Aula 18 - As ideias de Maquiavel

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2º ano: Apostila 03 / Aula 18

AS IDEIAS DE MAQUIAVEL

Professor Claudio Henrique Ramos Sales

FILOSOFIA

O Príncipe – Maquiavel (1513)

Por: Thiago JS Oliveira

Professor Claudio “Henry” Sales

O Príncipe - Maquiavel

•Biografia:

Niccolò Macchiavelli, nasceu em 3 de maio de 1469, filho de advogado e poetisa amadora;

Educado em uma ambiente culto e relativamente abastado;

Cresceu na cidade italiana de Florença.

O Príncipe - Maquiavel

•Biografia: Maquiavel consagra-se com a obra O Príncipe, um tratado

de como se deve comportar “o poderoso” para se manter por um longo período no poder.

Maquiavel se apoiou nas questões de Platão que, condenava a pleonexia.

Desejo insaciável de mais poder, riqueza e prazer, que atraí várias pessoas.

O Príncipe - Maquiavel

•Biografia:Comenta frequentemente a obsessão pelo poder que

cega o homens e os leva às ruína;

Está atento ao descompasso entre o que se diz e o que se faz ou ao que se é: Demonstra que o discurso engana;

O discurso engana quem está no poder, quem o formula.

O Príncipe - Maquiavel

•Biografia:▫ Escreve para o Príncipe sobre o Príncipe;▫ Ensina como sobreviver na selva humana;▫ Maquiavel foi o compositor de grandes questões e

observações;▫ Compreende o modus governantes, para ter controle

do poder;▫ Maquiavel morre em 21 de junho de 1527, pobre e

despojado dos cargos públicos, ao choro de poucos amigos.

O Príncipe - Maquiavel

•Cenário:

▫ Época: Renascimento;

▫ Nação: Itália;

▫ Cidade: Florença;

O Príncipe - Maquiavel

•Cenário:▫ Renascimento – Fim do Século XV, florescendo no

primeiro quarto do Século XVI.1. Visa livrar-se das disciplinas intelectuais da Idade

Média;

2. O conhecimento não é mais transmitido pelo poder cristão, mas estudado diretamente na fonte pelos humanistas;

3. Desmistificação dos poderes: Temporal e Espiritual.

O Príncipe - Maquiavel

• Cenário:▫ Âmbito Temporal: afirmam-se os grandes Estados monárquicos

unificados: França, Inglaterra e Espanha;

▫ Pretensões rivais ou conciliadas do Papa e do Imperador, são considerados ridículas;

▫ Homem autossuficiente: o homem é o deus para o homem, exercendo seu próprio poder criador sobre uma natureza expurgada de raízes religiosas.;

▫ Era das “Contemplações” Era das “Técnicas”.

O Príncipe

A Obra

O Príncipe – A Obra

•A Obra:

Título: De Principatibus – Il Principe – O Príncipe

Propõe investigar qual a essência dos principados, de quantas espécies podem ser, como são conquistados, conservados e por que se perdem.

O Príncipe – A Obra

•A Obra:

▫ Objetivo Geral: Como manter o Poder (e não como fazer o bem); Busca a razão da política e do Poder – Doença;

▫ A obra não inicia com uma digressão sobre a natureza humana, a moral, Deus, o bem ou o mal, mas, diretamente com a natureza dos regimes políticos.

O Príncipe – A Obra

•A Obra:▫ Autonomia das esferas política e social;

▫ O Pressuposto não são as virtudes do cidadão;

▫ Objeto: O que é Soberania? De quantas espécies são? Como ela é adquirida? Como ela é conservada? Como ela é perdida?

O Príncipe – A Obra•Teses centrais da obra:

1. Não existe Poder sem um Estado Nacional Forte;

2. O verdadeiro Deus da política não é religioso nem moral: é a correlação de forças;

3. Maquiavel é um autor materialista;

4. O Política é uma disciplina positiva e não normativa;

5. Não há qualquer sentido da História.

O Príncipe – A Obra• Capítulo I: Classificação dos tipos de Estado.

• Capítulos II a XI: Como cada um dos tipos de Estado pode ser adquirido, conservado e eventualmente perdido.

• Capítulos XII a XIV: Questão Militar: combate às tropas mercenárias.

• Capítulos XV a XXIII: Como o Príncipe comporta-se com relação aos súditos e amigos.

• Capítulos XXIV a XXVI: Manifesto pela liberação da Itália.

O Príncipe – A Obra

Capítulo I: Classificação dos tipos de Estado

O Príncipe – Principais ideias

• Capítulo I: De quantas espécies são os principados e de que modos são adquiridos

Índice das matérias: Repúblicas X Principados, Hereditário X Novo, Totalmente Novo X Parcialmente Novo, O costume de viver X Viver Livre, Adquiridos pelas armas dos outros X adquiridos por armas próprias, adquiridos pela virtude X adquiridos pela fortuna.

