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AGRICULTURA ORGÂNICA
A g r i c u l t u r a O r g â n i c a
EMATER-MG. Página 2
AGRICULTURA ORGÂNICA
Eng. Agr. Leonardo Fernandes Moreira
INTRODUÇÃO
Ao longo do século XX disseminou-se pelo mundo o uso de produtos químicos
na agricultura e na pecuária
Através da alimentação, resíduos desses produtos chegaram ao organismo
humano, com repercussões negativas sobre a nossa saúde.
Essa situação despertou em muitos profissionais, e na sociedade como um todo, a
urgência de se criar animais e de cultivar a terra de maneira mais sadia para o homem, e
também para os animais e o Meio Ambiente.
A produção orgânica de alimentos se coloca como uma alternativa para corrigir
efeitos nocivos do modelo de agricultura convencional. Pretende resgatar e aperfeiçoar
o modelo de agricultura quase orgânico que por muito século se praticou, quando então
era comum o retorno da matéria orgânica ao solo, o uso de adubação verde, rotação e
consórcio de culturas. A marca registrada das propriedades rurais era a diversificação
das atividades agropecuária.
Hoje, o sistema orgânico de produção, atualiza esse modelo fazendo uso de
variedades de alta produtividade em cultivos diversificados num manejo ecológico.
Utiliza fertilizantes orgânicos, complementados por adubos minerais pouco solúveis, o
que proporciona às plantas equilíbrio metabólico, sem acúmulo de substância solúveis
na seiva , tornando-as mais resistentes ao ataque de pragas e patógenos (teoria da
trofobiose).
A matéria orgânica humificada do solo também melhora suas propriedades
físicas e biológicas, permitindo que as raízes se desenvolvam mais e, assim, a planta
consiga competir satisfatoriamente com plantas invasoras, explorando um perfil maior
do solo, para retirar seu sustento. A matéria orgânica também evita a erosão, reduzindo
o escorrimento superficial da água da chuva, que penetra mais no solo, devido à sua
porosidade aumentada pela agregação maior de suas partículas pelo húmus.
Estimulada pelas substâncias húmicas, a raiz aumenta sua capacidade absortiva de
nutrientes, de hormônio de crescimento, de antibióticos, de vitaminas, de aminoácidos e
de outros componentes, minerais e orgânicos, liberados no solo pela maior atividade
microbiana. Nesse ambiente as plantas serão mais viçosas, sadias e desinteressantes
para todo o tipo de espécie daninha. É a terapêutica dos adubos orgânicos (Pascal,
Adilson D., 1994).
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O balanço energético dos sistemas orgânicos é sempre positivo, porque os
insumos são naturais e os gastos com petróleo são reduzidos. A eficiência energética,
que hoje se considera fator mais importante do que a produtividade, é sempre maior nos
sistemas orgânicos do que nos convencionais, o que significa que o produtor orgânico é
capaz de produzir alimentos, tanto quanto ou mais do que o convencional, a custos
mais baixos. Se hoje o preço dos alimentos orgânicos para o consumidor é pouco maior
do que o convencional, é porque a demanda por esses produtos tem sido maior do que a
oferta, como também porque a qualidade dos alimentos produzidos organicamente é
superior em termos nutricionais, tendo odor e aroma agradáveis e, sobretudo, não
apresentando resíduos tóxicos. (Pascal, Adilson D., 1994).
O sistema orgânico de produção é econômico, social e ambientalmente desejável.
Pelas especificidades da agricultura familiar o modelo orgânico se ajusta perfeitamente
à sua dinâmica, necessitando, no entanto, ser construído participativamente
fortalecendo as suas vária formas associativas de organização.
A Agricultura Orgânica tem apresentado um crescimento expressivo a nível
mundial, principalmente em área plantada e oferta de produtos. O mercado de produtos
orgânicos tem crescido a uma taxa de 10% ao ano no Brasil, 20% ao ano nos Estados
Unidos e 25% ao ano na Europa. A área certificada com produção orgânica nos países
da Comunidade Européia cresceu quase 900% em 10 anos. Na Argentina, a área sob
certificação em 1992 era de 5.500 ha, em 1997 de 350.000 ha e atualmente já atingi
3.000.000ha. No Brasil conta com 100.000ha.
No Brasil, foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, em 17/05/99, as Normas
disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição,
identificação e certificação de produtos orgânicos para o país. Acredita-se que esta
normativa será um marco para a Agricultura orgânica brasileira e deverá incrementar
sobremaneira o crescimento desta atividade, a exemplo do Estado do Acre que lançou
em 1998, um programa estadual de apoio à Agricultura orgânica, enfocando apoio
técnico e fomento aos agricultores, além de apoio à certificação e comércio de produtos
orgânicos naquele Estado.
I. CONCEITO DO SISTEMA ORGÂNICO
Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo aquele
em que se adota tecnologia que otimize o uso de recursos naturais e sócio-econômicos,
respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a auto-sustentação no tempo e no
espaço, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de
energias não renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos
artificiais ou trangênicos, em qualquer fase dos processos de produção e de consumo e
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entre os mesmos, privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana,
assegurando em especial:
A oferta de produtos saudáveis, isentos de qualquer tipo de contaminantes que
ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e meio ambiente;
A preservação e a ampliação da biodiversidade dos ecossistemas, natural ou
transformado, em que se insere o sistema produtivo;
A conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água e do ar;
O fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de produtos
orgânicos.
Considera-se produto da agricultura orgânica, seja “in natura” ou processado, todo
aquele obtido em sistema orgânico de produção agropecuária e industrial. O
conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os
denominados ecológico, biodinâmico, natural, sustentável, regenerativo, biológico e
agroecológico. Produtor orgânico, considera-se tanto o produtor de matérias-primas
como o processador das mesmas.
II. BASES E PRINCÍPIOS DE SISTEMAS ORGÂNICOS
1. EQUILÍBRIO ECOLÓGICO
Em sistemas orgânicos de produção, o equilíbrio ecológico, que ocorre entre os
macro e micro organismos, é de fundamental importância para manter as populações de
pragas e doenças em níveis que não causem danos econômicos às culturas comerciais.
Sistemas que utilizam adubos químicos e agrotóxicos provocam instabilidade no
ambiente e desequilíbrios na nutrição das plantas, levando ao aumento da população
desses organismos.
Na natureza, existe uma forte inter-relação biológica entre insetos, ácaros,
nematóides, fungos, bactérias, vírus e outros macro e microorganismos, a qual é
responsável pelo equilíbrio do sistema, podendo-se citar como exemplos: Pulgões
(pragas) controlados por joaninhas (predador); Ácaros (praga) controlados por Ácaros
predadores; Lagarta-da-soja (praga), controlada por Baculovirus (parasita);
microorganismos antagonistas presentes em compostos orgânicos, inibindo o
desenvolvimento de fungos de solo ( Fusarium ), dentre tantos outros.
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Observações realizadas ao longo de dez anos, na área experimental de agricultura
orgânica da EMCAPER, permitiram comprovar que a grande maioria das pragas e
doenças que atacam as hortaliças, comuns em sistemas convencionais, não se
manifestam em nível de dano econômico.
2. TEORIA DA TROFOBIOSE
Pela Teoria da Trofobiose, aprendemos que todo ser vivo só sobrevive se houver
alimento adequado e disponível para ele. A planta ou parte dela só será atacada por
um inseto, ácaro, nematóide ou microorganismos (fungos e bactérias), quando tiver, na
sua seiva, o alimento que eles precisam, principalmente aminoácidos. O tratamento
inadequado de uma planta, especialmente com substâncias de alta solubilidade, conduz
a uma elevação excessiva de aminoácidos livres. Portanto, um vegetal saudável,
equilibrado, dificilmente será atacado por pragas e doenças.
A explicação técnica do processo baseia-se em fatores ligados à síntese de proteínas
(proteossíntese) ou à decomposição das mesmas (proteólise). Os insetos, nematóides,
ácaros, fungos, bactérias e vírus são organismos que possuem uma pequena variedade
de enzimas (responsáveis pela formação de proteínas), o que reduz sua possibilidade de
digerir moléculas complexas como as proteínas, necessitando do seu desdobramento
em moléculas mais simples como os aminoácidos.
Existem vários fatores que interferem na resistência das plantas, pois interferem no
seu metabolismo, podendo aumentar ou diminuir a sua resistência.
Fatores que melhoram a resistência: Espécie ou variedade adaptada ao local de
cultivo; Solo; Adubos orgânicos; Adubos minerais de baixa solubilidade e Defensivos
Naturais.
Fatores que diminuem a resistência: Idade da planta; Solo; Luminosidade;
Umidade; Tratos culturais; Adubos minerais de alta solubilidade e Agrotóxicos.
Portanto, conhecendo-se todos esses fatores citados anteriormente, o agricultor deve
adequar o seu sistema de produção, empregando práticas recomendadas para sistemas
orgânicos, que certamente conduziram à obtenção do desejado equilíbrio nutricional e
metabólico nas suas culturas comerciais.
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3. DIVERSIFICAÇÃO
A monocultura representa um dos maiores problemas do modelo agrícola
praticado atualmente, porque não existindo diversificação de espécies, numa
determinada área, as pragas e doenças ocorrem de forma mais intensa sobre a cultura,
por ser a única espécie vegetal presente no local. O monocultivo torna o sistema de
produção mais instável e sujeito à adversidade do meio.
Sistemas de produção diversificados são mais estáveis, pois dificultam a
multiplicação excessiva de determinada praga e doença, e permitem que haja um
melhor equilíbrio ecológico no sistema através da multiplicação de inimigos naturais e
de outros organismos benéficos.
A diversificação da produção entendida como sistema de plantio mais próximo
da natureza com várias espécies convivendo simultânea e sucessivamente, contribuem
para a manutenção do equilíbrio biológico e ecológico.
As experiências do sistema orgânico da EMCAPER têm demonstrado um
controle de diversas pragas, proporcionado pelo equilíbrio ecológico na unidade
produtiva. Como exemplo, citamos o ácaro do chochamento do alho, ácaro rajado do
morango, pulgões das brássicas (repolho e couve-flor), dentre outros.
4. RECICLAGEM DE MATÉRIA ORGÂNICA
Em sistemas orgânicos, a utilização do método de reciclagem de estercos animais
e de biomassa vegetal permitem a independência do agricultor, quanto à necessidade de
incorporação de insumos externos ao seu sistema produtivo, minimizando custos, além
de permitir usufruir dos benefícios da Matéria Orgânica em todos os níveis.
Uso de matéria orgânica interfere significativamente na resistência das plantas, uma
vez que:
- aumenta a capacidade do solo em armazenar água, diminuindo os efeitos das
secas;
- aumenta a população de minhocas, besouros, fungos benéficos, bactérias
benéficas e vários outros organismos úteis, que estão livres no solo;
- aumenta a população de organismos úteis que vivem associados às raízes das
plantas, como as bactérias fixadoras de Nitrogênio e as Micorrizas, que são
fungos capazes de aumentar a absorção de minerais do solo;
- aumenta significativamente a capacidade das raízes em absorver minerais do
solo, comparando-se aos solos que não foram tratados com matéria orgânica;
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- possui, na sua constituição, os macro e micronutrientes, em quantidades bem
equilibradas, que as plantas absorvem, conforme sua necessidade, em
qualidade e quantidade;
- a matéria orgânica é fundamental na estruturação do solo, formando grumos,
melhorando a penetração das raízes e a oxigenação do solo.
Com isso, os efeitos dos micronutrientes são potencializados na proteossíntese,
tanto como constituintes quanto ativadores das enzimas que regulam o metabolismo da
planta.
5. A NATUREZA É FUNDAMENTAL
Agricultura convencional que se apoia no petróleo como insumo básico, utilizando
energia intensiva, coloca o homem em conflito com a natureza. Tendências e práticas
atuais mostram tempos futuros difíceis. É necessário uma preocupação maior com os
recursos finitos de nutrientes. Em procedimento contrário, está agricultura orgânica que
se baseia na reciclagem de nutrientes e dispensa os agrotóxicos e adubos químicos,
utilizando técnicas alternativas.
“Em 1985 o volume de solo perdido por erosão no processo de colonização do Vale
do São Francisco equivale a US$1,2 bilhões, se for convertido o teor médio de
nutrientes básicos (NPK) desses solos em sacos de adubo”
“...para cada 1Kg de soja produzido em Goiás, 7Kg de solo serão perdidos... Em São
Paulo a proporção se amplia para 1:10...” (Antônio L. Philomena - 1997).
Solo é a fonte da vida, a qualidade e o equilíbrio do solo (isto é, solo com níveis
adequados de matéria orgânica, atividade biológica e bacteriana, elementos, traços e
outros nutrientes) são essenciais para o futuro da agricultura a longo prazo. A saúde
humana e animal estão diretamente ligadas à saúde do solo. Alimentar o solo e não a
planta- planta, animais e seres humanos saudáveis resultam de um solo equilibrado e
biologicamente ativo.
