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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DRA. MARIA AUGUSTA SARAIVA
Leonardo Campos
Lisandra Prado
Maicon Paiva
Natalia Sena
Impacto da Carga Tributária no preço dos produtos
mais vendidos em supermercados
Trabalho de Conclusão de Curso
SÃO PAULO
2014
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
ESCOLA TÉCNICA DOUTORA MARIA AUGUSTA SARAIVA
Leonardo Campos
Lisandra Prado
Maicon Paiva
Natalia Sena
Impacto da Carga Tributária no preço dos
produtos mais vendidos em supermercados
Trabalho de Conclusão de Curso
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Escola Técnica Doutora Maria Augusta Saraiva -
mantida pelo Centro Estadual de Educação
Tecnológica Paula Souza, como parte dos pré-
requisitos para a obtenção do Certificado de Técnico
em Contabilidade, sob a orientação do Professor Me.
Renato Antônio de Souza.
SÃO PAULO
2014
Ficha Catalográfica
CAMPOS, Leonardo Oliveira de; SALGADO Lisandra Prado; PAIVA, Maicon Márcio de Sousa Abrantes; SENA, Natália Celestino de. Impacto da Carga Tributária no preço dos produtos mais vendidos em supermercados São Paulo: 2014 Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Sousa – Escola Técnica Estadual Dra Maria Augusta Saraiva Orientador: Me. Renato Antônio de Souza Área de concentração: Contabilidade 1- Tributação 2- Supermercado 3 – Consumo 4 - Contabilidade
Banca examinadora:
________________________________________
Orientador: Prof. Me. Renato Antônio de Souza
___________________________________________
____________________________________________
Dedicatória
Dedicamos este trabalho primeiramente a
Deus, aos nossos amigos e familiares, pela
compreensão de nossa ausência no cotidiano e pela
paciência que tiveram até aqui. A todos os nossos
professores que contribuíram de forma direta e
indireta na elaboração deste trabalho. Ao nosso
orientador Renato Antônio de Souza pelo incentivo,
dedicação e paciência em nos orientar para que o
nosso projeto de Trabalho Conclusivo de Curso
chegasse ao resultado final.
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o impacto da carga tributária no
preço dos produtos mais vendidos em supermercados. A fundamentação teórica
adotada neste trabalho foi sobre o conceito e os tipos de tributos segundo o Código
Tributário Nacional (1966), sobre a Competência Tributária, segundo Constituição
Federal (1988) e sobre alíquotas estaduais do ICMS (Decreto 5.141/2001), entre
outros autores e documentos. A metodologia adotada para a pesquisa deste
trabalho foi o estudo de caso intrínseco, segundo Yin (2001), sobre os instrumentos
da coleta de dados e análise, foram utilizadas as orientações de Scriven e Hassion
(1973) que tratam da vantagem do uso de dados qualitativos, além da pesquisa em
supermercado localizado no centro de São Paulo. Como resultados de pesquisa
podemos verificar que entre os produtos mais vendidos nos supermercados
(pesquisa feita pelo grupo) nem todos estão na lista de “produtos básicos”,
classificados conforme o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e
Estudos Socioeconômico), todavia o APAS (Associação Paulista de Supermercados)
aponta que nem todos produtos descritos pelo DIEESE são o suficiente para a
sobrevivência de uma família, assim, com esses fatos, podemos fazer uma análise
do impacto que a caga tributária embutida no preço dos produtos pode causar na
vida das famílias que residem no Brasil, que inclusive sediará a Copa do Mundo da
FIFA de 2014, utilizado como exemplo prático no desenvolvimento dos resultados
apresentados, sem dúvidas de grande importância não somente aos estudantes da
área de Contabilidade, mas também a todos aqueles que se interessam neste
assunto.
Palavras-chave: Tributação, Supermercado, Consumo, Contabilidade
Abstract
This research aims to analyze the impact of taxes on the price of products sold
in supermarkets . The theoretical framework adopted in this study was about the
concept and the types of taxes under the tax code (1966 ) on the Tax Jurisdiction ,
according to the Federal Constitution (1988 ) and on state ICMS rates ( Decree
5.141/2001 ) , among others authors and documents . The methodology adopted for
this research work was to study the intrinsic case , according to Yin (2001 ) , on the
instruments of data collection and analysis , guidelines and Hassion Scriven (1973 )
dealing with the advantage of using data were used qualitative research in addition to
the supermarket located in downtown São Paulo . As research results we can see
that among the products sold in supermarkets ( research done by the group ) not
everyone is on the list of " commodities " , ranked as DIEESE ( Inter-Union
Department of Statistics and Socioeconomic Studies ) , however the APAS (
Association Paulista Supermarket ) points out that not all products are described by
DIEESE enough for the survival of a family , so with these facts , we can make an
analysis of the impact that tax shit built into the price of products can cause in the
lives of families reside in Brazil, including hosting the FIFA World Cup 2014 , used as
a practical example in the development of the results presented , no doubt of great
importance not only to students of accounting , but also to all those interested in this
matter .
Keywords: Taxation , Supermarket , consumption , Accounting
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10
CAPÍTULO I .................................................................................................... 12
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 12
1.1 Por que existem Tributos? ..................................................................... 12
1.1.1 Impacto dos Tributos na Sociedade ................................................ 13
1.2 Conceito de Tributos ............................................................................. 14
1.2.1 Tipos de Tributos ............................................................................ 15
1.2.2 Competência Tributária ................................................................... 18
1.2.3 Tributação e sua Fundamentação Legal ......................................... 19
1.2.4 Como são Aplicados os Tributos ..................................................... 19
1.3 Alíquotas do ICMS ................................................................................ 20
1.3.1 Alíquota do ICMS no Brasil ............................................................. 21
1.3.2 Alíquotas Estaduais do ICMS .......................................................... 21
1.3.3 Alíquotas Internas do ICMS ............................................................ 23
1.3.4 Outras Hipóteses de Tributação do ICMS ....................................... 24
CAPÍTULO II ................................................................................................... 26
METODOLOGIA DE PESQUISA .................................................................... 26
2.1Contexto da Pesquisa ............................................................................ 26
2.2 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados ............................. 26
2.3 Procedimento de Análise de dados ....................................................... 27
CAPÍTULO III .................................................................................................. 28
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................... 28
3.2 Produtos Supérfluos .............................................................................. 30
3.3 Aspectos tributários ............................................................................... 30
3.4 Composição da Família Brasileira ......................................................... 33
3.5 Renda Média da Família Brasileira ....................................................... 33
3.6 Gastos da Família ................................................................................. 33
3.7 Impacto dos tributos no orçamento das famílias, com exemplos .......... 36
3.8 Outras formas de impacto dos tributos no orçamento das famílias ....... 37
3.9 O impacto de uma maneira geral .......................................................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 42
10
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o impacto da carga tributária no
preço dos produtos mais vendidos em supermercados.
A metodologia utilizada trata-se de um estudo de caso baseado nas, tendo
em vista a legislação vigente quanto à carga tributária dos produtos em epígrafe.
Carga tributária é a cobrança de impostos, taxas e contribuições. Na prática,
uma coleta de dinheiro feita pelo governo para pagar suas obrigações. Uma forma
de medir o impacto dessa coleta é compará-la com o PIB (Produto Interno Bruto).
