilidade de permitir que todos tenham acesso à urbanização e,
como consequência disso, a Metrópole como centro de hierarquização e de nó de
atração de fluxos, comporta-se como grande objeto de orientação desses fluxos
22
como também a responsável pela divisão espacial do trabalho. Esse processo de
hierarquização dos espaços ocorre “excluindo” grande parte da população, ou seja,
inserida precariamente neste contexto. As grandes mutações por que passa a
Metrópole paulista retira parte do seu papel industrial, permitindo que ela se insira
em novas atividades econômicas, contribuindo para o aprofundamento dessa divisão
espacial do trabalho, além de configurar um espaço onde impera a segregação
socioespacial.
Como é observado em São Paulo, a industrialização e, consequentemente, a
urbanização gera uma problemática no espaço, sendo considerado por muitos o
motor das transformações na sociedade como um todo. A industrialização é vista
como o indutor dessas transformações e teremos como os induzidos os problemas
gerados na sociedade que são relativos ao crescimento e planificação da cidade
(LEFEBVRE, 2010). Anterior à industrialização, tínhamos a cidade e seu solo urbano
com um maior peso do uso e com a introdução de novos modelos econômicos há
uma transferência, passando o solo urbano a ter cada vez mais valor de troca, ou
seja, ele dentro do capitalismo aparece como mercadoria.
Assim com a industrialização as estruturas anteriores foram quebradas, e
teremos a ruptura do sistema urbano preexistente, implicando na desestruturação
das estruturas estabelecidas (LEFEBVRE, 2010). Com a industrialização a mancha
urbana tende a se expandir, chegando a ocupar grande parte do território, a
crescente concentração de capital resultado da indústria é acompanhada pelas
concentrações urbanas, essas localidades caracterizam-se como pontos onde o
capital será inserido de forma mais intensa. A consequência dessa nova estrutura
imposta pela indústria permite que a capitalização do centro crie ao redor da cidade
lugares que vão abrigar a população que passa a ser expulsa, não podendo mais
ocupar os principais centros que agora passam a ser super valorizados.
As transformações da cidade, como já foram citadas, têm como resultado os
problemas urbanos que passam a ser induzidos por essa nova estrutura, e estes vão
provocar na cidade a sua “implosão/explosão”, marcando a expansão do tecido
urbano por todo o território, que constituirá a metrópole. A explosão da cidade é
marcada pela fragmentação do espaço e a sua expansão formando as novas
periferias, ela acontece uma vez que não consegue inserir uma parte da população
23
que está subjugada a ocupar essas localidades. Assim vemos aparecer no contexto
da cidade a suburbanização, que vai gerar a sua desconcentração, e ao seu redor
há um preenchimento por periferias dependentes da cidade.
A implosão acontece na cidade e principalmente nos antigos bairros, havendo
nesses lugares uma desestruturação dos antigos modos de vida, rompendo com as
relações imediatas, provocando no lugar uma sensação de desconhecimento, de
estranhamento, onde o espaço da vivência, da vida de bairro passa a não ser mais
identificado como tal. Acontecendo o mesmo com a cidade, a praça passa a não ser
mais o ponto de encontro, as pessoas adquirem um modo de vida marcado pela
rapidez das coisas, pela efemeridade das relações, onde tudo acontece ao mesmo
tempo, deixando de existir as reações mais imediatas e o caráter de vizinhança.
Assim temos o novo momento da cidade, onde vai imperar um modo de
produção voltado para o mercado, transformando o espaço como forma de se
adequar a essa nova produção. A cidade perde as suas características tradicionais e
se transformando em metrópole, fragmentando espaços, desvalorizando lugares,
desestruturando relações e deixando a população mais pobre “excluída” desse
processo. A análise da industrialização e metropolização da cidade de São Paulo
servem como cenário para as transformações dos espaços, como no caso Perus,
que estavam intimamente ligados a esse desenvolvimento, mostrando que nessas
localidades houve uma nova configuração socioespacial.