6. SOLO COMO UM ORGANISMO VIVO
PRIMAVESI afirma que “O solo funciona como um corpo, com a diferença de que
não possui seus ‘órgãos’ alinhados ao longo de uma espinha, e seu ‘sangue’ não circula
em artérias fechadas mas em poros abertos, e que possui metabolismo e temperatura”.
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Ar
25%
Mineral
45%
Água
25%
Matéria
Orgânica
5%
O solo, portanto, constitui um sistema no qual além da parte mineral sólida compõe-
se de ar, água, microflora e fauna, matéria orgânica em decomposição. Este sistema é
que vai relacionar-se com os sistemas planta e clima para a produção agrícola.
Composição volumétrica de um solo superficial de argila sílica em boas condições para o crescimento vegetal ( Buckman
J. Brady).
Embora a produção agrícola possa induzir a uma visão bastante simples, é na
realidade um complexo sistema. E este contrapõe-se à visão simplificadora que
constitui a base da agricultura “moderna” ou agroquímica. Nesta, o solo é visto por
muitos, apenas como um substrato inerte no qual são fixadas as plantas e que pode até
ser eliminado, possibilidade já concretizado por segmentos de produtores, através de
hidroponia.
COSTA (1993) em relação ao solo afirma que “fauna e flora intensas e
diversificadas interagem com a fração mineral do solo desempenhando um papel
preponderante na ciclagem da matéria orgânica e de nutrientes na fisiologia, nutrição e
sanidade vegetal e animal” e que “alguns autores alertam para o fato de o solo chegar a
ter 600 milhões de seres vivos por cm3, sendo um equívoco considerá-lo como um
mero suporte das plantas e analisá-lo somente do ponto de vista físico e químico”.
III. MANEJO E PRÁTICAS DE SANEAMENTO AMBIENTAL
O manejo da água nas nossas condições de clima tropical é fundamental para o
sistema planta/solo, e para que haja eficiência no crescimento e produção agrícola, é
fundamental que a raiz disponha de adequada umidade (água), ar (espaços), nutrientes e
porosidade, que constituem as condições favoráveis ao desenvolvimento das plantas.
As nascentes e matas das bacias hidrográficas devem ser bem manejadas pois são
muito importantes para manter a água no solo. Esse manejo deve conter uma proteção a
ser entendida como um investimento em irrigação natural.
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Reservatórios naturais ou artificiais de água constituem vantagens que podem e
devem ser aproveitadas não só nos períodos de seca pela utilização da irrigação mas
também pela criação de peixes.
Deve-se ressaltar que na agricultura orgânica a água no solo, ao contrário da
convencional que depende exclusivamente das chuvas e da irrigação, recebe influências
benéficas de técnicas como a cobertura viva, cobertura morta (palha ou plástico), bacias
de captação de água, proteção de quebra-ventos contra a evaporação natural das
plantas e da água aspergida por ocasião das irrigações.
A qualidade da água é considerada fundamental e portanto fator absoluto para a
produção orgânica para o qual não se admite qualquer tipo de tolerância. É
indispensável, portanto, que mesmo antes de iniciar uma produção orgânica seja feita
análise da qualidade da água, de mananciais, rios, riachos, fontes e bicas, pois é comum
a contaminação de algumas dessas fontes ou até mesmo de todas no estabelecimento
agrícola.
Produtos químicos, empregados pela agricultura convencional, fazem parte de
uma das principais fontes de contaminação meio ambiente. Os nitratos, cada vez mais,
alcançam as águas subterrâneas, tornando-as impróprias para o consumo humano.
Fosfatos e nitratos contaminam as águas superficiais, provocando sua eutrofização ou
morte biológica.
As ações de intervenção devem estar voltadas para:
Proteção dos mananciais e de nascentes, eliminação de focos de contaminação e
poluição da água, observância da legislação vigente sobre o uso das águas e ainda
o manejo correto do solo e da cobertura vegetal;
Controle dos resíduos sólidos na perspectiva de que somente se deve descartar
como lixo o que não é possível reciclar. Nesse sentido, as orientações devem ser
para a reciclagem dos restos de alimentos, folhas, palhas, etc., sob a forma de
composto orgânico para utilização nas atividades agrícolas das propriedades;
Controle dos dejetos animais, através de alternativas adequadas de tratamentos,
visando posterior utilização nas atividades agrícolas;
Manejo integrado de todas as atividades da propriedade voltadas para a produção
orgânica de alimentos;
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Desenvolvimento de atividades voltadas para educação ambiental, envolvendo os
agricultores e suas famílias, suas comunidades e as diversas formas de
organizações e instituições existentes na região.
IV. MANEJO DO SOLO
Na agricultura orgânica o manejo do solo embora adote muitas práticas utilizadas na
agricultura convencional, apresenta diferença substancial em relação a esta. Tem-se a
consciência de que se trabalha em condições tropicais de solo e clima. Inclui manejos
que mantenham a cobertura do solo o maior tempo possível, de modo a evitar sua
exposição à luz solar e chuvas fortes que influem intensamente no processo de
degradação. Esta conduta da agricultura orgânica contrapõe-se à cultura “no limpo”
características da agricultura química/moderna transplantada dos países de clima
temperado. Entende-se que a correção e adubação destinam-se em primeiro lugar à
introdução de nutrientes que estimulam uma maior atividade biológica do solo no qual
sua flora e fauna que interferem favoravelmente na ciclagem dos elementos químicos
dos complexos solo-planta, inclusive solubilizando elementos que se encontram em
formas não disponíveis aos vegetais. Considera-se, portanto, o efeito fertilizante que
ocorre no interior do solo em decorrência de práticas orgânicas de qualquer tipo.
PRIMAVESI sintetizou admiravelmente as diferenças entre a agricultura de clima
temperado e tropical em termos de princípios ao firmar:
1) Toas as técnicas agrícolas em clima tropical devem visar a diminuição da respiração
(absorção de oxigênio e eliminação de gás carbônico) e ao mesmo tempo torná-la o
mais eficiente possível.
2) As técnicas não podem ser transferidas.
3) Nenhum lugar do nosso território assemelha-se aos lugares onde a tecnologia
agrícola convencional foi desenvolvida e portanto, muitas vezes esta visa o contrário
das nossas necessidades.
No clima temperado, o revolvimento do solo visa seu aquecimento e enxugamento
após o inverno; a capina, ao lado do combate ao mato, visa aumentar a respiração da
planta pelo ferimento das raízes; a adubação verde além de fornecer nitrogênio,
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incentiva a micro vida muito inativa nesse clima. Segundo PRIMAVESI, as técnicas de
clima temperado tentam neutralizar as condições desfavoráveis existentes nessas
regiões, como solo frio, respiração baixa, micro vida pouco ativa.
E no clima tropical, os problemas mais comuns são: solos muito quentes e secos no
fim da estação seca, uma micro vida ativa demais, uma respiração vegetal muito
acelerada e uma estrutura grumosa sem recuperação natural uma vez que não há
inverno para recuperar o solo. Em clima tropical, a recuperação do solo ocorre,
parcialmente, durante o repouso forçado da seca, mas a sua vida biológica e estrutura
física não se recupera, a não ser durante o abandono temporário para o descanso.
As normas do Ministério da Agricultura, que tratam da fertilidade e da atividade
biológica do solo, determinam que deverão ser mantidas e incrementadas
mediante, entre outras, as seguintes condutas:
Proteção ambiental;
Respeito e proteção à biodiversidade;
Rotação e/ou associação de cultura;
Sucessão animal/vegetal;
Cultivo mínimo;
Sustentabilidade e incremento da matéria orgânica no solo;
Manejo da matéria orgânica;
Utilização de quebra-ventos; e
Sistemas agroflorestais.
PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Cultivo mínimo e plantio direto.
Uso de implementos escarificadores e/ou subsoladores, que não invertam a
camada arável e não pulverizem excessivamente o solo.
Manejo da resteva e dos restos de culturas, com incorporação de matéria
orgânica (desde que isenta de agentes químicos ou biológicos com potencial de
poluição, infestação, infeção ou contaminação do solo).
Diversificação da exploração agrícola, rotação e consorciação de culturas.
Cobertura morta e viva.
Adubação orgânica (estercos e outros restos orgânicos compostados ou curados,
principalmente em relação ao manejo de estercos de aves, suínos e bovinos) e
adubação verde.
Utilização de bosques como quebra-ventos.
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Conservação de áreas com vegetação nativa e ou reflorestamentos.
Controle de erosão por meio de terraceamentos, faixas de contorno, patamares,
faixas de rotação, curvas de nível, etc.
Manutenção da cobertura do solo pelo máximo de tempo possível para eliminar
os efeitos negativos da incidência direta de chuvas e de insolação.
Não há nenhuma restrição às práticas de irrigação e drenagem, desde que feitas
corretamente e com água de boa qualidade, observando a legislação ambiental e
de uso da água em vigor.
PROCEDIMENTOS TOLERADOS
Uso de implementos que invertam ou desestruturem o solo, tais como arados,
grades de disco e enxadas rotativas;
Uso de resíduos orgânicos produzidos fora da propriedade, desde que isentos de
agente químico e biológico com potencial contaminante ou poluente e com a
devida estabilização biológica, através dos processos de vermicompostagem ou
compostagem;
Uso de serragem, desde que isenta de produtos contaminantes. É recomendado
que seu curtimento seja feito a céu aberto por um período de seis meses;
Uso de técnica de solarização do solo;
Uso de vermiculita que será tolerado apenas no período de transição;
Utilização de coberturas plásticas e de bandeja de isopor;
Uso eventual de jornal para produção de mudas e cobertura de solo;
PROCEDIMENTOS CONDENADOS
Queimadas sistemáticas da biomassa;
Falta de planejamento (incluindo sistemas, práticas e técnicas) para o manejo
orgânico do solo;
Ausência ou erradicação da flora e da fauna nas áreas de proteção aos mananciais
(rios, córregos, nascentes), reservas legais e áreas de classe de capacidade VII e
VIII;
Utilização de material orgânico com resíduos químicos ou biológicos potencial
poluente ou contaminante.
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V. MANEJO DE PLANTAS INVASORAS
No caso da agricultura orgânica, o mato, ao contrário da convencional, podem se
tornar importante insumo se devidamente manejado. Enquanto na agricultura
agroquímica o mato é visto e tratado como “ervas daninhas” que devem ser totalmente
eliminadas (com enxadas ou herbicidas), na agricultura orgânica, a relação do
agricultor com o mesmo é mais “tranqüila”, uma vez que este procura apenas controlá-
lo, convivendo com o mesmo
Entretanto, grau de infestação varia de estabelecimento para estabelecimento e
mesmo entre diferentes áreas dentro de uma mesma propriedade. Existem também
plantas mais sensíveis que não conseguem competir, e nesse caso utiliza-se cobertura
morta, com palha, bagaço de cana ou outro material, a roçada, capina mecânica, manual
com enxada, monda (com a mão), para reduzir a infestação. O importante é buscar uma
convivência pacífica com a vegetação local, ao invés de eliminá-la, apesar das
reconhecidas dificuldades, agravadas pela falta de pesquisas nessa área.
As plantas invasoras, muitas vezes, são na verdade, indicadoras de solo ou
ambiente com problemas de desequilíbrio. Além disso, na atividade agrícola são
capazes de otimizar o aproveitamento solar para a produção de matéria orgânica;
promover a cobertura do solo; reciclagem de nutrientes; melhorar a aeração e a
retenção de água no solo bem como podem romper camadas compactadas. Ainda
podem proporcionar aumento da biodiversidade que ajuda no controle biológico de
pragas e doenças, assim como contribuem para harmonização e equilíbrio das micro e
mesofauna e flora. Por fim eliminam a monocultura dos plantios.
Para manter a harmonia de convivência dos cultivos com a vegetação nativa,
utilizá-la nas rotações e consórcios com os plantios, reconhecendo seus efeitos
alelopáticos e sinérgicos ao cumprir sua função de cobertura viva ou morta.
PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Quando possível, deixar as plantas espontâneas juntamente com os cultivos
comerciais, para aumentar a diversidade de espécies e proteção do solo;
Uso de plantas com efeitos alelopáticos, adubação verde, cobertura morta
(palhada, serragem, cascas ou composto), cobertura viva, rotação e
consorciação de culturas;
Uso de produtos naturais que favoreçam a emergência e ou germinação das
plântulas e ou sementes das ervas invasoras para posterior controle através dos
procedimentos recomendados,
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PROCEDIMENTOS TOLERADOS
Adoção de práticas mecânicas como aração, gradeação, cultivos, roçadas,
monda e capinas manuais nas épocas adequadas, em consonância com a
necessidade de redução de invasoras;
Uso de materiais de cobertura inertes (plásticos), desde que não propiciem
contaminação ou poluição do solo e da água;
Alagamento temporário do solo;
Solarização do solo
PROCEDIMENTOS PROIBIDOS
Uso de herbicidas, desfolhantes, dessecantes derivados de petróleo e
hormônios sintéticos.
