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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ASPECTOS ECOLÓGICOS DO MANGUE
Por: Luciéne da Silva Vieira
Orientador
Prof. Francisco Carrera
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ASPECTOS ECOLÓGICOS DO MANGUE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental
Por: Luciéne da Silva Vieira
3
AGRADECIMETOS
À amiga Lucilene Aguiar Pontes Cesar
pelas informações prestadas e apoio e
incentivo.
4
RESUMO
O ecossistema manguezal é a base da cadeia alimentar marinha, estuário de
várias espécies e área de transição tanto referente ao carreamento de
partículas alimentares como transportes de seres jovens. Nele habitam
vertebrados e moluscos e, por isso, tem relação direta com a atividade sócio-
econômica das populações tradicionais já que estas têm a subsistência
baseada na coleta e pesca de tais seres.
No decorrer dos anos, o manguezal tem sofrido a ação antrópica oriunda do
desenvolvimento econômico e, conseqüentemente, das populações das
cidades. A fim de evitar e mitigar as conseqüências dessas ações e de seus
impactos no ecossistema citado têm sido desenvolvidas e planejadas ações
por parte do poder público, de empresas e de ONGs, acreditando-se que é
possível o crescimento sustentável e a conscientização das populações.
Acredita-se que as variações climáticas também tenham influência sobre os
manguezais, porém, ainda não se pode precisar o quanto, contudo, se elas são
decorrentes da ação antrópica, certamente, o que ocorre com os manguezais é
influenciado pelo homem. Por isso, medidas são recomendadas a fim de que o
crescimento econômico e social sejam harmônicos.
5
METODOLOGIA
Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica, tendo como principais
autores pesquisados RICHIERI (2001), COELHO (2007) e VANNUCCI (2003).
Foram utilizadas publicações em sites de instituições públicas e teses.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I- CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA DO MANGUEZAL 09
CAPÍTULO II- ATIVIDADES REALIZADAS NO ENTORNO DO MANGUEZAL E
SEU IMPACTO 14
CAPÍTULO III- POSSIBILIDADES DE RECUPERAÇÃO E MANEJO 30
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ANEXOS 42
ÍNDICE 56
7
INTRODUÇÃO
O tema deste estudo é Aspectos Ecológicos do Mangue e tem por
objetivo descrever as características do manguezal, sua importância
econômica e social para as populações ao entorno desse ecossistema, bem
como para as populações marinhas, seu papel auxiliar e imprescindível nas
várias fases dos seres aquáticos e através desse conhecimento e, a partir dele,
evitar que ações impactantes sejam desenvolvidas e que também seja
controlado e observado o crescimento de empreendimentos que possam
determinar sua deterioração ou dano. Neste estudo, são enfocados além das
características sociais e econômicas do manguezal, seu comportamento em
diferentes ambientes, as atividades desenvolvidas em seu entorno, como a
expansão urbana e o crescimento das cidades pode interferir neste
ecossistema e o que se tem realizado a fim de mitigar os efeitos das atividades
impactantes ou restaurar áreas aparentemente perdidas, como os projetos
desenvolvidos nas APAs e baías. São abrangidas as principais áreas e baías
que se destacaram, seja por constituírem importantes remanescentes de
manguezais ou pelo processo de degradação sofrido, como a APA GUAPI-
MIRIM que é referência na Baía de Guanabara; os manguezais de Angra dos
Reis que sofreram ação durante o seu processo histórico e econômico, com
reflexo em toda a Costa Verde e a Baía de Sepetiba tida como a bacia de
maior importância biológica e considerada região de especial interesse
ecológico pela Constituição do estado do Rio de Janeiro e que abrange a
Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba. São enfatizados os impactos -
citados anteriormente - em cada cidade ou área mencionada do estado do Rio
de Janeiro, merecendo atenção o processo de recuperação da Lagoa Rodrigo
de Freitas.
A maior parte da população do estado do Rio de Janeiro e mesmo do
Brasil não tem conhecimento no que realmente consiste o manguezal o que
8
fomenta a sua desvalorização por parecer um ambiente inóspito e ideal para o
lançamento de esgotos dos mais variados ou para grandes construções após
devidamente aterrado. Entre as conseqüências geradas por este quadro surge
a falta de mercado para os catadores de caranguejo e subsistência para a suas
famílias, a influência na gastronomia que fica sem suprimentos e a eliminação
de espécies que habitam o mar.
A partir do conhecimento do real papel do manguezal no ambiente e da
percepção de que seres humanos fazem parte desse ambiente é que pode ser
incutida a consciência com objetivo de impedir ou evitar que atos impactantes
se realizem. Conhecendo as atividades e as populações que dependem do
ecossistema em estudo, sua importância sócio-econômica e suas
características, podem ser identificadas suas formas de recuperação que em
vários pontos do estado do Rio de Janeiro já apresentam bons resultados e
alguns projetos encontram-se em desenvolvimento, seja de iniciativa pública ou
privada.
9
CAPÍTULO I
CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA DO MANGUEZAL
Popularmente chamado de mangue, o manguezal é responsável por grande
parte do material biológico dos mares além de ter papel importante na
gastronomia e economia das populações em seu entorno; é berçário de várias
espécies e fornece alimentação, abrigo e proteção contra a ação de
intempéries. Entretanto, deve-se esclarecer um ponto que causa dúvidas e até
mesmo equívocos quanto às nomenclaturas mangue e manguezal. Quando se
refere ao ecossistema com suas características próprias de árvores com
sistema radicular acima do nível do solo, raízes escoras de diferentes aspectos
e formas que servem para ancorar o solo ao lamaçal mole e móvel como diz
Vannucci (VANNUCCI, 2003), referem-se a manguezal. Para designar as
árvores próprias do manguezal, utiliza-se o termo mangue, ou seja, a floresta
do manguezal. Neste estudo, será enfocado o manguezal.
Por apresentar pouco oxigênio e bactérias suficientes para decompor o
riquíssimo material orgânico que se deposita continuamente, seu solo e todo o
ambiente possuem o odor característico desse ecossistema, pois, uma vez que
não há o oxigênio, as bactérias utilizam o enxofre.
O teor de detritos em suspensão em suas águas concerne ao manguezal uma
fonte rica em nutrientes para os camarões, peixes e caranguejos, pois as folhas
caídas de suas árvores propiciam tal nutrição, além de garantir boas condições
para reprodução e proteção e, dessa forma, o aumento do número de
espécies. Espécies como ostras e mexilhões retiram da água pequenos
sedimentos para a sua alimentação o que possibilita sua filtração, funcionando,
portanto, como “filtros naturais”; os caranguejos aeram o solo, têm uma dieta
variada e são conhecidos como animais-símbolo do manguezal e os moluscos,
enquanto se alimentam promovem a renovação desse ecossistema. Desta
forma, é percebida a importante função da água na dissolução da matéria
orgânica e inorgânica (nitritos, nitratos, fosfatos, silicatos e elementos-tratos) no
manguezal, pois a mistura da água doce com a água salgada dos mares
10
possibilita a veiculação dos alimentos para os seres que ocupam esse
ecossistema.
No período de maré alta, vertebrados e invertebrados marinhos jovens utilizam
este meio facilitador para entrada no manguezal a fim de intensificar sua
alimentação e durante a maré baixa as aves utilizam peixes, crustáceos e
moluscos do mesmo ecossistema em sua dieta além de buscarem refúgio no
mangue para construírem seus ninhos. Alguns mamíferos também podem ser
encontrados obtendo alimento (caranguejos e peixes). Richieri afirmou que os
manguezais são fundamentais para os oceanos devido aos processos
químicos e bioquímicos lá realizados que geram a sua biodiversidade e a
produtividade, ressaltando que a relação entre clima, nível do mar e
sedimentos pode alterar o número de comunidades ecológicas, modificar os
processos citados, alterando a oferta de biomassa e a biodiversidade
(RICHIERI, 2007).
Além das características relacionadas diretamente ao meio biótico, o
manguezal tem uma importante função não relativa à cadeia alimentar ou a
pirâmide de energia. Trata-se da retenção de pequenas partículas que escoam
nas águas, sendo transportadas por elas e, dessa forma, auxiliam na limpeza
de canais. Portanto, pode-se afirmar que as águas dos manguezais propiciam
uma variedade de nichos ecológicos, característica esta que foi obtida devido
às adaptações dos seres que nelas passaram a desenvolver suas habilidades
e qualidades.
Há que se destacar que o manguezal também atrai a atenção pela
possibilidade de pesca esportiva e turismo ecológico entre outras.
