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CRlSTIANISMO - deJe$~ aKardec, representa mais uma \'h,':Y~"',A1,obra, fruto do trabalho i'rlca:w~lli';::'um dos mais profundos COlli'11f:cce,;;rl:vt:1£da Doutrina dos Espiritos.que devera servir de or1:enita;;;;;azlJcurriculum das Escolas e Ltlrs«JzS·mediunicos tao carentes de ~'1f{a~. ~li:(;lil*
e de conteudo confiivd.
Nos doze capitulo'SAutar nos apresentauma ampla visaa sobre () C:r'i,S<d1S:':.;1;N')S111.
E a cada capitulo,de apresenta uma fart,} bZ.tl~).,;1Z:Z:1';h
sugere leituras co:mf:11e7"le;:r't.lk)1'",permitirao ao leiror. nm;'l :dl;lik,.;·:!:
possibilidade de api"OitllnC:::£:':i!f:;;';'::lconhecimentos.
Mais uma coritnl",m'~IiY'l'a;:J:lllffh$",rt;
quem ja orientou mlJllto'!t, p;ik;;r: :·.l:ti,. 7"1~";'?11
de urn aposrolado S~;ti.nlJ.
Rino Curti
"sliMisHi·liardet)
Indices para Catalogo Sistematico
Dados lnternacionais de Cataloga~ao na Publica~ao (ClP)(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Panorama
TOMO 1 - VOL. 1
(6' Ediyao Revista e Corrigida - 1998)
Prot Rino Curti(Presidente da Coliga~aoBspirita Progressista)
CDD 133.901
i. Cristianismo e Espiritismo : Doutrina espiritaKardecista 133.901
2. Espiritismo e Cristianismo : Doutrina espiritaKardecista 133.901
ISBN 85-86437-13-1
Curti, Rino, 1922-Cristianismo : de Jesus a Kardec : tomo 1, vol.
1 / Rino Curti. - - 6. ed. rev. e corr. - - Sao Paulo:Editora Panorama, 1998.
1. Cristianismo - Origem 2. Espiritismo - Estudoe ensino 3. Espiritismo - Fi1osofia 4. Espiritismo Hist6ria 5. Jesus Cristo - Interpreta~6es espiritas1. Titulo
98-0309
Escola de Educaqao Mediunica Espirita
Copyright © 1998 by PANORAMA COMUNICA<;::OESDireitos reservados. Proibida a reproduqao, mesmo parciale par qualquer processo sem autorizaqao da Editora.
Direitos Autorais desta ediqao pertencem aColigaqao Espirita ProgressistaRua Batuira, 297 - VilaN.S. das Merces .
Revisao de Ruy Cintra PaivaCapa de Sergio Amaral,A capa das ediyoes anteriores de Albertina Maiorano Coelho,inspirou a trabalho de capa desta ediyao.
Panorama Comunicaqoes Ltda.Rua Dam Jose, 17 - Vila Formosa03378-040, Sao Paulo, SPTel./Fax: (011) 6101-1165CX. Postal: 24551 - CEP : 03397-970
Impressa no Brasil- Printed in Brazil
ORRAS DO MESMO AUTOR
CURSO BASICO
Vol. 1 - Espiritismo e Reforma intimaVol. 2 - Espiritismo e Evolu,ilo
CURSO DE EDUCA<;::Ao MEDIUNICA ESPIRITA
1° Ano - Torno IVol. I - CristianismoVol. 2 - Mediunato
2° Ano - Torno IIVol. I - Dor e DestinoVol. 2 - Desenvolvimento Mediunico
3' Ano - Torno IIIVol. I - Mediunidade em A,iloVol. 2 - Mediunidade: Instrumenta,ilo da Vida
4° Ano - Torno IVVol. 1- 0 Passe (Imposi,ilo de Milos)Vol. 2 - Espiritismo e Obsessilo
CURSO DE EDUCA<;::AO EVANGELICA ESPIRITA
l' Ano - Torno IVol. I - Monoteismo e JesusVol. 2 - ...Homem Novo
2' Ano - Torno IIVol. 1 - Do Calwirio ao ConsoladorVol. 2 - Bem-Aventuran,as e Partibolas
3' Ano - Torno illVol. I - As Epistolas de Paulo e 0 Apocalipse
de Joiio (Segundo 0 Espiritismo)Vol. 2 - Espiritismo e Questiio Social
4° Ano - Tomo IVVol. 1 - Espiritismo e SexualidadeVol. 2 - Espiritismo e Liberdade
CURSOS DO DIVULGADOR E EXPOSITORESPIRITAS
l' Ano - Torno IVol. 1 - 0 Surgimento da Doutrina e 0 Estudo do
. Evangelho IVol. 2 - 0 Surgimento da Doutrina e 0 Estudo do
Evangelho II2' Ano - Torno II
Vol. 1 - Espiritismo e Religiao - 1'ParteVol. 2 - Espiritismo e Religiao - 2' Parte
(A formayao das Religioes como cienciasmorais: dos prirn6rdios ao Jimiar daEra Crista)
3' Ano - Torno IIIVol. 1 - Espiritismo e Filosofia - l' ParteVol. 2 - Espiritismo e Filosofia - 2' Parte
4' Ano - Torno IV(Em preparayao)
CENTRO DE ESTUDOS
Espiritismo e ConhecimentoEstudos de Espiritismo e de Fisica - Vol. IEspiritismo e Vida - l' e 2' Partes
3' Parte (Em elaborayao)
ESCOLA PARA A INFANCIA - (4 anos)De 7 a 11 anos
Curso em nivel e acompanhando 0 1° CicIo do 1° Grau
(Texto em preparayao)
ESCOLA PARA ADOLESCENCIA - (4 anos)
De 11 a 15 anos
Curso em nivel e acompanhando 0 2° CicIo do 10 GrauPrograma e Textos: alguns elaborados, outros indicados
ESCOLA PARA JUVENTUDE - (3 anos)
De 15 a 18 anos
Curso em nivel e acompanhando 0 2° GrauPrograma e textos: alguns elaborados, outros indicados parao 10 e 2° anos. Para 0 3° ano, em elaborayao.
Prefacio
CRISTIANISMO - de Jesus a Kardec , representa maisurna valiosa obra, fruto do trabalho de urn dos mais eruditosconhecedores da Doutrina dos Espiritos. Trata-se de urn livro que devera servir de orientayao e parte do curriculumdas Escolas e Cursos, mantidos e orientados pela ColigayaoEspirita Progressista.
A obra e dividida em doze capitulos, e 0 autor, antes deentrar no tema central, que e a abordagem de aspectos interessantes do Cristianismo, dedica os dois primeiros capitulos ao enfoque de pniticas que conduziram it implantayao domonoteismo, condiyao indispensavel para 0 advento de Jesus Cristo. AMm disso discorre sobre a mitologia, as crenyas primitivas, a epoca pre-mosaica, a forrnayao dos mitos,o trabalho dos profetas, 0 judaismo, 0 sincretismo grecojudaico, 0 Sinedrio e a vinda de Moises.
Do terceiro capitulo em diante, ele entra no tema principal, qual sej a 0 de elucidar os fatos que se sucederam aoadvento do instituidor do Cristianismo, ate 0 curnprimento
de sua promessa sobre a vinda do Espirito de Verdade,consubstanciado no aparecimento da Terceira Revelayao,atraves da Codificayao Kardeciana.
o Cristianismo sofreu varias mutayoes no decorrer dosseculos. Tudo aquilo que 0 Mestre ensinou aos seus apostolos e as multidoes, nas margens do Tiberiades, nos montes enas cidades, sofreu 0 impacto de interesses de grupos ou depessoas, originando verdadeira degenerescencia naquilo queconstitui os seus fundamentos.
Jesus Cristo nada escreveu. Dois de seus apostolos Mateus e Joao - escreveram Evangelhos. Outros dois Evangelhos surgiram grayas ao esforyo de dois discipulos de Paulode Tarso - Marcos e Lucas. Alguns dos apostolos escreveram Epistolas - Pedro, Joao, Tiago Menor e Judas Tadeu.Paulo de Tarso nos legou urn manancial de Epistolas querepresenta verdadeira consolidayao das ideias libertadorasapregoadas pelo Meigo Rabi da Galileia, entretanto, apesardisso tudo os repositorios que serviram de base para a Historia do Cristianismo, nao sao abundantes. Por isso, podemos afirrnar que 0 autor de Cristianismo - de Jesus a Kardecfoi de urna felicidade incomparavel, ao nos transmitir suamensagem, que representa precioso contributo a todos quedesejam conhecer urn pouco mais sobre a historia da doutrina crista nos dezenove seculos que se sucederam apos a sua
revelayao.
Os reformadores que surgiram no cenitrio do mundo,no decorrer desses dezenove seculos, nao alcanyaram 0 proposito de despojar os ensinos de Jesus dos agregados exteriores que Ihe foram incorporados. Por sua vez, os arautos dosCeus, que tambem vieram ao mundo nesse periodo, nao encontraram nos coracoes dos homens 0 ambiente adequado
PAULO ALVES GODOY
para a implantayao de preceitos verdadeiramente aliceryadossobre a base angular que 0 Mestre veio trazer. Em outraspalavras, 0 terreno nao estava propicio para receber as sementes que 0 Mundo Maior ambicionava fazer germinar naTerra.
Em face da obstinayao dos homens e da relutancia dasreligioes em aceitarem as verdades novas que vinham dosCeus, Deus, em sua infinita misericordia fez com que secumprisse 0 vaticinio e promessa de Jesus sobre 0 adventodo Consolador, tendo para isso propiciado 0 advento da figura singular de Allan Kardec, 0 qual, com criterio rigorosoe analise fria, conseguiu codificar 0 Espiritismo, legando aoshomens urn mahancial de novos ensinos, que na verdaderepresentam apenas a restaurayao de tudo aquilo que Jesusnos legou.
o autor deixa bern claro que, tendo surgido sob a egidedo Espirito de Verdade, a Doutrina dos Espiritos representaurn rasgo de luz, que fara com que 0 fantasma tenebroso domaterialismo deleterio seja, de uma vez para sempre, banido das plagas terrenas,
Esta nova obra representa, pois, mais urnavaliosa contribuiyao no sentido de atualizar 0 curriculum das Escolas eCursos mediUnicos, renovayao que se fazia sentir ha muitosanos.
11Cristianisl110 (De Jesus a Kardec)Rino Curti10
Explica~ao
Com este volume, iniciamos a serie de textos que constituem 0 Curso da Escola DE EDUCACAo MEDIUNICAESPIRITA.
Pressupoe 0 Curso Basico. Ele arranca a partir do pontoem que aquele termina, conseqiiencia natural da unidadedoutrinaria que se impoe para todos os Cursos.
o conteudo deste volume diz respeito ao Cristianismodesde suas origens e fundamentos fincados no Judaismo, ateo aparecimento do Espiritismo, em nossos dias: 0
Monoteismo, 0 Messianismo, Jesus e sua Revela<;ao, a forma<;ao dos dogmas, os acontecimentos que fizeram e acompanharam 0 desenvolvimento da Igreja, como institui<;ao; 0
Espiritismo como um dos frutos resultantes da renova<;ao detodo 0 conhecimento, renova<;ao iniciada pela Fisica.
o assunto e tratado sucintamente, na medida dos objetivos desta Escola Espirita, cuja finalidade precipua e darforma<;ao doutrinario-evangelica ao medium; dispoe-se proporcionar-Ihe conhecimento e orienta<;ao, para que ele, defi-
o AUTOR
nidos os mmos de sua missao, possa caminhar com seguranya na rota do seu apostolado.
Como todo curso, ele se condiciona ao nivel de exposiyaO e ao tempo de que dispoe, para divulgar uma Iiteraturaja de per si por demais extensa e que Ihe exige urn criterio deescolha.
Embora buscando divisar 0 fundamental, temos a certeza de que este criterio nao e 0 iinico. Por isto aceitamossugestoes, ou indicayoes de colaborayao efetiva, para 0 aperfeiyoamento de mais este seu trabalho didiitico.
]4 Rino Curti
Judice
PREFAcIO 9EXPLICA<;:A.O............................................. 13fNDICE 15
CAPITULO Io monotefsmo e as Leis Naturais
1.1 - Introduyao _... 231.2 - Crenyas primitivas 25].3 - A mitologia.................................................... 27] .4 - A religiao como ciencia moral
de aperfeiyoamento 29].5 - 0 conhecimento entre os gregos 3]A- Bibliografia 34B- Leituras complementares.................................. 34c- Perguntas 34D- Pn\tica de renovayao intima 35E- Recomendayoes para a aula 35
16 Rino Curli
CAPITULO 2Judaismo primitivo
2.1 - Introduyao _ _.., __ . 372.2 - A epoca pre-mosaica 382.3 - A forma<;ao dos mitos 402.4 - Os profetas 412.5 - 0 Judaismo 422.6 - A Sinagoga e 0 sincretismo greco-judaico 432.7 - 0 Sinedrio 442.8 - As seitas 442.9 - 0 Messias 45A- Bibliografia 46B- Leituras complementares 47c- Perguntas 47D- Pnitica de renova<;ao intima :............ 47E- Recomenda<;6es para a aula.............................. 48
CAPITULO 3Jesns e a fidelidade a Dens
3.1 -Introdu<;ao 493.2 - Nascimento e corpo de Jesus 503.3 - A vida de Jesus 513.4 - A infancia de Jesus 533.5 - Joao Batista e 0 batismo 543.6 - Os milagres 563.7 - 0 reino de Deus 573.8 - Primeiro mandamento - fidelidade a Deus 60A- Bibliografia 63B- Leituras complementares 63C- Perguntas . 63D- Pratica de renova<;ao intima 64E - Recomenda<;6es para a aula 64
Crislianisl710 (De Jesus a Kardec)
CAPITULO 4Fe, amor, perdlio e remincia
4.1 -Afe 654.2 - 0 reino de Deus: realiza<;ao no cora<;ao 664.3 - 0 poder da fe 684.4 - A idade do Espirito 694.5 - Esquecimento e perdao 704.6 - Os mais aptos para a
edifica<;ao do reino de Deus 724.7 - Renuncia 74A- Bibliografia 75B- Leituras complementares 75c- Perguntas 76D- Pratica de renova<;ao intima 76E- Recomenda<;6es para a anla.............................. 76
CAPITULO 5Pedi e obtereis
5.1 - Justi<;a divina 795.2 - Reencarna<;ao 825.3 - Proselitismo 835.4 - Divergencias religiosas 845.5 - 0 comungar com Deus 865.6 - 0 valor da prece 88A- Bibliografia 90B- Leituras complementares.................................. 90C - Perguntas . 91D- Pratica de renova<;ao intima.. 91E- Recomenda<;6es para a aula 91
17
18 Rino Curti
CAPITULO 6InvigiHincia
6.1 - Elevayao e queda 936.2 - Riquezas 976.3 - Judas Iscariotes 986.4 - A Pascoa judaica 996.5 - 0 maior de todos no reino dos Ceus 1006.6 - A negayao de Pedro 1016.7 - 0 abandono de ultima hora 1036.8 - 0 testemunho da fe 103A- Bibliografia 105B- Leituras complementares 105C- Perguntas 105D- Pratica de renovayao Intima ..............•........... ,.. 106E- Recomendayoes para a aula 106
CAPITULO?A patrfstica
7.1 - 0 destino de Roma 1077.2 - 0 Inicio da Era Crista 1097.3 - 0 sincretismo filos6fico-religioso 1127.4 - Opapado 1157.5 - A formayao dos dogmas 116A- Bibliografia 117B- Leituras complementares 117C- Perguntas 117D- Pratica de renovayao Intima 118E- Recomendayoes para a aula 118
Cristianismo (De Jesus a Kardec)
CAPITULO 8A Idade Media
8.1 - Agostinho 1198.2 - 0 fim da patristica 1218.3 - 0 Islamismo 1228.4 - 0 nascimento da Escolastica 1238.5 - 0 feudalismo 1248.6 - Novo processo de restaurayao 1258.7 - As cruzadas 1278.8 - As primeiras unlversidades 1278.9 - 0 fim: da Idade Media 129A- Bibliografia 130B- Leituras complementares 130C- Perguntas 130D- Pratica de renovayao Intima 131E - Recomendayoes para a aula 131
CAPITULO 9A retomada do desenvolvimento
9.1 - Movimentos reformadores 1339.2 - A contra-reforma 1369.3 - A nova ciencia e a nova filosofia 1389.4 - A queda do absolutismo 1399.5 - Napoleao : 1419.6 - 0 evolucionismo 1429.7 - Allan Kardec 142A- Bibllografia 144B- Leituras complementares 144C- Perguntas 144D- Pratica de renovayao intima 145E- Recornendayoes para a aula 145
19
20 Rino Curti
CAPITULO 10Grandes transil;oes
10.1 -0 Espiritismo 14710.2 - 0 Espiritismo como Ciencia , 14910J - 0 Espiritismo e evolutivo 151lOA - 0 principio material : 153A- Bibliografia 155B- Leituras complementares 155C- Perguntas 156D- Pratica de renovayao intima 156E- Recomendayoes paraaaula 156
CAPITULO 11Materia e flnidos
11.1 - A teoria at6mica 15711.2 - Os diversos fluidos 15911.3 - Materia mental 1601104 -A aura ······················· 16111.5 - Somos avaliados pela aura 163A- Bibliografia 166B- Leituras complementares 166C- Perguntas 167D- Pratica de renovayao intima 167
E - Recomendayoes para a aula 168
CAPITULO 12Atenl;ao e concentral;ao
12.1 - A atenyao ········· 16912.2 - Fatores de que depende a atenyao 171
Cristianismo (De Jesus a Kardec)
12.3 - A concentrayao 1731204 - Condiyoes para a concentrayao 174
Decalogo para mediuns , 177A- Bibliografia 181B- Leituras complementares 181C- Perguntas 181D- Pratica de renoval;ao intima 182E - Recomendayoes para a aula 182
A vida de Allan Kardec 183
21
CAPITULO 1
o MONOTEISMO E AS LEIS NATURAlS
1.1 - Introdu~ao
Segundo Andre Luiz, e como foi estudado em (l), 0
que caracteriza 0 ser, na fase humana, e a aquisiyao da palavra, do pensamento continuo, da razao, e da liberdade deescolha.
Com 0 pensamento continuo, a criatura, pela mente,absorve fluido c6smico, num processo vitalista, semelhanteao da respirayao, associado a varios fenomenos:
10_ 0 Espirito, pela sensibilidade (sensorial e extra
sensorial), capta estimulos que despertam outros afins, denossa bagagem espiritual. Juntos sao transfonnados em imagens, em ideias, constituindo a INTurc;:Ao - a resposta imediata aos estimulos.
2° - Pelas ideias, 0 Espirito manifesta suas foryas, queimprime no fluido c6smico, excitando-o, tornando-o radi-
ante, isto e, fonte de radiayoes transportadoras de foryas produtoras de efeitos.
3° - As radiayoes que emitimos, ao atingir outras mentes afins e sintonizadas, constituem estimulos geradores deintuiyoes, de ideias semelhantes, as diferenyas residindo nabagagem de cada um, distinta, como sao as impressoes digitais. Eo fen6meno da INDu<;:AO MENTAL.
Por ela as mentes se comunicam, influenciando-se mutuamente, permutando valores, naquilo que denominamosde ASSOCIA<;:Ao DE IDEIAS.
4° - Simultaneamente, a mente, pela reflexao, combina ideias, que permuta incessantemente, elaborando variasalternativas de ayao. E a COMBINA<;:Ao DE IDEIAS.
Pela vontade, 0 Espirito se decide por uma alternativaque, pela vontade, poe em ayao - um ato voluntario proprio,com liberdade de escolha, 0 que <) torna responsave!.
5° - A ayao gera influencias, que 0 Espirito detecta.Desde que resultem incompativeis com as leis que nos governam, elas se refletem no Espirito, pelo pesar do insucesso,o arrependimento, 0 remorso, a dor, 0 sofrimento, que 0 obrigam a refl<;tir, a renovar experiencias, a tentar 0 acerto.
Simultaneamente,o fluido cosmico excitado pelas nossas ideias, denominado agora MATERIA MENTAL, se espraia por nossa organizayao fisiopsicossomatica, regendo-a.
Pelo teor das foryas de que se reveste, produz-se-lheequilibrio ou desequilibrio.
Nossos pensamentos, veiculadores das foryas do Espirito que nos anima, tornam-se as causas remotas de nossobem-estar fisico e menta!.
1.2 - Crenyas primitivas
25Cristianismo (De Jesus a Kardec)
6° - A materia mental escoa-se de nos e, Tepleta deinfluencias, aglutina-se com outras afins, criando os solosdo Plano Espiritual, 0 meio que nos acolheni, ao nele voltar,por afinidade.
E pelo cultivo de ideias progressivamente mais elevadas, pelo estudo e pela pnitica do bem, que a mente atua nocorpo espiritual renovando-o, renovayao esta que se refleteno veiculo fisico e faz com que ele, gradativamente, se acomode a novos habitos.
E por este processo que 0 Plano Superior conduz 0 homem no seu desenvolvimento, sugerindo-lhe, dosada e progressivamente, ideias renovadoras que 0 orientam e Ihe infundem novos valores.
E pela INTUI<;:Ao, em contato com os desencarnadosque tem a seu cargo conduzi-lo, que ele assimila os principios germinativos da Religiao, da Ciencia, da Virtude, da Educayao, da Industria, da Arte, pelas quais se engrandece paulatina e progressivamente, em aptidoes e virtudes, em funyao do esforyo que, nisso, voluntariamente, ele emprega.
Na fase humana, para 0 ser inicia-se tambem a vida espiritual, no que se Ihe estabelecem, como primeiras nOyoesintuitivas, as de sobrevivencia, de vida apos a morte, deMetempsicose.
As impressoes que 0 primitivo guarda, da vida espirituai, 0 contato que mantem com os desencarnados que 0 guiam, notadamente durante 0 sono, fazem-no criar uma serie
Rino Curti24
As primeiras formas de conhecimento resultam das experiencias que a vida oferece. Aprende-se por pratica, melhor diriamos. Pela sensibilidade captam-se estimulos quesao transformados em ideias, as quais se associam as afinsque ja se possui, 0 resultado constituindo a INTUIyAO. Pe1areflexao estabelece-se comunicayao com outras mentes, nofenomeno da INDUyAO MENTAL, e a absoryao de maisideias e valores, 0 todo submetido a elaborayao de variasalternativas de comportamento, das quais, pela vontade, saotransformadas em ayao as que se tornaram objeto de nossa
escolha.
Epela repetiyao que 0 pensar se adequa, progressiva-
de concepyoes, pr6prias das mentes em fase inicial de desenvolvimento. A vida infantil e, em termos de estrutura, areconstituiyao do desenvolvimento das estruturas mentais,desde as primeiras reencarnayoes ate 0 estagio atual,semelhantemente a gestayao que e a reconstituiyao das fasesque 0 corpo atravessou desde a celula ate 0 organismo hu
mano.
As explicayoes dos fatos, dos fenomenos que 0 primitivo se faz, sao todas elaboradas em termos de pessoas e entidades. Acredita ele que, na morte; a alma sobrevive aocorpo, adquire poderes sobrenaturais e os exerce a seu belprazer e vontade, na produyao das ocorrencias, cuj a razao
de ser desconhece.
Toda magia e feitiyaria fundamentam-se nisso.
Os mortos sao tidos quais as vontades ocultas que, atuando livremente, podem agir contra ou a favor dos homens,dependendo do relacionamento que estes possam manter com
eles.
1.3 - A mitologia
27Cristianismo (De Jesus a Kardec)
mente, a realidade, por aproximayoes sucessivas, pelo processo que denominamos TENTATIVA E ERRO. Uma vezatingida a adequayao, 0 comportamento e automatizado liberando a mente para novo aprendizado ([1], Cap. IV).
A passagem, pela terra, de homens que s~ destacam dos .outros por deixarein progresso e orientayao, da origem aconceps:ao de que, ap6s a morte, suas almas adquirirao maiores poderes que os outros. A posse desses poderes maioresdenomina-se DlVINDADE ([2], CAP. II, N° 17); aos seuspossuidores cognomina-se DEUSES e, gradativamente, termina-se por dirigir-Ihes os cultos e rituais, com quase exclusividade.
Ea passagem das CRENyAS primitivas ao Politeismo,como descrito em ([1], Cap.7).
o crescer do conhecimento da vida, pela experiencia eatividades, aumenta os poderes da mente pelos quais revelase que, certos aspectos do saber podem ser construidos pelosimples pensar, de forma abstrata, sem apoio em formas concretas. Por exemplo, inicia-se a contar com 0 auxilio dosdedos ou de objetos, para depois descobrir que 0 mesmopode ser efetuado mentalmente.
A ATIVIDADE pRA.TICA, que predomina inicialmenteno desenvolvimento do conhecimento, comeya a ceder terreno a uma ATIVIDADE TEORICA que pouco a pouco seinstaura e desenvolve. A partir disso, passa-se a conceber osfen6menos nao mais como ayoes diretas dos deuses, mas
Rino Curti/6
devido as influencias dos dramas por e1es viyidos, suas consequencias, descritas nos MITOS ou MlSTERIOS.
As descricl)es miticas tomam-se verdadeiras explicacoes dos fen6~enos, um pretenso saber que passa a ser de
~ominado de MlTOLOG1A.
Por exemplo: a formayao do vinho e explicada pelo Mitode Baco, no qual se diz que ele e filho de Zeus e da mortalSemele. 1sto gera a ayao do sol sobre a terra, prod~zmdo auva. Hera, esposa de Zeus, enciumada, quer destrmr Baco.Zeus, para salva-lo, 0 esconde sob uma coxa para, a segmr,oculta-lo em uma gruta, 0 que corresponde ao esmagament?da uva. Na Gruta, Baco esta a salvo - revive; 0 que e relacl
onado a uva renascida em forma de vinho ..
A esta concepyao dos deuses, a agirem como homens,mas com poderes sobrenaturais, denomma-se. deANTROPOMORF1SMO, permanecendo 0 nome de MltOlogia para a explicayao dos fatos pelos mitos.
E a fase humana da 1nteligencia Pre-Operacional Sim
b61ica.Com 0 aparecimento da 1nteligencia Pre-Operacional
1ntuitiva e a partir da Mitologia que desponta,gradativ~ente,aquela atividade te6rica que, aos poucos,intenta explicar os acontecimentos em termoS de causa e efelto, induzindo, na atividade pratica, meios para melhorar 0
VlVer.E nesta fase que se formam as primeiras grand~s Reli
gioes e as primeiras grandes civilizayoes, prenunClando 0
despertar do raciocinio 16gico.
Da mesma maneira que as atividades prMicas se subordinam a deterrninadas regras de execuyao, cujo acervo constitui a TECN1CA, analogamente a atividade te6rica devesubordinar-se a determinadas normas de pensar. Para construir 0 conhecimento, pela reflexao, hi que obedecer tambem a certos principios, certas leis,. cuja totalidade e 0 quese denomina de METODO.
Disto surge a distinyao entre OPIN1AO e SABER. Aprimeira constitui aquele saber construido sem METODO:sem valor, portanto; 0 segundo e 0 obtido com METODO e,consequentemente, e 0 unico v;ilido.
Eo aparecimento da "lnteligencia das Opera9i5es lntelectuais Concretas".
Quem estabeleceu a distinyao e a nOyao de Saber nestestermos, foram os gregos, pela Filosofia, na elaborayao daL6gica e da Teoria do Conhecimento.
Pela Geometria descobrem que certos aspectos do saber podem ser obtidos simplesmente pela deduyao, a partirde conceitos primitivos e de afirrn';woes intuitivas, sem quese necessite recorrer, depois, it observayao e a experiencia,com resultados que se ajustam a coisas reais, e que explicamfatos do mundo fisico, com amplo sucesso.
Entenderam, com isso, que este procedimento poderiaser adotado em todos os ramos do conhecimento; e, enveredando por esse caminho, com esse procedimento, buscaramexplicar todos os acontecimentos, 0 mundo, sua origem, suas
29Cristianismo (De Jesus a Kardec)
1.4 - A religiao comO cienda moral deaperfei<;oamento
Rino Curti28
causas, sua finalidade.
Nas construyoes te6ricas, revela-se 0 poder sintetizadorda mente, cuja tendencia e classificar, sistematizar, unificar_ reduzir as diferentes concepyoes explicativas dos fen6menos. dos homens, dos Espiritos, dos Deuses, da Natureza, a~a linica concepyao do mundo e das coisas, 0 que da
nascimento aFilosofia, com esse mister.
Esse poder sintetizador revela-se tarnbem nas atividades prMicas: no artesanato, no comercio, nas artes, na in-
dustria...
Gradualmente revela-se que os fatos sao govemadosmuito mais por LEIS NATURAlS, das quais 0 homem deveassenhorear-se, do que pela vontade de entidades ocultas; e,no que se relaciona avida individual e social, muito maisque os rituais valem: a prMica da bondade, da retidao, dasinceridade, da operosidade, do desprendimento, do desenvolvimento de aptidoes e virtudes, do arnor, enfim. E que osmales se assentarn muito mais na pratica dos vicios, na ignorancia, na injustiya, na callinia, na difarnayao, no raubo,
no desrespeito.
As pr6prias CREN<;:AS, na elaborayao de suas interpretayoes sobre as escrituras, nao podem mais proceder semMETODO, sem 0 usa da razao segundo as leIs que a regem;transformarn-se, por isso, em sincretismos, em sistemas emque Filosofia e Religiao se compatibilizarn, se entrosarn, se
fundem.Nas concepyoes sintetizadoras, elaboradas pelas filo
sofias associadas a cada crenya, as pr6prias nOyoes sobre 0
principio da vida, tendem a unificar-se, de modo a faze.-lopensar assentado em nma causa primordial- um Deus umco
1.5 - 0 conhecimento entre os gregos
o conhecimento intuitivo caracteriza-se essencialmente pelo aclunulo e registra de dados e resultados. E preoperacional; isto e, efetua-se sem a aplicayao das operayoes16gicas.
o conhecimento racional, que comeya a surgir com 0
descobrimento e a aplicayao da L6gica, caracteriza-se pelaclassificOl;50, slstematlzar;50 e metodlzar;50 do conhecimento intuitivo e de seu desenvolvimento.
Cabe aos fil6sofos gregos, principalmente a S6crates,Platao e Arist6teles, inicia-lo no Dogmatismo, nma forma
31Cristian/smo (De Jesus a Kardec)
- 0 principio das Causas e do Bem, a govemar 0 mundo porLeis: as LEIS NATURAlS.
E com a vinda dos c;apelinos ([1], Cap. 11) que 0 progresso se faz acelerado. E por sua influencia que, na IndiaVedica, na China, no antigo Egito,
"...a Religi50 assume aspecto enobrecldocomo Cii!ncla moral de APERFEIC;OAMENTOpara mals alta ascens50 da mente humana a consclencla c6~mlca ... ". ([4], Cap. XX).
E com 0 Bramanismo, 0 Budismo, 0 Masdeismo, 0
Confucionismo, que a ideia moral se desenvolve rumo aconcepyao de um Deus unico, que neles comeca acorporificar-se, para instaurar-se definitivamente no JUdaismo,junto alei moral explicitada nos Dez Mandamentos - APRlMElRA REVELA<;:AO ([1] ), Cap. 11).
Rino Curti30
Racionalismo: 0 racionalismo Cientifico, no qual Dogmatlsmo e Empirismo se fundem, com sucesso.
No que se relaciona as religioes ocidentais, cabe ao Judaismo estabelecer-Ihes os fundamentos. Nele, fixa-se primelro a nOyao de urn Deus unico a governar acima da atuayao dos Espiritos, com Moises que estabelece, com os DezMandamentos, a Lei Moral.
Eo que se denomina de Primeira Revelayao, entendendo-se, com isso, a primeira manifestayao de que, nas religi5es, passa-se a entender existir, acima de todas as vontades,uma Vontade Superior, a governar por Leis que, no relacionarnento entre os homens, sao constituidas pelas Leis Morais, as principais codificadas nos Dez Mandarnentos, demaneira equanime e corn infinito senso de justiya.
Com Jesus as concepyoes se arnpliam. Ele revela queDeus governa por Leis sim, mas nao somente com Justica·porem, acima de tudo, corn arnoT. E, a necessidade de obe~decer aos Dez Mandamentos, acrescenta a imperiosidade decultivar a humildade, a caridade, 0 arnor ao pr6ximo, 0 perdao, a mansuetude... ; enfim, a pnitica das virtudes expressasnas Bem-Aventuranyas.
Deixa urn novo Mandamento, "0 de que nos amemoscomoEle nos amou".
E a assim denominada SEGUNDA REVELA<;:AO.
Em Roma, pela sua religiao ainda politeista, desenvolveu-se apenas forte sentimento de devoyao limitadarnenteao culto domestico, no que instituiu-se a farnilia romana, eda qual nasceu 0 Direito, base regularnentadora das relac5eshurnanas. >
Rino Curti
que haveria de predominar ate quase nossos dias, e cuja essencia e a crenya de que se pode alcanyar a verdade em sentido absoluto, exclusivarnente com a utilizayao da razao, doraciocinio 16gico, independentemente da observayao e daexperiencia, a partir de observayoes as mais simples e comuns a todos.
o que os levou a crer nisto foi 0 sucesso alcanyado pelas matem<iticas, construidas desta forma e com este metodo, fazendo com que elas se tornassem 0 modelo de todas asciencias e de qualquer construyao de conhecimento, por muito tempo.
