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SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - SEMADINSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS – IEF
Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais
COOPERAÇÃO FINANCEIRA ALEMANHA/BRASILPROJETO DE PROTEÇÃO DA MATA ATLÂNTICA DE MINAS GERAIS
BMZ 1008 67 219
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
As reformas promovidas pelo Governo de Minas Gerais
nos últimos anos deram novo fôlego ao
Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema). Parte desse Sistema, o IEF fortaleceu
sua capacidade institucional e vive hoje uma nova realidade, com uma estrutura
administrativa mais robusta e recursos humanos, financeiros e técnicos mais adequados
ao desenvolvimento de suas atribuições.
Nesse novo contexto, o Promata se insere como um projeto alinhado ao enfoque da
política ambiental do Estado, somando esforços para que o IEF melhore continuamente
sua atuação na proteção e uso sustentável dos recursos naturais. Por meio da
Cooperação Financeira Alemã, através do Banco KfW, em sua primeira etapa o Promata
contribuiu com recursos financeiros e subsídios técnicos para elevar a eficiência da
gestão de unidades de conservação, incrementando a proteção dessas áreas e seus
entornos, identificando e apoiando a implementação de estratégias inovadoras.
Investimentos em infra-estrutura, treinamento e capacitação, recuperação de florestas
nativas e o incentivo a parcerias compõem o elenco de iniciativas que o Instituto
vem implementando e para as quais o Promata muito contribuiu, pois os objetivos e
resultados alcançados pelo Projeto vieram convergir com estas ações.
Esperamos que uma segunda fase do Promata, em negociação com a Cooperação
Financeira Alemã, possa continuar contribuindo para que o Governo do Estado
enfrente com êxito os desafios da proteção e da promoção do desenvolvimento
sustentável no Estado de Minas Gerais.
Humberto Candeias Cavalcanti Diretor Geral do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
O Promata, fruto da cooperação internacional da
Alemanha, conduzida pelo Ministério Federal
da Cooperação Econômica e Desenvolvimento e do KfW Entwicklungsbank, deu uma
contribuição decisiva para o aprimoramento da gestão das áreas protegidas em Minas,
permitindo um salto qualitativo que se reflete na melhoria dos aspectos gerenciais
de nossas unidades de conservação e na abordagem conceitual das políticas públicas
de conservação com foco na proteção da biodiversidade, na medida em que não se
restringiu às unidades selecionadas como “ilhas de conservação”, mas considerando o
entorno e as regiões nas quais estão inseridas.
Com a ajuda do Promata, Minas mudou de patamar, ampliando os esforços políticos,
institucionais e administrativos destinados ao fortalecimento do sistema estadual de
áreas protegidas, especialmente no bioma Mata Atlântica.
José Carlos CarvalhoSecretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Índice
1 A Mata Atlântica em Minas Gerais ................................................ 10
2 Uma estratégia para a Mata Atlântica mineira ........................ 20
3 Um novo jeito de cuidar dos parques..........................................22
4 Unidos pela sustentabilidade ..........................................................28
5 A floresta em boas mãos ..................................................................34
6 De olho no futuro ............................................................................... 46
A Mata Atlântica em Minas Gerais
11A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIsProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA10
Cerca de 15 milhões de mineiros vivem na região de
abrangência da Mata Atlântica no estado. Um contingente
populacional distribuído em mais de 600 municípios e
que depende da conservação dos remanescentes da Mata
para o abastecimento de água, a regulação do clima e
a fertilidade do solo, entre outros serviços ambientais.
Do Rio Grande do Sul até o Piauí, diferentes expressões culturais, formas de relevo, paisagens e características
climáticas configuram uma imensa faixa territorial do Brasil coberta pelo bioma mais rico em biodiversidade
do planeta, a Mata Atlântica.
Distribuída ao longo de mais de 23 graus de latitude sul, com grandes variações no relevo e regimes
pluviométricos, a Mata Atlântica é composta de uma série de tipologias ou unidades fitogeográficas,
constituindo um mosaico vegetacional que ainda sustenta a grande biodiversidade atribuída ao bioma.
As estimativas indicam que a Mata Atlântica abriga 270 espécies de mamíferos (73 deles endêmicos),
370 de anfíbios (87 endêmicos), 192 de répteis (60 endêmicos), 1.020 de aves (188 endêmicas), além de
aproximadamente 20 mil espécies de plantas, das quais aproximadamente metade está restrita ao bioma.
Em Minas não é diferente. Das oito mil espécies endêmicas da Mata Atlântica, muitas são bem conhecidas
dos mineiros. A jabuticabeira, por exemplo, é uma das árvores frutíferas mais presentes no bioma. Entre
outras frutas típicas do bioma estão a goiaba, o araçá, a pitanga, o cambuci e a uvaia. Isso sem falar na
diversidade da fauna que se espraia pelo Estado.
1CAMPANILI Maura-PROCHNOV Mirian (Org.) Mata Atlântica: Uma rede para floresta – Brasília: Rede Mata Atlântica/RMA; 2006, 332 p.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA12 13A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIs
Em Minas ainda é possível encontrar papagaios,
corujas, gaviões, morcegos, gambás, tatus e uma
infinidade de espécies de primatas, como o mico-
leão da cara preta. Resistem também a garça
branca, o tamanduá-mirin e o muriqui, estes
últimos encontrados principalmente em áreas de
conservação protegidas.
E não é só isso. Das 270 espécies de mamíferos do
bioma no País, 70% são conhecidas das florestas
de Minas Gerais. Já o número de espécies de aves
é outro motivo de orgulho para os mineiros: das
quase 1.023 espécies catalogadas no País, 785 são
encontradas em Minas Gerais, sendo 54 endêmicas
da Mata Atlântica.
Desde as primeiras etapas da colonização do
Brasil, a Mata Atlântica testemunhou uma série
de surtos de conversão de florestas naturais para
outros usos, cujo resultado final foi a devastação
de 93% da cobertura original da floresta. A maior
parte dos ecossistemas naturais foi eliminada ao
longo de ciclos desenvolvimentistas, acarretando
na destruição de habitats extremamente ricos em
recursos biológicos.
A região, que foi tradicionalmente a principal fonte
de produtos agrícolas do País, abriga também
os maiores pólos industriais e do agro-negócio,
especialmente a cafeicultura, o segmento sucro-
alcoleiro, a silvicultura e a pecuária, além dos mais
importantes aglomerados urbanos. Essas e outras
ações antrópicas acentuaram a destruição nas
últimas décadas, trazendo alterações severas paras
os ecossistemas que compõem o bioma.
A alta fragmentação do habitat e a perda da
biodiversidade não pouparam Minas Gerais:
segundo o levantamento da cobertura florestal
realizado pela Universidade Federal de Lavras,
sob os auspícios da Secretaria Estadual de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD
e do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
– IEF em 2007, o Estado possuía apenas 23,4% de
cobertura florestal do bioma, que originalmente
cobria cerca da metade do território mineiro.
A devastação resultou na diminuição em 82% da
fauna original do Estado, sendo 60% associada à
Mata Atlântica. Uma realidade que impulsionou
iniciativas de recuperação do bioma e deu caráter
de urgência às ações em favor da floresta.
2Inventário Florestal de Minas Gerais: monitoramento da flora nativa 2005-2007 – Editora UFLA 2007.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA14 15A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIs
Ameaça real Em virtude da ameaça à sua gigantesca riqueza biológica, a Mata Atlântica foi indicada pela ONG Conservation International como um dos hotspots globais – áreas de alta biodiversidade mais ameaçadas do planeta. São consideradas hotspots áreas com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenham perdido mais de 75% de sua vegetação original. Há 34 regiões dessas no planeta que, embora ocupem apenas 2,3% da superfície terrestre, abrigam 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos.
Apostas na conservaçãoAs unidades de conservação - UCs são áreas definidas
com o objetivo primeiro de proteger a biodiversidade
existente em seu interior. Na Mata Atlântica brasileira,
existem hoje XXX que vão de pequenos sítios
transformados em Reservas Particulares do Patrimônio
Natural – RPPNs, até áreas imensas como o Parque
Estadual da Serra do Mar, com 315 mil hectares e o
Parque Estadual do Rio Doce, com 35 mil hectares de
florestas em avançado estágio de recuperação.
Em Minas Gerais, 1.125.806 hectares de Mata
Atlântica estão resguardados em um conjunto
de 24 UCs estaduais.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA16 17A MAtA AtlântICA eM MInAs GerAIs
Uma estratégia para a Mata Atlântica Mineira
UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA 19ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA18
A partir de um acordo de cooperação bilateral entre o Brasil e a
Alemanha, o Governo de Minas Gerais, através da seMAD e do
IeF, adotou uma iniciativa inovadora para apoiar a conservação
da Mata Atlântica no estado: o Promata. em seus quatro anos de
vida, o Projeto contribuiu para implantação de novas estratégias e
ações, disponibilizando recursos financeiros e suporte técnico.
Desde 2003, Minas Gerais tem consolidado uma posição inovadora na implementação de políticas de
proteção dos recursos naturais, optando pela busca de soluções para as questões ambientais que aliem
conservação e desenvolvimento.
Uma reestruturação administrativa e legislativa da política estadual mineira, denominada “Choque de
Gestão”, promovida desde então, propiciou o marco institucional, financeiro e legal favorável para iniciativas
de proteção do meio ambiente.
A nova estrutura de gestão implementada na área ambiental, permitiu ao IEF assumir um papel mais eficaz
no cumprimento das suas responsabilidades institucionais.
O Projeto de Proteção da Mata Atlântica em Minas Gerais - Promata encontrou assim, um cenário mais para
se desenvolver.
Coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais - SEMAD
e executado pelo Instituto Estadual de Florestas – IEF, o Promata resulta de um acordo com a Cooperação
Financeira Brasil-Alemanha. Encarregado pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e do
Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), o KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento),
21UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrAProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA20
dono de uma longa tradição em apoio financeiro a
projetos de desenvolvimento regional sustentável,
co-financiou o Promata. Para a realização da
primeira fase, iniciada em 2003 e concluída em
2007, o Promata recebeu uma doação de 7,7 milhões
de euros do Governo Alemão, com aplicação de
outros 7,3 milhões de euros como contrapartida,
por parte do Governo de Minas, aplicados pela
SEMAD e pelo IEF.
