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Une-Versos – Poesias e Crônicas
1
Une-Versos – Poesias e Crônicas
2
Sou Adriana Porto. Porto, para os mais íntimos.
Em alguns delírios e devaneios, sou Eu Porto.
Tenho 40 anos, paulista, mãe devota às minhas crias.
Minha vida é musical, som de violão me encanta, apesar de
não saber tocar uma nota, (rsrs). Música e vinho são coisas
que não podem faltar nunca.
Amo ler poesias e escrever também, quando a inspiração se
achega...
Confesso que entre as minhas próprias poesias e contos, me
sinto perdidamente apaixonada. Gosto demais de escrevê-
las e senti-las. Aliás, meu nome do meio devia ser
Sentimento.
Sou um ser que sente, sente, sente...
Une-Versos – Poesias e Crônicas
3
Que meu jeito bagunçado
Inspire-lhe um pouco de diversão
E que seus modos sérios
Mostre-me que as coisas do mundo nem tudo flores são.
Quem me dera... ah, quem me dera
Poder agora estar em seus braços
Poesia pura seria isso
Mostrando-nos seus traços.
Venha para ficar, lindo amor
E me tire essa dor
Que suma o "impossível"
E que nos reste apenas o Amor...
Pedia antes só um pouquinho de amor
Hoje nada pede
Nada agradece
Precisa dormir urgentemente
Amanhã é novo dia
O Sol vai sim brilhar
Quem sabe ao acordar
Consegue nisso acreditar...
Une-Versos – Poesias e Crônicas
4
Quero ser machado
Que corta, faz sangrar
Expõe a carne, rasga a cerne
Tira tudo do lugar
Quero ser machado
Que corta galhos
Deixa em pedaços
Destrói tudo a seu redor
Não quero mais ser sândalo
Que a tudo perfuma
Que enche de suaves odores
Mesmo quando leva golpes em sua carne macia.
Diga-me, machado
Qual a sensação de não ser ferido?
De machucar, ferir e ainda assim, ileso,
sem um único arranhão
Manter intacto seu coração?
Boca louca
Que me encanta
Desorienta-me
Tira-me do prumo
Boca linda
Deixa-me traçar seus traços com a língua
Percorrer teu desenho perfeito
Pedacinho por pedacinho
Une-Versos – Poesias e Crônicas
5
Boca doida
Que me excita
Me trás pensamentos libidinosos
Desejos pecaminosos
Taras malucas
Fico assim, te desejando
Desenhando-te
Deixa-me viajar em você
Isso me dá tanto prazer
E se um dia quiser a minha...
Basta me dizer
Juntamos as nossas em poemas
Poesia pura e louca
Da minha boca com a sua boca!
... e de repente, senti falta.
Uma falta enorme, gigante
Transbordou de meu coração
Como lava de um vulcão
Como rio Tietê
Em dia de enchente em SP...
Escorreu dos meus olhos
Como gotas de chuva
Em dias de tempestade
Igual águas de cachoeira
Daquelas que a gente só vê
Lá em Foz
Uma falta algoz
De algo que nem existiu entre nós
Uma falta cretina
Me turva a retina
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Uma falta safada
Deixa-me desnorteada
Sinto uma falta sem fim
Que me olha e ri de mim...
...mas também de repente
Me vem à cabeça
Que se sinto essa falta toda
É porque, de verdade
Bem lá no fundo
No fundo da minha alma
Algo ainda sobreviveu
Não morri, como pensava eu!
E o coração, o meu Bravo Guerreiro
Resiste, insiste, todo matreiro
Quer viver outra vez
E eu, ainda sentindo essa falta toda, digo à ele: Calma, tolo Guerreiro.. quem sabe um dia, talvez!
Vem-me agora à cabeça
Esse sentimento que me acalma
Puro e lindo de se ver
Mas diferente de outros que já tive
Não me domina, não me faz sofrer.
Ele mora em meu coração
Mas não causa caos, como antes eu sentia
Não trás tormenta
Meu lado mal não alimenta.
Dei a esse bem querer
Um nome simples, mas intenso
Meu bem querer se chama... Sentimento!
Não espero disso reciprocidade
Não me apetece cobrar nada
Só o deixo ali
Em meu peito, bem guardado.
Admiro seu sorriso
Une-Versos – Poesias e Crônicas
7
Já chorei por suas dores
Fiz pra ele poesias
Desejei-lhe novos e verdadeiros amores
Hoje desejo a ele alguém que lhe faça bem
Que chegue pra somar
E que lhe faça sorrir também!
Mas egoísta que sou - e isso não consigo mudar -
Peço que fique
Desse jeitinho mesmo que está
Querido amigo, sendo inspiração
E que fique por querer de verdade ficar.
E eu fico assim, zen
Só em saber que já estive também em seu coração
Que já lhe fui alívio
Em noites de solidão.
Continuamos assim, Sentimento e eu, então
Um fazendo bem ao outro
Amizade boa, convivência gostosa e linda
Carinho em forma de gratidão.
Dorme, menino, dorme
Que eu aqui desse lado cuido de ti
Protejo-te dos teus medos
Guardo-te dos pesadelos
E da noite escura que recai sobre ti.
Dorme menino
Eu te guardo dos seres noturnos
E dos pavores soturnos
Aqueço o frio da tua alma
E espero, com toda calma
Até que lhe venha o sono.
Descansa seu ser, menino
Que daqui a pouco é outro dia
E por mais que haja nostalgia
De tempos passados, dias nublados,
Há muito que se correr
Muito que se viver
Une-Versos – Poesias e Crônicas
8
Tanta coisa pra fazer!
Então dorme meu querido
Por mais que não consiga sonhar
Fique em paz pra descansar
Faço-te carinho, te dou cafuné
Para que com a cabeça deitada em meu colo
Possas esquecer-se dos males sofridos
Pegar num sono gostoso e profundo
E ao amanhecer, despertar com sorriso na cara
Veja bem... sorriso e não riso
Risos podem ser forçados
Mas seu sorriso... é tão precioso e adorado! Então dorme meu menino. Descansa alma e corpo
Para que ao acordar, tenha como levar o dia tranquilo
Com sua alegria de menino.
Desejo de desejo
"Meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par"
Admiram-te e miram tua retina
Percepção imediata
Sem demora, na lata
Tenho sua imagem fotografada na mente
Desejo voraz, coisa mesmo indecente
Vontade de tocar, beijar, obedecer e afagar
Perder-me em teus caminhos
Ler-te sem pressa
Em braile, lembra?
Tirar-lhe sorrisos
Ouvir meu nome entre seus gemidos
Saber que sou eu o seu pensamento
E que não há nos seus
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Outros olhos senão os meus.
Chame-me de sua
Sua musa, sua diva
Sua menina, sua mulher
Chame-me e diga que me quer
Chame-me de sua
Sua louca, sua maluca
Sua devassa, sua querida
Sua melhor experiência já vivida
Chame-me de sua
Sua garota, sua loba
Sua brincadeira favorita
Sua dose de tequila em noites calientes
Sua sombra e água fresca no verão ardente
Sua brisa da tarde de um outono morno
Sua mensagem de SOS pedindo socorro
Sua poetisa favorita
Ou até sua simples amiga
Sim, eu sou
Aquela que tem as palavras já prontas em qualquer situação
Mas que as perde quando te vê chegar
Que tropeça nos próprios pensamentos
E que se não te vê, fica em lamentos
Querendo simplesmente ser sua
Ser parte dos seus desvarios
Ser o motivo dos seus delírios imaginários no chuveiro
Ser o seu devaneio
Querendo ser sua...