Contudo, as características do manguezal podem se mostrar diferentes quanto
às suas florestas, pois estas variam de acordo com sua localização
biogeográfica e as condições ambientais, podendo ser encontrados exemplares
de mesma espécie com aspectos muitos diferentes, ou seja, plantas que vivem
em condições extremas em um mangue apresentam características próprias
para sua sobrevivência em tal ambiente (plantas menores e menos
desenvolvidas) e a mesma espécie também radicular em condições mais
11
favoráveis em outra floresta é desenvolvida e de aspecto exuberante. Tal
capacidade de adaptação dá às plantas vasculares de mangues a importância
ecológica atribuída a elas, tendo o mangue em condições inóspitas a
responsabilidade de fornecer a cobertura vegetal necessária vinculada a sua
existência, evitando a erosão; alguns dos detritos e nutrientes para as suas
mudas ou de outras espécies e abrigo; consolidam bancos lodosos e
possibilitam o habitat ideal para a colonização de animais.
O ecossistema estudado tem em sua formação vegetal espécies lenhosas,
micro e macroalgas com alta capacidade de adaptação à salinidade e
colonização de outros ambientes. Quanto a isso, Vannucci mencionou: “Seria
difícil descrever uma floresta de mangue “típica”, pois a variedade é quase tão
grande quanto o número de florestas, com partes da mesma floresta diferindo
entre si. Naturalmente isso quer dizer que cada manguezal é único.
”(VANNUCCI, 2003, p40). A semelhança entre dois manguezais decorre de
adaptações convergentes de organismos que passaram a habitar este meio. O
mangue vermelho Rizophora mangle é utilizado na extração do tanino por ser
resistente a decomposição em áreas úmidas e alagadas e na construção de
barcos e casas. Esta floresta também abriga em sua faixa de transição ou em
manguezais alterados o algodoeiro de praia ou embira (gênero Hybiscus) e a
samambaia do mangue (gênero Acrostichum aureum) e apresenta raízes tipo
escoras (rizóforos) e estruturas modificadas que partem do caule para o solo.
Por outro lado, o mangue preto ou siriúba é caracterizado pela Avicennia
schaueriana com raízes respiratórias (pneumatóforos), que crescem para fora
do solo encharcado em busca de oxigênio, enquanto no mangue branco
caracterizado pela Laguncularia racemosa é identificado pelo pecíolo vermelho
que liga as folhas ao ramo, forma-se em área de remanso onde as correntes
depositam sedimentos finos e possuem sistema radicular radial adaptado ao
sedimento pouco consolidado. Estes três tipos de mangues estão presentes no
Estado do Rio de Janeiro.
Em um mangue, podem ser encontradas também formas de gramíneas,
samambaias, liquens e epífitas de uma forma geral, pois, passam a usufruir da
12
rica quantidade de nutrientes ou pela capacidade de adaptação ao teor de
salinidade mesmo não sendo característicos desta floresta. As espécies
arbóreas que estão presentes no manguezal somente têm tal ocupação devido
à capacidade de adaptação em sua estrutura e fisiologia a fim de
permanecerem em um ambiente precário em oxigênio e constantemente
inundado.
É notado também que as características do manguezal sofrem alterações de
acordo com modificações climáticas ocasionando modificações na cadeia
alimentar e nas utilizações do homem, o que vem se adicionar às razões para a
preocupação com as mudanças climáticas e com a gestão de manguezais,
como disse Richieri: “Importantes como sustentáculos da cadeia biológica
marinha, podem sofrer variações devido ao clima e nível do mar,diminuindo ou
expandindo, variando a proporção das diferentes espécies que utilizam seus
recursos e conseqüentemente, modificando a cadeia alimentar e acabando por
interferir nas condições de vida da população humana que daí retira sua
sobrevivência.” (RICHIERI, 2007, p15)
No tocante ao estado do Rio de Janeiro, se destacam a foz do rio Paraíba do
Sul (é o maior da região Norte Fluminense em área: 800 ha aproximadamente)
e as baías de Guanabara, Angra dos Reis e Sepetiba tendo este estado uma
área total de aproximadamente 16.000km2 de manguezais com maior
expressão as espécies Avicennia germinans, Avicennia schaueriana,
Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle, possuindo o mangue do Paraíba
do sul espécies características como Acrostichum aureum, Dalbergia
ecastophyla, Hibiscus pernambucensis e Montrichardia arborecens que
colonizam o sedimento do manguezal. O manguezal do estuário do rio Paraíba
do Sul difere dos outros quanto à sua floresta e a influência da ação fluvial e o
seu sedimento é mais rígido, possibilitando a formação de criadores de gado
uma vez que a vegetação típica em outros mangues que são lodosos e com
grande teor de salinidade não é facilmente recomposta.
13
Em Guaratiba, na Zona Oeste e no litoral da cidade do Rio de Janeiro estão os
melhores exemplos de espécies com boa adaptação ao ambiente de mangue
em suas raízes capazes de fixar ao solo tão pouco sedimentado, porém nesta
região os manguezais vêm sofrendo ações contínuas que serão discutidas
posteriormente.
Na Lagoa da Tijuca, os mangues não apresentam características típicas bem
definidas, ou seja, na estreita faixa de manguezal, o mangue é descontínuo
com presença ora de Laguncularia racemosa (mangue branco) ora de
Rhizophora mangle (mangue vermelho) com altura fora da média típica o que
sugere área alterada. Alturas inferiores das plantas de mangue branco indicam
alterações quanto ao processo de recomposição, enquanto o desenvolvimento
demasiado de plantas do mangue vermelho sugerem a presença de
Acrostichum sp. que é uma espécie invasora e pode estar relacionada a alta
deposição de sedimentos finos, elevando a quantidade do terreno e reduzindo
a influência das marés.
A partir das características do manguezal, sendo utilizado como criadouro de
animais (apicultura, peneídeos e piscicultura) e à ciclagem de nutrientes, este
ecossistema é reconhecido como área de preservação permanente. Porém, ele
vem sendo alvo da exploração indevida e exacerbada através da especulação
imobiliária que vê nele uma área com potencial para a construção civil, além de
uma área improdutiva e, logo, “a solução” para a expansão urbana e para o
crescimento desenfreado das populações, podendo até mesmo resolver um
dos problemas de saneamento das cidades: a formação de lixões. Por isso, um
manguezal é tão passivo apesar de tão produtivo, uma vez que também em
relação às culturas realizadas deve haver gestão de atividades, ou seja, deve
ser planejada a forma como o cultivo será realizado a fim de não impactar séria
e negativamente os ciclos, pois, já é possível observar que quanto à
maricultura as fazendas instaladas não levam em contam o ecossistema com
todas as suas populações e necessidades.
14
CAPÍTULO II
ATIVIDADES REALIZADAS NO ENTORNO DO
MANGUEZAL E SEU IMPACTO
Ainda que inconscientemente, o homem conhece a importância que o
manguezal tem para sua vida, pois, através de suas atividades este
ecossistema é explorado constantemente, seja por meio da extração mal
orientada dos mariscos, ostras e peixes, seja pelo corte das árvores com o
objetivo da extração do ranino ou para construção de casas e embarcações ou
ainda para a produção do carvão. Este ecossistema continua sendo alvo da
especulação imobiliária na construção de grandes empreendimentos industriais
ou marinas o que somente é possível através de aterramentos. Por outro foco,
há o preconceito sobre tal ambiente em que se acredita que por se tratar de
uma área de odor característico e de solo pouco consolidado, este se presta ao
lançamento de esgotos domésticos e industriais.
Como Vannucci mencionou, cada manguezal é único, com suas características
próprias e com seus atores transformadores como em qualquer ecossistema.
Por isso, para compreender as características de tal ambiente é necessário
conhecer sob quais condições ele está submetido. Pode-se afirmar que um
manguezal está condicionado às atividades realizadas em seu entorno, a
cultura, ao grupo social e/ou político e de sua progressão geofísica. Se em uma
região um mangue compõe-se de indivíduos apáticos, mal desenvolvidos, com
caules estreitos, isso expressa que o manguezal está sujeito à condições
menos favoráveis geradas pelo mal uso ou depósito de materiais causadores
de tal quadro. Assim sendo, os manguezais do estado do Rio de Janeiro
apresentam características peculiares à cultura de sua região e às atividades
desenvolvidas em cada local. No município de Angra dos Reis, problemas
15
como a ocupação desordenada nas encostas e nos manguezais oriunda do
crescimento exacerbado da população, a poluição gerada pelos
empreendimentos e suas atividades potencialmente impactantes constituem
seu quadro próprio.
II. 1- Manguezais de Angra dos Reis
Para compreender como os manguezais de Angra dos Reis foram afetados, é
necessário conhecer o processo de ocupação daquele município e sua
construção histórica. As atividades econômicas que eram estabelecidas no
setor primário, passam a se desenvolver a partir do setor industrial na década
de 70, ou seja, há a migração da população rural para a área urbana,
crescimento desordenado de alguns distritos, desapropriação e surgimento de
novas empresas que passam a enxergar a área como promissora para o
desenvolvimento de suas atividades. As populações que ocupavam as mesmas
áreas durante décadas foram obrigadas a ocupar outros espaços como áreas
próximas aos manguezais, que são aterrados.