Os recursos foram integralmente investidos pelo
IEF na proteção, recuperação e profissionalização
da gestão de 15 unidades de conservação situadas
na região de abrangência do bioma no Estado. O
Projeto contribuiu também para com o esforço
empreendido pelo Instituto na obtenção de
melhores condições estratégicas e operacionais de
fiscalização, controle, monitoramento e prevenção
e combate a incêndios florestais. Apoiou ainda o
desenvolvimento de iniciativas pioneiras para o
fomento à recomposição da Mata Atlântica mineira.
Fortalecer e integrar - Um dos objetivos
centrais da parceria foi ajudar o IEF na melhoraria
da sua capacidade institucional, estratégica e
operacional, assim como sua integração com
outros órgãos ambientais nas ações de proteção de
remanescentes e recuperação de áreas degradadas
da Mata Atlântica. Uma importante estratégia de
implementação adotada foi a inserção do Projeto no
universo da estrutura administrativa e operacional
do IEF, o que serviu a uma dupla finalidade:
potencializar as ações já em curso e permitir que as
inovações desenvolvidas pudessem ser absorvidas e
implementadas pela instituição, como um todo.
Esses objetivos só puderam ser alcançados graças
à mobilização de importantes parceiros, como
empresas, universidades, ONGs, comunidades
e prefeituras, entre outros. Um arco de alianças
que revigorou o espírito de parceria do IEF com a
sociedade na defesa da Mata Atlântica, abrindo
novos caminhos de articulação para o futuro.
Abrangência - A área de atuação do Promata
abrange cerca de 140 mil quilômetros quadrados,
correspondendo a 25% do território mineiro
distribuídos por 429 municípios nas regiões do
Alto Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Zona da
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA22 23UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA
Mata, Centro-Sul e Sul do Estado. O trabalho é
desenvolvido em 15 Unidades de Conservação e
seus entornos, sendo oito Parques Estaduais (Serra
do Papagaio, Nova Baden, Ibitipoca, Serra do
Brigadeiro, Pico do Itacolomi, Serra do Rola Moça,
Rio Doce e Pico do Itambé), um Parque Nacional
(Caparaó), uma Estação Ecológica (do Tripuí), um
Refúgio de Vida Silvestre (Libélulas de São José), três
APAs (da Mantiqueira, São José e Cachoeiras das
Andorinhas) e uma Floresta Estadual (do Uaimií).
Para executar estas ações, o Promata foi estruturado em cinco componentes de atuação, descritos a seguir:
1 Fortalecimento das Unidades de Conservação
O Promata beneficia 15 áreas protegidas, das quais
13 estaduais e 2 federais, com um total de 566.615
hectares de matas preservadas. Isso sem falar nas
Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Das
102 RPPNs mineiras, que totalizam 64.408 hectares
protegidos, 7.012 hectares (77 unidades) se
encontram em áreas de Mata Atlântica.
A estratégia de fortalecer as Unidades de
Conservação – UCs, percorreu todas as linhas de
atuação do Promata. A partir de investimentos
em infra-estrutura e capacitação de pessoal, foi
possível iniciar um processo de modernização
da administração dos Parques e aperfeiçoar os
instrumentos de gestão. Entre as ações idealizadas
para este componente está a elaboração de Planos
Manejo, que procuraram enfatizar os aspectos
gerenciais, com o intuito de melhor atender à
administração das unidades.
Outro mecanismo importante foi o Diagnóstico
Participativo em Unidades de Conservação -
DIPUC, que conseguiu envolver os funcionários na
implantação de melhorias nos parques. Junto a isso,
soma-se a implantação dos Conselhos Consultivos,
visando ampliar a participação da comunidade no
processo de gestão dos parques e na adoção de
práticas sustentáveis em suas áreas de entorno e
de conectividade.
O Promata instituiu ainda o Sistema de Gerenciamento
de Áreas Protegidas – SIGAP, e o “Projeto de Gestão
à Vista”, como instrumentos facilitadores do
planejamento administração das UCs.
2 Monitoramento, Controle e Fiscalização
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA24 25UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA
Extremamente importantes para a conservação
e uso sustentável das áreas de Mata Atlântica em
Minas, são o monitoramento da cobertura vegetal,
bem como a fiscalização e o controle da exploração
florestal e do uso sustentável do solo. Na prática, o
Promata nestas áreas, agiu no fortalecimento das
bases materiais e como facilitador nos processos
de aprimoramento técnico dos profissionais do IEF,
para uma atuação planejada, monitorada e avaliada
em seus resultados. Melhor aparelhamento e
capacitação contribuíram com o surgimento de uma
abordagem integrada das ações, entre o Instituto,
a SEMAD, a Polícia Militar Ambiental, o Corpo de
Bombeiros e o Ministério Público. Esta integração
tem ensejado decisões mais ágeis e transparentes
da fiscalização, controle e licenciamento.
O monitoramento contínuo da cobertura florestal
da Mata Atlântica vem se revelando um instrumento
de grande importância para o planejamento e a
realização da fiscalização e do controle, por parte
do IEF e dos parceiros.
3 Prevenção e Combate a Incêndios Florestais
Neste componente, o Promata também apoiou
o fortalecimento operacional e a capacitação
técnica do pessoal envolvido, além de colaborar
para a integração entre o IEF, a Polícia Militar
Ambiental, o Corpo de Bombeiros e o Batalhão de
Rádio e Patrulhamento Aéreo - BTLPAER, dentre
outros parceiros. Junto com estas instituições, o
Instituto estabeleceu um sistema de prevenção
e combate aos incêndios florestais, denominado
Força-Tarefa/Previncêndio, que se transformou
em modelo para toda a América Latina.
4 Desenvolvimento Sustentável no Entorno
das Unidades de Conservação e Áreas de Conectividade
Fomento à recuperação da Mata Atlântica Com o objetivo de incentivar a recomposição
e a regeneração da floresta e promover a
conectividade entre os remanescentes de Mata
Atlântica no entorno das Unidades de Conservação,
o Projeto contribuiu para que o IEF aperfeiçoasse
sua sistemática de fomento ao reflorestamento
com espécies nativas. Estudos especialmente
realizados indicaram as áreas com maior potencial
de conectividade e as modalidades de intervenção
apropriadas. Procurou-se ainda, melhorar a logística
de trabalho, com a aquisição de equipamentos e
veículos para os trabalhos em campo.
Foi também instituído um incentivo financeiro
para os agricultores engajados, como pagamento
pelos serviços ambientais por eles prestados ao
recuperar a floresta em suas propriedades.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA26 27UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA
Como outra estratégia inovadora adotada, o
potencial de trabalho do IEF foi ampliado por meio
de parcerias com prefeituras municipais e OSCIPs,
ampliando os resultados alcançados.
Outras alternativas de desenvolvimento sustentável O Projeto apoiou ainda a realização estudos
para identificação de alternativas sustentáveis à
exploração predatória dos recursos florestais, para
serem fomentadas em áreas empobrecidas, como
opção de renda para os pequenos agricultores o
que também contribui para reduzir a pressão sobre
os remanescentes florestais. As ações efetivas serão
incentivadas durante a Fase II do Projeto.
5 Coordenação, Monitoria e Avaliação
Neste Componente foram realizadas as tarefas
fundamentais de direção e coordenação do Projeto.
O Promata alcançou um nível de desempenho que
pode ser considerado ágil e eficiente, uma vez que
os seus objetivos e metas foram alcançadas de
forma satisfatória.
Responsável pela implementação destas atividades,
o Grupo Executivo de Coordenação – GEC, com o
apoio da Consultoria Permanente, foi plenamente
respaldado pela SEMAD, enquanto coordenadora
geral e pelo IEF, como órgão responsável pela
execução do Projeto.
A atuação do GEC abrangeu de forma efetiva todos
os aspectos de gerenciamento e coordenação e
proveu o apoio técnico e financeiro demandado
em todas as áreas de atuação. Também articulou
as redes de cooperação com outras instituições
envolvidas, promoveu os eventos-chave
necessários, articulou a construção de alianças
estratégicas e o intercâmbio com outros projetos
afins, além de representar e divulgar o Projeto
em nome da SEMAD, do IEF e da Cooperação
Financeira Alemã.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA28 29UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA
Desempenho financeiro do PromataO Projeto investiu recursos da ordem de 15 milhões de Euros, que proporcionaram os investimentos
a seguir mencionados
Investimentos da Cooperação Financeira Alemã (KfW) e da contrapartida do Estado (IEF e SEMAD)
Investimentos do KfW, por classe de custos
21.936.277 49%
22.586.696 51%
Contrapartida Estadual(IEF/SEMAD)Contribuição Alemã
(KfW)
Insumos11.01%
Veículos13.23%
Radios/GPS6.91%
MobiliárioEquipamentos
2,73%Equipamentos Informatica
6,74%
Equipamentos Combate a Incendios
1,88%
Obras39.10%
Mapeamento1.79%
Capacitação0.43%
MaterialDivulgação
1,20%
Planos de Manejo / Centros Interpretativos
7.44%
Fundo Suplementar7.54%
É importante observar que os recursos internalizados como Fundo de Disposição também foram
integralmente investidos nas atividades finalísticas do Promata, especialmente em consultorias e
estudos técnicos, capacitação de pessoal do IEF e parceiros, apoio a eventos de campo e produção
de material de divulgação.
Os gastos com a consultoria Permanente somaram R$ 3.185.000,00. Esta consultoria atuou no
apoio técnico e no monitoramento da execução do Projeto, prevista conforme previsto no
Contrato de Contribuição Financeira assinado entre os Governos da Alemanha e do Estado para
a implementação do Projeto.
Investimentos do Estado de Minas Gerais realizadospelo IEF e pela SEMAD, por classe de custos
Insumos11.01%
Veículos13.23%
Radios/GPS6.91%
MobiliárioEquipamentos
2,73%Equipamentos Informatica
6,74%
Equipamentos Combate a Incendios
1,88%
Obras39.10%
Mapeamento1.79%
Capacitação0.43%
MaterialDivulgação
1,20%
Planos de Manejo / Centros Interpretativos
7.44%
Fundo Suplementar7.54%
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA30 31UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA
o KfW – entwicklungsbank
A política de cooperação internacional da Alemanha é definida e conduzida pelo Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento, o BMZ, que formula as linhas de atuação, conduz o diálogo intergovernamental com os países parceiros e disponibiliza recursos do orçamento federal. Por incumbência do Governo Federal Alemão, o KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento) apoio projetos da Cooperação Financeira Oficial. Avalia as propostas de projetos, formata contratos, opera os financiamentos e apóia e monitora a implementação dos mesmos pelas instituições executoras.
