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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A BUSCA DE NOVOS CAMINHOS
Por: Mara Lane Cid
Orientador
Prof.ª Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A BUSCA DE NOVOS CAMINHOS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação especial.
Por: Mara Lana Cid.
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me permitido chegar até
aqui, aos amigos e a todos os
professores.
4
DEDICATÓRIA
A minha família e aos meus alunos
PNEEs.
5
RESUMO
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais
está cada vez mais presente no cotidiano dos educadores, e percebe-se que
as diferenças devem ser aceitas e acolhidas, porém muitas vezes, não se sabe
o que fazer quando se recebe alunos com necessidades educacionais
especiais. Como educá-los? Como incluí-los?
Os educadores são o alvo de poder transformador da educação
não só por transmitir conhecimento, mas também por serem agentes de
mudança de valores.
Há falta de preparação de todos os lados, há preconceitos, mas o
que fica ao final é a idéia de que, quando se quer é possível levar a sério e
obter sucesso.
Esta monografia destina-se a todo aquele que acredita que somente
construindo passo a passo suas emoções, poderá equilibrar momentos de
alegria, ansiedade, felicidade, raiva...
6
METODOLOGIA
A presente
monografia foi baseada em sua elaboração, principalmente em livros, ou seja,
pesquisa bibliográfica, pois os métodos que levam ao problema proposto foram
pesquisados em leitura de livros, revistas, também, pesquisa de campo,
observação diária do objeto de estudo, entrevistas e relatos de mães, etc.
No primeiro capítulo estudou-se o
preconceito que é visto como uma das barreiras para a implantação da
inclusão. O segundo capítulo trata da Inclusão
em si mesma, onde abordou-se as próprias deficiências, as diversas
dificuldades encontradas no dia a dia tanto dos profissionais da educação
como dos alunos em suas vivências. Também viu-se o problema da
acessibilidade, a questão psicológica dos pais, a falta do cumprimento das
políticas públicas, saúde e a inclusão no mercado de trabalho.
Já no terceiro capítulo,
mencionou-se os avanços obtidos na inclusão como a tecnologia, a superação
de diversas personagens famosas e os novos caminhos que estão surgindo.
7
SUMÁRIO
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Preconceito e suas barreiras 10
CAPÍTULO II - Os desafios da inclusão 20
CAPÍTULO III – O sucesso na busca de novos caminhos 31
CONCLUSÃO 37
ANEXOS 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
INDICE 45
INTRODUÇÃO
8
Este trabalho tem o objetivo de mostrar que as pessoas portadoras
de deficiências representam 10% da população brasileira, um total de
16,5milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, que de acordo com a
lei tem o direito de estudarem na escola em que escolherem.
Inserir esses alunos com déficits de toda ordem, no ensino regular
nada mais é do que garantir o direito de todos à educação
Observa-se ainda que a escola “inclusiva” tão falada hoje é uma
manobra panfletária do governo, para fingir que estão fazendo alguma coisa.
Põe a criança na escola pública e ela que se vire o preceito constitucional de
educação para todos está cumprido!
Objetivar-se-á refletir ainda no meio de toda essa discussão: Se
estará o professor apto a trabalhar com este aluno que surge desta nova
realidade? As escolas estão preparadas para receber alunos especiais? A
inclusão possibilita ao que é discriminado pela deficiência ocupar o seu espaço
na sociedade? Se
compararmos a escola com um hospital, veremos que os médicos escolhem
suas atuações, se pretendem ser ginecologistas, urologista e por aí vai. Em
educação não há essa possibilidade. O professor não pode fazer essa escolha
e também, não pode sequer falar a respeito disto porque logo aparece alguém
o taxando de preconceituoso e de discriminador. E por quê? Porque ainda
vivemos em uma sociedade em que não se respeita o professor como
profissional e sim como um salvador de tudo e de todos. Hoje existe
um esforço do Poder Público para resolver essa situação nas grandes cidades,
porém na zona rural o deficiente vive em pior situação, são esquecidos,
simplesmente, e é inviável para o aluno que tem uma deficiência física de se
locomover até a escola, e quando chega não existem condições apropriadas.
Far-se-á uma reflexão sobre as políticas públicas como, por
exemplo: A Declaração de Salamanca, e a Declaração de Direitos das
Pessoas Deficientes aprovada pelas ONU, que são documentos históricos.
Sua idéia inicial é que as pessoas com deficiência, não sejam vistas como
meros objetos de proteção social, mas como sujeitos com direitos e capazes
não só de exigir esses direitos, mais de tomar decisões como membros ativos
9
da sociedade.
A escola para a maioria das crianças brasileiras é o único acesso
aos conhecimentos, universais e sistematizados, é o lugar que vai lhe
proporcionar condição de se desenvolver e de se tornar cidadão. Não há
inclusão sem ambientação. É preciso que as escolas sejam preparadas para
receber os alunos em processo de inclusão, e isso envolvem práticas bem
pensadas, discussão com pais e alunos, preparação das famílias dos
portadores de deficiência no processo de socialização. Para que não haja
perdas, conflito falta de preparação de todos os lados, preconceitos e
segregação.
Não se muda a escola como um passe de mágica, a implementação
da escola de qualidade, que é justa e acolhedora é um sonho possível! Basta
acreditar!
10
CAPÍTULO I
O PRECONCEITO E AS SUAS BARREIRAS
As armas da nossa milícia não são carnais, mas si
poderosas em Deus, para destruição das fortalezas (II
Corintios 10.4)
Observa-se que na maioria das vezes, as pessoas com deficiência
são tratadas diferentemente das outras, sofrem com os preconceitos e são
privadas de sua liberdade. Isto por que a sociedade os encara como seres
diferentes dos outros. Durante toda história da humanidade, as pessoas
portadoras de deficiência têm sido discriminada pela sociedade. Na maior
parte do tempo, são encaradas como incomodo por suas diferenças e
incapacitadas para desempenhar as funções da vida cotidiana. Com o
preconceito, acabavam tachadas de produto da degeneração da raça humana.
A solução encontrada era escondê-las, tirando-as do convívio “normal”, e até
matá-las, como fizeram na Antiguidade.
1.1 – Origens Históricas do Preconceito
Um dos aspectos que marca profundamente as relações sociais das
pessoas com deficiência é a ignorância, no sentido de falta de saber e de
ausência de conhecimento. Gostaria, de levá-los a pensar quando e onde
começou o preconceito para com a pessoa com deficiência. Também, que
pensassem se, nos dias de hoje, o preconceito em relação à pessoa com
deficiência acabou, se ainda existe e se é igual ou diferente ao existente no
passado. As pessoas com deficiência têm sido caracterizadas por diversos
paradigmas no decorrer da história da humanidade.
Relatos históricos dão conta de que os espartanos jogavam os
bebês com deficiência do alto da montanha, visto que não acreditavam que
uma pessoa com deficiência poderia servir aos propósitos da sociedade.
11
Na Idade Média e até mais recentemente, os religiosos cristãos
enclausuravam as pessoas com deficiência, sob o manto de os protegerem,
mas tal fato servia também para retirarem da vista da sociedade, o que ela não
queria ver a sua frente ou em seu meio. Isso sem contar aquelas que tendo
deficiência mental ou doença mental, eram sacrificadas, queimadas, sob a
alegação de que eram possuídas pelos demônios.
Com a evolução da medicina a questão da deficiência passa ser
vista como uma doença, gerando ações de proteção e cuidado, justificando
assim, o Paradigma da Institucionalização, que significou segregação de
pessoas com deficiência em instituições residenciais ou escolas especiais.
Para proteger a sociedade do que era considerado diferente. Essa prática
social perdurou por oito séculos.