Ainda na década de 70, pelas suas belezas naturais, Parati e Angra dos Reis
passam a ser conhecidas como região da Costa Verde e a elas atribuídos
valores e reconhecidas como rota do turismo ecológico. Após a construção da
rodovia BR-101, há mais atração sobre essa área por parte do mercado
imobiliário especialmente próximo ao litoral, valorização das propriedades e um
novo crescimento agora no entorno da rodovia. Como conseqüência, houve
aterro de mangues e ocupação de encostas.
Com o início da construção da Usina Nuclear, houve aumento da
população de Angra dos Reis em vários de seus bairros e com o término de
sua construção em 1983, a mão-de-obra pode ser direcionada para outras
atividades, contudo, não houve oportunidade para que todo o contingente fosse
aproveitado. Então, o entorno da usina passou a dar espaço a estas
populações assim como as áreas próximas aos mangues e encostas.
16
Além da agricultura, a pesca tinha nesse município uma das mais importantes
atividades do Rio de janeiro, sendo até mesmo, um dos maiores produtores do
estado. Devido à destruição dos manguezais e a pesca desordenada esta
atividade não mais se destaca.
II. 2- Manguezais da Baía de Guanabara
Acredita-se que desde 1500, aproximadamente 30% dos manguezais da Baía
de Guanabara foram perdidos, ou seja, dos 260km² originais restam apenas 82
km² (Centro de Informações da Baía de Guanabara) devido principalmente a
aterros destinados a áreas de urbanização. A urbanização do entorno se
intensificou a partir das décadas de 50 e 60 com o crescimento urbano, pois
suscitou nos trabalhadores o desejo de morar em locais com distância mais
curta do seu trabalho o que também era cômodo para o empregador. Os
terrenos não habitados foram ocupados e essa ocupação progrediu para os
canais, lagunas e manguezais impactando esse ambiente e desencadeando
seu processo de destruição através do assoreamento e redução da
profundidade; resultou na formação de sociedades em seu entornou que
passaram e desenvolver atividades baseadas na disponibilidade de recursos.
Assim, a pesca e a cata de caranguejos, ainda hoje, são as atividades mais
freqüentes e demonstram um traço social marcante uma vez que são
atividades aprendidas e desenvolvidas ao longo de gerações que se
organizaram em colônias e associações. A degradação do manguezal reforça
as condições de trabalho dessas comunidades, pois a oferta de seu produto
vem escasseando, contudo, deve-se atentar para o fato de que mesmo estas
são atividades impactantes e sobre isto Vannucci mencionou: “Na prática, contudo, todos acreditamos no conhecimento tradicionais dos pescadores e
habitantes tradicionais dos manguezais que sabem onde e quando encontrar
áreas de desovas e berçários das espécies que utilizam os manguezais com
essa facilidade.”(VANNUCCI,2003, p63).
17
Atualmente, entre os seus atores impactantes podemos citar 14.000
indústrias, 14 terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos,
dois portos comerciais, diversos estaleiros, duas refinarias de petróleo, mais de
mil postos de combustíveis e o transporte de matérias-primas, assim como os
combustíveis e o produto dos congestionamentos a sua volta, segundo o
Centro de Informações da Baia de Guanabara.
Os manguezais podem ser encontrados em vários pontos da Baia de
Guanabara e incluem vários municípios do estado do Rio de Janeiro. Assim,
podemos destacar manguezais na cidade do Rio de Janeiro e em outras
cidades:
II. 2.1- Guapi-Mirim
A APA de Guapi-Mirim, criada em 1984, foi a primeira a ter sua atenção voltada
para manguezais, pois é formada basicamente por eles. Dos seus 14 mil
hectares, metade é de manguezal. É a referência da Baía de Guanabara
quanto a presença deste ecossistema, pois os manguezais mais preservado
estão nesta APA localizados, além de conter 90% dos manguezais
remanescentes desta baía.
A pesca artesanal de peixes, camarões, moluscos e caranguejos constitui a
principal atividade dos moradores de Guapi-Mirim, Magé, Itaboraí e São
Gonçalo, porém, encontram-se populações que sobrevivem da agricultura e há
zonas urbanas onde pode ser observada a presença de associações ou
núcleos de pescadores ou agricultores e população de baixa renda. Pode-se
concluir, então, que está região enquadra-se no grupo de áreas atingidas pela
ação antrópica seja pela extração vegetal, pela caça predatória, seja pela
ocupação irregular ou especulação imobiliária que suscita aterramentos e gera
18
despejos de lixo, depósito de sucatas, incêndios e localização para oferendas
religiosas particularmente no município de São Gonçalo. Além disso, de acordo
com as informações obtidas em seu plano de manejo o afogamento marinho
faz recuar as faixas de manguezais e interiorizar o alcance das marés. A partir
daí a flora e a fauna dos manguezais tendem a diminuir em produtividade.
Seus mangues mais freqüentes são:
Mangue Vermelho (Rhizophora mangle), Mangue Preto ou Siriúba (Avicennia
schaueriana), Mangue Branco (Laguncularia racemosa), Capim Paratuá
(spartina alterniflora), Guaxima do Mangue (Hibiscus pernanbucencis),
Avencão (Acrostichum aureum), Ingá Doce (Inga affinis), Suinã (Erythrina
speciosa), Tabebuia do Brejo (Tabebuia cassinoides), Aroeira (Schinus
terebinthifolius), Taboa (Typha domingensis), Aguapé (Eichornia crassipes).
No entorno dos manguezais de Guapi-Mirim ainda encontrada a produção
de peças de cerâmica realizada a partir do barro vermelho (tabatinga).
Contudo, a coleta do caranguejo permanece com as mesma característica ao
longo dos vários anos em que tem sido executada, como pode ter acontecido
com a produção de cerâmicas ou com a pescaria. A pesca na APA
GUAPIMIRIM é fonte de sustento de inúmeras famílias que dela dependem
para viver, mas também a pesca esportiva é bem difundida nos rios da
unidade. Ela é permitida desde que observadas as seguintes restrições:
É proibida a pesca com rede de cerco com traineiras, rede de arrasto com
sistema de parelhas, rede de arrasto com portas e com qualquer tipo de rede
cuja malha esteja fora da especificação permitida.
Nos limites da APA GUAPIMIRIM é proibida a pesca com utilização de redes
de qualquer natureza, sendo somente permitida a pesca amadora e profissional
com o uso de linha de mão, molinetes, caniços com anzóis, puçás e covos
(Portaria 8 de 20 de fevereiro de 1997).
É permitida a pesca das espécies íctias respeitando-se o tamanho mínimo de
captura conforme Portaria 73/2003 (para diversas espécies) e Portaria n73/03
(para o robalo).
19
A cata do caranguejo-uçá é regulamentada pela Portaria 52/2003 e do
guaiamum pela Portaria 53/2003, segundo o ICMBio.
II. 2.2- Ilha do Governador
Na Ilha do Governador, o manguezal que se destaca é o Jequiá e tem sua
importância relacionada à grande biodiversidade e a comunidade em seu
entorno e podem ser encontradas espécies de mangue vermelho, mangue
preto e mangue branco. A Mata Atlântica cerca seus 4.200 m² de manguezal
área onde podem ser encontrados pescadores que formam uma colônia
fundada em 1920 com aproximadamente quatro mil pessoas. Atualmente, este
manguezal vem sofrendo a ação do lançamento de esgotos o que afeta
diretamente as colônias que obtém da atividade pesqueira sua subsistência.
II. 3- Manguezais da Baía de Sepetiba
A Baía de Sepetiba atualmente é reconhecida como a bacia de maior
importância biológica, segundo o MMA, e considerada região de especial
interesse ecológico pela Constituição do estado do Rio de Janeiro. Nela
encontram-se os principais remanescentes de manguezais do município do Rio
de Janeiro. Destacam-se uma ilha barreira (Restinga da Marambaia), uma
laguna costeira (Baía de Sepetiba), um pequeno delta dominado por processos
fluviais (Delta do Rio Guandu) e uma área de planícies de maré, em parte
coberta por manguezais onde se encontra o manguezal de Guaratiba. Nela
localiza-se a Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba, Zona Oeste do
Rio de Janeiro e possui extensa área de manguezais.
20
A expansão industrial e, por conseqüência, o aumento do número de empregos
assim como o baixo custo imobiliário, deram origem ao crescimento
populacional e a formação de favelas em Guaratiba, expandindo rapidamente
sobre a área de manguezais preservados que são abrigos para várias
espécies. Entretanto, segundo Carlos Minc, o desmatamento de manguezais
tem diminuído a pesca em 50% nos últimos 20 anos (Jornal O DIA, 14/09/00).
