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PLANO ESTRATÉGICO
PARA A COESÃO DOS AÇORES
ÍNDICE
REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES Governo dos Açores
1
INTRODUÇÃO
O documento que se apresenta - Plano Estratégico para a Coesão dos Açores,
(PECA) foi elaborado pela empresa “Ilhas de Valor”.
O PECA aqui proposto resulta de um trabalho múltiplo de:
- Recolha de informação documental sobre as “Ilhas da Coesão” (S. Jorge,
Graciosa, Santa Maria, Flores e Corvo);
- Realização de visitas e de reuniões em cada uma das cinco ilhas,
mobilizando alguns dos actores locais julgados mais pertinentes para
este efeito (autarcas, deputados regionais, empresários, representantes
dos núcleos da Câmara de Comércio e das principais organizações da
Economia Social e Solidária), para reflexão conjunta sobre os problemas,
os desafios e as respostas da Coesão;
- Análise documental de medidas e instrumentos de discriminação
positiva, a favor destas ilhas e da Coesão Regional.
Em função de todos os elementos recolhidos, apresenta-se de seguida uma
proposta de PECA, estruturada da seguinte maneira:
- No primeiro ponto, situa-se o contexto em que o PECA é definido no
Programa do X Governo dos Açores, como plano estratégico, e quais
são os seus objectivos aí explicitados;
- No segundo, aborda-se o conceito de Coesão Territorial, no quadro do
debate europeu actual sobre este tema, e na sequência do que foi
definido no Tratado de Lisboa, como forma de enquadrar a abordagem
deste conceito no caso da Região Autónoma dos Açores e as políticas
de coesão que depois são propostas mais adiante;
- No terceiro, apresenta-se uma breve caracterização de cada ilha, de
forma a evidenciar as suas principais tendências demográficas e
socioeconómicas nos últimos anos;
2
- No quarto, apresenta-se um diagnóstico de fragilidades e
potencialidades de cada ilha, a partir da metodologia - SWOT, o que
permite também identificar as principais ameaças e oportunidades que a
envolvente externa e as suas tendências recentes permitem definir,
delimitando o quadro de obstáculos e caminhos/possibilidades que se
depara a cada ilha;
- No quinto, procede-se a uma análise selectiva dos fundos comunitários
e dos sistemas de incentivos criados na Região, com objectivos de
discriminação positiva a favor das “Ilhas da Coesão”, tendo em conta o
seu impacto em termos de políticas de coesão;
- No sexto, formulam-se os princípios de acção e as principais linhas
estratégicas propostas para o PECA, e que são determinantes da sua
filosofia, como inspiração dos projectos e linhas de intervenção que se
enunciam no ponto seguinte;
- No sétimo, apresentam-se os principais eixos de actuação e medidas
operacionais que, como ponto de partida, entende-se deverem ser a
base de actuação;
- No oitavo, enunciam-se as condições essenciais de realização do PECA,
nomeadamente quanto ao modelo de governança e organizativo em que
deve assentar.
3
1. CONTEXTO
A coesão regional foi definida, no Programa do X Governo dos Açores, como
um dos factores estratégicos da governação da Região, enquanto “elemento de
aproximação e de qualificação das condições oferecidas nos diferentes
espaços físicos, na medida em que proporcionam a fixação das pessoas e das
famílias, incluindo a sua valorização (coesão social) e também na oferta de
condições para o desenvolvimento de actividades empresariais geradoras de
riqueza e de emprego (coesão económica) ”.
Identifica-se assim, de forma clara, a fixação de pessoas e a sua valorização
(enquanto elementos de coesão social) e a criação de riqueza e de emprego
(enquanto elementos de coesão económica), como componentes essenciais de
uma política de coesão.
Não se trata, portanto, “de introduzir elementos de uma política assistencial”,
mas sim de “perspectivar e modelar todas as políticas públicas de âmbito geral,
incluindo as de natureza sectorial e os actos mais correntes da governação, em
função das diferenças e disparidades relevantes entre as diversas parcelas do
território regional, de modo a obter-se um equilíbrio nos resultados produzidos” .
Considerou-se, para isso, que “o primeiro passo para se poder diluir as
diferenças de origem geográfica, é efectuar uma caracterização detalhada que
culmine na identificação de carências e potencialidades de cada ilha”, o que
configura a elaboração de um “Plano Estratégico para a Coesão dos Açores”.
Tendo em conta estas considerações, o objectivo da política de coesão
regional é o de:
- “Proceder a uma discriminação positiva das ilhas de menor dimensão” .
Para tal, são definidas, no Programa de Governo, quatro medidas, sendo a
quarta a de “elaborar e pôr em prática o Plano Estratégico para a Coesão dos
Açores “.
4
É este, portanto, o contexto em que deve ser situado este documento.
Nesse sentido, espera-se do PECA, como Plano Estratégico, que:
- Identifique as carências e potencialidades de cada ilha;
- Seja realizado em estreita colaboração com os (e envolvimento dos)
organismos regionais e locais;
- Defina medidas, estratégias e projectos concretos que produzam os
resultados esperados, ao nível da coesão, nomeadamente quanto à
fixação e qualificação das pessoas e à criação de riqueza e emprego.
2. COESÃO TERRITORIAL – ELEMENTOS DE ENQUADRAMENTO DAS
POLÍTICAS DE COESÃO
O PECA deve ter por referência o contexto europeu do debate sobre o futuro
da política de coesão e, em particular, o futuro da política de coesão territorial.
É difícil antecipar com rigor todas as implicações do actual contexto de crise do
sistema financeiro internacional para o futuro dos desafios que se colocam à
coesão territorial. A evolução recente das dificuldades de acesso ao crédito por
parte das empresas, da diminuição da procura local como efeito da recessão e
do aumento da concorrência internacional são exemplos de evoluções recentes
com repercussão potencial sobre a perda de competitividade das empresas ou
sobre o desemprego, a pobreza ou a exclusão social.
A ‘coesão territorial’ é explicitamente introduzida pelo Tratado de Lisboa como
objectivo da União Europeia a par da coesão económica e da coesão social.
O Tratado afirma explicitamente no seu Artigo 3º: “A União promove a coesão
económica, social e territorial, e a solidariedade entre os Estados-Membros. A
União respeita a riqueza da sua diversidade cultural e linguística e vela pela
salvaguarda e pelo desenvolvimento do património cultural europeu.”.
5
No Artigo 174º associa a ‘coesão territorial’ ao “desenvolvimento harmonioso” e
à “redução de disparidades entre os níveis de desenvolvimento entre diferentes
regiões”, podendo ler-se: “A fim de promover um desenvolvimento harmonioso
do conjunto da União, esta desenvolverá e prosseguirá a sua acção no sentido
de reforçar a sua coesão económica, social e territorial. Em especial, a União
procurará reduzir a disparidade entre os níveis de desenvolvimento das
diversas regiões e o atraso das regiões menos favorecidas. Entre as regiões
em causa, é consagrada especial atenção às zonas rurais, às zonas afectadas
pela transição industrial e às regiões com limitações naturais ou demográficas
graves e permanentes, tais como as regiões mais setentrionais com densidade
populacional muito baixa e as regiões insulares, transfronteiriças e de
montanha.”
Finalmente, no Artigo 175º, o Tratado de Lisboa vai mais além e aponta para a
necessidade de assegurar a coordenação entre políticas territoriais e políticas
macroeconómicas e sectoriais e afirma explicitamente o papel dos fundos
estruturais na acção para esse objectivo: “Os Estados-Membros conduzirão e
coordenarão as suas políticas económicas tendo igualmente em vista atingir os
objectivos enunciados no artigo 174º. A formulação e a concretização das
políticas e acções da União, bem como a realização do mercado interno, terão
em conta os objectivos enunciados e contribuirão para a sua realização. A
União apoiará igualmente a realização desses objectivos pela acção por si
desenvolvida através dos fundos com finalidade estrutural (Fundo Europeu de
Orientação e de Garantia Agrícola, secção «Orientação»; Fundo Social
Europeu; Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), do Banco Europeu de
Investimento e dos demais instrumentos financeiros existentes”.
Por seu lado, a Comissão Europeia, em 2008, promoveu o debate sobre o
futuro das políticas de coesão territorial tendo produzido uma Comunicação,
que refere a natureza contextualmente dependente (context-dependency) da
competitividade e reconhecendo que ela depende da capacidade das pessoas
e das empresas assegurarem o melhor uso possível dos activos dos
respectivos territórios e as ligações com outros territórios, num mundo cada vez
mais globalizado e interdependente.
6
Finalmente, a Comunicação explícita que cabe às políticas públicas ajudar os
territórios a proceder à mobilização dos seus activos e promover abordagens
territorialmente integradas na resolução dos respectivos problemas,
envolvendo respostas inter-sectoriais e a cooperação entre diferentes actores.
O futuro da coesão territorial na Europa - desafios para o PECA
O reconhecimento da relevância da coesão territorial na construção da Europa
e a evolução do processo que conduziu à “Agenda Territorial Europeia”,
permitem situar os desafios que se colocam ao PECA:
a) A coesão territorial respeita a um processo de articulação territorial do
projecto europeu que não se confina ao domínio das políticas regionais
(com vocação explícita no que respeita aos seus efeitos territoriais);
pressupõe simultaneamente a atenção aos efeitos territoriais das
políticas macroeconómicas e sectoriais, pressupõe políticas de
desenvolvimento regional que radicam num entendimento do desafio
não confinado aos problemas de regiões específicas mas acolham os
desafios de desenvolvimento de qualidade diferente na totalidade das
regiões, as formas de governança que permitam simultaneamente a
articulação multi-nível e a articulação inter-sectorial para a integração
territorial na construção de respostas específicas adequadas a cada
unidade territorial;
b) Está em jogo uma mudança paradigmática na compreensão das
relações entre as sociedades e os respectivos territórios e as
implicações que daí decorrem na formulação das políticas públicas; tem
como implicação directa a compreensão de que os desafios que se
colocam à competitividade, ao emprego e à inclusão social têm
concretizações que não são independentes dos contextos em que os
respectivos problemas se manifestam (context-dependency); ou seja, os
desafios colocam-se de forma espacialmente diferenciada e localmente
7
específica o que pressupõe respostas únicas em cada unidade territorial;
a coesão territorial não respeita apenas a “regiões-problema” mas à
“totalidade das localidades”;
c) O tipo de mudança a ocorrer na ‘totalidade dos contextos locais’ que
melhor pode contribuir para a competitividade, emprego e inclusão social,
ao envolver formas de governança para a articulação multi-nível e inter-
sectorial e para a integração territorial na construção de respostas
únicas em cada território, pressupõe uma capacidade local de iniciativa
e de organização suficientes para assegurar a coerência dessa
especificidade e a sinergia potencial na articulação entre os diferentes
domínios de política pública;
d) Mas essa capacidade de iniciativa e organização poderá não pré-existir
em cada território ou, existindo, poderá não se orientar para a facilitação
das mudanças que melhor podem concorrer para objectivos de
competitividade, emprego e inclusão social (inércias institucionais,
inexistência ou desadequação de serviços públicos, deficits de
competências técnicas e organizacionais, etc.); como a acção humana é
conceptualmente mediada (concept-dependency), essa mudança poderá
envolver um esforço profundo de reformulação conceptual.
A coesão territorial levanta, assim, desafios no domínio das políticas públicas
que têm que ser equacionadas no âmbito do PECA:
a) Assegurar a coerência entre, por um lado, políticas macroeconómicas e
sectoriais com implicações territoriais e, por outro, políticas territoriais;
b) Criação de formas de governança que permitam assegurar respostas
específicas em cada unidade territorial (multi-nível, integração territorial,
etc.);
8
c) Animação da criação das condições institucionais e organizacionais
locais das quais possa depender a acção estratégica, a criação de
soluções organizativas e as competências técnicas e organizacionais
adequadas à construção da especificidade das respostas em cada
unidade territorial (acesso a informação relevante, produção de
conhecimento adequado ao contexto, desenvolvimento de
competências); trata-se de políticas públicas que contribuam para
contrariar a ‘não-emergência’ espontânea das condições para a
capacidade de iniciativa e de organização;
d) Animação da criação das condições das quais possa depender a
qualidade da acção substantiva na facilitação de mudanças nos
contextos locais favoráveis à competitividade, emprego e inclusão social
(construção de estratégias inscritas em trajectórias locais orientadas
para a “reversão” de processos de “desintegração territorial”, produção
de conhecimento e capacitação na acção a partir de informação sobre
resultados de projectos em programas experimentais orientados para a
inovação (“condições de possibilidade” associadas a “boas práticas”
identificadas), organização de processos de aprendizagem inter-pares
para o desenvolvimento de competências específicas e genéricas.
Em síntese, está em causa a concretização de políticas públicas que sejam
simultaneamente:
a) “exógenas” às unidades territoriais tendo em vista a criação de
condições institucionais e organizacionais favoráveis à construção de
respostas localmente específicas.
b) “endógenas” às unidades territoriais tendo em vista a mobilização do
respectivo “potencial endógeno” através da capacitação da acção de
animação territorial para a iniciativa local na construção de respostas
específicas multi-nível e de natureza inter-sectorial para a integração
territorial, tanto para a “reversão” de processos de “desintegração
9
territorial” como para a facilitação do tipo de mudanças das quais
dependem a competitividade, o emprego e a inclusão social.
No Relatório Barca, elaborado, de forma independente, por Fabrizio Barca (“An
Agenda for a Reformed Cohesion Policy: A place-based approach to meeting
European Union challenges and expectations” - Barca, 2009) a justificação para
a acção política ‘exógena’ às regiões é apresentada com base em dois tipos de
argumentos:
a) Uma região pode estar bloqueada em círculos viciosos de ineficiência e
exclusão social por ausência de instituições adequadas. Esta ausência
pode resultar quer de escolhas intencionalmente orientadas para
interesses locais que não privilegiam a mudança, quer da dependência
de inércias do passado (“path-dependency”). Neste caso, a acção estará
associada a pacotes integrados de bens e serviços adaptados às
especificidades de cada unidade territorial e tendo em atenção as
ligações a outros lugares de modo a contribuir para a mudança
institucional;
b) Tornar mais visível o impacto territorial das medidas de política pública.
Neste sentido, o Relatório aprofunda o entendimento que é feito de política de
coesão distinguindo-a de redistribuição financeira. Está em causa contribuir
para a mudança institucional favorável à ruptura com ineficiências e exclusão
social.
Trata-se de agir para a mudança institucional na totalidade das localidades e
não apenas nas unidades territoriais associadas à incidência particular de
alguns problemas (“regiões-problema”).
10
‘Coesão territorial’, os Açores e as ‘ilhas da coesão’
As reuniões realizadas permitiram identificar sentidos diferentes no modo de os
actores envolvidos interpretarem o sentido da ‘coesão territorial’ na perspectiva
das diferentes ‘ilhas da coesão’.
Destacam-se os seguintes sentidos:
a) Acessibilidade e livre circulação referidas com frequência como condição
básica da coesão (“Sem livre circulação de pessoas e bens não pode
haver coesão”; “produtos devem estar disponíveis em todas as ilhas da
mesma forma”) (São Jorge);
b) Os transportes são referenciados como um dos factores nucleares da
coesão; os transportes condicionam a coesão pela forma como a
acessibilidade determina oportunidades de desenvolvimento; os
problemas associados aos transportes relacionam-se com custos, com
problemas logísticos relativos ao transporte de contentores, rapidez
(“Barco rápido e barato é que é coesão”) (Santa Maria), desconforto
relativamente à dependência da plataforma logística na Terceira (São
Jorge) ou problemas organizativos relacionados com a operação das
organizações de transitários (Corvo); aceitar que transportes não
possam ter os seus custos significativamente reduzidos pressupõe a
necessidade de focalizar na unicidade dos produtos (qualidade,
diferenciação, etc.) (Flores); os transportes tanto podem condicionar a
acessibilidade periferia-centro (acessibilidade de ‘ilhas da coesão’ a
Ilhas mais ‘desenvolvidas’) (Santa Maria) como a acessibilidade intra-
periférica (acessibilidade de ‘ilhas da coesão’ a outras Ilhas da coesão,
das Ilhas limítrofes ao ‘triângulo’ (Graciosa, São Jorge); os transportes
condicionam a coesão tanto através de dificuldades de abastecimento
(‘importações’ de cada Ilha, tanto bens alimentares como adubos,
rações, etc.) como através de dificuldade no escoamento de produtos
(em particular de frescos como, peixe, carne, meloa, etc.) e de
promoção do turismo (Corvo, Flores, Graciosa); também se reconhece a
11
complexidade associada às soluções de transportes (“falta a capacidade
de perceber o que os transportes precisam”) (Graciosa);
c) Em alternativa a uma visão assente no desenvolvimento harmonioso do
conjunto das Ilhas, é reconhecida a noção de que as ‘Ilhas de Coesão’
correspondem a diferentes ritmos de desenvolvimento entre Ilhas e que
compete ao Governo Regional promover activamente o seu
desenvolvimento. É explicitada a perspectiva segundo a qual esta
presença possa estar associada a formas organizativas associadas a
uma atitude pró-activa (animação e acompanhamento de ideias de
projecto, ‘ninhos de empresas’, ‘incubadoras de empresas’, etc.) (Flores);
d) Quanto mais pequena for a escala das Ilhas, mais se fazem sentir
problemas de coesão e mais se manifesta o efeito perverso da sua
dependência de outras ilhas;
e) As ilhas manifestam problemas diferentes de coesão com formas únicas
em cada Ilha (“Somos ilhas totalmente diferentes”) (Flores, Graciosa); a
concretização das medidas de política tem que acomodar essas formas
únicas (“O apoio ao empreendedorismo tem que ser diferente em cada
ilha”) (Santa Maria);
f) Reconhece-se que a superação dos problemas da coesão depende da
própria capacidade de resposta das comunidades locais no seio de
qualquer das Ilhas (“Coesão depende das pessoas que cá estão”)
(Graciosa), depende de todos (“Coesão deve partir de nós”;
“Aprendemos que devemos ser parte activa”) (Santa Maria); a própria
pequena escala das Ilhas da Coesão mais justifica a necessidade de
agir de forma colectiva (São Jorge); mas também se reconhece que está
em jogo a ‘mudança de mentalidades’ (“Fica-se sempre à espera que
venha alguém com a varinha mágica”; “mudar mentalidades é o mais
difícil”; “ O diagnóstico está feito, falta cada um dar o seu passo” (Santa
Maria);
12
g) Reconhece-se, finalmente, o papel da acção em parceria como forma de
assegurar coerência na acção em cada Ilha a favor da coesão (“Pôr os
bois a puxar para o mesmo lado”) (São Jorge); mas reconhece-se a
imprescindibilidade do papel do Governo Regional e da necessidade de
autonomia suficiente por parte dos delegados das secretarias regionais
presentes em cada ilha (Santa Maria).
