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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
REITORIA
Reitora
Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder
Vice-Reitor
Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Pró-Reitora
Profª. Drª. Leny Caselli Anzai
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
Diretor
Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
Chefe
Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
Coordenador
Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Vice-Coordenador
Prof. Dr. Ronaldo Pierosan
ii
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N°47
A Sedimentação Neocretácea e a Influência Tectônica na Bacia de
Poxoréo, Mato Grosso.
Danilo Guilherme Queiroz Ribeiro da Silva
Orientador
Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz
Co-Orientador
Prof. Dr. Gerson Souza Saes
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geociências do Instituto de
Ciências Exatas e da Terra da Universidade
Federal de Mato Grosso como requisito parcial
para a Obtenção de Título de Mestre em
Geociências.
CUIABÁ
iii
iv
A Sedimentação Neocretácea e a Influência Tectônica na Bacia de
Poxoréo, Mato Grosso.
Dissertação de mestrado aprovada em 18/03/2014.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. Dr. Jackson Douglas da Silva Paz
Orientador (UFMT)
________________________________________
Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Examinador Interno (UFMT)
________________________________________
Prof. Dr. Fábio Henrique Garcia Domingos
Examinador Externo (UFPA)
v
Dedico este trabalho
à duas grandes mulheres.
Maria de Lourdes Queiroz e
Antônia Dias Evangelista
vi
Agradecimentos
Agradecimentos em primeiro lugar sempre, ao Mestre Jesus, que nos conduz ao
criador e ao sublime pelos exemplos, sendo o maior a ser seguido em vida, nos lembrando de
suportar os momentos difíceis e que os dias melhores vêm com trabalho. Agradecimentos ao
Projeto Transbrasiliano/Petrobrás e ao Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho, pelo auxílio
financeiro nos campos realizados entre 2012 e 2013. Ao CNPq pelo Edital 32/2010, (Proc. nº
401809/2010-2) bem como a Profª. Dra. Silane Caminha pelo eventual auxílio financeiro.
Agradecimentos à CAPES pela bolsa de Pós-Graduação no período de 24 meses. Agradeço ainda ao
Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFMT, ao Coordenador do Programa Prof.
Dr. Amarildo Salina Ruiz e ao corpo docente do curso, tanto pelo apoio e suporte nos custos
de resumos publicados e participação, em eventos regionais e nacionais, como pela paciência
e compreensão no aguardo do término deste trabalho. Obrigado novamente ao Programa de
Pós-Graduação em Geociências, pela liberação a fim de buscar complementação com
disciplina fora do curso e à Coordenação do Curso de Geologia bem como ao Professor
Carlos Humnberto da Silva oportunidade do Estágio Docência, através do acompanhamento
do estágio do ESCHWEGE em Diamantina. Ao Programa de Pós-Graduação em Geociências
da UFRGS, pelo aceite como aluno para cursar disciplina relacionada à Estratigrafia de
Sequências. Aos membros da Banca pelo aceite na participação à examinação do presente
trabalho. Especiais agradecimentos ao Prof. Dr. Jackson Douglas Silva da Paz, que além de
um grande Professor, um grande colega e amigo, daqueles que te põem em pé de igualdade
em discussões geológicas, ou te jogam pra cima, por achar que você merece mais. Uma
pessoa que transmite tanta riqueza de sabedoria, perspectivas ou percepções a respeito das
várias complexidades da vida ao nosso redor, não poderia ser diferente do que é Jackson da
Paz: Aquele que todos querem por perto. Agradecimentos também ao co-Orientador, Prof. Dr.
Gerson Sousa Saes, que, diga-se de passagem, O Grande Geólogo “Alóctone” do Sul e que
tendo muito ajudado a construir o conhecimento da nossa geologia no Mato Grosso, este
trabalho não teria a mesma perspectiva sem sua orientação. Agradecimentos à Prof Drª Lena
Simoni Barata Souza, e ao Geólogo (agora Mestre) Renan Alex da Silva Grillaud, duas
grandes amizades que só fizeram crescer durante o período de 2010-2014, especialmente com
Jackson da Paz em longa viagem pelo Rio Madeira. Aos amigos colaboradores de trabalho de
campo e laboratório, Renan Grillaud, Jorge Queiroz, Kéttilin Menoncello, Gabriel Zaffari,
Willian Zan, Kamila Fernandes, Daniel Ramos, Paulo Moché, Lourenço Queiroz (O Cuia e
tio) e a outros eventuais colaboradores de laboratório. Aos colegas amigos de Pós-Graduação
vii
durante o período de convivência, especialmente aos colegas Caiubi Kuhn, Regiane Oliveira,
Vinicius Beal e colegas de turma “Quebra-Campo” Marcelo Galé, Yara Dias e Mariarosa
Fernandes. E fora do contexto geocientífico, agradecimentos aos amigos e familiares, que
ajudaram de alguma forma, ou pela solidariedade, em especial aos mais constantemente
presentes Marcus Amorim e Jorge Luiz duas admiráveis pessoas e grandes amigos. Por
último, o seio familiar, as bases que nos ensinam a andar firme, falar com coragem e agir com
caráter. Minha Mãe (Maria de Lourdes Queiroz) e a mãe da minha mãe (avó Antônia Dias
Evangelista). Duas pessoas, muito presentes em tudo que fiz até hoje e que merecem
reconhecimento e homenagens.
viii
Sumário
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................. 2
OBJETIVOS ................................................................................................................... 3
Objetivos Específicos ................................................................................................. 4
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 4
CAPÍTULO 2...............................................................................................................................6
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................................... 6
A BACIA DO PARANÁ ........................................................................................................... 7
O FANEROZÓICO ................................................................................................................... 7
Formação Furmas .............................................................................................................. 8
Formação Ponta Grossa ..................................................................................................... 9
Formação Aquidauana ..................................................................................................... 10
Formação Palermo ........................................................................................................... 10
Formação Botucatu .......................................................................................................... 10
Formação Serra Geral ...................................................................................................... 11
GRUPO BAURU ..................................................................................................................... 11
Formação Marília............................................................................................................. 14
Formação Paredão Grande ............................................................................................... 14
Formação Quilombinho ................................................................................................... 15
Formação Cachoeira do Bom Jardim .............................................................................. 15
Formação Cambambe ...................................................................................................... 16
ESTRUTURAÇÃO GEOLÓGICA DA PLATFORMA DE ALTO GRAÇAS ....................... 16
TECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO ....................................................................................... 19
CAPÍTULO 3.........................................................................................................................................21
Resumo............................................................................................................................................. 22
Abstract ............................................................................................................................................ 22
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 23
MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................ 25
CONTEXTO REGIONAL ............................................................................................................... 26
ESTRATIGRAFIA .......................................................................................................................... 28
Formação Furnas ..................................................................................................................... 30
Formação Ponta Grossa ............................................................................................................ 32
Formação Aquidauana .............................................................................................................. 34
Formação Palermo .................................................................................................................... 36
ix
GRUPO BAURU .................................................................................................................... 38
Formação Paredão Grande ............................................................................................. 39
Interpretação .................................................................................................................. 41
Formação Quilombinho e Foramação Cachoeira do Bom Jardim ................................ 35
Interpretação .................................................................................................................. 44
Formação Cambambe ................................................................................................... 46
GEOLOGIA ESTRUTURAL .......................................................................................................... 46
Estruturas Rúpteis ................................................................................................................... 48
Falha Jaciara Serra-Grande .................................................................................................... 49
Falha das Parnaíbas ou Região Falhada das Parnaíbas ............................................................ 50
Falha de Poxoréo .................................................................................................................... 51
Falha NW-SE ......................................................................................................................... 53
Falhas e Lineamentos Subordinados ...................................................................................... 54
Lineamentos N-S ............................................................................................................ 54
Lineamentos E-W ......................................................................................................... 56
Estrutura de Alto Coité ........................................................................................................... 56
A ORIGEM Da BACIA de POXORÉO .......................................................................................... 58
SEDIMENTAÇÃO DA BACIA DE POXORÉO ............................................................................ 60
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 64
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 64
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................67
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................70
x
Lista de Figuras
Figura 1.1 Localização da área de estudo, com cidades e distrito abrangidas, com acesso pelas
principais rodovias federais e estaduais....................................................................................................3
Figura 2.1 Localização da Plataforma de Alto Garças e demais compartimentações no Arcabouço
Tectônico da Bacia do Paraná. Destaca-se alguns lineamentos e falhas com trend NE-SW e NW-SE
sob influência dos arcos de soerguimento nas bordas da bacia. 1) Plataforma de Alto Garças; 2)
Plataforma Nordeste; 3) Plataforma de Dourados; 4) Rift Central; 5) Plataforma Centro-Leste de São
Paulo; e 6) Plataforma Sudeste. Modificado de Zalán et al., (1990) Marques et al., (1993) e Milani
(2004)........................................................................................................................................................6
Figura 2.2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso, modificado de
Gonçalves & Schneider (1970); Milani et al. (1995) (Oliveira, 2006); Weska (2006) e Milani et al
(2007) .......................................................................................................................................................9
Figura 2.3 Perfil geotectônico com as principais estruturas relacionadas à Antéclise de Rondonópolis
e bacias cretáceas associadas. Modificado de Coimbra (1991) 1-Bacia dos Parecis; 2- Arco Alto
Xingu; 3-Bacia do Cambambe; 4-Arco de São Vicente; 5-Bacia de Poxoréo; 6-Bacia de Itiquira; 7-
Arco Bom Jardim de Goiás; 8-Lineamento Transbrasiliano; 9-Bacia Bauru.........................................13
Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato
Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda
Filho et al. (2004)..................................................................................................................................17
Figura 2.5 Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall
e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).....................................................................................20
Figura 1. Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas
principais rodovias federais e estaduais..................................................................................................25
Figura 2. Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato
Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda
Filho (2004)............................................................................................................................................27
Figura 3. Mapa geológico da área de estudo mostrando unidades paleozoicas e cretáceas .................29
Figura 4. Formação Furnas próximo ao Balneário Thermas Cachoeira da Fumaça, 9km à sul da
cidade de Jaciara, onde afloram arenitos médios à finos de cor cinza claro à esbranquiçados, com
estratificações plano paralelas, cruzada tabular e cruzada de baixo ângulo, sobrepostos a siltito maciço
de cor cinza claro....................................................................................................................................30
Figura 5. Paleocorrente Formação Furnas de caráter polimodal...........................................................31
Figura 6. Seção colunar da Formação Furnas, à sul de Jaciara, próximo à Cachoeira da Fumaça. 1)
Estratificação Cruzada Tabular, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Estratificação plano
paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito...........................................................................31
Figura 7. Arenitos muito finos a finos de camadas centimétricas intercaladas à finas camadas de
pelitos, da Formação Ponta Grossa. Localização na MT-344 entre Dom Aquino e Jaciara..................32
Figura 8. Paleocorrente Formação Ponta Grossa que apresentou um padrão polimodal. Ressaltam-se a
presença de grandes falhas normais e transconrrentes, controladoras da disposição das camadas........33
Figura 9. Seção colunar da Formação Ponta Grossa na MT-457, saída norte de Jaciara. 1) Fóssil, 2)
Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Laminação plano paralela, 4) Estrutura Maciça, 5) Arenito,
6) Siltito, 7) Argilito...............................................................................................................................33
Figura 10. Afloramento da Formação Aquidauana, na porção inferior conjunto de camadas
avermelhadas, têm arenitos finos a muito finos intercalados a argilitos e siltitos micáceos. Na superior
o conjunto de camadas amareladas de arenitos médios intercalados arenitos muito finos e pelitos
subordinados...........................................................................................................................................34
xi
Figura 11. Paleocorrente Formação Aquidauana com padrão bimodal oblíquo...................................35
Figura 12. Seção tipo da Formação Aquidauana na MT-260, 12 km à leste de Dom Aquino. 1)
Laminação Cruzada cavalgante, 2) Ondulações, 3) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 4)
Estratificação cruzada, 5) Estratificação plano paralela, 6) Maciça, 7) Arenito, 8) Siltito, 9)
Argilito....................................................................................................................................................36
Figura 13. Formação Palermo à beira da rodovia MT-260. Arenitos finos a muito finos acamadados e
algumas estruturas de onda, interestratificados à argilitos. O afloramento neste ponto é muito
silicificado com pouca estratificação preservada....................................................................................37
Figura 14. Seção colunar da Formação Palermo, na MT-260, 16 km à leste de Dom Aquino. 1)
Oóides, 2) Ondulações, 3) Laminação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Silexito, 7) Ritmito, 8)
Argilito....................................................................................................................................................38
Figura 15. Perfil geológico da sucessão vulcanoclástica e derrames basálticos da Lajinha, sobrepostos
à Formação Quilombinho. Os lamitos são visivelmente diferenciados entre porção inferior e superior.
Inferior: estrutura laminada, venulado e coloração arroxeada. Superior: Estrutura Maciça e colocaração
esverdeada...............................................................................................................................................40
Figura 16. Seção colunar da Formação Quilombinho na região das Parnaíbas, próximo à empresa
Fluente Água Mineral (ponto 192). 1) Estratificação acamadada, 2) Estatificação maciça, 3) Camada
silicificada, 4) Arenito, 5) Argilito ou matriz de textura argilo-arenosa, 6) Conglomerado
Polímitico................................................................................................................................................41
Figura 17a. Conglomerado polimítico intercalado a siltito avermelhado próximo a Poxoréo..........42
Figura 17b. Conglomerado polimítico muito alterado na região da Serra das
Parnaíbas.................................................................................................................................................42
Figura 18. Seção Colunar da Formação Cachoeira do Bom Jardim apresentando calcretes, e arenitos
calcíferos intercalados a pelitos e arenitos maciços sobrepostos no topo por conglomerado
monomítico, na MT-453 próximo à Lavrinha verde (ponto 226). 1) Discordância erosiva, 2) Esturura
acamadada, 3) Estrutura laminada, 4) Estrutura maciça, 5) Silicificação, 6) Arenito, 7) Pelito, 8)
Siltito, 9) Calcário, 10) Conglomerado monomítico, 11) Camada calcífera..........................................43
Figura 19a. Camada de margas calcárias sobrepostas por calcrete e conglomerado cimentado por
calcita no rio Coité. Figura 19b. Detalhe das camadas calcrete e conglomerados.................................44
Figura 20. Camadas da Formação Quilombinho levemente basculadas para N-NW (direita) à beira da
MT-130 próximo a Poxoréo. 1) Contato entre a Formação Quilombinho e a Formação Aquidauana por
discordância erosiva e angular. 2a) Camada de conglomerado acamadado, constituído por seixos e
clastos de Formação Palermo intercalado a lentes de arenito siltoso. 2b) Arenito siltoso muito fino com
estrutrura laminada plano paralela cor cinza claro intercalado a siltito arenoso com laminação plano
paralela de cor vermelha a laranja..........................................................................................................44
Figura 21. Lineamentos interpretados a partir de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth.........47
Figura 22. Roseta de lineamentos medidos a partir dos lineamentos interpretados.............................47
Figura 23. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas de
acamamento (s0) e flancos de dobra.......................................................................................................48
Figura 24. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas de
falhas e rosetas de fraturas......................................................................................................................49
Figura 25. Perfil geológico: A-B) na região da Serra das Parnaíbas; C-D) entre a Serra das Parnaíbas e
os Alcantilados; E-F e G-H) região do Morro Santo Antônio e Córrego são Domingos......................51
Figura 26. Afloramento de contato entre as Formações Aquidauana e Palermo, com rejeito de falha
normal e estruturas associadas ao movimento gravitacional. I) veio de sílica, II) Plano de falha, III)
Planos de fratura e estrias verticais, Ss-Estrias; S0- acamamento, Sfr-fraturas e veios.........................52
xii
Figura 27a. Perfil Geológico na rodovia MT-130, Falha de Poxoréo com falhas antitéticas e fraturas
ortogonais, unidades permocarboníferas e cretáceas. A Figura 27b. Corte de estrada demonstrando a
ordem de deposição das camadas neocretáceas na MT-130. I) Camada de conglomerado acamadado,
constituído em sua maior parte por seixos e clastos de Formação Palermo. I) Camada de arenito
maciço e lentes acamadadas de arenito siltoso. III) Intercalações de arenito e siltito argiloso com
estratificação cruzada e cruzadas de baixo ângulo depositadas no Hanging Wall de uma falha
antitética..................................................................................................................................................53
Figura 28a. Plano de falha de transferência em afloramento de arenito da Formação Aquidauana, com
movimento destral; Figura 28b. Mesoplano de falha com indicação de slicken-sides...........................54
Figura 29. Perfil e mapa geológico de detalhe da Falha de Coronel Ponce próximo à cidade de Dom
Aquino....................................................................................................................................................55
Figura 30. Perfil geológico em mapa geológico de detalhe da Estrutura de Alto Coité junto à Falha de
Poxoréo. 1) Falha normal (planta), 2) Fratura ou falha não determinada, 3) Falha normal (perfil
geológico), 4) Formação Ponta Grossa, 5) Formação Aquidauana, 6) Formação Palermo, 7) Grupo
Bauru.......................................................................................................................................................57
Figura 31. Uma síntese dos movimentos de falhas representados por blocos diagrama, em cada
local.........................................................................................................................................................60
Figura 32. Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de
Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).
Figura 33. Modelo de evolução do Período Permiano ao Cretáceo: a) Ápice de sequência Permo-
carbonífera; mares epicontinentais levam a deposição do Grupo Passa Dois; b) Juro-cretáceo;
continentalização da bacia e deposição da Formação Botucatu e magmatismo Formação Serra Geral;
c) Neo-cretáceo; vulcanismo alcalino da Formação Paredão Grande, ruptura e instalação de hemi-
grabén com sistemas aluviais, fluviais; d) Predomínio de sistema fluvial entrelaçado e formação de
playa-lakes e ponds, além de dunas eólicas; e) Novo vulcanismo, movimentação das falhas
gravitacionais e nova progradação dos detritos de leques aluviais.........................................................62
Anexo I: Coordenadas de pontos visitados................................................................................................
Anexo II: Mapa de localização de pontos..................................................................................................
Anexo III: Mapa geológico........................................................................................................................
xiii
Resumo
A respeito do Grupo Bauru no Sudeste do Mato Grosso pouco tem se discutido sobre sua evolução
tectônica e sedimentação. Por meio de mapeamento geológico na região de Dom Aquino e Poxoréo o
presente trabalho procura mostrar uma relação mais estreita entre a sedimentação neocretácea do
Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo e a constância de uma influência tectônica. Os dados obtidos na
região permitem abordar a mapeabilidade da Fácies Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e
Cambambe, nos dias atuais elevadas ao status de Formação. A sedimentação se desenvolveu em
estruturas hemi-grabén, sendo possível estabelecer a localização dos detritos de leques aluviais
(Formação Quilombinho) junto às falhas na maior parte das vezes, com canais fluviais entrelaçados,
ponds e playa lakes (Formação Cachoeira do Bom Jardim) mais distantes. Fácies eólicas, como em
muitas regiões áridas também se desenvolveram no interior da bacia e são consideradas parte da
Formação Cachoeira do Bom Jardim. Discute-se também a interação entre Formação Paredão Grande
e Quilombinho e a composição dos clastos e seixos para as fácies de fluxos de detrito. A origem da
bacia tem sido apontada nos últimos anos como um rifte intracontinental. No entanto devem ser
consideradas outras possibilidades também interessantes sobre como se desenvolveu a sedimentação
do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso, inclusive sob a influência da tectônica. A ativação do
Lineamento Transbrasiliano sobre as bacias do neo-cretáceo na porção norte-noroeste da Bacia do
Paraná tem sido considerada como hipótese da principal influencia. Os perfis geológicos e dados de
campo mostram que houve uma tectônica sin-deposicional na Bacia de Poxoréo, não somente com
falhas gravitacionais, mas também com falhas de transcorrência e rotações de camadas (rollovers),
sugeridas por análise de imagem LANDSAT e medidas de campo, nas bordas do hemi-grabén e no seu
interior também.
Abstract
Regarding the Bauru, Group in southeastern Mato Grosso little has been discussed its tectonic
evolution and sedimentation. Through geologic mapping in the region of Dom Aquino and Poxoréo
this paper seeks to show a closer relation between the sedimentation of Upper Cretaceous Bauru
Group in Poxoréo Basin and the constancy of a tectonic influence. The data obtained allow the region
to approach the mappability of Quilombinho Cachoeira do Bom Jardim and Cambambe Facies, and
nowadays elevated to the status of Formation. Sedimentation developed in half-graben structures,
being possible set the location of the debris flow of the alluvial fans (Quilombinho Formation) along
the fault in most cases, with braided river channels, ponds and playa lakes (Cachoeira do Bom Jardim
Formation) farther. Sandstones of eolic facies, such as in many arid regions, also were deposited into
inland the basin and are regarded part of Cachoeira do Bom Jardim Formation. Also discusses the
interaction between Paredão Grande and Quilombinho Formation and composition of clasts and
xiv
pebbles for the facies of debris flows. The origin of the basin has been identified in recent years as an
intracontinental rift. However should be considered other possibilities, also interesting about how it
developed the sedimentation of the Bauru Group in the state of Mato Grosso, including under the
tectonic influence. The activation of the Lineament Transbrasiliano on the Upper Cretaceous basins in
north-northwest portion of the Paraná Basin has been considered assumption as the main influence.