VI. MANEJO NUTRICIONAL
De acordo com as diretrizes e normas gerais da IFOAM (International Federation of
Organic Agriculture Movements), da IFOAM – América Latina e das Normas do
Ministério da Agricultura e do Abastecimento no Brasil, o uso de fertilizante solúveis
são proibidos no sistema orgânico de produção, porque provocam perda de fertilidade
do solo, por acidificação, mobilização de elementos tóxicos, imobilização de nutrientes,
mineralização e perda rápida da matéria orgânica, destruição da bioestrutura e aumento
de erosão, sobre tudo em solos tropicais. O emprego de fertilizantes solúveis,
principalmente os nitrogenados sintéticos, tornam as plantas mais susceptíveis ao
ataque de pragas e patógenos. Outro fator negativo relevante dessa aplicação, é a
facilidade de contaminação das águas do subsolo, com resíduos de nitratos que são
reconhecidamente cancerígenos. Deve-se considerar ainda seu elevado custo energético
de produção.
PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS
Adição através de recomendação técnica de elementos cuja falta limita a plena
atividade biológica do solo e a fisiologia vegetal, tais como:
Calcários calcíticos, magnesianos e dolomítico,
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Fosfatos naturais e semi-solubilizados, farinhas de ossos, termofosfato e
outras fontes de fósforo de baixa solubilidade; desde que observados os teores
de metais pesados e halogêneos previstos na legislação.
Rochas minerais moídas como fontes de cálcio, fósforo, magnésio, potássio,
etc.
Cinzas e carvões vegetais e resíduos decompostos de biodigestores;
Esterco de animais, preferencialmente compostados por métodos
microbiológicos (aeróbios e anaeróbios), desde que isentos de agentes
químicos (antibiótico, penicilina, etc.) e biológicos com potencial poluente ou
contaminante;
Húmus de minhocas;
Tortas e farinhas de origem animal e vegetal desde que isentas de
contaminantes (agrotóxicos, antibióticos e hormônios por exemplo);
Restos culturais ou de beneficiamento de produtos agrícolas proveniente de
cultivos orgânicos, os quais devem ser preferencialmente para eliminação ou
redução de fontes de inócuos;
Adubos sulfatados: enxofre agrícola, sulfato de magnésio natural (27% MgO),
sulfato magnésio marinho (16%MgO);
Algas, plantas aquáticas ou similares, preferencialmente compostados.
PROCEDIMENTOS TOLERADOS
Aplicações esporádicas de produtos de solubilidade e concentração médias,
principalmente nas lavouras orgânicas em implantação e com solos ainda não
equilibrados, tais como:
Superfosfatos simples e Sulfato de Potássio e/ou outras fontes de Potássio de
média ou baixa solubilidade (em solos pobres e durante o processo de
transição que pode ser de 6 a 24 meses conforme recomendação e dosagem
prescrita pelo técnico responsável);
Biofertilizantes enriquecidos ou não com micronutrientes, tais como chorume,
calda Super Magro e similares;
Resíduos industriais, agro-industriais e urbanos, desde que isentos de
contaminantes químicos e ou biológicos, com potencial poluente para o
ambiente ou os produtos;
Condicionadores de solo de origem mineral, animal e vegetal;
Produtos inoculantes à base de microrganismos benéficos à atividade
biológica do solo, desde que não manipulados pela engenharia genética;
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Cloreto de cálcio para aplicação foliar; sulfato de magnésio hidratado;
Composto e vermicomposto de materiais não proveniente de cultivo
orgânicos, durante o período de transição.
PROCEDIMENTOS PROIBIDOS
Utilização de adubos químicos de média a alta concentração e solubilidade,
incluindo:
Adubos nitrogenados - uréia, sulfato de amônio, Salitre do Chile, nitrato de
potássio, nitrato de sódio, nitrato de cálcio, amônia anidra, nitrato de amônio,
cloreto de amônio, etc.
Adubos potássicos – cloreto de potássio;
Produtos ou Resíduos industriais, agro-industriais e urbanos com propriedades
corretivas, fertilizantes e ou condicionadores de solo, com agentes potencialmente
poluentes ou contaminantes.
VI -1 - MATÉRIA ORGÂNICA
A incorporação de matéria orgânica é fundamental na melhoria da produtividade
do solo, na natureza essa adição acontece em geral através das quedas das folhas,
árvores, frutos, fezes e mortes de animais. Esta deposição do material orgânico que
acontece nas matas, forma uma camada espessa de folhas, galhos, etc.,. Se parasse esta
deposição, esta massa desapareceria em pouco tempo, esse processo é chamado
decomposição da matéria orgânica.
O processo de decomposição começa com a matéria orgânica mais bruta (folhas,
galhos, palhas, frutos, etc) sobre o solo e termina com o material de cor escura, não
mais diferenciáveis, no corpo do solo. Os responsáveis pela decomposição são os
organismos do solo
O processo de decomposição acontece de cima para baixo, do material mais
bruto ao mais decomposto, já dentro do solo. Do trabalho de organismos maiores
(macro e mesofauna) até organismos microscópicos (fungos, bactérias, actionomicetos
entre outros). Propiciando de cima até embaixo ou melhor, da superfície até o corpo do
solo, diferentes nichos, ou seja, criando condições de vida para diferentes grupos de
organismos desempenharem diferentes funções. E é exatamente as condições propícias
para desenvolvimento de todas estas funções que trazem o equilíbrio dinâmico e a
estabilidade ao sistema. Evitando o aparecimento de pragas e doença do solo.
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Na agricultura orgânica o agricultor, deve utilizar a matéria orgânica em três
estágios diferentes, objetivando o condicionamento do solo e a nutrição da planta.
1- A matéria orgânica sobre o solo ou cobertura morta.
Material como palha, capim, etc. de preferência fermentado, pois assim favorece o
trabalho de distribuição sobre o canteiro e diminui a dispersão de sementes de mato.
Com a função de restituir ao sistema o processo natural de decomposição de matéria
orgânica, oferecer proteção aos impactos de gota de chuva ou irrigação sobre as
partículas do solo, diminuir a perda de água por evaporação ajudando a manter o solo
úmido, reduzir a temperatura média e oscilações bruscas de temperatura, ajudando no
controle do mato e também repelindo insetos transmissores de viroses como vaquinha.
2- Matéria orgânica no solo.
Matéria orgânica compostada está num grau de decomposição mais elevada do que
a cobertura morta e por isso pode ser incorporada superficialmente ( nos primeiros 8cm
de profundidade). Com a função de fornecer energia à vida do solo em curto prazo e
também a curto, médio e longo prazo, nutrir a planta. Além de interferir sobre as
propriedades do solo, como aumento de CTC, aumento do poder tampão (solo resiste
mais às alterações de PH), complexação de elementos tóxicos às plantas (alumínio,
manganês, ferro entre outros), disponibilização de nutrientes, principalmente fósforo.
Estruturação ou formação de macro e microporos, relacionados com a retenção de água,
drenagem e aeração.
3- Matéria orgânica para a planta.
Caso não tenha sido suficiente, com a função de complementar a nutrição da planta.
Feitos com material orgânico de maior solubilidade tipo tortas, cinzas, biofertilizantes
líquidos, bokashi, etc.
A longo prazo as funções (1 e 2) podem se confundir, basicamente porque tanto
uma forma como outra, estará fornecendo energia aos microorganismos e promovendo
mudanças físico, químicas e biológicas no solo
Se não tiver a quantia necessária do composto, ou caso queira utilizar esterco
fresco, faça-o tendo cuidado de plantar no mínimo 10 a 15 dias depois de tê-lo jogado
no canteiro. Se caso não estiver todo esse tempo, use o composto nos sulcos e covas
deixando o esterco no restante da área, desta forma a planta não sofrerá. Evite a
utilização de esterco de frango puro, sem a cobertura morta. Os estercos de frango não
estimulam biodinamismo do solo.
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Outra forma de economizar o composto, é procurar fazer a nutrição com os
biofertilizantes líquidos. Complementando a fraca nutrição oferecida às plantas pela
cobertura morta e substituindo o composto quando este estiver em falta. Mas a nutrição
mais rica e equilibrada, tanto para o solo quanto para a planta é resultado da utilização
das três formas.
Para a agricultura orgânica intensiva, se não dá para fazer integração dentro da
propriedade, porque não entre propriedades. E mais, não devemos nos limitar a
atividade animal como única atividade que promove o ingresso da matéria orgânica no
agroecossistema. Devemos lembrar da potencialidade do mato, restos de cultura,
consórcios e planos de rotação com adubos verdes, restos de verdura, podas, capins,
sondar a região em busca de subprodutos entre outros.
VI –1-1- Planejamento e Manejo da Matéria Orgânica dentro da Propriedade.
Devemos aliar dentro da propriedade atividades e manejo que tragam matéria
orgânica tanto de origem vegetal como animal. Para que este suprimento seja suficiente
é preciso que haja um planejamento das atividades produtoras e consumidoras de
matéria orgânica dentro da propriedade.
Como critério para escolha das atividades o agricultor, deve procurar integração
e complementaridade entre elas. O subproduto de uma deve ser um recurso disponível
para outra (integração). Complementares e não competitivas, quer dizer, que não
concorram por mão-de-obra, se possível tragam renda ao agricultor em diferentes
épocas do ano. Ou seja um melhor aproveitamento dos recursos e melhor distribuição
de renda ao longo do ano, e se possível servindo às diferentes funções dentro da
propriedade, por exemplo, o gado pode oferecer leite, carne, esterco, tração e ainda
pode ser um tipo de poupança do agricultor, sendo os bezerros os juros.
Nem sempre a diversificação pode trazer estabilidade ao sistema, as plantas
devem ser bem escolhidas no sentido de não hospedarem pragas e doenças de outras.
Então, no planejamento de sua propriedade, a função produção de matéria
orgânica pode ser desempenhada por uma ou mais atividades de criação animal e
manejo de biomassa vegetal.
VI–2-1 - Matéria Orgânica de Origem Vegetal
A matéria orgânica de origem vegetal poderá vir pela adubação verde em
consórcio e rotação de culturas, delimitação de divisas, cercas-vivas, quebra-ventos,
faixas de contorno, beiras de estrada, restos de cultura e capineiras.
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Um consórcio que vem dando muito certo para o verão, é o plantio de milho,
mucuna e abóbora. Semeando a mucuna e a abóbora um mês depois do milho, esta
leguminosa irá fixar nitrogênio do ar que fertilizará a terra quando for incorporada
junto com a palhada do milho. Nesse sistema colhe-se abóbora, milho verde ou maduro
à mão, já que a mecanização de colheita fica dificultada pela mucuna.
Uma forma alternativa aos consórcios, causando menor competição, é o cultivo
em faixas. Em uma faixa cultiva-se o adubo verde, permanecendo o restante da área
ocupada pelas culturas de interesse econômico. As faixas de adubos verdes podem ser
compostas por mais de uma espécie, e se forem anuais ou bianuais, você pode caminhar
com elas dentro da horta. Ou então, faixa de leguminosas perenes que serão mantidas
fixas utilizando-se as podas na alimentação animal, cobertura do solo ou economia de
fontes de nitrogênio.
Estas mesmas faixas é que podem ainda ocupar beiras de estradas, linhas de
contorno, cercas-vivas e quebra-ventos. Mas para cada utilização procure adotar a
espécie de planta mais adequada. Se caso houver mais espaço na propriedade podemos
lançar mão da adubação verde solteira ou em coquetel (consórcio de adubos verdes),
que são altamente capacitadas na regeneração do solo. Por exemplo, segundo Veiga et
al. (1982) a crotalária juncea, produziu em 61,7 ton. de matéria verde, 244 kg de
nitrogênio, 208 kg de potássio, 156 kg de cálcio e 37 kg de magnésio. Esta crotalária ao
120 dias de idade tinha 2 metros e meio de altura e raízes a uma profundidade média de
4 metros. Apenas sua parte aérea, incorporou uma quantidade equivalente a 1,2 ton. de
sulfato de amônia e 350 kg de cloreto de potássio.
O coquetel para adubação verde foi desenvolvido pelo Instituto Biodinâmico em
Botucatu – São Paulo. E a técnica consiste no consórcio de espécie de adubos verdes,
complementares com relação ao hábito de crescimento, exploração de diferentes
extratos, profundidade de raízes, demanda nutricional, etc. São utilizadas 12 espécies,
no mínimo.
Estão relacionadas a seguir as espécies e quantidades recomendadas.