Conforme o Código Tributário Nacional, o imposto é o tributo cuja obrigação
tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte; taxa é um tributo cobrado pelo município devido
ao exercício do seu poder de polícia e a utilização efetiva ou potencial de serviço
público específico e divisível; contribuições de melhoria são cobradas pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições e sua principal utilidade é fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.
Cada tipo de tributação é realizado de acordo com sua competência.
Entende-se por competência tributária o poder de se criar tributos, sendo esses
determinados pela Constituição Federal (lei suprema do Brasil), conferidos à União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, limitados pela legislação. É importante
lembrar que não somente a Constituição basta para a criação de tributos, sendo
assim necessária uma lei específica.
Dessa maneira, este estudo de caso justifica-se por esclarecer aos
consumidores a respeito do peso dos tributos na somatória do custo que envolve
desde a empresa que transporta a matéria prima à fábrica até a transportadora que
entrega o produto já pronto ao mercado, juntamente com sua carga tributária no
valor final, assim como envolve cada compra de um produto realizada em um
estabelecimento comercial. Além disso, justifica-se pelo fato de que o Brasil é
considerado um dos países com maior número de tributos e isso gera um impacto na
11
produção de riqueza nacional, tanto na escala macro quanto micro. Justifica-se,
também, por ser pré-requisito para a obtenção do certificado de Técnico em
Contabilidade, cursado na Escola Técnica Estadual Doutora Maria Augusta Saraiva,
mantida pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.
Diante desses fatos, elaboramos uma questão de pesquisa que nos orientará
neste trabalho:
Qual o impacto da carga tributária no preço dos produtos mais vendidos em
supermercados?
Para respondermos ao objetivo proposto anteriormente, esta pesquisa
apresenta a seguinte organização: No Primeiro Capítulo, Fundamentação Teórica,
apresentaremos as leis de que tratam o Código Tributário Nacional assim como o
histórico desses sistemas de tributação; No Segundo Capítulo, Metodologia de
Pesquisa, apresentaremos os métodos que utilizamos para o desenvolvimentos
desta pesquisa; No Terceiro Capítulo, apresentaremos os resultados de pesquisa a
respeito do impacto da carga tributária no valor final dos produtos. A seguir,
apresentaremos nossas Considerações Finais e, por fim, as Referências
Bibliográficas.
12
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, apresentaremos o conceito de tributos, segundo o que
consta no Código Tributário Nacional (CTN), e também noções de Competência
Tributária, além dos tipos de tributos e suas respectivas fundamentações legais e
alíquotas.
1.1 Por que existem Tributos?
Em nosso país, existem muitos tributos que foram criados ao longo do tempo,
de forma mais variada e com múltiplas siglas e significados. Lembremos que a
Inconfidência Mineira (1789), como nos relata a história, teria surgido em razão da
pretensa e exagerada cobrança de tributos incidentes sobre a mineração do ouro.
Ao longo da história, outras maneiras de tributação surgiram com vários
objetivos e, assim, permanecem até hoje.
Importante traçar a diferença entre Tributos e Impostos, o que faremos no
próximo tópico. Ainda mais importante é saber o porquê eles existem. Um lembrete
válido é entender que os impostos não se obrigam a determinado retorno. De forma
geral podem ser aplicados onde o Estado/País melhor entender como prioritário e
mais adequado, isto é, os impostos são espécies de tributos que não obriga nem
vincula diretamente a prestação de um serviço pelo ente estatal.
Infelizmente, muitos podem pensar e agir como se os benefícios sociais
fossem gratuitos; na verdade, os bens e serviços públicos são custeados pelos
tributos pagos pelo cidadão e administrados pelo Estado.
Diretamente, os tributos revertem para a sociedade em forma dos bens e
serviços públicos, tais como: segurança pública, saúde, educação, justiça, sistemas
de transportes, etc.
13
Indiretamente, seu retorno para a vida social está nos efeitos da distribuição
de renda (ao arrecadar dinheiro de quem tem para distribuir a quem não tem os
tributos potencialmente reduzem as desigualdades sociais), no incentivo ao
desenvolvimento regional ou setorial, na regulação do comércio interno e externo.
1.1.1 Impacto dos Tributos na Sociedade
A população é uma das partes mais afetadas no impacto dos tributos, pois
compromete cerca de 40% da sua renda com tributos e ainda tem que arcar com
saúde e educação privadas. Como o governo não oferece serviços de qualidade, o
contribuinte tem que pagar duas vezes.
Uma das importantes áreas de estudo das finanças corporativas é a avaliação
de empresas. Na maioria dos casos, a discussão acerca do impacto dos tributos
sobre a renda na avaliação fica em segundo plano, quando se trata de uma
importante variável na composição do valor de uma empresa.
Além do volume de impostos pagos pelas empresas no Brasil, os estímulos
econômicos não são corretos. A lógica desestimula o dinamismo da economia.
Enquanto países desenvolvidos incentivam a geração de emprego e renda, no
Brasil, empresas de alguns setores chegam a destinar 17% do seu faturamento, e
não do lucro, para arcar com tributos.
Já para reduzir a insatisfação popular com a alta carga tributária, o primeiro
passo é a transparência nos gastos públicos.
De acordo com Gontijo (2013, s/p.), a população deve poder acompanhar
como são empregados os impostos pagos ao governo. “Além disso, é preciso que os
cidadãos desenvolvam uma cultura de maior participação popular. Seja no seu
município ou estado, acompanhe as contas do seu governo”, recomenda.
No entanto, ele destaca que é necessário adotar uma série de medidas para
mudar a cobrança de tributos no Brasil, a começar pela simplificação do processo de
pagamento.
O que vemos é uma população que trabalha durante meses somente para
arcar com o pagamento de tributos, sacrificando parte de sua renda familiar para
14
‘sustentar’ o governo. Em troca, serviços de má qualidade, ou muitas vezes, nem
oferecidos.
Pior que o citado acima é ver que não há crescimento econômico da
sociedade mesmo com o país possuindo uma das maiores cargas tributárias do
mundo. Isto também se vale devido à falta de transparência no destino do dinheiro
arrecadado pelo Sujeito Ativo (Estado), pago por toda a população.
Ainda mais imprescindível se faz que tenhamos transparência e uma gestão pública competente, pois, é inconcebível que uma sociedade que tanto pena para gerar riquezas fique refém de lideranças políticas que em pleno século XXI ainda não separam o público do privado e agem como se fossem proprietários da riqueza que a nação produz (OLIVEIRA 2006, s/p).
1.2 Conceito de Tributos
Conceituar tributo talvez seja uma das maiores dificuldades da população.
Assim, analisando a própria legislação, temos, segundo o Art. 3º do CTN (1966,
s/p.), a definição de tributo, conforme abaixo:
“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei
e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”
Como se trata de uma prestação, existe a relação dos sujeitos ativo e
passivo, sendo Estado e contribuinte, respectivamente. Assim, entendemos que o
tributo culmina nesta relação pela qual envolve dinheiro de maneira obrigatória
pecuniária compulsória, em moeda ou em valor cujo valor que se possa exprimir,
consistindo, assim, na Obrigação Tributária Principal.