O Príncipe – Principais ideiasEstados• “Todos os Estados, todos os domínios que tiveram e têm

autoridade sobre os homens foram e são ou repúblicas ou principados”.

RepúblicasEstado Hereditários Principados Novos Inteiramente Novos Membros anexados

O Príncipe – Principais ideias

•Principados:

Maquiavel não atribui tamanho interesse a esses regimes hereditários;

1. Demasiados estáveis;2. Demasiado Fáceis;3. Basta o Príncipe não ultrapassar em absoluto os limites

estabelecidos pelos antepassados e contemporizar com os acontecimentos.

O Príncipe – Principais ideias

•Principados:

As verdadeiras dificuldades, tanto para aquisição quanto para conservação, encontram-se nos Principados Novos.

• Dos Principados Novos:1. Formados a partir de uma outra espécie de governo

(Inteiramente Novos);2. Adquiridos de recente data e acrescentados a um principado

hereditário (Mistos). Expl.: Nápoles ao Estado de Espanha: o principado novo e o Estado hereditário formam um novo corpo.

O Príncipe – A Obra

Capítulo II a XI: Como cada um dos tipos de Estado pode ser

adquirido, conservado e eventualmente perdido

O Príncipe – Capítulos II a XI• Capítulo II: Dos Principados hereditários;• Capítulo III: Dos Principados Mistos;• Capítulo IV: Por que razão o reino de Dario não se rebelou após a

morte de Alexandre;• Capítulo V: De que modo governar cidades ou principados que antes

viviam sob leis próprias;• Capítulo VI: Dos Principados Novos;• Capítulo VII: Dos que chegam ao principado pelo crime;• Capítulo VIII: Do principado civil;• Capítulo IX: Como se deve medir a força dos principados;• Capítulo X: Dos principados eclesiásticos;• Capítulo XI: Dos principados eclesiásticos.

O Príncipe – Principais ideias▫ Começa a tratar dos Príncipes;

O Príncipe deve ser INTELIGENTE: tem muito a aprender e ponderar;

▫ Maquiavel mostra a facilidade de conservação do poder nos Estados hereditários do que nos novos; Basta, pois continuar a forma de governar dos antepassados,

um governo firme e conhecido; não é necessário por parte do príncipe conhecimento profundo sobre o governo, basta que ninguém o questione e leve a público seu possível fracasso governamental.

O Príncipe – Principais ideias▫ Maquiavel retrata a pessoa do Príncipe;

▫ “Tens como inimigos todos os que ofendeste”; O príncipe deve ter o cuidado de não ofender senão aos

impotentes, se possível. E, se é obrigado a ofender poderosos, capazes de represálias, que ao menos seja radical na ofensa.

▫ Denota pela primeira vez na obra a expressão Príncipe Novo: Prevê problemas especiais; O príncipe deverá, antes de tudo, agradar; Faz comparação com o príncipe “natural”.

O Príncipe – Principais ideias

▫ “O desejo de conquistar é sem dúvida algo de ordinário e natural, e todo aquele que se entrega a tal desejo quando possui os meios para realizá-lo, é antes louvado que censurado, mas formar o desígnio sem poder executá-lo é incorrer na censura e cometer um erro”.

O Príncipe – Principais ideias• Ter forças suficientes, tanto para conquistar, como para

conservar: Triunfo do mais forte.

“A guerra, as instituições e as regras que lhe dizem respeito são o único objeto a que um príncipe deve consagrar seus pensamentos e aplicar-se, o único que lhe convém como ofício; eis o verdadeiro ofício de todo governante. E, graças a ela, não só os que nasceram príncipes podem manter-se, mas também os que nasceram simples particulares podem, muitas vezes, tornar-se príncipes. Foi por haverem negligenciado as armas, preferindo-lhes as doçuras da indolência, que se tem visto soberanos perderem os seus Estados. Desprezar a arte da guerra é o primeiro passo para a ruína: possuí-la perfeitamente, eis o meio de levar-se ao poder”.

O Príncipe – Principais ideias“Os principais fundamentos que têm todos os Estados [...]

são as boas leis e as boas armas”.

Não pode haver boas leis onde não há boas armas;

Mas o que chama Maquiavel boas armas?1. Boas armas, boas tropas são apenas as que são próprias

ao príncipe, composta de seus cidadãos, de seus súditos, de suas criaturas.

2. Boas tropas: apenas as tropas NACIONAIS.

O Príncipe – Principais ideias

4 maneiras para se conquistar o poder, às quais poderão corresponder diferentes modos de conservar ou perder.

1) Conquista-se pela própria Virtu (por meio de suas próprias armas);

2) Pela fortuna e pelas armas alheias;3) Por meio de perversidades (velhacarias);4) Pelo consentimento dos concidadãos.