Discriminação das espécies e sementes indicadas para o coquetel de adubos verdes indispensáveis:
Espécie Nome Quilos de sementes por hectare
Zea mays Milho ( porte alto) 24
Stizolobium aterrum Mucuna preta 16
Canavalia brasiliensis Feijão de porco 16
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Dolichos lab-lab Lab lab 12
Cajanus cajan Guandu 10
Heleanthus annus Girassol 8
Crotalaria juncea Crotalaria 5
Ricinus communis Mamona 5
Vigna inguiculata Feijão catador 4
Painço 4
Leucena leucena Leucena 2
Tephrosia candida Tefrósia 1
Opcionais:
Espécie Nome Quilos de sementes por hectare
Canavalia obtusifolha Feijão bravo 8
Crotalaria ochoroleuca Crotalária africana 5
Calopogonio mucunoides Calopogônio 4
Sorgo vulgaris Sorgo forrageiro 4
Crotalaria anageroides Anageroides 3
Fennisetiun typhoideum Milheto 2
Fogopirum esculentum Trigo sarraceno 2
Cucurbita moschata Abóbora 5
Fonte: Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural – Botucatu.
ADUBAÇÃO VERDE
Essa prática tem por finalidade manter ou restaurar a produtividade do solo,
adubação verde utiliza-se de plantas cultivadas no local ou trazidas de fora, para serem
incorporadas ao solo, apresentando algumas características como:
Tabela: Critérios de seleção de espécies para uso em pousio:
Critérios Efeitos Grande produção de biomassa Mobilização de nutrientes do solo para a vegetação;
abafamento das ervas infestantes
Sistema radicular profundo Transporte de nutrientes lixiviados ou resultantes do
intemperismo a partir de camadas do solo que não são
alcançadas pelas raízes da cultura principal
Rápido crescimento inicial Rápida cobertura do solo, possibilitando sua efetiva
proteção; supressão das ervas invasoras
Parte vegetativa maior que a lenhosa
(baixa taxa C/N)
Fácil decomposição da matéria orgânica, levando a uma
disponibilidade maior de nutrientes para as lavouras
subsequentes; facilidade de manejo durante o corte ou a
incorporação ao solo
Fixação de N Aumento da disponibilidade de nitrogênio
Simbiose com Micorrizas Mobilização de fósforo, levando ao aumento da
disponibilidade desse elemento
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Uso eficiente da água Possibilidade de crescimento depois da estação agrícola
principal, aproveitando a umidade residual, ou com
precipitação reduzida
Não ser hospedeira de pragas ou
doenças das plantas cultivadas
Redução das populações de pragas e patógenos
Ausência de rizomas Crescimento controlável
Facilidade de formação de sementes;
sementes abundantes
Propagação nas roças dos agricultores
Subprodutos úteis (forragem, madeira) Integração de criação animal com silvicultura
Fonte: Copiju (1985)
Muitas vezes o adubo verde é confundido com sinônimo de leguminosas. Esta
família de forma geral tem grande capacidade de adicionar nitrogênio ao solo, mas têm
facilidade de decompor rapidamente, menos prolongados que as gramíneas, por está
relacionado à relação C/N das plantas.
Tabela: Espécies mais utilizadas na adubação verde e suas principais características
Espécie Quantidade
de sementes
(kg/ha)
Espaçamento Produção de
massa
(ton/ha)
Fixação de
Nitrogênio
(kg de N/ha/ano)
Relação C/N
(carbono/
nitrogênio)
Aveia preta 60-70 20 cm 0,5 a 1,0 - 36,25-1
Calopogônio 10 50 cm 370-450
Centeio 60-80 20 cm - 30,82-1
Centrosema 4-8 50 a 80 cm 93-398
Chicharo 120 20 cm 18,79-1
Crotalaria juncea 20-30 40 a 50 cm 15,9 150-165 15,65-1
Cudzu tropical 2-5 3 x 1 m 100
Ervilhaça 80 a lanço 90 18,62-1
Feijão-de-porco 150 50 cm 23,3 57-190 15,72-1
Girassol 30-50 20 a 40 cm - 22,19-1
Guandu 50 50 cm 26,9 41-90 21,57-1
Lab-lab 45 50 cm 31,7
Leucena 400-600
Mucuna-anã 16,39-1
Mucuna-preta 29,9 157 21,06-1
Siratro 70-181
Trevo-branco 128-168 23,22-1
Fonte: Adubação verde no sul do Brasil (1993)
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Estas plantas são utilizadas dentro de um programa de rotação ou consorciação de
culturas. Visando obter os seguintes efeitos nas propriedades do solo:
Cobertura e proteção do solo;
Incremento de matéria orgânica;
Incremento de nitrogênio através fixação biológica de nitrogênio;
Mobilização de fósforo e reciclagem de (Ca, K, Mg, S) de diferentes profundidades
do solo;
Fornecimento de néctar e pólen a inimigos naturais e abelhas ajudando-o a
permanecer no agroecossistema. Inclusive em épocas de escassez destes recursos,
como no inverno.
Colaboram com a diversificação do agroecossistema podendo dificultar inclusive a
seleção da cultura hospedeira pela praga, assim como sua permanência no habitat;
Controle de doenças de solo, como nematóides;
Aração biológica, através de suas raízes, e introdução de microvida em
profundidade no solo;
Algumas plantas podem ainda servir de alimento para os animais. Podendo se
constituir numa fonte rica de proteínas;
Controle de ervas.
A adubação verde deve entrar num programa de rotação na propriedade e
necessitamos para isso fazer uma seleção das espécies, seguir alguns critérios: Pertença
a famílias botânicas diferentes; Exigências nutricionais diferentes; Sistema radicular
diferente; Beneficiar a cultura que virá em seguida; Fazer balanço da relação C/N –
leguminosas x gramíneas; Efeitos alelopáticos de substâncias tóxicas contidas nos
resíduos e/ou produzidas durante a decomposição, adubos nos programas de rotação,
incorporar 20 a 30 dias antes das culturas; Ter ciclo curto e crescimento rápido; Não ser
hospedeira alternativa de pragas e doenças;
Cuidados que se deve ter em cultivo de alguns adubos verdes: Inocular as sementes
de leguminosas com estirpes específicas para facilitar o estabelecimento da associação
– bactéria – planta e consequentemente ganhos de fixação biológica do nitrogênio; Se
houver necessidade, solos mais pobres, faça calagem, fosfatagem; Fazer uma
distribuição homogênea das sementes no solo sem deixar falhas.
O método mais fácil e rápido é de semeadura a lanço e incorporação superficial da
semente com uma gradagem.
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INOCULAÇÃO: Forma de colocar o rizóbio específico por planta, junto das sementes
antes de semear. Solos cultivados intensivamente, sem vida ou mesmo solos orgânicos
devem receber sementes inoculadas, a fim de trazer maior rapidez ao processo. Pois
quando a semente está recém germinada já existe uma população elevada de rizóbio
específico.
Inoculação Simples.
100 ml de água mais 100 g de inoculantes misturados até formar uma pasta
homogênea. Esta pasta é misturada a sementes, que são espalhadas e secadas à sombra,
desta forma deverão ser semeadas no máximo até o dia seguinte ao da inoculação. Caso
contrário deverão ser reinoculadas.
Época de incorporação correta está por volta do florescimento, este é um momento
em que toda a energia fotoassimilada, estão voltados para a parte aérea. Esta
incorporação deve ser feita de preferência deitando e cortando o material ao solo como
bem faz o rolo-faca. Também pode ser usada a grade dependendo da planta.
VI–2-1 - Matéria Orgânica de Origem Animal
Considerações sobre utilização e manejo de estercos.
Para escolha dos animais a serem criados, o agricultor deve ajustar o porte e o
número de animais aos recursos alimentares disponíveis na propriedade. Normalmente
para suprir um ha de horta com esterco necessita de 10 cabeça de bovino.
Os estercos de aves são mais ricos em nutrientes, principalmente, por serem mais
secos (5 a 15% de água) e conferem dejeções sólidas e líquidas misturadas. Costuma-se
dizer que o esterco de galinha vale o dobro dos outros. Mas com uma ressalva, para
quem for utilizá-lo diretamente no solo, ele apresenta relação C/N baixa (11/1). Isto
ocasiona enorme perda de nitrogênio, além de desfavorecer o biodinamismo da vida no
solo. O ideal seria próximo de 30/1, o que seria conseguido caso este material fosse
compostado.
Estima-se que a metade do valor fertilizante do esterco é perdido em 4 dias, se o
esterco for deixado numa camada fina sobre o solo. E aproximadamente 50% do
nitrogênio, fósforo e potássio podem ser perdidos se não aproveitarmos a urina. Por
isso a necessidade das camas, que são palhas, capins absorventes.
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Manejo de Esterco
Uma forma fácil e eficiente de aproveitar o esterco de bovino pode ser o
confinamento à noite. Para isto deve se ter um local onde os animais possam ficar
fechados, neste local é distribuída a cama, que pode ser capins, palhas diversas, casca
de cereais, sabugos picados, turfa entre outras. Recomenda-se uma quantidade de 6 a
10 kg de material seco por 1000 kg de peso vivo do animal. Depois de alguns dias o
material pode parecer muito úmido, neste momento coloca-se mais um pouco com o
objetivo de retermos o máximo de urina possível. Para enriquecer ainda mais, uma vez
por semana, coloque pequenas camadas de cinza, farinha de ossos, pó de rocha, etc.
Desta maneira depois de mais ou menos 15 dias, terá um material rico, composto por
palha, urina, esterco e outros materiais que foram polvilhados. Pronto para ser retirado
e servir de matéria prima para o composto orgânico.
As camas são normalmente materiais pobres e quase não contribuem para
aumentar o teor dos nutrientes minerais dos estercos, mas ajudam a diminuir perdas,
principalmente nitrogênio (elevam a relação C/N). A composição do esterco varia com
o tipo de alimentação, idade do animal, espécie e raça. E a cama em função do tipo de
material empregado como tal, a quantidade usada é a freqüência de retirada e reposição.
Composto Orgânico
Compostagem nada mais é, que a reorganização de materiais orgânicos e
inorgânicos disponíveis na propriedade ou região, transformando materiais crus (folhas,
mato, resto de verdura e de cozinha, resíduos de beneficiamento, esterco, cama de
animais, etc.) em composto curado. Esta decomposição acontece pela ação de
microorganismos e pela fauna do solo.
A compostagem tem como objetivo adiantar o processo de decomposição que
aconteceria no solo, fora do solo. Diminui problemas com relação a patógenos e
sementes de mato que poderiam estar sendo transmitidos pela matéria orgânica não
decomposta. Ao contrário apresenta uma altíssima quantidade de fungos, bactérias
entre outros microorganismos benéficos. Juntamente com substâncias que apresentam
efeitos positivos sobre a resistência das plantas a pragas e doenças. Contém 10 a 13
vezes mais nutrientes, se a matéria-prima for variada, do que os estercos puros. Embora
esses contenham maior quantidade de macronutrientes. Estimula a vida do solo, isto se
for usada no momento em que a temperatura começa a baixar, ou seja, não totalmente
decomposta.
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Para que o processo de compostagem se realize com eficiência, devemos suprir
as necessidades dos microorganismos que são os operários deste processo. Isto
significa uma relação carboidrato proteína – relação C/N da mistura de 25 a 30/l.
Materiais ricos em proteínas (restos de cozinha, esterco, grama recém cortada,
cama de animais, sementes entre outros) possuem uma relação C/N baixa, e se
combinam bem com materiais ricos em energia – carboidratos (folhas, palhas secas,
papel, serragem, normalmente são partes secas, duras ou rijas) de relação C/N alta.
Tabela: Relação C/N (carbono/nitrogênio) de alguns materiais orgânicos.
Material Relação C/N
Restos de comida 15-1
Lama de esgoto 6-1
Lama de esgoto digerida 6-1
Madeira 700-1
Serragem 500-1
Papel 170-1
Grama cortada 19-1
Folhas 80-1 a 40-1
Restos de frutas 35-1
Esterco decomposto 20-1
Resíduos de cana-de-açúcar 50-1
Talos de milho 60-1
Palha 80-1
Húmus 10-1
Trevo verde 16-1
Feno de leguminosas 25-1
Palha de aveia 80-1
Fonte: Kiehl
É sempre bom inocular o composto com microorganismos favoráveis. E isto
pode ser feito sem haver a necessidade de comprar qualquer inoculante, basta tirar uma
porção de solo orgânico. Esta porção será polvilhada por cima das camadas durante a
confecção da pilha. Depois de feita a primeira pilha, as próximas receberam ao invés da
terra uma porção de composto (inoculante).
A confecção da pilha se dá em camadas, a fim de facilitar a visualização das
proporções. Normalmente três partes de carbono para uma de nitrogênio. Mas se o
material já foi separado previamente na proporção certa, não é necessário haver
camadas, é até melhor, pois assim os componentes ficam mais próximos o que facilita o
trabalho dos microorganismos.
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Quando feita em camadas, coloca-se primeiro o material palhoso e sobre ele o
rico em nitrogênio, se houver necessidade de água, irrigue. Vá fazendo até o monte
atingir dimensões máximas de 2 metros de largura por 1,5 de altura por comprimento
variável. Importante num composto além da relação C/N é a umidade e o ar. Alguns
materiais frescos não precisam de muita água, por exemplo grama recém cortada.
