O Exemplo de Competitividade Inovativa dos EUA

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Esse trabalho mostra o inicio da inovação nos EUA e como o governo investia em P&D

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O Exemplo de Competitividade Inovativa dos EUAROBERTA MACHADO DIAS

“ A história deve ser nosso guia. Os Estados Unidos lideraram

a economia mundial no século XX porque estiveram à frente

no campo da inovação. Hoje, a competição é mais acirrada,

os desafios, mais difíceis. Por isso, a inovação é mais

importante do que nunca e representa o caminho para novos

e bons empregos no século XXI. Somente assim

garantiremos a qualidade de vida desta geração e das

vindouras”.Presidente Barack Obama

Visão Histórica

Em março de 1776, quatro meses antes da declaração de independência dos Estados Unidos, ofilósofo escocês Adam Smith publicava em Edimburgo uma investigação sobre a natureza e ascausas da riqueza das nações, obra em que formula a famosa teoria segundo a qual cadaindivíduo, conduzido por uma “mão invisível”, contribui, ainda que de modo inconsciente, para ocrescimento econômico do país: “Com efeito, em geral o indivíduo nem tenciona promover ointeresse público, nem sabe o quanto o faz [...] ele tem em vista apenas seu próprio ganho; enisso, como em tantas outras situações, guia-o uma mão invisível que promove um fim quenunca fez parte de suas intenções.”

FORMAÇÃO DO

ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO

DOS ESTADOS UNIDOS

FORMAÇÃO DO ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO DOSESTADO S UNIDOS

No século XIX, a inovação já era uma questão privativa dos agentes econômicosparticulares, totalmente alheia ao Estado:

*Década de 50 e 60 - Início da corrida espacial – Crescimento da inovação

* Década de 70 – crise inflacionária – crise do petróleo- aumento das importações.

*Década de 80 – Decadência do processo da inovação – Pouco investimento em P&D.

**Essa mudança deveu-se em parte a políticas públicas como a que originou a leiStevenson-Wydler, em 1980, que objetivava “promover a inovação tecnológica nosEstados Unidos com vistas a atingir objetivos sociais, ambientais e econômicos, dentreoutros” e permitia ao governo transferir para a indústria tecnologias geradas em seusmais de 700 laboratórios.

P&D Lei Steverson – Wydler - Lei de Bayh-Dole

Incubadoras - Uma Incubadora de Base Tecnológica é um local especialmente criadopara abrigar empresas cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir deresultados de pesquisas aplicadas, e nos quais a tecnologia representa alto valoragregado. Em 1959 deu-se a origem da incubadora como entidade organizadaremontam aos esforços de Thomas Edson para sistematizar a invenção e acomercialização de tecnologia. Edson reunia os melhores cientistas e pesquisadorescom pessoal administrativo numa organização única, para desenhar e patenteartecnologias em série e, com base nelas, criar empresas que as levassem ao mercado.Desde o início, portanto, não se tratava apenas de uma estrutura de apoio, mas de umaforma de organização completa, que visava explicitamente e de modo sistemático amontar novos negócios, ainda que baseada na iniciativa individual do grande inventor.

IncubadorasNo Brasil, as primeiras incubadoras surgiram a partir da década de 80, quando poriniciativa do Professor Lynaldo Cavalcanti, cinco fundações tecnológicas foram criadas:em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS) eFlorianópolis (SC)

Apesar da inauguração das primeiras incubadoras brasileiras, elas somente seconsolidaram, como meio de incentivo para atividades e produção tecnológica, a partirda realização do Seminário Internacional de Parques tecnológicos, em 1987, no Rio deJaneiro. Nesse mesmo ano, surgia Associação Nacional de Entidades Promotoras deEmpreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC), que passou a representarnão só as incubadoras de empresas, mas todo e qualquer empreendimento queutilizasse o processo de incubação para gerar inovação no Brasil.

De acordo com pesquisa datada de 2013, existem no Brasil cerca de 400 incubadorasde empresas e 50 projetos de parques tecnológicos (10 em operação)

Vale do SilícioO Vale do Silício, na Califórnia, EUA, é uma região na qual está situado um conjunto deempresas implantadas a partir da década de 1950 com o objetivo de gerar inovaçõescientíficas e tecnológicas, destacando-se na produção de circuitos eletrônicos,na eletrônica e informática. O vale abrange várias cidades do estado da Califórnia, ao sulde São Francisco.

A industrialização dessa região teve início nos anos 1990, mas o impulso para odesenvolvimento se deu com a Segunda Guerra Mundial e principalmente durante a GuerraFria, devido à corrida armamentista e aeroespacial. Foram as indústrias eletrônicas do Valedo Silício que forneceram transistores para mísseis e circuitos integrados para oscomputadores que guiaram as naves Apollo.