As perspectivas enunciadas permitem, assim, destacar temas a merecer
aprofundamento posterior:
1. Relação entre acessibilidade e transportes (custos, tipos, origens e
destinos, organização entre operadores, localização de plataformas
logísticas, sentido dos fluxos a privilegiar, etc.) e as estratégias a
privilegiar na promoção do desenvolvimento na Região e em cada uma
das Ilhas da Coesão (acessibilidade a ilhas mais ‘desenvolvidas’, auto-
centramento do desenvolvimento em cada ilha com prioridade à
mobilização do seu ‘potencial endógeno’, etc.);
2. Relação entre a natureza substantiva da acção para a coesão e o papel
das condições institucionais e de formas de organização colectiva a criar
em cada ilha na sua relação com o Governo Regional.
Tendo em conta este pano de fundo, para a elaboração do PECA partiu-se de
alguns pressupostos, cujo enunciado fundamental se apresenta a seguir:
1. A coesão pode aferir-se pela evolução de indicadores como o emprego
e a população residente em cada Ilha, mas não pode reduzir-se a eles,
pois há que ter também em conta a qualidade (e sustentabilidade)
desses empregos, a durabilidade da evolução demográfica (incluindo a
população não residente mas de presença recorrente), a distribuição da
riqueza, os níveis de bem-estar da população, a pobreza e a exclusão
social, entre outros;
13
2. A coesão deve avaliar-se, quer numa perspectiva inter-ilhas, quer numa
abordagem intra-ilha (coesão interna) e sua evolução;
3. A coesão deve ter objectivos (e resultados) a médio/longo prazo e outros
a curto prazo, que poderão não ser incompatíveis, devendo estes
últimos assentar, em primeiro lugar, na manutenção dos níveis
actualmente existentes em cada Ilha, focalizando-se (conjunturalmente)
na não perda de empregos e no estancamento da diminuição da
população, como forma de partir desde logo para acções estruturais de
médio/longo prazo, podendo falar-se de um Plano a dois tempos e de
uma sustentabilidade da coesão e dos seus resultados;
4. Os actores da coesão devem ser múltiplos, cabendo ao Governo
Regional um papel de dinamização e coordenação (política e técnica) de
todo o processo, mas sendo fundamental a mobilização de todos os
actores locais pertinentes (autarquias locais, tecido empresarial e
sociedade civil) e de todas as formas de economia (Economia Pública,
Economia de Mercado e Economia Social), articulados(as) através de
uma plataforma e acordos de parceria adaptadas(os) a cada Ilha e a
cada conjunto de objectivos e sectores;
5. Para que a coesão tenha eficácia é fundamental não só explicitar e
propor medidas e projectos de incidência territorial, mas também
assegurar a articulação entre os vários sectores e departamentos de
acção pública (governação), evidenciando, prevenindo e gerindo os seus
impactos territoriais, contrariando lógicas de fragmentação que geram
efeitos territoriais contraditórios e podem diminuir ou mesmo inviabilizar
os objectivos da coesão;
6. Em políticas de coesão não há receitas milagrosas nem de efeito
imediato, tratando-se de um processo que exige tempo e persistência.
14
3. BREVE CARACTERIZAÇÃO DAS ILHAS DA COESÃO
Apresenta-se de seguida uma breve caracterização de cada Ilha, onde se
assinalam sobretudo as principais tendências da evolução demográfica e
socioeconómica.
3.1. Corvo
Com cerca de 17,1km2 e representando 0,74% de todo o território Açoriano,
a ilha do Corvo é a mais pequena do arquipélago, contando com 430
habitantes, 1,2% habitantes a mais do que em 2001.
NUTS ÀREA TOTAL
POPULAÇÃO RESIDENTE Taxa de Natalidade
Taxa de Mortalidade
Km2 2001 2011 1999 2008 1999 2008
RAA 2321,9 241763 246102 13,7 11,6 10,5 9,3 Corvo 17,1 425 430 16 6,2 28 8,3
Figura 1 (Fonte: INE)
Apesar do decréscimo da natalidade, o decréscimo superior da taxa de
mortalidade é um importante factor a considerar na explicação do aumento
da população residente na ilha nos últimos 10 anos. Apesar de apresentar
um saldo fisiológico negativo, nota-se um aumento em todas as faixas
etárias, excepto no grupo com idades superiores a 65 anos de idade,
mostrando este grupo um crescimento negativo.
Este aumento é sobretudo significativo no grupo dos 25 aos 64 anos de
idade, apresentando-se irrelevante nas camadas mais jovens da população,
evidenciando-se a tendência para o envelhecimento da população
residente na Ilha e mostrando que a evolução demográfica é sobretudo
devido à entrada (migração e pessoas na Ilha).
15
Figura 2 (Fonte: INE)
A Escola BI Mouzinho da Silveira reúne os vários níveis de ensino (pré-
escolar, 1º, 2º e 3º ciclos).
Entre 2006 e 2010 o número de alunos matriculados aumentou de 35 para
40, sendo o 1º Ciclo aquele que reúne maior número de alunos (19).
O Centro de Saúde tem capacidade de internamento de 2 camas, 1
médico, 1 enfermeiro(a) e dois funcionários residentes para cerca de
2600 consultas em 2010, mais 8,5% do número de consultas verificado no
ano 2000.
O turismo assume reduzida expressão na Ilha do Corvo, existindo apenas
uma unidade hoteleira, com capacidade de 28 camas.
Como podemos observar na figura 2, os sectores de comércio, restauração
e construção foram aqueles que demonstraram uma maior evolução,
quando analisamos o emprego por sector de actividade (CAE).
Para além destas alterações, notamos também um pequeno decréscimo do
sector imobiliário, que em 1999 empregava 12 pessoas, empregando 10
em 2008.
0
100
200
300
400
500
600
0-14 15-24 25-64 65 e + TOTAL
Estrutura Demográfica
1999
2008
16
A - Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura H - Alojamento e Restauração (Restaurantes e Similares)
O - Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais
B - Pesca I - Transportes, Armazenagem e Comunicações P - Famílias com Empregados Domésticos
C - Indústrias Extractivas J - Actividades Financeiras Q - Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais
D - Indústrias Transformadoras K - Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas
SIFIM - Serviços de Intermediação Financeira Indirectamente Medidos
E - Produção e distribuição de Electricidade, Gás e Água L - Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória
Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais, 1999, 2008.
F - Construção M – Educação Referências: INE, Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas (FGUE)
G - Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de Veículos Automóveis, Motociclos e Bens de Uso Pessoal e Doméstico N - Saúde e Acção Social
Figura 3 (Fonte: INE)
No que diz respeito à agricultura, a dimensão média das explorações (em
ha.) é maior em 269,9% relativamente à dimensão média das explorações
da Região.
São anualmente produzidos cerca de 46,2 mil litros de leite, contando a Ilha,
em 2010, com 122 vacas leiteiras.
No que respeita o restante gado, 37 toneladas de gado bovino e suíno
foram abatidas no ano de 2010.
Está em curso o processo de reabertura da queijaria.
Na Ilha do Corvo existem 5 pescadores matriculados, tendo sido
descarregadas 16 toneladas de pescado no ano de 2010, a que
correspondeu uma receita de 138 mil euros.
Finalmente, no que concerne as infra-estruturas, é importante referir que,
em 2010, o movimento de passageiros nos aeroportos representava 0,2%
do movimento de passageiros em toda a Região, enquanto o tráfego de
0
2
4
6
8
10
12
14
A+
B C D E F G H I J K L M N O P
Pessoal Empregue por Sector de Actividade
1999
2008
17
passageiros por mar representava 0,4%, correspondendo a 3873
passageiros.
Em termos de IPSS, a Santa Casa da Misericórdia do Corvo releva um
grande dinamismo, tendo em funcionamento cinco valências.
3.2. Flores
Com cerca de 105 km2, a ilha das Flores representa 4,5% de todo o
território açoriano, contando actualmente com cerca de 3800 habitantes,
menos 5,1% relativamente ao ano de 2001.
NUTS ÀREA TOTAL POPULAÇÃO RESIDENTE Taxa de Natalidade Taxa de Mortalidade
Km2 2001 2011
1999 2008 1999 2008
RAA 2321,9 241763 246102
13,7 11,6 10,5 9,3 Flores 140,9 3995 3791
10,6 7,8 17,8 13,9
Figura 4 (Fonte: INE)
Apesar dos decréscimos da natalidade e da taxa de mortalidade, o êxodo
rural provocou um decréscimo da população residente na Ilha.
Com um saldo fisiológico negativo e uma diminuição em todas as faixas
etárias, exceptuando a das idades compreendidas entre 25 e 64 anos, mais
de metade da população da ilha tem idades superiores a 25 anos,
tornando-se clara a tendência para o envelhecimento da população
residente.
18
Figura 5 (Fonte: INE)
Com este decréscimo da população mais jovem da Ilha, verificou-se o
encerramento de alguns estabelecimentos de ensino do primeiro ciclo,
contando a ilha, nos 4 níveis de ensino, com 444 alunos matriculados em
2010.
O Centro de Saúde de Santa Cruz das Flores tem seis extensões e
capacidade de internamento de 17 camas para cerca de 330 internamentos
em 2010. O pessoal empregue no centro de saúde aumentou de 48
funcionários em 2000 para 55 funcionários em 2010.
Em 2010 o número de consultas rondaram as 11600, 8,9% mais do que as
verificadas em 2000.
No que respeita ao sector do turismo, o número de estabelecimentos
hoteleiros aumentou de 2 para 4 nos últimos 10 anos.
Com esta alteração, a capacidade total da ilha aumentou significativamente,
de 72 para 241 camas. O número de dormidas aumentou em
aproximadamente 16,0%, sendo que o tempo médio de estadia se situa nas
2,8 noites.
Como podemos observar na figura 6, o sector de comércio foi aquele que
demonstrou uma maior evolução, quando analisamos o emprego por sector
de actividade (CAE).
Para além destas alterações, notamos um forte crescimento do sector
financeiro, imobiliário, construtor, alojamento e restauração.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
0-14 15-24 25-64 65 e + TOTAL
Estrutura Demográfica
1999
2008
19
No que diz respeito ao desenvolvimento da indústria transformadora, a
indústria alimentar, de bebidas e do tabaco é aquela com maior expressão.
A - Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura H - Alojamento e Restauração (Restaurantes e Similares)
O - Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais
B - Pesca I - Transportes, Armazenagem e Comunicações P - Famílias com Empregados Domésticos
C - Indústrias Extractivas J - Actividades Financeiras Q - Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais
D - Indústrias Transformadoras K - Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas
SIFIM - Serviços de Intermediação Financeira Indirectamente Medidos
E - Produção e distribuição de Electricidade, Gás e Água L - Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória
Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais, 1999, 2008.
F - Construção M - Educação Referências: INE, Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas (FGUE)
G - Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de Veículos Automóveis, Motociclos e Bens de Uso Pessoal e Doméstico N - Saúde e Acção Social
Figura 6 (Fonte: INE)
No referente à agricultura, a dimensão média das explorações (em ha.) é
maior em 171% relativamente à dimensão média das explorações da
Região.
A ilha das Flores não tem uma produção de leite relevante, produzindo, em
2010, cerca de 0,3% do total regional, contando com um efectivo de vacas
leiteiras na ordem das 500 cabeças.
A ilha tem produção própria de queijo, correspondente a 0.4% da produção
regional.
Analisando o sector da pesca, verifica-se que, em 2010, 1,9% dos
pescadores matriculados em toda a região residem na ilha, sendo que o
valor da pesca descarregada ascende a 517 mil euros, referente a 136
toneladas.
0
200
400
600
800A
+B C D E F G H I J K L M N O P
Pessoal Empregue por Sector de Actividade
1999
2008
20
Finalmente, no que concerne as infra-estruturas, é importante referir que em
2009 o movimento de passageiros nos aeroportos representava 2,3% do
movimento de passageiros em toda a Região, enquanto o tráfego de
passageiros por mar representou, em 2010, 0,6% do total regional.
No que respeita ao tráfego marítimo de mercadorias, notamos que as
mercadorias carregadas eram, em 2010, 12,3 vezes menos que as
mercadorias descarregadas (2774 e 33807 toneladas respectivamente).
A ilha conta com oito IPSS em funcionamento, abrangendo um total de 18
valências.
3.3. Graciosa
Com 60,7km2, a ilha Graciosa representa 2,6% de todo o território açoriano,
contando actualmente com 4393 habitantes, menos 8,1% do que em 2001.
NUTS ÀREA TOTAL POPULAÇÃO RESIDENTE Taxa de Natalidade Taxa de Mortalidade
Km2 2001 2011
1999 2008 1999 2008
RAA 2321,9 241763 246102
13,7 11,6 10,5 9,3
Graciosa 60,7 4780 4393
9,3 7,4 17,1 13,1 Figura 7 (Fonte: INE)
A taxa de natalidade revela um decréscimo nos últimos dez anos,
mantendo-se 4 pontos percentuais afastada da média regional.
A taxa de mortalidade também regista uma diminuição, verificando-se
igualmente um saldo fisiológico negativo, o que justifica que o aumento da
população ocorra nas faixas etárias mais velhas da população.
21
Figura 8 (Fonte: INE)
Com este decréscimo da população mais jovem da Ilha, verificou-se uma
redução do número de estabelecimentos do primeiro ciclo em
funcionamento sendo que, em 2010, se verificava a existência de 480
alunos inscritos nos quatro níveis de ensino.
O Centro de Saúde de Santa Cruz da Graciosa (está actualmente em fase
de construção um novo edifício), tem capacidade de internamento de 16
camas para 406 internamentos, uma cama a mais do que em 1999.
Para além do aumento do número de camas, o pessoal empregue no centro
de saúde aumentou de 44 funcionários em 2000 para 64 funcionários em
2010.
O número de consultas, em 2010, foi de 16183, mais 54.7% do número
verificado em 2000.
No que respeita ao sector do turismo, o número de estabelecimentos
hoteleiros aumentou de 4 para 8 nos últimos 10 anos.
Com esta alteração, a capacidade total da ilha aumentou significativamente
na última década, passando de 84 para 221 camas.
Para além deste aumento, o número de dormidas aumentou 7,7%, sendo
que a estadia média se situa nas 2,8 noites.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0-14 15-24 25-64 65 e + TOTAL
Estrutura Demográfica
1999
2008
22
Apesar de mais de metade da ocupação turística na ilha ser por parte de
portugueses, observa-se um número significativo de turistas alemães, norte
americanos e italianos.
A - Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura H - Alojamento e Restauração (Restaurantes e Similares)
O - Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais
B - Pesca I - Transportes, Armazenagem e Comunicações P - Famílias com Empregados Domésticos
C - Indústrias Extractivas J - Actividades Financeiras Q - Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais
D - Indústrias Transformadoras K - Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas
SIFIM - Serviços de Intermediação Financeira Indirectamente Medidos
E - Produção e distribuição de Electricidade, Gás e Água L - Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória
Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais, 1999, 2008.
F - Construção M - Educação Referências: INE, Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas (FGUE)
G - Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de Veículos Automóveis, Motociclos e Bens de Uso Pessoal e Doméstico N - Saúde e Acção Social
Figura 9 (Fonte: INE)
Como podemos observar na figura 9, o sector de comércio foi aquele que
demonstrou uma maior evolução, quando analisamos o emprego por sector
de actividade (CAE).
A estrutura sectorial da economia da Ilha permanece basicamente
inalterada, exceptuando os sectores respeitantes à educação, saúde e
outros serviços sociais.
No que diz respeito à agricultura, a dimensão média das explorações, (em
ha.) é mais pequena em 50% em relação à dimensão média das
explorações da Região.
O vinho produzido na Ilha diminuiu de 878hl de vinho em 1999 para 519hl
em 2010.
0
50
100
150
200
250A
+B C D E F G H I J K L M N O P
Pessoal Empregue por Sector de Actividade
1999
2008
23
A ilha Graciosa produziu, em 2010, cerca de 1,5% do leite produzido na
Região, contando com cerca 1,4 milhares de vacas leiteiras.
No que respeita ao restante gado, apenas o abate de suínos é relevante,
representando 2,3% do total da Região.
Para além de ter produção de queijo própria, correspondente a 2.6% do
total da produção regional, a Graciosa tem revelado potencialidades na
produção e comercialização de alhos e meloas.
No sector das pescas verifica-se que 4,3% dos pescadores matriculados em
toda a Região residem na Ilha, sendo que o valor da pesca descarregada
representa 1,6% do valor de toda a pesca descarregada nos Açores, a que
corresponde uma receita de 652 mil euros referente a 91 toneladas de
pescado descarregado.
No que concerne às infra-estruturas, é importante referir que, em 2009, o
movimento de passageiros nos aeroportos representava 2,2% do
movimento de passageiros em toda a Região, enquanto o tráfego de
passageiros por mar representava 1,3%.
No que respeita ao tráfego marítimo de mercadorias, notamos que, em
2010, as mercadorias descarregadas são cerca de 13 vezes superiores em
às mercadorias carregadas (33807 e 2774 toneladas respectivamente).
No sector social, a Ilha conta com três IPSS com acordos de cooperação,
abrangendo um total de 17 valências.