Vale lembrar que o tributo deve sempre partir de um fato gerador pelo qual o
ato seja lícito, mesmo quanto a atividade não a seja.
Por fim, o tributo deve ser oriundo de uma imposição legal, pela qual o Sujeito
Ativo (Estado) não pode se utilizar do seu poder fiscal para a cobrança do mesmo
(“instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada”).
15
1.2.1 Tipos de Tributos
Atualmente, como já vimos, o Brasil é um país que possui uma das maiores
carga tributária do mundo. Os tributos, por sua vez, ao contrário do que imaginado e
entendido pela maioria da população ‘leiga’, não consistem somente na arrecadação
de impostos, mas sim em outras formas de contribuições.
A seguir, segue um esboço dessas, dividindo-se em Impostos, Taxas e
Contribuições de Melhoria.
1.2.1.1 Impostos
“Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”
(CTN, 1966, s/p.).
A citação acima se refere ao Art. 16 do CTN, definindo o significado de
imposto. Porém Carazza (2006,) considera imposto como uma forma de tributo que
tem por hipótese de incidência um fato qualquer, não consistente numa atuação
estatal.”
Resumindo, imposto é um tributo compulsório pago ao Estado, tanto por
pessoas físicas como jurídicas, em moeda nacional, com o objetivo de custear os
gastos públicos com saúde, segurança, educação, transporte, cultura e também em
investimentos de obras públicas. Esses incidem sobre a renda e patrimônio do
sujeito passivo.
Conforme descrito em “fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte” (CTN, 1966, s/p.), o imposto não
é vinculado a gastos específicos. Sendo assim, o governo, com a devida aprovação
do Poder Legislativo, é quem define o destino dos valores, mediante orçamento.
Abaixo, a relação dos principais impostos cobrados no Brasil e seus
respectivos “coletores”:
16
Federais
IR (Imposto de Renda) - Imposto sobre a renda de qualquer natureza. No
caso de salários, esse imposto é descontado direto na fonte.
IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.
IOF - Imposto sobre Operações Financeiras (Crédito, Operações de Câmbio e
Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários).
ITR - Imposto Territorial Rural (aplicado em propriedades rurais).
Estaduais
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (carros, motos,
caminhões).
Municipais
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (sobre
terrenos, apartamentos, casas, prédios comerciais).
ITBI - Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos
Reais a eles relativos.
ISS - Impostos Sobre Serviços.
1.2.1.2 Taxas
Podemos encontrar duas citações para taxas dentro da legislação brasileira:
De acordo com Constituição Federal de 1966, no seu artigo 145, Inciso II,
cobranças de taxas ocorre, em razão do exercício do poder de polícia ou pela
17
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.
Conforme a Constituição Federal de 1966, no artigo 77:
As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Podemos entender que taxa é a exigência financeira imposta à pessoa física
ou jurídica, obrigatória, paga em troca de algum serviço público fundamental,
oferecido diretamente pelo sujeito ativo. Assim como os demais tributos, a taxa, ao
ser elaborada e aplicada, deve ser definida por lei. A base de cálculo pode variar de
acordo com o serviço prestado pelo Estado, porém de maneira coerente a fim de
que não exista enriquecimento sem causa. São exemplos: taxas de recolhimento de
lixo urbano, pedágios em rodovias estatais, etc.
1.2.1.3 Contribuição de Melhoria
No artigo 81 do CTN sobre Contribuição de Melhoria:
A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Entendemos, assim, que a Contribuição de Melhoria é uma espécie de tributo
vinculado diretamente a uma ação do Estado, destinada exclusivamente para a
construção de obra pública, que acarrete valorização imobiliária ao patrimônio
particular, ou seja, a Contribuição de Melhoria está ligada a valorização do bem do
sujeito passivo. Para que possa ser cobrada, o Poder Público promove a
pavimentação das vias, pela qual esta obra gere valorização dos imóveis.
18
A base de cálculo da contribuição de melhoria, segundo parte da doutrina
pátria, é o resultado da valorização imobiliária, por exemplo, um imóvel de
R$ 10.000,00 é valorizado em 10% desse valor, devido à obra realizada pelo poder
público, assim sendo, o contribuinte deverá pagar uma alíquota (%) sobre tal
quantia, o que equivale, nesse exemplo, R$ 1.000,00 (10% de R$ 10.000,00),
correspondente à valorização do imóvel a título de contribuição de melhoria.
1.2.2 Competência Tributária
Competência Tributária é o poder de criar tributos, conferido pela Constituição
Federal à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sendo esses
limitados de acordo com os órgãos coletores.
Segundo Carvalho (2004), “Competência tributária. Titulares. Entes Políticos.
A competência tributária é a parcela de poder conferida pela Constituição a cada
ente político (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para instituição de
tributos. Apenas os entes políticos, pois, são titulares de competência tributária”.
Assim, em síntese, definimos como Competência Tributária o poder dos
Sujeitos Ativos na criação dos tributos supracitados, no tópico 1.2.
São características da Competência Tributária:
Indelegabilidade: a competência tributária é indelegável, disposição expressa
do artigo 7º do CTN (Código Tributário Nacional), um ente político não pode delegar,
conferir a outra pessoa de direito público a competência tributária que tenha
recebido da Constituição Federal. O poder de tributar é exclusivo do ente político
que o recebeu.
Irrenunciabilidade: o ente político pode não exercer sua competência
tributária, mas essa é irrenunciável, quem a possui não pode dela abrir mão.
Inducabilidade: o poder de tributar é um poder-faculdade, o ente político o
exerce quando lhe seja mais conveniente e oportuno, o fato de permanecer inerte e
não criar o tributo não altera em nada sua competência tributária que permanece a
mesma. O não exercício da competência não tem como consequência a perda da
mesma.
19
1.2.3 Tributação e sua Fundamentação Legal
São várias as leis que regem a tributação brasileira. Dentre todas elas, temos
como foco primordial o Código Tributário Nacional (CTN). Como já citado, há
diferentes Órgãos Competentes que regem as variadas formas de se tributar.
Assim, analisando todos os dados, vemos que a legislação tributária é o
conjunto de normas jurídicas — assim compreendidas os dispositivos
constitucionais, leis complementares, ordinárias e toda a legislação infralegal — que
instituem e dispõem sobre tributos em todos os seus aspectos. Lembramos que os
tributos, por exigência constitucional, em obediência ao princípio da legalidade
tributária, não podem ser criados senão por lei, mas os decretos, portarias e outros
dispositivos normativos são também fonte importante do Direito Tributário, uma vez
que aspectos secundários da relação tributária tais como regulamentação de
lançamento e quitação de impostos, podem ser normatizados por estes
instrumentos.
Segundo Código Tributário Nacional em sua DISPOSIÇÃO PRELIMINAR:
Art. 1º Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional nº 18, de 1ºde dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º, inciso XV, alínea b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação complementar, supletiva ou regulamentar. Art 5º - Compete à União: .. XV - legislar sobre: .. b) normas gerais de direito financeiro; de seguro e previdência social; de defesa e proteção da saúde; e de regime penitenciário.
1.2.4 Como são Aplicados os Tributos
Qual é o destino do imposto que pagamos?
