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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INFRA-ESTRUTURA BRASILEIRA NA GESTÃO DE ÁREA
URBANAS E SUA NECESSIADE DE TRANSFORMAÇÃO
Por: Marisa Fasura de Amorim
Orientador
Prof. William Rocha
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INFRA-ESTRUTURA BRASILEIRA NA GESTÃO DE ÁREA
URBANAS E SUA NECESSIADE DE TRANSFORMAÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Pública.
Por: Marisa Fasura de Amorim
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus colegas e professores que me ajudaram nesta caminhada e em especial ao meu orientador e professor William Rocha,
pela colaboração para minha formação. .
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu pai, a minha mãe”in memória”, e aos meus filhos e amigos que sempre
me apoiaram na minha caminhada.
5
RESUMO
A monografia faz um estudo sobre os problemas de infraestrutura da
gestão de área urbanas no Brasil e a necessidade de transformações imediatas
visto impactarem diretamente nas populações, meio ambiente, nas áreas
socioeconômicas e culturais, pois perante a Constituição Brasileira, somo
todos iguais e temos os mesmos direitos a moradia, educação, saúde e
infraestrutura básica.
6
METODOLOGIA
Através de pesquisas bibliográficas disponibilizadas no mercado,
instrumentos gerenciais elaborados para o desenvolvimento do planejamento
da gestão urbanas das cidades. Estudo dos processos através de leitura de
livros, jornais e revistas que ajudaram na coleta de dados para a monografia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Os desafios Mundiais e Brasileiros 9
CAPÍTULO II - O Papel do Estado 14
CAPÍTULO III – Os desafios e os problemas de hoje 19
CAPÍTULO IV – A qualidade de vida nas regiões urbanas e metropolitanas 24
CAPÍTULO V – O saneamento básico brasileiro 28
CAPÌTULO VI – O transporte urbano 32
CAPÌTULO VII – As cidades e as chuvas 35
CAPÌTULO VIII – Conclusão 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
SIGLA 42
GLOSSÁRIO 43
FIGURA 43 TABELA 43
INDICE 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO 45
8
INTRODUÇÃO
A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Capítulo II que
trata dos Direitos Sociais, Art. 6º declara que :
“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição. ( Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 64 de 2010).
(www.planalto.gov.br)”
A realidade da infra-estrutura brasileira quanto a gestão das áreas
urbanas, tem-se mostrado deficiente. Ao se tomar como base a Constituição
Federal que declara com direito constitucional a moradia e a saúde aos
cidadãos, pode-se observar que uma massa expressiva de pessoas não tem
efetivamente esses direitos garantidos.
Há uma necessidade urgente de mudanças nas áreas urbanas para
atender as necessidades mínimas dos cidadãos que moram nestas localidades
mais desfavorecidas.
Parcerias entre o poder público e instituições privadas poderão
alavancar o setor da construção civil trazendo moradias populares,
saneamento básico, transporte assim como facilitando diversos setores como
saúde e educação.
Essa movimentação da sociedade trará novos benefícios a população e
ao próprio Estado.
9
CAPÍTULO I
OS DESAFIOS MUNDIAIS E BRASILEIROS
As Organizações das Nações Unidas – ONU , no ano de 2000 aprovou e
ratificou junto a oitenta e nove países um documento histórico que é a
“Declaração do Milênio”. Neste documento, a ONU propõem que até o ano de
2015 se reduza a quantidade de pessoas que vivem na pobreza extrema com
menos de US$ 1 ao dia. A declaração tem como meta também, o aumento do
fornecimento de água potável, a educação para todos, inverter a tendência de
propagação do VIH/SIDA (VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana ; SIDA -
Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida) e alcançar outros objetivos
no domínio do desenvolvimento.
Existem hoje nos países em desenvolvimento, cerca de 1,5 bilhões de
pessoas que vivem em média com menos de US$ 1,25 ao dia. Deste total, um
bilhão não tem água potável e três bilhões de pessoas não tem acesso ao
saneamento básico. A eletricidade não chegou ainda a cerda de 1,6 bilhões de
pessoas.
Existe a necessidade urgente no Brasil de se desenvolver e superar
estes desafios tanto urbanos quanto rurais pois a Constituição Federal
Brasileira tem como fundamentos determinantes em seu Art. 1º, a cidadania e
a dignidade da pessoa humana.
Segundo pesquisa realizada em 2008 pelo IBGE - Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, o país possuía apenas 52,48% dos domicílios com
sistema de coleta de esgoto e que 82,31% possuíam abastecimento de água.
Setenta e dois milhões de habitantes que vivem nas oitenta e uma maiores
cidades brasileiras geram diariamente 9,3 bilhões de litros de esgoto dos quais
5,9 de litros não têm qualquer tratamento. Isto gerou em 1998, 1.932
internações por dia devido a doenças sanitárias aumentando este índice para
2.086 em 2009.
A figura abaixo representa o percentual brasileiro de instalações de
redes de esgoto no período compreendido entre 2001 a 2008, onde o Pará é
apontado como o estado de menor percentual de domicílios ligados a rede de
esgoto e São Paulo o estado com maior percentual.
10
Figura 1: Percentual de instalações de redes de esgoto no Brasil - 2001 x 2008
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios ( Pnad )de 2001 e 2008. IBGE,
Instituto Trata Brasil e Associação Brasileira de Infra Estrutura e Indústrias de Base ( Abdib ),
com dados do SUS. Jornal O Globo -19/08/2010
A distribuição das cidades brasileiras configura-se em um desafio à
gestão do desenvolvimento urbano no plano federal. Nos grandes centros
urbanos, concentram-se mais da metade da população brasileira, que chega a
cerca de 56% do total desta população.
O Ministério das Cidades, criando em 1º de janeiro de 2003 pelo então
presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva tem como objetivo combater
as desigualdades sociais, transformando as cidades em espaços mais
humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao saneamento e
ao transporte, competindo a ele, tratar da política de desenvolvimento urbano e
das políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano
e trânsito.
As aglomerações na regiões metropolitanas crescem a cada dia e em
contrapartida as pequenas cidades continuam com saldos migratórios
negativos. Este quadro reflete o padrão de urbanização do país que retrata um
grande número de pessoas vivendo precariamente e em condições muitas
vezes sub-humanas. Existe uma necessidade de habitações, de serviços
11
urbanos em especial na área de saneamento e transporte. O aumento da
ocupação de áreas periféricas urbanas pela população de baixa renda, vem
acentuando o surgimento de áreas urbanas informais onde a falta de infra-
estrutura básica como energia elétrica, abastecimento de água, rede coletora
de esgoto ou fossa séptica e coleta de lixo, prejudica o crescimento ordenado
da região.
Segundo o IBGE, em pesquisa realizada em 2000, somente 28% do total
dos domicílios urbanos do país possuíam infra-estrutura adequada. Deste total,
nas regiões metropolitanas este índice caia para 18%. Quanto ao transporte
urbano, observa-se o aumento do número de passageiros o que demonstra a
necessidade da melhoria da qualidade na oferta desse serviço.
Melhorar a qualidade de vida nas regiões metropolitanas e urbanas é um
desafio a ser enfrentado pelos governantes, pois nos últimos 100 anos o
consumo de água potável duplicou no mundo. A previsão para 2025, é que 2,5
bilhões de pessoas estejam sem acesso à água potável, o que representa 1/3
da humanidade.
No mundo, 70% da terra é coberta por água, deste total 97% se
encontra nos oceanos e os outros 3% são de água doce. As calotas polares
armazenam 2% deste total e 1% se encontra em rios, lagos e aqüíferos
subterrâneos. A necessidade de água aumenta a cada dia, pois deste pequeno
total de água doce livre para consumo, 70% atende a agricultura, 20% a
indústria e 10% ao consumo humano, segundo levantamento executado pelo
Instituto Trata Brasil.