Muitas empresas que hoje estão entre as maiores do mundo nasceram e estão presentesnesta região: Apple Inc.,Google, Facebook, NVIDIA Corporation,eBay, Maxtor, Yahoo!,Hewlett-Packard (HP), Intel, Foursys, Microsoft ,entre muitas outras.

Fora dos Estados Unidos, destaca-se em Israel o Silicon Wadi, a segunda maioraglomeração de indústrias de tecnologia de ponta, atrás apenas do Vale do Silício daCalifórnia.

Vale do SilícioSegundo Paul Graham : As pessoas brilhantes vão aonde quer que outras pessoascomo eles estejam. Particularmente, para grandes universidades. Na teoria, deveriahaver outras formas de atraí-los, mas até agora as universidades parecemindispensáveis. Nos EUA, não há centros tecnológicos sem universidades de primeiracategoria – ou pelo menos sem departamentos de informática de primeira categoria.Portanto, para fazer um Vale do Silício, é preciso não apenas uma universidade, masuma das melhores do mundo. Ela tem de ser suficientemente boa para funcionar comoímã, atraindo os melhores profissionais, mesmo que eles estejam a milhares dequilômetros de distância. Isto significa que ela tem de se equiparar aos ímãs jáexistentes, como Stanford.

Governo Bush (2001-2008)Geração Inovadora:

• Garantir um futuro mais seguro e mais limpo em termos energéticos, mediante aadoção de tecnologias de hidrogênio combustível;

• Aperfeiçoar a assistência à saúde, por meio das TCIs;

• Promover a inovação e a segurança econômica, com as tecnologias de banda larga.

Além disso, a Casa Branca propôs destinar US$ 250 milhões para que as universidadespúblicas treinassem cem mil trabalhadores, a fim de capacitá-los a assumir novasfunções nas indústrias que estivessem criando o maior número de novos empregos ;dobrar o número de trabalhadores que recebem auxílio federal para capacitaçãoaumentar os fundos federais para P&D; elevar os fundos para P&D em nanotecnologiae TCI; e elevar os recursos destinados à saúde.

Governo Bush (2001-2008)Iniciativa da Competitividade da América

Com orçamento total de US$5,9 bilhões em 2007, dos quais US$1,3 bilhões emrecursos diretos e US$4,6 bilhões em incentivos fiscais à pesquisa e desenvolvimento.

• Duplicar, em dez anos, os fundos para pesquisas inovadoras em ciências físicas eengenharia , no departamento de ciências do Ministério da Energia ;

• Modernizar e tornar permanente o sistema de créditos fiscais à pesquisa;

• Reforçar o ensino de ciências e matemática nos níveis básico e médio;

• Reformar o sistema de treinamento da força de trabalho e aumentar sua capacidadepara 800 mil trabalhadores/ano (mais do que o triplo da capacidade então vigente);

• Aperfeiçoar os mecanismos de atração e retenção de profissionais altamentequalificados de todas as partes do mundo, mediante reforma das leis de imigração

Governo Obama (2009-)A Estratégia de Inovação :

• Investir nas bases da inovação, a fim de garantir que todos os instrumentosnecessários estejam presentes, desde investimentos em pesquisa até odesenvolvimento de capital humano, físico e tecnológico:

A- Restaurar a liderança dos EUA em pesquisa básica;

B- Educar a próxima geração com o conhecimento e as habilidades do século XXI,criando uma força de trabalho de alta qualificação; melhorar o ensino e a aprendizagemem todos os níveis, expandir o acesso à educação superior e os programas detreinamento e incentivar as carreiras STEM (ciências, tecnologia, engenharia ematemática); e

C- Construir infraestrutura de excelência: efetuar investimentos sem precedentes emrodovias, pontes, controle de tráfego e redes de transporte aéreo

Governo Obama (2009-)• Promover mercados competitivos e fomentar o empreendedorismo: criar ambientemaduro para o empreendedorismo e a tomada de risco, de modo que as empresasnorte-americanas possam ser internacionalmente competitivas e contem comintercâmbio global de ideias e inovações:

A- Impulsionar as exportações, que desempenharão papel cada vez mais crítico nofuturo, assegurando mercados abertos e justos para os exportadores estadunidenses;

B- Apoiar os mercados de capital que fornecem recursos para ideias promissoras, umdos grandes trunfos dos EUA; e

C- Melhorar a inovação no setor público e nas comunidades em todo o país: a inovaçãodeve ocorrer em todos os níveis da sociedade, incluindo o próprio governo, que deveoperar de forma mais eficiente e transparente, em benefício dos cidadãos.

Governo Obama (2009-)• Canalizar as invenções revolucionárias para as prioridades nacionais: há algunssetores de excepcional importância nos quais é pouco provável que o mercado venha aatuar, tais como busca de fontes alternativas de energia, melhora da qualidade de vidados cidadãos, por meio da utilização de TCIs na área da saúde, e fabricação deveículos avançados. Nesses setores, o governo deve ser “parte da solução”.