The geological cross-section and field data show Poxoréo in the Basin, there was a syn-depositional
tectonics, not only with gravitational faults, but also transfer and rotations of layers (rollovers),
suggested by analysis of LANDSAT image and field measurements, on the edges of the Half-Graben
and also inside.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O contexto tectônico durante o Palezóico do supercontinente Gondwana tem como
característica os períodos de subsidência por compressão e por descompressão tectônica associada a
evento de soerguimento crustal (Milani & Ramos, 1998). Bacias intracratônicas, que são protegidas de
uma ação deformacional direta, registram atividade crustal através de superfícies de reativação (Zalán
et al. 1990). Ou seja, o embasamento marca de maneira contundente a evolução tectônica da bacia por
meio da transferência de esforço para dentro da plataforma e reativação de trends tectônicos. A
exemplo tem-se o Lineamento Transbrasiliano, Arco Ponta Grossa, Sinclinal de Torres entre outros
(Zalán et al. 1990). A atuação desta reativação ainda é campo aberto ao estudo das características que
marcam e a denunciam em uma sucessão de rochas sedimentares. Neste sentido, as bacias
intracratônicas do Brasil têm apelo especial por se situarem em um contexto favorável ao registro de
deformações oriundas da interação da movimentação destes trends tectônicos com a sedimentação da
bacia. No estado de Mato Grosso, destaca-se a Bacia do Paraná por causa da sua grande extensão
areal, recobrindo cerca de um 1/6 do estado. Aí, bons afloramentos podem ter continuidade lateral que
chega a centenas de metros localmente; e uma composta exposição vertical que permite empilhamento
de camadas que podem perfazer até 100 m de espessura, com boa preservação das características
primárias da rocha como estruturas sedimentares e mineralogia.
A Bacia do Paraná é uma compartimentação geotectônica de 1,5 milhão de km² (Milani et al.
2007), abrange além de parte do território brasileiro, partes da Argentina, Paraguai, e Uruguai. Ela
alcança profundidades máximas de 7.000 m em seu depocentro e 2.700 m na sua porção norte
conhecida por Plataforma de Alto Garças no estado de Mato Grosso (Gonçalves & Schneider, 1970).
Além disso, a bacia nesta porção norte encontra o Lineamento Transbrasiliano, uma megaestrutura que
atravessa o território brasileiro com direção NE-SW desde o Ceará até o Mato Grosso do Sul
(Schobbenhaus Filho et al. 1975; Coimbra, 1991). O aspecto mais crucial para o entendimento desta
dissertação de mestrado é a compartimentação que constitui a Plataforma de Alto Garças e que
Coimbra (1991) trata como bacias sedimentares à parte da Bacia do Paraná, mas que se superimpõem
a esta por serem mais novas e ocuparem o mesmo espaço geográfico. São estas as bacias de
Cambambe, Poxoréo e Itiquira, que, ao lado de outras estruturas em Gráben, estão encaixadas sobre a
Plataforma de Alto Garças e são os grábens de Guiratinga, General Carneiro, Diamantino, Rio das
Garças (Lacerda Filho et al. 2004). O Graben ou Bacia de Poxoréo contém a área que é o objeto de
estudo deste trabalho e se caracteriza como uma estrutura alongada com eixo leste-oeste, falhas e
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
2
fraturas predominantes de direção NE-SW e cujos limites são: ao sul-sudeste, a Falha de Poxoréo e ao
norte por um conjunto de lineamentos E-W.
A partir da década de 1970, são poucos os trabalhos a tratar desde a origem e sedimentação até
a evolução tectônica da bacias cretáceas encaixadas na Plataforma de Alto Garças (Schneider et al.
1974; Zalán et al. 1990; Marques et al. 1993; Milani et al. 2007). Os modelos deposicionais propostos,
levantamentos paleontológicos e os estudos sobre as grandes estruturas dentro destas bacias e da Bacia
do Paraná remontam bem a evolução com relação à paleogeografia e à tectônica. Contudo, há
contrastes a serem considerados com cuidado quando se trata da sedimentação das bacias cretáceas da
Plataforma de Alto Garças. As diferenças de preservação das unidades geológicas, as mudanças
abruptas de espessuras e as relações de contato estruturais merecem abordagens mais detalhadas por
meio de perfis geológicos de detalhe. Estas permitem a compreensão dos trends de lineamentos e as
grandes estruturas que atravessam a bacia.
A região de Dom Aquino e adjacências tem um relevo bem destacado por escarpas, morros,
colinas e vales observáveis em imagens de satélite e que oferecem informações com qualidade para a
interpretação por sensores remotos para geologia. Ademais, esta região também oferece bons
afloramentos com continuidade lateral de até centenas de metros. Dada diferença de cotas
topográficas, uma ou outra exposição vertical permite observar a estratigrafia por meio de sucessões
sedimentares de até 80 m de espessura. Além disso, também o acesso é facilitado por diversas
estradas. A infraestrutura de acomodação e serviços é boa com alguns percalços nos municípios
vizinhos como Poxoréo, por exemplo. Outro aspecto a ser levado em conta no estudo da região de
Dom Aquino é a avaliação que pode ser alcançada da influência do Lineamento Transbrasiliano ali.
Esta feição tectônica-estrutural intraplaca possui direção NE-SW e pode se caracterizar como uma
superfície de reativação, com importante papel no controle da sedimentação durante a evolução Bacia
Poxoréo conforme pensamentos anteriores como de Coimbra (1991). Dom Aquino oferece a
possibilidade de testar esta influência por meio de mapeamento geológico.
LOCALIZAÇÃO
A área de estudo na região mato-grossense, que se estende entre os municípios de Dom
Aquino e Poxoréo, abrange ainda Juscimeira, Jaciara e Primavera do Leste (figura 1.1). Oferece a
oportunidade de vislumbrar como se organizam os estratos cretáceos, como estes se relacionam com o
entorno sedimentar da Bacia do Paraná e, dados cortes recentes de estrada, também é possível
observar poucas, mas contundentes estruturas como falhas e dobras de arrasto associadas com eventos
mesozoicos ou até mais recentes nestes estratos. As diversas vias de acesso na área de estudo entre
rodovias federais, estaduais e vicinais permitem o tráfego e o acesso a quase toda a área de estudo.
Uma delas a rodovia estadual MT-130 passa atualmente modificações, promovidos por concessão da
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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via. Estas modificações resultando em alargamento da pista removendo cobertura de solo e rocha
alterada expondo um novo corte de rocha mais preservado.
Figura 1.1 Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas
principais rodovias federais e estaduais.
Uma vez que isso ocorra em toda a via, se terá um novo corte de afloramento entre as cidades
de Rondonópolis e Primavera do Leste. Outras vias tem sido anunciadas previstas sob concessão (BR-
364/163) e possíveis pavimentações (MT-260). Algumas porções mais íngremes e com densa
vegetação necessitam uma abordagem com maior tempo disponível e não foram alvo deste trabalho
pelo difícil acesso.
OBJETIVOS
Este trabalho é parte do requisito à obtenção do grau de mestre em Geociências do Programa
de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso. Ele versou sobre a
sedimentação neocretácea na região entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo, centro-sul de
Mato Grosso, com atenção à interação desta sedimentação com a reativação de estruturas mais antigas.
Na área de estudo, esta interação poderia ter levado a instalação de grábens e hemigrábens como os da
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Bacia de Poxoréo por hora em estudo. Tentativamente, busca-se relacionar a influência da reativação
tectônica do Lineamento Transbrasiliano sobre a sedimentação na Bacia de Poxoréo.
Objetivos específicos 3
Identificação das unidades estratigráficas
Identificação e caracterização das estruturas tectônicas
Confecção de mapa geológico na escala 1:150.000
Confecção de artigo científico em língua nacional
MATERIAIS E MÉTODOS
Para realização deste trabalho, foram selecionados materiais como referências bibliográficas,
mapas da área de estudo e arredores, informações toponímicas da área, imagens LANDSAT, SRTM e
Google Earth para tratamento prévio ao campo. As imagens LANDSAT são disponibilizadas na
internet pela NASA e possibilitam a interpretação grosso modo da geologia e geomorfologia da área
selecionada. Estas imagens têm como limite a sua resolução de trabalho, em geral, na ordem de 30 a
90 metros de resolução. O banco de dados oriundo do cruzamento das informações de mapas e
imagens foi manipulado por softwares livres como Google Earth a fim de obter interpretações prévias
sobre detalhes geológicos e geomorfológicos da área de estudo.
As imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), base de dados para modelos digitais
de elevação, podem ser obtidas a partir do Projeto TOPODATA, banco de dados geomorfométricos do
Brasil, no site Inpe (http://www.dsr.inpe.br/topodata/index.php). Estes dados de elevação resumem-se
como conjuntos de dados da superfície do solo, com posições projetadas regularmente espaçadas.
Estas derivações geomorfométricas locais têm os dados interpolados e refinados durante o
processamento. Os modelos digitais de elevação resultado do processamento destes dados SRTM,
geram produtos como planos de informação de variáveis primárias e secundárias tais como: elevação,
forma do terreno, delineamento de micro bacias e iluminação solar (Valeriano & Albuquerque, 2010).
Para reconhecimento prévio da área de estudo, utilizou-se mapas anteriores como do projeto
de exploração petrolífera na Bacia do Paraná em território brasileiro (Gonçalves & Schneider, 1970;
Schneider et al. 1974) e o Projeto Carta Geológica ao Milionésimo (Oliva et al. 1979; Schobbenhaus
Filho et al. 1975), além de informações toponímicas e geográficas encontradas no site do IBGE.
Para realização de mapeamento na escala de 1:150.000 foi feito mapa de interpretação de
sensores remotos da área, com as imagens LANDSAT, SRTM e auxiliares do Google Earth. A partir
das imagens SRTM, extraiu-se contornos de curva de, em intervalo de 30 metros nível por meio de
calibração com dados de campo, em diferentes intervalos e bacias de drenagem.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Com as análises de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth distinguiram-se as diferentes
texturas de morfologia, terreno, rocha e solo a fim de identificar diferentes zonas homólogas tanto em
relevo como em padrões de drenagem. Daí, os diferentes padrões de condensação de isolinhas
topográficas associadas aos outros produtos ajudaram a identificar o limite entre as zonas homologas
ou a amplitude dela. Como menciona Barros et al. (1982), existe a dificuldade em diferenciar uma
zona homóloga de outra, pela semelhança entre as texturas na imagem. A condensação ou
espaçamento destas isolinhas ajuda nesta diferenciação, porque o padrão de ajustamento destas
isolinhas revela justamente os diferentes patamares geológicos e o limite entre as unidades. Por fim, as
bacias de drenagem ajudaram a caracterizar unidades litoestratigráficas de acordo com a densidade de
canais em maior ou menor número.
As bacias de drenagem extraídas automaticamente a partir de imagem SRTM permitiram
delinear as estruturas e trends de lineamentos que controlam a região por meio dos padrões de
drenagem, formas e arranjos o que ajudou a definir os lineamentos, a estrutural da área e identificar a
compartimentação tectônica da área. Além disso, a partir análise das imagens SRTM, associadas às
imagens LANDSAT e Google Earth, identificou-se as quebras e feições de relevo com características
lineares contínuas e/ou descontínuas e por fim a caracterização das prováveis estruturas.
Tendo confrontado as interpretações e definido as zonas homólogas estabeleceram-se alvos
para a etapa de campo, ou seja, área de geologia duvidosa. Os alvos prioritários foram os prováveis ou
possíveis contatos, possibilidades de estruturas tectônicas, locais de exposição de rocha e fácil acesso
como lajedos, cortes de estradas, escarpas e rios, em cuja a estratigrafia e evolução tectônica ainda
cabe maior elucidação.
A etapa de campo totalizada em 16 dias desta atividade e distribuída entre os anos de 2012 e
2013 consistiu no levantamento de checagem desses alvos, observando a sistemática: I) Visitação e
descrição de 288 pontos entre os municípios de Jaciara, Dom Aquino e Poxoréo; II) Confecção de 10
seções verticais onde foram notadas principalmente características litológicas, granulometria, estrutura
deposicionais, estruturas pós-deposicionais, cor original e de alteração, paleocorrentes e acamamento
(S0); III) Medidas estruturais do acamamento, paleocorrente, falhas, fraturas e lineações; e IV) Coleta
de amostras para coleção de pesquisa e possíveis trabalhos posteriores.
A etapa pós-campo consistiu na confirmação e correção dos dados plotados em campo com
verificação das zonas homólogas e confirmação das hipóteses de trabalho pela interpretação geológica.
A confecção e edição dos mapas em etapa prévia e posterior ao campo se deram pelo uso de software
livre com georreferenciamento e sistematização dos dados coletados em campo. Na parte conclusiva
de edição de mapas, perfis geológicos e figuras ilustrativas em geral, utilizou-se de software livre de
edição gráfica e de manipulação do banco de dados georreferenciados.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão a seguir trata de aspectos geológicos pertinentes ao entendimento da evolução da
Plataforma de Alto Garças (Figura 2.1) no tempo geológico. Como citado anteriormente, a Plataforma
de Alto Garças é parte mais setentrional da Bacia do Paraná e se caracteriza como uma estrutura
deprimida mais rasa e condicionada por altos estruturais como a Antéclise de Rondonópolis.
Figura 2.1 Localização da Plataforma de Alto Garças e demais compartimentações no Arcabouço
Tectônico da Bacia do Paraná. Destaca-se alguns lineamentos e falhas com trend NE-SW e NW-SE
sob influência dos arcos de soerguimento nas bordas da bacia. 1) Plataforma de Alto Garças; 2)
Plataforma Nordeste; 3) Plataforma de Dourados; 4) Rift Central; 5) Plataforma Centro-Leste de São
Paulo; e 6) Plataforma Sudeste. Modificado de Zalán et al., (1990) Marques et al., (1993) e Milani
(2004).
A estratigrafia da Plataforma de Alto Garças possui como diferença maior o tipo de
sedimentação que ocupou esta porção do paleocontinente Gondwana no Carbonífero. Sedimentos
terrígenos arenosos a rudáceos oriundos da glaciação carbonífera ao invés dos sedimentos pelíticos e
carbonáticos que ocuparam a porção mais ao sul da Bacia do Paraná e são incluídos no Grupo Itararé.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Outra diferença marcante é a presença de discordâncias. Na Plataforma de Alto Garças e, na área de
estudo em particular, destacam-se cinco sequências de primeira ordem no sentido de Milani et al.
(2007): a Sequência Paraná (formações Furnas e Ponta Grossa), a Sequência Gondwana 1 (formações
Aquidauana, Palermo, Irati e Estrada Nova) e a Seqüência Bauru (Grupo Bauru) que constitui a
sedimentação principal da Bacia de Poxoréo. Estruturalmente, a Plataforma de Alto Garças é
atravessada em sua porção sul-sudoeste pelo Lineamento Transbrasiliano, a megaestrutura que
atravessa o território brasileiro com direção NE-SW desde o Ceará até o Mato Grosso do Sul
(Schobbenhaus Filho et al. 1975; Coimbra, 1991).
A BACIA DO PARANÁ
O embasamento da Bacia do Paraná apresenta blocos cratônicos, contornados por faixas
móveis (Zalán et al. 1990). Gonçalves & Schneider (1968, 1970) em mapeamento pela Petrobrás na
Plataforma de Alto Garças reconheceram e descreveram a estratigrafia regional da bacia. Após a
Petrobrás realizar buscas por reservas petrolíferas na bacia, Schneider et al. (1974) apresentaram a
revisão da estratigrafia da Bacia do Paraná, com descrição de seções-tipo e distribuição das unidades
mapeadas levando em conta os trabalhos na Plataforma de Alto Garças.
Zalán et al. (1990) mostrou características estruturais, potencialidades estratigráficas e
possibilidades sobre a sua origem e evolução da Bacia do Paraná. Sobre a origem considerou o Ciclo
Brasiliano e o seu ápice como um dos principais precursores para a subsidência, com o arrefecimento
dos esforços tectônicos e resfriamento crustal.
De acordo com Milani & Ramos (1998), a bacia conectada com o paleo-oceano Phantalassa
esteve submetida a fases de compressão tectônica em sua porção ocidental durante o Paleozóico. Mais
tarde, Milani et al.. (2007) considerou o preenchimento da Bacia do Paraná em seis supersequências,
inclusive sob influencia de eventos distensivos e magmáticos durante o Jurássico e Cretáceo por toda a
bacia.
Coimbra (1991) considerou o preenchimento das bacias neocretáceas no Mato Grosso sob
influência da Antéclise de Rondonópolis, com posterior soerguimento, erosão e uma possível
separação entre as bacias (Cambambe, Poxoréo e Itiquira) anteriormente ligadas.
O FANEROZÓICO
Em mapeamento no Mato Grosso, Gonçalves & Schneider (1968, 1970) identificaram a
presença das formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Irati, Estrada Nova (sinônimo de
Formação Teresina e de Formação Corumbataí), Botucatu, Serra Geral, Bauru (hoje Grupo Bauru) e
Cachoeirinha. Posteriormente, reconheceu-se ainda a presença de unidades estratigráficas ainda mais
antigas e ampliou-se o conhecimento estendendo o domínio das unidades ordovício-silurianas para a
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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margem norte da Bacia do Paraná, em que foram identificadas as formações Alto Garças, Vila Maria e
Iapó que se assentavam diretamente sobre o embasamento pré-cambriano (Zalán et al. 1987; Assine et
al. (1994); Milani et al. (1995); Moreira & Borghi (1999)). A porção cretácea foi estudadas em detalhe
por trabalhos posteriores dado seu forte atrativo econômico representado pelos diamantes observados
nos depósitos desta idade. Destaca-se Weska et al. (1987) e Weska (1996) por causa da proposta de
uma nova nomenclatura para os depósitos do Grupo Bauru que, na Plataforma de Alto Garças, são
conhecidos pela subdivisão litoestratigráfica em formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira
do Bom Jardim e Cambambe (Figura 2.2).
Formação Furnas
Conforme Schneider et al. (1974), constituem esta formação arenitos médios a grossos, em
geral, esbranquiçados, caulínicos, moderadamente selecionados angulosos a subangulosos. A
estratificação ocorre como plano-paralela, cruzadas planares e cruzadas acanaladas sendo esta última a
mais notável (Schneider et al. 1974). Exibe contato erosivo ou discordante com o embasamento
cristalino abaixo e a sequência permocarbonífera acima. Contato concordante acima com a Formação
Ponta Grossa. A distribuição da Formação Furnas na Plataforma de Alto Garças ocorre em faixas
estreitas E-W na região de Chapada dos Guimarães e outra faixa com eixo N-S entre as cidades de
Campo Verde, Jaciara e Rondonópolis. Nesta cidade, na sua porção oeste, a Formação Furnas exibe
feição escarpada pela quebra negativa de relevo (Barros et al. 1982). Ao extremo leste, a Formação
Furnas ocorre também entre Barra do Garças e Nova Xavantina. A espessura em subsuperfície no
poço 2-TL-1-MT (Três Lagoas, MS) conserva espessura máxima de 343 m (Schneider et al. 1974).
Para a maioria dos autores, o paleoambiente é interpretado como fluvial transicional (deltas e rios
entrelaçados) com leques costeiros e deltas. Em sua porção superior a Formação Furnas mostra rochas
que evidenciam melhor um ambiente marinho raso entre o nível da ação das ondas normais e a zona de
tempestade (Assine, 1998).
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Figura 2.2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso, modificado de
Gonçalves & Schneider (1970); Milani et al. (1995); Oliveira (2006); Weska (2006) e Milani et al.
(2007). [*] Unidades Litoesratigráficas que não ocorrem na região.
Formação Ponta Grossa
De acordo Schneider et al. (1974), a Formação Ponta Grossa apresenta folhelhos e folhelhos
sílticos e siltitos cinza escuros a pretos, localmente carbonosos, fossíliferos ou micáceos, e arenitos
finos a muito finos, micáceos, intercalados àquelas camadas de sedimentos mais finos. Na Plataforma
de Alto Garças, são mapeados folhelhos e siltitos na porção inferior, com intercalações de arenitos
finos a muito finos na porção superior (Barros et al. 1982). Embora esta formação seja divida em três
membros: uma pelítica inferior (Membro Jaguaraíva), uma arenosa intermediária (Membro Tibagi) e
outra pelítica superior (Membro São Domingos), estas subdivisões não são observadas na região da
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Plataforma de Alto Garças. Aqui, a Formação Ponta Grossa faz contato concordante na base com a
Formação Furnas. O contato superior se dá por discordância erosiva (paraconformidade) com as
Formações Aquidauana (Grupo Itararé), Botucatu, Grupo Bauru e Formação Cachoeirinha. Foi
registrado por Schneider et al. (1974) espessuras máximas de até 467 m e 653 m nos poços 2-AG-1-
MT (Alto Garças, MT) e 2-AP-1-PR (Apucarana, PR), respectivamente. Neste último, observa-se o
registro mais completo da seção. Assine et al. (1998) assinala grandes espessuras separadas de forma
discrepante entre parte meridional e setentrional por um alto estrutural, no centro da Bacia do Paraná.