3.4. S. Jorge
Com cerca de 244 km2, a Ilha de S. Jorge representa 10,9% de todo o
território açoriano, tendo actualmente cerca de 9000 habitantes, o que
representa um decréscimo de 7.0% habitantes relativamente a 2001.
NUTS ÀREA TOTAL POPULAÇÃO RESIDENTE Taxa de Natalidade Taxa de Mortalidade
Km2 2001 2011
1999 2008 1999 2008
RAA 2321,9 241763 246102
13,7 11,6 10,5 9,3 São
Jorge 243,7 9674 8998
11,2 9,1 12,3 12,7 Figura 10 (Fonte: INE)
24
Este decréscimo populacional pode facilmente ser explicado pelo
decréscimo da natalidade acompanhado pelo ligeiro aumento da taxa de
mortalidade (mesmo que apenas em 0,5%, para além da saída de
população da Ilha).
Com um saldo fisiológico negativo e uma diminuição em todas as faixas
etárias, exceptuando a das idades compreendidas entre 25 e 64 anos de
idade, torna-se evidente a tendência para o envelhecimento da população
residente na Ilha.
Figura 11 (Fonte: INE)
Com este decréscimo da população mais jovem da Ilha, verificou-se o
encerramento de estabelecimentos de ensino do primeiro ciclo, juntamente
com um decréscimo percentual dos alunos matriculados neste nível de
ensino.
Verificamos, deste modo, um decréscimo total dos alunos matriculados em
todos os níveis de ensino de 38% na última década, sendo que o único
nível de ensino que mostrou um aumento de alunos matriculados de 1999 a
2010 foi o ensino profissional ( de 99 para 211 alunos matriculados em
2010).
A Unidade de Saúde de Ilha engloba os Centros de Saúde da Calheta e de
Velas e nove extensões, possuindo uma capacidade de internamento de 53
camas para 880 internamentos.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0-14 15-24 25-64 65 e + TOTAL
Estrutura Demográfica
1999
2008
25
O pessoal empregue na Unidade de Saúde ronda os 112 funcionários
tendo-se verificado a realização de 22080 consultas, 1.0% mais do número
verificado em 2000.
No que respeita ao sector do turismo, o número de estabelecimentos
hoteleiros aumentou de 3 para 7 nos últimos 10 anos.
Com esta alteração, a capacidade de alojamento total da Ilha aumentou
para 251 camas, representando, em 2010, 2,3% da capacidade de
alojamento de toda a Região.
A - Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura H - Alojamento e Restauração (Restaurantes e Similares)
O - Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais
B - Pesca I - Transportes, Armazenagem e Comunicações
P - Famílias com Empregados Domésticos
C - Indústrias Extractivas J - Actividades Financeiras Q - Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais
D - Indústrias Transformadoras K - Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas
SIFIM - Serviços de Intermediação Financeira Indirectamente Medidos
E - Produção e distribuição de Electricidade, Gás e Água L - Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória
Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais, 1999, 2008.
F - Construção M - Educação Referências: INE, Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas (FGUE)
G - Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de Veículos Automóveis, Motociclos e Bens de Uso Pessoal e Doméstico N - Saúde e Acção Social
Figura 12 (Fonte: INE)
Como podemos observar na figura 12, o sector de comércio foi aquele que
demonstrou uma maior evolução, quando analisamos o emprego por sector
de actividade (CAE), seguido pelo sector da construção e o das indústrias
transformadoras.
0
100
200
300
400
500
600
700
A+
B C D E F G H I J K L M N O P
Pessoal Empregue por Sector de Actividade
1999
2008
26
Quando falamos das indústrias transformadoras é importante salientar que
as indústrias alimentares (queijo, sobretudo e conserveira), constituem
cerca de 81% de todas as indústrias transformadoras.
Podemos encontrar bastantes alterações na estrutura sectorial da Ilha,
sendo a mais relevante aquela que concerne os serviços sociais. Para além
deste aumento nota-se um aumento também no sector financeiro e
imobiliário.
No que diz respeito à agricultura, apesar do número de explorações
representar 6,7% da área total da Ilha, representa 8,7% da área total de
todas as explorações na Região.
Na Ilha de São Jorge, em 2010, encontram-se 7,4% das vacas leiteiras
existentes em toda a Região, responsável pela produção de 5,4% do leite e
por de 9.1% da produção de queijo.
No que respeita o restante gado, podemos notar que o abate de suínos e
bovinos, representam 3,7 e 3,1% do total da Região, respectivamente.
No que concerne às infra-estruturas, é importante referir que, em 2009, o
movimento de passageiros nos aeroportos representava 2,9% do
movimento de passageiros em toda a região, enquanto o tráfego de
passageiros por mar representava, em 2010, 6,8%.
No que respeita ao tráfego marítimo de mercadorias, notamos que, em
2010, as mercadorias carregadas são 6,3 vezes inferiores às mercadorias
descarregadas (14186 e 88764 toneladas respectivamente).
Na área social, existem na Ilha nove IPSS com acordos de cooperação,
prestando serviços de apoio social que abrangem 29 valências.
3.5. Santa Maria
A ilha de Santa Maria, com aproximadamente 97 km2, representa 4,2% da
área total da Região, contando actualmente com 5547 habitantes, 0.6%
menos do que em 2001, o que revela que a população se tem mantido
praticamente estável ao longo desta última década.
27
Figura 3 (Fonte: INE)
Com uma taxa de natalidade superior à taxa média regional, e ao contrário
das restantes Ilhas da Coesão, o excedente de vidas é ainda positivo em
1,2%.
Apesar do valor assumido pela taxa de natalidade, notamos um decréscimo
da mesma nos últimos 10 anos, alterando-se assim a pirâmide demográfica,
ganhando as duas fatias mais idosas da população um maior peso.
Figura 4 (Fonte: INE)
Acompanhado por este decréscimo da natalidade e da população mais
jovem em geral, deu-se um decréscimo em 8,1% do total de alunos
matriculados em estabelecimentos de ensino do primeiro, segundo e
terceiro ciclos e ensino secundário., no período compreendido entre 2006 e
2010.
Santa Maria está dotada com um Centro de Saúde com quatro extensões.
Em 2000 contava com 20 camas e 60 funcionários para 729 internamentos,
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0-14 15-24 25-64 65 e + TOTAL
Estrutura Demográfica
1999
2008
NUTS ÀREA TOTAL POPULAÇÃO RESIDENTE Taxa de Natalidade
Taxa de Mortalidade
Km2 2001 2011
1999 2008 1999 2008
RAA 2321,9 241763 246102
13,7 11,6 10,5 9,3 Santa Maria 96,6 5578 5547
11,5 12 10,3 10,8
28
sendo que, em 2010, o número de camas se manteve, os internamentos
aumentaram para 785 e o pessoal para 73 funcionários.
De igual modo o número de consultas passou das 11085 verificadas em
2000 para 13848 em 2010, o que significa um aumento de 8%.
No que respeita ao sector do turismo, o número de estabelecimentos
hoteleiros passou de três para sete entre 1999 e 2010.
Com esta alteração, a capacidade total da Ilha aumentou significativamente,
de 126 para 411 camas.
Para além deste aumento e do número de dormidas fornecidas pela Ilha
aumentar em 35%, a estadia média estima-se nas 2,6 noites.
Apesar de mais de metade da ocupação turística na Ilha ser por parte de
portugueses, nota-se um número significante de turistas alemães e norte
americanos.
Como podemos observar na figura 15, o sector imobiliário é aquele que
revelou um maior aumento de peso de 1999 para 2008 na estrutura
sectorial da Ilha, aumentando de 25 para 27%. Os restantes sectores
diminuíram de peso, excepto os sectores respeitantes à educação, saúde e
outros serviços sociais, que apenas ganham relevância na estrutura
sectorial da Ilha na segunda situação.
.
A - Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura H - Alojamento e Restauração (Restaurantes e Similares)
O - Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais
B - Pesca I - Transportes, Armazenagem e Comunicações P - Famílias com Empregados Domésticos
C - Indústrias Extractivas J - Actividades Financeiras Q - Organismos Internacionais e Outras Instituições Extraterritoriais
D - Indústrias Transformadoras K - Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às Empresas
SIFIM - Serviços de Intermediação Financeira Indirectamente Medidos
E - Produção e distribuição de Electricidade, Gás e Água L - Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória
Fonte: INE, Anuários Estatísticos Regionais, 1999, 2008.
A+B
8% C
0% D
6% E
0%
F
27% G
25%
H
9%
I
9%
J
1%
K
13%
L
2%
M
0% N
0% O
0%
P
0%
Estrutura Sectorial
1999 A+B 5%
C 1%
D 9% E
0% F 13%
G 27%
H 10%
I 6%
J 0%
K 16%
L 0%
M 3%
N 4%
O 6%
P 0%
Estrutura Sectorial 2008
29
F - Construção M - Educação Referências: INE, Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas (FGUE)
G - Comércio por Grosso e a Retalho; Reparação de Veículos Automóveis, Motociclos e Bens de Uso Pessoal e Doméstico N - Saúde e Acção Social
Figura 15 (Fonte: INE)
No que diz respeito à agricultura, apesar da dimensão média das
explorações (em ha.) ser 5,8% superior à média regional, a área total das
mesmas representa apenas 3% da área total bem como do número de
explorações da Região.
A Ilha de Santa Maria não tem fábricas de leite nem produz queijo de vaca,
já que o número de vacas leiteiras não é relevante.
Logo, no que respeita o gado, apenas o abate de bovinos e suínos é
praticado, representando estas actividades 1,7 e 2,5% do total da Região,
respectivamente.
Tem-se verificado uma aposta na produção e comercialização da meloa.
Analisando o sector das pescas, verificamos que 3,5% dos pescadores
matriculados em toda a Região residem na Ilha, sendo que o valor da pesca
descarregada representa 11.4% do valor de toda a pesca capturada nos
Açores, a que corresponde uma receita de 2.555 mil euros.
No que concerne as infra-estruturas, é importante referir que, em 2009, o
movimento de passageiros nos aeroportos representava 3,4% do
movimento de passageiros em toda a Região, enquanto o tráfego de
passageiros por mar representava 2,8%.
No que respeita ao tráfego marítimo de mercadorias, notamos que, em
2010, as mercadorias descarregadas são cerca de oito vezes superiores às
mercadorias carregadas (49760 e 6433 toneladas respectivamente).
Actualmente estão em funcionamento quatro IPSS com acordos de
cooperação, abrangendo um total de 10 valências.
30
4. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DAS ILHAS DA COESÃO
Neste capítulo, procede-se a uma avaliação, em termos das possibilidades de
desenvolvimento de cada uma das Ilhas da Coesão, adoptando a metodologia
da análise SWOT, ou seja da matriz de forças (Strenghts) e fraquezas
(Weaknesses) e, portanto, das potencialidades e das fragilidades de cada uma,
cruzada com as oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) que o
contexto externo lhes proporciona, na perspectiva do seu desenvolvimento.
Por desenvolvimento entende-se aqui o processo de mudança social, de
natureza multidimensional, que proporcione o aumento de bem-estar das
pessoas residentes num determinado território (local, região ou país),
permitindo:
- A satisfação das suas necessidades fundamentais;
- A mobilização e valorização dos seus recursos e capacidades
(endógenas);
- De forma sustentável, ou seja, conjugando resultados de crescimento
económico (com criação de riqueza e de empregos, nomeadamente), de
coesão social (e igualdade de oportunidades), de preservação ambiental,
de respeito pela diversidade cultural, de coesão territorial e de regulação
política (governança eficiente e eficaz) e tendo por base uma
permanente actualização do conhecimento e avaliação sobre este
processo;
- Com a co-responsabilização de todos os actores, numa lógica de
parceria, na sua activação e gestão.
Nesta perspectiva, passa-se à análise, de acordo com a metodologia referida,
começando por assinalar os aspectos que são comuns às cinco Ilhas,
sublinhando-se o facto de que as ameaças e oportunidades proporcionadas
pelo contexto externo são as mesmas para todas, pelo que não é necessário
repeti-las para a avaliação mais individualizada, a não ser no caso das
oportunidades, no que se refere a uma referência mais pormenorizada aos
investimentos realizados em cada Ilha ou mais específica a incentivos que
tenham uma configuração própria para algumas delas.
31
4.1. Avaliação transversal
Começando pelas forças e fraquezas (de desenvolvimento) internas, constata-
se que, genericamente, estas são mais do que aquelas, o que, precisamente,
traduz a sua situação de Ilhas com mais dificuldades de desenvolvimento, ou
seja, justificando um tratamento específico como Ilhas da Coesão (cf. Matriz
apresentada neste ponto).
As suas potencialidades estão relacionadas sobretudo com a sua riqueza
natural (não esquecendo que três delas são classificadas como “Reserva da
Biosfera”) e com as potencialidades de acção colectiva (ou seja, de
estabelecimento de plataformas de acções conjuntas e de parcerias de acção
concretas) que se detectaram em todas as Ilhas.
Estas são duas forças, comuns a todas as Ilhas, que uma estratégia de coesão
deve aproveitar ao máximo, implicando, nomeadamente que:
- A preservação e valorização ambiental seja um critério absolutamente
nuclear da coesão;
- O turismo sustentável, nas suas várias modalidades e possibilidades,
seja um dos seus eixos estratégicos;
- A mobilização de todos os actores e a sua acção concertada, seja o
impulso decisivo e a base do seu modelo de governança.
Por seu turno, as suas fragilidades, em termos de desenvolvimento, referem-se
sobretudo à evolução demográfica (duplo envelhecimento da população, com
redução da taxa de natalidade e aumento, mais do que proporcional, da
população mais idosa), ao baixo aproveitamento turístico, às dificuldades ainda
sublinhadas de escoamento rápido dos produtos produzidos em cada Ilha, ao
baixo nível de empreendedorismo em geral e à falta de acompanhamento
técnico local dos projectos que vão surgindo.
Nesse sentido, uma estratégia de coesão deve, a este respeito:
- Tentar contrariar a evolução demográfica, nomeadamente
estabelecendo incentivos ao aumento da natalidade (a longo prazo) e à
fixação de população jovem (a curto prazo);
32
- Criar condições para um melhor aproveitamento turístico (conjugando,
neste caso, com um dos eixos estratégicos referidos na análise das
forças de desenvolvimento), quer do ponto de vista do aumento e
melhoria das infra-estruturas, quer da divulgação e marketing das
potencialidades turísticas, quer do apoio e incentivo aos operadores
turísticos;
- Melhorar (ainda), até onde for possível, as condições de transporte de
mercadorias inter-ilhas e das Ilhas para fora da Região, apoiando o
escoamento e a exportação dos seus produtos mais competitivos;
- Criar condições de melhor e mais efectivo acompanhamento técnico, em
cada Ilha, dos projectos de desenvolvimento (públicos ou privados, de
qualquer das três economias) ligados à estratégia de coesão.
Passando a uma análise da influência do contexto externo para o
desenvolvimento das cinco Ilhas em geral verifica-se, antes de mais, que as
oportunidades decorrem sobretudo:
- Das tendências favoráveis decorrentes da evolução e da diversificação,
à escala mundial, das procuras turísticas dirigidas ao turismo sustentável,
nomeadamente, no que à Região diz respeito, da população sénior e
jovem provenientes do Norte e Centro da Europa;
- Dos sistemas de incentivos e de discriminação positiva criados na
Região, com incidência particular nas Ilhas da Coesão;
- Dos investimentos públicos (da responsabilidade do Governo Regional),
que têm vindo a ser realizados nestas Ilhas, melhorando infra-estruturas
educativas, sanitárias, viárias, na área dos transportes (marítimos e
aéreos) ou de natureza directamente produtiva (criação de unidades
produtivas).
A maximização destas oportunidades implica que uma estratégia de coesão:
- Dê particular relevo ao aproveitamento e à resposta às referidas
procuras turísticas, apoiando e capacitando as ofertas apropriadas às
potencialidades de cada Ilha;
33
- Reorganize os sistemas de incentivos e de discriminação positiva,
eventualmente melhorando algumas das medidas e acrescentando-lhe
novas (as que se revelarem estar em falta), mas sobretudo que os torne
efectivamente operacionais, o que significa dá-los a conhecer, com uma
divulgação mais intensiva e de proximidade, e apoie, de forma proactiva,
a sua aplicação, acompanhando do ponto de vista técnico, os projectos
de desenvolvimento que se candidatem às suas medidas;
- Avalie os investimentos públicos realizados, em particular do ponto de
vista do seu impacto em termos de coesão, e lhes acrescente os que
forem ainda necessários (e possíveis) para uma base infraestrutural
mais completa, consistente e coerente.
Quanto às ameaças, elas relevam fundamentalmente de factores macros, à
escala planetária (crise económica e financeira; previsível aumento, nos
próximos anos, do preço do petróleo, com consequências muito acentuadas
nos preços dos transportes, o que é particularmente incidente em regiões
insulares e efeitos das alterações climáticas o que, a longo prazo, poderá
acarretar grandes dificuldades.
A atracção pelos centros urbanos em detrimento de localidades mais
periféricas é outro aspecto a ter em conta, quer num contexto interno às
próprias ilhas, quer no impacto que os fenómenos migratórios podem provocar,
contribuindo para um processo de desertificação.
Assinale-se também uma ameaça, mais específica de alguns territórios, que
pode resultar das divisões entre Ilhas e das clivagens político-sociais,
impedindo uma mobilização efectiva de todos os actores e uma acção colectiva
mais concertada e coesa.
Nesse sentido, uma estratégia de coesão, deve tentar minimizar o efeito destas
ameaças, no que for possível:
- Contrariando os efeitos da crise económica, nomeadamente com acções
(públicas) de combate ao desemprego, à pobreza e exclusão social;
34
- Criando e apoiando condições para o aumento da produção interna e
do mercado interno de cada Ilha (e da Região), elegendo, como um
dos pilares da coesão, o apoio à produção agrícola e alimentar para
consumo interno, incluindo à economia doméstica e à pequena
produção agrícola com orientação mercantil, promovendo a redução das
importações e alargando o mercado regional;
- Desminando as eventuais clivagens bairristas e político-sociais que
podem perturbar ou mesmo inviabilizar uma estratégia de coesão eficaz.