O pagamento de impostos é um dever do cidadão. É também um dever do
Estado informar para onde vão os recursos recolhidos. Por isso, trata-se de uma
prestação compulsória pecuniária.
20
De acordo com o que já estudamos, eles são fundamentais para promover o
crescimento econômico e o desenvolvimento social do País. O dinheiro que você
paga em impostos é utilizado diretamente pelo Governo Federal, parte considerável
retorna aos estados e municípios para ser aplicada nas suas administrações.
Recursos importantes são destinados à saúde, à educação, a programas de
transferência de renda e de estímulo à cidadania, como o Fome Zero e o Bolsa
Família. Parte dos recursos obtidos com impostos vai para programas de geração de
empregos e inclusão social, tais como:
Plano de reforma agrária;
crédito rural para a expansão da agricultura familiar;
plano de construção de habitação popular;
saneamento e reurbanização de áreas degradadas nas cidades.
Outra parte dos impostos arrecadados é destinada à:
Construção e recuperação de estradas;
investimentos em infraestrutura;
construção de portos, aeroportos;
incentivos para a produção agrícola e industrial;
segurança pública;
estímulo à pesquisa científica, ao desenvolvimento de ciência e tecnologia;
cultura e esporte, e defesa do meio ambiente.
Mesmo com o déficit de atenção e prestação de contas do Governo à
população, o tributo existe para o crescimento do país. Assim, ratificamos que é
obrigação do Estado agir com transparência na aplicação destes, sem que haja
enriquecimento injusto e ‘abuso’ do seu poder legal em tributar.
1.3 Alíquotas do ICMS
Dentro do contexto apresentado, desde o porquê existem os tributos até sua
fundamentação legal, vemos que são diversas as tributações sobre o valor dos
produtos. Portanto, agora que já estudamos parte da teoria e de conceitos do que se
diz respeito ao tema em epígrafe, queremos enfatizar que o nosso trabalho está
visando às tributações sobre os alimentos mais vendidos em supermercados e, para
21
isso, iremos focar no tributo ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços), que é o responsável pela maior incidência no preço.
Muitos contribuintes do ICMS ficam na dúvida qual tributação deverá aplicar
quando estiver falando de refeição ou alimentação. Seriam 12% ou 18%? Para
aplicar a tributação o primeiro passo é observar o destino da alimentação ou
refeição.
Quando a mercadoria for consumida no local, por exemplo, a venda for
realizada nos setores de lanchonete ou restaurantes, tais como salgados fritos e
lanches naturais, deverão ser tributado conforme disposto no RICMS/SP Artigo 54. A
saída desse produto será caracterizada como alimentação e deverá ser tributada
em alíquota de 12%. Já no caso da refeição ou alimentação ser vendida para
consumo fora do estabelecimento, por exemplo, ‘marmitex’, produtos da padaria,
confeitaria ou alimentos que o cliente adquire e irá consumir fora, sua tributação
aplicará ICMS com alíquota de 18%, conforme Art. 52 do RICMS/SP.
1.3.1 Alíquota do ICMS no Brasil
Compete aos Estados e ao Distrito Federal fixar as alíquotas para o cálculo
do ICMS incidente sobre as operações comercias, feitas dentro de sua competência;
para as interestaduais e de exportação, cabe ao Senado Federal através de
resolução, de acordo com o art. 155, § 2º, IV da Constituição Federal, estabelecer as
alíquotas correspondentes. Nos termos dos artigos 15 e 16 do Regulamento do
ICMS, aprovado pelo Decreto nº 5.141/2001- RICMS, são fixadas as alíquotas para
as operações e prestações desenvolvidas no Estado.
1.3.2 Alíquotas Estaduais do ICMS
22
Cada estado possui sua própria alíquota de ICMS, seguido por uma tabela de
ICMS. Acompanhe abaixo a Tabela de alíquota do ICMS (circulação interna de cada
estado):
Quadro 1.3.2.1 – Alíquotas Estaduais do ICMS
Alíquotas Estaduais do ICMS
Estado Alíquota
Acre 17%
Alagoas 17%
Amazonas 17%
Amapá 17%
Bahia 17%
Ceará 17%
Distrito Federal 17%
Espírito Santo 17%
Goiás 17%
Mato Grosso 17%
Mato Grosso do Sul 17%
Minas Gerais 18%
Pará 17%
Paraíba 17%
Paraná 18%
Pernambuco 17%
Piauí 17%
Rio Grande do Norte 17%
Rio Grande do Sul 17%
Rio de Janeiro 19%
Rondônia 17%
Roraima 17%
Santa Catarina 17%
São Paulo 18%
Sergipe 17%
Tocantins 17%
23
1.3.3 Alíquotas Internas do ICMS
As alíquotas internas são seletivas em função da essencialidade dos
produtos ou serviços e estão assim distribuídas:
I - 7% para as operações com alimentos, quando destinados à merenda
escolar, nas vendas internas à órgãos da administração federal ou municipal.
II - 12% para as operações e prestações com os seguintes bens,
mercadorias e serviços:
a) Animais vivos, calcário e gesso, farinha de trigo, máquinas e aparelhos
industriais, óleo diesel e todos os tipos de verduras e legumes;
b) produtos classificados na posição 1905 da NBM/SH;
c) refeições industriais e demais refeições quando destinadas a vendas
diretas a corporações, empresas e outras entidades, para consumo de seus
funcionários, empregados ou dirigentes, bem como fornecimento de alimentação de
que trata o inciso I do art. 2º, excetuado o fornecimento ou a saída de bebidas (Lei n.
13.961/02;
d) sêmens, embriões, ovos férteis, girinos e alevinos;
e) serviços de transporte;
f) tijolo, telha, tubo e manilha que, na sua fabricação, tenha sido utilizado
argila ou barro como matéria-prima;
g) tratores, microtratores, máquinas e implementos agropecuários e agrícolas
(em todos iterados peças e partes) classificados nos códigos, posições ou
subposições 8701.10.0100, 8701.90.0100, 8701.90.0200, 8201, 8424.81, 8432,
8433, 8436 e 8437 da NBM/SH;
h) veículos automotores;
i) pias, lavatórios, colunas para lavatórios, banheiras, bidês, sanitários e
caixas de descarga, mictórios e aparelhos fixos semelhantes para uso sanitário, de
porcelana ou cerâmica.
III- 18% para os demais serviços, bens e mercadorias;
IV - 25% para as operações e prestações com os seguintes bens,
mercadorias e serviços:
a) Armas e munições, suas partes e acessórios classificados no Capítulo 93
da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias - Sistema Harmonizado - NBM/SH;
24
b) asas-deltas, balões e dirigíveis classificados na posição NBM/SH 8801;
c) embarcações de esporte e de recreio classificadas na posição 8903 da
NBM/SH;
d) energia elétrica destinada à eletrificação rural;
e) refeições industriais classificadas no código 2106.90.0500 da NBM/SH e
demais refeições quando destinadas a vendas diretas a corporações, empresas e
outras entidades, para consumo de seus funcionários, empregados ou dirigentes,
bem como fornecimento de alimentação de que trata o inciso I do art. 2º, excetuado
o fornecimento ou a saída de bebidas;
f) perfumes e cosméticos classificados nas posições 3303, 3304, 3305 e 3307
da NBM/SH;
g) peleteria e suas obras e peleteria artificial classificadas no Capítulo 43 da
NBM/SH.