A espessura da Formação Ponta Grossa na região de Dom Aquino não excede 70 m (Barros et al.
1982). O ambiente marinho de águas rasas com fluxo de alta energia materializa o afogamento da
Formação Furnas por meio de um evento transgressivo e instala definitivamente o ambiente marinho
na maior parte da Bacia do Paraná (Assine et al. 1998).
Formação Aquidauana
Proposta por Lisboa (1909), esta formação constitui-se por sedimentos terrígenos arenosos
vermelhos. Schneider et al. (1974) propõem três sequências sedimentares com intensa variação
faciológica, predominantemente arenosa e de coloração vermelho-arroxeada. O nível inferior
constitui-se por arenitos avermelhados com lentes de diamictitos, intercalações de argilitos e arenitos
grossos, arcóseos e conglomerado basal. O nível intermediário é caracterizado por arenitos finos a
muito finos, com estratificação plano-paralela e intercalações de siltito, folhelhos, arenitos arcoseanos
e diamictitos subordinados. Encerra a unidade, arenitos com estratificação cruzada e siltitos vermelho-
tijolo finamente estratificados e localmente conglomeráticos (França & Potter, 1992).
Formação Palermo
É constituída em sua maior parte por siltitos, róseo-avermelhados, róseos ou esbranquiçados e
até cinza-amarelados. Localmente ainda, podem ser vermelhos. São notadas estratificações ondulares e
intercalações laminares de argilitos. São característicos os bancos de sílex, ou camadas e concreções
de sílex, esbranquiçados oolíticos e/ou pisolíticos maciços, com estratificação ondulada aparecendo
comumente interestratificadas ao pacote. É comum nesta unidade, o registro e descrições de sílica de
forma generalizada. Também são notados arenitos médios a finos, de cor cinza-arroxeada.
Conglomerados podem ocorrer na base desta unidade permiana (Barros et al. 1982).
Formação Botucatu
Schneider et al. (1970) descrevem esta unidade como arenitos avermelhados, róseos ou
arroxeados finos a médios e grossos na base, friáveis, grãos esféricos, arredondados e foscos. Barros et
al. (1982) caracteriza ainda esta formação como pouco argilosa, caulínica, feldspática, com grãos mal
selecionados no conjunto e bem selecionados nas extensas lâminas dos planos de estratificação
cruzada no Estado de Mato Grosso. A estratificação alternada entre cruzada tangencial, plano paralela
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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e cruzada acanalada. Muitas destas são de grande porte. A espessura verificada por Gonçalves &
Schneider (1970), no poço 2-TQ-1-MT para esta unidade é de 436 m, dificilmente ultrapassando 100
m em superfície, mas tendo sido medida 150 m na região de Chapada dos Guimarães (Barros et al.
1982). Faz contato discordante e erosivo abaixo com as formações Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana
e Estrada Nova. Sobre a Formação Botucatu, desenvolve-se um característico relevo escarpado
chamado ruiniforme. O ambiente de deposição destes arenitos é amplamente interpretado por
diferentes autores como um grande deserto, composto por depósitos de dunas residuais. Constituem
ainda sistemas eólicos de clima árido pela ausência de elementos que caracterizam depósitos úmidos.
Em porção basal os arenitos grosseiros e ou argilosos mostram a influência fluvial e ou lacustre
(Barros et al. 1982). Por fim, representa o paleodeserto que abrange a maior parte da Bacia do Paraná
e uma vasta porção do Gondwana no juro-cretáceo.
Formação Serra Geral
São descritos principalmente como lavas basálticas toleíticas de textura afanítica, coloração
cinza a preta com textura amigdaloidal no topo e cortado por juntas verticais e horizontais (Schneider
et al. 1974). Na Plataforma de Alto Garças, Gonçalves & Schneider (1970) acrescentam que este
basalto mostra fraturas irregulares a subconchoidais intercaladas a lentes de arenitos. A unidade é
reconhecida quase majoritariamente com idade entre 135 Ma e 125 Ma (Milani et al. 2007).
Gonçalves & Schneider (1970) verificaram nas regiões de Guiratinga e Tesouro, a espessura 30 m e 10
m respectivamente. A espessura no centro da bacia chega a 1500 m no poço 2-PE-1-SP (Presidente
Epitácio), enquanto no poço 2-TQ-1-MT a espessura máxima destas rochas básicas é de 68 m
(Schneider et al. 1974). A origem das lavas basálticas do Serra Geral é entendida como vulcanismo
tipicamente básico e fissural (Gonçalves & Schneider, 1970), o que caracteriza a tentativa de quebra
do continente.
GRUPO BAURU
O Grupo Bauru inclui arenitos róseos, finos a médios e grossos, localmente silificados, por
vezes calcíferos, mal selecionados, com grânulos e seixos esparsos, conglomerados e
paraconglomerados de matriz argilosa, silexitos e conglomerado basal com seixos de basalto. De
maneira geral, são depósitos areno-conglomeráticos com seixos, blocos e matacões litoclásticos
diversos (Gonçalves & Schneider, 1968; 1970; Soares et al. 1980; Sousa Jr. et al.1983; Weska et al.
1987; Weska, 1996; Milani et al. 2007). Porções do Grupo Bauru são mapeados desde a região sul no
norte do estado do Paraná e se estende pelos estados vizinhos de São Paulo e Mato Grosso do Sul até
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Por causa desta extensão, o Grupo Bauru é uma das unidades
estratigráficas em que se faz uma profusão de subdivisões litoestratigráficas. Assim, as unidades
cretáceas mapeadas nas regiões sudeste e centro-oeste foram várias vezes revisadas por diversos
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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autores, entre os mais importantes para este trabalho estão Soares et al. (1980), Sousa Jr. et al. (1983)
e Barros et al. (1982) que reuniram as informações disponíveis então sobre a unidade Bauru. Para
estes autores, os depósitos cretáceos da Plataforma Alto Garças formavam uma única unidade
litológica incluída na Formação Marília. Esta ideia não encontra ressonância em trabalhos pioneiros na
região, como aqueles de Gonçalves & Schneider (1968, 1970). Estes autores, em mapeamento
regional, dividiram o Grupo Bauru em pelo duas unidades: a porção inferior não recebeu denominação
formal mas figurou distinta da unidade superior chamada Membro Borolo da então Formação Bauru.
Mais tarde, Sousa Jr et al. (1983) relacionam lateralmente o Membro Serra da Galga e Membro Borolo
como sendo os mesmos depósitos e que estes depósitos se estenderiam até a região de Itiquira.
Uma contribuição significativa é o trabalho de Coimbra (1991). Neste, o autor faz referência
superposição de bacias sedimentares e mostra que os depósitos cretáceos da Plataforma de Alto Garças
possui estilo tectônico, preenchimento e origem distintos da Bacia do Paraná. Por isso, conclui que
estes sedimentos revelam bacias cretáceas que se formaram em função da quebra continental do
Gondwana. Três delas são denominadas como Cambambe, Poxoréo e Itiquira. Resgata-se aqui esta
visão de Coimbra (1991) e, por isso, posicionam-se os depósitos cretáceos da área de estudo na Bacia
de Poxoréo. Por fim, aquele autor denomina os sedimentos do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo de
Formação Boiadeiro. Nesta formação, seria possível ainda distinguir porções de rocha que formariam
fácies locais denominadas por aquele autor de Cachoeira do Bom Jardim e Quilombinho que seriam
variações litológicas do mesmo sistema deposicional. Contudo, é a proposta de divisão
litoestratigráfica de Weska et al. (1987) e Weska (1996) em trabalhos nas regiões de Chapada dos
Guimarães, Poxoréo e General Carneiro (MT) que se torna mais usual no estado de Mato Grosso e
adotada em trabalhos geologia regional (Lacerda Filho et al. 2004). Nesta proposta, o Grupo Bauru é
subdividido nas formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe.
Esta proposta tem a vantagem de poderem ser notados cada um dos litotipos que definem estas
unidades que serão discutidos adiante. Por outro lado, o mapeamento geológico e a relação
estratigráfica entre elas não foi explorada pelos trabalhos do autor. A ideia de Coimbra (1991) de que
as unidades Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim formam um único conjunto de rochas marcado
por variações laterais de litologia não só parece sensato como se mostrou muito útil no trabalho de
campo. Na monografia que aqui se apresenta, as formações Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim
são entendidas como interdigitadas e, portanto, penecontemporâneas entre si.
Em nível regional, apesar de o registro do Grupo Bauru a norte ter sido delimitado pela
Antéclise de Rondonópolis (Coimbra, 1991; Coimbra & Fernandes, 1992) e demais autores (Gibson et
al. 1997; Weska, 2006) tratarem as unidades neocretáceas como distintas no Mato Grosso, observa-se
claramente a relação espacial entre as regiões do Bauru trabalhadas por Soares et al, (1979) e Sousa Jr
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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et al. (1983) com as regiões trabalhadas por Weska et al. (1987) Weska (2006), em Chapada dos
Guimarães, Dom Aquino e Poxoréo (Figura 2.3).
Figura 2.3 Perfil geotectônico com as principais estruturas relacionadas à Antéclise de Rondonópolis e
bacias cretáceas associadas. Modificado de Coimbra (1991). 1-Bacia dos Parecis; 2- Arco Alto Xingu;
3-Bacia do Cambambe; 4-Arco de São Vicente; 5-Bacia de Poxoréo; 6-Bacia de Itiquira; 7-Arco Bom
Jardim de Goiás; 8-Lineamento Transbrasiliano; 9-Bacia Bauru.
Em nível global, o Grupo Bauru se caracteriza como uma Supersequência chamada Bauru
(seqüência de idade neocretácea) e esta inclui além dos depósitos Bauru na Plataforma de Alto Garças,
os sedimentos do Grupo Caiuá nas demais porções da Bacia do Paraná (Milani et al. 2007). Assim, de
acordo com este pensamento, a supersequência Bauru deve também ter sido controlada por
mecanismos tectônicos.
Formação Marília
Proposta por Almeida e Barbosa (1953) apud Barros et al. (1983), a Formação Marília foi
inicialmente reconhecida na cidade homônima. Estratigraficamente se sobrepõe às Formações Serra
Geral, Adamantina e Uberaba e é composta pelos membros Ponte Alta e Serra da Galga e Echaporã
(Sousa Jr et al. 1983; Sousa Jr, 1984). De acordo com Milani et al. (2007), o Membro Echaporã é
observado tanto no Triângulo mineiro quanto no estado de São Paulo e se constitui principalmente de
arenitos finos a médios de cor bege a rosa pálido, geometrias tabulares e a estruturação é maciça. O
topo pode ter nódulos e crostas carbonáticas e discretas concreções de clastos na base. Ocorrem ainda
litofácies conglomeráticas centimétricas composta por intraclastos carbonáticos e lamíticos além de
delgadas intercalações de lamitos arenosos de cor marrom.
O membro Ponte Alta é um conjunto de arenitos muito calcíferos com lentes e nódulos de
calcário conglomerático ou brechóide, camadas calcárias de até 10 metros e níveis irregulares de
arenitos e argilitos (Sousa Jr et al. 1983). O membro Serra da Galga se constitui por arenitos grossos,
imaturos, feldspáticos, argilosos, conglomeráticos, vermelho róseo, com grânulos carbonáticos (Sousa
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
14
Jr et al. (1983). Conglomerados com seixos e matacões polimíticos de diferentes composições e
arenitos em geral de estratificação cruzada acanalada e cruzada tangencial na base completam este
membro (Milani et al. 2007).
Lacerda Filho et al. (2004) atribui esta unidade aos sedimentos terrígenos arenosos na região
de Itiquira. São arenitos grossos a finos, coloração amarelada e avermelhada, imaturos, mal
selecionados; além de conglomerados com clastos de quartzo, quartzito, calcedônia e calcário fino,
cimentados por sílica amorfa; e, por fim, arenito fino a médio, imaturo, com fração areia grossa a
grânulos, lentes de calcário fino e estratos de siltito e argilito subordinados.
O ambiente em geral é interpretado como leques aluviais medianos a distais, fluviais e
lacustres eventualmente com dunas eólicas (Milani et al. 2007).
Formação Paredão Grande
Foi proposta por Weska (1996) para se referir às intrusões magmáticas de diques, soleiras e os
derrames envolvendo contexto sin-deposicional aos sedimentos do Grupo Bauru. A toponímia é uma
referência à localidade homônima de ocorrência do enxame de diques. Para a região da área de estudo
em Dom Aquino e Chapada dos Guimarães, Weska (1996) e Costa et al. (2003) descrevem várias
ocorrências de corpos máficos, tais como derrames, diques. Macroscopicamente, são basaltos e
diabásios de cor preta a cinza escura, afaníticos a porfiríticos, com estruturas de vesículas, amígdalas e
disjunções poliedrais (Weska 2006). Estão encaixados principalmente nas unidades: Grupo Cuiabá,
Formações Aquidauana, Botucatu, Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim e guardam xenólitos das
Formações Aquidauana e Botucatu. Segundo Weska (1996) apresenta-se cortando a Formação
Quilombinho na região da Lajinha. Datações Ar40
/Ar39
por Gibson et al. (1997) apresentaram idades
de 83,9+4 Ma nos diques porifiríticos da região chamada Raizinha (coordenadas 15º55’0,6”S e
54º37’0,0”W). Através de análise geoquímica determinaram para estes basaltos e diques composição
traquiandesíticas e certa contaminação por SiO2.
Formação Quilombinho
Barros et al. (1982) descrevem como espessos os conglomerados basais no Grupo Bauru.
Apesar de considerarem estes litologias basais muitas vezes imperceptíveis, eles descrevem os
seguintes litotipos: conglomerados com blocos e matacões arredondados, interestratificado em todo o
perfil, com predomínio de clastos de basalto, quartzo e raros arenitos silicificados. Níveis de sílex
esbranquiçados intercalados a arenitos róseos, quartzosos, arenitos calcíferos e arenitos avermelhados
a róseos, médios mal selecionados, feldspáticos imaturos, tendo constantes pontos carbonáticos com
grânulos e seixos esparsos, silicificados. Estruturas em geral plano paralelas, cruzadas, maciças e ou
acamamentos gradacionais.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
15
Weska (2006) nota os conglomerados basais da Formação Quilombinho em Poxoréo e
Chapada dos Guimarães e, assim como, Barros et al. (1983) e Gonçalves & Schneider (1970), denota a
sua relação com a Falha de Poxoréo, classificando como evento de borda de rifte. Os principais
litotipos listados pelo autor são conglomerados, cíclicos, interdigitados a argilitos, arenitos
conglomeráticos, silto-argilitos e arenitos, com estruturas em geral plano paralelas, cruzadas
acanaladas. Os grãos de seixos até matacões são muitas vezes polimíticos e quando de origem
vulcânica em geral já estão muito alterados. Tufos também compõem em menor parte os clastos
(Weska et a 1987). Segundo Weska (2006), em Poxoréo e Chapada dos Guimarães, esta formação
pode alcançar espessura de 5 a 40 metros. Estratigraficamente, a Formação Quilombinho está
assentada sobre as Formações Aquidauana, Palermo, Botucatu e Serra Geral por meio de contatos
discordantes e erosivos (Barros et al. 1983). Em seu topo, pode ser recoberta pela Formação Cachoeira
do Bom jardim e Cachoeirinha (Weska 2006) ou interdigitar-se com a primeira (Coimbra, 1991).
O ambiente deposicional em geral é tido como de leques aluviais (Weska, 2006; Kuhn, 2012).
Formação Cachoeira do Bom Jardim
Barros et al. (1983) a descrevem na porção sudoeste de Poxoréo e incluem em sua litologia
arenitos róseos calcíferos finos a médios, maciços a estratificados (estratificação plano-paralela) com
grãos subarredondados, grânulos esparsos, matriz argilosa, cimento calcífero e representariam a
porção inferior do Grupo Bauru na Plataforma de Alto Garças.
Coimbra (1991) apoiado em Oliveira e Mulhmann (1965) chama a atenção para a estratigrafia
dos depósitos que formam esta unidade na área de estudo por entender que se trata de intercalação da
fácies Cachoeira do Bom Jardim (p.e., calcários róseos a esbranquiçados, arenitos calcíferos, calcretes
e silcretes) a fácies Quilombinho (conglomerados e arenitos conglomeráticos, lamitos conglomeráticos
e arenitos argilosos). Desta forma, aquele autor definiu como Formação Boiadeiro esta intercalação,
em referencia à localidade em Dom Aquino. Weska et al. (1987) aponta composição petromítica dos
clastos à matacões bem a muito bem arredondados nesta unidade, arcabouço dos conglomerados
podendo ser aberto ou fechado e muita presença de calcita como cimento. A geometria das camadas
varia entre lenticular a tabular, e a estrutura entre plano paralelas à maciças. Nota-se ainda
paleocorrente para NE. Da Rosa et al. (1997) descrevem sucessão faciológica de calcários próximo à
Poxoréo, em que argilitos e margas calcárias são sobrepostos por calcretes e conglomerados
intraformacionais granodecrescentes. Estratigraficamente, a Formação Cachoeira do Bom Jardim está
sobre ou interdigitada à Formação Quilombinho e é recoberta pela Formação Cachoeirinha por contato
discordante erosivo angular e concordante com a Formação Cambambe. Weska (2006) menciona
espessura de até 50 metros para esta unidade. Os preciptados de margas forçam em geral a conclusão
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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dos autores por ambiente lacustre evaporítico. No entanto Da Rosa et al, (1997) apontam para o
ambiente salino sendo assoreado por sedimentação fluvial.
Formação Cambambe
Descrito por Weska et al (1987), a Formação Cambambe apresenta variação litológica de
arenitos finos a médios, bem selecionados, até grossos e imaturos, cimentados por sílica, silcretes,
conglomerados petromíticos e brechas intraformacionais de estrutura plana e/ou cruzada. Os
conglomerados, em geral, têm arcabouço fechado, são cíclicos, lenticulares e a constituição na maior
parte petromítica. Eles chegam a apresentar raros clastos de riolito, tufos ácidos ou rochas básicas.
Estratigraficamente, está assentada sobre as unidades mais antigas do Grupo Bauru por discordância
erosiva e recoberto pela Formação Cachoeirinha por discordância também erosiva (Weska, 2006).
Gonçalves & Schneider (1970) mencionam 100 m de espessura para esta unidade superior do Grupo
Bauru e Weska (2006) infere 90 a 120 m na região de Dom Aquino e Poxoréo e 300 m para Chapada
dos Guimarães. Weska (2006) interpreta a unidade como depositada em ambiente flúvio-lacustre em
clima árido sob condições evaporíticas.
ESTRUTURAÇÃO GEOLÓGICA DA PLATAFORMA ALTO GARÇAS
De acordo com Zalán et al. (1990), a Bacia do Paraná, no sudeste do estado de Mato Grosso,
configura um planalto bordejado em seus limites norte nordeste e noroeste pelas Faixas Paraguai e
Brasília (Figura 2.4). Esta mesma região recebe a denominação estrutural de Plataforma Alto Garças
(Marques et al. 1993). Nela está presente a impressão do Lineamento Transbrasiliano que se estende
em direção NE para o estado do Ceará. Associadas em parte a esta enorme estrutura estão falhas
paralelas, de grande extensão que cortam a Plataforma de Alto Garças. No entanto há também outras
falhas relacionadas a outros eventos, como o Arco de São Vicente (Barros et al. 1993) e o Domo de
Araguainha produto do astroblema ao final do Permiano (Crósta, 2002) cujo distinção torna-se um
problema a ser discutido em trabalhos futuros. Os lineamentos impressos na Plataforma de Alto
Garças como fraturas e falhas, identificadas por imagens de radar (Barros et al. 1982), apresentam
diferentes direções. De acordo com Zalán et al. (1990) estes lineamentos exibem em toda a bacia forte
trend tectônico com predominância para NE-SW e NW-SE, ocorrendo subordinadamente os
lineamentos E-W. Adicionalmente no estado de Mato Grosso ocorrem também trends com direção N-
S, como será descrito nesta monografia. Gonçalves & Schneider (1970) em mapeamento no estado de
Mato Grosso, reconheceram impressos sobre a Plataforma de Alto Garças diversas falhas associadas a
movimentos distensivos e à pré-deposição e sin-deposição cretácea do Grupo Bauru, especialmente os
com direção NE-SW. Barros et al. (1982) sobre estas estruturas mencionam as de sentido NE-SW
como as principais nessa parte da bacia, no estado relacionando-as como produto de reativação do
Megalineamento Transbrasiliano.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
17
Figura 2.4 Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato
Grosso, compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda
Filho et al. (2004).