No século XX há grande incremento da assistência às pessoas
portadoras de deficiência no mundo todo, pois além da filosofia humanista, a
nação deparava-se com mutilados após as duas grandes guerras e
acidentados nas indústrias. Surgem programas de reabilitação global incluindo
a inserção profissional de pessoas deficientes.
Nos dias de hoje século XXI, qual a realidade que se impõe?
No Brasil temos uma verdadeira fábrica de crianças com Paralisia
Cerebral que seja pelas más condições de saúde e pré-natal das parturientes,
quer seja pela negligência médica. Em função da violência, deparamos com
um número cada vez maior de jovens atingidos por armas de fogo, acidentes
automobilísticos e outras conseqüências do uso indiscriminado de drogas.
Adultos idosos ou não acometidos de doenças neurológicas, muitas
degenerativas. Os centros de reabilitações são insuficientes e em muitos
lugares do país até inexistente.
Ao acompanharmos o movimento histórico da concepção e atuação
com o deficiente é fácil pensar. Como as coisas melhoraram! De fato é
inegável a evolução, mas não podemos nos deixar cegar pelas mudanças e
não fazermos uma reflexão crítica sobre o preconceito vigente.
O preconceito está em nós! Todos somos algozes e vítimas dele,
aprisionados na violência das idéias pré-concebidas e conceitos impostos sem
reflexão.
12
1.2 – Barreiras do Preconceito
A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases
no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando a
exclusão social de pessoas que por causa das condições atípi-
cas não lhe pareciam pertencer à maioria da população. Em
seguida desenvolveu o atendimento segregado dentro de ins-
tituições, passou para a prática de integração social e recen-
temente adotou a filosofia da inclusão social para modificar os
sistemas sociais gerais. Sassaki (1997, p.16)
O preconceito não é atributo apenas dos mais pobres ou dos que
têm menos estudos. É algo que está presente em todas as camadas sociais.
Caso de preconceito muitas vezes acontece dentro da própria família que não
esta preparada para receber, por exemplo, um bebê com problema.
A própria palavra deficiência, é inadequada, pois leva consigo
uma carga negativa depreciativa da pessoa, fato que foi ao longo dos anos se
tornando cada vez mais rejeitado pelos especialistas da área e em especial
pelos próprios portadores, hoje a palavra é considerado inapropriado, e que
promove o preconceito em detrimento do respeito ao valor integral da pessoa
Atualmente a sociedade não está preparada para receber
pessoas com dificuldades de locomoção e por isso elas enfrentam barreiras
para utilizar os transportes públicos e para ter acesso a prédios públicos,
inclusive escolas e hospitais.
Hoje em dia muitas pessoas não têm tempo de ter um cuidado
específico com os portadores de deficiência, e por isso elas acabam sendo
fechadas do mundo. Como sabemos isso está errado porque elas geralmente
precisam ter cuidado maior especializado seja para terapia, fisioterapia,
estimulação motora e o mais importante lidar com sua deficiência e
desenvolver suas potencialidades.
Freqüentemente, deparamo-nos com situações onde alunos com
deficiência são rejeitados por suas escolas, ou a elas são negados entrar,
13
ainda hoje, educadores “acusam” pais de crianças com deficiência de não
terem aceitado seus filhos, justificando por essa rejeição comportamentos,
estereotipias de alunos com deficiência.
Crianças autistas são recusadas nas escolas, ou dentro delas
execradas, porque os “especialistas” que acompanham ainda as vêem como
seres agressivos, incomunicáveis, sem potencial ou incapaz de aprender.
“Ainda hoje, educadores tratam crianças com síndrome de Dawn
ou com outras deficiências mentais, não como alunos em suas escolas, mas
como “crianças que precisam socializar-se”, e que estão nessa escola. Ainda
promovem um “ensino paralelo” dessas crianças, ao invés de educá-las com
os demais alunos. Com benevolência, esses educadores “recebem” aquelas
crianças na escola, mas não as aceitam como pessoas humanas.
Se dependesse de você a contratação de um deficiente físico na
sua empresa, você não o contrataria por ser deficiente ou contrataria
justamente por ser deficiente? Qualquer das respostas revela o preconceito em
relação ao deficiente físico. A ausência de preconceito somente seria
demonstrada se você fosse capaz de contratá-lo (ou não) simplesmente pela
sua capacidade de desempenhar o serviço desejado, sem levar em conta a
deficiência.
Observei, pesquisei e refleti, sobre algumas formas de
preconceitos contra os deficientes, no dia a dia como, por exemplo: Portadores
de alguma deficiência física ou mental não têm como atravessar ruas pelo
menos no Brasil. Poucos são os lugares que têm guias rebaixadas para
cadeira de roda banheiros, quase não existem que possam facilitar o deficiente
em lugares públicos. Só em alguns shoppings. Emprego, hoje existe lei
obrigando o empregador, empregar, mas não creio que deva ser cumprida.
Pessoas se dirigindo a um cego através de seu acompanhante, supondo,
assim que ele não tem condições de compreendê-lo. Ao invés de falar
diretamente com ele. Profissional da área de saúde ou de educação dizer: “E
tão gratificante trabalhar com ele... que não trabalho por dinheiro e sim por
amor” discurso obviamente preconceituoso, que ainda vem travestido de uma
bondade falsa de seu interlocutor.
14
Os mitos e preconceitos, que historicamente batem à nossa porta,
encontram guarida nas casas dos que não têm bem fundados os pilares
anteriormente mencionados: e como somos todos frutos dessa história, cabe a
cada um de nós detectarmos onde estamos sendo promotores dessa
sociedade segregacionista e excludente, para que possamos ser agentes
operadores da transformação social.
1.3- Mas quando não era e passa a ser?
A pessoa que se pensava poderosa e depara-se com a instalação
da deficiência em sua vida adulta, passa a ser objeto de discriminação não só
dos outros, mas de si mesma. Sofre pelos preconceitos que imputava ao ver
um deficiente.
Um senhor que era atendido por um profissional, sofria muito com
essa nova situação de portador de deficiência física e sentia muita vergonha,
referia não poder se apresentar daquela “forma” para os antigos amigos, pois
ele próprio anteriormente participava de rodada regada a bebidas e piadas
sobre os deficientes, comentava inclusive das fantasias sexuais perversas com
as “menininhas aleijadinhas”.
Armadilha do destino? Creio que não. A crueldade venha de quem
não se deve ser perdoada. A pessoa que carrega consigo tamanha frieza em
relação ao outro, sucumbiu à miséria da própria vida, constitui-se em relação a
um mundo social já construído que tem predominância sobre ele, ou referindo
novamente, a super valorização da estética, o fetiche da mercadoria e a força
do poder. Fechou as portas para capacidade de amar, de solidariedade e de
reflexão, e o sentimento de potência é substituído pelo de vergonha.
A vergonha é o medo do olhar do outro e é o afeto social por
excelência, pois deriva das relações com as normas da
sociedade, do sentimento de ter se afastado dessas normas. O
estímulo da vergonha é o olhar do outro, da comunidade, do
público. O sentimento de vergonha é provocado pelo afastar-se
das normas sociais: o olhar do outro condena quem se afastou
15
ou pensa ter se afastado das normas; por isso, a vergonha é a
reguladora da moralidade, é sempre um instrumento do
processo da socialização. (Satow (p.126).
Não é rara, a pessoa que adquire uma deficiência física ao longo da
vida sente-se culpada por esse fato, como também não raro lhe é outorgada
essa culpa. Fantasias de que está pagando por pecados, que é merecimento
por má conduta e maus sentimentos ainda vigoram nos dias de hoje, e são
sutilmente veiculados pelos meios de comunicação.
O senhor citado não é apenas o algoz da situação, é também vítima
da própria construção de sua vida e do mundo social em que está inserido. Ele
sabia muito bem o que representava para seus colegas e para si: a traição e
ao mesmo tempo o fracasso.