Outros secos necessitam, e isso dever ser feito no momento em que se monta a pilha,
camada por camada, como foi dito à cima. A pilha não deve ficar encharcada pois os
microorganismos necessitam de oxigênio. Depois de montada a pilha deve-se protegê-
la de chuva, utilizando para isto palha seca, saco plástico, etc., sobre o monte. Se
houver condições para fazê-lo em local coberto, plano e com água próxima, melhor.
O revolvimento do composto deve acontecer com maior freqüência possível,
sempre se preocupando em cortar bem o material ( o enxadão é uma ferramenta que se
presta a este serviço), colocando a parte externa para dentro e a parte de dentro para
fora.
Como se reconhecer, na prática, um composto curado:
Um conjunto de observações possibilita o reconhecimento: a) a aparência deve
ser de material bem decomposto, em que, com dificuldade, identifica-se a matéria-
prima original, como pedacinhos de papel, de folhas secas, etc.; b) a coloração deve ser
bem escura, enquanto o composto cru é cinzento; c) possuir odor de terra mofada,
enquanto o cru tem cheiro acre e penetrante; d) a umidade deve ser baixa, com aspecto
de material seco, tendendo para produzir poeira quando jogado à distância; e) se for
possível determinar o pH por meio de papéis ou líquidos indicadores, seu valor deve
estar acima de 7,0 preferivelmente, levemente alcalino.
Outras informações:
Utilizar diversos materiais para um suprimento equilibrado de nutrientes para os
microorganismos (como complemento o composto pode ser enriquecido com cinzas,
fosfato natural, pó de rochas – basaltos, xistos, cinzas etc.);
Triturar o material rico em carboidrato, facilitando o trabalho de confecção da pilha
e dos microorganismos. Caso o material seja difícil de passar no triturador ou você
não tenha, use o facão, faça fendas e deixe-o fermentando previamente;
Revolva freqüentemente e mantenha a umidade permanente;
Introduza uma barra de ferro no interior da pilha de composto e retire-a depois de
um tempo, caso esteja tão quente que não seja possível segurá-la com a mão, a
temperatura está elevada e deverá ser molhada. Caso já esteja úmida deve-se revirá-
la mantendo a temperatura por volta de 70º.
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Utilização do Composto:
Deve ser incorporado superficialmente (até 8cm) em área total do canteiro com a
quantidade variando em função do estado em que se encontra o solo.
Solo fraco: < 1,5% de matéria orgânica - dose 7kg/m2.
Solo médio: de 1,5 a 3% de matéria orgânica - dose 5kg/m2.
Solo bom: mais de 3% de matéria orgânica - dose 3kg/m2.
A quantidade pode variar ainda em função da cultura plantada, região (clima) e
tipo de solo.
Exemplo: Regiões quentes e úmidas com solos arenosos apresentam uma taxa de
mineralização maior que regiões temperadas. O uso de cobertura morta, neste caso, é
imprescindível.
O gradiente de exigência das hortaliças aumenta de raiz para caule, folha, flor até
frutos. Se caso a quantidade de composto disponível for escassa, concentre-o em covas
ou sulcos, e complemente a nutrição com estercos líquidos.
Calagem
A calagem é a prática da adição de calcário ao solo, com os seguintes objetivos:
1 – elevar o pH do solo, diminuindo sua acidez;
2 – neutralizar o alumínio e o manganês tóxicos;
3 – flocular o solo, contribuindo à sua melhor agregação e
4 – adicionar cálcio e magnésio ao solo, que são importantes nutrientes vegetais.
Segundo Primavesi, como pH 7,0 é o ponto neutro, acreditava-se que todos os
solos deveriam ser corrigidos até atingir este ponto. Isto acabou provocando grandes
desequilíbrios, principalmente nas áreas tropicais.
Na agricultura orgânica a calagem não só é permitida como é também
recomendada, tomando-se, entretanto, alguns cuidados na aplicação do calcário. A
partir da análise de solo, feita em algum laboratório idôneo de sua região, é possível
calcular a quantidade de calcário necessária para se elevar o pH até um ponto
satisfatório e também neutralizar os elementos tóxicos. Estes cálculos exigem o auxílio
de um Técnico ou então, normalmente, já vêm prontos no resultado na análise de solo,
dependendo da cultura que se pretende instalar.
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Fosfatagem
A fosfatagem ou aplicação de fósforo no solo é uma prática importante, pois
além deste elemento ser indispensável à planta que o utiliza em diversas atividades
fisiológicas, os solos tropicais são, via de regra, pobres em fósforo. Sem fósforo não ha
crescimento vegetal uma vez que ele é responsável pela transferência de energia na
produção de substâncias orgânicas da planta. (Primavesi).
Na agricultura orgânica recomenda-se a utilização de fontes menos solúveis de
fósforo, como os fosfatos naturais ou os termofosfatos.
O fósforo tem a característica de se fixar, ou seja, tornar-se indisponível às
plantas, por se agregar a outros compostos do solo. Primavesi sugere algumas práticas
para manter o fósforo disponível no solo:
1 – a manutenção de um pH maior que 5,5 e menor que 7,5;
2 – a conservação de uma bioestrutura (estrutura viva) grumosa que permita o
arejamento adequado do solo;
3 – a incorporação periódica de matéria orgânica ao solo.
Micronutrientes
Os micronutrientes são elementos químicos extremamente importantes para os
processos vitais, pois agem principalmente como catalisadores, ou seja, responsáveis
indiretos pela síntese das substâncias vegetais. Na agricultura orgânica o uso de
micronutrientes é permitido, no entanto, por se apresentarem normalmente sob a forma
de sais solúveis, recomenda-se a quelatização destes elementos na forma de um
excelente adubo foliar que são os biofertilizante.
VII. FITOHORMONIOS, ATIVADORES E INOCULANTES
Algumas substâncias biológicas mesmo quando utilizadas em pequenas doses,
podem provocar efeitos importantes nos sistemas orgânicos de produção agrícola. A
utilização de extratos de plantas e húmus, bem como preparados à base de elementos
minerais podem estimular o desenvolvimento vegetal. Tal fato se verifica com os
inoculantes microbianos em solos, plantas e no composto.
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Procedimentos recomendados
Formulações naturais, como extratos secos ou líquidos de algas marinhas, para
aplicações no solo e na planta;
Extratos de plantas;
Preparados biodinâmicos e homeopáticos;
Hormônios naturais de enraizamento;
Adjuvantes e umectantes naturais, para aplicações foliares;
Aminoácidos;
Inoculantes microbianos (Rizóbium, fungos de micorriza, etc.).
Procedimentos tolerados
Substâncias de natureza biológica ou química para acelerar a decomposição da
matéria orgânica em pilhas de compostos ou de estercos, de efeitos ainda não
comprovados.
Procedimentos proibidos
Hormônios e reguladores sintéticos.
VIII. MANEJO DE INSETOS E DOENÇAS INDESEJÁVEIS
Os agroecossistemas devem ser analisados em sua totalidade observando-se os
elementos que os constituem – solo, clima, cultivos, microorganismos etc. As atuações
humanas sobre eles – fertilização, irrigação, tratos culturais, construções de estradas,
barragens etc. - devem ocorrer numa visão global atentando para as múltiplas inter-
relações que aí se estabelecem.
O surgimento de pragas e doenças não ocorre por si mesmo, é conseqüência de
um desequilíbrio, quer seja pela ação humana, quer seja por variação no clima ou
qualquer outro elemento perturbador que tenha provocado essa ocorrência. Portanto, o
primeiro passo a dar quando surge um problema fitossanitário é analisar as causas que
produziram esse desequilíbrio e tentar restabelecê-lo.
A maioria das pragas e doenças podem ser prevenidas mediante planejamento
dos cultivos com fim de evitar sua incidência. Por outro lado, por ocasião dos tratos
culturais, cuidados devem ser tomados no sentido de evitar debilitar as plantas
tornando-as mais sensíveis ao ataque de pragas e doenças.
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A manutenção de uma biodiversidade elevada permite manter eficazmente o
equilíbrio do agroecossistema reduzindo o impacto das pragas e enfermidades.
Especial atenção deve-se dar aos inimigos naturais (fauna útil), os quais mantém
as pragas abaixo da população que pode causar danos. Para isso devemos facilitar para
que tenham alimentos alternativos como por exemplo o pólen, bem como respeitar seus
refúgios (matas, bosques, capoeiras e lagos), assim como evitar qualquer tratamento
que possam prejudicá-los.
O monocultivo se apresenta como condição ideal para o desenvolvimento dos
patógenos adaptados à espécie em questão. O esgotamento do solo produzido pela
repetição consecutiva de um mesmo cultivo é a causa do debilitamento às plantas e,
portanto, favorece o desenvolvimento dos patógenos.
Outro ponto a considerar é a fertilização correta e equilibrada como base para um
bom desenvolvimento das plantas, saudáveis e resistentes aos potenciais patógenos que
possam atacá-las. O excesso de nitrogênio solúvel pré dispõe as plantas ao ataque de
insetos, uma vez que aumenta o conteúdo de açúcares no suco celular, ficando assim
mais apetecível para as pragas. Uma troca brusca no pH ou dos elementos da solução
do solo, provoca também desequilíbrios e feridas que antecedem ao ataque de fungos e
outros patógenos às raízes.
Diante do exposto, são proibidos todos os procedimentos que causem o
desequilíbrio do ambiente, como o uso de agrotóxicos e fertilizantes concentrados e que
se dissolvem rapidamente no solo. Para a proteção das plantas, quando se tornar
necessário, as recomendações são as seguintes:
Diversificação dos sistemas produtivos.
Observância às recomendações de manejo do solo e nutrição vegetal,
sobretudo com aumento da matéria orgânica no solo para elevar as populações
de microorganismos saprófitos que atuarão como antagonistas aos patógenos
do solo;
Utilização de variedades adequadas: a escolha deve levar em conta sua
adaptação às condições de solo e clima da região onde a propriedade está
localizada;
Manejo das culturas, utilizando práticas como a consorciação e a rotação, o
cultivo em faixas ou bordadura, a antecipação ou o retardamento do plantio,
do cultivo e da colheita, cultivo de plantas armadilha etc.;
Controle biológico de organismos nocivos através de técnicas que permitam o
aumento da população de inimigos naturais, ou a introdução dessas
populações reproduzidas em laboratório, que se encontram no comércio como
inseticidas, exemplo: Bacillus thuringiensis ;
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Métodos físicos e mecânicos: emprego de armadilhas luminosas, armadilhas
com feromônio, barreiras mecânicas (quebra-ventos cercas vivas, etc.), coleta
manual, adesivos, proteção da produção (como ensacamento de frutos), uso
de calor e frio.
Procedimentos tolerados:
Em caso de necessidade são tolerados a utilização de:
Extratos, caldas e soluções de produtos vegetais como piretro, rotenona,
sabadilha, quássia, melia, etc.
Polvilhamento com produtos a base de enxofre simples (enxofre em pó), cal
virgem, cal hidratada;
Uso de calda bordalesa, calda sulfocálcica, calda viçosa, emulsões a base de
óleo mineral, óleos vegetais, sabão e caldas de açúcar;
Uso de produtos à base de sulfato de zinco e permanganato de potássio;
Emprego de iscas convencionais em forma de armadilha, desde que não
poluam o ambiente e sejam colocadas em recipientes adequados em pontos
determinados da lavoura e ou área certificada, sob rigoroso controle do
técnico responsável;
Emprego de iscas formicidas à base de sulfuramida;
Uso de produtos naturais bioestimulantes como aminoácidos, preparados
biodinâmicos, etc.
Cultivo protegido para plantas muito suscetíveis a pragas e doenças;
Uso de solarização do solo.
Procedimentos proibidos:
Uso de agrotóxicos sintéticos convencionais e esterilizantes de solo,
Tratamento de frutos, sementes e ou solo com produtos à base de mercuriais;
Uso de esterilizantes químicos do solo, como por exemplo o brometo de
metila;
Uso de sementes modificadas geneticamente que originam plantas trangênicas.
uso de produtos inorgânicos sintéticos à base de metais persistentes no
ambiente (mercúrio, chumbo, cádmio, arsênio, etc.).
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IX. EMPREGOS DE VARIEDADES
A boa adaptação de espécies, variedades e cultivares ao agroecossistema da
atividade agrícola, é um princípio básico para sanidade e desempenho da cultura
além do equilíbrio do ambiente. Portanto deve-se dar preferência a culturas e
variedades adaptadas á condições ecológicas (clima e solo) locais. O uso de
variedades exóticas e de alta produtividade, pouca adaptadas as condições
climáticas, apresentam-se mais suscetíveis aos agentes patogênicos.
Propágulos vegetativo – raízes, tubérculos, rizomas, bulbos, colmos e
estolões – assim como sementes e mudas devem estar isentas de contaminações
por pragas e doenças e livres de ervas invasoras. Devem ser oriundas, sempre que
possível, de sistemas orgânicos. Portanto, é recomendável que o agricultor
produza sua própria semente, mudas e propágulos vegetativo de forma orgânica.