Essa área foi muito impactada principalmente pelos metais pesados das
indústrias da região, o derramamento de esgoto e as escavações no Porto de
Sepetiba (Itaguaí). Próxima a esta baía encontram-se o Porto de Sepetiba, a
Casa da Moeda, a NUCLEP. Podem-se destacar, em função da cobertura de
manguezais, três áreas:
II. 3.1- Guaratiba
Nela estão os manguezais que formam a Reserva Biológica e Arqueológica de
Guaratiba (RBAG) e se estende da ponta de Guaratiba até o rio Piraquê com
mangues bem conservados e uma paisagem com sistemas integrados:
oceano-estuário-rios e canais-florestas de mangue-planícies hipersalinas-
brejos. Nesta área, o manguezal não se encontra subjugado a ocupação
humana, contudo,isto é observado em outras faixas, podendo até mesmo ser
encontradas estradas que dividem os manguezais e apicuns ( planícies
hipersalinas) com reflexo na freqüência de inundações pelas marés. Nela está
localizado o Centro Tecnológico do Exército (CETEx), construído sobre
florestas de mangue e planícies hipersalinas dentro da RBAG.
II. 3.2- Oeste da Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba
A oeste da Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba, em uma área que
vai da margem direita do rio Piraquê até Pedra de Guaratiba, podem ser
encontrados manguezais passíveis de ação antrópica apesar de estarem sob
proteção da RBAG. Neste caso, além da ação antrópica pela formação de
21
loteamentos irregulares, houve supressão da cobertura vegetal. Na APA das
Brisas também são encontrados manguezais remanescentes bem conservados
submetidos à conseqüência da ocupação na área do seu entorno.
II. 3.3- Sepetiba
Propriamente na região de Sepetiba localiza-se uma área de manguezais que
não tem em seu entorno grande ocupação, pois próxima está a Base Aérea de
Santa Cruz. Porém, será potencialmente impactada caso a implantação de
indústrias e, posteriormente, ocupação urbana for considera, uma vez que
exerce atração por parte dos investidores.
De forma geral, as atividades típicas dos manguezais estão relacionadas à
pesca de camarão e moluscos (artesanal ou comercial), assim como a cata de
mariscos e caranguejos. Delas, as populações que se localizam em seu
entorno retiram seu sustento, consistindo esta a atividade econômica principal.
É observado, até mesmo, em algumas áreas, o cultivo de abelhas e peixes e
fonte de produtos como álcool, óleo e adoçantes. “Algumas comunidades
ribeirinhas mantêm relação de grande dependência com os recursos oferecidos
pelos manguezais. Existem povoados inteiros construídos somente com a
madeira extraída desse ecossistema, que utilizada para a construção de casas
e dos barcos e ainda serve como lenha para cozinhar seus alimentos. Boa
parte das proteínas da dieta alimentar dessas populações provém dos
manguezais. Tudo de forma bem artesanal. As mulheres e as crianças saem
durante a maré baixa a procura de mariscos, tanto daqueles que se enterram
no lodo como das ostras. Enquanto isso, os homens pescam nas águas
protegidas dos estuários. Esses agrupamentos populacionais são pobres e, de
um modo geral, não recebem apoio dos órgãos governamentais. Quanto ao
cultivo, seu sistema necessita de bom planejamento a fim de que a dinâmica
desse sistema não seja negativamente atingida como o que vem acontecendo
22
com as fazendas de mariscos localizadas em manguezais. “(SCHAEFFER-
NOVELLI,1995, apud NANNI& NANNI,2003,p10)
Sendo o manguezal, um ecossistema potencialmente fornecedor e facilitador do
desenvolvimento de uma gama de possibilidades de culturas, é necessário que
estas sejam realizadas de forma sustentável a fim de garantir a mesma
utilização para gerações futuras.
II. 4- IMPACTOS DAS ATIVIDADES
Seguindo o conceito de desenvolvimento sustentável, a relação entre as
populações e o manguezal seria a de que os povos tradicionais – moradores
de regiões estuarinas- utilizariam esse ecossistema a fim de retirar o que ele
poderia oferecer para a sua utilização e o que houvesse em excesso, então, se
prestaria ao comércio tendo, desta forma, a contribuição financeira necessária.
No entanto, este equilíbrio deixa de existir a partir da ação antrópica, pois gera
a queda dos produtos de origem no manguezal e de fatores bióticos e abióticos
a sua volta, como disse Vannucci: “A destruição ou mau gerenciamento dos
manguezais leva ao empobrecimento catastrófico, repentino ou gradual, da
faixa litorânea tropical. Não somente serão perdidos os rendimentos dos
manguezais e seus arredores, como também serão perdidos seus benefícios
indiretos.” (VANNUCCI, 2003, p16)
É de ordem tão preocupante o desequilíbrio causado que são observados até
mesmo conflitos sócio-econômicos. “Um determinado impacto que esteja
afetando o manguezal pode desencadear o surgimento de outros, ao longo do
tempo. O acúmulo de substâncias tóxicas no ambiente pode ter seus efeitos
multiplicados a longo prazo, atingindo inclusive a saúde humana.” (ODUM,1988
apud NANNI & NANNI,2003,p03).
23
O impacto causado pelos fenômenos naturais em baixa ou media escala é
mitigado pelo próprio ecossistema e o atinge temporariamente tendo o
restabelecimento das características genuínas. Contudo, segundo RICHIERI,
as mudanças nas concentrações dos gases do efeito estufa terão como
conseqüência alterações nos ecossistemas com aumento do nível do mar,
levando-se em conta a intensidade e o tempo que tais ecossistemas se
submeterão a essas ações. As alterações levarão às variações térmicas,
distribuição de espécies, modificações em seu metabolismo e instabilidade do
seu habitat, dispersão de nutrientes, entre outros fatores. Os manguezais terão
sua biodiversidade atingida e, por serem fornecedores de biomassa, afetarão a
cadeia alimentar, logo, as condições de vida da população, principalmente
aquelas que têm no manguezal sua base econômica, assim como os outros
ecossistemas que têm sedimentos e material orgânico carreados
constantemente deles, serão seriamente afetados. (RICHIERI, 2007)
Hoje sabemos que a causa do lançamento de esgotos, sejam domésticos,
sejam industriais, vem do conceito errôneo de que o manguezal tem a
capacidade infinita de filtração sedo recomendada tal utilização, como lembra
Vannucci, sem, contudo, atentar-se para o fato de que o esgoto tratado pode
agir como fertilizante para a vegetação e de que substâncias como metais
pesados possuem características altamente impactantes sobre este
ecossistema e seus produtos (VANNUCCI, 2003). Deve ser lembrado que os
esgotos domésticos propiciam aumento de reciclagem orgânica, por isso, são
vistos cardumes próximos a saída de esgotos.
Verifica-se que além da atividade antrópica, o próprio homem possibilita
condições ambientais impactantes ao desenvolvimento do manguezal.
Desta forma, entende-se que o mangue abrange características atrativas a
instalação de indústrias e sua manutenção e ao mercado imobiliário como
citam NANNI & NANNI:
• Oferta quase ilimitada de água;
• Insumo importante para indústria, como a siderúrgica, a petroquímica e as
centrais nucleares;
24
• Possibilidade de fácil despejo de rejeitos sanitários, industriais, agrícolas ou
de mineração;
• Proximidade de portos, que facilitam a importação de matéria prima para a
transformação e a exportação de produtos, diminuindo custos de carga e
transporte;
• Pressão do mercado imobiliário;
• Construção de marinas. (NANNI & NANNI, 2003,p07).
Muitos são os fatores antrópicos compreendidos entre aqueles que têm ação
sobre os manguezais:
• Obras de canalização, represamento, drenagem do manguezal;
• Bloqueio da água salgada;
• Desmatamento e aterro para construção de condomínios, clubes e casas;
• Desmatamento para a construção de palafitas;
• Desmatamento e aterro para instalação de portos e marinas de grande
porte;
• Despejo de esgotos, às vezes de cidades inteiras;
• Aqüicultura e inundação permanente para criação de camarão, peixes e
ostras;
• Colocação de malhas nos buracos de caranguejos para captura;
• Pesca de arrasto para captura de camarão;
• Desmatamento para obtenção de lenha;
• Uso de água para resfriamento de equipamentos em usinas atômicas;
• Intercepção do manguezal para passagem de oleodutos com risco de
rompimento e contaminação;
• Descarga de materiais tóxicos provenientes de indústrias;
• Sedimentação;
• Exploração mineral;
• Poluição térmica;
25
• Derramamento de óleo;
• Descarga de efluentes;
• Deposição de lixo e salinas
No estado do Rio de Janeiro, os manguezais parecem sofrer o mesmo tipo de
impacto de uma forma geral. Porém, particularmente, cada um deles pode
apresentar a ação proveniente das populações em seu entorno resultante da
visão sócio-econômica ou cultural. Segundo Vannucci, as águas dos sistemas
de manguezais devem ser analisadas e estudadas quanto à composição
específica, ciclos sazonais, migrações, produtividade, ciclos de vida e rede
alimentar (Vannucci, 2003).