O Príncipe – Principais ideias

Maquiavel irá se interessar, sobretudo, pelos dois primeiros modos;

Fortuna X Virtu (discutida profundamente no Capítulo XXV)

Energia, vigor, princípios, talento

Sorte (habilidade fora do ser)

O Príncipe – Principais ideias

• 1) Os que se tornam príncipes pela própria “virtu” (pelas próprias armas):

Difícil para se radicar, mas, fácil de se conservar;

Dificuldade: estabelecer novas instituições:1. Empreendimento obrigatório para fundar o novo regime;2. Alicerçar a segurança do novo príncipe;3. Repleto de perigos e incertezas.

O Príncipe – Principais ideias

“Aquele que se dedica a tal empreendimento tem por inimigos todos quantos se beneficiavam das instituições antigas, e só acha tíbios defensores naqueles para quem

seriam úteis as novas”.

Tíbios: possuem medo de perder os “favores” gerados no antigo poder;

Constante ataque entre os que se beneficiam do antigo poder e a constante defesa dos que atuam no novo poder.

O Príncipe – Principais ideiasO Príncipe necessita de meios hábeis para constranger

tais perigos:“A força é justa quando necessária”

“Todos os profetas armados venceram, desarmados arruinaram-se”.

“Que os povos são naturalmente inconstantes e que, se é fácil persuadi-los de alguma coisa, é difícil consolidá-los em tal persuasão: portanto, é preciso dispor as coisas de tal maneira que, ao não crerem mais, seja possível obrigá-los a crer pela força”.

O Príncipe – Principais ideias

“Mas quando os fundadores, sabendo apoiar-se na força, conservadora das crenças, conseguiram atravessar esses obstáculos e superar essas dificuldades extremas, quando começaram a ser venerados e a se libertarem dos invejosos de sua classe, permaneceram poderosos, tranqüilos, honrados e felizes”.

O Príncipe – Principais ideias• 2) Quanto aos principados novos, conquistados com as

armas alheias, isto é, pela fortuna:

Fácil de se conquistar:1. Dependem de vontade alheia;2. Nenhuma dificuldade detém o novo príncipe.

Difícil de se conservar:1. Dependem da vontade e da fortuna dos que criaram –

variáveis;2. Não possuem forças nem preparo para o poder.

O Príncipe – Principais ideias

“A menos que um homem seja dotado de grande espírito e de grande valor, é pouco provável que, tendo vivido sempre como simples particular, saiba comandar”.

Estados subitamente formados carecem de raízes profundas e correm o risco de desmoronarem à primeira tempestade.

“A menos que o Príncipe favorecido pela fortuna se ache dotado desse grande espírito e desse grande valor, e que saiba preparar-se imediatamente para conservar o que a fortuna lhe colocou nas mãos”.

O Príncipe – Principais ideias• 3) Conquistados por meio de perversidade (velhacaria)

Maquiavel deprecia essa categoria de conquista:1. Não exigem nem muita virtu;2. Nem esplêndidas intervenções de fortuna.

Explos.: 1 – Siciliano Agátocles (simples filho de oleiro, consegue elevar-se à dignidade de rei de Siracusa); 2 – Oliverotto (se torna senhor de Fermo, massacrando seu tio materno e os distintos cidadãos da cidade, por ele convidados a um banquete).

O Príncipe – Principais ideiasO interesse essencial de Maquiavel é discutir a Moral,

acerca do bom e do mau emprego da crueldade;

Crueldades bem praticadas X Crueldades mal praticadas

Crueldades Bem praticadas: São as que se cometem todas ao mesmo tempo, no início do

reinado, a fim de prover à segurança do novo príncipe. Crueldades Mal praticadas: “Conservar a faca na mão”

São as que se arrastam, se renovam e, pouco numerosas no princípio, se multiplicam com o tempo em vez de cessarem.

O príncipe – Principais ideias

“A tal respeito, é preciso observar que os homens devem ser ou acariciados ou esmagados; eles se vingam das

injúrias leves; não o podem fazer quando muito grandes; donde se conclui que, tratando-se de ofender um homem,

deve-se fazê-lo de tal maneira que não se possa temer vingança”.

Maquiavel chama de Remédios Heroicos.

O Príncipe – Principais ideias

• 4) A conquista de um principado pelo favor dos concidadãos

Exige alguma fortuna e alguma virtu, mas, nem toda a fortuna e nem toda a virtu;

Ora é o povo, ora são os grandes que constituem o Príncipe;

Ascende a este principado ou pelo favor do povo ou pelo favor dos grandes.

O Príncipe – Principais ideias

Grandes Príncipe Povo

Não quer ser comandado nem oprimido

Comandar e oprimir

O Príncipe – Principais ideias

“Assim é que o povo constitui um príncipe quando, incapaz de resistir aos Grandes, coloca toda sua esperança no poder de um simples particular que haverá de defendê-lo”.

“E também os Grandes, que se sentem incapazes de resistir ao povo, recorrem ao crédito, à ascendência de um deles, constituindo-o príncipe a fim de poderem, à sombra de sua autoridade, continuar a satisfazer seus desejos ambiciosos”.