Não importando muito o quê...
Mas quero ser sua.
Só sua.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Tal qual minha alma
Roga agora por um pouco de calma
Assim meu coração
Sofre e chora, sabendo ser em vão.
...mas minha mente, acostumada comigo
Sabe que assim ela e eu para sempre seguiremos nosso
caminho
Numa agonia constante
Tentativa de equilíbrio
Entre céu e inferno
Efêmero e eterno
Substantivo simples, Eu
Substantivo nós, num composto.
Confusão. Confusão...
Sinto, sinto tanto e tanto
... e nem mesmo sei o que sinto...
Por que os deuses, ao me ver chegar ao mundo
Decidiram se divertir um pouquinho
Sopraram em minha boca
Ao invés de vida e ar
Mil e um motivos pra sonhar.
"Um ser confuso será
E alma solitária terá
Muitos amores viverá
Mas nenhum deles ficará."
Sinto, sinto tanto e tanto
... e nem mesmo sei o que sinto...
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Por que os deuses, a me ver chegar ao mundo
Decidiram se divertir um pouquinho
Sopraram em minha boca,
Ao invés de vida e ar,
Mil e um motivos pra sonhar.
"Um ser confuso será
E alma solitária terá
Muitos amores viverá
Mas nenhum deles ficará."
Muitos amores já vivi
E guardo lembranças de cada um
Cheiros, gostos, sabores
Sou mulher de muitos amores
Mas um me é particularmente especial
E apesar de toda minha complicação mental
Faz minha alma suspirar
E meu espírito vagar
Espero, desse amor,
Que me tenha reciprocidade
Que me venha em abundância
Com plena felicidade
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Meu nome é Alessandra Gois Gregorius. Tenho 21 anos.
Moro em Sorriso, Mato Grosso, onde nasci e vivo
atualmente. Sou mãe. Meu interesse em poesia começou em
2015, quando a poesia me libertou a alma. A poesia me
salvou. Desde então não parei mais de escrever. Tornou-se
um vício poético. Meu grande sonho era escrever um livro,
que agora está sendo realizado. E esses 10 poemas são
alguns dos momentos mais marcantes em minha vida.
"Não dá para censurar a poesia, ela vem da alma. E não dos
olhos”.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Paradoxo Poético
A metáfora para o tolo
É como em discurso para o surdo
Não pode ser assimilado.
Assim como o ferimento que não dói
E não nos ensina a viver
Não nos ajuda a se erguer
Só nos faz definhar.
SURTO POÉTICO
Na loucura de uma lâmina
Envolvi-me com a estrutura
Enredei-me pelo caminho
De um poeta maduro
Um sentimento de amargura
Uma modernice agradável
Um olhar amável.
Imaginei o óbvio
Encontrei-me com as poesias.
E no intervalo,
Encontrei o fóssil
E fiz dessa loucura,
Um verso dócil.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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As pétalas do malmequer
Poetas são quase loucos.
Com canetas falhas
E corações apertados
Pegue qualquer flor pra ver
Entenderá o que dizemos
As pétalas do malmequer
São as que mais queremos.
Me diga em pensamento
Qual a flor que você cheira?
A que nasce nas calçadas,
Ou a flor da macieira
Eu escolho as rosas
Só pra transformar teus espinhos
Em versos, rimas e prosas
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Overdose de você!!!
Você me faz ter alucinações, me vira a cabeça e perco o
juízo.
Neste desejo louco, totalmente embriagada.
Você corre em minha veia, Me faz delirar.
Quando não está por perto sinto você, seu gosto, seu cheiro.
O calor da tua pele me acende me atiça me deixa em uma
onda perfeita de delírios e desejos uma mistura de amor e
prazer.
Quando me ama. Ah! Quando me ama, eu saio do chão
flutuou vou as nuvens no encaixe perfeito dos nossos
corpos, nossos lábios se envolvem em um beijo ardente que
nos leva além do prazer e eu desejo a cada noite uma
overdose de você!!!
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Um suposto poeta.
Uma vez, escreveu pequena poesia.
Pois era poesias bobas falando da vida, sentimentos e alma
e algumas emoções.
Pois ele tinha vergonha de mostrar o seu talento por
escrever algumas frases.
Por ser simples.
Eu sou aquele que vê.
Sou os olhos da visão
Vejo tudo sempre
Olhando com o coração.
Quem sou eu para achar que minha opinião? É minha
opinião.
Quer é algo diferente
Diferente de ser tudo
Diferente de ser nada.
Eu não sou
Este que escreve
Eu sou aquilo
Que faz escrever
Um poeta misterioso um poeta anônimo.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Insônia da madrugada.
Enquanto todos dormem,
O poeta está acordado,
Faz os seus versos,
As suas canções,
Seu andar ritmado.
navega na ilusão da cor dos olhos
torna minha inexperiência relevante
aprendendo com o tolo
me torno apenas mais um jovem viajante.
Poeticamente.
Hoje eu não vim escrever um poema,
um texto romântico ou uma declaração de amor.
Estamos todos os dias em um palco
atuando naquilo que acreditamos que é certo.
Temos o conceito que seja eterno "para sempre"
mas o eterno é aquilo que fica marcado,
que não vai embora.
Os olhares, os beijos, os sorriso. Serão sempre eternos.
Enquanto o coração se enche de boas lembranças
Se liberte e faça dos seus pensamentos o seu mundo inteiro.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Poesias de um poeta.
Houve um dia em que todos os poetas estavam inspirados
Uns de emoções
Alguns de sabedoria
Outros de um universo vasto
Mas todos esbanjavam a alegria da alma
A alegria de juntar as palavras
A magia de vê-las se juntar em frases
Vezes inesquecíveis
Vezes tão dignas
Vezes tão cheias
E às vezes tão sábias.
Momento eterno.
Simples assim
Nada na vida precisa ser eterno, só precisa marcar a alma...
Basta um instante verdadeiro para se tornar inesquecível e
quando sentir a verdadeira intensidade do momento
Este nunca se apagará porque tem pessoas que fazem da sua
existência momentos de emoção e sentimento.
São essas pessoas que temos que manter ao alcance
Do nosso abraço.
São essas pessoas que mantenho no coração.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Andréa Gumiero Pereira, natural de Campinas, hoje
residente na cidade de São José dos Campos SP.
Sou esposa, sou mãe, sou de casa.
Sou atrapalhada, sem jeito e cheia de defeitos. Mas também
sou intensa, tímida, sou frágil. Sou mil em uma.
Prazer, essa sou eu.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Asas do tempo
Eu vou nas asas do tempo
Voo em meus pensamentos.
Com alegria não há tormentos.
Eu sigo sempre na mesma direção.
Às vezes eu vou na contramão
Mas com muito amor no coração.
Nunca esqueço uma paixão.
Eu sou o seu momento
Algumas palavras me fazem viajar na felicidade.
Uma leveza...um carinho.
É tão fácil desligar do mundo real e viajar.
Uma praia deserta.
Um mar de água azul cristalina.
Areia branquinha.
Um cenário paradisíaco.
Eu e você, entregues um ao outro.
Sem tempo.
Sem hora.
Sem regras.
Nós dois em um cenário dos sonhos.
Como não te desejar, te amar...entregar-se.
Faça-me sua.
Deixa-me nua de roupas e pensamentos.
Sem juramentos
Eu sou o seu momento
Agora...aqui...sempre.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
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Use a sua imaginação.
Um turbilhão de sensações
Em meu coração florando emoções
Da minha boca saindo as canções
Em meu corpo sinto vibrações
Você tem o poder de mexer com o meu EU interno
Mexe e remexe com todas minhas emoções.