Quanto aos impactos em Angra dos Reis, destacam-se:
• O rápido aumento da ocupação desordenada nas encostas e manguezais;
• Poluição do meio ambiente relacionada aos empreendimentos
potencialmente impactantes;
• Conflitos na disputa de terras provocados pela valorização local e pelo
crescimento acelerado da população.
A partir da construção da BR- 101, as áreas que estavam desocupadas
passam a ser vistas como passíveis a construção e surgem vários loteamentos,
condomínios e hotéis o que levou ao aterramento de manguezais.
Com a construção da BR-101, vai ocorrer de forma acelerada a ocupação e a
construção de muitos loteamentos e o surgimento de muitos condomínios e
hotéis ao longo desta rodovia. Muitos destes lugares que antes eram
totalmente ou quase totalmente desocupados, com apenas algumas parcelas
agrícolas, agora se vêem totalmente ocupados.
26
Na Baía de Guanabara, com sua grande quantidade de manguezais ou
remanescentes deles, são encontrados diversos atores dos danos e impactos
causados como os estabelecimentos comerciais, terminais marítimos de carga
de descarga de produtos oleosos, dois portos comerciais, estaleiros e refinarias
de petróleo. Os manguezais da Ilha do Governador, como o da Praia dos
Gregos sofre constantes aterros e a formação da favela Parque Royal e o rio
Gaegos presta-se ao esgoto “in nature” e ao vazadouro de lixo da Companhia
Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB). A Praia da Rosa sofreu a ação do
desmonte da Ponta dos Araujos, para construção do Estaleiro; aterro da área
alagadiça para construção do atual Conjunto dos Bancários; aterro da área de
mangue existente no final da Rua Domingos Mondin, pela urbanização da área
do Moneró; pelos aterros para construção do novo aeroporto, que modificou
toda a área de Tubiacanga, Flecheiras; pelo desmonte das elevações e aterro
de uma grande área de mar. Além dos fatores mencionados, há ainda a
ocupação maciça e desenfreada pelas invasões e construções irregulares com
despejo de esgoto "in natura" e lixo. O poder público parece negligenciar tal
situação ou não apresentar formas de resolvê-la, pois, com uma ocupação
direcionada, pode ser traduzida numa péssima qualidade de vida, pela poluição
dos rios, poluição da Baía da Guanabara e a destruição dos manguezais, que
poderá levar em pouco tempo ao que é chamado de "baía morta" pela
ausência de espécies marinhas, segundo Botelho. (BOTELHO, 2009).
Na Baía de Juquiá, o manguezal e toda a baía são afetados também pelo
esgoto o que tem como conseqüência o prejuízo dos pescadores e catadores,
bem como o de sua família, pois é através de tais atividades que as
populações locais têm a garantia de sua subsistência. Por isso, a poluição da
Baía de Guanabara também é uma preocupação desses trabalhadores que
receiam sucumbir com a proibição das suas atividades financeiras e cotidianas
realizadas através do mar ou manguezais. Em São Gonçalo, a apropriação
indevida de áreas preservadas tem sido um dos fatores mais freqüentes porque
as áreas protegidas são vistas pela população como áreas com potencial para
a ocupação, logo, estas não são preservadas e ainda sofrem a ação antrópica
também pela extração vegetal, aterros e ocupação irregular, especulação
27
imobiliária, despejo de lixo; aumento de espaços destinados ao depósito de
sucatas, incêndios e resíduos de oferendas religiosas.
Como já foi mencionado, em Guapi-Mirim encontra-se a área de manguezais
mais preservados em sua APA. Apesar de sua estrutura física não permitir a
conservação planejada, após o rompimento do oleoduto da Petrobrás em 2000,
iniciaram-se vários investimentos com o objetivo de preservar esta APA e os
remanescentes de manguezais. Sabe-se que os manguezais são
extremamente sensíveis ao óleo, pois, a ação desta substância compromete a
respiração tanto dos pneumatóforos (Avicennia schaueriana), quanto das
lenticelas (Rizophora mangle e Laguncularia racemosa), podendo-se concluir
que haverá perda de plantas adultas e comprometimento do manguezal. A
quantificação de árvores mortas bem como a caracterização delas deve
intensificar o projeto de conservação e objetiva a elaboração do plano de
manejo na APA de Guapi-Mirim. Assim como em toda a Baía de Guanabara,
aqui são encontrados problemas quanto a crescimento acelerado da população
e poluição industrial e orgânica.
No entorno dos mangues da Baía de Sepetiba, o crescimento desordenado
gerou o surgimento da favelização com conseqüente aumento do despejo de
lixo orgânico-três mil litros de esgotos lançados na baía por segundo, segundo
o Relatório de Desenvolvimento Humano do Rio elaborado pela ONU. Por isso,
teme-se que a Baía de Sepetiba tenha o mesmo destino que a Baía de
Guanabara. Há lançamento de metais pesados, como o Cadmo e o zinco,
provenientes da Ingá Mercantil, o cromo das indústrias de tintas e da Casa da
Moeda e o chumbo da Cosigua tendo como conseqüência danos a cadeia
alimentar, além de barcos de arrasto não autorizados e a perda de
manguezais, por desmatamento que afetaram a pesca em aproximadamente
50% nos últimos vinte anos.
Devido a sua importância e aos impactos que pode sofrer frente as mais
variadas ações antrópicas direta ou indiretamente, gerou-se a necessidade de
28
proteger tal ecossistema e, assim, foram criadas leis, decretos, resoluções e
portarias. Eis alguns deles:
- Lei Federal 4.771, de 15 de setembro de 1965 – Institui o Código Florestal;
- Lei 5.197, de 03 de janeiro de 1967 – Dispõe sobre a proteção à fauna;
- Lei 5.357, de 17 de novembro de 1967 – Institui penalidades para
embarcações e terminais marítimos ou fluviais que lancem detritos ou óleo em
águas brasileiras e dá outras providências;
- Lei 6.766, de 19 de dezembro de 1979 – Que dispõe sobre o parcelamento
do solo urbano, e dá outras providências;
- Lei 6.902, de 27 de abril de 1981 – Dispõe sobre a criação de estações
ecológicas e de áreas de proteção ambiental;
- Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Cita a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências;
- Lei 7.661, de 16 de maio de 1988 – Institui o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro e dá outras providências;
- Lei 8.617, de 04 de janeiro de 1993 – Que dispõe sobre o mar territorial, a
zona contígua e a zona econômica exclusiva e a plataforma continental
brasileira;
- Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997 – Determina a Política Nacional de
Recursos Hídricos e Institui o Sistema Nacional de Recursos Hídricos;
- Lei 7.347, de 24 de julho de 1985 – Disciplina a ação civil pública de
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
(vetado), e dá outras providências;
29
- Lei 7679, de 23 de novembro de 1988 – que dispõe sobre a proibição da
pesca de espécies em períodos de reprodução, e dá outras providências;
- Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Esta dispõe sobre as sanções
penais, cíveis e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente;
Destruir, danificar, aterrar, poluir, lesar ou maltratar, extrair, quem vende,
expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão
e outros produtos originários do Manguezal estão sujeitos as sansões cabíveis
como, por exemplo, as contidas no Decreto N° 3.179, de 21 de setembro de
1999 que impõe ao infrator, multas que variam de no mínimo de R$ 50,00
(cinqüenta reais), e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de
reais)
Segundo o Ministério da Integração Social, o município de Duque de Caxias na
Baixada Fluminense é a região que mais é associada a poluição que é gerada
pela descarga de resíduos industriais e esgoto doméstico e sofre também com
os aterros e destruição de mangues. Agravando este quadro, há a ocupação
desordenada e a alta concentração populacional o que contribui para o
acréscimo do assoreamento de rede de drenagem e conseqüentemente o
despejo do lixo em corpos hídricos, destruição dos manguezais e entulhamento
do fundo da Baía de Guanabara.
30
CAPÍTULO III
POSSIBILIDADES DE RECUPERAÇÃO E MANEJO
A princípio, é necessário saber que um mangue preservado é aquele cuja
constituição principal apresenta Rizophora mangle, Avicenia schaueriana e
Laguncunaria racemosa e que, primordialmente se localizam em regiões de
franja com árvores de 8 a 15 metros de altura. Já o mangue regenerado
apresenta as mesmas espécies originais do mangue preservado, porém, em
áreas inicialmente desmatadas, enquanto o mangue em regeneração não
apresenta as três espécies citadas concomitantemente em áreas de manguezal
que foi desmatado em um período não imediatamente anterior.