O Príncipe – Principais ideiasPríncipe alçado pelos Grandes:

Julgam seus iguais; Encontra-se mais dificuldade em manter-se; Deverá fazer tudo para se reconciliar quanto antes com o

povo; Não terá então amparo mais fiel.

Príncipe alçado pelo povo: Preferência de Maquiavel O povo é fácil de satisfazer; Não pedem para oprimir; Pedem apenas para não serem oprimidos.

O Príncipe – Principais ideiasMaquiavel pouco se interessa pelos principados

eclesiásticos: (não compreende, julgando-o enfraquecedor, estranho à virtu)

Conquista-se pela fortuna ou pela virtu, mas, para se conservá-lo não se precisa de fortuna nem de virtu;

Poder advindo do tradicionalismo religiosos;

Basta o poder das antigas instituições religiosas: Substitui o bom governo, a dedicação dos súditos, a habilidade,

o valor; “É Deus que os eleva e os conserva”

O Príncipe – Principais ideias

• Distinção entre os Estados a conquistar:

1. Principado Despótico;

2. Principado Aristocrático;

3. República.

O Príncipe – Principais ideias• Principados Despóticos:

Governado por um príncipe de quem todos são escravos;

Difícil de conquistar: todos os súditos comprimem-se em redor do príncipe, e deles nada tem a esperar o estrangeiro;

Fácil conservar: basta extinguir a raça do príncipe, para que não reste mais ninguém que exerça ascendência sobre o povo; esse povo, acostumado por definição à obediência, é incapaz de escolher por si um novo príncipe e de retomar as armas.

O Príncipe – Principais ideias• Principado Aristocrático:

Governado por um príncipe assistido pelos Grandes, que conservam seu poder, não devido ao favor do príncipe, mas em função de sua própria antiguidade;

Fácil de conquistar: sempre se encontram grandes descontentes, prontos a abrir caminho ao estrangeiro, facilitando-lhe a vitória;

Difícil de conservar: não é possível, nem satisfazer todos os Grandes, nem extingui-los de todo: O novo Príncipe perderá essa frágil conquista “assim que se apresentar a oportunidade”.

O Príncipe – Principais ideias• República: Absolutamente seguro para o novo Príncipe

Vive livre sob suas próprias leis; Estado extraordinariamente difícil de conquistar; Existe um princípio de vida bem mais ativo, um ódio bem

mais profundo, um desejo de vingança bem mais ardente, que não deixa, nem pode deixar um momento em repouso a lembrança da antiga liberdade.

Meios para domar a indomável liberdade republicana: O Príncipe residir pessoalmente na região, reprimindo as

desordens; Governar o país pelas próprias leis dos cidadãos, reservando-se

o pagamento de um tributo; Destruir, aniquilar a antiga e incurável República.

O Príncipe – Principais ideiasRenova-se o governo para se aproximar de uma “perfeita”

governabilidade.

Destruir (edificar novas cidades, desfazer as velhas, renovar as leis)

Residir (Conhecê-lo, conviver no espaço por suas próprias Leis)

Deixá-lo viver por suas próprias Leis

Três maneiras de conservar um Estado que vive sob

suas próprias Leis(República)

O Príncipe – A Obra

Capítulos XII a XIV: Questão Militar: combate às tropas

mercenárias

O Príncipe – Capítulos XII a XIV

Capítulo XII: De quantas espécies são as milícias, e dos soldados mercenários;

Capítulo XIII: Dos soldados auxiliares, mistos e próprios; Capítulo XIV: O que compete a um príncipe acerca da milícia.

O Príncipe – Principais ideias

“Os soldados comprados ou tomados de empréstimo não têm outro amor nem outra razão que os segure em campo a não ser

um pouco de soldo, que não é suficiente para fazer com que queiram morrer por ti”.

Não se pode pagar um homem para fazer o que o faria o amante da pátria.

“Ninguém vai lutar e morrer pela pátria, nem nobres, nem padres, nem capitães, nem soldados comprados, pedidos ou

tomados de empréstimo. Ninguém, exceto os próprios patriotas”.

O Príncipe – Principais ideias

O Estado, tendo por base as armas mercenárias está indefeso frente os exércitos estrangeiros;

O Príncipe deve possuir uma formação para o comando militar;

“São raros os casos em que não se pode contar com a experiência”.

Recomenda exércitos de campo e caçadas no terreno de batalha: Estruturação militar na experiência.

O Príncipe – A Obra

Capítulos XV a XXIII: Como o Príncipe comporta-se com

relação aos súditos e amigos.

O Príncipe – Capítulos XV a XXIII

Capítulo XV: Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados;

Capítulo XVI: Da liberdade e da parcimônia; Capítulo XVII: Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado

que temido, ou antes temido que amado; Capítulo XVIII: De que modo os príncipes devem manter a fé da

palavra dada; Capítulo XIV: De como se deva evitar o ser desprezado e odiado; Capítulo XX: Se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada

dia são feitas pelos príncipes são úteis ou não; Capítulo XXI: O que convém a um príncipe para ser estimado; Capítulo XXII: Dos secretários que os príncipes têm junto de si; Capítulo XXIII: Como se afastam os aduladores.