Você provoca o calor...palpitações.
Deixa o meu corpo com aquela sensação gostosa.
Onde não precisa de prosa.
Desliza suas mãos em mim,
quero te sentir, de todas as formas.
Posso ser sua gatinha, mas também posso ser uma felina.
Você nem imagina.
Posso ser o seu mozão, a sua paixão e também posso virar
um furacão.
Tudo depende de sua intenção.
Use sua imaginação enquanto enche-me de atenção.
Meu coração precisa de abrigo
Outono folhas soltas ao vento
O meu coração perdido no tempo
Entre os meus sentimentos.
Com os sentimentos partidos
Parecem está de castigo.
Andam de mau comigo.
Castigo esse um perigo.
Não me deixe sozinha, o meu coração precisa de abrigo.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
22
Insaciável querer
Esse calor que me consome
E você que me provoca essa fome.
Insaciável em te querer.
Momentos únicos eu e você, onde eu quero me perder.
É um querer desenfreado.
Chega e deixa tudo bagunçado.
Lençóis amassados, travesseiros jogados, corpos suados,
entrelaçados... êxtase alcançado.
Mulher
Mulher de encanto tu és.
É divina obra com perfeição
Destaca-se em meio a multidão.
Mulher sabe ser colo mesmo na solidão.
A mulher é colega, amiga, vizinha, companheira,
é namorada, esposa e também sabe ser a amante.
A mulher sabe ser mil em uma.
Consegue entender todos.
Mas ninguém compreende uma mulher
quando precisa de uma palavra...quando precisa de colo.
Mulher chora baixinho, chora escondido...e chora.
Afinal de contas somos mulheres!
Une-Versos – Poesias e Crônicas
23
Beijos e desejos
Quero sentir os seus beijos, os seus desejos.
Ao pé do ouvido os seus gemidos.
Dos seus arrepios sentir os calafrios.
Abraços safados.
Beijos molhados.
Eu quero sentir a ebulição da paixão.
Em minha pele e no corpo sentir o tesão.
Eu quero sentir a batida do coração...e deixar fluir a
emoção.
Feche os olhos e sinta.
Feche os olhos e sinta minha presença.
Sinta o meu cheiro.
Sinta o meu olhar.
Sinta o meu toque.
Sinta o calor do meu corpo.
Eu posso esta onde você quiser.
É só fechar os olhos... e sentir.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
24
Suas digitais em mim
Incendeia-me deslizando as suas mãos pelas minhas curvas.
Dedilhe todo o meu corpo.
Deixe o seu cheiro por onde passar.
Deixe suas digitais em mim.
Eu quero ser toda sua.
Deleite-se!
Aperte-me, me abrace... Beije-me.
Deseje-me.
Faça amor comigo como se fosse a última vez.
Apenas eu
Não sou escritora
Muito menos poetisa.
Sou apenas uma mulher que expõe sentimentos do
momento.
Sou frágil, sou grata...sou humana.
Levo o amor, alegria por onde eu passo.
Cada um deixa aquilo que tem em seu coração.
Escrevo sobre saudades, alegrias, sofrimentos, dores do
coração.
Escrevo até sobre o tesão...a paixão.
Ah! Quantas loucuras nesse mundo das letras e sentimentos.
É uma explosão.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
25
Ariane Ubiski Fagundes, 27 anos, brasileira, natural de
Curitiba – PR. Servidora Pública do Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná. Cantora de MPB (Música Popular
Brasileira) atuante em trabalhos voluntários em Igrejas e
Organizações não Governamentais. Há 8 anos, poeta e
compositora por amor.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
26
Simples Gestos
A fim de cuidar bastou o toque.
Afivelar dos dedos
Delicadamente ternos
Com um incomum zelo
Tênues sobre a cintura
Abotoando-os um a um
Calmamente junto a pele
Tornando das mãos vestes.
O que apaixona
É a simplicidade
Da presença sua.
Origami
Esticam-se os pés até a ponta da unha,
Os braços horizontalmente alongados,
Mexe-se por todos os lados, dobradura.
Debruçada sobre e sob tantos travesseiros,
Desdobra o corpo nas quatro arrestas do lençol,
Num balançar delicioso ela boceja e desperta.
Leveza tamanha, fineza da alma, seda do papel.
Sai da inércia dos sonhos ao acordar origamada,
Ora gamada, ora amada, ora origami,
Manhosa e num dengo brinca com as palavras.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
27
Tinta da Vida
Aura ora,
Iluminada,
Aurora.
Cristalina janela
Do que se cria
Foco nas ternas.
Mundo aquarelado
Recém-pintado
Olhos alvorecidos.
O que põe na tela?
Na dela poesias,
Poentes solares,
Poemas e magia.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
28
Ao amor poesia
Ao amor um ramalhete...
Jardim de poesias,
Desconheço flor mais linda,
Daquele que brota com candura.
São palavras de gentilezas,
Singelas margaridas e tulipas,
Literal e pura literatura.
Ao amor este meu bilhete...
Sopro
Flor que se desprendeu,
Do galho que cresceu,
Soprada a rosa dos ventos.
Retas ao unir dos versos,
Sozinhos apenas pontos,
Equidistantes no universo.
Desnorteada esmaecia,
Bailando no ar livremente, louca,
Cataventando no tempo.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
29
Olhos
Da árvore da vida
Acastanhada textura
Delicadíssima.
Da folha outonal
O recorte
Traçado que delimita.
Parece pintura
Relíquia primorosa
Sutileza pura.
Portas da alma
Que sem pedidos
A mim foram abertas.
Raízes
Âmago do coração
Vascular e enraizado
Quão profundas são?
Ramificações de dentro
Descontrole do peito
Pulsar que tranquiliza.
O amor é um universo frondoso
Que bem cultivado se expande
Ampliando-se indefinitivamente.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
30
Feminilidade
Pairavam as borboletas.
Enfileiradas decaíam
Arabescos degradês
Ao balanço do vento.
Ornamentadas matizes
Dançavam ao relento
Bailavam no ar ao sopro.
Recortes e mesclas
Amarronzadas asas
Pretas e amarelas.
Ombros sob contornos
Aos olhos de um poeta
Pétalas entreabertas.
Relevo orquidário
Miragem da paisagem
Cheia de fios e tramas.
Arranjo primaveril
Delicada aquarela
Quão lindas mechas.
Reflexos solares
Visão paradisíaca:
Madeixas suas.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
31
No ritmo
Échappé – um salto!
Tocar os pés com as mãos,
Vibrante e dançante,
Na boca o pulo do coração.
Apaixonar-se:
É clássico e contemporâneo
Dual clichê,
É baile – ballet de imprecisos movimentos,
Som de violinos,
Da criação livre - o mexer do quadril aos cabelos,
Pulso e impulso,
É concerto harmonioso.
Ao luar
Telepatia
Dobrando as esquinas
Sentimentos em mútua sintonia.
Frases e efeitos,
Iluminando as ruas,
Pensamentos e deleitamento.
Poeta e poetisa na madrugada,
Persianas entreabertas,
Feixe abusado da lua.
Veja que crescente,
Como o sorriso,
Da face sua.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
32
Eu me chamo Eduardo, tenho 30 anos, solteiro.
Paraense, natural de Bom Jesus do Tocantins.
Tenho um filho maravilhoso que se chama Pedro Eduardo.
Desde minha adolescência, eu já gostava muito de ler e
escrever. E com o passar dos anos, foi descobrindo através
das palavras um sentido imensurável pra viver. Pensei:
porque não transmitir essa emoção as outras pessoas
também.