Segundo a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, cabe, dada a sua
criação, ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento
Urbano (FECAM) a implementação de programas e projetos de recuperação e
preservação do meio ambiente, a implementação das unidades de
conservação e seu plano diretor, plano de manejo, demarcação, sede e
educação ambiental das populações em seu entorno (ART.263). E no artigo
268 assegura que os manguezais, lagos, lagoas e lagunas e as áreas
estuarinas, assim como a Baía de Guanabara, são áreas de preservação
permanente.
A recuperação dos manguezais está diretamente ligada à gestão da UC que os
contenham e, desta forma, depende do plano de manejo ou documento similar
desta UC. Como já foi citado, cada manguezal apresenta-se submetido às
atividades em seu entorno, conseqüentemente as ações populares ou decisões
governamentais são geradas a partir de sua realidade. A declaração de
Vannucci expressa essa realidade: “A estrutura e dinâmica dos manguezais
precisam ser bem conhecidas antes de se decidir quais são as práticas de
manejo mais adequadas.” (VANNUCCI, 2003, p53).
Apesar do que declaram a Constituição Federal, a Constituição Estadual e os
decretos, nem todas as Unidades de Conservação possuem planos de manejo
e somente 17 unidades apresentam algum instrumento legal para orientá-lo
31
(Plano de manejo de Guapi-Mirim). Porém, naquelas subordinadas ao IBAMA
tem havido esforços para regularizar tal quadro.
Após a criação de uma APA, seu plano de manejo deve ser criado em cinco
anos. A APA Sepetiba II foi criada através do Decreto Estadual nº 36.8121, de
13 de dezembro de 2004 havendo o tempo hábil para a confecção de tal
dispositivo e sua criação contribui para proteção da Zona Costeira da Baía de
Sepetiba.
Após analisar os impactos sobre os manguezais da Baía de Sepetiba, Soares
orienta:
• Manutenção e fortalecimento do Programa de monitoramento das florestas
de mangue e planícies hipersalinas da região de Guaratiba, mantido pelo
NEMA/UERJ e expansão, segundo a mesma metodologia, desse programa
para as demais áreas de manguezal do município do Rio de Janeiro,
incluindo um diagnóstico inicial das mesmas.
• Monitorar o comportamento de espécies invasoras e os ecótonos entre
manguezais e sistemas terrestres/água doce.
• Controlar a ocupação das áreas de entorno dos manguezais, sobretudo em
áreas onde a pressão urbana ainda é passível de um planejamento
adequado, tais como: setores do Sistema Lagunar Jacarepaguá-Barra da
Tijuca com domínio de água doce; área da Gleba F na Lagoa da Tijuca;
região da Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba; Região de
Sepetiba; APA das Brisas;
• No caso específico da região de Sepetiba, o planejamento e ordenamento
da ocupação do território, considerando-se a manutenção dos manguezais
perante um cenário de elevação do nível médio relativo do mar, deve levar
em conta a forte pressão para instalação de plantas industriais na região, as
quais devem ser evitadas;
• Controle da ocupação, remoção de construções irregulares e recuperação
das florestas de mangue e planícies hipersalinas na região que vai da
32
margem direita do rio Piraquê à Pedra de Guaratiba e ao longo da estrada
de Barra de Guaratiba.
• Adequar estruturas como estradas aos cenários de elevação do nível do
mar, permitindo o fluxo das marés e a migração e acomodação das
florestas de mangue às novas condições.
• Monitorar a dinâmica sedimentar da restinga da Marambaia.
(SOARES, 2007, p08)
Em janeiro de 2002, foram estabelecidas pelo Ministério da Integração
Nacional práticas de gestão do desenvolvimento definindo mesorregiões,
objetivando o desenvolvimento regional com eqüidade e sustentabilidade.
Assim, foi criada a Mesorregião do Fundão e Baía de Guanabara. No Projeto
de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorregião do Fundão da
Baía da Guanabara fica proposto que é necessária a contribuição com a
melhoria da qualidade de vida da população associada à gestão compartilhada
para o desenvolvimento e fortalecimento sócio-econômico local e de toda a
mesorregião, bem como a capacitação de agentes envolvidos com o projeto e
particularmente com o processo de desenvolvimento com sustentabilidade
ambiental (manejo racional dos recursos naturais). Entre as estratégias foram
citadas:
• Criar estímulos para formalização da articulação institucional entre as
diversas esferas de governo e da sociedade civil organizada, para
identificação, discussão e encaminhamento de propostas e projetos de ação
que, mediante o apoio ao associativismo e ao cooperativismo possam
intensificar a geração de emprego e renda na Mesorregião;
• Apoiar a realização e/ou o planejamento estratégico participativo, que
envolva as instituições públicas e privadas e organizações da sociedade
civil organizada, bem como a capacitação de recursos humanos para a
gestão do desenvolvimento;
33
• Estimular ações de ordenamento territorial que permitam, quando
necessária, a ocupação ordenada do espaço mesorregional, bem como
apoiar projetos de proteção ao meio ambiente, voltados principalmente ao
combate à degradação da Baía da Guanabara, mediante integração com
entidades dos governos Federal, Estadual e Municipais, além da sociedade
civil;
• Apoiar ações de complementação da infra-estrutura básica, como suporte
às atividades produtivas, bem como de incentivo às atividades econômicas
e de apoio à implementação de políticas sociais que visem a melhoria da
qualidade de vida da população, principalmente no que diz respeito a
projetos e programas de saúde, educação, saneamento e segurança.
A partir do proposto e com base nas características dessa mesorregião,
esperam-se:
• A obtenção de significativo grau de participação e integração entre esferas
pública e privada na gestão do processo de desenvolvimento da
Mesorregião, através de um Fórum de Desenvolvimento Integrado da
Mesorregião do Fundão da Baía da Guanabara implantado e em
funcionamento, ou de entidade que o substitua;
• Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorregião
formulado ou identificado em implementação, acompanhado e avaliado
periodicamente;
• Demandas coletivas encaminhadas às diversas instâncias de Governo,
tanto de caráter social como de infra-estrutura para a Mesorregião;
• Cooperação intermunicipal e federal além das interinstitucionais com
participação social efetiva e integração das políticas públicas incidentes na
Mesorregião estabelecida.
• Ações de Defesa Civil preventivas implementadas.
Espera-se também que as ações desenvolvidas na Mesorregião do Fundão da
Baía da Guanabara possam levar apoio aos projetos piloto demonstrativos de
desenvolvimento mesorregional integrado. (Ministério da Integração Nacional,
2002, p08)
34
Essas expectativas existem e são justificáveis pela crença de que as
populações tradicionais mantêm uma relação respeitosa com o meio em que
habitam, visto que sua sobrevivência dele depende, vivendo de seus recursos
naturais, seja da pesca ou da coleta de caranguejos. Para que haja
efetivamente o alcance dos resultados, também se faz necessário o
comprometimento dessas populações e das populações em seu entorno o que
pode ser obtido através de projetos que visem esta integração, adquirindo a
visão de que é possível a sua sobrevivência pela produção ou extração
associada à conservação e recuperação dos bens naturais e culturais o que
conseqüentemente terá como fim condições sócio-econômicas melhores para
elas e sustentabilidade do manguezal. A partir dessa compreensão, as
populações poderão projetar sustentabilidade para gerações futuras. Neste
princípio, foi criada a Cooperativa Manguezal Fluminense formada pelos
pescadores e catadores de caranguejos e familiares que vivem no entorno da
APA de Guapi-Mirim ou em seu entorno com mobilização comunitária, cursos
de capacitação profissional e discussão sobre o modelo de organização onde
se pretendeu desenvolver a capacitação dos indivíduos utilizando matéria-
prima local com produção de bijuterias, bambu, taboa e escamas de peixe.
Para o bom desenvolvimento do projeto foi necessário integrar as populações,
seus representantes e familiares e foi desenvolvido de março de 2006 a maio
de 2009.
Esta APA é atingida diretamente pela RHBG (Região Hidrográfica da Baía de
Guanabara) através dos seus afluentes ou da área de drenagem que carreiam
uma grande variedade de resíduos, sendo despejados no manguezal como
lixo, esgotos não tratados e, até mesmo peixes exóticos. Os impactos sofridos
na Baía de Guanabara podem alcançar os manguezais desta APA, diferente do
que ocorreu nos acidentes entre 1975 a 2000 que não a atingiu, porém,
expressa claramente que este ecossistema é passível a esses impactos.