Este mesmo levantamento demonstrou que o mundo é habitado por
mais de 6 bilhões de pessoas, do qual 1,4 bilhão não têm acesso adequado à
água potável e 2 bilhões não têm esgoto tratado. Consequentemente 5 milhões
de pessoas morrem por ano por beber água imprópria, sendo 60% delas
crianças. Isto significa que um criança morre a cada dez segundos, sendo a
causa de seu óbito, a falta de saneamento básico sendo que no hemisfério sul
80% das doenças são originadas pela falta de saneamento ambiental
Segundo dados do IBGE em 2008, o Brasil possuía uma população superior a
180 milhões de pessoas. Pesquisas científicas citam que o Brasil possui uma
condição privilegiada, pois encontra-se em seu território 11% do total de água
doce do mundo. Apesar desta proporcionalidade, 40 milhões de pessoas não
12
possuem acesso adequado à água potável e 100 milhões não tem esgotos
tratados, o que significa que 10 milhões de m³ de esgoto são despejados por
dia 'in natura' no meio ambiente. O espelho desde descaso público, é que dez
crianças morrem por dia pela falta de saneamento básico e o número de
internações hospitalares de crianças chega a sessenta e estão relacionadas
diretamente à falta de saneamento básico, conforme informação fornecida pelo
IBGE.
Segundo Yves Besse, presidente da Abcon – Associação Brasileira das
Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto em editorial
da Gazeta Mercantil de 15 de abril de 2008, após a edição da Lei nº 11.445, de
05/01/07, conhecida como Lei do Saneamento, das leis das parcerias público-
privadas e dos consórcios públicos e a modernização da lei de concessão, o
setor saiu da inércia, passando a enxergar o problema do saneamento com a
devida gravidade que ele possui. O PAC - Plano de Aceleração do Crescimento
tem como meta investir R$ 40 bilhões de reais até 2012.
Com isso, os Estados passaram a apoiar suas companhias com
planejamento de ações a médio e longo prazo e os Municípios passaram a
planejar, regular e fiscalizar os serviços que sem a parceria do setor privado –
PPP (parcerias público-privadas), via contratos de concessão não trariam
soluções a problemas antigos. A iniciativa privada passa a ter um papel
importante no novo cenário.
Em estudo realizado pela ONG Trata Brasil em 2009, se o Estado
permanecesse com os mesmos investimentos direcionados ao saneamento
básico antes da Lei do Saneamento, o Brasil levaria 115 anos para que todos
os brasileiros tivessem água encanada e esgoto tratado.
Com tarifas justas pelo setor privado haverá a possibilidade de
atendimento a grande parte da população aos serviços de água e esgoto,
gerando novos investimentos no setor.
A Lei nº 11.445 de 05 de janeiro de 2007, Política de Saneamento,
estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Em seu Art. 2º, ela
cita seus princípios que são :
“I - universalização do acesso; II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e
componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico,
13
propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e
maximizando a eficácia das ações e resultados; III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e
manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e
à proteção do meio ambiente; IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem
e de manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da
vida e do patrimônio público e privado; V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as
peculiaridades locais e regionais; VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de
habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental,
de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a
melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator
determinante; VII - eficiência e sustentabilidade econômica; VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de
pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas; IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e
processos decisórios institucionalizados; X - controle social; XI - segurança, qualidade e regularidade; XII - integração das infra-estruturas e serviços com a gestão eficiente dos
recursos hídricos.
(www.planalto.gov.br)”
A política expressa, as necessidades que o Brasil tem para se
desenvolver na área de gestão urbana, o que é bem delimitado em seu
primeiro item quando cita a universalização ao acesso, ou seja, que todos
tenham os mesmos direito e deveres com relação aos benefícios e prejuízos
que são trazidos pelo desenvolvimento. Este processo poderá atrair
investimentos de concessionárias privadas para atendimento a serviços de
água, esgoto e coleta de lixo .
14
CAPÍTULO II
O PAPEL DO ESTADO
O conceito que o Estado tem da Administração Pública varia segundo a
dinâmica pela qual é considerada. Estado de Direito é o Estado juridicamente
organizado e obediente as próprias leis. Já sob um prisma político, pode-se
afirmar que o Estado é uma organização política que regulamenta as relações
entre um povo e seu território. Sua Lei máxima é a Constituição escrita, e
dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como
externamente.
O Estado é composto de três elementos originários, essenciais e
indissolúveis que são seu povo, seu território e o governo soberano, o que lhe
dá sua independência em relação aos governos de outro Estados. Possui
também, uma personalidade jurídica de direito público, o que lhe dá a
expressão jurídica da coletividade que representa.
A União possui seus orgãos próprios, seus Poderes Públicos, seu
sistema de Governo e sua organização fundada no princípio da divisão de
Poderes, que visa impedir e limitar a prepotência do Estado. Na clássica
tripartição de “Montesquieu”, até hoje adotada nos Estados de Direito, são
Poderes próprios da estrutura do Estado, independente e harmônicos entre si:
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
A idéia de democracia tem como berço as cidades-Estados gregas que
tinham como base a participação direta de seus cidadões que se reuniam para
a tomada de decisões. Porém nesta época, este direito se restringia aos
homens excluindo-se as mulheres e os escravos.
Diante da impossibilidade de reunião de todos os envolidos e sendo
cada vez mais urgente a necessidade de tomadas de decisões, houve a
necessidade de se eleger representantes, assim nascenco a democracia
representativa com seus prós e contras.
Um governo que se propõem como democrático, busca estabelecer
mecanismos que garatam aos cidadãos participação através de eleições
periódicas, garantindo um certo compromisso dos representantes com seus
representados.
15
Apesar de divergências entre conceitos, a democracia constitui a melhor
forma de governo de um Estado, visto que impede atos de violência e de
intolerância, buscando a integração e a inclusão social em conjunto com o
fortalecimento das instituições democráticas.
Com base no Art. 6º da Constituição Federal e em informações da
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 do IBGE - Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, observam-se a necessidade de se buscar melhorias
na área de saneamento básico e conseqüentemente na área habitacional,
trazendo uma nova qualidade de vida principalmente as classes menos
favorecidas e que moram nas periferias das grandes cidades. O Estado tem
responsabilidade sobre a coletividade e como tal são responsáveis pelo
atendimento as necessidades mínimas necessárias.
Apesar de alguns avanços obtidos pelo país no plano econômico, o
Brasil ainda se enquadra como país em desenvolvimento, com índices
lastimáveis, em termos de qualidade de vida, saúde e educação, com
significativa parcela da população afastada do que os estudiosos costumam
designar como mínimo existencial para uma vida digna.
Cabe ao estado se responsabilizar pelo cidadão dando-lhes condições
mínimas de moradia, educação e saúde, transformando palavras em atos
concreto. Existe a necessidade de programas estratégicos voltados para a
gestão de uma política de desenvolvimento urbano e rural com objetivos e
consequente implementação de ações que incorporem recursos financeiros e
materiais.
Com a criação da Lei nº 10.257, de 2001 que trata do Estatuto da
Cidade, a regulamentação da propriedade urbana, sua consequente função
social e o estabelecimento de diretrizes voltadas a uma política urbana,
trouxeram benefícios as regiões metropolitanas. Uma avaliação das políticas
públicas voltadas para o desenvolvimento urbano e para a melhoria da
qualidade de vida das cidades mostra a necessidade de uma estruturação
urbana com esforço institucional das três esferas de governo.
Com o crescimento desordenado das cidades, 6,6 milhões de famílias
passaram a não ter moradia adequada sendo que, 11% dos domicílios urbanos
não têm acesso ao sistema de abastecimento de água potável e quase 50%
não estão ligados às redes de esgoto sanitário.