Eu sempre almejei poder publicar o meu próprio livro. E
está fazendo parte desse projeto, juntamente com grandes
poetas e poetisas, além de ser uma enorme satisfação, é pra
mim uma realização de um sonho.
"O amor é a poesia que anestesia a alma."
Une-Versos – Poesias e Crônicas
33
AQUELE BEIJO
Ô beijo gostoso
Beijo sedutor
O melhor beijo
Aquele beijo não sai da minha mente
Beijo sabor de pecado
Que me tirava o chão
Aquele beijo demorado
que me dava exaustão
Beijo que jamais vou esquecer
A minha boca sente desejo
daquele beijo, o seu beijo.
Eu te amei
Com todas as minhas forças eu te amei
Pra você o meu amor entreguei
Contigo compartilhei todos os meus medos, sonhos e
desejos.
Se muito amei, sorrir ou se chorei só eu sei. Doei tanto amor
e tão pouco recebi, mas se nada significou pra você, eu
lamento, é vida que segue, por favor, deixe-me ir.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
34
Olhos cor de mel
Nem o luar, nem as estrelas, tão pouco o céu,
brilha tanto quanto o brilho dos teus olhos cor de mel
A menina dos meus sonhos
Metade da minha laranja
A aba do meu chapéu
Sol da minha vida
o colorido do meu papel
A menina dos meus sonhos
meu pedacinho de céu.
Sonho
Eu nunca amei como eu te amo,
jamais sonhei, como eu te sonho!
Dádiva
Agradeça pelo pôr do sol,
seja grato por cada amanhecer,
seja agradecível por esta dádiva que é viver.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
35
A BRISA
Quero ser o sol que ilumina a tua manhã
O calor que te aquece em cada estação
O silêncio que te acalma
A brisa que toca os teus pés
Quero ser o abraço envolvente que te abraça
A lágrima que molha o seu olhar
A alegria que traduz o teu melhor sorriso
Aquele beijo que te causa arrepios
O amor que te faz apaixonar.
Grito alucinante
Ô saudade que dói
A minha alma reclama
O meu corpo padece a sua ausência, em soluços te chama
Tudo que vejo me faz lembrar você
Às vezes tento sorrir, mas nada me faz te esquecer
A noite quando vou me deitar, o desespero toma conta de
mim
Sinto um vazio em nossa cama, pois você não está lá
Vêm a solidão, o amargor da tristeza que recai sobre mim....
É um grito alucinante de um ama e aos sussurros,
desesperadamente por ti chama!
Une-Versos – Poesias e Crônicas
36
Saudade
Foi ontem,
mas já sinto saudade, daquele corpo moreno me amando
com vontade
Trazia no olhar a magia e pureza,
aquele sorriso perfeito, o quão grande era sua beleza.
Se não existisse você
É muito bom te amar
Sentir-te, te ter.
O meu mundo não seria perfeito,
se nele não existisse você.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
37
Joel Fernando Borella nasceu em 26/05/1985, se formou em
Psicologia em (2007), fez Mestrado (2013) e é doutorando
(2015) em Psicologia Social no Núcleo de Psicologia
Política e Movimentos Sociais na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. É Coordenador de curso,
Coordenador de Serviço escola, Professor e Supervisor de
estágio em Psicologia Social e Psicologia Humanista em um
curso de Psicologia no interior de São Paulo. Poeta. Tem
experiência na área de Psicologia com ênfase em Psicologia
Social e Movimentos sociais, HIV\AIDS, instituições,
Grupos Focais, Velhice e memória, psicologia social e
música.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
38
MESA PARA DOIS
Desfiz os meus versos,
Abotoei a minha roupa,
Amarrei os meus sapatos e sai.
Por muito tempo, nossa rotina construída roeu nossos
corações, tirou os adornos dos nossos sorrisos.
Culpa, meu amor?
Não há!!!
Caminhamos por muito tempo juntos, aprendemos a nos
banhar sozinhos e a assistir TV em dias de chuva.
O amor não se foi, a presença não se distanciou.
Apenas, hoje, gostamos de tomar nossos cafés sozinhos,
pelados por dentro.
Cultivar a culpa pode amargar nossa boca, pés e nuvens.
Te amo e aprendi a não te amar.
Estamos indo, mas, sabemos que temos ternuras que
perfumam a nossa não relação.
Crescemos meu amor!
Criamos outras rotinas, versos, amarras e laços.
Podemos tomar nossos cafés em qualquer mesa e sentir
carinho pela liberdade de um e de outro.
Obrigado por dividir comigo o nosso fim.
Nem todos os dias de chuva, hoje, são dias ruins.
Te amo.
Araras\SP
Une-Versos – Poesias e Crônicas
39
A Janela entre nós
A janela entre aberta, com um vento de meia estação
soprando em minhas costas.
Um aconchego que se completa quando suas mãos
procuram satisfazer a pele, com carinhos e ternura.
Um cheiro de manhã e cafuné se misturam no quarto.
Sinto-me em casa, mesmo não ocupando a cama que anos
me faz companhia em casa.
Desamor?
O amor construiu em mim a possibilidade de não amar, de
não esperar viver o que as histórias contam, de não precisar
de tranças jogadas pelas janelas das masmorras ou de um
beijo que desperta da morte.
O amor é esse vento que nos arrepia e esfria a pele pelas
frestas da janela, e, logo mãos buscam acariciar e esquentar
sem perceber.
O amor é poder ser um, antes de viver à dois.
O amor também merece solidão!
O amor é essa mão em dias de chuva que acolhe, afaga.
Não tem a pretensão de aprisionar, tornar do outro,
acorrentar...
Desamo esse amor de conto de fadas!
Apaixonei-me pelas frestas da janela, pelas novas camas e
pelas mãos que libertam com calor e ternura.
Apaixonei-me na “janela” entre nós.
Pois,
Aprendi, que é preciso ser livre antes de amar a dois.
Araras\SP
Une-Versos – Poesias e Crônicas
40
NA PONTA DOS PELOS
Me afasto por poucos dias.
Trabalho como uma rotina regrada de poeira e suor.
Levanto muito cedo e quase não tenho tempo para almoçar,
jantar ou dormir.
Alguém sempre trança aos meus pés quando estou em casa.
Suja minha roupa, baba-me, lambe-me, enche-me de pelos,
me ama, me acolhe e me cuida.
Dessa rotina de cansaços e solidão, você é quem me salva
com saliva e ternura.
Sei que acabado colocando comida logo cedo para durar até
a noite.
Sei que faltam afagos, brincadeiras e muito chão com você.
Mas, que loucura, você me entende, você me aceita, você
me espera.
Na ponta dos pelos eu vou me enrolando a você como um
novelo que procura atenção e carinho.
Amo-te por me amar de um jeito tão livre e genuíno.
Amo-te por me deixar respirar as solidões e saber que em
você posso encontrar minha paz em meio a saliva.
É, meu amigo, na ponta dos seus pelos eu me completo; na
ponta dos pelos é que eu também sou feliz.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
41
Marcos Alencar
Nascido em Teresina
46 anos de poesia
Ensino médio completo
Poeta e pensador quando preciso
”Faço da vida uma constante filosofia de vida, e da poesia
um pedaço de mim”.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
42
Livremente
Sempre seremos eternos escravos.
Somos escravos dos sonhos em uma realidade livre.
Somos aprisionados pelos nossos sentimentos
momentâneos.
Somos escravos do tempo que deixamos passar livremente
sem percebermos.
Somos escravos de caminhos abertos que deixamos de
seguir com medo de se perder.
Somos escravos da solidão que nos deixar livres para
refletirmos.