V - 26% para as operações com:
a) Gasolina;
b) álcool anidro para fins combustíveis;
VI - 27% para operações e prestações com:
a) Energia elétrica, exceto a destinada à eletrificação rural;
b) prestação de serviços de comunicação;
c) bebidas alcoólicas classificadas nas posições 2203, 2204, 2205, 2206 e
2208 da NBM/SH;
d) fumos e sucedâneos manufaturados classificados no Capítulo 24 da
NBM/SH.
1.3.4 Outras Hipóteses de Tributação do ICMS
Entre outras hipóteses as alíquotas internas são aplicadas quando:
a) O remetente ou o prestador e o destinatário da mercadoria, bem ou serviço
estiverem situados neste Estado;
b) da entrada de mercadoria ou bens importados do exterior;
25
c) da prestação de serviço de transporte, ainda que contratado no exterior e o
de comunicação transmitida ou emitida no estrangeiro e recebida neste Estado;
d) o destinatário da mercadoria ou do serviço for consumidor final localizado
em outra unidade federada desde que não contribuinte do imposto.
26
CAPÍTULO II
METODOLOGIA DE PESQUISA
Este capítulo tem por objetivo apresentar informações a respeito da
metodologia de pesquisa utilizada no desenvolvimento deste trabalho e o contexto
em que esta pesquisa ocorreu.
2.1Contexto da Pesquisa
Este trabalho tem por objetivo analisar o impacto da carga tributária no preço
dos produtos mais vendidos no supermercado.
Caracteriza-se como estudo de caso intrínseco por basear-se em pesquisa
numa das lojas da rede Extra. O intuito é trabalhar, de maneira peculiar, os fatos a
serem descritos adiante, de maneira qualitativa.
Segundo Yin (2001), o estudo de caso representa uma investigação empírica
e compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da
análise de dados.
2.2 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados
O instrumento utilizado para pesquisa dos dados foi a entrevista pessoal no
Supermercado Extra, localizado a rua Rêgo Freitas, no Centro de São Paulo. A rede
Extra nasceu em 1989, através da reforma e remodelação do supermercado Jumbo
Campo Grande que, a partir deste momento, sofreu alteração de seu nome para
Extra. Em 1997, a loja João Dias passou a funcionar 24 horas, o primeiro
27
hipermercado do Brasil a adotar este horário. Hoje, é composto por mais de 130
hipermercados e 203 supermercados, além de outros serviços como postos e
drogarias distribuídos pelas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
As entrevistadas já trabalham nesta área há mais de um ano e contando com
a experiência das operadoras Alice (27 anos) e Vanessa (29 anos), perguntamos
quais eram os produtos que elas mais viam ser vendidos neste supermercado..
2.3 Procedimento de Análise de dados
O procedimento de análise de dados utilizado teve como base primeiramente
entender os conceitos de tributos, sua respectiva classificação (impostos,
contribuições de melhorias e taxas), e conhecer todos os aspectos relacionados ao
tema. Após este estudo teórico, listamos os produtos mais vendidos no
supermercado, mediante um estudo de caso, conforme explicado acima. Por último,
para cada produto, analisamos os tributos embutidos no seu preço, seus conceitos e
sua respectiva destinação.
Depois dessa etapa de conhecimento e pesquisa da temática aqui trabalhada,
aplicamos aos dados coletados a análise qualitativa, de modo a se interpretar e
verificar os objetivos expostos anteriormente.
Segundo Scriven e Hassion (1973), a vantagem do uso de dados qualitativos
é a contribuição para o estudo de resultados importantes como criatividade e
pensamento crítico.
Dessa forma, percebemos que uma análise qualitativa ajuda a entender a
pesquisa inserida dentro do contexto vivido e analisado, de modo a facilitar na
interpretação do seu real significado.
28
CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo tem por objetivo contextualizar as informações a respeito da
pesquisa realizada no Supermercado Extra, conforme descrito no capítulo anterior, e
também identificar e discutir sobre o impacto da carga tributária que a venda dos
produtos trazem às famílias brasileiras.
Abaixo, apresentamos o resultado da pesquisa, de acordo com os
colaboradores entrevistados no Supermercado:
Quadro 3.1 – Produtos mais vendidos em supermercados
Entrevistados Informante 1 Informante 2
Produtos
Hortifrúti Iogurte
Cerveja Carne
Biscoito Hortifrúti
Pão Cerveja
Congelados Leite
Arroz
Sabão em
pó
Feijão Sabonete
Carne
Com base na tabela acima e com o objetivo de melhor esquematizar os dados
supracitados, resolvemos subdividir os produtos em dois grupos:
• Produtos Básicos
• Produtos Supérfluos
Para cada grupo, seguirá também uma pesquisa complementar com os
seguintes dados: renda média e número de componentes da família brasileira.
29
3.1 Produtos Básicos
Segundo o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômico, a cesta básica nacional oficial é composta pelos seguintes
alimentos. (Decreto Lei nº 399 art. 2º):
Quadro 3.1.1 – Produtos que compõem a cesta básica (DIEESE)
Carne
Leite
Feijão
Arroz
Farinha
Pão
Café
Açúcar
Óleo
Manteiga
Estudos do APAS (Associação Paulista de Supermercados) apontam que
esses produtos considerados como oficiais não são o suficiente para a sobrevivência
de uma pessoa.
Por isso tudo, a APAS recomenda que, a fim de se beneficiar um grande
número de consumidores, em uma nova cesta básica sejam considerados também
os seguintes itens:
Higiene Pessoal:
• Creme dental e escova dental
• Papel higiênico
• Sabonete
Limpeza:
• Água Sanitária
• Detergente em pó
30
• Detergente Líquido
Diante do exposto, destacamos que o posicionamento do APAS, com relação
aos demais itens a serem discutidos para inclusão na cesta básica, é de suma
importância. Não somente de alimentos uma família necessita, mas também de
muitos outros itens, até mesmo além desses discriminados pelo APAS. É impossível
uma família sobreviver apenas com a cesta básica determinada pelo DIEESE.
Ratificamos que, mesmo com a inclusão desses itens propostos pela APAS,
estamos tratando de uma questão de sobrevivência. É importante ressaltar que as
condições necessárias para que uma família possa viver bem vão além do tratado.
Enquanto não tivermos políticas governamentais adequadas e um olhar peculiar às
necessidades da população, esses e quaisquer outros itens ainda serão abordados
somente como ‘sobrevida’, o que distancia do mais importante, a qualidade de vida.
3.2 Produtos Supérfluos
Para traçar um parâmetro de pesquisa mais coerente, os produtos que
não constam na lista de Básicos (conforme dados do DIEESE e observações do
APAS) serão relacionados como supérfluos. Esses produtos são:
Quadro 3.2.1 – Produtos supérfluos
Biscoito
Cerveja
Doces
Bolinhos
3.3 Aspectos tributários
31
Para tratarmos do impacto dos tributos no orçamento doméstico, fizemos um
levantamento dos dados mais relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa,
abrangendo fatores como a composição da família brasileira e a sua renda mensal.