Identificada por Oliveira & Muhlmann (1967 apud Barros et al. 1982), a estrutura do Arco de
São Vicente abrange uma ampla área à sudeste da cidade de Chapada dos Guimarães como uma feição
arqueada, tendo amplitude e localização descrita por Barros et al.(1982) entre o sudoeste Folha SD21-
Z-D e extremidades da SD21-Z-C. E de maneira quase inexpressiva se estendendo aos limites com a
Folha SE-21-X-B (Folha Corumbá). A estrutura preferencialmente com eixo NE-SW se apresenta
cortado bruscamente pelas rochas do Granito do São Vicente na extremidade da folha SD-21-Z-C,
enquanto à nordeste torna-se indistinto devido à coberturas detrito-lateríticas. Próximo à cidade de
Chapada dos Guimarães é reconhecível pelos altos mergulhos para N e NNE nas formações Furnas e
Ponta Grossa (Barros et al. 1982). Gonçalves & Schneider (1970), admitiram a origem desta estrutura,
estar relacionada a evento de reativação durante o Paleozóico com término no início de deposição da
Formação Botucatu. Ainda de acordo com estes autores o Arco de São Vicente trata-se de uma enorme
feição tectônica com grande influência na porção noroeste da Bacia do Paraná.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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A Falha de Jaciara–Serra Grande é uma estrutura distensiva que se estende da cidade de
Jaciara à região de Serra Grande onde é encoberta pela cobertura detrito-laterítica. De direção NE com
inflexão para E-NE esta estrutura geológica se assemelha muito a Falha de Poxoréo pelo extenso
paralelismo. Sua extensão de acordo com Barros et al. (1982) é de 90 km afetando tectonicamente as
formações Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu, Serra Geral e Grupo Bauru, tendo em
paralelo, falhas de menor amplitude. Barros et al.(1982) ainda mencionam a possível origem ao
Megalineamento Transbrasiliano, estabelecido no Precambriano, tendo sido reativado ao final da
sedimentação eólica Formação Botucatu e perdurado até o final do Cretáceo.
À cerca de 25 km em paralelo a Falha de Jaciara–Serra Grande, está a Falha de Poxoréo com
cerca de 95 km de extensão. Seu rejeito pode chegar a 500 m e ela estabelece contato tectônico entre
várias unidades (Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu e Bauru), além de colocar os depósitos
cretáceos do Grupo Bauru encaixados em blocos rebaixados ao ponto de ficarem topograficamente
abaixo da Formação Ponta Grossa. É registrada também intensa silicificação ao longo da estrutura,
além de brechas de falha e camadas contorcidas e fraturadas (Barros et al.1982). Gonçalves &
Schneider (1970), propuseram esta estrutura com maior prolongamento, cerca de 170 km e de mesma
leve inflexão para E-NE coincidindo com a Falha de Toricuieje, na região de mesmo nome. Tais
autores sugeriram origem pós-deposição Botucatu, atividade pré-Serra Geral e reativação durante a
deposição do Grupo Bauru.
Paralelas às falhas da região de Poxoréo e Dom Aquino está a Estrutura de Alto Coité. Uma
série de falhamentos normais com direção NE-SW conjugados a outras de direção NW-SE, que
propiciam estruturas de rompimento em blocos e forma de domo. Partilha do mesmo contexto e
registro litológico e sua origem está relacionada à reativação da Falha de Poxoréo durante o cretáceo
(Barros et al. 1982). À leste próximo ao limite dos estados de Mato Grosso e Goiás, ocorrem
lineamentos, falhas e fraturas de direção NE-SW e NW-SE perpendiculares ou paralelas, de forma
conjugadas e/ou confluentes. Estas estruturas afetam especialmente as formações Furnas, Ponta
Grossa, Aquidauana, Botucatu e Grupo Bauru. Nesta porção da bacia associados à estes falhamentos,
aparecem também estruturas de gráben em que se depositaram as unidades cretáceas do Grupo Bauru
e que preservam em seu assoalho unidades permianas e jurássicas. A exemplo têm-se os grabéns: Rio
das Garças, Diamantino, Campinápolis e Rio Passa Vinte (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Lima et al.
2008).
Ainda nos limites do estado, com feição dômica está o Domo de Araguainha de estruturação
concêntrica, resultado de impacto de um corpo celeste. Crósta (2002) descreve o domo como
constituído por anéis concêntricos formado por cristas e colinas em sua borda externa, que
representam grábens semi-circulares erodidos, formados por falhas anelares de colapso. Este grande
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
19
evento ocorrido no final do Permiano, deformou os grupos Paraná, Itararé (Aquidauana) e Passa Dois,
além do embasamento granítico pré-cambriano.
Associada aos falhamentos normais e gravitacionais na Bacia do Paraná, sudeste de Mato
Grosso, são notadas conjunto de fraturas e falhas normais de menor extensão como: Região Falhada
das Parnaíbas e Região Falhada de Barra do Garças. Apresentam camadas basculadas e mergulhos
acima dos valores regionais (Barros et al. 1982).
TECTÔNICA E SEDIMENTAÇÃO
Com o fim do Magmatismo Pós-Paleozóico da Formação Serra Geral, a sobrecarga do espesso
volume basáltico no depocentro e a subsidência termal levaram a bacia intracratônica do Paraná a
ceder espaço para instalação de bacias cretáceas como a Bacia Bauru na região ao sul da Bacia do
Paraná, fora do domínio da Plataforma Alto Garças (Almeida, 1986; Riccomini, 1997). De acordo com
Riccomini (1997) a Bacia Bauru tem a atividade tectônica intensificada no Maastrichtiano evidenciada
pelo aumento sedimentos rudáceos. Além disso, a Bacia Bauru experimentou naquela região dois
regimes transcorrentes de direção E-W ao longo de sua evolução.
Coimbra (1991) considerou que as bacias formadas no sudeste de Mato Grosso durante o
cretáceo superior, estiveram sob regimes de falhas transcorrentes sinistrais de direção NE-SW e
dextrais de direção NW-SW. O primeiro durante o cretáceo superior resultante de esforços
compressivos impostos a placa sul-americana a oeste e à abertura da cadeia mesoatlântica a leste. O
segundo regime entre o cretáceo superior e o terciário, ligado a abertura total da cadeia mesoatlântica.
Küchle et al. (2005) em análise estratigráfica de padrões de empilhamento sobre uma bacia
rifte, determinaram fatores controladores para a sedimentação. O principal mecanismo tectônico usado
para explicar o preenchimento, é a intrínseca à relação entre espaço de acomodação em um
Hangingwall e soerguimento e erosão do Footwall simultâneos com eixo de rotação de um mesmo
bloco (figura 2.5). Neste caso o preenchimento de bacia se relaciona com evento de pulso tectônico
(Küchle et al. 2005).
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
20
Figura 2.5 Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de Hangingwall
e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
21
CAPÍTULO 3
ARTIGO SUBMETIDO
A SEDIMENTAÇÃO NEOCRETÁCEA E A INFLUÊNCIA TECTÔNICA NA BACIA DE
POXORÉO, MATO GROSSO.
THE NEOCRETACEOUS SEDIMENTATION AND THE TECTONIC INFLUENCE ON
THE POXORÉO BASIN, MATO GROSSO.
Danilo Guilherme Queiroz Ribeiro da Silva1, Jackson Douglas Silva da Paz
2, Gerson Sousa
Saes1,2
.
1. Programa de Pós-graduação em Geociências, Departamento de Recursos Minerais,
Instituto de Ciências Exatas e da Terra – Universidade Federal de Mato Grosso. Av.
Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. 78060-900 Cuiabá – MT,
Brasil. E-mail: danilogqrs@hotmail.com
2. Departamento de Recursos Minerais, Instituto de Ciências Exatas e da Terra –
Universidade Federal do Mato Grosso. Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 -
Bairro Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá – MT, Brasil. E-mail:
jackdspaz@yahoo.com.br, gssaes@gmail.com.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
22
Resumo: A respeito do Grupo Bauru no Sudeste do Mato Grosso pouco tem se discutido
sobre sua evolução tectônica e sedimentação. Por meio de mapeamento geológico na região
de Dom Aquino e Poxoréo o presente trabalho procura mostrar uma relação mais estreita
entre a sedimentação neocretácea do Grupo Bauru na Bacia de Poxoréo e a constância de uma
influência tectônica. Os dados obtidos na região permitem abordar a mapeabilidade da Fácies
Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe, nos dias atuais elevadas ao status de
Formação. A sedimentação se desenvolveu em estruturas hemi-grabén, sendo possível
estabelecer a localização dos detritos de leques aluviais (Formação Quilombinho) junto às
falhas na maior parte das vezes, com canais fluviais entrelaçados, ponds e playa lakes
(Formação Cachoeira do Bom Jardim) mais distantes. Fácies eólicas, como em muitas regiões
áridas também se desenvolveram no interior da bacia e são consideradas parte da Formação
Cachoeira do Bom Jardim. Discute-se também a interação entre Formação Paredão Grande e
Quilombinho e a composição dos clastos e seixos para as fácies de fluxos de detrito. A origem
da bacia tem sido apontada nos últimos anos como um rifte intracontinental. No entanto
devem ser consideradas outras possibilidades também interessantes sobre como se
desenvolveu a sedimentação do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso, inclusive sob a
influência da tectônica. A ativação do Lineamento Transbrasiliano sobre as bacias do neo-
cretáceo na porção norte-noroeste da Bacia do Paraná tem sido considerada como hipótese da
principal influencia. Os perfis geológicos e dados de campo mostram que houve uma
tectônica sin-deposicional na Bacia de Poxoréo, não somente com falhas gravitacionais, mas
também com falhas de transcorrência e rotações de camadas (rollovers), sugeridas por análise
de imagem LANDSAT e medidas de campo, nas bordas do hemi-grabén e no seu interior
também.
Abstract: Regarding the Bauru, Group in southeastern Mato Grosso little has been discussed
its tectonic evolution and sedimentation. Through geologic mapping in the region of Dom
Aquino and Poxoréo this paper seeks to show a closer relation between the sedimentation of
Upper Cretaceous Bauru Group in Poxoréo Basin and the constancy of a tectonic influence.
The data obtained allow the region to approach the mappability of Quilombinho Cachoeira do
Bom Jardim and Cambambe Facies, and nowadays elevated to the status of Formation.
Sedimentation developed in half-graben structures, being possible set the location of the
debris flow of the alluvial fans (Quilombinho Formation) along the fault in most cases, with
braided river channels, ponds and playa lakes (Cachoeira do Bom Jardim Formation) farther.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
23
Sandstones of eolic facies, such as in many arid regions, also were deposited into inland the
basin and are regarded part of Cachoeira do Bom Jardim Formation. Also discusses the
interaction between Paredão Grande and Quilombinho Formation and composition of clasts
and pebbles for the facies of debris flows. The origin of the basin has been identified in recent
years as an intracontinental rift. However should be considered other possibilities, also
interesting about how it developed the sedimentation of the Bauru Group in the state of Mato
Grosso, including under the tectonic influence. The activation of the Lineament
Transbrasiliano on the Upper Cretaceous basins in north-northwest portion of the Paraná
Basin has been considered assumption as the main influence. The geological cross-section and
field data show Poxoréo in the Basin, there was a syn-depositional tectonics, not only with
gravitational faults, but also transfer and rotations of layers (rollovers), suggested by analysis
of LANDSAT image and field measurements, on the edges of the Half-Graben and also
inside.
Palavras-chave: Tectônica neo-cretácea; Bacia de Poxoréo; hemi-graben.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
24
INTRODUÇÃO
A sedimentação em bacias intracratônicas está ligada a mecanismos de preenchimento
associados à tectônica, clima e suprimento sedimentar. A movimentação e ou reativação das
principais estruturas ao longo do Fanerozóico pode ter sido um fator preponderante na
formação das bacias fanerozóicas intracratônicas brasileiras. Neste cenário geológico, a
Plataforma de Alto Garças na porção norte da Bacia do Paraná, possui uma possante
deposição cretácea, objeto de estudo deste trabalho, cuja origem tem sido atribuída à
formação de uma bacia neste Período (Coimbra e Fernandes 1992, Riccomini, 1997),
provavelmente associada a reativações do embasamento incidentes sobre os arcos de
soerguimento e consequentes rupturas da bacia pré-existente (Zalán et al, 1990, Zalán, 2004).
Trabalhos prévios mostraram que estruturas tectônicas pré-existentes que controlaram tanto
de deposição quanto a deformação dos depósitos gerados (Gonçalves e Schneider, 1970;
Barros et al. 1982; Weska 1987). Coimbra (1991) propôs a existência da Antéclise de
Rondonópolis, controladora da sedimentação cretácea em bacias do tipo pull-apart e resultado
de esforços de compressivos na borda da placa Sul Americana reativando estruturas do
Terreno Brasiliano. O primeiro um predomínio da influencia de subducção da placa de Nazca.
E posteriormente um o domínio da grande abertura da cadeia meso-atlântica (Coimbra, 1991).
Para Weska (1996) e Gibson et al. (1997) o magmatismo está relacionado ao desenvolvimento
de um rifte intracontinental denominado Rift Rio das Mortes, posteriormente abortado.
Küchle et al. (2005) e Küchle et al. (2007) sobre a análise estratigráfica de bacias do tipo Rifte
apresentam padrões de empilhamento tratando dos fatores controladores da sedimentação e
tipo de sedimento. Apesar de um pouco erodidos os sedimentos neocretáceos na Bacia de
Poxoréo preservam características muito semelhantes às apresentadas por estes autores. Neste
sentido, a região mato-grossense, que se estende entre os municípios de Dom Aquino e
Poxoréo, abrangendo ainda Juscimeira, Jaciara e Primavera do Leste (Figura 1) oferece a
oportunidade de vislumbrar como se organizam os estratos cretáceos, como estes se
relacionam com o entorno sedimentar da Bacia do Paraná e, dados cortes recentes de estrada,
também é possível observar poucas, mas contundentes estruturas como falhas e dobras de
arrasto associadas com tectônica mesozoica ou mais recente. Diversas vias de acesso na área
de estudo entre rodovias federais, estaduais e vicinais permitem o tráfego e o acesso a quase
toda a área de estudo. Apenas as porções mais íngremes e com densa vegetação necessitam
uma abordagem mais de detalhe e não foram alvo deste trabalho.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
25
Figura 1 Localização da área de estudo, com cidades e distritos abrangidas, com acesso pelas
principais rodovias federais e estaduais.
Este trabalho apresenta os resultados obtidos e as discussões a respeito da influência da
tectônica na sedimentação cretácea da área de estudo por meio de mapeamento das Formações
Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim e de suas relações com as unidades paleozoicas da
bacia do Paraná.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho, foram levantados previamente imagens Landsat e SRTM
(Shuttle Radar Topography Mission) georreferenciadas e tratados nos Softwares Arcmap e
Global Mapper, além de levantamento bibliográfico. Com base nos métodos de
fotointerpretação de Soares & Fiori (1976) a análise de imagens de satélite e de SRTM
associadas a curvas de nível, destacaram-se feições geomorfológicas definidoras de zonas
homólogas e trends predominantes de lineamentos na área. Estruturalmente, a região tem
muitas quebras e alinhamentos de relevo que favorecem o destaque e o uso de feições
negativas e positivas para auxiliar na definição das zonas homólogas. Durante a etapa de
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
26
campo optou-se pelo foco no mapeamento geológico, com visitação de 288 pontos, confecção
de 10 perfis e 10 colunas geológicas com medidas estruturais usando notação clar (rumo do
mergulho/ângulo do mergulho).
CONTEXTO REGIONAL
A Bacia do Paraná é uma das sinéclises paleozóicas do Brasil, cuja evolução levou à
formação de diversas outras bacias e sub-bacias cretáceas em sua porção norte (Coimbra,
1991; Lacerda Filho et al. 2004). A tectônica tem sido uma constante na sedimentação das
bacias da plataforma brasileira (Milani e Ramos, 1998; Milani et al. 2007). Em especial no
Mesozóico, estabeleceram-se à margem da Bacia do Paraná, regimes rúpteis como motor
gerador e estruturador de novo espaço de acomodação. Estas estruturas modificadoras
geralmente estão relacionadas às reativações do embasamento e à geologia particular de cada
região. A porção norte da Bacia do Paraná no estado de Mato Grosso tem sido ressaltada
como uma estrutura denominada Plataforma de Alto Garças (Marques et al. 1993). Neste
trabalho, diversas estruturas subsidentes na forma de grabens cretáceos são encaixadas sobre a
plataforma de Alto Garças (figura 2), dentre os quais destacam-se como maiores, os Grabens
de Poxoréo, Guiratinga, General Carneiro, Diamantino, Rio das Garças, Itiquira (Coimbra,
1991; Lacerda Filho et al. 2004). O Graben de Poxoréo está localizado dentro da área de
estudo e se caracteriza como uma estrutura alongada com uma direção WSW-ENE, com
falhas e fraturas associadas. O Gráben Poxoréo se caracteriza como uma estrutura alongada
com eixo leste-oeste, com falhas e fraturas predominantes de direção NE-SW (figura 2). Seus
limites são: ao sul-sudeste, a Falha de Poxoréo e ao norte por um conjunto de lineamentos E-
W. A estruturação dessa bacia é controlada pelo arranjo de blocos que sugere uma
configuração do tipo horsts e grábens (figura 2) em que a Falha de Poxoréo se destaca como a
principal estrutura, falha mestra controlando uma parte da sedimentação. Outras estruturas
que configuram o Gráben de Poxoréo incluem a Falha de Jaciara-Serra Grande, Falha das
Parnaíbas, Falha de Dom Aquino e a Estrutura de Alto Coité. A configuração em forma de
splay (Allaby, 2008) que se observa destas estruturas em modelos digitais de terrenos e em
outros sensores remotos sugere uma possível afinidade em algum grau com o Lineamento
Transbrasiliano. Esta é uma feição tectônica-estrutural intraplaca que atravessa o território
brasileiro com direção NE-SW que pode ter atuado como superfície de reativação
(Schobbenhaus Filho et al. 1975). Muitas destas estruturas tiveram sua origem anterior ou
durante o ciclo Brasiliano (Zalán et al. 1990) e após relativo período de quiescência tectônica
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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no Paleozoico, tiveram influências do que Almeida (1969) chamou de reativação
Wealdeniana (Zalán, 2004).
Figura 2. Contexto geológico regional, na borda noroeste da Bacia do Paraná, sudeste de Mato Grosso,
compartimentação da Plataforma de Alto Garças. Modificado de Coimbra (1991) e Lacerda Filho
(2004).
Ao final do Paleozóico e durante Mesozóico em diferentes bacias no paleocontinente
Gondwana ocorreu magmatismo fissural (Misuzaki e Tomaz Filho, 2004) com instalação de
nova configuração tanto das bacias de margem continental quanto das bacias intracontinentais
(Marques et al. 1993, Milani 2007). A Bacia de Poxoréo é uma pequena bacia das muitas que
foram formadas durante os eventos de evolução crustal, magmatismo e sedimentação que
afetaram as rochas do Brasil e em especial do Mato Grosso. Na região sudeste de Mato
Grosso, o contexto tectônico da Plataforma de Alto Garças (Marques et al. 1993) envolve as
estruturas deformadoras mais comuns e de grande extensão que são falhas profundas e de
natureza gravitacional, representadas pelas Falhas de Água Fria, Diamantino, Poxoréo-
Toricuieje e os Arcos de São Vicente e Bom Jardim de Goiás (ou de Torixoréu, segundo
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Schobbenhaus Filho et al. 1975) além da Antéclise de Rondonópolis e do Lineamento
Transbrasiliano (Schobbenhaus Filho et al. 1975; Oliva et al. 1979; Barros et al. 1982;
Coimbra, 1991). Outra estrutura importante no contexto da Plataforma de Alto Garças é o
astroblema Domo de Araguainha. Todas as estruturas (à exceção do domo) tem um Trend
NE-SW e estão direta ou indiretamente relacionadas ao embasamento pré-cambriano (figura
2).
ESTRATIGRAFIA
Revisada por Schneider et al. (1974), a estratigrafia da Bacia do Paraná na Plataforma Alto
Garças não apresenta tanta diversidade litoestratigráfica quanto o interior da Bacia. Ocorrem
nesta porção ocidental as unidades: Grupo Rio Ivaí, Formações Furnas, Aquidauana e
Palermo; as Mesozoicas: Formações Botucatu e Marília, Grupo Bauru; e Cenozoicas:
Formação Cachoeirinha (figura 2). O Grupo Bauru recebe destaque na região e tem as
Formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe,
estabelecidas por Weska et al. (1987) e Weska (2006). O trabalho de campo priorizou locais
entre os municípios de Dom Aquino e Poxoréo que abrange aproximadamente 5400km² com
uma variação altimétrica de 250 a 720 metros o que permite o registro de todas as unidades
Paleozoicas (à exceção Rio Ivaí e Marília), as unidades Mesozoicas e parte do Terciário
(figura 3). A passagem entre as unidades paleozoicas é muitas vezes gradacional, ou definido
por um contato normal distinguido apenas por diferenças de cor ou granulometria.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato Grosso.