...o indivíduo fraco, atrasado animalizado tem que sofrer
qualificado, uma forma de vida à qual se resigna sem amor,
encarniçada, a violência introvertida repete-se nele. O
criminoso que, ao cometer seu crime, pôs sua
autoconservação acima de tudo, tem na verdade um eu mais
fraco e mais instável, e o criminoso contumaz é um débil.
Horkcheimer (p. 211)
1.4 – Discriminar é Crime?
Em um mundo cheio de incertezas, o homem está em busca de sua
identidade e almeja se integrar à sociedade na qual está inserido. Há, no
entanto, muitas barreiras para aqueles que são portadores de deficiência, em
relação a este processo de inclusão. Geralmente, as pessoas com deficiência,
em relação a este processo de inclusão, geralmente, as pessoas com
deficiência ficam à margem do convívio com grupos sociais, sendo privados de
uma convivência cidadã. No Brasil, a Lei Federal nº 7853, de 24 de outubro de
1989, assegura os direitos básicos dos portadores de deficiência. Em seu 8°
16
artigo constitui como crime punível com reclusão (prisão de 1 a 4 anos) e multa
a quem discriminar.
1.5 - A Legislação Brasileira
1. Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa a inscrição
de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou
privado, porque é portador de deficiência.
2. Impedir o acesso a qualquer cargo público porque é portador de deficiência.
3. Negar trabalho ou emprego, porque é portador de deficiência.
4. Recusar, retardar ou dificultar a internação hospitalar ou deixar de prestar
assistência médico-hospitalar ou ambulatória, quando possível, a pessoa
portadora de deficiência.
1.6 – Mitos e preconceitos em torno da deficiência
O pré-conceito para com os alunos com deficiência e a resistência
em educá-los é atual e internacional. A pseudo-redundância da expressão se
faz necessária, visto que tem dado as pessoas, no modelo social em que
vivemos, são tratadas como humanos. Pelo contrário, há bem mais pessoa
sendo tratadas como algo menos que animal que como humanos dotados dos
direitos anteriores mencionados. “Referimo-nos como pessoas humanas”
aquelas muitas pessoas com deficiência a quem é negado direito à saúde,
coíbem, dificultam avanços científicos capazes de evitar, curar e impedir o
agravamento de doenças e de outros quadros graves à saúde humana.
“Referimo-nos como ‘pessoa humana” as muitas pessoas a quem o
direito ao lazer e denegado por donos de área de lazer, para seus parques
aquáticos, seus playcenters”.
“Referimo-nos como pessoas humanas” àqueles muitos
trabalhadores que por conta de uma deficiência são “retirados” de seus
17
empregos porque donos de empresas, médicos do trabalho e outros
personagens de RH pensam que essa pessoa com deficiência perde sua
eficiência.
Os limites jamais devem ser impostos por outras pessoas que não o
próprio deficiente, a partir do momento em que ele aprenda a ter mais
consciência de sua diferença. Como toda pessoa, não deve sofrer cobrança
além de suas possibilidades, muito menos serem reduzidos à incapacidade
total. Todas as pessoas têm direito à educação, lazer e saúde exatamente
como é. Não se esqueça de que palavras como “excepcional” indicam alguém
diferente, mas não necessariamente melhor ou pior do que as outras pessoas.
1.7- Expressões que discriminam
A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também
pelo cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntariamente ou
involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação à pessoa com
deficiência. A seguir veremos algumas expressões incorretas que ouvimos que
demonstram preconceito em relação ao deficiente.
1. “Apesar de deficiente, ele é ótimo aluno”
Na frase acima há um preconceito embutido: “A pessoa com deficiência não
pode ser ótimo aluno: FRASE CORRETA: “Ele tem deficiência e é ótimo
“aluno”.
2. Cadeira de rodas elétrica
Trata-se de uma cadeira de rodas equipada com um motor. TERMO
CORRETO: “cadeira de rodas motorizada”.
3. Ceguinho
O diminutivo ceguinho denota que o cego não e tido com uma
pessoa completa. A rigor, diferencia-se entre deficiência visual parcial (baixa
visão ou visão subnormal) e cegueira (quando a deficiência visual é total).
18
TERMOS CORRETOS: cego; pessoa cega, pessoa com deficiência visual,
pessoa com baixa visão.
4. “Ela é retardada mental, mas é uma atleta excepcional”
“Na frase acima há um preconceito embutido”. “Toda pessoa com deficiência
mental não tem capacidade para ser atleta. FRASE CORRETA. “ela tem
deficiência mental e se destaca como atleta”.
5. “ela teve paralisia cerebral” (referindo-se a uma pessoa no presente)
A paralisia cerebral permanece com a pessoa por toda a vida. FRASE
CORRETA. Ele tem paralisia cerebral. .
6. Pessoa presa (confinada, condenada) a uma cadeira de rodas
TERMOS CORRETOS: pessoas em cadeira de rodas, pessoas que andam em
cadeira de rodas. Os termos presa, confinada e condenada provocam
sentimentos de piedade.
7. Mongolóide
Termos Corretos: pessoas com síndrome de Down, criança com Down,
uma criança Down.
8. ”Infelizmente, meu primeiro filho é deficiente: mas o segundo é normal.”
“Anormalidade em relação à pessoa é um conceito questionável, ultrapassado.
E a palavra infelizmente reflete o que a mãe pensa da deficiência do primeiro
filho, uma “coisa ruim”. FRASE CORRETA: “tenho dois filhos o primeiro tem
deficiência e o segundo não tem.”
9. Inválido
A palavra inválida significa sem valor. Assim eram consideradas as pessoas
com deficiência desde a Antiguidade até o final da Segunda Guerra Mundial.
10. Lepra
19
TERMOS CORRETOS Hanseníase, pessoa com hanseníase, doente de
hanseníase.
II CAPÍTULO
OS DESAFIOS DA INCLUSÃO
20
O medo vê limites, enquanto o amor vê possibilidades. (Louise
Hay)
Incluir quer dizer fazer parte, inserir, introduzir. Inclusão é o ato ou
efeito de incluir. Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências
significa torná-las participantes da vida social, econômica e política,
assegurando o respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade, do Estado e
do Poder Público.
2.1 – Tipos de deficiência
2.1.1 - Deficiência Física
É a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do
corpo humano, acarretando comprometimento da função física, apresentando-
se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoparesia, tetraplégica,
tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita
ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldade para o desempenho de funções.
2.1.2 – Deficiência Auditiva
É a perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras,
variando de graus e níveis na forma seguinte: de 25 a 40 decibéis (dB) –
surdez leve: de 41 a 55 (dB) – surdez moderada: de 56 a 70 (dB) – surdez
acentuada: de 71 a 90 (dB) - surdez profunda: e anacusia.
2.1.3 - Deficiência visual
É a acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após
a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º(tabela de Snellen), ou
ocorrência simultânea de ambas as situações.
21
2.1.4 - Deficiência mental
É quando o funcionamento intelectual significativamente inferior à
média, com manifestação antes dos dezoitos anos e limitações associadas a
duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação,
cuidado pessoal, habilidades sociais, utilização da comunidade, saúde e
segurança, habilidades acadêmicas, lazer e trabalho.
2.1.5 - Deficiência múltipla
É a associação de duas ou mais deficiência.
2.2 – Como surgem os vários tipos de deficiências
Grande parte das pessoas deficientes já nasce com anomalias. Em
países com baixo padrão de higiene e saúde e desinformação da população,
entre os quais se inclui o Brasil, as crianças podem ser afetadas ainda no
período de gestação, por bebidas alcoólicas, fumo, remédios indevidos,
doenças infecciosas (a rubéola entre elas) e má nutrição da mãe. A deficiência
que mais se manifesta é a mental: o cérebro ainda em formação corre o risco
de ser prejudicado por aqueles fatores. Há também doenças
hereditárias (transmitidas geneticamente pelos pais) que provocam essa
deficiência como a Síndrome de Down (anomalia nos genes) outras visuais,
auditiva, física, a exemplo das anemias e da hemofilia (tendência para
hemorragias).