S6 bern mais tarde, no seculo XVI, esta concepyao passaria a ser totalmente modificada Enquanto isso, entretanto, as ciencias permanecerarn estacionadas, mantendo-se simples ramos da Filosofia, dirigidos a particulares aspectos darealidade.
Enfim, com os gregos, inicia-se 0 emprego das operayoes 16gicas na formayao do conhecimento, em pleno est<igio hurnano da Inteligencia das Operayoes Intelectuais Concretas.
Sao eles os iniciadores do Racionalismo, cujo metodo,a partir da Maieutica Socr<itica, da Dialetica Platonica, lheacompanha 0 desenvolvimento:
no Cartesianismo, primeiro;
no despontar da L6gica Formal,com Leibnitz, depois,urn marco no aparecimento da Inteligencia das OperayoesInte1ectuais Formais da Humanidade;
no metoda teorico-experimental de nossos dias, finalmente - 0 metodo cientifico -, na atual forma de
Cristianismo (De Jesus a Kardec) 33
C - Perguntas1 _ Como 0 Plano Superior conduz 0 homem, no
seu desenvolvimento?
A - Bibliografia[1] Rino Curti - Espiritismo e EvolUl;iio[2] Allan Kardec - A Genese[3] Emmanuel - A Caminho da Luz[4] Andre Luiz - Evolur;iio em Dois Mundos
B - Leituras complementares
As dos capitulos citados no texto, e mais:Abril Cultural - MitologioAllan Kardec - Introduyao de 0 Evongelho Se-
gundo 0 Espiritismo
35Cristionismo (De Jesus 0 Kordec)
D - Pratica de renoval;ao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em prMica 0 cap. 35.
2 - Como se apresentam as explicayoes dos fatosentre os primitivos?
3 - Defina a Divindade.4 - 0 que sao mitos? 0 que e Mitologia?5 - Qual a distinyao entre Opiniao e Saber?6 - Como se inicia a ideia monoteista?7 - 0 que se entende por dogmatismo?8 - 0 que se entende por limiar da maioridade ter
restre?. ·9 - Em que especie de sincretismo se transformam
o Judaismo e 0 Cristianismo, ap6s Jesus?
E - Recomendal;oes para a aula
A aula e uma reuniao espiritual na qual os alunos, alemde se ilustrarem, recebem o"otendimento do Plano EspirituaI, para 0 reequilibrio de suas emoyoes e 0 desfazimento deinfluencias indesejaveis. Neste sentido, devem atentar paraas recomendayoes de Andre Luiz"no livro Desobsessiio,Cap. I, para 0 dia da reuniao, que aqui resnmimos:
1 - cultivar atitude mental diana desde cedo''=' , ,
2 - elevar 0 nivel do pensamento, seja orando ouacolhendo ideias de natureza superior;
3 - sustentar intenyoes e palavras puras, atitudese ayoes limpas;
4 - evitar rusgas e discussoes sustentando paciencia e serenidade.
Rino Curti34
Ciencia e Filosofia Grega, Familia Romana eMonoteismo Judaico, marcam 0 limiar da maioridade terrestre, 0 momento aprazado pelo Plano Superior para a vinda do Evangelho, no sentido, inclusive, de consolidar-Ihesas conquistas ([3],Cap.XI). Com elas formam-se sincretismospelos quais as crenyas se transformam em sistemas de conhecimento edificados com 0 Dogmatismo, 0 metodo ja con-
sagrado.
Judaismo e Cristianismo ja nao sao nm aglomerado deaeneas fundamentadas em suas revelayoes. Constituem-se,pore~, em formas sincreticas, nm todo indissoluvel,.~corpo sistematizado de doutrina que e Filosofia e Rehgtao.
CAPITULO 2
JUDAlSMO PRIMITIVO
2.1 - Introdu~ao
Judeus e Cristaos tern por livro sagrado a Biblia, composta de: "0 Antigo Testamento, 0 texto do Judaismo ", e de"0 Novo Testamento", 0 adendo cristao. Por ambos, ela etida como a repositorio da palavra de Deus, a comunicayaodireta de Deus para com os homens.
Para a critica historica a Bibliq e obra humana, com acontribuiyao de varias escolas, diferentes autorias, feitas emepocas diversas. Para 0 Espiritismo e repositorio de sucessivas revelayoes mediunicas, portadoras da Orientayao Superior, que Ihe estruturam, evolutivamente,' os fundamentosreligiosos e morais, entretecidas de narrativas, interpretayoese inferencias humanas, 0 que alias acontece com todas asreligioes e 0 proprio Espiritismo ([1], Cap. I). (vide Nota I,no fim do capitulo).
2.2 - A epoca pre-mosaica
Mesmo em relayao ao Decalogo diz Emmanuel em ([3],
n° 269):
_"E inconcebivel que 0 grande missionario dos judeus e da humanidade pudesse ouvir 0
Espirito de Deus... a Lei... foi-Ihe ditada pelos
emissarios de Jesus".
Ea epoca em que os hebreus eram nomades, divididosem tribos e clas. Havia Animismo, sucessor de urn antenorTotemismo, com a crenya nos Espiritos, magia, culto dosancestrais, ritos de purificayao, danyas, sacrificios e festas.
Eneste periodo que a Religiao de Israel se inicia.
Narra a Biblia que Deus elegeu Abraao, a quem incurnbiu de conduzir seu grupo a tomar posse de Canaa, antigaPalestina e com 0 qual firmou urn pacto de alianya. Jaco,urn de se~s descendentes, instaura-se no Egito apos um deseus fllhos, Jose, ter-se tornado primeiro ministro. Seculosmais tarde, 0 Fara6 desencadeia persegui((ao e ordena 0 ex-
39Cristianismo (De Jesus a Kardec)
Conta a Biblia que, antes da fuga, 0 Anjo da morte passa pOl' sobre as casas dos israelitas, indo ferir de morte osprimogenitos dos egipcios. Pragas, a passagem pelo MarVermelho, a submersao de carros e soldados egipcios, queperseguiam os fugitivos, sucedem-se ate Ii chegada dos judeus ao Sinai.
No monte, Moises recebe de Deus a Lei - 0 Decaloaob ,
"base de todo direito no mundo, sustentaculo de todos os eodigos dajustir;a terrestre" ([3J,nO 268). (Ver a versao do Deedlogo dada porKardee em ([4], Cap. 1").
Neste momento, 0 eloim do Sina:l e identificado com 0
Deus de Abraao. Moises unifica as tribos nurn povo; fa-losadotar lave como Deus unico, adoyao esta pela qual 0 povoa Ele se une nurn pacta de Alianya, constituindo uma nayaoreligiao. Em conseqiiencia proibe que se interroguem osmortos ([3], nO 274).
A Pascoa (passagem em hebraico), antiquissima festaisraelita, passa a comemorar a libertayao israelita do Egito,salvayao divina do povo eleito, 0 nascimento da nayao judaica, num pacta das tribos com 0 Deus unico.
lave e urn Deus nacional, entendido de formaantropomorfica. Protege e sustenta seu povo, participando
terminio de todos os primogenitos dos Israelitas.
Cabe a Moises, como novo escolhido, salvar seu povoe conduzi-Io ao pais de Canaa - a terra prometida.
Diz Emmanuel ([2], Cap. VII):
"... que 0 Antigo Testamento Ii umrepositorio de conhecimentos secretos dos iniciados do povojudeu... no conjunto umpoema de eternas claridades... a par do Evangelho, esta 0 VelhoTestamento tocado de claroes imortais para a visao espiritual de todos os corar;oes ".
Rino Curti38
2.3 - A formayao dos mitos
de suas lutas, s6 nao 0 fazendo quando ofendido. Rege anomeayao do rei, dos sacerdotes ou de pessoas a cargos importantes que, por isto, se tornam ungidos de lave - os esco-
Ihidos.
No seculo VII a.c., Salomao constroi 0 Templo, emJerusalem, que se torna 0 centro da religiao nacionaL
Adao e Eva sao induzidos adesobediencia pela serpente, °que se constitui no maior pe~ado - °pecado.~riginal.lsto Ihes provoca a expulsao do Eden e uma sequencia dedesventuras. Entre seus descendentes, instaura-se a depraVayaO que Deus pune com 0 diluvio, para a preservayao dapureza moral e da obediencia. Salva Noe e sua familia, esta
belecendo, com eles, nova Alianya.
41Cristianismo (De Jesus a Kardec)
2.4 - Os profetas
Outro fato condenado por Deus, e a construyao da torrede Babel, cujo cume deveria alcanyar os ceus (Biblia: Gen.Cap 11 :4). Deus confunde a linguagem dos homens e dispersa-os.
Trata-se de temas miticos ja existentes, mas refundidose reinterpretados pela nova visao religiosa de Israel, que ostorna moddo para toda a humanidade ([6], Cap. VII).
Moises morre antes que seu grupo adentrasse, em 1200a.c., nas terras de Canaa, onde defrontou-se com a ReligiaoCananeia forrnando, com ela, sincretismo religioso. AdotaIhe 0 sistema ritual, os sitios sagrados, os santuarios, a organizayao sacerdotaL
Em 1020 a.c., consagra Saul como primeiro rei, seguido por Davi. Este da nome adinastia e a realeza passa a serinterpretada como NOVA ALIAN<;:A.
Salomao, filho de Davi, constr6i 0 Templo, tomando-oo santuario nacionaL
Com a morte de Salomao, °reino divide-se em dois:Israel, ao norte; Juda, ao suI, onde estava situado 0 Templo.
Ea partir do seculo IX a.C., que se inicia 0 movimentoprofetico ([7], Cap. IX).
Elias insurge-se contra 0 sincretismo. Amos e enviadoapregayao moral, contra as injustiyas sociais e a infidelidade religiosa. Oseias prega contra as pr<iticas sacrificat6rias,
Rino Curti
Ea partir do seculo VIII a.C., que lave comeya a serconsiderado 0 linico e verdadeiro Deus para toda a humanidade. Do seculo X ao seculo VII a.C. sao elaborados os mitos da criacao do mundo, do homem, etc....
A Lei passa a ser constituida pelo Pentateuco, os cincolivros: Genese, Exodo, Numeros, Levitico e Deuteron6mio,atribuidos a Moises, fato contestado pela critica hist6rica,que aponta duas narrativas diferentes: na primeira, Deus criao Ceu e a Terra, a partir do nada, em seis dias; na segunda(Biblia: Gen. Cap. II), Deus fertiliza um deserto, modela Adaocom 0 barro, assopra-lhe a vida e, de uma sua costela, cna
Eva.
40
2.5 - 0 Judaismo
No seculo VI a.C., 0 segundo Isaias proclama lave 0
para exaltar a pra.tica dos valores morais, anun~iando c~stigo terrivel, pelo afastamento da verdadeira lei (Bzblza: Oselas,
Cap. 6:6).
43Cristianismo (Dejesus a Kardec)
2.6 - A Sinagoga e 0 sincretismo greco-judaico
unico Deus existente, 0 Criador de tudo que existe, cabendoa Israel revela-Io ao mundo, fazendo da Religiao de Israel, areligiao de todos.
Destruido 0 Templo, para os exilados na Babil6nia acontinuidade religiosa ficou entregue aos sacerdotes que, emface dos acontecimentos, reconsideraram os cuhos e a distinyao entre 0 profano e 0 sagrado. Criaram Ulll santufuioa Sinagoga -, que lembrasse 0 Templo de Jerusalem, semsupeni-Io, porem, sem sacerd6cio, nem sacrificios: com somente sabios e rabinos, conhecedores da lei e dos profetas,capazes de explica-Ios aos ouvintes. E, em lugar dos sacrificlOS, instauram um culto espiritual, composto de orayoes,cantos de salmos, leituras bibIicas e comentfuios.
Isto aUlllenta a ascendencia dos rabinos sobre 0 povo.
A vit6ria da Persia sobre a Babil6nia, permite 0 retornoit patria, por concessao persa, e a reconstruyao do Templo.
Para os refugiados no Egito, est~belece-se a influenciada cultura e dos costumes gregos, principalmente emAlexandria, onde a Biblfa e traduzida para 0 Grego.
Filao, nascido entre 30 e 20 a.C., realiza a interpretayaoda Biblia, segundo a filosofia grega, e e aqui que se passa aentender, como criador do mundo, 0 filho de Deus, 0 Logosou Verbo de Deus, identificado ao Demiurgo de Platao ([8],
Rino Curti
Denomina-se Judaismo a forma adquirida pela Religiaode Israel, ap6s a destruiyao do primeiro Templo de Jeru~alem. Isto marca 0 fim de Juda, que passa a ser domma a,sucessivamente, pelos babilbnios, persas, gregos e romanos.
P I t 'na parte e dispersaparte do povo permanece na a es I ,
na Babilbnia, outra no Egito.
I 's em 740 a.c. afirma que a unica devoyao e a praSala, . 'd Ida
tica da justiya e do bem. A invasao da Palestma e ec ~apuniyao divina contra a iniqiiidade e e ~unclado 0 dla emque Deus j ulgara 0 mundo: 0 dla de lave.
. 626 a C preve invasao que se processajeremias, em .., "em 597 a.C. por Nabucodonosor, que i~cendeia_e destrol 0
Templo, deporta a elite judaica, e amqUlla a nayao.
Ezequiel deportado para a Babil6nia em 597 a.C., acusa
J'udeu'de infidelidade a Deus, residindo ai a causa de
o povo - Al anya deseus males; mas apregoa nova redenyao e nova I
Deus com 0 seu povo.
42
2.7 - 0 Sinedrio
2.8 - As seitas
1° Torno, Vol. 1°, Cap. II).
45Cristianismo (De Jesus a Kardec)
dada, dando margem a divergencias que derarn origem a quatro seitas: saduceus e fariseus, representando 0 judaismo oficia1; essenios e ze10tas, constituindo 0 judaismo marginal.
Os saduceus, orgulhosos e conservadores, opunham-sea qualquer inovayao, fazendo restriyoes aos profetas.
Os fariseus, piedosos, introduziram varias nOyoes novas: os anjos, os dem6nios, 0 Juizo Final, sob a influenciapersa do Zoroastrismo e induziram 0 povo, nas sinagogas,novamente a compreensao da Biblia e a obediencia da Lei.Com a destruiyao do II Templo, foi a linica seita que sobreVIveu.
Os essenios constituiram comunidade em que tudo eraigualmente dividido; cuitivavam a pureza, repudiavam ossacrificios e proibiam toda atividade guerreira. Com a queda de Jerusalem, em 70 d.C., foram exterminados.
Os zelotas, chamados sicarios (apunhaIadores), pelosromanos, mantiveram rebeliao constante contra eles, sustentados pela ideia da proximidade do dia de lave, com a vindade urn Messias que os Iibertaria.
2.9 - 0 Messias
A ideia de urn Messias, embora atribuida ao Judaismo,e encontrada em varias crenyas e varios povos ([5], Vol. IV e[2], Cap. III e IV).
Emmanuel explica que ela teria surgido das reminiscencias dos Capelinos, relativas ao seu planeta de origem eas promessasde Jesus, ao recebe-los, 0 que explica a previ-
Rino Curti44
ogrego Antioco III, ao vencer os egfpcios em 198 a.C.,ermite se efetue, na Judeia, dominada pelos gregos, a ~r~a
~izacao de urn Senado de anciaos, encarregado da a<J:ll!m~tray50 geral, do ensinamento e da interpretayao da LeI. MaIStarde entretanto, Antioco Epifanes pretende Impor ~ cultode Z~us sobre 0 de lave. Contra isto revoltam-se os JUd:us
edores em 143 a.c., reestabelecem a mdependenque, venc, . . d M cabeuscia do Estado judaico, instauram a dmastla os. a .'tambem denominados Asmoneus, e se lanyaIll a.conqmstad Idurneia Itun\ia e costa filisteia, impondo tnbutos e aa I'sa-o' Esta ; fim de que os dominados se tornassemcIrcunc . ,
autenticos judeus.
Em conseqiiencia, a lei romana haveria de considerarjudeu todo homem marcado pelacircuncisao ([8], Cap. IV).
A dinastia dos Asmoneus terminou em 37 a:C. sob adominayao romana, com Herodes, rei dos Judeus. .
A religiao judaica nao estava completaIllente consoh-
A materia passa a ser consideracla a fonte do mal e 0bern e identificado com a Razao DIVma.
A - Bibliografia
1 - Allan Kardec: A Genese2 - Emmanuel: A Caminho da Luz3 - Emmanuel: 0 Consolador4'- Allan Kardec: 0 Evangelho Segundo a Espiri-
tismo5 - Abril Cultural: As Grandes ReligiOes6 - Mircea Eliade: Historia das Grandes Relgioes7 - Felicien Challaye: Pequena Historia das Gran-
des ReligiOes8 - C.E.P - Escola de Educayao Evangelica, 10
Torno, 10 Vol. - Monote£smo e Jesus.
sao da epopeia do Evangelho alguns milenios antes da vinda do Sublime Emissario ([2], Cap. III).
Entre os judeus, a ideia do Messias Salvador surge entre os seculos IV e III a.C., pelos profetas. Enquanto os sacerdotes limitavam-se a considerar apenas urn Messianismomoral, 0 povo esperava nm libertador que derrotaria as nayoes infieis, restauraria a nayao eleita e imporia a Terra adominayao de Israel, fazendo dela urn paraiso. Enquanto 0
povo aguardava nm chefe poderoso, os profetas 0 entendiam como nm servidor de lave, nascido de uma virgem, e quesofreria cruel paixao e morte, a fim de remir a Humanidade.
Em 70 d.C., em seguida a nma revolta contra Roma,Jerusalem foi tomada e destruida. Uma nova insurreiyaodirigida pela falso Messias Bar-Cochebas fracassa em 136.
Os judeus dispersam-se pelo mundo.
D - Pratica de renovac;ao intima
Andre Luiz - Sinal Verde
Estudar e por em prMica 0 cap. 36.
47Cristianismo (De Jesus a Kardec)
B - Leituras complementares
As dos capitulos citados no texto.
C - Perguntas
1-0 que significaa Biblia para Judeus e Cristaos?E para 0 Espiritismo? .
: - Qual 0 significado da Pascoa para os Judeus?J - CIte os dez mandamentos.4 - 0 que e a Alianca?5 -0 que e 0 Pentate~co?6 - Como se chama 0 sincretismo entre a ReJigiao
de Israel e a Cananeia?7 - 0 que e 0 Profetismo?8 - 0 que e 0 Judaismo?9 - 0 que e a Sinagoga?
10 - Qual a importancia do sincretismo entre 0 Ju-daismo e a Filosofia Grega?
11 - 0 que e 0 Sinedrio?12 - De que resultam as seitas?
13 - 0 que significa a ideia do Messias? Ea mesmapara todos? .
Rino Curti46
NOTA 1- Para 0 Espiritismo, 0 Plano Espiritual conduz a Humanidade atraves da Revelayao.
. A Bfblia representa a Revelayao progressiva do PlanoEspiritual, efetuada em diferentes epocas e de acordo como estagio evolutivo dos judeus.
A esta se juntam comentfuios, narray6es hist6ricas, interpretay6es, acrescimos, e formas sincreticas, hauridas naconvivencia dos judeus com outros povos.
E - Recomenda~oes para a aula
Recomendacoes importantes, validas para qualquer trabalho espiritua( sao as constantes do Cap. 2 do livroDesobsessilo, de Andre Luiz, que aqui resurnimos:
I - Nas horas que antecedem a reuniao, alimenta-yao leve.
2 - Pratos ligeiros e quantidades minimas.3 - Absolutamente vetada a ingestao de alcool.4 - Furno, cafe, carne; reduzir 0 usa ao minimo, .
quando nao possa abster-se.
48 Rino Curti I
CAPITULO 3
JESUS E A FIDELIDADE A DEUS
3.1 - Introdu~ao
A vinda de Jesus, 0 Messias (Cristo, na traduyao grega)encontra seu momento aprazado, nesta circunstilncia em que
"a Terra nilo podia perder a sua posir;iloespiritual, depois das conquistas da sabedoria terrestre e dafamilia romana" ([1J, Cap. Xl). E viriacomo Mestre, guia espiritual, tal como 0 preconi-zaram os profetas. .
Diz Emmanuel:
"No momento aprazado, Jesus reline as assemblhas de seus emissarios... t entilo que semovimentam as entidades angelicas do sistema...Todas as providencias silo levadas a efeito. Esco-
50 Rino CurtiCristianismo (De Jesus a Kardec) 51
lhem-se os instrutores, os precursores imediatos,os auxiliares divinos... e, quando reinavaAugusto...viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas maravilhosas... em que a manjedoura e0 teatro de 10
das as glorijicac;oes da luz e da humildade... "([1],
Cap Xl).
3.2 - Nascimento e corpo de Jesus
Andre Luiz em ([2], Cap. 12) fala de Planejamento dereencamayoes, segundo processos altamente especIahzados
e trabalhosos.
Emmanuel em ([3J, 1a parte - 1) diz:
"Jesus, penetrando na regiiio terrestre, foicompelido a se aniquilar em sacrijicios pungen-
tes... "
Em seo-uida narra que Alcione e desligada de suas tarefas no Plan~ Espiritual com as seguintes palavras de seu Ins-
trutor:" .. .ficas desde jli desligada de tuas obriga
coes nesta esfera, a fim de te adaptares, vencendo~s situac;oes adversas das regWes znferzores quenos separani do mundo, nO que, press;nto-o, deve
rlis gastar quase dez anos terrestres' .
Concluimos portanto que:
1 - ao lado de todas as providencias, deve ter havidomanifestayoes mediunicas as mais variadas e extraordinarias; mesmo porque elas acontecem conosco diariamente;
2 - que Jesus veio a este mundo pel0 processo normalreencarnat6rio, mesmo porque nao hi! urn unico caso quepossa comprovar qualquer exceyao i! regra.
A gravidez de Maria, pel0 Espirito Santo, Deus na 3'pessoa, e figura mitol6gica, relacionada as concepyoes daepoca, segundo as quais, urn Deus - Jesus - s6 poderia sergerado por outro Deus.
Erelativamente a este conceito que alguns foram levados a conceber 0 corpo de Jesus fluidico, tese ja levantadapelo Docetismo, no inicio da era crista e retomada porRoustaing, modernamente.
Kardec estuda a questao e refuta esta tese n'A Genese,Cap. XV, e em Obras P6stumas sob 0 titulo: "Estudo sobrea natureza do Cristo".
3.3 - A vida de Jesus
Muito dificil e reconstituir a vida de Jesus. Os EvangeIhos sao, praticamente, a linica fonte de informayao, maisvoltados a descrever 0 que ele significa para a Igreja, do quea relatar fatos. Neles, Jesus e tide como Deus, a segundapessoa - 0 Filho, numa concepyao quese liga aos mitos enarrayoes biblicas, consideradas como revelayao direta deDeus aos homens. Segundo tal COnCepyaO Deus criou 0 mundo a partir do nada, 3.761 anos antes do nascimento de Cristo. 0 calendario judaico toma como referencia a data da cri-
o que se mantem sem controversias, nos Evangelhos,embora as interpretayoes difiram, e a parte moral ([5], IntrodUyao), a linica abordada por Kardec, em [5].
Nos, neste Curso, tambem, mais que aos fatos, nos cingiremos ao significado da personalidade de Jesus no processo historico, em face da evoluyao, segundo 0 ponto-de-vistaespirita, apoiado nos Evangelhos, nos livros da Codificayaoe da literatura espirita, notadamente em Boa Nova, de
ayao. Em 1998 comemora-se, no ano judaico, 5.759 anos deexistencia do mundo: 0 aniversario do mundo.
Deus criou Adao e Eva que terianl ofendido a Deus porquererem assemelhar-se-Ihe. E0 pecado original, uma ofensa proporcional agrandeza do ofendido. Infinita, portanto.Por isto mereceram castigo que se estendeu a toda sua descendencia. Mas, infinitamente misericordioso que Ele e,Deus, na pessoa do seu filho, fez-se homem a fim de sofrerele proprio a dor do resgate e, com isto, redimir a humanidade e proporcionar-Ihe salvayao.
Com a sua ressurreiyao ficou demonstrado ser ela estendida aos homens, que ressurgirao no dia do juizo final,no fim dos tempos. Nesse dia cada alma retomara 0 propriocorpo e cada um sera justiyado de forma definitiva.
A ciencia comprova a ideia de evoluyao e 0 Espiritismoa confirma dizendo que ela se efetua nos dois pIanos; quequem evolui e 0 Espiri"to, 0 qual se desenvolvegradativamente, ha bilhOes de anos, e atraves dos diversosreinos: 0 mineral, 0 vegetal, 0 animal, 0 hominal, sem que1he possamos divisar comeyo e fim. E, ainda, que a vidaexiste em bilhOes de outros planetas (Ver [1], Cap. IV) e([4]).
3.4 - A infiincia de Jesus
53Cristianismo (De Jesus a Kardec)
Humbelto de Campos, psicografado por Francisco CandidoXavIer.
. 0 nascimento de Jesus e narrado nos Evangelhos quereglstram, a ele relaclOnados, muitos fatos extraordinar·(Mateus, Cap. 10). Em Lucas, Cap. 1°, 0 nascimento de J~~~BatIsta tambem e re1acionado a outros fatos inusitados entendendo-se que 0 nascimento de ambos tera sido aco~panhado de mamf~stay5es e fen6menos medilinicos excepcionaIS pe1a escelsItude de seus Espiritos.
. Da infilncia de ambos pouco se sabe, sendo digno dereglstro a passagem de Jesus entre os doutores da lei qudo contava 12 anos (Lucas 2: 46,47). ' an-
. Conta Humberto de Campos em ([6], Cap. 2), que Ma-na e Isabel,genitoras de Jesus e Joao Batista, respectivamente, refenam-se a eles como predestinados a trazer
"para a Hurnanidade, a luz divina de urncarninho novo ".
. . Jesus, falando de sua comunhao com Deus, e1ucidavav~aJantes, confortava necessitados, com uma sabedoria quenao podIa provir deste mundo. Para a mae, que queria envia10 ao Temp10, afim de educar-se, teria dito que ele ja estavacom Deus. A seguir...
"pediu a Jose que 0 adrnitisse ern seus trabalhos, para ensinar que a rnelhor escola ea doLar e a do proprio esfon;o" ([6), Cap. 2).
Rino Curti52
54 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 55
Dizem alguns que viveu entre os Essenios. A criticahist6rica considera 0 fato pouco provavel e Emmanuel 0 negaem ([1], Cap. XII). No Evange1ho, nada ha que reve1e esserelacionamento.
3.5 - Joao Batista e 0 batismo
Joao Batista e 0 precursor de Jesus. Adverte as pessoase exprobra-Ihes as imperfeiyoes.
"loao e a Verdade e a Verdade, na sua tarefa de aperfei<;oamento, dilacera e magoa... "([6],Cap. 2).
Anuncia 0 Messias (Lucas 3: 17) e, dizem os EvangeIhos (Mateus 2:13 a 17; Marcos 1:9 a 11; Lucas 3:21-22)que 0 batiza.
Os antigos criam que 0 mundo era fonnado por quatroelementos: 0 fogo, 0 ar, a agua e a terra, sendo a agua considerada urn principio gerador das coisas e da vida. Por isto, abatismo, existente desde longa data, era tido como meio depurificayao para a iniciayao aos deveres religiosos.
Os cat6licos the modificaram 0 significado. Tendo Jesus redimido com 0 sacrificio os pecados da Hurnanidade,abriu a possibilidade de Deus outorgar, atraves da Igreja, agraya que remove, pelo batismo, 0 pecado original. Ninguempode salvar-se sem 0 batismo. As crianyas que morrem sembatismo ficarao num estado de felicidade natural, 0 limbo,sem entrarem no ceu.
Para 0 Espiritismo, 0 batismo e tao-somente urn ritual,
estribado em antigas concepyoes mitoI6gicas, readaptadas auma nova doutrina.
. 0 homem c::esce pelo aperfeiyoamento intima, constitUldo de aptIdoes e virtudes, edificadas paulatina egra~atIvamente pelo esforyo e trabalho continuos, pela aquiSlyaO de valores efetlvamente forjados na experiencia vivida q~e sempre se oferece, sempre se renova, sempre e proporclOnada pelas leIs que nos governam.
.. E este e 0 significado da vinda de Jesus. 0 daquele quev~na esclarecer a Lei do Amor, 0 poder da sabedoria e dasvlrtudes no despertamento dos valores intimos e pessoais,delegando aseus segUldores a tarefa de continuar sua obra.
Conta Humberto de Campos em ([7], pag. 42 - A ordem do Mestre) que Jesus, ao encontrar-se com Joao 0
Evangelista, no espayo, pede-Ihe contas deste trabalho. AOrevelar-Ihe Joao que
"suas verdades sao deturpadas... os homensl~es adicionam a extravagancia de suas concep,oes e... que seus representantes estao... quase todos mergulhados nos interesses da vida material",
ordena:
"-Se os vivos nos trairam 'se trajicam como objeto sagrado de nossa casa mandarei qu~os mortos falem na Terra em meu nome... que aVerdade ressurja das mansoes silenciosas daMorte. Os que ja voltaram pelos caminhos ermosda sepultura retornarao a Terra para difundir aminha mensagem, levando aos que sofrem, com aesperan,aposta no ceu, as claridades benditas do
56 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 57
meu amor!...E desde essa epoca memoritvel, hit mais de
50 anos, 0 Espiritismo vem, com suas lir;8es prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas ascriaturasJ].
Outra citayao evangelica refutada pelo Espiritismo, e atentayao de Jesus no deserto, pelo diabo, cuja existencia einadmissivel dentro de sua coneeituayao.
Em ([6], Cap. 3) a passagem refere-se aos primeirosdias do ano 30, em que, ap6s jejurn e penitencia no desertocom Joao Batista, Jesus se dirige a Jerusalem e, nas proximidades do Templo, afirma a Hana
"0 futuro juiz inclemente de sua causa"
que esta
"buscando a fundar;iio do reino de Deus...obra divina no corar;iio dos homens"
dizendo-lhe:
- "Sei qual Ii a vontade de meu Pai que estit
nos ceus".
3.6 - Os milagres
Ap6s 0 eneontro com Hana, Jesus dirige-se aCilfamaurn, onde eonvida Simao e Andre, pescadores; 0 culto
Levi (futuro Mateus), Publieano (eobrador de impostos), aimplantarem 0 Reino de Deus na Terra. Faz-Ihes uma primeira exposiyao e, a seguir, faz a primeira pregayao em prayaampla.
"Aproveitaria 0 sentimento como mitrmore precioso e a boa-vontade como cinzel divino.Os ignorantes do mundo, os fracos, os sofredores,os desalentados, os doentes e ospecadores seriamem suas maos 0 material de base para a sua construr;ao eterna e sublime: Converteria toda misliriae toda dor num cdntico de alegria" ([6J, Cap. 3).
Em Cafamaum, Jesus realiza varios fatos extraordinarios: a eura de urn endemoninhado, da sogra de Pedro, deurn leproso, de urn paralitieo; a pesea maravilhosa e outros,qualifieados de milagres, derrogayao das leis da natureza.
Para 0 Espiritismo, trata-se tao-somente de fenomenosmedilinieos, de leis ainda deseonheeidas, que nao sabemosexpliear ([8], Cap. IV).
3.7 - 0 reino de Deus
No que eoneerne·ao reino de Deus, Hurnberto de Campos Ihe teee a eoneeituayao nurn diaJogo que narra em ([6],Cap. 4) entre Jesus e Zebedeu, pai de Tiago e Joao, outrosdois convoeados. - Nao se trata - diz Jesus - de um estadogeografieo; trata-se, porem, de realizayao intima dos homens,pela qual passarao a trabalhar pelo bem, eonstituido pelosbons sentimentos, mantido pelo combate ao mal, eonfigura-
do nos maus sentimentos.
Trabalho arduo e dificil mesmo porque
"na Terra 0 prer;o do Amor e da Verdadetem sido 0 martirio e a morte" ([6], Cap_ 4).
Mateus 10: 8 : Curai os enfermo:" limpai os leprosos,ressuscitai os mortos (B.N: "ressuscitai os que estdo mortos nas sombras do crime ou das desilusiJes ingratas domundo 'j, expulsai os dem6nios (B.N: "esclarecei todos osEspiritos que se encontram em trevas'j; de graya recebestes,de graya dai.
Nesta comparayao verificamos como certas expressoesevangelicas deveriarn ser modificadas nos textos de divulgayao espirita, a fim de esclarecer 0 leitor de modo a quenao perpetuem nOyoes pertencentes a outros credos. Eesteurn esforyH de Hurnberto de Campos, Emmanuel e ou':ros,
Interessante ecomparar, nas instruyoes que Jesus da aosAp6stolos, 0 conteudo de Mateus, Cap. 10 que transcrevemos em parte e 0 correspondente, narrado em Boa Nova,Cap. 5 e 6 com a significayao espirita, que aqui co10carnosentre parenteses, em cada citayao.
Mateus Cap. 10:5 : Nao ireis pelo carninho das gentes(B.N: "os dos caminhosfaceis e iriferiores'j, nem entrareisnas cidades dos Sarnaritanos
(BN: "nos centros de discussiJes estereis,a moda dos Samaritanos, nos das contendas quenada aproveitam as edificar;iJes do verdadeiro reino nos corar;iJes com sincero esforr;o 'j.