O Príncipe – Principais ideias

Capítulos mais célebres da obra;

Constituem a essência do “maquiavelismo”;

Maquiavel traça o retrato de corpo inteiro de seu príncipe novo;

Como deve esse príncipe proceder em relação a seus amigos e súditos? Quais os deveres do Príncipe?

O Príncipe – Principais ideias

O Príncipe vive no centro do perigo, sendo acompanhado por dois receios:1. Interior de seus Estados e o comportamento de seus

súditos;2. O exterior e os desígnios das potências circundantes.

Infinita distinção entre: a maneira pela qual se vive X o modo como se deveria viver.

O Príncipe – Principais ideias

O Príncipe que quer manter-se como tal deve, aprender a ser ou não ser bom conforme necessidade;

“Que haveria de mais desejável do que um príncipe que reunisse todas as boas qualidades, fosse generoso, benfazejo, compassivo, fiel à sua palavra, firme e corajoso, indulgente, casto, franco, grave e religioso? Isto, porém, é praticamente impossível, a condição humana não comporta”.

O Príncipe – Principais ideias

Saber distinguir perfeitamente o bem e o mal;

Preferirá o bem, mas recusa fechar os olhos ante o que julga ser a necessidade do Estado;

Ante o que julga serem as servidões da condição humana;

Para um Príncipe, seria bom ter a reputação de liberal, generoso, mas, deve evitar usar da clemência inoportunamente.

O Príncipe – Principais ideias

“Mais vale ser amado que temido, ou temido que amado?” Melhor consistiria em ser amado e temido, mas é difícil; É mais seguro ser temido. Por quê?

1. Os homens são geralmente ingratos, inconstantes, dissimulados, trêmulos em face dos perigos e ávidos de lucro; enquanto lhes fazeis bem, são dedicados; oferecem-lhe o sangue, os bens, a vida, os filhos, enquanto o perigo só se apresenta remotamente, mas quando este se aproxima, bem depressa se esquivam;

2. Os homens receiam muito menos ofender aquele que se faz amar do que aquele que se faz temer;

3. O vínculo do amor, rompem-se ao sabor do próprio interesse, enquanto o temor sustenta-se por um medo do castigo, que jamais os abandona.

O Príncipe – Principais ideias

Temor X Ódio O ódio é grave ao Príncipe e ao Estado; Toda fortaleza conquistada por um príncipe odiado não se salvará

das conjurações dos súditos;

Para evitar o ódio: “Quintessência do maquiavelismo” O Príncipe deve ser fiel à palavra; Atentar-se aos bens dos súditos; Atentar-se a honra das mulheres; Agir sempre francamente.

O Príncipe – Principais ideias

Homem X Animal: O mito de Quíron e Aquiles. É necessário a um Príncipe, agir tanto como animal quanto como

homem; É próprio do homem combater pelas leis, regularmente, com

lealdade e fidelidade; É próprio do animal combater pela força e pela astúcia.

O Príncipe perfeito necessita possuir ambas as naturezas: Leão X Raposa

Leão: atemorizar os lobos; Raposa: reconhecer as armadilhas.

O Príncipe – Principais ideias

“Se os homens fossem todos bons, não seria necessário este preceito, mas como são maus, e como não observariam a sua palavra para contigo, tampouco estás obrigado a observá-la

para com eles”. O Príncipe deve possuir a virtude do parecer, do fazer crer, da

hipocrisia, a onipotência do resultado;

Os homens julgam mais pelos olhos do que pelas mãos“Todo o mundo, vê o que pareceis, poucos conhecem a fundo o que sois, e esta minoria não ousará elevar-se contra a opinião

da maioria, sustentada ainda pela majestade do poder soberano”.

O Príncipe – Principais ideias“[...],todos os meios que tiver empregado serão julgados dignos e louvados por todo o mundo; o vulgar é sempre

seduzido pela aparência e pelo êxito; e não é o vulgar que faz o mundo?”

Basta ao Príncipe seguir certas regras: Jamais deve tornar poderoso outro príncipe: estaria trabalhando

para sua própria ruína; Demonstrar-se francamente amigo ou inimigo: demonstrar-se

claramente pró ou contra tal ou qual Estados; Deve sempre aconselhar-se quando necessário: por vontade

própria e não de terceiros, pois, por vontade alheia deixaria dominar-se facilmente.

O Príncipe – Principais ideias Seguindo os Príncipes a tudo que se precede, estará mais

seguro que um príncipe antigo; Achar-se-á estabelecido com mais firmeza; Quando julgado virtuoso, conquistam-lhe e prendem-lhe muito

mais os corações do que com os antigos de linhagem, pois, os homens impressionam-se muito mais com o presente do que com o passado;

Dupla glória: Ter fundado um Estado novo; Ter consolidado com boas armas, boas leis, bons aliados e bons

exemplos. Dupla vergonha:

Ter perdido o trono ao qual nascera; Não possuir prudência.