Matriz Geral
A. Características Internas
Strengths:
Diversidade de espécies (flora e
fauna)
Beleza natural da Região
Potencialidades de acção em
parceria e cooperação como forma
de assegurar a coerência em cada
Ilha a favor da coesão
Existência de transporte entre as
Ilhas da Coesão
Potencialidades do Mar
Weaknesses:
Evolução demográfica: população em declínio
Baixa taxa de natalidade com saldo fisiológico negativo e
baixa substituição de gerações
Peso mais do que proporcional da população mais idosa
Êxodo rural
Comunidades parcialmente fechadas
Existência de diversos ritmos de desenvolvimento bem
como diferentes problemas com formas únicas em cada
Ilha
Falta de acompanhamento técnico das candidaturas aos
sistemas de incentivos e à sua tramitação processual
(empresários)
Deficiências assinaladas pelos empresários locais
relativamente ao transporte marítimo de mercadorias
Baixo nível de empreendedorismo, em geral
Elevada sazonalidade do Turismo
35
B. Contexto Externo
Opportunities:
Desenvolvimento de novas formas de turismo, ecológico e
sustentável, direccionado sobretudo à população do norte e centro
da Europa (sénior e jovem)
Baixo aproveitamento turístico
Existência de vários sistemas de incentivos e de medidas de
discriminação positiva, criados(as) pelo Governo Regional,
nomeadamente a favor das Ilhas da Coesão, como por exemplo:
Apoio às pequenas indústrias de lacticínios e queijarias
Apoios financeiros para projectos de investimento em
acções de promoção e animação turística, no âmbito do
Subsistema de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo
Sistema de apoio à promoção de Produtos Açorianos, com
uma taxa de comparticipação a fundo perdido de 90% para
as empresas sediadas nas Ilhas da Coesão
Subvenção a fundo perdido de 50% do valor do transporte
marítimo de resíduos não perigosos e de 70%, no caso dos
resíduos perigosos
Viagens marítimas inter-ilhas mais acessíveis para a
população jovem e idosa
Atribuição de ajuda regional ao escoamento de produtos da
pesca capturados pelas embarcações que se encontram
registadas nas Ilhas de Santa Maria, Pico, Graciosa, S.
Jorge, Flores e Corvo
Concretização de vários investimentos públicos nas Ilhas da
Coesão, em particular em infra-estruturas nas áreas da educação,
da saúde, da cultura, das comunicações, dos transportes (aéreos,
marítimos e terrestres) e da produção (incluindo criação de
actividades económicas), nomeadamente:
Aquisição recente de dois barcos, por parte do Governo
Regional, destinados ao transporte de passageiros entre as
Ilhas do Grupo Central
Threats:
Crise económica e financeira
Previsibilidade da subida do
preço do petróleo, com efeitos
nos preços dos combustíveis
e dos transportes
Fenómeno de atracção pelos
centros urbanos em
detrimento de localidades
mais periféricas
Efeitos das alterações
climáticas (longo prazo)
Clivagens entre Ilhas e de
natureza político-sociais
36
4.2. Corvo
A análise SWOT das possibilidades de desenvolvimento da Ilha do Corvo
revela que:
- As suas principais potencialidades residem nas condições naturais,
nomeadamente ao nível da avifauna de migração que em certas épocas
do ano, permanece na Ilha, atraindo vários especialistas;
- As actividades subaquáticas, permitindo viabilizar algumas actividades
de mergulho, observação do fundo do mar e fotografia;
- As suas principais fragilidades estão relacionadas com a existência de
apenas uma residencial para alojamento turístico, com a dependência
do porto das Flores para carregamentos e descarregamentos de
grandes quantidades de mercadorias e com a pequena dimensão da Ilha,
inviabilizando outras infra-estruturas e escalas de produção;
- As principais oportunidades resultantes do contexto externo referem-se
ao que já se assinalou na matriz geral (tendências favoráveis no que se
refere às procuras turísticas no Mundo, sistemas de incentivos e
investimentos públicos), sendo de assinalar os importantes
investimentos públicos de discriminação positiva que se têm realizado
no Corvo;
- As ameaças externas são as que já se assinalaram na matriz geral.
Neste sentido, uma estratégia de coesão para o Corvo, tem de assentar
essencialmente:
- Na maximização, até onde for possível, de uma estratégia de aumento
do mercado interno e de apoio à produção local para auto-consumo,
incluindo ao nível do comércio local de peixe fresco e de carne (que
circula informalmente entre as famílias, podendo ser apoiada a sua
comercialização);
37
- No apoio aos aproveitamentos turísticos ligados à observação de
espécies de avifauna e subaquáticas, o que implica algum reforço da
capacidade hoteleira, com soluções flexíveis;
- No apoio a pequenas iniciativas empresariais que diversifiquem a
economia local;
- Na melhoria das acessibilidades, no que se refere ao transporte aéreo (o
que já está a ser feito) e ao transporte marítimo de mercadorias;
- Na maximização das medidas de discriminação positiva, nomeadamente
das que se referem ao apoio ao empreendedorismo e à fixação de
população jovem, e no acompanhamento técnico dos projectos
correspondentes;
- Na manutenção de um apoio público às condições de bem-estar da
população do Corvo;
- Na valorização das instituições de Economia Social da Ilha, no apoio às
condições sociais da população e no combate ao desemprego, à
pobreza e exclusão social.
Matriz do Corvo
A. Características Internas
Strengths:
Dimensão das explorações agrícolas com e
sem SAU superiores à média regional em cerca
de 150%
Elevado número de professores na Ilha, sendo
que em média existe um professor para cada
cinco alunos
Riqueza e diversidade natural da Ilha
(Biodiversidade)
Existência de certas aves de migração que
Weaknesses:
Baixa taxa de natalidade (2,2%) com saldo
fisiológico negativo
Oferta turística limitada (apenas uma
pensão)
Inexistência de carregamentos e
descarregamentos no porto
38
permanecem na Ilha durante algum tempo,
atraindo ornitólogos
Riqueza subaquática (actividades de mergulho)
B. Contexto Externo
Opportunities:
Desenvolvimento de novas formas de turismo, que
promovam a redução da sazonalidade, ecológico e
sustentável;
Existência de vários sistemas de incentivos e de medidas
de discriminação positiva, criados(as) pelo Governo
Regional;
Concretização de vários investimentos públicos nas Ilhas
da Coesão, em particular em infraestruturas nas áreas da
educação, da saúde, da cultura, das comunicações, dos
transportes (aéreos, marítimos e terrestres) e da
produção (incluindo criação de actividades económicas),
requalificação da aerogare e aeródromo do Corvo
Construção da torre de controlo do aeródromo do
Corvo
Reabilitação do Porto da Casa
Construção do Centro Cultural Multi-Usos
Classificação do Corvo como Reserva da Biosfera, pela
UNESCO
Existência da Adeliaçor - Associação para o
Desenvolvimento Local das Ilhas dos Açores
Threats:
Crise económica e financeira
Previsibilidade da subida do preço
do petróleo, com efeitos nos preços
dos combustíveis e dos transportes
Efeitos das alterações climáticas
(longo prazo)
Clivagens entre Ilhas e de natureza
político-social
39
4.3. Flores
A análise SWOT relativa às possibilidades de desenvolvimento da Ilha das
Flores revela que:
- As suas principais potencialidades centram-se nos seus recursos
ambientais (fauna e flora), nalgumas produções artesanais e nas várias
actividades turísticas, já existentes ou em desenvolvimento, e que
podem ser ainda muito mais dinamizadas, havendo, por outro lado, uma
considerável capacidade hoteleira instalada;
- As suas fragilidades mais notórias referem-se à evolução demográfica
negativa (com diminuição da taxa de natalidade e peso mais do que
proporcional da população mais idosa) e ao insuficiente aproveitamento
turístico;
- As oportunidades proporcionadas pelo contexto externo centram-se na
evolução (favorável) das procuras turísticas, em geral no Mundo,
direccionadas para o Turismo Sustentável, valorizando portanto, a
componente ambiental, no sistema de incentivos e medidas de
discriminação positiva criadas na Região a favor das Ilhas da Coesão e
nos investimentos públicos realizados ou em curso na Ilha, que incluem
melhoramentos nas infra-estruturas de transporte aéreo e marítimo (ou
seja, nas acessibilidades), na criação de infra-estruturas de impacto ou
de apoio ao turismo (construção do Museu da Baleia, reabilitação do
Convento de S. Francisco – Museu das Flores, melhoramentos nas
infra-estruturas de Náutica e recreio, construção de um novo hotel de 4
estrelas pela empresa “Ilhas de Valor, S.A”) e investimentos em infra-
estruturas relativas à melhoria da qualidade de vida (reabilitação do
Centro de Saúde e construção do Centro de Processamento e
Valorização Orgânica de Resíduos por compostagens);
- As principais ameaças externas são as que já se referiram na matriz
geral.
40
Em face desta leitura, sublinhe-se que uma estratégia de coesão para as
Flores, deve ter em conta que:
- O Turismo tem ainda uma grande margem de desenvolvimento,
sobretudo articulando várias potencialidades e segmentos (circuitos
pedestres, actividades de mergulho e de visitas à Ilha por barco,
observação de espécies, acompanhamento de actividades rurais,
gastronomia, etc.), criando “pacotes turísticos” integrados com uma
marca associada à Reserva de Biosfera das Flores, o que implica
organizar, capacitar e apoiar os operadores turísticos e promover
campanhas de divulgação e marketing;
- A maximização das possibilidades aumento da produção local em cada
Ilha é sempre um factor essencial da coesão a longo prazo;
- A Ilha das Flores é particularmente indicada para o acolhimento de
indústrias criativas locais, nacionais ou internacionais, nomeadamente
no campo do audiovisual e da realização de documentários e
telenovelas;
- O mesmo se diga em relação às hipóteses de aposta na aquacultura,
com criação e desenvolvimento de espécies em cativeiro, em ambiente
marítimo;
- Pode haver um melhor e mais coerente aproveitamento das medidas de
discriminação positivas e dos sistemas de incentivos já existentes,
nomeadamente no que se refere ao apoio ao empreendedorismo e à
fixação de população jovem, bem como ao acompanhamento técnico
dos projectos e iniciativas que vão surgindo;
- A questão do transporte marítimo de mercadorias continua a merecer
críticas por parte dos actores locais, devendo estudar-se todas as
hipóteses de introdução de melhorias, de forma a facilitar,
nomeadamente, a exportação;
41
- O papel das instituições de Economia Social existentes na Ilha não deve
ser desvalorizado, quanto à sua contribuição para a coesão,
nomeadamente no que se refere às respostas a necessidades sociais.
Matriz das Flores
A. Características Internas
trengths:
Dimensão das explorações agrícolas 176%
superior em relação à média da Região, sendo
a dimensão das explorações com SAU também
superior em 109%
Diversidade natural de plantas e espécies
Tradição na produção de produtos artesanais
(trabalhos com miolo de figueira e similares,
doçaria e artesanato têxtil)
Existência de uma certa capacidade hoteleira
Existência de percursos turísticos pedestres
Observatório de aves na Lagoa Branca
Desenvolvimento de actividades turísticas no
mar e em terra (Marcocidental)
Recursos ambientais importantes para a
Biodiversidade
Weaknesses:
Evolução demográfica: população em
declínio
Baixa taxa de natalidade (abaixo da média
da Região) com saldo fisiológico negativo e
baixa substituição de gerações
Peso mais do que proporcional da população
mais idosa
Baixo tráfego de passageiros por mar (0,4%
da média regional)
Baixo tráfego de mercadorias nos portos,
sendo que os carregamentos representam
apenas 0,4% dos carregamentos na Região
42
B. Contexto Externo
Opportunities:
Desenvolvimento de novas formas de turismo, ecológico e
sustentável, direccionado sobretudo à população do norte
da Europa (sénior e jovem)
Existência de vários sistemas de incentivos e de medidas
de discriminação positiva, criados(as) pelo Governo
Regional, nomeadamente a favor das Ilhas da Coesão
Concretização de vários investimentos públicos nas Ilhas
da Coesão, em particular em infra-estruturas nas áreas da
educação, da saúde, da cultura, das comunicações, dos
transportes (aéreos, marítimos e terrestres) e da
produção (incluindo criação de actividades económicas),
nomeadamente:
Museu da Baleia
Reabilitação do Convento de S. Boaventura –
Museu das Flores
Melhoramento do porto de pescas
Infra-estruturas de Náutica e Recreio no porto das
Lajes das Flores
Remodelação e ampliação da aerogare do
aeródromo das Flores
Construção de um novo hotel de 4 estrelas pela
Empresa “Ilhas de Valor, S.A.”
Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e
Espaciais (instalação e funcionamento de duas
estações geodésicas fundamentais (EGF))
Equipamento de redes sem fios para acesso à
internet em espaços abertos nas Ilhas da Coesão
Reabilitação do Centro de Saúde
Construção do Centro de Processamento e
Valorização Orgânica por compostagem
Classificação das Flores como Reserva da Biosfera, pela
UNESCO
Existência da Adeliaçor - Associação para o
Threats:
Crise económica e financeira
Previsibilidade da subida do preço
do petróleo, com efeitos nos preços
dos combustíveis e dos transportes
Efeitos das alterações climáticas
(longo prazo)
Clivagens entre Ilhas e de natureza
político-social
43
Desenvolvimento Local das Ilhas dos Açores
4.4. Graciosa
As possibilidades de desenvolvimento da Ilha Graciosa, de acordo com a
avaliação SWOT, revelam as seguintes particularidades:
- Há um conjunto de importantes potencialidades ligadas ao turismo
(nomeadamente com actividades marítimas e subaquáticas), à produção
agrícola de qualidade (vinho, alho e meloa) e aos recursos ambientais
de biodiversidade (que, aliás, lhe valeram a classificação, pela UNESCO,
de Reserva da Biosfera);
- As fragilidades referem-se sobretudo à evolução demográfica (declínio
da população, associado à baixa da natalidade e ao êxodo da Ilha, e
peso crescente da população mais idosa), ao insuficiente
aproveitamento turístico e ao subdesenvolvimento das actividades
piscatórias;
- Entre as várias oportunidades, de origem externa, oferecidas pela
evolução do tipo de procuras turísticas à escala mundial (favoráveis ao
turismo sustentável e ambiental, para o qual existem excelentes
potencialidades na Ilha, reforçadas pela classificação de Reserva da
Biosfera) e pela existência de sistemas de incentivos e medidas de
discriminação positiva a favor das Ilhas de Coesão, assinalam-se, em
44
particular, as que podem resultar dos investimentos públicos, já
realizados ou em curso, incidindo nomeadamente: na melhoria das
acessibilidades (aéreas e marítimas), na criação ou melhoramento de
infra-estruturas turísticas ou de apoio ao turismo (hotel, parque de
campismo, termas, equipamentos para actividades marítimo-turísticas),
na melhoria da qualidade de vida das populações (Centro de Saúde e
Centro de Processamento e Valorização Orgânica de Recursos e no
apoio à actividade agrícola;
Esta avaliação permite sublinhar que uma estratégia de coesão para a
Graciosa deve também ter em conta as seguintes especificidades:
- O turismo é, sem dúvida, um vector fundamental da coesão, na linha de
desenvolvimentos já verificados com a realização de eventos de
projecção internacional (como a Bienal de Fotografia Subaquática e o
Rally da Graciosa), mas exigindo novos desenvolvimentos e inovações,
quer no âmbito das actividades marítimas e subaquáticas, quer de
outras possibilidades abertas pela classificação como Reserva da
Biosfera, implicando, no entanto, uma consolidação, reorganização e
capacitação do sector e dos seus actores, a atribuição de uma marca
específica certificada e o aprofundamento de uma estratégia de
comunicação e marketing, tarefas que têm de ser, proactivamente,
desempenhadas pela Região;
- De igual modo, será estruturante a aposta feita no Turismo Termal e de
Saúde, com a recuperação e modernização das Termas do Carapacho;
- A agricultura é um sector que oferece importantes potencialidades de
desenvolvimento e exportação, em produções de qualidade certificada
(como o alho, a meloa e o vinho), mas que têm de ser apoiadas
explicitamente na capacitação dos seus processos de produção,
certificação e comercialização;
45
- A Graciosa oferece potencialidades de relevo na atracção e
desenvolvimento de indústrias criativas de audiovisual e multimédia;
- Idem e muito em particular quanto à produção de espécies piscícolas em
aquacultura em ambiente marítimo;
- Mais uma vez se assinala a importância, para a coesão desta Ilha, de
não descurar, desde já, e numa perspectiva de longo prazo, a questão
do apoio à produção agrícola para auto-consumo e para abastecimento
interno (com base na produção doméstica e na pequena produção
agrícola), bem como ao comércio local;
- O acompanhamento técnico dos projectos e iniciativas locais é outro
requisito fundamental para a coesão, permitindo um melhor
aproveitamento dos incentivos e medidas de discriminação positivas
existentes, muitas vezes desconhecidas dos interessados e/ou
subaproveitadas;
- As acessibilidades, quanto ao transporte marítimo de mercadorias,
podem ser reequacionadas, tentando diminuir alguns obstáculos que
este domínio ainda apresenta, como factor de coesão;
- O papel da Economia Social que tem, na Ilha, uma importância não
negligenciável, deve ser valorizado nas áreas das respostas sociais, da
criação de emprego e do combate à pobreza.