16
As ações de um programa de gestão de política de desenvolvimento
urbano, devem ser compartilhados com órgãos do governo federal que atuam
na formulação e avaliação das políticas públicas, visto ter por finalidade, reunir
ações de planejamento, formular políticas setoriais, avaliar resultados e apoiar
às atividades finais de forma a somar elementos aos agentes públicos e
privados.
O governo tem investido através do PAC - Plano de Aceleração do
Crescimento, em ações pertinentes ao desenvolvimento urbano, através de
apoio institucional, visando à melhoria das condições de vida nas
aglomerações urbanas e regiões metropolitanas, trazendo qualidade de vida,
transporte e moradia a essas regiões.
O déficit habitacional e a favelização são problemas estruturais da
sociedade brasileira, que se intensificaram devido à concentração populacional
nas grandes cidades, sem a necessária provisão de moradia e serviços de
infra-estrutura urbana adequados.
Durante a década de 80, houve melhorias das condições de moradia nas
cidades brasileiras, entretanto persistiram as desigualdades entre os gêneros,
regiões, extratos sócio-econômicos e diferenças entre a qualidade das
habitações principalmente se comparados entre as regiões sul e sudeste e
nordeste do país, tendo como base domicílios pobres e chefiados por não
brancos e mulheres.
Em pesquisa realizada pelo IBGE em 2001, o déficit habitacional era de
6,7 milhões de novas moradias. A coabitação familiar e o alto preço dos
alugueis esbarram também com a falta de estrutura na área de fornecimento
de energia elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de
lixo.
Problemas referentes ao financiamento da moradia, devido a pouca
expressão do número de unidades produzidas através do Sistema Financeiro
da Habitação - SFH, foram reduzidas através da implementação pelo governo
federal do programa Minha Casa Minha Vida, que alavancou uma grande
parcela da construção por meio do autofinanciamento e autoconstrução e
subsídios às classes de renda mais baixa.
Fazem parte dos problemas habitacionais urbanos brasileiros, a
exclusão social, a segregação da população pobre, a carência de moradias, a
17
escassez de serviços de infra-estrutura urbana, a falta de oportunidades de
emprego. A principal fonte de recursos para investimento em habitação e
saneamento é o FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – em
parceria com a Caixa Econômica Federal - CAIXA. Pode-se verificar que a
distribuição dos recursos tem sua concentração voltada mais para a região
sudeste absorvendo 57% dos recursos totais dos programas de
desenvolvimento urbano, pois o combate à pobreza e promoção da inclusão
social, são recursos voltados a população com renda familiar abaixo de três
salários mínimos.
Para que este processo possa se desenvolver melhor, existe a
necessidade de uma maior participação dos governos locais e da sociedade
civil nas decisões de alocação dos recursos. Este processo deverá estar
integrado a políticas públicas do governo, com a criação de programas de
desenvolvimento urbano integrado como a urbanização de comunidades e
respectivas benfeitorias que possam ocorrer.
Uma melhor distribuição regional dos recursos de acordo com o perfil do
déficit habitacional, voltado a população alvo e incentivos para uma maior
participação do mercado e bancos privados no setor habitação, poderá trazer
dentro deste contexto, o aumento da eficiência e eficácia das políticas públicas.
É necessário integrar as políticas e programas habitacionais com as
demais ações de desenvolvimento urbano e políticas sociais do governo, pois
só uma política de habitação integrada e bem alocada, poderá contribuir para
uma solução efetiva para os problemas habitacionais brasileiros, garantindo o
acesso à moradia, o fornecimento de energia elétrica, o abastecimento de
água, o esgotamento sanitário e a coleta de lixo adequada para todos.
O Brasil é um país que desenvolve políticas voltadas a área social. Entre
elas, está o Bolsa Família, que atende a pessoas em situação de pobreza e de
extrema pobreza. Seu custo é de 0,4% do Produto Interno Bruto –PIB, e atende
a quase um quarto da população brasileira, contribuindo assim para a redução
da pobreza e da desigualdade social. Entre os anos de 2003 a 2008, houve
uma redução em relação a pobreza extrema passando de 12% para 4,8%,
entretanto, não atingindo a meta do milênio da ONU – Organização das
Nações Unidas principalmente com relação ao déficit do saneamento básico.
18
O Bolsa Família ajudou a movimentar a renda desta classe menos
favorecida, pois passaram a cobrar e consumir serviços públicos como luz
elétrica, coleta de lixo e água. Bens duráveis como televisão, geladeira,
computador e celular também passaram a fazer parte deste rol de
necessidades.
Pesquisas realizadas pela ONG – Organização Não Governamental
Trata Brasil, demonstra que a falta de saneamento básico gera inúmeros
efeitos colaterais, afetando diretamente o desenvolvimento humano. Isto se
reflete nos absenteísmo escolares e profissionais devido a doenças associadas
à falta de esgoto. A taxa de mortalidade infantil e o índice epidemiológico são
altos.
Com saneamento básico, a qualidade de vida da população tende a
melhorar e a mortalidade infantil diminuir. A Lei do Saneamento Básico, trás
mais recursos em infraestrutura pública e em conjunto com o Programa de
Aceleração do Crescimento – PAC, novas soluções virão em conjunto com a
conscientização da população, pois trata-se de uma política ambiental.
19
CAPÍTULO III
OS DESAFIOS E PROBLEMAS DE HOJE
A crise econômica mundial no ano de 2009 trouxe para o Brasil, uma
queda em investimentos de aproximadamente 10% principalmente no setor de
máquinas, equipamentos e principalmente na área da construção civil gerando
perdas para o crescimento econômico do país. Como consequência, não houve
uma modernização na área e na capacidade produtiva, o que deixou de gerar
condições sólidas para expansões futuras, pois houve uma queda do PIB -
Produto Interno Bruto com relação a investimentos que no ano de 2008 era de
18,7%, passando para 16,7% em 2009.
A imensa capacidade ociosa de produção no país demonstra que a
desigualdade e a sustentabilidade estão diretamente ligadas aos desequilíbrios
na inclusão de pessoas nos processos produtivos subutilizando a metade da
capacidade produtiva.
Esta desigualdade não constitui apenas um problema de distribuição
mais justa de renda e de riquezas, envolvendo também uma perspectiva de
melhora para a maioria da população desempregada, subempregada ou em
atividades informais. Um PIB que cresce mas não inclui sua população como
base, não é sustentável. Este é um problema que atinge quase dois terços das
populações mundiais onde se limitam o acesso ao financiamento, ás
tecnologias e ao direito de sobreviver.
Recursos para o financiar o saneamento básico nacional passaram a
integrar a Lei Orçamentária Anual a partir de 2001. Neste ano, foram realizadas
3.428 obras, que beneficiaram 1,5 milhão de famílias. Entretanto, foi observado
uma baixa qualidade técnica dos projetos apresentados pelos municípios
atendidos, havendo uma necessidade de adequação quanto a participação da
sociedade, das parcerias apresentadas, da criação de mecanismos de
interação com outros órgãos, visando uma melhoria na qualidade dos serviços
de saneamento básico prestados pelas concessionárias públicas e privadas,
nas áreas urbanas dos estados e municípios do país.
Atrasos na liberação de recursos, limites impostos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, e emendas constitucionais somados a falta de
20
recursos humanos, materiais e de infra-estrutura insuficientes ajudam a
dificultar o andamento deste processo.
O Programa Morar Melhor que é operado com recursos do Orçamento
Geral da União - OGU, tem por objetivo promover ações integradas de
desenvolvimento urbano nas regiões de maior concentração de pobreza do
país, desenvolvendo o saneamento básico e ambiental, ampliando a oferta de
habitações ou melhorando-as. Esses recursos são repassados aos Estados,
Distrito Federal e Municípios, através da CAIXA após comprovação do
empreendimento executado.