Levando em consideração a pesquisa realizada no Supermercado Extra, que
nos informou os produtos mais vendidos e seus respectivos preços de venda. As
alíquotas e tributos que incidem sobre estes produtos, foram orientados pela Receita
Federal. Assim elaboramos a tabela abaixo:
Quadro 3.3.1 – Preços e produtos
(%) Valo r (%) Valo r (%) Valo r (%) Valo r T R IB UT OS LÍ QUID O
Arroz - 5Kg 10,49R$ 7,00% 0,73R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 7,00% 0,73R$ 9,76R$
Biscoito - 200 g 1,79R$ 18,00% 0,32R$ 0,00% -R$ 1,65% 0,03R$ 7,60% 0,14R$ 27,25% 0,49R$ 1,30R$
Carne bovina (kg) 10,99R$ 7,00% 0,77R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 16,25% 0,77R$ 10,22R$
Cerveja (lata) 1,75R$ 18,00% 0,32R$ 9,00% 0,16R$ 4,00% 0,07R$ 15,00% 0,26R$ 45,06% 0,81R$ 0,95R$
Feijão - Kg 3,49R$ 7,00% 0,24R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 16,25% 0,24R$ 3,25R$
Leite Longa Vida (lt) 2,19R$ 7,00% 0,15R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 16,25% 0,15R$ 2,04R$
Pão (unidade 50 g) 0,45R$ 7,00% 0,03R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 16,25% 0,03R$ 0,42R$
Sabão em pó 7,50R$ 18,00% 1,35R$ 5,00% 0,38R$ 1,65% 0,12R$ 7,60% 0,57R$ 31,25% 2,42R$ 5,08R$
Sabonete 1,19R$ 18,00% 0,21R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 0,00% -R$ 30,60% 0,21R$ 0,98R$
% T R IB UT OS S/ P R EÇ
OS
VA LOR ES
A LIM EN T O P R EÇO
IC M S IP I P IS C OF IN S
Com base na tabela acima, fizemos uma análise dos itens discriminados.
Assim, seguindo a Medida Provisória 609, de 08 de março de 2013, referente à
desoneração dos produtos da cesta básica, vemos que os itens arroz, carne bovina,
feijão, leite longa vida, pão e sabonete foram isentados dos tributos federais. Assim,
por serem considerados como básicos e necessários para sobrevivência das
famílias, não há mais tributação federal sobre esses itens. Ressaltamos que antes
dessa determinação, ainda incidiam impostos sobre os alimentos, ainda que
essenciais à sobrevivência.
Competem à União os seguintes tributos descritos na tabela: IPI (Imposto
Sobre Produtos Industrializado), ou seja, produtos resultantes de qualquer operação
definida como industrialização, mesmo que incompleta, parcial ou intermediária; PIS
(Programa de Integração Social) que tem o objetivo de financiar o pagamento de
seguro desemprego e abono aos trabalhadores que recebam até dois salários
mínimos; COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) que é
32
destinado ao financiamentos da seguridade social a qual abrange a Previdência
Social, a Saúde e Assistência Social.
Todavia, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um
tributo de esfera estadual destinado para a prestação de serviços públicos à
população, como saúde, segurança e escola. Conforme vimos no Capítulo I, a
alíquota do ICMS dentro do estado de São Paulo é de 18%. Por se tratarem de
produtos básicos, os itens descritos no parágrafo anterior possuem uma alíquota
reduzida para 7%, com exceção do sabonete, considerado como básico para
tributação federal e supérflua para estadual. Assim, neste ponto, o que vemos é uma
espécie de contradição entre duas esferas políticas no que tange à tributação do
sabonete. Como já mencionamos anteriormente, neste mesmo capítulo, o sabonete
é um produto imprescindível para a vida do ser humano. Não somente os alimentos
são considerados somente como questão de sobrevivência, mas outros itens, até
mesmo o próprio sabonete, que faz parte da lista apresentada pelo APAS.
Talvez, se esse produto adentrasse na lista dos básicos, definidos pelo
DIEESE, sua tributação estadual poderia ser reduzida para a alíquota menor, como
os demais assim tratados na questão do ICMS. Notoriamente, encontramos uma
superfaturação de algo essencial quanto à sobrevivência, sem considerarmos
qualidade de vida. Isto é, o famoso ‘dois pesos e duas medidas’.
Ainda verificamos o sabão em pó, que mesmo incluso na determinação do
APAS (apesar de não estar na listagem do DIEESE), não é definido por nenhuma
das esferas como produto básico no quesito tributação, por isso tem adição em
todos os impostos, inclusive alíquota máxima do ICMS e um dos poucos acrescidos
de IPI. Neste ponto, podemos verificar algo muito parecido com a questão do
sabonete. Não há contradição entre os entes tributantes, mas há alto índice de
cobrança nas duas partes, o que não sabemos o que é pior. Tanto o sabonete como
o sabão em pó são produtos essenciais na vida do humano.
Verificamos aqui que as esferas estão tributando algo que faz parte até
mesmo da dignidade da população. Não somente tributar, mas com valores altos e
sem destino visível por parte do Estado. Podemos imaginar uma família com uso de
sabonetes ou sabão em pó restringidos? Ou até mesmo sem o uso desses
produtos? Tratamos aqui de questões complexas e extremamente úteis à vida.
33
Prosseguindo a análise e os comentários, visualizamos que o biscoito e a
cerveja não estão incluídos em nenhuma das relações (DIEESE e APAS), porém
foram discriminados na lista dos produtos mais vendidos no supermercado.
Convenhamos que ambos não estão relacionados para uma questão de
sobrevivência e, por isto, são tratados como complementares. Por isso os dois têm
incidências em todos os tributos e a alíquota máxima no ICMS que é de 18%.
Mesmo sendo um dos produtos mais vendidos nos supermercados, podemos até
visualizar essas taxas como toleráveis o que é diferente de aceitáveis. Produtos
supérfluos também fazem parte do convívio familiar.
3.4 Composição da Família Brasileira
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a família
brasileira é composta, em média, por três integrantes, cujos resultados foram
registrados no seu último levantamento, divulgado no ano de 2011.
3.5 Renda Média da Família Brasileira
Conforme a quarta edição do estudo Vozes da Classe Média, com base no
ano de 2011, divulgado pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da
Presidência da Republica, a renda per capita das famílias brasileiras corresponde a
uma media de R$ 783,00, ou seja, R$ 2.349,00 por família.
3.6 Gastos da Família
De acordo com os dados citados acima, mostraremos uma tabela que
destaca os itens mais vendidos no supermercado Extra conforme pesquisa, e o
consumo das famílias. Lembramos que os dados abaixo se tratam somente da
pesquisa do supermercado e não o padrão necessário para consumo, de acordo
com o DIEESE.
34
Quadro 3.6.1- Consumo Mensal de uma família
Somente nesses itens, uma família gasta por volta de R$ 349,62 em um mês.
Conforme já descrito, não englobam aqui todos os itens da cesta básica do DIEESE
e nem os demais do APAS.