Procedimentos recomendados:
Uso de espécie e variedade adaptadas as condições locais de clima e solo,
apresentando rusticidade a pragas e doenças;
Uso de sementes, mudas e propágulos vegetativo produzidos organicamente
ou oriundos de fornecedores idôneos desde que seja assegurada a ausência de
tratamentos com agrotóxicos sintéticos, após a colheita ou no preparo final
para venda;
Tratamentos para sementes, propágulos vegetativo e mudas: preparados
biodinâmicos, água quente, luz solar, agrotóxicos naturais, de origem vegetal,
microbiana ou mineral de metais não pesado tais como enxofre, caldas
bordalesa, sulfocálcica, etc.; essências aromáticas, pó de algas calcinadas,
inoculastes microbianos (Rizobium, Micorriza, etc.) e outras formas de
tratamento desde que não poluentes.
Procedimentos tolerados:
Não existindo no mercado sementes, mudas e propágulos vegetativo oriundos
de sistemas orgânicos, adequados a determinada situação ecológica
específica, o produtor poderá lançar mão desses produtos do sistema
convencional.
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Procedimentos proibidos:
Sementes, mudas e propágulos vegetativo tratados com agrotóxicos;
Uso de agrotóxicos e fumigantes de solo no sistema de produção de sementes,
mudas ou propágulos vegetativo para sistemas orgânicos de produção.
X. REFÊNCIA BIBLIOGRAFIA:
1) ABREU JÚNIOR, H. de et alli. - Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo – CATI Departamento de Extensão Rural – DEXTRU -
Controle Fitossanitário Com Produtos Alternativos - coletânea de receitas
2) ARL Valdemar; RINKLIN, Hansjorg. Livro Verde 2 - Agroecologia. CEPAGRI -
TERRA NOVA - SC, 68 p. 1997.
3) CAE - Ipê - Biofertilizantes Enriquecidos - RS, 1997.
4) CAE - Ipê. O que é Ser Agricultor Ecologista - RS. 1997.
5) CARDORIN, Maria Andresis. Inseticidas Caseiros para hortas, jardins e pragas do
lar. Prefeitura Municipal de Joinville. 19 p. (apostila).
6) CHABOUSSOU, F. Plantas Doentes pelo Uso de Agrotóxico (a teoria da
trofobiose). Porto Alegre, RS: L & PM, 256 p. 1987.
7) COPIJN, A;SCHAUMANN, W & CASTELLIZ, K., Práticas terapêuticas, Instituto
biodinâmico de desenvolvimento rural, 21p. 1996.
8) COSTA, M.B.B. et. al. Adubação verde no Aul do Brasil. 2 ed. ASPTA, Rio de
Janeiro, 1993. 346p.
9) FAESP - SP. I Seminário de Agricultura Orgânica. 1998.
10) FELDENS, Leopoldo Pedro. A Dimensão Ecológica da pequena propriedade no
Rio Grande do Sul, 154 p. 1989.
11) GUERRA,M. S. – Receituário Caseiro: Alternativas para o controle de pragas e
doenças de plantas cultivadas e de seus produtos. Brasília, Embrater, 166p. 1985.
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12) KIEHL, E.J. Fertilizantes orgânicos. Editora Agronômica Ceres, São Paulo, 492
p. 1985
13) PAIVA, A. F. de. É bom conhecer o cultivo de plantas medicinais. Fortaleza,
EMATER-CE,1995. 28 p. EMATER-CE. Informações técnicas, 56.
14) PASCHOAL, A.D. Produção Orgânica de Alimentos: Agricultura Sustentável
para os séculos XX e XXI. 1 ed. Piracicaba, SP: ESALQ/USP, 191 p. 1994.
15) PENTEADO, SÍLVIO R. calda Bordalesa - Como e porque usar. Cati / Dextru-
Campinas -SP. Folhetto técnico, 1996, 6 p.
16) PINHEIRO, Sebastião et alli. Agricultura Ecológica e a Máfia dos Agrotóxicos
no Brasil. Porto Alegre: Edição dos autores, 1993.
17) PINHEIRO, Sebastião et alli. Agropecuária sem Veneno. Porto Alegre, RS: L &
PM, 128 p. 1985.
18) PRIMAVESI, Ana. Agroecologia: Ecosfera, Tecnosfera e Agricultura - São
Paulo: Nobel, 199 p. 1997.
19) PRIMAVESI, Ana. Manejo Ecológico do Solo: A agricultura em regiões
tropicais. 9a ed.- São Paulo: Nobel, 549 p. 1986.
20) SOUZA, Jacimar Luis de. Agricultura Orgânica. Vitória-ES - EMCAPA, Vol. I.
176 p. 1998.
21) UFV-MG. I Encontro Mineiro sobre Produção Orgânica - 1998.
22) ZAMBERLAN,A.F. & FRONCHETI, A. Agricultura Alternativa: Um
enfrentamento à agricultura química. Passo Fundo: Ed. P. Berthien. 1994. 167p.
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ANEXO 1:
COLETÂNEA DE RECEITAS DE PRODUTOS ALTERNATIVOS
1- AGAVE - Piteira ou Sisal (Agave sisalana Perrine)
- 5 folhas médias - 5 litros de água
Deixar de molho por 2 dias, 5 folhas médias e moídas de Agave e 5 litros
água. Aplicar 2 litros desta solução no olheiro principal do formigueiro e tapar os demais para que as formigas não fujam.
Indicações: Saúvas.
_______________________________________________________________ 2 - ALHO - (Allium sativum L. )
- 100 g de alho - 0,5 litro de água - 10 g de sabão - 2 colheres (de café) de óleo mineral
Os dentes de alho devem ser finamente moídos e deixa-se em repouso por 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. À parte, dissolver 10 gramas de sabão em 0,5 litro de água. Misturar então, todos os ingredientes e filtrar. Antes de usar o preparado, diluir o mesmo em 10 litros de água, podendo no entanto ser utilizado em outras concentrações de acordo com a situação. Indicações: lagarta de maçã, pulgões, míldio e ferrugem. _______________________________________________________________ 3- ARRUDA (Ruta graveolens L.)
- 8 ramos de 30 centímetros de comprimento, com folhas - 1 litro de água - 19 litros de espalhante adesivo de sabão de côco. (receita)
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Bater os ramos de folhas de arruda no liqüidificador com 1 litro de água. Coar com pano fino e completar com 19 litros de água acrescentar na solução espalhante adesivo.
Indicações: Pulgões, cochonilhas (sem carapaça), alguns ácaros. Princípio ativo: rutina _______________________________________________________________ 4- BORDALEZA, CALDA
- 200 g de sulfato de cobre - 200 g de cal virgem - 20 litros de água
Para seu preparo, utilizar vasilhame de plástico ou de cimento amianto.
Dissolver o sulfato de cobre em 5 litros de água. Em outro vasilhame, misturar cal virgem em 15 litros de água. Após, isso, misturar ambos, mexendo sempre.
Para medir a acidez, pegue uma faca de aço (não inox) e mergulhe a parte da lâmina durante 3 minutos nessa mistura. Não escurecendo, a calda estará pronta. Caso contrário, adicione mais cal virgem.
Quando pronta, tem validade para três dias, devendo para isso colocar uma colher de açúcar antes de pulverizar.
Aplicar no início da doença, podendo ser misturada com extrato de fumo,
confrei ou calda de cinza. No verão, em plantas novas, deve ser usada a metade da quantidade de sulfato de cobre e de cal virgem para o mesmo volume de água, ou seja, em concentração 50% menor.
Nunca pulverize a calda com sol quente, nem em temperatura muito baixa, pois perde a sua eficácia.
Indicações, culturas e dosagens para 100 litros de água.
Cultura Doenças Sulfato De Cobre Cal Virgem
(Gramas) (Gramas)
Abobrinha Míldio e manchas foliares 500 500
Abacate Antracnose 1.000 1.000
Alface Míldio e podridão de esclerotínia 500 500
Alho Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000
Batata Requeima, Pinta preta 1.000 1.000
Beterraba Cercospora 1.000 1.000
Café Ferrugem, manchas foliares 1.500 1.500
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Caqui Antracnose, cercosporiose e mycosferela 300 a 500 1500 a 2500
Cebola Míldio, outras manchas foliares 1.000 1.000
Chicória Míldio e esclerotínia 500 500
Citros Verrugose, Melanose, Rubelose 600 300
Couve, Repolho Míldio e alternária em sementeira 500 500
Cucurbitáceas Míldio, Antracnose 300 300
Figo Ferrugem, Antracnose, Podridões 800 800
Goiaba Verrugose e Ferrugem 600 600
Maçã Entomosporiose, sarna, podridões 400 800
Macadâmia Manchas foliares 1.000 1.000
Manga Antracnose 1.000 1.000
Maracujá Bacteriose, Verrugose 400 400
Morango Micosferela, Antracnose 500 500
Nêspera Entomosporiose, Manchas foliares 800 800
Noz pecã Manchas foliares 1.000 1.000
Pepino Míldio e manchas foliares 500 500
Pêra Entomosporiose, Sarna, Podridões 400 800
Solanáceas Pinta preta, Podridões 800 800
Tomate Requeima, Pinta preta e Septoriose 1.000 1.000
Uva Itália Míldio, Podridões 600 300
Uva Niágara Míldio, Manchas 500 a 600 800
Indicações para outras culturas: diversas doenças como rubelose, melanose, gomose, verrugose, revestimentos fúngicos, requeima, septoriose, pinta preta, antracnose, mancha-do-olho-de-rã, cercosporiose, míldio (Peronospora), podridão de frutos, e mancha púrpura. Diversas pragas como vaquinhas, angolinhas, cigarrinha verde, cochonilhas, trips. Precauções: em tomate aplicar somente quando as plantas tiverem 4 folhas e em batata somente 20 dias após a germinação.
_______________________________________________________________ 5- BORDALESA, PASTA
- 1 Kg de sulfato de cobre - 2 Kg de cal virgem - 10 litros de água
Misturar 1 quilo de sulfato de cobre com 2 quilos de cal virgem, colocando água aos poucos, mexendo sempre até formar uma pasta.
Passar esta pasta após a poda e eliminação dos galhos afetados por doenças fúngicas (Rubelose).
Pincelar o tronco e a base dos ramos principais com a pasta bordalesa pelo menos 4 vezes por ano (maio - junho). Indicações: Gomose (Phytophthora) e Rubelose (Corticium salmomicolos).
_______________________________________________________________
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6 - CAL EM SOLUÇÃO - 1 Kg de hidróxido de cálcio comercial - 25 litros de água - 50 gramas de detergente caseiro com pouca espuma
Misturar aos poucos, o hidróxido de cálcio em 100 litros de água e em seguida dissolver o detergente. Pulverizar esta solução nas batatas sementes antes do seu plantio.
Indicações: Desinfecção de batata semente: nematóide dourado da batata (Globodea aostochiensis); fungos e bactérias das batatas. ____________________________________________________________ 7 - CAMOMILA ( Matricaria camomila L. )
- 50 g de flores de camomila
- 1 litro de água
Misturar 50 gramas de flores de camomila em 1 litro de água. Deixar de molho
durante 3 dias, agitando a mesma 4 vezes ao dia. Após coar, aplicar a mistura 3 vezes a
cada 5 dias.
Indicações: doenças fúngicas.
_______________________________________________________________ 8- CERVEJA COM ÁGUA AÇUCARADA
Colocar a noite, perto das plantas atacadas um prato raso com a mistura de cerveja
e água açucarada. Na manhã seguinte as lesmas estarão dentro do prato. Possibilita o
controle mecânico, uma vez que esta associação apresenta-se bastante atrativa.
Indicações: atrativos para lesmas. _______________________________________________________________
9- CRAVO-DE-DEFUNTO ( Tagetes minutaa e Tagetes sp )
- 1 Kg de folhas e talo de cravo-de-defunto
- 10 litros de água
Misturar 1 quilo de folhas e talos de cravo-de-defunto em 10 litros de água.
Levar ao fogo e deixar ferver durante meia hora ou então deixar de molho (talos e
folhas picados) por dois dias. Coar e pulverizar o preparado sobre as plantas.
Indicações: pulgões, ácaros e algumas lagartas.
_______________________________________________________________
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10- EUCALIPTO ( Eucaliptus citriodora )
- Folhas de Eucaliptus citriodora Nos recipientes e locais onde armazenam grãos (milho, feijão, arroz,
trigo, etc.) misturar 10 a 20 folhas de eucaliptus citriodora para cada quilo de grão.