Quando se trata de saneamento deve-se salientar também outras área
que por vezes ficam esquecidas como a área de saúde e a rural. Segundo
pesquisa realizada pelo IBGE em 2002, a contaminação dos solos afetava 33%
dos municípios, incluindo-se nestes resíduos, os da atividade de saúde. Na
área rural, 600 prefeituras tinham local específico para receber embalagens de
agrotóxicos, enquanto 978 descartavam a céu aberto.
O esgoto a céu aberto e a alteração ambiental afetaram a qualidade de
via da população. Segundo dados do Censo de 2000 do IBGE realizado em
1.159 municípios, a taxa de mortalidade infantil era de 40 óbitos por cada mil
nascidos vivos. Fatores como doenças endêmicas (cólera, dengue, febre
amarela e malária) e epidêmicas foram as principais causas. Dentre as regiões
mais afetadas estão o Nordeste com 1.086 municípios, região Norte com 25 s
Sudeste, especificamente o estado de Minas Gerais com 25 municípios. O que
foi observado na pesquisa é que o número de gestores municipais que
relacionam problemas ambientais às condições de vida ainda é pequeno.
Ausência de saneamento básico está ligada diretamente à alta taxa de
mortalidade infantil entre crianças de até cinco anos de idade o que faz
ressaltar a importância da instalação de redes de água e de esgoto nos
domicílios brasileiros, sendo esta necessidade maior na região Nordeste.
A pesquisa também revelou que em domicílios onde havia serviço de
água e esgoto estes índices caiam para 26,1 crianças para cada mil crianças
que se encontravam na faixa de zero a cinco anos. Entretanto no Nordeste, a
taxa atingia a 66,8 por mil crianças na faixa etária.
Do total dos municípios do Brasil, 38% sofrem com problemas
relacionados a poluição das águas sejam elas de rios, lagos, enseadas,
21
represas, açudes, baías, nascentes, ou águas subterrâneas. Os municípios
mais afetados estão na região Sul com um índice de 45% e Sudeste com
índice de 43%, sendo o estado do Rio de Janeiro o campeão com registro de
ocorrências em 77% dos municípios. Estados como Amapá com índice de
69%, Espírito Santo com 60%, Pernambuco com 56% e Santa Catarina com
55% lideram a pesquisa. Já estados como Piauí com índice de 7%, Acre com
8%, Tocantins com 12%, Amazonas com 19% e Mato Grosso com 25%
apresentaram as menores índices de poluição no Brasil.
Despejos de resíduos industriais, óleos, graxas e derramamento de
petróleo foram apontados como principais causas da poluição das águas em
521 municípios, sendo a região Sudeste a mais afetada com 31% dos casos. O
estado do Espírito Santo encabeça a lista com 43% dos caos seguido pelo
estado do Rio de Janeiro com 41 % das ocorrências. Este fato se dá
principalmente devido à exploração de petróleo.
Trinta e três por cento dos municípios brasileiros sofrem com a
contaminação dos solo sendo 50% deles nos estados da região Sul e 34% na
região Sudeste. As principais causas da contaminação de solo foram o uso
excessivo de fertilizantes e agrotóxicos, que foi apresentado em 63% dos
casos, e a destinação inadequada do esgoto doméstico em 60% dos
municípios.
A grande maioria dos municípios brasileiros, produzem resíduos tóxicos,
entretanto nem todos possuem aterro industrial dentro de seu limites territoriais.
O que se verifica, é o descaso com esses resíduos principalmente em
municípios com mais de cem mil habitantes, nas regiões Nordeste, Sudeste e
Sul,onde somente 10% dos resíduos são encaminhados para tratamento e o
restante são depositados em aterros sanitários comuns, embora a Lei nº 6438
de 1981 trata da responsabilidade do resíduo e seu gerador.
A falta de saneamento básico afeta a maioria dos municípios brasileiros
afetando também a qualidade de vida das pessoas. Problemas relacionados a
esgoto a céu aberto, desmatamento, queimadas são as principais causas que
ocasionam doenças, causando impactos ambientais negativos a vida das
pessoas.
Entre os maiores problemas encontrados nas diversas regiões
brasileiras, são nos municípios do Norte e do Centro-Oeste que o
22
desmatamento gera maior impacto na qualidade de vida da população. Na
região Nordeste, as doenças endêmicas ou epidêmicas e nas regiões Sudeste
e Sul o esgoto a céu aberto são os maiores responsáveis.
Pernambuco e Amapá são estados que se destacam pela falta de
saneamento e a grande quantidade de esgoto a céu aberto causando impactos
ambientais relevante. Em municípios do Mato Grosso do Sul, os lixões
próximos a ocupações humanas são os maiores problemas pois são os
responsáveis pelos vetores causadores de doenças. No Sudeste,
principalmente em municípios do Rio de Janeiro a contaminação de rios e
baías são os maiores problemas encontrado, enquanto na região Sul, Santa
Catarina apresenta também grande número de município com esgoto a céu
aberto. Municípios com mais de 100 mil habitantes, também sofrem com a
ocupação desordenada e esgotos a céu aberto.
Os problemas ambientais vem ocasionando prejuízos em atividades
econômicas como a pesca, a agricultura e a pecuária. Importante fonte de
recursos, a pecuária impactou devido a questões ambientais, principalmente
pela falta de água adequada para consumo dos animais em municípios do
Nordeste, em especial na Bahia e na Paraíba. A contaminação das águas no
Brasil, quintuplicou nos últimos anos, segundo o relatório O Estado Real das
Águas no Brasil (2003-2004).
Apenas 6% das cidades brasileiras possuem orgão específico voltado ao
meio ambiente e a maioria delas se encontra em municípios da região Sul.
Municípios com mais de 500 mil habitantes possuem secretarias especiais
voltadas a área ambiental. Somente 18% das cidades receberam recursos
específicos para meio ambiente. Cinquenta por cento dos municípios do estado
do Rio de Janeiro recebem verba específica para questões ambientais. Paraná
também é um estado com grande preocupação ambiental devido ao aumento
do número de indústrias e ao agronegócio. É importante existir no estado ou
município legislação ambiental específica que possa minimizar os impactos
ambientais.
O ICMS Ecológico – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços é a principal fonte de recursos ambientais em alguns municípios. A
eficácia, a efetividade e a qualidade das políticas públicas de proteção
ambiental como instrumento de uma política econômica ainda é pouco comum
23
em algumas unidades da Federação, pois o ICMS Ecológico, trouxe resultados
positivos nestas duas últimas décadas de aplicação.
O ICMS Ecológico é a denominação de qualquer critério ou um conjunto
de critérios de caráter ambiental utilizados para o cálculo do valor a que cada
município de um Estado tem direito de receber quando do repasse de 25% dos
recursos financeiros do ICMS decididos autonomamente por lei estadual.
Quanto maior a participação do ICMS Ecológico nesse valor, maiores serão os
incentivos fiscais para que os municípios implementem projetos de preservação
ambiental, incluindo os ecossistemas de bacias hidrográficas, reservas
biológicas, reservas de fauna, refúgios de vida silvestre, parques, e outras
fontes que possam gerar qualidade ao meio ambiente.
Entretanto o ICMS Ecológico depende de regulamentação para ser
operacionalizado, pois terá seu percentual subdividido entre o desenvolvimento
sustentável e assuntos relacionados a preservação do patrimônio histórico, o
atendimento à saúde das famílias, e o apoio à produção de alimentos na
agricultura familiar.
O ICMS Ecológico é a principal fonte de recursos ambientais seguido
pelos repasses federais e estaduais, convênio e parcerias e também através de
multas ambientais.