46
Matriz da Graciosa
A. Características Internas
Strengths:
Índice de Mecanização 10,6% acima da média
regional
Tradição na produção e qualidade da meloa e
do alho
Realização da Feira Agro-Pecuária da Graciosa
Papel da Adega e Cooperativa (sobretudo na
vinificação)
Possibilidades turísticas, nomeadamente com
actividades subaquáticas
Festiva de Fotografia Subaquática (bienal)
Realização do Rally da Ilha Graciosa
Desenvolvimento de actividades turísticas
ligadas ao mar (Graciosa Sport Fishing)
Recursos ambientais importantes para a
Biodiversidade
Termas e Saúde
Weaknesses:
Evolução demográfica: população em
declínio
Baixa taxa de natalidade (abaixo da média
da região) com saldo fisiológico negativo e
baixa substituição de gerações
Peso mais do que proporcional da população
mais idosa
Subdesenvolvimento das actividades
piscatórias (4,3% de pescadores
matriculados face a 1.6% de pesca
descarregada)
Inexistência de acções de formação
profissional que possam potenciar a fixação
e atracção de jovens
47
B. Contexto Externo
Opportunities:
Desenvolvimento de novas formas de turismo, ecológico e
sustentável, direccionado sobretudo à população do norte
da Europa (sénior e jovem)
Existência de vários sistemas de incentivos e de medidas
de discriminação positiva, criados(as) pelo Governo
Regional, nomeadamente a favor das Ilhas da Coesão
Concretização de vários investimentos públicos nas Ilhas
da Coesão, em particular em infraestruturas nas áreas da
educação, da saúde, da cultura, das comunicações, dos
transportes (aéreos, marítimos e terrestres) e da
produção (incluindo criação de actividades económicas),
nomeadamente:
Construção do Hotel da Graciosa
Requalificação das Termas do Carapacho
(actualmente “spa termal”, mas com potencialidade
de se tornar um “estabelecimento termal”)
Construção do Parque de Campismo
Instalação da Estação de Monitorização de Ensaios
Nucleares
Projecto de execução da ampliação e alargamento
da pista do aeródromo
Construção de torre de controlo do aeródromo
Ampliação do cais comercial da Praia da Ilha
Graciosa
Construção do novo Centro de Saúde
Construção do Centro de Processamento e
Valorização Orgânica de Resíduos (compostagem)
Investimento no projecto “Diving in Azores”
Instalação de equipamentos para as práticas
marítimo-turísticas (Gracipescas)
Recuperação do acesso à Furna da Maria
Encantada
Consolidação da aplicação das Boas Condições
Threats:
Crise económica e financeira
Previsibilidade da subida do preço
do petróleo, com efeitos nos preços
dos combustíveis e dos transportes
Efeitos das alterações climáticas
(longo prazo)
Clivagens entre Ilhas e de natureza
político-social
48
Agrícolas e Ambientais (âmbito do Programa de
Desenvolvimento Rural)
Apoio ao investimento e modernização agrícola,
gestão da aplicação do PRORURAL
Classificação da Graciosa como Reserva da Biosfera pela
UNESCO
4.5. S. Jorge
Da avaliação SWOT realizada às possibilidades de desenvolvimento da Ilha de
S. Jorge, ressaltam os seguintes aspectos:
- As suas principais potencialidades centram-se nos seus recursos
ambientais (fauna e flora) e nalgumas produções artesanais;
- As principais potencialidades referem-se à tradição da produção do
“Queijo da Ilha”, à riqueza e diversidade dos recursos ambientais e
geológicos (com particular realce para especificidade das fajãs), à
importância dos grupos culturais locais, ao aumento de alunos inscritos
no sistema de ensino (com a contribuição assinalável da Escola
Profissional) e às dinâmicas de parceria, participação e abordagem
integrada criadas pelo projecto de criação de um Ecomuseu para toda a
Ilha;
- As fragilidades mais importantes referem-se, por seu turno, à evolução
demográfica (com declínio da população, provocado pela baixa
natalidade e pelo êxodo dos mais jovens da Ilha, e envelhecimento da
população no topo da pirâmide etária), a problemas de desorganização
e ineficiências na produção do “Queijo da Ilha”, a algumas dificuldades
49
existentes no transporte marítimo (que se pretende mais célere) de
mercadorias e ao baixo aproveitamento das potencialidades turísticas;
- As oportunidades proporcionadas pelo exterior centram-se
essencialmente nas tendências favoráveis das procuras turísticas ao
nível mundial (apetência pelas vertentes sustentáveis e ambientais), nas
possibilidades de apoio oferecidas pelos sistemas de incentivos e
medidas de discriminação positiva a favor das Ilhas de Coesão e pelos
apoios infraestruturais viabilizados pelos investimentos públicos,
realizados ou em curso, na Ilha – nomeadamente com efeitos nas
acessibilidades (aéreas e marítimas), no turismo (Pousada de Juventude,
Parque de Campismo, acesso às Fajãs, circuitos pedestres, projecto
“Diving in Azores”) e no comércio local -, sendo ainda de realçar as
potencialidades que a criação do Parque Natural de S. Jorge e as
actividades desenvolvidas pela Adeliaçor podem suscitar;
- As ameaças externas consistem nas já referidas na matriz geral.
Deste conjunto de elementos avaliativos, resulta, como aspectos específicos a
considerar numa estratégia de coesão para S. Jorge, os seguintes:
- O turismo sustentável, articulando os recursos ambientais da terra e do
mar, a riqueza cultural e a economia do queijo, é um pilar fundamental
daquela estratégia, devendo, no entanto, ser alicerçado na criação de
uma marca própria certificada, numa capacitação dos actores e das
organizações que aferem e coordenem este sector e na definição de
uma dinâmica eficaz de divulgação e marketing, tarefas que devem, no
essencial, caber à animação e coordenação por parte da Região;
- A economia do queijo, mesmo que não permita a criação de mais
riqueza e emprego, deve, pelo menos, ser estabilizada, qualificada,
reorganizada e melhorada, sobretudo ao nível da eficiência produtiva e
organizativa, da defesa da marca e dos critérios de qualidade e da
melhoria da sua promoção e comercialização, tarefas onde, mais uma
50
vez, a Região deve ter um papel importante (como, aliás, já o tem
desempenhado);
- A produção local para abastecimento do mercado interno não deve ser
descurada, como já se referiu nos casos anteriores;
- O projecto do Ecomuseu tem componentes (nomeadamente turísticas,
culturais e económicas) que não deveriam ser abandonadas, numa
perspectiva da coesão;
- S. Jorge pode também ser uma das Ilhas a considerar na atracção de
indústrias criativas, nos domínios do audiovisual e multimédia, dadas as
suas características, favoráveis à produção de documentários (em terra
e no mar) e de telenovelas;
- Idem quanto à criação de espécies piscícolas em aquacultura em
ambiente marítimo;
- O acompanhamento técnico de proximidade aos projectos e iniciativas
locais, com impacto na coesão no desenvolvimento da Ilha, também um
pilar fundamental nesta estratégia, ajudando a maximizar o
aproveitamento dos sistemas de incentivo e apoio específico previstos
para as Ilhas da Coesão;
- A melhoria das acessibilidades, no que se refere ao transporte marítimo
de mercadorias, continua a ser reivindicada pela generalidade dos
actores locais, como uma condição essencial para a coesão de S. Jorge;
- Também é importante não descurar o papel das instituições locais de
Economia Social como factor de coesão, na resposta às necessidades
sociais fundamentais, na criação de emprego e, mais genericamente, no
combate à pobreza e exclusão Social.
51
Matriz da Ilha de S. Jorge
A. Características Internas
Strengths:
Tradição de produção de queijo da Ilha
Vários segmentos possíveis de
aproveitamento turístico (fajãs)
Recursos Geológicos
Base cultural de referência (3 grupos de
teatro, 3 grupos de folclore e 15 filarmónicas)
Educação: aumento de alunos desde
2000/2001 que frequentam o ensino pré-
escolar, básico (3º ciclo) e secundário
Dimensão das explorações agrícolas
superior em 30% face à média da região
Dinâmicas de parceria, de participação e de
visão integrada criadas pelo Projecto do
Ecomuseu
Elaboração de roteiro turístico na Ilha
(Ecovelas)
Criação de trilhos pedestres (Montoso -
Manadas e Toledo - Fajã de Vasco Martins)
Descarregamentos superiores em 2% aos
carregamentos nos portos
Weaknesses:
Evolução demográfica : população em declínio
Baixa taxa de natalidade (2% abaixo da média
da região) com saldo fisiológico negativo e
baixa substituição de gerações
Peso mais do que proporcional da população
mais idosa
Baixo número relativo de turistas e de dormidas
(ineficiência)
Desorganização e ineficiência da produção de
queijo
Ineficiência na exploração da produção de
leite/queijo: 8,4% das vacas leiteiras dos Açores
produzindo cerca de 6% do leite
Deficiências assinaladas pelos empresários
locais relativamente ao transporte marítimo de
mercadorias (acessibilidade)
52
B. Contexto Externo
C. Opportunities:
Desenvolvimento de novas formas de turismo, ecológico e
sustentável, direccionado sobretudo à população do norte
da Europa (sénior e jovem)
Existência de vários sistemas de incentivos e de medidas
de discriminação positiva, criados(as) pelo Governo
Regional, nomeadamente a favor das Ilhas da Coesão
Concretização de vários investimentos públicos nas Ilhas
da Coesão, em particular em infraestruturas nas áreas da
educação, da saúde, da cultura, das comunicações, dos
transportes (aéreos, marítimos e terrestres) e da
produção (incluindo criação de actividades económicas),
nomeadamente:
Ampliação do aeroporto
Ampliação do cais comercial do porto das Velas
Requalificação do porto da Calheta (construção de
gare de passageiros)
Construção da Pousada de Juventude
Construção do Parque de Campismo da Caldeira de
Santo Cristo
Reabilitação de acesso à fajã de S. João
Recuperação e reabilitação do percurso pedestre
das Polegadas
Investimento no projecto “Diving in Azores”
Revitalização do comércio tradicional
Criação do Parque Natural de S. Jorge
Existência da Adeliaçor - Associação para o
Desenvolvimento Local das Ilhas dos Açores – promoção
do turismo temático (com Faial e Pico)
Threats:
Crise económica e financeira
Previsibilidade da subida do preço
do petróleo, com efeitos nos preços
dos combustíveis e dos transportes
Efeitos das alterações climáticas
(longo prazo)
Clivagens entre Ilhas e de natureza
político-social
53
4.6. Santa Maria
Procedendo à avaliação SWOT das possibilidades de desenvolvimento da Ilha
de Santa Maria, detectam-se os seguintes pontos:
- Existem várias potencialidades, nomeadamente ligadas às
infraestruturas turísticas, à realização de eventos com impacto turístico,
aos recursos ambientais (terrestre e marítimos) à gastronomia local e à
qualidade da meloa de Santa Maria;
- As principais fragilidades referem-se ao envelhecimento da população
no topo da pirâmide etária, ao baixo nível de aproveitamento turístico e
ao sentimento de dependência (nomeadamente quanto ao transporte
marítimo da mercadoria) em relação a S. Miguel;
- As oportunidades de origem externa, são sobretudo as que decorrem
das tendências favoráveis das procuras turísticas (para os segmentos do
turismo sustentável) a nível mundial, das possibilidades oferecidas (mas
pouco aproveitadas) pelos sistemas de incentivos e apoios às Ilhas da
Coesão já criados e dos investimentos públicos, já realizados ou em
curso, em particular em infra-estruturas de acessibilidade (marítima) e
de apoio turístico (Pousada de Juventude, Museu de Santa Maria, apoio
aos desportos náuticos, postos de turismo) 1 , na modernização das
explorações agrícolas e florestais e no desenvolvimento de projectos
científicos na área das Telecomunicações, envolvendo a Universidade
dos Açores e centros de investigação estrangeiros, sendo ainda de
assinalar as oportunidades que pode oferecer a localização, em Santa
Maria, da Rede Atlântico de Estações Geodinâmicas e Espaciais, da
Estação de Rastreio de Satélites e do Centro de Monitorização e
Vigilância do Atlântico Norte;
1 As oportunidades que a construção de um campo de golfe em Santa Maria poderia potenciar estão muito longe de reunir o consenso dos actores locais e de outros observadores, quanto aos seus benefícios, por comparação com a natureza agrícola dos terrenos ocupados.
54
- As ameaças externas principais são as que já se assinalaram na matriz
geral.
Em face deste panorama, o que se pode realçar como específico desta Ilha, no
quadro de uma estratégia de coesão são os seguintes pontos:
- O turismo constitui um dos vectores com mais potencialidades de
desenvolvimento e de criação de riqueza e de emprego, não só na linha
de aprofundamento de segmentos e actividades já em curso, mas
também da complementaridade e articulação com novos eixos de
desenvolvimento, nomeadamente de roteiros de turismo rural,
gastronomia e cultural (tendo em conta o rico património da Ilha) e de
actividades de mergulho e de passeio no mar e pesca desportiva, sendo,
no entanto, necessário promover e certificar a sua marca distintiva e a
capacitação organizacional dos operadores e outros actores envolvidos
e das suas estratégias promocionais e de marketing, o que tem de
envolver necessariamente, os órgãos de governo próprio da Região, em
tarefas de animação, formação e incentivo proactivas;
- As telecomunicações podem constituir outro eixo importante do
desenvolvimento da Ilha, nomeadamente justificando a realização de
eventos de carácter científico (conferências, congressos, workshops,
acolhimento de estágios, intercâmbios científicos, etc.), com impacto
turístico (turismo científico e de complementaridade);
- A economia da meloa pode ainda oferecer potencialidades adicionais
(de criação de riqueza e de emprego), se se conseguir melhorar o
escoamento mais rápido da produção para mercados exteriores à Ilha e
se se investir na sua transformação (por exemplo, em doces e
compotas);
55
- Santa Maria oferece também, como as outras Ilhas da Coesão,
potencialidades interessantes para a atracção de indústrias criativas,
nos domínios audiovisuais e de multimédia, sobretudo para a produção
de documentários, filmes e telenovelas;
- O mesmo se diga em relação às possibilidades de criação de peixes em
aquacultura, em ambiente marítimo, junto às suas costas;
- O aumento da produção interna e da pequena economia agrícola, para
auto-consumo e abastecimento local, é, como já se referiu, outro vector
a ter em conta, numa estratégia de coesão a longo prazo;
- O acompanhamento técnico de proximidade, aos projectos e iniciativas
com impacto na coesão e no desenvolvimento da Ilha, é um elemento
decisivo dessa estratégia e de maximização das oportunidades
oferecidas pelos sistemas de incentivo e de discriminação positiva a
favor das Ilhas de Coesão;
- A melhoria das acessibilidades, no que concerne o transporte marítimo
de mercadorias, é uma reivindicação recorrente dos actores locais, para
uma coesão efectiva da Ilha;
- O papel da Economia Social foi também assinalado, a partir do exemplo
das cooperativas existentes na Ilha, como componente essencial da
criação de emprego e de riqueza e de reforço da componente social da
coesão.
56
Matriz da Ilha de Santa Maria
A. Características Internas
Strengths:
Natalidade superior à média regional e saldo fisiológico
positivo
Dimensão das explorações agrícolas 5% superior à
média da região
Tradição na produção e qualidade da meloa
Recursos Minerais
Recursos ambientais
NAV 2 : Controle de Tráfego Aéreo
Festival “Marés de Agosto” e outros eventos culturais de
impacto turístico
Realização do Masters Photo-Sub Portugal Canyoning
(2010)
Criação de empreendimentos turísticos em espaço rural
Criação de uma empresa de animação turística (Norçor),
com o objectivo de promover actividades de mergulho e
passeios ao longo da costa
Gastronomia tradicional
Weaknesses:
Peso mais do que proporcional da
população mais idosa:
envelhecimento da população
Descarregamentos superiores aos
carregamentos nos portos
Baixo número de turistas e de
dormidas face à capacidade
instalada (ineficiência)
Inexistência de apresentação de
candidaturas ao subsistema de
Desenvolvimento do Turismo do
SIDER para a Ilha
B. Contexto Externo
57
Opportunities:
Desenvolvimento de novas formas de turismo, ecológico e
sustentável, direccionado sobretudo à população do norte
e centro da Europa (sénior e jovem)
Existência de vários sistemas de incentivos e de medidas
de discriminação positiva, criados(as) pelo Governo
Regional, nomeadamente a favor das Ilhas da Coesão
Concretização de vários investimentos públicos nas Ilhas
da Coesão, em particular em infraestruturas nas áreas da
educação, da saúde, da cultura, das comunicações, dos
transportes (aéreos, marítimos e terrestres) e da
produção (incluindo criação de actividades económicas),
nomeadamente:
Reequacionamento do cais para ferries e das
infraestruturas terrestres do porto de Recreio de Vila
do Porto
Construção da Pousada da Juventude
Construção do campo de golfe
Reabilitação do Museu de Santa Maria
Promoção de desportos aquáticos
Criação de 2 postos de turismo na Ilha
Investimento na modernização das explorações
agrícolas e florestais
Desenvolvimento de Projectos Científicos e de
Telecomunicações (juntamente com a Universidade
dos Açores e/ou outros centros de investigação
estrangeiros)
Mais-valias resultantes da produção do filme para o
Centro de Interpretação Ambiental pelo jornalista
José Serra (RTP Açores)
Existência na Ilha (a partir de iniciativas externas) de
centros de referência fundamentais na área das
Telecomunicações, nomeadamente:
Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e
Espaciais
Estação de Rastreio de Satélites de Santa Maria
Threats:
Crise económica e financeira
Previsibilidade da subida do preço
do petróleo, com efeitos nos preços
dos combustíveis e dos transportes
Efeitos das alterações climáticas
(longo prazo)
Clivagens entre Ilhas e de natureza
político-social
58
Centro de Monitorização e Vigilância do Atlântico
Norte
5. PRINCIPAIS APOIOS COMUNITÁRIOS E SISTEMAS DE INCENTIVOS A
CONSIDERAR
Neste capítulo procede-se à enumeração e análise dos principais sistemas de
incentivos e de discriminação positiva a favor das Ilhas de Coesão criados pelo
Governo Regional, seleccionando aqueles que poderão ter impacto numa
lógica de coesão e desenvolvimento.