As batatas podem ser conservadas colocando-se sobre uma cama de folhas de eucalipto. Indicações: Gorgulho e traças de grãos armazenados de milho, feijão, arroz,
trigo, soja, farelos em geral e batata. _______________________________________________________________ 11- LEITE - 1
- 1 litro de leite integral - 99 litros de água
Misturar 1 litro de leite em 99 litros de água os 2 componentes acima
citados. Aplicar a cada 10 dias sobre as culturas. Indicações: vírus de mosaico em cana, tomate e fumo. ______________________________________________________________ 12- LOSNA ( Artemisia absinthium )
- 30 g de folhas secas de losna - 1 litro de água
Diluir 30 gramas de folhas secas de losna em 1 litro de água, fervendo
essa mistura durante 10 minutos. Para sua utilização adicionar o preparado em 10 litros de água e pulverizar. Indicações: lagartas e lesmas. _______________________________________________________________ 13- MAMOEIRO ( Carica papaya L. )
- 1 kg de folhas do mamoeiro picadas - 1 litro de água
Cortar e bater no liqüidificador, os ingredientes citados acima. Filtrar com um pano e adicionar a 4 litros de água com sabão, feita com:
- 100 g de sabão; 25 litros de água Pulverizar sobre as folhas infestadas.
Indicações: ferrugem do cafeeiro e míldio.
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______________________________________________________________ 14- MANIPUEIRA
Manipueira é o suco de aspecto leitoso, extraído por compressão da mandioca ralada. Para o controle da formiga utilizar 2 litros de manipueira no formigueiro
para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias. Em tratamento de canteiro contra pragas de solo, regar o canteiro
usando 4 litros de manipueira por metro quadrado, 15 dias antes do plantio. Para o controle de ácaros, pulgões, lagartas, usar uma parte de
manipueira e uma parte de água, acrescentando 1% de açúcar ou farinha de trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias. Indicações: formigas, pragas de solo, ácaros, pulgões, lagartas. _______________________________________________________________ 15- MENTA ( Mentha piperita )
- 200 g de folhas de Menta ou 200 g de bulbos de alho - 1 litro de água
Moer as folhas de menta ou bulbos de alho, adicionar 1 litro de água e filtrar com um tecido fino. Deixar sementes de monocotiledôneas (trigo, arroz, milho, sorgo, aveia, etc.) nesse filtrado durante 24 horas. Plantar logo em seguida.
A germinação foi aumentada em 4 vezes, a infestação das sementes diminuiu em 86%, o comprimento da raiz duplicou e o comprimento dos brotos aumentou em 50%. Indicações: doenças fúngicas transmitidas pela semente. _______________________________________________________________ 16- NENEM ( Azadirachta indica)
- 5 kg de sementes secas e moídas - 5 litros de água - 10 g de sabão
Colocar os 5 quilos de sementes de Neem moídas em um saco de pano,
amarrar e colocar em 5 litros de água. Depois de 12 horas, espremer e dissolver 10 gramas de sabão neste extrato. Misturar bem e acrescentar água
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para obter 100 litros de preparado. Aplicar sobre as plantas infestadas, imediatamente após preparar. Indicações: lagarta do cartucho, lagartas das hortaliças, gafanhoto, bicho mineiro dos citros. O prensado de Neem pode ser utilizado misturando-se com o solo na base de 1 a 2 t/ha. Esta medida protege as beringelas contra minadoras e tomates contra nematóides e septoriose.
17- PÃO CASEIRO - Pão caseiro - Vinagre
Colocar pedaços pequenos de pão caseiro embebido em vinagre
próximo às tocas/ninhos/carreadores e em locais onde as formigas estão cortando.
O produto introduzido na alimentação das formigas começa a criar mofo
preto e fermenta. Isso é tóxico e mata as formigas. Indicações: formigas saúvas. _______________________________________________________________ 18- PERMANGANATO DE POTÁSSIO E CAL
- 125 g de permanganato de potássio (KmnO4) - 1 Kg de cal virgem - 100 litros de água
Diluir primeiramente o permanganato de potássio num pouco de água
quente, para acelerar o processo. A cal também deve ser queimada à parte, colocando um pouco de água. Complete para 100 litros, incluindo a solução do permanganato. Indicações: míldio e oídio. _______________________________________________________________ 19- PESSEGUEIRO ( Prunus persica Batsch. )
- 1 Kg de folhas de pessegueiro - 5 litros de água
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Misturar 1 quilo de folhas de pessegueiro em 5 litros de água e deixar ferver durante meia hora. Para pulverizar as plantas utilize 1 litro do produto em 5 litros de água. Indicações: pulgões, lagartas e vaquinhas. _______________________________________________________________ 20- PIMENTA ( Capsicum spp. )
- 500 g de pimenta vermelha - 4 litros de água - 5 colheres (de sopa) de sabão de coco em pó
Bater as pimentas em um liqüidificador com 2 litros de água até a maceração total. Coar o preparado e misturar com 5 colheres de sopa de sabão de coco em pó, acrescentando então os 2 litros de água restantes. Pulverizar sobre as plantas atacadas. Indicações: vaquinhas. _______________________________________________________________ 21- PIRETRO ( Chysanthemun cinerariaefolium )
- 1,5 kg de piretro seco - 3 kg de sabão - 100 litros de água
Deixar repousar as flores de piretro em solução de sabão e água por 3 minutos. Mexer, filtrar e aplicar sobre as plantas. Indicações: insetos, moscas, mosquitos, pulgões, lagartas, coleópteros.
_______________________________________________________________ 22- PRIMAVERA / MARAVILHA ( Bougainvillea spectabilis / Mirabilis
jalapa - 1 litro de folhas de primavera ou maravilha (rosa ou roxa) - 1 litro de água
Juntar 1 litro de folhas maduras e lavadas de primavera ou maravilha
(rosa ou roxa) com a água e bater no liqüidificador. Coar com pano fino e diluir em 20 litros de água. Pulverize imediatamente (em horas frescas do dia). Não pode ser armazenado.
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Indicações: vírus do vira cabeça do tomateiro. Aplicar em tomateiros 10 a 15 dias após a germinação (2 pares de folhas) e repetira cada 48/72 horas até quando iniciar a frutificação. _______________________________________________________________ 23- REPOLHO ( Brassica oleracea L. )
- 3 kg de folhas de repolho - 10 litros de água
Misturar folhas picadas de repolho e água e deixar fermentar por 8 dias.
Filtrar e aplicar diretamente o produto sobre as plantas e dessecar. Indicações: dessecante de adubação verde.
_______________________________________________________________ 24- SABÃO E QUEROSENE - 1
- 1 kg de sabão - 3 litros de querosene - 3 litros de água
Picar e derreter o sabão numa panela com água. Quando estiver
completamente derretido, desligar o fogo e acrescentar o querosene mexendo bem a mistura. Para utilizar, dissolver 1 litro dessa emulsão em 15 litros de água, repetindo a aplicação com intervalos de 7 dias. No caso de hortaliças e medicinais, aconselha-se respeitar um intervalo mínimo de 12 dias antes da colheita. Indicações: pulgões, ácaros, brocas, mosca-das-frutas e formigas. _______________________________________________________________ 25- SABONETEIRA ( Sapindus saponaria L. )
- 200 g de frutos de saboneteira - 20 litros de água
Amassar os frutos diretamente na água( para uso imediato). Para
conservar o extrato por mais tempo, fazer extração acetônica e/ou alcóolica, deixando os frutos amassados em 0,5 litro de álcool ou 0,5 litro de acetona. Diluir esta solução para 20 litros de água pulverizar. Indicações: inseticida de amplo espectro.
_______________________________________________________________
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26- SAMAMBAIA DAS TAPERAS [ Pteridium aquilinum ( L. ) Kuhn] - 500 g de folhas frescas ou 100 g de folhas secas - 1 litro de água
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas de
samambaia em 1 litro de água e deixar de molho durante 1 dia. Ferver então, essa mistura durante meia hora. Utilizar 1 litro dessa solução diluída em 10 litros de água. Pode também ser preparada da mesma forma, porém sem ferver no final, deixando curtir por 8 dias para aplicar sem diluir. Indicações: ácaros, cochonilhas e pulgões. _______________________________________________________________ 27- SULFOCÁLCIA, CALDA
- 2 kg de enxofre - 1 kg de cal virgem - 10 litros de água - 1 vasilhame de ferro ou lata com capacidade de 20 litros
A calda é feito à quente: dissolver primeiro o enxofre em um pouco de água
quente, formando uma pasta mole. Colocar fogo sob a vasilha e completar o volume de
10 litros de água. Quando esta solução atingir uma temperatura em torno de 50 0C
dissolver lentamente a cal na solução, mexendo sempre. Deixar ferver por mais ou
menos 60 minutos, sempre mexendo, tendo o cuidado de evitar os vapores exalados
pela fervura. Acrescente água quente para manter os 10 litros de solução. Ao ferver por
aproximadamente 1 hora, a calda ficará grossa, com coloração pardo avermelhada. A
calda considerada boa, possui uma densidade de 28 a 32º B (graus Baumé), medida
com um densímetro ou aerômetro. Deixar esfriar, coar e usar ou guardar por no
máximo 60 dias em recipientes plásticos ou de vidro tampados.
Tabela Prática de Diluição Concentração
Original
Concentração da calda sulfocálcica a preparar em graus Baumé (ºB)
4,0º 3,5º 3,0º 2,0º 1,5º 1,0º 0,8º 0,5º 0,3º
32º 9,0 10,5 12,4 19,3 26,2 38,7 50 81 137
31º 8,6 9,9 11,9 18,5 25,1 38,1 48 77 131
30º 8,2 9,5 11,3 17,7 24,0 36,5 46 74 129
29º 7,8 9,1 10,8 17,0 23,0 34,8 44 71 120
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Exemplo: se o produtor tiver uma calda com 31º B e quiser preparar uma calda com 4º B, procurar na tabela o encontro das colunas 31º B e 4º B, onde encontrará 8,6. Isto significa que deverá adicionar 8,6 litros de água a cada litro de calda a 31º Baumé. Indicações:
Cultura Doença Concentração
Frutíferas de clima Oídio, sarna, podridão parda, ácaros Temperado da ferrugem, cochonilha branca,
musgos 3,5º B
Alho e cebola Ferrugem 0,3º B
Pêra e maçã Sarna e monilínia (tratamento de verão) 0,5º B
Citrus Rubelose, fungos de revestimentos e ácaros
0,5 a 0,8º B
No alho e cebola pulverizar após 50 dias da cultura plantada, com intervalos de 10 a 15 dias. A calda sulfocálcica não deve ser usada em abóboras, melão, pepino, melancia e sobre a florada de qualquer cultura. Aplicar em períodos frescos do dia. Não aplicar quando estiver previsto ocorrências de geadas ou quando a temperatura for superior a 32 º C. A calda sulfocálcica é altamente alcalina e corrosiva, danifica recipientes de metal, roupas e a pele. Após usar, lavar muito bem os recipientes e as mãos com solução de 1 parte de vinagre e/ou limão para 10 litros de água. Cuidado com os olhos e a pele. Indicações: ferrugem do alho, cebola e feijão, oídio, antracnose, cochonilhas,
trips e ácaros em plantas frutíferas. _______________________________________________________________ 28- SUPERMAGRO
Em um recipiente de 200 litros (tambor de plástico com tampa) colocar 40 litros de esterco fresco de vaca; 100 litros de água; 1 litro de leite e 1 litro de melaço (tabela 1). Misturar bem e deixar fermentar durante três dias. A cada cinco dias, dissolva um dos sais minerais (tabela 2) em 2 litros de água morna e junte com 1 litro de leite; 1 litro de melaço (ou 0,5 kg de açúcar) e um dos ingredientes complementares (tabela 3) e misture com o esterco em fermentação.
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Após, adicione todos os sais minerais (tabela 2) na ordem sugerida, completar até 180 litros. Tampar o recipiente e deixe fermentar durante trinta dias no verão ou quarenta e cinco dias no inverno.
É importante que na tampa haja uma saída para o gás que naturalmente se forma, evitando uma possível explosão do recipiente (figura 1).
Tabela 1 - Ingredientes Básicos
Ingredientes Unidade Quantidade
Esterco fresco da vaca Litro 40
Água Litro 140
Leite Litro 9
Melaço Litro 9
Tabela 2 - Sais Minerais
Ordem Sais Minerais Unidade Quantidade
1 Sulfato de Zinco Quilo 3
2 Sulfato de Magnésio Quilo 1
3 Sulfato de Manganês Quilo 0,3
4 Sulfato de Cobre Quilo 0,3
5 Cloreto de Cálcio Quilo 2
6 Bórax (ou Ácido Bórico 1,0 kg)*)
Quilo 1
7 Cofermol.(Cobalto, Ferro e Molibdênio)
Quilo 0,125
* Devem ser divididas em duas vezes.
Tabela 3 - (Complementares)
Ingredientes Unidade Quantidade
Farinha de osso Quilo 0,2
Restos de peixe Quilo 0,5
Sangue Quilo 0,1
Restos moídos de fígado Quilo 0,2
Indicações: repelente de insetos e fertilizante foliar. Recomenda-se a
diluição de 2% para frutíferas e hortaliças e de 4% para tomate. No pomar, pulverize a intervalos de 10-15 dias e para tomate e outras hortaliças de fruto, a cada 7 dias. Para as demais hortaliças, pulverize a intervalos de 10-20 dias.