É importante lembrar que uma APA tem por princípio:
• Proteger a diversidade biológica;
• Disciplinar o projeto de ocupação;
35
• Assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Através do decreto 90225, artigo 1, foi decretado que a APA de Guapi-Mirim
terá como escopo a proteção dos manguezais situados na região ocidental da
Baía Guanabara. De fato, esta APA abrange os municípios de Itaboraí, São
Gonçalo, Magé e Guapi-Mirim e, por isso, os sérios problemas relacionados a
essa região têm reflexos nela. Contudo, seu plano de manejo aconselha que a
busca por soluções deva incluir experiências e relações com outros municípios,
bem como, conversações com a esfera estadual e federal a fim de que seja
mantido o objetivo de proteção e manutenção dos manguezais e a fim de que
se evitem os impactos que vêm sendo causados por indústrias potencialmente
poluidoras e esgotos de várias origens e, para isto, será imprescindível uma
pesquisa direcionada envolvendo tais atividades e sua influência sobre o
manguezal. Porém, segundo o mesmo plano de manejo, os mais de 50 Km² de
mangues preservados ainda estão desabitados da mesma forma como se
encontravam na época dos tupinambás.
Sua Zona de Uso Sustentável compreende uma área de 27.07 Km² (19,58% do
total da APA) de terra firme adjacente aos manguezais e é formada
principalmente por trechos antigos de manguezais e campos salgados
reconstituídos pela engenharia, bem como pela retificação, drenagens e aterros
conduzidos a partir da década de 40. Foi criada com o objetivo de mitigar os
impactos sobre os manguezais e a biodiversidade da Baía de Guanabara,
possibilitar meios para a introdução de projetos de desenvolvimento
sustentável e a fim de garantir o uso racional do solo e dos recursos naturais.
Frente aos problemas e impactos detectados em outros manguezais, o plano
de manejo da APA de Guapi-Mirim visa proteger seus manguezais e a região
localizada na foz dos rios Iriri, Roncador, Guapi-Mirim e Imboaçu de acordo
com o que determina o decreto federal nº 90.225. Deve-se ressaltar que a
própria criação desta APA está relacionada ao combate ao desmatamento de
manguezais que forneciam madeira para a construção de cidades,
abastecimento dos fornos das olarias primordial atividade de Itaboraí durante a
década de 70. Apresenta os seguintes objetivos:
36
• Estabelecer normas de uso de acordo com as condições locais bióticas,
geológicas, urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais e outras;
• Produzir uma estratégia para comprometer a sociedade com a proteção dos
manguezais da APA de Guapi-Mirim;
• Reduzir os impactos sobre os manguezais, os rios que drenam através da
APA e sobre a Baía de Guanabara;
• Assegurar a sustentabilidade dos recursos ambientais preservados na APA
de Guapi-Mirim;
• Estimular o desenvolvimento sustentável da região, oferecendo a APA
como ponto central para a atração do eco-turismo.
No manguezal de Jequiá, na Ilha do Governador, o lixo recolhido é
transformado em instrumentos musicais para bandas que em seu repertório
fazem alusão ao combate à poluição e a conservação da natureza. Outra
solução criada pela própria população a fim de mitigar os danos causados e
salvaguardar o patrimônio cultural foi a criação de uma estufa, em 1995, para a
produção de mudas de mangues. A proposta foi bem aceita e através de
parcerias entre ONGs, iniciativa pública e privada o projeto foi ampliado e foi
instalada a estufa mais completa e a maior da América Latina objetivando a
recuperação e reflorestamento de áreas de manguezais e que produz dez
espécies de mudas de mangues e da Mata Atlântica.
Por sua vez, a Baixada Fluminense teve mangues parcialmente aterrados
recuperados a partir da iniciativa privada que prevê a construção de um pólo
logístico junto à margem esquerda do Rio São João do Meriti. Foi realizado o
desaterro de uma área de vinte e três mil metros quadrados, reconstruído o
talude estabilizador o que possibilitou o fluxo normal das marés, importante
fator para o carreamento da matéria orgânica; eliminação de espécies
invasoras, plantio de mudas típicas e limpeza e manutenção do local. Essas
práticas possibilitaram que a fauna fosse recuperada, porém, o trabalho
realizado necessita monitoramento, uma vez que o rio São João de Meriti
contínua sendo impactado.
37
Na Lagoa Rodrigo de Freitas, a iniciativa surgiu a partir da iminência da
formação de aterramentos para a construção civil em outros pontos do estado,
ou seja, era necessário recuperar um manguezal para que se pudesse
compreender que este ecossistema é restaurável. A área foi recoberta por
mangues brancos, pretos e vermelhos e intensificou-se a biodiversidade com o
aumentou o número de caranguejos (chama-maré, marinheiro e aratu) e aves
(socós e socozinho), além da renovação do oxigênio da água e ambiente
adequado para a procriação de peixes.
Acreditando no desenvolvimento sustentado, Coelho expõe:
“Finalmente, observa-se que as dragagens dos canais entre as ilhas do
Governador e do Fundão e o continente, a construção de reservatórios para as
águas das primeiras chuvas nos principais rios, o tratamento integrado dos
pólos indústrias, a recuperação de áreas excessivamente degradadas e a
coleta de lixo flutuante são possíveis medidas saneadoras. Ao abordar o
problema da gestão ambiental da bacia, o que se busca é plantar algumas
bases para o desenvolvimento sustentado da Baía de Guanabara.” (COELHO,
2007, p18)
38
CONCLUSÃO
.
Em sua maioria, os manguezais do estado do Rio de Janeiro não
recebem a atenção devida por parte das autoridades ou das populações que
ainda não compreendem sua real importância e as conseqüências que as
diferentes atividades em seu entorno podem causar. O crescimento
desordenado das populações afeta diretamente o manguezal devido ao não
planejamento de tal crescimento o que vem a facilitar seu aterramento com o
objetivo de possibilitar variados tipos de construções para moradia, além do
aumento de esgoto não tratado lançado em baías ou diretamente no
ecossistema em estudo, causando também o surgimento de endemias. Em
virtude de tal quadro, é imprescindível a elaboração de plano de
desenvolvimento sustentável como é necessário um plano de manejo em APAs
que não o possuam, mas contenham manguezais. Também se faz necessário
o planejamento das cidades, o envolvimento das populações, medida somente
possível após a sua conscientização ainda que ocorra em um processo lento
com a inclusão da educação ambiental em todas as suas formas. Se pela
educação não formal, é suscitada a cresça de que a cada dia é necessário
começar de novo, mas sem jamais deixar de acreditar que é possível, mesmo
não havendo em nosso estado e país uma disciplina voltada para tal objetivo,
os meios de comunicação e o discurso incansável capaz de lembrar a nossa
responsabilidade nesse meio podem ser eficientes, necessários e, talvez, as
únicas ferramenta de que todos nós dispomos. Não podemos ignorar nosso
papel ou entender que haja responsabilidade apenas da esfera pública, pois as
mudanças e reivindicações devem partir das populações.
Contudo, várias ações têm sido realizadas com o objetivo de revitalizar os
manguezais seja pela iniciativa privada em parceria com a esfera pública, seja
por ONGs que entendem a necessidade de conscientizar as populações a fim
de que sejam evitados atos que causem sérios desconfortos a elas ou danos e
impactos de grande dimensão.