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Figura 3. Mapa geológico da área de estudo mostrando unidades paleozoicas e cretáceas.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Formação Furnas
A unidade siluro-devoniana está restrita à extremidade oeste da área em uma faixa alongada
norte-sul. Abrange a morfologia local chamada Serra do Roncador das proximidades do
distrito de Celma para além da cidade de Jaciara. A Formação Furnas na área aflora na forma
de morros, morrotes e escarpas da ordem de até alguns metros e as vezes algumas dezenas de
metros.
Figura 4. Formação Furnas próximo ao Balneário Thermas Cachoeira da Fumaça 9km à sul da cidade
de Jaciara, onde afloram arenitos médios à finos de cor cinza claro à esbranquiçados, com
estratificações plano paralelas, cruzada tabular e cruzada de baixo ângulo, sobrepostos a siltito maciço
de cor cinza claro.
Apresenta arenitos médios a finos, grossos a muito grossos, de cor branca ou cinza claro,
alaranjada de estratificação cruzada tabular, plano paralela, laminada à maciça. Ocorrem
também intercalados à arenitos siltosos, siltitos e argilitos laminados à maciços. Os arenitos
apresentam-se também consideravelmente micáceos. O padrão das paleocorrentes desta
unidade devoniana apresentou-se como polimodal (figura 5) apesar da sua conhecida
tendência para SW e W.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
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Figura 5. Paleocorrente Formação Furnas de caráter polimodal.
Figura 6. Seção colunar da Formação Furnas, à sul de Jaciara, próximo à Cachoeira da Fumaça. 1)
Estratificação Cruzada Tabular, 2) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Estratificação plano
paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Siltito, 7) Argilito.
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Formação Ponta Grossa
Esta formação aflora em vertentes de colinas e morros e ao longo de rodovias e estradas não
pavimentadas, como morros e colinas em cortes ou lajedos. Esta unidade ocorre de norte a sul
da área de estudo, restrita à porção oeste, se estendendo de Juscimeira para sul de Poxoréo.
Figura 7. Arenitos muito finos a finos de camadas centimétricas intercaladas à finas camadas de
pelitos, da Formação Ponta Grossa. Localização na MT-344 entre Dom Aquino e Jaciara.
A Formação Ponta Grossa constitui-se de arenitos finos a muito finos, cor marrom escura ou
amarelada com estrutura plano paralela, cruzada de baixo ângulo e laminação cruzada
cavalgante, de gradação normal formando camadas em média de 15 cm com máximo de até
30 cm de espessura. Nesta unidade, agrupam-se intercalações de arenitos e pelitos de 1,5 m
com granocrescência das camadas e um padrão geral granodecrescente com adelgaçamento
ascendente do empilhamento. Em leitos de rios, a Formação Ponta Grossa apresenta-se
ferrificada e/ou laterizada. Argilitos e pelitos caracterizam secundariamente a Formação Ponta
Grossa pela cor cinza esbranquiçado a cinza escuro de estrutura maciça e às vezes com
fissilidade. As paleocorrentes coletadas da Formação Ponta Grossa apresentou também um
padrão polimodal nas medidas (figura 8)
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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Figura 8. Paleocorrente Formação Ponta Grossa que apresentou um padrão polimodal. Ressaltam-se a
presença de grandes falhas normais e transconrrentes, controladoras da disposição das camadas.
Figura 9. Seção colunar da Formação Ponta Grossa na MT-457, saída norte de Jaciara. 1) Fóssil, 2)
Estratificação cruzada de baixo ângulo, 3) Laminação plano paralela, 4) Estrutura Maciça, 5) Arenito,
6) Siltito, 7) Argilito.
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Formação Aquidauana
Esta unidade ocorre, em uma larga faixa de sentido NW-SE no centro da área mapeada e
verge a partir do sul-sudeste para SW-NE. Ocorrem como lajedos, matacões, colinas,
morrotes, morros e relevos escarpados até em centenas de metros de altura. Seu contato
inferior é com a Formação Ponta Grossa geralmente como encoberto, mas pode ser observado
próximo ao rio Parnaíba (também com acesso à direita pela MT-344, 15 km de Dom
Aquino,). A geometria tabular das camadas confere ao relevo amplas formas de colinas e/ou
relevos menos escarpados.
Figura 10. Afloramento da Formação Aquidauana, na porção inferior conjunto de camadas
avermelhadas, têm arenitos finos a muito finos intercalados a argilitos e siltitos micáceos. Na superior
o conjunto de camadas amareladas de arenitos médios intercalados arenitos muito finos e pelitos
subordinados.
Ao centro da área o contato superior com a Formação Palermo é concordante e abrupto e
mostra-se mais evidente em relevos escarpados. Os depósitos carboníferos da Formação
Aquidauana caracterizam-se por arenitos finos a muito fino avermelhados, ou médios a finos
de cor amarelo a vermelho rubi, com intraclastos de siltitos preservados no foreset. Em geral
são micáceos e perdem esta característica quando mais amarelados ou muito intemperizados.
As estruturas mais comuns são plano paralela, laminada, maciça e cruzada de baixo ângulo.
Intercalado aos detritos arenosos estão argilitos e ou siltitos vermelhos a róseos,
variavelmente amarelos e/ou cinza esbranquiçados, de estrutura plano paralela, laminada ou
maciça. Quando presente a intercalação destes arenitos a argilitos e/ou siltitos formam
conjuntos granodecrescentes. Medidas de paleocorrente mostram trend de deposição das
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de Mato
Grosso.
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camadas para SE-E. As medidas de paleocorrentes desta unidade carbonífera ajudaram a
formar um padrão bem representativo do tipo bimodal oblíquo (figura 11), o que ajuda a
confirmar o que se observa no relevo da região, em especial em Dom Aquino.
Figura 11. Paleocorrente Formação Aquidauana com padrão bimodal oblíquo.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Figura 12. Seção tipo da Formação Aquidauana na MT-260, 12 km à leste de Dom Aquino. 1)
Laminação Cruzada cavalgante, 2) Ondulações, 3) Estratificação cruzada de baixo ângulo, 4)
Estratificação cruzada, 5) Estratificação plano paralela, 6) Maciça, 7) Arenito, 8) Siltito, 9)
Argilito.
Formação Palermo
A Formação Palermo ocorre nas regiões mais altas e em platôs, sobreposta à Formação
Aquidauana. O relevo associado com esta formação é escarpado e marcado por morros e
cortes de estradas ao longo da rodovia MT-260, em geral na Serra dos Parnaíbas. Esta
unidade também aflora em drenagens associadas a lineamentos e ou planos de falha.
Observa-se que este depósito permiano está parcialmente encoberto pelas unidades
cretáceas nas regiões de platô. O contato com as rochas cretáceas na área de estudo se
dá por discordância angular e/ou erosiva. Esta unidade apresenta sempre empilhamento
de camadas com pouca espessura (~20m), capeando de forma relativamente abrangente
a Formação Aquidauana.
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Mato Grosso.
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Figura 13. Formação Palermo à beira da rodovia MT-260. Arenitos finos a muito finos
acamadados e algumas estruturas de onda, interestratificados à argilitos. O afloramento neste
ponto é muito silicificado com pouca estratificação preservada.
A unidade permiana constitui-se principalmente por arenito fino, muito fino à areno-
argilosos, subordinadamente, média. A cor variegada alterna-se entre marrom, marrom
claro, cinza, e cinza esbranquiçado, enquanto amarelado e róseo são menos comuns.
Secundariamente, notam-se argilitos maciços vermelhos ou cinza claros, com até 2m de
espessura e argilitos laminados amarelos avermelhados pouco espessos. Ocorrem ainda
ritmitos de arenito marrom e argilito preto e silexitos, oolíticos, arenitos finos a médios
e brechas. Em alguns pontos, é possível observar arenitos friáveis finos a médios e/ou
argilitos interestratificados com nódulos e concreções de sílica horizontais, às vezes
verticais, tendo sido suas camadas também parcialmente silicificadas. Nos afloramentos,
observam-se estruturas plano paralelas, maciças, acamadado e Hummockys. Quando
friáveis são mais distinguíveis pela cor e granulometria. Medidas de acamamento S0 em
Dom Aquino estão em geral para.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Figura 14. Seção colunar da Formação Palermo, na MT-260, 16 km à leste de Dom Aquino. 1)
Oóides, 2) Ondulações, 3) Laminação plano paralela, 4) Maciça, 5) Arenito, 6) Silexito, 7)
Ritmito, 8) Argilito.
Grupo Bauru
O Grupo Bauru na área de estudo com diversas nomenclaturas: Formação Bauru,
dividida em membros inferior e Borolo (Gonçalves e Schneider, 1968; 1970); Grupo
Bauru, Formação Marília (Sousa Jr et al. 1983); Grupo Bauru, formações Paredão
Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe (Weska et al. 1987;
Weska, 2006). Datação obtida nas rochas magmáticas desta sucessão por meio de
métodos Ar-Ar apontam para idade em torno de 84 Ma (Gibson et al. 1997). Esta
sucessão corresponde, temporalmente, aos depósitos da Formação Marília nas regiões
de São Paulo e Minas Gerais, mais precisamente Uberaba ao Membro Serra da Galga e
talvez Membro Ponte Alta (cf. Sousa Jr et al. 1983).
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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O Grupo Bauru aflora ainda em córregos e cortes de estrada às margens das rodovias
MT-260, MT-130 e estradas vicinais não pavimentadas. Além disso, o Grupo Bauru se
destaca pela litologia predominantemente terrígena com eventuais variações para
química e vulcânica. A espessura máxima estimada é de 300m. O contato inferior
registrado na área de estudo varia de discordância angular (ponto 88) a
paraconformidade com a Formação Palermo. Um contato entre a Formação Aquidauana
e Formação Quilombinho de discordância angular foi observado à beira do rio Pombas
(ponto 168), com acesso pela rodovia MT-472. O topo do Grupo Bauru é marcado pela
formação de perfis de laterização. Neste trabalho, adota-se a proposição de Weska et al.
(1987) pela qual o Grupo Bauru representa uma sucessão vulcanossedimentar originada
no final do Cretáceo na região centro-sul do estado de Mato Grosso dividida em quatro
unidades litoestratigráficas.
Formação Paredão Grande (Diques da Raizinha /Derrame da Lajinha)
A Formação Paredão Grande ocorre como diques e derrames, conhecidos na literatura
também por diques Raizinha e derrame da Lajinha (Oliveira et al. 1992). Estas rochas
básicas formam morros de até 6 km de extensão por poucas dezenas de metros com
composição alcalina (cf. Gibson et al. 1997) e direção preferencial N-S. Weska (2006)
menciona outro derrame na localidade do Córrego Preto (a 30 km NE de Dom Aquino),
ainda dentro da área de estudo. Na região do derrame da Lajinha (pontos 229 e 230), é
possível verificar contato sindeposicional entre as formações Paredão Grande e
Quilombinho (figura 15). Neste ponto observam-se duas fácies:
1. Basalto cinza escuro a esverdeado, afanítico, denso, acamadado (camadas
milimétricas a centimétricas) com contato entre as camadas marcado por
vesículas circulares a semicirculares. Também são notadas marcas de
sobrecarga e espessura estimada em 20 m.
2. “Lamito” cinza claro argiloso intensamente venulado com sobrecrescimento
de cristais de epidoto e também caulinizado. As vênulas cortam o lamito
horizontal e obliquamente, formando um padrão amendoado. Este lamito
ocorre imediatamente acima de camadas de arenito médio friável atribuído a
Formação Quilombinho e, lateralmente, é cortado por falha normal direção
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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NW-SE e mergulho alto de pelo menos 40° para SW a partir de onde são
observados os conglomerados da Formação Quilombinho.
Figura 15. Perfil geológico da sucessão vulcanoclástica e derrames basálticos da
Lajinha, sobrepostos à Formação Quilombinho. Os lamitos são visivelmente
diferenciados entre porção inferior e superior. Inferior: estrutura laminada, venulado e
coloração arroxeada. Superior: Estrutura Maciça e colocaração esverdeada
Interpretação:
Estas fácies efusivas se originaram por extravasamento de magma basáltico cortando a
Formação Quilombinho, resultando em elevação de poucos metros hoje erodidos e ou
sobrepostos pela sucessão de camadas da Formação Quilombinho e ou Cachoeira do
Bom Jardim.
O basalto descrito na área de estudo é interpretado como derrame subaéreo o que deriva
das estruturas de acamamento, amígdalas nos planos de acamamento, estruturas de
sobrecarga e a associação inter-acamadada com os arenitos e conglomerados da
Formação Quilombinho. As principais lineações norte-sul da Formação Paredão Grande
na região da Raizinha podem ser interpretadas como diques.
Os lamitos são interpretados como fácies vulcanoclástica muito fina por causa da
intensa venulação restrita a esta fácies e minerais de epidoto e caulim. Este “lamito”
provavelmente representa um depósito vulcanoclástico ou depósito de fluxo
vulcanoclástico muito fino, talvez tufo ou ainda a porção lateral de um derrame de lava
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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(cf. Tucker, 2003). Este último muito semelhante à disposição espacial observada entre
o derrame de basalto e o “lamito” na área de estudo. Esta estruturação se deve em
função da proximidade aos derrames basálticos. O truncamento de camadas podem ser
evidências de fluxos em preenchimento de vale. É possível que estes depósitos
vulcanoclásticos tenham se formado em condições subaéreas dada sua alteração para
epidoto e caulim (Tucker, 2003).
Formação Quilombinho e Formação Cachoeira do Bom Jardim
Sobre a distribuição da Formação Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim, ocorrem
interdigitadas na área de estudo. A Formação Quilombinho corresponde aos
conglomerados polimíticos com clastos de quartzarenitos da Formação Botucatu,
clastos de silexitos da Formação Palermo, clastos de quartzitos arredondados e clastos
da fácies 2 da Formação Paredão Grande muito bem arredondados a moderados. Mal-
selecionados, os grãos dos conglomerados variam a granulometria de seixos a matacões.
A associação de rochas desta unidade tem uma tendência granodecrescente, mesmo em
afloramentos de pouca espessura.
A Formação Quilombinho possui espessura estimada de 60 metros em superfície
(pontos 211 a 213). Não são observadas estruturas deposicionais. O arcabouço dos
conglomerados ocorre como aberto e fechado e matriz arenosa à argilosa (figura 16).
Figura 16. Seção colunar da Formação Quilombinho na região das Parnaíbas, próximo à
empresa Fluente Água Mineral (ponto 192). 1) Estratificação acamadada, 2)
Estatificação maciça, 3) Camada silicificada, 4) Arenito, 5) Argilito ou matriz de textura
argilo-arenosa, 6) Conglomerado Polímitico.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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As camadas ocorrem da ordem de algumas dezenas de centímetros a alguns metros de
espessura. Em alguns casos é possível verificar conglomerados cortando camadas
abaixo (figura 17a e 17b) e com indicações de paleofluxo para SW.
A distribuição areal da Formação Quilombinho é limitada e representada por sete
porções distribuídas ao longo das principais falhas da área de estudo: a) duas porções na
região imediatamente ao norte da Falha de Poxoréo; b) duas porções encerradas entre a
expressão norte e a expressão sul da Falha Jaciara-Serra Grande; c) duas porções na
região central da área de estudo ao norte da Falha de Jaciara-Serra Grande; d) uma
porção restrita ao bloco rebaixado da falha mais setentrional do sistema de falhas das
Paranaíbas.
Na região de Poxoréo a Formação Quilombinho é dificultosamente identificável tanto
em tratamento em imagens de satélite quanto em trabalho de campo. Em porção não
muito abrangente, na região da Falha das Parnaíbas no vale do rio de mesmo nome,
conglomerados da Formação Quilombinho são identificáveis em contínua faixa NE-SW
ao longo de morros paralelos ao córrego ponteiro e à beira da escarpa resultante da
Falha das Parnaíba. Além disso, a geometria destes corpos não se prolonga em direção a
SE, formando uma continuidade de vários leques amalgamados lateralmente.
Figura 17a. Conglomerado polimítico intercalado a siltito avermelhado próximo a
Poxoréo. Figura 17b. Conglomerado polimítico muito alterado na região da Serra das
Parnaíbas.
Formação Cachoeira do Bom Jardim se caracteriza por arenitos finos a muito grossos,
composição litarenítica, camadas centimétricas a métricas, eventualmente intercaladas
aos conglomerados da Formação Quilombinho e que, localmente, podem formar
camadas de arenitos carbonáticos a margas e calcretes. Em alguns casos podem ver-se
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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camadas de argilitos maciças ou com laminações plano paralelas precedendo estas
margas como na mina da Império Minerações. Calcarenitos e calcretes também ocorrem
em intercalação a arenitos, siltitos e pelitos como na Lavrinha Verde (figura 18).
Figura 18. Seção Colunar da Formação Cachoeira do Bom Jardim apresentando
calcretes, e arenitos calcíferos intercalados a pelitos e arenitos maciços sobrepostos no
topo por conglomerado monomítico, na MT-453 próximo à Lavrinha verde (ponto 226).
1) Discordância erosiva, 2) Esturura acamadada, 3) Estrutura laminada, 4) Estrutura maciça,
5) Silicificação, 6) Arenito, 7) Pelito, 8) Siltito, 9) Calcário, 10) Conglomerado monomítico, 11)
Camada calcífera.
Os arenitos formam a maior expressão do Grupo Bauru na área de estudo, ocupando
cerca de 90% da área mapeada como cretácea. As estruturas deposicionais identificadas
incluem estratificação plano paralela, estratificação cruzada de baixo ângulo e
acamamento maciço. A cor das camadas detríticas é em geral róseo, avermelhado ou
amarelado e eventualmente cinza claro. Os calcários são maciços e/ou acamadados e se
apresentam em cor cinza clara (figura 19a e 19b).
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Figura 19a. Camada de margas calcárias sobrepostas por calcrete e conglomerado cimentado
por calcita no rio Coité. Figura 19b. Detalhe das camadas calcrete e conglomerados.
Arenitos argilosos de cor cinza claro intercalados a siltitos arenosos vermelhos
alaranjados, laminados ainda podem ser observados na MT-130 (~2,5 km à sul de
Poxoréo) sucedendo conglomerados e arenitos da Formação Quilombinho (figura 20).
Figura 20. Camadas da Formação Quilombinho levemente basculadas para N-NW (direita) à
beira da MT-130 próximo a Poxoréo. 1) Contato entre a Formação Quilombinho e a Formação
Aquidauana por discordância erosiva e angular. 2a) Camada de conglomerado acamadado,
constituído por seixos e clastos de Formação Palermo intercalado a lentes de arenito siltoso. 2b)
Arenito siltoso muito fino com estrutrura laminada plano paralela cor cinza claro intercalado a
siltito arenoso com laminação plano paralela de cor vermelha a laranja.
Interpretação:
Os conglomerados e arenitos grossos da Formação Quilombinho ocorrem junto às
morfologias de escarpas e, do ponto de vista deste trabalho, representam depósitos
proximais de bordas de falha na forma de fluxos de detritos. Visão semelhante tem sido
adotada em trabalhos anteriores (Gonçalves e Schneider, 1970; Weska, 2006). A
Formação Cachoeira do Bom Jardim, por sua vez, representa os depósitos subsequentes
à desaceleração do fluxo e passagem gradativa para um ambiente dominada por canais
entrelaçados. A interpretação de fluxo de detritos e canais entrelaçados é fortalecida
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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pela presença de calcretes que são perfis de paleossolo que registram condições
subaéreas na área de estudo.
Os fluxos de detritos são depósitos predominantes em ambientes expostos à atuação da
gravidade em condições subaéreas. Além disso, os registros da variação granulométrica
em um curto espaço, de conglomerados e outros depósitos mais finos inter-
interacamados, junto às estratificações cruzadas de baixo ângulo levam à interpretação
de porções proximais e intermediárias de leques aluviais e permite supor a
desaceleração do fluxo.
A Formação Cachoeira do Bom Jardim que ocupa a maior porção da área de estudo
representa o depósito de canais entrelaçados confinados aos vales gerados entre as
antigas escarpas onde prevaleciam os depósitos de fluxo de detritos citados
anteriormente. Os litarenitos, margas e calcretes da Formação Cachoeira do Bom Jardim
representam um depósito de canais entrelaçados com desenvolvimento de paleossolos e
ponds subaquosos supersaturados de carbonato de cálcio. A Formação Cachoeira do
Bom Jardim é então entendida como o registro de porções mais distais do sistema de
leques aluviais. Embora a estrutura sedimentar dos arenitos da Formação Cachoeira do
Bom Jardim se apresente muitas vezes como maciça, ocorrem também estratificações
cruzadas acanaladas e tabulares, estratificação plano paralela e estratificação cruzada de
baixo ângulo que reforçam a ideia de sistema de canais entrelaçados, uma vez que não
são observados fácies típicas de planície de inundação como siltitos com marcas de
raízes. A presença de margas é muito restrita e, por isso, interpretada como depósitos de
pond salobros em que o carbonato se formava ou como matriz deposicional ou como
cimento. A ideia de ponds é condizente com a sobreposição pelos depósitos de
calcretes.