Os primeiros projetos da Cooperação Financeira entre Brasil e Alemanha remontam a 1963. A partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92, a política do BMZ deu ênfase às questões da conservação da biodiversidade, destinando mais investimentos para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza. O Brasil tornou-se um dos parceiros principais no setor do meio ambiente.
O Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais - IEF
O Instituto Estadual de Florestas tem por finalidade
executar a política florestal do Estado e promover a
preservação e a conservação da fauna e da flora e o
desenvolvimento sustentável dos recursos naturais
renováveis e da pesca, bem como a realização
de pesquisa em biomassa e biodiversidade. O IEF
também promove e apóia o florestamento e o
reflorestamento, desenvolvendo projetos e ações
que favoreçam o suprimento de matéria-prima de
origem vegetal nativa.
As reformas administrativas, que desde 2003, vêm
sendo introduzidas no âmbito do Sistema Estadual
de Meio Ambiente – SISEMA para a modernização
da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável - SEMAD e seus
órgãos executores, permitiram ao IEF alcançar
maior racionalidade administrativa, gerencial e de
custos na alocação de seus recursos financeiros,
físicos e humanos. As novas Diretorias e Gerências
criadas e a contratação de pessoal, através de
concurso público, fazem parte dessa estrutura.
A nova realidade institucional permitiu ao
Instituto contar com instrumentos para tomada
de decisões políticas e estratégicas condizentes
com as demandas cada vez maiores e mais
urgentes da sociedade, com relação à conservação,
proteção e desenvolvimento sustentável dos
recursos ambientais.
Em 2007, o IEF destinou R$ 72 milhões para ações
em suas unidades de conservação, originados
do Orçamento próprio do Instituto, do Fundo
de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento
Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado
de Minas Gerais - FHIDRO, do Promata e da
Compensação Ambiental. Destes recursos, R$ 8,8
milhões foram aplicados na administração e custeio
das UCs, R$ 5,2 milhões na criação e estruturação
de novas unidades e R$ 58 milhões na regularização
fundiária de parte das áreas protegidas. Para 2008,
estão previstos investimentos aproximadamente
R$ 55 milhões.
Neste contexto, projetos que viessem a apoiar o IEF
na condução na busca de soluções para as questões
ambientais, tais como o Promata, passaram a ter
ampla receptividade e respaldo do órgão.
COOPERAÇÃOREPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL
REPÚBLICA FEDERALDA ALEMANHA
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA32 33UMA estrAtéGIA PArA A MAtA AtlântICA MIneIrA
Um novo jeito de cuidar dos parques
35UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUesProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA34
o planejamento estratégico, a busca por resultados, a integração
com o entorno e a valorização dos funcionários responsáveis por
cuidar das unidades de conservação são as principais marcas
do modelo de gestão implementado pelo IeF, com o apoio
do Promata. Uma tarefa que exigiu investimentos em recursos
materiais e estratégias inovadoras
Zelar pela proteção da floresta e pela segurança dos visitantes dos parques requer muita responsabilidade.
E para assegurar a agilidade necessária a esse trabalho investiu-se pesado em equipamentos, obras e
capacitação de servidores.
Seminários, oficinas e treinamentos tiveram o duplo objetivo de qualificar os profissionais e de favorecer a
integração entre eles. Uma relação cooperativa que buscou ecoar além dos limites territoriais dos parques,
dando voz à população que mora no entorno.
Afinal, é sempre bom lembrar que, embora a administração esteja a cargo do Estado, as unidades de
conservação pertencem a toda sociedade e se inserem em contextos sócio-econômicos regionais e locais.
Nesse sentido, prefeituras, organizações não-governamentais, Polícia Militar Ambiental e a própria vizinhança
se tornam parceiras por meio de iniciativas que favorecem a integração de esforços e a participação dos
segmentos envolvidos.
Assim, o Projeto contribuiu para consolidar o planejamento estratégico, os processos e a base operacional,
investiu nas pessoas e buscou aliados. Um modelo de gestão sustentável e um grande pacto socioambiental
cujo objetivo maior é harmonizar o convívio entre o homem e a natureza.
37UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUesProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA36
Infra-estrutura fortalecida
Melhorar as condições de proteção e uso público
das UCs, foi uma das considerado prioridades
elegidas. A aquisição de computadores, sistemas
de rádio-comunicação, GPS, entre outros,
assegurou uma base consolidada para atender a
estas necessidades.
“Nosso quadro de funcionários tem 24 pessoas.
Mas sejam engenheiros florestais ou eletricistas,
todos executam a função de guarda-parques”,
observa João Carlos Oliveira, gerente do Parque
Estadual do Ibitipoca.
Dispor de veículos adequados à fiscalização em
terrenos acidentados, assim como coletes, uniformes
e outros materias e equipamentos para combate às
queimadas, foram objetivos prontamente atendidos.
Além da aquisição de equipamentos e veículos,
mais de 12 mil metros quadrados de edificações
foram construídas ou reformadas. Isso significa
dizer que parques abrangidos pelo Projeto
receberam melhores instalações físicas, como
escritórios, alojamentos, guaritas, restaurantes,
áreas de camping, helipontos, bem como a
ampliação de sistemas de abastecimento de água
e tratamento de esgoto.
desenvolvimento de instrumentos de planejamento
estratégico e de gestão das UCs, contribuindo para
que as unidades passassem a ser administradas
com mais eficiência e com metas e resultados
claramente definidos.
Dentre esses instrumentos, o mais abrangente é o
Plano de Manejo, cujo objetivo é nortear as ações
de preservação em associação com outros fins,
como os econômicos e sociais, por exemplo. O
Plano de Manejo é que determina o zoneamento
de uma unidade de conservação, caracteriza cada
uma de suas áreas e propõe as diretrizes para o seu
manejo e administração.
O destaque entre os empreendimentos fica por
conta dos Centros de Interpretação de Visitantes
– um espaço que, além de orientar o público,
tem também o propósito de interagir com ele.
Essa mudança na relação com os frequentadores
dos parques pode ser observada, ainda, na
programação visual e nas áreas de lazer, agora
bem mais funcionais. e aconchegantes.
Gestão ágil e planejada
Valorizou-se o conceito de planejamento como
uma atividade dinâmica e participativa. Com
este objetivo, o Projeto apoiou decisivamente o
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA38 39UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
O IEF, no âmbito do Promata, estabeleceu uma
revisão conceitual deste instrumento. “Sem
desprezar os aspectos bióticos e abióticos, procurou-
se dar maior ênfase aos aspectos gerenciais, no
sentido de tornar os Planos mais úteis e efetivos
para a gestão das UCs”, ressalta Eduardo Grossi,
Coordenador Geral do Promata. Com o objetivo
de facilitar esse trabalho, foram estabelecidos dois
componentes básicos para a elaboração dos planos:
um de biodiversidade e outro de gestão, cada um
deles sob a responsabilidade de uma equipe técnica
especializada. Atualmente, os Parques Estaduais do
Itacolomi, Ibitipoca, Serra do Brigadeiro e Serra do
Rola Moça contam com planos concebidos segundo
essa abordagem gerencial. Na mesma linha,
estão sendo elaborados os planos para os Parques
Estaduais de Nova Baden e Serra do Brigadeiro.
Nas UCs mais bem estruturadas, foi instituído o
Projeto de Gestão à Vista, “priorizando a gestão
por excelência, em consonância com o “Choque
de Gestão”, estratégia que norteia o Programa
Mineiro de Desenvolvimento integrado – PMDI, do
Estado”, ressalta Grossi. Baseado na transparência e
na obtenção de resultados, esse Plano é traduzido
para um grande painel localizado na sede de
cada unidade, onde constam para consulta, as
atribuições de cada funcionário e o cronograma
de atividades a serem cumpridas.
Outro instrumento instituído no âmbito do Promata
e hoje disponibilizado “on line” para todas as UCs
administradas pelo IEF, é o Sistema de Gestão de
Áreas Protegidas - SIGAP, que é um sistema de
planejamento e monitoria física e financeira de
todas as atividades a serem anualmente realizadas,
o que constitui mais um instrumento facilitador da
administração de cada UC.
O Diagnóstico Participativo das Unidades de
Conservação (DIPUC) é uma metodologia
estabelecida pelo Projeto Doces Matas, também
implementado pelo IEF com o apoio da
Cooperação Financeira Alemã. Este mecanismo,
adotado na administração “dia a dia” das UCs,
consiste no levantamento, realizado pelos próprios
servidores da unidade, a respeito dos problemas,
potencialidades e propostas de ação para os parques
Arquitetura harmonizada
No lugar de edificações impactantes, procurou-se projetar construções mais funcionais, confortáveis e harmonizadas com a biodiversidade de cada parque.
“Nós trabalhamos o tempo todo com o conceito de bioarquitetura, utilizando materiais ecologicamente corretos e interferindo o mínimo possível na paisagem. A natureza é que merece destaque”, ressalta a arquiteta Roberta Dias, consultora do IEF e uma das responsáveis pelas novas construções.
De acordo com ela, esse princípio também foi considerado nas intervenções feitas ao longo das trilhas que levam aos atrativos dos parques. “Com a finalidade de aproximar o turista da natureza, construímos escadas, passarelas e mirantes de apoio”, explica, acrescentando que toda madeira utilizada provém do manejo sustentável da natureza.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA40 41UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
“Este sistema valoriza a visão do funcionário,
aumentando o seu nível de comprometimento
para com a administração”, explica .Infaide Patrícia,
Assessora Técnica da Diretoria de Áreas Protegidas
– DIAP do IEF.
Na avaliação do consultor internacional do
Projeto, Tomas Inhetvin, o Projeto contribuiu
para que o IEF atuasse efetivamente para
preencher um vácuo institucional. “Antes, a
gestão dos parques resultava de um acordo
com cada gerente de Unidade de Conservação.
Não existia um alinhamento estratégico, uma
padrão de gerenciamento, com missão, metas
e objetivos claros e comuns”, sustenta Inhetvin,
para quem o êxito das estratégias desenvolvidas
está diretamente ligado à adoção de um modelo
de administrativo descentralizado e participativo.
“A proposta anterior era a de uma gestão hierárquica,
verticalizada. Esta dinâmica foi alterada. Hoje,
as decisões são mais horizontais, consideram a
opinião dos funcionários e também de quem mora
nas imediações dos parques. Ou seja, o diferencial
não está apenas no aporte de recursos, mas na
mudança de conceitos”, afirma Inhetivin.