Depois do nascimento, as deficiências podem também surgir
doenças: sarampo (mental), poliomielite (física), glaucoma (visual). Ou, ainda,
traumatismo em acidentes. Mas há como preveni as doenças, esclarecendo-se
as pessoas a respeito das causas capazes de determiná-las, implantando-se
um sistema de saúde e higiene e ainda através de campanhas de vacinação.
Esclarecer pessoas a respeito das causas capazes de determiná-
las, implantando-se um sistema eficaz de saúde e higiene e ainda através de
campanhas.
22
2.3 – O impacto na família ao receber um deficiente
A chegada de um ser especial no âmbito familiar é muito diferente
do que quando recebemos um ser denominado normal.
Conceber este ser é mais complicado ainda e a aceitação é muito
mais difícil.
Tudo isso é complicado porque na maioria das vezes é o
inesperado. Mas nós podemos fazer com que o esperado seja menos
angustiante, triste, preocupante, mostrando a estes o quanto pode ser feito.
Mesmo que seja muito pouco, alguma coisa pode ser feita.
A estrutura da família começa a ruir, comprometendo, totalmente a
sua dinâmica, fazendo com que o portador de necessidade especial não
encontre o seu caminho e nem seu espaço.
Entre a negação e a aceitação da deficiência há um longo caminho
a ser percorrido.
A família tem que ser bem preparada para superar o choque, a
perda da idealização deste filho, pois a sensação dos pais e de puro fracasso
na geração de um filho “defeituoso” O que tem que ser trabalhado de imediato
é o vínculo afetivo que a família deverá ter com ele. A família deverá entender
que existem profissionais adequados e capazes, para fazer diminuir bloqueios
e ansiedades.
Tem que haver uma compatibilidade entre a família e as pessoas
que irão lidar com este ser, estabelecendo uma relação de confiança, de
limites, acolhedora, com o intuito de envolver esta família em trabalhos
satisfatórios, mostrando que através destes trabalhos, eles poderão ajudar
outras famílias que estejam passando pelo mesmo problema.
Progressos existem, existirão, uns mais lentos outros dentro da
normalidade.
A partir do momento que a família toma conhecimento de que deve
existir um acompanhamento para este ser, ela também tem que se
conscientizar que deverá se comprometer a cumprir todas as exigências para
um bom funcionamento do quadro.
23
É de fundamental importância o trabalho conjunto entre a família e
profissionais e também que essa família esteja sempre presente.
“Um filho com deficiência nunca é desejado e, quando
acontece, desperta sentimentos de perda, culpa, raiva,
negação, vergonha, pena, medo e muitos outros. Ninguém
está preparado para ser pai, mãe ou irmão de uma pessoa
portadora de deficiência. Nem os médicos estão preparados
para percebê-la, menos ainda, para dar a notícia de maneira
adequada. Fátima Alves (p. 29)
2.4 - O Educador e sua atuação na Inclusão
A educação especial, como o próprio nome indica, lida com uma
deficiência específica por escola e existem as especiais para deficientes
visuais, outra para deficiente auditivo e ainda outra para deficiências mentais.
Algumas dificuldades de aprendizagem são tratadas por psicólogos,
fonoaudiólogos, psicopedagogos, enfim um especialista por área.
Feita estas considerações, mesmo com uma formação fantástica,
não é justo supor que o professor da escola comum que acolhe a inclusão dê
conta de tanta diversidade de problemas na mesma sala de aula, menos ainda
se não contar com suporte e apoio.
É preciso respeitar também as limitações físicas, psíquicas e
pedagógicas do educador para não transformar em caos a prática de inclusão.
O professor precisa estar bem informado sobre a deficiência com
que irá se defrontar em seu cotidiano, buscando leituras sobre o tema,
participando de encontros de discussão e sabendo como trabalhar o conteúdo.
Certamente é esperar demais do professor que ele saiba
exatamente como lidar com diversos tipos de deficiências (sensoriais, motoras,
mentais, psicológicas ou sociais), mas, se prestar atenção a cada um de seus
alunos, poderá ajudar no encaminhamento e encontrar o apoio necessário de
especialistas em cada caso.
O tema inclusão de alunos com necessidades educacionais
24
especiais está cada vez mais presente no cotidiano dos educadores. Eles
estão percebendo que as diferenças devem ser aceitas e acolhidas como
subsídio para montar ou completar o cenário escolar, mais ainda é difícil
encontrar professores que afirmem estar preparados para receber tais alunos,
e a inclusão exige aperfeiçoamento constante.
A educação inclusiva veio tornar mais complexa e mais disafiadora a
tarefa dos educadores e evidenciou que sua formação nunca está acabada.
Eles precisarão estudar o que antes estavam dispensados de estudar,
aprender técnicas nas quais não pensavam adequar seu ritmo ao de seus
alunos, aprender a “ouvir” por outros meios diferentes da audição. Terão de
rever suas expectativas, as formas de ensinar, avaliar, aprovar, reprovar.
A educação inclusiva supõe que o professor saia da sua solidão,
arrogância, falso domínio e tenha coragem de assumir o preconceito, a
dificuldade, o medo, a impotência diante da adversidade porque só assim terá
condições de aprender ou rever estratégias pedagógicas. Enquanto ele for
arrogante ou enquanto, escamotear, negar, mentir, ele não poderá ser
ajudado. E ele pode aprender isso inclusive com seus próprios alunos, pois
temos mais a aprender com deficiente do que supomos.
2.5 – Acessibilidades nas escola
As
escolas brasileiras já deveriam estar capacitadas para a inclusão, porém a
realidade que enfrentamos é outra. As escolas deveriam estar adequadas às
necessidades de todos os alunos, porém, como os alunos que necessitam
dessas adequações representam uma minoria dentro da escola, esse
problema ainda persiste. Essa adequação vêm de encontro à acessibilidade,
de acordo com a Revista Educação Especial, da Secretaria de Educação
Especial.
Acessibilidade arquitetônica, sem barreiras ambientais físicas em
todos os recintos internos e externos da escola e nos transportes.
Acessibilidade comunicacional, sem barreiras na comunicação
interpessoal (linguagem corporal, língua de sinais, linguagem gestual etc.
25
Acessibilidade metodológica, sem barreiras nos métodos e técnicas
de estudo.
Acessibilidade sem barreiras nos instrumentos e utensílios de
estudo.
Acessibilidade programática, sem barreiras invisíveis embutidas em
políticas públicas... em regulamentos... em normas de um modo geral.
Acessibilidade atitudinal, por meio de programas e práticas de
sensibilização e de conscientização das pessoas em geral e da convivência na
diversidade humana resultando em quebra de preconceitos, estigmas,
estereótipos e discriminações.
Acessibilidade a serviços de saúde especializados indispensáveis
ao acompanhamento e a evolução do aluno. A política de
inclusão é importante, mas não pode ser feita de qualquer maneira, em
escolas sem estrutura e sem os suportes psicopedagógicos indispensáveis ao
acompanhamento e evolução dos alunos, com professores despreparados,
como o governo quer fazer.
2.6 – Barreiras no ensino Inclusivo.
- Atitudes negativas em relação à deficiência;
- invisibilidade na comunidade das crianças com deficiência que não
frequentam a escola;
- custo;
- acesso físico;
- dimensão das turmas;
- pobreza;
- discriminação por gênero;
- dependência (alto nível de dependência de algumas crianças com deficiência
dos que as cuidam).