A relativa proximidade da marga oriunda dos ponds carbonáticos em relação à escarpa
de falha (em torno de 2 a 7 km) aliada à espessura variável da marga podem ter
diferentes significados, podendo ainda ser interpretados como playa-lake o que
implicaria em ambiente de alta salinidade e alcalinidade. Este processo de precipitação é
favorecido em sistemas em que há inibição das taxas de soerguimento e movimentação
de falhas e/ou clima é mais quente e com menor pluviosidade resultando em menor
geração de suprimento sedimentar (Nichols, 2009). A relação entre as Formações
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim, é respectivamente uma clara interação de
fácies proximais e distais (Leeder e Gawtorphe, 1987) de uma mesma unidade
estratigráfica.
Formação Cambambe
A Formação Cambambe não foi observada nas atividades de campo e sua expressão na
área de estudo é atribuída em função da interpretação dos mapas de zonas homólogas de
relevo e drenagem, oriundas de imagens de LANDSAT (ou Google Earth?) e modelos
digitais de terreno (SRTM). Nesta condição, a Formação Cambambe tem sua
distribuição areal delimitada a cerca de 2% do que resta nesta região e devido à erosão
está restrita às porções mais altas do relevo, dentro da bacia cretácea, com altitudes
entre 600 e 710m. O relevo da Formação Cambambe se caracteriza por morros
testemunhos com topo chato e na forma de mesas. A textura do sensor remoto neste
relevo apresenta-se lisa e uniforme (figura 3).
De acordo com Weska (2006) esta unidade tem como litotipos conglomerados
petromíticos, brechas intraformacionais, arenitos finos, arenitos grossos, arenitos
conglomeráticos e silcretes. Os detritos conglomeráticos em geral tem o arcabouço
suportado por matriz e proveniência de clastos e brechas na grande maioria das
unidades subjacentes da Bacia do Paraná e Formação Paredão Grande. Weska (2006)
interpreta a unidade como depositada em ambiente flúvio-lacustre em clima árido sob
condições evaporíticas.
Kuhn (2013) descreveu a Formação Cambambe como sendo representada por arenitos
finos a muito finos, maciços, com geometria tabular e clastos dispersos, bioturbado e
pontualmente silicificado a muito silicificado no topo.
GEOLOGIA ESTRUTURAL
As imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth permitiram traçar e interpretar lineamentos do
relevo que estruturam a região (Figura 19). A análise destas feições de relevo em imagens
SRTM levaram a um arcabouço prévio das estruturas muito semelhante aos já propostos (p.e.,
Gonçalves & Schneider, 1970; Oliva et al., 1979). Contudo, este trabalho mostra maiores
detalhes, sobre as estruturas já mapeadas e as que não haviam sido abordadas anteriormente. A
exemplo, são citados os lineamentos NW-SE mencionados por Coimbra (1991) e o extenso
lineamento N-S (Figura 21).
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Figura 21. Lineamentos interpretados a partir de imagens SRTM, LANDSAT e Google Earth.
A partir do alinhamento destes relevos obtiveram-se trends principais com direções: 40° à 90°;
290° à 330° e 360° (Figura roseta). As maiores concentrações no trend NE-SW se concentra
entre 50° e 70°, enquanto NW-SE mostra uma expressão maior do trend NW-SE em torno do
azimute 315°. Há também consideráveis medidas apontando para os lineamentos E-W e N-S.
Figura 22. Roseta de lineamentos medidos a partir dos lineamentos interpretados.
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Estruturas rúpteis
Entre os dados de campo coletados estão medidas estruturais, acamamento e flancos de
dobras em estereograma (figura 23). Estes dados ajudam a verificar de uma forma geral
as disposições de acamamento e o comportamento em relação às grandes estruturas e as
suas distribuições. Destacam-se os flancos de dobras. Estas dobras são raras, sendo
assim as estruturas da área de estudo apresentam caráter naturalmente rúptil. O
comportamento do acamamento ou flancos de dobra ajuda a caracterizar uma resposta
ao movimento vigente.
Figura 23. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas
de acamamento (s0) e flancos de dobra.
Algumas medidas de falhas normais e raras de transcorrentes foram encontradas porém
com certa dificuldade de acordo com a localização. Cruzando e comparando estas
informações com medidas de fraturas e com grandes estruturas definidas no mapa,
também coletadas em campo, observa-se uma correspondência e estabelece-se uma
relação. As fraturas são representadas por rosetas e falhas por estereogramas. As
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informações dispostas no mapa mostram fraturas conjugadas e ou perpendiculares
posicionadas junto às falhas (figura 24). Estas fraturas conjugadas, tendo diferenças de
ângulo até 30°, são passiveis de interpretação como uma resposta à movimentação
cisalhante da grande estrutura de falha (Loczy e Ladeira, 1976). Tendo registrado estas
fraturas nas Falhas de Jaciara-Serra Grande e de Poxoréo, como por exemplo com
ângulos de 40° à 70° enquadradas no trend NE-SW, levam indicação de um movimento
sinistral da falha. As fraturas perpendiculares ou transversais superior à 45° indicam
diferentes fases de deformação tectônica como se observa próximo de Dom Aquino à
leste e oeste na MT-260.
Figura 24. Mapa de estruturas interpretadas para a região com posicionamento de estereogramas
de falhas e rosetas de fraturas.
Falha Jaciara Serra-Grande
Feição tectônica de grande expressão pelo lineamento impresso na área (cf. Gonçalves e
Schneider, 1970). Bem distinta em imagens SRTM, considera-se cerca de 90 km. Em
geral, esta falha tem orientação N58°-68°E. Em mapas de bacias de drenagem, cruza os
afluentes do Rio São Lourenço, influenciando as sub-bacias do Córrego do Amaral
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Mato Grosso.
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Grotão, Barroso e Rio das Pombas e as sub-bacias Rio Poxoréozinho e Coité afluentes
do Rio Poxoréo. A geomorfologia ao longo desta estrutura é variável, pois acompanha
morros, morrotes, colinas e vales. Esta estrutura põe em contato tectônico as Formações
Furnas (inferido) Ponta Grossa Aquidauana e Palermo. Entre os municípios de Dom
Aquino e Poxoréo, nas cabeceiras dos córregos da Rapa, São Bento São João e
Poxoreozinho, onde predominam platôs, afeta tectonicamente a relação de contato das
unidades Mesozoicas Formações Paredão Grande e Quilombinho com Formação
Aquidauana e Palermo. Os perfis topográficos SRTM e geológicos de campo com
direção NW-SE mostram discrepâncias explicitando localização desta grande estrutura
(figura 23).
Falha das Parnaíbas ou Região Falhada das Parnaíbas
Caracteriza-se como conjunto de lineamentos NE-SW que se estende por cerca de 20
km desde proximidades à MT-344 (a 15 km de Dom Aquino, acesso à direita) a porções
medianas da sub-bacia do Rio Parnaíba, dentro da área de estudo. Contudo a extensão
visual dos lineamentos chegam a cerca de 40 km se estendendo para além do Rio São
Lourenço, à sua margem direta. Constitui um paralelismo de lineamentos que delimitam
o relevo nesta área. A geomorfologia é configurada por dois platôs separados pelo vale
do Rio Parnaíba (figura 25).
A estrutura afeta as Formações, Furnas, Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo,
Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim de forma geral em abatimento e soerguimento
de blocos. A ocorrência em campo de conglomerados polimíticos da Formação
Quilombinho no vale do ribeirão Parnaíba, coincidentes com o Grabén e/ou região
Falhada das Parnaíbas. A fácies conglomerática da mesma unidade aflora em morros e
morrotes ao longo de extensa faixa NE-SW.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
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Figura 25. Perfil geológico: A-B) na região da Serra das Parnaíbas; C-D) entre a Serra das
Parnaíbas e os Alcantilados; E-F e G-H) região do Morro Santo Antônio e Córrego são
Domingos.
Falha de Poxoréo
A estrutura de feição marcante é claramente visualizada em imagem SRTM e Landsat.
Assim como para Barros et al. (1982), se estende por cerca de 90-95 km, desde porções
medianas do Rio Areia até a região entre Alto Coité e a BR-070, 36 km à leste da cidade
de Primavera do Leste. A falha de Poxoréo afeta tectonicamente as Formações, Ponta
Grossa, Aquidauana, Palermo, Botucatu, Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim. Em
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imagens Landsat e SRTM está claro o paralelismo dos lineamentos NE-SW e em parte a
relação de blocos altos e baixos, efeito dos movimentos distensivos e rejeitos de falha
entre 300 e 500 metros. Este lineamento nas imagens tem direção de N60°E com
inflexão para N45°E, próximo à Poxoréo em direção à Coité. A geomorfologia da
região ao longo da falha é de morrotes, morros e em parte escarpas pouco contínuas e
algumas colinas configurando as regiões mais baixas. Secundariamente observa-se a
estrutura deslocada por planos de lineamentos transversais (NW-SE). Perfis geológicos
mostram rejeitos de pelo menos 300 metros
As falhas extensionais são profundas, à rasas ocorrem de SW para NE. Um plano de
falha próximo à saída leste da cidade de Poxoréo (MT-260/373), que corta rochas
silicificadas da Formação Palermo sobre a Formação Aquidauana, apresenta dobras de
arrasto. O rejeito de falha e acamamento S0 orientam-se preferencialmente
N64°W/75°SW e N10°E/15°NW.
Figura 26. Afloramento de contato entre as Formações Aquidauana e Palermo, com rejeito de
falha normal e estruturas associadas ao movimento gravitacional. I) veio de sílica, II) Plano de
falha, III) Planos de fratura e estrias verticais, Ss-Estrias; S0- acamamento, Sfr-fraturas e veios
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Junto à estrutura de Alto Coité, próximo ao distrito de mesmo nome, é possível ter
acesso ao contato entre as unidades Ponta Grossa e Aquidauana em um plano de falha
com medidas N45°E/75°NW, também muito silicificados. Próximo ao Morro da Mesa é
possível observar cortes da rodovia e deformações como dobras na Formação Palermo e
outras rúpteis como fraturas e falhas na Formação Aquidauana e Quilombinho. A
estrutura ainda apresenta influência sobre a deposição neocretácea com falhas antitéticas
que bascularam camadas e abriram espaço para nova deposição no hanginwall (figura
27).
Figura 27a. Perfil Geológico na rodovia MT-130, Falha de Poxoréo com falhas antitéticas e
fraturas ortogonais, unidades permocarboníferas e cretáceas. A Figura 27b. Corte de estrada
demonstrando a ordem de deposição das camadas neocretáceas na MT-130. I) Camada de
conglomerado acamadado, constituído em sua maior parte por seixos e clastos de Formação
Palermo. I) Camada de arenito maciço e lentes acamadadas de arenito siltoso. III) Intercalações
de arenito e siltito argiloso com estratificação cruzada e cruzadas de baixo ângulo depositadas
no Hanging Wall de uma falha antitética.
Falhas NW-SE
São identificados 3 grandes lineamentos subparalelos de direção NW-SE, tendo o mais
contínuo extensão de quase 80 km identificáveis claramente pelas imagens SRTM.
Cruzam de 17 a 63 km aproximadamente dentro da área de trabalho além de atingir
perpendicularmente as principais bacias de drenagem que alimentam o Rio São
Lourenço. As direções dos lineamentos variam entre 335°-155° e 303°-123° (figura 3).
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As observações de campo em conjunto com a imagem SRTM e Landsat, permitiu a
análise da distribuição da Formação Palermo sobre a porção oeste do Mapa
acompanhando este trend NW-SE (figura 3). Na mesma análise de imagens SRTM e
Landsat verifica-se a presença de um alto estrutural que acompanha os lineamentos
NW-SE. Sobre o eixo dos córregos da Rapa, Lajinha e São Luiz, ocorrem outros
lineamentos com mesma variação de direção, porém sem elementos que configurem
movimentação estrutural. Dados de campo mostram que na MT-260, na Fazenda Nª Sª
Aparecida (distante 12 km da cidade de Dom Aquino, em direção à Poxoréo), ocorre
falha de transcorrência de movimento dextral com medidas estruturais N70°W/75°SW,
com slickensides de 255º/75° (figura 28).
Figura 28a. Plano de falha de transferência em afloramento de arenito da Formação
Aquidauana, com movimento destral; Figura 28b. Mesoplano de falha com indicação de
slicken-sides.
Falhas e Lineamentos Subordinados
Lineamento N-S
Identificáveis em imagens SRTM os alinhamentos N-S encontram-se pouco distribuídos
pela região, com mais expressividade a oeste. Esta feição corta lineamentos
preexistentes NE e NW. O mais extenso coincide com o eixo do Rio São Lourenço
(figura 29), tem aproximadamente 57 km de extensão dentro da área de estudo. No
entanto outros lineamentos paralelos com semelhante extensão, porém um pouco
incipientes acompanham os derrames e diques na região da Serra das Parnaíbas e região
da Raizinha se estendendo para sul até o município de Juscimeira. É possível que estes
feições lineares estejam ligadas a origem do magmatismo neocretáceo da Formação
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Paredão Grande. Lineamentos de amplitude bem menor (cerca de 1-5 km), localizados
entre vales da Serra das Parnaíbas e região dos Alcantilados com acesso ao longo da
MT-260. Mais especificamente as Formações Ponta Grossa, Aquidauana, Palermo e
Grupo Bauru, tem feições negativas e positivas de lineamentos de relevo com estes
alinhamentos N-S. A mencionada feição paralela ao eixo do Rio São Lourenço,
dificilmente apresenta elementos de campo que ajudem a classifica-la como falha
normal. Porém apenas com os dados fornecidos pelo mapeamento é possível inferir tal
estrutura de direção N-S com mergulho vertical para leste. Como na literatura não foram
encontradas muitas informações sobre esta estrutura achou-se pertinente nomeá-la,
adotando a toponímia local distrito de Coronel Ponce, parte do município de Campo
Verde, para denominar-se Falha de Coronel Ponce.
Figura 29. Perfil e mapa geológico de detalhe da Falha de Coronel Ponce próximo à
cidade de Dom Aquino.
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Mato Grosso.
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Lineamentos E-W
Distribuídas não tão amplamente quanto aos trends principais, os lineamentos E-W,
ocorrem obliquamente aos NE-SW e ou NW-SE. É possível observar estes lineamentos
associados às Zonas de Falha Jaciara-Serra Grande Parnaíbas e Poxoréo, desde alguns
milhares de metros a dezenas quilômetros. O destaque para estes alinhamentos são
feições negativas de vales e escarpas na Serra Grande. Na região de Alcantilados onde
largos vales margeiam escarpas tendem a se estender para oeste através do Córrego São
Domingos (afluente do rio das Pombas) e cabeceiras do Córrego Barroso e Mutum
(afluentes do rio São Lourenço). Outros lineamentos E-W mais incipientes aparecem a
sul da localidade denominada Raizinha tangenciando a Falha de Poxoréo. Feições
negativas da quebra de relevo destacam os lineamentos. Na região da Serra Grande
dados de campo mostram planos de fratura preenchidos por sílica com medidas E-
W°/80°S. Ao Longo de MT-260, 6 km a leste de Dom Aquino, observa-se um morro
constituído pela Formação Aquidauana deslocado gravitacionalmente por falha de
direção E-W com caimento para norte, em latitude aproximada à mesma na região de
Alcantilados que desloca o Grupo Bauru para centenas de metros abaixo da Formação
Aquidauana (figura 3).
Estrutura de Alto Coité
Constituída pelo cruzamento de falhas, fraturas e lineamentos de direções NE-SW e
NW-SE a estrutura caracteriza-se pela semelhança de um domo. As extensões destas
feições lineares variam entre 3 e 9 km e as dimensões da estrutura são de
aproximadamente 50 km². Descrita pela primeira vez no mapeamento de Gonçalves e
Schneider (1970), foi associada por Barros et al. (1982), à hipótese de um soerguimento
desta forma de domo, tipo bloco de falha, como parcialmente perfurante. No entanto é
concluído pelos mesmos autores como resultado de reativação da Falha de Poxoréo,
associada a falhas antitéticas, com posterior e gradual ação de processo erosivo o que
promoveu o aspecto geológico e geomorfológico. O mapeamento realizado por
Gonçalves e Schneider (1970), apresenta um grande detalhe na compartimentação
estrutural envolvendo as unidades estratigráficas e falhas normais. O presente trabalho
utilizando em sua maior parte as suas informações, trata a estrutura como um horst
menor inserido no hemi-graben de Poxoréo com pequeno mergulho para sudoeste.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Considera-se que sua evolução provavelmente foi simultânea à da Falha de Poxoréo. A
Formação Palermo em geral tende a aparecer capeando a estrutura e sua parte norte e
sul apresentando aparente mergulho para, NW e SE respectivamente (figura 30)
Figura 30. Perfil geológico em mapa geológico de detalhe da Estrutura de Alto Coité junto à
Falha de Poxoréo. 1) Falha normal (planta), 2) Fratura ou falha não determinada, 3) Falha
normal (perfil geológico), 4) Formação Ponta Grossa, 5) Formação Aquidauana, 6) Formação
Palermo, 7) Grupo Bauru.
Tendo observado e analisado as informações de campo montou-se pequenos blocos
diagrama de situação caracterizando os regimes de falha predominante em cada local.
(figura 31). Os blocos diagrama posicionados no mapa ajudam a entender em resumo, a
situação geológica estrutural da área de estudo sem fazer uma distinção entre fases de
deformação.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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Figura 31. Uma síntese dos movimentos de falhas representados por blocos diagrama, em cada
local.
A ORIGEM DA BACIA DE POXORÉO
O primeiro modelo a explicar a origem da Bacia de Poxoréo e das bacias mesozóicas de
Mato Grosso como um todo, remonta aos trabalhos de Almeida (1967; 1969) em que o
autor associa a origem do magmatismo mesozóico à fragmentação gondwânica no
evento que se convencionou chamar Reativação Wealdeniana marcado por
movimentação de falhas antigas, soerguimento de arcos e abatimento de bacias ao longo
de toda plataforma sul-americana. Estes eventos culminaram com os derrames finais da
Formação Serra Geral por volta de 135 Ma. Na área de estudo, a Formação Paredão
Grande, contudo, começa a se formar muito tempo depois por volta de 84 Ma (Gibson
et al. 1997). Este gap de tempo pode significar que o mecanismo gerador da Bacia de
Poxoréo não esteja ligado diretamente à reativação Wealdeniana.
Weska (1996) e Gibson et al. (1997) vislumbraram a formação de rifte intracontinental
na região da área de estudo, dominado por magmatismo semelhante ao tipo OIB
(basaltos de ilhas oceânicas) a alcalino. São evidências para defender este modelo os
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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dados geoquímicos que apontam para uma profundidade em torno de 30 km a 100 km
de profundidade e temperaturas em torno de 1.500 ºC como ambiente gerador do
magma (Gibson et al. 1997). Este rifte tem sido denominado Rifte Rio das Mortes e
resulta da interação entre uma pluma mantélica e a porção inferior da litosfera e se
revela por meio de um lineamento (talvez marcado por hot spots) ao longo do
lineamento Poços de Caldas – Cadeia vulcânica Vitória-Trindade (ver Fig. 1 de
Mizusaki et al. 2002). Mizusaki et al. (2002) ressalta ainda uma observação do
Professor Fernando Almeida de que este lineamento pode ser apenas uma coincidência,
mas há uma forte sugestão de ligação genética.
A ocorrência deste trend de intrusões magmáticas pode sugerir também que os esforços
oriundos da rotação horária da placa sul-americana ao final do Cretáceo (Françolin e
Szatmari, 1987; Rabinowitz & Labrecque, 1979) geraram zonas de fraqueza muito
suscetíveis à atuação destas intrusões pelo menos na área de estudo. As estruturas
resultantes destes esforços, além do mais, não precisam coincidir com as estruturas mais
antigas preservadas no embasamento pré-cambriano (Mizusaki et al. 2002). Esta rotação
pode ainda ter gerado falhas mais recentes e profundas que atingiram o manto superior
por volta de 98 Ma a 84 Ma. O alívio das pressões confinantes levou à formação de
magma que ao ascender se tornou mais alcalino ao interagir com a porção basal da
crosta continental. O magma se adapta em especial às estruturas norte-sul nas quais se
encaixam as intrusões da Formação Paredão Grande. Ainda que subordinadas na área de
estudo, as estruturas norte-sul podem ser as fraturas ortogonais ao eixo distensão
resultante da rotação da placa. Assim, mais que subsidência termal, a origem da Bacia
de Poxoréo deve estar associada esforços de ajustamento mecânico dos blocos crustais.