“O importante nesse processo é que a gestão das
Unidades não dá as costas para a comunidade. Em
vez disso, convida a população a discutir soluções
compartilhadas para problemas comuns. O parque
acaba mostrando que não é um empecilho, mas
um agregador do desenvolvimento do município”,
avalia o consultor internacional do Promata, Tomas
Inhetivin, para quem o Projeto foi bem-sucedido
ao optar pela gestão desecentralizada, envolvendo
os atores locais na discussão ambiental.
Profissionais capacitados
O Promata investiu também na promoção de seminários, oficinas e cursos para os funcionários, como os módulos itinerantes do Curso de Guarda-parques e diversos treinamentos voltados para a administração e manejo das unidades de Conservação, como forma de traduzir e aproximar o parque da realidade das pessoas que nele trabalham.
Alex Campos trabalha na recepção do Centro de Interpretação de Visitantes do Parque Estadual do Ibitipoca. Sua tarefa é orientar turistas sobre questões como o tempo de duração de cada trilha ou tirar dúvidas acerca das regras de funcionamento do Parque. No entanto, se você perguntar a ele qual é a sua profissão, Campos não vacilará: “Sou guarda-parques, ora”. A resposta é justificada: “Aqui todo mundo aprende a fazer de tudo. Nossa função é cuidar do parque e do público que freqüenta”, afirma. Funcionário do Ibitipoca há menos de um ano, Campos já participou de cursos sobre botânica, hélio- ataque e operações de resgate.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA42 43UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
Participação e controle social
Não é possível conceber uma gestão representativa
das unidades de conservação sem a participação
efetiva da sociedade. Afinal, a responsabilidade
pela preservação é de todos, sejam agentes de
governo, do setor produtivo ou das comunidades.
Um importante instrumento de busca desse
comprometimento social para com a proteção das
Compensação ambiental acelera regularização dos parques
A compensação é devida pelas empresas cujas atividades causem poluição ou sejam potencialmente impactantes para o meio ambiente.
Uma importante iniciativa do IEF, que no seu início contou com o apoio do Promata, foi a estruturação do Núcleo de Compensação Ambiental - NCA, com o objetivo de regulamentar a identificação e o enquadramento da compensação ambiental e dinamizar a sua a arrecadação. Os valores arrecadados constituem um fundo totalmente revertido em investimentos na elaboração de planos de manejo, na aquisição de bens e serviços e, principalmente, na regularização fundiária das unidades de conservação. (UC). Atualmente, cerca de 95 mil hectares na abrangência do Promata estão total ou parcialmente regularizados.
UCs é o Conselho Consultivo, que foi implantado
em todas as 15 UCs beneficiadas pelo Projeto.
Instituído no âmbito da Lei Federal nº 9.985/2000
e do Decreto nº 4.340/2002, que criaram e
regulamentaram o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC), o Conselho Consultivo
constitui um espaço privilegiado de negociação
entre instituições, empresas e comunidades
do entorno das UCs. Seus objetivos principais
são fomentar a troca de experiências e garantir
legitimidade, transparência e solidez às decisões
tomadas no âmbito das unidades.
“A importância capital dos CCs é trazer pessoas
e organizações do entorno para participar da
gestão das unidades. À medida que melhora a
preservação e a proteção do parque, as atividades
e as comunidades deste entorno podem ser
beneficiadas, inclusive com ações diretamente
relacionadas ao parque, como o ecoturismo”,
informa Denise Formoso, Assessora Técnica da
DIAP. Quem decide pela composição e a forma
de funcionamento dos CCs são os próprios
conselheiros. “O governo nunca tem mais membros.
Quando não é paritário, temos dado preferência
para uma maior participação da sociedade civil”,
conclui a assessora. Na prática, os Conselhos
Consultivos subsidiam o gerente das UCs, que leva
estas demandas à estrutura executiva do IEF.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA44 45UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
A vastidão dos campos rupestres não chega a
intimidar a exuberância da Mata Atlântica nos
1.488 hectares do Parque Estadual do Ibitipoca.
Situado em plena Zona da Mata mineira, o parque
abrange os municípios de Lima Duarte e Santa Rita
do Ibitipoca, nas franjas da Serra da Mantiqueira.
Criado em 4 de julho de 1973, o Ibitipoca possui 27
atrativos para visitação e é a unidade de conservação
mais freqüentada de Minas Gerais, com cerca de
40 mil visitantes por ano. São cachoeiras, trilhas,
grutas e picos que guardam 541 espécies vegetais
nos seus ambientes florestais dentro e no entorno
do Parque, além de fauna diversificada, com 74
espécies registradas nos campos de altitude e mais
100 abrigadas no ambiente florestal.
Na estruturação do Parque, o Promata, dentre
outros investimentos, financiou a concepção e
implantação do Centro Interpretativo Saint-Hilaire,
inaugurando uma nova forma relacionamento com
o turista, com a oferta de exposições interpretativas,
maquete eletrônica e uma gruta artificial.
Entre os outros serviços estruturais garantidos
com recursos do Projeto, estão a construção
e reforma da portaria, restaurante, banheiros,
casas de hóspedes e de funcionários, vestiários,
alojamento e enfermaria. A grande novidade
fica por conta da criação do Centro de Apoio à
Pesquisa, com dois laboratórios e uma biblioteca,
onde os técnicos ambientais poderão realizar
estudos sobre a fauna e a flora local. A aquisição
de equipamentos e veículos também reforçou
a capacidade administrativa e a fiscalização. Foi
também ampliado o sistema de tratamento local
de esgotos.
A elaboração do Plano de Manejo foi decisiva para
aprimorar a gestão do parque. A este instrumento
de gestão se somaram o DIPUC, o Projeto de
Gestão à Vista e o SIGAP.
Parque estadual de Ibitipoca
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA46 47UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
Primeira unidade de conservação estadual criada
em Minas Gerais, o Parque do Rio Doce está
situado na porção sudoeste do Estado, a 248 km
de Belo Horizonte, na região do Vale do Aço. Em
seus 36.970 hectares, a UC abriga a maior extensão
contínua de Mata Atlântica do Estado.
Árvores centenárias, madeiras nobres de grande
porte e uma infinidade de animais nativos
compõem o cenário deste que é um dos mais
representativos remanescentes de Mata Atlântica
do Brasil. O Parque abriga quarenta lagoas naturais,
que proporcionam um espetáculo de rara beleza,
além de servirem de importante instrumento para
estudos e pesquisas da fauna aquática nativa.
O Parque abriga uma significativa representação
de espécies da avifauna e de animais conhecidos
da fauna brasileira, como a capivara, a anta, o
macaco-prego, o sauá, a paca e a cotia, além de
espécies ameaçadas de extinção, como a onça-
pintada, o macuco e o mono-carvoeiro, maior
primata das Américas.
Desde 2004, o IEF assumiu o desafio de transformar
o Rio Doce em “parque modelo”. Hoje, a UC é
reconhecida como referência em boas práticas de
Parque estadual do rio Docegestão na conservação da biodiversidade. Para isso,
o Promata contribuiu com os recursos destinados
ao completo reaparelhamento da infra-estrutura de
atendimento a turistas e pesquisadores, incluindo
obras de reforma da portaria, estacionamento, área
de camping, vestiários, restaurante, anfiteatro, dois
Centros Interpretaivos (do Lagarto e do Macuco),
Centro de Pesquisas, viveiro e posto da Polícia de
Meio Ambiente, área de apoio ao serviço de barcos,
o ancoradouro e o heliponto.
Comprovação do êxito desta estratégia é que a
Unidade de Conservação recebeu o Certificado
Nacional de Gestão Pública, concedido pelo
Ministério do Planejamento e Gestão do Governo
Federal com base na auto-avaliação da gestão
do Parque no ciclo 2007/2008, tendo recebido
205 pontos, num total de 250. O Certificado é
uma ação estratégica do Programa Nacional de
Gestão Pública e Desburocratização (Gespública),
que segue modelos de excelência em gestão
utilizados em vários países. Os critérios deste
Programa permitem trabalhar a organização de
forma sistêmica orientando pessoas, atividades e
processos em função de resultados.
Nas áreas de influência do Parque estão sendo
implementadas atividades de recuperação de áreas
desmatadas nas pequenas e médias propriedades,
visando aumentar a conectividade entre os fragmentos
florestais e a formação de corredores ecológicos. A
sistemática de trabalho utilizada obedece ao modelo
estabelecido, com a doação de mudas, insumos,
material para cercamento das áreas, assistência
técnica aos agricultores partícipes e pagamento
pelos serviços ambientais (PAS) por eles prestados, ao
recuperarem a floresta em suas propriedades.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA48 49UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
O Parque Estadual do Itacolomi, localizado nos
municípios de Mariana e Ouro Preto, é um dos
mais antigos de Minas. Criado em 1967, a UC abriga
o Pico do Itacolomi, numa região que serviu de
berço da colonização mineira. Com 1.772 metros
de altitude, o Pico era ponto de referência para os
antigos viajantes da Estrada Real, que o chamavam
de “Farol dos Bandeirantes”. A palavra Itacolomi
vem da língua tupi e significa “pedra menina”.
Pelo Parque passaram expedições em busca do
ouro das Gerais, iniciadas no início do século
XVIII, pelo bandeirante paulista Antônio Dias. O
patrimônio está preservado desde então, dando ao
visitante uma real visão da paisagem contemplada
pelos antigos viajantes destes caminhos.
O Parque possui uma área preservada de 7.543
hectares de matas onde predominam as quaresmeiras
e candeias ao longo dos rios e córregos. Nas partes
mais elevadas, aparecem os campos de altitude
com afloramentos rochosos, onde se destacam as
gramíneas e canelas de emas. A região também
abriga muitas nascentes, escondidas nas matas, que
desaguam, em sua maioria, no rio Gualaxo do Sul,
afluente do rio Doce.
Diversas espécies de animais raros e ameaçados de
extinção podem ser encontrados na unidade de
conservação, como o lobo guará, a ave-pavó, a onça
parda e o andorinhão de coleira (ave migratória).
Também podem ser vistas espécies de macacos,
micos, tatus, pacas, capivaras e gatos mouriscos.
Levantamentos identificaram mais de 200 espécies
de aves, como jacus, siriemas e beija-flores.
Graças à ação do IEF, este patrimônio está mais bem
resguardado. Através do Promata, foi restaurada
a Casa do Bandeirista, exemplo da arquitetura
colonial deixado pelos bandeirantes em Minas.
A Casa foi construída entre 1706 e 1708, sendo
considerada por especialistas o primeiro prédio
público do Estado, já que servia para cobrança de
impostos e vigilância das minas.