59Cristianismo (De Jesus a Kardec)
ainda pouco entendido ou considerado pe10s divulgadoresda Doutrina Espirita.
Por exemplo, ressuscitar epalavra a ser excluida porque. ~e.slgna fato totalmente excluido pela Ciencia e peloEspmtlsmo ([8J, Cap. XV); a palavra tern urn significadotota1mente diferente.
Nao ea morte que devemos temer, mas sim a falenciado espirito por esco1has infe1izes, nas veredas do crime oudas i1usoes dos interesses mundanos inferiores, porque.porestes, seremos alijados de tudo que nos e caro, seremos obrigados a refazer carninhos, afastados daque1es a quem nosafeiyoarnos.
Mateus 10:28 :Nao temais os que matam 0 corpo e naopodem matar a alma; temei antes aqueles (B.N: "os sentimentos malignos"} que podem fazer perecer no inferno (BNmergulhar no inferno da consciencia") a alma e 0 corpo.
V34 : Nao cuideis que vim trazer a paz (BN: "garantias exteriores") it Terra; nao vim trazer paz, mas a espada(B.N: "do conhecimento interior para a batalha do aperfeir;oamento ").
V38 : E quem nao toma a sua cruz, e nao segue ap6smim, nao edigno de mim.
V39 : Quem achar a sua vida, perde-1a-a; e quem perder a sua vida por arnor de mim, acha-Ia-a.
Estipula Jesus que os discipulos limitem suas posses aonecessario, pois que se trata de urn meio a ser utilizado commuita sabedoria.
A Judas, que 1he apresentara coleta pequenina, obser-va:
Rino Curti58
60 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 61
- "Sim, e pequenina, contudo permita Deusnunca sucumbas ao seu peso!" ([6], Cap. 5).
3.8 - Primeiro mandamento - fidelidade a Deus
o primeiro mandamento diz respeito ao relacionamento entre Deus e as criaturas. Deus govema por leis naturais,ao contrario do que se pensava na' concepyao mitologicoantropomorfa, segundo a qual Deus mimaria suas criaturascom dadivas, poderes, vantagens, sendo que a dor e 0 sofrimento representariam seu abandono, urn castigo.
Jesus apoma 0 Reino de Deus como sendo 0 aperfeiyoamento das pessoas: uma conquista, niio uma dadiva; educayao e niio concessao ([6], Cap. 6), algo que importa ernoperosidade, esforyo e luta.
o mandamento passa a ser entendido nao como urnanorma, mas como uma qualidade a cultivar no corayao; e 0primeiro mandamento, a primeira qualidade. Diz ele, Lucas10:27: - ..."Amaras ao senhor teu Deus de todo 0 teu corayao", 0 que significa que "acima de todas as coisas... e preciso ser fiel a Deus".
Pois como entender que Pai e Filho nao estabeleyam"como ideal de uniao a confianya integral e reciproca? N6snao podemos duvidar da fidelidade do Nosso Pai paraconosco" ([6], Cap. 6).
Mateus: 6:25 : Nao andeis cuidadosos quanto a vossavida...
V26 - Olhai as aves do ceu, que nem semeiam nem
regam, nem ajuntam em celeiros; e Vosso Pai celestial asalimenta. Nao tendes vas mais valor que elas?
A nos cabe retribuir. A lei pede que sejamos honestos.Sejamo-10 independentemente de qualquer condiyao ou conveniencia.
Mateus: 6:24 : Ninguem pode servir a dois senhores...Nao podeis servir a Deus e a Mamon.
("Fora absurdo viver ao mesmo tempo paraos prazeres condenaveis da Terra e para as virtudes do ceu. ")
A seguir, Hurnberto de Campos, em ([6], Cap. 6) nosmostra mais urn exemplo de como interpretar 0 Evangelhosegundo a Doutrina, remodelando a parabola do triao e do. . . b
JOIO, descnta em Mateus: 13, de 24 a 30 e explicada emMateus: 13, de 36 a 43, segundo 0 Cat01icismo.
Em Mateus se explica que 0 reino dos ceus e como urncampo em que 0 homem semeia boa semente, e 0 inimigo1he semeiajoio as escondidas; que recebe a ordem de deixaros dois crescerem juntos, para separa-10s somente na ceifa,ocasiao em que queimara 0 joio. Este simbolizando os fiIhos do maligno, 0 trigo representando os filhos do reino' 0. ,inimigo, 0 diabo; a ceifa, 0 dia final; os ceifeiros, os anjos.
Em ([6], Cap. 6) faz-se analogia em que 0 discipulo daBoa Nova, na conquista do Reino de Deus e comparado aolavrador.
Da mesma maneira que este luta contra 'os inimigos: ...vermes asquerosos, viboras peyonhentas, tratos de terra improdutiva, a semelhanya, aquele tera de lutar contra as pr6-
"brotara sempre um cdntico de alegria, porque Deus 0 ama e segue com atenr;ao n.
Condui Humberto de Campos:
- "Humilhados eperseguidos, crucijicadosna dor e esfolados vivos, souberam ser jziis, atraves de todas as vicissitudes da Natureza, e, trans-
prias imperfeiyoes, mas tendencias e fraquezas.
Para os inimigos do lavrador, nada melhor que ele permaneya a parte, isolando-se. Para 0 refestelo dos vieios, dosprazeres, das liberalidades, nada melhor que permaneyamosentregues as suas sugest5es, aos seus impulsos e dominios.
Mas, do mesmo modo que 0 lavrador operoso, ao lanyar-se "ao trabalho com perseveranr;a e boa-vontade" entra "em luta silenciosa com 0 meio" sofrendo-Ihe "os tormentos com heroismo espiritual;" planta "uma flor ondehaja um espinho;" abre "uma senda... onde estejam... osparasitos da Terra" cava "as entranhas do solo, para quesurja uma gota d'agua onde queime um deserto;" e encontra alegria nas dadivosas manifestayoes com que a naturezalhe retribui 0 esforc;o, da mesma forma 0 discipulo da BoaNova, que ao lanc;ar-se ao aprimoramento de si proprio,com denodo e determinac;ao, luta contra as proprias imperfeic;oes, opondo-se-Ihes aos apelos com valor; aceita confiante os impositivos dajomada transmudando brados de dorem d.nticos de esperanya; esparze realizac;oes para 0 bemcomum, onde vicejam 0 ocio, a incfuia, 0 desvalor: rompeas barreiras das inferioridades abrindo-se para a luz; veraenaltecerem-se-Ihes as sendas evolutivas.
Para ele
63Cristianismo (De Jesus a Kardec)
formando suas angustias e seus trabalhos numcdntico de glorijicar;ao, sob a eterna inspiracao~; Mestre, renovaram aface do mundo" ([6), Cap.
A - Bibliografia
I - Emmanuel: A Caminho da Luz2 - Andre Luiz: Missionarios da Luz
. 3 - Emmanuel: Renuncia4 - Rino Curti: Espiritismo e Evolur;ao
5 - Allan Kardec: 0 Evangelho Segundo 0 Espiri-tzsmo
6 -Humberto de Campos: Boa Nova7 - Humberto de Campos: Palavras do lnfinito8 - Allan Kardec: A Genese
B - Leitu,ras complementares
As dos capitulos das obras citadas no texto.
C - Perguntas
I -Qual 0 momenta aprazado para a vinda de Jesus?
2 -Como tera sido 0 nascimento de Jesus?3 - 0 que significa Jesus para os catolicos? E a Res
surreic;ao?
4 - Conceitue 0 batismo do ponto-de-vista catolicoe do ponto-de-vista espirita.
5 -0 que significa Jesus para 0 Espiritismo?
Rino Curti62
64 Rino Curti
6 - Como 0 Espiritismo considera os milagres?7 -Conceitue 0 Reino de Deus.8 - Explique por que 0 Evangelho tem interpreta
yoes diferentes para 0 Catolicismo eo Espiritismo.
9 -Como se deve entender 0 primeiro mandamento segundo a Doutrina Espirita?
D - Pratica de renovaf;ao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 37.
E - Recomendaf;oes para a aula
Antes de se dirigirem aaula, considerar as observayoesde Andre Luiz, Desobsessao, Cap. 3, que resurnimos:
1 - Repouso externo e interno.2 - Relaxe com ideayoes edificantes.3 - Abstenha-se de pensamentos improprios.
. 4 - Aspirayoes para cima.5 - Distancia de preocupayoes inferiores.6 - Preparayao intima, podendo incluir leitura mo
ralizadora e salutar.
CAPITULO 4
FE, AMOR, PERDAO E RENUNCIf\
4.1-Afe
Jesus, ao escolher os Ap6stolos, designa-os como interpretes de suas ayoes e de seus ensinos. - Ide, pregai, curai ...- sao suas exortayoes, tomando-os participes da construyaodo Reino de Deus. Entretanto, sentem eles as suas Iimitayoes. Nao conseguem realizar 0 que Jesus pode.
Conta Mateus, no Cap. 17: 14 a 21, que urn homemchegou-se a Jesus pedindo pela cura do filho lunatico, UInavez que nao 0 tinha conseguido com os seus discipulos. Aisto, Jesus teria respondido, dizendo (Mateus 17: I7): - 6raya incredula e perversa! ate quando estarei eu convosco, eate quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. Mateus 17: I8 : - Erepreendeu Jesus 0 demonic que saiu dele e desde aquelahora 0 menino sarou.
Perguntaram-Ihe os discipulos: (Mateus 17: I9) : - Por
66 Rino CurtiCristianis1l1o (De Jesus a Kardec) 67
que nao pudemos nos expulsa-Io?
Responde Jesus, Mateus 17:20 : - Por causa da vossapouca fe; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fecomo um grao de mostarda, direis a este monte: Passa daquipara acola - e ha de passar; e nada vos sera impossive!.
Eesta outra passagem contraditoria, falando de demonios, como espiritos malfazejos, eternamente voltados aomal, em luta contra Deus e seus filhos. Alem do que descreve uma resposta contundente, rispida, indignada, nada <;ondizente com a sua personalidade, e que Humberto de Campos, em Boa Nova, sequer faz transparecer possa ter acontecido. Mais ainda, faz a exaltayao da fe cega, no pressupostotacito da teoria da iluminayao, pela qual as possibilidadesdo homem resultam da iluminayao direta de Deus ao homem de fe, concedendo-Ihe, por isto, a graya, contra a ideiaespirita de que faculdades, qualidades, sabedoria e amor, saoconquistas que se alcanyam evolutivamente, pela luta, experiencia, trabalho e pela sublimayao de tendencias.
Bem e mal sao consequencias do nosso comportamento no cumprimento ou nao da lei ([1], Cap. 9). Nao ha espiritos malfazejos em luta perene contra Deus e seus filhos.Ha apenas cspiritos emedados temporariamente nas malhasda revolta e do inconformismo, mas com a oportunidadesempre aberta, ou por vontade propria, ou pela dor e sofrimento, Ii reconsiderayao de caminhos.
4.2 - 0 reino de Deus: realizayao no corayao
Humberto de Campos, em ([2], Cap. 7), descreve a si-
tuayao referida a Tadeu, que se perguntava a si mesmo porqual razao nao the transmitia 0 Mestre esse poder de expulsar os demonios malfazejos, e por que, com sua autoridadenao convertia definitivamente os inimigos da luz ao Reinode Deus.
. Jesus, em tom austero, "desjaz-Ihe antes de tudo, a ideiade que existam iniinigos da luz... indispensavel se jaz reconhet;:amos que todos somos irmaos no mesmo caminho!... osque vestem a tunica do mal envergarao um dia a da redent;:ao pelo bem... 0 discipulo do Evangelho nao combateprop~zamente 0 seu irmao... apenas combate toda manifestat;:ao de ignorancia... " ([2], Cap. 7), comeyando por si mesmo.
A incapacidade reconhecida pelo discipulo, de nao poder reahzar como Jesus, deve-se a nao edificacao do Reinode Deus no corayao, de ainda nao ter fOljado, d~ntro de si, asconqmstas da sabedoria e do amor.
Andre Luiz, ern ([3], Cap. IV), narra episodio ern queCalderaro, ao atender caso de obsessao de duas entidades,cessa a um certo momento, surpreendendo Andre Luiz, queo mqmre. Ao que Calderaro responde:
- "Falariamos em vao, Andre, porque ainda nao sabemos ama-Ios como se jossem nossosirmaos ou nossosfilhos... se 0 conhecimento auxiZia porjora, so 0 amor socorre por dentro... Enosambos, por enquanto, apenas conhecemos. semsaber amar. .. " .
4.3 ~ 0 poder da fe
responde:
_ ... "necessitas da edificar;iio do reino nodmago do teu espirito, sendo este 0 objetivo de tuavida. So a luz do amor divino e bastante forte para converter uma alma it verdade" ([2J, Cap. 7).
69Cristianismo (De Jesus a Kardec)
que apresenta Bartolomeu sempre triste e amargurado, desanimado, e para quem todo esforyo e intiti!. Jesus fitando-obrandamente, fala-Ihe com serenidade, esclarecendo-o deque, embora ele tivesse afirmado nao ser seu reino destemundo, isto nao significava que nao desejasse estende-Ioaos que mourejam na Terra.
So que 0 alcanya-Io nao seria fruto de disposiyoes excepcionais, concedidas pela Divina Vontade em circunstancias especiais. Mas seria uma conquista, filha do esforyo edo aperfeiyoamento intimo em que as dificuldades nao podem ser encaradas como uma demonstrayao de que naoestamos aptos a realizar por nos mesmos; porem, como indicayao das ilusoes e das imperfeiyoes que temos a desfazere que podemos efetuar desde que nos munamos de firrnezade ammo e resoluyao, sem incertezas e ansiedades, confiantes de que quem nos criou esta tambem a nos guiar, e desdeque nos disponhamos ao crescimento proprio, produzindopara 0 bem de todos.
Alem disso, considerar que cada urn e colocado na posiyao que the compete e que, em termos de realizayoes, aninguem edado superar 0 estagio em que se encontra, a naoser pelas obras e pelo que produz para beneficio gera!.
A pergunta forrnulada em Mateus 18:1 : ...Quem e 0
maior no Reino dos Ceus? .. responde-se que os Espiritosqualificam-se em funyao de sua capacidade de realizayao,de edificayao interior, fruto da sabedoria e da capacidade deamar alcanyadas. E que isto possa estar relacionado aidade
4.4 - A idade do Espirito
Rino Curti
Mas entao qual 0 papel da fe? Antes de tudo, 0 Espir~tismo consagra a fe raciocinada, a fe baseada no cor;heclmento, que nada tern a temer do progresso, contra a fe cega
([4], Cap. XIX).
Humberto de Campos trata dela em ([2], Cap. 8), em
Esta e a realizayao maxima que devernos efetuar ern
nos mesrnos. E apergunta de Tadeu:
_ "Senhor. .. de que necessitarei para afastar as entidades da sombra, quando 0 seu imperio
se estabelece nas almas? .."
68
A seguir 0 caso e atendido por Cipriana, cuja atuayao edescrita em ([3], Cap. V), no qual salientamos a segumte
observayao:
_ "0 corGl;iio que ama est6 cheio de poderrenovador. .. 0 conhecimento niio basta; h6 que sero homem animado de forr;a divina, que flui do jejum pela renitncia, e da luz da orar;iio, que nasce
do amor universal".
70 Rino Curti Cristianis/l1o (De Jesus a Kardec) 7J
do Espirito, a de que alguns sejam mais velhos que outros econsiderayao que nao cabe entre nos, mesmo porque desconhecemos a origem do espirito.
o que ha sao espiritos integrados na seara das realizayoes; cada urn situado em funyao do que tenha dado a vida,em termos de
"tempo de esforr;o pessoal na construr;aodo destino, e 0 que a vida lhe deu em termos deevolur;ao" ([5J, C:aJ!. ~,
integrayao esta de que sempre poderemos desfrutar,quando nos lembremos dos fins sagrados de nossa vida,independentemente do estagio em que nos encontremos.
4.5 - Esquecimento e perdao
A repercussao das pregayoes, curas e da doutrinaconsoladora, suscita as atenyoes dos sacerdotes judaicos quepassam a ver, em Jesus, uma ameaya as crenyas e institui
yoes.
Muitos 0 vi am como urn perigoso revolucionario, urnconspirador vulgar, urn feiticeiro fora do comum. Contra istorevoltavam-se os Apostolos que ansiavam por confrontayao,debate, refutayao, a fim de fazer triunfar a Verdade. Nao entendiam por que 0 Mestre nao se dispusesse a contestayao.
Jesus explica que as discussoes interminaveis a nadaconduzem. Como diz 0 proverbio fuabe:
- contra a escuridao, mais vale acender aluz de um fosforo, do que todas as imprecar;oes.
A cristalizayao de ideias nao se vence com duelosverbalisticos, por6n so com a sabedoria alcaI19ada pela renovayao de experiencias ou com a dor.
-Falammal?
... Nas ilusoes que as criaturas na Terrainventaram para a sua propria vida, nem sempreconstitui bom atestado da nossa conduta 0 falarem todos bem de nos... necessitamos obter a aprovar;ao legitima da consciencia, dentro de nossa lealdade para com Deus" ([2J, C:ap. 10),
antes de qualquer outra coisa.
Certanlente ha que observarmos vigilancia, a fim dedefender a paz.
"C:omo Ii possivel preservar algumpatrimonio precioso sem vigia-Io atentamente?"([6], nO 132).
Entretanto, e precise entender que se os nossos detratoresainda nao edificaram 0 Reino de Deus em si mesmos, nostambem estamos empenhados em identica edificayao. 0 queimporta e que nao alimentemos odiosidade em nossos espiritos, procurando compreender e perdoar, sem retribuir 0 malcom 0 mal.
Jesus apregoou abandonar a vinganya, 0 "olho por olho,dente por dente...". Assim como se da com a reencarnayao.Nela a memoria de situayoes pregressas nos falta, 0 que seconstitui em fator de reajuste, renovayao e progresso. Damesma maIleira devemos proceder em nossas diferenyas com
72 Rina Curti Cristianisma (De Jesus a Kardec) 73
o semelhante: apagar 0 passado e reiniciar os entendimentos, sem a bagagem de ingredientes deteriorados, malsaos afim de possibilitar a abertura de novas oportunidades de confraternizayao.
Esquecer e lei da vida.
4.6 - Os mais aptos para a edifica~ao do reino deDeus
A ideia do Reino de Deus como construyao intima deaprimoramento nao e de subito entendida. Sempre seconjectura da organizayao de urn novo Estado com a estrutura que distingue os individuos no que respeita it sua participayao no poder. Em conseqiiencia, surge a pergun~a dequem serao os mais aptos. E e 0 que se subentende na mterpelayao de Levi a dois necessitados que queriam colaborarna edificayao do Reino.
"- Que poderas realizar, Lisandro, aleiiado como es?! E tuAquila, naofoste abandonadopela propria familia, sob 0 peso de serias acusat;oes?" ([2J, Cap. 11).
A construcao do Reino de Deus refere-se a realizayoes. no campo inti~o como a do estudioso que visa a alcanyarurn conhecimento constituido de luta, eivada de repetiyoes,insucessos e vitorias que the impoem trabalho e disciplina.Ou como a do artista, de quem se requerem ingentes esforcos a fim de educar sua propria sensibilidade e a manifesta-, ,la com fidelidade por meio de seus proprios recursos. Emtodos os casos, 0 que sustenta as determinayoes, sao a fome
de aprender, a sede de saber, a necessidade de afirmar-se emformas mais elevadas no terreno do espirito.
Os vencidos do mundo, muitas vezes, sao os antigosgozadores de seus bens, os indiferentes, os acomodados, osque jaziam saciados, incapazes de sentir ou de vibrar, nosrefestelamentos dos prazeres que a vida lhes oferecia, ounos abusos de prerrogativas que a Providencia lhes confiaVa, atrofiando legitimas possibilidades de elevayao. Por isto,hoje, sofredQres, premidos pelo redespertamento da fomede aprender, da sede de saber, da ansia de amar. Eneles quea Boa Nova encontra terreno fertil de frutificayao. Sao osque ouvem mais alto a voz de Deus.
"0 leita de dar, a exclusao de tadas as facilidades da vida, a incompreensao dos mais amados, as chagas e as cicatrizes do Espirita, sao luzes que Deus acende na noite sombria das criaturas... Suas almas sao a terra fecundada pelo adubo das lagrimas e das esperant;as mais ardentes,ande as sementes do Evangelho desabrocharaopara a luz da vida... i; tambem sobre os vencidosda sorte, sobre os que suspiram por um ideal maissanto e mais puro do que as vitoriasfaceis da Terra, que 0 Evangelho assentara as suas bases divi-
I _'Jnas....
A Boa Nova, entretanto, nao encontrara acolhida entreos saciados, os gozadores dos bens da vida.
"Estes saopobres seres que caminham porentre tenebrosos abismos. "
Mas encontra-Ia-a tambem nos
"que ouvem e compreendem a palavra de
74 Rino CurtiCristianismo (De Jesus a Kardec) 75
Deus" ([2J, Cap. 11).
4.7 - Remincia
Jesus esc1arece que nao devemos contender.
Diz Emmanuel em ([7], n° 98);
- "Foge aos que buseam demanda no servir;o do Senhor. .. E indispensavel a vigilaneia doaprendiz, a jim de que niio se perea no desvariodas palavras eontundentes e inuteis".
Certamente hit que resistir ao mal, a fim de que naosejam comprometidas as obras do bern, mas com
"a atitude do bem ativo, energieo, renovador, vigilante, operoso n.
o quese quer dizer e que 0 aprimoramento intima
- "0 Reino do Ceu no corar;iio deve ser 0
tema central de nossa vida" ([2J, Cap. 12).
E, para isto, hit que aprender a renunciar.
A vida, processando-se nos dois pIanos, nos conc1amapara 0 crescimento a diferentes experiencias, modificayaode situas;oes, separas;oes, que devemos aprender a suportar ea encarar com alegria.
Ebern conhecida a passagem do mancebo rico que pergunta a Jesus 0 que fazer para conseguir a vida eterna (Mateus19: 16,21,22,23). Ao apregoar-lhe Jesus a renuncia aos seusbens, retirou-se triste, porque possuia muitas propriedades.
Donde a observaS;ao de Jesus (Mateus19:23):
. "- Em verdade vos digo que e difleil entrarum rzeo no Reino dos Ceus".
.Mas nao s6 devemos desprender-nos da posse dos bensconsl~e~ando-atransit6ria.Mas tambem devemos faze-lo emrelas;ao a aSSOClaS;aO com as pessoas como se depreende de:vra~eus 19:29: - E todo aquele que tiver deixado casa oulrmaos, ou pal, ou mae, ou mulher, ou filhos, ou terras, por~or do meu nome, recebeni cern vezes tanto e herdarit avIda eterna.
. Enfin:, nao s6 a posse dos bens e transit6ria, mas a pr6pna aSSOClaS;aO com as pessoas, embora as afeicoes perma-nes;am consolidadas pelo amor. '
A - Bibliografia
I - Rino Curti - Espiritismo e Evolur;iio2 - Humberto de Campos - Boa Nova3 - Andre Luiz - No Mundo Maior
4 - Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiri-tlsmo
5 - Andre Luiz - Mecanismos da Mediunidade6 - Emmanuel- Vinha de Luz7 - Emmanuel- Piio Nosso
B - LeitUiras complementares
As dos capitulos citados no texto.
76 Rino CurtiCristianismo (De Jesus a Kardec) 77
C - Perguntas
I - Em que se baseia, segundo 0 Catolicismo, acrenya de que na fe cega se encerra a posse depoderes?
2 - Em que reside a forya do Espirito, segundo 0
Espiritismo?3 - Qual a realizayao maxima que nos compete efe
tuar?4 - Qual a distinyao entre fe cega e fe raciocinada?5 - Em que consiste 0 Reino dos Ceus? Como se
alcanya?6 - 0 que toma uns espiritos mais evoluidos do que
outros? Tern sentido dizer-se que urn espirito emais velho do que outro, cronologicamente falando?
7 - Qual a importancia do esquecimento das faltasalheias, do perdao?
8 - 0 que entende por mais apto na realizayao doReino dos Ceus? Quem sao os mais aptos?
9 - Conceitue a renlincia.
D -Pratica de renova'rao intima
Andre Luiz - Sinal Verde
Estudar e por em pnitica 0 cap. 38.
E - Recomenda'roes para a aula
1 - Prepare-se para a aula. Antes de lit comparecer,dedique-se por alguns minutos aprece e ameditayao.
2 - Leia com antecedencia 0 texto e busque inspirayao do Alto, a fim de facilitar a compreensao.
3 - Estabeleya, de antemao, pensamentos de simpatia e respeito em relayao aos companbeiros,dirigentes e expositores, lembrando que a boavibrayao ajuda a comunicayao e 0 entendimento, favorecendo a uniao e a solidariedade.
CAPITULO 5
PEDIE OBTEREIS
5.1 - J usti~a divina
Jesus indicou o~ vencidos do mundo e os que ouvem ecompreendem a palavra do Senhor, como os mais aptos aoacolhimento da Boa Nova e aconstruyao do Reino de Deus,no corayao. Surge natural a pergunta: - E quanto aos outros?
A ideia mais generalizada, ja naquele tempo e mesmoentre nos, ea de que quando transgrydimos a lei, cometemospecados que se constituem em ofensa a Deus, que por istonos pune, nos castiga. A dor, 0 sofrimento, os azares da vidasao tidos como punic;oes divinas, provocac;oes de resgate dealguma falta cometida.
Em [1], Humberto de Campos simboliza, em Maria deMagdala, todos os pecadores, os que se opoem aos designios de Deus, a fim de descrever as novas noc;oes que Jesustraz em adendo ao conceito de justic;a, ate entao existente.
80 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 81
Toma como ponto de partida a narrativa de Joao: 8,7, naqual se diz:
- "E como insistissem perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vasesta sem pecado, seja 0 primeiro que atire pedracontra ela ".
Dissipando-se a multidao, narra Joao em 8: 10 : "E endireitando-se Jesus e nao venda ninguem mais do que a muIher, disse-lhe: Mulher, onde estao aqueles teus acusadores?Ninguem te condenou?" - (Joao 8:11) - "E da disse: Ninguem Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno: vai-tee nao peques mais".
A seguir nos coloca frente a frente as nOyoes renovadasde castigo e puniyao, em contraste com a doutrina das penaseternas que a apresenta como um direito de Deus, que podeser exercido par seus representantes, par delegayao divina.
Em primeiro lugar explana que aquele que se desviados caminhos do Senhor, alija-se das fontes de suas messese, par isto, transforma-se em carente, experimentando a necessidade, a dar, a sofrimento; nao par castigo, mas par afastamento voluntirrio.
Allan Kardec, em 0 Ceu e 0 Inferno; Andre Luiz e outros, contam inlimeros casos de padecimentos causados pelos deslizes e a invigililncia da criatura. Somos nos que, aodesencadear foryas perturbadoras da ordem e da harmonia,somos obrigados a reabsorve-las e a retransforma-las para aproduyao do bern comum, denominando, a isto, de dor e sommento.
As quedas podem ocorrer por incllria, invigiJancia, mastambem por contirgio. Assim como hir focos de infeccao comprometedores da sande fisica, tambern ha possibilidade decontaminayao no plano mental ([2], Cap. 40), nocivos a sande psiquica.
o alcoolismo, a violencia, a toxicomania, a sensualidade, sao doenyas psiquicas que, em se estabelecendo em nossa organizayao perispiritual, produzem, consequentemente,doenyas de ordem fisica.
. Os proprios complexos sao formas patologicas dopSlqUlsmo, para os quais ja se divisam formas de tratamento.
Andre Luiz, em ([3], Cap. XIV), descreve processo decura pelo hipnotismo que tern muita semelhanca com a curapelo passe. Primeiramente, observa, um doent;psiquico naoe capaz de sanar-se par si me:3mo. 0 hipnotizador, aoinfluencia-lo, revigora-lhe a onda mental que, atuando sabre ele mesmo, inicia a cura, que se" completa apos Uln certonlimero de sessoes.
Narra-se em [1], diirlogo entre Jesus e Tiago, nos seguintes termos: "...Acreditas Tiago, que Deus deSya de suasabedoria e de seu amor para punir seus proprios filhos? .."
Ea criatura que "abandonando a trabalho divino paraviver ao sabor dos caprichos proprios, cria para si a situayaocorrespondente, trabalhando para reintegrar-se no plano divino" ([1], Cap. 13).
No caso do paralitico curado no Templo (Joao, Cap.5:14), Jesus, apos curir-lo, dirige-lhe identica admoestacaofeita a Mulher Adnltera: "... Eis quej6 esttis silo; nilopeq~esmais, para que te nilo suceda coisa pior ", numa alusao cla-
82 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 83
ra de que deslizes morais, disturbios psiquicos e doenyas,sao estactios diferentes de urn mesmo processo: 0 de desencadearmos foryas perturbadoras que, enfim, teremos dereabsorver e neutralizar em nos mesmos, antes que injuriema ordem e a harmonia em nosso derredor, afetando os outros.
5.2 - Reencarnac;ao
E na Reencarnayao que se estabelece, na liyao aNicodemos (loao 3:3), dizendo: "o..Aquele que nc70 nascerde novo, nc70 pode vel' 0 Reino de Deus"- que se completamas novas nOyoes de castigo, puni~;ao e Reino de Deus.
Nela, em primeiro lugar, a morte e apresentada comomudanya indispensavel para a renovayao e a continuayao deexperiencias. Em segundo lugar, e no renascimento que cadaurn traz de volta as causas de esciindalo, as conseqiienciasdo malbaratamento de fOf';;as, de recursos, "o.. os que abusaram da tunica da riqueza, vestira.o ados fdmulos e escravosmais humildes, como as mc70s que feriram podem vir a sercortadas".
Neste ponto levanta-se a questao da puniyao, do "quemcom ferro fere com ferro seraferido". Neste caso, as culpasjamais terao fim, pois para cada devedor devera sempre haver outro a constituir de instrumento de cobranya e portantoa assumir a mesma divida.
Como explicar isto?
Considerar os fatos desta maneira e sustentar a ideia davalidade dalei de taliao, do "dente por dente, olho por olho ",
em que a justiya do mundo fica guindada alei suprema.
"Entretanto, coloco 0 amor acima dajusti'lao.. e tenho ensinado que s6 ele cobre a multidc70de pecadoso.. " Basta que ambos (dois litigantes)sintam isso, para que a fraternidade divina afasteos fantasmas do escdndalo e do sofrimento ([1],Cap. 14).
Adotando 0 perdao como norma maxima de conduta,instituimos a boa-vontade e 0 esquecimento dos males recebidos, acima de todas as dificuldades; apressamos 0 entendimento e a pacificayao, com 0 que cessam as causas dosofrimento.
5.3 - Proselitismo
Com Joana de Cusa, esc!arece-se, em [l], a questao decomo proceder, quando obrigados a viver com pessoas quenao partilham da mesma crenya. Era a luta de Joana, crista,contra a posiyao do esposo, que nao lhe partilhava as ideias.
Jesus a tranqiiiliza dizendo-Ihe que os credos religiososdiferem entre si muito mais pelas interpretayoes do que pelaessencia, nao passando, muitas veze's, de "meros vicios populares nos habitos exterioreso.. " Que se preocupasse,essencialmente com a sua edificacao interior: amasse 0 es-, ,
poso, propiciando-lhe as dactivas mais puras do cora9ao, afim de cultivar "nele mesmo a videira maravilhosa do amore da vida" que, enfim, haveria de frutificar.
"Nc7o sc70 os sc70s que precisam de medico. "
84 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 85
No restante, imitar a Sabedoria Celeste que
"nfio extermina as paixoes: transforma-as.Aquele que semeou 0 mundo de cadaveres, desperta, as vezes, para Deus, apenas com uma litgrimao 0 pai nfio impoe a reforma a seus jUhos: esclarece-os no momenta oportuno... "
"...Nfio percas tempo em discutir 0 que nfioseja razoavel. Deus nfio trava contendas com assuas criaturas... Esfor9a-te... e, quando convocadaao esclarecimento, fala 0 verbo doce ou emirgicoda salva9fio segundo as circunstdncias"([1], Cap.15).
5.4 - Divergencias religiosas
Em ([1], Cap. 17) examina-se a questao dos conflitosreligiosos calcada na passagem evangelica: Joao, Cap. 4.
Pelas divergencias religiosas, havia-se criado profundaaversao entre samaritanos e judeus ([4], Introd.). PassandoJesus por Samaria, pede agua it samaritana, que, estupefata,o interpela(Joao 4:9): - Como, sendo tujudeu, me pedes debeber, a mim, que sou mulher samaritana?
Jesus observou-Ihe que assim como judeus esamaritanos tem as mesmas necessidades de ordem material, da mesma maneira tern identicas necessidades de ordemespiritual. Perante Deus, todos sao irmaos e a necessidadede virtudes, aptid6es de conformidade com as leis nao padecern diferenyas, so nao entendendo assim os que nao conheciam as leis de Deus.
Mas assim como ela tinha agna para oferecer-Ihe a fimde saciar-Ihe a sede do corpo, ele podia propiciar-Ihe a "aguaviva que vem do amor infinito de Deus e santifica as criaturas"([I], Cap. 17),0 conhecimento capaz de esclarecer-Iheo entendimento de como purificar a propria vida e os proprios atos.