São as seguintes as principais medidas de discriminação positiva definidas
pelo Governo dos Açores para as Ilhas de Coesão:
Redução do custo do transporte marítimo de mercadorias entre as ilhas
das Flores e Corvo (RESOLUÇÃO 35/2001 e RESOLUÇÃO 108/2005)
Majoração de 15% no âmbito da comparticipação financeira à
construção, ampliação, alteração e aquisição de habitação própria e
permanente (DLR 59/2006/A, conjugado com as PORTARIAS 53/2007 e
23/2009)
Apoios financeiros em montantes compreendidos entre os 35% e os
60%, de acordo com a natureza do projecto, do investimento elegível
para projectos de investimento em acções de promoção e animação
59
turística, no âmbito do Subsistema de Apoio ao Desenvolvimento do
Turismo (DLR 10/2010/A)
Majoração de 10% na componente não reembolsável dos incentivos no
âmbito do SIDER (DLR 2/2009/A)
Majoração de 10% no âmbito da comparticipação financeira na
recuperação de habitação degradada (DLR 22/2009/A, conjugado com o
DRR 10/2011/A)
O Programa “Famílias com Futuro”, que aprova o acesso à habitação
pela via do arrendamento, prevê que sejam fixados, por zonas, os
valores máximos dos arrendamentos, possibilitando uma discriminação
positiva (DLR 23/2009/A, regulamentado pela PORTARIA 30/2010)
Subvenção a fundo perdido de 50% do valor do transporte marítimo de
resíduos não perigosos e de 70% no caso dos resíduos perigosos
(PORTARIA 73/2011)
Sistema de apoio à Promoção de Produtos Açorianos, com uma taxa de
comparticipação a fundo perdido de 90% para as empresas sediadas
nas Ilhas da Coesão (PORTARIA 72/2010)
Atribuição de uma ajuda regional ao escoamento dos produtos da pesca,
capturados pelas embarcações que se encontram registadas e que
operam nas Ilhas de Santa Maria, Pico, Graciosa, S. Jorge, Flores e
Corvo (RESOLUÇÃO 11/2009, de 29 de Janeiro) - Em 2010 foram já
atribuídos apoios no montante de 115 000€
O Programa “ESTAGIAR L” permite que os estágios nas Ilhas da
Coesão tenham a duração de 24 meses (RESOLUÇÃO 107/2010)
Majoração de 10% na componente não reembolsável no Sistema de
Incentivos ao Empreendedorismo – Empreende Jovem (DLR 25/2010/A)
Do quadro geral de incentivos, deve ser dado um especial realce a três
programas, que se revelam particularmente interessantes e pertinentes por
incorporarem explicitamente uma estratégia de coesão – São eles:
- PRORURAL – Programa de Desenvolvimento Rural da Região
Autónoma dos Açores;
- SIDER – Sistema de Incentivos para o Desenvolvimento Regional dos
Açores;
60
- Empreende Jovem – Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo
Segue-se uma breve referência a cada um deles e às potencialidades de apoio
à coesão que encerram.
O PRORURAL, elaborado pelo Governo dos Açores para o período 2007-2013,
define a estratégia regional de desenvolvimento rural, em coerência com as
“Orientações Estratégicas Comunitárias de Desenvolvimento Rural”, o “Plano
Estratégico Nacional”, as disposições do Regulamento (CE) 1698/2005, o
Subprograma da Região Autónoma dos Açores “Adaptação da Política Agrícola
Comum à realidade Açoriana” (elaborado no âmbito do regulamento nº 247
(2006), e integrado no “Programa Global de Portugal”, e a Estratégia Regional
em matéria de Política de Coesão e das Pescas, visando o cumprimento do
Objectivo Convergência, no âmbito das políticas de coesão da União Europeia.
Divide-se em 4 eixos, distinguindo-se dos restantes programas habituais de
apoio sectorial, porque apresenta sobretudo um cariz territorial de apoio ao
Mundo Rural, em vez de se concentrar, por exemplo, no apoio à agricultura e
aos agricultores, como era habitual, aliás na sequência da lógica do Programa
Europeu LEADER, do qual herdou a filosofia e os métodos.
Para efeitos dos objectivos deste relatório, destaca-se o Eixo 3, que está
organizado com a seguinte forma:
3) Qualidade de Vida nas Zonas Rurais e Diversificação da Economia
3.1) Diversificação da Economia e Criação de Emprego em Meio Rural
3.1.1) Diversificação de Actividades Não Agrícolas na Exploração
3.1.2) Criação e Desenvolvimento de Micro-Empresas
3.1.3) Incentivo a actividades turísticas e de lazer em espaço rural
3.2) Melhoria da Qualidade de Vida nas Zonas Rurais
3.2.1) Serviços Básicos para a Economia e População Rurais
3.2.2) Conservação e Valorização do Património Rural
Estas medidas e acções podem ser de particular relevância na dinamização da
economia rural das ilhas de coesão, já que têm pacotes financeiros bastante
interessantes de apoio à criação de micro empresas e para a conservação do
61
património rural, nomeadamente o aproveitamento para turismo de habitação
rural.
O SIDER é o programa que o Governo Regional elaborou para definir os
incentivos e apoios ao Desenvolvimento Regional dos Açores (Decreto
Legislativo Regional nº 10/2010/A, de 16 de Março, como segunda alteração ao
Decreto Legislativo Regional nº 19/2007/A, de 23 de Julho), para o período
2007-2013. Inclui também o Decreto Regulamentar Regional nº 14/2009/A, de
12 de Outubro, que regulamenta o DLR 19/2007/A com as alterações
introduzidas pelo DLR 2/2009/A, que acrescentou a armazenagem não
frigorífica no âmbito do Desenvolvimento Estratégico, para as Ilhas de Santa
Maria, Graciosa, São Jorge, Pico, Flores e Corvo.
Este é o programa mais disseminado e que mais acções tem co-financiado, no
domínio referido.
Contempla, no seu interior, quatro subprogramas:
- Subsistema de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo (DRR nº 9/2010/A,
de 14 de Junho, como segunda alteração ao DRR nº 21/2007/A, de 24
de Outubro), que, como indicado, enquadra as medidas de apoio ao
desenvolvimento das actividades turísticas, sendo particularmente
relevante para a estratégia de coesão aqui preconizada;
- Subsistema de Apoio ao Desenvolvimento Local (DRR nº 12/2010/A, de
15 de Junho, que altera o DRR nº 22/2007/A, de 25 de Outubro), que
define o apoio a projectos de investimento vocacionados essencialmente
para a satisfação do mercado local, promovidos por empresas, nos
sectores da Indústria, Construção, Comércio, Alojamento e Restauração
e Serviços;
- Subsistema de Apoio ao Desenvolvimento Estratégico (DRR 11/2010/A,
de 15 de Junho, alterando o DRR nº 23/2007/A, de 29 de Outubro), que
define o apoio a investimentos de empresas que assumam um carácter
estratégico para o desenvolvimento económico e social, desde que os
mesmos estejam concluídos há pelo menos um ano, incluindo aquisição
de terrenos e imóveis para afectação turística, entre outros;
62
- Subsistema de Apoio ao Desenvolvimento da Qualidade & Inovação
(DRR nº 10/2010/A, de 15 de Junho, que altera o DRR nº 26/2007/A, de
19 de Novembro), que define os apoios a prestar aos investimentos que
promovam a Qualidade nos produtos, serviços e/ou nos processos, a
Qualidade nas organizações, a Inovação nos produtos, serviços e/ou
nos processos e a Inovação nas organizações.
Nos seus diferentes eixos, este Programa tem financiado diversas actividades,
sendo o mais importante mecanismo de financiamento, por parte do Governo
Regional, de novos projectos e do melhoramento de projectos já existentes.
São particularmente relevantes os apoios que se têm concretizado no domínio
do turismo, o que o torna um eixo potencialmente incentivador para a estratégia
de coesão proposta neste relatório, tendo em conta a importância que esse
sector assume para todas as Ilhas da Coesão, e o facto de, genericamente,
implicar uma majoração de 10% para elas, como já se referiu.
O Programa “Empreende Jovem – Sistema de Incentivos ao
Empreendedorismo”, renovado, em face das implicações que a crise
internacional tem tido na Região (como, por exemplo, o agravamento da
variante “risco”, por parte das instituições bancárias financiadoras, dificultando
o acesso ao crédito), de acordo com o Decreto Legislativo Regional nº
25/2010/A, de 22 de Julho, que revoga o anterior Programa (DLR nº 27/2006/A,
de 31 de Julho), aplicado pelo DECRETO NORMATIVO 2/2011, de 19 de
Janeiro, visa, como a designação explícita, o apoio ao empreendedorismo
jovem, com um financiamento máximo de € 300 000 por projecto.
Trata-se de um instrumento fundamental para a promoção do
empreendedorismo dos mais jovens, passando, no novo figurino, a contemplar
uma série de áreas que anteriormente só o SIDER considerava.
É um dos sistemas de incentivo mais importantes para a estratégia de coesão,
não só pelos seus objectivos de apoio ao empreendedorismo jovem, como pelo
facto de prever uma majoração de 10% (em relação às Ilhas de S. Miguel e da
Terceira) ou de 5% (em relação às ilhas do Faial e do Pico), para as cinco Ilhas
da Coesão.
63
Além destes três programas, é ainda importante referir, como suportes
fundamentais para a coesão, dada a sua incidência na criação de emprego e
na luta contra o desemprego (dimensões fundamentais de uma estratégia de
coesão):
- O Plano Regional de Emprego para os Açores, para 2010-2015;
- A Medida de Apoio ao Mercado Social de Emprego na Região Autónoma
dos Açores.
O Plano Regional de Emprego, aprovado por Resolução do Conselho do
Governo nº 150/2010, de 25 de Outubro, em face da crise actual, define um
conjunto de sete objectivos estratégicos, que são essenciais para a coesão:
7.1 “Aumentar a população activa, atraindo para o mercado de emprego
açoriano recursos humanos;
7.2 Qualificar as organizações, através da melhoria das competências
profissionais dos seus activos, com vista à obtenção de maior
competitividade da economia açoriana;
7.3 Combater o insucesso e o abandono escolares, promovendo a
diversidade de estratégias de qualificação de jovens e garantindo a sua
passagem à vida activa de forma qualificada;
7.4 Garantir o acesso de adultos, nomeadamente aqueles que se encontrem
em situação de desfavorecimento, a processos de certificação e de
qualificação, com vista ao reforço das suas condições de
empregabilidade ou das suas oportunidades de (re) integração
profissional;
7.5 Promover estratégias de integração no tecido empresarial de recursos
humanos altamente qualificados e dinamizadores de projectos de I&D;
7.6 Fomentar o espírito empreendedor e inovador dos açorianos para o
desenvolvimento de actividades profissionais rentáveis e sustentáveis,
quer no trabalho por conta própria, quer no trabalho por conta de outrem;
7.7 Tornar os Açores num território de referência no que respeita à
capacidade de trabalho em parceria, na gestão preventiva dos
desequilíbrios do mercado de trabalho”
64
Estes objectivos são depois articulados em 14 Estratégias e 56 Medidas
Operacionais, estando estas organizadas em quatro grupos:
- Medidas Estruturais de fomento de empregabilidade;
- Medidas Conjunturais de combate ao desemprego;
- Medidas Funcionais que visam a melhoria da dinâmica do mercado de
trabalho;
- Medidas de Acompanhamento e Vigilância Estratégica
Dados os objectivos da coesão, entre os quais se realça a criação de emprego,
é fundamental a mobilização de todas estas medidas para uma estratégia
coerente de coesão, pelo que este é necessariamente um dos pilares da acção
do Governo neste domínio, implicando o aproveitamento das oportunidades
que o PECA pode suscitar, de forma articulada com outras medidas.
Neste mesmo âmbito, são de referir as medidas de apoio ao Mercado Social de
Emprego ((DRR nº 29/2000/A, de 13 de Setembro de 2000) e o Programa
Integrado de Incentivos ao Emprego (DRR 28/2006/A, de 13 de Setembro,
regulamentado pela RESOLUÇÃO 22/2009, de 2 de Fevereiro),
nomeadamente no que se refere a:
- Apoio à criação e funcionamento de empresa de inserção;
- Fomento da integração no mercado de emprego de trabalhadores
portadores de deficiência;
- Desenvolvimento de programas ocupacionais dirigidos a
desempregados de baixa empregabilidade ou sem protecção social no
desemprego;
- Apoio a acções de formação sócio-profissional destinadas à qualificação
profissional e à integração social de pessoas que se encontrem em
situação de exclusão social;
- Iniciativas locais de criação de emprego (ILE);
- Criação de postos de trabalho;
- Manutenção de postos de trabalho;
- Fomento do auto-emprego;
- Empreendedorismo;
- Apoio ao reemprego;
- Redução da precariedade laboral.
65
Estas medidas, que também foram recuperadas e estão consideradas no
PREA, devem ser igualmente tidas em conta como devendo integrar o PECA,
uma vez que contribuem para a criação de emprego e combate ao desemprego,
envolvendo empresas, organizações de Economia Social e serviços públicos.
6. PRINCÍPIOS DE ACÇÃO E PRINCIPAIS LINHAS ESTRATÉGICAS
Neste capítulo enunciam-se os princípios de acção e as principais linhas
estratégicas que servem de referência às propostas que, no capítulo 7,
consubstanciam os eixos de actuação e as medidas operacionais do PECA.
Seguindo uma lógica de coerência com o que se sublinhou até aqui,
consideram-se, como princípios de acção, que inspiraram o método seguido
para a elaboração do PECA (nomeadamente quanto aos processos de escolha
e recolha de informação, de visitas às Ilhas e de auscultação dos protagonistas
locais) os sete que são a seguir mencionados:
a) Mobilização e auscultação dos actores locais, no sentido de se
considerar fundamental que a elaboração do PECA parta dos
contributos e opiniões dos diversos actores de cada Ilha, mas sobretudo
da sua mobilização para um processo que deve assentar no princípio da
co-responsabilização das comunidades locais, tanto na reflexão, como
na acção.
66
b) Dinamização de uma lógica de parcerias locais, no sentido de
assentar não numa mobilização dispersa e desgarrada desses actores e
das suas potencialidades, mas de contribuir para uma dinâmica de
acção colectiva, de defesa e afirmação conjunta da coesão de cada Ilha,
como um projecto comum, pese embora as dificuldades e os conflitos
(explícitos ou subjacentes) inerentes a cada ilha, às vezes entre
concelhos ou entre grupos de interesses. Apesar disso, considerou-se
fundamental suscitar, desde já, o princípio da acção concertada, senão
de forma permanente, pelo menos em torno de alguns projectos ou
processos.
c) Abordagem da coesão numa perspectiva de desenvolvimento
multidimensional, ou seja, tendo em conta as várias dimensões
(económicas, sociais, culturais, ambientais e políticas) dos processos de
mudança societal e de procura do bem-estar e de melhores condições
de vida para as pessoas. A assunção deste princípio implica considerar
que a coesão é uma questão de desenvolvimento das Ilhas,
necessariamente multidimensional, com uma atenção particular à
articulação entre crescimento económico e competitividade, criação de
emprego e luta contra a pobrezal, no sentido da procura da igualdade de
oportunidades e da justiça social.
d) Adopção de uma visão integrada dos problemas e dos processos
de coesão, o que resultava inevitavelmente do ponto anterior, mas
implica sobretudo a procura de projectos integrados na afirmação
concreta da coesão, ou seja, a opção privilegiada por “clusters” ou
“fileiras” de projectos, que conjuguem diversas actividades, actores e
investimentos.
e) Mobilização das quatro formas de economia fundamentais,
maximizando e articulando todas as suas potencialidades e sinergias: a
Economia Pública (que resulta dos investimentos públicos em infra-
estruturas ou outros projectos de valorização de cada Ilha, como os que
67
a “Ilhas de Valor, S.A.” tem promovido, além de outros com origem, quer
no Governo Regional, quer nas autarquias locais), a Economia
Empresarial, a Economia Social (decorrente das organizações sociais
sem fins lucrativos, de qualquer tipo) e a Economia Doméstica (incluindo
a produção caseira só para auto-consumo e/ou para venda). Considera-
se, nesta perspectiva, que é fundamental mobilizar todos os recursos e
todas as formas de criação de riqueza e de satisfação de necessidades
que estas quatro economias proporcionam, sem desprezo por nenhuma
delas, embora reconhecendo especificidades, como um papel
estruturante da primeira, de mobilização de investimentos e de inovação
da segunda, de criação de alternativas e de respostas e inovação social
da terceira e de retaguarda produtiva e de coesão familiar da quarta.
f) Identificação e mobilização das dinâmicas já em curso e das
possibilidades de acção já viáveis, no sentido de aproveitar e
maximizar o que já está em movimento ou em potencial expectante, e,
portanto, de não desperdiçar energias e não frustrar expectativas
criadas.
g) Assunção de uma lógica de flexibilidade, no sentido de tornar o
PECA um processo dinâmico, permanentemente adaptável e
enriquecido com as mudanças e contributos decorrentes da realidade e
dos actores em movimento, o que implica necessariamente assumi-lo,
não como um exercício e um instrumento rígido de controlo e
ordenamento da realidade, mas antes como uma plataforma de
referência e de concertação entre actores e, como tal, a exigir uma
avaliação e uma actualização permanentes.