Também graças a recursos disponibilizados via
Promata, o Parque possui hoje uma infra-estrutura
completa para atender visitantes e pesquisadores
com Centro de Visitantes, biblioteca, alojamentos
para pesquisadores e funcionários. Desde o início
do Projeto, algumas das edificações passaram
por reformas e novas instalações melhoraram
ainda mais a infra-estrutura de apoio a visitantes e
Parque estadual do Itacolomi
pesquisadores. O Plano de Manejo foi elaborado
e o Parque conta ainda com o DIPUC, o Projeto
de Gestão à Vista e o SIGAP, que propiciam uma
gestão mais eficiente da UC.
As atividades de fomento à recomposição florestal
nativa vêm sendo fomentadas no entorno do
Parque, conforme a estratégia pioneira de incentivo
estabelecida pelo IEF/Promata, onde, além da doação de
mudas, insumos e material para cercamento das áreas e
da assistência técnica aos projetos, é repassado incentivo
financeiro (PAS) aos proprietários rurais beneficiados.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA50 51UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
Criado em 1996, o Parque Estadual da Serra do
Brigadeiro está localizado na região da Zona
da Mata, a cerca de 290 km de Belo Horizonte.
No extremo norte da Serra da Mantiqueira,
ocupa terrenos nos municípios de Araponga,
Fervedouro, Miradouro, Ervália, Sericita, Pedra
Bonita, Muriaé e Divino. A Serra do Brigadeiro
possui inúmeras nascentes, que contribuem
para a formação de duas importantes bacias
hidrográficas do Estado: a do rio Doce e a do
Paraíba do Sul.
A unidade de conservação tem área de 14.984
hectares. Principal formação vegetal da área, a
Mata Atlântica está intercalada com os Campos de
Altitude e afloramentos rochosos, formando um
dos mais belos cenários de Minas. Considerado
um paraíso botânico, o Parque constitui ainda
um ecossistema rico em espécies vegetais
como bromélia, peroba, ipê, orquídea, cajarana,
jequitibá, óleo-vermelho e palmito doce. A
neblina que, durante quase o ano todo cobre os
picos onde se localizam os campos de altitude,
propicia as condições para a formação de um
ecossistema rico em orquídeas, samambaias,
liquens, bromélias, variedades de gramíneas,
arbustos e cactus, entre outras espécies.
Na fauna, destacam-se a suçuarana ou puma, a
jaguatirica, a caititu, o veado mateiro, o cachorro-
do-mato, o tamanduá-de-colete, o caxinguelê,
a preguiça-de-três-dedos, o macaco-prego,
o sagui-da-serra. Nas matas do Parque foram
localizados ainda dois grupos independentes
de mono-carvoeiro, também conhecido como
muriqui, maior primata das Américas e ameaçado
de extinção. A UC também é refúgio de outras
espécies ameaçadas, como o sauá, a onça-pintada
e o sapo-boi.
Para assegurar a preservação destes importantes
remanescentes, o IEF investiu na melhoria
da infra-estrutura do parque. Com recursos
disponibilizados pelo Promata, foi possível a
construção de Centro de pesquisa, Posto da
polícia ambiental, laboratórios, alojamentos
para pesquisadores, Centro de Administração,
além de residências de funcionários. A “Fazenda
Neblina’, antiga construção colonial, sede
da Fazenda onde hoje se localiza o Parque,
também foi reformada e transformada em casa
de hóspedes.
O Promata investiu ainda na elaboração do Plano
de Manejo, na implantação do Projeto de Gestão à
Parque da serra do Brigadeiro
Vista e na implementação do SIGAP, além de apoiar
um projeto de educação ambiental avançado.
No entorno da UC também vêm sendo
implementadas atividades de recuperação da
Mata Atlântica, no âmbito do modelo de fomento
estabelecido pelo Promata, com a doação de
mudas, insumos, mourões para cerca, asistência
técnica aos plantios e pagamento pelos serviços
ambientais (PAS) aos pequenos agricultores
engajados.no projeto.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA52 53UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
Criado em 1998, o Parque Estadual da Serra
do Papagaio abriga um dos mais importantes
remanescentes de Mata Atlântica do Estado.
Localizado na Serra da Mantiqueira, possui
formações mistas de campos, matas e áreas de
enclave com matas de araucária, interligadas com
a APA Mantiqueira e com a porção norte do Parque
Nacional do Itatiaia. Este conjunto montanhoso
contínuo e legalmente preservado, permite uma
proteção mais efetiva da fauna e da flora.
Abrangendo parte dos municípios de Aiuruoca,
Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto, em
uma área de 22.917 hectares, o Parque engloba os
conjuntos montanhosos das Serras do Garrafão
e do Papagaio, apresentando cerca de 50% da
área com declividade acentuada e altitudes acima
de 1.800 metros. Trata-se de uma importante
reserva de diversas espécies de mamíferos, aves
e anfíbios, convivendo e se reproduzindo graças
à riqueza de ambientes e abrigos existentes.
Entre eles estas espécies, destaque para o mono
carvoeiro, o lobo-guará, o papagaio do peito roxo
e a onça parda.
Na região abrangida pela UC, se localizam
as nascentes dos principais rios formadores
Parque da serra do Papagaioda bacia do Rio Grande, responsável pelo
abastecimento de grandes centros urbanos do
sul de Minas Gerais.
O parque recebeu os primeiros investimentos
em obras destinadas à proteção e administração.
Além disso, nos municípios do seu entorno, vem
sendo fomentada a recuperação da mata nativa,
por meio de parcerias com a OSCIP Amanhágua e
as Prefeituras Municipais de Extrema e Itamonte.
O IEF/Promata custeia os insumos, mudas,
mourões para cercas, disponibiliza assistência
técnica às atividades e repassa os recursos para
o pagamento pelos serviços ambientais aos
agricultores participantes. Até agora, mais de
2.500 hectares de Áreas de Reserva Legal e áreas
de preservação permanentes foram cercadas e
enriquecidas, visando a sua recuperação.
Além disso, encontra-se avançado o processo de
regularização da UC, com recursos disponibilizados
pelo Departamento de Estradas de Rodagem –
DER, como compensação ambiental devida pela
construção da Rodovia Fernão Dias. O Plano
de Manejo do Parque encontra-se em fase
de elaboração, com recursos de contrapartida
do IEF ao Promata.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA54 55UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça é uma
das mais importantes áreas verdes de Minas Gerais.
Situado na região metropolitana de Belo Horizonte,
com 3.941 hectares de áreas protegidas, é o terceiro
maior parque em área urbana do país e abriga seis
importantes mananciais de água que abastecem a
capital, declarados pelo Governo Estadual como
Áreas de Proteção Especial. Quem caminha por lá
logo percebe a zona, rica em campos ferruginosos
e de altitude.
Numa área de transição entre o Cerrado e a Mata
Atlântica, abriga uma vegetação diversificada, com
um colorido especial e um relevo peculiar Aí se
encontram espécies como orquídeas, bromélias,
candeias, jacarandá, cedro, jequitibá, arnica e
a canela-de-ema, que se tornou o símbolo do
Parque. A região também serve de abrigo a diversas
espécies da fauna ameaçadas de extinção, como a
onça parda, a jaguatirica, lobo-guará, o gato-do-
mato, o macuco e o veado campeiro.
O Parque possui dois Centros de Visitantes com
auditório para 90 e 60 pessoas, respectivamente.
Conta ainda com um Centro Administrativo,
Parque estadual da serra do rola Moça
escritório para o Grupamento de Polícia Ambienta
e residências para funcionários..
Com apoio do Promata, foi implantado um
Centro de Treinamento em Prevenção e Combate
a Incêndios Florestais, bem como projetos de
educação ambiental avançados. Para apoio à
gestão, o Parque conta com o Plano de Manejo, o
Projeto de Gestão à Vista e o SIGAP.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA56 57UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
O Parque Estadual do Pico do Itambé, em seus 4.696
hectares, abrange várias nascentes e cabeceiras
de rios formadores das bacias do Jequitinhonha e
Doce. O Pico do Itambé, com seus 2.002 metros,
é um dos marcos referenciais do Estado. De lá
podem ser avistados os municípios que compõem
a área de abrangência do Parque: Santo Antônio
do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas.
Campos rupestres de altitude e cerrado compõem
a cobertura vegetal nativa. Nos fundos de
vales ocorrem manchas de solos de aluvião, de
maior fertilidade, sobre os quais se desenvolve
exuberante mata pluvial altimontana, onde podem
ser encontradas espécies como o pau-d’óleo, a
sucupira, o ipê, o cedro, o jatobá, o ingá e a candeia,
entre outras. Nos campos de altitude ocorrem
espécies raras e endêmicas de orquídeas.
Uma fauna bastante rica possui espécies que
integram a lista oficial de animais ameaçados de
extinção, como a onça-parda e o lobo-guará. Para
assegurar sua preservação, o Promata garantiu a
elaboração do Plano de Manejo do Parque e se
Parque estadual do Pico do Itambé
prepara para na Fase II, apoiar a implantação da
sua infra-estrutura de proteção e uso público e
contribuir para o estabelecimento dos instrumentos
de gestão da UC.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA58 59UM novo JeIto De CUIDAr Dos PArqUes
Unidos pela sustentabilidade
60 ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA UnIDos PelA sUstentABIlIDADe 61
o IeF vem trabalhando para romper o isolamento das unidades
de conservação e incentivar a população do entorno a preservar
a Mata Atlântica. o Promata contribuiu também com este esforço
de induzir o abandono de velhas práticas de exploração predatória
da floresta, conquistar parceiros locais e desenvolver alternativas
viáveis para um dos maiores desafios contemporâneos: aliar
desenvolvimento econômico e sustentabilidade
A aplicação pura e simples da legislação ambiental, sem uma contrapartida de compensações aos habitantes
do entorno das UCs, muitas vezes leva os vizinhos a considerar esta unidade um estorvo aos seus interesses.
Para reverter essa lógica, o Promata desenvolveu, junto com a Diretoria de Desenvolvimento e Conservação
Florestal do IEF, um projeto-piloto com as comunidades próximas aos Parques Estaduais do Rio Doce, do
Itacolomi, da Serra do Brigadeiro e da Serra do Papagaio, onde se procurou aperfeiçoar a sistemática de
recuperação da mata nativa, trabalho até então realizado de forma extensiva pelo Instituto.