E, em seguida, passou a ensinar-Ihe referindo-se a
"fatos e circunstdncias intimas de sua vidaparticular. .. 0 que se fazia necessario para que asagrada em09fio do amor divino the iluminasse aalma... " ([1), Cap. 17).
A mulher acolheu-Ihe a palavra qual profeta de Deus,buscando obter maiores conhecimentos. Nao que ela nao ostivesse buscado sempre. Mas nao os conseguia, permanecendo em confusao, porque cada um apregoava atos exteriores de adorayao diferentes, relacionados a manifestay6escontrastantes, causadoras de dissens6es, provocadoras dediscordia e desavenya.
"Tens radio - observou 0 Mestre - as divergencias religiosas tem implantado a maior dissensfio... vira um tempo em que niio se adorara aDeus nem neste monte, nem no templo suntuosode Jerusalem, porque 0 Pai e Espirito e s6 em Espirito deve ser adorado. Por isso venho abrir 0
templo dos cora90es sinceros para que todo cultoa Deus se converta em intima comunhfio entre os
homens e 0 seu Criador"([1], Cap. 17).
86 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 87
o fato espalhou-se celere entre a multidao que acorreuem busca dos comentiirios de Jesus.
- Urn triunfo - diziam alguns apostolos - que deveriaser noticiado, no retorno, em Cafarnaurn. Aos mais afoitos,recomenda Jesus que investiguem ate que ponto ele foraentendido. E diante do espanto dos discipulos, colheram-seos mais diversos comentarios, muitos deles totalmentedesprimorosos: urn explorador da piedade popular, da sabedoria duvidosa, sem que faltassem os que maliciavam acerca da conversa intima que ele tivera com a mulher.
Esclarece Jesus que encontrar-se-ao sempre, por todaparte,
"discutidores atentos ao exitQ e referencias do mundo... Observai a estrada para naocairdes, porque 0 discfpulo do Evangelho nao sepodepreocupar senao com a vontade de Deus, como seu trabalho sob as vistas do Pai e com a aprovar;ao da sua consciencia" ([I], Cap. 17).
5.5 - 0 coniungar com Deus
Ja dissemos que cada urn se situa dentro de determinado estagio evolutivo, fruto de experiencias vividas, do quecada urn deu a vida em obras, na construyao do destino e doque a vida lhe deu em terrnos de evoluyao.
Epor este estagio que se explicam as diferenyas existentes; epor ele que cada urn se situa em funyao de suasnecessidades espirituais de aprendizado, ora em posiyao deevidencia, ora em condiyoes de pouco destaque; bafejado
pela sorte, ou amargando necessidades. Estara sempre na posiyao de aprendizado que mais the convem, numa funyaoindispensavel a produyao do bem comum, a fim de dar contribuiyao e presenya as quais nao pode subtrair-se.
"Todo trabalhador honesto e de Deus.Quem escreve com a sabedoria dos pergaminhos,nao e maior do que aquele que trw;a a letra laboriosa e fertH, com a sabedoria da terra... Achasque a casa estara completa sem as maos abnegadas que Ihe varrem os detritos ...Antes de qualquer considerar;ao, e preciso santificar todo trabalho util, como quem sabe que 0 mundo Ii moradadeDeus"([lJ, Cap. 18).
Poderemos ocupar posiyoes de diferente destaque emduas encarnayoes sucessivas, a fim de capacitar-nos a entender os valores das benesses que podemos usufruir.
Em ambos os casos ha que aproveitar a liyao do momento,
"que disponhamos 0 corar;ao a bem servi10, seja como rei ou como escravo, certos de que 0
Pai nos conhece a todos enos conduz ao trabalhoou aposir;ao que merer;amos" ([lJ, Cap. 18).
A posiyao evolutiva ecomo a impressao digital: eindividual, propria de cada urn. Para 0 aprendizado, a vida coloca cada qual frente a uma problematica que the cabe e estaapto a resolver, sem oscilayoes, ternores, ou hesitayao. Qualsucede ao escolar: 0 relapso, 0 indeciso, 0 preguiyoso estasempre pronto a solicitar auxilio, declarando-se incapaz, naopara fortalecer-se, mas para que se the removam as dificuldades, insciente de que ejustamente esta superayao que lhe
88 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 89
possibilita a escalada.
Semelhantemente procede 0 homem de pouca fe. Lamenta-se, entrega-se a queixa, senao a revolta, e quando sedirige a Deus nao 0 faz pela prece que Ihe expande 0 ser e 0
habilita a absorver fortalecimento, sustentayao, as inspirayoes adequadas ao momento, para conduzir-se com acertona conquista do sucesso, mas sim 0 faz por petitorio, parasubtrair-se ao esforyo da realizayao e obter sem merecer.
A vida nao auxilia desse modo. Ninguern e subrnetidoa solicitayao superior as suas foryas, nem Ihe sao subtraidosos recursos de que necessita. Cada urn, porem, tern que conduzir-se por si mesmo, por seu livre-arbitrio e sob a propriaresponsabilidade, edificando sua propria evoluyao. A orientayao e do Plano Maior, mas a construyao ~ sua.
"Cada criatura tem um santuario no proprio espirito, onde a sabedoria e 0 amor de Deusse manifestam, atraViis das vozes da consciencia"([iJ, Cap. 19).
Sua comunhao com Deus e a aceitayao de sua condiyaode aprendiz, da labuta, tal qual 0 estudante diante das tarefasque 0 professor Ihe recomenda, certo de que a posiyao emque se encontra e a que Ihe convem e que, dentro dela, devebuscar 0 proprio ajuste, 0 esforyo operante, a realizayao perfeita.
5.6 - 0 valor da prece
Pedir a Deus? Certamente! ...
"Acreditarias que, em todos os seculos davida humana, recorreriam as almas... se nenhumresultado obtivessem?... Nao tenhas duvida: todasas nossas orar;:i5es sao ouvidas" ([iJ, Cap. 18).Certos, porem, "de que os designios celestiais saomais sabios e misericordiosos que os caprichosproprios"([1), Cap. 19).
Pedir, sim, mas nao para eliminaras dificuldades do aprendizado; faze-Io, porem, parabuscar os elementos capazes de suslentar-nos 0
esfort;:o e a caminhada, assumindo a tarefa que nosepropria" ([4J, Cap. XXVII, e [5J, Cap. 12).
Em ([I], Cap. 18), Humberto de Campos esclarece 0
significado do Pai Nosso, que aqui transcrevemos:
"...Elevando 0 Seu espirito magndnimo aoPai Celestial e colocando 0 Seu amor acima detodas as coisas, exclamou: Pai Nosso, que estasnos ceus, santificado seja 0 teu nome".
E, ponderando que a redent;:ao da criaturanunca se podera efetuar sem a misericordia doCriador, considerada a imensa bagagem das imperfeit;:i5es humanas, continuou; "Venha a nos 0
teu reino".
Dando a entender que a vontade de Deus,amorosa e justa, deve cumprir-se em todas as circunstdncias, acrescentou: "Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos ceus". Esclarecendoque todas as possibilidades de saude, chegam da(onte sagrada da protet;:ao divina, prosseguiu: "0
90 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 91
pao nosso de cada dia da-nos hoje n. Mostrandoque as criaturas estao sempre sob a a9ao da lei decompensa,:ijes e que cada um precisa desvencilharse das penosas algemas do passado obscuro, pelaexemplifica9ao sublime do amor, acentuou: "Perdoa-nos as nossas dividas, assini como nos perdoamos aos nossos devedores". Conhecedor, porem,dasfragilidades humanaspara estabelecer 0 principio da luta eterna dos cristaos contra 0 mal, terminou a sua orac;ilo, dizendo com infinita simplicidade' "Nao nos deixeis cair em tentacilo e livra-. .nos de todo 0 malporque teus silo 0 reino, 0 podere a gloria para sempre. Assim seja".
A - Bibliografia
I - Humberto de Campos - Boa Nova2 - Andre Luiz - Os Mensageiros3 - Andre Luiz - Mecanismos da Mediunidade4 - Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiri
tismo5 - Rino Curti - Espiritismo e Reforma intima
B - Leituras complementares
As dos capitulos citados no texto.Emmanuel- Caminho, Verdade e Vida, nO 110; Vidas Sucessivas; Esforyo e Orayao; nO 18: PurificayaO intima.
C - PerguntasI - Como se modifica 0 conceito de justiya divina,
no Espiritismo?2 - 0 que devemos entender por "pecado"?3 - Como se explica que Jesus dirija a mesma exor
tayao: "Nao peques mais" ao paralitico, apos acura, e a adultera, apos ter-Ihe evitado 0
apedrejamento?4 - Conceitue a morte, na acepyao espirita.5 - Como cessarao as causas do sofrimento?6 - "Nao sao os saos que precisam de medico". Ex
plique esta assertiva.7 - Conceitue 0 significado da expressao "agua
viva".
8 - Esclareya a proposiyao: "E preciso santificartodo trabalho util".
9 - Por que devemos condenar a queixa?10 - Elucide 0 sentido da expressao: "Comunhao
com Deus".II - Cite as principais caracteristicas da prece.12 - Estude 0 "Pai Nosso" com profundidade.
D - Pnitica de renovayao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 39.
E - Recomendayoes para a aula
Nao deixe de comparecer aaula, procurando superaros impedimentos que se apresentem. Ea conti-
92 RinD Curti
nuidade que, alem de lhe permitir urna compreensao maior dos assuntos, sustenta 0 entrosamentovibratorio do aluno com 0 ambiente. Atraves do Plano Espiritual sempre se beneficia, procurando suprir deficiencias e necessidades.
CAPITULO 6
INVIGILANCIA
6.1 - Eleva<;ao e queda
o conceito do Reino de Deus, como edificacao intimano corayao do homem, fruto evolutivo do esforyo empregado na acurnulay8.o de experiencias, na sublimayao de anseios,para a construyao do bern geral, constitui a chave do entendimento para interpretar as passagens evangelicas, conforme a Doutrina.
As passagens:
Lucas: 9.18 - Quem diz a multidao que eu sou?
Lucas: 9.19 - Joao Batista, Elias e, outros, que urn dosantigos profetas ressuscitou.
Lucas: 9.20 - ...E vos quem dizeis que eu sou? E, respondendo-lhe, Pedro disse: - 0 Cristo de Deus.
94 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 95
Mateus: 16.17 - Bem-aventurado es tu, Similo Barjonas,porque te nao revelou a came e 0 sangue, mas meu Pai queestanos ceus; sao descritas em ([1], Cap. 21) diferentemen
teo Esta Ultima e posta:
"Neste momento entregaste a Deus 0 corar;ao e falaste a sua vOZ. Bendito sejas, pois comer;as a edificar no espirito a fonte da fe viva".
A passagem seguinte e que em [1] esta totalmente mo
dificada:
Mateus: 16.19 - E eu te darei as chaves dos ceus; e tudoo que ligares na tena sera ligado aos ceus, e tudo que desligares na tena sera desligado nos ceus.
Em ([1], Cap. 21) ela esta apresentada da seguinte ma
nelra:
"Sobre essa fe edificarei a minha doutrinade paz e esperanr;a, porque contra ela jamais prevalecerZio os enganos desastrosos do mundo... 0Mestre prosseguia quanto it revelar;Zio divina, nosantuario interior do espirita do homem, sobre cujagrandeza desconhecida 0 Cristianismo assentaria
suas bases no futuro" .
Jesus nada escreveu. Na propaga<;ao da Doutrina e quesuro-iram inUrneras versoes do Evangelho, das quais, no se-
b
culo IV, a Igreja decidiu escolher quatro, constituindo hoje 0
Novo Testamento.
Sao elas denominadas os Evangelhos can6nicos, porque adotados, embora eles pr6prios tenham sofrido divers~smodificayoes, ao lange do tempo, por autores dlversos, as
vezes de inspirayao oposta.
Por isto, os espiritos refazem as narrativas estudadasno outro plano, sem se entregarem it critica, como, no caso,e feito em Boa Nova.
Em relayao ao sacrificio de Jesus, nao entendido naepoca e justificado mais tarde com base nas concepyoes dopecado original, da personalidade divina de Jesus e da ressuneiyao no fim dos tempos, explicam eles que teria sidoimprescindivel a fim de consolidar a liyao para aqueles
"que estao escravizados no cativeiro dosofrimento, do pecado, da expiar;ao ", pois, nestecampo, "as palavras dos ensinos somente saojustas quando seladas com plena demonstrar;ao dosvalores intimos"([lj, Cap. 21).
Exemplifiquemos. A honestidade ,S urn valor moral, urnalei que governa 0 espirito, lei natural, de Deus. Submeterse-Ihe, e imperativo que nao admite condicionamento a qualquer conveniencia de carMer pessoal. Neste sentido, comungar com Deus e submeter-se-Ihe aos preceitos. E0 sentidodo primeiro mandamento: Amar a Deus acima de todas ascoisas. Submeter-se-Ihe aos preceitos, incondicionalmente,nao importa 0 sacrificio que para isto se requeira.
Pois e esta demonstrayao que Jesus devia oferecer aosnecessitados, para ensinar-Ihes como poderiam atenuar-selhes as dificuldades do caminho.
E que os discipulos nao se iludissem:
"Nao espereis por triunfos, que nao os teremos sobre a Terra de agora... Ensinarei aos menos fortes a passagem pela porta estreita da redenr;ao, revelando a cada criatura que sofre 0 queepreciso fazer, a jim de atravessar as sendas do
96 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 97
mundo, derramando as claridades eternas do Plano Espiritual" ([1), Cap. 21).
A esta altura surge interpelayao de Pedro que, emMateus, toma a seguinteforma:
Mateus: 16,22 : E Pedro - Senhor... de modo nenhumte aconteceni isso.
Mateus:16, 23 : Para tras de mim, Satanas, que me serves de escfulda10, porque nao compreendes as coisas quesao de Deus. Mas s6 as que sao dos homens.
E, em Boa Nova, esta outra:
Pedro: - "Mestre, nao convbn exagerardesas vossas palavras... Onde estaria Deus, com ajustir;:a dos ceus? 0 Pai nao etao justo "-
Jesus: - " Pedro, retira essas palavras...Queres tambem tentar-me como os adversarios dosEvangelhos?... Aparta-te de mim, pois, neste instante,falas pelo espirito do mal" ([1), Cap. 21).
Pouco antes, Pedro, 1igando-se ao ceu, havia entendidoJesus como enviado. Neste momento,
"modificando a atitude mental... deixandose conduzir na esteira das concepr;:i5es jaliveis doseu sentimento de homem... " ([1], Cap. 21),
venda nao 0 testemunho, mas 0 interesse humano, caide padrao e manifesta incompreensao.
Isto ocorre conosco frequentemente. No mesmo instante em que nos soerguemos aos cimos espirituais, pela eleva-
yao do pensamento, podemos resvalar para as futilidades,em resposta aos ape10s da vida comum, em detrimento, ainda, de nosso pouco fOlialecimento moral.
Dai a necessidade de vigilfulcia.
"...Basta UJn pensamento de amorpara quete eleves ao ceu, mas basta uma palavra jutil ouuma considerar;:ao menos digna, para que a almaseja reconduzida ao estacionamento e ao desespero das trevas... " ([I), Cap. 21).
6.2 - Riquezas
Amai-vos e instrui-vos e 0 preceito maximo de conduta, embora, ta1vez, 0 menos seguido. A falta de estudo, porexemplo, gera crista1izayao de ideias que, transformadas emcabedal intuitivo, adquirem carater de tal evidencia que parece impossive1, a quem nao estuda, possam sofrer modificayao. Fecha-se 0 ehtendimento a novos aspectos da rea1idade, e cria-se uma total irredutibilidade nos pontos-de-vistao
Isto e evidenciado no epis6dio relativo a Zaqueu (Lucas:19,7alO).
Para os discipu10s, a riqueza era condenaveL Entretanto, Jesus se hospeda em casa de Zaqueu, 0 pub1icano ([2],Introd.), com afabilidade. Zaqueu desculpa-se por suas riquezas, dizendo porem dos beneficios que, com elas, procurava fazer.
Dai Jesus ter afirmado
6.3 - Judas Iscariotes
Possui-Ia para proveito pr6prio, ou dividi-Ia entre ociosos e favorecer a improdutividade, a falta de iniciativa, aestagnayao, a desocupayao, a indolencia.
99Cristianismo (De Jesus a Kardec)
e born, pois dirigia-se ele as pessoas mais desclassificadas eignorantes, desconsiderando os mais altarnente colocadosaqueles com os quais ele poderia conseguir apoio para a cons~truyao de urn reino. E como faze-Io, sem suplantar os poderosos, ou, pior, afirmando que maior no Reino dos Ceus eaquele que: se faz 0 menor de todos?
Ele, Judas, sabia como proceder. Estabeleceria acordocom altos funcionarios e homens de importancia,
"lideraria 0 movimento renovadoJ; entregaria 0 Mestre em troea de sua nomea<;ao oficial,com autoridade e privilegios politicos. Organizaria a viloria crista. Depois, no alto cargo, tibertaria Jesus" ([1y, Cap. 24).
E assim, pel? invigilancia do discipulo, consumar-se-iaa humilhayao e 0 escarnecimento de Jesus, sob a impotenciados reclamos de Judas, ele proprio atingido pela exprobrayao, pelo remorso, pela dilacerayao da consciencia, diante do Mestre que, nos ultimos estertores da agonia, aindadespende seus ultimos alentos, na sua maior manifestacaode arnor: - Perdoa-Ihes, 0 Pail Eles nao sabem 0 que faz~m.
Rino Curti98
"Bem-aventurados os que consagram suaspossibilidades aos movimentos da vida... que sabem servir a Deus com as riquezas que the foramconfiadas. Dai contou aformosa parabola dos talentos e a Zaqueu chamou de servo bom e fiel. .. "([1], Cap. 23).
"Jesus louvou-lhe a consciencia do bemcoletivo" ([1], Cap. 23)
Para quem a ela se apega, tomando-a urn fim, certamente a riqueza e prejudicial. Deixa de se constituir umaferrarnenta, em oportunidade de realizayao e de crescimento, pelas experiencias que ela pode propiciar a quem a detenha.
Judas Iscariates envalveu-se com 0 mesma tipo deinvigilancia.
Nao conseguia entender urn Messias que naa detivessetadas as paderes, capaz de impar-se a tadas, dominar, subjugar, reestabelecer 0 reina do pava eleito e conduzi-Ia itsupremacla.
Amava a Jesus, mas considerava-o demasiado simples
6.4 - A Pascoa judaica
Jesus entra triunfante, em Jerusalem, uma semana antes da Pascoa, festividade judaica que, em hebraico, significa passagem. Nela camemora-se a libertacao dos israelitasdo Egita, salvayaa divina do povo eleito, u'ascimento da nayaa judaica, nurn pacta das tribas com a Deus Unico.
6.5 - 0 maior de todos no reino dos CellS
No primeiro dia da Pascoa, Jesus anuncia aos apostoloster chegado a hora em que ensinaria a necessidade de ser fiela Deus ate ao sacrificio, conforme as profecias da Escritura.
A ideia de salvayao, edificada sobre os conceitos daimprevidencia, da tentayao e pecados hurnanos, e substituida pela nOyao do individuo que, em se dedicando ao berngeral, se constitui em benfeitor da humanidade, debatendose, no fim, com a ingratidao e zombaria daqueles mesmosque nao 0 compreendem e que, apesar de tudo, serao os beneficiados.
Ele, que apregoava 0 amor, sustentaria 0 ideal de amarate ao supremo sacrificio, para demonstrar que, nisto, reside
Na Biblia, a narrayao diz que 0 anjo da morte passa porsuas casas, preparando-os, indo ferir de morte osprimogenitos dos egipcios. Como festa, passa a ser urn meiopara renovar 0 vinculo de uniao dos judeus como povo santo que lave queria para si. Recorda ao crente as verdadesbasicas de suas doutrinas, seus principais deveres e tern porfinalidade manter acesa a esperanya de que surgirao novasmanifestayoes do poder salvador de lave.
o cuho, a festa, as observancias rituais, reforyam nosjudeus sua consciencia de povo eleito, sendo 0 pontonevratgico da existencia do judaismo como religiao.
Eurna festa que dura 7 dias, tern inicio no 19° dia deNisan (maryo-abril), primeiro mes no ano religioso ([3], Vol.V, Cap. 60).
101Cristianismo (De Jesus a Kardec)
a forya que consagra 0 espirito, capacitando-o para urn mundo melhor; nisto consiste a fidelidade a Deus, a comunhaocom Deus.
Urn dos discipulos 0 trairia. Mas isto seria para fixarque tal fidelidade encontraria muitas vezes 0 abandono a,ingratidao e 0 desentendimento dos mais achegados e queeXlgla
"a necessidade de cada qual jirmar-se noseu caminhopara Deus, por mais espinhoso e sombrio que ele seja" ([f], Cap. 25).
Em seguida, enfatizando que todos os que se devotassem ao Evangelho, imbuindo-se de seu espirito renovador,alcanyariam 0 Reino dos Ceus, defronta-se novamente comas limitayoes dos discipulos, a perguntar-lhe quem seria 0
maior de todos, nele.
Movido de entemecida piedade, dispos-se a lavar ospes dos discipulos, dizendo-lhes:
- "...No Reino do Bem e da Verdade 0 maior sera sempre aquele que se fez sinceramente 0
menor de todos" ([fJ, Cap. 25).
"... Deixo-vos um novo mandamento: - 0 deamar-vos uns aos outros como vos tenho amado...
6.6 - A negat;ao de Pedro
Jesus reafinna ter chegado a hora do testemunho e quetodos se dispersarao, mesmo porque eles ainda nao estavampreparados.
Rino Curti100
102 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 103
sejam conhecidos como meus discipulos, niio pelos poderes... maspela revela"iio do amor com quevos amo, pela humildade que devera ornar as vossas almas, pela boa disposi"iio no sacrificio proprio" ([1), Cap. 26)
Pedro protesta: daria a propria vida pelo Mestre.
Jesus afinlla-Ihe que 0 homem ainda nao esta preparado para tais embates. Ele proprio 0 negaria tres vezes antesde 0 galo cantar.
Enfim, Jesus e preso. Pedro brande a espada a fim deimpedir a prisao, pelo que e admoestado pelo Senhor. 0 coIegio dos apostolos dispersa-se, sem todavia compreender 0
acontecimento. Pedro e Tiago acompanham 0 Mestre de longe.
Jesus e acusado das piores torpezas. Pedro perde as esperanyas de fazer algo por ele. Enfrentar 0 movimento popular e sacrificar-se, sem oferecer qualquer beneficio aoMestre. Tinha familia e necessidades. Era preciso ponderar.
Envolvido por tais pensamentos, interpelado por umaserva, negou ser companheiro de Jesus; abordado por umpopular, negou ter sido seu discipulo; reconhecido por umdaqueles contra os quais havia Ievantado a espada, afinnouIhe que estava enganado.
Nisto 0 galo cantou trazendo-lhe a.lembranya a previsao do Mestre. Foi ai que ele, que jamais transigia, refletiusobre os infortunados da vida, lembrando as advertencias deJesus, quando Ihe dizia: - "Pedro, 0 homem do mundo emais fragiI do que perverso1. .."
6.7 - 0 abandono de ultima hora
Em ([IJ, Cap. 27), Humberto de Campos transcreve a. orayao de Jesus em favor de seus discipulos, de Joao, Cap.
17, apos a qual retira-se em companhia de Pedro, Joao eTiago, para 0 Monte das Oliveiras.
La, solicitou a todos que orassem e vigiassem. Sonoprofundo, entretanto, apoderou-se deles, ate que soldados,com Judas a frente, 0 prenderam. As cenas que se seguiram,diz ([IJ, Cap. 27), estao descritas no Evangelho com fidel idade, 0 Messias deixando-se imolar sem qualquer protesto.
Quanto ao sono, diz-se, em [1], encerrar outroensinamento: 0 de que
"cada Espirito na Terra tem de ascendersozinho ao calwlrio de sua reden"iio "
6.8 - 0 testemunho da fe
Nos uItimos instantes, Jesus da mais um ensinamentoacerca da fe.
A fideIidade e a comunhao com Deus, concebidoantropomorficamente, eram entendidas na forma das queexistem entre patri'ies e servos.
Quando acometidos por dissabores, ouvem-seimprecayi'ies ou a negayao de Sua Existencia, porque os acontecimentos nao se enquadram nos moldes de nossa visao do
104 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 105
que seriam Sua Sabedoria, Onisciencia ou Onipotencia.
Era 0 que conjecturava Tome diante da infamante situayao em que se encontrava Jesus. Entao alguem teria sidomais fiel do que Ele? Como podia Ele tenninar assim, Eleque fora apontado como filho dileto, sem que 0 Todo-Poderoso viesse ali impor a ordem?
Enfim, nem Deus a impor 0 seu poder, nem os homensa solidarizarem-se com Ele: os discipulos e os que tanto beneficios ou curas d'Ele receberam! De que valeu fazer tantobern? Teria sido tudo em vao?
Eque havia a entender Deus a reger por leis, nao comopessoa; leis estas as quais 0 homem deve submeter-se, deixando-se conduzir confiante nos designios do Pai, que podedar os bens e restitui-Ios em tempo oportuno ([IJ, Cap. 28);crendo nas pr6prias possibilidades, dispondo-se ao crescimento pr6prio, como 0 faz a planta que, ao desenvolver, frutifica para 0 bern de todos. Sem duvidar, pois a obra nao nospertence. Dela participamos como 0 agricultor nas suas atividades: ele semeia, mas a semente, 0 crescimento, afrutificayao, pertencem a Deus.
Envolto nessa ordem de pensamentos, Tome, "na horasombria da cruz "... observou que 0 Messias lanyava agoraos olhos entemecidos sobre urn dos ladr6es que 0 fixavaafetuosamente... a voz debi!... em tom de profunda sinceridade:
- Senhor l ... lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!...
o discipulo reparou que Jesus the endereyava, entao, 0
olhar caridoso, ao mesmo tempo que nos seus ouvidos chegavam os ecos de sua palavra suave e esclarecedora:
- "Ves, Tome? Quando os homens da leinao me compreenderam e quando os meus pr6prios discipulos me abandonaram, eis que encontroa conjianr;a leal no peito de um ladriio!... "
A - Bibliografia
1 - Humberto de Campos - Boa Nova2 - Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiri
tismo3 -Abril Cultural- As Grandes Religioes
B - Leitlliras cornplernentares
As dos capitulos citados no texto.
C - Perguntas
I-Qual a chave do entendimento do Evangelho,segundo a Doutrina Espirita? Por que?
2 -Que significado tern 0 sacrificio de Jesus paraos espiritas?
3 - Qual 0 significado do 1: Mandamento?4 - Como justificar nossas oscilayoes, ora de ele
vayao, ora de queda?5 - Ea riqueza urn mal, para 0 Espirito? Justifique
a resposta.6 - Seria justificavel a distribuiyao eqiiitativa das
riquezas entre todos os homens?7 - Conceitue a invigilancia.8 -0 que levou Judas Iscariotes ao seu erro?
106 Rino Curti
9 - 0 que e a Pascoajudaica?10 - Justifique a assertiva de Jesus, quanto a quem
seja 0 maior de todos no Reino dos ceus.11 - Que liyoes deveriam encerr'lI os ultimos dias
de Jesus?12 - Explique a negayao de Pedro.13 - Explique 0 valor da Fe.
D - Pnitica de renovayao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 40.
E - Recomendayoes para a aula
Seja pontual. Nao somente freqiientador assiduo,mas cumpridor do horario. Nao se deixe atrasar porencontros de amigos ou visitas inesperadas. Falefrancamente de seu compromisso. 0 exemplo falamais alto que qualquer ayaO de proselitismo.
CAPITULO 7
A PATRISTICA
7.1 - 0 destino de Roma
No momenta aprazado para a vinda de Jesus, entre asvarias conquistas feitas pela humanidade que hi a preservar,esta a familia romana que,
"em suas tradiyi5es gloriosas, esta constitulda no mais sublime respeito as virtudes her6icas da mulher e na perftita compreensGo dos deveres do homem, ante os seFs sucessores e os seusantepassados" ([I), Cap. Xl).
I": ela que alicerceia os fundamentos do Direito Romano e da organizayao que hi de conduzir Roma ao dominiodo mundo, sublimando-lhe os esteios que os prepostos d'lespiritualidade aproveitam
"no sentido de orientar-se a atividade emgeral para um grande movimento de fraternidade
e de uniao de lodos os povos do planeta... " ([Il,Cap Xl).
Roma, entretanto, nao assimilou as orientayoes que aauiavarn para a fundacao de urn unico Estado na superficieb ,
do mundo. Embriagada pela autoridade e poder alcanyados,em breve afunda em urn mar de perversidade, de corrupyao,de quase completa dissoluyao das grandes conquistas morais alcanyadas.
A aproximayao e a presenya consoladora do DivinoMestre inundarn de influencias confortadoras os corayoes.Em conseqiiencia, 0 reinado de Augusto se desenvolve cheiode luzes e gloriosas realizayoes pela manifestayao, em condiyoes de paz, tranqiiilidade e reconhecimento, de todas asforyas do Espirito.
A agressivi,dade e a arnbiyao, entretanto, haveriarn deressurgir com Tiberio, filho adotivo de Augusto, cuja crueldade interrompe 0 periodo de paz e de tranqiiilidade ate aiexistentes. Ao mesmo tempo, 0 judaismo nao compreende 0
arnor e a humildade, impoe 0 martirio de Jesus, que Romave realizar impassivel e indiferente, inaugurando, a seguir,
"periodo longo de sombras, de massacrese de incendios, de devastar;ao e de sangue...
Os seguidores humildes do Nazareno iniciam, nas regioes da Palestina, as suas predicar;oese ensinamentos... De perto seguem-lhes a atividade os emissarios... do Senhor, preparando os carrzinhos da revolur;ao ideologica do Evangelho"([1], Cap. XIIl),
enquanto dolorosas provayoes coletivas se abatem sobre aJudeia e 0 Imperio. Tito destroi Jerusalem arrasando-lhe 0
7.2 - 0 inido da Era Crista
Templo e dispersando os israelitas para sempre, para a seguir ver-se 0 proprio Imperio sOyobrar nas suas bases, emurn mar de ruinas.
109Cristianismo (De Jesus a Kardec)
E tanto para uns, como para outros,
"quando nao mais foi possivel 0 paiiativoda misericordia dos espiritos abnegados e compassivos, dada a galvanizar;ao dos sentimentosgerais, na mesa larga dos excessos e prazeres, ador foi chamada a restabelecer 0 fundamento daverdade nas almas".
A Filosofia Grega, que se implanta como a edificadorada verdade, bern cedo revela a importiincia de alcanya-la emsentido absoluto, exclusivarnente com Razao.
A pregayao do arnor para todos elimina as barreiras entreos homens: ea afirrnayao da igualdade dos homens, da coordenayao da vida moral na pureza do corayao, na bondadede intenyao, na humildade e nao no formalismo exterior dosrituais e cultos.
Colocando a esperanya de uma vida melhor no aperfeiyoarnento da intima personalidade do homem, Jesus desperta as consciencias para as realidades do Espirito, dirigindose essencialmente para os desesperanyados:
"Nao sao os saos que necessitam de medico, mas sim os doentes - diz Ele. Vinde a mim vosque estais cansados e oprimidos, e eu vos aiivia-
Rino Curti108
Cabe a Paulo, com suas ayoes e suas epistolas, evidenciar 0 sentido universalmente humano do ensino do Evangelho e possibilitar sua rapida propagayiio no mundo grecoromano.
o numero de Iivros escritos pelos fieis cresce. Surgem
rei. Tomai sobre v6s 0 meujugo, e aprendei de mim,que sou manso e humilde de corac;ao, eencontrareis descanso para as vossasalmas"(Mateus 11 __ 28 e 29)-
Para as almas oprimidas, 0 novo credo torna-se novoalento de esperanya. Grupos de novos adeptos se multiplicaYam, gerando propagayoes de ideias e interpretayoes, na constituiyiio da primitiva Igreja e, consequentemente, recrudescea critica e a oposiyiio, que ha de converter-se, bern cedo, emperseguiyiio e martiroI6gio.
- "Quando a guerraformidavel da criticaprocurava minar 0 edificio imortal da nova doutrina, os mensageiros do Cristo presidem it redaC;iio dos textos definitivos, com vistas aofuturo, naosomentejunto aos Ap6stolos e seus disclpulos, masigualmente junto aos nucleos das tradic;i5es.
Os cristiios mais destacados trocam, entresi, cartas de alto valor doutrinario para as diversas igrejas" ([1], Cap. XIV).
Diz Emmanuel, em ([1], Cap. XIV), que os Ap6stolos,em funyiio de suas limitayoes, tendiam a formar seita judaica, restrita, sem universalizar os ensinamentos de Jesus.
"E entiio que Jesus resolve chamar 0 Espirito luminoso e energico de Paulo de Tarso ao exercicio de seu ministerio... "
mais de 60 Evangelhos, dos quais somente quatro siioadotados pela Igreja. Mateus, Mar'cos e Lucas, ditos sin6ticos,porque semelhantes, e 0 de Joiio, diferente e que se Iiga ithteratura judaica: Jesus e 0 Messias, 0 Logos, filho de Deus,que afinna a vinda do Espirito da Verdade - 0 Panicletoque completara 0 seu ensino. Prepara a aproximayiio com ~filosofia grega na formayiio do futuro sincretismo filos6fico-religioso, sincretismo este que se torna responsavel pelodesvirtuamento dos principios do Cristianismo, em que 0
Evangelho quase desaparece pelas inovayoes ([2], Cap.8).