4. A nova configuração socioespacial de Perus a partir da Metrópole
4.1. Perus e suas transformações dentro da Metrópole Paulista
Perus sendo um local que está inserido na Metrópole de São Paulo possui
certa dependência com relação às centralidades da cidade, por ser um bairro
“dormitório”, a sua população se desloca diariamente para os principais centros, uma
vez que o bairro não consegue empregar toda a força de trabalho existente. Essas
características demonstram que o bairro está inserido na Metrópole como uma
periferia, mantendo um modo de vida característico dessa situação, assim como a
sua cotidianidade.
24
Pensando na metropolização de São Paulo e na sua relação com as
transformações do bairro de Perus, percebemos que analisar o bairro a partir da
totalidade que é a cidade é ao mesmo tempo perceber que a metamorfose da cidade
em metrópole fez com que o bairro fosse se perdendo nesse processo e se
integrando na metrópole, tornando-se um fragmento desta. Dessa forma, o bairro
como era concebido vai perdendo as suas características de convívio social e se
desintegrando não fazendo mais parte de uma organização social mais autônoma.
Quando tratamos da metrópole, notamos que dentro dela há formas urbanas
que estão em constante mutação, ou seja, há uma recriação de novos espaços a
partir dessas transformações, com isso percebemos que os lugares vão se recriando
e características que eram consideradas anteriormente à transformação vão se
perdendo e passam a ganhar novos sentidos e novos usos. Essas transformações
se passam também no bairro, se formos considerar a metrópole como mediadora
entre o local e global, notaremos que no plano local haverá a introdução de novos
valores e novos comportamentos uma vez que o global acaba condicionando essas
transformações (CARLOS, 2006).
Esse processo de metamorfose dos lugares, falando aqui especificamente do
bairro de Perus, apesar de ser condicionado por uma lógica que vai além do poder
público, não podemos ignorar que o Estado passa a se comportar como mediador
de todo esse processo contribuindo para que ele se fortifique. Com isso temos uma
intensa valorização e desvalorização dos lugares, onde temos a expulsão e atração
da população e, no caso do bairro como periferia, vemos que ele faz parte de um
contexto em que habitantes foram expulsos de determinado lugar e passaram a
ocupar locais mais distantes dos principais centros.
Em Perus isso fica muito claro porque num primeiro momento percebemos
que a sua ocupação se deu com a necessidade de modernização que a cidade de
São Paulo passava, ou seja, essa ocupação estava mais ligada à possibilidade de
novas oportunidades de emprego trazidas pela fábrica como também a possibilidade
que a estrada de ferro dava para que essa população se locomovesse. Mas num
período a posteriori, vemos que o crescimento do bairro está totalmente atrelado à
explosão da cidade, uma vez que não há um agente incentivador de atração e sim
25
uma expulsão de habitantes que não conseguem se inserir nesse processo
avassalador de modernização.
Considerando a Metrópole como uma condição para a centralidade,
percebemos que ela se comporta como um pólo de atração de fluxos e com isso
veremos que o processo de divisão espacial do trabalho será cada vez mais
acentuado, isso mostra que ele trará para o espaço produzido uma lógica marcada
pela sua hierarquização, uma vez que lugares passaram a receber instrumentos
modernizadores para produção enquanto outros vivem na inércia podendo ou não
ser valorizados. Partindo desse pressuposto, vemos que Perus, num primeiro
momento da sua história, aparece como um ponto de atração, já nos dias atuais não
temos algo economicamente marcante que possa gerar atração para o lugar.
Para compreender as transformações ocorridas em Perus, temos que
perceber que na constituição da Metrópole há um movimento marcado pela
produção e reprodução dos espaços, dentre as formas que contribuem para esse
movimento, temos as formas urbanas que se comportam de várias maneiras dentro
do processo de formação da metrópole, assim haverá dentro dos lugares que
recebem a estrutura urbana uma modificação de seus sentidos assim como uma
recriação dos lugares dando a eles novos usos.
O bairro de Perus sempre esteve intimamente ligado ao processo histórico
de São Paulo, num primeiro momento, ele teve importância por servir como pouso
de parada das tropas que seguiam para o interior, posteriormente ele teve
importância por trazer uma das fábricas mais modernas da época, a Fábrica de
Cimento Portland Perus que, Estrada de Ferro São Paulo Railway, foi a que
provocou a maior transformação no lugar.