Novas estratégias de atuação foram privilegiadas, para recuperar áreas degradadas dentro de pequenas e
médias propriedades. Um trabalho feito com apoio dos agricultores e que visa aumentar a conectividade
entre fragmentos florestais de origem nativa, formando corredores de biodiversidade.
Entre 2004 e 2008, já foram recuperados cerca de 6 mil hectares de floresta. “Nosso foco é trabalhar na zona
de influência das UCs, para aumentar a vegetacão nas imediações dos parques e enriquecer a biodiversidade,
o que contribui para a sua proteção. Há trechos de alguns parques, por exemplo, que só possuem 500 metros
de largura de vegetação no entorno, o que é insuficiente para o escape da fauna”, explica o consultor
técnico do Promata, Ricardo Galeno.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA62 63UnIDos PelA sUstentABIlIDADe
O grande diferencial introduzido na sistemática de
fomento foi o estabelecimento de um incentivo
financeiro aos produtores rurais que assumem a
responsabilidades com a recuperação da floresta.
Inédito no Estado, este mecanismo, denominado
Pagamento por Serviços Ambientais (PSA),
beneficiou 300 agricultores de 30 municípios
mineiros, entre 2004 e 2008. Cada produtor recebe
de R$ 140 a R$ 300 por ano, por hectare recuperado,
dependendo da modalidade de intervenção
realizada nas suas terras. O pagamento é feito por
um período de três anos.
“É muito difícil chegar até um produtor rural e
simplesmente dizer: ‘Olha, preservar a natureza
é importante, a fauna é bonita. Essa área aqui lhe
pertence mas o senhor não pode usar. O agricultor
depende da terra. Ou você dá uma compensação
financeira ou ninguém protege de bom grado”,
argumenta Galeno. Com o incentivo, cuidar da
floresta também passa a ser uma atividade vantajosa.
Além dos incentivos financeiros, os agricultores
beneficiados continuaram a receber gratuitamente
as mudas, os insumos e a assistência aos plantios,
prestada pelos técnicos do IEF e das instituições
parceiras.
A implantação dos projetos foi também objeto de
cuidado especial, visando o acompanhamento
rigoroso das atividades realizadas e dos recursos
financeiros distribuídos. Para tanto, foi criado um
programa específico denominado Sistema de
Monitoramento das Atividades de Fomento – SISMAF,
hoje disponibilizado “on line” para o controle de todos
os projetos de fomento desenvolvidos pelo IEF.
Mais agilidade, menos custos
Para manter o fôlego necessário a essa ação, o
Projeto incentivou a formação de parcerias entre
o IEF e prefeituras municipais (Extrema, Itamonte
e Itabira) e OSCIPs (Amanhágua, AMA/Juiz de
Fora e Ambiente Brasil Centro de Estudos). Na
opinião de Eduardo Grossi, “os parceiros locais
contribuem com recursos financeiros e pessoal
técnico complementar aos alocados pelo IEF, o
que permite ampliar a capacidade operacional,
diminuir custos, aumentar a área de floresta
recuperada e beneficiar uma maior número de
pequenos produtores rurais”. Além disso, no caso
das prefeituras municipais, a intenção é que elas
criem seus próprios mecanismos para o pagamento
dos serviços ambientais, no sentido de garantir uma
fonte sustentável de recursos, para esta finalidade.
E também aumentar o comprometimento do
poder municipal com a recuperação da floresta. É
o que já fazem Itabira e Extrema, onde o PSA é de
responsabilidade dos municípios.
As parcerias com a OSCIP AMA/Juiz de Fora e com
a Prefeitura de Itamonte foram iniciados em 2008,
devendo apresentar os primeiros resultados até
julho de 2009. Seguirão estratégias e requisitos
técnicos semelhantes aos das cooperações já
estabelecidas com as OSCIPs Amanhágua e
Ambiente Brasil Centro de Estudos e com as
Prefeituras de Extrema e de Itabira
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA64 65UnIDos PelA sUstentABIlIDADe
A parceria inicial
Ao final de 2004, o IEF, por meio do Promata,
estabeleceu a primeira parceria para as ações de
fomento, tendo sido escolhida a OSCIP Ambiente
Brasil Centro de Estudos. Esta se responsabilizou
pela distribuição aos agricultores dos incentivos
financeiros repassados pelo IEF/Promata. A
Ambiente Brasil apoiou a arregimentação de
agricultores, a divulgação das atividades e a
monitoria e controle da implantação dos projetos,
em nível das propriedades beneficiadas. Esta parceria
permitiu que fossem estabelecidos os mecanismos
operacionais adequados, posteriormente replicados
nos convênios com os demais parceiros.
O município de Itabira e seu plano de desenvolvimento territorial sustentável
A Prefeitura Municipal de Itabira foi a segunda
instituição a firmar parceria com o IEF, para
implementar a recuperação de Mata Atlântica.
O município vem se estruturando para instituir e
instrumentalizar sua política de meio ambiente,
com a criação de um mosaico das suas unidades
de conservação e a implementação, neste espaço
geográfico, de um plano de desenvolvimento
territorial com base conservacionista. O objetivo
é estimular o processo de organização das
comunidades em bases sustentáveis dos pontos de
vista econômico, social e ambiental.
No âmbito do Projeto Mosaico das Unidades de
Conservação, um convênio com o IEF permitiu que
o município iniciasse a proteção e recuperação de
300 hectares de remanescentes da Mata Atlântica,
localizados nas sub-bacias hidrográficas do município.
O incentivo financeiro atribuído aos produtores
rurais beneficiados teve por origem o mecanismo
legal estabelecido pelo município, denominado
ECOCRÉDITO, que visa incentivar os produtores rurais
a delimitarem, dentro de suas propriedades, áreas de
preservação ambiental destinadas à conservação da
biodiversidade e dos recursos hídricos.
O valor da água
Cuidar dos mananciais passou a fazer parte do cotidiano de moradores de Extrema, um município com pouco mais de 20 mil habitantes na fronteira sul de Minas. Lá, uma iniciativa pioneira, que inclui Pagamento por Serviços Ambientais, tem garantido a preservação do Rio Jaguari, cuja bacia que, além de abastecer a população local, é responsável por metade da água potável consumida na Grande São Paulo.
A maioria da população estranhou quando a
prefeitura de Extrema sugeriu uma parceria para
cuidar do meio ambiente. A proposta era assim: se
os agricultores ajudassem a preservar os córregos
situados dentro das suas propriedades, o governo
pagaria um incentivo financeiro a eles todo mês. “De
primeiro, o povo do bairro torceu o nariz. Mas depois
vimos que seria bom pra gente e pra natureza”, conta
José Galdino, um dos 35 produtores que aderiram
ao programa Conservador de Águas, lançado em
agosto de 2007 com apoio do Promata.
Para participar, seu Galdino teve apenas que abrir
as portas de sua fazenda e deixar que os técnicos
da prefeitura cercassem a reserva legal e a área de
preservação permanente e plantassem a área com
mudas nativas. Em contrapartida, Galdino cuida da
manutenção das áreas recuperadas e recebe R$
159 por hectare ao ano.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA66 67UnIDos PelA sUstentABIlIDADe
Atualmente, o Projeto, denominado Conservador
de Águas, abrange mais de mil hectares, no entorno
do córrego das Posses, uma das sete bacias afluentes
do rio Jaguari. Este Rio é o principal manancial
que abastece o Sistema Cantareira, responsável
pela água encanada de 8,8 milhões de pessoas
na Grande São Paulo. “A sub-bacia das Posses é
nosso projeto-piloto, mas a meta é abranger todo
o município, algo em torno de 20 mil hectares”,
destaca Paulo César Pereira, Secretário Municipal
de Meio Ambiente de Extrema.
Na avaliação de Pereira, “o ponto principal é
mostrar ao agricultor que a natureza pode ser
uma fonte de renda. Ele percebe que além de
uma preocupação ambiental há uma vantagem
econômica no cercamento”, destaca o secretário.
Reconciliação com o meio ambiente
De desmatadores a guardiões da floresta. Essa é uma história de produtores rurais de Baependi, município situado no entorno do Parque Estadual da Serra da Papagaio. Depois de passar anos contrariada com a rigidez das leis ambientais que restringem o uso terra no entorno das unidades de conservação, a população local aderiu ao reflorestamento e à preservação da Mata Atlântica. Uma iniciativa do Promata que, em parceria com a OSCIP Amanhágua, tem conseguido transformar o cotidiano dos moradores
Investir no desenvolvimento local sustentável.
Essa é a aposta do programa de ampliação de
fragmentos florestais conduzido desde outubro
de 2007 em Baependi, Aiuruoca, Alagoa, Itamonte,
Pouso Alto e São Thomé das Letras, municípios do
entorno do Parque Estadual da Serra do Papagaio.
De lá para cá, 118 proprietários abriram suas
terras para a recuperação da Mata Atlântica. Até
agora, mais de 1.500 hectares de futuras áreas de
reserva legal e áreas de preservação permanentes
(APP’s) foram cercadas. “São áreas que estão
sendo enriquecidas com mudas nativas ou se
regenerando naturalmente”, explica a presidente
da OSCIP Amanhágua, Mônica Buono.
Todos os insumos para a produção de mudas e
para os plantios, além dos mourões e arame para
as cercas são fornecidos pela parceria com o
IEF/Promata. Em troca, os moradores engajados
recebem subsídio financeiro que varia de R$ 140
a R$ 300 por hectare ao ano, pelo período de
três anos. Outra opção oferecida é o plantio de
candeia, destinada à exploração futura. “Nesse
caso, o produtor ganha, a muda e o adubo, mas
não recebe o incentivo em dinheiro”, explica
Buono. “Como todas as áreas estão sendo
registradas no IEF, quando a candeia estiver em
idade de corte, o proprietário terá garantia de
poder utilizá-la”, completa.
IeF/Promata: aliados fundamentais
O Projeto Conservador das Águas
investiu inicialmente no inventário
ambiental e no cadastramento das
propriedades do município. Quando se
consolidou por meio da lei específica, o
desafio passou a ser o estabelecimento
de parcerias. “Foi aí que o IEF, através
do Promata, entrou na história, como
o nosso primeiro apoiador”, lembra
Pereira. A contribuição oferecida
compreende as mudas, os insumos
necessários para os plantios e os
mourões e arames para as cercas.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA68 69UnIDos PelA sUstentABIlIDADe
Além disso, a Amanhágua está fomentando a
implantação de viveiros comunitários com o apoio
de 40 famílias, cada cada uma delas produzindo 10
mil mudas para serem plantadas, ainda em 2008.