O Príncipe – A Obra

Capítulos XXIV a XXVI: Manifesto pela liberação da

Itália.

O Príncipe – Capítulos XXIV a XXVI

Capítulo XXIV: Por que os Príncipes da Itália perderam seus estados;

Capítulo XXV: De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se lhe deva resistir;

Capítulo XXVI: Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das mãos dos bárbaros.

O Príncipe – Principais ideias

Maquiavel revela o grande segredo de sua obra: A Itália;

Amor a pátria que fora dilacerada, subjugada e devastada;

Maquiavel escreve O Príncipe para salvar a Itália;

Uma Itália republicana, herdeira da República romana, pela liberdade cívica à antiga, possuidor de um exército nacional;

A libertação da Itália sob a forma republicana.

O Príncipe – Principais ideias O Príncipe deve dispor de um papel heroico: “o matador de

dragões”, o “redentor” da Itália;

Mas, quem salvará a Itália? Os Médicis; Por quê? A família dos Médicis era qualificada por sua virtude hereditária,

por sua fortuna, o favor de Deus e o da Igreja, cujo trono atualmente ocupava.

“O Gênio contra a força bárbara – tomará as armas e breve será o combate – pois o antigo valor – ainda não morreu nos

corações italianos”.

O Príncipe – Considerações Finais

O destino da Obra

O Príncipe – Considerações Finais

Loureço de Médicis, recebeu O Príncipe em manuscrito, porém, não devotou a mínima atenção;

Maquiavel não pôde imaginar tamanha repercussão de sua obra;

Em 1531, O Príncipe é impresso, sendo considerado Inofensivo pela igreja;

A partir de 1550, a obra ganha as sociedades, levando a rumores que tomará conta do final do Século XVI.

O Príncipe – Considerações Finais

Em torno dos conflitos que encobertara o Renascimento, achar-se-ão envolvidos Maquiavel e sua Obra;

Será considerada, a obra, escrita pelas mãos do demônio: “Old Nick”;

Maquiavel é denunciado, em 1557, pelo papa Paulo IV, e inserido na lista do índex;

A França o difama como sendo o conselheiro de Catarina de Médicis, inspirador de sua Corte;

Os termos “maquiavélico” e “maquiavelismo” surgem nesse período, aderindo o verbo “maquiavelizar”.

O Príncipe – Considerações Finais

Nos Séculos XVI, XVII e XVIII por decorrência das sequenciais revoltas ideológicas e religiosas, buscará entender os escritos de Maquiavel;

Rousseau, No Contrato Social, proporá que Maquiavel simulando dar orientações aos reis, deu grandes lições aos povos, dizendo ser seu livro o Livro dos Republicanos;

Napoleão, que domina o Século XIX, aparece a seus inimigos, como a realização mais perfeita do Príncipe;

Quando no Século XX, O Breve Século, possuem por escopo a Obra de Maquiavel, valendo-se Benito Mussolini, Hitler e Stalin;

O Príncipe – Considerações Finais

O Príncipe é, contudo, uma obra mais comentada que lida;

Cabe indagar, portanto, por quê permeou seus ensinamentos ao longo da temporalidade? Por quê em pleno Século XXI, após cinco Séculos, ainda discutimos a obra de Maquiavel? 1. Maquiavel apresentou cruamente o problema das relações entre

a Política e a Moral, “O Príncipe deve estar à frente da moral”;2. Apresentou profunda cisão e irremediável separação entre

Política e Moral;3. Sua obra permanecerá em debate até o instante em que a

humanidade deixar a vontade pelo poder de lado.

74

Maquiavel

Maquiavel não admite um fundamento anterior e exterior à política (Deus, natureza, razão).

“Toda cidade está dividida em dois desejos opostos: o desejo

dos grandes de oprimir e comandar e o do povo de não ser

oprimido nem comandado.”

75

Filosofia PolíticaMaquiavel

• A cidade é tecida por lutas internas que a obrigam a instruir um pólo superior que possa unificá-la e dar-lhe identidade.

• Esse pólo é o PODER POLÍTICO.

76

• A finalidade da política não é, como dizia os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas como sempre souberam os políticos, isto, é, A TOMADA E MANUTENÇÃO DO PODER.

77

• O príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o

poder e que, por isso, jamais se alia aos grandes,

pois estes são rivais e querem o poder para si, mas

deve aliar-se ao povo, que espera do governante a

imposição de limites ao desejo de opressão e

mando dos grandes.

78

• A política não é a lógica racional da justiça e da

ética, mas a LÓGICA DA FORÇA

TRANSFORMADORA DO PODER E DA LEI.