As transformações se deram principalmente pelo aumento de habitantes
ligados à agricultura na região e também de uma população que passou a ocupar as
localidades próximas à ferrovia, tendo sido considerado como povoado-estação, em
razão de uma concentração grande de moradores nos arredores da ferrovia.
Passados alguns anos, Perus iria ressurgir como o bairro ao receber uma das
fábricas mais modernas para a época, a Fábrica de Cimento Portland Perus, que se
instalou no bairro em 1926.
26
Com a chegada da fábrica, houve uma mudança na paisagem do bairro e
também do seu modo de vida, a fábrica trouxe para o lugar a lógica do trabalho, o
tempo do relógio, que não estava presente no cotidiano da população, houve um
aumento no número de moradores, pois tivemos a vinda de muitos migrantes de
todas as regiões do país como também de estrangeiros.
A história de Perus tem grandes ligações com o processo de metropolização
da cidade de São Paulo, sofrendo no seu desenvolvimento as consequências de
todo esse processo histórico que a cidade vinha passando. A chegada das indústrias
e o aumento desenfreado da centralidade que São Paulo passou a exercer, fez com
que a mancha urbana se expandisse expulsando a população para as periferias que
estavam surgindo. Dentro desse processo, como já referido, Perus passou a ser
visto como um bairro periférico, em função de suas características econômicas e
socioespaciais.
Perus é um bairro que sofreu todas as transformações inerentes a Metrópole,
nele vemos as relações entre as populações sendo rompidas e degradadas dentro
da lógica capitalista que passou a imperar na cidade, o trabalho passou a ser a
única alternativa de sobrevivência nessa sociedade. Essas transformações fizeram
com que o conceito de bairro se perdesse diante do crescimento da cidade, já que
dentro do conceito de cidade o bairro aparece como o lugar da vida comunitária
havendo uma unidade das relações e da vida (BEZERRA, 2011). Mesmo os bairros
mantendo algumas características que eram anteriores a essas transformações pela
sua posição principalmente geográfica, ou seja, mais afastadas dos centros
principais e pela sua dependência com a cidade é difícil ele não ser inserido dentro
dessa lógica de reprodução da cidade.
Assim podemos enxergar Perus como sendo um bairro típico de periferia que
vai sofrer todas as consequências desse novo momento da cidade, sendo visto na
sua configuração atual como um bairro que sofre com uma exclusão socioespacial,
já que suas características demarcam essa posição. Hoje, a estação ferroviária
passa a ser o ponto que marca a centralidade do bairro, nos seus arredores estão os
principais pontos de meios de transportes e as ruas comerciais.
Essas transformações do bairro a partir da modernização de São Paulo
permite entender a sua atual configuração, onde percebemos que houve uma
27
expansão do mesmo, caracterizando assim o seu imenso crescimento. Com a
chegada das Rodovias Anhanguera e Bandeirantes, percebemos o aumento da
favelização, uma vez que a população que chegava, sendo na sua maioria de baixa
renda, passou a ocupar as margens das rodovias.
Houve no bairro uma precarização do espaço, nele há a possibilidade da
população que não possui outra oportunidade de moradia de se instalar em lugares
de forma irregular, não tendo nenhum tipo de infraestrutura. Perus sofreu na década
de 1990 um processo mais intenso de periferização com a chegada dos conjuntos
habitacionais COHAB e CDHU, esse processo resulta do crescimento metropolitano
que tanto expulsa população das áreas de valorização como atrai uma população
vinda do campo e também de pequenas cidades, que se instalam como podem na
metrópole e acabam se aglomerando nas enormes periferias.
FOTO 2: Conjunto habitacional CDHU, instalado na década de 1990 marcando um processo de
periferização de Perus.
Créditos: Natalia de Almeida
Com a chegada do rodoanel Mário Covas, houve uma pequena valorização
de algumas localidades do bairro, principalmente de casas que ficam próximas,
devido à facilidade que proporcionou de acesso ao centro da Metrópole. Houve, por
28
exemplo, a abertura de um loteamento para construção de casas de padrão
considerado de classe média nas margens do rodoanel, demonstrando com isso
uma valorização do lugar.