IIICristianismo (De Jesus a Kardec)
No fim do primeiro seculo, as foryas espirituais
"sob a egide de Jesus estabelecem novaslinhas de progresso para a civilizac;iio... Roma janiio representa, entiio, para 0 Plano Invisivel, seniio um foco infeccioso que e preciso neutralizarou remover.
... 0 Divino Mestre chama aos espac;os 0 Espirito de Joiio que... at6nito e aI/ito Ie a linouaoemv' b b
simb6lica do Invisivel. Recomenda-lhe 0 Senhorque entregue os seus conhecimentos ao Planetacomo advertencia a todas as nac;i5es e a todos ospovos da Terra, eo velho Ap6stolo de Patmos transmite aos seus discipulos as advertencias doApocalipse"([I], Cap. XIV).
No Apocalipse, ficam previstos, embora demaneira simb6lica e obscura, os acontecimentosfuturos relativos as experiencias, vicissitudes econquistaspelas quais a humanidade tera de passar, a fim de atingir a maturidade para a implantac;ao definitiva da civilizac;ao crista.
Rino Curti110
7.3 - 0 sincretisrno filos6fico-religioso
Desta forma, a Grecia, que no seculo de Pericles atingeum apogeu de beleza e cultura poucas vezes igualado, queem Socrates recebe as mais avanyadas liyoes, semcompreende-las, e por isso 0 vilipendia e 0 mata, traya parasi dolorosas e amargas provayoes.
Israel, cuja estatura religiosa alcanya a conquista domonoteismo, cujo profetismo, mais que tudo, 0 elevou emmateria de fe, compromete seu futuro, pelo orgulho, pelavaidade exclusivista e pretensiosa, por sua incompreensao
o homem e os povos permanecem ligados as leis dodeterminismo e do livre-arbitrio. A posse de maiores poderes, no sentido de dominar cada vez mais os recursos materiais e as foryas da natureza, ficam condicionados a um desenvolvimento intelectual nos dominios da Ciencia, sustentado por correspondente desenvolvimento moral. Ecomumouvir-se dizer do Plano Maior que ao hornem sao vedadoscertos conhecimentos pela falta de crescimento de sentimentos a fim de que certas possibilidades nao caiam na mao dequem nao saiba usa-las. Assim sendo, seja para os individuos como para as coletividades, as oportunidades de realizayoes construtivas sao-Ihes submetidas it livre escolha. Seudesperdicio acarreta adiamento, reconstruyao de caminhos,como acontece ao escolar que, ao errar a tarefa, antes depoder refaze-Ia, tern de buscar as razoes do erro, eliminar asfalhas de conhecimento em que elas residem, refazer nOyoesque haviam permanecido obscuras, a fim de tentar de novoo sucesso.
113Cristianismo (De Jesus a Kardec)
em materia de humildade e amor.
Neste sentido, Roma foi beneficiada com a canalizadlode recursos, da sabedoria ateniense e das experiencias dospovos conquistados, a fim de que se abrissem, para 0 hornern,
"mais amplos horizontes nos dominios doprogresso material" ([1], Cap. XV). Mas,correspondentemente, exigia-se-lhe que assimilasse a "mensagem luminosa da verdade e do amoT. ..para a solw;iio de grandes problemas educativosdo corar;iio... os Evangelhos vinham trazer ao homem espiritual um roteiro de novas atividades, educando-o convenientemente para as suas arrojadasconquistas de ciencia e liberdade, com vistas aoporvir"([l], Cap. XV).
. Eles, que deviam ter-se orientado para um grande moVlmento de fratemidade e uniao de todos os povos do planeta, falham pelos abusos da autoridade e do poder, provocando a alterayaO dos pIanos do Alto, pela necessidade dereconsiderayao de caminhos. Mas, nao so nao aceitam ospreceitos da igualdade, fundamentados na humildade e napureza de propositos, mas passam a perseguir, pelas formasmais odiosas, os adeptos da Boa Nova, que continha
"a sumula de todos os compendios de paz ede verdade para a vida dos homens" ([1], Cap.XIV).
Enquanto os cristaos eram submetidos as mais perversas p~rseg~iyoes, entre os filosofos gregos estabelece-se queo raclOnahsmo gregG nao poderia atingir a verdade ultimadas coisas. A verdadeira Ciencia so pertencia a Deus, que,
Rino Curti112
Cabe aos Apologistas, urn grupo de escritores cristaos,restaurar a normalidade. Com a continuidade das constru<;oes sistematicas do pensamento cristao efetuam a sintesedo pensamento cristao com 0 Neoplatonismo, segundo aqua!todo conhecimento veridico e revela<;ao de Deus aos homens;o berne identificado ao espirito e 0 mal com a materia. Aalma humana tende a livrar-se do mal para reconduzir-se aDeus, do que resulta, como ideal, 0 isolamento, a fuga dos
antros das paixoes.
"Nao atinaram que, se 0 jejum e a orar;aoconstituem uma grande virtude na soledade, maiselevada virtude representam quando levados a efeito no torvelinho das paixi5es desenfreadas, nas lutas regeneradoras, a fim de aproveitar aos que os
entretanto, podia transmiti-Ia aos homens, revelando-a atrayes da intuicao. Desta forma, seus fil6sofos passam a serconsiderado~ prepostos divinos a quem Deus revelou os conhecimentos que expuseram. Desta maneira a culturahelenistica transforma-se em religiao, seus fil6sofos em santos, atribuindo-se-Ihes profunda sentimento religioso.
Da confluencia do pensamento gregG e judaico na novadoutrina, forma-se sincretismo religioso que da origem, nela,a varias correntes intemas, as heresias, todas interessadas nabusca da verdade nos textos santos.
A heresia gn6stica e que provoca a maiar crise. Nela,por influencia plat6nica, a materia e considerada substanciadivina degradada, causa do mal. Para os cristaos Oposltores,inspirados na Biblia, tendo Deus como criador de todas ascoisas, ao contrario, a materia e boa. 0 mal e devldo ao dla
bo.
o Cristianismo ascende Ii tarefa de Estado, comConstantino, no inicio do seculo IV, que poe fim Ii persegui<;ao.
115
contemplam" ([1], Cap. XV).
Cristianismo (De Jesus a Kardec)
7.4 - 0 papado
"A fatalidade historica reclamava a sua colaborar;ao nos gabinetes da politica do mundo e,ainda uma vez, a indigencia dos homens nao compreendeu a dadiva do plano espiritual... 0 mesmoespirito de ambir;ao e imperialismo, que de longotempo trabalhava 0 organismo do imperio, dominou igualmente a 19reja de Roma, que se arvorouem suserana e censora de todas as demais do Planeta. "
Apesar dos esfor<;os empreendidos pelos mensageirosdo Cristo instaura-se sob a egide do imperador Focas, 0
Papado no ano 607, que estabelece prerrogativas e direitosinjustificados aos bispos de Roma, em detrimento dela mesrna.
A Igreja e entregue entao ao trabalho de aperfei<;oamentopar si mesma, iniciando nesse momenta
"um periodo de 1.260 anos de amargurase violencias para a civilizar;ao que se fundava ".
Rino Curti114
7.5 - A formal;ao dos dogmas
Sob a egido;: de Constantino, inicia-se a formayao dosdogmas cristaos. No Concilio de Niceia e fixado 0 conceitode Trindade Divina em oposiyao a Ario, que negava a divindade de Jesus, apresentando-o apenas como urn homem quese havia elevado acima dos outros.
Uma gerayao ap6s a morte de Constantino, 0 impera. dor Juliano (0 Ap6stata) considera 0 Cristianismo urn produto de superstiyoes judaicas e estimula urna reayao paga.
Em 381, entretanto, por Teod6sio, 0 Cristianismo e decIarado religiao oficial do Estado e toda participayao emqualquer dos cultos pagaos etida como' urn ato de traiyao.
A uniao com 0 Estado e a ele sobrepor-se, envolve aIgrej a no espirito de Roma decadente e faz com que os bispos passem a disputar-Ihe a grandeza e a prosperidade. Maisque com a educayao das massas,preocupam-se com a imposiyao das ideias e concepyoes. Por isto, entram de acordocom a preferencia pelas solenidades exteriores, pelo cultofacil do mundo extemo.
"E assim que aparecem novos dogmas, novas modalidades doutrinarias, 0 culto dos [dolosnas igrejas, as espetaculares festas do culto externo, copiadosquase todosdaRomaanticristti" ([I),Cap. 16).
A - Bibliografia
1 - Emmanuel - A Caminho da Luz2 - Rino Curti - 0 Divulgador Espzrita - Vol.IlI
117Cristianismo (De Jesus a Kardec)
B - Leitrnras complementares
As dos capitulos citados no texto.Leon Denis - Cristianismo e Espiritismo - Caps.VIe VII
C - Perguntas
1 - Qual era a missao de Roma?2 - Qual 0 significado da pregayao do amor para
todos?3 - Qual a causa das perseguiyoes aos cristaos?4 - Por que Jesus conclama Paulo ao exercicio de
seu ministerio?5 - Qual 0 resultado do sincretismo filos6fico-rdi
gioso na formayao do Cristianismo?6 - Qual 0 significado do Apocalipse?7 - Qual 0 papel do Evangelho, para que Roma pu
desse realizar 0 Estado mundial?8 - Como a cultura heknistica se transforma em
religiao?9 - 0 que sao as heresias?
10 - Quem sao os Apologistas?11 - Quando foi instaurado 0 Papado? 0 que ele sig
nificou para 0 Plano Maior?12 - Como foram instituidos os dogmas da Igreja?
Rino Curti116
118 Rino Curti
D - Pnitica de renova~1io intima
Andre Luiz - Sinal Verde
Estudar e por em pritica 0 cap. 41.
E - Recomenda~oes para a anla
Nos impedimentos de ordem natural, para 0 comparecimento Ii aula, tais como viagens inesperadas, enfermidades, ou embara~os que impeyam 0 comparecimento Ii reuniao, 0 aluno sempre pode ler a liyao e, no momento aprazado das vibray5es, ligar-se mentalmente em prece Ii sua classe, porque, alem de contribuir Ii distancia para 0 trabalho,beneficia a si proprio para a sua sustentayao.
CAPITULO 8
A IDADE MEDIA
8.1 - Agostinho
Enos concilios que os dogmas cristaos sao estabelecidos. Em 451, no Concilio de Calcedonia fixa-se 0 conceitode que 0 Cristo tern duas naturezas distintas, conjuntas, emuma unica pessoa: Natureza Divina e Humana.
Mas 0 maior pensador desta epoca e Agostinho, cujaobra se estende entre 0 Concilio de Constantinopla, em 381,eo de Efeso, em 431. Estabelece,que a verdadeira ciencia eo conhecimento de Deus e que, conhecendo-o, 0 resto econsequencia. Dai 0 desprezo pelas quest5es cientificas.
Afirma que 0 homem atinge 0 saber por iluminayao divina, e 0 conceito de Deus efixado trino, segundo 0 dogmada Trindade.
o mal nao ecriado por Deus, mas e consequencia daperda daquilo que e born.
A discussao entre 0 que sejam 0 bern e 0 mal se estendea outros seguidores, 0 que da origem a novas heresias. Agostillho afirma que os homens estao em pecado por solidarizarem-se com Adao e Eva, sem saberem libertar-se pelas pr6prias foryas. Dentre eles alguns foram eleitos por Deus, a~squais libertou por sua graya. Os outros, apenas nao estaocondenados it perdiyao.
No seculo VI da-se outra especulayao mistica segundoa qual a criayao e entendida como emanayao de Deus e 0
mundo povoa-se de entidades intermediarias: os santisslmostronos, os querubins, as potestades, as dominayoes, os pode~res e finalmente as substancias angelicas..,
Isto oferece urn modelo para a.organizayao da Igrejaque, em 607, contra os esforyos do Plano Espiritual, cria 0
Papado.
Ao mesmo tempo Roma e destituida de seus poderes e,por orientayao do Alto, ocorre sua queda, com a invasao dosbarbaros, dando origeni it desorganizayao gera!'
Comeya novo ciclo de civilizayao, a Idade Media e adecadencia intelectual da Patristica e urn lange estaclOnamento nos processos evolutivos.
Apesar disto Jesus nao desampara. Sempre envia seusmissionarios a exemplificarem, sublimada e coraJosamente,
as liyoes do amor e da virtude,
"ensinando 0 caminho claro da evolur;iioaos povos invasores, trazendo-os ao pensamentocristiio e destinando-os aos tempos luminosos doporvir" ([1), Cap. XV1).
No seculo V as grandes missoes fazem desaparecer oscentros tradicionais da cultura e a vida espiritual refugia-senos mosteiros, onde se acreditava que, pelo jejurn e na orayao, em soledade, se pudesse atingir mais rapidamente a redenyao perante 0 Cordeiro.
A filosofia grega entronizava a razao. Nao se podia maisconstruir 0 conhecimento, qualquer que ele fosse, cientifico, filos6fico ou religioso, a nao ser nas formas met6dicasda razao. Cabe it Patristica fixar a Revelayao crista nas formas l6gicas do pensamento grego.
Entretanto, a ideia de que a verdadeira ciencia reside noconhecimento de Deus favorece a incultura, desviando a atenyao dos homens das coisas terrenas, dirigindo-a para as coisas do ceu. Todas as conquistas cientificas e artisticas foramsubmersas. A unidade politica fragmenta-se e fraciona-se avida social em pequenos centros divididos e independentes,constituindo-se 0 feudalismo, que atinge a pr6pria Igreja, aqual, nao conseguindo elevar sua funyao, tomou-se urn instrumento do governo e nao urn guia para orienta-Io.
No seculo VI, entretanto,
"aparecem grandes vultos da sabedoria ebondade, contrastando a vaidade orgulhosa dosbispos cat6licos... exerceram a funr;iio de novossacerdotes da ideia sagrada do Cristianismo, conservando-Ihe 0 fogo divino para as futuras gerar;8es do Planeta" ([1), Cap. XVII),
120 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec)
8.2 - 0 fim da patristica
121
8.3 - 0 Islamismo
destacando-se entre eJes os missionarios beneditinos, cujomaior merito foi a cristianizayao de bitrbaros, principalmen
te os germanos.
Simultaneamente, apos a morte de Teodosio, 0 mundodivide-se em Ocidente e Oriente, sob a regencia de seus filhos Honorio e Arcadio.Com 0 desaparecimento do mundoocidental, por obra dos Herulos, em 476, Constantinoplatorna-se a sucessora de Roma imperial, formando-se 0 imperio bizantino que so terminaria em 1453, com 0 assalto de
MaomeII.
Antes da fundayao do Papado, no seculo VI, outro grande movimento religioso cristao inicia-se no mundo arabe com
Maome.
Como em todos os povos, a religiao arabe provem defonnas antigas, antes totemicas, depois animistas, pelas quaisadmitiam-se Espiritos alojados em arvores, pedras e astros.Em Caaba, templo de Meca, adoravam uma pedra branca eoutra preta. Antiga divindade tribal, Hubal, venerado emMeca, passou a ser chamado Allah.
Maome nasceu no ana de 570, em Meca, pobre, tornando-se rico pelo casamento, com a missao de reunir as tribosarabes sob a luz dos ensinos cristaos. A ele e ditado 0 A1corao, tido como ultima manifestayao de uma serie de escrituras sagradas, 0 Pentateuco, os Salmos de Davi, 0 Evangelhode Jesus e finalmente 0 A1corao, que recebe mediunicamentee dita a seus secretarios, por ser analfabeto.
123Cristianismo (De Jesus a Kardec)
Maome nao consegue superar suas proprias fraquezas.Seus ensinos encerram flagrantes contradiyoes, revelandorun espirito belicoso, de violencia e de imposiyao ([2], Cap.11).
''porque 0 Plano Espiritual assinalara umlimite as. suas operar;i5es, encaminhando CarlosMartel para a vitoria de 732" ([i], Cap. XVII).
o Islamisl110 admite urn deus unico que deterl11ina 0destino do homem, exigindo submissao a sua vontade, ouIslam, do qual deriva 0 termo Muslim, ou Muyu1l11ano, paradefinir a nova fe.
Qualifica de infieis aqueles que nao se submetem assuas doutrinas e apregoa a violencia. A Arabia foi submetida a sua doutrina pela espada, que se espalha alem dela soba egide devastadora de guerras santas. Com elas conquistamtoda a Africa Setentrional no fim do seculo VII, e se instalam na Espanlla no inicio do seculo VIII, nao indo alem dosPirineus, .
8.4 - 0 nascimento da escoHistica
"No seculo VIII, Jesus permite a reencarnar;ao de um dos mais nobres imperadores romanos, ansioso de auxiliar 0 espfrito europeu na suaamargurada decadencia... sob 0 nome de CarlosMagno" ([i], Cap. XVII).
Com ele hi um despertamento da vida europeia que sereaviva com a instaurayao de escolas, onde se ensinam assete artes liberais: 0 trivio - Gramiitica, Retorica e Dialetica;
Rino Curti122
o quadrfvio - a Aritmetica, a Geografia, a Astronomia e aMusica.
Mais tarde, acima delas, colocar-se-a a Teologia, quepassa a ser denominada de Escohistica. Por ela retoma-se adiscussao dos temas religiosos transmitidos pela Patristica,com a premissa de que a verdade esta contida nos textossagrados e nos dogmas da Igreja - e com 0 intuito de conciliar Fe e Razao. Terminam por subordinar a Razao Ii Fe.
Todas as discussoes mantem-se no estudo da naturezade Deus e da criayao do mundo, predominando as ideias gregas, especialmente do Neoplatonismo.
o soerguer do mundo teria pouca durayao.
semana, com 0 objetivo de comemorar as passagens da vida de Jesus... " ([I), Cap. XVII).
A missao de Carlos Magno foi mais urna tentativa dereorganizar 0 imperio do Ocidente. Diante da inutilidade dotentame,
"as autoridades espirituais, sob a egide doCristo, renovaram os processos educativos domundo europeu... chamando todos os homensparaa vida do campo, ajim de aprenderem melhor, notrato da terra e no contato da Natureza" ([I), Cap.XVII), que so 0 feudalismo podia realizar.
125Cristianismo (De Jesus a Kardec)Rino Curti124
8.6 - Novo processo de restaurayao
8.5 - 0 feudalismo
omundo ocidental, apos a morte de Carlos Magno, algrms anos apos sua coroayao como imperador, em 800, recainas sombras, constituindo urn perfodo que se estende do seculo VIII ao seculo XII, a Idade Media, sob 0 guante do Feudalismo. Por ele desaparece toda unidade politica, que provoca uma crescente importancia da propriedade individual eurn recrudescimento, jamais visto, da servidao moral.
Com tal regime, implantam-se grandes lutas fratricidasque
"somente as poucas qualidades cristas daIgreja CatDlica conseguiram atenuar, instituindose as chamadas "treguas de Deus", obrigando osguerreiros ao repouso em determinados dias da
Enquanto subordinada a Constantinopla, a Igreja sempre procurou libertar-se, conseguindo-o com 0 Papa Estevao II, em 756, ao mesmo tempo em que os soberanos daepoca dispunham da Igreja a seu bel-prazer, conferindo dignidades eclesiasticas a quem mais lhes aprouvessem, urn pedodo que se estende alem do seculo X.
As advertencias do Plano Espiritual,entretanto, jamaiscessaram ate que, no seculo XI, inicia-se novo processo derestaurayao. 0 interesse cultural renova-se e as escolas comeCam a dar seus primeiros fmtos.
Contemporaneamente, a partir do seculo XI, realizamse varios movimentos no seio do Cristianismo, com a tendencia de reconduzi-Io a formas mais consentaneas com aprimitiva doutrina. Com 0 Papa Gregorio VII, tenta-se coibir, pelo Concilio de Roma em 1074, os abusos do mercado
"em vez de repousarem asombra dos claustros, na tranqililidade e na meditar;lio, esses Espiritos abnegados reconheciam que a melhor orar;lio, para Deus, e a do trabalho construtivo, noaperfeir;oamento do mundo e dos corar;i5es" ([1J,Cap. XVlIl).
dos sacramentos e as honras eclesiasticas, que redundam nocaminho para a realizaqao da Concordata de Worms, em1122, com Henrique V, no qual a Igreja reassume a sua independencia e a regeneraqao de sua disciplina.
A leitura dos Evangelhos inicia movimentos de pregaqoes tidos como heresias pelo Vaticano, destacando-se Pedrode Vaux, homem de neg6cios que tudo lega, em Liao, aospobres, e seus seguidores, os Valdenses, que foram excomungados, perseguidos pela Inquisiqao, resistindo, porem,ate a Reforma.
o pretexto de combate as heresias suscita a criaqao doTribunal de Inquisiqao em 1231, com Greg6rio IX, que seconstitui em um dos maiores flagelos que a Humanidadeconheceu, exigindo prontas providencias do Espaqo para arenovaqao educativa.
Aparece 83.0 Francisco de Assis, 'Jm dos maiores ap6stolos de Jesus, a instaurar nova corrente reformista, fundamentada exclusivamente no amor e na humildade e representada pela ordem dos franciscanos, que chega a congregarmais de duzentos mil rriissionarios. Repeliam eles qualquerauxilio financeiro, alheando-se dos mosteiros, exemplificando que
127Cristianismo (De Jesus a Kardec)
8.7 - As cruzadas
"Na Europa a sua influencia fOiregeneradora, enfraquecendo a tirania dos senhores feudais e renovando a solw;lio dos problemasda propriedade... Alem disso... intensificaram, sobremaneira, as relar;i5es do Ocidente com 0 Oriente... " ([I], Cap XiX).
Desde Constantino, os lugares santos eram motivo degrande visitaqao permitida pelos fu·abes. Os turcos dominandoJerusalem, no seculo XI, passam a impedi-la aos cristaosque la acolTiam, expulsando-os com a maior crueldade.
Isto gera expediyoes europeias, as cruzadas, em que sucessos e insucessos se alternam. As ultimas foram dirigidaspor Luis IX, 0 rei da Franqa, que, caindo em poder dos inimigos, morre de peste, em 1270, defronte a Tunis.
As cruzadas foram aproveitadas pelos "mensageiros deJesus" a fim de estabelecer beneficios de ordem economicae social.
8.8 - As primeiras universidades
No seculo XIII,"sob 0 desvelado concurso do Alto instaura-se a monarquia que inicia a oraanizacao da unidade
b ,
politica em sentido mais amplo.
Esbana-se, porem, com a pobreza intelectual impostapelos meios escassos de instruyao. Pergaminhos e livros tinham preqos inacessiveis. Ciencia e Filosofia encontravam-
Rino Curti126
se totalmente escravizadas aTeologia, senhoraabsoluta, compoder de vida e morte sobre as criaturas.
Novo surto de intelectualidade, entretanto, surge com afundayao de universidades, dentre as quais se destacam asde Paris e Bolonha, modelo para as de OXford, Coimbra eSalamanca.
Traduz-se Aristoteles e, contra a resistencia inicial daIgreja, ele passa a ser estudado, dando origem a novo movimento filosofico. Em Paris prevalecem os dominicanos; emOxford, os franciscanos.
as franciscanos aceitam 0 procedimento racionalisticode Aristoteles, mas colocam a intuiyao acima da razao, parao conhecimento das coisas divinas, criando nova forma deMisticismo.
as dominicanos aceitam 0 Aristotelismo, cabendo aTomas de Aquino estabelecer acordo entre a Filosofia e aReligiao.
Ha verdades de fe - diz ele - existentes nos textos sagrados, e verdades de razao, obtidas com a aplicayao da 10gica de Aristoteles. Sempre que haja contradiyoes, deve preva1ecer.a Fe. Baseado na concepyao de alma aristotelica, entende que ela e uma substancia angelica, que sobrevive aocorpo, presidindo nele as funyoes intelectuais e as sensiveis.A seguir desenvolve sistema filosofico que se enquadra nosistema da Igreja, a Escolastica, que continua a ser cultivadanas suas Escolas Teologicas, apropriada a estrutura logicados proprios dogmas.
A Igrej a Catolica conserva-se filosoficamentearistotelica e e este 0 ponto que a fara divorciar-se da Ciencia e da Filosofia renovadas, distanciando-se do conheci-
Com 0 surgimento das universidades, do comercio e 0
crescimento das cidades, renova-se a vida intelectual, da qualBacon, franciscano ingles, e ponto culminante, como iniciador da revoluyao do pensamento cientifico e filosofico. Aomesmo tempo,
"inumeros mensageiros de Jesus, sob avincular;iio, iniciam largo trabalho de associar;iiodos Espiritos, de acordo com as tendencias e ajinidades, a jim de formarem as nar;i5es do futuro,com suapersonalidade... cada uma. .. cometida dedeterminada missiio .
A Inglaterra em 1265 erige a Camara dosComuns onde a burguesia e as classes menosfavorecidas tem a palavra com a Camara dosLordes. A Italia prepara-se para a sua missiio delatinidade. A Alemanha se organiza. A PeninsulaIberica e imensa ojicina de trabalho e a Franr;aensaia os passos dejinitivos para a Sabedoria e abeleza.
...F assim que vamos encontrar antigosfenicios no. Espanha e em Portugal. .. No. antigo.Lutecia (futuro. Paris) ... vamos achar a almaateniense nas suas elevadas indagar;i5es jilos6jicas e cientificas, abrindo caminhos claros 0.0 direito dos homens e dos povos... No. Prussia, 0 espirito belicoso de Esparta... No. Grii-Bretanha, a
128 Rino Curti Cristianisl110 (De Jesus a Kardec)
mento atual, causa da seria crise de nossos dias.
8.9 - 0 fim da Idade Media
129
130 Rino Curti Cristionismo (De Jesus 0 Kordec) 131
edilidade romana, com a sua educa,ao e a suaprudencia" ([1J, Cap. XIX).
A formayiio dos Estados nacionais torna-se 0 resultadomais importante da vida politica europeia, dos ultimos seculos da Idade Media, embora niio sem lutas e guerras amargas.
Na Franca, 0 Estado consolida-se com a guerra dos CernAnos, em que se consagra a figura de JoanaD'Arc; na lnglaterra, 0 feudalismo se extingue com a Guerra das Rosas; naAlemanha e na Italia, pela ayiio de Barbarosa.
Com as lutas de Gengis Khan, na unificayiio daMong61ia; de Tamerliio, na formayiio do segundo imperiomongol; e com a queda de Constantinopla, em 1453, quepermaneceria definitivamente em poder dos turcos, terminaa Idade Medieval e desponta nova era para a Humanidade.
A - Bibliografia
1 - Emmanuel- A Caminho da Luz2 - Rino Curti - 0 Divulgador Espirita - Vol. III
B - Leituras complemental'es
As dos capitulos das obras citadas no texto.
C - Pergnntas
1 - Como se formam os dogmas cristaos?2 - Qual a importiincia de Agostinho?3 - Como se forma 0 Papado?
4 - Qual a principal reaIizayiio da Patristica?5 - 0 que representa 0 Alcoriio para os islamicos?6 - 0 que e a Escoliistica?7 - 0 que eram as treguas de Deus?8 - Como surgiu 0 Tribunal da Inquisiyiio? 0 que
significava?9 - Como surgiram as Cruzadas? Que proveito de
las tirou 0 Plano Maior?10 - Qual a importancia de Tomas de Aquino?11 - 0 que assinala 0 fim da Idade Media?
D - Pnitica de renovayao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em prMica 0 cap. 42.
E - Recomendayoes para a anla
Embora a aula e 0 eurso constituam terapeutica espirituaI, ha ocasi5es em que nos sentimos vacilar, enfraquecer.
Recorra ao passe. Nem sempre podemos reerguer-nospor n6s mesmos. Necessitamos do auxilio alheio, como precisamos do socorro medico na enfermidade. 0 passe e meiopelo qual os 'desencarnados oferecern recursos avanyadospara sustentar-nos 0 equilibrio. Mas niio reCOlTa ao passepor qualquer motivo. Niio espere somente pelo auxilio alheio.Utilize, sempre que possa, seus pr6prios recursos, na precee na boa-vontade.
CAPITULO 9
A RETOMADA DODESENVOLVIMENTO
9.1 - Movimentos reformadores
No inicio do seculo XIII redesponta intenso movimento intelectual, do qual se originam as primeiras universidades.
A vida social se renova, ern conseqiiencia de novas invenyoes, a ampliayao do conhecimento geogrMico, 0
surgimento da burguesia que cri'a novas riquezas, novas relayoes sociais e politicas. 0 contato corn os classicos daAntigiiidade, a criayao de novos engenhos para 0 desenvolvimento das atividades, faz 0 homem voltar-se as conquistas que ele ja pode efetuar neste mundo, antes relegadas aodesprezo, na Idade Media.
"Nos albores do seculo XV.. grandes assembleias espirituais se reunem nasproximidades
134 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 135
do Planeta, orientando os movimentos renovadores que, em virtude das determina,oes do Cristo,deveriam encaminhar 0 mundo para uma novaera Mensageiros devotados reenCarnam noorbe Na Peninsula Iberica... jundam-se escolasde navegadores... Numerosos precursores da Reforma surgem por toda parte, combatendo os abusos de natureza religiosa. Antigos mestres de Atenas reencarnam na Ittilia, espalhando nos departamentos da pintura e da escultura as mais belasjaias do genio e do sentimento. A Inglaterra e aFran,a preparam-se para a grande missao democrtitica. " ([I), Cap. XA).
Diz Emmanuel queJesus e quem dirige 0 ressurgimento das atividades humanas, delineando 0 papel que cada povodevera exercer. Na America deposita suas maiores esperanyas e para ai encaminharia os espiritos de boa-vontade, selecionados, capazes de trabalhar para a paz e a fratemidade,localizando no Norte 0 cerebro da nova Civilizayao; no SuI- no Brasil - , 0 corayao.
"A esses espiritos mais ou menos adiantados, aliaram-se numerosas entidades da Europa,cansadas das lutas inglarias de hegemonia e ambir;flo... originando-se, desse modo, entre ospovosamericanos, c6digos e sentimentos mais aperjeir;oados" ([1J, Cap. XA).
o homem entende fazer, js. deste mundo, 0 seu reino,residindo nisto 0 germe da filosofia modema. A Escolastica,pouco a pouco, vai sendo ridicularizada, para 0 que contribuem a renovayao da ciencia, da arle, do pensamento politico.
Simultaneamente, um sentimento renovador de volta itpureza evangelica, invade as hostes da Igreja, induzido pelas atividades reformadoras do Alto. Numerosos missionarios, enviados pelo Cristo: Lutero, Calvino, Erasmo,Melanchton e outros vem com 0 objetivo de efetuar 0
renascimento da religiao e a emancipayao da sociedade, daautoridade da Igreja. Visam purificar a fe, propagar uma religiao simples, de piedade pratica, liberta de dogmatismos ede rituais. Impugnam os sacramentos e repudiam a venda deindulgencias para a absolviyao de todos os pecados e crimes, como estipulado no Livro das Taxas da Sagrada Chancelaria e da Sagrada Penitencia Apostolica, criada em 15 I8pelo Papa Leao X.
Contra isto se levantam as pregayoes de Lutero, fradedominicano, e seus companheiros, mas com 0 extremismoda intolerancia; 0 que the impede de estabelecer 0 caminhoideal para as verdades religiosas. Institui 0 principio do livreexame das escrituras, a salvayao pela fe.
Este principio, entretanto, impossivel de ser seguido,pois que a propria Religiao exige estrutura racional, pela forma de conhecimento que ela envolve, conduziu adivisaoem varias correntes. Consequentemente gera-se um movimento tendente a enquadrar a nova heresia em determinadosesquemas, 0 que Ihe deterrnina nbva Igreja, nova Teologia.
Forrna-se uma Escolastica protestante, que se situa nomesmo plano do oposto dogmatismo.
136 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 137
9.2 - A contra-reforma
A reayao da Igreja contra a Reforma toma 0 nome deContra-Reforma. Embora os historiadores vejam seu inicionos movimentos reformadores internos que tendem a coibirabusos e vicios, ela se firma e se implanta quando a nayaoalema parecia tornar-se luterana.
E embora nela se tente urna purificayao da Igreja, tambern se fortalece a Inquisiyao. Ela atinge 0 seu auge reformista no Concilio de Trento, realizado, com intermitencias,entre 1545 e 1563, concilio este em que se reafirmam osdogmas atacados pela Reforma protestante, mantem-se ossacramentos e 0 celibato dos padres.e, entre outras afirmayoes, estabelece-se a supremacia papal sobre todos os sacerdotes e prelados, chegando-se a sugerir ate sua superioridade em relayao ao concilio. Proibe-se a venda das indulgencias, prescreve-se a fundayao de semimirios de Teologia emcada diocese, e instituiu-se 0 index, ou lista de obras quenao deviam ser lidas ([3], Cap. 17).
Eporem com os jesuitas que a Contra-Reforma se impoe. Constituem eles urna ordem fundada em 1534 por urnfidalgo espanhol, Imicio de Loiola, organizada de formaprevalentemente militar, disposta a divulgar e a defender afe por todos os meios, e tornando-se, com isto, 0 mais eficiente instrumento da Inquisiyao, na guerra, sem treguas, con
tra a heresia.