A- Iniciar uma revolução no campo das energias limpas: investimentos elevados emredes inteligentes, eficiência energética e tecnologias renováveis como eólica, solar ebiocombustíveis devem desencadear uma onda de criatividade e progresso que crieempregos e fomente o crescimento da economia, diminuindo, ao mesmo tempo, adependência em relação ao petróleo;

B- Apoiar o desenvolvimento de tecnologias avançadas para veículos, incluindobaterias, carros elétricos e motores de combustão que fazem uso de biocombustíveis;

Governo Obama (2009-)

C- Estimular inovações na área da saúde: a iniciativa de utilizar TCIs para a saúdepretende diminuir o número de erros médicos, melhorar a qualidade do atendimento,reduzir custos e consolidar a liderança dos EUA nessa indústria emergente;

D- Canalizar os esforços da comunidade científica e tecnológica para os grandesdesafios do século XXI, a fim de atingir metas ambiciosas, tais como softwareseducacionais que funcionam como tutores presenciais e terapias inteligentes anticâncer.

CuriosidadesO canal norte-americano CNBC elaborou uma lista com as 10 pequenas empresas mais inovadorasdeste ano:

1. Yardarm Technologies - Permite que o proprietário de armas possa desabilitar uma arma remotamente por meio de uma tecnologia sem fio;

2. Systems and Materials Research Consultancy – A empresa está pesquisando maneiras de utilizar a primeira arma impressa por uma impressora 3-D para fabricar alimentos.

3. AMP Americas – Baseada em Chicago, a companhia é especializada em gás natural. Mas, a sua inovação está na capacidade de produzir combustível a partir de estrume de vaca.

4. Able Plane– A empresa fabrica um dispositivo que cancela os ruídos do ambiente. A inovação está justamente no tamanho da tecnologia, que equivale a uma moeda de dez centavos de dólar

5. SnuggWugg – A empreendedora Lisa Cash Hanson criou um travesseiro interativopara distrair bebês e auxiliar os pais no momento da troca de fraldas.

6. Bullet Designs – A empresa descobriu uma maneira de reciclar cartuchos de bala etransforma-os em joias e acessórios.

7. AquaStorage – Em casos de emergência, como furacões e terremotos, ter águapotável em casa pode ser crucial. A empresa criou o AquaPodKit, que permite oarmazenamento de 65 litros de água com a ajuda de uma banheira.

8. VisionQuest 20/20 – A organização sem fins lucrativos desenvolveu um produtochamado EyeSpy 20/20, um programa de computador que avalia a visão de criançasenquanto elas jogam um vídeo game.

9. uAttend – A empresa vende uma espécie de ponto eletrônico baseado em nuvem.Um funcionário pode marcar presença por meio de um celular ou tablet.

10. Hallettco – O produto inovador da empresa é o Squat Monkey, uma cinta quepermite um maior equilíbrio para pessoas que gostam de escalar ou acampar

O Brasil é o 43º país mais inovador do mundo, em um ranking de 73 participantes. O dado é resultado

do estudo chamado de QuISI (Índice Qualcomm da Sociedade da Inovação), realizado pela Qualcomm

Brasil em parceira com a Convergência. A pesquisa tem como objetivo avaliar o grau de adoção e uso

das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na sociedade como matéria-prima para a

inovação.

No geral, o resultado do Brasil foi alarmante: 29,04 pontos em uma base de 100. Para se ter uma ideia,

os Estados Unidos, líderes do ranking, obtiveram 61,58 pontos. Ou seja, o Brasil é um país com

capacidade de inovação três vezes menor que a dos EUA. Se ficarmos apenas na América Latina, com

20 países, o Brasil ocupa um modesto terceiro lugar, atrás de Chile e Panamá.

A pesquisa analisa os fatores principais que levam a inovação. Entende-se como inovação a realização

de um produto novo ou melhorado. Para alcançar o resultado, a Convergência cruzou três etapas de

pesquisas: QuISI Pessoas e Conectividade, QuISI Empresas e Internet das Coisas e QuISI Governo e

Inovação. Essas etapas foram estudadas em três âmbitos diferentes: pessoas, empresas e governo. É

importante ressaltar que o QuISI inovação analisa 73 países por meio de fontes secundárias, como

Banco Mundial, Aipo, UNESCO, OCDE e entidades estatísticas nacionais: INEGI (México) e IBGE

(Brasil).

Obrigado !!!

Referência BibliográficasMARZANO, FABIO MENDES: Política de Inovação Brasil e Estados Unidos: a busca da competitividade – oportunidades para a ação diplomática. Fundação Alexandre de Gusmão, Brasília 2011.

Revista Exame: ed. Julho 2013

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