É necessário observar que mesmo com o seu crescimento e valorização de
alguns pontos, ele ainda possui características marcantes de periferia, apontando
baixos índices de desenvolvimento humano, uma população com traços bastante
humildes, falta de infraestrutura, hospitais, violência etc. Assim percebemos que a
modernização de São Paulo, apesar de num primeiro momento permitir que o bairro
tivesse uma importância econômico-industrial, permitiu também após a desativação
da Fábrica de Cimento Portland Perus em 1985, que o bairro sofresse como todas
as mazelas de uma periferia, sendo exemplo de um processo de segregação
socioespacial, característico desse novo momento da cidade.
4.2. A desintegração da vida de bairro
A concepção de bairro na geografia é revelada por suas articulações internas,
pelo que lhe dava unidade como lugar de trabalho, de moradia, de entretenimento e
trajetos vivenciados. O bairro aparece como ordem de proximidade marcada por
transitoriedade, que apesar dessa transitoriedade como fenômeno socioespacial, há
uma reprodução de estereótipos, em que tem lugar as ideologias de bairro
(SEABRA, 2003).
A modernização e a industrialização de São Paulo, a partir da década de
1950, trouxe para a cidade uma massa de trabalhadores atraídos pela possibilidade
de emprego, essa população não tendo oportunidades de habitação passou a
ocupar as áreas periféricas, pois são áreas desvalorizadas do ponto de vista
imobiliário. Nesse contexto da Metrópole, tanto as periferias como os bairros vão se
transformando, já que estamos vivendo um momento em que há uma passagem da
cidade para a forma de metrópole, estando esta intimamente ligada ao
desenvolvimento que tem como característica a produção capitalista.
Dessa forma, os bairros mesmo possuindo uma forma própria, além de
características bastante particulares, vão sendo englobados nessa nova lógica
apresentada pela cidade. A modernização provoca uma nova configuração no
29
espaço da cidade, há a sua fragmentação tendo como consequência a formação das
novas periferias e também a desintegração de antigos modos de vida,
principalmente nos bairros.
Perus é característico dessa transformação, onde num primeiro momento foi
visto como um lugar de pouso de tropas, possuindo um número pequeno de
moradores e tendo uma vida totalmente rural; num segundo momento, com a vinda
de Estrada de Ferro, houve a introdução de um aglomerado de casas ao redor da
ferrovia, caracterizando um povoado-estação; e com a chegada da fábrica as
transformações se tornam mais intensas introduzindo no bairro as formas urbanas,
que se contrapõem com as formas que antes eram na sua totalidade rurais, há então
a introdução de uma lógica e vida ligadas à Fábrica.
A inserção da fábrica traz para o bairro um modo de vida diferente, de
características urbanas, fragmentando a vida já que haverá uma distinção entre o
viver e o vivido, ou seja, um estranhamento para a população residente que já não
reconhece o bairro como o lugar das experiências cotidianas, da vivência deixando
de ser assim a sua referência de vida. Há então a introdução do cotidiano
programado, no qual ritmo de vida metropolitano passa a predominar, tendo uma
reconfiguração das relações de trabalho como também uma transformação do
tempo, que agora passa a ser visto como controlador dessa nova vida,
desintegrando assim a vida de bairro.
Quando tratamos da vida de bairro, nos remetemos a um modo de vida
pautado numa prática social específica, mostrando com isso certas singularidades, a
vida de bairro se caracteriza por uma vida de relações espontâneas, imediatas,
tendo a família e vizinhança como a base do bairro, mas que com a metropolização
foram desagregadas, permanecendo apenas no imaginário da população mais
antiga esse modo de vida. Dessa forma, a lógica do trabalho é introduzida no bairro,
passando a transformar a sua configuração sociespacial, uma vez que há uma forte
periferização do lugar, recebendo uma massa grande de trabalhadores que na sua
maioria é imigrante nordestino, que passa a viver em condições precárias, sem
nenhuma infraestrutura.