Houve nas últimas décadas, uma melhora ao acesso da população aos
serviços de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Entretanto, persiste
no País uma demanda não atendida por serviços adequados de saneamento
básico, que atinge de forma mais expressiva a população de baixa renda,
concentrada nos pequenos municípios e nas periferias dos grandes centros
urbanos e regiões metropolitanas. Há uma necessidade urgente de
investimento nestes setores para que assim haja uma melhor qualidade de vida
da população.
24
CAPÍTULO IV
A QUALIDADE DE VIDA NAS REGIÕES URBANAS E
METROPOLITANAS
Nos últimos anos, devido a falta de planejamento ordenado dos centros
urbanos, a quantidade de municípios que tiveram crescimento desordenado
das comunidades foi muito grande. Outro fator negativo, foi o aumento do
número de veículos e consequente congestionamento devido a preferência
pelo transporte individual ao invés do coletivo.
Falta tanto nas grandes como nas pequenas cidades água tratada,
coleta de esgoto e de lixo, escolas, comércio, praças e acesso ao transporte
público. Por isso, existe a necessidade da união de forças do governo federal,
estadual e municipal. A criação do Ministério das Cidades veio para trazer
qualidade de vida as regiões metropolitanas, urbana e rurais.
A gestão do desenvolvimento urbano no país é um grande desafio
conforme demonstrado em pesquisa realizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística no Censo 2000. Ela revelou a oferta e a qualidade
dos serviços de saneamento básico no país, com base em levantamento
realizado junto às prefeituras municipais e empresas contratadas para a
prestação de serviços relacionados a abastecimento de água, esgotamento
sanitário, drenagem e limpeza urbana e coleta de lixo, nos 5.507 municípios
existentes na data da pesquisa.
Nas área urbanas do país, estão concentradas mais da metade da
população brasileira, com cerca de 56%, estando nas regiões metropolitanas
aproximadamente 33% deste total o que ocasionou um grande número de
pessoas vivendo precariamente. Nas pequenas cidades brasileiras o saldo
migratório é negativo e retratado o crescimento abaixo da média nacional.
Este problema ocasionou o aumento da ocupação irregular de áreas
pela população não só de baixa renda mais também por empresários que viram
nesta deficiência do setor público uma oportunidade de exploração da área
imobiliária. Invasões de área públicas, abandonadas ou mesmo a expulsão de
pessoas de algumas áreas, tornou-se comum nas área urbanas.
25
O déficit habitacional apresentou seu maior índice devido a falta de
incentivo do governo entre as décadas de 80 e 90, principalmente com relação
a habitação da população de baixa renda. Paralelamente a isto, investimentos
públicos relacionados a abastecimento de água, saneamento básico,
eletricidade, limpeza urbana e coleta de lixo também não obtiveram os
investimentos proporcionais ao crescimento da população.
Problemas relacionados a transporte urbano também foram e são
frequentes, em especial para àqueles que moram nas periferias das cidades
devido a dificuldade e a precariedade de transporte oferecidos pelo setor
público ou privado.
A Lei nº 10.257, de 2001 - Estatuto da Cidade – regula a propriedade
urbana, sua função social e estabelece diretrizes gerais de política urbana.
Esta lei tem como base a Constituição Federal que em seus artigos nº 182 e
183, tratam sobre a política urbana e instrumentos para sua garantia, no âmbito
de cada município, do direito à cidade, da defesa da função social da cidade e
da propriedade e da democratização da gestão urbana.
O estatuto trouxe uma nova concepção de cidade e de planejamento e
gestão urbana com intuito de criar cidades sustentáveis e democráticas. O
Estatuto da Cidade é a lei federal de desenvolvimento urbano exigida
constitucionalmente, que regulamenta os instrumentos de política urbana que
devem ser aplicados pela União, Estados e especialmente pelos Municípios.
As políticas públicas devem estar voltadas para o desenvolvimento
urbano e para a melhoria da qualidade de vida nas cidades necessitando de
uma integração entre as três esferas de governo para que assim se possam
obter respostas mais rápidas as necessidades existentes. O conceito de
sustentabilidade urbana e ambiental vem ao longo dos anos se unindo, pois há
uma preocupação com a qualidade de vida das pessoas que vivem nos centros
urbanos.
No ano de 2001, nenhuma ação de financiamento foi realizada pelos
estados e municípios devido à Resolução n° 2.827, de 2001, do Conselho
Monetário Nacional - CMN, que redefiniu as regras para o contingenciamento
do crédito ao setor público, restringindo as possibilidades de concessão de
financiamentos ao setor público federal, estadual e municipal. Com isso, a
CAIXA e outras entidades de crédito foram impedidas de realizar operações
26
relacionadas a habitação e saneamento básico, mesmo com recursos
provenientes do FGTS, que é a principal fonte de recursos para investimento
em habitação.
A falta de uma infraestrutura adequada nos municípios e regiões
metropolitanas e o déficit habitacional ocasionando muitas vezes a criação de
comunidades em zonas de risco, se intensificaram devido ao aumento
populacional das grandes cidades. O déficit habitacional brasileiro, segundo o
IBGE no ano de 2000, era de 6,7 milhões de novas moradias para habitantes
cuja a faixa de renda familiar mensal era de até três salários mínimos.
Problemas relativos a falta de saneamento básico, infraestrutura de energia
elétrica, abastecimento de água e coleta de lixo somam-se aos problemas de
falta de financiamento para a habitação.
Para melhor atender a necessidade habitacional brasileira o Governo
Federal lançou o programa “Minha Casa, Minha Vida” cujo objetivo é atender
famílias dom renda bruta até R$ 1.395,00 com recursos do Fundo de
Arrendamento Residencial – FAR que é um programa do governo gerido pelo
Ministério das Cidades e operacionalizado pela CAIXA.
A distribuição orçamentária é feita nas 27 Unidades Federativas do
Brasil, tendo como base o estudo do déficit habitacional dos municípios que
compõem às respectivas unidades. São priorizados para fins de contratação os
projetos que apresentem:
• “Maior contrapartida/participação dos Estados e Municípios
• Menor valor de quisição das unidades habitacionais
• Empreendimentos em regime de loteamento
• Exigência prévia de infra-estrutura (água, esgoto e energia)
• Atendimento a regiões que receberam imapcto de grandes
empreendimentos de infra-estrutura (usinas, hidrelétricas, portos).
( www.caixa.gov.br)”
Do total dos recursos para desenvolvimento urbano, 57% foram
alocados na região sudeste, ficando a região nordeste com apenas 23%. Isto
pouco contribuiu para promover o combate à pobreza e promover a inclusão
social. Deve haver uma maior participação dos governos locais e da sociedade
civil para que os recursos sejam melhor direcionados.
O problema habitacional brasileiro, não deve se limitar a questões de
programas de financeiros para habitação, devem ser voltados para questões
27
relacionadas a oferta habitacional e ao nível de renda da população que mais
necessita tendo sempre o respaldo, das ações governamentais.
Outro problema que preocupa aos municípios, é com relação ao acesso
aos serviços de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo que melhorou na
última década, entretanto ainda não atingindo a todas as pessoas,
principalmente de baixa renda que moram nos pequenos municípios e nas
periferias dos grandes centros urbanos e regiões metropolitanas do país.
A parceria público privada – PPP poderá ajudar a partir da postura do
tratamento igualitário para as empresas, pois programas e projetos
relacionados a saneamento básico são fundamentais e dependem hoje
principalmente, de recursos públicos.