Para participar, os interessados foram qualificados
e receberam os insumos para a produção das
mudas., contribuindo em contrapartida, com a
mão de obra, o esterco e a terra.
Quando as mudas estiverem prontas para plantio,
o próprio IEF irá comprá-las dos viveiristas, ao
custo de R$ 0,30 cada. “Esse apoio financeiro é
fundamental. Afinal, sempre é bom lembrar que
o proprietário rural vive da propriedade dele”,
argumenta Buono, acrescentando que, aos
poucos, a população tem abandonado práticas
de degradação utilizadas no passado.
Mudança de hábito“Depois que criaram o Parque, em 98, tudo
que a gente fazia na nossa propriedade passou
a ser errado e proibido”, conta o produtor
Juarez de Castro. O que poderia ter se tornado
ressentimento, no entanto, cedeu lugar à
reconciliação com a floresta. Hoje em dia Castro,
além de manter área reflorestada dentro da
sua propriedade familiar, é viveirista e também
integra o corpo de brigadistas voluntários do
município - serviço pelo qual recebe uma bolsa
de R$ 200 por mês.
Estratégias replicadas para todo o IEF.
A estratégia de fomento implantada em caráter piloto
pelo IEF, através do Promata, hoje já se transferiu para
um programa maior no âmbito do Instituto: o Projeto
Estruturador “Conservação do Cerrado e Recuperação
da Mata Atlântica”, com a ambiciosa meta de atingir a
recuperação de 120.000 hectares de matas nativas em
todo o Estado, entre 2007 e 2011. Além disso, uma Lei
Estadual específica criou o programa “Bolsa Verde”,
o qual institui um fundo de recursos destinados
exclusivamente ao pagamento por serviços ambientais.
Este mecanismo irá ampliar consideravelmente a área
de matas nativas recuperadas, ao mesmo tempo em
Acima da média
O primeiro convênio firmado pelo IEF/Promata e a Amanhágua previa o reflorestamento 380 hectares, mas a OSCIP superou todas as expectativas e alcançou 1.046 hectares. “O próximo convênio estabelece mais 1.100 hectares. Temos certeza de que vamos bater esta meta também”, afirma Mônica Buono.
que beneficiará um universo maior de pequenos e
médios proprietários rurais engajados.
Outras alternativas de uso sustentável dos recursos florestais
Com o apoio do Promata, o Instituto, desenvolveu
estudos para identificação de alternativas
sustentáveis de uso dos recursos naturais, que
possam ser introduzidas em áreas empobrecidas
da região da Mata Atlântica, onde as atividades
agropecuárias tradicionais estão em decadência.
Nestas áreas, a pressão pela exploração predatória
da floresta nativa é maior e estas alternativas, se
implantadas, poderão reduzir este risco e ao mesmo
tempo, contribuir para a melhoria das condições
de vida dos produtores rurais aí residentes. Estes
estudos servirão de base para ações efetivas a
serem incentivadas durante a Fase II do Projeto.
Como instrumento inovador de financiamento das
ações de fomento, o Promata tem apoiado técnica
e financeiramente o IEF na negociação, junto ao
Banco KfW, de um projeto de seqüestro de carbono
(no âmbito dos Mecanismos de Desenvolvimento
Limpo – MDL, instituídos pelo Protocolo de Kyoto).
Essa experiência, se exitosa, constituirá um ponto de
partida para novos projetos florestais de MDL, que
contribuirão para reduzir o “efeito estufa” e ao mesmo
tempo gerarão recursos de crédito de carbono,
destinados ao pagamento de serviços ambientais
aos pequenos e médios agricultores beneficiados.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA70 71UnIDos PelA sUstentABIlIDADe
A floresta em boas mãos
72 A FlorestA eM BoAs Mãos 73ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA
Zelar pela segurança dos remanescentes da Mata Atlântica é
uma tarefa que exige planejamento, equipamentos adequados,
pessoal capacitado e integração entre os órgãos ambientais. o
Promata contribuiu para novas estratégias adotadas pelo IeF,
especialmente a prioridade ao monitoramento e à fiscalização por
meio da gestão compartilhada e do envolvimento da sociedade
na proteção da floresta.
Manter a floresta em pé não é fácil. Diante da lógica econômica que varreu mais de 70% da Mata Atlântica
no Estado, tanto quanto incentivar a sua recuperação, zelar pelo que restou tornou-se responsabilidade de
todos, com vistas a assegurar o direito das futuras gerações aos benefícios dessa biodiversidade. Integrando-
se aos esforços do IEF para enfrentar este desafio, o Promata contribuiu com apoio técnico e financeiro na
elaboração de mapas e sistemas georreferenciados destinados a melhor orientar a proteção da floresta,
bem como no treinamento de pessoal e na aquisição de equipamentos imprescindíveis para um trabalho
eficaz de fiscalização e controle.
Essas ações foram respaldadas por uma abordagem conceitual inovadora, adotada pela SEMAD e pelo IEF,
que priorizou o planejamento de uma fiscalização ambiental integrada e coordenada entre os atores do
Sistema Estadual de Meio Ambiente - SISEMA, Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros e Ministério
Público. Outra aposta importante foi a de estabelecer uma ação integrada entre o Instituto e a Polícia
Ambiental, no combate ao desmatamento em áreas de maior pressão sobre a floresta. Para isso, a Gerência
de Monitoramento e Geoprocessamento do SISEMA vem identificando as áreas com alteração da cobertura
florestal da Mata Atlântica, para verificar em quais delas houve supressão real da floresta.. A idéia é subsidiar
uma fiscalização mais dirigida nestas áreas e também fometar a implementação de alternativas sustentáveis à
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA74 75A FlorestA eM BoAs Mãos
exploração florestal predatória, especialmente nas
regiões mais pobres, onde a produção de carvão
ilegal ainda constitui a maior fonte de renda para os
pequenos produtores rurais, face à a uma atividade
agropecuária extensiva e de baixa produtividade.
Uma fiscalização e controle melhorados
já apresenta resultados: o Mapeamento da
Cobertura Vegetal de Minas indicou, entre 2003
e 2005, uma redução de 34.847 hectares (0,92%)
na cobertura do bioma como um todo, dos quais
10.830 hectares (0,45%) na área de abrangência
do Promata. Já entre 2005 e 2007, quando as ações
foram intensificadas, o desmatamento caiu para
15.543 hectares (0,42%) no bioma e para 6 mil
hectares (0,26%) na área abrangida pelo Promata,
demonstrando a importância do planejamento e
do trabalho em equipe para a proteção da Mata
Atlântica mineira.
Olhos atentos para cuidar da Mata Atlântica
Os incêndios representam uma das ameaças mais
perigosas à floresta. Para mudar esta história, o
IEF, em colaboração com e o Corpo de Bombeiros
Militar de Minas Gerais, dentre outros parceiros,
estabeleceu um modelo de prevenção e combate
aos incêndios florestais, que se transformou em
modelo para toda a América Latina. Denominado
Força-Tarefa/Previncêndio, o programa tem sido um
instrumento fundamental para a preservação dos
últimos remanescentes da Mata Atlântica mineira,
especialmente nos parques e no entorno das Unidades
de Conservação beneficiados pelo Promata.
O sistema tem sua base operacional em Curvelo
(centro geográfico do Estado), onde está instalado
o sistema de recepção de focos de calor via satélite
e a central do telefone (chamada gratuita) para
informes de incêndios florestais. Encontram-se aí
reunidos pessoal, equipamentos e infra-estrutura
adequados para vigilância, monitoramento e
combate. As informações sobre os riscos de
queimadas são rapidamente repassadas aos
parceiros envolvidos. De lá, as equipes podem
chegar a qualquer local do Estado em até duas
horas. Veículos adaptados para combate a
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA76 77A FlorestA eM BoAs Mãos
incêndios, duas aeronaves e quatro helicópteros,
apóiam trabalho de 300 servidores do IEF, do
Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, do
BTLPAE, e de empresas partícipes, além de dois mil
brigadistas voluntários.
O Promata apoiou este processo, com
investimentos para fortalecer as bases materiais e
a capacitação técnica do pessoal envolvido Foram
realizados treinamentos para os quadros técnicos
do Instituto envolvidos com o monitoramento e o
geoprocessamento, capacitando-os para classificar
imagens, elaborar mapas cartográficos, analisar
sensoriamento remoto, e utilizar o GPS, além de
Sistemas de Informação Geográficas (SIG).
O Projeto investiu também na implantação de um
sistema de rádio-comunicação que já interliga
13 UCs, 5 Escritórios Regionais e os 17 Núcleos
Operacionais de Floresta, Pesca e Biodiversidade.
Isso sem falar na aquisição de veículos,
equipamentos de informática e GPS, destinados
às brigadas de incêndio e à estruturação da Força-
Tarefa-Previncêndio. “Minas já é referência no
que tange a prevenção e o combate a incêndios
e a colaboração do Promata foi decisiva para
isso”, explica a coordenadora da Força-Tarefa-
Previncêndio, Cláudia Martins de Mello.
Voluntariado em ação - As brigadas de prevenção
e combate a incêndios florestais são formadas por
voluntários que querem ser parceiros na proteção
da floresta. Elas atuam como complemento
importante ao trabalho executado pelos
funcionários das unidades de conservação e do
Corpo de Bombeiros.
O Promata apoiou ainda a instalação, no Parque
Estadual do Rola Moça, do Centro de Treinamento
de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais.
O objetivo é capacitar o pessoal do IEF, do Corpo
de Bombeiros e os brigadistas, em técnicas de
prevenção, hélio-ataque e observação aérea.
Desde então, já foram formadas 78 brigadas
voluntárias de prevenção e combate a incêndios
florestais, com 2.000 brigadistas, em oito unidades
de conservação e seus entornos.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA78 79A FlorestA eM BoAs Mãos
De olho no futuro
80 ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA De olHo no FUtUro 81
em seus quatro anos de atuação, o Promata cumpriu a missão a
que se dedicou: contribuir de forma criativa para com a política
estadual de proteção, recuperação e desenvolvimento sustentável
da Mata Atlântica apoiando o IeF no seu esforço de melhoria
de gestão de suas unidades de conservação e estimulando
as parcerias e a integração com outros órgãos ambientais.
A segunda etapa do Projeto, em fase de negociação, quer
consolidar os componentes exitosos da primeira fase e ampliá-los
ainda mais, expandir a sua área de abrangência e incorporar
novas UCs, bem como promover atividades econômicas capazes
de conviver com a floresta em pé.