Com a industrialização e a formação da sociedade industrial, há uma
imposição das formas urbanas, as relações vão sendo rompidas como resposta da
30
reprodução do capital. Essa nova configuração da cidade faz com que o significado
do bairro, uma vez que suas características já não permanecem e, se permanecem,
ficam apenas na memória dos mais antigos. Dessa forma, percebemos que o bairro
também vai se perdendo dentro da metrópole, tornando apenas uma parte desta,
que agora está totalmente inserido na sua lógica.
A vida de bairro floresce e se desdobra a partir da industrialização, ou seja,
os bairros vão se integrando numa lógica cada vez mais complexa ao serem
reconfigurados por investimentos públicos e privados. A inserção do bairro na lógica
da metrópole faz com que este se torne um fragmento da mesma por não apresentar
mais as características pretéritas que faziam parte da vida de bairro, a
industrialização vai aprofundar a divisão do trabalho, o tempo e a vida vão sendo
funcionalmente articulados à reprodução social (SEABRA, 2003).
Os bairros mesmo marcando no seu interior uma dinâmica formada por
características que remetem ao passado, ou seja, características que são próprias
da sua história vão sendo incorporadas à lógica de reprodução da cidade, tendo com
isso um aprofundamento das desigualdades socioespaciais. Observando a
população de Perus, percebemos que há uma diferença na percepção de bairro
entre os moradores mais antigos e os migrantes, essa diferença foi constatada com
as entrevistas realizadas com essa população.
As entrevistas coletadas em campo mostram que a população mais antiga
ainda mantém uma relação forte com a vida de bairro, e guarda na lembrança as
características dessa época. A população mais jovem e os migrantes não
conseguem enxergar o lugar como bairro e sim como uma periferia, tendo como
referência aspectos ruins do lugar como a violência, tráfico de drogas, falta de
infraestrutura etc. São duas visões bastante distintas, mas que demostram que a
fragmentação não acontece apenas no espaço como também no plano do vivido.
Desse modo, a modernização caracterizada por um processo de
transformação e rupturas no seu interior tem como consequência a fragmentação,
gerando nos bairros um processo de desintegração, ou seja, os bairros que eram
tidos como o lugar da sociabilidade, da vida comunitária, da proximidade entre os
moradores vão tomando uma nova configuração e se perdendo dentro do contexto
da metrópole. Assim a metropolização reproduz os espaços, dando a eles novas
31
formas e novos usos suprimindo as relações antes estabelecidas, tendo como
principal objetivo a expansão do modo de desenvolvimento pautado na produção
capitalista.
A atual configuração de Perus demonstra essa reprodução de espaços
provocada pela intensa modernização da metrópole paulista, o lugar que antes era
visto como um povoado-estação se vê totalmente inserido na lógica da metrópole.
Perus se tornou uma zona típica de aglomeração de uma população mais carente, e
a sua configuração socioespacial demonstra bem esse momento, uma vez que é
visto uma forte presença de ocupações irregulares, um intenso processo de
favelização etc.
Nas periferias, como no caso de Perus, há resquícios de momentos históricos
que marcaram a formação do lugar, a Fábrica de Cimento e a Estrada de Ferro
ainda remetem a um momento em que a população possuía outro modo de vida. A
Fábrica, apesar de estar totalmente abandonada, provoca na população uma
procura por um resgate histórico devido, principalmente pela sua longa história de
luta. Essas são a rugosidades, em que num mesmo espaço vemos conviver vários
momentos históricos e uma refuncionalização dos mesmos.
Perus hoje está totalmente inserido na lógica da metrópole, não conseguimos
enxergar mais a vida de bairro de anos atrás, as referências passam a ser
diferentes, principalmente para a população mais recente. O tráfico e a violência
marcam o cotidiano do bairro, com mais intensidade nos lugares de ocupação mais
recente, pois são nessas localidades que temos a população mais carente. Houve
uma total ruptura das relações, não existe mais a vida comunitária, as pessoas
passaram a viver de forma mais individual, sem relações mais efetivas e um
enraizamento com o lugar.