Em função dos elementos recolhidos e da reflexão realizada identificaram-se,
como linhas estratégicas transversais do PECA, e como pilares de referência
para a sua implementação comuns às cinco ilhas, as que a seguir se
apresentam:
68
a) A questão demográfica surge como um ponto nuclear do diagnóstico
estratégico em todas as ilhas. Mas este factor populacional, como será
preferível designá-lo, tem várias componentes que não têm exactamente
a mesma expressão em todas as Ilhas:
- A baixa natalidade (que é um problema generalizado, parecendo,
contudo, em recuperação no Corvo, por circunstâncias muito
específicas) e cuja inversão não decorre apenas de políticas de
incentivo financeiro;
- O aumento da longevidade, com consequente peso acrescido da
população mais velha na estrutura demográfica de cada Ilha (o
que é notório em todas, excepto em Santa Maria), implicando a
multiplicação e a inovação de respostas sociais com qualidade a
estes grupos etários;
- A fixação e/ou atracção de jovens (problema de todas as Ilhas), o
que tem de ser articulado com a criação de emprego (mas não de
quaisquer empregos), mas depende também de outras condições
e enquadramentos, nomeadamente de natureza familiar e social,
e da possibilidade de recurso à satisfação de necessidades
culturais e formativas à distância;
- A incidência dos percursos migratórios, quer de saída para o
exterior (emigração), quer de entrada (imigração), quer inter-ilhas
(movimentos permanentes ou temporários, por exemplo para
trabalho ou estudo), o que exige uma abordagem específica e que
obriga a repensar as visões tradicionais sobre estes movimentos
e as suas implicações para os processos de coesão.
b) A questão do emprego é outro dos pontos estratégicos, não apenas na
perspectiva económica e da criação quantitativa de postos de trabalho,
mas numa lógica de qualificação das pessoas e da sua mobilização
como cidadãos do desenvolvimento. Por outro lado, não se pode pensar
apenas em empregos tradicionais mas também em empregos de novo
tipo, como numa lógica de teletrabalho (o que, em regiões insulares,
69
pode ser muito importante) e de auto-emprego, ou seja, de incentivo ao
empreendedorismo para auto-emprego, na linha, aliás, do preconizado
pelo Plano Regional de Emprego e pelo Programa Empreende Jovem.
c) A questão da pobreza e da exclusão social emergiu também como
um ponto referencial em todas as Ilhas, não tanto em extensão, mas
pelas características que lhe estão associadas (nomeadamente com os
processos de Rendimento Social de Inserção), muitas vezes enviesadas
(porque generalizam comportamentos individualizados), de resistência
ao emprego e à formação profissional.
Em todo o caso, parece fundamental associar a acção social e a luta
contra a pobreza e a exclusão social ao PECA, até como eixo
estratégico de animação territorial e de mobilização das organizações de
Economia Social.
d) A questão das acessibilidades e do transporte de mercadorias é
outra das componentes importantes a ter em conta no PECA. Aliás,
genericamente, este foi apontado como um dos pontos nevrálgicos da
coesão. Mais do que a questão do transporte de passageiros, cuja
evolução positiva foi diversas vezes referenciada, nomeadamente no
que aos números e frequência de voos diz respeito, é dado particular
ênfase ao transporte de mercadorias e cargas de e para as Ilhas da
Coesão, apontado como factor desmoralizador ou mesmo constrangedor
na criação de mais-valias, assumindo especial relevância os designados
“frescos”, quer pescado, quer frutos e legumes.
e) O abastecimento local, a produção e mercado internos são
igualmente identificados como questões estratégicas, tratando-se para
mais de Ilhas, onde os problemas de acessibilidade são mais sensíveis.
Para além disso, a questão da produção para abastecimento local é
cada vez mais abordada como decisiva no Mundo actual, ainda mais no
quadro de um (previsível) agravamento do preço do petróleo e da
escassez futura dessa fonte energética, com implicações muito
profundas nos transportes.
70
Considera-se pois estratégico maximizar as fontes de abastecimento
local e de reforço do mercado interno, o que leva a considerar a
agricultura e a pecuária, por um lado, e a produção doméstica e a
pequena produção agrícola para auto-consumo e venda local, por outro,
como componentes basilares de uma estratégia de coesão.
Nesse sentido, o incentivo à produção doméstica (como aliás vem
acontecendo em vários países europeus) e a organização de feiras
francas de venda da pequena produção agrícola, podem ser medidas a
não desprezar, em articulação com a revitalização dos mercados locais.
f) A maximização das possibilidades de exportação de cada Ilha é,
seguramente outro eixo estratégico do PECA, não só dos produtos
tradicionais de S. Jorge (queijo), Santa Maria (meloa), Graciosa (vinho,
meloa e alho), Flores e Corvo (carne e pescado), mas também de novos
produtos, procurando, neste caso, aumentar a retenção de valor e
diminuir também a dependência de produtos perecíveis, mais sensíveis
ao tempo de transporte (a produção e exportação de compotas de frutas,
pode ser um exemplo, como no caso da meloa de Santa Maria).
g) A mobilização colectiva em torno de projectos específicos em cada
Ilha parece ser um ponto essencial na estratégia da coesão, na medida
em que permite viabilizar parcerias e articulações entre actividades e
investimentos.
h) O reforço das capacidades de iniciativa em cada Ilha é outro
elemento estratégico essencial, implicando um processo de promoção,
mobilização e apoio organizativo, técnico e relacional ao
empreendedorismo e redireccionando (para a coesão) o que já existe
e/ou criando novas respostas e centros de apoio, de natureza pública ou
privada.
Este reforço que, antes de ser financeiro, deve ser organizativo, técnico
e relacional, é decisivo na criação de uma dinâmica local (em cada ilha)
de empreendedorismo para a coesão ou no aproveitamento do que já
existe e deve basear-se numa metodologia de animação territorial, ou
71
seja de estabelecimento de redes locais de colaboração, de confiança e
de apoio, o que pressupõe a figura de um agente de
desenvolvimento/animador.
i) A criação de condições para o reforço e a aquisição de
competências necessárias para o desenvolvimento de projectos e
iniciativas que levem à coesão é outro nó vital do PECA, implicando o
aproveitamento de centros de formação já existentes (como a escola
profissional de S. Jorge) ou a criação de novas lógicas (presenciais, ou à
distância) que sejam capazes de oferecer as qualificações e as
competências necessárias e adequadas.
j) A pluralidade das opções produtivas surge como um eixo
estratégico fundamental, no sentido de evitar as lógicas de mono-
produção e de centralização exagerada num produto, mas antes
perspectivando a articulação e a conjugação de vários produtos e
actores.
Nesse sentido, a”economia da coesão” deveria sempre ter em conta os
seguintes sectores/pilares:
i. Agricultura e pecuária, em função das potencialidades de cada Ilha e
da articulação “economia empresarial – economia agrícola – economia
doméstica”, conjugando-se com as procuras provenientes da
economia social;
ii. Serviços à distância, que sejam imunes à questão insular, que
viabilizem possibilidades de teletrabalho, em função das qualificações
e competências adquiridas ou a adquirir (contabilidade, design,
tradução, secretariado, etc.) e que sejam particularmente atractivas
para os mais jovens;
iii. Desenvolvimento, em particular, de actividades da economia do
conhecimento e multimédia, que aproveitem vantagens existentes
nas Ilhas (como, por exemplo: produção de documentários e filmes,
criação de plataformas digitais e de páginas WEB e outras formas da
e-economia);
72
iv. Diferentes formas de turismo, em função de cada Ilha, mas que
permitam ofertas variadas (e eventualmente combinadas) e nunca a
dependência de um só tipo: turismo de aventura, de observação de
espécies, de desportos náuticos, de rotas culturais, de gastronomia,
de eventos particulares (como o rali ou a fotografia subaquática, na
Graciosa), balnear, de encontros científicos, etc;
v. Aproveitamento de produtos tradicionais de referência, com
aumento do valor acrescentado, através da transformação ou da
embalagem e do design de qualidade;
vi. Mobilização das possibilidades da Economia Social, não só na
satisfação de necessidades sociais e na mobilização de recursos e
capacidades, mas também na articulação e nas sinergias com os
outros sectores (aquisição de produtos agrícolas à produção
doméstica ou rural para confecção de refeições nas instituições sociais
ou organização de projectos de parceria com as empresas locais);
É na conjugação maximizadora destas diferentes componentes de uma
“economia de coesão” plural que deve assentar o PECA, se se quiser
mobilizar todas as potencialidades de todas as Ilhas, o que é uma
condição essencial da coesão.
k) Outra questão estratégica prende-se com os vários incentivos
existentes para as Ilhas da Coesão, cujos efeitos são díspares e,
nalguns casos, contraditórios (por exemplo, o apoio à abertura de novas
actividades num sector em que já existem ofertas, pode ter efeitos
negativos nestas, sendo o balanço final duvidoso), devendo definir-se
uma lógica coerente com os seus princípios e objectivos.
7. EIXOS DE ACTUAÇÃO E MEDIDAS OPERACIONAIS
Tendo em conta todos os elementos apresentados e reflectidos, neste capítulo
sugerem-se dez eixos de Actuação do PECA, com as correspondentes
Medidas Operacionais.
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São os seguintes os Eixos de Actuação:
1. Eixo de Governança
2. Eixo Demográfico
3. Eixo das Acessibilidades
4. Eixo do Mercado Interno e do Abastecimento Local
5. Eixo das actividades já existentes
6. Eixo dos Turismos
7. Eixo das novas actividades
8. Eixo das Exportações
9. Eixos dos Incentivos e Sistemas de Apoio e Enquadramento
10. Eixo da Capacitação
Eixo 1 – Governança
A questão da governança do PECA é um pilar essencial da sua aplicação e da
sua eficácia.
No entanto, para uma visão integrada dos Eixos de Actuação propostos, é
fundamental referenciá-la neste capítulo como primeiro Eixo da sequência
apresentada.
Nesse sentido, propõe-se como nucleares deste Eixo, cinco Medidas
Operacionais:
1.1. Dinamização dos Conselhos de Ilha de modo a funcionarem
também como “Conselhos Consultivos para a Coesão”, com a
missão de discutir as orientações estratégicas, emitir pareceres e
apresentar sugestões de implementação de medidas e investimentos
para a Coesão e de acompanhar e avaliar a evolução do processo, em
parceria com representantes do Governo dos Açores.
74
Estes Conselhos funcionarão simultaneamente como uma expressão da
mobilização dos actores locais para a coesão e como o compromisso do seu
envolvimento nesse processo, numa lógica de parceria.
1.2. Criação da figura de Agentes da Coesão, cuja missão (essencial,
sobretudo nas primeiras fases) assentaria na animação e
acompanhamento das dinâmicas da coesão, nomeadamente no que se
refere à negociação e mobilização permanente dos actores locais, à
dinamização dos “Conselhos Consultivos para a Coesão”, à activação
de ideias de negócio e de projectos de desenvolvimento, ao
acompanhamento dos mesmos e da sua candidatura a sistemas de
incentivos e de apoio e da sua concretização e evolução e à avaliação e
monitorização dos resultados da coesão.
1.3. Promoção da articulação das políticas sectoriais do Governo
Regional, tendo em conta e gerindo as suas implicações territoriais, de
forma a assegurar a sua coerência a este nível, tornando-as
convergentes com a estratégia da coesão.
1.4. Adaptação orgânica das delegações de Ilha de algumas Secretarias
e Direcções Regionais, dotando-as de mais capacidade de resposta e
dos meios técnicos adequados, para além de instalar novos serviços em
algumas ilhas.
Concretamente, propõe-se que:
- Sejam criadas, onde não existam, delegações da Administração
Regional nas Ilhas da Coesão promovendo especificamente a
monitorização e apoio nas áreas do Emprego, Segurança Social e
Habitação;
1.5. Criação de um Índice de Coesão Territorial (ICT) para monitorização
e avaliação do processo de coesão e, portanto, do PECA e dos seus
resultados
Este Índice deve ser composto e incluir dados relativos a:
- Evolução da população em geral;
75
- Evolução da população jovem;
- Evolução do emprego, nas suas diversas formas (privado, público
e subsidiado);
- criação de riqueza;
- evolução da pobreza;
- evolução das desigualdades internas;
- evolução da taxa de produção interna;
- evolução das exportações
A sua construção exige um trabalho metodológico a desenvolver
posteriormente e a sua aferição deverá incumbir aos Agentes da Coesão.
Eixo 2 – Demografia
Sendo a evolução demográfica uma das componentes sensíveis da coesão
(simultaneamente como fragilidade de partida e como efeito esperado da
mudança), considera-se importante estipular medidas específicas que a
estimulem. Mais do que incentivos à natalidade, propõe-se duas medidas para
a fixação dos jovens:
2.1. Criação de um sistema de incentivos ao regresso e fixação dos
jovens que saiam das suas ilhas de origem para continuar os
estudos, mediante a ampliação de regime de bolsas de estudo, através
da contratualização de obrigatoriedade de permanência na Ilha pelo dobro
do número de anos de atribuição da bolsa.
2.2. Complementar o Programa “Famílias com Futuro” de modo a promover
um regime de apoio a fundo perdido ao arrendamento ou aquisição de
habitação para indivíduos até os 40 anos ou casais, cujo somatório de
idades não ultrapassem os 85 anos e que pretendam fixar-se nas Ilhas da
Coesão por um período mínimo de 10 anos.
Eixo 3 – Acessibilidades
76
Tendo em conta tudo o que já se referiu sobre este tema, em particular no que
respeita ao transporte de mercadorias, em face da percepção muito forte,
recolhida em todas as Ilhas, de que esta questão pode ser (ainda) melhorada
e é considerada um obstáculo à coesão, propõe-se, como Medidas
Operacionais:
3.1.Implementação do Plano Integrado de Transportes Marítimos e
Terrestres. Esta medida visará promover a articulação entre o transporte
de pessoas e de mercadorias, garantindo um mais fácil e célere
abastecimento e escoamento de produtos de e para as ilhas de coesão.
3.2 Optimização das ligações marítimas entre as ilhas do Grupo Central.
Garantindo e melhorando as ligações (com os barcos actualmente
existentes) entre as ilhas do triângulo, bem como perspectivar (com as
novas embarcações previstas) ligações entre todo o Grupo Central, numa
lógica de movimento pendular.
3.3 Garantir o abastecimento semanal, por via aérea, para a ilha do Corvo.
Operação a cargo da SATA, que permitirá abastecer a ilha, duas vezes por
semana, de produtos frescos e perecíveis, garantindo igualmente a
redução do seu preço actual.
Eixo 4 – Satisfação do Mercado Interno e Abastecimento Local
Como se referiu várias vezes, um dos pilares mais importantes da coesão terá
de ser, inevitavelmente, a maximização das possibilidades de aumentar a
produção e o abastecimento local em cada Ilha. Mesmo que não crie muitos
postos de trabalho, este Eixo deve ser prosseguido, como preocupação
essencial de uma estratégia de coesão a médio e longo prazo, propondo-se as
seguintes seis Medidas Operacionais:
77
4.1.Possibilidade de realização periódica de feiras francas e/ou de
revitalização dos mercados nas várias Ilhas, onde se possa
comercializar os produtos da economia doméstica e da pequena economia
agrícola informal, com isenção fiscal.
4.2.Criação de um sistema de incentivos (não necessariamente
monetários) e estímulos para a aquisição de produtos da economia
doméstica e da pequena economia agrícola por parte das organizações
de Economia Social e dos serviços públicos em cada Ilha (escolas, centros
de saúde, equipamentos sociais), para a preparação das refeições que têm
de fornecer.
4.3.Dinamização de um quadro geral de valorização e incentivos à
economia doméstica e à pequena economia agrícola, assegurando
também a sua promoção e valorização social. Para além das já referidas,
sublinhe-se ainda as potencialidades da sua ligação ao turismo, como se
tem promovido em vários países, em estreita ligação com o turismo em
espaço rural, o turismo de habitação e o agro-turismo, tudo segmentos
turísticos em desenvolvimento na Região e/ou com margem importante de
progresso nas Ilhas da Coesão.
4.4.Apoio à criação de respostas comerciais de abastecimento local em
áreas essenciais como a da alimentação, podendo exemplificar-se com a
necessidade de abertura de um talho no Corvo, como aliás referido pelos
actores locais, no âmbito das reuniões de preparação do PECA.
4.5.Negociação com as empresas de retalho para venda preferencial de
produtos açorianos, sempre que possível, com o objectivo de estimular o
mercado local que recorra em primeiro lugar, à produção local, em
detrimento de produtos importados, promovendo a comercialização e a
dinamização da produção local.
78
4.6 Criação de uma Central de Compras e Vendas de Comercialização de
pequenos produtores locais, rurais e artesanais, que permita a compra de
matéria-prima a preços concorrenciais e a distribuição de bens e serviços
Eixo 5 – Dinamização e melhoria das actividades já existentes
O desenvolvimento das Ilhas da Coesão tem de começar por tirar o máximo
proveito das actividades já existentes que, nalguns casos, fazem parte da sua
identidade e cujas potencialidades estão longe de se encontrarem
completamente aproveitadas.
Com esse objectivo, propõem-se as seguintes Medidas Operacionais:
5.1. Caracterização e diagnóstico em profundidade sobre as actividades
económicas de referência de cada Ilha, considerando-se como tal as que
estão associadas a produtos tradicionais ou à identidade de cada uma,
como é o caso do queijo da Ilha de S. Jorge, da meloa de Santa Maria, do
vinho, da meloa e do alho da Graciosa e de alguns tipos de queijo das
Flores e do Corvo.
O objectivo é o de se traçar um panorama exaustivo e aprofundado dessas
actividades e de identificar os seus constrangimentos e potencialidades,
com vista à sua melhoria, com efeitos na criação de riqueza e de emprego.
5.2.Apoio à criação de uma marca associada a alguns desses produtos,
nos casos em que tal faça sentido e seja objectivamente possível,
implicando também a dinamização e o acompanhamento, por parte, por
exemplo, dos Agentes da Coesão. Tal poderá ser o caso dos produtos
referidos na Medida anterior, sendo que esta situação já se verifica quanto
ao queijo da Ilha de S. Jorge, mas com deficiências na sua dinamização.
5.3. Criação de uma entidade pública de comercialização - que faça a
gestão dos produtos já referenciados neste Plano, produzidos em cada
uma das Ilhas da coesão sendo ainda responsável pelo desenvolvimento
de toda a rede logística e comercial. Esta entidade terá ainda como
79
principal função articular com os retalhistas a distribuição dos produtos
produzidos naquelas ilhas e mesmo a negociação dos preços de venda. Ao
negociar em conjunto um determinado número de produtos esta entidade
irá permitir a valorização da produção a cada produtor.
5.4 Incrementar, de forma integrada, o aumento da produção agrícola de
produtos com procura quer no mercado interno, quer no mercado
externo, criando apoios específicos para o seu escoamento e valorizando
as produções que se revelam mais adequadas às necessidades do
mercado.