Para uma melhor análise, colocamos abaixo os mesmos produtos do quadro
anterior em um outro quadro, no qual são destacados os valores dos tributos
embutidos em cada produto:
Arroz - 5Kg 20,98R$
Biscoito - 200 g 17,90R$
Carne bovina (kg) 131,88R$
Cerveja (lata)[1] 21,00R$
Feijão - Kg 8,73R$
Leite Longa Vida (lt) 26,28R$
Pão (unidade 50 g) 90,00R$
Sabão em pó 15,00R$
Sabonete 17,85R$
R$ 349,62Valor total dos gastos
7,50R$ 2
1,19R$ 15
3,49R$ 3
2,19R$ 12
0,45R$ 200
1,79R$ 10
10,99R$ 12
1,75R$ 12
ALIMENTO PREÇOQuantidade de itens por mês
Valor total
10,49R$ 2
35
Quadro 3.6.2- Valor dos Tributos
Analisando os dois quadros, percebemos que 12,05% do total das compras
feitas somente dos itens listados como mais vendidos, correspondem ao percentual
dos tributos. Vale lembrar que além desses itens, muitos outros são necessários
para o consumo das famílias. Não somente os dos órgãos supracitados
anteriormente, mas também outros alimentos e demais produtos de higiene pessoal
e de limpeza. Não nos esqueçamos de itens essenciais que vendem fora do mundo
dos supermercados, como as roupas, gás de cozinha, medicamentos, utensílios
domésticos e muitos outros que, dependendo do ponto de vista, são considerados
essenciais, mas que nossa pesquisa não objetivou considerá-los, entretanto, não
poderíamos deixar de mencioná-los.
Do valor mensal da renda familiar brasileira (R$ 2.349,00), 14,88% são gastos
somente com os produtos mais vendidos do Supermercado Extra, sendo que desse
valor, 12,05% são pagos somente em tributação. Assim, os outros 85,12% é
destinado a outros gastos familiares como, por exemplo, os itens citados no
parágrafo acima, além dos gastos com moradia, água, luz, telefone e às vezes
quando possível, poupança e lazer.
Arroz - 5Kg 10,49R$ 2 20,98R$ 7,00% 1,47R$
Biscoito - 200 g 1,79R$ 10 17,90R$ 27,25% 4,88R$
Carne bovina (kg) 10,99R$ 12 131,88R$ 7,00% 9,23R$
Cerveja (lata) 1,75R$ 12 21,00R$ 46,00% 9,66R$
Feijão - Kg 3,49R$ 3 10,47R$ 7,00% 0,73R$
Leite Longa Vida (lt) 2,19R$ 12 26,28R$ 7,00% 1,84R$
Pão (unidade 50 g) 0,45R$ 200 90,00R$ 7,00% 6,30R$
Sabão em pó 7,50R$ 2 15,00R$ 32,25% 4,84R$
Sabonete 1,19R$ 15 17,85R$ 18,00% 3,21R$
42,16R$ Total pago em tributos
% TRIBUTOS S/ PREÇOS
ALIMENTO Preço UnitárioValor pago
somente em tributos
Quantidade consumida por família
Valor Total
36
3.7 Impacto dos tributos no orçamento das famílias, com exemplos
Verificamos até agora os valores e percentuais que as famílias pagam para os
entes tributários somente no que competem aos produtos mais vendidos nos
supermercados, foco deste estudo, englobando ou não os itens oficiais pelos órgãos
competentes.
Vislumbrando uma Política Tributária adequada, com olhar mais direcionado à
população brasileira, principalmente as que são de menores rendas, notamos um
alto valor pago por estas sem o retorno deveras necessário. A priori, conforme citado
no Capítulo que estudamos toda a Fundamentação Teórica (Capítulo 1), os tributos
não existem por uma causa específica ou um motivo existente com causa fixa.
Assim, além dos valores pagos em excesso nos tributos (o Brasil é um dos países
que mais arrecadam fundos monetários na tributação, muitas vezes sem
direcionamentos para obras ou políticas que atendam as necessidades da
população), as famílias “caem” em uma situação de comprometimento de renda que
poderia ser utilizada para outros fins, sendo estes desde os mais básicos e
necessários, até mesmo para questões de investimentos, lazer ou cultura.
Enfatiza-se, pela mídia e meios de comunicação, que o Brasil é um país em
que a população não tem cultura, porém qual é o investimento e o acesso que a
mesma tem com uma renda comprometida sem objetivos ou retornos? Assim, a
cultura, por exemplo, torna-se, no mínimo, segundo plano às famílias.
Primeiramente, as questões de sobrevivência são muito mais importantes e
imprescindíveis do os “supérfluos” da sociedade. Para uma melhor compreensão do
que estamos tratando, podemos citar um exemplo que desenhe este cenário:
imaginaremos uma família de três integrantes (padrão IBGE) que faça um passeio
para assistir um espetáculo teatral popular (quando tem incentivos financeiros por
outras instituições) a um custo de R$ 15,00 por pessoa. Além do valor dos
ingressos, outros gastos também devem ser considerados, tais como transporte, em
média R$ 6,00, e alimentação, em torno de R$ 15,00 por pessoa. Assim, somando
todos os gastos por pessoa e multiplicando pelo número de integrantes da família,
temos um montante que gira por volta de R$ 108,00 para uma única noite, ou seja,
o equivalente a 4,6% do comprometimento da renda mensal da família (R$
2.349,00). Questionamos com introspecção reflexiva: este valor gasto por uma
37
família de poder aquisitivo mais inferior é realmente importante quando há
necessidades básicas e vitais insubstituíveis? Vale lembrar que este exemplo se
tratou de um passeio mais econômico.
Outro exemplo prático e atualizado é um contexto que estamos vivendo: a
Copa do Mundo a ser realizada no Brasil, neste ano (2014). Temos aqui gastos
gigantescos, principalmente comparado a outros países que também já a sediaram.
Para termos uma amplitude maior com dados existentes, as copas do mundo de
Japão e Coreia (2002), Alemanha (2006) e África do Sul (2010) consumiram, juntas,
US$ 30 bilhões (US$ 16 bilhões, US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, respectivamente),
enquanto todas as Copas da história juntas teriam consumido US$ 75 bilhões. No
Brasil, os gastos atuais, segundo as autoridades de governo e empreiteiras
envolvidas nas obras somam US$ 40 bilhões, estudo realizado pela Consultoria
Legislativa do Senado Federal (SEGALA, 2011).
Todo este custo absurdo foi pago pela população nacional, embutida nos
tributos citados nesta pesquisa e em muitos outros. Assim, além do valor pago por
cada um de nós para construção de estádios e subsidio de outros
superfaturamentos, vemos as mesmas questões precárias na saúde, educação,
segurança, dentre outros. Outro fato que se torna importante colocar em destaque é
que sequer há acesso para que famílias possam ir a estádios assistir um jogo, já que
o valor de um ingresso está média de R$ 400,00. Se a família de três integrantes
quiser prestigiar este evento, somente em um único jogo o valor gasto compromete
51,08% de sua renda mensal.
Queremos deixar claro que nenhum dos integrantes que trabalhou nesta
pesquisa é contra a realização deste evento no Brasil, desde que houvessem uma
economia estabilizada, gastos não superfaturados, política pública condizente com
as necessidades da população, dentre outros itens. Ao contrário, voltaremos a
história da humanidade na “Política do Pão e Circo”.