Seja como for que tenha se iniciado este evento distensivo, houve movimentação de
blocos e uma vez acontecido passa a se comportar como pulso tectônico e a funcionar
periodicamente como mecanismo de deposição. Küchle et al. (2005) em análise
estratigráfica de padrões de empilhamento sobre uma bacia rifte, determinaram fatores
controladores para a sedimentação. E usaram intrínseca relação entre espaço de
acomodação em um Hangingwall e soerguimento de Footwall simultâneos com eixo de
rotação de um mesmo bloco (figura 29).
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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SEDIMENTAÇÃO DA BACIA DE POXORÉO
Durante o Permiano, os mares interiores que constituíam os ambientes deposicionais
das formações Palermo e Irati na Plataforma de Alto Garças evoluíram para deltas
marinhos ao final do Permiano com a deposição da Formação Estrada Nova (Silva,
2012).
Figura 32. Modelo de compartimentação de hemi-grabén e movimentação simultânea de
Hangingwall e Footwall, Modificado de Kuchle et al. (2005).
Na passagem para o Triássico, muitas bacias experimentaram um longo intervalo de
exposição subaérea resultante da combinação de condições climáticas globais cada vez
mais secas provavelmente áridas (Moore, 1933), no caso da Bacia do Paraná, associadas
a soerguimento (Coimbra, 1991; Milani e Ramos, 1998) ou uma queda acentuada do
nível de base. Em seguida, a área passa por quiescência tectônica e no Jurássico,
implanta-se um sistema de baixa pressão atmosférica que conduz à geração de um
imenso deserto que se estende de Mato Grosso ao Rio Grande do Sul (Zalán, 2004).
Além disso, também ocorrem as primeiras manifestações de implantação da Bacia de
Poxoréo por meio de falhamentos normais distensivos (Figura 30).
Sob pulsos tectônicos o preenchimento pode ter se desdobrado como padrões de
empilhamento de Prosser (1993), que usa três tratos de sistemas tectônicos: 1) trato de
sistema de início de rifte; 2) trato de sistemas de clímax de rifte; e 3) trato de sistema de
preenchimento de rifte. Neste caso os conglomerados e a progradação de leques aluviais
dominaria o segundo estágio. As falhas deste evento distensivo estão combinadas a
dobras de arrasto observadas na Formação Palermo e brechas e conglomerados
extraclásticos formados pelos seixos da Formação Palermo formam a base de detritos e
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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areias eólicas neocretáceas em um estreito afloramento na entrada sul da cidade Poxoréo
na área de estudo.
Arenitos eólicos do Grupo Bauru nestes locais, depositados sobre a Formação Palermo e
concomitantes aos detritos da Formação Quilombinho, não apresentam exatamente
consistência sobre a ordem que se depositou, porém as fraturas ortogonais estão
claramente relacionadas à movimentação de Falhas. Em resposta ao inicio dos eventos
distensivos formaram-se ao longo das bordas falha leques de detritos aluviais, muitos
agora sobrepostos ou erodidos pelos processos dinâmicos. Processos estes que captaram
estes detritos de fluxo da Formação Quilombinho e unidades mais antigas, depositando
areias avermelhadas litoclásticas em rios entrelaçados. A avulsão de canais ou porções
fora do alcance hidráulico dos sistemas deposicionais proporcionou a formação de
pequenos lagos que em condições evaporíticas, hipersalinas e livres de perturbação,
depositaram margas calcárias. O desenvolvimento dos canais, ou progradação dos
leques alcançando estes lagos, formou as fácies calcretes como exposto por Da Rosa et
al. (1997).
A geometria dos depósitos de leques aluviais, quando passível de descrição como, por
exemplo, da região das Parnaíbas permite a interpretação de leques de bordas de
escarpas e amalgamados de tão contínuos lateralmente. Isto pode significar que o
espaço de acomodação provavelmente era pouco, típico de sistema confinado.
Concomitantes a estes depósitos, intrusões magmáticas e derrames de lava e tufo da
Formação Paredão Grande intercalam-se aos arenitos da Formação Quilombinho. A
zona externa dos derrames de lava tende a ser rico em fluidos e estes podem se tornar
produtos da alteração do material magmático. Esta alteração deve ser hidrotermal uma
vez que ela ocorre ao mesmo tempo à deposição da Formação Quilombinho. Estes
pseudo-argilitos dão origem aos clastos arredondados que formam parte do arcabouço
dos conglomerados característicos da Formação Quilombinho. Na região da lajinha
(ponto 230), observa-se que o conglomerado é controlado por falha normal
sindeposicional. Em Poxoréo, as falhas normais observadas nos depósitos da Formação
Quilombinho são ortogonais às falhas descritas nos depósitos permo-jurássicos que
também ocorrem na área de estudo.
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Figura 33. Modelo de evolução do Período Permiano ao Cretáceo:
a) Ápice de sequência Permo-carbonífera; mares epicontinentais levam a deposição do Grupo
Passa Dois; b) Juro-cretáceo; continentalização da bacia e deposição da Formação Botucatu e
magmatismo Formação Serra Geral; c) Neo-cretáceo; vulcanismo alcalino da Formação Paredão
Grande, ruptura e instalação de hemi-grabén com sistemas aluviais, fluviais; d) Predomínio de
sistema fluvial entrelaçado e formação de playa-lakes e ponds, além de dunas eólicas; e) Novo
vulcanismo, movimentação das falhas gravitacionais e nova progradação dos detritos de leques
aluviais.
A composição dos clastos e seixos nos conglomerados é diversificada, sendo eles
reconhecidos como da Formação Aquidauana, Palermo, Botucatu, Paredão Grande e do
próprio Bauru. São observados clastos de Quartzitos ou arenitos muito silicificados da
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
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aparentemente da Formação Botucatu, não tão abundantes como a unidade Permiana,
mas que se supõe ter sido erodida uma vez não reconhecida na região de Poxoréo e
Dom Aquino. A grande de oferta de clastos e seixos para a Formação Quilombinho em
uma estreita faixa junto à Falha de Poxoréo na MT-130 permite supor que não havia
disponibilidade de vulcânicas, ou então que a disponibilidade exauriu-se.
O alto a moderado arredondamento dos clastos, seixos e blocos especialmente quando
resistentes ao intemperismo podem indicar retrabalhamento sobre detritos que já haviam
sido depositados no leque (Nichols, 2009).
Trabalhos de conclusão de curso inéditos (Kuhn, 2012), mostraram que ao topo da
Formação Quilombinho ocorre a formação de marcante paleossolo que pode significar
uma discordância paralela entre os depósitos basais da Formação Quilombinho e os
depósitos superiores da Formação Cambambe. Esta ocorre eventualmente na área de
estudo devido a sua recente e intensa erosão. As informações sobre sua evolução não
são suficientes para descrevê-la. Após o Cretáceo, ocorrem dois eventos importantes: a
formação do extenso perfil de laterita que é registro da quiescência tectônica neogênica
que atuou na região; e a subsidência rápida e acentuada que deu origem à Bacia do
Pantanal e afetou toda a área de estudo que passou a se comportar como área-fonte para
o novo depocentro regional.
A distribuição em geral da Formação Palermo e em parte da Formação Ponta Grossa de
forma alongada (NE-SW) no mapa, favorece a semelhança como os modelos
arquiteturais de grabéns e hemi-grabens de Gawtorphe e Leeder (2000). O modelo
mostra também a possibilidade captura de detritos em deposição para outros leques em
direções opostas. Sistemas de falhas paralelas na região dos Parnaíbas poderiam ter
funcionado desta maneira.
De notável sobre o mapa de lineamentos e estrutural sobre a área mapeada, os trends
NE-SW são mais contínuos e alongados do que os NW-SE e a intensidade do
cruzamento destes dois trends na região de Dom Aquino, tornam mais evidentes
grabens menores. Expõe estruturas neo-cretáceas claramente afetadas por tectônica,
observáveis na região da Fazenda Lavrinha Verde (MT-454) e Parque Panorama nos
limites da cidade de Poxoréo (MT-260). Os basculamentos de alto ângulo, voltados para
NW e SE sugerem rollovers (rotação) das camadas neo-cretáceas provavelmente pela
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
64
atividade falhas lístricas. Adicionalmente ocorre aparente deslocamento direcional da
Formação Aquidauana, na região do Morro das Pombas ao Córrego Porteiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os grandes rejeitos de falha superiores a 300 metros, em alguns casos talvez superiores
500 metros, junto a estas deformações de unidades neocretáceas levam a conclusão de
um empilhamento estratigráfico ainda pouco conhecido, tanto sobre a sua estratigrafia
quanto a interação das estruturas de falhas, fraturas e lineamentos de diferentes direções.
Esta área merece melhor entendimento geológico estrutural com mais trabalhos de
detalhe a se inserirem ali. Para trabalhos posteriores recomenda-se desenvolver isto em
paralelo à petrografia sedimentar e tratamento de minerais pesados. Adicionalmente,
estudos geofísicos associados ao estudo da geologia estrutural podem explorar mais o
comportamento do fundo do hemi-graben. Sobre a estratigrafia do Grupo Bauru, as
consolidadas proposições de nomenclatura de Weska et al. (1987), Weska (1996) e
Weska (2006) funcionam bem, porém a organização estratigráfica necessita revisão.
Sendo assim neste trabalho considera-se a unidade Cachoeira do Bom Jardim como
interdigitada à Formação Quilombinho.
AGRADECIMENTOS
Ao Projeto Transbrasiliano/Petrobrás e CNPq através do Edital 32/2010, (Proc. nº
401809/2010-2) pelo auxílio financeiro. À Capes pela bolsa de Pós-Graduação. Os
autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Geociências pelo apoio e suporte
nos custos de trabalho, em eventos regionais e nacionais. À Prof.ª Drª Silane Caminha e
ao Prof. Dr Francisco Pinho. Aos amigos colaboradores de trabalho de campo, Renan
Grillaud, Jorge Queiroz, Kéttilin Menoncello, Gabriel Zaffari, Willian Zan e Kamila
Fernandes.
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Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
68
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A litoestratigrafia da área de estudo apresenta uma distribuição um tanto
diferente da já conhecida. Destacam-se as Formações Palermo, Botucatu e as unidades
cretáceas do Grupo Bauru. A Formação Palermo como verificada no mapa geológico
tem uma configuração alongada em faixas NE-SW subparalelas, com rejeito em geral
perpendicular (NW-SE). O reconhecimento da Formação Palermo (que é pouco
espessa) em diferentes topografias ajudou a delimitar melhor grabéns e hemi-grabéns na
parte central da área de estudo.
A Formação Botucatu não foi reconhecida, como se observa nos antigos mapas
litoestratigráficos. Desde o vale do rio Parnaíba ou próximo à cidade de Poxoréo não foi
encontrado algo que se assemelhasse à Formação Botucatu como se conhece no Mato
Grosso, tanto em litologia como disposição de afloramentos. Por isso este trabalho
considera que a erosão intensa da Formação Botucatu ajudou a alimentar o
preenchimento dos hemi-grabéns, inclusive pela sua fácil erodibilidade. O que
frequentemente é reconhecido como Formação Botucatu na área estudada, trata-se na
verdade de fácies eólicas da Formação Cachoeira do Bom Jardim, moderadamente ou
pouco preservadas.
As unidades do Grupo Bauru, observadas na Bacia de Poxoréo como as
formações Quilombinho e Cachoeira do Bom Jardim (no sentido de Weska et al., 1987),
configuram fácies deposicionais crono-correlatas de uma mesma unidade estratigráfica
a chamada Formação Ribeirão Boiadeiro atribuída a Coimbra (1991) e resgatada
recentemente como importante marco estratigráfico na região de Chapada dos
Guimarães e arredores por Kuhn (2014). Provavelmente, as denominações Quilombinho
e Cachoeira do Bom Jardim seriam mais adequadas como membros da unidade proposta
por Coimbra (1991).
A unidade Paredão Grande ainda tem relevantes aspectos a se investigar como
sua interação e participação com as unidades deposicionais no hemi-grabén de Poxoréo.
Alguns questionamentos como a extensão lateral limitada do derrame da Lajinha
poderiam ser explicadas pela evolução do derrame e dinamismo da interação
intempérica com a superfície. Outra possibilidade em aberto é o soterramento desta
pelos sedimentos terrígenos do Grupo Bauru. Ainda são relevantes a disposição e
alinhamento de alguns derrames e diques com lineamentos N-S no mapa geológico. Um
estudo de detalhe poderia explanar melhor esta disposição espacial.
As grandes estruturas rúpteis não diferem muito das já conhecidas, porém o
mapeamento permitiu delimitar outras estruturas menores. Estas têm direção NE-SW e
configurações de abatimentos de blocos mais complexas no centro do mapa. Trabalhar e
detalhar estas estruturas de falhas pode ajudar a compreender como se movimentaram as
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
Mato Grosso.
69
falhas ativadoras da tectônica. A Falha de Coronel Ponce proposta neste trabalho abre
discussão para sua origem, se contemporânea às já existentes ou com idade diferente.
Na saída da cidade de Poxoréo, à sul, próximo ao morro da Mesa, as ocorrentes
deformações como dobras na Formação Palermo são interpretadas como produto da
movimentação das falhas de Poxoréo e Jaciara-Serra Grande. Estruturas de dobras
semelhantes ocorrem sobre a mesma unidade na MT-260, 27km à leste de Dom Aquino
e também são interpretadas como produto de deformação desta unidade em função da
movimentação da Falha Jaciara-Serra Grande.
A origem e ativação das falhas de Poxoréo e Jaciara-Serra Grande conforme a
demonstração das rosetas de lineamentos e estereogramas de falhas e fraturas, parecem
estar cada vez mais relacionadas à ativação mesozoica através da movimentação do
Lineamento Transbrasiliano na Plataforma de Alto Garças. A análise cinemática destas
estruturas, quando possível, associada a outras ao longo da influência do lineamento
podem consolidar esta hipótese.
Falhas transcorrentes foram encontradas na região, próximo à Dom Aquino
especialmente. No entanto são nas imagens SRTM e análise de drenagens que é
possível observar maiores ocorrências com clareza, inclusive com diferentes direções.
Isto confirma o que Coimbra (1991) já havia dito sobre este tipo de estrutura e um
estudo sobre as diferentes fases de deformação poderia ajudar a esclarecer sua origem.
Lineamentos de direção N-S, inclusive alguns incipientes cruzam dezenas de
quilômetros da área de estudo. É provável que haja uma relação com a Falha de Coronel
Ponce sugerida por causa da disposição espacial do rio São Lourenço encaixado sobre o
lineamento N-S desta falha. É importante ainda salientar que os lineamentos N-S
aparentam alguma semelhança com a continuidade norte-sul do relevo, até o estado do
Mato Grosso do Sul.
Silva, D. G. Q. R. da. 2014. A Bacia Cretácea de Poxoréo, Porção Centro-Sul do Estado de
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Anexo I
Lista de Coordenadas de Pontos Visitados
Ponto Longitude Latitude Unidade
1 -54,9229527777778 -15,8101305555556 Ponta Grossa
2 -54,8770000000000 -15,7884444444444 Ponta Grossa
3 -54,8711666666667 -15,7896944444444 Aquidauana
4 -54,8620277777778 -15,7878611111111 Aquidauana
5 -54,9497138888889 -15,6486527777778 Ponta Grossa
6 -54,9236888888889 -15,7733361111111 Ponta Grossa
7 -54,9245861111111 -15,7823416666667 Ponta Grossa
8 -54,8361111111111 -15,7994444444444 Aquidauana
9 -54,5945944444444 -15,7926111111111 Bauru
10 -54,5730555555556 -15,7934805555556 Bauru
11 -54,8242777777778 -15,8128333333333 Aquidauana
12 -54,8193333333333 -15,8210833333333 Aquidauana
13 -54,8101388888889 -15,8227777777778 Ponta Grossa
14 -54,8039444444444 -15,8242777777778 Aquidauana
15 -54,7973888888889 -15,8285555555556 Bauru
16 -54,7928055555556 -15,8408888888889 Bauru
17 -54,7880555555556 -15,8483611111111 Bauru
18 -54,7832500000000 -15,8441944444444 Bauru
19 -54,7762222222222 -15,8483611111111 Bauru
20 -54,7689166666667 -15,8484166666667 Aquidauana
21 -54,7647500000000 -15,8488055555556 Aquidauana
22 -54,7522777777778 -15,8450277777778 Aquidauana
23 -54,7435555555556 -15,8480833333333 Aquidauana
26 -54,7947222222222 -15,7115833333333 Bauru
27 -54,7955277777778 -15,7102222222222 Bauru
28 -54,7957777777778 -15,7091666666667 Palermo
29 -54,7950555555556 -15,7085833333333 Palermo
30 -54,7889722222222 -15,7205000000000 Bauru
31 -54,7906944444444 -15,7123333333333 Bauru
32 -54,7822222222222 -15,7072222222222 Bauru
33 -54,7760277777778 -15,7050555555556 Bauru
34 -54,7649444444444 -15,7039166666667 Bauru
35 -54,7700000000000 -15,6885833333333 Bauru
36 -54,7756944444444 -15,6712222222222 Bauru
37 -54,7623888888889 -15,7123888888889 Bauru
38 -54,7632777777778 -15,7214444444444 Bauru
39 -54,7643333333333 -15,7315833333333 Bauru
40 -54,7677777777778 -15,7401666666667 Bauru
41 -54,7712500000000 -15,7437777777778 Bauru
42 -54,7772777777778 -15,7479444444444 Bauru
43 -54,7807777777778 -15,7533888888889 Palermo
44 -54,7741111111111 -15,7553888888889 Palermo
45 -54,7649444444444 -15,7572500000000 Palermo
46 -54,7584444444444 -15,7580555555556 Bauru
47 -54,7500833333333 -15,7618055555556 Bauru
49 -54,7417777777778 -15,7659166666667 Bauru
50 -54,7368611111111 -15,7715277777778 Bauru
51 -54,7336944444444 -15,7726388888889 Palermo
52 -54,7863333333333 -15,7613888888889 Palermo
53 -54,7927500000000 -15,7677500000000 Palermo
54 -54,8002777777778 -15,7784444444444 Palermo
55 -54,8075833333333 -15,7853333333333 Palermo
56 -54,8174722222222 -15,8031666666667 Aquidauana
57 -54,8154166666667 -15,8024166666667 Aquidauana
58 -54,7554166666667 -15,7588611111111 Bauru
59 -54,6559444444444 -15,7565555555556 Bauru
60 -54,6559444444444 -15,7565555555556 Bauru
61 -54,6690555555556 -15,7614166666667 Bauru
62 -54,6792222222222 -15,7625833333333 Bauru
63 -54,6878055555555 -15,7656388888889 Bauru
64 -54,6963611111111 -15,7686666666667 Bauru
65 -54,7055555555556 -15,7700555555556 Bauru
66 -54,7147222222222 -15,7711666666667 Bauru
67 -54,7238055555556 -15,7725277777778 Bauru