2.7- A Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho (SINE)
26
É muito recente na história, a abertura do mercado de trabalho para
as pessoas com deficiência. Esta questão sofreu profundas mofificações a
partir de meados dos anos 90, quando as transformações sociais advindas do
processo de globalização passaram a determinar mudançpas no mundo do
trabalho. Historicamente, o processo de exclusão imposto a estes profissionais
contribuiu para a criação de uma imagem estigmatizada, impedindo que se
conheça o seu potencial. Modificar esse paradigma representa um desafio
para a sociedade atual.
Sensível a esta realidade , em 1990, o Instituto de Desenvolvimento
do Trabalho (SINE) resolveu investir no atendimento das necessidades da
pessoa com deficiência e instituiu um grupo técnico, com a missão de estudar
e buscar novos caminhos que viessem favorecer a inclusão no mercado de
trabalho. A evolução desse trabalho levou, em 1992, à criação da Unidade de
Atendimento à primeira no estado com a proposta de aproximar trabalhadores
com deficiência e empresários, construindo uma parceria na busca de um novo
olhar sobre a diferença. Por outro lado, buscou-se com o trabalhador a
consciência de cidadão produtivo, a elevação da autoestima e a eliminação de
atitudes paternalistas.
Para essa parcela da população, o ano 2000 trouxe consigo o início
de uma nova época marcada pela exploração de postos de trabalho, graças ao
cumprimento da Lei nº 8.213, de 24/07/91, cuja implementação se tornou
aliada à luta das pessoas com deficiência. Sua obrigatoriedade contribuiu para
uma mudança de comportamento por parte do trabalhador, como também da
empresa em se adaptar e conviver com esses profissionais.
Apesar do novo panorama, as empresas ainda encontram muitas
dificuldades na contratação com o perfil desejado, mesmo flexibilizandos pré-
requisitos. O papel do SINE tem sido o de construir uma ponte entre a
empresa e o trabalhador, visando contribuir para o crescimento profissional,
disponibilizando cursos e orientação profissional, dentre outras ações.
2.8 – Leis que regulamentam a inclusão
27
A Declaração de Salamanca e o Plano de Ação para a
Educação de Necessidades Especiais evidenciam que a
educação inclusiva não se refere apenas aos deficientes, mas,
sim, a todas as pessoas com necessidades educacionais
especiais. Todas as pessoas devem ser incluídas, sendo que
(...) toda criança tem direito fundamental à educação: possui
características interesse, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas (...) escolas regulares que
possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais
eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se
comunidades mais acolhedoras, construindo uma sociedade
inclusiva e alcançando educação para todos (Declaração de
Salamanca, apud MEC, 1994).
Com intenção de mudar a visão da realidade de hoje é que foi aprovada, em
Londres, Grã-Bretanha, pela Assembléia Governativa da Rehabilition
Internacional, a Carta para o Terceiro Milênio, com a finalidade de garantir uma
sociedade mais justa, com direitos e deveres iguais para toda a população.
Não basta garantir a inclusão apenas na sala de aula. A Carta para
o Terceiro Milênio (MEC) assegura “os direitos das pessoas com deficiência,
mediante o apoio ao pleno empoderamento e inclusão delas em todos os
aspectos da vida” (MEC), deixando claro que, em todos os aspectos tem de
haver o sentido da inclusão. É necessário quebrar as algemas da
discriminação, do preconceito e da homogeneidade das pessoas, percebendo
que todos os sujeitos com deficiência ou não, devem viver como seres capazes
e ativos em uma sociedade.
Em uma convenção acontecida na Guatemala, com o intuito de
eliminação de todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras
de deficiência, registrou-se em assembléia uma resolução que garante os
direitos das pessoas com necessidades educacionais especiais, ficando claro
que toda e qualquer forma de discriminação às pessoas com deficiência é
crime e que se deve possibilitar situações em todo o mundo que garantam a
acessibilidade em todo e qualquer contexto. Os pais (ou responsáveis) das
pessoas com deficiência precisam se submeter a viver a construção desse
28
direito. É necessário esclarecer à população que a filosofia inclusiva não é
favor, e sim uma obrigação para com o próximo.
Todos os seres humanos nascem livres e são iguais em dignidade e
direitos (Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 1º). Baseado
nesse fundamento é que um dos mais recentes documentos sobre a inclusão
afirma que esse processo deve ser sustentado e garantido, pois em cinco de
junho de 2001, foi afirmado e decretado, no Congresso Internacional da
Sociedade Inclusiva, que:
O acesso igualitário a todos os espaços de vida é um pré-
requisito para os direitos humanos universais e as liberdades
fundamentais das pessoas. O esforço rumo a uma sociedade
inclusiva para todos é a essencial do desenvolvimento social
sustentável (Declaração Internacional de Montreal sobre a
Inclusão, 2001).
A parceria propostas no documento referido garante essa
acessibilidade, mas ainda é incomum a visão dessa realidade. O que se vê é
uma ou duas crianças inseridas em sala repleta de alunos sem que tenha uma
verdadeira condição de recebê-los. Infelizmente, esse desejo é considerado
utópico no quadro da realidade atual. As políticas devem garantir para todos
uma melhor condição de aprendizagem, para que consigam viver em uma
sociedade digna e, conseqüentemente, inclusiva, mas isso só está sendo
iniciado agora. Espera-se que, no futuro bem próximo, possamos usufruir
dessa realidade.
É visível, nos meios de comunicação e na reestruturação
curricular das escolas, que esse processo já se iniciou, mas o despreparo e a
falta de estrutura são problemas iniciais para o sucesso da inclusão.
Como qualquer outra nação, somos influenciados pelas
tendências mundiais, e a nossa política educacional adotou termos
internacionais. Dessa forma, desde 20 de dezembro de 1996, com a Lei nº
9.394/96 Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, no Capítulo V da
Educação Especial, se constrói um novo olhar para a Educação Especial,
viabilizando uma prática inclusiva que enfatiza, no art. 58, que a educação
especial pode ser entendida “para efeitos desta Lei, como a modalidade de
29
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educando portador de necessidades especiais”.
De acordo com as condições e as possibilidades dos alunos
deficientes, eles terão assegurados o direito de usufruir da escola como todo e
qualquer cidadão, com plena garantia do seu direito. É necessário, porém,
garantir certa competência; devem ter assegurados serviços específicos para
contribuir na sua formação cognitiva, efetiva e social.
No art. 58 da LDB, fica subentendido o compromisso com a
inclusão, pois é afirmado, ainda, nessa lei, no §2º, que o atendimento também
poderá ser feito em escola especializada. Assim, o art. 59 vem completar esse
direito do sujeito deficiente. Os sistemas de ensino assegurarão aos educando
com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos
educativos e organização específica para atender às suas necessidades. A lei
exige que haja uma adaptação na escola como um todo. Com o objetivo de
tornar a inclusão real, ela propõe que os currículos atendam às necessidades
especiais, pois não adiantaria o agrupamento das crianças com deficiência na
escola regular se não atendesse às suas verdadeiras necessidades.
Quando a educação brasileira estiver preparada para adequações
de currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica
para atender às necessidades educacionais especiais, poderá se disser que
está a um passo para o progresso. Não adianta
apenas leis, é necessário que se tenha uma visão ampla da realidade
educacional do País. Apesar de se falar em educação para todos, temos que
analisar como essa educação vem acontecendo e se ela está realmente
preparada para incluir a todos sem deixar lacunas no que se refere a um
trabalho para a diversidade.
30
III CAPÍTULO
O SUCESSO NA BUSCA DE NOVOS CAMINHOS
“Não se pode ensinar tudo a um homem, pode-se apenas
ajudá-lo a descobrir algo por si mesmo.” Galileu Galiléi”.
Tantas coisas se têm procurado como meio de encontrar a
felicidade... Tanto se tem buscado para a realização do homem.