39
40
BIBLIOGRAFIA
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de Guanabara – www.camara.gov.br – 10/11/09
MOSAICO CENTRAL – Trabalho científico apresentado pela equipe do
mosaico em Belém destaca cooperativa na APA Guapi-Mirim –
www.mosaicocentral.org – 14/12/09
NANNI, Henrique Cesar e NANNI, Sueli Medeiros – Preservando os
manguezais e seus reflexos- www.simpep.feb.unesp.br – 04/0909
PORTAL DO MEIO AMBIENTE – W Torre recupera mangue na Baixada
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PDBS – SEA – Baía de Sepetiba – www.ambiente.rj.gov.br – 14/12/09
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crescimento econômico em seu entorno - www.anppas.org.br – 30/09/09
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RESERVA BIOLÓGICA E ARQUEOLÓGICA DE GUARATIBA – www.ief.gov.br
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RICHIERI, Sônia Maria de Melo – Avaliação dos impactos das mudanças
climáticas globais nos manguezais tropicais – www.maua.br – 25/11/09
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE – SEA prioriza ações ambientais na
conclusão do PDBG – www.ambiente,rj.gov.br – 30/09/09
SOARES, M.L.G – Avaliação dos impactos das mudanças globais sobre os
manguezais do município do Rio de Janeiro – www.ictr.org.br – 30/09/09
SOARES, M.LG – DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA – Estrutura vegetal
e grau de perturbação dos manguezais da Lagoa da Tijuca – www.scielo.br –
10/09/09
SOARES, M.L.G. - Reflorestamento de manguezais e o valor do resgate para o
seqüestro de carbono atmosférico – www.scielo.br – 25/08/09
SOUZA, Ana Cristina Augusto de – Estado, saneamento e ambientes no trecho
carioca contribuinte a Baía de Sepetiba – dissertação de mestrado apresentada
ao Programa de Pós-graduação em Ciências políticas da UFRJ –
www.cipedya.com – 15/12/09
SOUZA, Paulo Antônio Viana de – Os impactos do grande empreendimento na
estrutura demográfica de Angra dos Reis 1940-2000 – www.feth.ggf – 10/11/09
VANNUCCI, Marta – O manguezal e nós – 233 p - Editora da Universidade de
São Paulo – 2ª Ed - 2003
43
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 Fotos e ilustrações
Anexo 2 Internet
FOTOS E ILUSTRAÇÕES
44
www.portalsaofrancisco.com.br
45
Mangue branco - portalbaiadeguanabara.com.br
46
Floração do mangue branco
ramosforest.environment.blogspot.com-04/05/08
47
Mangue vermelho – www.portalbaiadeguanabara.com.br
48
Mangue preto ou siriúba – portalbaiadeguanabara.com.br
49
Vegetação de mangue na Lagoa Rodrigo de Freitas
ramosforest.environment.blogspot.com 04/05/08
Mangue da Lagoa Rodrigo de Freitas
oglobo.globo.com - 30/10/09 - blog verde
50
Aspectos do Ecossistema Manguezal
Projeto Manguezal-www.jbrj.br
Detalhe de manguezal na baía de Guanabara (Rio de Janeiro, RJ)
MDL e as florestas de manguezal – www.ead.fea.usp.br
51
Artesanato sustentável na cooperativa na APA de Guapi-Mirim
Mosaico Central, 02/12/09
52
ANEXO 2
INTERNET
VIVAMAR
www.vivamar.org.br
Edital da SOS Mata Atlântica para Zonas Costeira e Marinha
22/10/2009
Fundação lança edital para projetos em áreas marinhas
O Programa Costa Atlântica para a conservação das Zonas Costeira e Marinha sob influência do
Bioma Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica, está lançando o III Edital Costa
Atlântica, que disponibilizará até R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) para projetos de criação e
consolidação de Unidades de Conservação Marinhas e de conservação e uso sustentável dos
manguezais ou restingas. Os recursos são provenientes do Bradesco Capitalização e da
Fundação Toyota do Brasil. Os interessados devem apresentar suas propostas até 20 de
novembro e estar sob a liderança de uma ONG. Os dois primeiros editais, lançados em 2007 e
2008, destinaram R$ 285.000,00 a oito projetos selecionados, desenvolvidos nos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí e Espírito Santo.
Os manguezais e restingas são alguns dos ambientes costeiros associados ao Bioma Mata
Atlântica que mais têm sofrido com a ação humana. Desmatamentos causados pela expansão
portuária, a instalação de fazendas de camarão e a especulação imobiliária, além da poluição e
do extrativismo desordenado estão entre os principais tensores dessas importantes áreas
naturais. No entanto, esses ambientes ofertam vários serviços ambientais pouco valorizados
pela maioria dos seus usuários. Cada vez mais os manguezais têm sido apontados como
fundamentais para assegurar a produtividade pesqueira em áreas marinhas adjacentes, incluindo
casos em que espécies de peixes foram extintas localmente após a remoção desses ambientes.
Já as restingas , além de contribuírem para a manutenção da biodiversidade e estabilidade do
53
solo, são fontes de recursos naturais para muitas comunidades costeiras.
“O apoio a projetos por meio do terceiro edital do Fundo Costa Atlântica vem mais uma vez
incrementar os esforços para a conservação da biodiversidade e uso sustentável dos ambientes
marinhos e costeiros associados à Mata Atlântica”, destaca o biólogo Fabio Motta, coordenador
do Programa Costa Atlântica.
Para criação e consolidação de Unidades de Conservação Marinhas, o edital visa atender
demandas referentes à realização de estudos estratégicos ou complementares para a finalização
de Planos de Manejo, elaboração de Planos de Uso Público em Unidades de Conservação
compatíveis com a atividade turística - como parques nacionais -, infra-estruturas para planos de
fiscalização e apoio às atividades de educação ambiental. . O Edital destinará até R$
200.000,00 para esta linha.
Já para os manguezais e restingas, o Edital prevê apoiar projetos com foco no manejo de
recursos pesqueiros (manguezais) , manejo de recursos naturais, planejamento de negócios que
aliem conservação da biodiversidade e práticas sustentáveis e pesquisas sobre a valoração dos
serviços ambientai. Serão contemplados projetos que estejam exclusivamente em áreas de
manguezais ou restingas no trecho sob influência do Bioma. Para esta linha, serão destinados
até R$ 100.000.00.
54
Mangaratiba: investigado aterro em mangue
para ampliar loteamento Extraído de: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - 24 de Novembro de 2008
A Promotoria de Tutela Coletiva de Angra dos Reis investiga se a Construtora Monjardim
Marques Ltda cometeu irregularidades no condomínio Reserva Ecológica do Sahy, na
Rodovia Rio-Santos, em Mangaratiba, ao parcelar o solo em área próxima ao manguezal
ali existente. A empresa teria feito um aterro para ampliar o loteamento, causando dano
ambiental.
A Monjardim já respondeu a ofício da Promotoria, restando ainda a produção de um laudo
de vistoria pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema). O prazo
para a entrega desse laudo foi dilatado.
No Brasil, estão 12% dos manguezais de todo o mundo. São importantes ecossistemas de
transição entre os ambientes terrestre e marinho, e a Constituição Federal e várias leis
ambientais os consideram áreas de preservação permanente.
Os manguezais são berçários naturais de diversas espécies animais, como peixes,
crustáceos e moluscos. Situam-se geralmente em áreas de contato entre as águas dos
rios e do mar. A vegetação típica serve para fixar a terra e impedir a erosão.
Notícia JusBrasil - www.jusbrasil.com.br
55
OFICINAS DISCUTIRÃO PROJETO DE GESTÃO INTEGRADA DA ILHA GRANDE
23/ 12/ 2009
Tráfego de embarcações e pesca predatória são alguns dos temas que estarão
em pauta
Uma equipe formada por técnicos, cientistas, ambientalistas e membros da
comunidade traçará diretrizes para a implantação do Projeto de Gestão
Integrada da Baía da Ilha Grande. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a
Secretaria de Estado do Ambiente e a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), executada pelo Instituto Estadual do
Ambiente (Inea).
Financiado pelo Governo do Estado e pelo Global Environment Facility (GEF),
o projeto tem o investimento estimado de US$ 9,5 milhões. Será elaborado um
modelo de conservação e de uso sustentável dos ecossistemas continentais,
marítimos e insulares da Baía da Ilha Grande, através de um processo de
gestão participativa no litoral sul fluminense. Os resultados integrarão um
programa estratégico de longo prazo, com duração prevista de 25 anos.
– O programa também identificará as principais ameaças ambientais à região.
Entre elas, o turismo e pesca predatórios, privatização de praias, tráfego
intenso de embarcações, sobretudo de cruzeiros marítimos – completa a
diretora de Gestão das Águas e do Território do Inea, Rosa Formiga.
A partir de janeiro de 2010, o Inea iniciará a integração de suas estratégias de
conservação da biodiversidade às adotadas pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, pelas secretarias municipais de meio
ambiente e pelos demais órgãos ambientais. Essa integração será fruto de dez
oficinas de trabalho, envolvendo, em diferentes momentos, os gestores, a
equipe técnico-científica e a comunidade local para elaborar a implementação
56
de ações preventivas e corretivas que revertam a perda da qualidade
ambiental.
– O projeto é ousado. Não existe desenvolvimento sustentável sem
planejamento e envolvimento dos diversos segmentos sociais nos esforços de
conservação e recuperação ambiental – destacou o presidente do Inea, Luiz
Firmino Martins Pereira.
Fonte: INEA www.inea.rj.gov.br
57
ÍNDICE
Resumo 04
Metodologia 05
Sumário 06
I - Introdução 07
II - Características e importância do manguezal 09
II – Atividades realizadas no entorno do manguezal e seu impacto14
II.1 – Manguezais de Angra dos Reis 15
II.2 – Manguezais da Baía de Guanabara 16
II.2.1 – Guapi-Mirim 17
II.2.2 – Ilha do Governador 19
II.3 – Manguezais da Baía de Sepetiba 19
II.3.1 – Guaratiba 20
II.3.2 – Oeste da Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba 20
II.3.3 – Sepetiba 21
II.4 – Impactos das atividades 22
III – Possibilidades de recuperação e manejo 30
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 38
ANEXOS 41
ÍNDICE 56
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