Somos escravos do medo que nos abre as portas para
enfrentar o mundo com coragem.
Somos escravos da morte que por mais misteriosa que ela
seja sempre nos mostra que é essencial e prazeroso viver.
Somos escravos do amor que por mais que nos acorrentar
também nos liberta para experimentar outros amores.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
43
Doce Solidão
A noite chega e junto com ela a frieza do calor de uma triste
alegre solidão.
Então se acende de forma sombria a luz que se apaga em
sua breve chegada.
Convidada a não entrar se senta ao meu lado, e com suas
doces amargas palavras começa a se lamentar.
Tentar não ouvir ou responder a suas provocações se torna
inútil.
Gentil elas se faz passar tão somente na intenção de reviver
as dores e desilusões passadas.
Embasadas em sua fonte inesgotável de sofrimento tenta
disfarçar as cicatrizes como um alento.
Atento fico a observar seus lábios que a cada palavra dada
se tremem
Conforme a dor da ferida não cicatrizada.
Traumatizada então por não conseguir êxito em sua forma
de abordagem calculista e dolorida.
Ferida se sente e em um rompante levanta-se, me agradece e
de mim se despede.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
44
A Margem do Tempo
Hoje me peguei a caminhar livre e sereno pela areia a olhar
o mar.
Então me peguei a me perguntar.
Mesmo um pouco perdido sem respostas e a toa continuou a
caminhar, olhando em direções sem poder entender, sem
perceber a espera de algo acontecer.
Por um momento senti-me enfraquecer, diante da imensidão
que me apavora cheguei a me questionar e agora!
Caminhar tendo a dúvida como resposta é uma agonia sem
descrição aonde o ser torna-se esquecido e passa
despercebido.
Mas me vem uma voz aos meus ouvidos como um baixo e
suave alarido que me conforta dizendo:
Não seja grande nem tão pouco pequeno, pois sorria e
contemple o momento que estais vivendo.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
45
Côrte Pobre
Às vezes me sinto um analfabeto intelectual com minhas
frases corretas, erradamente compreendidas dentre os
leigos, mestrados pela faculdade da vida.
Minhas mensagens pouco aceitadas e de grande
compreensão, tornam-se variáveis com um direcionamento
disciplinado em formas geometricamente perfeitas.
Aceito as correções erradas de minhas pontuações corretas,
não somente por não saber redigir, mas por saber interpretar
a mensagem.
Sendo eu um analfabeto intelectual, me oponho a triste
realidade poética, que por algum motivo tende a ser
complexa.
Posso declamar pequenos versos de uma grandeza simplória
em vez de recitar uma linguística incompreensiva aos
ouvidos daqueles que nada querem ouvir, a não ser palavras
claras, sentidas, simples e emotivas ao coração.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
46
Palhaço
Sou a mistura de poeta com palhaço, ambos em tempos
paralelos, com alguns devaneios, isso quando se faz preciso.
O poeta em sua personalidade humilde, sincera e maliciosa
desperta sentimentos e chega a tocar a alma daquele que
tem a sensibilidade aflorada.
O palhaço por sua vez, trás consigo o gosto prazer de sorrir,
ao mesmo tempo em que apresenta a alegria como alívio.
O Poeta em suas noites de solidão se depara com
pensamentos que lhe transporta para uma simples folha de
papel e os transformam em belos poemas.
O palhaço por sua vez, carrega dentro do peito dores,
desamores, desânimos, mas como um dom Divino os
colocam para fora fantasiados com um belo sorriso e
felicidade.
Poeta e Palhaço podem até serem pessoas com sentidos
diferentes, mas em uma coisa temos que concordar, são
seres mágicos que fazem da vida um espetáculo à parte.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
47
De nada Por Tudo
Às vezes temos que perder o que nunca nos pertenceu.
Temos que sair do sonho dentro da realidade
Que sentir o frio mesmo nas chamas
Que olhar longe mesmo com os olhos fechados
Às vezes temos que acreditar na mentira contada
E responder com verdades mentirosas que ouvimos.
Que desistir mesmo com a confiança que conseguiremos.
Que lutar mesmo quando estamos perdemos
Às vezes temos que ler o que não foi escrito
Que traduzir palavras que se apagaram
Que criar opções de metas sem ter certeza
Às vezes temos que compreender que, por mais que sejamos
fúteis podemos ser também especiais.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
48
Amar
Amor
Sujeito estranho
Chega sem ser convidado, sem dizer de onde, bem vestido e
educado.
Vai se encostando, encostando, quando se vê estar bem
acomodado.
Trás consigo alegria, sorrisos de felicidade, beijos e
abraços, tudo parece magia.
Sua educação é conquistadora, suas palavras doces, faz a
vida ter outro sentido quando tudo parecia perdido.
Às vezes demora por muito tempo, às vezes
temporariamente e quando se nota já partiu de repente.
Deixamos como lembrança lágrimas, dores, desilusão,
desestimula a alma, faz nascer a incompreensão.
Amor
Faça-me o favor
Quando de mim se aproximar não se esqueça de pensar.
Que dentro de cada ser existe uma pequena bolsa chamada
coração.
Mas dentro dela nem sempre guardo esse tal objeto
chamado perdão.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
49
Simbiose Humana
Eu sou afiliado ao partido que não foi criado e nunca será.
Voto no candidato que não se candidatou e nunca irá ser
candidato.
Sou amante da política de não existir política.
Hoje se prega uma vertente verticalizada direcionada a
corruptora de planejamento no intuito de se prolongar a
existência maléfica da absorção de tributos adquiridos do
sangue dos que fazem do trabalho um forma de
sobrevivência.
Enquanto milhares se alinham na barreira de enfrentamento
do injusto.
A favor da peste que rouba e saqueia os lares retirando das
mentes pouco absolutista suas últimas gotas de ideologias
segmentar e racionais.
Mas está por chegar a hora que irá cair como uma pedra,
toda farsa indumentária usada na hipnose do ser homem.
Então hão de se estabelecer a nova consciência que irá não
só governar o mundo, mas também que dará origem a nova
consciência humana.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
50
Aurora Crucial
Uma nova geração está por se construir,
pois começam a deteriorar as muralhas da prisão
semiaberta.
A força matriz começa a enferrujar suas engrenagens que há
séculos se fazia imaginar onipotente, diante das
ferramentas usadas na castração das ideologias que por
precaução se escondem nas cavernas escuras, encandeadas
pela luz da liberdade de igualdade.
O sangue da coerência começa escorrer de pouco em pouco
empesteando veias que até então se faziam de ressecadas de
justiça.
Abrem-se as mentes que por circunstâncias de um
neofanatismo mobralizado, se faziam representar um papel
de Lesos.
Como toda transformação ou reformulação tem consigo
seus transtornos, devemos medir cada peso por igual, para
que não haja sobrecarga nos ombros dos inocentes que por
tempos já trazem consigo as marcas e cicatrizes da
carnificina politiqueira.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
51
A Reformulação
Vejo-me perdido meio a tanta ideologia camuflada em
palavras aclamadas com um fervor frio, de encenações
perfeitas, verdades enroscadas em mentiras.
Marcha-se em conformidade arrastando mentes vazias,
destorcidas, enganosas e levianas em defesa de valores
impertinentes.
Sombrios e rasteiros faz- se valer a sabedoria dos lobos
diante da pobre ignorância sadia do tolo
Que se deixa levar por migalhas de um conceito, que fora
trocado por falsas moedas cobertas por cédulas que tem
como valor a inocência do direto de decisão.
Assim segue a multidão invadindo lares miseráveis,
medíocres, impuros, mas que lhes servem como tributos
futuros.