28
CAPÍTULO V
O SANEAMENTO BÁSICO BRASILEIRO
O Brasil em 2008 tinha 30,2 milhões domicílios ligados à rede de esgoto,
sendo que a região Norte possui a menor parcela de domicílios atendidos,
entretanto, o quantitativo de residências que passaram a ter fossa séptica
aumentou. Quanto ao abastecimento de água, houve um crescimento de em
relação a 2007 de 1,9 milhão de unidades, sendo que a região Nordeste teve
um crescimento de mais 770 mil domicílios atendidos. Oitenta e sete por cento
dos municípios brasileiros passaram a ter e a energia elétrica já atinge 98,6%
dos domicílios conforme levantamento realizado em 2008.
Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar - PNAD de 2007-
2008, os domicílios particulares permanentes existentes, aproximadamente
83,9 % se encontram atendidos por rede geral de água e 73,2% por serviços
de esgotamento sanitário ou fossa séptica.
Tabela 1: Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de água e
esgoto sanitário, segundo as Grandes Regiões – 2007-2008
Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisa, Coordenação de Trabalho e rendimento, Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios 2007-2008.
(www.ibge.gov.br)
Os problemas de saneamento básico são mais graves nas grandes
cidades, principalmente nas regiões metropolitanas, onde reside a população
29
de baixa renda e existe menor investimento governamental nestas estruturas, o
que ocasiona muitas vezes a ocupação desordenada do solo urbano,
principalmente em encostas e próximo a leito de rios e lagos impactando
diretamente o meio ambiente.
Em áreas urbanas, o déficit dos serviços de abastecimento de água
canalizada, atinge cerca de 3,7 milhões de domicílios e o déficit da coleta de
lixo também é alto.
Segundo a PNAD-2008, apenas 62,3% dos municípios urbanos
brasileiros tinham acesso simultâneo e adequado aos serviços de água, esgoto
e coleta de lixo considerados. Este levantamento contrasta-se com o
levantamento referente a classe cuja renda é de até meio salário mínimo per
capita, onde apenas 34,1% dos domicílios possuem acesso adequado. Já para
a população cuja a faixa de renda é superior a 5 salários mínimos per capita,
este percentual passa a ser de 86,5%, observando-se que nas regiões Norte e
Nordeste, estes índices são menores.
Problemas relativos a qualidade e frequência no fornecimento da água
também são observados. Isto devido ao grande número de ligações
clandestinas, vazamentos, reparos e reposição de peças e baixo desempenho
dos prestadores de serviços. O esgotamento sanitário na maioria dos casos
segue diretamente para fossas sépticas rudimentares, valas, rios ou mares,
sem o tratamento adequado, trazendo efeitos diretos para a saúde pública, o
meio ambiente e o turismo. A atual situação do sistema de tratamento de
efluentes ainda requer altos investimentos.
Dos resíduos sólidos coletados, apenas 29% tem destino final
adequado. Falta muito aos municípios, o atendimento aos padrões ambientais
mínimos aceitáveis com relação ao tratamento dos resíduos sanitários sólidos
ou líquidos.
No município do Rio de Janeiro, segundo pesquisa apresentada em
dezembro/2010 pelo movimento Rio Como Vamos – RCM, a falta de
saneamento afeta diretamente a saúde da população. Nesta pesquisa, o
Sistema Nacional de Informação Sobre Saneamento - SNIS informou que em
2008 foram distribuídos pela CEDAE – Companhia Estadual de Águas e
Esgoto, empresa responsável pela distribuição de água no município, e
consumidos pela população 677,5 milhões de metros cúbicos de água, sendo
30
que deste total, apenas 378,4 milhões de metros cúbicos, foram coletados para
tratamento, o que corresponde a 55% do total fornecido. O restante foi jogado
indevidamente 'in natura' nas bacias hidrográficas cujo o maior receptor foi a
Baia da Guanabara que recebe também dejetos e lixos de outros 15
municípios.
Devido a precariedade de saneamento no município do Rio de Janeiro e
arredores da Baía da Guanabara, os Indicadores de Desenvolvimento
Sustentável do IBGE em 2008 demonstraram que para cada 100 mil
habitantes, 112,6 foram internadas devido a doenças relacionadas ao
saneamento ambiental inadequado, sendo que deste total, 90% foram
internadas devido a contaminação com fezes, ocasionando principalmente
diarreia em crianças de até 4 anos de idade.
A ausência ou a inadequada prestação de serviços de saneamento
básico gera impactos negativos que afetam diretamente a saúde, o meio
ambiente e a qualidade de vida da população. Os estados e municípios devem
ampliar e melhorar a oferta dos serviços obedecendo a padrões de qualidade,
compatíveis com a saúde pública, a preservação do meio ambiente e o respeito
a qualidade de vida da população e seus respectivos direitos, através de
programas de financiamento, ações de construção, ampliação ou melhoria dos
sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta e
destinação final de resíduos sólidos em aterros sanitários adequados e com
segregação de lixo reciclável e instalações sanitárias domiciliares a
populações, sejam elas de áreas menos favorecidas ou não.
O Programa Brasil Joga Limpo é um programa do Governo
Federal que alavanca os projetos de gestão integrada de resíduos sólidos. Tem
por objetivo viabilizar projetos no âmbito da Política Nacional de Meio
Ambiente, conforme critérios e deliberações do Fundo Nacional do Meio
Ambiente – FNMA. É operado com recursos do Orçamento Geral da União -
OGU, repassados aos Municípios e concessionárias estaduais e municipais de
acordo com as etapas do empreendimento executadas e comprovadas. Fazem
parte deste objetivo as seguintes ações :
• “Elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
31
• Elaboração do Projeto Executivo para a implantação do investimento previsto
• Implantação do Aterro Sanitário
• Implantação de Unidades de Tratamento
• Implantação de Unidades de Obras de Destino Final
• Implantação de Coleta Seletiva
• Recuperação de Lixão
(www.caixa.gov.br)”
Este projeto tem colaborado com as ações e gestão integradas de coleta
seletiva e saneamento ambiental, apresentando ao longo dos anos resultados
satisfatórios.
32
CAPÍTULO VI
O TRANSPORTE URBANO
Segundo o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada da Universidade de
São Paulo - CEPA (2008), transporte urbano é a movimentação de pessoas e
mercadorias, através de transportes coletivos ou individuais cuja característica
principal é que esse transporte pode ser feito por ônibus, trem, metrô ou barca.
Isso permite que muitas pessoas se desloquem pelo mesmo corredor viário
com maior eficiência, o que resulta em custos menores para o usuário
individual pois indiretamente o usuário está dividindo os custos com um grande
número de pessoas.
Ao longo das décadas, os centros urbanos passaram por mudanças
econômicas, sociais, tecnológicas e principalmente demográficas. Questões
relacionadas aos deslocamentos passaram a ser os grandes problemas
urbanos. O crescimento urbano das regiões metropolitanas, provocaram o
aumento das distâncias, dos tempos de viagem e dos custos dos
deslocamentos. Não houve o planejamento necessário para que os serviços de
transporte público se adaptassem a essa nova. Apesar do aumento da oferta
de transporte com o surgimento de novas linhas de ônibus, metrô, trens, barcas
e a criação de ciclovias como incentivo a um novo meio de transporte , os
serviços se mantiveram deficientes, especialmente no que diz respeito à
regularidade, flexibilidade e qualidade.
Os serviços de transporte urbano estão diretamente relacionados com a
qualidade de vida de uma cidade e das pessoas que nela vivem. Devido a
deficiência dos transportes oferecido, a população passou a buscar outros
meios de deslocamento, onde tivessem maior eficiência e menor custo. Os
meios "alternativos" passaram, então, a ser mais atrativos que os serviços de
transporte regular, devido a flexibilidade, preço e na maioria das vezes de
qualidade duvidosa, como os serviços prestados por vans e mototáxis.