Porém o que nós vemos é que cada um de nós tem as suas
necessidades... os seus desejos.
O caminho da auto-realização é individual e peculiar a cada um.
3.1- Percorrendo os Caminhos
Surge um novo movimento, o da inclusão, conseqüência de uma
visão social, de um mundo democrático, onde pretendemos respeitar direitos e
31
deveres. A limitação da pessoa não diminui seus direitos: são cidadãos e
fazem parte da sociedade como qualquer outro. É o momento da sociedade se
preparar para lidar com a diversidade humana.
Necessitamos de uma sociedade aberta para todos, que estimule a
participação de cada um, que tire o deficiente do isolamento em que se
encontram, porque a integração faz bem para todos. “Os considerados
normais” aprendem a conviver com os deficientes.
Ao mesmo tempo em que se faz a integração, é necessário dar aos
deficientes, atendimento paralelo em salas de recursos criadas para realizar
acompanhamento complementar ao ensino das salas comuns.
A realidade, no entanto, continua distante do ideal. Além de poucas,
as escolas que recebem deficientes se encontram no Sudeste. O Norte e o
Nordeste permanecem quase desassistidos. A escola regular, atualmente não
dá conta nem mesmo da clientela dita normal. Os professores, produto de
formação precária, nem sequer sabem lidar com os alunos que apresentam
qualquer tipo de “deficiência.” Faltam centros de especialização. E os que
existem estão na maioria, também, nos estados do Sudeste. O INES, por
exemplo, é a única instituição federal do país que dá curso para professores
que desejam especializar-se em deficiência auditiva. Mesmo assim sobram
vagas, porque “as secretarias da Educação dos Estados não têm meios de
financiar a vinda de professores e mantê-los no Rio por um ano. E a escassez
se estende pelos Estados, que oferecem apenas cursos superiores, de quatro
anos. São Paulo, de longe o mais bem aparelhado no atendimento de
deficiente, possui apenas um curso para formar especialistas em deficiências
físicas , o da UNESP, em Marília.
3.2 – Usando a Tecnologia para transposição de limites
Sabemos que uma ampla utilização de novas tecnologias poderá
facilitar o processo de inclusão de crianças e jovens com deficiência,
principalmente aqueles considerados mais “difíceis”, os deficientes múltiplos,
autistas, surdos e com enfermidades graves. Para tanto faz se necessária a
demolição e transposição de algumas barreiras e processos invisíveis que
32
favorecem a ignorância, o preconceito, a segregação e o isolamento destes
deficientes.
Para que tenhamos uma possível inclusão de crianças consideradas “casos
difíceis”, além de um experiente aprimoramento da capacitação dos
professores e das escolas, há recursos tecnológicos que os profissionais da
educação e todo pessoal implicado nesta busca da educação com qualidade
podem utilizar:
- Computadores (conectados à internet);
- sintetizadores de fala;
- impressoras Braille;
- teclados ampliados e adaptados (com colméias/protetor de teclado);
- mouse adaptados ou modificados;
- sinalizadores de tela;
- dicionários de gestos e Libras;
- aplicativos (editores de desenho e de texto ou desenho);
- telas sensíveis ao toque;
- apontadores de cabeça (capacetes com ponteiros para tela);
- softwares de comunicação;
- LM Brain e IMAGO ANA VOX (programa de auxilio à comunicação de
pessoas com deficiência motora grave, criados na UNICAMP e USP);
- DOSVOX (Programa na UFRJ desenvolvido para leitura e edição de textos);
- Virtual Vision (leitor de telas para deficientes visuais);
- Via Voice (programa da IBM que permite controlar e acessar o computador
com a voz.
O processo de universalização dos recursos tecnológicos busca a
máxima ampliação dos seus beneficiados, que se incluam aí os deficientes
com maior comprometimento motor, cognitivo ou os com déficits sensoriais ou
verbais, enfatizando que além de estarem “dentro” das escolas regulares,
recebendo o básico processo de alfabetização na língua, estejam sendo
respeitados em seus Direitos Humanos fundamentais, incluindo-se aí o direito
à informação atualizada sobre os avanços da tecnologia e dos serviços
33
principalmente públicos, disponíveis para pessoas com deficiência, suas
famílias e os profissionais que trabalham neste campo e o público em geral.
PELO ACESSO IRRESTRITO E UNIVERSAL A TODAS AS
TECNOLOGIAS QUE POSSAM LIBERTAR O ESPÍRITO E CORAÇÃO DOS
HOMENS!
3.3 – Famosos Portadores de Deficiência que encontraram seus
caminhos
*Agatha Christie, escritora (dislexia);
* Albert Einstein, cientista (dislexia e autismo);
* Andrea Bocelli, cantor (cegueira);
* Antonio Francisco Lisboa (alejadinho), escultor;
* Alexandre Granham Bell deficiência auditiva);
* Bem Johnson, esportista (dislexia);
* Bob Dole, (deficiência física – braço);
* Bill Clinton, ex- presidente (deficiência auditiva);
* Charles Darwin, cientista (dislexia);
* Helen Keller, escritora (cegueira e deficiência auditiva);
*João do Pulo, atleta (amputação);
*João F. Kennedy, estadista (lesão na coluna);
*Lars Grael, iatista (amputação da perna);
* Louis Braille (cegueira);
* Ludwig Van Beethoven, compositor (deficiência auditiva);
*Luis de Camões , escritor (deficiência visual);
* Moisés, patriarca Hebreu (gagueira);
* Roberto Carlos, cantor (amputado);
* Stephen Hawking, físico (esclerose amiotrófica);
* Thomas A. Edison, inventor (dislexia e deficiência auditiva);
*Wagner Montes, apresentador de TV e atual Deputado Estadual
(amputado);
* Walt Disney, empresário e desenhista (dislexia).
34
3.4 - Um caminho em Niterói: “ANDEF”
A Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos foi fundada em
1981, com o propósito de desenvolver ações de garantia e promoção de
direitos das pessoas portadoras de deficiência física. Sem fins lucrativos, a
Andef e reconhecida nacional e internacionalmente como uma das maiores
entidades de representação do segmento que atua.
A Associação tem por finalidade a defesa dos interesses das
pessoas com deficiência física, através de medidas que visem obter melhoria
em sua condição de existência, mediante atuação junto à comunidade e aos
poderes públicos, buscando ampliação da assistência, amparo, capacitação
profissional e o aproveitamento da mão de obra da pessoa com deficiência,
objetivando sua plena integração na sociedade.
A Andef tem por principal estratégia de trabalho, a elevação da auto-
estima e o aumento dos níveis de autonomia da pessoa portadora de
deficiência.
Seus serviços:
- Passe Livre;
- Assessoria Jurídica;
- Acessibilidade;
- Estágios;
- Formação;
- Esportes;
- Convênios;
- Interação com a Comunidade.
3.5 - O Sucesso na Busca de novos caminhos na Inclusão
Para compreendermos o sucesso na busca dos novos caminhos na
sociedade de hoje é preciso lançar um olhar sobre a história.
É notório o que diz Gadotti, já que foi, Jesus o primeiro a incluir no
35
mesmo status social a mulher, a criança, o cego, o deficiente físico e os que
estavam à margem da sociedade, integrando Romanos, Judeus e Bárbaros,
antecipando-se a movimentos que só surgiram a partir do século XX. Nele
estava os primeiros sinais da educação inclusiva.
Boaventura Santos (1997) afirma:
“Temos o direito de ser iguais sempre que as diferenças nos
inferiorizem: temos o direito de ser diferentes sempre que a
igualdade nos descaracterize”.
As discussões acerca da inclusão de pessoas portadoras de deficiência na
escola, no trabalho e nos espaços sociais, em geral, têm se propagado
rapidamente entre educadores, familiares, líderes, dirigentes políticos,
entidades, meios de comunicação, etc.