68 -54,7280555555556 -15,7707777777778 Palermo
69 -54,7150555555556 -15,7633888888889 Bauru
70 -54,6913055555556 -15,7443055555556 Bauru
71 -54,7394722222222 -15,7495555555556 Bauru
72 -54,7273888888889 -15,7571388888889 Bauru
73 -54,7049722222222 -15,7588611111111 Bauru
74 -54,7116666666667 -15,7598333333333 Bauru
75 -54,7309444444444 -15,7548611111111 Bauru
76 -54,8268888888889 -15,8031388888889 Aquidauana
77 -54,7288611111111 -15,8491944444444 Bauru
78 -54,7195000000000 -15,8491388888889 Bauru
79 -54,7154722222222 -15,8462222222222 Bauru
80 -54,7138888888889 -15,8433333333333 Bauru
81 -54,7038333333333 -15,8393333333333 Bauru
82 -54,6998333333333 -15,8345833333333 Bauru
83 -54,7415277777778 -15,8476388888889 Aquidauana
84 -54,7506388888889 -15,8455833333333 Aquidauana
85 -54,7958611111111 -15,8338888888889 Bauru
86 -54,8089166666667 -15,7988611111111 Palermo
87 -54,8027222222222 -15,7951388888889 Palermo
88 -54,8012500000000 -15,7915833333333 Palermo
89 -54,8573888888889 -15,7882500000000 Ponta Grossa
90 -54,8881666666667 -15,7965555555556 Ponta Grossa
91 -54,8957777777778 -15,8041388888889 Ponta Grossa
92 -54,9346388888889 -15,9200555555556 Ponta Grossa
93 -54,9106666666667 -15,8205833333333 Ponta Grossa
94 -54,9006111111111 -15,8457222222222 Ponta Grossa
95 -54,8919444444444 -15,8799444444444 Ponta Grossa
96 -54,8885000000000 -15,8846388888889 Ponta Grossa
97 -54,8611111111111 -15,9078333333333 Ponta Grossa
98 -54,8558611111111 -15,9093333333333 Ponta Grossa
99 -54,8501111111111 -15,9147222222222 Ponta Grossa
100 -54,8601388888889 -15,9056388888889 Ponta Grossa
101 -54,8583888888889 -15,8978611111111 Ponta Grossa
102 -54,8551666666667 -15,8971388888889 Ponta Grossa
103 -54,8632222222222 -15,8949444444444 Ponta Grossa
104 -54,8734166666667 -15,8893055555556 Ponta Grossa
105 -54,8979722222222 -15,8609722222222 Ponta Grossa
106 -54,8929722222222 -15,8378055555556 Ponta Grossa
107 -54,8953055555556 -15,8346944444444 Ponta Grossa
108 -54,8960277777778 -15,8339444444444 Ponta Grossa
109 -54,8965277777778 -15,8332777777778 Ponta Grossa
110 -54,8341111111111 -15,8000000000000 Aquidauana
111 -54,8388611111111 -15,8085833333333 Aquidauana
112 -54,8370555555556 -15,8090277777778 Aquidauana
113 -54,8337500000000 -15,8120833333333 Aquidauana
114 -54,8337222222222 -15,8190555555556 Aquidauana
115 -54,8326388888889 -15,8292222222222 Aquidauana
116 -54,8366666666667 -15,8313888888889 Aquidauana
117 -54,8380555555556 -15,8308055555556 Ponta Grossa
118 -54,8382500000000 -15,8313333333333 Ponta Grossa
119 -54,8428611111111 -15,8330555555556 Ponta Grossa
120 -54,8466111111111 -15,8347222222222 Ponta Grossa
121 -54,8553055555556 -15,8375555555556 Ponta Grossa
122 -54,8675833333333 -15,8394166666667 Ponta Grossa
123 -54,8710833333333 -15,8375000000000 Ponta Grossa
124 -54,8830833333333 -15,8329166666667 Ponta Grossa
125 -54,8879722222222 -15,8303333333333 Ponta Grossa
126 -54,8935833333333 -15,8259722222222 Ponta Grossa
127 -54,9030555555556 -15,8224166666667 Ponta Grossa
128 0,0000000000000 0,0000000000000 Furnas
129 -55,0090277777778 -15,9791111111111 Furnas
130 -55,0187777777778 -15,9829444444444 Furnas
131 -54,9918888888889 -15,9812500000000 Furnas
132 -54,9690555555556 -15,9389722222222 Ponta Grossa
133 -54,9592777777778 -15,9327222222222 Ponta Grossa
134 -54,9582500000000 -15,9198333333333 Ponta Grossa
135 -54,9583333333333 -15,9117500000000 Ponta Grossa
136 -54,9588333333333 -15,8953055555556 Ponta Grossa
137 -54,9655277777778 -15,8858888888889 Ponta Grossa
138 -54,9674166666667 -15,8644722222222 Ponta Grossa
139 -54,9735000000000 -15,8345000000000 Ponta Grossa
140 -54,9674166666667 -15,8163888888889 Ponta Grossa
141 -55,0090000000000 -15,9437500000000 Ponta Grossa
142 -55,0556111111111 -15,9013611111111 Furnas
143 -55,0884722222222 -15,9059722222222 Furnas
144 -55,0887777777778 -15,8847222222222 Furnas
145 -55,1272222222222 -15,8435277777778 Furnas
146 -55,1095277777778 -15,8345277777778 Furnas
147 -55,1068333333333 -15,8295833333333 Furnas
148 -55,0989722222222 -15,8235555555556 Furnas
149 -55,0707222222222 -15,8144722222222 Furnas
150 -55,0612777777778 -15,8139722222222 Furnas
151 -55,0359722222222 -15,7998611111111 Furnas
152 -55,0384444444444 -15,7841111111111 Furnas
153 -55,0370833333333 -15,7785277777778 Furnas
154 -55,0446666666667 -15,7879444444444 Furnas
155 -55,0462777777778 -15,8075833333333 Furnas
156 -55,0521388888889 -15,8193611111111 Furnas
157 -55,0259166666667 -15,8152500000000 Furnas
158 -55,0116388888889 -15,8075555555556 Furnas
159 -54,9871666666667 -15,7970277777778 Furnas
160 -54,9053333333333 -16,0183333333333 Ponta Grossa
161 -54,8825555555556 -15,9750000000000 Ponta Grossa
162 -54,8509444444444 -15,9672777777778 Ponta Grossa
163 -54,8156666666667 -15,9606944444444 Ponta Grossa
164 -54,8176388888889 -15,9590555555556 Ponta Grossa
165 -54,7680277777778 -15,9333888888889 Aquidauana
166 -54,7415000000000 -15,9010833333333 Aquidauana
167 -54,7434166666667 -15,8934722222222 Aquidauana
168 -54,7422500000000 -15,8983055555556 Bauru
169 -54,7505555555556 -15,9240833333333 Aquidauana
170 -54,7552500000000 -15,9288888888889 Aquidauana
171 -55,0917500000000 -15,7278611111111
172 -55,0755555555556 -15,7214722222222 Furnas
173 -55,0135833333333 -15,9927222222222 Furnas
174 -54,9378333333333 -15,9646944444444 Ponta Grossa
175 -54,8090000000000 -15,7876944444444 Palermo
176 -54,6301666666667 -15,7692777777778 Bauru
177 -54,5560555555556 -15,7946944444444 Bauru
178 -54,5613888888889 -15,7732777777778 Paredão Grande
179 -54,4201944444444 -15,8183333333333 Bauru
180 -54,3793333333333 -15,7902500000000 Bauru
181 -54,3595000000000 -15,7963055555556 Bauru
182 -54,4133611111111 -15,6503055555556 Bauru
183 -54,4087777777778 -15,6604722222222 Bauru
184 -54,9190555555556 -15,6122222222222 Ponta Grossa
185 -54,9134444444444 -15,5997222222222 Ponta Grossa
186 -54,8949166666667 -15,6135277777778 Bauru
187 -54,8905555555556 -15,6126944444444 Bauru
188 -54,8783888888889 -15,6190000000000 Bauru
189 -54,8617500000000 -15,6210000000000 Bauru
190 -54,8527777777778 -15,6356388888889 Bauru
191 -54,8465277777778 -15,6373055555556 Bauru
192 -54,8442777777778 -15,6351388888889 Bauru
193 -54,8586666666667 -15,6456388888889 Bauru
194 -54,8463055555556 -15,6418333333333 Bauru
195 -54,8436666666667 -15,6418055555556 Bauru
196 -54,8815277777778 -15,6183611111111 Palermo
197 -54,8831388888889 -15,6223333333333 Palermo
198 -54,9117500000000 -15,6058055555556 Ponta Grossa
199 -54,9048888888889 -15,7217222222222 Ponta Grossa
200 -54,9020833333333 -15,7101388888889 Aquidauana
201 -54,9050000000000 -15,6974722222222 Aquidauana
202 -54,9058611111111 -15,6935000000000 Aquidauana
203 -54,9089722222222 -15,7275000000000 Aquidauana
204 -54,9472222222222 -15,6900555555556 Aquidauana
205 -54,9477500000000 -15,6761111111111 Aquidauana
206 -54,9316666666667 -15,6781388888889 Aquidauana
207 -54,9284166666667 -15,6752222222222 Bauru
208 -54,8918055555556 -15,6726388888889 Bauru
209 -54,8741666666667 -15,6677500000000 Bauru
210 -54,8689722222222 -15,6628888888889 Bauru
211 -54,8680000000000 -15,6579722222222 Bauru
212 -54,8610000000000 -15,6506111111111 Bauru
213 -54,8589444444444 -15,6475000000000 Bauru
214 -54,8552222222222 -15,6551388888889 Bauru
215 -54,9211388888889 -15,6784722222222 Aquidauana
216 -54,6103055555556 -15,5833611111111 Bauru
217 -54,6743888888889 -15,6123055555556 Bauru
218 -54,6810555555556 -15,6158333333333 Bauru
219 -54,6799166666667 -15,6214166666667 Bauru
220 -54,6939722222222 -15,6180833333333 Bauru
221 -54,7387222222222 -15,6268333333333 Bauru
222 -54,7400277777778 -15,6207500000000 Bauru
223 -54,7388333333333 -15,6129722222222 Bauru
224 -54,7508888888889 -15,6155277777778 Bauru
225 -54,7398611111111 -15,6253888888889 Bauru
226 -54,7405277777778 -15,6264166666667 Bauru
227 -54,7654444444444 -15,6325833333333 Bauru
228 -54,7747500000000 -15,6456111111111 Bauru
229 -54,6996944444444 -15,7384722222222 Paredão Grande
230 -54,7018055555556 -15,7388888888889 Paredão Grande
231 -54,3958055555556 -15,8525555555556 Palermo
232 -54,3816944444444 -15,8376666666667 Palermo
233 -54,3915444444444 -15,8489694444444 Palermo
234 -54,2445166666667 -15,7119805555556 Ponta Grossa
235 -54,2406277777778 -15,7072083333333 Aquidauana
236 -54,2584055555556 -15,7226972222222 Bauru
237 -54,2812916666667 -15,7391694444444 Bauru
238 -54,3287673085000 -15,7512279943000 Bauru
239 -54,3110778713000 -15,7510373938000 Bauru
240 -54,3049848995000 -15,7505556369000 Bauru
241 -54,3018900508000 -15,7645620586000 Ponta Grossa
242 -54,3082680387000 -15,7667996994000 Bauru
243 -54,3104234750000 -15,7660225028000 Bauru
244 -54,3130306083000 -15,7656482709000 Bauru
245 -54,3339942704000 -15,7144225731000 Bauru
246 -54,3242180000000 -15,7085750000000 Bauru
247 -54,3164840000000 -15,6810900000000 Bauru
248 -54,3102320000000 -15,6886220000000 Bauru
249 -54,2949800000000 -15,6758530000000 Bauru
250 -54,2914800000000 -15,6739760000000 Bauru
251 -54,2917896716000 -15,6736113141000 Bauru
252 -54,2992106109000 -15,6792667939000 Bauru
253 -54,3079660000000 -15,7071100000000 Bauru
254 -54,3082753488000 -15,7067457394000 Bauru
255 -54,3000228855000 -15,7060838549000 Bauru
256 -54,2876422444000 -15,6996170802000 Palermo
257 -54,3901291622000 -15,5888884494000
258 -54,1703873029000 -15,6289234886000
259 -54,1719266124000 -15,6498325437000
260 -54,1754621876000 -15,6591080828000
261 -54,1710448650000 -15,6644607266000
262 -54,1897685902000 -15,6796578248000 Ponta Grossa
263 -54,1884827742000 -15,6843736949000 Ponta Grossa
264 -54,1992930000000 -15,7026280000000 Ponta Grossa
265 -54,1996024260000 -15,7022630648000 Ponta Grossa
266 -54,2061909458000 -15,7250343229000 Ponta Grossa
267 -54,2105709809000 -15,7306808359000 Aquidauana
268 -54,2301188971000 -15,7551978000000 Aquidauana
269 -54,2314137769000 -15,7614911857000 Aquidauana
270 -54,2336206376000 -15,7617450369000 Aquidauana
271 -54,2410637993000 -15,7623723850000 Aquidauana
272 -54,2442241341000 -15,7624666165000 Aquidauana
273 -54,2504987344000 -15,7640000770000 Aquidauana
274 -54,2557924991000 -15,7628837488000 Aquidauana
275 -54,2746003898000 -15,7715287157000 Aquidauana
276 -54,2869262556000 -15,7760632671000 Aquidauana
277 -54,3396414876000 -15,7168489066000 Aquidauana
278 -54,3327586572000 -15,7412511832000 Aquidauana
279 -54,2797450823000 -15,6961048139000 Palermo
280 -54,2824466401000 -15,6969784047000 Palermo
281 -54,2791825579000 -15,6886103760000 Palermo
282 -54,2698224817000 -15,6962881120000 Bauru
283 -54,2693261348000 -15,6978534446000 Bauru
284 -54,2681329145000 -15,6992384550000 Bauru
285 -54,3676544130000 -15,7775883649000 Bauru
286 -54,3610298897000 -15,6474777779000 Bauru
287 -54,3568674491000 -15,6456843429000 Bauru
288 -54,3812912422000 -15,6441620814000 Bauru
MT - 260
MT - 373
MT - 373
MT 373
MT-1
30
MT-
130
MT-
453
MT-
453
184
188
MT -
373
MT - 458
MT-
130
MT - 260
Pombas
MT - 472
Rio Poxoréozinho
Córrego São João
Rio Parnaíba
Rio Pombas
Córrego do Amaral
Município
Principais redes hidrográficas
CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
Distrito
Toponímias Locais
Rodovia federal
Rodovia estadual pavimentada
Rodovia estadual e outras vias locais não pavimentada
.
Rodovias e vias locais
Drenagens principais
Municípios, distritos e toponímias locais
Serra das P
arnaíbas
Serra
das P
arn
aíb
as
Serra Grande
Morro do Santo Antônio
LEGENDA
Cuiabá Poxoréo
0°
50°W
!
Celma São Luís
Raizinha
Boa Sorte
Alto Coité
Entre Rios
Irenópolis
Coronel Ponce
Paraíso do Leste
BR-070
BR
-364/163
BR
-364/1
63
MT-
450
MT - 373
MT-
453
MT-1
30
MT 344
MT-3
44
MT
-457
MT - 260
MT - 260
MT - 260
Poxoréo
Jaciara
Dom Aquino
Campo Verde
Primavera do Leste
9
8
7
6
5
432
99
9897
96
95
94
93
92
91
90
8988
8786
85
8483
82
8180
797877
76
75
74 7372
71
70
69
6867 66 65 6463
62 61
6059
58
5756
55
54
53
52
5150
4947
46454443
4241
39
38
37
36
35
343332
31
30
29282726
2322
21201918
17
16
15141312
11
10
288 287286
285
284283282
281
280
279
278
277
276275
274273
272271
270269
268
267
266
265264
263
262
261
260
259
258
257
256
255254253
252
251250
248
247
246
244243
241
240239238
237
236
235
234
233
232
231
230229
228
227
226225
224223
222
221
220219
218217
216
215
214213212
211
210
209
208207
206205
204
203
202201
200
199
198
197
196
195194193
192191190
189
187186
185
183
182
181
180
179
178
177
176
175
174
173
172
171
170
169
168
167
166
165
164163
162
161
160
159
158
157156
155
154
153
151
150149
148
147
146
145
144
143142
141
140
139
138
137
136
135
134
133
132
131130129
127126
125124
123122
121120
119
118116
114
113112111
110
109108107
106
105
104
103102
101
100
54°30'0"W
54°30'0"W
55°0'0"W
55°0'0"W
16°0'0"S 16°0'0"S
±
1:150.000
7 0 7 143,5
Km
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE PONTOS
ESCALA
Datum horizontal: WGS84
.
.
.
.
.
.
MT - 454
Faz. Lavrinha Verde
Faz. Nossa Sª Aparecida
Lajinha
Raizinha
Rio São Lourenço
Rio das Mortes
Rio
Poxo
réo
Rio Verm
elho
Rio Areia
Rio Pombas
Córre
go A
lcant
ilado
s
Córrego do Amaral
Rio Parnaíba
Rio Coité
Rio Coité
Rio
Sã
o L
ou
ren
ço
Córrego Areia
Córre
go P
oru
ba
Córrego São Domingos
Rio Areia
Rio
Poxo
réozin
ho
Jaciara
54°30'0"W
54°30'0"W
55°0'0"W
55°0'0"W
16°0'0"S 16°0'0"S
FALHA DAS P
ARNAÍBAS
FA
LH
A D
E C
OR
ON
EL P
ON
CE
Estruturado Alto Coité
FALHA DE POXORÉO
±Primavera do Leste
Poxoréo
Dom Aquino
Rio São Lourenço
Rio das Mortes
Rio
Poxo
réo
Rio Verm
elho
Rio Areia
Rio Pombas
Córre
go A
lcant
ilado
s
Córrego do Amaral
Rio Parnaíba
Rio Coité
Rio Poxoréozinho
Córrego S
ão João
Rio Coité
Rio
Sã
o L
ou
ren
çoFA
LH
A D
E C
OR
ON
EL P
ON
CE
5°
20°
10°
30°
17°
10°
FALHA DAS PARNAÍBAS
FALHA DE JACIARA-SERRA GRANDE
FALHA DE JA
CIARA-S
ERRA GRANDE
FALHA DE POXORÉO
FALHA DE P
OXORÉO
Serra das P
arnaíbas
Serra
das P
arn
aíb
as
Serra Grande
32°
60°
Córrego Areia
Córre
go P
oru
ba
Rio Poxoréo
Córrego São Domingos
Rio Areia
BR - 364/163
BR
- 364/163
BR - 070
BR - 070
Campo Verde
BR - 070
MT
- 1
30
MT - 1
30
MT
- 344
MT
- 344
MT - 344
MT -
453
MT -
450
MT - 373
MT - 373
MT - 340
MT - 458
MT - 260MT - 260
MT - 260
Rio
Poxo
réozin
ho
MT - 260
BR - 364/163
Município
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS
COLUNA ESTRATIGRÁFICA
LEGENDA
Falha normal
Falha detransferência
Cachoeirinha
AquidauanaArenitos finos a muito finos avermelhados, ou médios a finos de cor amarelo a vermelho rubi, com intraclastos de siltitos preservados no foreset. Em geral são micáceos e perdem esta característica quando mais amarelados ou muito intemperizados. As estruturas mais comuns são plano paralela, laminada, maciça e cruzada de baixo ângulo. Intercalado aos detritos arenosos estão argilitos e ou siltitos vermelhos a róseos, variavelmente amarelos de estrutura plano paralela, laminada ou maciça. A intercalação granulométrica destes litotipos formam conjuntos granodecrescentes.
GrupoBauru
FurnasArenitos médios, grossos, muito grossos, cor cinza claro, alaranjada intercalados à arenitos siltosos, siltitos e argilitos. Estratificação cruzada tabular, plano paralela, laminada à maciça. Arenitos em geral são consideravelmente micáceos.
PalermoArenitos finos, muito finos à areno-argilosos, subordinadamente, médio. A cor alterna-se entre marrom, cinza, e cinza esbranquiçado, enquanto amarelado e róseo são menos comuns. Secundariamente, argilitos maciços vermelhos ou cinza claros e argilitos laminados amarelos avermelhados, ritmitos de arenito marrom e argilito preto e silexitos, oolíticos e brechas. Interestratificação de arenitos e arigilitos apresenta nódulos e concreções de sílica horizontais, às vezes verticais, com camadas parcialmente silicificadas. Nos afloramentos, observam-se estruturas plano paralelas, maciças, acamadado e Hummockys.
Paredão Grande Basaltos e Diabásios, de cor cinza escuro ou esverdeado a preto, afanítico à porfirítico, acamadado à maciço, com contato entre as camadas (em derrames) marcado por vesículas circulares a semicirculares. “Lamito” cinza claro argiloso intensamente venulado com sobrecrescimento de cristais de epidoto e também
Ponta Grossa Arenitos finos a muito finos, pelitos e argilitos intercalados e granocrescentes, cor marrom escura ou amarelada, secundariamente cinza esbranquiçada. Estrutura plano paralela, cruzada de baixo ângulo e laminação cruzada cavalgante, de gradação normal.
CambambeConglomerados petromíticos, brechas intraformacionais, arenitos finos, arenitos grossos, arenitos conglomeráticos e silcretes. Os detritos conglomeráticos em geral tem o arcabouço suportado por matriz e proveniência de clastos e brechas na grande maioria das unidades anteriores.
QuilombinhoConglomerados polimíticos e petromítticos, com clastos de quartzarenitos da Formação Botucatu, de silexitos da Formação Palermo, clastos de quartzitos arredondados e clastos da fácies 2 da Formação Paredão Grande muito bem arredondados a moderados. Mal-selecionados, os grãos dos conglomerados variam a granulometria de seixos a matacões. O arcabouço dos conglomerados ocorre como aberto e fechado e matriz arenosa à argilosa. Arenitos grossos a muito grossos avermelhado ou amarelado. Estruturas em geral maciças ou acamadadas.
Lineamento ou fratura
S0 - Acamamento
Cachoeira do Bom JardimArenitos finos a muito grossos, composição litarenítica, cimentados por carbonato ou sílica, eventualmente estão intercaladas aos conglomerados da Formação Quilombinho e localmente, podem formar camadas de arenitos carbonáticos a margas e calcretes. Argilitos maciças ou com laminações plano paralelas podem preceder estas margas. As estruturas deposicionais variam entre plano paralela, cruzada de baixo ângulo e maciça. A cor das camadas detríticas é em geral róseo, avermelhado ou amarelado e eventualmente cinza claro. Os calcários são maciços e se apresentam em cor cinza clara
GrupoGuatá
GrupoItararé
GrupoParaná
Drenagens principais
CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS
Distrito
Toponímias Locais
Rodovia federal
Rodovia estadual
Rodovia estadual e vias locais não pavimentada
ESCALA GRÁFICA
MAPA GEOLÓGICO
W E
500m
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PERFIL W-E
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