Empresas de ônibus em contrapartida, passaram a disputar passageiros nas
ruas com novos serviços incluindo micro-ônibus e ônibus refrigerados. O
aumento das tarifas, fez com que grande número de pessoas passassem a
fazer seus deslocamentos a pé ou por meio de bicicleta, para que assim
33
pudessem minimizar custos, apesar da obrigatoriedade do fornecimento da
passagem as pessoas que possuem trabalho formal e de muitos municípios
oferecerem tarifas únicas para deslocamento.
O automóvel passou a ser um veículo mais popular criando a imagem de
facilidade de deslocamento de quem quer ter um transporte mais rápido,
confortável e seguro. Entretanto o número excessivo de automóveis trouxe a
elevação dos tempos de viagem, com impactos na eficiência urbana das vias,
trazendo a sobrecarga dos sistemas viários das cidades, que passaram a ter
congestionamentos constantes e volumosos, aumentando os índices de
poluição ambiental e crescimento do número de acidentes. Houve ao longo dos
anos, mudanças no Código de Trânsito Brasileiro, e um maior número de
campanhas relacionadas ao assunto, porém, ainda falta conscientização de
parte dos motoristas e pedestres.
Em pesquisa realizada em 2009 pelo IPEA - Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada e pela Associação Nacional de Transportes Públicos –
ANTP, nas duas maiores cidades brasileiras, foi constatado que os
congestionamentos causam perdas anuais de aproximadamente 316 milhões
de horas em São Paulo e 113 milhões de horas no Rio de Janeiro.
A redução dos investimentos no setor e a falta de manutenção dos
sistemas já existentes, tem refletido diretamente sobre as cidades. Problemas
financeiros do estados e dos municípios tem colaborado para a falta deste
investimento.
O principal meio de transporte coletivo hoje no Brasil é feito por ônibus,
através de contratos de permissão ou concessão com empresas para
operarem linhas no município ou entre municípios. Esta estrutura regulatória
não cobra das empresas a qualidade e a eficiência necessárias para uma
operação ágil e eficaz, que não tem como foco por parte das empresas o
atendimento as necessidades dos usuários, que sempre são considerados
números.
O gerenciamento dos serviços de transporte por parte das empresas,
está focado na administração dos custos e da frota de veículos e não nas
necessidades de deslocamento das pessoas. As empresas também estão
levando em consideração, a violência urbana e o que esta pode degradar seu
34
patrimônio, esquecendo-se por vezes, de situações passadas pelos
passageiros como o medo da agressão e do roubo dentro dos veículos.
A falta de uma política efetiva, tanto a nível municipal quanto nacional,
onde se dê prioridade ao transporte coletivo e aos diversos modos de
transporte não motorizados, acabam por demonstrar o elevado índice de
acidentes que segundo o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
representa 60% das mortes com acidentes de trânsito.
Um planejamento estratégico de forma integrada e estruturalmente
articulado a uma gestão urbana com políticas de transporte, trânsito, uso do
solo, habitação e meio ambiente sem conflitos entre as esferas de poder
municipal, estadual e federal, implicará em uma gestão onde os diversos
órgãos gestores dos sistemas de transporte público e trânsito serão
beneficiados, principalmente os das regiões metropolitanas, onde o fluxo de
veículos é maior.
Criar prioridades e financiamentos para a melhoria do sistema de
transporte coletivo de tal forma que envolva os três níveis de governo, irá
melhorar o sistema de integração do transporte urbano nas regiões
metropolitanas, pois trará programas que visem a melhoria do transporte
rodoviário, ferroviário, metroviário, aquaviário e cicloviário urbano.
A educação e segurança no trânsito é outro problema enfrentado pelos
centros urbanos pois segundo o Denatran – Departamento Nacional de
Trânsito, o programa de Educação e Segurança no Trânsito apesar de
implementado, ainda necessita de aperfeiçoamento, pois não atingiu seu
objetivo principal que é a redução do número de acidentes que hoje é de 7,3
mortos para cada 100 mil habitantes.
Por outro lado, o transporte urbano ferroviário e metroviário de
passageiros é ineficaz e de má qualidade não atendendo a necessidade da
população, pois circulam superlotados, em más condições e por vezes com
atrasos. O transporte urbano apresenta sérios problemas nas grandes cidades
como poluição produzida pelo escapamento de motores, engarrafamentos
originados pelo excessivo número de veículos. Por isso, alguns municípios
como São Paulo, adotaram medidas de restrição do uso urbano de automóveis
35
e de incentivo ao transporte coletivo devido inclusive a falta de local adequado
para estacionamento.
Para que haja uma melhora na qualidade do transporte e do trânsito
urbano no país é necessário que haja uma maior integração e coordenação
entre os órgãos responsáveis pelos programas e as respectivas equipes
responsáveis pelas avaliações com medições inclusive sobre os acidentes
ocorridos nos centros urbanos.
Só com a melhoria da qualidade dos serviços por parte das empresas
prestadoras de serviços aos usuários e a participação efetiva pública, o sistema
poderá melhorar trazendo benefícios aos centros urbanos.
36
CAPÍTULO VII
AS CIDADES E AS CHUVAS
Todos os anos, entre os meses de dezembro a março ocorrem as
chuvas de verão, e com elas, vem as preocupações dos grandes centros
urbanos e suas regiões metropolitanas, pois com o desmatamento e com a
ocupação irregular dos solos, os impactos tem sido incalculáveis entre perdas
humanas e propriedades.
Enchentes devido ao transbordamento de rios, rompimento de represas,
rede de águas pluviais obsoleta, deslizamentos de terra causados pelas chuvas
em regiões de encostas ocasionado soterramentos, tem sido nos últimos anos,
um dos grandes problemas destas regiões, pois além das mortes, as águas
levam todos os bens patrimoniais destas pessoas já tão sofridas.
Especialistas apontam soluções para evitar esse tipo de acidente que
ocorre principalmente em períodos de chuvas em regiões de encosta de
morros onde há erosão e em bacias hidrográficas que foram impermeabilizadas
devido ao grande número de construções. Mapeamentos e gestão de área de
risco devem ser feitos para que se possa ter um controle mais sistemático,
assim como o controle dos índices pluviométricos para sistemas de alerta nas
cidades a níveis de atenção e que assim sejam tomadas medidas mitigadoras.
É importante, que se faça a retirada de pessoas das áreas de risco
criando programas de reflorestamento, e uma cultura preventiva de desastres
que é muito mais barata para o poder público e se poupa acima de tudo vidas.
Estudos geotécnicos e geológicos para a contenção de encostas,
construção de barragens e obras de infraestrutura com investimentos federais,
estaduais e municipais podem a médio prazo, adequar estas regiões a uma
nova realidade onde existe a necessidade de disciplinar novas construções. As
prefeituras não devem emitir novas licenças para construção sem um estudo
preliminar do solo.
A falta de uma política habitacional eficiente e de planejamento urbano,
o uso incorreto do solo, a falta de moradias dignas e seguras ocasionam tais
tragédias. Há a necessidade de se criar uma educação ambiental visto que
esta nova cultura poderá mudar nesta estruturação.
37
Grandes rastros de destruição :
• Novembro/2008 – Joinville/SC – chuva forte provoca enchente e
deixa mais de 600 pessoas desabrigadas.
• Janeiro/2010 – Angra dos Reis/RJ – dois dias de chuvas deixam um
rastro de destruição, devido a vários pontos de deslizamento de terra
que ocasionaram mais de 53 mortes.
• Abril/2010 – Niterói/RJ – chuvas intensas e a construção de
residências sobre um lixão ocasionaram a morte de 47 pessoas
devido ao deslizamento de terra.
• Janeiro/2011 – São Paulo/SP – chuvas intensas por oito horas
seguidas, ocasionaram o alagamento do centro e da região
metropolitana de São Paulo, deixando várias residências alagadas,
quilômetros de congestionamento, 125 pontos de alagamento e
morte de 10 pessoas.