79

• Maquiavel recusa a figura do Bom Governo. O

príncipe precisa ter virtú, mas é propriamente

política, referido-se às qualidades dos

dirigentes para tomar e manter o poder,

mesmo que para isso, tenha que usar a

violência.

80

Não ao príncipe virtuoso com as morais cristãs

81

“Creio que isto [a usurpação de um principado] seja consequência de serem as crueldades mal ou bem praticadas. Bem usadas se podem chamar aquelas (se é que se pode dizer bem do mal) que são feitas, de uma só vez, pela necessidade de prover alguém à própria segurança, e depois são postas à margem, transformando-se o mais possível em vantagem para os súditos. Mal usadas são as que, ainda que a princípio sejam poucas, em vez de extinguirem-se [as crueldades], crescem com o tempo... “

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 38. Coleção .Os Pensadores..

• A tradição afirmava que o governante devia

ser amado e respeitado pelos governados.

Maquiavel afirma que o príncipe não pode ser

odiado. Isso significa, que o príncipe deve ser

respeitado e temido – o que só é possível se

não for odiado.

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• O poder do príncipe deve ser superior ao dos

grandes e estar a serviço do povo. O príncipe

pode ser monarca hereditário ou por

conquista; pode ser todo um povo que

conquista, pela força, o poder e o exerce

democraticamente.

83

• Qualquer um desses regimes políticos será

legítimo se for uma REPÚBLICA e não um

despotismo ou tirania.Isto é, só é legítimo o

regime no qual o poder não está a serviço dos

desejos e interesses de um particular.

84

• A virtú é a capacidade do príncipe para ser

sempre FLEXÍVEL às circunstâncias, mudando

com elas para agarrar e dominar a fortuna.

Um príncipe que age sempre da mesma

maneira fracassará e não terá virtú alguma.

85

• Para ser senhor da sorte ou das circunstâncias

deve mudar com elas, e com elas, ser volúvel

e inconstante, pois somente assim saberá

agarrá-las e vencê-las.

86

• Em certas circunstâncias, deverá ser cruel, em

outras generoso; em certas ocasiões deverá

mentir, em outras ser honrado; em certos

momentos, deverá ceder à vontade dos

outros, em algumas, ser inflexíveis.

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O ethos ou caráter do príncipe deve variar.

• A fortuna é sempre favorável a quem souber agarrá-la. Oferece-se como um presente a todo aquele que tiver ousadia para dobrá-la e vencê-la. Essa ousadia para mudar de atitude e de comportamento é a verdadeira prudência principesca, senhora da fortuna.

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O Governante precisa saber...

...agir como uma fera, diz Maquiavel em O Príncipe, e deve imitar as qualidades da raposa, assim com as do leão.

O governante deve ter a ferocidade do leão para amedrontar quem buscar destituí-lo.

O governante deve ter a astúcia da raposa para reconhecer ciladas e armadilhas.

A crueldade tem sido uma característica de líderes ao longo da história. No século XX, os ditadores Josef Stalin e Adolf Hitler inspiraram o terror e a admiração para manterem-se no poder respectivamente na ex-União Soviética e na Alemanha.

O Príncipe não conservou sua juventude – muitas obras

mereceriam esse elogia banal -, O Príncipe conservou seu

poder de fascínio. Sei disso, mas não estou certo de saber

por quê. Ocorreu-me uma primeira resposta. O Príncipe é

um livro cuja aparente clareza deslumbra e cujo mistério os

eruditos e os simples leitores tentam em vão esclarecer. o

que queria dizer Maquiavel? A quem queria dar aulas, aos

reis ou aos povos? De que lado ele se colocava? Do lado

dos tiranos ou dos republicanos? Ou de nenhum dos dois?

Raimond Aron. Contracapa da edição de O Princípe da

ed. WMF Martins Fontes, 2011.

Questões centrais d’O Príncipe

• Quais as formas de conquista e de manutenção do poder.

• Quais os meios materiais e quais as condições de possibilidade da ação política.

• Quais as qualidades necessárias a um governante.

• Considerações sobre a natureza humana.

Pano de fundo da obra: a preocupação com a conquista e a fundação de um novo Estado, (Itália livre e unificada).

ALGUMAS FRASES DE MAQUIAVEL

• "Os homens ofendem mais aos que amam do que aos que temem.”.

• "Nada faz o homem morrer tão contente quanto o recordar-se de que nunca ofendeu ninguém, mas, antes, ajudou a todos.”. 

• "Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição.”. 

• "Na política, os aliados atuais são os inimigos de amanhã.”

• - "O homem esquece-se de forma mais fácil à morte do pai do que a perda do patrimônio". 

 

Usos “curiosos” de MaquiavelMaquiavel para mães - máximas para a efetiva governança de criançashttp://machiavelliformoms.blogspot.com.br/

Exercícios de VestibularUNESP 2011 meio de ano - 1ª faseAnalise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas distintas.“A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck (1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável? Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”.(Veja, 02.03.2011. Adaptado.)A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo(A) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar sobre populações civis.(B) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrando-se avesso a qualquer tipo de manifestação de autoritarismo por parte dos governantes.(C) foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels.(D) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política.(E) refletiu sobre a política através de aspectos prioritariamente pragmáticos.