Como consequência da propagação das discussões, os conceitos
sobre deficiência estão sendo reformulados, os preconceitos extintos, a
qualidade de vida dos deficientes tem melhorado sobremaneira, a integração
social e a igualdade de direitos têm deixado de ser um sonho para se tornar
uma realidade possível de ser concretizada.
Hoje a mídia, denuncia casos de discriminação, já passam na TV,
novelas que abordam a questão da deficiência onde prática e experiências
bem-sucedidas informam e mudam conceitos sociais.
A luta para superação do preconceito contra o despreparo e a
exclusão é árdua, mas os valores envolvidos são relevantes o suficiente para
motivar, como relata as professoras: Monica de Abreu N. Machado e a
professora Anita Lins, a primeira, sobre o seu filho, que cursa, atualmente o 9°
Fundamental, numa escola comum, e que é portador da Síndrome de
Asperger. Mônica, você é simplesmente encantadora!; a segunda, que fala
sobre seus filho: o 1º que foi portador de paralisia cerebral, e a 2º portadora de
surdez.” Anita, companheira de longas caminhadas, guerreira, determinada,
admirável e vencedora!”.
Que ao final desse capítulo fique a idéia de que, quando se quer, é
possível levar a sério e obter sucesso na busca dos novos caminhos.
36
CONCLUSÃO
Todos nós temos potencialidades e fraquezas, e isso precisa e pode
ser desenvolvido nas pessoas de acordo com os limites de cada um. Aceitar e
amar alguém que é diferente faz com que os pais e educadores cresçam
juntos com essa pessoa. É importante ressaltar que além de freqüentar a
escola, as crianças deficientes devem viver normalmente em sociedade,
passear com a família, praticar esportes e tarefas extracurriculares, uma vez
que muitas delas se destacam por habilidades particulares.
Os limites jamais devem ser impostos por outras pessoas que
não o próprio deficiente, o importante é que aprenda no seu tempo.
A inclusão surgiu como alternativa para a educação de pessoas com
necessidades especiais e suas vidas em sociedade. A educação inclusiva
representa um passo muito concreto e manejável que pode ser dado em
nossos sistemas escolares para assegurar que todos comecem a aprender que
o “pertencer” é um direito, não um status privilegiado que deva ser
conquistado. “A educação constrói o homem, seu potencial criador, produtor e
de organização social. Ela ratifica ou retifica formas de pensar.
Foram contemplados os aspectos da inclusão no mundo do trabalho, a
inclusão digital como fator de recuperação e manutenção da memória, o
preconceito e a discriminação em todas as suas modalidades, enfim, é uma
obra de grande abrangência que aponta caminhos que já estão sendo
37
percorridos para inclusão total.
Não existem fórmulas milagrosas na inclusão, mas sim determinação e boa
vontade das autoridades, escolas e comunidades. Doando-se para oferecer
subsídios para acabarmos ou minimizarmos a exclusão que tanto mal faz a
tudo e a todos. Só assim poder-se-á incluir realmente com humanidade e
dignidade as pessoas com necessidades especiais e não apenas integrá-las.
Este estudo tem como finalidade levar a uma reflexão do que está sendo feito
em relação a uma inclusão real e dá margens a correções que por ventura
precisem ser feitas para que se implante, de fato a inclusão.
ANEXOS
Anexo 1 >> Relato – A Vivência com autismo e a inclusão. Mônica de Abreu N.
Machado.
Anexo 2 >> Relato – O sucesso de Anita Lins, mãe de dois filhos - o mais
velho e a do meio - portadores de necessidades especiais.
38
ANEXO 1
Vivência com autismo – Depoimento – Mãe
Nome: Mônica de Abreu N. Machado – Profissão: Professora
Sou mãe de um adolescente de 14 anos, diagnosticado aos 18 meses como
portador da Síndrome de Asperger ( uma das formas mais “brandas“ de autismo), que
cursa, atualmente, o 9º Ano Fundamental, numa escola comum, graças ao sucesso de um
longo tratamento, iniciado na época em que recebemos o diagnóstico e também ao rigoroso
acompanhamento escolar que fizemos em casa.
Como chegamos ao diagnóstico:
Meu filho teve a sorte de ser diagnosticado ainda bebê, o que facilitou muito o
seu desenvolvimento, já que quanto mais cedo se começa o tratamento de estimulação do
cérebro autista, maiores são as possibilidades de evolução dos portadores dessa
síndrome.
Quem me chamou a atenção para a possibilidade do autismo foi a psicóloga da
creche que ele freqüentava e me aconselhou a procurar um neurologista.
O impacto do diagnóstico:
Confesso que ao ouvir da médica que meu filho era portador de uma síndrome
autista, fiquei aterrorizada, imaginando que minha criança estava fadada a ser um “morto-
39
vivo”, um in-capaz, para o dependente dos outros para o resto da vida.Esse é o principal
preconceito que o autista enfrenta: ser rotulado erroneamente como um alienado, incapaz
de qualquer progresso.
A maioria das pessoas desconhece a amplitude de variantes das síndromes
autistas que podem apresentar desde o quadro mais severo de alienação, às vezes
acompanhado de retardo mental e deficiência auditiva, até os quadros mais brandos,
chamados de “autismo de alto desempenho” em que o autista não é retardado, pelo
contrário, possui inteligência muito acima da média, podendo levar uma vida social muito
próxima dos padrões considerados “normais”, desde que diagnosticado precocemente ( e
devidamente tratado).Ainda sob o impacto do diagnóstico, comecei a buscar todo o tipo de
informação que pudesse me ajudar a entender o que era aquela síndrome e como eu
poderia ajudar meu filho a se desenvolver e ter
Uma qualidade de vida razoável, que o permitisse, pelo menos, exercer uma
profissão, no futuro. Comecei também a dar a medicação prescrita e a procurar os
terapeutas que me foram indicados: psicoterapeuta, psicopedagogo, psicomotricista,
fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, musicoterapeuta, além de constantes exercícios de
estimulação cerebral e motora que fazíamos em casa, seguindo as orientações dos
terapeutas.
Com meus poucos recursos financeiros, eu não podia pagar todas essas
terapias, mas, felizmente consegui inscrevê-lo num programa de atendimento gratuito, em
que ele era atendido por quadro tipos desses terapeutas e os outros eram pagos por mim,
com bastante sacrifício. Foi um período bastante complicado, mas valeu o “investimento”.
Dificuldades na escola:
Na escola, o preconceito gira em torno do comportamento incomum do portador
de autismo:
Temperamento excessivamente retraído, tendência ao isolamento, gerando
imensa dificuldade de relacionamento e interação social; dificuldade de entender
abstrações e piadas. No caso do meu filho, há ainda um comprometimento da
coordenação motora que o deixa muito desconfortável nas aulas de Educação Física e
Educação Artística. Ele também tem grande dificuldade em aprender Matemática.
40
A Política da Inclusão
A política de inclusão é importante, mas não pode ser feita de qualquer maneira,
com professores despreparados, em escolas sem estrutura e sem os suportes
psicopedagógicos indispensáveis ao acompanhamento e evolução dos alunos, com
professores despreparados, como o governo quer fazer.
A escola inclusiva só funciona quando possui uma equipe de suporte composta por
psicólogo, psicopedagogo, psicomotricista, sala de recursos e professor auxiliar (para
acompanhamento permanente do aluno na sala de aula), além de treinamento e orientações
constantes de turma para que possam contribuir para a evolução do aluno. O meu filho foi
bem sucedido porque teve tudo isso.
É preciso também deixar claro que o sucesso da inclusão depende muito também
do compromisso da família com o desenvolvimento desse aluno especial, que precisará da
dedicação dos responsável escolar em casa. A escola, sozinha não dá conta dessa tarefa,
mesmo que tenha uma equipe especializada.