• Janeiro/2011 – São José dos Campos – deslizamento de encosta
devido a chuvas ocasionaram a morte de 7 pessoas.
• Janeiro/2011 – Teresópolis/RJ – chuvas fortes causam
deslizamentos de terra e ocasionam a morte de mais de 229
pessoas.
• Janeiro/2011 – Petrópolis/RJ – chuvas fortes causam deslizamentos
de terra e ocasionam a morte de mais de 43 pessoas.
• Janeiro/2011 – Nova Friburgo/RJ – chuvas fortes causam
deslizamentos de terra e ocasionam a morte de mais de 246
pessoas.
Existe a necessidade urgente de se investir na infraestrutura das
grandes cidades e regiões metropolitanas, pois só assim a população terá
qualidade de vida.
38
CAPÍTULO VIII
CONCLUSÃO
A realidade da infra-estrutura brasileira quanto à gestão das áreas
urbanas, tem-se mostrado deficiente. Ao se tomar como base a Constituição
Federal que declara como direito constitucional a moradia e a saúde aos
cidadãos, pode-se observar que uma massa expressiva de pessoas não tem
efetivamente esses direitos garantidos.
Há uma necessidade urgente de mudanças nas áreas urbanas para
atender as necessidades mínimas dos cidadãos que moram nestas localidades
mais desfavorecidas.
A saúde e a educação são setores fundamentais onde há a necessidade
de grandes investimentos, porém, só serão impulsionadas se houver
anteriormente um projeto de moradias, em conjunto com sistemas de
tratamento de água, esgoto, energia e coleta de lixo. Só assim, a habitação se
tornará uma política do Estado.
Políticas públicas são necessárias sim, entretanto parcerias com
empresas privadas poderão impulsionar este problema tão estagnado ao longo
dos anos. A população poderá ajudar se tomar para si, o papel de colaborar em
ações ligadas ao meio ambientais, não invadindo área de preservação ou área
de risco, pois estes problemas não se limitam a população menos privilegiada,
pois pode-se observar que área nobres passam pelos mesmos problemas,
entretanto com interesses diferenciados.
O problema habitacional brasileiro vem se arrastando a décadas, pois o
governo deixou de investir neste setor. A indústria da construção civil além e
gerar habitação, gera emprego e principalmente renda, o que faz incrementar a
economia. Com o aquecimento econômico há investimentos em área energia,
saneamento básico, pois esta infraestrutura passa a ser cobrada não só pela
população, mas também pelos empresários que vêem nesta movimentação
uma oportunidade de crescimento.
Os desastres ambientais que são ocasionados pela falta de
infraestrutura das cidades e suas regiões metropolitanas associado a grande
quantidade de chuvas, principalmente nos meses do verão, devem ser tratados
39
não como problemas pontuais e até mesmos esquecidos por todos, inclusive
pelo governo. Existe a necessidade de dar continuidade nos trabalhos
iniciados, ou proposto , através de elaboração de metas e cumprimento das
mesmas.
O que se observa entretanto, que esses casos acabam por cair no
esquecimento e programas governamentais e seus financiamentos não
chegam as famílias necessitadas, como pode ser comprovado no caso de
diversas famílias moradoras do Morro do Bumba em Niterói, RJ. Passado-se
quase um ano do desmoronamento, soterramento e morte de diversas
pessoas, e os sobreviventes terem se cadastrado no programa do governo que
concederia um “aluguel social” para moradia provisória, ainda não receberam
este benefício e tiveram que arcar com as despesas de moradia e de mobiliário
Se houver uma preocupação maior com habitação e saneamento básico
no Brasil, tanto das pequenas como das grandes cidades, haverá sim um
desenvolvimento nacional.
40
BIBLIOGRAFIA
NERI, Marcelo Cortês, Trata Brasil : Saneamento e Saúde. FGV/IBRE, CPS,
Rio de janeiro, 2007
NERI, Marcelo Cortês, Trata Brasil : Impactos Sociais da falta de Saneamento
nas principais cidades brasileiras. FGV/IBRE, CPS, Rio de Janeiro, 2009
Jornal “Estado de São Paulo”- Editorial, 12/03/2010
Jornal “O Globo”– Pais, 19/08/2010
www.akatu.net - acesso em 18/07/20101
www.camara.gov.br – acesso em 09/08/2010
www1.caixa.gov.br - em acesso em24/12/2010
www.cidades.gov.br – acesso em 28/12/2010
www.cepa.if.usp.br - acesso em 30/12/2010
www. conversasustentavel.blogspot.com – acesso em 18/07/2010
www.dowbor.org – acesso em Jan/2010
www.economiabr.net/economia - acesso em 09/08/2010
www.estadao.com.br – acesso em 24/12/2010
www.ibge.gov.br – acesso em 15/08/2010
www.ipea.gov.br – acesso em 28/12/2010 e 12/01/2011
41
www.mds.gov.br/bolsafamilia - acesso em 28/12/2010
www.planalto.gov.br – acesso em 21/08/2010
www.riocomovamos.org.br – acesso em 30/12/2010
www.unric.org – acesso em 30/08/2010
www.pt.wikipedia.org/O_papel_do_Estado – acesso em 30/08/2010
42
SIGLA
Abcon – Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços
Públicos de Água e Esgoto
ANTP - Associação Nacional de Transportes Públicos
CAIXA – Caixa Econômica Federal
CEDAE – Companhia Estadual de Águas e Esgoto
CEPA – Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada da Universidade de São Paulo
CMN - Conselho Monetário Nacional
Denatran – Departamento Nacional de Trânsito
FAR - Fundo de Arrendamento Residencial
FGTS – Fundo de Garantia por tempo de Serviço
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS– Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ONU - Organizações das Nações Unidas
PAC- Plano de Aceleração do Crescimento
PNAD - Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar
PIB - Produto Interno Bruto
PPP - Parceria Público-Privada
OGU - Orçamento Geral da União
ONG – Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
RCM - Rio Como Vamos
SFH - Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida. É um conjunto de
sinais e sintomas bem definidos que podem surgir em indivíduos com a
infecção pelo VIH.
SNIS - Sistema Nacional de Informação Sobre Saneamento
VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana
43
NOTA
MONTESQUIEU - Charles de Montesquieu, 18 de Janeiro de 1689 — Paris,
10 de Fevereiro de 1755.
GLOSSÁRIO
Lixões – espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela
atividade humana
In natura – no estado natural, sem tratamento
FIGURA
Figura 1: Percentual de instalações de redes de esgoto no Brasil - 2001 x
2008 – IBGE/2008
TABELA
Tabela 1: Domicílios particulares permanentes, por forma de abastecimento de
água e esgoto sanitário, segundo as Grandes Regiões – 2007-2008 – IBGE –
2008
44
ÍNDICE
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - Os desafios Mundiais e Brasileiros 9
CAPÍTULO II - O Papel do Estado 14
CAPÍTULO III – Os desafios e os problemas
de hoje 19 CAPÍTULO IV – A qualidade de vida nas regiões urbanas e metropolitanas 24
CAPÍTULO V – O saneamento básico brasileiro 28
CAPÌTULO VI – O transporte urbano 32
CAPÌTULO VII – As cidades e as chuvas 35
CAPÌTULO VIII – Conclusão 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
SIGLA 43
GLOSSÁRIO 43
FIGURA 43
TABELA 43
INDICE 44
FOLHA DE AVALIAÇÃO 45
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: A INFRA-ESTRUTURA BRASILEIRA NA GESTÃO DE
ÁREA URBANAS E SUA NECESSIADE DE TRANSFORMAÇÃO
Autor: Marisa Fasura de Amorim
Data da entrega:
Avaliado por: William Rocha Conceito:
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