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29- TOMATEIRO - 1 ( Lycopersicon esculentum Mill. ) - 1/2 kg de folhas e talos de tomateiro - 1 litro de álcool, deixando em repouso por alguns dias
Picar as folhas e talos do tomateiro e misturar com o álcool deixando em
repouso por alguns dias. Coar com pano fino, pressionando para o máximo aproveitamento. Diluir um copo do extrato em um balde com 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas. Indicações: pulgões. _______________________________________________________________ 30- TOMATEIRO - 2
- 25 kg de folhas e talos de tomateiro - 100 g de carbonato de sódio - 10 litros de água
Misturar as folhas r talos de tomateiro bem picados em água e carbonato
de sódio. Ferver estes ingredientes por uma hora. Depois de fervido, coar, completar para 100 litros de água e pulverizar sobre as plantas. Indicações: pulgões. ______________________________________________________________
ESPALHANTES ADESIVOS
31- GELATINA - 50 g de gelatina sem sabor ( em folhas) - 100 litros de água
Aquecer 1 litro de água e dissolver totalmente a gelatina. Diluir para 100
litros de água. _______________________________________________________________ 32- SABÃO DE COCO
- 500 g a 1 kg de sabão de coco - 100 litros de água
Aquecer 5 litros de água com o sabão. Após totalmente dissolvido, diluir
esta solução para 100 litros de água.
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ANEXO 2:
FONTES DE MATERIAIS ORGÂNICOS USADOS NA NUTRIÇÃO DAS
PLANTAS
Bokashi
O que é Bokashi?
Bokashi é a definição em língua japonesa de todo composto de origem orgânica.
Bokashi fermentado em EM. (Effective Microorganisms) é um conjunto de
microorganismos que vivem no solo naturalmente fértil. Não se trata de fertilizante
químico e nem de hormônio.
O EM é uma suspensão na qual coexistem mais de 10 gêneros e 80 espécies de
microorganismos eficazes, assim chamados porque agem no solo fazendo com que a
sua capacidade natural tenha plena ação. Pode-se dizer que o EM é constituído
basicamente por quatro grupos de microorganismos que são:
Leveduras;
Actinomicetos;
Bactérias produtoras de ácido láctico;
Bactérias fotossintetizantes.
Cada grupo desempenha uma função no solo melhorando a capacidade de produção das
plantas, pois confere a elas, maior resistência aos agentes patógenos existentes no solo
e maior disponibilidade de elementos necessários ao crescimento.
O Bokashi, devido à sua composição muito rica em matéria orgânica, proporciona ao
solo uma série de vantagens, entre elas, uma melhor estrutura.
Como o Bokashi é feito pela Associação dos Agricultores do Século XXI, em Pilar do
Sul, São Paulo, contém EM, podemos dizer que, desde que aplicado de forma correta,
recupera o solo depauperado. Os microorganismos contidos no Bokashi transformam a
matéria orgânica em substâncias solúveis e utilizáveis pela planta.
Cuidados sobre a fabricação do Bokashi.
O principal cuidado que se deve exercer ao preparar o Bokashi, é o seu ponto de
umidade. A umidade no preparo é tão importante que através dela podemos obter um
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Bokashi de extrema qualidade ou então um Bokashi putrefato onde a maioria dos
nutrientes se perde através da má fermentação. O primeiro passo para se obter a
umidade ideal da fermentação, é ir molhando aos poucos o material. Depois de tudo
uniformemente misturado, coloca-se um pouco na palma da mão, que deve ser fechada
com força e esse composto não deve escorrer entre os dedos e nem deve ser tão seco a
ponto de não formar um torrão. O torrão que se forma na mão deve ser facilmente
esfarelado quando manipulado.
Fermentação do Bokashi
Após a mistura de todos os componentes do Bokashi e com sua umidade ideal
em torno de 50%, o Bokashi deve ser colocado para fermentar, sempre lembrando que
a temperatura da fermentação não deve ultrapassar 50ºC. Cada vez que o composto
atingir essa temperatura, deve ser revolvido.
O Bokashi deve ser amontoado e coberto com sacos de estopa ou lona de
algodão, para iniciar a fermentação.
Dependendo da temperatura e umidade do local, o Bokashi atinge a temperatura
de 50ºC em torno de 20 a 24 horas. Depois do primeiro revolvimento, o Bokashi
continua sua fermentação, sendo necessário revolver toda vez que atinge 50ºC Em
condições ideais, o Bokashi estará pronto em uma semana a dez dias.
Métodos de aplicação do Bokashi
O Bokashi pode ser aplicado em covas, ruas, no pé da planta, a lanço ou com
calcareadeira quando a área for muito grande. O Bokashi é compatível com práticas
convencionais da agricultura.
No caso de aplicação manual, deve-se tomar cuidado para que não haja torrões muito
grandes. A quantidade de Bokashi a ser aplicada no solo varia muito de cultura para
cultura e também do histórico e análise do solo. Em um solo onde a quantidade de
matéria orgânica é baixa, a dosagem e a freqüência de aplicação é bem diferente de um
solo onde a matéria orgânica é sempre incorporada.
Como o Bokashi possibilita a melhora do solo em diversos aspectos, com o decorrer do
tempo, pode-se diminuir gradativamente a dosagem de aplicação no solo.
Em condições adequadas, o Bokashi pode ser armazenado por até 06 (seis) meses.
Relação dos Materiais utilizados no preparo do Bokashi:
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Ingredientes Quantidade
Farelo de Arroz 500 kg
Farelo de Algodão 200 kg
Farelo de Soja 100 kg
Farelo de Osso 170 kg
Farinha de Peixe 30 kg
Termofosfato 40 kg
Carvão moído 200 kg
Melaço 04 litros
EM/4 04 litros
Água 350 litros
CALDA BIOFERTILIZANTE-1-:
Desenvolvida e pesquisada pela EMATER-RIO, a calda biofertilizante
demonstrou excelente efeito no aumento da resistência às pragas e moléstias e como
adubo foliar para inúmeras plantas. O processo de produção é bastante simples, sendo
viável sua produção na propriedade, desde que tenha esterco de gado disponível. Não
há contra-indicação ao seu uso.
Ingredientes: 10 litros de esterco de curral (curtido ou não); 250 ml de esterco de
galinha; 250 ml de açúcar e água.
Preparo: Numa lata de 20 litros, colocar meia lata (10 litros) de esterco de curral e
o esterco de galinha, o açúcar cristalizado. Completar com água, deixando um
espaço de 8 a 10 cm antes da borda acima, para evitar transbordar. Fechar muito
bem com um saco plástico e amarrar. Deixar 5 dias bem fechado. (fermentação
anaeróbica).
Aplicação: A calda pronta deve ser diluída, misturando 1,0 litro de calda obtida
para cada 10 litros de água.
BIOFERTILIZANTE:
Indicação como adubo foliar e aumentar a resistência das plantas contra
doenças e pragas:
Ingredientes: 50 kg de esterco de gado fresco, 50 kg de capim e 50 litros de água ou
então outra receite: 75 kg de esterco de gado fresco e 75 litros de água.
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Preparo: Num tambor de 200 litros colocam-se uma das receitas acima. Fecha-se
hermeticamente a parte superior com plástico ou tampa hermética. Entre o liquido e
a tampa deve ficar um espaço, mínimo de 20 cm, que abrigará os gases formados
pela fermentação anaeróbica. Para evitar a expansão desses gases, deve-se inserir
uma mangueira plástica, que é submergida num balde ou garrafa com água, para que
o ar possa escapar, mas não possa entrar.
Aplicação: A fermentação leva de 20 a 40 dias. Dilui-se a calda. Para cada litro de
biofertilizante pode-se misturar 1, 2 ou 3 litros de água, isto é, 50 litros de
biofertilizante para 50 litros de água; 33 litros de biofertilizante para 66 litros de
água e 25 litros de biofertilizante para 75 litros de água, respectivamente. Quanto
mais diluída menor o efeito defensivo.
BIOFERTILIZANTE DE URINA
A utilização da urina de vaca leiteira, como também as de cabras e éguas, vem
sendo pesquisado desde 1992 por pesquisadores da PESAGRO do rio de Janeiro, com
resultados bastante animadores.
A urina animal contém fenóis, hormônios e milhares de substâncias , com
quantias de nutrientes bem superiores ao esterco, que atuam nas plantas fazendo com
que as mesmas aumentem em muito o seu sistema de defesas, além de contribuir na
melhoria do crescimento e brotações dos vegetais.
Segundo o Eng. Agr. Ricardo Gadelha da PESAGRO-RIO, a urina de vaca é
coletada com facilidade antes da ordenha do animal, e deve ser fermentada e misturada
à água antes de ser aplicada nas raízes ou nas folhas de qualquer planta. As pesquisas
atuais giram em torno da proporção mais adequada da mistura, para cada tipo de planta,
pois uma super dosagem pode queimar a plantação.
1. Preparo
Imediatamente após o seu recolhimento no animal, a urina deve ser armazenada durante
o período mínimo de 3 dias, em vasilhames hermeticamente fechados como aquelas
garrafas plásticas de refrigerantes (2litros). Isto é realizado para que a uréia da urina se
transforme em amônia.
Desta forma vedada, a urina pode ficar armazenada por até 12 meses, que não altera
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ANEXO 3: .
CONTROLE BIOLÓGICO
Consiste no emprego de um organismo (predador, parasita ou patógeno) que
ataque outro que causa danos á lavoura. Entre os principais meios de controle
biológicos temos:
1) Baculovirus: Para controle da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) é indicado B.
anticarsia. No controle do mandarová da mandioca é utilizado o vírus B. erinnys. O
baculovírus atua por ingestão, sendo que a lagarta vai perdendo sua capacidade de
alimentação, morrendo após o 4º dia.
2) Beuveria bassiana muito empregado para controle das seguintes pragas:
a) Broca da bananeira (Cosmopolites sordidus):No Brasil emprega-se o fungo
na forma de pasta (20 a 25 g do fungo/isca), em iscas de bananeira do tipo "telha"
b) Broca do Café (Hypothenemus hampi): Recomenda-se aplicar o fungo no
período de transição da broca (normalmente de Dez. à Fev.), que corresponde a
época de reprodução do inseto. Dosagem: 1 a 2 Kg/ha do produto em pó
(Beauveria bassiana).
c) Ácaros: Pesquisas recentes tem demonstrado eficiência de 100% do B.
bassiana, no combate ao ácaro rajado. Modo de aplicação: Beauveria bassiana
em pulverização semanal.
3) Metarhizim anisopliae empregado no combate as seguintes pragas:
a) Tripes: Pesquisas tem demonstrado o efeito de M. anosipliae sobre os tripes
(Frankiniela occidentalis) em casa de vegetação comercial de crisântemos.
b) Cigarrinhas Das Pastagens: Pode ser aplicado curativo (praga existente no
estado adulto) ou preventivamente (atuar em áreas infestadas, com ovos em
dormência). Pode ser aplicado á partir de agosto nas regiões infestadas no ano
anterior.
4) Trichoderma: É um fungo utilizado para o controle de podridão do colo e de raízes
de macieira, causados por Phytophora. .
5) Bacillus thuringiensis Uso específico para controle de diversas espécies de
lagartas, tendo efeito total 24 a 72 após o consumo das folhas tratadas. Dosagens
250 a 500 g/há.
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MÉTODOS PRÁTICOS
6) Armadilha luminosa: Consiste em instalar uma lâmpada (comum, de mercúrio ou de
querosene) no meio da cultura para a captura de insetos que atacam os cultivos. O
objetivo é reduzir a população adultos que fazem a postura nos frutos, como a
broca-pequena, broca-grande-do fruto e lagarta rosca que atacam as cucurbitáceas,
pimentão e tomate.
7) Armadilha Delta para pragas: É uma armadilha fechada utilizada para controle de
baixas populações ou para determinar o nível de infestação ou dano econômico, para
iniciar os tratamentos de cobertura total.
8) Iscas atrativas: Consiste em borrifar as plantas e troncos com substância açucarada
envenenada. As iscas para atrair moscas das frutas, mariposas e traças podem ser
feitas com os seguintes produtos: melaço ou proteína hidrolizada + inseticida ou
sulfato de cobre.
9) Garrafas plásticas: Para atração e captura de moscas de frutas, pode ser empregado
garrafas plásticas transparentes, com quatro furos (menor que 0,5 cm) na parte
mediana. Na garrafa é colocado solução de 20 a 25% de sucos de frutas ou vinagre.
10) Placas atrativas coloridas: Instalar placas ou faixas coloridas, contendo cola
adesiva especial (substância atrativa) para captura de insetos que possam prejudicar
as culturas.
É recomendado principalmente na fase de produção de mudas para evitar insetos
vetores de doenças, como pulgões e tripes.
CATI - Divisão de Extensão Rural - Campinas/SP
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