“Em seus quatro anos de vida, o Projeto investiu um total de R$ 50 milhões na implantação de obras de infra-
estrutura em 8 unidades de conservação; no fortalecimento da gestão de 6 UCs; no incentivo material e
financeiro para a recuperação de 6.000 hectares do bioma, no treinamento e capacitação de pessoal do IEF
e de parceiros, bem como na aquisição de equipamentos de ponta para ajudar fiscalização e controle da
exploração florestal e na redução de incêndios florestais.
“O interesse do Promata nunca foi criar uma entidade paralela. Ao contrário, o Projeto trabalhou para introduzir
ações que pudessem ser replicadas pelo IEF como um todo, até porque não tem sentido estabelecer uma política
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA82 83De olHo no FUtUro
de preservação só para a Mata Atlântica”, explica o
coordenador do Projeto, Eduardo Grossi. Em razão
disso, as metas do IEF, atingidas com a contribuição
do Promata, já fazem parte dos compromissos
do Instituto, assumidos no Projeto Estruturador
“Conservação do Cerrado e Recuperação da Mata
Atlântica” e na “Agenda Setorial Choque de Gestão”,
do Governo do Estado.
Próximos passos - Prevista para ser executada
entre 2009 e 2012, a Fase II do Promata inclui a
consolidação das ações em curso e a ampliação
da área de abrangência do Projeto, com a inclusão
de novas unidades de conservação. Para isso, estão
previstos mais 8 milhões de euros da Cooperação
Alemã, através do KfW, com nova contrapartida
do Governo de Minas em outros 7,8 milhões
de euros. O acordo, em fase de finalização, já
foi aprovado pela Comissão de Financiamentos
Externos (COFIEX) coordenada pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
“Esta é a base para que novos modelos e
mecanismos inovadores sejam promovidos para
atingir a sustentabilidade. É pensar no futuro e
ver como um projeto exitoso, como o Promata,
pode contribuir com novas idéias sustentáveis”
argumenta André Ahlert, diretor do KfW no Brasil.
Para o secretário de Meio Ambiente de Minas
Gerais, José Carlos Carvalho, esta aposta implica
em ampliar as ações do Promata no entorno das
UCs, de modo a fazer valer o sentido mais amplo
do próprio conceito de sustentabilidade. “Vamos
sair mais das UCs, pensando nelas como núcleos
de proteção à biodiversidade a partir das quais
se estrutura a gestão. E não como ilhas, como
tradicionalmente se faz”, antecipa Carvalho.
sinalizações de futuro - Ao final da sua implementação, o Promata apresentou alguns desafios a serem enfrentados durante a Fase II do Projeto:• A consolidação dos resultados obtidos na pratica diária das UCs e do IEF, assim como a
ampliação de iniciativas de inserção das unidades de conservação nos contextos locais de desenvolvimento socioeconômico.
• A sustentabilidade financeira das UCs deve ser objeto de continuados esforços para ampliar a base de recursos já assegurados, como forma de garantir o sucesso dos mecanismos de gestão implantados.
• Além da continuidade do fomento à recuperação/recomposição de áreas desmatadas ou degradadas, deve-se desenvolver esforços visando apoiar a inserção de um padrão de uso sustentável dos recursos naturais, especialmente em atividades da agropecuária, e traduzir esta dinâmica sustentável em novas cadeias de valor produtivas e economicamente viáveis.
• A articulação entre o IEF, a Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros deve ser ainda mais fortalecida com vistas à eficácia da fiscalização e do controle florestal e da prevenção e combate aos incêndios florestais.
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA84 85De olHo no FUtUro
Como surgiu a parceria entre o governo de Minas e a Alemanha?Há muito tempo desenvolvemos uma parceria
de sucesso com Minas Gerais. Sempre tivemos
contato com o Estado, através de iniciativas que
não na área ambiental. Por exemplo, um projeto
que realizamos juntos na área de eletrificação
rural. Este contato já estava estabelecido e, como
todos já sabiam que a Cooperação Financeira tem
a proteção da Mata Atlântica como enfoque, surgiu
essa nova parceria, que resultou no Promata e em
uma grande vitória de Minas e do meio ambiente.
Como avalia os resultados da primeira fase do Promata?Os resultados do Promata nos surpreenderam. Uma
das coisas mais importantes foi o fato de Minas ter
uma agenda e compromissos muito avançados e
fortes no campo da preservação ambiental. E o
Promata, tal como foi concebido, é um projeto
que facilmente se incorpora nesta política. Além
disso, ele também facilitou a identificação e o
desenvolvimento de estratégias específicas e
novos mecanismos de política de proteção de Mata
Atlântica que o Governo pensava em implementar.
Contribuiu também com a disponibilização de
recursos financeiros, humanos e instrumentos
operacionais, para apoiar e fortalecer estas
políticas públicas.
Quais seriam estes mecanismos?Entre os temas ressaltados no projeto, um dos mais
positivos foi o apoio às unidades de conservação. A
iniciativa de promover a gestão sustentável partiu
do Governo, que optou por abrir estas unidades
para a população, ao invés de conservá-las como
áreas fechadas. Significa implementar a política de
conservação da Mata Atlântica em conjunto com
a população. Para isso, é preciso infra-estrutura
pública e recursos humanos para a manutenção
das unidades. Afinal, só receber o público não
é suficiente. E foi aí que o Promata apoiou o
desenvolvimento estratégias e mecanismos que
fizeram o aspecto sustentabilidade, em seu âmbito
geral, funcionar para todos os atores envolvidos na
proteção e recuperação da floresta.
Outro ponto forte do Promata foi o envolvimento da comunidade em todo o processo. Como se deu esta integração?Na verdade foi uma preocupação conjunta do
governo de Minas, do KfW e do governo alemão.
A participação é um dos princípios fundamentais
da Cooperação Alemã em todos os projetos que
apoiamos. Estamos convencidos de que somente
com a participação da população e das entidades
públicas é possível estabelecer atividades de longo
prazo. Não é suficiente apenas financiar a aquisição
de algum equipamento ou infra-estrutura sem se
preocupar com os planos de manutenção e operação
das áreas beneficiadas e com o fator humano,
diretamente envolvido ou afetado por essas ações.
A sustentabilidade é um dos pilares mais fortes da cultura alemã. O projeto serviu para trocar experiências?A sustentabilidade é um conceito forte em tudo
que fazemos. Não apenas a sustentabilidade
ecológica, mas também a social e a econômica.
Sempre pensamos nos efeitos de nossas ações no
futuro, o que é uma lição apreendida com o próprio
desenvolvimento da nossa cultura. É um valor
que procuramos fortalecer em nossos projetos e
parcerias internacionais. E o tema do meio ambiente
também se desenvolveu bastante no Brasil nos
últimos anos. As pessoas aqui hoje sabem o que
significa sustentabilidade e como ela é importante.
entrevista André Ahlert, diretor do KfW no Brasil
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA86 87De olHo no FUtUro
As estratégias adotadas pelo IEF, com a
contribuição financeira
e apoio técnico do Promata, visando o fortalecimento das unidades de conservação
na região da Mata Atlântica, resultaram no início da modernização da administração
destas UCs, especialmente quanto à instituição de instrumentos de gestão mais
eficazes, da capacitação do pessoal envolvido e dos investimentos na estrutura de
proteção e uso público dos parques e reservas.
Os desafios que imagino deveríamos perseguir em relação a uma segunda etapa do
Promata, seriam o apoio a novas unidades unidades ainda não contempladas pelo
Projeto, bem como a contribuição para que novos instrumentos e mecanismos de
sustentabilidade financeira e administrativa das áreas protegidas sejam identificados e
implementados.
Aline tristãoDiretora de Áreas Protegidas do IEF
O IEF vem procurando desenvolver mecanismos mais eficientes
de fomento à recuperação das florestas de origem nativa do
Estado, rompendo com a tradição de práticas de exploração predatória, de modo a que
esta floresta passe a ser considerada como um componente da propriedade que possui
função ambiental e valor econômico.
O Promata apoiou o IEF neste esforço, contribuindo de forma importante para
o estabelecimento de estratégias inovadoras e mais eficientes de incentivo à
recomposição florestal.
Espera-se que uma segunda fase do Projeto venha, não apenas reforçar estas medidas,
mas também contribuir para que novas atividades ambientalmente sustentáveis e
economicamente viáveis possam ser identificadas e implementadas, o que, além de
favorecer o pequeno e médio agricultor, vai também reduzir a exploração predatória
das florestas remanescentes.
luiz Carlos Cardoso valeDiretor de Desenvolvimento e Conservação Florestal do IEF
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA88 89De olHo no FUtUro
Em acing eril utpate consectem in endrem iusci bla facidunt
et, commy nibh er aliscipis nos nit vel ut ulput adio
consenibh er sequat, volore deliquisim doloreet, sustissim vel dolore dolore venisi et irit
praessissed magna facin er sustie te et, con volore dolor iriuscidunt ulputem vel eum
essismo dolobor sed exer ip exeraesecte consequisl utatum ad et aut praesed tatinci
duisis nibh eugait, commolore feumsandiat nonse corem incin veros alisit, quis alisi.
Inis ad ercipsustrud tat alit la faccum nostie tat. Ut lam delisl do dolor illum velenim alit
augait, consequat adiam vendiamcor ipsumsan eugiam quam iure dolenis senisit veril-
laore mincil dolorem acin ut lor si.
Ommy nullamet praestrud tion essi er susciliquis nullam zzrilit, suscidunt nonsecte vel
euguer sum volortie minit wismod te veleniam, conse vel exeratet, qui elis euguero od
tat wis nim nostrud eum endit iusto euisit wis nos autpat lutatum exerilis am velenibh
etum elis eu feuguero consequate dolendit nosto consequat nos nis adipit la adipisim
velit, se dipisisisl dignisc ipsuscilis nosto dunt iure tet exer iriustrud do od estio dolorpe-
ro odolobore dolesectem iriliquat. Irilit lam er iure tio odipsuscilit num amcore te feu-
giamet lutpat, ver sed ero exerius ciduis nummy nummolore dolore magna con henit in
henit praesendiat vero odigna feuguer cillame tuerostissi.
Erat. Et, sequatuerat nullan ut ad miniamc onulput at luptat praesequi euipit la faccum
am zzriustrud ea consequi ent lore velit wis alis del ut laoreet aliquisim volor si.
nonononononnoononoDiretora de Biodiversidade do IEF
ProMAtA - ProJeto De reservAção DA MAtA AtlântICA90 91De olHo no FUtUro
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