Mas o tempo da tempestade que há de cegar os maus e
restabelecer a visão dos cegos. Que caminham direcionados
por uma pequena chama de lamparina que se é abastecida
de óleo da esperança.
Então os falsos sábios, doutores, salvadores, professores da
verdade, passaram a serem sepulcros adorados por sua
beleza e seu luxo exterior e desmitificados pelos seus
podridões da alma.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
52
Nunes de Oliveira é piauiense de Teresina. É bacharel em
biblioteconomia pela Universidade Estadual do Piauí
(UESPI). Publicou em 2017, junto com Paulo Goudinho e
Érica Barros, a antologia poética “Toda Versidade”. Possui
outros trabalhos no gênero conto, ainda não publicados, e
arrisca-se na escrita de crônicas despretensiosas.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
53
O maníaco
Ele se aproximou da bancada com o sorriso cínico; o
andar acomodado, o corpo alto e esguio. Os dedos mirrados
dentro do bolso da camisa polo puxavam a plaqueta
numérica que era ostentada diante do rosto da bibliotecária
como um delegado exibindo sua insígnia de autoridade.
Sem segurar a plaqueta, a mulher deu um giro na cadeira,
levantou e foi até o guarda-volumes com o número
indicado. Pegou a mochila e a pousou sobre a bancada. Ele
olhou ali dentro, retirou e colocou o caderno, remexeu
folhas soltas; guardou a garrafa de água e devolveu a
mochila.
A bibliotecária, uma jovem que não devia ter mais de
vinte e cinco, voltou ao seu assento, pegou o livro e
retomou a leitura interrompida, tão convidativa naquele
ambiente e que, além disso, ajudava a escoar as horas.
Quinze minutos depois ele retorna de onde estava,
sentado diante do computador, onde navegava na internet.
O sorriso petrificado; os dedos esquálidos dentro do bolso
da camisa e eis que a plaqueta-insígnia é exibida outra vez
diante da bibliotecária. Ela gira em sua cadeira, vai até o
guarda-volumes, pega a mochila e a deixa sobre a bancada.
Ele fuça lá dentro, retirando e colocando coisas. Faz que irá
liberá-la, mas logo, num gesto rápido, volta ao manuseio
vertiginoso. Por fim, fecha a mochila e, empurrando-a um
pouquinho para a frente faz a bibliotecária devolvê-la ao
guarda-volumes outra vez.
Depois ela retorna ao assento — nunca um assento fora
tão desejado — e recomeça sua leitura.
Mais quinze minutos se passam. Ela olha desconfiada
por cima do livro e...
Une-Versos – Poesias e Crônicas
54
Olha só, lá vem ele de novo. O sorriso cínico que parece
pintado com tinta indelével. Ela larga o livro e lança um
olhar cético para o bolso da camiseta dele, os dedos já
sumindo ali dentro. Não espera a insígnia ser exibida dessa
vez. Gira na cadeira e se dirige até o guarda-volumes, de
número já decorado, pega a mochila e a deposita sobre a
bancada.
Aí ela o encara, vendo-o remexer seus pertences num
ritual tão maligno quanto maníaco. O sorrisinho dele se
sobressaindo, divertido, zombeteiro. Ele dá uma
empurradinha na mochila em direção à bibliotecária, como
uma criança quando abusa o brinquedo.
Quinze minutos e...
Plaqueta numérica. Giro na cadeira. Guarda-volumes.
Mochila.
O zíper zunia aos ouvidos, indo e vindo, abrindo e
fechando.
Cadeira — o livro fora esquecido — e por pouco a
bibliotecária não esquece que tem pernas também.
Quinze minutos...
Giro na cadeira. Mochila. Sorriso descarado. Ela resolve
ficar em pé agora.
Quinze...
A bibliotecária decidiu que ir à academia após o
expediente seria desnecessário.
*******
Une-Versos – Poesias e Crônicas
55
O trágico
O ônibus seguia pela avenida. Àquela hora da manhã o
trânsito começava a inflamar com o movimento de veículos
que seguiam apressados, conduzindo seus ocupantes para
mais um dia de trabalho.
Sentado no assento duplo do coletivo, um rapaz com seus
29 anos acompanhava o movimento dos passageiros que
entravam; ao seu lado, um senhor de meia idade, calvo e
nanico, olhava o celular conferindo algumas notícias em
uma rede social. Na atura do parque ambiental, uma grande
fileira de veículos, em sentido contrário, seguia com
dificuldade, escoltados por alguns policiais que orientavam
o trânsito naquele ponto.
— Que foi isso? Terá sido acidente?! — Perguntou o
senhor.
O rapaz o encarou, divertido.
— Não, não. O senhor não viu? Lá atrás. Uma pequena
barraca armada ao lado da avenida com alguns idosos ao
redor. Deve ser um desses postos de saúde improvisados.
— Aaaaah tá. Pensei que fosse mais um acidente de
moto. Quantas vidas não foram perdidas por causa de moto,
não é mesmo?
— Se é! Meu irmão mesmo, dia desses voltando do
trabalho, vinha em sua moto quando um carro desavisado
entrou no seu caminho...
— Meu Deus! Pegou ele em cheio, não foi? Deve ter
ficado uma coisa... é claro, porque esses acidentes com
mot...
Une-Versos – Poesias e Crônicas
56
— Que nada! Ele freou e conseguiu desviar na última
hora. Mas foi por muito pouco! Sentiu como se nascesse de
novo.
O senhor encarou o rapaz, enquanto mordia o lábio de
um lado, as sobrancelhas franzidas.
— Ah sim... Que bom, não?
— Claro. Depois disso ele passou a ficar mais atento.
— Deve mesmo, deve mesmo!
O ônibus seguia caminho. Em certo momento o senhor
viu quando uma idosa tentando atravessar a avenida
arriscou uma pequena corrida num passo desajeitado para se
desvencilhar do carro que vinha em sua direção.
— Minha nossa! Pegou, pegou, ali não teve jeito! - Disse,
enquanto puxava o rapaz pela manga da camisa tentando
enxergar a cena que ficara para trás.
— O quê?! - o rapaz espantou-se.
— Aquela pobre senhora – ele apontou para trás. – Meu
Jesus, que fatalidade...!
Mas o rapaz, que era mais alto, percebendo o que se
tratava, esticou o corpo virando a cabeça para trás.
— Não, homem! A senhora conseguiu alcançar a calçada.
Olha lá.
O senhor virou a cabeça devagar, os olhos arregalados
encarando o rapaz que agora parecia estranhar alguma
coisa.
— Você jura?
Une-Versos – Poesias e Crônicas
57
— Claro - ele deixou escapar um sorrisinho.
— Puxa vida, que coisa.
Ele passou a mão pelos cabelos falhos enquanto ainda
tentava visualizar alguma coisa.
— É que... Sabe como é, né? Esses motoristas de hoje são
verdadeiros assassinos ao volante! Nunca vi tanta
irresponsabilidade nesse nosso trânsito.
— É, o senhor tem razão. Imagine que outro dia
aconteceu comigo o mesmo que essa velhinha lá atrás.
Estava apressado e não podia perder tempo. Mas o trânsito
estava uma loucura! Aproveitei a primeira brecha e disparei
para o outro lado da rua, bem no momento que um
motorista ultrapassou outro carro e veio de encontro a
mim...
— Ai meu Deus! Pegou você?
— Que é isso! Deus me livre! Se isso tivesse acontecido
eu não estaria aqui contando essa história.
— Pois como o seu irmão, você também deveria ser mais
cauteloso. Esse trânsito ainda é o que mais mata neste país.