3.8 Outras formas de impacto dos tributos no orçamento das famílias
O tópico anterior tratou do impacto que os tributos podem causar no
orçamento familiar, considerando as médias financeiras mensais de uma família
38
citada pelo IBGE. Vale lembrar que, além destas, vivemos um cenário em que
muitas outras famílias são dependentes de programas sociais do governo para sua
ajuda em sua sobrevivência, tais como o Bolsa Família.
O Bolsa Família atende famílias em situação de pobreza e de extrema
pobreza com benefícios calculados de acordo com uma série de itens, tais como
tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda. Este benefício é
uma complementação para as famílias que já trabalham muito, mas não ganham o
suficiente para viver com dignidade. Na média, o valor transferido para uma família é
de R$ 157,00 (SOARES, 2014).
Utilizando como base o mesmo percentual de tributos citados na lista dos
produtos mais vendidos no supermercado (12,05%), vemos que, se uma família
beneficiada por este programa fizer a mesma compra da “família padrão”,
comprometerá cerca de R$ 18,92 do seu benefício somente no pagamento de
tributos. O que para uma família com uma renda relativamente estável pode até não
parecer um valor muito alto, para esta outra família, o cenário é completamente
diferente. Ou seja, dos R$ 157,00 fornecidos pelo governo, R$ 18,92 são devolvidos
pela família somente em uma única compra, que não inclui muitos outros itens
necessários para a sobrevivência. Assim, o subsídio do governo se torna de
R$ 138,08. Se levarmos em consideração todos os outros tributos de outras
compras e serviços, veremos que grande parte da verba recebida do Bolsa Família
arcará como pagamento somente de tributos, o que compromete até mesmo o
benefício que uma família recebe para complementar sua renda mensal.
3.9 O impacto de uma maneira geral
De modo geral, não somente as famílias de baixa renda sofrem com a alta
taxa de tributos que são pagos, mas também as famílias de renda mediana,
conforme dados do IBGE e argumentação aqui apresentada. Parte da renda do
trabalhador já tem seu destino específico que são o pagamento destes mesmos
tributos, sejam eles classificados como impostos, taxas ou contribuições de
melhoria.
39
Em uma compra, teoricamente simples apenas com dez itens, notamos uma
série de encargos pagos pelo bolso dos consumidores. Não somente isso, mas
também o impacto que tudo isto pode causar dentro dos lares. É importante ressaltar
que o maior contribuinte deste cenário é a família. Todos os valores que as
empresas pagam para os entes tributantes são repassados para o consumidor.
Nisto, podemos concluir que além do consumidor ser o maior prejudicado
pelas altas taxas, é também o menos beneficiado. O valor pago, muitas vezes, não é
revertido em políticas adequadas que possam atender suas necessidades, até
mesmo as mais básicas que estão na educação, segurança e saúde.
O que tratamos foi apenas um esboço, mediante uma pesquisa em um
supermercado. Há muito mais que poder ser levado em consideração e outros fatos
que, dentro deste tema, que merecem um estudo especial e dedicado. Claro, que
não somente um estudo, mas também atenção de todos os brasileiros, que são os
protagonistas deste cenário.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo analisar o impacto da carga tributária no
preço dos produtos mais vendidos em supermercados.
O objetivo desta investigação foi alcançado pelo fato de respondermos às
perguntas de pesquisa que nortearam este estudo. Em relação ao objetivo
primordial, vale ressaltar a importância de se classificar os tributos, sendo estes:
impostos, taxas e contribuições de melhoria. Não somente classificar os tributos,
mas também entender quais órgãos podem realizar as devidas cobranças, o que
chamamos de Competência Tributária. Segundo Carvalho (2004), “A competência
tributária é a parcela de poder conferida pela Constituição a cada ente político
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para instituição de tributos. Apenas
os entes políticos, pois, são titulares de competência tributária”. Assim sendo, a
organização na forma de se tributar é importante, para que, com o devido
conhecimento, a população possa saber onde está sendo direcionado o dinheiro
arrecadado e qual a sua devida finalidade, mesmo que esta nem sempre seja
alcançada com êxito.
As vantagens em relação à Carga Tributária aqui apresentada são muito
significativas para toda a população que paga tributos. Uma das grandes vantagens
é conhecer com mais profundidade as taxas de tributos que são englobadas em
produtos que são consumidos com mais frequência. Conforme pesquisa
apresentada, percebemos que 12,05% do total das compras feitas somente dos
itens listados como mais vendidos (apontados neste estudo), correspondem ao
percentual dos tributos, sem considerarmos outras compras e serviços utilizados.
Outra vantagem que podemos mencionar é o contexto apresentado, de maneira
mais facilitada. Quando tratamos de valores e taxas, de forma exemplificada, o
entendimento é logo compreendido e o modo de se apresentar torna-se um
benefício. Ao citarmos o exemplo de uma família que faz um passeio simples, a
conclusão de que, somando todos os gastos temos um montante que gira por volta
de R$ 108,00 para uma única noite, ou seja, o equivalente a 4,6% do
comprometimento da renda mensal da família, fica entendida e simplificada.
41
Quanto às desvantagens, elas acabam não causando tantos impactos em
relação às vantagens mencionadas porque trata-se de uma pesquisa abrangente e
de interesse a todos.
A grande desvantagem é propriamente o impacto da carga tributária no preço
dos produtos mais vendidos em supermercados, principalmente as famílias com
menor poder aquisitivo e beneficiadas por programas sociais, como o Bolsa Família.
Neste caso, dos R$ 157,00 fornecidos pelo governo (no programa), R$ 18,92 são
devolvidos pela família somente em uma única compra, que não inclui muitos outros
itens necessários para a sobrevivência.
Com esses levantamentos apresentados, podemos afirmar que em relação a
todo o trabalho e análises aqui discutidas, obtivemos certa dificuldade na definição
da carga tributária de alguns produtos incluídos na cesta básica. Com a Medida
Provisória 609, referente à desoneração dos produtos da cesta básica, alguns
materiais de órgãos oficiais não estavam atualizados, o que gerou certas
divergências no momento da pesquisa.
O trabalho teve como contribuição identificar as taxas de tributos embutidos
no preço dos produtos mais vendidos no supermercado. Assim, percebemos que é
importante descrevê-los, de maneira exemplificada, para que a sociedade possa ter
conhecimento de quanto a sua remuneração está sendo direcionada aos entes
tributantes, bem como no que os valores arrecadados estão sendo investidos.
De um modo geral, este trabalho visa proporcionar um melhor entendimento
sobre a carga tributária, desde seu conceito mais simples, até o impacto de maneira
geral e mais abrangente no “bolso” do consumidor.
É interessante que esta pesquisa não se encerre por aqui, já que o tema
ainda é muito extenso e interessante. Não somente os produtos mais vendidos nos
supermercados merecem atenção, mas outros produtos comuns, sempre presentes
nas compras mensais dos brasileiros e também prestação de serviços públicos.
A análise da carga tributária é um exemplo do que pode ser repassado à
população em busca de um conhecimento mais aguçado. Desta maneira, não
somente analisar o comprometimento da renda no pagamento de tributação, mas
exigir dos respectivos responsáveis pela arrecadação, políticas públicas mais
voltadas às necessidades da população, afinal somente o estudo poderá vencer a
ignorância.
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