" A 19reja inaugurouperiodo dos mais tristes... 0 Tribunal da Inquisi<;ao fez milhares de vitimas... A Companhia de Jesus nao importavamos meios para atingir os fins imorais a que se pro-
punha, contribuindo para 0 atraso moral em quese encontra 0 homem cientifico atual"([l}, Cap.X\:).
Como consequencia, a cristandade ocidental dividiu-seem seitas hostis. 0 norte da Alemanha e os paisesescandinavos tornaram-se luteranos; a Inglaterra, comHenrique VIII, adotou forma intermediaria; na Esc6cia, Franya e SUiya, implantou-se 0 Calvinismo. Mas, apesar de tudo,houve beneficio: instaurava-se a liberdade religiosa, renovando 0 impulso para 0 estudo, do que se originou a cienciabiblica. Alem disso, da margem ao surgimento de movimentoracionalista que submete it critica da razao os dogmas, quepassa a entende-los como interpretayoes doutrinarias sujeitas it instabilidade.
Nasce assim uma teologia natural que tende a negar 0
carMer divino da revelayao biblica, submetendo-a it luz dacritica, da razao humana.
o principio do livre exame, entretanto, geradiscordilncias que degeneram em guerras religiosas, agravadas pelas criayoes do Tribunal de Penitencia. Tal situayaoprolongar-se-ia ate 0 seculo XVII, no qual, em 1648, pelotratado de Westphalia, 0 protestantismo consolidaria suasvit6rias.
Mais uma vez, 0 Plano Espiritual busca auferir vantagens dos acontecimentos e, destes entrechoques, propicia 0
nascimento da doutrina da tolerilncia e da liberdade religiosa, urna das maiores conquistas daldade Media.
9.3 - A nova ciencia e a nova fiIosofia
Aniilogo movimento de renovayao instaura-se na Ciencia e na Filosofia. A Ciencia estabelece, como criterio deverdade, a constatayao pela observayao e experiencia. Bacon,Kepler e Galilei lanyam as bases da nova metodologia, doque se origina extraordiniirio desenvolvimento, jamais antes sequer imaginado.
A Filosofia liberta-se das formas gregas de pensamento, embora ainda permaneya muito imbuida da metodologiadogmiitica. Nela instituem-se duas correntes fundamentais:o Empirismo, que coloca 0 fundamento de todo conhecimento nos sentidos; e 0 Racionalismo; que 0 coloca inteiramente na razao. Ambas, porem, totalmente distanciadas de
. pressupostos misticos e religiosos.
o Racionalismo comeya com Descartes e se desenvolve principalmente com Leibnitz. 0 primeiro, parte da ideiafundamental de que a verdade s6 pode ser construida a partirde intuiyoes, e nao de dogmas. Com isto inaugura epoca emque todo 0 conhecimento e submetido a critica, 0 que deveriiculminar na repressao de abusos, na simplificayao de leis,na annlayao de tudo que nao se justifica perante a razao.Induz a grandes reformas e a revoluyao.
Jii 0 Empirismo contesta 0 ilimitado alcance da razao edos sentidos, restringindo 0 conhecimento a aquisiyao deexperiencias. Postula que todos os homens sao iguais, livres, com direitos delimitados pelos direitos dos outros. Distose infere a necessidade de um governo que garanta os direitos naturais de cada um, impedindo 0 exercicio daqueles incompativeis com 0 principio de coexistencia pacifica. Lan-
9.4 - A queda do absohitisIDQ
139Cristianisl710 (De Jesus a Kardec)
ya as bases do Liberalismo. Prega a tolerancia religiosa ([2].Cap. I). .
"A esse tempo a Franr;a ja se encontravapreparadapara 0 cumprimento da sua grande missao... e, sob a injluencia do Plano Invisivel, criavam-se os servi90S beneficos da diplomacia... Aoseu lado, a Gra-Bretanha caminhava, apassos largos, para as mais nobres conquistas humanas..
A partir de Vico, a Hist6ria tambem comeca a ser encarada por procedimento critico cientifico, que ~ transformaem ciencia, com uma metodologia que busca entrever leisna sucessao dos fatos hist6ricos, a conduzirem a sociedad~humana segundo urn processo de evoluyao.
Emmanuel, em A Caminho da Luz, nao s6 revela estaevoluyao, a processar-se como decorrencia da pr6pria evoluyao do bomem, mas aponta, inclusive, de acordo comKardec, a intervenyao do Plano Maior, pela qual nao somente este desenvolvimento e conduzido por ele, mas e planejado de forma que e renovada, modificada, sempre que as coletividades, por afastamento voluntiirio, a isso 0 obriguem.
E acrescenta 0 informe de que se ao homem e dado usufruir do seu livre-arbitrio, com responsabilidade dos pr6prios atos, tal principio e estendido as pr6prias coletividades.
De modo que toda causa de sofrimento, originada peloabuso, institui circulo vicioso de reencamac5es e resoatesdolorosos, seja no plano individual, co~o n~ coletivo."
Rino Curti138
Ap6s urn breve reinado da dinastia dos Stuarts, desencadeia-se a revolw;ao que termina com a restaurar;ao do Parlamento e a redar;ao, por ele, da"declarar;ao de direitos" definindo a emancipar;ao do povo e limitando os poderes reais", A Inglaterra havia cumprido um dos seus mais nobresdeveres, consolidando as formas do parlamentarismo, porque assim todas as classes eram chamadas acooperar;ao efiscalizar;ao dos governos"([IJ, Cap, XXI),
Ao mesmo tempo 0 Plano Espiritual volta suas vistaspara a America, conduzindo para hi
"os espiritos sinceros e trabalhadores naonecessitados de reencarnar;8es no mundo europeupor existencia de provar;8es expiat6rias", as entidades conclamadas a organizar;ao do progressofuturo", Muitas haviam adquirido 0 senso defraternidade e de paz... compreendendo a verda-deira solidariedade na comunidade universal. .. Poresta razao... as organizar;8es politicas do continente se tornaram baluartes de paz e defraternidade para 0 orbe inteiro" ([1J, Cap. XXI).
Contra a entronizayao da raziio insurge-se Rousseau,que the antepoe 0 valor do sentimento. Diz ele que a ciencia,de per si, e incapaz de tomar 0 homem mais feliz.
Enecessario imbui-Ia de sentimento, fundir sabedoriae virtude.
Rousseau toma-se 0 maior inspirador das teses democraticas que se propagam com celeridade entre 0 povo cansado dos abusos do clero e da nobreza, incentivado pela in-
9.5 - Napoleao
141Cristianisrno (De Jesus a Kardec)
dependencia americana. Torna-se 0 pai da Revoluyao Francesa; cujo sucesso e simbolizado na queda daBastilha, a 14de julho de 1789.
A Franya, ao inves de limitar-se a
"aproveitar as conquistas democraticas organizando novo processo administrativo na renovar;ao dos organismos politicos do orbe, segundoas lir;8es de seus fil6sofos e pensadores ", deixa-seenvolver por espiritos tenebrosos que hao de conduzi-la a viver dolorosos acontecimentos e aenreda-la empenosos compromissos e a atrairparasi "dolorosas provar;8es coletivas" ([1], Cap.XXII).
Ameayada por outros povos, parte pelos crimes que viacometerem-se, parte pelas ideias de liberalismo que se desenvolviam, a Franya recebe Napoleao, cuja missao era aorganizayao social do seculo XIX.
Napoleao, entretanto, nao compreendeu a missao e,embora sob sua egide,
"no cumprimento de sua tarefa, organizava-se 0 C6digo Civil, estabelecendo as mais belasf6rmulas do direito ", simultaneamente, "difundiam-se apilhagem e 0 insulto asagrada emancipar;ao de outros", compelindo "0 mundo espiritual atomar energicas providencias contra 0 seu despotismo e vaidade orgulhosa" ([IJ, Cap. XXII).
Rino Curti140
142 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) ]43
9.6 - 0 evolucionismo
Eneste momento que 0 conhecimento ha de alcanyaruma de suas maiores conquistas: a ideia de evoluyao. Vico,na ItaJia, funda 0 historicismo, segundo 0 qual ha de se porem evidencia, nos fatos historicos, a presenya de leiSevolutivas. Herda, na Alemanha, com a provocayao de grandeescandalo, afirma a evoluyao das religioes. Na Biologia, comLamark inicia-se 0 desenvolvimento cientifico da evoluyaoorganic~, preparando, para Daffi1n, as bases de desenvolvimento da teoria da evoluyao das especies, hoje refundida evitoriosa no neo-evolucionismo.
9.7 - Allan Kardec
Simultaneamente, a Filosofia estabelece novo marcocom Kant, distanciando-se definitivamente da forma grega,na edificacao do Idealismo, enquanto a Ciencia desfechavoos ate e~tao insuspeitados.
Nova etapa evolutiva se demarca para a humanidade,novos valores educativos haveriam de propagar-se no mundo para a manutenyao das conquistas que se apresentavamem todos os campos da atividade humana.
"Aproximavam-se os tempos em que Jesusdeveria enviar ao mundo 0 ConsoladOl; de acordocom as suas auspiciosas promessas. Assembleiasnumerosas se reunem e se confraternizam nos espac;os, nas esferas mais proximas da Terra. Umdos mais lucidos discipulos do Cristo baixa ao Pla-
neta, compenetrado de sua missiio consoladora, ..nascia Allan Kardec aos 3 de outubro de 1804,com a sagrada missiio de abrir caminho 'ao Espiritismo, a grande voz do Consoladorprometido aomundo pela misericordia de Jesus Cristo" ([Il,Cap XXII).
E0 seculo XIX que se caracteriza por inumeras conquistas. Cai 0 absolutismo com a implantayao de principiosliberais, tais como a igualdade dos cidadaos perante a lei, aliberdade de cultos e um regime de responsabilidade individual no mecanismo de todos os departamentos do Estado. Apropria Igreja e 0 brigada a reconhecer a limitayao de seuspoderes.
A maioria dos povos encaminha-se para a implantayaode regimes republicanos, principalmente nas Americas, emque seus Estados conquistam a independencia.
Acompanhavam Kardec uma pleiade de companheiros,colaboradores que haviam de exercer ayao regeneradora emtodos os departamentos da atividade intelectual: na arte tipografica, na confecyao de revistas e jomais; nas comunicacoes com 0 teJegrafo e as vias ferreas; no desenvolvimento" ~
da elctricidade, do eletromagnetismo; nas artes, na pintura,na musica' em todas as atividades, enfim., ,
Atento amissao de concordia e fraternidade da America, 0 Plano Invisivellocalizou ai as primeiras manifestayoestangiveis do mundo espirituaL no famoso lugarejo deHydesville, provocando os mais largos movimentos de opiniao.
Enquanto isso, as ciencias da alma desvencilham-se dadogmatica da Igreja. A Franya envereda pelas dolorosas pro-
vas conseqiientes de seus excessos na Revoluyao e nas campanhas napoleonicas, e a Igreja decreta definitivamente 0
inicio de sua maior crise, com a declarayao da infalibilidadedo papa, em 1870.
10- Quem e 0 Consolador?11 - 0 que significa 0 dogma da infalibilidade do
papa, para a Igreja?
144 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 145
A - Bibliografia
1- Emmanuel- A Caminho da Luz2 - Rino Curti - 0 Divulgador Espirita - T3, Vol. I3 - Eward McNall Burns - Historia da Civilizac;!J.o
Ocidental - 2 Vois.
B - LeitUiras complementar.es
As dos capitulos citados no texto.
C - Perguntas
1- Qual 0 germe da Filosofia Modema?2 - Em que consistem os movimentos renovadores
da Igreja?3 - Qual a importfulcia de Lutero?4 - 0 que e a Contra-Reforma?5 - Qual 0 papel do Jesuitismo, na Contra-Refor
rna?6 - Quais as caracteristicas essenciais da nova Ci
encia e da nova Filosofia?7 - 0 que e 0 historicismo?8 - 0 que representa a America, nesta fase da hu
manidade?9 - Como surge a ideia de evoluc;:ao?
D - Pnitica de renova~ao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por empratica 0 cap. 43.
E - Recomenda~oes para a aula
o Espiritismo nao e uma religiao no sentido ritualisticoe litlirgico. Ela 0 e no sentido que estuda as coisas relacionadas ao Espirito, suas leis e as conseqiiencias de ordem moralque dela derivam, no relacionamento que une a criatura aDeus.
Hi culto, porem, a simplicidade, a verdade, as virtudes,aos valores intimos da criatura, nosmoldes estabelecidospelo Evangelho. Cultue-o quanto possa. Nisso residem osfatores do seu desenvolvimento.
CAPITULO 10
GRANDES TRANSI<;OES
10.1 - 0 Espiritismo
o seculo XIX caracteriza-se por grandes transformayoes.
A Ciencia derruba definitivamente toda formadogmMica em suas edificayoes. 0 que se havia iniciado coma Fisica, completa-se, hoje, por ultimo, com as ciencias humanas: a Psicologia, a Sociologia, a Economia, etc....
A Filosofia, ap6s novos egrandes esforyos para construir 0 conhecimento em sentido absoluto, de toda a realidade, ve suas tentativas frustradas e os sistemasfilos6ficoscairem em descredito.
A situayao inverteu-se. As ciencias que, antes de GaIileu,eram ramos da Filosofia, tornam-se 0 centro da cultura, 0
ponto iniciaI de toda e qualquer investigayao, e a Filosofia,hoje, nao pode reaIizar suas perquiriyoes, senao na forma de
problemas sistematicos, a ela vinculados, e sobre os dadospor ela oferecidos.
Os sistemas religiosos, por sua vez, que nao podemdeixar de estar entrosados, fundidos com 0 conhecimentoem geral, tem que assimilar conceitos filos6ficos em renova<;ao, com seu suporte cientifico. De filosofia e religiao quesao, tem que transformar-se em ciencia, filosofia e religiao.
E este e 0 papel de Kardec. "Sua tarefa", diz Emmanuel,em ([I], Cap. XXIII), era
"reorganizar 0 edificio desmoronado dacrem;:a reconduzindo a civilizar;ao as suas profundas bases religiosas... 0 orbe, com as suas instituir;i5es sociais e politicas, havia atingido urn periodo de grandes transformar;i5es, que requeriammais de urn seculo de lutas dolorosas e remissoras,e 0 Espiritismo seria a essencia dessas conquistas
_novas, reconduzindo os corar;i5es ao Evangelhosuave do Cristianismo ".
Ao mesmo tempo "...vinha ...na hora psicol6gica dasgrandes transforma<;oes, alentando 0 espirito humano paraque nao se perdesse 0 fruto sagrado de quantos trabalharame sof,eram no esfor<;o penoso da civiliza<;ao... Com as provas da sobrevivencia, vinha reabilitar 0 Cristianismo... semeando de novo os etemos ensinamentos do Cristo no cora<;ao dos homens... Com as verdades da reencama<;ao... vemconcluir que a Unica renova<;ao apreciavel e a do homemintimo... pugnando pela intensifica<;ao dos movimentoseducativos da criatura, Ii luz etema do Evangelho do Cnsto..." ([I], Cap. XXIV).
Tomando "a evolu<;ao como seu Unico campo de ativi-
10.2 - 0 Espiritismo como Cieucia
o Espiritismo, estabelecido em seus principios basicospelos Espiritos e codificado por Kardec, tern sua estrutura
149Cristianismo (De Jesus a Kardec)
dade e de experiencia... ensina a fraternidade legitima doshomens e das patrias, das familias e dos grupos... e prossegue... a sua obra educativa, junto das classes intelectuais edas massas anonimas e sofredoras, preparando 0 mundo deamanha com as luzes imorredouras da li<;ao do Cristo... paraas ...numerosas transforma<;oes que sao aguardadas... e paraa permanencia dos homens, na Terra, que puderam compreender a li<;ao do amor e da fraternidade, sob a egide de Jesus".
Enfim, 0 Espiritismo e esta nova revela<;ao que vemreestruturar os alicerces da cren<;a, a primeira doutrina religiosa a instituir-se com fundamentos cientificos, como Ciencia, Filosofia e Religiao, evolutiva, tal como a codificouAllan Kardec. Eevolutiva nao no sentido da reformula<;aode seus principios basicos, de seu metodo de desenvolvimento, mas no sentido da elabora<;ao de suas conseqtienciasque deles se podem obter para a solu<;ao dos problemas davida. Uma revela<;ao que se refere as leis que governam 0Espirito e que por isso assume 0 carater de revela<;ao cientifica. Indicada aos homens pelo Plano Maior, mas confiadaao seu discernimento para que a elabore e a coloque a servi<;0 dos homens. Para que redefina os caminhos da educa<;ao,as normas de convivencia, as sendas do aprendizado, as regras do comportamento, a supressao dos vicios, da ignonJ.ncia, das deficiencias que aviltam 0 ser humano.
Rino Curti148
ISO Rino Curti CristianiSl710 (De Jesus a Kardec) lSI
fundamentada na afirmayao da existencia de tres principiosfundamentais: Deus, 0 principio das causas; 0 espirito, ou 0
principio inteligente, ativo; a materia, 0 principio passivo;estes dois ultimos subordinados ao primeiro, na afirmayaode que, para ambos, vale a lei de causa e efeito, sem que, noatual estigio, possamos entrever qualquer elo de dependencia, entre eles, que tenha sido revelado pelos fatos ([2], Capitulos 1,2 e 3 - Livro 1).
Materia e Espirito obedecem a leis distintas. Uma dasdificuldades que se teve em conhecer as segundas, foi desupor que tudo seria governado pelas primeiras, fato estereconhecido inveridico, hoje, mesmo pela Parapsicologia.Por esta se afirma que as lei~ fisicas nao somente nao explicam os fen6menos psiquicos; mas, por elas, estes seriamabsolutamente impossiveis. Alias, Kardec ja afirmava isto,antes, em ([3], Cap. 1 ao 16), dizendo:
- "0 Espiritismo e a Cienda se completamreciprocamente; a Ciencia, sem 0 Espiritismo, seacha na impossibilidade de explicar certos fenomenos s6 pelas leis da materia; ao Espiritismo,sem a Cienda, faltariam apoio e comprovac;iio".E ainda explica-se, no mesmo numero, que "0 estudo das leis da materia tinha que preceder 0 daespiritualidade, porque a materia e que primeirofere os sentidos. Se 0 Espiritismotivesse vindo antes, teria abortado, como tudo quanta surge antesdo tempo ".
10.3 - 0 Espiritismo eevolutivo
Embora 0 Espiritismo so pudesse iniciar-se apos 0 estudo das leis da materia, este estudo sofreu profundas alterayoes e extraordinario desenvolvimento nos ultimos 100 anosisto e, apos Kardec. 0 Eletromagnetismo, a Eletr6nica, ~Relatividade, a Fisica Quiintica, a Fisica Nuclear, a FisicaEstatistica, a Quimico-Fisica, a moderna Astrofisica sao todas conquistas do nosso seculo e constituem hoje, praticamente, todo 0 acervo de conhecimentos acerca da estruturada materia e suas leis, inexistentes na epoca de Kardec e quenao pode ser desconhecido hoje em toda e qualquer exposiyaO acerca da mediunidade e de seus fatos.
Alem disso, nao somente as ciencias fisicas se desenvolveram enormemente, mas todas elas e a propria Filosofia. A codificayao est! desenvolvida nas ciencias e na filosofia daquele tempo, sem que nos, os homens, tenhamoscontribuido significativamente para as remodelayoes que asnovas conquistas exigiam.
Os Espiritos tomaram a si este encargo, por meio dacomunicayao mediunica, da Revelayao, especialmente atrayes dessa esplendorosa mediunidade de Chico Xavier. AndreLuiz, Emmanuel e outros Espiritos de elevada posiyao espiritual sao os que se dispuseram a este trabalho de atualizayaO, ampliando a Doutrina, atualizando-a em relacao aosconhecimentos de hoje, fortalecendo-lhe e valoriz~do-lhea linha kardecista e em obediencia a designios de ordem supenor.
No que concerne it mediunidade, a tarefa e principalmente realizada por Andre Luiz, nas suas obras, pontifican-
152 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 153
do em Mecanismos d£I Mediunidade onde, pelaprimeira vez,esboya uma teoria dos fenomenos mediUnicos e nao somente urna descriyao e urna c1assificayao, como nos dos outrosautares. Baseado nos conhecimentos atuais acerca da estrutura da materia, e ele que, hoje, orienta a compreensao, paranalogia, sobre modelos construidos com os dados da ciencia contemporiinea a que se somam detalhes e informayoesexpostos em seus outros livros, com 0 fim de facilitar 0 entendimento e a introduyao no desenvolvimento do conhecimento te6rico da mediunidade, it luz da Doutrina, que noscabe desenvolver. Alias, isto, dentro do principio estabelecido por Kardec, em ([3], Cap. 1, n° 13), em que diz:
"Numa palavra, 0 que caracteriza a revelar;iio espirita, e 0 ser divina a 'sua origem e dainiciativa dos Espiritos, sendo a sua elaborar;iiofruto do trabalho do homem ".
Eo que se passanas ciencias: Galileu, Newton, Einstein,pontificam no estabelecimento de novos caminhos e novosprincipios. Espiritos de porte menor continuam-Ihes a tarefa, completando a estrutura te6rica nos seus aspectos menores, mas igualmente necessarios, que completam a edificayao.
Da mesma maneira que 0 progresso, nas ciencias, sefaz nao s6 com 0 labor de genios, mas tambem com as contribuiyoes de Espiritos de menor envergadura, assim a Doutrina Espirita, evolutiva que e, requer para 0 seu desenvolvimento a participayao de tarefeiros dos mais diferentes tipose diversos graus evolutivos.
Alias, isto e 0 que Kardec afirma em ([3], Cap. 1, n° 48em diante). AJem de afirmar que 0 ensino dos espiritos foidado simultaneamente em diversos pontos, afirma textual-
mente no n° 52:
"... Convem notar que em parte alguma 0
ensino espirita joi dado integralmente; ' .. os espiritos dividiram 0 trabalho, disseminando os assuntos de estudo e observar;iio... " E ainda, no nO55: _"Um ultimo cadller da revelar;ao espirita, a ressaltar das condir;i5es mesmas em que ela se produz, e que, apoiando-se em jatos, tem que sel; eniio pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciencias de observar;iio ",
E no nO 58: - "Mas, nem so os Espiritossuperiores se mani[estam;jazem-no igualmente osde todas as categorias... Todos os espiritos." qualquer que seja 0 grau de elevar;iio em que se encontram, alguma coisa nos ensinam, cabe-nos, porem,a nos.. , discernir 0 que hti de bom ou de mau noque nos digam, e tirar, do ensino que nos deem, 0
proveito possivel".
10.4 - 0 principio material.
A materia, como principio, algo de estavel, permanente, sustentaculo de tudo que existe, foi suposta existente desdeos tempos imemoriais. A Mitologia, alias, supoe que houveurn comeyo no qual ela era s6 0 que existia, da qual tudo terse-ia originado: a terra, 0 ceu, as coisas, os deuses, os homens. MeSillO quando 0 conhecimento busca fundar-se emideias totalmente afastadas das concepcoes mitol6o-icas a
, "',nOyao de algo que seja 0 fundamento de todas as coisas sem-pre persistiu, embora tenha tido, ao longo do tempo, dife-
154 Rina Curti Cristianisma (De Jesus a Kardec) 155
rentes formas de concepyao.
Tales sup5e que tudo e derivado da agua; Anaximenes,em luaar da agua fala de um fluido com a consistencia de" ~,
um sopro: algo como 0 ar;ja Heraelito diz que 0 sustentacu-10 de tudo tem, como substancias primordiais, a terra, a agua,oar, 0 fogo, em permanente transformayao: 0 fogo condensase em ar; este em agua, que, por sua vez, muda em terra, daqual, por rarefay5es sucessivas, se reproduzem a agua, 0 ar eo fogo, em cielo fechado.
Para Pitagoras ha um principio ordenador que faz ascoisas segundo as leis da matematica a partir de um fogocentral, por condensayao, no espayo e no tempo, por leisidenticas as que govemam os numeros e as formas. Dai atribuir ele aos nlimeros qualidades, viitudes, valores que seperdem no simbolismo e vao alimentar, ao lange dos seculos, as formas esotericas das ciencias ocultas.
Ja Parmenides faz deste principio algo mais abstrato, aque denomina substancia. Iniciando 0 pensamento logico,conelui que ela e linica, imovel, eterna, imutavel, infinita,sem identifica-la com qualquer substancia conhecida.
Contra esta concepyao op5e-se a escola heraclitiana, poisa tese parmenidica nao explica 0 movimento.
Frente a este debate, surge a concepyao de Democrito,que sup5e ser a base de tudo uma substancia linica primordial dividida em Momos, a ultima unidade a ser considerada.A estes e que atribui as propriedades consideradas porParmenides a substancia: eles e que seriam simples,incorruptiveis, nao gerados e etemos; invisiveis, dotados demovimento incessante, existindo, entre eles, 0 vazio. Paraos atomistas haveria diferentes especies de Momos que, reu-
nindo-se em combinayoes diferentes, dariam origem a infinita variedade das coisas ([4J, Cap. XX a XXI, T2, V2).
Apesar da analogia existente entre as antigas e modernas ideias, elas nao guardam qualquer relayao entre si. Ateoria at6mica atual e baseada em um grande numero de fatos experimentais de natureza fisico-quimica, desconhecidos dos antigos. Alem disto, 0 atomismo grego e um sistema filosofico, nao uma teoria cientifica; e materialista, porque cOl1sidera a propria alma constituida destes mesmos Momos. Na fisica atual nao ha qualquer implicayao de carMeranimico. Finalmente, 0 Momo, tal qual e concebido hoje,nao e nem uno nem indivisivel, mas constituido de v<lriasparticulas.
Cabera ao seculo XIX lanyar as bases experimentais dateoria at6mica da materia, que tomara forma definitiva somente na segunda metade do seculo e no inicio do seculoXX.
A - Bibliografia
1 - Emmanuel - A Caminho da Luz2 - Allan Kardec - 0 Livro dos Espiritos3 - Allan Kardec - A Genese4 - Rino Curti - 0 Divulgador Espirita
B - LeitUiras complementares
Os capitulos das obras citadas no texto.
156 Rino Curti
c ~ Perguntas
I - Qual 0 papel de Kardec, na epoca das grandestransfonnaq5es iniciadas no seculo XIX?
2 - Qual 0 papel do Espiritismo?3 - 0 que se entende por carMer evolutivo da Dou
trina?4 - Qual a relaqao que existe entre as leis que go
vemam 0 espirito e a materia?5 - 0 que representa Chico Xavier, hoje?6 - Qual 0 papel do homem, na edificaqao da Dou
trina Espirita?7 - Explique 0 atomismo grego.8 - Qual a diferenqa entre 0 atomismo antigo e 0
atomismo modemo?
CAPITULO 11
MATERIA E FLUIDOS
11.1 - A teoria atomica
D - Pnitica de renova.;ao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e p6r em prMica 0 cap. 44.
E - Recomenda.;oes para a aula
A boa vibraqao e a condiqao primeira do sucesso dotrabalho. Eela que favorece a boa compreensao dos assuntos, 0 atendimento as nossas necessidades, a cooperaqao entreos dois pIanos, as condiq5es favoraveis ao medium para acomunicaqao.
Por isto ha que manter-se em posiqao respeitosa. Nadade vozerio, tumulto, gritos, gargalhadas. Nem ventilar assuntos alheios aedificaqao propria, ou suscitadores de imagens menos edificantes.
As concep~;5es acerca da atomicidade da materia, fundamentada nos fatos, tem origem com a descoberta das leisfundamentais da Quimica que, alem de definir os Momos,lhes determinam os pesos.
. A teoria corpuscular da materia foi estabelecida, primelro, no estudo dos gases. E foi neste estudo que 0 calor,antes entendido uma substancia; um fluido - 0 cal6rico _foi explicado a partir do movimento e do choque de moleculas, cuja agitaqao se propaga em forma de radiaqao, na segunda metade do seculo XIX. A transfonnaqao do calor emtrabalho deu origem a noqao de energia e 0 proprio calorpassou a ser considerado uma de suas formas.
Aos fen6menos eletricos, entretanto, no fim do seculoXIX, caberia esclarecer melhor a natureza do Momo que,
com as sucessivas descobertas, passou a ser concebido comourn sistema de varias particulas, sujeitas a leis novas. Verificou-se que as leis da fisica, da mecilnica e da eletrologia,obtidas sobre corpos de dimens5es ordinarias, milh5es devezes maiores que os ,Homos nao eram validas para elas estavam sujeitas a outras leis, antes desconhecidas, cujo estudo passou a constituir a fisica quilntica.
Da mesma maneira toda representayao do ,Homo pormodelos fisicos ou geometricos, de dimens5es distinguiveispelos nossos sentidos, nao traz anossa intuicao estes novosaspectos. De modo que todo modelo deste tipo deve serconsiderado apenas urn recurso sobre 0 qual se pode apoiar a INTlJl<;:AO a fim de facilitar a compreensao, e naourna imagem ampliada do alomo real.
Assim, por exemplo, quando dizemos que 0 atomo seassemelha a urn sistema planetario com urn nueleo, ao redordo qual giram, em orbitas definidas, eletrons, nao entendemos dizer que assim e 0 atomo descrito pela fisica quilntica;mas entendemos oferecer urn modelo suficiente para explicar urn certo numero de fatos, os que, em geral, sao apresentados adivulgayao, fora do ambito dos especialistas.
Pois bern, as radiayoes foram atribuidas aos movimentos dos alomos; 0 calor, ao movimento das moleculas ou dosatomos inteiros; a luz, aos movimentos dos eletrons, de umaorbita a outra aos saltos. Com base no nosso modelo, poderiamos explicar 0 fen6meno da seguinte maneira: os eletronsse movem sobre orbitas perfeitamente definidas, podendomudar de uma a outra, aos saltos.
Quando urn eletron salta de urna orbita a outra maisinterna, libera quantos de energia, ou granulos que, no caso
159Cristianisl710 (De Jesus a Kardec)
da luz, sao denominados fot6nios, os quais se propaaam commOVlmento ondulatorio; seu comprimento de onda"'dependedo salto.
Outras radiayoes, de comprimento de onda bern menorpartem do nueleo do alomo, constituindo os fen6menos ra~dloatlvos, sobre os quais esta erigido todo 0 estudo da radioatividade.
Toda materia passa a ser explicada em termos de particulas, ondas e radlay5es.
Surge a pergunta de como seria 0 meio fisico atraves doqual as radiayoes se propagam, meio este que, suposto existente, fOl denommado eter. Tal meio nao foi determinado. Ao_bten.?ao de urn modelo fisico, apto a representa-Io, e questao nao resolvlda ate hoje. Supoe-se que, tal como as leisque regem as particulas diferem das leis elassicas, este meiotambem, tera propriedades distintas das propriedades meca~mcas conhecidas.
11.2 - Os diversos fluidos
Os Espiritos, atraves de Allan Kardec e Andre Luizjustificam este fato dizendo que a materia, como principi~fundamental, na constituiyao dos corpos, se apresenta emdlferentes estados de condensayao, a nos inacessiveis.
Diz Kardec ([lJ, Cap. XIV, n° 2): "0 fluidocosmico universal e, como ja joi demonstrado amateria elementarprimitiva, cujas modificar;i5e~ etransjormar;i5es constituem a inwneravel variedade dos corpos da natureza". E. no nO 3' ". . ... suas
Rino Cu~ti158
11.3 - Materia mental
modificar;oes constituem fluidos distintos que,embora procedentes do mesmo principia, sao dotados de propriedades especiais e dao fen6menospeculiares ao mundo invisivel ".
Isto posto, nestas diferentes fonnas de condensayao,haveria tambem fenomenos caracteristicos, cujas leis tambem seriam a elas relativas. Isto e, da mesma fonna que nafisica da particuIa ha fenomenos e leis nao constataveis nafisica dos corpos, da mesma maneira, nos fluidos a nos inacessiveis, tambem se manifestam fenomenos e leis nao existentes na fisica dos corpos e das particulas.
160 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec)
fluido cosmico universal, sao, a bem dizer, a atmosfera dos Pianos Espirituais; 0 elemento dondeeles tiram os materiais sobre que operam; 0 meio...;finalmente, 0 veiculo do pensamento, como 0 ar Iido sam II.
E, ainda, no n° 15:
- "Sendo osfluidos 0 veiculo do pensamento, este atua sobre os fluidos como 0 som sobre 0
ar; eles nos trazem 0 pensamento como 0 ar nostraz 0 som. Pode-se, pOis, dizer, sem receio de errar, que hil, nessesfluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundir, como hilno ar as ondas e raios sonoros ".
161
Andre Luiz, em [2], explica 0 pensamento como fluidocosmico absorvido pela mente e tornado radiante pela energia que 0 Espirito Ihe infunde atraves das ideias que cultiva.Suas radiacoes se propagam alem de nos, depois de ter estabelecido ~ua influencia na nossa organizayao fisiopsicossomMica. 0 fluido cosmico, assim excitado, recebe adenominayao de "materia mental" ([2], Cap. IV), e suasradiayoes tem poder indutivo em outras mentes, reproduzindo nelas 0 mesmo teor de ideias que 0 excitaram, do mesmomodo que a onda eletromagnetica que se irradia de uma estayao transmissora de televisao tem seus sons e Imagens
reproduzidas num receptor.