— Pois é, às vezes fica difícil saber quem é mais
imprudente: os motoristas ou os pedestres.
O senhor recostou-se no assento. As mãos postas entre as
pernas, a boca fazendo um ligeiro bico como se assobiasse
enquanto meneava a cabeça de um lado para o outro.
— Veja o senhor - recomeçou o rapaz, percebendo que o
passageiro ao lado de algum modo tinha preferência por
esses assuntos - um amigo meu, semana passada, no
trabalho, enquanto atravessava uma pista para tráfego...
Une-Versos – Poesias e Crônicas
58
desses tratores enormes, que possuem rodas do tamanho de
uma cabine de caminhão, estava distraído quando percebeu
o monstro de aço se aproximando.
— Hum. Mas ele conseguiu escapar a tempo. - Disse o
senhor, olhando sem expectativas para o rapaz.
— Não. Foi esmagado... Um fim triste.
*******
Une-Versos – Poesias e Crônicas
59
Aula de biologia
Sandoval estava firme em sua defesa diante de Omário,
senhor zeloso, de índole louvável e bastante vivaz; o típico
“bom entendedor”. Conseguia pegar as palavras no ar. Sob
a égide do primeiro, Lucas, rapaz na flor da idade e com
dotes diante das meninas da comunidade, encontrara abrigo
moral. Inteligente, o rapaz formara-se em biologia ainda
cedo, quando completou 19 anos. Guardava peculiar
interesse pela constituição do corpo humano, algo, dizia ele:
“de uma magnitude incrível”.
É claro que ele se referia aos mecanismos do corpo, sua
dinâmica natural, seus encaixes e finalidades. “Tudo está
em seu devido lugar, numa harmonia divina, com funções
estabelecidas de modo, hãã...”
Era isso que ele dizia quando começou a ministrar
pequenas aulas de reforço às meninas da vizinhança e
adjacências.
— Até parece teu filho. — dizia Omário ao amigo, com
troça na voz.
— Que nada, gosto do rapaz pela boa alma que é. Não
vê? Mal se formou e a primeira coisa que vez foi dar aulas
para os jovens da vizinhança.
— Olha, já vi aulas de reforço para matemática e
português, mas biologia!
— E o que tem? É uma matéria que a maioria dos alunos
reclama. Meus filhos pelo menos nunca gostaram de
biologia. Passavam na marra!
— Acho que é uma coisa que devia ficar pra quem quer
ser médico. — dizia o outro.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
60
— Talvez. Mas o que me deixa triste mesmo é ver como
as pessoas não aproveitam a oportunidade que é dada a
elas...
— O que quer dizer? — Omário ficou curioso.
— Não vê? — espantou-se. — Essas meninas recebendo
aulas de reforço para serem ajudadas e conseguir algo na
vida, e o que fazem? Engravidam cedo.
— Ah, é isso?
— E acha pouco?
— Essa meninada de hoje anda muito precoce...
— Falta de taca, isso sim. Onde já se viu? Temos o
Lucas, que é um exemplo a ser seguido, e o que vemos?
E as defesas continuavam exaltadas como odes a um
deus.
— Veja a Marcinha, a Eloísa, Flavinha — continuou com
o discurso. — Todas passaram na prova final depois das
aulas particulares. E o que fizeram em seguida?
Engravidaram. A Paulinha já tava até no preparatório para o
vestibular. Vivia nas aulas particulares com o Lucas. Essas
meninas tinham tudo pra conseguir alguma coisa na vida,
agora tão aí, sendo obrigadas a ter responsabilidades na flor
da idade.
— É mesmo?! Quer dizer que todas tiveram aulas
particulares com o Lucas? — Espantou-se o outro.
— Pra você vê! Quando se tem aula no sangue, ninguém
segura. Com o Lucas, o resultado é garantido.
Omário coçou o queixo, pensativo. Ele mesmo tinha a
filha, Sandrinha, que era péssima em aprender a matéria.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
61
— Mas fazer o quê? — prosseguiu Sandoval, como um
advogado implacável. — Essas meninas de hoje querem
namorar cedo, e ainda por cima, ficam imitando o que se vê
na tevê. Só pode dá nisso.
— Aulas de biologia. — dizia Omário, baixinho para si
mesmo.
— Algumas dessas aí — o outro sussurrou as palavras,
temendo os ouvidos ao redor. — fiquei sabendo, viu?
Tinham namorados mais velhos. Poxa, Omá... Vai lá, né?!
Mas Omário continuava concentrado.
— Aulas de bilogia?
Sandoval cismou com a atitude do outro.
— Que é que cê tem, Omá?! Parece que tá com os pés no
chão e a cabeça na lua, homem!
— Não — pareceu sair do transe. — Não é que... eu tava
aqui pensando em minha filha, Sandrinha.
— Que tem ela?
— Nunca gostou de biologia.
— Indico o Lucas, vai lá... Não tem outro melhor.
— Mas parece que já o indicaram pra minha esposa.
— É?
— Humrum. A Odélia a matriculou faz duas semanas. A
menina fica entusiasmada sempre que chega o dia das aulas.
— E o resultado? — quis saber Sandoval, ainda mais
entusiasmado.
— Ficarei sabendo daqui há nove meses.
*******
Une-Versos – Poesias e Crônicas
62
Fubuia
Foi um vexame. Tânia, que tem um salão de beleza em
sua casa e possui uma clientela fiel aos seus práticos e
cobiçados serviços, recebeu a breve visita da vizinha. Kele
lhe contou sobre a consulta ao médico na véspera e ficou
pasma após perguntas sobre perguntas, receber o
diagnóstico que sofria de fubuia.
— Fubuia! – reforçou ela à vizinha.
— E o que é isso?! — quis saber a outra.
— E eu sei! Me deu uns conselhos sobre como eu tinha
que lidar com isso... e só.
Tânia, pensativa tentando imaginar o que poderia
significar tal palavra, logo perguntou à mãe da menina sobre
a tal da fubuia, e surpreendeu-se ao descobrir que Kele não
dissera nada à mãe. Foi um alvoroço dos diabos! A mãe,
Cleonor, desesperada ao saber que a filha recebera o
diagnóstico que consistia numa palavra tão estranha, ficou
inconsolada. Nomes estranhos associados à saúde — ela
vira isso na tevê várias vezes — não pode ser boa coisa.
— E o que diabos é fubuia, meu Deus do céu? —
perguntava desesperada à amiga cabeleireira.
— Não sei, mas foi o que a Kele me disse ontem.
— Ai menina que não me conta as coisa!
— Vai ver que não é nada.
— Como não é nada? Um nome desses!
A mãe lamentou a instrução, mais escassa que a da filha,
e buscou esclarecimentos nos vizinhos sobre a tal palavra,
mas esses se mostraram mais aéreos que mãe e filha juntas.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
63
Em casa, as discussões com a filha iam alto pelo
acobertamento de algo que fora julgado tão sério pela mãe.
— Do jeito que a senhora é preocupada, seu eu contasse
ia ter um troço.
— Um troço eu já tô tendo! Então eu descubro isso pela
boca da vizinha e você acha que adiantou alguma coisa me
esconder.
— Mas eu tô seguindo a orientação do médico.
— Que orientação coisa nenhuma! Um raio de nome
desses... e lá tem orientação pra isso! Vou tirar essa história
a limpo. Quem foi o médico? — ordenou.
A filha, já aflita, informou o nome do médico vendo a
face da mãe converter-se numa expressão entre a surpresa e
o alívio.
— Mas eu conheço ele.
— Conhece?