Perus inserido nesse momento da metrópole perdeu todas as suas
características de bairro, houve uma intensa transformação da sua paisagem e uma
grande ruptura nas relações entre as pessoas. Hoje devido à intensa periferização, a
população vive com a falta de infraestrutura, saúde, segurança etc., é uma nova
forma de viver ligada muito mais com as necessidades da metrópole, deixando de
lado a sua história e vivência da população, restando apenas à memória dos mais
velhos como forma de resgate do seu processo de formação.
32
Considerações finais
A modernização da cidade de São Paulo pode ser entendida como a
reestruturação de processo materiais, ligados principalmente à introdução de
indústrias que permitiu uma transformação do espaço da cidade a partir desses
processos materiais, como também impôs uma nova forma de consumo para a
população. Assim podemos perceber que os fatores que levaram a essa
modernização também afetaram a vida social da população e suas relações,
marcando uma intensificação dessa lógica nas cidades.
São notadas transformações intensas nas cidades, culminando em um
processo já comentado de homogeneização, fragmentação e hierarquização dos
lugares da metrópole. Em São Paulo, o processo de metropolização teve grandes
proporções, fazendo com que bairros fossem totalmente modificados e inseridos
dentro dessa lógica. O novo modo de vida urbano introduzido pela metrópole causou
transformações gradativas nos bairros, fazendo com que eles fossem
desaparecendo, rompendo assim as relações e introduzindo novos referenciais.
Perus está inserido nesse processo e, a partir disso, houve grandes
transformações na sua paisagem, denotando no lugar uma nova configuração
socioespacial. Mesmo estando totalmente inseridas na lógica da metrópole as
periferias, como no caso de Perus, ainda guardam resquícios da sua história. Isso é
evidenciado, por exemplo, na paisagem com a presença da Fábrica de Cimento e da
Estrada de Ferro que remetem para a população a história do bairro. Mesmo com a
modernização, os bairros conseguiram acumular na paisagem características
pretéritas, que com o tempo foram engolidas pela metrópole, restando na paisagem
algo que se sobrepõe a todo processo histórico vivido pelo lugar, que são as
intensas desigualdades, resultado dessa nova forma de reprodução da cidade.
A vida de bairro é estabelecida a partir da vida imediata que é traduzida com
a prática social, pela disposição de caminhos, ruas, casas. Podemos reconhecer o
bairro e é esse conteúdo que o define. Em Perus vemos ser destruídas essas
características com a introdução da vida urbana, não há mais o reconhecimento com
o lugar, imperando agora o estranhamento por parte da população mais velha e a
33
sua fragmentação por parte de jovens e imigrantes, não possuindo mais o
referencial, já que o bairro agora se tornou apenas uma parte da metrópole.
A atual configuração do espaço em Perus demonstra uma grande
desigualdade socioespacial, característica das periferias nas grandes cidades. As
populações mais jovens enxergam o bairro de forma fragmentada, não fazendo
relação com o seu processo histórico. Há uma preocupação por parte de alguns
movimentos sociais no bairro em resgatar a memória da população, tentando inseri-
la de forma que possa se reconhecer dentro do bairro.
O presente trabalho tentou compreender todas essas transformações dentro
do bairro, além de analisar o seu atual papel na cidade como fragmento da mesma.
Hoje são as condições mais precárias que assolam a população do bairro, ou seja, o
reconhecimento de periferia já está bastante presente no imaginário da população,
assumindo como referências a violência, a falta de infraestrutura, a precariedade na
educação e na saúde. Esses fatores contribuem para a realidade local que se
estabelece a partir de uma “exclusão” social que se mostra como resultado do
processo de metropolização.
Dessa forma, Perus, como parte integrante do todo que é a metrópole,
constitui-se como uma periferia, demonstrando a intensa desigualdade e contradição
que são estabelecidas com a modernização da cidade. Os espaços desiguais
aparecem como uma condição para esse desenvolvimento, no qual é necessário
que exista uma massa de trabalhadores para atender as necessidades da produção
capitalista. E mesmo que no bairro existam permanências que tentam manter a sua
configuração de bairro, o processo de reprodução do capital acaba se apropriando
do lugar, excluindo os resquícios de sua história.
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