Eo que Kardec tambem diz em ([1], Cap. XIV, n° 13):
"Os fluidos espirituais (os fluidos do Plano Espiritual) que constituem um dos estados do
Para a materia mental, diz Andre Luiz em ([2], Cap.IV), devemos imaginaruma estrutura corpuscular, semelhante a da materia fisica, com Momos e particulas diversas,embora, em fi.myao do seu estado de condensayao, apresenteaspectos para nos desconhecidos e leis nao verificadas nestao
Portanto, para ela, podemos falar de Momos, nucleos,protons, eletrons, etc....
1l.4-A aura
Em ([3], Cap. XIII), Andre Luiz explica 0 pensamento como um processo mental em que a mente absorve fluidocosmico e emite materia mental, em processo vitalista, semelhante ao da respirayao
Diz ele, ainda:
E continua dizendo:
"Ai temos... a aura humana, peculiar a cadaindividuo... valendo por espelho sensivel em quetodas as ideias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhan9a,
163Cristianismo (De Jesus a Kardec)
como no cinemat6grafo comum.
Fotosfera psiquica... retratando-nos todosos pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedoresou deprimentes ".
Alias, hoje, pela fotografia Kirlian, na Parapsicologia,ja se constata 0 aspecto da aura na dependencia de fatoresintimos,
"cuja cor e consistencia dependem de doen9a, em09iio, estados de espirito, pensamentos,cansa90 e outros fatores de carater emocional"([4], Cap. 17).
Pelo fato de a aura expor em cores e imagens verdadeiras telas vivas que nos exibem os estados mais intimos a qu<,;nos entregamos, os Espiritos mais evoluidos, responsaveispela atribuiyao de tarefas as pessoas, podem examina-Ias porconcentrayao e avaliar-nos.
11.5 - Somos avaliados pela aura
Andre Luiz, em ([5], Cap.II) fala do psicoscopio urnaparelho destinado
"21 ausculta9fio da alma, com 0 poder dedefinir-lhe as vibra90es e com a capacidade paraefetuar diversas observa90es em torno da materia(..) Analisando a psicoscopia de uma personalidade ou de uma equipe de trabalhadores, Ii possivel anotar-lhes aspossibilidades e categorizar-lhesa situa9iio. Segundo as radia90es que projetam,
Rino Curti162
"Fotosfera psiquica, entretecida em elementos dindmicos, atende a cromatica variada, segundo a qual a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas,enobrecedores ou deprimentes".
"- .. absorvendo energia e transubstanciando-a sob a pr6pria responsabilidade para influenciar na Cria9fio, a partir de si mesma... ".
Da mesma forma que urna corrente eletrica excita urnfilamento, irradiando lliZ, assim, a mente, no processo depensar, arroja a materia mental no meio circundante, comcaracteristicas que the foram imprimidas pela natureza dospensamentos com que se houve, espraiando-se ao redor dosindividuos, com qualidades de irradiayao, qual halo de urnachama ao redor de si mesma.
Segundo Andre Luiz ([3], Cap. XVII), todos os seresvivos, desde a celula, emitem radiayoes revestindo-se de urnhalo energetico. No homem, tais projeyoes
"...modelam-lhe 0 corpo vital ou duploeterico... duplicata mais ou menos radiante da criatura _._ 'J.
164 Rino Curti Cristianismo (De Jesus a Kardec) 165
planejamos a obra que podem realizar no tempo ...A moralidade, 0 sentimento, a educm;do e 0 carater sdo claramente perceptiveis, atraves de ligeirainspeqdo ".
Isto e, da mesma maneira que se nos revelam os elementos contidos em um corpo celeste, analisando-lhe as radia<;oes pela espectroscopia, as radia<;oes que emitimos pelamente ao pensar revelam nossas possibilidades.
A emissao de materia mental, com caracteristicas dependentes da natureza de pensamentos que a mentecultiva,faz com que se estabeleya, para cada pessoa, atmosfera mentaltipica e caracteristica, criadora de zonas ou regioes de influencia tipica que se irradia e induz, em outras mentes que selhe sintonizam, a mesma ordem de id(\ias e de pensamentos.
Diz Andre Luiz em ([2], Cap. IV):
- "Emitindo uma ideia, passamos a refletiras que se the assemelham, ideia essa quepara logose corporifica, com intensidade correspondente anossa insistencia em sustenta-la, mantendo-nosassim espontaneamente em comunicaqdo com todos os que nos esposem 0 modo de sentir ".
Em ([5], Cap.II) Andre Luiz narra sobre um gropo depessoas comuns mas voltadas para os ideais superiores, buscando 0 aprimoramento intimo na pnitica do bem e no estudo nobremente conduzido. Descreve ainda como, pelapsicoscopia, os espiritos capacitados observam as projeyoesde seus raios mentais, em via de sublimayao e como, do alto,assimilam correntes superiores que lhes fortalecem e ampliam as qualidades do espirito.
Diferentemente, mentes desequilibradas emitem mate-
ria mental causadora de influencia prejudicial. Em ([6], Cap.40), Andre Luiz cita zonas de materia mental inferior queconstituem nuvens de bacterias variadas. Assim como umenfermo expele bafo contagiante, assim a mente enfermi<;aexpele forma<;oes amea<;adoras do equilibrio mental. E afirrna:
- "Somente os homens de mentalidade positiva, na esfera da espiritualidade superior, conseguem sobrepor-se as influencias multiplas denatureza menos digna... Se temos nuvens de bacterias produzidas pelo corpo doente, temos a nllvem de larvas mentaisprodllzidaspela mente en(erma em identidade de circunstancias... na esferadas criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos, como almas ".
Desta forma, grupos ou certas pessoas, mesmo seengajadas em tarefas de programa elevado, podem cair emdesequilibrio e compromete-lo. Neste caso - perguntaAndreLuiz -, em virtude da psicoscopia que pode revelar a tempoessa mudan<;a de disposi<;oes, como procede 0 Plano Espiritual?
E-Ihe respondido que se esse e apeilas um problema deminoria, entao ela pouco a pouco, por ausencia de afinidade,termina por afastar-seda maioria empenhada na extensaodo bem. Caso contnirio tornando-se a maioria compromissada com 0 mal, nao se estabelece nenhuma condi<;ao decerceamento de ayao, denuncia ou persegui<;ao. A semeadura e livre, mas a colheita e obrigat6ria. Por ela, a vida seencarrega de colocar cada um no lugar que the compete, entregando-o "as forjas renovadoras do tempo e da provar;fio ".
D - Pratica de renoval;iio intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 45.
Parte praticaa - Projetar slides mostrando a existencia da aura,
a varia<;ao do tamanho e das cores, em funcaodas disposi<;5es intimas. '
b - Reunir alguns mediullS desenvolvidos videntes
1 - 0 que e principio material? Podemos nos terconhecimento dele? Explique.
2 - 0 que sao fluidos espirituais?3 - 0 que e materia mental?4-0 que e aura?5 - Qual a dependencia da aura de fatores intimos?6 - Como os espiritos podem avaliar-nos as dispo-
si<;5es intimas?7 - Como, pelo pensamento, influenciamos e somos
influenciados?8 - Pesquisa: Medite nesta frase:
"... na esfera das criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem cO/pos comoalmas" (Releia os Cap. 9 e 10 do Espiritismo eEvolu<;ao de Rino Curti e procure ampliar asnOyoes envolvidas recorrendo a literatura espirita).
167Cristianismo (De Jesus a Kardec)
C - Perguntas
Rino Curti
Em ([2], Cap. IV) diz:
"E nessa projeyiio de foryas, a determinarem 0 compulsorio intercdmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas que se nos movimenta 0 Espirito no mundo das formas-pensamento, construyoes substanciais na esfera da alma,que nos liberam 0 passo ou no-Io escravizam, napauta do bem ou do mal de nossa escolha. Issoacontece porque, amaneira do homem que constroi estradas para a sua propria expansiio ou quetalha algemaspara si mesmo, a mente de cada um,pelas correntes de materia mental que exterioriza,eleva-se a gradativa libertayiio no rumo dos Planos Superiores ou estaciona nospIanos inferiores,como quem traya vasto labirinto aospropriospes ".
1 - Allan Kardec - A Genese2 - Andre Luiz - Mecanismos da Mediunidade3 - Andre Luiz - Evoluyiio em Dois Mundos4 - Sheila Ostrander e Lynn Schroeder - Experien
cias Psiquicas Alem da Cortina de Ferro5 - Andre Luiz - Nos Dominios da Mediunidade6 - Andre Luiz - Os Mensageiros
A - Bibliografia
B - LeitlJlras complementares
Os capitulos da bibliografia citada no texto.
166
168 Rino Curti
e, ap6s preparayao conveniente, resguardada aelevayao de prop6sitos, fazer alguns exerciciosde exame de aura nos alunos, fazendo-Ihes variar a natureza de pensamentos (0 aluno faz pensamentos otimistas, depois pessimistas, etc...sem alertar 0 medium, que apenas devera acusar mudan,;as na aura quando as perceba).
E - Recomendat;oes para a aula
Frequentemente, as companhias espirituais com que noscomprometemos, no cultivo de pensamentos que a Escolatende a modificar, procuram aproveitar os contratempos, asirritayoes, 0 descontentamento provocado por ocorrenciasvarias, para influenciar no sentido de 0 aluno deixar de comparecer as aulas, mesmo porque isto as incomoda. Nao sedeixe vencer por desfullmo momentaneo, nem por disposiyoes de espirito que the afrouxem a vontade e 0 interesse.
A luta pelo aperfeiyoamento, na conquista da saude espiritual, exige deterrninayao.
CAPITULO 12
ATEN<;AO E CONCENTRA<;AO
Como ja estudamos em ([I], Cap. 4), 0 Espirito evolui. ao longo das eras, adquirindo experiencias, aptidoes, qualidades, que se traduzem e manifestam em faculdades e disposiyoes que apresentamos e das quais ja descrevemos algumas.
Antes de prosseguirmos com 0 estudo da mediunidadee seus fatos correlatos, abordaremos os conceitos de Atenyao e Concentrayao, atos pessoais com os quais possibilitamos ou nao toda manifestayao medilinica.
12.1 - A atent;iio
Antes de tudo, ha a lembrar que as faculdades humanastem sede no Espirito, com 6rgaos pr6prios no corpo espiritual, 0 corpo fisico sendo apenas uma mera veste. Assimsendo, as funyoes psiquicas, sendo do Espirito, tem uma for-
rna de desenvolvimento qne Ihes e propria e, portanto,independe dele estar encarnado ou nao. Portanto, devemosencarar a aten~ao desta forma: uma caracteristica' do espirito. E, para entende-Ia, basta que recorrarnos ao estudo e itinvestigayao dos fenomenos que a envoivern dia-a-dia, neste plano; apenas, com a visao da conceituayao espirita.
Por exemplo, exarninemos 0 fenomeno da comunicayao entre pessoas: que seu exito depende da atenyao do ouvinte, e fenomeno sobejarnente conhecido. Quando duaspessoas estabelecem urn diaIogo, quando urn professor explana urna liyao, esta sera ou nao assimilada, na dependencia da atenyao que 0 ouvinte esteja prestando. E, nisto, ela eurn ato volunffirio, 0 produzir de urna tensao mental, para 0
acolhimento daquilo que e transmitido; urn abrir-se it recepyao que, ao mesmo tempo, e 0 desenvolvimento de urn poder de resistir a todo fa-tor que tenda a perturba-Ia ([2], Cap.II, YoU).
Sem atenyao, a comunicayao nao se institui.
Se, enquanto urn se pronuncia, 0 outro divaga e perrnanece com a mente it matroca, entregue it recepyao de todoestimulo externo, nao ha transmissao de ideias, intercambio, nem assimilayao, nem compreensao. Por melhor que 0
expositor faya, por mais que exemplifique, esclareya ou esmiuce, nada podera dar a entender, caso 0 ouvinte perrnaneya desatento; a ele cabe a responsabilidade pela falta de entendimento, e nao ao expositor.
Ea atenyao que regula a intensidade com que 0 estimu10 e captado; mais atenyao prestemos, mais dados receptamos.
lor.
171Cristianisma (De Jesus a Kardec)
12.2 - Fatores de que depende a atenyiio
2° - Depende de nosso conhecimento acerca do assunto
jO - Depende de nossos interesses e tendencias
Urn assunto podera nao nos despertar a atenyao, em celiomomento, ate que nao se enquadre em algum objetivo quecolimarnos. A partir desse momento podera ate tornar-se desurna importancia. Exemplos comuns os verificarnos todosos dias. Quantos estudantes ha que, a principio, nao revelarnqualquer propensao para 0 estudo, e de urn momenta paraoutro se modificam e passam a aplicar-se de maneira surpreendente. A atenyao manifestar-se-a tao pronunciadamente,em maior ou menor grau, quanto nossas inclinayoes, aspirayoes e anseios, e relacionada as motivayoes despertadas pelos assuntos com que nos envolvamos.
Nao ha atenyao desinteressada.
Mas a atenyao nao e tao-somente urn ato voluntario,mera disposiyao a recepyao de estimulos. Ela depende davontade, mas tambern de outros fatores.
Sera tanto maior quanto mais conheyarnos acerca doassunto ou do conteudo daquilo que nos e transmitido.
Urn quimico, pelo olfato, sera capaz de caracterizar umasubstancia, enquanto que urn leigo nao a podera. Urn musico percebera uma nota em falso, com muito mais precisaodo que outro que nao 0 seja.
Ficar atento a uma mensagem, ja e suspeitar do seu va-
Rina Curti170
40- A atenr;iJ.o deve ser passiva
30_ Depende do grau de instrw;iJ.o
Par isto, nos cursos, a ensino e seqlienciado, feito deforma gradativa, com pre-requisitos bern estabelecidos. Paisnao havendo preparo adequado, nao poderii haver nem transmissao nem assimilayao.
173Cristianismo (De Jesus a Kardec)
12.3 - A concentrayao
o que foi dito para atenyao, vale para a concentrayao.
Esta e tao-somente a atenyao posta no mais alto grau;aquela que nos isola de tudo que nos circunda para focalizar-se somente no objeto em apreyo, sem que outros fatorespossam desenvolve-la.
Por exemplo, conta Stephan Zweig que, urn dia, em suamocidade, fora visitar Rodin, escultor famoso, um artista aoqual devotava profunda admirayao. Bern recebido, fora conduzido ao atelier, onde p6de apreciar varias obras do artista,algumas em elaboracao.
No meio das explicayoes, Rodin, ao aproximar-se deuma delas, intentou corrigir alguma coisa, enquanto falava,ate que, aumentando sua fixayao, passou a corrigi-Ia, detendo-se, com completo esquecimento do acompanhante. Aposcerto tempo, desligando-se novamente, reapercebeu-se davisita, com quem se escusou pelo momentaneo descaso.
Zweig viu nisso uma liyao.
o poder de concentrayao, nas atividades, e que conduzaos melhores resultados, it maior eficiencia.
Econcentrayao tambem aquele estado no qual, alguem,ao aproximar-se de nos, nos surpreende completamente absortos em uma tarefa, sem que 0 percebamos, ate que semanifeste, e com certo estardalhayo, por vezes.
Rino Curti172
Enquanto se capta, nao se pode interpor ou rebater ideias, elaborar criticas. Estas devem ser posteriores, nao simultiineas.
Epreciso saber ouvir. Numa exposiyao nao hii somente.a transmissao de imagens e de ideias: hii encadeamentos,estruturayao e raciocinios. Assim como nao captamos ideiasse nos preocupamos com outras, da mesma forma nao entenderemos 0 encadeamento ou os raciocinios da exposiyao,se nos ocuparmos com os nossos.
A atenyao sera tanto mais intensa, quanta mais instruidos formos, porque quando dirigimos nossa atenyao a urnobjeto, evocamos uma miriade de rec?J.dayoes e ideias, desta ou de reencarnayoes anteriores, dentro de uma faixa limitada da memoria, que afloram it nossa consciencia e aclaramo objeto de nossa atenyao. Esta toma-se como que um polode atrayao dos recursos de que dispomos para clarea-Io, demodo que, na atenyao, realizarnos a sintese daquilo que possuimos e do que nos e transmitido.
12.4 - Condi~oes para a concentra~ao
175Cristianismo (De Jesus a Kardec)
dono.
Enfim, concentrayao e esta capacidade de nos fixarmosem um argumento de cada vez, com a profundidade capazde nos alhear de tudo que nos circunda, em tensao psiquica.
Por isso e que a prece elaborada por nos mesmos e amelhor de todas; porque, para efetua-Ia, exige-se de nos, esforyo, concentrayao, tensao psiquica, com a utilizayao de nossos melhores sentimentos. Sao estes que, em nos fazendovibrar com 0 melhor de nos mesmos, nos poem em comunicayao com as hostes espirituais, as mais e1evadas que 0 nosso merecimento alcanya, com 0 que se gera a benesse dasinfluencias que nos beneficiam.
Para desenvolver a concentrayao requer-se tempo, dedicayao e exercicio continuado. 0 trabalho e 0 estudo dedicado feito em identicas condiyoes, alem do esforyo na pratica de virtudes, rumo a objetivos bern definidos, na construyao intima de valores mais altos, transformarn-se progressivarnente num hiibito que nos automatiza a atitude, em grausde capacidade cada vez maior.
Em particular, ao medium em desenvolvimento, cujatarefa e a de servir como intennediiirio entre os dois pIanos,para a veiculayao de consolos, orientayoes, suavizayao deafliyoes, requer-se:
1° - Renovayao intima, com fortalecimento, no cumprimento dos deveres para com a familia e nas relayoes notrabalho, com chefes e subordinados.
2° - Aperfeiyoamento nas tarefas que the sao confiadas, na vida material, pela dedicayao, estudo e busca de perfeiyao.
3° - Elevayao de propositos, buscando 0 conhecimento
Rino ,Curti174
Como primeiro passo, para 0 desenvolvimentomediilnico, 0 que se requer do medium e a capacidade de
concentrayao.
Antes de tudo, portanto, aquela atitude voluntiiria parafixar a atenyao, 0 que exige desenvolvimento da vontade,efetuada sobre a eliminacao de maze1as e desvios da personalidade, incompativeis com as exigencias do interdlmbiocom 0 Plano Espiritual.
Vontade, enfim, fortalecida pelo esforyo da renovayaointima, e pela priitica da prece que, alem de se constituirnum exercicio de vontade, nos habilita it concentrayao, desligando-nos de tudo que nos circunda, pela fixayao em ideias que nos conduzem it elevayao intima.
E nao se pense que concentrayao exija esforyo, forcej os,ou constriyoes fisicas, como 0 foryar a vista para lobrigaralgo muito pequeno ou muito distante. Ela e a capacidade defixar a atencao em urn alvo sem que qualquer ocorrencia a
possa perturbar.
Por exemplo, como quando nos dispomos a uma leitu-
Se ao abordarmos urna pagina nao nos fixarmos no assunto, ou pennanecennos ligados a preocupayoes outras, delanada absorvemos; lemos sem entender, somos foryados a lerde novo. Mas se mergulharmos no conteudo a ponto de naopercebermos 0 que se passa em nosso derredor, mesmo quepara isso surjarn motivos, ai estaremos concentrados, naoimporta que 0 corpo esteja completarnente relegado ao aban-
das coisas espirituais, dedicando-se ao estudo e it meditayaodas questoes doutrinarias, e procurando corrigir mazelas edefeitos, no combate aos vicios e propensoes menosedificantes.
Para que 0 poder de concentrayao se fortaleya nareceptividade das elucidayoes medilinicas, 0 sucesso dependera:
10- Do interesse com 0 qual se volte para as questoes
doutrimlrias, redespertando as tendencias para 0 bern, seguramente existentes e fundamento da concessao da tarefamediUnica, segundo os compromissos assumidos antes dereencarnarmos.
2° - Do conhecimento que desenvolver nas tarefas dobern e dos sentimentos que redespertar para bern servir, lembrando-se que, embora em esquecimento provis6rio,ja passamos por muitas encarnay6es, e muitas reminiscencias ehabilidades poderao ressurgir no consciente, desde queredespertaclos pela sublimayao de nossos anseios.
3° - Da instruyao que puder adquirir em todos os sentidos, a fim de acrescer seu poder de sintonia com esferascada vez mais elevadas.
4° - Da elevay1io moral que desenvolver, em funyao doalteamento dos objetivos, pela pratica do bern, da renunciaconstrutiva, das virtudes na luta contra as sugest6esprovocadas pelos impulsos inferiores que sempre afloramem todos que, como n6s, sao espiritos em evoluyao.
5° - Para finahzar, transcrevemos, de Andre Luiz ([3],Cap.5) 0 seguinte:
177
DECALOGO PARA MEDIUNS
Cristianismo (De Jesus a Kardec)
1- Rende culto ao dever
4 - Nao esperes recompensas do mundo
As ditdivas do Senhor, como sejam 0 fulgor das estrelase a caricia da fonte, 0 lume da prece e a bencao da coraaem
, b'
nao tern preyo na Terra.
2 - Trabalha espontaneamente
A mediunidade e urn arado divino que 0 6xido da preguiya enferruja e destr6i.
Nao ha fe construtiva onde falta respeito ao cumprimento das pr6prias obrigayoes.
3 - Nao te creias maior ou menor
Como as mores frutiferas, espalhadas no solo, cada talento medil1nico tern sua utilidad'e e a sua expressao.
5 - Nao centralizes a ayao
Todos os companheiros sao chamados a cooperar, noconjunto das boas obras, a fim de que se elejam it posiyao deescolhidos para tarefas mais altas.
6 - Nao te encarceres na duvida
Todo bern, muito antes de externar-se por inte=ediodesse ou daquele interprete da verdade, procede, originariamente, de Deus.
Rino Curti176
Nota:
Muito tem-se falado da prece espontanea, como se foraalgo que pudesse brotar de nosso funago, instantilnea e pIOn-
7 - Estuda sempre
A luz do conhecimento armar-te-a 0 espirito contra asarmadilhas da ignorancia.
179Cristianismo (De Jesus a Kardec)
tamente - semelhantemente a um discurso "de improviso".
Excluida aprece como manifestayao mediUnica, cabenos eSclarecer primeiIO, que 0 discurso puramente de improviso, nao existe: nada se cria do nada. 0 "discursode improviso" s6 pode ser efetuado por aquele que possuias ideias que vai externar, ja bern claras, estruturadas eencadeadas na devida sequencia, 0 todo memorizado, demodo a surgir numa fluencia e numa manifestayao adredeconstituida. Caso contriirio, tera que ser elaborado segundoos principios e tecnicas pertinentes, dado que tudo obedecea leis, para, em seguida, exp6-lo com a aparencia de "impIOviso", "espontilneo", 0 que exige estudo, preparo, conhecimento, tecnica.
Como uma aula: mesmo 0 que repete uma aula por varios anos, correra 0 risco de nao ministra-la adequadamente,sem uma preparayao previa, mesmo rapida. Poderao surgir"adendos momentilneos", eventualmente, mas nao se perdeIa a sequencia.
Uma poesia, uma melodia, sao pIOduyoes do Espiritoque iniciam na inspirayao; mas, para produzi-las, exige-se:o dominio da arte, da tecnica, d;'l teoria pertinentes.
Parodiando Edson, no que dizia a respeito de suas invenyoes, com 10% de inspirayao e 90% de transpirayao.
Ha duas maneiras basicas de se efetuar uma prece:
- ou pronunciar uma prece ja elaborada por outIOs, decorada;
- ou expressar uma elaborada por n6s mesmos, comesforyo, tecnica e denodo.
No primeiro caso, ela deve ser e:fetuada com a devida
Rino Curti178
8 - Nao te irrites
Cultiva a caridade e a brandura, a compreensao e a tolerancia, porque os mensageiros do amor encontram dificuldade enorme para se exprimirem com seguranya atraves deum corayao conservado em vinagre.
9 - Desculpa incessantemente
o acido da critica nab te piora a realidade, a praga doelogio nao te altera 0 modo justa de ser, e, ainda mesmo quete categorizem it conta de mistificador ou embusteiIO, esquece a ofensa com que te espanquem 0 IOsto, e, guardandoo tesouro da consciencia limpa, segue adiante, na certeza deque cada criatura percebe a vida do ponto-de-vista em quese coloca.
10 - Nao tema perseguidores
Lembra-te da humildade do Cristo e recorda que, ainda Ele; anjo em forma de homem, estava cercado de adversiirios gratuitos. e de verdugos crueis, quando escreveu nacruz, com suor e lagrimas, 0 divino poema da eterna ressurreiyao.
interpreta<;ao, semelhantemente a execu<;ao de uma pe<;amusical ou Ii declama<;ao de uma poesia.
o "interprete" tern que dispor-se emocional e tecnicamente a execu<;ao.
Dizia Gardel, 0 maior cantor portenho de todos os tempos, justificando 0 persistente estudo que fazia das pe<;asque ia interpretar: - "No cantar, hi que por 0 cora<;ao, senaonao e cantar".
o born int':rprete, alem de adqu'irir uma tecnica aprimorada, tern que imbuir-se da emo<;ao com a qual a pe<;a foiescrita: envolver-se nela, para transmiti-Ia ao publico que 0
assiste - chorar e fazer chorar, se for 0 caso.
No segundo caso, 0 papel que 0 autor assume e semelhante ao do compositor: atingir 0 imago dos proprios sentimentos; ilumini-Ios de conhecimento e amor; aprender aextemi-Ios com a tecnica devida, que pode absorver dos inumeros exemplos existentes - 0 Pal Nosso, 0 Salmo 23, aprece de Sao Francisco, a prece de Ciritas, as preces sugeridasno Evangelho Segundo 0 Espiritismo, e inlimeras outras consagradas e transmitidas Ii posteridade por sua excelsitude,existentes nas virias religioes, por ser cultivada em todaselas, por sua excelencia, a fim de entender sua estrutura ecomo faze-las.
A exemplo do que faz uma secretiria, ao elaborar umacarta comercial: 0 conteudo e proprio, mas a fonna, a disposi<;ao e fundamentada nos modelos que qualquer livro parasecretirias expoe.
Preparar a prece no recesso da propria intimidade, confiando e partilhando da Inspira<;ao do Alto, com 0 devidopreparo, para, a seguir, faze-Ia "espontaneamente", e 0 que
se impoe, pois a ora<;ao e a porta de acesso as benesses doPlano Superior.
181Cristianismo (De Jesus a Kardec)
A - Bibliografia
I - Rino Curti - Espiritismo e EvoluC;i1o2 - Denis Huisman e Andre Vergez - Compendio
Moderno de Filosofia - Vol. I3 - Espiritos Diversos - 0 Espirito da Verdade
B - Leituras complementares
As dos capitulos citados no texto.Allan Kardec - 0 Evangelho Segundo 0 Espiritismo, Cap. XXVI.
C - Perguntas
I - Explique por que, com os fatos relativos a esteplano, podemos estudar as leis relativas ao Espirito.
2 - A aten<;ao 'e um ato voluntirio. Explique.3 - Nao ha aten<;ao desinteressada. Explique.4 - Ficar atento a uma mensagem, ja e suspeitar do
seu valor. Explique.5 - Na aten<;ao realizamos a sintese daquilo que pos
suimos e daquilo que nos e transmitido. Explique.
6 - Epreciso saber ouvir. Explique.7 - A concentra<;ao e desenvolvivel. Como?8 - De que depende 0 poder de concentra<;ao do me-
Rino Curti180
E - Recomenda~oes para a aula
Recomendayao importante e a relativa a conversayaoantes da aula, expressa por Andre Luiz, no Cap. 12 deDesobsessi'io, que aqui reswnimos:
Em chegando mais cedo:
Evitar a dispersao de foryas em visitas a outros locais;anedotario jocoso; considerayoes injuriosas a quem quer queseja; criticas, comentarios escandalosos, queixas, azedwne,apontarnentos ironicos.
Toda referencia verbal e fator de induyao....seja a nossa palestra algo de born, edificante, que au
xilie e pacifique 0 clima do recinto, ao inves de conturba-Io....seja a nossa palestra algo de born, edificante, que au
xilie e pacifique 0 clima do recinto, ao inves de conturba-lo.
182 Rino Curti
diwn?9 - Explique e desenvolva cada item do "Decalogo
para mediuns".
D - Pratica de renova~ao intima
Andre Luiz - Sinal VerdeEstudar e por em pratica 0 cap. 46.
A VIDA DE ALLAN KARDEe
Denizard Hippolyte Leon Rivail, nasceu em Lion as 19horas do dia 311 011804, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail,juiz, e de sua esposa Jeanne Duhamel. Passou a usar 0 pseudonimo de Allan Kardec, em 18/04/1857, quando publicouo Livro dos Espiritos pela impressora de Didier.
Rivail recebeu atraves de urn medium, uma mensagemde seu espirito protetor, informando te-lo conhecido em outra existencia, no tempo dos DlUidas, vivendo nas Galias,quando Rivail havia sido urn sacerdote druida gaules chamado Allan Kardec.
Dez anos antes da publicayao do Livro dos Espiritos, asirmas Fox nos Estados Unidos, ja propagavam suas experiencias mediunicas ..
William Crookes na Inglaterra, Charles Richet na Franya, e sua ciencia metapsiquica, deixaram 0 mundo em panico pela prova de seus contatos.
A mensagem da America s6 foi compreendida pelaEuropa grayas a urn druida reencarnado, Kardec, 0
Codificador do Espiritismo.
A infancia de Denizard foi de urna educayao na atmosfera correta e ate severa, tendo 0 espirito de justiya e de honestidade sido-Ihe inculcado pelo pai, homem de leis (magistrado) integro. Os primeiros estudos, feitos em Lion ate1814.
Devido Ii conturbada situayao politico-militar dos anos1814-1815, enquanto Paris estava ameayada ou ocupadapelas foryas aliadas contr:irias a Napoleao, ele e levado paraYverdun, na Suiya, urna escola ja muito conceituada.
Sua vida podera ser resurnida em v:irios per[odos:
I - 1804 - 1818 - Aluno de Pestalozzi2 -1818 - 1824 - Estudante3 - 1824 - 1848 - Pedagogo4 - 1848 - 1854 - Homem Universal5 - 1854 - 1869 - Periodo da Codificayao
Foi muito influenciado por seu mestre Pestalozzi, homem dedicado Ii educayi'io, que foi 0 fundador da pedagogiaFilantr6pica. Dedicou sua vida a transforrnar a educayao emurna alavanca, para arrancar 0 homem do abismo e eleva-Ioaos pIanos da inteligencia.
Essa epoca foi decisiva para: Denizard, que formou alisua base para a vida futura de diretor de estabelecimentoescolar e de autor de livros did:iticos.
A did:itica de Pestalozzi, urn medico chamado JeromeJean Pestalozzi, e baseada na escola do universalismo, dafraternidade das crianyas, que mais tarde se tornarao os homens de responsabilidade. Era 0 mestre severo e suave, justo e caridoso.
185Cristianismo (De Jesus a Kardec)
Direcionado por Rousseau, Pestalozzi fundou uma ciencia que, educativa ou te6rica, de observayao ou de experimentay3.o teni sempre em primeiro lugar 0 elemento natureza. Em seu plano, Pestalozzi reserva lugar para 0 ensino daagricultura e das artes manufatureiras.
Foi em Yverdun egrayas a Pestalozzi que Kardec aprendeu 0 justa sentido da educay3.o, que deve ser ao mesmotempo paternal e liberal.
Sabendo-se que Pestalozzi era discipulo de Rousseau,temos ai a trama hist6rica das raizes do Espiritismo.
. A escola de Pestalozzi abre as portas ao mundo inteiro,passando por cima das diferenyas de lingua, de civilizayao,de raya, ou de crenya. Percebe-se a vantagem dessa educayao que inculca Ii crianya 0 sentido da igualdade hurnana, dafraternidade e da tolerancia.
o apelo e para a ligayao com a natureza, influencia dadoutrina de Rousseau, com exclusao do sobni:natural.
Ai, pois, nessa familia do corayao, Kardec aprende osprincipais principios morais que regem 0 Espiritismo.
A condiyao especial de Allan Kardec leva-o ainda aosquatorze anos, a explicar aos seus pequenos camaradas,menos adiantados, as liyoes do mestre.
o primeiro livro de Denizard H. L. Rivail, foi feito quando ainda nao completara 20 anos: Curso Pratico e Teoricode Aritmitica, segundo 0 metoda Pestalozzi. Em seu prefacio, Rivail explica 0 metodo de ayao do Professor Pestalozzi.
Rivail indica na introduyao, os seis principios do sistema de Pestalozzi:
Rino Curti184
2° Cultivar-lhes a inteligencia, para que os alunos descubram por si s6 as regras.
3° Proceder sempre do conhecido ao desconhecido, dosimples ao composto.
4° Evitar toda mecanica, fazendo com que a crianyacompreenda 0 alvo e a razao de tudo 0 que faz.
5° Fazer com que a crianya apalpe com os dedos, e coma vista, visualize todas as verdades.
6° Confiar amem6ria somente aquilo que ja foi captado pela inteligencia.
Foi nessaescola que ele aprendeu aser observador atentoe meticuloso, e pensador prudente e profundo.
o aluno de Pestalozzi tinha um sentido de familia humana, ou familia universal formada por alunos vindos dosquatro cantos do mundo.
A obra completa de Pestalozzi foi impressa exatamentequando da primeira obra de Rivail- 1824.