— É claro. Doutor Valmiro. Me consultei com ele muito
tempo. Tratou minha hérnia de disco. Ah, mas eu vou saber
dessa história de fubuia é agora.
Mais rápida que o Taz — o bichinho que rodopeia como
um peão no desenho animado —, a mãe se vestiu e rumou
para o consultório do médico. Se era preciso marcar
consulta pouco importava, faria um escândalo se necessário,
mas falaria com Valmiro de qualquer jeito. Por sorte ele
atendia na urgência, e tudo que Cleonor precisou fazer foi
apresentar a carteirinha.
Atravessou o corredor mal iluminado apinhado de
cartazes com orientações sobre saúde e buscou neles,
olhando por cima das lentes dos óculos, algo que explicasse
Une-Versos – Poesias e Crônicas
64
a tal da fubuia. Não encontrou. Que importava, estava a
poucos metros da porta onde o médico a aguardava para —
esperava ela — lhe desse um consolo para sua aflição.
— O senhor lembra de mim, doutor? — perguntou,
depois de sentar-se impaciente em frente a mesinha de ferro.
O médico a encarou, intrigado. Ela explicou que fora sua
paciente durante anos, que ele havia tratado sua hérnia e blá
blá blá. Com profissionalismo, Valmiro demonstrou
lembrar-se da mulher, esboçando um sorriso amigável.
Tentando sorrir, mas sem conseguir esconder a aflição, a
mãe foi direto ao assunto. Explicou sobre a filha que tinha
feito uma consulta há dois dias com o diagnóstico...
— Ah, ela é sua filha? — surpreso, ele nem mesmo
deixou a mãe concluir.
— É sim, mas o que eu queria saber...
— E como vai o tratamento para a fobia da menina?
— Fu... Fubu... O quê?
— A fobia de sua filha. Diagnostiquei-a com ágora fobia,
é o medo de lugares movimentados, mas já a orientei sobre
como proceder. Ela não contou a senhora?
— Não.
**********
Une-Versos – Poesias e Crônicas
65
Paulo Pereira Goudinho, natural de Teresina-PI. Graduado
em Arte com habilitação em Música pela Universidade
Federal do Piauí-UFPI. Professor da rede municipal de
ensino de Teresina e da rede estadual de ensino do Piauí.
Em 2017 publicou a obra poética “Toda Versidade”,
juntamente com Érica Barros e Nunes de Oliveira. Músico e
compositor premiado em festivais de música na cidade de
Teresina, Paulo Pereira Goudinho aventura-se pela poesia
desde adolescente.
Une-Versos – Poesias e Crônicas
66
ROCK DA AGONIA
Todo dia
Todo dia
Todo dia
A agonia se repete
Se repete a agonia
Se repete, se repete...se repete a agonia
Todo dia
Tenho que comer o pão
Pra poder me alimentar
Não posso sujar o chão
Tenho que me levantar
Tenho que me levantar
Tenho que usar o pente
Não posso beijar ninguém
Antes de escovar os dentes
Todo dia
Tenho que lavar as mãos
Antes de me alimentar
Tenho que tomar um banho
Depois de escovar os dentes
Tenho que lavar o cabelo
Quatro vezes por semana
Tenho que fazer a barba
Depois de escovar os dentes
Une-Versos – Poesias e Crônicas
67
Todo dia
Tenho que cortar as unhas
E sorri quando não quero
Tenho que andar bem limpo
E aprender falar inglês
Ir à missa aos domingos
E ouvir sempre a mesma coisa
Mesma coisa, mesma coisa, mesma coisa
Todo dia
TOMBOS E PASSOS
Tombos meus pensamentos
Deixo-os rolar montanha abaixo
Curo seus ferimentos
Não me acho
Sem proferir juramentos
Passo-me por eu aonde vou
Passo por ti e nem te vejo
Passo os dias a contar meus passos
Une-Versos – Poesias e Crônicas
68
A NOITE
A noite é tão bonita!
Quão bela é a noite
Até parece dia de sol
Até parece dia
Um dia encostei meu peito em seu peito
E senti seu coração bater
Esse dia
Era noite
INESQUECÍVEL
Posso não ser o que quero
E não fazer o que desejo
E me negar que te espero
E que morri no teu beijo
Posso tentar esquecer
Os nossos instantes loucos
Negar que te fiz sofrer
Mas que te amei
tão pouco
Une-Versos – Poesias e Crônicas
69
AVERSÃO
Cada dia
Cada passo
Cada cria
Cada gesto...
Toda fada
Tem seu dia
De agonia
Cada bola (dada)
Cada sola
Cada esmola
Cada fala...
Todo gato
Tem seu dia
De cão
Cada estouro
Cada grito
Cada míssil
Cada missão...
Todo amigo
Tem seu dia
De inimigo
Cada flor
Lá no serrado
Fala de amor
E de pecado
Todo sangue-frio
Tem seu dia
De calor
Une-Versos – Poesias e Crônicas
70
Cada conselho
Cada consolo
Cada sorriso
Cada perdão...
Todo batista
Tem seu dia
De pagão
NOSSA LÍNGUA
Olha que coisa louca
Veja só que confusão
Diga-me logo o motivo
Porque no aumentativo
O leite vira leitão?
Expliquem-me os letrados
Os sabichões de plantão
Aquele leitor bem cativo
Diga por qual razão
O feminino de galo
Estar no diminutivo!
Lingua mais sem noção!
Essa nossa com certeza
Explique-me agorinha
Por que no diminutivo
A sarda vira sardinha?
Une-Versos – Poesias e Crônicas
71
PASSEI
Passei o dia à toa
À toa
Numa boa
Pensei na vida
Passei no bar
Manteiga no pão
E devorei Oswald de Andrade
Passei o dia à toa
À toa
Numa boa
Passeei com a turma
Não vi Marilena
Pensei em disco voador
Li Erich von Däniken
Cheio de interrogações
Sorri de um filme
Na televisão
E sorri com outro
Pouco depois das seis
Passei o dia à toa
À toa
Numa boa
Une-Versos – Poesias e Crônicas
72
MELANCOLIA
Ele pensa
Ele pensa
Tentando fugir
Da solidão imensa
Ele gira
Vira em torno da mesa
Tentando fugir
Da solidão imensa
Apalpa a cabeça
Ao que lhe atormenta
Inquieta o olhar
Na solidão imensa
Quase dá um berro
Contenta-se
Com um silêncio eterno
Senta
Pensa
Pensa
Curtindo o prazer
Da solidão imensa
Sente
O sentido
De ser
Só
Une-Versos – Poesias e Crônicas
73
POETA TRISTE
Sou poeta triste
Na beira de um rio
De barreira funda
De água suja e triste
Sou poeta triste
Na beira de um rio
Que não vai para o mar
Sou poeta triste
Na beira de um rio
Que já foi cantado
Que já foi vadio
Sou poeta triste
Na beira de um rio
Que não vai para o mar
Sou poeta triste
Que insiste
Que insiste
Que insiste
Que insiste em cantar
Une-Versos – Poesias e Crônicas
74
LOGIA
Na cigilologia
Agonia
Dá prazer
Insípido colosso
Tiro um roço
Com você
Na frivolologia
Quem diria
Vi você
Insípida e pálida
Mas cálida
Vi morrer-me
Homérica quimera
Por pensar em
Te Perder
Centúrios pressupostos
Mesmo antes
De te ter
Estou cupido culpado
Convidado
A sofrer
Por um belo rosto
Que eu sei que dará gosto
E prazer
Um sol na meia noite
Convida-me
A vir aqui
Ver-te trocar de roupa
Coisa louca
Eu senti
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