5.5.Apoio ao reforço da Economia Social em cada Ilha, aumentando o
número de empregos criados e qualificando as suas respostas e lógicas
organizacionais.
As organizações de Economia Social desempenham um papel importante
ao nível das respostas a necessidades económicas, sociais, culturais e
ambientais fundamentais em cada Ilha e também ao nível do emprego
criado.
A concretização desta Medida pode basear-se, essencialmente, na
aplicação dos apoios e incentivos constantes do Mercado Social de
Emprego, o que implica o seu conhecimento, divulgação e dinamização,
tarefa que, como já se referiu, pode estar a cargo do Agente da Coesão.
Refira-se que, normalmente, se subvaloriza a capacidade de criação de
riqueza e de emprego destas organizações, que podem dar, deste ponto de
vista, um contributo importante para a coesão e, de igual modo, se
sobrevaloriza os apoios que recebem, os quais, a maioria das vezes, são
menores do que os recebidos pelas empresas da economia de mercado.
5.6 Promover Feiras Empresariais Locais da Coesão, com a
possibilidade de apresentação e comercialização dos produtos e serviços
das empresas que têm como objectivo principal o desenvolvimento local,
assim como dos produtos das economias domésticas.
Eixo 6 – Turismos
80
De acordo com o diagnóstico realizado, o turismo, ou melhor os turismos (no
sentido da pluralidade de formas e segmentos turísticos), deve constituir um
dos pilares essenciais de uma estratégia de coesão para todas as Ilhas. Daí a
sua abordagem num Eixo próprio, independentemente da sua articulação com
outros Eixos..
Para maximizar as potencialidades que os turismos oferecem em todas as Ilhas,
parece fundamental a adopção das seguintes Medidas Operacionais:
6.1.Apoio à criação e dinamização de “pacotes turísticos” integrados em
cada Ilha, articulando, de forma coerente e flexível, vários segmentos
turísticos, incluindo o alojamento e a restauração, os percursos terrestres e
marítimos (ao longo da costa ou inter-ilhas), os ritmos e as dinâmicas
(turismo de descanso e lazer, de observação, actividades radicais, estudo,
intercâmbio científico e cultural, etc.), os objectos de visita e observação (a
paisagem, as espécies faunísticas, incluindo subaquáticas, o património
edificado, a cultura e o artesanato, os museus, os festivais, os congressos,
etc.).
O apoio e as dinamizações referidas podem implicar nomeadamente:
A promoção de parcerias com os operadores de modo a garantir uma
formação adequada virada essencialmente para o “incoming” , numa
lógica de DMC - Destination Management Company
Apoio a uma ligação virtuosa com os produtos locais e as ofertas da
economia doméstica e da pequena economia agrícola.
6.2.Associação de imagens e de elementos distintivos das ilhas da
coesão nas campanhas de marketing de promoção dos Açores como
destino turístico, valorizando os seus trunfos e segmentos específicos.
6.3.Apoio à realização de festivais ou outros eventos internacionais com
impacto turístico, como nos domínios da música (como já acontece em
Santa Maria), da fotografia e dos desportos subaquáticos (como já se
81
verifica na Graciosa), das telecomunicações e do controle por satélite
(como poderia ter lugar em Santa Maria), da observação da avifauna
(hipótese para o Corvo, sob a forma de “workshops” ou seminário), da
vulcanologia, da arte digital ou da poesia internacional (para referir apenas
outras áreas possíveis).
O objectivo é o de apoiar a organização de eventos com impacto
internacional nas Ilhas da Coesão, beneficiando as várias formas de
turismo.
Para atingir este objectivo é essencial o envolvimento do Governo Regional
e, nalguns casos, da Universidade dos Açores, bem como dos actores
locais pertinentes, pela natureza e amplitude dos eventos “lobbying” que,
nalguns casos, seria necessário desenvolver.
Eixo 7 – Novas Actividades
Para além das actividades já referidas, será importante que a estratégia de
coesão promova a emergência de novas actividades nas Ilhas, ilustrando a
criatividade e a inovação necessárias para a abertura de novos caminhos e
novas oportunidades para o seu desenvolvimento, incluindo a criação de
riqueza e de emprego, sem contudo se limitar a estas dimensões.
Apontam-se, deste modo, as seguintes Medidas Operacionais:
7.1 Promoção de novas formas de agricultura, com especial incidência
para a “Agricultura Hidropónica”, (agricultura sem solo), que poderá não
só potenciar o aumento da produção agrícola como contribuir para o
aproveitamento de novas oportunidades de negócio e de auto-
sustentabilidade alimentar.
7.2 Apoio à Aquacultura nas Ilhas da Coesão, assumindo-se uma aposta
clara na promoção do pescado açoriano criado e controlado (do ponto
82
de vista da preservação da biodiversidade) em cativeiro, em águas
marítimas. Para além da valorização de espécies piscícolas
tipicamente açorianas, contempla-se uma preocupação ambiental
fundamental o que pode valorizar esta actividade do ponto de vista da
produção e da exportação de pescado “marca Açores”, com uma
vantagem competitiva ambiental nos mercados externos. A natureza
deste projecto recomenda que o mesmo seja concretizado através de
uma parceria entre privados, empresa de capitais públicos e o
Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores.
7.3 Criação de Unidades de Filetagem nas Ilhas da Coesão, associadas
a redes de congelamento de pescado, de modo a potenciar mais-valias
no sector, abastecer o mercado local e promover o peixe dos Açores no
exterior. Estas unidades deverão ser criadas através de parcerias a
estabelecer com entidades privadas, associações de pescadores e
empresas de capitais públicos.
7.4.Criação de um Centro de Observação e Interpretação de Aves
Migratórias, a situar no Corvo, que atraia cientistas de várias zonas do
Mundo, em épocas particulares, e dê a essa Ilha a possibilidade de
maximizar, até onde for possível, as vantagens competitivas no domínio do
“bird-watching”.
7.5.Promoção de uma parceria explícita e sistemática com a
Universidade dos Açores, envolvendo também universidades
estrangeiras e outras nacionais, pertinentes para este efeito.
Os objectivos são os de aumentar as possibilidades de inovação na
produção local e garantir que as Ilhas da Coesão sejam laboratórios vivos
para a experimentação nos vários domínios envolvidos na coesão,
revertendo o resultado das pesquisas e eventuais ganhos económicos para
a Região.
7.6 Criar Clínicas de Reabilitação e Recuperação, com o apoio dos
centros de saúde existentes nas ilhas e com as unidades hoteleiras locais,
83
numa lógica de promoção do turismo de saúde, aproveitando a serenidade
dos espaços e dos tempos, a simpatia das populações e da diversidade de
actividades sócio-culturais e agro-ambientais
7.7 Criar Centros para Restauros Habitacionais, contratualizado com o
Governo, as Autarquias e as Empresas Locais, colmatando uma
necessidade local quer no âmbito de pequenas reparações, quer no âmbito
de uma resposta efectiva à prevenção da degradação de habitações,
Igrejas e de outro Património Cultural.
Eixo 8 – Promoção de Exportações
É fundamental que a estratégia de coesão também assente num aumento das
exportações provenientes das Ilhas da Coesão, uma vez que, dadas as
limitações dos mercados locais, a viabilização da maioria das actividades
referidas nas Medidas anteriores exige a sua penetração em mercados
exteriores.
Deste ponto de vista, para além das referências aos apoios à criação e
certificação de marcas comerciais e à comercialização de bens e serviços
mencionados em várias das Medidas Operacionais já apresentadas, propõem-
se adicionalmente mais duas Medidas específicas:
8.1.Reforço das competências da LOTAÇOR e implementação definitiva
do sistema de vendas on-line, com particular atenção às Ilhas da Coesão,
no sentido de situar a LOTAÇOR como o actor de referência no
escoamento e comercialização internacional do pescado açoriano e na
promoção de um sistema de transportes e escoamento, que seja capaz de
colocar o pescado açoriano em diversas partes do Mundo
8.2.Criação de uma plataforma de venda on-line de produtos agrícolas
açorianos, com particular atenção às Ilhas da Coesão, a qual seria
responsável por colocar, em qualquer parte do Mundo, os produtos
agrícolas açorianos e, entre estes, os originários das Ilhas da Coesão.
84
Este sistema de vendas on-line poderá assentar na seguinte sequência: os
pedidos serão encaminhados e registados na plataforma; a gestão desta
sistematizá-los-á e encaminhá-los-á para as associações e cooperativas
agrícolas ou outros produtores associados ao sistema; estes reúnem os
produtos e a gestão da plataforma procederá à sua expedição.
Eixo 9 – Incentivos e Outros Sistemas de Apoio e Enquadramento
A mobilização dos Sistemas de Incentivo, Apoio e Discriminação Positiva a
favor das Ilhas da Coesão é uma pedra angular da estratégia da coesão, mas o
cabal aproveitamento das suas potencialidades e das sinergias que permitem
não é espontâneo, nem sempre evidente, exigindo uma divulgação,
esclarecimento e acompanhamento que, além de serem requisitos em geral, o
são em particular para as Ilhas da Coesão.
Sendo assim, entende-se que a sua maximização passe pela adopção das
seguintes Medidas Operacionais:
9.1.Reformulação dos Gabinetes do Empreendedor em cada Ilha, ou seja:
- Reforçando as suas competências, no sentido do apoio ao
Empreendedorismo para a Coesão;
- Mudando a sua lógica de trabalho, deixando de ser essencialmente
gabinetes de atendimento para assumirem uma presença activa e
proactiva no terreno, como parceiros envolvidos no acompanhamento
dos projectos de empreendedorismo, numa perspectiva de proximidade
e de colaboração;
- Associando-os com a missão dos propostos Agentes da Coesão.
9.2.Criação de um Portal do Investidor, a inscrever na página institucional do
Governo Regional, onde seja reunida toda a informação necessária, de
forma acessível e simplificada, para os investidores potenciais, em
particular nas Ilhas da Coesão.
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O objectivo é o de tornar mais operacional e atractivo o enquadramento
para os investimentos com efeitos na coesão territorial.
9.3. Criação de um Fundo de Investimento para a Coesão, co-financiador
de projectos empresariais e/ou de organizações de Economia Social,
que garantirá também o acompanhamento, monitorização e animação dos
mesmos.
O Fundo poderá começar com um capital global de € 1 000 000, a
contratualizar com as entidades financeiras aderentes, com a garantia do
Governo dos Açores, juros bonificados (com a diferença para as taxas do
mercado a serem assumidas pelo Governo Regional), com um co-
financiamento máximo de € 50 000, com um período de carência de três
anos e amortização máxima ao fim de oito anos.
9.4 Majoração dos sistemas de incentivos na área da Ciência e Tecnologia,
no âmbito de algumas das suas medidas, designadamente no que se
refere aos concursos para organização de eventos científicos, para apoio a
projectos de ensino experimental das ciências ou para a criação, instalação
e funcionamento de Espaços TIC.
Eixo 10 – Capacitação individual e organizacional
Outro eixo estruturante de uma estratégia de coesão reside na organização de
acções de formação e capacitação individual e organizacional que a suportem,
tendo em conta as insuficiências e fragilidades existentes nas Ilhas da Coesão
a este nível, mas também as competências já disponíveis e nem sempre
aproveitadas e, naturalmente, as necessidades e exigências que o PECA e as
suas propostas implicam.
Nesta fase, propõem-se, para já, neste domínio, cinco Medidas Operacionais
de arranque:
86
10.1.Aproveitamento e canalização das ofertas profissionalizantes já
existentes para as necessidades do PECA, tornando-as parceiras da
coesão.
Trata-se, por um lado, de maximizar as formações já existentes,
canalizando os(as) formandos(as) para as actividades, iniciativas e
projectos previstos na estratégia de coesão. Por outro lado, é importante
avaliar as possibilidades de abertura de novas formações em áreas novas
que venham a ser abertas no âmbito dessa estratégia.
10.2.Realização de um estudo de necessidades de formação individual e
de capacitação organizacional, tendo em conta os objectivos e as
exigências da estratégia de coesão.
Este estudo permitirá inventariar e definir necessidades de formação e
capacitação, (Plano de Formação e Capacitação para a Coesão), para
posterior proposta de ofertas formativas a realizar nas Ilhas da Coesão ou
externamente (na Região ou fora dela) mas para benefício dessas Ilhas.
10.3.Criação de uma Academia Virtual para a Coesão, com base na
utilização das TIC e nas novas metodologias de aprendizagens partilhadas,
sob a forma de “comunidades de práticas” (com componentes virtuais e
presenciais), como quadro de formação individual e de capacitação
organizacional, com a possibilidade de formações modulares, e “à medida”,
algumas das quais sob a forma de “e-learning”.
10.4. Optimização da vertente formativa dos Espaços TIC. Estes Espaços
constituem uma rede regional de centros de informática de acesso público que
disponibilizam condições de utilização e formação em informática e possibilitam
o acesso generalizado à internet, com vista à efectiva integração das
populações na sociedade da informação e do conhecimento e da e-economia,
podendo, por isso, constituir um suporte fundamental de uma estratégia
regional de coesão. A sua vertente de formação poderá vir a ser orientada para
as necessidades que mais se fizerem sentir ao nível das ilhas da coesão, em
articulação com outros projectos e iniciativas que prossigam os mesmos fins.
87
10.5 Roteiro de Ciência e Tecnologia – Implementação, através da DRCT, da
instalação de painéis digitais interactivos nos aeroportos e aerogares das
ilhas da coesão, com a apresentação de um Roteiro de Ciência e
Tecnologia, através do qual se promoverá a valorização e difusão de
conhecimentos científicos e tecnológicos nas áreas específicas mais
relevantes para cada uma das ilhas. Este projecto contribuirá não só para o
aumento da cultura científica da população local, como também para a
divulgação mais generalizada, designadamente junto de turistas que visitem
cada ilha.
8. MODELO DE GOVERNANÇA
Modelo de governança
Da análise efectuada, e tendo como base as reuniões com os parceiros sociais,
pode-se perspectivar um modelo de governança assente nas dinâmicas em
curso e que valorize o papel já desempenhado por actores-chave:
a) Constituição de “Parcerias para a Coesão” em cada uma das 5 ilhas; os
actores identificados através das reuniões poderão ser convidados a
assumirem o papel de “entidades interlocutoras” e nessa qualidade
constituírem o núcleo base das parcerias a constituir (Conselhos de Ilha);
as parcerias poderão evoluir para o envolvimento de outros parceiros
associados no contexto de cada ilha;
Modelo organizativo
O modelo organizativo para a implementação do PECA deverá assentar em
dois níveis:
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a) Criação de dinâmicas por Ilhas para o acolhimento de funções sócio-
económicas de animação territorial, as quais estarão acometidas a um
técnico capacitado para o efeito (Agente da Coesão);
b) A função de coordenação poderá incluir a interlocução directa com ‘pontos
focais’ para o efeito designados nas diferentes Secretarias Regionais.
Modelo de capacitação para a acção
Criar e manter comunidades ‘sustentáveis’, compreendidas como a construção
da coesão territorial na ‘totalidade das localidades’, requer o envolvimento de
um grande número de profissões. Requer o envolvimento de competências
técnicas (económicas, sociais, planeamento ambiental, desenvolvimento
comunitário, etc.) assim como competências genéricas e conhecimentos
interdisciplinares. Tal significa que arquitectos, engenheiros e técnicos de
planeamento, por exemplo, têm que combinar as suas competências técnicas
com competências genéricas (intervenção social, promoção da saúde,
desenvolvimento comunitário, etc.).
Mais especificamente, competências genéricas incluem um leque muito
diversificado de competências como: realização de trabalho em equipas inter-
disciplinares e multi-profissionais, promoção de decisões colectivas, trabalho
em parcerias inter-institucionais, inter-organizacionais e multi-culturais, gestão
de projectos, negociação e mediação social, gestão da mudança
organizacional, governança comunitária.
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As competências genéricas deverão estar presentes não apenas entre
profissionais mas também junto de líderes locais, parceiros locais e grupos
comunitários.
Deverão ser asseguradas condições para a ‘aprendizagem situada’ (em
situação real de trabalho) de técnicos das organizações relevantes, com
recurso a metodologias inovadoras, como a que se designa por ‘Comunidades
de Prática’, presenciais e virtuais, o que implica uma partilha continuada de
experiências e reflexões, tendo em vista a produção de competências
específicas e genéricas e de modo a assegurar respostas adequadas à
complexidade dos desafios da coesão.
Esta metodologia poderá ser utilizada na facilitação dos processos de
aprendizagem, produção de conhecimento e desenvolvimento de competências,
necessários para capacitação dos técnicos envolvidos nas dinâmicas a criar
por Ilha e tendo em vista o desenvolvimento de funções sócio-económicas de
animação territorial (como as que estão associadas aos Agentes da Coesão).
Plataforma Açores para a capacitação na acção
Como componente importante do Modelo de Capacitação (e também do
modelo de Governança) poderá ser perspectivada a criação de uma plataforma
virtual com as seguintes funções:
a) “Observatório”, o qual terá como objectivos permitir:
Um sistema de informação adequado ao seguimento da estratégia da
coesão (nomeadamente com os dados e Indicadores de coesão
necessários para o ICT – Índice de Coesão Territorial);
A monitorização daquela estratégia e dos seus resultados;
Identificação de boas práticas e a facilitação da sua visibilidade;
90
A avaliação de impactos e a identificação de “condições de
possibilidade” para acções inovadoras na promoção da coesão
territorial.
b) Centro de Recursos, assegurando:
A disponibilização de documentos relevantes para a estratégia de
coesão;
A identificação de links úteis;
c) Espaço de trabalho, com informações e interacções relativas:
À identificação de consultores em rede para o apoio em domínios
específicos;
À facilitação de procedimentos adequados ao aprofundamento de
processos de aprendizagem, à produção de conhecimento e ao
desenvolvimento de competências;
À facilitação da interacção social e acolhimento de ‘comunidades de
prática’ (virtuais e presenciais);
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