Outros fatores que a família não pode negligenciar são: a administração correta
dos medicamentos prescritos( importantíssimos para o equilíbrio e concentração da criança) e
a educação social desse aluno. É importantíssimo dar limites, ensinar a conviver a respeitar os
outros, a saber, se comportar numa sala de aula, além de procurar ajudá-lo a desenvolver ao
máximo possível a sua autonomia. Quanto mais ajustado ao convívio social (tarefa que cabe à
família), melhor aceito o aluno será e mais fácil será a sua inclusão numa turma regular.
Crianças especiais voluntariosas, sem limites, incontroláveis devido à falta de
medicação e socialmente mal educadas acabam prejudicando o trabalho do professor, não só
com elas próprias, mas também com toda a classe.
41
Anexo 2
As Lutas e o sucesso de Anita Lins, mãe portadores de necessidades especiais.
Lívio Lins Silva, nasceu em dezembro de 1980, teve anoxia no momento do
nascimento, ocasionando paralisia cerebral grau III, Viveu até os 22 anos.
Foi uma criança sorridente e feliz apesar das dificuldades motoras que teve. Vivia
como se tivesse 3 meses de idade. Porém temos lindas fotos em momentos de grande
emoção. Fez fisioterapia durante uns oito anos, porém não conseguiu equilibrar a cabeça,
nem sentar. Nessa época não se falava tanto quanto hoje em inclusão. Aos 8 anos foi
convidado a se retirar do atendimento que fazia na Pestalose, como se não tivesse mais
direito de freqüentar a mesma, deveria ficar em casa, pois foi considerado pela equipe da
mesma como caso “de manutenção”. Foi muito difícil não encontrar apoio neste momento.
Onde estava o direito a um atendimento específico na sua área de dificuldade.Não se falava
em inclusão da pessoa com deficiência infelizmente vivemos um momento muito difícil
solitário. Fizemos tudo que podíamos para que ele tivesse um pouco de felicidade junto a
família, fez oxigenação hiperbarica em SP. Ele foi a luz das nossas vidas, ajudou as irmãs a
serem sensíveis, a torná-las mais amigas, mais companheiras, solidárias...
Em fim veio a este mundo para deixar saudade e lindas lembranças...
Me considero uma pessoa de sorte porque recebi 3 presentes de Deus...
Agora vamos falar sobre nossa 2ª filha. Letícia nasceu linda e saudável, porém
quando completou 1 ano e seis meses teve Meningite em conseqüência perdeu a audição.
Perda profunda. Na época eu estava em atendimento psicológico e recebi orientação sobre
uma fonoaudióloga que tinha experiência com surdos.Letícia começou o atendimento
imediatamente após a doença. (Conheci uma pessoa maravilhosa que entendeu a minha
situação:” o dinheiro que eu tinha era para o tratamento do Lívioem SP.”
Mesmo assim ela começou a atender a Letícia imediatamente. Letícia fez o jardim
42
de infância em uma escola municipal que tinha as de recursos, sendo o trabalho orientado
pelo Instituto Helena Antipof.Continuou seus estudos em escola do Município do Rio de
Janeiro. Aos 5 anos começou a produzir sons... A medida que se alfabetizava. Continuou o
atendimento fonoaudiológico até os 15 anos, Cursou o 1ºgrau e depois fez o curso Normal.
Vencendo aos poucos as dificuldades que enfrentava com coragem. A seguir
conheceu Libras através do contato com outros surdos. Recebeu certificação Prolibras no
Ines, podendo ensinar Libras. Iniciou a Faculdade de Análise e Desencvolvimento de
Sistemas. Teve muita dificuldade para concluir os semestres, continuou vencendo barreiras.
Teve de trocar de Instituição de ensino por causa da falta de compreensão de uma professora
e ao mesmo tempo”coordenadora”, Porém não desistiu dos seus sonhos e continuou em outra
Instituição onde encontrou apoio dos professores e coordenadores e falta apenas 1 semestre
para que termine seu curso.
Obs. Segundo a própria Létícia é muito importante para a pessoa surda ou que tenha qualquer
deficiência a presença de um irmão mais novo. E não foi diferente com a Letícia, ela encontra
na Irmã Lígia companheirismo e estímulo para vencer barreiras.
Leticia é guerreira e determinada. Atualmente tem amigos surdos oralizados e
passou a conhecer surdos que fizeram Implante Coclear e decidiu também conhecer esta
nova tecnologia que surgiu para mudar radicalmente a vida dos surdos.
Há um ano iniciou avaliação na Santa Casa de SP. Conheceu uma equipe médica
maravilhosa. E foi chamada para fazer a cirurgia no dia 28/12/2011. Foi um presente de Deus,
a cirurgia foi um sucesso. Ela fará a ativação do mesmo no dia 07/02/2012.
A partir daí começará uma etapa em sua vida. Conhecerá novos sons, descobrirá
um novo mundo até então desconhecido.
Não tenho palavras para descrever este momento. Senti a mesma emoção do seu
nascimento. Primeiro agradecer a Deus por nos dar esta oportunidade de viver junto a Letícia
este momento de inclusão agradecendo a Deus a oportunidade de colocar em nossas vidas
pessoas tão importantes quanto a fonoaudióloga Sonia e Toda equipe médica da Santa Casa
de São Paulo.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
. ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Minha escola recebeu alunos para a inclusão.
Que faço agora? Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
ALVES, Fátima. Inclusão: muitos olhares, vários caminhos e um grande
desafio. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.
ALVES, Maria Dolores Fortes. Favorecendo a Inclusão pelos Caminhos do
Coração. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.
Apostilas da AVM. Rio de Janeiro, 2011.
CAMPBELL, Selma Inês. Múltiplas Faces da Inclusão. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2009.
CUNHA, Eugênio. Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade. Rio de
Janeiro: Wak Editora, 2011.
SASSAKI, Romeu Kasumi. Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos.
São Paulo Editora Áurea, 2003.
SATOW, La. Construção da Identidade na Exclusão. São Paulo: Robe Editoral,
1995.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O Preconceito e as suas Barreiras 10
1.1 – Origens Históricas do Preconceito 10
1.2 – Barreiras do Preconceito 12
1.3 – Mas quando não era e passa a ser? 14
1.4 – Discriminar é crime 15
1.5 – A Legislação brasileira 16
1.6 – Mitos e Preconceitos em torno da Deficiência 16
1.7 – Expressões que Discriminam 17
CAPÍTULO II
Os Desafios da Inclusão 20
2.1 – Tipos de Deficiências 20 2.1.1-
Deficiência Física 20
2.1.2 – Deficiência Auditiva 20
2.1.3 – Deficiência Visual 21
2.1.4 – Deficiência Mental 21
2.1.5 – Deficiência Múltipla 21
2.2 – Como surgem os vários Tipos de Deficiência 21
2.3 – O Impacto na Família ao receber um Deficiente 22
2.4 – O Educador e a sua Atuação na Inclusão 23
45
2.5 – Acessibilidade nas Escolas 24
2.6 – Barreiras no Ensino Inclusivo 25
2.7 – A Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado
de Trabalhos (SINE) 26
2.8 Leis que Regulamentam e Incluem 27
CAPÍTULO III
O Sucesso na Busca de Novos Caminho 31
3.1 – Percorrendo os Caminhos 31 3.2
– Usando a Tecnologia para Transposição de Limites 32
3.3 – Portadores de Deficiências Famosos que
encontraram seus Caminhos 33
3.4 – Um Caminho em Niterói: “Andef” 34
3.5 O Sucesso na Busca de Novos Caminhos 35
CONCLUSÃO 37
ANEXOS 38
Anexo 1 39
Anexo 2 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
ÍNDICE 45
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