Enem 2012 – Prova de Ciências Humanas

3) UEL-2005“A escolha dos ministros por parte de um príncipe não é coisa de pouca importância: os ministros serão bons ou maus, de acordo com a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência, é dada pelos homens que o cercam. Quando estes são eficientes e fiéis, pode-se sempre considerar o príncipe sábio, pois foi capaz de reconhecer a capacidade e manter fidelidade. Mas quando a situação é oposta, pode-se sempre dele fazer mau juízo, porque seu primeiro erro terá sido cometido ao escolher os assessores”. (MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2004. p. 136.)Com base no texto e nos conhecimentos sobre Maquiavel, é correto afirmar:a) As atitudes do príncipe são livres da influência dos ministros que ele escolhe para governar.b) Basta que o príncipe seja bom e virtuoso para que seu governo obtenha pleno êxito e seja reconhecido pelo povo. c) O povo distingue e julga, separadamente, as atitudes do príncipe daquelas de seus ministros.d) A escolha dos ministros é irrelevante para garantir um bom governo, desde que o príncipe tenha um projeto político perfeito.e) Um príncipe e seu governo são avaliados também pela escolha dos ministros.

UEL 2010Leia o texto de Maquiavel a seguir:[Todo príncipe prudente deve] não só remediar o presente, mas prever os casos futuros e preveni-los com toda a perícia, de forma que se lhes possa facilmente levar corretivo, e não deixar que se aproximem os acontecimentos, pois deste modo o remédio não chega a tempo, tendo-se tornado incurável a moléstia. [...] Assim se dá com o Estado: conhecendo-se os males com antecedência o que não é dado senão aos homens prudentes, rapidamente são curados [...] (MAQUIAVEL, N. O Príncipe: Escritos políticos. São Paulo: Nova cultural, 1991, p.12.)

Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe, vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo é levado pelas aparências e pelos resultados dos fatos consumados.(MAQUIAVEL, N. O Príncipe: Escritos políticos. São Paulo: Nova cultural, 1991, p.75.)

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o pensamento de Maquiavel acerca da polaridade entre virtú e fortuna na ação política e suas implicações na moralidade pública, considere as afirmativas a seguir:

I. A virtú refere-se à capacidade do príncipe de agir com astúcia e força em meio à fortuna, isto é, à contingência e ao acaso nas quais a política está imersa, com a finalidade de alcançar êxito em seus objetivos.II. A fortuna manifesta o destino inexorável dos homens e o caráter imutável de todas as coisas, de modo que a virtú do príncipe consiste em agir consoante a finalidade do Estado ideal: a felicidade dos súditos.III. A virtú implica a adesão sincera do governante a um conjunto de valores morais elevados, como a piedade cristã e a humildade, para que tenha êxito na sua ação política diante da fortuna.IV. O exercício da virtú diante da fortuna constitui a lógica da ação política orientada para a conquista e a manutenção do poder e manifesta a autonomia dos fins políticos em relação à moral preestabelecida.

Assinale a alternativa correta.a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.b) Somente as afirmativas II e III são corretas.c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

UNESP 2011 – 2ª faseTrês maneiras há de preservar a posse de Estados acostumados a serem governados por leis próprias; primeiro, devastá-los; segundo, morar neles; terceiro, permitir que vivam com suas leis, arrancando um tributo e formando um governo de poucas pessoas, que permaneçam amigas. Sucede que, na verdade, a garantia mais segura da posse é a ruína. Os que se tornam senhores de cidades livres por tradição, e não as destroem, serão destruídos por elas. Essas cidades costumam ter por bandeira, em suas rebeliões, tanto a liberdade quanto suas antigas leis, jamais esquecidas, nem com o passar do tempo, nem por influência dos favores que receberam. Por mais que se faça, e sejam quais forem os cuidados, sem promover desavença e desagregação entre os habitantes, continuarão eles a recordar aqueles princípios e a estes irão recorrer em quaisquer oportunidades e situações.(Nicolau Maquiavel. Publicado originalmente em 1513. Adaptado.)Partindo de uma definição de moralidade como conjunto de regras de conduta humana que se pretendem válidas em termos absolutos, responda se o pensamento de Maquiavel é compatível com a moralidade cristã. Justifique sua resposta, comentando o teor prático ou pragmático do pensamento desse filósofo.

Respostas dos testes

UNESP 2011 meio de ano: eENEM 2012: cUEL 2005: eUEL 2010: a

Bibliografia

CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias. 8ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 2002.

DE GRAZIA, Sebastian. Maquiavel no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

MACHIAVELLI, Nicolò. O Príncipe. 3a ed. Totalmente rev. São Paulo: Martins Fontes, 2004.