Na sucessao de funyoes, Rivail trabalhou 30 anos paraa educayao das crianyas francesas.
Allan Kardec teve sempre 0 cuidado de partir de intuiyaO e do fato concreto, antes de estabelecer a teoria do mundo abstrato (invisivel).
Enquanto Pestalozzi tinha sua escola reconhecida e espalhada por toda a Europa, retirava-se paraNeuhofem 1825,onde faleceu 2 anos depois. Suas obras completas comeyaram a serpublicadas em 1819, ano em que Rivail parece terdeixado a escola.
Fato interessante e que exatamente quando termina aimpressao da obra de Pestalozzi em 1824, e que comeyou aser publicada a primeira obra de Rivai!.
Este fato indica a passagem do bastao de mao em mao,dentro do processo evolutivo. Rivail iria trabalhar duranteos seguintes trinta anos para a educayao das crianyas francesas, antes de se consagrar, nos seus ultimos quinze anos, aosprincfpios do Espiritismo.
Diz relato de Henri Sausse, primeiro e Unico bi6grafodo fundador do Espiritismo, que ele se contentou com 0 diploma de bacharel em Ciencias e Letras, e doutorou-se emMedicina com muito brilho. Consta ainda, que seria 0 substituto de Pestalozzi em Yverdun, quando 0 mestre viajava adiversos lugares da Europa, a fim de fundar institutos semeIhantes ao de Yverdun.
Como seu objetivo parecia mais voltado aeducayao dascrianyas, teria ele se dedicado a por em pnitica os ensinamentos e metodos de Pestalozzi em detrimento do trabalhode cura de doenyas fisicas.
A medicina estava clara em sua trajet6ria, pois que noEspiritismo pnitico, estaria aplicando a medicina das almas.
o Espiritismo deve a Allan Kardec a sua transformayaO em doutrina filos6fica, dotaGa de estrutura cientifica efisionomia mora!.
A modestia de Kardec, fe-lo julgar-se obscuro servidore assim pouco se sabe de sua vida.
A primeira obra 0 Livro dos Espfritos, ele a apresentoucomo sendo obra dos espiritos, e que fora apenas 0 operario:
186
vas.
Rino Curti
1° Cultivar 0 espirito natural de observayao das crian-
Cristianismo (De Jesus a Kardec) 187
OPEDAGOGO
sendo ditada pelos espiritos, foi entregue ao mundo, semnada the acrescentar.
No periodo de 1824 a 1848, publicou diversos livrosdidaticos, onde exp6e pIanos e metodos para 0 ensino.
Tambem apresentou diversos projetos aos deputados,aos govemos e its universidades, dedicados it reforma do ensino frances.
Em suas publicay6es, alem de homenagear seus antigos mestres, coloca-se a serviyo das crianyas de sua patria,convencido de que a instruyao e a coisa mais importanteparaum pais.
Denota-se essa destinayao na obra Curso Pratico e Teorico de Aritmetica.
Verifica-se a influencia de Ampere, membro da Universidade e idealizador dos principios do telegrafo eletrico eda lei fundamental da eletrodinfunica, pois Rivail alem defazer agradecimento a esse professor, era entusiasta do estudo da eletricidade e do magnetismo animal. 0 Espiritismocomprova-o.
Direcionava sua atuayao, dentro do principio de que aaritrnetica nao deve ser considerada tao-somente como ciencia, mas como um meio de desenvolver a inteligencia dacrianya, buscando-se a arte de bern raciocinar.
Desenvolve ele a ideia pestalozziana deque 0 educadore para a crianya, como 0 jardineiro e para a planta, orientador
189Cristianismo (De Jesus a Kardec)
do seu desabrochar.
Na area publica, defende a organizayao das instituiyoes,pois tudo deve ser planejado, calculado, combinado, de modoa obter-se os resultados a que se propoe.
Gastou Kardec nesse periodopedag6gico, seu tempo,no dia-a-dia, buscando 0 ganha-pao cotidiano, empenhando-se na aplicayao de suas teses pedag6gicas. Mais tardeteve dedicayao integral ao Espiritismo.
Resumia suas ideias em algumas frases, para indicar osmetodos destinados it educayao publica, como sejam:
I° A educayao e uma ciencia bern caracterizada.2° Se encontram-se poucas pessoas que ensinam sob 0
verdadeiro ponto-de-vista da ciencia, isto e devido it ausencia de estudos especiais sobre 0 assunto.
3° 0 atraso na educayao deve ser atribuido ao fato deque poucas pessoas estao capacitadas a apreciar 0 seu verdadeiro fim, em que consiste, 0 que poderia ser, e por conseguinte, 0 que seria necessario fazer para melhora-Io.
A educayao acha-se atualmente no estado em que seencontrava a quimica ha urn seculo.
Rivail propoe a criayao de uma "Escola Te6rica e Pratica de Pedagogia", nos moldes das escolas de Direito e deMedicina. 0 curso deveria ter tres anos, sendo 0 primeirodedicado it teoria, 0 segundo it teoria e pratica, e 0 terceirounicamente it pratica.
Em seguida publica Gramatica Francesa Classica, em1831,0 novo plano, que encaminhado aos membros da comissao de revisao da legislayao universiwia, juntando urnmemorial de preparayao para 0 projeto de lei sobre 0 ensino.
Rino Curti188
Sua contribuic;;ao era produto de mais de dez anos deexperiencia pedag6gica (1818 - 1831).
Com sua forma organizada e met6dica de ser, essememorial descrevia a hierarquia das aristocracias que se sucederarn na hist6ria:
a) da forc;;ab) do direito (abolida em 1789)c) da fortuna (aristocracia burguesa)d) da inteligencia.
Rivail indica que esta ultima deve ser preparada para 0
ensino escolar, pela elite intelectua!.
Ordena e descreve toda a montagem, com nfuneros dealunos para cada instituic;;ao, limites de idade, salario de professor, etc.
Com isso f~i aureolado pela Real Academia de Arras.
Conta Hemi Sausse que Rivail conheceu em Paris, asenhorita Amelie Boudet, professora inteligente, gentil egraciosa, filha unica de pais ricos, tendo seu sorriso e grac;;aatraido Rivai!.
Contraiu matrimonio em 06 de fevereiro de 1832, tendo ida instalar-se no Instituto Tecnico, aRua Sevres n° 35.
Pouco se sabe da vida conjugal, ;porem, Amelie 0 ajudou muito, tanto na fase de sua atividade pedag6gica, quanto no periodo da fundac;;ao do Espiritismo cientifico.
Rivail foi obrigado a promover a liqilidac;;ao do Instituto Tecnico em 1834, pois seu financiador, 0 tio, era wnjogador inveterado.
191Cristianisl110 (De Jesus a Kardec)
Em seu discurso de fim de curso, preconiza a introduc;;ao das cadeiras de fisica, quimica, anatomia e fisiologiapara os cursos seguintes.
Preconiza 0 estudo do desenho geometrico, dirigindoalgwnas criticas ao estudo de hist6ria, que se limitava aparte politica, datas sem importancia e agenealogia das casasreais. Declara que 0 verdadeiro objetivo da hist6ria deve ser"0 estudo dos usos e costwnes, do progresso artistico e cientifico das varias epocas".
Com a esposa, Rivaillanc;;a-se corajosarnente ao trabaIho; passou a fazer a contabilidade de tres firmas, 0 que Iherendia cerca de sete mil francos por ano.
Anoite compunha grarn:iticas, estudos pedag6gicos, traduzia !ivros ingleses e alemaes, e com a ajuda de LevyAlvares, produziu muitas obras did:iticas, como:
- Gramatica Normal dos Exames; soluc;;ao dos exarnesda Sorbonne, do Hotel de Ville de Paris, de todas as academias da Franc;;a.
- Curso de Calculo de Cabefa; metodo Pestalozzi, parauso das maes de familia e professores, no ensino das crianc;;as.
- Tratado de Aritmetica; 3.000 exercicios e problemas,unico que contem 0 metodo adotado pelo comercio e bancos, para 0 cMculo de juros.
- Questionario Gramatical, Literario e Filos6fico.- Manual dos Exames para os Certificados de Habili-
tafao.- Catecismo Gramatical da Lingua Francesa.- Solufoes Racionais das Perguntas e dos Problemas
de Aritmetica e de Geometria Usual; propostos nos exames
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o HOMEM UNIVERSAL
do Hotel de Ville e da Sorbonne.- SoluC;do dos Exercicios e Problemas do Tratada Com
pleta de Aritmetica.
Rivail organiza cursos gratuitos de quimica, fisica, deastronomia e de anatomia, em sua casa.
Recomeya a lecionar, como professor no Liceu Polimatico, e publica as suas custas, 0 projeto de reforma, comproposta de adoyao de obras elassicas pela Universidade.
o projeto e do ano de 1847, com a indicayao: "impressa em casa do autor - Rua Mauconseil - 18".
No perfodo de 1848 a 1854, escreve obras de aritmetica, de geometria, de quimica, de historia, de literatura, etc.
Seu metodo de pesquisa e a busca cada vez maior doconhecimento, 0 torna urn homem muito culto. Embora trabalhando para a educayao das crianyas de seu pais, nao cessa de transformar-se em homem sem patria. As ciencias e 0
estudodas hurnanidades the ensinam que 0 homem para serverdadeiramente livre, deve tomar conhecimento do seuuniversalismo.
o espirito de tolerancia, de caridade, deve ser primordial aos de sua religiao, de sua seita ou ela, tao limitados notempo e no espayo.
Antes do Espiritismo, entre as doutrinas e sistemas deeducayao, Rivail encontra afinidades com a mayonaria.
193Cristianisma (De Jesus a Kardec)
A palavra tolerancia, que flui a todo momenta de suapena, como ensinamento ditado pelos Espiritos, e de origemmayonica.
Diz Allan Kardec em 0 Ceu eo Inferno:
mo.
A definiyao ideologica damayonaria, segundo Larousse:
- "Amayonaria tern por fim a melhoriamoral e material do homem, por principios, a lei do progresso da humanidade, as ideias filosoficas de tolerancia, fraternidade, igualdade e liberdade, abstrayao feita da fe religiosa ou politica,das nacionalidades e das diferenyas sociais".
o Espiritismo moral e social, iria dizer a mesma coisa.Os principlos filosoficos sao os mesmos:
a) Existencia de Deusb) Imortalidade da almac) Solidariedade hurnana.
Allan Kardec reelamou a "liberdade de consciencia",como direito proprio de cada homem, e renunciou a tudoquanto e formalismo (aspecto cultural e retrogrado da iniciay3.o mayonica).
o fundo da doutrina mayonica encontra-se no Espiritis-
"0 Universo e vasto celelro: uns destroem, outros reCDilstroem; cada urn recorta uma pedra para 0 novo edificio,cujo plano e conhecido somente ]lelo Grande Arquiteto. So():}mpreenderemos as suas estruturas internas quando os alicerces comeyarem a surgir acima da superficie do solo". 0.Espiritismo dedica-se a reconstruy3.o moral do mundo.
Consta ainda que Rivail foi diretor de urn teatro no
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A Vida Espirita de Allan Kardec (1855 - 1869)
Allan Kardec, ainda que usando do sagrado direito pessoa1, da privacidade, procurou manter sua vida particular 0
menos possivel imiscuida, no entanto face a tantos boatosque se geraram de que emiquecera com a venda de suas obrasespiritas, publicou vanas declarayoes na Revue Spirite, paraque os cronistas nao corressem 0 risco de alterar a verdade.
Ali ele indica que nunca morou em Lion, 0 que justificaa ideia que apos os cursos com Pestalozzi na Suiya, ele voltou a Paris. Tambem respondeu 210 padre caluniador, convidando-o a contemplar suas refeiyoes, indicando que ele ve-
195Cristianismo (De Jesus a Kardec)
rificaria serem mais magras do que as de certos dignitariosda 19reja, em periodo de jejum.
No que diz respeito 210 volume de recursos auferidoscom as publicayoes espiritas, ou porque nao deixou filhosou ainda porque nao fazia menyao de suas experiencias comopedagogo, Allan Kardec mantinha a vida de Denizard Rivailao abrigo das calunias que eram lanyadas, e que buscavamalingir sua homa pessoal, a fim de preservar a doutrinanublicada."
A vida de Rivail, como pedagogo, educador, discipulode Pestalozzi, mayom, e como estudioso pesquisador dosren6menos curiosos relatados por Mesmer, foi uma prepara,,3.0 para 0 estudo e dedicayao dos fatos espiritas.
Utilizou para isso do conhecimento adquirido pelo es,udo do magnetismo animal, descoberta de Mesmer, ou 0
I1uido magnetico vital.
A evolucao nipida do Espiritismo, deve-se 210 conhecimento dos f~n6menos do magnetismo, do sonambulismo,vermitindo assim, a verificayao experimental do Espiritis~,o. pois os fatos tem sequencia logica e racional.
A vida espirita de Allan Kardec inicia-se com muitasd'olvidas. e suas observayoes buscavam explicayoes loglcas,ou a descoberta de fraude. Sua razao repele as revelayoes,2cei,aIldo somente as observayoes objetivas e controhiveis,:2illiru'1ando pela via logica das deduyoes.
Em 1856, Allan Kardec percebeu sons provenientes desatidas na parede, mais tarde tambem ouvidas por sua espoS2 20 chegar em casa. Depois, numa sessao em casa de aml
Kard;c solicitou a possibilidade de ter uma explicayao eIevelado que:
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Champs-Elysees, Folies-Marigny, construido pOUCO apos arevoluyao de 1848, pam servir 0 prestidigitador Lacaze. Esseteatro passou 210 musico Jacques Offenbach em meados de1855. Esse fato, portanto, deve ter acontecido no periodo de1852 a 1853, epoca em que Rivail cessou de publicar seustrabalhos pedagogicos e passou a interessar-se mais pelosproblemas sociais.
Ainda que tivesse sempre demonstrado vocayaoeducativa, por falta de recursos ou de sorte, nao pade realizar tudo aquilo de que era capaz 0 seu talento, chegava agora 210 fim de sua vida profana.
Apesar disso, suas ideias socialistas, mayanicas e cristas levaram-no a realizar pelo Espiritismo 0 nobre objetivosempre demonstrado, ou seja, um'educador, um amigo dahumanidade e 0 profeta da Doutrina, cujo principal objetivoe de trazer a consolayao.
- 0 fato era devido ao desejo do espirito de comunicarse com ele, para que Kardec alterasse trecho do trabalho queredigia.
o Espirito Verdade indica que Ihe dara plena assistencia, lembrando no entanto que 0 atendimento dos designiosde Deus, e preciso muita humildade, modestia e desinteres-
Em 1857, 0 seu Espirito protetor, em comunicayao pessoal, indica que 0 conheceu em existencia anterior, na epocados Druidas, pois viviam juntos nas Galias. E e 0 protetorque diz seu nome nessa vida anterior - Allan Kardec. A partir de entao, Denizard Rivail renasce Allan Kardec para exercer a chefia doutrinaria de uma ciencia ditada pelos Espiritos.
197Cristianismo (De Jesus a Kardec)
se, e que para lutar contra os homens e preciso coragem,perseveranya e finneza inquebrantavel, mostrando a Kardecque a missao estava subordinada a condiyoes que dependiam apenas dele.
Kardec lanya-se pois a execuyao de 0 Livro dos Espiri{as, que publicado em 18 de abril de 1857, ficou na hist6riado Espiritismo.
Diz Kardec que, unicamente, fez 0 papel desistematizador material, pois que 0 trabalho foi executadopelos Espiritos
Diz Kardec: "Vi, obser/ei, coordenei e procurei fazercompreender aos outras 0 que eu mesmo compreendi".
Allan Kardec renunciou sempre ao titulo de Papa doEspiritismo, e de que canegava a tiara espiritual, pois essestimlos criavam mal-entendidos, dizia ele, alem de que 0 Espiritismo nao tinha a destinayao simplista de uma nova religiao. mas sim de ciencia, filosofia e religiao, do qual ele era= simples e modesto operario.
Foi em 1858, que Allan Kardec fundou a Revue Spirite~ z "Societe Parisieune des Etudes Spirites".
Scm dinheiro e sem apoio financiador e alem disso semz,,,nhum assinante, ele redigiu Q primeiro nlimero da revistae (; publicou em lOde janeiro de 1858, face as instruyoes dos::spiritos, que indicavam que ele deveria fazer 0 trabalho e2;20 se preocupar. Ele a fez por sua conta e risco, e foi um2.":mde sucesso. Esse fato foi muito positivo, pois urn even-
11nanciador poderia tentar influir com outras ideias.
o jomal era mais uma forma de c,)ntato com a comuniespirita e de complemento e desenvolvimento das idei-
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- Devido a sua indagayao, foi-lhe dito que poderia dialogar diretamente com 0 espirito, pois ele estava presente.
- Iniciou-se assim, 0 contato de Kardec com 0 EspiritoVerdade (como ele intitulou-se), combinando-se outros encontros para desenvolvimento do trabalho.
Em sessao subseqtiente Kardec foi indicado como responsavel pela missao, tomando-se 0 operario que reconstr6io que foi demolido, e lanya-se ao trabalho.
Kardec diz que para a missao que imaginava, seriamnecessarios meios de execuyao que nao estavam ao seu alcance. No entanto, 0 Espirito Verdade indica que ele devecumprir sua tarefa, deixando que a Providencia supra as necessidades a fim de que a obra seja efetivada. E ainda, queKardec deve manter muita discriyao, a fim de atingir os objetivos, e que mais tarde ele tomaria conhecimento de muitas coisas que 0 surpreenderiam se reveladas neste momento.
Em 1860 Kardec, venda 0 crescimento do Espiritismoem paris, resolve fazer uma tournee de propaganda. EscoIheu Lion para sua primeira incursao, pois la a resistencia aoEspiritismo era grande. Chamavam Kardec de alucinado.
Emjunho, <) Espirito Verdade trarlsmite mensagem significativa a Kardec, via uma medium, incitando-o a dar continuidade ao seu trabalho, pois a tarefa nao seria terminadanaquela encarna9ao, porem, deveria terminar alguns trabaIhos antes de partir. Como seu tempo era curto, eles concederiam-lhe mais um pouco, somente 0 necessario para Kardec
as da Allan Kardec. Muitas das colocayi5es importantes dasobras publicadas apos 1858, tiveram trechos importantescolocados na Revue. Serve tambem para ser 0 veiculo deinformayi5es sobre fatos relevantes de manifestayao, OCOT
rencias, previsi5es, visi5es, etc... , que ocorreram em sessi5esa que os colaboradores assistiram.
A publicayao continua ate hoje, e mantem impresso acolocayao de Allan Kardec:
"Todo efeito tern uma causa. Todo efeito inteligente ternuma causa inteligente. 0 poder da causa inteligente esta narazao da magnitude do efeito".
Allan Kardec deu sequencia a seu trabalho em 1859 eas assinaturas fluiam, e as comunicayi5es vinham de todosos lados.
Kardec agradece a Societe Parisienne des Etudes Spiriteste-lo encarregado da direyao met6dica e uniforme, indicando que nao poderia assumir outras responsabilidades, e comunicando que essa orientayao se daria por dez anos. Constitui-se uma verdadeira premoniyao, pois desencarnou em1869.
Cl0S0S.
199Cristianismo (De Jesus a Kardec)
levar a cabo esta etapa da tarefa.
Em janeiro de 1861 e lanyado 0 Livro dos Mediuns.
Nesse trabalho, Allan Kardec denuncia os enganos doscharlataes, as faltas dos espiritos malevolos, .dos mediunsorgulhosos e interesseiros.
Com essa obra, a doutrina espirita transformou-se emciencia experimental. as adversarios entao soltaram sua irae Kardec recebeu as injurias. Para todo assassino ou suicida,e indicada a cUlpa do Espiritismo. Sabendo que 0 Espiritismo esta sendo mal ou pouco entendido, Kardec aprimora-seem explicar, respondendo a uns e outros, e continuando firme, apesar da movimentayao da inquisi9ao.
Kardec e acolhido entusiasticamente, em todos os lugares por onde passa. Voltando a Paris, inicia a 2a edi9ao doLivro dos Midiuns, e passa a ser chamado "Chefe espirita".
E nesse ano, que urn livreiro de Barcelona, amigo deKardec e entusiasta do Espiritismo, encomendou-lhe a remessa de uma quantidade de obras espiritas.
as livros nao chegaram ao destino, ainda que cobradosos direitos alfandegarios, pois 0 bispo de lajulgou-os perni-
Kardec reclamou a devolu9ao, porem a inquisi9ao espannola os queimou (foram mais de 300 volumes), no localonde os condenados ao ultimo suplicio, eram executadossempre por ordem do bispo da cidade.
Em 1862 continuam as caltll1ias, agora dizendo queKardec enriquecera acusta do Espiritismo.
Kardec recebeu uma satisfa9ao postuma, pois 0 bispo
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que havia queimado seus livros, desencarnou e Ihe mandouuma mensagem, na qual dizia que quem queima id6ias, teracomo consequencia que as id6ias 0 queimarao.
Pede a Kardec que ore por ele, pois ora9ao de perseguido a favor do perseguidor, tern grande poder. Diz finalmente, que nao era uma desforra, mas sim uma li9ao de caridade, que somente 0 Espiritismo pode proporc:ionar.
Em 1863, Allan Kardec trabalha em seu livro da moralespirita Imitar;{fo do Evangelho Segundo 0 Espiritismo, erecomenda a todos os homens, que sigarn 0 ensinarnento deJesus Cristo. Posteriorrnente, 0 titulo foi modificado, suprimindo-se a palavra "Imita9ao".
No entanto, a Igreja Cat61ica desencadeia urn bombardeio contra 0 Espiritismo.
Nurna conferencia em Lion, bispos vindos de toda parte, e professores de teologia, dizem que 0 Espiritismo destr6i a familia, avilta a mulher, prega 0 suicidio e 0 aborto,preconiza 0 comunismo e dissolve a sociedade. Allan KardecreTIna com espirito 16gico e moral todas as sandices dos te6logos.
Depois de seis anos do nascimento da Doutrina, ja 1864,ela se espalha por toda parte, inclusive no exterior, comoBruxelas, Turim e outros lugares.
Gra9as a grande lei moral do Espiritismo, apresentadapor Kardec em seu livro Evangelho Segundo 0 Espiritismo,ate nas pris5es criminosos sao convertidos.
o Espiritismo cresce e Allan Kardec viaja para repousoit SUi9a, visitando varias cidades, inclusive Yverdun, onderelembra a vida como Denizard Rivail, discfpulo de
Pestalozzi e percebe que a vida do ser humano nunca se realiza satisfatoriamente, se it atividade profana e social naose acrescenta urn minima de espiritualidade, para transformar tudo.
No ano da publica9ao de 0 Ceu e 0 lriferno, 1865, varios jornais espiritas surgem: 0 Salvador do Povo, A Luz, Vozde Alem-Tumulo, em Bordeus; 0 Futuro, em Paris; 0 Medium Evangelico, em Toulouse; 0 Mundo Musical, em Bruxelas.
No livro publicado, Kardec como de costume, denuncia tudo que e retr6grado no pensamento humano (religiao,supersti9ao, racismo, etc.), oferecendo maior liberdade, peloEspiritismo.
Usando do cora9ao do homem e pedagogo, aluno e seguidor de Pestalozzi como educador, torna a familia espiritaurna escola, onde os homens que se formam sao melhoresdo que os ateus, preocupando-se com a funda9ao de umacaixa de socorro e de urn abrigo para indigentes.
o ano de 1866 come9a bern, com a filosofia reconhecendo a existencia do Espiritismo. Infelizmente Kardec ficadoente, e os espiritos consultores dizem ser fruto da falta derepouso que gera urn superaquecimento do sangue, ou seja,produto do desgaste.
Numa das vezes que caiu em estado de sonolencia, frequentes durante sua doen9a, sonhou estar junto de urna multidao de homens na rua, e via uma inscri9ao na muralha emietras pequenas, brilhantes como fogo e que dizia: "Temosdescoberto que a borracha enrolada na roda faz urna leguaem dez minutos, contanto que a estrada ...", mas a inscri9aose apagou antes que pudesse ler seu fim.
201Cristianismo (De Jesus a Kardec)Rino Curti200
Era pois, mais uma premoni<;ao, pais alguns anos maistarde, a tecnica descobriu a importancia da borracha no revestimento das rodas dos veiculos.
Inicia a produ<;ao de A Genese e realiza uma am'tlise do"Espiritismo estatistico". Verifica que para cada 5 ricos, existem 95 trabalhadores. Conclui: "mais vale fazer a caridadepessoalmente, que fundar uma administra<;ao burocratica, quepode ser tomada por propaganda".
Em 1867 Kardec trabalha febrilmente, buscando terminar sua obra. Prepara as ideias gerais que concernem it organiza<;ao e ao futuro do Espiritismo.
Emjaneiro de 1868, seu ultimo grande livro A Genese,os Milagres e as Predi90es Segundo 0 Espiritismo, epublicado
Os Espiritos Ihe dao instru<;i5es sobre todos os problemas que se referem ao Espiritismo doutrinario. Dez anosforam suficientes para que Denizard Rivail conhecesse ossegredos do mundo invisivele fundasse 0 Espiritismo cientifico e moral.
Para seu pesar 0 Espiritismo toma 0 aspecto de Igrejaou de Partido, mas tera de ser a unica Igreja, e 0 unico partido livre de sectarismo ou de intoleriincia, pois 0 lema esempre 0 mesmo: "Fora da caridade nao hi salva<;ao".
Kardec, no crepusculo da vida, escreve 0 seu testamento filos6fico. Este documento trata em primeiro lugar, danova organiza<;ao da Sociedade Espirita, e que devia servirde exemplo para as demais sociedades. Nele indica as atribui<;i5es da sociedade, depois sua distribui<;ao aos variosmembros dos comites, conforme sua especialidade.
203Cristianismo (De Jesus a Kardec)
o Testamento expiSe ainda suas opiniiSes sobre a organiza<;ao moral e material da Sociedade. E traz sua contribui<;ao concretizada:
Pela outorga dos direitos autorais dos trabalhos, escritos e a escrever;Pela entrega de valores mobiliarios e imobiliarios.
Allan Ka.rdec foi forte personalidade que deu vida aocentro de estudos espiritas, indicando que 0 centro ja naoe uma individualidade, mas urn lugar de atividade coletiva, trabalhando pelo bem geral e no qual a autoridadeindividual se dilui.
Allan Kardec desencarnou em 31 de mar<;o de 1869,em conseqiiencia da ruptura de um aneurisma, quando entregava um numero da Revista a um empregado da livraria,que acabava de compra-lo.
o sequito desfilou pela Rua de Grammont, atravessouas "randes bulevares e deu entrada no cemiterio de
b
Montmartre, entre 0 povo que se acotovelava.
Diz Camile Flamarion: "Senhores, 0 Espiritismo nao euma religiao, mas uma ciencia, da qual apenas conhecemosa ABC. A epoca dos dogmas acabou. A natureza abarca 0
universo, eo pr6prio Deus, concebido outrora it imagem dohomem, s6 pode ser considerado pela metafisica modernacomo espirito da natureza".
A Sra. Kardec, com 74 anos it epoca, e linica proprietaria legal das obras e da Revista, decide:
1. Doar, cada ana, it caixa geral do Espiritismo, 0 excedente de lucros das opera<;i5es com a livraria espirita.
2. A revista publicara todos os artigos que 0 comite cen-
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Minha CaminhadaMaria de Lourdes Nascimento Marconato
Irmlio J6
Leia:
Palavras de AlertaTeresinha de Fatima Wasta
Espiritos Diversos
Neste livro, a Autora, iluminada por urn Espirito amigo, que aacompanha em todas as horas, conta-nos urn pouco da sua caminhada nabusca de levar a esperanya e a felicidade aos que a procuram. A sua vidarelatada de forma simples como ela mesma e, faz-nos refletir sobre anecessidade de encontrar 0 equilibrio tao necessario para a evoluyao da"ossa espiritualidade. Ensina-nos a importiincia da disciplina, para quepossamos viver em urn mundo conturbado como 0 que vivemos; comorenunciar as coisas mundanas, sem contudo renunciar avida.
Ainda neste livro, encontraremos as mais belas e expressivas mensagens de amor e chamamento avida espiritual. Mensagens que sao luzpara os nossos caminhos. Nao deixe de ler!
Euma maravilhosa contribuiyao dos amigos que jii partiram paramundo espiritual, apresentando-nos a vida como ela realmente e.
Teresinha de Fatima Wasta, consegue com sua humildade no servir, probelissimas piiginas contendo ensinamentos que sao verdadeiras
p81avTas de alerta para que repensemos como devemos viver a nossa7jDortunidade de vida.
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Aderbal Franya Lima
A - Bibliografia
- Andre de Moreil - A Vida de Allan Kardec
tral achar {[teis a causa do Espiritismo.3. A caixa geral do Espiritismo eentregue as maos de
urn tesoureiro, sob 0 controle de comite diretor.
A viuva de Allan Kardec desencamou em 21 de janeirode 1883, aos 89 anos de idade. 0 casal nao deixou filhos,mas a obra espiritual de Allan Kardec trouxe contribuiyaoinestimiivel a hurnanidade, ao reconhecer como irmaos todos os seres hurnanos, independentemente de nacionalidade, sexo, raya ou religiao.
Kardec foi urn homem universal e fundou uma morale urna filosofia universals.
QCAsARAoGARCl:~ G,:~.M3ERO
Desde menino, Garcia Gambero consegue comunicar-se com 0 plano espiritual. Recebeu muitas comunicasooes que se perderam no tempo.Depois de muitos anos consegue libertar-se, abre 0 seu coraSOao e suamente aos seus amigos .espirituais para nos trazer este belissimo conto,que sem duvida agradani a todos que tiverem oportunidade de ler. GarciaGambero inicia, com certeza, atraves desta narrativa, uma ligaSOao espiritual maravilhosa. A historia e um resgate. Toda uma familia retorna, eajudada por um rapaz de boa indole, consegue cumprir uma promessade mais de cem anos. A forma como Garcia Gambero nos relata estahistoria, e completamente diferente de tudo aquilo que 0 leitor esta acostumado a ler.
Pe-de-SantoVera Malta
Pelo Esp/rito Joca
Vera Malta, e uma dessas pessoas escolhidas por Deus para nos passar 0 verdadeiro sentido da espiritualidade. Com uma mediunidade maravilhosa, consegue encantar aqueles que tem a oportunidade de ve-Iapintar coisas fantasticas em porcelanas. Pe-de-Santo, e um romanceque vai deixar 0 leitor muito feliz, porque e 0 encontro do ser humanecom a natureza. Vma historia empolgante, contada por um Espirito cOmmuita experiencia na arte de escrever. Joca, e apenas um pseud6nimo de
. um grande escritor brasileiro, que do plano espiritual, quer nos passartoda uma experiencia de vida. Este romance voce n{io pode deixar deler.
Magia TerapeuticaJacira Lopes Rodrigues da Cruz
"Os caminhos sao construidos por nos, e muitas vezes construi,,";Os Iabirintos com tal complexidade que por centenas de anosemoscamo-nos em pequeno espasoo.
"Nao e facil, repetimos, repentinamente mudarmos nossas tiiticas('omportamentais, mas enecessaria que-nos alertemos quanta as verdades que nos sao expostas. Ebem celio que sao verdades mais constatadas pelo espirito que pelo intelecto materialista, mas e a verdade queG!GS libertani das amarras intransigentes dos conceitos preconizados e':';2S angustias e tormentos que avassalam nossa existencia. A PosturaG?!emal daquele que pede, deve ser a de espera, espera com a certeza de
lima pequena amostra do conteudo desta magnifica obra. A Au;c·,,-.., com um relata envolvente, proporciona-nos material suficiente para"" mais profundas reflexoes. A sua leitura terapeutica nos permite bus,= ,meriormente a verdad0 libertadora.
~meandobperan~a
Maria de Lourdes Nascimeuto MarconatoIrmao J6
'F2camos deste mundo um palco' de alegria, aproveitando todos oscO'. ·n.emos, sem perder as opOltunidades que Deus nos oferece."
'Y2cC,OS dar as maos e seguir firme, sem lamentasooes e sem nos re-
':=scamos a caminho da libertasoao... palavras que nos libertarao das::EPe:::fe,-;:c;es que nos deixam presos nos labirintos da vida."
·'.cen;)S uma amostra singela do que 0 leitor encontrara neste livro,;.es CGmo finalidade, semear atraves de palavras simples a esperan
.70s:Cf3-;:oes da humanidade.
!pam/t;~-Jt~r
Sonia Tozzi Henriques RodriguesFalar "Amor", qualquer um fala; mas e preciso alguem mui
to especial para falar de amor. Porque 0 amor puro esta longe deposses e medos, muito distante das escolhas humanas; para falarde amor e preciso sublirriidade, ser capaz de sentir intensamentetal sentimento, vive-Io em cada momento.
Este e um trecho inicial deste livro, em que a autora nao s6faJa de amor, mas mostra-nos, como vive-Io intensamente na alegria e na dor. Falando de Amor, vai mostrar a voce que Deusrealmente existe, e esta nas coisas mais simples da vida. Que voce,s6 nao 0 ve e nao 0 sente, por estar envolvido pelas futilezas queo cerca. FaJando de Amor, e um despertar, para uma vida harmoniosa de amor a humanidade. Vamos falar de amor.
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